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Superior Tribunal de Justiça
AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 703.124 - RJ (2015/0099828-8) RELATORA : MINISTRA MARIA ISABEL GALLOTTI AGRAVANTE : HOSPITAL SAO LOURENCO LTDA
ADVOGADO : ADILSON VIEIRA MACABU FILHO E OUTRO(S) AGRAVADO : MARCUS FELICIO DAFLON ANTONIO ADVOGADO : PAULO ROBERTO VIEIRA CAMARGO E OUTRO(S)
DECISÃO
Trata-se de agravo interposto por HOSPITAL SÃO LOURENÇO LTDA,
contra decisão que negou seguimento ao recurso especial, com fundamento na
alínea "a" do inciso III do art. 105 da Constituição Federal, em face de acórdão
proferido pelo Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, assim ementado (fl.2069):
AGRAVOS INTERNOS. AÇÃO DE COBRANÇA DE HONORÁRIOS
MÉDICOS. PERÍCIA QUE RESTOU PREJUDICADA PELA DESÍDIA
DO RÉU, QUE DEIXOU DE APRESENTAR AO JUÍZO OS
DOCUMENTOS REQUERIDOS PELO EXPERT . APLICAÇÃO
REGRA CONSTANTE DO INCISO II DO ART. 359 DO CPC.
DECISÃO MONOCRÁTICA ACERTADA AO DAR PROVIMENTO À
APELAÇÃO DO AUTOR. RECURSO INTERPOSTO ANTES DESER PUBLICADA A DECISÃO DOS ACLARATÓRIOS, SEM A
POSTERIOR RATIFICAÇÃO DE SEUS TERMOS.
EXTEMPORANEIDADE. SÚMULA N.º 418 DO STJ. PRIMEIRO
AGRAVO INTERNO NÃO PROVIDO. NÃO CONHECIMENTO DO
SEGUNDO AGRAVO INTERNO.
Os embargos de declaração opostos na origem foram rejeitados (fls.
2111/2114).
Nas razões do especial, o ora agravante alega ofensa ao art. 535, II,
do CPC, por omissão do Tribunal de origem, ao não se pronunciar sobre as
questões postas em debate nos embargos de declaração.
No mérito, aduz violação dos arts. 333, I, do Código de Processo Civil.
Aduz que "não existe prova de que o médico prestou os serviços alegados, nem de
que o hospital recebeu os eventuais valores dos planos de saúde, tampouco que
teria deixado de repassar os valores ao autor" (fls. 2131/2132), sendo daquele o
ônus probatório. Acrescenta que a responsabilidade pela apresentação dos
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prontuários é do médico, sendo inaplicável, ao caso, a regra do art. 359, II, do
Código de Processo Civil.
Presentes os pressupostos de admissibilidade e ultrapassado o limite
do conhecimento, passo a decidir.
Inicialmente, verifico que não há omissão alguma ou ausência de
fundamentação na apreciação das questões suscitadas.
Esclareça-se que não se exige do julgador a análise de todos os
argumentos das partes, a fim de expressar o seu convencimento. O pronunciamento
acerca dos fatos controvertidos, a que está o magistrado obrigado, encontra-se
objetivamente fixado nas razões do acórdão recorrido, não se traduzindo em
omissão a motivação contrária ao interesse da parte ou mesmo omissa em relação
a pontos considerados irrelevantes.
O Tribunal de origem, com base nos fatos e provas dos autos, concluiu
pela responsabilidade do hospital em apresentar os prontuários médicos, assim se
pronunciando (fls. 2078/2079):
Como bem exposto na decisão combatida, a apelação autoral foi
provida, pois, no caso vertente, a procedência da menor parte dos
pedidos realizados pelo autor se deu porque a perícia foi prejudicadapela desídia do réu, que deixou de apresentar ao Juízo os
documentos requeridos pelo expert .
Assim disse o perito:
“(...) Hospital São Lucas (HSL) não acostou aos autos os
Prontuários Solicitados dos pacientes listados, nos quais
poderiam ou não constar os procedimentos questionados pelo
suplicante.(...)”
Saliente-se que consta nos votos da apelação e dos embargos
infringentes a mesma determinação para o réu entregar a
documentação necessária para conclusão do laudo, sob pena de
responder pela sua omissão.
