A Infância que temos e a infância que queremos
18 e 19 de outubro de 2010Belém- PA
Arabela Rota Pesquisadora Sênior
CIESPI
Hoje se reconhece que crianças e adolescentes têm direitos, pelo simples fato de existirem e merecerem respeito, como pessoas, independentemente de sua origem, raça, sexo, idade, condição social e econômica.
Referências legais
Convenção dos Direitos da Criança (1989), Constituição Federal (1988) e o Estatuto da Criança e do Adolescente (1990)
Caso Marie Anne – menina americana de 9 anos- Nova Iorque 1896Defendida pela Sociedade Protetora dos Animais
Liga das Nações - 1o orgão supranacional Declaração de Genebra dos Direitos da CriançaONU (1945) e UNICEF (1946)
Declaração dos Direitos Humanos (1948) e seus princípios gerais:UniversalidadeIndivisibilidadeResponsabilidadeParticipação
Convenção sobre os Direitos da Criança- (1989) e a Doutrina da Proteção Integral
O interesse superior da criançaA não discriminaçãoA sobrevivência e o desenvolvimentoA participação
Alguns indicadores de vulnerabilidade
De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no ano de 2008, o Brasil tinha 64.988 milhões de crianças e adolescentes, representando 34,6% de sua população.
Linha de Pobreza
Dados das PNADs sistematizados pelo Centro Internacional de Estudos e Pesquisas sobre a Infância (CIESPI) mostram que, em 1997, o número de crianças e adolescentes, residentes nas áreas urbanas do Brasil, que estavam abaixo da linha da pobreza correspondia a 43,3% do total. Este percentual diminui para 35,8% em 2008.
Fonte: IBGE, PNADs 1998, 2008. In: Base de Dados Infância e Juventude em Números.
Rio de Janeiro: CIESPI, 2010 (www.ciespi.org.br)
Gráfico 1 - Crianças e adolescentes de 0 a 17 anos, abaixo da linha de pobreza, residentes em áreas urbanas (em %). Brasil e Grandes Regiões - 1997 e 2008
Essa pobreza se mostra ainda mais acentuada quando constatamos que 42% das crianças brasileiras residentes em áreas urbanas com menos de 3 anos de idade estavam abaixo da linha da pobreza no ano de 2007 (Rizzini, Caldeira, Ribeiro e Carvano, 2010).
Gráfico 2-Crianças e adolescentes abaixo da linha de pobreza, por cor e Região
Fonte: IBGE - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio, 2008
Crianças e adolescentes de 17 anos, abaixo da linha de pobreza, residentes em áreas urbanas, segundo os grupos de
cor – Brasil e Grandes Regiões – 20082008
Região/ Brancos Pretos e Pardosabsol. % absol. %
Brasil 5.514.97
6 25,2
10.958.89
8 45,4
Norte 394.309
37,5
1.716.233 51,9
Nordeste 1.881.03
5 48,9
5.168.180
60,5
Sudeste 2.047.30
3 19,5
2.973.013
33,9
Sul 941.977
19,3
513.062 36,5
Centro-Oeste
250.352
16,1
588.410 27,5
Gráfico 3-Condições de saneamento urbano dos domicílios – Crianças e adolescentes, de 0 a 15 residente em áreas urbanas.
Fonte: IBGE, PNADs 1998, 2008. In: Base de Dados Infância e Juventude em Números.Rio de Janeiro: CIESPI, 2010 (www.ciespi.org.br)
Pilares para sua materialização: (a) a descentralização da oferta de políticas públicas e, consequentemente, sua municipalização; (b) a participação da sociedade na execução e elaboração das políticas públicas relacionadas à infância e adolescência e (c) a articulação dos atores do Sistema de Garantia de Direitos para a efetivação dos direitos das crianças e dos adolescente
O Sistema de Garantia dos Direitos: caminho para a efetividade dos direitos
“Trata-se mais de uma inferência, especialmente a partir dos artigos 86 a 90 do documento legal.”( Wanderlino)
Com a resolução nº113 do Conselho Nacional dos Direitos da Criança (CONANDA), publicada em 19 de abril de 2006, foi transformado em política pública que objetiva “a institucionalização e o fortalecimento do Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente”.
Ordenamento do SGD em 3 eixos (8ª Conferência Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, em dezembro de 2009)
a) Promoção e Universalização de Direitos em um Contexto de Desigualdadeb) Proteção e Defesa no Enfrentamento das Violações dos Direitos Humanos das Crianças e dos Adolescentesc) Controle da Efetivação dos Direitos Humanos das Crianças e dos Adolescentes.
