A meditação segundo Jiddu Krishnamurti
Ter, 29 de Novembro de 2011 19:05
Nascido em 11 de maio de 1895 em Madnapele, ao sul da Índia, Jiddu Krishnamurti foi um
filósofo e místico indiano.
Acompanhou seu pai Jiddu Naraniah a Adyar em 23 de janeiro de 1909, pois este conquistara
um emprego de secretário-assistente da Sociedade Teosófica, entidade que estuda todas as
religiões.
Krishnamuti foi adotado pela Dra. Annie Besant, presidente da Sociedade Teosófica. Foi
proclamado pelos teosofistas como o instrutor do mundo . Uma organização chamada Estrela
do Oriente foi formada para preparar o mundo para sua chegada e Krishnamurt se tornou seu
líder. Entretanto, em 1929, Krishnamurti renunciou ao papel que lhe fora destinado, dissolveu
a Ordem com seus inúmeros seguidores e devolveu todo o dinheiro e propriedades doados
para seu trabalho.
Krishnamurti se tornou um instrutor espiritual. Por aproximadamente 70 anos, ele viajou pelo
mundo falando para grandes audiências e indivíduos sobre a necessidade de uma mudança
radical na humanidade. Rejeitava o título de guia espiritual que alguns lhe atribuía ,atraia
grandes multidões mas não aceitava discípulos, falando sempre como se fosse de pessoa a
pessoa. O cerne do seu ensinamento, consiste na afirmação de que é necessária e urgente
uma mudança fundamental na sociedade através da transformação da consciência individual.
A necessidade do autoconhecimento e da compreensão das influências restritivas e
separativas das religiões organizadas, dos nacionalismos e de outros condicionamentos, foram
por ele constantemente realçadas. Chamou sempre a atenção para a necessidade urgente de
um aprofundamento da consciência, para esse “vasto espaço que existe no cérebro onde há
inimaginável energia”. Essa energia parece ter sido a origem da sua própria criatividade e
também a chave para o seu impacto catalítico numa tão grande e variada quantidade de
pessoas.
"Afirmo que a Verdade é uma terra sem caminho. O homem não pode atingi-la por intermédio
de nenhuma organização, de nenhum credo. Tem de encontrá-la atraves do espelho do
relacionamento, através da compreensão dos conteúdos da sua própria mente, através da
observação"
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Considerado um dos maiores pensadores e instrutores religiosos de todos os tempos, ele não
era ligado a nenhuma filosofia ou religião. Falava sobre problemas que preocupavam a todos
em nossa vida diária, como viver em uma sociedade moderna com violência e corrupção, da
busca individual por segurança e felicidade e da necessidade da humanidade de se livrar do
peso interior do mede, da dor e da tristeza. Explicou com grande precisão, o funcionamento da
mente humana e apontou a necessidade de trazer à nossa vida diária, uma qualidade
profundamente meditativa e espiritual.
Krishnamurti não pertencia a nenhuma organização religiosa, seita ou país, nem estava
associado a qualquer escola política de pensamento ideológico.
Segundo Krishnamurti, para saber o que é meditação deveríamos saber o que é pensar.
"Meditar sem conhecer o processo de pensar é criar uma fantasia, uma ilusão sem realidade.
Ele dizia que pensar é uma resposta da memória. Os pensamentos se tornam escravos de
palavras, de símbolos, de idéias, e a mente é a palavra, e ela passa a depender de nomes
como Deus, comunista, aldeão, cozinheiro e etc. Vivemos e pensamos dentro de uma
estrutura
condicionada . Porém, haverá pensamento sem palavra? Existe um pensar sem a palavra e,
portanto, fora do tempo? A palavra é tempo. Mas, se a mente for capaz de separar de si
própria a palavra e o símbolo, haverá, então, um perquirir sem objetivo e essa pesquisa será
de ordem atemporal."
"A meditação é uma das coisas mais importantes na vida; não como meditar, não a meditação
conforme um sistema, não a prática da meditação, mas principalmente o que a meditação é na
verdade. Se um indivíduo pode descobrir, muito profundamente, a significação, a necessidade
e a importância que tem a meditação para si mesmo, então descartará todos os sistemas,
métodos, gurus, junto com todas as coisas peculiares que se acham envolvidas nesse tipo
oriental de meditação."
