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Universidade Federal do Rio Grande do SulInstituto de Biocincias
Programa de Ps-Graduao em Biologia AnimalCurso de Especializao em
Diversidade e Conservao da Fauna
A mitigao dos impactos de rodovias sobre a fauna:
Um guia de procedimentos para tomada de deciso
Mozart da Silva Lauxen
Porto Alegre2012
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Universidade Federal do Rio Grande do SulInstituto de Biocincias
Programa de Ps-Graduao em Biologia Animal
A mitigao dos impactos de rodovias sobre a fauna:
Um guia de procedimentos para tomada de deciso
Mozart da Silva Lauxen
Orientador: Prof. Dr. Andreas Kindel
Trabalho apresentado no Departamento de
Zoologia da UFRGS como pr-requisito para a
obteno de Certificado de Concluso de
Curso Ps-graduao Lato Sensu, na rea de
Especializao em Diversidade e Conservaoda Fauna.
Porto Alegre
2012
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Mozart da Silva Lauxen
A mitigao dos impactos de rodovias sobre a fauna:Um guia de procedimentos para tomada de deciso
Trabalho apresentado no Departamento deZoologia da UFRGS como pr-requisito
para a obteno de Certificado deConcluso de Curso Ps-graduao LatoSensu, na rea de Diversidade eConservao da Fauna.
Orientador: Prof. Dr. Andreas Kindel
Porto Alegre, 31 de maio de 2012.
Banca Examinadora
___________________________Prof. Dr. Claiton Martins Ferreira
Departamento de GenticaUFRGS
___________________________Dr. Andr de Mendona-Lima
Departamento de EcologiaUFRGS
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Resumo
A mitigao dos impactos de rodovias sobre a fauna:
Um guia de procedimentos para tomada de deciso
Rodovias tambm implicam em impactos sociais e ambientais adversos, entre eles a
mortalidade de fauna e os efeitos de barreira. O licenciamento ambiental a
oportunidade em que estes impactos podem ser mitigados, por meio da definio de
traados e de estruturas que possibilitem a manuteno da conectividade de hbitats.
Por meio da proposio de um fluxo de procedimentos, reviso bibliogrfica e anlise
crtica das medidas conhecidas para manuteno da conectividade, estruturou-se um
guia digital de procedimentos e informaes tcnicas para subsidiar os atores do
processo de licenciamento.
Palavras-chave:conectividade, fragmentao, efeito barreira, atropelamento de fauna,
rodovias, licenciamento ambiental.
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Sumrio
Sumrio .......................................................................................................................... iv
Dedicatria .................................................................................................................... vii
Agradecimentos ............................................................................................................ viii
Relao de Figuras ........................................................................................................ ix
Apresentao ............................................................................................................... xvi
1. Introduo .................................................................................................................... 1
1.1. As rodovias e a fauna ............................................................................................ 1
1.2. O licenciamento ambiental e as medidas mitigadoras .......................................... 4
2. Objetivos .................................................................................................................... 11
3. Material e mtodos .................................................................................................... 12
4. Resultados ................................................................................................................. 14
4.1. Produo cientfica consultada............................................................................ 14
4.2. Guia eletrnico de procedimentos ....................................................................... 16
4.2.1. Licenciamento ambiental .............................................................................. 19
4.2.1.1. Caractersticas e objetivos ...................................................................... 20
4.2.1.2. Etapas ..................................................................................................... 22
4.2.1.3. Base legal ............................................................................................... 27
4.2.2. Avaliao de Impacto Ambiental (AIA) .......................................................... 29
4.2.2.1. Projeto virio ........................................................................................... 32
4.2.2.2. Diagnstico ambiental ............................................................................. 35
4.2.2.3. Impactos conhecidos .............................................................................. 45
4.2.2.4. Tomada de deciso ................................................................................ 54
4.2.3. Medidas mitigadoras ..................................................................................... 60
4.2.3.1. Opes existentes .................................................................................. 60
4.2.3.1.1. Intervenes estruturais ................................................................... 62
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4.2.3.1.1.1. Passagens inferiores ................................................................ 62
4.2.3.1.1.2. Passagens inferiores grandes .................................................. 64
4.2.3.1.1.3. Passagens inferiores multiuso .................................................. 65
4.2.3.1.1.4. Tneis para anfbios e rpteis ................................................... 66
4.2.3.1.1.5. Ecodutos ou pontes de ecossistemas....................................... 68
4.2.3.1.1.6. Passagens superiores .............................................................. 69
4.2.3.1.1.7. Passagens superiores multiuso ................................................ 70
4.2.3.1.1.8. Passagens no estrato arbreo .................................................. 71
4.2.3.1.1.9. Tneis rodovirios .................................................................... 72
4.2.3.1.1.10. Viadutos e elevadas................................................................ 73
4.2.3.1.1.11. Pontes e pontilhes ................................................................ 74
4.2.3.1.1.12. Bueiros modificados................................................................ 75
4.2.3.1.1.13. Barreiras anti-rudo ................................................................. 80
4.2.3.1.1.14. Ampliao do canteiro central ................................................. 81
4.2.3.1.2. Manejo .............................................................................................. 82
4.2.3.1.2.1. Campanhas educativas ............................................................ 82
4.2.3.1.2.2. Sinalizao viria ...................................................................... 83
4.2.3.1.2.3. Limitao da velocidade ........................................................... 85
4.2.3.1.2.4. Reduo do volume de trfego ................................................. 86
4.2.3.1.2.5. Interdio temporria ................................................................ 864.2.3.1.2.6. Sistemas de deteco de fauna ................................................ 87
4.2.3.1.2.7. Alerta e afugentamento ............................................................. 88
4.2.3.1.2.8. Balizas ...................................................................................... 91
4.2.3.1.2.9. Alimentao .............................................................................. 91
4.2.3.1.2.10. Remoo de carcaas ............................................................ 92
4.2.3.1.2.11. Modificao do hbitat ............................................................ 93
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4.2.3.1.2.12. Cercas e barreiras .................................................................. 96
4.2.3.1.2.13. Reduo populacional .......................................................... 100
4.2.3.2. Seleo da alternativa .......................................................................... 101
4.2.3.3. Instalao ............................................................................................. 104
4.2.4. Monitoramento ............................................................................................ 106
4.2.4.1 Indicadores ............................................................................................ 110
4.2.4.2. Mtodos ................................................................................................ 110
4.2.4.2.1. Taxa de atropelamentos ................................................................. 113
4.2.4.2.2. Armadilhas fotogrficas e de vdeo ................................................ 117
4.2.4.2.3. Armadilhas de captura .................................................................... 118
4.2.4.2.4. Armadilhas de pegadas .................................................................. 119
4.2.4.2.5. Observaes visuais diretas ........................................................... 121
4.2.4.2.6. Ferramentas genticas ................................................................... 121
4.2.4.2.7. Armadilhas de pelos ....................................................................... 122
4.2.4.2.8. Telemetria por rdio ou satlite ...................................................... 122
4.2.4.3. Reavaliao .......................................................................................... 123
5. Discusso ................................................................................................................ 125
6. Bibliografia ............................................................................................................... 132
7. Anexos..................................................................................................................... 144
7.1. Zoologia: Normas para citao bibliogrfica .................................................. 144
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Dedicatria
Mary da Silva Lauxen e
Francisca Tomaszewski da Silva,
por me incutirem valores permanentese que tanto prezo.
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Agradecimentos
Ao Dr. Andreas Kindel, pela orientao criativa, dilogos construtivos e aesefetivas visando integrao e ao aprendizado mtuo entre Universidade e rgo
Ambiental;Aos meus colegas, passados e presentes, no Ncleo de Licenciamento
Ambiental da Superintendncia do IBAMA no Rio Grande do Sul (Carmen ZotzHerkenhoff, Carolina Alves Lemos, Cludio Orlando Liberman, Cristiano AntunesSouza, Diara Maria Sartori, Jos Antonio Palmeiro Gudolle, Mana Roman, SilvioAlberto Faneze e Rodney Schmidt), pelo apoio, companheirismo, discusses tcnicas,senso de responsabilidade profissional e, tambm, por me ensinarem tudo que seisobre licenciamento ambiental;
Ao IBAMA, em especial ao Superintendente no Rio Grande do Sul, JooPessoa Moreira Jr. e ao Diretor de Licenciamento, Eugnio Pio Costa, pelo incentivo
capacitao e pela oportunidade contnua de aprendizado e aplicao de ideiasinovadoras na gesto ambiental;
Aos colegas do Ncleo de Ecologia de Rodovias e Ferrovias(NERF/Ecologia/UFRGS), em especial Fernanda Zimmermann Teixeira e Igor PfeiferCoelho, pelo material de apoio e exemplo de pesquisa aplicada e socialmente til;
Ana Paula Ferreira, pelo incentivo na realizao deste trabalho;
Isabel da Silva Lauxen, pela motivao contnua, e
Fabiana Michelsen de Andrade, por me apresentar e acompanhar em novoscaminhos e belas estradas.
