MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRICULTURA E BIODIVERSIDADE
AÇÃO DA PECTINA METIL ESTERASE E CLORETO DE
CÁLCIO NO ARMAZENAMENTO E CONTROLE DA
PODRIDÃO-MOLE EM PIMENTÃO
AIRLES REGINA DA COSTA PAIXÃO
2016
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRICULTURA E BIODIVERSIDADE
AIRLES REGINA DA COSTA PAIXÃO
AÇÃO DA PECTINA METIL ESTERASE E CLORETO DE CÁLCIO NO
ARMAZENAMENTO E CONTROLE DA PODRIDÃO-MOLE EM PIMENTÃO
Dissertação apresentada à Universidade
Federal de Sergipe, como parte das exigências
do Curso de Mestrado em Agricultura e
Biodiversidade, área de concentração em
Agricultura e Biodiversidade, para obtenção
do título de “Mestre em Ciências”.
Orientador
Prof. Dr. Luiz Fernando G. de Oliveira Jr.
SÃO CRISTÓVÃO
SERGIPE – BRASIL
2016
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
P149a
Paixão, Airles Regina da Costa
Ação da pectina metil esterase e cloreto de cálcio no armazenamento e controle
da podridão-mole em pimentão / Airles Regina da Costa Paixão ; orientador Luiz
Fernando G. de Oliveira Jr.. – São Cristóvão, 2016.
48 f. : il.
Dissertação (mestrado em Agricultura e Biodiversidade) – Universidade
Federal de Sergipe, 2016.
1. Agricultura. 2. Pimentão – Armazenamento – Doenças e pragas. 3. Pectina.
4. Erwinia. 5. Fisiologia pós-colheita. I. Oliveira Júnior, Luiz Fernando Ganassali
de, orient. II. Título.
CDU 635.649
AIRLES REGINA DA COSTA PAIXÃO
EFEITO DA PECTINA METILESTERASE E CLORETO DE CÁLCIO NA
MANUTENÇÃO DA FIRMEZA E CONTROLE DA PODRIDÃO-MOLE EM
PIMENTÃO
Dissertação apresentada à Universidade
Federal de Sergipe, como parte das exigências
do Curso de Mestrado em Agricultura e
Biodiversidade, área de concentração em
Agricultura e Biodiversidade, para obtenção
do título de “Mestre em Ciências”.
APROVADA em 22 de Fevereiro, 2016.
Prof. Dr. Adriano do Nascimento Simões
UFRPE
Prof. Dr. Marcelo Augusto G. Carnelosi
UFS
Prof. Dr. Luiz Fernando Ganassali de Oliveira Jr.
UFS
(Orientador)
SÃO CRISTÓVÃO
SERGIPE – BRASIL
Ao meu avô Manoel Alves Paixão
(In memorian)
Dedico
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, por ter me dado forças para continuar persistindo,
sempre mostrando uma luz no final do túnel.
Aos meus queridos pais Gerônimo e Ildaci, mesmo estando uns 190 km longe de mim,
me proporcionam forças e amor. Não mediram esforços para que eu chegasse até esta etapa da
minha vida. Aos meus irmãos que sempre me incentivaram para continuar lutando pelos meus
objetivos.
Ao meu noivo Tiago pelo companheirismo, carinho, paciência e todo amor. Sempre
ajudando em tudo e todas as dificuldades encontrada nesse caminho.
As minhas amigas Fabiany e Priscilla que desde a graduação estão presentes nessa
jornada, entramos em mais um desafio juntas, o mestrado, onde adquirimos conhecimentos
tanto profissional quanto para a vida pessoal.
Ao meu orientador Dr. Luiz Fernando Ganassali de Oliveira Júnior, pela paciência e
ensinamentos passados, ao Dr. Marcelo Carnelossi por me auxiliar nas horas de dúvidas e ter
cedido seu laboratório para algumas práticas. Ao professor, Dr. Paulo Glaguiardi, me
auxiliando na área da fitopatologia. A PhD. Roberta Samara por seus incentivos e palavras
sábias. A colega Mrs. Mayra Barreto por ter me ensinado as práticas de laboratório no inicio
do projeto.
Enfim, aos colegas de laboratório do ECOPOC-UFS, Marcelle, Amanda, Patrícia,
Hugo, João Tiago, Fábio e ao técnico Ricardo, que me ajudaram na montagem do
experimento e nas análises diárias. Obrigada!
SUMÁRIO
Página LISTA DE FIGURAS .................................................................................................................. i
LISTA DE TABELAS ................................................................................................................. ii
LISTA DE ABREVIATURAS, SÍMBOLOS E SIGLAS ........................................................... iii
RESUMO ..................................................................................................................................... iv
ABSTRACT ................................................................................................................................ v
1. INTRODUÇÃO GERAL ......................................................................................................... 1
2. REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................................... 2
2.1. O pimentão ........................................................................................................................ 2
2.2. Perdas e Pós-colheita do pimentão .................................................................................... 3
2.3. Mudanças na estrutura da parede celular e amadurecimento do pimentão ................. 3
2.4. Pcc na pós-colheita do pimentão ...................................................................................... 4
2.5. Ação da PME (E.C.3.1.1.11) no amolecimento de fruto .................................................. 5
2.6. Uso de cálcio na pós-colheita de frutos e hortaliças .................................................. 6
3. CONCLUSÕES GERAIS ........................................................................................................ 7
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................... 8
5. ARTIGO 1: EFEITO DA PECTINA METIL ESTERASE E CLORETO DE CÁLCIO NA
MANUTENÇÃO DA FIRMEZA DO PIMENTÃO .................................................................... 14
Resumo..................................................................................................................................... 14
Abstract .................................................................................................................................... 15
5.1. Introdução ......................................................................................................................... 15
5.2. Material e Métodos ........................................................................................................... 16
5.3. Resultados e Discussão ..................................................................................................... 17
5.4. Conclusões ........................................................................................................................
5.5. Referências Bibliográficas .......................................................................................
21
21
6. ARTIGO 2: UTILIZAÇÃO DE CLORETO DE CÁLCIO NO CONTROLE DA
PODRIDÃO-MOLE EM PIMENTÃO ............................................................................... 27
Resumo ........................................................................................................................ 27
Abstract ................................................................................................................................... 28
6.1. Introdução ......................................................................................................................... 28
6.2. Material e Métodos ........................................................................................................... 29
6.3. Resultados e Discussão ..................................................................................................... 30
6.4. Conclusões ............................................................................................................. 31
6.5. Referências Bibliográficas ................................................................................................. 31
ANEXOS ........................................................................................................................ 35
i
LISTA DE FIGURAS
FIGURA Página
5.1 ARTIGO 1 ......................................................................................................
5.1 Porcentagem de perda de massa fresca em pimentões submetidos aos
tratamentos ■ – Sem infusão (SI), ♦ - infusão em água (I), ● - infusão em
cloreto de cálcio (Ca) e ▲- infusão em PME+CaCl2 (PME+Ca)
armazenados ao longo de doze dias a 20°C ± 1°C em B.O.D. As médias
seguidas pela mesma letra minúscula no tratamento e maiúscula no período
de armazenamento não diferem significativamente entre si pelo teste de
tukey p ≤ 0,05 ................................................................................................ 18
5.2 Firmeza em pimentões submetidos aos tratamentos ■ – Sem infusão (SI), ♦ -
infusão em água (I), ● - infusão em cloreto de cálcio (Ca) e ▲- infusão em
PME+CaCl2 (PME+Ca) armazenados ao longo de doze dias a 20°C ± 1°C
em B.O.D. As médias seguidas pela mesma letra minúscula no tratamento e
maiúscula no período de armazenamento não diferem significativamente
entre si pelo teste de tukey p ≤
0,05............................................................................................................... 18
5.3 Atividade de pectina metil esterase (ATPME) pimentões submetidos aos
tratamentos ■ – Sem infusão (SI), ♦ - infusão em água (I), ● - infusão em
cloreto de cálcio (Ca) e ▲- infusão em PME+CaCl2 (PME+Ca)
armazenados ao longo de doze dias a 20°C ± 1°C em B.O.D. As médias
seguidas pela mesma letra minúscula no tratamento e maiúscula no período
de armazenamento não diferem significativamente entre si pelo teste de
tukey p ≤ 0,05................................................................................. 20
