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A ARTE DE CONTAR HISTÓRIAS COMO UM INCENTIVO À LEITURA1

Autor: Salvador de Brito Gondim2

Orientadora: Luciana C. F. Dias Di Raimo3

RESUMO

O presente estudo versa sobre a contação de histórias como prática de incentivo à

leitura. Para tentar dar conta da temática, o estudo baseou-se na seguinte

metodologia: a) revisão bibliográfica, a fim de conceituar a prática da contação de

histórias e a estrutura narrativa da história contada; b) apresentação de algumas

considerações sobre o livro, os fantoches, o velcômetro, as dobraduras, a marionete

e o teatro de sombras, como recursos para que o aluno possa contar a sua própria

história e; c) implementação de uma pesquisa-ação com o intuito de verificar a

viabilidade da contação de histórias como incentivo à leitura. A pesquisa-ação

culminou em uma intervenção pedagógica no Colégio Estadual Duque de Caxias –

Ensino Fundamental e Médio, numa turma da 6ª série / 7ª ano do Ensino

Fundamental, onde foram aplicadas aulas divididas em seis etapas de

planejamentos. Em cada planejamento, foi adotado um recurso (livro, fantoches,

velcômetro, dobraduras, marionetes e teatro de sombras) para a contação de

histórias. O estudo indica que a contação de histórias é viável para incentivar o

gosto e hábito pela leitura.

Palavras-chave: Alunos. Contação de Histórias. Escola. Leitura.

_______________________________________

1 Artigo apresentado ao Programa de Desenvolvimento Educacional 2010/2012.

2 Professor do Programa de Desenvolvimento Educacional 2010/2012. E-mail:

<[email protected]>. 3 Orientadora do Programa de Desenvolvimento Educacional e Professora Doutora do Departamento

de Letras da Universidade Estadual de Maringá – UEM. E-mail: <[email protected]>.

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1 INTRODUÇÃO

A leitura é uma atividade inerente à condição humana. Além disso, a leitura

exerce um importante papel no crescimento intelectual, crítico e criativo do aluno,

desenvolvendo as suas potencialidades e, consequentemente, o seu rendimento

escolar.

Diante desse fato, acreditamos que a leitura precisa ser trabalhada na

escola, no entanto, ela deve ser abordada por meio de momentos agradáveis,

nutridos de motivação e curiosidade. Por isso, objetivamos por meio da contação de

histórias desenvolver o gosto e hábito pela leitura em alunos da 6ª série / 7º ano do

Ensino Fundamental do Colégio Estadual Duque de Caxias – Ensino Fundamental e

Médio, de Tuneiras do Oeste, Estado do Paraná.

Neste sentido, enfatizamos que a contação de histórias é uma estratégia

diferente de incentivar a leitura, uma vez que contar histórias é saber criar um

ambiente de encantamento, suspense, surpresa e emoção, no qual o enredo e

personagens ganham vida, transformando tanto o narrador como o ouvinte. Além do

mais, a prática da narração de histórias, como forma de conhecimento, desencadeia

o desenvolvimento da imaginação, da sensibilidade, da manipulação crítica e criativa

da linguagem oral.

Assim sendo, o ato de contar histórias pode ser um importantíssimo recurso

para incentivar à leitura, pois a contação de histórias apresenta-se como um convite

à imaginação e a uma compreensão da dimensão narrativa. As histórias também

convidam os alunos a entrarem num mundo que só a leitura proporciona, ou seja,

um mundo de conhecimento, informação e curiosidades.

Para concretizarmos a contação de histórias como uma proposta capaz de

incentivar o gosto e hábito pela leitura, adotamos a pesquisa bibliográfica com o

propósito de apresentar uma discussão teórica sobre a temática e implementamos a

pesquisa-ação a fim de verificarmos a viabilidade da contação de histórias como

uma estratégia diferente para incentivar à leitura na prática docente.

Entendemos a necessidade deste estudo uma vez que durante séculos a

memória viva dos povos foi perpetuada pela ação de contar e ouvir histórias.

Entretanto, com o avanço tecnológico a prática da narrativa foi sendo relegada e

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desaparecendo da escola. No entanto, diante de um mundo eminentemente

simbólico, as histórias adquirem um papel extremamente importante, devendo ser

vivenciadas como um elemento a mais no processo ensino-aprendizagem de língua

portuguesa.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 A Contação de Histórias: Aspectos Teóricos

Ao buscarmos entendimento com base na teoria do vem a ser a contação de

histórias, encontramos vários autores que abordam este tema.

A contação de histórias se apresenta como um convite ao jogo simbólico, ao

imaginário, à fruição estética e como um incentivo à leitura. Neste contexto, Coentro

(2008, p. 17) ressalta que a arte de contar histórias:

[...] se apresenta como um convite ao jogo simbólico, ao imaginário, à fruição estética e como um incentivo à leitura. A dimensão artística da linguagem através da literatura tradicional e autoral permite que haja interação entre narrador-conto-ouvinte/leitor nas diferentes práticas de leitura ou de escuta narrativa [...].

A arte de contar histórias possibilita, ainda, nas palavras da autora

supracitada, o encontro com a imaginação, a criação de imagens próprias, não

estereotipadas; o convite à escuta; uma ação coletiva, presencial, concreta, que fala

num outro plano que não é o da razão. Além disso, a prática de contar história

permite a distensão, a fruição, ressoa nos ouvidos, perdura nos corações que

entram em contato com essa arte. Em sintonia com Silveira (2008, p. 37):

A contação de histórias provoca nas crianças o desenvolvimento de operações mentais auxiliares na construção dos significados das palavras ouvidas, de forma que aliadas ao contexto da história, possam, além de enriquecer o seu vocabulário, auxiliar no desenvolvimento da leitura e da escrita.

Os benefícios de uma contação de histórias, conforme Silveira (2008), são

apontados como um importante auxiliar na formação das crianças, na compreensão

e assimilação dos significados, assim como no desenvolvimento das práticas

leitoras. As crianças, que escutam as histórias, incorporam uma atitude analítica

exemplificada pelo orador, por meio de seus comentários e problematizações

durante a contação de histórias, permitindo, com isso, o desenvolvimento do seu

senso crítico.