"Para ver o que o indivíduo realmente é, torna-se vital que haja liberdade, liberdade com
relação a todo o conteúdo da própria consciência - sendo o conteúdo da consciência todas as
coisas acumuladas pelo pensamento. Libertar-se do conteúdo da própria consciência, das
cóleras e brutalidades, das vaidades e da arrogância, libertar-se de todas as coisas em que a
pessoa se acha enredada, é meditação."
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"Os que desejam compreender o profundo significado da meditação, devem partir de si
próprios, porquanto o autoconhecimento é a base do verdadeiro pensar. Deveis partir de vós
mesmos, para chegardes longe. É difícil a auto-observação; É difícil penetrarmos até o fundo
de cada pensamento-sentimento, mas essa percepção de cada pensamento-sentimento porá
fim às divagações da mente. (O Egoísmo e o Problema da Paz, pág. 119)"
"A meditação só tem significado quando a mente-coração está vigilante, descendo até o fundo
de cada pensamento e sentimento que surge, sem comparar nem identificar. Porque o
identificar e o comparar sustenta o conflito da dualidade. Na tentativa de concentrar-nos, são
os pensamentos-sentimentos antagônicos reprimidos, ou afastados, ou superados, e não é
possível a compreensão"
" Que é meditação? Não é ela a compreensão das atividades de nosso “ego”, não é ela
autoconhecimento? Sem autoconhecimento, sem a percepção do processo do “eu”, em sua
inteireza, carece de realidade a base sobre que formais o vosso caráter, o objetivo pelo qual
lutais." (O Egoísmo e o Problema da Paz)
"A meditação não é um processo de vir a ser pessoal; uma vez que se inicia com o
autoconhecimento, traz-nos a tranqüilidade e a suprema sabedoria, abrindo-nos a porta para
o
Eterno. Tem a meditação por fim fazer-nos conhecer o “ego” no seu todo. O “ego” é resultado
do passado e não existe no isolamento. As muitas causas que lhe deram existência precisam
ser compreendidas e transcendidas." (O Egoísmo e o Problema da Paz, pág. 160)
"Destrua o pequeno estímulo egocêntrico, ele não existe! A partir daí você pode se mover
infinitamente. E isto é meditação. Não simplesmente sentar-se de pernas cruzadas, ou em
posição sobre a cabeça, ou fazer o quer que seja, mas tendo o sentimento de completa
totalidade e unidade da vida. E isso só pode vir quando há amor e compaixão. (The Word of
Peace, pág. 96) "Meditação é estar cônscio de cada pensamento e de cada sentimento, nunca
dizer que ele é certo ou errado, porém simplesmente observar e acompanhar seu movimento.
Nessa vigilância, compreendeis o movimento total do pensamento e do sentimento. E dessa
vigilância vem o silêncio. O silêncio criado pelo pensamento é estagnação, coisa morta,
porém o silêncio que vem quando o pensamento compreendeu a sua própria origem,
natureza,
esse silêncio é meditação na qual o meditador está de todo ausente, porque a mente
esvaziou-se do passado." (Liberte-se do Passado, pág. 103)
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"Ora, compreender a si próprio é absolutamente necessário. Meditar é esvaziar a mente, e,
nesse estado de vazio, ocorre a “explosão” que nos lança no desconhecido. A mente que está
repleta, carregada de problemas, em conflito, que não explorou as profundezas de si própria,
não tem possibilidade de esvaziar-se. E a meditação é o esvaziar da mente, não no final,
porém imediatamente, fora do tempo." (Uma Nova Maneira de Agir, pág. 73-74)
"Meditação é o apercebimento de cada pensamento, de cada sentimento, de cada ato, e esse
percebimento só é possível quando não há condenação, nem julgamento, nem comparação.
Vedes, simplesmente, cada coisa como é, e isso significa que estais cônscio de vosso
condicionamento - tanto do consciente como do inconsciente - sem desfigurá-lo ou alterá-lo."
