A VEZ DO MESTRE
A ADOCcedilAtildeO Agrave LUZ DA LEI Nordm 1040602 NOVO COacuteDIGO CIVIL
SILLE CRISTINA MIRANDA DOS SANTOS
Rio de Janeiro
Dezembro 20102
SILLE CRISTINA MIRANDO DOS SANTOS
A ADOCcedilAtildeO Agrave LUZ DALEI Nordm1040602 NOVO COacuteDIGO CIVIL
Monografia apresentada ao curso de poacutes graduaccedilatildeo
do instituto A Vez do Mestre campus centro II
como requisito parcial para obtenccedilatildeo da poacutes
graduaccedilatildeo em Direito Privado e Civil
Orientador Prof Francis Rajzman
Rio de Janeiro
20102
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
CIP ndashBrasil catalogaccedilatildeo-na-fonte
SANTOS Sille Cristina Miranda dos A Adoccedilatildeo agrave Luz da Lei nordm 1040602 (Instituto A Vez do Mestre) Rio de Janeiro AVM 2010 62 p
1 A adoccedilatildeo agrave Luz da Lei nordm 1040602 2 Aspecto Histoacuterico 3 A adoccedilatildeo agrave
eacutegide da nova legislaccedilatildeo civil 4 A adoccedilatildeo internacional 5 Adoccedilatildeo por homossexuais
SILLE CRISTINA MIRANDA DOS SANTOS
A ADOCcedilAtildeO Agrave LUZ DA LEI Nordm 1040602 NOVO COacuteDIGO CIVIL
Prof Francis Rajzman ndash Orientador
Instituto A Vez do Mestre
Examinador
Instituto A Vez do Mestre
Examinador
Instituto A Vez do Mestre
A famiacutelia eacute a ceacutelula formadora de pessoas Eacute o centro da educaccedilatildeo permanente Eacute a semente que faz nascer a feacute Eacute o berccedilo que embala o desenvolvimento Eacute a alma da naccedilatildeo (Liboacuterni Siqueira)
RESUMO
O trabalho de pesquisa monograacutefica tem por objetivo o estudo do instituto da adoccedilatildeo agrave luz do Novo Coacutedigo Civil tratado em seus artigos 1618 a 1629 ao qual assegura aos adotados a prerrogativa de ser tido como filho natural dos adotantes passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que originariamente natildeo ostenta tal qualidade tal instituto constitui em benefiacutecio do adotando a gecircnese do parentesco civil podendo ainda ser definido como o ato juriacutedico bilateral irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo garantindo aos adotados todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes inclusive os de sucessatildeo a heranccedila A adoccedilatildeo eacute a aceitaccedilatildeo voluntaacuteria e legal de uma crianccedila como filho portanto eacute ato irrevogaacutevel pois natildeo poderaacute mais ser desfeito salvo os casos expressos em lei Com a adoccedilatildeo assume-se o paacutetrio poder da crianccedila desligando-a de todo e qualquer viacutenculo com pais bioloacutegicos e seus parentes naturais A adoccedilatildeo judicial daacute proteccedilatildeo especial agrave adoccedilatildeo praticada por estrangeiros garantindo assim os direitos e garantias daqueles que seratildeo adotados em virtude da grande procura de estrangeiros em adotar crianccedilas brasileiras inibindo de certa forma o sequumlestro a venda e o traacutefico de crianccedilas brasileiras Quanto agrave adoccedilatildeo a ser requerida por homossexuais ainda seraacute motivo de muita discussatildeo juriacutedica em nossa Corte Judicial tendo em vista a natildeo aceitaccedilatildeo da nossa sociedade em natildeo aceitar as relaccedilotildees homossexuais Atualmente foi lanccedilado o primeiro Guia de Adoccedilatildeo de Crianccedilas e Adolescentes do Brasil com o intuito de incentivar a praacutetica da adoccedilatildeo e ao mesmo tempo com o intuito de esclarecer agravequeles que queiram adotar todos os procedimentos para da adoccedilatildeo aleacutem de trazer outras formas de soluccedilatildeo para o acolhimento de crianccedilas e adolescentes em famiacutelias substitutas
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO
CAPIacuteTULO 1 ndash ADOCcedilAtildeO
11 LINEAMENTOS HISTOacuteRICOS p 11
12 CONCEITO p 15
13 NATUREZA JURIacuteDICA p 18
14 EVOLUCcedilAtildeO LEGISLATIVA DA ADOCcedilAtildeO p 20
CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
21 ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL p 23
22 REQUSITOS DA ADOCcedilAtildeO p 28
221 Requisitos Formais p 28
23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO p 29
24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO p 31
241 Efeitos Pessoais p 32
242 Efeitos Patrimoniais p 32
25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO
251 Nulidade da adoccedilatildeo p 34
252 Anulabilidade da adoccedilatildeo p 35
253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo p 35
26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO p 35
27 ESTAacuteGIO DE CONVENIEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO p 36
28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DA CRIANCcedilA EDO ADOLESCENTE p 37
29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL p 37
210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO AO INSTITUTO DA ADOCcedilAtildeO p 38
211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO p 41
CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
31 A ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL p 43
32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR ESTRANGEIROS p 45
33 A ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA p 47
CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL P 49
42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA p 51
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAFICAS p 60
A Adoccedilatildeo agrave luz da Lei nordm 104022002 Novo Coacutedigo Civil Sille Cristina Miranda dos Santos 1 ndash Parte Histoacuterica
A adoccedilatildeo eacute um instituto que existe haacute milecircnios de anos Desde os tempos mais
primoacuterdios ateacute os dias atuais pois sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia
Tal instituto pode ser conceituado como o ato juriacutedico pelo qual se perfilha para si
algueacutem na condiccedilatildeo de filho fazendo gerar as relaccedilotildees previstas na famiacutelia bioloacutegica1
Podemos afirmar que o instituto da adoccedilatildeo foi praticado por Egiacutepcios Gregos e
Romanos2 E inclusive na proacutepria Biacuteblia haacute vaacuterias referecircncias sobre o tal instituto como na
histoacuteria de Moiseacutes e de Mordecai dentre outros casos narrados na nossa proacutepria literatura
brasileira bem como na literatura universal3
Com destaque podemos citar que o instituto da adoccedilatildeo eacute um ato de amor e de
solidariedade pois a mis eloquumlente prova desse fato narrado eacute proacuteprio o nascimento de Jesus
Cristo fruto esse concebido pelo Divino Espiacuterito Santo para mostrar que natildeo haacute a
necessidade de casamento da conjunccedilatildeo carnal e de todas as concepccedilotildees do homem para
que se conceba um filho4
Entretanto o Direito Canocircnico desconheceu a adoccedilatildeo e se manifestava com reservas
sobre o instituto A igreja via a adoccedilatildeo como uma ressalva ao casamento e agrave constituiccedilatildeo da
famiacutelia legiacutetima como uma das possibilidades de se fraudar as normas vigentes que
proibiam o reconhecimento de filhos adulterinos e incestuosos5
_____________ 1 VENOSA Silvio de Salvo Direito Civil Direito de FamiacuteliaSatildeo Paulo Atlas 2003 p 315 2 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo noCoacutedigoCivil e no Estatuto do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1993 p 2 3 SZNICK Waldir Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 26 4 Op cit p 1 p 1 5 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo 1999 p 27 2 ndash Natureza Juriacutedica
A natureza juriacutedica do instituto da adoccedilatildeo sempre foi muito controversa tendo em
vista que para alguns doutrinadores a adoccedilatildeo apenas eacute uma relaccedilatildeo juriacutedica e para outros eacute
negoacutecio unilateral tendo em vista a vontade do adotante6
Alguns autores entendem que a adoccedilatildeo seria uma forma de um contrato devido agrave
bilateralidade do ato pois eacute necessaacuterio a manifestaccedilatildeo de duas vontades do adotante e a do
adotado
Para outros autores a adoccedilatildeo eacute instituto juriacutedico de ordem puacuteblica pois eacute preciso a
manifestaccedilatildeo do Estado declarando ou natildeo a possibilidade da adoccedilatildeo
No Estatuto da Crianccedila e do Adolescente natildeo prevalecia apenas a bilateralidade de
vontades pois o Estado participa de forma ativa e necessaacuteria exigindo uma sentenccedila
judicial pois sem esta natildeo haveraacute adoccedilatildeo
Jaacute no Coacutedigo Civil de 1916 tinha a adoccedilatildeo natureza de contrato devido agrave solenidade
exigida na lei da escritura puacuteblica realccedilando a natureza negocial do instituto como contrato
de famiacutelia e havia duas formas distintas de adoccedilatildeo a simples e a plena e cada uma delas
apresentava natureza proacutepria 7
Com o advento do Coacutedigo Civil de 2002 a adoccedilatildeo passou a requerer tambeacutem a
presenccedila Estado dos adotantes e somente dar-se atraveacutes de sentenccedila judicial
Assim ao conceituar o instituto da adoccedilatildeo podemos conjeturar que a adoccedilatildeo se logra
na esfera da vontade dos particulares na forma da lei criando entre essas pessoas estranhas
uma relaccedilatildeo semelhante agraves oriundas da filiaccedilatildeo legiacutetima resultante da filiaccedilatildeo de sangue
_____________ 6 Op cit p 20 p 316 7 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p316 3 ndash Evoluccedilatildeo Legislativa da Adoccedilatildeo
No Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo do Coacutedigo Civil de 1916 vigoravam as Ordenaccedilotildees
Afonsinas Filipinas e Manuelinas advindas do direito portuguecircs
Como advento do Coacutedigo Civil de 1916 ocorreu a sistematizaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos
artigos 368 a 378 que definia a adoccedilatildeo como o ato civil pelo qual algueacutem aceita um
estranho na qualidade de filho contudo tal conceito trazia consigo as suas restriccedilotildees8
a) pessoas com mais de 50 anos exigia-se a diferenccedila miacutenima de 18 anos entre adotado
e adotantee natildeo havia direito de sucessatildeo pois o adotado nada herdaria
Com o advento da Constituinte de 1988 nos paraacutegrafos 5ordm e 6ordm consegui-se eliminar
todas as restriccedilotildees pertinentes agrave diferenccedila entre filhos adotivos ilegiacutetimos passando o filho
adotivo a ter os mesmos direitos garantias e deveres do filho bioloacutegico9
A partir de 1990 o Estatuto passou a regula a adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a
data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou tutela dos adotantes
Jaacute o novo Coacutedigo Civil - Lei nordm 1040602 trata desse instituto nos artigos de 1618 a
1629 passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que originariamente natildeo eacute e com este
cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com todos os direitos e obrigaccedilotildees passando inclusive
a adoccedilatildeo a ser irrestrita10
Ressalto que no Coacutedigo Civil de 1916 havia previsatildeo para a adoccedilatildeo plena e adoccedilatildeo
simples A Adoccedilatildeo Simples era regida pelo Coacutedigo Civil de 1916 e a Lei 313357 era
concernente ao viacutenculo de filiaccedilatildeo que se estabelecia entre adotante e adotado o adotante
poderia ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos11
________________ 8 12 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeiro 1996 p 41 9 Constituiccedilatildeo Federal EC nordm 45 Rio de Janeiro Victor Roma 2005 p 148 10 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003 p 423 11 Opcit p 3 p 424
E Adoccedilatildeo Plena era a espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser
irrevogavelmente para todos os efeitos legais filhos dos adotantes desligando-se de
qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais12
A Lei nordm 806990 ndash ECA ndash Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo
para os menores de 18 anos O Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute
maior de 18 anos E ambos adotam o sistema da sentenccedila judicial
Para que a adoccedilatildeo ocorra e necessaacuterio o cumprimento de diversos requisitos alguns
de aspectos formais outros pessoais e os requisitos processuais que geraram seus efeitos
E por fim ressalto que na adoccedilatildeo poderaacute ocorrer a sua extinccedilatildeo nas modalidades de
nulidade anulabilidade e inexistecircncia13
Quando ocorrer viacutecio de fraude eou simulaccedilatildeo quando natildeo houver a diferenccedila
miacutenima de 16 anos entre adotante e adotado e nos casos do casal natildeo forem marido e
mulher ou conviventes ocorreraacute a nulabilidade da adoccedilatildeo14
Jaacute a anulabilidade ocorreraacute quando houver a falta de consentimento dos pais tutor ou
curador a adoccedilatildeo do relativamente incapaz ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda
se encontra o menor interditado o consentimento manifestado somente pelo adotado
relativamente incapaz vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou
fraude contra credores agrave falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do
consorte adotado15
E quando ocorrer a falta de consentimento do adotante e adotado ou a falta de
objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou interdiccedilatildeo civil e
______________ 12 Op cit p 3 p 424 13 Op cit p 3 p 435 14 Op cit p 3 p435 15 Op cit p 3 p 437
pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico ocorreraacute a
inexistecircncia da adoccedilatildeo16
Poderaacute tambeacutem ocorrer agrave revogaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos seguintes casos pela vontade do
adotante e do adotado pela deserdaccedilatildeo e pela indignidade
4 ndash A adoccedilatildeo Internacional
A adoccedilatildeo internacional tem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila
e do Adolescente ao qual disciplina a possibilidade da adoccedilatildeo por estrangeiros por
estrangeiros17 Mas essa possibilidade de adoccedilatildeo por estrangeiros somente ocorreraacute nos
casos em que a crianccedila jaacute tenha uma tenha sua situaccedilatildeo juriacutedica definida ou seja que jaacute
possua sentenccedila transitada em julgado declarando a decretaccedilatildeo da perda do poder familiar
ou nos casos de haver declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham falecido e este menor esteja
sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm 80699018
Ressalvando os casos em que se dever tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por
estrangeiros residentes no exterior referente ao traacutefico venda e sequumlestro de crianccedilas para o
exterior
Passo importante para a adoccedilatildeo no Brasil foi agrave Convenccedilatildeo de Haia que ratifica o
interesse das crianccedilas a serem adotadas e coibindo o sequumlestro de menores o traacutefico e a
venda de crianccedilas A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo
ratificada em nosso ordenamento juriacutedico atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril
de 1995 cujo objetivo eacute o de garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo
entre os Estados contratantes19
_______________ 17 Op cit p 3 p 61 18 Op cit p 3 p 61 19 Op cit p 3 p 485 5 ndash Os projetos de conscientizaccedilatildeo e incentivos da Adoccedilatildeo
Atualmente o Juizado da Infacircncia e juventude do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo
em parceria com oacutergatildeos natildeo governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo
da adoccedilatildeo dentre outras atividades atraveacutes de Projetos Especiais que tem por objetivo a
colocaccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco pessoal e social nas ruas
das grandes cidades em famiacutelias substituas uma vez que toda crianccedila ou adolescente tem
direito a ser criado e educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente em famiacutelia
substituta assegurada a convivecircncia familiar e comunitaacuteria
Tal projeto vinculado pela 1ordf Vara da Infacircncia e Juventude do Rio de Janeiro lanccedilou
a cartilha da adoccedilatildeo com o intuito de esclarecer e incentivar a adoccedilatildeo20
Projeto semelhante foi lanccedilado pela 1ordf Vara da Infacircncia e Juventude de Vitoacuteria ndash ES
tambeacutem lanccedilou recentemente a obra ldquo111 perguntas sobre a adoccedilatildeordquo21
Ambos os projetos satildeo tem por objetivo esclarecer e incentivar a adoccedilatildeo como ponto
de referecircncia importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional
das accedilotildees sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter uma famiacutelia Assim
podemos constatar que a cartilha traz todo o rol de procedimentos e esclarecimentos a
aqueles que queiram adotar sejam eles residentes no Brasil ou no Exterior
7ndash A adoccedilatildeo por Homossexuais
A grande discussatildeo hoje rebatida pela sociedade seria a da possibilidade de
homossexuais poderem ou natildeo adotar
_____________ 20 Cartilha da adoccedilatildeodipsonovellt wwwjuizadodainfanciaejuventudeorgbrgtAcesso em 30out 2004 21 Cartilha da adoccedilatildeo Disponiacutevelwwwtjesgovbr Acesso em 30 out 2004 Na verdade vaacuterios satildeo os fatos alegados a natildeo possibilidade de adoccedilatildeo pelos
homossexuais como a diferenccedila da formaccedilatildeo da famiacutelia que fugiria aos padrotildees da
formaccedilatildeo da famiacutelia heterossexual da nossa sociedade
De certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se
estabelecer-se e contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos
homossexuaisrdquo tem de ser respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela
sociedade e pelo Estado21
Vaacuterios argumentos e sofismas satildeo utilizados para a natildeo legalizaccedilatildeo da adoccedilatildeo por
homossexuais mas o que prepondera realmente eacute o preconceito e o que deveria mesmo ser
visado que seria o interesse do adota natildeo estaacute sendo colimado
De fato em nosso ordenamento juriacutedico natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito
positivo para validar a uniatildeo homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecer o
direito a uniatildeo homossexual atraveacutes da jurisprudecircncia E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem
em nosso ordenamento juriacutedico a regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais
Mas tambeacutem natildeo haacute legislaccedilatildeo que proiacuteba a adoccedilatildeo de menores por homossexuais
O que presenciamos sim seria a violaccedilatildeo de direitos aos homoafetivos pois fica clara a
violaccedilatildeo ao direito a igualdade e a isonomia Assim como tambeacutem natildeo haacute restriccedilatildeo legal
quanto a formaccedilatildeo da famiacutelia que deveria ser somente heterossexual
Acredito que o que se deva levar em consideraccedilatildeo eacute a situaccedilatildeo de fato do menor a ser
adotado de ser resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe
um lar seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual
____________ 21 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005
daqueles que lhe acolhem22
Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no
aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruas com
grandes possibilidades de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que
tecircm por fundamento o preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o
inteacuterprete inovar23
Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida
pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato
Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo
E nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na
aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem
comum cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao
Coacutedigo Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do
Direito
Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave
adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do
adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente
iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando
devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo24
Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais
homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato25
____________ 22 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 23 Op Cit P 8 24 Op Cit P 8 25 Op Cit P 8
Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo
sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel
privar os homossexuais do direito agrave adotar26
E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais
flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de
tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar
seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles
que lhe acolhem27
Portanto fica bem claro que eacute importante deixar de lado as barreiras do preconceito
___________ 26 Op Cit P 8 27 Op Cit P 8
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CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO
12 LINEAMENTOS HISTOacuteRICOS
Historicamente o instituto da adoccedilatildeo desde os tempos mais primoacuterdios era utilizado
por nossos antepassados e com o passar dos tempos evoluiu tanto no aspecto social quanto
no aspecto juriacutedico
No direito primitivo a famiacutelia era a unidade social econocircmica e religiosa e a adoccedilatildeo
constituiacutea-se como um meio eficaz de perpetuar a famiacutelia e a religiatildeo domeacutestica ao qual
transferia-se os bens familiares pois nessa eacutepoca natildeo se conhecia do testamento1
No direito romano os imperadores utilizavam-se do instituto para designar os seus
sucessores e seus futuros Chefes de Estados deixando a adoccedilatildeo de ser um instrumento de
direito privado e passando a ser instrumento de direito puacuteblico2
E a maior prova de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor solidariedade
encontra-se narrado na Biacuteblia no nascimento de Jesus Cristo fruto
esse concebido pelo Divino Espiacuterito Santo para mostrar que natildeo haacute a
necessidade de casamento da conjunccedilatildeo carnal e de todas as
concepccedilotildees do homem para que se conceba um filho3
Tal instituto teve sua origem fundada na Biacuteblia no Coacutedigo de Hamurabi e nas Leis
de Manu4
__________ 1 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 218 2 SIQUEIRA Liboacuterni Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 34 3 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Luacutemen Iuris 1996 p 1 4 Op cit p 11 p 218
No Coacutedigo de Manu o instituto da adoccedilatildeo encontram-se descrito na Lei IX 10
ldquoAquele a quem a natureza natildeo deu filhos pode adotar um para que as cerimocircnias fuacutenebres
natildeo cessemrdquo5
As Leis de Manu determinavam que a adoccedilatildeo somente seria possiacutevel entre um
homem e um rapaz da mesma classe social e que o adotado tivesse todas as qualidades
apreciadas num filho6
Jaacute o Coacutedigo de Hamurabi eacute considerado o documento mais antigo que se tenha
notiacutecia antes de Cristo O instituto no Coacutedigo de Hamurabi era conhecido como ldquoSentenccedilas
de Direitordquo traz em seus artigos 185 a 193 e o define como ldquomacircrucircturdquoArt 185 ndash Se algueacutem
toma em adoccedilatildeo uma crianccedila ou a educa esta natildeo pode ser reclamadardquo7
Nas passagens biacuteblicas eacute possiacutevel exemplificarmos algumas dessas noccedilotildees do
instituto da adoccedilatildeo ao relatarmos alguns casos como a histoacuteria de Moiseacutes que foi adotado
por Termulus quando o encontrou agraves margens do Rio Nilo na de Mordecai que criou Eacutester
como uma irmatilde e ainda na proacutepria histoacuteria de Joseacute do Egito adotado por Potifar8
Os Hebreus chamavam a adoccedilatildeo pelo nome de ldquoleviratordquo9
De acordo com a Biacuteblia poderiam adotar tanto o pai como a matildee e a adoccedilatildeo soacute se
dava entre parentes A mulher esteacuteril poderia adotar os filhos da serva que ela havia
conduzido ao taacutelamo do marido10
__________ 5 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Luacutemen Iuris 1996 p 21 6 Op cit p 12 p 21 7 Op cit p 12 p 25 8 SZNICK Waldir Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 26 9 Op cit p 12 p 26 10 Op cit p 12 p 26
Para os Romanos a adoccedilatildeo era o ato legislativo pelo qual algueacutem perfilha um filho
que natildeo se gerou tendo em vista a necessidade da perpetuaccedilatildeo do culto domeacutestico que
tinha um valor sacral Para os romanos havia dois tipos de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo e a
adrogatio11
A adoccedilatildeo ou adoptio era instituto de direito privado destinado ao alieni juacuteris para
quem tivesse sob o paacutetrio poder da Lei das XII Taacutebuas Jaacute a adrogatio pertencia ao direito
puacuteblico a doaccedilatildeo de sui juacuteris como filho na famiacutelia de um pater famiacutelias12
Para os Gregos a adoccedilatildeo rompia todos os laccedilos da famiacutelia anterior sequer poderia
prestar o funeral dos pais anteriores A adoccedilatildeo tinha o nome de Teacutesis tambeacutem conhecida
como Ampasis13
O Direito Canocircnico desconheceu a adoccedilatildeo ateacute certo ponto e se manifestava com
reservas A igreja via a adoccedilatildeo como uma ressalva ao casamento e agrave constituiccedilatildeo da famiacutelia
legiacutetima como uma das possibilidades de se fraudar as normas vigentes que proibiam o
reconhecimento de filhos adulterinos e incestuosos14
Na Idade Meacutedia a adoccedilatildeo sucede ao processo histoacuterico da famiacutelia romana tecircm o
mesmo objetivo destinado ao culto domeacutestico daqueles que natildeo tinham descendentes
Nessa eacutepoca Justiniano reformou o instituto da adoccedilatildeo seguindo as linhas das instituiccedilotildees
orientais em especial as helecircnicas mas permanecendo a adoccedilatildeo claacutessica 15
Portanto nesse periacuteodo Justiniano a adoccedilatildeo era o ato solene pelo qual se admite em
lugar de filho quem por natureza natildeo ostenta tal qualidade16
_____________ 11 ZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 27 12 Op cit p 13 p 32 13 Op cit p 13 p 26 14 WALD Arnoldo O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo PauloSaraiva 15 SIQUEIRA Liboacuterni Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 35 16 Op cit p13 p 35
Na eacutepoca moderna o instituto da adoccedilatildeo teve a sua inspiraccedilatildeo no Direito Romano
sendo encontrado no Coacutedigo de 1683 promulgado na Dinamarca por Christian V Na
Alemanha tal instituto encontra-se no Coacutedigo de Pressuniano promulgado por Frederico
Guilherme II em 1751 e no Codex Maximilianus da Bavaacuteria de 175617
Essa legislaccedilatildeo influenciou o Coacutedigo Napoleocircnico de 1791 apesar da normativa
sobre o instituto da adoccedilatildeo natildeo houve uma aceitaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo frequumlente tendo em vista
a suspeita de favorecimento a fraude e agrave lei fiscal18
O Coacutedigo Napoleocircnico de 1971 contemplava quatro tipos de adoccedilatildeo19
a) adoccedilatildeo ordinaacuteria ndash depende de homologaccedilatildeo judicial permitida a maiores de50 anos
e diferenccedila de 15 anos entre o adotado altera nome tem direitos sucessoacuterios
b) adoccedilatildeo remuneratoacuteria ndash destinada a quem tivesse salvo a vida do adotando
irrevogaacutevel
c) adoccedilatildeo testamentaacuteria ndash permitida ao tutor apoacutes 5 anos de tutela
d) tutela oficiosa ndash uma espeacutecie de adoccedilatildeo provisoacuteria em favor dos menores
Por fim as Ordenaccedilotildees advieram do direito geral portuguecircs primeiro as Ordenaccedilotildees
Afonsinas de 1446 a 1514 que para o Brasil entraram em vigor agrave partir de 1500 sendo esta
substituiacuteda pelas Ordenaccedilotildees Manuelinas em 1514 e por uacuteltimo as Ordenaccedilotildees Filipinas em
1603 que vigoraram ateacute a promulgaccedilatildeo do da Lei nordm Coacutedigo Civil em 191620
_____________ 17 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo PauloLeud 1999 p 40 18 Op cit p 14 p 40 19 Op cit p 14 p 41 20 Op cit p 14 p 41
Nessa fase a adoccedilatildeo era regulada por inuacutemeros textos e passagens sem uma norma
especiacutefica
Com as Ordenaccedilotildees o instituto adquiriu o nome de perfilhamento e tinha como
objetivo tornar como herdeiro na sucessatildeo o filho tido mesmo que fosse o filho espuacuterio ou
o filho adulterino21
Com a independecircncia as Ordenaccedilotildees passaram a perder a sua validade em nosso
ordenamento juriacutedicoem virtude dos inuacutemeros diplomas e regulamentos que passaram a
vigorar na eacutepoca poreacutem a revogaccedilatildeo total soacute ocorreu com o advento do Coacutedigo Civil de
191622
12 CONCEITO
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de
solidariedade ou seja a chance de crianccedilas e adolescentes de terem um lar uma famiacutelia jaacute
que foram desprovidos de alguma forma de seus familiares
Para o conceito de adoccedilatildeo existem vaacuterias definiccedilotildees Em uma conceituaccedilatildeo simples e
clara podemos dizer que a adoccedilatildeo eacute um ato juriacutedico que tem por finalidade criar entre duas
pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue23
Ainda pode ser definida como o ato de ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco civil
portanto de suma importacircncia para a sociedade brasileira tendo em vista que tal ato
juriacutedico coaduna na esfera da vontade dos particulares com a devida permissatildeo da lei
__________ 21 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 42 22 Op cit p 15 p 42 23 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147
criando entre essas pessoas estranhas uma relaccedilatildeo anaacuteloga como agraves oriundas da filiaccedilatildeo
legiacutetima24
A adoccedilatildeo tambeacutem pode ser conceituada como o ato juriacutedico pelo qual o viacutenculo
familiar eacute criado em virtude do proacuteprio ato pelo legislador25
Alguns autores definem a adoccedilatildeo apenas como o instituto que daacute ao filho adotivo o
status idecircntico ao do filho legiacutetimo
Passamos a analisar a conceituaccedilatildeo dos seguintes juristas
Para Clovis Bevilacqua a adoccedilatildeo se destinava a suprir a falta de filho que tem como
ato civil aacute aceitaccedilatildeo de um estranho como filho26
Para a Profa Maria Helena Diniz a adoccedilatildeo eacute uma instituiccedilatildeo de caraacuteter humanitaacuterio
que tem por um lado dar aqueles a quem a natureza negou um lar e uma famiacutelia e por outro
lado a uma finalidade assistencial constituindo um meio de melhorar a condiccedilatildeo moral e
material do adotado27
Para Walter Gaspar a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica a qual se estabelece uma relaccedilatildeo
de parentesco que independe do fato natural da procriaccedilatildeo28
Para Orlando Gomes a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece independente
do fato natural o viacutenculo de filiaccedilatildeo legal que permite a constituiccedilatildeo entre duas pessoas do
laccedilo de parentesco do primeiro grau em linha reta29
_________ 24 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 25 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 26 Op cit p 16 p 63 27 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 28 GASPAR Walter Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003 p 315 29 ORLANDO Gomes Instituiccedilotildees de Direito Civil Satildeo Paulo Forense1996 p 226
Jose Maria Leoni Lopes de Oliveira define a adoccedilatildeo como um instituto juriacutedico que
procura imitar a filiaccedilatildeo natural30
Para Silvio Rodrigues a adoccedilatildeo eacute o ato do adotante pelo qual ele traz para a sua
famiacutelia e na condiccedilatildeo de filho pessoa que lhe eacute estranha31
Para Caio Mario da Silva a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual uma pessoa recebe
outra como filho independentemente de existir entre elas qualquer relaccedilatildeo de parentesco
cosanguiacuteneo ou afim32
Para Antunes Varella a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece entre duas
pessoas adotante de um lado e adotado de outro independente dos laccedilos de sangueuma
relaccedilatildeo legal de filiaccedilatildeo33
Para o Prof Arnoldo Wald a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco
civil Eacute um ato juriacutedico bilateral que gera laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre pessoas para
as quais tal relaccedilatildeo inexiste materialmente34
Para Carbonnier a filiaccedilatildeo adotiva eacute uma filiaccedilatildeo puramente juriacutedica que repousa
na pressuposiccedilatildeo de uma realidade natildeo bioloacutegica mas afetiva35
E para Dusi a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico solene em virtude do qual agrave vontade dos
particulares com a permissatildeo da lei cria entre pessoas naturalmente estranhas uma a outra
relaccedilotildees anaacutelogas as oriundas da filiaccedilatildeo legiacutetima36
__________ 31 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147 32 Direito Civil ndash Famiacutelia Satildeo Paulo Forense 1999 p330 48 op Cit p 17 p 330 33 Op Cit p 17 p 148 534WALD Arnold O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 35 Op cit p 17 apud Droit Civil 2 ndash La Famile nordm 354 p 519 36 Op cit p 17 p 217
No contexto das diversas definiccedilotildees atribuiacutedas a adoccedilatildeo podemos
verificar que esta se contrapotildee-se a filiaccedilatildeo legiacutetima ou natural por
sua caracteriacutestica artificial pois resulta da manifestaccedilatildeo de vontade e
de sentenccedila judicial Enquanto a filiaccedilatildeo natural tem seu viacutenculo
formado apenas no sangue
Contudo os efeitos da adoccedilatildeo em nosso ordenamento juriacutedico geram
as mesmas relaccedilotildees da filiaccedilatildeo natural
13 NATUREZA JURIacuteDICA
A natureza juriacutedica da adoccedilatildeo sempre foi muito controvertida para alguns
doutrinadores a adoccedilatildeo apenas eacute uma relaccedilatildeo juriacutedica enquanto para outros eacute negoacutecio
unilateral tendo em vista a vontade do adotante37
Com o passar dos tempos a mudou a sua finalidade antes se destinava
a atender aos interesses religiosos dos adotantes hoje se preocupa
mais com o interesse dos adotados objetivando proporcionar uma
famiacutelia38
A dificuldade em definir a natureza juriacutedica da adoccedilatildeo decorre da sua
natureza e da origem do seu ato
Assim para alguns autores adoccedilatildeo seria uma forma de contrato
devido agrave bilateralidade do ato pois eacute preciso a manifestaccedilatildeo de duas
vontades a do adotante e do adotado Sendo que agraves vezes o adotado eacute
representado poreacutem a vontade do adotando inexiste em algumas
situaccedilotildees o que dificulta a compreensatildeo dessa doutrina39
__________ 37 Op cit p 17 p 320 38 Op cit p 17 p 149 39 Op cit p 17 p 320
Para outros autores a adoccedilatildeo eacute instituto juriacutedico de ordem puacuteblica sendo necessaacuterio
a manifestaccedilatildeo do Estado declarando ou natildeo a adoccedilatildeo40
No Coacutedigo Civil de 1916 a adoccedilatildeo tinha a natureza de contrato
devido agrave solenidade exigida na lei da escritura puacuteblica realccedilando a
natureza negocial do instituto como contrato de famiacutelia disposto no
artigo 37541
Nessa eacutepoca havia duas formas distintas de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo simples
e a adoccedilatildeo plena e cada uma delas apresentava natureza proacutepria42
No Estatuto natildeo prevalece apenas a bilateralidade de vontades pois o Estado
participa de forma ativa exigindo-se tambeacutem uma sentenccedila judicial pois sem esta natildeo
haveraacute adoccedilatildeo 43
O Coacutedigo Civil de 2002 requer a presenccedila dos adotantes do Estado e somente
ocorreraacute se for atraveacutes de sentenccedila judicial
Pode-se assim concluir que a adoccedilatildeo eacute um ato complexo o
qual tem na sua primeira fase um caraacuteter negocial em seguida a
manifestaccedilatildeo de vontade dos adotantes e adotados e em sua segunda
fase tem caraacuteter judicial a fim de verificar a conveniecircncia ou natildeo da
adoccedilatildeo que culmina com a sentenccedila judicial44
Portanto a accedilatildeo de adoccedilatildeo eacute accedilatildeo do estado de caraacuteter constitutivo
conferindo a posiccedilatildeo de filho ao adotado atraveacutes de sentenccedila judicial
____________ 40 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p320 41 Op cit p 19 p 316
42 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Rio de Janeiro Atlas 2001 p 257 43 Op cit p 19 p 320
44 Op cit p 19 p 316 14 EVOLUCcedilAtildeO LEGISLATIVA DA ADOCcedilAtildeO
No Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 3071 de 01 de maio de 1916 vigoravam as
Ordenaccedilotildees Afonsinas Filipinas e Manuelinas45
Com o advento do Coacutedigo Civil de 1916 ocorreu a sistematizaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos
artigos 368 a 378 de caraacuteter essencialmente privado
Todavia o nosso direito paacutetrio da eacutepoca revelava as influecircncias do direito romano
do direito canocircnico das Ordenaccedilotildees Afonsinas Manuelinas e Filipinas46
No coacutedigo de 1916 a adoccedilatildeo era definida como o ato civil pelo qual algueacutem aceita
um estranho na qualidade de filho contudo tal conceito trazia consigo as suas restriccedilotildees47
Nessa eacutepoca havia restriccedilotildees quanto agrave adoccedilatildeo pois a mesma se destinava a habilitar
pessoas com mais de 50 anos exigindo a diferenccedila miacutenima de 18 anos entre adotado e
adotante e natildeo haveria direito de sucessatildeo ao adotado
Em 1957 adveio o Estatuto da adoccedilatildeo - Lei nordm 3133 de 08 de maio de 1957 E em
1979 o Coacutedigo de Menores Lei nordm 6667 de 10 de outubro de 1979 ambos traziam algumas
modificaccedilotildees que eliminava certas restriccedilotildees do Coacutedigo Civil de 191648
Algumas dessas modificaccedilotildees trazidas foi a de possibilidade de se adotar aos 30
anos e a diferenccedila de idade entre adotando e adotado passou a ser de 16 anos eliminou-se
tambeacutem o preacute-requisito de que somente casais sem filhos poderiam adotar49
______________ 45 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 38 46 Opcit p 20 p 42 47 Opcit p 20 p 84 48 Opcit p 20 p 40 49 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo em 1988 e com o advento do Estatuto da
Crianccedila e do Adolescente ndash ECA em 1990 consegui-se eliminar todas as restriccedilotildees
pertinentes agrave diferenccedila entre filhos adotivos ilegiacutetimos eou aduacutelterinos50
Assim hoje o filho adotivo tem os mesmos direitos garantias e deveres dos filhos
bioloacutegicos artigo 227 sectordm da CRFB
A partir de 1990 as regras da adoccedilatildeo passaram a visar mais os interesses direitos e
reais e necessidades dos adotandos O que se pretendia era encontrar uma famiacutelia adequada
aos menores e natildeo a busca de uma crianccedila para aqueles que pretendem adotar51
Jaacute o novo Coacutedigo Civil trata desse instituto da aceitaccedilatildeo legal de estranho no seio
familiar nos artigos 1618 a 1629 passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que
originariamente natildeo eacute criando com este laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com todos os
direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo inexiste
naturalmente52
E corroborando com o instituto da adoccedilatildeo o nosso texto constitucional assegura em
seu artigo 227 o direito de se ter uma famiacutelia o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave
educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura ao respeito agrave dignidade agrave liberdade e a
convivecircncia familiar 53
Esse direito de se ter uma famiacutelia consagrado na Carta Magna adveacutem do direito
positivo brasileiro do direito natural do simples direito de se ter um lar
__________ 50 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 150 51 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41 52 As modificaccedilotildees introduzidas agrave partir do advento do Novo Coacutedigo Civil ndash Lei nordm 1040602 53 CONSTITUICcedilAcircO FEDERAL EC nordm 45 Rio de Janeiro 2005 p 149
A adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia da proteccedilatildeo ao adotado e cuja finalidade
eacute a de dar um lar aos menores criando para esses menores um ambiente familiar e o
equiparando o adotado como filho legiacutetimo
Egrave um instituto de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo agravequeles que precisam de um
lar amor carinho e dignidade
Tem por finalidade fundamental dar filhos agravequeles que natildeo podem ter
biologicamente e de dar pais agravequeles que se encontram desamparados por algum motivo
Assim a adoccedilatildeo que fugir desses paracircmetros a que estaacute destinada estaraacute distorcendo a
finalidade do ordenamento a que lei se destina
Ficando constatado que a adoccedilatildeo no Brasil constitui um imperativo de ordem eacutetica
de natureza constitucional pois natildeo se pode construir uma sociedade mentalmente satilde sobre
as bases de abandono de crianccedilas os futuros homens de amanhatilde
CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
A adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil de 1916 era regulada nos artigos de 368 a 378 Nesse
Coacutedigo havia previsatildeo legal para duas modalidades de adoccedilatildeo54
A adoccedilatildeo simples estabelecia o viacutenculo de filiaccedilatildeo entre adotante e adotado
podendo o adotante ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos regia-se pelo Coacutedigo
Civil de 1916 e pela Lei nordm 313355
A adoccedilatildeo plena era espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser
irrevogavelmente para todos os efeitos legais a ser filhos dos adotantes desligando-se de
qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais
introduzido pela Lei nordm 669779
Nesse Coacutedigo Civil a adoccedilatildeo aplicava-se aos maiores de 18 anos e realccedilava a sua
natureza negocial do instituto tendo em vista a solenidade da escritura puacuteblica que a lei
exigia como contrato de direito de famiacutelia Somente seria a adoccedilatildeo consumada com a
devida averbaccedilatildeo da escritura no registro civil e no ato da adoccedilatildeo seriam declarados quais
os nomes da famiacutelia passaria o adotado a usar
Eram requisitos para adoccedilatildeo nesta legislaccedilatildeo de 1916 que o adotante fosse 16 anos
mais velho que o adotando com mais de 30 anos de idade se o adotante fosse casado o
casamento deveria ter duraccedilatildeo superior agrave cinco anos duas pessoas natildeo poderiam adotar
conjuntamente se natildeo forem marido e mulher e o adotando com maior de 18 anos o tutor
ou curador poderiam adotar depois de prestadas as contas ocorria atraveacutes de escritura
puacuteblica havia previsatildeo de adoccedilatildeo por estrangeiros sem restriccedilatildeo55
______________ 54 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 55 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p 323
Com o advento da Lei nordm 104062002 o instituto da adoccedilatildeo passou a ser tratado nos
artigos de 1618 a 1629 como jaacute mencionado E por conta da nova legislaccedilatildeo a adoccedilatildeo
simples e a adoccedilatildeo plena deixam de existir passando a adoccedilatildeo ser irrestrita 56
Hoje o Novo Coacutedigo - Lei nordm 104062002 se preocupa em seus artigos com a
adoccedilatildeo de forma global ou seja com a adoccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes e principalmente
com a primazia do interesse do adotado
Assim o instituto da adoccedilatildeo passa a ser regido nos seguintes termos57
No art 1618 Somente pessoa maior de dezoito anos pode adotar
Analisando este artigo pode-se constatar que houve a reduccedilatildeo da idade miacutenima para
adotar antes exigida de 35 anos
E em seu Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo poderaacute ser formalizada por ambos os cocircnjuges
ou companheiros desde que um deles tenha completado dezoito anos de idade comprovada
a estabilidade da famiacutelia
Os artigos 1619 e 1620 natildeo tiveram alteradas a sua redaccedilatildeo
De acordo com o artigo 1619 o adotante haacute de ser pelo menos dezesseis anos mais
velho que o adotado E no artigo 1620 enquanto natildeo der contas de sua administraccedilatildeo e natildeo
saldar o deacutebito natildeo poderaacute o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o curatelado
O artigo 1621 descreve que a adoccedilatildeo depende de consentimento dos pais ou dos
representantes legais de quem se deseja adotar e da concordacircncia deste se contar mais de
doze anos
______________
56 Op cit p 23 p 425
57 Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003 p 452-459
sect 1o O consentimento seraacute dispensado em relaccedilatildeo agrave crianccedila ou adolescente cujos
pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder familiar
sect 2o O consentimento previsto no caput eacute revogaacutevel ateacute a publicaccedilatildeo da sentenccedila
constitutiva da adoccedilatildeo
O novo dispositivo diminui a idade miacutenima do adotado para manifestar o seu
consentimento para 12 anos no regime anterior era de 14 anos
De acordo co o artigo 1622 ningueacutem poderaacute ser adotado por duas pessoas salvo se
forem marido e mulher ou se viverem em uniatildeo estaacutevel
Neste artigo foi acrescentado o paraacutegrafo uacutenico que acrescenta a posiccedilatildeo da adoccedilatildeo
por companheiros ou daqueles que vivem em uniatildeo estaacutevel
Paraacutegrafo uacutenico Os divorciados e os judicialmente separados poderatildeo adotar
conjuntamente contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o
estaacutegio de convivecircncia tenha sido iniciado na constacircncia da sociedade conjugal
No artigo 1623 a adoccedilatildeo obedeceraacute a processo judicial observados os requisitos
estabelecidos neste Coacutedigo
Houve acreacutescimo na nova legislaccedilatildeo apenas do paraacutegrafo uacutenico ao qual foi atribuiacuteda a
seguinte redaccedilatildeo
Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo de maiores de dezoito anos dependeraacute igualmente da
assistecircncia efetiva do Poder Puacuteblico e de sentenccedila constitutiva
No artigo 1624 Houve a substituiccedilatildeo do ldquopaacutetrio poderrdquo por ldquopoder familiarrdquo sendo
ainda suprimida a palavra ldquomenor abandonadordquo trazido na legislaccedilatildeo de 1916
Assim dispotildee o artigo citado em que natildeo haacute necessidade do consentimento do
representante legal do menor se provado que se trata de infante exposto ou de menor cujos
pais sejam desconhecidos estejam desaparecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder
familiar sem nomeaccedilatildeo de tutor ou de oacuterfatildeo natildeo reclamado por qualquer parente por mais
de um ano
De acordo com o artigo 1625 somente seraacute admitida a adoccedilatildeo que constituir efetivo
benefiacutecio para o adotando sendo matida a mesma redaccedilatildeo
Jaacute no artigo 1626 houve acreacutescimo do paraacutegrafo uacutenico
Dipondo a seguinte redaccedilatildeo o caput a adoccedilatildeo atribui a situaccedilatildeo de filho ao adotado
desligando-o de qualquer viacutenculo com os pais e parentes consanguumliacuteneos salvo quanto aos
impedimentos para o casamento
Paraacutegrafo uacutenico se um dos cocircnjuges ou companheiros adota o filho do outro
mantecircm-se os viacutenculos de filiaccedilatildeo entre o adotado e o cocircnjuge ou companheiro do adotante
e os respectivos parentes
Com relaccedilatildeo ao artigo 1627 permaneceu a mesma redaccedilatildeo com relaccedilatildeo a decisatildeo que
confere ao adotado o sobrenome do adotante podendo determinar a modificaccedilatildeo de seu
prenome se menor a pedido do adotante ou do adotado
No artigo abaixo descrito houve a adequaccedilatildeo ao dispositivo de moda a resguardar o
princiacutepio constitucional da plena igualdade entre filhos bioloacutegicos e adotados
Dispotildee o artigo 1628 que os efeitos da adoccedilatildeo comeccedilam a partir do tracircnsito em
julgado da sentenccedila exceto se o adotante vier a falecer no curso do procedimento caso em
que teraacute forccedila retroativa agrave data do oacutebito As relaccedilotildees de parentesco se estabelecem natildeo soacute
entre o adotante e o adotado como tambeacutem entre aquele e os descendentes deste e entre o
adotado e todos os parentes do adotante
Natildeo houve alteraccedilatildeo na redaccedilatildeo do artigo 1629 apenas tal dispositivo tem o
objetivo de ajustar o Novo Coacutedigo Civil agrave lei superveniente ou seja Estatuto da Crianccedila e
do Adolescente
Dispondo o referido artigo a seguinte redaccedilatildeo a adoccedilatildeo por estrangeiro obedeceraacute
aos casos e condiccedilotildees que forem estabelecidos em lei
Assim pode-se concluir que na falta de norma reguladora para o instituto da adoccedilatildeo
desde que natildeo conflite com o Coacutedigo Civil deveraacute ser aplicado analogicamente o Estatuto da
Crianccedila e do Adolescente
Ainda constata-se que o Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute
maior de 18 anos passando o instituto da adoccedilatildeo a ser irrestrito trazendo importantes
reflexos ao nosso ordenamento juriacutedico paacutetrio no que diz respeito aos direitos da
personalidade e nos direitos sucessoacuterios Enquanto o antigo Coacutedigo Civil Brasileiro de 1916
adotava o sistema da manifestaccedilatildeo de vontade
Atualmente o Coacutedigo Civil vigente e o Estatuto da Crianccedila adotam o sistema da
sentenccedila judicial sendo que o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo para os
menores de 18 anos o que natildeo exime que a adoccedilatildeo de menor de 18 anos seja feita pelo
Coacutedigo Civil58
De acordo com a legislaccedilatildeo civil podemos conceituar a adoccedilatildeo como o ato de
filiaccedilatildeo juriacutedica que pressupotildee de afetividade e natildeo de relaccedilatildeo bioloacutegica passando o
adotado a ser tratado como se fosse filho natural constituiacutedo em benefiacutecio do adotando
_____________ 58 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 irretrataacutevel e perpeacutetuo depois de consumado que cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com
todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo
inexistia naturalmente
De forma simples podemos definir a adoccedilatildeo como modalidade de filiaccedilatildeo civil que
busca imitar a filiaccedilatildeo natural dependente da vontade de adotante e adotado e por via de
sentenccedila judicial
Assim torna-se inafastaacutevel a utilidade do instituto da adoccedilatildeo em relaccedilatildeo ao menor
carente ou em estado de abandono pois eacute de interesse do Estado a inserccedilatildeo desse menor em
um ambiente familiar
Fica claro que o instituto da adoccedilatildeo eacute de caraacuteter humanitaacuterio que tem por um lado o
escopo de proporcionar agravequeles que a quem a natureza negou filhos e por outro lado
constitui a finalidade assistencial de melhorar a condiccedilatildeo moral e material do futuro
adotado
Mas ainda muito haacute de se defender em prol do instituto da adoccedilatildeo no Brasil natildeo soacute
como forma de projeto de cidadania mas tambeacutem como forma de vida digna a aqueles que
natildeo tem um lar principalmente ao que refere aos direitos de adoccedilatildeo internacional e ainda ao
direito de adoccedilatildeo por casais homossexuais
22 REQUISITOS DA ADOCcedilAtildeO
221 Requisitos Formais
Satildeo alguns requisitos formais para a adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil vigente59
efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal
ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)
____________ 59 VENOSASilvio de Salvo Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003p349
efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal
ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)
diferenccedila miacutenima de idade entre o adotante e o adotado (artigo 1619)
consentimento do adotado de seus pais ou de seu representante (artigos 1621 sect 1ordm e
1624)
intervenccedilatildeo judicial na sua criaccedilatildeo pois somente se aperfeiccediloa perante o juiz atraveacutes de
processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico (artigo 1623 paraacutegrafo uacutenico)
irrevogabilidade (artigo 1626 caput)
estaacutegio de convivecircncia (1622 paraacutegrafo uacutenico 1ordfparte)
comprovaccedilatildeo de estabilidade familiar (artigo 1618 paraacutegrafo uacutenico in fine)
23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO
A adoccedilatildeo se daacute atraveacutes de um processo judicial perante o juiz com competecircncia na
aacuterea da infacircncia e juventude que iraacute conhecer dos pedidos da adoccedilatildeo e os seus incidentes
entre os quais a destituiccedilatildeo do paacutetrio poder e guarda para fins da adoccedilatildeo
Vislumbram-se duas hipoacuteteses em que se adota ou a famiacutelia jaacute convive com a
crianccedila ou adolescente que pretende adotar ou a famiacutelia estaacute a procura de uma crianccedila para
que venha a adotar
Na primeira hipoacutetese devem os interessados ajuizar o pedido de adoccedilatildeo atraveacutes de
advogado ou defensor puacuteblico que formularaacute o pedido diretamente em cartoacuterio atraveacutes de
peticcedilatildeo assinada pelos requerentes quando os pais forem falecidos tiverem sido destituiacutedos
do paacutetrio poder ou houverem aderido expressamente ao pedido os pais bioloacutegicos quando
conhecidos satildeo citados para querendo contestarem o pedido julgando o juiz ao final de
acordo com o interesse superior da crianccedila e do adolescente
Na segunda hipoacutetese os interessados devem requerer sua inscriccedilatildeo no cadastro do
juiacutezo de pessoas interessadas em adotar A partir daiacute instaura-se um procedimento no qual
seratildeo ouvidos pela equipe teacutecnica do juiacutezo (assistentes sociais eou psicoacutelogos) e antes da
decisatildeo que deferir a inscriccedilatildeo o Ministeacuterio Puacuteblico assistiraacute ao pedido de adoccedilatildeo conforme
previsto no artigo 227 sect5ordm da Constituiccedilatildeo Federal e emitiraacute parecer
Em seguida seratildeo incluiacutedos em grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo cujas vagas seratildeo
preenchidas de acordo com a ordem de ajuizamento do pedido de habilitaccedilatildeo respeitados os
criteacuterios estabelecidos
Os grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo possuem duraccedilatildeo prevista de 60 dias e visam
auxiliar os interessados em adotar Habilitados e inscritos no cadastro os interessados
recebem um certificado com validade de 2 anos
Satildeo necessaacuterios os seguintes documentos60
certidatildeo de casamento
atestado de residecircncia
folha de antecedentes criminais
prova de idoneidade fiacutesica e moral
prova de abandono do menor
destituiccedilatildeo do paacutetrio poder
atestado de sanidade fiacutesica
________________ 60 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
A adoccedilatildeo constitui-se por sentenccedila sendo necessaacuterio que 61
a peticcedilatildeo Inicial com os requisitos do artigo 35
se na inicial vier a concordacircncia dos pais do adotando seratildeo ouvidos pelo juiz e pelo
representante do Ministeacuterio Puacuteblico lavrando-se o termo
a autoridade juriacutedica de ofiacutecio ou o requerimento das partes e do Ministeacuterio Puacuteblico
determinaraacute a realizaccedilatildeo de estudo social ou se possiacutevel periacutecia por equipe profissional
decidindo sobre o estaacutegio de convivecircncia
Apresentado o laudo e ouvido o adotando teraacute vistas o Ministeacuterio Puacutebico
apoacutes a manifestaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico no prazo tambeacutem de 5 (cinco) dias o
juiz proferiraacute a sentenccedila
A sentenccedila judicial transitada em julgado seraacute inserida no registro civil mediante mandado do qual natildeo
se forneceraacute certidatildeo O mandado judicial cancelaraacute o registro de nascimento original do menor conforme
o artigo 16 da Lei nordm 601573 E a inscriccedilatildeo no registro constaraacute o nome dos adotantes
como pais e o nome dos seus ascendentes Assim o menor ingressa na famiacutelia do adotante
se desvinculando da famiacutelia natural
24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO
241 Efeitos pessoais
Satildeo alguns efeitos pessoais decorrentes da adoccedilatildeo62
____________________
61 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1996 p 60 62 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 430
rompimento automaacutetico do viacutenculo de parentesco com a famiacutelia de origem salvo os
impedimentos matrimocircniais (artigo 1626)
estabelecimento de verdadeiros laccedilos de parentesco civil entre adotante e adotado
abrangendo a famiacutelia do adotante (artigo 15282ordf parte)
transferecircncia definitiva e de pleno direito do poder familiar para o adotante se o adotante
for menor (artigo 1630 1634 1635 inciso V)
liberdade razoaacutevel em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo do nome do adotado (1627)
possibilidade de promoccedilatildeo da interdiccedilatildeo e inabilitaccedilatildeo do pai ou matildee adotiva pelo
adotado ou vice-versa (artigo 1768)
determinaccedilatildeo do domiacutecilio do adotado menor de idade que adquire o do adotante
242 Efeitos patrimoniais
Satildeo alguns efeitos patrimoniais produzidos pela adoccedilatildeo63
direito do adotante de administraccedilatildeo e ususfruto dos bens do adotado menor (artigo 1689
1691e 1693)
obrigaccedilatildeo do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar (artigo
1634)
dever do adotante de prestar alimentos ao adotado (artigo 1694 1696 e 1697)
direito a indenizaccedilatildeo do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante
responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menor de idade
______________
81 Op cit p 31 p 432
direito sucessoacuterio do adotado visto que se equipara ao filho advindo de parentesco
cosanguineo herdado em concorrecircncia com o cocircnjuge sobrevivente ou convivente do
falecido na qualidade de descendente do autor da heranccedila afastando todos os demais
herdeiros do adotante que natildeo tenham a qualidade de filho (artigo 1829 inciso I e
1790incisos I e II)
reciprocidade nos efeitos sucessoacuterios (artigo 1829 inciso II e 1790 inciso III)
filho adotivo natildeo estaacute compreendido na exceccedilatildeo do Coacutedigo Civil artigo 1790 inciso I
rompimento de testamento se sobrevier filho adotivo (artigo 1973)
direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciaacuterio (artigo 1951 a 1960)
superviniecircncia de filho adotivo pode revogar doaccedilotildees feitas pelo adotante ( artigo 1846 e
1789)
Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso
de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do
oacutebito64
25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO
Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se
obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do
negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do
ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade
____________
64 Op cit p 32 p 435
deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea
A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-
se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico
Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade
anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo
251 Nulidade da adoccedilatildeo
Seraacute nula a adoccedilatildeo que65
em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16
anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619
a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a
mesma pessoa (artigo 1622)
o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)
vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude
252 Anulabilidade da adoccedilatildeo
Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66
a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente
incapaz
ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado
____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435
consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz
vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores
a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado
253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo
Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67
pela falta de consentimento do adotante e adotado
pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou
interdiccedilatildeo civil
pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico
26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO
A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes
motivos68
pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil
Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a
madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave
enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou
neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade
pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil
____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437
Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste
contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a
honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila
pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue
quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva
pela morte do adotante e adotado
27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO
Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a
finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo
avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante
e adotado69
Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute
prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com
facilidade a nova famiacutelia
O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a
ser adotado
Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a
extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo
atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil
____________
69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340
28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das
crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a
prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave
poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato
infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e
ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70
A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual
adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou
tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da
juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil
Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida
familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco
passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado
29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL
A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e
do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da
Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave
crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave
educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave
__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41
convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71
Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada
por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por
procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da
adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda
de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida
pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo
por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72
Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo
de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes
independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos
havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e
qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73
Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos
adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do
bem estar do adotado
210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO
A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser
incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e
educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta
assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria
___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438
Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como
com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo
dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos
pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco
pessoal e social nas ruas das grandes cidades
Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia
importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees
sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia
Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem
por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades
coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e
ceacutelere
Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria
com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e
defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do
proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os
procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados
Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo
atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o
instituto da adoccedilatildeo
A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de
_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em
lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que
querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave
crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico
educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e
na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos
e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o
desenvolvimento da cidadania
Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que
tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria
Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir
211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO
Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75
Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma
simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo
A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais
os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a
situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem
adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda
________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser
proporcionada pelas pessoas sem adotar
Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva
jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os
interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais
vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito
simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses
O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida
cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior
(adoccedilatildeo internacional)
CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees
estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil
Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente
A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida
excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido
por pessoa residente no Paiacutes
A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico
conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei
supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida
sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76
Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo
juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a
decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham
falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm
80699077
Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da
Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da
CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia
____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464
Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por
estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos
interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas
atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os
bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal
intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando
verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em
moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias
maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado
enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees
escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos
especialmente do menorrdquo78
Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante
nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado
tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a
perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e
economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila
passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco
e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79
Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas
___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438
Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil
A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver
medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo
internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda
possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o
seu ingresso em famiacutelia substituta
Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo
internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem
conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas
Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em
seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser
interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores
para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que
visem lucro80
Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas
pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator
determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas
famiacutelias substitutas
32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR
ESTRANGEIROS
A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo
seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e
condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________
80 Op Cit p 44 p 438
parte de estrangeiros
Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida
excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo
acarreta o adotante aacute desistecircncia
Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81
impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo
estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro
residente ou domiciliado fora do paiacutes
comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de
seu paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia
especializada e credenciada no paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido
do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico
juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente
autenticados pela autoridade consular
permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a
consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo
Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e
cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no
miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos
de idade
___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439
podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar
prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista
A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82
lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo
reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante
lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica
Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de
Adoccedilatildeo de Menores de 1984)
33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA
A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua
finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores
Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia
prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse
superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas
__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485
A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo
Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de
garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados
contratantes83
Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a
Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo
Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84
requisitos para a adoccedilatildeo internacional
requisitos processuais
reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo
De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo
em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o
interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras
_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486
CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a
grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo
igualmente a possibilidade da poder adotar
A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade
Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas
aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de
constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a
reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois
assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir
famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86
Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a
uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm
sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo
Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87
____________
86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho
mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49
A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios
E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por
homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se
espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem
homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila
se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais
homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos
tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte
de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo
16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo
se forem marido e mulher
Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89
____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da
uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos
homossexuais
42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA
E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a
situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos
casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo
juriacutedica podem os casais homossexuais adotar
No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo
homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes
da jurisprudecircncia
E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a
regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais
Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata
da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo
tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um
dos parceiros90
Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo
5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a
primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei
____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade
Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca
pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do
bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais
homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve
levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo
decidindo sempre pelo bem-estar do menor91
A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece
Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao
adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo
ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia
familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo
()
sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute
casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros
A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee
Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de
estado civil
______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005
Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92
Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que
homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo
poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante
O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de
adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual
diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro
de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93
______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo
da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum
cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito
Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94
Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais
homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95
Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo
sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel
privar os homossexuais do direito agrave adotar96
E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais
flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de
tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar
seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles
que lhe acolhem97
______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53
No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo
barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao
seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira
da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da
histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a
mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para
atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem
a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua
companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de
crianccedilas devem igualmente poder adotar98
Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no
aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes
de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o
preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99
Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida
pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato
Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo
________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53
CONCLUSAtildeO
A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia
E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto
no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio
Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988
Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade
Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente
A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva
Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros
por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores
Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade
Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a
sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do
Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo
Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e
principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que
pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da
adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e
venda de crianccedilas para o estrangeiro
A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente
estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse
baseado nos artigos 1618 a 1629
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52
Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de
amor carinho e solidariedade
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SILLE CRISTINA MIRANDO DOS SANTOS
A ADOCcedilAtildeO Agrave LUZ DALEI Nordm1040602 NOVO COacuteDIGO CIVIL
Monografia apresentada ao curso de poacutes graduaccedilatildeo
do instituto A Vez do Mestre campus centro II
como requisito parcial para obtenccedilatildeo da poacutes
graduaccedilatildeo em Direito Privado e Civil
Orientador Prof Francis Rajzman
Rio de Janeiro
20102
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
CIP ndashBrasil catalogaccedilatildeo-na-fonte
SANTOS Sille Cristina Miranda dos A Adoccedilatildeo agrave Luz da Lei nordm 1040602 (Instituto A Vez do Mestre) Rio de Janeiro AVM 2010 62 p
1 A adoccedilatildeo agrave Luz da Lei nordm 1040602 2 Aspecto Histoacuterico 3 A adoccedilatildeo agrave
eacutegide da nova legislaccedilatildeo civil 4 A adoccedilatildeo internacional 5 Adoccedilatildeo por homossexuais
SILLE CRISTINA MIRANDA DOS SANTOS
A ADOCcedilAtildeO Agrave LUZ DA LEI Nordm 1040602 NOVO COacuteDIGO CIVIL
Prof Francis Rajzman ndash Orientador
Instituto A Vez do Mestre
Examinador
Instituto A Vez do Mestre
Examinador
Instituto A Vez do Mestre
A famiacutelia eacute a ceacutelula formadora de pessoas Eacute o centro da educaccedilatildeo permanente Eacute a semente que faz nascer a feacute Eacute o berccedilo que embala o desenvolvimento Eacute a alma da naccedilatildeo (Liboacuterni Siqueira)
RESUMO
O trabalho de pesquisa monograacutefica tem por objetivo o estudo do instituto da adoccedilatildeo agrave luz do Novo Coacutedigo Civil tratado em seus artigos 1618 a 1629 ao qual assegura aos adotados a prerrogativa de ser tido como filho natural dos adotantes passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que originariamente natildeo ostenta tal qualidade tal instituto constitui em benefiacutecio do adotando a gecircnese do parentesco civil podendo ainda ser definido como o ato juriacutedico bilateral irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo garantindo aos adotados todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes inclusive os de sucessatildeo a heranccedila A adoccedilatildeo eacute a aceitaccedilatildeo voluntaacuteria e legal de uma crianccedila como filho portanto eacute ato irrevogaacutevel pois natildeo poderaacute mais ser desfeito salvo os casos expressos em lei Com a adoccedilatildeo assume-se o paacutetrio poder da crianccedila desligando-a de todo e qualquer viacutenculo com pais bioloacutegicos e seus parentes naturais A adoccedilatildeo judicial daacute proteccedilatildeo especial agrave adoccedilatildeo praticada por estrangeiros garantindo assim os direitos e garantias daqueles que seratildeo adotados em virtude da grande procura de estrangeiros em adotar crianccedilas brasileiras inibindo de certa forma o sequumlestro a venda e o traacutefico de crianccedilas brasileiras Quanto agrave adoccedilatildeo a ser requerida por homossexuais ainda seraacute motivo de muita discussatildeo juriacutedica em nossa Corte Judicial tendo em vista a natildeo aceitaccedilatildeo da nossa sociedade em natildeo aceitar as relaccedilotildees homossexuais Atualmente foi lanccedilado o primeiro Guia de Adoccedilatildeo de Crianccedilas e Adolescentes do Brasil com o intuito de incentivar a praacutetica da adoccedilatildeo e ao mesmo tempo com o intuito de esclarecer agravequeles que queiram adotar todos os procedimentos para da adoccedilatildeo aleacutem de trazer outras formas de soluccedilatildeo para o acolhimento de crianccedilas e adolescentes em famiacutelias substitutas
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO
CAPIacuteTULO 1 ndash ADOCcedilAtildeO
11 LINEAMENTOS HISTOacuteRICOS p 11
12 CONCEITO p 15
13 NATUREZA JURIacuteDICA p 18
14 EVOLUCcedilAtildeO LEGISLATIVA DA ADOCcedilAtildeO p 20
CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
21 ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL p 23
22 REQUSITOS DA ADOCcedilAtildeO p 28
221 Requisitos Formais p 28
23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO p 29
24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO p 31
241 Efeitos Pessoais p 32
242 Efeitos Patrimoniais p 32
25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO
251 Nulidade da adoccedilatildeo p 34
252 Anulabilidade da adoccedilatildeo p 35
253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo p 35
26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO p 35
27 ESTAacuteGIO DE CONVENIEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO p 36
28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DA CRIANCcedilA EDO ADOLESCENTE p 37
29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL p 37
210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO AO INSTITUTO DA ADOCcedilAtildeO p 38
211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO p 41
CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
31 A ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL p 43
32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR ESTRANGEIROS p 45
33 A ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA p 47
CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL P 49
42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA p 51
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAFICAS p 60
A Adoccedilatildeo agrave luz da Lei nordm 104022002 Novo Coacutedigo Civil Sille Cristina Miranda dos Santos 1 ndash Parte Histoacuterica
A adoccedilatildeo eacute um instituto que existe haacute milecircnios de anos Desde os tempos mais
primoacuterdios ateacute os dias atuais pois sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia
Tal instituto pode ser conceituado como o ato juriacutedico pelo qual se perfilha para si
algueacutem na condiccedilatildeo de filho fazendo gerar as relaccedilotildees previstas na famiacutelia bioloacutegica1
Podemos afirmar que o instituto da adoccedilatildeo foi praticado por Egiacutepcios Gregos e
Romanos2 E inclusive na proacutepria Biacuteblia haacute vaacuterias referecircncias sobre o tal instituto como na
histoacuteria de Moiseacutes e de Mordecai dentre outros casos narrados na nossa proacutepria literatura
brasileira bem como na literatura universal3
Com destaque podemos citar que o instituto da adoccedilatildeo eacute um ato de amor e de
solidariedade pois a mis eloquumlente prova desse fato narrado eacute proacuteprio o nascimento de Jesus
Cristo fruto esse concebido pelo Divino Espiacuterito Santo para mostrar que natildeo haacute a
necessidade de casamento da conjunccedilatildeo carnal e de todas as concepccedilotildees do homem para
que se conceba um filho4
Entretanto o Direito Canocircnico desconheceu a adoccedilatildeo e se manifestava com reservas
sobre o instituto A igreja via a adoccedilatildeo como uma ressalva ao casamento e agrave constituiccedilatildeo da
famiacutelia legiacutetima como uma das possibilidades de se fraudar as normas vigentes que
proibiam o reconhecimento de filhos adulterinos e incestuosos5
_____________ 1 VENOSA Silvio de Salvo Direito Civil Direito de FamiacuteliaSatildeo Paulo Atlas 2003 p 315 2 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo noCoacutedigoCivil e no Estatuto do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1993 p 2 3 SZNICK Waldir Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 26 4 Op cit p 1 p 1 5 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo 1999 p 27 2 ndash Natureza Juriacutedica
A natureza juriacutedica do instituto da adoccedilatildeo sempre foi muito controversa tendo em
vista que para alguns doutrinadores a adoccedilatildeo apenas eacute uma relaccedilatildeo juriacutedica e para outros eacute
negoacutecio unilateral tendo em vista a vontade do adotante6
Alguns autores entendem que a adoccedilatildeo seria uma forma de um contrato devido agrave
bilateralidade do ato pois eacute necessaacuterio a manifestaccedilatildeo de duas vontades do adotante e a do
adotado
Para outros autores a adoccedilatildeo eacute instituto juriacutedico de ordem puacuteblica pois eacute preciso a
manifestaccedilatildeo do Estado declarando ou natildeo a possibilidade da adoccedilatildeo
No Estatuto da Crianccedila e do Adolescente natildeo prevalecia apenas a bilateralidade de
vontades pois o Estado participa de forma ativa e necessaacuteria exigindo uma sentenccedila
judicial pois sem esta natildeo haveraacute adoccedilatildeo
Jaacute no Coacutedigo Civil de 1916 tinha a adoccedilatildeo natureza de contrato devido agrave solenidade
exigida na lei da escritura puacuteblica realccedilando a natureza negocial do instituto como contrato
de famiacutelia e havia duas formas distintas de adoccedilatildeo a simples e a plena e cada uma delas
apresentava natureza proacutepria 7
Com o advento do Coacutedigo Civil de 2002 a adoccedilatildeo passou a requerer tambeacutem a
presenccedila Estado dos adotantes e somente dar-se atraveacutes de sentenccedila judicial
Assim ao conceituar o instituto da adoccedilatildeo podemos conjeturar que a adoccedilatildeo se logra
na esfera da vontade dos particulares na forma da lei criando entre essas pessoas estranhas
uma relaccedilatildeo semelhante agraves oriundas da filiaccedilatildeo legiacutetima resultante da filiaccedilatildeo de sangue
_____________ 6 Op cit p 20 p 316 7 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p316 3 ndash Evoluccedilatildeo Legislativa da Adoccedilatildeo
No Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo do Coacutedigo Civil de 1916 vigoravam as Ordenaccedilotildees
Afonsinas Filipinas e Manuelinas advindas do direito portuguecircs
Como advento do Coacutedigo Civil de 1916 ocorreu a sistematizaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos
artigos 368 a 378 que definia a adoccedilatildeo como o ato civil pelo qual algueacutem aceita um
estranho na qualidade de filho contudo tal conceito trazia consigo as suas restriccedilotildees8
a) pessoas com mais de 50 anos exigia-se a diferenccedila miacutenima de 18 anos entre adotado
e adotantee natildeo havia direito de sucessatildeo pois o adotado nada herdaria
Com o advento da Constituinte de 1988 nos paraacutegrafos 5ordm e 6ordm consegui-se eliminar
todas as restriccedilotildees pertinentes agrave diferenccedila entre filhos adotivos ilegiacutetimos passando o filho
adotivo a ter os mesmos direitos garantias e deveres do filho bioloacutegico9
A partir de 1990 o Estatuto passou a regula a adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a
data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou tutela dos adotantes
Jaacute o novo Coacutedigo Civil - Lei nordm 1040602 trata desse instituto nos artigos de 1618 a
1629 passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que originariamente natildeo eacute e com este
cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com todos os direitos e obrigaccedilotildees passando inclusive
a adoccedilatildeo a ser irrestrita10
Ressalto que no Coacutedigo Civil de 1916 havia previsatildeo para a adoccedilatildeo plena e adoccedilatildeo
simples A Adoccedilatildeo Simples era regida pelo Coacutedigo Civil de 1916 e a Lei 313357 era
concernente ao viacutenculo de filiaccedilatildeo que se estabelecia entre adotante e adotado o adotante
poderia ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos11
________________ 8 12 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeiro 1996 p 41 9 Constituiccedilatildeo Federal EC nordm 45 Rio de Janeiro Victor Roma 2005 p 148 10 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003 p 423 11 Opcit p 3 p 424
E Adoccedilatildeo Plena era a espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser
irrevogavelmente para todos os efeitos legais filhos dos adotantes desligando-se de
qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais12
A Lei nordm 806990 ndash ECA ndash Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo
para os menores de 18 anos O Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute
maior de 18 anos E ambos adotam o sistema da sentenccedila judicial
Para que a adoccedilatildeo ocorra e necessaacuterio o cumprimento de diversos requisitos alguns
de aspectos formais outros pessoais e os requisitos processuais que geraram seus efeitos
E por fim ressalto que na adoccedilatildeo poderaacute ocorrer a sua extinccedilatildeo nas modalidades de
nulidade anulabilidade e inexistecircncia13
Quando ocorrer viacutecio de fraude eou simulaccedilatildeo quando natildeo houver a diferenccedila
miacutenima de 16 anos entre adotante e adotado e nos casos do casal natildeo forem marido e
mulher ou conviventes ocorreraacute a nulabilidade da adoccedilatildeo14
Jaacute a anulabilidade ocorreraacute quando houver a falta de consentimento dos pais tutor ou
curador a adoccedilatildeo do relativamente incapaz ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda
se encontra o menor interditado o consentimento manifestado somente pelo adotado
relativamente incapaz vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou
fraude contra credores agrave falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do
consorte adotado15
E quando ocorrer a falta de consentimento do adotante e adotado ou a falta de
objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou interdiccedilatildeo civil e
______________ 12 Op cit p 3 p 424 13 Op cit p 3 p 435 14 Op cit p 3 p435 15 Op cit p 3 p 437
pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico ocorreraacute a
inexistecircncia da adoccedilatildeo16
Poderaacute tambeacutem ocorrer agrave revogaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos seguintes casos pela vontade do
adotante e do adotado pela deserdaccedilatildeo e pela indignidade
4 ndash A adoccedilatildeo Internacional
A adoccedilatildeo internacional tem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila
e do Adolescente ao qual disciplina a possibilidade da adoccedilatildeo por estrangeiros por
estrangeiros17 Mas essa possibilidade de adoccedilatildeo por estrangeiros somente ocorreraacute nos
casos em que a crianccedila jaacute tenha uma tenha sua situaccedilatildeo juriacutedica definida ou seja que jaacute
possua sentenccedila transitada em julgado declarando a decretaccedilatildeo da perda do poder familiar
ou nos casos de haver declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham falecido e este menor esteja
sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm 80699018
Ressalvando os casos em que se dever tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por
estrangeiros residentes no exterior referente ao traacutefico venda e sequumlestro de crianccedilas para o
exterior
Passo importante para a adoccedilatildeo no Brasil foi agrave Convenccedilatildeo de Haia que ratifica o
interesse das crianccedilas a serem adotadas e coibindo o sequumlestro de menores o traacutefico e a
venda de crianccedilas A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo
ratificada em nosso ordenamento juriacutedico atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril
de 1995 cujo objetivo eacute o de garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo
entre os Estados contratantes19
_______________ 17 Op cit p 3 p 61 18 Op cit p 3 p 61 19 Op cit p 3 p 485 5 ndash Os projetos de conscientizaccedilatildeo e incentivos da Adoccedilatildeo
Atualmente o Juizado da Infacircncia e juventude do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo
em parceria com oacutergatildeos natildeo governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo
da adoccedilatildeo dentre outras atividades atraveacutes de Projetos Especiais que tem por objetivo a
colocaccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco pessoal e social nas ruas
das grandes cidades em famiacutelias substituas uma vez que toda crianccedila ou adolescente tem
direito a ser criado e educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente em famiacutelia
substituta assegurada a convivecircncia familiar e comunitaacuteria
Tal projeto vinculado pela 1ordf Vara da Infacircncia e Juventude do Rio de Janeiro lanccedilou
a cartilha da adoccedilatildeo com o intuito de esclarecer e incentivar a adoccedilatildeo20
Projeto semelhante foi lanccedilado pela 1ordf Vara da Infacircncia e Juventude de Vitoacuteria ndash ES
tambeacutem lanccedilou recentemente a obra ldquo111 perguntas sobre a adoccedilatildeordquo21
Ambos os projetos satildeo tem por objetivo esclarecer e incentivar a adoccedilatildeo como ponto
de referecircncia importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional
das accedilotildees sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter uma famiacutelia Assim
podemos constatar que a cartilha traz todo o rol de procedimentos e esclarecimentos a
aqueles que queiram adotar sejam eles residentes no Brasil ou no Exterior
7ndash A adoccedilatildeo por Homossexuais
A grande discussatildeo hoje rebatida pela sociedade seria a da possibilidade de
homossexuais poderem ou natildeo adotar
_____________ 20 Cartilha da adoccedilatildeodipsonovellt wwwjuizadodainfanciaejuventudeorgbrgtAcesso em 30out 2004 21 Cartilha da adoccedilatildeo Disponiacutevelwwwtjesgovbr Acesso em 30 out 2004 Na verdade vaacuterios satildeo os fatos alegados a natildeo possibilidade de adoccedilatildeo pelos
homossexuais como a diferenccedila da formaccedilatildeo da famiacutelia que fugiria aos padrotildees da
formaccedilatildeo da famiacutelia heterossexual da nossa sociedade
De certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se
estabelecer-se e contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos
homossexuaisrdquo tem de ser respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela
sociedade e pelo Estado21
Vaacuterios argumentos e sofismas satildeo utilizados para a natildeo legalizaccedilatildeo da adoccedilatildeo por
homossexuais mas o que prepondera realmente eacute o preconceito e o que deveria mesmo ser
visado que seria o interesse do adota natildeo estaacute sendo colimado
De fato em nosso ordenamento juriacutedico natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito
positivo para validar a uniatildeo homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecer o
direito a uniatildeo homossexual atraveacutes da jurisprudecircncia E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem
em nosso ordenamento juriacutedico a regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais
Mas tambeacutem natildeo haacute legislaccedilatildeo que proiacuteba a adoccedilatildeo de menores por homossexuais
O que presenciamos sim seria a violaccedilatildeo de direitos aos homoafetivos pois fica clara a
violaccedilatildeo ao direito a igualdade e a isonomia Assim como tambeacutem natildeo haacute restriccedilatildeo legal
quanto a formaccedilatildeo da famiacutelia que deveria ser somente heterossexual
Acredito que o que se deva levar em consideraccedilatildeo eacute a situaccedilatildeo de fato do menor a ser
adotado de ser resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe
um lar seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual
____________ 21 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005
daqueles que lhe acolhem22
Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no
aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruas com
grandes possibilidades de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que
tecircm por fundamento o preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o
inteacuterprete inovar23
Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida
pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato
Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo
E nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na
aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem
comum cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao
Coacutedigo Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do
Direito
Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave
adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do
adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente
iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando
devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo24
Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais
homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato25
____________ 22 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 23 Op Cit P 8 24 Op Cit P 8 25 Op Cit P 8
Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo
sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel
privar os homossexuais do direito agrave adotar26
E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais
flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de
tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar
seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles
que lhe acolhem27
Portanto fica bem claro que eacute importante deixar de lado as barreiras do preconceito
___________ 26 Op Cit P 8 27 Op Cit P 8
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CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO
12 LINEAMENTOS HISTOacuteRICOS
Historicamente o instituto da adoccedilatildeo desde os tempos mais primoacuterdios era utilizado
por nossos antepassados e com o passar dos tempos evoluiu tanto no aspecto social quanto
no aspecto juriacutedico
No direito primitivo a famiacutelia era a unidade social econocircmica e religiosa e a adoccedilatildeo
constituiacutea-se como um meio eficaz de perpetuar a famiacutelia e a religiatildeo domeacutestica ao qual
transferia-se os bens familiares pois nessa eacutepoca natildeo se conhecia do testamento1
No direito romano os imperadores utilizavam-se do instituto para designar os seus
sucessores e seus futuros Chefes de Estados deixando a adoccedilatildeo de ser um instrumento de
direito privado e passando a ser instrumento de direito puacuteblico2
E a maior prova de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor solidariedade
encontra-se narrado na Biacuteblia no nascimento de Jesus Cristo fruto
esse concebido pelo Divino Espiacuterito Santo para mostrar que natildeo haacute a
necessidade de casamento da conjunccedilatildeo carnal e de todas as
concepccedilotildees do homem para que se conceba um filho3
Tal instituto teve sua origem fundada na Biacuteblia no Coacutedigo de Hamurabi e nas Leis
de Manu4
__________ 1 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 218 2 SIQUEIRA Liboacuterni Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 34 3 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Luacutemen Iuris 1996 p 1 4 Op cit p 11 p 218
No Coacutedigo de Manu o instituto da adoccedilatildeo encontram-se descrito na Lei IX 10
ldquoAquele a quem a natureza natildeo deu filhos pode adotar um para que as cerimocircnias fuacutenebres
natildeo cessemrdquo5
As Leis de Manu determinavam que a adoccedilatildeo somente seria possiacutevel entre um
homem e um rapaz da mesma classe social e que o adotado tivesse todas as qualidades
apreciadas num filho6
Jaacute o Coacutedigo de Hamurabi eacute considerado o documento mais antigo que se tenha
notiacutecia antes de Cristo O instituto no Coacutedigo de Hamurabi era conhecido como ldquoSentenccedilas
de Direitordquo traz em seus artigos 185 a 193 e o define como ldquomacircrucircturdquoArt 185 ndash Se algueacutem
toma em adoccedilatildeo uma crianccedila ou a educa esta natildeo pode ser reclamadardquo7
Nas passagens biacuteblicas eacute possiacutevel exemplificarmos algumas dessas noccedilotildees do
instituto da adoccedilatildeo ao relatarmos alguns casos como a histoacuteria de Moiseacutes que foi adotado
por Termulus quando o encontrou agraves margens do Rio Nilo na de Mordecai que criou Eacutester
como uma irmatilde e ainda na proacutepria histoacuteria de Joseacute do Egito adotado por Potifar8
Os Hebreus chamavam a adoccedilatildeo pelo nome de ldquoleviratordquo9
De acordo com a Biacuteblia poderiam adotar tanto o pai como a matildee e a adoccedilatildeo soacute se
dava entre parentes A mulher esteacuteril poderia adotar os filhos da serva que ela havia
conduzido ao taacutelamo do marido10
__________ 5 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Luacutemen Iuris 1996 p 21 6 Op cit p 12 p 21 7 Op cit p 12 p 25 8 SZNICK Waldir Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 26 9 Op cit p 12 p 26 10 Op cit p 12 p 26
Para os Romanos a adoccedilatildeo era o ato legislativo pelo qual algueacutem perfilha um filho
que natildeo se gerou tendo em vista a necessidade da perpetuaccedilatildeo do culto domeacutestico que
tinha um valor sacral Para os romanos havia dois tipos de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo e a
adrogatio11
A adoccedilatildeo ou adoptio era instituto de direito privado destinado ao alieni juacuteris para
quem tivesse sob o paacutetrio poder da Lei das XII Taacutebuas Jaacute a adrogatio pertencia ao direito
puacuteblico a doaccedilatildeo de sui juacuteris como filho na famiacutelia de um pater famiacutelias12
Para os Gregos a adoccedilatildeo rompia todos os laccedilos da famiacutelia anterior sequer poderia
prestar o funeral dos pais anteriores A adoccedilatildeo tinha o nome de Teacutesis tambeacutem conhecida
como Ampasis13
O Direito Canocircnico desconheceu a adoccedilatildeo ateacute certo ponto e se manifestava com
reservas A igreja via a adoccedilatildeo como uma ressalva ao casamento e agrave constituiccedilatildeo da famiacutelia
legiacutetima como uma das possibilidades de se fraudar as normas vigentes que proibiam o
reconhecimento de filhos adulterinos e incestuosos14
Na Idade Meacutedia a adoccedilatildeo sucede ao processo histoacuterico da famiacutelia romana tecircm o
mesmo objetivo destinado ao culto domeacutestico daqueles que natildeo tinham descendentes
Nessa eacutepoca Justiniano reformou o instituto da adoccedilatildeo seguindo as linhas das instituiccedilotildees
orientais em especial as helecircnicas mas permanecendo a adoccedilatildeo claacutessica 15
Portanto nesse periacuteodo Justiniano a adoccedilatildeo era o ato solene pelo qual se admite em
lugar de filho quem por natureza natildeo ostenta tal qualidade16
_____________ 11 ZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 27 12 Op cit p 13 p 32 13 Op cit p 13 p 26 14 WALD Arnoldo O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo PauloSaraiva 15 SIQUEIRA Liboacuterni Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 35 16 Op cit p13 p 35
Na eacutepoca moderna o instituto da adoccedilatildeo teve a sua inspiraccedilatildeo no Direito Romano
sendo encontrado no Coacutedigo de 1683 promulgado na Dinamarca por Christian V Na
Alemanha tal instituto encontra-se no Coacutedigo de Pressuniano promulgado por Frederico
Guilherme II em 1751 e no Codex Maximilianus da Bavaacuteria de 175617
Essa legislaccedilatildeo influenciou o Coacutedigo Napoleocircnico de 1791 apesar da normativa
sobre o instituto da adoccedilatildeo natildeo houve uma aceitaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo frequumlente tendo em vista
a suspeita de favorecimento a fraude e agrave lei fiscal18
O Coacutedigo Napoleocircnico de 1971 contemplava quatro tipos de adoccedilatildeo19
a) adoccedilatildeo ordinaacuteria ndash depende de homologaccedilatildeo judicial permitida a maiores de50 anos
e diferenccedila de 15 anos entre o adotado altera nome tem direitos sucessoacuterios
b) adoccedilatildeo remuneratoacuteria ndash destinada a quem tivesse salvo a vida do adotando
irrevogaacutevel
c) adoccedilatildeo testamentaacuteria ndash permitida ao tutor apoacutes 5 anos de tutela
d) tutela oficiosa ndash uma espeacutecie de adoccedilatildeo provisoacuteria em favor dos menores
Por fim as Ordenaccedilotildees advieram do direito geral portuguecircs primeiro as Ordenaccedilotildees
Afonsinas de 1446 a 1514 que para o Brasil entraram em vigor agrave partir de 1500 sendo esta
substituiacuteda pelas Ordenaccedilotildees Manuelinas em 1514 e por uacuteltimo as Ordenaccedilotildees Filipinas em
1603 que vigoraram ateacute a promulgaccedilatildeo do da Lei nordm Coacutedigo Civil em 191620
_____________ 17 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo PauloLeud 1999 p 40 18 Op cit p 14 p 40 19 Op cit p 14 p 41 20 Op cit p 14 p 41
Nessa fase a adoccedilatildeo era regulada por inuacutemeros textos e passagens sem uma norma
especiacutefica
Com as Ordenaccedilotildees o instituto adquiriu o nome de perfilhamento e tinha como
objetivo tornar como herdeiro na sucessatildeo o filho tido mesmo que fosse o filho espuacuterio ou
o filho adulterino21
Com a independecircncia as Ordenaccedilotildees passaram a perder a sua validade em nosso
ordenamento juriacutedicoem virtude dos inuacutemeros diplomas e regulamentos que passaram a
vigorar na eacutepoca poreacutem a revogaccedilatildeo total soacute ocorreu com o advento do Coacutedigo Civil de
191622
12 CONCEITO
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de
solidariedade ou seja a chance de crianccedilas e adolescentes de terem um lar uma famiacutelia jaacute
que foram desprovidos de alguma forma de seus familiares
Para o conceito de adoccedilatildeo existem vaacuterias definiccedilotildees Em uma conceituaccedilatildeo simples e
clara podemos dizer que a adoccedilatildeo eacute um ato juriacutedico que tem por finalidade criar entre duas
pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue23
Ainda pode ser definida como o ato de ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco civil
portanto de suma importacircncia para a sociedade brasileira tendo em vista que tal ato
juriacutedico coaduna na esfera da vontade dos particulares com a devida permissatildeo da lei
__________ 21 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 42 22 Op cit p 15 p 42 23 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147
criando entre essas pessoas estranhas uma relaccedilatildeo anaacuteloga como agraves oriundas da filiaccedilatildeo
legiacutetima24
A adoccedilatildeo tambeacutem pode ser conceituada como o ato juriacutedico pelo qual o viacutenculo
familiar eacute criado em virtude do proacuteprio ato pelo legislador25
Alguns autores definem a adoccedilatildeo apenas como o instituto que daacute ao filho adotivo o
status idecircntico ao do filho legiacutetimo
Passamos a analisar a conceituaccedilatildeo dos seguintes juristas
Para Clovis Bevilacqua a adoccedilatildeo se destinava a suprir a falta de filho que tem como
ato civil aacute aceitaccedilatildeo de um estranho como filho26
Para a Profa Maria Helena Diniz a adoccedilatildeo eacute uma instituiccedilatildeo de caraacuteter humanitaacuterio
que tem por um lado dar aqueles a quem a natureza negou um lar e uma famiacutelia e por outro
lado a uma finalidade assistencial constituindo um meio de melhorar a condiccedilatildeo moral e
material do adotado27
Para Walter Gaspar a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica a qual se estabelece uma relaccedilatildeo
de parentesco que independe do fato natural da procriaccedilatildeo28
Para Orlando Gomes a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece independente
do fato natural o viacutenculo de filiaccedilatildeo legal que permite a constituiccedilatildeo entre duas pessoas do
laccedilo de parentesco do primeiro grau em linha reta29
_________ 24 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 25 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 26 Op cit p 16 p 63 27 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 28 GASPAR Walter Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003 p 315 29 ORLANDO Gomes Instituiccedilotildees de Direito Civil Satildeo Paulo Forense1996 p 226
Jose Maria Leoni Lopes de Oliveira define a adoccedilatildeo como um instituto juriacutedico que
procura imitar a filiaccedilatildeo natural30
Para Silvio Rodrigues a adoccedilatildeo eacute o ato do adotante pelo qual ele traz para a sua
famiacutelia e na condiccedilatildeo de filho pessoa que lhe eacute estranha31
Para Caio Mario da Silva a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual uma pessoa recebe
outra como filho independentemente de existir entre elas qualquer relaccedilatildeo de parentesco
cosanguiacuteneo ou afim32
Para Antunes Varella a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece entre duas
pessoas adotante de um lado e adotado de outro independente dos laccedilos de sangueuma
relaccedilatildeo legal de filiaccedilatildeo33
Para o Prof Arnoldo Wald a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco
civil Eacute um ato juriacutedico bilateral que gera laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre pessoas para
as quais tal relaccedilatildeo inexiste materialmente34
Para Carbonnier a filiaccedilatildeo adotiva eacute uma filiaccedilatildeo puramente juriacutedica que repousa
na pressuposiccedilatildeo de uma realidade natildeo bioloacutegica mas afetiva35
E para Dusi a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico solene em virtude do qual agrave vontade dos
particulares com a permissatildeo da lei cria entre pessoas naturalmente estranhas uma a outra
relaccedilotildees anaacutelogas as oriundas da filiaccedilatildeo legiacutetima36
__________ 31 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147 32 Direito Civil ndash Famiacutelia Satildeo Paulo Forense 1999 p330 48 op Cit p 17 p 330 33 Op Cit p 17 p 148 534WALD Arnold O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 35 Op cit p 17 apud Droit Civil 2 ndash La Famile nordm 354 p 519 36 Op cit p 17 p 217
No contexto das diversas definiccedilotildees atribuiacutedas a adoccedilatildeo podemos
verificar que esta se contrapotildee-se a filiaccedilatildeo legiacutetima ou natural por
sua caracteriacutestica artificial pois resulta da manifestaccedilatildeo de vontade e
de sentenccedila judicial Enquanto a filiaccedilatildeo natural tem seu viacutenculo
formado apenas no sangue
Contudo os efeitos da adoccedilatildeo em nosso ordenamento juriacutedico geram
as mesmas relaccedilotildees da filiaccedilatildeo natural
13 NATUREZA JURIacuteDICA
A natureza juriacutedica da adoccedilatildeo sempre foi muito controvertida para alguns
doutrinadores a adoccedilatildeo apenas eacute uma relaccedilatildeo juriacutedica enquanto para outros eacute negoacutecio
unilateral tendo em vista a vontade do adotante37
Com o passar dos tempos a mudou a sua finalidade antes se destinava
a atender aos interesses religiosos dos adotantes hoje se preocupa
mais com o interesse dos adotados objetivando proporcionar uma
famiacutelia38
A dificuldade em definir a natureza juriacutedica da adoccedilatildeo decorre da sua
natureza e da origem do seu ato
Assim para alguns autores adoccedilatildeo seria uma forma de contrato
devido agrave bilateralidade do ato pois eacute preciso a manifestaccedilatildeo de duas
vontades a do adotante e do adotado Sendo que agraves vezes o adotado eacute
representado poreacutem a vontade do adotando inexiste em algumas
situaccedilotildees o que dificulta a compreensatildeo dessa doutrina39
__________ 37 Op cit p 17 p 320 38 Op cit p 17 p 149 39 Op cit p 17 p 320
Para outros autores a adoccedilatildeo eacute instituto juriacutedico de ordem puacuteblica sendo necessaacuterio
a manifestaccedilatildeo do Estado declarando ou natildeo a adoccedilatildeo40
No Coacutedigo Civil de 1916 a adoccedilatildeo tinha a natureza de contrato
devido agrave solenidade exigida na lei da escritura puacuteblica realccedilando a
natureza negocial do instituto como contrato de famiacutelia disposto no
artigo 37541
Nessa eacutepoca havia duas formas distintas de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo simples
e a adoccedilatildeo plena e cada uma delas apresentava natureza proacutepria42
No Estatuto natildeo prevalece apenas a bilateralidade de vontades pois o Estado
participa de forma ativa exigindo-se tambeacutem uma sentenccedila judicial pois sem esta natildeo
haveraacute adoccedilatildeo 43
O Coacutedigo Civil de 2002 requer a presenccedila dos adotantes do Estado e somente
ocorreraacute se for atraveacutes de sentenccedila judicial
Pode-se assim concluir que a adoccedilatildeo eacute um ato complexo o
qual tem na sua primeira fase um caraacuteter negocial em seguida a
manifestaccedilatildeo de vontade dos adotantes e adotados e em sua segunda
fase tem caraacuteter judicial a fim de verificar a conveniecircncia ou natildeo da
adoccedilatildeo que culmina com a sentenccedila judicial44
Portanto a accedilatildeo de adoccedilatildeo eacute accedilatildeo do estado de caraacuteter constitutivo
conferindo a posiccedilatildeo de filho ao adotado atraveacutes de sentenccedila judicial
____________ 40 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p320 41 Op cit p 19 p 316
42 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Rio de Janeiro Atlas 2001 p 257 43 Op cit p 19 p 320
44 Op cit p 19 p 316 14 EVOLUCcedilAtildeO LEGISLATIVA DA ADOCcedilAtildeO
No Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 3071 de 01 de maio de 1916 vigoravam as
Ordenaccedilotildees Afonsinas Filipinas e Manuelinas45
Com o advento do Coacutedigo Civil de 1916 ocorreu a sistematizaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos
artigos 368 a 378 de caraacuteter essencialmente privado
Todavia o nosso direito paacutetrio da eacutepoca revelava as influecircncias do direito romano
do direito canocircnico das Ordenaccedilotildees Afonsinas Manuelinas e Filipinas46
No coacutedigo de 1916 a adoccedilatildeo era definida como o ato civil pelo qual algueacutem aceita
um estranho na qualidade de filho contudo tal conceito trazia consigo as suas restriccedilotildees47
Nessa eacutepoca havia restriccedilotildees quanto agrave adoccedilatildeo pois a mesma se destinava a habilitar
pessoas com mais de 50 anos exigindo a diferenccedila miacutenima de 18 anos entre adotado e
adotante e natildeo haveria direito de sucessatildeo ao adotado
Em 1957 adveio o Estatuto da adoccedilatildeo - Lei nordm 3133 de 08 de maio de 1957 E em
1979 o Coacutedigo de Menores Lei nordm 6667 de 10 de outubro de 1979 ambos traziam algumas
modificaccedilotildees que eliminava certas restriccedilotildees do Coacutedigo Civil de 191648
Algumas dessas modificaccedilotildees trazidas foi a de possibilidade de se adotar aos 30
anos e a diferenccedila de idade entre adotando e adotado passou a ser de 16 anos eliminou-se
tambeacutem o preacute-requisito de que somente casais sem filhos poderiam adotar49
______________ 45 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 38 46 Opcit p 20 p 42 47 Opcit p 20 p 84 48 Opcit p 20 p 40 49 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo em 1988 e com o advento do Estatuto da
Crianccedila e do Adolescente ndash ECA em 1990 consegui-se eliminar todas as restriccedilotildees
pertinentes agrave diferenccedila entre filhos adotivos ilegiacutetimos eou aduacutelterinos50
Assim hoje o filho adotivo tem os mesmos direitos garantias e deveres dos filhos
bioloacutegicos artigo 227 sectordm da CRFB
A partir de 1990 as regras da adoccedilatildeo passaram a visar mais os interesses direitos e
reais e necessidades dos adotandos O que se pretendia era encontrar uma famiacutelia adequada
aos menores e natildeo a busca de uma crianccedila para aqueles que pretendem adotar51
Jaacute o novo Coacutedigo Civil trata desse instituto da aceitaccedilatildeo legal de estranho no seio
familiar nos artigos 1618 a 1629 passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que
originariamente natildeo eacute criando com este laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com todos os
direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo inexiste
naturalmente52
E corroborando com o instituto da adoccedilatildeo o nosso texto constitucional assegura em
seu artigo 227 o direito de se ter uma famiacutelia o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave
educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura ao respeito agrave dignidade agrave liberdade e a
convivecircncia familiar 53
Esse direito de se ter uma famiacutelia consagrado na Carta Magna adveacutem do direito
positivo brasileiro do direito natural do simples direito de se ter um lar
__________ 50 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 150 51 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41 52 As modificaccedilotildees introduzidas agrave partir do advento do Novo Coacutedigo Civil ndash Lei nordm 1040602 53 CONSTITUICcedilAcircO FEDERAL EC nordm 45 Rio de Janeiro 2005 p 149
A adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia da proteccedilatildeo ao adotado e cuja finalidade
eacute a de dar um lar aos menores criando para esses menores um ambiente familiar e o
equiparando o adotado como filho legiacutetimo
Egrave um instituto de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo agravequeles que precisam de um
lar amor carinho e dignidade
Tem por finalidade fundamental dar filhos agravequeles que natildeo podem ter
biologicamente e de dar pais agravequeles que se encontram desamparados por algum motivo
Assim a adoccedilatildeo que fugir desses paracircmetros a que estaacute destinada estaraacute distorcendo a
finalidade do ordenamento a que lei se destina
Ficando constatado que a adoccedilatildeo no Brasil constitui um imperativo de ordem eacutetica
de natureza constitucional pois natildeo se pode construir uma sociedade mentalmente satilde sobre
as bases de abandono de crianccedilas os futuros homens de amanhatilde
CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
A adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil de 1916 era regulada nos artigos de 368 a 378 Nesse
Coacutedigo havia previsatildeo legal para duas modalidades de adoccedilatildeo54
A adoccedilatildeo simples estabelecia o viacutenculo de filiaccedilatildeo entre adotante e adotado
podendo o adotante ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos regia-se pelo Coacutedigo
Civil de 1916 e pela Lei nordm 313355
A adoccedilatildeo plena era espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser
irrevogavelmente para todos os efeitos legais a ser filhos dos adotantes desligando-se de
qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais
introduzido pela Lei nordm 669779
Nesse Coacutedigo Civil a adoccedilatildeo aplicava-se aos maiores de 18 anos e realccedilava a sua
natureza negocial do instituto tendo em vista a solenidade da escritura puacuteblica que a lei
exigia como contrato de direito de famiacutelia Somente seria a adoccedilatildeo consumada com a
devida averbaccedilatildeo da escritura no registro civil e no ato da adoccedilatildeo seriam declarados quais
os nomes da famiacutelia passaria o adotado a usar
Eram requisitos para adoccedilatildeo nesta legislaccedilatildeo de 1916 que o adotante fosse 16 anos
mais velho que o adotando com mais de 30 anos de idade se o adotante fosse casado o
casamento deveria ter duraccedilatildeo superior agrave cinco anos duas pessoas natildeo poderiam adotar
conjuntamente se natildeo forem marido e mulher e o adotando com maior de 18 anos o tutor
ou curador poderiam adotar depois de prestadas as contas ocorria atraveacutes de escritura
puacuteblica havia previsatildeo de adoccedilatildeo por estrangeiros sem restriccedilatildeo55
______________ 54 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 55 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p 323
Com o advento da Lei nordm 104062002 o instituto da adoccedilatildeo passou a ser tratado nos
artigos de 1618 a 1629 como jaacute mencionado E por conta da nova legislaccedilatildeo a adoccedilatildeo
simples e a adoccedilatildeo plena deixam de existir passando a adoccedilatildeo ser irrestrita 56
Hoje o Novo Coacutedigo - Lei nordm 104062002 se preocupa em seus artigos com a
adoccedilatildeo de forma global ou seja com a adoccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes e principalmente
com a primazia do interesse do adotado
Assim o instituto da adoccedilatildeo passa a ser regido nos seguintes termos57
No art 1618 Somente pessoa maior de dezoito anos pode adotar
Analisando este artigo pode-se constatar que houve a reduccedilatildeo da idade miacutenima para
adotar antes exigida de 35 anos
E em seu Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo poderaacute ser formalizada por ambos os cocircnjuges
ou companheiros desde que um deles tenha completado dezoito anos de idade comprovada
a estabilidade da famiacutelia
Os artigos 1619 e 1620 natildeo tiveram alteradas a sua redaccedilatildeo
De acordo com o artigo 1619 o adotante haacute de ser pelo menos dezesseis anos mais
velho que o adotado E no artigo 1620 enquanto natildeo der contas de sua administraccedilatildeo e natildeo
saldar o deacutebito natildeo poderaacute o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o curatelado
O artigo 1621 descreve que a adoccedilatildeo depende de consentimento dos pais ou dos
representantes legais de quem se deseja adotar e da concordacircncia deste se contar mais de
doze anos
______________
56 Op cit p 23 p 425
57 Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003 p 452-459
sect 1o O consentimento seraacute dispensado em relaccedilatildeo agrave crianccedila ou adolescente cujos
pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder familiar
sect 2o O consentimento previsto no caput eacute revogaacutevel ateacute a publicaccedilatildeo da sentenccedila
constitutiva da adoccedilatildeo
O novo dispositivo diminui a idade miacutenima do adotado para manifestar o seu
consentimento para 12 anos no regime anterior era de 14 anos
De acordo co o artigo 1622 ningueacutem poderaacute ser adotado por duas pessoas salvo se
forem marido e mulher ou se viverem em uniatildeo estaacutevel
Neste artigo foi acrescentado o paraacutegrafo uacutenico que acrescenta a posiccedilatildeo da adoccedilatildeo
por companheiros ou daqueles que vivem em uniatildeo estaacutevel
Paraacutegrafo uacutenico Os divorciados e os judicialmente separados poderatildeo adotar
conjuntamente contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o
estaacutegio de convivecircncia tenha sido iniciado na constacircncia da sociedade conjugal
No artigo 1623 a adoccedilatildeo obedeceraacute a processo judicial observados os requisitos
estabelecidos neste Coacutedigo
Houve acreacutescimo na nova legislaccedilatildeo apenas do paraacutegrafo uacutenico ao qual foi atribuiacuteda a
seguinte redaccedilatildeo
Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo de maiores de dezoito anos dependeraacute igualmente da
assistecircncia efetiva do Poder Puacuteblico e de sentenccedila constitutiva
No artigo 1624 Houve a substituiccedilatildeo do ldquopaacutetrio poderrdquo por ldquopoder familiarrdquo sendo
ainda suprimida a palavra ldquomenor abandonadordquo trazido na legislaccedilatildeo de 1916
Assim dispotildee o artigo citado em que natildeo haacute necessidade do consentimento do
representante legal do menor se provado que se trata de infante exposto ou de menor cujos
pais sejam desconhecidos estejam desaparecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder
familiar sem nomeaccedilatildeo de tutor ou de oacuterfatildeo natildeo reclamado por qualquer parente por mais
de um ano
De acordo com o artigo 1625 somente seraacute admitida a adoccedilatildeo que constituir efetivo
benefiacutecio para o adotando sendo matida a mesma redaccedilatildeo
Jaacute no artigo 1626 houve acreacutescimo do paraacutegrafo uacutenico
Dipondo a seguinte redaccedilatildeo o caput a adoccedilatildeo atribui a situaccedilatildeo de filho ao adotado
desligando-o de qualquer viacutenculo com os pais e parentes consanguumliacuteneos salvo quanto aos
impedimentos para o casamento
Paraacutegrafo uacutenico se um dos cocircnjuges ou companheiros adota o filho do outro
mantecircm-se os viacutenculos de filiaccedilatildeo entre o adotado e o cocircnjuge ou companheiro do adotante
e os respectivos parentes
Com relaccedilatildeo ao artigo 1627 permaneceu a mesma redaccedilatildeo com relaccedilatildeo a decisatildeo que
confere ao adotado o sobrenome do adotante podendo determinar a modificaccedilatildeo de seu
prenome se menor a pedido do adotante ou do adotado
No artigo abaixo descrito houve a adequaccedilatildeo ao dispositivo de moda a resguardar o
princiacutepio constitucional da plena igualdade entre filhos bioloacutegicos e adotados
Dispotildee o artigo 1628 que os efeitos da adoccedilatildeo comeccedilam a partir do tracircnsito em
julgado da sentenccedila exceto se o adotante vier a falecer no curso do procedimento caso em
que teraacute forccedila retroativa agrave data do oacutebito As relaccedilotildees de parentesco se estabelecem natildeo soacute
entre o adotante e o adotado como tambeacutem entre aquele e os descendentes deste e entre o
adotado e todos os parentes do adotante
Natildeo houve alteraccedilatildeo na redaccedilatildeo do artigo 1629 apenas tal dispositivo tem o
objetivo de ajustar o Novo Coacutedigo Civil agrave lei superveniente ou seja Estatuto da Crianccedila e
do Adolescente
Dispondo o referido artigo a seguinte redaccedilatildeo a adoccedilatildeo por estrangeiro obedeceraacute
aos casos e condiccedilotildees que forem estabelecidos em lei
Assim pode-se concluir que na falta de norma reguladora para o instituto da adoccedilatildeo
desde que natildeo conflite com o Coacutedigo Civil deveraacute ser aplicado analogicamente o Estatuto da
Crianccedila e do Adolescente
Ainda constata-se que o Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute
maior de 18 anos passando o instituto da adoccedilatildeo a ser irrestrito trazendo importantes
reflexos ao nosso ordenamento juriacutedico paacutetrio no que diz respeito aos direitos da
personalidade e nos direitos sucessoacuterios Enquanto o antigo Coacutedigo Civil Brasileiro de 1916
adotava o sistema da manifestaccedilatildeo de vontade
Atualmente o Coacutedigo Civil vigente e o Estatuto da Crianccedila adotam o sistema da
sentenccedila judicial sendo que o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo para os
menores de 18 anos o que natildeo exime que a adoccedilatildeo de menor de 18 anos seja feita pelo
Coacutedigo Civil58
De acordo com a legislaccedilatildeo civil podemos conceituar a adoccedilatildeo como o ato de
filiaccedilatildeo juriacutedica que pressupotildee de afetividade e natildeo de relaccedilatildeo bioloacutegica passando o
adotado a ser tratado como se fosse filho natural constituiacutedo em benefiacutecio do adotando
_____________ 58 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 irretrataacutevel e perpeacutetuo depois de consumado que cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com
todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo
inexistia naturalmente
De forma simples podemos definir a adoccedilatildeo como modalidade de filiaccedilatildeo civil que
busca imitar a filiaccedilatildeo natural dependente da vontade de adotante e adotado e por via de
sentenccedila judicial
Assim torna-se inafastaacutevel a utilidade do instituto da adoccedilatildeo em relaccedilatildeo ao menor
carente ou em estado de abandono pois eacute de interesse do Estado a inserccedilatildeo desse menor em
um ambiente familiar
Fica claro que o instituto da adoccedilatildeo eacute de caraacuteter humanitaacuterio que tem por um lado o
escopo de proporcionar agravequeles que a quem a natureza negou filhos e por outro lado
constitui a finalidade assistencial de melhorar a condiccedilatildeo moral e material do futuro
adotado
Mas ainda muito haacute de se defender em prol do instituto da adoccedilatildeo no Brasil natildeo soacute
como forma de projeto de cidadania mas tambeacutem como forma de vida digna a aqueles que
natildeo tem um lar principalmente ao que refere aos direitos de adoccedilatildeo internacional e ainda ao
direito de adoccedilatildeo por casais homossexuais
22 REQUISITOS DA ADOCcedilAtildeO
221 Requisitos Formais
Satildeo alguns requisitos formais para a adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil vigente59
efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal
ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)
____________ 59 VENOSASilvio de Salvo Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003p349
efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal
ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)
diferenccedila miacutenima de idade entre o adotante e o adotado (artigo 1619)
consentimento do adotado de seus pais ou de seu representante (artigos 1621 sect 1ordm e
1624)
intervenccedilatildeo judicial na sua criaccedilatildeo pois somente se aperfeiccediloa perante o juiz atraveacutes de
processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico (artigo 1623 paraacutegrafo uacutenico)
irrevogabilidade (artigo 1626 caput)
estaacutegio de convivecircncia (1622 paraacutegrafo uacutenico 1ordfparte)
comprovaccedilatildeo de estabilidade familiar (artigo 1618 paraacutegrafo uacutenico in fine)
23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO
A adoccedilatildeo se daacute atraveacutes de um processo judicial perante o juiz com competecircncia na
aacuterea da infacircncia e juventude que iraacute conhecer dos pedidos da adoccedilatildeo e os seus incidentes
entre os quais a destituiccedilatildeo do paacutetrio poder e guarda para fins da adoccedilatildeo
Vislumbram-se duas hipoacuteteses em que se adota ou a famiacutelia jaacute convive com a
crianccedila ou adolescente que pretende adotar ou a famiacutelia estaacute a procura de uma crianccedila para
que venha a adotar
Na primeira hipoacutetese devem os interessados ajuizar o pedido de adoccedilatildeo atraveacutes de
advogado ou defensor puacuteblico que formularaacute o pedido diretamente em cartoacuterio atraveacutes de
peticcedilatildeo assinada pelos requerentes quando os pais forem falecidos tiverem sido destituiacutedos
do paacutetrio poder ou houverem aderido expressamente ao pedido os pais bioloacutegicos quando
conhecidos satildeo citados para querendo contestarem o pedido julgando o juiz ao final de
acordo com o interesse superior da crianccedila e do adolescente
Na segunda hipoacutetese os interessados devem requerer sua inscriccedilatildeo no cadastro do
juiacutezo de pessoas interessadas em adotar A partir daiacute instaura-se um procedimento no qual
seratildeo ouvidos pela equipe teacutecnica do juiacutezo (assistentes sociais eou psicoacutelogos) e antes da
decisatildeo que deferir a inscriccedilatildeo o Ministeacuterio Puacuteblico assistiraacute ao pedido de adoccedilatildeo conforme
previsto no artigo 227 sect5ordm da Constituiccedilatildeo Federal e emitiraacute parecer
Em seguida seratildeo incluiacutedos em grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo cujas vagas seratildeo
preenchidas de acordo com a ordem de ajuizamento do pedido de habilitaccedilatildeo respeitados os
criteacuterios estabelecidos
Os grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo possuem duraccedilatildeo prevista de 60 dias e visam
auxiliar os interessados em adotar Habilitados e inscritos no cadastro os interessados
recebem um certificado com validade de 2 anos
Satildeo necessaacuterios os seguintes documentos60
certidatildeo de casamento
atestado de residecircncia
folha de antecedentes criminais
prova de idoneidade fiacutesica e moral
prova de abandono do menor
destituiccedilatildeo do paacutetrio poder
atestado de sanidade fiacutesica
________________ 60 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
A adoccedilatildeo constitui-se por sentenccedila sendo necessaacuterio que 61
a peticcedilatildeo Inicial com os requisitos do artigo 35
se na inicial vier a concordacircncia dos pais do adotando seratildeo ouvidos pelo juiz e pelo
representante do Ministeacuterio Puacuteblico lavrando-se o termo
a autoridade juriacutedica de ofiacutecio ou o requerimento das partes e do Ministeacuterio Puacuteblico
determinaraacute a realizaccedilatildeo de estudo social ou se possiacutevel periacutecia por equipe profissional
decidindo sobre o estaacutegio de convivecircncia
Apresentado o laudo e ouvido o adotando teraacute vistas o Ministeacuterio Puacutebico
apoacutes a manifestaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico no prazo tambeacutem de 5 (cinco) dias o
juiz proferiraacute a sentenccedila
A sentenccedila judicial transitada em julgado seraacute inserida no registro civil mediante mandado do qual natildeo
se forneceraacute certidatildeo O mandado judicial cancelaraacute o registro de nascimento original do menor conforme
o artigo 16 da Lei nordm 601573 E a inscriccedilatildeo no registro constaraacute o nome dos adotantes
como pais e o nome dos seus ascendentes Assim o menor ingressa na famiacutelia do adotante
se desvinculando da famiacutelia natural
24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO
241 Efeitos pessoais
Satildeo alguns efeitos pessoais decorrentes da adoccedilatildeo62
____________________
61 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1996 p 60 62 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 430
rompimento automaacutetico do viacutenculo de parentesco com a famiacutelia de origem salvo os
impedimentos matrimocircniais (artigo 1626)
estabelecimento de verdadeiros laccedilos de parentesco civil entre adotante e adotado
abrangendo a famiacutelia do adotante (artigo 15282ordf parte)
transferecircncia definitiva e de pleno direito do poder familiar para o adotante se o adotante
for menor (artigo 1630 1634 1635 inciso V)
liberdade razoaacutevel em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo do nome do adotado (1627)
possibilidade de promoccedilatildeo da interdiccedilatildeo e inabilitaccedilatildeo do pai ou matildee adotiva pelo
adotado ou vice-versa (artigo 1768)
determinaccedilatildeo do domiacutecilio do adotado menor de idade que adquire o do adotante
242 Efeitos patrimoniais
Satildeo alguns efeitos patrimoniais produzidos pela adoccedilatildeo63
direito do adotante de administraccedilatildeo e ususfruto dos bens do adotado menor (artigo 1689
1691e 1693)
obrigaccedilatildeo do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar (artigo
1634)
dever do adotante de prestar alimentos ao adotado (artigo 1694 1696 e 1697)
direito a indenizaccedilatildeo do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante
responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menor de idade
______________
81 Op cit p 31 p 432
direito sucessoacuterio do adotado visto que se equipara ao filho advindo de parentesco
cosanguineo herdado em concorrecircncia com o cocircnjuge sobrevivente ou convivente do
falecido na qualidade de descendente do autor da heranccedila afastando todos os demais
herdeiros do adotante que natildeo tenham a qualidade de filho (artigo 1829 inciso I e
1790incisos I e II)
reciprocidade nos efeitos sucessoacuterios (artigo 1829 inciso II e 1790 inciso III)
filho adotivo natildeo estaacute compreendido na exceccedilatildeo do Coacutedigo Civil artigo 1790 inciso I
rompimento de testamento se sobrevier filho adotivo (artigo 1973)
direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciaacuterio (artigo 1951 a 1960)
superviniecircncia de filho adotivo pode revogar doaccedilotildees feitas pelo adotante ( artigo 1846 e
1789)
Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso
de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do
oacutebito64
25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO
Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se
obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do
negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do
ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade
____________
64 Op cit p 32 p 435
deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea
A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-
se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico
Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade
anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo
251 Nulidade da adoccedilatildeo
Seraacute nula a adoccedilatildeo que65
em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16
anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619
a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a
mesma pessoa (artigo 1622)
o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)
vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude
252 Anulabilidade da adoccedilatildeo
Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66
a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente
incapaz
ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado
____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435
consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz
vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores
a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado
253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo
Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67
pela falta de consentimento do adotante e adotado
pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou
interdiccedilatildeo civil
pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico
26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO
A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes
motivos68
pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil
Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a
madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave
enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou
neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade
pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil
____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437
Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste
contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a
honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila
pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue
quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva
pela morte do adotante e adotado
27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO
Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a
finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo
avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante
e adotado69
Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute
prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com
facilidade a nova famiacutelia
O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a
ser adotado
Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a
extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo
atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil
____________
69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340
28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das
crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a
prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave
poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato
infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e
ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70
A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual
adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou
tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da
juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil
Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida
familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco
passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado
29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL
A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e
do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da
Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave
crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave
educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave
__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41
convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71
Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada
por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por
procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da
adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda
de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida
pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo
por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72
Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo
de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes
independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos
havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e
qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73
Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos
adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do
bem estar do adotado
210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO
A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser
incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e
educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta
assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria
___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438
Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como
com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo
dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos
pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco
pessoal e social nas ruas das grandes cidades
Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia
importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees
sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia
Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem
por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades
coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e
ceacutelere
Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria
com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e
defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do
proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os
procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados
Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo
atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o
instituto da adoccedilatildeo
A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de
_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em
lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que
querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave
crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico
educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e
na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos
e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o
desenvolvimento da cidadania
Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que
tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria
Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir
211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO
Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75
Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma
simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo
A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais
os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a
situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem
adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda
________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser
proporcionada pelas pessoas sem adotar
Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva
jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os
interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais
vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito
simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses
O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida
cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior
(adoccedilatildeo internacional)
CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees
estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil
Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente
A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida
excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido
por pessoa residente no Paiacutes
A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico
conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei
supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida
sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76
Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo
juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a
decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham
falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm
80699077
Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da
Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da
CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia
____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464
Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por
estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos
interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas
atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os
bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal
intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando
verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em
moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias
maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado
enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees
escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos
especialmente do menorrdquo78
Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante
nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado
tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a
perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e
economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila
passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco
e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79
Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas
___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438
Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil
A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver
medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo
internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda
possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o
seu ingresso em famiacutelia substituta
Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo
internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem
conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas
Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em
seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser
interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores
para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que
visem lucro80
Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas
pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator
determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas
famiacutelias substitutas
32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR
ESTRANGEIROS
A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo
seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e
condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________
80 Op Cit p 44 p 438
parte de estrangeiros
Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida
excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo
acarreta o adotante aacute desistecircncia
Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81
impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo
estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro
residente ou domiciliado fora do paiacutes
comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de
seu paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia
especializada e credenciada no paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido
do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico
juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente
autenticados pela autoridade consular
permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a
consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo
Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e
cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no
miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos
de idade
___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439
podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar
prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista
A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82
lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo
reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante
lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica
Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de
Adoccedilatildeo de Menores de 1984)
33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA
A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua
finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores
Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia
prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse
superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas
__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485
A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo
Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de
garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados
contratantes83
Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a
Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo
Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84
requisitos para a adoccedilatildeo internacional
requisitos processuais
reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo
De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo
em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o
interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras
_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486
CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a
grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo
igualmente a possibilidade da poder adotar
A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade
Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas
aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de
constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a
reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois
assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir
famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86
Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a
uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm
sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo
Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87
____________
86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho
mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49
A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios
E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por
homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se
espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem
homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila
se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais
homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos
tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte
de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo
16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo
se forem marido e mulher
Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89
____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da
uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos
homossexuais
42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA
E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a
situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos
casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo
juriacutedica podem os casais homossexuais adotar
No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo
homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes
da jurisprudecircncia
E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a
regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais
Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata
da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo
tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um
dos parceiros90
Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo
5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a
primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei
____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade
Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca
pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do
bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais
homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve
levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo
decidindo sempre pelo bem-estar do menor91
A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece
Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao
adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo
ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia
familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo
()
sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute
casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros
A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee
Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de
estado civil
______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005
Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92
Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que
homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo
poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante
O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de
adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual
diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro
de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93
______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo
da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum
cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito
Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94
Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais
homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95
Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo
sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel
privar os homossexuais do direito agrave adotar96
E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais
flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de
tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar
seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles
que lhe acolhem97
______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53
No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo
barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao
seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira
da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da
histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a
mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para
atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem
a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua
companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de
crianccedilas devem igualmente poder adotar98
Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no
aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes
de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o
preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99
Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida
pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato
Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo
________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53
CONCLUSAtildeO
A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia
E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto
no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio
Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988
Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade
Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente
A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva
Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros
por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores
Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade
Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a
sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do
Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo
Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e
principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que
pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da
adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e
venda de crianccedilas para o estrangeiro
A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente
estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse
baseado nos artigos 1618 a 1629
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52
Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de
amor carinho e solidariedade
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SANTOS Sille Cristina Miranda dos A Adoccedilatildeo agrave Luz da Lei nordm 1040602 (Instituto A Vez do Mestre) Rio de Janeiro AVM 2010 62 p
1 A adoccedilatildeo agrave Luz da Lei nordm 1040602 2 Aspecto Histoacuterico 3 A adoccedilatildeo agrave
eacutegide da nova legislaccedilatildeo civil 4 A adoccedilatildeo internacional 5 Adoccedilatildeo por homossexuais
SILLE CRISTINA MIRANDA DOS SANTOS
A ADOCcedilAtildeO Agrave LUZ DA LEI Nordm 1040602 NOVO COacuteDIGO CIVIL
Prof Francis Rajzman ndash Orientador
Instituto A Vez do Mestre
Examinador
Instituto A Vez do Mestre
Examinador
Instituto A Vez do Mestre
A famiacutelia eacute a ceacutelula formadora de pessoas Eacute o centro da educaccedilatildeo permanente Eacute a semente que faz nascer a feacute Eacute o berccedilo que embala o desenvolvimento Eacute a alma da naccedilatildeo (Liboacuterni Siqueira)
RESUMO
O trabalho de pesquisa monograacutefica tem por objetivo o estudo do instituto da adoccedilatildeo agrave luz do Novo Coacutedigo Civil tratado em seus artigos 1618 a 1629 ao qual assegura aos adotados a prerrogativa de ser tido como filho natural dos adotantes passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que originariamente natildeo ostenta tal qualidade tal instituto constitui em benefiacutecio do adotando a gecircnese do parentesco civil podendo ainda ser definido como o ato juriacutedico bilateral irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo garantindo aos adotados todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes inclusive os de sucessatildeo a heranccedila A adoccedilatildeo eacute a aceitaccedilatildeo voluntaacuteria e legal de uma crianccedila como filho portanto eacute ato irrevogaacutevel pois natildeo poderaacute mais ser desfeito salvo os casos expressos em lei Com a adoccedilatildeo assume-se o paacutetrio poder da crianccedila desligando-a de todo e qualquer viacutenculo com pais bioloacutegicos e seus parentes naturais A adoccedilatildeo judicial daacute proteccedilatildeo especial agrave adoccedilatildeo praticada por estrangeiros garantindo assim os direitos e garantias daqueles que seratildeo adotados em virtude da grande procura de estrangeiros em adotar crianccedilas brasileiras inibindo de certa forma o sequumlestro a venda e o traacutefico de crianccedilas brasileiras Quanto agrave adoccedilatildeo a ser requerida por homossexuais ainda seraacute motivo de muita discussatildeo juriacutedica em nossa Corte Judicial tendo em vista a natildeo aceitaccedilatildeo da nossa sociedade em natildeo aceitar as relaccedilotildees homossexuais Atualmente foi lanccedilado o primeiro Guia de Adoccedilatildeo de Crianccedilas e Adolescentes do Brasil com o intuito de incentivar a praacutetica da adoccedilatildeo e ao mesmo tempo com o intuito de esclarecer agravequeles que queiram adotar todos os procedimentos para da adoccedilatildeo aleacutem de trazer outras formas de soluccedilatildeo para o acolhimento de crianccedilas e adolescentes em famiacutelias substitutas
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO
CAPIacuteTULO 1 ndash ADOCcedilAtildeO
11 LINEAMENTOS HISTOacuteRICOS p 11
12 CONCEITO p 15
13 NATUREZA JURIacuteDICA p 18
14 EVOLUCcedilAtildeO LEGISLATIVA DA ADOCcedilAtildeO p 20
CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
21 ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL p 23
22 REQUSITOS DA ADOCcedilAtildeO p 28
221 Requisitos Formais p 28
23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO p 29
24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO p 31
241 Efeitos Pessoais p 32
242 Efeitos Patrimoniais p 32
25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO
251 Nulidade da adoccedilatildeo p 34
252 Anulabilidade da adoccedilatildeo p 35
253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo p 35
26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO p 35
27 ESTAacuteGIO DE CONVENIEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO p 36
28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DA CRIANCcedilA EDO ADOLESCENTE p 37
29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL p 37
210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO AO INSTITUTO DA ADOCcedilAtildeO p 38
211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO p 41
CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
31 A ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL p 43
32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR ESTRANGEIROS p 45
33 A ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA p 47
CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL P 49
42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA p 51
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAFICAS p 60
A Adoccedilatildeo agrave luz da Lei nordm 104022002 Novo Coacutedigo Civil Sille Cristina Miranda dos Santos 1 ndash Parte Histoacuterica
A adoccedilatildeo eacute um instituto que existe haacute milecircnios de anos Desde os tempos mais
primoacuterdios ateacute os dias atuais pois sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia
Tal instituto pode ser conceituado como o ato juriacutedico pelo qual se perfilha para si
algueacutem na condiccedilatildeo de filho fazendo gerar as relaccedilotildees previstas na famiacutelia bioloacutegica1
Podemos afirmar que o instituto da adoccedilatildeo foi praticado por Egiacutepcios Gregos e
Romanos2 E inclusive na proacutepria Biacuteblia haacute vaacuterias referecircncias sobre o tal instituto como na
histoacuteria de Moiseacutes e de Mordecai dentre outros casos narrados na nossa proacutepria literatura
brasileira bem como na literatura universal3
Com destaque podemos citar que o instituto da adoccedilatildeo eacute um ato de amor e de
solidariedade pois a mis eloquumlente prova desse fato narrado eacute proacuteprio o nascimento de Jesus
Cristo fruto esse concebido pelo Divino Espiacuterito Santo para mostrar que natildeo haacute a
necessidade de casamento da conjunccedilatildeo carnal e de todas as concepccedilotildees do homem para
que se conceba um filho4
Entretanto o Direito Canocircnico desconheceu a adoccedilatildeo e se manifestava com reservas
sobre o instituto A igreja via a adoccedilatildeo como uma ressalva ao casamento e agrave constituiccedilatildeo da
famiacutelia legiacutetima como uma das possibilidades de se fraudar as normas vigentes que
proibiam o reconhecimento de filhos adulterinos e incestuosos5
_____________ 1 VENOSA Silvio de Salvo Direito Civil Direito de FamiacuteliaSatildeo Paulo Atlas 2003 p 315 2 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo noCoacutedigoCivil e no Estatuto do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1993 p 2 3 SZNICK Waldir Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 26 4 Op cit p 1 p 1 5 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo 1999 p 27 2 ndash Natureza Juriacutedica
A natureza juriacutedica do instituto da adoccedilatildeo sempre foi muito controversa tendo em
vista que para alguns doutrinadores a adoccedilatildeo apenas eacute uma relaccedilatildeo juriacutedica e para outros eacute
negoacutecio unilateral tendo em vista a vontade do adotante6
Alguns autores entendem que a adoccedilatildeo seria uma forma de um contrato devido agrave
bilateralidade do ato pois eacute necessaacuterio a manifestaccedilatildeo de duas vontades do adotante e a do
adotado
Para outros autores a adoccedilatildeo eacute instituto juriacutedico de ordem puacuteblica pois eacute preciso a
manifestaccedilatildeo do Estado declarando ou natildeo a possibilidade da adoccedilatildeo
No Estatuto da Crianccedila e do Adolescente natildeo prevalecia apenas a bilateralidade de
vontades pois o Estado participa de forma ativa e necessaacuteria exigindo uma sentenccedila
judicial pois sem esta natildeo haveraacute adoccedilatildeo
Jaacute no Coacutedigo Civil de 1916 tinha a adoccedilatildeo natureza de contrato devido agrave solenidade
exigida na lei da escritura puacuteblica realccedilando a natureza negocial do instituto como contrato
de famiacutelia e havia duas formas distintas de adoccedilatildeo a simples e a plena e cada uma delas
apresentava natureza proacutepria 7
Com o advento do Coacutedigo Civil de 2002 a adoccedilatildeo passou a requerer tambeacutem a
presenccedila Estado dos adotantes e somente dar-se atraveacutes de sentenccedila judicial
Assim ao conceituar o instituto da adoccedilatildeo podemos conjeturar que a adoccedilatildeo se logra
na esfera da vontade dos particulares na forma da lei criando entre essas pessoas estranhas
uma relaccedilatildeo semelhante agraves oriundas da filiaccedilatildeo legiacutetima resultante da filiaccedilatildeo de sangue
_____________ 6 Op cit p 20 p 316 7 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p316 3 ndash Evoluccedilatildeo Legislativa da Adoccedilatildeo
No Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo do Coacutedigo Civil de 1916 vigoravam as Ordenaccedilotildees
Afonsinas Filipinas e Manuelinas advindas do direito portuguecircs
Como advento do Coacutedigo Civil de 1916 ocorreu a sistematizaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos
artigos 368 a 378 que definia a adoccedilatildeo como o ato civil pelo qual algueacutem aceita um
estranho na qualidade de filho contudo tal conceito trazia consigo as suas restriccedilotildees8
a) pessoas com mais de 50 anos exigia-se a diferenccedila miacutenima de 18 anos entre adotado
e adotantee natildeo havia direito de sucessatildeo pois o adotado nada herdaria
Com o advento da Constituinte de 1988 nos paraacutegrafos 5ordm e 6ordm consegui-se eliminar
todas as restriccedilotildees pertinentes agrave diferenccedila entre filhos adotivos ilegiacutetimos passando o filho
adotivo a ter os mesmos direitos garantias e deveres do filho bioloacutegico9
A partir de 1990 o Estatuto passou a regula a adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a
data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou tutela dos adotantes
Jaacute o novo Coacutedigo Civil - Lei nordm 1040602 trata desse instituto nos artigos de 1618 a
1629 passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que originariamente natildeo eacute e com este
cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com todos os direitos e obrigaccedilotildees passando inclusive
a adoccedilatildeo a ser irrestrita10
Ressalto que no Coacutedigo Civil de 1916 havia previsatildeo para a adoccedilatildeo plena e adoccedilatildeo
simples A Adoccedilatildeo Simples era regida pelo Coacutedigo Civil de 1916 e a Lei 313357 era
concernente ao viacutenculo de filiaccedilatildeo que se estabelecia entre adotante e adotado o adotante
poderia ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos11
________________ 8 12 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeiro 1996 p 41 9 Constituiccedilatildeo Federal EC nordm 45 Rio de Janeiro Victor Roma 2005 p 148 10 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003 p 423 11 Opcit p 3 p 424
E Adoccedilatildeo Plena era a espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser
irrevogavelmente para todos os efeitos legais filhos dos adotantes desligando-se de
qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais12
A Lei nordm 806990 ndash ECA ndash Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo
para os menores de 18 anos O Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute
maior de 18 anos E ambos adotam o sistema da sentenccedila judicial
Para que a adoccedilatildeo ocorra e necessaacuterio o cumprimento de diversos requisitos alguns
de aspectos formais outros pessoais e os requisitos processuais que geraram seus efeitos
E por fim ressalto que na adoccedilatildeo poderaacute ocorrer a sua extinccedilatildeo nas modalidades de
nulidade anulabilidade e inexistecircncia13
Quando ocorrer viacutecio de fraude eou simulaccedilatildeo quando natildeo houver a diferenccedila
miacutenima de 16 anos entre adotante e adotado e nos casos do casal natildeo forem marido e
mulher ou conviventes ocorreraacute a nulabilidade da adoccedilatildeo14
Jaacute a anulabilidade ocorreraacute quando houver a falta de consentimento dos pais tutor ou
curador a adoccedilatildeo do relativamente incapaz ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda
se encontra o menor interditado o consentimento manifestado somente pelo adotado
relativamente incapaz vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou
fraude contra credores agrave falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do
consorte adotado15
E quando ocorrer a falta de consentimento do adotante e adotado ou a falta de
objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou interdiccedilatildeo civil e
______________ 12 Op cit p 3 p 424 13 Op cit p 3 p 435 14 Op cit p 3 p435 15 Op cit p 3 p 437
pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico ocorreraacute a
inexistecircncia da adoccedilatildeo16
Poderaacute tambeacutem ocorrer agrave revogaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos seguintes casos pela vontade do
adotante e do adotado pela deserdaccedilatildeo e pela indignidade
4 ndash A adoccedilatildeo Internacional
A adoccedilatildeo internacional tem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila
e do Adolescente ao qual disciplina a possibilidade da adoccedilatildeo por estrangeiros por
estrangeiros17 Mas essa possibilidade de adoccedilatildeo por estrangeiros somente ocorreraacute nos
casos em que a crianccedila jaacute tenha uma tenha sua situaccedilatildeo juriacutedica definida ou seja que jaacute
possua sentenccedila transitada em julgado declarando a decretaccedilatildeo da perda do poder familiar
ou nos casos de haver declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham falecido e este menor esteja
sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm 80699018
Ressalvando os casos em que se dever tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por
estrangeiros residentes no exterior referente ao traacutefico venda e sequumlestro de crianccedilas para o
exterior
Passo importante para a adoccedilatildeo no Brasil foi agrave Convenccedilatildeo de Haia que ratifica o
interesse das crianccedilas a serem adotadas e coibindo o sequumlestro de menores o traacutefico e a
venda de crianccedilas A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo
ratificada em nosso ordenamento juriacutedico atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril
de 1995 cujo objetivo eacute o de garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo
entre os Estados contratantes19
_______________ 17 Op cit p 3 p 61 18 Op cit p 3 p 61 19 Op cit p 3 p 485 5 ndash Os projetos de conscientizaccedilatildeo e incentivos da Adoccedilatildeo
Atualmente o Juizado da Infacircncia e juventude do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo
em parceria com oacutergatildeos natildeo governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo
da adoccedilatildeo dentre outras atividades atraveacutes de Projetos Especiais que tem por objetivo a
colocaccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco pessoal e social nas ruas
das grandes cidades em famiacutelias substituas uma vez que toda crianccedila ou adolescente tem
direito a ser criado e educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente em famiacutelia
substituta assegurada a convivecircncia familiar e comunitaacuteria
Tal projeto vinculado pela 1ordf Vara da Infacircncia e Juventude do Rio de Janeiro lanccedilou
a cartilha da adoccedilatildeo com o intuito de esclarecer e incentivar a adoccedilatildeo20
Projeto semelhante foi lanccedilado pela 1ordf Vara da Infacircncia e Juventude de Vitoacuteria ndash ES
tambeacutem lanccedilou recentemente a obra ldquo111 perguntas sobre a adoccedilatildeordquo21
Ambos os projetos satildeo tem por objetivo esclarecer e incentivar a adoccedilatildeo como ponto
de referecircncia importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional
das accedilotildees sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter uma famiacutelia Assim
podemos constatar que a cartilha traz todo o rol de procedimentos e esclarecimentos a
aqueles que queiram adotar sejam eles residentes no Brasil ou no Exterior
7ndash A adoccedilatildeo por Homossexuais
A grande discussatildeo hoje rebatida pela sociedade seria a da possibilidade de
homossexuais poderem ou natildeo adotar
_____________ 20 Cartilha da adoccedilatildeodipsonovellt wwwjuizadodainfanciaejuventudeorgbrgtAcesso em 30out 2004 21 Cartilha da adoccedilatildeo Disponiacutevelwwwtjesgovbr Acesso em 30 out 2004 Na verdade vaacuterios satildeo os fatos alegados a natildeo possibilidade de adoccedilatildeo pelos
homossexuais como a diferenccedila da formaccedilatildeo da famiacutelia que fugiria aos padrotildees da
formaccedilatildeo da famiacutelia heterossexual da nossa sociedade
De certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se
estabelecer-se e contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos
homossexuaisrdquo tem de ser respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela
sociedade e pelo Estado21
Vaacuterios argumentos e sofismas satildeo utilizados para a natildeo legalizaccedilatildeo da adoccedilatildeo por
homossexuais mas o que prepondera realmente eacute o preconceito e o que deveria mesmo ser
visado que seria o interesse do adota natildeo estaacute sendo colimado
De fato em nosso ordenamento juriacutedico natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito
positivo para validar a uniatildeo homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecer o
direito a uniatildeo homossexual atraveacutes da jurisprudecircncia E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem
em nosso ordenamento juriacutedico a regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais
Mas tambeacutem natildeo haacute legislaccedilatildeo que proiacuteba a adoccedilatildeo de menores por homossexuais
O que presenciamos sim seria a violaccedilatildeo de direitos aos homoafetivos pois fica clara a
violaccedilatildeo ao direito a igualdade e a isonomia Assim como tambeacutem natildeo haacute restriccedilatildeo legal
quanto a formaccedilatildeo da famiacutelia que deveria ser somente heterossexual
Acredito que o que se deva levar em consideraccedilatildeo eacute a situaccedilatildeo de fato do menor a ser
adotado de ser resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe
um lar seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual
____________ 21 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005
daqueles que lhe acolhem22
Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no
aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruas com
grandes possibilidades de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que
tecircm por fundamento o preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o
inteacuterprete inovar23
Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida
pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato
Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo
E nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na
aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem
comum cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao
Coacutedigo Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do
Direito
Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave
adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do
adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente
iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando
devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo24
Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais
homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato25
____________ 22 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 23 Op Cit P 8 24 Op Cit P 8 25 Op Cit P 8
Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo
sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel
privar os homossexuais do direito agrave adotar26
E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais
flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de
tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar
seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles
que lhe acolhem27
Portanto fica bem claro que eacute importante deixar de lado as barreiras do preconceito
___________ 26 Op Cit P 8 27 Op Cit P 8
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WALD Arnald O Novo Direito de Famiacutelia 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2002 p217-225
CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO
12 LINEAMENTOS HISTOacuteRICOS
Historicamente o instituto da adoccedilatildeo desde os tempos mais primoacuterdios era utilizado
por nossos antepassados e com o passar dos tempos evoluiu tanto no aspecto social quanto
no aspecto juriacutedico
No direito primitivo a famiacutelia era a unidade social econocircmica e religiosa e a adoccedilatildeo
constituiacutea-se como um meio eficaz de perpetuar a famiacutelia e a religiatildeo domeacutestica ao qual
transferia-se os bens familiares pois nessa eacutepoca natildeo se conhecia do testamento1
No direito romano os imperadores utilizavam-se do instituto para designar os seus
sucessores e seus futuros Chefes de Estados deixando a adoccedilatildeo de ser um instrumento de
direito privado e passando a ser instrumento de direito puacuteblico2
E a maior prova de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor solidariedade
encontra-se narrado na Biacuteblia no nascimento de Jesus Cristo fruto
esse concebido pelo Divino Espiacuterito Santo para mostrar que natildeo haacute a
necessidade de casamento da conjunccedilatildeo carnal e de todas as
concepccedilotildees do homem para que se conceba um filho3
Tal instituto teve sua origem fundada na Biacuteblia no Coacutedigo de Hamurabi e nas Leis
de Manu4
__________ 1 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 218 2 SIQUEIRA Liboacuterni Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 34 3 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Luacutemen Iuris 1996 p 1 4 Op cit p 11 p 218
No Coacutedigo de Manu o instituto da adoccedilatildeo encontram-se descrito na Lei IX 10
ldquoAquele a quem a natureza natildeo deu filhos pode adotar um para que as cerimocircnias fuacutenebres
natildeo cessemrdquo5
As Leis de Manu determinavam que a adoccedilatildeo somente seria possiacutevel entre um
homem e um rapaz da mesma classe social e que o adotado tivesse todas as qualidades
apreciadas num filho6
Jaacute o Coacutedigo de Hamurabi eacute considerado o documento mais antigo que se tenha
notiacutecia antes de Cristo O instituto no Coacutedigo de Hamurabi era conhecido como ldquoSentenccedilas
de Direitordquo traz em seus artigos 185 a 193 e o define como ldquomacircrucircturdquoArt 185 ndash Se algueacutem
toma em adoccedilatildeo uma crianccedila ou a educa esta natildeo pode ser reclamadardquo7
Nas passagens biacuteblicas eacute possiacutevel exemplificarmos algumas dessas noccedilotildees do
instituto da adoccedilatildeo ao relatarmos alguns casos como a histoacuteria de Moiseacutes que foi adotado
por Termulus quando o encontrou agraves margens do Rio Nilo na de Mordecai que criou Eacutester
como uma irmatilde e ainda na proacutepria histoacuteria de Joseacute do Egito adotado por Potifar8
Os Hebreus chamavam a adoccedilatildeo pelo nome de ldquoleviratordquo9
De acordo com a Biacuteblia poderiam adotar tanto o pai como a matildee e a adoccedilatildeo soacute se
dava entre parentes A mulher esteacuteril poderia adotar os filhos da serva que ela havia
conduzido ao taacutelamo do marido10
__________ 5 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Luacutemen Iuris 1996 p 21 6 Op cit p 12 p 21 7 Op cit p 12 p 25 8 SZNICK Waldir Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 26 9 Op cit p 12 p 26 10 Op cit p 12 p 26
Para os Romanos a adoccedilatildeo era o ato legislativo pelo qual algueacutem perfilha um filho
que natildeo se gerou tendo em vista a necessidade da perpetuaccedilatildeo do culto domeacutestico que
tinha um valor sacral Para os romanos havia dois tipos de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo e a
adrogatio11
A adoccedilatildeo ou adoptio era instituto de direito privado destinado ao alieni juacuteris para
quem tivesse sob o paacutetrio poder da Lei das XII Taacutebuas Jaacute a adrogatio pertencia ao direito
puacuteblico a doaccedilatildeo de sui juacuteris como filho na famiacutelia de um pater famiacutelias12
Para os Gregos a adoccedilatildeo rompia todos os laccedilos da famiacutelia anterior sequer poderia
prestar o funeral dos pais anteriores A adoccedilatildeo tinha o nome de Teacutesis tambeacutem conhecida
como Ampasis13
O Direito Canocircnico desconheceu a adoccedilatildeo ateacute certo ponto e se manifestava com
reservas A igreja via a adoccedilatildeo como uma ressalva ao casamento e agrave constituiccedilatildeo da famiacutelia
legiacutetima como uma das possibilidades de se fraudar as normas vigentes que proibiam o
reconhecimento de filhos adulterinos e incestuosos14
Na Idade Meacutedia a adoccedilatildeo sucede ao processo histoacuterico da famiacutelia romana tecircm o
mesmo objetivo destinado ao culto domeacutestico daqueles que natildeo tinham descendentes
Nessa eacutepoca Justiniano reformou o instituto da adoccedilatildeo seguindo as linhas das instituiccedilotildees
orientais em especial as helecircnicas mas permanecendo a adoccedilatildeo claacutessica 15
Portanto nesse periacuteodo Justiniano a adoccedilatildeo era o ato solene pelo qual se admite em
lugar de filho quem por natureza natildeo ostenta tal qualidade16
_____________ 11 ZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 27 12 Op cit p 13 p 32 13 Op cit p 13 p 26 14 WALD Arnoldo O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo PauloSaraiva 15 SIQUEIRA Liboacuterni Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 35 16 Op cit p13 p 35
Na eacutepoca moderna o instituto da adoccedilatildeo teve a sua inspiraccedilatildeo no Direito Romano
sendo encontrado no Coacutedigo de 1683 promulgado na Dinamarca por Christian V Na
Alemanha tal instituto encontra-se no Coacutedigo de Pressuniano promulgado por Frederico
Guilherme II em 1751 e no Codex Maximilianus da Bavaacuteria de 175617
Essa legislaccedilatildeo influenciou o Coacutedigo Napoleocircnico de 1791 apesar da normativa
sobre o instituto da adoccedilatildeo natildeo houve uma aceitaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo frequumlente tendo em vista
a suspeita de favorecimento a fraude e agrave lei fiscal18
O Coacutedigo Napoleocircnico de 1971 contemplava quatro tipos de adoccedilatildeo19
a) adoccedilatildeo ordinaacuteria ndash depende de homologaccedilatildeo judicial permitida a maiores de50 anos
e diferenccedila de 15 anos entre o adotado altera nome tem direitos sucessoacuterios
b) adoccedilatildeo remuneratoacuteria ndash destinada a quem tivesse salvo a vida do adotando
irrevogaacutevel
c) adoccedilatildeo testamentaacuteria ndash permitida ao tutor apoacutes 5 anos de tutela
d) tutela oficiosa ndash uma espeacutecie de adoccedilatildeo provisoacuteria em favor dos menores
Por fim as Ordenaccedilotildees advieram do direito geral portuguecircs primeiro as Ordenaccedilotildees
Afonsinas de 1446 a 1514 que para o Brasil entraram em vigor agrave partir de 1500 sendo esta
substituiacuteda pelas Ordenaccedilotildees Manuelinas em 1514 e por uacuteltimo as Ordenaccedilotildees Filipinas em
1603 que vigoraram ateacute a promulgaccedilatildeo do da Lei nordm Coacutedigo Civil em 191620
_____________ 17 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo PauloLeud 1999 p 40 18 Op cit p 14 p 40 19 Op cit p 14 p 41 20 Op cit p 14 p 41
Nessa fase a adoccedilatildeo era regulada por inuacutemeros textos e passagens sem uma norma
especiacutefica
Com as Ordenaccedilotildees o instituto adquiriu o nome de perfilhamento e tinha como
objetivo tornar como herdeiro na sucessatildeo o filho tido mesmo que fosse o filho espuacuterio ou
o filho adulterino21
Com a independecircncia as Ordenaccedilotildees passaram a perder a sua validade em nosso
ordenamento juriacutedicoem virtude dos inuacutemeros diplomas e regulamentos que passaram a
vigorar na eacutepoca poreacutem a revogaccedilatildeo total soacute ocorreu com o advento do Coacutedigo Civil de
191622
12 CONCEITO
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de
solidariedade ou seja a chance de crianccedilas e adolescentes de terem um lar uma famiacutelia jaacute
que foram desprovidos de alguma forma de seus familiares
Para o conceito de adoccedilatildeo existem vaacuterias definiccedilotildees Em uma conceituaccedilatildeo simples e
clara podemos dizer que a adoccedilatildeo eacute um ato juriacutedico que tem por finalidade criar entre duas
pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue23
Ainda pode ser definida como o ato de ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco civil
portanto de suma importacircncia para a sociedade brasileira tendo em vista que tal ato
juriacutedico coaduna na esfera da vontade dos particulares com a devida permissatildeo da lei
__________ 21 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 42 22 Op cit p 15 p 42 23 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147
criando entre essas pessoas estranhas uma relaccedilatildeo anaacuteloga como agraves oriundas da filiaccedilatildeo
legiacutetima24
A adoccedilatildeo tambeacutem pode ser conceituada como o ato juriacutedico pelo qual o viacutenculo
familiar eacute criado em virtude do proacuteprio ato pelo legislador25
Alguns autores definem a adoccedilatildeo apenas como o instituto que daacute ao filho adotivo o
status idecircntico ao do filho legiacutetimo
Passamos a analisar a conceituaccedilatildeo dos seguintes juristas
Para Clovis Bevilacqua a adoccedilatildeo se destinava a suprir a falta de filho que tem como
ato civil aacute aceitaccedilatildeo de um estranho como filho26
Para a Profa Maria Helena Diniz a adoccedilatildeo eacute uma instituiccedilatildeo de caraacuteter humanitaacuterio
que tem por um lado dar aqueles a quem a natureza negou um lar e uma famiacutelia e por outro
lado a uma finalidade assistencial constituindo um meio de melhorar a condiccedilatildeo moral e
material do adotado27
Para Walter Gaspar a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica a qual se estabelece uma relaccedilatildeo
de parentesco que independe do fato natural da procriaccedilatildeo28
Para Orlando Gomes a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece independente
do fato natural o viacutenculo de filiaccedilatildeo legal que permite a constituiccedilatildeo entre duas pessoas do
laccedilo de parentesco do primeiro grau em linha reta29
_________ 24 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 25 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 26 Op cit p 16 p 63 27 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 28 GASPAR Walter Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003 p 315 29 ORLANDO Gomes Instituiccedilotildees de Direito Civil Satildeo Paulo Forense1996 p 226
Jose Maria Leoni Lopes de Oliveira define a adoccedilatildeo como um instituto juriacutedico que
procura imitar a filiaccedilatildeo natural30
Para Silvio Rodrigues a adoccedilatildeo eacute o ato do adotante pelo qual ele traz para a sua
famiacutelia e na condiccedilatildeo de filho pessoa que lhe eacute estranha31
Para Caio Mario da Silva a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual uma pessoa recebe
outra como filho independentemente de existir entre elas qualquer relaccedilatildeo de parentesco
cosanguiacuteneo ou afim32
Para Antunes Varella a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece entre duas
pessoas adotante de um lado e adotado de outro independente dos laccedilos de sangueuma
relaccedilatildeo legal de filiaccedilatildeo33
Para o Prof Arnoldo Wald a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco
civil Eacute um ato juriacutedico bilateral que gera laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre pessoas para
as quais tal relaccedilatildeo inexiste materialmente34
Para Carbonnier a filiaccedilatildeo adotiva eacute uma filiaccedilatildeo puramente juriacutedica que repousa
na pressuposiccedilatildeo de uma realidade natildeo bioloacutegica mas afetiva35
E para Dusi a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico solene em virtude do qual agrave vontade dos
particulares com a permissatildeo da lei cria entre pessoas naturalmente estranhas uma a outra
relaccedilotildees anaacutelogas as oriundas da filiaccedilatildeo legiacutetima36
__________ 31 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147 32 Direito Civil ndash Famiacutelia Satildeo Paulo Forense 1999 p330 48 op Cit p 17 p 330 33 Op Cit p 17 p 148 534WALD Arnold O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 35 Op cit p 17 apud Droit Civil 2 ndash La Famile nordm 354 p 519 36 Op cit p 17 p 217
No contexto das diversas definiccedilotildees atribuiacutedas a adoccedilatildeo podemos
verificar que esta se contrapotildee-se a filiaccedilatildeo legiacutetima ou natural por
sua caracteriacutestica artificial pois resulta da manifestaccedilatildeo de vontade e
de sentenccedila judicial Enquanto a filiaccedilatildeo natural tem seu viacutenculo
formado apenas no sangue
Contudo os efeitos da adoccedilatildeo em nosso ordenamento juriacutedico geram
as mesmas relaccedilotildees da filiaccedilatildeo natural
13 NATUREZA JURIacuteDICA
A natureza juriacutedica da adoccedilatildeo sempre foi muito controvertida para alguns
doutrinadores a adoccedilatildeo apenas eacute uma relaccedilatildeo juriacutedica enquanto para outros eacute negoacutecio
unilateral tendo em vista a vontade do adotante37
Com o passar dos tempos a mudou a sua finalidade antes se destinava
a atender aos interesses religiosos dos adotantes hoje se preocupa
mais com o interesse dos adotados objetivando proporcionar uma
famiacutelia38
A dificuldade em definir a natureza juriacutedica da adoccedilatildeo decorre da sua
natureza e da origem do seu ato
Assim para alguns autores adoccedilatildeo seria uma forma de contrato
devido agrave bilateralidade do ato pois eacute preciso a manifestaccedilatildeo de duas
vontades a do adotante e do adotado Sendo que agraves vezes o adotado eacute
representado poreacutem a vontade do adotando inexiste em algumas
situaccedilotildees o que dificulta a compreensatildeo dessa doutrina39
__________ 37 Op cit p 17 p 320 38 Op cit p 17 p 149 39 Op cit p 17 p 320
Para outros autores a adoccedilatildeo eacute instituto juriacutedico de ordem puacuteblica sendo necessaacuterio
a manifestaccedilatildeo do Estado declarando ou natildeo a adoccedilatildeo40
No Coacutedigo Civil de 1916 a adoccedilatildeo tinha a natureza de contrato
devido agrave solenidade exigida na lei da escritura puacuteblica realccedilando a
natureza negocial do instituto como contrato de famiacutelia disposto no
artigo 37541
Nessa eacutepoca havia duas formas distintas de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo simples
e a adoccedilatildeo plena e cada uma delas apresentava natureza proacutepria42
No Estatuto natildeo prevalece apenas a bilateralidade de vontades pois o Estado
participa de forma ativa exigindo-se tambeacutem uma sentenccedila judicial pois sem esta natildeo
haveraacute adoccedilatildeo 43
O Coacutedigo Civil de 2002 requer a presenccedila dos adotantes do Estado e somente
ocorreraacute se for atraveacutes de sentenccedila judicial
Pode-se assim concluir que a adoccedilatildeo eacute um ato complexo o
qual tem na sua primeira fase um caraacuteter negocial em seguida a
manifestaccedilatildeo de vontade dos adotantes e adotados e em sua segunda
fase tem caraacuteter judicial a fim de verificar a conveniecircncia ou natildeo da
adoccedilatildeo que culmina com a sentenccedila judicial44
Portanto a accedilatildeo de adoccedilatildeo eacute accedilatildeo do estado de caraacuteter constitutivo
conferindo a posiccedilatildeo de filho ao adotado atraveacutes de sentenccedila judicial
____________ 40 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p320 41 Op cit p 19 p 316
42 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Rio de Janeiro Atlas 2001 p 257 43 Op cit p 19 p 320
44 Op cit p 19 p 316 14 EVOLUCcedilAtildeO LEGISLATIVA DA ADOCcedilAtildeO
No Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 3071 de 01 de maio de 1916 vigoravam as
Ordenaccedilotildees Afonsinas Filipinas e Manuelinas45
Com o advento do Coacutedigo Civil de 1916 ocorreu a sistematizaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos
artigos 368 a 378 de caraacuteter essencialmente privado
Todavia o nosso direito paacutetrio da eacutepoca revelava as influecircncias do direito romano
do direito canocircnico das Ordenaccedilotildees Afonsinas Manuelinas e Filipinas46
No coacutedigo de 1916 a adoccedilatildeo era definida como o ato civil pelo qual algueacutem aceita
um estranho na qualidade de filho contudo tal conceito trazia consigo as suas restriccedilotildees47
Nessa eacutepoca havia restriccedilotildees quanto agrave adoccedilatildeo pois a mesma se destinava a habilitar
pessoas com mais de 50 anos exigindo a diferenccedila miacutenima de 18 anos entre adotado e
adotante e natildeo haveria direito de sucessatildeo ao adotado
Em 1957 adveio o Estatuto da adoccedilatildeo - Lei nordm 3133 de 08 de maio de 1957 E em
1979 o Coacutedigo de Menores Lei nordm 6667 de 10 de outubro de 1979 ambos traziam algumas
modificaccedilotildees que eliminava certas restriccedilotildees do Coacutedigo Civil de 191648
Algumas dessas modificaccedilotildees trazidas foi a de possibilidade de se adotar aos 30
anos e a diferenccedila de idade entre adotando e adotado passou a ser de 16 anos eliminou-se
tambeacutem o preacute-requisito de que somente casais sem filhos poderiam adotar49
______________ 45 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 38 46 Opcit p 20 p 42 47 Opcit p 20 p 84 48 Opcit p 20 p 40 49 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo em 1988 e com o advento do Estatuto da
Crianccedila e do Adolescente ndash ECA em 1990 consegui-se eliminar todas as restriccedilotildees
pertinentes agrave diferenccedila entre filhos adotivos ilegiacutetimos eou aduacutelterinos50
Assim hoje o filho adotivo tem os mesmos direitos garantias e deveres dos filhos
bioloacutegicos artigo 227 sectordm da CRFB
A partir de 1990 as regras da adoccedilatildeo passaram a visar mais os interesses direitos e
reais e necessidades dos adotandos O que se pretendia era encontrar uma famiacutelia adequada
aos menores e natildeo a busca de uma crianccedila para aqueles que pretendem adotar51
Jaacute o novo Coacutedigo Civil trata desse instituto da aceitaccedilatildeo legal de estranho no seio
familiar nos artigos 1618 a 1629 passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que
originariamente natildeo eacute criando com este laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com todos os
direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo inexiste
naturalmente52
E corroborando com o instituto da adoccedilatildeo o nosso texto constitucional assegura em
seu artigo 227 o direito de se ter uma famiacutelia o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave
educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura ao respeito agrave dignidade agrave liberdade e a
convivecircncia familiar 53
Esse direito de se ter uma famiacutelia consagrado na Carta Magna adveacutem do direito
positivo brasileiro do direito natural do simples direito de se ter um lar
__________ 50 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 150 51 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41 52 As modificaccedilotildees introduzidas agrave partir do advento do Novo Coacutedigo Civil ndash Lei nordm 1040602 53 CONSTITUICcedilAcircO FEDERAL EC nordm 45 Rio de Janeiro 2005 p 149
A adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia da proteccedilatildeo ao adotado e cuja finalidade
eacute a de dar um lar aos menores criando para esses menores um ambiente familiar e o
equiparando o adotado como filho legiacutetimo
Egrave um instituto de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo agravequeles que precisam de um
lar amor carinho e dignidade
Tem por finalidade fundamental dar filhos agravequeles que natildeo podem ter
biologicamente e de dar pais agravequeles que se encontram desamparados por algum motivo
Assim a adoccedilatildeo que fugir desses paracircmetros a que estaacute destinada estaraacute distorcendo a
finalidade do ordenamento a que lei se destina
Ficando constatado que a adoccedilatildeo no Brasil constitui um imperativo de ordem eacutetica
de natureza constitucional pois natildeo se pode construir uma sociedade mentalmente satilde sobre
as bases de abandono de crianccedilas os futuros homens de amanhatilde
CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
A adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil de 1916 era regulada nos artigos de 368 a 378 Nesse
Coacutedigo havia previsatildeo legal para duas modalidades de adoccedilatildeo54
A adoccedilatildeo simples estabelecia o viacutenculo de filiaccedilatildeo entre adotante e adotado
podendo o adotante ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos regia-se pelo Coacutedigo
Civil de 1916 e pela Lei nordm 313355
A adoccedilatildeo plena era espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser
irrevogavelmente para todos os efeitos legais a ser filhos dos adotantes desligando-se de
qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais
introduzido pela Lei nordm 669779
Nesse Coacutedigo Civil a adoccedilatildeo aplicava-se aos maiores de 18 anos e realccedilava a sua
natureza negocial do instituto tendo em vista a solenidade da escritura puacuteblica que a lei
exigia como contrato de direito de famiacutelia Somente seria a adoccedilatildeo consumada com a
devida averbaccedilatildeo da escritura no registro civil e no ato da adoccedilatildeo seriam declarados quais
os nomes da famiacutelia passaria o adotado a usar
Eram requisitos para adoccedilatildeo nesta legislaccedilatildeo de 1916 que o adotante fosse 16 anos
mais velho que o adotando com mais de 30 anos de idade se o adotante fosse casado o
casamento deveria ter duraccedilatildeo superior agrave cinco anos duas pessoas natildeo poderiam adotar
conjuntamente se natildeo forem marido e mulher e o adotando com maior de 18 anos o tutor
ou curador poderiam adotar depois de prestadas as contas ocorria atraveacutes de escritura
puacuteblica havia previsatildeo de adoccedilatildeo por estrangeiros sem restriccedilatildeo55
______________ 54 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 55 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p 323
Com o advento da Lei nordm 104062002 o instituto da adoccedilatildeo passou a ser tratado nos
artigos de 1618 a 1629 como jaacute mencionado E por conta da nova legislaccedilatildeo a adoccedilatildeo
simples e a adoccedilatildeo plena deixam de existir passando a adoccedilatildeo ser irrestrita 56
Hoje o Novo Coacutedigo - Lei nordm 104062002 se preocupa em seus artigos com a
adoccedilatildeo de forma global ou seja com a adoccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes e principalmente
com a primazia do interesse do adotado
Assim o instituto da adoccedilatildeo passa a ser regido nos seguintes termos57
No art 1618 Somente pessoa maior de dezoito anos pode adotar
Analisando este artigo pode-se constatar que houve a reduccedilatildeo da idade miacutenima para
adotar antes exigida de 35 anos
E em seu Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo poderaacute ser formalizada por ambos os cocircnjuges
ou companheiros desde que um deles tenha completado dezoito anos de idade comprovada
a estabilidade da famiacutelia
Os artigos 1619 e 1620 natildeo tiveram alteradas a sua redaccedilatildeo
De acordo com o artigo 1619 o adotante haacute de ser pelo menos dezesseis anos mais
velho que o adotado E no artigo 1620 enquanto natildeo der contas de sua administraccedilatildeo e natildeo
saldar o deacutebito natildeo poderaacute o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o curatelado
O artigo 1621 descreve que a adoccedilatildeo depende de consentimento dos pais ou dos
representantes legais de quem se deseja adotar e da concordacircncia deste se contar mais de
doze anos
______________
56 Op cit p 23 p 425
57 Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003 p 452-459
sect 1o O consentimento seraacute dispensado em relaccedilatildeo agrave crianccedila ou adolescente cujos
pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder familiar
sect 2o O consentimento previsto no caput eacute revogaacutevel ateacute a publicaccedilatildeo da sentenccedila
constitutiva da adoccedilatildeo
O novo dispositivo diminui a idade miacutenima do adotado para manifestar o seu
consentimento para 12 anos no regime anterior era de 14 anos
De acordo co o artigo 1622 ningueacutem poderaacute ser adotado por duas pessoas salvo se
forem marido e mulher ou se viverem em uniatildeo estaacutevel
Neste artigo foi acrescentado o paraacutegrafo uacutenico que acrescenta a posiccedilatildeo da adoccedilatildeo
por companheiros ou daqueles que vivem em uniatildeo estaacutevel
Paraacutegrafo uacutenico Os divorciados e os judicialmente separados poderatildeo adotar
conjuntamente contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o
estaacutegio de convivecircncia tenha sido iniciado na constacircncia da sociedade conjugal
No artigo 1623 a adoccedilatildeo obedeceraacute a processo judicial observados os requisitos
estabelecidos neste Coacutedigo
Houve acreacutescimo na nova legislaccedilatildeo apenas do paraacutegrafo uacutenico ao qual foi atribuiacuteda a
seguinte redaccedilatildeo
Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo de maiores de dezoito anos dependeraacute igualmente da
assistecircncia efetiva do Poder Puacuteblico e de sentenccedila constitutiva
No artigo 1624 Houve a substituiccedilatildeo do ldquopaacutetrio poderrdquo por ldquopoder familiarrdquo sendo
ainda suprimida a palavra ldquomenor abandonadordquo trazido na legislaccedilatildeo de 1916
Assim dispotildee o artigo citado em que natildeo haacute necessidade do consentimento do
representante legal do menor se provado que se trata de infante exposto ou de menor cujos
pais sejam desconhecidos estejam desaparecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder
familiar sem nomeaccedilatildeo de tutor ou de oacuterfatildeo natildeo reclamado por qualquer parente por mais
de um ano
De acordo com o artigo 1625 somente seraacute admitida a adoccedilatildeo que constituir efetivo
benefiacutecio para o adotando sendo matida a mesma redaccedilatildeo
Jaacute no artigo 1626 houve acreacutescimo do paraacutegrafo uacutenico
Dipondo a seguinte redaccedilatildeo o caput a adoccedilatildeo atribui a situaccedilatildeo de filho ao adotado
desligando-o de qualquer viacutenculo com os pais e parentes consanguumliacuteneos salvo quanto aos
impedimentos para o casamento
Paraacutegrafo uacutenico se um dos cocircnjuges ou companheiros adota o filho do outro
mantecircm-se os viacutenculos de filiaccedilatildeo entre o adotado e o cocircnjuge ou companheiro do adotante
e os respectivos parentes
Com relaccedilatildeo ao artigo 1627 permaneceu a mesma redaccedilatildeo com relaccedilatildeo a decisatildeo que
confere ao adotado o sobrenome do adotante podendo determinar a modificaccedilatildeo de seu
prenome se menor a pedido do adotante ou do adotado
No artigo abaixo descrito houve a adequaccedilatildeo ao dispositivo de moda a resguardar o
princiacutepio constitucional da plena igualdade entre filhos bioloacutegicos e adotados
Dispotildee o artigo 1628 que os efeitos da adoccedilatildeo comeccedilam a partir do tracircnsito em
julgado da sentenccedila exceto se o adotante vier a falecer no curso do procedimento caso em
que teraacute forccedila retroativa agrave data do oacutebito As relaccedilotildees de parentesco se estabelecem natildeo soacute
entre o adotante e o adotado como tambeacutem entre aquele e os descendentes deste e entre o
adotado e todos os parentes do adotante
Natildeo houve alteraccedilatildeo na redaccedilatildeo do artigo 1629 apenas tal dispositivo tem o
objetivo de ajustar o Novo Coacutedigo Civil agrave lei superveniente ou seja Estatuto da Crianccedila e
do Adolescente
Dispondo o referido artigo a seguinte redaccedilatildeo a adoccedilatildeo por estrangeiro obedeceraacute
aos casos e condiccedilotildees que forem estabelecidos em lei
Assim pode-se concluir que na falta de norma reguladora para o instituto da adoccedilatildeo
desde que natildeo conflite com o Coacutedigo Civil deveraacute ser aplicado analogicamente o Estatuto da
Crianccedila e do Adolescente
Ainda constata-se que o Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute
maior de 18 anos passando o instituto da adoccedilatildeo a ser irrestrito trazendo importantes
reflexos ao nosso ordenamento juriacutedico paacutetrio no que diz respeito aos direitos da
personalidade e nos direitos sucessoacuterios Enquanto o antigo Coacutedigo Civil Brasileiro de 1916
adotava o sistema da manifestaccedilatildeo de vontade
Atualmente o Coacutedigo Civil vigente e o Estatuto da Crianccedila adotam o sistema da
sentenccedila judicial sendo que o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo para os
menores de 18 anos o que natildeo exime que a adoccedilatildeo de menor de 18 anos seja feita pelo
Coacutedigo Civil58
De acordo com a legislaccedilatildeo civil podemos conceituar a adoccedilatildeo como o ato de
filiaccedilatildeo juriacutedica que pressupotildee de afetividade e natildeo de relaccedilatildeo bioloacutegica passando o
adotado a ser tratado como se fosse filho natural constituiacutedo em benefiacutecio do adotando
_____________ 58 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 irretrataacutevel e perpeacutetuo depois de consumado que cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com
todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo
inexistia naturalmente
De forma simples podemos definir a adoccedilatildeo como modalidade de filiaccedilatildeo civil que
busca imitar a filiaccedilatildeo natural dependente da vontade de adotante e adotado e por via de
sentenccedila judicial
Assim torna-se inafastaacutevel a utilidade do instituto da adoccedilatildeo em relaccedilatildeo ao menor
carente ou em estado de abandono pois eacute de interesse do Estado a inserccedilatildeo desse menor em
um ambiente familiar
Fica claro que o instituto da adoccedilatildeo eacute de caraacuteter humanitaacuterio que tem por um lado o
escopo de proporcionar agravequeles que a quem a natureza negou filhos e por outro lado
constitui a finalidade assistencial de melhorar a condiccedilatildeo moral e material do futuro
adotado
Mas ainda muito haacute de se defender em prol do instituto da adoccedilatildeo no Brasil natildeo soacute
como forma de projeto de cidadania mas tambeacutem como forma de vida digna a aqueles que
natildeo tem um lar principalmente ao que refere aos direitos de adoccedilatildeo internacional e ainda ao
direito de adoccedilatildeo por casais homossexuais
22 REQUISITOS DA ADOCcedilAtildeO
221 Requisitos Formais
Satildeo alguns requisitos formais para a adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil vigente59
efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal
ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)
____________ 59 VENOSASilvio de Salvo Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003p349
efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal
ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)
diferenccedila miacutenima de idade entre o adotante e o adotado (artigo 1619)
consentimento do adotado de seus pais ou de seu representante (artigos 1621 sect 1ordm e
1624)
intervenccedilatildeo judicial na sua criaccedilatildeo pois somente se aperfeiccediloa perante o juiz atraveacutes de
processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico (artigo 1623 paraacutegrafo uacutenico)
irrevogabilidade (artigo 1626 caput)
estaacutegio de convivecircncia (1622 paraacutegrafo uacutenico 1ordfparte)
comprovaccedilatildeo de estabilidade familiar (artigo 1618 paraacutegrafo uacutenico in fine)
23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO
A adoccedilatildeo se daacute atraveacutes de um processo judicial perante o juiz com competecircncia na
aacuterea da infacircncia e juventude que iraacute conhecer dos pedidos da adoccedilatildeo e os seus incidentes
entre os quais a destituiccedilatildeo do paacutetrio poder e guarda para fins da adoccedilatildeo
Vislumbram-se duas hipoacuteteses em que se adota ou a famiacutelia jaacute convive com a
crianccedila ou adolescente que pretende adotar ou a famiacutelia estaacute a procura de uma crianccedila para
que venha a adotar
Na primeira hipoacutetese devem os interessados ajuizar o pedido de adoccedilatildeo atraveacutes de
advogado ou defensor puacuteblico que formularaacute o pedido diretamente em cartoacuterio atraveacutes de
peticcedilatildeo assinada pelos requerentes quando os pais forem falecidos tiverem sido destituiacutedos
do paacutetrio poder ou houverem aderido expressamente ao pedido os pais bioloacutegicos quando
conhecidos satildeo citados para querendo contestarem o pedido julgando o juiz ao final de
acordo com o interesse superior da crianccedila e do adolescente
Na segunda hipoacutetese os interessados devem requerer sua inscriccedilatildeo no cadastro do
juiacutezo de pessoas interessadas em adotar A partir daiacute instaura-se um procedimento no qual
seratildeo ouvidos pela equipe teacutecnica do juiacutezo (assistentes sociais eou psicoacutelogos) e antes da
decisatildeo que deferir a inscriccedilatildeo o Ministeacuterio Puacuteblico assistiraacute ao pedido de adoccedilatildeo conforme
previsto no artigo 227 sect5ordm da Constituiccedilatildeo Federal e emitiraacute parecer
Em seguida seratildeo incluiacutedos em grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo cujas vagas seratildeo
preenchidas de acordo com a ordem de ajuizamento do pedido de habilitaccedilatildeo respeitados os
criteacuterios estabelecidos
Os grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo possuem duraccedilatildeo prevista de 60 dias e visam
auxiliar os interessados em adotar Habilitados e inscritos no cadastro os interessados
recebem um certificado com validade de 2 anos
Satildeo necessaacuterios os seguintes documentos60
certidatildeo de casamento
atestado de residecircncia
folha de antecedentes criminais
prova de idoneidade fiacutesica e moral
prova de abandono do menor
destituiccedilatildeo do paacutetrio poder
atestado de sanidade fiacutesica
________________ 60 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
A adoccedilatildeo constitui-se por sentenccedila sendo necessaacuterio que 61
a peticcedilatildeo Inicial com os requisitos do artigo 35
se na inicial vier a concordacircncia dos pais do adotando seratildeo ouvidos pelo juiz e pelo
representante do Ministeacuterio Puacuteblico lavrando-se o termo
a autoridade juriacutedica de ofiacutecio ou o requerimento das partes e do Ministeacuterio Puacuteblico
determinaraacute a realizaccedilatildeo de estudo social ou se possiacutevel periacutecia por equipe profissional
decidindo sobre o estaacutegio de convivecircncia
Apresentado o laudo e ouvido o adotando teraacute vistas o Ministeacuterio Puacutebico
apoacutes a manifestaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico no prazo tambeacutem de 5 (cinco) dias o
juiz proferiraacute a sentenccedila
A sentenccedila judicial transitada em julgado seraacute inserida no registro civil mediante mandado do qual natildeo
se forneceraacute certidatildeo O mandado judicial cancelaraacute o registro de nascimento original do menor conforme
o artigo 16 da Lei nordm 601573 E a inscriccedilatildeo no registro constaraacute o nome dos adotantes
como pais e o nome dos seus ascendentes Assim o menor ingressa na famiacutelia do adotante
se desvinculando da famiacutelia natural
24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO
241 Efeitos pessoais
Satildeo alguns efeitos pessoais decorrentes da adoccedilatildeo62
____________________
61 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1996 p 60 62 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 430
rompimento automaacutetico do viacutenculo de parentesco com a famiacutelia de origem salvo os
impedimentos matrimocircniais (artigo 1626)
estabelecimento de verdadeiros laccedilos de parentesco civil entre adotante e adotado
abrangendo a famiacutelia do adotante (artigo 15282ordf parte)
transferecircncia definitiva e de pleno direito do poder familiar para o adotante se o adotante
for menor (artigo 1630 1634 1635 inciso V)
liberdade razoaacutevel em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo do nome do adotado (1627)
possibilidade de promoccedilatildeo da interdiccedilatildeo e inabilitaccedilatildeo do pai ou matildee adotiva pelo
adotado ou vice-versa (artigo 1768)
determinaccedilatildeo do domiacutecilio do adotado menor de idade que adquire o do adotante
242 Efeitos patrimoniais
Satildeo alguns efeitos patrimoniais produzidos pela adoccedilatildeo63
direito do adotante de administraccedilatildeo e ususfruto dos bens do adotado menor (artigo 1689
1691e 1693)
obrigaccedilatildeo do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar (artigo
1634)
dever do adotante de prestar alimentos ao adotado (artigo 1694 1696 e 1697)
direito a indenizaccedilatildeo do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante
responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menor de idade
______________
81 Op cit p 31 p 432
direito sucessoacuterio do adotado visto que se equipara ao filho advindo de parentesco
cosanguineo herdado em concorrecircncia com o cocircnjuge sobrevivente ou convivente do
falecido na qualidade de descendente do autor da heranccedila afastando todos os demais
herdeiros do adotante que natildeo tenham a qualidade de filho (artigo 1829 inciso I e
1790incisos I e II)
reciprocidade nos efeitos sucessoacuterios (artigo 1829 inciso II e 1790 inciso III)
filho adotivo natildeo estaacute compreendido na exceccedilatildeo do Coacutedigo Civil artigo 1790 inciso I
rompimento de testamento se sobrevier filho adotivo (artigo 1973)
direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciaacuterio (artigo 1951 a 1960)
superviniecircncia de filho adotivo pode revogar doaccedilotildees feitas pelo adotante ( artigo 1846 e
1789)
Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso
de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do
oacutebito64
25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO
Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se
obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do
negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do
ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade
____________
64 Op cit p 32 p 435
deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea
A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-
se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico
Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade
anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo
251 Nulidade da adoccedilatildeo
Seraacute nula a adoccedilatildeo que65
em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16
anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619
a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a
mesma pessoa (artigo 1622)
o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)
vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude
252 Anulabilidade da adoccedilatildeo
Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66
a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente
incapaz
ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado
____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435
consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz
vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores
a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado
253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo
Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67
pela falta de consentimento do adotante e adotado
pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou
interdiccedilatildeo civil
pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico
26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO
A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes
motivos68
pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil
Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a
madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave
enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou
neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade
pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil
____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437
Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste
contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a
honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila
pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue
quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva
pela morte do adotante e adotado
27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO
Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a
finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo
avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante
e adotado69
Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute
prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com
facilidade a nova famiacutelia
O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a
ser adotado
Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a
extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo
atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil
____________
69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340
28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das
crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a
prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave
poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato
infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e
ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70
A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual
adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou
tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da
juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil
Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida
familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco
passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado
29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL
A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e
do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da
Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave
crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave
educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave
__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41
convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71
Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada
por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por
procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da
adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda
de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida
pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo
por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72
Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo
de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes
independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos
havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e
qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73
Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos
adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do
bem estar do adotado
210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO
A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser
incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e
educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta
assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria
___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438
Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como
com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo
dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos
pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco
pessoal e social nas ruas das grandes cidades
Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia
importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees
sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia
Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem
por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades
coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e
ceacutelere
Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria
com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e
defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do
proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os
procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados
Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo
atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o
instituto da adoccedilatildeo
A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de
_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em
lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que
querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave
crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico
educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e
na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos
e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o
desenvolvimento da cidadania
Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que
tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria
Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir
211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO
Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75
Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma
simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo
A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais
os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a
situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem
adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda
________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser
proporcionada pelas pessoas sem adotar
Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva
jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os
interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais
vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito
simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses
O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida
cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior
(adoccedilatildeo internacional)
CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees
estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil
Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente
A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida
excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido
por pessoa residente no Paiacutes
A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico
conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei
supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida
sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76
Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo
juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a
decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham
falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm
80699077
Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da
Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da
CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia
____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464
Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por
estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos
interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas
atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os
bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal
intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando
verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em
moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias
maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado
enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees
escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos
especialmente do menorrdquo78
Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante
nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado
tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a
perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e
economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila
passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco
e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79
Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas
___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438
Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil
A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver
medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo
internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda
possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o
seu ingresso em famiacutelia substituta
Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo
internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem
conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas
Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em
seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser
interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores
para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que
visem lucro80
Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas
pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator
determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas
famiacutelias substitutas
32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR
ESTRANGEIROS
A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo
seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e
condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________
80 Op Cit p 44 p 438
parte de estrangeiros
Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida
excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo
acarreta o adotante aacute desistecircncia
Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81
impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo
estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro
residente ou domiciliado fora do paiacutes
comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de
seu paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia
especializada e credenciada no paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido
do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico
juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente
autenticados pela autoridade consular
permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a
consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo
Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e
cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no
miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos
de idade
___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439
podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar
prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista
A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82
lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo
reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante
lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica
Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de
Adoccedilatildeo de Menores de 1984)
33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA
A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua
finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores
Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia
prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse
superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas
__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485
A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo
Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de
garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados
contratantes83
Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a
Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo
Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84
requisitos para a adoccedilatildeo internacional
requisitos processuais
reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo
De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo
em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o
interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras
_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486
CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a
grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo
igualmente a possibilidade da poder adotar
A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade
Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas
aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de
constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a
reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois
assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir
famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86
Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a
uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm
sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo
Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87
____________
86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho
mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49
A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios
E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por
homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se
espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem
homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila
se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais
homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos
tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte
de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo
16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo
se forem marido e mulher
Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89
____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da
uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos
homossexuais
42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA
E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a
situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos
casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo
juriacutedica podem os casais homossexuais adotar
No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo
homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes
da jurisprudecircncia
E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a
regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais
Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata
da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo
tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um
dos parceiros90
Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo
5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a
primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei
____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade
Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca
pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do
bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais
homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve
levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo
decidindo sempre pelo bem-estar do menor91
A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece
Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao
adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo
ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia
familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo
()
sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute
casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros
A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee
Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de
estado civil
______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005
Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92
Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que
homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo
poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante
O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de
adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual
diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro
de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93
______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo
da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum
cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito
Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94
Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais
homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95
Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo
sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel
privar os homossexuais do direito agrave adotar96
E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais
flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de
tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar
seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles
que lhe acolhem97
______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53
No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo
barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao
seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira
da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da
histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a
mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para
atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem
a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua
companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de
crianccedilas devem igualmente poder adotar98
Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no
aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes
de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o
preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99
Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida
pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato
Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo
________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53
CONCLUSAtildeO
A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia
E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto
no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio
Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988
Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade
Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente
A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva
Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros
por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores
Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade
Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a
sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do
Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo
Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e
principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que
pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da
adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e
venda de crianccedilas para o estrangeiro
A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente
estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse
baseado nos artigos 1618 a 1629
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52
Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de
amor carinho e solidariedade
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A ADOCcedilAtildeO Agrave LUZ DA LEI Nordm 1040602 NOVO COacuteDIGO CIVIL
Prof Francis Rajzman ndash Orientador
Instituto A Vez do Mestre
Examinador
Instituto A Vez do Mestre
Examinador
Instituto A Vez do Mestre
A famiacutelia eacute a ceacutelula formadora de pessoas Eacute o centro da educaccedilatildeo permanente Eacute a semente que faz nascer a feacute Eacute o berccedilo que embala o desenvolvimento Eacute a alma da naccedilatildeo (Liboacuterni Siqueira)
RESUMO
O trabalho de pesquisa monograacutefica tem por objetivo o estudo do instituto da adoccedilatildeo agrave luz do Novo Coacutedigo Civil tratado em seus artigos 1618 a 1629 ao qual assegura aos adotados a prerrogativa de ser tido como filho natural dos adotantes passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que originariamente natildeo ostenta tal qualidade tal instituto constitui em benefiacutecio do adotando a gecircnese do parentesco civil podendo ainda ser definido como o ato juriacutedico bilateral irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo garantindo aos adotados todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes inclusive os de sucessatildeo a heranccedila A adoccedilatildeo eacute a aceitaccedilatildeo voluntaacuteria e legal de uma crianccedila como filho portanto eacute ato irrevogaacutevel pois natildeo poderaacute mais ser desfeito salvo os casos expressos em lei Com a adoccedilatildeo assume-se o paacutetrio poder da crianccedila desligando-a de todo e qualquer viacutenculo com pais bioloacutegicos e seus parentes naturais A adoccedilatildeo judicial daacute proteccedilatildeo especial agrave adoccedilatildeo praticada por estrangeiros garantindo assim os direitos e garantias daqueles que seratildeo adotados em virtude da grande procura de estrangeiros em adotar crianccedilas brasileiras inibindo de certa forma o sequumlestro a venda e o traacutefico de crianccedilas brasileiras Quanto agrave adoccedilatildeo a ser requerida por homossexuais ainda seraacute motivo de muita discussatildeo juriacutedica em nossa Corte Judicial tendo em vista a natildeo aceitaccedilatildeo da nossa sociedade em natildeo aceitar as relaccedilotildees homossexuais Atualmente foi lanccedilado o primeiro Guia de Adoccedilatildeo de Crianccedilas e Adolescentes do Brasil com o intuito de incentivar a praacutetica da adoccedilatildeo e ao mesmo tempo com o intuito de esclarecer agravequeles que queiram adotar todos os procedimentos para da adoccedilatildeo aleacutem de trazer outras formas de soluccedilatildeo para o acolhimento de crianccedilas e adolescentes em famiacutelias substitutas
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO
CAPIacuteTULO 1 ndash ADOCcedilAtildeO
11 LINEAMENTOS HISTOacuteRICOS p 11
12 CONCEITO p 15
13 NATUREZA JURIacuteDICA p 18
14 EVOLUCcedilAtildeO LEGISLATIVA DA ADOCcedilAtildeO p 20
CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
21 ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL p 23
22 REQUSITOS DA ADOCcedilAtildeO p 28
221 Requisitos Formais p 28
23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO p 29
24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO p 31
241 Efeitos Pessoais p 32
242 Efeitos Patrimoniais p 32
25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO
251 Nulidade da adoccedilatildeo p 34
252 Anulabilidade da adoccedilatildeo p 35
253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo p 35
26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO p 35
27 ESTAacuteGIO DE CONVENIEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO p 36
28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DA CRIANCcedilA EDO ADOLESCENTE p 37
29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL p 37
210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO AO INSTITUTO DA ADOCcedilAtildeO p 38
211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO p 41
CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
31 A ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL p 43
32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR ESTRANGEIROS p 45
33 A ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA p 47
CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL P 49
42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA p 51
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAFICAS p 60
A Adoccedilatildeo agrave luz da Lei nordm 104022002 Novo Coacutedigo Civil Sille Cristina Miranda dos Santos 1 ndash Parte Histoacuterica
A adoccedilatildeo eacute um instituto que existe haacute milecircnios de anos Desde os tempos mais
primoacuterdios ateacute os dias atuais pois sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia
Tal instituto pode ser conceituado como o ato juriacutedico pelo qual se perfilha para si
algueacutem na condiccedilatildeo de filho fazendo gerar as relaccedilotildees previstas na famiacutelia bioloacutegica1
Podemos afirmar que o instituto da adoccedilatildeo foi praticado por Egiacutepcios Gregos e
Romanos2 E inclusive na proacutepria Biacuteblia haacute vaacuterias referecircncias sobre o tal instituto como na
histoacuteria de Moiseacutes e de Mordecai dentre outros casos narrados na nossa proacutepria literatura
brasileira bem como na literatura universal3
Com destaque podemos citar que o instituto da adoccedilatildeo eacute um ato de amor e de
solidariedade pois a mis eloquumlente prova desse fato narrado eacute proacuteprio o nascimento de Jesus
Cristo fruto esse concebido pelo Divino Espiacuterito Santo para mostrar que natildeo haacute a
necessidade de casamento da conjunccedilatildeo carnal e de todas as concepccedilotildees do homem para
que se conceba um filho4
Entretanto o Direito Canocircnico desconheceu a adoccedilatildeo e se manifestava com reservas
sobre o instituto A igreja via a adoccedilatildeo como uma ressalva ao casamento e agrave constituiccedilatildeo da
famiacutelia legiacutetima como uma das possibilidades de se fraudar as normas vigentes que
proibiam o reconhecimento de filhos adulterinos e incestuosos5
_____________ 1 VENOSA Silvio de Salvo Direito Civil Direito de FamiacuteliaSatildeo Paulo Atlas 2003 p 315 2 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo noCoacutedigoCivil e no Estatuto do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1993 p 2 3 SZNICK Waldir Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 26 4 Op cit p 1 p 1 5 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo 1999 p 27 2 ndash Natureza Juriacutedica
A natureza juriacutedica do instituto da adoccedilatildeo sempre foi muito controversa tendo em
vista que para alguns doutrinadores a adoccedilatildeo apenas eacute uma relaccedilatildeo juriacutedica e para outros eacute
negoacutecio unilateral tendo em vista a vontade do adotante6
Alguns autores entendem que a adoccedilatildeo seria uma forma de um contrato devido agrave
bilateralidade do ato pois eacute necessaacuterio a manifestaccedilatildeo de duas vontades do adotante e a do
adotado
Para outros autores a adoccedilatildeo eacute instituto juriacutedico de ordem puacuteblica pois eacute preciso a
manifestaccedilatildeo do Estado declarando ou natildeo a possibilidade da adoccedilatildeo
No Estatuto da Crianccedila e do Adolescente natildeo prevalecia apenas a bilateralidade de
vontades pois o Estado participa de forma ativa e necessaacuteria exigindo uma sentenccedila
judicial pois sem esta natildeo haveraacute adoccedilatildeo
Jaacute no Coacutedigo Civil de 1916 tinha a adoccedilatildeo natureza de contrato devido agrave solenidade
exigida na lei da escritura puacuteblica realccedilando a natureza negocial do instituto como contrato
de famiacutelia e havia duas formas distintas de adoccedilatildeo a simples e a plena e cada uma delas
apresentava natureza proacutepria 7
Com o advento do Coacutedigo Civil de 2002 a adoccedilatildeo passou a requerer tambeacutem a
presenccedila Estado dos adotantes e somente dar-se atraveacutes de sentenccedila judicial
Assim ao conceituar o instituto da adoccedilatildeo podemos conjeturar que a adoccedilatildeo se logra
na esfera da vontade dos particulares na forma da lei criando entre essas pessoas estranhas
uma relaccedilatildeo semelhante agraves oriundas da filiaccedilatildeo legiacutetima resultante da filiaccedilatildeo de sangue
_____________ 6 Op cit p 20 p 316 7 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p316 3 ndash Evoluccedilatildeo Legislativa da Adoccedilatildeo
No Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo do Coacutedigo Civil de 1916 vigoravam as Ordenaccedilotildees
Afonsinas Filipinas e Manuelinas advindas do direito portuguecircs
Como advento do Coacutedigo Civil de 1916 ocorreu a sistematizaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos
artigos 368 a 378 que definia a adoccedilatildeo como o ato civil pelo qual algueacutem aceita um
estranho na qualidade de filho contudo tal conceito trazia consigo as suas restriccedilotildees8
a) pessoas com mais de 50 anos exigia-se a diferenccedila miacutenima de 18 anos entre adotado
e adotantee natildeo havia direito de sucessatildeo pois o adotado nada herdaria
Com o advento da Constituinte de 1988 nos paraacutegrafos 5ordm e 6ordm consegui-se eliminar
todas as restriccedilotildees pertinentes agrave diferenccedila entre filhos adotivos ilegiacutetimos passando o filho
adotivo a ter os mesmos direitos garantias e deveres do filho bioloacutegico9
A partir de 1990 o Estatuto passou a regula a adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a
data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou tutela dos adotantes
Jaacute o novo Coacutedigo Civil - Lei nordm 1040602 trata desse instituto nos artigos de 1618 a
1629 passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que originariamente natildeo eacute e com este
cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com todos os direitos e obrigaccedilotildees passando inclusive
a adoccedilatildeo a ser irrestrita10
Ressalto que no Coacutedigo Civil de 1916 havia previsatildeo para a adoccedilatildeo plena e adoccedilatildeo
simples A Adoccedilatildeo Simples era regida pelo Coacutedigo Civil de 1916 e a Lei 313357 era
concernente ao viacutenculo de filiaccedilatildeo que se estabelecia entre adotante e adotado o adotante
poderia ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos11
________________ 8 12 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeiro 1996 p 41 9 Constituiccedilatildeo Federal EC nordm 45 Rio de Janeiro Victor Roma 2005 p 148 10 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003 p 423 11 Opcit p 3 p 424
E Adoccedilatildeo Plena era a espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser
irrevogavelmente para todos os efeitos legais filhos dos adotantes desligando-se de
qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais12
A Lei nordm 806990 ndash ECA ndash Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo
para os menores de 18 anos O Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute
maior de 18 anos E ambos adotam o sistema da sentenccedila judicial
Para que a adoccedilatildeo ocorra e necessaacuterio o cumprimento de diversos requisitos alguns
de aspectos formais outros pessoais e os requisitos processuais que geraram seus efeitos
E por fim ressalto que na adoccedilatildeo poderaacute ocorrer a sua extinccedilatildeo nas modalidades de
nulidade anulabilidade e inexistecircncia13
Quando ocorrer viacutecio de fraude eou simulaccedilatildeo quando natildeo houver a diferenccedila
miacutenima de 16 anos entre adotante e adotado e nos casos do casal natildeo forem marido e
mulher ou conviventes ocorreraacute a nulabilidade da adoccedilatildeo14
Jaacute a anulabilidade ocorreraacute quando houver a falta de consentimento dos pais tutor ou
curador a adoccedilatildeo do relativamente incapaz ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda
se encontra o menor interditado o consentimento manifestado somente pelo adotado
relativamente incapaz vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou
fraude contra credores agrave falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do
consorte adotado15
E quando ocorrer a falta de consentimento do adotante e adotado ou a falta de
objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou interdiccedilatildeo civil e
______________ 12 Op cit p 3 p 424 13 Op cit p 3 p 435 14 Op cit p 3 p435 15 Op cit p 3 p 437
pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico ocorreraacute a
inexistecircncia da adoccedilatildeo16
Poderaacute tambeacutem ocorrer agrave revogaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos seguintes casos pela vontade do
adotante e do adotado pela deserdaccedilatildeo e pela indignidade
4 ndash A adoccedilatildeo Internacional
A adoccedilatildeo internacional tem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila
e do Adolescente ao qual disciplina a possibilidade da adoccedilatildeo por estrangeiros por
estrangeiros17 Mas essa possibilidade de adoccedilatildeo por estrangeiros somente ocorreraacute nos
casos em que a crianccedila jaacute tenha uma tenha sua situaccedilatildeo juriacutedica definida ou seja que jaacute
possua sentenccedila transitada em julgado declarando a decretaccedilatildeo da perda do poder familiar
ou nos casos de haver declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham falecido e este menor esteja
sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm 80699018
Ressalvando os casos em que se dever tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por
estrangeiros residentes no exterior referente ao traacutefico venda e sequumlestro de crianccedilas para o
exterior
Passo importante para a adoccedilatildeo no Brasil foi agrave Convenccedilatildeo de Haia que ratifica o
interesse das crianccedilas a serem adotadas e coibindo o sequumlestro de menores o traacutefico e a
venda de crianccedilas A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo
ratificada em nosso ordenamento juriacutedico atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril
de 1995 cujo objetivo eacute o de garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo
entre os Estados contratantes19
_______________ 17 Op cit p 3 p 61 18 Op cit p 3 p 61 19 Op cit p 3 p 485 5 ndash Os projetos de conscientizaccedilatildeo e incentivos da Adoccedilatildeo
Atualmente o Juizado da Infacircncia e juventude do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo
em parceria com oacutergatildeos natildeo governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo
da adoccedilatildeo dentre outras atividades atraveacutes de Projetos Especiais que tem por objetivo a
colocaccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco pessoal e social nas ruas
das grandes cidades em famiacutelias substituas uma vez que toda crianccedila ou adolescente tem
direito a ser criado e educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente em famiacutelia
substituta assegurada a convivecircncia familiar e comunitaacuteria
Tal projeto vinculado pela 1ordf Vara da Infacircncia e Juventude do Rio de Janeiro lanccedilou
a cartilha da adoccedilatildeo com o intuito de esclarecer e incentivar a adoccedilatildeo20
Projeto semelhante foi lanccedilado pela 1ordf Vara da Infacircncia e Juventude de Vitoacuteria ndash ES
tambeacutem lanccedilou recentemente a obra ldquo111 perguntas sobre a adoccedilatildeordquo21
Ambos os projetos satildeo tem por objetivo esclarecer e incentivar a adoccedilatildeo como ponto
de referecircncia importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional
das accedilotildees sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter uma famiacutelia Assim
podemos constatar que a cartilha traz todo o rol de procedimentos e esclarecimentos a
aqueles que queiram adotar sejam eles residentes no Brasil ou no Exterior
7ndash A adoccedilatildeo por Homossexuais
A grande discussatildeo hoje rebatida pela sociedade seria a da possibilidade de
homossexuais poderem ou natildeo adotar
_____________ 20 Cartilha da adoccedilatildeodipsonovellt wwwjuizadodainfanciaejuventudeorgbrgtAcesso em 30out 2004 21 Cartilha da adoccedilatildeo Disponiacutevelwwwtjesgovbr Acesso em 30 out 2004 Na verdade vaacuterios satildeo os fatos alegados a natildeo possibilidade de adoccedilatildeo pelos
homossexuais como a diferenccedila da formaccedilatildeo da famiacutelia que fugiria aos padrotildees da
formaccedilatildeo da famiacutelia heterossexual da nossa sociedade
De certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se
estabelecer-se e contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos
homossexuaisrdquo tem de ser respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela
sociedade e pelo Estado21
Vaacuterios argumentos e sofismas satildeo utilizados para a natildeo legalizaccedilatildeo da adoccedilatildeo por
homossexuais mas o que prepondera realmente eacute o preconceito e o que deveria mesmo ser
visado que seria o interesse do adota natildeo estaacute sendo colimado
De fato em nosso ordenamento juriacutedico natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito
positivo para validar a uniatildeo homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecer o
direito a uniatildeo homossexual atraveacutes da jurisprudecircncia E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem
em nosso ordenamento juriacutedico a regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais
Mas tambeacutem natildeo haacute legislaccedilatildeo que proiacuteba a adoccedilatildeo de menores por homossexuais
O que presenciamos sim seria a violaccedilatildeo de direitos aos homoafetivos pois fica clara a
violaccedilatildeo ao direito a igualdade e a isonomia Assim como tambeacutem natildeo haacute restriccedilatildeo legal
quanto a formaccedilatildeo da famiacutelia que deveria ser somente heterossexual
Acredito que o que se deva levar em consideraccedilatildeo eacute a situaccedilatildeo de fato do menor a ser
adotado de ser resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe
um lar seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual
____________ 21 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005
daqueles que lhe acolhem22
Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no
aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruas com
grandes possibilidades de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que
tecircm por fundamento o preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o
inteacuterprete inovar23
Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida
pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato
Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo
E nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na
aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem
comum cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao
Coacutedigo Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do
Direito
Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave
adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do
adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente
iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando
devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo24
Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais
homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato25
____________ 22 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 23 Op Cit P 8 24 Op Cit P 8 25 Op Cit P 8
Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo
sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel
privar os homossexuais do direito agrave adotar26
E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais
flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de
tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar
seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles
que lhe acolhem27
Portanto fica bem claro que eacute importante deixar de lado as barreiras do preconceito
___________ 26 Op Cit P 8 27 Op Cit P 8
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WALD Arnald O Novo Direito de Famiacutelia 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2002 p217-225
CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO
12 LINEAMENTOS HISTOacuteRICOS
Historicamente o instituto da adoccedilatildeo desde os tempos mais primoacuterdios era utilizado
por nossos antepassados e com o passar dos tempos evoluiu tanto no aspecto social quanto
no aspecto juriacutedico
No direito primitivo a famiacutelia era a unidade social econocircmica e religiosa e a adoccedilatildeo
constituiacutea-se como um meio eficaz de perpetuar a famiacutelia e a religiatildeo domeacutestica ao qual
transferia-se os bens familiares pois nessa eacutepoca natildeo se conhecia do testamento1
No direito romano os imperadores utilizavam-se do instituto para designar os seus
sucessores e seus futuros Chefes de Estados deixando a adoccedilatildeo de ser um instrumento de
direito privado e passando a ser instrumento de direito puacuteblico2
E a maior prova de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor solidariedade
encontra-se narrado na Biacuteblia no nascimento de Jesus Cristo fruto
esse concebido pelo Divino Espiacuterito Santo para mostrar que natildeo haacute a
necessidade de casamento da conjunccedilatildeo carnal e de todas as
concepccedilotildees do homem para que se conceba um filho3
Tal instituto teve sua origem fundada na Biacuteblia no Coacutedigo de Hamurabi e nas Leis
de Manu4
__________ 1 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 218 2 SIQUEIRA Liboacuterni Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 34 3 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Luacutemen Iuris 1996 p 1 4 Op cit p 11 p 218
No Coacutedigo de Manu o instituto da adoccedilatildeo encontram-se descrito na Lei IX 10
ldquoAquele a quem a natureza natildeo deu filhos pode adotar um para que as cerimocircnias fuacutenebres
natildeo cessemrdquo5
As Leis de Manu determinavam que a adoccedilatildeo somente seria possiacutevel entre um
homem e um rapaz da mesma classe social e que o adotado tivesse todas as qualidades
apreciadas num filho6
Jaacute o Coacutedigo de Hamurabi eacute considerado o documento mais antigo que se tenha
notiacutecia antes de Cristo O instituto no Coacutedigo de Hamurabi era conhecido como ldquoSentenccedilas
de Direitordquo traz em seus artigos 185 a 193 e o define como ldquomacircrucircturdquoArt 185 ndash Se algueacutem
toma em adoccedilatildeo uma crianccedila ou a educa esta natildeo pode ser reclamadardquo7
Nas passagens biacuteblicas eacute possiacutevel exemplificarmos algumas dessas noccedilotildees do
instituto da adoccedilatildeo ao relatarmos alguns casos como a histoacuteria de Moiseacutes que foi adotado
por Termulus quando o encontrou agraves margens do Rio Nilo na de Mordecai que criou Eacutester
como uma irmatilde e ainda na proacutepria histoacuteria de Joseacute do Egito adotado por Potifar8
Os Hebreus chamavam a adoccedilatildeo pelo nome de ldquoleviratordquo9
De acordo com a Biacuteblia poderiam adotar tanto o pai como a matildee e a adoccedilatildeo soacute se
dava entre parentes A mulher esteacuteril poderia adotar os filhos da serva que ela havia
conduzido ao taacutelamo do marido10
__________ 5 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Luacutemen Iuris 1996 p 21 6 Op cit p 12 p 21 7 Op cit p 12 p 25 8 SZNICK Waldir Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 26 9 Op cit p 12 p 26 10 Op cit p 12 p 26
Para os Romanos a adoccedilatildeo era o ato legislativo pelo qual algueacutem perfilha um filho
que natildeo se gerou tendo em vista a necessidade da perpetuaccedilatildeo do culto domeacutestico que
tinha um valor sacral Para os romanos havia dois tipos de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo e a
adrogatio11
A adoccedilatildeo ou adoptio era instituto de direito privado destinado ao alieni juacuteris para
quem tivesse sob o paacutetrio poder da Lei das XII Taacutebuas Jaacute a adrogatio pertencia ao direito
puacuteblico a doaccedilatildeo de sui juacuteris como filho na famiacutelia de um pater famiacutelias12
Para os Gregos a adoccedilatildeo rompia todos os laccedilos da famiacutelia anterior sequer poderia
prestar o funeral dos pais anteriores A adoccedilatildeo tinha o nome de Teacutesis tambeacutem conhecida
como Ampasis13
O Direito Canocircnico desconheceu a adoccedilatildeo ateacute certo ponto e se manifestava com
reservas A igreja via a adoccedilatildeo como uma ressalva ao casamento e agrave constituiccedilatildeo da famiacutelia
legiacutetima como uma das possibilidades de se fraudar as normas vigentes que proibiam o
reconhecimento de filhos adulterinos e incestuosos14
Na Idade Meacutedia a adoccedilatildeo sucede ao processo histoacuterico da famiacutelia romana tecircm o
mesmo objetivo destinado ao culto domeacutestico daqueles que natildeo tinham descendentes
Nessa eacutepoca Justiniano reformou o instituto da adoccedilatildeo seguindo as linhas das instituiccedilotildees
orientais em especial as helecircnicas mas permanecendo a adoccedilatildeo claacutessica 15
Portanto nesse periacuteodo Justiniano a adoccedilatildeo era o ato solene pelo qual se admite em
lugar de filho quem por natureza natildeo ostenta tal qualidade16
_____________ 11 ZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 27 12 Op cit p 13 p 32 13 Op cit p 13 p 26 14 WALD Arnoldo O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo PauloSaraiva 15 SIQUEIRA Liboacuterni Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 35 16 Op cit p13 p 35
Na eacutepoca moderna o instituto da adoccedilatildeo teve a sua inspiraccedilatildeo no Direito Romano
sendo encontrado no Coacutedigo de 1683 promulgado na Dinamarca por Christian V Na
Alemanha tal instituto encontra-se no Coacutedigo de Pressuniano promulgado por Frederico
Guilherme II em 1751 e no Codex Maximilianus da Bavaacuteria de 175617
Essa legislaccedilatildeo influenciou o Coacutedigo Napoleocircnico de 1791 apesar da normativa
sobre o instituto da adoccedilatildeo natildeo houve uma aceitaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo frequumlente tendo em vista
a suspeita de favorecimento a fraude e agrave lei fiscal18
O Coacutedigo Napoleocircnico de 1971 contemplava quatro tipos de adoccedilatildeo19
a) adoccedilatildeo ordinaacuteria ndash depende de homologaccedilatildeo judicial permitida a maiores de50 anos
e diferenccedila de 15 anos entre o adotado altera nome tem direitos sucessoacuterios
b) adoccedilatildeo remuneratoacuteria ndash destinada a quem tivesse salvo a vida do adotando
irrevogaacutevel
c) adoccedilatildeo testamentaacuteria ndash permitida ao tutor apoacutes 5 anos de tutela
d) tutela oficiosa ndash uma espeacutecie de adoccedilatildeo provisoacuteria em favor dos menores
Por fim as Ordenaccedilotildees advieram do direito geral portuguecircs primeiro as Ordenaccedilotildees
Afonsinas de 1446 a 1514 que para o Brasil entraram em vigor agrave partir de 1500 sendo esta
substituiacuteda pelas Ordenaccedilotildees Manuelinas em 1514 e por uacuteltimo as Ordenaccedilotildees Filipinas em
1603 que vigoraram ateacute a promulgaccedilatildeo do da Lei nordm Coacutedigo Civil em 191620
_____________ 17 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo PauloLeud 1999 p 40 18 Op cit p 14 p 40 19 Op cit p 14 p 41 20 Op cit p 14 p 41
Nessa fase a adoccedilatildeo era regulada por inuacutemeros textos e passagens sem uma norma
especiacutefica
Com as Ordenaccedilotildees o instituto adquiriu o nome de perfilhamento e tinha como
objetivo tornar como herdeiro na sucessatildeo o filho tido mesmo que fosse o filho espuacuterio ou
o filho adulterino21
Com a independecircncia as Ordenaccedilotildees passaram a perder a sua validade em nosso
ordenamento juriacutedicoem virtude dos inuacutemeros diplomas e regulamentos que passaram a
vigorar na eacutepoca poreacutem a revogaccedilatildeo total soacute ocorreu com o advento do Coacutedigo Civil de
191622
12 CONCEITO
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de
solidariedade ou seja a chance de crianccedilas e adolescentes de terem um lar uma famiacutelia jaacute
que foram desprovidos de alguma forma de seus familiares
Para o conceito de adoccedilatildeo existem vaacuterias definiccedilotildees Em uma conceituaccedilatildeo simples e
clara podemos dizer que a adoccedilatildeo eacute um ato juriacutedico que tem por finalidade criar entre duas
pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue23
Ainda pode ser definida como o ato de ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco civil
portanto de suma importacircncia para a sociedade brasileira tendo em vista que tal ato
juriacutedico coaduna na esfera da vontade dos particulares com a devida permissatildeo da lei
__________ 21 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 42 22 Op cit p 15 p 42 23 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147
criando entre essas pessoas estranhas uma relaccedilatildeo anaacuteloga como agraves oriundas da filiaccedilatildeo
legiacutetima24
A adoccedilatildeo tambeacutem pode ser conceituada como o ato juriacutedico pelo qual o viacutenculo
familiar eacute criado em virtude do proacuteprio ato pelo legislador25
Alguns autores definem a adoccedilatildeo apenas como o instituto que daacute ao filho adotivo o
status idecircntico ao do filho legiacutetimo
Passamos a analisar a conceituaccedilatildeo dos seguintes juristas
Para Clovis Bevilacqua a adoccedilatildeo se destinava a suprir a falta de filho que tem como
ato civil aacute aceitaccedilatildeo de um estranho como filho26
Para a Profa Maria Helena Diniz a adoccedilatildeo eacute uma instituiccedilatildeo de caraacuteter humanitaacuterio
que tem por um lado dar aqueles a quem a natureza negou um lar e uma famiacutelia e por outro
lado a uma finalidade assistencial constituindo um meio de melhorar a condiccedilatildeo moral e
material do adotado27
Para Walter Gaspar a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica a qual se estabelece uma relaccedilatildeo
de parentesco que independe do fato natural da procriaccedilatildeo28
Para Orlando Gomes a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece independente
do fato natural o viacutenculo de filiaccedilatildeo legal que permite a constituiccedilatildeo entre duas pessoas do
laccedilo de parentesco do primeiro grau em linha reta29
_________ 24 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 25 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 26 Op cit p 16 p 63 27 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 28 GASPAR Walter Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003 p 315 29 ORLANDO Gomes Instituiccedilotildees de Direito Civil Satildeo Paulo Forense1996 p 226
Jose Maria Leoni Lopes de Oliveira define a adoccedilatildeo como um instituto juriacutedico que
procura imitar a filiaccedilatildeo natural30
Para Silvio Rodrigues a adoccedilatildeo eacute o ato do adotante pelo qual ele traz para a sua
famiacutelia e na condiccedilatildeo de filho pessoa que lhe eacute estranha31
Para Caio Mario da Silva a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual uma pessoa recebe
outra como filho independentemente de existir entre elas qualquer relaccedilatildeo de parentesco
cosanguiacuteneo ou afim32
Para Antunes Varella a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece entre duas
pessoas adotante de um lado e adotado de outro independente dos laccedilos de sangueuma
relaccedilatildeo legal de filiaccedilatildeo33
Para o Prof Arnoldo Wald a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco
civil Eacute um ato juriacutedico bilateral que gera laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre pessoas para
as quais tal relaccedilatildeo inexiste materialmente34
Para Carbonnier a filiaccedilatildeo adotiva eacute uma filiaccedilatildeo puramente juriacutedica que repousa
na pressuposiccedilatildeo de uma realidade natildeo bioloacutegica mas afetiva35
E para Dusi a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico solene em virtude do qual agrave vontade dos
particulares com a permissatildeo da lei cria entre pessoas naturalmente estranhas uma a outra
relaccedilotildees anaacutelogas as oriundas da filiaccedilatildeo legiacutetima36
__________ 31 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147 32 Direito Civil ndash Famiacutelia Satildeo Paulo Forense 1999 p330 48 op Cit p 17 p 330 33 Op Cit p 17 p 148 534WALD Arnold O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 35 Op cit p 17 apud Droit Civil 2 ndash La Famile nordm 354 p 519 36 Op cit p 17 p 217
No contexto das diversas definiccedilotildees atribuiacutedas a adoccedilatildeo podemos
verificar que esta se contrapotildee-se a filiaccedilatildeo legiacutetima ou natural por
sua caracteriacutestica artificial pois resulta da manifestaccedilatildeo de vontade e
de sentenccedila judicial Enquanto a filiaccedilatildeo natural tem seu viacutenculo
formado apenas no sangue
Contudo os efeitos da adoccedilatildeo em nosso ordenamento juriacutedico geram
as mesmas relaccedilotildees da filiaccedilatildeo natural
13 NATUREZA JURIacuteDICA
A natureza juriacutedica da adoccedilatildeo sempre foi muito controvertida para alguns
doutrinadores a adoccedilatildeo apenas eacute uma relaccedilatildeo juriacutedica enquanto para outros eacute negoacutecio
unilateral tendo em vista a vontade do adotante37
Com o passar dos tempos a mudou a sua finalidade antes se destinava
a atender aos interesses religiosos dos adotantes hoje se preocupa
mais com o interesse dos adotados objetivando proporcionar uma
famiacutelia38
A dificuldade em definir a natureza juriacutedica da adoccedilatildeo decorre da sua
natureza e da origem do seu ato
Assim para alguns autores adoccedilatildeo seria uma forma de contrato
devido agrave bilateralidade do ato pois eacute preciso a manifestaccedilatildeo de duas
vontades a do adotante e do adotado Sendo que agraves vezes o adotado eacute
representado poreacutem a vontade do adotando inexiste em algumas
situaccedilotildees o que dificulta a compreensatildeo dessa doutrina39
__________ 37 Op cit p 17 p 320 38 Op cit p 17 p 149 39 Op cit p 17 p 320
Para outros autores a adoccedilatildeo eacute instituto juriacutedico de ordem puacuteblica sendo necessaacuterio
a manifestaccedilatildeo do Estado declarando ou natildeo a adoccedilatildeo40
No Coacutedigo Civil de 1916 a adoccedilatildeo tinha a natureza de contrato
devido agrave solenidade exigida na lei da escritura puacuteblica realccedilando a
natureza negocial do instituto como contrato de famiacutelia disposto no
artigo 37541
Nessa eacutepoca havia duas formas distintas de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo simples
e a adoccedilatildeo plena e cada uma delas apresentava natureza proacutepria42
No Estatuto natildeo prevalece apenas a bilateralidade de vontades pois o Estado
participa de forma ativa exigindo-se tambeacutem uma sentenccedila judicial pois sem esta natildeo
haveraacute adoccedilatildeo 43
O Coacutedigo Civil de 2002 requer a presenccedila dos adotantes do Estado e somente
ocorreraacute se for atraveacutes de sentenccedila judicial
Pode-se assim concluir que a adoccedilatildeo eacute um ato complexo o
qual tem na sua primeira fase um caraacuteter negocial em seguida a
manifestaccedilatildeo de vontade dos adotantes e adotados e em sua segunda
fase tem caraacuteter judicial a fim de verificar a conveniecircncia ou natildeo da
adoccedilatildeo que culmina com a sentenccedila judicial44
Portanto a accedilatildeo de adoccedilatildeo eacute accedilatildeo do estado de caraacuteter constitutivo
conferindo a posiccedilatildeo de filho ao adotado atraveacutes de sentenccedila judicial
____________ 40 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p320 41 Op cit p 19 p 316
42 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Rio de Janeiro Atlas 2001 p 257 43 Op cit p 19 p 320
44 Op cit p 19 p 316 14 EVOLUCcedilAtildeO LEGISLATIVA DA ADOCcedilAtildeO
No Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 3071 de 01 de maio de 1916 vigoravam as
Ordenaccedilotildees Afonsinas Filipinas e Manuelinas45
Com o advento do Coacutedigo Civil de 1916 ocorreu a sistematizaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos
artigos 368 a 378 de caraacuteter essencialmente privado
Todavia o nosso direito paacutetrio da eacutepoca revelava as influecircncias do direito romano
do direito canocircnico das Ordenaccedilotildees Afonsinas Manuelinas e Filipinas46
No coacutedigo de 1916 a adoccedilatildeo era definida como o ato civil pelo qual algueacutem aceita
um estranho na qualidade de filho contudo tal conceito trazia consigo as suas restriccedilotildees47
Nessa eacutepoca havia restriccedilotildees quanto agrave adoccedilatildeo pois a mesma se destinava a habilitar
pessoas com mais de 50 anos exigindo a diferenccedila miacutenima de 18 anos entre adotado e
adotante e natildeo haveria direito de sucessatildeo ao adotado
Em 1957 adveio o Estatuto da adoccedilatildeo - Lei nordm 3133 de 08 de maio de 1957 E em
1979 o Coacutedigo de Menores Lei nordm 6667 de 10 de outubro de 1979 ambos traziam algumas
modificaccedilotildees que eliminava certas restriccedilotildees do Coacutedigo Civil de 191648
Algumas dessas modificaccedilotildees trazidas foi a de possibilidade de se adotar aos 30
anos e a diferenccedila de idade entre adotando e adotado passou a ser de 16 anos eliminou-se
tambeacutem o preacute-requisito de que somente casais sem filhos poderiam adotar49
______________ 45 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 38 46 Opcit p 20 p 42 47 Opcit p 20 p 84 48 Opcit p 20 p 40 49 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo em 1988 e com o advento do Estatuto da
Crianccedila e do Adolescente ndash ECA em 1990 consegui-se eliminar todas as restriccedilotildees
pertinentes agrave diferenccedila entre filhos adotivos ilegiacutetimos eou aduacutelterinos50
Assim hoje o filho adotivo tem os mesmos direitos garantias e deveres dos filhos
bioloacutegicos artigo 227 sectordm da CRFB
A partir de 1990 as regras da adoccedilatildeo passaram a visar mais os interesses direitos e
reais e necessidades dos adotandos O que se pretendia era encontrar uma famiacutelia adequada
aos menores e natildeo a busca de uma crianccedila para aqueles que pretendem adotar51
Jaacute o novo Coacutedigo Civil trata desse instituto da aceitaccedilatildeo legal de estranho no seio
familiar nos artigos 1618 a 1629 passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que
originariamente natildeo eacute criando com este laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com todos os
direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo inexiste
naturalmente52
E corroborando com o instituto da adoccedilatildeo o nosso texto constitucional assegura em
seu artigo 227 o direito de se ter uma famiacutelia o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave
educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura ao respeito agrave dignidade agrave liberdade e a
convivecircncia familiar 53
Esse direito de se ter uma famiacutelia consagrado na Carta Magna adveacutem do direito
positivo brasileiro do direito natural do simples direito de se ter um lar
__________ 50 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 150 51 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41 52 As modificaccedilotildees introduzidas agrave partir do advento do Novo Coacutedigo Civil ndash Lei nordm 1040602 53 CONSTITUICcedilAcircO FEDERAL EC nordm 45 Rio de Janeiro 2005 p 149
A adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia da proteccedilatildeo ao adotado e cuja finalidade
eacute a de dar um lar aos menores criando para esses menores um ambiente familiar e o
equiparando o adotado como filho legiacutetimo
Egrave um instituto de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo agravequeles que precisam de um
lar amor carinho e dignidade
Tem por finalidade fundamental dar filhos agravequeles que natildeo podem ter
biologicamente e de dar pais agravequeles que se encontram desamparados por algum motivo
Assim a adoccedilatildeo que fugir desses paracircmetros a que estaacute destinada estaraacute distorcendo a
finalidade do ordenamento a que lei se destina
Ficando constatado que a adoccedilatildeo no Brasil constitui um imperativo de ordem eacutetica
de natureza constitucional pois natildeo se pode construir uma sociedade mentalmente satilde sobre
as bases de abandono de crianccedilas os futuros homens de amanhatilde
CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
A adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil de 1916 era regulada nos artigos de 368 a 378 Nesse
Coacutedigo havia previsatildeo legal para duas modalidades de adoccedilatildeo54
A adoccedilatildeo simples estabelecia o viacutenculo de filiaccedilatildeo entre adotante e adotado
podendo o adotante ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos regia-se pelo Coacutedigo
Civil de 1916 e pela Lei nordm 313355
A adoccedilatildeo plena era espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser
irrevogavelmente para todos os efeitos legais a ser filhos dos adotantes desligando-se de
qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais
introduzido pela Lei nordm 669779
Nesse Coacutedigo Civil a adoccedilatildeo aplicava-se aos maiores de 18 anos e realccedilava a sua
natureza negocial do instituto tendo em vista a solenidade da escritura puacuteblica que a lei
exigia como contrato de direito de famiacutelia Somente seria a adoccedilatildeo consumada com a
devida averbaccedilatildeo da escritura no registro civil e no ato da adoccedilatildeo seriam declarados quais
os nomes da famiacutelia passaria o adotado a usar
Eram requisitos para adoccedilatildeo nesta legislaccedilatildeo de 1916 que o adotante fosse 16 anos
mais velho que o adotando com mais de 30 anos de idade se o adotante fosse casado o
casamento deveria ter duraccedilatildeo superior agrave cinco anos duas pessoas natildeo poderiam adotar
conjuntamente se natildeo forem marido e mulher e o adotando com maior de 18 anos o tutor
ou curador poderiam adotar depois de prestadas as contas ocorria atraveacutes de escritura
puacuteblica havia previsatildeo de adoccedilatildeo por estrangeiros sem restriccedilatildeo55
______________ 54 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 55 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p 323
Com o advento da Lei nordm 104062002 o instituto da adoccedilatildeo passou a ser tratado nos
artigos de 1618 a 1629 como jaacute mencionado E por conta da nova legislaccedilatildeo a adoccedilatildeo
simples e a adoccedilatildeo plena deixam de existir passando a adoccedilatildeo ser irrestrita 56
Hoje o Novo Coacutedigo - Lei nordm 104062002 se preocupa em seus artigos com a
adoccedilatildeo de forma global ou seja com a adoccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes e principalmente
com a primazia do interesse do adotado
Assim o instituto da adoccedilatildeo passa a ser regido nos seguintes termos57
No art 1618 Somente pessoa maior de dezoito anos pode adotar
Analisando este artigo pode-se constatar que houve a reduccedilatildeo da idade miacutenima para
adotar antes exigida de 35 anos
E em seu Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo poderaacute ser formalizada por ambos os cocircnjuges
ou companheiros desde que um deles tenha completado dezoito anos de idade comprovada
a estabilidade da famiacutelia
Os artigos 1619 e 1620 natildeo tiveram alteradas a sua redaccedilatildeo
De acordo com o artigo 1619 o adotante haacute de ser pelo menos dezesseis anos mais
velho que o adotado E no artigo 1620 enquanto natildeo der contas de sua administraccedilatildeo e natildeo
saldar o deacutebito natildeo poderaacute o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o curatelado
O artigo 1621 descreve que a adoccedilatildeo depende de consentimento dos pais ou dos
representantes legais de quem se deseja adotar e da concordacircncia deste se contar mais de
doze anos
______________
56 Op cit p 23 p 425
57 Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003 p 452-459
sect 1o O consentimento seraacute dispensado em relaccedilatildeo agrave crianccedila ou adolescente cujos
pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder familiar
sect 2o O consentimento previsto no caput eacute revogaacutevel ateacute a publicaccedilatildeo da sentenccedila
constitutiva da adoccedilatildeo
O novo dispositivo diminui a idade miacutenima do adotado para manifestar o seu
consentimento para 12 anos no regime anterior era de 14 anos
De acordo co o artigo 1622 ningueacutem poderaacute ser adotado por duas pessoas salvo se
forem marido e mulher ou se viverem em uniatildeo estaacutevel
Neste artigo foi acrescentado o paraacutegrafo uacutenico que acrescenta a posiccedilatildeo da adoccedilatildeo
por companheiros ou daqueles que vivem em uniatildeo estaacutevel
Paraacutegrafo uacutenico Os divorciados e os judicialmente separados poderatildeo adotar
conjuntamente contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o
estaacutegio de convivecircncia tenha sido iniciado na constacircncia da sociedade conjugal
No artigo 1623 a adoccedilatildeo obedeceraacute a processo judicial observados os requisitos
estabelecidos neste Coacutedigo
Houve acreacutescimo na nova legislaccedilatildeo apenas do paraacutegrafo uacutenico ao qual foi atribuiacuteda a
seguinte redaccedilatildeo
Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo de maiores de dezoito anos dependeraacute igualmente da
assistecircncia efetiva do Poder Puacuteblico e de sentenccedila constitutiva
No artigo 1624 Houve a substituiccedilatildeo do ldquopaacutetrio poderrdquo por ldquopoder familiarrdquo sendo
ainda suprimida a palavra ldquomenor abandonadordquo trazido na legislaccedilatildeo de 1916
Assim dispotildee o artigo citado em que natildeo haacute necessidade do consentimento do
representante legal do menor se provado que se trata de infante exposto ou de menor cujos
pais sejam desconhecidos estejam desaparecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder
familiar sem nomeaccedilatildeo de tutor ou de oacuterfatildeo natildeo reclamado por qualquer parente por mais
de um ano
De acordo com o artigo 1625 somente seraacute admitida a adoccedilatildeo que constituir efetivo
benefiacutecio para o adotando sendo matida a mesma redaccedilatildeo
Jaacute no artigo 1626 houve acreacutescimo do paraacutegrafo uacutenico
Dipondo a seguinte redaccedilatildeo o caput a adoccedilatildeo atribui a situaccedilatildeo de filho ao adotado
desligando-o de qualquer viacutenculo com os pais e parentes consanguumliacuteneos salvo quanto aos
impedimentos para o casamento
Paraacutegrafo uacutenico se um dos cocircnjuges ou companheiros adota o filho do outro
mantecircm-se os viacutenculos de filiaccedilatildeo entre o adotado e o cocircnjuge ou companheiro do adotante
e os respectivos parentes
Com relaccedilatildeo ao artigo 1627 permaneceu a mesma redaccedilatildeo com relaccedilatildeo a decisatildeo que
confere ao adotado o sobrenome do adotante podendo determinar a modificaccedilatildeo de seu
prenome se menor a pedido do adotante ou do adotado
No artigo abaixo descrito houve a adequaccedilatildeo ao dispositivo de moda a resguardar o
princiacutepio constitucional da plena igualdade entre filhos bioloacutegicos e adotados
Dispotildee o artigo 1628 que os efeitos da adoccedilatildeo comeccedilam a partir do tracircnsito em
julgado da sentenccedila exceto se o adotante vier a falecer no curso do procedimento caso em
que teraacute forccedila retroativa agrave data do oacutebito As relaccedilotildees de parentesco se estabelecem natildeo soacute
entre o adotante e o adotado como tambeacutem entre aquele e os descendentes deste e entre o
adotado e todos os parentes do adotante
Natildeo houve alteraccedilatildeo na redaccedilatildeo do artigo 1629 apenas tal dispositivo tem o
objetivo de ajustar o Novo Coacutedigo Civil agrave lei superveniente ou seja Estatuto da Crianccedila e
do Adolescente
Dispondo o referido artigo a seguinte redaccedilatildeo a adoccedilatildeo por estrangeiro obedeceraacute
aos casos e condiccedilotildees que forem estabelecidos em lei
Assim pode-se concluir que na falta de norma reguladora para o instituto da adoccedilatildeo
desde que natildeo conflite com o Coacutedigo Civil deveraacute ser aplicado analogicamente o Estatuto da
Crianccedila e do Adolescente
Ainda constata-se que o Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute
maior de 18 anos passando o instituto da adoccedilatildeo a ser irrestrito trazendo importantes
reflexos ao nosso ordenamento juriacutedico paacutetrio no que diz respeito aos direitos da
personalidade e nos direitos sucessoacuterios Enquanto o antigo Coacutedigo Civil Brasileiro de 1916
adotava o sistema da manifestaccedilatildeo de vontade
Atualmente o Coacutedigo Civil vigente e o Estatuto da Crianccedila adotam o sistema da
sentenccedila judicial sendo que o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo para os
menores de 18 anos o que natildeo exime que a adoccedilatildeo de menor de 18 anos seja feita pelo
Coacutedigo Civil58
De acordo com a legislaccedilatildeo civil podemos conceituar a adoccedilatildeo como o ato de
filiaccedilatildeo juriacutedica que pressupotildee de afetividade e natildeo de relaccedilatildeo bioloacutegica passando o
adotado a ser tratado como se fosse filho natural constituiacutedo em benefiacutecio do adotando
_____________ 58 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 irretrataacutevel e perpeacutetuo depois de consumado que cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com
todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo
inexistia naturalmente
De forma simples podemos definir a adoccedilatildeo como modalidade de filiaccedilatildeo civil que
busca imitar a filiaccedilatildeo natural dependente da vontade de adotante e adotado e por via de
sentenccedila judicial
Assim torna-se inafastaacutevel a utilidade do instituto da adoccedilatildeo em relaccedilatildeo ao menor
carente ou em estado de abandono pois eacute de interesse do Estado a inserccedilatildeo desse menor em
um ambiente familiar
Fica claro que o instituto da adoccedilatildeo eacute de caraacuteter humanitaacuterio que tem por um lado o
escopo de proporcionar agravequeles que a quem a natureza negou filhos e por outro lado
constitui a finalidade assistencial de melhorar a condiccedilatildeo moral e material do futuro
adotado
Mas ainda muito haacute de se defender em prol do instituto da adoccedilatildeo no Brasil natildeo soacute
como forma de projeto de cidadania mas tambeacutem como forma de vida digna a aqueles que
natildeo tem um lar principalmente ao que refere aos direitos de adoccedilatildeo internacional e ainda ao
direito de adoccedilatildeo por casais homossexuais
22 REQUISITOS DA ADOCcedilAtildeO
221 Requisitos Formais
Satildeo alguns requisitos formais para a adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil vigente59
efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal
ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)
____________ 59 VENOSASilvio de Salvo Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003p349
efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal
ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)
diferenccedila miacutenima de idade entre o adotante e o adotado (artigo 1619)
consentimento do adotado de seus pais ou de seu representante (artigos 1621 sect 1ordm e
1624)
intervenccedilatildeo judicial na sua criaccedilatildeo pois somente se aperfeiccediloa perante o juiz atraveacutes de
processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico (artigo 1623 paraacutegrafo uacutenico)
irrevogabilidade (artigo 1626 caput)
estaacutegio de convivecircncia (1622 paraacutegrafo uacutenico 1ordfparte)
comprovaccedilatildeo de estabilidade familiar (artigo 1618 paraacutegrafo uacutenico in fine)
23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO
A adoccedilatildeo se daacute atraveacutes de um processo judicial perante o juiz com competecircncia na
aacuterea da infacircncia e juventude que iraacute conhecer dos pedidos da adoccedilatildeo e os seus incidentes
entre os quais a destituiccedilatildeo do paacutetrio poder e guarda para fins da adoccedilatildeo
Vislumbram-se duas hipoacuteteses em que se adota ou a famiacutelia jaacute convive com a
crianccedila ou adolescente que pretende adotar ou a famiacutelia estaacute a procura de uma crianccedila para
que venha a adotar
Na primeira hipoacutetese devem os interessados ajuizar o pedido de adoccedilatildeo atraveacutes de
advogado ou defensor puacuteblico que formularaacute o pedido diretamente em cartoacuterio atraveacutes de
peticcedilatildeo assinada pelos requerentes quando os pais forem falecidos tiverem sido destituiacutedos
do paacutetrio poder ou houverem aderido expressamente ao pedido os pais bioloacutegicos quando
conhecidos satildeo citados para querendo contestarem o pedido julgando o juiz ao final de
acordo com o interesse superior da crianccedila e do adolescente
Na segunda hipoacutetese os interessados devem requerer sua inscriccedilatildeo no cadastro do
juiacutezo de pessoas interessadas em adotar A partir daiacute instaura-se um procedimento no qual
seratildeo ouvidos pela equipe teacutecnica do juiacutezo (assistentes sociais eou psicoacutelogos) e antes da
decisatildeo que deferir a inscriccedilatildeo o Ministeacuterio Puacuteblico assistiraacute ao pedido de adoccedilatildeo conforme
previsto no artigo 227 sect5ordm da Constituiccedilatildeo Federal e emitiraacute parecer
Em seguida seratildeo incluiacutedos em grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo cujas vagas seratildeo
preenchidas de acordo com a ordem de ajuizamento do pedido de habilitaccedilatildeo respeitados os
criteacuterios estabelecidos
Os grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo possuem duraccedilatildeo prevista de 60 dias e visam
auxiliar os interessados em adotar Habilitados e inscritos no cadastro os interessados
recebem um certificado com validade de 2 anos
Satildeo necessaacuterios os seguintes documentos60
certidatildeo de casamento
atestado de residecircncia
folha de antecedentes criminais
prova de idoneidade fiacutesica e moral
prova de abandono do menor
destituiccedilatildeo do paacutetrio poder
atestado de sanidade fiacutesica
________________ 60 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
A adoccedilatildeo constitui-se por sentenccedila sendo necessaacuterio que 61
a peticcedilatildeo Inicial com os requisitos do artigo 35
se na inicial vier a concordacircncia dos pais do adotando seratildeo ouvidos pelo juiz e pelo
representante do Ministeacuterio Puacuteblico lavrando-se o termo
a autoridade juriacutedica de ofiacutecio ou o requerimento das partes e do Ministeacuterio Puacuteblico
determinaraacute a realizaccedilatildeo de estudo social ou se possiacutevel periacutecia por equipe profissional
decidindo sobre o estaacutegio de convivecircncia
Apresentado o laudo e ouvido o adotando teraacute vistas o Ministeacuterio Puacutebico
apoacutes a manifestaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico no prazo tambeacutem de 5 (cinco) dias o
juiz proferiraacute a sentenccedila
A sentenccedila judicial transitada em julgado seraacute inserida no registro civil mediante mandado do qual natildeo
se forneceraacute certidatildeo O mandado judicial cancelaraacute o registro de nascimento original do menor conforme
o artigo 16 da Lei nordm 601573 E a inscriccedilatildeo no registro constaraacute o nome dos adotantes
como pais e o nome dos seus ascendentes Assim o menor ingressa na famiacutelia do adotante
se desvinculando da famiacutelia natural
24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO
241 Efeitos pessoais
Satildeo alguns efeitos pessoais decorrentes da adoccedilatildeo62
____________________
61 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1996 p 60 62 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 430
rompimento automaacutetico do viacutenculo de parentesco com a famiacutelia de origem salvo os
impedimentos matrimocircniais (artigo 1626)
estabelecimento de verdadeiros laccedilos de parentesco civil entre adotante e adotado
abrangendo a famiacutelia do adotante (artigo 15282ordf parte)
transferecircncia definitiva e de pleno direito do poder familiar para o adotante se o adotante
for menor (artigo 1630 1634 1635 inciso V)
liberdade razoaacutevel em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo do nome do adotado (1627)
possibilidade de promoccedilatildeo da interdiccedilatildeo e inabilitaccedilatildeo do pai ou matildee adotiva pelo
adotado ou vice-versa (artigo 1768)
determinaccedilatildeo do domiacutecilio do adotado menor de idade que adquire o do adotante
242 Efeitos patrimoniais
Satildeo alguns efeitos patrimoniais produzidos pela adoccedilatildeo63
direito do adotante de administraccedilatildeo e ususfruto dos bens do adotado menor (artigo 1689
1691e 1693)
obrigaccedilatildeo do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar (artigo
1634)
dever do adotante de prestar alimentos ao adotado (artigo 1694 1696 e 1697)
direito a indenizaccedilatildeo do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante
responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menor de idade
______________
81 Op cit p 31 p 432
direito sucessoacuterio do adotado visto que se equipara ao filho advindo de parentesco
cosanguineo herdado em concorrecircncia com o cocircnjuge sobrevivente ou convivente do
falecido na qualidade de descendente do autor da heranccedila afastando todos os demais
herdeiros do adotante que natildeo tenham a qualidade de filho (artigo 1829 inciso I e
1790incisos I e II)
reciprocidade nos efeitos sucessoacuterios (artigo 1829 inciso II e 1790 inciso III)
filho adotivo natildeo estaacute compreendido na exceccedilatildeo do Coacutedigo Civil artigo 1790 inciso I
rompimento de testamento se sobrevier filho adotivo (artigo 1973)
direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciaacuterio (artigo 1951 a 1960)
superviniecircncia de filho adotivo pode revogar doaccedilotildees feitas pelo adotante ( artigo 1846 e
1789)
Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso
de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do
oacutebito64
25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO
Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se
obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do
negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do
ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade
____________
64 Op cit p 32 p 435
deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea
A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-
se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico
Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade
anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo
251 Nulidade da adoccedilatildeo
Seraacute nula a adoccedilatildeo que65
em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16
anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619
a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a
mesma pessoa (artigo 1622)
o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)
vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude
252 Anulabilidade da adoccedilatildeo
Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66
a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente
incapaz
ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado
____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435
consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz
vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores
a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado
253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo
Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67
pela falta de consentimento do adotante e adotado
pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou
interdiccedilatildeo civil
pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico
26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO
A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes
motivos68
pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil
Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a
madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave
enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou
neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade
pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil
____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437
Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste
contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a
honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila
pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue
quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva
pela morte do adotante e adotado
27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO
Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a
finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo
avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante
e adotado69
Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute
prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com
facilidade a nova famiacutelia
O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a
ser adotado
Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a
extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo
atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil
____________
69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340
28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das
crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a
prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave
poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato
infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e
ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70
A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual
adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou
tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da
juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil
Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida
familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco
passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado
29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL
A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e
do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da
Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave
crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave
educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave
__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41
convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71
Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada
por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por
procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da
adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda
de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida
pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo
por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72
Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo
de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes
independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos
havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e
qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73
Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos
adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do
bem estar do adotado
210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO
A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser
incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e
educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta
assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria
___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438
Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como
com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo
dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos
pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco
pessoal e social nas ruas das grandes cidades
Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia
importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees
sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia
Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem
por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades
coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e
ceacutelere
Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria
com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e
defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do
proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os
procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados
Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo
atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o
instituto da adoccedilatildeo
A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de
_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em
lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que
querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave
crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico
educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e
na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos
e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o
desenvolvimento da cidadania
Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que
tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria
Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir
211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO
Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75
Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma
simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo
A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais
os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a
situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem
adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda
________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser
proporcionada pelas pessoas sem adotar
Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva
jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os
interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais
vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito
simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses
O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida
cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior
(adoccedilatildeo internacional)
CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees
estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil
Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente
A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida
excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido
por pessoa residente no Paiacutes
A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico
conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei
supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida
sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76
Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo
juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a
decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham
falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm
80699077
Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da
Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da
CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia
____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464
Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por
estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos
interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas
atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os
bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal
intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando
verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em
moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias
maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado
enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees
escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos
especialmente do menorrdquo78
Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante
nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado
tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a
perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e
economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila
passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco
e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79
Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas
___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438
Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil
A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver
medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo
internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda
possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o
seu ingresso em famiacutelia substituta
Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo
internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem
conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas
Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em
seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser
interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores
para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que
visem lucro80
Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas
pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator
determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas
famiacutelias substitutas
32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR
ESTRANGEIROS
A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo
seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e
condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________
80 Op Cit p 44 p 438
parte de estrangeiros
Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida
excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo
acarreta o adotante aacute desistecircncia
Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81
impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo
estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro
residente ou domiciliado fora do paiacutes
comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de
seu paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia
especializada e credenciada no paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido
do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico
juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente
autenticados pela autoridade consular
permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a
consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo
Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e
cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no
miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos
de idade
___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439
podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar
prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista
A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82
lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo
reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante
lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica
Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de
Adoccedilatildeo de Menores de 1984)
33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA
A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua
finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores
Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia
prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse
superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas
__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485
A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo
Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de
garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados
contratantes83
Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a
Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo
Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84
requisitos para a adoccedilatildeo internacional
requisitos processuais
reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo
De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo
em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o
interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras
_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486
CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a
grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo
igualmente a possibilidade da poder adotar
A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade
Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas
aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de
constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a
reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois
assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir
famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86
Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a
uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm
sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo
Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87
____________
86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho
mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49
A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios
E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por
homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se
espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem
homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila
se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais
homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos
tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte
de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo
16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo
se forem marido e mulher
Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89
____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da
uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos
homossexuais
42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA
E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a
situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos
casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo
juriacutedica podem os casais homossexuais adotar
No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo
homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes
da jurisprudecircncia
E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a
regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais
Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata
da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo
tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um
dos parceiros90
Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo
5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a
primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei
____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade
Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca
pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do
bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais
homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve
levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo
decidindo sempre pelo bem-estar do menor91
A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece
Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao
adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo
ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia
familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo
()
sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute
casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros
A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee
Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de
estado civil
______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005
Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92
Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que
homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo
poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante
O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de
adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual
diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro
de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93
______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo
da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum
cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito
Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94
Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais
homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95
Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo
sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel
privar os homossexuais do direito agrave adotar96
E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais
flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de
tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar
seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles
que lhe acolhem97
______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53
No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo
barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao
seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira
da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da
histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a
mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para
atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem
a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua
companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de
crianccedilas devem igualmente poder adotar98
Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no
aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes
de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o
preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99
Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida
pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato
Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo
________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53
CONCLUSAtildeO
A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia
E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto
no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio
Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988
Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade
Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente
A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva
Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros
por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores
Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade
Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a
sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do
Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo
Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e
principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que
pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da
adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e
venda de crianccedilas para o estrangeiro
A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente
estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse
baseado nos artigos 1618 a 1629
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52
Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de
amor carinho e solidariedade
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A famiacutelia eacute a ceacutelula formadora de pessoas Eacute o centro da educaccedilatildeo permanente Eacute a semente que faz nascer a feacute Eacute o berccedilo que embala o desenvolvimento Eacute a alma da naccedilatildeo (Liboacuterni Siqueira)
RESUMO
O trabalho de pesquisa monograacutefica tem por objetivo o estudo do instituto da adoccedilatildeo agrave luz do Novo Coacutedigo Civil tratado em seus artigos 1618 a 1629 ao qual assegura aos adotados a prerrogativa de ser tido como filho natural dos adotantes passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que originariamente natildeo ostenta tal qualidade tal instituto constitui em benefiacutecio do adotando a gecircnese do parentesco civil podendo ainda ser definido como o ato juriacutedico bilateral irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo garantindo aos adotados todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes inclusive os de sucessatildeo a heranccedila A adoccedilatildeo eacute a aceitaccedilatildeo voluntaacuteria e legal de uma crianccedila como filho portanto eacute ato irrevogaacutevel pois natildeo poderaacute mais ser desfeito salvo os casos expressos em lei Com a adoccedilatildeo assume-se o paacutetrio poder da crianccedila desligando-a de todo e qualquer viacutenculo com pais bioloacutegicos e seus parentes naturais A adoccedilatildeo judicial daacute proteccedilatildeo especial agrave adoccedilatildeo praticada por estrangeiros garantindo assim os direitos e garantias daqueles que seratildeo adotados em virtude da grande procura de estrangeiros em adotar crianccedilas brasileiras inibindo de certa forma o sequumlestro a venda e o traacutefico de crianccedilas brasileiras Quanto agrave adoccedilatildeo a ser requerida por homossexuais ainda seraacute motivo de muita discussatildeo juriacutedica em nossa Corte Judicial tendo em vista a natildeo aceitaccedilatildeo da nossa sociedade em natildeo aceitar as relaccedilotildees homossexuais Atualmente foi lanccedilado o primeiro Guia de Adoccedilatildeo de Crianccedilas e Adolescentes do Brasil com o intuito de incentivar a praacutetica da adoccedilatildeo e ao mesmo tempo com o intuito de esclarecer agravequeles que queiram adotar todos os procedimentos para da adoccedilatildeo aleacutem de trazer outras formas de soluccedilatildeo para o acolhimento de crianccedilas e adolescentes em famiacutelias substitutas
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO
CAPIacuteTULO 1 ndash ADOCcedilAtildeO
11 LINEAMENTOS HISTOacuteRICOS p 11
12 CONCEITO p 15
13 NATUREZA JURIacuteDICA p 18
14 EVOLUCcedilAtildeO LEGISLATIVA DA ADOCcedilAtildeO p 20
CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
21 ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL p 23
22 REQUSITOS DA ADOCcedilAtildeO p 28
221 Requisitos Formais p 28
23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO p 29
24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO p 31
241 Efeitos Pessoais p 32
242 Efeitos Patrimoniais p 32
25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO
251 Nulidade da adoccedilatildeo p 34
252 Anulabilidade da adoccedilatildeo p 35
253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo p 35
26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO p 35
27 ESTAacuteGIO DE CONVENIEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO p 36
28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DA CRIANCcedilA EDO ADOLESCENTE p 37
29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL p 37
210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO AO INSTITUTO DA ADOCcedilAtildeO p 38
211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO p 41
CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
31 A ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL p 43
32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR ESTRANGEIROS p 45
33 A ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA p 47
CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL P 49
42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA p 51
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAFICAS p 60
A Adoccedilatildeo agrave luz da Lei nordm 104022002 Novo Coacutedigo Civil Sille Cristina Miranda dos Santos 1 ndash Parte Histoacuterica
A adoccedilatildeo eacute um instituto que existe haacute milecircnios de anos Desde os tempos mais
primoacuterdios ateacute os dias atuais pois sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia
Tal instituto pode ser conceituado como o ato juriacutedico pelo qual se perfilha para si
algueacutem na condiccedilatildeo de filho fazendo gerar as relaccedilotildees previstas na famiacutelia bioloacutegica1
Podemos afirmar que o instituto da adoccedilatildeo foi praticado por Egiacutepcios Gregos e
Romanos2 E inclusive na proacutepria Biacuteblia haacute vaacuterias referecircncias sobre o tal instituto como na
histoacuteria de Moiseacutes e de Mordecai dentre outros casos narrados na nossa proacutepria literatura
brasileira bem como na literatura universal3
Com destaque podemos citar que o instituto da adoccedilatildeo eacute um ato de amor e de
solidariedade pois a mis eloquumlente prova desse fato narrado eacute proacuteprio o nascimento de Jesus
Cristo fruto esse concebido pelo Divino Espiacuterito Santo para mostrar que natildeo haacute a
necessidade de casamento da conjunccedilatildeo carnal e de todas as concepccedilotildees do homem para
que se conceba um filho4
Entretanto o Direito Canocircnico desconheceu a adoccedilatildeo e se manifestava com reservas
sobre o instituto A igreja via a adoccedilatildeo como uma ressalva ao casamento e agrave constituiccedilatildeo da
famiacutelia legiacutetima como uma das possibilidades de se fraudar as normas vigentes que
proibiam o reconhecimento de filhos adulterinos e incestuosos5
_____________ 1 VENOSA Silvio de Salvo Direito Civil Direito de FamiacuteliaSatildeo Paulo Atlas 2003 p 315 2 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo noCoacutedigoCivil e no Estatuto do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1993 p 2 3 SZNICK Waldir Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 26 4 Op cit p 1 p 1 5 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo 1999 p 27 2 ndash Natureza Juriacutedica
A natureza juriacutedica do instituto da adoccedilatildeo sempre foi muito controversa tendo em