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A contação de histórias, de acordo com Abramovich (1991), nada mais é do

que o abuso simples e harmônico da voz. Ou seja, é a expressividade, a entonação

bem usada repassando sentimentos e a clareza no dizer são recursos fundamentais

ao contador. Por isso, a ser contada a história, o narrador precisa observar os

seguintes cuidados e preparos:

Saber escolher o que vai contar considerando para quem e com que

objetivo;

Conhecer em profundidade e detalhadamente a história que contará;

Preparar como começar e finalizar o momento da contação e narrá-la no

ritmo e tempo que cada narrativa exige;

Evitar descrições imensas e com muitos detalhes, para que o campo

fique mais favorável ao imaginário da criança;

Mostrar à criança que o que ouviu está impresso num livro e, assim

sendo, trazendo-a para o contato com o objeto do livro e, por

consequência, o ato de ler;

Saber usar as modalidades e possibilidades da voz variando a

intensidade, a velocidade, criando ruídos, onomatopéias, dando pausas

para propiciar espaço para a imaginação.

Para Regatieri (2008), contar histórias é uma técnica, que dá a ideia de uma

figura ancestral, de uma memória preservada através da oralidade. Implica ainda

uma capacidade de apresentar ou sugerir oralmente para os ouvintes as imagens e

situações contidas no texto.

Por isso, a contação de histórias precisa ser uma constante no contexto

escolar, uma vez que ela pode ser uma estratégia pedagógica eficaz na prática

pedagógica do professor.

Sobre este aspecto, Neder et al. (2009, p. 62) enfatiza que:

A contação de histórias é uma estratégia pedagógica que pode contribuir de forma significativa na prática docente. Embora essa atividade possa parecer nada mais que uma oportunidade de distrair e acalmar crianças, no que é bastante eficiente, seus efeitos vão muito além do entretenimento. Ouvir histórias estimula a imaginação, educa, instrui e desenvolve as habilidades cognitivas, além de fornecer o ponto de partida para se introduzir o conteúdo programático.

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Para Silva (2009), a contação de histórias é um recurso de incentivo à

leitura. Além disso, tal prática pode possibilitar a construção de outras habilidades,

pois o ato de contar história, além de atividade lúdica, amplia a imaginação e ajuda a

criança a organizar sua fala, por meio da coerência e da realidade, instigando o

prazer pela leitura.

Na escola, as narrativas, segundo Coelho (2000), são uma importante fonte

de prazer para a criança e contribui para o seu desenvolvimento. Ao contar histórias,

as crianças aprendem a lidar com situações reais ou fantasias, permitindo, assim, a

criação de novos fatos, talvez o que elas gostariam que existisse em meio à sua

realidade.

De acordo com Cury (2003), contar histórias fisga o pensamento, estimula

análise.

Além do mais, conforme Silva (2009, p. 499) “a contação de história também

corrobora para a aproximação do livro com a criança, não por meio da imposição,

mas pela aventura, curiosidade, ludicidade, deste recurso da contação [...]”.

Outro ponto a ser destacado diz respeito ao fato de que as histórias

desempenham papéis importantes para a criança. De acordo com Dohme (2000), a

prática da contação de histórias mobiliza os elementos, a saber:

Caráter: as histórias com heróis, conteúdos que proporcionam lições de

vida, fábulas em que o bem prevalece sobre o mal. Por meio das

histórias, principalmente, os meninos se defrontam com situações

fictícias e com isso adquirem vivência e referências para montar os seus

próprios valores;

Raciocínio: as histórias mais elaboradas, os enredos intrigantes agitam o

raciocínio da criança;

Imaginação: o exercício da imaginação traz grande proveito às crianças,

porque atende a uma necessidade muito grande que elas têm de

imaginar. As fantasias não são somente um passatempo; elas ajudam

na formação da personalidade na medida em que possibilitam fazer

conjecturas, combinações, visualizações como tal coisa seria “desta” ou

de “outra” forma;

Criatividade: uma vez que a criatividade é diretamente proporcional à

quantidade de referências que cada um possui, quanto mais “viagens” a

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imaginação fizer, tanto mais aumentará o “arquivo referencial” e,

conseqüentemente, a criatividade;

Senso crítico: as histórias atuam como ferramentas de grande valia na

construção desse senso crítico, porque por meio delas os alunos tomam

conhecimento de situações alheias à sua realidade, uma vez que podem

“navegar” em diferentes culturas, classes sociais, raças e costumes.

A contação de história, para Neder et al. (2009), é uma importante aliada da

prática pedagógica, pois, além de desenvolver a criatividade, a oralidade e o

pensamento crítico, trabalha a construção da identidade do educando e abre

caminhos para novas aprendizagens nas diversas disciplinas, devido ao ser caráter

motivador sobre a criança.

Diante dessas colocações, também é relevante destacar que na contação de

histórias, no contexto escolar, consideramos necessária a compreensão da estrutura

narrativa da história a ser contada.

2.2 Estrutura Narrativa da História a ser Contada

Didaticamente, elencaremos como elementos da estrutura narrativa: o

tempo, o espaço, o narrador, o personagem e o enredo.

2.2.1 Tempo

Na visão de Cardoso (2009), a questão do tempo é um aspecto complexo e

deve marcar-se pelo reconhecimento da dualidade tempo discursivo ou da

enunciação e tempo diegético ou do enunciado.

O tempo discursivo ou da enunciação pode ser linear ou invertido; é linear

quando a narração segue uma ordem cronológica; é invertido quando o narrador

antecipa um fato que aconteceu depois. Quanto ao tempo diegético ou do

enunciado, este pode ser cronológico ou psicológico. Sobre o tempo cronológico,

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Cardoso (2009) enfatiza que é aquele que é medido pela natureza, pelo calendário

ou pelo relógio, transcorre na ordem natural dos fatos no enredo: estações do ano,

horas, dias, meses etc. Já o tempo psicológico, de acordo com a mesma autora, é o

tempo interior à personagem e a ela relativo, porque é o tempo da duração de um

dado acontecimento no seu espírito, sendo as fronteiras do passado e do presente

abolidas.