6.1 ARTIGO 2 ....................................................................................................
6.1 Firmeza (a) e PME (b) em pimentões submetidos aos tratamentos ■ - SI
(sem infusão, sem Pcc), - - SI+Pcc (sem infusão e com Pcc) ♦ - I+Pcc
(infusão com água e a Pcc), ● - Ca+Pcc (infusão com cloreto de cálcio e
com Pcc) e ▲ - PME+Ca+Pcc (infusão com pectina metil esterase+cloreto
de cálcio e com Pcc) armazenados ao longo de doze dias a 20°C ± 1°C em
B.O.D. As médias seguidas pela mesma letra minúscula no tratamento e
maiúscula no período de armazenamento não diferem significativamente
entre si pelo teste de tukey p ≤ 0,05. ............................................................... 34
ii
LISTA DE TABELAS
TABELA Página
5.1 ARTIGO 1 ..................................................................................................
5.1 Cor da casca em pimentões submetidos aos tratamentos sem infusão (SI),
infusão em água (I), infusão em cloreto de cálcio (Ca) e infusão em pectina
metil esterase+CaCl2 (PME+Ca) armazenados ao longo de doze dias a
20°C ± 1°C em B.O.D. As médias seguidas pela mesma letra minúscula no
tratamento e maiúscula no período de armazenamento não diferem
significativamente entre si pelo teste de tukey p ≤ 0,05... .............................. 25
5.2 Teor de sólido sóluveis totais (%), pH e acidez total (%), nos tratamentos
sem infusão (SI), infusão em água (I), infusão em cloreto de cálcio (Ca) e
infusão em pectina metil esterase com cloreto de cálcio (PME+Ca) em
pimentões armazenados ao longo de doze dias a 20°C ± 1°C em B.O.D. e
75% UR ......................................................................................................... 26
6.1 ARTIGO 2 ....................................................................................................
6.1 Avaliação da severidade da Pcc, de acordo com a escala, 1 = Sem lesão no
ponto de inoculação; 2 = Lesões menores que 5 mm; 3 = Lesões entre 5 e
10 mm; 4 = Lesões maiores que 10 mm; 5 = Fruto próximo da degradação
e 6 = Fruto degradado. Tratamentos sem infusão sem a Pcc (SI), sem
infusão com a Pcc (SI+Pcc), com infusão em água mais a Pcc (I+Pcc),
com infusão em cloreto de cálcio e a Pcc (Ca+Pcc) e com infusão em PME
+ cálcio e a Pcc (PME+Ca+Pcc) .................................................................... 34
iii
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS
PME Pectina metil estarase
ICC Infusão em cloreto de cálcio
SI Sem infusão
CI Com infusão em água
Pcc Pectobacterium caratovorum subsp. caratovorum
PG Poligalacturonase
CaCl2 Cloreto de cálcio
HG Homogalacturononas
Ca2+
Cálcio
IPME+CC Infusão em pectina metil estarase associado com cloreto de cálcio
PMF Perda de massa fresca
FF Firmeza do fruto
CC Cor da casca
SS Sólidos solúveis
AT Acidez total
ATPME Atividade de Pectina metil esterase
iv
RESUMO PAIXÃO, Airles Regina da Costa. Ação da pectina metil esterase e cloreto de cálcio no
armazenamento e controle da podridão-mole em pimentão. São Cristóvão: UFS, 2016.
48p. (Dissertação – Mestrado em Agricultura e Biodiversidade).*
O pimentão (Capsicum annuum L.) tem grande importância comercial, por possuir fontes de
vitaminas, minerais e fibras. Contudo, possui problema pós-colheita, o amolecimento
excessivo que reduz a vida útil e favorece ação de patógenos como a Pectobacterium
caratovorum subsp. caratovorum- Pcc, agente causal da podridão-mole, uma das principais
doenças da pós-colheita do pimentão que é favorecida pela redução da firmeza. Uma técnica
que vem sendo utilizada recentemente para a manutenção da firmeza é aplicação da pectina
metil esterase (PME) com a adição de solução de cálcio prologando, assim, a sua vida útil e
diminuindo o ataque do patógeno. Assim, o objetivo do trabalho foi utilizar a pectina metil
esterase (PME) exógena associada ao cloreto de cálcio na manutenção da firmeza e no
controle da Pectobacterium caratovorum subsp. caratovorum sobre o pimentão. O primeiro
experimento foi realizado em delineamento inteiramente casualizado em esquema fatorial 4x5
com três repetições, durante 12 dias, avaliados a cada 3 dias. No segundo experimento, o
ensaio foi realizado em delineamento inteiramente casualizado no esquema fatorial 5x5 com
três repetições. No primeiro trabalho os frutos de pimentão foram submetidos ao método de
infusão a vácuo com pressão de 200 mmHg por 5 minutos, e por seguinte avaliou-se a perda
de massa fresca (PMF), firmeza do fruto (FF), cor da casca (CC), teor de sólidos solúveis
(SS), pH, acidez total, (AT) e atividade de PME. No segundo ensaio os frutos de pimentão
foram submetidos ao método de infusão a vácuo com pressão de 200 mmHg por cinco
minutos, posteriormente os frutos foram inoculados com a Pcc em seguida realizou-se as
análises de firmeza do fruto (FF), atividade de PME e a severidade da doença no pimentão
(SD). Os frutos obtiveram de forma geral uma redução da firmeza ao longo do tempo em
todos os tratamentos, porém foi verificado o efeito significativo na manutenção da firmeza
dos frutos quando tratados em infusão a vácuo com cloreto de cálcio, não alterando as
características físico-químicas, como o teor de sólidos solúveis, acidez total e atividade de
PME, retardando o processo de amadurecimento do fruto. Os frutos quando tratados com
infusão a vácuo com cloreto de cálcio associado à pectina metil esterase não foi favorável,
pois alterou as propriedades físico-químicas do pimentão, com destaque para o declínio da
firmeza, deteriorando assim a qualidade do fruto. Em relação à inoculação da Pcc no fruto,
observou-se uma inibição do crescimento desse patógeno, prolongamento do fruto e uma
melhor firmeza nos frutos tratados com infusão de cloreto de cálcio mais a inoculação da Pcc.
Palavras-chave: Capsicum annuum L., enzima PME, cálcio, pós-colheita, Pectobacterium
caratovorum subsp. caratovorum- Pcc.
___________________
* Comitê Orientador: Prof. Dr. Luiz Fernando Ganassali de Oliveira Jr. – UFS (Orientador)
v
ABSTRACT
PAIXÃO, Airles Regina da Costa. Pectin methyl esterase action and calcium chloride in
the storage and control of soft rot in pepper. São Cristóvão: UFS, 2014. 48p. (Thesis -
Master of Science in Agriculture and Biodiversity).*
The pepper (Capsicum annuum L.) has commercial importance, by having sources of
vitamins, minerals and fiber. However, a post-harvest problem, excessive softening which
reduces the life and favors action pathogens such as Pectobacterium caratovorum subsp.
caratovorum- Pcc, causal agent of soft rot, a major disease of post-harvest chili that is favored
by the reduction of firmness. One technique that has recently been used for firmly maintaining
the application is pectin methyl esterase (PME) with the addition of a calcium solution
prologando thus reducing its lifetime and pathogen attack. The objective of this study was to
use methyl pectin esterase (PME) exogenous associated with calcium chloride in maintaining
firmness and control of Pectobacterium caratovorum subsp. caratovorum about pepper. The
first experiment was conducted in a completely randomized design in a 4x5 factorial scheme
with three replications for 12 days, evaluated every three days. In the second experiment, the
test was conducted in a completely randomized design in a factorial 5x5 with three
replications. In the first study the fruits of pepper were subjected to vacuum infusion method
with pressure of 200 mmHg for 5 minutes, and following evaluated the loss of weight (PMF),
fruit firmness (FF), skin color ( CC), soluble solids (SS), pH, total acidity (TA) and activity of
SMEs. In the second test the fruits of pepper were subjected to vacuum infusion method with
pressure of 200 mmHg for five minutes, then the fruits were inoculated with the PCC then
held the fruit firmness analysis (FF), SME activity and the severity of the disease in chili
(SD). The fruits obtained in general a reduction of over time firmly in all treatments but was
found significant effect in maintaining the fruit firmness when treated in vacuum infusion
with calcium chloride, without altering the physicochemical characteristics, as soluble solids
content, total acidity and activity of SMEs, slowing the fruit ripening process. The fruits when
treated with vacuum infusion with calcium chloride associated with pectin methyl esterase
was not favorable because it altered the physicochemical properties chili, highlighting the
decline of firmness, thus deteriorating the quality of the fruit. Regarding inoculation Pcc in
the fruit was observed inhibition of growth of this pathogen, prolongation of fruit and better
firmness treated fruits infusion over calcium inoculation Pcc chloride.
Key-words: Capsicum annuum L., PME enzyme, calcium, post-harvest, Pectobacterium
caratovorum subsp. caratovorum- Pcc.
