A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
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Entre 1939 e 1945 o mundo
esteve em guerra. Adolf
Hitler, ditador nazi, queria
que a Alemanha dominasse
o Globo. No centro da sua
visão estava a brutal extermi-
nação do povo judeu da
face da Terra. Para se ver
livre dos seus “inimigos”, cons-
truiu dezenas de campos de
prisioneiros – chamados cam-
pos de concentração – por
toda a Europa. Mulheres,
homens e crianças judias de quase todos os países do
continente foram deportados; arrancados das suas casas
e enviados para os campos, onde passaram por terríveis
sofrimentos. Muitas pessoas morreram de fome e de doen-
ça. A maioria foi assassinada. Nestes campos de morte e
em outros lugares foram mortos seis milhões de judeus.
Entre eles, um milhão e meio de crianças.
Introdução da obra de Karen Levine,
A mala de Hana: uma história verdadeira. Terramar, 2005
Ilustração: Anthony Vanarsdale
AUSCHWITZ Auschwitz-Birkenau é o nome de um conjunto de campos
de concentração localizados no sul da Polónia, símbolos
do Holocausto, mandados construir a partir de 1940 por
Adolf Hitler.
Em Auschwitz II foram encarceradas centenas de milhares
de pessoas e executados mais de um milhão de judeus e
ciganos. O campo tinha uma área de 2,5 por 2 km e esta-
va dividido em várias secções. O complexo, rodeado de
arame farpado e cercas elétricas, chegou a albergar
100000 prisioneiros.
O principal objetivo de Auschwitz era a exterminação dos
prisioneiros. Para o cumprir, foi equipado com quatro for-
nos crematórios e câmaras de gás. Cada câmara podia
receber até 2500 pessoas por turno. O extermínio em gran-
de escala começou na primavera de 1942.
A maioria dos prisioneiros chegava ao campo de com-
boio, após uma viagem terrível, em vagões de carga, que
durava vários dias. A partir de 1944, a linha foi ampliada.
Por vezes, as pessoas eram conduzidas diretamente às
câmaras de gás. Noutras ocasiões, os nazis selecionavam
algumas, sob a supervisão de Josef Mengele, que eram
enviadas para campos de trabalho ou submetidas a expe-
riências. Geralmente, as crianças, os anciãos e os doentes
eram enviados diretamente para as câmaras de gás.
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Os que eram selecionados
para exterminação eram
enviados para um dos gran-
des complexos de câmara
de gás/crematório nos extre-
mos do campo. Dois dos cre-
matórios (Krema II e Krema III)
tinham instalações subterrâ-
neas, uma sala para despir e
uma câmara de gás com
capacidade para milhares
de pessoas. Para evitar o
pânico, as vítimas eram infor-
madas de que se encontra-
vam ali para tomar duche e ser desinfetadas.
Eram ordenadas a despirem-se e a deixarem as roupas no
vestiário, onde supostamente poderiam recuperá-las no
final do “tratamento”. Uma vez selada a entrada, o agen-
te tóxico Zyklon B era descarregado pelas aberturas do
teto. As câmaras de gás nos crematórios IV e V tinham ins-
talações na superfície e o Zyklon B era introduzido por
janelas especiais nas paredes. Os corpos eram levados por
prisioneiros selecionados para trabalhar na operação das
câmaras de gás e crematórios a uma sala de fornos ane-
xa, para cremação.
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A Alemanha invadiu a Hungria em março de 1944. Entre
maio e julho de 1944, perto de 438000 judeus húngaros
foram deportados para Auschwitz-Birkenau, onde a maio-
ria seria executada. Quando a capacidade dos fornos
não era suficiente, os corpos eram queimados em foguei-
ras ao ar livre.
As câmaras de gás de Birkenau foram destruídas pelos
nazis em novembro de 1944, com a intenção de esconder
as atividades do campo das tropas soviéticas. A 17 de
janeiro de 1945, os nazis iniciaram a evacuação. Os prisio-
neiros demasiado fracos para caminhar foram deixados
para trás. Perto de 7500 prisioneiros (ou 3000 segundo
outras fontes), pesando entre 23 e 35 kg, foram libertados
pelo Exército Vermelho no dia 27 de janeiro de 1945.
Anne Frank esteve aprisionada em Auschwitz-Birkenau
entre setembro e outubro de 1944.
“Uma única Anne Frank comove-nos mais do que a quan-
tidade infindável de todos aqueles que sofreram tanto
como ela, mas cujas imagens permaneceram nas som-
bras. Talvez tenha que ser assim: se pudéssemos experi-
mentar o sofrimento de todos eles, seria impossível conti-
nuarmos a viver.”
Primo Levi, escritor e sobrevivente de Auschwitz
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ANNE FRANK Anne Frank nasceu na Alemanha, em
Frankfurt, no dia 12 de junho de 1929, e
morreu aos 15 anos, no campo de
concentração de Bergen-Belsen. O
seu diário foi publicado pela primeira
vez em 1947 e é atualmente um dos
livros mais traduzidos em todo o mun-
do. Foi escrito durante a Segunda
Guerra Mundial, entre 12 de junho de
1942 e 1 de agosto de 1944.
Em 1933, no ano em que Adolf Hitler
subiu ao poder, a família Frank mudou-
-se para Amesterdão, na Holanda.
Após a ocupação dos Países Baixos
pelas tropas nazis, no início de 1940,
foram impostas aos judeus leis restritivas e discriminatórias.
Em julho de 1942, a perseguição intensificou-se e a família
Frank passou a viver em reclusão, num andar anexo ao
escritório do pai de Anne. No dia 13, a família Van Pel e
Fritz Pfeffer juntaram-se a eles. Foi a vida deste grupo de
pessoas que Anne, na altura com 13 anos, relatou no seu
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Casa de Anne Frank, em Amesterdão
Quarto de Anne Frank
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Estante que escondia o acesso ao anexo
Anne Frank, 1941
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O diário de ANNE FRANK “Inúmeros amigos e conhecidos foram levados das suas casas e
um destino terrível os espera. Noite após noite os automóveis cin-
zentos e verdes dos militares atravessam as ruas (...) Só consegue
escapar-lhes quem «mergulhar» a tempo.”19 de novembro de
1942
“Os nossos protetores, que até agora nos têm ajudado sem inter-
rupção, nunca deixaram transparecer que lhes somos um fardo
– e não há dúvida de que somos.” 28 de janeiro de 1944
“Ao escrever esqueço-me de tudo, a minha tristeza dissipa-se e
o meu espírito revigora! Mas, e essa é a grande questão, será
que alguma vez conseguirei escrever algo de grandioso? Será
que um dia virei a ser jornalista e escritora?” 5 de abril de 1944
“Há de chegar o dia em esta guerra medonha acabará, há de
chegar o dia em que também nós voltaremos a ser gente como
os outros e não apenas judeus! Nunca poderemos ser só holan-
deses, ingleses ou súbditos de qualquer outro país. Seremos sem-
pre, além disso, judeus. E queremos sê-lo.” 9 de abril de 1944
“Para construir um futuro, temos de conhecer o passado.” Otto Frank, 1967
Mais informação em: www.annefrank.org
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