2.2.2 Espaço

Sobre o espaço Soares (1999), diz que é o conjunto de elementos da

paisagem exterior (espaço físico) ou interior (espaço psicológico), onde se situam as

ações das personagens.

As principais funções do espaço, segundo Abaurre e Pontara (2011), são

identificar o “lugar” em que transcorre a ação, auxiliar na caracterização das

personagens (com elas interagindo, ou sendo por elas transformado) e contribuir

para a construção do tempo da narrativa.

Para Cardoso (2009) o espaço é patente, explícito, lugar físico onde correm

os fatos da história. Para a autora, o espaço comporta em si convenções e

condicionamentos que situam as ações das personagens, influenciando suas

atitudes, pensamentos ou emoções e podendo refletir as transformações das

personagens.

“O espaço, imbuído de valores socioeconômicos, morais e psicológicos é

chamado de ambientação, conceito que possibilita a confluência entre tempo e

espaço, acrescido da noção de clima” (CARDOSO, 2009, p. 53).

Neste contexto, a mesma autora destaca que as funções do ambiente são

mais simplificadamente, situar as personagens nas condições em que vivem e, mais,

complexamente, projeção dos conflitos vividos pelas personagens.

2.2.3 Narrador

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Segundo Cardoso (2009), o narrador pode ser entendido como o elemento

interno à narrativa que conta a história, apresentando e explicando os fatos que se

sucedem no tempo e introduzindo os personagens.

Sendo assim, Gancho (2004) enfatiza que não existe narrativa sem narrador,

pois ele é o elemento estruturador da história.

Pode-se dizer que o narrador assume uma posição em relação ao fato

narrado, o seu ponto de vista constitui a perspectiva a partir da qual o narrador conta

a história. Ela pode ser contada na primeira ou na terceira pessoa. Segundo

Cardoso (2001) essa característica da narrativa é consequência das funções de seu

narrador dentro da mesma.

Gancho (2004), ao tratar do narrador de primeira e o de terceira pessoa, diz

que o narrador de primeira pessoa é aquele que participa diretamente do enredo

como uma personagem, tendo seu campo de visão limitado. Já o narrador de

terceira pessoa é aquele que se posiciona fora dos fatos narrados, conhecido

também como narrador observador.

Além de relatar a história, o narrador pode exercer outras funções: a função de direção, isto é, de marcar as conexões, as inter-relações da história, organizando o texto; a função ideológica, quando avalia a ação do ponto de vista de uma visão de mundo; a de focalizador, pois quando relata, escolhe um dado ponto de vista, focaliza o que está sendo narrado a partir de um determinado foco (narrativo) (CARDOSO, 2009, p. 55).

De modo geral, o narrador é elemento fundamental para o sucesso do texto,

pois atua como intermediário entre a ação narrada e o leitor.

2.2.4 Personagem

A personagem também é um dos elementos constitutivos da narrativa e

pode ser entendida como sendo um ser criado no contexto da ficção que simula as

características de uma pessoa real.

Por isso, conforme Cardoso (2009), a personagem não precisa ser verídica,

mas verossímil, adequada à realidade em que está inserida. Pode-se dizer que ela é

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um simulacro feito de palavras, que contém as possibilidades das ações e paixões

do ser humano.

Cardoso (2009) complementa informando que a personagem pode

desempenhar vários papéis na narrativa.

[...] principal deles é o de protagonista, concorrendo para manutenção temática, quando é preciso que se destaque apenas uma personagem e, em torno dela, gire o conflito central. Esse papel pode ser representado por um herói ou anti-herói, o qual é o condutor do jogo, que favorece a criação do conflito – intriga, drama – da narrativa. Esse conflito pode nascer de um desejo, de uma necessidade ou de um temor dessa personagem (BOURNEUF; OUELLET, 1976 apud CARDOSO, 2009, p. 56).

Para que o conflito aconteça faz-se necessária a presença do antogonista

que, de acordo com Gancho (2004), é a personagem que se opõe ao protagonista,

seja por sua ação que atrapalha, seja por suas características opostas às do

protagonista.

Neste contexto, Cardoso (2009) destaca que para o conflito ser

estabelecido, é preciso que uma força contrária apareça, ou seja, que haja

obstáculos ao protagonista, os quais correspondem, na maioria das vezes, às ações

do antagonista em direção à personagem principal.

2.2.5 Enredo

O enredo é outro elemento constitutivo da narrativa e, segundo Cardoso

(2009), ao observá-lo duas questões são relevantes, ou seja, sua estrutura e sua

verossimilhança. A primeira diz respeito ao conjunto de fatos que compõem a

história, enquanto a segunda diz respeito à coerência interna do texto.

Tanto a estrutura quanto a verossimilhança são amarradas pelo conflito,

elemento estruturador das partes da narrativa.

Cabe destacar que o conflito é um elemento importante dentre do enredo

uma vez que, conforme Gancho (2004), determina as partes do enredo: exposição,

complicação, clímax e desfecho.

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Cardoso (2009) informa que a exposição corresponde à introdução da

narrativa, na qual são apresentados os fatos iniciais, o cenário da trama,

personagens, a situação inicial. Na complicação, ocorrem os conflitos, a maior parte

da narrativa. O clímax é o momento culminante, de maior tensão. Por fim, o

desfecho soluciona o(s) conflito(s), isto é, um retorno a uma situação de equilíbrio,

diferente da situação inicial.

Sobre o enredo, Dohme (2000), enfatiza que a sucessão de episódios, os

conflitos que surgem e a ação dos personagens formam o enredo. A autora também

chama a atenção para o fato de destacar o que é essencial na narrativa e quais são

detalhes da história.

Neste sentido, a mesma autora enfatiza que o essencial deve ser

rigorosamente respeitado, já os detalhes podem variar conforme a criatividade do

narrador, a situação que se deseja abordar, as facilidades ou limitações da técnica

usada ou mesmo o tipo de audiência (leitores).