___________________
* Supervising Committee: Prof. Dr. Luiz Fernando Ganassali de Oliveira Jr. – UFS
(Orientador)
1
1. INTRODUÇÃO GERAL
O pimentão está entre as dez hortaliças mais consumidas do Brasil; e desempenha um
papel importante na alimentação humana por ser rico em nutrientes e vitaminas. Seus frutos
são comercializados, principalmente, na coloração verde, vermelha e amarela (CASALI e
COUTO, 1984; FILGUEIRA, 2008).
Durante a pós-colheita do pimentão podem ocorrer alterações das propriedades
organolépticas especialmente na firmeza, devido a alterações na lamela média da parede
celular, a perda de firmeza na parede do pimentão pode ser porta de entrada para patógenos,
como a Pectobacterium caratovorum subsp. caratovorum- Pcc, (Jones) Hauben et al. (sin.
Erwinia carotovora subsp. carotovora) (JABUONSKI et al., 1986) agente causal da
podridão-mole na pós-colheita desta cultura.
A podridão-mole causa a degradação da parede celular por enzimas extracelulares
incluindo pectinases, proteases e celulases, que liberam nutrientes para o crescimento da
bactéria (PÉROMBELON e VAN DER WOLF, 2002).
As enzimas pectina metil esterase (PME) (EC 3.1.1.11) e poligalacturonase (PG) (EC
3.2.1.15) estão envolvidas na degradação da pectina e outros materiais de parede celular na
qual hidrolisa grupos metil esterificados de resíduos de ácido galacturónico presentes nas
homogalacturononas (HG). Desta forma, há liberação de metanol e ácidos carboxílicos livres
na pectina (JOLIE et al., 2010), resultando em um fruto menos firme de menor qualidade.
Uma vez que a firmeza do pimentão depende da integridade estrutural da parede celular.
Para a manutenção da firmeza e a inibição da Pcc, vem se utilizado técnicas como a
aplicação de sais de cálcio, também cálcio associados a enzimas, para estender a vida útil do
fruto e diminuir a atividade das enzimas envolvidas no amolecimento pois o cálcio se fixa aos
radicais das enzimas, formando o pectato de cálcio reduzindo o amolecimento do fruto
(GOMES et al., 2005; FRAEYE et al., 2009).
A infusão da PME exógena combinados com Ca2+
pode minimizar a deterioração da
parede celular de diferentes frutos. (DEGRAEVE et al., 2003; DURVETTER et al., 2005).
Frutas e hortaliças tratados com cálcio tornam-se mais firmes durante o armazenamento
(SUUTARINEN et al., 1999; LUNA-GUZMÁN et al., 2000). Além disso, a aplicação de
cálcio minimizam o aparecimento da podridão-mole em couve-chinesa, alface (FELIX, 2012),
tomate (GOMES et al., 2005) e batata (NGADZE et al., 2014).
Sendo assim o objetivo do presente trabalho foi utilizar a pectina metil esterase (PME)
exógena associada ao cloreto de cálcio na manutenção de firmeza e no controle da
Pectobacterium caratovorum subsp. caratovorum sobre o fruto de pimentão.
2
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1. O pimentão
O pimentão Capsicum annuum L., é de origem americana, família solanaceae e ocorre
de formas silvestres desde o sul dos Estados Unidos até o norte do Chile. Entretanto, tem sido
cultivada desde regiões tropicais até as regiões temperadas (CASALI e COUTO, 1984;
FILGUEIRA, 2008). As espécies desse gênero podem ser divididas com base no processo de
domesticação, sendo que as espécies domesticadas são: C. annum, C. chinese, C. pubescens,
C. bacatum e C. frutescens (MONGKOLPORN e TAYLOR, 2011), possui uma taxonomia
extensa, devido a uma grande variabilidade de formas existentes e a diversidade de critérios
utilizados para sua classificação (MOREIRA, 2012).
Cultivado e consumido pelos indígenas séculos antes da colonização espanhola. Foi
introduzido na Espanha em 1493, de onde sua cultura expandiu-se ao longo do século XVI
para outras nações da Europa, Ásia e África, tornando-se um alimento apreciadíssimo
(FILGUEIRA, 2003).
O pimentão foi introduzido inicialmente nos municípios de Mogi das Cruzes e Suzano
no Estado de São Paulo. Esse grupo produz o tipo de fruto preferido pela maioria dos
consumidores, com formato aproximadamente cônico, ligeiramente alongado e coloração
verde-escura (HENZ et al., 2000).
A espécie C. annuum engloba tanto as pimentas como os pimentões (CASALI e
COUTO, 1984). O fruto de pimentão apresenta-se em forma de baga oca, de formato cônico
ou cúbico, com ausência de sabor picante e pungente, o que os diferenciam das pimentas,
devido à ausência do alcaloide capsicina (FILGUEIRA, 2008).
A planta do C. annuum é arbustiva, com caule semilenhoso, podendo ultrapassar 1 m
de altura, suporta uma carga leve de frutos e as flores são pequenas, isoladas e hermafroditas.
Possui uma corola de 15 mm de diâmetro e, em média, seis anteras tubulares apresentando
deiscência lateral (FREE, 1993).
A cultura do pimentão possui uma grande importância, pois apresenta elevado valor
comercial estando classificadas entre as dez hortaliças mais consumidas no Brasil
(FILGUEIRA, 2008). É uma hortaliça importante na alimentação humana, como fonte de
minerais, vitaminas e fibras tendo uma importância para a digestão humana e o seu consumo
está associado à prevenção de doenças como a diabetes e a obesidade (LIU, 2003).
Segundo Wierzbicki (2004), o pimentão é uma hortaliça rica em vitamina A, vitamina
C e potássio que proporciona assim importantes propriedades, destacando-se o sabor
determinado pela estimulação de sensibilidade química do consumidor ao aroma e sabor aos
quais se originam dos constituintes básicos, como carboidratos, proteína, gorduras, vitaminas
e minerais (LEMOS, 2006).
Os tipos mais consumidos de pimentão são os de coloração verde-escura brilhante,
com uma boa firmeza e que apresentam um desenvolvimento máximo (MEDINA, 1984). À
medida que o fruto amadurece, ocorre a degradação da clorofila, oxidação de substratos,
hidrólise do amido e o rompimento de membranas, levado ao envelhecimento e a morte dos
tecidos (CHITARRA e CHITARRA, 2005). As tecnologias desenvolvidas para a cultura do
pimentão estão voltadas para a melhoria da produtividade e da aparência dos frutos, sem
considerar aspectos como sabor, valor nutricional (ROCHA et al., 2006).
A qualidade de frutos e hortaliças é caracterizada com base em atributos como
aparência, sabor, textura e valor nutritivo, por apresentar uma grande importância para a
qualidade química e física do produto e a longevidade durante o processo de comercialização
(CHITARRA, 1998).
3
2.2. Perdas pós-colheita do pimentão
As perdas em pós-colheita de frutos e hortaliças ocorrem, desde a sua produção,
comercialização e por final sob os cuidados dos consumidores, variando entre 25 % a 80 %,
dependendo do produto e da tecnologia aplicada. (FERREIRA et al., 2008).
A qualidade das hortaliças comercializadas no Brasil geralmente, não é satisfatória,
principalmente pela falta de técnicas que possam suprir as condições na pós-colheita, uma vez
que, a qualidade de um fruto seja consumido fresco ou processado, vai depender de inúmeros
fatores, como temperatura elevadas, transportes inadequados. (DAMMATO JUNIOR et al.,
2010). Portanto seria viável uma redução nas perdas através de soluções que buscam uma
quantidade considerável de capital e de tempo para que haja uma redução nas perdas pós-
colheita (OLIVEIRA, 2012).
Na fase da pós-colheita, os pimentões trazem do campo uma carga elevada de
microrganismos, que dependendo do manuseio ao qual o produto é submetido, tende a
multiplicar-se, e consequentemente, provocar a deterioração dos frutos. Fatores como,
temperatura e umidade elevadas favorecem o desenvolvimento de doenças pós-colheita, no
qual patógenos específicos encontram condições favoráveis para o seu estabelecimento após o
enfraquecimento dos tecidos vegetais pela ação do processo de maturação ou senescência ou
pela ação da injúria provocada pelo frio (CARVALHO, 2006).
As frutas e hortaliças “in natura” são altamente perecíveis e vários são os problemas
relacionados à sua conservação, que vêm desde o momento em que são colhidas, quando se dá
um inicio a uma série de processos que influenciam na qualidade do produto e nas suas
consequentes perdas, até que o mesmo chegue ao consumidor (LEMOS, 2006). Da mesma
forma Carmo (2004) observou entre as principais causas de perdas na pós-colheita estão à
falta de transporte adequado, e a utilização da temperatura inadequada para a conservação.