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Relao de Figuras
Figura 1. Rodovias federais brasileiras. .......................................................................... 2
Figura 2. Nmero de referncias por pas de origem. ................................................... 14
Figura 3. Tipos de publicaes consultados. ................................................................. 15
Figura 4. Artigos cientficos consultados, por intervalo quinquenal de publicao. ....... 15
Figura 5. Temas abordados na bibliografia consultada. ................................................ 15
Figura 6. Grupos animais enfocados na literatura revisada. ......................................... 15
Figura 7. Medidas mitigadoras recomendadas, conforme bibliografia revisada ............ 16
Figura 8. Fluxograma do Guia de procedimentos para mitigao dos impactos das
rodovias sobre a fauna .................................................................................................. 17
Figura 9. Estrutura grfica do stio eletrnico. ............................................................... 18
Figura 10. Representao esquemtica das alternativas existentes no contexto do
licenciamento ambiental ................................................................................................ 21
Figura 11. Fluxo de procedimentos no Licenciamento Ambiental Federal. ................... 23
Figura 12. Representao esquemtica dos tipos de interveno usualmente
verificados no licenciamento de obras rodovirias ........................................................ 33
Figura 13. Exemplos de planos de informao teis em um SIG para identificao de
reas prioritrias na manuteno da conectividade ...................................................... 39
Figura 14. Modelo conceitual dos efeitos do trfego sobre a fauna. ............................. 41
Figura 15. Relao entre componentes do efeito de barreira. ....................................... 41
Figura 16. Representao esquemtica dos impactos ecolgicos das estradas. .......... 46
Figura 17. Fluxograma bsico para tomada de deciso referente aos impactos das
rodovias sobre a fauna, com nfase na perspectiva biolgica. ..................................... 56
Figura 18. Passagem de fauna sob pontilho na rodovia RS 486Rota do Sol. ......... 63
Figura 19. Instalao de passagem de fauna em bueiro celular. Rodovia BR 101/RS. 63
Figura 20. Passagem de fauna em bueiro celular 1,5 x 1,5 m, BR 101/RS. .................. 63
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Figura 21. Entrada de passagem de fauna (seta) na BR 101/RS, com cerca
direcionadora. ................................................................................................................ 63
Figura 22. Passagem de fauna construda com bueiro tubular corrugado na BR 471/RS
Estao Ecolgica do Taim. ....................................................................................... 64
Figura 23. Tnel para pequenos mamferos, com cerca direcionadora ......................... 64
Figura 24. Passagem inferior construda com estrutura de pontilho e iluminao
natural ........................................................................................................................... 65
Figura 25. Passagem inferior em Sierra County, California ........................................... 65
Figura 26. Passagem inferior multiuso .......................................................................... 66
Figura 27. Passa-gado em tubo corrugado. .................................................................. 66
Figura 28. Tnel para herpetofauna com barreira direcionadora................................... 67
Figura 29. Duto subsuperficial para anfbios, recoberto por grades .............................. 67
Figura 30. Cerca direcionadora para herpetofauna ....................................................... 67
Figura 31. Entrada de tnel para herpetofauna ............................................................. 67
Figura 32. Ecoduto ........................................................................................................ 68
Figura 33. Ecoduto ........................................................................................................ 68
Figura 34. Vista area da passagem superior instalada na Campton Road, Brisbaine,
Australia......................................................................................................................... 70
Figura 35. Vista da passagem superior a partir da rodovia. .......................................... 70
Figura 36. Implantao da vegetao na passagem superior. ...................................... 70
Figura 37. Desenho conceitual de passagem mista para humanos e fauna em Walden
Ponds, Massachussets, Estados Unidos ....................................................................... 70
Figura 38. Passagem mista ........................................................................................... 70
Figura 39. Passagem area instalada na rodovia SC 450, Praia Grande. .................... 71
Figura 40. Bugios-ruivos (Alouatta guariba) utilizando a passagem area. ................... 71
Figura 41. Passagem instalada na sinalizao da rodovia ............................................ 71
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Figura 42. Passagem em estrutura de madeira e cordas .............................................. 71
Figura 43. Conjunto de tneis com passagem superior cercada ................................... 73
Figura 44. Tnel na Alemanha, com rea superior proporcionando uso misto.............. 73
Figura 45. Tnel sob o Morro Alto, BR 101/RS. ............................................................ 73
Figura 46. Emboque Norte do tnel sob o Morro Alto, BR 101/RS. ............................... 73
Figura 47. Viaduto ......................................................................................................... 73
Figura 48. Viaduto na rodovia RS 486 - Rota do Sol, Rio Grande do Sul. .................... 73
Figura 49. Elevada com cerca de 2.100 m de extenso na BR 101/RS ........................ 74
Figura 50. Elevada na vrzea do rio Maquin. .............................................................. 74
Figura 51. Detalhe da elevada no trecho sobre o canal do rio Maquin, BR 101/RS. ... 74
Figura 52. Ponte So Borja (Brasil)Santo Tom (Argentina), com amplos vos secos
junto s cabeceiras. ....................................................................................................... 75
Figura 53. Ponte na BR 101/RS, com passagem seca junto margem. ....................... 75
Figura 54. Foto area do pontilho Vrzea 2, obras de duplicao BR 392/RS............ 75
Figura 55. Pontilho Vrzea 1, BR 392/RS, com laterais secas para passagem de
fauna. ............................................................................................................................ 75
Figura 56. Corte transversal de diferentes tipos de bueiros e exemplos de plataformas
para passagem seca. .................................................................................................... 77
Figura 57. Corte longitudinal de sistema de piscinas para dissipao de energia do
fluxo dgua e viabilizao da travessia de peixes........................................................ 79
Figura 58. Passagem seca formada por pedras na lateral de bueiro corrugado ........... 79
Figura 59. Bueiro rmico com borda de concreto na entrada e entorno em pedras, para
melhor visualizao ....................................................................................................... 79
Figura 60. Croqui ilustrando plataforma seca para deslocamento da fauna. ................. 80
Figura 61. Barreira acstica na Frana ......................................................................... 81
Figura 62. Barreira acstica, Rodovia M7, Irlanda, 2012. .............................................. 81
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Figura 63. Canteiro central ampliado ............................................................................. 82
Figura 64. Barreira Jerseycom passagem para fauna .................................................. 82
Figura 65. Panfleto informativo distribudo durante as obras de duplicao da rodovia
BR 386/RS. .................................................................................................................... 83
Figura 66. Sinalizao esttica tradicional. BR 116/RS. ................................................ 84
Figura 67. Sinalizao esttica tradicional, adaptada para a fauna tpica da regio. BR
471/RS........................................................................................................................... 84
Figura 68. Sinalizao esttica em estrada de servio da Linha de Transmisso So
Domingosgua Clara, Mato Grosso do Sul. .............................................................. 84
Figura 69. Sinalizao esttica, em grandes dimenses e ilustrada com exemplares da
fauna local. .................................................................................................................... 84
Figura 70. Sinalizao esttica (Lontra longicaudis). BR 116-392/RS. ......................... 84
Figura 71. Sinalizao esttica (Leopardus geoffroyi). BR 116-392/RS. ....................... 85
Figura 72. Sinalizao esttica (Cerdocyon thous). BR 116-392/RS. ........................... 85
Figura 73. Controlador eletrnico de velocidade. .......................................................... 86
Figura 74. Sinal piscante ativado por cmaras de infravermelho no Canad. ............... 88
Figura 75. Sinal de advertncia com mensagens iluminadas por LEDs e ativadas por
sensores de infravermelho passivos ............................................................................. 88
Figura 76. Emissor de ultrassom acionado pelo vento. ................................................. 89
Figura 77. Emissor de ultrassom acionado eletricamente. ............................................ 89
Figura 78. Representao esquemtica da instalao de refletores s margens da
rodovia. .......................................................................................................................... 90
Figura 79. Refletores instalados em rodovia americana. ............................................... 90
Figura 80. Modelo de refletor. ........................................................................................ 90
Figura 81. Representao esquemtica da colocao de balizas visando elevao da
altura de voo de aves em rotas de movimentao. ....................................................... 91
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Figura 82. Jaguatirica, SC 438. ..................................................................................... 92
Figura 83. Caninana, BR 471/RS. ................................................................................. 92
Figura 84. Veado, BR 153/RS. ...................................................................................... 92
Figura 85. Faixa de domnio com vegetao rasteira. ................................................... 95
Figura 86. Corredor de vegetao conectando hbitats em rea de orizicultura........... 95
Figura 87. Detalhe da foto anterior (BR 116/RS). .......................................................... 95
Figura 88. Utilizao de vegetao na sinalizao rodoviria: BR 101/RS. .................. 95
Figura 89. Cerca com combinao de malhas fina e larga ............................................ 99