De modo geral, conhecer a estrutura narrativa da história a ser contada faz-

se necessário, pois assim e com alguns recursos linguísticos, corporais e cognitivos

o aluno poderá contar a sua própria história.

2.3 O Aluno Conta a sua História

Para que o aluno conte a sua história, entendemos ser necessário mobilizá-

lo para a prática da contação de histórias, de modo que é preciso levar os alunos a

ocuparem um lugar de “contadores de suas narrativas”.

Para tanto, os alunos podem contar com alguns recursos. Com isso, Neder

et al. (2009) diz que a narrativa pode tornar-se mais atraente, uma vez que o aluno

pode explorar a sua criatividade.

Os recursos na contação de histórias tornam as personagens, de certa

forma, reais, chamando a atenção dos alunos e estimulando a sua imaginação

(NEDER, et al., 2009).

Devido à importância dada por alguns teóricos sobre a utilização de recursos

na contação de história, a seguir, mostraremos o livro (cineminha), os fantoches, o

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velcômetro, as dobraduras, as marionetes e o teatro de sombras como recursos que

auxiliam na prática de narrar fatos/eventos.

O livro é um recurso que pode ser usado na contação de histórias por meio

do cineminha.

Neste sentido, Dohme (2000), enfatiza que o cineminha é usado para

valorizar bons livros, textos, gravuras e ilustrações. São gravuras de formato igual e

predeterminado, coladas umas às outras para formarem um “filme”. Este deve ser

colocado no cineminha de modo a expor as gravuras uma a uma, à medida em que

o narrador desenvolve a história.

A autora destaca que este recurso é muito adequado ao uso da fantasia,

pois valoriza as gravuras existentes ou, se elas forem criadas, podem transmitir tudo

aquilo que o texto necessita.

A técnica do cineminha desenvolve a atenção, imaginação, informação

cultural, senso do belo e criatividade (DOHME, 2000).

O fantoche é outro recurso significativo para a contação de histórias.

Segundo Dohme (2000), os fantoches são muito apreciados pelas crianças e podem

ser usados por mais de um narrador. Outra vantagem é que se pode ter o roteiro

escrito, o que facilitará a tarefa.

O fantoche é um boneco que personifica a personagem, tornando-se algo

real e concreto. São bonecos movimentados pelas mãos, utilizando-se a voz de

quem narra a história, que fica escondido atrás de um teatro apropriado. Além disso,

as histórias devem ser transformadas em diálogos entre as personagens. Para

descrever uma cena, utiliza-se o próprio personagem (DOHME, 2000).

De acordo com a mesma autora, os fantoches desenvolvem a atenção,

imaginação, habilidade manual e criatividade.

O velcômetro é outro recurso que pode ser utilizado na contação de história.

Conforme Dohme (2000), o velcômetro são desenhos dos personagens da história

em diversas posições que são fixados em um quadro neutro (sem cenário/preto).

Tanto os desenhos como o quadro possuem tiras de velcro para possibilitar a

adesão.

No que se refere à interação, a mesma autora diz que é um dos recursos

que mais permite a interação dos espectadores com o narrador. Os alunos podem ir

colocando as personagens conforme se desenrola a trama. Podem desenhar ou

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pintar as figuras, esboçar eles mesmos as figuras para uma história apresentada, ou

vice-versa, criar uma história para figuras que lhes serão entregues.

Ao usar o velcômetro na contação de histórias, Dohme (2000) enfatiza que

se tem a possibilidade de desenvolver a atenção, imaginação, habilidade manual e

criatividade (nas interações).

Para narrar a história, utilizando este recurso, basta ir colocando no quadro

as peças em uma sequência que acompanhe o desenrolar da história contada, neste

caso, pelo aluno.

Outro recurso na contação de histórias são as dobraduras, de modo que os

personagens são feitos de dobraduras e a narração é auxiliada por elas.

Para Dohme (2000), geralmente, esta técnica é utilizada somente por uma

pessoa. Ela poderá ir fazendo as dobraduras à medida que conta a história ou já tê-

las prontas.

A técnica da dobradura deve ser feita em cima de uma mesa ou no centro de

um semicírculo formado pelas crianças. Esta técnica, conforme a autora supracitada

desenvolve a atenção, imaginação, dedução, habilidade manual, coordenação

motora e de equipe.

As marionetes são recursos também utilizados na contação de histórias. De

acordo com Dohme (2000), marionetes são bonecos movimentados por fios

amarrados nos pés, mãos e cabeça. Geralmente, seus operadores ficam em pé

atrás do palco, ocultados por uma cortina.

A autora destaca que a marionete é composta por três elementos

estruturais: o boneco ou figura animada, representando um ser humano, animal ou

criatura antropomórfica; os fios de comando, que comunicam ao boneco os gestos e

ações pretendidas pelo animador; o comando ou cruzeta, destinado a controlar os

fios e os movimentos do boneco.

As histórias, neste recurso, devem ser transformadas em diálogos entre os

personagens. Para descrever uma cena, utiliza-se o próprio personagem.

Essa técnica, na visão de Dohme (2000), explora o encantamento, no

entanto, permite pouca interação com a platéia. Além disso, desenvolve o senso

estético, atenção e imaginação dos alunos.

As marionetes são importantes recursos na contação de histórias, uma vez

que a história é desenvolvida no chão e os operadores, segundo Dohme (2000)

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ficam colocados atrás de um pequeno cenário. As histórias com bastante

movimento, dinâmicas e engraçadas são as que melhor se ajustam a essa técnica,

visto que os bonecos são esguios, eles se prestam às mais diversas

caracterizações.

Como última sugestão de recurso para a contação de histórias elencamos o

teatro de sombras. Para Dohme (2000), esse tipo de teatro são silhuetas dos

personagens da história em diversas posições fixadas em uma haste. Estas figuras

são movimentadas em um teatro semelhante ao de fantoches, com uma lâmina

tosca na janela e iluminação por trás. A sombra das figuras é que ilustra a narração.

