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16A GAZETA SEXTA-FEIRA, 18 DE OUTUBRO DE 2013

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Economia. Carro devecontinuar comIPI reduzidoPág. 22

ONDE ESTÁ O DINHEIRO?ESTADO SÓ INVESTIU 25%DO PREVISTO ATÉ AGORAEnquanto isso, obras de estradas e hospitais se arrastam

ABDO [email protected]

O ano já entrou em sua retafinal, eogovernodoEstadoterá de apertar o ritmo casoqueira cumprir o prometi-do: investimento de R$1,954 bilhão em 2013. Até31 de agosto, só R$ 507,2milhões, ou 25,9% do pre-visto, tinham saído do pa-pel. Ou seja, a máquina pú-blica estadual terá de fazerem quatro meses quase queotriplo(R$1,446bilhão)doque fez em oito.

OsnúmerosestãonoRe-sultado do Tesouro Esta-dual de agosto. DivulgadopelaSecretariadeEstadodaFazenda, o balanço apre-senta a receita orçamentá-riarealizada(odinheiroqueentrou de fato no caixa) emcontrapartida à despesa or-çamentária total liquidada(quando está tudo certo, sófalta pagar), consolidadoportodosospoderesetodasas fontes de recursos.

Opoucomaisdemeiobi-lhãoinvestidoatéagostosu-pera os R$ 441,61 milhõesrealizadosnomesmoperío-dodoanopassado,mas ficaabaixo dos R$ 512,37 mi-lhões de 2011. Em 2012, oEstado havia previsto R$1,654 bilhão em investi-mentos,massóentregouR$1,164 bilhão, 70,3% do es-timado.Em2011,a realiza-ção ficou em 70,38%.

O documento especificaa execução orçamentáriacom recursos próprios, deR$8,56bilhões.Destemon-tante,oorçamentoautorizaR$ 781,063 milhões(9,12%) para investimen-tos. Até 31 de agosto, R$

253,43milhõestinhamsidoliquidados, 32,4% do auto-rizado para o ano, o menorpercentual entre os gruposde despesa.

OBRAS NÃO ANDAMO grupo pessoal e encar-

gos liquidou R$ 3,51 bi-lhões,65,8%doprevistoatéo final do ano. A dívida pú-blica já consumiu metadedo autorizado pelo orça-mento, R$ 320,23 milhões.As outras despesas corren-testêmumpercentualliqui-dadode53,7%,batendoemR$ 1,86 bilhão.

Enquanto a burocracianão consegue fazer o di-nheiro sair dos cofres, asobras arrastam-se e encare-cem.ARodoviaLeste-Oeste(VilaVelha-Viana)começouaserconstruídaemnovem-brode2007eeraparatersi-do entregue em 2008, mas,atéagora,nada.Anovadataé dezembro de 2014.

O Cais das Artes, em Vi-tória,começouasererguidoem abril de 2010 e era parater ficado pronto no segun-do semestre de 2011. A no-va previsão é novembro de2014. Originalmente o es-paço deveria custar R$ 134milhões, mas beirará R$180 milhões.

O Kléber Andrade, com-pradodoRioBrancoporR$6,8 milhões, teve as obrasiniciadasem2010edeveriaser inaugurado este ano. Anova arena, hoje com exe-cução de 60%, passou portrocadeempreiteiraesóse-rá entregue em fevereiro de2014. O orçamento, deR$ 100 milhões, ficou maiscaro em R$ 8,8 milhões.

GASTO PÚBLICO

Documento:AG18CAEO016;Página:1;Formato:(274.11 x 381.00 mm);Chapa:Composto;Data:17 de Oct de 2013 21:10:34

ECONOMIA17SEXTA-FEIRA, 18 DE OUTUBRO DE 2013 A GAZETA

GASTO PÚBLICO

Governo garante R$ 2 bilhõesFazenda promete queinvestimentos serãointensos nestes 4últimos meses do ano

O secretário de Estadoda Fazenda, Maurício Du-que,garantiuqueogover-no entregará os investi-mentos prometidos parao ano e considerou nor-mal o desempenho deexecuções em 2013. “His-toricamente, os últimosquatro meses são os maisfortes. Confirmo que en-tregaremos os R$ 2 bi-lhões até o final do ano,não temos a menor dúvi-da disso. Se não chovertanto nos últimos meses,podemos até ultrapassaressa meta”.

Duque explica que essemontante de R$ 507,28milhões não pode ser ana-lisado isoladamente. “Te-mos de incluir os investi-mentos da Cesan (empre-sa de economia mista),que deve fechar 2013 cominvestimentos da ordemde R$ 500 milhões, os re-

passes para Assembleia eJudiciário, e as inversõesfinanceiras (compras debens móveis e imóveis, efinanciamentos)”.

Entre janeiro e agosto

desteano,foramR$855,94milhões em inversões fi-nanceiras. Tirando os cercade R$ 350 milhões do Fun-dap(75%dofundovaiparao financiamento das em-

presas),sãoR$505milhõesde inversões financeiras.“Não está na linha dos in-vestimentos, mas tambémprecisam ser considerados.Estãoaícomprasdemáqui-

nas e as desapropriações”.Também entram nesta

conta os recursos que o go-verno manda aos municí-pios. “Em novembro, serãoR$ 200 milhões fundo a

fundo para as prefeiturasrealizarem obras de formamais rápida”, argumentou.