Figura 90. Cerca com malha fina, para anfbios e rpteis ............................................. 99
Figura 91. Cerca com rampa de escape ....................................................................... 99
Figura 92. Capivara (seta) bloqueada por cerca com malhas decrescentes e base em
alvenaria. ....................................................................................................................... 99
Figura 93. Cerca de pedra, junto BR 285/RSSo Jos dos Ausentes .................... 99
Figura 94. Cerca com base em concreto e tela em malhas progressivas. .................. 100
Figura 95. Cercas instaladas nos dois lados da pista. BR 101/RS. ............................. 100
Figura 96. Solo estabilizado mecanicamente, por meio de geogrelhas estruturais,
servindo como cerca direcionadora ............................................................................. 100
Figura 97. Mata-burro instalado para evitar a entrada de animais no segmento
cercado. BR 471/RS, Santa Vitria do Palmar. ........................................................... 100
Figura 98. Cortes transversais representando esquematicamente as feiestopogrficas em que as rodovias se inserem .............................................................. 102
Figura 99. Localizao de passagem de fauna e telas condutoras em Projeto de
Engenharia da BR 386/RS. ......................................................................................... 105
Figura 100. Croqui com especificaes de passagem de fauna ................................. 105
Figura 101. Ficha de registro de atropelamentos utilizado no monitoramento durante a
fase de instalao da duplicao da rodovia BR 386/RS trecho Taba-Estrela ........... 114
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Figura 102. Modelos de planilha de dados brutos proposto pelo IBAMA (2011). ........ 114
Figura 103. Modelo de Sistema de Informaes Geogrficas ..................................... 115
Figura 104. Retirada de animal atropelado, do leito da rodovia, ................................. 116
Figura 105. Capivara atropelada, BR 471Estao Ecolgica do Taim/RS. ............. 116
Figura 106. Dispositivo para armadilhamento fotogrfico ............................................ 118
Figura 107. Tcnico instalando armadilha fotogrfica, BR 392/RS. ............................ 118
Figura 108. Imagem noturna de Mo-pelada (Procyon cancrivorus), registrada por
armadilha fotogrfica ................................................................................................... 118
Figura 109. Graxaim-do-mato (Cerdocyon thous) registrado por armadilha fotogrfica
no monitoramento de implantao da BR 392/RS. ...................................................... 118
Figura 110. Armadilha Sherman. ................................................................................. 119
Figura 111. Armadilha Tomahawk. .............................................................................. 119
Figura 112. Armadilhas de queda, com cercas direcionadoras. .................................. 119
Figura 113. Armadilha de pegadas em faixa contnua junto ao acostamento ............. 120
Figura 114. Armadilha de pegada: caixa de areia. ...................................................... 120
Figura 115. Pegada de capivara (Hydrochaeris hydrochaeris) .................................... 120
Figura 116. Pegada de jaguatirica (Leopardus pardalis) ............................................. 120
Figura 117. Pegada de veado-mateiro (Mazama americana) ..................................... 120
Figura 118. Rastreamento por telemetria. ................................................................... 123
Figura 119. Fmea de ona-parda com rdio-colar. .................................................... 123
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Relao de Tabelas
Tabela 1. Principais normas legais federais do licenciamento ambiental. ..................... 28
Tabela 2. Informaes a serem obtidas no diagnstico ambiental da fauna. ................ 43
Tabela 3. Principais efeitos e impactos ambientais das rodovias sobre a fauna. .......... 46
Tabela 4. Medidas conhecidas para mitigar impactos diretos de rodovias .................... 61
Tabela 5. Etapas do processo de gesto adaptativa ................................................... 107
Tabela 6. Mtodos de amostragem e parmetros acessados. .................................... 113
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Apresentao
O presente trabalho consiste de reviso bibliogrfica sobre o campo da cincia
denominado Ecologia de Estradas (FORMAN et al. 2003). Prioriza o levantamento e
descrio dos tipos de estrutura de mitigao existentes, mas tambm abrange os
aspectos relacionados avaliao dos impactos de empreendimentos rodovirios
sobre a fauna e ao monitoramento ps-implantao. Segue as regras de apresentao
estabelecidas no Manual de Elaborao de Monografia do Curso de Especializao em
Diversidade e Conservao da Fauna, do Departamento de Zoologia da UFRGS,
verso 2012. Tabelas e figuras so apresentadas ao longo do texto, visando
proporcionar fluidez e facilitar a compreenso. A literatura citada conforme as normas
do peridico Zoologia (antiga Revista Brasileira de Zoologia), publicada pela Sociedade
Brasileira de Zoologia, reproduzidas no Anexo I e disponibilizadas em
http://sbzoologia.org.br/subcategoria.php?idcategoria1=16&idsubcategoria1=32.
Fundamentada na reviso bibliogrfica realizada, proposta a estruturao
lgica de um fluxo de procedimentos a ser utilizado no licenciamento ambiental de
rodovias no Brasil, no que concerne anlise e mitigao dos impactos diretos deste
tipo de obra de infraestrutura sobre a fauna. Concebido sob a forma de um guia de
referncia digital denominado CONECTE Guia de procedimentos para mitigao de
impactos de rodovias sobre a fauna, sua implementao em carter experimental
disponibilizada na rede mundial de computadores (Internet) no endereo
www.lauxen.net/conecte.
http://sbzoologia.org.br/subcategoria.php?idcategoria1=16&idsubcategoria1=32http://www.lauxen.net/conecte/http://www.lauxen.net/conecte/http://sbzoologia.org.br/subcategoria.php?idcategoria1=16&idsubcategoria1=327/25/2019 a mitigao dos impactos de rodovias sobre a fauna - um guia de procedimentos.pdf
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1. Introduo
1.1. As rodovias e a fauna
Empreendimentos lineares, tais como linhas de transmisso de energia,
ferrovias e rodovias, mesmo que essenciais na infraestrutura necessria ao
desenvolvimento econmico de um pas, trazem associados impactos sociais e
ambientais frequentemente adversos. Sob o aspecto socioeconmico, podem resultar
em alteraes no uso e valor da terra, atrao de populaes humanas (FU et al.2010)
e modificaes nos padres produtivos. Ambientalmente, seus efeitos se manifestam
sob inmeras formas, algumas mais perceptveis, como os atropelamentos de animais,
e outras subjacentes, como a fragmentao e alteraes nas caractersticas dos
hbitats.
A perda direta de hbitats decorrente dos 6.200.000 km de rodovias pblicas
nos Estados Unidos foi estimada por FORMAN (2000) em cerca de 1% da extenso
territorial daquele pas, com efeitos ecolgicos diretos, por meio de perturbaesqumicas, fsicas e biolgicas, sobre outros 18% de sua rea. Comparativamente, para
uma malha rodoviria brasileira implantada de 1.580.991 km (Figura 1) (DNIT 2012),
dos quais 86,5 % no so pavimentados, e supondo-se uma mdia de plataforma
estradal de 8 m para aquelas de pista simples e 27 m para rodovias duplicadas, atingir-
se-ia uma rea em torno de 12.800 km2, ou 0,15% da rea territorial nacional, com
impactos ecolgicos em quase 3% do pas. Para efeito de comparao de grandezas,
as 429 Unidades de Conservao (UCs) de Proteo Integral brasileiras atingiam
516.230 km2em 31/01/2012, ou 6,1% da rea continental do pas, enquanto as 1.079
UCs de Uso Sustentvel totalizavam 943.635 km2, ou 11,1% do territrio, totalizando
17,2% de reas protegidas (CNUC-MMA 2012). Apesar dos nmeros expressivos
relacionados perda direta de hbitats pela construo de rodovias, percebe-se que
este no constitui o seu impacto ambiental negativo mais relevante.
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Figura 1. Rodovias federais brasileiras. No detalhe, malha rodoviria estadual e municipal do RioGrande do Sul.Base de dados: Ministrio do Meio Ambiente (http://mapas.mma.gov.br/i3geo/datadownload.htm).
A mortalidade de animais silvestres (CARR et al.2002) e os efeitos de barreira
representam as principais consequncias adversas das rodovias, ao passo que a
criao de corredores de disperso e movimentao de fauna um efeito a princpio
positivo (SEILER 2001). Sob outra perspectiva, a da segurana humana, o nmero de
acidentes fatais aumentou 104% entre 1990 e 2008 nos Estados Unidos, com custos
bilionrios relacionados aos danos com veculos (LANGLEY 2005; SULLIVAN 2011). Na
Europa, os danos materiais atingem valores da mesma grandeza, resultando em mais
de 300 perdas humanas por ano (SEILER 2001).
A percepo da dimenso destes impactos fez com que um novo campo da
cincia fosse definido nas duas ltimas dcadas, a ecologia de estradas. No espectro
dos estudos j realizados nesta rea, a mortalidade da fauna devido aos
atropelamentos se destaca, sendo objeto de cerca de 1/3 dos trabalhos publicados nos
ltimos dez anos (TAYLOR & GOLDINGAY 2010). Os resultados apresentam dados
impressionantes: FORMAN &ALEXANDER (1998) estimaram o nmero de vertebrados
http://mapas.mma.gov.br/i3geo/datadownload.htmhttp://mapas.mma.gov.br/i3geo/datadownload.htm7/25/2019 a mitigao dos impactos de rodovias sobre a fauna - um guia de procedimentos.pdf
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atropelados nas rodovias em cerca de um milho por dia nos Estados Unidos,
superando a quantidade de indivduos abatidos pela caa e consistindo na principal
causa de mortalidade direta deste grupo associada s atividades humanas. O nmero
de aves mortas anualmente nas rodovias norte-americanas foi estimado em 80 milhes
(ERICKSON et al. 2005), sendo os nmeros europeus igualmente alarmantes: quatro
milhes no Reino Unido, dois milhes na Holanda, 3,7 milhes na Dinamarca e 8,5
milhes na Sucia (SEILER 2001). Ainda que no to extensivamente estudados como
os vertebrados, sobre os quais se centram cerca de 80% dos levantamentos realizados
na ltima dcada (TAYLOR &GOLDINGAY 2010), taxacom poucas informaes, como os
insetos, tendem a ser afetados em quantidades absolutas ainda maiores (FORMAN &
ALEXANDER 1998;HAYWARD et al.2010;RAO &GIRISH 2007). HASKELL (2000) constatou
reduo significativa na abundncia e na riqueza da fauna de macroinvertebrados do
solo em distncias de 100 m e 15 m, respectivamente, a partir das margens de
rodovias em reas florestadas. O efeito de barreira, com a consequente fragmentao
de hbitats e as decorrentes repercusses adversas relacionadas diversidade em
seus mais variados graus, outro efeito importante, abrangente e complexo dos
empreendimentos lineares (K. KELLER et al. 2005; SEILER 2001). Neste contexto,
enquanto no existe consenso sobre a dimenso dos impactos causados pela
mortalidade e fragmentao de hbitats e seus reflexos, a instalao de estruturas
visando facilitar o deslocamento transversal da fauna, frequentemente associada adispositivos que evitem seu acesso a reas de maior risco nas rodovias, tem sido a
medida padro adotada em grande parte dos pases econmica e cientificamente
desenvolvidos, mesmo que no existam dados conclusivos referentes a sua efetividade
nos diversos contextos e significncia em termos de conservao da biodiversidade.