Neste recurso, as histórias precisam ser transformadas em diálogos. Para

descrever uma cena utiliza-se a própria personagem. Ao ser utilizado o teatro de

sombras, os alunos podem participar da apresentação juntamente com os adultos. É

possível fazer as silhuetas, criar e apresentar uma história com base no jogo com a

reprodução de figuras de animais com as mãos.

Ao usar o teatro de sombras, na contação de histórias, tem-se a

possibilidade de desenvolver a atenção, imaginação e criatividade (DOHME, 2000),

dos aprendizes.

De modo geral, além dos recursos materiais aqui ressaltados, a entonação,

a dicção, a velocidade, a tonalidade, o vocabulário, a corporalidade, os gestos e a

expressão facial também são grandes aliados na contação de histórias,

enriquecendo de modo significativo a narrativa.

2.3.1 O Uso de Elementos Pertinentes à Oralidade

Ao contar uma história, é preciso exercitar uma voz fluente, que muda

o tom durante a exposição. Assim sendo, recomendamos aos alunos e

professores a produção de gestos e reações capazes de expressar o que as

informações lógicas não conseguem, uma vez que uma história bem contada

dificilmente é esquecida, pois ela fica na memória de quem a ouve.

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Por isso, as pessoas que estão falando em público devem ajustar o volume

à situação em que se encontram, pois cada ambiente, conforme Dohme (2000),

exigirá um volume de voz adequado e isto precisa ser avaliado.

A dicção também é importante, pois é frequentemente culpada quando uma

mensagem não é entendida. Se as palavras não forem bem pronunciadas, a

mensagem é recebida de forma truncada, porque a não compreensão de uma

palavra pode levar a incompreensão de toda a frase, e não entender uma frase pode

prejudicar o entendimento de toda a história (DOHME, 2000).

Para ter boa dicção, é preciso:

[...] tomar cuidado ao pronunciar de forma clara cada uma das sílabas que compõem a palavra, sentindo cada um dos seus sons [...]. outra atenção que se deve ter é dar espaço entre uma palavra e outra, procurando não emendar as palavras de uma mesma frase [...] (DOHME, 2000, p. 30).

A velocidade da fala, segundo a mesma autora, pode ser medida pelo

número de palavras que uma pessoa pronuncia em um espaço de tempo

determinado. Cada narrador tem uma velocidade na fala, isto é uma característica

individual. Mas deve-se cuidar quando essa velocidade influi na compreensão do

texto.

A velocidade está muito ligada à boa dicção. Quem estiver com a sua dicção em desenvolvimento, precisa obrigatoriamente falar mais devagar, para ajudar na compreensão da sua comunicação. [...] Combinando-se as diversas variações de velocidade e entonação, podem-se conseguir efeitos interessantes [...] (DOHME, 2000, p. 32).

De acordo com Dohme (2000), os sons classificam-se em graves e agudos.

Cada pessoa tem o seu registro vocal próprio, mas facilmente pode alcançar alguns

tons abaixo e acima desse registro. Isto será suficiente para conseguir efeitos

surpreendente.

Neste sentido, a autora reforça a necessidade de explorar os diversos

personagens dentro de uma narrativa, pois esses podem ter característica vocal

própria, o que será muito atraente, mas também perigoso, pois necessita de atenção

do narrador para manter a característica de cada personagem e alterná-la

rapidamente na mudança de personagens e nos diálogos.

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Outro fator importante referente à oralidade é o vocabulário, pois as

pessoas, conforme Dohme (2000), podem não estar entendendo a comunicação

simplesmente porque não conhecem o sentido das palavras que estão sendo

usadas. Principalmente, quando se fala com crianças.

Assim, deve-se lembrar de que a não compreensão de uma palavra pode

prejudicar o entendimento de toda a frase. Além disso, a incompreensão de uma

frase pode levar a uma sucessão de incompreensões, que acaba levando ao

desinteresse e à desistência em acompanhar a narrativa.

Além desses fatores já mencionados sobre a oralidade, a corporalidade, os

gestos e a expressão facial também são importantes ao narrar uma história.

De acordo com Dohme (2000, p. 33), o bom narrador:

[...] não se senta e fica falando, impávido. O corpo deve acompanhar o que está sendo descrito. Pois, todo o corpo deve falar, ou seja, a posição do tronco, os braços, as mãos, os dedos, a postura dos ombros, o balanço da cabeça, as contrações faciais e a expressão dos olhos.

Neste sentido, os gestos devem estar coerentes com a narração, ou seja,

devem ser utilizados para reforçá-los. Os gestos nunca devem ser usados de forma

não calculada, sistemática, principalmente quando se está contando uma história.

Isto irá confundir a plateia, ainda mais se estiver composta de crianças (DOHME,

2000).

Quanto à expressão facial, a autora diz que tal linguagem corporal poderá

falar mais do que muitas palavras. Para esta técnica é preciso treino. Além disso, é

preciso ter consciência de que é necessário exagerar um pouco quando se está

interpretando. Neste sentido, é válido afirmar que a linguagem corporal significa

tanto quanto a linguagem verbal, incluindo uma relação com o gestual, com a

expressão facial ou mesmo com a movimentação do corpo.

Sobre isso, Dohme (2000) diz que, muitas vezes, as pessoas têm o

sentimento e por isso acham que estão transmitindo, mas isto pode não ser verdade.

O narrador pode estar sinceramente emocionado, mas se a sua fisionomia estiver

transmitindo pouco, ninguém perceberá e sua tarefa não será bem cumprida.

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2.3.2 Procedimentos de Construção do Texto Falado

Quanto aos procedimentos de construção do texto falado para direcionar os

alunos na contação de histórias serão tratados neste texto: a) a dimensão da

interação; b) a construção do referente por ativação e por reativação; c) os

marcadores conversacionais e os marcadores cinésicos como procedimentos

necessários à construção do texto falado.

