8/16/2019 A Estética Da Morte Ou o Assassinato Do Estilo Em Salvador - João Pedro Braga
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Em um outro conto fantástico morria uma besta fera, um cão negro
atravessando a noite. Morto, aparecia em sua forma fantasmagórica, com
seus com seus olhos reetores, o que, ao som de Bäch, alava a cena para
um palco al!m do tempo, para o mundo dos signi"cados perenes da alma.
#este conto a Bele$a vence a banali$aão da mortalidade. %or outro lado,
na passarela & tão 'til aos pedintes, pedestres e comerciantes informais domundo concreto(, morre um assaltante. )u bem poderia ter sido dito sobre
o cadáver, em 'ltima análise, que se tratava um assaltado, mas não
iremos, nós, arguir contra o Estado, a"nal somos todos soteropolitanos de
rai$, submissos *s condi+es trópicos. E era o calor tropical easperante que
fa$ia mover uma quadrilha de moscas ao redor do cadáver. -ebaio desse
recorte terri"cante, ouvia(se trechos de uma m'sica de pagode, a qual
gradualmente ia se perdendo no va$io da avenida. cena se esclarecia
mediante o afastamento do carro de som. /im, uma torrente escura de lava
escorria pelo concreto. /im, era imundo. ) efeito doppler nos meus ouvidos
não poderia 0amais suavi$ar o massacre ocorrido naquele local, apesar deter tentado confundir a minha percepão com seu artif1cio ilusório .
realidade não cedeu *s fantasias da minha cabea. 2elutar não era uma
opão. Entrar no estágio psicológico da negaão de"nitivamente não me
pareceu ser uma opão. ) que antes estava vivo, agora morto se eibia. )
que antes tinha nome, tornava(se tão somente uma poa de sangue, uma
tetura visual, tocada por minhas incr!dulas pupilas.3sso deiara meu
esp1rito reto como uma espada. %obre defunto. pós perder o seu sopro
vital, acabou por ser apresentado *s tribunas da eternidade sob as
trombetas do mantra sat4nico 56udo nosso, nada deles5.