(O Homem e seus Desejos em Conflito, 1ª ed., pág. 98)
"Conhecer o processo integral da mente - todas as suas inclinações, 'motivos', propósitos, seus
talentos, suas exigências, seus temores, frustrações e êxitos felizes - conhecer todas essas
coisas significa estar tranqüilo e não permitir que elas atuem. Só então pode manifestar-se o
que se acha além da mente." (As Ilusões da Mente, pág. 116)
"E quando livres do medo, da amargura, da ambição, da avidez, da inveja, do desejo de êxito,
da existência de poder, posição, prestígio, o cérebro se torna então tranqüilo. Mas só podeis
compreender e livrar-vos de toda essa agitação, se dela vos conscientizardes sem nenhum
esforço. Está agora bem claro que, para a mente poder achar-se no estado de meditação, é
imprescindível a eliminação do conflito. Enquanto não se compreender a estrutura e a
anatomia desse centro, haverá sempre conflito" (O Homem e seus Desejos em Conflito, 2ª
ed., pág. 166)
"A meditação é a purificação da mente de todas as suas acumulações; é expurgá-la da
capacidade de adquirir, de identificar-se, de vir a ser; expurgá-la da expansão do 'ego', do
preenchimento do 'ego'. A meditação é o libertar a mente da memória, do tempo." (O Egoísmo
e o Problema da Paz, pág.269)
"No estado de meditação, a mente está vendo - observando, escutando sem a palavra, sem
comentário, sem opinião - atenta ao movimento da vida em todas as suas relações, do
começo ao fim do dia. Mas a mente que está vigilante, escutando o movimento da vida - o
externo e o interno - a essa mente vem um silêncio não fabricado pelo pensamento." (A Outra
Margem do Caminho, pág. 19)
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"Só quando ausente o 'eu', existe a possibilidade de a mente estar quieta, e, portanto, apta a
compreender, a receber aquilo que é eterno. Mas formar uma representação da eternidade,
conceber uma idéia a seu respeito, é, verdadeiramente, autoprojeção, ilusão. Mas, para que
o eterno seja, torna-se necessário, evidentemente, que as atividades, as fabricações, as
projeções do 'eu' cessem inteiramente. E o cessar dessa projeção é o começo da meditação"
(Nós Somos o Problema, pág. 50)
"A meditação exige uma mente sobremodo vigilante; a meditação é a compreensão da
totalidade da vida, na qual não existe mais nenhuma espécie de fragmentação. Meditação não
é controle do pensamento (…); mas, quando se compreende a estrutura e a origem do
pensamento, (…) o pensamento então não mais interfere. Essa compreensão da estrutura do
pensar é sua própria disciplina, que é meditação." (Liberte-se do Passado, pág. 103)
"A mente, pois, percebe que, sem espaço, sem espaço infinito, não há liberdade, e que só há
espaço infinito quando não há nenhum criador de espaço. O espaço é infinito, desde que não
haja objeto; por conseguinte, a liberdade é infinita." (Uma Nova Maneira de Agir, pág. 141)
"É, pois, esse o começo da meditação; isto é, a mente, depois de desejar e procurar espaço
no exterior, e de compreender esse espaço exterior, volta-se para o seu próprio interior e
observa. E, rejeitando o falso alcança a mente um estado de verdadeira serenidade. Porque
compreendeu tudo aquilo, já nada busca, nada pede, nada exige." (Uma Nova Maneira de
Agir, pág. 144)
"A meditação é a inocência do presente e, em conseqüência, é sempre só. A mente totalmente
só, ilesa do pensamento, cessa de acumular. Portanto, o esvaziar da mente está sempre no
presente. Para a mente que está só, o futuro - que pertence ao passado - deixa de existir." (A
Outra Margem do Caminho, pág. 85)
"Porque o findar do pensamento é o começo da meditação real; e só então há uma revolução,
uma maneira fundamentalmente nova de considerar a existência." (Da Insatisfação à
Felicidade, pág. 71)
"Meditação é estar cônscio das atividades da mente - da mente do meditador, de como a
mente se divide em meditador e meditação, em pensador e pensamento, o pensador
dominando, controlando, moldando o pensamento. Existe, pois, em todos nós, o pensador
separado do pensamento; o pensador se tornou o “eu superior”, o “eu mais nobre”, mas isso é