NO PAPELOsecretário reconheceu,

porém,quepartedoquees-tánoorçamento,desteedospróximosanos,nãosairádopapel.Segundoele, trata-sede uma engenharia finan-ceira montada para viabili-zar a captação de recursosjunto ao Banco Nacional deDesenvolvimento Econô-mico e Social (BNDES).

“Temos mais de R$ 4 bi-lhões captados no BNDESnos mais diversos projetos.O problema é que a legisla-ção impede que a captaçãosupere os 16,5% da receitacorrente líquida, ou seja,não podemos captar tudoao mesmo tempo. Por isso,estamos dividindo essesmontantes ao longo dosanos.Temcoisaqueestánoorçamento, mas ou não vaisair ou sairá em parte. Éuma engenharia montadapara viabilizar a vinda dosrecursos”, frisou Duque.

BERNARDO COUTINHO - 07/08/2013

Obra da Rodovia Leste-Oeste, que começou em 2007, deveria ter sido entregue em 2008: nova previsão é 2014

Documento:AG18CAEO017;Página:1;Formato:(274.11 x 381.00 mm);Chapa:Composto;Data:17 de Oct de 2013 22:18:57

18 ECONOMIAA GAZETA SEXTA-FEIRA, 18 DE OUTUBRO DE 2013

GUERRA FISCAL

Estado reverte perda doFundap na reforma do ICMSAcordo no Confazavançou, mas faltamadesão de três Estadose aval da Fazenda

RONDINELLI [email protected]

O Espírito Santo e outrosEstados fecharam acordocom o Ministério da Fazen-daparareduzirasalíquotasde ICMS geral, tendo comocondicionantes as compen-sações financeirasdaUniãoaos Estados e a convalida-ção de incentivos fiscaisameaçados de extinção.

EmreuniãodoConselhoNacional de Política Fazen-dária (Confaz) ontem, ape-nas Goiás, Ceará e SantaCatarina não aderiam aoacordo alegando prejuízos.Engavetada por falta deconsenso no Senado emabril, essa nova fase da re-forma tributária do gover-no federal reduz alíquotasde produtos industriais eagroindustriais num prazodetransiçãoaté2028.Esta-dosquehojepraticam12%,como o Espírito Santo, pas-sam para 7%; os que reco-lhem 7% encolhem a 4%.

Segundo o secretário es-tadual da Fazenda, Maurí-cio Duque, uma das princi-pais vitórias foi garantir acompensação pelas perdasda redução do ICMS de im-portadosem4%.AoasfixiaroFundap,essaresoluçãodoSenado tirouesteanocercade R$ 800 milhões dos co-fres do Tesouro estadual edas prefeituras capixabas.

“A redução das alíquotasestá muito bem encami-nhada e há garantias de re-por perdas. Dentro do con-texto geral, está de bom ta-manho para o Espírito San-to, porque não há grandesganhadores nem grandesperdedores”, frisa Duque.

Osfundosdecompensa-ção (FC) e de desenvolvi-mento regional (FDR) so-mamR$130bilhõesaosEs-tados prejudicados. Serãoaté R$ 8 bilhões por ano sódo fundo de compensação,valor dividido entre os Es-tados e com chance de sercumulativo.OFCservirádeauxílio financeiro para re-por também perdas de ar-recadaçãonocomércioele-trônico,oque,segundoDu-que, renderia R$ 200 mi-lhões por ano ao Estado.

Num próximo encontroainda não marcado, os se-cretáriosdeFazendadevemreceber uma resposta finaldogovernofederaledosEs-tados descontentes. Outroimpasse está na limitaçãode recursos da União paracobrir as perdas dos Esta-dos. Os governadores que-remelevaraR$296bilhõeso valor do FDR a ser apro-vados pelo Congresso, maso ministro Guido Manteganãocedeuaopleito,eagorareavaliará as negociações.

GABRIEL LORDÊLLO - 24/11/2012

“A redução dasalíquotas estáencaminhada ehá garantias derepor perdas.No contextogeral, está bompara o EspíritoSanto. Não hágrandesganhadores ouperdedores”—MAURÍCIO DUQUESECRETÁRIO DAFAZENDA DO ESTADO

Ministérioadmitecrise fiscal

Presidente do Confaz nacondiçãodesecretário-exe-cutivo do Ministério da Fa-zenda, Dyogo de Oliveiraadmitiu abertamente difi-culdades orçamentáriaspara negar o incrementenos fundos de compensa-ções. “As condições fiscaisdo Brasil pioraram muitoeste ano e devem piorarainda mais”, disse ele, se-gundo relato de dois secre-tários de Fazenda.