As estruturas para transposio visam tanto prevenir a morte direta de
indivduos quanto restabelecer a conectividade de hbitats, existindo uma diversidade
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de modelos de estruturas concebidas para atender uma espcie em particular, um
grupo funcional ou toda a comunidade local. Diversas outras medidas, tais como
sinalizao e instalao de dispositivos redutores de velocidade, tambm tm sido
adotadas, embora existam poucos dados objetivos quanto a sua eficcia.
1.2. O licenciamento ambiental e as medidas mitigadoras
Uma das caractersticas marcantes do sculo XX foi a expanso da
infraestrutura que atende sociedade humana, refletindo tanto o aumento de
populao, que praticamente quadruplicou no perodo (ONU 1999), quanto o
crescimento econmico. As preocupaes ambientais comearam a ser incorporadas
legislao das naes economicamente desenvolvidas a partir da dcada de 1970,
especialmente aps a Primeira Conferncia Mundial sobre o Homem e o Meio
Ambiente, promovida pela Organizao das Naes Unidas em Estocolmo, em 1973.
Boa parte da infraestrutura viria existente, estimada em 102.260.304 km (CIA2008), jse encontrava implantada, visto que o desenvolvimento da indstria automobilstica
ocorreu exatamente ao longo do sculo passado. Assim, comum se observar reas
ambientalmente sensveis cortadas por rodovias, sem que os cuidados mais bsicos
tenham sido adotados (ARESCO 2005). Embora aes pontuais referentes relao
entre o trfego de veculos e colises com animais silvestres remontem segunda
dcada do sculo XX, a Ecologia de Estradas tal como delineada atualmente somente
se consolidou nos ltimos 20 anos (FORMAN et al.2003). No sculo XXI, a integrao da
infraestrutura existente e a previso e mitigao de impactos dos novos
empreendimentos se configura como o grande desafio de cientistas, planejadores e
gestores da rea (AHERN et al. 2009). Alm dos impactos objetivos derivados da
instalao de rodovias, aspectos ideolgicos e emotivos tambm so observados
quando da proposio deste tipo de obras, tais como a atitude NIMBY (Not in my
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backyard No no meu quintal) ou o comportamento BANANA (Build Absolutely
Nothing Anywhere Near Anyone - Construa-se absolutamente nada em qualquer lugar
prximo a qualquer um). Antigamente direcionados a obras como aterros sanitrios,
presdios e hidreltricas, reaes deste tipo so cada vez mais comuns em relao s
rodovias (SPELLERBERG 2002), exigindo que o gestor ambiental embase solidamente o
processo de tomada de deciso, no somente para prevenir os danos ambientais como
para evitar a judicializao e consequente atraso de obras de interesse pblico.
No Brasil, o licenciamento ambiental de atividades e obras utilizadoras de
recursos naturais ou potencialmente poluidoras teve incio em meados da dcada de
1980. At ento, a malha rodoviria brasileira no teve considerada em sua
implantao a perspectiva ecolgica, resultando na gerao de impactos que poderiam
ter sido evitados. A construo de novas rodovias ou a ampliao da capacidade
daquelas existentes est sujeita ao licenciamento ambiental (BRASIL 1997), processo no
qual devem ser identificados seus impactos, avaliada sua viabilidade e previstas
medidas preventivas, mitigadoras e compensatrias. Com a edio das Portarias
Interministeriais n 420 e n 423 em outubro de 2011, foi institudo o Programa de
Rodovias Federais Ambientalmente Sustentveis, que objetiva regularizar
ambientalmente nada menos que 55.000 km de rodovias nos prximos 20 anos. Entre
os tpicos a serem abordados nos Relatrios de Controle Ambiental que subsidiaro a
regularizao, incluem-se itens especficos voltados relao entre rodovias e fauna:
identificar entre os passivos ambientais a fauna impactada em funo de
atropelamentoe identificar reas potenciais para servirem como corredores e refgio
de fauna, sendo destacado que a existncia de passivos ambientais implicar na
obrigatoriedade de apresentar Programa de recuperao dos mesmos. A regularizao
do licenciamento ambiental da parte mais importante da malha rodoviria brasileira
oferece oportunidade mpar para que seja mitigado o impacto que a mesma exerce
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sobre a fauna, cabendo aos tcnicos envolvidos estarem capacitados para lidar com
esta questo.
Sendo relativamente recente no pas, o licenciamento ambiental de
empreendimentos rodovirios no tem protocolos consolidados visando diagnosticar os
locais onde os riscos ligados aos atropelamentos de fauna e aos fluxos gnicos seriam
mais relevantes. Diversas abordagens so empregadas, destacando-se a anlise da
paisagem por meio de vistorias e Sistemas de Informao Geogrfica (SIG),
levantamentos de animais atropelados ao longo de trechos j existentes e diagnsticos
de fauna nas reas de influncia dos empreendimentos. Entretanto, os diagnsticos
so realizados com metodologias distintas, tanto no que se refere ao esforo quanto s
tcnicas de amostragem e tratamento de dados, dificultando a comparao entre os
diversos empreendimentos e impossibilitando a integrao das informaes em bases
de dados que possibilitem anlises em escalas mais abrangentes (regional ou
nacional); no existem critrios claros para indicao de pontos crticos; e a avaliao
da efetividade das medidas mitigadoras adotadas fica restrita ao mbito dos
respectivos processos e tcnicos envolvidos, dificultando a compilao de informaes
que poderiam embasar aes futuras.
Nos rgos pblicos integrantes do Sistema Nacional do Meio Ambiente
(SISNAMA) responsveis pelo licenciamento ambiental das novas rodovias ou
ampliao daquelas j existentes, pouco ou nenhum regramento institucional est
definido acerca dos procedimentos tcnicos a serem adotados para avaliao dos
impactos e tomada de deciso nas questes referentes relao rodovia versusfauna,
ainda que iniciativas isoladas procurem responder ao menos parcialmente a estas
questes (IBAMA-ICMBIO 2009). Normalmente a avaliao depende exclusivamente do
conhecimento dos tcnicos responsveis pela conduo dos processos e se baseia emestudos elaborados a partir de Termos de Referncia desatualizados e/ou genricos.
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Consequentemente, os estudos desenvolvidos pelas empresas de consultoria e
apresentados aos rgos ambientais como subsdio tomada de deciso so
frequentemente insuficientes, pouco propositivos e raramente conclusivos. O poder
pblico se insere, novamente, na terceira vertente deste processo, na medida em que
na quase totalidade dos casos tambm o empreendedor, por meio dos
Departamentos Nacional e Estaduais de Transportes, visto que as etapas de
planejamento e projeto so realizadas com reduzida insero do componente
ambiental.
O distanciamento entre os atores intervenientes no processo afeta
substancialmente a qualidade do diagnstico e a tempestividade das aes de
preveno e mitigao. A falta de integrao de dados e prioridades de cada setor nas
fases iniciais de planejamento gera resultados ecologicamente menos eficientes do que
seria possvel se consideradas previamente as perspectivas econmicas, ambientais e
culturais. Iniciativas com o objetivo de identificar estas variveis e reuni-las em bases
de dados comuns e disponveis aos intervenientes tm sido propostas tanto no exterior
(BACHER-GRESOCK &SCHWARZER 2009) quanto no Brasil (DRUCKER 2011), inclusive sob
a forma de regulamentao da participao dos diversos atores no mbito do processo
de licenciamento ambiental (Portaria MMA n 419/2011).
H que se observar, entretanto, que a regulamentao brasileira referente
participao destes diversos rgos no resulta na integrao de bases de dados,
planejamento conjunto e comprometimento recproco na seleo de alternativas
tecnologicamente viveis, ecologicamente vantajosas e socialmente benficas,
conforme proposto por BACHER-GRESOCK & SCHWARZER (2009) em sua abordagem
ecossistmica denominada Eco-Logical, j adotada nos Estados Unidos. Ainda que sob
a ausncia de regulamentao especfica, observa-se no Brasil uma crescenteintegrao entre bilogos e engenheiros atuantes no planejamento e construo de
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rodovias, com os envolvidos assimilando princpios e restries tcnicas das demais
reas de conhecimento, restando, entretanto, a institucionalizao do processo e
comprometimento formal dos rgos envolvidos quanto necessidade de atendimento
das premissas bsicas de cada setor.