Veja-se:
“(...) Por tais razões e fundamentos, o voto é no sentido de
dar-se provimento ao recurso para, decretando-se a nulidade
do feito a partir de fls 510/511, determinar o prosseguimentoda ação, com a complementação da realização da prova
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pericial por que protestou o autor e que lhe foi deferida, até
porque já suportou o ônus de sua realização, devendo o réu
diligenciar pela entrega da documentação necessária à
conclusão do laudo pelo Dr. Perito, sob pena de responder por
sua omissão, nos termos da lei.(...)” – f. 554 “(...) Nos autos
não constam provas suficientes para o julgamento da lide,
devendo, inequivocamente, ser realizada a perícia. Caso o
embargante se mantenha inerte, correrá o risco de responder
por sua omissão, conforme tratado na parte final do aresto
alvejado ( fls. 554).(...)” – f. 575
Portanto, com a negativa de exibição dos documentos pelo réu,
deveria o Juízo a quo admitir como verdadeiros os fatos que se
pretendia provar com a prova pericial, conforme previsto no art. 359
do Código de Processo Civil, acarretando a procedência total dos
pedidos deduzidos na inicial. Não se pode aceitar que o demandado
seja beneficiado pela própria desídia.
Pelo exposto, é forçoso concluir que a decisão atacada,
complementada às fls. 2043/2045, não merece reparo, vez que está
afinada com a jurisprudência desta Corte.
A análise das razões do recurso, a fim de demover o que concluído
pela origem, demandaria inevitável o reexame de matéria fática, procedimento que
encontra óbice no verbete 7 da Súmula desta Corte. Nesse sentido:
AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.
CAUTELAR. EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS. INTERESSE DE AGIR.
VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. INOCORRÊNCIA. EXISTÊNCIA
DE RECUSA NO ÂMBITO ADMINISTRATIVO. REEXAME DE
PROVAS. SÚMULA 7/STJ. PRESUNÇÃO DE VERACIDADE. NÃO
CABIMENTO.1. Conforme a jurisprudência do STJ, inexiste a alegada violação do
art. 535 do CPC quando ausente omissão, obscuridade ou
contradição no acórdão recorrido, notadamente se o tribunal de
origem apreciou a demanda de forma clara e precisa, delineando os
motivos e fundamentos que embasaram suas conclusões, como
sucede na espécie.
2. A Segunda Seção do STJ pacificou, sob o rito do art. 543-C do
CPC, que: "a propositura de ação cautelar de exibição de
documentos bancários (cópias e segunda via de documentos) é
cabível como medida preparatória a fim de instruir a ação principal,
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bastando a demonstração da existência de relação jurídica entre as
partes, a comprovação de prévio pedido à instituição financeira não
atendido em prazo razoável, e o pagamento do custo do serviço
conforme previsão contratual e normatização da autoridade
monetária." (REsp 1349453/MS, Rel. Min. LUIS FELIPE SALOMÃO,
DJe 2.2.2015). Caso em que o tribunal de origem apurou a
existência de recusa no âmbito administrativo, premissa cuja revisão
requer incursão nos elementos fático-probatórios do processo, o que
é incabível em sede de recurso especial (Súmula 7/STJ).
3. Segundo a jurisprudência do STJ, na ação de exibição de
documentos não cabe a aplicação de multa cominatória (Súmula
372).
Este entendimento aplica-se, pelos mesmos fundamentos, para
afastar a cominação de multa diária para forçar a parte a exibirdocumentos em medida incidental no curso de ação ordinária. Nesta,
ao contrário do que sucede na ação cautelar, cabe a presunção ficta
de veracidade dos fatos que a parte adversária pretendia comprovar
com o documento (CPC, art. 359), cujas consequências serão
avaliadas pelo juízo em conjunto com as demais provas constantes
dos autos, sem prejuízo da possibilidade de busca e apreensão, nos
casos em que a presunção ficta do art. 359 não for suficiente, ao
prudente critério judicial.
4. Agravo regimental a que se nega provimento.(AgRg no AREsp 671.070/DF, Rel. Ministra MARIA ISABEL
GALLOTTI, QUARTA TURMA, julgado em 04/08/2015, DJe
12/08/2015)
AGRAVO REGIMENTAL. AGRAVO NO RECURSO ESPECIAL.
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OFENSA AO ART. 535 DO CPC.
INEXISTÊNCIA. REEXAME DO CONJUNTO
FÁTICO-PROBATÓRIO. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ.
DECISÃO AGRAVADA MANTIDA. IMPROVIMENTO.
1.- O Tribunal de origem analisou fundamentadamente todas as
questões relevantes ao deslinde da controvérsia nos limites do que
lhe foi submetido. Portanto, não há que falar em violação do artigo
535, II, do Código de Processo Civil, ou negativa de prestação
jurisdicional.