De todo modo, as dis-cussões do ICMS estãomenos radicalizadas. Pu-xando o bloco dos maispujantesjuntoaMinasGe-rais e Rio de Janeiro, SãoPaulo aceita a convalida-çãodos incentivoseaté re-duziuasexigênciasname-sa: para não perder nasoperações com o resto dopaís, quer apenas a redu-ção do ICMS em 4% ou7%. No relatório final en-gavetado no Senado emabril,asalíquotasgeraisfi-caram em 4%, 7% e até13%, perdendo apoio dogoverno federal.

A surpresa ficou porconta de Santa Catarina.Dono de uma cadeia co-mercial de suínos e aves, oEstado sulino só ontempôs o pé na porta, voltan-do atrás no apoio à redu-ção para 7% sobre produ-tos agroindustriais. A alí-quota do gás ficou indefi-nida por pressão do sena-dor Delcídio Amaral(PT-MS): o gás boliviano éimportado pela fronteirado Mato Grosso do Sul.

O QUE ESTÁ EM JOGO

Guerra fiscalt Atração de empresas

Hoje, Estados do Sul e doSudeste (exceto EspíritoSanto) praticam 7% nasoperações com ICM(Imposto sobrecirculação demercadorias, e serviçoscomo energia), mas aalíquota dos produtossaídos do Espírito Santoe dos Estados dasdemais regiões é de12%, diferencial adotadopara atrair setoresprodutivos, mas acusadode gerar uma guerrafiscal entre Estados.

Reforma tributáriat Assunto ressuscitou

Para reduzir essa briga, ogoverno federalequalizou o ICMimportação em 4%,prejudicandoprincipalmente o EspíritoSanto. E depois iniciou areforma do ICMS geral,

mas a primeira tentativafracassou no Senado,ante a resistência dosEstados e de emendasque desfiguraram oprojeto original. Ogoverno retomou asconversas no Confaz.

Mudançast ES cai para 7%

O acordo encaminhadoontem no Confaz reduz asalíquotas de 12% para 7%(caso do Espírito Santo) ede 7% para 4%. E cairáde 12% para 10% aalíquota da (acusada deprivilégio) zona Franca deManaus, exceto paraprodutos de informática.

Condicionantest Briga no Congresso

Questionados na Justiça eameaçados de mortesúbita, os incentivosfiscais ao setor produtivo(inclusive os do governocapixaba) só serãoconvalidados à

unanimidade no Confaz -como exige a lei que nãofoi obedecida-, apenas se:

t O Congressoaprovar a redução dasalíquotas de ICMS e osfundos de compensação edesenvolvimento regional

t A Câmaraaprovar a regulamentaçãodo comércio nãopresencial (e-commerce)já votada pelo Senado.

No Senadot Rodada de conversas

Os senadores da Comissãode Assuntos Econômicosaguardaram a reunão deontem do Confaz pararedefinir as propostassobre ICMS na Casa. Entreoutras compensações pelaredução das alíquotas, osincentivos concedidos àrevelia do Confaz seriamvalidados, mas temem-seriscos judiciais se forquestionada a prerrogativado Conselho para avalizaro que é tido como ilegal.

Novo imposto da Saúde à vistaDecididos a financiar a

Saúde pública com um no-vo imposto, aliados do go-verno tentam novamenteressuscitar no Congresso aextinta CPMF (Contribui-ção Provisória sobre Movi-mentação Financeira).Apresentado quarta-feiranacomissãoespecialdaCâ-

maraquediscuteoassunto,orelatóriododeputadoRo-gério Carvalho (PT-SE) su-gereacriaçãodarebatizadaContribuição Social para aSaúde (CSS), que seria co-brada a partir de 2018.

A tramitação avança ei-vada de polêmicas e bom-bardeada pela oposição.

Médico, o deputado CésarColnago (PSDB) consideraoparecerfrustranteaocriarmais impostos–alíquotade0,2%sobremovimentaçõesbancárias - em vez de aten-dernecessidadesdosetor.Orelatório, critica, não desti-na 10% da receita correntebruta da União ao Sistema

Único de Saúde (SUS).“O relator propõe o im-

postonumasoluçãodeche-gar aos 10% só em 2017,2018 de forma escalonada,não priorizando o funda-mental.Elenãotrazos10%e não ouve o clamor dasruas.Acomissãoprecisa terresposta clarae rápidapara

solucionaro financiamentode Saúde”, argumenta.

Criado em caráter provi-sório no governo FernandoHenrique Cardoso (PSDB),ochamadoimpostodoche-que teve prorrogação der-rubada pela oposição em2007 no Congresso, umaderrota do governo Lula(PT). Desde então, petistaspatrocinam iniciativas derecriar fontes de receita pa-ra bancar o custeio de Saú-

de. Carvalho, aliás, é ligadoao ministro da Saúde, Ale-xandre Padilha (PT-SP).

Em 2008, a Câmaraaprovou e o Senado enga-vetou a CSS proposta pelodeputado Pepe Vargas(PT-RS) com alíquota de0,1%. No Senado, o ex-mi-nistro da Saúde HumbertoCosta(PT-PE)é fortedefen-sor de novas fontes de fi-nanciamento do sistema.(Rondinelli Tomazelli)

Documento:AG18CAEO018;Página:1;Formato:(274.11 x 381.00 mm);Chapa:Composto;Data:17 de Oct de 2013 21:03:08


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