Como elemento dificultador, no existe consenso cientfico quanto
metodologia de identificao de locais sensveis e, portanto, essenciais para proteo
da fauna em rodovias. Diversas abordagens foram propostas (BAGER & ROSA 2010;
BECKMANN et al.2010;COELHO et al.2008;DIAZ-VARELA et al.2011;FORMAN et al.2003;
HURLEY et al.2009;LANGEN et al.2009;MALO et al.2004;REA et al.2006;ROGER &RAMP
2009), as quais podem considerar tanto a paisagem atual quanto sua tendncia futura,
assim como inmeras medidas propostas para sua mitigao (BECKMANN et al. 2010;
CLEVENGER &HUIJSER 2011;GLISTA et al.2009;GRAY 2009;JONES &BOND 2010;RAMP &
CROFT 2006). Algumas destas medidas so bastante conhecidas, embora muitas vezes
aplicadas com tecnologias e critrios inadequados, tais como as passagens inferiores
de fauna, enquanto outras permanecem desconhecidas de boa parcela dos bilogos,
eclogos e engenheiros brasileiros diretamente relacionados ao setor de infraestrutura
e licenciamento ambiental.
O monitoramento ps-construo essencial para avaliao da efetividade das
medidas adotadas, identificao de possveis adequaes necessrias e consolidao
de uma base de conhecimentos que subsidie a tomada de deciso futura. Entretanto,
no existe uma padronizao de metodologias e desenhos amostrais que permitam a
comparao de dados obtidos em diferentes situaes (BANK et al.2002).
Com a proliferao de estudos sobre o tema, especialmente nos Estados
Unidos, Europa e Austrlia, j se dispe de um lastro de conhecimentos e princpios
que devem ser considerados nas fases de planejamento, instalao e operao de
empreendimentos rodovirios. A literatura especfica est disponvel sob a forma de
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publicaes cientficas, as quais so praticamente inacessveis fora do ambiente
acadmico, stios eletrnicos de rgos governamentais estrangeiros e raros livros
editados na ltima dcada (BECKMANN et al.2010;COUNCIL 2005;FORMAN et al.2003;
HUIJSER et al. 2007; IUELL et al. 2003; MAGNUS et al. 2004; SPELLERBERG 2002). No
existe at o momento uma compilao brasileira destas informaes, quanto mais
considerando as peculiaridades locais. Centros de pesquisa e rgos pblicos norte-
americanos tm procurado consolidar estas informaes e definir roteiros para o
diagnstico da situao e definio de medidas que reduzam o impacto das rodovias
sobre o hbitat por elas afetado, especialmente no que se refere fauna (B ISSONETTE
et al. 2007; CALTRANS 2009; CLEVENGER & HUIJSER 2011), sendo a elaborao de
guias e manuais desta natureza uma das recomendaes do Departamento de
Transportes dos Estados Unidos (BANK et al. 2002). Ainda que proponham fluxos de
procedimentos por vezes distintos, estes Guias de avaliao e tomada de deciso se
assemelham quanto s questes-chave a serem respondidas: 1) se a previso de
impactos indica a necessidade de mitigao, 2) onde e como aplicar medidas
mitigadoras e 3) se as medidas adotadas foram eficazes. Como material de apoio,
apresentam alternativas tcnicas para mitigao do problema e estudos de caso.
A disponibilizao de um Guia de procedimentos para mitigao dos impactos
das rodovias sobre a fauna aos atores envolvidos diretamente no licenciamento
ambiental no Brasil (empreendedores, consultores e gestores) e ao pblico em geral
(sociedade e pesquisadores) permitiria um nivelamento de informaes e mtodos,
estabelecendo um patamar mnimo para enfrentamento do problema, qualificando o
processo de licenciamento e resultando na adoo de medidas mais eficazes para a
conservao dos ecossistemas. Em relao a estas medidas, a compilao e
caracterizao das alternativas, estruturais ou no, para mitigao dos atropelamentos
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e manuteno da conectividade entre hbitats tambm se configura como uma
demanda premente dos tcnicos brasileiros do setor.
Considerando o estgio relativamente inicial deste campo do conhecimento, ao
qual so adicionadas informaes em velocidade crescente, e as mltiplas instncias
s quais a ferramentas se destina, um guia desta natureza deve ser concebido e
disponibilizado em formato que permita contnua atualizao e fcil distribuio. A
organizao destas informaes em um stio da rede mundial de computadores
(Internet) parece ser a forma mais adequada de reunir estas caractersticas desejveis,
sendo a alternativa escolhida para apresentao e difuso do produto originado por
esta monografia.
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2. Objetivos
Baseado nas iniciativas internacionais existentes, o presente trabalho visa
propor uma estrutura conceitual para um Guia de procedimentos para mitigao dos
impactos das rodovias sobre a fauna. Tal documento deve servir de subsdio aos
partcipes do processo de licenciamento ambiental de obras de infraestrutura
rodovirias no Brasil tanto pela indicao clara das questes a serem respondidas em
cada etapa do processo, quanto pela descrio dos mtodos, ferramentas e solues
conhecidas.
Dentro da estrutura prevista para o Guia (Diagnstico, Mitigao e
Monitoramento), pretende relacionar e caracterizar as medidas mitigadoras atualmente
conhecidas, voltadas aos impactos diretos sobre a fauna, propondo ainda os
fundamentos bsicos a serem desenvolvidos futuramente nos demais tpicos
(Diagnstico e Monitoramento).
Por fim, pretende implementar experimentalmente o Guia sob a forma de umapgina na rede mundial de computadores (Internet).
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3. Material e mtodos
A reviso bibliogrfica foi realizada por meio de consulta s bases de dados
relativas s reas do conhecimento Cincias Biolgicas e Cincias Ambientais
disponveis no Portal de Peridicos da Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal
de Nvel Superior (CAPES), no perodo de maio de 2011 a maio de 2012.
Os termos utilizados para pesquisa foram aqueles diretamente relacionados ao
tema: road, road ecology, road kill, habitat fragmentation, connectivity,
mortality e mitigation. Adicionalmente, a anlise da literatura citada nos artigos e
livros consultados permitiu identificar novas referncias que no haviam sido
localizadas por meio do sistema de busca da CAPES.
Textos integrais no disponveis no acervo de peridicos disponibilizado pela
CAPES foram solicitados por mensagens eletrnicas aos respectivos autores.
A legislao ambiental brasileira foi consultada junto ao portal de busca da
Subchefia para Assuntos Jurdicos da Casa Civil da Presidncia da Repblica
(http://www4.planalto.gov.br/legislao) e do Ministrio do Meio Ambiente
(http://www.mma.gov.br/conama/).
Fotos, ilustraes, tabelas e grficos, quando no citada a fonte, so originais.
A construo do stio eletrnico foi realizada com a utilizao dos softwares
Adobe Flash CS5 (verso de avaliao) e Adobe Dreamweaver CS5 v. 11 -
Compilao 4909 (verso de avaliao), baseada na linguagem de programao
HTML 1.0 (HyperText Markup Language) Transitional.
A construo do mapa interativo foi realizada na plataforma ArcGIS Online
(http://www.esri.com), sendo os dados demonstrativos provenientes do licenciamento
ambiental da rodovia BR386/RS-IBAMA (DNIT-UFSC/FAPEU 2011), e processados
nos softwares GPS Trackmaker Pro e ArcGIS Desktop 9.2 (Licena float CSR/IBAMA).
http://www.mma.gov.br/conama/http://www.mma.gov.br/conama/7/25/2019 a mitigao dos impactos de rodovias sobre a fauna - um guia de procedimentos.pdf
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O contedo est armazenado no servidor UOLHost e disponibilizado no
domnio www.lauxen.net/conecte.
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4. Resultados
4.1. Produo cientfica consultada
A reviso bibliogrfica resultou na consulta aos textos integrais de 230
referncias especficas sobre ecologia de estradas, alm de normas legais, manuais
rodovirios e processos de licenciamento ambiental. Deste universo, so citados ao
longo desta monografia 158 trabalhos, sendo todos os demais referenciados no stio
eletrnico Conecte, na seo Bibliografia.
Os Estados Unidos se destacam com a maior produo cientfica sobre o tema,
com 40% das referncias consultadas (Figura 2). Somando-se aos dados produzidos
no Canad, a Amrica do Norte contribui com mais de 55% dos trabalhos, seguida da
Europa (23,5%) e Oceania (10,9%). A bibliografia brasileira escassa (6,1%), visto que
foi super-representada no presente trabalho devido ao enfoque e origem. Ainda assim,
representa a quase totalidade do conhecimento na rea produzido na Amrica do Sul.
Figura 2. Nmero de referncias por pas de origem. Total = 230.
Artigos cientficos sobre o tema totalizaram 174 (Figura 3), sendo 84% dos
mesmos publicados nos ltimos dez anos (Figura 4), o que caracteriza o
desenvolvimento crescente da ecologia de estradas. H uma considervel produo de
relatrios governamentais nesta rea, compilando informaes, propondo roteiros para
diagnstico e tomada de deciso no processo de planejamento e construo
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rodovirios. Os organizadores de tais relatrios, normalmente, so pesquisadores com
produo cientfica expressiva neste campo do conhecimento. Alm disso, nove livros e
quatro teses ou dissertaes foram consultados.
Figura 3. Tipos de publicaes consultados. N =230.
Figura 4. Artigos cientficos consultados, porintervalo quinquenal de publicao. N = 174.
