Análise da frase “A escola mudou pouco, mas os adolescentes mudaram muito”
Existe um novo paradigma para os denominados “Nativos Digitais”, ou seja, crianças nascidas há 12 anos ou menos: A rede global de comunicação, vulgo, Internet. A emergência e massificação da utilização da rede fez explodir a utilização de artefactos de comunicação digital em grande parte dos lares e locais públicos – ainda que esta possibilidade possa ser menos efetiva em alguns contextos mais desfavorecidos – e as crianças nascidas depois de 2003, iniciaram-se os seus estádios de desenvolvimento cógnito sensório-motor, pré-operatório e pré-operatório (Piaget) envolvidos por uma ambiente familiar e social repleto de dispositivos digitais de comunicação, como sejam os computadores, os tablets e os smartphones. Este fato, é de sobremaneira importante porque também ao nível da interação com os elementos externos, cujas crianças contatam, alteraram a uma forma de acomodação e assimilação dos objetos de conhecimento e posterior adaptação e equilibração (Vygostky). À parte das mudanças da forma de aquisição de conhecimento deste grupo etário, existe um problema cuja escola é obrigada a lidar: Como efetuar a transição deste novo modelo para uma escola que ainda foi modelada e estruturada para o modelo antigo ? Sabemos que o atual modelo de escola ainda é sobretudo expositivo ( ao contrário do modelo de digital que é mais interativo), analógico (por anteposição ao mundo digital) e mais lento. Junta-se a estas qualidades da escola atual, o fator humano, i.e., a maioria dos atuais professores foram educados e treinados, , alguns deles, durante décadas para uma prática que não integrou, por inexistência destas tecnologias, estas novas formas de comunicar e apresentar conteúdos educativos. A questão que me parece essencial é perceber: Se esta mudança implica uma mudança apenas das ferramentas de ensino ou se é a própria linguagem, altamente influenciada pelo meio, quer ao nível semântico, como sintático e a forma de pensamento que estão em causa ? O cenário é de fato crítico no sentido mais lato da palavra. De um lado, as gerações digitais cuja utilização das tecnologias para a obtenção de conhecimento é lhes familiar, quase inata. Do outro lado, uma sociedade composta por mediadores e decisores do processo educativo (pais, professores e políticos) que aprenderam e construíram um modelo de aprendizagem baseados em outras premissas cada vez mais postas em causa.
Autor: Luís Miguel Palma Gomes
Cadeira: Processo educativo: Desenvolvimento e aprendizagem
Bibliografia: Carvalho, C. & Conboy, J. (2013). Desenvolvimento cognitivo e da linguagem. In F Veiga (Eds),Psicologia da Educação: Teoria, Investigação e Aplicação. Envolvimento dos Alunos na Escola(pp.67-121). Lisboa: Climepsi Editores.