Quando contamos uma história, essa produção traz como componente

central, isto é, a interação. Sendo assim, para que essa intercompreensão aconteça,

de fato, é necessário que o falante recorra a elementos e procedimentos que

possam contribuir para a efetivação da interação entre os que falam e os que

ouvem.

Na contação de histórias, o aluno/professores procuram evidenciar aquilo

que tem maior relevância no seu discurso. Por isso, é preciso encaminhar a

atividade, explicando aos alunos que, na prática da construção da história a ser

contada, esses deverão selecionar as palavras de modo a organizarem o texto,

ativando expressões/termos que vão compor a trama narrativa.

Também deve-se atentar para o fato de que o aluno utiliza recursos a partir

dos quais ele retoma ou repete conteúdos do texto. Como na fala, o planejamento e

a execução do discurso acontecem em tempo real, é necessário que, ao falarmos,

voltemos atrás para corrigir ou melhorar o que dissemos. Vale a pena ser explicado

para os alunos as formas de retomadas do conteúdo e mecanismos de reiteração do

que está sendo dito, como por exemplo: a retomada por meio de uma expressão ou

a partir de um termo mais abrangente ou ainda de palavras pertencentes a um

mesmo campo semântico o uso dos pronomes como meio de evitar repetição de um

termo.

Os marcadores conversacionais, segundo Ruiz (2004), funcionam como

elementos de interação entre os participantes e de articulação entre os segmentos

do texto.

A autora acredita que esses elementos aproximam pessoas num diálogo, ou

em um caso específico, como o da contação de histórias. Neste sentido, os

elementos não verbais, na arte de contar histórias, devem considerar, com grande

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importância, o sentido produzindo pelos olhares, pausas longas, risos, entonações,

alongamentos e gestos variados.

Destaca-se que os marcadores conversacionais não constituem uma classe

gramatical própria, ou seja, elementos de todas as classes gramaticais e formas

sintáticas podem em princípio funcionar como marcadores conversacionais. No

entanto, não possuem papel sintático ou mesmo sintático-semântico, mas sim

discursivo (RUIZ, 2004).

A mesma autora enfatiza que os marcadores conversacionais são

subdivididos em três categorias: os iniciais, que marcam o início ou tomada de turno;

os mediais, representados, muitas vezes, por advérbios, conjunções, alongamentos,

sendo estes responsáveis pelo desenvolvimento do turno, propriamente dito e; os

finais, que marcam a passagem implícita ou explicita do turno. Por isso, ao se

trabalhar com a contação de história, é importante explorar os marcadores

conversacionais com os alunos. Por exemplo:

Linguísticos verbais lexicalizados (sabe? entende?);

Não lexicalizados (ah, hum...);

Marcadores prosódicos (pausas, alongamentos, tom da fala);

Uso de onomatopeias, para garantir um estilo descontraído à narrativa,

imitando sons e barulhos produzidos pelas personagens;

Alongamento das vogais, expressando a euforia ou medo da

personagem;

Repetição de ideias, palavras, dando ênfase as expressões e aos fatos;

Voz de suspense sussurrada e pausada, mantendo os alunos atentos e

criar um clima de incerteza;

Pausas, para organizar o pensamento e criar suspense.

Diante da prática de contar história, conforme Ruiz (2004), é fácil perceber

que a significação e encanto das narrativas orais não dependem apenas da

expressividade linguística ou do enredo e da trama. Pelo contrário, a linguagem

verbal fortalece-se com a expressividade dos gestos: mãos, expressões faciais,

risos, braços, enfim, o corpo com uma todo.

Por isso, apoiados em Ruiz (2004), recomendamos que sejam explorados os

seguintes marcadores cinésicos com os alunos na contação de histórias:

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Franzir as sombrancelhas ou fazer cara feia ao irritar-se, ou quando a

narrativa exigir raiva;

Mover a cabeça para baixo, ao indicar sim;

Balançar a cabeça de um lado para o outro, para indicar não;

Pálpebras bem abertas, quando a narrativa exigir atenção, perspicácia;

Pálpebras descidas, quando a narrativa exigir modéstia, vergonha;

Levantar o queixo nas interrogativas;

Olhos esbugualhados nas surpresas;

Dêiticos temporais (ontem, atirar o pulso sobre o ombro);

Dêiticos quantitativos (nada, agitar a mão; muito, com a palma da mão

voltada para a cima);

Dêiticos espaciais (aqui, dirigir várias vezes o indicador apontando para

baixo, etc.).

Com essas sugestões e problematizações, espera-se que o aluno possa

construir uma prática com a contação de histórias em sala de aula e, com isso, ter

oportunidade de utilizar vários recursos e procedimentos na construção do seu texto

falado.

Neste caso, considerando os elementos da narrativa, os recursos artísticos

(fantoches, teatro, dobradura, entre outros) e marcadores cinésicos (movimentos do

corpo, alongamento de vogais, pausas, etc.) é possível mobilizar a leitura e a prática

da contação, no espaço escolar, articulando a linguagem oral, as artes e a

corporiedade dos sujeitos-aprendizes.

Acreditamos, em sintonia com Orlandi (1988, p. 38) que o “espaço da leitura

escolar exclui da sua consideração o fato de que o aluno convive em seu cotidiano

com diferentes formas de linguagem”. Dessa forma, mostra-se necessário ampliar as

possibilidades de abordagem de diferentes formas materiais significantes, na medida

em que é possível trabalhar a convivência da linguagem verbal com o som, com a

linguagem corporal, com a imagem e, além disso, relacionar a contação como

possibilidade de diálogo com as artes, no espaço da sala de aula.

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3 INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA NA ESCOLA: RELATO DE EXPERIÊNCIA

As experiências com a contação de histórias foram desenvolvidas no

Colégio Estadual Duque de Caxias – Ensino Fundamental e Médio, numa turma da

6ª série / 7o ano do Ensino Fundamental, onde foram aplicadas aulas divididas em

seis planejamentos.

A escolha da contação de história como área do conhecimento a ser tratada

na escola deu-se pelo fato das suas características principais apresentarem-se

como sendo ideal para o incentivo à leitura e para possibilitar um trabalho articulado

entre linguagem (oral, visual, corporal) e as artes.