A bibliografia consultada (Figura 5) abrange estudos de caso (especialmente
registros de atropelamentos), levantamentos e revises sobre impactos de rodovias,
metodologias de diagnstico e monitoramento, anlise de medidas mitigadoras,
propostas de guias de procedimentos e, tambm, duas publicaes sobre o tema na
mdia impressa brasileira. Mais da metade enfoca grupos animais genricos,
normalmente vertebrados (Figura 6), e 25,3% especificamente mamferos, restando
aproximadamente 20% de trabalhos sobre aves, anfbios, rpteis, artrpodes, peixes e
macroinvertebrados da serapilheira.
Figura 5. Temas abordados na bibliografiaconsultada. N = 230.
Figura 6. Grupos animais enfocados na literaturarevisada. N = 230.
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Apesar de frequentemente avaliadas as medidas mitigadoras no contexto das
publicaes, nem sempre os autores se posicionam conclusivamente e recomendam
sua adoo. Quando o fazem, aquelas mais difundidas se destacam, tais como a
utilizao de cercas, bueiros modificados e passagens inferiores e superiores (Figura
7).
Figura 7. Medidas mitigadoras recomendadas, conforme bibliografia revisada. N = 89.
4.2. Guia eletrnico de procedimentos
O Guia reproduz a estrutura bsica da presente monografia, apresentando
inicialmente a fundamentao, caracterizao histrica, objetivos e regras
administrativas e legais do processo de licenciamento ambiental. Contextualizada a
problemtica, o encaminhamento proposto reproduz a sequncia das etapas do
processo de licenciamento (Figura 8) cruciais para sua resoluo: diagnosticar a
relevncia do impacto e consequentemente a dimenso da mitigao necessria;
identificar entre as solues conhecidas aquela mais adequada ao contexto; e,
finalmente, avaliar a situao ps-implantao do empreendimento e a eficincia das
medidas adotadas, dentro da concepo adaptativa do processo, que visa contnua
melhoria de procedimentos. A fase de instalao do empreendimento enfocadasuperficialmente, visto que no durante esta etapa que se concentram os maiores
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impactos sobre a fauna, abordando-se apenas os procedimentos referentes ao controle
da implantao das medidas mitigadoras adotadas e eventuais correes especficas
que podem potencializar a eficincia das mesmas.
Especial ateno dada ao tpico referente s medidas mitigadoras
conhecidas, por meio da descrio detalhada das 27 alternativas identificadas por meio
da presente reviso bibliogrfica, as quais foram distribudas em dois grandes grupos
de acordo com suas caractersticas bsicas: intervenes estruturais e medidas de
manejo (usurios e biolgico). Para melhor compreenso, as estruturas fsicas foram
ilustradas com fotografias e desenhos, sempre que possvel originais, ou ento com os
devidos crditos autorais claramente especificados.
Figura 8. Fluxograma do Guia de procedimentos para mitigao dos impactos
das rodovias sobre a fauna, tendo como base as etapas do processo delicenciamento ambiental.
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O stio eletrnico foi desenhado com uma interface grfica (Figura 9)
praticamente sem elementos que propiciem a disperso da ateno ou possibilidade de
sada acidental do domnio de hospedagem. Todos os links externos foram a abertura
de nova guia de navegao, fazendo com que a pgina principal somente seja
abandonada de forma consciente pelo usurio. Os links internos ao longo do texto
foram reduzidos ao mnimo necessrio e restritos s situaes em que o entendimento
do contedo ser maximizado pela leitura imediata.
Figura 9. Estrutura grfica do stio eletrnico.
incentivada a navegao sequencial ao longo do contedo disponibilizado,
visando que o usurio acompanhe a lgica do processo. Para tanto, alm do menu
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apresentar os itens na ordem proposta, botes de navegao permitem a transio
automtica para o prximo bloco de contedo, e um mapa de navegao indica
graficamente, a cada pgina navegada, o estgio do processo em que o usurio se
encontra.
As citaes bibliogrficas ao longo de todo o texto direcionam para a pgina
geral de referncias, na qual o usurio dispe de diversas opes para o acesso ao
documento: download do arquivo em formato pdf, hospedado no prprio servidor do
domnio Conecte, quando o contedo de acesso pblico pela rede mundial de
computadores; endereo DOI (Digital Object Identifier), de carter permanente e nico,
que possibilita a estabilidade da ligao ao arquivo no domnio da instituio detentora;
endereo eletrnico do artigo em base de dados integrante do Portal de Peridicos da
Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior (CAPES); e endereo
do stio eletrnico do peridico ou editora.
4.2.1. Licenciamento ambiental
A partir da insero na legislao americana da necessidade de se avaliar os
impactos ambientais das aes governamentais daquele pas, em 1970, com o NEPA
(National Environmental Policy Act), diversos outros pases adotaram procedimentos
semelhantes. No Brasil, a obrigatoriedade do licenciamento ambiental para instalao
de obras ou atividades potencialmente poluidoras ou utilizadoras de recursos naturais
foi prevista no mbito da Poltica Nacional do Meio Ambiente, lanada em 1981.
De modo similar ao modelo norte-americano, no qual publicado um Registro
de Deciso (Record of Decision - ROD) explicando as razes da deciso e
apresentando as medidas mitigadoras e o programa de monitoramento a ser adotado
(SNCHEZ 2008), o licenciamento ambiental no Brasil prev a publicidade das diversas
fases do processo, incluindo a os Pareceres Tcnicos que subsidiam a deciso e as
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Licenas emitidas, nas quais so discriminadas as condicionantes para implantao do
empreendimento. No plano federal, tanto os estudos ambientais quanto os demais
documentos do processo de licenciamento podem ser acessados por qualquer
interessado no stio do IBAMA na Internet (www.ibama.gov.br/licenciamento).
4.2.1.1. Caractersticas e objetivos
O licenciamento ambiental definido pela Resoluo CONAMA n 237/1997
como o "procedimento administrativo pelo qual o rgo ambiental competente licencia
a localizao, instalao, ampliao e a operao de empreendimentos e atividades
utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras
ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradao ambiental". Entre
estes empreendimentos, encontram-se as rodovias (Resoluo CONAMA n
001/1986).
Seus objetivos so disciplinar o acesso e uso dos recursos naturais e prevenir
danos ambientais. Assume normalmente carter preventivo (SNCHEZ 2008), mas pode
assumir carter corretivo quando da identificao de impactos na fase de operao dos
empreendimentos, por ocasio de sua ampliao ou nos processos de regularizao
ambiental daqueles instalados previamente legislao, como a maior parte das
rodovias brasileiras.
uma atribuio do Estado, por meio das limitaes que pode impor ao direito
individual em nome do direito coletivo (poder de polcia), analisar a viabilidade
ambiental de um empreendimento e conceder ou no a Licena Ambiental. A definio
da esfera de competncia da anlise (federal, estadual ou municipal), as etapas a
serem seguidas e o contedo mnimo a ser abordado so regulamentados, no plano
federal, por Leis, Decretos, Resolues do Conselho Nacional do Meio Ambiente
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(CONAMA), Portarias e Instrues Normativas do Ministrio do Meio Ambiente (MMA)
e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis
(IBAMA). As principais normas se encontram reunidas no item 4.2.1.3. Base Legal.
A avaliao da viabilidade ambiental de uma dada obra ou atividade baseada
na previso de seus impactos e anlise da sua importncia socioeconmica. Ao definir
a viabilidade, o rgo ambiental estabelece como sero neutralizados ou minimizados
os impactos negativos e compensados os danos inevitveis (Figura 10). A
compensao ambiental uma obrigao prevista na Lei n 9.985/2000 (Lei do
Sistema Nacional de Unidades de Conservao da Natureza), sendo calculada
conforme metodologia regulamentada pelo Decreto Federal n 4.340/2002 e podendo
atingir at 0,5% do valor de referncia do empreendimento. A lgica do processo de
licenciamento similar quela utilizada nos pases desenvolvidos do hemisfrio Norte
(BANK et al.2002).
Figura 10. Representao esquemtica das alternativas existentes no contextodo licenciamento ambiental, quando verificada a viabilidade ambiental de umaobra: a) impacto causado pela rodovia (fragmentao do hbitat), b)neutralizao do impacto potencial pela alterao do traado, c) mitigao doimpacto por meio da implantao de estruturas de passagem de fauna e d)compensao por meio da destinao de hbitat equivalente para fins de
conservao. Adaptado de (IUELL et al.2003).
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4.2.1.2. Etapas
Trs tipos de Licenas so previstas pelo Art. 19 do Decreto Federal n
99.274/1990: a Licena Prvia (LP), na fase preliminar do planejamento da atividade,
contendo requisitos bsicos a serem atendidos nas fases de localizao, instalao e
operao; a Licena de Instalao (LI), autorizando o incio das obras de implantao,
de acordo com as especificaes constantes no Projeto de Engenharia aprovado; e a
Licena de Operao (LO), autorizando, aps as verificaes necessrias, o incio da
atividade licenciada e o funcionamento de seus dispositivos de controle, previstos nas
Licenas Prvia e de Instalao. Para obteno destas Licenas, o empreendedor (no
Brasil, geralmente o rgo responsvel pelo sistema virio federal - DNIT, ou os rgos
estaduais correspondentes) as solicita sequencialmente ao rgo ambiental
competente (IBAMA ou rgos estaduais correspondentes) e segue a tramitao
especfica definida pelo mesmo. Apesar de variarem em aspectos secundrios, as
etapas seguem basicamente o fluxo de procedimentos apresentado na Figura 11,
adotado pelo IBAMA.