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ainda a mente dividida em pensador e pensamento." (As Ilusões da Mente, pág. 76)
"A meditação, portanto, é o 'processo de descondicionamento' da mente; significa estar
cônscio sem condenação, sem justificação ou resistência, de cada pensamento, cada
sentimento, cada fantasia que surge, conforme as nossas idiossincrasias e tendências
pessoais. É a memória do passado que condiciona a nossa reação, e meditação é o processo
de libertar a mente do passado." (A Arte da Libertação, pág. 33)
"A meditação sem padrão estabelecido, sem causa ou motivo, sem direção ou propósito é um
fenômeno extraordinário. Não é somente uma tremenda e purificadora explosão, mas é
também a morte sem retorno. Trata-se de uma ação devastadora que penetra por todos os
cantos mais distantes e secretos do pensamento. Sua pureza é extremamente vulnerável
Como o amor, ela é pura porque desconhece a resistência. Assim como a morte, é inevitável;
não existe, na meditação, o amanhã. Eis o que é meditação, e não a atividade do cérebro em
sua busca de segurança. A meditação destrói a segurança. Nela existe grande beleza. Todas
as coisas surgem e fluem do vazio desse silêncio." (Diário de Krishnamurti, pág. 70)
"A meditação não consiste em buscar uma finalidade. Da meditação surge um imenso silêncio;
não um silêncio cultivado, entre dois pensamentos, dois ruídos, senão um silêncio que é
inimaginável. O cérebro chega a estar extraordinariamente quieto quando se acha nesse
processo de investigação interior; quando há silêncio, existe grande percepção. Nesse silêncio
há vazio, um vazio que é a soma de toda energia." (La Totalidad de la Vida, pág. 193)
"É extraordinariamente importante conhecer e compreender a profundidade e a beleza da
meditação. Existe algo imutável, sagrado, absolutamente puro, não contaminado por nenhum
pensamento, por nenhuma experiência? Para descobrir isso, para dar com isso, é
imprescindível a meditação. Não a meditação repetitiva; isso carece por completo de sentido.
Quando a mente se acha livre de todo conflito, de qualquer afã do pensamento, existe então
uma energia criadora que é autenticamente religiosa. Dar com essa energia que não tem
princípio nem fim, é a verdadeira profundidade e beleza da meditação. Isso requer libertação
de todo condicionamento." (La Llama de la Atención, pág. 34-35)
"De modo que existe uma fonte, uma causa original da qual surgem todas as coisas, e essa
causa original não é a palavra. A palavra nunca é coisa. E a meditação consiste em dar com
essa causa que é a fonte original de todas as coisas e que está totalmente livre do tempo.
Esse é o caminho da meditação. E bem-aventurado é quem o descobre." (La Llama de la
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Atención, pág. 35)
"Mas, se quem pratica a meditação começa por compreender a si próprio, tem então grande
importância a sua meditação. Pela autovigilância e o autoconhecimento vem o reto pensar; é
somente então que o pensamento é capaz de transcender as camadas condicionadas da
consciência. A meditação é então o 'ser', o qual tem seu próprio movimento eterno; é a
própria criação, porquanto o meditador deixou de existir." (O Egoísmo e o Problema da Paz,
pág. 184)
Krishnamurti sempre afirmava que antes de sermos hindus, muçumamos ou cristãos, somos
seres humanos iguais ao resto da humanidade. Ele pediu que andemos suavemente por esta
terra sem nos destruirmos ou ao meio ambiente. Transmitiu aos seus ouvintes um profundo
senso de respeito pela natureza. Seus ensinamentos transcendem os sistemas de crenças
feitos pelo homem, o sentimento de nacionalismo e de sectarismo. Ao mesmo tempo eles dão
um novo sentido e direção à busca da humanidade pela verdade. Seus ensinamentos, além de
serem relevantes à idade moderna, são atemporais e universais.
Krishnamurti morreu em 1986, deixando um rastro de luz para quem ousar buscar a liberdade
e
o autoconhecimento
Fontes: Krishnamurti Online
Instituição Cultural Krishnamurti
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jiddu_Krishnamurti
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