Dentre os recursos para a contação de histórias foram utilizados o livro

(cineminha), os fantoches, o velcômetro, as dobraduras, as marionetes e o teatro de

sombras ligados ao domínio das artes.

A seguir, apresentamos cada um dos planejamentos trabalhados na

intervenção pedagógica na escola, bem como o total de aula e os objetivos de cada

planejamento.

Aulas Recursos Objetivos

1ª, 2ª e 3ª Livro (cineminha) Contação de histórias

utilizando como recurso o

livro por meio do

cineminha.

4ª, 5ª e 6ª Fantoches Contação de histórias

utilizando como recursos

os fantoches.

7ª, 8ª e 9ª Velcômetro Contação de histórias

utilizando como recurso o

velcômetro.

10ª, 11ª e 12ª Dobraduras Contação de histórias

utilizando como recursos

as dobraduras.

13ª, 14ª e 15ª Marionetes Contação de histórias

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utilizando as fábulas de La

Fontaine e como recursos

as marionetes.

16ª, 17ª e 18ª Teatro de sombras Contação de histórias

utilizando como recurso o

teatro de sombras.

Para o primeiro planejamento, foi utilizado o livro por meio do cineminha

como recurso na contação de história. A fim de promover a contação de histórias,

foram utilizados os clássicos da literatura infantil.

A turma foi dividida em grupos. Cada grupo escolheu uma história dos

clássicos da literatura infantil. Uma das histórias escolhidas pelos alunos foi “O Galo

e a Raposa”. Após a escolha, os alunos fizeram a leitura, desenharam e ilustraram

de acordo com o livro. Por fim, colaram os desenhos ilustrados uns aos outros para

formarem um “filme”.

Após formarem o filme, ou seja, o rolo contendo 4 folhas de sulfite foi

colocado no cineminha (o cineminha foi substituído por um pedestal de oratória;

neste caso, a substituição foi necessária porque os alunos tiveram dificuldades para

construir o cineminha) de modo que, ao ser contada a história, as gravuras fossem

sendo passadas uma a uma. Ao final, cada grupo socializou a história ilustrada para

a classe.

Mesmo com a dificuldade de construir o cineminha, a contação de histórias

com a utilização do recurso “livro” foi interessante, uma vez que os alunos puderam

escolher a história e, além disso, ilustrá-las.

Neste caso, podemos ressaltar o fato de a prática de contação de histórias

ter priorizado a integração entre linguagens. Seja a modalidade oral, seja a

linguagem corporal, seja a visual a partir da gravura (desenho), destacamos

possibilidade de a sala de aula também contar com práticas que extrapolem o texto

escrito ou estruturamento verbal.

O interesse e entusiasmo dos alunos puderam ser comprovados por meio

de falas como: “que legal a gente poder contar a história”; “eu gosto muito de pintar”;

“muito legal poder contar histórias utilizando o livro para pintar e contar a história”.

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O segundo planejamento utilizou os fantoches como recursos para a

contação de história. Neste contexto, foram utilizadas histórias criadas pelos

próprios alunos. Para esta aula os alunos criaram histórias envolvendo animais.

Cada aluno criou a sua própria história por meio de um roteiro escrito. Após a

criação, os alunos confeccionaram os fantoches. Para a confecção dos fantoches

foram dadas sugestões para que os alunos pudessem confeccionar os animais. Por

fim, as histórias foram socializadas com o restante da turma.

Por meio do trabalho com os fantoches, pode-se dizer que tais elementos

são ricos recursos para a contação de história, na medida em que os alunos

socializaram a história narrada para além da sua própria sala de aula. A contação de

histórias com os fantoches foram realizadas em outras salas de aula do Colégio

Estadual Duque de Caxias – Ensino Fundamental e Médio e na Associação de Pais

dos Excepcionais (APAE) do município de Tuneiras do Oeste, Estado do Paraná.

Enfim, os fantoches colaboraram de modo significativo para que os alunos

pudessem contar a sua história e tivessem condições de produzir o roteiro da

história, constituindo-se como autores de seus textos.

O terceiro planejamento utilizou o velcômetro como recurso na contação de

história e durou 3 aulas.

Com esse recurso foram utilizadas histórias do âmbito familiar dos alunos.

Para esta aula, os alunos montaram individualmente a sua história.

Para a utilização do velcômetro, os alunos foram orientados para que, após

desenhadas e pintadas as figuras, essas fossem coladas em um papel mais grosso.

Em seguida, tais ilustrações deveriam ser recortadas e nela deveriam ser colados

pedaços velcro no verso de cada figura, pois, ao ser contada a história, as figuras

deveriam ser colocadas no quadro.

Este recurso não chamou a atenção dos alunos. A falta de

motivação/interesse pode ser atribuída à dificuldade de criação dos personagens

das histórias criadas pelos alunos e pela utilização do próprio velcômetro. De modo

geral, o velcômetro foi um recurso que não motivou o aluno na narração de histórias,

neste contexto específico, o que não impede que outros professores possam ter

uma experiência de sucesso com tal recurso.

O quarto planejamento utilizou as dobraduras como recurso para a contação

de histórias.

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O quarto planejamento utilizou as dobraduras como recurso para a contação

de histórias.

A história “Pedro, o Marinheiro” foi utilizada durante as aulas. Nesta narrativa

à medida em que a história era contada, os alunos iam realizando as dobraduras,

com auxílio do professor.

As dobraduras enquanto recurso para a contação de histórias foi muito

elogiada pelos alunos. Pois, segundo eles, as dobraduras deixam as histórias mais

motivantes.

Essa motivação pode ser constatada por meio de alguns comentários dos

alunos como “as dobraduras são fáceis de fazer e a história fica mais legal de ser

contada”, “gostei de utilizar as dobraduras na história de Pedro, o Marinheiro”, “que

interessante utilizar as dobraduras, elas motivam a gente”.