vista que para alguns doutrinadores a adoccedilatildeo apenas eacute uma relaccedilatildeo juriacutedica e para outros eacute
negoacutecio unilateral tendo em vista a vontade do adotante6
Alguns autores entendem que a adoccedilatildeo seria uma forma de um contrato devido agrave
bilateralidade do ato pois eacute necessaacuterio a manifestaccedilatildeo de duas vontades do adotante e a do
adotado
Para outros autores a adoccedilatildeo eacute instituto juriacutedico de ordem puacuteblica pois eacute preciso a
manifestaccedilatildeo do Estado declarando ou natildeo a possibilidade da adoccedilatildeo
No Estatuto da Crianccedila e do Adolescente natildeo prevalecia apenas a bilateralidade de
vontades pois o Estado participa de forma ativa e necessaacuteria exigindo uma sentenccedila
judicial pois sem esta natildeo haveraacute adoccedilatildeo
Jaacute no Coacutedigo Civil de 1916 tinha a adoccedilatildeo natureza de contrato devido agrave solenidade
exigida na lei da escritura puacuteblica realccedilando a natureza negocial do instituto como contrato
de famiacutelia e havia duas formas distintas de adoccedilatildeo a simples e a plena e cada uma delas
apresentava natureza proacutepria 7
Com o advento do Coacutedigo Civil de 2002 a adoccedilatildeo passou a requerer tambeacutem a
presenccedila Estado dos adotantes e somente dar-se atraveacutes de sentenccedila judicial
Assim ao conceituar o instituto da adoccedilatildeo podemos conjeturar que a adoccedilatildeo se logra
na esfera da vontade dos particulares na forma da lei criando entre essas pessoas estranhas
uma relaccedilatildeo semelhante agraves oriundas da filiaccedilatildeo legiacutetima resultante da filiaccedilatildeo de sangue
_____________ 6 Op cit p 20 p 316 7 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p316 3 ndash Evoluccedilatildeo Legislativa da Adoccedilatildeo
No Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo do Coacutedigo Civil de 1916 vigoravam as Ordenaccedilotildees
Afonsinas Filipinas e Manuelinas advindas do direito portuguecircs
Como advento do Coacutedigo Civil de 1916 ocorreu a sistematizaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos
artigos 368 a 378 que definia a adoccedilatildeo como o ato civil pelo qual algueacutem aceita um
estranho na qualidade de filho contudo tal conceito trazia consigo as suas restriccedilotildees8
a) pessoas com mais de 50 anos exigia-se a diferenccedila miacutenima de 18 anos entre adotado
e adotantee natildeo havia direito de sucessatildeo pois o adotado nada herdaria
Com o advento da Constituinte de 1988 nos paraacutegrafos 5ordm e 6ordm consegui-se eliminar
todas as restriccedilotildees pertinentes agrave diferenccedila entre filhos adotivos ilegiacutetimos passando o filho
adotivo a ter os mesmos direitos garantias e deveres do filho bioloacutegico9
A partir de 1990 o Estatuto passou a regula a adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a
data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou tutela dos adotantes
Jaacute o novo Coacutedigo Civil - Lei nordm 1040602 trata desse instituto nos artigos de 1618 a
1629 passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que originariamente natildeo eacute e com este
cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com todos os direitos e obrigaccedilotildees passando inclusive
a adoccedilatildeo a ser irrestrita10
Ressalto que no Coacutedigo Civil de 1916 havia previsatildeo para a adoccedilatildeo plena e adoccedilatildeo
simples A Adoccedilatildeo Simples era regida pelo Coacutedigo Civil de 1916 e a Lei 313357 era
concernente ao viacutenculo de filiaccedilatildeo que se estabelecia entre adotante e adotado o adotante
poderia ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos11
________________ 8 12 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeiro 1996 p 41 9 Constituiccedilatildeo Federal EC nordm 45 Rio de Janeiro Victor Roma 2005 p 148 10 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003 p 423 11 Opcit p 3 p 424
E Adoccedilatildeo Plena era a espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser
irrevogavelmente para todos os efeitos legais filhos dos adotantes desligando-se de
qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais12
A Lei nordm 806990 ndash ECA ndash Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo
para os menores de 18 anos O Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute
maior de 18 anos E ambos adotam o sistema da sentenccedila judicial
Para que a adoccedilatildeo ocorra e necessaacuterio o cumprimento de diversos requisitos alguns
de aspectos formais outros pessoais e os requisitos processuais que geraram seus efeitos
E por fim ressalto que na adoccedilatildeo poderaacute ocorrer a sua extinccedilatildeo nas modalidades de
nulidade anulabilidade e inexistecircncia13
Quando ocorrer viacutecio de fraude eou simulaccedilatildeo quando natildeo houver a diferenccedila
miacutenima de 16 anos entre adotante e adotado e nos casos do casal natildeo forem marido e
mulher ou conviventes ocorreraacute a nulabilidade da adoccedilatildeo14
Jaacute a anulabilidade ocorreraacute quando houver a falta de consentimento dos pais tutor ou
curador a adoccedilatildeo do relativamente incapaz ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda
se encontra o menor interditado o consentimento manifestado somente pelo adotado
relativamente incapaz vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou
fraude contra credores agrave falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do
consorte adotado15
E quando ocorrer a falta de consentimento do adotante e adotado ou a falta de
objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou interdiccedilatildeo civil e
______________ 12 Op cit p 3 p 424 13 Op cit p 3 p 435 14 Op cit p 3 p435 15 Op cit p 3 p 437
pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico ocorreraacute a
inexistecircncia da adoccedilatildeo16
Poderaacute tambeacutem ocorrer agrave revogaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos seguintes casos pela vontade do
adotante e do adotado pela deserdaccedilatildeo e pela indignidade
4 ndash A adoccedilatildeo Internacional
A adoccedilatildeo internacional tem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila
e do Adolescente ao qual disciplina a possibilidade da adoccedilatildeo por estrangeiros por
estrangeiros17 Mas essa possibilidade de adoccedilatildeo por estrangeiros somente ocorreraacute nos
casos em que a crianccedila jaacute tenha uma tenha sua situaccedilatildeo juriacutedica definida ou seja que jaacute
possua sentenccedila transitada em julgado declarando a decretaccedilatildeo da perda do poder familiar
ou nos casos de haver declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham falecido e este menor esteja
sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm 80699018
Ressalvando os casos em que se dever tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por
estrangeiros residentes no exterior referente ao traacutefico venda e sequumlestro de crianccedilas para o
exterior
Passo importante para a adoccedilatildeo no Brasil foi agrave Convenccedilatildeo de Haia que ratifica o
interesse das crianccedilas a serem adotadas e coibindo o sequumlestro de menores o traacutefico e a
venda de crianccedilas A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo
ratificada em nosso ordenamento juriacutedico atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril
de 1995 cujo objetivo eacute o de garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo
entre os Estados contratantes19
_______________ 17 Op cit p 3 p 61 18 Op cit p 3 p 61 19 Op cit p 3 p 485 5 ndash Os projetos de conscientizaccedilatildeo e incentivos da Adoccedilatildeo
Atualmente o Juizado da Infacircncia e juventude do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo
em parceria com oacutergatildeos natildeo governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo
da adoccedilatildeo dentre outras atividades atraveacutes de Projetos Especiais que tem por objetivo a
colocaccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco pessoal e social nas ruas
das grandes cidades em famiacutelias substituas uma vez que toda crianccedila ou adolescente tem
direito a ser criado e educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente em famiacutelia
substituta assegurada a convivecircncia familiar e comunitaacuteria
Tal projeto vinculado pela 1ordf Vara da Infacircncia e Juventude do Rio de Janeiro lanccedilou
a cartilha da adoccedilatildeo com o intuito de esclarecer e incentivar a adoccedilatildeo20
Projeto semelhante foi lanccedilado pela 1ordf Vara da Infacircncia e Juventude de Vitoacuteria ndash ES
tambeacutem lanccedilou recentemente a obra ldquo111 perguntas sobre a adoccedilatildeordquo21
Ambos os projetos satildeo tem por objetivo esclarecer e incentivar a adoccedilatildeo como ponto
de referecircncia importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional
das accedilotildees sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter uma famiacutelia Assim
podemos constatar que a cartilha traz todo o rol de procedimentos e esclarecimentos a
aqueles que queiram adotar sejam eles residentes no Brasil ou no Exterior
7ndash A adoccedilatildeo por Homossexuais
A grande discussatildeo hoje rebatida pela sociedade seria a da possibilidade de
homossexuais poderem ou natildeo adotar
_____________ 20 Cartilha da adoccedilatildeodipsonovellt wwwjuizadodainfanciaejuventudeorgbrgtAcesso em 30out 2004 21 Cartilha da adoccedilatildeo Disponiacutevelwwwtjesgovbr Acesso em 30 out 2004 Na verdade vaacuterios satildeo os fatos alegados a natildeo possibilidade de adoccedilatildeo pelos
homossexuais como a diferenccedila da formaccedilatildeo da famiacutelia que fugiria aos padrotildees da
formaccedilatildeo da famiacutelia heterossexual da nossa sociedade
De certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se
estabelecer-se e contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos
homossexuaisrdquo tem de ser respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela
sociedade e pelo Estado21
Vaacuterios argumentos e sofismas satildeo utilizados para a natildeo legalizaccedilatildeo da adoccedilatildeo por
homossexuais mas o que prepondera realmente eacute o preconceito e o que deveria mesmo ser
visado que seria o interesse do adota natildeo estaacute sendo colimado
De fato em nosso ordenamento juriacutedico natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito
positivo para validar a uniatildeo homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecer o
direito a uniatildeo homossexual atraveacutes da jurisprudecircncia E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem
em nosso ordenamento juriacutedico a regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais
Mas tambeacutem natildeo haacute legislaccedilatildeo que proiacuteba a adoccedilatildeo de menores por homossexuais
O que presenciamos sim seria a violaccedilatildeo de direitos aos homoafetivos pois fica clara a
violaccedilatildeo ao direito a igualdade e a isonomia Assim como tambeacutem natildeo haacute restriccedilatildeo legal
quanto a formaccedilatildeo da famiacutelia que deveria ser somente heterossexual
Acredito que o que se deva levar em consideraccedilatildeo eacute a situaccedilatildeo de fato do menor a ser
adotado de ser resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe
um lar seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual
____________ 21 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005
daqueles que lhe acolhem22
Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no
aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruas com
grandes possibilidades de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que
tecircm por fundamento o preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o
inteacuterprete inovar23
Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida
pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato
Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo
E nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na
aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem
comum cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao
Coacutedigo Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do
Direito
Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave
adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do
adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente
iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando
devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo24
Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais
homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato25
____________ 22 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 23 Op Cit P 8 24 Op Cit P 8 25 Op Cit P 8
Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo
sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel
privar os homossexuais do direito agrave adotar26
E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais
flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de
tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar
seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles
que lhe acolhem27
Portanto fica bem claro que eacute importante deixar de lado as barreiras do preconceito
___________ 26 Op Cit P 8 27 Op Cit P 8
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CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO
12 LINEAMENTOS HISTOacuteRICOS
Historicamente o instituto da adoccedilatildeo desde os tempos mais primoacuterdios era utilizado
por nossos antepassados e com o passar dos tempos evoluiu tanto no aspecto social quanto
no aspecto juriacutedico
No direito primitivo a famiacutelia era a unidade social econocircmica e religiosa e a adoccedilatildeo
constituiacutea-se como um meio eficaz de perpetuar a famiacutelia e a religiatildeo domeacutestica ao qual
transferia-se os bens familiares pois nessa eacutepoca natildeo se conhecia do testamento1
No direito romano os imperadores utilizavam-se do instituto para designar os seus
sucessores e seus futuros Chefes de Estados deixando a adoccedilatildeo de ser um instrumento de
direito privado e passando a ser instrumento de direito puacuteblico2
E a maior prova de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor solidariedade
encontra-se narrado na Biacuteblia no nascimento de Jesus Cristo fruto
esse concebido pelo Divino Espiacuterito Santo para mostrar que natildeo haacute a
necessidade de casamento da conjunccedilatildeo carnal e de todas as
concepccedilotildees do homem para que se conceba um filho3
Tal instituto teve sua origem fundada na Biacuteblia no Coacutedigo de Hamurabi e nas Leis
de Manu4
__________ 1 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 218 2 SIQUEIRA Liboacuterni Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 34 3 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Luacutemen Iuris 1996 p 1 4 Op cit p 11 p 218
No Coacutedigo de Manu o instituto da adoccedilatildeo encontram-se descrito na Lei IX 10
ldquoAquele a quem a natureza natildeo deu filhos pode adotar um para que as cerimocircnias fuacutenebres
natildeo cessemrdquo5
As Leis de Manu determinavam que a adoccedilatildeo somente seria possiacutevel entre um
homem e um rapaz da mesma classe social e que o adotado tivesse todas as qualidades
apreciadas num filho6
Jaacute o Coacutedigo de Hamurabi eacute considerado o documento mais antigo que se tenha
notiacutecia antes de Cristo O instituto no Coacutedigo de Hamurabi era conhecido como ldquoSentenccedilas
de Direitordquo traz em seus artigos 185 a 193 e o define como ldquomacircrucircturdquoArt 185 ndash Se algueacutem
toma em adoccedilatildeo uma crianccedila ou a educa esta natildeo pode ser reclamadardquo7
Nas passagens biacuteblicas eacute possiacutevel exemplificarmos algumas dessas noccedilotildees do
instituto da adoccedilatildeo ao relatarmos alguns casos como a histoacuteria de Moiseacutes que foi adotado
por Termulus quando o encontrou agraves margens do Rio Nilo na de Mordecai que criou Eacutester
como uma irmatilde e ainda na proacutepria histoacuteria de Joseacute do Egito adotado por Potifar8
Os Hebreus chamavam a adoccedilatildeo pelo nome de ldquoleviratordquo9
De acordo com a Biacuteblia poderiam adotar tanto o pai como a matildee e a adoccedilatildeo soacute se
dava entre parentes A mulher esteacuteril poderia adotar os filhos da serva que ela havia
conduzido ao taacutelamo do marido10
__________ 5 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Luacutemen Iuris 1996 p 21 6 Op cit p 12 p 21 7 Op cit p 12 p 25 8 SZNICK Waldir Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 26 9 Op cit p 12 p 26 10 Op cit p 12 p 26
Para os Romanos a adoccedilatildeo era o ato legislativo pelo qual algueacutem perfilha um filho
que natildeo se gerou tendo em vista a necessidade da perpetuaccedilatildeo do culto domeacutestico que
tinha um valor sacral Para os romanos havia dois tipos de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo e a
adrogatio11
A adoccedilatildeo ou adoptio era instituto de direito privado destinado ao alieni juacuteris para
quem tivesse sob o paacutetrio poder da Lei das XII Taacutebuas Jaacute a adrogatio pertencia ao direito
puacuteblico a doaccedilatildeo de sui juacuteris como filho na famiacutelia de um pater famiacutelias12
Para os Gregos a adoccedilatildeo rompia todos os laccedilos da famiacutelia anterior sequer poderia
prestar o funeral dos pais anteriores A adoccedilatildeo tinha o nome de Teacutesis tambeacutem conhecida
como Ampasis13
O Direito Canocircnico desconheceu a adoccedilatildeo ateacute certo ponto e se manifestava com
reservas A igreja via a adoccedilatildeo como uma ressalva ao casamento e agrave constituiccedilatildeo da famiacutelia
legiacutetima como uma das possibilidades de se fraudar as normas vigentes que proibiam o
reconhecimento de filhos adulterinos e incestuosos14
Na Idade Meacutedia a adoccedilatildeo sucede ao processo histoacuterico da famiacutelia romana tecircm o
mesmo objetivo destinado ao culto domeacutestico daqueles que natildeo tinham descendentes
Nessa eacutepoca Justiniano reformou o instituto da adoccedilatildeo seguindo as linhas das instituiccedilotildees
orientais em especial as helecircnicas mas permanecendo a adoccedilatildeo claacutessica 15
Portanto nesse periacuteodo Justiniano a adoccedilatildeo era o ato solene pelo qual se admite em
lugar de filho quem por natureza natildeo ostenta tal qualidade16
_____________ 11 ZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 27 12 Op cit p 13 p 32 13 Op cit p 13 p 26 14 WALD Arnoldo O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo PauloSaraiva 15 SIQUEIRA Liboacuterni Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 35 16 Op cit p13 p 35
Na eacutepoca moderna o instituto da adoccedilatildeo teve a sua inspiraccedilatildeo no Direito Romano
sendo encontrado no Coacutedigo de 1683 promulgado na Dinamarca por Christian V Na
Alemanha tal instituto encontra-se no Coacutedigo de Pressuniano promulgado por Frederico
Guilherme II em 1751 e no Codex Maximilianus da Bavaacuteria de 175617
Essa legislaccedilatildeo influenciou o Coacutedigo Napoleocircnico de 1791 apesar da normativa
sobre o instituto da adoccedilatildeo natildeo houve uma aceitaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo frequumlente tendo em vista
a suspeita de favorecimento a fraude e agrave lei fiscal18
O Coacutedigo Napoleocircnico de 1971 contemplava quatro tipos de adoccedilatildeo19
a) adoccedilatildeo ordinaacuteria ndash depende de homologaccedilatildeo judicial permitida a maiores de50 anos
e diferenccedila de 15 anos entre o adotado altera nome tem direitos sucessoacuterios
b) adoccedilatildeo remuneratoacuteria ndash destinada a quem tivesse salvo a vida do adotando
irrevogaacutevel
c) adoccedilatildeo testamentaacuteria ndash permitida ao tutor apoacutes 5 anos de tutela
d) tutela oficiosa ndash uma espeacutecie de adoccedilatildeo provisoacuteria em favor dos menores
Por fim as Ordenaccedilotildees advieram do direito geral portuguecircs primeiro as Ordenaccedilotildees
Afonsinas de 1446 a 1514 que para o Brasil entraram em vigor agrave partir de 1500 sendo esta
substituiacuteda pelas Ordenaccedilotildees Manuelinas em 1514 e por uacuteltimo as Ordenaccedilotildees Filipinas em
1603 que vigoraram ateacute a promulgaccedilatildeo do da Lei nordm Coacutedigo Civil em 191620
_____________ 17 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo PauloLeud 1999 p 40 18 Op cit p 14 p 40 19 Op cit p 14 p 41 20 Op cit p 14 p 41
Nessa fase a adoccedilatildeo era regulada por inuacutemeros textos e passagens sem uma norma
especiacutefica
Com as Ordenaccedilotildees o instituto adquiriu o nome de perfilhamento e tinha como
objetivo tornar como herdeiro na sucessatildeo o filho tido mesmo que fosse o filho espuacuterio ou
o filho adulterino21
Com a independecircncia as Ordenaccedilotildees passaram a perder a sua validade em nosso
ordenamento juriacutedicoem virtude dos inuacutemeros diplomas e regulamentos que passaram a
vigorar na eacutepoca poreacutem a revogaccedilatildeo total soacute ocorreu com o advento do Coacutedigo Civil de
191622
12 CONCEITO
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de
solidariedade ou seja a chance de crianccedilas e adolescentes de terem um lar uma famiacutelia jaacute
que foram desprovidos de alguma forma de seus familiares
Para o conceito de adoccedilatildeo existem vaacuterias definiccedilotildees Em uma conceituaccedilatildeo simples e
clara podemos dizer que a adoccedilatildeo eacute um ato juriacutedico que tem por finalidade criar entre duas
pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue23
Ainda pode ser definida como o ato de ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco civil
portanto de suma importacircncia para a sociedade brasileira tendo em vista que tal ato
juriacutedico coaduna na esfera da vontade dos particulares com a devida permissatildeo da lei
__________ 21 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 42 22 Op cit p 15 p 42 23 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147
criando entre essas pessoas estranhas uma relaccedilatildeo anaacuteloga como agraves oriundas da filiaccedilatildeo
legiacutetima24
A adoccedilatildeo tambeacutem pode ser conceituada como o ato juriacutedico pelo qual o viacutenculo
familiar eacute criado em virtude do proacuteprio ato pelo legislador25
Alguns autores definem a adoccedilatildeo apenas como o instituto que daacute ao filho adotivo o
status idecircntico ao do filho legiacutetimo
Passamos a analisar a conceituaccedilatildeo dos seguintes juristas
Para Clovis Bevilacqua a adoccedilatildeo se destinava a suprir a falta de filho que tem como
ato civil aacute aceitaccedilatildeo de um estranho como filho26
Para a Profa Maria Helena Diniz a adoccedilatildeo eacute uma instituiccedilatildeo de caraacuteter humanitaacuterio
que tem por um lado dar aqueles a quem a natureza negou um lar e uma famiacutelia e por outro
lado a uma finalidade assistencial constituindo um meio de melhorar a condiccedilatildeo moral e
material do adotado27
Para Walter Gaspar a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica a qual se estabelece uma relaccedilatildeo
de parentesco que independe do fato natural da procriaccedilatildeo28
Para Orlando Gomes a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece independente
do fato natural o viacutenculo de filiaccedilatildeo legal que permite a constituiccedilatildeo entre duas pessoas do
laccedilo de parentesco do primeiro grau em linha reta29
_________ 24 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 25 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 26 Op cit p 16 p 63 27 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 28 GASPAR Walter Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003 p 315 29 ORLANDO Gomes Instituiccedilotildees de Direito Civil Satildeo Paulo Forense1996 p 226
Jose Maria Leoni Lopes de Oliveira define a adoccedilatildeo como um instituto juriacutedico que
procura imitar a filiaccedilatildeo natural30
Para Silvio Rodrigues a adoccedilatildeo eacute o ato do adotante pelo qual ele traz para a sua
famiacutelia e na condiccedilatildeo de filho pessoa que lhe eacute estranha31
Para Caio Mario da Silva a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual uma pessoa recebe
outra como filho independentemente de existir entre elas qualquer relaccedilatildeo de parentesco
cosanguiacuteneo ou afim32
Para Antunes Varella a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece entre duas
pessoas adotante de um lado e adotado de outro independente dos laccedilos de sangueuma
relaccedilatildeo legal de filiaccedilatildeo33
Para o Prof Arnoldo Wald a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco
civil Eacute um ato juriacutedico bilateral que gera laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre pessoas para
as quais tal relaccedilatildeo inexiste materialmente34
Para Carbonnier a filiaccedilatildeo adotiva eacute uma filiaccedilatildeo puramente juriacutedica que repousa
na pressuposiccedilatildeo de uma realidade natildeo bioloacutegica mas afetiva35
E para Dusi a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico solene em virtude do qual agrave vontade dos
particulares com a permissatildeo da lei cria entre pessoas naturalmente estranhas uma a outra
relaccedilotildees anaacutelogas as oriundas da filiaccedilatildeo legiacutetima36
__________ 31 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147 32 Direito Civil ndash Famiacutelia Satildeo Paulo Forense 1999 p330 48 op Cit p 17 p 330 33 Op Cit p 17 p 148 534WALD Arnold O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 35 Op cit p 17 apud Droit Civil 2 ndash La Famile nordm 354 p 519 36 Op cit p 17 p 217
No contexto das diversas definiccedilotildees atribuiacutedas a adoccedilatildeo podemos
verificar que esta se contrapotildee-se a filiaccedilatildeo legiacutetima ou natural por
sua caracteriacutestica artificial pois resulta da manifestaccedilatildeo de vontade e
de sentenccedila judicial Enquanto a filiaccedilatildeo natural tem seu viacutenculo
formado apenas no sangue
Contudo os efeitos da adoccedilatildeo em nosso ordenamento juriacutedico geram
as mesmas relaccedilotildees da filiaccedilatildeo natural
13 NATUREZA JURIacuteDICA
A natureza juriacutedica da adoccedilatildeo sempre foi muito controvertida para alguns
doutrinadores a adoccedilatildeo apenas eacute uma relaccedilatildeo juriacutedica enquanto para outros eacute negoacutecio
unilateral tendo em vista a vontade do adotante37
Com o passar dos tempos a mudou a sua finalidade antes se destinava
a atender aos interesses religiosos dos adotantes hoje se preocupa
mais com o interesse dos adotados objetivando proporcionar uma
famiacutelia38
A dificuldade em definir a natureza juriacutedica da adoccedilatildeo decorre da sua
natureza e da origem do seu ato
Assim para alguns autores adoccedilatildeo seria uma forma de contrato
devido agrave bilateralidade do ato pois eacute preciso a manifestaccedilatildeo de duas
vontades a do adotante e do adotado Sendo que agraves vezes o adotado eacute
representado poreacutem a vontade do adotando inexiste em algumas
situaccedilotildees o que dificulta a compreensatildeo dessa doutrina39
__________ 37 Op cit p 17 p 320 38 Op cit p 17 p 149 39 Op cit p 17 p 320
Para outros autores a adoccedilatildeo eacute instituto juriacutedico de ordem puacuteblica sendo necessaacuterio
a manifestaccedilatildeo do Estado declarando ou natildeo a adoccedilatildeo40
No Coacutedigo Civil de 1916 a adoccedilatildeo tinha a natureza de contrato
devido agrave solenidade exigida na lei da escritura puacuteblica realccedilando a
natureza negocial do instituto como contrato de famiacutelia disposto no
artigo 37541
Nessa eacutepoca havia duas formas distintas de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo simples
e a adoccedilatildeo plena e cada uma delas apresentava natureza proacutepria42
No Estatuto natildeo prevalece apenas a bilateralidade de vontades pois o Estado
participa de forma ativa exigindo-se tambeacutem uma sentenccedila judicial pois sem esta natildeo
haveraacute adoccedilatildeo 43
O Coacutedigo Civil de 2002 requer a presenccedila dos adotantes do Estado e somente
ocorreraacute se for atraveacutes de sentenccedila judicial
Pode-se assim concluir que a adoccedilatildeo eacute um ato complexo o
qual tem na sua primeira fase um caraacuteter negocial em seguida a
manifestaccedilatildeo de vontade dos adotantes e adotados e em sua segunda
fase tem caraacuteter judicial a fim de verificar a conveniecircncia ou natildeo da
adoccedilatildeo que culmina com a sentenccedila judicial44
Portanto a accedilatildeo de adoccedilatildeo eacute accedilatildeo do estado de caraacuteter constitutivo
conferindo a posiccedilatildeo de filho ao adotado atraveacutes de sentenccedila judicial
____________ 40 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p320 41 Op cit p 19 p 316
42 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Rio de Janeiro Atlas 2001 p 257 43 Op cit p 19 p 320
44 Op cit p 19 p 316 14 EVOLUCcedilAtildeO LEGISLATIVA DA ADOCcedilAtildeO
No Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 3071 de 01 de maio de 1916 vigoravam as
Ordenaccedilotildees Afonsinas Filipinas e Manuelinas45
Com o advento do Coacutedigo Civil de 1916 ocorreu a sistematizaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos
artigos 368 a 378 de caraacuteter essencialmente privado
Todavia o nosso direito paacutetrio da eacutepoca revelava as influecircncias do direito romano
do direito canocircnico das Ordenaccedilotildees Afonsinas Manuelinas e Filipinas46
No coacutedigo de 1916 a adoccedilatildeo era definida como o ato civil pelo qual algueacutem aceita
um estranho na qualidade de filho contudo tal conceito trazia consigo as suas restriccedilotildees47
Nessa eacutepoca havia restriccedilotildees quanto agrave adoccedilatildeo pois a mesma se destinava a habilitar
pessoas com mais de 50 anos exigindo a diferenccedila miacutenima de 18 anos entre adotado e
adotante e natildeo haveria direito de sucessatildeo ao adotado
Em 1957 adveio o Estatuto da adoccedilatildeo - Lei nordm 3133 de 08 de maio de 1957 E em
1979 o Coacutedigo de Menores Lei nordm 6667 de 10 de outubro de 1979 ambos traziam algumas
modificaccedilotildees que eliminava certas restriccedilotildees do Coacutedigo Civil de 191648
Algumas dessas modificaccedilotildees trazidas foi a de possibilidade de se adotar aos 30
anos e a diferenccedila de idade entre adotando e adotado passou a ser de 16 anos eliminou-se
tambeacutem o preacute-requisito de que somente casais sem filhos poderiam adotar49
______________ 45 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 38 46 Opcit p 20 p 42 47 Opcit p 20 p 84 48 Opcit p 20 p 40 49 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo em 1988 e com o advento do Estatuto da
Crianccedila e do Adolescente ndash ECA em 1990 consegui-se eliminar todas as restriccedilotildees
pertinentes agrave diferenccedila entre filhos adotivos ilegiacutetimos eou aduacutelterinos50
Assim hoje o filho adotivo tem os mesmos direitos garantias e deveres dos filhos
bioloacutegicos artigo 227 sectordm da CRFB
A partir de 1990 as regras da adoccedilatildeo passaram a visar mais os interesses direitos e
reais e necessidades dos adotandos O que se pretendia era encontrar uma famiacutelia adequada
aos menores e natildeo a busca de uma crianccedila para aqueles que pretendem adotar51
Jaacute o novo Coacutedigo Civil trata desse instituto da aceitaccedilatildeo legal de estranho no seio
familiar nos artigos 1618 a 1629 passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que
originariamente natildeo eacute criando com este laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com todos os
direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo inexiste
naturalmente52
E corroborando com o instituto da adoccedilatildeo o nosso texto constitucional assegura em
seu artigo 227 o direito de se ter uma famiacutelia o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave
educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura ao respeito agrave dignidade agrave liberdade e a
convivecircncia familiar 53
Esse direito de se ter uma famiacutelia consagrado na Carta Magna adveacutem do direito
positivo brasileiro do direito natural do simples direito de se ter um lar
__________ 50 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 150 51 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41 52 As modificaccedilotildees introduzidas agrave partir do advento do Novo Coacutedigo Civil ndash Lei nordm 1040602 53 CONSTITUICcedilAcircO FEDERAL EC nordm 45 Rio de Janeiro 2005 p 149
A adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia da proteccedilatildeo ao adotado e cuja finalidade
eacute a de dar um lar aos menores criando para esses menores um ambiente familiar e o
equiparando o adotado como filho legiacutetimo
Egrave um instituto de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo agravequeles que precisam de um
lar amor carinho e dignidade
Tem por finalidade fundamental dar filhos agravequeles que natildeo podem ter
biologicamente e de dar pais agravequeles que se encontram desamparados por algum motivo
Assim a adoccedilatildeo que fugir desses paracircmetros a que estaacute destinada estaraacute distorcendo a
finalidade do ordenamento a que lei se destina
Ficando constatado que a adoccedilatildeo no Brasil constitui um imperativo de ordem eacutetica
de natureza constitucional pois natildeo se pode construir uma sociedade mentalmente satilde sobre
as bases de abandono de crianccedilas os futuros homens de amanhatilde
CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
A adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil de 1916 era regulada nos artigos de 368 a 378 Nesse
Coacutedigo havia previsatildeo legal para duas modalidades de adoccedilatildeo54
A adoccedilatildeo simples estabelecia o viacutenculo de filiaccedilatildeo entre adotante e adotado
podendo o adotante ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos regia-se pelo Coacutedigo
Civil de 1916 e pela Lei nordm 313355
A adoccedilatildeo plena era espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser
irrevogavelmente para todos os efeitos legais a ser filhos dos adotantes desligando-se de
qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais
introduzido pela Lei nordm 669779
Nesse Coacutedigo Civil a adoccedilatildeo aplicava-se aos maiores de 18 anos e realccedilava a sua
natureza negocial do instituto tendo em vista a solenidade da escritura puacuteblica que a lei
exigia como contrato de direito de famiacutelia Somente seria a adoccedilatildeo consumada com a
devida averbaccedilatildeo da escritura no registro civil e no ato da adoccedilatildeo seriam declarados quais
os nomes da famiacutelia passaria o adotado a usar
Eram requisitos para adoccedilatildeo nesta legislaccedilatildeo de 1916 que o adotante fosse 16 anos
mais velho que o adotando com mais de 30 anos de idade se o adotante fosse casado o
casamento deveria ter duraccedilatildeo superior agrave cinco anos duas pessoas natildeo poderiam adotar
conjuntamente se natildeo forem marido e mulher e o adotando com maior de 18 anos o tutor
ou curador poderiam adotar depois de prestadas as contas ocorria atraveacutes de escritura
puacuteblica havia previsatildeo de adoccedilatildeo por estrangeiros sem restriccedilatildeo55
______________ 54 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 55 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p 323
Com o advento da Lei nordm 104062002 o instituto da adoccedilatildeo passou a ser tratado nos
artigos de 1618 a 1629 como jaacute mencionado E por conta da nova legislaccedilatildeo a adoccedilatildeo
simples e a adoccedilatildeo plena deixam de existir passando a adoccedilatildeo ser irrestrita 56
Hoje o Novo Coacutedigo - Lei nordm 104062002 se preocupa em seus artigos com a
adoccedilatildeo de forma global ou seja com a adoccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes e principalmente
com a primazia do interesse do adotado
Assim o instituto da adoccedilatildeo passa a ser regido nos seguintes termos57
No art 1618 Somente pessoa maior de dezoito anos pode adotar
Analisando este artigo pode-se constatar que houve a reduccedilatildeo da idade miacutenima para
adotar antes exigida de 35 anos
E em seu Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo poderaacute ser formalizada por ambos os cocircnjuges
ou companheiros desde que um deles tenha completado dezoito anos de idade comprovada
a estabilidade da famiacutelia
Os artigos 1619 e 1620 natildeo tiveram alteradas a sua redaccedilatildeo
De acordo com o artigo 1619 o adotante haacute de ser pelo menos dezesseis anos mais
velho que o adotado E no artigo 1620 enquanto natildeo der contas de sua administraccedilatildeo e natildeo
saldar o deacutebito natildeo poderaacute o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o curatelado
O artigo 1621 descreve que a adoccedilatildeo depende de consentimento dos pais ou dos
representantes legais de quem se deseja adotar e da concordacircncia deste se contar mais de
doze anos
______________
56 Op cit p 23 p 425
57 Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003 p 452-459
sect 1o O consentimento seraacute dispensado em relaccedilatildeo agrave crianccedila ou adolescente cujos
pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder familiar
sect 2o O consentimento previsto no caput eacute revogaacutevel ateacute a publicaccedilatildeo da sentenccedila
constitutiva da adoccedilatildeo
O novo dispositivo diminui a idade miacutenima do adotado para manifestar o seu
consentimento para 12 anos no regime anterior era de 14 anos
De acordo co o artigo 1622 ningueacutem poderaacute ser adotado por duas pessoas salvo se
forem marido e mulher ou se viverem em uniatildeo estaacutevel
Neste artigo foi acrescentado o paraacutegrafo uacutenico que acrescenta a posiccedilatildeo da adoccedilatildeo
por companheiros ou daqueles que vivem em uniatildeo estaacutevel
Paraacutegrafo uacutenico Os divorciados e os judicialmente separados poderatildeo adotar
conjuntamente contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o
estaacutegio de convivecircncia tenha sido iniciado na constacircncia da sociedade conjugal
No artigo 1623 a adoccedilatildeo obedeceraacute a processo judicial observados os requisitos
estabelecidos neste Coacutedigo
Houve acreacutescimo na nova legislaccedilatildeo apenas do paraacutegrafo uacutenico ao qual foi atribuiacuteda a
seguinte redaccedilatildeo
Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo de maiores de dezoito anos dependeraacute igualmente da
assistecircncia efetiva do Poder Puacuteblico e de sentenccedila constitutiva
No artigo 1624 Houve a substituiccedilatildeo do ldquopaacutetrio poderrdquo por ldquopoder familiarrdquo sendo
ainda suprimida a palavra ldquomenor abandonadordquo trazido na legislaccedilatildeo de 1916
Assim dispotildee o artigo citado em que natildeo haacute necessidade do consentimento do
representante legal do menor se provado que se trata de infante exposto ou de menor cujos
pais sejam desconhecidos estejam desaparecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder
familiar sem nomeaccedilatildeo de tutor ou de oacuterfatildeo natildeo reclamado por qualquer parente por mais
de um ano
De acordo com o artigo 1625 somente seraacute admitida a adoccedilatildeo que constituir efetivo
benefiacutecio para o adotando sendo matida a mesma redaccedilatildeo
Jaacute no artigo 1626 houve acreacutescimo do paraacutegrafo uacutenico
Dipondo a seguinte redaccedilatildeo o caput a adoccedilatildeo atribui a situaccedilatildeo de filho ao adotado
desligando-o de qualquer viacutenculo com os pais e parentes consanguumliacuteneos salvo quanto aos
impedimentos para o casamento
Paraacutegrafo uacutenico se um dos cocircnjuges ou companheiros adota o filho do outro
mantecircm-se os viacutenculos de filiaccedilatildeo entre o adotado e o cocircnjuge ou companheiro do adotante
e os respectivos parentes
Com relaccedilatildeo ao artigo 1627 permaneceu a mesma redaccedilatildeo com relaccedilatildeo a decisatildeo que
confere ao adotado o sobrenome do adotante podendo determinar a modificaccedilatildeo de seu
prenome se menor a pedido do adotante ou do adotado
No artigo abaixo descrito houve a adequaccedilatildeo ao dispositivo de moda a resguardar o
princiacutepio constitucional da plena igualdade entre filhos bioloacutegicos e adotados
Dispotildee o artigo 1628 que os efeitos da adoccedilatildeo comeccedilam a partir do tracircnsito em
julgado da sentenccedila exceto se o adotante vier a falecer no curso do procedimento caso em
que teraacute forccedila retroativa agrave data do oacutebito As relaccedilotildees de parentesco se estabelecem natildeo soacute
entre o adotante e o adotado como tambeacutem entre aquele e os descendentes deste e entre o
adotado e todos os parentes do adotante
Natildeo houve alteraccedilatildeo na redaccedilatildeo do artigo 1629 apenas tal dispositivo tem o
objetivo de ajustar o Novo Coacutedigo Civil agrave lei superveniente ou seja Estatuto da Crianccedila e
do Adolescente
Dispondo o referido artigo a seguinte redaccedilatildeo a adoccedilatildeo por estrangeiro obedeceraacute
aos casos e condiccedilotildees que forem estabelecidos em lei
Assim pode-se concluir que na falta de norma reguladora para o instituto da adoccedilatildeo
desde que natildeo conflite com o Coacutedigo Civil deveraacute ser aplicado analogicamente o Estatuto da
Crianccedila e do Adolescente
Ainda constata-se que o Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute
maior de 18 anos passando o instituto da adoccedilatildeo a ser irrestrito trazendo importantes
reflexos ao nosso ordenamento juriacutedico paacutetrio no que diz respeito aos direitos da
personalidade e nos direitos sucessoacuterios Enquanto o antigo Coacutedigo Civil Brasileiro de 1916
adotava o sistema da manifestaccedilatildeo de vontade
Atualmente o Coacutedigo Civil vigente e o Estatuto da Crianccedila adotam o sistema da
sentenccedila judicial sendo que o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo para os
menores de 18 anos o que natildeo exime que a adoccedilatildeo de menor de 18 anos seja feita pelo
Coacutedigo Civil58
De acordo com a legislaccedilatildeo civil podemos conceituar a adoccedilatildeo como o ato de
filiaccedilatildeo juriacutedica que pressupotildee de afetividade e natildeo de relaccedilatildeo bioloacutegica passando o
adotado a ser tratado como se fosse filho natural constituiacutedo em benefiacutecio do adotando
_____________ 58 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 irretrataacutevel e perpeacutetuo depois de consumado que cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com
todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo
inexistia naturalmente
De forma simples podemos definir a adoccedilatildeo como modalidade de filiaccedilatildeo civil que
busca imitar a filiaccedilatildeo natural dependente da vontade de adotante e adotado e por via de
sentenccedila judicial
Assim torna-se inafastaacutevel a utilidade do instituto da adoccedilatildeo em relaccedilatildeo ao menor
carente ou em estado de abandono pois eacute de interesse do Estado a inserccedilatildeo desse menor em
um ambiente familiar
Fica claro que o instituto da adoccedilatildeo eacute de caraacuteter humanitaacuterio que tem por um lado o
escopo de proporcionar agravequeles que a quem a natureza negou filhos e por outro lado
constitui a finalidade assistencial de melhorar a condiccedilatildeo moral e material do futuro
adotado
Mas ainda muito haacute de se defender em prol do instituto da adoccedilatildeo no Brasil natildeo soacute
como forma de projeto de cidadania mas tambeacutem como forma de vida digna a aqueles que
natildeo tem um lar principalmente ao que refere aos direitos de adoccedilatildeo internacional e ainda ao
direito de adoccedilatildeo por casais homossexuais
22 REQUISITOS DA ADOCcedilAtildeO
221 Requisitos Formais
Satildeo alguns requisitos formais para a adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil vigente59
efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal
ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)
____________ 59 VENOSASilvio de Salvo Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003p349
efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal
ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)
diferenccedila miacutenima de idade entre o adotante e o adotado (artigo 1619)
consentimento do adotado de seus pais ou de seu representante (artigos 1621 sect 1ordm e
1624)
intervenccedilatildeo judicial na sua criaccedilatildeo pois somente se aperfeiccediloa perante o juiz atraveacutes de
processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico (artigo 1623 paraacutegrafo uacutenico)
irrevogabilidade (artigo 1626 caput)
estaacutegio de convivecircncia (1622 paraacutegrafo uacutenico 1ordfparte)
comprovaccedilatildeo de estabilidade familiar (artigo 1618 paraacutegrafo uacutenico in fine)
23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO
A adoccedilatildeo se daacute atraveacutes de um processo judicial perante o juiz com competecircncia na
aacuterea da infacircncia e juventude que iraacute conhecer dos pedidos da adoccedilatildeo e os seus incidentes
entre os quais a destituiccedilatildeo do paacutetrio poder e guarda para fins da adoccedilatildeo
Vislumbram-se duas hipoacuteteses em que se adota ou a famiacutelia jaacute convive com a
crianccedila ou adolescente que pretende adotar ou a famiacutelia estaacute a procura de uma crianccedila para
que venha a adotar
Na primeira hipoacutetese devem os interessados ajuizar o pedido de adoccedilatildeo atraveacutes de
advogado ou defensor puacuteblico que formularaacute o pedido diretamente em cartoacuterio atraveacutes de
peticcedilatildeo assinada pelos requerentes quando os pais forem falecidos tiverem sido destituiacutedos
do paacutetrio poder ou houverem aderido expressamente ao pedido os pais bioloacutegicos quando
conhecidos satildeo citados para querendo contestarem o pedido julgando o juiz ao final de
acordo com o interesse superior da crianccedila e do adolescente
Na segunda hipoacutetese os interessados devem requerer sua inscriccedilatildeo no cadastro do
juiacutezo de pessoas interessadas em adotar A partir daiacute instaura-se um procedimento no qual
seratildeo ouvidos pela equipe teacutecnica do juiacutezo (assistentes sociais eou psicoacutelogos) e antes da
decisatildeo que deferir a inscriccedilatildeo o Ministeacuterio Puacuteblico assistiraacute ao pedido de adoccedilatildeo conforme
previsto no artigo 227 sect5ordm da Constituiccedilatildeo Federal e emitiraacute parecer
Em seguida seratildeo incluiacutedos em grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo cujas vagas seratildeo
preenchidas de acordo com a ordem de ajuizamento do pedido de habilitaccedilatildeo respeitados os
criteacuterios estabelecidos
Os grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo possuem duraccedilatildeo prevista de 60 dias e visam
auxiliar os interessados em adotar Habilitados e inscritos no cadastro os interessados
recebem um certificado com validade de 2 anos
Satildeo necessaacuterios os seguintes documentos60
certidatildeo de casamento
atestado de residecircncia
folha de antecedentes criminais
prova de idoneidade fiacutesica e moral
prova de abandono do menor
destituiccedilatildeo do paacutetrio poder
atestado de sanidade fiacutesica
________________ 60 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
A adoccedilatildeo constitui-se por sentenccedila sendo necessaacuterio que 61
a peticcedilatildeo Inicial com os requisitos do artigo 35
se na inicial vier a concordacircncia dos pais do adotando seratildeo ouvidos pelo juiz e pelo
representante do Ministeacuterio Puacuteblico lavrando-se o termo
a autoridade juriacutedica de ofiacutecio ou o requerimento das partes e do Ministeacuterio Puacuteblico
determinaraacute a realizaccedilatildeo de estudo social ou se possiacutevel periacutecia por equipe profissional
decidindo sobre o estaacutegio de convivecircncia
Apresentado o laudo e ouvido o adotando teraacute vistas o Ministeacuterio Puacutebico
apoacutes a manifestaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico no prazo tambeacutem de 5 (cinco) dias o
juiz proferiraacute a sentenccedila
A sentenccedila judicial transitada em julgado seraacute inserida no registro civil mediante mandado do qual natildeo
se forneceraacute certidatildeo O mandado judicial cancelaraacute o registro de nascimento original do menor conforme
o artigo 16 da Lei nordm 601573 E a inscriccedilatildeo no registro constaraacute o nome dos adotantes
como pais e o nome dos seus ascendentes Assim o menor ingressa na famiacutelia do adotante
se desvinculando da famiacutelia natural
24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO
241 Efeitos pessoais
Satildeo alguns efeitos pessoais decorrentes da adoccedilatildeo62
____________________
61 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1996 p 60 62 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 430
rompimento automaacutetico do viacutenculo de parentesco com a famiacutelia de origem salvo os
impedimentos matrimocircniais (artigo 1626)
estabelecimento de verdadeiros laccedilos de parentesco civil entre adotante e adotado
abrangendo a famiacutelia do adotante (artigo 15282ordf parte)
transferecircncia definitiva e de pleno direito do poder familiar para o adotante se o adotante
for menor (artigo 1630 1634 1635 inciso V)
liberdade razoaacutevel em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo do nome do adotado (1627)
possibilidade de promoccedilatildeo da interdiccedilatildeo e inabilitaccedilatildeo do pai ou matildee adotiva pelo
adotado ou vice-versa (artigo 1768)
determinaccedilatildeo do domiacutecilio do adotado menor de idade que adquire o do adotante
242 Efeitos patrimoniais
Satildeo alguns efeitos patrimoniais produzidos pela adoccedilatildeo63
direito do adotante de administraccedilatildeo e ususfruto dos bens do adotado menor (artigo 1689
1691e 1693)
obrigaccedilatildeo do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar (artigo
1634)
dever do adotante de prestar alimentos ao adotado (artigo 1694 1696 e 1697)
direito a indenizaccedilatildeo do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante
responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menor de idade
______________
81 Op cit p 31 p 432
direito sucessoacuterio do adotado visto que se equipara ao filho advindo de parentesco
cosanguineo herdado em concorrecircncia com o cocircnjuge sobrevivente ou convivente do
falecido na qualidade de descendente do autor da heranccedila afastando todos os demais
herdeiros do adotante que natildeo tenham a qualidade de filho (artigo 1829 inciso I e
1790incisos I e II)
reciprocidade nos efeitos sucessoacuterios (artigo 1829 inciso II e 1790 inciso III)
filho adotivo natildeo estaacute compreendido na exceccedilatildeo do Coacutedigo Civil artigo 1790 inciso I
rompimento de testamento se sobrevier filho adotivo (artigo 1973)
direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciaacuterio (artigo 1951 a 1960)
superviniecircncia de filho adotivo pode revogar doaccedilotildees feitas pelo adotante ( artigo 1846 e
1789)
Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso
de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do
oacutebito64
25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO
Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se
obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do
negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do
ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade
____________
64 Op cit p 32 p 435
deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea
A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-
se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico
Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade
anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo
251 Nulidade da adoccedilatildeo
Seraacute nula a adoccedilatildeo que65
em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16
anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619
a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a
mesma pessoa (artigo 1622)
o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)
vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude
252 Anulabilidade da adoccedilatildeo
Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66
a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente
incapaz
ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado
____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435
consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz
vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores
a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado
253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo
Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67
pela falta de consentimento do adotante e adotado
pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou
interdiccedilatildeo civil
pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico
26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO
A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes
motivos68
pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil
Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a
madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave
enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou
neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade
pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil
____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437
Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste
contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a
honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila
pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue
quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva
pela morte do adotante e adotado
27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO
Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a
finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo
avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante
e adotado69
Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute
prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com
facilidade a nova famiacutelia
O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a
ser adotado
Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a
extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo
atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil
____________
69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340
28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das
crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a
prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave
poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato
infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e
ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70
A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual
adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou
tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da
juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil
Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida
familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco
passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado
29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL
A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e
do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da
Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave
crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave
educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave
__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41
convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71
Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada
por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por
procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da
adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda
de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida
pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo
por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72
Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo
de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes
independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos
havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e
qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73
Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos
adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do
bem estar do adotado
210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO
A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser
incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e
educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta
assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria
___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438
Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como
com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo
dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos
pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco
pessoal e social nas ruas das grandes cidades
Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia
importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees
sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia
Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem
por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades
coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e
ceacutelere
Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria
com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e
defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do
proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os
procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados
Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo
atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o
instituto da adoccedilatildeo
A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de
_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em
lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que
querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave
crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico
educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e
na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos
e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o
desenvolvimento da cidadania
Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que
tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria
Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir
211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO
Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75
Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma
simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo
A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais
os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a
situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem
adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda
________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser
proporcionada pelas pessoas sem adotar
Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva
jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os
interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais
vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito
simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses
O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida
cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior
(adoccedilatildeo internacional)
CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees
estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil
Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente
A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida
excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido
por pessoa residente no Paiacutes
A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico
conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei
supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida
sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76
Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo
juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a
decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham
falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm
80699077
Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da
Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da
CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia
____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464
Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por
estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos
interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas
atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os
bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal
intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando
verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em
moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias
maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado
enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees
escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos
especialmente do menorrdquo78
Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante
nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado
tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a
perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e
economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila
passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco
e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79
Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas
___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438
Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil
A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver
medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo
internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda
possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o
seu ingresso em famiacutelia substituta
Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo
internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem
conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas
Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em
seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser
interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores
para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que
visem lucro80
Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas
pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator
determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas
famiacutelias substitutas
32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR
ESTRANGEIROS
A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo
seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e
condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________
80 Op Cit p 44 p 438
parte de estrangeiros
Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida
excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo
acarreta o adotante aacute desistecircncia
Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81
impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo
estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro
residente ou domiciliado fora do paiacutes
comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de
seu paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia
especializada e credenciada no paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido
do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico
juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente
autenticados pela autoridade consular
permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a
consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo
Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e
cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no
miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos
de idade
___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439
podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar
prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista
A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82
lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo
reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante
lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica
Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de
Adoccedilatildeo de Menores de 1984)
33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA
A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua
finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores
Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia
prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse
superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas
__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485
A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo
Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de
garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados
contratantes83
Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a
Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo
Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84
requisitos para a adoccedilatildeo internacional
requisitos processuais
reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo
De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo
em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o
interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras
_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486
CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a
grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo
igualmente a possibilidade da poder adotar
A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade
Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas
aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de
constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a
reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois
assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir
famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86
Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a
uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm
sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo
Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87
____________
86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho
mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49
A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios
E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por
homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se
espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem
homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila
se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais
homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos
tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte
de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo
16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo
se forem marido e mulher
Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89
____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da
uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos
homossexuais
42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA
E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a
situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos
casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo
juriacutedica podem os casais homossexuais adotar
No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo
homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes
da jurisprudecircncia
E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a
regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais
Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata
da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo
tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um
dos parceiros90
Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo
5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a
primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei
____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade
Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca
pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do
bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais
homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve
levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo
decidindo sempre pelo bem-estar do menor91
A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece
Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao
adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo
ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia
familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo
()
sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute
casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros
A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee
Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de
estado civil
______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005
Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92
Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que
homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo
poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante
O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de
adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual
diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro
de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93
______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo
da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum
cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito
Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94
Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais
homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95
Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo
sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel
privar os homossexuais do direito agrave adotar96
E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais
flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de
tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar
seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles
que lhe acolhem97
______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53
No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo
barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao
seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira
da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da
histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a
mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para
atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem
a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua
companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de
crianccedilas devem igualmente poder adotar98
Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no
aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes
de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o
preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99
Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida
pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato
Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo
________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53
CONCLUSAtildeO
A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia
E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto
no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio
Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988
Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade
Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente
A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva
Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros
por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores
Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade
Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a
sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do
Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo
Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e
principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que
pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da
adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e
venda de crianccedilas para o estrangeiro
A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente
estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse
baseado nos artigos 1618 a 1629
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52
Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de
amor carinho e solidariedade
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WALD Arnald O Novo Direito de Famiacutelia 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2002 p217-225
RESUMO
O trabalho de pesquisa monograacutefica tem por objetivo o estudo do instituto da adoccedilatildeo agrave luz do Novo Coacutedigo Civil tratado em seus artigos 1618 a 1629 ao qual assegura aos adotados a prerrogativa de ser tido como filho natural dos adotantes passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que originariamente natildeo ostenta tal qualidade tal instituto constitui em benefiacutecio do adotando a gecircnese do parentesco civil podendo ainda ser definido como o ato juriacutedico bilateral irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo garantindo aos adotados todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes inclusive os de sucessatildeo a heranccedila A adoccedilatildeo eacute a aceitaccedilatildeo voluntaacuteria e legal de uma crianccedila como filho portanto eacute ato irrevogaacutevel pois natildeo poderaacute mais ser desfeito salvo os casos expressos em lei Com a adoccedilatildeo assume-se o paacutetrio poder da crianccedila desligando-a de todo e qualquer viacutenculo com pais bioloacutegicos e seus parentes naturais A adoccedilatildeo judicial daacute proteccedilatildeo especial agrave adoccedilatildeo praticada por estrangeiros garantindo assim os direitos e garantias daqueles que seratildeo adotados em virtude da grande procura de estrangeiros em adotar crianccedilas brasileiras inibindo de certa forma o sequumlestro a venda e o traacutefico de crianccedilas brasileiras Quanto agrave adoccedilatildeo a ser requerida por homossexuais ainda seraacute motivo de muita discussatildeo juriacutedica em nossa Corte Judicial tendo em vista a natildeo aceitaccedilatildeo da nossa sociedade em natildeo aceitar as relaccedilotildees homossexuais Atualmente foi lanccedilado o primeiro Guia de Adoccedilatildeo de Crianccedilas e Adolescentes do Brasil com o intuito de incentivar a praacutetica da adoccedilatildeo e ao mesmo tempo com o intuito de esclarecer agravequeles que queiram adotar todos os procedimentos para da adoccedilatildeo aleacutem de trazer outras formas de soluccedilatildeo para o acolhimento de crianccedilas e adolescentes em famiacutelias substitutas
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO
CAPIacuteTULO 1 ndash ADOCcedilAtildeO
11 LINEAMENTOS HISTOacuteRICOS p 11
12 CONCEITO p 15
13 NATUREZA JURIacuteDICA p 18
14 EVOLUCcedilAtildeO LEGISLATIVA DA ADOCcedilAtildeO p 20
CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
21 ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL p 23
22 REQUSITOS DA ADOCcedilAtildeO p 28
221 Requisitos Formais p 28
23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO p 29
24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO p 31
241 Efeitos Pessoais p 32
242 Efeitos Patrimoniais p 32
25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO
251 Nulidade da adoccedilatildeo p 34
252 Anulabilidade da adoccedilatildeo p 35
253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo p 35
26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO p 35
27 ESTAacuteGIO DE CONVENIEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO p 36
28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DA CRIANCcedilA EDO ADOLESCENTE p 37
29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL p 37
210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO AO INSTITUTO DA ADOCcedilAtildeO p 38
211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO p 41
CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
31 A ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL p 43
32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR ESTRANGEIROS p 45
33 A ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA p 47
CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL P 49
42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA p 51
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAFICAS p 60
A Adoccedilatildeo agrave luz da Lei nordm 104022002 Novo Coacutedigo Civil Sille Cristina Miranda dos Santos 1 ndash Parte Histoacuterica
A adoccedilatildeo eacute um instituto que existe haacute milecircnios de anos Desde os tempos mais
primoacuterdios ateacute os dias atuais pois sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia
Tal instituto pode ser conceituado como o ato juriacutedico pelo qual se perfilha para si
algueacutem na condiccedilatildeo de filho fazendo gerar as relaccedilotildees previstas na famiacutelia bioloacutegica1
Podemos afirmar que o instituto da adoccedilatildeo foi praticado por Egiacutepcios Gregos e
Romanos2 E inclusive na proacutepria Biacuteblia haacute vaacuterias referecircncias sobre o tal instituto como na
histoacuteria de Moiseacutes e de Mordecai dentre outros casos narrados na nossa proacutepria literatura
brasileira bem como na literatura universal3
Com destaque podemos citar que o instituto da adoccedilatildeo eacute um ato de amor e de
solidariedade pois a mis eloquumlente prova desse fato narrado eacute proacuteprio o nascimento de Jesus
Cristo fruto esse concebido pelo Divino Espiacuterito Santo para mostrar que natildeo haacute a
necessidade de casamento da conjunccedilatildeo carnal e de todas as concepccedilotildees do homem para
que se conceba um filho4
Entretanto o Direito Canocircnico desconheceu a adoccedilatildeo e se manifestava com reservas
sobre o instituto A igreja via a adoccedilatildeo como uma ressalva ao casamento e agrave constituiccedilatildeo da
famiacutelia legiacutetima como uma das possibilidades de se fraudar as normas vigentes que
proibiam o reconhecimento de filhos adulterinos e incestuosos5
_____________ 1 VENOSA Silvio de Salvo Direito Civil Direito de FamiacuteliaSatildeo Paulo Atlas 2003 p 315 2 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo noCoacutedigoCivil e no Estatuto do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1993 p 2 3 SZNICK Waldir Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 26 4 Op cit p 1 p 1 5 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo 1999 p 27 2 ndash Natureza Juriacutedica
A natureza juriacutedica do instituto da adoccedilatildeo sempre foi muito controversa tendo em
vista que para alguns doutrinadores a adoccedilatildeo apenas eacute uma relaccedilatildeo juriacutedica e para outros eacute
negoacutecio unilateral tendo em vista a vontade do adotante6
Alguns autores entendem que a adoccedilatildeo seria uma forma de um contrato devido agrave
bilateralidade do ato pois eacute necessaacuterio a manifestaccedilatildeo de duas vontades do adotante e a do
adotado
Para outros autores a adoccedilatildeo eacute instituto juriacutedico de ordem puacuteblica pois eacute preciso a
manifestaccedilatildeo do Estado declarando ou natildeo a possibilidade da adoccedilatildeo
No Estatuto da Crianccedila e do Adolescente natildeo prevalecia apenas a bilateralidade de
vontades pois o Estado participa de forma ativa e necessaacuteria exigindo uma sentenccedila
judicial pois sem esta natildeo haveraacute adoccedilatildeo
Jaacute no Coacutedigo Civil de 1916 tinha a adoccedilatildeo natureza de contrato devido agrave solenidade
exigida na lei da escritura puacuteblica realccedilando a natureza negocial do instituto como contrato
de famiacutelia e havia duas formas distintas de adoccedilatildeo a simples e a plena e cada uma delas
apresentava natureza proacutepria 7
Com o advento do Coacutedigo Civil de 2002 a adoccedilatildeo passou a requerer tambeacutem a
presenccedila Estado dos adotantes e somente dar-se atraveacutes de sentenccedila judicial
Assim ao conceituar o instituto da adoccedilatildeo podemos conjeturar que a adoccedilatildeo se logra
na esfera da vontade dos particulares na forma da lei criando entre essas pessoas estranhas
uma relaccedilatildeo semelhante agraves oriundas da filiaccedilatildeo legiacutetima resultante da filiaccedilatildeo de sangue
_____________ 6 Op cit p 20 p 316 7 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p316 3 ndash Evoluccedilatildeo Legislativa da Adoccedilatildeo
No Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo do Coacutedigo Civil de 1916 vigoravam as Ordenaccedilotildees
Afonsinas Filipinas e Manuelinas advindas do direito portuguecircs
Como advento do Coacutedigo Civil de 1916 ocorreu a sistematizaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos
artigos 368 a 378 que definia a adoccedilatildeo como o ato civil pelo qual algueacutem aceita um
estranho na qualidade de filho contudo tal conceito trazia consigo as suas restriccedilotildees8
a) pessoas com mais de 50 anos exigia-se a diferenccedila miacutenima de 18 anos entre adotado
e adotantee natildeo havia direito de sucessatildeo pois o adotado nada herdaria
Com o advento da Constituinte de 1988 nos paraacutegrafos 5ordm e 6ordm consegui-se eliminar
todas as restriccedilotildees pertinentes agrave diferenccedila entre filhos adotivos ilegiacutetimos passando o filho
adotivo a ter os mesmos direitos garantias e deveres do filho bioloacutegico9
A partir de 1990 o Estatuto passou a regula a adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a
data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou tutela dos adotantes
Jaacute o novo Coacutedigo Civil - Lei nordm 1040602 trata desse instituto nos artigos de 1618 a
1629 passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que originariamente natildeo eacute e com este
cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com todos os direitos e obrigaccedilotildees passando inclusive
a adoccedilatildeo a ser irrestrita10
Ressalto que no Coacutedigo Civil de 1916 havia previsatildeo para a adoccedilatildeo plena e adoccedilatildeo
simples A Adoccedilatildeo Simples era regida pelo Coacutedigo Civil de 1916 e a Lei 313357 era
concernente ao viacutenculo de filiaccedilatildeo que se estabelecia entre adotante e adotado o adotante
poderia ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos11
________________ 8 12 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeiro 1996 p 41 9 Constituiccedilatildeo Federal EC nordm 45 Rio de Janeiro Victor Roma 2005 p 148 10 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003 p 423 11 Opcit p 3 p 424
E Adoccedilatildeo Plena era a espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser
irrevogavelmente para todos os efeitos legais filhos dos adotantes desligando-se de
qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais12
A Lei nordm 806990 ndash ECA ndash Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo
para os menores de 18 anos O Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute
maior de 18 anos E ambos adotam o sistema da sentenccedila judicial
Para que a adoccedilatildeo ocorra e necessaacuterio o cumprimento de diversos requisitos alguns
de aspectos formais outros pessoais e os requisitos processuais que geraram seus efeitos
E por fim ressalto que na adoccedilatildeo poderaacute ocorrer a sua extinccedilatildeo nas modalidades de
nulidade anulabilidade e inexistecircncia13
Quando ocorrer viacutecio de fraude eou simulaccedilatildeo quando natildeo houver a diferenccedila
miacutenima de 16 anos entre adotante e adotado e nos casos do casal natildeo forem marido e
mulher ou conviventes ocorreraacute a nulabilidade da adoccedilatildeo14
Jaacute a anulabilidade ocorreraacute quando houver a falta de consentimento dos pais tutor ou
curador a adoccedilatildeo do relativamente incapaz ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda
se encontra o menor interditado o consentimento manifestado somente pelo adotado
relativamente incapaz vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou
fraude contra credores agrave falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do
consorte adotado15
E quando ocorrer a falta de consentimento do adotante e adotado ou a falta de
objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou interdiccedilatildeo civil e
______________ 12 Op cit p 3 p 424 13 Op cit p 3 p 435 14 Op cit p 3 p435 15 Op cit p 3 p 437
pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico ocorreraacute a
inexistecircncia da adoccedilatildeo16
Poderaacute tambeacutem ocorrer agrave revogaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos seguintes casos pela vontade do
adotante e do adotado pela deserdaccedilatildeo e pela indignidade
4 ndash A adoccedilatildeo Internacional
A adoccedilatildeo internacional tem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila
e do Adolescente ao qual disciplina a possibilidade da adoccedilatildeo por estrangeiros por
estrangeiros17 Mas essa possibilidade de adoccedilatildeo por estrangeiros somente ocorreraacute nos
casos em que a crianccedila jaacute tenha uma tenha sua situaccedilatildeo juriacutedica definida ou seja que jaacute
possua sentenccedila transitada em julgado declarando a decretaccedilatildeo da perda do poder familiar
ou nos casos de haver declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham falecido e este menor esteja
sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm 80699018
Ressalvando os casos em que se dever tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por
estrangeiros residentes no exterior referente ao traacutefico venda e sequumlestro de crianccedilas para o
exterior
Passo importante para a adoccedilatildeo no Brasil foi agrave Convenccedilatildeo de Haia que ratifica o
interesse das crianccedilas a serem adotadas e coibindo o sequumlestro de menores o traacutefico e a
venda de crianccedilas A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo
ratificada em nosso ordenamento juriacutedico atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril
de 1995 cujo objetivo eacute o de garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo
entre os Estados contratantes19
_______________ 17 Op cit p 3 p 61 18 Op cit p 3 p 61 19 Op cit p 3 p 485 5 ndash Os projetos de conscientizaccedilatildeo e incentivos da Adoccedilatildeo
Atualmente o Juizado da Infacircncia e juventude do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo
em parceria com oacutergatildeos natildeo governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo
da adoccedilatildeo dentre outras atividades atraveacutes de Projetos Especiais que tem por objetivo a
colocaccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco pessoal e social nas ruas
das grandes cidades em famiacutelias substituas uma vez que toda crianccedila ou adolescente tem
direito a ser criado e educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente em famiacutelia
substituta assegurada a convivecircncia familiar e comunitaacuteria
Tal projeto vinculado pela 1ordf Vara da Infacircncia e Juventude do Rio de Janeiro lanccedilou
a cartilha da adoccedilatildeo com o intuito de esclarecer e incentivar a adoccedilatildeo20
Projeto semelhante foi lanccedilado pela 1ordf Vara da Infacircncia e Juventude de Vitoacuteria ndash ES
tambeacutem lanccedilou recentemente a obra ldquo111 perguntas sobre a adoccedilatildeordquo21
Ambos os projetos satildeo tem por objetivo esclarecer e incentivar a adoccedilatildeo como ponto
de referecircncia importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional
das accedilotildees sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter uma famiacutelia Assim
podemos constatar que a cartilha traz todo o rol de procedimentos e esclarecimentos a
aqueles que queiram adotar sejam eles residentes no Brasil ou no Exterior
7ndash A adoccedilatildeo por Homossexuais
A grande discussatildeo hoje rebatida pela sociedade seria a da possibilidade de
homossexuais poderem ou natildeo adotar
_____________ 20 Cartilha da adoccedilatildeodipsonovellt wwwjuizadodainfanciaejuventudeorgbrgtAcesso em 30out 2004 21 Cartilha da adoccedilatildeo Disponiacutevelwwwtjesgovbr Acesso em 30 out 2004 Na verdade vaacuterios satildeo os fatos alegados a natildeo possibilidade de adoccedilatildeo pelos
homossexuais como a diferenccedila da formaccedilatildeo da famiacutelia que fugiria aos padrotildees da
formaccedilatildeo da famiacutelia heterossexual da nossa sociedade
De certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se
estabelecer-se e contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos
homossexuaisrdquo tem de ser respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela
sociedade e pelo Estado21
Vaacuterios argumentos e sofismas satildeo utilizados para a natildeo legalizaccedilatildeo da adoccedilatildeo por
homossexuais mas o que prepondera realmente eacute o preconceito e o que deveria mesmo ser
visado que seria o interesse do adota natildeo estaacute sendo colimado
De fato em nosso ordenamento juriacutedico natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito
positivo para validar a uniatildeo homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecer o
direito a uniatildeo homossexual atraveacutes da jurisprudecircncia E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem
em nosso ordenamento juriacutedico a regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais
Mas tambeacutem natildeo haacute legislaccedilatildeo que proiacuteba a adoccedilatildeo de menores por homossexuais
O que presenciamos sim seria a violaccedilatildeo de direitos aos homoafetivos pois fica clara a
violaccedilatildeo ao direito a igualdade e a isonomia Assim como tambeacutem natildeo haacute restriccedilatildeo legal
quanto a formaccedilatildeo da famiacutelia que deveria ser somente heterossexual
Acredito que o que se deva levar em consideraccedilatildeo eacute a situaccedilatildeo de fato do menor a ser
adotado de ser resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe
um lar seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual
____________ 21 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005
daqueles que lhe acolhem22
Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no
aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruas com
grandes possibilidades de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que
tecircm por fundamento o preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o
inteacuterprete inovar23
Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida
pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato
Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo
E nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na
aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem
comum cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao
Coacutedigo Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do
Direito
Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave
adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do
adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente
iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando
devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo24
Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais
homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato25
____________ 22 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 23 Op Cit P 8 24 Op Cit P 8 25 Op Cit P 8
Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo
sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel
privar os homossexuais do direito agrave adotar26
E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais
flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de
tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar
seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles
que lhe acolhem27
Portanto fica bem claro que eacute importante deixar de lado as barreiras do preconceito
___________ 26 Op Cit P 8 27 Op Cit P 8
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CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO
12 LINEAMENTOS HISTOacuteRICOS
Historicamente o instituto da adoccedilatildeo desde os tempos mais primoacuterdios era utilizado
por nossos antepassados e com o passar dos tempos evoluiu tanto no aspecto social quanto
no aspecto juriacutedico
No direito primitivo a famiacutelia era a unidade social econocircmica e religiosa e a adoccedilatildeo
constituiacutea-se como um meio eficaz de perpetuar a famiacutelia e a religiatildeo domeacutestica ao qual
transferia-se os bens familiares pois nessa eacutepoca natildeo se conhecia do testamento1
No direito romano os imperadores utilizavam-se do instituto para designar os seus
sucessores e seus futuros Chefes de Estados deixando a adoccedilatildeo de ser um instrumento de
direito privado e passando a ser instrumento de direito puacuteblico2
E a maior prova de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor solidariedade
encontra-se narrado na Biacuteblia no nascimento de Jesus Cristo fruto
esse concebido pelo Divino Espiacuterito Santo para mostrar que natildeo haacute a
necessidade de casamento da conjunccedilatildeo carnal e de todas as
concepccedilotildees do homem para que se conceba um filho3
Tal instituto teve sua origem fundada na Biacuteblia no Coacutedigo de Hamurabi e nas Leis
de Manu4
__________ 1 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 218 2 SIQUEIRA Liboacuterni Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 34 3 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Luacutemen Iuris 1996 p 1 4 Op cit p 11 p 218
No Coacutedigo de Manu o instituto da adoccedilatildeo encontram-se descrito na Lei IX 10
ldquoAquele a quem a natureza natildeo deu filhos pode adotar um para que as cerimocircnias fuacutenebres
natildeo cessemrdquo5
As Leis de Manu determinavam que a adoccedilatildeo somente seria possiacutevel entre um
homem e um rapaz da mesma classe social e que o adotado tivesse todas as qualidades
apreciadas num filho6
Jaacute o Coacutedigo de Hamurabi eacute considerado o documento mais antigo que se tenha
notiacutecia antes de Cristo O instituto no Coacutedigo de Hamurabi era conhecido como ldquoSentenccedilas
de Direitordquo traz em seus artigos 185 a 193 e o define como ldquomacircrucircturdquoArt 185 ndash Se algueacutem
toma em adoccedilatildeo uma crianccedila ou a educa esta natildeo pode ser reclamadardquo7
Nas passagens biacuteblicas eacute possiacutevel exemplificarmos algumas dessas noccedilotildees do
instituto da adoccedilatildeo ao relatarmos alguns casos como a histoacuteria de Moiseacutes que foi adotado
por Termulus quando o encontrou agraves margens do Rio Nilo na de Mordecai que criou Eacutester
como uma irmatilde e ainda na proacutepria histoacuteria de Joseacute do Egito adotado por Potifar8
Os Hebreus chamavam a adoccedilatildeo pelo nome de ldquoleviratordquo9
De acordo com a Biacuteblia poderiam adotar tanto o pai como a matildee e a adoccedilatildeo soacute se
dava entre parentes A mulher esteacuteril poderia adotar os filhos da serva que ela havia
conduzido ao taacutelamo do marido10
__________ 5 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Luacutemen Iuris 1996 p 21 6 Op cit p 12 p 21 7 Op cit p 12 p 25 8 SZNICK Waldir Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 26 9 Op cit p 12 p 26 10 Op cit p 12 p 26
Para os Romanos a adoccedilatildeo era o ato legislativo pelo qual algueacutem perfilha um filho
que natildeo se gerou tendo em vista a necessidade da perpetuaccedilatildeo do culto domeacutestico que
tinha um valor sacral Para os romanos havia dois tipos de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo e a
adrogatio11
A adoccedilatildeo ou adoptio era instituto de direito privado destinado ao alieni juacuteris para
quem tivesse sob o paacutetrio poder da Lei das XII Taacutebuas Jaacute a adrogatio pertencia ao direito
puacuteblico a doaccedilatildeo de sui juacuteris como filho na famiacutelia de um pater famiacutelias12
Para os Gregos a adoccedilatildeo rompia todos os laccedilos da famiacutelia anterior sequer poderia
prestar o funeral dos pais anteriores A adoccedilatildeo tinha o nome de Teacutesis tambeacutem conhecida
como Ampasis13
O Direito Canocircnico desconheceu a adoccedilatildeo ateacute certo ponto e se manifestava com
reservas A igreja via a adoccedilatildeo como uma ressalva ao casamento e agrave constituiccedilatildeo da famiacutelia
legiacutetima como uma das possibilidades de se fraudar as normas vigentes que proibiam o
reconhecimento de filhos adulterinos e incestuosos14
Na Idade Meacutedia a adoccedilatildeo sucede ao processo histoacuterico da famiacutelia romana tecircm o
mesmo objetivo destinado ao culto domeacutestico daqueles que natildeo tinham descendentes
Nessa eacutepoca Justiniano reformou o instituto da adoccedilatildeo seguindo as linhas das instituiccedilotildees
orientais em especial as helecircnicas mas permanecendo a adoccedilatildeo claacutessica 15
Portanto nesse periacuteodo Justiniano a adoccedilatildeo era o ato solene pelo qual se admite em
lugar de filho quem por natureza natildeo ostenta tal qualidade16
_____________ 11 ZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 27 12 Op cit p 13 p 32 13 Op cit p 13 p 26 14 WALD Arnoldo O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo PauloSaraiva 15 SIQUEIRA Liboacuterni Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 35 16 Op cit p13 p 35
Na eacutepoca moderna o instituto da adoccedilatildeo teve a sua inspiraccedilatildeo no Direito Romano
sendo encontrado no Coacutedigo de 1683 promulgado na Dinamarca por Christian V Na
Alemanha tal instituto encontra-se no Coacutedigo de Pressuniano promulgado por Frederico
Guilherme II em 1751 e no Codex Maximilianus da Bavaacuteria de 175617
Essa legislaccedilatildeo influenciou o Coacutedigo Napoleocircnico de 1791 apesar da normativa
sobre o instituto da adoccedilatildeo natildeo houve uma aceitaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo frequumlente tendo em vista
a suspeita de favorecimento a fraude e agrave lei fiscal18
O Coacutedigo Napoleocircnico de 1971 contemplava quatro tipos de adoccedilatildeo19
a) adoccedilatildeo ordinaacuteria ndash depende de homologaccedilatildeo judicial permitida a maiores de50 anos
e diferenccedila de 15 anos entre o adotado altera nome tem direitos sucessoacuterios
b) adoccedilatildeo remuneratoacuteria ndash destinada a quem tivesse salvo a vida do adotando
irrevogaacutevel
c) adoccedilatildeo testamentaacuteria ndash permitida ao tutor apoacutes 5 anos de tutela
d) tutela oficiosa ndash uma espeacutecie de adoccedilatildeo provisoacuteria em favor dos menores
Por fim as Ordenaccedilotildees advieram do direito geral portuguecircs primeiro as Ordenaccedilotildees
Afonsinas de 1446 a 1514 que para o Brasil entraram em vigor agrave partir de 1500 sendo esta
substituiacuteda pelas Ordenaccedilotildees Manuelinas em 1514 e por uacuteltimo as Ordenaccedilotildees Filipinas em
1603 que vigoraram ateacute a promulgaccedilatildeo do da Lei nordm Coacutedigo Civil em 191620
_____________ 17 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo PauloLeud 1999 p 40 18 Op cit p 14 p 40 19 Op cit p 14 p 41 20 Op cit p 14 p 41
Nessa fase a adoccedilatildeo era regulada por inuacutemeros textos e passagens sem uma norma
especiacutefica
Com as Ordenaccedilotildees o instituto adquiriu o nome de perfilhamento e tinha como
objetivo tornar como herdeiro na sucessatildeo o filho tido mesmo que fosse o filho espuacuterio ou
o filho adulterino21
Com a independecircncia as Ordenaccedilotildees passaram a perder a sua validade em nosso
ordenamento juriacutedicoem virtude dos inuacutemeros diplomas e regulamentos que passaram a
vigorar na eacutepoca poreacutem a revogaccedilatildeo total soacute ocorreu com o advento do Coacutedigo Civil de
191622
12 CONCEITO
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de
solidariedade ou seja a chance de crianccedilas e adolescentes de terem um lar uma famiacutelia jaacute
que foram desprovidos de alguma forma de seus familiares
Para o conceito de adoccedilatildeo existem vaacuterias definiccedilotildees Em uma conceituaccedilatildeo simples e
clara podemos dizer que a adoccedilatildeo eacute um ato juriacutedico que tem por finalidade criar entre duas
pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue23
Ainda pode ser definida como o ato de ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco civil
portanto de suma importacircncia para a sociedade brasileira tendo em vista que tal ato
juriacutedico coaduna na esfera da vontade dos particulares com a devida permissatildeo da lei
__________ 21 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 42 22 Op cit p 15 p 42 23 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147
criando entre essas pessoas estranhas uma relaccedilatildeo anaacuteloga como agraves oriundas da filiaccedilatildeo
legiacutetima24
A adoccedilatildeo tambeacutem pode ser conceituada como o ato juriacutedico pelo qual o viacutenculo
familiar eacute criado em virtude do proacuteprio ato pelo legislador25
Alguns autores definem a adoccedilatildeo apenas como o instituto que daacute ao filho adotivo o
status idecircntico ao do filho legiacutetimo
Passamos a analisar a conceituaccedilatildeo dos seguintes juristas
Para Clovis Bevilacqua a adoccedilatildeo se destinava a suprir a falta de filho que tem como
ato civil aacute aceitaccedilatildeo de um estranho como filho26
Para a Profa Maria Helena Diniz a adoccedilatildeo eacute uma instituiccedilatildeo de caraacuteter humanitaacuterio
que tem por um lado dar aqueles a quem a natureza negou um lar e uma famiacutelia e por outro
lado a uma finalidade assistencial constituindo um meio de melhorar a condiccedilatildeo moral e
material do adotado27
Para Walter Gaspar a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica a qual se estabelece uma relaccedilatildeo
de parentesco que independe do fato natural da procriaccedilatildeo28
Para Orlando Gomes a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece independente
do fato natural o viacutenculo de filiaccedilatildeo legal que permite a constituiccedilatildeo entre duas pessoas do
laccedilo de parentesco do primeiro grau em linha reta29
_________ 24 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 25 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 26 Op cit p 16 p 63 27 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 28 GASPAR Walter Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003 p 315 29 ORLANDO Gomes Instituiccedilotildees de Direito Civil Satildeo Paulo Forense1996 p 226
Jose Maria Leoni Lopes de Oliveira define a adoccedilatildeo como um instituto juriacutedico que
procura imitar a filiaccedilatildeo natural30
Para Silvio Rodrigues a adoccedilatildeo eacute o ato do adotante pelo qual ele traz para a sua
famiacutelia e na condiccedilatildeo de filho pessoa que lhe eacute estranha31
Para Caio Mario da Silva a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual uma pessoa recebe
outra como filho independentemente de existir entre elas qualquer relaccedilatildeo de parentesco
cosanguiacuteneo ou afim32
Para Antunes Varella a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece entre duas
pessoas adotante de um lado e adotado de outro independente dos laccedilos de sangueuma
relaccedilatildeo legal de filiaccedilatildeo33
Para o Prof Arnoldo Wald a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco
civil Eacute um ato juriacutedico bilateral que gera laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre pessoas para
as quais tal relaccedilatildeo inexiste materialmente34
Para Carbonnier a filiaccedilatildeo adotiva eacute uma filiaccedilatildeo puramente juriacutedica que repousa
na pressuposiccedilatildeo de uma realidade natildeo bioloacutegica mas afetiva35
E para Dusi a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico solene em virtude do qual agrave vontade dos
particulares com a permissatildeo da lei cria entre pessoas naturalmente estranhas uma a outra
relaccedilotildees anaacutelogas as oriundas da filiaccedilatildeo legiacutetima36
__________ 31 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147 32 Direito Civil ndash Famiacutelia Satildeo Paulo Forense 1999 p330 48 op Cit p 17 p 330 33 Op Cit p 17 p 148 534WALD Arnold O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 35 Op cit p 17 apud Droit Civil 2 ndash La Famile nordm 354 p 519 36 Op cit p 17 p 217
No contexto das diversas definiccedilotildees atribuiacutedas a adoccedilatildeo podemos
verificar que esta se contrapotildee-se a filiaccedilatildeo legiacutetima ou natural por
sua caracteriacutestica artificial pois resulta da manifestaccedilatildeo de vontade e
de sentenccedila judicial Enquanto a filiaccedilatildeo natural tem seu viacutenculo
formado apenas no sangue
Contudo os efeitos da adoccedilatildeo em nosso ordenamento juriacutedico geram
as mesmas relaccedilotildees da filiaccedilatildeo natural
13 NATUREZA JURIacuteDICA
A natureza juriacutedica da adoccedilatildeo sempre foi muito controvertida para alguns
doutrinadores a adoccedilatildeo apenas eacute uma relaccedilatildeo juriacutedica enquanto para outros eacute negoacutecio
unilateral tendo em vista a vontade do adotante37
Com o passar dos tempos a mudou a sua finalidade antes se destinava
a atender aos interesses religiosos dos adotantes hoje se preocupa
mais com o interesse dos adotados objetivando proporcionar uma
famiacutelia38
A dificuldade em definir a natureza juriacutedica da adoccedilatildeo decorre da sua
natureza e da origem do seu ato
Assim para alguns autores adoccedilatildeo seria uma forma de contrato
devido agrave bilateralidade do ato pois eacute preciso a manifestaccedilatildeo de duas
vontades a do adotante e do adotado Sendo que agraves vezes o adotado eacute
representado poreacutem a vontade do adotando inexiste em algumas
situaccedilotildees o que dificulta a compreensatildeo dessa doutrina39
__________ 37 Op cit p 17 p 320 38 Op cit p 17 p 149 39 Op cit p 17 p 320
Para outros autores a adoccedilatildeo eacute instituto juriacutedico de ordem puacuteblica sendo necessaacuterio
a manifestaccedilatildeo do Estado declarando ou natildeo a adoccedilatildeo40
No Coacutedigo Civil de 1916 a adoccedilatildeo tinha a natureza de contrato
devido agrave solenidade exigida na lei da escritura puacuteblica realccedilando a
natureza negocial do instituto como contrato de famiacutelia disposto no
artigo 37541
Nessa eacutepoca havia duas formas distintas de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo simples
e a adoccedilatildeo plena e cada uma delas apresentava natureza proacutepria42
No Estatuto natildeo prevalece apenas a bilateralidade de vontades pois o Estado
participa de forma ativa exigindo-se tambeacutem uma sentenccedila judicial pois sem esta natildeo
haveraacute adoccedilatildeo 43
O Coacutedigo Civil de 2002 requer a presenccedila dos adotantes do Estado e somente
ocorreraacute se for atraveacutes de sentenccedila judicial
Pode-se assim concluir que a adoccedilatildeo eacute um ato complexo o
qual tem na sua primeira fase um caraacuteter negocial em seguida a
manifestaccedilatildeo de vontade dos adotantes e adotados e em sua segunda
fase tem caraacuteter judicial a fim de verificar a conveniecircncia ou natildeo da
adoccedilatildeo que culmina com a sentenccedila judicial44
Portanto a accedilatildeo de adoccedilatildeo eacute accedilatildeo do estado de caraacuteter constitutivo
conferindo a posiccedilatildeo de filho ao adotado atraveacutes de sentenccedila judicial
____________ 40 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p320 41 Op cit p 19 p 316
42 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Rio de Janeiro Atlas 2001 p 257 43 Op cit p 19 p 320
44 Op cit p 19 p 316 14 EVOLUCcedilAtildeO LEGISLATIVA DA ADOCcedilAtildeO
No Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 3071 de 01 de maio de 1916 vigoravam as
Ordenaccedilotildees Afonsinas Filipinas e Manuelinas45
Com o advento do Coacutedigo Civil de 1916 ocorreu a sistematizaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos
artigos 368 a 378 de caraacuteter essencialmente privado
Todavia o nosso direito paacutetrio da eacutepoca revelava as influecircncias do direito romano
do direito canocircnico das Ordenaccedilotildees Afonsinas Manuelinas e Filipinas46
No coacutedigo de 1916 a adoccedilatildeo era definida como o ato civil pelo qual algueacutem aceita
um estranho na qualidade de filho contudo tal conceito trazia consigo as suas restriccedilotildees47
Nessa eacutepoca havia restriccedilotildees quanto agrave adoccedilatildeo pois a mesma se destinava a habilitar
pessoas com mais de 50 anos exigindo a diferenccedila miacutenima de 18 anos entre adotado e
adotante e natildeo haveria direito de sucessatildeo ao adotado
Em 1957 adveio o Estatuto da adoccedilatildeo - Lei nordm 3133 de 08 de maio de 1957 E em
1979 o Coacutedigo de Menores Lei nordm 6667 de 10 de outubro de 1979 ambos traziam algumas
modificaccedilotildees que eliminava certas restriccedilotildees do Coacutedigo Civil de 191648
Algumas dessas modificaccedilotildees trazidas foi a de possibilidade de se adotar aos 30
anos e a diferenccedila de idade entre adotando e adotado passou a ser de 16 anos eliminou-se
tambeacutem o preacute-requisito de que somente casais sem filhos poderiam adotar49
______________ 45 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 38 46 Opcit p 20 p 42 47 Opcit p 20 p 84 48 Opcit p 20 p 40 49 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo em 1988 e com o advento do Estatuto da
Crianccedila e do Adolescente ndash ECA em 1990 consegui-se eliminar todas as restriccedilotildees
pertinentes agrave diferenccedila entre filhos adotivos ilegiacutetimos eou aduacutelterinos50
Assim hoje o filho adotivo tem os mesmos direitos garantias e deveres dos filhos
bioloacutegicos artigo 227 sectordm da CRFB
A partir de 1990 as regras da adoccedilatildeo passaram a visar mais os interesses direitos e
reais e necessidades dos adotandos O que se pretendia era encontrar uma famiacutelia adequada
aos menores e natildeo a busca de uma crianccedila para aqueles que pretendem adotar51
Jaacute o novo Coacutedigo Civil trata desse instituto da aceitaccedilatildeo legal de estranho no seio
familiar nos artigos 1618 a 1629 passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que
originariamente natildeo eacute criando com este laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com todos os
direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo inexiste
naturalmente52
E corroborando com o instituto da adoccedilatildeo o nosso texto constitucional assegura em
seu artigo 227 o direito de se ter uma famiacutelia o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave
educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura ao respeito agrave dignidade agrave liberdade e a
convivecircncia familiar 53
Esse direito de se ter uma famiacutelia consagrado na Carta Magna adveacutem do direito
positivo brasileiro do direito natural do simples direito de se ter um lar
__________ 50 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 150 51 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41 52 As modificaccedilotildees introduzidas agrave partir do advento do Novo Coacutedigo Civil ndash Lei nordm 1040602 53 CONSTITUICcedilAcircO FEDERAL EC nordm 45 Rio de Janeiro 2005 p 149
A adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia da proteccedilatildeo ao adotado e cuja finalidade
eacute a de dar um lar aos menores criando para esses menores um ambiente familiar e o
equiparando o adotado como filho legiacutetimo
Egrave um instituto de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo agravequeles que precisam de um
lar amor carinho e dignidade
Tem por finalidade fundamental dar filhos agravequeles que natildeo podem ter
biologicamente e de dar pais agravequeles que se encontram desamparados por algum motivo
Assim a adoccedilatildeo que fugir desses paracircmetros a que estaacute destinada estaraacute distorcendo a
finalidade do ordenamento a que lei se destina
Ficando constatado que a adoccedilatildeo no Brasil constitui um imperativo de ordem eacutetica
de natureza constitucional pois natildeo se pode construir uma sociedade mentalmente satilde sobre
as bases de abandono de crianccedilas os futuros homens de amanhatilde
CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
A adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil de 1916 era regulada nos artigos de 368 a 378 Nesse
Coacutedigo havia previsatildeo legal para duas modalidades de adoccedilatildeo54
A adoccedilatildeo simples estabelecia o viacutenculo de filiaccedilatildeo entre adotante e adotado
podendo o adotante ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos regia-se pelo Coacutedigo
Civil de 1916 e pela Lei nordm 313355
A adoccedilatildeo plena era espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser
irrevogavelmente para todos os efeitos legais a ser filhos dos adotantes desligando-se de
qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais
introduzido pela Lei nordm 669779
Nesse Coacutedigo Civil a adoccedilatildeo aplicava-se aos maiores de 18 anos e realccedilava a sua
natureza negocial do instituto tendo em vista a solenidade da escritura puacuteblica que a lei
exigia como contrato de direito de famiacutelia Somente seria a adoccedilatildeo consumada com a
devida averbaccedilatildeo da escritura no registro civil e no ato da adoccedilatildeo seriam declarados quais
os nomes da famiacutelia passaria o adotado a usar
Eram requisitos para adoccedilatildeo nesta legislaccedilatildeo de 1916 que o adotante fosse 16 anos
mais velho que o adotando com mais de 30 anos de idade se o adotante fosse casado o
casamento deveria ter duraccedilatildeo superior agrave cinco anos duas pessoas natildeo poderiam adotar
conjuntamente se natildeo forem marido e mulher e o adotando com maior de 18 anos o tutor
ou curador poderiam adotar depois de prestadas as contas ocorria atraveacutes de escritura
puacuteblica havia previsatildeo de adoccedilatildeo por estrangeiros sem restriccedilatildeo55
______________ 54 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 55 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p 323
Com o advento da Lei nordm 104062002 o instituto da adoccedilatildeo passou a ser tratado nos
artigos de 1618 a 1629 como jaacute mencionado E por conta da nova legislaccedilatildeo a adoccedilatildeo
simples e a adoccedilatildeo plena deixam de existir passando a adoccedilatildeo ser irrestrita 56
Hoje o Novo Coacutedigo - Lei nordm 104062002 se preocupa em seus artigos com a
adoccedilatildeo de forma global ou seja com a adoccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes e principalmente
com a primazia do interesse do adotado
Assim o instituto da adoccedilatildeo passa a ser regido nos seguintes termos57
No art 1618 Somente pessoa maior de dezoito anos pode adotar
Analisando este artigo pode-se constatar que houve a reduccedilatildeo da idade miacutenima para
adotar antes exigida de 35 anos
E em seu Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo poderaacute ser formalizada por ambos os cocircnjuges
ou companheiros desde que um deles tenha completado dezoito anos de idade comprovada
a estabilidade da famiacutelia
Os artigos 1619 e 1620 natildeo tiveram alteradas a sua redaccedilatildeo
De acordo com o artigo 1619 o adotante haacute de ser pelo menos dezesseis anos mais
velho que o adotado E no artigo 1620 enquanto natildeo der contas de sua administraccedilatildeo e natildeo
saldar o deacutebito natildeo poderaacute o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o curatelado
O artigo 1621 descreve que a adoccedilatildeo depende de consentimento dos pais ou dos
representantes legais de quem se deseja adotar e da concordacircncia deste se contar mais de
doze anos
______________
56 Op cit p 23 p 425
57 Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003 p 452-459
sect 1o O consentimento seraacute dispensado em relaccedilatildeo agrave crianccedila ou adolescente cujos
pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder familiar
sect 2o O consentimento previsto no caput eacute revogaacutevel ateacute a publicaccedilatildeo da sentenccedila
constitutiva da adoccedilatildeo
O novo dispositivo diminui a idade miacutenima do adotado para manifestar o seu
consentimento para 12 anos no regime anterior era de 14 anos
De acordo co o artigo 1622 ningueacutem poderaacute ser adotado por duas pessoas salvo se
forem marido e mulher ou se viverem em uniatildeo estaacutevel
Neste artigo foi acrescentado o paraacutegrafo uacutenico que acrescenta a posiccedilatildeo da adoccedilatildeo
por companheiros ou daqueles que vivem em uniatildeo estaacutevel
Paraacutegrafo uacutenico Os divorciados e os judicialmente separados poderatildeo adotar
conjuntamente contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o
estaacutegio de convivecircncia tenha sido iniciado na constacircncia da sociedade conjugal
No artigo 1623 a adoccedilatildeo obedeceraacute a processo judicial observados os requisitos
estabelecidos neste Coacutedigo
Houve acreacutescimo na nova legislaccedilatildeo apenas do paraacutegrafo uacutenico ao qual foi atribuiacuteda a
seguinte redaccedilatildeo
Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo de maiores de dezoito anos dependeraacute igualmente da
assistecircncia efetiva do Poder Puacuteblico e de sentenccedila constitutiva
No artigo 1624 Houve a substituiccedilatildeo do ldquopaacutetrio poderrdquo por ldquopoder familiarrdquo sendo
ainda suprimida a palavra ldquomenor abandonadordquo trazido na legislaccedilatildeo de 1916
Assim dispotildee o artigo citado em que natildeo haacute necessidade do consentimento do
representante legal do menor se provado que se trata de infante exposto ou de menor cujos
pais sejam desconhecidos estejam desaparecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder
familiar sem nomeaccedilatildeo de tutor ou de oacuterfatildeo natildeo reclamado por qualquer parente por mais
de um ano
De acordo com o artigo 1625 somente seraacute admitida a adoccedilatildeo que constituir efetivo
benefiacutecio para o adotando sendo matida a mesma redaccedilatildeo
Jaacute no artigo 1626 houve acreacutescimo do paraacutegrafo uacutenico
Dipondo a seguinte redaccedilatildeo o caput a adoccedilatildeo atribui a situaccedilatildeo de filho ao adotado
desligando-o de qualquer viacutenculo com os pais e parentes consanguumliacuteneos salvo quanto aos
impedimentos para o casamento
Paraacutegrafo uacutenico se um dos cocircnjuges ou companheiros adota o filho do outro
mantecircm-se os viacutenculos de filiaccedilatildeo entre o adotado e o cocircnjuge ou companheiro do adotante
e os respectivos parentes
Com relaccedilatildeo ao artigo 1627 permaneceu a mesma redaccedilatildeo com relaccedilatildeo a decisatildeo que
confere ao adotado o sobrenome do adotante podendo determinar a modificaccedilatildeo de seu
prenome se menor a pedido do adotante ou do adotado
No artigo abaixo descrito houve a adequaccedilatildeo ao dispositivo de moda a resguardar o
princiacutepio constitucional da plena igualdade entre filhos bioloacutegicos e adotados
Dispotildee o artigo 1628 que os efeitos da adoccedilatildeo comeccedilam a partir do tracircnsito em
julgado da sentenccedila exceto se o adotante vier a falecer no curso do procedimento caso em
que teraacute forccedila retroativa agrave data do oacutebito As relaccedilotildees de parentesco se estabelecem natildeo soacute
entre o adotante e o adotado como tambeacutem entre aquele e os descendentes deste e entre o
adotado e todos os parentes do adotante
Natildeo houve alteraccedilatildeo na redaccedilatildeo do artigo 1629 apenas tal dispositivo tem o
objetivo de ajustar o Novo Coacutedigo Civil agrave lei superveniente ou seja Estatuto da Crianccedila e
do Adolescente
Dispondo o referido artigo a seguinte redaccedilatildeo a adoccedilatildeo por estrangeiro obedeceraacute
aos casos e condiccedilotildees que forem estabelecidos em lei
Assim pode-se concluir que na falta de norma reguladora para o instituto da adoccedilatildeo
desde que natildeo conflite com o Coacutedigo Civil deveraacute ser aplicado analogicamente o Estatuto da
Crianccedila e do Adolescente
Ainda constata-se que o Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute
maior de 18 anos passando o instituto da adoccedilatildeo a ser irrestrito trazendo importantes
reflexos ao nosso ordenamento juriacutedico paacutetrio no que diz respeito aos direitos da
personalidade e nos direitos sucessoacuterios Enquanto o antigo Coacutedigo Civil Brasileiro de 1916
adotava o sistema da manifestaccedilatildeo de vontade
Atualmente o Coacutedigo Civil vigente e o Estatuto da Crianccedila adotam o sistema da
sentenccedila judicial sendo que o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo para os
menores de 18 anos o que natildeo exime que a adoccedilatildeo de menor de 18 anos seja feita pelo
Coacutedigo Civil58
De acordo com a legislaccedilatildeo civil podemos conceituar a adoccedilatildeo como o ato de
filiaccedilatildeo juriacutedica que pressupotildee de afetividade e natildeo de relaccedilatildeo bioloacutegica passando o
adotado a ser tratado como se fosse filho natural constituiacutedo em benefiacutecio do adotando
_____________ 58 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 irretrataacutevel e perpeacutetuo depois de consumado que cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com
todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo
inexistia naturalmente
De forma simples podemos definir a adoccedilatildeo como modalidade de filiaccedilatildeo civil que
busca imitar a filiaccedilatildeo natural dependente da vontade de adotante e adotado e por via de
sentenccedila judicial
Assim torna-se inafastaacutevel a utilidade do instituto da adoccedilatildeo em relaccedilatildeo ao menor
carente ou em estado de abandono pois eacute de interesse do Estado a inserccedilatildeo desse menor em
um ambiente familiar
Fica claro que o instituto da adoccedilatildeo eacute de caraacuteter humanitaacuterio que tem por um lado o
escopo de proporcionar agravequeles que a quem a natureza negou filhos e por outro lado
constitui a finalidade assistencial de melhorar a condiccedilatildeo moral e material do futuro
adotado
Mas ainda muito haacute de se defender em prol do instituto da adoccedilatildeo no Brasil natildeo soacute
como forma de projeto de cidadania mas tambeacutem como forma de vida digna a aqueles que
natildeo tem um lar principalmente ao que refere aos direitos de adoccedilatildeo internacional e ainda ao
direito de adoccedilatildeo por casais homossexuais
22 REQUISITOS DA ADOCcedilAtildeO
221 Requisitos Formais
Satildeo alguns requisitos formais para a adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil vigente59
efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal
ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)
____________ 59 VENOSASilvio de Salvo Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003p349
efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal
ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)
diferenccedila miacutenima de idade entre o adotante e o adotado (artigo 1619)
consentimento do adotado de seus pais ou de seu representante (artigos 1621 sect 1ordm e
1624)
intervenccedilatildeo judicial na sua criaccedilatildeo pois somente se aperfeiccediloa perante o juiz atraveacutes de
processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico (artigo 1623 paraacutegrafo uacutenico)
irrevogabilidade (artigo 1626 caput)
estaacutegio de convivecircncia (1622 paraacutegrafo uacutenico 1ordfparte)
comprovaccedilatildeo de estabilidade familiar (artigo 1618 paraacutegrafo uacutenico in fine)
23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO
A adoccedilatildeo se daacute atraveacutes de um processo judicial perante o juiz com competecircncia na
aacuterea da infacircncia e juventude que iraacute conhecer dos pedidos da adoccedilatildeo e os seus incidentes
entre os quais a destituiccedilatildeo do paacutetrio poder e guarda para fins da adoccedilatildeo
Vislumbram-se duas hipoacuteteses em que se adota ou a famiacutelia jaacute convive com a
crianccedila ou adolescente que pretende adotar ou a famiacutelia estaacute a procura de uma crianccedila para
que venha a adotar
Na primeira hipoacutetese devem os interessados ajuizar o pedido de adoccedilatildeo atraveacutes de
advogado ou defensor puacuteblico que formularaacute o pedido diretamente em cartoacuterio atraveacutes de
peticcedilatildeo assinada pelos requerentes quando os pais forem falecidos tiverem sido destituiacutedos
do paacutetrio poder ou houverem aderido expressamente ao pedido os pais bioloacutegicos quando
conhecidos satildeo citados para querendo contestarem o pedido julgando o juiz ao final de
acordo com o interesse superior da crianccedila e do adolescente
Na segunda hipoacutetese os interessados devem requerer sua inscriccedilatildeo no cadastro do
juiacutezo de pessoas interessadas em adotar A partir daiacute instaura-se um procedimento no qual
seratildeo ouvidos pela equipe teacutecnica do juiacutezo (assistentes sociais eou psicoacutelogos) e antes da
decisatildeo que deferir a inscriccedilatildeo o Ministeacuterio Puacuteblico assistiraacute ao pedido de adoccedilatildeo conforme
previsto no artigo 227 sect5ordm da Constituiccedilatildeo Federal e emitiraacute parecer
Em seguida seratildeo incluiacutedos em grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo cujas vagas seratildeo
preenchidas de acordo com a ordem de ajuizamento do pedido de habilitaccedilatildeo respeitados os
criteacuterios estabelecidos
Os grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo possuem duraccedilatildeo prevista de 60 dias e visam
auxiliar os interessados em adotar Habilitados e inscritos no cadastro os interessados
recebem um certificado com validade de 2 anos
Satildeo necessaacuterios os seguintes documentos60
certidatildeo de casamento
atestado de residecircncia
folha de antecedentes criminais
prova de idoneidade fiacutesica e moral
prova de abandono do menor
destituiccedilatildeo do paacutetrio poder
atestado de sanidade fiacutesica
________________ 60 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
A adoccedilatildeo constitui-se por sentenccedila sendo necessaacuterio que 61
a peticcedilatildeo Inicial com os requisitos do artigo 35
se na inicial vier a concordacircncia dos pais do adotando seratildeo ouvidos pelo juiz e pelo
representante do Ministeacuterio Puacuteblico lavrando-se o termo
a autoridade juriacutedica de ofiacutecio ou o requerimento das partes e do Ministeacuterio Puacuteblico
determinaraacute a realizaccedilatildeo de estudo social ou se possiacutevel periacutecia por equipe profissional
decidindo sobre o estaacutegio de convivecircncia
Apresentado o laudo e ouvido o adotando teraacute vistas o Ministeacuterio Puacutebico
apoacutes a manifestaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico no prazo tambeacutem de 5 (cinco) dias o
juiz proferiraacute a sentenccedila
A sentenccedila judicial transitada em julgado seraacute inserida no registro civil mediante mandado do qual natildeo
se forneceraacute certidatildeo O mandado judicial cancelaraacute o registro de nascimento original do menor conforme
o artigo 16 da Lei nordm 601573 E a inscriccedilatildeo no registro constaraacute o nome dos adotantes
como pais e o nome dos seus ascendentes Assim o menor ingressa na famiacutelia do adotante
se desvinculando da famiacutelia natural
24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO
241 Efeitos pessoais
Satildeo alguns efeitos pessoais decorrentes da adoccedilatildeo62
____________________
61 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1996 p 60 62 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 430
rompimento automaacutetico do viacutenculo de parentesco com a famiacutelia de origem salvo os
impedimentos matrimocircniais (artigo 1626)
estabelecimento de verdadeiros laccedilos de parentesco civil entre adotante e adotado
abrangendo a famiacutelia do adotante (artigo 15282ordf parte)
transferecircncia definitiva e de pleno direito do poder familiar para o adotante se o adotante
for menor (artigo 1630 1634 1635 inciso V)
liberdade razoaacutevel em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo do nome do adotado (1627)
possibilidade de promoccedilatildeo da interdiccedilatildeo e inabilitaccedilatildeo do pai ou matildee adotiva pelo
adotado ou vice-versa (artigo 1768)
determinaccedilatildeo do domiacutecilio do adotado menor de idade que adquire o do adotante
242 Efeitos patrimoniais
Satildeo alguns efeitos patrimoniais produzidos pela adoccedilatildeo63
direito do adotante de administraccedilatildeo e ususfruto dos bens do adotado menor (artigo 1689
1691e 1693)
obrigaccedilatildeo do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar (artigo
1634)
dever do adotante de prestar alimentos ao adotado (artigo 1694 1696 e 1697)
direito a indenizaccedilatildeo do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante
responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menor de idade
______________
81 Op cit p 31 p 432
direito sucessoacuterio do adotado visto que se equipara ao filho advindo de parentesco
cosanguineo herdado em concorrecircncia com o cocircnjuge sobrevivente ou convivente do
falecido na qualidade de descendente do autor da heranccedila afastando todos os demais
herdeiros do adotante que natildeo tenham a qualidade de filho (artigo 1829 inciso I e
1790incisos I e II)
reciprocidade nos efeitos sucessoacuterios (artigo 1829 inciso II e 1790 inciso III)
filho adotivo natildeo estaacute compreendido na exceccedilatildeo do Coacutedigo Civil artigo 1790 inciso I
rompimento de testamento se sobrevier filho adotivo (artigo 1973)
direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciaacuterio (artigo 1951 a 1960)
superviniecircncia de filho adotivo pode revogar doaccedilotildees feitas pelo adotante ( artigo 1846 e
1789)
Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso
de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do
oacutebito64
25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO
Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se
obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do
negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do
ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade
____________
64 Op cit p 32 p 435
deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea
A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-
se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico
Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade
anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo
251 Nulidade da adoccedilatildeo
Seraacute nula a adoccedilatildeo que65
em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16
anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619
a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a
mesma pessoa (artigo 1622)
o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)
vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude
252 Anulabilidade da adoccedilatildeo
Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66
a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente
incapaz
ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado
____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435
consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz
vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores
a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado
253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo
Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67
pela falta de consentimento do adotante e adotado
pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou
interdiccedilatildeo civil
pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico
26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO
A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes
motivos68
pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil
Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a
madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave
enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou
neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade
pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil
____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437
Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste
contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a
honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila
pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue
quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva
pela morte do adotante e adotado
27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO
Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a
finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo
avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante
e adotado69
Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute
prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com
facilidade a nova famiacutelia
O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a
ser adotado
Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a
extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo
atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil
____________
69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340
28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das
crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a
prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave
poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato
infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e
ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70
A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual
adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou
tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da
juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil
Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida
familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco
passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado
29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL
A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e
do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da
Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave
crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave
educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave
__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41
convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71
Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada
por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por
procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da
adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda
de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida
pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo
por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72
Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo
de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes
independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos
havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e
qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73
Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos
adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do
bem estar do adotado
210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO
A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser
incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e
educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta
assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria
___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438
Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como
com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo
dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos
pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco
pessoal e social nas ruas das grandes cidades
Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia
importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees
sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia
Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem
por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades
coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e
ceacutelere
Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria
com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e
defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do
proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os
procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados
Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo
atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o
instituto da adoccedilatildeo
A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de
_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em
lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que
querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave
crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico
educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e
na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos
e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o
desenvolvimento da cidadania
Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que
tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria
Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir
211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO
Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75
Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma
simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo
A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais
os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a
situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem
adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda
________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser
proporcionada pelas pessoas sem adotar
Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva
jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os
interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais
vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito
simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses
O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida
cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior
(adoccedilatildeo internacional)
CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees
estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil
Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente
A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida
excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido
por pessoa residente no Paiacutes
A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico
conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei
supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida
sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76
Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo
juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a
decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham
falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm
80699077
Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da
Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da
CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia
____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464
Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por
estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos
interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas
atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os
bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal
intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando
verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em
moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias
maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado
enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees
escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos
especialmente do menorrdquo78
Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante
nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado
tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a
perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e
economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila
passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco
e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79
Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas
___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438
Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil
A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver
medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo
internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda
possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o
seu ingresso em famiacutelia substituta
Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo
internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem
conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas
Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em
seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser
interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores
para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que
visem lucro80
Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas
pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator
determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas
famiacutelias substitutas
32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR
ESTRANGEIROS
A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo
seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e
condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________
80 Op Cit p 44 p 438
parte de estrangeiros
Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida
excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo
acarreta o adotante aacute desistecircncia
Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81
impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo
estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro
residente ou domiciliado fora do paiacutes
comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de
seu paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia
especializada e credenciada no paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido
do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico
juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente
autenticados pela autoridade consular
permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a
consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo
Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e
cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no
miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos
de idade
___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439
podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar
prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista
A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82
lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo
reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante
lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica
Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de
Adoccedilatildeo de Menores de 1984)
33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA
A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua
finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores
Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia
prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse
superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas
__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485
A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo
Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de
garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados
contratantes83
Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a
Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo
Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84
requisitos para a adoccedilatildeo internacional
requisitos processuais
reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo
De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo
em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o
interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras
_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486
CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a
grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo
igualmente a possibilidade da poder adotar
A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade
Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas
aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de
constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a
reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois
assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir
famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86
Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a
uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm
sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo
Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87
____________
86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho
mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49
A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios
E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por
homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se
espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem
homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila
se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais
homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos
tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte
de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo
16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo
se forem marido e mulher
Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89
____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da
uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos
homossexuais
42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA
E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a
situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos
casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo
juriacutedica podem os casais homossexuais adotar
No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo
homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes
da jurisprudecircncia
E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a
regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais
Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata
da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo
tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um
dos parceiros90
Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo
5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a
primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei
____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade
Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca
pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do
bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais
homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve
levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo
decidindo sempre pelo bem-estar do menor91
A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece
Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao
adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo
ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia
familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo
()
sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute
casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros
A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee
Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de
estado civil
______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005
Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92
Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que
homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo
poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante
O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de
adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual
diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro
de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93
______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo
da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum
cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito
Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94
Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais
homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95
Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo
sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel
privar os homossexuais do direito agrave adotar96
E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais
flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de
tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar
seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles
que lhe acolhem97
______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53
No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo
barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao
seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira
da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da
histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a
mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para
atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem
a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua
companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de
crianccedilas devem igualmente poder adotar98
Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no
aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes
de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o
preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99
Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida
pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato
Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo
________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53
CONCLUSAtildeO
A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia
E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto
no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio
Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988
Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade
Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente
A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva
Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros
por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores
Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade
Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a
sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do
Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo
Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e
principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que
pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da
adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e
venda de crianccedilas para o estrangeiro
A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente
estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse
baseado nos artigos 1618 a 1629
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52
Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de
amor carinho e solidariedade
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 6023 informaccedilatildeo e
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WALD Arnald O Novo Direito de Famiacutelia 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2002 p217-225
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO
CAPIacuteTULO 1 ndash ADOCcedilAtildeO
11 LINEAMENTOS HISTOacuteRICOS p 11
12 CONCEITO p 15
13 NATUREZA JURIacuteDICA p 18
14 EVOLUCcedilAtildeO LEGISLATIVA DA ADOCcedilAtildeO p 20
CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
21 ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL p 23
22 REQUSITOS DA ADOCcedilAtildeO p 28
221 Requisitos Formais p 28
23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO p 29
24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO p 31
241 Efeitos Pessoais p 32
242 Efeitos Patrimoniais p 32
25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO
251 Nulidade da adoccedilatildeo p 34
252 Anulabilidade da adoccedilatildeo p 35
253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo p 35
26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO p 35
27 ESTAacuteGIO DE CONVENIEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO p 36
28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DA CRIANCcedilA EDO ADOLESCENTE p 37
29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL p 37
210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO AO INSTITUTO DA ADOCcedilAtildeO p 38
211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO p 41
CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
31 A ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL p 43
32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR ESTRANGEIROS p 45
33 A ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA p 47
CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL P 49
42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA p 51
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAFICAS p 60
A Adoccedilatildeo agrave luz da Lei nordm 104022002 Novo Coacutedigo Civil Sille Cristina Miranda dos Santos 1 ndash Parte Histoacuterica
A adoccedilatildeo eacute um instituto que existe haacute milecircnios de anos Desde os tempos mais
primoacuterdios ateacute os dias atuais pois sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia
Tal instituto pode ser conceituado como o ato juriacutedico pelo qual se perfilha para si
algueacutem na condiccedilatildeo de filho fazendo gerar as relaccedilotildees previstas na famiacutelia bioloacutegica1
Podemos afirmar que o instituto da adoccedilatildeo foi praticado por Egiacutepcios Gregos e
Romanos2 E inclusive na proacutepria Biacuteblia haacute vaacuterias referecircncias sobre o tal instituto como na
histoacuteria de Moiseacutes e de Mordecai dentre outros casos narrados na nossa proacutepria literatura
brasileira bem como na literatura universal3
Com destaque podemos citar que o instituto da adoccedilatildeo eacute um ato de amor e de
solidariedade pois a mis eloquumlente prova desse fato narrado eacute proacuteprio o nascimento de Jesus
Cristo fruto esse concebido pelo Divino Espiacuterito Santo para mostrar que natildeo haacute a
necessidade de casamento da conjunccedilatildeo carnal e de todas as concepccedilotildees do homem para
que se conceba um filho4
Entretanto o Direito Canocircnico desconheceu a adoccedilatildeo e se manifestava com reservas
sobre o instituto A igreja via a adoccedilatildeo como uma ressalva ao casamento e agrave constituiccedilatildeo da
famiacutelia legiacutetima como uma das possibilidades de se fraudar as normas vigentes que
proibiam o reconhecimento de filhos adulterinos e incestuosos5
_____________ 1 VENOSA Silvio de Salvo Direito Civil Direito de FamiacuteliaSatildeo Paulo Atlas 2003 p 315 2 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo noCoacutedigoCivil e no Estatuto do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1993 p 2 3 SZNICK Waldir Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 26 4 Op cit p 1 p 1 5 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo 1999 p 27 2 ndash Natureza Juriacutedica
A natureza juriacutedica do instituto da adoccedilatildeo sempre foi muito controversa tendo em
vista que para alguns doutrinadores a adoccedilatildeo apenas eacute uma relaccedilatildeo juriacutedica e para outros eacute
negoacutecio unilateral tendo em vista a vontade do adotante6
Alguns autores entendem que a adoccedilatildeo seria uma forma de um contrato devido agrave
bilateralidade do ato pois eacute necessaacuterio a manifestaccedilatildeo de duas vontades do adotante e a do
adotado
Para outros autores a adoccedilatildeo eacute instituto juriacutedico de ordem puacuteblica pois eacute preciso a
manifestaccedilatildeo do Estado declarando ou natildeo a possibilidade da adoccedilatildeo
No Estatuto da Crianccedila e do Adolescente natildeo prevalecia apenas a bilateralidade de
vontades pois o Estado participa de forma ativa e necessaacuteria exigindo uma sentenccedila
judicial pois sem esta natildeo haveraacute adoccedilatildeo
Jaacute no Coacutedigo Civil de 1916 tinha a adoccedilatildeo natureza de contrato devido agrave solenidade
exigida na lei da escritura puacuteblica realccedilando a natureza negocial do instituto como contrato
de famiacutelia e havia duas formas distintas de adoccedilatildeo a simples e a plena e cada uma delas
apresentava natureza proacutepria 7
Com o advento do Coacutedigo Civil de 2002 a adoccedilatildeo passou a requerer tambeacutem a
presenccedila Estado dos adotantes e somente dar-se atraveacutes de sentenccedila judicial
Assim ao conceituar o instituto da adoccedilatildeo podemos conjeturar que a adoccedilatildeo se logra
na esfera da vontade dos particulares na forma da lei criando entre essas pessoas estranhas
uma relaccedilatildeo semelhante agraves oriundas da filiaccedilatildeo legiacutetima resultante da filiaccedilatildeo de sangue
_____________ 6 Op cit p 20 p 316 7 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p316 3 ndash Evoluccedilatildeo Legislativa da Adoccedilatildeo
No Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo do Coacutedigo Civil de 1916 vigoravam as Ordenaccedilotildees
Afonsinas Filipinas e Manuelinas advindas do direito portuguecircs
Como advento do Coacutedigo Civil de 1916 ocorreu a sistematizaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos
artigos 368 a 378 que definia a adoccedilatildeo como o ato civil pelo qual algueacutem aceita um
estranho na qualidade de filho contudo tal conceito trazia consigo as suas restriccedilotildees8
a) pessoas com mais de 50 anos exigia-se a diferenccedila miacutenima de 18 anos entre adotado
e adotantee natildeo havia direito de sucessatildeo pois o adotado nada herdaria
Com o advento da Constituinte de 1988 nos paraacutegrafos 5ordm e 6ordm consegui-se eliminar
todas as restriccedilotildees pertinentes agrave diferenccedila entre filhos adotivos ilegiacutetimos passando o filho
adotivo a ter os mesmos direitos garantias e deveres do filho bioloacutegico9
A partir de 1990 o Estatuto passou a regula a adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a
data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou tutela dos adotantes
Jaacute o novo Coacutedigo Civil - Lei nordm 1040602 trata desse instituto nos artigos de 1618 a
1629 passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que originariamente natildeo eacute e com este
cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com todos os direitos e obrigaccedilotildees passando inclusive
a adoccedilatildeo a ser irrestrita10
Ressalto que no Coacutedigo Civil de 1916 havia previsatildeo para a adoccedilatildeo plena e adoccedilatildeo
simples A Adoccedilatildeo Simples era regida pelo Coacutedigo Civil de 1916 e a Lei 313357 era
concernente ao viacutenculo de filiaccedilatildeo que se estabelecia entre adotante e adotado o adotante
poderia ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos11
________________ 8 12 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeiro 1996 p 41 9 Constituiccedilatildeo Federal EC nordm 45 Rio de Janeiro Victor Roma 2005 p 148 10 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003 p 423 11 Opcit p 3 p 424
E Adoccedilatildeo Plena era a espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser
irrevogavelmente para todos os efeitos legais filhos dos adotantes desligando-se de
qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais12
A Lei nordm 806990 ndash ECA ndash Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo
para os menores de 18 anos O Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute
maior de 18 anos E ambos adotam o sistema da sentenccedila judicial
Para que a adoccedilatildeo ocorra e necessaacuterio o cumprimento de diversos requisitos alguns
de aspectos formais outros pessoais e os requisitos processuais que geraram seus efeitos
E por fim ressalto que na adoccedilatildeo poderaacute ocorrer a sua extinccedilatildeo nas modalidades de
nulidade anulabilidade e inexistecircncia13
Quando ocorrer viacutecio de fraude eou simulaccedilatildeo quando natildeo houver a diferenccedila
miacutenima de 16 anos entre adotante e adotado e nos casos do casal natildeo forem marido e
mulher ou conviventes ocorreraacute a nulabilidade da adoccedilatildeo14
Jaacute a anulabilidade ocorreraacute quando houver a falta de consentimento dos pais tutor ou
curador a adoccedilatildeo do relativamente incapaz ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda
se encontra o menor interditado o consentimento manifestado somente pelo adotado
relativamente incapaz vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou
fraude contra credores agrave falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do
consorte adotado15
E quando ocorrer a falta de consentimento do adotante e adotado ou a falta de
objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou interdiccedilatildeo civil e
______________ 12 Op cit p 3 p 424 13 Op cit p 3 p 435 14 Op cit p 3 p435 15 Op cit p 3 p 437
pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico ocorreraacute a
inexistecircncia da adoccedilatildeo16
Poderaacute tambeacutem ocorrer agrave revogaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos seguintes casos pela vontade do
adotante e do adotado pela deserdaccedilatildeo e pela indignidade
4 ndash A adoccedilatildeo Internacional
A adoccedilatildeo internacional tem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila
e do Adolescente ao qual disciplina a possibilidade da adoccedilatildeo por estrangeiros por
estrangeiros17 Mas essa possibilidade de adoccedilatildeo por estrangeiros somente ocorreraacute nos
casos em que a crianccedila jaacute tenha uma tenha sua situaccedilatildeo juriacutedica definida ou seja que jaacute
possua sentenccedila transitada em julgado declarando a decretaccedilatildeo da perda do poder familiar
ou nos casos de haver declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham falecido e este menor esteja
sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm 80699018
Ressalvando os casos em que se dever tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por
estrangeiros residentes no exterior referente ao traacutefico venda e sequumlestro de crianccedilas para o
exterior
Passo importante para a adoccedilatildeo no Brasil foi agrave Convenccedilatildeo de Haia que ratifica o
interesse das crianccedilas a serem adotadas e coibindo o sequumlestro de menores o traacutefico e a
venda de crianccedilas A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo
ratificada em nosso ordenamento juriacutedico atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril
de 1995 cujo objetivo eacute o de garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo
entre os Estados contratantes19
_______________ 17 Op cit p 3 p 61 18 Op cit p 3 p 61 19 Op cit p 3 p 485 5 ndash Os projetos de conscientizaccedilatildeo e incentivos da Adoccedilatildeo
Atualmente o Juizado da Infacircncia e juventude do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo
em parceria com oacutergatildeos natildeo governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo
da adoccedilatildeo dentre outras atividades atraveacutes de Projetos Especiais que tem por objetivo a
colocaccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco pessoal e social nas ruas
das grandes cidades em famiacutelias substituas uma vez que toda crianccedila ou adolescente tem
direito a ser criado e educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente em famiacutelia
substituta assegurada a convivecircncia familiar e comunitaacuteria
Tal projeto vinculado pela 1ordf Vara da Infacircncia e Juventude do Rio de Janeiro lanccedilou
a cartilha da adoccedilatildeo com o intuito de esclarecer e incentivar a adoccedilatildeo20
Projeto semelhante foi lanccedilado pela 1ordf Vara da Infacircncia e Juventude de Vitoacuteria ndash ES
tambeacutem lanccedilou recentemente a obra ldquo111 perguntas sobre a adoccedilatildeordquo21
Ambos os projetos satildeo tem por objetivo esclarecer e incentivar a adoccedilatildeo como ponto
de referecircncia importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional
das accedilotildees sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter uma famiacutelia Assim
podemos constatar que a cartilha traz todo o rol de procedimentos e esclarecimentos a
aqueles que queiram adotar sejam eles residentes no Brasil ou no Exterior
7ndash A adoccedilatildeo por Homossexuais
A grande discussatildeo hoje rebatida pela sociedade seria a da possibilidade de
homossexuais poderem ou natildeo adotar
_____________ 20 Cartilha da adoccedilatildeodipsonovellt wwwjuizadodainfanciaejuventudeorgbrgtAcesso em 30out 2004 21 Cartilha da adoccedilatildeo Disponiacutevelwwwtjesgovbr Acesso em 30 out 2004 Na verdade vaacuterios satildeo os fatos alegados a natildeo possibilidade de adoccedilatildeo pelos
homossexuais como a diferenccedila da formaccedilatildeo da famiacutelia que fugiria aos padrotildees da
formaccedilatildeo da famiacutelia heterossexual da nossa sociedade
De certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se
estabelecer-se e contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos
homossexuaisrdquo tem de ser respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela
sociedade e pelo Estado21
Vaacuterios argumentos e sofismas satildeo utilizados para a natildeo legalizaccedilatildeo da adoccedilatildeo por
homossexuais mas o que prepondera realmente eacute o preconceito e o que deveria mesmo ser
visado que seria o interesse do adota natildeo estaacute sendo colimado
De fato em nosso ordenamento juriacutedico natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito
positivo para validar a uniatildeo homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecer o
direito a uniatildeo homossexual atraveacutes da jurisprudecircncia E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem
em nosso ordenamento juriacutedico a regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais
Mas tambeacutem natildeo haacute legislaccedilatildeo que proiacuteba a adoccedilatildeo de menores por homossexuais
O que presenciamos sim seria a violaccedilatildeo de direitos aos homoafetivos pois fica clara a
violaccedilatildeo ao direito a igualdade e a isonomia Assim como tambeacutem natildeo haacute restriccedilatildeo legal
quanto a formaccedilatildeo da famiacutelia que deveria ser somente heterossexual
Acredito que o que se deva levar em consideraccedilatildeo eacute a situaccedilatildeo de fato do menor a ser
adotado de ser resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe
um lar seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual
____________ 21 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005
daqueles que lhe acolhem22
Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no
aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruas com
grandes possibilidades de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que
tecircm por fundamento o preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o
inteacuterprete inovar23
Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida
pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato
Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo
E nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na
aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem
comum cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao
Coacutedigo Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do
Direito
Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave
adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do
adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente
iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando
devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo24
Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais
homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato25
____________ 22 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 23 Op Cit P 8 24 Op Cit P 8 25 Op Cit P 8
Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo
sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel
privar os homossexuais do direito agrave adotar26
E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais
flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de
tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar
seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles
que lhe acolhem27
Portanto fica bem claro que eacute importante deixar de lado as barreiras do preconceito
___________ 26 Op Cit P 8 27 Op Cit P 8
BIBLIOGRAacuteFIA
ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 6023 informaccedilatildeo e
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DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia 18 ed Satildeo
Paulo Saraiva 2002 p 423-446
KAUSS Omar Gama Bem Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente 2 ed Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1983 p 7-64
OLIVEIRA J M Leoni Lopes de Guarda Tutela e Adoccedilatildeo 5 ed Rio de Janeiro Luacutemen
Iuris 2002 p 147-193
PEREIRA Caio Mario da Silva Instituiccedilotildees de Direito Civil ndash V 11 ed Rio de Janeiro
Forense 2000 p 171-185
SCINICK Valdir Adoccedilatildeo 3 ed Satildeo Paulo Leud1999 p 19-519
SIQUEIRA Liboacuterni Adoccedilatildeo Doutrina e Jurisprudecircncia 10 ed Rio de Janeiro Folha
Carioca 2004 p 21-328
VENOSA Siacutelvio de Salvo DireitoCivil VI ndashDireito de Famiacutelia 3 ed Satildeo Paulo Atlas
2003 p 315-351
_______ Direito Civil V ndash Direito de Famiacutelia V ed Satildeo Paulo Atlas 2001p 257-283
WALD Arnald O Novo Direito de Famiacutelia 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2002 p217-225
CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO
12 LINEAMENTOS HISTOacuteRICOS
Historicamente o instituto da adoccedilatildeo desde os tempos mais primoacuterdios era utilizado
por nossos antepassados e com o passar dos tempos evoluiu tanto no aspecto social quanto
no aspecto juriacutedico
No direito primitivo a famiacutelia era a unidade social econocircmica e religiosa e a adoccedilatildeo
constituiacutea-se como um meio eficaz de perpetuar a famiacutelia e a religiatildeo domeacutestica ao qual
transferia-se os bens familiares pois nessa eacutepoca natildeo se conhecia do testamento1
No direito romano os imperadores utilizavam-se do instituto para designar os seus
sucessores e seus futuros Chefes de Estados deixando a adoccedilatildeo de ser um instrumento de
direito privado e passando a ser instrumento de direito puacuteblico2
E a maior prova de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor solidariedade
encontra-se narrado na Biacuteblia no nascimento de Jesus Cristo fruto
esse concebido pelo Divino Espiacuterito Santo para mostrar que natildeo haacute a
necessidade de casamento da conjunccedilatildeo carnal e de todas as
concepccedilotildees do homem para que se conceba um filho3
Tal instituto teve sua origem fundada na Biacuteblia no Coacutedigo de Hamurabi e nas Leis
de Manu4
__________ 1 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 218 2 SIQUEIRA Liboacuterni Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 34 3 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Luacutemen Iuris 1996 p 1 4 Op cit p 11 p 218
No Coacutedigo de Manu o instituto da adoccedilatildeo encontram-se descrito na Lei IX 10
ldquoAquele a quem a natureza natildeo deu filhos pode adotar um para que as cerimocircnias fuacutenebres
natildeo cessemrdquo5
As Leis de Manu determinavam que a adoccedilatildeo somente seria possiacutevel entre um
homem e um rapaz da mesma classe social e que o adotado tivesse todas as qualidades
apreciadas num filho6
Jaacute o Coacutedigo de Hamurabi eacute considerado o documento mais antigo que se tenha
notiacutecia antes de Cristo O instituto no Coacutedigo de Hamurabi era conhecido como ldquoSentenccedilas
de Direitordquo traz em seus artigos 185 a 193 e o define como ldquomacircrucircturdquoArt 185 ndash Se algueacutem
toma em adoccedilatildeo uma crianccedila ou a educa esta natildeo pode ser reclamadardquo7
Nas passagens biacuteblicas eacute possiacutevel exemplificarmos algumas dessas noccedilotildees do
instituto da adoccedilatildeo ao relatarmos alguns casos como a histoacuteria de Moiseacutes que foi adotado
por Termulus quando o encontrou agraves margens do Rio Nilo na de Mordecai que criou Eacutester
como uma irmatilde e ainda na proacutepria histoacuteria de Joseacute do Egito adotado por Potifar8
Os Hebreus chamavam a adoccedilatildeo pelo nome de ldquoleviratordquo9
De acordo com a Biacuteblia poderiam adotar tanto o pai como a matildee e a adoccedilatildeo soacute se
dava entre parentes A mulher esteacuteril poderia adotar os filhos da serva que ela havia
conduzido ao taacutelamo do marido10
__________ 5 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Luacutemen Iuris 1996 p 21 6 Op cit p 12 p 21 7 Op cit p 12 p 25 8 SZNICK Waldir Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 26 9 Op cit p 12 p 26 10 Op cit p 12 p 26
Para os Romanos a adoccedilatildeo era o ato legislativo pelo qual algueacutem perfilha um filho
que natildeo se gerou tendo em vista a necessidade da perpetuaccedilatildeo do culto domeacutestico que
tinha um valor sacral Para os romanos havia dois tipos de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo e a
adrogatio11
A adoccedilatildeo ou adoptio era instituto de direito privado destinado ao alieni juacuteris para
quem tivesse sob o paacutetrio poder da Lei das XII Taacutebuas Jaacute a adrogatio pertencia ao direito
puacuteblico a doaccedilatildeo de sui juacuteris como filho na famiacutelia de um pater famiacutelias12
Para os Gregos a adoccedilatildeo rompia todos os laccedilos da famiacutelia anterior sequer poderia
prestar o funeral dos pais anteriores A adoccedilatildeo tinha o nome de Teacutesis tambeacutem conhecida
como Ampasis13
O Direito Canocircnico desconheceu a adoccedilatildeo ateacute certo ponto e se manifestava com
reservas A igreja via a adoccedilatildeo como uma ressalva ao casamento e agrave constituiccedilatildeo da famiacutelia
legiacutetima como uma das possibilidades de se fraudar as normas vigentes que proibiam o
reconhecimento de filhos adulterinos e incestuosos14
Na Idade Meacutedia a adoccedilatildeo sucede ao processo histoacuterico da famiacutelia romana tecircm o
mesmo objetivo destinado ao culto domeacutestico daqueles que natildeo tinham descendentes
Nessa eacutepoca Justiniano reformou o instituto da adoccedilatildeo seguindo as linhas das instituiccedilotildees
orientais em especial as helecircnicas mas permanecendo a adoccedilatildeo claacutessica 15
Portanto nesse periacuteodo Justiniano a adoccedilatildeo era o ato solene pelo qual se admite em
lugar de filho quem por natureza natildeo ostenta tal qualidade16
_____________ 11 ZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 27 12 Op cit p 13 p 32 13 Op cit p 13 p 26 14 WALD Arnoldo O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo PauloSaraiva 15 SIQUEIRA Liboacuterni Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 35 16 Op cit p13 p 35
Na eacutepoca moderna o instituto da adoccedilatildeo teve a sua inspiraccedilatildeo no Direito Romano
sendo encontrado no Coacutedigo de 1683 promulgado na Dinamarca por Christian V Na
Alemanha tal instituto encontra-se no Coacutedigo de Pressuniano promulgado por Frederico
Guilherme II em 1751 e no Codex Maximilianus da Bavaacuteria de 175617
Essa legislaccedilatildeo influenciou o Coacutedigo Napoleocircnico de 1791 apesar da normativa
sobre o instituto da adoccedilatildeo natildeo houve uma aceitaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo frequumlente tendo em vista
a suspeita de favorecimento a fraude e agrave lei fiscal18
O Coacutedigo Napoleocircnico de 1971 contemplava quatro tipos de adoccedilatildeo19
a) adoccedilatildeo ordinaacuteria ndash depende de homologaccedilatildeo judicial permitida a maiores de50 anos
e diferenccedila de 15 anos entre o adotado altera nome tem direitos sucessoacuterios
b) adoccedilatildeo remuneratoacuteria ndash destinada a quem tivesse salvo a vida do adotando
irrevogaacutevel
c) adoccedilatildeo testamentaacuteria ndash permitida ao tutor apoacutes 5 anos de tutela
d) tutela oficiosa ndash uma espeacutecie de adoccedilatildeo provisoacuteria em favor dos menores
Por fim as Ordenaccedilotildees advieram do direito geral portuguecircs primeiro as Ordenaccedilotildees
Afonsinas de 1446 a 1514 que para o Brasil entraram em vigor agrave partir de 1500 sendo esta
substituiacuteda pelas Ordenaccedilotildees Manuelinas em 1514 e por uacuteltimo as Ordenaccedilotildees Filipinas em
1603 que vigoraram ateacute a promulgaccedilatildeo do da Lei nordm Coacutedigo Civil em 191620
_____________ 17 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo PauloLeud 1999 p 40 18 Op cit p 14 p 40 19 Op cit p 14 p 41 20 Op cit p 14 p 41
Nessa fase a adoccedilatildeo era regulada por inuacutemeros textos e passagens sem uma norma
especiacutefica
Com as Ordenaccedilotildees o instituto adquiriu o nome de perfilhamento e tinha como
objetivo tornar como herdeiro na sucessatildeo o filho tido mesmo que fosse o filho espuacuterio ou
o filho adulterino21
Com a independecircncia as Ordenaccedilotildees passaram a perder a sua validade em nosso
ordenamento juriacutedicoem virtude dos inuacutemeros diplomas e regulamentos que passaram a
vigorar na eacutepoca poreacutem a revogaccedilatildeo total soacute ocorreu com o advento do Coacutedigo Civil de
191622
12 CONCEITO
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de
solidariedade ou seja a chance de crianccedilas e adolescentes de terem um lar uma famiacutelia jaacute
que foram desprovidos de alguma forma de seus familiares
Para o conceito de adoccedilatildeo existem vaacuterias definiccedilotildees Em uma conceituaccedilatildeo simples e
clara podemos dizer que a adoccedilatildeo eacute um ato juriacutedico que tem por finalidade criar entre duas
pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue23
Ainda pode ser definida como o ato de ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco civil
portanto de suma importacircncia para a sociedade brasileira tendo em vista que tal ato
juriacutedico coaduna na esfera da vontade dos particulares com a devida permissatildeo da lei
__________ 21 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 42 22 Op cit p 15 p 42 23 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147
criando entre essas pessoas estranhas uma relaccedilatildeo anaacuteloga como agraves oriundas da filiaccedilatildeo
legiacutetima24
A adoccedilatildeo tambeacutem pode ser conceituada como o ato juriacutedico pelo qual o viacutenculo
familiar eacute criado em virtude do proacuteprio ato pelo legislador25
Alguns autores definem a adoccedilatildeo apenas como o instituto que daacute ao filho adotivo o
status idecircntico ao do filho legiacutetimo
Passamos a analisar a conceituaccedilatildeo dos seguintes juristas
Para Clovis Bevilacqua a adoccedilatildeo se destinava a suprir a falta de filho que tem como
ato civil aacute aceitaccedilatildeo de um estranho como filho26
Para a Profa Maria Helena Diniz a adoccedilatildeo eacute uma instituiccedilatildeo de caraacuteter humanitaacuterio
que tem por um lado dar aqueles a quem a natureza negou um lar e uma famiacutelia e por outro
lado a uma finalidade assistencial constituindo um meio de melhorar a condiccedilatildeo moral e
material do adotado27
Para Walter Gaspar a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica a qual se estabelece uma relaccedilatildeo
de parentesco que independe do fato natural da procriaccedilatildeo28
Para Orlando Gomes a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece independente
do fato natural o viacutenculo de filiaccedilatildeo legal que permite a constituiccedilatildeo entre duas pessoas do
laccedilo de parentesco do primeiro grau em linha reta29
_________ 24 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 25 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 26 Op cit p 16 p 63 27 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 28 GASPAR Walter Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003 p 315 29 ORLANDO Gomes Instituiccedilotildees de Direito Civil Satildeo Paulo Forense1996 p 226
Jose Maria Leoni Lopes de Oliveira define a adoccedilatildeo como um instituto juriacutedico que
procura imitar a filiaccedilatildeo natural30
Para Silvio Rodrigues a adoccedilatildeo eacute o ato do adotante pelo qual ele traz para a sua
famiacutelia e na condiccedilatildeo de filho pessoa que lhe eacute estranha31
Para Caio Mario da Silva a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual uma pessoa recebe
outra como filho independentemente de existir entre elas qualquer relaccedilatildeo de parentesco
cosanguiacuteneo ou afim32
Para Antunes Varella a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece entre duas
pessoas adotante de um lado e adotado de outro independente dos laccedilos de sangueuma
relaccedilatildeo legal de filiaccedilatildeo33
Para o Prof Arnoldo Wald a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco
civil Eacute um ato juriacutedico bilateral que gera laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre pessoas para
as quais tal relaccedilatildeo inexiste materialmente34
Para Carbonnier a filiaccedilatildeo adotiva eacute uma filiaccedilatildeo puramente juriacutedica que repousa
na pressuposiccedilatildeo de uma realidade natildeo bioloacutegica mas afetiva35
E para Dusi a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico solene em virtude do qual agrave vontade dos
particulares com a permissatildeo da lei cria entre pessoas naturalmente estranhas uma a outra
relaccedilotildees anaacutelogas as oriundas da filiaccedilatildeo legiacutetima36
__________ 31 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147 32 Direito Civil ndash Famiacutelia Satildeo Paulo Forense 1999 p330 48 op Cit p 17 p 330 33 Op Cit p 17 p 148 534WALD Arnold O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 35 Op cit p 17 apud Droit Civil 2 ndash La Famile nordm 354 p 519 36 Op cit p 17 p 217
No contexto das diversas definiccedilotildees atribuiacutedas a adoccedilatildeo podemos
verificar que esta se contrapotildee-se a filiaccedilatildeo legiacutetima ou natural por
sua caracteriacutestica artificial pois resulta da manifestaccedilatildeo de vontade e
de sentenccedila judicial Enquanto a filiaccedilatildeo natural tem seu viacutenculo
formado apenas no sangue
Contudo os efeitos da adoccedilatildeo em nosso ordenamento juriacutedico geram
as mesmas relaccedilotildees da filiaccedilatildeo natural
13 NATUREZA JURIacuteDICA
A natureza juriacutedica da adoccedilatildeo sempre foi muito controvertida para alguns
doutrinadores a adoccedilatildeo apenas eacute uma relaccedilatildeo juriacutedica enquanto para outros eacute negoacutecio
unilateral tendo em vista a vontade do adotante37
Com o passar dos tempos a mudou a sua finalidade antes se destinava
a atender aos interesses religiosos dos adotantes hoje se preocupa
mais com o interesse dos adotados objetivando proporcionar uma
famiacutelia38
A dificuldade em definir a natureza juriacutedica da adoccedilatildeo decorre da sua
natureza e da origem do seu ato
Assim para alguns autores adoccedilatildeo seria uma forma de contrato
devido agrave bilateralidade do ato pois eacute preciso a manifestaccedilatildeo de duas
vontades a do adotante e do adotado Sendo que agraves vezes o adotado eacute
representado poreacutem a vontade do adotando inexiste em algumas
situaccedilotildees o que dificulta a compreensatildeo dessa doutrina39
__________ 37 Op cit p 17 p 320 38 Op cit p 17 p 149 39 Op cit p 17 p 320
Para outros autores a adoccedilatildeo eacute instituto juriacutedico de ordem puacuteblica sendo necessaacuterio
a manifestaccedilatildeo do Estado declarando ou natildeo a adoccedilatildeo40
No Coacutedigo Civil de 1916 a adoccedilatildeo tinha a natureza de contrato
devido agrave solenidade exigida na lei da escritura puacuteblica realccedilando a
natureza negocial do instituto como contrato de famiacutelia disposto no
artigo 37541
Nessa eacutepoca havia duas formas distintas de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo simples
e a adoccedilatildeo plena e cada uma delas apresentava natureza proacutepria42
No Estatuto natildeo prevalece apenas a bilateralidade de vontades pois o Estado
participa de forma ativa exigindo-se tambeacutem uma sentenccedila judicial pois sem esta natildeo
haveraacute adoccedilatildeo 43
O Coacutedigo Civil de 2002 requer a presenccedila dos adotantes do Estado e somente
ocorreraacute se for atraveacutes de sentenccedila judicial
Pode-se assim concluir que a adoccedilatildeo eacute um ato complexo o
qual tem na sua primeira fase um caraacuteter negocial em seguida a
manifestaccedilatildeo de vontade dos adotantes e adotados e em sua segunda
fase tem caraacuteter judicial a fim de verificar a conveniecircncia ou natildeo da
adoccedilatildeo que culmina com a sentenccedila judicial44
Portanto a accedilatildeo de adoccedilatildeo eacute accedilatildeo do estado de caraacuteter constitutivo
conferindo a posiccedilatildeo de filho ao adotado atraveacutes de sentenccedila judicial
____________ 40 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p320 41 Op cit p 19 p 316
42 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Rio de Janeiro Atlas 2001 p 257 43 Op cit p 19 p 320
44 Op cit p 19 p 316 14 EVOLUCcedilAtildeO LEGISLATIVA DA ADOCcedilAtildeO
No Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 3071 de 01 de maio de 1916 vigoravam as
Ordenaccedilotildees Afonsinas Filipinas e Manuelinas45
Com o advento do Coacutedigo Civil de 1916 ocorreu a sistematizaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos
artigos 368 a 378 de caraacuteter essencialmente privado
Todavia o nosso direito paacutetrio da eacutepoca revelava as influecircncias do direito romano
do direito canocircnico das Ordenaccedilotildees Afonsinas Manuelinas e Filipinas46
No coacutedigo de 1916 a adoccedilatildeo era definida como o ato civil pelo qual algueacutem aceita
um estranho na qualidade de filho contudo tal conceito trazia consigo as suas restriccedilotildees47
Nessa eacutepoca havia restriccedilotildees quanto agrave adoccedilatildeo pois a mesma se destinava a habilitar
pessoas com mais de 50 anos exigindo a diferenccedila miacutenima de 18 anos entre adotado e
adotante e natildeo haveria direito de sucessatildeo ao adotado
Em 1957 adveio o Estatuto da adoccedilatildeo - Lei nordm 3133 de 08 de maio de 1957 E em
1979 o Coacutedigo de Menores Lei nordm 6667 de 10 de outubro de 1979 ambos traziam algumas
modificaccedilotildees que eliminava certas restriccedilotildees do Coacutedigo Civil de 191648
Algumas dessas modificaccedilotildees trazidas foi a de possibilidade de se adotar aos 30
anos e a diferenccedila de idade entre adotando e adotado passou a ser de 16 anos eliminou-se
tambeacutem o preacute-requisito de que somente casais sem filhos poderiam adotar49
______________ 45 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 38 46 Opcit p 20 p 42 47 Opcit p 20 p 84 48 Opcit p 20 p 40 49 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo em 1988 e com o advento do Estatuto da
Crianccedila e do Adolescente ndash ECA em 1990 consegui-se eliminar todas as restriccedilotildees
pertinentes agrave diferenccedila entre filhos adotivos ilegiacutetimos eou aduacutelterinos50
Assim hoje o filho adotivo tem os mesmos direitos garantias e deveres dos filhos
bioloacutegicos artigo 227 sectordm da CRFB
A partir de 1990 as regras da adoccedilatildeo passaram a visar mais os interesses direitos e
reais e necessidades dos adotandos O que se pretendia era encontrar uma famiacutelia adequada
aos menores e natildeo a busca de uma crianccedila para aqueles que pretendem adotar51
Jaacute o novo Coacutedigo Civil trata desse instituto da aceitaccedilatildeo legal de estranho no seio
familiar nos artigos 1618 a 1629 passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que
originariamente natildeo eacute criando com este laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com todos os
direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo inexiste
naturalmente52
E corroborando com o instituto da adoccedilatildeo o nosso texto constitucional assegura em
seu artigo 227 o direito de se ter uma famiacutelia o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave
educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura ao respeito agrave dignidade agrave liberdade e a
convivecircncia familiar 53
Esse direito de se ter uma famiacutelia consagrado na Carta Magna adveacutem do direito
positivo brasileiro do direito natural do simples direito de se ter um lar
__________ 50 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 150 51 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41 52 As modificaccedilotildees introduzidas agrave partir do advento do Novo Coacutedigo Civil ndash Lei nordm 1040602 53 CONSTITUICcedilAcircO FEDERAL EC nordm 45 Rio de Janeiro 2005 p 149
A adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia da proteccedilatildeo ao adotado e cuja finalidade
eacute a de dar um lar aos menores criando para esses menores um ambiente familiar e o
equiparando o adotado como filho legiacutetimo
Egrave um instituto de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo agravequeles que precisam de um
lar amor carinho e dignidade
Tem por finalidade fundamental dar filhos agravequeles que natildeo podem ter
biologicamente e de dar pais agravequeles que se encontram desamparados por algum motivo
Assim a adoccedilatildeo que fugir desses paracircmetros a que estaacute destinada estaraacute distorcendo a
finalidade do ordenamento a que lei se destina
Ficando constatado que a adoccedilatildeo no Brasil constitui um imperativo de ordem eacutetica
de natureza constitucional pois natildeo se pode construir uma sociedade mentalmente satilde sobre
as bases de abandono de crianccedilas os futuros homens de amanhatilde
CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
A adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil de 1916 era regulada nos artigos de 368 a 378 Nesse
Coacutedigo havia previsatildeo legal para duas modalidades de adoccedilatildeo54
A adoccedilatildeo simples estabelecia o viacutenculo de filiaccedilatildeo entre adotante e adotado
podendo o adotante ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos regia-se pelo Coacutedigo
Civil de 1916 e pela Lei nordm 313355
A adoccedilatildeo plena era espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser
irrevogavelmente para todos os efeitos legais a ser filhos dos adotantes desligando-se de
qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais
introduzido pela Lei nordm 669779
Nesse Coacutedigo Civil a adoccedilatildeo aplicava-se aos maiores de 18 anos e realccedilava a sua
natureza negocial do instituto tendo em vista a solenidade da escritura puacuteblica que a lei
exigia como contrato de direito de famiacutelia Somente seria a adoccedilatildeo consumada com a
devida averbaccedilatildeo da escritura no registro civil e no ato da adoccedilatildeo seriam declarados quais
os nomes da famiacutelia passaria o adotado a usar
Eram requisitos para adoccedilatildeo nesta legislaccedilatildeo de 1916 que o adotante fosse 16 anos
mais velho que o adotando com mais de 30 anos de idade se o adotante fosse casado o
casamento deveria ter duraccedilatildeo superior agrave cinco anos duas pessoas natildeo poderiam adotar
conjuntamente se natildeo forem marido e mulher e o adotando com maior de 18 anos o tutor
ou curador poderiam adotar depois de prestadas as contas ocorria atraveacutes de escritura
puacuteblica havia previsatildeo de adoccedilatildeo por estrangeiros sem restriccedilatildeo55
______________ 54 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 55 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p 323
Com o advento da Lei nordm 104062002 o instituto da adoccedilatildeo passou a ser tratado nos
artigos de 1618 a 1629 como jaacute mencionado E por conta da nova legislaccedilatildeo a adoccedilatildeo
simples e a adoccedilatildeo plena deixam de existir passando a adoccedilatildeo ser irrestrita 56
Hoje o Novo Coacutedigo - Lei nordm 104062002 se preocupa em seus artigos com a
adoccedilatildeo de forma global ou seja com a adoccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes e principalmente
com a primazia do interesse do adotado
Assim o instituto da adoccedilatildeo passa a ser regido nos seguintes termos57
No art 1618 Somente pessoa maior de dezoito anos pode adotar
Analisando este artigo pode-se constatar que houve a reduccedilatildeo da idade miacutenima para
adotar antes exigida de 35 anos
E em seu Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo poderaacute ser formalizada por ambos os cocircnjuges
ou companheiros desde que um deles tenha completado dezoito anos de idade comprovada
a estabilidade da famiacutelia
Os artigos 1619 e 1620 natildeo tiveram alteradas a sua redaccedilatildeo
De acordo com o artigo 1619 o adotante haacute de ser pelo menos dezesseis anos mais
velho que o adotado E no artigo 1620 enquanto natildeo der contas de sua administraccedilatildeo e natildeo
saldar o deacutebito natildeo poderaacute o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o curatelado
O artigo 1621 descreve que a adoccedilatildeo depende de consentimento dos pais ou dos
representantes legais de quem se deseja adotar e da concordacircncia deste se contar mais de
doze anos
______________
56 Op cit p 23 p 425
57 Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003 p 452-459
sect 1o O consentimento seraacute dispensado em relaccedilatildeo agrave crianccedila ou adolescente cujos
pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder familiar
sect 2o O consentimento previsto no caput eacute revogaacutevel ateacute a publicaccedilatildeo da sentenccedila
constitutiva da adoccedilatildeo
O novo dispositivo diminui a idade miacutenima do adotado para manifestar o seu
consentimento para 12 anos no regime anterior era de 14 anos
De acordo co o artigo 1622 ningueacutem poderaacute ser adotado por duas pessoas salvo se
forem marido e mulher ou se viverem em uniatildeo estaacutevel
Neste artigo foi acrescentado o paraacutegrafo uacutenico que acrescenta a posiccedilatildeo da adoccedilatildeo
por companheiros ou daqueles que vivem em uniatildeo estaacutevel
Paraacutegrafo uacutenico Os divorciados e os judicialmente separados poderatildeo adotar
conjuntamente contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o
estaacutegio de convivecircncia tenha sido iniciado na constacircncia da sociedade conjugal
No artigo 1623 a adoccedilatildeo obedeceraacute a processo judicial observados os requisitos
estabelecidos neste Coacutedigo
Houve acreacutescimo na nova legislaccedilatildeo apenas do paraacutegrafo uacutenico ao qual foi atribuiacuteda a
seguinte redaccedilatildeo
Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo de maiores de dezoito anos dependeraacute igualmente da
assistecircncia efetiva do Poder Puacuteblico e de sentenccedila constitutiva
No artigo 1624 Houve a substituiccedilatildeo do ldquopaacutetrio poderrdquo por ldquopoder familiarrdquo sendo
ainda suprimida a palavra ldquomenor abandonadordquo trazido na legislaccedilatildeo de 1916
Assim dispotildee o artigo citado em que natildeo haacute necessidade do consentimento do
representante legal do menor se provado que se trata de infante exposto ou de menor cujos
pais sejam desconhecidos estejam desaparecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder
familiar sem nomeaccedilatildeo de tutor ou de oacuterfatildeo natildeo reclamado por qualquer parente por mais
de um ano
De acordo com o artigo 1625 somente seraacute admitida a adoccedilatildeo que constituir efetivo
benefiacutecio para o adotando sendo matida a mesma redaccedilatildeo
Jaacute no artigo 1626 houve acreacutescimo do paraacutegrafo uacutenico
Dipondo a seguinte redaccedilatildeo o caput a adoccedilatildeo atribui a situaccedilatildeo de filho ao adotado
desligando-o de qualquer viacutenculo com os pais e parentes consanguumliacuteneos salvo quanto aos
impedimentos para o casamento
Paraacutegrafo uacutenico se um dos cocircnjuges ou companheiros adota o filho do outro
mantecircm-se os viacutenculos de filiaccedilatildeo entre o adotado e o cocircnjuge ou companheiro do adotante
e os respectivos parentes
Com relaccedilatildeo ao artigo 1627 permaneceu a mesma redaccedilatildeo com relaccedilatildeo a decisatildeo que
confere ao adotado o sobrenome do adotante podendo determinar a modificaccedilatildeo de seu
prenome se menor a pedido do adotante ou do adotado
No artigo abaixo descrito houve a adequaccedilatildeo ao dispositivo de moda a resguardar o
princiacutepio constitucional da plena igualdade entre filhos bioloacutegicos e adotados
Dispotildee o artigo 1628 que os efeitos da adoccedilatildeo comeccedilam a partir do tracircnsito em
julgado da sentenccedila exceto se o adotante vier a falecer no curso do procedimento caso em
que teraacute forccedila retroativa agrave data do oacutebito As relaccedilotildees de parentesco se estabelecem natildeo soacute
entre o adotante e o adotado como tambeacutem entre aquele e os descendentes deste e entre o
adotado e todos os parentes do adotante
Natildeo houve alteraccedilatildeo na redaccedilatildeo do artigo 1629 apenas tal dispositivo tem o
objetivo de ajustar o Novo Coacutedigo Civil agrave lei superveniente ou seja Estatuto da Crianccedila e
do Adolescente
Dispondo o referido artigo a seguinte redaccedilatildeo a adoccedilatildeo por estrangeiro obedeceraacute
aos casos e condiccedilotildees que forem estabelecidos em lei
Assim pode-se concluir que na falta de norma reguladora para o instituto da adoccedilatildeo
desde que natildeo conflite com o Coacutedigo Civil deveraacute ser aplicado analogicamente o Estatuto da
Crianccedila e do Adolescente
Ainda constata-se que o Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute
maior de 18 anos passando o instituto da adoccedilatildeo a ser irrestrito trazendo importantes
reflexos ao nosso ordenamento juriacutedico paacutetrio no que diz respeito aos direitos da
personalidade e nos direitos sucessoacuterios Enquanto o antigo Coacutedigo Civil Brasileiro de 1916
adotava o sistema da manifestaccedilatildeo de vontade
Atualmente o Coacutedigo Civil vigente e o Estatuto da Crianccedila adotam o sistema da
sentenccedila judicial sendo que o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo para os
menores de 18 anos o que natildeo exime que a adoccedilatildeo de menor de 18 anos seja feita pelo
Coacutedigo Civil58
De acordo com a legislaccedilatildeo civil podemos conceituar a adoccedilatildeo como o ato de
filiaccedilatildeo juriacutedica que pressupotildee de afetividade e natildeo de relaccedilatildeo bioloacutegica passando o
adotado a ser tratado como se fosse filho natural constituiacutedo em benefiacutecio do adotando
_____________ 58 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 irretrataacutevel e perpeacutetuo depois de consumado que cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com
todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo
inexistia naturalmente
De forma simples podemos definir a adoccedilatildeo como modalidade de filiaccedilatildeo civil que
busca imitar a filiaccedilatildeo natural dependente da vontade de adotante e adotado e por via de
sentenccedila judicial
Assim torna-se inafastaacutevel a utilidade do instituto da adoccedilatildeo em relaccedilatildeo ao menor
carente ou em estado de abandono pois eacute de interesse do Estado a inserccedilatildeo desse menor em
um ambiente familiar
Fica claro que o instituto da adoccedilatildeo eacute de caraacuteter humanitaacuterio que tem por um lado o
escopo de proporcionar agravequeles que a quem a natureza negou filhos e por outro lado
constitui a finalidade assistencial de melhorar a condiccedilatildeo moral e material do futuro
adotado
Mas ainda muito haacute de se defender em prol do instituto da adoccedilatildeo no Brasil natildeo soacute
como forma de projeto de cidadania mas tambeacutem como forma de vida digna a aqueles que
natildeo tem um lar principalmente ao que refere aos direitos de adoccedilatildeo internacional e ainda ao
direito de adoccedilatildeo por casais homossexuais
22 REQUISITOS DA ADOCcedilAtildeO
221 Requisitos Formais
Satildeo alguns requisitos formais para a adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil vigente59
efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal
ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)
____________ 59 VENOSASilvio de Salvo Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003p349
efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal
ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)
diferenccedila miacutenima de idade entre o adotante e o adotado (artigo 1619)
consentimento do adotado de seus pais ou de seu representante (artigos 1621 sect 1ordm e
1624)
intervenccedilatildeo judicial na sua criaccedilatildeo pois somente se aperfeiccediloa perante o juiz atraveacutes de
processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico (artigo 1623 paraacutegrafo uacutenico)
irrevogabilidade (artigo 1626 caput)
estaacutegio de convivecircncia (1622 paraacutegrafo uacutenico 1ordfparte)
comprovaccedilatildeo de estabilidade familiar (artigo 1618 paraacutegrafo uacutenico in fine)
23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO
A adoccedilatildeo se daacute atraveacutes de um processo judicial perante o juiz com competecircncia na
aacuterea da infacircncia e juventude que iraacute conhecer dos pedidos da adoccedilatildeo e os seus incidentes
entre os quais a destituiccedilatildeo do paacutetrio poder e guarda para fins da adoccedilatildeo
Vislumbram-se duas hipoacuteteses em que se adota ou a famiacutelia jaacute convive com a
crianccedila ou adolescente que pretende adotar ou a famiacutelia estaacute a procura de uma crianccedila para
que venha a adotar
Na primeira hipoacutetese devem os interessados ajuizar o pedido de adoccedilatildeo atraveacutes de
advogado ou defensor puacuteblico que formularaacute o pedido diretamente em cartoacuterio atraveacutes de
peticcedilatildeo assinada pelos requerentes quando os pais forem falecidos tiverem sido destituiacutedos
do paacutetrio poder ou houverem aderido expressamente ao pedido os pais bioloacutegicos quando
conhecidos satildeo citados para querendo contestarem o pedido julgando o juiz ao final de
acordo com o interesse superior da crianccedila e do adolescente
Na segunda hipoacutetese os interessados devem requerer sua inscriccedilatildeo no cadastro do
juiacutezo de pessoas interessadas em adotar A partir daiacute instaura-se um procedimento no qual
seratildeo ouvidos pela equipe teacutecnica do juiacutezo (assistentes sociais eou psicoacutelogos) e antes da
decisatildeo que deferir a inscriccedilatildeo o Ministeacuterio Puacuteblico assistiraacute ao pedido de adoccedilatildeo conforme
previsto no artigo 227 sect5ordm da Constituiccedilatildeo Federal e emitiraacute parecer
Em seguida seratildeo incluiacutedos em grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo cujas vagas seratildeo
preenchidas de acordo com a ordem de ajuizamento do pedido de habilitaccedilatildeo respeitados os
criteacuterios estabelecidos
Os grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo possuem duraccedilatildeo prevista de 60 dias e visam
auxiliar os interessados em adotar Habilitados e inscritos no cadastro os interessados
recebem um certificado com validade de 2 anos
Satildeo necessaacuterios os seguintes documentos60
certidatildeo de casamento
atestado de residecircncia
folha de antecedentes criminais
prova de idoneidade fiacutesica e moral
prova de abandono do menor
destituiccedilatildeo do paacutetrio poder
atestado de sanidade fiacutesica
________________ 60 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
A adoccedilatildeo constitui-se por sentenccedila sendo necessaacuterio que 61
a peticcedilatildeo Inicial com os requisitos do artigo 35
se na inicial vier a concordacircncia dos pais do adotando seratildeo ouvidos pelo juiz e pelo
representante do Ministeacuterio Puacuteblico lavrando-se o termo
a autoridade juriacutedica de ofiacutecio ou o requerimento das partes e do Ministeacuterio Puacuteblico
determinaraacute a realizaccedilatildeo de estudo social ou se possiacutevel periacutecia por equipe profissional
decidindo sobre o estaacutegio de convivecircncia
Apresentado o laudo e ouvido o adotando teraacute vistas o Ministeacuterio Puacutebico
apoacutes a manifestaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico no prazo tambeacutem de 5 (cinco) dias o
juiz proferiraacute a sentenccedila
A sentenccedila judicial transitada em julgado seraacute inserida no registro civil mediante mandado do qual natildeo
se forneceraacute certidatildeo O mandado judicial cancelaraacute o registro de nascimento original do menor conforme
o artigo 16 da Lei nordm 601573 E a inscriccedilatildeo no registro constaraacute o nome dos adotantes
como pais e o nome dos seus ascendentes Assim o menor ingressa na famiacutelia do adotante
se desvinculando da famiacutelia natural
24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO
241 Efeitos pessoais
Satildeo alguns efeitos pessoais decorrentes da adoccedilatildeo62
____________________
61 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1996 p 60 62 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 430
rompimento automaacutetico do viacutenculo de parentesco com a famiacutelia de origem salvo os
impedimentos matrimocircniais (artigo 1626)
estabelecimento de verdadeiros laccedilos de parentesco civil entre adotante e adotado
abrangendo a famiacutelia do adotante (artigo 15282ordf parte)
transferecircncia definitiva e de pleno direito do poder familiar para o adotante se o adotante
for menor (artigo 1630 1634 1635 inciso V)
liberdade razoaacutevel em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo do nome do adotado (1627)
possibilidade de promoccedilatildeo da interdiccedilatildeo e inabilitaccedilatildeo do pai ou matildee adotiva pelo
adotado ou vice-versa (artigo 1768)
determinaccedilatildeo do domiacutecilio do adotado menor de idade que adquire o do adotante
242 Efeitos patrimoniais
Satildeo alguns efeitos patrimoniais produzidos pela adoccedilatildeo63
direito do adotante de administraccedilatildeo e ususfruto dos bens do adotado menor (artigo 1689
1691e 1693)
obrigaccedilatildeo do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar (artigo
1634)
dever do adotante de prestar alimentos ao adotado (artigo 1694 1696 e 1697)
direito a indenizaccedilatildeo do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante
responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menor de idade
______________
81 Op cit p 31 p 432
direito sucessoacuterio do adotado visto que se equipara ao filho advindo de parentesco
cosanguineo herdado em concorrecircncia com o cocircnjuge sobrevivente ou convivente do
falecido na qualidade de descendente do autor da heranccedila afastando todos os demais
herdeiros do adotante que natildeo tenham a qualidade de filho (artigo 1829 inciso I e
1790incisos I e II)
reciprocidade nos efeitos sucessoacuterios (artigo 1829 inciso II e 1790 inciso III)
filho adotivo natildeo estaacute compreendido na exceccedilatildeo do Coacutedigo Civil artigo 1790 inciso I
rompimento de testamento se sobrevier filho adotivo (artigo 1973)
direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciaacuterio (artigo 1951 a 1960)
superviniecircncia de filho adotivo pode revogar doaccedilotildees feitas pelo adotante ( artigo 1846 e
1789)
Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso
de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do
oacutebito64
25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO
Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se
obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do
negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do
ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade
____________
64 Op cit p 32 p 435
deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea
A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-
se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico
Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade
anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo
251 Nulidade da adoccedilatildeo
Seraacute nula a adoccedilatildeo que65
em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16
anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619
a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a
mesma pessoa (artigo 1622)
o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)
vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude
252 Anulabilidade da adoccedilatildeo
Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66
a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente
incapaz
ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado
____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435
consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz
vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores
a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado
253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo
Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67
pela falta de consentimento do adotante e adotado
pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou
interdiccedilatildeo civil
pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico
26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO
A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes
motivos68
pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil
Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a
madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave
enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou
neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade
pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil
____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437
Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste
contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a
honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila
pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue
quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva
pela morte do adotante e adotado
27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO
Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a
finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo
avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante
e adotado69
Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute
prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com
facilidade a nova famiacutelia
O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a
ser adotado
Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a
extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo
atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil
____________
69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340
28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das
crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a
prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave
poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato
infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e
ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70
A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual
adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou
tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da
juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil
Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida
familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco
passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado
29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL
A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e
do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da
Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave
crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave
educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave
__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41
convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71
Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada
por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por
procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da
adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda
de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida
pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo
por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72
Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo
de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes
independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos
havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e
qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73
Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos
adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do
bem estar do adotado
210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO
A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser
incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e
educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta
assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria
___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438
Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como
com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo
dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos
pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco
pessoal e social nas ruas das grandes cidades
Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia
importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees
sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia
Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem
por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades
coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e
ceacutelere
Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria
com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e
defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do
proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os
procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados
Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo
atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o
instituto da adoccedilatildeo
A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de
_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em
lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que
querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave
crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico
educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e
na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos
e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o
desenvolvimento da cidadania
Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que
tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria
Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir
211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO
Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75
Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma
simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo
A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais
os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a
situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem
adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda
________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser
proporcionada pelas pessoas sem adotar
Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva
jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os
interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais
vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito
simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses
O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida
cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior
(adoccedilatildeo internacional)
CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees
estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil
Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente
A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida
excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido
por pessoa residente no Paiacutes
A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico
conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei
supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida
sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76
Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo
juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a
decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham
falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm
80699077
Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da
Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da
CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia
____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464
Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por
estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos
interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas
atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os
bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal
intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando
verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em
moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias
maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado
enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees
escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos
especialmente do menorrdquo78
Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante
nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado
tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a
perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e
economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila
passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco
e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79
Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas
___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438
Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil
A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver
medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo
internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda
possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o
seu ingresso em famiacutelia substituta
Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo
internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem
conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas
Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em
seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser
interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores
para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que
visem lucro80
Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas
pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator
determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas
famiacutelias substitutas
32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR
ESTRANGEIROS
A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo
seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e
condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________
80 Op Cit p 44 p 438
parte de estrangeiros
Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida
excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo
acarreta o adotante aacute desistecircncia
Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81
impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo
estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro
residente ou domiciliado fora do paiacutes
comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de
seu paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia
especializada e credenciada no paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido
do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico
juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente
autenticados pela autoridade consular
permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a
consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo
Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e
cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no
miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos
de idade
___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439
podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar
prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista
A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82
lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo
reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante
lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica
Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de
Adoccedilatildeo de Menores de 1984)
33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA
A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua
finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores
Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia
prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse
superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas
__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485
A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo
Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de
garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados
contratantes83
Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a
Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo
Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84
requisitos para a adoccedilatildeo internacional
requisitos processuais
reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo
De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo
em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o
interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras
_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486
CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a
grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo
igualmente a possibilidade da poder adotar
A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade
Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas
aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de
constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a
reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois
assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir
famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86
Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a
uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm
sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo
Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87
____________
86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho
mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49
A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios
E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por
homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se
espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem
homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila
se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais
homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos
tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte
de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo
16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo
se forem marido e mulher
Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89
____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da
uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos
homossexuais
42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA
E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a
situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos
casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo
juriacutedica podem os casais homossexuais adotar
No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo
homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes
da jurisprudecircncia
E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a
regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais
Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata
da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo
tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um
dos parceiros90
Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo
5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a
primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei
____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade
Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca
pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do
bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais
homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve
levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo
decidindo sempre pelo bem-estar do menor91
A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece
Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao
adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo
ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia
familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo
()
sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute
casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros
A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee
Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de
estado civil
______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005
Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92
Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que
homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo
poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante
O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de
adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual
diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro
de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93
______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo
da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum
cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito
Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94
Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais
homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95
Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo
sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel
privar os homossexuais do direito agrave adotar96
E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais
flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de
tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar
seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles
que lhe acolhem97
______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53
No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo
barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao
seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira
da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da
histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a
mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para
atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem
a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua
companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de
crianccedilas devem igualmente poder adotar98
Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no
aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes
de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o
preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99
Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida
pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato
Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo
________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53
CONCLUSAtildeO
A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia
E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto
no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio
Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988
Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade
Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente
A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva
Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros
por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores
Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade
Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a
sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do
Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo
Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e
principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que
pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da
adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e
venda de crianccedilas para o estrangeiro
A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente
estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse
baseado nos artigos 1618 a 1629
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52
Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de
amor carinho e solidariedade
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WALD Arnald O Novo Direito de Famiacutelia 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2002 p217-225
211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO p 41
CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
31 A ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL p 43
32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR ESTRANGEIROS p 45
33 A ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA p 47
CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL P 49
42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA p 51
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAFICAS p 60
A Adoccedilatildeo agrave luz da Lei nordm 104022002 Novo Coacutedigo Civil Sille Cristina Miranda dos Santos 1 ndash Parte Histoacuterica
A adoccedilatildeo eacute um instituto que existe haacute milecircnios de anos Desde os tempos mais
primoacuterdios ateacute os dias atuais pois sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia
Tal instituto pode ser conceituado como o ato juriacutedico pelo qual se perfilha para si
algueacutem na condiccedilatildeo de filho fazendo gerar as relaccedilotildees previstas na famiacutelia bioloacutegica1
Podemos afirmar que o instituto da adoccedilatildeo foi praticado por Egiacutepcios Gregos e
Romanos2 E inclusive na proacutepria Biacuteblia haacute vaacuterias referecircncias sobre o tal instituto como na
histoacuteria de Moiseacutes e de Mordecai dentre outros casos narrados na nossa proacutepria literatura
brasileira bem como na literatura universal3
Com destaque podemos citar que o instituto da adoccedilatildeo eacute um ato de amor e de
solidariedade pois a mis eloquumlente prova desse fato narrado eacute proacuteprio o nascimento de Jesus
Cristo fruto esse concebido pelo Divino Espiacuterito Santo para mostrar que natildeo haacute a
necessidade de casamento da conjunccedilatildeo carnal e de todas as concepccedilotildees do homem para
que se conceba um filho4
Entretanto o Direito Canocircnico desconheceu a adoccedilatildeo e se manifestava com reservas
sobre o instituto A igreja via a adoccedilatildeo como uma ressalva ao casamento e agrave constituiccedilatildeo da
famiacutelia legiacutetima como uma das possibilidades de se fraudar as normas vigentes que
proibiam o reconhecimento de filhos adulterinos e incestuosos5
_____________ 1 VENOSA Silvio de Salvo Direito Civil Direito de FamiacuteliaSatildeo Paulo Atlas 2003 p 315 2 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo noCoacutedigoCivil e no Estatuto do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1993 p 2 3 SZNICK Waldir Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 26 4 Op cit p 1 p 1 5 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo 1999 p 27 2 ndash Natureza Juriacutedica
A natureza juriacutedica do instituto da adoccedilatildeo sempre foi muito controversa tendo em
vista que para alguns doutrinadores a adoccedilatildeo apenas eacute uma relaccedilatildeo juriacutedica e para outros eacute
negoacutecio unilateral tendo em vista a vontade do adotante6
Alguns autores entendem que a adoccedilatildeo seria uma forma de um contrato devido agrave
bilateralidade do ato pois eacute necessaacuterio a manifestaccedilatildeo de duas vontades do adotante e a do
adotado
Para outros autores a adoccedilatildeo eacute instituto juriacutedico de ordem puacuteblica pois eacute preciso a
manifestaccedilatildeo do Estado declarando ou natildeo a possibilidade da adoccedilatildeo
No Estatuto da Crianccedila e do Adolescente natildeo prevalecia apenas a bilateralidade de
vontades pois o Estado participa de forma ativa e necessaacuteria exigindo uma sentenccedila
judicial pois sem esta natildeo haveraacute adoccedilatildeo
Jaacute no Coacutedigo Civil de 1916 tinha a adoccedilatildeo natureza de contrato devido agrave solenidade
exigida na lei da escritura puacuteblica realccedilando a natureza negocial do instituto como contrato
de famiacutelia e havia duas formas distintas de adoccedilatildeo a simples e a plena e cada uma delas
apresentava natureza proacutepria 7
Com o advento do Coacutedigo Civil de 2002 a adoccedilatildeo passou a requerer tambeacutem a
presenccedila Estado dos adotantes e somente dar-se atraveacutes de sentenccedila judicial
Assim ao conceituar o instituto da adoccedilatildeo podemos conjeturar que a adoccedilatildeo se logra
na esfera da vontade dos particulares na forma da lei criando entre essas pessoas estranhas
uma relaccedilatildeo semelhante agraves oriundas da filiaccedilatildeo legiacutetima resultante da filiaccedilatildeo de sangue
_____________ 6 Op cit p 20 p 316 7 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p316 3 ndash Evoluccedilatildeo Legislativa da Adoccedilatildeo
No Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo do Coacutedigo Civil de 1916 vigoravam as Ordenaccedilotildees
Afonsinas Filipinas e Manuelinas advindas do direito portuguecircs
Como advento do Coacutedigo Civil de 1916 ocorreu a sistematizaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos
artigos 368 a 378 que definia a adoccedilatildeo como o ato civil pelo qual algueacutem aceita um
estranho na qualidade de filho contudo tal conceito trazia consigo as suas restriccedilotildees8
a) pessoas com mais de 50 anos exigia-se a diferenccedila miacutenima de 18 anos entre adotado
e adotantee natildeo havia direito de sucessatildeo pois o adotado nada herdaria
Com o advento da Constituinte de 1988 nos paraacutegrafos 5ordm e 6ordm consegui-se eliminar
todas as restriccedilotildees pertinentes agrave diferenccedila entre filhos adotivos ilegiacutetimos passando o filho
adotivo a ter os mesmos direitos garantias e deveres do filho bioloacutegico9
A partir de 1990 o Estatuto passou a regula a adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a
data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou tutela dos adotantes
Jaacute o novo Coacutedigo Civil - Lei nordm 1040602 trata desse instituto nos artigos de 1618 a
1629 passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que originariamente natildeo eacute e com este
cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com todos os direitos e obrigaccedilotildees passando inclusive
a adoccedilatildeo a ser irrestrita10
Ressalto que no Coacutedigo Civil de 1916 havia previsatildeo para a adoccedilatildeo plena e adoccedilatildeo
simples A Adoccedilatildeo Simples era regida pelo Coacutedigo Civil de 1916 e a Lei 313357 era
concernente ao viacutenculo de filiaccedilatildeo que se estabelecia entre adotante e adotado o adotante
poderia ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos11
________________ 8 12 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeiro 1996 p 41 9 Constituiccedilatildeo Federal EC nordm 45 Rio de Janeiro Victor Roma 2005 p 148 10 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003 p 423 11 Opcit p 3 p 424
E Adoccedilatildeo Plena era a espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser
irrevogavelmente para todos os efeitos legais filhos dos adotantes desligando-se de
qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais12
A Lei nordm 806990 ndash ECA ndash Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo
para os menores de 18 anos O Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute
maior de 18 anos E ambos adotam o sistema da sentenccedila judicial
Para que a adoccedilatildeo ocorra e necessaacuterio o cumprimento de diversos requisitos alguns
de aspectos formais outros pessoais e os requisitos processuais que geraram seus efeitos
E por fim ressalto que na adoccedilatildeo poderaacute ocorrer a sua extinccedilatildeo nas modalidades de
nulidade anulabilidade e inexistecircncia13
Quando ocorrer viacutecio de fraude eou simulaccedilatildeo quando natildeo houver a diferenccedila
miacutenima de 16 anos entre adotante e adotado e nos casos do casal natildeo forem marido e
mulher ou conviventes ocorreraacute a nulabilidade da adoccedilatildeo14
Jaacute a anulabilidade ocorreraacute quando houver a falta de consentimento dos pais tutor ou
curador a adoccedilatildeo do relativamente incapaz ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda
se encontra o menor interditado o consentimento manifestado somente pelo adotado
relativamente incapaz vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou
fraude contra credores agrave falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do
consorte adotado15
E quando ocorrer a falta de consentimento do adotante e adotado ou a falta de
objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou interdiccedilatildeo civil e
______________ 12 Op cit p 3 p 424 13 Op cit p 3 p 435 14 Op cit p 3 p435 15 Op cit p 3 p 437
pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico ocorreraacute a
inexistecircncia da adoccedilatildeo16
Poderaacute tambeacutem ocorrer agrave revogaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos seguintes casos pela vontade do
adotante e do adotado pela deserdaccedilatildeo e pela indignidade
4 ndash A adoccedilatildeo Internacional
A adoccedilatildeo internacional tem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila
e do Adolescente ao qual disciplina a possibilidade da adoccedilatildeo por estrangeiros por
estrangeiros17 Mas essa possibilidade de adoccedilatildeo por estrangeiros somente ocorreraacute nos
casos em que a crianccedila jaacute tenha uma tenha sua situaccedilatildeo juriacutedica definida ou seja que jaacute
possua sentenccedila transitada em julgado declarando a decretaccedilatildeo da perda do poder familiar
ou nos casos de haver declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham falecido e este menor esteja
sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm 80699018
Ressalvando os casos em que se dever tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por
estrangeiros residentes no exterior referente ao traacutefico venda e sequumlestro de crianccedilas para o
exterior
Passo importante para a adoccedilatildeo no Brasil foi agrave Convenccedilatildeo de Haia que ratifica o
interesse das crianccedilas a serem adotadas e coibindo o sequumlestro de menores o traacutefico e a
venda de crianccedilas A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo
ratificada em nosso ordenamento juriacutedico atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril
de 1995 cujo objetivo eacute o de garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo
entre os Estados contratantes19
_______________ 17 Op cit p 3 p 61 18 Op cit p 3 p 61 19 Op cit p 3 p 485 5 ndash Os projetos de conscientizaccedilatildeo e incentivos da Adoccedilatildeo
Atualmente o Juizado da Infacircncia e juventude do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo
em parceria com oacutergatildeos natildeo governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo
da adoccedilatildeo dentre outras atividades atraveacutes de Projetos Especiais que tem por objetivo a
colocaccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco pessoal e social nas ruas
das grandes cidades em famiacutelias substituas uma vez que toda crianccedila ou adolescente tem
direito a ser criado e educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente em famiacutelia
substituta assegurada a convivecircncia familiar e comunitaacuteria
Tal projeto vinculado pela 1ordf Vara da Infacircncia e Juventude do Rio de Janeiro lanccedilou
a cartilha da adoccedilatildeo com o intuito de esclarecer e incentivar a adoccedilatildeo20
Projeto semelhante foi lanccedilado pela 1ordf Vara da Infacircncia e Juventude de Vitoacuteria ndash ES
tambeacutem lanccedilou recentemente a obra ldquo111 perguntas sobre a adoccedilatildeordquo21
Ambos os projetos satildeo tem por objetivo esclarecer e incentivar a adoccedilatildeo como ponto
de referecircncia importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional
das accedilotildees sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter uma famiacutelia Assim
podemos constatar que a cartilha traz todo o rol de procedimentos e esclarecimentos a
aqueles que queiram adotar sejam eles residentes no Brasil ou no Exterior
7ndash A adoccedilatildeo por Homossexuais
A grande discussatildeo hoje rebatida pela sociedade seria a da possibilidade de
homossexuais poderem ou natildeo adotar
_____________ 20 Cartilha da adoccedilatildeodipsonovellt wwwjuizadodainfanciaejuventudeorgbrgtAcesso em 30out 2004 21 Cartilha da adoccedilatildeo Disponiacutevelwwwtjesgovbr Acesso em 30 out 2004 Na verdade vaacuterios satildeo os fatos alegados a natildeo possibilidade de adoccedilatildeo pelos
homossexuais como a diferenccedila da formaccedilatildeo da famiacutelia que fugiria aos padrotildees da
formaccedilatildeo da famiacutelia heterossexual da nossa sociedade
De certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se
estabelecer-se e contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos
homossexuaisrdquo tem de ser respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela
sociedade e pelo Estado21
Vaacuterios argumentos e sofismas satildeo utilizados para a natildeo legalizaccedilatildeo da adoccedilatildeo por
homossexuais mas o que prepondera realmente eacute o preconceito e o que deveria mesmo ser
visado que seria o interesse do adota natildeo estaacute sendo colimado
De fato em nosso ordenamento juriacutedico natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito
positivo para validar a uniatildeo homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecer o
direito a uniatildeo homossexual atraveacutes da jurisprudecircncia E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem
em nosso ordenamento juriacutedico a regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais
Mas tambeacutem natildeo haacute legislaccedilatildeo que proiacuteba a adoccedilatildeo de menores por homossexuais
O que presenciamos sim seria a violaccedilatildeo de direitos aos homoafetivos pois fica clara a
violaccedilatildeo ao direito a igualdade e a isonomia Assim como tambeacutem natildeo haacute restriccedilatildeo legal
quanto a formaccedilatildeo da famiacutelia que deveria ser somente heterossexual
Acredito que o que se deva levar em consideraccedilatildeo eacute a situaccedilatildeo de fato do menor a ser
adotado de ser resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe
um lar seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual
____________ 21 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005
daqueles que lhe acolhem22
Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no
aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruas com
grandes possibilidades de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que
tecircm por fundamento o preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o
inteacuterprete inovar23
Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida
pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato
Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo
E nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na
aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem
comum cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao
Coacutedigo Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do
Direito
Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave
adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do
adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente
iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando
devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo24
Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais
homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato25
____________ 22 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 23 Op Cit P 8 24 Op Cit P 8 25 Op Cit P 8
Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo
sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel
privar os homossexuais do direito agrave adotar26
E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais
flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de
tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar
seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles
que lhe acolhem27
Portanto fica bem claro que eacute importante deixar de lado as barreiras do preconceito
___________ 26 Op Cit P 8 27 Op Cit P 8
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CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO
12 LINEAMENTOS HISTOacuteRICOS
Historicamente o instituto da adoccedilatildeo desde os tempos mais primoacuterdios era utilizado
por nossos antepassados e com o passar dos tempos evoluiu tanto no aspecto social quanto
no aspecto juriacutedico
No direito primitivo a famiacutelia era a unidade social econocircmica e religiosa e a adoccedilatildeo
constituiacutea-se como um meio eficaz de perpetuar a famiacutelia e a religiatildeo domeacutestica ao qual
transferia-se os bens familiares pois nessa eacutepoca natildeo se conhecia do testamento1
No direito romano os imperadores utilizavam-se do instituto para designar os seus
sucessores e seus futuros Chefes de Estados deixando a adoccedilatildeo de ser um instrumento de
direito privado e passando a ser instrumento de direito puacuteblico2
E a maior prova de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor solidariedade
encontra-se narrado na Biacuteblia no nascimento de Jesus Cristo fruto
esse concebido pelo Divino Espiacuterito Santo para mostrar que natildeo haacute a
necessidade de casamento da conjunccedilatildeo carnal e de todas as
concepccedilotildees do homem para que se conceba um filho3
Tal instituto teve sua origem fundada na Biacuteblia no Coacutedigo de Hamurabi e nas Leis
de Manu4
__________ 1 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 218 2 SIQUEIRA Liboacuterni Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 34 3 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Luacutemen Iuris 1996 p 1 4 Op cit p 11 p 218
No Coacutedigo de Manu o instituto da adoccedilatildeo encontram-se descrito na Lei IX 10
ldquoAquele a quem a natureza natildeo deu filhos pode adotar um para que as cerimocircnias fuacutenebres
natildeo cessemrdquo5
As Leis de Manu determinavam que a adoccedilatildeo somente seria possiacutevel entre um
homem e um rapaz da mesma classe social e que o adotado tivesse todas as qualidades
apreciadas num filho6
Jaacute o Coacutedigo de Hamurabi eacute considerado o documento mais antigo que se tenha
notiacutecia antes de Cristo O instituto no Coacutedigo de Hamurabi era conhecido como ldquoSentenccedilas
de Direitordquo traz em seus artigos 185 a 193 e o define como ldquomacircrucircturdquoArt 185 ndash Se algueacutem
toma em adoccedilatildeo uma crianccedila ou a educa esta natildeo pode ser reclamadardquo7
Nas passagens biacuteblicas eacute possiacutevel exemplificarmos algumas dessas noccedilotildees do
instituto da adoccedilatildeo ao relatarmos alguns casos como a histoacuteria de Moiseacutes que foi adotado
por Termulus quando o encontrou agraves margens do Rio Nilo na de Mordecai que criou Eacutester
como uma irmatilde e ainda na proacutepria histoacuteria de Joseacute do Egito adotado por Potifar8
Os Hebreus chamavam a adoccedilatildeo pelo nome de ldquoleviratordquo9
De acordo com a Biacuteblia poderiam adotar tanto o pai como a matildee e a adoccedilatildeo soacute se
dava entre parentes A mulher esteacuteril poderia adotar os filhos da serva que ela havia
conduzido ao taacutelamo do marido10
__________ 5 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Luacutemen Iuris 1996 p 21 6 Op cit p 12 p 21 7 Op cit p 12 p 25 8 SZNICK Waldir Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 26 9 Op cit p 12 p 26 10 Op cit p 12 p 26
Para os Romanos a adoccedilatildeo era o ato legislativo pelo qual algueacutem perfilha um filho
que natildeo se gerou tendo em vista a necessidade da perpetuaccedilatildeo do culto domeacutestico que
tinha um valor sacral Para os romanos havia dois tipos de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo e a
adrogatio11
A adoccedilatildeo ou adoptio era instituto de direito privado destinado ao alieni juacuteris para
quem tivesse sob o paacutetrio poder da Lei das XII Taacutebuas Jaacute a adrogatio pertencia ao direito
puacuteblico a doaccedilatildeo de sui juacuteris como filho na famiacutelia de um pater famiacutelias12
Para os Gregos a adoccedilatildeo rompia todos os laccedilos da famiacutelia anterior sequer poderia
prestar o funeral dos pais anteriores A adoccedilatildeo tinha o nome de Teacutesis tambeacutem conhecida
como Ampasis13
O Direito Canocircnico desconheceu a adoccedilatildeo ateacute certo ponto e se manifestava com
reservas A igreja via a adoccedilatildeo como uma ressalva ao casamento e agrave constituiccedilatildeo da famiacutelia
legiacutetima como uma das possibilidades de se fraudar as normas vigentes que proibiam o
reconhecimento de filhos adulterinos e incestuosos14
Na Idade Meacutedia a adoccedilatildeo sucede ao processo histoacuterico da famiacutelia romana tecircm o
mesmo objetivo destinado ao culto domeacutestico daqueles que natildeo tinham descendentes
Nessa eacutepoca Justiniano reformou o instituto da adoccedilatildeo seguindo as linhas das instituiccedilotildees
orientais em especial as helecircnicas mas permanecendo a adoccedilatildeo claacutessica 15
Portanto nesse periacuteodo Justiniano a adoccedilatildeo era o ato solene pelo qual se admite em
lugar de filho quem por natureza natildeo ostenta tal qualidade16
_____________ 11 ZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 27 12 Op cit p 13 p 32 13 Op cit p 13 p 26 14 WALD Arnoldo O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo PauloSaraiva 15 SIQUEIRA Liboacuterni Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 35 16 Op cit p13 p 35
Na eacutepoca moderna o instituto da adoccedilatildeo teve a sua inspiraccedilatildeo no Direito Romano
sendo encontrado no Coacutedigo de 1683 promulgado na Dinamarca por Christian V Na
Alemanha tal instituto encontra-se no Coacutedigo de Pressuniano promulgado por Frederico
Guilherme II em 1751 e no Codex Maximilianus da Bavaacuteria de 175617
Essa legislaccedilatildeo influenciou o Coacutedigo Napoleocircnico de 1791 apesar da normativa
sobre o instituto da adoccedilatildeo natildeo houve uma aceitaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo frequumlente tendo em vista
a suspeita de favorecimento a fraude e agrave lei fiscal18
O Coacutedigo Napoleocircnico de 1971 contemplava quatro tipos de adoccedilatildeo19
a) adoccedilatildeo ordinaacuteria ndash depende de homologaccedilatildeo judicial permitida a maiores de50 anos
e diferenccedila de 15 anos entre o adotado altera nome tem direitos sucessoacuterios
b) adoccedilatildeo remuneratoacuteria ndash destinada a quem tivesse salvo a vida do adotando
irrevogaacutevel
c) adoccedilatildeo testamentaacuteria ndash permitida ao tutor apoacutes 5 anos de tutela
d) tutela oficiosa ndash uma espeacutecie de adoccedilatildeo provisoacuteria em favor dos menores
Por fim as Ordenaccedilotildees advieram do direito geral portuguecircs primeiro as Ordenaccedilotildees
Afonsinas de 1446 a 1514 que para o Brasil entraram em vigor agrave partir de 1500 sendo esta
substituiacuteda pelas Ordenaccedilotildees Manuelinas em 1514 e por uacuteltimo as Ordenaccedilotildees Filipinas em
1603 que vigoraram ateacute a promulgaccedilatildeo do da Lei nordm Coacutedigo Civil em 191620
_____________ 17 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo PauloLeud 1999 p 40 18 Op cit p 14 p 40 19 Op cit p 14 p 41 20 Op cit p 14 p 41
Nessa fase a adoccedilatildeo era regulada por inuacutemeros textos e passagens sem uma norma
especiacutefica
Com as Ordenaccedilotildees o instituto adquiriu o nome de perfilhamento e tinha como
objetivo tornar como herdeiro na sucessatildeo o filho tido mesmo que fosse o filho espuacuterio ou
o filho adulterino21
Com a independecircncia as Ordenaccedilotildees passaram a perder a sua validade em nosso
ordenamento juriacutedicoem virtude dos inuacutemeros diplomas e regulamentos que passaram a
vigorar na eacutepoca poreacutem a revogaccedilatildeo total soacute ocorreu com o advento do Coacutedigo Civil de
191622
12 CONCEITO
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de
solidariedade ou seja a chance de crianccedilas e adolescentes de terem um lar uma famiacutelia jaacute
que foram desprovidos de alguma forma de seus familiares
Para o conceito de adoccedilatildeo existem vaacuterias definiccedilotildees Em uma conceituaccedilatildeo simples e
clara podemos dizer que a adoccedilatildeo eacute um ato juriacutedico que tem por finalidade criar entre duas
pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue23
Ainda pode ser definida como o ato de ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco civil
portanto de suma importacircncia para a sociedade brasileira tendo em vista que tal ato
juriacutedico coaduna na esfera da vontade dos particulares com a devida permissatildeo da lei
__________ 21 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 42 22 Op cit p 15 p 42 23 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147
criando entre essas pessoas estranhas uma relaccedilatildeo anaacuteloga como agraves oriundas da filiaccedilatildeo
legiacutetima24
A adoccedilatildeo tambeacutem pode ser conceituada como o ato juriacutedico pelo qual o viacutenculo
familiar eacute criado em virtude do proacuteprio ato pelo legislador25
Alguns autores definem a adoccedilatildeo apenas como o instituto que daacute ao filho adotivo o
status idecircntico ao do filho legiacutetimo
Passamos a analisar a conceituaccedilatildeo dos seguintes juristas
Para Clovis Bevilacqua a adoccedilatildeo se destinava a suprir a falta de filho que tem como
ato civil aacute aceitaccedilatildeo de um estranho como filho26
Para a Profa Maria Helena Diniz a adoccedilatildeo eacute uma instituiccedilatildeo de caraacuteter humanitaacuterio
que tem por um lado dar aqueles a quem a natureza negou um lar e uma famiacutelia e por outro
lado a uma finalidade assistencial constituindo um meio de melhorar a condiccedilatildeo moral e
material do adotado27
Para Walter Gaspar a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica a qual se estabelece uma relaccedilatildeo
de parentesco que independe do fato natural da procriaccedilatildeo28
Para Orlando Gomes a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece independente
do fato natural o viacutenculo de filiaccedilatildeo legal que permite a constituiccedilatildeo entre duas pessoas do
laccedilo de parentesco do primeiro grau em linha reta29
_________ 24 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 25 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 26 Op cit p 16 p 63 27 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 28 GASPAR Walter Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003 p 315 29 ORLANDO Gomes Instituiccedilotildees de Direito Civil Satildeo Paulo Forense1996 p 226
Jose Maria Leoni Lopes de Oliveira define a adoccedilatildeo como um instituto juriacutedico que
procura imitar a filiaccedilatildeo natural30
Para Silvio Rodrigues a adoccedilatildeo eacute o ato do adotante pelo qual ele traz para a sua
famiacutelia e na condiccedilatildeo de filho pessoa que lhe eacute estranha31
Para Caio Mario da Silva a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual uma pessoa recebe
outra como filho independentemente de existir entre elas qualquer relaccedilatildeo de parentesco
cosanguiacuteneo ou afim32
Para Antunes Varella a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece entre duas
pessoas adotante de um lado e adotado de outro independente dos laccedilos de sangueuma
relaccedilatildeo legal de filiaccedilatildeo33
Para o Prof Arnoldo Wald a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco
civil Eacute um ato juriacutedico bilateral que gera laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre pessoas para
as quais tal relaccedilatildeo inexiste materialmente34
Para Carbonnier a filiaccedilatildeo adotiva eacute uma filiaccedilatildeo puramente juriacutedica que repousa
na pressuposiccedilatildeo de uma realidade natildeo bioloacutegica mas afetiva35
E para Dusi a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico solene em virtude do qual agrave vontade dos
particulares com a permissatildeo da lei cria entre pessoas naturalmente estranhas uma a outra
relaccedilotildees anaacutelogas as oriundas da filiaccedilatildeo legiacutetima36
__________ 31 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147 32 Direito Civil ndash Famiacutelia Satildeo Paulo Forense 1999 p330 48 op Cit p 17 p 330 33 Op Cit p 17 p 148 534WALD Arnold O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 35 Op cit p 17 apud Droit Civil 2 ndash La Famile nordm 354 p 519 36 Op cit p 17 p 217
No contexto das diversas definiccedilotildees atribuiacutedas a adoccedilatildeo podemos
verificar que esta se contrapotildee-se a filiaccedilatildeo legiacutetima ou natural por
sua caracteriacutestica artificial pois resulta da manifestaccedilatildeo de vontade e
de sentenccedila judicial Enquanto a filiaccedilatildeo natural tem seu viacutenculo
formado apenas no sangue
Contudo os efeitos da adoccedilatildeo em nosso ordenamento juriacutedico geram
as mesmas relaccedilotildees da filiaccedilatildeo natural
13 NATUREZA JURIacuteDICA
A natureza juriacutedica da adoccedilatildeo sempre foi muito controvertida para alguns
doutrinadores a adoccedilatildeo apenas eacute uma relaccedilatildeo juriacutedica enquanto para outros eacute negoacutecio
unilateral tendo em vista a vontade do adotante37
Com o passar dos tempos a mudou a sua finalidade antes se destinava
a atender aos interesses religiosos dos adotantes hoje se preocupa
mais com o interesse dos adotados objetivando proporcionar uma
famiacutelia38
A dificuldade em definir a natureza juriacutedica da adoccedilatildeo decorre da sua
natureza e da origem do seu ato
Assim para alguns autores adoccedilatildeo seria uma forma de contrato
devido agrave bilateralidade do ato pois eacute preciso a manifestaccedilatildeo de duas
vontades a do adotante e do adotado Sendo que agraves vezes o adotado eacute
representado poreacutem a vontade do adotando inexiste em algumas
situaccedilotildees o que dificulta a compreensatildeo dessa doutrina39
__________ 37 Op cit p 17 p 320 38 Op cit p 17 p 149 39 Op cit p 17 p 320
Para outros autores a adoccedilatildeo eacute instituto juriacutedico de ordem puacuteblica sendo necessaacuterio
a manifestaccedilatildeo do Estado declarando ou natildeo a adoccedilatildeo40
No Coacutedigo Civil de 1916 a adoccedilatildeo tinha a natureza de contrato
devido agrave solenidade exigida na lei da escritura puacuteblica realccedilando a
natureza negocial do instituto como contrato de famiacutelia disposto no
artigo 37541
Nessa eacutepoca havia duas formas distintas de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo simples
e a adoccedilatildeo plena e cada uma delas apresentava natureza proacutepria42
No Estatuto natildeo prevalece apenas a bilateralidade de vontades pois o Estado
participa de forma ativa exigindo-se tambeacutem uma sentenccedila judicial pois sem esta natildeo
haveraacute adoccedilatildeo 43
O Coacutedigo Civil de 2002 requer a presenccedila dos adotantes do Estado e somente
ocorreraacute se for atraveacutes de sentenccedila judicial
Pode-se assim concluir que a adoccedilatildeo eacute um ato complexo o
qual tem na sua primeira fase um caraacuteter negocial em seguida a
manifestaccedilatildeo de vontade dos adotantes e adotados e em sua segunda
fase tem caraacuteter judicial a fim de verificar a conveniecircncia ou natildeo da
adoccedilatildeo que culmina com a sentenccedila judicial44
Portanto a accedilatildeo de adoccedilatildeo eacute accedilatildeo do estado de caraacuteter constitutivo
conferindo a posiccedilatildeo de filho ao adotado atraveacutes de sentenccedila judicial
____________ 40 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p320 41 Op cit p 19 p 316
42 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Rio de Janeiro Atlas 2001 p 257 43 Op cit p 19 p 320
44 Op cit p 19 p 316 14 EVOLUCcedilAtildeO LEGISLATIVA DA ADOCcedilAtildeO
No Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 3071 de 01 de maio de 1916 vigoravam as
Ordenaccedilotildees Afonsinas Filipinas e Manuelinas45
Com o advento do Coacutedigo Civil de 1916 ocorreu a sistematizaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos
artigos 368 a 378 de caraacuteter essencialmente privado
Todavia o nosso direito paacutetrio da eacutepoca revelava as influecircncias do direito romano
do direito canocircnico das Ordenaccedilotildees Afonsinas Manuelinas e Filipinas46
No coacutedigo de 1916 a adoccedilatildeo era definida como o ato civil pelo qual algueacutem aceita
um estranho na qualidade de filho contudo tal conceito trazia consigo as suas restriccedilotildees47
Nessa eacutepoca havia restriccedilotildees quanto agrave adoccedilatildeo pois a mesma se destinava a habilitar
pessoas com mais de 50 anos exigindo a diferenccedila miacutenima de 18 anos entre adotado e
adotante e natildeo haveria direito de sucessatildeo ao adotado
Em 1957 adveio o Estatuto da adoccedilatildeo - Lei nordm 3133 de 08 de maio de 1957 E em
1979 o Coacutedigo de Menores Lei nordm 6667 de 10 de outubro de 1979 ambos traziam algumas
modificaccedilotildees que eliminava certas restriccedilotildees do Coacutedigo Civil de 191648
Algumas dessas modificaccedilotildees trazidas foi a de possibilidade de se adotar aos 30
anos e a diferenccedila de idade entre adotando e adotado passou a ser de 16 anos eliminou-se
tambeacutem o preacute-requisito de que somente casais sem filhos poderiam adotar49
______________ 45 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 38 46 Opcit p 20 p 42 47 Opcit p 20 p 84 48 Opcit p 20 p 40 49 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo em 1988 e com o advento do Estatuto da
Crianccedila e do Adolescente ndash ECA em 1990 consegui-se eliminar todas as restriccedilotildees
pertinentes agrave diferenccedila entre filhos adotivos ilegiacutetimos eou aduacutelterinos50
Assim hoje o filho adotivo tem os mesmos direitos garantias e deveres dos filhos
bioloacutegicos artigo 227 sectordm da CRFB
A partir de 1990 as regras da adoccedilatildeo passaram a visar mais os interesses direitos e
reais e necessidades dos adotandos O que se pretendia era encontrar uma famiacutelia adequada
aos menores e natildeo a busca de uma crianccedila para aqueles que pretendem adotar51
Jaacute o novo Coacutedigo Civil trata desse instituto da aceitaccedilatildeo legal de estranho no seio
familiar nos artigos 1618 a 1629 passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que
originariamente natildeo eacute criando com este laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com todos os
direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo inexiste
naturalmente52
E corroborando com o instituto da adoccedilatildeo o nosso texto constitucional assegura em
seu artigo 227 o direito de se ter uma famiacutelia o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave
educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura ao respeito agrave dignidade agrave liberdade e a
convivecircncia familiar 53
Esse direito de se ter uma famiacutelia consagrado na Carta Magna adveacutem do direito
positivo brasileiro do direito natural do simples direito de se ter um lar
__________ 50 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 150 51 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41 52 As modificaccedilotildees introduzidas agrave partir do advento do Novo Coacutedigo Civil ndash Lei nordm 1040602 53 CONSTITUICcedilAcircO FEDERAL EC nordm 45 Rio de Janeiro 2005 p 149
A adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia da proteccedilatildeo ao adotado e cuja finalidade
eacute a de dar um lar aos menores criando para esses menores um ambiente familiar e o
equiparando o adotado como filho legiacutetimo
Egrave um instituto de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo agravequeles que precisam de um
lar amor carinho e dignidade
Tem por finalidade fundamental dar filhos agravequeles que natildeo podem ter
biologicamente e de dar pais agravequeles que se encontram desamparados por algum motivo
Assim a adoccedilatildeo que fugir desses paracircmetros a que estaacute destinada estaraacute distorcendo a
finalidade do ordenamento a que lei se destina
Ficando constatado que a adoccedilatildeo no Brasil constitui um imperativo de ordem eacutetica
de natureza constitucional pois natildeo se pode construir uma sociedade mentalmente satilde sobre
as bases de abandono de crianccedilas os futuros homens de amanhatilde
CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
A adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil de 1916 era regulada nos artigos de 368 a 378 Nesse
Coacutedigo havia previsatildeo legal para duas modalidades de adoccedilatildeo54
A adoccedilatildeo simples estabelecia o viacutenculo de filiaccedilatildeo entre adotante e adotado
podendo o adotante ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos regia-se pelo Coacutedigo
Civil de 1916 e pela Lei nordm 313355
A adoccedilatildeo plena era espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser
irrevogavelmente para todos os efeitos legais a ser filhos dos adotantes desligando-se de
qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais
introduzido pela Lei nordm 669779
Nesse Coacutedigo Civil a adoccedilatildeo aplicava-se aos maiores de 18 anos e realccedilava a sua
natureza negocial do instituto tendo em vista a solenidade da escritura puacuteblica que a lei
exigia como contrato de direito de famiacutelia Somente seria a adoccedilatildeo consumada com a
devida averbaccedilatildeo da escritura no registro civil e no ato da adoccedilatildeo seriam declarados quais
os nomes da famiacutelia passaria o adotado a usar
Eram requisitos para adoccedilatildeo nesta legislaccedilatildeo de 1916 que o adotante fosse 16 anos
mais velho que o adotando com mais de 30 anos de idade se o adotante fosse casado o
casamento deveria ter duraccedilatildeo superior agrave cinco anos duas pessoas natildeo poderiam adotar
conjuntamente se natildeo forem marido e mulher e o adotando com maior de 18 anos o tutor
ou curador poderiam adotar depois de prestadas as contas ocorria atraveacutes de escritura
puacuteblica havia previsatildeo de adoccedilatildeo por estrangeiros sem restriccedilatildeo55
______________ 54 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 55 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p 323
Com o advento da Lei nordm 104062002 o instituto da adoccedilatildeo passou a ser tratado nos
artigos de 1618 a 1629 como jaacute mencionado E por conta da nova legislaccedilatildeo a adoccedilatildeo
simples e a adoccedilatildeo plena deixam de existir passando a adoccedilatildeo ser irrestrita 56
Hoje o Novo Coacutedigo - Lei nordm 104062002 se preocupa em seus artigos com a
adoccedilatildeo de forma global ou seja com a adoccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes e principalmente
com a primazia do interesse do adotado
Assim o instituto da adoccedilatildeo passa a ser regido nos seguintes termos57
No art 1618 Somente pessoa maior de dezoito anos pode adotar
Analisando este artigo pode-se constatar que houve a reduccedilatildeo da idade miacutenima para
adotar antes exigida de 35 anos
E em seu Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo poderaacute ser formalizada por ambos os cocircnjuges
ou companheiros desde que um deles tenha completado dezoito anos de idade comprovada
a estabilidade da famiacutelia
Os artigos 1619 e 1620 natildeo tiveram alteradas a sua redaccedilatildeo
De acordo com o artigo 1619 o adotante haacute de ser pelo menos dezesseis anos mais
velho que o adotado E no artigo 1620 enquanto natildeo der contas de sua administraccedilatildeo e natildeo
saldar o deacutebito natildeo poderaacute o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o curatelado
O artigo 1621 descreve que a adoccedilatildeo depende de consentimento dos pais ou dos
representantes legais de quem se deseja adotar e da concordacircncia deste se contar mais de
doze anos
______________
56 Op cit p 23 p 425
57 Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003 p 452-459
sect 1o O consentimento seraacute dispensado em relaccedilatildeo agrave crianccedila ou adolescente cujos
pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder familiar
sect 2o O consentimento previsto no caput eacute revogaacutevel ateacute a publicaccedilatildeo da sentenccedila
constitutiva da adoccedilatildeo
O novo dispositivo diminui a idade miacutenima do adotado para manifestar o seu
consentimento para 12 anos no regime anterior era de 14 anos
De acordo co o artigo 1622 ningueacutem poderaacute ser adotado por duas pessoas salvo se
forem marido e mulher ou se viverem em uniatildeo estaacutevel
Neste artigo foi acrescentado o paraacutegrafo uacutenico que acrescenta a posiccedilatildeo da adoccedilatildeo
por companheiros ou daqueles que vivem em uniatildeo estaacutevel
Paraacutegrafo uacutenico Os divorciados e os judicialmente separados poderatildeo adotar
conjuntamente contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o
estaacutegio de convivecircncia tenha sido iniciado na constacircncia da sociedade conjugal
No artigo 1623 a adoccedilatildeo obedeceraacute a processo judicial observados os requisitos
estabelecidos neste Coacutedigo
Houve acreacutescimo na nova legislaccedilatildeo apenas do paraacutegrafo uacutenico ao qual foi atribuiacuteda a
seguinte redaccedilatildeo
Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo de maiores de dezoito anos dependeraacute igualmente da
assistecircncia efetiva do Poder Puacuteblico e de sentenccedila constitutiva
No artigo 1624 Houve a substituiccedilatildeo do ldquopaacutetrio poderrdquo por ldquopoder familiarrdquo sendo
ainda suprimida a palavra ldquomenor abandonadordquo trazido na legislaccedilatildeo de 1916
Assim dispotildee o artigo citado em que natildeo haacute necessidade do consentimento do
representante legal do menor se provado que se trata de infante exposto ou de menor cujos
pais sejam desconhecidos estejam desaparecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder
familiar sem nomeaccedilatildeo de tutor ou de oacuterfatildeo natildeo reclamado por qualquer parente por mais
de um ano
De acordo com o artigo 1625 somente seraacute admitida a adoccedilatildeo que constituir efetivo
benefiacutecio para o adotando sendo matida a mesma redaccedilatildeo
Jaacute no artigo 1626 houve acreacutescimo do paraacutegrafo uacutenico
Dipondo a seguinte redaccedilatildeo o caput a adoccedilatildeo atribui a situaccedilatildeo de filho ao adotado
desligando-o de qualquer viacutenculo com os pais e parentes consanguumliacuteneos salvo quanto aos
impedimentos para o casamento
Paraacutegrafo uacutenico se um dos cocircnjuges ou companheiros adota o filho do outro
mantecircm-se os viacutenculos de filiaccedilatildeo entre o adotado e o cocircnjuge ou companheiro do adotante
e os respectivos parentes
Com relaccedilatildeo ao artigo 1627 permaneceu a mesma redaccedilatildeo com relaccedilatildeo a decisatildeo que
confere ao adotado o sobrenome do adotante podendo determinar a modificaccedilatildeo de seu
prenome se menor a pedido do adotante ou do adotado
No artigo abaixo descrito houve a adequaccedilatildeo ao dispositivo de moda a resguardar o
princiacutepio constitucional da plena igualdade entre filhos bioloacutegicos e adotados
Dispotildee o artigo 1628 que os efeitos da adoccedilatildeo comeccedilam a partir do tracircnsito em
julgado da sentenccedila exceto se o adotante vier a falecer no curso do procedimento caso em
que teraacute forccedila retroativa agrave data do oacutebito As relaccedilotildees de parentesco se estabelecem natildeo soacute
entre o adotante e o adotado como tambeacutem entre aquele e os descendentes deste e entre o
adotado e todos os parentes do adotante
Natildeo houve alteraccedilatildeo na redaccedilatildeo do artigo 1629 apenas tal dispositivo tem o
objetivo de ajustar o Novo Coacutedigo Civil agrave lei superveniente ou seja Estatuto da Crianccedila e
do Adolescente
Dispondo o referido artigo a seguinte redaccedilatildeo a adoccedilatildeo por estrangeiro obedeceraacute
aos casos e condiccedilotildees que forem estabelecidos em lei
Assim pode-se concluir que na falta de norma reguladora para o instituto da adoccedilatildeo
desde que natildeo conflite com o Coacutedigo Civil deveraacute ser aplicado analogicamente o Estatuto da
Crianccedila e do Adolescente
Ainda constata-se que o Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute
maior de 18 anos passando o instituto da adoccedilatildeo a ser irrestrito trazendo importantes
reflexos ao nosso ordenamento juriacutedico paacutetrio no que diz respeito aos direitos da
personalidade e nos direitos sucessoacuterios Enquanto o antigo Coacutedigo Civil Brasileiro de 1916
adotava o sistema da manifestaccedilatildeo de vontade
Atualmente o Coacutedigo Civil vigente e o Estatuto da Crianccedila adotam o sistema da
sentenccedila judicial sendo que o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo para os
menores de 18 anos o que natildeo exime que a adoccedilatildeo de menor de 18 anos seja feita pelo
Coacutedigo Civil58
De acordo com a legislaccedilatildeo civil podemos conceituar a adoccedilatildeo como o ato de
filiaccedilatildeo juriacutedica que pressupotildee de afetividade e natildeo de relaccedilatildeo bioloacutegica passando o
adotado a ser tratado como se fosse filho natural constituiacutedo em benefiacutecio do adotando
_____________ 58 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 irretrataacutevel e perpeacutetuo depois de consumado que cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com
todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo
inexistia naturalmente
De forma simples podemos definir a adoccedilatildeo como modalidade de filiaccedilatildeo civil que
busca imitar a filiaccedilatildeo natural dependente da vontade de adotante e adotado e por via de
sentenccedila judicial
Assim torna-se inafastaacutevel a utilidade do instituto da adoccedilatildeo em relaccedilatildeo ao menor
carente ou em estado de abandono pois eacute de interesse do Estado a inserccedilatildeo desse menor em
um ambiente familiar
Fica claro que o instituto da adoccedilatildeo eacute de caraacuteter humanitaacuterio que tem por um lado o
escopo de proporcionar agravequeles que a quem a natureza negou filhos e por outro lado
constitui a finalidade assistencial de melhorar a condiccedilatildeo moral e material do futuro
adotado
Mas ainda muito haacute de se defender em prol do instituto da adoccedilatildeo no Brasil natildeo soacute
como forma de projeto de cidadania mas tambeacutem como forma de vida digna a aqueles que
natildeo tem um lar principalmente ao que refere aos direitos de adoccedilatildeo internacional e ainda ao
direito de adoccedilatildeo por casais homossexuais
22 REQUISITOS DA ADOCcedilAtildeO
221 Requisitos Formais
Satildeo alguns requisitos formais para a adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil vigente59
efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal
ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)
____________ 59 VENOSASilvio de Salvo Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003p349
efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal
ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)
diferenccedila miacutenima de idade entre o adotante e o adotado (artigo 1619)
consentimento do adotado de seus pais ou de seu representante (artigos 1621 sect 1ordm e
1624)
intervenccedilatildeo judicial na sua criaccedilatildeo pois somente se aperfeiccediloa perante o juiz atraveacutes de
processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico (artigo 1623 paraacutegrafo uacutenico)
irrevogabilidade (artigo 1626 caput)
estaacutegio de convivecircncia (1622 paraacutegrafo uacutenico 1ordfparte)
comprovaccedilatildeo de estabilidade familiar (artigo 1618 paraacutegrafo uacutenico in fine)
23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO
A adoccedilatildeo se daacute atraveacutes de um processo judicial perante o juiz com competecircncia na
aacuterea da infacircncia e juventude que iraacute conhecer dos pedidos da adoccedilatildeo e os seus incidentes
entre os quais a destituiccedilatildeo do paacutetrio poder e guarda para fins da adoccedilatildeo
Vislumbram-se duas hipoacuteteses em que se adota ou a famiacutelia jaacute convive com a
crianccedila ou adolescente que pretende adotar ou a famiacutelia estaacute a procura de uma crianccedila para
que venha a adotar
Na primeira hipoacutetese devem os interessados ajuizar o pedido de adoccedilatildeo atraveacutes de
advogado ou defensor puacuteblico que formularaacute o pedido diretamente em cartoacuterio atraveacutes de
peticcedilatildeo assinada pelos requerentes quando os pais forem falecidos tiverem sido destituiacutedos
do paacutetrio poder ou houverem aderido expressamente ao pedido os pais bioloacutegicos quando
conhecidos satildeo citados para querendo contestarem o pedido julgando o juiz ao final de
acordo com o interesse superior da crianccedila e do adolescente
Na segunda hipoacutetese os interessados devem requerer sua inscriccedilatildeo no cadastro do
juiacutezo de pessoas interessadas em adotar A partir daiacute instaura-se um procedimento no qual
seratildeo ouvidos pela equipe teacutecnica do juiacutezo (assistentes sociais eou psicoacutelogos) e antes da
decisatildeo que deferir a inscriccedilatildeo o Ministeacuterio Puacuteblico assistiraacute ao pedido de adoccedilatildeo conforme
previsto no artigo 227 sect5ordm da Constituiccedilatildeo Federal e emitiraacute parecer
Em seguida seratildeo incluiacutedos em grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo cujas vagas seratildeo
preenchidas de acordo com a ordem de ajuizamento do pedido de habilitaccedilatildeo respeitados os
criteacuterios estabelecidos
Os grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo possuem duraccedilatildeo prevista de 60 dias e visam
auxiliar os interessados em adotar Habilitados e inscritos no cadastro os interessados
recebem um certificado com validade de 2 anos
Satildeo necessaacuterios os seguintes documentos60
certidatildeo de casamento
atestado de residecircncia
folha de antecedentes criminais
prova de idoneidade fiacutesica e moral
prova de abandono do menor
destituiccedilatildeo do paacutetrio poder
atestado de sanidade fiacutesica
________________ 60 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
A adoccedilatildeo constitui-se por sentenccedila sendo necessaacuterio que 61
a peticcedilatildeo Inicial com os requisitos do artigo 35
se na inicial vier a concordacircncia dos pais do adotando seratildeo ouvidos pelo juiz e pelo
representante do Ministeacuterio Puacuteblico lavrando-se o termo
a autoridade juriacutedica de ofiacutecio ou o requerimento das partes e do Ministeacuterio Puacuteblico
determinaraacute a realizaccedilatildeo de estudo social ou se possiacutevel periacutecia por equipe profissional
decidindo sobre o estaacutegio de convivecircncia
Apresentado o laudo e ouvido o adotando teraacute vistas o Ministeacuterio Puacutebico
apoacutes a manifestaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico no prazo tambeacutem de 5 (cinco) dias o
juiz proferiraacute a sentenccedila
A sentenccedila judicial transitada em julgado seraacute inserida no registro civil mediante mandado do qual natildeo
se forneceraacute certidatildeo O mandado judicial cancelaraacute o registro de nascimento original do menor conforme
o artigo 16 da Lei nordm 601573 E a inscriccedilatildeo no registro constaraacute o nome dos adotantes
como pais e o nome dos seus ascendentes Assim o menor ingressa na famiacutelia do adotante
se desvinculando da famiacutelia natural
24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO
241 Efeitos pessoais
Satildeo alguns efeitos pessoais decorrentes da adoccedilatildeo62
____________________
61 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1996 p 60 62 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 430
rompimento automaacutetico do viacutenculo de parentesco com a famiacutelia de origem salvo os
impedimentos matrimocircniais (artigo 1626)
estabelecimento de verdadeiros laccedilos de parentesco civil entre adotante e adotado
abrangendo a famiacutelia do adotante (artigo 15282ordf parte)
transferecircncia definitiva e de pleno direito do poder familiar para o adotante se o adotante
for menor (artigo 1630 1634 1635 inciso V)
liberdade razoaacutevel em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo do nome do adotado (1627)
possibilidade de promoccedilatildeo da interdiccedilatildeo e inabilitaccedilatildeo do pai ou matildee adotiva pelo
adotado ou vice-versa (artigo 1768)
determinaccedilatildeo do domiacutecilio do adotado menor de idade que adquire o do adotante
242 Efeitos patrimoniais
Satildeo alguns efeitos patrimoniais produzidos pela adoccedilatildeo63
direito do adotante de administraccedilatildeo e ususfruto dos bens do adotado menor (artigo 1689
1691e 1693)
obrigaccedilatildeo do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar (artigo
1634)
dever do adotante de prestar alimentos ao adotado (artigo 1694 1696 e 1697)
direito a indenizaccedilatildeo do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante
responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menor de idade
______________
81 Op cit p 31 p 432
direito sucessoacuterio do adotado visto que se equipara ao filho advindo de parentesco
cosanguineo herdado em concorrecircncia com o cocircnjuge sobrevivente ou convivente do
falecido na qualidade de descendente do autor da heranccedila afastando todos os demais
herdeiros do adotante que natildeo tenham a qualidade de filho (artigo 1829 inciso I e
1790incisos I e II)
reciprocidade nos efeitos sucessoacuterios (artigo 1829 inciso II e 1790 inciso III)
filho adotivo natildeo estaacute compreendido na exceccedilatildeo do Coacutedigo Civil artigo 1790 inciso I
rompimento de testamento se sobrevier filho adotivo (artigo 1973)
direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciaacuterio (artigo 1951 a 1960)
superviniecircncia de filho adotivo pode revogar doaccedilotildees feitas pelo adotante ( artigo 1846 e
1789)
Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso
de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do
oacutebito64
25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO
Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se
obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do
negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do
ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade
____________
64 Op cit p 32 p 435
deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea
A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-
se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico
Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade
anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo
251 Nulidade da adoccedilatildeo
Seraacute nula a adoccedilatildeo que65
em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16
anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619
a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a
mesma pessoa (artigo 1622)
o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)
vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude
252 Anulabilidade da adoccedilatildeo
Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66
a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente
incapaz
ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado
____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435
consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz
vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores
a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado
253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo
Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67
pela falta de consentimento do adotante e adotado
pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou
interdiccedilatildeo civil
pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico
26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO
A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes
motivos68
pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil
Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a
madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave
enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou
neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade
pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil
____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437
Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste
contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a
honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila
pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue
quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva
pela morte do adotante e adotado
27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO
Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a
finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo
avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante
e adotado69
Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute
prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com
facilidade a nova famiacutelia
O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a
ser adotado
Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a
extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo
atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil
____________
69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340
28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das
crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a
prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave
poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato
infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e
ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70
A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual
adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou
tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da
juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil
Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida
familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco
passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado
29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL
A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e
do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da
Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave
crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave
educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave
__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41
convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71
Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada
por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por
procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da
adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda
de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida
pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo
por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72
Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo
de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes
independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos
havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e
qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73
Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos
adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do
bem estar do adotado
210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO
A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser
incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e
educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta
assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria
___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438
Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como
com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo
dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos
pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco
pessoal e social nas ruas das grandes cidades
Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia
importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees
sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia
Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem
por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades
coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e
ceacutelere
Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria
com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e
defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do
proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os
procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados
Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo
atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o
instituto da adoccedilatildeo
A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de
_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em
lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que
querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave
crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico
educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e
na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos
e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o
desenvolvimento da cidadania
Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que
tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria
Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir
211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO
Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75
Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma
simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo
A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais
os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a
situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem
adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda
________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser
proporcionada pelas pessoas sem adotar
Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva
jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os
interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais
vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito
simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses
O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida
cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior
(adoccedilatildeo internacional)
CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees
estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil
Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente
A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida
excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido
por pessoa residente no Paiacutes
A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico
conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei
supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida
sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76
Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo
juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a
decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham
falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm
80699077
Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da
Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da
CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia
____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464
Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por
estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos
interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas
atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os
bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal
intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando
verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em
moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias
maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado
enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees
escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos
especialmente do menorrdquo78
Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante
nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado
tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a
perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e
economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila
passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco
e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79
Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas
___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438
Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil
A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver
medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo
internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda
possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o
seu ingresso em famiacutelia substituta
Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo
internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem
conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas
Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em
seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser
interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores
para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que
visem lucro80
Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas
pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator
determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas
famiacutelias substitutas
32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR
ESTRANGEIROS
A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo
seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e
condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________
80 Op Cit p 44 p 438
parte de estrangeiros
Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida
excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo
acarreta o adotante aacute desistecircncia
Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81
impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo
estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro
residente ou domiciliado fora do paiacutes
comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de
seu paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia
especializada e credenciada no paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido
do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico
juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente
autenticados pela autoridade consular
permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a
consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo
Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e
cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no
miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos
de idade
___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439
podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar
prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista
A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82
lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo
reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante
lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica
Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de
Adoccedilatildeo de Menores de 1984)
33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA
A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua
finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores
Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia
prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse
superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas
__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485
A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo
Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de
garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados
contratantes83
Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a
Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo
Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84
requisitos para a adoccedilatildeo internacional
requisitos processuais
reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo
De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo
em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o
interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras
_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486
CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a
grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo
igualmente a possibilidade da poder adotar
A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade
Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas
aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de
constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a
reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois
assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir
famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86
Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a
uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm
sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo
Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87
____________
86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho
mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49
A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios
E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por
homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se
espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem
homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila
se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais
homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos
tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte
de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo
16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo
se forem marido e mulher
Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89
____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da
uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos
homossexuais
42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA
E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a
situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos
casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo
juriacutedica podem os casais homossexuais adotar
No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo
homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes
da jurisprudecircncia
E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a
regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais
Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata
da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo
tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um
dos parceiros90
Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo
5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a
primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei
____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade
Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca
pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do
bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais
homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve
levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo
decidindo sempre pelo bem-estar do menor91
A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece
Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao
adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo
ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia
familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo
()
sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute
casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros
A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee
Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de
estado civil
______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005
Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92
Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que
homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo
poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante
O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de
adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual
diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro
de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93
______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo
da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum
cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito
Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94
Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais
homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95
Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo
sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel
privar os homossexuais do direito agrave adotar96
E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais
flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de
tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar
seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles
que lhe acolhem97
______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53
No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo
barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao
seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira
da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da
histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a
mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para
atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem
a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua
companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de
crianccedilas devem igualmente poder adotar98
Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no
aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes
de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o
preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99
Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida
pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato
Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo
________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53
CONCLUSAtildeO
A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia
E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto
no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio
Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988
Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade
Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente
A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva
Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros
por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores
Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade
Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a
sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do
Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo
Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e
principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que
pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da
adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e
venda de crianccedilas para o estrangeiro
A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente
estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse
baseado nos artigos 1618 a 1629
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52
Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de
amor carinho e solidariedade
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A Adoccedilatildeo agrave luz da Lei nordm 104022002 Novo Coacutedigo Civil Sille Cristina Miranda dos Santos 1 ndash Parte Histoacuterica
A adoccedilatildeo eacute um instituto que existe haacute milecircnios de anos Desde os tempos mais
primoacuterdios ateacute os dias atuais pois sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia
Tal instituto pode ser conceituado como o ato juriacutedico pelo qual se perfilha para si
algueacutem na condiccedilatildeo de filho fazendo gerar as relaccedilotildees previstas na famiacutelia bioloacutegica1
Podemos afirmar que o instituto da adoccedilatildeo foi praticado por Egiacutepcios Gregos e
Romanos2 E inclusive na proacutepria Biacuteblia haacute vaacuterias referecircncias sobre o tal instituto como na
histoacuteria de Moiseacutes e de Mordecai dentre outros casos narrados na nossa proacutepria literatura
brasileira bem como na literatura universal3
Com destaque podemos citar que o instituto da adoccedilatildeo eacute um ato de amor e de
solidariedade pois a mis eloquumlente prova desse fato narrado eacute proacuteprio o nascimento de Jesus
Cristo fruto esse concebido pelo Divino Espiacuterito Santo para mostrar que natildeo haacute a
necessidade de casamento da conjunccedilatildeo carnal e de todas as concepccedilotildees do homem para
que se conceba um filho4
Entretanto o Direito Canocircnico desconheceu a adoccedilatildeo e se manifestava com reservas
sobre o instituto A igreja via a adoccedilatildeo como uma ressalva ao casamento e agrave constituiccedilatildeo da
famiacutelia legiacutetima como uma das possibilidades de se fraudar as normas vigentes que
proibiam o reconhecimento de filhos adulterinos e incestuosos5
_____________ 1 VENOSA Silvio de Salvo Direito Civil Direito de FamiacuteliaSatildeo Paulo Atlas 2003 p 315 2 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo noCoacutedigoCivil e no Estatuto do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1993 p 2 3 SZNICK Waldir Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 26 4 Op cit p 1 p 1 5 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo 1999 p 27 2 ndash Natureza Juriacutedica
A natureza juriacutedica do instituto da adoccedilatildeo sempre foi muito controversa tendo em
vista que para alguns doutrinadores a adoccedilatildeo apenas eacute uma relaccedilatildeo juriacutedica e para outros eacute
negoacutecio unilateral tendo em vista a vontade do adotante6
Alguns autores entendem que a adoccedilatildeo seria uma forma de um contrato devido agrave
bilateralidade do ato pois eacute necessaacuterio a manifestaccedilatildeo de duas vontades do adotante e a do
adotado
Para outros autores a adoccedilatildeo eacute instituto juriacutedico de ordem puacuteblica pois eacute preciso a
manifestaccedilatildeo do Estado declarando ou natildeo a possibilidade da adoccedilatildeo
No Estatuto da Crianccedila e do Adolescente natildeo prevalecia apenas a bilateralidade de
vontades pois o Estado participa de forma ativa e necessaacuteria exigindo uma sentenccedila
judicial pois sem esta natildeo haveraacute adoccedilatildeo
Jaacute no Coacutedigo Civil de 1916 tinha a adoccedilatildeo natureza de contrato devido agrave solenidade
exigida na lei da escritura puacuteblica realccedilando a natureza negocial do instituto como contrato
de famiacutelia e havia duas formas distintas de adoccedilatildeo a simples e a plena e cada uma delas
apresentava natureza proacutepria 7
Com o advento do Coacutedigo Civil de 2002 a adoccedilatildeo passou a requerer tambeacutem a
presenccedila Estado dos adotantes e somente dar-se atraveacutes de sentenccedila judicial
Assim ao conceituar o instituto da adoccedilatildeo podemos conjeturar que a adoccedilatildeo se logra
na esfera da vontade dos particulares na forma da lei criando entre essas pessoas estranhas
uma relaccedilatildeo semelhante agraves oriundas da filiaccedilatildeo legiacutetima resultante da filiaccedilatildeo de sangue
_____________ 6 Op cit p 20 p 316 7 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p316 3 ndash Evoluccedilatildeo Legislativa da Adoccedilatildeo
No Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo do Coacutedigo Civil de 1916 vigoravam as Ordenaccedilotildees
Afonsinas Filipinas e Manuelinas advindas do direito portuguecircs
Como advento do Coacutedigo Civil de 1916 ocorreu a sistematizaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos
artigos 368 a 378 que definia a adoccedilatildeo como o ato civil pelo qual algueacutem aceita um
estranho na qualidade de filho contudo tal conceito trazia consigo as suas restriccedilotildees8
a) pessoas com mais de 50 anos exigia-se a diferenccedila miacutenima de 18 anos entre adotado
e adotantee natildeo havia direito de sucessatildeo pois o adotado nada herdaria
Com o advento da Constituinte de 1988 nos paraacutegrafos 5ordm e 6ordm consegui-se eliminar
todas as restriccedilotildees pertinentes agrave diferenccedila entre filhos adotivos ilegiacutetimos passando o filho
adotivo a ter os mesmos direitos garantias e deveres do filho bioloacutegico9
A partir de 1990 o Estatuto passou a regula a adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a
data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou tutela dos adotantes
Jaacute o novo Coacutedigo Civil - Lei nordm 1040602 trata desse instituto nos artigos de 1618 a
1629 passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que originariamente natildeo eacute e com este
cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com todos os direitos e obrigaccedilotildees passando inclusive
a adoccedilatildeo a ser irrestrita10
Ressalto que no Coacutedigo Civil de 1916 havia previsatildeo para a adoccedilatildeo plena e adoccedilatildeo
simples A Adoccedilatildeo Simples era regida pelo Coacutedigo Civil de 1916 e a Lei 313357 era
concernente ao viacutenculo de filiaccedilatildeo que se estabelecia entre adotante e adotado o adotante
poderia ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos11
________________ 8 12 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeiro 1996 p 41 9 Constituiccedilatildeo Federal EC nordm 45 Rio de Janeiro Victor Roma 2005 p 148 10 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003 p 423 11 Opcit p 3 p 424
E Adoccedilatildeo Plena era a espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser
irrevogavelmente para todos os efeitos legais filhos dos adotantes desligando-se de
qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais12
A Lei nordm 806990 ndash ECA ndash Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo
para os menores de 18 anos O Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute
maior de 18 anos E ambos adotam o sistema da sentenccedila judicial
Para que a adoccedilatildeo ocorra e necessaacuterio o cumprimento de diversos requisitos alguns
de aspectos formais outros pessoais e os requisitos processuais que geraram seus efeitos
E por fim ressalto que na adoccedilatildeo poderaacute ocorrer a sua extinccedilatildeo nas modalidades de
nulidade anulabilidade e inexistecircncia13
Quando ocorrer viacutecio de fraude eou simulaccedilatildeo quando natildeo houver a diferenccedila
miacutenima de 16 anos entre adotante e adotado e nos casos do casal natildeo forem marido e
mulher ou conviventes ocorreraacute a nulabilidade da adoccedilatildeo14
Jaacute a anulabilidade ocorreraacute quando houver a falta de consentimento dos pais tutor ou
curador a adoccedilatildeo do relativamente incapaz ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda
se encontra o menor interditado o consentimento manifestado somente pelo adotado
relativamente incapaz vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou
fraude contra credores agrave falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do
consorte adotado15
E quando ocorrer a falta de consentimento do adotante e adotado ou a falta de
objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou interdiccedilatildeo civil e
______________ 12 Op cit p 3 p 424 13 Op cit p 3 p 435 14 Op cit p 3 p435 15 Op cit p 3 p 437
pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico ocorreraacute a
inexistecircncia da adoccedilatildeo16
Poderaacute tambeacutem ocorrer agrave revogaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos seguintes casos pela vontade do
adotante e do adotado pela deserdaccedilatildeo e pela indignidade
4 ndash A adoccedilatildeo Internacional
A adoccedilatildeo internacional tem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila
e do Adolescente ao qual disciplina a possibilidade da adoccedilatildeo por estrangeiros por
estrangeiros17 Mas essa possibilidade de adoccedilatildeo por estrangeiros somente ocorreraacute nos
casos em que a crianccedila jaacute tenha uma tenha sua situaccedilatildeo juriacutedica definida ou seja que jaacute
possua sentenccedila transitada em julgado declarando a decretaccedilatildeo da perda do poder familiar
ou nos casos de haver declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham falecido e este menor esteja
sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm 80699018
Ressalvando os casos em que se dever tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por
estrangeiros residentes no exterior referente ao traacutefico venda e sequumlestro de crianccedilas para o
exterior
Passo importante para a adoccedilatildeo no Brasil foi agrave Convenccedilatildeo de Haia que ratifica o
interesse das crianccedilas a serem adotadas e coibindo o sequumlestro de menores o traacutefico e a
venda de crianccedilas A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo
ratificada em nosso ordenamento juriacutedico atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril
de 1995 cujo objetivo eacute o de garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo
entre os Estados contratantes19
_______________ 17 Op cit p 3 p 61 18 Op cit p 3 p 61 19 Op cit p 3 p 485 5 ndash Os projetos de conscientizaccedilatildeo e incentivos da Adoccedilatildeo
Atualmente o Juizado da Infacircncia e juventude do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo
em parceria com oacutergatildeos natildeo governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo
da adoccedilatildeo dentre outras atividades atraveacutes de Projetos Especiais que tem por objetivo a
colocaccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco pessoal e social nas ruas
das grandes cidades em famiacutelias substituas uma vez que toda crianccedila ou adolescente tem
direito a ser criado e educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente em famiacutelia
substituta assegurada a convivecircncia familiar e comunitaacuteria
Tal projeto vinculado pela 1ordf Vara da Infacircncia e Juventude do Rio de Janeiro lanccedilou
a cartilha da adoccedilatildeo com o intuito de esclarecer e incentivar a adoccedilatildeo20
Projeto semelhante foi lanccedilado pela 1ordf Vara da Infacircncia e Juventude de Vitoacuteria ndash ES
tambeacutem lanccedilou recentemente a obra ldquo111 perguntas sobre a adoccedilatildeordquo21
Ambos os projetos satildeo tem por objetivo esclarecer e incentivar a adoccedilatildeo como ponto
de referecircncia importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional
das accedilotildees sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter uma famiacutelia Assim
podemos constatar que a cartilha traz todo o rol de procedimentos e esclarecimentos a
aqueles que queiram adotar sejam eles residentes no Brasil ou no Exterior
7ndash A adoccedilatildeo por Homossexuais
A grande discussatildeo hoje rebatida pela sociedade seria a da possibilidade de
homossexuais poderem ou natildeo adotar
_____________ 20 Cartilha da adoccedilatildeodipsonovellt wwwjuizadodainfanciaejuventudeorgbrgtAcesso em 30out 2004 21 Cartilha da adoccedilatildeo Disponiacutevelwwwtjesgovbr Acesso em 30 out 2004 Na verdade vaacuterios satildeo os fatos alegados a natildeo possibilidade de adoccedilatildeo pelos
homossexuais como a diferenccedila da formaccedilatildeo da famiacutelia que fugiria aos padrotildees da
formaccedilatildeo da famiacutelia heterossexual da nossa sociedade
De certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se
estabelecer-se e contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos
homossexuaisrdquo tem de ser respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela
sociedade e pelo Estado21
Vaacuterios argumentos e sofismas satildeo utilizados para a natildeo legalizaccedilatildeo da adoccedilatildeo por
homossexuais mas o que prepondera realmente eacute o preconceito e o que deveria mesmo ser
visado que seria o interesse do adota natildeo estaacute sendo colimado
De fato em nosso ordenamento juriacutedico natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito
positivo para validar a uniatildeo homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecer o
direito a uniatildeo homossexual atraveacutes da jurisprudecircncia E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem
em nosso ordenamento juriacutedico a regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais
Mas tambeacutem natildeo haacute legislaccedilatildeo que proiacuteba a adoccedilatildeo de menores por homossexuais
O que presenciamos sim seria a violaccedilatildeo de direitos aos homoafetivos pois fica clara a
violaccedilatildeo ao direito a igualdade e a isonomia Assim como tambeacutem natildeo haacute restriccedilatildeo legal
quanto a formaccedilatildeo da famiacutelia que deveria ser somente heterossexual
Acredito que o que se deva levar em consideraccedilatildeo eacute a situaccedilatildeo de fato do menor a ser
adotado de ser resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe
um lar seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual
____________ 21 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005
daqueles que lhe acolhem22
Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no
aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruas com
grandes possibilidades de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que
tecircm por fundamento o preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o
inteacuterprete inovar23
Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida
pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato
Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo
E nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na
aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem
comum cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao
Coacutedigo Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do
Direito
Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave
adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do
adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente
iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando
devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo24
Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais
homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato25
____________ 22 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 23 Op Cit P 8 24 Op Cit P 8 25 Op Cit P 8
Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo
sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel
privar os homossexuais do direito agrave adotar26
E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais
flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de
tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar
seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles
que lhe acolhem27
Portanto fica bem claro que eacute importante deixar de lado as barreiras do preconceito
___________ 26 Op Cit P 8 27 Op Cit P 8
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CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO
12 LINEAMENTOS HISTOacuteRICOS
Historicamente o instituto da adoccedilatildeo desde os tempos mais primoacuterdios era utilizado
por nossos antepassados e com o passar dos tempos evoluiu tanto no aspecto social quanto
no aspecto juriacutedico
No direito primitivo a famiacutelia era a unidade social econocircmica e religiosa e a adoccedilatildeo
constituiacutea-se como um meio eficaz de perpetuar a famiacutelia e a religiatildeo domeacutestica ao qual
transferia-se os bens familiares pois nessa eacutepoca natildeo se conhecia do testamento1
No direito romano os imperadores utilizavam-se do instituto para designar os seus
sucessores e seus futuros Chefes de Estados deixando a adoccedilatildeo de ser um instrumento de
direito privado e passando a ser instrumento de direito puacuteblico2
E a maior prova de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor solidariedade
encontra-se narrado na Biacuteblia no nascimento de Jesus Cristo fruto
esse concebido pelo Divino Espiacuterito Santo para mostrar que natildeo haacute a
necessidade de casamento da conjunccedilatildeo carnal e de todas as
concepccedilotildees do homem para que se conceba um filho3
Tal instituto teve sua origem fundada na Biacuteblia no Coacutedigo de Hamurabi e nas Leis
de Manu4
__________ 1 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 218 2 SIQUEIRA Liboacuterni Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 34 3 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Luacutemen Iuris 1996 p 1 4 Op cit p 11 p 218
No Coacutedigo de Manu o instituto da adoccedilatildeo encontram-se descrito na Lei IX 10
ldquoAquele a quem a natureza natildeo deu filhos pode adotar um para que as cerimocircnias fuacutenebres
natildeo cessemrdquo5
As Leis de Manu determinavam que a adoccedilatildeo somente seria possiacutevel entre um
homem e um rapaz da mesma classe social e que o adotado tivesse todas as qualidades
apreciadas num filho6
Jaacute o Coacutedigo de Hamurabi eacute considerado o documento mais antigo que se tenha
notiacutecia antes de Cristo O instituto no Coacutedigo de Hamurabi era conhecido como ldquoSentenccedilas
de Direitordquo traz em seus artigos 185 a 193 e o define como ldquomacircrucircturdquoArt 185 ndash Se algueacutem
toma em adoccedilatildeo uma crianccedila ou a educa esta natildeo pode ser reclamadardquo7
Nas passagens biacuteblicas eacute possiacutevel exemplificarmos algumas dessas noccedilotildees do
instituto da adoccedilatildeo ao relatarmos alguns casos como a histoacuteria de Moiseacutes que foi adotado
por Termulus quando o encontrou agraves margens do Rio Nilo na de Mordecai que criou Eacutester
como uma irmatilde e ainda na proacutepria histoacuteria de Joseacute do Egito adotado por Potifar8
Os Hebreus chamavam a adoccedilatildeo pelo nome de ldquoleviratordquo9
De acordo com a Biacuteblia poderiam adotar tanto o pai como a matildee e a adoccedilatildeo soacute se
dava entre parentes A mulher esteacuteril poderia adotar os filhos da serva que ela havia
conduzido ao taacutelamo do marido10
__________ 5 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Luacutemen Iuris 1996 p 21 6 Op cit p 12 p 21 7 Op cit p 12 p 25 8 SZNICK Waldir Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 26 9 Op cit p 12 p 26 10 Op cit p 12 p 26
Para os Romanos a adoccedilatildeo era o ato legislativo pelo qual algueacutem perfilha um filho
que natildeo se gerou tendo em vista a necessidade da perpetuaccedilatildeo do culto domeacutestico que
tinha um valor sacral Para os romanos havia dois tipos de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo e a
adrogatio11
A adoccedilatildeo ou adoptio era instituto de direito privado destinado ao alieni juacuteris para
quem tivesse sob o paacutetrio poder da Lei das XII Taacutebuas Jaacute a adrogatio pertencia ao direito
puacuteblico a doaccedilatildeo de sui juacuteris como filho na famiacutelia de um pater famiacutelias12
Para os Gregos a adoccedilatildeo rompia todos os laccedilos da famiacutelia anterior sequer poderia
prestar o funeral dos pais anteriores A adoccedilatildeo tinha o nome de Teacutesis tambeacutem conhecida
como Ampasis13
O Direito Canocircnico desconheceu a adoccedilatildeo ateacute certo ponto e se manifestava com
reservas A igreja via a adoccedilatildeo como uma ressalva ao casamento e agrave constituiccedilatildeo da famiacutelia
legiacutetima como uma das possibilidades de se fraudar as normas vigentes que proibiam o
reconhecimento de filhos adulterinos e incestuosos14
Na Idade Meacutedia a adoccedilatildeo sucede ao processo histoacuterico da famiacutelia romana tecircm o
mesmo objetivo destinado ao culto domeacutestico daqueles que natildeo tinham descendentes
Nessa eacutepoca Justiniano reformou o instituto da adoccedilatildeo seguindo as linhas das instituiccedilotildees