Para a institucionalização e o fortalecimento do Sistema de Garantia dos Direitos será necessária a:
I – Efetivação dos instrumentos normativos próprios, especialmente da Constituição Federal, da Convenção sobre os Direitos da Criança e do Estatuto da Criança e do Adolescente;
II – Implementação e fortalecimento das instâncias públicas responsáveis por esse fim; e
III – Facilitação do acesso aos mecanismos de garantia de direitos, definidos em lei.
Os Conselhos dos Direitos das Crianças e dos Adolescentes são os espaços centrais no Sistema de Garantia dos Direitos, com o papel de formulação e deliberação da política dos Direitos Humanos de crianças e adolescentes.
Denominação dos eixos que compõem o Sistema de Garantia dos Direitos (Ciespi) 1)Promoção e Universalização dos Direitos Humanos das Crianças e dos Adolescentes;2)Proteção e Defesa dos Direitos Humanos das Crianças e dos Adolescentes e,3) Controle da Efetivação dos Direitos Humanos das Crianças e dos Adolescentes.
Captar a percepção dos atores do Sistema de Garantia dos Diretos e da sociedade civil sobre os avanços e desafios relativos a promulgação e a implementação do Estatuto da Criança e do Adolescente.
Criação de dois Questionários e de um Banco de Dados para envio e coleta das respostas
SGD1 (13 categorias) Total de 7753 questionários enviados e 1019 respostas válidas.SC2 Total de 5339 e 809 respostas válidas.
Respondentes
5
5
10
10
15
22
24
48
54
126
147
243
313
374
Secretarias de Segurança
Delegacias Especializadas
CONANDA
Promotoria
Vara da Inf. Juv. e Idoso
Secretarias de Cultura
Centros de Pesquisa
Secretarias de Saúde
Defensoria Pública
Redes
Conselho Tutelar
Secretarias de Educação
Conselho de Direitos
Secretarias de Assistencia Social
• Sistema de Garantia dos Direitos: 1019 respondentes.
Em sua opinião, quando o Estatuto foi formulado e entrou em vigor, a sociedade civil reagiu de que forma (MARQUE A ALTERNATIVA QUE MELHOR CORRESPONDE AO SEU PENSAMENTO)?
8%
10%
15%
27%
40%
Negativa, porque não apresenta medidas severas derepressão à prática de atos infracionais cometidos por
adolescentes
Indiferente, pois não atingiu diretamente a vida daspessoas
Positiva, afinal de contas foi a formalização de umanseio da sociedade
Negativa, pois a sociedade não estava preparada paracompreender as grandes mudanças encontradas no
Estatuto
Positiva, pois as crianças e adolescentes passaram ater seus direitos garantidos
2%
2%
2%
3%
5%
5%
7%
9%
10%
15%
16%
24%
Direito à Cultura
Direito ao Esporte
Direito ao Lazer
Direito à Liberdade
Direito à Profissionalização
Direito ao Respeito
Direito à Dignidade
Direito à Vida
Direito à Alimentação
Direito à Saúde
Direito à Convivência Familiar e Comunitária
Direito à Educação
Baseando-se em sua prática profissional, indique 3 (três) direitos assegurados pelo Estatuto que mais aparecem como demandas do público com o qual o (a) Sr(a) atua:
Avanços Sistema de Garantia dos Direitos
0%
1%
1%
3%
4%
4%
8%
11%
11%
12%
17%
28%
Não sabe/não opinou
Não houve avanços
Emergência dos Fóruns de Defesa
Reconhecimento do direito à expressão, voz e participação dascrianças e adolescentes
Direito à constituição de defesa (devido processo legal)
Criança e adolescente como prioridade na agenda política
Surgimento de novos paradigmas no cuidado e no trato decrianças e adolescentes
Reconhecimento e Aumento da Visibilidade das Violações dosdireitos das crianças e dos adolescentes
Aumento do Debate sobre a Infância e Adolescência
Prioridade para a infância e adolescência no orçamento público
Criação do Sistema de Garantia de Direitos (Conselhos deDireito, Conselhos Tutelares, etc);
Reconhecimento da criança e do adolescente como sujeito dedireitos humanos
Desafios Sistema de Garantia dos Direitos
0%
0%
1%
5%
6%
7%
7%
10%
10%
14%
20%
20%
Não há desafios
Não sabe/não opinou
A garantia dos direitos na transição da adolescência para ajuventude
Mais recursos materiais (computadores, viaturas, telefone,impressora/copiadora, internet, etc.)