A redução de doenças em pós-colheita é um dos grandes desafios para minimizar as
perdas, ultimamente este controle tem sido à base de defensivos agrícolas, e tratamentos
físicos associados ao controle químico. No entanto, a crescente exigência por produtos
vegetais de qualidade, livres de contaminação por microrganismos e resíduos químicos,
restringe o uso de defensivos agrícolas em pós-colheita. E com isso, tem incrementado o
desenvolvimento de pesquisas que buscam métodos alternativos químicos, físicos e
biológicos para controlar doenças da pós-colheita (MARI e GUIZZARDI, 1998).
A aplicação de sais de cálcio, por exemplo, reduzem as desordens fisiológicas, atraso
na senescência e inibição de podridões na pós-colheita, devido à habilidade deste íon em se
ligar às pectinas da parede celular, o que dificulta a degradação da mesma por meio de
enzimas pectolíticas produzidas por patógenos, como é o caso de Pcc no pimentão (GOMES
et al., 2005).
Dessa forma, métodos alternativos de manejo na pós-colheita vêm sendo pesquisados
em diversas culturas, destacando-se a utilização de fosfitos, usos de enzimas, fontes de cálcio,
bem como o uso de leveduras e bactérias antagonistas em tomates, alface e batatas (GOMES
et al., 2005; FELIX, 2012; NGADZE et al., 2014).
2.3. Mudanças na estrutura da parede celular e amadurecimento do pimentão
A parede celular é constituída por uma complexa mistura de polissacarídeos, os quais
estão ligados covalentemente e não covalentes divididos em parede primária, secundária e
terciária (TAIZ e ZEIGER, 2013). Em frutos há predominância na maioria das vezes da
parede celular primária: caracterizada por menor quantidade de substâncias pécticas, menor
deposição de suberina, composta por microfibrilas de celulose embebida numa matriz de
polissacarídeos de glicanos (hemiceluloses), substâncias pécticas, proteínas estruturais e
enzimáticas, íons minerais e alguns compostos fenólicos (PAIVA et al., 2009; TAIZ e
ZAIGUER, 2009; VALERO e SERRANO, 2010).
A parede celular primária está envolvida e ao mesmo tempo embebida em uma matriz
péctica conhecida como lamela média, sendo composta por pectina, proteínas livres e
4
microfibrilas de celuloses (LEVY et al., 2002; JARVIS et al., 2003; TAIZ e ZEIGER, 2009;
MOLINA-HIDALGO et al., 2013).
As pectinas são cadeias de polímeros lineares ou ramificados que têm alto conteúdo de
ácidos galacturônicos sendo amplamente secretadas na via Complexo de Golgi quando estão
altamente metil esterificadas e direcionadas para a parede celular e que podem ter mais de 17
diferentes monossacarídeos, sendo classificadas em 4 diferentes tipos de estrutura:
homogalacturona, rhamnogalacturonas I e II e xylogalacturona (PAIVA et al., 2009;
VALERO e SERRANO, 2010; O’DONOVAN et al., 2013).
Ocorre um grande problema pós-colheita nessa cultura, o amolecimento excessivo que
pode causar encolhimento e distúrbios fisiológicos que reduzem severamente a qualidade e
aceitabilidade do produto (SETHU et al., 1996). Os reflexos econômicos deste amolecimento
vêm estimulando o desenvolvimento de pesquisas envolvendo bases bioquímicas do
metabolismo da parede celular durante o amadurecimento de frutos.
Durante a fase do amadurecimento do pimentão, uma das principais mudanças
observadas é a dissolução da lamela média. Isto dá início a uma diminuição na adesão
intercelular, gerado pela dissociação das ligações carboxílicas entre cálcio e cadeias de ácidos
poligalacturônicos, gerando um amolecimento do fruto. Tais transformações implicam em
modificações de polissacarídeos da parede celular por ação de diversas enzimas pectinolíticas.
(EVANGELISTA et al., 2002; AZZOLINI, et al., 2004; VILAS BOAS et al., 2013).
A ação dessas enzimas na degradação da pectina implica no amolecimento dos frutos,
dado pelo afrouxamento das células causando uma diminuição na firmeza dos frutos. A perda
de firmeza segundo Fils-Lycaon e Buret (1990), Hopkins e Huner (2009) e Yamamoto et al.
(2011), tem sido atribuída como modificações no grau de polimerização e composição de
açúcares resultando em alterações na sua estrutura e diminuição da resistência no fruto.
Segundo Sethu et al. (1996) durante o amadurecimento do pimentão (Capsicum annum
L.) ocorre mudanças nas atividades de várias hidrolases da parede celular, sendo que a
atividade de poligalacturoase (PG) aumenta, fazendo com que a atividade PME aumente,
diminuindo assim, a firmeza do fruto. A atuação da pectinametil esterase resulta no
aparecimento de grupos carboxilicos com carga (COO-1
), reduzindo o grau de esterificação e
aumentando a densidade de cargas negativas ao longo da cadeia de pectina. Assim, aumenta
afinidade por ligação com Ca+2
. Essa ligação é considerada de natureza cooperativa, pois
impede a ação da PG e consequentemente mantém a estrutura da parede celular (BURNS e
PRESSEY, 1987).
2.4. Pcc na pós-colheita do pimentão
Algumas doenças, como por exemplo, a podridão mole é relatada como sendo de
grande importância nas culturas do pimentão e da pimenta (CARMO et al., 2006;
FILGUEIRA 2008; GLOSIER et al., 2008; BNEJDI et al., 2009; MARAME et al., 2010). No
entanto, estão sujeitos a problemas fitossanitários que afetam a qualidade e causam grandes
perdas na pós-colheita (SILVA et al., 2014). A podridão-mole representa umas das principais
doenças do pimentão na pós-colheita, causada pela bactéria Pectobacterium carotovorum
subsp. Carotovorum - Pcc (JABUONSKI et al., 1986). É muito comum no Brasil, seja no
campo ou na fase de pós-colheita, sendo um fator limitante para o cultivo de olerícolas, como
o pimentão. É uma doença que atinge diversas culturas, incluindo couve-chinesa (Brassica
pekinensis L.) (KIKUMOTO, 1980).
Os sintomas têm inicio com o aparecimento de pequenas manchas, de aspecto
encharcado, deprimido e descolorido, que crescem rapidamente na superfície do fruto
(AMORIM et al., 2011). Os sintomas causados por espécies de Pcc se devem a produção de
grandes quantidades de enzimas que degradam a parede celular das plantas (COLLMER e
KEEN, 1986; PIRHONEM et al., 1991; SALMOND, 1994).
O manejo da podridão-mole é muito complexo, uma vez que Pcc tem a capacidade de
adaptação a uma larga faixa de temperatura que a mantém viável por longos períodos,
5
sobrevivendo na água, no solo, em restos culturais infectados e na rizosfera de plantas
cultivadas ou invasoras (PÉROMBELON e VAN DER WOLF, 2002). Para a redução de
desordens fisiológicas, retardamento da senescência e inibição de podridões em pós-colheita,
vem se utilizando algumas aplicações de sais de cálcio.
Várias fontes de cálcio já foram testadas no controle da Pcc, onde Gomes et al. (2005)
Verificaram a eficiência do uso de cálcio para o controle da podridão-mole em tomates. Da
mesma forma Silva et al. (2014) e Felix (2012) em pimentão e em couve-chinesa verificaram
a redução da incidência da doenças ao aplicar fontes de cálcio quando comparados ao
controle.
2.5. Ação da PME (E.C.3.1.1.11) no amolecimento de fruto
A diminuição da firmeza durante o amadurecimento tem sido atribuída a modificações
e à degradação dos componentes da parede celular, tais como celulose, hemiceluloses e
pectinas (HOPKINS e HUNER, 2009). As substâncias pécticas constituem-se na classe de
polissacarídeos da parede celular que sofrem a mais marcante modificação durante o
amadurecimento de alguns frutos, com o aumento da solubilização e despolimerização
associadas ao amolecimento dos frutos que ocorre através de enzimas (OLIVEIRA et al.,
2006).
A enzima PME tem papel importante no amolecimento de frutos pelo aumento in vivo
da susceptibilidade das pectinas à poligalagturonase (PG) durante o amadurecimento, essa
enzima catalisa a desmetilaçao do carbono seis do grupo carboxílico dos resíduos de
galacturosil, desesterificando-os (RESENDE et al., 2004).