2.- No que diz respeito aos artigos 333, I, e 359, I, do Código de
Processo Civil, os argumentos utilizados para fundamentar a
pretensa violação legal somente poderiam ter sua procedência
verificada mediante o reexame das provas, não cabendo a esta
Corte, a fim de alcançar conclusão diversa da estampada no Acórdão recorrido, reavaliar o conjunto probatório. Dessa forma, a
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convicção a que chegou o Acórdão decorreu da análise do conjunto
fático-probatório, e o acolhimento da pretensão recursal demandaria
o reexame do mencionado suporte, obstando a admissibilidade do
especial à luz da Súmula 7 do STJ.
3.- O agravo não trouxe nenhum argumento novo capaz de modificar
o decidido, que se mantém por seus próprios fundamentos.
4.- Agravo Regimental improvido.
(AgRg no AgRg no AREsp 518.041/PR, Rel. Ministro SIDNEI
BENETI, TERCEIRA TURMA, julgado em 19/08/2014, DJe
04/09/2014)
Esclareça-se que cabe ao magistrado, respeitando os limites previstos
no Código de Processo Civil, a interpretação da prova, ficando a ele facultado o
entendimento acerca da necessidade de dilação ou o esclarecimento desta, diante
dos fatos apresentados nos autos, sendo inviável a revisão da conclusão adotada
pelo óbice da Súmula 7/STJ. Nesse sentido:
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.
PREVIDÊNCIA PRIVADA. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA.
PERÍCIA ATUARIAL. CÁLCULOS. DESNECESSIDADE.
CERCEAMENTO DE DEFESA. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO AO ART.
130 DO CPC. SUMULA 7/STJ. AGRAVO REGIMENTAL NÃO
PROVIDO.
1. Hão de ser levados em consideração o princípio da livre
admissibilidade da prova e do livre convencimento do juiz, que, nos
termos do art. 130 do Código de Processo Civil, permitem ao
julgador determinar as provas que entende necessárias à instrução
do processo, bem como o indeferimento daquelas que considerar
inúteis ou protelatórias.
2. Concluindo o acórdão recorrido que existem elementos suficientes
para que o cumprimento de sentença se faça por cálculos, a análiseda necessidade da perícia atuarial para tais cálculos esbarra no
enunciado da Súmula nº 7/STJ.
3. Agravo regimental não provido." (Quarta Turma, Ag Rg no AREsp
n. 279.291/RS, relator Ministro Luis Felipe Salomão, DJe de
16.5.2014)
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO.
RECURSO ESPECIAL. CERCEAMENTO DE DEFESA.
INEXISTÊNCIA. REEXAME DE PROVAS. SÚMULA Nº 7/STJ.CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. HONORÁRIOS. CABIMENTO.
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PREQUESTIONAMENTO. AUSÊNCIA. SÚMULA Nº 211/STJ.
1. Para prevalecer a pretensão em sentido contrário à conclusão do
tribunal de origem, que reconheceu não ter havido o cerceamento de
defesa, mister se faz a revisão do conjunto fático-probatório dos
autos, o que, como já decidido, é inviabilizado, nesta instância
superior, pela Súmula nº 7 desta Corte.
2. Esta Corte firmou o entendimento de que, mesmo na sistemática
processual civil instituída pela Lei nº 11.232/2005, é cabível a
condenação a novos honorários advocatícios na fase de
cumprimento sentença, independentemente de haver incidente de
impugnação.
3. A ausência de prequestionamento da matéria suscitada no
recurso especial, a despeito da oposição de embargos de
declaração, impede o conhecimento do recurso especial (Súmula nº211/STJ).
4. Agravo regimental não provido. (Terceira Turma, Ag Rg no Ag n.
1.110.105/RS, relator Ministro Ricardo Vilas Bôas Cueva, DJe de
23.11.2012)
Acrescente-se que não foram devidamente impugnadas as razões
expostas pela origem, não havendo o recorrente combatido a afirmação de que não
pode ser beneficiado pela própria desídia, a qual prejudicou a realização da perícia
necessária à verificação das alegações. Assim, inviável o provimento do especial,
também, por aplicação da Súmula 283/STF.
Em face do exposto, não havendo o que reformar, nego provimento ao
agravo.
Intimem-se.
Brasília (DF), 15 de fevereiro de 2016.
MINISTRA MARIA ISABEL GALLOTTIRelatora
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