Na prática, maior equidade nos direitos humanos de crianças,adolescentes e adultos
Ampliação da discussão sobre a totalidade do conteúdo doEstatuto
Ampliação da oferta de Equipamentos Sociais / Institucionais /Comunitários
Maior integração entre os atores participantes do Sistema deGarantias
Participação efetiva da sociedade civil nos Conselhos
Efetivação da prioridade para a infância e adolescência noorçamento público
Emergência de novas formas de educação, criação e formação decrianças e adolescentes, diante dos novos arranjos familiares
Formação continuada dos profissionais que trabalham diretamentecom as crianças e adolescentes
Respostas por Estado - Sociedade Civil
43%17%
6%4,50%
4%4%4%
3%3%3%
1%1%1%1%1%1%
0,50%0,50%0,50%0,50%0,50%
0%0%0%0%0%0%
Rio de J aneiro
São P auloMinas Gerais
P ernambuco
P iauí
Mato Grosso do Sul
Rio Grande do SulDistrito Federal
P araná
Santa Catarina
BahiaP ará
Espírito Santo
Maranhão
Ceará
Rio Grande do NorteAmazonas
Goiás
Mato Grosso
RondôniaP araíba
Sergipe
Alagoas
Tocantins
AcreAmapá
Roraima
Em sua opinião, o Estatuto da Criança e do Adolescente é uma Lei que:
1%
1%
1%
1%
3%
19%
20%
26%
28%
Não sabe/não opinou.
Protege apenas as crianças e adolescentes mais pobres;
Faz com que o Governo cumpra seu papel através deprogramas e disponibilização de recursos;
É um instrumento legal feito para punir os adolescentesque cometem atos infracionais;
Não mudou em nada a vida de crianças e adolescentes;
É um importante instrumento de defesa dos DireitosHumanos;
Criou uma nova concepção de infância e juventude emnossa sociedade;
Promove os Direitos das crianças e adolescentes;
Foi feita para proteger todas as crianças e adolescentesbrasileiras;
Com base em seu dia a dia, indique 3 (três) direitos presentes no Estatuto que o (a) Sr (a) identifica como menos respeitados?:
0%
1%
1%
4%
5%
5%
5%
9%
9%
15%
20%
26%
Direito à Convivência Familiar e Comunitária.
Direito à Liberdade;
Direito ao Respeito;
Direito ao Esporte;
Direito à Alimentação;
Direito ao Lazer;
Direito à Profissionalização;
Direito à Educação;
Direito à Saúde;
Direito à Cultura;
Direito à Vida;
Direito à Dignidade;
Avanços
0%
0,50%
1%
4%
5%
5%
5%
9%
10%
15%
20%
26%
Não sabe/não opinou.
Não há desafios;
Não houve avanços;
Reconhecimento do direito à expressão, voz e participação das criançase adolescentes;
Crescimento dos Centros de Defesa dos direitos da criança e doadolescente e espaços de discussão;
Prioridade para a Infância e Adolescência no orçamento público;
Crianças e adolescentes como prioridade na ação governamental;
Aumento do debate sobre a Infância e Adolescência;
Surgimento de novas formas no cuidado e no trato de crianças eadolescentes;
Criação dos Conselhos dos Direito, Conselhos Tutelares e da JustiçaEspecializada para crianças e adolescentes;
Reconhecimento dos direitos da criança e do adolescente;
Aumento do número de denúncias de violações aos direitos das criançase dos adolescentes (abuso e violência sexual, maus tratos, prostituição
infantil, pedofilia na internet, etc);
Desafios
0%
0%
2%
5%
8%
9%
9,50%
10%
11,50%
13%
15%
17%
Não há desafios;
Não sabe/não opinou.
Garantia dos direitos na transição da adolescência para a juventude;
Ampliação e melhoria da qualidade dos abrigos para acolhimento decrianças e adolescentes;
Na prática, maior equidade nos direitos humanos de crianças,adolescentes e adultos;
A criação e a educação de crianças e adolescentes, diante de novasformas de organização familiar;
Participação efetiva da sociedade civil nos Conselhos Municipais deDireitos;
Ampliação e melhoria da qualidade das instituições que atendemadolescentes autores de atos infracionais;
Divulgação e maior conhecimento sobre o Estatuto pela população emgeral;
Efetivação da prioridade para a infância e adolescência no orçamentopúblico;
Formação continuada dos profissionais que trabalham diretamente comas crianças e adolescentes;
Melhoria da convivência familiar e comunitária;