O modo de ação da PME é interessante tanto na área vegetal como para a indústria
alimentar, pois está relacionada com a susceptibilidade que a homogalacturonanas (HG) tem,
sendo um dos componentes principais dos polissacarídeos pécticos, contribuindo para a
rigidez assim como a adesão das células, ocorrendo despolimerização enzimática por parte de
poligalacturonase (PG) e de pectina liase (PL) assim como a formação de géis de cálcio
(WILLATS et al., 2001).
A PME é uma enzima termo lábil sendo inativadas a temperaturas superiores a 70ºC.
A sua estabilidade térmica depende também do ambiente onde está introduzida (NGUYEN et
al., 2002). A PME é menos susceptível ao aquecimento quando está inserida num tecido,
assim como a adição de açúcares, aumentando a sua estabilidade (GUIAVARC’H et al.,
2003.; PLAZA et al., 2008). Ao contrário do que se sucede com a temperatura, as PME são
tolerantes à pressão (NUNES et al., 2006; SILA et al., 2007).
A PME é um das enzimas mais importantes em nível de processamento de vegetais e
frutos, devido a presença de enzima endógena que pode influenciar de forma positiva ou
negativa na viscosidade e textura, no processamento, no qual é possível controlar a atividade e
a estabilidade das diferentes enzimas obtendo qualidades biológicas e firmeza desejada (VAN
BUGGENHOUT et al., 2009).
A atuação desta enzima durante o amadurecimento tem sido estudada em muitos frutos
principalmente nos climatéricos como kiwi, abacate, pêssego e mamão. Sua ação desmetila, o
ácido poligalacturônico tornando-o solúvel na ação de outras enzimas envolvidas no
metabolismo da parede celular, ocorrendo a solubilização das protopectinas pela enzima
poligalacturonase e liberação do cálcio pela acidificação da parede celular, através de enzimas
pectolíticas, resultando no enfraquecimento das ligações dos polissacarídeos da parede pelo
deslocamento dos íons de cálcio, com o amadurecimento do fruto (GALLON, 2010).
Segundo Yamamoto et al. (2011) o cálcio ao ligar-se às pectinas, dá origem ao pectato
de cálcio, restringindo a ação da PME e PG e consequentemente retardando o amaciamento de
frutos.
A importância da PME em conjunto com soluções de cálcio, confirma o retardamento
do amaciamento de frutos. Guillemin et al. (2008) evidenciaram aumento significativo da
firmeza com a aplicação de PME e cálcio em maça pasteurizada a vácuo. De acordo com
6
Galleto et al. (2010) estudaram o efeito da imersão de cloreto de cálcio em morangos, onde
analisaram um pré-tratamento com a aplicação por imersão da PME, porém não forneceu
qualquer benefício adicional na estabilidade da firmeza do morango.
2.6. Uso de cálcio na pós-colheita de frutos e hortaliças
O cálcio (Ca2+
) age na célula atuando como constituinte da lamela média das paredes
celulares (TAIZ e ZEIGER, 2013), pois participa ativamente da estrutura da parede celular, na
resposta de sinalização celular e na função da membrana que servem como uma ação
contrária dentro de organelas de armazenamentos (WHITE e BROADLEY, 2003; HEPLER,
2005).
O cálcio é o nutriente mais frequentemente associado com a qualidade dos frutos e
hortaliças em geral e constitui a parede celular dos vegetais. O íon Ca2+
liga às pectinas
resultantes das cadeias de ácido poligalacturônico. As pontes de cálcio entre os ácidos
pécticos ou entre esses e outros polissacarídeos dificultam o acesso e a ação de enzimas
pectolíticas que causam amolecimento (MOTA et al., 2002).
Em frutos e em algumas hortaliças, o efeito do cálcio tem recebido muita atenção,
visto que as aplicações deste cátion promovem o retardamento da maturação e da senescência
(KLAUS, 2007). Sabe-se que para a manutenção da firmeza em frutos de morango, por
exemplo, os íons de cálcio tornam-se essenciais, devido às ligações cruzadas entre grupos
carboxílicos (CAMARGO et al., 2000).
Segundo Evangelista (2002), a ação da PME em promover sítios de ligações para o
Ca2+
é importante para a concentração deste íon na lamela média, e a ação de outras enzimas
que degradam a parede celular, como a poligalacturonase (PG).
O uso de cálcio aumenta a firmeza dos frutos, como no trabalho de Silva 2014, que
analisou o efeito do cloreto de cálcio e do uso de cobertura comestível a base de quitosana na
conservação pós-colheita do mamão, no qual observou o efeito significativo na manutenção
da firmeza dos frutos quando tratado com cálcio a vácuo.
Angelletti et al. (2010) sobre o efeito da aplicação de cálcio na qualidade pós-colheita,
no amolecimento e degradação da parede celular de duas variedade de blueberry (Vaccinium
corymbosum), observaram que os frutos tratados com cálcio para ambas as variedades
apresentavam menor amolecimento e perda de peso do que o tratamento controle.
Carbonato e citrato de cálcio são os principais sais adicionados aos alimentos, a fim de
aumentar o valor nutricional (BRANT, 2002). Os sais utilizados na indústria alimentar são o
lactato, cloreto, fosfato, propionato, ascorbato e gluconato, quando o objetivo é a preservação
ou aumento de vida útil do produto (MANGANARIS et al., 2007; QUILES et al., 2007;
AGUAYO et al., 2008).
O cloreto de cálcio tem sido amplamente utilizado como conservante e agente de
endurecimento em frutas e em vegetais inteiros e minimamente processados. Chardonnet, et
al. (2003) estudaram o efeito do cloreto de cálcio na firmeza de maça, Luna-Guzman e
Barrett (2000) comparou o efeito do cloreto de cálcio e lactato de cálcio na eficácia e
manutenção da estabilidade de prateleira e qualidade de melão minimamente processado,
onde manteve uma firmeza do melão.
7
3. CONCLUSÕES GERAIS
O método de infusão a vácuo para o pimentão não foi eficiente devido a sua
composição estrutural. Quando se adicionou solutos (CaCl2) ou enzima (PME) ao método de
infusão a vácuo as análises foram mais promissoras.
Sendo que o tratamento mais adequado para se retardar o amadurecimento e a
manutenção da firmeza foi o Ca. Para o controle da podridão-mole verificou-se que o uso de
solutos como o cloreto de cálcio em infusão foi eficiente para o controle da Pcc e manutenção
da firmeza.
8
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14
5. ARTIGO 1: AÇÃO DA PECTINA METIL ESTERASE E CLORETO DE CÁLCIO
NO CONTOLE DA FIRMEZA DO PIMENTÃO
Periódico a ser submetido: Pesquisa Agropecuária Brasileira
RESUMO
Resumo - O objetivo do trabalho foi promover a manutenção da firmeza em pimentão
aplicando pectina metil esterase associada a cloreto de cálcio. Os frutos foram submetidos à
infusão a vácuo com água, infusão a vácuo com cloreto de cálcio a 7% e infusão a vácuo de
PME associado ao cloreto de cálcio a 7%, além dos frutos sem infusão. Avaliou-se a perda de
massa fresca, firmeza do fruto, cor da casca, teor de sólidos solúveis, pH, acidez total e
atividade de PME. Em relação à perda de massa fresca houve um aumento significativo ao
longo do tempo em todos os tratamentos. Os resultados indicaram que os tratamentos Ca e SI
como os mais adequados para manutenção da firmeza, pois apresentaram as menores
variações da atividade da PME, que resultou nas menores perdas de firmeza e concentrações
de ácidos orgânicos. Sendo a infusão a vácuo com cloreto de cálcio a 7% capaz de manter a
firmeza e as características físico-químicas aceitáveis do pimentão cv. Yolo Wander, muito
embora o pimentão não seja um fruto recomendado para se aplicar a técnica de infusão a
vácuo. Resultando que a aplicação de PME+CaCl2 não promoveu a manutenção das
características de firmeza desejável para o pimentão.
Termos de indexação: Capsicum annuum L., enzima PME, cálcio, pós-colheita.
15
ABSTRACT
Título: Pectin methyl esterase action and calcium chloride in the pepper control firmly
The objective was to promote the maintenance of firmness in applying pepper pectin methyl
esterase associated with calcium chloride. The fruits were subjected to vacuum infusion with
water, vacuum infusion with calcium chloride 7% and vacuum infusion pectin methyl esterase
associated with calcium chloride 7%, besides the fruit without infusion. It evaluated the loss
of weight, fruit firmness, skin color, soluble solids, pH, total acidity and activity of pectin
methyl esterase. Regarding fresh weight loss was a significant increase over time in all
treatments. The results indicated that Ca and SI treatments as the most suitable for firmness
maintenance, as presented the smallest variations in the activity of pectin methyl esterase,
which resulted in lower losses of firmness and organic acid concentrations. As the vacuum
infusion with calcium chloride 7% able to maintain firmness and acceptable physical-
chemical characteristics of the pepper cv. Yolo Wander, although the pepper fruit is not a
recommended to apply vacuum infusion technique. Resulting in the application of PME +
CaCl2 did not promote the maintenance of firmness characteristics desirable for pepper.