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Figura 11. Fluxo de procedimentos no Licenciamento Ambiental Federal.
Em relao s etapas numeradas na Figura 11, podem ser realizadas as
seguintes observaes:
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1. A solicitao de abertura do processo feita por meio do preenchimento do
Formulrio de Solicitao de Abertura de Processo - FAP, diretamente no stio do
rgo na Internet, incluindo a caracterizao do empreendimento.
2. O IBAMA formaliza a abertura do processo de Licenciamento e encaminha o
respectivo nmero ao empreendedor, em meio eletrnico, em um prazo mximo de 10
dias.
3. O Termo de Referncia (TR) define o escopo dos Estudos ambientais. Para
sua elaborao, pode ser necessria apresentao do projeto por parte do
empreendedor e realizao de vistoria rea proposta para implantao. Os rgos
federais intervenientes (FUNAI, IPHAN e Fundao Cultural Palmares) e os rgos
Estaduais de Meio Ambiente (OEMAs) so consultados para apresentao de
contribuies ao TR. O TR deve ser encaminhado ao empreendedor em um prazo
mximo de 60 dias aps a abertura do processo.
4. O Estudo ambiental realizado por equipe tcnica multidisciplinar contratadapelo empreendedor. Aps o recebimento do TR, o Estudo deve ser entregue ao rgo
ambiental em um prazo mximo de 2 (dois) anos, sob pena de perda de validade do
TR.
5. A conferncia dos Estudos apresentados (check-list) realizada para
verificar se todos os tpicos previstos no TR foram abordados. O rgo ambiental tem
um prazo de 30 dias para realizar esta conferncia. No sendo aceitos, realizada a
devoluo dos Estudos para adequao ao TR, com a devida publicao do Edital de
Devoluo no Dirio Oficial da Unio.
6. A anlise tcnica dos Estudos realizada por equipe multidisciplinar de
analistas do rgo ambiental. Geralmente so realizadas vistorias para conferir os
dados apresentados e subsidiar a elaborao de Parecer Tcnico conclusivo. O prazo
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de anlise de 180 dias (IN IBAMA n 184/2008). Caso seja constatada deficincia em
algum tpico do estudo, so solicitadas complementaes ao empreendedor, ficando
suspensa a contagem do prazo de anlise at que as mesmas sejam apresentadas. Os
rgos federais intervenientes (FUNAI, IPHAN e Fundao Cultural Palmares) e os
rgos Estaduais de Meio Ambiente (OEMAs) so consultados para se manifestarem
quanto ao teor dos Estudos.
7. Aps emisso de Parecer Tcnico conclusivo que indique sua viabilidade, o
rgo ambiental emite a Licena Prvia, especificando o perodo de validade,
localizao, caractersticas e medidas mitigadoras referentes aos impactos
identificados. Sua validade deve ser no mnimo igual do cronograma de elaborao
do PBA e dos Projetos relativos ao empreendimento, no podendo ser superior a 5
anos.
8. O Projeto Bsico Ambiental contm os Programas Ambientais, os quais
detalham as aes mitigadoras e de monitoramento. Alm dele e do Projeto de
Engenharia, o empreendedor deve apresentar o Plano de Compensao Ambiental
para ter analisado seu requerimento de Licena de Instalao.
9. A anlise tcnica dos Projetos realizada por equipe multidisciplinar de
analistas do rgo ambiental. O PBA tambm encaminhado aos rgos
intervenientes para manifestao. O prazo mximo para anlise de 75 dias.
10. A Licena de Instalao autoriza a execuo das obras conforme
especificaes do Projeto Executivo e condicionadas execuo do Projeto Bsico
Ambiental. A anlise destes itens deve constar de Parecer Tcnico conclusivo do rgo
ambiental, que subsidiar a deciso de emitir a Licena. Sua validade deve ser no
mnimo igual ao cronograma de implantao, com um limite de 6 anos.
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11. O empreendedor responsvel pela execuo do PBA conforme aprovado
no processo de licenciamento.
12. O empreendedor apresenta relatrios parciais e final referentes execuo
do PBA.
13. O rgo ambiental realiza vistorias e analisa os relatrios referentes
execuo do PBA. O prazo para anlise do relatrio final e elaborao de Parecer para
a Licena de Operao de 45 dias.
14. A Licena de Operao especifica as condies de funcionamento e
estabelece Programas Ambientais de mitigao e monitoramento a serem executados
na fase de operao da rodovia. Sua emisso tambm est associada anlise
constante de Parecer Tcnico conclusivo. Pode ter validade entre 4 e 10 anos,
15. O empreendedor deve executar os Programas Ambientais integrantes do
PBA conforme aprovado no processo de licenciamento.
16. O empreendedor deve apresentar periodicamente relatrios referentes
execuo do PBA.
17. O rgo ambiental deve avaliar criticamente os resultados dos Programas
Ambientais e das medidas mitigadoras implementadas.
18. Baseado nos resultados observados so propostas adequaes aos
Programas Ambientais e estrutura do empreendimento.
19. A Renovao da Licena de Operao especifica as condies de
funcionamento e redefine os Programas Ambientais de mitigao e monitoramento a
serem executados no prximo perodo de operao da rodovia.
20. O empreendedor deve executar os Programas Ambientais integrantes do
PBA conforme aprovados no processo de renovao da LO.
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21. O empreendedor deve apresentar periodicamente relatrios referentes
execuo do PBA.
4.2.1.3. Base legal
A Lei Federal n 6.938/1981 (Poltica Nacional do Meio Ambiente) foi
regulamentada pelo Decreto Federal n 99.274/1990. Este, seguindo a determinao
do Artigo 225 da Constituio Federal de 1988, prev a realizao de estudos prvios
de impacto ambiental e apresenta seu escopo, que inclui o diagnstico ambiental da
rea, a descrio do projeto e suas alternativas e a identificao, anlise e previso
dos impactos significativos, positivos e negativos. A Resoluo CONAMA n 01/1986
detalha a abrangncia dos estudos, acrescentando a necessidade de abordarem as
medidas mitigadoras dos impactos negativos e preverem um Programa de
acompanhamento e monitoramento dos impactos. Esta mesma Resoluo determina
que a construo de estradas de rodagem com duas ou mais faixas de rolamento deveser precedida da elaborao de estudo de impacto ambiental.
No mbito federal, o fluxo detalhado de procedimentos determinado pela
Instruo Normativa IBAMA n 184/2008, de 17/07/2008. Portarias dos Ministrios do
Meio Ambiente e dos Transportes editadas em 2011 definem os procedimentos
especficos para o licenciamento ambiental de rodovias e regularizao da malha
rodoviria federal j implantada.
As principais normas legais federais a serem seguidas no licenciamento
ambiental, acrescidas daquelas especficas ao licenciamento de rodovias, so
apresentadas na Tabela 1.
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Tabela 1. Principais normas legais federais do licenciamento ambiental.
Referncia Legal Data Assunto
Lei Federal n 6.938/81 31/08/1981 Dispe sobre a Poltica Nacional do Meio Ambiente.
Resoluo CONAMA n001/86
23/01/1986Dispe sobre critrios bsicos e diretrizes gerais para aavaliao de impacto ambiental.
Resoluo CONAMA n006/86
24/01/1986Dispe sobre a aprovao de modelos para publicaode pedidos de licenciamento.
Resoluo CONAMA n009/87
03/12/1987Dispe sobre a realizao de Audincias Pblicas noprocesso de licenciamento.
Constituio Federal 05/10/1988 Captulo VI: Do Meio Ambiente.
Decreto Federal 99.274/90 06/06/1990Regulamenta a Lei Federal n 6.938/81, que dispesobre a Poltica Nacional do Meio Ambiente.
Resoluo CONAMA n237/97
22/12/1997Dispe sobre a reviso e complementao dosprocedimentos e critrios utilizados para o
licenciamento.
Lei Federal n 9.985/00 18/07/2000Institui o Sistema Nacional de Unidades deConservao da Natureza (SNUC) e prev acompensao ambiental.
Resoluo CONAMA n281/01
12/07/2001Dispe sobre modelos de publicao de pedidos delicenciamento.
Resoluo CONAMA n303/02
20/03/2002Dispe sobre parmetros, definies e limites de reasde Preservao Permanente.
Decreto Federal n 4.340/02 22/08/2002Regulamenta artigos da Lei do SNUC e compensaoambiental.
Instruo Normativa IBAMAn 183/08
17/07/2008Cria o Sistema Informatizado do LicenciamentoAmbiental - SisLic, no mbito do IBAMA.
Instruo Normativa IBAMAn 184/08
17/07/2008Estabelece os procedimentos para o licenciamentoambiental federal.
Decreto Federal n 6.848/09 14/05/2009Altera e acrescenta dispositivos ao Decreto Federal n4.340/02, para regulamentar a compensao ambiental.
Resoluo CONAMA n428/10
17/12/2010Dispe sobre a autorizao do rgo responsvel pelaadministrao da Unidade de Conservao (UC) nombito dos processos de licenciamento.
Instruo Normativa IBAMAN 8/11 14/07/2011 Regulamenta, no mbito do IBAMA, o procedimento daCompensao Ambiental.
Portaria Interministerial n419/11
26/10/2011Regulamenta a atuao dos rgos e entidades daAdministrao Pblica Federal envolvidos nolicenciamento.