orientais em especial as helecircnicas mas permanecendo a adoccedilatildeo claacutessica 15
Portanto nesse periacuteodo Justiniano a adoccedilatildeo era o ato solene pelo qual se admite em
lugar de filho quem por natureza natildeo ostenta tal qualidade16
_____________ 11 ZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 27 12 Op cit p 13 p 32 13 Op cit p 13 p 26 14 WALD Arnoldo O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo PauloSaraiva 15 SIQUEIRA Liboacuterni Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 35 16 Op cit p13 p 35
Na eacutepoca moderna o instituto da adoccedilatildeo teve a sua inspiraccedilatildeo no Direito Romano
sendo encontrado no Coacutedigo de 1683 promulgado na Dinamarca por Christian V Na
Alemanha tal instituto encontra-se no Coacutedigo de Pressuniano promulgado por Frederico
Guilherme II em 1751 e no Codex Maximilianus da Bavaacuteria de 175617
Essa legislaccedilatildeo influenciou o Coacutedigo Napoleocircnico de 1791 apesar da normativa
sobre o instituto da adoccedilatildeo natildeo houve uma aceitaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo frequumlente tendo em vista
a suspeita de favorecimento a fraude e agrave lei fiscal18
O Coacutedigo Napoleocircnico de 1971 contemplava quatro tipos de adoccedilatildeo19
a) adoccedilatildeo ordinaacuteria ndash depende de homologaccedilatildeo judicial permitida a maiores de50 anos
e diferenccedila de 15 anos entre o adotado altera nome tem direitos sucessoacuterios
b) adoccedilatildeo remuneratoacuteria ndash destinada a quem tivesse salvo a vida do adotando
irrevogaacutevel
c) adoccedilatildeo testamentaacuteria ndash permitida ao tutor apoacutes 5 anos de tutela
d) tutela oficiosa ndash uma espeacutecie de adoccedilatildeo provisoacuteria em favor dos menores
Por fim as Ordenaccedilotildees advieram do direito geral portuguecircs primeiro as Ordenaccedilotildees
Afonsinas de 1446 a 1514 que para o Brasil entraram em vigor agrave partir de 1500 sendo esta
substituiacuteda pelas Ordenaccedilotildees Manuelinas em 1514 e por uacuteltimo as Ordenaccedilotildees Filipinas em
1603 que vigoraram ateacute a promulgaccedilatildeo do da Lei nordm Coacutedigo Civil em 191620
_____________ 17 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo PauloLeud 1999 p 40 18 Op cit p 14 p 40 19 Op cit p 14 p 41 20 Op cit p 14 p 41
Nessa fase a adoccedilatildeo era regulada por inuacutemeros textos e passagens sem uma norma
especiacutefica
Com as Ordenaccedilotildees o instituto adquiriu o nome de perfilhamento e tinha como
objetivo tornar como herdeiro na sucessatildeo o filho tido mesmo que fosse o filho espuacuterio ou
o filho adulterino21
Com a independecircncia as Ordenaccedilotildees passaram a perder a sua validade em nosso
ordenamento juriacutedicoem virtude dos inuacutemeros diplomas e regulamentos que passaram a
vigorar na eacutepoca poreacutem a revogaccedilatildeo total soacute ocorreu com o advento do Coacutedigo Civil de
191622
12 CONCEITO
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de
solidariedade ou seja a chance de crianccedilas e adolescentes de terem um lar uma famiacutelia jaacute
que foram desprovidos de alguma forma de seus familiares
Para o conceito de adoccedilatildeo existem vaacuterias definiccedilotildees Em uma conceituaccedilatildeo simples e
clara podemos dizer que a adoccedilatildeo eacute um ato juriacutedico que tem por finalidade criar entre duas
pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue23
Ainda pode ser definida como o ato de ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco civil
portanto de suma importacircncia para a sociedade brasileira tendo em vista que tal ato
juriacutedico coaduna na esfera da vontade dos particulares com a devida permissatildeo da lei
__________ 21 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 42 22 Op cit p 15 p 42 23 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147
criando entre essas pessoas estranhas uma relaccedilatildeo anaacuteloga como agraves oriundas da filiaccedilatildeo
legiacutetima24
A adoccedilatildeo tambeacutem pode ser conceituada como o ato juriacutedico pelo qual o viacutenculo
familiar eacute criado em virtude do proacuteprio ato pelo legislador25
Alguns autores definem a adoccedilatildeo apenas como o instituto que daacute ao filho adotivo o
status idecircntico ao do filho legiacutetimo
Passamos a analisar a conceituaccedilatildeo dos seguintes juristas
Para Clovis Bevilacqua a adoccedilatildeo se destinava a suprir a falta de filho que tem como
ato civil aacute aceitaccedilatildeo de um estranho como filho26
Para a Profa Maria Helena Diniz a adoccedilatildeo eacute uma instituiccedilatildeo de caraacuteter humanitaacuterio
que tem por um lado dar aqueles a quem a natureza negou um lar e uma famiacutelia e por outro
lado a uma finalidade assistencial constituindo um meio de melhorar a condiccedilatildeo moral e
material do adotado27
Para Walter Gaspar a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica a qual se estabelece uma relaccedilatildeo
de parentesco que independe do fato natural da procriaccedilatildeo28
Para Orlando Gomes a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece independente
do fato natural o viacutenculo de filiaccedilatildeo legal que permite a constituiccedilatildeo entre duas pessoas do
laccedilo de parentesco do primeiro grau em linha reta29
_________ 24 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 25 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 26 Op cit p 16 p 63 27 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 28 GASPAR Walter Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003 p 315 29 ORLANDO Gomes Instituiccedilotildees de Direito Civil Satildeo Paulo Forense1996 p 226
Jose Maria Leoni Lopes de Oliveira define a adoccedilatildeo como um instituto juriacutedico que
procura imitar a filiaccedilatildeo natural30
Para Silvio Rodrigues a adoccedilatildeo eacute o ato do adotante pelo qual ele traz para a sua
famiacutelia e na condiccedilatildeo de filho pessoa que lhe eacute estranha31
Para Caio Mario da Silva a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual uma pessoa recebe
outra como filho independentemente de existir entre elas qualquer relaccedilatildeo de parentesco
cosanguiacuteneo ou afim32
Para Antunes Varella a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece entre duas
pessoas adotante de um lado e adotado de outro independente dos laccedilos de sangueuma
relaccedilatildeo legal de filiaccedilatildeo33
Para o Prof Arnoldo Wald a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco
civil Eacute um ato juriacutedico bilateral que gera laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre pessoas para
as quais tal relaccedilatildeo inexiste materialmente34
Para Carbonnier a filiaccedilatildeo adotiva eacute uma filiaccedilatildeo puramente juriacutedica que repousa
na pressuposiccedilatildeo de uma realidade natildeo bioloacutegica mas afetiva35
E para Dusi a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico solene em virtude do qual agrave vontade dos
particulares com a permissatildeo da lei cria entre pessoas naturalmente estranhas uma a outra
relaccedilotildees anaacutelogas as oriundas da filiaccedilatildeo legiacutetima36
__________ 31 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147 32 Direito Civil ndash Famiacutelia Satildeo Paulo Forense 1999 p330 48 op Cit p 17 p 330 33 Op Cit p 17 p 148 534WALD Arnold O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 35 Op cit p 17 apud Droit Civil 2 ndash La Famile nordm 354 p 519 36 Op cit p 17 p 217
No contexto das diversas definiccedilotildees atribuiacutedas a adoccedilatildeo podemos
verificar que esta se contrapotildee-se a filiaccedilatildeo legiacutetima ou natural por
sua caracteriacutestica artificial pois resulta da manifestaccedilatildeo de vontade e
de sentenccedila judicial Enquanto a filiaccedilatildeo natural tem seu viacutenculo
formado apenas no sangue
Contudo os efeitos da adoccedilatildeo em nosso ordenamento juriacutedico geram
as mesmas relaccedilotildees da filiaccedilatildeo natural
13 NATUREZA JURIacuteDICA
A natureza juriacutedica da adoccedilatildeo sempre foi muito controvertida para alguns
doutrinadores a adoccedilatildeo apenas eacute uma relaccedilatildeo juriacutedica enquanto para outros eacute negoacutecio
unilateral tendo em vista a vontade do adotante37
Com o passar dos tempos a mudou a sua finalidade antes se destinava
a atender aos interesses religiosos dos adotantes hoje se preocupa
mais com o interesse dos adotados objetivando proporcionar uma
famiacutelia38
A dificuldade em definir a natureza juriacutedica da adoccedilatildeo decorre da sua
natureza e da origem do seu ato
Assim para alguns autores adoccedilatildeo seria uma forma de contrato
devido agrave bilateralidade do ato pois eacute preciso a manifestaccedilatildeo de duas
vontades a do adotante e do adotado Sendo que agraves vezes o adotado eacute
representado poreacutem a vontade do adotando inexiste em algumas
situaccedilotildees o que dificulta a compreensatildeo dessa doutrina39
__________ 37 Op cit p 17 p 320 38 Op cit p 17 p 149 39 Op cit p 17 p 320
Para outros autores a adoccedilatildeo eacute instituto juriacutedico de ordem puacuteblica sendo necessaacuterio
a manifestaccedilatildeo do Estado declarando ou natildeo a adoccedilatildeo40
No Coacutedigo Civil de 1916 a adoccedilatildeo tinha a natureza de contrato
devido agrave solenidade exigida na lei da escritura puacuteblica realccedilando a
natureza negocial do instituto como contrato de famiacutelia disposto no
artigo 37541
Nessa eacutepoca havia duas formas distintas de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo simples
e a adoccedilatildeo plena e cada uma delas apresentava natureza proacutepria42
No Estatuto natildeo prevalece apenas a bilateralidade de vontades pois o Estado
participa de forma ativa exigindo-se tambeacutem uma sentenccedila judicial pois sem esta natildeo
haveraacute adoccedilatildeo 43
O Coacutedigo Civil de 2002 requer a presenccedila dos adotantes do Estado e somente
ocorreraacute se for atraveacutes de sentenccedila judicial
Pode-se assim concluir que a adoccedilatildeo eacute um ato complexo o
qual tem na sua primeira fase um caraacuteter negocial em seguida a
manifestaccedilatildeo de vontade dos adotantes e adotados e em sua segunda
fase tem caraacuteter judicial a fim de verificar a conveniecircncia ou natildeo da
adoccedilatildeo que culmina com a sentenccedila judicial44
Portanto a accedilatildeo de adoccedilatildeo eacute accedilatildeo do estado de caraacuteter constitutivo
conferindo a posiccedilatildeo de filho ao adotado atraveacutes de sentenccedila judicial
____________ 40 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p320 41 Op cit p 19 p 316
42 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Rio de Janeiro Atlas 2001 p 257 43 Op cit p 19 p 320
44 Op cit p 19 p 316 14 EVOLUCcedilAtildeO LEGISLATIVA DA ADOCcedilAtildeO
No Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 3071 de 01 de maio de 1916 vigoravam as
Ordenaccedilotildees Afonsinas Filipinas e Manuelinas45
Com o advento do Coacutedigo Civil de 1916 ocorreu a sistematizaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos
artigos 368 a 378 de caraacuteter essencialmente privado
Todavia o nosso direito paacutetrio da eacutepoca revelava as influecircncias do direito romano
do direito canocircnico das Ordenaccedilotildees Afonsinas Manuelinas e Filipinas46
No coacutedigo de 1916 a adoccedilatildeo era definida como o ato civil pelo qual algueacutem aceita
um estranho na qualidade de filho contudo tal conceito trazia consigo as suas restriccedilotildees47
Nessa eacutepoca havia restriccedilotildees quanto agrave adoccedilatildeo pois a mesma se destinava a habilitar
pessoas com mais de 50 anos exigindo a diferenccedila miacutenima de 18 anos entre adotado e
adotante e natildeo haveria direito de sucessatildeo ao adotado
Em 1957 adveio o Estatuto da adoccedilatildeo - Lei nordm 3133 de 08 de maio de 1957 E em
1979 o Coacutedigo de Menores Lei nordm 6667 de 10 de outubro de 1979 ambos traziam algumas
modificaccedilotildees que eliminava certas restriccedilotildees do Coacutedigo Civil de 191648
Algumas dessas modificaccedilotildees trazidas foi a de possibilidade de se adotar aos 30
anos e a diferenccedila de idade entre adotando e adotado passou a ser de 16 anos eliminou-se
tambeacutem o preacute-requisito de que somente casais sem filhos poderiam adotar49
______________ 45 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 38 46 Opcit p 20 p 42 47 Opcit p 20 p 84 48 Opcit p 20 p 40 49 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo em 1988 e com o advento do Estatuto da
Crianccedila e do Adolescente ndash ECA em 1990 consegui-se eliminar todas as restriccedilotildees
pertinentes agrave diferenccedila entre filhos adotivos ilegiacutetimos eou aduacutelterinos50
Assim hoje o filho adotivo tem os mesmos direitos garantias e deveres dos filhos
bioloacutegicos artigo 227 sectordm da CRFB
A partir de 1990 as regras da adoccedilatildeo passaram a visar mais os interesses direitos e
reais e necessidades dos adotandos O que se pretendia era encontrar uma famiacutelia adequada
aos menores e natildeo a busca de uma crianccedila para aqueles que pretendem adotar51
Jaacute o novo Coacutedigo Civil trata desse instituto da aceitaccedilatildeo legal de estranho no seio
familiar nos artigos 1618 a 1629 passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que
originariamente natildeo eacute criando com este laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com todos os
direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo inexiste
naturalmente52
E corroborando com o instituto da adoccedilatildeo o nosso texto constitucional assegura em
seu artigo 227 o direito de se ter uma famiacutelia o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave
educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura ao respeito agrave dignidade agrave liberdade e a
convivecircncia familiar 53
Esse direito de se ter uma famiacutelia consagrado na Carta Magna adveacutem do direito
positivo brasileiro do direito natural do simples direito de se ter um lar
__________ 50 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 150 51 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41 52 As modificaccedilotildees introduzidas agrave partir do advento do Novo Coacutedigo Civil ndash Lei nordm 1040602 53 CONSTITUICcedilAcircO FEDERAL EC nordm 45 Rio de Janeiro 2005 p 149
A adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia da proteccedilatildeo ao adotado e cuja finalidade
eacute a de dar um lar aos menores criando para esses menores um ambiente familiar e o
equiparando o adotado como filho legiacutetimo
Egrave um instituto de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo agravequeles que precisam de um
lar amor carinho e dignidade
Tem por finalidade fundamental dar filhos agravequeles que natildeo podem ter
biologicamente e de dar pais agravequeles que se encontram desamparados por algum motivo
Assim a adoccedilatildeo que fugir desses paracircmetros a que estaacute destinada estaraacute distorcendo a
finalidade do ordenamento a que lei se destina
Ficando constatado que a adoccedilatildeo no Brasil constitui um imperativo de ordem eacutetica
de natureza constitucional pois natildeo se pode construir uma sociedade mentalmente satilde sobre
as bases de abandono de crianccedilas os futuros homens de amanhatilde
CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
A adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil de 1916 era regulada nos artigos de 368 a 378 Nesse
Coacutedigo havia previsatildeo legal para duas modalidades de adoccedilatildeo54
A adoccedilatildeo simples estabelecia o viacutenculo de filiaccedilatildeo entre adotante e adotado
podendo o adotante ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos regia-se pelo Coacutedigo
Civil de 1916 e pela Lei nordm 313355
A adoccedilatildeo plena era espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser
irrevogavelmente para todos os efeitos legais a ser filhos dos adotantes desligando-se de
qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais
introduzido pela Lei nordm 669779
Nesse Coacutedigo Civil a adoccedilatildeo aplicava-se aos maiores de 18 anos e realccedilava a sua
natureza negocial do instituto tendo em vista a solenidade da escritura puacuteblica que a lei
exigia como contrato de direito de famiacutelia Somente seria a adoccedilatildeo consumada com a
devida averbaccedilatildeo da escritura no registro civil e no ato da adoccedilatildeo seriam declarados quais
os nomes da famiacutelia passaria o adotado a usar
Eram requisitos para adoccedilatildeo nesta legislaccedilatildeo de 1916 que o adotante fosse 16 anos
mais velho que o adotando com mais de 30 anos de idade se o adotante fosse casado o
casamento deveria ter duraccedilatildeo superior agrave cinco anos duas pessoas natildeo poderiam adotar
conjuntamente se natildeo forem marido e mulher e o adotando com maior de 18 anos o tutor
ou curador poderiam adotar depois de prestadas as contas ocorria atraveacutes de escritura
puacuteblica havia previsatildeo de adoccedilatildeo por estrangeiros sem restriccedilatildeo55
______________ 54 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 55 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p 323
Com o advento da Lei nordm 104062002 o instituto da adoccedilatildeo passou a ser tratado nos
artigos de 1618 a 1629 como jaacute mencionado E por conta da nova legislaccedilatildeo a adoccedilatildeo
simples e a adoccedilatildeo plena deixam de existir passando a adoccedilatildeo ser irrestrita 56
Hoje o Novo Coacutedigo - Lei nordm 104062002 se preocupa em seus artigos com a
adoccedilatildeo de forma global ou seja com a adoccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes e principalmente
com a primazia do interesse do adotado
Assim o instituto da adoccedilatildeo passa a ser regido nos seguintes termos57
No art 1618 Somente pessoa maior de dezoito anos pode adotar
Analisando este artigo pode-se constatar que houve a reduccedilatildeo da idade miacutenima para
adotar antes exigida de 35 anos
E em seu Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo poderaacute ser formalizada por ambos os cocircnjuges
ou companheiros desde que um deles tenha completado dezoito anos de idade comprovada
a estabilidade da famiacutelia
Os artigos 1619 e 1620 natildeo tiveram alteradas a sua redaccedilatildeo
De acordo com o artigo 1619 o adotante haacute de ser pelo menos dezesseis anos mais
velho que o adotado E no artigo 1620 enquanto natildeo der contas de sua administraccedilatildeo e natildeo
saldar o deacutebito natildeo poderaacute o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o curatelado
O artigo 1621 descreve que a adoccedilatildeo depende de consentimento dos pais ou dos
representantes legais de quem se deseja adotar e da concordacircncia deste se contar mais de
doze anos
______________
56 Op cit p 23 p 425
57 Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003 p 452-459
sect 1o O consentimento seraacute dispensado em relaccedilatildeo agrave crianccedila ou adolescente cujos
pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder familiar
sect 2o O consentimento previsto no caput eacute revogaacutevel ateacute a publicaccedilatildeo da sentenccedila
constitutiva da adoccedilatildeo
O novo dispositivo diminui a idade miacutenima do adotado para manifestar o seu
consentimento para 12 anos no regime anterior era de 14 anos
De acordo co o artigo 1622 ningueacutem poderaacute ser adotado por duas pessoas salvo se
forem marido e mulher ou se viverem em uniatildeo estaacutevel
Neste artigo foi acrescentado o paraacutegrafo uacutenico que acrescenta a posiccedilatildeo da adoccedilatildeo
por companheiros ou daqueles que vivem em uniatildeo estaacutevel
Paraacutegrafo uacutenico Os divorciados e os judicialmente separados poderatildeo adotar
conjuntamente contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o
estaacutegio de convivecircncia tenha sido iniciado na constacircncia da sociedade conjugal
No artigo 1623 a adoccedilatildeo obedeceraacute a processo judicial observados os requisitos
estabelecidos neste Coacutedigo
Houve acreacutescimo na nova legislaccedilatildeo apenas do paraacutegrafo uacutenico ao qual foi atribuiacuteda a
seguinte redaccedilatildeo
Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo de maiores de dezoito anos dependeraacute igualmente da
assistecircncia efetiva do Poder Puacuteblico e de sentenccedila constitutiva
No artigo 1624 Houve a substituiccedilatildeo do ldquopaacutetrio poderrdquo por ldquopoder familiarrdquo sendo
ainda suprimida a palavra ldquomenor abandonadordquo trazido na legislaccedilatildeo de 1916
Assim dispotildee o artigo citado em que natildeo haacute necessidade do consentimento do
representante legal do menor se provado que se trata de infante exposto ou de menor cujos
pais sejam desconhecidos estejam desaparecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder
familiar sem nomeaccedilatildeo de tutor ou de oacuterfatildeo natildeo reclamado por qualquer parente por mais
de um ano
De acordo com o artigo 1625 somente seraacute admitida a adoccedilatildeo que constituir efetivo
benefiacutecio para o adotando sendo matida a mesma redaccedilatildeo
Jaacute no artigo 1626 houve acreacutescimo do paraacutegrafo uacutenico
Dipondo a seguinte redaccedilatildeo o caput a adoccedilatildeo atribui a situaccedilatildeo de filho ao adotado
desligando-o de qualquer viacutenculo com os pais e parentes consanguumliacuteneos salvo quanto aos
impedimentos para o casamento
Paraacutegrafo uacutenico se um dos cocircnjuges ou companheiros adota o filho do outro
mantecircm-se os viacutenculos de filiaccedilatildeo entre o adotado e o cocircnjuge ou companheiro do adotante
e os respectivos parentes
Com relaccedilatildeo ao artigo 1627 permaneceu a mesma redaccedilatildeo com relaccedilatildeo a decisatildeo que
confere ao adotado o sobrenome do adotante podendo determinar a modificaccedilatildeo de seu
prenome se menor a pedido do adotante ou do adotado
No artigo abaixo descrito houve a adequaccedilatildeo ao dispositivo de moda a resguardar o
princiacutepio constitucional da plena igualdade entre filhos bioloacutegicos e adotados
Dispotildee o artigo 1628 que os efeitos da adoccedilatildeo comeccedilam a partir do tracircnsito em
julgado da sentenccedila exceto se o adotante vier a falecer no curso do procedimento caso em
que teraacute forccedila retroativa agrave data do oacutebito As relaccedilotildees de parentesco se estabelecem natildeo soacute
entre o adotante e o adotado como tambeacutem entre aquele e os descendentes deste e entre o
adotado e todos os parentes do adotante
Natildeo houve alteraccedilatildeo na redaccedilatildeo do artigo 1629 apenas tal dispositivo tem o
objetivo de ajustar o Novo Coacutedigo Civil agrave lei superveniente ou seja Estatuto da Crianccedila e
do Adolescente
Dispondo o referido artigo a seguinte redaccedilatildeo a adoccedilatildeo por estrangeiro obedeceraacute
aos casos e condiccedilotildees que forem estabelecidos em lei
Assim pode-se concluir que na falta de norma reguladora para o instituto da adoccedilatildeo
desde que natildeo conflite com o Coacutedigo Civil deveraacute ser aplicado analogicamente o Estatuto da
Crianccedila e do Adolescente
Ainda constata-se que o Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute
maior de 18 anos passando o instituto da adoccedilatildeo a ser irrestrito trazendo importantes
reflexos ao nosso ordenamento juriacutedico paacutetrio no que diz respeito aos direitos da
personalidade e nos direitos sucessoacuterios Enquanto o antigo Coacutedigo Civil Brasileiro de 1916
adotava o sistema da manifestaccedilatildeo de vontade
Atualmente o Coacutedigo Civil vigente e o Estatuto da Crianccedila adotam o sistema da
sentenccedila judicial sendo que o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo para os
menores de 18 anos o que natildeo exime que a adoccedilatildeo de menor de 18 anos seja feita pelo
Coacutedigo Civil58
De acordo com a legislaccedilatildeo civil podemos conceituar a adoccedilatildeo como o ato de
filiaccedilatildeo juriacutedica que pressupotildee de afetividade e natildeo de relaccedilatildeo bioloacutegica passando o
adotado a ser tratado como se fosse filho natural constituiacutedo em benefiacutecio do adotando
_____________ 58 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 irretrataacutevel e perpeacutetuo depois de consumado que cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com
todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo
inexistia naturalmente
De forma simples podemos definir a adoccedilatildeo como modalidade de filiaccedilatildeo civil que
busca imitar a filiaccedilatildeo natural dependente da vontade de adotante e adotado e por via de
sentenccedila judicial
Assim torna-se inafastaacutevel a utilidade do instituto da adoccedilatildeo em relaccedilatildeo ao menor
carente ou em estado de abandono pois eacute de interesse do Estado a inserccedilatildeo desse menor em
um ambiente familiar
Fica claro que o instituto da adoccedilatildeo eacute de caraacuteter humanitaacuterio que tem por um lado o
escopo de proporcionar agravequeles que a quem a natureza negou filhos e por outro lado
constitui a finalidade assistencial de melhorar a condiccedilatildeo moral e material do futuro
adotado
Mas ainda muito haacute de se defender em prol do instituto da adoccedilatildeo no Brasil natildeo soacute
como forma de projeto de cidadania mas tambeacutem como forma de vida digna a aqueles que
natildeo tem um lar principalmente ao que refere aos direitos de adoccedilatildeo internacional e ainda ao
direito de adoccedilatildeo por casais homossexuais
22 REQUISITOS DA ADOCcedilAtildeO
221 Requisitos Formais
Satildeo alguns requisitos formais para a adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil vigente59
efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal
ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)
____________ 59 VENOSASilvio de Salvo Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003p349
efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal
ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)
diferenccedila miacutenima de idade entre o adotante e o adotado (artigo 1619)
consentimento do adotado de seus pais ou de seu representante (artigos 1621 sect 1ordm e
1624)
intervenccedilatildeo judicial na sua criaccedilatildeo pois somente se aperfeiccediloa perante o juiz atraveacutes de
processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico (artigo 1623 paraacutegrafo uacutenico)
irrevogabilidade (artigo 1626 caput)
estaacutegio de convivecircncia (1622 paraacutegrafo uacutenico 1ordfparte)
comprovaccedilatildeo de estabilidade familiar (artigo 1618 paraacutegrafo uacutenico in fine)
23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO
A adoccedilatildeo se daacute atraveacutes de um processo judicial perante o juiz com competecircncia na
aacuterea da infacircncia e juventude que iraacute conhecer dos pedidos da adoccedilatildeo e os seus incidentes
entre os quais a destituiccedilatildeo do paacutetrio poder e guarda para fins da adoccedilatildeo
Vislumbram-se duas hipoacuteteses em que se adota ou a famiacutelia jaacute convive com a
crianccedila ou adolescente que pretende adotar ou a famiacutelia estaacute a procura de uma crianccedila para
que venha a adotar
Na primeira hipoacutetese devem os interessados ajuizar o pedido de adoccedilatildeo atraveacutes de
advogado ou defensor puacuteblico que formularaacute o pedido diretamente em cartoacuterio atraveacutes de
peticcedilatildeo assinada pelos requerentes quando os pais forem falecidos tiverem sido destituiacutedos
do paacutetrio poder ou houverem aderido expressamente ao pedido os pais bioloacutegicos quando
conhecidos satildeo citados para querendo contestarem o pedido julgando o juiz ao final de
acordo com o interesse superior da crianccedila e do adolescente
Na segunda hipoacutetese os interessados devem requerer sua inscriccedilatildeo no cadastro do
juiacutezo de pessoas interessadas em adotar A partir daiacute instaura-se um procedimento no qual
seratildeo ouvidos pela equipe teacutecnica do juiacutezo (assistentes sociais eou psicoacutelogos) e antes da
decisatildeo que deferir a inscriccedilatildeo o Ministeacuterio Puacuteblico assistiraacute ao pedido de adoccedilatildeo conforme
previsto no artigo 227 sect5ordm da Constituiccedilatildeo Federal e emitiraacute parecer
Em seguida seratildeo incluiacutedos em grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo cujas vagas seratildeo
preenchidas de acordo com a ordem de ajuizamento do pedido de habilitaccedilatildeo respeitados os
criteacuterios estabelecidos
Os grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo possuem duraccedilatildeo prevista de 60 dias e visam
auxiliar os interessados em adotar Habilitados e inscritos no cadastro os interessados
recebem um certificado com validade de 2 anos
Satildeo necessaacuterios os seguintes documentos60
certidatildeo de casamento
atestado de residecircncia
folha de antecedentes criminais
prova de idoneidade fiacutesica e moral
prova de abandono do menor
destituiccedilatildeo do paacutetrio poder
atestado de sanidade fiacutesica
________________ 60 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
A adoccedilatildeo constitui-se por sentenccedila sendo necessaacuterio que 61
a peticcedilatildeo Inicial com os requisitos do artigo 35
se na inicial vier a concordacircncia dos pais do adotando seratildeo ouvidos pelo juiz e pelo
representante do Ministeacuterio Puacuteblico lavrando-se o termo
a autoridade juriacutedica de ofiacutecio ou o requerimento das partes e do Ministeacuterio Puacuteblico
determinaraacute a realizaccedilatildeo de estudo social ou se possiacutevel periacutecia por equipe profissional
decidindo sobre o estaacutegio de convivecircncia
Apresentado o laudo e ouvido o adotando teraacute vistas o Ministeacuterio Puacutebico
apoacutes a manifestaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico no prazo tambeacutem de 5 (cinco) dias o
juiz proferiraacute a sentenccedila
A sentenccedila judicial transitada em julgado seraacute inserida no registro civil mediante mandado do qual natildeo
se forneceraacute certidatildeo O mandado judicial cancelaraacute o registro de nascimento original do menor conforme
o artigo 16 da Lei nordm 601573 E a inscriccedilatildeo no registro constaraacute o nome dos adotantes
como pais e o nome dos seus ascendentes Assim o menor ingressa na famiacutelia do adotante
se desvinculando da famiacutelia natural
24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO
241 Efeitos pessoais
Satildeo alguns efeitos pessoais decorrentes da adoccedilatildeo62
____________________
61 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1996 p 60 62 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 430
rompimento automaacutetico do viacutenculo de parentesco com a famiacutelia de origem salvo os
impedimentos matrimocircniais (artigo 1626)
estabelecimento de verdadeiros laccedilos de parentesco civil entre adotante e adotado
abrangendo a famiacutelia do adotante (artigo 15282ordf parte)
transferecircncia definitiva e de pleno direito do poder familiar para o adotante se o adotante
for menor (artigo 1630 1634 1635 inciso V)
liberdade razoaacutevel em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo do nome do adotado (1627)
possibilidade de promoccedilatildeo da interdiccedilatildeo e inabilitaccedilatildeo do pai ou matildee adotiva pelo
adotado ou vice-versa (artigo 1768)
determinaccedilatildeo do domiacutecilio do adotado menor de idade que adquire o do adotante
242 Efeitos patrimoniais
Satildeo alguns efeitos patrimoniais produzidos pela adoccedilatildeo63
direito do adotante de administraccedilatildeo e ususfruto dos bens do adotado menor (artigo 1689
1691e 1693)
obrigaccedilatildeo do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar (artigo
1634)
dever do adotante de prestar alimentos ao adotado (artigo 1694 1696 e 1697)
direito a indenizaccedilatildeo do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante
responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menor de idade
______________
81 Op cit p 31 p 432
direito sucessoacuterio do adotado visto que se equipara ao filho advindo de parentesco
cosanguineo herdado em concorrecircncia com o cocircnjuge sobrevivente ou convivente do
falecido na qualidade de descendente do autor da heranccedila afastando todos os demais
herdeiros do adotante que natildeo tenham a qualidade de filho (artigo 1829 inciso I e
1790incisos I e II)
reciprocidade nos efeitos sucessoacuterios (artigo 1829 inciso II e 1790 inciso III)
filho adotivo natildeo estaacute compreendido na exceccedilatildeo do Coacutedigo Civil artigo 1790 inciso I
rompimento de testamento se sobrevier filho adotivo (artigo 1973)
direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciaacuterio (artigo 1951 a 1960)
superviniecircncia de filho adotivo pode revogar doaccedilotildees feitas pelo adotante ( artigo 1846 e
1789)
Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso
de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do
oacutebito64
25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO
Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se
obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do
negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do
ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade
____________
64 Op cit p 32 p 435
deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea
A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-
se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico
Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade
anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo
251 Nulidade da adoccedilatildeo
Seraacute nula a adoccedilatildeo que65
em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16
anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619
a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a
mesma pessoa (artigo 1622)
o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)
vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude
252 Anulabilidade da adoccedilatildeo
Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66
a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente
incapaz
ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado
____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435
consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz
vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores
a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado
253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo
Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67
pela falta de consentimento do adotante e adotado
pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou
interdiccedilatildeo civil
pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico
26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO
A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes
motivos68
pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil
Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a
madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave
enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou
neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade
pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil
____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437
Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste
contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a
honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila
pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue
quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva
pela morte do adotante e adotado
27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO
Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a
finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo
avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante
e adotado69
Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute
prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com
facilidade a nova famiacutelia
O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a
ser adotado
Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a
extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo
atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil
____________
69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340
28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das
crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a
prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave
poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato
infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e
ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70
A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual
adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou
tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da
juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil
Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida
familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco
passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado
29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL
A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e
do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da
Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave
crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave
educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave
__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41
convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71
Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada
por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por
procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da
adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda
de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida
pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo
por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72
Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo
de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes
independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos
havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e
qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73
Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos
adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do
bem estar do adotado
210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO
A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser
incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e
educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta
assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria
___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438
Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como
com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo
dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos
pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco
pessoal e social nas ruas das grandes cidades
Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia
importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees
sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia
Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem
por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades
coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e
ceacutelere
Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria
com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e
defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do
proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os
procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados
Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo
atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o
instituto da adoccedilatildeo
A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de
_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em
lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que
querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave
crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico
educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e
na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos
e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o
desenvolvimento da cidadania
Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que
tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria
Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir
211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO
Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75
Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma
simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo
A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais
os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a
situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem
adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda
________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser
proporcionada pelas pessoas sem adotar
Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva
jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os
interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais
vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito
simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses
O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida
cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior
(adoccedilatildeo internacional)
CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees
estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil
Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente
A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida
excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido
por pessoa residente no Paiacutes
A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico
conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei
supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida
sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76
Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo
juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a
decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham
falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm
80699077
Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da
Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da
CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia
____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464
Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por
estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos
interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas
atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os
bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal
intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando
verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em
moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias
maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado
enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees
escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos
especialmente do menorrdquo78
Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante
nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado
tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a
perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e
economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila
passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco
e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79
Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas
___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438
Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil
A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver
medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo
internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda
possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o
seu ingresso em famiacutelia substituta
Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo
internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem
conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas
Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em
seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser
interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores
para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que
visem lucro80
Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas
pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator
determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas
famiacutelias substitutas
32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR
ESTRANGEIROS
A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo
seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e
condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________
80 Op Cit p 44 p 438
parte de estrangeiros
Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida
excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo
acarreta o adotante aacute desistecircncia
Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81
impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo
estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro
residente ou domiciliado fora do paiacutes
comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de
seu paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia
especializada e credenciada no paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido
do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico
juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente
autenticados pela autoridade consular
permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a
consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo
Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e
cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no
miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos
de idade
___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439
podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar
prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista
A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82
lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo
reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante
lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica
Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de
Adoccedilatildeo de Menores de 1984)
33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA
A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua
finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores
Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia
prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse
superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas
__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485
A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo
Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de
garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados
contratantes83
Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a
Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo
Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84
requisitos para a adoccedilatildeo internacional
requisitos processuais
reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo
De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo
em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o
interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras
_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486
CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a
grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo
igualmente a possibilidade da poder adotar
A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade
Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas
aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de
constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a
reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois
assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir
famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86
Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a
uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm
sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo
Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87
____________
86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho
mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49
A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios
E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por
homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se
espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem
homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila
se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais
homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos
tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte
de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo
16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo
se forem marido e mulher
Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89
____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da
uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos
homossexuais
42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA
E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a
situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos
casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo
juriacutedica podem os casais homossexuais adotar
No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo
homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes
da jurisprudecircncia
E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a
regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais
Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata
da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo
tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um
dos parceiros90
Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo
5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a
primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei
____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade
Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca
pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do
bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais
homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve
levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo
decidindo sempre pelo bem-estar do menor91
A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece
Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao
adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo
ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia
familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo
()
sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute
casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros
A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee
Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de
estado civil
______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005
Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92
Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que
homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo
poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante
O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de
adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual
diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro
de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93
______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo
da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum
cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito
Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94
Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais
homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95
Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo
sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel
privar os homossexuais do direito agrave adotar96
E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais
flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de
tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar
seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles
que lhe acolhem97
______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53
No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo
barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao
seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira
da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da
histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a
mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para
atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem
a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua
companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de
crianccedilas devem igualmente poder adotar98
Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no
aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes
de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o
preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99
Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida
pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato
Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo
________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53
CONCLUSAtildeO
A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia
E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto
no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio
Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988
Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade
Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente
A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva
Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros
por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores
Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade
Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a
sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do
Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo
Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e
principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que
pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da
adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e
venda de crianccedilas para o estrangeiro
A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente
estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse
baseado nos artigos 1618 a 1629
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52
Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de
amor carinho e solidariedade
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 6023 informaccedilatildeo e
documentaccedilatildeo referecircncias ndash elaboraccedilatildeo Rio de Janeiro 2002
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VENOSA Siacutelvio de Salvo DireitoCivil VI ndashDireito de Famiacutelia 3 ed Satildeo Paulo Atlas
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WALD Arnald O Novo Direito de Famiacutelia 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2002 p217-225
famiacutelia legiacutetima como uma das possibilidades de se fraudar as normas vigentes que
proibiam o reconhecimento de filhos adulterinos e incestuosos5
_____________ 1 VENOSA Silvio de Salvo Direito Civil Direito de FamiacuteliaSatildeo Paulo Atlas 2003 p 315 2 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo noCoacutedigoCivil e no Estatuto do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1993 p 2 3 SZNICK Waldir Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 26 4 Op cit p 1 p 1 5 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo 1999 p 27 2 ndash Natureza Juriacutedica
A natureza juriacutedica do instituto da adoccedilatildeo sempre foi muito controversa tendo em
vista que para alguns doutrinadores a adoccedilatildeo apenas eacute uma relaccedilatildeo juriacutedica e para outros eacute
negoacutecio unilateral tendo em vista a vontade do adotante6
Alguns autores entendem que a adoccedilatildeo seria uma forma de um contrato devido agrave
bilateralidade do ato pois eacute necessaacuterio a manifestaccedilatildeo de duas vontades do adotante e a do
adotado
Para outros autores a adoccedilatildeo eacute instituto juriacutedico de ordem puacuteblica pois eacute preciso a
manifestaccedilatildeo do Estado declarando ou natildeo a possibilidade da adoccedilatildeo
No Estatuto da Crianccedila e do Adolescente natildeo prevalecia apenas a bilateralidade de
vontades pois o Estado participa de forma ativa e necessaacuteria exigindo uma sentenccedila
judicial pois sem esta natildeo haveraacute adoccedilatildeo
Jaacute no Coacutedigo Civil de 1916 tinha a adoccedilatildeo natureza de contrato devido agrave solenidade
exigida na lei da escritura puacuteblica realccedilando a natureza negocial do instituto como contrato
de famiacutelia e havia duas formas distintas de adoccedilatildeo a simples e a plena e cada uma delas
apresentava natureza proacutepria 7
Com o advento do Coacutedigo Civil de 2002 a adoccedilatildeo passou a requerer tambeacutem a
presenccedila Estado dos adotantes e somente dar-se atraveacutes de sentenccedila judicial
Assim ao conceituar o instituto da adoccedilatildeo podemos conjeturar que a adoccedilatildeo se logra
na esfera da vontade dos particulares na forma da lei criando entre essas pessoas estranhas
uma relaccedilatildeo semelhante agraves oriundas da filiaccedilatildeo legiacutetima resultante da filiaccedilatildeo de sangue
_____________ 6 Op cit p 20 p 316 7 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p316 3 ndash Evoluccedilatildeo Legislativa da Adoccedilatildeo
No Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo do Coacutedigo Civil de 1916 vigoravam as Ordenaccedilotildees
Afonsinas Filipinas e Manuelinas advindas do direito portuguecircs
Como advento do Coacutedigo Civil de 1916 ocorreu a sistematizaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos
artigos 368 a 378 que definia a adoccedilatildeo como o ato civil pelo qual algueacutem aceita um
estranho na qualidade de filho contudo tal conceito trazia consigo as suas restriccedilotildees8
a) pessoas com mais de 50 anos exigia-se a diferenccedila miacutenima de 18 anos entre adotado
e adotantee natildeo havia direito de sucessatildeo pois o adotado nada herdaria
Com o advento da Constituinte de 1988 nos paraacutegrafos 5ordm e 6ordm consegui-se eliminar
todas as restriccedilotildees pertinentes agrave diferenccedila entre filhos adotivos ilegiacutetimos passando o filho
adotivo a ter os mesmos direitos garantias e deveres do filho bioloacutegico9
A partir de 1990 o Estatuto passou a regula a adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a
data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou tutela dos adotantes
Jaacute o novo Coacutedigo Civil - Lei nordm 1040602 trata desse instituto nos artigos de 1618 a
1629 passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que originariamente natildeo eacute e com este
cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com todos os direitos e obrigaccedilotildees passando inclusive
a adoccedilatildeo a ser irrestrita10
Ressalto que no Coacutedigo Civil de 1916 havia previsatildeo para a adoccedilatildeo plena e adoccedilatildeo
simples A Adoccedilatildeo Simples era regida pelo Coacutedigo Civil de 1916 e a Lei 313357 era
concernente ao viacutenculo de filiaccedilatildeo que se estabelecia entre adotante e adotado o adotante
poderia ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos11
________________ 8 12 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeiro 1996 p 41 9 Constituiccedilatildeo Federal EC nordm 45 Rio de Janeiro Victor Roma 2005 p 148 10 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003 p 423 11 Opcit p 3 p 424
E Adoccedilatildeo Plena era a espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser
irrevogavelmente para todos os efeitos legais filhos dos adotantes desligando-se de
qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais12
A Lei nordm 806990 ndash ECA ndash Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo
para os menores de 18 anos O Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute
maior de 18 anos E ambos adotam o sistema da sentenccedila judicial
Para que a adoccedilatildeo ocorra e necessaacuterio o cumprimento de diversos requisitos alguns
de aspectos formais outros pessoais e os requisitos processuais que geraram seus efeitos
E por fim ressalto que na adoccedilatildeo poderaacute ocorrer a sua extinccedilatildeo nas modalidades de
nulidade anulabilidade e inexistecircncia13
Quando ocorrer viacutecio de fraude eou simulaccedilatildeo quando natildeo houver a diferenccedila
miacutenima de 16 anos entre adotante e adotado e nos casos do casal natildeo forem marido e
mulher ou conviventes ocorreraacute a nulabilidade da adoccedilatildeo14
Jaacute a anulabilidade ocorreraacute quando houver a falta de consentimento dos pais tutor ou
curador a adoccedilatildeo do relativamente incapaz ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda
se encontra o menor interditado o consentimento manifestado somente pelo adotado
relativamente incapaz vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou
fraude contra credores agrave falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do
consorte adotado15
E quando ocorrer a falta de consentimento do adotante e adotado ou a falta de
objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou interdiccedilatildeo civil e
______________ 12 Op cit p 3 p 424 13 Op cit p 3 p 435 14 Op cit p 3 p435 15 Op cit p 3 p 437
pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico ocorreraacute a
inexistecircncia da adoccedilatildeo16
Poderaacute tambeacutem ocorrer agrave revogaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos seguintes casos pela vontade do
adotante e do adotado pela deserdaccedilatildeo e pela indignidade
4 ndash A adoccedilatildeo Internacional
A adoccedilatildeo internacional tem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila
e do Adolescente ao qual disciplina a possibilidade da adoccedilatildeo por estrangeiros por
estrangeiros17 Mas essa possibilidade de adoccedilatildeo por estrangeiros somente ocorreraacute nos
casos em que a crianccedila jaacute tenha uma tenha sua situaccedilatildeo juriacutedica definida ou seja que jaacute
possua sentenccedila transitada em julgado declarando a decretaccedilatildeo da perda do poder familiar
ou nos casos de haver declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham falecido e este menor esteja
sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm 80699018
Ressalvando os casos em que se dever tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por
estrangeiros residentes no exterior referente ao traacutefico venda e sequumlestro de crianccedilas para o
exterior
Passo importante para a adoccedilatildeo no Brasil foi agrave Convenccedilatildeo de Haia que ratifica o
interesse das crianccedilas a serem adotadas e coibindo o sequumlestro de menores o traacutefico e a
venda de crianccedilas A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo
ratificada em nosso ordenamento juriacutedico atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril
de 1995 cujo objetivo eacute o de garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo
entre os Estados contratantes19
_______________ 17 Op cit p 3 p 61 18 Op cit p 3 p 61 19 Op cit p 3 p 485 5 ndash Os projetos de conscientizaccedilatildeo e incentivos da Adoccedilatildeo
Atualmente o Juizado da Infacircncia e juventude do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo
em parceria com oacutergatildeos natildeo governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo
da adoccedilatildeo dentre outras atividades atraveacutes de Projetos Especiais que tem por objetivo a
colocaccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco pessoal e social nas ruas
das grandes cidades em famiacutelias substituas uma vez que toda crianccedila ou adolescente tem
direito a ser criado e educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente em famiacutelia
substituta assegurada a convivecircncia familiar e comunitaacuteria
Tal projeto vinculado pela 1ordf Vara da Infacircncia e Juventude do Rio de Janeiro lanccedilou
a cartilha da adoccedilatildeo com o intuito de esclarecer e incentivar a adoccedilatildeo20
Projeto semelhante foi lanccedilado pela 1ordf Vara da Infacircncia e Juventude de Vitoacuteria ndash ES
tambeacutem lanccedilou recentemente a obra ldquo111 perguntas sobre a adoccedilatildeordquo21
Ambos os projetos satildeo tem por objetivo esclarecer e incentivar a adoccedilatildeo como ponto
de referecircncia importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional
das accedilotildees sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter uma famiacutelia Assim
podemos constatar que a cartilha traz todo o rol de procedimentos e esclarecimentos a
aqueles que queiram adotar sejam eles residentes no Brasil ou no Exterior
7ndash A adoccedilatildeo por Homossexuais
A grande discussatildeo hoje rebatida pela sociedade seria a da possibilidade de
homossexuais poderem ou natildeo adotar
_____________ 20 Cartilha da adoccedilatildeodipsonovellt wwwjuizadodainfanciaejuventudeorgbrgtAcesso em 30out 2004 21 Cartilha da adoccedilatildeo Disponiacutevelwwwtjesgovbr Acesso em 30 out 2004 Na verdade vaacuterios satildeo os fatos alegados a natildeo possibilidade de adoccedilatildeo pelos
homossexuais como a diferenccedila da formaccedilatildeo da famiacutelia que fugiria aos padrotildees da
formaccedilatildeo da famiacutelia heterossexual da nossa sociedade
De certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se
estabelecer-se e contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos
homossexuaisrdquo tem de ser respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela
sociedade e pelo Estado21
Vaacuterios argumentos e sofismas satildeo utilizados para a natildeo legalizaccedilatildeo da adoccedilatildeo por
homossexuais mas o que prepondera realmente eacute o preconceito e o que deveria mesmo ser
visado que seria o interesse do adota natildeo estaacute sendo colimado
De fato em nosso ordenamento juriacutedico natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito
positivo para validar a uniatildeo homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecer o
direito a uniatildeo homossexual atraveacutes da jurisprudecircncia E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem
em nosso ordenamento juriacutedico a regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais
Mas tambeacutem natildeo haacute legislaccedilatildeo que proiacuteba a adoccedilatildeo de menores por homossexuais
O que presenciamos sim seria a violaccedilatildeo de direitos aos homoafetivos pois fica clara a
violaccedilatildeo ao direito a igualdade e a isonomia Assim como tambeacutem natildeo haacute restriccedilatildeo legal
quanto a formaccedilatildeo da famiacutelia que deveria ser somente heterossexual
Acredito que o que se deva levar em consideraccedilatildeo eacute a situaccedilatildeo de fato do menor a ser
adotado de ser resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe
um lar seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual
____________ 21 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005
daqueles que lhe acolhem22
Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no
aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruas com
grandes possibilidades de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que
tecircm por fundamento o preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o
inteacuterprete inovar23
Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida
pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato
Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo
E nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na
aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem
comum cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao
Coacutedigo Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do
Direito
Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave
adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do
adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente
iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando
devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo24
Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais
homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato25
____________ 22 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 23 Op Cit P 8 24 Op Cit P 8 25 Op Cit P 8
Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo
sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel
privar os homossexuais do direito agrave adotar26
E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais
flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de
tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar
seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles
que lhe acolhem27
Portanto fica bem claro que eacute importante deixar de lado as barreiras do preconceito
___________ 26 Op Cit P 8 27 Op Cit P 8
BIBLIOGRAacuteFIA
ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 6023 informaccedilatildeo e
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______ Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo
com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo
Paulo Revista dos Tribunais 2003 p 452-459
DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia 18 ed Satildeo
Paulo Saraiva 2002 p 423-446
KAUSS Omar Gama Bem Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente 2 ed Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1983 p 7-64
OLIVEIRA J M Leoni Lopes de Guarda Tutela e Adoccedilatildeo 5 ed Rio de Janeiro Luacutemen
Iuris 2002 p 147-193
PEREIRA Caio Mario da Silva Instituiccedilotildees de Direito Civil ndash V 11 ed Rio de Janeiro
Forense 2000 p 171-185
SCINICK Valdir Adoccedilatildeo 3 ed Satildeo Paulo Leud1999 p 19-519
SIQUEIRA Liboacuterni Adoccedilatildeo Doutrina e Jurisprudecircncia 10 ed Rio de Janeiro Folha
Carioca 2004 p 21-328
VENOSA Siacutelvio de Salvo DireitoCivil VI ndashDireito de Famiacutelia 3 ed Satildeo Paulo Atlas
2003 p 315-351
_______ Direito Civil V ndash Direito de Famiacutelia V ed Satildeo Paulo Atlas 2001p 257-283
WALD Arnald O Novo Direito de Famiacutelia 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2002 p217-225
CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO
12 LINEAMENTOS HISTOacuteRICOS
Historicamente o instituto da adoccedilatildeo desde os tempos mais primoacuterdios era utilizado
por nossos antepassados e com o passar dos tempos evoluiu tanto no aspecto social quanto
no aspecto juriacutedico
No direito primitivo a famiacutelia era a unidade social econocircmica e religiosa e a adoccedilatildeo
constituiacutea-se como um meio eficaz de perpetuar a famiacutelia e a religiatildeo domeacutestica ao qual
transferia-se os bens familiares pois nessa eacutepoca natildeo se conhecia do testamento1
No direito romano os imperadores utilizavam-se do instituto para designar os seus
sucessores e seus futuros Chefes de Estados deixando a adoccedilatildeo de ser um instrumento de
direito privado e passando a ser instrumento de direito puacuteblico2
E a maior prova de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor solidariedade
encontra-se narrado na Biacuteblia no nascimento de Jesus Cristo fruto
esse concebido pelo Divino Espiacuterito Santo para mostrar que natildeo haacute a
necessidade de casamento da conjunccedilatildeo carnal e de todas as
concepccedilotildees do homem para que se conceba um filho3
Tal instituto teve sua origem fundada na Biacuteblia no Coacutedigo de Hamurabi e nas Leis
de Manu4
__________ 1 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 218 2 SIQUEIRA Liboacuterni Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 34 3 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Luacutemen Iuris 1996 p 1 4 Op cit p 11 p 218
No Coacutedigo de Manu o instituto da adoccedilatildeo encontram-se descrito na Lei IX 10
ldquoAquele a quem a natureza natildeo deu filhos pode adotar um para que as cerimocircnias fuacutenebres
natildeo cessemrdquo5
As Leis de Manu determinavam que a adoccedilatildeo somente seria possiacutevel entre um
homem e um rapaz da mesma classe social e que o adotado tivesse todas as qualidades
apreciadas num filho6
Jaacute o Coacutedigo de Hamurabi eacute considerado o documento mais antigo que se tenha
notiacutecia antes de Cristo O instituto no Coacutedigo de Hamurabi era conhecido como ldquoSentenccedilas
de Direitordquo traz em seus artigos 185 a 193 e o define como ldquomacircrucircturdquoArt 185 ndash Se algueacutem
toma em adoccedilatildeo uma crianccedila ou a educa esta natildeo pode ser reclamadardquo7
Nas passagens biacuteblicas eacute possiacutevel exemplificarmos algumas dessas noccedilotildees do
instituto da adoccedilatildeo ao relatarmos alguns casos como a histoacuteria de Moiseacutes que foi adotado
por Termulus quando o encontrou agraves margens do Rio Nilo na de Mordecai que criou Eacutester
como uma irmatilde e ainda na proacutepria histoacuteria de Joseacute do Egito adotado por Potifar8
Os Hebreus chamavam a adoccedilatildeo pelo nome de ldquoleviratordquo9
De acordo com a Biacuteblia poderiam adotar tanto o pai como a matildee e a adoccedilatildeo soacute se
dava entre parentes A mulher esteacuteril poderia adotar os filhos da serva que ela havia
conduzido ao taacutelamo do marido10
__________ 5 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Luacutemen Iuris 1996 p 21 6 Op cit p 12 p 21 7 Op cit p 12 p 25 8 SZNICK Waldir Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 26 9 Op cit p 12 p 26 10 Op cit p 12 p 26
Para os Romanos a adoccedilatildeo era o ato legislativo pelo qual algueacutem perfilha um filho
que natildeo se gerou tendo em vista a necessidade da perpetuaccedilatildeo do culto domeacutestico que
tinha um valor sacral Para os romanos havia dois tipos de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo e a
adrogatio11
A adoccedilatildeo ou adoptio era instituto de direito privado destinado ao alieni juacuteris para
quem tivesse sob o paacutetrio poder da Lei das XII Taacutebuas Jaacute a adrogatio pertencia ao direito
puacuteblico a doaccedilatildeo de sui juacuteris como filho na famiacutelia de um pater famiacutelias12
Para os Gregos a adoccedilatildeo rompia todos os laccedilos da famiacutelia anterior sequer poderia
prestar o funeral dos pais anteriores A adoccedilatildeo tinha o nome de Teacutesis tambeacutem conhecida
como Ampasis13
O Direito Canocircnico desconheceu a adoccedilatildeo ateacute certo ponto e se manifestava com
reservas A igreja via a adoccedilatildeo como uma ressalva ao casamento e agrave constituiccedilatildeo da famiacutelia
legiacutetima como uma das possibilidades de se fraudar as normas vigentes que proibiam o
reconhecimento de filhos adulterinos e incestuosos14
Na Idade Meacutedia a adoccedilatildeo sucede ao processo histoacuterico da famiacutelia romana tecircm o
mesmo objetivo destinado ao culto domeacutestico daqueles que natildeo tinham descendentes
Nessa eacutepoca Justiniano reformou o instituto da adoccedilatildeo seguindo as linhas das instituiccedilotildees
orientais em especial as helecircnicas mas permanecendo a adoccedilatildeo claacutessica 15
Portanto nesse periacuteodo Justiniano a adoccedilatildeo era o ato solene pelo qual se admite em
lugar de filho quem por natureza natildeo ostenta tal qualidade16
_____________ 11 ZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 27 12 Op cit p 13 p 32 13 Op cit p 13 p 26 14 WALD Arnoldo O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo PauloSaraiva 15 SIQUEIRA Liboacuterni Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 35 16 Op cit p13 p 35
Na eacutepoca moderna o instituto da adoccedilatildeo teve a sua inspiraccedilatildeo no Direito Romano
sendo encontrado no Coacutedigo de 1683 promulgado na Dinamarca por Christian V Na
Alemanha tal instituto encontra-se no Coacutedigo de Pressuniano promulgado por Frederico
Guilherme II em 1751 e no Codex Maximilianus da Bavaacuteria de 175617
Essa legislaccedilatildeo influenciou o Coacutedigo Napoleocircnico de 1791 apesar da normativa
sobre o instituto da adoccedilatildeo natildeo houve uma aceitaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo frequumlente tendo em vista
a suspeita de favorecimento a fraude e agrave lei fiscal18
O Coacutedigo Napoleocircnico de 1971 contemplava quatro tipos de adoccedilatildeo19
a) adoccedilatildeo ordinaacuteria ndash depende de homologaccedilatildeo judicial permitida a maiores de50 anos
e diferenccedila de 15 anos entre o adotado altera nome tem direitos sucessoacuterios
b) adoccedilatildeo remuneratoacuteria ndash destinada a quem tivesse salvo a vida do adotando
irrevogaacutevel
c) adoccedilatildeo testamentaacuteria ndash permitida ao tutor apoacutes 5 anos de tutela
d) tutela oficiosa ndash uma espeacutecie de adoccedilatildeo provisoacuteria em favor dos menores
Por fim as Ordenaccedilotildees advieram do direito geral portuguecircs primeiro as Ordenaccedilotildees
Afonsinas de 1446 a 1514 que para o Brasil entraram em vigor agrave partir de 1500 sendo esta
substituiacuteda pelas Ordenaccedilotildees Manuelinas em 1514 e por uacuteltimo as Ordenaccedilotildees Filipinas em
1603 que vigoraram ateacute a promulgaccedilatildeo do da Lei nordm Coacutedigo Civil em 191620
_____________ 17 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo PauloLeud 1999 p 40 18 Op cit p 14 p 40 19 Op cit p 14 p 41 20 Op cit p 14 p 41
Nessa fase a adoccedilatildeo era regulada por inuacutemeros textos e passagens sem uma norma
especiacutefica
Com as Ordenaccedilotildees o instituto adquiriu o nome de perfilhamento e tinha como
objetivo tornar como herdeiro na sucessatildeo o filho tido mesmo que fosse o filho espuacuterio ou
o filho adulterino21
Com a independecircncia as Ordenaccedilotildees passaram a perder a sua validade em nosso
ordenamento juriacutedicoem virtude dos inuacutemeros diplomas e regulamentos que passaram a
vigorar na eacutepoca poreacutem a revogaccedilatildeo total soacute ocorreu com o advento do Coacutedigo Civil de
191622
12 CONCEITO
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de
solidariedade ou seja a chance de crianccedilas e adolescentes de terem um lar uma famiacutelia jaacute
que foram desprovidos de alguma forma de seus familiares
Para o conceito de adoccedilatildeo existem vaacuterias definiccedilotildees Em uma conceituaccedilatildeo simples e
clara podemos dizer que a adoccedilatildeo eacute um ato juriacutedico que tem por finalidade criar entre duas
pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue23
Ainda pode ser definida como o ato de ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco civil
portanto de suma importacircncia para a sociedade brasileira tendo em vista que tal ato
juriacutedico coaduna na esfera da vontade dos particulares com a devida permissatildeo da lei
__________ 21 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 42 22 Op cit p 15 p 42 23 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147
criando entre essas pessoas estranhas uma relaccedilatildeo anaacuteloga como agraves oriundas da filiaccedilatildeo
legiacutetima24
A adoccedilatildeo tambeacutem pode ser conceituada como o ato juriacutedico pelo qual o viacutenculo
familiar eacute criado em virtude do proacuteprio ato pelo legislador25
Alguns autores definem a adoccedilatildeo apenas como o instituto que daacute ao filho adotivo o
status idecircntico ao do filho legiacutetimo
Passamos a analisar a conceituaccedilatildeo dos seguintes juristas
Para Clovis Bevilacqua a adoccedilatildeo se destinava a suprir a falta de filho que tem como
ato civil aacute aceitaccedilatildeo de um estranho como filho26
Para a Profa Maria Helena Diniz a adoccedilatildeo eacute uma instituiccedilatildeo de caraacuteter humanitaacuterio
que tem por um lado dar aqueles a quem a natureza negou um lar e uma famiacutelia e por outro
lado a uma finalidade assistencial constituindo um meio de melhorar a condiccedilatildeo moral e
material do adotado27
Para Walter Gaspar a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica a qual se estabelece uma relaccedilatildeo
de parentesco que independe do fato natural da procriaccedilatildeo28
Para Orlando Gomes a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece independente
do fato natural o viacutenculo de filiaccedilatildeo legal que permite a constituiccedilatildeo entre duas pessoas do
laccedilo de parentesco do primeiro grau em linha reta29
_________ 24 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 25 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 26 Op cit p 16 p 63 27 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 28 GASPAR Walter Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003 p 315 29 ORLANDO Gomes Instituiccedilotildees de Direito Civil Satildeo Paulo Forense1996 p 226
Jose Maria Leoni Lopes de Oliveira define a adoccedilatildeo como um instituto juriacutedico que
procura imitar a filiaccedilatildeo natural30
Para Silvio Rodrigues a adoccedilatildeo eacute o ato do adotante pelo qual ele traz para a sua
famiacutelia e na condiccedilatildeo de filho pessoa que lhe eacute estranha31
Para Caio Mario da Silva a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual uma pessoa recebe
outra como filho independentemente de existir entre elas qualquer relaccedilatildeo de parentesco
cosanguiacuteneo ou afim32
Para Antunes Varella a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece entre duas
pessoas adotante de um lado e adotado de outro independente dos laccedilos de sangueuma
relaccedilatildeo legal de filiaccedilatildeo33
Para o Prof Arnoldo Wald a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco
civil Eacute um ato juriacutedico bilateral que gera laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre pessoas para
as quais tal relaccedilatildeo inexiste materialmente34
Para Carbonnier a filiaccedilatildeo adotiva eacute uma filiaccedilatildeo puramente juriacutedica que repousa
na pressuposiccedilatildeo de uma realidade natildeo bioloacutegica mas afetiva35
E para Dusi a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico solene em virtude do qual agrave vontade dos
particulares com a permissatildeo da lei cria entre pessoas naturalmente estranhas uma a outra
relaccedilotildees anaacutelogas as oriundas da filiaccedilatildeo legiacutetima36
__________ 31 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147 32 Direito Civil ndash Famiacutelia Satildeo Paulo Forense 1999 p330 48 op Cit p 17 p 330 33 Op Cit p 17 p 148 534WALD Arnold O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 35 Op cit p 17 apud Droit Civil 2 ndash La Famile nordm 354 p 519 36 Op cit p 17 p 217
No contexto das diversas definiccedilotildees atribuiacutedas a adoccedilatildeo podemos
verificar que esta se contrapotildee-se a filiaccedilatildeo legiacutetima ou natural por
sua caracteriacutestica artificial pois resulta da manifestaccedilatildeo de vontade e
de sentenccedila judicial Enquanto a filiaccedilatildeo natural tem seu viacutenculo
formado apenas no sangue
Contudo os efeitos da adoccedilatildeo em nosso ordenamento juriacutedico geram
as mesmas relaccedilotildees da filiaccedilatildeo natural
13 NATUREZA JURIacuteDICA
A natureza juriacutedica da adoccedilatildeo sempre foi muito controvertida para alguns
doutrinadores a adoccedilatildeo apenas eacute uma relaccedilatildeo juriacutedica enquanto para outros eacute negoacutecio
unilateral tendo em vista a vontade do adotante37
Com o passar dos tempos a mudou a sua finalidade antes se destinava
a atender aos interesses religiosos dos adotantes hoje se preocupa
mais com o interesse dos adotados objetivando proporcionar uma
famiacutelia38
A dificuldade em definir a natureza juriacutedica da adoccedilatildeo decorre da sua
natureza e da origem do seu ato
Assim para alguns autores adoccedilatildeo seria uma forma de contrato
devido agrave bilateralidade do ato pois eacute preciso a manifestaccedilatildeo de duas
vontades a do adotante e do adotado Sendo que agraves vezes o adotado eacute
representado poreacutem a vontade do adotando inexiste em algumas
situaccedilotildees o que dificulta a compreensatildeo dessa doutrina39
__________ 37 Op cit p 17 p 320 38 Op cit p 17 p 149 39 Op cit p 17 p 320
Para outros autores a adoccedilatildeo eacute instituto juriacutedico de ordem puacuteblica sendo necessaacuterio
a manifestaccedilatildeo do Estado declarando ou natildeo a adoccedilatildeo40
No Coacutedigo Civil de 1916 a adoccedilatildeo tinha a natureza de contrato
devido agrave solenidade exigida na lei da escritura puacuteblica realccedilando a
natureza negocial do instituto como contrato de famiacutelia disposto no
artigo 37541
Nessa eacutepoca havia duas formas distintas de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo simples
e a adoccedilatildeo plena e cada uma delas apresentava natureza proacutepria42
No Estatuto natildeo prevalece apenas a bilateralidade de vontades pois o Estado
participa de forma ativa exigindo-se tambeacutem uma sentenccedila judicial pois sem esta natildeo
haveraacute adoccedilatildeo 43
O Coacutedigo Civil de 2002 requer a presenccedila dos adotantes do Estado e somente
ocorreraacute se for atraveacutes de sentenccedila judicial
Pode-se assim concluir que a adoccedilatildeo eacute um ato complexo o
qual tem na sua primeira fase um caraacuteter negocial em seguida a
manifestaccedilatildeo de vontade dos adotantes e adotados e em sua segunda
fase tem caraacuteter judicial a fim de verificar a conveniecircncia ou natildeo da
adoccedilatildeo que culmina com a sentenccedila judicial44
Portanto a accedilatildeo de adoccedilatildeo eacute accedilatildeo do estado de caraacuteter constitutivo
conferindo a posiccedilatildeo de filho ao adotado atraveacutes de sentenccedila judicial
____________ 40 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p320 41 Op cit p 19 p 316
42 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Rio de Janeiro Atlas 2001 p 257 43 Op cit p 19 p 320
44 Op cit p 19 p 316 14 EVOLUCcedilAtildeO LEGISLATIVA DA ADOCcedilAtildeO
No Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 3071 de 01 de maio de 1916 vigoravam as
Ordenaccedilotildees Afonsinas Filipinas e Manuelinas45
Com o advento do Coacutedigo Civil de 1916 ocorreu a sistematizaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos
artigos 368 a 378 de caraacuteter essencialmente privado
Todavia o nosso direito paacutetrio da eacutepoca revelava as influecircncias do direito romano
do direito canocircnico das Ordenaccedilotildees Afonsinas Manuelinas e Filipinas46
No coacutedigo de 1916 a adoccedilatildeo era definida como o ato civil pelo qual algueacutem aceita
um estranho na qualidade de filho contudo tal conceito trazia consigo as suas restriccedilotildees47
Nessa eacutepoca havia restriccedilotildees quanto agrave adoccedilatildeo pois a mesma se destinava a habilitar
pessoas com mais de 50 anos exigindo a diferenccedila miacutenima de 18 anos entre adotado e
adotante e natildeo haveria direito de sucessatildeo ao adotado
Em 1957 adveio o Estatuto da adoccedilatildeo - Lei nordm 3133 de 08 de maio de 1957 E em
1979 o Coacutedigo de Menores Lei nordm 6667 de 10 de outubro de 1979 ambos traziam algumas
modificaccedilotildees que eliminava certas restriccedilotildees do Coacutedigo Civil de 191648
Algumas dessas modificaccedilotildees trazidas foi a de possibilidade de se adotar aos 30
anos e a diferenccedila de idade entre adotando e adotado passou a ser de 16 anos eliminou-se
tambeacutem o preacute-requisito de que somente casais sem filhos poderiam adotar49
______________ 45 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 38 46 Opcit p 20 p 42 47 Opcit p 20 p 84 48 Opcit p 20 p 40 49 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo em 1988 e com o advento do Estatuto da
Crianccedila e do Adolescente ndash ECA em 1990 consegui-se eliminar todas as restriccedilotildees
pertinentes agrave diferenccedila entre filhos adotivos ilegiacutetimos eou aduacutelterinos50
Assim hoje o filho adotivo tem os mesmos direitos garantias e deveres dos filhos
bioloacutegicos artigo 227 sectordm da CRFB
A partir de 1990 as regras da adoccedilatildeo passaram a visar mais os interesses direitos e
reais e necessidades dos adotandos O que se pretendia era encontrar uma famiacutelia adequada
aos menores e natildeo a busca de uma crianccedila para aqueles que pretendem adotar51
Jaacute o novo Coacutedigo Civil trata desse instituto da aceitaccedilatildeo legal de estranho no seio
familiar nos artigos 1618 a 1629 passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que
originariamente natildeo eacute criando com este laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com todos os
direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo inexiste
naturalmente52
E corroborando com o instituto da adoccedilatildeo o nosso texto constitucional assegura em
seu artigo 227 o direito de se ter uma famiacutelia o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave
educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura ao respeito agrave dignidade agrave liberdade e a
convivecircncia familiar 53
Esse direito de se ter uma famiacutelia consagrado na Carta Magna adveacutem do direito
positivo brasileiro do direito natural do simples direito de se ter um lar
__________ 50 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 150 51 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41 52 As modificaccedilotildees introduzidas agrave partir do advento do Novo Coacutedigo Civil ndash Lei nordm 1040602 53 CONSTITUICcedilAcircO FEDERAL EC nordm 45 Rio de Janeiro 2005 p 149
A adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia da proteccedilatildeo ao adotado e cuja finalidade
eacute a de dar um lar aos menores criando para esses menores um ambiente familiar e o
equiparando o adotado como filho legiacutetimo
Egrave um instituto de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo agravequeles que precisam de um
lar amor carinho e dignidade
Tem por finalidade fundamental dar filhos agravequeles que natildeo podem ter
biologicamente e de dar pais agravequeles que se encontram desamparados por algum motivo
Assim a adoccedilatildeo que fugir desses paracircmetros a que estaacute destinada estaraacute distorcendo a
finalidade do ordenamento a que lei se destina
Ficando constatado que a adoccedilatildeo no Brasil constitui um imperativo de ordem eacutetica
de natureza constitucional pois natildeo se pode construir uma sociedade mentalmente satilde sobre
as bases de abandono de crianccedilas os futuros homens de amanhatilde
CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
A adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil de 1916 era regulada nos artigos de 368 a 378 Nesse
Coacutedigo havia previsatildeo legal para duas modalidades de adoccedilatildeo54
A adoccedilatildeo simples estabelecia o viacutenculo de filiaccedilatildeo entre adotante e adotado
podendo o adotante ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos regia-se pelo Coacutedigo
Civil de 1916 e pela Lei nordm 313355
A adoccedilatildeo plena era espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser
irrevogavelmente para todos os efeitos legais a ser filhos dos adotantes desligando-se de
qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais
introduzido pela Lei nordm 669779
Nesse Coacutedigo Civil a adoccedilatildeo aplicava-se aos maiores de 18 anos e realccedilava a sua
natureza negocial do instituto tendo em vista a solenidade da escritura puacuteblica que a lei
exigia como contrato de direito de famiacutelia Somente seria a adoccedilatildeo consumada com a
devida averbaccedilatildeo da escritura no registro civil e no ato da adoccedilatildeo seriam declarados quais
os nomes da famiacutelia passaria o adotado a usar
Eram requisitos para adoccedilatildeo nesta legislaccedilatildeo de 1916 que o adotante fosse 16 anos
mais velho que o adotando com mais de 30 anos de idade se o adotante fosse casado o
casamento deveria ter duraccedilatildeo superior agrave cinco anos duas pessoas natildeo poderiam adotar
conjuntamente se natildeo forem marido e mulher e o adotando com maior de 18 anos o tutor
ou curador poderiam adotar depois de prestadas as contas ocorria atraveacutes de escritura
puacuteblica havia previsatildeo de adoccedilatildeo por estrangeiros sem restriccedilatildeo55
______________ 54 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 55 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p 323
Com o advento da Lei nordm 104062002 o instituto da adoccedilatildeo passou a ser tratado nos
artigos de 1618 a 1629 como jaacute mencionado E por conta da nova legislaccedilatildeo a adoccedilatildeo
simples e a adoccedilatildeo plena deixam de existir passando a adoccedilatildeo ser irrestrita 56
Hoje o Novo Coacutedigo - Lei nordm 104062002 se preocupa em seus artigos com a
adoccedilatildeo de forma global ou seja com a adoccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes e principalmente
com a primazia do interesse do adotado
Assim o instituto da adoccedilatildeo passa a ser regido nos seguintes termos57
No art 1618 Somente pessoa maior de dezoito anos pode adotar
Analisando este artigo pode-se constatar que houve a reduccedilatildeo da idade miacutenima para
adotar antes exigida de 35 anos
E em seu Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo poderaacute ser formalizada por ambos os cocircnjuges
ou companheiros desde que um deles tenha completado dezoito anos de idade comprovada
a estabilidade da famiacutelia
Os artigos 1619 e 1620 natildeo tiveram alteradas a sua redaccedilatildeo
De acordo com o artigo 1619 o adotante haacute de ser pelo menos dezesseis anos mais
velho que o adotado E no artigo 1620 enquanto natildeo der contas de sua administraccedilatildeo e natildeo
saldar o deacutebito natildeo poderaacute o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o curatelado
O artigo 1621 descreve que a adoccedilatildeo depende de consentimento dos pais ou dos
representantes legais de quem se deseja adotar e da concordacircncia deste se contar mais de
doze anos
______________
56 Op cit p 23 p 425
57 Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003 p 452-459
sect 1o O consentimento seraacute dispensado em relaccedilatildeo agrave crianccedila ou adolescente cujos
pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder familiar
sect 2o O consentimento previsto no caput eacute revogaacutevel ateacute a publicaccedilatildeo da sentenccedila
constitutiva da adoccedilatildeo
O novo dispositivo diminui a idade miacutenima do adotado para manifestar o seu
consentimento para 12 anos no regime anterior era de 14 anos
De acordo co o artigo 1622 ningueacutem poderaacute ser adotado por duas pessoas salvo se
forem marido e mulher ou se viverem em uniatildeo estaacutevel
Neste artigo foi acrescentado o paraacutegrafo uacutenico que acrescenta a posiccedilatildeo da adoccedilatildeo
por companheiros ou daqueles que vivem em uniatildeo estaacutevel
Paraacutegrafo uacutenico Os divorciados e os judicialmente separados poderatildeo adotar
conjuntamente contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o
estaacutegio de convivecircncia tenha sido iniciado na constacircncia da sociedade conjugal
No artigo 1623 a adoccedilatildeo obedeceraacute a processo judicial observados os requisitos
estabelecidos neste Coacutedigo
Houve acreacutescimo na nova legislaccedilatildeo apenas do paraacutegrafo uacutenico ao qual foi atribuiacuteda a
seguinte redaccedilatildeo
Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo de maiores de dezoito anos dependeraacute igualmente da
assistecircncia efetiva do Poder Puacuteblico e de sentenccedila constitutiva
No artigo 1624 Houve a substituiccedilatildeo do ldquopaacutetrio poderrdquo por ldquopoder familiarrdquo sendo
ainda suprimida a palavra ldquomenor abandonadordquo trazido na legislaccedilatildeo de 1916
Assim dispotildee o artigo citado em que natildeo haacute necessidade do consentimento do
representante legal do menor se provado que se trata de infante exposto ou de menor cujos
pais sejam desconhecidos estejam desaparecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder
familiar sem nomeaccedilatildeo de tutor ou de oacuterfatildeo natildeo reclamado por qualquer parente por mais
de um ano
De acordo com o artigo 1625 somente seraacute admitida a adoccedilatildeo que constituir efetivo
benefiacutecio para o adotando sendo matida a mesma redaccedilatildeo
Jaacute no artigo 1626 houve acreacutescimo do paraacutegrafo uacutenico
Dipondo a seguinte redaccedilatildeo o caput a adoccedilatildeo atribui a situaccedilatildeo de filho ao adotado
desligando-o de qualquer viacutenculo com os pais e parentes consanguumliacuteneos salvo quanto aos
impedimentos para o casamento
Paraacutegrafo uacutenico se um dos cocircnjuges ou companheiros adota o filho do outro
mantecircm-se os viacutenculos de filiaccedilatildeo entre o adotado e o cocircnjuge ou companheiro do adotante
e os respectivos parentes
Com relaccedilatildeo ao artigo 1627 permaneceu a mesma redaccedilatildeo com relaccedilatildeo a decisatildeo que
confere ao adotado o sobrenome do adotante podendo determinar a modificaccedilatildeo de seu
prenome se menor a pedido do adotante ou do adotado
No artigo abaixo descrito houve a adequaccedilatildeo ao dispositivo de moda a resguardar o
princiacutepio constitucional da plena igualdade entre filhos bioloacutegicos e adotados
Dispotildee o artigo 1628 que os efeitos da adoccedilatildeo comeccedilam a partir do tracircnsito em
julgado da sentenccedila exceto se o adotante vier a falecer no curso do procedimento caso em
que teraacute forccedila retroativa agrave data do oacutebito As relaccedilotildees de parentesco se estabelecem natildeo soacute
entre o adotante e o adotado como tambeacutem entre aquele e os descendentes deste e entre o
adotado e todos os parentes do adotante
Natildeo houve alteraccedilatildeo na redaccedilatildeo do artigo 1629 apenas tal dispositivo tem o
objetivo de ajustar o Novo Coacutedigo Civil agrave lei superveniente ou seja Estatuto da Crianccedila e
do Adolescente
Dispondo o referido artigo a seguinte redaccedilatildeo a adoccedilatildeo por estrangeiro obedeceraacute
aos casos e condiccedilotildees que forem estabelecidos em lei
Assim pode-se concluir que na falta de norma reguladora para o instituto da adoccedilatildeo
desde que natildeo conflite com o Coacutedigo Civil deveraacute ser aplicado analogicamente o Estatuto da
Crianccedila e do Adolescente
Ainda constata-se que o Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute
maior de 18 anos passando o instituto da adoccedilatildeo a ser irrestrito trazendo importantes
reflexos ao nosso ordenamento juriacutedico paacutetrio no que diz respeito aos direitos da
personalidade e nos direitos sucessoacuterios Enquanto o antigo Coacutedigo Civil Brasileiro de 1916
adotava o sistema da manifestaccedilatildeo de vontade
Atualmente o Coacutedigo Civil vigente e o Estatuto da Crianccedila adotam o sistema da
sentenccedila judicial sendo que o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo para os
menores de 18 anos o que natildeo exime que a adoccedilatildeo de menor de 18 anos seja feita pelo
Coacutedigo Civil58
De acordo com a legislaccedilatildeo civil podemos conceituar a adoccedilatildeo como o ato de
filiaccedilatildeo juriacutedica que pressupotildee de afetividade e natildeo de relaccedilatildeo bioloacutegica passando o
adotado a ser tratado como se fosse filho natural constituiacutedo em benefiacutecio do adotando
_____________ 58 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 irretrataacutevel e perpeacutetuo depois de consumado que cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com
todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo
inexistia naturalmente
De forma simples podemos definir a adoccedilatildeo como modalidade de filiaccedilatildeo civil que
busca imitar a filiaccedilatildeo natural dependente da vontade de adotante e adotado e por via de
sentenccedila judicial
Assim torna-se inafastaacutevel a utilidade do instituto da adoccedilatildeo em relaccedilatildeo ao menor
carente ou em estado de abandono pois eacute de interesse do Estado a inserccedilatildeo desse menor em
um ambiente familiar
Fica claro que o instituto da adoccedilatildeo eacute de caraacuteter humanitaacuterio que tem por um lado o
escopo de proporcionar agravequeles que a quem a natureza negou filhos e por outro lado
constitui a finalidade assistencial de melhorar a condiccedilatildeo moral e material do futuro
adotado
Mas ainda muito haacute de se defender em prol do instituto da adoccedilatildeo no Brasil natildeo soacute
como forma de projeto de cidadania mas tambeacutem como forma de vida digna a aqueles que
natildeo tem um lar principalmente ao que refere aos direitos de adoccedilatildeo internacional e ainda ao
direito de adoccedilatildeo por casais homossexuais
22 REQUISITOS DA ADOCcedilAtildeO
221 Requisitos Formais
Satildeo alguns requisitos formais para a adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil vigente59
efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal
ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)
____________ 59 VENOSASilvio de Salvo Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003p349
efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal
ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)
diferenccedila miacutenima de idade entre o adotante e o adotado (artigo 1619)
consentimento do adotado de seus pais ou de seu representante (artigos 1621 sect 1ordm e
1624)
intervenccedilatildeo judicial na sua criaccedilatildeo pois somente se aperfeiccediloa perante o juiz atraveacutes de
processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico (artigo 1623 paraacutegrafo uacutenico)
irrevogabilidade (artigo 1626 caput)
estaacutegio de convivecircncia (1622 paraacutegrafo uacutenico 1ordfparte)
comprovaccedilatildeo de estabilidade familiar (artigo 1618 paraacutegrafo uacutenico in fine)
23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO
A adoccedilatildeo se daacute atraveacutes de um processo judicial perante o juiz com competecircncia na
aacuterea da infacircncia e juventude que iraacute conhecer dos pedidos da adoccedilatildeo e os seus incidentes
entre os quais a destituiccedilatildeo do paacutetrio poder e guarda para fins da adoccedilatildeo
Vislumbram-se duas hipoacuteteses em que se adota ou a famiacutelia jaacute convive com a
crianccedila ou adolescente que pretende adotar ou a famiacutelia estaacute a procura de uma crianccedila para
que venha a adotar
Na primeira hipoacutetese devem os interessados ajuizar o pedido de adoccedilatildeo atraveacutes de
advogado ou defensor puacuteblico que formularaacute o pedido diretamente em cartoacuterio atraveacutes de
peticcedilatildeo assinada pelos requerentes quando os pais forem falecidos tiverem sido destituiacutedos
do paacutetrio poder ou houverem aderido expressamente ao pedido os pais bioloacutegicos quando
conhecidos satildeo citados para querendo contestarem o pedido julgando o juiz ao final de
acordo com o interesse superior da crianccedila e do adolescente
Na segunda hipoacutetese os interessados devem requerer sua inscriccedilatildeo no cadastro do
juiacutezo de pessoas interessadas em adotar A partir daiacute instaura-se um procedimento no qual
seratildeo ouvidos pela equipe teacutecnica do juiacutezo (assistentes sociais eou psicoacutelogos) e antes da
decisatildeo que deferir a inscriccedilatildeo o Ministeacuterio Puacuteblico assistiraacute ao pedido de adoccedilatildeo conforme
previsto no artigo 227 sect5ordm da Constituiccedilatildeo Federal e emitiraacute parecer
Em seguida seratildeo incluiacutedos em grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo cujas vagas seratildeo
preenchidas de acordo com a ordem de ajuizamento do pedido de habilitaccedilatildeo respeitados os
criteacuterios estabelecidos
Os grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo possuem duraccedilatildeo prevista de 60 dias e visam
auxiliar os interessados em adotar Habilitados e inscritos no cadastro os interessados
recebem um certificado com validade de 2 anos
Satildeo necessaacuterios os seguintes documentos60
certidatildeo de casamento
atestado de residecircncia
folha de antecedentes criminais
prova de idoneidade fiacutesica e moral
prova de abandono do menor
destituiccedilatildeo do paacutetrio poder
atestado de sanidade fiacutesica
________________ 60 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
A adoccedilatildeo constitui-se por sentenccedila sendo necessaacuterio que 61
a peticcedilatildeo Inicial com os requisitos do artigo 35
se na inicial vier a concordacircncia dos pais do adotando seratildeo ouvidos pelo juiz e pelo
representante do Ministeacuterio Puacuteblico lavrando-se o termo
a autoridade juriacutedica de ofiacutecio ou o requerimento das partes e do Ministeacuterio Puacuteblico
determinaraacute a realizaccedilatildeo de estudo social ou se possiacutevel periacutecia por equipe profissional
decidindo sobre o estaacutegio de convivecircncia
Apresentado o laudo e ouvido o adotando teraacute vistas o Ministeacuterio Puacutebico
apoacutes a manifestaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico no prazo tambeacutem de 5 (cinco) dias o
juiz proferiraacute a sentenccedila
A sentenccedila judicial transitada em julgado seraacute inserida no registro civil mediante mandado do qual natildeo
se forneceraacute certidatildeo O mandado judicial cancelaraacute o registro de nascimento original do menor conforme
o artigo 16 da Lei nordm 601573 E a inscriccedilatildeo no registro constaraacute o nome dos adotantes
como pais e o nome dos seus ascendentes Assim o menor ingressa na famiacutelia do adotante
se desvinculando da famiacutelia natural
24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO
241 Efeitos pessoais
Satildeo alguns efeitos pessoais decorrentes da adoccedilatildeo62
____________________
61 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1996 p 60 62 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 430
rompimento automaacutetico do viacutenculo de parentesco com a famiacutelia de origem salvo os
impedimentos matrimocircniais (artigo 1626)
estabelecimento de verdadeiros laccedilos de parentesco civil entre adotante e adotado
abrangendo a famiacutelia do adotante (artigo 15282ordf parte)
transferecircncia definitiva e de pleno direito do poder familiar para o adotante se o adotante
for menor (artigo 1630 1634 1635 inciso V)
liberdade razoaacutevel em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo do nome do adotado (1627)
possibilidade de promoccedilatildeo da interdiccedilatildeo e inabilitaccedilatildeo do pai ou matildee adotiva pelo
adotado ou vice-versa (artigo 1768)
determinaccedilatildeo do domiacutecilio do adotado menor de idade que adquire o do adotante
242 Efeitos patrimoniais
Satildeo alguns efeitos patrimoniais produzidos pela adoccedilatildeo63
direito do adotante de administraccedilatildeo e ususfruto dos bens do adotado menor (artigo 1689
1691e 1693)
obrigaccedilatildeo do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar (artigo
1634)
dever do adotante de prestar alimentos ao adotado (artigo 1694 1696 e 1697)
direito a indenizaccedilatildeo do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante
responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menor de idade
______________
81 Op cit p 31 p 432
direito sucessoacuterio do adotado visto que se equipara ao filho advindo de parentesco
cosanguineo herdado em concorrecircncia com o cocircnjuge sobrevivente ou convivente do
falecido na qualidade de descendente do autor da heranccedila afastando todos os demais
herdeiros do adotante que natildeo tenham a qualidade de filho (artigo 1829 inciso I e
1790incisos I e II)
reciprocidade nos efeitos sucessoacuterios (artigo 1829 inciso II e 1790 inciso III)
filho adotivo natildeo estaacute compreendido na exceccedilatildeo do Coacutedigo Civil artigo 1790 inciso I
rompimento de testamento se sobrevier filho adotivo (artigo 1973)
direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciaacuterio (artigo 1951 a 1960)
superviniecircncia de filho adotivo pode revogar doaccedilotildees feitas pelo adotante ( artigo 1846 e
1789)
Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso
de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do
oacutebito64
25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO
Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se
obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do
negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do
ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade
____________
64 Op cit p 32 p 435
deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea
A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-
se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico
Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade
anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo
251 Nulidade da adoccedilatildeo
Seraacute nula a adoccedilatildeo que65
em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16
anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619
a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a
mesma pessoa (artigo 1622)
o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)
vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude
252 Anulabilidade da adoccedilatildeo
Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66
a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente
incapaz
ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado
____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435
consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz
vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores
a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado
253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo
Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67
pela falta de consentimento do adotante e adotado
pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou
interdiccedilatildeo civil
pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico
26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO
A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes
motivos68
pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil
Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a
madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave
enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou
neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade
pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil
____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437
Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste
contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a
honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila
pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue
quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva
pela morte do adotante e adotado
27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO
Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a
finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo
avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante
e adotado69
Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute
prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com
facilidade a nova famiacutelia
O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a
ser adotado
Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a
extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo
atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil
____________
69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340
28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das
crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a
prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave
poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato
infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e
ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70
A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual
adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou
tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da
juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil
Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida
familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco
passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado
29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL
A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e
do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da
Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave
crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave
educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave
__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41
convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71
Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada
por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por
procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da
adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda
de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida
pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo
por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72
Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo
de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes
independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos
havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e
qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73
Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos
adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do
bem estar do adotado
210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO
A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser
incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e
educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta
assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria
___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438
Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como
com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo
dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos
pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco
pessoal e social nas ruas das grandes cidades
Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia
importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees
sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia
Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem
por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades
coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e
ceacutelere
Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria
com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e
defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do
proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os
procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados
Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo
atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o
instituto da adoccedilatildeo
A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de
_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em
lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que
querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave
crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico
educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e
na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos
e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o
desenvolvimento da cidadania
Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que
tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria
Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir
211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO
Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75
Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma
simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo
A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais
os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a
situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem
adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda
________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser
proporcionada pelas pessoas sem adotar
Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva
jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os
interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais
vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito
simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses
O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida
cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior
(adoccedilatildeo internacional)
CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees
estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil
Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente
A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida
excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido
por pessoa residente no Paiacutes
A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico
conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei
supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida
sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76
Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo
juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a
decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham
falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm
80699077
Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da
Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da
CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia
____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464
Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por
estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos
interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas
atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os
bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal
intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando
verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em
moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias
maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado
enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees
escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos
especialmente do menorrdquo78
Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante
nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado
tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a
perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e
economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila
passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco
e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79
Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas
___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438
Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil
A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver
medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo
internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda
possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o
seu ingresso em famiacutelia substituta
Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo
internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem
conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas
Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em
seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser
interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores
para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que
visem lucro80
Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas
pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator
determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas
famiacutelias substitutas
32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR
ESTRANGEIROS
A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo
seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e
condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________
80 Op Cit p 44 p 438
parte de estrangeiros
Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida
excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo
acarreta o adotante aacute desistecircncia
Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81
impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo
estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro
residente ou domiciliado fora do paiacutes
comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de
seu paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia
especializada e credenciada no paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido
do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico
juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente
autenticados pela autoridade consular
permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a
consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo
Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e
cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no
miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos
de idade
___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439
podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar
prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista
A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82
lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo
reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante
lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica
Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de
Adoccedilatildeo de Menores de 1984)
33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA
A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua
finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores
Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia
prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse
superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas
__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485
A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo
Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de
garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados
contratantes83
Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a
Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo
Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84
requisitos para a adoccedilatildeo internacional
requisitos processuais
reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo
De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo
em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o
interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras
_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486
CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a
grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo
igualmente a possibilidade da poder adotar
A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade
Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas
aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de
constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a
reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois
assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir
famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86
Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a
uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm
sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo
Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87
____________
86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho
mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49
A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios
E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por
homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se
espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem
homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila
se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais
homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos
tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte
de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo
16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo
se forem marido e mulher
Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89
____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da
uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos
homossexuais
42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA
E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a
situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos
casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo
juriacutedica podem os casais homossexuais adotar
No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo
homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes
da jurisprudecircncia
E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a
regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais
Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata
da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo
tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um
dos parceiros90
Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo
5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a
primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei
____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade
Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca
pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do
bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais
homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve
levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo
decidindo sempre pelo bem-estar do menor91
A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece
Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao
adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo
ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia
familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo
()
sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute
casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros
A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee
Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de
estado civil
______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005
Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92
Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que
homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo
poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante
O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de
adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual
diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro
de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93
______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo
da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum
cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito
Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94
Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais
homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95
Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo
sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel
privar os homossexuais do direito agrave adotar96
E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais
flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de
tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar
seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles
que lhe acolhem97
______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53
No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo
barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao
seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira
da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da
histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a
mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para
atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem
a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua
companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de
crianccedilas devem igualmente poder adotar98
Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no
aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes
de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o
preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99
Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida
pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato
Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo
________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53
CONCLUSAtildeO
A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia
E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto
no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio
Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988
Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade
Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente
A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva
Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros
por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores
Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade
Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a
sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do
Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo
Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e
principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que
pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da
adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e
venda de crianccedilas para o estrangeiro
A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente
estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse
baseado nos artigos 1618 a 1629
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52
Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de
amor carinho e solidariedade
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WALD Arnald O Novo Direito de Famiacutelia 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2002 p217-225
Assim ao conceituar o instituto da adoccedilatildeo podemos conjeturar que a adoccedilatildeo se logra
na esfera da vontade dos particulares na forma da lei criando entre essas pessoas estranhas
uma relaccedilatildeo semelhante agraves oriundas da filiaccedilatildeo legiacutetima resultante da filiaccedilatildeo de sangue
_____________ 6 Op cit p 20 p 316 7 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p316 3 ndash Evoluccedilatildeo Legislativa da Adoccedilatildeo
No Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo do Coacutedigo Civil de 1916 vigoravam as Ordenaccedilotildees
Afonsinas Filipinas e Manuelinas advindas do direito portuguecircs
Como advento do Coacutedigo Civil de 1916 ocorreu a sistematizaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos
artigos 368 a 378 que definia a adoccedilatildeo como o ato civil pelo qual algueacutem aceita um
estranho na qualidade de filho contudo tal conceito trazia consigo as suas restriccedilotildees8
a) pessoas com mais de 50 anos exigia-se a diferenccedila miacutenima de 18 anos entre adotado
e adotantee natildeo havia direito de sucessatildeo pois o adotado nada herdaria
Com o advento da Constituinte de 1988 nos paraacutegrafos 5ordm e 6ordm consegui-se eliminar
todas as restriccedilotildees pertinentes agrave diferenccedila entre filhos adotivos ilegiacutetimos passando o filho
adotivo a ter os mesmos direitos garantias e deveres do filho bioloacutegico9
A partir de 1990 o Estatuto passou a regula a adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a
data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou tutela dos adotantes
Jaacute o novo Coacutedigo Civil - Lei nordm 1040602 trata desse instituto nos artigos de 1618 a
1629 passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que originariamente natildeo eacute e com este
cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com todos os direitos e obrigaccedilotildees passando inclusive
a adoccedilatildeo a ser irrestrita10
Ressalto que no Coacutedigo Civil de 1916 havia previsatildeo para a adoccedilatildeo plena e adoccedilatildeo
simples A Adoccedilatildeo Simples era regida pelo Coacutedigo Civil de 1916 e a Lei 313357 era
concernente ao viacutenculo de filiaccedilatildeo que se estabelecia entre adotante e adotado o adotante
poderia ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos11
________________ 8 12 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeiro 1996 p 41 9 Constituiccedilatildeo Federal EC nordm 45 Rio de Janeiro Victor Roma 2005 p 148 10 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003 p 423 11 Opcit p 3 p 424
E Adoccedilatildeo Plena era a espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser
irrevogavelmente para todos os efeitos legais filhos dos adotantes desligando-se de
qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais12
A Lei nordm 806990 ndash ECA ndash Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo
para os menores de 18 anos O Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute
maior de 18 anos E ambos adotam o sistema da sentenccedila judicial
Para que a adoccedilatildeo ocorra e necessaacuterio o cumprimento de diversos requisitos alguns
de aspectos formais outros pessoais e os requisitos processuais que geraram seus efeitos
E por fim ressalto que na adoccedilatildeo poderaacute ocorrer a sua extinccedilatildeo nas modalidades de
nulidade anulabilidade e inexistecircncia13
Quando ocorrer viacutecio de fraude eou simulaccedilatildeo quando natildeo houver a diferenccedila
miacutenima de 16 anos entre adotante e adotado e nos casos do casal natildeo forem marido e
mulher ou conviventes ocorreraacute a nulabilidade da adoccedilatildeo14
Jaacute a anulabilidade ocorreraacute quando houver a falta de consentimento dos pais tutor ou
curador a adoccedilatildeo do relativamente incapaz ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda
se encontra o menor interditado o consentimento manifestado somente pelo adotado
relativamente incapaz vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou
fraude contra credores agrave falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do
consorte adotado15
E quando ocorrer a falta de consentimento do adotante e adotado ou a falta de
objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou interdiccedilatildeo civil e
______________ 12 Op cit p 3 p 424 13 Op cit p 3 p 435 14 Op cit p 3 p435 15 Op cit p 3 p 437
pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico ocorreraacute a
inexistecircncia da adoccedilatildeo16
Poderaacute tambeacutem ocorrer agrave revogaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos seguintes casos pela vontade do
adotante e do adotado pela deserdaccedilatildeo e pela indignidade
4 ndash A adoccedilatildeo Internacional
A adoccedilatildeo internacional tem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila
e do Adolescente ao qual disciplina a possibilidade da adoccedilatildeo por estrangeiros por
estrangeiros17 Mas essa possibilidade de adoccedilatildeo por estrangeiros somente ocorreraacute nos
casos em que a crianccedila jaacute tenha uma tenha sua situaccedilatildeo juriacutedica definida ou seja que jaacute
possua sentenccedila transitada em julgado declarando a decretaccedilatildeo da perda do poder familiar
ou nos casos de haver declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham falecido e este menor esteja
sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm 80699018
Ressalvando os casos em que se dever tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por
estrangeiros residentes no exterior referente ao traacutefico venda e sequumlestro de crianccedilas para o
exterior
Passo importante para a adoccedilatildeo no Brasil foi agrave Convenccedilatildeo de Haia que ratifica o
interesse das crianccedilas a serem adotadas e coibindo o sequumlestro de menores o traacutefico e a
venda de crianccedilas A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo
ratificada em nosso ordenamento juriacutedico atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril
de 1995 cujo objetivo eacute o de garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo
entre os Estados contratantes19
_______________ 17 Op cit p 3 p 61 18 Op cit p 3 p 61 19 Op cit p 3 p 485 5 ndash Os projetos de conscientizaccedilatildeo e incentivos da Adoccedilatildeo
Atualmente o Juizado da Infacircncia e juventude do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo
em parceria com oacutergatildeos natildeo governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo
da adoccedilatildeo dentre outras atividades atraveacutes de Projetos Especiais que tem por objetivo a
colocaccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco pessoal e social nas ruas
das grandes cidades em famiacutelias substituas uma vez que toda crianccedila ou adolescente tem
direito a ser criado e educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente em famiacutelia
substituta assegurada a convivecircncia familiar e comunitaacuteria
Tal projeto vinculado pela 1ordf Vara da Infacircncia e Juventude do Rio de Janeiro lanccedilou
a cartilha da adoccedilatildeo com o intuito de esclarecer e incentivar a adoccedilatildeo20
Projeto semelhante foi lanccedilado pela 1ordf Vara da Infacircncia e Juventude de Vitoacuteria ndash ES
tambeacutem lanccedilou recentemente a obra ldquo111 perguntas sobre a adoccedilatildeordquo21
Ambos os projetos satildeo tem por objetivo esclarecer e incentivar a adoccedilatildeo como ponto
de referecircncia importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional
das accedilotildees sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter uma famiacutelia Assim
podemos constatar que a cartilha traz todo o rol de procedimentos e esclarecimentos a
aqueles que queiram adotar sejam eles residentes no Brasil ou no Exterior
7ndash A adoccedilatildeo por Homossexuais
A grande discussatildeo hoje rebatida pela sociedade seria a da possibilidade de
homossexuais poderem ou natildeo adotar
_____________ 20 Cartilha da adoccedilatildeodipsonovellt wwwjuizadodainfanciaejuventudeorgbrgtAcesso em 30out 2004 21 Cartilha da adoccedilatildeo Disponiacutevelwwwtjesgovbr Acesso em 30 out 2004 Na verdade vaacuterios satildeo os fatos alegados a natildeo possibilidade de adoccedilatildeo pelos
homossexuais como a diferenccedila da formaccedilatildeo da famiacutelia que fugiria aos padrotildees da
formaccedilatildeo da famiacutelia heterossexual da nossa sociedade
De certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se
estabelecer-se e contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos
homossexuaisrdquo tem de ser respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela
sociedade e pelo Estado21
Vaacuterios argumentos e sofismas satildeo utilizados para a natildeo legalizaccedilatildeo da adoccedilatildeo por
homossexuais mas o que prepondera realmente eacute o preconceito e o que deveria mesmo ser
visado que seria o interesse do adota natildeo estaacute sendo colimado
De fato em nosso ordenamento juriacutedico natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito
positivo para validar a uniatildeo homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecer o
direito a uniatildeo homossexual atraveacutes da jurisprudecircncia E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem
em nosso ordenamento juriacutedico a regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais
Mas tambeacutem natildeo haacute legislaccedilatildeo que proiacuteba a adoccedilatildeo de menores por homossexuais
O que presenciamos sim seria a violaccedilatildeo de direitos aos homoafetivos pois fica clara a
violaccedilatildeo ao direito a igualdade e a isonomia Assim como tambeacutem natildeo haacute restriccedilatildeo legal
quanto a formaccedilatildeo da famiacutelia que deveria ser somente heterossexual
Acredito que o que se deva levar em consideraccedilatildeo eacute a situaccedilatildeo de fato do menor a ser
adotado de ser resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe
um lar seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual
____________ 21 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005
daqueles que lhe acolhem22
Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no
aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruas com
grandes possibilidades de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que
tecircm por fundamento o preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o
inteacuterprete inovar23
Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida
pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato
Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo
E nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na
aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem
comum cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao
Coacutedigo Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do
Direito
Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave
adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do
adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente
iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando
devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo24
Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais
homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato25
____________ 22 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 23 Op Cit P 8 24 Op Cit P 8 25 Op Cit P 8
Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo
sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel
privar os homossexuais do direito agrave adotar26
E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais
flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de
tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar
seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles
que lhe acolhem27
Portanto fica bem claro que eacute importante deixar de lado as barreiras do preconceito
___________ 26 Op Cit P 8 27 Op Cit P 8
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WALD Arnald O Novo Direito de Famiacutelia 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2002 p217-225
CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO
12 LINEAMENTOS HISTOacuteRICOS
Historicamente o instituto da adoccedilatildeo desde os tempos mais primoacuterdios era utilizado
por nossos antepassados e com o passar dos tempos evoluiu tanto no aspecto social quanto
no aspecto juriacutedico
No direito primitivo a famiacutelia era a unidade social econocircmica e religiosa e a adoccedilatildeo
constituiacutea-se como um meio eficaz de perpetuar a famiacutelia e a religiatildeo domeacutestica ao qual
transferia-se os bens familiares pois nessa eacutepoca natildeo se conhecia do testamento1
No direito romano os imperadores utilizavam-se do instituto para designar os seus
sucessores e seus futuros Chefes de Estados deixando a adoccedilatildeo de ser um instrumento de
direito privado e passando a ser instrumento de direito puacuteblico2
E a maior prova de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor solidariedade
encontra-se narrado na Biacuteblia no nascimento de Jesus Cristo fruto
esse concebido pelo Divino Espiacuterito Santo para mostrar que natildeo haacute a
necessidade de casamento da conjunccedilatildeo carnal e de todas as
concepccedilotildees do homem para que se conceba um filho3
Tal instituto teve sua origem fundada na Biacuteblia no Coacutedigo de Hamurabi e nas Leis
de Manu4
__________ 1 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 218 2 SIQUEIRA Liboacuterni Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 34 3 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Luacutemen Iuris 1996 p 1 4 Op cit p 11 p 218
No Coacutedigo de Manu o instituto da adoccedilatildeo encontram-se descrito na Lei IX 10
ldquoAquele a quem a natureza natildeo deu filhos pode adotar um para que as cerimocircnias fuacutenebres
natildeo cessemrdquo5
As Leis de Manu determinavam que a adoccedilatildeo somente seria possiacutevel entre um
homem e um rapaz da mesma classe social e que o adotado tivesse todas as qualidades
apreciadas num filho6
Jaacute o Coacutedigo de Hamurabi eacute considerado o documento mais antigo que se tenha
notiacutecia antes de Cristo O instituto no Coacutedigo de Hamurabi era conhecido como ldquoSentenccedilas
de Direitordquo traz em seus artigos 185 a 193 e o define como ldquomacircrucircturdquoArt 185 ndash Se algueacutem
toma em adoccedilatildeo uma crianccedila ou a educa esta natildeo pode ser reclamadardquo7
Nas passagens biacuteblicas eacute possiacutevel exemplificarmos algumas dessas noccedilotildees do
instituto da adoccedilatildeo ao relatarmos alguns casos como a histoacuteria de Moiseacutes que foi adotado
por Termulus quando o encontrou agraves margens do Rio Nilo na de Mordecai que criou Eacutester
como uma irmatilde e ainda na proacutepria histoacuteria de Joseacute do Egito adotado por Potifar8
Os Hebreus chamavam a adoccedilatildeo pelo nome de ldquoleviratordquo9
De acordo com a Biacuteblia poderiam adotar tanto o pai como a matildee e a adoccedilatildeo soacute se
dava entre parentes A mulher esteacuteril poderia adotar os filhos da serva que ela havia
conduzido ao taacutelamo do marido10
__________ 5 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Luacutemen Iuris 1996 p 21 6 Op cit p 12 p 21 7 Op cit p 12 p 25 8 SZNICK Waldir Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 26 9 Op cit p 12 p 26 10 Op cit p 12 p 26
Para os Romanos a adoccedilatildeo era o ato legislativo pelo qual algueacutem perfilha um filho
que natildeo se gerou tendo em vista a necessidade da perpetuaccedilatildeo do culto domeacutestico que
tinha um valor sacral Para os romanos havia dois tipos de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo e a
adrogatio11
A adoccedilatildeo ou adoptio era instituto de direito privado destinado ao alieni juacuteris para
quem tivesse sob o paacutetrio poder da Lei das XII Taacutebuas Jaacute a adrogatio pertencia ao direito
puacuteblico a doaccedilatildeo de sui juacuteris como filho na famiacutelia de um pater famiacutelias12
Para os Gregos a adoccedilatildeo rompia todos os laccedilos da famiacutelia anterior sequer poderia
prestar o funeral dos pais anteriores A adoccedilatildeo tinha o nome de Teacutesis tambeacutem conhecida
como Ampasis13
O Direito Canocircnico desconheceu a adoccedilatildeo ateacute certo ponto e se manifestava com
reservas A igreja via a adoccedilatildeo como uma ressalva ao casamento e agrave constituiccedilatildeo da famiacutelia
legiacutetima como uma das possibilidades de se fraudar as normas vigentes que proibiam o
reconhecimento de filhos adulterinos e incestuosos14
Na Idade Meacutedia a adoccedilatildeo sucede ao processo histoacuterico da famiacutelia romana tecircm o
mesmo objetivo destinado ao culto domeacutestico daqueles que natildeo tinham descendentes
Nessa eacutepoca Justiniano reformou o instituto da adoccedilatildeo seguindo as linhas das instituiccedilotildees
orientais em especial as helecircnicas mas permanecendo a adoccedilatildeo claacutessica 15
Portanto nesse periacuteodo Justiniano a adoccedilatildeo era o ato solene pelo qual se admite em
lugar de filho quem por natureza natildeo ostenta tal qualidade16
_____________ 11 ZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 27 12 Op cit p 13 p 32 13 Op cit p 13 p 26 14 WALD Arnoldo O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo PauloSaraiva 15 SIQUEIRA Liboacuterni Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 35 16 Op cit p13 p 35
Na eacutepoca moderna o instituto da adoccedilatildeo teve a sua inspiraccedilatildeo no Direito Romano
sendo encontrado no Coacutedigo de 1683 promulgado na Dinamarca por Christian V Na
Alemanha tal instituto encontra-se no Coacutedigo de Pressuniano promulgado por Frederico
Guilherme II em 1751 e no Codex Maximilianus da Bavaacuteria de 175617
Essa legislaccedilatildeo influenciou o Coacutedigo Napoleocircnico de 1791 apesar da normativa
sobre o instituto da adoccedilatildeo natildeo houve uma aceitaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo frequumlente tendo em vista
a suspeita de favorecimento a fraude e agrave lei fiscal18
O Coacutedigo Napoleocircnico de 1971 contemplava quatro tipos de adoccedilatildeo19
a) adoccedilatildeo ordinaacuteria ndash depende de homologaccedilatildeo judicial permitida a maiores de50 anos
e diferenccedila de 15 anos entre o adotado altera nome tem direitos sucessoacuterios
b) adoccedilatildeo remuneratoacuteria ndash destinada a quem tivesse salvo a vida do adotando
irrevogaacutevel
c) adoccedilatildeo testamentaacuteria ndash permitida ao tutor apoacutes 5 anos de tutela
d) tutela oficiosa ndash uma espeacutecie de adoccedilatildeo provisoacuteria em favor dos menores
Por fim as Ordenaccedilotildees advieram do direito geral portuguecircs primeiro as Ordenaccedilotildees
Afonsinas de 1446 a 1514 que para o Brasil entraram em vigor agrave partir de 1500 sendo esta
substituiacuteda pelas Ordenaccedilotildees Manuelinas em 1514 e por uacuteltimo as Ordenaccedilotildees Filipinas em
1603 que vigoraram ateacute a promulgaccedilatildeo do da Lei nordm Coacutedigo Civil em 191620
_____________ 17 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo PauloLeud 1999 p 40 18 Op cit p 14 p 40 19 Op cit p 14 p 41 20 Op cit p 14 p 41
Nessa fase a adoccedilatildeo era regulada por inuacutemeros textos e passagens sem uma norma
especiacutefica
Com as Ordenaccedilotildees o instituto adquiriu o nome de perfilhamento e tinha como
objetivo tornar como herdeiro na sucessatildeo o filho tido mesmo que fosse o filho espuacuterio ou
o filho adulterino21
Com a independecircncia as Ordenaccedilotildees passaram a perder a sua validade em nosso
ordenamento juriacutedicoem virtude dos inuacutemeros diplomas e regulamentos que passaram a
vigorar na eacutepoca poreacutem a revogaccedilatildeo total soacute ocorreu com o advento do Coacutedigo Civil de
191622
12 CONCEITO
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de
solidariedade ou seja a chance de crianccedilas e adolescentes de terem um lar uma famiacutelia jaacute
que foram desprovidos de alguma forma de seus familiares
Para o conceito de adoccedilatildeo existem vaacuterias definiccedilotildees Em uma conceituaccedilatildeo simples e
clara podemos dizer que a adoccedilatildeo eacute um ato juriacutedico que tem por finalidade criar entre duas
pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue23
Ainda pode ser definida como o ato de ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco civil
portanto de suma importacircncia para a sociedade brasileira tendo em vista que tal ato
juriacutedico coaduna na esfera da vontade dos particulares com a devida permissatildeo da lei
__________ 21 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 42 22 Op cit p 15 p 42 23 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147
criando entre essas pessoas estranhas uma relaccedilatildeo anaacuteloga como agraves oriundas da filiaccedilatildeo
legiacutetima24
A adoccedilatildeo tambeacutem pode ser conceituada como o ato juriacutedico pelo qual o viacutenculo
familiar eacute criado em virtude do proacuteprio ato pelo legislador25
Alguns autores definem a adoccedilatildeo apenas como o instituto que daacute ao filho adotivo o
status idecircntico ao do filho legiacutetimo
Passamos a analisar a conceituaccedilatildeo dos seguintes juristas
Para Clovis Bevilacqua a adoccedilatildeo se destinava a suprir a falta de filho que tem como
ato civil aacute aceitaccedilatildeo de um estranho como filho26
Para a Profa Maria Helena Diniz a adoccedilatildeo eacute uma instituiccedilatildeo de caraacuteter humanitaacuterio
que tem por um lado dar aqueles a quem a natureza negou um lar e uma famiacutelia e por outro
lado a uma finalidade assistencial constituindo um meio de melhorar a condiccedilatildeo moral e
material do adotado27
Para Walter Gaspar a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica a qual se estabelece uma relaccedilatildeo
de parentesco que independe do fato natural da procriaccedilatildeo28
Para Orlando Gomes a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece independente
do fato natural o viacutenculo de filiaccedilatildeo legal que permite a constituiccedilatildeo entre duas pessoas do
laccedilo de parentesco do primeiro grau em linha reta29
_________ 24 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 25 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 26 Op cit p 16 p 63 27 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 28 GASPAR Walter Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003 p 315 29 ORLANDO Gomes Instituiccedilotildees de Direito Civil Satildeo Paulo Forense1996 p 226
Jose Maria Leoni Lopes de Oliveira define a adoccedilatildeo como um instituto juriacutedico que
procura imitar a filiaccedilatildeo natural30
Para Silvio Rodrigues a adoccedilatildeo eacute o ato do adotante pelo qual ele traz para a sua
famiacutelia e na condiccedilatildeo de filho pessoa que lhe eacute estranha31
Para Caio Mario da Silva a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual uma pessoa recebe
outra como filho independentemente de existir entre elas qualquer relaccedilatildeo de parentesco
cosanguiacuteneo ou afim32
Para Antunes Varella a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece entre duas
pessoas adotante de um lado e adotado de outro independente dos laccedilos de sangueuma
relaccedilatildeo legal de filiaccedilatildeo33
Para o Prof Arnoldo Wald a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco
civil Eacute um ato juriacutedico bilateral que gera laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre pessoas para
as quais tal relaccedilatildeo inexiste materialmente34
Para Carbonnier a filiaccedilatildeo adotiva eacute uma filiaccedilatildeo puramente juriacutedica que repousa
na pressuposiccedilatildeo de uma realidade natildeo bioloacutegica mas afetiva35
E para Dusi a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico solene em virtude do qual agrave vontade dos
particulares com a permissatildeo da lei cria entre pessoas naturalmente estranhas uma a outra
relaccedilotildees anaacutelogas as oriundas da filiaccedilatildeo legiacutetima36
__________ 31 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147 32 Direito Civil ndash Famiacutelia Satildeo Paulo Forense 1999 p330 48 op Cit p 17 p 330 33 Op Cit p 17 p 148 534WALD Arnold O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 35 Op cit p 17 apud Droit Civil 2 ndash La Famile nordm 354 p 519 36 Op cit p 17 p 217
No contexto das diversas definiccedilotildees atribuiacutedas a adoccedilatildeo podemos
verificar que esta se contrapotildee-se a filiaccedilatildeo legiacutetima ou natural por
sua caracteriacutestica artificial pois resulta da manifestaccedilatildeo de vontade e
de sentenccedila judicial Enquanto a filiaccedilatildeo natural tem seu viacutenculo
formado apenas no sangue
Contudo os efeitos da adoccedilatildeo em nosso ordenamento juriacutedico geram
as mesmas relaccedilotildees da filiaccedilatildeo natural
13 NATUREZA JURIacuteDICA
A natureza juriacutedica da adoccedilatildeo sempre foi muito controvertida para alguns
doutrinadores a adoccedilatildeo apenas eacute uma relaccedilatildeo juriacutedica enquanto para outros eacute negoacutecio
unilateral tendo em vista a vontade do adotante37
Com o passar dos tempos a mudou a sua finalidade antes se destinava
a atender aos interesses religiosos dos adotantes hoje se preocupa
mais com o interesse dos adotados objetivando proporcionar uma
famiacutelia38
A dificuldade em definir a natureza juriacutedica da adoccedilatildeo decorre da sua
natureza e da origem do seu ato
Assim para alguns autores adoccedilatildeo seria uma forma de contrato
devido agrave bilateralidade do ato pois eacute preciso a manifestaccedilatildeo de duas
vontades a do adotante e do adotado Sendo que agraves vezes o adotado eacute
representado poreacutem a vontade do adotando inexiste em algumas
situaccedilotildees o que dificulta a compreensatildeo dessa doutrina39
__________ 37 Op cit p 17 p 320 38 Op cit p 17 p 149 39 Op cit p 17 p 320
Para outros autores a adoccedilatildeo eacute instituto juriacutedico de ordem puacuteblica sendo necessaacuterio
a manifestaccedilatildeo do Estado declarando ou natildeo a adoccedilatildeo40
No Coacutedigo Civil de 1916 a adoccedilatildeo tinha a natureza de contrato
devido agrave solenidade exigida na lei da escritura puacuteblica realccedilando a
natureza negocial do instituto como contrato de famiacutelia disposto no
artigo 37541
Nessa eacutepoca havia duas formas distintas de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo simples
e a adoccedilatildeo plena e cada uma delas apresentava natureza proacutepria42
No Estatuto natildeo prevalece apenas a bilateralidade de vontades pois o Estado
participa de forma ativa exigindo-se tambeacutem uma sentenccedila judicial pois sem esta natildeo
haveraacute adoccedilatildeo 43
O Coacutedigo Civil de 2002 requer a presenccedila dos adotantes do Estado e somente
ocorreraacute se for atraveacutes de sentenccedila judicial
Pode-se assim concluir que a adoccedilatildeo eacute um ato complexo o
qual tem na sua primeira fase um caraacuteter negocial em seguida a
manifestaccedilatildeo de vontade dos adotantes e adotados e em sua segunda
fase tem caraacuteter judicial a fim de verificar a conveniecircncia ou natildeo da
adoccedilatildeo que culmina com a sentenccedila judicial44
Portanto a accedilatildeo de adoccedilatildeo eacute accedilatildeo do estado de caraacuteter constitutivo
conferindo a posiccedilatildeo de filho ao adotado atraveacutes de sentenccedila judicial
____________ 40 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p320 41 Op cit p 19 p 316
42 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Rio de Janeiro Atlas 2001 p 257 43 Op cit p 19 p 320
44 Op cit p 19 p 316 14 EVOLUCcedilAtildeO LEGISLATIVA DA ADOCcedilAtildeO
No Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 3071 de 01 de maio de 1916 vigoravam as
Ordenaccedilotildees Afonsinas Filipinas e Manuelinas45
Com o advento do Coacutedigo Civil de 1916 ocorreu a sistematizaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos
artigos 368 a 378 de caraacuteter essencialmente privado
Todavia o nosso direito paacutetrio da eacutepoca revelava as influecircncias do direito romano
do direito canocircnico das Ordenaccedilotildees Afonsinas Manuelinas e Filipinas46
No coacutedigo de 1916 a adoccedilatildeo era definida como o ato civil pelo qual algueacutem aceita
um estranho na qualidade de filho contudo tal conceito trazia consigo as suas restriccedilotildees47
Nessa eacutepoca havia restriccedilotildees quanto agrave adoccedilatildeo pois a mesma se destinava a habilitar
pessoas com mais de 50 anos exigindo a diferenccedila miacutenima de 18 anos entre adotado e
adotante e natildeo haveria direito de sucessatildeo ao adotado
Em 1957 adveio o Estatuto da adoccedilatildeo - Lei nordm 3133 de 08 de maio de 1957 E em
1979 o Coacutedigo de Menores Lei nordm 6667 de 10 de outubro de 1979 ambos traziam algumas
modificaccedilotildees que eliminava certas restriccedilotildees do Coacutedigo Civil de 191648
Algumas dessas modificaccedilotildees trazidas foi a de possibilidade de se adotar aos 30
anos e a diferenccedila de idade entre adotando e adotado passou a ser de 16 anos eliminou-se
tambeacutem o preacute-requisito de que somente casais sem filhos poderiam adotar49
______________ 45 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 38 46 Opcit p 20 p 42 47 Opcit p 20 p 84 48 Opcit p 20 p 40 49 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo em 1988 e com o advento do Estatuto da
Crianccedila e do Adolescente ndash ECA em 1990 consegui-se eliminar todas as restriccedilotildees
pertinentes agrave diferenccedila entre filhos adotivos ilegiacutetimos eou aduacutelterinos50
Assim hoje o filho adotivo tem os mesmos direitos garantias e deveres dos filhos
bioloacutegicos artigo 227 sectordm da CRFB
A partir de 1990 as regras da adoccedilatildeo passaram a visar mais os interesses direitos e
reais e necessidades dos adotandos O que se pretendia era encontrar uma famiacutelia adequada
aos menores e natildeo a busca de uma crianccedila para aqueles que pretendem adotar51
Jaacute o novo Coacutedigo Civil trata desse instituto da aceitaccedilatildeo legal de estranho no seio
familiar nos artigos 1618 a 1629 passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que
originariamente natildeo eacute criando com este laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com todos os
direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo inexiste
naturalmente52
E corroborando com o instituto da adoccedilatildeo o nosso texto constitucional assegura em
seu artigo 227 o direito de se ter uma famiacutelia o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave
educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura ao respeito agrave dignidade agrave liberdade e a
convivecircncia familiar 53
Esse direito de se ter uma famiacutelia consagrado na Carta Magna adveacutem do direito
positivo brasileiro do direito natural do simples direito de se ter um lar
__________ 50 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 150 51 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41 52 As modificaccedilotildees introduzidas agrave partir do advento do Novo Coacutedigo Civil ndash Lei nordm 1040602 53 CONSTITUICcedilAcircO FEDERAL EC nordm 45 Rio de Janeiro 2005 p 149
A adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia da proteccedilatildeo ao adotado e cuja finalidade
eacute a de dar um lar aos menores criando para esses menores um ambiente familiar e o
equiparando o adotado como filho legiacutetimo
Egrave um instituto de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo agravequeles que precisam de um
lar amor carinho e dignidade
Tem por finalidade fundamental dar filhos agravequeles que natildeo podem ter
biologicamente e de dar pais agravequeles que se encontram desamparados por algum motivo
Assim a adoccedilatildeo que fugir desses paracircmetros a que estaacute destinada estaraacute distorcendo a
finalidade do ordenamento a que lei se destina
Ficando constatado que a adoccedilatildeo no Brasil constitui um imperativo de ordem eacutetica
de natureza constitucional pois natildeo se pode construir uma sociedade mentalmente satilde sobre
as bases de abandono de crianccedilas os futuros homens de amanhatilde
CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
A adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil de 1916 era regulada nos artigos de 368 a 378 Nesse
Coacutedigo havia previsatildeo legal para duas modalidades de adoccedilatildeo54
A adoccedilatildeo simples estabelecia o viacutenculo de filiaccedilatildeo entre adotante e adotado
podendo o adotante ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos regia-se pelo Coacutedigo
Civil de 1916 e pela Lei nordm 313355
A adoccedilatildeo plena era espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser
irrevogavelmente para todos os efeitos legais a ser filhos dos adotantes desligando-se de
qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais
introduzido pela Lei nordm 669779
Nesse Coacutedigo Civil a adoccedilatildeo aplicava-se aos maiores de 18 anos e realccedilava a sua
natureza negocial do instituto tendo em vista a solenidade da escritura puacuteblica que a lei
exigia como contrato de direito de famiacutelia Somente seria a adoccedilatildeo consumada com a
devida averbaccedilatildeo da escritura no registro civil e no ato da adoccedilatildeo seriam declarados quais
os nomes da famiacutelia passaria o adotado a usar
Eram requisitos para adoccedilatildeo nesta legislaccedilatildeo de 1916 que o adotante fosse 16 anos
mais velho que o adotando com mais de 30 anos de idade se o adotante fosse casado o
casamento deveria ter duraccedilatildeo superior agrave cinco anos duas pessoas natildeo poderiam adotar
conjuntamente se natildeo forem marido e mulher e o adotando com maior de 18 anos o tutor
ou curador poderiam adotar depois de prestadas as contas ocorria atraveacutes de escritura
puacuteblica havia previsatildeo de adoccedilatildeo por estrangeiros sem restriccedilatildeo55
______________ 54 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 55 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p 323
Com o advento da Lei nordm 104062002 o instituto da adoccedilatildeo passou a ser tratado nos
artigos de 1618 a 1629 como jaacute mencionado E por conta da nova legislaccedilatildeo a adoccedilatildeo
simples e a adoccedilatildeo plena deixam de existir passando a adoccedilatildeo ser irrestrita 56
Hoje o Novo Coacutedigo - Lei nordm 104062002 se preocupa em seus artigos com a
adoccedilatildeo de forma global ou seja com a adoccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes e principalmente
com a primazia do interesse do adotado
Assim o instituto da adoccedilatildeo passa a ser regido nos seguintes termos57
No art 1618 Somente pessoa maior de dezoito anos pode adotar
Analisando este artigo pode-se constatar que houve a reduccedilatildeo da idade miacutenima para
adotar antes exigida de 35 anos
E em seu Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo poderaacute ser formalizada por ambos os cocircnjuges
ou companheiros desde que um deles tenha completado dezoito anos de idade comprovada
a estabilidade da famiacutelia
Os artigos 1619 e 1620 natildeo tiveram alteradas a sua redaccedilatildeo
De acordo com o artigo 1619 o adotante haacute de ser pelo menos dezesseis anos mais
velho que o adotado E no artigo 1620 enquanto natildeo der contas de sua administraccedilatildeo e natildeo
saldar o deacutebito natildeo poderaacute o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o curatelado
O artigo 1621 descreve que a adoccedilatildeo depende de consentimento dos pais ou dos
representantes legais de quem se deseja adotar e da concordacircncia deste se contar mais de
doze anos
______________
56 Op cit p 23 p 425
57 Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003 p 452-459
sect 1o O consentimento seraacute dispensado em relaccedilatildeo agrave crianccedila ou adolescente cujos
pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder familiar
sect 2o O consentimento previsto no caput eacute revogaacutevel ateacute a publicaccedilatildeo da sentenccedila
constitutiva da adoccedilatildeo
O novo dispositivo diminui a idade miacutenima do adotado para manifestar o seu
consentimento para 12 anos no regime anterior era de 14 anos
De acordo co o artigo 1622 ningueacutem poderaacute ser adotado por duas pessoas salvo se
forem marido e mulher ou se viverem em uniatildeo estaacutevel
Neste artigo foi acrescentado o paraacutegrafo uacutenico que acrescenta a posiccedilatildeo da adoccedilatildeo
por companheiros ou daqueles que vivem em uniatildeo estaacutevel
Paraacutegrafo uacutenico Os divorciados e os judicialmente separados poderatildeo adotar
conjuntamente contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o
estaacutegio de convivecircncia tenha sido iniciado na constacircncia da sociedade conjugal
No artigo 1623 a adoccedilatildeo obedeceraacute a processo judicial observados os requisitos
estabelecidos neste Coacutedigo
Houve acreacutescimo na nova legislaccedilatildeo apenas do paraacutegrafo uacutenico ao qual foi atribuiacuteda a
seguinte redaccedilatildeo
Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo de maiores de dezoito anos dependeraacute igualmente da
assistecircncia efetiva do Poder Puacuteblico e de sentenccedila constitutiva
No artigo 1624 Houve a substituiccedilatildeo do ldquopaacutetrio poderrdquo por ldquopoder familiarrdquo sendo
ainda suprimida a palavra ldquomenor abandonadordquo trazido na legislaccedilatildeo de 1916
Assim dispotildee o artigo citado em que natildeo haacute necessidade do consentimento do
representante legal do menor se provado que se trata de infante exposto ou de menor cujos
pais sejam desconhecidos estejam desaparecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder
familiar sem nomeaccedilatildeo de tutor ou de oacuterfatildeo natildeo reclamado por qualquer parente por mais
de um ano
De acordo com o artigo 1625 somente seraacute admitida a adoccedilatildeo que constituir efetivo
benefiacutecio para o adotando sendo matida a mesma redaccedilatildeo
Jaacute no artigo 1626 houve acreacutescimo do paraacutegrafo uacutenico
Dipondo a seguinte redaccedilatildeo o caput a adoccedilatildeo atribui a situaccedilatildeo de filho ao adotado
desligando-o de qualquer viacutenculo com os pais e parentes consanguumliacuteneos salvo quanto aos
impedimentos para o casamento
Paraacutegrafo uacutenico se um dos cocircnjuges ou companheiros adota o filho do outro
mantecircm-se os viacutenculos de filiaccedilatildeo entre o adotado e o cocircnjuge ou companheiro do adotante
e os respectivos parentes
Com relaccedilatildeo ao artigo 1627 permaneceu a mesma redaccedilatildeo com relaccedilatildeo a decisatildeo que
confere ao adotado o sobrenome do adotante podendo determinar a modificaccedilatildeo de seu
prenome se menor a pedido do adotante ou do adotado
No artigo abaixo descrito houve a adequaccedilatildeo ao dispositivo de moda a resguardar o
princiacutepio constitucional da plena igualdade entre filhos bioloacutegicos e adotados
Dispotildee o artigo 1628 que os efeitos da adoccedilatildeo comeccedilam a partir do tracircnsito em
julgado da sentenccedila exceto se o adotante vier a falecer no curso do procedimento caso em
que teraacute forccedila retroativa agrave data do oacutebito As relaccedilotildees de parentesco se estabelecem natildeo soacute
entre o adotante e o adotado como tambeacutem entre aquele e os descendentes deste e entre o
adotado e todos os parentes do adotante
Natildeo houve alteraccedilatildeo na redaccedilatildeo do artigo 1629 apenas tal dispositivo tem o
objetivo de ajustar o Novo Coacutedigo Civil agrave lei superveniente ou seja Estatuto da Crianccedila e
do Adolescente
Dispondo o referido artigo a seguinte redaccedilatildeo a adoccedilatildeo por estrangeiro obedeceraacute
aos casos e condiccedilotildees que forem estabelecidos em lei
Assim pode-se concluir que na falta de norma reguladora para o instituto da adoccedilatildeo
desde que natildeo conflite com o Coacutedigo Civil deveraacute ser aplicado analogicamente o Estatuto da
Crianccedila e do Adolescente
Ainda constata-se que o Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute
maior de 18 anos passando o instituto da adoccedilatildeo a ser irrestrito trazendo importantes
reflexos ao nosso ordenamento juriacutedico paacutetrio no que diz respeito aos direitos da
personalidade e nos direitos sucessoacuterios Enquanto o antigo Coacutedigo Civil Brasileiro de 1916
adotava o sistema da manifestaccedilatildeo de vontade
Atualmente o Coacutedigo Civil vigente e o Estatuto da Crianccedila adotam o sistema da
sentenccedila judicial sendo que o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo para os
menores de 18 anos o que natildeo exime que a adoccedilatildeo de menor de 18 anos seja feita pelo
Coacutedigo Civil58
De acordo com a legislaccedilatildeo civil podemos conceituar a adoccedilatildeo como o ato de
filiaccedilatildeo juriacutedica que pressupotildee de afetividade e natildeo de relaccedilatildeo bioloacutegica passando o
adotado a ser tratado como se fosse filho natural constituiacutedo em benefiacutecio do adotando
_____________ 58 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 irretrataacutevel e perpeacutetuo depois de consumado que cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com
todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo
inexistia naturalmente
De forma simples podemos definir a adoccedilatildeo como modalidade de filiaccedilatildeo civil que
busca imitar a filiaccedilatildeo natural dependente da vontade de adotante e adotado e por via de
sentenccedila judicial
Assim torna-se inafastaacutevel a utilidade do instituto da adoccedilatildeo em relaccedilatildeo ao menor
carente ou em estado de abandono pois eacute de interesse do Estado a inserccedilatildeo desse menor em
um ambiente familiar
Fica claro que o instituto da adoccedilatildeo eacute de caraacuteter humanitaacuterio que tem por um lado o
escopo de proporcionar agravequeles que a quem a natureza negou filhos e por outro lado
constitui a finalidade assistencial de melhorar a condiccedilatildeo moral e material do futuro
adotado
Mas ainda muito haacute de se defender em prol do instituto da adoccedilatildeo no Brasil natildeo soacute
como forma de projeto de cidadania mas tambeacutem como forma de vida digna a aqueles que
natildeo tem um lar principalmente ao que refere aos direitos de adoccedilatildeo internacional e ainda ao
direito de adoccedilatildeo por casais homossexuais
22 REQUISITOS DA ADOCcedilAtildeO
221 Requisitos Formais
Satildeo alguns requisitos formais para a adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil vigente59
efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal
ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)
____________ 59 VENOSASilvio de Salvo Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003p349
efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal
ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)
diferenccedila miacutenima de idade entre o adotante e o adotado (artigo 1619)
consentimento do adotado de seus pais ou de seu representante (artigos 1621 sect 1ordm e
1624)
intervenccedilatildeo judicial na sua criaccedilatildeo pois somente se aperfeiccediloa perante o juiz atraveacutes de
processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico (artigo 1623 paraacutegrafo uacutenico)
irrevogabilidade (artigo 1626 caput)
estaacutegio de convivecircncia (1622 paraacutegrafo uacutenico 1ordfparte)
comprovaccedilatildeo de estabilidade familiar (artigo 1618 paraacutegrafo uacutenico in fine)
23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO
A adoccedilatildeo se daacute atraveacutes de um processo judicial perante o juiz com competecircncia na
aacuterea da infacircncia e juventude que iraacute conhecer dos pedidos da adoccedilatildeo e os seus incidentes
entre os quais a destituiccedilatildeo do paacutetrio poder e guarda para fins da adoccedilatildeo
Vislumbram-se duas hipoacuteteses em que se adota ou a famiacutelia jaacute convive com a
crianccedila ou adolescente que pretende adotar ou a famiacutelia estaacute a procura de uma crianccedila para
que venha a adotar
Na primeira hipoacutetese devem os interessados ajuizar o pedido de adoccedilatildeo atraveacutes de
advogado ou defensor puacuteblico que formularaacute o pedido diretamente em cartoacuterio atraveacutes de
peticcedilatildeo assinada pelos requerentes quando os pais forem falecidos tiverem sido destituiacutedos
do paacutetrio poder ou houverem aderido expressamente ao pedido os pais bioloacutegicos quando
conhecidos satildeo citados para querendo contestarem o pedido julgando o juiz ao final de
acordo com o interesse superior da crianccedila e do adolescente
Na segunda hipoacutetese os interessados devem requerer sua inscriccedilatildeo no cadastro do
juiacutezo de pessoas interessadas em adotar A partir daiacute instaura-se um procedimento no qual
seratildeo ouvidos pela equipe teacutecnica do juiacutezo (assistentes sociais eou psicoacutelogos) e antes da
decisatildeo que deferir a inscriccedilatildeo o Ministeacuterio Puacuteblico assistiraacute ao pedido de adoccedilatildeo conforme
previsto no artigo 227 sect5ordm da Constituiccedilatildeo Federal e emitiraacute parecer
Em seguida seratildeo incluiacutedos em grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo cujas vagas seratildeo
preenchidas de acordo com a ordem de ajuizamento do pedido de habilitaccedilatildeo respeitados os
criteacuterios estabelecidos
Os grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo possuem duraccedilatildeo prevista de 60 dias e visam
auxiliar os interessados em adotar Habilitados e inscritos no cadastro os interessados
recebem um certificado com validade de 2 anos
Satildeo necessaacuterios os seguintes documentos60
certidatildeo de casamento
atestado de residecircncia
folha de antecedentes criminais
prova de idoneidade fiacutesica e moral
prova de abandono do menor
destituiccedilatildeo do paacutetrio poder
atestado de sanidade fiacutesica
________________ 60 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
A adoccedilatildeo constitui-se por sentenccedila sendo necessaacuterio que 61
a peticcedilatildeo Inicial com os requisitos do artigo 35
se na inicial vier a concordacircncia dos pais do adotando seratildeo ouvidos pelo juiz e pelo
representante do Ministeacuterio Puacuteblico lavrando-se o termo
a autoridade juriacutedica de ofiacutecio ou o requerimento das partes e do Ministeacuterio Puacuteblico
determinaraacute a realizaccedilatildeo de estudo social ou se possiacutevel periacutecia por equipe profissional
decidindo sobre o estaacutegio de convivecircncia
Apresentado o laudo e ouvido o adotando teraacute vistas o Ministeacuterio Puacutebico
apoacutes a manifestaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico no prazo tambeacutem de 5 (cinco) dias o
juiz proferiraacute a sentenccedila
A sentenccedila judicial transitada em julgado seraacute inserida no registro civil mediante mandado do qual natildeo
se forneceraacute certidatildeo O mandado judicial cancelaraacute o registro de nascimento original do menor conforme
o artigo 16 da Lei nordm 601573 E a inscriccedilatildeo no registro constaraacute o nome dos adotantes
como pais e o nome dos seus ascendentes Assim o menor ingressa na famiacutelia do adotante
se desvinculando da famiacutelia natural
24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO
241 Efeitos pessoais
Satildeo alguns efeitos pessoais decorrentes da adoccedilatildeo62
____________________
61 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1996 p 60 62 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 430
rompimento automaacutetico do viacutenculo de parentesco com a famiacutelia de origem salvo os
impedimentos matrimocircniais (artigo 1626)
estabelecimento de verdadeiros laccedilos de parentesco civil entre adotante e adotado
abrangendo a famiacutelia do adotante (artigo 15282ordf parte)
transferecircncia definitiva e de pleno direito do poder familiar para o adotante se o adotante
for menor (artigo 1630 1634 1635 inciso V)
liberdade razoaacutevel em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo do nome do adotado (1627)
possibilidade de promoccedilatildeo da interdiccedilatildeo e inabilitaccedilatildeo do pai ou matildee adotiva pelo
adotado ou vice-versa (artigo 1768)
determinaccedilatildeo do domiacutecilio do adotado menor de idade que adquire o do adotante
242 Efeitos patrimoniais
Satildeo alguns efeitos patrimoniais produzidos pela adoccedilatildeo63
direito do adotante de administraccedilatildeo e ususfruto dos bens do adotado menor (artigo 1689
1691e 1693)
obrigaccedilatildeo do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar (artigo
1634)
dever do adotante de prestar alimentos ao adotado (artigo 1694 1696 e 1697)
direito a indenizaccedilatildeo do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante
responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menor de idade
______________
81 Op cit p 31 p 432
direito sucessoacuterio do adotado visto que se equipara ao filho advindo de parentesco
cosanguineo herdado em concorrecircncia com o cocircnjuge sobrevivente ou convivente do
falecido na qualidade de descendente do autor da heranccedila afastando todos os demais
herdeiros do adotante que natildeo tenham a qualidade de filho (artigo 1829 inciso I e
1790incisos I e II)
reciprocidade nos efeitos sucessoacuterios (artigo 1829 inciso II e 1790 inciso III)
filho adotivo natildeo estaacute compreendido na exceccedilatildeo do Coacutedigo Civil artigo 1790 inciso I
rompimento de testamento se sobrevier filho adotivo (artigo 1973)
direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciaacuterio (artigo 1951 a 1960)
superviniecircncia de filho adotivo pode revogar doaccedilotildees feitas pelo adotante ( artigo 1846 e
1789)
Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso
de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do
oacutebito64
25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO
Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se
obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do
negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do
ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade
____________
64 Op cit p 32 p 435
deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea
A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-
se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico
Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade
anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo
251 Nulidade da adoccedilatildeo
Seraacute nula a adoccedilatildeo que65
em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16
anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619
a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a
mesma pessoa (artigo 1622)
o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)
vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude
252 Anulabilidade da adoccedilatildeo
Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66
a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente
incapaz
ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado
____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435
consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz
vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores
a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado
253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo
Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67
pela falta de consentimento do adotante e adotado
pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou
interdiccedilatildeo civil
pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico
26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO
A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes
motivos68
pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil
Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a
madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave
enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou
neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade
pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil
____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437
Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste
contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a
honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila
pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue
quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva
pela morte do adotante e adotado
27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO
Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a
finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo
avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante
e adotado69
Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute
prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com
facilidade a nova famiacutelia
O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a
ser adotado
Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a
extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo
atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil
____________
69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340
28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das
crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a
prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave
poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato
infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e
ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70
A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual
adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou
tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da
juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil
Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida
familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco
passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado
29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL
A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e
do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da
Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave
crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave
educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave
__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41
convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71
Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada
por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por
procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da
adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda
de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida
pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo
por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72
Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo
de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes
independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos
havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e
qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73
Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos
adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do
bem estar do adotado
210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO
A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser
incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e
educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta
assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria
___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438
Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como
com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo
dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos
pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco
pessoal e social nas ruas das grandes cidades
Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia
importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees
sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia
Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem
por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades
coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e
ceacutelere
Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria
com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e
defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do
proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os
procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados
Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo
atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o
instituto da adoccedilatildeo
A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de
_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em
lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que
querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave
crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico
educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e
na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos
e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o
desenvolvimento da cidadania
Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que
tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria
Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir
211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO
Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75
Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma
simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo
A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais
os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a
situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem
adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda
________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser
proporcionada pelas pessoas sem adotar
Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva
jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os
interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais
vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito
simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses
O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida
cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior
(adoccedilatildeo internacional)
CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees
estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil
Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente
A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida
excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido
por pessoa residente no Paiacutes
A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico
conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei
supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida
sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76
Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo
juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a
decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham
falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm
80699077
Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da
Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da
CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia
____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464
Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por
estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos
interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas
atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os
bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal
intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando
verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em
moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias
maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado
enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees
escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos
especialmente do menorrdquo78
Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante
nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado
tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a
perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e
economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila
passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco
e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79
Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas
___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438
Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil
A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver
medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo
internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda
possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o
seu ingresso em famiacutelia substituta
Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo
internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem
conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas
Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em
seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser
interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores
para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que
visem lucro80
Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas
pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator
determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas
famiacutelias substitutas
32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR
ESTRANGEIROS
A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo
seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e
condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________
80 Op Cit p 44 p 438
parte de estrangeiros
Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida
excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo
acarreta o adotante aacute desistecircncia
Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81
impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo
estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro
residente ou domiciliado fora do paiacutes
comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de
seu paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia
especializada e credenciada no paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido
do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico
juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente
autenticados pela autoridade consular
permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a
consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo
Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e
cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no
miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos
de idade
___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439
podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar
prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista
A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82
lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo
reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante
lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica
Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de
Adoccedilatildeo de Menores de 1984)
33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA
A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua
finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores
Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia
prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse
superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas
__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485
A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo
Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de
garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados
contratantes83
Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a
Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo
Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84
requisitos para a adoccedilatildeo internacional
requisitos processuais
reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo
De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo
em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o
interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras
_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486
CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a
grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo
igualmente a possibilidade da poder adotar
A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade
Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas
aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de
constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a
reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois
assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir
famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86
Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a
uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm
sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo
Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87
____________
86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho
mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49
A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios
E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por
homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se
espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem
homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila
se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais
homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos
tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte
de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo
16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo
se forem marido e mulher
Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89
____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da
uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos
homossexuais
42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA
E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a
situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos
casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo
juriacutedica podem os casais homossexuais adotar
No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo
homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes
da jurisprudecircncia
E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a
regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais
Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata
da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo
tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um
dos parceiros90
Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo
5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a
primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei
____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade
Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca
pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do
bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais
homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve
levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo
decidindo sempre pelo bem-estar do menor91
A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece
Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao
adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo
ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia
familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo
()
sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute
casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros
A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee
Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de
estado civil
______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005
Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92
Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que
homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo
poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante
O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de
adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual
diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro
de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93
______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo
da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum
cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito
Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94
Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais
homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95
Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo
sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel
privar os homossexuais do direito agrave adotar96
E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais
flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de
tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar
seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles
que lhe acolhem97
______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53
No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo
barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao
seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira
da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da
histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a
mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para
atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem
a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua
companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de
crianccedilas devem igualmente poder adotar98
Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no
aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes
de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o
preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99
Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida
pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato
Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo
________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53
CONCLUSAtildeO
A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia
E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto
no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio
Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988
Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade
Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente
A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva
Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros
por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores
Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade
Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a
sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do
Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo
Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e
principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que
pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da
adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e
venda de crianccedilas para o estrangeiro
A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente
estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse
baseado nos artigos 1618 a 1629
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52
Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de
amor carinho e solidariedade
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 6023 informaccedilatildeo e
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Ressalto que no Coacutedigo Civil de 1916 havia previsatildeo para a adoccedilatildeo plena e adoccedilatildeo
simples A Adoccedilatildeo Simples era regida pelo Coacutedigo Civil de 1916 e a Lei 313357 era
concernente ao viacutenculo de filiaccedilatildeo que se estabelecia entre adotante e adotado o adotante
poderia ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos11
________________ 8 12 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeiro 1996 p 41 9 Constituiccedilatildeo Federal EC nordm 45 Rio de Janeiro Victor Roma 2005 p 148 10 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003 p 423 11 Opcit p 3 p 424
E Adoccedilatildeo Plena era a espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser
irrevogavelmente para todos os efeitos legais filhos dos adotantes desligando-se de
qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais12
A Lei nordm 806990 ndash ECA ndash Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo
para os menores de 18 anos O Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute
maior de 18 anos E ambos adotam o sistema da sentenccedila judicial
Para que a adoccedilatildeo ocorra e necessaacuterio o cumprimento de diversos requisitos alguns
de aspectos formais outros pessoais e os requisitos processuais que geraram seus efeitos
E por fim ressalto que na adoccedilatildeo poderaacute ocorrer a sua extinccedilatildeo nas modalidades de
nulidade anulabilidade e inexistecircncia13
Quando ocorrer viacutecio de fraude eou simulaccedilatildeo quando natildeo houver a diferenccedila
miacutenima de 16 anos entre adotante e adotado e nos casos do casal natildeo forem marido e
mulher ou conviventes ocorreraacute a nulabilidade da adoccedilatildeo14
Jaacute a anulabilidade ocorreraacute quando houver a falta de consentimento dos pais tutor ou
curador a adoccedilatildeo do relativamente incapaz ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda
se encontra o menor interditado o consentimento manifestado somente pelo adotado
relativamente incapaz vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou
fraude contra credores agrave falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do
consorte adotado15
E quando ocorrer a falta de consentimento do adotante e adotado ou a falta de
objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou interdiccedilatildeo civil e
______________ 12 Op cit p 3 p 424 13 Op cit p 3 p 435 14 Op cit p 3 p435 15 Op cit p 3 p 437
pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico ocorreraacute a
inexistecircncia da adoccedilatildeo16
Poderaacute tambeacutem ocorrer agrave revogaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos seguintes casos pela vontade do
adotante e do adotado pela deserdaccedilatildeo e pela indignidade
4 ndash A adoccedilatildeo Internacional
A adoccedilatildeo internacional tem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila
e do Adolescente ao qual disciplina a possibilidade da adoccedilatildeo por estrangeiros por
estrangeiros17 Mas essa possibilidade de adoccedilatildeo por estrangeiros somente ocorreraacute nos
casos em que a crianccedila jaacute tenha uma tenha sua situaccedilatildeo juriacutedica definida ou seja que jaacute
possua sentenccedila transitada em julgado declarando a decretaccedilatildeo da perda do poder familiar
ou nos casos de haver declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham falecido e este menor esteja
sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm 80699018
Ressalvando os casos em que se dever tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por
estrangeiros residentes no exterior referente ao traacutefico venda e sequumlestro de crianccedilas para o
exterior
Passo importante para a adoccedilatildeo no Brasil foi agrave Convenccedilatildeo de Haia que ratifica o
interesse das crianccedilas a serem adotadas e coibindo o sequumlestro de menores o traacutefico e a
venda de crianccedilas A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo
ratificada em nosso ordenamento juriacutedico atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril
de 1995 cujo objetivo eacute o de garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo
entre os Estados contratantes19
_______________ 17 Op cit p 3 p 61 18 Op cit p 3 p 61 19 Op cit p 3 p 485 5 ndash Os projetos de conscientizaccedilatildeo e incentivos da Adoccedilatildeo
Atualmente o Juizado da Infacircncia e juventude do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo
em parceria com oacutergatildeos natildeo governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo
da adoccedilatildeo dentre outras atividades atraveacutes de Projetos Especiais que tem por objetivo a
colocaccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco pessoal e social nas ruas
das grandes cidades em famiacutelias substituas uma vez que toda crianccedila ou adolescente tem
direito a ser criado e educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente em famiacutelia
substituta assegurada a convivecircncia familiar e comunitaacuteria
Tal projeto vinculado pela 1ordf Vara da Infacircncia e Juventude do Rio de Janeiro lanccedilou
a cartilha da adoccedilatildeo com o intuito de esclarecer e incentivar a adoccedilatildeo20
Projeto semelhante foi lanccedilado pela 1ordf Vara da Infacircncia e Juventude de Vitoacuteria ndash ES
tambeacutem lanccedilou recentemente a obra ldquo111 perguntas sobre a adoccedilatildeordquo21
Ambos os projetos satildeo tem por objetivo esclarecer e incentivar a adoccedilatildeo como ponto
de referecircncia importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional
das accedilotildees sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter uma famiacutelia Assim
podemos constatar que a cartilha traz todo o rol de procedimentos e esclarecimentos a
aqueles que queiram adotar sejam eles residentes no Brasil ou no Exterior
7ndash A adoccedilatildeo por Homossexuais
A grande discussatildeo hoje rebatida pela sociedade seria a da possibilidade de
homossexuais poderem ou natildeo adotar
_____________ 20 Cartilha da adoccedilatildeodipsonovellt wwwjuizadodainfanciaejuventudeorgbrgtAcesso em 30out 2004 21 Cartilha da adoccedilatildeo Disponiacutevelwwwtjesgovbr Acesso em 30 out 2004 Na verdade vaacuterios satildeo os fatos alegados a natildeo possibilidade de adoccedilatildeo pelos
homossexuais como a diferenccedila da formaccedilatildeo da famiacutelia que fugiria aos padrotildees da
formaccedilatildeo da famiacutelia heterossexual da nossa sociedade
De certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se
estabelecer-se e contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos
homossexuaisrdquo tem de ser respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela
sociedade e pelo Estado21
Vaacuterios argumentos e sofismas satildeo utilizados para a natildeo legalizaccedilatildeo da adoccedilatildeo por
homossexuais mas o que prepondera realmente eacute o preconceito e o que deveria mesmo ser
visado que seria o interesse do adota natildeo estaacute sendo colimado
De fato em nosso ordenamento juriacutedico natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito
positivo para validar a uniatildeo homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecer o
direito a uniatildeo homossexual atraveacutes da jurisprudecircncia E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem
em nosso ordenamento juriacutedico a regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais
Mas tambeacutem natildeo haacute legislaccedilatildeo que proiacuteba a adoccedilatildeo de menores por homossexuais
O que presenciamos sim seria a violaccedilatildeo de direitos aos homoafetivos pois fica clara a
violaccedilatildeo ao direito a igualdade e a isonomia Assim como tambeacutem natildeo haacute restriccedilatildeo legal
quanto a formaccedilatildeo da famiacutelia que deveria ser somente heterossexual
Acredito que o que se deva levar em consideraccedilatildeo eacute a situaccedilatildeo de fato do menor a ser
adotado de ser resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe
um lar seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual
____________ 21 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005
daqueles que lhe acolhem22
Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no
aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruas com
grandes possibilidades de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que
tecircm por fundamento o preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o
inteacuterprete inovar23
Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida
pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato
Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo
E nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na
aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem
comum cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao
Coacutedigo Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do
Direito
Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave
adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do
adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente
iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando
devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo24
Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais
homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato25
____________ 22 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 23 Op Cit P 8 24 Op Cit P 8 25 Op Cit P 8
Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo
sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel
privar os homossexuais do direito agrave adotar26
E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais
flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de
tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar
seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles
que lhe acolhem27
Portanto fica bem claro que eacute importante deixar de lado as barreiras do preconceito
___________ 26 Op Cit P 8 27 Op Cit P 8
BIBLIOGRAacuteFIA
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CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO
12 LINEAMENTOS HISTOacuteRICOS
Historicamente o instituto da adoccedilatildeo desde os tempos mais primoacuterdios era utilizado
por nossos antepassados e com o passar dos tempos evoluiu tanto no aspecto social quanto
no aspecto juriacutedico
No direito primitivo a famiacutelia era a unidade social econocircmica e religiosa e a adoccedilatildeo
constituiacutea-se como um meio eficaz de perpetuar a famiacutelia e a religiatildeo domeacutestica ao qual
transferia-se os bens familiares pois nessa eacutepoca natildeo se conhecia do testamento1
No direito romano os imperadores utilizavam-se do instituto para designar os seus
sucessores e seus futuros Chefes de Estados deixando a adoccedilatildeo de ser um instrumento de
direito privado e passando a ser instrumento de direito puacuteblico2
E a maior prova de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor solidariedade
encontra-se narrado na Biacuteblia no nascimento de Jesus Cristo fruto
esse concebido pelo Divino Espiacuterito Santo para mostrar que natildeo haacute a
necessidade de casamento da conjunccedilatildeo carnal e de todas as
concepccedilotildees do homem para que se conceba um filho3
Tal instituto teve sua origem fundada na Biacuteblia no Coacutedigo de Hamurabi e nas Leis
de Manu4
__________ 1 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 218 2 SIQUEIRA Liboacuterni Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 34 3 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Luacutemen Iuris 1996 p 1 4 Op cit p 11 p 218
No Coacutedigo de Manu o instituto da adoccedilatildeo encontram-se descrito na Lei IX 10
ldquoAquele a quem a natureza natildeo deu filhos pode adotar um para que as cerimocircnias fuacutenebres
natildeo cessemrdquo5
As Leis de Manu determinavam que a adoccedilatildeo somente seria possiacutevel entre um
homem e um rapaz da mesma classe social e que o adotado tivesse todas as qualidades
apreciadas num filho6
Jaacute o Coacutedigo de Hamurabi eacute considerado o documento mais antigo que se tenha
notiacutecia antes de Cristo O instituto no Coacutedigo de Hamurabi era conhecido como ldquoSentenccedilas
de Direitordquo traz em seus artigos 185 a 193 e o define como ldquomacircrucircturdquoArt 185 ndash Se algueacutem
toma em adoccedilatildeo uma crianccedila ou a educa esta natildeo pode ser reclamadardquo7
Nas passagens biacuteblicas eacute possiacutevel exemplificarmos algumas dessas noccedilotildees do
instituto da adoccedilatildeo ao relatarmos alguns casos como a histoacuteria de Moiseacutes que foi adotado
por Termulus quando o encontrou agraves margens do Rio Nilo na de Mordecai que criou Eacutester
como uma irmatilde e ainda na proacutepria histoacuteria de Joseacute do Egito adotado por Potifar8
Os Hebreus chamavam a adoccedilatildeo pelo nome de ldquoleviratordquo9
De acordo com a Biacuteblia poderiam adotar tanto o pai como a matildee e a adoccedilatildeo soacute se
dava entre parentes A mulher esteacuteril poderia adotar os filhos da serva que ela havia
conduzido ao taacutelamo do marido10
__________ 5 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Luacutemen Iuris 1996 p 21 6 Op cit p 12 p 21 7 Op cit p 12 p 25 8 SZNICK Waldir Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 26 9 Op cit p 12 p 26 10 Op cit p 12 p 26
Para os Romanos a adoccedilatildeo era o ato legislativo pelo qual algueacutem perfilha um filho
que natildeo se gerou tendo em vista a necessidade da perpetuaccedilatildeo do culto domeacutestico que
tinha um valor sacral Para os romanos havia dois tipos de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo e a
adrogatio11
A adoccedilatildeo ou adoptio era instituto de direito privado destinado ao alieni juacuteris para
quem tivesse sob o paacutetrio poder da Lei das XII Taacutebuas Jaacute a adrogatio pertencia ao direito
puacuteblico a doaccedilatildeo de sui juacuteris como filho na famiacutelia de um pater famiacutelias12
Para os Gregos a adoccedilatildeo rompia todos os laccedilos da famiacutelia anterior sequer poderia
prestar o funeral dos pais anteriores A adoccedilatildeo tinha o nome de Teacutesis tambeacutem conhecida
como Ampasis13
O Direito Canocircnico desconheceu a adoccedilatildeo ateacute certo ponto e se manifestava com
reservas A igreja via a adoccedilatildeo como uma ressalva ao casamento e agrave constituiccedilatildeo da famiacutelia
legiacutetima como uma das possibilidades de se fraudar as normas vigentes que proibiam o
reconhecimento de filhos adulterinos e incestuosos14
Na Idade Meacutedia a adoccedilatildeo sucede ao processo histoacuterico da famiacutelia romana tecircm o
mesmo objetivo destinado ao culto domeacutestico daqueles que natildeo tinham descendentes
Nessa eacutepoca Justiniano reformou o instituto da adoccedilatildeo seguindo as linhas das instituiccedilotildees
orientais em especial as helecircnicas mas permanecendo a adoccedilatildeo claacutessica 15
Portanto nesse periacuteodo Justiniano a adoccedilatildeo era o ato solene pelo qual se admite em
lugar de filho quem por natureza natildeo ostenta tal qualidade16
_____________ 11 ZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 27 12 Op cit p 13 p 32 13 Op cit p 13 p 26 14 WALD Arnoldo O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo PauloSaraiva 15 SIQUEIRA Liboacuterni Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 35 16 Op cit p13 p 35
Na eacutepoca moderna o instituto da adoccedilatildeo teve a sua inspiraccedilatildeo no Direito Romano
sendo encontrado no Coacutedigo de 1683 promulgado na Dinamarca por Christian V Na
Alemanha tal instituto encontra-se no Coacutedigo de Pressuniano promulgado por Frederico
Guilherme II em 1751 e no Codex Maximilianus da Bavaacuteria de 175617
Essa legislaccedilatildeo influenciou o Coacutedigo Napoleocircnico de 1791 apesar da normativa
sobre o instituto da adoccedilatildeo natildeo houve uma aceitaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo frequumlente tendo em vista
a suspeita de favorecimento a fraude e agrave lei fiscal18
O Coacutedigo Napoleocircnico de 1971 contemplava quatro tipos de adoccedilatildeo19
a) adoccedilatildeo ordinaacuteria ndash depende de homologaccedilatildeo judicial permitida a maiores de50 anos
e diferenccedila de 15 anos entre o adotado altera nome tem direitos sucessoacuterios
b) adoccedilatildeo remuneratoacuteria ndash destinada a quem tivesse salvo a vida do adotando
irrevogaacutevel
c) adoccedilatildeo testamentaacuteria ndash permitida ao tutor apoacutes 5 anos de tutela
d) tutela oficiosa ndash uma espeacutecie de adoccedilatildeo provisoacuteria em favor dos menores
Por fim as Ordenaccedilotildees advieram do direito geral portuguecircs primeiro as Ordenaccedilotildees
Afonsinas de 1446 a 1514 que para o Brasil entraram em vigor agrave partir de 1500 sendo esta
substituiacuteda pelas Ordenaccedilotildees Manuelinas em 1514 e por uacuteltimo as Ordenaccedilotildees Filipinas em
1603 que vigoraram ateacute a promulgaccedilatildeo do da Lei nordm Coacutedigo Civil em 191620
_____________ 17 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo PauloLeud 1999 p 40 18 Op cit p 14 p 40 19 Op cit p 14 p 41 20 Op cit p 14 p 41
Nessa fase a adoccedilatildeo era regulada por inuacutemeros textos e passagens sem uma norma
especiacutefica
Com as Ordenaccedilotildees o instituto adquiriu o nome de perfilhamento e tinha como
objetivo tornar como herdeiro na sucessatildeo o filho tido mesmo que fosse o filho espuacuterio ou
o filho adulterino21
Com a independecircncia as Ordenaccedilotildees passaram a perder a sua validade em nosso
ordenamento juriacutedicoem virtude dos inuacutemeros diplomas e regulamentos que passaram a
vigorar na eacutepoca poreacutem a revogaccedilatildeo total soacute ocorreu com o advento do Coacutedigo Civil de
191622
12 CONCEITO
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de
solidariedade ou seja a chance de crianccedilas e adolescentes de terem um lar uma famiacutelia jaacute
que foram desprovidos de alguma forma de seus familiares
Para o conceito de adoccedilatildeo existem vaacuterias definiccedilotildees Em uma conceituaccedilatildeo simples e
clara podemos dizer que a adoccedilatildeo eacute um ato juriacutedico que tem por finalidade criar entre duas
pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue23
Ainda pode ser definida como o ato de ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco civil
portanto de suma importacircncia para a sociedade brasileira tendo em vista que tal ato
juriacutedico coaduna na esfera da vontade dos particulares com a devida permissatildeo da lei
__________ 21 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 42 22 Op cit p 15 p 42 23 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147
criando entre essas pessoas estranhas uma relaccedilatildeo anaacuteloga como agraves oriundas da filiaccedilatildeo
legiacutetima24
A adoccedilatildeo tambeacutem pode ser conceituada como o ato juriacutedico pelo qual o viacutenculo
familiar eacute criado em virtude do proacuteprio ato pelo legislador25
Alguns autores definem a adoccedilatildeo apenas como o instituto que daacute ao filho adotivo o
status idecircntico ao do filho legiacutetimo
Passamos a analisar a conceituaccedilatildeo dos seguintes juristas
Para Clovis Bevilacqua a adoccedilatildeo se destinava a suprir a falta de filho que tem como
ato civil aacute aceitaccedilatildeo de um estranho como filho26
Para a Profa Maria Helena Diniz a adoccedilatildeo eacute uma instituiccedilatildeo de caraacuteter humanitaacuterio
que tem por um lado dar aqueles a quem a natureza negou um lar e uma famiacutelia e por outro
lado a uma finalidade assistencial constituindo um meio de melhorar a condiccedilatildeo moral e
material do adotado27
Para Walter Gaspar a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica a qual se estabelece uma relaccedilatildeo
de parentesco que independe do fato natural da procriaccedilatildeo28
Para Orlando Gomes a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece independente
do fato natural o viacutenculo de filiaccedilatildeo legal que permite a constituiccedilatildeo entre duas pessoas do
laccedilo de parentesco do primeiro grau em linha reta29
_________ 24 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 25 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 26 Op cit p 16 p 63 27 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 28 GASPAR Walter Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003 p 315 29 ORLANDO Gomes Instituiccedilotildees de Direito Civil Satildeo Paulo Forense1996 p 226
Jose Maria Leoni Lopes de Oliveira define a adoccedilatildeo como um instituto juriacutedico que
procura imitar a filiaccedilatildeo natural30
Para Silvio Rodrigues a adoccedilatildeo eacute o ato do adotante pelo qual ele traz para a sua
famiacutelia e na condiccedilatildeo de filho pessoa que lhe eacute estranha31
Para Caio Mario da Silva a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual uma pessoa recebe
outra como filho independentemente de existir entre elas qualquer relaccedilatildeo de parentesco
cosanguiacuteneo ou afim32
Para Antunes Varella a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece entre duas
pessoas adotante de um lado e adotado de outro independente dos laccedilos de sangueuma
relaccedilatildeo legal de filiaccedilatildeo33
Para o Prof Arnoldo Wald a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco
civil Eacute um ato juriacutedico bilateral que gera laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre pessoas para
as quais tal relaccedilatildeo inexiste materialmente34
Para Carbonnier a filiaccedilatildeo adotiva eacute uma filiaccedilatildeo puramente juriacutedica que repousa
na pressuposiccedilatildeo de uma realidade natildeo bioloacutegica mas afetiva35
E para Dusi a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico solene em virtude do qual agrave vontade dos
particulares com a permissatildeo da lei cria entre pessoas naturalmente estranhas uma a outra
relaccedilotildees anaacutelogas as oriundas da filiaccedilatildeo legiacutetima36
__________ 31 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147 32 Direito Civil ndash Famiacutelia Satildeo Paulo Forense 1999 p330 48 op Cit p 17 p 330 33 Op Cit p 17 p 148 534WALD Arnold O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 35 Op cit p 17 apud Droit Civil 2 ndash La Famile nordm 354 p 519 36 Op cit p 17 p 217
No contexto das diversas definiccedilotildees atribuiacutedas a adoccedilatildeo podemos
verificar que esta se contrapotildee-se a filiaccedilatildeo legiacutetima ou natural por
sua caracteriacutestica artificial pois resulta da manifestaccedilatildeo de vontade e
de sentenccedila judicial Enquanto a filiaccedilatildeo natural tem seu viacutenculo
formado apenas no sangue
Contudo os efeitos da adoccedilatildeo em nosso ordenamento juriacutedico geram
as mesmas relaccedilotildees da filiaccedilatildeo natural
13 NATUREZA JURIacuteDICA
A natureza juriacutedica da adoccedilatildeo sempre foi muito controvertida para alguns
doutrinadores a adoccedilatildeo apenas eacute uma relaccedilatildeo juriacutedica enquanto para outros eacute negoacutecio
unilateral tendo em vista a vontade do adotante37
Com o passar dos tempos a mudou a sua finalidade antes se destinava
a atender aos interesses religiosos dos adotantes hoje se preocupa
mais com o interesse dos adotados objetivando proporcionar uma
famiacutelia38
A dificuldade em definir a natureza juriacutedica da adoccedilatildeo decorre da sua
natureza e da origem do seu ato
Assim para alguns autores adoccedilatildeo seria uma forma de contrato
devido agrave bilateralidade do ato pois eacute preciso a manifestaccedilatildeo de duas
vontades a do adotante e do adotado Sendo que agraves vezes o adotado eacute
representado poreacutem a vontade do adotando inexiste em algumas
situaccedilotildees o que dificulta a compreensatildeo dessa doutrina39
__________ 37 Op cit p 17 p 320 38 Op cit p 17 p 149 39 Op cit p 17 p 320
Para outros autores a adoccedilatildeo eacute instituto juriacutedico de ordem puacuteblica sendo necessaacuterio
a manifestaccedilatildeo do Estado declarando ou natildeo a adoccedilatildeo40
No Coacutedigo Civil de 1916 a adoccedilatildeo tinha a natureza de contrato
devido agrave solenidade exigida na lei da escritura puacuteblica realccedilando a
natureza negocial do instituto como contrato de famiacutelia disposto no
artigo 37541
Nessa eacutepoca havia duas formas distintas de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo simples
e a adoccedilatildeo plena e cada uma delas apresentava natureza proacutepria42
No Estatuto natildeo prevalece apenas a bilateralidade de vontades pois o Estado
participa de forma ativa exigindo-se tambeacutem uma sentenccedila judicial pois sem esta natildeo
haveraacute adoccedilatildeo 43
O Coacutedigo Civil de 2002 requer a presenccedila dos adotantes do Estado e somente
ocorreraacute se for atraveacutes de sentenccedila judicial
Pode-se assim concluir que a adoccedilatildeo eacute um ato complexo o
qual tem na sua primeira fase um caraacuteter negocial em seguida a
manifestaccedilatildeo de vontade dos adotantes e adotados e em sua segunda
fase tem caraacuteter judicial a fim de verificar a conveniecircncia ou natildeo da
adoccedilatildeo que culmina com a sentenccedila judicial44
Portanto a accedilatildeo de adoccedilatildeo eacute accedilatildeo do estado de caraacuteter constitutivo
conferindo a posiccedilatildeo de filho ao adotado atraveacutes de sentenccedila judicial
____________ 40 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p320 41 Op cit p 19 p 316
42 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Rio de Janeiro Atlas 2001 p 257 43 Op cit p 19 p 320
44 Op cit p 19 p 316 14 EVOLUCcedilAtildeO LEGISLATIVA DA ADOCcedilAtildeO
No Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 3071 de 01 de maio de 1916 vigoravam as
Ordenaccedilotildees Afonsinas Filipinas e Manuelinas45
Com o advento do Coacutedigo Civil de 1916 ocorreu a sistematizaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos
artigos 368 a 378 de caraacuteter essencialmente privado
Todavia o nosso direito paacutetrio da eacutepoca revelava as influecircncias do direito romano
do direito canocircnico das Ordenaccedilotildees Afonsinas Manuelinas e Filipinas46
No coacutedigo de 1916 a adoccedilatildeo era definida como o ato civil pelo qual algueacutem aceita
um estranho na qualidade de filho contudo tal conceito trazia consigo as suas restriccedilotildees47
Nessa eacutepoca havia restriccedilotildees quanto agrave adoccedilatildeo pois a mesma se destinava a habilitar
pessoas com mais de 50 anos exigindo a diferenccedila miacutenima de 18 anos entre adotado e
adotante e natildeo haveria direito de sucessatildeo ao adotado
Em 1957 adveio o Estatuto da adoccedilatildeo - Lei nordm 3133 de 08 de maio de 1957 E em
1979 o Coacutedigo de Menores Lei nordm 6667 de 10 de outubro de 1979 ambos traziam algumas
modificaccedilotildees que eliminava certas restriccedilotildees do Coacutedigo Civil de 191648
Algumas dessas modificaccedilotildees trazidas foi a de possibilidade de se adotar aos 30
anos e a diferenccedila de idade entre adotando e adotado passou a ser de 16 anos eliminou-se
tambeacutem o preacute-requisito de que somente casais sem filhos poderiam adotar49
______________ 45 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 38 46 Opcit p 20 p 42 47 Opcit p 20 p 84 48 Opcit p 20 p 40 49 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo em 1988 e com o advento do Estatuto da
Crianccedila e do Adolescente ndash ECA em 1990 consegui-se eliminar todas as restriccedilotildees
pertinentes agrave diferenccedila entre filhos adotivos ilegiacutetimos eou aduacutelterinos50
Assim hoje o filho adotivo tem os mesmos direitos garantias e deveres dos filhos
bioloacutegicos artigo 227 sectordm da CRFB
A partir de 1990 as regras da adoccedilatildeo passaram a visar mais os interesses direitos e
reais e necessidades dos adotandos O que se pretendia era encontrar uma famiacutelia adequada
aos menores e natildeo a busca de uma crianccedila para aqueles que pretendem adotar51
Jaacute o novo Coacutedigo Civil trata desse instituto da aceitaccedilatildeo legal de estranho no seio
familiar nos artigos 1618 a 1629 passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que
originariamente natildeo eacute criando com este laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com todos os
direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo inexiste
naturalmente52
E corroborando com o instituto da adoccedilatildeo o nosso texto constitucional assegura em
seu artigo 227 o direito de se ter uma famiacutelia o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave
educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura ao respeito agrave dignidade agrave liberdade e a
convivecircncia familiar 53
Esse direito de se ter uma famiacutelia consagrado na Carta Magna adveacutem do direito
positivo brasileiro do direito natural do simples direito de se ter um lar
__________ 50 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 150 51 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41 52 As modificaccedilotildees introduzidas agrave partir do advento do Novo Coacutedigo Civil ndash Lei nordm 1040602 53 CONSTITUICcedilAcircO FEDERAL EC nordm 45 Rio de Janeiro 2005 p 149
A adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia da proteccedilatildeo ao adotado e cuja finalidade
eacute a de dar um lar aos menores criando para esses menores um ambiente familiar e o
equiparando o adotado como filho legiacutetimo
Egrave um instituto de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo agravequeles que precisam de um
lar amor carinho e dignidade
Tem por finalidade fundamental dar filhos agravequeles que natildeo podem ter
biologicamente e de dar pais agravequeles que se encontram desamparados por algum motivo
Assim a adoccedilatildeo que fugir desses paracircmetros a que estaacute destinada estaraacute distorcendo a
finalidade do ordenamento a que lei se destina
Ficando constatado que a adoccedilatildeo no Brasil constitui um imperativo de ordem eacutetica
de natureza constitucional pois natildeo se pode construir uma sociedade mentalmente satilde sobre
as bases de abandono de crianccedilas os futuros homens de amanhatilde
CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
A adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil de 1916 era regulada nos artigos de 368 a 378 Nesse
Coacutedigo havia previsatildeo legal para duas modalidades de adoccedilatildeo54
A adoccedilatildeo simples estabelecia o viacutenculo de filiaccedilatildeo entre adotante e adotado
podendo o adotante ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos regia-se pelo Coacutedigo
Civil de 1916 e pela Lei nordm 313355
A adoccedilatildeo plena era espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser
irrevogavelmente para todos os efeitos legais a ser filhos dos adotantes desligando-se de
qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais
introduzido pela Lei nordm 669779
Nesse Coacutedigo Civil a adoccedilatildeo aplicava-se aos maiores de 18 anos e realccedilava a sua
natureza negocial do instituto tendo em vista a solenidade da escritura puacuteblica que a lei
exigia como contrato de direito de famiacutelia Somente seria a adoccedilatildeo consumada com a
devida averbaccedilatildeo da escritura no registro civil e no ato da adoccedilatildeo seriam declarados quais
os nomes da famiacutelia passaria o adotado a usar
Eram requisitos para adoccedilatildeo nesta legislaccedilatildeo de 1916 que o adotante fosse 16 anos
mais velho que o adotando com mais de 30 anos de idade se o adotante fosse casado o
casamento deveria ter duraccedilatildeo superior agrave cinco anos duas pessoas natildeo poderiam adotar
conjuntamente se natildeo forem marido e mulher e o adotando com maior de 18 anos o tutor
ou curador poderiam adotar depois de prestadas as contas ocorria atraveacutes de escritura
puacuteblica havia previsatildeo de adoccedilatildeo por estrangeiros sem restriccedilatildeo55
______________ 54 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 55 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p 323
Com o advento da Lei nordm 104062002 o instituto da adoccedilatildeo passou a ser tratado nos
artigos de 1618 a 1629 como jaacute mencionado E por conta da nova legislaccedilatildeo a adoccedilatildeo
simples e a adoccedilatildeo plena deixam de existir passando a adoccedilatildeo ser irrestrita 56
Hoje o Novo Coacutedigo - Lei nordm 104062002 se preocupa em seus artigos com a
adoccedilatildeo de forma global ou seja com a adoccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes e principalmente
com a primazia do interesse do adotado
Assim o instituto da adoccedilatildeo passa a ser regido nos seguintes termos57
No art 1618 Somente pessoa maior de dezoito anos pode adotar
Analisando este artigo pode-se constatar que houve a reduccedilatildeo da idade miacutenima para
adotar antes exigida de 35 anos
E em seu Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo poderaacute ser formalizada por ambos os cocircnjuges
ou companheiros desde que um deles tenha completado dezoito anos de idade comprovada
a estabilidade da famiacutelia
Os artigos 1619 e 1620 natildeo tiveram alteradas a sua redaccedilatildeo
De acordo com o artigo 1619 o adotante haacute de ser pelo menos dezesseis anos mais
velho que o adotado E no artigo 1620 enquanto natildeo der contas de sua administraccedilatildeo e natildeo
saldar o deacutebito natildeo poderaacute o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o curatelado
O artigo 1621 descreve que a adoccedilatildeo depende de consentimento dos pais ou dos
representantes legais de quem se deseja adotar e da concordacircncia deste se contar mais de
doze anos
______________
56 Op cit p 23 p 425
57 Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003 p 452-459
sect 1o O consentimento seraacute dispensado em relaccedilatildeo agrave crianccedila ou adolescente cujos
pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder familiar
sect 2o O consentimento previsto no caput eacute revogaacutevel ateacute a publicaccedilatildeo da sentenccedila
constitutiva da adoccedilatildeo
O novo dispositivo diminui a idade miacutenima do adotado para manifestar o seu
consentimento para 12 anos no regime anterior era de 14 anos
De acordo co o artigo 1622 ningueacutem poderaacute ser adotado por duas pessoas salvo se
forem marido e mulher ou se viverem em uniatildeo estaacutevel
Neste artigo foi acrescentado o paraacutegrafo uacutenico que acrescenta a posiccedilatildeo da adoccedilatildeo
por companheiros ou daqueles que vivem em uniatildeo estaacutevel
Paraacutegrafo uacutenico Os divorciados e os judicialmente separados poderatildeo adotar
conjuntamente contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o
estaacutegio de convivecircncia tenha sido iniciado na constacircncia da sociedade conjugal
No artigo 1623 a adoccedilatildeo obedeceraacute a processo judicial observados os requisitos
estabelecidos neste Coacutedigo
Houve acreacutescimo na nova legislaccedilatildeo apenas do paraacutegrafo uacutenico ao qual foi atribuiacuteda a
seguinte redaccedilatildeo
Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo de maiores de dezoito anos dependeraacute igualmente da
assistecircncia efetiva do Poder Puacuteblico e de sentenccedila constitutiva
No artigo 1624 Houve a substituiccedilatildeo do ldquopaacutetrio poderrdquo por ldquopoder familiarrdquo sendo
ainda suprimida a palavra ldquomenor abandonadordquo trazido na legislaccedilatildeo de 1916
Assim dispotildee o artigo citado em que natildeo haacute necessidade do consentimento do
representante legal do menor se provado que se trata de infante exposto ou de menor cujos
pais sejam desconhecidos estejam desaparecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder
familiar sem nomeaccedilatildeo de tutor ou de oacuterfatildeo natildeo reclamado por qualquer parente por mais
de um ano
De acordo com o artigo 1625 somente seraacute admitida a adoccedilatildeo que constituir efetivo
benefiacutecio para o adotando sendo matida a mesma redaccedilatildeo
Jaacute no artigo 1626 houve acreacutescimo do paraacutegrafo uacutenico
Dipondo a seguinte redaccedilatildeo o caput a adoccedilatildeo atribui a situaccedilatildeo de filho ao adotado
desligando-o de qualquer viacutenculo com os pais e parentes consanguumliacuteneos salvo quanto aos
impedimentos para o casamento
Paraacutegrafo uacutenico se um dos cocircnjuges ou companheiros adota o filho do outro
mantecircm-se os viacutenculos de filiaccedilatildeo entre o adotado e o cocircnjuge ou companheiro do adotante
e os respectivos parentes
Com relaccedilatildeo ao artigo 1627 permaneceu a mesma redaccedilatildeo com relaccedilatildeo a decisatildeo que
confere ao adotado o sobrenome do adotante podendo determinar a modificaccedilatildeo de seu
prenome se menor a pedido do adotante ou do adotado
No artigo abaixo descrito houve a adequaccedilatildeo ao dispositivo de moda a resguardar o
princiacutepio constitucional da plena igualdade entre filhos bioloacutegicos e adotados
Dispotildee o artigo 1628 que os efeitos da adoccedilatildeo comeccedilam a partir do tracircnsito em
julgado da sentenccedila exceto se o adotante vier a falecer no curso do procedimento caso em
que teraacute forccedila retroativa agrave data do oacutebito As relaccedilotildees de parentesco se estabelecem natildeo soacute
entre o adotante e o adotado como tambeacutem entre aquele e os descendentes deste e entre o
adotado e todos os parentes do adotante
Natildeo houve alteraccedilatildeo na redaccedilatildeo do artigo 1629 apenas tal dispositivo tem o
objetivo de ajustar o Novo Coacutedigo Civil agrave lei superveniente ou seja Estatuto da Crianccedila e
do Adolescente
Dispondo o referido artigo a seguinte redaccedilatildeo a adoccedilatildeo por estrangeiro obedeceraacute
aos casos e condiccedilotildees que forem estabelecidos em lei
Assim pode-se concluir que na falta de norma reguladora para o instituto da adoccedilatildeo
desde que natildeo conflite com o Coacutedigo Civil deveraacute ser aplicado analogicamente o Estatuto da
Crianccedila e do Adolescente
Ainda constata-se que o Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute
maior de 18 anos passando o instituto da adoccedilatildeo a ser irrestrito trazendo importantes
reflexos ao nosso ordenamento juriacutedico paacutetrio no que diz respeito aos direitos da
personalidade e nos direitos sucessoacuterios Enquanto o antigo Coacutedigo Civil Brasileiro de 1916
adotava o sistema da manifestaccedilatildeo de vontade
Atualmente o Coacutedigo Civil vigente e o Estatuto da Crianccedila adotam o sistema da
sentenccedila judicial sendo que o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo para os
menores de 18 anos o que natildeo exime que a adoccedilatildeo de menor de 18 anos seja feita pelo
Coacutedigo Civil58
De acordo com a legislaccedilatildeo civil podemos conceituar a adoccedilatildeo como o ato de
filiaccedilatildeo juriacutedica que pressupotildee de afetividade e natildeo de relaccedilatildeo bioloacutegica passando o
adotado a ser tratado como se fosse filho natural constituiacutedo em benefiacutecio do adotando
_____________ 58 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 irretrataacutevel e perpeacutetuo depois de consumado que cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com
todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo
inexistia naturalmente
De forma simples podemos definir a adoccedilatildeo como modalidade de filiaccedilatildeo civil que
busca imitar a filiaccedilatildeo natural dependente da vontade de adotante e adotado e por via de
sentenccedila judicial
Assim torna-se inafastaacutevel a utilidade do instituto da adoccedilatildeo em relaccedilatildeo ao menor
carente ou em estado de abandono pois eacute de interesse do Estado a inserccedilatildeo desse menor em
um ambiente familiar
Fica claro que o instituto da adoccedilatildeo eacute de caraacuteter humanitaacuterio que tem por um lado o
escopo de proporcionar agravequeles que a quem a natureza negou filhos e por outro lado
constitui a finalidade assistencial de melhorar a condiccedilatildeo moral e material do futuro
adotado
Mas ainda muito haacute de se defender em prol do instituto da adoccedilatildeo no Brasil natildeo soacute
como forma de projeto de cidadania mas tambeacutem como forma de vida digna a aqueles que
natildeo tem um lar principalmente ao que refere aos direitos de adoccedilatildeo internacional e ainda ao
direito de adoccedilatildeo por casais homossexuais
22 REQUISITOS DA ADOCcedilAtildeO
221 Requisitos Formais
Satildeo alguns requisitos formais para a adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil vigente59
efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal
ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)
____________ 59 VENOSASilvio de Salvo Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003p349
efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal
ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)
diferenccedila miacutenima de idade entre o adotante e o adotado (artigo 1619)
consentimento do adotado de seus pais ou de seu representante (artigos 1621 sect 1ordm e
1624)
intervenccedilatildeo judicial na sua criaccedilatildeo pois somente se aperfeiccediloa perante o juiz atraveacutes de
processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico (artigo 1623 paraacutegrafo uacutenico)
irrevogabilidade (artigo 1626 caput)
estaacutegio de convivecircncia (1622 paraacutegrafo uacutenico 1ordfparte)
comprovaccedilatildeo de estabilidade familiar (artigo 1618 paraacutegrafo uacutenico in fine)
23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO
A adoccedilatildeo se daacute atraveacutes de um processo judicial perante o juiz com competecircncia na
aacuterea da infacircncia e juventude que iraacute conhecer dos pedidos da adoccedilatildeo e os seus incidentes
entre os quais a destituiccedilatildeo do paacutetrio poder e guarda para fins da adoccedilatildeo
Vislumbram-se duas hipoacuteteses em que se adota ou a famiacutelia jaacute convive com a
crianccedila ou adolescente que pretende adotar ou a famiacutelia estaacute a procura de uma crianccedila para
que venha a adotar
Na primeira hipoacutetese devem os interessados ajuizar o pedido de adoccedilatildeo atraveacutes de
advogado ou defensor puacuteblico que formularaacute o pedido diretamente em cartoacuterio atraveacutes de
peticcedilatildeo assinada pelos requerentes quando os pais forem falecidos tiverem sido destituiacutedos
do paacutetrio poder ou houverem aderido expressamente ao pedido os pais bioloacutegicos quando
conhecidos satildeo citados para querendo contestarem o pedido julgando o juiz ao final de
acordo com o interesse superior da crianccedila e do adolescente
Na segunda hipoacutetese os interessados devem requerer sua inscriccedilatildeo no cadastro do
juiacutezo de pessoas interessadas em adotar A partir daiacute instaura-se um procedimento no qual
seratildeo ouvidos pela equipe teacutecnica do juiacutezo (assistentes sociais eou psicoacutelogos) e antes da
decisatildeo que deferir a inscriccedilatildeo o Ministeacuterio Puacuteblico assistiraacute ao pedido de adoccedilatildeo conforme
previsto no artigo 227 sect5ordm da Constituiccedilatildeo Federal e emitiraacute parecer
Em seguida seratildeo incluiacutedos em grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo cujas vagas seratildeo
preenchidas de acordo com a ordem de ajuizamento do pedido de habilitaccedilatildeo respeitados os
criteacuterios estabelecidos
Os grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo possuem duraccedilatildeo prevista de 60 dias e visam
auxiliar os interessados em adotar Habilitados e inscritos no cadastro os interessados
recebem um certificado com validade de 2 anos
Satildeo necessaacuterios os seguintes documentos60
certidatildeo de casamento
atestado de residecircncia
folha de antecedentes criminais
prova de idoneidade fiacutesica e moral
prova de abandono do menor
destituiccedilatildeo do paacutetrio poder
atestado de sanidade fiacutesica
________________ 60 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
A adoccedilatildeo constitui-se por sentenccedila sendo necessaacuterio que 61
a peticcedilatildeo Inicial com os requisitos do artigo 35
se na inicial vier a concordacircncia dos pais do adotando seratildeo ouvidos pelo juiz e pelo
representante do Ministeacuterio Puacuteblico lavrando-se o termo
a autoridade juriacutedica de ofiacutecio ou o requerimento das partes e do Ministeacuterio Puacuteblico
determinaraacute a realizaccedilatildeo de estudo social ou se possiacutevel periacutecia por equipe profissional
decidindo sobre o estaacutegio de convivecircncia
Apresentado o laudo e ouvido o adotando teraacute vistas o Ministeacuterio Puacutebico
apoacutes a manifestaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico no prazo tambeacutem de 5 (cinco) dias o
juiz proferiraacute a sentenccedila
A sentenccedila judicial transitada em julgado seraacute inserida no registro civil mediante mandado do qual natildeo
se forneceraacute certidatildeo O mandado judicial cancelaraacute o registro de nascimento original do menor conforme
o artigo 16 da Lei nordm 601573 E a inscriccedilatildeo no registro constaraacute o nome dos adotantes
como pais e o nome dos seus ascendentes Assim o menor ingressa na famiacutelia do adotante
se desvinculando da famiacutelia natural
24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO
241 Efeitos pessoais
Satildeo alguns efeitos pessoais decorrentes da adoccedilatildeo62
____________________
61 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1996 p 60 62 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 430
rompimento automaacutetico do viacutenculo de parentesco com a famiacutelia de origem salvo os
impedimentos matrimocircniais (artigo 1626)
estabelecimento de verdadeiros laccedilos de parentesco civil entre adotante e adotado
abrangendo a famiacutelia do adotante (artigo 15282ordf parte)
transferecircncia definitiva e de pleno direito do poder familiar para o adotante se o adotante
for menor (artigo 1630 1634 1635 inciso V)
liberdade razoaacutevel em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo do nome do adotado (1627)
possibilidade de promoccedilatildeo da interdiccedilatildeo e inabilitaccedilatildeo do pai ou matildee adotiva pelo
adotado ou vice-versa (artigo 1768)
determinaccedilatildeo do domiacutecilio do adotado menor de idade que adquire o do adotante
242 Efeitos patrimoniais
Satildeo alguns efeitos patrimoniais produzidos pela adoccedilatildeo63
direito do adotante de administraccedilatildeo e ususfruto dos bens do adotado menor (artigo 1689
1691e 1693)
obrigaccedilatildeo do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar (artigo
1634)
dever do adotante de prestar alimentos ao adotado (artigo 1694 1696 e 1697)
direito a indenizaccedilatildeo do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante
responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menor de idade
______________
81 Op cit p 31 p 432
direito sucessoacuterio do adotado visto que se equipara ao filho advindo de parentesco
cosanguineo herdado em concorrecircncia com o cocircnjuge sobrevivente ou convivente do
falecido na qualidade de descendente do autor da heranccedila afastando todos os demais
herdeiros do adotante que natildeo tenham a qualidade de filho (artigo 1829 inciso I e
1790incisos I e II)
reciprocidade nos efeitos sucessoacuterios (artigo 1829 inciso II e 1790 inciso III)
filho adotivo natildeo estaacute compreendido na exceccedilatildeo do Coacutedigo Civil artigo 1790 inciso I
rompimento de testamento se sobrevier filho adotivo (artigo 1973)
direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciaacuterio (artigo 1951 a 1960)
superviniecircncia de filho adotivo pode revogar doaccedilotildees feitas pelo adotante ( artigo 1846 e
1789)
Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso
de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do
oacutebito64
25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO
Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se
obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do
negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do
ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade
____________
64 Op cit p 32 p 435
deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea
A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-
se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico
Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade
anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo
251 Nulidade da adoccedilatildeo
Seraacute nula a adoccedilatildeo que65
em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16
anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619
a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a
mesma pessoa (artigo 1622)
o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)
vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude
252 Anulabilidade da adoccedilatildeo
Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66
a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente
incapaz
ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado
____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435
consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz
vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores
a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado
253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo
Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67
pela falta de consentimento do adotante e adotado
pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou
interdiccedilatildeo civil
pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico
26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO
A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes
motivos68
pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil
Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a
madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave
enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou
neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade
pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil
____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437
Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste
contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a
honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila
pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue
quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva
pela morte do adotante e adotado
27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO
Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a
finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo
avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante
e adotado69
Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute
prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com
facilidade a nova famiacutelia
O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a
ser adotado
Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a
extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo
atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil
____________
69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340
28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das
crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a
prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave
poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato
infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e
ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70
A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual
adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou
tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da
juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil
Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida
familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco
passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado
29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL
A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e
do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da
Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave
crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave
educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave
__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41
convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71
Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada
por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por
procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da
adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda
de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida
pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo
por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72
Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo
de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes
independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos
havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e
qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73
Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos
adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do
bem estar do adotado
210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO
A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser
incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e
educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta
assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria
___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438
Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como
com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo
dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos
pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco
pessoal e social nas ruas das grandes cidades
Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia
importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees
sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia
Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem
por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades
coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e
ceacutelere
Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria
com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e
defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do
proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os
procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados
Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo
atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o
instituto da adoccedilatildeo
A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de
_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em
lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que
querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave
crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico
educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e
na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos
e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o
desenvolvimento da cidadania
Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que
tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria
Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir
211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO
Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75
Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma
simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo
A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais
os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a
situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem
adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda
________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser
proporcionada pelas pessoas sem adotar
Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva
jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os
interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais
vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito
simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses
O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida
cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior
(adoccedilatildeo internacional)
CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees
estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil
Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente
A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida
excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido
por pessoa residente no Paiacutes
A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico
conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei
supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida
sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76
Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo
juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a
decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham
falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm
80699077
Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da
Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da
CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia
____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464
Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por
estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos
interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas
atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os
bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal
intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando
verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em
moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias
maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado
enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees
escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos
especialmente do menorrdquo78
Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante
nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado
tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a
perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e
economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila
passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco
e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79
Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas
___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438
Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil
A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver
medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo
internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda
possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o
seu ingresso em famiacutelia substituta
Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo
internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem
conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas
Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em
seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser
interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores
para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que
visem lucro80
Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas
pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator
determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas
famiacutelias substitutas
32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR
ESTRANGEIROS
A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo
seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e
condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________
80 Op Cit p 44 p 438
parte de estrangeiros
Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida
excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo
acarreta o adotante aacute desistecircncia
Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81
impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo
estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro
residente ou domiciliado fora do paiacutes
comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de
seu paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia
especializada e credenciada no paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido
do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico
juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente
autenticados pela autoridade consular
permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a
consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo
Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e
cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no
miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos
de idade
___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439
podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar
prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista
A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82
lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo
reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante
lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica
Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de
Adoccedilatildeo de Menores de 1984)
33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA
A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua
finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores
Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia
prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse
superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas
__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485
A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo
Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de
garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados
contratantes83
Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a
Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo
Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84
requisitos para a adoccedilatildeo internacional
requisitos processuais
reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo
De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo
em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o
interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras
_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486
CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a
grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo
igualmente a possibilidade da poder adotar
A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade
Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas
aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de
constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a
reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois
assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir
famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86
Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a
uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm
sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo
Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87
____________
86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho
mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49
A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios
E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por
homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se
espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem
homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila
se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais
homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos
tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte
de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo
16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo
se forem marido e mulher
Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89
____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da
uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos
homossexuais
42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA
E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a
situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos
casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo
juriacutedica podem os casais homossexuais adotar
No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo
homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes
da jurisprudecircncia
E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a
regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais
Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata
da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo
tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um
dos parceiros90
Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo
5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a
primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei
____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade
Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca
pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do
bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais
homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve
levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo
decidindo sempre pelo bem-estar do menor91
A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece
Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao
adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo
ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia
familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo
()
sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute
casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros
A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee
Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de
estado civil
______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005
Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92
Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que
homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo
poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante
O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de
adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual
diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro
de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93
______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo
da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum
cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito
Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94
Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais
homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95
Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo
sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel
privar os homossexuais do direito agrave adotar96
E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais
flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de
tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar
seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles
que lhe acolhem97
______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53
No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo
barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao
seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira
da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da
histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a
mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para
atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem
a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua
companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de
crianccedilas devem igualmente poder adotar98
Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no
aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes
de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o
preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99
Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida
pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato
Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo
________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53
CONCLUSAtildeO
A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia
E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto
no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio
Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988
Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade
Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente
A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva
Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros
por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores
Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade
Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a
sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do
Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo
Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e
principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que
pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da
adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e
venda de crianccedilas para o estrangeiro
A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente
estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse
baseado nos artigos 1618 a 1629
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52
Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de
amor carinho e solidariedade
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fraude contra credores agrave falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do
consorte adotado15
E quando ocorrer a falta de consentimento do adotante e adotado ou a falta de
objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou interdiccedilatildeo civil e
______________ 12 Op cit p 3 p 424 13 Op cit p 3 p 435 14 Op cit p 3 p435 15 Op cit p 3 p 437
pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico ocorreraacute a
inexistecircncia da adoccedilatildeo16
Poderaacute tambeacutem ocorrer agrave revogaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos seguintes casos pela vontade do
adotante e do adotado pela deserdaccedilatildeo e pela indignidade
4 ndash A adoccedilatildeo Internacional
A adoccedilatildeo internacional tem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila
e do Adolescente ao qual disciplina a possibilidade da adoccedilatildeo por estrangeiros por
estrangeiros17 Mas essa possibilidade de adoccedilatildeo por estrangeiros somente ocorreraacute nos
casos em que a crianccedila jaacute tenha uma tenha sua situaccedilatildeo juriacutedica definida ou seja que jaacute
possua sentenccedila transitada em julgado declarando a decretaccedilatildeo da perda do poder familiar
ou nos casos de haver declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham falecido e este menor esteja
sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm 80699018
Ressalvando os casos em que se dever tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por
estrangeiros residentes no exterior referente ao traacutefico venda e sequumlestro de crianccedilas para o
exterior
Passo importante para a adoccedilatildeo no Brasil foi agrave Convenccedilatildeo de Haia que ratifica o
interesse das crianccedilas a serem adotadas e coibindo o sequumlestro de menores o traacutefico e a
venda de crianccedilas A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo
ratificada em nosso ordenamento juriacutedico atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril
de 1995 cujo objetivo eacute o de garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo
entre os Estados contratantes19
_______________ 17 Op cit p 3 p 61 18 Op cit p 3 p 61 19 Op cit p 3 p 485 5 ndash Os projetos de conscientizaccedilatildeo e incentivos da Adoccedilatildeo
Atualmente o Juizado da Infacircncia e juventude do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo
em parceria com oacutergatildeos natildeo governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo
da adoccedilatildeo dentre outras atividades atraveacutes de Projetos Especiais que tem por objetivo a
colocaccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco pessoal e social nas ruas
das grandes cidades em famiacutelias substituas uma vez que toda crianccedila ou adolescente tem
direito a ser criado e educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente em famiacutelia
substituta assegurada a convivecircncia familiar e comunitaacuteria
Tal projeto vinculado pela 1ordf Vara da Infacircncia e Juventude do Rio de Janeiro lanccedilou
a cartilha da adoccedilatildeo com o intuito de esclarecer e incentivar a adoccedilatildeo20
Projeto semelhante foi lanccedilado pela 1ordf Vara da Infacircncia e Juventude de Vitoacuteria ndash ES
tambeacutem lanccedilou recentemente a obra ldquo111 perguntas sobre a adoccedilatildeordquo21
Ambos os projetos satildeo tem por objetivo esclarecer e incentivar a adoccedilatildeo como ponto
de referecircncia importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional
das accedilotildees sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter uma famiacutelia Assim
podemos constatar que a cartilha traz todo o rol de procedimentos e esclarecimentos a
aqueles que queiram adotar sejam eles residentes no Brasil ou no Exterior
7ndash A adoccedilatildeo por Homossexuais
A grande discussatildeo hoje rebatida pela sociedade seria a da possibilidade de
homossexuais poderem ou natildeo adotar
_____________ 20 Cartilha da adoccedilatildeodipsonovellt wwwjuizadodainfanciaejuventudeorgbrgtAcesso em 30out 2004 21 Cartilha da adoccedilatildeo Disponiacutevelwwwtjesgovbr Acesso em 30 out 2004 Na verdade vaacuterios satildeo os fatos alegados a natildeo possibilidade de adoccedilatildeo pelos
homossexuais como a diferenccedila da formaccedilatildeo da famiacutelia que fugiria aos padrotildees da
formaccedilatildeo da famiacutelia heterossexual da nossa sociedade
De certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se
estabelecer-se e contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos
homossexuaisrdquo tem de ser respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela
sociedade e pelo Estado21
Vaacuterios argumentos e sofismas satildeo utilizados para a natildeo legalizaccedilatildeo da adoccedilatildeo por
homossexuais mas o que prepondera realmente eacute o preconceito e o que deveria mesmo ser
visado que seria o interesse do adota natildeo estaacute sendo colimado
De fato em nosso ordenamento juriacutedico natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito
positivo para validar a uniatildeo homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecer o
direito a uniatildeo homossexual atraveacutes da jurisprudecircncia E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem
em nosso ordenamento juriacutedico a regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais
Mas tambeacutem natildeo haacute legislaccedilatildeo que proiacuteba a adoccedilatildeo de menores por homossexuais
O que presenciamos sim seria a violaccedilatildeo de direitos aos homoafetivos pois fica clara a
violaccedilatildeo ao direito a igualdade e a isonomia Assim como tambeacutem natildeo haacute restriccedilatildeo legal
quanto a formaccedilatildeo da famiacutelia que deveria ser somente heterossexual
Acredito que o que se deva levar em consideraccedilatildeo eacute a situaccedilatildeo de fato do menor a ser
adotado de ser resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe
um lar seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual
____________ 21 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005
daqueles que lhe acolhem22
Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no
aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruas com
grandes possibilidades de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que
tecircm por fundamento o preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o
inteacuterprete inovar23
Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida
pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato
Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo
E nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na
aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem
comum cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao
Coacutedigo Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do
Direito
Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave
adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do
adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente
iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando
devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo24
Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais
homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato25
____________ 22 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 23 Op Cit P 8 24 Op Cit P 8 25 Op Cit P 8
Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo
sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel
privar os homossexuais do direito agrave adotar26
E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais
flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de
tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar
seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles
que lhe acolhem27
Portanto fica bem claro que eacute importante deixar de lado as barreiras do preconceito
___________ 26 Op Cit P 8 27 Op Cit P 8
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CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO
12 LINEAMENTOS HISTOacuteRICOS
Historicamente o instituto da adoccedilatildeo desde os tempos mais primoacuterdios era utilizado
por nossos antepassados e com o passar dos tempos evoluiu tanto no aspecto social quanto
no aspecto juriacutedico
No direito primitivo a famiacutelia era a unidade social econocircmica e religiosa e a adoccedilatildeo
constituiacutea-se como um meio eficaz de perpetuar a famiacutelia e a religiatildeo domeacutestica ao qual
transferia-se os bens familiares pois nessa eacutepoca natildeo se conhecia do testamento1
No direito romano os imperadores utilizavam-se do instituto para designar os seus
sucessores e seus futuros Chefes de Estados deixando a adoccedilatildeo de ser um instrumento de
direito privado e passando a ser instrumento de direito puacuteblico2
E a maior prova de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor solidariedade
encontra-se narrado na Biacuteblia no nascimento de Jesus Cristo fruto
esse concebido pelo Divino Espiacuterito Santo para mostrar que natildeo haacute a
necessidade de casamento da conjunccedilatildeo carnal e de todas as
concepccedilotildees do homem para que se conceba um filho3
Tal instituto teve sua origem fundada na Biacuteblia no Coacutedigo de Hamurabi e nas Leis
de Manu4
__________ 1 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 218 2 SIQUEIRA Liboacuterni Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 34 3 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Luacutemen Iuris 1996 p 1 4 Op cit p 11 p 218
No Coacutedigo de Manu o instituto da adoccedilatildeo encontram-se descrito na Lei IX 10
ldquoAquele a quem a natureza natildeo deu filhos pode adotar um para que as cerimocircnias fuacutenebres
natildeo cessemrdquo5
As Leis de Manu determinavam que a adoccedilatildeo somente seria possiacutevel entre um
homem e um rapaz da mesma classe social e que o adotado tivesse todas as qualidades
apreciadas num filho6
Jaacute o Coacutedigo de Hamurabi eacute considerado o documento mais antigo que se tenha
notiacutecia antes de Cristo O instituto no Coacutedigo de Hamurabi era conhecido como ldquoSentenccedilas
de Direitordquo traz em seus artigos 185 a 193 e o define como ldquomacircrucircturdquoArt 185 ndash Se algueacutem
toma em adoccedilatildeo uma crianccedila ou a educa esta natildeo pode ser reclamadardquo7
Nas passagens biacuteblicas eacute possiacutevel exemplificarmos algumas dessas noccedilotildees do
instituto da adoccedilatildeo ao relatarmos alguns casos como a histoacuteria de Moiseacutes que foi adotado
por Termulus quando o encontrou agraves margens do Rio Nilo na de Mordecai que criou Eacutester
como uma irmatilde e ainda na proacutepria histoacuteria de Joseacute do Egito adotado por Potifar8
Os Hebreus chamavam a adoccedilatildeo pelo nome de ldquoleviratordquo9
De acordo com a Biacuteblia poderiam adotar tanto o pai como a matildee e a adoccedilatildeo soacute se
dava entre parentes A mulher esteacuteril poderia adotar os filhos da serva que ela havia
conduzido ao taacutelamo do marido10
__________ 5 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Luacutemen Iuris 1996 p 21 6 Op cit p 12 p 21 7 Op cit p 12 p 25 8 SZNICK Waldir Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 26 9 Op cit p 12 p 26 10 Op cit p 12 p 26
Para os Romanos a adoccedilatildeo era o ato legislativo pelo qual algueacutem perfilha um filho
que natildeo se gerou tendo em vista a necessidade da perpetuaccedilatildeo do culto domeacutestico que
tinha um valor sacral Para os romanos havia dois tipos de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo e a
adrogatio11
A adoccedilatildeo ou adoptio era instituto de direito privado destinado ao alieni juacuteris para
quem tivesse sob o paacutetrio poder da Lei das XII Taacutebuas Jaacute a adrogatio pertencia ao direito
puacuteblico a doaccedilatildeo de sui juacuteris como filho na famiacutelia de um pater famiacutelias12
Para os Gregos a adoccedilatildeo rompia todos os laccedilos da famiacutelia anterior sequer poderia
prestar o funeral dos pais anteriores A adoccedilatildeo tinha o nome de Teacutesis tambeacutem conhecida
como Ampasis13
O Direito Canocircnico desconheceu a adoccedilatildeo ateacute certo ponto e se manifestava com
reservas A igreja via a adoccedilatildeo como uma ressalva ao casamento e agrave constituiccedilatildeo da famiacutelia
legiacutetima como uma das possibilidades de se fraudar as normas vigentes que proibiam o
reconhecimento de filhos adulterinos e incestuosos14
Na Idade Meacutedia a adoccedilatildeo sucede ao processo histoacuterico da famiacutelia romana tecircm o
mesmo objetivo destinado ao culto domeacutestico daqueles que natildeo tinham descendentes
Nessa eacutepoca Justiniano reformou o instituto da adoccedilatildeo seguindo as linhas das instituiccedilotildees
orientais em especial as helecircnicas mas permanecendo a adoccedilatildeo claacutessica 15
Portanto nesse periacuteodo Justiniano a adoccedilatildeo era o ato solene pelo qual se admite em
lugar de filho quem por natureza natildeo ostenta tal qualidade16
_____________ 11 ZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 27 12 Op cit p 13 p 32 13 Op cit p 13 p 26 14 WALD Arnoldo O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo PauloSaraiva 15 SIQUEIRA Liboacuterni Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 35 16 Op cit p13 p 35
Na eacutepoca moderna o instituto da adoccedilatildeo teve a sua inspiraccedilatildeo no Direito Romano
sendo encontrado no Coacutedigo de 1683 promulgado na Dinamarca por Christian V Na
Alemanha tal instituto encontra-se no Coacutedigo de Pressuniano promulgado por Frederico
Guilherme II em 1751 e no Codex Maximilianus da Bavaacuteria de 175617
Essa legislaccedilatildeo influenciou o Coacutedigo Napoleocircnico de 1791 apesar da normativa
sobre o instituto da adoccedilatildeo natildeo houve uma aceitaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo frequumlente tendo em vista
a suspeita de favorecimento a fraude e agrave lei fiscal18
O Coacutedigo Napoleocircnico de 1971 contemplava quatro tipos de adoccedilatildeo19
a) adoccedilatildeo ordinaacuteria ndash depende de homologaccedilatildeo judicial permitida a maiores de50 anos
e diferenccedila de 15 anos entre o adotado altera nome tem direitos sucessoacuterios
b) adoccedilatildeo remuneratoacuteria ndash destinada a quem tivesse salvo a vida do adotando
irrevogaacutevel
c) adoccedilatildeo testamentaacuteria ndash permitida ao tutor apoacutes 5 anos de tutela
d) tutela oficiosa ndash uma espeacutecie de adoccedilatildeo provisoacuteria em favor dos menores
Por fim as Ordenaccedilotildees advieram do direito geral portuguecircs primeiro as Ordenaccedilotildees
Afonsinas de 1446 a 1514 que para o Brasil entraram em vigor agrave partir de 1500 sendo esta
substituiacuteda pelas Ordenaccedilotildees Manuelinas em 1514 e por uacuteltimo as Ordenaccedilotildees Filipinas em
1603 que vigoraram ateacute a promulgaccedilatildeo do da Lei nordm Coacutedigo Civil em 191620
_____________ 17 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo PauloLeud 1999 p 40 18 Op cit p 14 p 40 19 Op cit p 14 p 41 20 Op cit p 14 p 41
Nessa fase a adoccedilatildeo era regulada por inuacutemeros textos e passagens sem uma norma
especiacutefica
Com as Ordenaccedilotildees o instituto adquiriu o nome de perfilhamento e tinha como
objetivo tornar como herdeiro na sucessatildeo o filho tido mesmo que fosse o filho espuacuterio ou
o filho adulterino21
Com a independecircncia as Ordenaccedilotildees passaram a perder a sua validade em nosso
ordenamento juriacutedicoem virtude dos inuacutemeros diplomas e regulamentos que passaram a
vigorar na eacutepoca poreacutem a revogaccedilatildeo total soacute ocorreu com o advento do Coacutedigo Civil de
191622
12 CONCEITO
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de
solidariedade ou seja a chance de crianccedilas e adolescentes de terem um lar uma famiacutelia jaacute
que foram desprovidos de alguma forma de seus familiares
Para o conceito de adoccedilatildeo existem vaacuterias definiccedilotildees Em uma conceituaccedilatildeo simples e
clara podemos dizer que a adoccedilatildeo eacute um ato juriacutedico que tem por finalidade criar entre duas
pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue23
Ainda pode ser definida como o ato de ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco civil
portanto de suma importacircncia para a sociedade brasileira tendo em vista que tal ato
juriacutedico coaduna na esfera da vontade dos particulares com a devida permissatildeo da lei
__________ 21 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 42 22 Op cit p 15 p 42 23 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147
criando entre essas pessoas estranhas uma relaccedilatildeo anaacuteloga como agraves oriundas da filiaccedilatildeo
legiacutetima24
A adoccedilatildeo tambeacutem pode ser conceituada como o ato juriacutedico pelo qual o viacutenculo
familiar eacute criado em virtude do proacuteprio ato pelo legislador25
Alguns autores definem a adoccedilatildeo apenas como o instituto que daacute ao filho adotivo o
status idecircntico ao do filho legiacutetimo
Passamos a analisar a conceituaccedilatildeo dos seguintes juristas
Para Clovis Bevilacqua a adoccedilatildeo se destinava a suprir a falta de filho que tem como
ato civil aacute aceitaccedilatildeo de um estranho como filho26
Para a Profa Maria Helena Diniz a adoccedilatildeo eacute uma instituiccedilatildeo de caraacuteter humanitaacuterio
que tem por um lado dar aqueles a quem a natureza negou um lar e uma famiacutelia e por outro
lado a uma finalidade assistencial constituindo um meio de melhorar a condiccedilatildeo moral e
material do adotado27
Para Walter Gaspar a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica a qual se estabelece uma relaccedilatildeo
de parentesco que independe do fato natural da procriaccedilatildeo28
Para Orlando Gomes a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece independente
do fato natural o viacutenculo de filiaccedilatildeo legal que permite a constituiccedilatildeo entre duas pessoas do
laccedilo de parentesco do primeiro grau em linha reta29
_________ 24 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 25 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 26 Op cit p 16 p 63 27 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 28 GASPAR Walter Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003 p 315 29 ORLANDO Gomes Instituiccedilotildees de Direito Civil Satildeo Paulo Forense1996 p 226
Jose Maria Leoni Lopes de Oliveira define a adoccedilatildeo como um instituto juriacutedico que
procura imitar a filiaccedilatildeo natural30
Para Silvio Rodrigues a adoccedilatildeo eacute o ato do adotante pelo qual ele traz para a sua
famiacutelia e na condiccedilatildeo de filho pessoa que lhe eacute estranha31
Para Caio Mario da Silva a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual uma pessoa recebe
outra como filho independentemente de existir entre elas qualquer relaccedilatildeo de parentesco
cosanguiacuteneo ou afim32
Para Antunes Varella a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece entre duas
pessoas adotante de um lado e adotado de outro independente dos laccedilos de sangueuma
relaccedilatildeo legal de filiaccedilatildeo33
Para o Prof Arnoldo Wald a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco
civil Eacute um ato juriacutedico bilateral que gera laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre pessoas para
as quais tal relaccedilatildeo inexiste materialmente34
Para Carbonnier a filiaccedilatildeo adotiva eacute uma filiaccedilatildeo puramente juriacutedica que repousa
na pressuposiccedilatildeo de uma realidade natildeo bioloacutegica mas afetiva35
E para Dusi a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico solene em virtude do qual agrave vontade dos
particulares com a permissatildeo da lei cria entre pessoas naturalmente estranhas uma a outra
relaccedilotildees anaacutelogas as oriundas da filiaccedilatildeo legiacutetima36
__________ 31 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147 32 Direito Civil ndash Famiacutelia Satildeo Paulo Forense 1999 p330 48 op Cit p 17 p 330 33 Op Cit p 17 p 148 534WALD Arnold O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 35 Op cit p 17 apud Droit Civil 2 ndash La Famile nordm 354 p 519 36 Op cit p 17 p 217
No contexto das diversas definiccedilotildees atribuiacutedas a adoccedilatildeo podemos
verificar que esta se contrapotildee-se a filiaccedilatildeo legiacutetima ou natural por
sua caracteriacutestica artificial pois resulta da manifestaccedilatildeo de vontade e
de sentenccedila judicial Enquanto a filiaccedilatildeo natural tem seu viacutenculo
formado apenas no sangue
Contudo os efeitos da adoccedilatildeo em nosso ordenamento juriacutedico geram
as mesmas relaccedilotildees da filiaccedilatildeo natural
13 NATUREZA JURIacuteDICA
A natureza juriacutedica da adoccedilatildeo sempre foi muito controvertida para alguns
doutrinadores a adoccedilatildeo apenas eacute uma relaccedilatildeo juriacutedica enquanto para outros eacute negoacutecio
unilateral tendo em vista a vontade do adotante37
Com o passar dos tempos a mudou a sua finalidade antes se destinava
a atender aos interesses religiosos dos adotantes hoje se preocupa
mais com o interesse dos adotados objetivando proporcionar uma
famiacutelia38
A dificuldade em definir a natureza juriacutedica da adoccedilatildeo decorre da sua
natureza e da origem do seu ato
Assim para alguns autores adoccedilatildeo seria uma forma de contrato
devido agrave bilateralidade do ato pois eacute preciso a manifestaccedilatildeo de duas
vontades a do adotante e do adotado Sendo que agraves vezes o adotado eacute
representado poreacutem a vontade do adotando inexiste em algumas
situaccedilotildees o que dificulta a compreensatildeo dessa doutrina39
__________ 37 Op cit p 17 p 320 38 Op cit p 17 p 149 39 Op cit p 17 p 320
Para outros autores a adoccedilatildeo eacute instituto juriacutedico de ordem puacuteblica sendo necessaacuterio
a manifestaccedilatildeo do Estado declarando ou natildeo a adoccedilatildeo40
No Coacutedigo Civil de 1916 a adoccedilatildeo tinha a natureza de contrato
devido agrave solenidade exigida na lei da escritura puacuteblica realccedilando a
natureza negocial do instituto como contrato de famiacutelia disposto no
artigo 37541
Nessa eacutepoca havia duas formas distintas de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo simples
e a adoccedilatildeo plena e cada uma delas apresentava natureza proacutepria42
No Estatuto natildeo prevalece apenas a bilateralidade de vontades pois o Estado
participa de forma ativa exigindo-se tambeacutem uma sentenccedila judicial pois sem esta natildeo
haveraacute adoccedilatildeo 43
O Coacutedigo Civil de 2002 requer a presenccedila dos adotantes do Estado e somente
ocorreraacute se for atraveacutes de sentenccedila judicial
Pode-se assim concluir que a adoccedilatildeo eacute um ato complexo o
qual tem na sua primeira fase um caraacuteter negocial em seguida a
manifestaccedilatildeo de vontade dos adotantes e adotados e em sua segunda
fase tem caraacuteter judicial a fim de verificar a conveniecircncia ou natildeo da
adoccedilatildeo que culmina com a sentenccedila judicial44
Portanto a accedilatildeo de adoccedilatildeo eacute accedilatildeo do estado de caraacuteter constitutivo
conferindo a posiccedilatildeo de filho ao adotado atraveacutes de sentenccedila judicial
____________ 40 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p320 41 Op cit p 19 p 316
42 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Rio de Janeiro Atlas 2001 p 257 43 Op cit p 19 p 320
44 Op cit p 19 p 316 14 EVOLUCcedilAtildeO LEGISLATIVA DA ADOCcedilAtildeO
No Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 3071 de 01 de maio de 1916 vigoravam as
Ordenaccedilotildees Afonsinas Filipinas e Manuelinas45
Com o advento do Coacutedigo Civil de 1916 ocorreu a sistematizaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos
artigos 368 a 378 de caraacuteter essencialmente privado
Todavia o nosso direito paacutetrio da eacutepoca revelava as influecircncias do direito romano
do direito canocircnico das Ordenaccedilotildees Afonsinas Manuelinas e Filipinas46
No coacutedigo de 1916 a adoccedilatildeo era definida como o ato civil pelo qual algueacutem aceita
um estranho na qualidade de filho contudo tal conceito trazia consigo as suas restriccedilotildees47
Nessa eacutepoca havia restriccedilotildees quanto agrave adoccedilatildeo pois a mesma se destinava a habilitar
pessoas com mais de 50 anos exigindo a diferenccedila miacutenima de 18 anos entre adotado e
adotante e natildeo haveria direito de sucessatildeo ao adotado
Em 1957 adveio o Estatuto da adoccedilatildeo - Lei nordm 3133 de 08 de maio de 1957 E em
1979 o Coacutedigo de Menores Lei nordm 6667 de 10 de outubro de 1979 ambos traziam algumas
modificaccedilotildees que eliminava certas restriccedilotildees do Coacutedigo Civil de 191648
Algumas dessas modificaccedilotildees trazidas foi a de possibilidade de se adotar aos 30
anos e a diferenccedila de idade entre adotando e adotado passou a ser de 16 anos eliminou-se
tambeacutem o preacute-requisito de que somente casais sem filhos poderiam adotar49
______________ 45 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 38 46 Opcit p 20 p 42 47 Opcit p 20 p 84 48 Opcit p 20 p 40 49 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo em 1988 e com o advento do Estatuto da
Crianccedila e do Adolescente ndash ECA em 1990 consegui-se eliminar todas as restriccedilotildees
pertinentes agrave diferenccedila entre filhos adotivos ilegiacutetimos eou aduacutelterinos50
Assim hoje o filho adotivo tem os mesmos direitos garantias e deveres dos filhos
bioloacutegicos artigo 227 sectordm da CRFB
A partir de 1990 as regras da adoccedilatildeo passaram a visar mais os interesses direitos e
reais e necessidades dos adotandos O que se pretendia era encontrar uma famiacutelia adequada
aos menores e natildeo a busca de uma crianccedila para aqueles que pretendem adotar51
Jaacute o novo Coacutedigo Civil trata desse instituto da aceitaccedilatildeo legal de estranho no seio
familiar nos artigos 1618 a 1629 passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que
originariamente natildeo eacute criando com este laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com todos os
direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo inexiste
naturalmente52
E corroborando com o instituto da adoccedilatildeo o nosso texto constitucional assegura em
seu artigo 227 o direito de se ter uma famiacutelia o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave
educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura ao respeito agrave dignidade agrave liberdade e a
convivecircncia familiar 53
Esse direito de se ter uma famiacutelia consagrado na Carta Magna adveacutem do direito
positivo brasileiro do direito natural do simples direito de se ter um lar
__________ 50 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 150 51 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41 52 As modificaccedilotildees introduzidas agrave partir do advento do Novo Coacutedigo Civil ndash Lei nordm 1040602 53 CONSTITUICcedilAcircO FEDERAL EC nordm 45 Rio de Janeiro 2005 p 149
A adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia da proteccedilatildeo ao adotado e cuja finalidade
eacute a de dar um lar aos menores criando para esses menores um ambiente familiar e o
equiparando o adotado como filho legiacutetimo
Egrave um instituto de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo agravequeles que precisam de um
lar amor carinho e dignidade
Tem por finalidade fundamental dar filhos agravequeles que natildeo podem ter
biologicamente e de dar pais agravequeles que se encontram desamparados por algum motivo
Assim a adoccedilatildeo que fugir desses paracircmetros a que estaacute destinada estaraacute distorcendo a
finalidade do ordenamento a que lei se destina
Ficando constatado que a adoccedilatildeo no Brasil constitui um imperativo de ordem eacutetica
de natureza constitucional pois natildeo se pode construir uma sociedade mentalmente satilde sobre
as bases de abandono de crianccedilas os futuros homens de amanhatilde
CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
A adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil de 1916 era regulada nos artigos de 368 a 378 Nesse
Coacutedigo havia previsatildeo legal para duas modalidades de adoccedilatildeo54
A adoccedilatildeo simples estabelecia o viacutenculo de filiaccedilatildeo entre adotante e adotado
podendo o adotante ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos regia-se pelo Coacutedigo
Civil de 1916 e pela Lei nordm 313355
A adoccedilatildeo plena era espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser
irrevogavelmente para todos os efeitos legais a ser filhos dos adotantes desligando-se de
qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais
introduzido pela Lei nordm 669779
Nesse Coacutedigo Civil a adoccedilatildeo aplicava-se aos maiores de 18 anos e realccedilava a sua
natureza negocial do instituto tendo em vista a solenidade da escritura puacuteblica que a lei
exigia como contrato de direito de famiacutelia Somente seria a adoccedilatildeo consumada com a
devida averbaccedilatildeo da escritura no registro civil e no ato da adoccedilatildeo seriam declarados quais
os nomes da famiacutelia passaria o adotado a usar
Eram requisitos para adoccedilatildeo nesta legislaccedilatildeo de 1916 que o adotante fosse 16 anos
mais velho que o adotando com mais de 30 anos de idade se o adotante fosse casado o
casamento deveria ter duraccedilatildeo superior agrave cinco anos duas pessoas natildeo poderiam adotar
conjuntamente se natildeo forem marido e mulher e o adotando com maior de 18 anos o tutor
ou curador poderiam adotar depois de prestadas as contas ocorria atraveacutes de escritura
puacuteblica havia previsatildeo de adoccedilatildeo por estrangeiros sem restriccedilatildeo55
______________ 54 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 55 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p 323
Com o advento da Lei nordm 104062002 o instituto da adoccedilatildeo passou a ser tratado nos
artigos de 1618 a 1629 como jaacute mencionado E por conta da nova legislaccedilatildeo a adoccedilatildeo
simples e a adoccedilatildeo plena deixam de existir passando a adoccedilatildeo ser irrestrita 56
Hoje o Novo Coacutedigo - Lei nordm 104062002 se preocupa em seus artigos com a
adoccedilatildeo de forma global ou seja com a adoccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes e principalmente
com a primazia do interesse do adotado
Assim o instituto da adoccedilatildeo passa a ser regido nos seguintes termos57
No art 1618 Somente pessoa maior de dezoito anos pode adotar
Analisando este artigo pode-se constatar que houve a reduccedilatildeo da idade miacutenima para
adotar antes exigida de 35 anos
E em seu Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo poderaacute ser formalizada por ambos os cocircnjuges
ou companheiros desde que um deles tenha completado dezoito anos de idade comprovada
a estabilidade da famiacutelia
Os artigos 1619 e 1620 natildeo tiveram alteradas a sua redaccedilatildeo
De acordo com o artigo 1619 o adotante haacute de ser pelo menos dezesseis anos mais
velho que o adotado E no artigo 1620 enquanto natildeo der contas de sua administraccedilatildeo e natildeo
saldar o deacutebito natildeo poderaacute o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o curatelado
O artigo 1621 descreve que a adoccedilatildeo depende de consentimento dos pais ou dos
representantes legais de quem se deseja adotar e da concordacircncia deste se contar mais de
doze anos
______________
56 Op cit p 23 p 425
57 Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003 p 452-459
sect 1o O consentimento seraacute dispensado em relaccedilatildeo agrave crianccedila ou adolescente cujos
pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder familiar
sect 2o O consentimento previsto no caput eacute revogaacutevel ateacute a publicaccedilatildeo da sentenccedila
constitutiva da adoccedilatildeo
O novo dispositivo diminui a idade miacutenima do adotado para manifestar o seu
consentimento para 12 anos no regime anterior era de 14 anos
De acordo co o artigo 1622 ningueacutem poderaacute ser adotado por duas pessoas salvo se
forem marido e mulher ou se viverem em uniatildeo estaacutevel
Neste artigo foi acrescentado o paraacutegrafo uacutenico que acrescenta a posiccedilatildeo da adoccedilatildeo
por companheiros ou daqueles que vivem em uniatildeo estaacutevel
Paraacutegrafo uacutenico Os divorciados e os judicialmente separados poderatildeo adotar
conjuntamente contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o
estaacutegio de convivecircncia tenha sido iniciado na constacircncia da sociedade conjugal
No artigo 1623 a adoccedilatildeo obedeceraacute a processo judicial observados os requisitos
estabelecidos neste Coacutedigo
Houve acreacutescimo na nova legislaccedilatildeo apenas do paraacutegrafo uacutenico ao qual foi atribuiacuteda a
seguinte redaccedilatildeo
Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo de maiores de dezoito anos dependeraacute igualmente da
assistecircncia efetiva do Poder Puacuteblico e de sentenccedila constitutiva
No artigo 1624 Houve a substituiccedilatildeo do ldquopaacutetrio poderrdquo por ldquopoder familiarrdquo sendo
ainda suprimida a palavra ldquomenor abandonadordquo trazido na legislaccedilatildeo de 1916
Assim dispotildee o artigo citado em que natildeo haacute necessidade do consentimento do
representante legal do menor se provado que se trata de infante exposto ou de menor cujos
pais sejam desconhecidos estejam desaparecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder
familiar sem nomeaccedilatildeo de tutor ou de oacuterfatildeo natildeo reclamado por qualquer parente por mais
de um ano
De acordo com o artigo 1625 somente seraacute admitida a adoccedilatildeo que constituir efetivo
benefiacutecio para o adotando sendo matida a mesma redaccedilatildeo
Jaacute no artigo 1626 houve acreacutescimo do paraacutegrafo uacutenico
Dipondo a seguinte redaccedilatildeo o caput a adoccedilatildeo atribui a situaccedilatildeo de filho ao adotado
desligando-o de qualquer viacutenculo com os pais e parentes consanguumliacuteneos salvo quanto aos
impedimentos para o casamento
Paraacutegrafo uacutenico se um dos cocircnjuges ou companheiros adota o filho do outro
mantecircm-se os viacutenculos de filiaccedilatildeo entre o adotado e o cocircnjuge ou companheiro do adotante
e os respectivos parentes
Com relaccedilatildeo ao artigo 1627 permaneceu a mesma redaccedilatildeo com relaccedilatildeo a decisatildeo que
confere ao adotado o sobrenome do adotante podendo determinar a modificaccedilatildeo de seu
prenome se menor a pedido do adotante ou do adotado
No artigo abaixo descrito houve a adequaccedilatildeo ao dispositivo de moda a resguardar o
princiacutepio constitucional da plena igualdade entre filhos bioloacutegicos e adotados
Dispotildee o artigo 1628 que os efeitos da adoccedilatildeo comeccedilam a partir do tracircnsito em
julgado da sentenccedila exceto se o adotante vier a falecer no curso do procedimento caso em
que teraacute forccedila retroativa agrave data do oacutebito As relaccedilotildees de parentesco se estabelecem natildeo soacute
entre o adotante e o adotado como tambeacutem entre aquele e os descendentes deste e entre o
adotado e todos os parentes do adotante
Natildeo houve alteraccedilatildeo na redaccedilatildeo do artigo 1629 apenas tal dispositivo tem o
objetivo de ajustar o Novo Coacutedigo Civil agrave lei superveniente ou seja Estatuto da Crianccedila e
do Adolescente
Dispondo o referido artigo a seguinte redaccedilatildeo a adoccedilatildeo por estrangeiro obedeceraacute
aos casos e condiccedilotildees que forem estabelecidos em lei
Assim pode-se concluir que na falta de norma reguladora para o instituto da adoccedilatildeo
desde que natildeo conflite com o Coacutedigo Civil deveraacute ser aplicado analogicamente o Estatuto da
Crianccedila e do Adolescente
Ainda constata-se que o Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute
maior de 18 anos passando o instituto da adoccedilatildeo a ser irrestrito trazendo importantes
reflexos ao nosso ordenamento juriacutedico paacutetrio no que diz respeito aos direitos da
personalidade e nos direitos sucessoacuterios Enquanto o antigo Coacutedigo Civil Brasileiro de 1916
adotava o sistema da manifestaccedilatildeo de vontade
Atualmente o Coacutedigo Civil vigente e o Estatuto da Crianccedila adotam o sistema da
sentenccedila judicial sendo que o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo para os
menores de 18 anos o que natildeo exime que a adoccedilatildeo de menor de 18 anos seja feita pelo
Coacutedigo Civil58
De acordo com a legislaccedilatildeo civil podemos conceituar a adoccedilatildeo como o ato de
filiaccedilatildeo juriacutedica que pressupotildee de afetividade e natildeo de relaccedilatildeo bioloacutegica passando o
adotado a ser tratado como se fosse filho natural constituiacutedo em benefiacutecio do adotando
_____________ 58 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 irretrataacutevel e perpeacutetuo depois de consumado que cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com
todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo
inexistia naturalmente
De forma simples podemos definir a adoccedilatildeo como modalidade de filiaccedilatildeo civil que
busca imitar a filiaccedilatildeo natural dependente da vontade de adotante e adotado e por via de
sentenccedila judicial
Assim torna-se inafastaacutevel a utilidade do instituto da adoccedilatildeo em relaccedilatildeo ao menor
carente ou em estado de abandono pois eacute de interesse do Estado a inserccedilatildeo desse menor em
um ambiente familiar
Fica claro que o instituto da adoccedilatildeo eacute de caraacuteter humanitaacuterio que tem por um lado o
escopo de proporcionar agravequeles que a quem a natureza negou filhos e por outro lado
constitui a finalidade assistencial de melhorar a condiccedilatildeo moral e material do futuro
adotado
Mas ainda muito haacute de se defender em prol do instituto da adoccedilatildeo no Brasil natildeo soacute
como forma de projeto de cidadania mas tambeacutem como forma de vida digna a aqueles que
natildeo tem um lar principalmente ao que refere aos direitos de adoccedilatildeo internacional e ainda ao
direito de adoccedilatildeo por casais homossexuais
22 REQUISITOS DA ADOCcedilAtildeO
221 Requisitos Formais
Satildeo alguns requisitos formais para a adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil vigente59
efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal
ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)
____________ 59 VENOSASilvio de Salvo Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003p349
efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal
ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)
diferenccedila miacutenima de idade entre o adotante e o adotado (artigo 1619)
consentimento do adotado de seus pais ou de seu representante (artigos 1621 sect 1ordm e
1624)
intervenccedilatildeo judicial na sua criaccedilatildeo pois somente se aperfeiccediloa perante o juiz atraveacutes de
processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico (artigo 1623 paraacutegrafo uacutenico)
irrevogabilidade (artigo 1626 caput)
estaacutegio de convivecircncia (1622 paraacutegrafo uacutenico 1ordfparte)
comprovaccedilatildeo de estabilidade familiar (artigo 1618 paraacutegrafo uacutenico in fine)
23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO
A adoccedilatildeo se daacute atraveacutes de um processo judicial perante o juiz com competecircncia na
aacuterea da infacircncia e juventude que iraacute conhecer dos pedidos da adoccedilatildeo e os seus incidentes
entre os quais a destituiccedilatildeo do paacutetrio poder e guarda para fins da adoccedilatildeo
Vislumbram-se duas hipoacuteteses em que se adota ou a famiacutelia jaacute convive com a
crianccedila ou adolescente que pretende adotar ou a famiacutelia estaacute a procura de uma crianccedila para
que venha a adotar
Na primeira hipoacutetese devem os interessados ajuizar o pedido de adoccedilatildeo atraveacutes de
advogado ou defensor puacuteblico que formularaacute o pedido diretamente em cartoacuterio atraveacutes de
peticcedilatildeo assinada pelos requerentes quando os pais forem falecidos tiverem sido destituiacutedos
do paacutetrio poder ou houverem aderido expressamente ao pedido os pais bioloacutegicos quando
conhecidos satildeo citados para querendo contestarem o pedido julgando o juiz ao final de
acordo com o interesse superior da crianccedila e do adolescente
Na segunda hipoacutetese os interessados devem requerer sua inscriccedilatildeo no cadastro do
juiacutezo de pessoas interessadas em adotar A partir daiacute instaura-se um procedimento no qual
seratildeo ouvidos pela equipe teacutecnica do juiacutezo (assistentes sociais eou psicoacutelogos) e antes da
decisatildeo que deferir a inscriccedilatildeo o Ministeacuterio Puacuteblico assistiraacute ao pedido de adoccedilatildeo conforme
previsto no artigo 227 sect5ordm da Constituiccedilatildeo Federal e emitiraacute parecer
Em seguida seratildeo incluiacutedos em grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo cujas vagas seratildeo
preenchidas de acordo com a ordem de ajuizamento do pedido de habilitaccedilatildeo respeitados os
criteacuterios estabelecidos
Os grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo possuem duraccedilatildeo prevista de 60 dias e visam
auxiliar os interessados em adotar Habilitados e inscritos no cadastro os interessados
recebem um certificado com validade de 2 anos
Satildeo necessaacuterios os seguintes documentos60
certidatildeo de casamento
atestado de residecircncia
folha de antecedentes criminais
prova de idoneidade fiacutesica e moral
prova de abandono do menor
destituiccedilatildeo do paacutetrio poder
atestado de sanidade fiacutesica
________________ 60 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
A adoccedilatildeo constitui-se por sentenccedila sendo necessaacuterio que 61
a peticcedilatildeo Inicial com os requisitos do artigo 35
se na inicial vier a concordacircncia dos pais do adotando seratildeo ouvidos pelo juiz e pelo
representante do Ministeacuterio Puacuteblico lavrando-se o termo
a autoridade juriacutedica de ofiacutecio ou o requerimento das partes e do Ministeacuterio Puacuteblico
determinaraacute a realizaccedilatildeo de estudo social ou se possiacutevel periacutecia por equipe profissional
decidindo sobre o estaacutegio de convivecircncia
Apresentado o laudo e ouvido o adotando teraacute vistas o Ministeacuterio Puacutebico
apoacutes a manifestaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico no prazo tambeacutem de 5 (cinco) dias o
juiz proferiraacute a sentenccedila
A sentenccedila judicial transitada em julgado seraacute inserida no registro civil mediante mandado do qual natildeo
se forneceraacute certidatildeo O mandado judicial cancelaraacute o registro de nascimento original do menor conforme
o artigo 16 da Lei nordm 601573 E a inscriccedilatildeo no registro constaraacute o nome dos adotantes
como pais e o nome dos seus ascendentes Assim o menor ingressa na famiacutelia do adotante
se desvinculando da famiacutelia natural
24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO
241 Efeitos pessoais
Satildeo alguns efeitos pessoais decorrentes da adoccedilatildeo62
____________________
61 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1996 p 60 62 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 430
rompimento automaacutetico do viacutenculo de parentesco com a famiacutelia de origem salvo os
impedimentos matrimocircniais (artigo 1626)
estabelecimento de verdadeiros laccedilos de parentesco civil entre adotante e adotado
abrangendo a famiacutelia do adotante (artigo 15282ordf parte)
transferecircncia definitiva e de pleno direito do poder familiar para o adotante se o adotante
for menor (artigo 1630 1634 1635 inciso V)
liberdade razoaacutevel em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo do nome do adotado (1627)
possibilidade de promoccedilatildeo da interdiccedilatildeo e inabilitaccedilatildeo do pai ou matildee adotiva pelo
adotado ou vice-versa (artigo 1768)
determinaccedilatildeo do domiacutecilio do adotado menor de idade que adquire o do adotante
242 Efeitos patrimoniais
Satildeo alguns efeitos patrimoniais produzidos pela adoccedilatildeo63
direito do adotante de administraccedilatildeo e ususfruto dos bens do adotado menor (artigo 1689
1691e 1693)
obrigaccedilatildeo do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar (artigo
1634)
dever do adotante de prestar alimentos ao adotado (artigo 1694 1696 e 1697)
direito a indenizaccedilatildeo do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante
responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menor de idade
______________
81 Op cit p 31 p 432
direito sucessoacuterio do adotado visto que se equipara ao filho advindo de parentesco
cosanguineo herdado em concorrecircncia com o cocircnjuge sobrevivente ou convivente do
falecido na qualidade de descendente do autor da heranccedila afastando todos os demais
herdeiros do adotante que natildeo tenham a qualidade de filho (artigo 1829 inciso I e
1790incisos I e II)
reciprocidade nos efeitos sucessoacuterios (artigo 1829 inciso II e 1790 inciso III)
filho adotivo natildeo estaacute compreendido na exceccedilatildeo do Coacutedigo Civil artigo 1790 inciso I
rompimento de testamento se sobrevier filho adotivo (artigo 1973)
direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciaacuterio (artigo 1951 a 1960)
superviniecircncia de filho adotivo pode revogar doaccedilotildees feitas pelo adotante ( artigo 1846 e
1789)
Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso
de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do
oacutebito64
25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO
Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se
obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do
negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do
ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade
____________
64 Op cit p 32 p 435
deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea
A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-
se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico
Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade
anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo
251 Nulidade da adoccedilatildeo
Seraacute nula a adoccedilatildeo que65
em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16
anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619
a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a
mesma pessoa (artigo 1622)
o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)
vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude
252 Anulabilidade da adoccedilatildeo
Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66
a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente
incapaz
ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado
____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435
consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz
vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores
a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado
253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo
Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67
pela falta de consentimento do adotante e adotado
pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou
interdiccedilatildeo civil
pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico
26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO
A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes
motivos68
pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil
Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a
madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave
enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou
neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade
pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil
____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437
Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste
contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a
honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila
pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue
quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva
pela morte do adotante e adotado
27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO
Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a
finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo
avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante
e adotado69
Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute
prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com
facilidade a nova famiacutelia
O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a
ser adotado
Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a
extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo
atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil
____________
69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340
28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das
crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a
prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave
poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato
infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e
ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70
A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual
adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou
tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da
juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil
Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida
familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco
passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado
29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL
A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e
do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da
Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave
crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave
educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave
__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41
convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71
Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada
por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por
procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da
adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda
de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida
pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo
por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72
Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo
de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes
independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos
havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e
qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73
Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos
adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do
bem estar do adotado
210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO
A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser
incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e
educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta
assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria
___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438
Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como
com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo
dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos
pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco
pessoal e social nas ruas das grandes cidades
Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia
importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees
sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia
Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem
por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades
coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e
ceacutelere
Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria
com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e
defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do
proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os
procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados
Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo
atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o
instituto da adoccedilatildeo
A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de
_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em
lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que
querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave
crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico
educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e
na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos
e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o
desenvolvimento da cidadania
Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que
tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria
Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir
211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO
Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75
Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma
simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo
A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais
os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a
situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem
adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda
________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser
proporcionada pelas pessoas sem adotar
Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva
jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os
interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais
vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito
simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses
O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida
cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior
(adoccedilatildeo internacional)
CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees
estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil
Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente
A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida
excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido
por pessoa residente no Paiacutes
A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico
conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei
supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida
sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76
Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo
juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a
decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham
falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm
80699077
Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da
Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da
CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia
____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464
Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por
estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos
interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas
atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os
bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal
intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando
verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em
moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias
maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado
enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees
escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos
especialmente do menorrdquo78
Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante
nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado
tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a
perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e
economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila
passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco
e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79
Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas
___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438
Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil
A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver
medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo
internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda
possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o
seu ingresso em famiacutelia substituta
Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo
internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem
conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas
Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em
seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser
interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores
para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que
visem lucro80
Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas
pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator
determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas
famiacutelias substitutas
32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR
ESTRANGEIROS
A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo
seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e
condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________
80 Op Cit p 44 p 438
parte de estrangeiros
Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida
excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo
acarreta o adotante aacute desistecircncia
Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81
impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo
estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro
residente ou domiciliado fora do paiacutes
comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de
seu paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia
especializada e credenciada no paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido
do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico
juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente
autenticados pela autoridade consular
permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a
consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo
Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e
cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no
miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos
de idade
___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439
podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar
prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista
A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82
lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo
reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante
lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica
Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de
Adoccedilatildeo de Menores de 1984)
33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA
A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua
finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores
Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia
prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse
superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas
__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485
A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo
Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de
garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados
contratantes83
Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a
Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo
Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84
requisitos para a adoccedilatildeo internacional
requisitos processuais
reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo
De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo
em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o
interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras
_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486
CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a
grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo
igualmente a possibilidade da poder adotar
A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade
Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas
aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de
constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a
reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois
assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir
famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86
Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a
uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm
sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo
Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87
____________
86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho
mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49
A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios
E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por
homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se
espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem
homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila
se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais
homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos
tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte
de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo
16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo
se forem marido e mulher
Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89
____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da
uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos
homossexuais
42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA
E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a
situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos
casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo
juriacutedica podem os casais homossexuais adotar
No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo
homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes
da jurisprudecircncia
E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a
regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais
Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata
da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo
tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um
dos parceiros90
Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo
5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a
primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei
____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade
Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca
pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do
bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais
homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve
levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo
decidindo sempre pelo bem-estar do menor91
A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece
Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao
adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo
ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia
familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo
()
sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute
casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros
A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee
Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de
estado civil
______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005
Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92
Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que
homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo
poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante
O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de
adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual
diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro
de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93
______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo
da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum
cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito
Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94
Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais
homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95
Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo
sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel
privar os homossexuais do direito agrave adotar96
E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais
flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de
tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar
seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles
que lhe acolhem97
______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53
No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo
barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao
seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira
da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da
histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a
mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para
atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem
a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua
companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de
crianccedilas devem igualmente poder adotar98
Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no
aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes
de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o
preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99
Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida
pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato
Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo
________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53
CONCLUSAtildeO
A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia
E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto
no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio
Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988
Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade
Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente
A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva
Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros
por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores
Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade
Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a
sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do
Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo
Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e
principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que
pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da
adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e
venda de crianccedilas para o estrangeiro
A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente
estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse
baseado nos artigos 1618 a 1629
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52
Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de
amor carinho e solidariedade
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 6023 informaccedilatildeo e
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Ressalvando os casos em que se dever tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por
estrangeiros residentes no exterior referente ao traacutefico venda e sequumlestro de crianccedilas para o
exterior
Passo importante para a adoccedilatildeo no Brasil foi agrave Convenccedilatildeo de Haia que ratifica o
interesse das crianccedilas a serem adotadas e coibindo o sequumlestro de menores o traacutefico e a
venda de crianccedilas A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo
ratificada em nosso ordenamento juriacutedico atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril
de 1995 cujo objetivo eacute o de garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo
entre os Estados contratantes19
_______________ 17 Op cit p 3 p 61 18 Op cit p 3 p 61 19 Op cit p 3 p 485 5 ndash Os projetos de conscientizaccedilatildeo e incentivos da Adoccedilatildeo
Atualmente o Juizado da Infacircncia e juventude do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo
em parceria com oacutergatildeos natildeo governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo
da adoccedilatildeo dentre outras atividades atraveacutes de Projetos Especiais que tem por objetivo a
colocaccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco pessoal e social nas ruas
das grandes cidades em famiacutelias substituas uma vez que toda crianccedila ou adolescente tem
direito a ser criado e educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente em famiacutelia
substituta assegurada a convivecircncia familiar e comunitaacuteria
Tal projeto vinculado pela 1ordf Vara da Infacircncia e Juventude do Rio de Janeiro lanccedilou
a cartilha da adoccedilatildeo com o intuito de esclarecer e incentivar a adoccedilatildeo20
Projeto semelhante foi lanccedilado pela 1ordf Vara da Infacircncia e Juventude de Vitoacuteria ndash ES
tambeacutem lanccedilou recentemente a obra ldquo111 perguntas sobre a adoccedilatildeordquo21
Ambos os projetos satildeo tem por objetivo esclarecer e incentivar a adoccedilatildeo como ponto
de referecircncia importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional
das accedilotildees sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter uma famiacutelia Assim
podemos constatar que a cartilha traz todo o rol de procedimentos e esclarecimentos a
aqueles que queiram adotar sejam eles residentes no Brasil ou no Exterior
7ndash A adoccedilatildeo por Homossexuais
A grande discussatildeo hoje rebatida pela sociedade seria a da possibilidade de
homossexuais poderem ou natildeo adotar
_____________ 20 Cartilha da adoccedilatildeodipsonovellt wwwjuizadodainfanciaejuventudeorgbrgtAcesso em 30out 2004 21 Cartilha da adoccedilatildeo Disponiacutevelwwwtjesgovbr Acesso em 30 out 2004 Na verdade vaacuterios satildeo os fatos alegados a natildeo possibilidade de adoccedilatildeo pelos
homossexuais como a diferenccedila da formaccedilatildeo da famiacutelia que fugiria aos padrotildees da
formaccedilatildeo da famiacutelia heterossexual da nossa sociedade
De certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se
estabelecer-se e contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos
homossexuaisrdquo tem de ser respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela
sociedade e pelo Estado21
Vaacuterios argumentos e sofismas satildeo utilizados para a natildeo legalizaccedilatildeo da adoccedilatildeo por
homossexuais mas o que prepondera realmente eacute o preconceito e o que deveria mesmo ser
visado que seria o interesse do adota natildeo estaacute sendo colimado
De fato em nosso ordenamento juriacutedico natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito
positivo para validar a uniatildeo homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecer o
direito a uniatildeo homossexual atraveacutes da jurisprudecircncia E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem
em nosso ordenamento juriacutedico a regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais
Mas tambeacutem natildeo haacute legislaccedilatildeo que proiacuteba a adoccedilatildeo de menores por homossexuais
O que presenciamos sim seria a violaccedilatildeo de direitos aos homoafetivos pois fica clara a
violaccedilatildeo ao direito a igualdade e a isonomia Assim como tambeacutem natildeo haacute restriccedilatildeo legal
quanto a formaccedilatildeo da famiacutelia que deveria ser somente heterossexual
Acredito que o que se deva levar em consideraccedilatildeo eacute a situaccedilatildeo de fato do menor a ser
adotado de ser resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe
um lar seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual
____________ 21 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005
daqueles que lhe acolhem22
Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no
aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruas com
grandes possibilidades de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que
tecircm por fundamento o preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o
inteacuterprete inovar23
Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida
pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato
Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo
E nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na
aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem
comum cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao
Coacutedigo Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do
Direito
Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave
adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do
adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente
iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando
devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo24
Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais
homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato25
____________ 22 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 23 Op Cit P 8 24 Op Cit P 8 25 Op Cit P 8
Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo
sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel
privar os homossexuais do direito agrave adotar26
E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais
flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de
tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar
seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles
que lhe acolhem27
Portanto fica bem claro que eacute importante deixar de lado as barreiras do preconceito
___________ 26 Op Cit P 8 27 Op Cit P 8
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WALD Arnald O Novo Direito de Famiacutelia 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2002 p217-225
CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO
12 LINEAMENTOS HISTOacuteRICOS
Historicamente o instituto da adoccedilatildeo desde os tempos mais primoacuterdios era utilizado
por nossos antepassados e com o passar dos tempos evoluiu tanto no aspecto social quanto
no aspecto juriacutedico
No direito primitivo a famiacutelia era a unidade social econocircmica e religiosa e a adoccedilatildeo
constituiacutea-se como um meio eficaz de perpetuar a famiacutelia e a religiatildeo domeacutestica ao qual
transferia-se os bens familiares pois nessa eacutepoca natildeo se conhecia do testamento1
No direito romano os imperadores utilizavam-se do instituto para designar os seus
sucessores e seus futuros Chefes de Estados deixando a adoccedilatildeo de ser um instrumento de
direito privado e passando a ser instrumento de direito puacuteblico2
E a maior prova de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor solidariedade
encontra-se narrado na Biacuteblia no nascimento de Jesus Cristo fruto
esse concebido pelo Divino Espiacuterito Santo para mostrar que natildeo haacute a
necessidade de casamento da conjunccedilatildeo carnal e de todas as
concepccedilotildees do homem para que se conceba um filho3
Tal instituto teve sua origem fundada na Biacuteblia no Coacutedigo de Hamurabi e nas Leis
de Manu4
__________ 1 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 218 2 SIQUEIRA Liboacuterni Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 34 3 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Luacutemen Iuris 1996 p 1 4 Op cit p 11 p 218
No Coacutedigo de Manu o instituto da adoccedilatildeo encontram-se descrito na Lei IX 10
ldquoAquele a quem a natureza natildeo deu filhos pode adotar um para que as cerimocircnias fuacutenebres
natildeo cessemrdquo5
As Leis de Manu determinavam que a adoccedilatildeo somente seria possiacutevel entre um
homem e um rapaz da mesma classe social e que o adotado tivesse todas as qualidades
apreciadas num filho6
Jaacute o Coacutedigo de Hamurabi eacute considerado o documento mais antigo que se tenha
notiacutecia antes de Cristo O instituto no Coacutedigo de Hamurabi era conhecido como ldquoSentenccedilas
de Direitordquo traz em seus artigos 185 a 193 e o define como ldquomacircrucircturdquoArt 185 ndash Se algueacutem
toma em adoccedilatildeo uma crianccedila ou a educa esta natildeo pode ser reclamadardquo7
Nas passagens biacuteblicas eacute possiacutevel exemplificarmos algumas dessas noccedilotildees do
instituto da adoccedilatildeo ao relatarmos alguns casos como a histoacuteria de Moiseacutes que foi adotado
por Termulus quando o encontrou agraves margens do Rio Nilo na de Mordecai que criou Eacutester
como uma irmatilde e ainda na proacutepria histoacuteria de Joseacute do Egito adotado por Potifar8
Os Hebreus chamavam a adoccedilatildeo pelo nome de ldquoleviratordquo9
De acordo com a Biacuteblia poderiam adotar tanto o pai como a matildee e a adoccedilatildeo soacute se
dava entre parentes A mulher esteacuteril poderia adotar os filhos da serva que ela havia
conduzido ao taacutelamo do marido10
__________ 5 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Luacutemen Iuris 1996 p 21 6 Op cit p 12 p 21 7 Op cit p 12 p 25 8 SZNICK Waldir Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 26 9 Op cit p 12 p 26 10 Op cit p 12 p 26
Para os Romanos a adoccedilatildeo era o ato legislativo pelo qual algueacutem perfilha um filho
que natildeo se gerou tendo em vista a necessidade da perpetuaccedilatildeo do culto domeacutestico que
tinha um valor sacral Para os romanos havia dois tipos de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo e a
adrogatio11
A adoccedilatildeo ou adoptio era instituto de direito privado destinado ao alieni juacuteris para
quem tivesse sob o paacutetrio poder da Lei das XII Taacutebuas Jaacute a adrogatio pertencia ao direito
puacuteblico a doaccedilatildeo de sui juacuteris como filho na famiacutelia de um pater famiacutelias12
Para os Gregos a adoccedilatildeo rompia todos os laccedilos da famiacutelia anterior sequer poderia
prestar o funeral dos pais anteriores A adoccedilatildeo tinha o nome de Teacutesis tambeacutem conhecida
como Ampasis13
O Direito Canocircnico desconheceu a adoccedilatildeo ateacute certo ponto e se manifestava com
reservas A igreja via a adoccedilatildeo como uma ressalva ao casamento e agrave constituiccedilatildeo da famiacutelia
legiacutetima como uma das possibilidades de se fraudar as normas vigentes que proibiam o
reconhecimento de filhos adulterinos e incestuosos14
Na Idade Meacutedia a adoccedilatildeo sucede ao processo histoacuterico da famiacutelia romana tecircm o
mesmo objetivo destinado ao culto domeacutestico daqueles que natildeo tinham descendentes
Nessa eacutepoca Justiniano reformou o instituto da adoccedilatildeo seguindo as linhas das instituiccedilotildees
orientais em especial as helecircnicas mas permanecendo a adoccedilatildeo claacutessica 15
Portanto nesse periacuteodo Justiniano a adoccedilatildeo era o ato solene pelo qual se admite em
lugar de filho quem por natureza natildeo ostenta tal qualidade16
_____________ 11 ZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 27 12 Op cit p 13 p 32 13 Op cit p 13 p 26 14 WALD Arnoldo O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo PauloSaraiva 15 SIQUEIRA Liboacuterni Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 35 16 Op cit p13 p 35
Na eacutepoca moderna o instituto da adoccedilatildeo teve a sua inspiraccedilatildeo no Direito Romano
sendo encontrado no Coacutedigo de 1683 promulgado na Dinamarca por Christian V Na
Alemanha tal instituto encontra-se no Coacutedigo de Pressuniano promulgado por Frederico
Guilherme II em 1751 e no Codex Maximilianus da Bavaacuteria de 175617
Essa legislaccedilatildeo influenciou o Coacutedigo Napoleocircnico de 1791 apesar da normativa
sobre o instituto da adoccedilatildeo natildeo houve uma aceitaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo frequumlente tendo em vista
a suspeita de favorecimento a fraude e agrave lei fiscal18
O Coacutedigo Napoleocircnico de 1971 contemplava quatro tipos de adoccedilatildeo19
a) adoccedilatildeo ordinaacuteria ndash depende de homologaccedilatildeo judicial permitida a maiores de50 anos
e diferenccedila de 15 anos entre o adotado altera nome tem direitos sucessoacuterios
b) adoccedilatildeo remuneratoacuteria ndash destinada a quem tivesse salvo a vida do adotando
irrevogaacutevel
c) adoccedilatildeo testamentaacuteria ndash permitida ao tutor apoacutes 5 anos de tutela
d) tutela oficiosa ndash uma espeacutecie de adoccedilatildeo provisoacuteria em favor dos menores
Por fim as Ordenaccedilotildees advieram do direito geral portuguecircs primeiro as Ordenaccedilotildees
Afonsinas de 1446 a 1514 que para o Brasil entraram em vigor agrave partir de 1500 sendo esta
substituiacuteda pelas Ordenaccedilotildees Manuelinas em 1514 e por uacuteltimo as Ordenaccedilotildees Filipinas em
1603 que vigoraram ateacute a promulgaccedilatildeo do da Lei nordm Coacutedigo Civil em 191620
_____________ 17 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo PauloLeud 1999 p 40 18 Op cit p 14 p 40 19 Op cit p 14 p 41 20 Op cit p 14 p 41
Nessa fase a adoccedilatildeo era regulada por inuacutemeros textos e passagens sem uma norma
especiacutefica
Com as Ordenaccedilotildees o instituto adquiriu o nome de perfilhamento e tinha como
objetivo tornar como herdeiro na sucessatildeo o filho tido mesmo que fosse o filho espuacuterio ou
o filho adulterino21
Com a independecircncia as Ordenaccedilotildees passaram a perder a sua validade em nosso
ordenamento juriacutedicoem virtude dos inuacutemeros diplomas e regulamentos que passaram a
vigorar na eacutepoca poreacutem a revogaccedilatildeo total soacute ocorreu com o advento do Coacutedigo Civil de
191622
12 CONCEITO
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de
solidariedade ou seja a chance de crianccedilas e adolescentes de terem um lar uma famiacutelia jaacute
que foram desprovidos de alguma forma de seus familiares
Para o conceito de adoccedilatildeo existem vaacuterias definiccedilotildees Em uma conceituaccedilatildeo simples e
clara podemos dizer que a adoccedilatildeo eacute um ato juriacutedico que tem por finalidade criar entre duas
pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue23
Ainda pode ser definida como o ato de ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco civil
portanto de suma importacircncia para a sociedade brasileira tendo em vista que tal ato
juriacutedico coaduna na esfera da vontade dos particulares com a devida permissatildeo da lei
__________ 21 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 42 22 Op cit p 15 p 42 23 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147
criando entre essas pessoas estranhas uma relaccedilatildeo anaacuteloga como agraves oriundas da filiaccedilatildeo
legiacutetima24
A adoccedilatildeo tambeacutem pode ser conceituada como o ato juriacutedico pelo qual o viacutenculo
familiar eacute criado em virtude do proacuteprio ato pelo legislador25
Alguns autores definem a adoccedilatildeo apenas como o instituto que daacute ao filho adotivo o
status idecircntico ao do filho legiacutetimo
Passamos a analisar a conceituaccedilatildeo dos seguintes juristas
Para Clovis Bevilacqua a adoccedilatildeo se destinava a suprir a falta de filho que tem como
ato civil aacute aceitaccedilatildeo de um estranho como filho26
Para a Profa Maria Helena Diniz a adoccedilatildeo eacute uma instituiccedilatildeo de caraacuteter humanitaacuterio
que tem por um lado dar aqueles a quem a natureza negou um lar e uma famiacutelia e por outro
lado a uma finalidade assistencial constituindo um meio de melhorar a condiccedilatildeo moral e
material do adotado27
Para Walter Gaspar a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica a qual se estabelece uma relaccedilatildeo
de parentesco que independe do fato natural da procriaccedilatildeo28
Para Orlando Gomes a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece independente
do fato natural o viacutenculo de filiaccedilatildeo legal que permite a constituiccedilatildeo entre duas pessoas do
laccedilo de parentesco do primeiro grau em linha reta29
_________ 24 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 25 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 26 Op cit p 16 p 63 27 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 28 GASPAR Walter Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003 p 315 29 ORLANDO Gomes Instituiccedilotildees de Direito Civil Satildeo Paulo Forense1996 p 226
Jose Maria Leoni Lopes de Oliveira define a adoccedilatildeo como um instituto juriacutedico que
procura imitar a filiaccedilatildeo natural30
Para Silvio Rodrigues a adoccedilatildeo eacute o ato do adotante pelo qual ele traz para a sua
famiacutelia e na condiccedilatildeo de filho pessoa que lhe eacute estranha31
Para Caio Mario da Silva a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual uma pessoa recebe
outra como filho independentemente de existir entre elas qualquer relaccedilatildeo de parentesco
cosanguiacuteneo ou afim32
Para Antunes Varella a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece entre duas
pessoas adotante de um lado e adotado de outro independente dos laccedilos de sangueuma
relaccedilatildeo legal de filiaccedilatildeo33
Para o Prof Arnoldo Wald a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco
civil Eacute um ato juriacutedico bilateral que gera laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre pessoas para
as quais tal relaccedilatildeo inexiste materialmente34
Para Carbonnier a filiaccedilatildeo adotiva eacute uma filiaccedilatildeo puramente juriacutedica que repousa
na pressuposiccedilatildeo de uma realidade natildeo bioloacutegica mas afetiva35
E para Dusi a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico solene em virtude do qual agrave vontade dos
particulares com a permissatildeo da lei cria entre pessoas naturalmente estranhas uma a outra
relaccedilotildees anaacutelogas as oriundas da filiaccedilatildeo legiacutetima36
__________ 31 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147 32 Direito Civil ndash Famiacutelia Satildeo Paulo Forense 1999 p330 48 op Cit p 17 p 330 33 Op Cit p 17 p 148 534WALD Arnold O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 35 Op cit p 17 apud Droit Civil 2 ndash La Famile nordm 354 p 519 36 Op cit p 17 p 217
No contexto das diversas definiccedilotildees atribuiacutedas a adoccedilatildeo podemos
verificar que esta se contrapotildee-se a filiaccedilatildeo legiacutetima ou natural por
sua caracteriacutestica artificial pois resulta da manifestaccedilatildeo de vontade e
de sentenccedila judicial Enquanto a filiaccedilatildeo natural tem seu viacutenculo
formado apenas no sangue
Contudo os efeitos da adoccedilatildeo em nosso ordenamento juriacutedico geram
as mesmas relaccedilotildees da filiaccedilatildeo natural
13 NATUREZA JURIacuteDICA
A natureza juriacutedica da adoccedilatildeo sempre foi muito controvertida para alguns
doutrinadores a adoccedilatildeo apenas eacute uma relaccedilatildeo juriacutedica enquanto para outros eacute negoacutecio
unilateral tendo em vista a vontade do adotante37
Com o passar dos tempos a mudou a sua finalidade antes se destinava
a atender aos interesses religiosos dos adotantes hoje se preocupa
mais com o interesse dos adotados objetivando proporcionar uma
famiacutelia38
A dificuldade em definir a natureza juriacutedica da adoccedilatildeo decorre da sua
natureza e da origem do seu ato
Assim para alguns autores adoccedilatildeo seria uma forma de contrato
devido agrave bilateralidade do ato pois eacute preciso a manifestaccedilatildeo de duas
vontades a do adotante e do adotado Sendo que agraves vezes o adotado eacute
representado poreacutem a vontade do adotando inexiste em algumas
situaccedilotildees o que dificulta a compreensatildeo dessa doutrina39
__________ 37 Op cit p 17 p 320 38 Op cit p 17 p 149 39 Op cit p 17 p 320
Para outros autores a adoccedilatildeo eacute instituto juriacutedico de ordem puacuteblica sendo necessaacuterio
a manifestaccedilatildeo do Estado declarando ou natildeo a adoccedilatildeo40
No Coacutedigo Civil de 1916 a adoccedilatildeo tinha a natureza de contrato
devido agrave solenidade exigida na lei da escritura puacuteblica realccedilando a
natureza negocial do instituto como contrato de famiacutelia disposto no
artigo 37541
Nessa eacutepoca havia duas formas distintas de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo simples
e a adoccedilatildeo plena e cada uma delas apresentava natureza proacutepria42
No Estatuto natildeo prevalece apenas a bilateralidade de vontades pois o Estado
participa de forma ativa exigindo-se tambeacutem uma sentenccedila judicial pois sem esta natildeo
haveraacute adoccedilatildeo 43
O Coacutedigo Civil de 2002 requer a presenccedila dos adotantes do Estado e somente
ocorreraacute se for atraveacutes de sentenccedila judicial
Pode-se assim concluir que a adoccedilatildeo eacute um ato complexo o
qual tem na sua primeira fase um caraacuteter negocial em seguida a
manifestaccedilatildeo de vontade dos adotantes e adotados e em sua segunda
fase tem caraacuteter judicial a fim de verificar a conveniecircncia ou natildeo da
adoccedilatildeo que culmina com a sentenccedila judicial44
Portanto a accedilatildeo de adoccedilatildeo eacute accedilatildeo do estado de caraacuteter constitutivo
conferindo a posiccedilatildeo de filho ao adotado atraveacutes de sentenccedila judicial
____________ 40 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p320 41 Op cit p 19 p 316
42 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Rio de Janeiro Atlas 2001 p 257 43 Op cit p 19 p 320
44 Op cit p 19 p 316 14 EVOLUCcedilAtildeO LEGISLATIVA DA ADOCcedilAtildeO
No Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 3071 de 01 de maio de 1916 vigoravam as
Ordenaccedilotildees Afonsinas Filipinas e Manuelinas45
Com o advento do Coacutedigo Civil de 1916 ocorreu a sistematizaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos
artigos 368 a 378 de caraacuteter essencialmente privado
Todavia o nosso direito paacutetrio da eacutepoca revelava as influecircncias do direito romano
do direito canocircnico das Ordenaccedilotildees Afonsinas Manuelinas e Filipinas46
No coacutedigo de 1916 a adoccedilatildeo era definida como o ato civil pelo qual algueacutem aceita
um estranho na qualidade de filho contudo tal conceito trazia consigo as suas restriccedilotildees47
Nessa eacutepoca havia restriccedilotildees quanto agrave adoccedilatildeo pois a mesma se destinava a habilitar
pessoas com mais de 50 anos exigindo a diferenccedila miacutenima de 18 anos entre adotado e
adotante e natildeo haveria direito de sucessatildeo ao adotado
Em 1957 adveio o Estatuto da adoccedilatildeo - Lei nordm 3133 de 08 de maio de 1957 E em
1979 o Coacutedigo de Menores Lei nordm 6667 de 10 de outubro de 1979 ambos traziam algumas
modificaccedilotildees que eliminava certas restriccedilotildees do Coacutedigo Civil de 191648
Algumas dessas modificaccedilotildees trazidas foi a de possibilidade de se adotar aos 30
anos e a diferenccedila de idade entre adotando e adotado passou a ser de 16 anos eliminou-se
tambeacutem o preacute-requisito de que somente casais sem filhos poderiam adotar49
______________ 45 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 38 46 Opcit p 20 p 42 47 Opcit p 20 p 84 48 Opcit p 20 p 40 49 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo em 1988 e com o advento do Estatuto da
Crianccedila e do Adolescente ndash ECA em 1990 consegui-se eliminar todas as restriccedilotildees
pertinentes agrave diferenccedila entre filhos adotivos ilegiacutetimos eou aduacutelterinos50
Assim hoje o filho adotivo tem os mesmos direitos garantias e deveres dos filhos
bioloacutegicos artigo 227 sectordm da CRFB
A partir de 1990 as regras da adoccedilatildeo passaram a visar mais os interesses direitos e
reais e necessidades dos adotandos O que se pretendia era encontrar uma famiacutelia adequada
aos menores e natildeo a busca de uma crianccedila para aqueles que pretendem adotar51
Jaacute o novo Coacutedigo Civil trata desse instituto da aceitaccedilatildeo legal de estranho no seio
familiar nos artigos 1618 a 1629 passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que
originariamente natildeo eacute criando com este laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com todos os
direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo inexiste
naturalmente52
E corroborando com o instituto da adoccedilatildeo o nosso texto constitucional assegura em
seu artigo 227 o direito de se ter uma famiacutelia o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave
educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura ao respeito agrave dignidade agrave liberdade e a
convivecircncia familiar 53
Esse direito de se ter uma famiacutelia consagrado na Carta Magna adveacutem do direito
positivo brasileiro do direito natural do simples direito de se ter um lar
__________ 50 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 150 51 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41 52 As modificaccedilotildees introduzidas agrave partir do advento do Novo Coacutedigo Civil ndash Lei nordm 1040602 53 CONSTITUICcedilAcircO FEDERAL EC nordm 45 Rio de Janeiro 2005 p 149
A adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia da proteccedilatildeo ao adotado e cuja finalidade
eacute a de dar um lar aos menores criando para esses menores um ambiente familiar e o
equiparando o adotado como filho legiacutetimo
Egrave um instituto de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo agravequeles que precisam de um
lar amor carinho e dignidade
Tem por finalidade fundamental dar filhos agravequeles que natildeo podem ter
biologicamente e de dar pais agravequeles que se encontram desamparados por algum motivo
Assim a adoccedilatildeo que fugir desses paracircmetros a que estaacute destinada estaraacute distorcendo a
finalidade do ordenamento a que lei se destina
Ficando constatado que a adoccedilatildeo no Brasil constitui um imperativo de ordem eacutetica
de natureza constitucional pois natildeo se pode construir uma sociedade mentalmente satilde sobre
as bases de abandono de crianccedilas os futuros homens de amanhatilde
CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
A adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil de 1916 era regulada nos artigos de 368 a 378 Nesse
Coacutedigo havia previsatildeo legal para duas modalidades de adoccedilatildeo54
A adoccedilatildeo simples estabelecia o viacutenculo de filiaccedilatildeo entre adotante e adotado
podendo o adotante ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos regia-se pelo Coacutedigo
Civil de 1916 e pela Lei nordm 313355
A adoccedilatildeo plena era espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser
irrevogavelmente para todos os efeitos legais a ser filhos dos adotantes desligando-se de
qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais
introduzido pela Lei nordm 669779
Nesse Coacutedigo Civil a adoccedilatildeo aplicava-se aos maiores de 18 anos e realccedilava a sua
natureza negocial do instituto tendo em vista a solenidade da escritura puacuteblica que a lei
exigia como contrato de direito de famiacutelia Somente seria a adoccedilatildeo consumada com a
devida averbaccedilatildeo da escritura no registro civil e no ato da adoccedilatildeo seriam declarados quais
os nomes da famiacutelia passaria o adotado a usar
Eram requisitos para adoccedilatildeo nesta legislaccedilatildeo de 1916 que o adotante fosse 16 anos
mais velho que o adotando com mais de 30 anos de idade se o adotante fosse casado o
casamento deveria ter duraccedilatildeo superior agrave cinco anos duas pessoas natildeo poderiam adotar
conjuntamente se natildeo forem marido e mulher e o adotando com maior de 18 anos o tutor
ou curador poderiam adotar depois de prestadas as contas ocorria atraveacutes de escritura
puacuteblica havia previsatildeo de adoccedilatildeo por estrangeiros sem restriccedilatildeo55
______________ 54 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 55 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p 323
Com o advento da Lei nordm 104062002 o instituto da adoccedilatildeo passou a ser tratado nos
artigos de 1618 a 1629 como jaacute mencionado E por conta da nova legislaccedilatildeo a adoccedilatildeo
simples e a adoccedilatildeo plena deixam de existir passando a adoccedilatildeo ser irrestrita 56
Hoje o Novo Coacutedigo - Lei nordm 104062002 se preocupa em seus artigos com a
adoccedilatildeo de forma global ou seja com a adoccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes e principalmente
com a primazia do interesse do adotado
Assim o instituto da adoccedilatildeo passa a ser regido nos seguintes termos57
No art 1618 Somente pessoa maior de dezoito anos pode adotar
Analisando este artigo pode-se constatar que houve a reduccedilatildeo da idade miacutenima para
adotar antes exigida de 35 anos
E em seu Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo poderaacute ser formalizada por ambos os cocircnjuges
ou companheiros desde que um deles tenha completado dezoito anos de idade comprovada
a estabilidade da famiacutelia
Os artigos 1619 e 1620 natildeo tiveram alteradas a sua redaccedilatildeo
De acordo com o artigo 1619 o adotante haacute de ser pelo menos dezesseis anos mais
velho que o adotado E no artigo 1620 enquanto natildeo der contas de sua administraccedilatildeo e natildeo
saldar o deacutebito natildeo poderaacute o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o curatelado
O artigo 1621 descreve que a adoccedilatildeo depende de consentimento dos pais ou dos
representantes legais de quem se deseja adotar e da concordacircncia deste se contar mais de
doze anos
______________
56 Op cit p 23 p 425
57 Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003 p 452-459
sect 1o O consentimento seraacute dispensado em relaccedilatildeo agrave crianccedila ou adolescente cujos
pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder familiar
sect 2o O consentimento previsto no caput eacute revogaacutevel ateacute a publicaccedilatildeo da sentenccedila
constitutiva da adoccedilatildeo
O novo dispositivo diminui a idade miacutenima do adotado para manifestar o seu
consentimento para 12 anos no regime anterior era de 14 anos
De acordo co o artigo 1622 ningueacutem poderaacute ser adotado por duas pessoas salvo se
forem marido e mulher ou se viverem em uniatildeo estaacutevel
Neste artigo foi acrescentado o paraacutegrafo uacutenico que acrescenta a posiccedilatildeo da adoccedilatildeo
por companheiros ou daqueles que vivem em uniatildeo estaacutevel
Paraacutegrafo uacutenico Os divorciados e os judicialmente separados poderatildeo adotar
conjuntamente contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o
estaacutegio de convivecircncia tenha sido iniciado na constacircncia da sociedade conjugal
No artigo 1623 a adoccedilatildeo obedeceraacute a processo judicial observados os requisitos
estabelecidos neste Coacutedigo
Houve acreacutescimo na nova legislaccedilatildeo apenas do paraacutegrafo uacutenico ao qual foi atribuiacuteda a
seguinte redaccedilatildeo
Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo de maiores de dezoito anos dependeraacute igualmente da
assistecircncia efetiva do Poder Puacuteblico e de sentenccedila constitutiva
No artigo 1624 Houve a substituiccedilatildeo do ldquopaacutetrio poderrdquo por ldquopoder familiarrdquo sendo
ainda suprimida a palavra ldquomenor abandonadordquo trazido na legislaccedilatildeo de 1916
Assim dispotildee o artigo citado em que natildeo haacute necessidade do consentimento do
representante legal do menor se provado que se trata de infante exposto ou de menor cujos
pais sejam desconhecidos estejam desaparecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder
familiar sem nomeaccedilatildeo de tutor ou de oacuterfatildeo natildeo reclamado por qualquer parente por mais
de um ano
De acordo com o artigo 1625 somente seraacute admitida a adoccedilatildeo que constituir efetivo
benefiacutecio para o adotando sendo matida a mesma redaccedilatildeo
Jaacute no artigo 1626 houve acreacutescimo do paraacutegrafo uacutenico
Dipondo a seguinte redaccedilatildeo o caput a adoccedilatildeo atribui a situaccedilatildeo de filho ao adotado
desligando-o de qualquer viacutenculo com os pais e parentes consanguumliacuteneos salvo quanto aos
impedimentos para o casamento
Paraacutegrafo uacutenico se um dos cocircnjuges ou companheiros adota o filho do outro
mantecircm-se os viacutenculos de filiaccedilatildeo entre o adotado e o cocircnjuge ou companheiro do adotante
e os respectivos parentes
Com relaccedilatildeo ao artigo 1627 permaneceu a mesma redaccedilatildeo com relaccedilatildeo a decisatildeo que
confere ao adotado o sobrenome do adotante podendo determinar a modificaccedilatildeo de seu
prenome se menor a pedido do adotante ou do adotado
No artigo abaixo descrito houve a adequaccedilatildeo ao dispositivo de moda a resguardar o
princiacutepio constitucional da plena igualdade entre filhos bioloacutegicos e adotados
Dispotildee o artigo 1628 que os efeitos da adoccedilatildeo comeccedilam a partir do tracircnsito em
julgado da sentenccedila exceto se o adotante vier a falecer no curso do procedimento caso em
que teraacute forccedila retroativa agrave data do oacutebito As relaccedilotildees de parentesco se estabelecem natildeo soacute
entre o adotante e o adotado como tambeacutem entre aquele e os descendentes deste e entre o
adotado e todos os parentes do adotante
Natildeo houve alteraccedilatildeo na redaccedilatildeo do artigo 1629 apenas tal dispositivo tem o
objetivo de ajustar o Novo Coacutedigo Civil agrave lei superveniente ou seja Estatuto da Crianccedila e
do Adolescente
Dispondo o referido artigo a seguinte redaccedilatildeo a adoccedilatildeo por estrangeiro obedeceraacute
aos casos e condiccedilotildees que forem estabelecidos em lei
Assim pode-se concluir que na falta de norma reguladora para o instituto da adoccedilatildeo
desde que natildeo conflite com o Coacutedigo Civil deveraacute ser aplicado analogicamente o Estatuto da
Crianccedila e do Adolescente
Ainda constata-se que o Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute
maior de 18 anos passando o instituto da adoccedilatildeo a ser irrestrito trazendo importantes
reflexos ao nosso ordenamento juriacutedico paacutetrio no que diz respeito aos direitos da
personalidade e nos direitos sucessoacuterios Enquanto o antigo Coacutedigo Civil Brasileiro de 1916
adotava o sistema da manifestaccedilatildeo de vontade
Atualmente o Coacutedigo Civil vigente e o Estatuto da Crianccedila adotam o sistema da
sentenccedila judicial sendo que o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo para os
menores de 18 anos o que natildeo exime que a adoccedilatildeo de menor de 18 anos seja feita pelo
Coacutedigo Civil58
De acordo com a legislaccedilatildeo civil podemos conceituar a adoccedilatildeo como o ato de
filiaccedilatildeo juriacutedica que pressupotildee de afetividade e natildeo de relaccedilatildeo bioloacutegica passando o
adotado a ser tratado como se fosse filho natural constituiacutedo em benefiacutecio do adotando
_____________ 58 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 irretrataacutevel e perpeacutetuo depois de consumado que cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com
todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo
inexistia naturalmente
De forma simples podemos definir a adoccedilatildeo como modalidade de filiaccedilatildeo civil que
busca imitar a filiaccedilatildeo natural dependente da vontade de adotante e adotado e por via de
sentenccedila judicial
Assim torna-se inafastaacutevel a utilidade do instituto da adoccedilatildeo em relaccedilatildeo ao menor
carente ou em estado de abandono pois eacute de interesse do Estado a inserccedilatildeo desse menor em
um ambiente familiar
Fica claro que o instituto da adoccedilatildeo eacute de caraacuteter humanitaacuterio que tem por um lado o
escopo de proporcionar agravequeles que a quem a natureza negou filhos e por outro lado
constitui a finalidade assistencial de melhorar a condiccedilatildeo moral e material do futuro
adotado
Mas ainda muito haacute de se defender em prol do instituto da adoccedilatildeo no Brasil natildeo soacute
como forma de projeto de cidadania mas tambeacutem como forma de vida digna a aqueles que
natildeo tem um lar principalmente ao que refere aos direitos de adoccedilatildeo internacional e ainda ao
direito de adoccedilatildeo por casais homossexuais
22 REQUISITOS DA ADOCcedilAtildeO
221 Requisitos Formais
Satildeo alguns requisitos formais para a adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil vigente59
efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal
ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)
____________ 59 VENOSASilvio de Salvo Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003p349
efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal
ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)
diferenccedila miacutenima de idade entre o adotante e o adotado (artigo 1619)
consentimento do adotado de seus pais ou de seu representante (artigos 1621 sect 1ordm e
1624)
intervenccedilatildeo judicial na sua criaccedilatildeo pois somente se aperfeiccediloa perante o juiz atraveacutes de
processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico (artigo 1623 paraacutegrafo uacutenico)
irrevogabilidade (artigo 1626 caput)
estaacutegio de convivecircncia (1622 paraacutegrafo uacutenico 1ordfparte)
comprovaccedilatildeo de estabilidade familiar (artigo 1618 paraacutegrafo uacutenico in fine)
23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO
A adoccedilatildeo se daacute atraveacutes de um processo judicial perante o juiz com competecircncia na
aacuterea da infacircncia e juventude que iraacute conhecer dos pedidos da adoccedilatildeo e os seus incidentes
entre os quais a destituiccedilatildeo do paacutetrio poder e guarda para fins da adoccedilatildeo
Vislumbram-se duas hipoacuteteses em que se adota ou a famiacutelia jaacute convive com a
crianccedila ou adolescente que pretende adotar ou a famiacutelia estaacute a procura de uma crianccedila para
que venha a adotar
Na primeira hipoacutetese devem os interessados ajuizar o pedido de adoccedilatildeo atraveacutes de
advogado ou defensor puacuteblico que formularaacute o pedido diretamente em cartoacuterio atraveacutes de
peticcedilatildeo assinada pelos requerentes quando os pais forem falecidos tiverem sido destituiacutedos
do paacutetrio poder ou houverem aderido expressamente ao pedido os pais bioloacutegicos quando
conhecidos satildeo citados para querendo contestarem o pedido julgando o juiz ao final de
acordo com o interesse superior da crianccedila e do adolescente
Na segunda hipoacutetese os interessados devem requerer sua inscriccedilatildeo no cadastro do
juiacutezo de pessoas interessadas em adotar A partir daiacute instaura-se um procedimento no qual
seratildeo ouvidos pela equipe teacutecnica do juiacutezo (assistentes sociais eou psicoacutelogos) e antes da
decisatildeo que deferir a inscriccedilatildeo o Ministeacuterio Puacuteblico assistiraacute ao pedido de adoccedilatildeo conforme
previsto no artigo 227 sect5ordm da Constituiccedilatildeo Federal e emitiraacute parecer
Em seguida seratildeo incluiacutedos em grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo cujas vagas seratildeo
preenchidas de acordo com a ordem de ajuizamento do pedido de habilitaccedilatildeo respeitados os
criteacuterios estabelecidos
Os grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo possuem duraccedilatildeo prevista de 60 dias e visam
auxiliar os interessados em adotar Habilitados e inscritos no cadastro os interessados
recebem um certificado com validade de 2 anos
Satildeo necessaacuterios os seguintes documentos60
certidatildeo de casamento
atestado de residecircncia
folha de antecedentes criminais
prova de idoneidade fiacutesica e moral
prova de abandono do menor
destituiccedilatildeo do paacutetrio poder
atestado de sanidade fiacutesica
________________ 60 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
A adoccedilatildeo constitui-se por sentenccedila sendo necessaacuterio que 61
a peticcedilatildeo Inicial com os requisitos do artigo 35
se na inicial vier a concordacircncia dos pais do adotando seratildeo ouvidos pelo juiz e pelo
representante do Ministeacuterio Puacuteblico lavrando-se o termo
a autoridade juriacutedica de ofiacutecio ou o requerimento das partes e do Ministeacuterio Puacuteblico
determinaraacute a realizaccedilatildeo de estudo social ou se possiacutevel periacutecia por equipe profissional
decidindo sobre o estaacutegio de convivecircncia
Apresentado o laudo e ouvido o adotando teraacute vistas o Ministeacuterio Puacutebico
apoacutes a manifestaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico no prazo tambeacutem de 5 (cinco) dias o
juiz proferiraacute a sentenccedila
A sentenccedila judicial transitada em julgado seraacute inserida no registro civil mediante mandado do qual natildeo
se forneceraacute certidatildeo O mandado judicial cancelaraacute o registro de nascimento original do menor conforme
o artigo 16 da Lei nordm 601573 E a inscriccedilatildeo no registro constaraacute o nome dos adotantes
como pais e o nome dos seus ascendentes Assim o menor ingressa na famiacutelia do adotante
se desvinculando da famiacutelia natural
24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO
241 Efeitos pessoais
Satildeo alguns efeitos pessoais decorrentes da adoccedilatildeo62
____________________
61 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1996 p 60 62 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 430
rompimento automaacutetico do viacutenculo de parentesco com a famiacutelia de origem salvo os
impedimentos matrimocircniais (artigo 1626)
estabelecimento de verdadeiros laccedilos de parentesco civil entre adotante e adotado
abrangendo a famiacutelia do adotante (artigo 15282ordf parte)
transferecircncia definitiva e de pleno direito do poder familiar para o adotante se o adotante
for menor (artigo 1630 1634 1635 inciso V)
liberdade razoaacutevel em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo do nome do adotado (1627)
possibilidade de promoccedilatildeo da interdiccedilatildeo e inabilitaccedilatildeo do pai ou matildee adotiva pelo
adotado ou vice-versa (artigo 1768)
determinaccedilatildeo do domiacutecilio do adotado menor de idade que adquire o do adotante
242 Efeitos patrimoniais
Satildeo alguns efeitos patrimoniais produzidos pela adoccedilatildeo63
direito do adotante de administraccedilatildeo e ususfruto dos bens do adotado menor (artigo 1689
1691e 1693)
obrigaccedilatildeo do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar (artigo
1634)
dever do adotante de prestar alimentos ao adotado (artigo 1694 1696 e 1697)
direito a indenizaccedilatildeo do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante
responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menor de idade
______________
81 Op cit p 31 p 432
direito sucessoacuterio do adotado visto que se equipara ao filho advindo de parentesco
cosanguineo herdado em concorrecircncia com o cocircnjuge sobrevivente ou convivente do
falecido na qualidade de descendente do autor da heranccedila afastando todos os demais
herdeiros do adotante que natildeo tenham a qualidade de filho (artigo 1829 inciso I e
1790incisos I e II)
reciprocidade nos efeitos sucessoacuterios (artigo 1829 inciso II e 1790 inciso III)
filho adotivo natildeo estaacute compreendido na exceccedilatildeo do Coacutedigo Civil artigo 1790 inciso I
rompimento de testamento se sobrevier filho adotivo (artigo 1973)
direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciaacuterio (artigo 1951 a 1960)
superviniecircncia de filho adotivo pode revogar doaccedilotildees feitas pelo adotante ( artigo 1846 e
1789)
Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso
de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do
oacutebito64
25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO
Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se
obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do
negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do
ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade
____________
64 Op cit p 32 p 435
deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea
A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-
se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico
Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade
anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo
251 Nulidade da adoccedilatildeo
Seraacute nula a adoccedilatildeo que65
em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16
anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619
a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a
mesma pessoa (artigo 1622)
o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)
vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude
252 Anulabilidade da adoccedilatildeo
Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66
a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente
incapaz
ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado
____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435
consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz
vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores
a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado
253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo
Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67
pela falta de consentimento do adotante e adotado
pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou
interdiccedilatildeo civil
pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico
26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO
A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes
motivos68
pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil
Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a
madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave
enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou
neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade
pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil
____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437
Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste
contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a
honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila
pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue
quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva
pela morte do adotante e adotado
27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO
Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a
finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo
avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante
e adotado69
Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute
prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com
facilidade a nova famiacutelia
O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a
ser adotado
Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a
extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo
atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil
____________
69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340
28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das
crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a
prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave
poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato
infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e
ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70
A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual
adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou
tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da
juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil
Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida
familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco
passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado
29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL
A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e
do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da
Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave
crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave
educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave
__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41
convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71
Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada
por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por
procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da
adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda
de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida
pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo
por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72
Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo
de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes
independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos
havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e
qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73
Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos
adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do
bem estar do adotado
210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO
A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser
incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e
educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta
assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria
___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438
Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como
com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo
dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos
pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco
pessoal e social nas ruas das grandes cidades
Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia
importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees
sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia
Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem
por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades
coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e
ceacutelere
Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria
com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e
defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do
proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os
procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados
Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo
atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o
instituto da adoccedilatildeo
A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de
_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em
lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que
querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave
crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico
educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e
na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos
e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o
desenvolvimento da cidadania
Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que
tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria
Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir
211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO
Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75
Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma
simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo
A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais
os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a
situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem
adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda
________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser
proporcionada pelas pessoas sem adotar
Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva
jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os
interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais
vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito
simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses
O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida
cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior
(adoccedilatildeo internacional)
CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees
estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil
Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente
A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida
excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido
por pessoa residente no Paiacutes
A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico
conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei
supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida
sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76
Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo
juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a
decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham
falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm
80699077
Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da
Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da
CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia
____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464
Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por
estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos
interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas
atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os
bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal
intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando
verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em
moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias
maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado
enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees
escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos
especialmente do menorrdquo78
Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante
nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado
tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a
perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e
economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila
passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco
e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79
Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas
___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438
Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil
A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver
medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo
internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda
possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o
seu ingresso em famiacutelia substituta
Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo
internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem
conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas
Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em
seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser
interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores
para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que
visem lucro80
Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas
pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator
determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas
famiacutelias substitutas
32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR
ESTRANGEIROS
A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo
seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e
condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________
80 Op Cit p 44 p 438
parte de estrangeiros
Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida
excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo
acarreta o adotante aacute desistecircncia
Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81
impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo
estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro
residente ou domiciliado fora do paiacutes
comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de
seu paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia
especializada e credenciada no paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido
do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico
juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente
autenticados pela autoridade consular
permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a
consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo
Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e
cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no
miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos
de idade
___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439
podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar
prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista
A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82
lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo
reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante
lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica
Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de
Adoccedilatildeo de Menores de 1984)
33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA
A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua
finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores
Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia
prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse
superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas
__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485
A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo
Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de
garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados
contratantes83
Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a
Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo
Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84
requisitos para a adoccedilatildeo internacional
requisitos processuais
reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo
De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo
em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o
interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras
_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486
CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a
grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo
igualmente a possibilidade da poder adotar
A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade
Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas
aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de
constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a
reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois
assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir
famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86
Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a
uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm
sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo
Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87
____________
86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho
mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49
A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios
E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por
homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se
espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem
homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila
se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais
homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos
tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte
de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo
16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo
se forem marido e mulher
Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89
____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da
uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos
homossexuais
42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA
E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a
situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos
casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo
juriacutedica podem os casais homossexuais adotar
No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo
homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes
da jurisprudecircncia
E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a
regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais
Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata
da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo
tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um
dos parceiros90
Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo
5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a
primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei
____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade
Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca
pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do
bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais
homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve
levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo
decidindo sempre pelo bem-estar do menor91
A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece
Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao
adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo
ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia
familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo
()
sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute
casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros
A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee
Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de
estado civil
______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005
Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92
Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que
homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo
poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante
O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de
adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual
diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro
de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93
______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo
da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum
cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito
Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94
Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais
homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95
Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo
sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel
privar os homossexuais do direito agrave adotar96
E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais
flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de
tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar
seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles
que lhe acolhem97
______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53
No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo
barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao
seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira
da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da
histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a
mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para
atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem
a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua
companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de
crianccedilas devem igualmente poder adotar98
Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no
aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes
de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o
preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99
Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida
pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato
Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo
________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53
CONCLUSAtildeO
A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia
E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto
no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio
Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988
Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade
Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente
A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva
Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros
por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores
Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade
Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a
sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do
Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo
Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e
principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que
pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da
adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e
venda de crianccedilas para o estrangeiro
A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente
estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse
baseado nos artigos 1618 a 1629
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52
Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de
amor carinho e solidariedade
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Ambos os projetos satildeo tem por objetivo esclarecer e incentivar a adoccedilatildeo como ponto
de referecircncia importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional
das accedilotildees sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter uma famiacutelia Assim
podemos constatar que a cartilha traz todo o rol de procedimentos e esclarecimentos a
aqueles que queiram adotar sejam eles residentes no Brasil ou no Exterior
7ndash A adoccedilatildeo por Homossexuais
A grande discussatildeo hoje rebatida pela sociedade seria a da possibilidade de
homossexuais poderem ou natildeo adotar
_____________ 20 Cartilha da adoccedilatildeodipsonovellt wwwjuizadodainfanciaejuventudeorgbrgtAcesso em 30out 2004 21 Cartilha da adoccedilatildeo Disponiacutevelwwwtjesgovbr Acesso em 30 out 2004 Na verdade vaacuterios satildeo os fatos alegados a natildeo possibilidade de adoccedilatildeo pelos
homossexuais como a diferenccedila da formaccedilatildeo da famiacutelia que fugiria aos padrotildees da
formaccedilatildeo da famiacutelia heterossexual da nossa sociedade
De certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se
estabelecer-se e contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos
homossexuaisrdquo tem de ser respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela
sociedade e pelo Estado21
Vaacuterios argumentos e sofismas satildeo utilizados para a natildeo legalizaccedilatildeo da adoccedilatildeo por
homossexuais mas o que prepondera realmente eacute o preconceito e o que deveria mesmo ser
visado que seria o interesse do adota natildeo estaacute sendo colimado
De fato em nosso ordenamento juriacutedico natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito
positivo para validar a uniatildeo homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecer o
direito a uniatildeo homossexual atraveacutes da jurisprudecircncia E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem
em nosso ordenamento juriacutedico a regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais
Mas tambeacutem natildeo haacute legislaccedilatildeo que proiacuteba a adoccedilatildeo de menores por homossexuais
O que presenciamos sim seria a violaccedilatildeo de direitos aos homoafetivos pois fica clara a
violaccedilatildeo ao direito a igualdade e a isonomia Assim como tambeacutem natildeo haacute restriccedilatildeo legal
quanto a formaccedilatildeo da famiacutelia que deveria ser somente heterossexual
Acredito que o que se deva levar em consideraccedilatildeo eacute a situaccedilatildeo de fato do menor a ser
adotado de ser resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe
um lar seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual
____________ 21 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005
daqueles que lhe acolhem22
Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no
aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruas com
grandes possibilidades de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que
tecircm por fundamento o preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o
inteacuterprete inovar23
Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida
pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato
Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo
E nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na
aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem
comum cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao
Coacutedigo Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do
Direito
Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave
adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do
adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente
iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando
devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo24
Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais
homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato25
____________ 22 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 23 Op Cit P 8 24 Op Cit P 8 25 Op Cit P 8
Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo
sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel
privar os homossexuais do direito agrave adotar26
E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais
flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de
tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar
seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles
que lhe acolhem27
Portanto fica bem claro que eacute importante deixar de lado as barreiras do preconceito
___________ 26 Op Cit P 8 27 Op Cit P 8
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CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO
12 LINEAMENTOS HISTOacuteRICOS
Historicamente o instituto da adoccedilatildeo desde os tempos mais primoacuterdios era utilizado
por nossos antepassados e com o passar dos tempos evoluiu tanto no aspecto social quanto
no aspecto juriacutedico
No direito primitivo a famiacutelia era a unidade social econocircmica e religiosa e a adoccedilatildeo
constituiacutea-se como um meio eficaz de perpetuar a famiacutelia e a religiatildeo domeacutestica ao qual
transferia-se os bens familiares pois nessa eacutepoca natildeo se conhecia do testamento1
No direito romano os imperadores utilizavam-se do instituto para designar os seus
sucessores e seus futuros Chefes de Estados deixando a adoccedilatildeo de ser um instrumento de
direito privado e passando a ser instrumento de direito puacuteblico2
E a maior prova de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor solidariedade
encontra-se narrado na Biacuteblia no nascimento de Jesus Cristo fruto
esse concebido pelo Divino Espiacuterito Santo para mostrar que natildeo haacute a
necessidade de casamento da conjunccedilatildeo carnal e de todas as
concepccedilotildees do homem para que se conceba um filho3
Tal instituto teve sua origem fundada na Biacuteblia no Coacutedigo de Hamurabi e nas Leis
de Manu4
__________ 1 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 218 2 SIQUEIRA Liboacuterni Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 34 3 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Luacutemen Iuris 1996 p 1 4 Op cit p 11 p 218
No Coacutedigo de Manu o instituto da adoccedilatildeo encontram-se descrito na Lei IX 10
ldquoAquele a quem a natureza natildeo deu filhos pode adotar um para que as cerimocircnias fuacutenebres
natildeo cessemrdquo5
As Leis de Manu determinavam que a adoccedilatildeo somente seria possiacutevel entre um
homem e um rapaz da mesma classe social e que o adotado tivesse todas as qualidades
apreciadas num filho6
Jaacute o Coacutedigo de Hamurabi eacute considerado o documento mais antigo que se tenha
notiacutecia antes de Cristo O instituto no Coacutedigo de Hamurabi era conhecido como ldquoSentenccedilas
de Direitordquo traz em seus artigos 185 a 193 e o define como ldquomacircrucircturdquoArt 185 ndash Se algueacutem
toma em adoccedilatildeo uma crianccedila ou a educa esta natildeo pode ser reclamadardquo7
Nas passagens biacuteblicas eacute possiacutevel exemplificarmos algumas dessas noccedilotildees do
instituto da adoccedilatildeo ao relatarmos alguns casos como a histoacuteria de Moiseacutes que foi adotado
por Termulus quando o encontrou agraves margens do Rio Nilo na de Mordecai que criou Eacutester
como uma irmatilde e ainda na proacutepria histoacuteria de Joseacute do Egito adotado por Potifar8
Os Hebreus chamavam a adoccedilatildeo pelo nome de ldquoleviratordquo9
De acordo com a Biacuteblia poderiam adotar tanto o pai como a matildee e a adoccedilatildeo soacute se
dava entre parentes A mulher esteacuteril poderia adotar os filhos da serva que ela havia
conduzido ao taacutelamo do marido10
__________ 5 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Luacutemen Iuris 1996 p 21 6 Op cit p 12 p 21 7 Op cit p 12 p 25 8 SZNICK Waldir Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 26 9 Op cit p 12 p 26 10 Op cit p 12 p 26
Para os Romanos a adoccedilatildeo era o ato legislativo pelo qual algueacutem perfilha um filho
que natildeo se gerou tendo em vista a necessidade da perpetuaccedilatildeo do culto domeacutestico que
tinha um valor sacral Para os romanos havia dois tipos de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo e a
adrogatio11
A adoccedilatildeo ou adoptio era instituto de direito privado destinado ao alieni juacuteris para
quem tivesse sob o paacutetrio poder da Lei das XII Taacutebuas Jaacute a adrogatio pertencia ao direito
puacuteblico a doaccedilatildeo de sui juacuteris como filho na famiacutelia de um pater famiacutelias12
Para os Gregos a adoccedilatildeo rompia todos os laccedilos da famiacutelia anterior sequer poderia
prestar o funeral dos pais anteriores A adoccedilatildeo tinha o nome de Teacutesis tambeacutem conhecida
como Ampasis13
O Direito Canocircnico desconheceu a adoccedilatildeo ateacute certo ponto e se manifestava com
reservas A igreja via a adoccedilatildeo como uma ressalva ao casamento e agrave constituiccedilatildeo da famiacutelia
legiacutetima como uma das possibilidades de se fraudar as normas vigentes que proibiam o
reconhecimento de filhos adulterinos e incestuosos14
Na Idade Meacutedia a adoccedilatildeo sucede ao processo histoacuterico da famiacutelia romana tecircm o
mesmo objetivo destinado ao culto domeacutestico daqueles que natildeo tinham descendentes
Nessa eacutepoca Justiniano reformou o instituto da adoccedilatildeo seguindo as linhas das instituiccedilotildees
orientais em especial as helecircnicas mas permanecendo a adoccedilatildeo claacutessica 15
Portanto nesse periacuteodo Justiniano a adoccedilatildeo era o ato solene pelo qual se admite em
lugar de filho quem por natureza natildeo ostenta tal qualidade16
_____________ 11 ZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 27 12 Op cit p 13 p 32 13 Op cit p 13 p 26 14 WALD Arnoldo O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo PauloSaraiva 15 SIQUEIRA Liboacuterni Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 35 16 Op cit p13 p 35
Na eacutepoca moderna o instituto da adoccedilatildeo teve a sua inspiraccedilatildeo no Direito Romano
sendo encontrado no Coacutedigo de 1683 promulgado na Dinamarca por Christian V Na
Alemanha tal instituto encontra-se no Coacutedigo de Pressuniano promulgado por Frederico
Guilherme II em 1751 e no Codex Maximilianus da Bavaacuteria de 175617
Essa legislaccedilatildeo influenciou o Coacutedigo Napoleocircnico de 1791 apesar da normativa
sobre o instituto da adoccedilatildeo natildeo houve uma aceitaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo frequumlente tendo em vista
a suspeita de favorecimento a fraude e agrave lei fiscal18
O Coacutedigo Napoleocircnico de 1971 contemplava quatro tipos de adoccedilatildeo19
a) adoccedilatildeo ordinaacuteria ndash depende de homologaccedilatildeo judicial permitida a maiores de50 anos
e diferenccedila de 15 anos entre o adotado altera nome tem direitos sucessoacuterios
b) adoccedilatildeo remuneratoacuteria ndash destinada a quem tivesse salvo a vida do adotando
irrevogaacutevel
c) adoccedilatildeo testamentaacuteria ndash permitida ao tutor apoacutes 5 anos de tutela
d) tutela oficiosa ndash uma espeacutecie de adoccedilatildeo provisoacuteria em favor dos menores
Por fim as Ordenaccedilotildees advieram do direito geral portuguecircs primeiro as Ordenaccedilotildees
Afonsinas de 1446 a 1514 que para o Brasil entraram em vigor agrave partir de 1500 sendo esta
substituiacuteda pelas Ordenaccedilotildees Manuelinas em 1514 e por uacuteltimo as Ordenaccedilotildees Filipinas em
1603 que vigoraram ateacute a promulgaccedilatildeo do da Lei nordm Coacutedigo Civil em 191620
_____________ 17 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo PauloLeud 1999 p 40 18 Op cit p 14 p 40 19 Op cit p 14 p 41 20 Op cit p 14 p 41
Nessa fase a adoccedilatildeo era regulada por inuacutemeros textos e passagens sem uma norma
especiacutefica
Com as Ordenaccedilotildees o instituto adquiriu o nome de perfilhamento e tinha como
objetivo tornar como herdeiro na sucessatildeo o filho tido mesmo que fosse o filho espuacuterio ou
o filho adulterino21
Com a independecircncia as Ordenaccedilotildees passaram a perder a sua validade em nosso
ordenamento juriacutedicoem virtude dos inuacutemeros diplomas e regulamentos que passaram a
vigorar na eacutepoca poreacutem a revogaccedilatildeo total soacute ocorreu com o advento do Coacutedigo Civil de
191622
12 CONCEITO
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de
solidariedade ou seja a chance de crianccedilas e adolescentes de terem um lar uma famiacutelia jaacute
que foram desprovidos de alguma forma de seus familiares
Para o conceito de adoccedilatildeo existem vaacuterias definiccedilotildees Em uma conceituaccedilatildeo simples e
clara podemos dizer que a adoccedilatildeo eacute um ato juriacutedico que tem por finalidade criar entre duas
pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue23
Ainda pode ser definida como o ato de ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco civil
portanto de suma importacircncia para a sociedade brasileira tendo em vista que tal ato
juriacutedico coaduna na esfera da vontade dos particulares com a devida permissatildeo da lei
__________ 21 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 42 22 Op cit p 15 p 42 23 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147
criando entre essas pessoas estranhas uma relaccedilatildeo anaacuteloga como agraves oriundas da filiaccedilatildeo
legiacutetima24
A adoccedilatildeo tambeacutem pode ser conceituada como o ato juriacutedico pelo qual o viacutenculo
familiar eacute criado em virtude do proacuteprio ato pelo legislador25
Alguns autores definem a adoccedilatildeo apenas como o instituto que daacute ao filho adotivo o
status idecircntico ao do filho legiacutetimo
Passamos a analisar a conceituaccedilatildeo dos seguintes juristas
Para Clovis Bevilacqua a adoccedilatildeo se destinava a suprir a falta de filho que tem como
ato civil aacute aceitaccedilatildeo de um estranho como filho26
Para a Profa Maria Helena Diniz a adoccedilatildeo eacute uma instituiccedilatildeo de caraacuteter humanitaacuterio
que tem por um lado dar aqueles a quem a natureza negou um lar e uma famiacutelia e por outro
lado a uma finalidade assistencial constituindo um meio de melhorar a condiccedilatildeo moral e
material do adotado27
Para Walter Gaspar a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica a qual se estabelece uma relaccedilatildeo
de parentesco que independe do fato natural da procriaccedilatildeo28
Para Orlando Gomes a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece independente
do fato natural o viacutenculo de filiaccedilatildeo legal que permite a constituiccedilatildeo entre duas pessoas do
laccedilo de parentesco do primeiro grau em linha reta29
_________ 24 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 25 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 26 Op cit p 16 p 63 27 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 28 GASPAR Walter Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003 p 315 29 ORLANDO Gomes Instituiccedilotildees de Direito Civil Satildeo Paulo Forense1996 p 226
Jose Maria Leoni Lopes de Oliveira define a adoccedilatildeo como um instituto juriacutedico que
procura imitar a filiaccedilatildeo natural30
Para Silvio Rodrigues a adoccedilatildeo eacute o ato do adotante pelo qual ele traz para a sua
famiacutelia e na condiccedilatildeo de filho pessoa que lhe eacute estranha31
Para Caio Mario da Silva a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual uma pessoa recebe
outra como filho independentemente de existir entre elas qualquer relaccedilatildeo de parentesco
cosanguiacuteneo ou afim32
Para Antunes Varella a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece entre duas
pessoas adotante de um lado e adotado de outro independente dos laccedilos de sangueuma
relaccedilatildeo legal de filiaccedilatildeo33
Para o Prof Arnoldo Wald a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco
civil Eacute um ato juriacutedico bilateral que gera laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre pessoas para
as quais tal relaccedilatildeo inexiste materialmente34
Para Carbonnier a filiaccedilatildeo adotiva eacute uma filiaccedilatildeo puramente juriacutedica que repousa
na pressuposiccedilatildeo de uma realidade natildeo bioloacutegica mas afetiva35
E para Dusi a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico solene em virtude do qual agrave vontade dos
particulares com a permissatildeo da lei cria entre pessoas naturalmente estranhas uma a outra
relaccedilotildees anaacutelogas as oriundas da filiaccedilatildeo legiacutetima36
__________ 31 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147 32 Direito Civil ndash Famiacutelia Satildeo Paulo Forense 1999 p330 48 op Cit p 17 p 330 33 Op Cit p 17 p 148 534WALD Arnold O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 35 Op cit p 17 apud Droit Civil 2 ndash La Famile nordm 354 p 519 36 Op cit p 17 p 217
No contexto das diversas definiccedilotildees atribuiacutedas a adoccedilatildeo podemos
verificar que esta se contrapotildee-se a filiaccedilatildeo legiacutetima ou natural por
sua caracteriacutestica artificial pois resulta da manifestaccedilatildeo de vontade e
de sentenccedila judicial Enquanto a filiaccedilatildeo natural tem seu viacutenculo
formado apenas no sangue
Contudo os efeitos da adoccedilatildeo em nosso ordenamento juriacutedico geram
as mesmas relaccedilotildees da filiaccedilatildeo natural
13 NATUREZA JURIacuteDICA
A natureza juriacutedica da adoccedilatildeo sempre foi muito controvertida para alguns
doutrinadores a adoccedilatildeo apenas eacute uma relaccedilatildeo juriacutedica enquanto para outros eacute negoacutecio
unilateral tendo em vista a vontade do adotante37
Com o passar dos tempos a mudou a sua finalidade antes se destinava
a atender aos interesses religiosos dos adotantes hoje se preocupa
mais com o interesse dos adotados objetivando proporcionar uma
famiacutelia38
A dificuldade em definir a natureza juriacutedica da adoccedilatildeo decorre da sua
natureza e da origem do seu ato
Assim para alguns autores adoccedilatildeo seria uma forma de contrato
devido agrave bilateralidade do ato pois eacute preciso a manifestaccedilatildeo de duas
vontades a do adotante e do adotado Sendo que agraves vezes o adotado eacute
representado poreacutem a vontade do adotando inexiste em algumas
situaccedilotildees o que dificulta a compreensatildeo dessa doutrina39
__________ 37 Op cit p 17 p 320 38 Op cit p 17 p 149 39 Op cit p 17 p 320
Para outros autores a adoccedilatildeo eacute instituto juriacutedico de ordem puacuteblica sendo necessaacuterio
a manifestaccedilatildeo do Estado declarando ou natildeo a adoccedilatildeo40
No Coacutedigo Civil de 1916 a adoccedilatildeo tinha a natureza de contrato
devido agrave solenidade exigida na lei da escritura puacuteblica realccedilando a
natureza negocial do instituto como contrato de famiacutelia disposto no
artigo 37541
Nessa eacutepoca havia duas formas distintas de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo simples
e a adoccedilatildeo plena e cada uma delas apresentava natureza proacutepria42
No Estatuto natildeo prevalece apenas a bilateralidade de vontades pois o Estado
participa de forma ativa exigindo-se tambeacutem uma sentenccedila judicial pois sem esta natildeo
haveraacute adoccedilatildeo 43
O Coacutedigo Civil de 2002 requer a presenccedila dos adotantes do Estado e somente
ocorreraacute se for atraveacutes de sentenccedila judicial
Pode-se assim concluir que a adoccedilatildeo eacute um ato complexo o
qual tem na sua primeira fase um caraacuteter negocial em seguida a
manifestaccedilatildeo de vontade dos adotantes e adotados e em sua segunda
fase tem caraacuteter judicial a fim de verificar a conveniecircncia ou natildeo da
adoccedilatildeo que culmina com a sentenccedila judicial44
Portanto a accedilatildeo de adoccedilatildeo eacute accedilatildeo do estado de caraacuteter constitutivo
conferindo a posiccedilatildeo de filho ao adotado atraveacutes de sentenccedila judicial
____________ 40 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p320 41 Op cit p 19 p 316
42 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Rio de Janeiro Atlas 2001 p 257 43 Op cit p 19 p 320
44 Op cit p 19 p 316 14 EVOLUCcedilAtildeO LEGISLATIVA DA ADOCcedilAtildeO
No Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 3071 de 01 de maio de 1916 vigoravam as
Ordenaccedilotildees Afonsinas Filipinas e Manuelinas45
Com o advento do Coacutedigo Civil de 1916 ocorreu a sistematizaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos
artigos 368 a 378 de caraacuteter essencialmente privado
Todavia o nosso direito paacutetrio da eacutepoca revelava as influecircncias do direito romano
do direito canocircnico das Ordenaccedilotildees Afonsinas Manuelinas e Filipinas46
No coacutedigo de 1916 a adoccedilatildeo era definida como o ato civil pelo qual algueacutem aceita
um estranho na qualidade de filho contudo tal conceito trazia consigo as suas restriccedilotildees47
Nessa eacutepoca havia restriccedilotildees quanto agrave adoccedilatildeo pois a mesma se destinava a habilitar
pessoas com mais de 50 anos exigindo a diferenccedila miacutenima de 18 anos entre adotado e
adotante e natildeo haveria direito de sucessatildeo ao adotado
Em 1957 adveio o Estatuto da adoccedilatildeo - Lei nordm 3133 de 08 de maio de 1957 E em
1979 o Coacutedigo de Menores Lei nordm 6667 de 10 de outubro de 1979 ambos traziam algumas
modificaccedilotildees que eliminava certas restriccedilotildees do Coacutedigo Civil de 191648
Algumas dessas modificaccedilotildees trazidas foi a de possibilidade de se adotar aos 30
anos e a diferenccedila de idade entre adotando e adotado passou a ser de 16 anos eliminou-se
tambeacutem o preacute-requisito de que somente casais sem filhos poderiam adotar49
______________ 45 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 38 46 Opcit p 20 p 42 47 Opcit p 20 p 84 48 Opcit p 20 p 40 49 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo em 1988 e com o advento do Estatuto da
Crianccedila e do Adolescente ndash ECA em 1990 consegui-se eliminar todas as restriccedilotildees
pertinentes agrave diferenccedila entre filhos adotivos ilegiacutetimos eou aduacutelterinos50
Assim hoje o filho adotivo tem os mesmos direitos garantias e deveres dos filhos
bioloacutegicos artigo 227 sectordm da CRFB
A partir de 1990 as regras da adoccedilatildeo passaram a visar mais os interesses direitos e
reais e necessidades dos adotandos O que se pretendia era encontrar uma famiacutelia adequada
aos menores e natildeo a busca de uma crianccedila para aqueles que pretendem adotar51
Jaacute o novo Coacutedigo Civil trata desse instituto da aceitaccedilatildeo legal de estranho no seio
familiar nos artigos 1618 a 1629 passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que
originariamente natildeo eacute criando com este laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com todos os
direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo inexiste
naturalmente52
E corroborando com o instituto da adoccedilatildeo o nosso texto constitucional assegura em
seu artigo 227 o direito de se ter uma famiacutelia o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave
educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura ao respeito agrave dignidade agrave liberdade e a
convivecircncia familiar 53
Esse direito de se ter uma famiacutelia consagrado na Carta Magna adveacutem do direito
positivo brasileiro do direito natural do simples direito de se ter um lar
__________ 50 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 150 51 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41 52 As modificaccedilotildees introduzidas agrave partir do advento do Novo Coacutedigo Civil ndash Lei nordm 1040602 53 CONSTITUICcedilAcircO FEDERAL EC nordm 45 Rio de Janeiro 2005 p 149
A adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia da proteccedilatildeo ao adotado e cuja finalidade
eacute a de dar um lar aos menores criando para esses menores um ambiente familiar e o
equiparando o adotado como filho legiacutetimo
Egrave um instituto de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo agravequeles que precisam de um
lar amor carinho e dignidade
Tem por finalidade fundamental dar filhos agravequeles que natildeo podem ter
biologicamente e de dar pais agravequeles que se encontram desamparados por algum motivo
Assim a adoccedilatildeo que fugir desses paracircmetros a que estaacute destinada estaraacute distorcendo a
finalidade do ordenamento a que lei se destina
Ficando constatado que a adoccedilatildeo no Brasil constitui um imperativo de ordem eacutetica
de natureza constitucional pois natildeo se pode construir uma sociedade mentalmente satilde sobre
as bases de abandono de crianccedilas os futuros homens de amanhatilde
CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
A adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil de 1916 era regulada nos artigos de 368 a 378 Nesse
Coacutedigo havia previsatildeo legal para duas modalidades de adoccedilatildeo54
A adoccedilatildeo simples estabelecia o viacutenculo de filiaccedilatildeo entre adotante e adotado
podendo o adotante ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos regia-se pelo Coacutedigo
Civil de 1916 e pela Lei nordm 313355
A adoccedilatildeo plena era espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser
irrevogavelmente para todos os efeitos legais a ser filhos dos adotantes desligando-se de
qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais
introduzido pela Lei nordm 669779
Nesse Coacutedigo Civil a adoccedilatildeo aplicava-se aos maiores de 18 anos e realccedilava a sua
natureza negocial do instituto tendo em vista a solenidade da escritura puacuteblica que a lei
exigia como contrato de direito de famiacutelia Somente seria a adoccedilatildeo consumada com a
devida averbaccedilatildeo da escritura no registro civil e no ato da adoccedilatildeo seriam declarados quais
os nomes da famiacutelia passaria o adotado a usar
Eram requisitos para adoccedilatildeo nesta legislaccedilatildeo de 1916 que o adotante fosse 16 anos
mais velho que o adotando com mais de 30 anos de idade se o adotante fosse casado o
casamento deveria ter duraccedilatildeo superior agrave cinco anos duas pessoas natildeo poderiam adotar
conjuntamente se natildeo forem marido e mulher e o adotando com maior de 18 anos o tutor
ou curador poderiam adotar depois de prestadas as contas ocorria atraveacutes de escritura
puacuteblica havia previsatildeo de adoccedilatildeo por estrangeiros sem restriccedilatildeo55
______________ 54 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 55 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p 323
Com o advento da Lei nordm 104062002 o instituto da adoccedilatildeo passou a ser tratado nos
artigos de 1618 a 1629 como jaacute mencionado E por conta da nova legislaccedilatildeo a adoccedilatildeo
simples e a adoccedilatildeo plena deixam de existir passando a adoccedilatildeo ser irrestrita 56
Hoje o Novo Coacutedigo - Lei nordm 104062002 se preocupa em seus artigos com a
adoccedilatildeo de forma global ou seja com a adoccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes e principalmente
com a primazia do interesse do adotado
Assim o instituto da adoccedilatildeo passa a ser regido nos seguintes termos57
No art 1618 Somente pessoa maior de dezoito anos pode adotar
Analisando este artigo pode-se constatar que houve a reduccedilatildeo da idade miacutenima para
adotar antes exigida de 35 anos
E em seu Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo poderaacute ser formalizada por ambos os cocircnjuges
ou companheiros desde que um deles tenha completado dezoito anos de idade comprovada
a estabilidade da famiacutelia
Os artigos 1619 e 1620 natildeo tiveram alteradas a sua redaccedilatildeo
De acordo com o artigo 1619 o adotante haacute de ser pelo menos dezesseis anos mais
velho que o adotado E no artigo 1620 enquanto natildeo der contas de sua administraccedilatildeo e natildeo
saldar o deacutebito natildeo poderaacute o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o curatelado
O artigo 1621 descreve que a adoccedilatildeo depende de consentimento dos pais ou dos
representantes legais de quem se deseja adotar e da concordacircncia deste se contar mais de
doze anos
______________
56 Op cit p 23 p 425
57 Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003 p 452-459
sect 1o O consentimento seraacute dispensado em relaccedilatildeo agrave crianccedila ou adolescente cujos
pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder familiar
sect 2o O consentimento previsto no caput eacute revogaacutevel ateacute a publicaccedilatildeo da sentenccedila
constitutiva da adoccedilatildeo
O novo dispositivo diminui a idade miacutenima do adotado para manifestar o seu
consentimento para 12 anos no regime anterior era de 14 anos
De acordo co o artigo 1622 ningueacutem poderaacute ser adotado por duas pessoas salvo se
forem marido e mulher ou se viverem em uniatildeo estaacutevel
Neste artigo foi acrescentado o paraacutegrafo uacutenico que acrescenta a posiccedilatildeo da adoccedilatildeo
por companheiros ou daqueles que vivem em uniatildeo estaacutevel
Paraacutegrafo uacutenico Os divorciados e os judicialmente separados poderatildeo adotar
conjuntamente contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o
estaacutegio de convivecircncia tenha sido iniciado na constacircncia da sociedade conjugal
No artigo 1623 a adoccedilatildeo obedeceraacute a processo judicial observados os requisitos
estabelecidos neste Coacutedigo
Houve acreacutescimo na nova legislaccedilatildeo apenas do paraacutegrafo uacutenico ao qual foi atribuiacuteda a
seguinte redaccedilatildeo
Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo de maiores de dezoito anos dependeraacute igualmente da
assistecircncia efetiva do Poder Puacuteblico e de sentenccedila constitutiva
No artigo 1624 Houve a substituiccedilatildeo do ldquopaacutetrio poderrdquo por ldquopoder familiarrdquo sendo
ainda suprimida a palavra ldquomenor abandonadordquo trazido na legislaccedilatildeo de 1916
Assim dispotildee o artigo citado em que natildeo haacute necessidade do consentimento do
representante legal do menor se provado que se trata de infante exposto ou de menor cujos
pais sejam desconhecidos estejam desaparecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder
familiar sem nomeaccedilatildeo de tutor ou de oacuterfatildeo natildeo reclamado por qualquer parente por mais
de um ano
De acordo com o artigo 1625 somente seraacute admitida a adoccedilatildeo que constituir efetivo
benefiacutecio para o adotando sendo matida a mesma redaccedilatildeo
Jaacute no artigo 1626 houve acreacutescimo do paraacutegrafo uacutenico
Dipondo a seguinte redaccedilatildeo o caput a adoccedilatildeo atribui a situaccedilatildeo de filho ao adotado
desligando-o de qualquer viacutenculo com os pais e parentes consanguumliacuteneos salvo quanto aos
impedimentos para o casamento
Paraacutegrafo uacutenico se um dos cocircnjuges ou companheiros adota o filho do outro
mantecircm-se os viacutenculos de filiaccedilatildeo entre o adotado e o cocircnjuge ou companheiro do adotante
e os respectivos parentes
Com relaccedilatildeo ao artigo 1627 permaneceu a mesma redaccedilatildeo com relaccedilatildeo a decisatildeo que
confere ao adotado o sobrenome do adotante podendo determinar a modificaccedilatildeo de seu
prenome se menor a pedido do adotante ou do adotado
No artigo abaixo descrito houve a adequaccedilatildeo ao dispositivo de moda a resguardar o
princiacutepio constitucional da plena igualdade entre filhos bioloacutegicos e adotados
Dispotildee o artigo 1628 que os efeitos da adoccedilatildeo comeccedilam a partir do tracircnsito em
julgado da sentenccedila exceto se o adotante vier a falecer no curso do procedimento caso em
que teraacute forccedila retroativa agrave data do oacutebito As relaccedilotildees de parentesco se estabelecem natildeo soacute
entre o adotante e o adotado como tambeacutem entre aquele e os descendentes deste e entre o
adotado e todos os parentes do adotante
Natildeo houve alteraccedilatildeo na redaccedilatildeo do artigo 1629 apenas tal dispositivo tem o
objetivo de ajustar o Novo Coacutedigo Civil agrave lei superveniente ou seja Estatuto da Crianccedila e
do Adolescente
Dispondo o referido artigo a seguinte redaccedilatildeo a adoccedilatildeo por estrangeiro obedeceraacute
aos casos e condiccedilotildees que forem estabelecidos em lei
Assim pode-se concluir que na falta de norma reguladora para o instituto da adoccedilatildeo
desde que natildeo conflite com o Coacutedigo Civil deveraacute ser aplicado analogicamente o Estatuto da
Crianccedila e do Adolescente
Ainda constata-se que o Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute
maior de 18 anos passando o instituto da adoccedilatildeo a ser irrestrito trazendo importantes
reflexos ao nosso ordenamento juriacutedico paacutetrio no que diz respeito aos direitos da
personalidade e nos direitos sucessoacuterios Enquanto o antigo Coacutedigo Civil Brasileiro de 1916
adotava o sistema da manifestaccedilatildeo de vontade
Atualmente o Coacutedigo Civil vigente e o Estatuto da Crianccedila adotam o sistema da
sentenccedila judicial sendo que o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo para os
menores de 18 anos o que natildeo exime que a adoccedilatildeo de menor de 18 anos seja feita pelo
Coacutedigo Civil58
De acordo com a legislaccedilatildeo civil podemos conceituar a adoccedilatildeo como o ato de
filiaccedilatildeo juriacutedica que pressupotildee de afetividade e natildeo de relaccedilatildeo bioloacutegica passando o
adotado a ser tratado como se fosse filho natural constituiacutedo em benefiacutecio do adotando
_____________ 58 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 irretrataacutevel e perpeacutetuo depois de consumado que cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com
todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo
inexistia naturalmente
De forma simples podemos definir a adoccedilatildeo como modalidade de filiaccedilatildeo civil que
busca imitar a filiaccedilatildeo natural dependente da vontade de adotante e adotado e por via de
sentenccedila judicial
Assim torna-se inafastaacutevel a utilidade do instituto da adoccedilatildeo em relaccedilatildeo ao menor
carente ou em estado de abandono pois eacute de interesse do Estado a inserccedilatildeo desse menor em
um ambiente familiar
Fica claro que o instituto da adoccedilatildeo eacute de caraacuteter humanitaacuterio que tem por um lado o
escopo de proporcionar agravequeles que a quem a natureza negou filhos e por outro lado
constitui a finalidade assistencial de melhorar a condiccedilatildeo moral e material do futuro
adotado
Mas ainda muito haacute de se defender em prol do instituto da adoccedilatildeo no Brasil natildeo soacute
como forma de projeto de cidadania mas tambeacutem como forma de vida digna a aqueles que
natildeo tem um lar principalmente ao que refere aos direitos de adoccedilatildeo internacional e ainda ao
direito de adoccedilatildeo por casais homossexuais
22 REQUISITOS DA ADOCcedilAtildeO
221 Requisitos Formais
Satildeo alguns requisitos formais para a adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil vigente59
efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal
ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)
____________ 59 VENOSASilvio de Salvo Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003p349
efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal
ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)
diferenccedila miacutenima de idade entre o adotante e o adotado (artigo 1619)
consentimento do adotado de seus pais ou de seu representante (artigos 1621 sect 1ordm e
1624)
intervenccedilatildeo judicial na sua criaccedilatildeo pois somente se aperfeiccediloa perante o juiz atraveacutes de
processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico (artigo 1623 paraacutegrafo uacutenico)
irrevogabilidade (artigo 1626 caput)
estaacutegio de convivecircncia (1622 paraacutegrafo uacutenico 1ordfparte)
comprovaccedilatildeo de estabilidade familiar (artigo 1618 paraacutegrafo uacutenico in fine)
23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO
A adoccedilatildeo se daacute atraveacutes de um processo judicial perante o juiz com competecircncia na
aacuterea da infacircncia e juventude que iraacute conhecer dos pedidos da adoccedilatildeo e os seus incidentes
entre os quais a destituiccedilatildeo do paacutetrio poder e guarda para fins da adoccedilatildeo
Vislumbram-se duas hipoacuteteses em que se adota ou a famiacutelia jaacute convive com a
crianccedila ou adolescente que pretende adotar ou a famiacutelia estaacute a procura de uma crianccedila para
que venha a adotar
Na primeira hipoacutetese devem os interessados ajuizar o pedido de adoccedilatildeo atraveacutes de
advogado ou defensor puacuteblico que formularaacute o pedido diretamente em cartoacuterio atraveacutes de
peticcedilatildeo assinada pelos requerentes quando os pais forem falecidos tiverem sido destituiacutedos
do paacutetrio poder ou houverem aderido expressamente ao pedido os pais bioloacutegicos quando
conhecidos satildeo citados para querendo contestarem o pedido julgando o juiz ao final de
acordo com o interesse superior da crianccedila e do adolescente
Na segunda hipoacutetese os interessados devem requerer sua inscriccedilatildeo no cadastro do
juiacutezo de pessoas interessadas em adotar A partir daiacute instaura-se um procedimento no qual
seratildeo ouvidos pela equipe teacutecnica do juiacutezo (assistentes sociais eou psicoacutelogos) e antes da
decisatildeo que deferir a inscriccedilatildeo o Ministeacuterio Puacuteblico assistiraacute ao pedido de adoccedilatildeo conforme
previsto no artigo 227 sect5ordm da Constituiccedilatildeo Federal e emitiraacute parecer
Em seguida seratildeo incluiacutedos em grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo cujas vagas seratildeo
preenchidas de acordo com a ordem de ajuizamento do pedido de habilitaccedilatildeo respeitados os
criteacuterios estabelecidos
Os grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo possuem duraccedilatildeo prevista de 60 dias e visam
auxiliar os interessados em adotar Habilitados e inscritos no cadastro os interessados
recebem um certificado com validade de 2 anos
Satildeo necessaacuterios os seguintes documentos60
certidatildeo de casamento
atestado de residecircncia
folha de antecedentes criminais
prova de idoneidade fiacutesica e moral
prova de abandono do menor
destituiccedilatildeo do paacutetrio poder
atestado de sanidade fiacutesica
________________ 60 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
A adoccedilatildeo constitui-se por sentenccedila sendo necessaacuterio que 61
a peticcedilatildeo Inicial com os requisitos do artigo 35
se na inicial vier a concordacircncia dos pais do adotando seratildeo ouvidos pelo juiz e pelo
representante do Ministeacuterio Puacuteblico lavrando-se o termo
a autoridade juriacutedica de ofiacutecio ou o requerimento das partes e do Ministeacuterio Puacuteblico
determinaraacute a realizaccedilatildeo de estudo social ou se possiacutevel periacutecia por equipe profissional
decidindo sobre o estaacutegio de convivecircncia
Apresentado o laudo e ouvido o adotando teraacute vistas o Ministeacuterio Puacutebico
apoacutes a manifestaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico no prazo tambeacutem de 5 (cinco) dias o
juiz proferiraacute a sentenccedila
A sentenccedila judicial transitada em julgado seraacute inserida no registro civil mediante mandado do qual natildeo
se forneceraacute certidatildeo O mandado judicial cancelaraacute o registro de nascimento original do menor conforme
o artigo 16 da Lei nordm 601573 E a inscriccedilatildeo no registro constaraacute o nome dos adotantes
como pais e o nome dos seus ascendentes Assim o menor ingressa na famiacutelia do adotante
se desvinculando da famiacutelia natural
24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO
241 Efeitos pessoais
Satildeo alguns efeitos pessoais decorrentes da adoccedilatildeo62
____________________
61 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1996 p 60 62 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 430
rompimento automaacutetico do viacutenculo de parentesco com a famiacutelia de origem salvo os
impedimentos matrimocircniais (artigo 1626)
estabelecimento de verdadeiros laccedilos de parentesco civil entre adotante e adotado
abrangendo a famiacutelia do adotante (artigo 15282ordf parte)
transferecircncia definitiva e de pleno direito do poder familiar para o adotante se o adotante
for menor (artigo 1630 1634 1635 inciso V)
liberdade razoaacutevel em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo do nome do adotado (1627)
possibilidade de promoccedilatildeo da interdiccedilatildeo e inabilitaccedilatildeo do pai ou matildee adotiva pelo
adotado ou vice-versa (artigo 1768)
determinaccedilatildeo do domiacutecilio do adotado menor de idade que adquire o do adotante
242 Efeitos patrimoniais
Satildeo alguns efeitos patrimoniais produzidos pela adoccedilatildeo63
direito do adotante de administraccedilatildeo e ususfruto dos bens do adotado menor (artigo 1689
1691e 1693)
obrigaccedilatildeo do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar (artigo
1634)
dever do adotante de prestar alimentos ao adotado (artigo 1694 1696 e 1697)
direito a indenizaccedilatildeo do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante
responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menor de idade
______________
81 Op cit p 31 p 432
direito sucessoacuterio do adotado visto que se equipara ao filho advindo de parentesco
cosanguineo herdado em concorrecircncia com o cocircnjuge sobrevivente ou convivente do
falecido na qualidade de descendente do autor da heranccedila afastando todos os demais
herdeiros do adotante que natildeo tenham a qualidade de filho (artigo 1829 inciso I e
1790incisos I e II)
reciprocidade nos efeitos sucessoacuterios (artigo 1829 inciso II e 1790 inciso III)
filho adotivo natildeo estaacute compreendido na exceccedilatildeo do Coacutedigo Civil artigo 1790 inciso I
rompimento de testamento se sobrevier filho adotivo (artigo 1973)
direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciaacuterio (artigo 1951 a 1960)
superviniecircncia de filho adotivo pode revogar doaccedilotildees feitas pelo adotante ( artigo 1846 e
1789)
Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso
de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do
oacutebito64
25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO
Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se
obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do
negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do
ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade
____________
64 Op cit p 32 p 435
deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea
A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-
se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico
Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade
anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo
251 Nulidade da adoccedilatildeo
Seraacute nula a adoccedilatildeo que65
em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16
anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619
a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a
mesma pessoa (artigo 1622)
o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)
vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude
252 Anulabilidade da adoccedilatildeo
Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66
a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente
incapaz
ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado
____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435
consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz
vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores
a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado
253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo
Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67
pela falta de consentimento do adotante e adotado
pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou
interdiccedilatildeo civil
pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico
26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO
A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes
motivos68
pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil
Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a
madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave
enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou
neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade
pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil
____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437
Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste
contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a
honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila
pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue
quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva
pela morte do adotante e adotado
27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO
Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a
finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo
avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante
e adotado69
Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute
prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com
facilidade a nova famiacutelia
O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a
ser adotado
Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a
extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo
atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil
____________
69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340
28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das
crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a
prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave
poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato
infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e
ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70
A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual
adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou
tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da
juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil
Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida
familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco
passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado
29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL
A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e
do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da
Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave
crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave
educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave
__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41
convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71
Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada
por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por
procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da
adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda
de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida
pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo
por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72
Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo
de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes
independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos
havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e
qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73
Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos
adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do
bem estar do adotado
210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO
A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser
incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e
educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta
assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria
___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438
Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como
com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo
dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos
pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco
pessoal e social nas ruas das grandes cidades
Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia
importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees
sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia
Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem
por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades
coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e
ceacutelere
Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria
com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e
defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do
proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os
procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados
Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo
atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o
instituto da adoccedilatildeo
A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de
_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em
lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que
querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave
crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico
educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e
na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos
e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o
desenvolvimento da cidadania
Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que
tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria
Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir
211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO
Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75
Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma
simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo
A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais
os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a
situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem
adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda
________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser
proporcionada pelas pessoas sem adotar
Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva
jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os
interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais
vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito
simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses
O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida
cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior
(adoccedilatildeo internacional)
CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees
estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil
Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente
A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida
excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido
por pessoa residente no Paiacutes
A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico
conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei
supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida
sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76
Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo
juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a
decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham
falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm
80699077
Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da
Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da
CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia
____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464
Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por
estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos
interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas
atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os
bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal
intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando
verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em
moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias
maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado
enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees
escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos
especialmente do menorrdquo78
Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante
nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado
tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a
perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e
economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila
passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco
e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79
Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas
___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438
Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil
A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver
medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo
internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda
possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o
seu ingresso em famiacutelia substituta
Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo
internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem
conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas
Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em
seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser
interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores
para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que
visem lucro80
Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas
pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator
determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas
famiacutelias substitutas
32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR
ESTRANGEIROS
A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo
seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e
condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________
80 Op Cit p 44 p 438
parte de estrangeiros
Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida
excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo
acarreta o adotante aacute desistecircncia
Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81
impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo
estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro
residente ou domiciliado fora do paiacutes
comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de
seu paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia
especializada e credenciada no paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido
do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico
juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente
autenticados pela autoridade consular
permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a
consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo
Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e
cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no
miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos
de idade
___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439
podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar
prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista
A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82
lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo
reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante
lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica
Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de
Adoccedilatildeo de Menores de 1984)
33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA
A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua
finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores
Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia
prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse
superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas
__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485
A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo
Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de
garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados
contratantes83
Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a
Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo
Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84
requisitos para a adoccedilatildeo internacional
requisitos processuais
reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo
De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo
em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o
interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras
_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486
CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a
grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo
igualmente a possibilidade da poder adotar
A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade
Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas
aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de
constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a
reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois
assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir
famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86
Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a
uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm
sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo
Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87
____________
86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho
mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49
A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios
E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por
homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se
espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem
homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila
se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais
homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos
tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte
de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo
16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo
se forem marido e mulher
Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89
____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da
uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos
homossexuais
42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA
E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a
situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos
casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo
juriacutedica podem os casais homossexuais adotar
No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo
homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes
da jurisprudecircncia
E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a
regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais
Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata
da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo
tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um
dos parceiros90
Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo
5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a
primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei
____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade
Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca
pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do
bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais
homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve
levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo
decidindo sempre pelo bem-estar do menor91
A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece
Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao
adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo
ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia
familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo
()
sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute
casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros
A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee
Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de
estado civil
______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005
Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92
Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que
homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo
poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante
O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de
adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual
diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro
de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93
______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo
da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum
cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito
Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94
Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais
homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95
Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo
sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel
privar os homossexuais do direito agrave adotar96
E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais
flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de
tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar
seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles
que lhe acolhem97
______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53
No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo
barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao
seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira
da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da
histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a
mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para
atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem
a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua
companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de
crianccedilas devem igualmente poder adotar98
Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no
aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes
de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o
preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99
Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida
pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato
Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo
________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53
CONCLUSAtildeO
A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia
E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto
no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio
Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988
Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade
Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente
A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva
Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros
por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores
Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade
Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a
sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do
Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo
Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e
principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que
pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da
adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e
venda de crianccedilas para o estrangeiro
A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente
estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse
baseado nos artigos 1618 a 1629
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52
Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de
amor carinho e solidariedade
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 6023 informaccedilatildeo e
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direito a uniatildeo homossexual atraveacutes da jurisprudecircncia E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem
em nosso ordenamento juriacutedico a regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais
Mas tambeacutem natildeo haacute legislaccedilatildeo que proiacuteba a adoccedilatildeo de menores por homossexuais
O que presenciamos sim seria a violaccedilatildeo de direitos aos homoafetivos pois fica clara a
violaccedilatildeo ao direito a igualdade e a isonomia Assim como tambeacutem natildeo haacute restriccedilatildeo legal
quanto a formaccedilatildeo da famiacutelia que deveria ser somente heterossexual
Acredito que o que se deva levar em consideraccedilatildeo eacute a situaccedilatildeo de fato do menor a ser
adotado de ser resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe
um lar seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual
____________ 21 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005
daqueles que lhe acolhem22
Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no
aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruas com
grandes possibilidades de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que
tecircm por fundamento o preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o
inteacuterprete inovar23
Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida
pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato
Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo
E nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na
aplicaccedilatildeo da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem
comum cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao
Coacutedigo Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do
Direito
Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave
adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do
adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente
iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando
devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo24
Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais
homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato25
____________ 22 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 23 Op Cit P 8 24 Op Cit P 8 25 Op Cit P 8
Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo
sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel
privar os homossexuais do direito agrave adotar26
E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais
flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de
tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar
seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles
que lhe acolhem27
Portanto fica bem claro que eacute importante deixar de lado as barreiras do preconceito
___________ 26 Op Cit P 8 27 Op Cit P 8
BIBLIOGRAacuteFIA
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WALD Arnald O Novo Direito de Famiacutelia 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2002 p217-225
CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO
12 LINEAMENTOS HISTOacuteRICOS
Historicamente o instituto da adoccedilatildeo desde os tempos mais primoacuterdios era utilizado
por nossos antepassados e com o passar dos tempos evoluiu tanto no aspecto social quanto
no aspecto juriacutedico
No direito primitivo a famiacutelia era a unidade social econocircmica e religiosa e a adoccedilatildeo
constituiacutea-se como um meio eficaz de perpetuar a famiacutelia e a religiatildeo domeacutestica ao qual
transferia-se os bens familiares pois nessa eacutepoca natildeo se conhecia do testamento1
No direito romano os imperadores utilizavam-se do instituto para designar os seus
sucessores e seus futuros Chefes de Estados deixando a adoccedilatildeo de ser um instrumento de
direito privado e passando a ser instrumento de direito puacuteblico2
E a maior prova de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor solidariedade
encontra-se narrado na Biacuteblia no nascimento de Jesus Cristo fruto
esse concebido pelo Divino Espiacuterito Santo para mostrar que natildeo haacute a
necessidade de casamento da conjunccedilatildeo carnal e de todas as
concepccedilotildees do homem para que se conceba um filho3
Tal instituto teve sua origem fundada na Biacuteblia no Coacutedigo de Hamurabi e nas Leis
de Manu4
__________ 1 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 218 2 SIQUEIRA Liboacuterni Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 34 3 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Luacutemen Iuris 1996 p 1 4 Op cit p 11 p 218
No Coacutedigo de Manu o instituto da adoccedilatildeo encontram-se descrito na Lei IX 10
ldquoAquele a quem a natureza natildeo deu filhos pode adotar um para que as cerimocircnias fuacutenebres
natildeo cessemrdquo5
As Leis de Manu determinavam que a adoccedilatildeo somente seria possiacutevel entre um
homem e um rapaz da mesma classe social e que o adotado tivesse todas as qualidades
apreciadas num filho6
Jaacute o Coacutedigo de Hamurabi eacute considerado o documento mais antigo que se tenha
notiacutecia antes de Cristo O instituto no Coacutedigo de Hamurabi era conhecido como ldquoSentenccedilas
de Direitordquo traz em seus artigos 185 a 193 e o define como ldquomacircrucircturdquoArt 185 ndash Se algueacutem
toma em adoccedilatildeo uma crianccedila ou a educa esta natildeo pode ser reclamadardquo7
Nas passagens biacuteblicas eacute possiacutevel exemplificarmos algumas dessas noccedilotildees do
instituto da adoccedilatildeo ao relatarmos alguns casos como a histoacuteria de Moiseacutes que foi adotado
por Termulus quando o encontrou agraves margens do Rio Nilo na de Mordecai que criou Eacutester
como uma irmatilde e ainda na proacutepria histoacuteria de Joseacute do Egito adotado por Potifar8
Os Hebreus chamavam a adoccedilatildeo pelo nome de ldquoleviratordquo9
De acordo com a Biacuteblia poderiam adotar tanto o pai como a matildee e a adoccedilatildeo soacute se
dava entre parentes A mulher esteacuteril poderia adotar os filhos da serva que ela havia
conduzido ao taacutelamo do marido10
__________ 5 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Luacutemen Iuris 1996 p 21 6 Op cit p 12 p 21 7 Op cit p 12 p 25 8 SZNICK Waldir Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 26 9 Op cit p 12 p 26 10 Op cit p 12 p 26
Para os Romanos a adoccedilatildeo era o ato legislativo pelo qual algueacutem perfilha um filho
que natildeo se gerou tendo em vista a necessidade da perpetuaccedilatildeo do culto domeacutestico que
tinha um valor sacral Para os romanos havia dois tipos de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo e a
adrogatio11
A adoccedilatildeo ou adoptio era instituto de direito privado destinado ao alieni juacuteris para
quem tivesse sob o paacutetrio poder da Lei das XII Taacutebuas Jaacute a adrogatio pertencia ao direito
puacuteblico a doaccedilatildeo de sui juacuteris como filho na famiacutelia de um pater famiacutelias12
Para os Gregos a adoccedilatildeo rompia todos os laccedilos da famiacutelia anterior sequer poderia
prestar o funeral dos pais anteriores A adoccedilatildeo tinha o nome de Teacutesis tambeacutem conhecida
como Ampasis13
O Direito Canocircnico desconheceu a adoccedilatildeo ateacute certo ponto e se manifestava com
reservas A igreja via a adoccedilatildeo como uma ressalva ao casamento e agrave constituiccedilatildeo da famiacutelia
legiacutetima como uma das possibilidades de se fraudar as normas vigentes que proibiam o
reconhecimento de filhos adulterinos e incestuosos14
Na Idade Meacutedia a adoccedilatildeo sucede ao processo histoacuterico da famiacutelia romana tecircm o
mesmo objetivo destinado ao culto domeacutestico daqueles que natildeo tinham descendentes
Nessa eacutepoca Justiniano reformou o instituto da adoccedilatildeo seguindo as linhas das instituiccedilotildees
orientais em especial as helecircnicas mas permanecendo a adoccedilatildeo claacutessica 15
Portanto nesse periacuteodo Justiniano a adoccedilatildeo era o ato solene pelo qual se admite em
lugar de filho quem por natureza natildeo ostenta tal qualidade16
_____________ 11 ZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 27 12 Op cit p 13 p 32 13 Op cit p 13 p 26 14 WALD Arnoldo O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo PauloSaraiva 15 SIQUEIRA Liboacuterni Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 35 16 Op cit p13 p 35
Na eacutepoca moderna o instituto da adoccedilatildeo teve a sua inspiraccedilatildeo no Direito Romano
sendo encontrado no Coacutedigo de 1683 promulgado na Dinamarca por Christian V Na
Alemanha tal instituto encontra-se no Coacutedigo de Pressuniano promulgado por Frederico
Guilherme II em 1751 e no Codex Maximilianus da Bavaacuteria de 175617
Essa legislaccedilatildeo influenciou o Coacutedigo Napoleocircnico de 1791 apesar da normativa
sobre o instituto da adoccedilatildeo natildeo houve uma aceitaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo frequumlente tendo em vista
a suspeita de favorecimento a fraude e agrave lei fiscal18
O Coacutedigo Napoleocircnico de 1971 contemplava quatro tipos de adoccedilatildeo19
a) adoccedilatildeo ordinaacuteria ndash depende de homologaccedilatildeo judicial permitida a maiores de50 anos
e diferenccedila de 15 anos entre o adotado altera nome tem direitos sucessoacuterios
b) adoccedilatildeo remuneratoacuteria ndash destinada a quem tivesse salvo a vida do adotando
irrevogaacutevel
c) adoccedilatildeo testamentaacuteria ndash permitida ao tutor apoacutes 5 anos de tutela
d) tutela oficiosa ndash uma espeacutecie de adoccedilatildeo provisoacuteria em favor dos menores
Por fim as Ordenaccedilotildees advieram do direito geral portuguecircs primeiro as Ordenaccedilotildees
Afonsinas de 1446 a 1514 que para o Brasil entraram em vigor agrave partir de 1500 sendo esta
substituiacuteda pelas Ordenaccedilotildees Manuelinas em 1514 e por uacuteltimo as Ordenaccedilotildees Filipinas em
1603 que vigoraram ateacute a promulgaccedilatildeo do da Lei nordm Coacutedigo Civil em 191620
_____________ 17 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo PauloLeud 1999 p 40 18 Op cit p 14 p 40 19 Op cit p 14 p 41 20 Op cit p 14 p 41
Nessa fase a adoccedilatildeo era regulada por inuacutemeros textos e passagens sem uma norma
especiacutefica
Com as Ordenaccedilotildees o instituto adquiriu o nome de perfilhamento e tinha como
objetivo tornar como herdeiro na sucessatildeo o filho tido mesmo que fosse o filho espuacuterio ou
o filho adulterino21
Com a independecircncia as Ordenaccedilotildees passaram a perder a sua validade em nosso
ordenamento juriacutedicoem virtude dos inuacutemeros diplomas e regulamentos que passaram a
vigorar na eacutepoca poreacutem a revogaccedilatildeo total soacute ocorreu com o advento do Coacutedigo Civil de
191622
12 CONCEITO
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de
solidariedade ou seja a chance de crianccedilas e adolescentes de terem um lar uma famiacutelia jaacute
que foram desprovidos de alguma forma de seus familiares
Para o conceito de adoccedilatildeo existem vaacuterias definiccedilotildees Em uma conceituaccedilatildeo simples e
clara podemos dizer que a adoccedilatildeo eacute um ato juriacutedico que tem por finalidade criar entre duas
pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue23
Ainda pode ser definida como o ato de ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco civil
portanto de suma importacircncia para a sociedade brasileira tendo em vista que tal ato
juriacutedico coaduna na esfera da vontade dos particulares com a devida permissatildeo da lei
__________ 21 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 42 22 Op cit p 15 p 42 23 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147
criando entre essas pessoas estranhas uma relaccedilatildeo anaacuteloga como agraves oriundas da filiaccedilatildeo
legiacutetima24
A adoccedilatildeo tambeacutem pode ser conceituada como o ato juriacutedico pelo qual o viacutenculo
familiar eacute criado em virtude do proacuteprio ato pelo legislador25
Alguns autores definem a adoccedilatildeo apenas como o instituto que daacute ao filho adotivo o
status idecircntico ao do filho legiacutetimo
Passamos a analisar a conceituaccedilatildeo dos seguintes juristas
Para Clovis Bevilacqua a adoccedilatildeo se destinava a suprir a falta de filho que tem como
ato civil aacute aceitaccedilatildeo de um estranho como filho26
Para a Profa Maria Helena Diniz a adoccedilatildeo eacute uma instituiccedilatildeo de caraacuteter humanitaacuterio
que tem por um lado dar aqueles a quem a natureza negou um lar e uma famiacutelia e por outro
lado a uma finalidade assistencial constituindo um meio de melhorar a condiccedilatildeo moral e
material do adotado27
Para Walter Gaspar a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica a qual se estabelece uma relaccedilatildeo
de parentesco que independe do fato natural da procriaccedilatildeo28
Para Orlando Gomes a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece independente
do fato natural o viacutenculo de filiaccedilatildeo legal que permite a constituiccedilatildeo entre duas pessoas do
laccedilo de parentesco do primeiro grau em linha reta29
_________ 24 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 25 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 26 Op cit p 16 p 63 27 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 28 GASPAR Walter Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003 p 315 29 ORLANDO Gomes Instituiccedilotildees de Direito Civil Satildeo Paulo Forense1996 p 226
Jose Maria Leoni Lopes de Oliveira define a adoccedilatildeo como um instituto juriacutedico que
procura imitar a filiaccedilatildeo natural30
Para Silvio Rodrigues a adoccedilatildeo eacute o ato do adotante pelo qual ele traz para a sua
famiacutelia e na condiccedilatildeo de filho pessoa que lhe eacute estranha31
Para Caio Mario da Silva a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual uma pessoa recebe
outra como filho independentemente de existir entre elas qualquer relaccedilatildeo de parentesco
cosanguiacuteneo ou afim32
Para Antunes Varella a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece entre duas
pessoas adotante de um lado e adotado de outro independente dos laccedilos de sangueuma
relaccedilatildeo legal de filiaccedilatildeo33
Para o Prof Arnoldo Wald a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco
civil Eacute um ato juriacutedico bilateral que gera laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre pessoas para
as quais tal relaccedilatildeo inexiste materialmente34
Para Carbonnier a filiaccedilatildeo adotiva eacute uma filiaccedilatildeo puramente juriacutedica que repousa
na pressuposiccedilatildeo de uma realidade natildeo bioloacutegica mas afetiva35
E para Dusi a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico solene em virtude do qual agrave vontade dos
particulares com a permissatildeo da lei cria entre pessoas naturalmente estranhas uma a outra
relaccedilotildees anaacutelogas as oriundas da filiaccedilatildeo legiacutetima36
__________ 31 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147 32 Direito Civil ndash Famiacutelia Satildeo Paulo Forense 1999 p330 48 op Cit p 17 p 330 33 Op Cit p 17 p 148 534WALD Arnold O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 35 Op cit p 17 apud Droit Civil 2 ndash La Famile nordm 354 p 519 36 Op cit p 17 p 217
No contexto das diversas definiccedilotildees atribuiacutedas a adoccedilatildeo podemos
verificar que esta se contrapotildee-se a filiaccedilatildeo legiacutetima ou natural por
sua caracteriacutestica artificial pois resulta da manifestaccedilatildeo de vontade e
de sentenccedila judicial Enquanto a filiaccedilatildeo natural tem seu viacutenculo
formado apenas no sangue
Contudo os efeitos da adoccedilatildeo em nosso ordenamento juriacutedico geram
as mesmas relaccedilotildees da filiaccedilatildeo natural
13 NATUREZA JURIacuteDICA
A natureza juriacutedica da adoccedilatildeo sempre foi muito controvertida para alguns
doutrinadores a adoccedilatildeo apenas eacute uma relaccedilatildeo juriacutedica enquanto para outros eacute negoacutecio
unilateral tendo em vista a vontade do adotante37
Com o passar dos tempos a mudou a sua finalidade antes se destinava
a atender aos interesses religiosos dos adotantes hoje se preocupa
mais com o interesse dos adotados objetivando proporcionar uma
famiacutelia38
A dificuldade em definir a natureza juriacutedica da adoccedilatildeo decorre da sua
natureza e da origem do seu ato
Assim para alguns autores adoccedilatildeo seria uma forma de contrato
devido agrave bilateralidade do ato pois eacute preciso a manifestaccedilatildeo de duas
vontades a do adotante e do adotado Sendo que agraves vezes o adotado eacute
representado poreacutem a vontade do adotando inexiste em algumas
situaccedilotildees o que dificulta a compreensatildeo dessa doutrina39
__________ 37 Op cit p 17 p 320 38 Op cit p 17 p 149 39 Op cit p 17 p 320
Para outros autores a adoccedilatildeo eacute instituto juriacutedico de ordem puacuteblica sendo necessaacuterio
a manifestaccedilatildeo do Estado declarando ou natildeo a adoccedilatildeo40
No Coacutedigo Civil de 1916 a adoccedilatildeo tinha a natureza de contrato
devido agrave solenidade exigida na lei da escritura puacuteblica realccedilando a
natureza negocial do instituto como contrato de famiacutelia disposto no
artigo 37541
Nessa eacutepoca havia duas formas distintas de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo simples
e a adoccedilatildeo plena e cada uma delas apresentava natureza proacutepria42
No Estatuto natildeo prevalece apenas a bilateralidade de vontades pois o Estado
participa de forma ativa exigindo-se tambeacutem uma sentenccedila judicial pois sem esta natildeo
haveraacute adoccedilatildeo 43
O Coacutedigo Civil de 2002 requer a presenccedila dos adotantes do Estado e somente
ocorreraacute se for atraveacutes de sentenccedila judicial
Pode-se assim concluir que a adoccedilatildeo eacute um ato complexo o
qual tem na sua primeira fase um caraacuteter negocial em seguida a
manifestaccedilatildeo de vontade dos adotantes e adotados e em sua segunda
fase tem caraacuteter judicial a fim de verificar a conveniecircncia ou natildeo da
adoccedilatildeo que culmina com a sentenccedila judicial44
Portanto a accedilatildeo de adoccedilatildeo eacute accedilatildeo do estado de caraacuteter constitutivo
conferindo a posiccedilatildeo de filho ao adotado atraveacutes de sentenccedila judicial
____________ 40 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p320 41 Op cit p 19 p 316
42 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Rio de Janeiro Atlas 2001 p 257 43 Op cit p 19 p 320
44 Op cit p 19 p 316 14 EVOLUCcedilAtildeO LEGISLATIVA DA ADOCcedilAtildeO
No Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 3071 de 01 de maio de 1916 vigoravam as
Ordenaccedilotildees Afonsinas Filipinas e Manuelinas45
Com o advento do Coacutedigo Civil de 1916 ocorreu a sistematizaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos
artigos 368 a 378 de caraacuteter essencialmente privado
Todavia o nosso direito paacutetrio da eacutepoca revelava as influecircncias do direito romano
do direito canocircnico das Ordenaccedilotildees Afonsinas Manuelinas e Filipinas46
No coacutedigo de 1916 a adoccedilatildeo era definida como o ato civil pelo qual algueacutem aceita
um estranho na qualidade de filho contudo tal conceito trazia consigo as suas restriccedilotildees47
Nessa eacutepoca havia restriccedilotildees quanto agrave adoccedilatildeo pois a mesma se destinava a habilitar
pessoas com mais de 50 anos exigindo a diferenccedila miacutenima de 18 anos entre adotado e
adotante e natildeo haveria direito de sucessatildeo ao adotado
Em 1957 adveio o Estatuto da adoccedilatildeo - Lei nordm 3133 de 08 de maio de 1957 E em
1979 o Coacutedigo de Menores Lei nordm 6667 de 10 de outubro de 1979 ambos traziam algumas
modificaccedilotildees que eliminava certas restriccedilotildees do Coacutedigo Civil de 191648
Algumas dessas modificaccedilotildees trazidas foi a de possibilidade de se adotar aos 30
anos e a diferenccedila de idade entre adotando e adotado passou a ser de 16 anos eliminou-se
tambeacutem o preacute-requisito de que somente casais sem filhos poderiam adotar49
______________ 45 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 38 46 Opcit p 20 p 42 47 Opcit p 20 p 84 48 Opcit p 20 p 40 49 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo em 1988 e com o advento do Estatuto da
Crianccedila e do Adolescente ndash ECA em 1990 consegui-se eliminar todas as restriccedilotildees
pertinentes agrave diferenccedila entre filhos adotivos ilegiacutetimos eou aduacutelterinos50
Assim hoje o filho adotivo tem os mesmos direitos garantias e deveres dos filhos
bioloacutegicos artigo 227 sectordm da CRFB
A partir de 1990 as regras da adoccedilatildeo passaram a visar mais os interesses direitos e
reais e necessidades dos adotandos O que se pretendia era encontrar uma famiacutelia adequada
aos menores e natildeo a busca de uma crianccedila para aqueles que pretendem adotar51
Jaacute o novo Coacutedigo Civil trata desse instituto da aceitaccedilatildeo legal de estranho no seio
familiar nos artigos 1618 a 1629 passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que
originariamente natildeo eacute criando com este laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com todos os
direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo inexiste
naturalmente52
E corroborando com o instituto da adoccedilatildeo o nosso texto constitucional assegura em
seu artigo 227 o direito de se ter uma famiacutelia o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave
educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura ao respeito agrave dignidade agrave liberdade e a
convivecircncia familiar 53
Esse direito de se ter uma famiacutelia consagrado na Carta Magna adveacutem do direito
positivo brasileiro do direito natural do simples direito de se ter um lar
__________ 50 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 150 51 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41 52 As modificaccedilotildees introduzidas agrave partir do advento do Novo Coacutedigo Civil ndash Lei nordm 1040602 53 CONSTITUICcedilAcircO FEDERAL EC nordm 45 Rio de Janeiro 2005 p 149
A adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia da proteccedilatildeo ao adotado e cuja finalidade
eacute a de dar um lar aos menores criando para esses menores um ambiente familiar e o
equiparando o adotado como filho legiacutetimo
Egrave um instituto de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo agravequeles que precisam de um
lar amor carinho e dignidade
Tem por finalidade fundamental dar filhos agravequeles que natildeo podem ter
biologicamente e de dar pais agravequeles que se encontram desamparados por algum motivo
Assim a adoccedilatildeo que fugir desses paracircmetros a que estaacute destinada estaraacute distorcendo a
finalidade do ordenamento a que lei se destina
Ficando constatado que a adoccedilatildeo no Brasil constitui um imperativo de ordem eacutetica
de natureza constitucional pois natildeo se pode construir uma sociedade mentalmente satilde sobre
as bases de abandono de crianccedilas os futuros homens de amanhatilde
CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
A adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil de 1916 era regulada nos artigos de 368 a 378 Nesse
Coacutedigo havia previsatildeo legal para duas modalidades de adoccedilatildeo54
A adoccedilatildeo simples estabelecia o viacutenculo de filiaccedilatildeo entre adotante e adotado
podendo o adotante ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos regia-se pelo Coacutedigo
Civil de 1916 e pela Lei nordm 313355
A adoccedilatildeo plena era espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser
irrevogavelmente para todos os efeitos legais a ser filhos dos adotantes desligando-se de
qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais
introduzido pela Lei nordm 669779
Nesse Coacutedigo Civil a adoccedilatildeo aplicava-se aos maiores de 18 anos e realccedilava a sua
natureza negocial do instituto tendo em vista a solenidade da escritura puacuteblica que a lei
exigia como contrato de direito de famiacutelia Somente seria a adoccedilatildeo consumada com a
devida averbaccedilatildeo da escritura no registro civil e no ato da adoccedilatildeo seriam declarados quais
os nomes da famiacutelia passaria o adotado a usar
Eram requisitos para adoccedilatildeo nesta legislaccedilatildeo de 1916 que o adotante fosse 16 anos
mais velho que o adotando com mais de 30 anos de idade se o adotante fosse casado o
casamento deveria ter duraccedilatildeo superior agrave cinco anos duas pessoas natildeo poderiam adotar
conjuntamente se natildeo forem marido e mulher e o adotando com maior de 18 anos o tutor
ou curador poderiam adotar depois de prestadas as contas ocorria atraveacutes de escritura
puacuteblica havia previsatildeo de adoccedilatildeo por estrangeiros sem restriccedilatildeo55
______________ 54 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 55 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p 323
Com o advento da Lei nordm 104062002 o instituto da adoccedilatildeo passou a ser tratado nos
artigos de 1618 a 1629 como jaacute mencionado E por conta da nova legislaccedilatildeo a adoccedilatildeo
simples e a adoccedilatildeo plena deixam de existir passando a adoccedilatildeo ser irrestrita 56
Hoje o Novo Coacutedigo - Lei nordm 104062002 se preocupa em seus artigos com a
adoccedilatildeo de forma global ou seja com a adoccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes e principalmente
com a primazia do interesse do adotado
Assim o instituto da adoccedilatildeo passa a ser regido nos seguintes termos57
No art 1618 Somente pessoa maior de dezoito anos pode adotar
Analisando este artigo pode-se constatar que houve a reduccedilatildeo da idade miacutenima para
adotar antes exigida de 35 anos
E em seu Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo poderaacute ser formalizada por ambos os cocircnjuges
ou companheiros desde que um deles tenha completado dezoito anos de idade comprovada
a estabilidade da famiacutelia
Os artigos 1619 e 1620 natildeo tiveram alteradas a sua redaccedilatildeo
De acordo com o artigo 1619 o adotante haacute de ser pelo menos dezesseis anos mais
velho que o adotado E no artigo 1620 enquanto natildeo der contas de sua administraccedilatildeo e natildeo
saldar o deacutebito natildeo poderaacute o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o curatelado
O artigo 1621 descreve que a adoccedilatildeo depende de consentimento dos pais ou dos
representantes legais de quem se deseja adotar e da concordacircncia deste se contar mais de
doze anos
______________
56 Op cit p 23 p 425
57 Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003 p 452-459
sect 1o O consentimento seraacute dispensado em relaccedilatildeo agrave crianccedila ou adolescente cujos
pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder familiar
sect 2o O consentimento previsto no caput eacute revogaacutevel ateacute a publicaccedilatildeo da sentenccedila
constitutiva da adoccedilatildeo
O novo dispositivo diminui a idade miacutenima do adotado para manifestar o seu
consentimento para 12 anos no regime anterior era de 14 anos
De acordo co o artigo 1622 ningueacutem poderaacute ser adotado por duas pessoas salvo se
forem marido e mulher ou se viverem em uniatildeo estaacutevel
Neste artigo foi acrescentado o paraacutegrafo uacutenico que acrescenta a posiccedilatildeo da adoccedilatildeo
por companheiros ou daqueles que vivem em uniatildeo estaacutevel
Paraacutegrafo uacutenico Os divorciados e os judicialmente separados poderatildeo adotar
conjuntamente contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o
estaacutegio de convivecircncia tenha sido iniciado na constacircncia da sociedade conjugal
No artigo 1623 a adoccedilatildeo obedeceraacute a processo judicial observados os requisitos
estabelecidos neste Coacutedigo
Houve acreacutescimo na nova legislaccedilatildeo apenas do paraacutegrafo uacutenico ao qual foi atribuiacuteda a
seguinte redaccedilatildeo
Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo de maiores de dezoito anos dependeraacute igualmente da
assistecircncia efetiva do Poder Puacuteblico e de sentenccedila constitutiva
No artigo 1624 Houve a substituiccedilatildeo do ldquopaacutetrio poderrdquo por ldquopoder familiarrdquo sendo
ainda suprimida a palavra ldquomenor abandonadordquo trazido na legislaccedilatildeo de 1916
Assim dispotildee o artigo citado em que natildeo haacute necessidade do consentimento do
representante legal do menor se provado que se trata de infante exposto ou de menor cujos
pais sejam desconhecidos estejam desaparecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder
familiar sem nomeaccedilatildeo de tutor ou de oacuterfatildeo natildeo reclamado por qualquer parente por mais
de um ano
De acordo com o artigo 1625 somente seraacute admitida a adoccedilatildeo que constituir efetivo
benefiacutecio para o adotando sendo matida a mesma redaccedilatildeo
Jaacute no artigo 1626 houve acreacutescimo do paraacutegrafo uacutenico
Dipondo a seguinte redaccedilatildeo o caput a adoccedilatildeo atribui a situaccedilatildeo de filho ao adotado
desligando-o de qualquer viacutenculo com os pais e parentes consanguumliacuteneos salvo quanto aos
impedimentos para o casamento
Paraacutegrafo uacutenico se um dos cocircnjuges ou companheiros adota o filho do outro
mantecircm-se os viacutenculos de filiaccedilatildeo entre o adotado e o cocircnjuge ou companheiro do adotante
e os respectivos parentes
Com relaccedilatildeo ao artigo 1627 permaneceu a mesma redaccedilatildeo com relaccedilatildeo a decisatildeo que
confere ao adotado o sobrenome do adotante podendo determinar a modificaccedilatildeo de seu
prenome se menor a pedido do adotante ou do adotado
No artigo abaixo descrito houve a adequaccedilatildeo ao dispositivo de moda a resguardar o
princiacutepio constitucional da plena igualdade entre filhos bioloacutegicos e adotados
Dispotildee o artigo 1628 que os efeitos da adoccedilatildeo comeccedilam a partir do tracircnsito em
julgado da sentenccedila exceto se o adotante vier a falecer no curso do procedimento caso em
que teraacute forccedila retroativa agrave data do oacutebito As relaccedilotildees de parentesco se estabelecem natildeo soacute
entre o adotante e o adotado como tambeacutem entre aquele e os descendentes deste e entre o
adotado e todos os parentes do adotante
Natildeo houve alteraccedilatildeo na redaccedilatildeo do artigo 1629 apenas tal dispositivo tem o
objetivo de ajustar o Novo Coacutedigo Civil agrave lei superveniente ou seja Estatuto da Crianccedila e
do Adolescente
Dispondo o referido artigo a seguinte redaccedilatildeo a adoccedilatildeo por estrangeiro obedeceraacute
aos casos e condiccedilotildees que forem estabelecidos em lei
Assim pode-se concluir que na falta de norma reguladora para o instituto da adoccedilatildeo
desde que natildeo conflite com o Coacutedigo Civil deveraacute ser aplicado analogicamente o Estatuto da
Crianccedila e do Adolescente
Ainda constata-se que o Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute
maior de 18 anos passando o instituto da adoccedilatildeo a ser irrestrito trazendo importantes
reflexos ao nosso ordenamento juriacutedico paacutetrio no que diz respeito aos direitos da
personalidade e nos direitos sucessoacuterios Enquanto o antigo Coacutedigo Civil Brasileiro de 1916
adotava o sistema da manifestaccedilatildeo de vontade
Atualmente o Coacutedigo Civil vigente e o Estatuto da Crianccedila adotam o sistema da
sentenccedila judicial sendo que o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo para os
menores de 18 anos o que natildeo exime que a adoccedilatildeo de menor de 18 anos seja feita pelo
Coacutedigo Civil58
De acordo com a legislaccedilatildeo civil podemos conceituar a adoccedilatildeo como o ato de
filiaccedilatildeo juriacutedica que pressupotildee de afetividade e natildeo de relaccedilatildeo bioloacutegica passando o
adotado a ser tratado como se fosse filho natural constituiacutedo em benefiacutecio do adotando
_____________ 58 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 irretrataacutevel e perpeacutetuo depois de consumado que cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com
todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo
inexistia naturalmente
De forma simples podemos definir a adoccedilatildeo como modalidade de filiaccedilatildeo civil que
busca imitar a filiaccedilatildeo natural dependente da vontade de adotante e adotado e por via de
sentenccedila judicial
Assim torna-se inafastaacutevel a utilidade do instituto da adoccedilatildeo em relaccedilatildeo ao menor
carente ou em estado de abandono pois eacute de interesse do Estado a inserccedilatildeo desse menor em
um ambiente familiar
Fica claro que o instituto da adoccedilatildeo eacute de caraacuteter humanitaacuterio que tem por um lado o
escopo de proporcionar agravequeles que a quem a natureza negou filhos e por outro lado
constitui a finalidade assistencial de melhorar a condiccedilatildeo moral e material do futuro
adotado
Mas ainda muito haacute de se defender em prol do instituto da adoccedilatildeo no Brasil natildeo soacute
como forma de projeto de cidadania mas tambeacutem como forma de vida digna a aqueles que
natildeo tem um lar principalmente ao que refere aos direitos de adoccedilatildeo internacional e ainda ao
direito de adoccedilatildeo por casais homossexuais
22 REQUISITOS DA ADOCcedilAtildeO
221 Requisitos Formais
Satildeo alguns requisitos formais para a adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil vigente59
efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal
ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)
____________ 59 VENOSASilvio de Salvo Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003p349
efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal
ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)
diferenccedila miacutenima de idade entre o adotante e o adotado (artigo 1619)
consentimento do adotado de seus pais ou de seu representante (artigos 1621 sect 1ordm e
1624)
intervenccedilatildeo judicial na sua criaccedilatildeo pois somente se aperfeiccediloa perante o juiz atraveacutes de
processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico (artigo 1623 paraacutegrafo uacutenico)
irrevogabilidade (artigo 1626 caput)
estaacutegio de convivecircncia (1622 paraacutegrafo uacutenico 1ordfparte)
comprovaccedilatildeo de estabilidade familiar (artigo 1618 paraacutegrafo uacutenico in fine)
23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO
A adoccedilatildeo se daacute atraveacutes de um processo judicial perante o juiz com competecircncia na
aacuterea da infacircncia e juventude que iraacute conhecer dos pedidos da adoccedilatildeo e os seus incidentes
entre os quais a destituiccedilatildeo do paacutetrio poder e guarda para fins da adoccedilatildeo
Vislumbram-se duas hipoacuteteses em que se adota ou a famiacutelia jaacute convive com a
crianccedila ou adolescente que pretende adotar ou a famiacutelia estaacute a procura de uma crianccedila para
que venha a adotar
Na primeira hipoacutetese devem os interessados ajuizar o pedido de adoccedilatildeo atraveacutes de
advogado ou defensor puacuteblico que formularaacute o pedido diretamente em cartoacuterio atraveacutes de
peticcedilatildeo assinada pelos requerentes quando os pais forem falecidos tiverem sido destituiacutedos
do paacutetrio poder ou houverem aderido expressamente ao pedido os pais bioloacutegicos quando
conhecidos satildeo citados para querendo contestarem o pedido julgando o juiz ao final de
acordo com o interesse superior da crianccedila e do adolescente
Na segunda hipoacutetese os interessados devem requerer sua inscriccedilatildeo no cadastro do
juiacutezo de pessoas interessadas em adotar A partir daiacute instaura-se um procedimento no qual
seratildeo ouvidos pela equipe teacutecnica do juiacutezo (assistentes sociais eou psicoacutelogos) e antes da
decisatildeo que deferir a inscriccedilatildeo o Ministeacuterio Puacuteblico assistiraacute ao pedido de adoccedilatildeo conforme
previsto no artigo 227 sect5ordm da Constituiccedilatildeo Federal e emitiraacute parecer
Em seguida seratildeo incluiacutedos em grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo cujas vagas seratildeo
preenchidas de acordo com a ordem de ajuizamento do pedido de habilitaccedilatildeo respeitados os
criteacuterios estabelecidos
Os grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo possuem duraccedilatildeo prevista de 60 dias e visam
auxiliar os interessados em adotar Habilitados e inscritos no cadastro os interessados
recebem um certificado com validade de 2 anos
Satildeo necessaacuterios os seguintes documentos60
certidatildeo de casamento
atestado de residecircncia
folha de antecedentes criminais
prova de idoneidade fiacutesica e moral
prova de abandono do menor
destituiccedilatildeo do paacutetrio poder
atestado de sanidade fiacutesica
________________ 60 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
A adoccedilatildeo constitui-se por sentenccedila sendo necessaacuterio que 61
a peticcedilatildeo Inicial com os requisitos do artigo 35
se na inicial vier a concordacircncia dos pais do adotando seratildeo ouvidos pelo juiz e pelo
representante do Ministeacuterio Puacuteblico lavrando-se o termo
a autoridade juriacutedica de ofiacutecio ou o requerimento das partes e do Ministeacuterio Puacuteblico
determinaraacute a realizaccedilatildeo de estudo social ou se possiacutevel periacutecia por equipe profissional
decidindo sobre o estaacutegio de convivecircncia
Apresentado o laudo e ouvido o adotando teraacute vistas o Ministeacuterio Puacutebico
apoacutes a manifestaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico no prazo tambeacutem de 5 (cinco) dias o
juiz proferiraacute a sentenccedila
A sentenccedila judicial transitada em julgado seraacute inserida no registro civil mediante mandado do qual natildeo
se forneceraacute certidatildeo O mandado judicial cancelaraacute o registro de nascimento original do menor conforme
o artigo 16 da Lei nordm 601573 E a inscriccedilatildeo no registro constaraacute o nome dos adotantes
como pais e o nome dos seus ascendentes Assim o menor ingressa na famiacutelia do adotante
se desvinculando da famiacutelia natural
24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO
241 Efeitos pessoais
Satildeo alguns efeitos pessoais decorrentes da adoccedilatildeo62
____________________
61 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1996 p 60 62 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 430
rompimento automaacutetico do viacutenculo de parentesco com a famiacutelia de origem salvo os
impedimentos matrimocircniais (artigo 1626)
estabelecimento de verdadeiros laccedilos de parentesco civil entre adotante e adotado
abrangendo a famiacutelia do adotante (artigo 15282ordf parte)
transferecircncia definitiva e de pleno direito do poder familiar para o adotante se o adotante
for menor (artigo 1630 1634 1635 inciso V)
liberdade razoaacutevel em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo do nome do adotado (1627)
possibilidade de promoccedilatildeo da interdiccedilatildeo e inabilitaccedilatildeo do pai ou matildee adotiva pelo
adotado ou vice-versa (artigo 1768)
determinaccedilatildeo do domiacutecilio do adotado menor de idade que adquire o do adotante
242 Efeitos patrimoniais
Satildeo alguns efeitos patrimoniais produzidos pela adoccedilatildeo63
direito do adotante de administraccedilatildeo e ususfruto dos bens do adotado menor (artigo 1689
1691e 1693)
obrigaccedilatildeo do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar (artigo
1634)
dever do adotante de prestar alimentos ao adotado (artigo 1694 1696 e 1697)
direito a indenizaccedilatildeo do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante
responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menor de idade
______________
81 Op cit p 31 p 432
direito sucessoacuterio do adotado visto que se equipara ao filho advindo de parentesco
cosanguineo herdado em concorrecircncia com o cocircnjuge sobrevivente ou convivente do
falecido na qualidade de descendente do autor da heranccedila afastando todos os demais
herdeiros do adotante que natildeo tenham a qualidade de filho (artigo 1829 inciso I e
1790incisos I e II)
reciprocidade nos efeitos sucessoacuterios (artigo 1829 inciso II e 1790 inciso III)
filho adotivo natildeo estaacute compreendido na exceccedilatildeo do Coacutedigo Civil artigo 1790 inciso I
rompimento de testamento se sobrevier filho adotivo (artigo 1973)
direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciaacuterio (artigo 1951 a 1960)
superviniecircncia de filho adotivo pode revogar doaccedilotildees feitas pelo adotante ( artigo 1846 e
1789)
Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso
de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do
oacutebito64
25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO
Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se
obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do
negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do
ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade
____________
64 Op cit p 32 p 435
deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea
A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-
se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico
Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade
anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo
251 Nulidade da adoccedilatildeo
Seraacute nula a adoccedilatildeo que65
em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16
anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619
a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a
mesma pessoa (artigo 1622)
o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)
vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude
252 Anulabilidade da adoccedilatildeo
Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66
a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente
incapaz
ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado
____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435
consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz
vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores
a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado
253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo
Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67
pela falta de consentimento do adotante e adotado
pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou
interdiccedilatildeo civil
pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico
26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO
A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes
motivos68
pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil
Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a
madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave
enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou
neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade
pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil
____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437
Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste
contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a
honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila
pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue
quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva
pela morte do adotante e adotado
27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO
Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a
finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo
avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante
e adotado69
Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute
prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com
facilidade a nova famiacutelia
O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a
ser adotado
Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a
extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo
atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil
____________
69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340
28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das
crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a
prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave
poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato
infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e
ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70
A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual
adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou
tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da
juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil
Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida
familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco
passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado
29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL
A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e
do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da
Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave
crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave
educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave
__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41
convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71
Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada
por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por
procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da
adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda
de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida
pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo
por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72
Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo
de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes
independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos
havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e
qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73
Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos
adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do
bem estar do adotado
210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO
A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser
incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e
educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta
assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria
___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438
Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como
com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo
dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos
pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco
pessoal e social nas ruas das grandes cidades
Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia
importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees
sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia
Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem
por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades
coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e
ceacutelere
Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria
com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e
defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do
proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os
procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados
Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo
atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o
instituto da adoccedilatildeo
A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de
_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em
lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que
querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave
crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico
educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e
na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos
e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o
desenvolvimento da cidadania
Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que
tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria
Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir
211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO
Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75
Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma
simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo
A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais
os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a
situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem
adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda
________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser
proporcionada pelas pessoas sem adotar
Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva
jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os
interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais
vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito
simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses
O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida
cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior
(adoccedilatildeo internacional)
CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees
estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil
Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente
A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida
excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido
por pessoa residente no Paiacutes
A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico
conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei
supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida
sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76
Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo
juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a
decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham
falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm
80699077
Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da
Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da
CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia
____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464
Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por
estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos
interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas
atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os
bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal
intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando
verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em
moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias
maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado
enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees
escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos
especialmente do menorrdquo78
Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante
nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado
tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a
perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e
economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila
passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco
e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79
Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas
___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438
Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil
A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver
medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo
internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda
possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o
seu ingresso em famiacutelia substituta
Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo
internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem
conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas
Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em
seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser
interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores
para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que
visem lucro80
Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas
pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator
determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas
famiacutelias substitutas
32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR
ESTRANGEIROS
A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo
seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e
condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________
80 Op Cit p 44 p 438
parte de estrangeiros
Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida
excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo
acarreta o adotante aacute desistecircncia
Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81
impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo
estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro
residente ou domiciliado fora do paiacutes
comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de
seu paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia
especializada e credenciada no paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido
do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico
juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente
autenticados pela autoridade consular
permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a
consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo
Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e
cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no
miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos
de idade
___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439
podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar
prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista
A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82
lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo
reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante
lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica
Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de
Adoccedilatildeo de Menores de 1984)
33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA
A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua
finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores
Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia
prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse
superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas
__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485
A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo
Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de
garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados
contratantes83
Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a
Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo
Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84
requisitos para a adoccedilatildeo internacional
requisitos processuais
reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo
De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo
em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o
interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras
_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486
CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a
grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo
igualmente a possibilidade da poder adotar
A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade
Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas
aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de
constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a
reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois
assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir
famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86
Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a
uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm
sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo
Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87
____________
86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho
mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49
A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios
E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por
homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se
espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem
homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila
se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais
homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos
tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte
de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo
16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo
se forem marido e mulher
Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89
____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da
uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos
homossexuais
42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA
E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a
situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos
casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo
juriacutedica podem os casais homossexuais adotar
No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo
homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes
da jurisprudecircncia
E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a
regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais
Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata
da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo
tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um
dos parceiros90
Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo
5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a
primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei
____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade
Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca
pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do
bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais
homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve
levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo
decidindo sempre pelo bem-estar do menor91
A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece
Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao
adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo
ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia
familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo
()
sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute
casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros
A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee
Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de
estado civil
______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005
Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92
Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que
homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo
poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante
O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de
adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual
diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro
de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93
______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo
da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum
cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito
Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94
Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais
homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95
Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo
sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel
privar os homossexuais do direito agrave adotar96
E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais
flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de
tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar
seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles
que lhe acolhem97
______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53
No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo
barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao
seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira
da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da
histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a
mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para
atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem
a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua
companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de
crianccedilas devem igualmente poder adotar98
Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no
aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes
de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o
preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99
Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida
pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato
Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo
________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53
CONCLUSAtildeO
A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia
E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto
no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio
Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988
Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade
Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente
A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva
Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros
por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores
Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade
Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a
sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do
Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo
Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e
principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que
pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da
adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e
venda de crianccedilas para o estrangeiro
A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente
estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse
baseado nos artigos 1618 a 1629
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52
Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de
amor carinho e solidariedade
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 6023 informaccedilatildeo e
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Coacutedigo Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do
Direito
Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave
adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do
adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente
iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando
devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo24
Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais
homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato25
____________ 22 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 23 Op Cit P 8 24 Op Cit P 8 25 Op Cit P 8
Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo
sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel
privar os homossexuais do direito agrave adotar26
E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais
flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de
tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar
seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles
que lhe acolhem27
Portanto fica bem claro que eacute importante deixar de lado as barreiras do preconceito
___________ 26 Op Cit P 8 27 Op Cit P 8
BIBLIOGRAacuteFIA
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WALD Arnald O Novo Direito de Famiacutelia 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2002 p217-225
CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO
12 LINEAMENTOS HISTOacuteRICOS
Historicamente o instituto da adoccedilatildeo desde os tempos mais primoacuterdios era utilizado
por nossos antepassados e com o passar dos tempos evoluiu tanto no aspecto social quanto
no aspecto juriacutedico
No direito primitivo a famiacutelia era a unidade social econocircmica e religiosa e a adoccedilatildeo
constituiacutea-se como um meio eficaz de perpetuar a famiacutelia e a religiatildeo domeacutestica ao qual
transferia-se os bens familiares pois nessa eacutepoca natildeo se conhecia do testamento1
No direito romano os imperadores utilizavam-se do instituto para designar os seus
sucessores e seus futuros Chefes de Estados deixando a adoccedilatildeo de ser um instrumento de
direito privado e passando a ser instrumento de direito puacuteblico2
E a maior prova de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor solidariedade
encontra-se narrado na Biacuteblia no nascimento de Jesus Cristo fruto
esse concebido pelo Divino Espiacuterito Santo para mostrar que natildeo haacute a
necessidade de casamento da conjunccedilatildeo carnal e de todas as
concepccedilotildees do homem para que se conceba um filho3
Tal instituto teve sua origem fundada na Biacuteblia no Coacutedigo de Hamurabi e nas Leis
de Manu4
__________ 1 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 218 2 SIQUEIRA Liboacuterni Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 34 3 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Luacutemen Iuris 1996 p 1 4 Op cit p 11 p 218
No Coacutedigo de Manu o instituto da adoccedilatildeo encontram-se descrito na Lei IX 10
ldquoAquele a quem a natureza natildeo deu filhos pode adotar um para que as cerimocircnias fuacutenebres
natildeo cessemrdquo5
As Leis de Manu determinavam que a adoccedilatildeo somente seria possiacutevel entre um
homem e um rapaz da mesma classe social e que o adotado tivesse todas as qualidades
apreciadas num filho6
Jaacute o Coacutedigo de Hamurabi eacute considerado o documento mais antigo que se tenha
notiacutecia antes de Cristo O instituto no Coacutedigo de Hamurabi era conhecido como ldquoSentenccedilas
de Direitordquo traz em seus artigos 185 a 193 e o define como ldquomacircrucircturdquoArt 185 ndash Se algueacutem
toma em adoccedilatildeo uma crianccedila ou a educa esta natildeo pode ser reclamadardquo7
Nas passagens biacuteblicas eacute possiacutevel exemplificarmos algumas dessas noccedilotildees do
instituto da adoccedilatildeo ao relatarmos alguns casos como a histoacuteria de Moiseacutes que foi adotado
por Termulus quando o encontrou agraves margens do Rio Nilo na de Mordecai que criou Eacutester
como uma irmatilde e ainda na proacutepria histoacuteria de Joseacute do Egito adotado por Potifar8
Os Hebreus chamavam a adoccedilatildeo pelo nome de ldquoleviratordquo9
De acordo com a Biacuteblia poderiam adotar tanto o pai como a matildee e a adoccedilatildeo soacute se
dava entre parentes A mulher esteacuteril poderia adotar os filhos da serva que ela havia
conduzido ao taacutelamo do marido10
__________ 5 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Luacutemen Iuris 1996 p 21 6 Op cit p 12 p 21 7 Op cit p 12 p 25 8 SZNICK Waldir Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 26 9 Op cit p 12 p 26 10 Op cit p 12 p 26
Para os Romanos a adoccedilatildeo era o ato legislativo pelo qual algueacutem perfilha um filho
que natildeo se gerou tendo em vista a necessidade da perpetuaccedilatildeo do culto domeacutestico que
tinha um valor sacral Para os romanos havia dois tipos de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo e a
adrogatio11
A adoccedilatildeo ou adoptio era instituto de direito privado destinado ao alieni juacuteris para
quem tivesse sob o paacutetrio poder da Lei das XII Taacutebuas Jaacute a adrogatio pertencia ao direito
puacuteblico a doaccedilatildeo de sui juacuteris como filho na famiacutelia de um pater famiacutelias12
Para os Gregos a adoccedilatildeo rompia todos os laccedilos da famiacutelia anterior sequer poderia
prestar o funeral dos pais anteriores A adoccedilatildeo tinha o nome de Teacutesis tambeacutem conhecida
como Ampasis13
O Direito Canocircnico desconheceu a adoccedilatildeo ateacute certo ponto e se manifestava com
reservas A igreja via a adoccedilatildeo como uma ressalva ao casamento e agrave constituiccedilatildeo da famiacutelia
legiacutetima como uma das possibilidades de se fraudar as normas vigentes que proibiam o
reconhecimento de filhos adulterinos e incestuosos14
Na Idade Meacutedia a adoccedilatildeo sucede ao processo histoacuterico da famiacutelia romana tecircm o
mesmo objetivo destinado ao culto domeacutestico daqueles que natildeo tinham descendentes
Nessa eacutepoca Justiniano reformou o instituto da adoccedilatildeo seguindo as linhas das instituiccedilotildees
orientais em especial as helecircnicas mas permanecendo a adoccedilatildeo claacutessica 15
Portanto nesse periacuteodo Justiniano a adoccedilatildeo era o ato solene pelo qual se admite em
lugar de filho quem por natureza natildeo ostenta tal qualidade16
_____________ 11 ZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 27 12 Op cit p 13 p 32 13 Op cit p 13 p 26 14 WALD Arnoldo O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo PauloSaraiva 15 SIQUEIRA Liboacuterni Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 35 16 Op cit p13 p 35
Na eacutepoca moderna o instituto da adoccedilatildeo teve a sua inspiraccedilatildeo no Direito Romano
sendo encontrado no Coacutedigo de 1683 promulgado na Dinamarca por Christian V Na
Alemanha tal instituto encontra-se no Coacutedigo de Pressuniano promulgado por Frederico
Guilherme II em 1751 e no Codex Maximilianus da Bavaacuteria de 175617
Essa legislaccedilatildeo influenciou o Coacutedigo Napoleocircnico de 1791 apesar da normativa
sobre o instituto da adoccedilatildeo natildeo houve uma aceitaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo frequumlente tendo em vista
a suspeita de favorecimento a fraude e agrave lei fiscal18
O Coacutedigo Napoleocircnico de 1971 contemplava quatro tipos de adoccedilatildeo19
a) adoccedilatildeo ordinaacuteria ndash depende de homologaccedilatildeo judicial permitida a maiores de50 anos
e diferenccedila de 15 anos entre o adotado altera nome tem direitos sucessoacuterios
b) adoccedilatildeo remuneratoacuteria ndash destinada a quem tivesse salvo a vida do adotando
irrevogaacutevel
c) adoccedilatildeo testamentaacuteria ndash permitida ao tutor apoacutes 5 anos de tutela
d) tutela oficiosa ndash uma espeacutecie de adoccedilatildeo provisoacuteria em favor dos menores
Por fim as Ordenaccedilotildees advieram do direito geral portuguecircs primeiro as Ordenaccedilotildees
Afonsinas de 1446 a 1514 que para o Brasil entraram em vigor agrave partir de 1500 sendo esta
substituiacuteda pelas Ordenaccedilotildees Manuelinas em 1514 e por uacuteltimo as Ordenaccedilotildees Filipinas em
1603 que vigoraram ateacute a promulgaccedilatildeo do da Lei nordm Coacutedigo Civil em 191620
_____________ 17 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo PauloLeud 1999 p 40 18 Op cit p 14 p 40 19 Op cit p 14 p 41 20 Op cit p 14 p 41
Nessa fase a adoccedilatildeo era regulada por inuacutemeros textos e passagens sem uma norma
especiacutefica
Com as Ordenaccedilotildees o instituto adquiriu o nome de perfilhamento e tinha como
objetivo tornar como herdeiro na sucessatildeo o filho tido mesmo que fosse o filho espuacuterio ou
o filho adulterino21
Com a independecircncia as Ordenaccedilotildees passaram a perder a sua validade em nosso
ordenamento juriacutedicoem virtude dos inuacutemeros diplomas e regulamentos que passaram a
vigorar na eacutepoca poreacutem a revogaccedilatildeo total soacute ocorreu com o advento do Coacutedigo Civil de
191622
12 CONCEITO
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de
solidariedade ou seja a chance de crianccedilas e adolescentes de terem um lar uma famiacutelia jaacute
que foram desprovidos de alguma forma de seus familiares
Para o conceito de adoccedilatildeo existem vaacuterias definiccedilotildees Em uma conceituaccedilatildeo simples e
clara podemos dizer que a adoccedilatildeo eacute um ato juriacutedico que tem por finalidade criar entre duas
pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue23
Ainda pode ser definida como o ato de ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco civil
portanto de suma importacircncia para a sociedade brasileira tendo em vista que tal ato
juriacutedico coaduna na esfera da vontade dos particulares com a devida permissatildeo da lei
__________ 21 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 42 22 Op cit p 15 p 42 23 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147
criando entre essas pessoas estranhas uma relaccedilatildeo anaacuteloga como agraves oriundas da filiaccedilatildeo
legiacutetima24
A adoccedilatildeo tambeacutem pode ser conceituada como o ato juriacutedico pelo qual o viacutenculo
familiar eacute criado em virtude do proacuteprio ato pelo legislador25
Alguns autores definem a adoccedilatildeo apenas como o instituto que daacute ao filho adotivo o
status idecircntico ao do filho legiacutetimo
Passamos a analisar a conceituaccedilatildeo dos seguintes juristas
Para Clovis Bevilacqua a adoccedilatildeo se destinava a suprir a falta de filho que tem como
ato civil aacute aceitaccedilatildeo de um estranho como filho26
Para a Profa Maria Helena Diniz a adoccedilatildeo eacute uma instituiccedilatildeo de caraacuteter humanitaacuterio
que tem por um lado dar aqueles a quem a natureza negou um lar e uma famiacutelia e por outro
lado a uma finalidade assistencial constituindo um meio de melhorar a condiccedilatildeo moral e
material do adotado27
Para Walter Gaspar a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica a qual se estabelece uma relaccedilatildeo
de parentesco que independe do fato natural da procriaccedilatildeo28
Para Orlando Gomes a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece independente
do fato natural o viacutenculo de filiaccedilatildeo legal que permite a constituiccedilatildeo entre duas pessoas do
laccedilo de parentesco do primeiro grau em linha reta29
_________ 24 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 25 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 26 Op cit p 16 p 63 27 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 28 GASPAR Walter Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003 p 315 29 ORLANDO Gomes Instituiccedilotildees de Direito Civil Satildeo Paulo Forense1996 p 226
Jose Maria Leoni Lopes de Oliveira define a adoccedilatildeo como um instituto juriacutedico que
procura imitar a filiaccedilatildeo natural30
Para Silvio Rodrigues a adoccedilatildeo eacute o ato do adotante pelo qual ele traz para a sua
famiacutelia e na condiccedilatildeo de filho pessoa que lhe eacute estranha31
Para Caio Mario da Silva a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual uma pessoa recebe
outra como filho independentemente de existir entre elas qualquer relaccedilatildeo de parentesco
cosanguiacuteneo ou afim32
Para Antunes Varella a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece entre duas
pessoas adotante de um lado e adotado de outro independente dos laccedilos de sangueuma
relaccedilatildeo legal de filiaccedilatildeo33
Para o Prof Arnoldo Wald a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco
civil Eacute um ato juriacutedico bilateral que gera laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre pessoas para
as quais tal relaccedilatildeo inexiste materialmente34
Para Carbonnier a filiaccedilatildeo adotiva eacute uma filiaccedilatildeo puramente juriacutedica que repousa
na pressuposiccedilatildeo de uma realidade natildeo bioloacutegica mas afetiva35
E para Dusi a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico solene em virtude do qual agrave vontade dos
particulares com a permissatildeo da lei cria entre pessoas naturalmente estranhas uma a outra
relaccedilotildees anaacutelogas as oriundas da filiaccedilatildeo legiacutetima36
__________ 31 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147 32 Direito Civil ndash Famiacutelia Satildeo Paulo Forense 1999 p330 48 op Cit p 17 p 330 33 Op Cit p 17 p 148 534WALD Arnold O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 35 Op cit p 17 apud Droit Civil 2 ndash La Famile nordm 354 p 519 36 Op cit p 17 p 217
No contexto das diversas definiccedilotildees atribuiacutedas a adoccedilatildeo podemos
verificar que esta se contrapotildee-se a filiaccedilatildeo legiacutetima ou natural por
sua caracteriacutestica artificial pois resulta da manifestaccedilatildeo de vontade e
de sentenccedila judicial Enquanto a filiaccedilatildeo natural tem seu viacutenculo
formado apenas no sangue
Contudo os efeitos da adoccedilatildeo em nosso ordenamento juriacutedico geram
as mesmas relaccedilotildees da filiaccedilatildeo natural
13 NATUREZA JURIacuteDICA
A natureza juriacutedica da adoccedilatildeo sempre foi muito controvertida para alguns
doutrinadores a adoccedilatildeo apenas eacute uma relaccedilatildeo juriacutedica enquanto para outros eacute negoacutecio
unilateral tendo em vista a vontade do adotante37
Com o passar dos tempos a mudou a sua finalidade antes se destinava
a atender aos interesses religiosos dos adotantes hoje se preocupa
mais com o interesse dos adotados objetivando proporcionar uma
famiacutelia38
A dificuldade em definir a natureza juriacutedica da adoccedilatildeo decorre da sua
natureza e da origem do seu ato
Assim para alguns autores adoccedilatildeo seria uma forma de contrato
devido agrave bilateralidade do ato pois eacute preciso a manifestaccedilatildeo de duas
vontades a do adotante e do adotado Sendo que agraves vezes o adotado eacute
representado poreacutem a vontade do adotando inexiste em algumas
situaccedilotildees o que dificulta a compreensatildeo dessa doutrina39
__________ 37 Op cit p 17 p 320 38 Op cit p 17 p 149 39 Op cit p 17 p 320
Para outros autores a adoccedilatildeo eacute instituto juriacutedico de ordem puacuteblica sendo necessaacuterio
a manifestaccedilatildeo do Estado declarando ou natildeo a adoccedilatildeo40
No Coacutedigo Civil de 1916 a adoccedilatildeo tinha a natureza de contrato
devido agrave solenidade exigida na lei da escritura puacuteblica realccedilando a
natureza negocial do instituto como contrato de famiacutelia disposto no
artigo 37541
Nessa eacutepoca havia duas formas distintas de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo simples
e a adoccedilatildeo plena e cada uma delas apresentava natureza proacutepria42
No Estatuto natildeo prevalece apenas a bilateralidade de vontades pois o Estado
participa de forma ativa exigindo-se tambeacutem uma sentenccedila judicial pois sem esta natildeo
haveraacute adoccedilatildeo 43
O Coacutedigo Civil de 2002 requer a presenccedila dos adotantes do Estado e somente
ocorreraacute se for atraveacutes de sentenccedila judicial
Pode-se assim concluir que a adoccedilatildeo eacute um ato complexo o
qual tem na sua primeira fase um caraacuteter negocial em seguida a
manifestaccedilatildeo de vontade dos adotantes e adotados e em sua segunda
fase tem caraacuteter judicial a fim de verificar a conveniecircncia ou natildeo da
adoccedilatildeo que culmina com a sentenccedila judicial44
Portanto a accedilatildeo de adoccedilatildeo eacute accedilatildeo do estado de caraacuteter constitutivo
conferindo a posiccedilatildeo de filho ao adotado atraveacutes de sentenccedila judicial
____________ 40 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p320 41 Op cit p 19 p 316
42 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Rio de Janeiro Atlas 2001 p 257 43 Op cit p 19 p 320
44 Op cit p 19 p 316 14 EVOLUCcedilAtildeO LEGISLATIVA DA ADOCcedilAtildeO
No Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 3071 de 01 de maio de 1916 vigoravam as
Ordenaccedilotildees Afonsinas Filipinas e Manuelinas45
Com o advento do Coacutedigo Civil de 1916 ocorreu a sistematizaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos
artigos 368 a 378 de caraacuteter essencialmente privado
Todavia o nosso direito paacutetrio da eacutepoca revelava as influecircncias do direito romano
do direito canocircnico das Ordenaccedilotildees Afonsinas Manuelinas e Filipinas46
No coacutedigo de 1916 a adoccedilatildeo era definida como o ato civil pelo qual algueacutem aceita
um estranho na qualidade de filho contudo tal conceito trazia consigo as suas restriccedilotildees47
Nessa eacutepoca havia restriccedilotildees quanto agrave adoccedilatildeo pois a mesma se destinava a habilitar
pessoas com mais de 50 anos exigindo a diferenccedila miacutenima de 18 anos entre adotado e
adotante e natildeo haveria direito de sucessatildeo ao adotado
Em 1957 adveio o Estatuto da adoccedilatildeo - Lei nordm 3133 de 08 de maio de 1957 E em
1979 o Coacutedigo de Menores Lei nordm 6667 de 10 de outubro de 1979 ambos traziam algumas
modificaccedilotildees que eliminava certas restriccedilotildees do Coacutedigo Civil de 191648
Algumas dessas modificaccedilotildees trazidas foi a de possibilidade de se adotar aos 30
anos e a diferenccedila de idade entre adotando e adotado passou a ser de 16 anos eliminou-se
tambeacutem o preacute-requisito de que somente casais sem filhos poderiam adotar49
______________ 45 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 38 46 Opcit p 20 p 42 47 Opcit p 20 p 84 48 Opcit p 20 p 40 49 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo em 1988 e com o advento do Estatuto da
Crianccedila e do Adolescente ndash ECA em 1990 consegui-se eliminar todas as restriccedilotildees
pertinentes agrave diferenccedila entre filhos adotivos ilegiacutetimos eou aduacutelterinos50
Assim hoje o filho adotivo tem os mesmos direitos garantias e deveres dos filhos
bioloacutegicos artigo 227 sectordm da CRFB
A partir de 1990 as regras da adoccedilatildeo passaram a visar mais os interesses direitos e
reais e necessidades dos adotandos O que se pretendia era encontrar uma famiacutelia adequada
aos menores e natildeo a busca de uma crianccedila para aqueles que pretendem adotar51
Jaacute o novo Coacutedigo Civil trata desse instituto da aceitaccedilatildeo legal de estranho no seio
familiar nos artigos 1618 a 1629 passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que
originariamente natildeo eacute criando com este laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com todos os
direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo inexiste
naturalmente52
E corroborando com o instituto da adoccedilatildeo o nosso texto constitucional assegura em
seu artigo 227 o direito de se ter uma famiacutelia o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave
educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura ao respeito agrave dignidade agrave liberdade e a
convivecircncia familiar 53
Esse direito de se ter uma famiacutelia consagrado na Carta Magna adveacutem do direito
positivo brasileiro do direito natural do simples direito de se ter um lar
__________ 50 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 150 51 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41 52 As modificaccedilotildees introduzidas agrave partir do advento do Novo Coacutedigo Civil ndash Lei nordm 1040602 53 CONSTITUICcedilAcircO FEDERAL EC nordm 45 Rio de Janeiro 2005 p 149
A adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia da proteccedilatildeo ao adotado e cuja finalidade
eacute a de dar um lar aos menores criando para esses menores um ambiente familiar e o
equiparando o adotado como filho legiacutetimo
Egrave um instituto de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo agravequeles que precisam de um
lar amor carinho e dignidade
Tem por finalidade fundamental dar filhos agravequeles que natildeo podem ter
biologicamente e de dar pais agravequeles que se encontram desamparados por algum motivo
Assim a adoccedilatildeo que fugir desses paracircmetros a que estaacute destinada estaraacute distorcendo a
finalidade do ordenamento a que lei se destina
Ficando constatado que a adoccedilatildeo no Brasil constitui um imperativo de ordem eacutetica
de natureza constitucional pois natildeo se pode construir uma sociedade mentalmente satilde sobre
as bases de abandono de crianccedilas os futuros homens de amanhatilde
CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
A adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil de 1916 era regulada nos artigos de 368 a 378 Nesse
Coacutedigo havia previsatildeo legal para duas modalidades de adoccedilatildeo54
A adoccedilatildeo simples estabelecia o viacutenculo de filiaccedilatildeo entre adotante e adotado
podendo o adotante ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos regia-se pelo Coacutedigo
Civil de 1916 e pela Lei nordm 313355
A adoccedilatildeo plena era espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser
irrevogavelmente para todos os efeitos legais a ser filhos dos adotantes desligando-se de
qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais
introduzido pela Lei nordm 669779
Nesse Coacutedigo Civil a adoccedilatildeo aplicava-se aos maiores de 18 anos e realccedilava a sua
natureza negocial do instituto tendo em vista a solenidade da escritura puacuteblica que a lei
exigia como contrato de direito de famiacutelia Somente seria a adoccedilatildeo consumada com a
devida averbaccedilatildeo da escritura no registro civil e no ato da adoccedilatildeo seriam declarados quais
os nomes da famiacutelia passaria o adotado a usar
Eram requisitos para adoccedilatildeo nesta legislaccedilatildeo de 1916 que o adotante fosse 16 anos
mais velho que o adotando com mais de 30 anos de idade se o adotante fosse casado o
casamento deveria ter duraccedilatildeo superior agrave cinco anos duas pessoas natildeo poderiam adotar
conjuntamente se natildeo forem marido e mulher e o adotando com maior de 18 anos o tutor
ou curador poderiam adotar depois de prestadas as contas ocorria atraveacutes de escritura
puacuteblica havia previsatildeo de adoccedilatildeo por estrangeiros sem restriccedilatildeo55
______________ 54 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 55 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p 323
Com o advento da Lei nordm 104062002 o instituto da adoccedilatildeo passou a ser tratado nos
artigos de 1618 a 1629 como jaacute mencionado E por conta da nova legislaccedilatildeo a adoccedilatildeo
simples e a adoccedilatildeo plena deixam de existir passando a adoccedilatildeo ser irrestrita 56
Hoje o Novo Coacutedigo - Lei nordm 104062002 se preocupa em seus artigos com a
adoccedilatildeo de forma global ou seja com a adoccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes e principalmente
com a primazia do interesse do adotado
Assim o instituto da adoccedilatildeo passa a ser regido nos seguintes termos57
No art 1618 Somente pessoa maior de dezoito anos pode adotar
Analisando este artigo pode-se constatar que houve a reduccedilatildeo da idade miacutenima para
adotar antes exigida de 35 anos
E em seu Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo poderaacute ser formalizada por ambos os cocircnjuges
ou companheiros desde que um deles tenha completado dezoito anos de idade comprovada
a estabilidade da famiacutelia
Os artigos 1619 e 1620 natildeo tiveram alteradas a sua redaccedilatildeo
De acordo com o artigo 1619 o adotante haacute de ser pelo menos dezesseis anos mais
velho que o adotado E no artigo 1620 enquanto natildeo der contas de sua administraccedilatildeo e natildeo
saldar o deacutebito natildeo poderaacute o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o curatelado
O artigo 1621 descreve que a adoccedilatildeo depende de consentimento dos pais ou dos
representantes legais de quem se deseja adotar e da concordacircncia deste se contar mais de
doze anos
______________
56 Op cit p 23 p 425
57 Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003 p 452-459
sect 1o O consentimento seraacute dispensado em relaccedilatildeo agrave crianccedila ou adolescente cujos
pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder familiar
sect 2o O consentimento previsto no caput eacute revogaacutevel ateacute a publicaccedilatildeo da sentenccedila
constitutiva da adoccedilatildeo
O novo dispositivo diminui a idade miacutenima do adotado para manifestar o seu
consentimento para 12 anos no regime anterior era de 14 anos
De acordo co o artigo 1622 ningueacutem poderaacute ser adotado por duas pessoas salvo se
forem marido e mulher ou se viverem em uniatildeo estaacutevel
Neste artigo foi acrescentado o paraacutegrafo uacutenico que acrescenta a posiccedilatildeo da adoccedilatildeo
por companheiros ou daqueles que vivem em uniatildeo estaacutevel
Paraacutegrafo uacutenico Os divorciados e os judicialmente separados poderatildeo adotar
conjuntamente contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o
estaacutegio de convivecircncia tenha sido iniciado na constacircncia da sociedade conjugal
No artigo 1623 a adoccedilatildeo obedeceraacute a processo judicial observados os requisitos
estabelecidos neste Coacutedigo
Houve acreacutescimo na nova legislaccedilatildeo apenas do paraacutegrafo uacutenico ao qual foi atribuiacuteda a
seguinte redaccedilatildeo
Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo de maiores de dezoito anos dependeraacute igualmente da
assistecircncia efetiva do Poder Puacuteblico e de sentenccedila constitutiva
No artigo 1624 Houve a substituiccedilatildeo do ldquopaacutetrio poderrdquo por ldquopoder familiarrdquo sendo
ainda suprimida a palavra ldquomenor abandonadordquo trazido na legislaccedilatildeo de 1916
Assim dispotildee o artigo citado em que natildeo haacute necessidade do consentimento do
representante legal do menor se provado que se trata de infante exposto ou de menor cujos
pais sejam desconhecidos estejam desaparecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder
familiar sem nomeaccedilatildeo de tutor ou de oacuterfatildeo natildeo reclamado por qualquer parente por mais
de um ano
De acordo com o artigo 1625 somente seraacute admitida a adoccedilatildeo que constituir efetivo
benefiacutecio para o adotando sendo matida a mesma redaccedilatildeo
Jaacute no artigo 1626 houve acreacutescimo do paraacutegrafo uacutenico
Dipondo a seguinte redaccedilatildeo o caput a adoccedilatildeo atribui a situaccedilatildeo de filho ao adotado
desligando-o de qualquer viacutenculo com os pais e parentes consanguumliacuteneos salvo quanto aos
impedimentos para o casamento
Paraacutegrafo uacutenico se um dos cocircnjuges ou companheiros adota o filho do outro
mantecircm-se os viacutenculos de filiaccedilatildeo entre o adotado e o cocircnjuge ou companheiro do adotante
e os respectivos parentes
Com relaccedilatildeo ao artigo 1627 permaneceu a mesma redaccedilatildeo com relaccedilatildeo a decisatildeo que
confere ao adotado o sobrenome do adotante podendo determinar a modificaccedilatildeo de seu
prenome se menor a pedido do adotante ou do adotado
No artigo abaixo descrito houve a adequaccedilatildeo ao dispositivo de moda a resguardar o
princiacutepio constitucional da plena igualdade entre filhos bioloacutegicos e adotados
Dispotildee o artigo 1628 que os efeitos da adoccedilatildeo comeccedilam a partir do tracircnsito em
julgado da sentenccedila exceto se o adotante vier a falecer no curso do procedimento caso em
que teraacute forccedila retroativa agrave data do oacutebito As relaccedilotildees de parentesco se estabelecem natildeo soacute
entre o adotante e o adotado como tambeacutem entre aquele e os descendentes deste e entre o
adotado e todos os parentes do adotante
Natildeo houve alteraccedilatildeo na redaccedilatildeo do artigo 1629 apenas tal dispositivo tem o
objetivo de ajustar o Novo Coacutedigo Civil agrave lei superveniente ou seja Estatuto da Crianccedila e
do Adolescente
Dispondo o referido artigo a seguinte redaccedilatildeo a adoccedilatildeo por estrangeiro obedeceraacute
aos casos e condiccedilotildees que forem estabelecidos em lei
Assim pode-se concluir que na falta de norma reguladora para o instituto da adoccedilatildeo
desde que natildeo conflite com o Coacutedigo Civil deveraacute ser aplicado analogicamente o Estatuto da
Crianccedila e do Adolescente
Ainda constata-se que o Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute
maior de 18 anos passando o instituto da adoccedilatildeo a ser irrestrito trazendo importantes
reflexos ao nosso ordenamento juriacutedico paacutetrio no que diz respeito aos direitos da
personalidade e nos direitos sucessoacuterios Enquanto o antigo Coacutedigo Civil Brasileiro de 1916
adotava o sistema da manifestaccedilatildeo de vontade
Atualmente o Coacutedigo Civil vigente e o Estatuto da Crianccedila adotam o sistema da
sentenccedila judicial sendo que o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo para os
menores de 18 anos o que natildeo exime que a adoccedilatildeo de menor de 18 anos seja feita pelo
Coacutedigo Civil58
De acordo com a legislaccedilatildeo civil podemos conceituar a adoccedilatildeo como o ato de
filiaccedilatildeo juriacutedica que pressupotildee de afetividade e natildeo de relaccedilatildeo bioloacutegica passando o
adotado a ser tratado como se fosse filho natural constituiacutedo em benefiacutecio do adotando
_____________ 58 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 irretrataacutevel e perpeacutetuo depois de consumado que cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com
todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo
inexistia naturalmente
De forma simples podemos definir a adoccedilatildeo como modalidade de filiaccedilatildeo civil que
busca imitar a filiaccedilatildeo natural dependente da vontade de adotante e adotado e por via de
sentenccedila judicial
Assim torna-se inafastaacutevel a utilidade do instituto da adoccedilatildeo em relaccedilatildeo ao menor
carente ou em estado de abandono pois eacute de interesse do Estado a inserccedilatildeo desse menor em
um ambiente familiar
Fica claro que o instituto da adoccedilatildeo eacute de caraacuteter humanitaacuterio que tem por um lado o
escopo de proporcionar agravequeles que a quem a natureza negou filhos e por outro lado
constitui a finalidade assistencial de melhorar a condiccedilatildeo moral e material do futuro
adotado
Mas ainda muito haacute de se defender em prol do instituto da adoccedilatildeo no Brasil natildeo soacute
como forma de projeto de cidadania mas tambeacutem como forma de vida digna a aqueles que
natildeo tem um lar principalmente ao que refere aos direitos de adoccedilatildeo internacional e ainda ao
direito de adoccedilatildeo por casais homossexuais
22 REQUISITOS DA ADOCcedilAtildeO
221 Requisitos Formais
Satildeo alguns requisitos formais para a adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil vigente59
efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal
ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)
____________ 59 VENOSASilvio de Salvo Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003p349
efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal
ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)
diferenccedila miacutenima de idade entre o adotante e o adotado (artigo 1619)
consentimento do adotado de seus pais ou de seu representante (artigos 1621 sect 1ordm e
1624)
intervenccedilatildeo judicial na sua criaccedilatildeo pois somente se aperfeiccediloa perante o juiz atraveacutes de
processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico (artigo 1623 paraacutegrafo uacutenico)
irrevogabilidade (artigo 1626 caput)
estaacutegio de convivecircncia (1622 paraacutegrafo uacutenico 1ordfparte)
comprovaccedilatildeo de estabilidade familiar (artigo 1618 paraacutegrafo uacutenico in fine)
23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO
A adoccedilatildeo se daacute atraveacutes de um processo judicial perante o juiz com competecircncia na
aacuterea da infacircncia e juventude que iraacute conhecer dos pedidos da adoccedilatildeo e os seus incidentes
entre os quais a destituiccedilatildeo do paacutetrio poder e guarda para fins da adoccedilatildeo
Vislumbram-se duas hipoacuteteses em que se adota ou a famiacutelia jaacute convive com a
crianccedila ou adolescente que pretende adotar ou a famiacutelia estaacute a procura de uma crianccedila para
que venha a adotar
Na primeira hipoacutetese devem os interessados ajuizar o pedido de adoccedilatildeo atraveacutes de
advogado ou defensor puacuteblico que formularaacute o pedido diretamente em cartoacuterio atraveacutes de
peticcedilatildeo assinada pelos requerentes quando os pais forem falecidos tiverem sido destituiacutedos
do paacutetrio poder ou houverem aderido expressamente ao pedido os pais bioloacutegicos quando
conhecidos satildeo citados para querendo contestarem o pedido julgando o juiz ao final de
acordo com o interesse superior da crianccedila e do adolescente
Na segunda hipoacutetese os interessados devem requerer sua inscriccedilatildeo no cadastro do
juiacutezo de pessoas interessadas em adotar A partir daiacute instaura-se um procedimento no qual
seratildeo ouvidos pela equipe teacutecnica do juiacutezo (assistentes sociais eou psicoacutelogos) e antes da
decisatildeo que deferir a inscriccedilatildeo o Ministeacuterio Puacuteblico assistiraacute ao pedido de adoccedilatildeo conforme
previsto no artigo 227 sect5ordm da Constituiccedilatildeo Federal e emitiraacute parecer
Em seguida seratildeo incluiacutedos em grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo cujas vagas seratildeo
preenchidas de acordo com a ordem de ajuizamento do pedido de habilitaccedilatildeo respeitados os
criteacuterios estabelecidos
Os grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo possuem duraccedilatildeo prevista de 60 dias e visam
auxiliar os interessados em adotar Habilitados e inscritos no cadastro os interessados
recebem um certificado com validade de 2 anos
Satildeo necessaacuterios os seguintes documentos60
certidatildeo de casamento
atestado de residecircncia
folha de antecedentes criminais
prova de idoneidade fiacutesica e moral
prova de abandono do menor
destituiccedilatildeo do paacutetrio poder
atestado de sanidade fiacutesica
________________ 60 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
A adoccedilatildeo constitui-se por sentenccedila sendo necessaacuterio que 61
a peticcedilatildeo Inicial com os requisitos do artigo 35
se na inicial vier a concordacircncia dos pais do adotando seratildeo ouvidos pelo juiz e pelo
representante do Ministeacuterio Puacuteblico lavrando-se o termo
a autoridade juriacutedica de ofiacutecio ou o requerimento das partes e do Ministeacuterio Puacuteblico
determinaraacute a realizaccedilatildeo de estudo social ou se possiacutevel periacutecia por equipe profissional
decidindo sobre o estaacutegio de convivecircncia
Apresentado o laudo e ouvido o adotando teraacute vistas o Ministeacuterio Puacutebico
apoacutes a manifestaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico no prazo tambeacutem de 5 (cinco) dias o
juiz proferiraacute a sentenccedila
A sentenccedila judicial transitada em julgado seraacute inserida no registro civil mediante mandado do qual natildeo
se forneceraacute certidatildeo O mandado judicial cancelaraacute o registro de nascimento original do menor conforme
o artigo 16 da Lei nordm 601573 E a inscriccedilatildeo no registro constaraacute o nome dos adotantes
como pais e o nome dos seus ascendentes Assim o menor ingressa na famiacutelia do adotante
se desvinculando da famiacutelia natural
24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO
241 Efeitos pessoais
Satildeo alguns efeitos pessoais decorrentes da adoccedilatildeo62
____________________
61 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1996 p 60 62 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 430
rompimento automaacutetico do viacutenculo de parentesco com a famiacutelia de origem salvo os
impedimentos matrimocircniais (artigo 1626)
estabelecimento de verdadeiros laccedilos de parentesco civil entre adotante e adotado
abrangendo a famiacutelia do adotante (artigo 15282ordf parte)
transferecircncia definitiva e de pleno direito do poder familiar para o adotante se o adotante
for menor (artigo 1630 1634 1635 inciso V)
liberdade razoaacutevel em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo do nome do adotado (1627)
possibilidade de promoccedilatildeo da interdiccedilatildeo e inabilitaccedilatildeo do pai ou matildee adotiva pelo
adotado ou vice-versa (artigo 1768)
determinaccedilatildeo do domiacutecilio do adotado menor de idade que adquire o do adotante
242 Efeitos patrimoniais
Satildeo alguns efeitos patrimoniais produzidos pela adoccedilatildeo63
direito do adotante de administraccedilatildeo e ususfruto dos bens do adotado menor (artigo 1689
1691e 1693)
obrigaccedilatildeo do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar (artigo
1634)
dever do adotante de prestar alimentos ao adotado (artigo 1694 1696 e 1697)
direito a indenizaccedilatildeo do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante
responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menor de idade
______________
81 Op cit p 31 p 432
direito sucessoacuterio do adotado visto que se equipara ao filho advindo de parentesco
cosanguineo herdado em concorrecircncia com o cocircnjuge sobrevivente ou convivente do
falecido na qualidade de descendente do autor da heranccedila afastando todos os demais
herdeiros do adotante que natildeo tenham a qualidade de filho (artigo 1829 inciso I e
1790incisos I e II)
reciprocidade nos efeitos sucessoacuterios (artigo 1829 inciso II e 1790 inciso III)
filho adotivo natildeo estaacute compreendido na exceccedilatildeo do Coacutedigo Civil artigo 1790 inciso I
rompimento de testamento se sobrevier filho adotivo (artigo 1973)
direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciaacuterio (artigo 1951 a 1960)
superviniecircncia de filho adotivo pode revogar doaccedilotildees feitas pelo adotante ( artigo 1846 e
1789)
Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso
de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do
oacutebito64
25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO
Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se
obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do
negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do
ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade
____________
64 Op cit p 32 p 435
deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea
A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-
se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico
Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade
anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo
251 Nulidade da adoccedilatildeo
Seraacute nula a adoccedilatildeo que65
em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16
anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619
a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a
mesma pessoa (artigo 1622)
o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)
vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude
252 Anulabilidade da adoccedilatildeo
Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66
a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente
incapaz
ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado
____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435
consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz
vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores
a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado
253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo
Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67
pela falta de consentimento do adotante e adotado
pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou
interdiccedilatildeo civil
pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico
26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO
A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes
motivos68
pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil
Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a
madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave
enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou
neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade
pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil
____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437
Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste
contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a
honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila
pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue
quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva
pela morte do adotante e adotado
27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO
Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a
finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo
avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante
e adotado69
Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute
prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com
facilidade a nova famiacutelia
O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a
ser adotado
Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a
extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo
atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil
____________
69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340
28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das
crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a
prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave
poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato
infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e
ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70
A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual
adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou
tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da
juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil
Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida
familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco
passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado
29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL
A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e
do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da
Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave
crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave
educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave
__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41
convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71
Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada
por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por
procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da
adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda
de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida
pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo
por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72
Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo
de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes
independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos
havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e
qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73
Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos
adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do
bem estar do adotado
210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO
A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser
incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e
educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta
assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria
___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438
Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como
com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo
dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos
pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco
pessoal e social nas ruas das grandes cidades
Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia
importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees
sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia
Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem
por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades
coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e
ceacutelere
Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria
com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e
defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do
proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os
procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados
Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo
atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o
instituto da adoccedilatildeo
A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de
_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em
lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que
querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave
crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico
educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e
na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos
e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o
desenvolvimento da cidadania
Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que
tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria
Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir
211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO
Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75
Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma
simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo
A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais
os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a
situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem
adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda
________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser
proporcionada pelas pessoas sem adotar
Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva
jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os
interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais
vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito
simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses
O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida
cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior
(adoccedilatildeo internacional)
CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees
estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil
Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente
A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida
excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido
por pessoa residente no Paiacutes
A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico
conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei
supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida
sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76
Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo
juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a
decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham
falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm
80699077
Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da
Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da
CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia
____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464
Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por
estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos
interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas
atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os
bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal
intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando
verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em
moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias
maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado
enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees
escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos
especialmente do menorrdquo78
Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante
nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado
tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a
perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e
economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila
passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco
e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79
Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas
___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438
Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil
A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver
medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo
internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda
possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o
seu ingresso em famiacutelia substituta
Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo
internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem
conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas
Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em
seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser
interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores
para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que
visem lucro80
Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas
pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator
determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas
famiacutelias substitutas
32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR
ESTRANGEIROS
A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo
seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e
condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________
80 Op Cit p 44 p 438
parte de estrangeiros
Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida
excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo
acarreta o adotante aacute desistecircncia
Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81
impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo
estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro
residente ou domiciliado fora do paiacutes
comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de
seu paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia
especializada e credenciada no paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido
do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico
juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente
autenticados pela autoridade consular
permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a
consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo
Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e
cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no
miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos
de idade
___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439
podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar
prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista
A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82
lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo
reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante
lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica
Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de
Adoccedilatildeo de Menores de 1984)
33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA
A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua
finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores
Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia
prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse
superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas
__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485
A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo
Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de
garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados
contratantes83
Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a
Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo
Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84
requisitos para a adoccedilatildeo internacional
requisitos processuais
reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo
De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo
em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o
interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras
_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486
CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a
grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo
igualmente a possibilidade da poder adotar
A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade
Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas
aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de
constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a
reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois
assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir
famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86
Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a
uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm
sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo
Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87
____________
86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho
mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49
A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios
E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por
homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se
espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem
homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila
se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais
homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos
tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte
de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo
16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo
se forem marido e mulher
Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89
____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da
uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos
homossexuais
42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA
E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a
situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos
casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo
juriacutedica podem os casais homossexuais adotar
No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo
homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes
da jurisprudecircncia
E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a
regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais
Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata
da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo
tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um
dos parceiros90
Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo
5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a
primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei
____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade
Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca
pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do
bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais
homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve
levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo
decidindo sempre pelo bem-estar do menor91
A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece
Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao
adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo
ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia
familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo
()
sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute
casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros
A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee
Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de
estado civil
______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005
Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92
Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que
homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo
poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante
O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de
adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual
diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro
de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93
______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo
da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum
cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito
Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94
Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais
homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95
Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo
sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel
privar os homossexuais do direito agrave adotar96
E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais
flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de
tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar
seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles
que lhe acolhem97
______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53
No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo
barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao
seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira
da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da
histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a
mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para
atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem
a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua
companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de
crianccedilas devem igualmente poder adotar98
Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no
aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes
de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o
preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99
Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida
pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato
Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo
________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53
CONCLUSAtildeO
A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia
E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto
no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio
Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988
Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade
Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente
A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva
Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros
por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores
Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade
Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a
sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do
Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo
Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e
principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que
pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da
adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e
venda de crianccedilas para o estrangeiro
A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente
estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse
baseado nos artigos 1618 a 1629
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52
Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de
amor carinho e solidariedade
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CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO
12 LINEAMENTOS HISTOacuteRICOS
Historicamente o instituto da adoccedilatildeo desde os tempos mais primoacuterdios era utilizado
por nossos antepassados e com o passar dos tempos evoluiu tanto no aspecto social quanto
no aspecto juriacutedico
No direito primitivo a famiacutelia era a unidade social econocircmica e religiosa e a adoccedilatildeo
constituiacutea-se como um meio eficaz de perpetuar a famiacutelia e a religiatildeo domeacutestica ao qual
transferia-se os bens familiares pois nessa eacutepoca natildeo se conhecia do testamento1
No direito romano os imperadores utilizavam-se do instituto para designar os seus
sucessores e seus futuros Chefes de Estados deixando a adoccedilatildeo de ser um instrumento de
direito privado e passando a ser instrumento de direito puacuteblico2
E a maior prova de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor solidariedade
encontra-se narrado na Biacuteblia no nascimento de Jesus Cristo fruto
esse concebido pelo Divino Espiacuterito Santo para mostrar que natildeo haacute a
necessidade de casamento da conjunccedilatildeo carnal e de todas as
concepccedilotildees do homem para que se conceba um filho3
Tal instituto teve sua origem fundada na Biacuteblia no Coacutedigo de Hamurabi e nas Leis
de Manu4
__________ 1 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 218 2 SIQUEIRA Liboacuterni Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 34 3 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Luacutemen Iuris 1996 p 1 4 Op cit p 11 p 218
No Coacutedigo de Manu o instituto da adoccedilatildeo encontram-se descrito na Lei IX 10
ldquoAquele a quem a natureza natildeo deu filhos pode adotar um para que as cerimocircnias fuacutenebres
natildeo cessemrdquo5
As Leis de Manu determinavam que a adoccedilatildeo somente seria possiacutevel entre um
homem e um rapaz da mesma classe social e que o adotado tivesse todas as qualidades
apreciadas num filho6
Jaacute o Coacutedigo de Hamurabi eacute considerado o documento mais antigo que se tenha
notiacutecia antes de Cristo O instituto no Coacutedigo de Hamurabi era conhecido como ldquoSentenccedilas
de Direitordquo traz em seus artigos 185 a 193 e o define como ldquomacircrucircturdquoArt 185 ndash Se algueacutem
toma em adoccedilatildeo uma crianccedila ou a educa esta natildeo pode ser reclamadardquo7
Nas passagens biacuteblicas eacute possiacutevel exemplificarmos algumas dessas noccedilotildees do
instituto da adoccedilatildeo ao relatarmos alguns casos como a histoacuteria de Moiseacutes que foi adotado
por Termulus quando o encontrou agraves margens do Rio Nilo na de Mordecai que criou Eacutester
como uma irmatilde e ainda na proacutepria histoacuteria de Joseacute do Egito adotado por Potifar8
Os Hebreus chamavam a adoccedilatildeo pelo nome de ldquoleviratordquo9
De acordo com a Biacuteblia poderiam adotar tanto o pai como a matildee e a adoccedilatildeo soacute se
dava entre parentes A mulher esteacuteril poderia adotar os filhos da serva que ela havia
conduzido ao taacutelamo do marido10
__________ 5 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Luacutemen Iuris 1996 p 21 6 Op cit p 12 p 21 7 Op cit p 12 p 25 8 SZNICK Waldir Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 26 9 Op cit p 12 p 26 10 Op cit p 12 p 26
Para os Romanos a adoccedilatildeo era o ato legislativo pelo qual algueacutem perfilha um filho
que natildeo se gerou tendo em vista a necessidade da perpetuaccedilatildeo do culto domeacutestico que
tinha um valor sacral Para os romanos havia dois tipos de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo e a
adrogatio11
A adoccedilatildeo ou adoptio era instituto de direito privado destinado ao alieni juacuteris para
quem tivesse sob o paacutetrio poder da Lei das XII Taacutebuas Jaacute a adrogatio pertencia ao direito
puacuteblico a doaccedilatildeo de sui juacuteris como filho na famiacutelia de um pater famiacutelias12
Para os Gregos a adoccedilatildeo rompia todos os laccedilos da famiacutelia anterior sequer poderia
prestar o funeral dos pais anteriores A adoccedilatildeo tinha o nome de Teacutesis tambeacutem conhecida
como Ampasis13
O Direito Canocircnico desconheceu a adoccedilatildeo ateacute certo ponto e se manifestava com
reservas A igreja via a adoccedilatildeo como uma ressalva ao casamento e agrave constituiccedilatildeo da famiacutelia
legiacutetima como uma das possibilidades de se fraudar as normas vigentes que proibiam o
reconhecimento de filhos adulterinos e incestuosos14
Na Idade Meacutedia a adoccedilatildeo sucede ao processo histoacuterico da famiacutelia romana tecircm o
mesmo objetivo destinado ao culto domeacutestico daqueles que natildeo tinham descendentes
Nessa eacutepoca Justiniano reformou o instituto da adoccedilatildeo seguindo as linhas das instituiccedilotildees
orientais em especial as helecircnicas mas permanecendo a adoccedilatildeo claacutessica 15
Portanto nesse periacuteodo Justiniano a adoccedilatildeo era o ato solene pelo qual se admite em
lugar de filho quem por natureza natildeo ostenta tal qualidade16
_____________ 11 ZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 27 12 Op cit p 13 p 32 13 Op cit p 13 p 26 14 WALD Arnoldo O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo PauloSaraiva 15 SIQUEIRA Liboacuterni Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 35 16 Op cit p13 p 35
Na eacutepoca moderna o instituto da adoccedilatildeo teve a sua inspiraccedilatildeo no Direito Romano
sendo encontrado no Coacutedigo de 1683 promulgado na Dinamarca por Christian V Na
Alemanha tal instituto encontra-se no Coacutedigo de Pressuniano promulgado por Frederico
Guilherme II em 1751 e no Codex Maximilianus da Bavaacuteria de 175617
Essa legislaccedilatildeo influenciou o Coacutedigo Napoleocircnico de 1791 apesar da normativa
sobre o instituto da adoccedilatildeo natildeo houve uma aceitaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo frequumlente tendo em vista
a suspeita de favorecimento a fraude e agrave lei fiscal18
O Coacutedigo Napoleocircnico de 1971 contemplava quatro tipos de adoccedilatildeo19
a) adoccedilatildeo ordinaacuteria ndash depende de homologaccedilatildeo judicial permitida a maiores de50 anos
e diferenccedila de 15 anos entre o adotado altera nome tem direitos sucessoacuterios
b) adoccedilatildeo remuneratoacuteria ndash destinada a quem tivesse salvo a vida do adotando
irrevogaacutevel
c) adoccedilatildeo testamentaacuteria ndash permitida ao tutor apoacutes 5 anos de tutela
d) tutela oficiosa ndash uma espeacutecie de adoccedilatildeo provisoacuteria em favor dos menores
Por fim as Ordenaccedilotildees advieram do direito geral portuguecircs primeiro as Ordenaccedilotildees
Afonsinas de 1446 a 1514 que para o Brasil entraram em vigor agrave partir de 1500 sendo esta
substituiacuteda pelas Ordenaccedilotildees Manuelinas em 1514 e por uacuteltimo as Ordenaccedilotildees Filipinas em
1603 que vigoraram ateacute a promulgaccedilatildeo do da Lei nordm Coacutedigo Civil em 191620
_____________ 17 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo PauloLeud 1999 p 40 18 Op cit p 14 p 40 19 Op cit p 14 p 41 20 Op cit p 14 p 41
Nessa fase a adoccedilatildeo era regulada por inuacutemeros textos e passagens sem uma norma
especiacutefica
Com as Ordenaccedilotildees o instituto adquiriu o nome de perfilhamento e tinha como
objetivo tornar como herdeiro na sucessatildeo o filho tido mesmo que fosse o filho espuacuterio ou
o filho adulterino21
Com a independecircncia as Ordenaccedilotildees passaram a perder a sua validade em nosso
ordenamento juriacutedicoem virtude dos inuacutemeros diplomas e regulamentos que passaram a
vigorar na eacutepoca poreacutem a revogaccedilatildeo total soacute ocorreu com o advento do Coacutedigo Civil de
191622
12 CONCEITO
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de
solidariedade ou seja a chance de crianccedilas e adolescentes de terem um lar uma famiacutelia jaacute
que foram desprovidos de alguma forma de seus familiares
Para o conceito de adoccedilatildeo existem vaacuterias definiccedilotildees Em uma conceituaccedilatildeo simples e
clara podemos dizer que a adoccedilatildeo eacute um ato juriacutedico que tem por finalidade criar entre duas
pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue23
Ainda pode ser definida como o ato de ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco civil
portanto de suma importacircncia para a sociedade brasileira tendo em vista que tal ato
juriacutedico coaduna na esfera da vontade dos particulares com a devida permissatildeo da lei
__________ 21 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 42 22 Op cit p 15 p 42 23 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147
criando entre essas pessoas estranhas uma relaccedilatildeo anaacuteloga como agraves oriundas da filiaccedilatildeo
legiacutetima24
A adoccedilatildeo tambeacutem pode ser conceituada como o ato juriacutedico pelo qual o viacutenculo
familiar eacute criado em virtude do proacuteprio ato pelo legislador25
Alguns autores definem a adoccedilatildeo apenas como o instituto que daacute ao filho adotivo o
status idecircntico ao do filho legiacutetimo
Passamos a analisar a conceituaccedilatildeo dos seguintes juristas
Para Clovis Bevilacqua a adoccedilatildeo se destinava a suprir a falta de filho que tem como
ato civil aacute aceitaccedilatildeo de um estranho como filho26
Para a Profa Maria Helena Diniz a adoccedilatildeo eacute uma instituiccedilatildeo de caraacuteter humanitaacuterio
que tem por um lado dar aqueles a quem a natureza negou um lar e uma famiacutelia e por outro
lado a uma finalidade assistencial constituindo um meio de melhorar a condiccedilatildeo moral e
material do adotado27
Para Walter Gaspar a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica a qual se estabelece uma relaccedilatildeo
de parentesco que independe do fato natural da procriaccedilatildeo28
Para Orlando Gomes a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece independente
do fato natural o viacutenculo de filiaccedilatildeo legal que permite a constituiccedilatildeo entre duas pessoas do
laccedilo de parentesco do primeiro grau em linha reta29
_________ 24 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 25 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 26 Op cit p 16 p 63 27 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 28 GASPAR Walter Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003 p 315 29 ORLANDO Gomes Instituiccedilotildees de Direito Civil Satildeo Paulo Forense1996 p 226
Jose Maria Leoni Lopes de Oliveira define a adoccedilatildeo como um instituto juriacutedico que
procura imitar a filiaccedilatildeo natural30
Para Silvio Rodrigues a adoccedilatildeo eacute o ato do adotante pelo qual ele traz para a sua
famiacutelia e na condiccedilatildeo de filho pessoa que lhe eacute estranha31
Para Caio Mario da Silva a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual uma pessoa recebe
outra como filho independentemente de existir entre elas qualquer relaccedilatildeo de parentesco
cosanguiacuteneo ou afim32
Para Antunes Varella a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece entre duas
pessoas adotante de um lado e adotado de outro independente dos laccedilos de sangueuma
relaccedilatildeo legal de filiaccedilatildeo33
Para o Prof Arnoldo Wald a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco
civil Eacute um ato juriacutedico bilateral que gera laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre pessoas para
as quais tal relaccedilatildeo inexiste materialmente34
Para Carbonnier a filiaccedilatildeo adotiva eacute uma filiaccedilatildeo puramente juriacutedica que repousa
na pressuposiccedilatildeo de uma realidade natildeo bioloacutegica mas afetiva35
E para Dusi a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico solene em virtude do qual agrave vontade dos
particulares com a permissatildeo da lei cria entre pessoas naturalmente estranhas uma a outra
relaccedilotildees anaacutelogas as oriundas da filiaccedilatildeo legiacutetima36
__________ 31 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147 32 Direito Civil ndash Famiacutelia Satildeo Paulo Forense 1999 p330 48 op Cit p 17 p 330 33 Op Cit p 17 p 148 534WALD Arnold O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 35 Op cit p 17 apud Droit Civil 2 ndash La Famile nordm 354 p 519 36 Op cit p 17 p 217
No contexto das diversas definiccedilotildees atribuiacutedas a adoccedilatildeo podemos
verificar que esta se contrapotildee-se a filiaccedilatildeo legiacutetima ou natural por
sua caracteriacutestica artificial pois resulta da manifestaccedilatildeo de vontade e
de sentenccedila judicial Enquanto a filiaccedilatildeo natural tem seu viacutenculo
formado apenas no sangue
Contudo os efeitos da adoccedilatildeo em nosso ordenamento juriacutedico geram
as mesmas relaccedilotildees da filiaccedilatildeo natural
13 NATUREZA JURIacuteDICA
A natureza juriacutedica da adoccedilatildeo sempre foi muito controvertida para alguns
doutrinadores a adoccedilatildeo apenas eacute uma relaccedilatildeo juriacutedica enquanto para outros eacute negoacutecio
unilateral tendo em vista a vontade do adotante37
Com o passar dos tempos a mudou a sua finalidade antes se destinava
a atender aos interesses religiosos dos adotantes hoje se preocupa
mais com o interesse dos adotados objetivando proporcionar uma
famiacutelia38
A dificuldade em definir a natureza juriacutedica da adoccedilatildeo decorre da sua
natureza e da origem do seu ato
Assim para alguns autores adoccedilatildeo seria uma forma de contrato
devido agrave bilateralidade do ato pois eacute preciso a manifestaccedilatildeo de duas
vontades a do adotante e do adotado Sendo que agraves vezes o adotado eacute
representado poreacutem a vontade do adotando inexiste em algumas
situaccedilotildees o que dificulta a compreensatildeo dessa doutrina39
__________ 37 Op cit p 17 p 320 38 Op cit p 17 p 149 39 Op cit p 17 p 320
Para outros autores a adoccedilatildeo eacute instituto juriacutedico de ordem puacuteblica sendo necessaacuterio
a manifestaccedilatildeo do Estado declarando ou natildeo a adoccedilatildeo40
No Coacutedigo Civil de 1916 a adoccedilatildeo tinha a natureza de contrato
devido agrave solenidade exigida na lei da escritura puacuteblica realccedilando a
natureza negocial do instituto como contrato de famiacutelia disposto no
artigo 37541
Nessa eacutepoca havia duas formas distintas de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo simples
e a adoccedilatildeo plena e cada uma delas apresentava natureza proacutepria42
No Estatuto natildeo prevalece apenas a bilateralidade de vontades pois o Estado
participa de forma ativa exigindo-se tambeacutem uma sentenccedila judicial pois sem esta natildeo
haveraacute adoccedilatildeo 43
O Coacutedigo Civil de 2002 requer a presenccedila dos adotantes do Estado e somente
ocorreraacute se for atraveacutes de sentenccedila judicial
Pode-se assim concluir que a adoccedilatildeo eacute um ato complexo o
qual tem na sua primeira fase um caraacuteter negocial em seguida a
manifestaccedilatildeo de vontade dos adotantes e adotados e em sua segunda
fase tem caraacuteter judicial a fim de verificar a conveniecircncia ou natildeo da
adoccedilatildeo que culmina com a sentenccedila judicial44
Portanto a accedilatildeo de adoccedilatildeo eacute accedilatildeo do estado de caraacuteter constitutivo
conferindo a posiccedilatildeo de filho ao adotado atraveacutes de sentenccedila judicial
____________ 40 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p320 41 Op cit p 19 p 316
42 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Rio de Janeiro Atlas 2001 p 257 43 Op cit p 19 p 320
44 Op cit p 19 p 316 14 EVOLUCcedilAtildeO LEGISLATIVA DA ADOCcedilAtildeO
No Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 3071 de 01 de maio de 1916 vigoravam as
Ordenaccedilotildees Afonsinas Filipinas e Manuelinas45
Com o advento do Coacutedigo Civil de 1916 ocorreu a sistematizaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos
artigos 368 a 378 de caraacuteter essencialmente privado
Todavia o nosso direito paacutetrio da eacutepoca revelava as influecircncias do direito romano
do direito canocircnico das Ordenaccedilotildees Afonsinas Manuelinas e Filipinas46
No coacutedigo de 1916 a adoccedilatildeo era definida como o ato civil pelo qual algueacutem aceita
um estranho na qualidade de filho contudo tal conceito trazia consigo as suas restriccedilotildees47
Nessa eacutepoca havia restriccedilotildees quanto agrave adoccedilatildeo pois a mesma se destinava a habilitar
pessoas com mais de 50 anos exigindo a diferenccedila miacutenima de 18 anos entre adotado e
adotante e natildeo haveria direito de sucessatildeo ao adotado
Em 1957 adveio o Estatuto da adoccedilatildeo - Lei nordm 3133 de 08 de maio de 1957 E em
1979 o Coacutedigo de Menores Lei nordm 6667 de 10 de outubro de 1979 ambos traziam algumas
modificaccedilotildees que eliminava certas restriccedilotildees do Coacutedigo Civil de 191648
Algumas dessas modificaccedilotildees trazidas foi a de possibilidade de se adotar aos 30
anos e a diferenccedila de idade entre adotando e adotado passou a ser de 16 anos eliminou-se
tambeacutem o preacute-requisito de que somente casais sem filhos poderiam adotar49
______________ 45 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 38 46 Opcit p 20 p 42 47 Opcit p 20 p 84 48 Opcit p 20 p 40 49 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo em 1988 e com o advento do Estatuto da
Crianccedila e do Adolescente ndash ECA em 1990 consegui-se eliminar todas as restriccedilotildees
pertinentes agrave diferenccedila entre filhos adotivos ilegiacutetimos eou aduacutelterinos50
Assim hoje o filho adotivo tem os mesmos direitos garantias e deveres dos filhos
bioloacutegicos artigo 227 sectordm da CRFB
A partir de 1990 as regras da adoccedilatildeo passaram a visar mais os interesses direitos e
reais e necessidades dos adotandos O que se pretendia era encontrar uma famiacutelia adequada
aos menores e natildeo a busca de uma crianccedila para aqueles que pretendem adotar51
Jaacute o novo Coacutedigo Civil trata desse instituto da aceitaccedilatildeo legal de estranho no seio
familiar nos artigos 1618 a 1629 passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que
originariamente natildeo eacute criando com este laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com todos os
direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo inexiste
naturalmente52
E corroborando com o instituto da adoccedilatildeo o nosso texto constitucional assegura em
seu artigo 227 o direito de se ter uma famiacutelia o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave
educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura ao respeito agrave dignidade agrave liberdade e a
convivecircncia familiar 53
Esse direito de se ter uma famiacutelia consagrado na Carta Magna adveacutem do direito
positivo brasileiro do direito natural do simples direito de se ter um lar
__________ 50 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 150 51 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41 52 As modificaccedilotildees introduzidas agrave partir do advento do Novo Coacutedigo Civil ndash Lei nordm 1040602 53 CONSTITUICcedilAcircO FEDERAL EC nordm 45 Rio de Janeiro 2005 p 149
A adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia da proteccedilatildeo ao adotado e cuja finalidade
eacute a de dar um lar aos menores criando para esses menores um ambiente familiar e o
equiparando o adotado como filho legiacutetimo
Egrave um instituto de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo agravequeles que precisam de um
lar amor carinho e dignidade
Tem por finalidade fundamental dar filhos agravequeles que natildeo podem ter
biologicamente e de dar pais agravequeles que se encontram desamparados por algum motivo
Assim a adoccedilatildeo que fugir desses paracircmetros a que estaacute destinada estaraacute distorcendo a
finalidade do ordenamento a que lei se destina
Ficando constatado que a adoccedilatildeo no Brasil constitui um imperativo de ordem eacutetica
de natureza constitucional pois natildeo se pode construir uma sociedade mentalmente satilde sobre
as bases de abandono de crianccedilas os futuros homens de amanhatilde
CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
A adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil de 1916 era regulada nos artigos de 368 a 378 Nesse
Coacutedigo havia previsatildeo legal para duas modalidades de adoccedilatildeo54
A adoccedilatildeo simples estabelecia o viacutenculo de filiaccedilatildeo entre adotante e adotado
podendo o adotante ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos regia-se pelo Coacutedigo
Civil de 1916 e pela Lei nordm 313355
A adoccedilatildeo plena era espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser
irrevogavelmente para todos os efeitos legais a ser filhos dos adotantes desligando-se de
qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais
introduzido pela Lei nordm 669779
Nesse Coacutedigo Civil a adoccedilatildeo aplicava-se aos maiores de 18 anos e realccedilava a sua
natureza negocial do instituto tendo em vista a solenidade da escritura puacuteblica que a lei
exigia como contrato de direito de famiacutelia Somente seria a adoccedilatildeo consumada com a
devida averbaccedilatildeo da escritura no registro civil e no ato da adoccedilatildeo seriam declarados quais
os nomes da famiacutelia passaria o adotado a usar
Eram requisitos para adoccedilatildeo nesta legislaccedilatildeo de 1916 que o adotante fosse 16 anos
mais velho que o adotando com mais de 30 anos de idade se o adotante fosse casado o
casamento deveria ter duraccedilatildeo superior agrave cinco anos duas pessoas natildeo poderiam adotar
conjuntamente se natildeo forem marido e mulher e o adotando com maior de 18 anos o tutor
ou curador poderiam adotar depois de prestadas as contas ocorria atraveacutes de escritura
puacuteblica havia previsatildeo de adoccedilatildeo por estrangeiros sem restriccedilatildeo55
______________ 54 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 55 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p 323
Com o advento da Lei nordm 104062002 o instituto da adoccedilatildeo passou a ser tratado nos
artigos de 1618 a 1629 como jaacute mencionado E por conta da nova legislaccedilatildeo a adoccedilatildeo
simples e a adoccedilatildeo plena deixam de existir passando a adoccedilatildeo ser irrestrita 56
Hoje o Novo Coacutedigo - Lei nordm 104062002 se preocupa em seus artigos com a
adoccedilatildeo de forma global ou seja com a adoccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes e principalmente
com a primazia do interesse do adotado
Assim o instituto da adoccedilatildeo passa a ser regido nos seguintes termos57
No art 1618 Somente pessoa maior de dezoito anos pode adotar
Analisando este artigo pode-se constatar que houve a reduccedilatildeo da idade miacutenima para
adotar antes exigida de 35 anos
E em seu Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo poderaacute ser formalizada por ambos os cocircnjuges
ou companheiros desde que um deles tenha completado dezoito anos de idade comprovada
a estabilidade da famiacutelia
Os artigos 1619 e 1620 natildeo tiveram alteradas a sua redaccedilatildeo
De acordo com o artigo 1619 o adotante haacute de ser pelo menos dezesseis anos mais
velho que o adotado E no artigo 1620 enquanto natildeo der contas de sua administraccedilatildeo e natildeo
saldar o deacutebito natildeo poderaacute o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o curatelado
O artigo 1621 descreve que a adoccedilatildeo depende de consentimento dos pais ou dos
representantes legais de quem se deseja adotar e da concordacircncia deste se contar mais de
doze anos
______________
56 Op cit p 23 p 425
57 Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003 p 452-459
sect 1o O consentimento seraacute dispensado em relaccedilatildeo agrave crianccedila ou adolescente cujos
pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder familiar
sect 2o O consentimento previsto no caput eacute revogaacutevel ateacute a publicaccedilatildeo da sentenccedila
constitutiva da adoccedilatildeo
O novo dispositivo diminui a idade miacutenima do adotado para manifestar o seu
consentimento para 12 anos no regime anterior era de 14 anos
De acordo co o artigo 1622 ningueacutem poderaacute ser adotado por duas pessoas salvo se
forem marido e mulher ou se viverem em uniatildeo estaacutevel
Neste artigo foi acrescentado o paraacutegrafo uacutenico que acrescenta a posiccedilatildeo da adoccedilatildeo
por companheiros ou daqueles que vivem em uniatildeo estaacutevel
Paraacutegrafo uacutenico Os divorciados e os judicialmente separados poderatildeo adotar
conjuntamente contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o
estaacutegio de convivecircncia tenha sido iniciado na constacircncia da sociedade conjugal
No artigo 1623 a adoccedilatildeo obedeceraacute a processo judicial observados os requisitos
estabelecidos neste Coacutedigo
Houve acreacutescimo na nova legislaccedilatildeo apenas do paraacutegrafo uacutenico ao qual foi atribuiacuteda a
seguinte redaccedilatildeo
Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo de maiores de dezoito anos dependeraacute igualmente da
assistecircncia efetiva do Poder Puacuteblico e de sentenccedila constitutiva
No artigo 1624 Houve a substituiccedilatildeo do ldquopaacutetrio poderrdquo por ldquopoder familiarrdquo sendo
ainda suprimida a palavra ldquomenor abandonadordquo trazido na legislaccedilatildeo de 1916
Assim dispotildee o artigo citado em que natildeo haacute necessidade do consentimento do
representante legal do menor se provado que se trata de infante exposto ou de menor cujos
pais sejam desconhecidos estejam desaparecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder
familiar sem nomeaccedilatildeo de tutor ou de oacuterfatildeo natildeo reclamado por qualquer parente por mais
de um ano
De acordo com o artigo 1625 somente seraacute admitida a adoccedilatildeo que constituir efetivo
benefiacutecio para o adotando sendo matida a mesma redaccedilatildeo
Jaacute no artigo 1626 houve acreacutescimo do paraacutegrafo uacutenico
Dipondo a seguinte redaccedilatildeo o caput a adoccedilatildeo atribui a situaccedilatildeo de filho ao adotado
desligando-o de qualquer viacutenculo com os pais e parentes consanguumliacuteneos salvo quanto aos
impedimentos para o casamento
Paraacutegrafo uacutenico se um dos cocircnjuges ou companheiros adota o filho do outro
mantecircm-se os viacutenculos de filiaccedilatildeo entre o adotado e o cocircnjuge ou companheiro do adotante
e os respectivos parentes
Com relaccedilatildeo ao artigo 1627 permaneceu a mesma redaccedilatildeo com relaccedilatildeo a decisatildeo que
confere ao adotado o sobrenome do adotante podendo determinar a modificaccedilatildeo de seu
prenome se menor a pedido do adotante ou do adotado
No artigo abaixo descrito houve a adequaccedilatildeo ao dispositivo de moda a resguardar o
princiacutepio constitucional da plena igualdade entre filhos bioloacutegicos e adotados
Dispotildee o artigo 1628 que os efeitos da adoccedilatildeo comeccedilam a partir do tracircnsito em
julgado da sentenccedila exceto se o adotante vier a falecer no curso do procedimento caso em
que teraacute forccedila retroativa agrave data do oacutebito As relaccedilotildees de parentesco se estabelecem natildeo soacute
entre o adotante e o adotado como tambeacutem entre aquele e os descendentes deste e entre o
adotado e todos os parentes do adotante
Natildeo houve alteraccedilatildeo na redaccedilatildeo do artigo 1629 apenas tal dispositivo tem o
objetivo de ajustar o Novo Coacutedigo Civil agrave lei superveniente ou seja Estatuto da Crianccedila e
do Adolescente
Dispondo o referido artigo a seguinte redaccedilatildeo a adoccedilatildeo por estrangeiro obedeceraacute
aos casos e condiccedilotildees que forem estabelecidos em lei
Assim pode-se concluir que na falta de norma reguladora para o instituto da adoccedilatildeo
desde que natildeo conflite com o Coacutedigo Civil deveraacute ser aplicado analogicamente o Estatuto da
Crianccedila e do Adolescente
Ainda constata-se que o Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute
maior de 18 anos passando o instituto da adoccedilatildeo a ser irrestrito trazendo importantes
reflexos ao nosso ordenamento juriacutedico paacutetrio no que diz respeito aos direitos da
personalidade e nos direitos sucessoacuterios Enquanto o antigo Coacutedigo Civil Brasileiro de 1916
adotava o sistema da manifestaccedilatildeo de vontade
Atualmente o Coacutedigo Civil vigente e o Estatuto da Crianccedila adotam o sistema da
sentenccedila judicial sendo que o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo para os
menores de 18 anos o que natildeo exime que a adoccedilatildeo de menor de 18 anos seja feita pelo
Coacutedigo Civil58
De acordo com a legislaccedilatildeo civil podemos conceituar a adoccedilatildeo como o ato de
filiaccedilatildeo juriacutedica que pressupotildee de afetividade e natildeo de relaccedilatildeo bioloacutegica passando o
adotado a ser tratado como se fosse filho natural constituiacutedo em benefiacutecio do adotando
_____________ 58 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 irretrataacutevel e perpeacutetuo depois de consumado que cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com
todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo
inexistia naturalmente
De forma simples podemos definir a adoccedilatildeo como modalidade de filiaccedilatildeo civil que
busca imitar a filiaccedilatildeo natural dependente da vontade de adotante e adotado e por via de
sentenccedila judicial
Assim torna-se inafastaacutevel a utilidade do instituto da adoccedilatildeo em relaccedilatildeo ao menor
carente ou em estado de abandono pois eacute de interesse do Estado a inserccedilatildeo desse menor em
um ambiente familiar
Fica claro que o instituto da adoccedilatildeo eacute de caraacuteter humanitaacuterio que tem por um lado o
escopo de proporcionar agravequeles que a quem a natureza negou filhos e por outro lado
constitui a finalidade assistencial de melhorar a condiccedilatildeo moral e material do futuro
adotado
Mas ainda muito haacute de se defender em prol do instituto da adoccedilatildeo no Brasil natildeo soacute
como forma de projeto de cidadania mas tambeacutem como forma de vida digna a aqueles que
natildeo tem um lar principalmente ao que refere aos direitos de adoccedilatildeo internacional e ainda ao
direito de adoccedilatildeo por casais homossexuais
22 REQUISITOS DA ADOCcedilAtildeO
221 Requisitos Formais
Satildeo alguns requisitos formais para a adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil vigente59
efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal
ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)
____________ 59 VENOSASilvio de Salvo Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003p349
efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal
ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)
diferenccedila miacutenima de idade entre o adotante e o adotado (artigo 1619)
consentimento do adotado de seus pais ou de seu representante (artigos 1621 sect 1ordm e
1624)
intervenccedilatildeo judicial na sua criaccedilatildeo pois somente se aperfeiccediloa perante o juiz atraveacutes de
processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico (artigo 1623 paraacutegrafo uacutenico)
irrevogabilidade (artigo 1626 caput)
estaacutegio de convivecircncia (1622 paraacutegrafo uacutenico 1ordfparte)
comprovaccedilatildeo de estabilidade familiar (artigo 1618 paraacutegrafo uacutenico in fine)
23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO
A adoccedilatildeo se daacute atraveacutes de um processo judicial perante o juiz com competecircncia na
aacuterea da infacircncia e juventude que iraacute conhecer dos pedidos da adoccedilatildeo e os seus incidentes
entre os quais a destituiccedilatildeo do paacutetrio poder e guarda para fins da adoccedilatildeo
Vislumbram-se duas hipoacuteteses em que se adota ou a famiacutelia jaacute convive com a
crianccedila ou adolescente que pretende adotar ou a famiacutelia estaacute a procura de uma crianccedila para
que venha a adotar
Na primeira hipoacutetese devem os interessados ajuizar o pedido de adoccedilatildeo atraveacutes de
advogado ou defensor puacuteblico que formularaacute o pedido diretamente em cartoacuterio atraveacutes de
peticcedilatildeo assinada pelos requerentes quando os pais forem falecidos tiverem sido destituiacutedos
do paacutetrio poder ou houverem aderido expressamente ao pedido os pais bioloacutegicos quando
conhecidos satildeo citados para querendo contestarem o pedido julgando o juiz ao final de
acordo com o interesse superior da crianccedila e do adolescente
Na segunda hipoacutetese os interessados devem requerer sua inscriccedilatildeo no cadastro do
juiacutezo de pessoas interessadas em adotar A partir daiacute instaura-se um procedimento no qual
seratildeo ouvidos pela equipe teacutecnica do juiacutezo (assistentes sociais eou psicoacutelogos) e antes da
decisatildeo que deferir a inscriccedilatildeo o Ministeacuterio Puacuteblico assistiraacute ao pedido de adoccedilatildeo conforme
previsto no artigo 227 sect5ordm da Constituiccedilatildeo Federal e emitiraacute parecer
Em seguida seratildeo incluiacutedos em grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo cujas vagas seratildeo
preenchidas de acordo com a ordem de ajuizamento do pedido de habilitaccedilatildeo respeitados os
criteacuterios estabelecidos
Os grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo possuem duraccedilatildeo prevista de 60 dias e visam
auxiliar os interessados em adotar Habilitados e inscritos no cadastro os interessados
recebem um certificado com validade de 2 anos
Satildeo necessaacuterios os seguintes documentos60
certidatildeo de casamento
atestado de residecircncia
folha de antecedentes criminais
prova de idoneidade fiacutesica e moral
prova de abandono do menor
destituiccedilatildeo do paacutetrio poder
atestado de sanidade fiacutesica
________________ 60 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
A adoccedilatildeo constitui-se por sentenccedila sendo necessaacuterio que 61
a peticcedilatildeo Inicial com os requisitos do artigo 35
se na inicial vier a concordacircncia dos pais do adotando seratildeo ouvidos pelo juiz e pelo
representante do Ministeacuterio Puacuteblico lavrando-se o termo
a autoridade juriacutedica de ofiacutecio ou o requerimento das partes e do Ministeacuterio Puacuteblico
determinaraacute a realizaccedilatildeo de estudo social ou se possiacutevel periacutecia por equipe profissional
decidindo sobre o estaacutegio de convivecircncia
Apresentado o laudo e ouvido o adotando teraacute vistas o Ministeacuterio Puacutebico
apoacutes a manifestaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico no prazo tambeacutem de 5 (cinco) dias o
juiz proferiraacute a sentenccedila
A sentenccedila judicial transitada em julgado seraacute inserida no registro civil mediante mandado do qual natildeo
se forneceraacute certidatildeo O mandado judicial cancelaraacute o registro de nascimento original do menor conforme
o artigo 16 da Lei nordm 601573 E a inscriccedilatildeo no registro constaraacute o nome dos adotantes
como pais e o nome dos seus ascendentes Assim o menor ingressa na famiacutelia do adotante
se desvinculando da famiacutelia natural
24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO
241 Efeitos pessoais
Satildeo alguns efeitos pessoais decorrentes da adoccedilatildeo62
____________________
61 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1996 p 60 62 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 430
rompimento automaacutetico do viacutenculo de parentesco com a famiacutelia de origem salvo os
impedimentos matrimocircniais (artigo 1626)
estabelecimento de verdadeiros laccedilos de parentesco civil entre adotante e adotado
abrangendo a famiacutelia do adotante (artigo 15282ordf parte)
transferecircncia definitiva e de pleno direito do poder familiar para o adotante se o adotante
for menor (artigo 1630 1634 1635 inciso V)
liberdade razoaacutevel em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo do nome do adotado (1627)
possibilidade de promoccedilatildeo da interdiccedilatildeo e inabilitaccedilatildeo do pai ou matildee adotiva pelo
adotado ou vice-versa (artigo 1768)
determinaccedilatildeo do domiacutecilio do adotado menor de idade que adquire o do adotante
242 Efeitos patrimoniais
Satildeo alguns efeitos patrimoniais produzidos pela adoccedilatildeo63
direito do adotante de administraccedilatildeo e ususfruto dos bens do adotado menor (artigo 1689
1691e 1693)
obrigaccedilatildeo do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar (artigo
1634)
dever do adotante de prestar alimentos ao adotado (artigo 1694 1696 e 1697)
direito a indenizaccedilatildeo do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante
responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menor de idade
______________
81 Op cit p 31 p 432
direito sucessoacuterio do adotado visto que se equipara ao filho advindo de parentesco
cosanguineo herdado em concorrecircncia com o cocircnjuge sobrevivente ou convivente do
falecido na qualidade de descendente do autor da heranccedila afastando todos os demais
herdeiros do adotante que natildeo tenham a qualidade de filho (artigo 1829 inciso I e
1790incisos I e II)
reciprocidade nos efeitos sucessoacuterios (artigo 1829 inciso II e 1790 inciso III)
filho adotivo natildeo estaacute compreendido na exceccedilatildeo do Coacutedigo Civil artigo 1790 inciso I
rompimento de testamento se sobrevier filho adotivo (artigo 1973)
direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciaacuterio (artigo 1951 a 1960)
superviniecircncia de filho adotivo pode revogar doaccedilotildees feitas pelo adotante ( artigo 1846 e
1789)
Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso
de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do
oacutebito64
25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO
Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se
obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do
negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do
ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade
____________
64 Op cit p 32 p 435
deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea
A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-
se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico
Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade
anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo
251 Nulidade da adoccedilatildeo
Seraacute nula a adoccedilatildeo que65
em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16
anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619
a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a
mesma pessoa (artigo 1622)
o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)
vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude
252 Anulabilidade da adoccedilatildeo
Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66
a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente
incapaz
ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado
____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435
consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz
vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores
a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado
253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo
Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67
pela falta de consentimento do adotante e adotado
pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou
interdiccedilatildeo civil
pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico
26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO
A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes
motivos68
pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil
Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a
madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave
enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou
neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade
pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil
____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437
Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste
contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a
honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila
pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue
quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva
pela morte do adotante e adotado
27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO
Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a
finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo
avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante
e adotado69
Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute
prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com
facilidade a nova famiacutelia
O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a
ser adotado
Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a
extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo
atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil
____________
69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340
28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das
crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a
prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave
poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato
infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e
ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70
A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual
adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou
tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da
juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil
Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida
familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco
passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado
29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL
A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e
do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da
Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave
crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave
educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave
__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41
convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71
Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada
por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por
procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da
adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda
de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida
pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo
por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72
Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo
de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes
independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos
havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e
qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73
Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos
adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do
bem estar do adotado
210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO
A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser
incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e
educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta
assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria
___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438
Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como
com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo
dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos
pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco
pessoal e social nas ruas das grandes cidades
Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia
importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees
sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia
Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem
por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades
coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e
ceacutelere
Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria
com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e
defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do
proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os
procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados
Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo
atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o
instituto da adoccedilatildeo
A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de
_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em
lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que
querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave
crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico
educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e
na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos
e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o
desenvolvimento da cidadania
Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que
tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria
Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir
211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO
Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75
Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma
simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo
A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais
os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a
situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem
adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda
________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser
proporcionada pelas pessoas sem adotar
Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva
jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os
interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais
vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito
simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses
O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida
cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior
(adoccedilatildeo internacional)
CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees
estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil
Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente
A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida
excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido
por pessoa residente no Paiacutes
A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico
conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei
supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida
sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76
Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo
juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a
decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham
falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm
80699077
Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da
Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da
CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia
____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464
Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por
estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos
interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas
atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os
bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal
intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando
verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em
moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias
maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado
enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees
escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos
especialmente do menorrdquo78
Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante
nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado
tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a
perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e
economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila
passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco
e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79
Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas
___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438
Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil
A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver
medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo
internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda
possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o
seu ingresso em famiacutelia substituta
Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo
internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem
conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas
Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em
seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser
interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores
para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que
visem lucro80
Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas
pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator
determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas
famiacutelias substitutas
32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR
ESTRANGEIROS
A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo
seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e
condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________
80 Op Cit p 44 p 438
parte de estrangeiros
Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida
excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo
acarreta o adotante aacute desistecircncia
Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81
impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo
estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro
residente ou domiciliado fora do paiacutes
comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de
seu paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia
especializada e credenciada no paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido
do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico
juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente
autenticados pela autoridade consular
permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a
consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo
Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e
cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no
miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos
de idade
___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439
podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar
prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista
A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82
lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo
reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante
lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica
Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de
Adoccedilatildeo de Menores de 1984)
33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA
A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua
finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores
Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia
prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse
superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas
__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485
A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo
Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de
garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados
contratantes83
Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a
Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo
Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84
requisitos para a adoccedilatildeo internacional
requisitos processuais
reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo
De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo
em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o
interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras
_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486
CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a
grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo
igualmente a possibilidade da poder adotar
A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade
Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas
aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de
constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a
reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois
assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir
famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86
Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a
uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm
sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo
Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87
____________
86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho
mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49
A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios
E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por
homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se
espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem
homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila
se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais
homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos
tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte
de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo
16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo
se forem marido e mulher
Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89
____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da
uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos
homossexuais
42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA
E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a
situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos
casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo
juriacutedica podem os casais homossexuais adotar
No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo
homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes
da jurisprudecircncia
E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a
regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais
Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata
da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo
tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um
dos parceiros90
Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo
5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a
primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei
____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade
Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca
pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do
bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais
homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve
levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo
decidindo sempre pelo bem-estar do menor91
A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece
Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao
adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo
ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia
familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo
()
sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute
casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros
A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee
Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de
estado civil
______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005
Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92
Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que
homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo
poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante
O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de
adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual
diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro
de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93
______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo
da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum
cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito
Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94
Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais
homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95
Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo
sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel
privar os homossexuais do direito agrave adotar96
E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais
flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de
tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar
seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles
que lhe acolhem97
______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53
No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo
barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao
seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira
da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da
histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a
mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para
atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem
a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua
companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de
crianccedilas devem igualmente poder adotar98
Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no
aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes
de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o
preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99
Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida
pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato
Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo
________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53
CONCLUSAtildeO
A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia
E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto
no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio
Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988
Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade
Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente
A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva
Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros
por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores
Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade
Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a
sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do
Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo
Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e
principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que
pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da
adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e
venda de crianccedilas para o estrangeiro
A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente
estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse
baseado nos artigos 1618 a 1629
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52
Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de
amor carinho e solidariedade
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CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO
12 LINEAMENTOS HISTOacuteRICOS
Historicamente o instituto da adoccedilatildeo desde os tempos mais primoacuterdios era utilizado
por nossos antepassados e com o passar dos tempos evoluiu tanto no aspecto social quanto
no aspecto juriacutedico
No direito primitivo a famiacutelia era a unidade social econocircmica e religiosa e a adoccedilatildeo
constituiacutea-se como um meio eficaz de perpetuar a famiacutelia e a religiatildeo domeacutestica ao qual
transferia-se os bens familiares pois nessa eacutepoca natildeo se conhecia do testamento1
No direito romano os imperadores utilizavam-se do instituto para designar os seus
sucessores e seus futuros Chefes de Estados deixando a adoccedilatildeo de ser um instrumento de
direito privado e passando a ser instrumento de direito puacuteblico2
E a maior prova de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor solidariedade
encontra-se narrado na Biacuteblia no nascimento de Jesus Cristo fruto
esse concebido pelo Divino Espiacuterito Santo para mostrar que natildeo haacute a
necessidade de casamento da conjunccedilatildeo carnal e de todas as
concepccedilotildees do homem para que se conceba um filho3
Tal instituto teve sua origem fundada na Biacuteblia no Coacutedigo de Hamurabi e nas Leis
de Manu4
__________ 1 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 218 2 SIQUEIRA Liboacuterni Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 34 3 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Luacutemen Iuris 1996 p 1 4 Op cit p 11 p 218
No Coacutedigo de Manu o instituto da adoccedilatildeo encontram-se descrito na Lei IX 10
ldquoAquele a quem a natureza natildeo deu filhos pode adotar um para que as cerimocircnias fuacutenebres
natildeo cessemrdquo5
As Leis de Manu determinavam que a adoccedilatildeo somente seria possiacutevel entre um
homem e um rapaz da mesma classe social e que o adotado tivesse todas as qualidades
apreciadas num filho6
Jaacute o Coacutedigo de Hamurabi eacute considerado o documento mais antigo que se tenha
notiacutecia antes de Cristo O instituto no Coacutedigo de Hamurabi era conhecido como ldquoSentenccedilas
de Direitordquo traz em seus artigos 185 a 193 e o define como ldquomacircrucircturdquoArt 185 ndash Se algueacutem
toma em adoccedilatildeo uma crianccedila ou a educa esta natildeo pode ser reclamadardquo7
Nas passagens biacuteblicas eacute possiacutevel exemplificarmos algumas dessas noccedilotildees do
instituto da adoccedilatildeo ao relatarmos alguns casos como a histoacuteria de Moiseacutes que foi adotado
por Termulus quando o encontrou agraves margens do Rio Nilo na de Mordecai que criou Eacutester
como uma irmatilde e ainda na proacutepria histoacuteria de Joseacute do Egito adotado por Potifar8
Os Hebreus chamavam a adoccedilatildeo pelo nome de ldquoleviratordquo9
De acordo com a Biacuteblia poderiam adotar tanto o pai como a matildee e a adoccedilatildeo soacute se
dava entre parentes A mulher esteacuteril poderia adotar os filhos da serva que ela havia
conduzido ao taacutelamo do marido10
__________ 5 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Luacutemen Iuris 1996 p 21 6 Op cit p 12 p 21 7 Op cit p 12 p 25 8 SZNICK Waldir Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 26 9 Op cit p 12 p 26 10 Op cit p 12 p 26
Para os Romanos a adoccedilatildeo era o ato legislativo pelo qual algueacutem perfilha um filho
que natildeo se gerou tendo em vista a necessidade da perpetuaccedilatildeo do culto domeacutestico que
tinha um valor sacral Para os romanos havia dois tipos de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo e a
adrogatio11
A adoccedilatildeo ou adoptio era instituto de direito privado destinado ao alieni juacuteris para
quem tivesse sob o paacutetrio poder da Lei das XII Taacutebuas Jaacute a adrogatio pertencia ao direito
puacuteblico a doaccedilatildeo de sui juacuteris como filho na famiacutelia de um pater famiacutelias12
Para os Gregos a adoccedilatildeo rompia todos os laccedilos da famiacutelia anterior sequer poderia
prestar o funeral dos pais anteriores A adoccedilatildeo tinha o nome de Teacutesis tambeacutem conhecida
como Ampasis13
O Direito Canocircnico desconheceu a adoccedilatildeo ateacute certo ponto e se manifestava com
reservas A igreja via a adoccedilatildeo como uma ressalva ao casamento e agrave constituiccedilatildeo da famiacutelia
legiacutetima como uma das possibilidades de se fraudar as normas vigentes que proibiam o
reconhecimento de filhos adulterinos e incestuosos14
Na Idade Meacutedia a adoccedilatildeo sucede ao processo histoacuterico da famiacutelia romana tecircm o
mesmo objetivo destinado ao culto domeacutestico daqueles que natildeo tinham descendentes
Nessa eacutepoca Justiniano reformou o instituto da adoccedilatildeo seguindo as linhas das instituiccedilotildees
orientais em especial as helecircnicas mas permanecendo a adoccedilatildeo claacutessica 15
Portanto nesse periacuteodo Justiniano a adoccedilatildeo era o ato solene pelo qual se admite em
lugar de filho quem por natureza natildeo ostenta tal qualidade16
_____________ 11 ZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 27 12 Op cit p 13 p 32 13 Op cit p 13 p 26 14 WALD Arnoldo O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo PauloSaraiva 15 SIQUEIRA Liboacuterni Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 35 16 Op cit p13 p 35
Na eacutepoca moderna o instituto da adoccedilatildeo teve a sua inspiraccedilatildeo no Direito Romano
sendo encontrado no Coacutedigo de 1683 promulgado na Dinamarca por Christian V Na
Alemanha tal instituto encontra-se no Coacutedigo de Pressuniano promulgado por Frederico
Guilherme II em 1751 e no Codex Maximilianus da Bavaacuteria de 175617
Essa legislaccedilatildeo influenciou o Coacutedigo Napoleocircnico de 1791 apesar da normativa
sobre o instituto da adoccedilatildeo natildeo houve uma aceitaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo frequumlente tendo em vista
a suspeita de favorecimento a fraude e agrave lei fiscal18
O Coacutedigo Napoleocircnico de 1971 contemplava quatro tipos de adoccedilatildeo19
a) adoccedilatildeo ordinaacuteria ndash depende de homologaccedilatildeo judicial permitida a maiores de50 anos
e diferenccedila de 15 anos entre o adotado altera nome tem direitos sucessoacuterios
b) adoccedilatildeo remuneratoacuteria ndash destinada a quem tivesse salvo a vida do adotando
irrevogaacutevel
c) adoccedilatildeo testamentaacuteria ndash permitida ao tutor apoacutes 5 anos de tutela
d) tutela oficiosa ndash uma espeacutecie de adoccedilatildeo provisoacuteria em favor dos menores
Por fim as Ordenaccedilotildees advieram do direito geral portuguecircs primeiro as Ordenaccedilotildees
Afonsinas de 1446 a 1514 que para o Brasil entraram em vigor agrave partir de 1500 sendo esta
substituiacuteda pelas Ordenaccedilotildees Manuelinas em 1514 e por uacuteltimo as Ordenaccedilotildees Filipinas em
1603 que vigoraram ateacute a promulgaccedilatildeo do da Lei nordm Coacutedigo Civil em 191620
_____________ 17 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo PauloLeud 1999 p 40 18 Op cit p 14 p 40 19 Op cit p 14 p 41 20 Op cit p 14 p 41
Nessa fase a adoccedilatildeo era regulada por inuacutemeros textos e passagens sem uma norma
especiacutefica
Com as Ordenaccedilotildees o instituto adquiriu o nome de perfilhamento e tinha como
objetivo tornar como herdeiro na sucessatildeo o filho tido mesmo que fosse o filho espuacuterio ou
o filho adulterino21
Com a independecircncia as Ordenaccedilotildees passaram a perder a sua validade em nosso
ordenamento juriacutedicoem virtude dos inuacutemeros diplomas e regulamentos que passaram a
vigorar na eacutepoca poreacutem a revogaccedilatildeo total soacute ocorreu com o advento do Coacutedigo Civil de
191622
12 CONCEITO
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de
solidariedade ou seja a chance de crianccedilas e adolescentes de terem um lar uma famiacutelia jaacute
que foram desprovidos de alguma forma de seus familiares
Para o conceito de adoccedilatildeo existem vaacuterias definiccedilotildees Em uma conceituaccedilatildeo simples e
clara podemos dizer que a adoccedilatildeo eacute um ato juriacutedico que tem por finalidade criar entre duas
pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue23
Ainda pode ser definida como o ato de ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco civil
portanto de suma importacircncia para a sociedade brasileira tendo em vista que tal ato
juriacutedico coaduna na esfera da vontade dos particulares com a devida permissatildeo da lei
__________ 21 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 42 22 Op cit p 15 p 42 23 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147
criando entre essas pessoas estranhas uma relaccedilatildeo anaacuteloga como agraves oriundas da filiaccedilatildeo
legiacutetima24
A adoccedilatildeo tambeacutem pode ser conceituada como o ato juriacutedico pelo qual o viacutenculo
familiar eacute criado em virtude do proacuteprio ato pelo legislador25
Alguns autores definem a adoccedilatildeo apenas como o instituto que daacute ao filho adotivo o
status idecircntico ao do filho legiacutetimo
Passamos a analisar a conceituaccedilatildeo dos seguintes juristas
Para Clovis Bevilacqua a adoccedilatildeo se destinava a suprir a falta de filho que tem como
ato civil aacute aceitaccedilatildeo de um estranho como filho26
Para a Profa Maria Helena Diniz a adoccedilatildeo eacute uma instituiccedilatildeo de caraacuteter humanitaacuterio
que tem por um lado dar aqueles a quem a natureza negou um lar e uma famiacutelia e por outro
lado a uma finalidade assistencial constituindo um meio de melhorar a condiccedilatildeo moral e
material do adotado27
Para Walter Gaspar a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica a qual se estabelece uma relaccedilatildeo
de parentesco que independe do fato natural da procriaccedilatildeo28
Para Orlando Gomes a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece independente
do fato natural o viacutenculo de filiaccedilatildeo legal que permite a constituiccedilatildeo entre duas pessoas do
laccedilo de parentesco do primeiro grau em linha reta29
_________ 24 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 25 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 26 Op cit p 16 p 63 27 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 28 GASPAR Walter Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003 p 315 29 ORLANDO Gomes Instituiccedilotildees de Direito Civil Satildeo Paulo Forense1996 p 226
Jose Maria Leoni Lopes de Oliveira define a adoccedilatildeo como um instituto juriacutedico que
procura imitar a filiaccedilatildeo natural30
Para Silvio Rodrigues a adoccedilatildeo eacute o ato do adotante pelo qual ele traz para a sua
famiacutelia e na condiccedilatildeo de filho pessoa que lhe eacute estranha31
Para Caio Mario da Silva a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual uma pessoa recebe
outra como filho independentemente de existir entre elas qualquer relaccedilatildeo de parentesco
cosanguiacuteneo ou afim32
Para Antunes Varella a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece entre duas
pessoas adotante de um lado e adotado de outro independente dos laccedilos de sangueuma
relaccedilatildeo legal de filiaccedilatildeo33
Para o Prof Arnoldo Wald a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco
civil Eacute um ato juriacutedico bilateral que gera laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre pessoas para
as quais tal relaccedilatildeo inexiste materialmente34
Para Carbonnier a filiaccedilatildeo adotiva eacute uma filiaccedilatildeo puramente juriacutedica que repousa
na pressuposiccedilatildeo de uma realidade natildeo bioloacutegica mas afetiva35
E para Dusi a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico solene em virtude do qual agrave vontade dos
particulares com a permissatildeo da lei cria entre pessoas naturalmente estranhas uma a outra
relaccedilotildees anaacutelogas as oriundas da filiaccedilatildeo legiacutetima36
__________ 31 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147 32 Direito Civil ndash Famiacutelia Satildeo Paulo Forense 1999 p330 48 op Cit p 17 p 330 33 Op Cit p 17 p 148 534WALD Arnold O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 35 Op cit p 17 apud Droit Civil 2 ndash La Famile nordm 354 p 519 36 Op cit p 17 p 217
No contexto das diversas definiccedilotildees atribuiacutedas a adoccedilatildeo podemos
verificar que esta se contrapotildee-se a filiaccedilatildeo legiacutetima ou natural por
sua caracteriacutestica artificial pois resulta da manifestaccedilatildeo de vontade e
de sentenccedila judicial Enquanto a filiaccedilatildeo natural tem seu viacutenculo
formado apenas no sangue
Contudo os efeitos da adoccedilatildeo em nosso ordenamento juriacutedico geram
as mesmas relaccedilotildees da filiaccedilatildeo natural
13 NATUREZA JURIacuteDICA
A natureza juriacutedica da adoccedilatildeo sempre foi muito controvertida para alguns
doutrinadores a adoccedilatildeo apenas eacute uma relaccedilatildeo juriacutedica enquanto para outros eacute negoacutecio
unilateral tendo em vista a vontade do adotante37
Com o passar dos tempos a mudou a sua finalidade antes se destinava
a atender aos interesses religiosos dos adotantes hoje se preocupa
mais com o interesse dos adotados objetivando proporcionar uma
famiacutelia38
A dificuldade em definir a natureza juriacutedica da adoccedilatildeo decorre da sua
natureza e da origem do seu ato
Assim para alguns autores adoccedilatildeo seria uma forma de contrato
devido agrave bilateralidade do ato pois eacute preciso a manifestaccedilatildeo de duas
vontades a do adotante e do adotado Sendo que agraves vezes o adotado eacute
representado poreacutem a vontade do adotando inexiste em algumas
situaccedilotildees o que dificulta a compreensatildeo dessa doutrina39
__________ 37 Op cit p 17 p 320 38 Op cit p 17 p 149 39 Op cit p 17 p 320
Para outros autores a adoccedilatildeo eacute instituto juriacutedico de ordem puacuteblica sendo necessaacuterio
a manifestaccedilatildeo do Estado declarando ou natildeo a adoccedilatildeo40
No Coacutedigo Civil de 1916 a adoccedilatildeo tinha a natureza de contrato
devido agrave solenidade exigida na lei da escritura puacuteblica realccedilando a
natureza negocial do instituto como contrato de famiacutelia disposto no
artigo 37541
Nessa eacutepoca havia duas formas distintas de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo simples
e a adoccedilatildeo plena e cada uma delas apresentava natureza proacutepria42
No Estatuto natildeo prevalece apenas a bilateralidade de vontades pois o Estado
participa de forma ativa exigindo-se tambeacutem uma sentenccedila judicial pois sem esta natildeo
haveraacute adoccedilatildeo 43
O Coacutedigo Civil de 2002 requer a presenccedila dos adotantes do Estado e somente
ocorreraacute se for atraveacutes de sentenccedila judicial
Pode-se assim concluir que a adoccedilatildeo eacute um ato complexo o
qual tem na sua primeira fase um caraacuteter negocial em seguida a
manifestaccedilatildeo de vontade dos adotantes e adotados e em sua segunda
fase tem caraacuteter judicial a fim de verificar a conveniecircncia ou natildeo da
adoccedilatildeo que culmina com a sentenccedila judicial44
Portanto a accedilatildeo de adoccedilatildeo eacute accedilatildeo do estado de caraacuteter constitutivo
conferindo a posiccedilatildeo de filho ao adotado atraveacutes de sentenccedila judicial
____________ 40 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p320 41 Op cit p 19 p 316
42 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Rio de Janeiro Atlas 2001 p 257 43 Op cit p 19 p 320
44 Op cit p 19 p 316 14 EVOLUCcedilAtildeO LEGISLATIVA DA ADOCcedilAtildeO
No Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 3071 de 01 de maio de 1916 vigoravam as
Ordenaccedilotildees Afonsinas Filipinas e Manuelinas45
Com o advento do Coacutedigo Civil de 1916 ocorreu a sistematizaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos
artigos 368 a 378 de caraacuteter essencialmente privado
Todavia o nosso direito paacutetrio da eacutepoca revelava as influecircncias do direito romano
do direito canocircnico das Ordenaccedilotildees Afonsinas Manuelinas e Filipinas46
No coacutedigo de 1916 a adoccedilatildeo era definida como o ato civil pelo qual algueacutem aceita
um estranho na qualidade de filho contudo tal conceito trazia consigo as suas restriccedilotildees47
Nessa eacutepoca havia restriccedilotildees quanto agrave adoccedilatildeo pois a mesma se destinava a habilitar
pessoas com mais de 50 anos exigindo a diferenccedila miacutenima de 18 anos entre adotado e
adotante e natildeo haveria direito de sucessatildeo ao adotado
Em 1957 adveio o Estatuto da adoccedilatildeo - Lei nordm 3133 de 08 de maio de 1957 E em
1979 o Coacutedigo de Menores Lei nordm 6667 de 10 de outubro de 1979 ambos traziam algumas
modificaccedilotildees que eliminava certas restriccedilotildees do Coacutedigo Civil de 191648
Algumas dessas modificaccedilotildees trazidas foi a de possibilidade de se adotar aos 30
anos e a diferenccedila de idade entre adotando e adotado passou a ser de 16 anos eliminou-se
tambeacutem o preacute-requisito de que somente casais sem filhos poderiam adotar49
______________ 45 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 38 46 Opcit p 20 p 42 47 Opcit p 20 p 84 48 Opcit p 20 p 40 49 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo em 1988 e com o advento do Estatuto da
Crianccedila e do Adolescente ndash ECA em 1990 consegui-se eliminar todas as restriccedilotildees
pertinentes agrave diferenccedila entre filhos adotivos ilegiacutetimos eou aduacutelterinos50
Assim hoje o filho adotivo tem os mesmos direitos garantias e deveres dos filhos
bioloacutegicos artigo 227 sectordm da CRFB
A partir de 1990 as regras da adoccedilatildeo passaram a visar mais os interesses direitos e
reais e necessidades dos adotandos O que se pretendia era encontrar uma famiacutelia adequada
aos menores e natildeo a busca de uma crianccedila para aqueles que pretendem adotar51
Jaacute o novo Coacutedigo Civil trata desse instituto da aceitaccedilatildeo legal de estranho no seio
familiar nos artigos 1618 a 1629 passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que
originariamente natildeo eacute criando com este laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com todos os
direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo inexiste
naturalmente52
E corroborando com o instituto da adoccedilatildeo o nosso texto constitucional assegura em
seu artigo 227 o direito de se ter uma famiacutelia o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave
educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura ao respeito agrave dignidade agrave liberdade e a
convivecircncia familiar 53
Esse direito de se ter uma famiacutelia consagrado na Carta Magna adveacutem do direito
positivo brasileiro do direito natural do simples direito de se ter um lar
__________ 50 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 150 51 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41 52 As modificaccedilotildees introduzidas agrave partir do advento do Novo Coacutedigo Civil ndash Lei nordm 1040602 53 CONSTITUICcedilAcircO FEDERAL EC nordm 45 Rio de Janeiro 2005 p 149
A adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia da proteccedilatildeo ao adotado e cuja finalidade
eacute a de dar um lar aos menores criando para esses menores um ambiente familiar e o
equiparando o adotado como filho legiacutetimo
Egrave um instituto de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo agravequeles que precisam de um
lar amor carinho e dignidade
Tem por finalidade fundamental dar filhos agravequeles que natildeo podem ter
biologicamente e de dar pais agravequeles que se encontram desamparados por algum motivo
Assim a adoccedilatildeo que fugir desses paracircmetros a que estaacute destinada estaraacute distorcendo a
finalidade do ordenamento a que lei se destina
Ficando constatado que a adoccedilatildeo no Brasil constitui um imperativo de ordem eacutetica
de natureza constitucional pois natildeo se pode construir uma sociedade mentalmente satilde sobre
as bases de abandono de crianccedilas os futuros homens de amanhatilde
CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
A adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil de 1916 era regulada nos artigos de 368 a 378 Nesse
Coacutedigo havia previsatildeo legal para duas modalidades de adoccedilatildeo54
A adoccedilatildeo simples estabelecia o viacutenculo de filiaccedilatildeo entre adotante e adotado
podendo o adotante ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos regia-se pelo Coacutedigo
Civil de 1916 e pela Lei nordm 313355
A adoccedilatildeo plena era espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser
irrevogavelmente para todos os efeitos legais a ser filhos dos adotantes desligando-se de
qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais
introduzido pela Lei nordm 669779
Nesse Coacutedigo Civil a adoccedilatildeo aplicava-se aos maiores de 18 anos e realccedilava a sua
natureza negocial do instituto tendo em vista a solenidade da escritura puacuteblica que a lei
exigia como contrato de direito de famiacutelia Somente seria a adoccedilatildeo consumada com a
devida averbaccedilatildeo da escritura no registro civil e no ato da adoccedilatildeo seriam declarados quais
os nomes da famiacutelia passaria o adotado a usar
Eram requisitos para adoccedilatildeo nesta legislaccedilatildeo de 1916 que o adotante fosse 16 anos
mais velho que o adotando com mais de 30 anos de idade se o adotante fosse casado o
casamento deveria ter duraccedilatildeo superior agrave cinco anos duas pessoas natildeo poderiam adotar
conjuntamente se natildeo forem marido e mulher e o adotando com maior de 18 anos o tutor
ou curador poderiam adotar depois de prestadas as contas ocorria atraveacutes de escritura
puacuteblica havia previsatildeo de adoccedilatildeo por estrangeiros sem restriccedilatildeo55
______________ 54 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 55 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p 323
Com o advento da Lei nordm 104062002 o instituto da adoccedilatildeo passou a ser tratado nos
artigos de 1618 a 1629 como jaacute mencionado E por conta da nova legislaccedilatildeo a adoccedilatildeo
simples e a adoccedilatildeo plena deixam de existir passando a adoccedilatildeo ser irrestrita 56
Hoje o Novo Coacutedigo - Lei nordm 104062002 se preocupa em seus artigos com a
adoccedilatildeo de forma global ou seja com a adoccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes e principalmente
com a primazia do interesse do adotado
Assim o instituto da adoccedilatildeo passa a ser regido nos seguintes termos57
No art 1618 Somente pessoa maior de dezoito anos pode adotar
Analisando este artigo pode-se constatar que houve a reduccedilatildeo da idade miacutenima para
adotar antes exigida de 35 anos
E em seu Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo poderaacute ser formalizada por ambos os cocircnjuges
ou companheiros desde que um deles tenha completado dezoito anos de idade comprovada
a estabilidade da famiacutelia
Os artigos 1619 e 1620 natildeo tiveram alteradas a sua redaccedilatildeo
De acordo com o artigo 1619 o adotante haacute de ser pelo menos dezesseis anos mais
velho que o adotado E no artigo 1620 enquanto natildeo der contas de sua administraccedilatildeo e natildeo
saldar o deacutebito natildeo poderaacute o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o curatelado
O artigo 1621 descreve que a adoccedilatildeo depende de consentimento dos pais ou dos
representantes legais de quem se deseja adotar e da concordacircncia deste se contar mais de
doze anos
______________
56 Op cit p 23 p 425
57 Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003 p 452-459
sect 1o O consentimento seraacute dispensado em relaccedilatildeo agrave crianccedila ou adolescente cujos
pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder familiar
sect 2o O consentimento previsto no caput eacute revogaacutevel ateacute a publicaccedilatildeo da sentenccedila
constitutiva da adoccedilatildeo
O novo dispositivo diminui a idade miacutenima do adotado para manifestar o seu
consentimento para 12 anos no regime anterior era de 14 anos
De acordo co o artigo 1622 ningueacutem poderaacute ser adotado por duas pessoas salvo se
forem marido e mulher ou se viverem em uniatildeo estaacutevel
Neste artigo foi acrescentado o paraacutegrafo uacutenico que acrescenta a posiccedilatildeo da adoccedilatildeo
por companheiros ou daqueles que vivem em uniatildeo estaacutevel
Paraacutegrafo uacutenico Os divorciados e os judicialmente separados poderatildeo adotar
conjuntamente contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o
estaacutegio de convivecircncia tenha sido iniciado na constacircncia da sociedade conjugal
No artigo 1623 a adoccedilatildeo obedeceraacute a processo judicial observados os requisitos
estabelecidos neste Coacutedigo
Houve acreacutescimo na nova legislaccedilatildeo apenas do paraacutegrafo uacutenico ao qual foi atribuiacuteda a
seguinte redaccedilatildeo
Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo de maiores de dezoito anos dependeraacute igualmente da
assistecircncia efetiva do Poder Puacuteblico e de sentenccedila constitutiva
No artigo 1624 Houve a substituiccedilatildeo do ldquopaacutetrio poderrdquo por ldquopoder familiarrdquo sendo
ainda suprimida a palavra ldquomenor abandonadordquo trazido na legislaccedilatildeo de 1916
Assim dispotildee o artigo citado em que natildeo haacute necessidade do consentimento do
representante legal do menor se provado que se trata de infante exposto ou de menor cujos
pais sejam desconhecidos estejam desaparecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder
familiar sem nomeaccedilatildeo de tutor ou de oacuterfatildeo natildeo reclamado por qualquer parente por mais
de um ano
De acordo com o artigo 1625 somente seraacute admitida a adoccedilatildeo que constituir efetivo
benefiacutecio para o adotando sendo matida a mesma redaccedilatildeo
Jaacute no artigo 1626 houve acreacutescimo do paraacutegrafo uacutenico
Dipondo a seguinte redaccedilatildeo o caput a adoccedilatildeo atribui a situaccedilatildeo de filho ao adotado
desligando-o de qualquer viacutenculo com os pais e parentes consanguumliacuteneos salvo quanto aos
impedimentos para o casamento
Paraacutegrafo uacutenico se um dos cocircnjuges ou companheiros adota o filho do outro
mantecircm-se os viacutenculos de filiaccedilatildeo entre o adotado e o cocircnjuge ou companheiro do adotante
e os respectivos parentes
Com relaccedilatildeo ao artigo 1627 permaneceu a mesma redaccedilatildeo com relaccedilatildeo a decisatildeo que
confere ao adotado o sobrenome do adotante podendo determinar a modificaccedilatildeo de seu
prenome se menor a pedido do adotante ou do adotado
No artigo abaixo descrito houve a adequaccedilatildeo ao dispositivo de moda a resguardar o
princiacutepio constitucional da plena igualdade entre filhos bioloacutegicos e adotados
Dispotildee o artigo 1628 que os efeitos da adoccedilatildeo comeccedilam a partir do tracircnsito em
julgado da sentenccedila exceto se o adotante vier a falecer no curso do procedimento caso em
que teraacute forccedila retroativa agrave data do oacutebito As relaccedilotildees de parentesco se estabelecem natildeo soacute
entre o adotante e o adotado como tambeacutem entre aquele e os descendentes deste e entre o
adotado e todos os parentes do adotante
Natildeo houve alteraccedilatildeo na redaccedilatildeo do artigo 1629 apenas tal dispositivo tem o
objetivo de ajustar o Novo Coacutedigo Civil agrave lei superveniente ou seja Estatuto da Crianccedila e
do Adolescente
Dispondo o referido artigo a seguinte redaccedilatildeo a adoccedilatildeo por estrangeiro obedeceraacute
aos casos e condiccedilotildees que forem estabelecidos em lei
Assim pode-se concluir que na falta de norma reguladora para o instituto da adoccedilatildeo
desde que natildeo conflite com o Coacutedigo Civil deveraacute ser aplicado analogicamente o Estatuto da
Crianccedila e do Adolescente
Ainda constata-se que o Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute
maior de 18 anos passando o instituto da adoccedilatildeo a ser irrestrito trazendo importantes
reflexos ao nosso ordenamento juriacutedico paacutetrio no que diz respeito aos direitos da
personalidade e nos direitos sucessoacuterios Enquanto o antigo Coacutedigo Civil Brasileiro de 1916
adotava o sistema da manifestaccedilatildeo de vontade
Atualmente o Coacutedigo Civil vigente e o Estatuto da Crianccedila adotam o sistema da
sentenccedila judicial sendo que o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo para os
menores de 18 anos o que natildeo exime que a adoccedilatildeo de menor de 18 anos seja feita pelo
Coacutedigo Civil58
De acordo com a legislaccedilatildeo civil podemos conceituar a adoccedilatildeo como o ato de
filiaccedilatildeo juriacutedica que pressupotildee de afetividade e natildeo de relaccedilatildeo bioloacutegica passando o
adotado a ser tratado como se fosse filho natural constituiacutedo em benefiacutecio do adotando
_____________ 58 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 irretrataacutevel e perpeacutetuo depois de consumado que cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com
todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo
inexistia naturalmente
De forma simples podemos definir a adoccedilatildeo como modalidade de filiaccedilatildeo civil que
busca imitar a filiaccedilatildeo natural dependente da vontade de adotante e adotado e por via de
sentenccedila judicial
Assim torna-se inafastaacutevel a utilidade do instituto da adoccedilatildeo em relaccedilatildeo ao menor
carente ou em estado de abandono pois eacute de interesse do Estado a inserccedilatildeo desse menor em
um ambiente familiar
Fica claro que o instituto da adoccedilatildeo eacute de caraacuteter humanitaacuterio que tem por um lado o
escopo de proporcionar agravequeles que a quem a natureza negou filhos e por outro lado
constitui a finalidade assistencial de melhorar a condiccedilatildeo moral e material do futuro
adotado
Mas ainda muito haacute de se defender em prol do instituto da adoccedilatildeo no Brasil natildeo soacute
como forma de projeto de cidadania mas tambeacutem como forma de vida digna a aqueles que
natildeo tem um lar principalmente ao que refere aos direitos de adoccedilatildeo internacional e ainda ao
direito de adoccedilatildeo por casais homossexuais
22 REQUISITOS DA ADOCcedilAtildeO
221 Requisitos Formais
Satildeo alguns requisitos formais para a adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil vigente59
efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal
ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)
____________ 59 VENOSASilvio de Salvo Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003p349
efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal
ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)
diferenccedila miacutenima de idade entre o adotante e o adotado (artigo 1619)
consentimento do adotado de seus pais ou de seu representante (artigos 1621 sect 1ordm e
1624)
intervenccedilatildeo judicial na sua criaccedilatildeo pois somente se aperfeiccediloa perante o juiz atraveacutes de
processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico (artigo 1623 paraacutegrafo uacutenico)
irrevogabilidade (artigo 1626 caput)
estaacutegio de convivecircncia (1622 paraacutegrafo uacutenico 1ordfparte)
comprovaccedilatildeo de estabilidade familiar (artigo 1618 paraacutegrafo uacutenico in fine)
23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO
A adoccedilatildeo se daacute atraveacutes de um processo judicial perante o juiz com competecircncia na
aacuterea da infacircncia e juventude que iraacute conhecer dos pedidos da adoccedilatildeo e os seus incidentes
entre os quais a destituiccedilatildeo do paacutetrio poder e guarda para fins da adoccedilatildeo
Vislumbram-se duas hipoacuteteses em que se adota ou a famiacutelia jaacute convive com a
crianccedila ou adolescente que pretende adotar ou a famiacutelia estaacute a procura de uma crianccedila para
que venha a adotar
Na primeira hipoacutetese devem os interessados ajuizar o pedido de adoccedilatildeo atraveacutes de
advogado ou defensor puacuteblico que formularaacute o pedido diretamente em cartoacuterio atraveacutes de
peticcedilatildeo assinada pelos requerentes quando os pais forem falecidos tiverem sido destituiacutedos
do paacutetrio poder ou houverem aderido expressamente ao pedido os pais bioloacutegicos quando
conhecidos satildeo citados para querendo contestarem o pedido julgando o juiz ao final de
acordo com o interesse superior da crianccedila e do adolescente
Na segunda hipoacutetese os interessados devem requerer sua inscriccedilatildeo no cadastro do
juiacutezo de pessoas interessadas em adotar A partir daiacute instaura-se um procedimento no qual
seratildeo ouvidos pela equipe teacutecnica do juiacutezo (assistentes sociais eou psicoacutelogos) e antes da
decisatildeo que deferir a inscriccedilatildeo o Ministeacuterio Puacuteblico assistiraacute ao pedido de adoccedilatildeo conforme
previsto no artigo 227 sect5ordm da Constituiccedilatildeo Federal e emitiraacute parecer
Em seguida seratildeo incluiacutedos em grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo cujas vagas seratildeo
preenchidas de acordo com a ordem de ajuizamento do pedido de habilitaccedilatildeo respeitados os
criteacuterios estabelecidos
Os grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo possuem duraccedilatildeo prevista de 60 dias e visam
auxiliar os interessados em adotar Habilitados e inscritos no cadastro os interessados
recebem um certificado com validade de 2 anos
Satildeo necessaacuterios os seguintes documentos60
certidatildeo de casamento
atestado de residecircncia
folha de antecedentes criminais
prova de idoneidade fiacutesica e moral
prova de abandono do menor
destituiccedilatildeo do paacutetrio poder
atestado de sanidade fiacutesica
________________ 60 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
A adoccedilatildeo constitui-se por sentenccedila sendo necessaacuterio que 61
a peticcedilatildeo Inicial com os requisitos do artigo 35
se na inicial vier a concordacircncia dos pais do adotando seratildeo ouvidos pelo juiz e pelo
representante do Ministeacuterio Puacuteblico lavrando-se o termo
a autoridade juriacutedica de ofiacutecio ou o requerimento das partes e do Ministeacuterio Puacuteblico
determinaraacute a realizaccedilatildeo de estudo social ou se possiacutevel periacutecia por equipe profissional
decidindo sobre o estaacutegio de convivecircncia
Apresentado o laudo e ouvido o adotando teraacute vistas o Ministeacuterio Puacutebico
apoacutes a manifestaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico no prazo tambeacutem de 5 (cinco) dias o
juiz proferiraacute a sentenccedila
A sentenccedila judicial transitada em julgado seraacute inserida no registro civil mediante mandado do qual natildeo
se forneceraacute certidatildeo O mandado judicial cancelaraacute o registro de nascimento original do menor conforme
o artigo 16 da Lei nordm 601573 E a inscriccedilatildeo no registro constaraacute o nome dos adotantes
como pais e o nome dos seus ascendentes Assim o menor ingressa na famiacutelia do adotante
se desvinculando da famiacutelia natural
24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO
241 Efeitos pessoais
Satildeo alguns efeitos pessoais decorrentes da adoccedilatildeo62
____________________
61 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1996 p 60 62 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 430
rompimento automaacutetico do viacutenculo de parentesco com a famiacutelia de origem salvo os
impedimentos matrimocircniais (artigo 1626)
estabelecimento de verdadeiros laccedilos de parentesco civil entre adotante e adotado
abrangendo a famiacutelia do adotante (artigo 15282ordf parte)
transferecircncia definitiva e de pleno direito do poder familiar para o adotante se o adotante
for menor (artigo 1630 1634 1635 inciso V)
liberdade razoaacutevel em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo do nome do adotado (1627)
possibilidade de promoccedilatildeo da interdiccedilatildeo e inabilitaccedilatildeo do pai ou matildee adotiva pelo
adotado ou vice-versa (artigo 1768)
determinaccedilatildeo do domiacutecilio do adotado menor de idade que adquire o do adotante
242 Efeitos patrimoniais
Satildeo alguns efeitos patrimoniais produzidos pela adoccedilatildeo63
direito do adotante de administraccedilatildeo e ususfruto dos bens do adotado menor (artigo 1689
1691e 1693)
obrigaccedilatildeo do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar (artigo
1634)
dever do adotante de prestar alimentos ao adotado (artigo 1694 1696 e 1697)
direito a indenizaccedilatildeo do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante
responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menor de idade
______________
81 Op cit p 31 p 432
direito sucessoacuterio do adotado visto que se equipara ao filho advindo de parentesco
cosanguineo herdado em concorrecircncia com o cocircnjuge sobrevivente ou convivente do
falecido na qualidade de descendente do autor da heranccedila afastando todos os demais
herdeiros do adotante que natildeo tenham a qualidade de filho (artigo 1829 inciso I e
1790incisos I e II)
reciprocidade nos efeitos sucessoacuterios (artigo 1829 inciso II e 1790 inciso III)
filho adotivo natildeo estaacute compreendido na exceccedilatildeo do Coacutedigo Civil artigo 1790 inciso I
rompimento de testamento se sobrevier filho adotivo (artigo 1973)
direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciaacuterio (artigo 1951 a 1960)
superviniecircncia de filho adotivo pode revogar doaccedilotildees feitas pelo adotante ( artigo 1846 e
1789)
Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso
de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do
oacutebito64
25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO
Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se
obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do
negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do
ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade
____________
64 Op cit p 32 p 435
deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea
A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-
se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico
Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade
anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo
251 Nulidade da adoccedilatildeo
Seraacute nula a adoccedilatildeo que65
em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16
anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619
a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a
mesma pessoa (artigo 1622)
o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)
vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude
252 Anulabilidade da adoccedilatildeo
Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66
a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente
incapaz
ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado
____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435
consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz
vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores
a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado
253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo
Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67
pela falta de consentimento do adotante e adotado
pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou
interdiccedilatildeo civil
pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico
26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO
A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes
motivos68
pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil
Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a
madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave
enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou
neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade
pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil
____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437
Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste
contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a
honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila
pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue
quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva
pela morte do adotante e adotado
27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO
Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a
finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo
avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante
e adotado69
Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute
prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com
facilidade a nova famiacutelia
O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a
ser adotado
Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a
extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo
atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil
____________
69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340
28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das
crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a
prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave
poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato
infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e
ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70
A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual
adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou
tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da
juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil
Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida
familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco
passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado
29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL
A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e
do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da
Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave
crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave
educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave
__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41
convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71
Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada
por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por
procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da
adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda
de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida
pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo
por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72
Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo
de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes
independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos
havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e
qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73
Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos
adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do
bem estar do adotado
210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO
A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser
incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e
educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta
assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria
___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438
Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como
com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo
dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos
pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco
pessoal e social nas ruas das grandes cidades
Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia
importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees
sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia
Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem
por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades
coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e
ceacutelere
Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria
com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e
defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do
proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os
procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados
Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo
atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o
instituto da adoccedilatildeo
A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de
_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em
lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que
querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave
crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico
educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e
na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos
e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o
desenvolvimento da cidadania
Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que
tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria
Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir
211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO
Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75
Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma
simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo
A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais
os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a
situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem
adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda
________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser
proporcionada pelas pessoas sem adotar
Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva
jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os
interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais
vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito
simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses
O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida
cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior
(adoccedilatildeo internacional)
CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees
estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil
Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente
A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida
excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido
por pessoa residente no Paiacutes
A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico
conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei
supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida
sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76
Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo
juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a
decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham
falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm
80699077
Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da
Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da
CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia
____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464
Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por
estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos
interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas
atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os
bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal
intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando
verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em
moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias
maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado
enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees
escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos
especialmente do menorrdquo78
Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante
nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado
tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a
perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e
economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila
passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco
e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79
Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas
___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438
Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil
A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver
medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo
internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda
possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o
seu ingresso em famiacutelia substituta
Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo
internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem
conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas
Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em
seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser
interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores
para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que
visem lucro80
Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas
pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator
determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas
famiacutelias substitutas
32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR
ESTRANGEIROS
A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo
seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e
condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________
80 Op Cit p 44 p 438
parte de estrangeiros
Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida
excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo
acarreta o adotante aacute desistecircncia
Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81
impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo
estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro
residente ou domiciliado fora do paiacutes
comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de
seu paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia
especializada e credenciada no paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido
do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico
juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente
autenticados pela autoridade consular
permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a
consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo
Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e
cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no
miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos
de idade
___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439
podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar
prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista
A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82
lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo
reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante
lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica
Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de
Adoccedilatildeo de Menores de 1984)
33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA
A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua
finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores
Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia
prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse
superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas
__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485
A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo
Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de
garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados
contratantes83
Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a
Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo
Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84
requisitos para a adoccedilatildeo internacional
requisitos processuais
reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo
De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo
em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o
interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras
_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486
CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a
grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo
igualmente a possibilidade da poder adotar
A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade
Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas
aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de
constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a
reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois
assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir
famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86
Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a
uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm
sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo
Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87
____________
86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho
mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49
A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios
E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por
homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se
espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem
homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila
se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais
homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos
tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte
de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo
16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo
se forem marido e mulher
Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89
____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da
uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos
homossexuais
42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA
E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a
situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos
casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo
juriacutedica podem os casais homossexuais adotar
No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo
homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes
da jurisprudecircncia
E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a
regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais
Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata
da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo
tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um
dos parceiros90
Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo
5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a
primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei
____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade
Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca
pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do
bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais
homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve
levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo
decidindo sempre pelo bem-estar do menor91
A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece
Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao
adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo
ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia
familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo
()
sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute
casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros
A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee
Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de
estado civil
______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005
Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92
Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que
homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo
poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante
O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de
adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual
diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro
de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93
______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo
da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum
cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito
Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94
Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais
homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95
Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo
sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel
privar os homossexuais do direito agrave adotar96
E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais
flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de
tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar
seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles
que lhe acolhem97
______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53
No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo
barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao
seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira
da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da
histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a
mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para
atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem
a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua
companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de
crianccedilas devem igualmente poder adotar98
Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no
aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes
de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o
preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99
Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida
pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato
Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo
________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53
CONCLUSAtildeO
A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia
E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto
no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio
Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988
Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade
Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente
A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva
Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros
por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores
Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade
Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a
sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do
Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo
Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e
principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que
pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da
adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e
venda de crianccedilas para o estrangeiro
A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente
estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse
baseado nos artigos 1618 a 1629
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52
Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de
amor carinho e solidariedade
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CAPIacuteTULO 1 ndash A ADOCcedilAtildeO
12 LINEAMENTOS HISTOacuteRICOS
Historicamente o instituto da adoccedilatildeo desde os tempos mais primoacuterdios era utilizado
por nossos antepassados e com o passar dos tempos evoluiu tanto no aspecto social quanto
no aspecto juriacutedico
No direito primitivo a famiacutelia era a unidade social econocircmica e religiosa e a adoccedilatildeo
constituiacutea-se como um meio eficaz de perpetuar a famiacutelia e a religiatildeo domeacutestica ao qual
transferia-se os bens familiares pois nessa eacutepoca natildeo se conhecia do testamento1
No direito romano os imperadores utilizavam-se do instituto para designar os seus
sucessores e seus futuros Chefes de Estados deixando a adoccedilatildeo de ser um instrumento de
direito privado e passando a ser instrumento de direito puacuteblico2
E a maior prova de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor solidariedade
encontra-se narrado na Biacuteblia no nascimento de Jesus Cristo fruto
esse concebido pelo Divino Espiacuterito Santo para mostrar que natildeo haacute a
necessidade de casamento da conjunccedilatildeo carnal e de todas as
concepccedilotildees do homem para que se conceba um filho3
Tal instituto teve sua origem fundada na Biacuteblia no Coacutedigo de Hamurabi e nas Leis
de Manu4
__________ 1 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 218 2 SIQUEIRA Liboacuterni Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 34 3 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Luacutemen Iuris 1996 p 1 4 Op cit p 11 p 218
No Coacutedigo de Manu o instituto da adoccedilatildeo encontram-se descrito na Lei IX 10
ldquoAquele a quem a natureza natildeo deu filhos pode adotar um para que as cerimocircnias fuacutenebres
natildeo cessemrdquo5
As Leis de Manu determinavam que a adoccedilatildeo somente seria possiacutevel entre um
homem e um rapaz da mesma classe social e que o adotado tivesse todas as qualidades
apreciadas num filho6
Jaacute o Coacutedigo de Hamurabi eacute considerado o documento mais antigo que se tenha
notiacutecia antes de Cristo O instituto no Coacutedigo de Hamurabi era conhecido como ldquoSentenccedilas
de Direitordquo traz em seus artigos 185 a 193 e o define como ldquomacircrucircturdquoArt 185 ndash Se algueacutem
toma em adoccedilatildeo uma crianccedila ou a educa esta natildeo pode ser reclamadardquo7
Nas passagens biacuteblicas eacute possiacutevel exemplificarmos algumas dessas noccedilotildees do
instituto da adoccedilatildeo ao relatarmos alguns casos como a histoacuteria de Moiseacutes que foi adotado
por Termulus quando o encontrou agraves margens do Rio Nilo na de Mordecai que criou Eacutester
como uma irmatilde e ainda na proacutepria histoacuteria de Joseacute do Egito adotado por Potifar8
Os Hebreus chamavam a adoccedilatildeo pelo nome de ldquoleviratordquo9
De acordo com a Biacuteblia poderiam adotar tanto o pai como a matildee e a adoccedilatildeo soacute se
dava entre parentes A mulher esteacuteril poderia adotar os filhos da serva que ela havia
conduzido ao taacutelamo do marido10
__________ 5 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Luacutemen Iuris 1996 p 21 6 Op cit p 12 p 21 7 Op cit p 12 p 25 8 SZNICK Waldir Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 26 9 Op cit p 12 p 26 10 Op cit p 12 p 26
Para os Romanos a adoccedilatildeo era o ato legislativo pelo qual algueacutem perfilha um filho
que natildeo se gerou tendo em vista a necessidade da perpetuaccedilatildeo do culto domeacutestico que
tinha um valor sacral Para os romanos havia dois tipos de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo e a
adrogatio11
A adoccedilatildeo ou adoptio era instituto de direito privado destinado ao alieni juacuteris para
quem tivesse sob o paacutetrio poder da Lei das XII Taacutebuas Jaacute a adrogatio pertencia ao direito
puacuteblico a doaccedilatildeo de sui juacuteris como filho na famiacutelia de um pater famiacutelias12
Para os Gregos a adoccedilatildeo rompia todos os laccedilos da famiacutelia anterior sequer poderia
prestar o funeral dos pais anteriores A adoccedilatildeo tinha o nome de Teacutesis tambeacutem conhecida
como Ampasis13
O Direito Canocircnico desconheceu a adoccedilatildeo ateacute certo ponto e se manifestava com
reservas A igreja via a adoccedilatildeo como uma ressalva ao casamento e agrave constituiccedilatildeo da famiacutelia
legiacutetima como uma das possibilidades de se fraudar as normas vigentes que proibiam o
reconhecimento de filhos adulterinos e incestuosos14
Na Idade Meacutedia a adoccedilatildeo sucede ao processo histoacuterico da famiacutelia romana tecircm o
mesmo objetivo destinado ao culto domeacutestico daqueles que natildeo tinham descendentes
Nessa eacutepoca Justiniano reformou o instituto da adoccedilatildeo seguindo as linhas das instituiccedilotildees
orientais em especial as helecircnicas mas permanecendo a adoccedilatildeo claacutessica 15
Portanto nesse periacuteodo Justiniano a adoccedilatildeo era o ato solene pelo qual se admite em
lugar de filho quem por natureza natildeo ostenta tal qualidade16
_____________ 11 ZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 27 12 Op cit p 13 p 32 13 Op cit p 13 p 26 14 WALD Arnoldo O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo PauloSaraiva 15 SIQUEIRA Liboacuterni Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 35 16 Op cit p13 p 35
Na eacutepoca moderna o instituto da adoccedilatildeo teve a sua inspiraccedilatildeo no Direito Romano
sendo encontrado no Coacutedigo de 1683 promulgado na Dinamarca por Christian V Na
Alemanha tal instituto encontra-se no Coacutedigo de Pressuniano promulgado por Frederico
Guilherme II em 1751 e no Codex Maximilianus da Bavaacuteria de 175617
Essa legislaccedilatildeo influenciou o Coacutedigo Napoleocircnico de 1791 apesar da normativa
sobre o instituto da adoccedilatildeo natildeo houve uma aceitaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo frequumlente tendo em vista
a suspeita de favorecimento a fraude e agrave lei fiscal18
O Coacutedigo Napoleocircnico de 1971 contemplava quatro tipos de adoccedilatildeo19
a) adoccedilatildeo ordinaacuteria ndash depende de homologaccedilatildeo judicial permitida a maiores de50 anos
e diferenccedila de 15 anos entre o adotado altera nome tem direitos sucessoacuterios
b) adoccedilatildeo remuneratoacuteria ndash destinada a quem tivesse salvo a vida do adotando
irrevogaacutevel
c) adoccedilatildeo testamentaacuteria ndash permitida ao tutor apoacutes 5 anos de tutela
d) tutela oficiosa ndash uma espeacutecie de adoccedilatildeo provisoacuteria em favor dos menores
Por fim as Ordenaccedilotildees advieram do direito geral portuguecircs primeiro as Ordenaccedilotildees
Afonsinas de 1446 a 1514 que para o Brasil entraram em vigor agrave partir de 1500 sendo esta
substituiacuteda pelas Ordenaccedilotildees Manuelinas em 1514 e por uacuteltimo as Ordenaccedilotildees Filipinas em
1603 que vigoraram ateacute a promulgaccedilatildeo do da Lei nordm Coacutedigo Civil em 191620
_____________ 17 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo PauloLeud 1999 p 40 18 Op cit p 14 p 40 19 Op cit p 14 p 41 20 Op cit p 14 p 41
Nessa fase a adoccedilatildeo era regulada por inuacutemeros textos e passagens sem uma norma
especiacutefica
Com as Ordenaccedilotildees o instituto adquiriu o nome de perfilhamento e tinha como
objetivo tornar como herdeiro na sucessatildeo o filho tido mesmo que fosse o filho espuacuterio ou
o filho adulterino21
Com a independecircncia as Ordenaccedilotildees passaram a perder a sua validade em nosso
ordenamento juriacutedicoem virtude dos inuacutemeros diplomas e regulamentos que passaram a
vigorar na eacutepoca poreacutem a revogaccedilatildeo total soacute ocorreu com o advento do Coacutedigo Civil de
191622
12 CONCEITO
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de
solidariedade ou seja a chance de crianccedilas e adolescentes de terem um lar uma famiacutelia jaacute
que foram desprovidos de alguma forma de seus familiares
Para o conceito de adoccedilatildeo existem vaacuterias definiccedilotildees Em uma conceituaccedilatildeo simples e
clara podemos dizer que a adoccedilatildeo eacute um ato juriacutedico que tem por finalidade criar entre duas
pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue23
Ainda pode ser definida como o ato de ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco civil
portanto de suma importacircncia para a sociedade brasileira tendo em vista que tal ato
juriacutedico coaduna na esfera da vontade dos particulares com a devida permissatildeo da lei
__________ 21 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 42 22 Op cit p 15 p 42 23 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147
criando entre essas pessoas estranhas uma relaccedilatildeo anaacuteloga como agraves oriundas da filiaccedilatildeo
legiacutetima24
A adoccedilatildeo tambeacutem pode ser conceituada como o ato juriacutedico pelo qual o viacutenculo
familiar eacute criado em virtude do proacuteprio ato pelo legislador25
Alguns autores definem a adoccedilatildeo apenas como o instituto que daacute ao filho adotivo o
status idecircntico ao do filho legiacutetimo
Passamos a analisar a conceituaccedilatildeo dos seguintes juristas
Para Clovis Bevilacqua a adoccedilatildeo se destinava a suprir a falta de filho que tem como
ato civil aacute aceitaccedilatildeo de um estranho como filho26
Para a Profa Maria Helena Diniz a adoccedilatildeo eacute uma instituiccedilatildeo de caraacuteter humanitaacuterio
que tem por um lado dar aqueles a quem a natureza negou um lar e uma famiacutelia e por outro
lado a uma finalidade assistencial constituindo um meio de melhorar a condiccedilatildeo moral e
material do adotado27
Para Walter Gaspar a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica a qual se estabelece uma relaccedilatildeo
de parentesco que independe do fato natural da procriaccedilatildeo28
Para Orlando Gomes a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece independente
do fato natural o viacutenculo de filiaccedilatildeo legal que permite a constituiccedilatildeo entre duas pessoas do
laccedilo de parentesco do primeiro grau em linha reta29
_________ 24 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 25 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 26 Op cit p 16 p 63 27 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 28 GASPAR Walter Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003 p 315 29 ORLANDO Gomes Instituiccedilotildees de Direito Civil Satildeo Paulo Forense1996 p 226
Jose Maria Leoni Lopes de Oliveira define a adoccedilatildeo como um instituto juriacutedico que
procura imitar a filiaccedilatildeo natural30
Para Silvio Rodrigues a adoccedilatildeo eacute o ato do adotante pelo qual ele traz para a sua
famiacutelia e na condiccedilatildeo de filho pessoa que lhe eacute estranha31
Para Caio Mario da Silva a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual uma pessoa recebe
outra como filho independentemente de existir entre elas qualquer relaccedilatildeo de parentesco
cosanguiacuteneo ou afim32
Para Antunes Varella a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece entre duas
pessoas adotante de um lado e adotado de outro independente dos laccedilos de sangueuma
relaccedilatildeo legal de filiaccedilatildeo33
Para o Prof Arnoldo Wald a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco
civil Eacute um ato juriacutedico bilateral que gera laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre pessoas para
as quais tal relaccedilatildeo inexiste materialmente34
Para Carbonnier a filiaccedilatildeo adotiva eacute uma filiaccedilatildeo puramente juriacutedica que repousa
na pressuposiccedilatildeo de uma realidade natildeo bioloacutegica mas afetiva35
E para Dusi a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico solene em virtude do qual agrave vontade dos
particulares com a permissatildeo da lei cria entre pessoas naturalmente estranhas uma a outra
relaccedilotildees anaacutelogas as oriundas da filiaccedilatildeo legiacutetima36
__________ 31 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147 32 Direito Civil ndash Famiacutelia Satildeo Paulo Forense 1999 p330 48 op Cit p 17 p 330 33 Op Cit p 17 p 148 534WALD Arnold O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 35 Op cit p 17 apud Droit Civil 2 ndash La Famile nordm 354 p 519 36 Op cit p 17 p 217
No contexto das diversas definiccedilotildees atribuiacutedas a adoccedilatildeo podemos
verificar que esta se contrapotildee-se a filiaccedilatildeo legiacutetima ou natural por
sua caracteriacutestica artificial pois resulta da manifestaccedilatildeo de vontade e
de sentenccedila judicial Enquanto a filiaccedilatildeo natural tem seu viacutenculo
formado apenas no sangue
Contudo os efeitos da adoccedilatildeo em nosso ordenamento juriacutedico geram
as mesmas relaccedilotildees da filiaccedilatildeo natural
13 NATUREZA JURIacuteDICA
A natureza juriacutedica da adoccedilatildeo sempre foi muito controvertida para alguns
doutrinadores a adoccedilatildeo apenas eacute uma relaccedilatildeo juriacutedica enquanto para outros eacute negoacutecio
unilateral tendo em vista a vontade do adotante37
Com o passar dos tempos a mudou a sua finalidade antes se destinava
a atender aos interesses religiosos dos adotantes hoje se preocupa
mais com o interesse dos adotados objetivando proporcionar uma
famiacutelia38
A dificuldade em definir a natureza juriacutedica da adoccedilatildeo decorre da sua
natureza e da origem do seu ato
Assim para alguns autores adoccedilatildeo seria uma forma de contrato
devido agrave bilateralidade do ato pois eacute preciso a manifestaccedilatildeo de duas
vontades a do adotante e do adotado Sendo que agraves vezes o adotado eacute
representado poreacutem a vontade do adotando inexiste em algumas
situaccedilotildees o que dificulta a compreensatildeo dessa doutrina39
__________ 37 Op cit p 17 p 320 38 Op cit p 17 p 149 39 Op cit p 17 p 320
Para outros autores a adoccedilatildeo eacute instituto juriacutedico de ordem puacuteblica sendo necessaacuterio
a manifestaccedilatildeo do Estado declarando ou natildeo a adoccedilatildeo40
No Coacutedigo Civil de 1916 a adoccedilatildeo tinha a natureza de contrato
devido agrave solenidade exigida na lei da escritura puacuteblica realccedilando a
natureza negocial do instituto como contrato de famiacutelia disposto no
artigo 37541
Nessa eacutepoca havia duas formas distintas de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo simples
e a adoccedilatildeo plena e cada uma delas apresentava natureza proacutepria42
No Estatuto natildeo prevalece apenas a bilateralidade de vontades pois o Estado
participa de forma ativa exigindo-se tambeacutem uma sentenccedila judicial pois sem esta natildeo
haveraacute adoccedilatildeo 43
O Coacutedigo Civil de 2002 requer a presenccedila dos adotantes do Estado e somente
ocorreraacute se for atraveacutes de sentenccedila judicial
Pode-se assim concluir que a adoccedilatildeo eacute um ato complexo o
qual tem na sua primeira fase um caraacuteter negocial em seguida a
manifestaccedilatildeo de vontade dos adotantes e adotados e em sua segunda
fase tem caraacuteter judicial a fim de verificar a conveniecircncia ou natildeo da
adoccedilatildeo que culmina com a sentenccedila judicial44
Portanto a accedilatildeo de adoccedilatildeo eacute accedilatildeo do estado de caraacuteter constitutivo
conferindo a posiccedilatildeo de filho ao adotado atraveacutes de sentenccedila judicial
____________ 40 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p320 41 Op cit p 19 p 316
42 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Rio de Janeiro Atlas 2001 p 257 43 Op cit p 19 p 320
44 Op cit p 19 p 316 14 EVOLUCcedilAtildeO LEGISLATIVA DA ADOCcedilAtildeO
No Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 3071 de 01 de maio de 1916 vigoravam as
Ordenaccedilotildees Afonsinas Filipinas e Manuelinas45
Com o advento do Coacutedigo Civil de 1916 ocorreu a sistematizaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos
artigos 368 a 378 de caraacuteter essencialmente privado
Todavia o nosso direito paacutetrio da eacutepoca revelava as influecircncias do direito romano
do direito canocircnico das Ordenaccedilotildees Afonsinas Manuelinas e Filipinas46
No coacutedigo de 1916 a adoccedilatildeo era definida como o ato civil pelo qual algueacutem aceita
um estranho na qualidade de filho contudo tal conceito trazia consigo as suas restriccedilotildees47
Nessa eacutepoca havia restriccedilotildees quanto agrave adoccedilatildeo pois a mesma se destinava a habilitar
pessoas com mais de 50 anos exigindo a diferenccedila miacutenima de 18 anos entre adotado e
adotante e natildeo haveria direito de sucessatildeo ao adotado
Em 1957 adveio o Estatuto da adoccedilatildeo - Lei nordm 3133 de 08 de maio de 1957 E em
1979 o Coacutedigo de Menores Lei nordm 6667 de 10 de outubro de 1979 ambos traziam algumas
modificaccedilotildees que eliminava certas restriccedilotildees do Coacutedigo Civil de 191648
Algumas dessas modificaccedilotildees trazidas foi a de possibilidade de se adotar aos 30
anos e a diferenccedila de idade entre adotando e adotado passou a ser de 16 anos eliminou-se
tambeacutem o preacute-requisito de que somente casais sem filhos poderiam adotar49
______________ 45 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 38 46 Opcit p 20 p 42 47 Opcit p 20 p 84 48 Opcit p 20 p 40 49 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo em 1988 e com o advento do Estatuto da
Crianccedila e do Adolescente ndash ECA em 1990 consegui-se eliminar todas as restriccedilotildees
pertinentes agrave diferenccedila entre filhos adotivos ilegiacutetimos eou aduacutelterinos50
Assim hoje o filho adotivo tem os mesmos direitos garantias e deveres dos filhos
bioloacutegicos artigo 227 sectordm da CRFB
A partir de 1990 as regras da adoccedilatildeo passaram a visar mais os interesses direitos e
reais e necessidades dos adotandos O que se pretendia era encontrar uma famiacutelia adequada
aos menores e natildeo a busca de uma crianccedila para aqueles que pretendem adotar51
Jaacute o novo Coacutedigo Civil trata desse instituto da aceitaccedilatildeo legal de estranho no seio
familiar nos artigos 1618 a 1629 passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que
originariamente natildeo eacute criando com este laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com todos os
direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo inexiste
naturalmente52
E corroborando com o instituto da adoccedilatildeo o nosso texto constitucional assegura em
seu artigo 227 o direito de se ter uma famiacutelia o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave
educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura ao respeito agrave dignidade agrave liberdade e a
convivecircncia familiar 53
Esse direito de se ter uma famiacutelia consagrado na Carta Magna adveacutem do direito
positivo brasileiro do direito natural do simples direito de se ter um lar
__________ 50 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 150 51 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41 52 As modificaccedilotildees introduzidas agrave partir do advento do Novo Coacutedigo Civil ndash Lei nordm 1040602 53 CONSTITUICcedilAcircO FEDERAL EC nordm 45 Rio de Janeiro 2005 p 149
A adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia da proteccedilatildeo ao adotado e cuja finalidade
eacute a de dar um lar aos menores criando para esses menores um ambiente familiar e o
equiparando o adotado como filho legiacutetimo
Egrave um instituto de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo agravequeles que precisam de um
lar amor carinho e dignidade
Tem por finalidade fundamental dar filhos agravequeles que natildeo podem ter
biologicamente e de dar pais agravequeles que se encontram desamparados por algum motivo
Assim a adoccedilatildeo que fugir desses paracircmetros a que estaacute destinada estaraacute distorcendo a
finalidade do ordenamento a que lei se destina
Ficando constatado que a adoccedilatildeo no Brasil constitui um imperativo de ordem eacutetica
de natureza constitucional pois natildeo se pode construir uma sociedade mentalmente satilde sobre
as bases de abandono de crianccedilas os futuros homens de amanhatilde
CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
A adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil de 1916 era regulada nos artigos de 368 a 378 Nesse
Coacutedigo havia previsatildeo legal para duas modalidades de adoccedilatildeo54
A adoccedilatildeo simples estabelecia o viacutenculo de filiaccedilatildeo entre adotante e adotado
podendo o adotante ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos regia-se pelo Coacutedigo
Civil de 1916 e pela Lei nordm 313355
A adoccedilatildeo plena era espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser
irrevogavelmente para todos os efeitos legais a ser filhos dos adotantes desligando-se de
qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais
introduzido pela Lei nordm 669779
Nesse Coacutedigo Civil a adoccedilatildeo aplicava-se aos maiores de 18 anos e realccedilava a sua
natureza negocial do instituto tendo em vista a solenidade da escritura puacuteblica que a lei
exigia como contrato de direito de famiacutelia Somente seria a adoccedilatildeo consumada com a
devida averbaccedilatildeo da escritura no registro civil e no ato da adoccedilatildeo seriam declarados quais
os nomes da famiacutelia passaria o adotado a usar
Eram requisitos para adoccedilatildeo nesta legislaccedilatildeo de 1916 que o adotante fosse 16 anos
mais velho que o adotando com mais de 30 anos de idade se o adotante fosse casado o
casamento deveria ter duraccedilatildeo superior agrave cinco anos duas pessoas natildeo poderiam adotar
conjuntamente se natildeo forem marido e mulher e o adotando com maior de 18 anos o tutor
ou curador poderiam adotar depois de prestadas as contas ocorria atraveacutes de escritura
puacuteblica havia previsatildeo de adoccedilatildeo por estrangeiros sem restriccedilatildeo55
______________ 54 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 55 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p 323
Com o advento da Lei nordm 104062002 o instituto da adoccedilatildeo passou a ser tratado nos
artigos de 1618 a 1629 como jaacute mencionado E por conta da nova legislaccedilatildeo a adoccedilatildeo
simples e a adoccedilatildeo plena deixam de existir passando a adoccedilatildeo ser irrestrita 56
Hoje o Novo Coacutedigo - Lei nordm 104062002 se preocupa em seus artigos com a
adoccedilatildeo de forma global ou seja com a adoccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes e principalmente
com a primazia do interesse do adotado
Assim o instituto da adoccedilatildeo passa a ser regido nos seguintes termos57
No art 1618 Somente pessoa maior de dezoito anos pode adotar
Analisando este artigo pode-se constatar que houve a reduccedilatildeo da idade miacutenima para
adotar antes exigida de 35 anos
E em seu Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo poderaacute ser formalizada por ambos os cocircnjuges
ou companheiros desde que um deles tenha completado dezoito anos de idade comprovada
a estabilidade da famiacutelia
Os artigos 1619 e 1620 natildeo tiveram alteradas a sua redaccedilatildeo
De acordo com o artigo 1619 o adotante haacute de ser pelo menos dezesseis anos mais
velho que o adotado E no artigo 1620 enquanto natildeo der contas de sua administraccedilatildeo e natildeo
saldar o deacutebito natildeo poderaacute o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o curatelado
O artigo 1621 descreve que a adoccedilatildeo depende de consentimento dos pais ou dos
representantes legais de quem se deseja adotar e da concordacircncia deste se contar mais de
doze anos
______________
56 Op cit p 23 p 425
57 Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003 p 452-459
sect 1o O consentimento seraacute dispensado em relaccedilatildeo agrave crianccedila ou adolescente cujos
pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder familiar
sect 2o O consentimento previsto no caput eacute revogaacutevel ateacute a publicaccedilatildeo da sentenccedila
constitutiva da adoccedilatildeo
O novo dispositivo diminui a idade miacutenima do adotado para manifestar o seu
consentimento para 12 anos no regime anterior era de 14 anos
De acordo co o artigo 1622 ningueacutem poderaacute ser adotado por duas pessoas salvo se
forem marido e mulher ou se viverem em uniatildeo estaacutevel
Neste artigo foi acrescentado o paraacutegrafo uacutenico que acrescenta a posiccedilatildeo da adoccedilatildeo
por companheiros ou daqueles que vivem em uniatildeo estaacutevel
Paraacutegrafo uacutenico Os divorciados e os judicialmente separados poderatildeo adotar
conjuntamente contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o
estaacutegio de convivecircncia tenha sido iniciado na constacircncia da sociedade conjugal
No artigo 1623 a adoccedilatildeo obedeceraacute a processo judicial observados os requisitos
estabelecidos neste Coacutedigo
Houve acreacutescimo na nova legislaccedilatildeo apenas do paraacutegrafo uacutenico ao qual foi atribuiacuteda a
seguinte redaccedilatildeo
Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo de maiores de dezoito anos dependeraacute igualmente da
assistecircncia efetiva do Poder Puacuteblico e de sentenccedila constitutiva
No artigo 1624 Houve a substituiccedilatildeo do ldquopaacutetrio poderrdquo por ldquopoder familiarrdquo sendo
ainda suprimida a palavra ldquomenor abandonadordquo trazido na legislaccedilatildeo de 1916
Assim dispotildee o artigo citado em que natildeo haacute necessidade do consentimento do
representante legal do menor se provado que se trata de infante exposto ou de menor cujos
pais sejam desconhecidos estejam desaparecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder
familiar sem nomeaccedilatildeo de tutor ou de oacuterfatildeo natildeo reclamado por qualquer parente por mais
de um ano
De acordo com o artigo 1625 somente seraacute admitida a adoccedilatildeo que constituir efetivo
benefiacutecio para o adotando sendo matida a mesma redaccedilatildeo
Jaacute no artigo 1626 houve acreacutescimo do paraacutegrafo uacutenico
Dipondo a seguinte redaccedilatildeo o caput a adoccedilatildeo atribui a situaccedilatildeo de filho ao adotado
desligando-o de qualquer viacutenculo com os pais e parentes consanguumliacuteneos salvo quanto aos
impedimentos para o casamento
Paraacutegrafo uacutenico se um dos cocircnjuges ou companheiros adota o filho do outro
mantecircm-se os viacutenculos de filiaccedilatildeo entre o adotado e o cocircnjuge ou companheiro do adotante
e os respectivos parentes
Com relaccedilatildeo ao artigo 1627 permaneceu a mesma redaccedilatildeo com relaccedilatildeo a decisatildeo que
confere ao adotado o sobrenome do adotante podendo determinar a modificaccedilatildeo de seu
prenome se menor a pedido do adotante ou do adotado
No artigo abaixo descrito houve a adequaccedilatildeo ao dispositivo de moda a resguardar o
princiacutepio constitucional da plena igualdade entre filhos bioloacutegicos e adotados
Dispotildee o artigo 1628 que os efeitos da adoccedilatildeo comeccedilam a partir do tracircnsito em
julgado da sentenccedila exceto se o adotante vier a falecer no curso do procedimento caso em
que teraacute forccedila retroativa agrave data do oacutebito As relaccedilotildees de parentesco se estabelecem natildeo soacute
entre o adotante e o adotado como tambeacutem entre aquele e os descendentes deste e entre o
adotado e todos os parentes do adotante
Natildeo houve alteraccedilatildeo na redaccedilatildeo do artigo 1629 apenas tal dispositivo tem o
objetivo de ajustar o Novo Coacutedigo Civil agrave lei superveniente ou seja Estatuto da Crianccedila e
do Adolescente
Dispondo o referido artigo a seguinte redaccedilatildeo a adoccedilatildeo por estrangeiro obedeceraacute
aos casos e condiccedilotildees que forem estabelecidos em lei
Assim pode-se concluir que na falta de norma reguladora para o instituto da adoccedilatildeo
desde que natildeo conflite com o Coacutedigo Civil deveraacute ser aplicado analogicamente o Estatuto da
Crianccedila e do Adolescente
Ainda constata-se que o Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute
maior de 18 anos passando o instituto da adoccedilatildeo a ser irrestrito trazendo importantes
reflexos ao nosso ordenamento juriacutedico paacutetrio no que diz respeito aos direitos da
personalidade e nos direitos sucessoacuterios Enquanto o antigo Coacutedigo Civil Brasileiro de 1916
adotava o sistema da manifestaccedilatildeo de vontade
Atualmente o Coacutedigo Civil vigente e o Estatuto da Crianccedila adotam o sistema da
sentenccedila judicial sendo que o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo para os
menores de 18 anos o que natildeo exime que a adoccedilatildeo de menor de 18 anos seja feita pelo
Coacutedigo Civil58
De acordo com a legislaccedilatildeo civil podemos conceituar a adoccedilatildeo como o ato de
filiaccedilatildeo juriacutedica que pressupotildee de afetividade e natildeo de relaccedilatildeo bioloacutegica passando o
adotado a ser tratado como se fosse filho natural constituiacutedo em benefiacutecio do adotando
_____________ 58 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 irretrataacutevel e perpeacutetuo depois de consumado que cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com
todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo
inexistia naturalmente
De forma simples podemos definir a adoccedilatildeo como modalidade de filiaccedilatildeo civil que
busca imitar a filiaccedilatildeo natural dependente da vontade de adotante e adotado e por via de
sentenccedila judicial
Assim torna-se inafastaacutevel a utilidade do instituto da adoccedilatildeo em relaccedilatildeo ao menor
carente ou em estado de abandono pois eacute de interesse do Estado a inserccedilatildeo desse menor em
um ambiente familiar
Fica claro que o instituto da adoccedilatildeo eacute de caraacuteter humanitaacuterio que tem por um lado o
escopo de proporcionar agravequeles que a quem a natureza negou filhos e por outro lado
constitui a finalidade assistencial de melhorar a condiccedilatildeo moral e material do futuro
adotado
Mas ainda muito haacute de se defender em prol do instituto da adoccedilatildeo no Brasil natildeo soacute
como forma de projeto de cidadania mas tambeacutem como forma de vida digna a aqueles que
natildeo tem um lar principalmente ao que refere aos direitos de adoccedilatildeo internacional e ainda ao
direito de adoccedilatildeo por casais homossexuais
22 REQUISITOS DA ADOCcedilAtildeO
221 Requisitos Formais
Satildeo alguns requisitos formais para a adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil vigente59
efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal
ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)
____________ 59 VENOSASilvio de Salvo Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003p349
efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal
ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)
diferenccedila miacutenima de idade entre o adotante e o adotado (artigo 1619)
consentimento do adotado de seus pais ou de seu representante (artigos 1621 sect 1ordm e
1624)
intervenccedilatildeo judicial na sua criaccedilatildeo pois somente se aperfeiccediloa perante o juiz atraveacutes de
processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico (artigo 1623 paraacutegrafo uacutenico)
irrevogabilidade (artigo 1626 caput)
estaacutegio de convivecircncia (1622 paraacutegrafo uacutenico 1ordfparte)
comprovaccedilatildeo de estabilidade familiar (artigo 1618 paraacutegrafo uacutenico in fine)
23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO
A adoccedilatildeo se daacute atraveacutes de um processo judicial perante o juiz com competecircncia na
aacuterea da infacircncia e juventude que iraacute conhecer dos pedidos da adoccedilatildeo e os seus incidentes
entre os quais a destituiccedilatildeo do paacutetrio poder e guarda para fins da adoccedilatildeo
Vislumbram-se duas hipoacuteteses em que se adota ou a famiacutelia jaacute convive com a
crianccedila ou adolescente que pretende adotar ou a famiacutelia estaacute a procura de uma crianccedila para
que venha a adotar
Na primeira hipoacutetese devem os interessados ajuizar o pedido de adoccedilatildeo atraveacutes de
advogado ou defensor puacuteblico que formularaacute o pedido diretamente em cartoacuterio atraveacutes de
peticcedilatildeo assinada pelos requerentes quando os pais forem falecidos tiverem sido destituiacutedos
do paacutetrio poder ou houverem aderido expressamente ao pedido os pais bioloacutegicos quando
conhecidos satildeo citados para querendo contestarem o pedido julgando o juiz ao final de
acordo com o interesse superior da crianccedila e do adolescente
Na segunda hipoacutetese os interessados devem requerer sua inscriccedilatildeo no cadastro do
juiacutezo de pessoas interessadas em adotar A partir daiacute instaura-se um procedimento no qual
seratildeo ouvidos pela equipe teacutecnica do juiacutezo (assistentes sociais eou psicoacutelogos) e antes da
decisatildeo que deferir a inscriccedilatildeo o Ministeacuterio Puacuteblico assistiraacute ao pedido de adoccedilatildeo conforme
previsto no artigo 227 sect5ordm da Constituiccedilatildeo Federal e emitiraacute parecer
Em seguida seratildeo incluiacutedos em grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo cujas vagas seratildeo
preenchidas de acordo com a ordem de ajuizamento do pedido de habilitaccedilatildeo respeitados os
criteacuterios estabelecidos
Os grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo possuem duraccedilatildeo prevista de 60 dias e visam
auxiliar os interessados em adotar Habilitados e inscritos no cadastro os interessados
recebem um certificado com validade de 2 anos
Satildeo necessaacuterios os seguintes documentos60
certidatildeo de casamento
atestado de residecircncia
folha de antecedentes criminais
prova de idoneidade fiacutesica e moral
prova de abandono do menor
destituiccedilatildeo do paacutetrio poder
atestado de sanidade fiacutesica
________________ 60 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
A adoccedilatildeo constitui-se por sentenccedila sendo necessaacuterio que 61
a peticcedilatildeo Inicial com os requisitos do artigo 35
se na inicial vier a concordacircncia dos pais do adotando seratildeo ouvidos pelo juiz e pelo
representante do Ministeacuterio Puacuteblico lavrando-se o termo
a autoridade juriacutedica de ofiacutecio ou o requerimento das partes e do Ministeacuterio Puacuteblico
determinaraacute a realizaccedilatildeo de estudo social ou se possiacutevel periacutecia por equipe profissional
decidindo sobre o estaacutegio de convivecircncia
Apresentado o laudo e ouvido o adotando teraacute vistas o Ministeacuterio Puacutebico
apoacutes a manifestaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico no prazo tambeacutem de 5 (cinco) dias o
juiz proferiraacute a sentenccedila
A sentenccedila judicial transitada em julgado seraacute inserida no registro civil mediante mandado do qual natildeo
se forneceraacute certidatildeo O mandado judicial cancelaraacute o registro de nascimento original do menor conforme
o artigo 16 da Lei nordm 601573 E a inscriccedilatildeo no registro constaraacute o nome dos adotantes
como pais e o nome dos seus ascendentes Assim o menor ingressa na famiacutelia do adotante
se desvinculando da famiacutelia natural
24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO
241 Efeitos pessoais
Satildeo alguns efeitos pessoais decorrentes da adoccedilatildeo62
____________________
61 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1996 p 60 62 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 430
rompimento automaacutetico do viacutenculo de parentesco com a famiacutelia de origem salvo os
impedimentos matrimocircniais (artigo 1626)
estabelecimento de verdadeiros laccedilos de parentesco civil entre adotante e adotado
abrangendo a famiacutelia do adotante (artigo 15282ordf parte)
transferecircncia definitiva e de pleno direito do poder familiar para o adotante se o adotante
for menor (artigo 1630 1634 1635 inciso V)
liberdade razoaacutevel em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo do nome do adotado (1627)
possibilidade de promoccedilatildeo da interdiccedilatildeo e inabilitaccedilatildeo do pai ou matildee adotiva pelo
adotado ou vice-versa (artigo 1768)
determinaccedilatildeo do domiacutecilio do adotado menor de idade que adquire o do adotante
242 Efeitos patrimoniais
Satildeo alguns efeitos patrimoniais produzidos pela adoccedilatildeo63
direito do adotante de administraccedilatildeo e ususfruto dos bens do adotado menor (artigo 1689
1691e 1693)
obrigaccedilatildeo do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar (artigo
1634)
dever do adotante de prestar alimentos ao adotado (artigo 1694 1696 e 1697)
direito a indenizaccedilatildeo do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante
responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menor de idade
______________
81 Op cit p 31 p 432
direito sucessoacuterio do adotado visto que se equipara ao filho advindo de parentesco
cosanguineo herdado em concorrecircncia com o cocircnjuge sobrevivente ou convivente do
falecido na qualidade de descendente do autor da heranccedila afastando todos os demais
herdeiros do adotante que natildeo tenham a qualidade de filho (artigo 1829 inciso I e
1790incisos I e II)
reciprocidade nos efeitos sucessoacuterios (artigo 1829 inciso II e 1790 inciso III)
filho adotivo natildeo estaacute compreendido na exceccedilatildeo do Coacutedigo Civil artigo 1790 inciso I
rompimento de testamento se sobrevier filho adotivo (artigo 1973)
direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciaacuterio (artigo 1951 a 1960)
superviniecircncia de filho adotivo pode revogar doaccedilotildees feitas pelo adotante ( artigo 1846 e
1789)
Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso
de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do
oacutebito64
25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO
Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se
obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do
negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do
ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade
____________
64 Op cit p 32 p 435
deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea
A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-
se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico
Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade
anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo
251 Nulidade da adoccedilatildeo
Seraacute nula a adoccedilatildeo que65
em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16
anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619
a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a
mesma pessoa (artigo 1622)
o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)
vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude
252 Anulabilidade da adoccedilatildeo
Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66
a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente
incapaz
ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado
____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435
consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz
vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores
a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado
253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo
Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67
pela falta de consentimento do adotante e adotado
pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou
interdiccedilatildeo civil
pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico
26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO
A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes
motivos68
pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil
Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a
madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave
enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou
neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade
pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil
____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437
Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste
contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a
honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila
pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue
quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva
pela morte do adotante e adotado
27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO
Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a
finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo
avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante
e adotado69
Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute
prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com
facilidade a nova famiacutelia
O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a
ser adotado
Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a
extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo
atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil
____________
69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340
28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das
crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a
prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave
poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato
infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e
ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70
A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual
adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou
tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da
juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil
Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida
familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco
passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado
29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL
A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e
do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da
Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave
crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave
educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave
__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41
convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71
Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada
por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por
procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da
adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda
de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida
pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo
por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72
Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo
de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes
independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos
havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e
qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73
Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos
adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do
bem estar do adotado
210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO
A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser
incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e
educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta
assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria
___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438
Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como
com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo
dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos
pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco
pessoal e social nas ruas das grandes cidades
Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia
importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees
sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia
Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem
por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades
coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e
ceacutelere
Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria
com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e
defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do
proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os
procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados
Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo
atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o
instituto da adoccedilatildeo
A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de
_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em
lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que
querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave
crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico
educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e
na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos
e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o
desenvolvimento da cidadania
Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que
tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria
Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir
211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO
Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75
Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma
simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo
A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais
os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a
situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem
adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda
________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser
proporcionada pelas pessoas sem adotar
Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva
jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os
interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais
vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito
simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses
O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida
cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior
(adoccedilatildeo internacional)
CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees
estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil
Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente
A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida
excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido
por pessoa residente no Paiacutes
A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico
conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei
supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida
sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76
Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo
juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a
decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham
falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm
80699077
Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da
Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da
CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia
____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464
Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por
estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos
interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas
atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os
bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal
intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando
verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em
moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias
maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado
enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees
escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos
especialmente do menorrdquo78
Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante
nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado
tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a
perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e
economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila
passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco
e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79
Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas
___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438
Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil
A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver
medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo
internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda
possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o
seu ingresso em famiacutelia substituta
Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo
internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem
conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas
Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em
seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser
interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores
para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que
visem lucro80
Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas
pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator
determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas
famiacutelias substitutas
32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR
ESTRANGEIROS
A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo
seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e
condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________
80 Op Cit p 44 p 438
parte de estrangeiros
Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida
excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo
acarreta o adotante aacute desistecircncia
Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81
impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo
estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro
residente ou domiciliado fora do paiacutes
comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de
seu paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia
especializada e credenciada no paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido
do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico
juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente
autenticados pela autoridade consular
permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a
consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo
Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e
cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no
miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos
de idade
___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439
podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar
prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista
A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82
lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo
reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante
lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica
Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de
Adoccedilatildeo de Menores de 1984)
33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA
A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua
finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores
Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia
prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse
superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas
__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485
A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo
Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de
garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados
contratantes83
Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a
Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo
Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84
requisitos para a adoccedilatildeo internacional
requisitos processuais
reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo
De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo
em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o
interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras
_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486
CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a
grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo
igualmente a possibilidade da poder adotar
A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade
Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas
aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de
constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a
reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois
assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir
famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86
Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a
uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm
sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo
Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87
____________
86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho
mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49
A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios
E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por
homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se
espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem
homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila
se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais
homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos
tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte
de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo
16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo
se forem marido e mulher
Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89
____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da
uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos
homossexuais
42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA
E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a
situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos
casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo
juriacutedica podem os casais homossexuais adotar
No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo
homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes
da jurisprudecircncia
E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a
regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais
Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata
da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo
tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um
dos parceiros90
Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo
5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a
primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei
____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade
Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca
pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do
bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais
homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve
levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo
decidindo sempre pelo bem-estar do menor91
A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece
Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao
adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo
ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia
familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo
()
sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute
casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros
A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee
Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de
estado civil
______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005
Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92
Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que
homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo
poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante
O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de
adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual
diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro
de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93
______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo
da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum
cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito
Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94
Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais
homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95
Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo
sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel
privar os homossexuais do direito agrave adotar96
E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais
flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de
tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar
seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles
que lhe acolhem97
______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53
No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo
barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao
seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira
da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da
histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a
mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para
atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem
a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua
companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de
crianccedilas devem igualmente poder adotar98
Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no
aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes
de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o
preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99
Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida
pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato
Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo
________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53
CONCLUSAtildeO
A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia
E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto
no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio
Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988
Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade
Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente
A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva
Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros
por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores
Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade
Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a
sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do
Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo
Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e
principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que
pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da
adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e
venda de crianccedilas para o estrangeiro
A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente
estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse
baseado nos artigos 1618 a 1629
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52
Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de
amor carinho e solidariedade
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No Coacutedigo de Manu o instituto da adoccedilatildeo encontram-se descrito na Lei IX 10
ldquoAquele a quem a natureza natildeo deu filhos pode adotar um para que as cerimocircnias fuacutenebres
natildeo cessemrdquo5
As Leis de Manu determinavam que a adoccedilatildeo somente seria possiacutevel entre um
homem e um rapaz da mesma classe social e que o adotado tivesse todas as qualidades
apreciadas num filho6
Jaacute o Coacutedigo de Hamurabi eacute considerado o documento mais antigo que se tenha
notiacutecia antes de Cristo O instituto no Coacutedigo de Hamurabi era conhecido como ldquoSentenccedilas
de Direitordquo traz em seus artigos 185 a 193 e o define como ldquomacircrucircturdquoArt 185 ndash Se algueacutem
toma em adoccedilatildeo uma crianccedila ou a educa esta natildeo pode ser reclamadardquo7
Nas passagens biacuteblicas eacute possiacutevel exemplificarmos algumas dessas noccedilotildees do
instituto da adoccedilatildeo ao relatarmos alguns casos como a histoacuteria de Moiseacutes que foi adotado
por Termulus quando o encontrou agraves margens do Rio Nilo na de Mordecai que criou Eacutester
como uma irmatilde e ainda na proacutepria histoacuteria de Joseacute do Egito adotado por Potifar8
Os Hebreus chamavam a adoccedilatildeo pelo nome de ldquoleviratordquo9
De acordo com a Biacuteblia poderiam adotar tanto o pai como a matildee e a adoccedilatildeo soacute se
dava entre parentes A mulher esteacuteril poderia adotar os filhos da serva que ela havia
conduzido ao taacutelamo do marido10
__________ 5 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Luacutemen Iuris 1996 p 21 6 Op cit p 12 p 21 7 Op cit p 12 p 25 8 SZNICK Waldir Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 26 9 Op cit p 12 p 26 10 Op cit p 12 p 26
Para os Romanos a adoccedilatildeo era o ato legislativo pelo qual algueacutem perfilha um filho
que natildeo se gerou tendo em vista a necessidade da perpetuaccedilatildeo do culto domeacutestico que
tinha um valor sacral Para os romanos havia dois tipos de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo e a
adrogatio11
A adoccedilatildeo ou adoptio era instituto de direito privado destinado ao alieni juacuteris para
quem tivesse sob o paacutetrio poder da Lei das XII Taacutebuas Jaacute a adrogatio pertencia ao direito
puacuteblico a doaccedilatildeo de sui juacuteris como filho na famiacutelia de um pater famiacutelias12
Para os Gregos a adoccedilatildeo rompia todos os laccedilos da famiacutelia anterior sequer poderia
prestar o funeral dos pais anteriores A adoccedilatildeo tinha o nome de Teacutesis tambeacutem conhecida
como Ampasis13
O Direito Canocircnico desconheceu a adoccedilatildeo ateacute certo ponto e se manifestava com
reservas A igreja via a adoccedilatildeo como uma ressalva ao casamento e agrave constituiccedilatildeo da famiacutelia
legiacutetima como uma das possibilidades de se fraudar as normas vigentes que proibiam o
reconhecimento de filhos adulterinos e incestuosos14
Na Idade Meacutedia a adoccedilatildeo sucede ao processo histoacuterico da famiacutelia romana tecircm o
mesmo objetivo destinado ao culto domeacutestico daqueles que natildeo tinham descendentes
Nessa eacutepoca Justiniano reformou o instituto da adoccedilatildeo seguindo as linhas das instituiccedilotildees
orientais em especial as helecircnicas mas permanecendo a adoccedilatildeo claacutessica 15
Portanto nesse periacuteodo Justiniano a adoccedilatildeo era o ato solene pelo qual se admite em
lugar de filho quem por natureza natildeo ostenta tal qualidade16
_____________ 11 ZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 27 12 Op cit p 13 p 32 13 Op cit p 13 p 26 14 WALD Arnoldo O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo PauloSaraiva 15 SIQUEIRA Liboacuterni Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 35 16 Op cit p13 p 35
Na eacutepoca moderna o instituto da adoccedilatildeo teve a sua inspiraccedilatildeo no Direito Romano
sendo encontrado no Coacutedigo de 1683 promulgado na Dinamarca por Christian V Na
Alemanha tal instituto encontra-se no Coacutedigo de Pressuniano promulgado por Frederico
Guilherme II em 1751 e no Codex Maximilianus da Bavaacuteria de 175617
Essa legislaccedilatildeo influenciou o Coacutedigo Napoleocircnico de 1791 apesar da normativa
sobre o instituto da adoccedilatildeo natildeo houve uma aceitaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo frequumlente tendo em vista
a suspeita de favorecimento a fraude e agrave lei fiscal18
O Coacutedigo Napoleocircnico de 1971 contemplava quatro tipos de adoccedilatildeo19
a) adoccedilatildeo ordinaacuteria ndash depende de homologaccedilatildeo judicial permitida a maiores de50 anos
e diferenccedila de 15 anos entre o adotado altera nome tem direitos sucessoacuterios
b) adoccedilatildeo remuneratoacuteria ndash destinada a quem tivesse salvo a vida do adotando
irrevogaacutevel
c) adoccedilatildeo testamentaacuteria ndash permitida ao tutor apoacutes 5 anos de tutela
d) tutela oficiosa ndash uma espeacutecie de adoccedilatildeo provisoacuteria em favor dos menores
Por fim as Ordenaccedilotildees advieram do direito geral portuguecircs primeiro as Ordenaccedilotildees
Afonsinas de 1446 a 1514 que para o Brasil entraram em vigor agrave partir de 1500 sendo esta
substituiacuteda pelas Ordenaccedilotildees Manuelinas em 1514 e por uacuteltimo as Ordenaccedilotildees Filipinas em
1603 que vigoraram ateacute a promulgaccedilatildeo do da Lei nordm Coacutedigo Civil em 191620
_____________ 17 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo PauloLeud 1999 p 40 18 Op cit p 14 p 40 19 Op cit p 14 p 41 20 Op cit p 14 p 41
Nessa fase a adoccedilatildeo era regulada por inuacutemeros textos e passagens sem uma norma
especiacutefica
Com as Ordenaccedilotildees o instituto adquiriu o nome de perfilhamento e tinha como
objetivo tornar como herdeiro na sucessatildeo o filho tido mesmo que fosse o filho espuacuterio ou
o filho adulterino21
Com a independecircncia as Ordenaccedilotildees passaram a perder a sua validade em nosso
ordenamento juriacutedicoem virtude dos inuacutemeros diplomas e regulamentos que passaram a
vigorar na eacutepoca poreacutem a revogaccedilatildeo total soacute ocorreu com o advento do Coacutedigo Civil de
191622
12 CONCEITO
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de
solidariedade ou seja a chance de crianccedilas e adolescentes de terem um lar uma famiacutelia jaacute
que foram desprovidos de alguma forma de seus familiares
Para o conceito de adoccedilatildeo existem vaacuterias definiccedilotildees Em uma conceituaccedilatildeo simples e
clara podemos dizer que a adoccedilatildeo eacute um ato juriacutedico que tem por finalidade criar entre duas
pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue23
Ainda pode ser definida como o ato de ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco civil
portanto de suma importacircncia para a sociedade brasileira tendo em vista que tal ato
juriacutedico coaduna na esfera da vontade dos particulares com a devida permissatildeo da lei
__________ 21 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 42 22 Op cit p 15 p 42 23 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147
criando entre essas pessoas estranhas uma relaccedilatildeo anaacuteloga como agraves oriundas da filiaccedilatildeo
legiacutetima24
A adoccedilatildeo tambeacutem pode ser conceituada como o ato juriacutedico pelo qual o viacutenculo
familiar eacute criado em virtude do proacuteprio ato pelo legislador25
Alguns autores definem a adoccedilatildeo apenas como o instituto que daacute ao filho adotivo o
status idecircntico ao do filho legiacutetimo
Passamos a analisar a conceituaccedilatildeo dos seguintes juristas
Para Clovis Bevilacqua a adoccedilatildeo se destinava a suprir a falta de filho que tem como
ato civil aacute aceitaccedilatildeo de um estranho como filho26
Para a Profa Maria Helena Diniz a adoccedilatildeo eacute uma instituiccedilatildeo de caraacuteter humanitaacuterio
que tem por um lado dar aqueles a quem a natureza negou um lar e uma famiacutelia e por outro
lado a uma finalidade assistencial constituindo um meio de melhorar a condiccedilatildeo moral e
material do adotado27
Para Walter Gaspar a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica a qual se estabelece uma relaccedilatildeo
de parentesco que independe do fato natural da procriaccedilatildeo28
Para Orlando Gomes a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece independente
do fato natural o viacutenculo de filiaccedilatildeo legal que permite a constituiccedilatildeo entre duas pessoas do
laccedilo de parentesco do primeiro grau em linha reta29
_________ 24 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 25 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 26 Op cit p 16 p 63 27 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 28 GASPAR Walter Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003 p 315 29 ORLANDO Gomes Instituiccedilotildees de Direito Civil Satildeo Paulo Forense1996 p 226
Jose Maria Leoni Lopes de Oliveira define a adoccedilatildeo como um instituto juriacutedico que
procura imitar a filiaccedilatildeo natural30
Para Silvio Rodrigues a adoccedilatildeo eacute o ato do adotante pelo qual ele traz para a sua
famiacutelia e na condiccedilatildeo de filho pessoa que lhe eacute estranha31
Para Caio Mario da Silva a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual uma pessoa recebe
outra como filho independentemente de existir entre elas qualquer relaccedilatildeo de parentesco
cosanguiacuteneo ou afim32
Para Antunes Varella a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece entre duas
pessoas adotante de um lado e adotado de outro independente dos laccedilos de sangueuma
relaccedilatildeo legal de filiaccedilatildeo33
Para o Prof Arnoldo Wald a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco
civil Eacute um ato juriacutedico bilateral que gera laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre pessoas para
as quais tal relaccedilatildeo inexiste materialmente34
Para Carbonnier a filiaccedilatildeo adotiva eacute uma filiaccedilatildeo puramente juriacutedica que repousa
na pressuposiccedilatildeo de uma realidade natildeo bioloacutegica mas afetiva35
E para Dusi a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico solene em virtude do qual agrave vontade dos
particulares com a permissatildeo da lei cria entre pessoas naturalmente estranhas uma a outra
relaccedilotildees anaacutelogas as oriundas da filiaccedilatildeo legiacutetima36
__________ 31 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147 32 Direito Civil ndash Famiacutelia Satildeo Paulo Forense 1999 p330 48 op Cit p 17 p 330 33 Op Cit p 17 p 148 534WALD Arnold O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 35 Op cit p 17 apud Droit Civil 2 ndash La Famile nordm 354 p 519 36 Op cit p 17 p 217
No contexto das diversas definiccedilotildees atribuiacutedas a adoccedilatildeo podemos
verificar que esta se contrapotildee-se a filiaccedilatildeo legiacutetima ou natural por
sua caracteriacutestica artificial pois resulta da manifestaccedilatildeo de vontade e
de sentenccedila judicial Enquanto a filiaccedilatildeo natural tem seu viacutenculo
formado apenas no sangue
Contudo os efeitos da adoccedilatildeo em nosso ordenamento juriacutedico geram
as mesmas relaccedilotildees da filiaccedilatildeo natural
13 NATUREZA JURIacuteDICA
A natureza juriacutedica da adoccedilatildeo sempre foi muito controvertida para alguns
doutrinadores a adoccedilatildeo apenas eacute uma relaccedilatildeo juriacutedica enquanto para outros eacute negoacutecio
unilateral tendo em vista a vontade do adotante37
Com o passar dos tempos a mudou a sua finalidade antes se destinava
a atender aos interesses religiosos dos adotantes hoje se preocupa
mais com o interesse dos adotados objetivando proporcionar uma
famiacutelia38
A dificuldade em definir a natureza juriacutedica da adoccedilatildeo decorre da sua
natureza e da origem do seu ato
Assim para alguns autores adoccedilatildeo seria uma forma de contrato
devido agrave bilateralidade do ato pois eacute preciso a manifestaccedilatildeo de duas
vontades a do adotante e do adotado Sendo que agraves vezes o adotado eacute
representado poreacutem a vontade do adotando inexiste em algumas
situaccedilotildees o que dificulta a compreensatildeo dessa doutrina39
__________ 37 Op cit p 17 p 320 38 Op cit p 17 p 149 39 Op cit p 17 p 320
Para outros autores a adoccedilatildeo eacute instituto juriacutedico de ordem puacuteblica sendo necessaacuterio
a manifestaccedilatildeo do Estado declarando ou natildeo a adoccedilatildeo40
No Coacutedigo Civil de 1916 a adoccedilatildeo tinha a natureza de contrato
devido agrave solenidade exigida na lei da escritura puacuteblica realccedilando a
natureza negocial do instituto como contrato de famiacutelia disposto no
artigo 37541
Nessa eacutepoca havia duas formas distintas de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo simples
e a adoccedilatildeo plena e cada uma delas apresentava natureza proacutepria42
No Estatuto natildeo prevalece apenas a bilateralidade de vontades pois o Estado
participa de forma ativa exigindo-se tambeacutem uma sentenccedila judicial pois sem esta natildeo
haveraacute adoccedilatildeo 43
O Coacutedigo Civil de 2002 requer a presenccedila dos adotantes do Estado e somente
ocorreraacute se for atraveacutes de sentenccedila judicial
Pode-se assim concluir que a adoccedilatildeo eacute um ato complexo o
qual tem na sua primeira fase um caraacuteter negocial em seguida a
manifestaccedilatildeo de vontade dos adotantes e adotados e em sua segunda
fase tem caraacuteter judicial a fim de verificar a conveniecircncia ou natildeo da
adoccedilatildeo que culmina com a sentenccedila judicial44
Portanto a accedilatildeo de adoccedilatildeo eacute accedilatildeo do estado de caraacuteter constitutivo
conferindo a posiccedilatildeo de filho ao adotado atraveacutes de sentenccedila judicial
____________ 40 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p320 41 Op cit p 19 p 316
42 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Rio de Janeiro Atlas 2001 p 257 43 Op cit p 19 p 320
44 Op cit p 19 p 316 14 EVOLUCcedilAtildeO LEGISLATIVA DA ADOCcedilAtildeO
No Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 3071 de 01 de maio de 1916 vigoravam as
Ordenaccedilotildees Afonsinas Filipinas e Manuelinas45
Com o advento do Coacutedigo Civil de 1916 ocorreu a sistematizaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos
artigos 368 a 378 de caraacuteter essencialmente privado
Todavia o nosso direito paacutetrio da eacutepoca revelava as influecircncias do direito romano
do direito canocircnico das Ordenaccedilotildees Afonsinas Manuelinas e Filipinas46
No coacutedigo de 1916 a adoccedilatildeo era definida como o ato civil pelo qual algueacutem aceita
um estranho na qualidade de filho contudo tal conceito trazia consigo as suas restriccedilotildees47
Nessa eacutepoca havia restriccedilotildees quanto agrave adoccedilatildeo pois a mesma se destinava a habilitar
pessoas com mais de 50 anos exigindo a diferenccedila miacutenima de 18 anos entre adotado e
adotante e natildeo haveria direito de sucessatildeo ao adotado
Em 1957 adveio o Estatuto da adoccedilatildeo - Lei nordm 3133 de 08 de maio de 1957 E em
1979 o Coacutedigo de Menores Lei nordm 6667 de 10 de outubro de 1979 ambos traziam algumas
modificaccedilotildees que eliminava certas restriccedilotildees do Coacutedigo Civil de 191648
Algumas dessas modificaccedilotildees trazidas foi a de possibilidade de se adotar aos 30
anos e a diferenccedila de idade entre adotando e adotado passou a ser de 16 anos eliminou-se
tambeacutem o preacute-requisito de que somente casais sem filhos poderiam adotar49
______________ 45 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 38 46 Opcit p 20 p 42 47 Opcit p 20 p 84 48 Opcit p 20 p 40 49 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo em 1988 e com o advento do Estatuto da
Crianccedila e do Adolescente ndash ECA em 1990 consegui-se eliminar todas as restriccedilotildees
pertinentes agrave diferenccedila entre filhos adotivos ilegiacutetimos eou aduacutelterinos50
Assim hoje o filho adotivo tem os mesmos direitos garantias e deveres dos filhos
bioloacutegicos artigo 227 sectordm da CRFB
A partir de 1990 as regras da adoccedilatildeo passaram a visar mais os interesses direitos e
reais e necessidades dos adotandos O que se pretendia era encontrar uma famiacutelia adequada
aos menores e natildeo a busca de uma crianccedila para aqueles que pretendem adotar51
Jaacute o novo Coacutedigo Civil trata desse instituto da aceitaccedilatildeo legal de estranho no seio
familiar nos artigos 1618 a 1629 passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que
originariamente natildeo eacute criando com este laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com todos os
direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo inexiste
naturalmente52
E corroborando com o instituto da adoccedilatildeo o nosso texto constitucional assegura em
seu artigo 227 o direito de se ter uma famiacutelia o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave
educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura ao respeito agrave dignidade agrave liberdade e a
convivecircncia familiar 53
Esse direito de se ter uma famiacutelia consagrado na Carta Magna adveacutem do direito
positivo brasileiro do direito natural do simples direito de se ter um lar
__________ 50 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 150 51 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41 52 As modificaccedilotildees introduzidas agrave partir do advento do Novo Coacutedigo Civil ndash Lei nordm 1040602 53 CONSTITUICcedilAcircO FEDERAL EC nordm 45 Rio de Janeiro 2005 p 149
A adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia da proteccedilatildeo ao adotado e cuja finalidade
eacute a de dar um lar aos menores criando para esses menores um ambiente familiar e o
equiparando o adotado como filho legiacutetimo
Egrave um instituto de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo agravequeles que precisam de um
lar amor carinho e dignidade
Tem por finalidade fundamental dar filhos agravequeles que natildeo podem ter
biologicamente e de dar pais agravequeles que se encontram desamparados por algum motivo
Assim a adoccedilatildeo que fugir desses paracircmetros a que estaacute destinada estaraacute distorcendo a
finalidade do ordenamento a que lei se destina
Ficando constatado que a adoccedilatildeo no Brasil constitui um imperativo de ordem eacutetica
de natureza constitucional pois natildeo se pode construir uma sociedade mentalmente satilde sobre
as bases de abandono de crianccedilas os futuros homens de amanhatilde
CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
A adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil de 1916 era regulada nos artigos de 368 a 378 Nesse
Coacutedigo havia previsatildeo legal para duas modalidades de adoccedilatildeo54
A adoccedilatildeo simples estabelecia o viacutenculo de filiaccedilatildeo entre adotante e adotado
podendo o adotante ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos regia-se pelo Coacutedigo
Civil de 1916 e pela Lei nordm 313355
A adoccedilatildeo plena era espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser
irrevogavelmente para todos os efeitos legais a ser filhos dos adotantes desligando-se de
qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais
introduzido pela Lei nordm 669779
Nesse Coacutedigo Civil a adoccedilatildeo aplicava-se aos maiores de 18 anos e realccedilava a sua
natureza negocial do instituto tendo em vista a solenidade da escritura puacuteblica que a lei
exigia como contrato de direito de famiacutelia Somente seria a adoccedilatildeo consumada com a
devida averbaccedilatildeo da escritura no registro civil e no ato da adoccedilatildeo seriam declarados quais
os nomes da famiacutelia passaria o adotado a usar
Eram requisitos para adoccedilatildeo nesta legislaccedilatildeo de 1916 que o adotante fosse 16 anos
mais velho que o adotando com mais de 30 anos de idade se o adotante fosse casado o
casamento deveria ter duraccedilatildeo superior agrave cinco anos duas pessoas natildeo poderiam adotar
conjuntamente se natildeo forem marido e mulher e o adotando com maior de 18 anos o tutor
ou curador poderiam adotar depois de prestadas as contas ocorria atraveacutes de escritura
puacuteblica havia previsatildeo de adoccedilatildeo por estrangeiros sem restriccedilatildeo55
______________ 54 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 55 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p 323
Com o advento da Lei nordm 104062002 o instituto da adoccedilatildeo passou a ser tratado nos
artigos de 1618 a 1629 como jaacute mencionado E por conta da nova legislaccedilatildeo a adoccedilatildeo
simples e a adoccedilatildeo plena deixam de existir passando a adoccedilatildeo ser irrestrita 56
Hoje o Novo Coacutedigo - Lei nordm 104062002 se preocupa em seus artigos com a
adoccedilatildeo de forma global ou seja com a adoccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes e principalmente
com a primazia do interesse do adotado
Assim o instituto da adoccedilatildeo passa a ser regido nos seguintes termos57
No art 1618 Somente pessoa maior de dezoito anos pode adotar
Analisando este artigo pode-se constatar que houve a reduccedilatildeo da idade miacutenima para
adotar antes exigida de 35 anos
E em seu Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo poderaacute ser formalizada por ambos os cocircnjuges
ou companheiros desde que um deles tenha completado dezoito anos de idade comprovada
a estabilidade da famiacutelia
Os artigos 1619 e 1620 natildeo tiveram alteradas a sua redaccedilatildeo
De acordo com o artigo 1619 o adotante haacute de ser pelo menos dezesseis anos mais
velho que o adotado E no artigo 1620 enquanto natildeo der contas de sua administraccedilatildeo e natildeo
saldar o deacutebito natildeo poderaacute o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o curatelado
O artigo 1621 descreve que a adoccedilatildeo depende de consentimento dos pais ou dos
representantes legais de quem se deseja adotar e da concordacircncia deste se contar mais de
doze anos
______________
56 Op cit p 23 p 425
57 Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003 p 452-459
sect 1o O consentimento seraacute dispensado em relaccedilatildeo agrave crianccedila ou adolescente cujos
pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder familiar
sect 2o O consentimento previsto no caput eacute revogaacutevel ateacute a publicaccedilatildeo da sentenccedila
constitutiva da adoccedilatildeo
O novo dispositivo diminui a idade miacutenima do adotado para manifestar o seu
consentimento para 12 anos no regime anterior era de 14 anos
De acordo co o artigo 1622 ningueacutem poderaacute ser adotado por duas pessoas salvo se
forem marido e mulher ou se viverem em uniatildeo estaacutevel
Neste artigo foi acrescentado o paraacutegrafo uacutenico que acrescenta a posiccedilatildeo da adoccedilatildeo
por companheiros ou daqueles que vivem em uniatildeo estaacutevel
Paraacutegrafo uacutenico Os divorciados e os judicialmente separados poderatildeo adotar
conjuntamente contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o
estaacutegio de convivecircncia tenha sido iniciado na constacircncia da sociedade conjugal
No artigo 1623 a adoccedilatildeo obedeceraacute a processo judicial observados os requisitos
estabelecidos neste Coacutedigo
Houve acreacutescimo na nova legislaccedilatildeo apenas do paraacutegrafo uacutenico ao qual foi atribuiacuteda a
seguinte redaccedilatildeo
Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo de maiores de dezoito anos dependeraacute igualmente da
assistecircncia efetiva do Poder Puacuteblico e de sentenccedila constitutiva
No artigo 1624 Houve a substituiccedilatildeo do ldquopaacutetrio poderrdquo por ldquopoder familiarrdquo sendo
ainda suprimida a palavra ldquomenor abandonadordquo trazido na legislaccedilatildeo de 1916
Assim dispotildee o artigo citado em que natildeo haacute necessidade do consentimento do
representante legal do menor se provado que se trata de infante exposto ou de menor cujos
pais sejam desconhecidos estejam desaparecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder
familiar sem nomeaccedilatildeo de tutor ou de oacuterfatildeo natildeo reclamado por qualquer parente por mais
de um ano
De acordo com o artigo 1625 somente seraacute admitida a adoccedilatildeo que constituir efetivo
benefiacutecio para o adotando sendo matida a mesma redaccedilatildeo
Jaacute no artigo 1626 houve acreacutescimo do paraacutegrafo uacutenico
Dipondo a seguinte redaccedilatildeo o caput a adoccedilatildeo atribui a situaccedilatildeo de filho ao adotado
desligando-o de qualquer viacutenculo com os pais e parentes consanguumliacuteneos salvo quanto aos
impedimentos para o casamento
Paraacutegrafo uacutenico se um dos cocircnjuges ou companheiros adota o filho do outro
mantecircm-se os viacutenculos de filiaccedilatildeo entre o adotado e o cocircnjuge ou companheiro do adotante
e os respectivos parentes
Com relaccedilatildeo ao artigo 1627 permaneceu a mesma redaccedilatildeo com relaccedilatildeo a decisatildeo que
confere ao adotado o sobrenome do adotante podendo determinar a modificaccedilatildeo de seu
prenome se menor a pedido do adotante ou do adotado
No artigo abaixo descrito houve a adequaccedilatildeo ao dispositivo de moda a resguardar o
princiacutepio constitucional da plena igualdade entre filhos bioloacutegicos e adotados
Dispotildee o artigo 1628 que os efeitos da adoccedilatildeo comeccedilam a partir do tracircnsito em
julgado da sentenccedila exceto se o adotante vier a falecer no curso do procedimento caso em
que teraacute forccedila retroativa agrave data do oacutebito As relaccedilotildees de parentesco se estabelecem natildeo soacute
entre o adotante e o adotado como tambeacutem entre aquele e os descendentes deste e entre o
adotado e todos os parentes do adotante
Natildeo houve alteraccedilatildeo na redaccedilatildeo do artigo 1629 apenas tal dispositivo tem o
objetivo de ajustar o Novo Coacutedigo Civil agrave lei superveniente ou seja Estatuto da Crianccedila e
do Adolescente
Dispondo o referido artigo a seguinte redaccedilatildeo a adoccedilatildeo por estrangeiro obedeceraacute
aos casos e condiccedilotildees que forem estabelecidos em lei
Assim pode-se concluir que na falta de norma reguladora para o instituto da adoccedilatildeo
desde que natildeo conflite com o Coacutedigo Civil deveraacute ser aplicado analogicamente o Estatuto da
Crianccedila e do Adolescente
Ainda constata-se que o Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute
maior de 18 anos passando o instituto da adoccedilatildeo a ser irrestrito trazendo importantes
reflexos ao nosso ordenamento juriacutedico paacutetrio no que diz respeito aos direitos da
personalidade e nos direitos sucessoacuterios Enquanto o antigo Coacutedigo Civil Brasileiro de 1916
adotava o sistema da manifestaccedilatildeo de vontade
Atualmente o Coacutedigo Civil vigente e o Estatuto da Crianccedila adotam o sistema da
sentenccedila judicial sendo que o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo para os
menores de 18 anos o que natildeo exime que a adoccedilatildeo de menor de 18 anos seja feita pelo
Coacutedigo Civil58
De acordo com a legislaccedilatildeo civil podemos conceituar a adoccedilatildeo como o ato de
filiaccedilatildeo juriacutedica que pressupotildee de afetividade e natildeo de relaccedilatildeo bioloacutegica passando o
adotado a ser tratado como se fosse filho natural constituiacutedo em benefiacutecio do adotando
_____________ 58 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 irretrataacutevel e perpeacutetuo depois de consumado que cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com
todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo
inexistia naturalmente
De forma simples podemos definir a adoccedilatildeo como modalidade de filiaccedilatildeo civil que
busca imitar a filiaccedilatildeo natural dependente da vontade de adotante e adotado e por via de
sentenccedila judicial
Assim torna-se inafastaacutevel a utilidade do instituto da adoccedilatildeo em relaccedilatildeo ao menor
carente ou em estado de abandono pois eacute de interesse do Estado a inserccedilatildeo desse menor em
um ambiente familiar
Fica claro que o instituto da adoccedilatildeo eacute de caraacuteter humanitaacuterio que tem por um lado o
escopo de proporcionar agravequeles que a quem a natureza negou filhos e por outro lado
constitui a finalidade assistencial de melhorar a condiccedilatildeo moral e material do futuro
adotado
Mas ainda muito haacute de se defender em prol do instituto da adoccedilatildeo no Brasil natildeo soacute
como forma de projeto de cidadania mas tambeacutem como forma de vida digna a aqueles que
natildeo tem um lar principalmente ao que refere aos direitos de adoccedilatildeo internacional e ainda ao
direito de adoccedilatildeo por casais homossexuais
22 REQUISITOS DA ADOCcedilAtildeO
221 Requisitos Formais
Satildeo alguns requisitos formais para a adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil vigente59
efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal
ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)
____________ 59 VENOSASilvio de Salvo Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003p349
efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal
ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)
diferenccedila miacutenima de idade entre o adotante e o adotado (artigo 1619)
consentimento do adotado de seus pais ou de seu representante (artigos 1621 sect 1ordm e
1624)
intervenccedilatildeo judicial na sua criaccedilatildeo pois somente se aperfeiccediloa perante o juiz atraveacutes de
processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico (artigo 1623 paraacutegrafo uacutenico)
irrevogabilidade (artigo 1626 caput)
estaacutegio de convivecircncia (1622 paraacutegrafo uacutenico 1ordfparte)
comprovaccedilatildeo de estabilidade familiar (artigo 1618 paraacutegrafo uacutenico in fine)
23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO
A adoccedilatildeo se daacute atraveacutes de um processo judicial perante o juiz com competecircncia na
aacuterea da infacircncia e juventude que iraacute conhecer dos pedidos da adoccedilatildeo e os seus incidentes
entre os quais a destituiccedilatildeo do paacutetrio poder e guarda para fins da adoccedilatildeo
Vislumbram-se duas hipoacuteteses em que se adota ou a famiacutelia jaacute convive com a
crianccedila ou adolescente que pretende adotar ou a famiacutelia estaacute a procura de uma crianccedila para
que venha a adotar
Na primeira hipoacutetese devem os interessados ajuizar o pedido de adoccedilatildeo atraveacutes de
advogado ou defensor puacuteblico que formularaacute o pedido diretamente em cartoacuterio atraveacutes de
peticcedilatildeo assinada pelos requerentes quando os pais forem falecidos tiverem sido destituiacutedos
do paacutetrio poder ou houverem aderido expressamente ao pedido os pais bioloacutegicos quando
conhecidos satildeo citados para querendo contestarem o pedido julgando o juiz ao final de
acordo com o interesse superior da crianccedila e do adolescente
Na segunda hipoacutetese os interessados devem requerer sua inscriccedilatildeo no cadastro do
juiacutezo de pessoas interessadas em adotar A partir daiacute instaura-se um procedimento no qual
seratildeo ouvidos pela equipe teacutecnica do juiacutezo (assistentes sociais eou psicoacutelogos) e antes da
decisatildeo que deferir a inscriccedilatildeo o Ministeacuterio Puacuteblico assistiraacute ao pedido de adoccedilatildeo conforme
previsto no artigo 227 sect5ordm da Constituiccedilatildeo Federal e emitiraacute parecer
Em seguida seratildeo incluiacutedos em grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo cujas vagas seratildeo
preenchidas de acordo com a ordem de ajuizamento do pedido de habilitaccedilatildeo respeitados os
criteacuterios estabelecidos
Os grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo possuem duraccedilatildeo prevista de 60 dias e visam
auxiliar os interessados em adotar Habilitados e inscritos no cadastro os interessados
recebem um certificado com validade de 2 anos
Satildeo necessaacuterios os seguintes documentos60
certidatildeo de casamento
atestado de residecircncia
folha de antecedentes criminais
prova de idoneidade fiacutesica e moral
prova de abandono do menor
destituiccedilatildeo do paacutetrio poder
atestado de sanidade fiacutesica
________________ 60 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
A adoccedilatildeo constitui-se por sentenccedila sendo necessaacuterio que 61
a peticcedilatildeo Inicial com os requisitos do artigo 35
se na inicial vier a concordacircncia dos pais do adotando seratildeo ouvidos pelo juiz e pelo
representante do Ministeacuterio Puacuteblico lavrando-se o termo
a autoridade juriacutedica de ofiacutecio ou o requerimento das partes e do Ministeacuterio Puacuteblico
determinaraacute a realizaccedilatildeo de estudo social ou se possiacutevel periacutecia por equipe profissional
decidindo sobre o estaacutegio de convivecircncia
Apresentado o laudo e ouvido o adotando teraacute vistas o Ministeacuterio Puacutebico
apoacutes a manifestaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico no prazo tambeacutem de 5 (cinco) dias o
juiz proferiraacute a sentenccedila
A sentenccedila judicial transitada em julgado seraacute inserida no registro civil mediante mandado do qual natildeo
se forneceraacute certidatildeo O mandado judicial cancelaraacute o registro de nascimento original do menor conforme
o artigo 16 da Lei nordm 601573 E a inscriccedilatildeo no registro constaraacute o nome dos adotantes
como pais e o nome dos seus ascendentes Assim o menor ingressa na famiacutelia do adotante
se desvinculando da famiacutelia natural
24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO
241 Efeitos pessoais
Satildeo alguns efeitos pessoais decorrentes da adoccedilatildeo62
____________________
61 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1996 p 60 62 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 430
rompimento automaacutetico do viacutenculo de parentesco com a famiacutelia de origem salvo os
impedimentos matrimocircniais (artigo 1626)
estabelecimento de verdadeiros laccedilos de parentesco civil entre adotante e adotado
abrangendo a famiacutelia do adotante (artigo 15282ordf parte)
transferecircncia definitiva e de pleno direito do poder familiar para o adotante se o adotante
for menor (artigo 1630 1634 1635 inciso V)
liberdade razoaacutevel em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo do nome do adotado (1627)
possibilidade de promoccedilatildeo da interdiccedilatildeo e inabilitaccedilatildeo do pai ou matildee adotiva pelo
adotado ou vice-versa (artigo 1768)
determinaccedilatildeo do domiacutecilio do adotado menor de idade que adquire o do adotante
242 Efeitos patrimoniais
Satildeo alguns efeitos patrimoniais produzidos pela adoccedilatildeo63
direito do adotante de administraccedilatildeo e ususfruto dos bens do adotado menor (artigo 1689
1691e 1693)
obrigaccedilatildeo do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar (artigo
1634)
dever do adotante de prestar alimentos ao adotado (artigo 1694 1696 e 1697)
direito a indenizaccedilatildeo do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante
responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menor de idade
______________
81 Op cit p 31 p 432
direito sucessoacuterio do adotado visto que se equipara ao filho advindo de parentesco
cosanguineo herdado em concorrecircncia com o cocircnjuge sobrevivente ou convivente do
falecido na qualidade de descendente do autor da heranccedila afastando todos os demais
herdeiros do adotante que natildeo tenham a qualidade de filho (artigo 1829 inciso I e
1790incisos I e II)
reciprocidade nos efeitos sucessoacuterios (artigo 1829 inciso II e 1790 inciso III)
filho adotivo natildeo estaacute compreendido na exceccedilatildeo do Coacutedigo Civil artigo 1790 inciso I
rompimento de testamento se sobrevier filho adotivo (artigo 1973)
direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciaacuterio (artigo 1951 a 1960)
superviniecircncia de filho adotivo pode revogar doaccedilotildees feitas pelo adotante ( artigo 1846 e
1789)
Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso
de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do
oacutebito64
25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO
Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se
obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do
negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do
ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade
____________
64 Op cit p 32 p 435
deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea
A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-
se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico
Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade
anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo
251 Nulidade da adoccedilatildeo
Seraacute nula a adoccedilatildeo que65
em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16
anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619
a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a
mesma pessoa (artigo 1622)
o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)
vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude
252 Anulabilidade da adoccedilatildeo
Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66
a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente
incapaz
ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado
____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435
consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz
vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores
a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado
253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo
Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67
pela falta de consentimento do adotante e adotado
pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou
interdiccedilatildeo civil
pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico
26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO
A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes
motivos68
pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil
Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a
madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave
enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou
neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade
pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil
____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437
Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste
contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a
honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila
pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue
quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva
pela morte do adotante e adotado
27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO
Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a
finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo
avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante
e adotado69
Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute
prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com
facilidade a nova famiacutelia
O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a
ser adotado
Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a
extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo
atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil
____________
69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340
28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das
crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a
prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave
poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato
infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e
ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70
A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual
adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou
tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da
juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil
Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida
familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco
passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado
29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL
A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e
do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da
Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave
crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave
educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave
__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41
convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71
Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada
por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por
procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da
adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda
de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida
pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo
por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72
Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo
de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes
independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos
havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e
qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73
Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos
adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do
bem estar do adotado
210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO
A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser
incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e
educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta
assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria
___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438
Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como
com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo
dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos
pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco
pessoal e social nas ruas das grandes cidades
Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia
importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees
sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia
Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem
por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades
coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e
ceacutelere
Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria
com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e
defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do
proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os
procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados
Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo
atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o
instituto da adoccedilatildeo
A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de
_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em
lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que
querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave
crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico
educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e
na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos
e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o
desenvolvimento da cidadania
Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que
tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria
Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir
211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO
Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75
Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma
simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo
A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais
os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a
situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem
adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda
________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser
proporcionada pelas pessoas sem adotar
Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva
jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os
interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais
vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito
simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses
O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida
cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior
(adoccedilatildeo internacional)
CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees
estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil
Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente
A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida
excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido
por pessoa residente no Paiacutes
A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico
conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei
supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida
sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76
Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo
juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a
decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham
falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm
80699077
Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da
Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da
CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia
____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464
Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por
estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos
interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas
atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os
bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal
intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando
verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em
moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias
maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado
enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees
escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos
especialmente do menorrdquo78
Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante
nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado
tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a
perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e
economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila
passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco
e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79
Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas
___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438
Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil
A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver
medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo
internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda
possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o
seu ingresso em famiacutelia substituta
Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo
internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem
conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas
Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em
seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser
interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores
para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que
visem lucro80
Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas
pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator
determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas
famiacutelias substitutas
32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR
ESTRANGEIROS
A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo
seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e
condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________
80 Op Cit p 44 p 438
parte de estrangeiros
Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida
excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo
acarreta o adotante aacute desistecircncia
Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81
impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo
estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro
residente ou domiciliado fora do paiacutes
comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de
seu paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia
especializada e credenciada no paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido
do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico
juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente
autenticados pela autoridade consular
permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a
consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo
Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e
cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no
miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos
de idade
___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439
podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar
prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista
A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82
lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo
reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante
lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica
Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de
Adoccedilatildeo de Menores de 1984)
33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA
A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua
finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores
Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia
prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse
superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas
__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485
A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo
Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de
garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados
contratantes83
Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a
Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo
Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84
requisitos para a adoccedilatildeo internacional
requisitos processuais
reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo
De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo
em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o
interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras
_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486
CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a
grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo
igualmente a possibilidade da poder adotar
A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade
Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas
aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de
constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a
reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois
assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir
famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86
Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a
uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm
sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo
Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87
____________
86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho
mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49
A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios
E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por
homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se
espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem
homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila
se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais
homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos
tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte
de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo
16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo
se forem marido e mulher
Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89
____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da
uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos
homossexuais
42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA
E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a
situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos
casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo
juriacutedica podem os casais homossexuais adotar
No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo
homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes
da jurisprudecircncia
E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a
regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais
Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata
da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo
tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um
dos parceiros90
Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo
5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a
primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei
____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade
Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca
pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do
bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais
homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve
levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo
decidindo sempre pelo bem-estar do menor91
A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece
Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao
adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo
ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia
familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo
()
sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute
casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros
A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee
Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de
estado civil
______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005
Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92
Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que
homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo
poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante
O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de
adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual
diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro
de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93
______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo
da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum
cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito
Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94
Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais
homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95
Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo
sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel
privar os homossexuais do direito agrave adotar96
E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais
flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de
tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar
seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles
que lhe acolhem97
______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53
No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo
barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao
seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira
da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da
histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a
mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para
atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem
a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua
companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de
crianccedilas devem igualmente poder adotar98
Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no
aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes
de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o
preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99
Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida
pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato
Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo
________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53
CONCLUSAtildeO
A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia
E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto
no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio
Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988
Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade
Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente
A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva
Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros
por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores
Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade
Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a
sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do
Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo
Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e
principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que
pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da
adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e
venda de crianccedilas para o estrangeiro
A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente
estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse
baseado nos artigos 1618 a 1629
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52
Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de
amor carinho e solidariedade
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Para os Romanos a adoccedilatildeo era o ato legislativo pelo qual algueacutem perfilha um filho
que natildeo se gerou tendo em vista a necessidade da perpetuaccedilatildeo do culto domeacutestico que
tinha um valor sacral Para os romanos havia dois tipos de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo e a
adrogatio11
A adoccedilatildeo ou adoptio era instituto de direito privado destinado ao alieni juacuteris para
quem tivesse sob o paacutetrio poder da Lei das XII Taacutebuas Jaacute a adrogatio pertencia ao direito
puacuteblico a doaccedilatildeo de sui juacuteris como filho na famiacutelia de um pater famiacutelias12
Para os Gregos a adoccedilatildeo rompia todos os laccedilos da famiacutelia anterior sequer poderia
prestar o funeral dos pais anteriores A adoccedilatildeo tinha o nome de Teacutesis tambeacutem conhecida
como Ampasis13
O Direito Canocircnico desconheceu a adoccedilatildeo ateacute certo ponto e se manifestava com
reservas A igreja via a adoccedilatildeo como uma ressalva ao casamento e agrave constituiccedilatildeo da famiacutelia
legiacutetima como uma das possibilidades de se fraudar as normas vigentes que proibiam o
reconhecimento de filhos adulterinos e incestuosos14
Na Idade Meacutedia a adoccedilatildeo sucede ao processo histoacuterico da famiacutelia romana tecircm o
mesmo objetivo destinado ao culto domeacutestico daqueles que natildeo tinham descendentes
Nessa eacutepoca Justiniano reformou o instituto da adoccedilatildeo seguindo as linhas das instituiccedilotildees
orientais em especial as helecircnicas mas permanecendo a adoccedilatildeo claacutessica 15
Portanto nesse periacuteodo Justiniano a adoccedilatildeo era o ato solene pelo qual se admite em
lugar de filho quem por natureza natildeo ostenta tal qualidade16
_____________ 11 ZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 27 12 Op cit p 13 p 32 13 Op cit p 13 p 26 14 WALD Arnoldo O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo PauloSaraiva 15 SIQUEIRA Liboacuterni Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 35 16 Op cit p13 p 35
Na eacutepoca moderna o instituto da adoccedilatildeo teve a sua inspiraccedilatildeo no Direito Romano
sendo encontrado no Coacutedigo de 1683 promulgado na Dinamarca por Christian V Na
Alemanha tal instituto encontra-se no Coacutedigo de Pressuniano promulgado por Frederico
Guilherme II em 1751 e no Codex Maximilianus da Bavaacuteria de 175617
Essa legislaccedilatildeo influenciou o Coacutedigo Napoleocircnico de 1791 apesar da normativa
sobre o instituto da adoccedilatildeo natildeo houve uma aceitaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo frequumlente tendo em vista
a suspeita de favorecimento a fraude e agrave lei fiscal18
O Coacutedigo Napoleocircnico de 1971 contemplava quatro tipos de adoccedilatildeo19
a) adoccedilatildeo ordinaacuteria ndash depende de homologaccedilatildeo judicial permitida a maiores de50 anos
e diferenccedila de 15 anos entre o adotado altera nome tem direitos sucessoacuterios
b) adoccedilatildeo remuneratoacuteria ndash destinada a quem tivesse salvo a vida do adotando
irrevogaacutevel
c) adoccedilatildeo testamentaacuteria ndash permitida ao tutor apoacutes 5 anos de tutela
d) tutela oficiosa ndash uma espeacutecie de adoccedilatildeo provisoacuteria em favor dos menores
Por fim as Ordenaccedilotildees advieram do direito geral portuguecircs primeiro as Ordenaccedilotildees
Afonsinas de 1446 a 1514 que para o Brasil entraram em vigor agrave partir de 1500 sendo esta
substituiacuteda pelas Ordenaccedilotildees Manuelinas em 1514 e por uacuteltimo as Ordenaccedilotildees Filipinas em
1603 que vigoraram ateacute a promulgaccedilatildeo do da Lei nordm Coacutedigo Civil em 191620
_____________ 17 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo PauloLeud 1999 p 40 18 Op cit p 14 p 40 19 Op cit p 14 p 41 20 Op cit p 14 p 41
Nessa fase a adoccedilatildeo era regulada por inuacutemeros textos e passagens sem uma norma
especiacutefica
Com as Ordenaccedilotildees o instituto adquiriu o nome de perfilhamento e tinha como
objetivo tornar como herdeiro na sucessatildeo o filho tido mesmo que fosse o filho espuacuterio ou
o filho adulterino21
Com a independecircncia as Ordenaccedilotildees passaram a perder a sua validade em nosso
ordenamento juriacutedicoem virtude dos inuacutemeros diplomas e regulamentos que passaram a
vigorar na eacutepoca poreacutem a revogaccedilatildeo total soacute ocorreu com o advento do Coacutedigo Civil de
191622
12 CONCEITO
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de
solidariedade ou seja a chance de crianccedilas e adolescentes de terem um lar uma famiacutelia jaacute
que foram desprovidos de alguma forma de seus familiares
Para o conceito de adoccedilatildeo existem vaacuterias definiccedilotildees Em uma conceituaccedilatildeo simples e
clara podemos dizer que a adoccedilatildeo eacute um ato juriacutedico que tem por finalidade criar entre duas
pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue23
Ainda pode ser definida como o ato de ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco civil
portanto de suma importacircncia para a sociedade brasileira tendo em vista que tal ato
juriacutedico coaduna na esfera da vontade dos particulares com a devida permissatildeo da lei
__________ 21 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 42 22 Op cit p 15 p 42 23 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147
criando entre essas pessoas estranhas uma relaccedilatildeo anaacuteloga como agraves oriundas da filiaccedilatildeo
legiacutetima24
A adoccedilatildeo tambeacutem pode ser conceituada como o ato juriacutedico pelo qual o viacutenculo
familiar eacute criado em virtude do proacuteprio ato pelo legislador25
Alguns autores definem a adoccedilatildeo apenas como o instituto que daacute ao filho adotivo o
status idecircntico ao do filho legiacutetimo
Passamos a analisar a conceituaccedilatildeo dos seguintes juristas
Para Clovis Bevilacqua a adoccedilatildeo se destinava a suprir a falta de filho que tem como
ato civil aacute aceitaccedilatildeo de um estranho como filho26
Para a Profa Maria Helena Diniz a adoccedilatildeo eacute uma instituiccedilatildeo de caraacuteter humanitaacuterio
que tem por um lado dar aqueles a quem a natureza negou um lar e uma famiacutelia e por outro
lado a uma finalidade assistencial constituindo um meio de melhorar a condiccedilatildeo moral e
material do adotado27
Para Walter Gaspar a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica a qual se estabelece uma relaccedilatildeo
de parentesco que independe do fato natural da procriaccedilatildeo28
Para Orlando Gomes a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece independente
do fato natural o viacutenculo de filiaccedilatildeo legal que permite a constituiccedilatildeo entre duas pessoas do
laccedilo de parentesco do primeiro grau em linha reta29
_________ 24 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 25 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 26 Op cit p 16 p 63 27 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 28 GASPAR Walter Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003 p 315 29 ORLANDO Gomes Instituiccedilotildees de Direito Civil Satildeo Paulo Forense1996 p 226
Jose Maria Leoni Lopes de Oliveira define a adoccedilatildeo como um instituto juriacutedico que
procura imitar a filiaccedilatildeo natural30
Para Silvio Rodrigues a adoccedilatildeo eacute o ato do adotante pelo qual ele traz para a sua
famiacutelia e na condiccedilatildeo de filho pessoa que lhe eacute estranha31
Para Caio Mario da Silva a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual uma pessoa recebe
outra como filho independentemente de existir entre elas qualquer relaccedilatildeo de parentesco
cosanguiacuteneo ou afim32
Para Antunes Varella a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece entre duas
pessoas adotante de um lado e adotado de outro independente dos laccedilos de sangueuma
relaccedilatildeo legal de filiaccedilatildeo33
Para o Prof Arnoldo Wald a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco
civil Eacute um ato juriacutedico bilateral que gera laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre pessoas para
as quais tal relaccedilatildeo inexiste materialmente34
Para Carbonnier a filiaccedilatildeo adotiva eacute uma filiaccedilatildeo puramente juriacutedica que repousa
na pressuposiccedilatildeo de uma realidade natildeo bioloacutegica mas afetiva35
E para Dusi a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico solene em virtude do qual agrave vontade dos
particulares com a permissatildeo da lei cria entre pessoas naturalmente estranhas uma a outra
relaccedilotildees anaacutelogas as oriundas da filiaccedilatildeo legiacutetima36
__________ 31 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147 32 Direito Civil ndash Famiacutelia Satildeo Paulo Forense 1999 p330 48 op Cit p 17 p 330 33 Op Cit p 17 p 148 534WALD Arnold O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 35 Op cit p 17 apud Droit Civil 2 ndash La Famile nordm 354 p 519 36 Op cit p 17 p 217
No contexto das diversas definiccedilotildees atribuiacutedas a adoccedilatildeo podemos
verificar que esta se contrapotildee-se a filiaccedilatildeo legiacutetima ou natural por
sua caracteriacutestica artificial pois resulta da manifestaccedilatildeo de vontade e
de sentenccedila judicial Enquanto a filiaccedilatildeo natural tem seu viacutenculo
formado apenas no sangue
Contudo os efeitos da adoccedilatildeo em nosso ordenamento juriacutedico geram
as mesmas relaccedilotildees da filiaccedilatildeo natural
13 NATUREZA JURIacuteDICA
A natureza juriacutedica da adoccedilatildeo sempre foi muito controvertida para alguns
doutrinadores a adoccedilatildeo apenas eacute uma relaccedilatildeo juriacutedica enquanto para outros eacute negoacutecio
unilateral tendo em vista a vontade do adotante37
Com o passar dos tempos a mudou a sua finalidade antes se destinava
a atender aos interesses religiosos dos adotantes hoje se preocupa
mais com o interesse dos adotados objetivando proporcionar uma
famiacutelia38
A dificuldade em definir a natureza juriacutedica da adoccedilatildeo decorre da sua
natureza e da origem do seu ato
Assim para alguns autores adoccedilatildeo seria uma forma de contrato
devido agrave bilateralidade do ato pois eacute preciso a manifestaccedilatildeo de duas
vontades a do adotante e do adotado Sendo que agraves vezes o adotado eacute
representado poreacutem a vontade do adotando inexiste em algumas
situaccedilotildees o que dificulta a compreensatildeo dessa doutrina39
__________ 37 Op cit p 17 p 320 38 Op cit p 17 p 149 39 Op cit p 17 p 320
Para outros autores a adoccedilatildeo eacute instituto juriacutedico de ordem puacuteblica sendo necessaacuterio
a manifestaccedilatildeo do Estado declarando ou natildeo a adoccedilatildeo40
No Coacutedigo Civil de 1916 a adoccedilatildeo tinha a natureza de contrato
devido agrave solenidade exigida na lei da escritura puacuteblica realccedilando a
natureza negocial do instituto como contrato de famiacutelia disposto no
artigo 37541
Nessa eacutepoca havia duas formas distintas de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo simples
e a adoccedilatildeo plena e cada uma delas apresentava natureza proacutepria42
No Estatuto natildeo prevalece apenas a bilateralidade de vontades pois o Estado
participa de forma ativa exigindo-se tambeacutem uma sentenccedila judicial pois sem esta natildeo
haveraacute adoccedilatildeo 43
O Coacutedigo Civil de 2002 requer a presenccedila dos adotantes do Estado e somente
ocorreraacute se for atraveacutes de sentenccedila judicial
Pode-se assim concluir que a adoccedilatildeo eacute um ato complexo o
qual tem na sua primeira fase um caraacuteter negocial em seguida a
manifestaccedilatildeo de vontade dos adotantes e adotados e em sua segunda
fase tem caraacuteter judicial a fim de verificar a conveniecircncia ou natildeo da
adoccedilatildeo que culmina com a sentenccedila judicial44
Portanto a accedilatildeo de adoccedilatildeo eacute accedilatildeo do estado de caraacuteter constitutivo
conferindo a posiccedilatildeo de filho ao adotado atraveacutes de sentenccedila judicial
____________ 40 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p320 41 Op cit p 19 p 316
42 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Rio de Janeiro Atlas 2001 p 257 43 Op cit p 19 p 320
44 Op cit p 19 p 316 14 EVOLUCcedilAtildeO LEGISLATIVA DA ADOCcedilAtildeO
No Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 3071 de 01 de maio de 1916 vigoravam as
Ordenaccedilotildees Afonsinas Filipinas e Manuelinas45
Com o advento do Coacutedigo Civil de 1916 ocorreu a sistematizaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos
artigos 368 a 378 de caraacuteter essencialmente privado
Todavia o nosso direito paacutetrio da eacutepoca revelava as influecircncias do direito romano
do direito canocircnico das Ordenaccedilotildees Afonsinas Manuelinas e Filipinas46
No coacutedigo de 1916 a adoccedilatildeo era definida como o ato civil pelo qual algueacutem aceita
um estranho na qualidade de filho contudo tal conceito trazia consigo as suas restriccedilotildees47
Nessa eacutepoca havia restriccedilotildees quanto agrave adoccedilatildeo pois a mesma se destinava a habilitar
pessoas com mais de 50 anos exigindo a diferenccedila miacutenima de 18 anos entre adotado e
adotante e natildeo haveria direito de sucessatildeo ao adotado
Em 1957 adveio o Estatuto da adoccedilatildeo - Lei nordm 3133 de 08 de maio de 1957 E em
1979 o Coacutedigo de Menores Lei nordm 6667 de 10 de outubro de 1979 ambos traziam algumas
modificaccedilotildees que eliminava certas restriccedilotildees do Coacutedigo Civil de 191648
Algumas dessas modificaccedilotildees trazidas foi a de possibilidade de se adotar aos 30
anos e a diferenccedila de idade entre adotando e adotado passou a ser de 16 anos eliminou-se
tambeacutem o preacute-requisito de que somente casais sem filhos poderiam adotar49
______________ 45 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 38 46 Opcit p 20 p 42 47 Opcit p 20 p 84 48 Opcit p 20 p 40 49 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo em 1988 e com o advento do Estatuto da
Crianccedila e do Adolescente ndash ECA em 1990 consegui-se eliminar todas as restriccedilotildees
pertinentes agrave diferenccedila entre filhos adotivos ilegiacutetimos eou aduacutelterinos50
Assim hoje o filho adotivo tem os mesmos direitos garantias e deveres dos filhos
bioloacutegicos artigo 227 sectordm da CRFB
A partir de 1990 as regras da adoccedilatildeo passaram a visar mais os interesses direitos e
reais e necessidades dos adotandos O que se pretendia era encontrar uma famiacutelia adequada
aos menores e natildeo a busca de uma crianccedila para aqueles que pretendem adotar51
Jaacute o novo Coacutedigo Civil trata desse instituto da aceitaccedilatildeo legal de estranho no seio
familiar nos artigos 1618 a 1629 passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que
originariamente natildeo eacute criando com este laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com todos os
direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo inexiste
naturalmente52
E corroborando com o instituto da adoccedilatildeo o nosso texto constitucional assegura em
seu artigo 227 o direito de se ter uma famiacutelia o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave
educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura ao respeito agrave dignidade agrave liberdade e a
convivecircncia familiar 53
Esse direito de se ter uma famiacutelia consagrado na Carta Magna adveacutem do direito
positivo brasileiro do direito natural do simples direito de se ter um lar
__________ 50 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 150 51 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41 52 As modificaccedilotildees introduzidas agrave partir do advento do Novo Coacutedigo Civil ndash Lei nordm 1040602 53 CONSTITUICcedilAcircO FEDERAL EC nordm 45 Rio de Janeiro 2005 p 149
A adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia da proteccedilatildeo ao adotado e cuja finalidade
eacute a de dar um lar aos menores criando para esses menores um ambiente familiar e o
equiparando o adotado como filho legiacutetimo
Egrave um instituto de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo agravequeles que precisam de um
lar amor carinho e dignidade
Tem por finalidade fundamental dar filhos agravequeles que natildeo podem ter
biologicamente e de dar pais agravequeles que se encontram desamparados por algum motivo
Assim a adoccedilatildeo que fugir desses paracircmetros a que estaacute destinada estaraacute distorcendo a
finalidade do ordenamento a que lei se destina
Ficando constatado que a adoccedilatildeo no Brasil constitui um imperativo de ordem eacutetica
de natureza constitucional pois natildeo se pode construir uma sociedade mentalmente satilde sobre
as bases de abandono de crianccedilas os futuros homens de amanhatilde
CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
A adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil de 1916 era regulada nos artigos de 368 a 378 Nesse
Coacutedigo havia previsatildeo legal para duas modalidades de adoccedilatildeo54
A adoccedilatildeo simples estabelecia o viacutenculo de filiaccedilatildeo entre adotante e adotado
podendo o adotante ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos regia-se pelo Coacutedigo
Civil de 1916 e pela Lei nordm 313355
A adoccedilatildeo plena era espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser
irrevogavelmente para todos os efeitos legais a ser filhos dos adotantes desligando-se de
qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais
introduzido pela Lei nordm 669779
Nesse Coacutedigo Civil a adoccedilatildeo aplicava-se aos maiores de 18 anos e realccedilava a sua
natureza negocial do instituto tendo em vista a solenidade da escritura puacuteblica que a lei
exigia como contrato de direito de famiacutelia Somente seria a adoccedilatildeo consumada com a
devida averbaccedilatildeo da escritura no registro civil e no ato da adoccedilatildeo seriam declarados quais
os nomes da famiacutelia passaria o adotado a usar
Eram requisitos para adoccedilatildeo nesta legislaccedilatildeo de 1916 que o adotante fosse 16 anos
mais velho que o adotando com mais de 30 anos de idade se o adotante fosse casado o
casamento deveria ter duraccedilatildeo superior agrave cinco anos duas pessoas natildeo poderiam adotar
conjuntamente se natildeo forem marido e mulher e o adotando com maior de 18 anos o tutor
ou curador poderiam adotar depois de prestadas as contas ocorria atraveacutes de escritura
puacuteblica havia previsatildeo de adoccedilatildeo por estrangeiros sem restriccedilatildeo55
______________ 54 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 55 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p 323
Com o advento da Lei nordm 104062002 o instituto da adoccedilatildeo passou a ser tratado nos
artigos de 1618 a 1629 como jaacute mencionado E por conta da nova legislaccedilatildeo a adoccedilatildeo
simples e a adoccedilatildeo plena deixam de existir passando a adoccedilatildeo ser irrestrita 56
Hoje o Novo Coacutedigo - Lei nordm 104062002 se preocupa em seus artigos com a
adoccedilatildeo de forma global ou seja com a adoccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes e principalmente
com a primazia do interesse do adotado
Assim o instituto da adoccedilatildeo passa a ser regido nos seguintes termos57
No art 1618 Somente pessoa maior de dezoito anos pode adotar
Analisando este artigo pode-se constatar que houve a reduccedilatildeo da idade miacutenima para
adotar antes exigida de 35 anos
E em seu Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo poderaacute ser formalizada por ambos os cocircnjuges
ou companheiros desde que um deles tenha completado dezoito anos de idade comprovada
a estabilidade da famiacutelia
Os artigos 1619 e 1620 natildeo tiveram alteradas a sua redaccedilatildeo
De acordo com o artigo 1619 o adotante haacute de ser pelo menos dezesseis anos mais
velho que o adotado E no artigo 1620 enquanto natildeo der contas de sua administraccedilatildeo e natildeo
saldar o deacutebito natildeo poderaacute o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o curatelado
O artigo 1621 descreve que a adoccedilatildeo depende de consentimento dos pais ou dos
representantes legais de quem se deseja adotar e da concordacircncia deste se contar mais de
doze anos
______________
56 Op cit p 23 p 425
57 Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003 p 452-459
sect 1o O consentimento seraacute dispensado em relaccedilatildeo agrave crianccedila ou adolescente cujos
pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder familiar
sect 2o O consentimento previsto no caput eacute revogaacutevel ateacute a publicaccedilatildeo da sentenccedila
constitutiva da adoccedilatildeo
O novo dispositivo diminui a idade miacutenima do adotado para manifestar o seu
consentimento para 12 anos no regime anterior era de 14 anos
De acordo co o artigo 1622 ningueacutem poderaacute ser adotado por duas pessoas salvo se
forem marido e mulher ou se viverem em uniatildeo estaacutevel
Neste artigo foi acrescentado o paraacutegrafo uacutenico que acrescenta a posiccedilatildeo da adoccedilatildeo
por companheiros ou daqueles que vivem em uniatildeo estaacutevel
Paraacutegrafo uacutenico Os divorciados e os judicialmente separados poderatildeo adotar
conjuntamente contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o
estaacutegio de convivecircncia tenha sido iniciado na constacircncia da sociedade conjugal
No artigo 1623 a adoccedilatildeo obedeceraacute a processo judicial observados os requisitos
estabelecidos neste Coacutedigo
Houve acreacutescimo na nova legislaccedilatildeo apenas do paraacutegrafo uacutenico ao qual foi atribuiacuteda a
seguinte redaccedilatildeo
Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo de maiores de dezoito anos dependeraacute igualmente da
assistecircncia efetiva do Poder Puacuteblico e de sentenccedila constitutiva
No artigo 1624 Houve a substituiccedilatildeo do ldquopaacutetrio poderrdquo por ldquopoder familiarrdquo sendo
ainda suprimida a palavra ldquomenor abandonadordquo trazido na legislaccedilatildeo de 1916
Assim dispotildee o artigo citado em que natildeo haacute necessidade do consentimento do
representante legal do menor se provado que se trata de infante exposto ou de menor cujos
pais sejam desconhecidos estejam desaparecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder
familiar sem nomeaccedilatildeo de tutor ou de oacuterfatildeo natildeo reclamado por qualquer parente por mais
de um ano
De acordo com o artigo 1625 somente seraacute admitida a adoccedilatildeo que constituir efetivo
benefiacutecio para o adotando sendo matida a mesma redaccedilatildeo
Jaacute no artigo 1626 houve acreacutescimo do paraacutegrafo uacutenico
Dipondo a seguinte redaccedilatildeo o caput a adoccedilatildeo atribui a situaccedilatildeo de filho ao adotado
desligando-o de qualquer viacutenculo com os pais e parentes consanguumliacuteneos salvo quanto aos
impedimentos para o casamento
Paraacutegrafo uacutenico se um dos cocircnjuges ou companheiros adota o filho do outro
mantecircm-se os viacutenculos de filiaccedilatildeo entre o adotado e o cocircnjuge ou companheiro do adotante
e os respectivos parentes
Com relaccedilatildeo ao artigo 1627 permaneceu a mesma redaccedilatildeo com relaccedilatildeo a decisatildeo que
confere ao adotado o sobrenome do adotante podendo determinar a modificaccedilatildeo de seu
prenome se menor a pedido do adotante ou do adotado
No artigo abaixo descrito houve a adequaccedilatildeo ao dispositivo de moda a resguardar o
princiacutepio constitucional da plena igualdade entre filhos bioloacutegicos e adotados
Dispotildee o artigo 1628 que os efeitos da adoccedilatildeo comeccedilam a partir do tracircnsito em
julgado da sentenccedila exceto se o adotante vier a falecer no curso do procedimento caso em
que teraacute forccedila retroativa agrave data do oacutebito As relaccedilotildees de parentesco se estabelecem natildeo soacute
entre o adotante e o adotado como tambeacutem entre aquele e os descendentes deste e entre o
adotado e todos os parentes do adotante
Natildeo houve alteraccedilatildeo na redaccedilatildeo do artigo 1629 apenas tal dispositivo tem o
objetivo de ajustar o Novo Coacutedigo Civil agrave lei superveniente ou seja Estatuto da Crianccedila e
do Adolescente
Dispondo o referido artigo a seguinte redaccedilatildeo a adoccedilatildeo por estrangeiro obedeceraacute
aos casos e condiccedilotildees que forem estabelecidos em lei
Assim pode-se concluir que na falta de norma reguladora para o instituto da adoccedilatildeo
desde que natildeo conflite com o Coacutedigo Civil deveraacute ser aplicado analogicamente o Estatuto da
Crianccedila e do Adolescente
Ainda constata-se que o Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute
maior de 18 anos passando o instituto da adoccedilatildeo a ser irrestrito trazendo importantes
reflexos ao nosso ordenamento juriacutedico paacutetrio no que diz respeito aos direitos da
personalidade e nos direitos sucessoacuterios Enquanto o antigo Coacutedigo Civil Brasileiro de 1916
adotava o sistema da manifestaccedilatildeo de vontade
Atualmente o Coacutedigo Civil vigente e o Estatuto da Crianccedila adotam o sistema da
sentenccedila judicial sendo que o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo para os
menores de 18 anos o que natildeo exime que a adoccedilatildeo de menor de 18 anos seja feita pelo
Coacutedigo Civil58
De acordo com a legislaccedilatildeo civil podemos conceituar a adoccedilatildeo como o ato de
filiaccedilatildeo juriacutedica que pressupotildee de afetividade e natildeo de relaccedilatildeo bioloacutegica passando o
adotado a ser tratado como se fosse filho natural constituiacutedo em benefiacutecio do adotando
_____________ 58 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 irretrataacutevel e perpeacutetuo depois de consumado que cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com
todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo
inexistia naturalmente
De forma simples podemos definir a adoccedilatildeo como modalidade de filiaccedilatildeo civil que
busca imitar a filiaccedilatildeo natural dependente da vontade de adotante e adotado e por via de
sentenccedila judicial
Assim torna-se inafastaacutevel a utilidade do instituto da adoccedilatildeo em relaccedilatildeo ao menor
carente ou em estado de abandono pois eacute de interesse do Estado a inserccedilatildeo desse menor em
um ambiente familiar
Fica claro que o instituto da adoccedilatildeo eacute de caraacuteter humanitaacuterio que tem por um lado o
escopo de proporcionar agravequeles que a quem a natureza negou filhos e por outro lado
constitui a finalidade assistencial de melhorar a condiccedilatildeo moral e material do futuro
adotado
Mas ainda muito haacute de se defender em prol do instituto da adoccedilatildeo no Brasil natildeo soacute
como forma de projeto de cidadania mas tambeacutem como forma de vida digna a aqueles que
natildeo tem um lar principalmente ao que refere aos direitos de adoccedilatildeo internacional e ainda ao
direito de adoccedilatildeo por casais homossexuais
22 REQUISITOS DA ADOCcedilAtildeO
221 Requisitos Formais
Satildeo alguns requisitos formais para a adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil vigente59
efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal
ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)
____________ 59 VENOSASilvio de Salvo Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003p349
efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal
ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)
diferenccedila miacutenima de idade entre o adotante e o adotado (artigo 1619)
consentimento do adotado de seus pais ou de seu representante (artigos 1621 sect 1ordm e
1624)
intervenccedilatildeo judicial na sua criaccedilatildeo pois somente se aperfeiccediloa perante o juiz atraveacutes de
processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico (artigo 1623 paraacutegrafo uacutenico)
irrevogabilidade (artigo 1626 caput)
estaacutegio de convivecircncia (1622 paraacutegrafo uacutenico 1ordfparte)
comprovaccedilatildeo de estabilidade familiar (artigo 1618 paraacutegrafo uacutenico in fine)
23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO
A adoccedilatildeo se daacute atraveacutes de um processo judicial perante o juiz com competecircncia na
aacuterea da infacircncia e juventude que iraacute conhecer dos pedidos da adoccedilatildeo e os seus incidentes
entre os quais a destituiccedilatildeo do paacutetrio poder e guarda para fins da adoccedilatildeo
Vislumbram-se duas hipoacuteteses em que se adota ou a famiacutelia jaacute convive com a
crianccedila ou adolescente que pretende adotar ou a famiacutelia estaacute a procura de uma crianccedila para
que venha a adotar
Na primeira hipoacutetese devem os interessados ajuizar o pedido de adoccedilatildeo atraveacutes de
advogado ou defensor puacuteblico que formularaacute o pedido diretamente em cartoacuterio atraveacutes de
peticcedilatildeo assinada pelos requerentes quando os pais forem falecidos tiverem sido destituiacutedos
do paacutetrio poder ou houverem aderido expressamente ao pedido os pais bioloacutegicos quando
conhecidos satildeo citados para querendo contestarem o pedido julgando o juiz ao final de
acordo com o interesse superior da crianccedila e do adolescente
Na segunda hipoacutetese os interessados devem requerer sua inscriccedilatildeo no cadastro do
juiacutezo de pessoas interessadas em adotar A partir daiacute instaura-se um procedimento no qual
seratildeo ouvidos pela equipe teacutecnica do juiacutezo (assistentes sociais eou psicoacutelogos) e antes da
decisatildeo que deferir a inscriccedilatildeo o Ministeacuterio Puacuteblico assistiraacute ao pedido de adoccedilatildeo conforme
previsto no artigo 227 sect5ordm da Constituiccedilatildeo Federal e emitiraacute parecer
Em seguida seratildeo incluiacutedos em grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo cujas vagas seratildeo
preenchidas de acordo com a ordem de ajuizamento do pedido de habilitaccedilatildeo respeitados os
criteacuterios estabelecidos
Os grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo possuem duraccedilatildeo prevista de 60 dias e visam
auxiliar os interessados em adotar Habilitados e inscritos no cadastro os interessados
recebem um certificado com validade de 2 anos
Satildeo necessaacuterios os seguintes documentos60
certidatildeo de casamento
atestado de residecircncia
folha de antecedentes criminais
prova de idoneidade fiacutesica e moral
prova de abandono do menor
destituiccedilatildeo do paacutetrio poder
atestado de sanidade fiacutesica
________________ 60 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
A adoccedilatildeo constitui-se por sentenccedila sendo necessaacuterio que 61
a peticcedilatildeo Inicial com os requisitos do artigo 35
se na inicial vier a concordacircncia dos pais do adotando seratildeo ouvidos pelo juiz e pelo
representante do Ministeacuterio Puacuteblico lavrando-se o termo
a autoridade juriacutedica de ofiacutecio ou o requerimento das partes e do Ministeacuterio Puacuteblico
determinaraacute a realizaccedilatildeo de estudo social ou se possiacutevel periacutecia por equipe profissional
decidindo sobre o estaacutegio de convivecircncia
Apresentado o laudo e ouvido o adotando teraacute vistas o Ministeacuterio Puacutebico
apoacutes a manifestaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico no prazo tambeacutem de 5 (cinco) dias o
juiz proferiraacute a sentenccedila
A sentenccedila judicial transitada em julgado seraacute inserida no registro civil mediante mandado do qual natildeo
se forneceraacute certidatildeo O mandado judicial cancelaraacute o registro de nascimento original do menor conforme
o artigo 16 da Lei nordm 601573 E a inscriccedilatildeo no registro constaraacute o nome dos adotantes
como pais e o nome dos seus ascendentes Assim o menor ingressa na famiacutelia do adotante
se desvinculando da famiacutelia natural
24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO
241 Efeitos pessoais
Satildeo alguns efeitos pessoais decorrentes da adoccedilatildeo62
____________________
61 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1996 p 60 62 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 430
rompimento automaacutetico do viacutenculo de parentesco com a famiacutelia de origem salvo os
impedimentos matrimocircniais (artigo 1626)
estabelecimento de verdadeiros laccedilos de parentesco civil entre adotante e adotado
abrangendo a famiacutelia do adotante (artigo 15282ordf parte)
transferecircncia definitiva e de pleno direito do poder familiar para o adotante se o adotante
for menor (artigo 1630 1634 1635 inciso V)
liberdade razoaacutevel em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo do nome do adotado (1627)
possibilidade de promoccedilatildeo da interdiccedilatildeo e inabilitaccedilatildeo do pai ou matildee adotiva pelo
adotado ou vice-versa (artigo 1768)
determinaccedilatildeo do domiacutecilio do adotado menor de idade que adquire o do adotante
242 Efeitos patrimoniais
Satildeo alguns efeitos patrimoniais produzidos pela adoccedilatildeo63
direito do adotante de administraccedilatildeo e ususfruto dos bens do adotado menor (artigo 1689
1691e 1693)
obrigaccedilatildeo do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar (artigo
1634)
dever do adotante de prestar alimentos ao adotado (artigo 1694 1696 e 1697)
direito a indenizaccedilatildeo do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante
responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menor de idade
______________
81 Op cit p 31 p 432
direito sucessoacuterio do adotado visto que se equipara ao filho advindo de parentesco
cosanguineo herdado em concorrecircncia com o cocircnjuge sobrevivente ou convivente do
falecido na qualidade de descendente do autor da heranccedila afastando todos os demais
herdeiros do adotante que natildeo tenham a qualidade de filho (artigo 1829 inciso I e
1790incisos I e II)
reciprocidade nos efeitos sucessoacuterios (artigo 1829 inciso II e 1790 inciso III)
filho adotivo natildeo estaacute compreendido na exceccedilatildeo do Coacutedigo Civil artigo 1790 inciso I
rompimento de testamento se sobrevier filho adotivo (artigo 1973)
direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciaacuterio (artigo 1951 a 1960)
superviniecircncia de filho adotivo pode revogar doaccedilotildees feitas pelo adotante ( artigo 1846 e
1789)
Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso
de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do
oacutebito64
25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO
Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se
obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do
negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do
ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade
____________
64 Op cit p 32 p 435
deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea
A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-
se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico
Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade
anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo
251 Nulidade da adoccedilatildeo
Seraacute nula a adoccedilatildeo que65
em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16
anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619
a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a
mesma pessoa (artigo 1622)
o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)
vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude
252 Anulabilidade da adoccedilatildeo
Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66
a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente
incapaz
ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado
____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435
consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz
vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores
a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado
253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo
Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67
pela falta de consentimento do adotante e adotado
pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou
interdiccedilatildeo civil
pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico
26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO
A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes
motivos68
pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil
Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a
madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave
enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou
neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade
pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil
____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437
Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste
contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a
honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila
pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue
quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva
pela morte do adotante e adotado
27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO
Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a
finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo
avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante
e adotado69
Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute
prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com
facilidade a nova famiacutelia
O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a
ser adotado
Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a
extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo
atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil
____________
69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340
28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das
crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a
prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave
poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato
infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e
ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70
A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual
adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou
tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da
juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil
Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida
familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco
passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado
29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL
A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e
do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da
Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave
crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave
educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave
__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41
convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71
Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada
por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por
procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da
adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda
de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida
pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo
por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72
Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo
de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes
independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos
havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e
qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73
Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos
adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do
bem estar do adotado
210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO
A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser
incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e
educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta
assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria
___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438
Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como
com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo
dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos
pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco
pessoal e social nas ruas das grandes cidades
Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia
importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees
sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia
Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem
por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades
coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e
ceacutelere
Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria
com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e
defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do
proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os
procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados
Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo
atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o
instituto da adoccedilatildeo
A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de
_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em
lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que
querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave
crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico
educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e
na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos
e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o
desenvolvimento da cidadania
Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que
tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria
Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir
211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO
Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75
Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma
simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo
A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais
os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a
situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem
adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda
________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser
proporcionada pelas pessoas sem adotar
Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva
jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os
interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais
vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito
simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses
O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida
cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior
(adoccedilatildeo internacional)
CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees
estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil
Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente
A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida
excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido
por pessoa residente no Paiacutes
A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico
conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei
supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida
sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76
Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo
juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a
decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham
falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm
80699077
Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da
Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da
CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia
____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464
Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por
estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos
interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas
atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os
bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal
intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando
verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em
moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias
maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado
enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees
escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos
especialmente do menorrdquo78
Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante
nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado
tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a
perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e
economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila
passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco
e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79
Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas
___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438
Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil
A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver
medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo
internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda
possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o
seu ingresso em famiacutelia substituta
Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo
internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem
conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas
Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em
seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser
interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores
para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que
visem lucro80
Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas
pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator
determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas
famiacutelias substitutas
32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR
ESTRANGEIROS
A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo
seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e
condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________
80 Op Cit p 44 p 438
parte de estrangeiros
Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida
excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo
acarreta o adotante aacute desistecircncia
Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81
impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo
estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro
residente ou domiciliado fora do paiacutes
comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de
seu paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia
especializada e credenciada no paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido
do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico
juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente
autenticados pela autoridade consular
permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a
consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo
Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e
cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no
miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos
de idade
___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439
podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar
prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista
A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82
lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo
reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante
lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica
Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de
Adoccedilatildeo de Menores de 1984)
33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA
A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua
finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores
Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia
prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse
superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas
__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485
A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo
Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de
garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados
contratantes83
Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a
Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo
Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84
requisitos para a adoccedilatildeo internacional
requisitos processuais
reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo
De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo
em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o
interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras
_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486
CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a
grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo
igualmente a possibilidade da poder adotar
A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade
Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas
aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de
constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a
reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois
assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir
famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86
Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a
uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm
sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo
Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87
____________
86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho
mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49
A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios
E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por
homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se
espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem
homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila
se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais
homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos
tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte
de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo
16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo
se forem marido e mulher
Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89
____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da
uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos
homossexuais
42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA
E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a
situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos
casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo
juriacutedica podem os casais homossexuais adotar
No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo
homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes
da jurisprudecircncia
E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a
regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais
Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata
da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo
tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um
dos parceiros90
Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo
5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a
primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei
____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade
Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca
pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do
bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais
homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve
levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo
decidindo sempre pelo bem-estar do menor91
A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece
Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao
adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo
ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia
familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo
()
sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute
casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros
A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee
Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de
estado civil
______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005
Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92
Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que
homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo
poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante
O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de
adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual
diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro
de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93
______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo
da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum
cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito
Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94
Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais
homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95
Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo
sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel
privar os homossexuais do direito agrave adotar96
E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais
flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de
tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar
seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles
que lhe acolhem97
______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53
No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo
barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao
seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira
da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da
histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a
mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para
atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem
a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua
companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de
crianccedilas devem igualmente poder adotar98
Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no
aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes
de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o
preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99
Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida
pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato
Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo
________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53
CONCLUSAtildeO
A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia
E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto
no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio
Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988
Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade
Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente
A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva
Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros
por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores
Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade
Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a
sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do
Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo
Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e
principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que
pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da
adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e
venda de crianccedilas para o estrangeiro
A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente
estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse
baseado nos artigos 1618 a 1629
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52
Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de
amor carinho e solidariedade
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Na eacutepoca moderna o instituto da adoccedilatildeo teve a sua inspiraccedilatildeo no Direito Romano
sendo encontrado no Coacutedigo de 1683 promulgado na Dinamarca por Christian V Na
Alemanha tal instituto encontra-se no Coacutedigo de Pressuniano promulgado por Frederico
Guilherme II em 1751 e no Codex Maximilianus da Bavaacuteria de 175617
Essa legislaccedilatildeo influenciou o Coacutedigo Napoleocircnico de 1791 apesar da normativa
sobre o instituto da adoccedilatildeo natildeo houve uma aceitaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo frequumlente tendo em vista
a suspeita de favorecimento a fraude e agrave lei fiscal18
O Coacutedigo Napoleocircnico de 1971 contemplava quatro tipos de adoccedilatildeo19
a) adoccedilatildeo ordinaacuteria ndash depende de homologaccedilatildeo judicial permitida a maiores de50 anos
e diferenccedila de 15 anos entre o adotado altera nome tem direitos sucessoacuterios
b) adoccedilatildeo remuneratoacuteria ndash destinada a quem tivesse salvo a vida do adotando
irrevogaacutevel
c) adoccedilatildeo testamentaacuteria ndash permitida ao tutor apoacutes 5 anos de tutela
d) tutela oficiosa ndash uma espeacutecie de adoccedilatildeo provisoacuteria em favor dos menores
Por fim as Ordenaccedilotildees advieram do direito geral portuguecircs primeiro as Ordenaccedilotildees
Afonsinas de 1446 a 1514 que para o Brasil entraram em vigor agrave partir de 1500 sendo esta
substituiacuteda pelas Ordenaccedilotildees Manuelinas em 1514 e por uacuteltimo as Ordenaccedilotildees Filipinas em
1603 que vigoraram ateacute a promulgaccedilatildeo do da Lei nordm Coacutedigo Civil em 191620
_____________ 17 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo PauloLeud 1999 p 40 18 Op cit p 14 p 40 19 Op cit p 14 p 41 20 Op cit p 14 p 41
Nessa fase a adoccedilatildeo era regulada por inuacutemeros textos e passagens sem uma norma
especiacutefica
Com as Ordenaccedilotildees o instituto adquiriu o nome de perfilhamento e tinha como
objetivo tornar como herdeiro na sucessatildeo o filho tido mesmo que fosse o filho espuacuterio ou
o filho adulterino21
Com a independecircncia as Ordenaccedilotildees passaram a perder a sua validade em nosso
ordenamento juriacutedicoem virtude dos inuacutemeros diplomas e regulamentos que passaram a
vigorar na eacutepoca poreacutem a revogaccedilatildeo total soacute ocorreu com o advento do Coacutedigo Civil de
191622
12 CONCEITO
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de
solidariedade ou seja a chance de crianccedilas e adolescentes de terem um lar uma famiacutelia jaacute
que foram desprovidos de alguma forma de seus familiares
Para o conceito de adoccedilatildeo existem vaacuterias definiccedilotildees Em uma conceituaccedilatildeo simples e
clara podemos dizer que a adoccedilatildeo eacute um ato juriacutedico que tem por finalidade criar entre duas
pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue23
Ainda pode ser definida como o ato de ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco civil
portanto de suma importacircncia para a sociedade brasileira tendo em vista que tal ato
juriacutedico coaduna na esfera da vontade dos particulares com a devida permissatildeo da lei
__________ 21 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 42 22 Op cit p 15 p 42 23 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147
criando entre essas pessoas estranhas uma relaccedilatildeo anaacuteloga como agraves oriundas da filiaccedilatildeo
legiacutetima24
A adoccedilatildeo tambeacutem pode ser conceituada como o ato juriacutedico pelo qual o viacutenculo
familiar eacute criado em virtude do proacuteprio ato pelo legislador25
Alguns autores definem a adoccedilatildeo apenas como o instituto que daacute ao filho adotivo o
status idecircntico ao do filho legiacutetimo
Passamos a analisar a conceituaccedilatildeo dos seguintes juristas
Para Clovis Bevilacqua a adoccedilatildeo se destinava a suprir a falta de filho que tem como
ato civil aacute aceitaccedilatildeo de um estranho como filho26
Para a Profa Maria Helena Diniz a adoccedilatildeo eacute uma instituiccedilatildeo de caraacuteter humanitaacuterio
que tem por um lado dar aqueles a quem a natureza negou um lar e uma famiacutelia e por outro
lado a uma finalidade assistencial constituindo um meio de melhorar a condiccedilatildeo moral e
material do adotado27
Para Walter Gaspar a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica a qual se estabelece uma relaccedilatildeo
de parentesco que independe do fato natural da procriaccedilatildeo28
Para Orlando Gomes a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece independente
do fato natural o viacutenculo de filiaccedilatildeo legal que permite a constituiccedilatildeo entre duas pessoas do
laccedilo de parentesco do primeiro grau em linha reta29
_________ 24 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 25 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 26 Op cit p 16 p 63 27 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 28 GASPAR Walter Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003 p 315 29 ORLANDO Gomes Instituiccedilotildees de Direito Civil Satildeo Paulo Forense1996 p 226
Jose Maria Leoni Lopes de Oliveira define a adoccedilatildeo como um instituto juriacutedico que
procura imitar a filiaccedilatildeo natural30
Para Silvio Rodrigues a adoccedilatildeo eacute o ato do adotante pelo qual ele traz para a sua
famiacutelia e na condiccedilatildeo de filho pessoa que lhe eacute estranha31
Para Caio Mario da Silva a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual uma pessoa recebe
outra como filho independentemente de existir entre elas qualquer relaccedilatildeo de parentesco
cosanguiacuteneo ou afim32
Para Antunes Varella a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece entre duas
pessoas adotante de um lado e adotado de outro independente dos laccedilos de sangueuma
relaccedilatildeo legal de filiaccedilatildeo33
Para o Prof Arnoldo Wald a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco
civil Eacute um ato juriacutedico bilateral que gera laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre pessoas para
as quais tal relaccedilatildeo inexiste materialmente34
Para Carbonnier a filiaccedilatildeo adotiva eacute uma filiaccedilatildeo puramente juriacutedica que repousa
na pressuposiccedilatildeo de uma realidade natildeo bioloacutegica mas afetiva35
E para Dusi a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico solene em virtude do qual agrave vontade dos
particulares com a permissatildeo da lei cria entre pessoas naturalmente estranhas uma a outra
relaccedilotildees anaacutelogas as oriundas da filiaccedilatildeo legiacutetima36
__________ 31 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147 32 Direito Civil ndash Famiacutelia Satildeo Paulo Forense 1999 p330 48 op Cit p 17 p 330 33 Op Cit p 17 p 148 534WALD Arnold O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 35 Op cit p 17 apud Droit Civil 2 ndash La Famile nordm 354 p 519 36 Op cit p 17 p 217
No contexto das diversas definiccedilotildees atribuiacutedas a adoccedilatildeo podemos
verificar que esta se contrapotildee-se a filiaccedilatildeo legiacutetima ou natural por
sua caracteriacutestica artificial pois resulta da manifestaccedilatildeo de vontade e
de sentenccedila judicial Enquanto a filiaccedilatildeo natural tem seu viacutenculo
formado apenas no sangue
Contudo os efeitos da adoccedilatildeo em nosso ordenamento juriacutedico geram
as mesmas relaccedilotildees da filiaccedilatildeo natural
13 NATUREZA JURIacuteDICA
A natureza juriacutedica da adoccedilatildeo sempre foi muito controvertida para alguns
doutrinadores a adoccedilatildeo apenas eacute uma relaccedilatildeo juriacutedica enquanto para outros eacute negoacutecio
unilateral tendo em vista a vontade do adotante37
Com o passar dos tempos a mudou a sua finalidade antes se destinava
a atender aos interesses religiosos dos adotantes hoje se preocupa
mais com o interesse dos adotados objetivando proporcionar uma
famiacutelia38
A dificuldade em definir a natureza juriacutedica da adoccedilatildeo decorre da sua
natureza e da origem do seu ato
Assim para alguns autores adoccedilatildeo seria uma forma de contrato
devido agrave bilateralidade do ato pois eacute preciso a manifestaccedilatildeo de duas
vontades a do adotante e do adotado Sendo que agraves vezes o adotado eacute
representado poreacutem a vontade do adotando inexiste em algumas
situaccedilotildees o que dificulta a compreensatildeo dessa doutrina39
__________ 37 Op cit p 17 p 320 38 Op cit p 17 p 149 39 Op cit p 17 p 320
Para outros autores a adoccedilatildeo eacute instituto juriacutedico de ordem puacuteblica sendo necessaacuterio
a manifestaccedilatildeo do Estado declarando ou natildeo a adoccedilatildeo40
No Coacutedigo Civil de 1916 a adoccedilatildeo tinha a natureza de contrato
devido agrave solenidade exigida na lei da escritura puacuteblica realccedilando a
natureza negocial do instituto como contrato de famiacutelia disposto no
artigo 37541
Nessa eacutepoca havia duas formas distintas de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo simples
e a adoccedilatildeo plena e cada uma delas apresentava natureza proacutepria42
No Estatuto natildeo prevalece apenas a bilateralidade de vontades pois o Estado
participa de forma ativa exigindo-se tambeacutem uma sentenccedila judicial pois sem esta natildeo
haveraacute adoccedilatildeo 43
O Coacutedigo Civil de 2002 requer a presenccedila dos adotantes do Estado e somente
ocorreraacute se for atraveacutes de sentenccedila judicial
Pode-se assim concluir que a adoccedilatildeo eacute um ato complexo o
qual tem na sua primeira fase um caraacuteter negocial em seguida a
manifestaccedilatildeo de vontade dos adotantes e adotados e em sua segunda
fase tem caraacuteter judicial a fim de verificar a conveniecircncia ou natildeo da
adoccedilatildeo que culmina com a sentenccedila judicial44
Portanto a accedilatildeo de adoccedilatildeo eacute accedilatildeo do estado de caraacuteter constitutivo
conferindo a posiccedilatildeo de filho ao adotado atraveacutes de sentenccedila judicial
____________ 40 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p320 41 Op cit p 19 p 316
42 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Rio de Janeiro Atlas 2001 p 257 43 Op cit p 19 p 320
44 Op cit p 19 p 316 14 EVOLUCcedilAtildeO LEGISLATIVA DA ADOCcedilAtildeO
No Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 3071 de 01 de maio de 1916 vigoravam as
Ordenaccedilotildees Afonsinas Filipinas e Manuelinas45
Com o advento do Coacutedigo Civil de 1916 ocorreu a sistematizaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos
artigos 368 a 378 de caraacuteter essencialmente privado
Todavia o nosso direito paacutetrio da eacutepoca revelava as influecircncias do direito romano
do direito canocircnico das Ordenaccedilotildees Afonsinas Manuelinas e Filipinas46
No coacutedigo de 1916 a adoccedilatildeo era definida como o ato civil pelo qual algueacutem aceita
um estranho na qualidade de filho contudo tal conceito trazia consigo as suas restriccedilotildees47
Nessa eacutepoca havia restriccedilotildees quanto agrave adoccedilatildeo pois a mesma se destinava a habilitar
pessoas com mais de 50 anos exigindo a diferenccedila miacutenima de 18 anos entre adotado e
adotante e natildeo haveria direito de sucessatildeo ao adotado
Em 1957 adveio o Estatuto da adoccedilatildeo - Lei nordm 3133 de 08 de maio de 1957 E em
1979 o Coacutedigo de Menores Lei nordm 6667 de 10 de outubro de 1979 ambos traziam algumas
modificaccedilotildees que eliminava certas restriccedilotildees do Coacutedigo Civil de 191648
Algumas dessas modificaccedilotildees trazidas foi a de possibilidade de se adotar aos 30
anos e a diferenccedila de idade entre adotando e adotado passou a ser de 16 anos eliminou-se
tambeacutem o preacute-requisito de que somente casais sem filhos poderiam adotar49
______________ 45 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 38 46 Opcit p 20 p 42 47 Opcit p 20 p 84 48 Opcit p 20 p 40 49 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo em 1988 e com o advento do Estatuto da
Crianccedila e do Adolescente ndash ECA em 1990 consegui-se eliminar todas as restriccedilotildees
pertinentes agrave diferenccedila entre filhos adotivos ilegiacutetimos eou aduacutelterinos50
Assim hoje o filho adotivo tem os mesmos direitos garantias e deveres dos filhos
bioloacutegicos artigo 227 sectordm da CRFB
A partir de 1990 as regras da adoccedilatildeo passaram a visar mais os interesses direitos e
reais e necessidades dos adotandos O que se pretendia era encontrar uma famiacutelia adequada
aos menores e natildeo a busca de uma crianccedila para aqueles que pretendem adotar51
Jaacute o novo Coacutedigo Civil trata desse instituto da aceitaccedilatildeo legal de estranho no seio
familiar nos artigos 1618 a 1629 passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que
originariamente natildeo eacute criando com este laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com todos os
direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo inexiste
naturalmente52
E corroborando com o instituto da adoccedilatildeo o nosso texto constitucional assegura em
seu artigo 227 o direito de se ter uma famiacutelia o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave
educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura ao respeito agrave dignidade agrave liberdade e a
convivecircncia familiar 53
Esse direito de se ter uma famiacutelia consagrado na Carta Magna adveacutem do direito
positivo brasileiro do direito natural do simples direito de se ter um lar
__________ 50 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 150 51 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41 52 As modificaccedilotildees introduzidas agrave partir do advento do Novo Coacutedigo Civil ndash Lei nordm 1040602 53 CONSTITUICcedilAcircO FEDERAL EC nordm 45 Rio de Janeiro 2005 p 149
A adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia da proteccedilatildeo ao adotado e cuja finalidade
eacute a de dar um lar aos menores criando para esses menores um ambiente familiar e o
equiparando o adotado como filho legiacutetimo
Egrave um instituto de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo agravequeles que precisam de um
lar amor carinho e dignidade
Tem por finalidade fundamental dar filhos agravequeles que natildeo podem ter
biologicamente e de dar pais agravequeles que se encontram desamparados por algum motivo
Assim a adoccedilatildeo que fugir desses paracircmetros a que estaacute destinada estaraacute distorcendo a
finalidade do ordenamento a que lei se destina
Ficando constatado que a adoccedilatildeo no Brasil constitui um imperativo de ordem eacutetica
de natureza constitucional pois natildeo se pode construir uma sociedade mentalmente satilde sobre
as bases de abandono de crianccedilas os futuros homens de amanhatilde
CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
A adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil de 1916 era regulada nos artigos de 368 a 378 Nesse
Coacutedigo havia previsatildeo legal para duas modalidades de adoccedilatildeo54
A adoccedilatildeo simples estabelecia o viacutenculo de filiaccedilatildeo entre adotante e adotado
podendo o adotante ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos regia-se pelo Coacutedigo
Civil de 1916 e pela Lei nordm 313355
A adoccedilatildeo plena era espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser
irrevogavelmente para todos os efeitos legais a ser filhos dos adotantes desligando-se de
qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais
introduzido pela Lei nordm 669779
Nesse Coacutedigo Civil a adoccedilatildeo aplicava-se aos maiores de 18 anos e realccedilava a sua
natureza negocial do instituto tendo em vista a solenidade da escritura puacuteblica que a lei
exigia como contrato de direito de famiacutelia Somente seria a adoccedilatildeo consumada com a
devida averbaccedilatildeo da escritura no registro civil e no ato da adoccedilatildeo seriam declarados quais
os nomes da famiacutelia passaria o adotado a usar
Eram requisitos para adoccedilatildeo nesta legislaccedilatildeo de 1916 que o adotante fosse 16 anos
mais velho que o adotando com mais de 30 anos de idade se o adotante fosse casado o
casamento deveria ter duraccedilatildeo superior agrave cinco anos duas pessoas natildeo poderiam adotar
conjuntamente se natildeo forem marido e mulher e o adotando com maior de 18 anos o tutor
ou curador poderiam adotar depois de prestadas as contas ocorria atraveacutes de escritura
puacuteblica havia previsatildeo de adoccedilatildeo por estrangeiros sem restriccedilatildeo55
______________ 54 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 55 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p 323
Com o advento da Lei nordm 104062002 o instituto da adoccedilatildeo passou a ser tratado nos
artigos de 1618 a 1629 como jaacute mencionado E por conta da nova legislaccedilatildeo a adoccedilatildeo
simples e a adoccedilatildeo plena deixam de existir passando a adoccedilatildeo ser irrestrita 56
Hoje o Novo Coacutedigo - Lei nordm 104062002 se preocupa em seus artigos com a
adoccedilatildeo de forma global ou seja com a adoccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes e principalmente
com a primazia do interesse do adotado
Assim o instituto da adoccedilatildeo passa a ser regido nos seguintes termos57
No art 1618 Somente pessoa maior de dezoito anos pode adotar
Analisando este artigo pode-se constatar que houve a reduccedilatildeo da idade miacutenima para
adotar antes exigida de 35 anos
E em seu Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo poderaacute ser formalizada por ambos os cocircnjuges
ou companheiros desde que um deles tenha completado dezoito anos de idade comprovada
a estabilidade da famiacutelia
Os artigos 1619 e 1620 natildeo tiveram alteradas a sua redaccedilatildeo
De acordo com o artigo 1619 o adotante haacute de ser pelo menos dezesseis anos mais
velho que o adotado E no artigo 1620 enquanto natildeo der contas de sua administraccedilatildeo e natildeo
saldar o deacutebito natildeo poderaacute o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o curatelado
O artigo 1621 descreve que a adoccedilatildeo depende de consentimento dos pais ou dos
representantes legais de quem se deseja adotar e da concordacircncia deste se contar mais de
doze anos
______________
56 Op cit p 23 p 425
57 Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003 p 452-459
sect 1o O consentimento seraacute dispensado em relaccedilatildeo agrave crianccedila ou adolescente cujos
pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder familiar
sect 2o O consentimento previsto no caput eacute revogaacutevel ateacute a publicaccedilatildeo da sentenccedila
constitutiva da adoccedilatildeo
O novo dispositivo diminui a idade miacutenima do adotado para manifestar o seu
consentimento para 12 anos no regime anterior era de 14 anos
De acordo co o artigo 1622 ningueacutem poderaacute ser adotado por duas pessoas salvo se
forem marido e mulher ou se viverem em uniatildeo estaacutevel
Neste artigo foi acrescentado o paraacutegrafo uacutenico que acrescenta a posiccedilatildeo da adoccedilatildeo
por companheiros ou daqueles que vivem em uniatildeo estaacutevel
Paraacutegrafo uacutenico Os divorciados e os judicialmente separados poderatildeo adotar
conjuntamente contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o
estaacutegio de convivecircncia tenha sido iniciado na constacircncia da sociedade conjugal
No artigo 1623 a adoccedilatildeo obedeceraacute a processo judicial observados os requisitos
estabelecidos neste Coacutedigo
Houve acreacutescimo na nova legislaccedilatildeo apenas do paraacutegrafo uacutenico ao qual foi atribuiacuteda a
seguinte redaccedilatildeo
Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo de maiores de dezoito anos dependeraacute igualmente da
assistecircncia efetiva do Poder Puacuteblico e de sentenccedila constitutiva
No artigo 1624 Houve a substituiccedilatildeo do ldquopaacutetrio poderrdquo por ldquopoder familiarrdquo sendo
ainda suprimida a palavra ldquomenor abandonadordquo trazido na legislaccedilatildeo de 1916
Assim dispotildee o artigo citado em que natildeo haacute necessidade do consentimento do
representante legal do menor se provado que se trata de infante exposto ou de menor cujos
pais sejam desconhecidos estejam desaparecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder
familiar sem nomeaccedilatildeo de tutor ou de oacuterfatildeo natildeo reclamado por qualquer parente por mais
de um ano
De acordo com o artigo 1625 somente seraacute admitida a adoccedilatildeo que constituir efetivo
benefiacutecio para o adotando sendo matida a mesma redaccedilatildeo
Jaacute no artigo 1626 houve acreacutescimo do paraacutegrafo uacutenico
Dipondo a seguinte redaccedilatildeo o caput a adoccedilatildeo atribui a situaccedilatildeo de filho ao adotado
desligando-o de qualquer viacutenculo com os pais e parentes consanguumliacuteneos salvo quanto aos
impedimentos para o casamento
Paraacutegrafo uacutenico se um dos cocircnjuges ou companheiros adota o filho do outro
mantecircm-se os viacutenculos de filiaccedilatildeo entre o adotado e o cocircnjuge ou companheiro do adotante
e os respectivos parentes
Com relaccedilatildeo ao artigo 1627 permaneceu a mesma redaccedilatildeo com relaccedilatildeo a decisatildeo que
confere ao adotado o sobrenome do adotante podendo determinar a modificaccedilatildeo de seu
prenome se menor a pedido do adotante ou do adotado
No artigo abaixo descrito houve a adequaccedilatildeo ao dispositivo de moda a resguardar o
princiacutepio constitucional da plena igualdade entre filhos bioloacutegicos e adotados
Dispotildee o artigo 1628 que os efeitos da adoccedilatildeo comeccedilam a partir do tracircnsito em
julgado da sentenccedila exceto se o adotante vier a falecer no curso do procedimento caso em
que teraacute forccedila retroativa agrave data do oacutebito As relaccedilotildees de parentesco se estabelecem natildeo soacute
entre o adotante e o adotado como tambeacutem entre aquele e os descendentes deste e entre o
adotado e todos os parentes do adotante
Natildeo houve alteraccedilatildeo na redaccedilatildeo do artigo 1629 apenas tal dispositivo tem o
objetivo de ajustar o Novo Coacutedigo Civil agrave lei superveniente ou seja Estatuto da Crianccedila e
do Adolescente
Dispondo o referido artigo a seguinte redaccedilatildeo a adoccedilatildeo por estrangeiro obedeceraacute
aos casos e condiccedilotildees que forem estabelecidos em lei
Assim pode-se concluir que na falta de norma reguladora para o instituto da adoccedilatildeo
desde que natildeo conflite com o Coacutedigo Civil deveraacute ser aplicado analogicamente o Estatuto da
Crianccedila e do Adolescente
Ainda constata-se que o Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute
maior de 18 anos passando o instituto da adoccedilatildeo a ser irrestrito trazendo importantes
reflexos ao nosso ordenamento juriacutedico paacutetrio no que diz respeito aos direitos da
personalidade e nos direitos sucessoacuterios Enquanto o antigo Coacutedigo Civil Brasileiro de 1916
adotava o sistema da manifestaccedilatildeo de vontade
Atualmente o Coacutedigo Civil vigente e o Estatuto da Crianccedila adotam o sistema da
sentenccedila judicial sendo que o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo para os
menores de 18 anos o que natildeo exime que a adoccedilatildeo de menor de 18 anos seja feita pelo
Coacutedigo Civil58
De acordo com a legislaccedilatildeo civil podemos conceituar a adoccedilatildeo como o ato de
filiaccedilatildeo juriacutedica que pressupotildee de afetividade e natildeo de relaccedilatildeo bioloacutegica passando o
adotado a ser tratado como se fosse filho natural constituiacutedo em benefiacutecio do adotando
_____________ 58 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 irretrataacutevel e perpeacutetuo depois de consumado que cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com
todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo
inexistia naturalmente
De forma simples podemos definir a adoccedilatildeo como modalidade de filiaccedilatildeo civil que
busca imitar a filiaccedilatildeo natural dependente da vontade de adotante e adotado e por via de
sentenccedila judicial
Assim torna-se inafastaacutevel a utilidade do instituto da adoccedilatildeo em relaccedilatildeo ao menor
carente ou em estado de abandono pois eacute de interesse do Estado a inserccedilatildeo desse menor em
um ambiente familiar
Fica claro que o instituto da adoccedilatildeo eacute de caraacuteter humanitaacuterio que tem por um lado o
escopo de proporcionar agravequeles que a quem a natureza negou filhos e por outro lado
constitui a finalidade assistencial de melhorar a condiccedilatildeo moral e material do futuro
adotado
Mas ainda muito haacute de se defender em prol do instituto da adoccedilatildeo no Brasil natildeo soacute
como forma de projeto de cidadania mas tambeacutem como forma de vida digna a aqueles que
natildeo tem um lar principalmente ao que refere aos direitos de adoccedilatildeo internacional e ainda ao
direito de adoccedilatildeo por casais homossexuais
22 REQUISITOS DA ADOCcedilAtildeO
221 Requisitos Formais
Satildeo alguns requisitos formais para a adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil vigente59
efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal
ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)
____________ 59 VENOSASilvio de Salvo Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003p349
efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal
ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)
diferenccedila miacutenima de idade entre o adotante e o adotado (artigo 1619)
consentimento do adotado de seus pais ou de seu representante (artigos 1621 sect 1ordm e
1624)
intervenccedilatildeo judicial na sua criaccedilatildeo pois somente se aperfeiccediloa perante o juiz atraveacutes de
processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico (artigo 1623 paraacutegrafo uacutenico)
irrevogabilidade (artigo 1626 caput)
estaacutegio de convivecircncia (1622 paraacutegrafo uacutenico 1ordfparte)
comprovaccedilatildeo de estabilidade familiar (artigo 1618 paraacutegrafo uacutenico in fine)
23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO
A adoccedilatildeo se daacute atraveacutes de um processo judicial perante o juiz com competecircncia na
aacuterea da infacircncia e juventude que iraacute conhecer dos pedidos da adoccedilatildeo e os seus incidentes
entre os quais a destituiccedilatildeo do paacutetrio poder e guarda para fins da adoccedilatildeo
Vislumbram-se duas hipoacuteteses em que se adota ou a famiacutelia jaacute convive com a
crianccedila ou adolescente que pretende adotar ou a famiacutelia estaacute a procura de uma crianccedila para
que venha a adotar
Na primeira hipoacutetese devem os interessados ajuizar o pedido de adoccedilatildeo atraveacutes de
advogado ou defensor puacuteblico que formularaacute o pedido diretamente em cartoacuterio atraveacutes de
peticcedilatildeo assinada pelos requerentes quando os pais forem falecidos tiverem sido destituiacutedos
do paacutetrio poder ou houverem aderido expressamente ao pedido os pais bioloacutegicos quando
conhecidos satildeo citados para querendo contestarem o pedido julgando o juiz ao final de
acordo com o interesse superior da crianccedila e do adolescente
Na segunda hipoacutetese os interessados devem requerer sua inscriccedilatildeo no cadastro do
juiacutezo de pessoas interessadas em adotar A partir daiacute instaura-se um procedimento no qual
seratildeo ouvidos pela equipe teacutecnica do juiacutezo (assistentes sociais eou psicoacutelogos) e antes da
decisatildeo que deferir a inscriccedilatildeo o Ministeacuterio Puacuteblico assistiraacute ao pedido de adoccedilatildeo conforme
previsto no artigo 227 sect5ordm da Constituiccedilatildeo Federal e emitiraacute parecer
Em seguida seratildeo incluiacutedos em grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo cujas vagas seratildeo
preenchidas de acordo com a ordem de ajuizamento do pedido de habilitaccedilatildeo respeitados os
criteacuterios estabelecidos
Os grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo possuem duraccedilatildeo prevista de 60 dias e visam
auxiliar os interessados em adotar Habilitados e inscritos no cadastro os interessados
recebem um certificado com validade de 2 anos
Satildeo necessaacuterios os seguintes documentos60
certidatildeo de casamento
atestado de residecircncia
folha de antecedentes criminais
prova de idoneidade fiacutesica e moral
prova de abandono do menor
destituiccedilatildeo do paacutetrio poder
atestado de sanidade fiacutesica
________________ 60 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
A adoccedilatildeo constitui-se por sentenccedila sendo necessaacuterio que 61
a peticcedilatildeo Inicial com os requisitos do artigo 35
se na inicial vier a concordacircncia dos pais do adotando seratildeo ouvidos pelo juiz e pelo
representante do Ministeacuterio Puacuteblico lavrando-se o termo
a autoridade juriacutedica de ofiacutecio ou o requerimento das partes e do Ministeacuterio Puacuteblico
determinaraacute a realizaccedilatildeo de estudo social ou se possiacutevel periacutecia por equipe profissional
decidindo sobre o estaacutegio de convivecircncia
Apresentado o laudo e ouvido o adotando teraacute vistas o Ministeacuterio Puacutebico
apoacutes a manifestaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico no prazo tambeacutem de 5 (cinco) dias o
juiz proferiraacute a sentenccedila
A sentenccedila judicial transitada em julgado seraacute inserida no registro civil mediante mandado do qual natildeo
se forneceraacute certidatildeo O mandado judicial cancelaraacute o registro de nascimento original do menor conforme
o artigo 16 da Lei nordm 601573 E a inscriccedilatildeo no registro constaraacute o nome dos adotantes
como pais e o nome dos seus ascendentes Assim o menor ingressa na famiacutelia do adotante
se desvinculando da famiacutelia natural
24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO
241 Efeitos pessoais
Satildeo alguns efeitos pessoais decorrentes da adoccedilatildeo62
____________________
61 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1996 p 60 62 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 430
rompimento automaacutetico do viacutenculo de parentesco com a famiacutelia de origem salvo os
impedimentos matrimocircniais (artigo 1626)
estabelecimento de verdadeiros laccedilos de parentesco civil entre adotante e adotado
abrangendo a famiacutelia do adotante (artigo 15282ordf parte)
transferecircncia definitiva e de pleno direito do poder familiar para o adotante se o adotante
for menor (artigo 1630 1634 1635 inciso V)
liberdade razoaacutevel em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo do nome do adotado (1627)
possibilidade de promoccedilatildeo da interdiccedilatildeo e inabilitaccedilatildeo do pai ou matildee adotiva pelo
adotado ou vice-versa (artigo 1768)
determinaccedilatildeo do domiacutecilio do adotado menor de idade que adquire o do adotante
242 Efeitos patrimoniais
Satildeo alguns efeitos patrimoniais produzidos pela adoccedilatildeo63
direito do adotante de administraccedilatildeo e ususfruto dos bens do adotado menor (artigo 1689
1691e 1693)
obrigaccedilatildeo do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar (artigo
1634)
dever do adotante de prestar alimentos ao adotado (artigo 1694 1696 e 1697)
direito a indenizaccedilatildeo do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante
responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menor de idade
______________
81 Op cit p 31 p 432
direito sucessoacuterio do adotado visto que se equipara ao filho advindo de parentesco
cosanguineo herdado em concorrecircncia com o cocircnjuge sobrevivente ou convivente do
falecido na qualidade de descendente do autor da heranccedila afastando todos os demais
herdeiros do adotante que natildeo tenham a qualidade de filho (artigo 1829 inciso I e
1790incisos I e II)
reciprocidade nos efeitos sucessoacuterios (artigo 1829 inciso II e 1790 inciso III)
filho adotivo natildeo estaacute compreendido na exceccedilatildeo do Coacutedigo Civil artigo 1790 inciso I
rompimento de testamento se sobrevier filho adotivo (artigo 1973)
direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciaacuterio (artigo 1951 a 1960)
superviniecircncia de filho adotivo pode revogar doaccedilotildees feitas pelo adotante ( artigo 1846 e
1789)
Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso
de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do
oacutebito64
25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO
Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se
obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do
negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do
ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade
____________
64 Op cit p 32 p 435
deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea
A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-
se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico
Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade
anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo
251 Nulidade da adoccedilatildeo
Seraacute nula a adoccedilatildeo que65
em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16
anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619
a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a
mesma pessoa (artigo 1622)
o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)
vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude
252 Anulabilidade da adoccedilatildeo
Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66
a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente
incapaz
ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado
____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435
consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz
vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores
a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado
253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo
Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67
pela falta de consentimento do adotante e adotado
pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou
interdiccedilatildeo civil
pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico
26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO
A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes
motivos68
pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil
Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a
madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave
enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou
neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade
pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil
____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437
Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste
contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a
honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila
pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue
quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva
pela morte do adotante e adotado
27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO
Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a
finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo
avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante
e adotado69
Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute
prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com
facilidade a nova famiacutelia
O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a
ser adotado
Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a
extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo
atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil
____________
69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340
28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das
crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a
prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave
poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato
infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e
ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70
A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual
adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou
tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da
juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil
Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida
familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco
passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado
29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL
A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e
do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da
Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave
crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave
educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave
__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41
convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71
Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada
por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por
procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da
adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda
de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida
pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo
por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72
Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo
de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes
independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos
havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e
qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73
Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos
adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do
bem estar do adotado
210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO
A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser
incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e
educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta
assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria
___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438
Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como
com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo
dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos
pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco
pessoal e social nas ruas das grandes cidades
Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia
importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees
sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia
Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem
por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades
coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e
ceacutelere
Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria
com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e
defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do
proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os
procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados
Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo
atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o
instituto da adoccedilatildeo
A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de
_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em
lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que
querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave
crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico
educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e
na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos
e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o
desenvolvimento da cidadania
Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que
tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria
Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir
211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO
Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75
Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma
simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo
A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais
os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a
situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem
adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda
________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser
proporcionada pelas pessoas sem adotar
Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva
jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os
interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais
vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito
simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses
O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida
cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior
(adoccedilatildeo internacional)
CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees
estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil
Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente
A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida
excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido
por pessoa residente no Paiacutes
A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico
conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei
supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida
sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76
Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo
juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a
decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham
falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm
80699077
Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da
Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da
CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia
____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464
Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por
estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos
interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas
atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os
bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal
intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando
verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em
moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias
maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado
enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees
escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos
especialmente do menorrdquo78
Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante
nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado
tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a
perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e
economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila
passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco
e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79
Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas
___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438
Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil
A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver
medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo
internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda
possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o
seu ingresso em famiacutelia substituta
Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo
internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem
conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas
Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em
seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser
interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores
para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que
visem lucro80
Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas
pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator
determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas
famiacutelias substitutas
32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR
ESTRANGEIROS
A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo
seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e
condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________
80 Op Cit p 44 p 438
parte de estrangeiros
Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida
excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo
acarreta o adotante aacute desistecircncia
Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81
impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo
estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro
residente ou domiciliado fora do paiacutes
comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de
seu paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia
especializada e credenciada no paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido
do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico
juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente
autenticados pela autoridade consular
permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a
consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo
Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e
cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no
miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos
de idade
___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439
podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar
prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista
A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82
lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo
reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante
lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica
Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de
Adoccedilatildeo de Menores de 1984)
33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA
A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua
finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores
Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia
prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse
superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas
__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485
A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo
Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de
garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados
contratantes83
Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a
Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo
Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84
requisitos para a adoccedilatildeo internacional
requisitos processuais
reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo
De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo
em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o
interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras
_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486
CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a
grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo
igualmente a possibilidade da poder adotar
A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade
Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas
aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de
constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a
reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois
assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir
famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86
Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a
uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm
sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo
Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87
____________
86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho
mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49
A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios
E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por
homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se
espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem
homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila
se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais
homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos
tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte
de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo
16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo
se forem marido e mulher
Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89
____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da
uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos
homossexuais
42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA
E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a
situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos
casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo
juriacutedica podem os casais homossexuais adotar
No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo
homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes
da jurisprudecircncia
E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a
regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais
Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata
da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo
tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um
dos parceiros90
Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo
5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a
primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei
____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade
Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca
pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do
bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais
homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve
levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo
decidindo sempre pelo bem-estar do menor91
A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece
Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao
adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo
ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia
familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo
()
sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute
casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros
A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee
Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de
estado civil
______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005
Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92
Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que
homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo
poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante
O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de
adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual
diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro
de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93
______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo
da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum
cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito
Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94
Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais
homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95
Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo
sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel
privar os homossexuais do direito agrave adotar96
E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais
flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de
tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar
seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles
que lhe acolhem97
______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53
No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo
barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao
seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira
da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da
histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a
mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para
atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem
a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua
companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de
crianccedilas devem igualmente poder adotar98
Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no
aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes
de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o
preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99
Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida
pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato
Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo
________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53
CONCLUSAtildeO
A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia
E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto
no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio
Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988
Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade
Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente
A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva
Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros
por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores
Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade
Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a
sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do
Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo
Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e
principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que
pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da
adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e
venda de crianccedilas para o estrangeiro
A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente
estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse
baseado nos artigos 1618 a 1629
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52
Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de
amor carinho e solidariedade
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 6023 informaccedilatildeo e
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Nessa fase a adoccedilatildeo era regulada por inuacutemeros textos e passagens sem uma norma
especiacutefica
Com as Ordenaccedilotildees o instituto adquiriu o nome de perfilhamento e tinha como
objetivo tornar como herdeiro na sucessatildeo o filho tido mesmo que fosse o filho espuacuterio ou
o filho adulterino21
Com a independecircncia as Ordenaccedilotildees passaram a perder a sua validade em nosso
ordenamento juriacutedicoem virtude dos inuacutemeros diplomas e regulamentos que passaram a
vigorar na eacutepoca poreacutem a revogaccedilatildeo total soacute ocorreu com o advento do Coacutedigo Civil de
191622
12 CONCEITO
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de
solidariedade ou seja a chance de crianccedilas e adolescentes de terem um lar uma famiacutelia jaacute
que foram desprovidos de alguma forma de seus familiares
Para o conceito de adoccedilatildeo existem vaacuterias definiccedilotildees Em uma conceituaccedilatildeo simples e
clara podemos dizer que a adoccedilatildeo eacute um ato juriacutedico que tem por finalidade criar entre duas
pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue23
Ainda pode ser definida como o ato de ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco civil
portanto de suma importacircncia para a sociedade brasileira tendo em vista que tal ato
juriacutedico coaduna na esfera da vontade dos particulares com a devida permissatildeo da lei
__________ 21 SZNICK Waldir A Adoccedilatildeo Satildeo Paulo Leud 1999 p 42 22 Op cit p 15 p 42 23 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147
criando entre essas pessoas estranhas uma relaccedilatildeo anaacuteloga como agraves oriundas da filiaccedilatildeo
legiacutetima24
A adoccedilatildeo tambeacutem pode ser conceituada como o ato juriacutedico pelo qual o viacutenculo
familiar eacute criado em virtude do proacuteprio ato pelo legislador25
Alguns autores definem a adoccedilatildeo apenas como o instituto que daacute ao filho adotivo o
status idecircntico ao do filho legiacutetimo
Passamos a analisar a conceituaccedilatildeo dos seguintes juristas
Para Clovis Bevilacqua a adoccedilatildeo se destinava a suprir a falta de filho que tem como
ato civil aacute aceitaccedilatildeo de um estranho como filho26
Para a Profa Maria Helena Diniz a adoccedilatildeo eacute uma instituiccedilatildeo de caraacuteter humanitaacuterio
que tem por um lado dar aqueles a quem a natureza negou um lar e uma famiacutelia e por outro
lado a uma finalidade assistencial constituindo um meio de melhorar a condiccedilatildeo moral e
material do adotado27
Para Walter Gaspar a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica a qual se estabelece uma relaccedilatildeo
de parentesco que independe do fato natural da procriaccedilatildeo28
Para Orlando Gomes a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece independente
do fato natural o viacutenculo de filiaccedilatildeo legal que permite a constituiccedilatildeo entre duas pessoas do
laccedilo de parentesco do primeiro grau em linha reta29
_________ 24 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 25 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 26 Op cit p 16 p 63 27 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 28 GASPAR Walter Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003 p 315 29 ORLANDO Gomes Instituiccedilotildees de Direito Civil Satildeo Paulo Forense1996 p 226
Jose Maria Leoni Lopes de Oliveira define a adoccedilatildeo como um instituto juriacutedico que
procura imitar a filiaccedilatildeo natural30
Para Silvio Rodrigues a adoccedilatildeo eacute o ato do adotante pelo qual ele traz para a sua
famiacutelia e na condiccedilatildeo de filho pessoa que lhe eacute estranha31
Para Caio Mario da Silva a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual uma pessoa recebe
outra como filho independentemente de existir entre elas qualquer relaccedilatildeo de parentesco
cosanguiacuteneo ou afim32
Para Antunes Varella a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece entre duas
pessoas adotante de um lado e adotado de outro independente dos laccedilos de sangueuma
relaccedilatildeo legal de filiaccedilatildeo33
Para o Prof Arnoldo Wald a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco
civil Eacute um ato juriacutedico bilateral que gera laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre pessoas para
as quais tal relaccedilatildeo inexiste materialmente34
Para Carbonnier a filiaccedilatildeo adotiva eacute uma filiaccedilatildeo puramente juriacutedica que repousa
na pressuposiccedilatildeo de uma realidade natildeo bioloacutegica mas afetiva35
E para Dusi a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico solene em virtude do qual agrave vontade dos
particulares com a permissatildeo da lei cria entre pessoas naturalmente estranhas uma a outra
relaccedilotildees anaacutelogas as oriundas da filiaccedilatildeo legiacutetima36
__________ 31 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147 32 Direito Civil ndash Famiacutelia Satildeo Paulo Forense 1999 p330 48 op Cit p 17 p 330 33 Op Cit p 17 p 148 534WALD Arnold O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 35 Op cit p 17 apud Droit Civil 2 ndash La Famile nordm 354 p 519 36 Op cit p 17 p 217
No contexto das diversas definiccedilotildees atribuiacutedas a adoccedilatildeo podemos
verificar que esta se contrapotildee-se a filiaccedilatildeo legiacutetima ou natural por
sua caracteriacutestica artificial pois resulta da manifestaccedilatildeo de vontade e
de sentenccedila judicial Enquanto a filiaccedilatildeo natural tem seu viacutenculo
formado apenas no sangue
Contudo os efeitos da adoccedilatildeo em nosso ordenamento juriacutedico geram
as mesmas relaccedilotildees da filiaccedilatildeo natural
13 NATUREZA JURIacuteDICA
A natureza juriacutedica da adoccedilatildeo sempre foi muito controvertida para alguns
doutrinadores a adoccedilatildeo apenas eacute uma relaccedilatildeo juriacutedica enquanto para outros eacute negoacutecio
unilateral tendo em vista a vontade do adotante37
Com o passar dos tempos a mudou a sua finalidade antes se destinava
a atender aos interesses religiosos dos adotantes hoje se preocupa
mais com o interesse dos adotados objetivando proporcionar uma
famiacutelia38
A dificuldade em definir a natureza juriacutedica da adoccedilatildeo decorre da sua
natureza e da origem do seu ato
Assim para alguns autores adoccedilatildeo seria uma forma de contrato
devido agrave bilateralidade do ato pois eacute preciso a manifestaccedilatildeo de duas
vontades a do adotante e do adotado Sendo que agraves vezes o adotado eacute
representado poreacutem a vontade do adotando inexiste em algumas
situaccedilotildees o que dificulta a compreensatildeo dessa doutrina39
__________ 37 Op cit p 17 p 320 38 Op cit p 17 p 149 39 Op cit p 17 p 320
Para outros autores a adoccedilatildeo eacute instituto juriacutedico de ordem puacuteblica sendo necessaacuterio
a manifestaccedilatildeo do Estado declarando ou natildeo a adoccedilatildeo40
No Coacutedigo Civil de 1916 a adoccedilatildeo tinha a natureza de contrato
devido agrave solenidade exigida na lei da escritura puacuteblica realccedilando a
natureza negocial do instituto como contrato de famiacutelia disposto no
artigo 37541
Nessa eacutepoca havia duas formas distintas de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo simples
e a adoccedilatildeo plena e cada uma delas apresentava natureza proacutepria42
No Estatuto natildeo prevalece apenas a bilateralidade de vontades pois o Estado
participa de forma ativa exigindo-se tambeacutem uma sentenccedila judicial pois sem esta natildeo
haveraacute adoccedilatildeo 43
O Coacutedigo Civil de 2002 requer a presenccedila dos adotantes do Estado e somente
ocorreraacute se for atraveacutes de sentenccedila judicial
Pode-se assim concluir que a adoccedilatildeo eacute um ato complexo o
qual tem na sua primeira fase um caraacuteter negocial em seguida a
manifestaccedilatildeo de vontade dos adotantes e adotados e em sua segunda
fase tem caraacuteter judicial a fim de verificar a conveniecircncia ou natildeo da
adoccedilatildeo que culmina com a sentenccedila judicial44
Portanto a accedilatildeo de adoccedilatildeo eacute accedilatildeo do estado de caraacuteter constitutivo
conferindo a posiccedilatildeo de filho ao adotado atraveacutes de sentenccedila judicial
____________ 40 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p320 41 Op cit p 19 p 316
42 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Rio de Janeiro Atlas 2001 p 257 43 Op cit p 19 p 320
44 Op cit p 19 p 316 14 EVOLUCcedilAtildeO LEGISLATIVA DA ADOCcedilAtildeO
No Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 3071 de 01 de maio de 1916 vigoravam as
Ordenaccedilotildees Afonsinas Filipinas e Manuelinas45
Com o advento do Coacutedigo Civil de 1916 ocorreu a sistematizaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos
artigos 368 a 378 de caraacuteter essencialmente privado
Todavia o nosso direito paacutetrio da eacutepoca revelava as influecircncias do direito romano
do direito canocircnico das Ordenaccedilotildees Afonsinas Manuelinas e Filipinas46
No coacutedigo de 1916 a adoccedilatildeo era definida como o ato civil pelo qual algueacutem aceita
um estranho na qualidade de filho contudo tal conceito trazia consigo as suas restriccedilotildees47
Nessa eacutepoca havia restriccedilotildees quanto agrave adoccedilatildeo pois a mesma se destinava a habilitar
pessoas com mais de 50 anos exigindo a diferenccedila miacutenima de 18 anos entre adotado e
adotante e natildeo haveria direito de sucessatildeo ao adotado
Em 1957 adveio o Estatuto da adoccedilatildeo - Lei nordm 3133 de 08 de maio de 1957 E em
1979 o Coacutedigo de Menores Lei nordm 6667 de 10 de outubro de 1979 ambos traziam algumas
modificaccedilotildees que eliminava certas restriccedilotildees do Coacutedigo Civil de 191648
Algumas dessas modificaccedilotildees trazidas foi a de possibilidade de se adotar aos 30
anos e a diferenccedila de idade entre adotando e adotado passou a ser de 16 anos eliminou-se
tambeacutem o preacute-requisito de que somente casais sem filhos poderiam adotar49
______________ 45 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 38 46 Opcit p 20 p 42 47 Opcit p 20 p 84 48 Opcit p 20 p 40 49 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo em 1988 e com o advento do Estatuto da
Crianccedila e do Adolescente ndash ECA em 1990 consegui-se eliminar todas as restriccedilotildees
pertinentes agrave diferenccedila entre filhos adotivos ilegiacutetimos eou aduacutelterinos50
Assim hoje o filho adotivo tem os mesmos direitos garantias e deveres dos filhos
bioloacutegicos artigo 227 sectordm da CRFB
A partir de 1990 as regras da adoccedilatildeo passaram a visar mais os interesses direitos e
reais e necessidades dos adotandos O que se pretendia era encontrar uma famiacutelia adequada
aos menores e natildeo a busca de uma crianccedila para aqueles que pretendem adotar51
Jaacute o novo Coacutedigo Civil trata desse instituto da aceitaccedilatildeo legal de estranho no seio
familiar nos artigos 1618 a 1629 passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que
originariamente natildeo eacute criando com este laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com todos os
direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo inexiste
naturalmente52
E corroborando com o instituto da adoccedilatildeo o nosso texto constitucional assegura em
seu artigo 227 o direito de se ter uma famiacutelia o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave
educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura ao respeito agrave dignidade agrave liberdade e a
convivecircncia familiar 53
Esse direito de se ter uma famiacutelia consagrado na Carta Magna adveacutem do direito
positivo brasileiro do direito natural do simples direito de se ter um lar
__________ 50 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 150 51 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41 52 As modificaccedilotildees introduzidas agrave partir do advento do Novo Coacutedigo Civil ndash Lei nordm 1040602 53 CONSTITUICcedilAcircO FEDERAL EC nordm 45 Rio de Janeiro 2005 p 149
A adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia da proteccedilatildeo ao adotado e cuja finalidade
eacute a de dar um lar aos menores criando para esses menores um ambiente familiar e o
equiparando o adotado como filho legiacutetimo
Egrave um instituto de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo agravequeles que precisam de um
lar amor carinho e dignidade
Tem por finalidade fundamental dar filhos agravequeles que natildeo podem ter
biologicamente e de dar pais agravequeles que se encontram desamparados por algum motivo
Assim a adoccedilatildeo que fugir desses paracircmetros a que estaacute destinada estaraacute distorcendo a
finalidade do ordenamento a que lei se destina
Ficando constatado que a adoccedilatildeo no Brasil constitui um imperativo de ordem eacutetica
de natureza constitucional pois natildeo se pode construir uma sociedade mentalmente satilde sobre
as bases de abandono de crianccedilas os futuros homens de amanhatilde
CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
A adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil de 1916 era regulada nos artigos de 368 a 378 Nesse
Coacutedigo havia previsatildeo legal para duas modalidades de adoccedilatildeo54
A adoccedilatildeo simples estabelecia o viacutenculo de filiaccedilatildeo entre adotante e adotado
podendo o adotante ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos regia-se pelo Coacutedigo
Civil de 1916 e pela Lei nordm 313355
A adoccedilatildeo plena era espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser
irrevogavelmente para todos os efeitos legais a ser filhos dos adotantes desligando-se de
qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais
introduzido pela Lei nordm 669779
Nesse Coacutedigo Civil a adoccedilatildeo aplicava-se aos maiores de 18 anos e realccedilava a sua
natureza negocial do instituto tendo em vista a solenidade da escritura puacuteblica que a lei
exigia como contrato de direito de famiacutelia Somente seria a adoccedilatildeo consumada com a
devida averbaccedilatildeo da escritura no registro civil e no ato da adoccedilatildeo seriam declarados quais
os nomes da famiacutelia passaria o adotado a usar
Eram requisitos para adoccedilatildeo nesta legislaccedilatildeo de 1916 que o adotante fosse 16 anos
mais velho que o adotando com mais de 30 anos de idade se o adotante fosse casado o
casamento deveria ter duraccedilatildeo superior agrave cinco anos duas pessoas natildeo poderiam adotar
conjuntamente se natildeo forem marido e mulher e o adotando com maior de 18 anos o tutor
ou curador poderiam adotar depois de prestadas as contas ocorria atraveacutes de escritura
puacuteblica havia previsatildeo de adoccedilatildeo por estrangeiros sem restriccedilatildeo55
______________ 54 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 55 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p 323
Com o advento da Lei nordm 104062002 o instituto da adoccedilatildeo passou a ser tratado nos
artigos de 1618 a 1629 como jaacute mencionado E por conta da nova legislaccedilatildeo a adoccedilatildeo
simples e a adoccedilatildeo plena deixam de existir passando a adoccedilatildeo ser irrestrita 56
Hoje o Novo Coacutedigo - Lei nordm 104062002 se preocupa em seus artigos com a
adoccedilatildeo de forma global ou seja com a adoccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes e principalmente
com a primazia do interesse do adotado
Assim o instituto da adoccedilatildeo passa a ser regido nos seguintes termos57
No art 1618 Somente pessoa maior de dezoito anos pode adotar
Analisando este artigo pode-se constatar que houve a reduccedilatildeo da idade miacutenima para
adotar antes exigida de 35 anos
E em seu Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo poderaacute ser formalizada por ambos os cocircnjuges
ou companheiros desde que um deles tenha completado dezoito anos de idade comprovada
a estabilidade da famiacutelia
Os artigos 1619 e 1620 natildeo tiveram alteradas a sua redaccedilatildeo
De acordo com o artigo 1619 o adotante haacute de ser pelo menos dezesseis anos mais
velho que o adotado E no artigo 1620 enquanto natildeo der contas de sua administraccedilatildeo e natildeo
saldar o deacutebito natildeo poderaacute o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o curatelado
O artigo 1621 descreve que a adoccedilatildeo depende de consentimento dos pais ou dos
representantes legais de quem se deseja adotar e da concordacircncia deste se contar mais de
doze anos
______________
56 Op cit p 23 p 425
57 Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003 p 452-459
sect 1o O consentimento seraacute dispensado em relaccedilatildeo agrave crianccedila ou adolescente cujos
pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder familiar
sect 2o O consentimento previsto no caput eacute revogaacutevel ateacute a publicaccedilatildeo da sentenccedila
constitutiva da adoccedilatildeo
O novo dispositivo diminui a idade miacutenima do adotado para manifestar o seu
consentimento para 12 anos no regime anterior era de 14 anos
De acordo co o artigo 1622 ningueacutem poderaacute ser adotado por duas pessoas salvo se
forem marido e mulher ou se viverem em uniatildeo estaacutevel
Neste artigo foi acrescentado o paraacutegrafo uacutenico que acrescenta a posiccedilatildeo da adoccedilatildeo
por companheiros ou daqueles que vivem em uniatildeo estaacutevel
Paraacutegrafo uacutenico Os divorciados e os judicialmente separados poderatildeo adotar
conjuntamente contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o
estaacutegio de convivecircncia tenha sido iniciado na constacircncia da sociedade conjugal
No artigo 1623 a adoccedilatildeo obedeceraacute a processo judicial observados os requisitos
estabelecidos neste Coacutedigo
Houve acreacutescimo na nova legislaccedilatildeo apenas do paraacutegrafo uacutenico ao qual foi atribuiacuteda a
seguinte redaccedilatildeo
Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo de maiores de dezoito anos dependeraacute igualmente da
assistecircncia efetiva do Poder Puacuteblico e de sentenccedila constitutiva
No artigo 1624 Houve a substituiccedilatildeo do ldquopaacutetrio poderrdquo por ldquopoder familiarrdquo sendo
ainda suprimida a palavra ldquomenor abandonadordquo trazido na legislaccedilatildeo de 1916
Assim dispotildee o artigo citado em que natildeo haacute necessidade do consentimento do
representante legal do menor se provado que se trata de infante exposto ou de menor cujos
pais sejam desconhecidos estejam desaparecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder
familiar sem nomeaccedilatildeo de tutor ou de oacuterfatildeo natildeo reclamado por qualquer parente por mais
de um ano
De acordo com o artigo 1625 somente seraacute admitida a adoccedilatildeo que constituir efetivo
benefiacutecio para o adotando sendo matida a mesma redaccedilatildeo
Jaacute no artigo 1626 houve acreacutescimo do paraacutegrafo uacutenico
Dipondo a seguinte redaccedilatildeo o caput a adoccedilatildeo atribui a situaccedilatildeo de filho ao adotado
desligando-o de qualquer viacutenculo com os pais e parentes consanguumliacuteneos salvo quanto aos
impedimentos para o casamento
Paraacutegrafo uacutenico se um dos cocircnjuges ou companheiros adota o filho do outro
mantecircm-se os viacutenculos de filiaccedilatildeo entre o adotado e o cocircnjuge ou companheiro do adotante
e os respectivos parentes
Com relaccedilatildeo ao artigo 1627 permaneceu a mesma redaccedilatildeo com relaccedilatildeo a decisatildeo que
confere ao adotado o sobrenome do adotante podendo determinar a modificaccedilatildeo de seu
prenome se menor a pedido do adotante ou do adotado
No artigo abaixo descrito houve a adequaccedilatildeo ao dispositivo de moda a resguardar o
princiacutepio constitucional da plena igualdade entre filhos bioloacutegicos e adotados
Dispotildee o artigo 1628 que os efeitos da adoccedilatildeo comeccedilam a partir do tracircnsito em
julgado da sentenccedila exceto se o adotante vier a falecer no curso do procedimento caso em
que teraacute forccedila retroativa agrave data do oacutebito As relaccedilotildees de parentesco se estabelecem natildeo soacute
entre o adotante e o adotado como tambeacutem entre aquele e os descendentes deste e entre o
adotado e todos os parentes do adotante
Natildeo houve alteraccedilatildeo na redaccedilatildeo do artigo 1629 apenas tal dispositivo tem o
objetivo de ajustar o Novo Coacutedigo Civil agrave lei superveniente ou seja Estatuto da Crianccedila e
do Adolescente
Dispondo o referido artigo a seguinte redaccedilatildeo a adoccedilatildeo por estrangeiro obedeceraacute
aos casos e condiccedilotildees que forem estabelecidos em lei
Assim pode-se concluir que na falta de norma reguladora para o instituto da adoccedilatildeo
desde que natildeo conflite com o Coacutedigo Civil deveraacute ser aplicado analogicamente o Estatuto da
Crianccedila e do Adolescente
Ainda constata-se que o Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute
maior de 18 anos passando o instituto da adoccedilatildeo a ser irrestrito trazendo importantes
reflexos ao nosso ordenamento juriacutedico paacutetrio no que diz respeito aos direitos da
personalidade e nos direitos sucessoacuterios Enquanto o antigo Coacutedigo Civil Brasileiro de 1916
adotava o sistema da manifestaccedilatildeo de vontade
Atualmente o Coacutedigo Civil vigente e o Estatuto da Crianccedila adotam o sistema da
sentenccedila judicial sendo que o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo para os
menores de 18 anos o que natildeo exime que a adoccedilatildeo de menor de 18 anos seja feita pelo
Coacutedigo Civil58
De acordo com a legislaccedilatildeo civil podemos conceituar a adoccedilatildeo como o ato de
filiaccedilatildeo juriacutedica que pressupotildee de afetividade e natildeo de relaccedilatildeo bioloacutegica passando o
adotado a ser tratado como se fosse filho natural constituiacutedo em benefiacutecio do adotando
_____________ 58 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 irretrataacutevel e perpeacutetuo depois de consumado que cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com
todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo
inexistia naturalmente
De forma simples podemos definir a adoccedilatildeo como modalidade de filiaccedilatildeo civil que
busca imitar a filiaccedilatildeo natural dependente da vontade de adotante e adotado e por via de
sentenccedila judicial
Assim torna-se inafastaacutevel a utilidade do instituto da adoccedilatildeo em relaccedilatildeo ao menor
carente ou em estado de abandono pois eacute de interesse do Estado a inserccedilatildeo desse menor em
um ambiente familiar
Fica claro que o instituto da adoccedilatildeo eacute de caraacuteter humanitaacuterio que tem por um lado o
escopo de proporcionar agravequeles que a quem a natureza negou filhos e por outro lado
constitui a finalidade assistencial de melhorar a condiccedilatildeo moral e material do futuro
adotado
Mas ainda muito haacute de se defender em prol do instituto da adoccedilatildeo no Brasil natildeo soacute
como forma de projeto de cidadania mas tambeacutem como forma de vida digna a aqueles que
natildeo tem um lar principalmente ao que refere aos direitos de adoccedilatildeo internacional e ainda ao
direito de adoccedilatildeo por casais homossexuais
22 REQUISITOS DA ADOCcedilAtildeO
221 Requisitos Formais
Satildeo alguns requisitos formais para a adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil vigente59
efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal
ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)
____________ 59 VENOSASilvio de Salvo Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003p349
efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal
ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)
diferenccedila miacutenima de idade entre o adotante e o adotado (artigo 1619)
consentimento do adotado de seus pais ou de seu representante (artigos 1621 sect 1ordm e
1624)
intervenccedilatildeo judicial na sua criaccedilatildeo pois somente se aperfeiccediloa perante o juiz atraveacutes de
processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico (artigo 1623 paraacutegrafo uacutenico)
irrevogabilidade (artigo 1626 caput)
estaacutegio de convivecircncia (1622 paraacutegrafo uacutenico 1ordfparte)
comprovaccedilatildeo de estabilidade familiar (artigo 1618 paraacutegrafo uacutenico in fine)
23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO
A adoccedilatildeo se daacute atraveacutes de um processo judicial perante o juiz com competecircncia na
aacuterea da infacircncia e juventude que iraacute conhecer dos pedidos da adoccedilatildeo e os seus incidentes
entre os quais a destituiccedilatildeo do paacutetrio poder e guarda para fins da adoccedilatildeo
Vislumbram-se duas hipoacuteteses em que se adota ou a famiacutelia jaacute convive com a
crianccedila ou adolescente que pretende adotar ou a famiacutelia estaacute a procura de uma crianccedila para
que venha a adotar
Na primeira hipoacutetese devem os interessados ajuizar o pedido de adoccedilatildeo atraveacutes de
advogado ou defensor puacuteblico que formularaacute o pedido diretamente em cartoacuterio atraveacutes de
peticcedilatildeo assinada pelos requerentes quando os pais forem falecidos tiverem sido destituiacutedos
do paacutetrio poder ou houverem aderido expressamente ao pedido os pais bioloacutegicos quando
conhecidos satildeo citados para querendo contestarem o pedido julgando o juiz ao final de
acordo com o interesse superior da crianccedila e do adolescente
Na segunda hipoacutetese os interessados devem requerer sua inscriccedilatildeo no cadastro do
juiacutezo de pessoas interessadas em adotar A partir daiacute instaura-se um procedimento no qual
seratildeo ouvidos pela equipe teacutecnica do juiacutezo (assistentes sociais eou psicoacutelogos) e antes da
decisatildeo que deferir a inscriccedilatildeo o Ministeacuterio Puacuteblico assistiraacute ao pedido de adoccedilatildeo conforme
previsto no artigo 227 sect5ordm da Constituiccedilatildeo Federal e emitiraacute parecer
Em seguida seratildeo incluiacutedos em grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo cujas vagas seratildeo
preenchidas de acordo com a ordem de ajuizamento do pedido de habilitaccedilatildeo respeitados os
criteacuterios estabelecidos
Os grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo possuem duraccedilatildeo prevista de 60 dias e visam
auxiliar os interessados em adotar Habilitados e inscritos no cadastro os interessados
recebem um certificado com validade de 2 anos
Satildeo necessaacuterios os seguintes documentos60
certidatildeo de casamento
atestado de residecircncia
folha de antecedentes criminais
prova de idoneidade fiacutesica e moral
prova de abandono do menor
destituiccedilatildeo do paacutetrio poder
atestado de sanidade fiacutesica
________________ 60 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
A adoccedilatildeo constitui-se por sentenccedila sendo necessaacuterio que 61
a peticcedilatildeo Inicial com os requisitos do artigo 35
se na inicial vier a concordacircncia dos pais do adotando seratildeo ouvidos pelo juiz e pelo
representante do Ministeacuterio Puacuteblico lavrando-se o termo
a autoridade juriacutedica de ofiacutecio ou o requerimento das partes e do Ministeacuterio Puacuteblico
determinaraacute a realizaccedilatildeo de estudo social ou se possiacutevel periacutecia por equipe profissional
decidindo sobre o estaacutegio de convivecircncia
Apresentado o laudo e ouvido o adotando teraacute vistas o Ministeacuterio Puacutebico
apoacutes a manifestaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico no prazo tambeacutem de 5 (cinco) dias o
juiz proferiraacute a sentenccedila
A sentenccedila judicial transitada em julgado seraacute inserida no registro civil mediante mandado do qual natildeo
se forneceraacute certidatildeo O mandado judicial cancelaraacute o registro de nascimento original do menor conforme
o artigo 16 da Lei nordm 601573 E a inscriccedilatildeo no registro constaraacute o nome dos adotantes
como pais e o nome dos seus ascendentes Assim o menor ingressa na famiacutelia do adotante
se desvinculando da famiacutelia natural
24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO
241 Efeitos pessoais
Satildeo alguns efeitos pessoais decorrentes da adoccedilatildeo62
____________________
61 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1996 p 60 62 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 430
rompimento automaacutetico do viacutenculo de parentesco com a famiacutelia de origem salvo os
impedimentos matrimocircniais (artigo 1626)
estabelecimento de verdadeiros laccedilos de parentesco civil entre adotante e adotado
abrangendo a famiacutelia do adotante (artigo 15282ordf parte)
transferecircncia definitiva e de pleno direito do poder familiar para o adotante se o adotante
for menor (artigo 1630 1634 1635 inciso V)
liberdade razoaacutevel em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo do nome do adotado (1627)
possibilidade de promoccedilatildeo da interdiccedilatildeo e inabilitaccedilatildeo do pai ou matildee adotiva pelo
adotado ou vice-versa (artigo 1768)
determinaccedilatildeo do domiacutecilio do adotado menor de idade que adquire o do adotante
242 Efeitos patrimoniais
Satildeo alguns efeitos patrimoniais produzidos pela adoccedilatildeo63
direito do adotante de administraccedilatildeo e ususfruto dos bens do adotado menor (artigo 1689
1691e 1693)
obrigaccedilatildeo do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar (artigo
1634)
dever do adotante de prestar alimentos ao adotado (artigo 1694 1696 e 1697)
direito a indenizaccedilatildeo do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante
responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menor de idade
______________
81 Op cit p 31 p 432
direito sucessoacuterio do adotado visto que se equipara ao filho advindo de parentesco
cosanguineo herdado em concorrecircncia com o cocircnjuge sobrevivente ou convivente do
falecido na qualidade de descendente do autor da heranccedila afastando todos os demais
herdeiros do adotante que natildeo tenham a qualidade de filho (artigo 1829 inciso I e
1790incisos I e II)
reciprocidade nos efeitos sucessoacuterios (artigo 1829 inciso II e 1790 inciso III)
filho adotivo natildeo estaacute compreendido na exceccedilatildeo do Coacutedigo Civil artigo 1790 inciso I
rompimento de testamento se sobrevier filho adotivo (artigo 1973)
direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciaacuterio (artigo 1951 a 1960)
superviniecircncia de filho adotivo pode revogar doaccedilotildees feitas pelo adotante ( artigo 1846 e
1789)
Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso
de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do
oacutebito64
25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO
Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se
obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do
negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do
ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade
____________
64 Op cit p 32 p 435
deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea
A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-
se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico
Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade
anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo
251 Nulidade da adoccedilatildeo
Seraacute nula a adoccedilatildeo que65
em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16
anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619
a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a
mesma pessoa (artigo 1622)
o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)
vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude
252 Anulabilidade da adoccedilatildeo
Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66
a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente
incapaz
ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado
____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435
consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz
vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores
a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado
253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo
Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67
pela falta de consentimento do adotante e adotado
pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou
interdiccedilatildeo civil
pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico
26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO
A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes
motivos68
pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil
Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a
madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave
enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou
neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade
pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil
____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437
Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste
contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a
honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila
pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue
quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva
pela morte do adotante e adotado
27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO
Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a
finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo
avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante
e adotado69
Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute
prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com
facilidade a nova famiacutelia
O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a
ser adotado
Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a
extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo
atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil
____________
69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340
28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das
crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a
prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave
poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato
infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e
ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70
A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual
adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou
tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da
juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil
Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida
familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco
passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado
29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL
A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e
do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da
Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave
crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave
educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave
__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41
convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71
Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada
por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por
procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da
adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda
de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida
pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo
por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72
Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo
de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes
independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos
havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e
qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73
Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos
adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do
bem estar do adotado
210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO
A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser
incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e
educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta
assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria
___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438
Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como
com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo
dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos
pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco
pessoal e social nas ruas das grandes cidades
Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia
importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees
sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia
Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem
por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades
coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e
ceacutelere
Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria
com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e
defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do
proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os
procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados
Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo
atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o
instituto da adoccedilatildeo
A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de
_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em
lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que
querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave
crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico
educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e
na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos
e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o
desenvolvimento da cidadania
Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que
tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria
Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir
211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO
Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75
Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma
simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo
A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais
os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a
situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem
adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda
________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser
proporcionada pelas pessoas sem adotar
Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva
jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os
interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais
vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito
simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses
O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida
cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior
(adoccedilatildeo internacional)
CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees
estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil
Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente
A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida
excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido
por pessoa residente no Paiacutes
A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico
conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei
supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida
sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76
Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo
juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a
decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham
falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm
80699077
Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da
Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da
CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia
____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464
Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por
estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos
interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas
atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os
bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal
intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando
verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em
moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias
maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado
enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees
escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos
especialmente do menorrdquo78
Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante
nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado
tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a
perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e
economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila
passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco
e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79
Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas
___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438
Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil
A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver
medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo
internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda
possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o
seu ingresso em famiacutelia substituta
Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo
internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem
conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas
Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em
seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser
interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores
para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que
visem lucro80
Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas
pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator
determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas
famiacutelias substitutas
32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR
ESTRANGEIROS
A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo
seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e
condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________
80 Op Cit p 44 p 438
parte de estrangeiros
Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida
excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo
acarreta o adotante aacute desistecircncia
Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81
impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo
estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro
residente ou domiciliado fora do paiacutes
comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de
seu paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia
especializada e credenciada no paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido
do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico
juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente
autenticados pela autoridade consular
permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a
consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo
Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e
cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no
miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos
de idade
___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439
podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar
prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista
A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82
lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo
reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante
lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica
Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de
Adoccedilatildeo de Menores de 1984)
33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA
A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua
finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores
Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia
prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse
superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas
__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485
A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo
Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de
garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados
contratantes83
Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a
Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo
Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84
requisitos para a adoccedilatildeo internacional
requisitos processuais
reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo
De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo
em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o
interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras
_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486
CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a
grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo
igualmente a possibilidade da poder adotar
A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade
Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas
aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de
constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a
reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois
assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir
famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86
Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a
uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm
sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo
Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87
____________
86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho
mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49
A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios
E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por
homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se
espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem
homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila
se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais
homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos
tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte
de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo
16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo
se forem marido e mulher
Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89
____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da
uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos
homossexuais
42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA
E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a
situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos
casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo
juriacutedica podem os casais homossexuais adotar
No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo
homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes
da jurisprudecircncia
E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a
regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais
Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata
da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo
tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um
dos parceiros90
Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo
5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a
primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei
____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade
Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca
pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do
bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais
homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve
levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo
decidindo sempre pelo bem-estar do menor91
A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece
Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao
adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo
ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia
familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo
()
sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute
casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros
A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee
Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de
estado civil
______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005
Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92
Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que
homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo
poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante
O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de
adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual
diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro
de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93
______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo
da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum
cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito
Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94
Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais
homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95
Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo
sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel
privar os homossexuais do direito agrave adotar96
E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais
flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de
tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar
seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles
que lhe acolhem97
______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53
No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo
barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao
seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira
da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da
histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a
mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para
atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem
a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua
companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de
crianccedilas devem igualmente poder adotar98
Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no
aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes
de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o
preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99
Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida
pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato
Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo
________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53
CONCLUSAtildeO
A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia
E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto
no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio
Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988
Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade
Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente
A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva
Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros
por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores
Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade
Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a
sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do
Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo
Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e
principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que
pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da
adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e
venda de crianccedilas para o estrangeiro
A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente
estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse
baseado nos artigos 1618 a 1629
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52
Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de
amor carinho e solidariedade
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criando entre essas pessoas estranhas uma relaccedilatildeo anaacuteloga como agraves oriundas da filiaccedilatildeo
legiacutetima24
A adoccedilatildeo tambeacutem pode ser conceituada como o ato juriacutedico pelo qual o viacutenculo
familiar eacute criado em virtude do proacuteprio ato pelo legislador25
Alguns autores definem a adoccedilatildeo apenas como o instituto que daacute ao filho adotivo o
status idecircntico ao do filho legiacutetimo
Passamos a analisar a conceituaccedilatildeo dos seguintes juristas
Para Clovis Bevilacqua a adoccedilatildeo se destinava a suprir a falta de filho que tem como
ato civil aacute aceitaccedilatildeo de um estranho como filho26
Para a Profa Maria Helena Diniz a adoccedilatildeo eacute uma instituiccedilatildeo de caraacuteter humanitaacuterio
que tem por um lado dar aqueles a quem a natureza negou um lar e uma famiacutelia e por outro
lado a uma finalidade assistencial constituindo um meio de melhorar a condiccedilatildeo moral e
material do adotado27
Para Walter Gaspar a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica a qual se estabelece uma relaccedilatildeo
de parentesco que independe do fato natural da procriaccedilatildeo28
Para Orlando Gomes a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece independente
do fato natural o viacutenculo de filiaccedilatildeo legal que permite a constituiccedilatildeo entre duas pessoas do
laccedilo de parentesco do primeiro grau em linha reta29
_________ 24 WALD Arnoldo O novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 25 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 26 Op cit p 16 p 63 27 DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Saraiva 2003 p 423 28 GASPAR Walter Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003 p 315 29 ORLANDO Gomes Instituiccedilotildees de Direito Civil Satildeo Paulo Forense1996 p 226
Jose Maria Leoni Lopes de Oliveira define a adoccedilatildeo como um instituto juriacutedico que
procura imitar a filiaccedilatildeo natural30
Para Silvio Rodrigues a adoccedilatildeo eacute o ato do adotante pelo qual ele traz para a sua
famiacutelia e na condiccedilatildeo de filho pessoa que lhe eacute estranha31
Para Caio Mario da Silva a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual uma pessoa recebe
outra como filho independentemente de existir entre elas qualquer relaccedilatildeo de parentesco
cosanguiacuteneo ou afim32
Para Antunes Varella a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece entre duas
pessoas adotante de um lado e adotado de outro independente dos laccedilos de sangueuma
relaccedilatildeo legal de filiaccedilatildeo33
Para o Prof Arnoldo Wald a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco
civil Eacute um ato juriacutedico bilateral que gera laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre pessoas para
as quais tal relaccedilatildeo inexiste materialmente34
Para Carbonnier a filiaccedilatildeo adotiva eacute uma filiaccedilatildeo puramente juriacutedica que repousa
na pressuposiccedilatildeo de uma realidade natildeo bioloacutegica mas afetiva35
E para Dusi a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico solene em virtude do qual agrave vontade dos
particulares com a permissatildeo da lei cria entre pessoas naturalmente estranhas uma a outra
relaccedilotildees anaacutelogas as oriundas da filiaccedilatildeo legiacutetima36
__________ 31 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147 32 Direito Civil ndash Famiacutelia Satildeo Paulo Forense 1999 p330 48 op Cit p 17 p 330 33 Op Cit p 17 p 148 534WALD Arnold O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 35 Op cit p 17 apud Droit Civil 2 ndash La Famile nordm 354 p 519 36 Op cit p 17 p 217
No contexto das diversas definiccedilotildees atribuiacutedas a adoccedilatildeo podemos
verificar que esta se contrapotildee-se a filiaccedilatildeo legiacutetima ou natural por
sua caracteriacutestica artificial pois resulta da manifestaccedilatildeo de vontade e
de sentenccedila judicial Enquanto a filiaccedilatildeo natural tem seu viacutenculo
formado apenas no sangue
Contudo os efeitos da adoccedilatildeo em nosso ordenamento juriacutedico geram
as mesmas relaccedilotildees da filiaccedilatildeo natural
13 NATUREZA JURIacuteDICA
A natureza juriacutedica da adoccedilatildeo sempre foi muito controvertida para alguns
doutrinadores a adoccedilatildeo apenas eacute uma relaccedilatildeo juriacutedica enquanto para outros eacute negoacutecio
unilateral tendo em vista a vontade do adotante37
Com o passar dos tempos a mudou a sua finalidade antes se destinava
a atender aos interesses religiosos dos adotantes hoje se preocupa
mais com o interesse dos adotados objetivando proporcionar uma
famiacutelia38
A dificuldade em definir a natureza juriacutedica da adoccedilatildeo decorre da sua
natureza e da origem do seu ato
Assim para alguns autores adoccedilatildeo seria uma forma de contrato
devido agrave bilateralidade do ato pois eacute preciso a manifestaccedilatildeo de duas
vontades a do adotante e do adotado Sendo que agraves vezes o adotado eacute
representado poreacutem a vontade do adotando inexiste em algumas
situaccedilotildees o que dificulta a compreensatildeo dessa doutrina39
__________ 37 Op cit p 17 p 320 38 Op cit p 17 p 149 39 Op cit p 17 p 320
Para outros autores a adoccedilatildeo eacute instituto juriacutedico de ordem puacuteblica sendo necessaacuterio
a manifestaccedilatildeo do Estado declarando ou natildeo a adoccedilatildeo40
No Coacutedigo Civil de 1916 a adoccedilatildeo tinha a natureza de contrato
devido agrave solenidade exigida na lei da escritura puacuteblica realccedilando a
natureza negocial do instituto como contrato de famiacutelia disposto no
artigo 37541
Nessa eacutepoca havia duas formas distintas de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo simples
e a adoccedilatildeo plena e cada uma delas apresentava natureza proacutepria42
No Estatuto natildeo prevalece apenas a bilateralidade de vontades pois o Estado
participa de forma ativa exigindo-se tambeacutem uma sentenccedila judicial pois sem esta natildeo
haveraacute adoccedilatildeo 43
O Coacutedigo Civil de 2002 requer a presenccedila dos adotantes do Estado e somente
ocorreraacute se for atraveacutes de sentenccedila judicial
Pode-se assim concluir que a adoccedilatildeo eacute um ato complexo o
qual tem na sua primeira fase um caraacuteter negocial em seguida a
manifestaccedilatildeo de vontade dos adotantes e adotados e em sua segunda
fase tem caraacuteter judicial a fim de verificar a conveniecircncia ou natildeo da
adoccedilatildeo que culmina com a sentenccedila judicial44
Portanto a accedilatildeo de adoccedilatildeo eacute accedilatildeo do estado de caraacuteter constitutivo
conferindo a posiccedilatildeo de filho ao adotado atraveacutes de sentenccedila judicial
____________ 40 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p320 41 Op cit p 19 p 316
42 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Rio de Janeiro Atlas 2001 p 257 43 Op cit p 19 p 320
44 Op cit p 19 p 316 14 EVOLUCcedilAtildeO LEGISLATIVA DA ADOCcedilAtildeO
No Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 3071 de 01 de maio de 1916 vigoravam as
Ordenaccedilotildees Afonsinas Filipinas e Manuelinas45
Com o advento do Coacutedigo Civil de 1916 ocorreu a sistematizaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos
artigos 368 a 378 de caraacuteter essencialmente privado
Todavia o nosso direito paacutetrio da eacutepoca revelava as influecircncias do direito romano
do direito canocircnico das Ordenaccedilotildees Afonsinas Manuelinas e Filipinas46
No coacutedigo de 1916 a adoccedilatildeo era definida como o ato civil pelo qual algueacutem aceita
um estranho na qualidade de filho contudo tal conceito trazia consigo as suas restriccedilotildees47
Nessa eacutepoca havia restriccedilotildees quanto agrave adoccedilatildeo pois a mesma se destinava a habilitar
pessoas com mais de 50 anos exigindo a diferenccedila miacutenima de 18 anos entre adotado e
adotante e natildeo haveria direito de sucessatildeo ao adotado
Em 1957 adveio o Estatuto da adoccedilatildeo - Lei nordm 3133 de 08 de maio de 1957 E em
1979 o Coacutedigo de Menores Lei nordm 6667 de 10 de outubro de 1979 ambos traziam algumas
modificaccedilotildees que eliminava certas restriccedilotildees do Coacutedigo Civil de 191648
Algumas dessas modificaccedilotildees trazidas foi a de possibilidade de se adotar aos 30
anos e a diferenccedila de idade entre adotando e adotado passou a ser de 16 anos eliminou-se
tambeacutem o preacute-requisito de que somente casais sem filhos poderiam adotar49
______________ 45 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 38 46 Opcit p 20 p 42 47 Opcit p 20 p 84 48 Opcit p 20 p 40 49 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo em 1988 e com o advento do Estatuto da
Crianccedila e do Adolescente ndash ECA em 1990 consegui-se eliminar todas as restriccedilotildees
pertinentes agrave diferenccedila entre filhos adotivos ilegiacutetimos eou aduacutelterinos50
Assim hoje o filho adotivo tem os mesmos direitos garantias e deveres dos filhos
bioloacutegicos artigo 227 sectordm da CRFB
A partir de 1990 as regras da adoccedilatildeo passaram a visar mais os interesses direitos e
reais e necessidades dos adotandos O que se pretendia era encontrar uma famiacutelia adequada
aos menores e natildeo a busca de uma crianccedila para aqueles que pretendem adotar51
Jaacute o novo Coacutedigo Civil trata desse instituto da aceitaccedilatildeo legal de estranho no seio
familiar nos artigos 1618 a 1629 passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que
originariamente natildeo eacute criando com este laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com todos os
direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo inexiste
naturalmente52
E corroborando com o instituto da adoccedilatildeo o nosso texto constitucional assegura em
seu artigo 227 o direito de se ter uma famiacutelia o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave
educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura ao respeito agrave dignidade agrave liberdade e a
convivecircncia familiar 53
Esse direito de se ter uma famiacutelia consagrado na Carta Magna adveacutem do direito
positivo brasileiro do direito natural do simples direito de se ter um lar
__________ 50 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 150 51 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41 52 As modificaccedilotildees introduzidas agrave partir do advento do Novo Coacutedigo Civil ndash Lei nordm 1040602 53 CONSTITUICcedilAcircO FEDERAL EC nordm 45 Rio de Janeiro 2005 p 149
A adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia da proteccedilatildeo ao adotado e cuja finalidade
eacute a de dar um lar aos menores criando para esses menores um ambiente familiar e o
equiparando o adotado como filho legiacutetimo
Egrave um instituto de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo agravequeles que precisam de um
lar amor carinho e dignidade
Tem por finalidade fundamental dar filhos agravequeles que natildeo podem ter
biologicamente e de dar pais agravequeles que se encontram desamparados por algum motivo
Assim a adoccedilatildeo que fugir desses paracircmetros a que estaacute destinada estaraacute distorcendo a
finalidade do ordenamento a que lei se destina
Ficando constatado que a adoccedilatildeo no Brasil constitui um imperativo de ordem eacutetica
de natureza constitucional pois natildeo se pode construir uma sociedade mentalmente satilde sobre
as bases de abandono de crianccedilas os futuros homens de amanhatilde
CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
A adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil de 1916 era regulada nos artigos de 368 a 378 Nesse
Coacutedigo havia previsatildeo legal para duas modalidades de adoccedilatildeo54
A adoccedilatildeo simples estabelecia o viacutenculo de filiaccedilatildeo entre adotante e adotado
podendo o adotante ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos regia-se pelo Coacutedigo
Civil de 1916 e pela Lei nordm 313355
A adoccedilatildeo plena era espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser
irrevogavelmente para todos os efeitos legais a ser filhos dos adotantes desligando-se de
qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais
introduzido pela Lei nordm 669779
Nesse Coacutedigo Civil a adoccedilatildeo aplicava-se aos maiores de 18 anos e realccedilava a sua
natureza negocial do instituto tendo em vista a solenidade da escritura puacuteblica que a lei
exigia como contrato de direito de famiacutelia Somente seria a adoccedilatildeo consumada com a
devida averbaccedilatildeo da escritura no registro civil e no ato da adoccedilatildeo seriam declarados quais
os nomes da famiacutelia passaria o adotado a usar
Eram requisitos para adoccedilatildeo nesta legislaccedilatildeo de 1916 que o adotante fosse 16 anos
mais velho que o adotando com mais de 30 anos de idade se o adotante fosse casado o
casamento deveria ter duraccedilatildeo superior agrave cinco anos duas pessoas natildeo poderiam adotar
conjuntamente se natildeo forem marido e mulher e o adotando com maior de 18 anos o tutor
ou curador poderiam adotar depois de prestadas as contas ocorria atraveacutes de escritura
puacuteblica havia previsatildeo de adoccedilatildeo por estrangeiros sem restriccedilatildeo55
______________ 54 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 55 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p 323
Com o advento da Lei nordm 104062002 o instituto da adoccedilatildeo passou a ser tratado nos
artigos de 1618 a 1629 como jaacute mencionado E por conta da nova legislaccedilatildeo a adoccedilatildeo
simples e a adoccedilatildeo plena deixam de existir passando a adoccedilatildeo ser irrestrita 56
Hoje o Novo Coacutedigo - Lei nordm 104062002 se preocupa em seus artigos com a
adoccedilatildeo de forma global ou seja com a adoccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes e principalmente
com a primazia do interesse do adotado
Assim o instituto da adoccedilatildeo passa a ser regido nos seguintes termos57
No art 1618 Somente pessoa maior de dezoito anos pode adotar
Analisando este artigo pode-se constatar que houve a reduccedilatildeo da idade miacutenima para
adotar antes exigida de 35 anos
E em seu Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo poderaacute ser formalizada por ambos os cocircnjuges
ou companheiros desde que um deles tenha completado dezoito anos de idade comprovada
a estabilidade da famiacutelia
Os artigos 1619 e 1620 natildeo tiveram alteradas a sua redaccedilatildeo
De acordo com o artigo 1619 o adotante haacute de ser pelo menos dezesseis anos mais
velho que o adotado E no artigo 1620 enquanto natildeo der contas de sua administraccedilatildeo e natildeo
saldar o deacutebito natildeo poderaacute o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o curatelado
O artigo 1621 descreve que a adoccedilatildeo depende de consentimento dos pais ou dos
representantes legais de quem se deseja adotar e da concordacircncia deste se contar mais de
doze anos
______________
56 Op cit p 23 p 425
57 Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003 p 452-459
sect 1o O consentimento seraacute dispensado em relaccedilatildeo agrave crianccedila ou adolescente cujos
pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder familiar
sect 2o O consentimento previsto no caput eacute revogaacutevel ateacute a publicaccedilatildeo da sentenccedila
constitutiva da adoccedilatildeo
O novo dispositivo diminui a idade miacutenima do adotado para manifestar o seu
consentimento para 12 anos no regime anterior era de 14 anos
De acordo co o artigo 1622 ningueacutem poderaacute ser adotado por duas pessoas salvo se
forem marido e mulher ou se viverem em uniatildeo estaacutevel
Neste artigo foi acrescentado o paraacutegrafo uacutenico que acrescenta a posiccedilatildeo da adoccedilatildeo
por companheiros ou daqueles que vivem em uniatildeo estaacutevel
Paraacutegrafo uacutenico Os divorciados e os judicialmente separados poderatildeo adotar
conjuntamente contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o
estaacutegio de convivecircncia tenha sido iniciado na constacircncia da sociedade conjugal
No artigo 1623 a adoccedilatildeo obedeceraacute a processo judicial observados os requisitos
estabelecidos neste Coacutedigo
Houve acreacutescimo na nova legislaccedilatildeo apenas do paraacutegrafo uacutenico ao qual foi atribuiacuteda a
seguinte redaccedilatildeo
Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo de maiores de dezoito anos dependeraacute igualmente da
assistecircncia efetiva do Poder Puacuteblico e de sentenccedila constitutiva
No artigo 1624 Houve a substituiccedilatildeo do ldquopaacutetrio poderrdquo por ldquopoder familiarrdquo sendo
ainda suprimida a palavra ldquomenor abandonadordquo trazido na legislaccedilatildeo de 1916
Assim dispotildee o artigo citado em que natildeo haacute necessidade do consentimento do
representante legal do menor se provado que se trata de infante exposto ou de menor cujos
pais sejam desconhecidos estejam desaparecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder
familiar sem nomeaccedilatildeo de tutor ou de oacuterfatildeo natildeo reclamado por qualquer parente por mais
de um ano
De acordo com o artigo 1625 somente seraacute admitida a adoccedilatildeo que constituir efetivo
benefiacutecio para o adotando sendo matida a mesma redaccedilatildeo
Jaacute no artigo 1626 houve acreacutescimo do paraacutegrafo uacutenico
Dipondo a seguinte redaccedilatildeo o caput a adoccedilatildeo atribui a situaccedilatildeo de filho ao adotado
desligando-o de qualquer viacutenculo com os pais e parentes consanguumliacuteneos salvo quanto aos
impedimentos para o casamento
Paraacutegrafo uacutenico se um dos cocircnjuges ou companheiros adota o filho do outro
mantecircm-se os viacutenculos de filiaccedilatildeo entre o adotado e o cocircnjuge ou companheiro do adotante
e os respectivos parentes
Com relaccedilatildeo ao artigo 1627 permaneceu a mesma redaccedilatildeo com relaccedilatildeo a decisatildeo que
confere ao adotado o sobrenome do adotante podendo determinar a modificaccedilatildeo de seu
prenome se menor a pedido do adotante ou do adotado
No artigo abaixo descrito houve a adequaccedilatildeo ao dispositivo de moda a resguardar o
princiacutepio constitucional da plena igualdade entre filhos bioloacutegicos e adotados
Dispotildee o artigo 1628 que os efeitos da adoccedilatildeo comeccedilam a partir do tracircnsito em
julgado da sentenccedila exceto se o adotante vier a falecer no curso do procedimento caso em
que teraacute forccedila retroativa agrave data do oacutebito As relaccedilotildees de parentesco se estabelecem natildeo soacute
entre o adotante e o adotado como tambeacutem entre aquele e os descendentes deste e entre o
adotado e todos os parentes do adotante
Natildeo houve alteraccedilatildeo na redaccedilatildeo do artigo 1629 apenas tal dispositivo tem o
objetivo de ajustar o Novo Coacutedigo Civil agrave lei superveniente ou seja Estatuto da Crianccedila e
do Adolescente
Dispondo o referido artigo a seguinte redaccedilatildeo a adoccedilatildeo por estrangeiro obedeceraacute
aos casos e condiccedilotildees que forem estabelecidos em lei
Assim pode-se concluir que na falta de norma reguladora para o instituto da adoccedilatildeo
desde que natildeo conflite com o Coacutedigo Civil deveraacute ser aplicado analogicamente o Estatuto da
Crianccedila e do Adolescente
Ainda constata-se que o Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute
maior de 18 anos passando o instituto da adoccedilatildeo a ser irrestrito trazendo importantes
reflexos ao nosso ordenamento juriacutedico paacutetrio no que diz respeito aos direitos da
personalidade e nos direitos sucessoacuterios Enquanto o antigo Coacutedigo Civil Brasileiro de 1916
adotava o sistema da manifestaccedilatildeo de vontade
Atualmente o Coacutedigo Civil vigente e o Estatuto da Crianccedila adotam o sistema da
sentenccedila judicial sendo que o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo para os
menores de 18 anos o que natildeo exime que a adoccedilatildeo de menor de 18 anos seja feita pelo
Coacutedigo Civil58
De acordo com a legislaccedilatildeo civil podemos conceituar a adoccedilatildeo como o ato de
filiaccedilatildeo juriacutedica que pressupotildee de afetividade e natildeo de relaccedilatildeo bioloacutegica passando o
adotado a ser tratado como se fosse filho natural constituiacutedo em benefiacutecio do adotando
_____________ 58 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 irretrataacutevel e perpeacutetuo depois de consumado que cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com
todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo
inexistia naturalmente
De forma simples podemos definir a adoccedilatildeo como modalidade de filiaccedilatildeo civil que
busca imitar a filiaccedilatildeo natural dependente da vontade de adotante e adotado e por via de
sentenccedila judicial
Assim torna-se inafastaacutevel a utilidade do instituto da adoccedilatildeo em relaccedilatildeo ao menor
carente ou em estado de abandono pois eacute de interesse do Estado a inserccedilatildeo desse menor em
um ambiente familiar
Fica claro que o instituto da adoccedilatildeo eacute de caraacuteter humanitaacuterio que tem por um lado o
escopo de proporcionar agravequeles que a quem a natureza negou filhos e por outro lado
constitui a finalidade assistencial de melhorar a condiccedilatildeo moral e material do futuro
adotado
Mas ainda muito haacute de se defender em prol do instituto da adoccedilatildeo no Brasil natildeo soacute
como forma de projeto de cidadania mas tambeacutem como forma de vida digna a aqueles que
natildeo tem um lar principalmente ao que refere aos direitos de adoccedilatildeo internacional e ainda ao
direito de adoccedilatildeo por casais homossexuais
22 REQUISITOS DA ADOCcedilAtildeO
221 Requisitos Formais
Satildeo alguns requisitos formais para a adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil vigente59
efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal
ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)
____________ 59 VENOSASilvio de Salvo Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003p349
efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal
ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)
diferenccedila miacutenima de idade entre o adotante e o adotado (artigo 1619)
consentimento do adotado de seus pais ou de seu representante (artigos 1621 sect 1ordm e
1624)
intervenccedilatildeo judicial na sua criaccedilatildeo pois somente se aperfeiccediloa perante o juiz atraveacutes de
processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico (artigo 1623 paraacutegrafo uacutenico)
irrevogabilidade (artigo 1626 caput)
estaacutegio de convivecircncia (1622 paraacutegrafo uacutenico 1ordfparte)
comprovaccedilatildeo de estabilidade familiar (artigo 1618 paraacutegrafo uacutenico in fine)
23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO
A adoccedilatildeo se daacute atraveacutes de um processo judicial perante o juiz com competecircncia na
aacuterea da infacircncia e juventude que iraacute conhecer dos pedidos da adoccedilatildeo e os seus incidentes
entre os quais a destituiccedilatildeo do paacutetrio poder e guarda para fins da adoccedilatildeo
Vislumbram-se duas hipoacuteteses em que se adota ou a famiacutelia jaacute convive com a
crianccedila ou adolescente que pretende adotar ou a famiacutelia estaacute a procura de uma crianccedila para
que venha a adotar
Na primeira hipoacutetese devem os interessados ajuizar o pedido de adoccedilatildeo atraveacutes de
advogado ou defensor puacuteblico que formularaacute o pedido diretamente em cartoacuterio atraveacutes de
peticcedilatildeo assinada pelos requerentes quando os pais forem falecidos tiverem sido destituiacutedos
do paacutetrio poder ou houverem aderido expressamente ao pedido os pais bioloacutegicos quando
conhecidos satildeo citados para querendo contestarem o pedido julgando o juiz ao final de
acordo com o interesse superior da crianccedila e do adolescente
Na segunda hipoacutetese os interessados devem requerer sua inscriccedilatildeo no cadastro do
juiacutezo de pessoas interessadas em adotar A partir daiacute instaura-se um procedimento no qual
seratildeo ouvidos pela equipe teacutecnica do juiacutezo (assistentes sociais eou psicoacutelogos) e antes da
decisatildeo que deferir a inscriccedilatildeo o Ministeacuterio Puacuteblico assistiraacute ao pedido de adoccedilatildeo conforme
previsto no artigo 227 sect5ordm da Constituiccedilatildeo Federal e emitiraacute parecer
Em seguida seratildeo incluiacutedos em grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo cujas vagas seratildeo
preenchidas de acordo com a ordem de ajuizamento do pedido de habilitaccedilatildeo respeitados os
criteacuterios estabelecidos
Os grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo possuem duraccedilatildeo prevista de 60 dias e visam
auxiliar os interessados em adotar Habilitados e inscritos no cadastro os interessados
recebem um certificado com validade de 2 anos
Satildeo necessaacuterios os seguintes documentos60
certidatildeo de casamento
atestado de residecircncia
folha de antecedentes criminais
prova de idoneidade fiacutesica e moral
prova de abandono do menor
destituiccedilatildeo do paacutetrio poder
atestado de sanidade fiacutesica
________________ 60 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
A adoccedilatildeo constitui-se por sentenccedila sendo necessaacuterio que 61
a peticcedilatildeo Inicial com os requisitos do artigo 35
se na inicial vier a concordacircncia dos pais do adotando seratildeo ouvidos pelo juiz e pelo
representante do Ministeacuterio Puacuteblico lavrando-se o termo
a autoridade juriacutedica de ofiacutecio ou o requerimento das partes e do Ministeacuterio Puacuteblico
determinaraacute a realizaccedilatildeo de estudo social ou se possiacutevel periacutecia por equipe profissional
decidindo sobre o estaacutegio de convivecircncia
Apresentado o laudo e ouvido o adotando teraacute vistas o Ministeacuterio Puacutebico
apoacutes a manifestaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico no prazo tambeacutem de 5 (cinco) dias o
juiz proferiraacute a sentenccedila
A sentenccedila judicial transitada em julgado seraacute inserida no registro civil mediante mandado do qual natildeo
se forneceraacute certidatildeo O mandado judicial cancelaraacute o registro de nascimento original do menor conforme
o artigo 16 da Lei nordm 601573 E a inscriccedilatildeo no registro constaraacute o nome dos adotantes
como pais e o nome dos seus ascendentes Assim o menor ingressa na famiacutelia do adotante
se desvinculando da famiacutelia natural
24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO
241 Efeitos pessoais
Satildeo alguns efeitos pessoais decorrentes da adoccedilatildeo62
____________________
61 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1996 p 60 62 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 430
rompimento automaacutetico do viacutenculo de parentesco com a famiacutelia de origem salvo os
impedimentos matrimocircniais (artigo 1626)
estabelecimento de verdadeiros laccedilos de parentesco civil entre adotante e adotado
abrangendo a famiacutelia do adotante (artigo 15282ordf parte)
transferecircncia definitiva e de pleno direito do poder familiar para o adotante se o adotante
for menor (artigo 1630 1634 1635 inciso V)
liberdade razoaacutevel em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo do nome do adotado (1627)
possibilidade de promoccedilatildeo da interdiccedilatildeo e inabilitaccedilatildeo do pai ou matildee adotiva pelo
adotado ou vice-versa (artigo 1768)
determinaccedilatildeo do domiacutecilio do adotado menor de idade que adquire o do adotante
242 Efeitos patrimoniais
Satildeo alguns efeitos patrimoniais produzidos pela adoccedilatildeo63
direito do adotante de administraccedilatildeo e ususfruto dos bens do adotado menor (artigo 1689
1691e 1693)
obrigaccedilatildeo do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar (artigo
1634)
dever do adotante de prestar alimentos ao adotado (artigo 1694 1696 e 1697)
direito a indenizaccedilatildeo do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante
responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menor de idade
______________
81 Op cit p 31 p 432
direito sucessoacuterio do adotado visto que se equipara ao filho advindo de parentesco
cosanguineo herdado em concorrecircncia com o cocircnjuge sobrevivente ou convivente do
falecido na qualidade de descendente do autor da heranccedila afastando todos os demais
herdeiros do adotante que natildeo tenham a qualidade de filho (artigo 1829 inciso I e
1790incisos I e II)
reciprocidade nos efeitos sucessoacuterios (artigo 1829 inciso II e 1790 inciso III)
filho adotivo natildeo estaacute compreendido na exceccedilatildeo do Coacutedigo Civil artigo 1790 inciso I
rompimento de testamento se sobrevier filho adotivo (artigo 1973)
direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciaacuterio (artigo 1951 a 1960)
superviniecircncia de filho adotivo pode revogar doaccedilotildees feitas pelo adotante ( artigo 1846 e
1789)
Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso
de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do
oacutebito64
25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO
Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se
obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do
negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do
ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade
____________
64 Op cit p 32 p 435
deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea
A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-
se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico
Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade
anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo
251 Nulidade da adoccedilatildeo
Seraacute nula a adoccedilatildeo que65
em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16
anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619
a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a
mesma pessoa (artigo 1622)
o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)
vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude
252 Anulabilidade da adoccedilatildeo
Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66
a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente
incapaz
ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado
____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435
consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz
vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores
a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado
253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo
Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67
pela falta de consentimento do adotante e adotado
pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou
interdiccedilatildeo civil
pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico
26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO
A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes
motivos68
pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil
Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a
madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave
enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou
neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade
pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil
____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437
Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste
contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a
honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila
pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue
quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva
pela morte do adotante e adotado
27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO
Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a
finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo
avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante
e adotado69
Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute
prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com
facilidade a nova famiacutelia
O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a
ser adotado
Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a
extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo
atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil
____________
69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340
28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das
crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a
prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave
poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato
infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e
ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70
A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual
adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou
tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da
juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil
Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida
familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco
passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado
29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL
A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e
do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da
Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave
crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave
educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave
__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41
convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71
Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada
por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por
procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da
adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda
de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida
pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo
por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72
Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo
de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes
independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos
havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e
qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73
Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos
adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do
bem estar do adotado
210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO
A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser
incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e
educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta
assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria
___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438
Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como
com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo
dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos
pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco
pessoal e social nas ruas das grandes cidades
Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia
importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees
sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia
Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem
por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades
coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e
ceacutelere
Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria
com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e
defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do
proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os
procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados
Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo
atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o
instituto da adoccedilatildeo
A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de
_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em
lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que
querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave
crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico
educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e
na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos
e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o
desenvolvimento da cidadania
Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que
tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria
Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir
211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO
Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75
Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma
simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo
A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais
os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a
situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem
adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda
________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser
proporcionada pelas pessoas sem adotar
Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva
jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os
interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais
vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito
simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses
O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida
cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior
(adoccedilatildeo internacional)
CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees
estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil
Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente
A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida
excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido
por pessoa residente no Paiacutes
A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico
conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei
supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida
sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76
Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo
juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a
decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham
falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm
80699077
Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da
Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da
CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia
____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464
Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por
estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos
interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas
atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os
bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal
intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando
verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em
moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias
maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado
enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees
escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos
especialmente do menorrdquo78
Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante
nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado
tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a
perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e
economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila
passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco
e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79
Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas
___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438
Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil
A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver
medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo
internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda
possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o
seu ingresso em famiacutelia substituta
Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo
internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem
conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas
Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em
seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser
interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores
para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que
visem lucro80
Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas
pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator
determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas
famiacutelias substitutas
32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR
ESTRANGEIROS
A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo
seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e
condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________
80 Op Cit p 44 p 438
parte de estrangeiros
Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida
excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo
acarreta o adotante aacute desistecircncia
Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81
impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo
estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro
residente ou domiciliado fora do paiacutes
comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de
seu paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia
especializada e credenciada no paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido
do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico
juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente
autenticados pela autoridade consular
permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a
consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo
Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e
cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no
miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos
de idade
___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439
podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar
prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista
A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82
lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo
reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante
lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica
Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de
Adoccedilatildeo de Menores de 1984)
33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA
A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua
finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores
Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia
prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse
superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas
__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485
A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo
Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de
garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados
contratantes83
Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a
Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo
Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84
requisitos para a adoccedilatildeo internacional
requisitos processuais
reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo
De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo
em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o
interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras
_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486
CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a
grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo
igualmente a possibilidade da poder adotar
A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade
Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas
aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de
constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a
reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois
assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir
famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86
Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a
uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm
sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo
Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87
____________
86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho
mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49
A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios
E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por
homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se
espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem
homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila
se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais
homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos
tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte
de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo
16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo
se forem marido e mulher
Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89
____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da
uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos
homossexuais
42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA
E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a
situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos
casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo
juriacutedica podem os casais homossexuais adotar
No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo
homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes
da jurisprudecircncia
E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a
regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais
Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata
da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo
tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um
dos parceiros90
Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo
5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a
primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei
____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade
Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca
pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do
bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais
homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve
levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo
decidindo sempre pelo bem-estar do menor91
A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece
Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao
adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo
ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia
familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo
()
sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute
casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros
A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee
Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de
estado civil
______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005
Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92
Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que
homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo
poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante
O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de
adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual
diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro
de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93
______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo
da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum
cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito
Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94
Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais
homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95
Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo
sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel
privar os homossexuais do direito agrave adotar96
E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais
flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de
tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar
seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles
que lhe acolhem97
______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53
No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo
barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao
seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira
da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da
histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a
mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para
atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem
a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua
companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de
crianccedilas devem igualmente poder adotar98
Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no
aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes
de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o
preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99
Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida
pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato
Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo
________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53
CONCLUSAtildeO
A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia
E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto
no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio
Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988
Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade
Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente
A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva
Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros
por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores
Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade
Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a
sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do
Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo
Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e
principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que
pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da
adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e
venda de crianccedilas para o estrangeiro
A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente
estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse
baseado nos artigos 1618 a 1629
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52
Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de
amor carinho e solidariedade
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Jose Maria Leoni Lopes de Oliveira define a adoccedilatildeo como um instituto juriacutedico que
procura imitar a filiaccedilatildeo natural30
Para Silvio Rodrigues a adoccedilatildeo eacute o ato do adotante pelo qual ele traz para a sua
famiacutelia e na condiccedilatildeo de filho pessoa que lhe eacute estranha31
Para Caio Mario da Silva a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual uma pessoa recebe
outra como filho independentemente de existir entre elas qualquer relaccedilatildeo de parentesco
cosanguiacuteneo ou afim32
Para Antunes Varella a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico pelo qual se estabelece entre duas
pessoas adotante de um lado e adotado de outro independente dos laccedilos de sangueuma
relaccedilatildeo legal de filiaccedilatildeo33
Para o Prof Arnoldo Wald a adoccedilatildeo eacute uma ficccedilatildeo juriacutedica que cria o parentesco
civil Eacute um ato juriacutedico bilateral que gera laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre pessoas para
as quais tal relaccedilatildeo inexiste materialmente34
Para Carbonnier a filiaccedilatildeo adotiva eacute uma filiaccedilatildeo puramente juriacutedica que repousa
na pressuposiccedilatildeo de uma realidade natildeo bioloacutegica mas afetiva35
E para Dusi a adoccedilatildeo eacute o ato juriacutedico solene em virtude do qual agrave vontade dos
particulares com a permissatildeo da lei cria entre pessoas naturalmente estranhas uma a outra
relaccedilotildees anaacutelogas as oriundas da filiaccedilatildeo legiacutetima36
__________ 31 OLIVEIRA J Maria Leoni Lopes Guarda Tutela e Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 2002 p 147 32 Direito Civil ndash Famiacutelia Satildeo Paulo Forense 1999 p330 48 op Cit p 17 p 330 33 Op Cit p 17 p 148 534WALD Arnold O Novo Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2002 p 217 35 Op cit p 17 apud Droit Civil 2 ndash La Famile nordm 354 p 519 36 Op cit p 17 p 217
No contexto das diversas definiccedilotildees atribuiacutedas a adoccedilatildeo podemos
verificar que esta se contrapotildee-se a filiaccedilatildeo legiacutetima ou natural por
sua caracteriacutestica artificial pois resulta da manifestaccedilatildeo de vontade e
de sentenccedila judicial Enquanto a filiaccedilatildeo natural tem seu viacutenculo
formado apenas no sangue
Contudo os efeitos da adoccedilatildeo em nosso ordenamento juriacutedico geram
as mesmas relaccedilotildees da filiaccedilatildeo natural
13 NATUREZA JURIacuteDICA
A natureza juriacutedica da adoccedilatildeo sempre foi muito controvertida para alguns
doutrinadores a adoccedilatildeo apenas eacute uma relaccedilatildeo juriacutedica enquanto para outros eacute negoacutecio
unilateral tendo em vista a vontade do adotante37
Com o passar dos tempos a mudou a sua finalidade antes se destinava
a atender aos interesses religiosos dos adotantes hoje se preocupa
mais com o interesse dos adotados objetivando proporcionar uma
famiacutelia38
A dificuldade em definir a natureza juriacutedica da adoccedilatildeo decorre da sua
natureza e da origem do seu ato
Assim para alguns autores adoccedilatildeo seria uma forma de contrato
devido agrave bilateralidade do ato pois eacute preciso a manifestaccedilatildeo de duas
vontades a do adotante e do adotado Sendo que agraves vezes o adotado eacute
representado poreacutem a vontade do adotando inexiste em algumas
situaccedilotildees o que dificulta a compreensatildeo dessa doutrina39
__________ 37 Op cit p 17 p 320 38 Op cit p 17 p 149 39 Op cit p 17 p 320
Para outros autores a adoccedilatildeo eacute instituto juriacutedico de ordem puacuteblica sendo necessaacuterio
a manifestaccedilatildeo do Estado declarando ou natildeo a adoccedilatildeo40
No Coacutedigo Civil de 1916 a adoccedilatildeo tinha a natureza de contrato
devido agrave solenidade exigida na lei da escritura puacuteblica realccedilando a
natureza negocial do instituto como contrato de famiacutelia disposto no
artigo 37541
Nessa eacutepoca havia duas formas distintas de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo simples
e a adoccedilatildeo plena e cada uma delas apresentava natureza proacutepria42
No Estatuto natildeo prevalece apenas a bilateralidade de vontades pois o Estado
participa de forma ativa exigindo-se tambeacutem uma sentenccedila judicial pois sem esta natildeo
haveraacute adoccedilatildeo 43
O Coacutedigo Civil de 2002 requer a presenccedila dos adotantes do Estado e somente
ocorreraacute se for atraveacutes de sentenccedila judicial
Pode-se assim concluir que a adoccedilatildeo eacute um ato complexo o
qual tem na sua primeira fase um caraacuteter negocial em seguida a
manifestaccedilatildeo de vontade dos adotantes e adotados e em sua segunda
fase tem caraacuteter judicial a fim de verificar a conveniecircncia ou natildeo da
adoccedilatildeo que culmina com a sentenccedila judicial44
Portanto a accedilatildeo de adoccedilatildeo eacute accedilatildeo do estado de caraacuteter constitutivo
conferindo a posiccedilatildeo de filho ao adotado atraveacutes de sentenccedila judicial
____________ 40 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p320 41 Op cit p 19 p 316
42 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Rio de Janeiro Atlas 2001 p 257 43 Op cit p 19 p 320
44 Op cit p 19 p 316 14 EVOLUCcedilAtildeO LEGISLATIVA DA ADOCcedilAtildeO
No Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 3071 de 01 de maio de 1916 vigoravam as
Ordenaccedilotildees Afonsinas Filipinas e Manuelinas45
Com o advento do Coacutedigo Civil de 1916 ocorreu a sistematizaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos
artigos 368 a 378 de caraacuteter essencialmente privado
Todavia o nosso direito paacutetrio da eacutepoca revelava as influecircncias do direito romano
do direito canocircnico das Ordenaccedilotildees Afonsinas Manuelinas e Filipinas46
No coacutedigo de 1916 a adoccedilatildeo era definida como o ato civil pelo qual algueacutem aceita
um estranho na qualidade de filho contudo tal conceito trazia consigo as suas restriccedilotildees47
Nessa eacutepoca havia restriccedilotildees quanto agrave adoccedilatildeo pois a mesma se destinava a habilitar
pessoas com mais de 50 anos exigindo a diferenccedila miacutenima de 18 anos entre adotado e
adotante e natildeo haveria direito de sucessatildeo ao adotado
Em 1957 adveio o Estatuto da adoccedilatildeo - Lei nordm 3133 de 08 de maio de 1957 E em
1979 o Coacutedigo de Menores Lei nordm 6667 de 10 de outubro de 1979 ambos traziam algumas
modificaccedilotildees que eliminava certas restriccedilotildees do Coacutedigo Civil de 191648
Algumas dessas modificaccedilotildees trazidas foi a de possibilidade de se adotar aos 30
anos e a diferenccedila de idade entre adotando e adotado passou a ser de 16 anos eliminou-se
tambeacutem o preacute-requisito de que somente casais sem filhos poderiam adotar49
______________ 45 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 38 46 Opcit p 20 p 42 47 Opcit p 20 p 84 48 Opcit p 20 p 40 49 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo em 1988 e com o advento do Estatuto da
Crianccedila e do Adolescente ndash ECA em 1990 consegui-se eliminar todas as restriccedilotildees
pertinentes agrave diferenccedila entre filhos adotivos ilegiacutetimos eou aduacutelterinos50
Assim hoje o filho adotivo tem os mesmos direitos garantias e deveres dos filhos
bioloacutegicos artigo 227 sectordm da CRFB
A partir de 1990 as regras da adoccedilatildeo passaram a visar mais os interesses direitos e
reais e necessidades dos adotandos O que se pretendia era encontrar uma famiacutelia adequada
aos menores e natildeo a busca de uma crianccedila para aqueles que pretendem adotar51
Jaacute o novo Coacutedigo Civil trata desse instituto da aceitaccedilatildeo legal de estranho no seio
familiar nos artigos 1618 a 1629 passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que
originariamente natildeo eacute criando com este laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com todos os
direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo inexiste
naturalmente52
E corroborando com o instituto da adoccedilatildeo o nosso texto constitucional assegura em
seu artigo 227 o direito de se ter uma famiacutelia o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave
educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura ao respeito agrave dignidade agrave liberdade e a
convivecircncia familiar 53
Esse direito de se ter uma famiacutelia consagrado na Carta Magna adveacutem do direito
positivo brasileiro do direito natural do simples direito de se ter um lar
__________ 50 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 150 51 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41 52 As modificaccedilotildees introduzidas agrave partir do advento do Novo Coacutedigo Civil ndash Lei nordm 1040602 53 CONSTITUICcedilAcircO FEDERAL EC nordm 45 Rio de Janeiro 2005 p 149
A adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia da proteccedilatildeo ao adotado e cuja finalidade
eacute a de dar um lar aos menores criando para esses menores um ambiente familiar e o
equiparando o adotado como filho legiacutetimo
Egrave um instituto de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo agravequeles que precisam de um
lar amor carinho e dignidade
Tem por finalidade fundamental dar filhos agravequeles que natildeo podem ter
biologicamente e de dar pais agravequeles que se encontram desamparados por algum motivo
Assim a adoccedilatildeo que fugir desses paracircmetros a que estaacute destinada estaraacute distorcendo a
finalidade do ordenamento a que lei se destina
Ficando constatado que a adoccedilatildeo no Brasil constitui um imperativo de ordem eacutetica
de natureza constitucional pois natildeo se pode construir uma sociedade mentalmente satilde sobre
as bases de abandono de crianccedilas os futuros homens de amanhatilde
CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
A adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil de 1916 era regulada nos artigos de 368 a 378 Nesse
Coacutedigo havia previsatildeo legal para duas modalidades de adoccedilatildeo54
A adoccedilatildeo simples estabelecia o viacutenculo de filiaccedilatildeo entre adotante e adotado
podendo o adotante ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos regia-se pelo Coacutedigo
Civil de 1916 e pela Lei nordm 313355
A adoccedilatildeo plena era espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser
irrevogavelmente para todos os efeitos legais a ser filhos dos adotantes desligando-se de
qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais
introduzido pela Lei nordm 669779
Nesse Coacutedigo Civil a adoccedilatildeo aplicava-se aos maiores de 18 anos e realccedilava a sua
natureza negocial do instituto tendo em vista a solenidade da escritura puacuteblica que a lei
exigia como contrato de direito de famiacutelia Somente seria a adoccedilatildeo consumada com a
devida averbaccedilatildeo da escritura no registro civil e no ato da adoccedilatildeo seriam declarados quais
os nomes da famiacutelia passaria o adotado a usar
Eram requisitos para adoccedilatildeo nesta legislaccedilatildeo de 1916 que o adotante fosse 16 anos
mais velho que o adotando com mais de 30 anos de idade se o adotante fosse casado o
casamento deveria ter duraccedilatildeo superior agrave cinco anos duas pessoas natildeo poderiam adotar
conjuntamente se natildeo forem marido e mulher e o adotando com maior de 18 anos o tutor
ou curador poderiam adotar depois de prestadas as contas ocorria atraveacutes de escritura
puacuteblica havia previsatildeo de adoccedilatildeo por estrangeiros sem restriccedilatildeo55
______________ 54 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 55 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p 323
Com o advento da Lei nordm 104062002 o instituto da adoccedilatildeo passou a ser tratado nos
artigos de 1618 a 1629 como jaacute mencionado E por conta da nova legislaccedilatildeo a adoccedilatildeo
simples e a adoccedilatildeo plena deixam de existir passando a adoccedilatildeo ser irrestrita 56
Hoje o Novo Coacutedigo - Lei nordm 104062002 se preocupa em seus artigos com a
adoccedilatildeo de forma global ou seja com a adoccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes e principalmente
com a primazia do interesse do adotado
Assim o instituto da adoccedilatildeo passa a ser regido nos seguintes termos57
No art 1618 Somente pessoa maior de dezoito anos pode adotar
Analisando este artigo pode-se constatar que houve a reduccedilatildeo da idade miacutenima para
adotar antes exigida de 35 anos
E em seu Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo poderaacute ser formalizada por ambos os cocircnjuges
ou companheiros desde que um deles tenha completado dezoito anos de idade comprovada
a estabilidade da famiacutelia
Os artigos 1619 e 1620 natildeo tiveram alteradas a sua redaccedilatildeo
De acordo com o artigo 1619 o adotante haacute de ser pelo menos dezesseis anos mais
velho que o adotado E no artigo 1620 enquanto natildeo der contas de sua administraccedilatildeo e natildeo
saldar o deacutebito natildeo poderaacute o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o curatelado
O artigo 1621 descreve que a adoccedilatildeo depende de consentimento dos pais ou dos
representantes legais de quem se deseja adotar e da concordacircncia deste se contar mais de
doze anos
______________
56 Op cit p 23 p 425
57 Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003 p 452-459
sect 1o O consentimento seraacute dispensado em relaccedilatildeo agrave crianccedila ou adolescente cujos
pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder familiar
sect 2o O consentimento previsto no caput eacute revogaacutevel ateacute a publicaccedilatildeo da sentenccedila
constitutiva da adoccedilatildeo
O novo dispositivo diminui a idade miacutenima do adotado para manifestar o seu
consentimento para 12 anos no regime anterior era de 14 anos
De acordo co o artigo 1622 ningueacutem poderaacute ser adotado por duas pessoas salvo se
forem marido e mulher ou se viverem em uniatildeo estaacutevel
Neste artigo foi acrescentado o paraacutegrafo uacutenico que acrescenta a posiccedilatildeo da adoccedilatildeo
por companheiros ou daqueles que vivem em uniatildeo estaacutevel
Paraacutegrafo uacutenico Os divorciados e os judicialmente separados poderatildeo adotar
conjuntamente contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o
estaacutegio de convivecircncia tenha sido iniciado na constacircncia da sociedade conjugal
No artigo 1623 a adoccedilatildeo obedeceraacute a processo judicial observados os requisitos
estabelecidos neste Coacutedigo
Houve acreacutescimo na nova legislaccedilatildeo apenas do paraacutegrafo uacutenico ao qual foi atribuiacuteda a
seguinte redaccedilatildeo
Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo de maiores de dezoito anos dependeraacute igualmente da
assistecircncia efetiva do Poder Puacuteblico e de sentenccedila constitutiva
No artigo 1624 Houve a substituiccedilatildeo do ldquopaacutetrio poderrdquo por ldquopoder familiarrdquo sendo
ainda suprimida a palavra ldquomenor abandonadordquo trazido na legislaccedilatildeo de 1916
Assim dispotildee o artigo citado em que natildeo haacute necessidade do consentimento do
representante legal do menor se provado que se trata de infante exposto ou de menor cujos
pais sejam desconhecidos estejam desaparecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder
familiar sem nomeaccedilatildeo de tutor ou de oacuterfatildeo natildeo reclamado por qualquer parente por mais
de um ano
De acordo com o artigo 1625 somente seraacute admitida a adoccedilatildeo que constituir efetivo
benefiacutecio para o adotando sendo matida a mesma redaccedilatildeo
Jaacute no artigo 1626 houve acreacutescimo do paraacutegrafo uacutenico
Dipondo a seguinte redaccedilatildeo o caput a adoccedilatildeo atribui a situaccedilatildeo de filho ao adotado
desligando-o de qualquer viacutenculo com os pais e parentes consanguumliacuteneos salvo quanto aos
impedimentos para o casamento
Paraacutegrafo uacutenico se um dos cocircnjuges ou companheiros adota o filho do outro
mantecircm-se os viacutenculos de filiaccedilatildeo entre o adotado e o cocircnjuge ou companheiro do adotante
e os respectivos parentes
Com relaccedilatildeo ao artigo 1627 permaneceu a mesma redaccedilatildeo com relaccedilatildeo a decisatildeo que
confere ao adotado o sobrenome do adotante podendo determinar a modificaccedilatildeo de seu
prenome se menor a pedido do adotante ou do adotado
No artigo abaixo descrito houve a adequaccedilatildeo ao dispositivo de moda a resguardar o
princiacutepio constitucional da plena igualdade entre filhos bioloacutegicos e adotados
Dispotildee o artigo 1628 que os efeitos da adoccedilatildeo comeccedilam a partir do tracircnsito em
julgado da sentenccedila exceto se o adotante vier a falecer no curso do procedimento caso em
que teraacute forccedila retroativa agrave data do oacutebito As relaccedilotildees de parentesco se estabelecem natildeo soacute
entre o adotante e o adotado como tambeacutem entre aquele e os descendentes deste e entre o
adotado e todos os parentes do adotante
Natildeo houve alteraccedilatildeo na redaccedilatildeo do artigo 1629 apenas tal dispositivo tem o
objetivo de ajustar o Novo Coacutedigo Civil agrave lei superveniente ou seja Estatuto da Crianccedila e
do Adolescente
Dispondo o referido artigo a seguinte redaccedilatildeo a adoccedilatildeo por estrangeiro obedeceraacute
aos casos e condiccedilotildees que forem estabelecidos em lei
Assim pode-se concluir que na falta de norma reguladora para o instituto da adoccedilatildeo
desde que natildeo conflite com o Coacutedigo Civil deveraacute ser aplicado analogicamente o Estatuto da
Crianccedila e do Adolescente
Ainda constata-se que o Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute
maior de 18 anos passando o instituto da adoccedilatildeo a ser irrestrito trazendo importantes
reflexos ao nosso ordenamento juriacutedico paacutetrio no que diz respeito aos direitos da
personalidade e nos direitos sucessoacuterios Enquanto o antigo Coacutedigo Civil Brasileiro de 1916
adotava o sistema da manifestaccedilatildeo de vontade
Atualmente o Coacutedigo Civil vigente e o Estatuto da Crianccedila adotam o sistema da
sentenccedila judicial sendo que o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo para os
menores de 18 anos o que natildeo exime que a adoccedilatildeo de menor de 18 anos seja feita pelo
Coacutedigo Civil58
De acordo com a legislaccedilatildeo civil podemos conceituar a adoccedilatildeo como o ato de
filiaccedilatildeo juriacutedica que pressupotildee de afetividade e natildeo de relaccedilatildeo bioloacutegica passando o
adotado a ser tratado como se fosse filho natural constituiacutedo em benefiacutecio do adotando
_____________ 58 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 irretrataacutevel e perpeacutetuo depois de consumado que cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com
todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo
inexistia naturalmente
De forma simples podemos definir a adoccedilatildeo como modalidade de filiaccedilatildeo civil que
busca imitar a filiaccedilatildeo natural dependente da vontade de adotante e adotado e por via de
sentenccedila judicial
Assim torna-se inafastaacutevel a utilidade do instituto da adoccedilatildeo em relaccedilatildeo ao menor
carente ou em estado de abandono pois eacute de interesse do Estado a inserccedilatildeo desse menor em
um ambiente familiar
Fica claro que o instituto da adoccedilatildeo eacute de caraacuteter humanitaacuterio que tem por um lado o
escopo de proporcionar agravequeles que a quem a natureza negou filhos e por outro lado
constitui a finalidade assistencial de melhorar a condiccedilatildeo moral e material do futuro
adotado
Mas ainda muito haacute de se defender em prol do instituto da adoccedilatildeo no Brasil natildeo soacute
como forma de projeto de cidadania mas tambeacutem como forma de vida digna a aqueles que
natildeo tem um lar principalmente ao que refere aos direitos de adoccedilatildeo internacional e ainda ao
direito de adoccedilatildeo por casais homossexuais
22 REQUISITOS DA ADOCcedilAtildeO
221 Requisitos Formais
Satildeo alguns requisitos formais para a adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil vigente59
efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal
ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)
____________ 59 VENOSASilvio de Salvo Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003p349
efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal
ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)
diferenccedila miacutenima de idade entre o adotante e o adotado (artigo 1619)
consentimento do adotado de seus pais ou de seu representante (artigos 1621 sect 1ordm e
1624)
intervenccedilatildeo judicial na sua criaccedilatildeo pois somente se aperfeiccediloa perante o juiz atraveacutes de
processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico (artigo 1623 paraacutegrafo uacutenico)
irrevogabilidade (artigo 1626 caput)
estaacutegio de convivecircncia (1622 paraacutegrafo uacutenico 1ordfparte)
comprovaccedilatildeo de estabilidade familiar (artigo 1618 paraacutegrafo uacutenico in fine)
23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO
A adoccedilatildeo se daacute atraveacutes de um processo judicial perante o juiz com competecircncia na
aacuterea da infacircncia e juventude que iraacute conhecer dos pedidos da adoccedilatildeo e os seus incidentes
entre os quais a destituiccedilatildeo do paacutetrio poder e guarda para fins da adoccedilatildeo
Vislumbram-se duas hipoacuteteses em que se adota ou a famiacutelia jaacute convive com a
crianccedila ou adolescente que pretende adotar ou a famiacutelia estaacute a procura de uma crianccedila para
que venha a adotar
Na primeira hipoacutetese devem os interessados ajuizar o pedido de adoccedilatildeo atraveacutes de
advogado ou defensor puacuteblico que formularaacute o pedido diretamente em cartoacuterio atraveacutes de
peticcedilatildeo assinada pelos requerentes quando os pais forem falecidos tiverem sido destituiacutedos
do paacutetrio poder ou houverem aderido expressamente ao pedido os pais bioloacutegicos quando
conhecidos satildeo citados para querendo contestarem o pedido julgando o juiz ao final de
acordo com o interesse superior da crianccedila e do adolescente
Na segunda hipoacutetese os interessados devem requerer sua inscriccedilatildeo no cadastro do
juiacutezo de pessoas interessadas em adotar A partir daiacute instaura-se um procedimento no qual
seratildeo ouvidos pela equipe teacutecnica do juiacutezo (assistentes sociais eou psicoacutelogos) e antes da
decisatildeo que deferir a inscriccedilatildeo o Ministeacuterio Puacuteblico assistiraacute ao pedido de adoccedilatildeo conforme
previsto no artigo 227 sect5ordm da Constituiccedilatildeo Federal e emitiraacute parecer
Em seguida seratildeo incluiacutedos em grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo cujas vagas seratildeo
preenchidas de acordo com a ordem de ajuizamento do pedido de habilitaccedilatildeo respeitados os
criteacuterios estabelecidos
Os grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo possuem duraccedilatildeo prevista de 60 dias e visam
auxiliar os interessados em adotar Habilitados e inscritos no cadastro os interessados
recebem um certificado com validade de 2 anos
Satildeo necessaacuterios os seguintes documentos60
certidatildeo de casamento
atestado de residecircncia
folha de antecedentes criminais
prova de idoneidade fiacutesica e moral
prova de abandono do menor
destituiccedilatildeo do paacutetrio poder
atestado de sanidade fiacutesica
________________ 60 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
A adoccedilatildeo constitui-se por sentenccedila sendo necessaacuterio que 61
a peticcedilatildeo Inicial com os requisitos do artigo 35
se na inicial vier a concordacircncia dos pais do adotando seratildeo ouvidos pelo juiz e pelo
representante do Ministeacuterio Puacuteblico lavrando-se o termo
a autoridade juriacutedica de ofiacutecio ou o requerimento das partes e do Ministeacuterio Puacuteblico
determinaraacute a realizaccedilatildeo de estudo social ou se possiacutevel periacutecia por equipe profissional
decidindo sobre o estaacutegio de convivecircncia
Apresentado o laudo e ouvido o adotando teraacute vistas o Ministeacuterio Puacutebico
apoacutes a manifestaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico no prazo tambeacutem de 5 (cinco) dias o
juiz proferiraacute a sentenccedila
A sentenccedila judicial transitada em julgado seraacute inserida no registro civil mediante mandado do qual natildeo
se forneceraacute certidatildeo O mandado judicial cancelaraacute o registro de nascimento original do menor conforme
o artigo 16 da Lei nordm 601573 E a inscriccedilatildeo no registro constaraacute o nome dos adotantes
como pais e o nome dos seus ascendentes Assim o menor ingressa na famiacutelia do adotante
se desvinculando da famiacutelia natural
24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO
241 Efeitos pessoais
Satildeo alguns efeitos pessoais decorrentes da adoccedilatildeo62
____________________
61 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1996 p 60 62 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 430
rompimento automaacutetico do viacutenculo de parentesco com a famiacutelia de origem salvo os
impedimentos matrimocircniais (artigo 1626)
estabelecimento de verdadeiros laccedilos de parentesco civil entre adotante e adotado
abrangendo a famiacutelia do adotante (artigo 15282ordf parte)
transferecircncia definitiva e de pleno direito do poder familiar para o adotante se o adotante
for menor (artigo 1630 1634 1635 inciso V)
liberdade razoaacutevel em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo do nome do adotado (1627)
possibilidade de promoccedilatildeo da interdiccedilatildeo e inabilitaccedilatildeo do pai ou matildee adotiva pelo
adotado ou vice-versa (artigo 1768)
determinaccedilatildeo do domiacutecilio do adotado menor de idade que adquire o do adotante
242 Efeitos patrimoniais
Satildeo alguns efeitos patrimoniais produzidos pela adoccedilatildeo63
direito do adotante de administraccedilatildeo e ususfruto dos bens do adotado menor (artigo 1689
1691e 1693)
obrigaccedilatildeo do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar (artigo
1634)
dever do adotante de prestar alimentos ao adotado (artigo 1694 1696 e 1697)
direito a indenizaccedilatildeo do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante
responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menor de idade
______________
81 Op cit p 31 p 432
direito sucessoacuterio do adotado visto que se equipara ao filho advindo de parentesco
cosanguineo herdado em concorrecircncia com o cocircnjuge sobrevivente ou convivente do
falecido na qualidade de descendente do autor da heranccedila afastando todos os demais
herdeiros do adotante que natildeo tenham a qualidade de filho (artigo 1829 inciso I e
1790incisos I e II)
reciprocidade nos efeitos sucessoacuterios (artigo 1829 inciso II e 1790 inciso III)
filho adotivo natildeo estaacute compreendido na exceccedilatildeo do Coacutedigo Civil artigo 1790 inciso I
rompimento de testamento se sobrevier filho adotivo (artigo 1973)
direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciaacuterio (artigo 1951 a 1960)
superviniecircncia de filho adotivo pode revogar doaccedilotildees feitas pelo adotante ( artigo 1846 e
1789)
Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso
de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do
oacutebito64
25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO
Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se
obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do
negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do
ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade
____________
64 Op cit p 32 p 435
deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea
A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-
se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico
Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade
anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo
251 Nulidade da adoccedilatildeo
Seraacute nula a adoccedilatildeo que65
em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16
anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619
a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a
mesma pessoa (artigo 1622)
o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)
vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude
252 Anulabilidade da adoccedilatildeo
Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66
a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente
incapaz
ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado
____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435
consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz
vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores
a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado
253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo
Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67
pela falta de consentimento do adotante e adotado
pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou
interdiccedilatildeo civil
pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico
26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO
A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes
motivos68
pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil
Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a
madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave
enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou
neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade
pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil
____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437
Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste
contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a
honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila
pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue
quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva
pela morte do adotante e adotado
27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO
Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a
finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo
avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante
e adotado69
Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute
prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com
facilidade a nova famiacutelia
O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a
ser adotado
Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a
extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo
atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil
____________
69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340
28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das
crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a
prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave
poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato
infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e
ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70
A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual
adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou
tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da
juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil
Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida
familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco
passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado
29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL
A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e
do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da
Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave
crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave
educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave
__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41
convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71
Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada
por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por
procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da
adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda
de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida
pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo
por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72
Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo
de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes
independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos
havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e
qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73
Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos
adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do
bem estar do adotado
210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO
A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser
incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e
educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta
assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria
___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438
Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como
com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo
dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos
pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco
pessoal e social nas ruas das grandes cidades
Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia
importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees
sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia
Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem
por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades
coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e
ceacutelere
Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria
com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e
defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do
proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os
procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados
Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo
atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o
instituto da adoccedilatildeo
A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de
_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em
lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que
querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave
crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico
educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e
na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos
e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o
desenvolvimento da cidadania
Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que
tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria
Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir
211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO
Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75
Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma
simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo
A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais
os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a
situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem
adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda
________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser
proporcionada pelas pessoas sem adotar
Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva
jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os
interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais
vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito
simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses
O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida
cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior
(adoccedilatildeo internacional)
CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees
estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil
Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente
A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida
excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido
por pessoa residente no Paiacutes
A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico
conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei
supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida
sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76
Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo
juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a
decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham
falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm
80699077
Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da
Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da
CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia
____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464
Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por
estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos
interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas
atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os
bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal
intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando
verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em
moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias
maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado
enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees
escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos
especialmente do menorrdquo78
Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante
nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado
tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a
perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e
economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila
passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco
e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79
Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas
___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438
Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil
A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver
medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo
internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda
possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o
seu ingresso em famiacutelia substituta
Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo
internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem
conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas
Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em
seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser
interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores
para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que
visem lucro80
Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas
pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator
determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas
famiacutelias substitutas
32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR
ESTRANGEIROS
A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo
seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e
condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________
80 Op Cit p 44 p 438
parte de estrangeiros
Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida
excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo
acarreta o adotante aacute desistecircncia
Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81
impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo
estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro
residente ou domiciliado fora do paiacutes
comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de
seu paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia
especializada e credenciada no paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido
do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico
juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente
autenticados pela autoridade consular
permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a
consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo
Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e
cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no
miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos
de idade
___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439
podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar
prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista
A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82
lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo
reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante
lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica
Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de
Adoccedilatildeo de Menores de 1984)
33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA
A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua
finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores
Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia
prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse
superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas
__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485
A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo
Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de
garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados
contratantes83
Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a
Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo
Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84
requisitos para a adoccedilatildeo internacional
requisitos processuais
reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo
De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo
em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o
interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras
_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486
CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a
grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo
igualmente a possibilidade da poder adotar
A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade
Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas
aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de
constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a
reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois
assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir
famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86
Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a
uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm
sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo
Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87
____________
86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho
mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49
A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios
E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por
homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se
espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem
homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila
se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais
homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos
tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte
de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo
16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo
se forem marido e mulher
Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89
____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da
uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos
homossexuais
42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA
E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a
situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos
casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo
juriacutedica podem os casais homossexuais adotar
No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo
homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes
da jurisprudecircncia
E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a
regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais
Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata
da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo
tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um
dos parceiros90
Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo
5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a
primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei
____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade
Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca
pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do
bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais
homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve
levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo
decidindo sempre pelo bem-estar do menor91
A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece
Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao
adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo
ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia
familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo
()
sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute
casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros
A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee
Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de
estado civil
______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005
Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92
Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que
homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo
poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante
O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de
adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual
diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro
de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93
______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo
da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum
cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito
Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94
Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais
homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95
Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo
sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel
privar os homossexuais do direito agrave adotar96
E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais
flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de
tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar
seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles
que lhe acolhem97
______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53
No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo
barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao
seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira
da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da
histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a
mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para
atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem
a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua
companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de
crianccedilas devem igualmente poder adotar98
Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no
aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes
de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o
preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99
Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida
pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato
Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo
________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53
CONCLUSAtildeO
A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia
E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto
no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio
Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988
Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade
Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente
A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva
Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros
por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores
Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade
Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a
sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do
Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo
Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e
principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que
pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da
adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e
venda de crianccedilas para o estrangeiro
A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente
estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse
baseado nos artigos 1618 a 1629
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52
Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de
amor carinho e solidariedade
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No contexto das diversas definiccedilotildees atribuiacutedas a adoccedilatildeo podemos
verificar que esta se contrapotildee-se a filiaccedilatildeo legiacutetima ou natural por
sua caracteriacutestica artificial pois resulta da manifestaccedilatildeo de vontade e
de sentenccedila judicial Enquanto a filiaccedilatildeo natural tem seu viacutenculo
formado apenas no sangue
Contudo os efeitos da adoccedilatildeo em nosso ordenamento juriacutedico geram
as mesmas relaccedilotildees da filiaccedilatildeo natural
13 NATUREZA JURIacuteDICA
A natureza juriacutedica da adoccedilatildeo sempre foi muito controvertida para alguns
doutrinadores a adoccedilatildeo apenas eacute uma relaccedilatildeo juriacutedica enquanto para outros eacute negoacutecio
unilateral tendo em vista a vontade do adotante37
Com o passar dos tempos a mudou a sua finalidade antes se destinava
a atender aos interesses religiosos dos adotantes hoje se preocupa
mais com o interesse dos adotados objetivando proporcionar uma
famiacutelia38
A dificuldade em definir a natureza juriacutedica da adoccedilatildeo decorre da sua
natureza e da origem do seu ato
Assim para alguns autores adoccedilatildeo seria uma forma de contrato
devido agrave bilateralidade do ato pois eacute preciso a manifestaccedilatildeo de duas
vontades a do adotante e do adotado Sendo que agraves vezes o adotado eacute
representado poreacutem a vontade do adotando inexiste em algumas
situaccedilotildees o que dificulta a compreensatildeo dessa doutrina39
__________ 37 Op cit p 17 p 320 38 Op cit p 17 p 149 39 Op cit p 17 p 320
Para outros autores a adoccedilatildeo eacute instituto juriacutedico de ordem puacuteblica sendo necessaacuterio
a manifestaccedilatildeo do Estado declarando ou natildeo a adoccedilatildeo40
No Coacutedigo Civil de 1916 a adoccedilatildeo tinha a natureza de contrato
devido agrave solenidade exigida na lei da escritura puacuteblica realccedilando a
natureza negocial do instituto como contrato de famiacutelia disposto no
artigo 37541
Nessa eacutepoca havia duas formas distintas de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo simples
e a adoccedilatildeo plena e cada uma delas apresentava natureza proacutepria42
No Estatuto natildeo prevalece apenas a bilateralidade de vontades pois o Estado
participa de forma ativa exigindo-se tambeacutem uma sentenccedila judicial pois sem esta natildeo
haveraacute adoccedilatildeo 43
O Coacutedigo Civil de 2002 requer a presenccedila dos adotantes do Estado e somente
ocorreraacute se for atraveacutes de sentenccedila judicial
Pode-se assim concluir que a adoccedilatildeo eacute um ato complexo o
qual tem na sua primeira fase um caraacuteter negocial em seguida a
manifestaccedilatildeo de vontade dos adotantes e adotados e em sua segunda
fase tem caraacuteter judicial a fim de verificar a conveniecircncia ou natildeo da
adoccedilatildeo que culmina com a sentenccedila judicial44
Portanto a accedilatildeo de adoccedilatildeo eacute accedilatildeo do estado de caraacuteter constitutivo
conferindo a posiccedilatildeo de filho ao adotado atraveacutes de sentenccedila judicial
____________ 40 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p320 41 Op cit p 19 p 316
42 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Rio de Janeiro Atlas 2001 p 257 43 Op cit p 19 p 320
44 Op cit p 19 p 316 14 EVOLUCcedilAtildeO LEGISLATIVA DA ADOCcedilAtildeO
No Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 3071 de 01 de maio de 1916 vigoravam as
Ordenaccedilotildees Afonsinas Filipinas e Manuelinas45
Com o advento do Coacutedigo Civil de 1916 ocorreu a sistematizaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos
artigos 368 a 378 de caraacuteter essencialmente privado
Todavia o nosso direito paacutetrio da eacutepoca revelava as influecircncias do direito romano
do direito canocircnico das Ordenaccedilotildees Afonsinas Manuelinas e Filipinas46
No coacutedigo de 1916 a adoccedilatildeo era definida como o ato civil pelo qual algueacutem aceita
um estranho na qualidade de filho contudo tal conceito trazia consigo as suas restriccedilotildees47
Nessa eacutepoca havia restriccedilotildees quanto agrave adoccedilatildeo pois a mesma se destinava a habilitar
pessoas com mais de 50 anos exigindo a diferenccedila miacutenima de 18 anos entre adotado e
adotante e natildeo haveria direito de sucessatildeo ao adotado
Em 1957 adveio o Estatuto da adoccedilatildeo - Lei nordm 3133 de 08 de maio de 1957 E em
1979 o Coacutedigo de Menores Lei nordm 6667 de 10 de outubro de 1979 ambos traziam algumas
modificaccedilotildees que eliminava certas restriccedilotildees do Coacutedigo Civil de 191648
Algumas dessas modificaccedilotildees trazidas foi a de possibilidade de se adotar aos 30
anos e a diferenccedila de idade entre adotando e adotado passou a ser de 16 anos eliminou-se
tambeacutem o preacute-requisito de que somente casais sem filhos poderiam adotar49
______________ 45 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 38 46 Opcit p 20 p 42 47 Opcit p 20 p 84 48 Opcit p 20 p 40 49 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo em 1988 e com o advento do Estatuto da
Crianccedila e do Adolescente ndash ECA em 1990 consegui-se eliminar todas as restriccedilotildees
pertinentes agrave diferenccedila entre filhos adotivos ilegiacutetimos eou aduacutelterinos50
Assim hoje o filho adotivo tem os mesmos direitos garantias e deveres dos filhos
bioloacutegicos artigo 227 sectordm da CRFB
A partir de 1990 as regras da adoccedilatildeo passaram a visar mais os interesses direitos e
reais e necessidades dos adotandos O que se pretendia era encontrar uma famiacutelia adequada
aos menores e natildeo a busca de uma crianccedila para aqueles que pretendem adotar51
Jaacute o novo Coacutedigo Civil trata desse instituto da aceitaccedilatildeo legal de estranho no seio
familiar nos artigos 1618 a 1629 passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que
originariamente natildeo eacute criando com este laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com todos os
direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo inexiste
naturalmente52
E corroborando com o instituto da adoccedilatildeo o nosso texto constitucional assegura em
seu artigo 227 o direito de se ter uma famiacutelia o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave
educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura ao respeito agrave dignidade agrave liberdade e a
convivecircncia familiar 53
Esse direito de se ter uma famiacutelia consagrado na Carta Magna adveacutem do direito
positivo brasileiro do direito natural do simples direito de se ter um lar
__________ 50 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 150 51 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41 52 As modificaccedilotildees introduzidas agrave partir do advento do Novo Coacutedigo Civil ndash Lei nordm 1040602 53 CONSTITUICcedilAcircO FEDERAL EC nordm 45 Rio de Janeiro 2005 p 149
A adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia da proteccedilatildeo ao adotado e cuja finalidade
eacute a de dar um lar aos menores criando para esses menores um ambiente familiar e o
equiparando o adotado como filho legiacutetimo
Egrave um instituto de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo agravequeles que precisam de um
lar amor carinho e dignidade
Tem por finalidade fundamental dar filhos agravequeles que natildeo podem ter
biologicamente e de dar pais agravequeles que se encontram desamparados por algum motivo
Assim a adoccedilatildeo que fugir desses paracircmetros a que estaacute destinada estaraacute distorcendo a
finalidade do ordenamento a que lei se destina
Ficando constatado que a adoccedilatildeo no Brasil constitui um imperativo de ordem eacutetica
de natureza constitucional pois natildeo se pode construir uma sociedade mentalmente satilde sobre
as bases de abandono de crianccedilas os futuros homens de amanhatilde
CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
A adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil de 1916 era regulada nos artigos de 368 a 378 Nesse
Coacutedigo havia previsatildeo legal para duas modalidades de adoccedilatildeo54
A adoccedilatildeo simples estabelecia o viacutenculo de filiaccedilatildeo entre adotante e adotado
podendo o adotante ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos regia-se pelo Coacutedigo
Civil de 1916 e pela Lei nordm 313355
A adoccedilatildeo plena era espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser
irrevogavelmente para todos os efeitos legais a ser filhos dos adotantes desligando-se de
qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais
introduzido pela Lei nordm 669779
Nesse Coacutedigo Civil a adoccedilatildeo aplicava-se aos maiores de 18 anos e realccedilava a sua
natureza negocial do instituto tendo em vista a solenidade da escritura puacuteblica que a lei
exigia como contrato de direito de famiacutelia Somente seria a adoccedilatildeo consumada com a
devida averbaccedilatildeo da escritura no registro civil e no ato da adoccedilatildeo seriam declarados quais
os nomes da famiacutelia passaria o adotado a usar
Eram requisitos para adoccedilatildeo nesta legislaccedilatildeo de 1916 que o adotante fosse 16 anos
mais velho que o adotando com mais de 30 anos de idade se o adotante fosse casado o
casamento deveria ter duraccedilatildeo superior agrave cinco anos duas pessoas natildeo poderiam adotar
conjuntamente se natildeo forem marido e mulher e o adotando com maior de 18 anos o tutor
ou curador poderiam adotar depois de prestadas as contas ocorria atraveacutes de escritura
puacuteblica havia previsatildeo de adoccedilatildeo por estrangeiros sem restriccedilatildeo55
______________ 54 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 55 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p 323
Com o advento da Lei nordm 104062002 o instituto da adoccedilatildeo passou a ser tratado nos
artigos de 1618 a 1629 como jaacute mencionado E por conta da nova legislaccedilatildeo a adoccedilatildeo
simples e a adoccedilatildeo plena deixam de existir passando a adoccedilatildeo ser irrestrita 56
Hoje o Novo Coacutedigo - Lei nordm 104062002 se preocupa em seus artigos com a
adoccedilatildeo de forma global ou seja com a adoccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes e principalmente
com a primazia do interesse do adotado
Assim o instituto da adoccedilatildeo passa a ser regido nos seguintes termos57
No art 1618 Somente pessoa maior de dezoito anos pode adotar
Analisando este artigo pode-se constatar que houve a reduccedilatildeo da idade miacutenima para
adotar antes exigida de 35 anos
E em seu Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo poderaacute ser formalizada por ambos os cocircnjuges
ou companheiros desde que um deles tenha completado dezoito anos de idade comprovada
a estabilidade da famiacutelia
Os artigos 1619 e 1620 natildeo tiveram alteradas a sua redaccedilatildeo
De acordo com o artigo 1619 o adotante haacute de ser pelo menos dezesseis anos mais
velho que o adotado E no artigo 1620 enquanto natildeo der contas de sua administraccedilatildeo e natildeo
saldar o deacutebito natildeo poderaacute o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o curatelado
O artigo 1621 descreve que a adoccedilatildeo depende de consentimento dos pais ou dos
representantes legais de quem se deseja adotar e da concordacircncia deste se contar mais de
doze anos
______________
56 Op cit p 23 p 425
57 Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003 p 452-459
sect 1o O consentimento seraacute dispensado em relaccedilatildeo agrave crianccedila ou adolescente cujos
pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder familiar
sect 2o O consentimento previsto no caput eacute revogaacutevel ateacute a publicaccedilatildeo da sentenccedila
constitutiva da adoccedilatildeo
O novo dispositivo diminui a idade miacutenima do adotado para manifestar o seu
consentimento para 12 anos no regime anterior era de 14 anos
De acordo co o artigo 1622 ningueacutem poderaacute ser adotado por duas pessoas salvo se
forem marido e mulher ou se viverem em uniatildeo estaacutevel
Neste artigo foi acrescentado o paraacutegrafo uacutenico que acrescenta a posiccedilatildeo da adoccedilatildeo
por companheiros ou daqueles que vivem em uniatildeo estaacutevel
Paraacutegrafo uacutenico Os divorciados e os judicialmente separados poderatildeo adotar
conjuntamente contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o
estaacutegio de convivecircncia tenha sido iniciado na constacircncia da sociedade conjugal
No artigo 1623 a adoccedilatildeo obedeceraacute a processo judicial observados os requisitos
estabelecidos neste Coacutedigo
Houve acreacutescimo na nova legislaccedilatildeo apenas do paraacutegrafo uacutenico ao qual foi atribuiacuteda a
seguinte redaccedilatildeo
Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo de maiores de dezoito anos dependeraacute igualmente da
assistecircncia efetiva do Poder Puacuteblico e de sentenccedila constitutiva
No artigo 1624 Houve a substituiccedilatildeo do ldquopaacutetrio poderrdquo por ldquopoder familiarrdquo sendo
ainda suprimida a palavra ldquomenor abandonadordquo trazido na legislaccedilatildeo de 1916
Assim dispotildee o artigo citado em que natildeo haacute necessidade do consentimento do
representante legal do menor se provado que se trata de infante exposto ou de menor cujos
pais sejam desconhecidos estejam desaparecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder
familiar sem nomeaccedilatildeo de tutor ou de oacuterfatildeo natildeo reclamado por qualquer parente por mais
de um ano
De acordo com o artigo 1625 somente seraacute admitida a adoccedilatildeo que constituir efetivo
benefiacutecio para o adotando sendo matida a mesma redaccedilatildeo
Jaacute no artigo 1626 houve acreacutescimo do paraacutegrafo uacutenico
Dipondo a seguinte redaccedilatildeo o caput a adoccedilatildeo atribui a situaccedilatildeo de filho ao adotado
desligando-o de qualquer viacutenculo com os pais e parentes consanguumliacuteneos salvo quanto aos
impedimentos para o casamento
Paraacutegrafo uacutenico se um dos cocircnjuges ou companheiros adota o filho do outro
mantecircm-se os viacutenculos de filiaccedilatildeo entre o adotado e o cocircnjuge ou companheiro do adotante
e os respectivos parentes
Com relaccedilatildeo ao artigo 1627 permaneceu a mesma redaccedilatildeo com relaccedilatildeo a decisatildeo que
confere ao adotado o sobrenome do adotante podendo determinar a modificaccedilatildeo de seu
prenome se menor a pedido do adotante ou do adotado
No artigo abaixo descrito houve a adequaccedilatildeo ao dispositivo de moda a resguardar o
princiacutepio constitucional da plena igualdade entre filhos bioloacutegicos e adotados
Dispotildee o artigo 1628 que os efeitos da adoccedilatildeo comeccedilam a partir do tracircnsito em
julgado da sentenccedila exceto se o adotante vier a falecer no curso do procedimento caso em
que teraacute forccedila retroativa agrave data do oacutebito As relaccedilotildees de parentesco se estabelecem natildeo soacute
entre o adotante e o adotado como tambeacutem entre aquele e os descendentes deste e entre o
adotado e todos os parentes do adotante
Natildeo houve alteraccedilatildeo na redaccedilatildeo do artigo 1629 apenas tal dispositivo tem o
objetivo de ajustar o Novo Coacutedigo Civil agrave lei superveniente ou seja Estatuto da Crianccedila e
do Adolescente
Dispondo o referido artigo a seguinte redaccedilatildeo a adoccedilatildeo por estrangeiro obedeceraacute
aos casos e condiccedilotildees que forem estabelecidos em lei
Assim pode-se concluir que na falta de norma reguladora para o instituto da adoccedilatildeo
desde que natildeo conflite com o Coacutedigo Civil deveraacute ser aplicado analogicamente o Estatuto da
Crianccedila e do Adolescente
Ainda constata-se que o Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute
maior de 18 anos passando o instituto da adoccedilatildeo a ser irrestrito trazendo importantes
reflexos ao nosso ordenamento juriacutedico paacutetrio no que diz respeito aos direitos da
personalidade e nos direitos sucessoacuterios Enquanto o antigo Coacutedigo Civil Brasileiro de 1916
adotava o sistema da manifestaccedilatildeo de vontade
Atualmente o Coacutedigo Civil vigente e o Estatuto da Crianccedila adotam o sistema da
sentenccedila judicial sendo que o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo para os
menores de 18 anos o que natildeo exime que a adoccedilatildeo de menor de 18 anos seja feita pelo
Coacutedigo Civil58
De acordo com a legislaccedilatildeo civil podemos conceituar a adoccedilatildeo como o ato de
filiaccedilatildeo juriacutedica que pressupotildee de afetividade e natildeo de relaccedilatildeo bioloacutegica passando o
adotado a ser tratado como se fosse filho natural constituiacutedo em benefiacutecio do adotando
_____________ 58 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 irretrataacutevel e perpeacutetuo depois de consumado que cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com
todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo
inexistia naturalmente
De forma simples podemos definir a adoccedilatildeo como modalidade de filiaccedilatildeo civil que
busca imitar a filiaccedilatildeo natural dependente da vontade de adotante e adotado e por via de
sentenccedila judicial
Assim torna-se inafastaacutevel a utilidade do instituto da adoccedilatildeo em relaccedilatildeo ao menor
carente ou em estado de abandono pois eacute de interesse do Estado a inserccedilatildeo desse menor em
um ambiente familiar
Fica claro que o instituto da adoccedilatildeo eacute de caraacuteter humanitaacuterio que tem por um lado o
escopo de proporcionar agravequeles que a quem a natureza negou filhos e por outro lado
constitui a finalidade assistencial de melhorar a condiccedilatildeo moral e material do futuro
adotado
Mas ainda muito haacute de se defender em prol do instituto da adoccedilatildeo no Brasil natildeo soacute
como forma de projeto de cidadania mas tambeacutem como forma de vida digna a aqueles que
natildeo tem um lar principalmente ao que refere aos direitos de adoccedilatildeo internacional e ainda ao
direito de adoccedilatildeo por casais homossexuais
22 REQUISITOS DA ADOCcedilAtildeO
221 Requisitos Formais
Satildeo alguns requisitos formais para a adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil vigente59
efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal
ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)
____________ 59 VENOSASilvio de Salvo Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003p349
efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal
ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)
diferenccedila miacutenima de idade entre o adotante e o adotado (artigo 1619)
consentimento do adotado de seus pais ou de seu representante (artigos 1621 sect 1ordm e
1624)
intervenccedilatildeo judicial na sua criaccedilatildeo pois somente se aperfeiccediloa perante o juiz atraveacutes de
processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico (artigo 1623 paraacutegrafo uacutenico)
irrevogabilidade (artigo 1626 caput)
estaacutegio de convivecircncia (1622 paraacutegrafo uacutenico 1ordfparte)
comprovaccedilatildeo de estabilidade familiar (artigo 1618 paraacutegrafo uacutenico in fine)
23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO
A adoccedilatildeo se daacute atraveacutes de um processo judicial perante o juiz com competecircncia na
aacuterea da infacircncia e juventude que iraacute conhecer dos pedidos da adoccedilatildeo e os seus incidentes
entre os quais a destituiccedilatildeo do paacutetrio poder e guarda para fins da adoccedilatildeo
Vislumbram-se duas hipoacuteteses em que se adota ou a famiacutelia jaacute convive com a
crianccedila ou adolescente que pretende adotar ou a famiacutelia estaacute a procura de uma crianccedila para
que venha a adotar
Na primeira hipoacutetese devem os interessados ajuizar o pedido de adoccedilatildeo atraveacutes de
advogado ou defensor puacuteblico que formularaacute o pedido diretamente em cartoacuterio atraveacutes de
peticcedilatildeo assinada pelos requerentes quando os pais forem falecidos tiverem sido destituiacutedos
do paacutetrio poder ou houverem aderido expressamente ao pedido os pais bioloacutegicos quando
conhecidos satildeo citados para querendo contestarem o pedido julgando o juiz ao final de
acordo com o interesse superior da crianccedila e do adolescente
Na segunda hipoacutetese os interessados devem requerer sua inscriccedilatildeo no cadastro do
juiacutezo de pessoas interessadas em adotar A partir daiacute instaura-se um procedimento no qual
seratildeo ouvidos pela equipe teacutecnica do juiacutezo (assistentes sociais eou psicoacutelogos) e antes da
decisatildeo que deferir a inscriccedilatildeo o Ministeacuterio Puacuteblico assistiraacute ao pedido de adoccedilatildeo conforme
previsto no artigo 227 sect5ordm da Constituiccedilatildeo Federal e emitiraacute parecer
Em seguida seratildeo incluiacutedos em grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo cujas vagas seratildeo
preenchidas de acordo com a ordem de ajuizamento do pedido de habilitaccedilatildeo respeitados os
criteacuterios estabelecidos
Os grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo possuem duraccedilatildeo prevista de 60 dias e visam
auxiliar os interessados em adotar Habilitados e inscritos no cadastro os interessados
recebem um certificado com validade de 2 anos
Satildeo necessaacuterios os seguintes documentos60
certidatildeo de casamento
atestado de residecircncia
folha de antecedentes criminais
prova de idoneidade fiacutesica e moral
prova de abandono do menor
destituiccedilatildeo do paacutetrio poder
atestado de sanidade fiacutesica
________________ 60 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
A adoccedilatildeo constitui-se por sentenccedila sendo necessaacuterio que 61
a peticcedilatildeo Inicial com os requisitos do artigo 35
se na inicial vier a concordacircncia dos pais do adotando seratildeo ouvidos pelo juiz e pelo
representante do Ministeacuterio Puacuteblico lavrando-se o termo
a autoridade juriacutedica de ofiacutecio ou o requerimento das partes e do Ministeacuterio Puacuteblico
determinaraacute a realizaccedilatildeo de estudo social ou se possiacutevel periacutecia por equipe profissional
decidindo sobre o estaacutegio de convivecircncia
Apresentado o laudo e ouvido o adotando teraacute vistas o Ministeacuterio Puacutebico
apoacutes a manifestaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico no prazo tambeacutem de 5 (cinco) dias o
juiz proferiraacute a sentenccedila
A sentenccedila judicial transitada em julgado seraacute inserida no registro civil mediante mandado do qual natildeo
se forneceraacute certidatildeo O mandado judicial cancelaraacute o registro de nascimento original do menor conforme
o artigo 16 da Lei nordm 601573 E a inscriccedilatildeo no registro constaraacute o nome dos adotantes
como pais e o nome dos seus ascendentes Assim o menor ingressa na famiacutelia do adotante
se desvinculando da famiacutelia natural
24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO
241 Efeitos pessoais
Satildeo alguns efeitos pessoais decorrentes da adoccedilatildeo62
____________________
61 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1996 p 60 62 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 430
rompimento automaacutetico do viacutenculo de parentesco com a famiacutelia de origem salvo os
impedimentos matrimocircniais (artigo 1626)
estabelecimento de verdadeiros laccedilos de parentesco civil entre adotante e adotado
abrangendo a famiacutelia do adotante (artigo 15282ordf parte)
transferecircncia definitiva e de pleno direito do poder familiar para o adotante se o adotante
for menor (artigo 1630 1634 1635 inciso V)
liberdade razoaacutevel em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo do nome do adotado (1627)
possibilidade de promoccedilatildeo da interdiccedilatildeo e inabilitaccedilatildeo do pai ou matildee adotiva pelo
adotado ou vice-versa (artigo 1768)
determinaccedilatildeo do domiacutecilio do adotado menor de idade que adquire o do adotante
242 Efeitos patrimoniais
Satildeo alguns efeitos patrimoniais produzidos pela adoccedilatildeo63
direito do adotante de administraccedilatildeo e ususfruto dos bens do adotado menor (artigo 1689
1691e 1693)
obrigaccedilatildeo do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar (artigo
1634)
dever do adotante de prestar alimentos ao adotado (artigo 1694 1696 e 1697)
direito a indenizaccedilatildeo do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante
responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menor de idade
______________
81 Op cit p 31 p 432
direito sucessoacuterio do adotado visto que se equipara ao filho advindo de parentesco
cosanguineo herdado em concorrecircncia com o cocircnjuge sobrevivente ou convivente do
falecido na qualidade de descendente do autor da heranccedila afastando todos os demais
herdeiros do adotante que natildeo tenham a qualidade de filho (artigo 1829 inciso I e
1790incisos I e II)
reciprocidade nos efeitos sucessoacuterios (artigo 1829 inciso II e 1790 inciso III)
filho adotivo natildeo estaacute compreendido na exceccedilatildeo do Coacutedigo Civil artigo 1790 inciso I
rompimento de testamento se sobrevier filho adotivo (artigo 1973)
direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciaacuterio (artigo 1951 a 1960)
superviniecircncia de filho adotivo pode revogar doaccedilotildees feitas pelo adotante ( artigo 1846 e
1789)
Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso
de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do
oacutebito64
25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO
Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se
obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do
negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do
ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade
____________
64 Op cit p 32 p 435
deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea
A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-
se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico
Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade
anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo
251 Nulidade da adoccedilatildeo
Seraacute nula a adoccedilatildeo que65
em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16
anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619
a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a
mesma pessoa (artigo 1622)
o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)
vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude
252 Anulabilidade da adoccedilatildeo
Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66
a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente
incapaz
ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado
____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435
consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz
vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores
a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado
253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo
Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67
pela falta de consentimento do adotante e adotado
pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou
interdiccedilatildeo civil
pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico
26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO
A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes
motivos68
pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil
Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a
madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave
enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou
neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade
pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil
____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437
Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste
contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a
honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila
pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue
quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva
pela morte do adotante e adotado
27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO
Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a
finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo
avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante
e adotado69
Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute
prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com
facilidade a nova famiacutelia
O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a
ser adotado
Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a
extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo
atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil
____________
69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340
28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das
crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a
prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave
poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato
infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e
ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70
A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual
adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou
tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da
juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil
Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida
familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco
passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado
29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL
A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e
do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da
Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave
crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave
educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave
__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41
convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71
Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada
por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por
procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da
adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda
de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida
pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo
por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72
Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo
de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes
independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos
havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e
qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73
Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos
adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do
bem estar do adotado
210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO
A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser
incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e
educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta
assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria
___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438
Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como
com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo
dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos
pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco
pessoal e social nas ruas das grandes cidades
Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia
importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees
sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia
Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem
por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades
coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e
ceacutelere
Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria
com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e
defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do
proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os
procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados
Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo
atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o
instituto da adoccedilatildeo
A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de
_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em
lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que
querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave
crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico
educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e
na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos
e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o
desenvolvimento da cidadania
Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que
tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria
Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir
211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO
Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75
Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma
simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo
A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais
os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a
situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem
adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda
________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser
proporcionada pelas pessoas sem adotar
Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva
jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os
interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais
vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito
simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses
O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida
cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior
(adoccedilatildeo internacional)
CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees
estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil
Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente
A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida
excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido
por pessoa residente no Paiacutes
A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico
conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei
supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida
sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76
Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo
juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a
decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham
falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm
80699077
Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da
Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da
CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia
____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464
Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por
estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos
interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas
atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os
bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal
intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando
verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em
moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias
maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado
enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees
escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos
especialmente do menorrdquo78
Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante
nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado
tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a
perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e
economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila
passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco
e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79
Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas
___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438
Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil
A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver
medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo
internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda
possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o
seu ingresso em famiacutelia substituta
Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo
internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem
conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas
Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em
seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser
interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores
para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que
visem lucro80
Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas
pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator
determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas
famiacutelias substitutas
32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR
ESTRANGEIROS
A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo
seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e
condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________
80 Op Cit p 44 p 438
parte de estrangeiros
Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida
excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo
acarreta o adotante aacute desistecircncia
Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81
impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo
estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro
residente ou domiciliado fora do paiacutes
comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de
seu paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia
especializada e credenciada no paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido
do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico
juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente
autenticados pela autoridade consular
permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a
consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo
Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e
cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no
miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos
de idade
___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439
podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar
prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista
A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82
lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo
reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante
lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica
Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de
Adoccedilatildeo de Menores de 1984)
33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA
A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua
finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores
Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia
prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse
superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas
__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485
A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo
Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de
garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados
contratantes83
Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a
Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo
Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84
requisitos para a adoccedilatildeo internacional
requisitos processuais
reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo
De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo
em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o
interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras
_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486
CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a
grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo
igualmente a possibilidade da poder adotar
A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade
Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas
aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de
constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a
reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois
assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir
famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86
Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a
uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm
sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo
Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87
____________
86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho
mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49
A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios
E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por
homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se
espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem
homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila
se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais
homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos
tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte
de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo
16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo
se forem marido e mulher
Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89
____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da
uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos
homossexuais
42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA
E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a
situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos
casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo
juriacutedica podem os casais homossexuais adotar
No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo
homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes
da jurisprudecircncia
E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a
regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais
Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata
da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo
tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um
dos parceiros90
Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo
5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a
primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei
____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade
Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca
pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do
bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais
homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve
levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo
decidindo sempre pelo bem-estar do menor91
A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece
Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao
adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo
ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia
familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo
()
sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute
casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros
A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee
Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de
estado civil
______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005
Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92
Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que
homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo
poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante
O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de
adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual
diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro
de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93
______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo
da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum
cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito
Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94
Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais
homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95
Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo
sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel
privar os homossexuais do direito agrave adotar96
E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais
flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de
tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar
seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles
que lhe acolhem97
______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53
No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo
barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao
seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira
da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da
histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a
mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para
atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem
a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua
companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de
crianccedilas devem igualmente poder adotar98
Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no
aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes
de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o
preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99
Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida
pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato
Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo
________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53
CONCLUSAtildeO
A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia
E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto
no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio
Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988
Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade
Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente
A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva
Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros
por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores
Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade
Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a
sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do
Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo
Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e
principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que
pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da
adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e
venda de crianccedilas para o estrangeiro
A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente
estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse
baseado nos artigos 1618 a 1629
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52
Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de
amor carinho e solidariedade
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No Coacutedigo Civil de 1916 a adoccedilatildeo tinha a natureza de contrato
devido agrave solenidade exigida na lei da escritura puacuteblica realccedilando a
natureza negocial do instituto como contrato de famiacutelia disposto no
artigo 37541
Nessa eacutepoca havia duas formas distintas de adoccedilatildeo a adoccedilatildeo simples
e a adoccedilatildeo plena e cada uma delas apresentava natureza proacutepria42
No Estatuto natildeo prevalece apenas a bilateralidade de vontades pois o Estado
participa de forma ativa exigindo-se tambeacutem uma sentenccedila judicial pois sem esta natildeo
haveraacute adoccedilatildeo 43
O Coacutedigo Civil de 2002 requer a presenccedila dos adotantes do Estado e somente
ocorreraacute se for atraveacutes de sentenccedila judicial
Pode-se assim concluir que a adoccedilatildeo eacute um ato complexo o
qual tem na sua primeira fase um caraacuteter negocial em seguida a
manifestaccedilatildeo de vontade dos adotantes e adotados e em sua segunda
fase tem caraacuteter judicial a fim de verificar a conveniecircncia ou natildeo da
adoccedilatildeo que culmina com a sentenccedila judicial44
Portanto a accedilatildeo de adoccedilatildeo eacute accedilatildeo do estado de caraacuteter constitutivo
conferindo a posiccedilatildeo de filho ao adotado atraveacutes de sentenccedila judicial
____________ 40 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p320 41 Op cit p 19 p 316
42 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Rio de Janeiro Atlas 2001 p 257 43 Op cit p 19 p 320
44 Op cit p 19 p 316 14 EVOLUCcedilAtildeO LEGISLATIVA DA ADOCcedilAtildeO
No Brasil ateacute a promulgaccedilatildeo da Lei nordm 3071 de 01 de maio de 1916 vigoravam as
Ordenaccedilotildees Afonsinas Filipinas e Manuelinas45
Com o advento do Coacutedigo Civil de 1916 ocorreu a sistematizaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos
artigos 368 a 378 de caraacuteter essencialmente privado
Todavia o nosso direito paacutetrio da eacutepoca revelava as influecircncias do direito romano
do direito canocircnico das Ordenaccedilotildees Afonsinas Manuelinas e Filipinas46
No coacutedigo de 1916 a adoccedilatildeo era definida como o ato civil pelo qual algueacutem aceita
um estranho na qualidade de filho contudo tal conceito trazia consigo as suas restriccedilotildees47
Nessa eacutepoca havia restriccedilotildees quanto agrave adoccedilatildeo pois a mesma se destinava a habilitar
pessoas com mais de 50 anos exigindo a diferenccedila miacutenima de 18 anos entre adotado e
adotante e natildeo haveria direito de sucessatildeo ao adotado
Em 1957 adveio o Estatuto da adoccedilatildeo - Lei nordm 3133 de 08 de maio de 1957 E em
1979 o Coacutedigo de Menores Lei nordm 6667 de 10 de outubro de 1979 ambos traziam algumas
modificaccedilotildees que eliminava certas restriccedilotildees do Coacutedigo Civil de 191648
Algumas dessas modificaccedilotildees trazidas foi a de possibilidade de se adotar aos 30
anos e a diferenccedila de idade entre adotando e adotado passou a ser de 16 anos eliminou-se
tambeacutem o preacute-requisito de que somente casais sem filhos poderiam adotar49
______________ 45 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 38 46 Opcit p 20 p 42 47 Opcit p 20 p 84 48 Opcit p 20 p 40 49 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo em 1988 e com o advento do Estatuto da
Crianccedila e do Adolescente ndash ECA em 1990 consegui-se eliminar todas as restriccedilotildees
pertinentes agrave diferenccedila entre filhos adotivos ilegiacutetimos eou aduacutelterinos50
Assim hoje o filho adotivo tem os mesmos direitos garantias e deveres dos filhos
bioloacutegicos artigo 227 sectordm da CRFB
A partir de 1990 as regras da adoccedilatildeo passaram a visar mais os interesses direitos e
reais e necessidades dos adotandos O que se pretendia era encontrar uma famiacutelia adequada
aos menores e natildeo a busca de uma crianccedila para aqueles que pretendem adotar51
Jaacute o novo Coacutedigo Civil trata desse instituto da aceitaccedilatildeo legal de estranho no seio
familiar nos artigos 1618 a 1629 passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que
originariamente natildeo eacute criando com este laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com todos os
direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo inexiste
naturalmente52
E corroborando com o instituto da adoccedilatildeo o nosso texto constitucional assegura em
seu artigo 227 o direito de se ter uma famiacutelia o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave
educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura ao respeito agrave dignidade agrave liberdade e a
convivecircncia familiar 53
Esse direito de se ter uma famiacutelia consagrado na Carta Magna adveacutem do direito
positivo brasileiro do direito natural do simples direito de se ter um lar
__________ 50 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 150 51 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41 52 As modificaccedilotildees introduzidas agrave partir do advento do Novo Coacutedigo Civil ndash Lei nordm 1040602 53 CONSTITUICcedilAcircO FEDERAL EC nordm 45 Rio de Janeiro 2005 p 149
A adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia da proteccedilatildeo ao adotado e cuja finalidade
eacute a de dar um lar aos menores criando para esses menores um ambiente familiar e o
equiparando o adotado como filho legiacutetimo
Egrave um instituto de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo agravequeles que precisam de um
lar amor carinho e dignidade
Tem por finalidade fundamental dar filhos agravequeles que natildeo podem ter
biologicamente e de dar pais agravequeles que se encontram desamparados por algum motivo
Assim a adoccedilatildeo que fugir desses paracircmetros a que estaacute destinada estaraacute distorcendo a
finalidade do ordenamento a que lei se destina
Ficando constatado que a adoccedilatildeo no Brasil constitui um imperativo de ordem eacutetica
de natureza constitucional pois natildeo se pode construir uma sociedade mentalmente satilde sobre
as bases de abandono de crianccedilas os futuros homens de amanhatilde
CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
A adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil de 1916 era regulada nos artigos de 368 a 378 Nesse
Coacutedigo havia previsatildeo legal para duas modalidades de adoccedilatildeo54
A adoccedilatildeo simples estabelecia o viacutenculo de filiaccedilatildeo entre adotante e adotado
podendo o adotante ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos regia-se pelo Coacutedigo
Civil de 1916 e pela Lei nordm 313355
A adoccedilatildeo plena era espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser
irrevogavelmente para todos os efeitos legais a ser filhos dos adotantes desligando-se de
qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais
introduzido pela Lei nordm 669779
Nesse Coacutedigo Civil a adoccedilatildeo aplicava-se aos maiores de 18 anos e realccedilava a sua
natureza negocial do instituto tendo em vista a solenidade da escritura puacuteblica que a lei
exigia como contrato de direito de famiacutelia Somente seria a adoccedilatildeo consumada com a
devida averbaccedilatildeo da escritura no registro civil e no ato da adoccedilatildeo seriam declarados quais
os nomes da famiacutelia passaria o adotado a usar
Eram requisitos para adoccedilatildeo nesta legislaccedilatildeo de 1916 que o adotante fosse 16 anos
mais velho que o adotando com mais de 30 anos de idade se o adotante fosse casado o
casamento deveria ter duraccedilatildeo superior agrave cinco anos duas pessoas natildeo poderiam adotar
conjuntamente se natildeo forem marido e mulher e o adotando com maior de 18 anos o tutor
ou curador poderiam adotar depois de prestadas as contas ocorria atraveacutes de escritura
puacuteblica havia previsatildeo de adoccedilatildeo por estrangeiros sem restriccedilatildeo55
______________ 54 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 55 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p 323
Com o advento da Lei nordm 104062002 o instituto da adoccedilatildeo passou a ser tratado nos
artigos de 1618 a 1629 como jaacute mencionado E por conta da nova legislaccedilatildeo a adoccedilatildeo
simples e a adoccedilatildeo plena deixam de existir passando a adoccedilatildeo ser irrestrita 56
Hoje o Novo Coacutedigo - Lei nordm 104062002 se preocupa em seus artigos com a
adoccedilatildeo de forma global ou seja com a adoccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes e principalmente
com a primazia do interesse do adotado
Assim o instituto da adoccedilatildeo passa a ser regido nos seguintes termos57
No art 1618 Somente pessoa maior de dezoito anos pode adotar
Analisando este artigo pode-se constatar que houve a reduccedilatildeo da idade miacutenima para
adotar antes exigida de 35 anos
E em seu Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo poderaacute ser formalizada por ambos os cocircnjuges
ou companheiros desde que um deles tenha completado dezoito anos de idade comprovada
a estabilidade da famiacutelia
Os artigos 1619 e 1620 natildeo tiveram alteradas a sua redaccedilatildeo
De acordo com o artigo 1619 o adotante haacute de ser pelo menos dezesseis anos mais
velho que o adotado E no artigo 1620 enquanto natildeo der contas de sua administraccedilatildeo e natildeo
saldar o deacutebito natildeo poderaacute o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o curatelado
O artigo 1621 descreve que a adoccedilatildeo depende de consentimento dos pais ou dos
representantes legais de quem se deseja adotar e da concordacircncia deste se contar mais de
doze anos
______________
56 Op cit p 23 p 425
57 Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003 p 452-459
sect 1o O consentimento seraacute dispensado em relaccedilatildeo agrave crianccedila ou adolescente cujos
pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder familiar
sect 2o O consentimento previsto no caput eacute revogaacutevel ateacute a publicaccedilatildeo da sentenccedila
constitutiva da adoccedilatildeo
O novo dispositivo diminui a idade miacutenima do adotado para manifestar o seu
consentimento para 12 anos no regime anterior era de 14 anos
De acordo co o artigo 1622 ningueacutem poderaacute ser adotado por duas pessoas salvo se
forem marido e mulher ou se viverem em uniatildeo estaacutevel
Neste artigo foi acrescentado o paraacutegrafo uacutenico que acrescenta a posiccedilatildeo da adoccedilatildeo
por companheiros ou daqueles que vivem em uniatildeo estaacutevel
Paraacutegrafo uacutenico Os divorciados e os judicialmente separados poderatildeo adotar
conjuntamente contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o
estaacutegio de convivecircncia tenha sido iniciado na constacircncia da sociedade conjugal
No artigo 1623 a adoccedilatildeo obedeceraacute a processo judicial observados os requisitos
estabelecidos neste Coacutedigo
Houve acreacutescimo na nova legislaccedilatildeo apenas do paraacutegrafo uacutenico ao qual foi atribuiacuteda a
seguinte redaccedilatildeo
Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo de maiores de dezoito anos dependeraacute igualmente da
assistecircncia efetiva do Poder Puacuteblico e de sentenccedila constitutiva
No artigo 1624 Houve a substituiccedilatildeo do ldquopaacutetrio poderrdquo por ldquopoder familiarrdquo sendo
ainda suprimida a palavra ldquomenor abandonadordquo trazido na legislaccedilatildeo de 1916
Assim dispotildee o artigo citado em que natildeo haacute necessidade do consentimento do
representante legal do menor se provado que se trata de infante exposto ou de menor cujos
pais sejam desconhecidos estejam desaparecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder
familiar sem nomeaccedilatildeo de tutor ou de oacuterfatildeo natildeo reclamado por qualquer parente por mais
de um ano
De acordo com o artigo 1625 somente seraacute admitida a adoccedilatildeo que constituir efetivo
benefiacutecio para o adotando sendo matida a mesma redaccedilatildeo
Jaacute no artigo 1626 houve acreacutescimo do paraacutegrafo uacutenico
Dipondo a seguinte redaccedilatildeo o caput a adoccedilatildeo atribui a situaccedilatildeo de filho ao adotado
desligando-o de qualquer viacutenculo com os pais e parentes consanguumliacuteneos salvo quanto aos
impedimentos para o casamento
Paraacutegrafo uacutenico se um dos cocircnjuges ou companheiros adota o filho do outro
mantecircm-se os viacutenculos de filiaccedilatildeo entre o adotado e o cocircnjuge ou companheiro do adotante
e os respectivos parentes
Com relaccedilatildeo ao artigo 1627 permaneceu a mesma redaccedilatildeo com relaccedilatildeo a decisatildeo que
confere ao adotado o sobrenome do adotante podendo determinar a modificaccedilatildeo de seu
prenome se menor a pedido do adotante ou do adotado
No artigo abaixo descrito houve a adequaccedilatildeo ao dispositivo de moda a resguardar o
princiacutepio constitucional da plena igualdade entre filhos bioloacutegicos e adotados
Dispotildee o artigo 1628 que os efeitos da adoccedilatildeo comeccedilam a partir do tracircnsito em
julgado da sentenccedila exceto se o adotante vier a falecer no curso do procedimento caso em
que teraacute forccedila retroativa agrave data do oacutebito As relaccedilotildees de parentesco se estabelecem natildeo soacute
entre o adotante e o adotado como tambeacutem entre aquele e os descendentes deste e entre o
adotado e todos os parentes do adotante
Natildeo houve alteraccedilatildeo na redaccedilatildeo do artigo 1629 apenas tal dispositivo tem o
objetivo de ajustar o Novo Coacutedigo Civil agrave lei superveniente ou seja Estatuto da Crianccedila e
do Adolescente
Dispondo o referido artigo a seguinte redaccedilatildeo a adoccedilatildeo por estrangeiro obedeceraacute
aos casos e condiccedilotildees que forem estabelecidos em lei
Assim pode-se concluir que na falta de norma reguladora para o instituto da adoccedilatildeo
desde que natildeo conflite com o Coacutedigo Civil deveraacute ser aplicado analogicamente o Estatuto da
Crianccedila e do Adolescente
Ainda constata-se que o Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute
maior de 18 anos passando o instituto da adoccedilatildeo a ser irrestrito trazendo importantes
reflexos ao nosso ordenamento juriacutedico paacutetrio no que diz respeito aos direitos da
personalidade e nos direitos sucessoacuterios Enquanto o antigo Coacutedigo Civil Brasileiro de 1916
adotava o sistema da manifestaccedilatildeo de vontade
Atualmente o Coacutedigo Civil vigente e o Estatuto da Crianccedila adotam o sistema da
sentenccedila judicial sendo que o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo para os
menores de 18 anos o que natildeo exime que a adoccedilatildeo de menor de 18 anos seja feita pelo
Coacutedigo Civil58
De acordo com a legislaccedilatildeo civil podemos conceituar a adoccedilatildeo como o ato de
filiaccedilatildeo juriacutedica que pressupotildee de afetividade e natildeo de relaccedilatildeo bioloacutegica passando o
adotado a ser tratado como se fosse filho natural constituiacutedo em benefiacutecio do adotando
_____________ 58 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 irretrataacutevel e perpeacutetuo depois de consumado que cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com
todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo
inexistia naturalmente
De forma simples podemos definir a adoccedilatildeo como modalidade de filiaccedilatildeo civil que
busca imitar a filiaccedilatildeo natural dependente da vontade de adotante e adotado e por via de
sentenccedila judicial
Assim torna-se inafastaacutevel a utilidade do instituto da adoccedilatildeo em relaccedilatildeo ao menor
carente ou em estado de abandono pois eacute de interesse do Estado a inserccedilatildeo desse menor em
um ambiente familiar
Fica claro que o instituto da adoccedilatildeo eacute de caraacuteter humanitaacuterio que tem por um lado o
escopo de proporcionar agravequeles que a quem a natureza negou filhos e por outro lado
constitui a finalidade assistencial de melhorar a condiccedilatildeo moral e material do futuro
adotado
Mas ainda muito haacute de se defender em prol do instituto da adoccedilatildeo no Brasil natildeo soacute
como forma de projeto de cidadania mas tambeacutem como forma de vida digna a aqueles que
natildeo tem um lar principalmente ao que refere aos direitos de adoccedilatildeo internacional e ainda ao
direito de adoccedilatildeo por casais homossexuais
22 REQUISITOS DA ADOCcedilAtildeO
221 Requisitos Formais
Satildeo alguns requisitos formais para a adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil vigente59
efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal
ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)
____________ 59 VENOSASilvio de Salvo Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003p349
efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal
ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)
diferenccedila miacutenima de idade entre o adotante e o adotado (artigo 1619)
consentimento do adotado de seus pais ou de seu representante (artigos 1621 sect 1ordm e
1624)
intervenccedilatildeo judicial na sua criaccedilatildeo pois somente se aperfeiccediloa perante o juiz atraveacutes de
processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico (artigo 1623 paraacutegrafo uacutenico)
irrevogabilidade (artigo 1626 caput)
estaacutegio de convivecircncia (1622 paraacutegrafo uacutenico 1ordfparte)
comprovaccedilatildeo de estabilidade familiar (artigo 1618 paraacutegrafo uacutenico in fine)
23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO
A adoccedilatildeo se daacute atraveacutes de um processo judicial perante o juiz com competecircncia na
aacuterea da infacircncia e juventude que iraacute conhecer dos pedidos da adoccedilatildeo e os seus incidentes
entre os quais a destituiccedilatildeo do paacutetrio poder e guarda para fins da adoccedilatildeo
Vislumbram-se duas hipoacuteteses em que se adota ou a famiacutelia jaacute convive com a
crianccedila ou adolescente que pretende adotar ou a famiacutelia estaacute a procura de uma crianccedila para
que venha a adotar
Na primeira hipoacutetese devem os interessados ajuizar o pedido de adoccedilatildeo atraveacutes de
advogado ou defensor puacuteblico que formularaacute o pedido diretamente em cartoacuterio atraveacutes de
peticcedilatildeo assinada pelos requerentes quando os pais forem falecidos tiverem sido destituiacutedos
do paacutetrio poder ou houverem aderido expressamente ao pedido os pais bioloacutegicos quando
conhecidos satildeo citados para querendo contestarem o pedido julgando o juiz ao final de
acordo com o interesse superior da crianccedila e do adolescente
Na segunda hipoacutetese os interessados devem requerer sua inscriccedilatildeo no cadastro do
juiacutezo de pessoas interessadas em adotar A partir daiacute instaura-se um procedimento no qual
seratildeo ouvidos pela equipe teacutecnica do juiacutezo (assistentes sociais eou psicoacutelogos) e antes da
decisatildeo que deferir a inscriccedilatildeo o Ministeacuterio Puacuteblico assistiraacute ao pedido de adoccedilatildeo conforme
previsto no artigo 227 sect5ordm da Constituiccedilatildeo Federal e emitiraacute parecer
Em seguida seratildeo incluiacutedos em grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo cujas vagas seratildeo
preenchidas de acordo com a ordem de ajuizamento do pedido de habilitaccedilatildeo respeitados os
criteacuterios estabelecidos
Os grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo possuem duraccedilatildeo prevista de 60 dias e visam
auxiliar os interessados em adotar Habilitados e inscritos no cadastro os interessados
recebem um certificado com validade de 2 anos
Satildeo necessaacuterios os seguintes documentos60
certidatildeo de casamento
atestado de residecircncia
folha de antecedentes criminais
prova de idoneidade fiacutesica e moral
prova de abandono do menor
destituiccedilatildeo do paacutetrio poder
atestado de sanidade fiacutesica
________________ 60 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
A adoccedilatildeo constitui-se por sentenccedila sendo necessaacuterio que 61
a peticcedilatildeo Inicial com os requisitos do artigo 35
se na inicial vier a concordacircncia dos pais do adotando seratildeo ouvidos pelo juiz e pelo
representante do Ministeacuterio Puacuteblico lavrando-se o termo
a autoridade juriacutedica de ofiacutecio ou o requerimento das partes e do Ministeacuterio Puacuteblico
determinaraacute a realizaccedilatildeo de estudo social ou se possiacutevel periacutecia por equipe profissional
decidindo sobre o estaacutegio de convivecircncia
Apresentado o laudo e ouvido o adotando teraacute vistas o Ministeacuterio Puacutebico
apoacutes a manifestaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico no prazo tambeacutem de 5 (cinco) dias o
juiz proferiraacute a sentenccedila
A sentenccedila judicial transitada em julgado seraacute inserida no registro civil mediante mandado do qual natildeo
se forneceraacute certidatildeo O mandado judicial cancelaraacute o registro de nascimento original do menor conforme
o artigo 16 da Lei nordm 601573 E a inscriccedilatildeo no registro constaraacute o nome dos adotantes
como pais e o nome dos seus ascendentes Assim o menor ingressa na famiacutelia do adotante
se desvinculando da famiacutelia natural
24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO
241 Efeitos pessoais
Satildeo alguns efeitos pessoais decorrentes da adoccedilatildeo62
____________________
61 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1996 p 60 62 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 430
rompimento automaacutetico do viacutenculo de parentesco com a famiacutelia de origem salvo os
impedimentos matrimocircniais (artigo 1626)
estabelecimento de verdadeiros laccedilos de parentesco civil entre adotante e adotado
abrangendo a famiacutelia do adotante (artigo 15282ordf parte)
transferecircncia definitiva e de pleno direito do poder familiar para o adotante se o adotante
for menor (artigo 1630 1634 1635 inciso V)
liberdade razoaacutevel em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo do nome do adotado (1627)
possibilidade de promoccedilatildeo da interdiccedilatildeo e inabilitaccedilatildeo do pai ou matildee adotiva pelo
adotado ou vice-versa (artigo 1768)
determinaccedilatildeo do domiacutecilio do adotado menor de idade que adquire o do adotante
242 Efeitos patrimoniais
Satildeo alguns efeitos patrimoniais produzidos pela adoccedilatildeo63
direito do adotante de administraccedilatildeo e ususfruto dos bens do adotado menor (artigo 1689
1691e 1693)
obrigaccedilatildeo do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar (artigo
1634)
dever do adotante de prestar alimentos ao adotado (artigo 1694 1696 e 1697)
direito a indenizaccedilatildeo do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante
responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menor de idade
______________
81 Op cit p 31 p 432
direito sucessoacuterio do adotado visto que se equipara ao filho advindo de parentesco
cosanguineo herdado em concorrecircncia com o cocircnjuge sobrevivente ou convivente do
falecido na qualidade de descendente do autor da heranccedila afastando todos os demais
herdeiros do adotante que natildeo tenham a qualidade de filho (artigo 1829 inciso I e
1790incisos I e II)
reciprocidade nos efeitos sucessoacuterios (artigo 1829 inciso II e 1790 inciso III)
filho adotivo natildeo estaacute compreendido na exceccedilatildeo do Coacutedigo Civil artigo 1790 inciso I
rompimento de testamento se sobrevier filho adotivo (artigo 1973)
direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciaacuterio (artigo 1951 a 1960)
superviniecircncia de filho adotivo pode revogar doaccedilotildees feitas pelo adotante ( artigo 1846 e
1789)
Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso
de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do
oacutebito64
25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO
Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se
obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do
negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do
ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade
____________
64 Op cit p 32 p 435
deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea
A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-
se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico
Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade
anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo
251 Nulidade da adoccedilatildeo
Seraacute nula a adoccedilatildeo que65
em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16
anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619
a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a
mesma pessoa (artigo 1622)
o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)
vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude
252 Anulabilidade da adoccedilatildeo
Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66
a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente
incapaz
ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado
____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435
consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz
vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores
a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado
253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo
Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67
pela falta de consentimento do adotante e adotado
pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou
interdiccedilatildeo civil
pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico
26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO
A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes
motivos68
pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil
Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a
madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave
enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou
neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade
pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil
____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437
Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste
contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a
honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila
pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue
quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva
pela morte do adotante e adotado
27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO
Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a
finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo
avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante
e adotado69
Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute
prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com
facilidade a nova famiacutelia
O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a
ser adotado
Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a
extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo
atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil
____________
69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340
28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das
crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a
prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave
poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato
infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e
ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70
A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual
adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou
tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da
juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil
Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida
familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco
passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado
29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL
A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e
do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da
Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave
crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave
educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave
__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41
convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71
Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada
por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por
procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da
adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda
de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida
pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo
por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72
Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo
de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes
independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos
havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e
qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73
Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos
adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do
bem estar do adotado
210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO
A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser
incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e
educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta
assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria
___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438
Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como
com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo
dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos
pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco
pessoal e social nas ruas das grandes cidades
Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia
importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees
sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia
Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem
por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades
coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e
ceacutelere
Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria
com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e
defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do
proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os
procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados
Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo
atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o
instituto da adoccedilatildeo
A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de
_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em
lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que
querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave
crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico
educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e
na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos
e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o
desenvolvimento da cidadania
Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que
tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria
Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir
211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO
Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75
Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma
simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo
A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais
os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a
situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem
adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda
________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser
proporcionada pelas pessoas sem adotar
Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva
jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os
interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais
vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito
simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses
O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida
cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior
(adoccedilatildeo internacional)
CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees
estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil
Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente
A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida
excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido
por pessoa residente no Paiacutes
A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico
conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei
supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida
sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76
Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo
juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a
decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham
falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm
80699077
Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da
Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da
CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia
____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464
Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por
estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos
interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas
atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os
bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal
intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando
verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em
moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias
maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado
enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees
escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos
especialmente do menorrdquo78
Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante
nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado
tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a
perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e
economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila
passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco
e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79
Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas
___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438
Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil
A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver
medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo
internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda
possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o
seu ingresso em famiacutelia substituta
Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo
internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem
conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas
Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em
seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser
interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores
para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que
visem lucro80
Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas
pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator
determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas
famiacutelias substitutas
32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR
ESTRANGEIROS
A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo
seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e
condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________
80 Op Cit p 44 p 438
parte de estrangeiros
Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida
excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo
acarreta o adotante aacute desistecircncia
Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81
impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo
estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro
residente ou domiciliado fora do paiacutes
comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de
seu paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia
especializada e credenciada no paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido
do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico
juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente
autenticados pela autoridade consular
permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a
consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo
Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e
cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no
miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos
de idade
___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439
podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar
prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista
A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82
lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo
reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante
lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica
Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de
Adoccedilatildeo de Menores de 1984)
33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA
A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua
finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores
Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia
prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse
superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas
__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485
A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo
Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de
garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados
contratantes83
Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a
Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo
Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84
requisitos para a adoccedilatildeo internacional
requisitos processuais
reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo
De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo
em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o
interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras
_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486
CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a
grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo
igualmente a possibilidade da poder adotar
A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade
Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas
aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de
constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a
reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois
assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir
famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86
Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a
uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm
sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo
Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87
____________
86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho
mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49
A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios
E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por
homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se
espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem
homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila
se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais
homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos
tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte
de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo
16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo
se forem marido e mulher
Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89
____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da
uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos
homossexuais
42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA
E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a
situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos
casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo
juriacutedica podem os casais homossexuais adotar
No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo
homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes
da jurisprudecircncia
E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a
regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais
Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata
da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo
tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um
dos parceiros90
Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo
5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a
primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei
____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade
Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca
pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do
bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais
homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve
levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo
decidindo sempre pelo bem-estar do menor91
A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece
Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao
adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo
ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia
familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo
()
sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute
casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros
A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee
Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de
estado civil
______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005
Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92
Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que
homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo
poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante
O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de
adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual
diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro
de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93
______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo
da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum
cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito
Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94
Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais
homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95
Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo
sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel
privar os homossexuais do direito agrave adotar96
E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais
flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de
tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar
seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles
que lhe acolhem97
______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53
No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo
barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao
seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira
da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da
histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a
mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para
atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem
a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua
companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de
crianccedilas devem igualmente poder adotar98
Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no
aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes
de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o
preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99
Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida
pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato
Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo
________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53
CONCLUSAtildeO
A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia
E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto
no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio
Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988
Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade
Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente
A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva
Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros
por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores
Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade
Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a
sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do
Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo
Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e
principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que
pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da
adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e
venda de crianccedilas para o estrangeiro
A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente
estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse
baseado nos artigos 1618 a 1629
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52
Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de
amor carinho e solidariedade
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VENOSA Siacutelvio de Salvo DireitoCivil VI ndashDireito de Famiacutelia 3 ed Satildeo Paulo Atlas
2003 p 315-351
_______ Direito Civil V ndash Direito de Famiacutelia V ed Satildeo Paulo Atlas 2001p 257-283
WALD Arnald O Novo Direito de Famiacutelia 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2002 p217-225
Com o advento do Coacutedigo Civil de 1916 ocorreu a sistematizaccedilatildeo da adoccedilatildeo nos
artigos 368 a 378 de caraacuteter essencialmente privado
Todavia o nosso direito paacutetrio da eacutepoca revelava as influecircncias do direito romano
do direito canocircnico das Ordenaccedilotildees Afonsinas Manuelinas e Filipinas46
No coacutedigo de 1916 a adoccedilatildeo era definida como o ato civil pelo qual algueacutem aceita
um estranho na qualidade de filho contudo tal conceito trazia consigo as suas restriccedilotildees47
Nessa eacutepoca havia restriccedilotildees quanto agrave adoccedilatildeo pois a mesma se destinava a habilitar
pessoas com mais de 50 anos exigindo a diferenccedila miacutenima de 18 anos entre adotado e
adotante e natildeo haveria direito de sucessatildeo ao adotado
Em 1957 adveio o Estatuto da adoccedilatildeo - Lei nordm 3133 de 08 de maio de 1957 E em
1979 o Coacutedigo de Menores Lei nordm 6667 de 10 de outubro de 1979 ambos traziam algumas
modificaccedilotildees que eliminava certas restriccedilotildees do Coacutedigo Civil de 191648
Algumas dessas modificaccedilotildees trazidas foi a de possibilidade de se adotar aos 30
anos e a diferenccedila de idade entre adotando e adotado passou a ser de 16 anos eliminou-se
tambeacutem o preacute-requisito de que somente casais sem filhos poderiam adotar49
______________ 45 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 38 46 Opcit p 20 p 42 47 Opcit p 20 p 84 48 Opcit p 20 p 40 49 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41
Com a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo em 1988 e com o advento do Estatuto da
Crianccedila e do Adolescente ndash ECA em 1990 consegui-se eliminar todas as restriccedilotildees
pertinentes agrave diferenccedila entre filhos adotivos ilegiacutetimos eou aduacutelterinos50
Assim hoje o filho adotivo tem os mesmos direitos garantias e deveres dos filhos
bioloacutegicos artigo 227 sectordm da CRFB
A partir de 1990 as regras da adoccedilatildeo passaram a visar mais os interesses direitos e
reais e necessidades dos adotandos O que se pretendia era encontrar uma famiacutelia adequada
aos menores e natildeo a busca de uma crianccedila para aqueles que pretendem adotar51
Jaacute o novo Coacutedigo Civil trata desse instituto da aceitaccedilatildeo legal de estranho no seio
familiar nos artigos 1618 a 1629 passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que
originariamente natildeo eacute criando com este laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com todos os
direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo inexiste
naturalmente52
E corroborando com o instituto da adoccedilatildeo o nosso texto constitucional assegura em
seu artigo 227 o direito de se ter uma famiacutelia o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave
educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura ao respeito agrave dignidade agrave liberdade e a
convivecircncia familiar 53
Esse direito de se ter uma famiacutelia consagrado na Carta Magna adveacutem do direito
positivo brasileiro do direito natural do simples direito de se ter um lar
__________ 50 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 150 51 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41 52 As modificaccedilotildees introduzidas agrave partir do advento do Novo Coacutedigo Civil ndash Lei nordm 1040602 53 CONSTITUICcedilAcircO FEDERAL EC nordm 45 Rio de Janeiro 2005 p 149
A adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia da proteccedilatildeo ao adotado e cuja finalidade
eacute a de dar um lar aos menores criando para esses menores um ambiente familiar e o
equiparando o adotado como filho legiacutetimo
Egrave um instituto de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo agravequeles que precisam de um
lar amor carinho e dignidade
Tem por finalidade fundamental dar filhos agravequeles que natildeo podem ter
biologicamente e de dar pais agravequeles que se encontram desamparados por algum motivo
Assim a adoccedilatildeo que fugir desses paracircmetros a que estaacute destinada estaraacute distorcendo a
finalidade do ordenamento a que lei se destina
Ficando constatado que a adoccedilatildeo no Brasil constitui um imperativo de ordem eacutetica
de natureza constitucional pois natildeo se pode construir uma sociedade mentalmente satilde sobre
as bases de abandono de crianccedilas os futuros homens de amanhatilde
CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
A adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil de 1916 era regulada nos artigos de 368 a 378 Nesse
Coacutedigo havia previsatildeo legal para duas modalidades de adoccedilatildeo54
A adoccedilatildeo simples estabelecia o viacutenculo de filiaccedilatildeo entre adotante e adotado
podendo o adotante ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos regia-se pelo Coacutedigo
Civil de 1916 e pela Lei nordm 313355
A adoccedilatildeo plena era espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser
irrevogavelmente para todos os efeitos legais a ser filhos dos adotantes desligando-se de
qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais
introduzido pela Lei nordm 669779
Nesse Coacutedigo Civil a adoccedilatildeo aplicava-se aos maiores de 18 anos e realccedilava a sua
natureza negocial do instituto tendo em vista a solenidade da escritura puacuteblica que a lei
exigia como contrato de direito de famiacutelia Somente seria a adoccedilatildeo consumada com a
devida averbaccedilatildeo da escritura no registro civil e no ato da adoccedilatildeo seriam declarados quais
os nomes da famiacutelia passaria o adotado a usar
Eram requisitos para adoccedilatildeo nesta legislaccedilatildeo de 1916 que o adotante fosse 16 anos
mais velho que o adotando com mais de 30 anos de idade se o adotante fosse casado o
casamento deveria ter duraccedilatildeo superior agrave cinco anos duas pessoas natildeo poderiam adotar
conjuntamente se natildeo forem marido e mulher e o adotando com maior de 18 anos o tutor
ou curador poderiam adotar depois de prestadas as contas ocorria atraveacutes de escritura
puacuteblica havia previsatildeo de adoccedilatildeo por estrangeiros sem restriccedilatildeo55
______________ 54 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 55 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p 323
Com o advento da Lei nordm 104062002 o instituto da adoccedilatildeo passou a ser tratado nos
artigos de 1618 a 1629 como jaacute mencionado E por conta da nova legislaccedilatildeo a adoccedilatildeo
simples e a adoccedilatildeo plena deixam de existir passando a adoccedilatildeo ser irrestrita 56
Hoje o Novo Coacutedigo - Lei nordm 104062002 se preocupa em seus artigos com a
adoccedilatildeo de forma global ou seja com a adoccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes e principalmente
com a primazia do interesse do adotado
Assim o instituto da adoccedilatildeo passa a ser regido nos seguintes termos57
No art 1618 Somente pessoa maior de dezoito anos pode adotar
Analisando este artigo pode-se constatar que houve a reduccedilatildeo da idade miacutenima para
adotar antes exigida de 35 anos
E em seu Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo poderaacute ser formalizada por ambos os cocircnjuges
ou companheiros desde que um deles tenha completado dezoito anos de idade comprovada
a estabilidade da famiacutelia
Os artigos 1619 e 1620 natildeo tiveram alteradas a sua redaccedilatildeo
De acordo com o artigo 1619 o adotante haacute de ser pelo menos dezesseis anos mais
velho que o adotado E no artigo 1620 enquanto natildeo der contas de sua administraccedilatildeo e natildeo
saldar o deacutebito natildeo poderaacute o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o curatelado
O artigo 1621 descreve que a adoccedilatildeo depende de consentimento dos pais ou dos
representantes legais de quem se deseja adotar e da concordacircncia deste se contar mais de
doze anos
______________
56 Op cit p 23 p 425
57 Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003 p 452-459
sect 1o O consentimento seraacute dispensado em relaccedilatildeo agrave crianccedila ou adolescente cujos
pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder familiar
sect 2o O consentimento previsto no caput eacute revogaacutevel ateacute a publicaccedilatildeo da sentenccedila
constitutiva da adoccedilatildeo
O novo dispositivo diminui a idade miacutenima do adotado para manifestar o seu
consentimento para 12 anos no regime anterior era de 14 anos
De acordo co o artigo 1622 ningueacutem poderaacute ser adotado por duas pessoas salvo se
forem marido e mulher ou se viverem em uniatildeo estaacutevel
Neste artigo foi acrescentado o paraacutegrafo uacutenico que acrescenta a posiccedilatildeo da adoccedilatildeo
por companheiros ou daqueles que vivem em uniatildeo estaacutevel
Paraacutegrafo uacutenico Os divorciados e os judicialmente separados poderatildeo adotar
conjuntamente contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o
estaacutegio de convivecircncia tenha sido iniciado na constacircncia da sociedade conjugal
No artigo 1623 a adoccedilatildeo obedeceraacute a processo judicial observados os requisitos
estabelecidos neste Coacutedigo
Houve acreacutescimo na nova legislaccedilatildeo apenas do paraacutegrafo uacutenico ao qual foi atribuiacuteda a
seguinte redaccedilatildeo
Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo de maiores de dezoito anos dependeraacute igualmente da
assistecircncia efetiva do Poder Puacuteblico e de sentenccedila constitutiva
No artigo 1624 Houve a substituiccedilatildeo do ldquopaacutetrio poderrdquo por ldquopoder familiarrdquo sendo
ainda suprimida a palavra ldquomenor abandonadordquo trazido na legislaccedilatildeo de 1916
Assim dispotildee o artigo citado em que natildeo haacute necessidade do consentimento do
representante legal do menor se provado que se trata de infante exposto ou de menor cujos
pais sejam desconhecidos estejam desaparecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder
familiar sem nomeaccedilatildeo de tutor ou de oacuterfatildeo natildeo reclamado por qualquer parente por mais
de um ano
De acordo com o artigo 1625 somente seraacute admitida a adoccedilatildeo que constituir efetivo
benefiacutecio para o adotando sendo matida a mesma redaccedilatildeo
Jaacute no artigo 1626 houve acreacutescimo do paraacutegrafo uacutenico
Dipondo a seguinte redaccedilatildeo o caput a adoccedilatildeo atribui a situaccedilatildeo de filho ao adotado
desligando-o de qualquer viacutenculo com os pais e parentes consanguumliacuteneos salvo quanto aos
impedimentos para o casamento
Paraacutegrafo uacutenico se um dos cocircnjuges ou companheiros adota o filho do outro
mantecircm-se os viacutenculos de filiaccedilatildeo entre o adotado e o cocircnjuge ou companheiro do adotante
e os respectivos parentes
Com relaccedilatildeo ao artigo 1627 permaneceu a mesma redaccedilatildeo com relaccedilatildeo a decisatildeo que
confere ao adotado o sobrenome do adotante podendo determinar a modificaccedilatildeo de seu
prenome se menor a pedido do adotante ou do adotado
No artigo abaixo descrito houve a adequaccedilatildeo ao dispositivo de moda a resguardar o
princiacutepio constitucional da plena igualdade entre filhos bioloacutegicos e adotados
Dispotildee o artigo 1628 que os efeitos da adoccedilatildeo comeccedilam a partir do tracircnsito em
julgado da sentenccedila exceto se o adotante vier a falecer no curso do procedimento caso em
que teraacute forccedila retroativa agrave data do oacutebito As relaccedilotildees de parentesco se estabelecem natildeo soacute
entre o adotante e o adotado como tambeacutem entre aquele e os descendentes deste e entre o
adotado e todos os parentes do adotante
Natildeo houve alteraccedilatildeo na redaccedilatildeo do artigo 1629 apenas tal dispositivo tem o
objetivo de ajustar o Novo Coacutedigo Civil agrave lei superveniente ou seja Estatuto da Crianccedila e
do Adolescente
Dispondo o referido artigo a seguinte redaccedilatildeo a adoccedilatildeo por estrangeiro obedeceraacute
aos casos e condiccedilotildees que forem estabelecidos em lei
Assim pode-se concluir que na falta de norma reguladora para o instituto da adoccedilatildeo
desde que natildeo conflite com o Coacutedigo Civil deveraacute ser aplicado analogicamente o Estatuto da
Crianccedila e do Adolescente
Ainda constata-se que o Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute
maior de 18 anos passando o instituto da adoccedilatildeo a ser irrestrito trazendo importantes
reflexos ao nosso ordenamento juriacutedico paacutetrio no que diz respeito aos direitos da
personalidade e nos direitos sucessoacuterios Enquanto o antigo Coacutedigo Civil Brasileiro de 1916
adotava o sistema da manifestaccedilatildeo de vontade
Atualmente o Coacutedigo Civil vigente e o Estatuto da Crianccedila adotam o sistema da
sentenccedila judicial sendo que o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo para os
menores de 18 anos o que natildeo exime que a adoccedilatildeo de menor de 18 anos seja feita pelo
Coacutedigo Civil58
De acordo com a legislaccedilatildeo civil podemos conceituar a adoccedilatildeo como o ato de
filiaccedilatildeo juriacutedica que pressupotildee de afetividade e natildeo de relaccedilatildeo bioloacutegica passando o
adotado a ser tratado como se fosse filho natural constituiacutedo em benefiacutecio do adotando
_____________ 58 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 irretrataacutevel e perpeacutetuo depois de consumado que cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com
todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo
inexistia naturalmente
De forma simples podemos definir a adoccedilatildeo como modalidade de filiaccedilatildeo civil que
busca imitar a filiaccedilatildeo natural dependente da vontade de adotante e adotado e por via de
sentenccedila judicial
Assim torna-se inafastaacutevel a utilidade do instituto da adoccedilatildeo em relaccedilatildeo ao menor
carente ou em estado de abandono pois eacute de interesse do Estado a inserccedilatildeo desse menor em
um ambiente familiar
Fica claro que o instituto da adoccedilatildeo eacute de caraacuteter humanitaacuterio que tem por um lado o
escopo de proporcionar agravequeles que a quem a natureza negou filhos e por outro lado
constitui a finalidade assistencial de melhorar a condiccedilatildeo moral e material do futuro
adotado
Mas ainda muito haacute de se defender em prol do instituto da adoccedilatildeo no Brasil natildeo soacute
como forma de projeto de cidadania mas tambeacutem como forma de vida digna a aqueles que
natildeo tem um lar principalmente ao que refere aos direitos de adoccedilatildeo internacional e ainda ao
direito de adoccedilatildeo por casais homossexuais
22 REQUISITOS DA ADOCcedilAtildeO
221 Requisitos Formais
Satildeo alguns requisitos formais para a adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil vigente59
efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal
ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)
____________ 59 VENOSASilvio de Salvo Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003p349
efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal
ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)
diferenccedila miacutenima de idade entre o adotante e o adotado (artigo 1619)
consentimento do adotado de seus pais ou de seu representante (artigos 1621 sect 1ordm e
1624)
intervenccedilatildeo judicial na sua criaccedilatildeo pois somente se aperfeiccediloa perante o juiz atraveacutes de
processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico (artigo 1623 paraacutegrafo uacutenico)
irrevogabilidade (artigo 1626 caput)
estaacutegio de convivecircncia (1622 paraacutegrafo uacutenico 1ordfparte)
comprovaccedilatildeo de estabilidade familiar (artigo 1618 paraacutegrafo uacutenico in fine)
23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO
A adoccedilatildeo se daacute atraveacutes de um processo judicial perante o juiz com competecircncia na
aacuterea da infacircncia e juventude que iraacute conhecer dos pedidos da adoccedilatildeo e os seus incidentes
entre os quais a destituiccedilatildeo do paacutetrio poder e guarda para fins da adoccedilatildeo
Vislumbram-se duas hipoacuteteses em que se adota ou a famiacutelia jaacute convive com a
crianccedila ou adolescente que pretende adotar ou a famiacutelia estaacute a procura de uma crianccedila para
que venha a adotar
Na primeira hipoacutetese devem os interessados ajuizar o pedido de adoccedilatildeo atraveacutes de
advogado ou defensor puacuteblico que formularaacute o pedido diretamente em cartoacuterio atraveacutes de
peticcedilatildeo assinada pelos requerentes quando os pais forem falecidos tiverem sido destituiacutedos
do paacutetrio poder ou houverem aderido expressamente ao pedido os pais bioloacutegicos quando
conhecidos satildeo citados para querendo contestarem o pedido julgando o juiz ao final de
acordo com o interesse superior da crianccedila e do adolescente
Na segunda hipoacutetese os interessados devem requerer sua inscriccedilatildeo no cadastro do
juiacutezo de pessoas interessadas em adotar A partir daiacute instaura-se um procedimento no qual
seratildeo ouvidos pela equipe teacutecnica do juiacutezo (assistentes sociais eou psicoacutelogos) e antes da
decisatildeo que deferir a inscriccedilatildeo o Ministeacuterio Puacuteblico assistiraacute ao pedido de adoccedilatildeo conforme
previsto no artigo 227 sect5ordm da Constituiccedilatildeo Federal e emitiraacute parecer
Em seguida seratildeo incluiacutedos em grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo cujas vagas seratildeo
preenchidas de acordo com a ordem de ajuizamento do pedido de habilitaccedilatildeo respeitados os
criteacuterios estabelecidos
Os grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo possuem duraccedilatildeo prevista de 60 dias e visam
auxiliar os interessados em adotar Habilitados e inscritos no cadastro os interessados
recebem um certificado com validade de 2 anos
Satildeo necessaacuterios os seguintes documentos60
certidatildeo de casamento
atestado de residecircncia
folha de antecedentes criminais
prova de idoneidade fiacutesica e moral
prova de abandono do menor
destituiccedilatildeo do paacutetrio poder
atestado de sanidade fiacutesica
________________ 60 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
A adoccedilatildeo constitui-se por sentenccedila sendo necessaacuterio que 61
a peticcedilatildeo Inicial com os requisitos do artigo 35
se na inicial vier a concordacircncia dos pais do adotando seratildeo ouvidos pelo juiz e pelo
representante do Ministeacuterio Puacuteblico lavrando-se o termo
a autoridade juriacutedica de ofiacutecio ou o requerimento das partes e do Ministeacuterio Puacuteblico
determinaraacute a realizaccedilatildeo de estudo social ou se possiacutevel periacutecia por equipe profissional
decidindo sobre o estaacutegio de convivecircncia
Apresentado o laudo e ouvido o adotando teraacute vistas o Ministeacuterio Puacutebico
apoacutes a manifestaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico no prazo tambeacutem de 5 (cinco) dias o
juiz proferiraacute a sentenccedila
A sentenccedila judicial transitada em julgado seraacute inserida no registro civil mediante mandado do qual natildeo
se forneceraacute certidatildeo O mandado judicial cancelaraacute o registro de nascimento original do menor conforme
o artigo 16 da Lei nordm 601573 E a inscriccedilatildeo no registro constaraacute o nome dos adotantes
como pais e o nome dos seus ascendentes Assim o menor ingressa na famiacutelia do adotante
se desvinculando da famiacutelia natural
24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO
241 Efeitos pessoais
Satildeo alguns efeitos pessoais decorrentes da adoccedilatildeo62
____________________
61 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1996 p 60 62 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 430
rompimento automaacutetico do viacutenculo de parentesco com a famiacutelia de origem salvo os
impedimentos matrimocircniais (artigo 1626)
estabelecimento de verdadeiros laccedilos de parentesco civil entre adotante e adotado
abrangendo a famiacutelia do adotante (artigo 15282ordf parte)
transferecircncia definitiva e de pleno direito do poder familiar para o adotante se o adotante
for menor (artigo 1630 1634 1635 inciso V)
liberdade razoaacutevel em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo do nome do adotado (1627)
possibilidade de promoccedilatildeo da interdiccedilatildeo e inabilitaccedilatildeo do pai ou matildee adotiva pelo
adotado ou vice-versa (artigo 1768)
determinaccedilatildeo do domiacutecilio do adotado menor de idade que adquire o do adotante
242 Efeitos patrimoniais
Satildeo alguns efeitos patrimoniais produzidos pela adoccedilatildeo63
direito do adotante de administraccedilatildeo e ususfruto dos bens do adotado menor (artigo 1689
1691e 1693)
obrigaccedilatildeo do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar (artigo
1634)
dever do adotante de prestar alimentos ao adotado (artigo 1694 1696 e 1697)
direito a indenizaccedilatildeo do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante
responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menor de idade
______________
81 Op cit p 31 p 432
direito sucessoacuterio do adotado visto que se equipara ao filho advindo de parentesco
cosanguineo herdado em concorrecircncia com o cocircnjuge sobrevivente ou convivente do
falecido na qualidade de descendente do autor da heranccedila afastando todos os demais
herdeiros do adotante que natildeo tenham a qualidade de filho (artigo 1829 inciso I e
1790incisos I e II)
reciprocidade nos efeitos sucessoacuterios (artigo 1829 inciso II e 1790 inciso III)
filho adotivo natildeo estaacute compreendido na exceccedilatildeo do Coacutedigo Civil artigo 1790 inciso I
rompimento de testamento se sobrevier filho adotivo (artigo 1973)
direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciaacuterio (artigo 1951 a 1960)
superviniecircncia de filho adotivo pode revogar doaccedilotildees feitas pelo adotante ( artigo 1846 e
1789)
Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso
de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do
oacutebito64
25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO
Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se
obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do
negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do
ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade
____________
64 Op cit p 32 p 435
deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea
A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-
se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico
Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade
anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo
251 Nulidade da adoccedilatildeo
Seraacute nula a adoccedilatildeo que65
em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16
anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619
a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a
mesma pessoa (artigo 1622)
o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)
vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude
252 Anulabilidade da adoccedilatildeo
Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66
a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente
incapaz
ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado
____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435
consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz
vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores
a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado
253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo
Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67
pela falta de consentimento do adotante e adotado
pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou
interdiccedilatildeo civil
pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico
26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO
A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes
motivos68
pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil
Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a
madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave
enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou
neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade
pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil
____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437
Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste
contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a
honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila
pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue
quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva
pela morte do adotante e adotado
27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO
Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a
finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo
avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante
e adotado69
Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute
prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com
facilidade a nova famiacutelia
O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a
ser adotado
Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a
extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo
atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil
____________
69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340
28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das
crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a
prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave
poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato
infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e
ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70
A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual
adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou
tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da
juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil
Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida
familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco
passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado
29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL
A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e
do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da
Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave
crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave
educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave
__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41
convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71
Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada
por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por
procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da
adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda
de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida
pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo
por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72
Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo
de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes
independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos
havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e
qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73
Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos
adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do
bem estar do adotado
210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO
A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser
incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e
educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta
assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria
___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438
Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como
com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo
dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos
pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco
pessoal e social nas ruas das grandes cidades
Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia
importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees
sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia
Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem
por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades
coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e
ceacutelere
Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria
com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e
defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do
proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os
procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados
Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo
atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o
instituto da adoccedilatildeo
A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de
_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em
lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que
querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave
crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico
educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e
na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos
e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o
desenvolvimento da cidadania
Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que
tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria
Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir
211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO
Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75
Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma
simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo
A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais
os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a
situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem
adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda
________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser
proporcionada pelas pessoas sem adotar
Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva
jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os
interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais
vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito
simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses
O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida
cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior
(adoccedilatildeo internacional)
CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees
estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil
Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente
A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida
excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido
por pessoa residente no Paiacutes
A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico
conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei
supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida
sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76
Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo
juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a
decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham
falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm
80699077
Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da
Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da
CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia
____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464
Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por
estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos
interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas
atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os
bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal
intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando
verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em
moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias
maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado
enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees
escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos
especialmente do menorrdquo78
Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante
nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado
tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a
perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e
economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila
passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco
e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79
Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas
___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438
Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil
A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver
medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo
internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda
possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o
seu ingresso em famiacutelia substituta
Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo
internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem
conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas
Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em
seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser
interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores
para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que
visem lucro80
Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas
pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator
determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas
famiacutelias substitutas
32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR
ESTRANGEIROS
A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo
seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e
condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________
80 Op Cit p 44 p 438
parte de estrangeiros
Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida
excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo
acarreta o adotante aacute desistecircncia
Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81
impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo
estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro
residente ou domiciliado fora do paiacutes
comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de
seu paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia
especializada e credenciada no paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido
do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico
juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente
autenticados pela autoridade consular
permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a
consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo
Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e
cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no
miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos
de idade
___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439
podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar
prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista
A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82
lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo
reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante
lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica
Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de
Adoccedilatildeo de Menores de 1984)
33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA
A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua
finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores
Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia
prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse
superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas
__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485
A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo
Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de
garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados
contratantes83
Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a
Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo
Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84
requisitos para a adoccedilatildeo internacional
requisitos processuais
reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo
De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo
em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o
interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras
_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486
CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a
grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo
igualmente a possibilidade da poder adotar
A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade
Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas
aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de
constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a
reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois
assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir
famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86
Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a
uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm
sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo
Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87
____________
86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho
mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49
A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios
E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por
homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se
espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem
homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila
se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais
homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos
tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte
de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo
16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo
se forem marido e mulher
Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89
____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da
uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos
homossexuais
42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA
E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a
situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos
casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo
juriacutedica podem os casais homossexuais adotar
No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo
homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes
da jurisprudecircncia
E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a
regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais
Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata
da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo
tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um
dos parceiros90
Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo
5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a
primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei
____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade
Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca
pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do
bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais
homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve
levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo
decidindo sempre pelo bem-estar do menor91
A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece
Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao
adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo
ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia
familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo
()
sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute
casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros
A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee
Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de
estado civil
______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005
Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92
Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que
homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo
poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante
O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de
adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual
diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro
de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93
______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo
da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum
cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito
Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94
Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais
homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95
Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo
sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel
privar os homossexuais do direito agrave adotar96
E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais
flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de
tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar
seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles
que lhe acolhem97
______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53
No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo
barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao
seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira
da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da
histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a
mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para
atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem
a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua
companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de
crianccedilas devem igualmente poder adotar98
Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no
aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes
de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o
preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99
Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida
pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato
Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo
________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53
CONCLUSAtildeO
A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia
E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto
no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio
Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988
Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade
Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente
A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva
Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros
por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores
Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade
Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a
sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do
Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo
Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e
principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que
pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da
adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e
venda de crianccedilas para o estrangeiro
A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente
estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse
baseado nos artigos 1618 a 1629
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52
Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de
amor carinho e solidariedade
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Assim hoje o filho adotivo tem os mesmos direitos garantias e deveres dos filhos
bioloacutegicos artigo 227 sectordm da CRFB
A partir de 1990 as regras da adoccedilatildeo passaram a visar mais os interesses direitos e
reais e necessidades dos adotandos O que se pretendia era encontrar uma famiacutelia adequada
aos menores e natildeo a busca de uma crianccedila para aqueles que pretendem adotar51
Jaacute o novo Coacutedigo Civil trata desse instituto da aceitaccedilatildeo legal de estranho no seio
familiar nos artigos 1618 a 1629 passando algueacutem a aceitar como filho algueacutem que
originariamente natildeo eacute criando com este laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com todos os
direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo inexiste
naturalmente52
E corroborando com o instituto da adoccedilatildeo o nosso texto constitucional assegura em
seu artigo 227 o direito de se ter uma famiacutelia o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave
educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura ao respeito agrave dignidade agrave liberdade e a
convivecircncia familiar 53
Esse direito de se ter uma famiacutelia consagrado na Carta Magna adveacutem do direito
positivo brasileiro do direito natural do simples direito de se ter um lar
__________ 50 SIQUEIRA Liboacuterni A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Folha Carioca 2004 p 150 51 KAUSS Omar Gama A adoccedilatildeoLuacutemen Juacuteris Rio de Janeiro p 41 52 As modificaccedilotildees introduzidas agrave partir do advento do Novo Coacutedigo Civil ndash Lei nordm 1040602 53 CONSTITUICcedilAcircO FEDERAL EC nordm 45 Rio de Janeiro 2005 p 149
A adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia da proteccedilatildeo ao adotado e cuja finalidade
eacute a de dar um lar aos menores criando para esses menores um ambiente familiar e o
equiparando o adotado como filho legiacutetimo
Egrave um instituto de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo agravequeles que precisam de um
lar amor carinho e dignidade
Tem por finalidade fundamental dar filhos agravequeles que natildeo podem ter
biologicamente e de dar pais agravequeles que se encontram desamparados por algum motivo
Assim a adoccedilatildeo que fugir desses paracircmetros a que estaacute destinada estaraacute distorcendo a
finalidade do ordenamento a que lei se destina
Ficando constatado que a adoccedilatildeo no Brasil constitui um imperativo de ordem eacutetica
de natureza constitucional pois natildeo se pode construir uma sociedade mentalmente satilde sobre
as bases de abandono de crianccedilas os futuros homens de amanhatilde
CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
A adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil de 1916 era regulada nos artigos de 368 a 378 Nesse
Coacutedigo havia previsatildeo legal para duas modalidades de adoccedilatildeo54
A adoccedilatildeo simples estabelecia o viacutenculo de filiaccedilatildeo entre adotante e adotado
podendo o adotante ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos regia-se pelo Coacutedigo
Civil de 1916 e pela Lei nordm 313355
A adoccedilatildeo plena era espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser
irrevogavelmente para todos os efeitos legais a ser filhos dos adotantes desligando-se de
qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais
introduzido pela Lei nordm 669779
Nesse Coacutedigo Civil a adoccedilatildeo aplicava-se aos maiores de 18 anos e realccedilava a sua
natureza negocial do instituto tendo em vista a solenidade da escritura puacuteblica que a lei
exigia como contrato de direito de famiacutelia Somente seria a adoccedilatildeo consumada com a
devida averbaccedilatildeo da escritura no registro civil e no ato da adoccedilatildeo seriam declarados quais
os nomes da famiacutelia passaria o adotado a usar
Eram requisitos para adoccedilatildeo nesta legislaccedilatildeo de 1916 que o adotante fosse 16 anos
mais velho que o adotando com mais de 30 anos de idade se o adotante fosse casado o
casamento deveria ter duraccedilatildeo superior agrave cinco anos duas pessoas natildeo poderiam adotar
conjuntamente se natildeo forem marido e mulher e o adotando com maior de 18 anos o tutor
ou curador poderiam adotar depois de prestadas as contas ocorria atraveacutes de escritura
puacuteblica havia previsatildeo de adoccedilatildeo por estrangeiros sem restriccedilatildeo55
______________ 54 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 55 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p 323
Com o advento da Lei nordm 104062002 o instituto da adoccedilatildeo passou a ser tratado nos
artigos de 1618 a 1629 como jaacute mencionado E por conta da nova legislaccedilatildeo a adoccedilatildeo
simples e a adoccedilatildeo plena deixam de existir passando a adoccedilatildeo ser irrestrita 56
Hoje o Novo Coacutedigo - Lei nordm 104062002 se preocupa em seus artigos com a
adoccedilatildeo de forma global ou seja com a adoccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes e principalmente
com a primazia do interesse do adotado
Assim o instituto da adoccedilatildeo passa a ser regido nos seguintes termos57
No art 1618 Somente pessoa maior de dezoito anos pode adotar
Analisando este artigo pode-se constatar que houve a reduccedilatildeo da idade miacutenima para
adotar antes exigida de 35 anos
E em seu Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo poderaacute ser formalizada por ambos os cocircnjuges
ou companheiros desde que um deles tenha completado dezoito anos de idade comprovada
a estabilidade da famiacutelia
Os artigos 1619 e 1620 natildeo tiveram alteradas a sua redaccedilatildeo
De acordo com o artigo 1619 o adotante haacute de ser pelo menos dezesseis anos mais
velho que o adotado E no artigo 1620 enquanto natildeo der contas de sua administraccedilatildeo e natildeo
saldar o deacutebito natildeo poderaacute o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o curatelado
O artigo 1621 descreve que a adoccedilatildeo depende de consentimento dos pais ou dos
representantes legais de quem se deseja adotar e da concordacircncia deste se contar mais de
doze anos
______________
56 Op cit p 23 p 425
57 Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003 p 452-459
sect 1o O consentimento seraacute dispensado em relaccedilatildeo agrave crianccedila ou adolescente cujos
pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder familiar
sect 2o O consentimento previsto no caput eacute revogaacutevel ateacute a publicaccedilatildeo da sentenccedila
constitutiva da adoccedilatildeo
O novo dispositivo diminui a idade miacutenima do adotado para manifestar o seu
consentimento para 12 anos no regime anterior era de 14 anos
De acordo co o artigo 1622 ningueacutem poderaacute ser adotado por duas pessoas salvo se
forem marido e mulher ou se viverem em uniatildeo estaacutevel
Neste artigo foi acrescentado o paraacutegrafo uacutenico que acrescenta a posiccedilatildeo da adoccedilatildeo
por companheiros ou daqueles que vivem em uniatildeo estaacutevel
Paraacutegrafo uacutenico Os divorciados e os judicialmente separados poderatildeo adotar
conjuntamente contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o
estaacutegio de convivecircncia tenha sido iniciado na constacircncia da sociedade conjugal
No artigo 1623 a adoccedilatildeo obedeceraacute a processo judicial observados os requisitos
estabelecidos neste Coacutedigo
Houve acreacutescimo na nova legislaccedilatildeo apenas do paraacutegrafo uacutenico ao qual foi atribuiacuteda a
seguinte redaccedilatildeo
Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo de maiores de dezoito anos dependeraacute igualmente da
assistecircncia efetiva do Poder Puacuteblico e de sentenccedila constitutiva
No artigo 1624 Houve a substituiccedilatildeo do ldquopaacutetrio poderrdquo por ldquopoder familiarrdquo sendo
ainda suprimida a palavra ldquomenor abandonadordquo trazido na legislaccedilatildeo de 1916
Assim dispotildee o artigo citado em que natildeo haacute necessidade do consentimento do
representante legal do menor se provado que se trata de infante exposto ou de menor cujos
pais sejam desconhecidos estejam desaparecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder
familiar sem nomeaccedilatildeo de tutor ou de oacuterfatildeo natildeo reclamado por qualquer parente por mais
de um ano
De acordo com o artigo 1625 somente seraacute admitida a adoccedilatildeo que constituir efetivo
benefiacutecio para o adotando sendo matida a mesma redaccedilatildeo
Jaacute no artigo 1626 houve acreacutescimo do paraacutegrafo uacutenico
Dipondo a seguinte redaccedilatildeo o caput a adoccedilatildeo atribui a situaccedilatildeo de filho ao adotado
desligando-o de qualquer viacutenculo com os pais e parentes consanguumliacuteneos salvo quanto aos
impedimentos para o casamento
Paraacutegrafo uacutenico se um dos cocircnjuges ou companheiros adota o filho do outro
mantecircm-se os viacutenculos de filiaccedilatildeo entre o adotado e o cocircnjuge ou companheiro do adotante
e os respectivos parentes
Com relaccedilatildeo ao artigo 1627 permaneceu a mesma redaccedilatildeo com relaccedilatildeo a decisatildeo que
confere ao adotado o sobrenome do adotante podendo determinar a modificaccedilatildeo de seu
prenome se menor a pedido do adotante ou do adotado
No artigo abaixo descrito houve a adequaccedilatildeo ao dispositivo de moda a resguardar o
princiacutepio constitucional da plena igualdade entre filhos bioloacutegicos e adotados
Dispotildee o artigo 1628 que os efeitos da adoccedilatildeo comeccedilam a partir do tracircnsito em
julgado da sentenccedila exceto se o adotante vier a falecer no curso do procedimento caso em
que teraacute forccedila retroativa agrave data do oacutebito As relaccedilotildees de parentesco se estabelecem natildeo soacute
entre o adotante e o adotado como tambeacutem entre aquele e os descendentes deste e entre o
adotado e todos os parentes do adotante
Natildeo houve alteraccedilatildeo na redaccedilatildeo do artigo 1629 apenas tal dispositivo tem o
objetivo de ajustar o Novo Coacutedigo Civil agrave lei superveniente ou seja Estatuto da Crianccedila e
do Adolescente
Dispondo o referido artigo a seguinte redaccedilatildeo a adoccedilatildeo por estrangeiro obedeceraacute
aos casos e condiccedilotildees que forem estabelecidos em lei
Assim pode-se concluir que na falta de norma reguladora para o instituto da adoccedilatildeo
desde que natildeo conflite com o Coacutedigo Civil deveraacute ser aplicado analogicamente o Estatuto da
Crianccedila e do Adolescente
Ainda constata-se que o Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute
maior de 18 anos passando o instituto da adoccedilatildeo a ser irrestrito trazendo importantes
reflexos ao nosso ordenamento juriacutedico paacutetrio no que diz respeito aos direitos da
personalidade e nos direitos sucessoacuterios Enquanto o antigo Coacutedigo Civil Brasileiro de 1916
adotava o sistema da manifestaccedilatildeo de vontade
Atualmente o Coacutedigo Civil vigente e o Estatuto da Crianccedila adotam o sistema da
sentenccedila judicial sendo que o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo para os
menores de 18 anos o que natildeo exime que a adoccedilatildeo de menor de 18 anos seja feita pelo
Coacutedigo Civil58
De acordo com a legislaccedilatildeo civil podemos conceituar a adoccedilatildeo como o ato de
filiaccedilatildeo juriacutedica que pressupotildee de afetividade e natildeo de relaccedilatildeo bioloacutegica passando o
adotado a ser tratado como se fosse filho natural constituiacutedo em benefiacutecio do adotando
_____________ 58 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 irretrataacutevel e perpeacutetuo depois de consumado que cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com
todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo
inexistia naturalmente
De forma simples podemos definir a adoccedilatildeo como modalidade de filiaccedilatildeo civil que
busca imitar a filiaccedilatildeo natural dependente da vontade de adotante e adotado e por via de
sentenccedila judicial
Assim torna-se inafastaacutevel a utilidade do instituto da adoccedilatildeo em relaccedilatildeo ao menor
carente ou em estado de abandono pois eacute de interesse do Estado a inserccedilatildeo desse menor em
um ambiente familiar
Fica claro que o instituto da adoccedilatildeo eacute de caraacuteter humanitaacuterio que tem por um lado o
escopo de proporcionar agravequeles que a quem a natureza negou filhos e por outro lado
constitui a finalidade assistencial de melhorar a condiccedilatildeo moral e material do futuro
adotado
Mas ainda muito haacute de se defender em prol do instituto da adoccedilatildeo no Brasil natildeo soacute
como forma de projeto de cidadania mas tambeacutem como forma de vida digna a aqueles que
natildeo tem um lar principalmente ao que refere aos direitos de adoccedilatildeo internacional e ainda ao
direito de adoccedilatildeo por casais homossexuais
22 REQUISITOS DA ADOCcedilAtildeO
221 Requisitos Formais
Satildeo alguns requisitos formais para a adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil vigente59
efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal
ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)
____________ 59 VENOSASilvio de Salvo Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003p349
efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal
ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)
diferenccedila miacutenima de idade entre o adotante e o adotado (artigo 1619)
consentimento do adotado de seus pais ou de seu representante (artigos 1621 sect 1ordm e
1624)
intervenccedilatildeo judicial na sua criaccedilatildeo pois somente se aperfeiccediloa perante o juiz atraveacutes de
processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico (artigo 1623 paraacutegrafo uacutenico)
irrevogabilidade (artigo 1626 caput)
estaacutegio de convivecircncia (1622 paraacutegrafo uacutenico 1ordfparte)
comprovaccedilatildeo de estabilidade familiar (artigo 1618 paraacutegrafo uacutenico in fine)
23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO
A adoccedilatildeo se daacute atraveacutes de um processo judicial perante o juiz com competecircncia na
aacuterea da infacircncia e juventude que iraacute conhecer dos pedidos da adoccedilatildeo e os seus incidentes
entre os quais a destituiccedilatildeo do paacutetrio poder e guarda para fins da adoccedilatildeo
Vislumbram-se duas hipoacuteteses em que se adota ou a famiacutelia jaacute convive com a
crianccedila ou adolescente que pretende adotar ou a famiacutelia estaacute a procura de uma crianccedila para
que venha a adotar
Na primeira hipoacutetese devem os interessados ajuizar o pedido de adoccedilatildeo atraveacutes de
advogado ou defensor puacuteblico que formularaacute o pedido diretamente em cartoacuterio atraveacutes de
peticcedilatildeo assinada pelos requerentes quando os pais forem falecidos tiverem sido destituiacutedos
do paacutetrio poder ou houverem aderido expressamente ao pedido os pais bioloacutegicos quando
conhecidos satildeo citados para querendo contestarem o pedido julgando o juiz ao final de
acordo com o interesse superior da crianccedila e do adolescente
Na segunda hipoacutetese os interessados devem requerer sua inscriccedilatildeo no cadastro do
juiacutezo de pessoas interessadas em adotar A partir daiacute instaura-se um procedimento no qual
seratildeo ouvidos pela equipe teacutecnica do juiacutezo (assistentes sociais eou psicoacutelogos) e antes da
decisatildeo que deferir a inscriccedilatildeo o Ministeacuterio Puacuteblico assistiraacute ao pedido de adoccedilatildeo conforme
previsto no artigo 227 sect5ordm da Constituiccedilatildeo Federal e emitiraacute parecer
Em seguida seratildeo incluiacutedos em grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo cujas vagas seratildeo
preenchidas de acordo com a ordem de ajuizamento do pedido de habilitaccedilatildeo respeitados os
criteacuterios estabelecidos
Os grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo possuem duraccedilatildeo prevista de 60 dias e visam
auxiliar os interessados em adotar Habilitados e inscritos no cadastro os interessados
recebem um certificado com validade de 2 anos
Satildeo necessaacuterios os seguintes documentos60
certidatildeo de casamento
atestado de residecircncia
folha de antecedentes criminais
prova de idoneidade fiacutesica e moral
prova de abandono do menor
destituiccedilatildeo do paacutetrio poder
atestado de sanidade fiacutesica
________________ 60 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
A adoccedilatildeo constitui-se por sentenccedila sendo necessaacuterio que 61
a peticcedilatildeo Inicial com os requisitos do artigo 35
se na inicial vier a concordacircncia dos pais do adotando seratildeo ouvidos pelo juiz e pelo
representante do Ministeacuterio Puacuteblico lavrando-se o termo
a autoridade juriacutedica de ofiacutecio ou o requerimento das partes e do Ministeacuterio Puacuteblico
determinaraacute a realizaccedilatildeo de estudo social ou se possiacutevel periacutecia por equipe profissional
decidindo sobre o estaacutegio de convivecircncia
Apresentado o laudo e ouvido o adotando teraacute vistas o Ministeacuterio Puacutebico
apoacutes a manifestaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico no prazo tambeacutem de 5 (cinco) dias o
juiz proferiraacute a sentenccedila
A sentenccedila judicial transitada em julgado seraacute inserida no registro civil mediante mandado do qual natildeo
se forneceraacute certidatildeo O mandado judicial cancelaraacute o registro de nascimento original do menor conforme
o artigo 16 da Lei nordm 601573 E a inscriccedilatildeo no registro constaraacute o nome dos adotantes
como pais e o nome dos seus ascendentes Assim o menor ingressa na famiacutelia do adotante
se desvinculando da famiacutelia natural
24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO
241 Efeitos pessoais
Satildeo alguns efeitos pessoais decorrentes da adoccedilatildeo62
____________________
61 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1996 p 60 62 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 430
rompimento automaacutetico do viacutenculo de parentesco com a famiacutelia de origem salvo os
impedimentos matrimocircniais (artigo 1626)
estabelecimento de verdadeiros laccedilos de parentesco civil entre adotante e adotado
abrangendo a famiacutelia do adotante (artigo 15282ordf parte)
transferecircncia definitiva e de pleno direito do poder familiar para o adotante se o adotante
for menor (artigo 1630 1634 1635 inciso V)
liberdade razoaacutevel em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo do nome do adotado (1627)
possibilidade de promoccedilatildeo da interdiccedilatildeo e inabilitaccedilatildeo do pai ou matildee adotiva pelo
adotado ou vice-versa (artigo 1768)
determinaccedilatildeo do domiacutecilio do adotado menor de idade que adquire o do adotante
242 Efeitos patrimoniais
Satildeo alguns efeitos patrimoniais produzidos pela adoccedilatildeo63
direito do adotante de administraccedilatildeo e ususfruto dos bens do adotado menor (artigo 1689
1691e 1693)
obrigaccedilatildeo do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar (artigo
1634)
dever do adotante de prestar alimentos ao adotado (artigo 1694 1696 e 1697)
direito a indenizaccedilatildeo do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante
responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menor de idade
______________
81 Op cit p 31 p 432
direito sucessoacuterio do adotado visto que se equipara ao filho advindo de parentesco
cosanguineo herdado em concorrecircncia com o cocircnjuge sobrevivente ou convivente do
falecido na qualidade de descendente do autor da heranccedila afastando todos os demais
herdeiros do adotante que natildeo tenham a qualidade de filho (artigo 1829 inciso I e
1790incisos I e II)
reciprocidade nos efeitos sucessoacuterios (artigo 1829 inciso II e 1790 inciso III)
filho adotivo natildeo estaacute compreendido na exceccedilatildeo do Coacutedigo Civil artigo 1790 inciso I
rompimento de testamento se sobrevier filho adotivo (artigo 1973)
direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciaacuterio (artigo 1951 a 1960)
superviniecircncia de filho adotivo pode revogar doaccedilotildees feitas pelo adotante ( artigo 1846 e
1789)
Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso
de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do
oacutebito64
25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO
Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se
obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do
negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do
ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade
____________
64 Op cit p 32 p 435
deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea
A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-
se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico
Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade
anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo
251 Nulidade da adoccedilatildeo
Seraacute nula a adoccedilatildeo que65
em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16
anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619
a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a
mesma pessoa (artigo 1622)
o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)
vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude
252 Anulabilidade da adoccedilatildeo
Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66
a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente
incapaz
ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado
____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435
consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz
vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores
a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado
253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo
Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67
pela falta de consentimento do adotante e adotado
pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou
interdiccedilatildeo civil
pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico
26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO
A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes
motivos68
pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil
Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a
madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave
enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou
neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade
pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil
____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437
Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste
contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a
honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila
pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue
quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva
pela morte do adotante e adotado
27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO
Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a
finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo
avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante
e adotado69
Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute
prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com
facilidade a nova famiacutelia
O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a
ser adotado
Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a
extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo
atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil
____________
69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340
28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das
crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a
prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave
poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato
infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e
ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70
A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual
adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou
tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da
juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil
Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida
familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco
passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado
29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL
A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e
do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da
Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave
crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave
educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave
__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41
convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71
Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada
por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por
procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da
adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda
de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida
pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo
por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72
Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo
de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes
independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos
havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e
qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73
Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos
adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do
bem estar do adotado
210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO
A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser
incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e
educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta
assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria
___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438
Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como
com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo
dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos
pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco
pessoal e social nas ruas das grandes cidades
Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia
importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees
sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia
Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem
por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades
coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e
ceacutelere
Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria
com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e
defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do
proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os
procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados
Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo
atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o
instituto da adoccedilatildeo
A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de
_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em
lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que
querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave
crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico
educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e
na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos
e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o
desenvolvimento da cidadania
Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que
tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria
Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir
211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO
Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75
Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma
simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo
A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais
os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a
situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem
adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda
________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser
proporcionada pelas pessoas sem adotar
Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva
jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os
interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais
vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito
simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses
O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida
cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior
(adoccedilatildeo internacional)
CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees
estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil
Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente
A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida
excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido
por pessoa residente no Paiacutes
A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico
conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei
supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida
sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76
Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo
juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a
decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham
falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm
80699077
Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da
Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da
CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia
____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464
Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por
estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos
interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas
atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os
bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal
intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando
verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em
moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias
maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado
enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees
escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos
especialmente do menorrdquo78
Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante
nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado
tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a
perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e
economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila
passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco
e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79
Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas
___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438
Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil
A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver
medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo
internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda
possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o
seu ingresso em famiacutelia substituta
Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo
internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem
conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas
Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em
seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser
interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores
para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que
visem lucro80
Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas
pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator
determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas
famiacutelias substitutas
32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR
ESTRANGEIROS
A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo
seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e
condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________
80 Op Cit p 44 p 438
parte de estrangeiros
Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida
excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo
acarreta o adotante aacute desistecircncia
Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81
impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo
estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro
residente ou domiciliado fora do paiacutes
comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de
seu paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia
especializada e credenciada no paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido
do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico
juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente
autenticados pela autoridade consular
permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a
consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo
Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e
cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no
miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos
de idade
___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439
podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar
prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista
A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82
lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo
reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante
lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica
Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de
Adoccedilatildeo de Menores de 1984)
33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA
A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua
finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores
Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia
prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse
superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas
__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485
A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo
Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de
garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados
contratantes83
Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a
Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo
Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84
requisitos para a adoccedilatildeo internacional
requisitos processuais
reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo
De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo
em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o
interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras
_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486
CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a
grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo
igualmente a possibilidade da poder adotar
A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade
Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas
aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de
constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a
reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois
assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir
famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86
Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a
uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm
sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo
Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87
____________
86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho
mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49
A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios
E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por
homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se
espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem
homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila
se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais
homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos
tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte
de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo
16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo
se forem marido e mulher
Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89
____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da
uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos
homossexuais
42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA
E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a
situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos
casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo
juriacutedica podem os casais homossexuais adotar
No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo
homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes
da jurisprudecircncia
E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a
regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais
Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata
da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo
tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um
dos parceiros90
Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo
5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a
primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei
____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade
Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca
pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do
bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais
homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve
levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo
decidindo sempre pelo bem-estar do menor91
A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece
Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao
adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo
ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia
familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo
()
sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute
casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros
A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee
Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de
estado civil
______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005
Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92
Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que
homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo
poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante
O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de
adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual
diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro
de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93
______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo
da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum
cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito
Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94
Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais
homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95
Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo
sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel
privar os homossexuais do direito agrave adotar96
E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais
flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de
tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar
seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles
que lhe acolhem97
______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53
No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo
barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao
seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira
da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da
histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a
mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para
atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem
a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua
companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de
crianccedilas devem igualmente poder adotar98
Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no
aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes
de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o
preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99
Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida
pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato
Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo
________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53
CONCLUSAtildeO
A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia
E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto
no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio
Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988
Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade
Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente
A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva
Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros
por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores
Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade
Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a
sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do
Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo
Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e
principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que
pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da
adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e
venda de crianccedilas para o estrangeiro
A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente
estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse
baseado nos artigos 1618 a 1629
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52
Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de
amor carinho e solidariedade
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Egrave um instituto de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo agravequeles que precisam de um
lar amor carinho e dignidade
Tem por finalidade fundamental dar filhos agravequeles que natildeo podem ter
biologicamente e de dar pais agravequeles que se encontram desamparados por algum motivo
Assim a adoccedilatildeo que fugir desses paracircmetros a que estaacute destinada estaraacute distorcendo a
finalidade do ordenamento a que lei se destina
Ficando constatado que a adoccedilatildeo no Brasil constitui um imperativo de ordem eacutetica
de natureza constitucional pois natildeo se pode construir uma sociedade mentalmente satilde sobre
as bases de abandono de crianccedilas os futuros homens de amanhatilde
CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
A adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil de 1916 era regulada nos artigos de 368 a 378 Nesse
Coacutedigo havia previsatildeo legal para duas modalidades de adoccedilatildeo54
A adoccedilatildeo simples estabelecia o viacutenculo de filiaccedilatildeo entre adotante e adotado
podendo o adotante ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos regia-se pelo Coacutedigo
Civil de 1916 e pela Lei nordm 313355
A adoccedilatildeo plena era espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser
irrevogavelmente para todos os efeitos legais a ser filhos dos adotantes desligando-se de
qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais
introduzido pela Lei nordm 669779
Nesse Coacutedigo Civil a adoccedilatildeo aplicava-se aos maiores de 18 anos e realccedilava a sua
natureza negocial do instituto tendo em vista a solenidade da escritura puacuteblica que a lei
exigia como contrato de direito de famiacutelia Somente seria a adoccedilatildeo consumada com a
devida averbaccedilatildeo da escritura no registro civil e no ato da adoccedilatildeo seriam declarados quais
os nomes da famiacutelia passaria o adotado a usar
Eram requisitos para adoccedilatildeo nesta legislaccedilatildeo de 1916 que o adotante fosse 16 anos
mais velho que o adotando com mais de 30 anos de idade se o adotante fosse casado o
casamento deveria ter duraccedilatildeo superior agrave cinco anos duas pessoas natildeo poderiam adotar
conjuntamente se natildeo forem marido e mulher e o adotando com maior de 18 anos o tutor
ou curador poderiam adotar depois de prestadas as contas ocorria atraveacutes de escritura
puacuteblica havia previsatildeo de adoccedilatildeo por estrangeiros sem restriccedilatildeo55
______________ 54 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 55 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p 323
Com o advento da Lei nordm 104062002 o instituto da adoccedilatildeo passou a ser tratado nos
artigos de 1618 a 1629 como jaacute mencionado E por conta da nova legislaccedilatildeo a adoccedilatildeo
simples e a adoccedilatildeo plena deixam de existir passando a adoccedilatildeo ser irrestrita 56
Hoje o Novo Coacutedigo - Lei nordm 104062002 se preocupa em seus artigos com a
adoccedilatildeo de forma global ou seja com a adoccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes e principalmente
com a primazia do interesse do adotado
Assim o instituto da adoccedilatildeo passa a ser regido nos seguintes termos57
No art 1618 Somente pessoa maior de dezoito anos pode adotar
Analisando este artigo pode-se constatar que houve a reduccedilatildeo da idade miacutenima para
adotar antes exigida de 35 anos
E em seu Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo poderaacute ser formalizada por ambos os cocircnjuges
ou companheiros desde que um deles tenha completado dezoito anos de idade comprovada
a estabilidade da famiacutelia
Os artigos 1619 e 1620 natildeo tiveram alteradas a sua redaccedilatildeo
De acordo com o artigo 1619 o adotante haacute de ser pelo menos dezesseis anos mais
velho que o adotado E no artigo 1620 enquanto natildeo der contas de sua administraccedilatildeo e natildeo
saldar o deacutebito natildeo poderaacute o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o curatelado
O artigo 1621 descreve que a adoccedilatildeo depende de consentimento dos pais ou dos
representantes legais de quem se deseja adotar e da concordacircncia deste se contar mais de
doze anos
______________
56 Op cit p 23 p 425
57 Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003 p 452-459
sect 1o O consentimento seraacute dispensado em relaccedilatildeo agrave crianccedila ou adolescente cujos
pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder familiar
sect 2o O consentimento previsto no caput eacute revogaacutevel ateacute a publicaccedilatildeo da sentenccedila
constitutiva da adoccedilatildeo
O novo dispositivo diminui a idade miacutenima do adotado para manifestar o seu
consentimento para 12 anos no regime anterior era de 14 anos
De acordo co o artigo 1622 ningueacutem poderaacute ser adotado por duas pessoas salvo se
forem marido e mulher ou se viverem em uniatildeo estaacutevel
Neste artigo foi acrescentado o paraacutegrafo uacutenico que acrescenta a posiccedilatildeo da adoccedilatildeo
por companheiros ou daqueles que vivem em uniatildeo estaacutevel
Paraacutegrafo uacutenico Os divorciados e os judicialmente separados poderatildeo adotar
conjuntamente contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o
estaacutegio de convivecircncia tenha sido iniciado na constacircncia da sociedade conjugal
No artigo 1623 a adoccedilatildeo obedeceraacute a processo judicial observados os requisitos
estabelecidos neste Coacutedigo
Houve acreacutescimo na nova legislaccedilatildeo apenas do paraacutegrafo uacutenico ao qual foi atribuiacuteda a
seguinte redaccedilatildeo
Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo de maiores de dezoito anos dependeraacute igualmente da
assistecircncia efetiva do Poder Puacuteblico e de sentenccedila constitutiva
No artigo 1624 Houve a substituiccedilatildeo do ldquopaacutetrio poderrdquo por ldquopoder familiarrdquo sendo
ainda suprimida a palavra ldquomenor abandonadordquo trazido na legislaccedilatildeo de 1916
Assim dispotildee o artigo citado em que natildeo haacute necessidade do consentimento do
representante legal do menor se provado que se trata de infante exposto ou de menor cujos
pais sejam desconhecidos estejam desaparecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder
familiar sem nomeaccedilatildeo de tutor ou de oacuterfatildeo natildeo reclamado por qualquer parente por mais
de um ano
De acordo com o artigo 1625 somente seraacute admitida a adoccedilatildeo que constituir efetivo
benefiacutecio para o adotando sendo matida a mesma redaccedilatildeo
Jaacute no artigo 1626 houve acreacutescimo do paraacutegrafo uacutenico
Dipondo a seguinte redaccedilatildeo o caput a adoccedilatildeo atribui a situaccedilatildeo de filho ao adotado
desligando-o de qualquer viacutenculo com os pais e parentes consanguumliacuteneos salvo quanto aos
impedimentos para o casamento
Paraacutegrafo uacutenico se um dos cocircnjuges ou companheiros adota o filho do outro
mantecircm-se os viacutenculos de filiaccedilatildeo entre o adotado e o cocircnjuge ou companheiro do adotante
e os respectivos parentes
Com relaccedilatildeo ao artigo 1627 permaneceu a mesma redaccedilatildeo com relaccedilatildeo a decisatildeo que
confere ao adotado o sobrenome do adotante podendo determinar a modificaccedilatildeo de seu
prenome se menor a pedido do adotante ou do adotado
No artigo abaixo descrito houve a adequaccedilatildeo ao dispositivo de moda a resguardar o
princiacutepio constitucional da plena igualdade entre filhos bioloacutegicos e adotados
Dispotildee o artigo 1628 que os efeitos da adoccedilatildeo comeccedilam a partir do tracircnsito em
julgado da sentenccedila exceto se o adotante vier a falecer no curso do procedimento caso em
que teraacute forccedila retroativa agrave data do oacutebito As relaccedilotildees de parentesco se estabelecem natildeo soacute
entre o adotante e o adotado como tambeacutem entre aquele e os descendentes deste e entre o
adotado e todos os parentes do adotante
Natildeo houve alteraccedilatildeo na redaccedilatildeo do artigo 1629 apenas tal dispositivo tem o
objetivo de ajustar o Novo Coacutedigo Civil agrave lei superveniente ou seja Estatuto da Crianccedila e
do Adolescente
Dispondo o referido artigo a seguinte redaccedilatildeo a adoccedilatildeo por estrangeiro obedeceraacute
aos casos e condiccedilotildees que forem estabelecidos em lei
Assim pode-se concluir que na falta de norma reguladora para o instituto da adoccedilatildeo
desde que natildeo conflite com o Coacutedigo Civil deveraacute ser aplicado analogicamente o Estatuto da
Crianccedila e do Adolescente
Ainda constata-se que o Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute
maior de 18 anos passando o instituto da adoccedilatildeo a ser irrestrito trazendo importantes
reflexos ao nosso ordenamento juriacutedico paacutetrio no que diz respeito aos direitos da
personalidade e nos direitos sucessoacuterios Enquanto o antigo Coacutedigo Civil Brasileiro de 1916
adotava o sistema da manifestaccedilatildeo de vontade
Atualmente o Coacutedigo Civil vigente e o Estatuto da Crianccedila adotam o sistema da
sentenccedila judicial sendo que o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo para os
menores de 18 anos o que natildeo exime que a adoccedilatildeo de menor de 18 anos seja feita pelo
Coacutedigo Civil58
De acordo com a legislaccedilatildeo civil podemos conceituar a adoccedilatildeo como o ato de
filiaccedilatildeo juriacutedica que pressupotildee de afetividade e natildeo de relaccedilatildeo bioloacutegica passando o
adotado a ser tratado como se fosse filho natural constituiacutedo em benefiacutecio do adotando
_____________ 58 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 irretrataacutevel e perpeacutetuo depois de consumado que cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com
todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo
inexistia naturalmente
De forma simples podemos definir a adoccedilatildeo como modalidade de filiaccedilatildeo civil que
busca imitar a filiaccedilatildeo natural dependente da vontade de adotante e adotado e por via de
sentenccedila judicial
Assim torna-se inafastaacutevel a utilidade do instituto da adoccedilatildeo em relaccedilatildeo ao menor
carente ou em estado de abandono pois eacute de interesse do Estado a inserccedilatildeo desse menor em
um ambiente familiar
Fica claro que o instituto da adoccedilatildeo eacute de caraacuteter humanitaacuterio que tem por um lado o
escopo de proporcionar agravequeles que a quem a natureza negou filhos e por outro lado
constitui a finalidade assistencial de melhorar a condiccedilatildeo moral e material do futuro
adotado
Mas ainda muito haacute de se defender em prol do instituto da adoccedilatildeo no Brasil natildeo soacute
como forma de projeto de cidadania mas tambeacutem como forma de vida digna a aqueles que
natildeo tem um lar principalmente ao que refere aos direitos de adoccedilatildeo internacional e ainda ao
direito de adoccedilatildeo por casais homossexuais
22 REQUISITOS DA ADOCcedilAtildeO
221 Requisitos Formais
Satildeo alguns requisitos formais para a adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil vigente59
efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal
ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)
____________ 59 VENOSASilvio de Salvo Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003p349
efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal
ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)
diferenccedila miacutenima de idade entre o adotante e o adotado (artigo 1619)
consentimento do adotado de seus pais ou de seu representante (artigos 1621 sect 1ordm e
1624)
intervenccedilatildeo judicial na sua criaccedilatildeo pois somente se aperfeiccediloa perante o juiz atraveacutes de
processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico (artigo 1623 paraacutegrafo uacutenico)
irrevogabilidade (artigo 1626 caput)
estaacutegio de convivecircncia (1622 paraacutegrafo uacutenico 1ordfparte)
comprovaccedilatildeo de estabilidade familiar (artigo 1618 paraacutegrafo uacutenico in fine)
23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO
A adoccedilatildeo se daacute atraveacutes de um processo judicial perante o juiz com competecircncia na
aacuterea da infacircncia e juventude que iraacute conhecer dos pedidos da adoccedilatildeo e os seus incidentes
entre os quais a destituiccedilatildeo do paacutetrio poder e guarda para fins da adoccedilatildeo
Vislumbram-se duas hipoacuteteses em que se adota ou a famiacutelia jaacute convive com a
crianccedila ou adolescente que pretende adotar ou a famiacutelia estaacute a procura de uma crianccedila para
que venha a adotar
Na primeira hipoacutetese devem os interessados ajuizar o pedido de adoccedilatildeo atraveacutes de
advogado ou defensor puacuteblico que formularaacute o pedido diretamente em cartoacuterio atraveacutes de
peticcedilatildeo assinada pelos requerentes quando os pais forem falecidos tiverem sido destituiacutedos
do paacutetrio poder ou houverem aderido expressamente ao pedido os pais bioloacutegicos quando
conhecidos satildeo citados para querendo contestarem o pedido julgando o juiz ao final de
acordo com o interesse superior da crianccedila e do adolescente
Na segunda hipoacutetese os interessados devem requerer sua inscriccedilatildeo no cadastro do
juiacutezo de pessoas interessadas em adotar A partir daiacute instaura-se um procedimento no qual
seratildeo ouvidos pela equipe teacutecnica do juiacutezo (assistentes sociais eou psicoacutelogos) e antes da
decisatildeo que deferir a inscriccedilatildeo o Ministeacuterio Puacuteblico assistiraacute ao pedido de adoccedilatildeo conforme
previsto no artigo 227 sect5ordm da Constituiccedilatildeo Federal e emitiraacute parecer
Em seguida seratildeo incluiacutedos em grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo cujas vagas seratildeo
preenchidas de acordo com a ordem de ajuizamento do pedido de habilitaccedilatildeo respeitados os
criteacuterios estabelecidos
Os grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo possuem duraccedilatildeo prevista de 60 dias e visam
auxiliar os interessados em adotar Habilitados e inscritos no cadastro os interessados
recebem um certificado com validade de 2 anos
Satildeo necessaacuterios os seguintes documentos60
certidatildeo de casamento
atestado de residecircncia
folha de antecedentes criminais
prova de idoneidade fiacutesica e moral
prova de abandono do menor
destituiccedilatildeo do paacutetrio poder
atestado de sanidade fiacutesica
________________ 60 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
A adoccedilatildeo constitui-se por sentenccedila sendo necessaacuterio que 61
a peticcedilatildeo Inicial com os requisitos do artigo 35
se na inicial vier a concordacircncia dos pais do adotando seratildeo ouvidos pelo juiz e pelo
representante do Ministeacuterio Puacuteblico lavrando-se o termo
a autoridade juriacutedica de ofiacutecio ou o requerimento das partes e do Ministeacuterio Puacuteblico
determinaraacute a realizaccedilatildeo de estudo social ou se possiacutevel periacutecia por equipe profissional
decidindo sobre o estaacutegio de convivecircncia
Apresentado o laudo e ouvido o adotando teraacute vistas o Ministeacuterio Puacutebico
apoacutes a manifestaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico no prazo tambeacutem de 5 (cinco) dias o
juiz proferiraacute a sentenccedila
A sentenccedila judicial transitada em julgado seraacute inserida no registro civil mediante mandado do qual natildeo
se forneceraacute certidatildeo O mandado judicial cancelaraacute o registro de nascimento original do menor conforme
o artigo 16 da Lei nordm 601573 E a inscriccedilatildeo no registro constaraacute o nome dos adotantes
como pais e o nome dos seus ascendentes Assim o menor ingressa na famiacutelia do adotante
se desvinculando da famiacutelia natural
24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO
241 Efeitos pessoais
Satildeo alguns efeitos pessoais decorrentes da adoccedilatildeo62
____________________
61 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1996 p 60 62 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 430
rompimento automaacutetico do viacutenculo de parentesco com a famiacutelia de origem salvo os
impedimentos matrimocircniais (artigo 1626)
estabelecimento de verdadeiros laccedilos de parentesco civil entre adotante e adotado
abrangendo a famiacutelia do adotante (artigo 15282ordf parte)
transferecircncia definitiva e de pleno direito do poder familiar para o adotante se o adotante
for menor (artigo 1630 1634 1635 inciso V)
liberdade razoaacutevel em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo do nome do adotado (1627)
possibilidade de promoccedilatildeo da interdiccedilatildeo e inabilitaccedilatildeo do pai ou matildee adotiva pelo
adotado ou vice-versa (artigo 1768)
determinaccedilatildeo do domiacutecilio do adotado menor de idade que adquire o do adotante
242 Efeitos patrimoniais
Satildeo alguns efeitos patrimoniais produzidos pela adoccedilatildeo63
direito do adotante de administraccedilatildeo e ususfruto dos bens do adotado menor (artigo 1689
1691e 1693)
obrigaccedilatildeo do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar (artigo
1634)
dever do adotante de prestar alimentos ao adotado (artigo 1694 1696 e 1697)
direito a indenizaccedilatildeo do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante
responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menor de idade
______________
81 Op cit p 31 p 432
direito sucessoacuterio do adotado visto que se equipara ao filho advindo de parentesco
cosanguineo herdado em concorrecircncia com o cocircnjuge sobrevivente ou convivente do
falecido na qualidade de descendente do autor da heranccedila afastando todos os demais
herdeiros do adotante que natildeo tenham a qualidade de filho (artigo 1829 inciso I e
1790incisos I e II)
reciprocidade nos efeitos sucessoacuterios (artigo 1829 inciso II e 1790 inciso III)
filho adotivo natildeo estaacute compreendido na exceccedilatildeo do Coacutedigo Civil artigo 1790 inciso I
rompimento de testamento se sobrevier filho adotivo (artigo 1973)
direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciaacuterio (artigo 1951 a 1960)
superviniecircncia de filho adotivo pode revogar doaccedilotildees feitas pelo adotante ( artigo 1846 e
1789)
Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso
de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do
oacutebito64
25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO
Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se
obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do
negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do
ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade
____________
64 Op cit p 32 p 435
deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea
A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-
se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico
Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade
anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo
251 Nulidade da adoccedilatildeo
Seraacute nula a adoccedilatildeo que65
em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16
anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619
a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a
mesma pessoa (artigo 1622)
o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)
vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude
252 Anulabilidade da adoccedilatildeo
Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66
a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente
incapaz
ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado
____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435
consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz
vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores
a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado
253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo
Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67
pela falta de consentimento do adotante e adotado
pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou
interdiccedilatildeo civil
pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico
26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO
A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes
motivos68
pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil
Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a
madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave
enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou
neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade
pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil
____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437
Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste
contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a
honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila
pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue
quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva
pela morte do adotante e adotado
27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO
Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a
finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo
avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante
e adotado69
Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute
prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com
facilidade a nova famiacutelia
O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a
ser adotado
Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a
extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo
atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil
____________
69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340
28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das
crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a
prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave
poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato
infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e
ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70
A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual
adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou
tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da
juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil
Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida
familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco
passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado
29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL
A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e
do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da
Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave
crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave
educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave
__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41
convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71
Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada
por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por
procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da
adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda
de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida
pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo
por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72
Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo
de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes
independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos
havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e
qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73
Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos
adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do
bem estar do adotado
210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO
A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser
incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e
educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta
assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria
___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438
Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como
com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo
dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos
pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco
pessoal e social nas ruas das grandes cidades
Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia
importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees
sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia
Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem
por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades
coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e
ceacutelere
Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria
com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e
defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do
proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os
procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados
Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo
atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o
instituto da adoccedilatildeo
A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de
_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em
lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que
querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave
crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico
educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e
na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos
e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o
desenvolvimento da cidadania
Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que
tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria
Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir
211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO
Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75
Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma
simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo
A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais
os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a
situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem
adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda
________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser
proporcionada pelas pessoas sem adotar
Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva
jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os
interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais
vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito
simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses
O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida
cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior
(adoccedilatildeo internacional)
CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees
estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil
Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente
A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida
excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido
por pessoa residente no Paiacutes
A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico
conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei
supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida
sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76
Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo
juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a
decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham
falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm
80699077
Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da
Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da
CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia
____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464
Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por
estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos
interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas
atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os
bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal
intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando
verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em
moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias
maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado
enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees
escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos
especialmente do menorrdquo78
Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante
nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado
tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a
perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e
economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila
passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco
e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79
Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas
___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438
Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil
A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver
medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo
internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda
possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o
seu ingresso em famiacutelia substituta
Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo
internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem
conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas
Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em
seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser
interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores
para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que
visem lucro80
Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas
pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator
determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas
famiacutelias substitutas
32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR
ESTRANGEIROS
A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo
seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e
condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________
80 Op Cit p 44 p 438
parte de estrangeiros
Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida
excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo
acarreta o adotante aacute desistecircncia
Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81
impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo
estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro
residente ou domiciliado fora do paiacutes
comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de
seu paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia
especializada e credenciada no paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido
do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico
juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente
autenticados pela autoridade consular
permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a
consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo
Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e
cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no
miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos
de idade
___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439
podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar
prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista
A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82
lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo
reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante
lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica
Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de
Adoccedilatildeo de Menores de 1984)
33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA
A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua
finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores
Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia
prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse
superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas
__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485
A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo
Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de
garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados
contratantes83
Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a
Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo
Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84
requisitos para a adoccedilatildeo internacional
requisitos processuais
reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo
De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo
em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o
interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras
_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486
CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a
grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo
igualmente a possibilidade da poder adotar
A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade
Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas
aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de
constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a
reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois
assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir
famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86
Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a
uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm
sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo
Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87
____________
86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho
mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49
A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios
E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por
homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se
espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem
homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila
se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais
homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos
tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte
de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo
16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo
se forem marido e mulher
Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89
____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da
uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos
homossexuais
42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA
E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a
situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos
casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo
juriacutedica podem os casais homossexuais adotar
No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo
homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes
da jurisprudecircncia
E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a
regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais
Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata
da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo
tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um
dos parceiros90
Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo
5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a
primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei
____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade
Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca
pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do
bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais
homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve
levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo
decidindo sempre pelo bem-estar do menor91
A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece
Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao
adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo
ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia
familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo
()
sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute
casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros
A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee
Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de
estado civil
______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005
Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92
Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que
homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo
poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante
O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de
adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual
diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro
de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93
______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo
da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum
cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito
Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94
Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais
homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95
Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo
sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel
privar os homossexuais do direito agrave adotar96
E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais
flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de
tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar
seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles
que lhe acolhem97
______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53
No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo
barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao
seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira
da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da
histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a
mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para
atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem
a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua
companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de
crianccedilas devem igualmente poder adotar98
Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no
aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes
de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o
preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99
Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida
pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato
Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo
________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53
CONCLUSAtildeO
A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia
E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto
no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio
Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988
Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade
Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente
A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva
Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros
por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores
Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade
Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a
sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do
Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo
Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e
principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que
pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da
adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e
venda de crianccedilas para o estrangeiro
A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente
estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse
baseado nos artigos 1618 a 1629
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52
Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de
amor carinho e solidariedade
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CAPIacuteTULO 2 ndash A ADOCcedilAtildeO NO NOVO COacuteDIGO CIVIL
A adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil de 1916 era regulada nos artigos de 368 a 378 Nesse
Coacutedigo havia previsatildeo legal para duas modalidades de adoccedilatildeo54
A adoccedilatildeo simples estabelecia o viacutenculo de filiaccedilatildeo entre adotante e adotado
podendo o adotante ser pessoa maior ou menor entre 18 e 21 anos regia-se pelo Coacutedigo
Civil de 1916 e pela Lei nordm 313355
A adoccedilatildeo plena era espeacutecie de adoccedilatildeo pela qual o menor adotado passa a ser
irrevogavelmente para todos os efeitos legais a ser filhos dos adotantes desligando-se de
qualquer viacutenculo com os pais de sangue ou parentes salvo os impedimentos matrimoniais
introduzido pela Lei nordm 669779
Nesse Coacutedigo Civil a adoccedilatildeo aplicava-se aos maiores de 18 anos e realccedilava a sua
natureza negocial do instituto tendo em vista a solenidade da escritura puacuteblica que a lei
exigia como contrato de direito de famiacutelia Somente seria a adoccedilatildeo consumada com a
devida averbaccedilatildeo da escritura no registro civil e no ato da adoccedilatildeo seriam declarados quais
os nomes da famiacutelia passaria o adotado a usar
Eram requisitos para adoccedilatildeo nesta legislaccedilatildeo de 1916 que o adotante fosse 16 anos
mais velho que o adotando com mais de 30 anos de idade se o adotante fosse casado o
casamento deveria ter duraccedilatildeo superior agrave cinco anos duas pessoas natildeo poderiam adotar
conjuntamente se natildeo forem marido e mulher e o adotando com maior de 18 anos o tutor
ou curador poderiam adotar depois de prestadas as contas ocorria atraveacutes de escritura
puacuteblica havia previsatildeo de adoccedilatildeo por estrangeiros sem restriccedilatildeo55
______________ 54 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 55 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Atlas 2003 p 323
Com o advento da Lei nordm 104062002 o instituto da adoccedilatildeo passou a ser tratado nos
artigos de 1618 a 1629 como jaacute mencionado E por conta da nova legislaccedilatildeo a adoccedilatildeo
simples e a adoccedilatildeo plena deixam de existir passando a adoccedilatildeo ser irrestrita 56
Hoje o Novo Coacutedigo - Lei nordm 104062002 se preocupa em seus artigos com a
adoccedilatildeo de forma global ou seja com a adoccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes e principalmente
com a primazia do interesse do adotado
Assim o instituto da adoccedilatildeo passa a ser regido nos seguintes termos57
No art 1618 Somente pessoa maior de dezoito anos pode adotar
Analisando este artigo pode-se constatar que houve a reduccedilatildeo da idade miacutenima para
adotar antes exigida de 35 anos
E em seu Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo poderaacute ser formalizada por ambos os cocircnjuges
ou companheiros desde que um deles tenha completado dezoito anos de idade comprovada
a estabilidade da famiacutelia
Os artigos 1619 e 1620 natildeo tiveram alteradas a sua redaccedilatildeo
De acordo com o artigo 1619 o adotante haacute de ser pelo menos dezesseis anos mais
velho que o adotado E no artigo 1620 enquanto natildeo der contas de sua administraccedilatildeo e natildeo
saldar o deacutebito natildeo poderaacute o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o curatelado
O artigo 1621 descreve que a adoccedilatildeo depende de consentimento dos pais ou dos
representantes legais de quem se deseja adotar e da concordacircncia deste se contar mais de
doze anos
______________
56 Op cit p 23 p 425
57 Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003 p 452-459
sect 1o O consentimento seraacute dispensado em relaccedilatildeo agrave crianccedila ou adolescente cujos
pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder familiar
sect 2o O consentimento previsto no caput eacute revogaacutevel ateacute a publicaccedilatildeo da sentenccedila
constitutiva da adoccedilatildeo
O novo dispositivo diminui a idade miacutenima do adotado para manifestar o seu
consentimento para 12 anos no regime anterior era de 14 anos
De acordo co o artigo 1622 ningueacutem poderaacute ser adotado por duas pessoas salvo se
forem marido e mulher ou se viverem em uniatildeo estaacutevel
Neste artigo foi acrescentado o paraacutegrafo uacutenico que acrescenta a posiccedilatildeo da adoccedilatildeo
por companheiros ou daqueles que vivem em uniatildeo estaacutevel
Paraacutegrafo uacutenico Os divorciados e os judicialmente separados poderatildeo adotar
conjuntamente contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o
estaacutegio de convivecircncia tenha sido iniciado na constacircncia da sociedade conjugal
No artigo 1623 a adoccedilatildeo obedeceraacute a processo judicial observados os requisitos
estabelecidos neste Coacutedigo
Houve acreacutescimo na nova legislaccedilatildeo apenas do paraacutegrafo uacutenico ao qual foi atribuiacuteda a
seguinte redaccedilatildeo
Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo de maiores de dezoito anos dependeraacute igualmente da
assistecircncia efetiva do Poder Puacuteblico e de sentenccedila constitutiva
No artigo 1624 Houve a substituiccedilatildeo do ldquopaacutetrio poderrdquo por ldquopoder familiarrdquo sendo
ainda suprimida a palavra ldquomenor abandonadordquo trazido na legislaccedilatildeo de 1916
Assim dispotildee o artigo citado em que natildeo haacute necessidade do consentimento do
representante legal do menor se provado que se trata de infante exposto ou de menor cujos
pais sejam desconhecidos estejam desaparecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder
familiar sem nomeaccedilatildeo de tutor ou de oacuterfatildeo natildeo reclamado por qualquer parente por mais
de um ano
De acordo com o artigo 1625 somente seraacute admitida a adoccedilatildeo que constituir efetivo
benefiacutecio para o adotando sendo matida a mesma redaccedilatildeo
Jaacute no artigo 1626 houve acreacutescimo do paraacutegrafo uacutenico
Dipondo a seguinte redaccedilatildeo o caput a adoccedilatildeo atribui a situaccedilatildeo de filho ao adotado
desligando-o de qualquer viacutenculo com os pais e parentes consanguumliacuteneos salvo quanto aos
impedimentos para o casamento
Paraacutegrafo uacutenico se um dos cocircnjuges ou companheiros adota o filho do outro
mantecircm-se os viacutenculos de filiaccedilatildeo entre o adotado e o cocircnjuge ou companheiro do adotante
e os respectivos parentes
Com relaccedilatildeo ao artigo 1627 permaneceu a mesma redaccedilatildeo com relaccedilatildeo a decisatildeo que
confere ao adotado o sobrenome do adotante podendo determinar a modificaccedilatildeo de seu
prenome se menor a pedido do adotante ou do adotado
No artigo abaixo descrito houve a adequaccedilatildeo ao dispositivo de moda a resguardar o
princiacutepio constitucional da plena igualdade entre filhos bioloacutegicos e adotados
Dispotildee o artigo 1628 que os efeitos da adoccedilatildeo comeccedilam a partir do tracircnsito em
julgado da sentenccedila exceto se o adotante vier a falecer no curso do procedimento caso em
que teraacute forccedila retroativa agrave data do oacutebito As relaccedilotildees de parentesco se estabelecem natildeo soacute
entre o adotante e o adotado como tambeacutem entre aquele e os descendentes deste e entre o
adotado e todos os parentes do adotante
Natildeo houve alteraccedilatildeo na redaccedilatildeo do artigo 1629 apenas tal dispositivo tem o
objetivo de ajustar o Novo Coacutedigo Civil agrave lei superveniente ou seja Estatuto da Crianccedila e
do Adolescente
Dispondo o referido artigo a seguinte redaccedilatildeo a adoccedilatildeo por estrangeiro obedeceraacute
aos casos e condiccedilotildees que forem estabelecidos em lei
Assim pode-se concluir que na falta de norma reguladora para o instituto da adoccedilatildeo
desde que natildeo conflite com o Coacutedigo Civil deveraacute ser aplicado analogicamente o Estatuto da
Crianccedila e do Adolescente
Ainda constata-se que o Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute
maior de 18 anos passando o instituto da adoccedilatildeo a ser irrestrito trazendo importantes
reflexos ao nosso ordenamento juriacutedico paacutetrio no que diz respeito aos direitos da
personalidade e nos direitos sucessoacuterios Enquanto o antigo Coacutedigo Civil Brasileiro de 1916
adotava o sistema da manifestaccedilatildeo de vontade
Atualmente o Coacutedigo Civil vigente e o Estatuto da Crianccedila adotam o sistema da
sentenccedila judicial sendo que o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo para os
menores de 18 anos o que natildeo exime que a adoccedilatildeo de menor de 18 anos seja feita pelo
Coacutedigo Civil58
De acordo com a legislaccedilatildeo civil podemos conceituar a adoccedilatildeo como o ato de
filiaccedilatildeo juriacutedica que pressupotildee de afetividade e natildeo de relaccedilatildeo bioloacutegica passando o
adotado a ser tratado como se fosse filho natural constituiacutedo em benefiacutecio do adotando
_____________ 58 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 irretrataacutevel e perpeacutetuo depois de consumado que cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com
todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo
inexistia naturalmente
De forma simples podemos definir a adoccedilatildeo como modalidade de filiaccedilatildeo civil que
busca imitar a filiaccedilatildeo natural dependente da vontade de adotante e adotado e por via de
sentenccedila judicial
Assim torna-se inafastaacutevel a utilidade do instituto da adoccedilatildeo em relaccedilatildeo ao menor
carente ou em estado de abandono pois eacute de interesse do Estado a inserccedilatildeo desse menor em
um ambiente familiar
Fica claro que o instituto da adoccedilatildeo eacute de caraacuteter humanitaacuterio que tem por um lado o
escopo de proporcionar agravequeles que a quem a natureza negou filhos e por outro lado
constitui a finalidade assistencial de melhorar a condiccedilatildeo moral e material do futuro
adotado
Mas ainda muito haacute de se defender em prol do instituto da adoccedilatildeo no Brasil natildeo soacute
como forma de projeto de cidadania mas tambeacutem como forma de vida digna a aqueles que
natildeo tem um lar principalmente ao que refere aos direitos de adoccedilatildeo internacional e ainda ao
direito de adoccedilatildeo por casais homossexuais
22 REQUISITOS DA ADOCcedilAtildeO
221 Requisitos Formais
Satildeo alguns requisitos formais para a adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil vigente59
efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal
ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)
____________ 59 VENOSASilvio de Salvo Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003p349
efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal
ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)
diferenccedila miacutenima de idade entre o adotante e o adotado (artigo 1619)
consentimento do adotado de seus pais ou de seu representante (artigos 1621 sect 1ordm e
1624)
intervenccedilatildeo judicial na sua criaccedilatildeo pois somente se aperfeiccediloa perante o juiz atraveacutes de
processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico (artigo 1623 paraacutegrafo uacutenico)
irrevogabilidade (artigo 1626 caput)
estaacutegio de convivecircncia (1622 paraacutegrafo uacutenico 1ordfparte)
comprovaccedilatildeo de estabilidade familiar (artigo 1618 paraacutegrafo uacutenico in fine)
23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO
A adoccedilatildeo se daacute atraveacutes de um processo judicial perante o juiz com competecircncia na
aacuterea da infacircncia e juventude que iraacute conhecer dos pedidos da adoccedilatildeo e os seus incidentes
entre os quais a destituiccedilatildeo do paacutetrio poder e guarda para fins da adoccedilatildeo
Vislumbram-se duas hipoacuteteses em que se adota ou a famiacutelia jaacute convive com a
crianccedila ou adolescente que pretende adotar ou a famiacutelia estaacute a procura de uma crianccedila para
que venha a adotar
Na primeira hipoacutetese devem os interessados ajuizar o pedido de adoccedilatildeo atraveacutes de
advogado ou defensor puacuteblico que formularaacute o pedido diretamente em cartoacuterio atraveacutes de
peticcedilatildeo assinada pelos requerentes quando os pais forem falecidos tiverem sido destituiacutedos
do paacutetrio poder ou houverem aderido expressamente ao pedido os pais bioloacutegicos quando
conhecidos satildeo citados para querendo contestarem o pedido julgando o juiz ao final de
acordo com o interesse superior da crianccedila e do adolescente
Na segunda hipoacutetese os interessados devem requerer sua inscriccedilatildeo no cadastro do
juiacutezo de pessoas interessadas em adotar A partir daiacute instaura-se um procedimento no qual
seratildeo ouvidos pela equipe teacutecnica do juiacutezo (assistentes sociais eou psicoacutelogos) e antes da
decisatildeo que deferir a inscriccedilatildeo o Ministeacuterio Puacuteblico assistiraacute ao pedido de adoccedilatildeo conforme
previsto no artigo 227 sect5ordm da Constituiccedilatildeo Federal e emitiraacute parecer
Em seguida seratildeo incluiacutedos em grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo cujas vagas seratildeo
preenchidas de acordo com a ordem de ajuizamento do pedido de habilitaccedilatildeo respeitados os
criteacuterios estabelecidos
Os grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo possuem duraccedilatildeo prevista de 60 dias e visam
auxiliar os interessados em adotar Habilitados e inscritos no cadastro os interessados
recebem um certificado com validade de 2 anos
Satildeo necessaacuterios os seguintes documentos60
certidatildeo de casamento
atestado de residecircncia
folha de antecedentes criminais
prova de idoneidade fiacutesica e moral
prova de abandono do menor
destituiccedilatildeo do paacutetrio poder
atestado de sanidade fiacutesica
________________ 60 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
A adoccedilatildeo constitui-se por sentenccedila sendo necessaacuterio que 61
a peticcedilatildeo Inicial com os requisitos do artigo 35
se na inicial vier a concordacircncia dos pais do adotando seratildeo ouvidos pelo juiz e pelo
representante do Ministeacuterio Puacuteblico lavrando-se o termo
a autoridade juriacutedica de ofiacutecio ou o requerimento das partes e do Ministeacuterio Puacuteblico
determinaraacute a realizaccedilatildeo de estudo social ou se possiacutevel periacutecia por equipe profissional
decidindo sobre o estaacutegio de convivecircncia
Apresentado o laudo e ouvido o adotando teraacute vistas o Ministeacuterio Puacutebico
apoacutes a manifestaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico no prazo tambeacutem de 5 (cinco) dias o
juiz proferiraacute a sentenccedila
A sentenccedila judicial transitada em julgado seraacute inserida no registro civil mediante mandado do qual natildeo
se forneceraacute certidatildeo O mandado judicial cancelaraacute o registro de nascimento original do menor conforme
o artigo 16 da Lei nordm 601573 E a inscriccedilatildeo no registro constaraacute o nome dos adotantes
como pais e o nome dos seus ascendentes Assim o menor ingressa na famiacutelia do adotante
se desvinculando da famiacutelia natural
24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO
241 Efeitos pessoais
Satildeo alguns efeitos pessoais decorrentes da adoccedilatildeo62
____________________
61 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1996 p 60 62 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 430
rompimento automaacutetico do viacutenculo de parentesco com a famiacutelia de origem salvo os
impedimentos matrimocircniais (artigo 1626)
estabelecimento de verdadeiros laccedilos de parentesco civil entre adotante e adotado
abrangendo a famiacutelia do adotante (artigo 15282ordf parte)
transferecircncia definitiva e de pleno direito do poder familiar para o adotante se o adotante
for menor (artigo 1630 1634 1635 inciso V)
liberdade razoaacutevel em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo do nome do adotado (1627)
possibilidade de promoccedilatildeo da interdiccedilatildeo e inabilitaccedilatildeo do pai ou matildee adotiva pelo
adotado ou vice-versa (artigo 1768)
determinaccedilatildeo do domiacutecilio do adotado menor de idade que adquire o do adotante
242 Efeitos patrimoniais
Satildeo alguns efeitos patrimoniais produzidos pela adoccedilatildeo63
direito do adotante de administraccedilatildeo e ususfruto dos bens do adotado menor (artigo 1689
1691e 1693)
obrigaccedilatildeo do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar (artigo
1634)
dever do adotante de prestar alimentos ao adotado (artigo 1694 1696 e 1697)
direito a indenizaccedilatildeo do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante
responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menor de idade
______________
81 Op cit p 31 p 432
direito sucessoacuterio do adotado visto que se equipara ao filho advindo de parentesco
cosanguineo herdado em concorrecircncia com o cocircnjuge sobrevivente ou convivente do
falecido na qualidade de descendente do autor da heranccedila afastando todos os demais
herdeiros do adotante que natildeo tenham a qualidade de filho (artigo 1829 inciso I e
1790incisos I e II)
reciprocidade nos efeitos sucessoacuterios (artigo 1829 inciso II e 1790 inciso III)
filho adotivo natildeo estaacute compreendido na exceccedilatildeo do Coacutedigo Civil artigo 1790 inciso I
rompimento de testamento se sobrevier filho adotivo (artigo 1973)
direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciaacuterio (artigo 1951 a 1960)
superviniecircncia de filho adotivo pode revogar doaccedilotildees feitas pelo adotante ( artigo 1846 e
1789)
Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso
de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do
oacutebito64
25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO
Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se
obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do
negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do
ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade
____________
64 Op cit p 32 p 435
deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea
A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-
se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico
Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade
anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo
251 Nulidade da adoccedilatildeo
Seraacute nula a adoccedilatildeo que65
em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16
anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619
a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a
mesma pessoa (artigo 1622)
o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)
vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude
252 Anulabilidade da adoccedilatildeo
Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66
a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente
incapaz
ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado
____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435
consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz
vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores
a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado
253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo
Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67
pela falta de consentimento do adotante e adotado
pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou
interdiccedilatildeo civil
pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico
26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO
A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes
motivos68
pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil
Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a
madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave
enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou
neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade
pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil
____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437
Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste
contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a
honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila
pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue
quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva
pela morte do adotante e adotado
27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO
Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a
finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo
avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante
e adotado69
Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute
prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com
facilidade a nova famiacutelia
O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a
ser adotado
Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a
extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo
atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil
____________
69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340
28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das
crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a
prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave
poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato
infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e
ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70
A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual
adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou
tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da
juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil
Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida
familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco
passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado
29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL
A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e
do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da
Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave
crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave
educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave
__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41
convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71
Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada
por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por
procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da
adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda
de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida
pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo
por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72
Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo
de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes
independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos
havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e
qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73
Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos
adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do
bem estar do adotado
210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO
A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser
incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e
educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta
assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria
___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438
Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como
com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo
dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos
pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco
pessoal e social nas ruas das grandes cidades
Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia
importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees
sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia
Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem
por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades
coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e
ceacutelere
Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria
com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e
defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do
proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os
procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados
Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo
atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o
instituto da adoccedilatildeo
A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de
_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em
lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que
querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave
crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico
educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e
na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos
e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o
desenvolvimento da cidadania
Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que
tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria
Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir
211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO
Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75
Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma
simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo
A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais
os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a
situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem
adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda
________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser
proporcionada pelas pessoas sem adotar
Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva
jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os
interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais
vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito
simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses
O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida
cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior
(adoccedilatildeo internacional)
CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees
estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil
Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente
A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida
excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido
por pessoa residente no Paiacutes
A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico
conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei
supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida
sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76
Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo
juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a
decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham
falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm
80699077
Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da
Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da
CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia
____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464
Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por
estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos
interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas
atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os
bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal
intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando
verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em
moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias
maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado
enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees
escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos
especialmente do menorrdquo78
Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante
nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado
tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a
perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e
economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila
passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco
e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79
Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas
___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438
Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil
A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver
medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo
internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda
possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o
seu ingresso em famiacutelia substituta
Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo
internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem
conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas
Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em
seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser
interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores
para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que
visem lucro80
Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas
pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator
determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas
famiacutelias substitutas
32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR
ESTRANGEIROS
A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo
seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e
condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________
80 Op Cit p 44 p 438
parte de estrangeiros
Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida
excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo
acarreta o adotante aacute desistecircncia
Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81
impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo
estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro
residente ou domiciliado fora do paiacutes
comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de
seu paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia
especializada e credenciada no paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido
do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico
juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente
autenticados pela autoridade consular
permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a
consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo
Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e
cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no
miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos
de idade
___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439
podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar
prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista
A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82
lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo
reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante
lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica
Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de
Adoccedilatildeo de Menores de 1984)
33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA
A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua
finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores
Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia
prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse
superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas
__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485
A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo
Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de
garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados
contratantes83
Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a
Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo
Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84
requisitos para a adoccedilatildeo internacional
requisitos processuais
reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo
De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo
em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o
interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras
_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486
CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a
grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo
igualmente a possibilidade da poder adotar
A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade
Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas
aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de
constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a
reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois
assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir
famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86
Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a
uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm
sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo
Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87
____________
86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho
mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49
A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios
E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por
homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se
espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem
homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila
se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais
homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos
tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte
de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo
16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo
se forem marido e mulher
Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89
____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da
uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos
homossexuais
42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA
E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a
situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos
casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo
juriacutedica podem os casais homossexuais adotar
No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo
homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes
da jurisprudecircncia
E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a
regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais
Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata
da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo
tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um
dos parceiros90
Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo
5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a
primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei
____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade
Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca
pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do
bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais
homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve
levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo
decidindo sempre pelo bem-estar do menor91
A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece
Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao
adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo
ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia
familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo
()
sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute
casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros
A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee
Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de
estado civil
______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005
Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92
Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que
homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo
poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante
O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de
adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual
diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro
de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93
______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo
da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum
cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito
Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94
Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais
homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95
Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo
sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel
privar os homossexuais do direito agrave adotar96
E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais
flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de
tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar
seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles
que lhe acolhem97
______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53
No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo
barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao
seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira
da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da
histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a
mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para
atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem
a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua
companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de
crianccedilas devem igualmente poder adotar98
Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no
aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes
de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o
preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99
Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida
pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato
Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo
________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53
CONCLUSAtildeO
A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia
E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto
no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio
Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988
Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade
Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente
A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva
Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros
por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores
Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade
Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a
sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do
Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo
Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e
principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que
pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da
adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e
venda de crianccedilas para o estrangeiro
A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente
estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse
baseado nos artigos 1618 a 1629
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52
Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de
amor carinho e solidariedade
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_______ Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Institui o Coacutedigo Civil Disponiacutevel em
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VENOSA Siacutelvio de Salvo DireitoCivil VI ndashDireito de Famiacutelia 3 ed Satildeo Paulo Atlas
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WALD Arnald O Novo Direito de Famiacutelia 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2002 p217-225
Com o advento da Lei nordm 104062002 o instituto da adoccedilatildeo passou a ser tratado nos
artigos de 1618 a 1629 como jaacute mencionado E por conta da nova legislaccedilatildeo a adoccedilatildeo
simples e a adoccedilatildeo plena deixam de existir passando a adoccedilatildeo ser irrestrita 56
Hoje o Novo Coacutedigo - Lei nordm 104062002 se preocupa em seus artigos com a
adoccedilatildeo de forma global ou seja com a adoccedilatildeo de crianccedilas e adolescentes e principalmente
com a primazia do interesse do adotado
Assim o instituto da adoccedilatildeo passa a ser regido nos seguintes termos57
No art 1618 Somente pessoa maior de dezoito anos pode adotar
Analisando este artigo pode-se constatar que houve a reduccedilatildeo da idade miacutenima para
adotar antes exigida de 35 anos
E em seu Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo poderaacute ser formalizada por ambos os cocircnjuges
ou companheiros desde que um deles tenha completado dezoito anos de idade comprovada
a estabilidade da famiacutelia
Os artigos 1619 e 1620 natildeo tiveram alteradas a sua redaccedilatildeo
De acordo com o artigo 1619 o adotante haacute de ser pelo menos dezesseis anos mais
velho que o adotado E no artigo 1620 enquanto natildeo der contas de sua administraccedilatildeo e natildeo
saldar o deacutebito natildeo poderaacute o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o curatelado
O artigo 1621 descreve que a adoccedilatildeo depende de consentimento dos pais ou dos
representantes legais de quem se deseja adotar e da concordacircncia deste se contar mais de
doze anos
______________
56 Op cit p 23 p 425
57 Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo Paulo Revista dos Tribunais 2003 p 452-459
sect 1o O consentimento seraacute dispensado em relaccedilatildeo agrave crianccedila ou adolescente cujos
pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder familiar
sect 2o O consentimento previsto no caput eacute revogaacutevel ateacute a publicaccedilatildeo da sentenccedila
constitutiva da adoccedilatildeo
O novo dispositivo diminui a idade miacutenima do adotado para manifestar o seu
consentimento para 12 anos no regime anterior era de 14 anos
De acordo co o artigo 1622 ningueacutem poderaacute ser adotado por duas pessoas salvo se
forem marido e mulher ou se viverem em uniatildeo estaacutevel
Neste artigo foi acrescentado o paraacutegrafo uacutenico que acrescenta a posiccedilatildeo da adoccedilatildeo
por companheiros ou daqueles que vivem em uniatildeo estaacutevel
Paraacutegrafo uacutenico Os divorciados e os judicialmente separados poderatildeo adotar
conjuntamente contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o
estaacutegio de convivecircncia tenha sido iniciado na constacircncia da sociedade conjugal
No artigo 1623 a adoccedilatildeo obedeceraacute a processo judicial observados os requisitos
estabelecidos neste Coacutedigo
Houve acreacutescimo na nova legislaccedilatildeo apenas do paraacutegrafo uacutenico ao qual foi atribuiacuteda a
seguinte redaccedilatildeo
Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo de maiores de dezoito anos dependeraacute igualmente da
assistecircncia efetiva do Poder Puacuteblico e de sentenccedila constitutiva
No artigo 1624 Houve a substituiccedilatildeo do ldquopaacutetrio poderrdquo por ldquopoder familiarrdquo sendo
ainda suprimida a palavra ldquomenor abandonadordquo trazido na legislaccedilatildeo de 1916
Assim dispotildee o artigo citado em que natildeo haacute necessidade do consentimento do
representante legal do menor se provado que se trata de infante exposto ou de menor cujos
pais sejam desconhecidos estejam desaparecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder
familiar sem nomeaccedilatildeo de tutor ou de oacuterfatildeo natildeo reclamado por qualquer parente por mais
de um ano
De acordo com o artigo 1625 somente seraacute admitida a adoccedilatildeo que constituir efetivo
benefiacutecio para o adotando sendo matida a mesma redaccedilatildeo
Jaacute no artigo 1626 houve acreacutescimo do paraacutegrafo uacutenico
Dipondo a seguinte redaccedilatildeo o caput a adoccedilatildeo atribui a situaccedilatildeo de filho ao adotado
desligando-o de qualquer viacutenculo com os pais e parentes consanguumliacuteneos salvo quanto aos
impedimentos para o casamento
Paraacutegrafo uacutenico se um dos cocircnjuges ou companheiros adota o filho do outro
mantecircm-se os viacutenculos de filiaccedilatildeo entre o adotado e o cocircnjuge ou companheiro do adotante
e os respectivos parentes
Com relaccedilatildeo ao artigo 1627 permaneceu a mesma redaccedilatildeo com relaccedilatildeo a decisatildeo que
confere ao adotado o sobrenome do adotante podendo determinar a modificaccedilatildeo de seu
prenome se menor a pedido do adotante ou do adotado
No artigo abaixo descrito houve a adequaccedilatildeo ao dispositivo de moda a resguardar o
princiacutepio constitucional da plena igualdade entre filhos bioloacutegicos e adotados
Dispotildee o artigo 1628 que os efeitos da adoccedilatildeo comeccedilam a partir do tracircnsito em
julgado da sentenccedila exceto se o adotante vier a falecer no curso do procedimento caso em
que teraacute forccedila retroativa agrave data do oacutebito As relaccedilotildees de parentesco se estabelecem natildeo soacute
entre o adotante e o adotado como tambeacutem entre aquele e os descendentes deste e entre o
adotado e todos os parentes do adotante
Natildeo houve alteraccedilatildeo na redaccedilatildeo do artigo 1629 apenas tal dispositivo tem o
objetivo de ajustar o Novo Coacutedigo Civil agrave lei superveniente ou seja Estatuto da Crianccedila e
do Adolescente
Dispondo o referido artigo a seguinte redaccedilatildeo a adoccedilatildeo por estrangeiro obedeceraacute
aos casos e condiccedilotildees que forem estabelecidos em lei
Assim pode-se concluir que na falta de norma reguladora para o instituto da adoccedilatildeo
desde que natildeo conflite com o Coacutedigo Civil deveraacute ser aplicado analogicamente o Estatuto da
Crianccedila e do Adolescente
Ainda constata-se que o Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute
maior de 18 anos passando o instituto da adoccedilatildeo a ser irrestrito trazendo importantes
reflexos ao nosso ordenamento juriacutedico paacutetrio no que diz respeito aos direitos da
personalidade e nos direitos sucessoacuterios Enquanto o antigo Coacutedigo Civil Brasileiro de 1916
adotava o sistema da manifestaccedilatildeo de vontade
Atualmente o Coacutedigo Civil vigente e o Estatuto da Crianccedila adotam o sistema da
sentenccedila judicial sendo que o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo para os
menores de 18 anos o que natildeo exime que a adoccedilatildeo de menor de 18 anos seja feita pelo
Coacutedigo Civil58
De acordo com a legislaccedilatildeo civil podemos conceituar a adoccedilatildeo como o ato de
filiaccedilatildeo juriacutedica que pressupotildee de afetividade e natildeo de relaccedilatildeo bioloacutegica passando o
adotado a ser tratado como se fosse filho natural constituiacutedo em benefiacutecio do adotando
_____________ 58 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 irretrataacutevel e perpeacutetuo depois de consumado que cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com
todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo
inexistia naturalmente
De forma simples podemos definir a adoccedilatildeo como modalidade de filiaccedilatildeo civil que
busca imitar a filiaccedilatildeo natural dependente da vontade de adotante e adotado e por via de
sentenccedila judicial
Assim torna-se inafastaacutevel a utilidade do instituto da adoccedilatildeo em relaccedilatildeo ao menor
carente ou em estado de abandono pois eacute de interesse do Estado a inserccedilatildeo desse menor em
um ambiente familiar
Fica claro que o instituto da adoccedilatildeo eacute de caraacuteter humanitaacuterio que tem por um lado o
escopo de proporcionar agravequeles que a quem a natureza negou filhos e por outro lado
constitui a finalidade assistencial de melhorar a condiccedilatildeo moral e material do futuro
adotado
Mas ainda muito haacute de se defender em prol do instituto da adoccedilatildeo no Brasil natildeo soacute
como forma de projeto de cidadania mas tambeacutem como forma de vida digna a aqueles que
natildeo tem um lar principalmente ao que refere aos direitos de adoccedilatildeo internacional e ainda ao
direito de adoccedilatildeo por casais homossexuais
22 REQUISITOS DA ADOCcedilAtildeO
221 Requisitos Formais
Satildeo alguns requisitos formais para a adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil vigente59
efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal
ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)
____________ 59 VENOSASilvio de Salvo Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003p349
efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal
ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)
diferenccedila miacutenima de idade entre o adotante e o adotado (artigo 1619)
consentimento do adotado de seus pais ou de seu representante (artigos 1621 sect 1ordm e
1624)
intervenccedilatildeo judicial na sua criaccedilatildeo pois somente se aperfeiccediloa perante o juiz atraveacutes de
processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico (artigo 1623 paraacutegrafo uacutenico)
irrevogabilidade (artigo 1626 caput)
estaacutegio de convivecircncia (1622 paraacutegrafo uacutenico 1ordfparte)
comprovaccedilatildeo de estabilidade familiar (artigo 1618 paraacutegrafo uacutenico in fine)
23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO
A adoccedilatildeo se daacute atraveacutes de um processo judicial perante o juiz com competecircncia na
aacuterea da infacircncia e juventude que iraacute conhecer dos pedidos da adoccedilatildeo e os seus incidentes
entre os quais a destituiccedilatildeo do paacutetrio poder e guarda para fins da adoccedilatildeo
Vislumbram-se duas hipoacuteteses em que se adota ou a famiacutelia jaacute convive com a
crianccedila ou adolescente que pretende adotar ou a famiacutelia estaacute a procura de uma crianccedila para
que venha a adotar
Na primeira hipoacutetese devem os interessados ajuizar o pedido de adoccedilatildeo atraveacutes de
advogado ou defensor puacuteblico que formularaacute o pedido diretamente em cartoacuterio atraveacutes de
peticcedilatildeo assinada pelos requerentes quando os pais forem falecidos tiverem sido destituiacutedos
do paacutetrio poder ou houverem aderido expressamente ao pedido os pais bioloacutegicos quando
conhecidos satildeo citados para querendo contestarem o pedido julgando o juiz ao final de
acordo com o interesse superior da crianccedila e do adolescente
Na segunda hipoacutetese os interessados devem requerer sua inscriccedilatildeo no cadastro do
juiacutezo de pessoas interessadas em adotar A partir daiacute instaura-se um procedimento no qual
seratildeo ouvidos pela equipe teacutecnica do juiacutezo (assistentes sociais eou psicoacutelogos) e antes da
decisatildeo que deferir a inscriccedilatildeo o Ministeacuterio Puacuteblico assistiraacute ao pedido de adoccedilatildeo conforme
previsto no artigo 227 sect5ordm da Constituiccedilatildeo Federal e emitiraacute parecer
Em seguida seratildeo incluiacutedos em grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo cujas vagas seratildeo
preenchidas de acordo com a ordem de ajuizamento do pedido de habilitaccedilatildeo respeitados os
criteacuterios estabelecidos
Os grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo possuem duraccedilatildeo prevista de 60 dias e visam
auxiliar os interessados em adotar Habilitados e inscritos no cadastro os interessados
recebem um certificado com validade de 2 anos
Satildeo necessaacuterios os seguintes documentos60
certidatildeo de casamento
atestado de residecircncia
folha de antecedentes criminais
prova de idoneidade fiacutesica e moral
prova de abandono do menor
destituiccedilatildeo do paacutetrio poder
atestado de sanidade fiacutesica
________________ 60 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
A adoccedilatildeo constitui-se por sentenccedila sendo necessaacuterio que 61
a peticcedilatildeo Inicial com os requisitos do artigo 35
se na inicial vier a concordacircncia dos pais do adotando seratildeo ouvidos pelo juiz e pelo
representante do Ministeacuterio Puacuteblico lavrando-se o termo
a autoridade juriacutedica de ofiacutecio ou o requerimento das partes e do Ministeacuterio Puacuteblico
determinaraacute a realizaccedilatildeo de estudo social ou se possiacutevel periacutecia por equipe profissional
decidindo sobre o estaacutegio de convivecircncia
Apresentado o laudo e ouvido o adotando teraacute vistas o Ministeacuterio Puacutebico
apoacutes a manifestaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico no prazo tambeacutem de 5 (cinco) dias o
juiz proferiraacute a sentenccedila
A sentenccedila judicial transitada em julgado seraacute inserida no registro civil mediante mandado do qual natildeo
se forneceraacute certidatildeo O mandado judicial cancelaraacute o registro de nascimento original do menor conforme
o artigo 16 da Lei nordm 601573 E a inscriccedilatildeo no registro constaraacute o nome dos adotantes
como pais e o nome dos seus ascendentes Assim o menor ingressa na famiacutelia do adotante
se desvinculando da famiacutelia natural
24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO
241 Efeitos pessoais
Satildeo alguns efeitos pessoais decorrentes da adoccedilatildeo62
____________________
61 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1996 p 60 62 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 430
rompimento automaacutetico do viacutenculo de parentesco com a famiacutelia de origem salvo os
impedimentos matrimocircniais (artigo 1626)
estabelecimento de verdadeiros laccedilos de parentesco civil entre adotante e adotado
abrangendo a famiacutelia do adotante (artigo 15282ordf parte)
transferecircncia definitiva e de pleno direito do poder familiar para o adotante se o adotante
for menor (artigo 1630 1634 1635 inciso V)
liberdade razoaacutevel em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo do nome do adotado (1627)
possibilidade de promoccedilatildeo da interdiccedilatildeo e inabilitaccedilatildeo do pai ou matildee adotiva pelo
adotado ou vice-versa (artigo 1768)
determinaccedilatildeo do domiacutecilio do adotado menor de idade que adquire o do adotante
242 Efeitos patrimoniais
Satildeo alguns efeitos patrimoniais produzidos pela adoccedilatildeo63
direito do adotante de administraccedilatildeo e ususfruto dos bens do adotado menor (artigo 1689
1691e 1693)
obrigaccedilatildeo do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar (artigo
1634)
dever do adotante de prestar alimentos ao adotado (artigo 1694 1696 e 1697)
direito a indenizaccedilatildeo do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante
responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menor de idade
______________
81 Op cit p 31 p 432
direito sucessoacuterio do adotado visto que se equipara ao filho advindo de parentesco
cosanguineo herdado em concorrecircncia com o cocircnjuge sobrevivente ou convivente do
falecido na qualidade de descendente do autor da heranccedila afastando todos os demais
herdeiros do adotante que natildeo tenham a qualidade de filho (artigo 1829 inciso I e
1790incisos I e II)
reciprocidade nos efeitos sucessoacuterios (artigo 1829 inciso II e 1790 inciso III)
filho adotivo natildeo estaacute compreendido na exceccedilatildeo do Coacutedigo Civil artigo 1790 inciso I
rompimento de testamento se sobrevier filho adotivo (artigo 1973)
direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciaacuterio (artigo 1951 a 1960)
superviniecircncia de filho adotivo pode revogar doaccedilotildees feitas pelo adotante ( artigo 1846 e
1789)
Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso
de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do
oacutebito64
25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO
Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se
obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do
negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do
ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade
____________
64 Op cit p 32 p 435
deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea
A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-
se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico
Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade
anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo
251 Nulidade da adoccedilatildeo
Seraacute nula a adoccedilatildeo que65
em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16
anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619
a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a
mesma pessoa (artigo 1622)
o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)
vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude
252 Anulabilidade da adoccedilatildeo
Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66
a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente
incapaz
ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado
____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435
consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz
vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores
a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado
253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo
Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67
pela falta de consentimento do adotante e adotado
pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou
interdiccedilatildeo civil
pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico
26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO
A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes
motivos68
pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil
Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a
madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave
enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou
neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade
pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil
____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437
Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste
contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a
honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila
pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue
quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva
pela morte do adotante e adotado
27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO
Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a
finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo
avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante
e adotado69
Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute
prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com
facilidade a nova famiacutelia
O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a
ser adotado
Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a
extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo
atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil
____________
69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340
28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das
crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a
prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave
poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato
infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e
ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70
A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual
adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou
tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da
juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil
Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida
familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco
passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado
29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL
A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e
do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da
Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave
crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave
educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave
__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41
convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71
Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada
por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por
procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da
adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda
de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida
pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo
por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72
Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo
de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes
independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos
havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e
qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73
Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos
adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do
bem estar do adotado
210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO
A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser
incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e
educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta
assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria
___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438
Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como
com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo
dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos
pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco
pessoal e social nas ruas das grandes cidades
Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia
importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees
sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia
Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem
por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades
coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e
ceacutelere
Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria
com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e
defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do
proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os
procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados
Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo
atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o
instituto da adoccedilatildeo
A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de
_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em
lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que
querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave
crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico
educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e
na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos
e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o
desenvolvimento da cidadania
Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que
tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria
Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir
211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO
Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75
Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma
simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo
A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais
os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a
situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem
adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda
________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser
proporcionada pelas pessoas sem adotar
Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva
jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os
interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais
vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito
simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses
O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida
cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior
(adoccedilatildeo internacional)
CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees
estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil
Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente
A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida
excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido
por pessoa residente no Paiacutes
A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico
conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei
supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida
sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76
Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo
juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a
decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham
falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm
80699077
Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da
Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da
CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia
____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464
Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por
estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos
interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas
atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os
bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal
intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando
verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em
moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias
maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado
enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees
escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos
especialmente do menorrdquo78
Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante
nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado
tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a
perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e
economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila
passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco
e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79
Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas
___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438
Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil
A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver
medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo
internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda
possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o
seu ingresso em famiacutelia substituta
Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo
internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem
conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas
Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em
seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser
interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores
para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que
visem lucro80
Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas
pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator
determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas
famiacutelias substitutas
32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR
ESTRANGEIROS
A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo
seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e
condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________
80 Op Cit p 44 p 438
parte de estrangeiros
Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida
excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo
acarreta o adotante aacute desistecircncia
Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81
impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo
estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro
residente ou domiciliado fora do paiacutes
comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de
seu paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia
especializada e credenciada no paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido
do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico
juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente
autenticados pela autoridade consular
permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a
consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo
Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e
cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no
miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos
de idade
___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439
podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar
prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista
A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82
lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo
reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante
lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica
Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de
Adoccedilatildeo de Menores de 1984)
33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA
A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua
finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores
Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia
prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse
superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas
__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485
A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo
Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de
garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados
contratantes83
Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a
Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo
Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84
requisitos para a adoccedilatildeo internacional
requisitos processuais
reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo
De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo
em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o
interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras
_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486
CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a
grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo
igualmente a possibilidade da poder adotar
A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade
Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas
aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de
constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a
reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois
assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir
famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86
Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a
uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm
sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo
Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87
____________
86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho
mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49
A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios
E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por
homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se
espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem
homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila
se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais
homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos
tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte
de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo
16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo
se forem marido e mulher
Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89
____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da
uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos
homossexuais
42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA
E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a
situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos
casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo
juriacutedica podem os casais homossexuais adotar
No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo
homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes
da jurisprudecircncia
E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a
regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais
Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata
da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo
tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um
dos parceiros90
Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo
5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a
primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei
____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade
Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca
pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do
bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais
homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve
levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo
decidindo sempre pelo bem-estar do menor91
A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece
Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao
adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo
ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia
familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo
()
sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute
casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros
A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee
Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de
estado civil
______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005
Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92
Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que
homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo
poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante
O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de
adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual
diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro
de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93
______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo
da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum
cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito
Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94
Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais
homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95
Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo
sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel
privar os homossexuais do direito agrave adotar96
E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais
flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de
tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar
seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles
que lhe acolhem97
______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53
No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo
barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao
seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira
da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da
histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a
mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para
atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem
a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua
companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de
crianccedilas devem igualmente poder adotar98
Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no
aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes
de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o
preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99
Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida
pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato
Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo
________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53
CONCLUSAtildeO
A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia
E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto
no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio
Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988
Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade
Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente
A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva
Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros
por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores
Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade
Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a
sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do
Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo
Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e
principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que
pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da
adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e
venda de crianccedilas para o estrangeiro
A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente
estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse
baseado nos artigos 1618 a 1629
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52
Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de
amor carinho e solidariedade
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sect 1o O consentimento seraacute dispensado em relaccedilatildeo agrave crianccedila ou adolescente cujos
pais sejam desconhecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder familiar
sect 2o O consentimento previsto no caput eacute revogaacutevel ateacute a publicaccedilatildeo da sentenccedila
constitutiva da adoccedilatildeo
O novo dispositivo diminui a idade miacutenima do adotado para manifestar o seu
consentimento para 12 anos no regime anterior era de 14 anos
De acordo co o artigo 1622 ningueacutem poderaacute ser adotado por duas pessoas salvo se
forem marido e mulher ou se viverem em uniatildeo estaacutevel
Neste artigo foi acrescentado o paraacutegrafo uacutenico que acrescenta a posiccedilatildeo da adoccedilatildeo
por companheiros ou daqueles que vivem em uniatildeo estaacutevel
Paraacutegrafo uacutenico Os divorciados e os judicialmente separados poderatildeo adotar
conjuntamente contanto que acordem sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o
estaacutegio de convivecircncia tenha sido iniciado na constacircncia da sociedade conjugal
No artigo 1623 a adoccedilatildeo obedeceraacute a processo judicial observados os requisitos
estabelecidos neste Coacutedigo
Houve acreacutescimo na nova legislaccedilatildeo apenas do paraacutegrafo uacutenico ao qual foi atribuiacuteda a
seguinte redaccedilatildeo
Paraacutegrafo uacutenico a adoccedilatildeo de maiores de dezoito anos dependeraacute igualmente da
assistecircncia efetiva do Poder Puacuteblico e de sentenccedila constitutiva
No artigo 1624 Houve a substituiccedilatildeo do ldquopaacutetrio poderrdquo por ldquopoder familiarrdquo sendo
ainda suprimida a palavra ldquomenor abandonadordquo trazido na legislaccedilatildeo de 1916
Assim dispotildee o artigo citado em que natildeo haacute necessidade do consentimento do
representante legal do menor se provado que se trata de infante exposto ou de menor cujos
pais sejam desconhecidos estejam desaparecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder
familiar sem nomeaccedilatildeo de tutor ou de oacuterfatildeo natildeo reclamado por qualquer parente por mais
de um ano
De acordo com o artigo 1625 somente seraacute admitida a adoccedilatildeo que constituir efetivo
benefiacutecio para o adotando sendo matida a mesma redaccedilatildeo
Jaacute no artigo 1626 houve acreacutescimo do paraacutegrafo uacutenico
Dipondo a seguinte redaccedilatildeo o caput a adoccedilatildeo atribui a situaccedilatildeo de filho ao adotado
desligando-o de qualquer viacutenculo com os pais e parentes consanguumliacuteneos salvo quanto aos
impedimentos para o casamento
Paraacutegrafo uacutenico se um dos cocircnjuges ou companheiros adota o filho do outro
mantecircm-se os viacutenculos de filiaccedilatildeo entre o adotado e o cocircnjuge ou companheiro do adotante
e os respectivos parentes
Com relaccedilatildeo ao artigo 1627 permaneceu a mesma redaccedilatildeo com relaccedilatildeo a decisatildeo que
confere ao adotado o sobrenome do adotante podendo determinar a modificaccedilatildeo de seu
prenome se menor a pedido do adotante ou do adotado
No artigo abaixo descrito houve a adequaccedilatildeo ao dispositivo de moda a resguardar o
princiacutepio constitucional da plena igualdade entre filhos bioloacutegicos e adotados
Dispotildee o artigo 1628 que os efeitos da adoccedilatildeo comeccedilam a partir do tracircnsito em
julgado da sentenccedila exceto se o adotante vier a falecer no curso do procedimento caso em
que teraacute forccedila retroativa agrave data do oacutebito As relaccedilotildees de parentesco se estabelecem natildeo soacute
entre o adotante e o adotado como tambeacutem entre aquele e os descendentes deste e entre o
adotado e todos os parentes do adotante
Natildeo houve alteraccedilatildeo na redaccedilatildeo do artigo 1629 apenas tal dispositivo tem o
objetivo de ajustar o Novo Coacutedigo Civil agrave lei superveniente ou seja Estatuto da Crianccedila e
do Adolescente
Dispondo o referido artigo a seguinte redaccedilatildeo a adoccedilatildeo por estrangeiro obedeceraacute
aos casos e condiccedilotildees que forem estabelecidos em lei
Assim pode-se concluir que na falta de norma reguladora para o instituto da adoccedilatildeo
desde que natildeo conflite com o Coacutedigo Civil deveraacute ser aplicado analogicamente o Estatuto da
Crianccedila e do Adolescente
Ainda constata-se que o Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute
maior de 18 anos passando o instituto da adoccedilatildeo a ser irrestrito trazendo importantes
reflexos ao nosso ordenamento juriacutedico paacutetrio no que diz respeito aos direitos da
personalidade e nos direitos sucessoacuterios Enquanto o antigo Coacutedigo Civil Brasileiro de 1916
adotava o sistema da manifestaccedilatildeo de vontade
Atualmente o Coacutedigo Civil vigente e o Estatuto da Crianccedila adotam o sistema da
sentenccedila judicial sendo que o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo para os
menores de 18 anos o que natildeo exime que a adoccedilatildeo de menor de 18 anos seja feita pelo
Coacutedigo Civil58
De acordo com a legislaccedilatildeo civil podemos conceituar a adoccedilatildeo como o ato de
filiaccedilatildeo juriacutedica que pressupotildee de afetividade e natildeo de relaccedilatildeo bioloacutegica passando o
adotado a ser tratado como se fosse filho natural constituiacutedo em benefiacutecio do adotando
_____________ 58 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 irretrataacutevel e perpeacutetuo depois de consumado que cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com
todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo
inexistia naturalmente
De forma simples podemos definir a adoccedilatildeo como modalidade de filiaccedilatildeo civil que
busca imitar a filiaccedilatildeo natural dependente da vontade de adotante e adotado e por via de
sentenccedila judicial
Assim torna-se inafastaacutevel a utilidade do instituto da adoccedilatildeo em relaccedilatildeo ao menor
carente ou em estado de abandono pois eacute de interesse do Estado a inserccedilatildeo desse menor em
um ambiente familiar
Fica claro que o instituto da adoccedilatildeo eacute de caraacuteter humanitaacuterio que tem por um lado o
escopo de proporcionar agravequeles que a quem a natureza negou filhos e por outro lado
constitui a finalidade assistencial de melhorar a condiccedilatildeo moral e material do futuro
adotado
Mas ainda muito haacute de se defender em prol do instituto da adoccedilatildeo no Brasil natildeo soacute
como forma de projeto de cidadania mas tambeacutem como forma de vida digna a aqueles que
natildeo tem um lar principalmente ao que refere aos direitos de adoccedilatildeo internacional e ainda ao
direito de adoccedilatildeo por casais homossexuais
22 REQUISITOS DA ADOCcedilAtildeO
221 Requisitos Formais
Satildeo alguns requisitos formais para a adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil vigente59
efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal
ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)
____________ 59 VENOSASilvio de Salvo Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003p349
efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal
ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)
diferenccedila miacutenima de idade entre o adotante e o adotado (artigo 1619)
consentimento do adotado de seus pais ou de seu representante (artigos 1621 sect 1ordm e
1624)
intervenccedilatildeo judicial na sua criaccedilatildeo pois somente se aperfeiccediloa perante o juiz atraveacutes de
processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico (artigo 1623 paraacutegrafo uacutenico)
irrevogabilidade (artigo 1626 caput)
estaacutegio de convivecircncia (1622 paraacutegrafo uacutenico 1ordfparte)
comprovaccedilatildeo de estabilidade familiar (artigo 1618 paraacutegrafo uacutenico in fine)
23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO
A adoccedilatildeo se daacute atraveacutes de um processo judicial perante o juiz com competecircncia na
aacuterea da infacircncia e juventude que iraacute conhecer dos pedidos da adoccedilatildeo e os seus incidentes
entre os quais a destituiccedilatildeo do paacutetrio poder e guarda para fins da adoccedilatildeo
Vislumbram-se duas hipoacuteteses em que se adota ou a famiacutelia jaacute convive com a
crianccedila ou adolescente que pretende adotar ou a famiacutelia estaacute a procura de uma crianccedila para
que venha a adotar
Na primeira hipoacutetese devem os interessados ajuizar o pedido de adoccedilatildeo atraveacutes de
advogado ou defensor puacuteblico que formularaacute o pedido diretamente em cartoacuterio atraveacutes de
peticcedilatildeo assinada pelos requerentes quando os pais forem falecidos tiverem sido destituiacutedos
do paacutetrio poder ou houverem aderido expressamente ao pedido os pais bioloacutegicos quando
conhecidos satildeo citados para querendo contestarem o pedido julgando o juiz ao final de
acordo com o interesse superior da crianccedila e do adolescente
Na segunda hipoacutetese os interessados devem requerer sua inscriccedilatildeo no cadastro do
juiacutezo de pessoas interessadas em adotar A partir daiacute instaura-se um procedimento no qual
seratildeo ouvidos pela equipe teacutecnica do juiacutezo (assistentes sociais eou psicoacutelogos) e antes da
decisatildeo que deferir a inscriccedilatildeo o Ministeacuterio Puacuteblico assistiraacute ao pedido de adoccedilatildeo conforme
previsto no artigo 227 sect5ordm da Constituiccedilatildeo Federal e emitiraacute parecer
Em seguida seratildeo incluiacutedos em grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo cujas vagas seratildeo
preenchidas de acordo com a ordem de ajuizamento do pedido de habilitaccedilatildeo respeitados os
criteacuterios estabelecidos
Os grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo possuem duraccedilatildeo prevista de 60 dias e visam
auxiliar os interessados em adotar Habilitados e inscritos no cadastro os interessados
recebem um certificado com validade de 2 anos
Satildeo necessaacuterios os seguintes documentos60
certidatildeo de casamento
atestado de residecircncia
folha de antecedentes criminais
prova de idoneidade fiacutesica e moral
prova de abandono do menor
destituiccedilatildeo do paacutetrio poder
atestado de sanidade fiacutesica
________________ 60 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
A adoccedilatildeo constitui-se por sentenccedila sendo necessaacuterio que 61
a peticcedilatildeo Inicial com os requisitos do artigo 35
se na inicial vier a concordacircncia dos pais do adotando seratildeo ouvidos pelo juiz e pelo
representante do Ministeacuterio Puacuteblico lavrando-se o termo
a autoridade juriacutedica de ofiacutecio ou o requerimento das partes e do Ministeacuterio Puacuteblico
determinaraacute a realizaccedilatildeo de estudo social ou se possiacutevel periacutecia por equipe profissional
decidindo sobre o estaacutegio de convivecircncia
Apresentado o laudo e ouvido o adotando teraacute vistas o Ministeacuterio Puacutebico
apoacutes a manifestaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico no prazo tambeacutem de 5 (cinco) dias o
juiz proferiraacute a sentenccedila
A sentenccedila judicial transitada em julgado seraacute inserida no registro civil mediante mandado do qual natildeo
se forneceraacute certidatildeo O mandado judicial cancelaraacute o registro de nascimento original do menor conforme
o artigo 16 da Lei nordm 601573 E a inscriccedilatildeo no registro constaraacute o nome dos adotantes
como pais e o nome dos seus ascendentes Assim o menor ingressa na famiacutelia do adotante
se desvinculando da famiacutelia natural
24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO
241 Efeitos pessoais
Satildeo alguns efeitos pessoais decorrentes da adoccedilatildeo62
____________________
61 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1996 p 60 62 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 430
rompimento automaacutetico do viacutenculo de parentesco com a famiacutelia de origem salvo os
impedimentos matrimocircniais (artigo 1626)
estabelecimento de verdadeiros laccedilos de parentesco civil entre adotante e adotado
abrangendo a famiacutelia do adotante (artigo 15282ordf parte)
transferecircncia definitiva e de pleno direito do poder familiar para o adotante se o adotante
for menor (artigo 1630 1634 1635 inciso V)
liberdade razoaacutevel em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo do nome do adotado (1627)
possibilidade de promoccedilatildeo da interdiccedilatildeo e inabilitaccedilatildeo do pai ou matildee adotiva pelo
adotado ou vice-versa (artigo 1768)
determinaccedilatildeo do domiacutecilio do adotado menor de idade que adquire o do adotante
242 Efeitos patrimoniais
Satildeo alguns efeitos patrimoniais produzidos pela adoccedilatildeo63
direito do adotante de administraccedilatildeo e ususfruto dos bens do adotado menor (artigo 1689
1691e 1693)
obrigaccedilatildeo do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar (artigo
1634)
dever do adotante de prestar alimentos ao adotado (artigo 1694 1696 e 1697)
direito a indenizaccedilatildeo do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante
responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menor de idade
______________
81 Op cit p 31 p 432
direito sucessoacuterio do adotado visto que se equipara ao filho advindo de parentesco
cosanguineo herdado em concorrecircncia com o cocircnjuge sobrevivente ou convivente do
falecido na qualidade de descendente do autor da heranccedila afastando todos os demais
herdeiros do adotante que natildeo tenham a qualidade de filho (artigo 1829 inciso I e
1790incisos I e II)
reciprocidade nos efeitos sucessoacuterios (artigo 1829 inciso II e 1790 inciso III)
filho adotivo natildeo estaacute compreendido na exceccedilatildeo do Coacutedigo Civil artigo 1790 inciso I
rompimento de testamento se sobrevier filho adotivo (artigo 1973)
direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciaacuterio (artigo 1951 a 1960)
superviniecircncia de filho adotivo pode revogar doaccedilotildees feitas pelo adotante ( artigo 1846 e
1789)
Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso
de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do
oacutebito64
25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO
Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se
obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do
negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do
ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade
____________
64 Op cit p 32 p 435
deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea
A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-
se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico
Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade
anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo
251 Nulidade da adoccedilatildeo
Seraacute nula a adoccedilatildeo que65
em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16
anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619
a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a
mesma pessoa (artigo 1622)
o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)
vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude
252 Anulabilidade da adoccedilatildeo
Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66
a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente
incapaz
ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado
____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435
consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz
vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores
a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado
253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo
Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67
pela falta de consentimento do adotante e adotado
pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou
interdiccedilatildeo civil
pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico
26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO
A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes
motivos68
pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil
Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a
madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave
enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou
neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade
pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil
____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437
Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste
contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a
honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila
pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue
quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva
pela morte do adotante e adotado
27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO
Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a
finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo
avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante
e adotado69
Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute
prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com
facilidade a nova famiacutelia
O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a
ser adotado
Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a
extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo
atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil
____________
69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340
28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das
crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a
prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave
poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato
infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e
ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70
A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual
adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou
tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da
juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil
Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida
familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco
passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado
29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL
A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e
do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da
Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave
crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave
educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave
__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41
convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71
Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada
por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por
procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da
adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda
de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida
pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo
por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72
Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo
de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes
independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos
havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e
qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73
Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos
adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do
bem estar do adotado
210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO
A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser
incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e
educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta
assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria
___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438
Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como
com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo
dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos
pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco
pessoal e social nas ruas das grandes cidades
Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia
importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees
sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia
Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem
por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades
coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e
ceacutelere
Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria
com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e
defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do
proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os
procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados
Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo
atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o
instituto da adoccedilatildeo
A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de
_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em
lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que
querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave
crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico
educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e
na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos
e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o
desenvolvimento da cidadania
Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que
tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria
Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir
211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO
Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75
Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma
simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo
A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais
os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a
situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem
adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda
________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser
proporcionada pelas pessoas sem adotar
Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva
jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os
interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais
vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito
simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses
O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida
cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior
(adoccedilatildeo internacional)
CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees
estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil
Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente
A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida
excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido
por pessoa residente no Paiacutes
A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico
conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei
supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida
sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76
Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo
juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a
decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham
falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm
80699077
Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da
Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da
CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia
____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464
Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por
estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos
interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas
atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os
bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal
intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando
verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em
moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias
maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado
enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees
escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos
especialmente do menorrdquo78
Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante
nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado
tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a
perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e
economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila
passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco
e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79
Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas
___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438
Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil
A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver
medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo
internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda
possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o
seu ingresso em famiacutelia substituta
Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo
internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem
conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas
Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em
seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser
interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores
para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que
visem lucro80
Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas
pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator
determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas
famiacutelias substitutas
32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR
ESTRANGEIROS
A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo
seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e
condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________
80 Op Cit p 44 p 438
parte de estrangeiros
Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida
excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo
acarreta o adotante aacute desistecircncia
Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81
impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo
estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro
residente ou domiciliado fora do paiacutes
comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de
seu paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia
especializada e credenciada no paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido
do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico
juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente
autenticados pela autoridade consular
permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a
consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo
Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e
cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no
miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos
de idade
___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439
podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar
prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista
A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82
lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo
reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante
lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica
Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de
Adoccedilatildeo de Menores de 1984)
33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA
A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua
finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores
Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia
prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse
superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas
__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485
A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo
Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de
garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados
contratantes83
Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a
Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo
Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84
requisitos para a adoccedilatildeo internacional
requisitos processuais
reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo
De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo
em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o
interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras
_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486
CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a
grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo
igualmente a possibilidade da poder adotar
A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade
Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas
aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de
constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a
reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois
assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir
famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86
Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a
uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm
sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo
Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87
____________
86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho
mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49
A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios
E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por
homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se
espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem
homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila
se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais
homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos
tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte
de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo
16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo
se forem marido e mulher
Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89
____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da
uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos
homossexuais
42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA
E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a
situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos
casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo
juriacutedica podem os casais homossexuais adotar
No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo
homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes
da jurisprudecircncia
E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a
regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais
Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata
da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo
tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um
dos parceiros90
Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo
5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a
primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei
____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade
Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca
pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do
bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais
homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve
levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo
decidindo sempre pelo bem-estar do menor91
A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece
Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao
adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo
ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia
familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo
()
sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute
casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros
A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee
Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de
estado civil
______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005
Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92
Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que
homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo
poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante
O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de
adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual
diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro
de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93
______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo
da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum
cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito
Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94
Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais
homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95
Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo
sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel
privar os homossexuais do direito agrave adotar96
E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais
flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de
tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar
seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles
que lhe acolhem97
______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53
No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo
barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao
seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira
da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da
histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a
mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para
atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem
a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua
companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de
crianccedilas devem igualmente poder adotar98
Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no
aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes
de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o
preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99
Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida
pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato
Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo
________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53
CONCLUSAtildeO
A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia
E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto
no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio
Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988
Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade
Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente
A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva
Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros
por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores
Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade
Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a
sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do
Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo
Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e
principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que
pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da
adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e
venda de crianccedilas para o estrangeiro
A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente
estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse
baseado nos artigos 1618 a 1629
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52
Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de
amor carinho e solidariedade
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No artigo 1624 Houve a substituiccedilatildeo do ldquopaacutetrio poderrdquo por ldquopoder familiarrdquo sendo
ainda suprimida a palavra ldquomenor abandonadordquo trazido na legislaccedilatildeo de 1916
Assim dispotildee o artigo citado em que natildeo haacute necessidade do consentimento do
representante legal do menor se provado que se trata de infante exposto ou de menor cujos
pais sejam desconhecidos estejam desaparecidos ou tenham sido destituiacutedos do poder
familiar sem nomeaccedilatildeo de tutor ou de oacuterfatildeo natildeo reclamado por qualquer parente por mais
de um ano
De acordo com o artigo 1625 somente seraacute admitida a adoccedilatildeo que constituir efetivo
benefiacutecio para o adotando sendo matida a mesma redaccedilatildeo
Jaacute no artigo 1626 houve acreacutescimo do paraacutegrafo uacutenico
Dipondo a seguinte redaccedilatildeo o caput a adoccedilatildeo atribui a situaccedilatildeo de filho ao adotado
desligando-o de qualquer viacutenculo com os pais e parentes consanguumliacuteneos salvo quanto aos
impedimentos para o casamento
Paraacutegrafo uacutenico se um dos cocircnjuges ou companheiros adota o filho do outro
mantecircm-se os viacutenculos de filiaccedilatildeo entre o adotado e o cocircnjuge ou companheiro do adotante
e os respectivos parentes
Com relaccedilatildeo ao artigo 1627 permaneceu a mesma redaccedilatildeo com relaccedilatildeo a decisatildeo que
confere ao adotado o sobrenome do adotante podendo determinar a modificaccedilatildeo de seu
prenome se menor a pedido do adotante ou do adotado
No artigo abaixo descrito houve a adequaccedilatildeo ao dispositivo de moda a resguardar o
princiacutepio constitucional da plena igualdade entre filhos bioloacutegicos e adotados
Dispotildee o artigo 1628 que os efeitos da adoccedilatildeo comeccedilam a partir do tracircnsito em
julgado da sentenccedila exceto se o adotante vier a falecer no curso do procedimento caso em
que teraacute forccedila retroativa agrave data do oacutebito As relaccedilotildees de parentesco se estabelecem natildeo soacute
entre o adotante e o adotado como tambeacutem entre aquele e os descendentes deste e entre o
adotado e todos os parentes do adotante
Natildeo houve alteraccedilatildeo na redaccedilatildeo do artigo 1629 apenas tal dispositivo tem o
objetivo de ajustar o Novo Coacutedigo Civil agrave lei superveniente ou seja Estatuto da Crianccedila e
do Adolescente
Dispondo o referido artigo a seguinte redaccedilatildeo a adoccedilatildeo por estrangeiro obedeceraacute
aos casos e condiccedilotildees que forem estabelecidos em lei
Assim pode-se concluir que na falta de norma reguladora para o instituto da adoccedilatildeo
desde que natildeo conflite com o Coacutedigo Civil deveraacute ser aplicado analogicamente o Estatuto da
Crianccedila e do Adolescente
Ainda constata-se que o Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute
maior de 18 anos passando o instituto da adoccedilatildeo a ser irrestrito trazendo importantes
reflexos ao nosso ordenamento juriacutedico paacutetrio no que diz respeito aos direitos da
personalidade e nos direitos sucessoacuterios Enquanto o antigo Coacutedigo Civil Brasileiro de 1916
adotava o sistema da manifestaccedilatildeo de vontade
Atualmente o Coacutedigo Civil vigente e o Estatuto da Crianccedila adotam o sistema da
sentenccedila judicial sendo que o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo para os
menores de 18 anos o que natildeo exime que a adoccedilatildeo de menor de 18 anos seja feita pelo
Coacutedigo Civil58
De acordo com a legislaccedilatildeo civil podemos conceituar a adoccedilatildeo como o ato de
filiaccedilatildeo juriacutedica que pressupotildee de afetividade e natildeo de relaccedilatildeo bioloacutegica passando o
adotado a ser tratado como se fosse filho natural constituiacutedo em benefiacutecio do adotando
_____________ 58 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 irretrataacutevel e perpeacutetuo depois de consumado que cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com
todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo
inexistia naturalmente
De forma simples podemos definir a adoccedilatildeo como modalidade de filiaccedilatildeo civil que
busca imitar a filiaccedilatildeo natural dependente da vontade de adotante e adotado e por via de
sentenccedila judicial
Assim torna-se inafastaacutevel a utilidade do instituto da adoccedilatildeo em relaccedilatildeo ao menor
carente ou em estado de abandono pois eacute de interesse do Estado a inserccedilatildeo desse menor em
um ambiente familiar
Fica claro que o instituto da adoccedilatildeo eacute de caraacuteter humanitaacuterio que tem por um lado o
escopo de proporcionar agravequeles que a quem a natureza negou filhos e por outro lado
constitui a finalidade assistencial de melhorar a condiccedilatildeo moral e material do futuro
adotado
Mas ainda muito haacute de se defender em prol do instituto da adoccedilatildeo no Brasil natildeo soacute
como forma de projeto de cidadania mas tambeacutem como forma de vida digna a aqueles que
natildeo tem um lar principalmente ao que refere aos direitos de adoccedilatildeo internacional e ainda ao
direito de adoccedilatildeo por casais homossexuais
22 REQUISITOS DA ADOCcedilAtildeO
221 Requisitos Formais
Satildeo alguns requisitos formais para a adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil vigente59
efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal
ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)
____________ 59 VENOSASilvio de Salvo Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003p349
efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal
ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)
diferenccedila miacutenima de idade entre o adotante e o adotado (artigo 1619)
consentimento do adotado de seus pais ou de seu representante (artigos 1621 sect 1ordm e
1624)
intervenccedilatildeo judicial na sua criaccedilatildeo pois somente se aperfeiccediloa perante o juiz atraveacutes de
processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico (artigo 1623 paraacutegrafo uacutenico)
irrevogabilidade (artigo 1626 caput)
estaacutegio de convivecircncia (1622 paraacutegrafo uacutenico 1ordfparte)
comprovaccedilatildeo de estabilidade familiar (artigo 1618 paraacutegrafo uacutenico in fine)
23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO
A adoccedilatildeo se daacute atraveacutes de um processo judicial perante o juiz com competecircncia na
aacuterea da infacircncia e juventude que iraacute conhecer dos pedidos da adoccedilatildeo e os seus incidentes
entre os quais a destituiccedilatildeo do paacutetrio poder e guarda para fins da adoccedilatildeo
Vislumbram-se duas hipoacuteteses em que se adota ou a famiacutelia jaacute convive com a
crianccedila ou adolescente que pretende adotar ou a famiacutelia estaacute a procura de uma crianccedila para
que venha a adotar
Na primeira hipoacutetese devem os interessados ajuizar o pedido de adoccedilatildeo atraveacutes de
advogado ou defensor puacuteblico que formularaacute o pedido diretamente em cartoacuterio atraveacutes de
peticcedilatildeo assinada pelos requerentes quando os pais forem falecidos tiverem sido destituiacutedos
do paacutetrio poder ou houverem aderido expressamente ao pedido os pais bioloacutegicos quando
conhecidos satildeo citados para querendo contestarem o pedido julgando o juiz ao final de
acordo com o interesse superior da crianccedila e do adolescente
Na segunda hipoacutetese os interessados devem requerer sua inscriccedilatildeo no cadastro do
juiacutezo de pessoas interessadas em adotar A partir daiacute instaura-se um procedimento no qual
seratildeo ouvidos pela equipe teacutecnica do juiacutezo (assistentes sociais eou psicoacutelogos) e antes da
decisatildeo que deferir a inscriccedilatildeo o Ministeacuterio Puacuteblico assistiraacute ao pedido de adoccedilatildeo conforme
previsto no artigo 227 sect5ordm da Constituiccedilatildeo Federal e emitiraacute parecer
Em seguida seratildeo incluiacutedos em grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo cujas vagas seratildeo
preenchidas de acordo com a ordem de ajuizamento do pedido de habilitaccedilatildeo respeitados os
criteacuterios estabelecidos
Os grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo possuem duraccedilatildeo prevista de 60 dias e visam
auxiliar os interessados em adotar Habilitados e inscritos no cadastro os interessados
recebem um certificado com validade de 2 anos
Satildeo necessaacuterios os seguintes documentos60
certidatildeo de casamento
atestado de residecircncia
folha de antecedentes criminais
prova de idoneidade fiacutesica e moral
prova de abandono do menor
destituiccedilatildeo do paacutetrio poder
atestado de sanidade fiacutesica
________________ 60 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
A adoccedilatildeo constitui-se por sentenccedila sendo necessaacuterio que 61
a peticcedilatildeo Inicial com os requisitos do artigo 35
se na inicial vier a concordacircncia dos pais do adotando seratildeo ouvidos pelo juiz e pelo
representante do Ministeacuterio Puacuteblico lavrando-se o termo
a autoridade juriacutedica de ofiacutecio ou o requerimento das partes e do Ministeacuterio Puacuteblico
determinaraacute a realizaccedilatildeo de estudo social ou se possiacutevel periacutecia por equipe profissional
decidindo sobre o estaacutegio de convivecircncia
Apresentado o laudo e ouvido o adotando teraacute vistas o Ministeacuterio Puacutebico
apoacutes a manifestaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico no prazo tambeacutem de 5 (cinco) dias o
juiz proferiraacute a sentenccedila
A sentenccedila judicial transitada em julgado seraacute inserida no registro civil mediante mandado do qual natildeo
se forneceraacute certidatildeo O mandado judicial cancelaraacute o registro de nascimento original do menor conforme
o artigo 16 da Lei nordm 601573 E a inscriccedilatildeo no registro constaraacute o nome dos adotantes
como pais e o nome dos seus ascendentes Assim o menor ingressa na famiacutelia do adotante
se desvinculando da famiacutelia natural
24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO
241 Efeitos pessoais
Satildeo alguns efeitos pessoais decorrentes da adoccedilatildeo62
____________________
61 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1996 p 60 62 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 430
rompimento automaacutetico do viacutenculo de parentesco com a famiacutelia de origem salvo os
impedimentos matrimocircniais (artigo 1626)
estabelecimento de verdadeiros laccedilos de parentesco civil entre adotante e adotado
abrangendo a famiacutelia do adotante (artigo 15282ordf parte)
transferecircncia definitiva e de pleno direito do poder familiar para o adotante se o adotante
for menor (artigo 1630 1634 1635 inciso V)
liberdade razoaacutevel em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo do nome do adotado (1627)
possibilidade de promoccedilatildeo da interdiccedilatildeo e inabilitaccedilatildeo do pai ou matildee adotiva pelo
adotado ou vice-versa (artigo 1768)
determinaccedilatildeo do domiacutecilio do adotado menor de idade que adquire o do adotante
242 Efeitos patrimoniais
Satildeo alguns efeitos patrimoniais produzidos pela adoccedilatildeo63
direito do adotante de administraccedilatildeo e ususfruto dos bens do adotado menor (artigo 1689
1691e 1693)
obrigaccedilatildeo do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar (artigo
1634)
dever do adotante de prestar alimentos ao adotado (artigo 1694 1696 e 1697)
direito a indenizaccedilatildeo do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante
responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menor de idade
______________
81 Op cit p 31 p 432
direito sucessoacuterio do adotado visto que se equipara ao filho advindo de parentesco
cosanguineo herdado em concorrecircncia com o cocircnjuge sobrevivente ou convivente do
falecido na qualidade de descendente do autor da heranccedila afastando todos os demais
herdeiros do adotante que natildeo tenham a qualidade de filho (artigo 1829 inciso I e
1790incisos I e II)
reciprocidade nos efeitos sucessoacuterios (artigo 1829 inciso II e 1790 inciso III)
filho adotivo natildeo estaacute compreendido na exceccedilatildeo do Coacutedigo Civil artigo 1790 inciso I
rompimento de testamento se sobrevier filho adotivo (artigo 1973)
direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciaacuterio (artigo 1951 a 1960)
superviniecircncia de filho adotivo pode revogar doaccedilotildees feitas pelo adotante ( artigo 1846 e
1789)
Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso
de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do
oacutebito64
25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO
Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se
obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do
negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do
ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade
____________
64 Op cit p 32 p 435
deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea
A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-
se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico
Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade
anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo
251 Nulidade da adoccedilatildeo
Seraacute nula a adoccedilatildeo que65
em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16
anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619
a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a
mesma pessoa (artigo 1622)
o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)
vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude
252 Anulabilidade da adoccedilatildeo
Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66
a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente
incapaz
ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado
____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435
consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz
vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores
a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado
253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo
Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67
pela falta de consentimento do adotante e adotado
pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou
interdiccedilatildeo civil
pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico
26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO
A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes
motivos68
pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil
Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a
madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave
enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou
neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade
pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil
____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437
Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste
contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a
honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila
pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue
quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva
pela morte do adotante e adotado
27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO
Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a
finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo
avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante
e adotado69
Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute
prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com
facilidade a nova famiacutelia
O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a
ser adotado
Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a
extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo
atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil
____________
69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340
28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das
crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a
prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave
poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato
infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e
ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70
A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual
adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou
tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da
juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil
Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida
familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco
passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado
29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL
A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e
do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da
Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave
crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave
educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave
__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41
convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71
Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada
por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por
procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da
adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda
de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida
pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo
por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72
Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo
de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes
independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos
havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e
qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73
Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos
adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do
bem estar do adotado
210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO
A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser
incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e
educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta
assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria
___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438
Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como
com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo
dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos
pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco
pessoal e social nas ruas das grandes cidades
Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia
importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees
sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia
Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem
por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades
coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e
ceacutelere
Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria
com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e
defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do
proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os
procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados
Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo
atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o
instituto da adoccedilatildeo
A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de
_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em
lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que
querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave
crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico
educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e
na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos
e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o
desenvolvimento da cidadania
Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que
tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria
Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir
211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO
Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75
Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma
simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo
A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais
os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a
situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem
adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda
________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser
proporcionada pelas pessoas sem adotar
Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva
jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os
interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais
vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito
simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses
O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida
cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior
(adoccedilatildeo internacional)
CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees
estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil
Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente
A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida
excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido
por pessoa residente no Paiacutes
A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico
conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei
supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida
sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76
Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo
juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a
decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham
falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm
80699077
Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da
Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da
CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia
____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464
Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por
estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos
interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas
atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os
bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal
intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando
verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em
moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias
maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado
enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees
escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos
especialmente do menorrdquo78
Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante
nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado
tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a
perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e
economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila
passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco
e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79
Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas
___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438
Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil
A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver
medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo
internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda
possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o
seu ingresso em famiacutelia substituta
Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo
internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem
conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas
Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em
seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser
interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores
para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que
visem lucro80
Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas
pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator
determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas
famiacutelias substitutas
32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR
ESTRANGEIROS
A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo
seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e
condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________
80 Op Cit p 44 p 438
parte de estrangeiros
Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida
excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo
acarreta o adotante aacute desistecircncia
Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81
impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo
estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro
residente ou domiciliado fora do paiacutes
comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de
seu paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia
especializada e credenciada no paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido
do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico
juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente
autenticados pela autoridade consular
permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a
consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo
Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e
cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no
miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos
de idade
___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439
podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar
prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista
A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82
lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo
reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante
lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica
Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de
Adoccedilatildeo de Menores de 1984)
33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA
A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua
finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores
Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia
prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse
superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas
__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485
A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo
Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de
garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados
contratantes83
Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a
Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo
Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84
requisitos para a adoccedilatildeo internacional
requisitos processuais
reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo
De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo
em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o
interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras
_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486
CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a
grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo
igualmente a possibilidade da poder adotar
A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade
Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas
aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de
constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a
reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois
assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir
famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86
Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a
uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm
sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo
Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87
____________
86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho
mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49
A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios
E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por
homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se
espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem
homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila
se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais
homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos
tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte
de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo
16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo
se forem marido e mulher
Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89
____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da
uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos
homossexuais
42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA
E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a
situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos
casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo
juriacutedica podem os casais homossexuais adotar
No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo
homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes
da jurisprudecircncia
E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a
regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais
Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata
da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo
tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um
dos parceiros90
Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo
5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a
primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei
____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade
Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca
pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do
bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais
homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve
levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo
decidindo sempre pelo bem-estar do menor91
A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece
Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao
adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo
ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia
familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo
()
sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute
casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros
A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee
Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de
estado civil
______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005
Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92
Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que
homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo
poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante
O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de
adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual
diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro
de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93
______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo
da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum
cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito
Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94
Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais
homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95
Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo
sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel
privar os homossexuais do direito agrave adotar96
E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais
flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de
tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar
seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles
que lhe acolhem97
______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53
No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo
barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao
seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira
da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da
histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a
mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para
atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem
a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua
companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de
crianccedilas devem igualmente poder adotar98
Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no
aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes
de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o
preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99
Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida
pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato
Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo
________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53
CONCLUSAtildeO
A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia
E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto
no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio
Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988
Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade
Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente
A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva
Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros
por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores
Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade
Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a
sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do
Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo
Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e
principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que
pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da
adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e
venda de crianccedilas para o estrangeiro
A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente
estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse
baseado nos artigos 1618 a 1629
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52
Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de
amor carinho e solidariedade
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Dispotildee o artigo 1628 que os efeitos da adoccedilatildeo comeccedilam a partir do tracircnsito em
julgado da sentenccedila exceto se o adotante vier a falecer no curso do procedimento caso em
que teraacute forccedila retroativa agrave data do oacutebito As relaccedilotildees de parentesco se estabelecem natildeo soacute
entre o adotante e o adotado como tambeacutem entre aquele e os descendentes deste e entre o
adotado e todos os parentes do adotante
Natildeo houve alteraccedilatildeo na redaccedilatildeo do artigo 1629 apenas tal dispositivo tem o
objetivo de ajustar o Novo Coacutedigo Civil agrave lei superveniente ou seja Estatuto da Crianccedila e
do Adolescente
Dispondo o referido artigo a seguinte redaccedilatildeo a adoccedilatildeo por estrangeiro obedeceraacute
aos casos e condiccedilotildees que forem estabelecidos em lei
Assim pode-se concluir que na falta de norma reguladora para o instituto da adoccedilatildeo
desde que natildeo conflite com o Coacutedigo Civil deveraacute ser aplicado analogicamente o Estatuto da
Crianccedila e do Adolescente
Ainda constata-se que o Coacutedigo Civil vigente aplica-se em regra quando o adotado eacute
maior de 18 anos passando o instituto da adoccedilatildeo a ser irrestrito trazendo importantes
reflexos ao nosso ordenamento juriacutedico paacutetrio no que diz respeito aos direitos da
personalidade e nos direitos sucessoacuterios Enquanto o antigo Coacutedigo Civil Brasileiro de 1916
adotava o sistema da manifestaccedilatildeo de vontade
Atualmente o Coacutedigo Civil vigente e o Estatuto da Crianccedila adotam o sistema da
sentenccedila judicial sendo que o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo para os
menores de 18 anos o que natildeo exime que a adoccedilatildeo de menor de 18 anos seja feita pelo
Coacutedigo Civil58
De acordo com a legislaccedilatildeo civil podemos conceituar a adoccedilatildeo como o ato de
filiaccedilatildeo juriacutedica que pressupotildee de afetividade e natildeo de relaccedilatildeo bioloacutegica passando o
adotado a ser tratado como se fosse filho natural constituiacutedo em benefiacutecio do adotando
_____________ 58 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 irretrataacutevel e perpeacutetuo depois de consumado que cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com
todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo
inexistia naturalmente
De forma simples podemos definir a adoccedilatildeo como modalidade de filiaccedilatildeo civil que
busca imitar a filiaccedilatildeo natural dependente da vontade de adotante e adotado e por via de
sentenccedila judicial
Assim torna-se inafastaacutevel a utilidade do instituto da adoccedilatildeo em relaccedilatildeo ao menor
carente ou em estado de abandono pois eacute de interesse do Estado a inserccedilatildeo desse menor em
um ambiente familiar
Fica claro que o instituto da adoccedilatildeo eacute de caraacuteter humanitaacuterio que tem por um lado o
escopo de proporcionar agravequeles que a quem a natureza negou filhos e por outro lado
constitui a finalidade assistencial de melhorar a condiccedilatildeo moral e material do futuro
adotado
Mas ainda muito haacute de se defender em prol do instituto da adoccedilatildeo no Brasil natildeo soacute
como forma de projeto de cidadania mas tambeacutem como forma de vida digna a aqueles que
natildeo tem um lar principalmente ao que refere aos direitos de adoccedilatildeo internacional e ainda ao
direito de adoccedilatildeo por casais homossexuais
22 REQUISITOS DA ADOCcedilAtildeO
221 Requisitos Formais
Satildeo alguns requisitos formais para a adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil vigente59
efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal
ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)
____________ 59 VENOSASilvio de Salvo Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003p349
efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal
ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)
diferenccedila miacutenima de idade entre o adotante e o adotado (artigo 1619)
consentimento do adotado de seus pais ou de seu representante (artigos 1621 sect 1ordm e
1624)
intervenccedilatildeo judicial na sua criaccedilatildeo pois somente se aperfeiccediloa perante o juiz atraveacutes de
processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico (artigo 1623 paraacutegrafo uacutenico)
irrevogabilidade (artigo 1626 caput)
estaacutegio de convivecircncia (1622 paraacutegrafo uacutenico 1ordfparte)
comprovaccedilatildeo de estabilidade familiar (artigo 1618 paraacutegrafo uacutenico in fine)
23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO
A adoccedilatildeo se daacute atraveacutes de um processo judicial perante o juiz com competecircncia na
aacuterea da infacircncia e juventude que iraacute conhecer dos pedidos da adoccedilatildeo e os seus incidentes
entre os quais a destituiccedilatildeo do paacutetrio poder e guarda para fins da adoccedilatildeo
Vislumbram-se duas hipoacuteteses em que se adota ou a famiacutelia jaacute convive com a
crianccedila ou adolescente que pretende adotar ou a famiacutelia estaacute a procura de uma crianccedila para
que venha a adotar
Na primeira hipoacutetese devem os interessados ajuizar o pedido de adoccedilatildeo atraveacutes de
advogado ou defensor puacuteblico que formularaacute o pedido diretamente em cartoacuterio atraveacutes de
peticcedilatildeo assinada pelos requerentes quando os pais forem falecidos tiverem sido destituiacutedos
do paacutetrio poder ou houverem aderido expressamente ao pedido os pais bioloacutegicos quando
conhecidos satildeo citados para querendo contestarem o pedido julgando o juiz ao final de
acordo com o interesse superior da crianccedila e do adolescente
Na segunda hipoacutetese os interessados devem requerer sua inscriccedilatildeo no cadastro do
juiacutezo de pessoas interessadas em adotar A partir daiacute instaura-se um procedimento no qual
seratildeo ouvidos pela equipe teacutecnica do juiacutezo (assistentes sociais eou psicoacutelogos) e antes da
decisatildeo que deferir a inscriccedilatildeo o Ministeacuterio Puacuteblico assistiraacute ao pedido de adoccedilatildeo conforme
previsto no artigo 227 sect5ordm da Constituiccedilatildeo Federal e emitiraacute parecer
Em seguida seratildeo incluiacutedos em grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo cujas vagas seratildeo
preenchidas de acordo com a ordem de ajuizamento do pedido de habilitaccedilatildeo respeitados os
criteacuterios estabelecidos
Os grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo possuem duraccedilatildeo prevista de 60 dias e visam
auxiliar os interessados em adotar Habilitados e inscritos no cadastro os interessados
recebem um certificado com validade de 2 anos
Satildeo necessaacuterios os seguintes documentos60
certidatildeo de casamento
atestado de residecircncia
folha de antecedentes criminais
prova de idoneidade fiacutesica e moral
prova de abandono do menor
destituiccedilatildeo do paacutetrio poder
atestado de sanidade fiacutesica
________________ 60 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
A adoccedilatildeo constitui-se por sentenccedila sendo necessaacuterio que 61
a peticcedilatildeo Inicial com os requisitos do artigo 35
se na inicial vier a concordacircncia dos pais do adotando seratildeo ouvidos pelo juiz e pelo
representante do Ministeacuterio Puacuteblico lavrando-se o termo
a autoridade juriacutedica de ofiacutecio ou o requerimento das partes e do Ministeacuterio Puacuteblico
determinaraacute a realizaccedilatildeo de estudo social ou se possiacutevel periacutecia por equipe profissional
decidindo sobre o estaacutegio de convivecircncia
Apresentado o laudo e ouvido o adotando teraacute vistas o Ministeacuterio Puacutebico
apoacutes a manifestaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico no prazo tambeacutem de 5 (cinco) dias o
juiz proferiraacute a sentenccedila
A sentenccedila judicial transitada em julgado seraacute inserida no registro civil mediante mandado do qual natildeo
se forneceraacute certidatildeo O mandado judicial cancelaraacute o registro de nascimento original do menor conforme
o artigo 16 da Lei nordm 601573 E a inscriccedilatildeo no registro constaraacute o nome dos adotantes
como pais e o nome dos seus ascendentes Assim o menor ingressa na famiacutelia do adotante
se desvinculando da famiacutelia natural
24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO
241 Efeitos pessoais
Satildeo alguns efeitos pessoais decorrentes da adoccedilatildeo62
____________________
61 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1996 p 60 62 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 430
rompimento automaacutetico do viacutenculo de parentesco com a famiacutelia de origem salvo os
impedimentos matrimocircniais (artigo 1626)
estabelecimento de verdadeiros laccedilos de parentesco civil entre adotante e adotado
abrangendo a famiacutelia do adotante (artigo 15282ordf parte)
transferecircncia definitiva e de pleno direito do poder familiar para o adotante se o adotante
for menor (artigo 1630 1634 1635 inciso V)
liberdade razoaacutevel em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo do nome do adotado (1627)
possibilidade de promoccedilatildeo da interdiccedilatildeo e inabilitaccedilatildeo do pai ou matildee adotiva pelo
adotado ou vice-versa (artigo 1768)
determinaccedilatildeo do domiacutecilio do adotado menor de idade que adquire o do adotante
242 Efeitos patrimoniais
Satildeo alguns efeitos patrimoniais produzidos pela adoccedilatildeo63
direito do adotante de administraccedilatildeo e ususfruto dos bens do adotado menor (artigo 1689
1691e 1693)
obrigaccedilatildeo do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar (artigo
1634)
dever do adotante de prestar alimentos ao adotado (artigo 1694 1696 e 1697)
direito a indenizaccedilatildeo do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante
responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menor de idade
______________
81 Op cit p 31 p 432
direito sucessoacuterio do adotado visto que se equipara ao filho advindo de parentesco
cosanguineo herdado em concorrecircncia com o cocircnjuge sobrevivente ou convivente do
falecido na qualidade de descendente do autor da heranccedila afastando todos os demais
herdeiros do adotante que natildeo tenham a qualidade de filho (artigo 1829 inciso I e
1790incisos I e II)
reciprocidade nos efeitos sucessoacuterios (artigo 1829 inciso II e 1790 inciso III)
filho adotivo natildeo estaacute compreendido na exceccedilatildeo do Coacutedigo Civil artigo 1790 inciso I
rompimento de testamento se sobrevier filho adotivo (artigo 1973)
direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciaacuterio (artigo 1951 a 1960)
superviniecircncia de filho adotivo pode revogar doaccedilotildees feitas pelo adotante ( artigo 1846 e
1789)
Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso
de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do
oacutebito64
25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO
Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se
obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do
negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do
ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade
____________
64 Op cit p 32 p 435
deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea
A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-
se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico
Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade
anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo
251 Nulidade da adoccedilatildeo
Seraacute nula a adoccedilatildeo que65
em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16
anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619
a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a
mesma pessoa (artigo 1622)
o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)
vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude
252 Anulabilidade da adoccedilatildeo
Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66
a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente
incapaz
ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado
____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435
consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz
vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores
a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado
253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo
Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67
pela falta de consentimento do adotante e adotado
pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou
interdiccedilatildeo civil
pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico
26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO
A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes
motivos68
pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil
Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a
madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave
enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou
neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade
pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil
____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437
Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste
contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a
honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila
pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue
quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva
pela morte do adotante e adotado
27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO
Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a
finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo
avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante
e adotado69
Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute
prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com
facilidade a nova famiacutelia
O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a
ser adotado
Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a
extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo
atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil
____________
69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340
28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das
crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a
prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave
poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato
infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e
ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70
A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual
adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou
tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da
juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil
Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida
familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco
passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado
29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL
A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e
do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da
Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave
crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave
educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave
__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41
convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71
Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada
por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por
procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da
adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda
de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida
pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo
por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72
Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo
de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes
independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos
havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e
qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73
Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos
adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do
bem estar do adotado
210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO
A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser
incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e
educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta
assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria
___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438
Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como
com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo
dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos
pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco
pessoal e social nas ruas das grandes cidades
Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia
importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees
sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia
Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem
por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades
coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e
ceacutelere
Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria
com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e
defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do
proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os
procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados
Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo
atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o
instituto da adoccedilatildeo
A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de
_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em
lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que
querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave
crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico
educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e
na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos
e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o
desenvolvimento da cidadania
Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que
tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria
Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir
211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO
Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75
Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma
simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo
A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais
os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a
situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem
adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda
________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser
proporcionada pelas pessoas sem adotar
Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva
jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os
interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais
vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito
simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses
O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida
cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior
(adoccedilatildeo internacional)
CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees
estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil
Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente
A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida
excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido
por pessoa residente no Paiacutes
A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico
conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei
supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida
sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76
Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo
juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a
decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham
falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm
80699077
Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da
Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da
CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia
____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464
Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por
estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos
interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas
atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os
bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal
intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando
verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em
moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias
maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado
enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees
escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos
especialmente do menorrdquo78
Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante
nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado
tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a
perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e
economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila
passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco
e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79
Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas
___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438
Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil
A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver
medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo
internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda
possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o
seu ingresso em famiacutelia substituta
Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo
internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem
conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas
Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em
seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser
interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores
para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que
visem lucro80
Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas
pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator
determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas
famiacutelias substitutas
32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR
ESTRANGEIROS
A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo
seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e
condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________
80 Op Cit p 44 p 438
parte de estrangeiros
Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida
excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo
acarreta o adotante aacute desistecircncia
Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81
impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo
estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro
residente ou domiciliado fora do paiacutes
comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de
seu paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia
especializada e credenciada no paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido
do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico
juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente
autenticados pela autoridade consular
permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a
consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo
Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e
cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no
miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos
de idade
___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439
podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar
prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista
A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82
lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo
reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante
lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica
Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de
Adoccedilatildeo de Menores de 1984)
33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA
A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua
finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores
Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia
prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse
superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas
__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485
A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo
Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de
garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados
contratantes83
Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a
Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo
Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84
requisitos para a adoccedilatildeo internacional
requisitos processuais
reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo
De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo
em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o
interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras
_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486
CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a
grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo
igualmente a possibilidade da poder adotar
A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade
Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas
aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de
constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a
reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois
assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir
famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86
Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a
uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm
sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo
Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87
____________
86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho
mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49
A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios
E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por
homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se
espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem
homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila
se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais
homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos
tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte
de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo
16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo
se forem marido e mulher
Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89
____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da
uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos
homossexuais
42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA
E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a
situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos
casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo
juriacutedica podem os casais homossexuais adotar
No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo
homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes
da jurisprudecircncia
E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a
regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais
Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata
da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo
tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um
dos parceiros90
Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo
5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a
primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei
____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade
Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca
pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do
bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais
homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve
levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo
decidindo sempre pelo bem-estar do menor91
A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece
Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao
adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo
ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia
familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo
()
sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute
casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros
A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee
Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de
estado civil
______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005
Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92
Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que
homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo
poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante
O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de
adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual
diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro
de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93
______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo
da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum
cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito
Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94
Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais
homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95
Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo
sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel
privar os homossexuais do direito agrave adotar96
E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais
flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de
tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar
seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles
que lhe acolhem97
______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53
No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo
barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao
seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira
da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da
histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a
mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para
atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem
a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua
companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de
crianccedilas devem igualmente poder adotar98
Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no
aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes
de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o
preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99
Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida
pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato
Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo
________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53
CONCLUSAtildeO
A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia
E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto
no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio
Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988
Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade
Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente
A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva
Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros
por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores
Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade
Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a
sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do
Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo
Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e
principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que
pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da
adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e
venda de crianccedilas para o estrangeiro
A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente
estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse
baseado nos artigos 1618 a 1629
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52
Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de
amor carinho e solidariedade
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De acordo com a legislaccedilatildeo civil podemos conceituar a adoccedilatildeo como o ato de
filiaccedilatildeo juriacutedica que pressupotildee de afetividade e natildeo de relaccedilatildeo bioloacutegica passando o
adotado a ser tratado como se fosse filho natural constituiacutedo em benefiacutecio do adotando
_____________ 58 DINIZ Maria HelenaSatildeo Paulo Saraiva 2002 p 424 irretrataacutevel e perpeacutetuo depois de consumado que cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo com
todos os direitos e obrigaccedilotildees daiacute decorrentes entre pessoas para as quais tal relaccedilatildeo
inexistia naturalmente
De forma simples podemos definir a adoccedilatildeo como modalidade de filiaccedilatildeo civil que
busca imitar a filiaccedilatildeo natural dependente da vontade de adotante e adotado e por via de
sentenccedila judicial
Assim torna-se inafastaacutevel a utilidade do instituto da adoccedilatildeo em relaccedilatildeo ao menor
carente ou em estado de abandono pois eacute de interesse do Estado a inserccedilatildeo desse menor em
um ambiente familiar
Fica claro que o instituto da adoccedilatildeo eacute de caraacuteter humanitaacuterio que tem por um lado o
escopo de proporcionar agravequeles que a quem a natureza negou filhos e por outro lado
constitui a finalidade assistencial de melhorar a condiccedilatildeo moral e material do futuro
adotado
Mas ainda muito haacute de se defender em prol do instituto da adoccedilatildeo no Brasil natildeo soacute
como forma de projeto de cidadania mas tambeacutem como forma de vida digna a aqueles que
natildeo tem um lar principalmente ao que refere aos direitos de adoccedilatildeo internacional e ainda ao
direito de adoccedilatildeo por casais homossexuais
22 REQUISITOS DA ADOCcedilAtildeO
221 Requisitos Formais
Satildeo alguns requisitos formais para a adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil vigente59
efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal
ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)
____________ 59 VENOSASilvio de Salvo Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003p349
efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal
ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)
diferenccedila miacutenima de idade entre o adotante e o adotado (artigo 1619)
consentimento do adotado de seus pais ou de seu representante (artigos 1621 sect 1ordm e
1624)
intervenccedilatildeo judicial na sua criaccedilatildeo pois somente se aperfeiccediloa perante o juiz atraveacutes de
processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico (artigo 1623 paraacutegrafo uacutenico)
irrevogabilidade (artigo 1626 caput)
estaacutegio de convivecircncia (1622 paraacutegrafo uacutenico 1ordfparte)
comprovaccedilatildeo de estabilidade familiar (artigo 1618 paraacutegrafo uacutenico in fine)
23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO
A adoccedilatildeo se daacute atraveacutes de um processo judicial perante o juiz com competecircncia na
aacuterea da infacircncia e juventude que iraacute conhecer dos pedidos da adoccedilatildeo e os seus incidentes
entre os quais a destituiccedilatildeo do paacutetrio poder e guarda para fins da adoccedilatildeo
Vislumbram-se duas hipoacuteteses em que se adota ou a famiacutelia jaacute convive com a
crianccedila ou adolescente que pretende adotar ou a famiacutelia estaacute a procura de uma crianccedila para
que venha a adotar
Na primeira hipoacutetese devem os interessados ajuizar o pedido de adoccedilatildeo atraveacutes de
advogado ou defensor puacuteblico que formularaacute o pedido diretamente em cartoacuterio atraveacutes de
peticcedilatildeo assinada pelos requerentes quando os pais forem falecidos tiverem sido destituiacutedos
do paacutetrio poder ou houverem aderido expressamente ao pedido os pais bioloacutegicos quando
conhecidos satildeo citados para querendo contestarem o pedido julgando o juiz ao final de
acordo com o interesse superior da crianccedila e do adolescente
Na segunda hipoacutetese os interessados devem requerer sua inscriccedilatildeo no cadastro do
juiacutezo de pessoas interessadas em adotar A partir daiacute instaura-se um procedimento no qual
seratildeo ouvidos pela equipe teacutecnica do juiacutezo (assistentes sociais eou psicoacutelogos) e antes da
decisatildeo que deferir a inscriccedilatildeo o Ministeacuterio Puacuteblico assistiraacute ao pedido de adoccedilatildeo conforme
previsto no artigo 227 sect5ordm da Constituiccedilatildeo Federal e emitiraacute parecer
Em seguida seratildeo incluiacutedos em grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo cujas vagas seratildeo
preenchidas de acordo com a ordem de ajuizamento do pedido de habilitaccedilatildeo respeitados os
criteacuterios estabelecidos
Os grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo possuem duraccedilatildeo prevista de 60 dias e visam
auxiliar os interessados em adotar Habilitados e inscritos no cadastro os interessados
recebem um certificado com validade de 2 anos
Satildeo necessaacuterios os seguintes documentos60
certidatildeo de casamento
atestado de residecircncia
folha de antecedentes criminais
prova de idoneidade fiacutesica e moral
prova de abandono do menor
destituiccedilatildeo do paacutetrio poder
atestado de sanidade fiacutesica
________________ 60 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
A adoccedilatildeo constitui-se por sentenccedila sendo necessaacuterio que 61
a peticcedilatildeo Inicial com os requisitos do artigo 35
se na inicial vier a concordacircncia dos pais do adotando seratildeo ouvidos pelo juiz e pelo
representante do Ministeacuterio Puacuteblico lavrando-se o termo
a autoridade juriacutedica de ofiacutecio ou o requerimento das partes e do Ministeacuterio Puacuteblico
determinaraacute a realizaccedilatildeo de estudo social ou se possiacutevel periacutecia por equipe profissional
decidindo sobre o estaacutegio de convivecircncia
Apresentado o laudo e ouvido o adotando teraacute vistas o Ministeacuterio Puacutebico
apoacutes a manifestaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico no prazo tambeacutem de 5 (cinco) dias o
juiz proferiraacute a sentenccedila
A sentenccedila judicial transitada em julgado seraacute inserida no registro civil mediante mandado do qual natildeo
se forneceraacute certidatildeo O mandado judicial cancelaraacute o registro de nascimento original do menor conforme
o artigo 16 da Lei nordm 601573 E a inscriccedilatildeo no registro constaraacute o nome dos adotantes
como pais e o nome dos seus ascendentes Assim o menor ingressa na famiacutelia do adotante
se desvinculando da famiacutelia natural
24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO
241 Efeitos pessoais
Satildeo alguns efeitos pessoais decorrentes da adoccedilatildeo62
____________________
61 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1996 p 60 62 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 430
rompimento automaacutetico do viacutenculo de parentesco com a famiacutelia de origem salvo os
impedimentos matrimocircniais (artigo 1626)
estabelecimento de verdadeiros laccedilos de parentesco civil entre adotante e adotado
abrangendo a famiacutelia do adotante (artigo 15282ordf parte)
transferecircncia definitiva e de pleno direito do poder familiar para o adotante se o adotante
for menor (artigo 1630 1634 1635 inciso V)
liberdade razoaacutevel em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo do nome do adotado (1627)
possibilidade de promoccedilatildeo da interdiccedilatildeo e inabilitaccedilatildeo do pai ou matildee adotiva pelo
adotado ou vice-versa (artigo 1768)
determinaccedilatildeo do domiacutecilio do adotado menor de idade que adquire o do adotante
242 Efeitos patrimoniais
Satildeo alguns efeitos patrimoniais produzidos pela adoccedilatildeo63
direito do adotante de administraccedilatildeo e ususfruto dos bens do adotado menor (artigo 1689
1691e 1693)
obrigaccedilatildeo do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar (artigo
1634)
dever do adotante de prestar alimentos ao adotado (artigo 1694 1696 e 1697)
direito a indenizaccedilatildeo do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante
responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menor de idade
______________
81 Op cit p 31 p 432
direito sucessoacuterio do adotado visto que se equipara ao filho advindo de parentesco
cosanguineo herdado em concorrecircncia com o cocircnjuge sobrevivente ou convivente do
falecido na qualidade de descendente do autor da heranccedila afastando todos os demais
herdeiros do adotante que natildeo tenham a qualidade de filho (artigo 1829 inciso I e
1790incisos I e II)
reciprocidade nos efeitos sucessoacuterios (artigo 1829 inciso II e 1790 inciso III)
filho adotivo natildeo estaacute compreendido na exceccedilatildeo do Coacutedigo Civil artigo 1790 inciso I
rompimento de testamento se sobrevier filho adotivo (artigo 1973)
direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciaacuterio (artigo 1951 a 1960)
superviniecircncia de filho adotivo pode revogar doaccedilotildees feitas pelo adotante ( artigo 1846 e
1789)
Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso
de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do
oacutebito64
25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO
Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se
obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do
negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do
ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade
____________
64 Op cit p 32 p 435
deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea
A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-
se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico
Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade
anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo
251 Nulidade da adoccedilatildeo
Seraacute nula a adoccedilatildeo que65
em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16
anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619
a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a
mesma pessoa (artigo 1622)
o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)
vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude
252 Anulabilidade da adoccedilatildeo
Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66
a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente
incapaz
ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado
____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435
consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz
vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores
a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado
253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo
Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67
pela falta de consentimento do adotante e adotado
pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou
interdiccedilatildeo civil
pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico
26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO
A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes
motivos68
pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil
Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a
madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave
enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou
neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade
pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil
____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437
Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste
contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a
honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila
pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue
quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva
pela morte do adotante e adotado
27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO
Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a
finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo
avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante
e adotado69
Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute
prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com
facilidade a nova famiacutelia
O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a
ser adotado
Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a
extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo
atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil
____________
69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340
28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das
crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a
prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave
poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato
infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e
ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70
A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual
adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou
tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da
juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil
Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida
familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco
passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado
29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL
A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e
do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da
Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave
crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave
educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave
__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41
convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71
Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada
por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por
procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da
adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda
de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida
pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo
por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72
Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo
de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes
independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos
havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e
qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73
Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos
adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do
bem estar do adotado
210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO
A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser
incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e
educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta
assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria
___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438
Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como
com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo
dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos
pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco
pessoal e social nas ruas das grandes cidades
Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia
importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees
sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia
Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem
por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades
coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e
ceacutelere
Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria
com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e
defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do
proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os
procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados
Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo
atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o
instituto da adoccedilatildeo
A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de
_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em
lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que
querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave
crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico
educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e
na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos
e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o
desenvolvimento da cidadania
Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que
tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria
Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir
211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO
Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75
Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma
simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo
A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais
os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a
situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem
adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda
________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser
proporcionada pelas pessoas sem adotar
Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva
jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os
interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais
vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito
simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses
O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida
cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior
(adoccedilatildeo internacional)
CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees
estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil
Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente
A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida
excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido
por pessoa residente no Paiacutes
A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico
conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei
supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida
sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76
Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo
juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a
decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham
falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm
80699077
Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da
Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da
CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia
____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464
Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por
estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos
interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas
atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os
bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal
intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando
verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em
moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias
maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado
enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees
escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos
especialmente do menorrdquo78
Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante
nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado
tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a
perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e
economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila
passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco
e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79
Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas
___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438
Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil
A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver
medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo
internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda
possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o
seu ingresso em famiacutelia substituta
Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo
internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem
conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas
Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em
seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser
interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores
para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que
visem lucro80
Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas
pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator
determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas
famiacutelias substitutas
32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR
ESTRANGEIROS
A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo
seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e
condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________
80 Op Cit p 44 p 438
parte de estrangeiros
Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida
excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo
acarreta o adotante aacute desistecircncia
Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81
impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo
estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro
residente ou domiciliado fora do paiacutes
comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de
seu paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia
especializada e credenciada no paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido
do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico
juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente
autenticados pela autoridade consular
permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a
consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo
Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e
cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no
miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos
de idade
___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439
podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar
prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista
A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82
lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo
reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante
lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica
Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de
Adoccedilatildeo de Menores de 1984)
33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA
A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua
finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores
Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia
prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse
superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas
__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485
A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo
Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de
garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados
contratantes83
Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a
Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo
Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84
requisitos para a adoccedilatildeo internacional
requisitos processuais
reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo
De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo
em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o
interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras
_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486
CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a
grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo
igualmente a possibilidade da poder adotar
A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade
Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas
aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de
constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a
reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois
assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir
famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86
Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a
uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm
sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo
Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87
____________
86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho
mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49
A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios
E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por
homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se
espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem
homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila
se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais
homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos
tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte
de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo
16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo
se forem marido e mulher
Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89
____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da
uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos
homossexuais
42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA
E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a
situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos
casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo
juriacutedica podem os casais homossexuais adotar
No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo
homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes
da jurisprudecircncia
E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a
regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais
Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata
da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo
tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um
dos parceiros90
Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo
5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a
primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei
____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade
Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca
pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do
bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais
homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve
levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo
decidindo sempre pelo bem-estar do menor91
A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece
Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao
adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo
ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia
familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo
()
sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute
casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros
A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee
Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de
estado civil
______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005
Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92
Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que
homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo
poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante
O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de
adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual
diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro
de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93
______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo
da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum
cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito
Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94
Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais
homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95
Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo
sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel
privar os homossexuais do direito agrave adotar96
E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais
flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de
tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar
seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles
que lhe acolhem97
______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53
No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo
barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao
seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira
da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da
histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a
mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para
atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem
a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua
companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de
crianccedilas devem igualmente poder adotar98
Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no
aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes
de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o
preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99
Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida
pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato
Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo
________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53
CONCLUSAtildeO
A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia
E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto
no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio
Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988
Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade
Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente
A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva
Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros
por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores
Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade
Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a
sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do
Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo
Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e
principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que
pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da
adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e
venda de crianccedilas para o estrangeiro
A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente
estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse
baseado nos artigos 1618 a 1629
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52
Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de
amor carinho e solidariedade
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 6023 informaccedilatildeo e
documentaccedilatildeo referecircncias ndash elaboraccedilatildeo Rio de Janeiro 2002
______ NBR 10520 informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo apresentaccedilatildeo de citaccedilotildees em
documentos Rio de Janeiro 2002
______ NBR 14724 informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo trabalhos acadecircmicos ndash apresentaccedilatildeo
Rio de Janeiro 2002
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GASPAR Walter Direito de Famiacutelia Rio de Janeiro 1996 p 211-225
GOMES Orlando Direito de famiacutelia Atualizaccedilatildeo de Humberto Theodoro Juacutenior 12 ed
rev e atual Rio de Janeiro Forense 2000 p 380-387
KAUSS Omar Gama Bem Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do
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OLIVEIRA J M Leoni Lopes de Guarda Tutela e Adoccedilatildeo 5 ed Rio de Janeiro Luacutemen
Iuris 2002 p 147-193
PEREIRA Caio Mario da Silva Instituiccedilotildees de Direito Civil ndash V 11 ed Rio de Janeiro
Forense 2000 p 171-185
SCINICK Valdir Adoccedilatildeo 3 ed Satildeo Paulo Leud1999 p 19-519
SIQUEIRA Liboacuterni Adoccedilatildeo Doutrina e Jurisprudecircncia 10 ed Rio de Janeiro Folha
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VENOSA Siacutelvio de Salvo DireitoCivil VI ndashDireito de Famiacutelia 3 ed Satildeo Paulo Atlas
2003 p 315-351
_______ Direito Civil V ndash Direito de Famiacutelia V ed Satildeo Paulo Atlas 2001p 257-283
WALD Arnald O Novo Direito de Famiacutelia 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2002 p217-225
221 Requisitos Formais
Satildeo alguns requisitos formais para a adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil vigente59
efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal
ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)
____________ 59 VENOSASilvio de Salvo Direito Civil Satildeo Paulo Atlas 2003p349
efetivaccedilatildeo por pessoa maior de 18 anos independente do estado civil ou por casal
ligados por matrimocircnio ou por uniatildeo estaacutevel (artigo 1618)
diferenccedila miacutenima de idade entre o adotante e o adotado (artigo 1619)
consentimento do adotado de seus pais ou de seu representante (artigos 1621 sect 1ordm e
1624)
intervenccedilatildeo judicial na sua criaccedilatildeo pois somente se aperfeiccediloa perante o juiz atraveacutes de
processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico (artigo 1623 paraacutegrafo uacutenico)
irrevogabilidade (artigo 1626 caput)
estaacutegio de convivecircncia (1622 paraacutegrafo uacutenico 1ordfparte)
comprovaccedilatildeo de estabilidade familiar (artigo 1618 paraacutegrafo uacutenico in fine)
23 PROCEDIMENTOS DA ADOCcedilAtildeO
A adoccedilatildeo se daacute atraveacutes de um processo judicial perante o juiz com competecircncia na
aacuterea da infacircncia e juventude que iraacute conhecer dos pedidos da adoccedilatildeo e os seus incidentes
entre os quais a destituiccedilatildeo do paacutetrio poder e guarda para fins da adoccedilatildeo
Vislumbram-se duas hipoacuteteses em que se adota ou a famiacutelia jaacute convive com a
crianccedila ou adolescente que pretende adotar ou a famiacutelia estaacute a procura de uma crianccedila para
que venha a adotar
Na primeira hipoacutetese devem os interessados ajuizar o pedido de adoccedilatildeo atraveacutes de
advogado ou defensor puacuteblico que formularaacute o pedido diretamente em cartoacuterio atraveacutes de
peticcedilatildeo assinada pelos requerentes quando os pais forem falecidos tiverem sido destituiacutedos
do paacutetrio poder ou houverem aderido expressamente ao pedido os pais bioloacutegicos quando
conhecidos satildeo citados para querendo contestarem o pedido julgando o juiz ao final de
acordo com o interesse superior da crianccedila e do adolescente
Na segunda hipoacutetese os interessados devem requerer sua inscriccedilatildeo no cadastro do
juiacutezo de pessoas interessadas em adotar A partir daiacute instaura-se um procedimento no qual
seratildeo ouvidos pela equipe teacutecnica do juiacutezo (assistentes sociais eou psicoacutelogos) e antes da
decisatildeo que deferir a inscriccedilatildeo o Ministeacuterio Puacuteblico assistiraacute ao pedido de adoccedilatildeo conforme
previsto no artigo 227 sect5ordm da Constituiccedilatildeo Federal e emitiraacute parecer
Em seguida seratildeo incluiacutedos em grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo cujas vagas seratildeo
preenchidas de acordo com a ordem de ajuizamento do pedido de habilitaccedilatildeo respeitados os
criteacuterios estabelecidos
Os grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo possuem duraccedilatildeo prevista de 60 dias e visam
auxiliar os interessados em adotar Habilitados e inscritos no cadastro os interessados
recebem um certificado com validade de 2 anos
Satildeo necessaacuterios os seguintes documentos60
certidatildeo de casamento
atestado de residecircncia
folha de antecedentes criminais
prova de idoneidade fiacutesica e moral
prova de abandono do menor
destituiccedilatildeo do paacutetrio poder
atestado de sanidade fiacutesica
________________ 60 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
A adoccedilatildeo constitui-se por sentenccedila sendo necessaacuterio que 61
a peticcedilatildeo Inicial com os requisitos do artigo 35
se na inicial vier a concordacircncia dos pais do adotando seratildeo ouvidos pelo juiz e pelo
representante do Ministeacuterio Puacuteblico lavrando-se o termo
a autoridade juriacutedica de ofiacutecio ou o requerimento das partes e do Ministeacuterio Puacuteblico
determinaraacute a realizaccedilatildeo de estudo social ou se possiacutevel periacutecia por equipe profissional
decidindo sobre o estaacutegio de convivecircncia
Apresentado o laudo e ouvido o adotando teraacute vistas o Ministeacuterio Puacutebico
apoacutes a manifestaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico no prazo tambeacutem de 5 (cinco) dias o
juiz proferiraacute a sentenccedila
A sentenccedila judicial transitada em julgado seraacute inserida no registro civil mediante mandado do qual natildeo
se forneceraacute certidatildeo O mandado judicial cancelaraacute o registro de nascimento original do menor conforme
o artigo 16 da Lei nordm 601573 E a inscriccedilatildeo no registro constaraacute o nome dos adotantes
como pais e o nome dos seus ascendentes Assim o menor ingressa na famiacutelia do adotante
se desvinculando da famiacutelia natural
24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO
241 Efeitos pessoais
Satildeo alguns efeitos pessoais decorrentes da adoccedilatildeo62
____________________
61 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1996 p 60 62 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 430
rompimento automaacutetico do viacutenculo de parentesco com a famiacutelia de origem salvo os
impedimentos matrimocircniais (artigo 1626)
estabelecimento de verdadeiros laccedilos de parentesco civil entre adotante e adotado
abrangendo a famiacutelia do adotante (artigo 15282ordf parte)
transferecircncia definitiva e de pleno direito do poder familiar para o adotante se o adotante
for menor (artigo 1630 1634 1635 inciso V)
liberdade razoaacutevel em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo do nome do adotado (1627)
possibilidade de promoccedilatildeo da interdiccedilatildeo e inabilitaccedilatildeo do pai ou matildee adotiva pelo
adotado ou vice-versa (artigo 1768)
determinaccedilatildeo do domiacutecilio do adotado menor de idade que adquire o do adotante
242 Efeitos patrimoniais
Satildeo alguns efeitos patrimoniais produzidos pela adoccedilatildeo63
direito do adotante de administraccedilatildeo e ususfruto dos bens do adotado menor (artigo 1689
1691e 1693)
obrigaccedilatildeo do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar (artigo
1634)
dever do adotante de prestar alimentos ao adotado (artigo 1694 1696 e 1697)
direito a indenizaccedilatildeo do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante
responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menor de idade
______________
81 Op cit p 31 p 432
direito sucessoacuterio do adotado visto que se equipara ao filho advindo de parentesco
cosanguineo herdado em concorrecircncia com o cocircnjuge sobrevivente ou convivente do
falecido na qualidade de descendente do autor da heranccedila afastando todos os demais
herdeiros do adotante que natildeo tenham a qualidade de filho (artigo 1829 inciso I e
1790incisos I e II)
reciprocidade nos efeitos sucessoacuterios (artigo 1829 inciso II e 1790 inciso III)
filho adotivo natildeo estaacute compreendido na exceccedilatildeo do Coacutedigo Civil artigo 1790 inciso I
rompimento de testamento se sobrevier filho adotivo (artigo 1973)
direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciaacuterio (artigo 1951 a 1960)
superviniecircncia de filho adotivo pode revogar doaccedilotildees feitas pelo adotante ( artigo 1846 e
1789)
Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso
de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do
oacutebito64
25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO
Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se
obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do
negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do
ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade
____________
64 Op cit p 32 p 435
deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea
A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-
se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico
Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade
anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo
251 Nulidade da adoccedilatildeo
Seraacute nula a adoccedilatildeo que65
em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16
anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619
a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a
mesma pessoa (artigo 1622)
o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)
vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude
252 Anulabilidade da adoccedilatildeo
Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66
a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente
incapaz
ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado
____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435
consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz
vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores
a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado
253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo
Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67
pela falta de consentimento do adotante e adotado
pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou
interdiccedilatildeo civil
pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico
26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO
A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes
motivos68
pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil
Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a
madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave
enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou
neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade
pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil
____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437
Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste
contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a
honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila
pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue
quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva
pela morte do adotante e adotado
27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO
Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a
finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo
avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante
e adotado69
Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute
prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com
facilidade a nova famiacutelia
O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a
ser adotado
Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a
extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo
atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil
____________
69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340
28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das
crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a
prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave
poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato
infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e
ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70
A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual
adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou
tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da
juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil
Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida
familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco
passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado
29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL
A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e
do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da
Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave
crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave
educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave
__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41
convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71
Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada
por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por
procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da
adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda
de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida
pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo
por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72
Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo
de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes
independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos
havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e
qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73
Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos
adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do
bem estar do adotado
210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO
A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser
incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e
educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta
assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria
___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438
Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como
com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo
dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos
pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco
pessoal e social nas ruas das grandes cidades
Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia
importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees
sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia
Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem
por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades
coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e
ceacutelere
Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria
com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e
defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do
proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os
procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados
Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo
atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o
instituto da adoccedilatildeo
A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de
_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em
lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que
querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave
crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico
educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e
na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos
e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o
desenvolvimento da cidadania
Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que
tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria
Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir
211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO
Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75
Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma
simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo
A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais
os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a
situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem
adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda
________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser
proporcionada pelas pessoas sem adotar
Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva
jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os
interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais
vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito
simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses
O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida
cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior
(adoccedilatildeo internacional)
CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees
estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil
Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente
A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida
excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido
por pessoa residente no Paiacutes
A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico
conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei
supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida
sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76
Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo
juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a
decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham
falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm
80699077
Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da
Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da
CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia
____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464
Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por
estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos
interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas
atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os
bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal
intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando
verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em
moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias
maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado
enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees
escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos
especialmente do menorrdquo78
Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante
nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado
tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a
perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e
economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila
passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco
e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79
Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas
___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438
Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil
A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver
medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo
internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda
possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o
seu ingresso em famiacutelia substituta
Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo
internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem
conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas
Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em
seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser
interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores
para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que
visem lucro80
Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas
pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator
determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas
famiacutelias substitutas
32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR
ESTRANGEIROS
A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo
seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e
condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________
80 Op Cit p 44 p 438
parte de estrangeiros
Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida
excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo
acarreta o adotante aacute desistecircncia
Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81
impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo
estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro
residente ou domiciliado fora do paiacutes
comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de
seu paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia
especializada e credenciada no paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido
do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico
juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente
autenticados pela autoridade consular
permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a
consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo
Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e
cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no
miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos
de idade
___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439
podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar
prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista
A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82
lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo
reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante
lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica
Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de
Adoccedilatildeo de Menores de 1984)
33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA
A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua
finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores
Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia
prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse
superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas
__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485
A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo
Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de
garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados
contratantes83
Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a
Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo
Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84
requisitos para a adoccedilatildeo internacional
requisitos processuais
reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo
De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo
em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o
interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras
_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486
CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a
grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo
igualmente a possibilidade da poder adotar
A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade
Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas
aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de
constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a
reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois
assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir
famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86
Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a
uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm
sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo
Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87
____________
86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho
mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49
A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios
E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por
homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se
espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem
homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila
se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais
homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos
tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte
de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo
16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo
se forem marido e mulher
Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89
____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da
uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos
homossexuais
42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA
E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a
situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos
casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo
juriacutedica podem os casais homossexuais adotar
No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo
homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes
da jurisprudecircncia
E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a
regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais
Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata
da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo
tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um
dos parceiros90
Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo
5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a
primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei
____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade
Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca
pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do
bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais
homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve
levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo
decidindo sempre pelo bem-estar do menor91
A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece
Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao
adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo
ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia
familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo
()
sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute
casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros
A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee
Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de
estado civil
______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005
Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92
Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que
homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo
poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante
O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de
adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual
diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro
de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93
______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo
da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum
cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito
Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94
Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais
homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95
Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo
sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel
privar os homossexuais do direito agrave adotar96
E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais
flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de
tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar
seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles
que lhe acolhem97
______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53
No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo
barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao
seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira
da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da
histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a
mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para
atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem
a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua
companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de
crianccedilas devem igualmente poder adotar98
Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no
aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes
de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o
preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99
Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida
pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato
Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo
________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53
CONCLUSAtildeO
A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia
E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto
no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio
Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988
Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade
Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente
A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva
Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros
por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores
Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade
Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a
sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do
Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo
Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e
principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que
pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da
adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e
venda de crianccedilas para o estrangeiro
A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente
estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse
baseado nos artigos 1618 a 1629
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52
Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de
amor carinho e solidariedade
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Vislumbram-se duas hipoacuteteses em que se adota ou a famiacutelia jaacute convive com a
crianccedila ou adolescente que pretende adotar ou a famiacutelia estaacute a procura de uma crianccedila para
que venha a adotar
Na primeira hipoacutetese devem os interessados ajuizar o pedido de adoccedilatildeo atraveacutes de
advogado ou defensor puacuteblico que formularaacute o pedido diretamente em cartoacuterio atraveacutes de
peticcedilatildeo assinada pelos requerentes quando os pais forem falecidos tiverem sido destituiacutedos
do paacutetrio poder ou houverem aderido expressamente ao pedido os pais bioloacutegicos quando
conhecidos satildeo citados para querendo contestarem o pedido julgando o juiz ao final de
acordo com o interesse superior da crianccedila e do adolescente
Na segunda hipoacutetese os interessados devem requerer sua inscriccedilatildeo no cadastro do
juiacutezo de pessoas interessadas em adotar A partir daiacute instaura-se um procedimento no qual
seratildeo ouvidos pela equipe teacutecnica do juiacutezo (assistentes sociais eou psicoacutelogos) e antes da
decisatildeo que deferir a inscriccedilatildeo o Ministeacuterio Puacuteblico assistiraacute ao pedido de adoccedilatildeo conforme
previsto no artigo 227 sect5ordm da Constituiccedilatildeo Federal e emitiraacute parecer
Em seguida seratildeo incluiacutedos em grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo cujas vagas seratildeo
preenchidas de acordo com a ordem de ajuizamento do pedido de habilitaccedilatildeo respeitados os
criteacuterios estabelecidos
Os grupos de habilitaccedilatildeo para adoccedilatildeo possuem duraccedilatildeo prevista de 60 dias e visam
auxiliar os interessados em adotar Habilitados e inscritos no cadastro os interessados
recebem um certificado com validade de 2 anos
Satildeo necessaacuterios os seguintes documentos60
certidatildeo de casamento
atestado de residecircncia
folha de antecedentes criminais
prova de idoneidade fiacutesica e moral
prova de abandono do menor
destituiccedilatildeo do paacutetrio poder
atestado de sanidade fiacutesica
________________ 60 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
A adoccedilatildeo constitui-se por sentenccedila sendo necessaacuterio que 61
a peticcedilatildeo Inicial com os requisitos do artigo 35
se na inicial vier a concordacircncia dos pais do adotando seratildeo ouvidos pelo juiz e pelo
representante do Ministeacuterio Puacuteblico lavrando-se o termo
a autoridade juriacutedica de ofiacutecio ou o requerimento das partes e do Ministeacuterio Puacuteblico
determinaraacute a realizaccedilatildeo de estudo social ou se possiacutevel periacutecia por equipe profissional
decidindo sobre o estaacutegio de convivecircncia
Apresentado o laudo e ouvido o adotando teraacute vistas o Ministeacuterio Puacutebico
apoacutes a manifestaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico no prazo tambeacutem de 5 (cinco) dias o
juiz proferiraacute a sentenccedila
A sentenccedila judicial transitada em julgado seraacute inserida no registro civil mediante mandado do qual natildeo
se forneceraacute certidatildeo O mandado judicial cancelaraacute o registro de nascimento original do menor conforme
o artigo 16 da Lei nordm 601573 E a inscriccedilatildeo no registro constaraacute o nome dos adotantes
como pais e o nome dos seus ascendentes Assim o menor ingressa na famiacutelia do adotante
se desvinculando da famiacutelia natural
24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO
241 Efeitos pessoais
Satildeo alguns efeitos pessoais decorrentes da adoccedilatildeo62
____________________
61 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1996 p 60 62 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 430
rompimento automaacutetico do viacutenculo de parentesco com a famiacutelia de origem salvo os
impedimentos matrimocircniais (artigo 1626)
estabelecimento de verdadeiros laccedilos de parentesco civil entre adotante e adotado
abrangendo a famiacutelia do adotante (artigo 15282ordf parte)
transferecircncia definitiva e de pleno direito do poder familiar para o adotante se o adotante
for menor (artigo 1630 1634 1635 inciso V)
liberdade razoaacutevel em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo do nome do adotado (1627)
possibilidade de promoccedilatildeo da interdiccedilatildeo e inabilitaccedilatildeo do pai ou matildee adotiva pelo
adotado ou vice-versa (artigo 1768)
determinaccedilatildeo do domiacutecilio do adotado menor de idade que adquire o do adotante
242 Efeitos patrimoniais
Satildeo alguns efeitos patrimoniais produzidos pela adoccedilatildeo63
direito do adotante de administraccedilatildeo e ususfruto dos bens do adotado menor (artigo 1689
1691e 1693)
obrigaccedilatildeo do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar (artigo
1634)
dever do adotante de prestar alimentos ao adotado (artigo 1694 1696 e 1697)
direito a indenizaccedilatildeo do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante
responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menor de idade
______________
81 Op cit p 31 p 432
direito sucessoacuterio do adotado visto que se equipara ao filho advindo de parentesco
cosanguineo herdado em concorrecircncia com o cocircnjuge sobrevivente ou convivente do
falecido na qualidade de descendente do autor da heranccedila afastando todos os demais
herdeiros do adotante que natildeo tenham a qualidade de filho (artigo 1829 inciso I e
1790incisos I e II)
reciprocidade nos efeitos sucessoacuterios (artigo 1829 inciso II e 1790 inciso III)
filho adotivo natildeo estaacute compreendido na exceccedilatildeo do Coacutedigo Civil artigo 1790 inciso I
rompimento de testamento se sobrevier filho adotivo (artigo 1973)
direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciaacuterio (artigo 1951 a 1960)
superviniecircncia de filho adotivo pode revogar doaccedilotildees feitas pelo adotante ( artigo 1846 e
1789)
Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso
de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do
oacutebito64
25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO
Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se
obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do
negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do
ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade
____________
64 Op cit p 32 p 435
deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea
A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-
se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico
Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade
anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo
251 Nulidade da adoccedilatildeo
Seraacute nula a adoccedilatildeo que65
em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16
anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619
a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a
mesma pessoa (artigo 1622)
o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)
vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude
252 Anulabilidade da adoccedilatildeo
Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66
a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente
incapaz
ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado
____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435
consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz
vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores
a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado
253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo
Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67
pela falta de consentimento do adotante e adotado
pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou
interdiccedilatildeo civil
pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico
26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO
A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes
motivos68
pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil
Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a
madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave
enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou
neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade
pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil
____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437
Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste
contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a
honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila
pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue
quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva
pela morte do adotante e adotado
27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO
Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a
finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo
avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante
e adotado69
Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute
prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com
facilidade a nova famiacutelia
O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a
ser adotado
Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a
extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo
atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil
____________
69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340
28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das
crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a
prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave
poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato
infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e
ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70
A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual
adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou
tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da
juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil
Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida
familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco
passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado
29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL
A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e
do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da
Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave
crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave
educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave
__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41
convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71
Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada
por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por
procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da
adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda
de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida
pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo
por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72
Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo
de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes
independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos
havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e
qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73
Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos
adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do
bem estar do adotado
210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO
A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser
incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e
educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta
assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria
___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438
Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como
com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo
dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos
pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco
pessoal e social nas ruas das grandes cidades
Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia
importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees
sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia
Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem
por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades
coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e
ceacutelere
Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria
com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e
defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do
proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os
procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados
Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo
atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o
instituto da adoccedilatildeo
A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de
_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em
lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que
querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave
crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico
educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e
na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos
e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o
desenvolvimento da cidadania
Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que
tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria
Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir
211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO
Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75
Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma
simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo
A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais
os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a
situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem
adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda
________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser
proporcionada pelas pessoas sem adotar
Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva
jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os
interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais
vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito
simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses
O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida
cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior
(adoccedilatildeo internacional)
CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees
estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil
Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente
A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida
excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido
por pessoa residente no Paiacutes
A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico
conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei
supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida
sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76
Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo
juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a
decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham
falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm
80699077
Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da
Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da
CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia
____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464
Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por
estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos
interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas
atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os
bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal
intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando
verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em
moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias
maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado
enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees
escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos
especialmente do menorrdquo78
Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante
nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado
tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a
perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e
economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila
passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco
e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79
Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas
___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438
Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil
A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver
medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo
internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda
possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o
seu ingresso em famiacutelia substituta
Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo
internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem
conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas
Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em
seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser
interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores
para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que
visem lucro80
Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas
pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator
determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas
famiacutelias substitutas
32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR
ESTRANGEIROS
A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo
seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e
condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________
80 Op Cit p 44 p 438
parte de estrangeiros
Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida
excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo
acarreta o adotante aacute desistecircncia
Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81
impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo
estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro
residente ou domiciliado fora do paiacutes
comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de
seu paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia
especializada e credenciada no paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido
do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico
juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente
autenticados pela autoridade consular
permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a
consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo
Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e
cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no
miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos
de idade
___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439
podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar
prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista
A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82
lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo
reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante
lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica
Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de
Adoccedilatildeo de Menores de 1984)
33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA
A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua
finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores
Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia
prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse
superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas
__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485
A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo
Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de
garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados
contratantes83
Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a
Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo
Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84
requisitos para a adoccedilatildeo internacional
requisitos processuais
reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo
De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo
em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o
interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras
_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486
CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a
grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo
igualmente a possibilidade da poder adotar
A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade
Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas
aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de
constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a
reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois
assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir
famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86
Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a
uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm
sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo
Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87
____________
86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho
mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49
A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios
E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por
homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se
espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem
homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila
se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais
homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos
tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte
de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo
16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo
se forem marido e mulher
Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89
____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da
uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos
homossexuais
42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA
E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a
situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos
casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo
juriacutedica podem os casais homossexuais adotar
No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo
homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes
da jurisprudecircncia
E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a
regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais
Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata
da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo
tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um
dos parceiros90
Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo
5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a
primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei
____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade
Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca
pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do
bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais
homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve
levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo
decidindo sempre pelo bem-estar do menor91
A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece
Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao
adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo
ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia
familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo
()
sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute
casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros
A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee
Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de
estado civil
______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005
Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92
Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que
homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo
poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante
O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de
adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual
diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro
de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93
______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo
da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum
cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito
Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94
Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais
homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95
Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo
sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel
privar os homossexuais do direito agrave adotar96
E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais
flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de
tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar
seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles
que lhe acolhem97
______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53
No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo
barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao
seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira
da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da
histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a
mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para
atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem
a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua
companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de
crianccedilas devem igualmente poder adotar98
Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no
aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes
de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o
preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99
Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida
pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato
Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo
________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53
CONCLUSAtildeO
A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia
E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto
no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio
Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988
Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade
Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente
A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva
Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros
por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores
Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade
Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a
sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do
Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo
Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e
principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que
pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da
adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e
venda de crianccedilas para o estrangeiro
A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente
estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse
baseado nos artigos 1618 a 1629
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52
Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de
amor carinho e solidariedade
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folha de antecedentes criminais
prova de idoneidade fiacutesica e moral
prova de abandono do menor
destituiccedilatildeo do paacutetrio poder
atestado de sanidade fiacutesica
________________ 60 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
A adoccedilatildeo constitui-se por sentenccedila sendo necessaacuterio que 61
a peticcedilatildeo Inicial com os requisitos do artigo 35
se na inicial vier a concordacircncia dos pais do adotando seratildeo ouvidos pelo juiz e pelo
representante do Ministeacuterio Puacuteblico lavrando-se o termo
a autoridade juriacutedica de ofiacutecio ou o requerimento das partes e do Ministeacuterio Puacuteblico
determinaraacute a realizaccedilatildeo de estudo social ou se possiacutevel periacutecia por equipe profissional
decidindo sobre o estaacutegio de convivecircncia
Apresentado o laudo e ouvido o adotando teraacute vistas o Ministeacuterio Puacutebico
apoacutes a manifestaccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico no prazo tambeacutem de 5 (cinco) dias o
juiz proferiraacute a sentenccedila
A sentenccedila judicial transitada em julgado seraacute inserida no registro civil mediante mandado do qual natildeo
se forneceraacute certidatildeo O mandado judicial cancelaraacute o registro de nascimento original do menor conforme
o artigo 16 da Lei nordm 601573 E a inscriccedilatildeo no registro constaraacute o nome dos adotantes
como pais e o nome dos seus ascendentes Assim o menor ingressa na famiacutelia do adotante
se desvinculando da famiacutelia natural
24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO
241 Efeitos pessoais
Satildeo alguns efeitos pessoais decorrentes da adoccedilatildeo62
____________________
61 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1996 p 60 62 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 430
rompimento automaacutetico do viacutenculo de parentesco com a famiacutelia de origem salvo os
impedimentos matrimocircniais (artigo 1626)
estabelecimento de verdadeiros laccedilos de parentesco civil entre adotante e adotado
abrangendo a famiacutelia do adotante (artigo 15282ordf parte)
transferecircncia definitiva e de pleno direito do poder familiar para o adotante se o adotante
for menor (artigo 1630 1634 1635 inciso V)
liberdade razoaacutevel em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo do nome do adotado (1627)
possibilidade de promoccedilatildeo da interdiccedilatildeo e inabilitaccedilatildeo do pai ou matildee adotiva pelo
adotado ou vice-versa (artigo 1768)
determinaccedilatildeo do domiacutecilio do adotado menor de idade que adquire o do adotante
242 Efeitos patrimoniais
Satildeo alguns efeitos patrimoniais produzidos pela adoccedilatildeo63
direito do adotante de administraccedilatildeo e ususfruto dos bens do adotado menor (artigo 1689
1691e 1693)
obrigaccedilatildeo do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar (artigo
1634)
dever do adotante de prestar alimentos ao adotado (artigo 1694 1696 e 1697)
direito a indenizaccedilatildeo do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante
responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menor de idade
______________
81 Op cit p 31 p 432
direito sucessoacuterio do adotado visto que se equipara ao filho advindo de parentesco
cosanguineo herdado em concorrecircncia com o cocircnjuge sobrevivente ou convivente do
falecido na qualidade de descendente do autor da heranccedila afastando todos os demais
herdeiros do adotante que natildeo tenham a qualidade de filho (artigo 1829 inciso I e
1790incisos I e II)
reciprocidade nos efeitos sucessoacuterios (artigo 1829 inciso II e 1790 inciso III)
filho adotivo natildeo estaacute compreendido na exceccedilatildeo do Coacutedigo Civil artigo 1790 inciso I
rompimento de testamento se sobrevier filho adotivo (artigo 1973)
direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciaacuterio (artigo 1951 a 1960)
superviniecircncia de filho adotivo pode revogar doaccedilotildees feitas pelo adotante ( artigo 1846 e
1789)
Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso
de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do
oacutebito64
25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO
Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se
obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do
negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do
ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade
____________
64 Op cit p 32 p 435
deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea
A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-
se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico
Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade
anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo
251 Nulidade da adoccedilatildeo
Seraacute nula a adoccedilatildeo que65
em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16
anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619
a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a
mesma pessoa (artigo 1622)
o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)
vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude
252 Anulabilidade da adoccedilatildeo
Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66
a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente
incapaz
ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado
____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435
consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz
vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores
a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado
253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo
Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67
pela falta de consentimento do adotante e adotado
pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou
interdiccedilatildeo civil
pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico
26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO
A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes
motivos68
pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil
Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a
madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave
enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou
neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade
pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil
____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437
Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste
contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a
honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila
pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue
quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva
pela morte do adotante e adotado
27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO
Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a
finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo
avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante
e adotado69
Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute
prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com
facilidade a nova famiacutelia
O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a
ser adotado
Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a
extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo
atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil
____________
69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340
28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das
crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a
prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave
poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato
infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e
ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70
A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual
adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou
tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da
juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil
Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida
familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco
passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado
29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL
A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e
do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da
Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave
crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave
educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave
__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41
convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71
Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada
por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por
procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da
adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda
de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida
pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo
por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72
Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo
de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes
independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos
havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e
qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73
Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos
adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do
bem estar do adotado
210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO
A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser
incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e
educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta
assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria
___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438
Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como
com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo
dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos
pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco
pessoal e social nas ruas das grandes cidades
Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia
importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees
sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia
Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem
por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades
coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e
ceacutelere
Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria
com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e
defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do
proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os
procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados
Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo
atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o
instituto da adoccedilatildeo
A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de
_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em
lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que
querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave
crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico
educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e
na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos
e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o
desenvolvimento da cidadania
Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que
tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria
Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir
211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO
Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75
Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma
simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo
A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais
os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a
situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem
adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda
________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser
proporcionada pelas pessoas sem adotar
Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva
jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os
interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais
vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito
simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses
O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida
cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior
(adoccedilatildeo internacional)
CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees
estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil
Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente
A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida
excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido
por pessoa residente no Paiacutes
A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico
conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei
supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida
sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76
Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo
juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a
decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham
falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm
80699077
Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da
Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da
CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia
____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464
Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por
estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos
interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas
atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os
bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal
intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando
verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em
moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias
maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado
enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees
escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos
especialmente do menorrdquo78
Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante
nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado
tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a
perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e
economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila
passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco
e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79
Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas
___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438
Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil
A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver
medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo
internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda
possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o
seu ingresso em famiacutelia substituta
Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo
internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem
conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas
Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em
seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser
interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores
para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que
visem lucro80
Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas
pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator
determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas
famiacutelias substitutas
32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR
ESTRANGEIROS
A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo
seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e
condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________
80 Op Cit p 44 p 438
parte de estrangeiros
Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida
excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo
acarreta o adotante aacute desistecircncia
Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81
impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo
estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro
residente ou domiciliado fora do paiacutes
comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de
seu paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia
especializada e credenciada no paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido
do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico
juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente
autenticados pela autoridade consular
permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a
consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo
Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e
cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no
miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos
de idade
___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439
podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar
prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista
A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82
lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo
reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante
lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica
Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de
Adoccedilatildeo de Menores de 1984)
33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA
A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua
finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores
Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia
prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse
superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas
__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485
A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo
Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de
garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados
contratantes83
Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a
Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo
Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84
requisitos para a adoccedilatildeo internacional
requisitos processuais
reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo
De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo
em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o
interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras
_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486
CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a
grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo
igualmente a possibilidade da poder adotar
A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade
Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas
aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de
constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a
reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois
assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir
famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86
Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a
uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm
sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo
Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87
____________
86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho
mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49
A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios
E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por
homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se
espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem
homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila
se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais
homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos
tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte
de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo
16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo
se forem marido e mulher
Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89
____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da
uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos
homossexuais
42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA
E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a
situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos
casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo
juriacutedica podem os casais homossexuais adotar
No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo
homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes
da jurisprudecircncia
E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a
regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais
Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata
da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo
tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um
dos parceiros90
Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo
5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a
primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei
____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade
Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca
pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do
bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais
homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve
levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo
decidindo sempre pelo bem-estar do menor91
A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece
Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao
adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo
ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia
familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo
()
sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute
casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros
A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee
Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de
estado civil
______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005
Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92
Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que
homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo
poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante
O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de
adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual
diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro
de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93
______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo
da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum
cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito
Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94
Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais
homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95
Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo
sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel
privar os homossexuais do direito agrave adotar96
E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais
flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de
tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar
seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles
que lhe acolhem97
______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53
No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo
barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao
seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira
da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da
histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a
mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para
atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem
a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua
companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de
crianccedilas devem igualmente poder adotar98
Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no
aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes
de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o
preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99
Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida
pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato
Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo
________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53
CONCLUSAtildeO
A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia
E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto
no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio
Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988
Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade
Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente
A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva
Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros
por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores
Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade
Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a
sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do
Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo
Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e
principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que
pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da
adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e
venda de crianccedilas para o estrangeiro
A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente
estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse
baseado nos artigos 1618 a 1629
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52
Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de
amor carinho e solidariedade
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como pais e o nome dos seus ascendentes Assim o menor ingressa na famiacutelia do adotante
se desvinculando da famiacutelia natural
24 EFEITOS DA ADOCcedilAtildeO
241 Efeitos pessoais
Satildeo alguns efeitos pessoais decorrentes da adoccedilatildeo62
____________________
61 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do Adolescente Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1996 p 60 62 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 430
rompimento automaacutetico do viacutenculo de parentesco com a famiacutelia de origem salvo os
impedimentos matrimocircniais (artigo 1626)
estabelecimento de verdadeiros laccedilos de parentesco civil entre adotante e adotado
abrangendo a famiacutelia do adotante (artigo 15282ordf parte)
transferecircncia definitiva e de pleno direito do poder familiar para o adotante se o adotante
for menor (artigo 1630 1634 1635 inciso V)
liberdade razoaacutevel em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo do nome do adotado (1627)
possibilidade de promoccedilatildeo da interdiccedilatildeo e inabilitaccedilatildeo do pai ou matildee adotiva pelo
adotado ou vice-versa (artigo 1768)
determinaccedilatildeo do domiacutecilio do adotado menor de idade que adquire o do adotante
242 Efeitos patrimoniais
Satildeo alguns efeitos patrimoniais produzidos pela adoccedilatildeo63
direito do adotante de administraccedilatildeo e ususfruto dos bens do adotado menor (artigo 1689
1691e 1693)
obrigaccedilatildeo do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar (artigo
1634)
dever do adotante de prestar alimentos ao adotado (artigo 1694 1696 e 1697)
direito a indenizaccedilatildeo do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante
responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menor de idade
______________
81 Op cit p 31 p 432
direito sucessoacuterio do adotado visto que se equipara ao filho advindo de parentesco
cosanguineo herdado em concorrecircncia com o cocircnjuge sobrevivente ou convivente do
falecido na qualidade de descendente do autor da heranccedila afastando todos os demais
herdeiros do adotante que natildeo tenham a qualidade de filho (artigo 1829 inciso I e
1790incisos I e II)
reciprocidade nos efeitos sucessoacuterios (artigo 1829 inciso II e 1790 inciso III)
filho adotivo natildeo estaacute compreendido na exceccedilatildeo do Coacutedigo Civil artigo 1790 inciso I
rompimento de testamento se sobrevier filho adotivo (artigo 1973)
direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciaacuterio (artigo 1951 a 1960)
superviniecircncia de filho adotivo pode revogar doaccedilotildees feitas pelo adotante ( artigo 1846 e
1789)
Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso
de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do
oacutebito64
25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO
Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se
obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do
negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do
ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade
____________
64 Op cit p 32 p 435
deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea
A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-
se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico
Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade
anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo
251 Nulidade da adoccedilatildeo
Seraacute nula a adoccedilatildeo que65
em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16
anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619
a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a
mesma pessoa (artigo 1622)
o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)
vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude
252 Anulabilidade da adoccedilatildeo
Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66
a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente
incapaz
ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado
____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435
consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz
vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores
a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado
253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo
Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67
pela falta de consentimento do adotante e adotado
pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou
interdiccedilatildeo civil
pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico
26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO
A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes
motivos68
pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil
Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a
madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave
enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou
neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade
pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil
____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437
Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste
contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a
honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila
pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue
quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva
pela morte do adotante e adotado
27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO
Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a
finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo
avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante
e adotado69
Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute
prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com
facilidade a nova famiacutelia
O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a
ser adotado
Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a
extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo
atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil
____________
69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340
28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das
crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a
prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave
poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato
infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e
ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70
A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual
adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou
tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da
juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil
Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida
familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco
passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado
29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL
A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e
do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da
Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave
crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave
educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave
__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41
convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71
Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada
por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por
procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da
adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda
de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida
pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo
por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72
Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo
de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes
independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos
havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e
qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73
Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos
adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do
bem estar do adotado
210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO
A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser
incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e
educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta
assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria
___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438
Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como
com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo
dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos
pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco
pessoal e social nas ruas das grandes cidades
Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia
importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees
sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia
Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem
por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades
coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e
ceacutelere
Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria
com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e
defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do
proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os
procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados
Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo
atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o
instituto da adoccedilatildeo
A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de
_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em
lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que
querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave
crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico
educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e
na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos
e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o
desenvolvimento da cidadania
Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que
tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria
Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir
211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO
Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75
Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma
simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo
A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais
os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a
situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem
adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda
________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser
proporcionada pelas pessoas sem adotar
Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva
jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os
interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais
vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito
simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses
O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida
cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior
(adoccedilatildeo internacional)
CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees
estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil
Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente
A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida
excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido
por pessoa residente no Paiacutes
A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico
conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei
supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida
sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76
Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo
juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a
decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham
falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm
80699077
Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da
Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da
CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia
____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464
Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por
estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos
interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas
atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os
bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal
intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando
verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em
moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias
maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado
enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees
escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos
especialmente do menorrdquo78
Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante
nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado
tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a
perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e
economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila
passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco
e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79
Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas
___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438
Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil
A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver
medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo
internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda
possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o
seu ingresso em famiacutelia substituta
Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo
internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem
conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas
Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em
seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser
interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores
para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que
visem lucro80
Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas
pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator
determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas
famiacutelias substitutas
32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR
ESTRANGEIROS
A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo
seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e
condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________
80 Op Cit p 44 p 438
parte de estrangeiros
Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida
excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo
acarreta o adotante aacute desistecircncia
Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81
impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo
estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro
residente ou domiciliado fora do paiacutes
comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de
seu paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia
especializada e credenciada no paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido
do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico
juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente
autenticados pela autoridade consular
permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a
consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo
Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e
cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no
miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos
de idade
___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439
podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar
prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista
A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82
lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo
reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante
lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica
Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de
Adoccedilatildeo de Menores de 1984)
33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA
A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua
finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores
Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia
prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse
superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas
__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485
A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo
Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de
garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados
contratantes83
Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a
Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo
Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84
requisitos para a adoccedilatildeo internacional
requisitos processuais
reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo
De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo
em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o
interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras
_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486
CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a
grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo
igualmente a possibilidade da poder adotar
A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade
Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas
aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de
constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a
reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois
assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir
famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86
Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a
uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm
sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo
Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87
____________
86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho
mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49
A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios
E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por
homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se
espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem
homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila
se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais
homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos
tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte
de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo
16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo
se forem marido e mulher
Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89
____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da
uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos
homossexuais
42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA
E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a
situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos
casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo
juriacutedica podem os casais homossexuais adotar
No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo
homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes
da jurisprudecircncia
E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a
regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais
Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata
da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo
tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um
dos parceiros90
Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo
5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a
primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei
____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade
Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca
pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do
bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais
homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve
levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo
decidindo sempre pelo bem-estar do menor91
A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece
Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao
adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo
ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia
familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo
()
sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute
casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros
A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee
Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de
estado civil
______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005
Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92
Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que
homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo
poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante
O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de
adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual
diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro
de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93
______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo
da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum
cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito
Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94
Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais
homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95
Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo
sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel
privar os homossexuais do direito agrave adotar96
E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais
flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de
tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar
seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles
que lhe acolhem97
______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53
No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo
barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao
seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira
da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da
histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a
mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para
atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem
a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua
companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de
crianccedilas devem igualmente poder adotar98
Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no
aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes
de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o
preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99
Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida
pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato
Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo
________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53
CONCLUSAtildeO
A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia
E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto
no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio
Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988
Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade
Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente
A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva
Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros
por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores
Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade
Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a
sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do
Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo
Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e
principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que
pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da
adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e