Index terms: Capsicum annuum L., enzyme PME, calcium, Postharvest.
5.1. Introdução
O pimentão (Capsicum annum L.) é uma importante cultura agrícola, por possuir um
rico conteúdo de micronutrientes e antioxidantes que compõe um alto valor nutricional, como
vitamina C e A, elevando assim a sua importância econômica, porém existem algumas
limitações na pós-colheita desse fruto (Sethu et al., 1996) como a perda de firmeza e o curto
período de vida-útil (Ghasemnezhad et al., 2010).
Durante a pós-colheita do pimentão, ocorrem alterações na parede celular causando
amolecimento excessivo devido ao afrouxamento da parede celular que envolve a degradação
da pectina e dos componentes da hemicelulose, durante esse amolecimento há um aumento da
pectina solúvel e uma diminuição da pectina insolúvel, ocasionando uma redução da firmeza
(Song et al., 2016).
A firmeza do pimentão depende da integridade estrutural da parede celular e da lamela
média. Enzimas como pectina metil esterase (PME) (EC 3.1.1.11) e poligalacturonase (PG)
(EC 3.2.1.15) estão envolvidas na degradação da pectina e outros materiais de parede celular
(Jolie et al., 2010), resultando em um fruto com firmeza reduzida e perda de qualidade
sensorial.
No entanto a PME quando aplicada exogenamente e associado ao cálcio, ela interage
sucessivamente com o cálcio, formando os pectatos de cálcio e ocasiona uma redução na
degradação da parede celular do fruto (Martín-Diana et al., 2006; Degraeve et al., 2003). Essa
enzima catalisa a hidrolise de metil ester liberando metanol e os ácidos carboxílicos livres na
pectina, onde há presença de íons divalentes, como o cálcio, onde o grupo de ácidos
carboxílicos livres em diferentes cadeias de pectina pode ser retido resultando em uma rede de
cadeias de pectina e formação de gel promovendo uma melhor firmeza dos vegetais (Duvetter
16
et al., 2005). Fazendo com que tal associação (pectinametilestarase exógena com o cálcio)
permita manter a firmeza no fruto (Galleto et al., 2010).
O uso de sais de cálcio por infusão a vácuo ou por imersão associado ou não a PME
exógena foram estudados em tomates (Gomes et al., 2005), morangos (Fraeye et al., 2009),
manga (Taain et al., 2011) e goiaba (Werner et al., 2009) e demonstraram efeito positivo,
tornando-os mais firmes durante o armazenamento (Sutarinen et al., 1999; Luna-Guzman et
al., 2000).
Diante do exposto o objetivo do trabalho foi promover a manutenção da firmeza em
pimentão aplicando pectinametilesterase (PME) associada a cloreto de cálcio.
5.2. Material e Métodos
Os pimentões da variedade Yolo Wander (Cv.) foram adquiridos da região de
Itabaiana/SE, Brasil, no estádio de maturação completamente verde, com peso médio de 220 g
e comprimento médio de 9 a 10 cm. Foram colhidos de acordo com sua aparência, cor e
tamanho e posteriormente transportado para o laboratório de Ecofisiologia e Pós-colheita
(ECOPOC) do departamento de Agronomia da Universidade Federal de Sergipe, São
Cristóvão/SE.
Foram lavados em água corrente por 1 min, seguido de lavagem em água destilada.
Em seguida foram mantidos em bancadas para a secagem com auxílio de papel toalha e
montagem do experimento.
Os pimentões foram submetidos à infusão a vácuo em um dessecador com manômetro
acoplado a uma bomba a vácuo (modelo 8300; Diagtech). O fruto inteiro foi imerso em um
Becker de vidro de 600 ml com 375 ml de solução aquosa. Foi utilizado uma pressão de 200
mmHg por 5 minutos de modo que não houvesse mais saída de bolhas de ar, tanto da
solução quanto do fruto. Os tratamentos foram os frutos em infusão com H2O destilada (CI),
frutos em infusão com cloreto de cálcio (CaCl2, 7%) e infusão com PME+Cloreto de cálcio
(CaCl2, 7%). A concentração de 7% de cloreto de cálcio foi determinada por pré-testes em
pimentões. O controle foi utilizado frutos sem infusão.
A enzima pectina metilesterase (PME) utilizada foi a comercial (Novoshape), com
atividade declarada de 10 PEU/mL, fabricada pela Novozymes, Denmark. É uma enzima
derivada do gene de codificação a partir do fungo Aspergillus aculeatus (E.C.3.1.1.11). A
concentração utilizada foi 1mL/kg de fruta.
Após o preparo, os frutos foram mantidos em bancadas para secagem e por seguinte
acondicionados em câmaras B.O.D com controle de temperatura (20ºC ± 1ºC) e umidade
relativa (75% ± 5%).
A perda de massa fresca (PMF) dos frutos foi obtida a partir da pesagem frutos desde a
colheita até o último dia de armazenamento. Os frutos foram pesados em balança
semianalítica modelo (modelo BG 8000 Max; GEHAKA) sendo os resultados expressos em
porcentagem de massa fresca perdida.
A cor da casca (CC) foi determinada com o colorímetro, (modelo CR-400; Konica
Minolta), de acordo com a escala L* a* b* ângulo de cor (oh), a cromaticidade (C) e o brilho
(L). Em relação à cor da casca, duas leituras por fruto, em lados opostos da sua região
mediana.
Para a determinação da firmeza (FF) utilizou-se o penetrômetro digital (modelo TR;
Turoni), com ponteira de 8 mm de diâmetro. Foi realizada a medição com duas leituras em
cada fruto inteiro, na região mediana e em dois lados opostos do mesmo. Os resultados
obtidos foram expressos em Newton (N).
A análise de sólidos solúveis (SS) foi realizada por meio de leitura refratométrica
direta em graus (°Brix), em duas amostras em cada fruto, com o refratômetro de banca digital
(modelo RTD-45, Instrutherm), de acordo com os procedimentos descrito por El-Bulk et al.,
17
1997.
Para a obtenção do pH Foram coletados 5 g do pimentão, as quais foram maceradas e
homogeinizadas com 50 mL de água destilada. O pH foi medido utilizando-se um pHmetro de
bancada (modelo, pHS-3E, LabMeter), segundo técnica descrita pela AOAC (1995).
A acidez total (AT) foi determinada de acordo com AOAC (1995), em que 5,0 ml do
suco da polpa foram homogeneizadas em 50 ml de água destilada. À amostra foram
adicionadas três gotas do indicador fenolftaleína a 1%, procedendo-se em seguida a titulação,
sob agitação, com solução de NaOH 0,01 N, com resultados expressos em porcentagem de
ácido cítrico.
Para a análise de atividade de pectina metil esterase (PME) foram homogeneizada 25 g
da polpa com 50 ml de NaCl 0,2 N o homogenato foi filtrado em gaze, o pH foi ajustado para
6,0 com NaOH 0,1 N e o novo homogenato incubado a 4ºC por 1 hora em agitação. O
material foi centrifugado a 25.000 g, por 15 minutos, a 4ºC.Para determinação da atividade
utilizou-se uma alíquota de 6 ml de extrato e a ela adicionou 30 ml de pectina cítrica a 1% em
NaCl 0,2 N pH 7,0. A taxa de desmetilação do extrato foi medida por titulação com NaOH
0,01 N, mantendo-se o pH em 7,0 por 10 minutos. Uma unidade de atividade enzimática
(UAE) de pectina metilesterase foi definida como a quantidade de enzima capaz de catalisar a
desmetilação de pectina correspondente ao consumo de 1 nmol de NaOH por 10 minutos. Os
resultados foram expressos em UAE por grama da massa fresca por minuto (Jen e Robinson,
1984).
Os tratamentos foram dispostos em delineamento inteiramente casualizado em arranjo
fatorial 4x5, sendo quatro formas de aplicação (sem infusão (SI), com infusão em água (I),
infusão com cloreto de cálcio (Ca) e infusão PME associado ao cloreto de cálcio (PME+Ca))
e cinco períodos de avaliação (0, 3, 6, 9, 12 dias após a aplicação dos tratamentos), com três
repetições de cada tratamento, totalizando 60 frutos. Os dados foram submetidos à análise da
variância (p≤0,05) e comparação de médias pelo teste de Tukey (p≤0,05). Utilizando-se para
tanto o programa estatístico SISVAR.