Portaria MMA n 420/11 26/10/2011Dispe sobre procedimentos a serem aplicados peloIBAMA na regularizao e no licenciamento ambientaldas rodovias federais.
Portaria Interministerial n423/11
26/10/2011Institui o Programa de Rodovias FederaisAmbientalmente Sustentveis para a regularizaoambiental das rodovias federais.
Lei Complementar n 140/11 08/12/2011Fixa normas para competncia do licenciamentoambiental, entre outras providncias.
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4.2.2. Avaliao de Impact o Ambient al (A IA)
A Lei Federal n 12.379/2011 dispe sobre o Sistema Nacional de Viao
(SNV) brasileiro e estabelece como objetivos deste I - assegurar a unidade nacional e
a integrao regional; II - garantir a malha viria estratgica necessria segurana do
territrio nacional; III - promover a integrao fsica com os sistemas virios dos pases
limtrofes; IV - atender aos grandes fluxos de mercadorias em regime de eficincia, por
meio de corredores estratgicos de exportao e abastecimento; e V - prover meios e
facilidades para o transporte de passageiros e cargas, em mbito interestadual e
internacional. Prev em seu artigo 11 que A implantao de componente do SNV ser
precedida da elaborao do respectivo projeto de engenharia e da obteno das
devidas licenas ambientais. Os Ministrios dos Transportes e da Defesa elaboram o
Plano Nacional de Logstica e Transportes (PNLT), que subsidia a definio estratgica
das polticas do setor. Portanto, ao ter incio o processo de licenciamento ambiental de
uma ligao rodoviria, instncias superiores de poder e representativas da sociedade
definiram que a mesma necessria, assim como o modal de transporte.
Cabe ao rgo ambiental analisar a viabilidade ambiental da mesma,
observadas as alternativas locacionais e tecnolgicas para sua implantao. Como
alternativas locacionais, entendem-se as opes de traado entre os pontos A e B,
passando eventualmente pelos pontos X e Y, se definidos como finalsticos do projeto.
Como alternativas tecnolgicas, pode-se considerar o tipo de pavimento e de obras-de-
arte (tneis, viadutos, pontes, elevadas, etc), por exemplo. Para a definio da
viabilidade ambiental do empreendimento, o rgo ambiental deve dispor de dados
suficientes para avaliar se sua implantao, sob determinadas condies, no
provocar danos em dimenses tais que comprometam a preservao dos processos
ecolgicos, conforme o Artigo n 225 da Constituio Federal. Dificilmente uma rodoviacausar danos tais que comprometam a preservao de um processo ecolgico em
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escala nacional, dadas as dimenses continentais de um pas como o Brasil.
Entretanto, a cumulatividade e sinergia dos empreendimentos que compem a malha
viria tambm deve ser considerada, assim como as presses de desenvolvimento
regional e consequente ocupao do solo por ela estimuladas. O diagnstico dos meios
fsico, bitico e socioeconmico fundamenta o prognstico dos impactos causados por
sua implantao, em um processo conhecido como Avaliao de Impacto Ambiental.
Se vislumbradas alternativas tecnolgicas e locacionais que permitam a instalao do
empreendimento com impactos que no comprometam a preservao dos processos
ecolgicos na escala considerada, o empreendimento pode ser considerado
ambientalmente vivel. A avaliao quanto dimenso dos danos ambientais
provocados pelo empreendimento e que no so mitigveis, mas ainda assim no
comprometem sua viabilidade ambiental, realizada conforme metodologia prevista no
Decreto Federal n 6.848/2009, com fins de clculo da compensao ambiental
prevista pelo Artigo 36 da Lei Federal n 9.985/2000 (Lei do Sistema Nacional de
Unidades de Conservao). A definio de alternativas locacionais que minimizem ou
previnam danos tambm realizada com base no diagnstico prvio, considerando os
diversos fatores envolvidos (biolgico, fsico, social e econmico). A presente anlise
se foca na avaliao das dimenses dos impactos sobre a fauna e as alternativas
tcnicas conhecidas para mitig-las, pressupondo que a adoo das mesmas ser
suficiente para garantir a viabilidade do empreendimento no que se refere a esteaspecto.
Dentre as diversas definies de Impacto Ambiental, aquela adotada por
WATHERN (1988apudSNCHEZ 2008), que incorpora o carter dinmico dos processos
no meio ambiente parece ser a mais adequada e realista, visto que no considera
apenas a relao entre a situao antes e aps a instalao do empreendimento, mas
tambm a evoluo prevista da qualidade ambiental da rea afetada: "A mudana em
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um parmetro ambiental, num determinado perodo e numa determinada rea, que
resulta de uma dada atividade, comparada com a situao que ocorreria, se essa
atividade no tivesse sido iniciada". No caso especfico da relao entre as rodovias e
a fauna, esta noo particularmente importante, pois ainda que se constate um
impacto negativo considerado significativo no presente, dados os elevados custos de
implantao de muitas das medidas mitigadoras e os limitados recursos, essencial
que se considere no processo de seleo das reas prioritrias para mitigao aquelas
que potencialmente tm maior probabilidade de, no futuro, continuarem sendo
ecologicamente importantes. Exemplificando, o restabelecimento de conectividade
entre dois fragmentos que tm grande chance de serem eliminados em reduzido
espao de tempo, seja pela converso em reas agropecurias ou pela urbanizao,
representa um investimento com discutvel custo-benefcio se comparada com a
manuteno da conectividade entre fragmentos com boa possibilidade de conservao,
ainda que com indicadores de atropelamentos no to marcantes como na primeira
situao. A combinao de fatores como a importncia da rea, sua perspectiva de
manuteno futura e dimenso do impacto previsto devem ser elementos centrais na
anlise e definio da mitigao dos danos.
Conceitualmente, tambm importante que se tenha a clareza que a rodovia
em si, no configura um impacto ambiental; ela deve ser considerada como a causa,
mas os impactos so efetivamente os resultados da ao humana, no caso, sua
construo e operao (SNCHEZ 2008). Da mesma forma, as definies de "Aspecto
Ambiental", introduzida pelas normas da srie ISO 14.000 e abrangida pela NBR ISO
14.001:2004, e "Efeito ambiental", conforme proposta por um dos pioneiros no campo
da AIA, MUNN (1975 apud SNCHEZ 2008), distinguem-se de Impacto Ambiental.
Aspecto ou Efeito ambiental pode ser definido como a alterao de um processo
natural ou social decorrente de uma ao humana. Assim, temos que o
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empreendimento rodovia, ocasiona o efeito ambiental trfegoe, em consequncia, o
impacto ambiental mortalidade de fauna. Nesta lgica, os efeitos ambientais
representam a interface entre as causas (aes humanas) e as consequncias
(impactos ambientais) (SNCHEZ 2008).
A Avaliao de Impacto Ambiental um elemento do processo de tomada de
deciso, portanto deve ser realizada previamente instalao do empreendimento. Em
determinadas situaes, entretanto, pode ser desejvel que os impactos de uma
atividade j em operao tenha seus impactos ambientais dimensionados, como uma
rodovia existente, por exemplo. Neste caso, a nomenclatura recomendada para a
identificao dos impactos Avaliao de Danos Ambientais, diferenciando-se da
anterior, pois ao invs de projetar impactos futuros, avalia a situao atual em relao
quela que se supe existia no passado. Em ambos os casos, entretanto, a
caracterizao das condies ambientais no presente denominada Diagnstico
Ambiental (SNCHEZ 2008), e integra o escopo dos estudos ambientais necessrios ao
licenciamento. Uma proposio de contedo mnimo para que o diagnstico seja
efetivo para subsidiar a tomada de deciso consta do item 4.2.2.2do presente trabalho.
Na elaborao dos estudos ambientais, os tcnicos devem ser capazes de prognosticar
os impactos do projeto virio no cenrio ambiental, propor alteraes no traado que
venham a evit-los e medidas mitigadoras para minimizar sua dimenso.
4.2.2.1. Projeto virio
Quatro contextos abrangem a maioria das situaes relativas ao licenciamento
ambiental de obras virias: a) implantao de uma nova rodovia, b) pavimentao de
estradas j existentes, c) ampliao da capacidade por meio da implantao de pistas
adicionais quelas j pavimentadas e d) regularizao ambiental de rodovias j
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implantadas (Figura 12). A viabilidade de interveno no mbito de um processo de
licenciamento ambiental varia consideravelmente dependendo da situao, pois fatores
como os custos de implantao, funcionalidade do trfego e caractersticas
socioeconmicas j estabilizadas no entorno de um traado existente dificultam a
adoo de traados alternativos. A maior oportunidade de se minimizar os impactos se
apresenta quando da implantao de uma nova rodovia, pois por ocasio da definio
de seu traado podem ser evitadas as reas ecologicamente mais sensveis, em
termos de estado de conservao e extenso da cobertura vegetal (CALTRANS2009).
Isto deve ser feito a partir de um diagnstico dos meios fsico e bitico, incluindo a
caracterizao da situao de conservao da regio e a anlise cartogrfica destes
fatores, verificao da possibilidade de utilizao de corredores multiuso (rodovias e
transmisso de energia, por exemplo), avaliao dos impactos ambientais e finalmente
seleo da alternativa menos impactante entre aquelas existentes (BANK et al.2002).
Figura 12. Representao esquemtica dos tipos de interveno usualmente verificados nolicenciamento de obras rodovirias: a-a= implantao (antes e depois); b-b = pavimentao (antes edepois);