A contação de histórias com as dobraduras foi uma prática significativa, visto

que os alunos, ao contarem a história, quiseram sair da sua própria sala e mostrar o

trabalho para os alunos das outras séries do colégio. Para tanto, um aluno ia

fazendo a dobradura e outros iam narrando a história de Pedro, o Marinheiro.

A dobradura como recurso possibilitou também uma abordagem

multisemiótica, ou seja, a convivência de diversas linguagens no espaço escolar: o

texto verbal (da história), a dobradura como materialidade significante que tem uma

textura, uma forma, um sentido que se articula à história contada. Uma vez que a

dobradura materializa, dá corpo a uma história, a uma narrativa, os alunos puderam

construir desenho e texto ao mesmo tempo, relacionando linguagens e sentidos.

O quinto planejamento utilizou-se das marionetes como recurso para a

contação de histórias e durou 3 aulas.

Para a utilização das marionetes como recursos foram utilizadas as fábulas

de La Fontaine como, por exemplo: “A cigarra e a formiga”; “A raposa e a cegonha”;

e “A lebre e a tartaruga”.

Os alunos foram divididos em grupos e cada grupo escolheu uma fábula

para ser narrada.

As marionetes já estavam prontas, por isso, os alunos apenas socializaram a

a fábula escolhida com a turma, lançando mão desses recursos.

Mesmo as marionetes estando prontas, os alunos sentiram dificuldades em

narrar a história. Pois, acharam difícil, justamente, a manipulação dos bonecos.

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Alguns disseram: “professor, é muito difícil contar a história e manipular os bonecos”;

“não consigo fazer as duas coisas”.

Diante dessas dificuldades, os alunos não se interessaram muito por esse

recurso para narração de histórias.

No sexto e último planejamento foi utilizado o teatro de sombras como

recurso na contação de história. Para o teatro de sombras foram utilizados casos e

relatos de experiência vividos pelos alunos.

Cada aluno montou suas figuras para narrar o seu caso ou relato de

experiência vivida. Após a criação de cada figura para ilustrar a histórias, os alunos

decalcaram o seu contorno em uma cartolina grossa e recortaram cuidadosamente.

Além disso, foi preciso colar cada peça em um pauzinho do tipo palito de sorvete.

Depois de prontas as figuras, os alunos socializaram as narrativas com o

restante da turma.

Esse recurso foi utilizado pelos alunos com facilidade e, além disso, eles

gostaram muito do teatro de sombras. Pois, houve os seguintes comentários: “o

teatro de sombra é bem legal para a gente contar histórias”; “eu desenhei e pinte as

gravuras e gostei de utilizar o teatro de sombras”; “professor nós vamos utilizar o

teatro de sombras novamente”.

De modo geral, os recursos usados na contação de histórias foram viáveis

no incentivo à leitura. Mesmo, os alunos apresentando dificuldades no velcômetro e

na manipulação das marionetes, ao narrar a história, é possível dizer que, no espaço

da sala de aula, pode e deve conviver diferentes linguagens (oral, escrita, visual,

corporal). A contação de histórias permite não somente uma experiência com a

dimensão do texto narrativo ou pode ser entendida como caminho para o letramento,

mas também congrega materialidades diversas que significam e mobilizam os

alunos. A contação de histórias é articulação de linguagem, de experiências e de

pessoas que contam suas histórias.

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4 CONCLUSÃO

No decorrer do estudo, fizemos uma discussão sobre diversos conceitos

sobre o que é contação de histórias. Também evidenciamos uma explanação sobre

a estrutura narrativa do texto e discorremos sobre alguns recursos artísticos para

que o aluno pudesse contar a sua própria história.

De posse dos recursos para a contação de histórias, o aluno pôde contar a

sua história por meio de uma experiência que propusemos a realizar no Colégio

Estadual Duque de Caxias – Ensino Fundamental e Médio, numa turma da 6ª série /

7ªb ano do Ensino Fundamental.

No que se refere à experiência com a contação de histórias utilizando

recursos tais como: livro (cineminha); fantoches; velcômetro; dobraduras; marionetes

e teatro de sombras, percebemos que essa estratégia é viável para incentivar o

gosto e hábito pela leitura, além de permitir a convivência entre diferentes

linguagens no espaço da escola.

A contação de histórias por meio dos recursos utilizados apresentou-se

como uma estratégia diferente de incentivar a leitura, bem como possibilidade de o

aluno significar a partir do seu corpo, voz, tato, visão (trabalho com gravuras).

No entanto, encontramos dificuldades ao utilizar alguns recursos para a

contação de histórias, principalmente, na utilização do velcômetro e na manipulação

das marionetes, o que nos leva a pensar na implicação das escolhas feitas em sala

de aula e da necessidade de rever nossa prática.

Por isso, recomendamos que estudos complementares aconteçam a fim de

concretizarmos a contação de histórias como uma estratégia capaz de incentivar a

leitura e possibilitar a integração de diferentes linguagens na sala de aula.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, pela força espiritual para a realização desse trabalho.

A Secretaria Estadual de Educação, pela oportunidade de fazer parte desse

programa de capacitação (PDE) tão importante para o profissional da educação.

A Universidade Estadual de Maringá, por me receber e pela oportunidade de

cursar o PDE.

Ao Núcleo Regional da Educação de Cianorte, pelo atendimento dispensado

nesse processo.

Ao Colégio Estadual Duque de Caxias – Ensino Fundamental e Médio, pelo

apoio na implementação pedagógica.

A minha esposa “Célia” e filho “Danilo”, pela presença amorosa,

compreensiva e ajuda, e, em especial, por todo carinho ao longo deste percurso.

À minha orientadora Profa. Dra. Luciana C. F. Dias Di Raimo, pela singular

orientação, pelo carinho, incentivo e força.

Aos alunos da 6ª série / 7º ano do Colégio Estadual Duque de Caxias –

Ensino Fundamental e Médio, que participaram da implementação pedagógica na

escola.

A todos que estiveram presentes durante essa jornada, vivenciando minhas

dificuldades, angústias, ansiedades, alegrias e, principalmente conquistas.

Meu eterno agradecimento!

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