5.3. Resultados e Discussão
Verificou-se que a porcentagem da perda de massa foi aumentando significativamente
ao longo do tempo para todos os tratamentos, isso foi devido à perda de água decorrente da
transpiração dos frutos, o que levou ao amolecimento durante o armazenamento (Khaliq et al.,
2015). Também foi verificado em pimentões verdes o aumento na perda de massa ao longo do
período de armazenamento por Lima et al. (2014) e Hojo et al. (2007) , tal, perda chegou a
16,09% com oito dias de armazenamento (Hojo et al., 2007).
Durante os seis primeiros dias de armazenamento todos os tratamentos não diferiram
entre si, apresentando perda de massa entorno de 13%. No nono dia as perdas foram mais
expressivas, com menores valores para SI 29,48% e os demais tratamentos Ca, PME+Ca e I
com 53, 50 e 61% respectivamente e não diferiram estatisticamente. Provavelmente a maior
perda de massa fresca em pimentões onde houveram infusão tenha ocorrido em função do
pimentão ser um fruto oco e de espessura fina, o que promoveu alterações celulares
indesejáveis, pois o mesmo tem capacidade limitada de armazenar água (Maalekuu et al.,
2003).
A firmeza foi drasticamente reduzida ao longo do tempo para todos os tratamentos,
com menor intensidade para os frutos com aplicação de cálcio e sem infusão, pois com o
amadurecimento ocorre naturalmente a maior flexibilização da parede celular, que pode ser
reduzida com a adição de cálcio (Maalekuu et al., 2003).
18
Figura 5.1. Porcentagem de perda de massa fresca em pimentões submetidos aos tratamentos ■ – Sem infusão
(SI), ♦ - infusão em água (I), ● - infusão em cloreto de cálcio (Ca) e ▲- infusão em PME+CaCl2 (PME+Ca) armazenados ao longo de doze dias a 20°C ± 1°C em B.O.D. As médias seguidas pela mesma letra minúscula no
tratamento e maiúscula no período de armazenamento não diferem significativamente entre si pelo teste de tukey
p ≤ 0,05.
A menor perda de firmeza do tratamento Ca em relação aos outros tratamentos foi de
apenas 11,5% até o nono dia devido à atuação do cloreto de cálcio na regulação do
amolecimento do fruto formando pontes entre os ácidos pécticos e polissacarídeos, ou seja,
sua complexação a parede celular e lamela média de resíduos de ácidos galacturônicos
atribuindo uma melhora na integridade estrutural do fruto (Mota et al., 2002). Da mesma
forma, Chen et al. (2011) verificaram uma constante firmeza até o décimo dia de
armazenamento para os morangos tratados com cloreto de cálcio a 4% e Suutarinen et al.
(2002) não verificaram diferença entre morangos com infusão de CaCl2 e o controle sem
infusão.
Figura 5.2. Firmeza em pimentões submetidos aos tratamentos ■ – Sem infusão (SI), ♦ - infusão em água (I), ● -
infusão em cloreto de cálcio (Ca) e ▲- infusão em PME+CaCl2 (PME+Ca) armazenados ao longo de doze dias a
20°C ± 1°C em B.O.D. As médias seguidas pela mesma letra minúscula no tratamento e maiúscula no período de
armazenamento não diferem significativamente entre si pelo teste de tukey p ≤ 0,05.
0
10
20
30
40
50
60
70
0 3 6 9 12
Per
da
de
ma
ssa
fre
sca
(%)
Tempo de armazenamento (dias)
aC
aC aC aC
aB aB aB aB
aB aB aB aB
aA
aA
bB
aA
bA
aA bA
8
13
18
23
28
0 3 6 9 12
Fir
mez
a (
N)
Tempo de armazenamento (dias)
aA
bB
aB aB
aA aA
abB
cC
aA
bA
aA
cB bB
bB
aA aA aA
aA
aB
19
A adição da PME exógena associado ao cálcio não contribuiu para uma manutenção
da firmeza no pimentão apresentando perda na ordem de 58% até o nono dia, fato também
observado por Galleto et al. (2010) que verificaram em morangos imersos em cloreto de
cálcio+PME a não eficiência da manutenção da firmeza em comparação ao tratamento sem a
imersão ao longo do tempo. Provavelmente a infusão a vácuo causou perda da integridade do
tecido que foi compensado pelo soluto ativo infundido (Saurel, 2002), neste caso o cálcio foi
o agente cimentante e não a associação com a PME exógena.
Para a maioria dos frutos o amadurecimento envolve a mudança da coloração que
muitas vezes vai do verde quando imaturo para outra cor quando maduro, pois esta mudança
está relacionada ao conteúdo de pigmentos totais como clorofilas a, b e carotenoides, sendo
estes pigmentos degradados ou sintetizados durante o processo de amadurecimento (Bohn e
Walczyk, 2004). Neste trabalho os pimentões também não apresentaram alteração na cor,
mantiveram-se verde ao longo de todo armazenamento, sendo esta uma característica
intrínseca deste fruto. Verificou-se também que não houve variação dos valores entre os
tratamentos em relação ao ângulo de hue (h) exceto uma queda no terceiro dia no tratamento
com cloreto de cálcio onde obteve um valor de 89,86°. A luminosidade (L) não apresentou
diferenças entre os tratamentos, não alterando o brilho do fruto. Para à intensidade da cor (C)
o tratamento PME+Ca no primeiro dia teve uma maior intensidade de cor, enquanto que no
terceiro dia o tratamento sem infusão foi o que obteve uma maior intensidade. Resultados
semelhantes foram encontrados por Mahmud et al. (2008), onde demonstraram que a
aplicação de soluções de CaCl2 a vácuo em mamão promoveu a manutenção da cor verde da
casca do fruto durante 21 dias de armazenamento.
Os tratamentos SI e Ca foram os que apresentaram as menores variações quanto ao
teor de sólidos solúveis, sendo que o SI não diferiu estatística ao longo do tempo com valores
médios 4,6 °Brix (Tabela 1). Enquanto que o tratamento com cálcio o valor médio foi de 4,30
°Brix com pequenas variações, ou seja, um pequeno efeito sobre o teor de sólidos solúveis,
assim como verificado por Wickramasinghe et al. (2013) que verificaram em tomates tratados
com cálcio onde teve um pequeno efeito no teor de sólidos solúveis. Nos demais tratamentos,
observaram-se tendências diferentes, o tratamento I apresentou incremento do sexto para o
nono dia passando de 3,10 para 5,03 °Brix, momento em que foi descartado por não estar apto
para o consumo e também relacionado ao aumento da perda de massa fresca (Figura 1)
levando ao maior acumulo de sólidos solúveis.
Enquanto que o tratamento PME+Ca apresentou pico de 6,00°Brix no terceiro dia e
reduzindo a 2,53 °Brix no ultimo dia, provavelmente essa variação esteja relacionada à PME e
senescência do fruto, pois segundo Ghasemnezhad et al. (2011) a enzima PME pode resultar
no incremento de SS no fruto devido a degradação ou biossíntese de polissacarídeos, a
acumulação de açucares e a redução em função do aumento da taxa respiratória, promovendo
maior degradação de teores de SS, reduzindo-o com o tempo (Yaman e Bayoindirli, 2002).
Também foi verificado por Vicentini (1999) em que os pimentões apresentaram um aumento
de sólidos solúveis até o sexto dia, seguido de uma diminuição para os dias seguintes.
Todos os tratamentos (SI, I, Ca, PME+Ca) apresentaram incremento na AT no sexto
dia com decréscimo após essa data (Tabela 2). O aumento na concentração da acidez está
relacionado à perda de firmeza (Figura 2), pois a firmeza é regida pela turgidez da célula e a
integridade da pectina, principal componente da parede celular (Taiz e Zeiger, 2015). Ao
longo do armazenamento os pimentões apresentaram grande perda de massa fresca a partir do
sexto dia (Figura1), reduzindo a turgidez da parede celular e a perda de firmeza que pode ser
observada na figura 2 mais acentuada ao sexto dia que ocasionou incremento na AT, pois com
a perda de firmeza ocorre a degradação da pectina e o produto final dessa ação são os ácidos
orgânicos (Ghasemnezhad et al., 2011). Silva et al. (2011) também relataram o aumento na
acidez total e pimentões com o tempo devido a o aumento na formação de ácidos orgânicos.