venda de crianccedilas para o estrangeiro
A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente
estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse
baseado nos artigos 1618 a 1629
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52
Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de
amor carinho e solidariedade
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PEREIRA Caio Mario da Silva Instituiccedilotildees de Direito Civil ndash V 11 ed Rio de Janeiro
Forense 2000 p 171-185
SCINICK Valdir Adoccedilatildeo 3 ed Satildeo Paulo Leud1999 p 19-519
SIQUEIRA Liboacuterni Adoccedilatildeo Doutrina e Jurisprudecircncia 10 ed Rio de Janeiro Folha
Carioca 2004 p 21-328
VENOSA Siacutelvio de Salvo DireitoCivil VI ndashDireito de Famiacutelia 3 ed Satildeo Paulo Atlas
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_______ Direito Civil V ndash Direito de Famiacutelia V ed Satildeo Paulo Atlas 2001p 257-283
WALD Arnald O Novo Direito de Famiacutelia 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2002 p217-225
direito do adotante de administraccedilatildeo e ususfruto dos bens do adotado menor (artigo 1689
1691e 1693)
obrigaccedilatildeo do adotante de sustentar o adotado enquanto durar o poder familiar (artigo
1634)
dever do adotante de prestar alimentos ao adotado (artigo 1694 1696 e 1697)
direito a indenizaccedilatildeo do filho adotivo por acidente de trabalho do adotante
responsabilidade civil do adotante pelos atos cometidos pelo adotado menor de idade
______________
81 Op cit p 31 p 432
direito sucessoacuterio do adotado visto que se equipara ao filho advindo de parentesco
cosanguineo herdado em concorrecircncia com o cocircnjuge sobrevivente ou convivente do
falecido na qualidade de descendente do autor da heranccedila afastando todos os demais
herdeiros do adotante que natildeo tenham a qualidade de filho (artigo 1829 inciso I e
1790incisos I e II)
reciprocidade nos efeitos sucessoacuterios (artigo 1829 inciso II e 1790 inciso III)
filho adotivo natildeo estaacute compreendido na exceccedilatildeo do Coacutedigo Civil artigo 1790 inciso I
rompimento de testamento se sobrevier filho adotivo (artigo 1973)
direito do adotado de recolher bens deixados pelo fiduciaacuterio (artigo 1951 a 1960)
superviniecircncia de filho adotivo pode revogar doaccedilotildees feitas pelo adotante ( artigo 1846 e
1789)
Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso
de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do
oacutebito64
25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO
Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se
obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do
negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do
ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade
____________
64 Op cit p 32 p 435
deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea
A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-
se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico
Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade
anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo
251 Nulidade da adoccedilatildeo
Seraacute nula a adoccedilatildeo que65
em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16
anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619
a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a
mesma pessoa (artigo 1622)
o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)
vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude
252 Anulabilidade da adoccedilatildeo
Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66
a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente
incapaz
ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado
____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435
consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz
vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores
a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado
253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo
Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67
pela falta de consentimento do adotante e adotado
pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou
interdiccedilatildeo civil
pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico
26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO
A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes
motivos68
pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil
Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a
madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave
enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou
neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade
pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil
____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437
Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste
contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a
honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila
pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue
quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva
pela morte do adotante e adotado
27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO
Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a
finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo
avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante
e adotado69
Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute
prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com
facilidade a nova famiacutelia
O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a
ser adotado
Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a
extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo
atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil
____________
69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340
28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das
crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a
prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave
poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato
infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e
ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70
A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual
adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou
tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da
juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil
Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida
familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco
passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado
29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL
A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e
do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da
Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave
crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave
educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave
__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41
convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71
Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada
por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por
procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da
adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda
de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida
pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo
por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72
Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo
de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes
independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos
havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e
qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73
Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos
adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do
bem estar do adotado
210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO
A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser
incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e
educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta
assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria
___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438
Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como
com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo
dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos
pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco
pessoal e social nas ruas das grandes cidades
Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia
importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees
sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia
Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem
por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades
coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e
ceacutelere
Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria
com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e
defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do
proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os
procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados
Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo
atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o
instituto da adoccedilatildeo
A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de
_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em
lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que
querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave
crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico
educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e
na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos
e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o
desenvolvimento da cidadania
Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que
tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria
Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir
211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO
Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75
Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma
simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo
A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais
os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a
situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem
adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda
________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser
proporcionada pelas pessoas sem adotar
Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva
jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os
interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais
vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito
simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses
O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida
cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior
(adoccedilatildeo internacional)
CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees
estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil
Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente
A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida
excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido
por pessoa residente no Paiacutes
A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico
conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei
supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida
sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76
Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo
juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a
decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham
falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm
80699077
Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da
Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da
CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia
____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464
Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por
estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos
interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas
atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os
bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal
intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando
verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em
moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias
maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado
enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees
escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos
especialmente do menorrdquo78
Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante
nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado
tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a
perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e
economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila
passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco
e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79
Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas
___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438
Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil
A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver
medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo
internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda
possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o
seu ingresso em famiacutelia substituta
Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo
internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem
conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas
Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em
seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser
interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores
para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que
visem lucro80
Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas
pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator
determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas
famiacutelias substitutas
32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR
ESTRANGEIROS
A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo
seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e
condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________
80 Op Cit p 44 p 438
parte de estrangeiros
Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida
excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo
acarreta o adotante aacute desistecircncia
Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81
impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo
estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro
residente ou domiciliado fora do paiacutes
comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de
seu paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia
especializada e credenciada no paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido
do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico
juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente
autenticados pela autoridade consular
permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a
consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo
Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e
cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no
miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos
de idade
___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439
podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar
prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista
A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82
lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo
reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante
lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica
Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de
Adoccedilatildeo de Menores de 1984)
33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA
A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua
finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores
Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia
prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse
superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas
__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485
A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo
Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de
garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados
contratantes83
Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a
Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo
Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84
requisitos para a adoccedilatildeo internacional
requisitos processuais
reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo
De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo
em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o
interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras
_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486
CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a
grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo
igualmente a possibilidade da poder adotar
A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade
Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas
aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de
constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a
reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois
assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir
famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86
Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a
uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm
sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo
Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87
____________
86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho
mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49
A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios
E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por
homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se
espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem
homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila
se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais
homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos
tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte
de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo
16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo
se forem marido e mulher
Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89
____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da
uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos
homossexuais
42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA
E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a
situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos
casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo
juriacutedica podem os casais homossexuais adotar
No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo
homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes
da jurisprudecircncia
E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a
regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais
Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata
da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo
tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um
dos parceiros90
Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo
5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a
primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei
____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade
Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca
pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do
bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais
homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve
levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo
decidindo sempre pelo bem-estar do menor91
A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece
Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao
adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo
ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia
familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo
()
sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute
casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros
A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee
Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de
estado civil
______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005
Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92
Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que
homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo
poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante
O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de
adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual
diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro
de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93
______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo
da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum
cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito
Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94
Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais
homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95
Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo
sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel
privar os homossexuais do direito agrave adotar96
E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais
flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de
tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar
seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles
que lhe acolhem97
______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53
No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo
barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao
seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira
da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da
histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a
mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para
atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem
a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua
companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de
crianccedilas devem igualmente poder adotar98
Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no
aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes
de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o
preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99
Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida
pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato
Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo
________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53
CONCLUSAtildeO
A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia
E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto
no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio
Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988
Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade
Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente
A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva
Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros
por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores
Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade
Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a
sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do
Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo
Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e
principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que
pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da
adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e
venda de crianccedilas para o estrangeiro
A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente
estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse
baseado nos artigos 1618 a 1629
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52
Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de
amor carinho e solidariedade
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Os efeitos da adoccedilatildeo tecircm iniacutecio com o tracircnsito e julgado da sentenccedila salvo no caso
de oacutebito do adotante no curso do procedimento nesse caso teraacute forccedila retroativa a data do
oacutebito64
25 DA NULIDADE ANULABILIDADE E INEXISTEcircNCIA DA ADOCcedilAtildeO
Para criar modificar ou extinguir relaccedilotildees de direito devem se
obedecidos alguns requisitos miacutenimos indispensaacuteveis para a caracterizaccedilatildeo do
negoacutecio juriacutedico pois o defeito em algum requisito pode atingir a validade do
ato juriacutedico o que daraacute margem agrave nulidade
____________
64 Op cit p 32 p 435
deste ato e assim natildeo prevaleceraacute a vontade idocircnea
A falta de um desses requisitos que satildeo indispensaacuteveis para a validade do ato tem-
se a hipoacutetese de nulidade ou de anulabilidade de existecircncia do negoacutecio juriacutedico
Portanto consequumlentemente podendo ocorrer ao instituto da adoccedilatildeo a nulidade
anulabilidade ou inexistecircncia da adoccedilatildeo
251 Nulidade da adoccedilatildeo
Seraacute nula a adoccedilatildeo que65
em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16
anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619
a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a
mesma pessoa (artigo 1622)
o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)
vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude
252 Anulabilidade da adoccedilatildeo
Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66
a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente
incapaz
ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado
____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435
consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz
vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores
a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado
253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo
Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67
pela falta de consentimento do adotante e adotado
pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou
interdiccedilatildeo civil
pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico
26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO
A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes
motivos68
pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil
Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a
madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave
enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou
neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade
pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil
____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437
Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste
contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a
honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila
pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue
quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva
pela morte do adotante e adotado
27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO
Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a
finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo
avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante
e adotado69
Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute
prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com
facilidade a nova famiacutelia
O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a
ser adotado
Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a
extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo
atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil
____________
69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340
28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das
crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a
prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave
poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato
infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e
ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70
A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual
adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou
tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da
juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil
Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida
familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco
passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado
29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL
A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e
do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da
Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave
crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave
educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave
__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41
convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71
Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada
por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por
procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da
adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda
de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida
pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo
por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72
Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo
de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes
independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos
havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e
qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73
Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos
adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do
bem estar do adotado
210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO
A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser
incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e
educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta
assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria
___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438
Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como
com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo
dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos
pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco
pessoal e social nas ruas das grandes cidades
Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia
importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees
sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia
Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem
por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades
coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e
ceacutelere
Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria
com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e
defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do
proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os
procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados
Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo
atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o
instituto da adoccedilatildeo
A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de
_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em
lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que
querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave
crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico
educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e
na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos
e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o
desenvolvimento da cidadania
Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que
tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria
Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir
211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO
Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75
Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma
simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo
A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais
os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a
situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem
adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda
________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser
proporcionada pelas pessoas sem adotar
Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva
jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os
interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais
vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito
simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses
O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida
cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior
(adoccedilatildeo internacional)
CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees
estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil
Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente
A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida
excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido
por pessoa residente no Paiacutes
A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico
conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei
supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida
sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76
Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo
juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a
decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham
falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm
80699077
Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da
Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da
CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia
____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464
Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por
estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos
interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas
atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os
bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal
intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando
verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em
moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias
maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado
enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees
escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos
especialmente do menorrdquo78
Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante
nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado
tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a
perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e
economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila
passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco
e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79
Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas
___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438
Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil
A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver
medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo
internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda
possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o
seu ingresso em famiacutelia substituta
Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo
internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem
conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas
Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em
seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser
interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores
para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que
visem lucro80
Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas
pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator
determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas
famiacutelias substitutas
32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR
ESTRANGEIROS
A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo
seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e
condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________
80 Op Cit p 44 p 438
parte de estrangeiros
Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida
excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo
acarreta o adotante aacute desistecircncia
Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81
impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo
estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro
residente ou domiciliado fora do paiacutes
comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de
seu paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia
especializada e credenciada no paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido
do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico
juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente
autenticados pela autoridade consular
permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a
consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo
Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e
cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no
miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos
de idade
___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439
podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar
prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista
A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82
lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo
reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante
lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica
Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de
Adoccedilatildeo de Menores de 1984)
33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA
A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua
finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores
Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia
prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse
superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas
__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485
A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo
Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de
garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados
contratantes83
Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a
Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo
Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84
requisitos para a adoccedilatildeo internacional
requisitos processuais
reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo
De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo
em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o
interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras
_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486
CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a
grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo
igualmente a possibilidade da poder adotar
A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade
Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas
aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de
constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a
reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois
assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir
famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86
Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a
uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm
sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo
Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87
____________
86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho
mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49
A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios
E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por
homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se
espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem
homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila
se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais
homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos
tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte
de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo
16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo
se forem marido e mulher
Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89
____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da
uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos
homossexuais
42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA
E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a
situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos
casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo
juriacutedica podem os casais homossexuais adotar
No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo
homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes
da jurisprudecircncia
E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a
regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais
Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata
da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo
tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um
dos parceiros90
Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo
5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a
primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei
____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade
Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca
pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do
bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais
homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve
levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo
decidindo sempre pelo bem-estar do menor91
A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece
Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao
adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo
ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia
familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo
()
sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute
casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros
A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee
Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de
estado civil
______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005
Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92
Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que
homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo
poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante
O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de
adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual
diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro
de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93
______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo
da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum
cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito
Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94
Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais
homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95
Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo
sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel
privar os homossexuais do direito agrave adotar96
E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais
flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de
tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar
seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles
que lhe acolhem97
______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53
No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo
barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao
seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira
da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da
histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a
mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para
atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem
a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua
companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de
crianccedilas devem igualmente poder adotar98
Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no
aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes
de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o
preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99
Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida
pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato
Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo
________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53
CONCLUSAtildeO
A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia
E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto
no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio
Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988
Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade
Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente
A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva
Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros
por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores
Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade
Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a
sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do
Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo
Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e
principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que
pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da
adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e
venda de crianccedilas para o estrangeiro
A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente
estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse
baseado nos artigos 1618 a 1629
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52
Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de
amor carinho e solidariedade
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 6023 informaccedilatildeo e
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em que o adotante natildeo tiver mais de 18 anos e que natildeo haja a diferenccedila miacutenima de 16
anos de diferenccedila entre o adotante e o adotado (artigo 1618 caput e 1619
a adoccedilatildeo por duas pessoas que natildeo forem marido e mulher ou conviventes adotam a
mesma pessoa (artigo 1622)
o tutor ou curador que natildeo prestou contas (artigo 1620)
vicio resultante de simulaccedilatildeo ou de fraude
252 Anulabilidade da adoccedilatildeo
Satildeo casos de anulabilidade da adoccedilatildeo66
a falta de assistecircncia do pai tutor ou curador ao consentimento do adotado relativamente
incapaz
ausecircncia de anuecircncia da pessoa sob cuja guarda se encontra o menor interditado
____________ 65 DINIZ Maria Helena Direito Civil Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 435 66 Op cit p 34 p 435
consentimento manifestado somente pelo adotado relativamente incapaz
vicio resultante de erro dolo coaccedilatildeo lesatildeo estado de perigo ou fraude contra credores
a falta de consentimento do cocircnjuge ou conviventes do adotante e do consorte adotado
253 Inexistecircncia da adoccedilatildeo
Inexiste a adoccedilatildeo em trecircs hipoacuteteses67
pela falta de consentimento do adotante e adotado
pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou
interdiccedilatildeo civil
pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico
26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO
A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes
motivos68
pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil
Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a
madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave
enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou
neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade
pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil
____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437
Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste
contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a
honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila
pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue
quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva
pela morte do adotante e adotado
27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO
Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a
finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo
avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante
e adotado69
Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute
prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com
facilidade a nova famiacutelia
O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a
ser adotado
Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a
extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo
atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil
____________
69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340
28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das
crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a
prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave
poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato
infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e
ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70
A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual
adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou
tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da
juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil
Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida
familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco
passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado
29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL
A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e
do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da
Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave
crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave
educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave
__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41
convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71
Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada
por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por
procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da
adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda
de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida
pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo
por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72
Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo
de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes
independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos
havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e
qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73
Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos
adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do
bem estar do adotado
210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO
A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser
incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e
educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta
assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria
___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438
Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como
com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo
dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos
pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco
pessoal e social nas ruas das grandes cidades
Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia
importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees
sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia
Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem
por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades
coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e
ceacutelere
Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria
com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e
defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do
proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os
procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados
Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo
atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o
instituto da adoccedilatildeo
A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de
_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em
lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que
querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave
crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico
educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e
na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos
e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o
desenvolvimento da cidadania
Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que
tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria
Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir
211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO
Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75
Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma
simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo
A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais
os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a
situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem
adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda
________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser
proporcionada pelas pessoas sem adotar
Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva
jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os
interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais
vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito
simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses
O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida
cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior
(adoccedilatildeo internacional)
CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees
estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil
Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente
A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida
excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido
por pessoa residente no Paiacutes
A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico
conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei
supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida
sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76
Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo
juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a
decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham
falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm
80699077
Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da
Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da
CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia
____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464
Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por
estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos
interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas
atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os
bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal
intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando
verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em
moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias
maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado
enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees
escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos
especialmente do menorrdquo78
Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante
nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado
tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a
perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e
economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila
passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco
e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79
Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas
___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438
Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil
A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver
medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo
internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda
possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o
seu ingresso em famiacutelia substituta
Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo
internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem
conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas
Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em
seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser
interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores
para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que
visem lucro80
Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas
pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator
determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas
famiacutelias substitutas
32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR
ESTRANGEIROS
A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo
seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e
condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________
80 Op Cit p 44 p 438
parte de estrangeiros
Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida
excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo
acarreta o adotante aacute desistecircncia
Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81
impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo
estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro
residente ou domiciliado fora do paiacutes
comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de
seu paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia
especializada e credenciada no paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido
do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico
juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente
autenticados pela autoridade consular
permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a
consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo
Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e
cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no
miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos
de idade
___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439
podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar
prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista
A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82
lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo
reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante
lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica
Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de
Adoccedilatildeo de Menores de 1984)
33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA
A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua
finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores
Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia
prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse
superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas
__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485
A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo
Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de
garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados
contratantes83
Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a
Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo
Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84
requisitos para a adoccedilatildeo internacional
requisitos processuais
reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo
De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo
em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o
interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras
_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486
CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a
grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo
igualmente a possibilidade da poder adotar
A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade
Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas
aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de
constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a
reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois
assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir
famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86
Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a
uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm
sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo
Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87
____________
86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho
mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49
A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios
E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por
homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se
espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem
homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila
se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais
homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos
tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte
de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo
16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo
se forem marido e mulher
Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89
____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da
uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos
homossexuais
42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA
E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a
situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos
casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo
juriacutedica podem os casais homossexuais adotar
No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo
homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes
da jurisprudecircncia
E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a
regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais
Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata
da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo
tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um
dos parceiros90
Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo
5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a
primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei
____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade
Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca
pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do
bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais
homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve
levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo
decidindo sempre pelo bem-estar do menor91
A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece
Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao
adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo
ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia
familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo
()
sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute
casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros
A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee
Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de
estado civil
______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005
Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92
Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que
homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo
poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante
O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de
adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual
diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro
de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93
______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo
da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum
cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito
Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94
Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais
homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95
Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo
sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel
privar os homossexuais do direito agrave adotar96
E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais
flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de
tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar
seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles
que lhe acolhem97
______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53
No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo
barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao
seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira
da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da
histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a
mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para
atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem
a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua
companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de
crianccedilas devem igualmente poder adotar98
Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no
aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes
de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o
preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99
Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida
pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato
Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo
________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53
CONCLUSAtildeO
A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia
E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto
no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio
Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988
Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade
Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente
A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva
Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros
por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores
Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade
Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a
sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do
Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo
Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e
principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que
pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da
adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e
venda de crianccedilas para o estrangeiro
A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente
estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse
baseado nos artigos 1618 a 1629
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52
Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de
amor carinho e solidariedade
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pela falta de objeto esta situaccedilatildeo refere-se aos casos de incapacidade ausecircncia ou
interdiccedilatildeo civil
pela falta de processo judicial com a intervenccedilatildeo do Ministeacuterio Puacuteblico
26 EXTINCcedilAtildeO DA ADOCcedilAtildeO
A adoccedilatildeo se extingue pela vontade do adotante ou do adotado e pelos seguintes
motivos68
pela deserdaccedilatildeo na forma dos artigos 1814 1962 1963 e1964 do Coacutedigo Civil
Nos casos de ofensas fiacutesicas injuacuteria grave desonestidade relaccedilotildees iliacutecitas com a
madrasta ou o padrasto e o desamparo do ascendente em alienaccedilatildeo mental ou grave
enfermidade relaccedilotildees iliacutecitas com a mulher do filho ou neto ou com o marido da filha ou
neta e o desamparo de filho ou neto em alienaccedilatildeo mental ou grave enfermidade
pela indignidade artigos 1814 e 1815 do Coacutedigo Civil
____________ 67 Op cit p 34 p 435 68 Op cit P 34 p 437
Nos casos de ser autor ou cuacutemplice de crime de homiciacutedio doloso outentativa deste
contra pessoa do cocircnjuge convivente ascendente ou descendente caluacutenia ou crime contra a
honra violecircncia ou fraude para inibir ou obstar o autor da heranccedila
pelo reconhecimento do adotado pelo pai de sangue
quando ocorre concomitantemente a paternidade natural e adotiva
pela morte do adotante e adotado
27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO
Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a
finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo
avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante
e adotado69
Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute
prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com
facilidade a nova famiacutelia
O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a
ser adotado
Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a
extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo
atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil
____________
69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340
28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das
crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a
prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave
poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato
infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e
ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70
A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual
adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou
tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da
juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil
Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida
familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco
passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado
29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL
A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e
do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da
Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave
crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave
educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave
__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41
convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71
Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada
por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por
procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da
adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda
de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida
pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo
por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72
Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo
de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes
independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos
havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e
qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73
Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos
adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do
bem estar do adotado
210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO
A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser
incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e
educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta
assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria
___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438
Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como
com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo
dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos
pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco
pessoal e social nas ruas das grandes cidades
Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia
importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees
sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia
Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem
por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades
coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e
ceacutelere
Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria
com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e
defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do
proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os
procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados
Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo
atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o
instituto da adoccedilatildeo
A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de
_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em
lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que
querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave
crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico
educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e
na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos
e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o
desenvolvimento da cidadania
Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que
tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria
Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir
211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO
Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75
Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma
simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo
A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais
os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a
situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem
adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda
________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser
proporcionada pelas pessoas sem adotar
Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva
jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os
interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais
vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito
simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses
O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida
cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior
(adoccedilatildeo internacional)
CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees
estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil
Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente
A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida
excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido
por pessoa residente no Paiacutes
A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico
conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei
supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida
sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76
Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo
juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a
decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham
falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm
80699077
Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da
Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da
CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia
____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464
Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por
estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos
interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas
atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os
bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal
intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando
verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em
moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias
maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado
enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees
escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos
especialmente do menorrdquo78
Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante
nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado
tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a
perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e
economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila
passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco
e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79
Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas
___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438
Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil
A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver
medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo
internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda
possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o
seu ingresso em famiacutelia substituta
Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo
internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem
conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas
Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em
seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser
interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores
para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que
visem lucro80
Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas
pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator
determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas
famiacutelias substitutas
32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR
ESTRANGEIROS
A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo
seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e
condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________
80 Op Cit p 44 p 438
parte de estrangeiros
Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida
excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo
acarreta o adotante aacute desistecircncia
Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81
impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo
estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro
residente ou domiciliado fora do paiacutes
comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de
seu paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia
especializada e credenciada no paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido
do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico
juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente
autenticados pela autoridade consular
permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a
consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo
Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e
cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no
miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos
de idade
___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439
podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar
prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista
A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82
lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo
reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante
lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica
Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de
Adoccedilatildeo de Menores de 1984)
33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA
A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua
finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores
Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia
prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse
superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas
__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485
A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo
Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de
garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados
contratantes83
Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a
Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo
Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84
requisitos para a adoccedilatildeo internacional
requisitos processuais
reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo
De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo
em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o
interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras
_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486
CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a
grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo
igualmente a possibilidade da poder adotar
A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade
Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas
aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de
constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a
reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois
assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir
famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86
Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a
uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm
sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo
Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87
____________
86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho
mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49
A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios
E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por
homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se
espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem
homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila
se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais
homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos
tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte
de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo
16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo
se forem marido e mulher
Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89
____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da
uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos
homossexuais
42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA
E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a
situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos
casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo
juriacutedica podem os casais homossexuais adotar
No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo
homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes
da jurisprudecircncia
E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a
regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais
Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata
da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo
tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um
dos parceiros90
Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo
5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a
primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei
____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade
Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca
pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do
bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais
homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve
levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo
decidindo sempre pelo bem-estar do menor91
A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece
Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao
adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo
ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia
familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo
()
sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute
casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros
A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee
Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de
estado civil
______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005
Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92
Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que
homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo
poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante
O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de
adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual
diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro
de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93
______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo
da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum
cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito
Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94
Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais
homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95
Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo
sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel
privar os homossexuais do direito agrave adotar96
E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais
flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de
tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar
seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles
que lhe acolhem97
______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53
No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo
barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao
seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira
da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da
histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a
mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para
atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem
a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua
companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de
crianccedilas devem igualmente poder adotar98
Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no
aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes
de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o
preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99
Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida
pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato
Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo
________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53
CONCLUSAtildeO
A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia
E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto
no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio
Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988
Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade
Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente
A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva
Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros
por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores
Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade
Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a
sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do
Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo
Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e
principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que
pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da
adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e
venda de crianccedilas para o estrangeiro
A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente
estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse
baseado nos artigos 1618 a 1629
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52
Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de
amor carinho e solidariedade
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WALD Arnald O Novo Direito de Famiacutelia 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2002 p217-225
27 ESTAacuteGIO DE CONVIVEcircNCIA SENTENCcedilA E REGISTRO
Antecedente de suma importacircncia para a adoccedilatildeo o estaacutegio de convivecircncia tem a
finalidade de adaptar a convivecircncia do adotando em seu novo lar possibilitando ao juiacutezo
avaliar as condiccedilotildees de convivecircncia da adoccedilatildeo e as relaccedilotildees de consolidaccedilatildeo entre adotante
e adotado69
Pode o estagio de convivecircncia ser dispensado pelo juiacutezo tendo em vista natildeo haacute
prazo legal como ocorre com as crianccedilas menores de1 ano de idade que se adaptam com
facilidade a nova famiacutelia
O deferimento do estaacutegio de convivecircncia transfere ao adotante a guarda do menor a
ser adotado
Jaacute a sentenccedila que concede a adoccedilatildeo tem cunho constitutivo ao ser prolatada ocorre a
extinccedilatildeo do poder familiar transitado em julgado a sentenccedila seraacute expedida nova certidatildeo
atraveacutes de mandado ao Cartoacuterio do Registro Civil
____________
69 VENOSA Siacutelvio de Salvo Direito Civil- Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Luacutemen Iuris P340
28 A ADOCcedilAtildeO NO ESTATUTO DACRIANCcedilA E DO ADOLESCENTE
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente - ECA estabelece os direitos e deveres das
crianccedilas e dos adolescentes preservando os direitos fundamentais do menor como a
prevenccedilatildeo de ameaccedila ou violaccedilatildeo de seus direitos assegurando o seu acesso agrave justiccedila agrave
poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato
infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e
ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70
A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual
adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou
tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da
juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil
Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida
familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco
passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado
29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL
A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e
do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da
Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave
crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave
educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave
__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41
convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71
Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada
por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por
procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da
adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda
de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida
pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo
por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72
Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo
de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes
independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos
havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e
qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73
Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos
adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do
bem estar do adotado
210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO
A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser
incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e
educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta
assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria
___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438
Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como
com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo
dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos
pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco
pessoal e social nas ruas das grandes cidades
Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia
importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees
sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia
Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem
por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades
coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e
ceacutelere
Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria
com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e
defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do
proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os
procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados
Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo
atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o
instituto da adoccedilatildeo
A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de
_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em
lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que
querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave
crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico
educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e
na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos
e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o
desenvolvimento da cidadania
Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que
tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria
Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir
211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO
Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75
Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma
simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo
A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais
os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a
situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem
adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda
________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser
proporcionada pelas pessoas sem adotar
Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva
jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os
interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais
vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito
simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses
O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida
cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior
(adoccedilatildeo internacional)
CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees
estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil
Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente
A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida
excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido
por pessoa residente no Paiacutes
A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico
conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei
supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida
sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76
Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo
juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a
decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham
falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm
80699077
Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da
Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da
CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia
____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464
Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por
estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos
interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas
atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os
bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal
intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando
verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em
moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias
maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado
enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees
escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos
especialmente do menorrdquo78
Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante
nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado
tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a
perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e
economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila
passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco
e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79
Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas
___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438
Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil
A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver
medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo
internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda
possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o
seu ingresso em famiacutelia substituta
Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo
internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem
conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas
Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em
seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser
interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores
para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que
visem lucro80
Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas
pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator
determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas
famiacutelias substitutas
32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR
ESTRANGEIROS
A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo
seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e
condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________
80 Op Cit p 44 p 438
parte de estrangeiros
Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida
excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo
acarreta o adotante aacute desistecircncia
Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81
impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo
estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro
residente ou domiciliado fora do paiacutes
comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de
seu paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia
especializada e credenciada no paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido
do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico
juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente
autenticados pela autoridade consular
permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a
consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo
Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e
cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no
miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos
de idade
___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439
podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar
prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista
A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82
lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo
reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante
lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica
Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de
Adoccedilatildeo de Menores de 1984)
33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA
A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua
finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores
Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia
prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse
superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas
__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485
A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo
Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de
garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados
contratantes83
Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a
Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo
Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84
requisitos para a adoccedilatildeo internacional
requisitos processuais
reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo
De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo
em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o
interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras
_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486
CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a
grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo
igualmente a possibilidade da poder adotar
A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade
Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas
aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de
constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a
reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois
assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir
famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86
Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a
uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm
sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo
Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87
____________
86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho
mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49
A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios
E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por
homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se
espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem
homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila
se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais
homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos
tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte
de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo
16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo
se forem marido e mulher
Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89
____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da
uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos
homossexuais
42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA
E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a
situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos
casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo
juriacutedica podem os casais homossexuais adotar
No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo
homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes
da jurisprudecircncia
E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a
regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais
Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata
da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo
tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um
dos parceiros90
Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo
5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a
primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei
____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade
Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca
pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do
bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais
homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve
levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo
decidindo sempre pelo bem-estar do menor91
A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece
Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao
adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo
ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia
familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo
()
sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute
casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros
A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee
Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de
estado civil
______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005
Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92
Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que
homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo
poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante
O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de
adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual
diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro
de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93
______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo
da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum
cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito
Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94
Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais
homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95
Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo
sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel
privar os homossexuais do direito agrave adotar96
E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais
flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de
tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar
seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles
que lhe acolhem97
______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53
No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo
barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao
seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira
da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da
histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a
mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para
atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem
a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua
companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de
crianccedilas devem igualmente poder adotar98
Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no
aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes
de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o
preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99
Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida
pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato
Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo
________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53
CONCLUSAtildeO
A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia
E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto
no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio
Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988
Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade
Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente
A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva
Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros
por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores
Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade
Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a
sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do
Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo
Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e
principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que
pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da
adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e
venda de crianccedilas para o estrangeiro
A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente
estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse
baseado nos artigos 1618 a 1629
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52
Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de
amor carinho e solidariedade
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poliacutetica de atendimento aleacutem de tomar medidas de proteccedilatildeo em face da praacutetica de ato
infracional na adoccedilatildeo e a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta liberdade assistida e
ainda determina a responsabilidade da sociedade em relaccedilatildeo a eles70
A adoccedilatildeo no Estatuto da Crianccedila e Adolescente rege-se pelos artigos 39 a 52 ao qual
adoccedilatildeo dos menores de 18 anos ateacute a data do pedido salvo se jaacute estiver sobre a guarda ou
tutela dos adotantes em suma a lei refere-se mais a competecircncia dos juiacutezos da infacircncia e da
juventude pois natildeo foi derrogada no Coacutedigo Civil
Agrave luz do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente o menor e desligado da sua vida
familiar anterior natildeo havendo mais parentescos pelos laccedilos sanguiacuteneos e o seu parentesco
passa a ser o da adoccedilatildeo e os seus parentes satildeo o do adotado
29 A ADOCcedilAtildeO E A CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL
A adoccedilatildeo na Constituiccedilatildeo Federal tem por finalidade satisfazer o direito da crianccedila e
do adolescente agrave convivecircncia familiar sadia direito este previsto no artigo 227 da
Constituiccedilatildeo Federal pois Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave
crianccedila e ao adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave
educaccedilatildeo ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave
__________ 70 KAUSS Omar Gama A Adoccedilatildeo Luacutemen Iuris Rio de Janeirop 41
convivecircncia familiar e comunitaacuteria aleacutem de colocaacute-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo71
Um dos maiores motivos de preocupaccedilatildeo do legislador era a adoccedilatildeo usual praticada
por estrangeiros sem a participaccedilatildeo dos adotantes que se faziam representar por
procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da
adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda
de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida
pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo
por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72
Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo
de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes
independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos
havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e
qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73
Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos
adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do
bem estar do adotado
210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO
A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser
incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e
educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta
assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria
___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438
Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como
com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo
dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos
pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco
pessoal e social nas ruas das grandes cidades
Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia
importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees
sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia
Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem
por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades
coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e
ceacutelere
Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria
com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e
defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do
proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os
procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados
Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo
atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o
instituto da adoccedilatildeo
A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de
_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em
lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que
querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave
crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico
educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e
na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos
e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o
desenvolvimento da cidadania
Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que
tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria
Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir
211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO
Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75
Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma
simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo
A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais
os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a
situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem
adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda
________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser
proporcionada pelas pessoas sem adotar
Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva
jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os
interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais
vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito
simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses
O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida
cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior
(adoccedilatildeo internacional)
CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees
estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil
Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente
A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida
excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido
por pessoa residente no Paiacutes
A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico
conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei
supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida
sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76
Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo
juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a
decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham
falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm
80699077
Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da
Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da
CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia
____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464
Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por
estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos
interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas
atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os
bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal
intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando
verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em
moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias
maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado
enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees
escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos
especialmente do menorrdquo78
Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante
nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado
tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a
perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e
economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila
passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco
e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79
Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas
___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438
Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil
A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver
medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo
internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda
possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o
seu ingresso em famiacutelia substituta
Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo
internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem
conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas
Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em
seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser
interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores
para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que
visem lucro80
Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas
pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator
determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas
famiacutelias substitutas
32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR
ESTRANGEIROS
A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo
seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e
condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________
80 Op Cit p 44 p 438
parte de estrangeiros
Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida
excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo
acarreta o adotante aacute desistecircncia
Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81
impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo
estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro
residente ou domiciliado fora do paiacutes
comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de
seu paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia
especializada e credenciada no paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido
do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico
juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente
autenticados pela autoridade consular
permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a
consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo
Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e
cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no
miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos
de idade
___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439
podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar
prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista
A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82
lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo
reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante
lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica
Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de
Adoccedilatildeo de Menores de 1984)
33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA
A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua
finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores
Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia
prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse
superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas
__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485
A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo
Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de
garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados
contratantes83
Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a
Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo
Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84
requisitos para a adoccedilatildeo internacional
requisitos processuais
reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo
De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo
em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o
interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras
_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486
CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a
grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo
igualmente a possibilidade da poder adotar
A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade
Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas
aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de
constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a
reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois
assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir
famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86
Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a
uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm
sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo
Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87
____________
86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho
mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49
A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios
E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por
homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se
espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem
homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila
se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais
homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos
tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte
de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo
16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo
se forem marido e mulher
Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89
____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da
uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos
homossexuais
42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA
E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a
situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos
casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo
juriacutedica podem os casais homossexuais adotar
No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo
homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes
da jurisprudecircncia
E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a
regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais
Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata
da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo
tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um
dos parceiros90
Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo
5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a
primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei
____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade
Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca
pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do
bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais
homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve
levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo
decidindo sempre pelo bem-estar do menor91
A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece
Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao
adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo
ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia
familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo
()
sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute
casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros
A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee
Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de
estado civil
______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005
Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92
Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que
homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo
poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante
O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de
adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual
diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro
de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93
______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo
da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum
cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito
Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94
Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais
homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95
Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo
sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel
privar os homossexuais do direito agrave adotar96
E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais
flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de
tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar
seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles
que lhe acolhem97
______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53
No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo
barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao
seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira
da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da
histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a
mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para
atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem
a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua
companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de
crianccedilas devem igualmente poder adotar98
Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no
aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes
de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o
preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99
Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida
pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato
Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo
________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53
CONCLUSAtildeO
A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia
E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto
no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio
Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988
Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade
Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente
A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva
Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros
por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores
Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade
Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a
sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do
Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo
Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e
principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que
pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da
adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e
venda de crianccedilas para o estrangeiro
A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente
estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse
baseado nos artigos 1618 a 1629
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52
Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de
amor carinho e solidariedade
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procuraccedilatildeo E ao mesmo tempo coibir os abusos decorrentes do desvio da finalidade da
adoccedilatildeo por estrangeiros sendo muitas vezes praticadas por quadrilhas de sequumlestro e venda
de menores para a adoccedilatildeo internacional motivo pelo qual a adoccedilatildeo seraacute sempre assistida
pelo Poder puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute casos e condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo
por parte de estrangeiros conforme disposto no artigo 227 sect 5ordm rdquo 72
Outro fato importante trazido no bojo da Carta Constitucional de 1988 foi a condiccedilatildeo
de igualdade entre o filho natural e ao adotado igualando assim todos os direitos atinentes
independente da sua natureza inclusive o da sucessatildeo artigo 227 sect 6ordm CRFB Os filhos
havidos ou natildeo da relaccedilatildeo do casamento ou por adoccedilatildeo teratildeo os mesmos direitos e
qualificaccedilotildees proibidas quaisquer designaccedilotildees discriminatoacuterias relativas agrave filiaccedilatildeo73
Assim a Carta Magna contempla a igualdade entre filhos
adotivos aos filhos bioloacutegicos prevalecendo agrave primazia do interesse do
bem estar do adotado
210 PROGRAMAS DE CONSCIENTIZACcedilAtildeO
A adoccedilatildeo deve ser vista como um fenocircmeno de amor e de afeto devendo ser
incetivado pela lei tendo em vista que toda crianccedila ou adolescente tem direito a ser criado e
educado no seio da sua famiacutelia e excepcionalmente ser colocada em famiacutelia substituta
assegurando a convivecircncia familiar e comunitaacuteria
___________ 71 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL EC nordm45 Rio de Janeiro Victor Toma 2005 p 150 72 Op cit P 34 p 437 73 DINIZ Maria Helena Direito Civil ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2002 p438
Muitas entidades em parceria com outras entidades sociais e empresariais bem como
com instituiccedilotildees governamentais vem promovendo a divulgaccedilatildeo e a preparaccedilatildeo da adoccedilatildeo
dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos
pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco
pessoal e social nas ruas das grandes cidades
Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia
importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees
sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia
Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem
por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades
coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e
ceacutelere
Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria
com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e
defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do
proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os
procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados
Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo
atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o
instituto da adoccedilatildeo
A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de
_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em
lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que
querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave
crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico
educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e
na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos
e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o
desenvolvimento da cidadania
Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que
tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria
Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir
211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO
Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75
Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma
simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo
A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais
os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a
situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem
adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda
________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser
proporcionada pelas pessoas sem adotar
Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva
jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os
interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais
vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito
simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses
O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida
cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior
(adoccedilatildeo internacional)
CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees
estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil
Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente
A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida
excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido
por pessoa residente no Paiacutes
A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico
conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei
supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida
sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76
Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo
juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a
decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham
falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm
80699077
Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da
Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da
CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia
____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464
Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por
estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos
interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas
atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os
bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal
intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando
verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em
moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias
maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado
enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees
escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos
especialmente do menorrdquo78
Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante
nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado
tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a
perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e
economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila
passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco
e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79
Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas
___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438
Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil
A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver
medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo
internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda
possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o
seu ingresso em famiacutelia substituta
Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo
internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem
conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas
Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em
seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser
interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores
para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que
visem lucro80
Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas
pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator
determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas
famiacutelias substitutas
32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR
ESTRANGEIROS
A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo
seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e
condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________
80 Op Cit p 44 p 438
parte de estrangeiros
Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida
excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo
acarreta o adotante aacute desistecircncia
Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81
impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo
estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro
residente ou domiciliado fora do paiacutes
comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de
seu paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia
especializada e credenciada no paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido
do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico
juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente
autenticados pela autoridade consular
permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a
consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo
Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e
cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no
miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos
de idade
___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439
podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar
prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista
A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82
lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo
reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante
lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica
Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de
Adoccedilatildeo de Menores de 1984)
33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA
A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua
finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores
Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia
prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse
superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas
__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485
A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo
Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de
garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados
contratantes83
Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a
Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo
Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84
requisitos para a adoccedilatildeo internacional
requisitos processuais
reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo
De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo
em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o
interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras
_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486
CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a
grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo
igualmente a possibilidade da poder adotar
A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade
Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas
aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de
constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a
reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois
assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir
famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86
Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a
uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm
sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo
Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87
____________
86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho
mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49
A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios
E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por
homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se
espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem
homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila
se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais
homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos
tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte
de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo
16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo
se forem marido e mulher
Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89
____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da
uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos
homossexuais
42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA
E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a
situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos
casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo
juriacutedica podem os casais homossexuais adotar
No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo
homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes
da jurisprudecircncia
E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a
regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais
Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata
da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo
tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um
dos parceiros90
Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo
5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a
primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei
____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade
Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca
pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do
bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais
homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve
levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo
decidindo sempre pelo bem-estar do menor91
A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece
Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao
adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo
ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia
familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo
()
sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute
casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros
A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee
Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de
estado civil
______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005
Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92
Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que
homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo
poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante
O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de
adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual
diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro
de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93
______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo
da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum
cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito
Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94
Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais
homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95
Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo
sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel
privar os homossexuais do direito agrave adotar96
E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais
flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de
tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar
seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles
que lhe acolhem97
______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53
No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo
barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao
seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira
da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da
histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a
mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para
atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem
a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua
companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de
crianccedilas devem igualmente poder adotar98
Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no
aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes
de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o
preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99
Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida
pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato
Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo
________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53
CONCLUSAtildeO
A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia
E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto
no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio
Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988
Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade
Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente
A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva
Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros
por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores
Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade
Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a
sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do
Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo
Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e
principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que
pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da
adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e
venda de crianccedilas para o estrangeiro
A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente
estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse
baseado nos artigos 1618 a 1629
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52
Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de
amor carinho e solidariedade
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dentre outras atividades atraveacutes de o Projetos Especiais74 que dentre outros objetivos
pretendem a reinserccedilatildeo familiar das crianccedilas e adolescentes que se encontram sob risco
pessoal e social nas ruas das grandes cidades
Tais projetos de incentivo e esclarecimentos sobre a adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia
importante para o desenvolvimento da cidadania integrando o corpo funcional das accedilotildees
sociais de que toda crianccedila ou adolescente tem direito de ter um lar uma famiacutelia
Essas entidades prestam assistecircncia a crianccedilas e jovens em situaccedilatildeo de risco que tem
por objetivo a dignidade e da cidadania E umas das maiores preocupaccedilotildees dessas entidades
coaduna sobre a colocaccedilatildeo da crianccedila ou adolescente em famiacutelia substituta de forma aacutegil e
ceacutelere
Atualmente haacute em andamento alguns projetos criados em parceria
com algumas Entidades Assistenciais que trabalham em prol da cidadania e
defesa dos interesses das crianccedilas e adolescentes dentre eles incentivos do
proacuteprio Juizado da Infacircncia e Juventude que se preocupa com os
procedimentos de prevenccedilatildeo mediaccedilatildeo defesa e interesses dos adotados
Nesse mesmo intuito o Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro e do Espiacuterito Santo
atraveacutes de suas Vara da Infacircncia e Juventude lanccedilaram uma cartilha explicativa sobre o
instituto da adoccedilatildeo
A Cartilha traz respostas as perguntas sobre o instituto da adoccedilatildeo explicando de
_______________ 74 Cartilha da Adoccedilatildeo- Projeto do Juizado da Infacircncia e Adolescentes ndash 1ordf Vara do Rio de Janeiro Disponiacutevel em
lthttpwwwinfanciaejuventudegovbrgt Acesso em 15 de Abr 2005
forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que
querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave
crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico
educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e
na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos
e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o
desenvolvimento da cidadania
Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que
tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria
Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir
211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO
Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75
Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma
simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo
A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais
os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a
situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem
adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda
________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser
proporcionada pelas pessoas sem adotar
Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva
jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os
interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais
vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito
simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses
O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida
cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior
(adoccedilatildeo internacional)
CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees
estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil
Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente
A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida
excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido
por pessoa residente no Paiacutes
A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico
conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei
supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida
sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76
Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo
juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a
decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham
falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm
80699077
Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da
Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da
CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia
____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464
Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por
estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos
interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas
atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os
bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal
intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando
verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em
moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias
maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado
enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees
escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos
especialmente do menorrdquo78
Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante
nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado
tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a
perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e
economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila
passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco
e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79
Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas
___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438
Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil
A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver
medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo
internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda
possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o
seu ingresso em famiacutelia substituta
Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo
internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem
conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas
Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em
seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser
interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores
para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que
visem lucro80
Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas
pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator
determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas
famiacutelias substitutas
32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR
ESTRANGEIROS
A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo
seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e
condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________
80 Op Cit p 44 p 438
parte de estrangeiros
Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida
excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo
acarreta o adotante aacute desistecircncia
Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81
impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo
estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro
residente ou domiciliado fora do paiacutes
comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de
seu paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia
especializada e credenciada no paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido
do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico
juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente
autenticados pela autoridade consular
permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a
consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo
Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e
cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no
miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos
de idade
___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439
podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar
prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista
A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82
lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo
reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante
lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica
Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de
Adoccedilatildeo de Menores de 1984)
33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA
A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua
finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores
Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia
prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse
superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas
__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485
A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo
Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de
garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados
contratantes83
Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a
Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo
Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84
requisitos para a adoccedilatildeo internacional
requisitos processuais
reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo
De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo
em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o
interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras
_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486
CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a
grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo
igualmente a possibilidade da poder adotar
A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade
Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas
aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de
constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a
reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois
assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir
famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86
Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a
uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm
sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo
Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87
____________
86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho
mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49
A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios
E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por
homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se
espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem
homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila
se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais
homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos
tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte
de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo
16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo
se forem marido e mulher
Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89
____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da
uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos
homossexuais
42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA
E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a
situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos
casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo
juriacutedica podem os casais homossexuais adotar
No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo
homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes
da jurisprudecircncia
E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a
regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais
Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata
da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo
tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um
dos parceiros90
Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo
5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a
primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei
____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade
Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca
pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do
bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais
homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve
levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo
decidindo sempre pelo bem-estar do menor91
A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece
Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao
adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo
ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia
familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo
()
sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute
casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros
A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee
Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de
estado civil
______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005
Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92
Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que
homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo
poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante
O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de
adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual
diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro
de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93
______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo
da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum
cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito
Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94
Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais
homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95
Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo
sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel
privar os homossexuais do direito agrave adotar96
E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais
flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de
tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar
seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles
que lhe acolhem97
______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53
No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo
barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao
seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira
da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da
histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a
mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para
atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem
a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua
companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de
crianccedilas devem igualmente poder adotar98
Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no
aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes
de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o
preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99
Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida
pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato
Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo
________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53
CONCLUSAtildeO
A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia
E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto
no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio
Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988
Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade
Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente
A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva
Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros
por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores
Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade
Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a
sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do
Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo
Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e
principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que
pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da
adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e
venda de crianccedilas para o estrangeiro
A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente
estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse
baseado nos artigos 1618 a 1629
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52
Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de
amor carinho e solidariedade
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forma bem simples os caminhos da adoccedilatildeo que tem como escopo o interesse daqueles que
querem adotar e muito mais que os interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave
crianccedila ou adolescente a ser adotado reais vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico
educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam os procedimentos para adoccedilatildeo satildeo simples e
na maioria das vezes termina em poucos meses portanto esses projetos de esclarecimentos
e incentivo ao instituto da adoccedilatildeo satildeo pontos de referecircncia importante para o
desenvolvimento da cidadania
Diversas satildeo as modalidades desenvolvidas de apoio e incentivo a adoccedilatildeo que
tambeacutem contam com o apoio e estreita ligaccedilatildeo com o Ministeacuterio Puacuteblico e a Defensoria
Puacuteblica perfazendo assim que a eficaacutecia e presteza das accedilotildees de adoccedilatildeo possam fluir
211 CARTILHA DA ADOCcedilAtildeO
Hoje haacute em divulgaccedilatildeo duas cartilhas elaboradas pelo Tribunal de Justiccedila do Rio de Janeiro ndash Vara da Infacircncia e Juventude e pelo Tribunal de Justiccedila do Espiacuterito Santo ndash Vara da Infacircncia e Juventude75
Tal projeto trata-se de incentivo inovador e auto-explicativo que esclarece de forma
simples as perguntas mais frequumlentes pertinentes a adoccedilatildeo
A cartilha em seu bojo traz resposta as seguintes perguntas O que eacute adoccedilatildeo Quais
os institutos correlatos guarda amp tutela Como fazer para adotar Como fica a
situaccedilatildeo dos Brasileiros ou Estrangeiros Residentes no Paiacutes e os procedimentos a serem
adotados Os estrangeiros residentes no exterior podem adotar E ainda
________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser
proporcionada pelas pessoas sem adotar
Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva
jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os
interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais
vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito
simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses
O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida
cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior
(adoccedilatildeo internacional)
CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees
estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil
Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente
A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida
excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido
por pessoa residente no Paiacutes
A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico
conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei
supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida
sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76
Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo
juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a
decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham
falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm
80699077
Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da
Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da
CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia
____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464
Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por
estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos
interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas
atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os
bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal
intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando
verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em
moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias
maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado
enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees
escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos
especialmente do menorrdquo78
Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante
nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado
tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a
perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e
economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila
passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco
e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79
Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas
___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438
Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil
A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver
medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo
internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda
possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o
seu ingresso em famiacutelia substituta
Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo
internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem
conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas
Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em
seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser
interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores
para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que
visem lucro80
Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas
pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator
determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas
famiacutelias substitutas
32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR
ESTRANGEIROS
A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo
seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e
condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________
80 Op Cit p 44 p 438
parte de estrangeiros
Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida
excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo
acarreta o adotante aacute desistecircncia
Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81
impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo
estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro
residente ou domiciliado fora do paiacutes
comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de
seu paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia
especializada e credenciada no paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido
do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico
juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente
autenticados pela autoridade consular
permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a
consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo
Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e
cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no
miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos
de idade
___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439
podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar
prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista
A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82
lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo
reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante
lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica
Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de
Adoccedilatildeo de Menores de 1984)
33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA
A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua
finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores
Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia
prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse
superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas
__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485
A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo
Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de
garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados
contratantes83
Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a
Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo
Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84
requisitos para a adoccedilatildeo internacional
requisitos processuais
reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo
De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo
em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o
interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras
_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486
CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a
grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo
igualmente a possibilidade da poder adotar
A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade
Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas
aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de
constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a
reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois
assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir
famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86
Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a
uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm
sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo
Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87
____________
86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho
mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49
A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios
E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por
homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se
espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem
homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila
se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais
homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos
tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte
de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo
16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo
se forem marido e mulher
Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89
____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da
uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos
homossexuais
42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA
E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a
situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos
casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo
juriacutedica podem os casais homossexuais adotar
No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo
homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes
da jurisprudecircncia
E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a
regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais
Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata
da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo
tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um
dos parceiros90
Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo
5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a
primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei
____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade
Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca
pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do
bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais
homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve
levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo
decidindo sempre pelo bem-estar do menor91
A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece
Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao
adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo
ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia
familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo
()
sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute
casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros
A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee
Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de
estado civil
______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005
Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92
Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que
homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo
poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante
O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de
adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual
diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro
de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93
______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo
da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum
cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito
Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94
Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais
homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95
Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo
sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel
privar os homossexuais do direito agrave adotar96
E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais
flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de
tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar
seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles
que lhe acolhem97
______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53
No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo
barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao
seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira
da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da
histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a
mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para
atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem
a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua
companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de
crianccedilas devem igualmente poder adotar98
Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no
aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes
de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o
preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99
Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida
pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato
Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo
________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53
CONCLUSAtildeO
A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia
E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto
no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio
Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988
Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade
Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente
A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva
Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros
por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores
Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade
Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a
sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do
Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo
Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e
principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que
pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da
adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e
venda de crianccedilas para o estrangeiro
A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente
estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse
baseado nos artigos 1618 a 1629
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52
Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de
amor carinho e solidariedade
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________________ 75 Cartilha da Adoccedilatildeo elaborada pelo Juizado da Infancia e Juventude do Espiacuterito Santo 2004 Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbrgt Acesso em 15 Abr 2005 informa sobre outros caminhos de solidariedade como a ajuda que pode ser
proporcionada pelas pessoas sem adotar
Nessa cartilha os caminhos da adoccedilatildeo satildeo explicados de forma bem clara e objetiva
jaacute que tem como escopo o interesse daqueles que querem adotar e muito mais que os
interesses dos adultos envolvidos a adoccedilatildeo traraacute agrave crianccedila ou adolescente a ser adotado reais
vantagens para seu desenvolvimento fiacutesico educacional moral e espiritual
Ao contraacuterio do que muitos acreditam o procedimento para se adotar eacute muito
simples e raacutepido que na grande maioria das vezes termina em poucos meses
O rol de procedimentos e esclarecimentos tratados a respeito da adoccedilatildeo na referida
cartilha se referem agravequeles que queiram adotar sejam residentes no Brasil ou no Exterior
(adoccedilatildeo internacional)
CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees
estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil
Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente
A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida
excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido
por pessoa residente no Paiacutes
A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico
conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei
supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida
sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76
Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo
juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a
decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham
falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm
80699077
Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da
Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da
CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia
____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464
Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por
estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos
interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas
atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os
bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal
intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando
verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em
moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias
maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado
enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees
escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos
especialmente do menorrdquo78
Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante
nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado
tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a
perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e
economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila
passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco
e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79
Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas
___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438
Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil
A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver
medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo
internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda
possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o
seu ingresso em famiacutelia substituta
Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo
internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem
conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas
Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em
seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser
interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores
para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que
visem lucro80
Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas
pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator
determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas
famiacutelias substitutas
32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR
ESTRANGEIROS
A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo
seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e
condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________
80 Op Cit p 44 p 438
parte de estrangeiros
Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida
excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo
acarreta o adotante aacute desistecircncia
Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81
impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo
estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro
residente ou domiciliado fora do paiacutes
comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de
seu paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia
especializada e credenciada no paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido
do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico
juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente
autenticados pela autoridade consular
permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a
consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo
Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e
cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no
miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos
de idade
___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439
podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar
prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista
A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82
lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo
reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante
lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica
Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de
Adoccedilatildeo de Menores de 1984)
33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA
A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua
finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores
Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia
prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse
superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas
__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485
A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo
Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de
garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados
contratantes83
Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a
Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo
Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84
requisitos para a adoccedilatildeo internacional
requisitos processuais
reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo
De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo
em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o
interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras
_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486
CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a
grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo
igualmente a possibilidade da poder adotar
A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade
Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas
aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de
constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a
reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois
assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir
famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86
Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a
uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm
sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo
Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87
____________
86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho
mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49
A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios
E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por
homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se
espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem
homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila
se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais
homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos
tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte
de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo
16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo
se forem marido e mulher
Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89
____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da
uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos
homossexuais
42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA
E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a
situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos
casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo
juriacutedica podem os casais homossexuais adotar
No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo
homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes
da jurisprudecircncia
E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a
regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais
Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata
da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo
tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um
dos parceiros90
Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo
5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a
primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei
____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade
Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca
pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do
bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais
homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve
levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo
decidindo sempre pelo bem-estar do menor91
A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece
Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao
adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo
ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia
familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo
()
sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute
casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros
A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee
Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de
estado civil
______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005
Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92
Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que
homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo
poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante
O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de
adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual
diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro
de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93
______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo
da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum
cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito
Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94
Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais
homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95
Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo
sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel
privar os homossexuais do direito agrave adotar96
E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais
flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de
tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar
seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles
que lhe acolhem97
______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53
No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo
barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao
seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira
da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da
histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a
mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para
atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem
a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua
companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de
crianccedilas devem igualmente poder adotar98
Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no
aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes
de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o
preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99
Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida
pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato
Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo
________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53
CONCLUSAtildeO
A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia
E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto
no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio
Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988
Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade
Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente
A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva
Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros
por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores
Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade
Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a
sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do
Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo
Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e
principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que
pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da
adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e
venda de crianccedilas para o estrangeiro
A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente
estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse
baseado nos artigos 1618 a 1629
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52
Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de
amor carinho e solidariedade
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CAPIacuteTULO 3 ndash ADOCcedilAtildeO INTERNACIONAL
31 ADOCcedilAtildeO INTENACIONAL A adoccedilatildeo de brasileiros por estrangeiros deveraacute obedecer aos casos e condiccedilotildees
estabelecidos legalmente artigo 1629 do Novo Coacutedigo Civil
Encontra tambeacutem previsatildeo legal nos artigos 51 e 52 do Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente
A adoccedilatildeo por estrangeiros residente no exterior eacute considerada pela lei medida
excepcional sendo possiacutevel somente quando a crianccedila ou adolescente natildeo for pretendido
por pessoa residente no Paiacutes
A provocaccedilatildeo da adoccedilatildeo internacional ocorre atraveacutes do Ministeacuterio Puacuteblico
conforme artigos 155 a 163 da Lei nordm 806990 cumprido os requisitos do artigo 51 da lei
supra onde o representante do Ministeacuterio Puacuteblico eacute ouvido e posteriormente seraacute proferida
sentenccedila habilitando os requerentes agrave adoccedilatildeo internacional76
Somente poderaacute ser efetuada nos casos em que a crianccedila jaacute tenha sua situaccedilatildeo
juriacutedica definida ou seja que jaacute possua sentenccedila transitada em julgado declarando a
decretaccedilatildeo da perda do poder familiar ou ainda declaraccedilatildeo de que seus pais jaacute tenham
falecido e este menor esteja sobre a proteccedilatildeo do Estado na forma do artigo 169 da Lei nordm
80699077
Os requerentes depois de habilitados deveram requerer mediante peticcedilatildeo ao juiz da
Vara da infacircncia a adoccedilatildeo observando as regras estabelecidas em seu Regimento Interno da
CEJA ndash Comissatildeo Estadual Judiciaacuteria de Adoccedilatildeo e na Convenccedilatildeo de Haia
____________ 76 KAUSSOmar Gama Rio de Janeiro Lumen Iuris 1993 p 61 77 SZINICK Valdir A Adoccedilatildeo Rio de Jneiro Leud 1999 p 464
Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por
estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos
interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas
atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os
bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal
intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando
verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em
moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias
maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado
enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees
escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos
especialmente do menorrdquo78
Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante
nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado
tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a
perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e
economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila
passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco
e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79
Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas
___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438
Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil
A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver
medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo
internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda
possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o
seu ingresso em famiacutelia substituta
Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo
internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem
conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas
Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em
seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser
interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores
para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que
visem lucro80
Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas
pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator
determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas
famiacutelias substitutas
32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR
ESTRANGEIROS
A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo
seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e
condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________
80 Op Cit p 44 p 438
parte de estrangeiros
Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida
excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo
acarreta o adotante aacute desistecircncia
Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81
impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo
estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro
residente ou domiciliado fora do paiacutes
comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de
seu paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia
especializada e credenciada no paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido
do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico
juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente
autenticados pela autoridade consular
permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a
consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo
Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e
cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no
miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos
de idade
___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439
podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar
prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista
A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82
lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo
reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante
lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica
Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de
Adoccedilatildeo de Menores de 1984)
33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA
A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua
finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores
Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia
prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse
superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas
__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485
A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo
Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de
garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados
contratantes83
Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a
Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo
Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84
requisitos para a adoccedilatildeo internacional
requisitos processuais
reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo
De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo
em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o
interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras
_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486
CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a
grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo
igualmente a possibilidade da poder adotar
A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade
Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas
aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de
constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a
reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois
assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir
famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86
Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a
uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm
sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo
Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87
____________
86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho
mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49
A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios
E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por
homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se
espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem
homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila
se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais
homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos
tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte
de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo
16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo
se forem marido e mulher
Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89
____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da
uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos
homossexuais
42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA
E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a
situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos
casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo
juriacutedica podem os casais homossexuais adotar
No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo
homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes
da jurisprudecircncia
E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a
regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais
Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata
da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo
tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um
dos parceiros90
Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo
5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a
primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei
____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade
Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca
pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do
bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais
homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve
levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo
decidindo sempre pelo bem-estar do menor91
A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece
Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao
adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo
ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia
familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo
()
sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute
casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros
A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee
Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de
estado civil
______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005
Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92
Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que
homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo
poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante
O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de
adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual
diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro
de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93
______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo
da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum
cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito
Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94
Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais
homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95
Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo
sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel
privar os homossexuais do direito agrave adotar96
E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais
flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de
tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar
seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles
que lhe acolhem97
______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53
No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo
barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao
seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira
da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da
histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a
mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para
atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem
a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua
companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de
crianccedilas devem igualmente poder adotar98
Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no
aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes
de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o
preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99
Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida
pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato
Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo
________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53
CONCLUSAtildeO
A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia
E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto
no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio
Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988
Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade
Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente
A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva
Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros
por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores
Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade
Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a
sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do
Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo
Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e
principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que
pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da
adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e
venda de crianccedilas para o estrangeiro
A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente
estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse
baseado nos artigos 1618 a 1629
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52
Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de
amor carinho e solidariedade
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Sznick define a adoccedilatildeo internacional como agrave procura de crianccedilas brasileiras por
estrangeiros que vem crescendo muito nos uacuteltimos anos Daiacute surgirem ao lado dos
interessados diretos e vaacuterias intermediaccedilotildees quer individuais quer ateacute de pessoas juriacutedicas
atraveacutes de agecircncias de intermediaccedilatildeo como especialmente por parte dos adotantes haacute os
bens intencionados nos que fazem a intermediaccedilatildeo em regra muitos natildeo soacute satildeo mal
intencionados (visando lucro e vantagens pessoais com a adoccedilatildeo) mas ateacute formando
verdadeiras quadrilhas para o cometimento de crimes ndash jaacute que os lucros satildeo grandes e em
moeda estrangeira ndash como sequumlestro de receacutem-nascidos na maioria das vezes nas proacuteprias
maternidades ou entatildeo em locais puacuteblicos outros crimes como o estelionato praticado
enganando as matildees com possiacuteveis internaccedilotildees ou ainda quando da praacutetica de adoccedilotildees
escondendo que as crianccedilas satildeo destinadas ao exterior a falsificaccedilatildeo de documentos
especialmente do menorrdquo78
Eacute fato que a procura pela adoccedilatildeo no Brasil por estrangeiros tem crescido bastante
nos uacuteltimos anos e com certeza essa procura acaba por gerar um grande bem por um lado
tendo em vista que a colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta gera para essa crianccedila a
perspectiva de um e de uma famiacutelia Ateacute porque os estrangeiros estatildeo psicologicamente e
economicamente mais preparados para adoccedilatildeo natildeo fazendo distinccedilatildeo entre sexo e raccedila
passo que ao brasileiro eacute mais seletivo em regra procura para adotar receacutem-nascido branco
e sadio configurando em nossa sociedade os problemas da discriminaccedilatildeo racial79
Devemos sim tomar cuidado com a adoccedilatildeo de menores por estrangeiros residentes no exterior no que conduz a venda sequumlestro e traacutefico de crianccedilas
___________ 78 Op cit p 43 p 465 79 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndashDireito de Famiacutelia Satildeo Paulo 2003 p 438
Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil
A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver
medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo
internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda
possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o
seu ingresso em famiacutelia substituta
Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo
internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem
conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas
Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em
seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser
interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores
para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que
visem lucro80
Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas
pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator
determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas
famiacutelias substitutas
32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR
ESTRANGEIROS
A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo
seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e
condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________
80 Op Cit p 44 p 438
parte de estrangeiros
Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida
excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo
acarreta o adotante aacute desistecircncia
Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81
impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo
estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro
residente ou domiciliado fora do paiacutes
comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de
seu paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia
especializada e credenciada no paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido
do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico
juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente
autenticados pela autoridade consular
permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a
consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo
Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e
cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no
miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos
de idade
___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439
podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar
prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista
A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82
lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo
reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante
lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica
Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de
Adoccedilatildeo de Menores de 1984)
33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA
A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua
finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores
Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia
prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse
superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas
__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485
A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo
Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de
garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados
contratantes83
Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a
Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo
Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84
requisitos para a adoccedilatildeo internacional
requisitos processuais
reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo
De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo
em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o
interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras
_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486
CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a
grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo
igualmente a possibilidade da poder adotar
A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade
Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas
aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de
constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a
reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois
assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir
famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86
Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a
uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm
sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo
Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87
____________
86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho
mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49
A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios
E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por
homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se
espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem
homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila
se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais
homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos
tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte
de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo
16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo
se forem marido e mulher
Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89
____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da
uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos
homossexuais
42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA
E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a
situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos
casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo
juriacutedica podem os casais homossexuais adotar
No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo
homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes
da jurisprudecircncia
E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a
regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais
Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata
da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo
tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um
dos parceiros90
Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo
5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a
primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei
____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade
Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca
pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do
bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais
homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve
levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo
decidindo sempre pelo bem-estar do menor91
A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece
Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao
adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo
ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia
familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo
()
sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute
casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros
A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee
Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de
estado civil
______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005
Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92
Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que
homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo
poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante
O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de
adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual
diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro
de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93
______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo
da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum
cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito
Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94
Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais
homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95
Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo
sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel
privar os homossexuais do direito agrave adotar96
E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais
flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de
tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar
seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles
que lhe acolhem97
______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53
No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo
barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao
seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira
da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da
histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a
mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para
atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem
a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua
companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de
crianccedilas devem igualmente poder adotar98
Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no
aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes
de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o
preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99
Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida
pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato
Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo
________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53
CONCLUSAtildeO
A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia
E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto
no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio
Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988
Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade
Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente
A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva
Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros
por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores
Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade
Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a
sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do
Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo
Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e
principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que
pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da
adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e
venda de crianccedilas para o estrangeiro
A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente
estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse
baseado nos artigos 1618 a 1629
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52
Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de
amor carinho e solidariedade
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WALD Arnald O Novo Direito de Famiacutelia 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2002 p217-225
Eacute importante que as pessoas tenham conhecimento de que a adoccedilatildeo eacute um ato de amor e solidariedade e que este instituto passe a ser mais usado por pessoas da mesma nacionalidade do adotando nesse caso o Brasil
A adoccedilatildeo internacional natildeo se trata de um mal mas deveria haver
medidas mais eficazes para punir o desvio da finalidade da adoccedilatildeo
internacional mal intencionada para que de qualquer forma ainda
possa prevalecer a primazia dos interesses do adotado ao permitir o
seu ingresso em famiacutelia substituta
Por esse motivo em nosso ordenamento juriacutedico a adoccedilatildeo
internacional tem sido bastante combatida uma vez que muito se tem
conhecimento da corrupccedilatildeo e traacutefico de crianccedilas
Contra esse crime o Estatuto da Crianccedila e do Adolescente prevecirc em
seu artigo 239 pena de reclusatildeo e multa e ainda poderaacute ser
interrompida a adoccedilatildeo que cujo ato estiver destinado a enviar menores
para o exterior sem a observacircncia das formalidades legais ou que
visem lucro80
Assim haveria uma maior possibilidade de crianccedilas serem adotadas
pois o que importa natildeo eacute a nacionalidade natildeo eacute este o fator
determinante mas sim o amor que essas crianccedilas receberiam em suas
famiacutelias substitutas
32 RESTRICcedilOtildeES A ADOCcedilAtildeO DE MENORES POR
ESTRANGEIROS
A Constituiccedilatildeo Federal de 1988 em seu artigo 227 sect 5ordm a adoccedilatildeo
seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico que inclusive estabeleceraacute casos e
condiccedilotildees de sua efetivaccedilatildeo por ___________
80 Op Cit p 44 p 438
parte de estrangeiros
Assim a colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta estrangeira constitui medida
excepcional apresentando as seguintes restriccedilotildees legais que poderatildeo
acarreta o adotante aacute desistecircncia
Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81
impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo
estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro
residente ou domiciliado fora do paiacutes
comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de
seu paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia
especializada e credenciada no paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido
do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico
juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente
autenticados pela autoridade consular
permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a
consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo
Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e
cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no
miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos
de idade
___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439
podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar
prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista
A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82
lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo
reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante
lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica
Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de
Adoccedilatildeo de Menores de 1984)
33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA
A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua
finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores
Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia
prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse
superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas
__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485
A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo
Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de
garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados
contratantes83
Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a
Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo
Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84
requisitos para a adoccedilatildeo internacional
requisitos processuais
reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo
De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo
em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o
interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras
_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486
CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a
grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo
igualmente a possibilidade da poder adotar
A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade
Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas
aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de
constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a
reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois
assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir
famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86
Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a
uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm
sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo
Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87
____________
86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho
mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49
A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios
E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por
homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se
espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem
homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila
se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais
homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos
tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte
de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo
16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo
se forem marido e mulher
Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89
____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da
uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos
homossexuais
42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA
E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a
situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos
casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo
juriacutedica podem os casais homossexuais adotar
No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo
homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes
da jurisprudecircncia
E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a
regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais
Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata
da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo
tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um
dos parceiros90
Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo
5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a
primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei
____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade
Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca
pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do
bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais
homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve
levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo
decidindo sempre pelo bem-estar do menor91
A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece
Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao
adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo
ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia
familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo
()
sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute
casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros
A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee
Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de
estado civil
______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005
Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92
Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que
homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo
poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante
O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de
adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual
diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro
de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93
______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo
da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum
cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito
Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94
Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais
homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95
Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo
sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel
privar os homossexuais do direito agrave adotar96
E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais
flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de
tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar
seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles
que lhe acolhem97
______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53
No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo
barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao
seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira
da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da
histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a
mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para
atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem
a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua
companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de
crianccedilas devem igualmente poder adotar98
Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no
aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes
de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o
preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99
Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida
pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato
Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo
________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53
CONCLUSAtildeO
A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia
E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto
no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio
Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988
Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade
Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente
A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva
Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros
por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores
Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade
Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a
sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do
Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo
Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e
principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que
pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da
adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e
venda de crianccedilas para o estrangeiro
A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente
estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse
baseado nos artigos 1618 a 1629
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52
Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de
amor carinho e solidariedade
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 6023 informaccedilatildeo e
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rev e atual Rio de Janeiro Forense 2000 p 380-387
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Iuris 2002 p 147-193
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Forense 2000 p 171-185
SCINICK Valdir Adoccedilatildeo 3 ed Satildeo Paulo Leud1999 p 19-519
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2003 p 315-351
_______ Direito Civil V ndash Direito de Famiacutelia V ed Satildeo Paulo Atlas 2001p 257-283
WALD Arnald O Novo Direito de Famiacutelia 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2002 p217-225
Satildeo algumas restriccedilotildees para a adoccedilatildeo por estrangeiros81
impossibilidade de adoccedilatildeo por procuraccedilatildeo
estaacutegio de convivecircncia exigido na hipoacutetese de estrangeiro
residente ou domiciliado fora do paiacutes
comprovaccedilatildeo da habilitaccedilatildeo do adotante `a adoccedilatildeoconsoante leis de
seu paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de estudo psicossocial do adotante feito por agecircncia
especializada e credenciada no paiacutes de origem
apresentaccedilatildeo de texto pertinente agrave legislaccedilatildeo estrangeira a pedido
do juiz de ofiacutecio ou do Ministeacuterio Puacuteblico
juntada aos autos de documentos estrangeiros devidamente
autenticados pela autoridade consular
permissatildeo da saiacuteda do adotando do territoacuterio nacional apenas apoacutes a
consumaccedilatildeo da adoccedilatildeo
Qualquer estrangeiro poderaacute adotar desde que respeitada a norma vigente e
cumprido o prazo do estaacutegio de convivecircncia no territoacuterio nacional que seraacute de15 dias no
miacutenimo para adotados ateacute 2 anos de idade e de 30 dias no miacutenimo se for acima de 2 anos
de idade
___________ 81 DINIZ Maria Helena Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia Satildeo Paulo Saraiva 2003 p 439
podendo ainda ficar a criteacuterio do juiz tendo em vista que o prazo da exigecircncia se acarretar
prejuiacutezos de ordem econocircmica e trabalhista
A adoccedilatildeo na seara do direito internacional privado rege-se por dois sistemas82
lei da nacionalidade ndash no caso de nacionalidade diversa prevaleceraacute a legislaccedilatildeoo
reguladora da adoccedilatildeo nacional do adotante
lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica
Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de
Adoccedilatildeo de Menores de 1984)
33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA
A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua
finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores
Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia
prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse
superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas
__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485
A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo
Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de
garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados
contratantes83
Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a
Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo
Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84
requisitos para a adoccedilatildeo internacional
requisitos processuais
reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo
De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo
em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o
interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras
_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486
CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a
grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo
igualmente a possibilidade da poder adotar
A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade
Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas
aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de
constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a
reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois
assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir
famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86
Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a
uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm
sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo
Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87
____________
86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho
mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49
A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios
E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por
homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se
espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem
homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila
se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais
homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos
tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte
de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo
16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo
se forem marido e mulher
Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89
____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da
uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos
homossexuais
42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA
E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a
situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos
casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo
juriacutedica podem os casais homossexuais adotar
No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo
homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes
da jurisprudecircncia
E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a
regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais
Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata
da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo
tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um
dos parceiros90
Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo
5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a
primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei
____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade
Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca
pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do
bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais
homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve
levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo
decidindo sempre pelo bem-estar do menor91
A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece
Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao
adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo
ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia
familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo
()
sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute
casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros
A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee
Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de
estado civil
______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005
Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92
Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que
homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo
poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante
O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de
adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual
diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro
de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93
______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo
da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum
cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito
Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94
Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais
homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95
Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo
sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel
privar os homossexuais do direito agrave adotar96
E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais
flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de
tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar
seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles
que lhe acolhem97
______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53
No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo
barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao
seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira
da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da
histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a
mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para
atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem
a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua
companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de
crianccedilas devem igualmente poder adotar98
Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no
aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes
de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o
preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99
Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida
pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato
Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo
________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53
CONCLUSAtildeO
A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia
E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto
no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio
Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988
Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade
Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente
A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva
Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros
por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores
Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade
Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a
sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do
Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo
Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e
principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que
pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da
adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e
venda de crianccedilas para o estrangeiro
A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente
estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse
baseado nos artigos 1618 a 1629
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52
Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de
amor carinho e solidariedade
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 6023 informaccedilatildeo e
documentaccedilatildeo referecircncias ndash elaboraccedilatildeo Rio de Janeiro 2002
______ NBR 10520 informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo apresentaccedilatildeo de citaccedilotildees em
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lei do domiciacutelio ndash acatados pelos paiacuteses da Common Law e pelos paiacuteses da Ameacuterica
Latina participantes da Convenccedilatildeo Interamericana sobre Conflito de Leis em Mateacuteria de
Adoccedilatildeo de Menores de 1984)
33 ADOCcedilAtildeO E A CONVENCcedilAtildeO DE HAIA
A adoccedilatildeo tem por finalidade criar entre duas pessoas relaccedilotildees juriacutedicas idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue E a adoccedilatildeo internacional assim como a adoccedilatildeo por nacionais tem a mesma finalidade de amparar moral e materialmente aqueles que precisam de um lar e de pais idecircnticas agraves que resultam de uma filiaccedilatildeo de sangue Do ponto de vista social a adoccedilatildeo eacute um instituto de amor ao proacuteximo de solidariedade uma chance de um lar e de uma famiacutelia para aqueles que foram desprovidos E como jaacute mencionado a adoccedilatildeo por estrangeiros muitas vezes acaba por ter sua
finalidade desviada a venda o sequestro e o traacutefico de menores
Visando preservar os interesses daqueles que seratildeo adotados a Convenccedilatildeo de Haia
prevecircem medidas para garantir que as adoccedilotildees internacionais sejam feitas no interesse
superior dos menores em ingressar em famiacutelias substitutas
__________ 82 SZINICK Waldir A Adoccedilatildeo Rio de Janeiro Leud 1999 p 485
A Convenccedilatildeo de Haia foi concluiacuteda em 29 de maio de 1993 sendo ratificado pelo
Brasil atraveacutes do Decreto Legislativo nordm 63 de 19 de abril de 1995 cujo objetivo seria de
garantir os interesses das crianccedilas promovendo a cooperaccedilatildeo entre os Estados
contratantes83
Diz o artigo 1ordm do Decreto supra ldquoEacute aprovado o texto da Convenccedilatildeo sobre a
Cooperaccedilatildeo Internacional concluiacutedo em Haia em 29 de maio de 1993rdquo
Satildeo alguns requisitos da Convenccedilatildeo de Haia84
requisitos para a adoccedilatildeo internacional
requisitos processuais
reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo
De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo
em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o
interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras
_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486
CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a
grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo
igualmente a possibilidade da poder adotar
A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade
Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas
aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de
constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a
reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois
assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir
famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86
Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a
uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm
sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo
Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87
____________
86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho
mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49
A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios
E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por
homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se
espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem
homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila
se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais
homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos
tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte
de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo
16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo
se forem marido e mulher
Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89
____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da
uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos
homossexuais
42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA
E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a
situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos
casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo
juriacutedica podem os casais homossexuais adotar
No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo
homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes
da jurisprudecircncia
E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a
regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais
Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata
da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo
tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um
dos parceiros90
Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo
5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a
primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei
____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade
Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca
pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do
bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais
homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve
levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo
decidindo sempre pelo bem-estar do menor91
A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece
Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao
adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo
ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia
familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo
()
sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute
casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros
A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee
Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de
estado civil
______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005
Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92
Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que
homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo
poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante
O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de
adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual
diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro
de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93
______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo
da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum
cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito
Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94
Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais
homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95
Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo
sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel
privar os homossexuais do direito agrave adotar96
E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais
flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de
tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar
seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles
que lhe acolhem97
______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53
No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo
barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao
seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira
da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da
histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a
mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para
atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem
a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua
companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de
crianccedilas devem igualmente poder adotar98
Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no
aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes
de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o
preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99
Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida
pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato
Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo
________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53
CONCLUSAtildeO
A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia
E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto
no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio
Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988
Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade
Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente
A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva
Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros
por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores
Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade
Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a
sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do
Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo
Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e
principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que
pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da
adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e
venda de crianccedilas para o estrangeiro
A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente
estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse
baseado nos artigos 1618 a 1629
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52
Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de
amor carinho e solidariedade
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 6023 informaccedilatildeo e
documentaccedilatildeo referecircncias ndash elaboraccedilatildeo Rio de Janeiro 2002
______ NBR 10520 informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo apresentaccedilatildeo de citaccedilotildees em
documentos Rio de Janeiro 2002
______ NBR 14724 informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo trabalhos acadecircmicos ndash apresentaccedilatildeo
Rio de Janeiro 2002
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Acesso em 16 Abr 2005
______ Cartilha da Adoccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbr Acesso em 18 Abr
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______ Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo
com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo
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rev e atual Rio de Janeiro Forense 2000 p 380-387
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Adolescente 2 ed Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1983 p 7-64
OLIVEIRA J M Leoni Lopes de Guarda Tutela e Adoccedilatildeo 5 ed Rio de Janeiro Luacutemen
Iuris 2002 p 147-193
PEREIRA Caio Mario da Silva Instituiccedilotildees de Direito Civil ndash V 11 ed Rio de Janeiro
Forense 2000 p 171-185
SCINICK Valdir Adoccedilatildeo 3 ed Satildeo Paulo Leud1999 p 19-519
SIQUEIRA Liboacuterni Adoccedilatildeo Doutrina e Jurisprudecircncia 10 ed Rio de Janeiro Folha
Carioca 2004 p 21-328
VENOSA Siacutelvio de Salvo DireitoCivil VI ndashDireito de Famiacutelia 3 ed Satildeo Paulo Atlas
2003 p 315-351
_______ Direito Civil V ndash Direito de Famiacutelia V ed Satildeo Paulo Atlas 2001p 257-283
WALD Arnald O Novo Direito de Famiacutelia 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2002 p217-225
requisitos para a adoccedilatildeo internacional
requisitos processuais
reconhecimento e efeitos da adoccedilatildeo
De fato pode-se constatar que a Convenccedilatildeo de Haia traz em seu bojo a preocupaccedilatildeo
em restriccedilatildeo que a adoccedilatildeo se torne iliacutecita e seja usada habitualmente apenas com o
interesse de venda e traacutefico de crianccedilas menores brasileiras
_______________ 83 Op Cit p 47 p 485 84 Op Cit p 47 p 486
CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a
grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo
igualmente a possibilidade da poder adotar
A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade
Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas
aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de
constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a
reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois
assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir
famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86
Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a
uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm
sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo
Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87
____________
86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho
mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49
A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios
E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por
homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se
espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem
homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila
se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais
homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos
tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte
de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo
16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo
se forem marido e mulher
Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89
____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da
uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos
homossexuais
42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA
E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a
situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos
casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo
juriacutedica podem os casais homossexuais adotar
No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo
homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes
da jurisprudecircncia
E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a
regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais
Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata
da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo
tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um
dos parceiros90
Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo
5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a
primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei
____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade
Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca
pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do
bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais
homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve
levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo
decidindo sempre pelo bem-estar do menor91
A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece
Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao
adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo
ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia
familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo
()
sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute
casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros
A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee
Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de
estado civil
______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005
Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92
Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que
homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo
poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante
O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de
adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual
diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro
de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93
______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo
da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum
cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito
Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94
Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais
homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95
Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo
sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel
privar os homossexuais do direito agrave adotar96
E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais
flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de
tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar
seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles
que lhe acolhem97
______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53
No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo
barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao
seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira
da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da
histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a
mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para
atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem
a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua
companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de
crianccedilas devem igualmente poder adotar98
Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no
aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes
de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o
preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99
Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida
pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato
Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo
________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53
CONCLUSAtildeO
A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia
E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto
no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio
Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988
Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade
Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente
A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva
Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros
por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores
Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade
Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a
sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do
Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo
Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e
principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que
pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da
adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e
venda de crianccedilas para o estrangeiro
A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente
estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse
baseado nos artigos 1618 a 1629
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52
Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de
amor carinho e solidariedade
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 6023 informaccedilatildeo e
documentaccedilatildeo referecircncias ndash elaboraccedilatildeo Rio de Janeiro 2002
______ NBR 10520 informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo apresentaccedilatildeo de citaccedilotildees em
documentos Rio de Janeiro 2002
______ NBR 14724 informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo trabalhos acadecircmicos ndash apresentaccedilatildeo
Rio de Janeiro 2002
BRASIL Cartilha da Adoccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwinfanciaejuventudecombr
Acesso em 16 Abr 2005
______ Cartilha da Adoccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbr Acesso em 18 Abr
2005
______ Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do 1988 Emenda constitucional nordm 45 2
ed Satildeo Paulo Vitor Roma 2004
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2005
______ Lei nordm 8069 de 13 de setembro 1990 Institui o Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente Disponiacutevel em lthttpwwwsenadogovbr Acesso em 25 Abr 2005
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httpwwwsenadogovbr Acesso em 25 Abr 2005
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com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo
Paulo Revista dos Tribunais 2003 p 452-459
DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia 18 ed Satildeo
Paulo Saraiva 2002 p 423-446
GASPAR Walter Direito de Famiacutelia Rio de Janeiro 1996 p 211-225
GOMES Orlando Direito de famiacutelia Atualizaccedilatildeo de Humberto Theodoro Juacutenior 12 ed
rev e atual Rio de Janeiro Forense 2000 p 380-387
KAUSS Omar Gama Bem Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente 2 ed Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1983 p 7-64
OLIVEIRA J M Leoni Lopes de Guarda Tutela e Adoccedilatildeo 5 ed Rio de Janeiro Luacutemen
Iuris 2002 p 147-193
PEREIRA Caio Mario da Silva Instituiccedilotildees de Direito Civil ndash V 11 ed Rio de Janeiro
Forense 2000 p 171-185
SCINICK Valdir Adoccedilatildeo 3 ed Satildeo Paulo Leud1999 p 19-519
SIQUEIRA Liboacuterni Adoccedilatildeo Doutrina e Jurisprudecircncia 10 ed Rio de Janeiro Folha
Carioca 2004 p 21-328
VENOSA Siacutelvio de Salvo DireitoCivil VI ndashDireito de Famiacutelia 3 ed Satildeo Paulo Atlas
2003 p 315-351
_______ Direito Civil V ndash Direito de Famiacutelia V ed Satildeo Paulo Atlas 2001p 257-283
WALD Arnald O Novo Direito de Famiacutelia 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2002 p217-225
CAPIacuteTULO 4 ndash DA ADOCcedilAtildeO POR HOMOSSEXUAIS
41 SITUACcedilAtildeO SOCIAL A adoccedilatildeo por casais homossexuais tem levantado a sociedade e o Judiciaacuterio a
grandes discussotildees uma vez que se questiona se homossexuais podem ter ou natildeo
igualmente a possibilidade da poder adotar
A polecircmica versa na qualidade da formaccedilatildeo da famiacutelia que eacute a base da sociedade
Antes da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 a famiacutelia era considerada como legal apenas
aquela famiacutelia oriunda do casamento de um homem e uma mulher com o objetivo de
constituir uma prole e educar os filhos Apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 se passou a
reconhecer a uniatildeo estaacutevel e a famiacutelia monoparental isso mexeu com os juristas pois
assim se possibilitou a todos os cidadatildeos brasileiros o exerciacutecio do direito de constituir
famiacutelia seja ela de forma natural artificial ou por adoccedilatildeo86
Mas natildeo foram apenas essas mudanccedilas em niacutevel constitucional que marcaram a
uacuteltima deacutecada No plano social o tamanho das famiacutelias e sua composiccedilatildeo tambeacutem vecircm
sofrendo um raacutepido processo de transformaccedilatildeo
Neste novo contexto social surgem agraves opccedilotildees sexuais das pessoas e a formaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva ou seja homossexual conquanto no acircmbito da ordem juriacutedica se reconheccedila como entidade familiar apenas aquela uniatildeo formada por pessoas de sexos diferentes no plano dos fatos as famiacutelias homossexuais tecircm-se proliferado e a maioria delas vive muito bem87
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86 Disponiacutevel em lthttpwwwdireitonercombrartigosadoccedilatildeoporcasaisho
mossexuaishtmgt A cesso em 25 mai 2005 87 Op Cit p 49
A sociedade responde de acordo com os seus blocos os liberais os conservadores e os intermediaacuterios
E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por
homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se
espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem
homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila
se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais
homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos
tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte
de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo
16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo
se forem marido e mulher
Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89
____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da
uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos
homossexuais
42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA
E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a
situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos
casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo
juriacutedica podem os casais homossexuais adotar
No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo
homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes
da jurisprudecircncia
E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a
regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais
Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata
da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo
tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um
dos parceiros90
Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo
5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a
primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei
____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade
Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca
pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do
bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais
homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve
levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo
decidindo sempre pelo bem-estar do menor91
A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece
Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao
adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo
ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia
familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo
()
sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute
casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros
A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee
Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de
estado civil
______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005
Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92
Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que
homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo
poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante
O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de
adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual
diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro
de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93
______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo
da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum
cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito
Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94
Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais
homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95
Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo
sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel
privar os homossexuais do direito agrave adotar96
E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais
flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de
tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar
seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles
que lhe acolhem97
______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53
No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo
barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao
seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira
da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da
histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a
mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para
atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem
a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua
companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de
crianccedilas devem igualmente poder adotar98
Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no
aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes
de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o
preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99
Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida
pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato
Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo
________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53
CONCLUSAtildeO
A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia
E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto
no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio
Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988
Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade
Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente
A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva
Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros
por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores
Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade
Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a
sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do
Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo
Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e
principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que
pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da
adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e
venda de crianccedilas para o estrangeiro
A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente
estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse
baseado nos artigos 1618 a 1629
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52
Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de
amor carinho e solidariedade
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 6023 informaccedilatildeo e
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WALD Arnald O Novo Direito de Famiacutelia 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2002 p217-225
E a questatildeo a ser discutida que seria a adoccedilatildeo ou seja a questatildeo da colocaccedilatildeo do menor em famiacutelia substituta acaba por ser absorvida pelo preconceito das pessoas que colocam todo o seu desconhecimento com relaccedilatildeo agrave uniatildeo homoafetiva atribuindo a esta a natildeo qualidade de entidade familiar e principalmente de possibilidade de trazer traumas a essas possiacuteveis crianccedilas que seriam adotados por esses casais O grande argumento das pessoas que se opotildeem agrave adoccedilatildeo de crianccedilas por
homossexuais tambeacutem se restringe na suposta identificaccedilatildeo que as crianccedilas fazem de se
espelhar na figura dos pais o que as levaria por lealdade afetiva a se tornarem tambeacutem
homossexuais Argumentam ainda que ateacute os trecircs anos de idade a personalidade da crianccedila
se forma e nessa formaccedilatildeo ocorreria a escolha pela homossexualidade por serem os pais
homossexuais pois se os pais satildeo homossexuais grande eacute a possibilidade de os filhos
tambeacutem o serem88 Outro argumento que se coloca como empecilho para a adoccedilatildeo por parte
de casais homossexuais de adotar seria a vedaccedilatildeo por parte do dispositivo inserto no artigo
16 do Coacutedigo Civil que estabelece que ningueacutem pode ser adotado por duas pessoas salvo
se forem marido e mulher
Eacute certo que tudo que eacute inovador assusta confunde e potildee medo mas acaba por se estabelecer-se Contudo precisamos vencer as barreiras do preconceito pois o ldquodireito dos homossexuaisrdquo tem de serem respeitados e principalmente de verem seus anseios tutelados pela sociedade e pelo Estado89
____________ 88 Disponiacutevel em lthttpwwwjusnavigandicombrdoutrinaadoccedilatildeopocasaishomossexuaishtm gtAcesso em 25 mai 2005 89 Opcitp 50 De certa forma as sociedades vecircem compreendendo um pouco mais a situaccedilatildeo da
uniatildeo homoafetiva mas muito ainda haacute que rebater em prol da defesa dos interesses dos
homossexuais
42 SITUACcedilAtildeO JURIacuteDICA
E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a
situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos
casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo
juriacutedica podem os casais homossexuais adotar
No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo
homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes
da jurisprudecircncia
E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a
regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais
Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata
da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo
tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um
dos parceiros90
Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo
5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a
primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei
____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade
Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca
pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do
bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais
homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve
levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo
decidindo sempre pelo bem-estar do menor91
A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece
Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao
adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo
ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia
familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo
()
sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute
casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros
A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee
Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de
estado civil
______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005
Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92
Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que
homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo
poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante
O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de
adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual
diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro
de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93
______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo
da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum
cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito
Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94
Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais
homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95
Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo
sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel
privar os homossexuais do direito agrave adotar96
E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais
flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de
tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar
seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles
que lhe acolhem97
______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53
No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo
barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao
seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira
da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da
histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a
mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para
atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem
a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua
companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de
crianccedilas devem igualmente poder adotar98
Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no
aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes
de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o
preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99
Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida
pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato
Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo
________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53
CONCLUSAtildeO
A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia
E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto
no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio
Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988
Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade
Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente
A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva
Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros
por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores
Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade
Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a
sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do
Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo
Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e
principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que
pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da
adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e
venda de crianccedilas para o estrangeiro
A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente
estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse
baseado nos artigos 1618 a 1629
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52
Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de
amor carinho e solidariedade
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 6023 informaccedilatildeo e
documentaccedilatildeo referecircncias ndash elaboraccedilatildeo Rio de Janeiro 2002
______ NBR 10520 informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo apresentaccedilatildeo de citaccedilotildees em
documentos Rio de Janeiro 2002
______ NBR 14724 informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo trabalhos acadecircmicos ndash apresentaccedilatildeo
Rio de Janeiro 2002
BRASIL Cartilha da Adoccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwinfanciaejuventudecombr
Acesso em 16 Abr 2005
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______ Lei nordm 8069 de 13 de setembro 1990 Institui o Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente Disponiacutevel em lthttpwwwsenadogovbr Acesso em 25 Abr 2005
_______ Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Institui o Coacutedigo Civil Disponiacutevel em
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______ Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo
com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo
Paulo Revista dos Tribunais 2003 p 452-459
DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia 18 ed Satildeo
Paulo Saraiva 2002 p 423-446
GASPAR Walter Direito de Famiacutelia Rio de Janeiro 1996 p 211-225
GOMES Orlando Direito de famiacutelia Atualizaccedilatildeo de Humberto Theodoro Juacutenior 12 ed
rev e atual Rio de Janeiro Forense 2000 p 380-387
KAUSS Omar Gama Bem Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente 2 ed Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1983 p 7-64
OLIVEIRA J M Leoni Lopes de Guarda Tutela e Adoccedilatildeo 5 ed Rio de Janeiro Luacutemen
Iuris 2002 p 147-193
PEREIRA Caio Mario da Silva Instituiccedilotildees de Direito Civil ndash V 11 ed Rio de Janeiro
Forense 2000 p 171-185
SCINICK Valdir Adoccedilatildeo 3 ed Satildeo Paulo Leud1999 p 19-519
SIQUEIRA Liboacuterni Adoccedilatildeo Doutrina e Jurisprudecircncia 10 ed Rio de Janeiro Folha
Carioca 2004 p 21-328
VENOSA Siacutelvio de Salvo DireitoCivil VI ndashDireito de Famiacutelia 3 ed Satildeo Paulo Atlas
2003 p 315-351
_______ Direito Civil V ndash Direito de Famiacutelia V ed Satildeo Paulo Atlas 2001p 257-283
WALD Arnald O Novo Direito de Famiacutelia 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2002 p217-225
E em nosso ordenamento juriacutedico a falta de tutela jurisdicional no que pese a
situaccedilatildeo de regularizaccedilatildeo a uniatildeo homoafeitiva acaba por esbarrar nas dificuldades dos
casais homossexuais na possibilidade de se adotar E tais fatos nos levam a seguinte questatildeo
juriacutedica podem os casais homossexuais adotar
No Brasil natildeo haacute regulamentaccedilatildeo em nosso direito positivo para validar a uniatildeo
homoafetiva Cabendo apenas ao Judiciaacuterio reconhecero direito a uniatildeo homossexual atraveacutes
da jurisprudecircncia
E consequumlentemente natildeo haacute tambeacutem em nosso ordenamento juriacutedico a
regulamentaccedilatildeo da adoccedilatildeo por casais homossexuais
Apenas haacute em tramitaccedilatildeo projeto elaborado pela deputada Marta Suplicy que trata
da legalizaccedilatildeo da uniatildeo homoafetiva trazendo tambeacutem em seu bojo a questatildeo da adoccedilatildeo
tutela ou guarda de crianccedilas ou adolescentes em conjunto mesmo que sejam filhos de um
dos parceiros90
Em uma primeira anaacutelise agrave Constituiccedilatildeo Federal podemos vislumbrar que no artigo
5ordm confere-se a todos o direito a igualdade perante a lei sem discriminaccedilotildees parti daiacute a
primeira base a satisfazer aos interesses dos adotantes homossexuais uma vez que a Lei
____________ 90 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 Maior natildeo podem distinguir agrave opccedilatildeo de sexualidade
Por ser este um caso de omissatildeo legislativa cabe aqui a aplicaccedilatildeo analoacutegica a busca
pelos princiacutepios gerais de direito sempre atentado aos fins sociais da lei e agraves exigecircncias do
bem comum E todos estes caminhos levam a possibilidade de tais adoccedilotildees por casais
homoafetivos se concretizarem Pois ao decidir sobre uma possiacutevel adoccedilatildeo o Juiz deve
levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo
decidindo sempre pelo bem-estar do menor91
A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece
Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao
adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo
ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia
familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo
()
sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute
casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros
A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee
Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de
estado civil
______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005
Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92
Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que
homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo
poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante
O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de
adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual
diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro
de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93
______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo
da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum
cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito
Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94
Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais
homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95
Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo
sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel
privar os homossexuais do direito agrave adotar96
E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais
flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de
tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar
seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles
que lhe acolhem97
______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53
No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo
barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao
seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira
da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da
histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a
mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para
atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem
a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua
companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de
crianccedilas devem igualmente poder adotar98
Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no
aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes
de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o
preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99
Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida
pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato
Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo
________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53
CONCLUSAtildeO
A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia
E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto
no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio
Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988
Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade
Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente
A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva
Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros
por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores
Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade
Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a
sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do
Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo
Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e
principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que
pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da
adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e
venda de crianccedilas para o estrangeiro
A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente
estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse
baseado nos artigos 1618 a 1629
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52
Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de
amor carinho e solidariedade
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2005
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com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo
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GOMES Orlando Direito de famiacutelia Atualizaccedilatildeo de Humberto Theodoro Juacutenior 12 ed
rev e atual Rio de Janeiro Forense 2000 p 380-387
KAUSS Omar Gama Bem Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente 2 ed Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1983 p 7-64
OLIVEIRA J M Leoni Lopes de Guarda Tutela e Adoccedilatildeo 5 ed Rio de Janeiro Luacutemen
Iuris 2002 p 147-193
PEREIRA Caio Mario da Silva Instituiccedilotildees de Direito Civil ndash V 11 ed Rio de Janeiro
Forense 2000 p 171-185
SCINICK Valdir Adoccedilatildeo 3 ed Satildeo Paulo Leud1999 p 19-519
SIQUEIRA Liboacuterni Adoccedilatildeo Doutrina e Jurisprudecircncia 10 ed Rio de Janeiro Folha
Carioca 2004 p 21-328
VENOSA Siacutelvio de Salvo DireitoCivil VI ndashDireito de Famiacutelia 3 ed Satildeo Paulo Atlas
2003 p 315-351
_______ Direito Civil V ndash Direito de Famiacutelia V ed Satildeo Paulo Atlas 2001p 257-283
WALD Arnald O Novo Direito de Famiacutelia 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2002 p217-225
levar em conta as reais vantagens para o menor que poderatildeo advir com a adoccedilatildeo
decidindo sempre pelo bem-estar do menor91
A Constituiccedilatildeo Federal em seu artigo 227 estabelece
Art 227 Eacute dever da famiacutelia da sociedade e do Estado assegurar agrave crianccedila e ao
adolescente com absoluta prioridade o direito agrave vida agrave sauacutede agrave alimentaccedilatildeo agrave educaccedilatildeo
ao lazer agrave profissionalizaccedilatildeo agrave cultura agrave dignidade ao respeito agrave liberdade e agrave convivecircncia
familiar e comunitaacuteria aleacutem de coloca-los a salvo de toda forma de negligecircncia
discriminaccedilatildeo exploraccedilatildeo violecircncia crueldade e opressatildeo
()
sect 5ordm A adoccedilatildeo seraacute assistida pelo Poder Puacuteblico na forma da lei que estabeleceraacute
casos e condiccedilotildees de sai efetivaccedilatildeo por parte dos estrangeiros
A Lei 8069 de 13 de julho de 1990 que institui o Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente ao regulamentar o sect 5ordm do art 227 da CF dispotildee
Art 42 Podem adotar os maiores de vinte e um anos independentemente de
estado civil
______________ 91 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005
Ademais o artigo 28 do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente permite a colocaccedilatildeo no que chama de lsquofamiacutelia substituta natildeo definindo qual a formaccedilatildeo dessa famiacutelia Apenas limitou-se a lei em seu artigo 25 a conceituar o que seja famiacutelia natural lsquoEntende-se por famiacutelia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquer deles e seus descendentesrsquo Diante da especificidade dessa definiccedilatildeo natildeo se pode dizer que a famiacutelia substituta deva ter a mesma estrutura da famiacutelia natural Sob esse enfoque natildeo haacute vedaccedilatildeo para um casal homossexual ser reconhecido como uma famiacutelia substituta apta a abrigar uma crianccedila92
Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que
homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo
poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante
O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de
adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual
diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro
de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93
______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo
da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum
cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito
Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94
Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais
homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95
Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo
sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel
privar os homossexuais do direito agrave adotar96
E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais
flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de
tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar
seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles
que lhe acolhem97
______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53
No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo
barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao
seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira
da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da
histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a
mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para
atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem
a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua
companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de
crianccedilas devem igualmente poder adotar98
Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no
aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes
de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o
preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99
Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida
pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato
Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo
________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53
CONCLUSAtildeO
A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia
E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto
no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio
Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988
Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade
Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente
A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva
Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros
por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores
Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade
Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a
sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do
Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo
Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e
principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que
pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da
adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e
venda de crianccedilas para o estrangeiro
A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente
estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse
baseado nos artigos 1618 a 1629
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52
Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de
amor carinho e solidariedade
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 6023 informaccedilatildeo e
documentaccedilatildeo referecircncias ndash elaboraccedilatildeo Rio de Janeiro 2002
______ NBR 10520 informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo apresentaccedilatildeo de citaccedilotildees em
documentos Rio de Janeiro 2002
______ NBR 14724 informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo trabalhos acadecircmicos ndash apresentaccedilatildeo
Rio de Janeiro 2002
BRASIL Cartilha da Adoccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwinfanciaejuventudecombr
Acesso em 16 Abr 2005
______ Cartilha da Adoccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbr Acesso em 18 Abr
2005
______ Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do 1988 Emenda constitucional nordm 45 2
ed Satildeo Paulo Vitor Roma 2004
______ direitonet Disponiacutevel em ltwwwdireitonetcombr Acesso em 22 Abr2005
______ jusnavigandi Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombr Acesso em 20 Abr
2005
______ Lei nordm 8069 de 13 de setembro 1990 Institui o Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente Disponiacutevel em lthttpwwwsenadogovbr Acesso em 25 Abr 2005
_______ Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Institui o Coacutedigo Civil Disponiacutevel em
httpwwwsenadogovbr Acesso em 25 Abr 2005
______ Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo
com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo
Paulo Revista dos Tribunais 2003 p 452-459
DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia 18 ed Satildeo
Paulo Saraiva 2002 p 423-446
GASPAR Walter Direito de Famiacutelia Rio de Janeiro 1996 p 211-225
GOMES Orlando Direito de famiacutelia Atualizaccedilatildeo de Humberto Theodoro Juacutenior 12 ed
rev e atual Rio de Janeiro Forense 2000 p 380-387
KAUSS Omar Gama Bem Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente 2 ed Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1983 p 7-64
OLIVEIRA J M Leoni Lopes de Guarda Tutela e Adoccedilatildeo 5 ed Rio de Janeiro Luacutemen
Iuris 2002 p 147-193
PEREIRA Caio Mario da Silva Instituiccedilotildees de Direito Civil ndash V 11 ed Rio de Janeiro
Forense 2000 p 171-185
SCINICK Valdir Adoccedilatildeo 3 ed Satildeo Paulo Leud1999 p 19-519
SIQUEIRA Liboacuterni Adoccedilatildeo Doutrina e Jurisprudecircncia 10 ed Rio de Janeiro Folha
Carioca 2004 p 21-328
VENOSA Siacutelvio de Salvo DireitoCivil VI ndashDireito de Famiacutelia 3 ed Satildeo Paulo Atlas
2003 p 315-351
_______ Direito Civil V ndash Direito de Famiacutelia V ed Satildeo Paulo Atlas 2001p 257-283
WALD Arnald O Novo Direito de Famiacutelia 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2002 p217-225
Da anaacutelise de tais dispositivos resta claro que natildeo haacute qualquer impedimento para que
homossexuais adotem Aleacutem do quecirc o artigo 43 do referido estatuto consagra que a adoccedilatildeo
poderaacute ser deferida quando apresentar reais vantagens para o adotante
O Estatuto ainda regulamenta no artigo 29 que natildeo se deferiraacute colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta a pessoa que revele por qualquer modo incompatibilidade com a natureza da medida ou natildeo ofereccedila ambiente familiar adequado de forma que somente seraacute proibida a adoccedilatildeo se restarem devidamente comprovadas atitudes por parte do adotante que demonstre claramente ser este incompatiacutevel com a natureza da adoccedilatildeo Isto ao contraacuterio do que muitos pensam natildeo exclui os homossexuais do direito de
adotar uma vez que eacute perfeitamente possiacutevel que estes tenham um comportamento sexual
diferente do resto da sociedade mas que poreacutem natildeo vivam de maneira desregrada dentro
de sua casa conforme muitos infelizmente acreditam93
______________ 92 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 93 Op cit p 53 Nesse caso de omissatildeo legislativa referente a adoccedilatildeo por homossexuais na aplicaccedilatildeo
da lei o juiz atenderaacute aos fins sociais a que ela se dirige e agraves exigecircncias do bem comum
cabendo assim a aplicaccedilatildeo na forma do artigo 4ordm da LICC ndash Lei de Introduccedilatildeo ao Coacutedigo
Civil agrave aplicaccedilatildeo atraveacutes da Analogia dos Costumes e dos Princiacutepios Gerais do Direito
Pela analogia conclui-se que eacute possiacutevel equiparar a adoccedilatildeo por homossexual agrave adoccedilatildeo por heterossexual posto que o uacutenico elemento discrepante eacute a orientaccedilatildeo sexual do adotante o qual natildeo eacute o elemento essencial da adoccedilatildeo de forma que ambas satildeo exatamente iguais Assim conclui-se que na realidade natildeo existe qualquer lacuna no direito estando devidamente legislado o direito dos homossexuais agrave adoccedilatildeo94
Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais
homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95
Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo
sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel
privar os homossexuais do direito agrave adotar96
E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais
flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de
tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar
seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles
que lhe acolhem97
______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53
No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo
barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao
seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira
da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da
histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a
mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para
atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem
a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua
companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de
crianccedilas devem igualmente poder adotar98
Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no
aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes
de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o
preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99
Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida
pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato
Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo
________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53
CONCLUSAtildeO
A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia
E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto
no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio
Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988
Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade
Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente
A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva
Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros
por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores
Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade
Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a
sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do
Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo
Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e
principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que
pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da
adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e
venda de crianccedilas para o estrangeiro
A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente
estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse
baseado nos artigos 1618 a 1629
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52
Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de
amor carinho e solidariedade
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 6023 informaccedilatildeo e
documentaccedilatildeo referecircncias ndash elaboraccedilatildeo Rio de Janeiro 2002
______ NBR 10520 informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo apresentaccedilatildeo de citaccedilotildees em
documentos Rio de Janeiro 2002
______ NBR 14724 informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo trabalhos acadecircmicos ndash apresentaccedilatildeo
Rio de Janeiro 2002
BRASIL Cartilha da Adoccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwinfanciaejuventudecombr
Acesso em 16 Abr 2005
______ Cartilha da Adoccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbr Acesso em 18 Abr
2005
______ Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do 1988 Emenda constitucional nordm 45 2
ed Satildeo Paulo Vitor Roma 2004
______ direitonet Disponiacutevel em ltwwwdireitonetcombr Acesso em 22 Abr2005
______ jusnavigandi Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombr Acesso em 20 Abr
2005
______ Lei nordm 8069 de 13 de setembro 1990 Institui o Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente Disponiacutevel em lthttpwwwsenadogovbr Acesso em 25 Abr 2005
_______ Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Institui o Coacutedigo Civil Disponiacutevel em
httpwwwsenadogovbr Acesso em 25 Abr 2005
______ Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo
com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo
Paulo Revista dos Tribunais 2003 p 452-459
DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia 18 ed Satildeo
Paulo Saraiva 2002 p 423-446
GASPAR Walter Direito de Famiacutelia Rio de Janeiro 1996 p 211-225
GOMES Orlando Direito de famiacutelia Atualizaccedilatildeo de Humberto Theodoro Juacutenior 12 ed
rev e atual Rio de Janeiro Forense 2000 p 380-387
KAUSS Omar Gama Bem Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente 2 ed Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1983 p 7-64
OLIVEIRA J M Leoni Lopes de Guarda Tutela e Adoccedilatildeo 5 ed Rio de Janeiro Luacutemen
Iuris 2002 p 147-193
PEREIRA Caio Mario da Silva Instituiccedilotildees de Direito Civil ndash V 11 ed Rio de Janeiro
Forense 2000 p 171-185
SCINICK Valdir Adoccedilatildeo 3 ed Satildeo Paulo Leud1999 p 19-519
SIQUEIRA Liboacuterni Adoccedilatildeo Doutrina e Jurisprudecircncia 10 ed Rio de Janeiro Folha
Carioca 2004 p 21-328
VENOSA Siacutelvio de Salvo DireitoCivil VI ndashDireito de Famiacutelia 3 ed Satildeo Paulo Atlas
2003 p 315-351
_______ Direito Civil V ndash Direito de Famiacutelia V ed Satildeo Paulo Atlas 2001p 257-283
WALD Arnald O Novo Direito de Famiacutelia 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2002 p217-225
Pelos costumes eacute igualmente possiacutevel o deferimento de adoccedilatildeo a casais
homossexuais posto que a sociedade de forma geral como visto aceita tal fato95
Pelos Princiacutepios Gerais de Direito da isonomia da natildeo discriminaccedilatildeo por orientaccedilatildeo
sexual e da legalidade todos expressos na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 natildeo eacute possiacutevel
privar os homossexuais do direito agrave adotar96
E pelos fins sociais do Estatuto da Crianccedila e do Adolescente fica ainda mais
flagrante a possibilidade da adoccedilatildeo por homossexuais uma vez que ta a lei busca acima de
tudo resguardar a dignidade da crianccedila e do adolescente procurando garantir-lhe um lar
seguro que lhe ofereccedila amor e carinho independentemente da orientaccedilatildeo sexual daqueles
que lhe acolhem97
______________ 94 Dsiponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 mai 2005 95 Op cit p 53 96 Op Cit p 53 97 Op Cit p 53
No Brasil tem se verificado que a adoccedilatildeo por homossexuais natildeo tem sido de todo
barrada No Rio por exemplo recentemente foi julgado o caso Caacutessia Eller pertinente ao
seu filho Chicatildeo cuja decisatildeo final do caso deferiu a sua guarda agrave Eugecircnia ex-companheira
da cantora Eram um casal de mulheres Pois bem totalmente irrelevante para o desfecho da
histoacuteria Fossem as duas heterossexuais ou uma heacutetero e a outra homo a decisatildeo seria a
mesma Natildeo eacute a preferecircncia eroacutetica do guardiatildeo ou da guardiatilde que o juiz se funda para
atribuir ou manter a guarda e sim nas qualidades morais e nas condiccedilotildees materiais de quem
a pretenda Faltassem a Eugecircnia atributos adequados e Chicatildeo teria de ser afastado de sua
companhia mesmo em vida de Caacutessia Ora se homossexuais podem ter a guarda de
crianccedilas devem igualmente poder adotar98
Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no
aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes
de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o
preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99
Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida
pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato
Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo
________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53
CONCLUSAtildeO
A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia
E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto
no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio
Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988
Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade
Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente
A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva
Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros
por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores
Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade
Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a
sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do
Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo
Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e
principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que
pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da
adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e
venda de crianccedilas para o estrangeiro
A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente
estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse
baseado nos artigos 1618 a 1629
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52
Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de
amor carinho e solidariedade
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 6023 informaccedilatildeo e
documentaccedilatildeo referecircncias ndash elaboraccedilatildeo Rio de Janeiro 2002
______ NBR 10520 informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo apresentaccedilatildeo de citaccedilotildees em
documentos Rio de Janeiro 2002
______ NBR 14724 informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo trabalhos acadecircmicos ndash apresentaccedilatildeo
Rio de Janeiro 2002
BRASIL Cartilha da Adoccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwinfanciaejuventudecombr
Acesso em 16 Abr 2005
______ Cartilha da Adoccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbr Acesso em 18 Abr
2005
______ Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do 1988 Emenda constitucional nordm 45 2
ed Satildeo Paulo Vitor Roma 2004
______ direitonet Disponiacutevel em ltwwwdireitonetcombr Acesso em 22 Abr2005
______ jusnavigandi Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombr Acesso em 20 Abr
2005
______ Lei nordm 8069 de 13 de setembro 1990 Institui o Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente Disponiacutevel em lthttpwwwsenadogovbr Acesso em 25 Abr 2005
_______ Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Institui o Coacutedigo Civil Disponiacutevel em
httpwwwsenadogovbr Acesso em 25 Abr 2005
______ Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo
com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo
Paulo Revista dos Tribunais 2003 p 452-459
DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia 18 ed Satildeo
Paulo Saraiva 2002 p 423-446
GASPAR Walter Direito de Famiacutelia Rio de Janeiro 1996 p 211-225
GOMES Orlando Direito de famiacutelia Atualizaccedilatildeo de Humberto Theodoro Juacutenior 12 ed
rev e atual Rio de Janeiro Forense 2000 p 380-387
KAUSS Omar Gama Bem Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente 2 ed Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1983 p 7-64
OLIVEIRA J M Leoni Lopes de Guarda Tutela e Adoccedilatildeo 5 ed Rio de Janeiro Luacutemen
Iuris 2002 p 147-193
PEREIRA Caio Mario da Silva Instituiccedilotildees de Direito Civil ndash V 11 ed Rio de Janeiro
Forense 2000 p 171-185
SCINICK Valdir Adoccedilatildeo 3 ed Satildeo Paulo Leud1999 p 19-519
SIQUEIRA Liboacuterni Adoccedilatildeo Doutrina e Jurisprudecircncia 10 ed Rio de Janeiro Folha
Carioca 2004 p 21-328
VENOSA Siacutelvio de Salvo DireitoCivil VI ndashDireito de Famiacutelia 3 ed Satildeo Paulo Atlas
2003 p 315-351
_______ Direito Civil V ndash Direito de Famiacutelia V ed Satildeo Paulo Atlas 2001p 257-283
WALD Arnald O Novo Direito de Famiacutelia 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2002 p217-225
Deve-se ressaltar que a impossibilidade de adoccedilatildeo por homossexuais presume-se no
aumento das chances desse menor se transformar em mais um habitante das ruasco grandes
de partir para a marginalidade Assim a lei natildeo acolhe razotildees que tecircm por fundamento o
preconceito e a discriminaccedilatildeo portanto o que a lei proiacutebe natildeo pode o inteacuterprete inovar99
Portanto fica bem claro que a adoccedilatildeo por casais homossexuais natildeo deve ser repelida
pelo contraacuterio deve ser defendida pois natildeo haacute restriccedilatildeo legal para a praacutetica de tal ato
Inclusive surge como forma de amparo ao instituto da adoccedilatildeo
________________ 98 Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombrdoutrinadaadoccedilatildeoporcasaishomossexuaishtmgt Acesso em 30 Mai 2005 99 Op cit p 53
CONCLUSAtildeO
A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia
E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto
no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio
Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988
Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade
Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente
A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva
Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros
por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores
Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade
Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a
sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do
Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo
Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e
principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que
pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da
adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e
venda de crianccedilas para o estrangeiro
A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente
estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse
baseado nos artigos 1618 a 1629
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52
Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de
amor carinho e solidariedade
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 6023 informaccedilatildeo e
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______ NBR 10520 informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo apresentaccedilatildeo de citaccedilotildees em
documentos Rio de Janeiro 2002
______ NBR 14724 informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo trabalhos acadecircmicos ndash apresentaccedilatildeo
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______ Cartilha da Adoccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbr Acesso em 18 Abr
2005
______ Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do 1988 Emenda constitucional nordm 45 2
ed Satildeo Paulo Vitor Roma 2004
______ direitonet Disponiacutevel em ltwwwdireitonetcombr Acesso em 22 Abr2005
______ jusnavigandi Disponiacutevel em ltwwwjusnavigandicombr Acesso em 20 Abr
2005
______ Lei nordm 8069 de 13 de setembro 1990 Institui o Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente Disponiacutevel em lthttpwwwsenadogovbr Acesso em 25 Abr 2005
_______ Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Institui o Coacutedigo Civil Disponiacutevel em
httpwwwsenadogovbr Acesso em 25 Abr 2005
______ Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo
com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo
Paulo Revista dos Tribunais 2003 p 452-459
DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia 18 ed Satildeo
Paulo Saraiva 2002 p 423-446
GASPAR Walter Direito de Famiacutelia Rio de Janeiro 1996 p 211-225
GOMES Orlando Direito de famiacutelia Atualizaccedilatildeo de Humberto Theodoro Juacutenior 12 ed
rev e atual Rio de Janeiro Forense 2000 p 380-387
KAUSS Omar Gama Bem Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente 2 ed Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1983 p 7-64
OLIVEIRA J M Leoni Lopes de Guarda Tutela e Adoccedilatildeo 5 ed Rio de Janeiro Luacutemen
Iuris 2002 p 147-193
PEREIRA Caio Mario da Silva Instituiccedilotildees de Direito Civil ndash V 11 ed Rio de Janeiro
Forense 2000 p 171-185
SCINICK Valdir Adoccedilatildeo 3 ed Satildeo Paulo Leud1999 p 19-519
SIQUEIRA Liboacuterni Adoccedilatildeo Doutrina e Jurisprudecircncia 10 ed Rio de Janeiro Folha
Carioca 2004 p 21-328
VENOSA Siacutelvio de Salvo DireitoCivil VI ndashDireito de Famiacutelia 3 ed Satildeo Paulo Atlas
2003 p 315-351
_______ Direito Civil V ndash Direito de Famiacutelia V ed Satildeo Paulo Atlas 2001p 257-283
WALD Arnald O Novo Direito de Famiacutelia 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2002 p217-225
CONCLUSAtildeO
A presente pesquisa de monografia demonstra que historicamente descrevendo desde os tempos mais primoacuterdios ateacute a presente data sempre haveraacute quem precise de uma famiacutelia
E desde os tempos mais antigos a adoccedilatildeo era ato usual entre os povos Com o passar dos tempos a adoccedilatildeo evolui tanto no aspecto social quanto
no aspecto juriacutedico inclusive com a divulgaccedilatildeo atraveacutes de projetos sociais em parceria com oacutergatildeos do Poder Judiciaacuterio
Juridicamente a adoccedilatildeo pode ser definida como o ato juriacutedico bilateral constituiacutedo em benefiacutecio do adotando irretrataacutevel e perpeacutetuo que depois de consumado cria laccedilos de paternidade e filiaccedilatildeo entre adotante e adotado gerando todos os direitos e obrigaccedilotildees inclusive os de sucessatildeo reconhecidos na Constituiccedilatildeo de 1988
Ao analisarmos o instituto da adoccedilatildeo na presente pesquisa poderemos constatar que a adoccedilatildeo eacute a melhor e com certeza a uacutenica resposta da sociedade aos problemas das crianccedilas sem famiacutelia e ao mesmo de satisfazer a necessidade daqueles que natildeo possam ter filhos
Do ponto de vista social a adoccedilatildeo surge na concepccedilatildeo da assistecircncia e proteccedilatildeo ao adotado criando para estes um ambiente familiar e o equiparando-o como filho legiacutetimo E institucionalmente tem caraacuteter de solidariedade social de auxiacutelio muacutetuo aqueles que precisam de amor carinho e dignidade
Assim ateacute que ponto natildeo poderia ocorrer agrave adoccedilatildeo por casais homossexuais uma vez que natildeo haacute restriccedilotildees por parte do Coacutedigo Civil e tampouco pelo Estatuto da Crianccedila e do Adolescente
A grande discussatildeo sobre essa forma de adoccedilatildeo esbarra nos preconceitos da sociedade tendo em vista a concepccedilatildeo da famiacutelia heterossexual e natildeo na homoafetiva
Mas ateacute que ponto natildeo estariacuteamos ferindo direitos fundamentais do ser humano bem como o princiacutepios da igualdade da liberdade e da natildeo discriminaccedilatildeo Deveria ser visado na uniatildeo homoafetiva se esta seria uma entidade familiar E sendo esta considerada entidade familiar natildeo deveria haver restriccedilotildees a pratica da adoccedilatildeo pois o que se visa eacute o bem estar das crianccedilas e dos adolescentes a sua colocaccedilatildeo em famiacutelia substituta E como natildeo existe legislaccedilatildeo vigente que proteja esse tipo de uniatildeo as decisotildees pertinentes a adoccedilatildeo baseiam-se na analogia costumes e princiacutepios gerais do direito Quanto agrave adoccedilatildeo internacional haacute uma grande procura de estrangeiros
por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores
Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade
Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a
sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do
Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo
Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e
principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que
pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da
adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e
venda de crianccedilas para o estrangeiro
A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente
estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse
baseado nos artigos 1618 a 1629
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52
Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de
amor carinho e solidariedade
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 6023 informaccedilatildeo e
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2005
______ Lei nordm 8069 de 13 de setembro 1990 Institui o Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente Disponiacutevel em lthttpwwwsenadogovbr Acesso em 25 Abr 2005
_______ Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Institui o Coacutedigo Civil Disponiacutevel em
httpwwwsenadogovbr Acesso em 25 Abr 2005
______ Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo
com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo
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DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia 18 ed Satildeo
Paulo Saraiva 2002 p 423-446
GASPAR Walter Direito de Famiacutelia Rio de Janeiro 1996 p 211-225
GOMES Orlando Direito de famiacutelia Atualizaccedilatildeo de Humberto Theodoro Juacutenior 12 ed
rev e atual Rio de Janeiro Forense 2000 p 380-387
KAUSS Omar Gama Bem Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente 2 ed Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1983 p 7-64
OLIVEIRA J M Leoni Lopes de Guarda Tutela e Adoccedilatildeo 5 ed Rio de Janeiro Luacutemen
Iuris 2002 p 147-193
PEREIRA Caio Mario da Silva Instituiccedilotildees de Direito Civil ndash V 11 ed Rio de Janeiro
Forense 2000 p 171-185
SCINICK Valdir Adoccedilatildeo 3 ed Satildeo Paulo Leud1999 p 19-519
SIQUEIRA Liboacuterni Adoccedilatildeo Doutrina e Jurisprudecircncia 10 ed Rio de Janeiro Folha
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WALD Arnald O Novo Direito de Famiacutelia 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2002 p217-225
por crianccedilas brasileiras e justamente essa procura acaba por gerar de um lado um grande bem pelo fato de colocar menores em famiacutelia substituta e por outro lado cria a preocupaccedilatildeo e a criaccedilatildeo de medidas eficazes e poliacuteticas de controle e repreensatildeo ao traacutefico venda e sequumlestro de menores
Portando haacute a necessidade de conscientizaccedilatildeo para que adoccedilatildeo ocorra entre pessoas da mesma nacionalidade
Assim constata-se que a adoccedilatildeo eacute um ato de caraacuteter solidaacuterio e de amor ao proacuteximo podendo ser uma das formas de construccedilatildeo de uma sociedade mais digna de se construir um mundo mais igualitaacuterio Pois natildeo pode-se ignorar a situaccedilatildeo de abandono de algumas crianccedilas e adolescentes que em breve seratildeo adultos e natildeo tiveram a oportunidade de ter um lar ou uma famiacutelia e justamente por natildeo terem essa expectativa acabam por caiacuterem na marginalidade Portanto eacute de suma importacircncia criar poliacuteticas de incentivo e esclarecimentos a
sociedade como jaacute vem ocorrendo atraveacutes da Vara da Infacircncia e Juventude do Rio e do
Espiacuterito Santo com a divulgaccedilatildeo da Cartilha da Adoccedilatildeo
Natildeo soacute deve ser divulgada como esclarecido os procedimentos da adoccedilatildeo e
principalmente que haja a conscientizaccedilatildeo da sociedade inclusive do judiciaacuterio no que
pertine a adoccedilatildeo por casais homossexuais bem como tambeacutem ao controle demasiado da
adoccedilatildeo internacional para que esta natildeo se torne pratica sem puniccedilatildeo e controle de roubo e
venda de crianccedilas para o estrangeiro
A adoccedilatildeo a luz do Novo Coacutedigo Civil traz a concepccedilatildeo da aceitaccedilatildeo legal de um ente
estranho agrave famiacutelia assegurando a este a prerrogativa de ser tido como se filho natural fosse
baseado nos artigos 1618 a 1629
O Estatuto da Crianccedila e do Adolescente trata da adoccedilatildeo nos artigos 39 a 52
Por fim ressalto que acredito ser o instituto da adoccedilatildeo a maior demonstraccedilatildeo de
amor carinho e solidariedade
REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 6023 informaccedilatildeo e
documentaccedilatildeo referecircncias ndash elaboraccedilatildeo Rio de Janeiro 2002
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Rio de Janeiro 2002
BRASIL Cartilha da Adoccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwinfanciaejuventudecombr
Acesso em 16 Abr 2005
______ Cartilha da Adoccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwtjesgovbr Acesso em 18 Abr
2005
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2005
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Adolescente Disponiacutevel em lthttpwwwsenadogovbr Acesso em 25 Abr 2005
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______ Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo
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Paulo Revista dos Tribunais 2003 p 452-459
DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia 18 ed Satildeo
Paulo Saraiva 2002 p 423-446
GASPAR Walter Direito de Famiacutelia Rio de Janeiro 1996 p 211-225
GOMES Orlando Direito de famiacutelia Atualizaccedilatildeo de Humberto Theodoro Juacutenior 12 ed
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KAUSS Omar Gama Bem Adoccedilatildeo no Coacutedigo Civil e no Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente 2 ed Rio de Janeiro Luacutemen Iuris 1983 p 7-64
OLIVEIRA J M Leoni Lopes de Guarda Tutela e Adoccedilatildeo 5 ed Rio de Janeiro Luacutemen
Iuris 2002 p 147-193
PEREIRA Caio Mario da Silva Instituiccedilotildees de Direito Civil ndash V 11 ed Rio de Janeiro
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VENOSA Siacutelvio de Salvo DireitoCivil VI ndashDireito de Famiacutelia 3 ed Satildeo Paulo Atlas
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WALD Arnald O Novo Direito de Famiacutelia 14 ed Satildeo Paulo Saraiva 2002 p217-225
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documentaccedilatildeo referecircncias ndash elaboraccedilatildeo Rio de Janeiro 2002
______ NBR 10520 informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo apresentaccedilatildeo de citaccedilotildees em
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______ NBR 14724 informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo trabalhos acadecircmicos ndash apresentaccedilatildeo
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BRASIL Cartilha da Adoccedilatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwinfanciaejuventudecombr
Acesso em 16 Abr 2005
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2005
______ Constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do 1988 Emenda constitucional nordm 45 2
ed Satildeo Paulo Vitor Roma 2004
______ direitonet Disponiacutevel em ltwwwdireitonetcombr Acesso em 22 Abr2005
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2005
______ Lei nordm 8069 de 13 de setembro 1990 Institui o Estatuto da Crianccedila e do
Adolescente Disponiacutevel em lthttpwwwsenadogovbr Acesso em 25 Abr 2005
_______ Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Institui o Coacutedigo Civil Disponiacutevel em
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______ Novo Coacutedigo Civil Lei nordm 10406 de 10 de janeiro de 2002 Estudo Comparativo
com o Coacutedigo Civil de 1916 Constituiccedilatildeo Federal Legislaccedilatildeo Extravagante 3 ed Satildeo
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DINIZ Maria Helena Curso de Direito Civil Brasileiro ndash Direito de Famiacutelia 18 ed Satildeo
Paulo Saraiva 2002 p 423-446
GASPAR Walter Direito de Famiacutelia Rio de Janeiro 1996 p 211-225
GOMES Orlando Direito de famiacutelia Atualizaccedilatildeo de Humberto Theodoro Juacutenior 12 ed
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