O pH manteve-se constante ao longo do tempo para todos os tratamentos e
praticamente não diferiu entre os tratamentos. Comportamento semelhante foi observado por
20
Chitravathi et al. (2014), que também constataram pouca variação do pH de pimentões
armazenados a 26±2ºC por 12 dias. O pH da solução variou de 5,81 a 6,73 demostrados na
(Tabela 2), situando-se na faixa de frutos não ácidos, conforme estabelecido por Gould (1974)
que afirma que o pH do pimentão atinge 6,52 no fruto verde imaturo e depois tende a diminuir
com o amadurecimento, chegando a 5,02 no fruto maduro como constatado neste trabalho.
A atividade da PME tende na maioria dos casos a aumentar durante o amadurecimento
e ao longo do tempo (Figura 3), pois está relacionado à degradação da parede celular. Tanto
em pêssegos como em alface também foram verificados incremento da atividade ao longo do
tempo (Martín-Diana et al., 2006; Manganaris et al., 2007).
Os frutos que não foram submetidos à infusão, a atividade da PME foi menos
acentuada apresentando incremento somente no termino do armazenamento (Figura 3).
Enquanto que os frutos submetidos à infusão apresentaram níveis mais altos da atividade da
PME. Foi verificado no tratamento PME+Ca os níveis mais elevados em função da atividade
da PME exógena se somar a endógena, aumentando a concentração interna e promovendo a
desmetilação e complexação do Ca2+
, devido processo de amolecimento dos frutos e
consequente aumento ao longo do tempo (Oliveira Júnior et al., 2004). A maior atividade da
PME refletiu diretamente na maior perda de firmeza (Figura 2), pois a solubilização da
pectina é devido ao aumento da atividade da pectina metil esterase (EC 3.1.1.11) sendo
responsável pelo amolecimento e associado ao amadurecimento (Sethu et al., 1996).
Figura 5.3. Atividade de pectina metil esterase (ATPME) pimentões submetidos aos tratamentos ■ – Sem
infusão (SI), ♦ - infusão em água (I), ● - infusão em cloreto de cálcio (Ca) e ▲- infusão em PME+CaCl2
(PME+Ca) armazenados ao longo de doze dias a 20°C ± 1°C em B.O.D. As médias seguidas pela mesma letra
minúscula no tratamento e maiúscula no período de armazenamento não diferem significativamente entre si pelo
teste de tukey p ≤ 0,05.
No caso da infusão com água o incremento da atividade da PME foi verificado mais
acentuado a partir do sexto dia de armazenamento, coincidindo com a perda de firmeza
(Figura 2) e com o incremento da acidez total (Tabela 2). Pois com a atividade da PME ocorre
a degradação da pectina e resulta na produção de ácidos orgânicos, este comportamento pode
ser devido às alterações na solubilidade da enzima durante o armazenamento (Martín-Diana et
al., 2006).
O cálcio aplicado aos frutos proporcionou uma estabilização na atividade da PME
fazendo com que ela não variasse estatisticamente ao longo do tempo em função da formação
150000
200000
250000
300000
350000
400000
450000
0 3 6 9 12
PM
E (
UA
E/g
.min
)
Tempo de armazenamento (dias)
abB
bB bB
aA aB
bB
abB
aA
aA
aA
aA
aA
aA aA
aA
aA
aA
abA
aA
21
de pectato de Ca, composto que diminui a ação dessa enzima, proporcionando maior rigidez
da lamela média e da parede celular (Luna-guzman et al., 2000; Xisto et al., 2004).
O tratamento Ca e SI foram os mais adequados para manutenção da firmeza, pois
apresentaram as menores variações da atividade da PME, que resultou nas menores perdas de
firmeza e concentrações de ácidos orgânicos provenientes da solubilização da pectina,
responsável pela perda de firmeza.
5.4. Conclusões
O pimentão não é um fruto recomendado para se aplicar a técnica de infusão a vácuo.
A aplicação de PME+CaCl2 não promove a manutenção das características de firmeza
desejável para o pimentão.
A infusão a vácuo com cloreto de cálcio a 7% em pimentão mantém a firmeza e as
características físico-químicas aceitáveis do pimentão cv. Yolo Wander.
5.5. Referências Bibliográficas
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Luminosidade da casca (L) da casca %
Armazenamento (dias)
Tratamentos 0 03 06 09 12
SI -9,02 aA -12,56 aA -8,19 aA -9,24 aA -8,32 bA
I -8,29 aA -9,56 aA -7,12 bA - -
Ca -8,32 aAB -11,53 aA -8,51 aAB -9,90 aA -11,18 aA
PME+Ca -9,11 aA -12,84 aA -10,54 aA -7,59 aA -9,41abA
Cromaticidade a da casca
Armazenamento (dias)
Tratamentos 0 03 06 09 12
SI 12,69 aAB 19,49 aA 10,58 bAB 13,40 bAB 12,17 bAB
I 11,47 aA 8,38 bB 12,42 abA - -
Ca 11,18 aA 17,97 aA 18,33 aA 20,96 aA 23,21 aA
PME+Ca 12,24 aAB 21,33 aA 17,05 aA 21,94 aA 15,55 aA
Cromaticidade b da casca
Armazenamento (dias)
Tratamentos 0 03 06 09 12
SI 29,92 bA 38,03 aA 34,41 aA 39,85 aA 37,88 aA
I 34,37 aA 36,14 aA 33,52 aA - -
Ca 35,12 aA 38,12 aA 38,74 aA 42,40 aA 36,79 aA
PME+Ca 35,14 aA 42,55 aA 38,24 aA 35,28 aA 37,54 aA
Intensidade da cor da casca (C)
Armazenamento (dias)
Tratamentos 0 03 06 09 12
SI 15,60 aAB 23,16 aA 16,75 aA 16,52 aA 14,79 bB
I 14,00 aA 14,12 aA 14,48 aA - -
Ca 13,94 aB 21,40 aA 20,23 aA 27,14 aA 28,02 aA
PME+Ca 15,27 aB 24,93 aA 16,52 aAB 23,59 aA 18,65 aA
Ângulo de hue (h)
Armazenamento (dias)
Tratamentos 0 03 06 09 12
SI 127,09 aA 122,84 aA 129,14 aA 123,51 aA 125,51 aA
I 126,05 aA 129,22 aA 120,48 aA - -
Ca 126,99 aA 89,86 bB 114,79 aA 121,11 aA 108,16 aA
PME+Ca 126,76 aA 121,46 aA 121,99 aA 109,12 aA 113,70 aA
Tabela 5.1. Cor da casca em pimentões submetidos aos tratamentos sem infusão (SI), infusão em água (I), infusão
em cloreto de cálcio (Ca) e infusão em pectina metil esterase+CaCl2 (PME+Ca) armazenados ao longo de doze dias
a 20°C ± 1°C em B.O.D. As médias seguidas pela mesma letra minúscula no tratamento e maiúscula no período de
armazenamento não diferem significativamente entre si pelo teste de tukey p ≤ 0,05.
As médias seguidas pela mesma letra minúscula na linha e maiúscula na coluna não diferem significativamente entre si pelo teste de tukey p ≤ 0,05. As médias estão apresentadas com seus desvios padrão. (-) Amostras que não se mantiveram adequadas para
análises.
26
Tabela 5.2 - Teor de sólido sóluveis totais (%), pH e acidez total (%), nos tratamentos sem infusão (SI), infusão em água (I), infusão em cloreto de cálcio (Ca) e
infusão em pectina metil esterase com cloreto de cálcio (PME+Ca) em pimentões armazenados ao longo de doze dias a 20°C ± 1°C em B.O.D. e 75% UR.
As médias seguidas pela mesma letra minúscula na linha e maiúscula na coluna não diferem significativamente entre si pelo teste de tukey p ≤ 0.05. As médias estão apresentadas
com seus desvios padrão. (-) Amostras que não se mantiveram adequadas para análises.
Tratamentos
Variáveis Armazenamento
(Dias)
SI I Ca PME+Ca
Teores de
sólidos totais
(%)
0 4,63±0.1 aA 4,40±0.2 aB 3,96±0.03 bcB 3,73±0.2 cB
03 4,30±0.3 bA 4,00±0.1 bB 3,46±0.1 cC 6,00±0.08 aA
06 4,60±0.1 aA 3,10±0.2 bC 4,20±0.6 aB 4,56±0.08 aA
09 4,53±0.3 aA 5,03± 0.9 aA 5,10±0.07aA 2,65±0.2 bC
12 4,96±0.3 aA - 4,80±0.0 aA 2,53±0.06 bC
C.V. (%) 7,16
pH 0 6,27± 0.04 aA 6,05±0.02 aA 5,80±0.01 aA 6,04±0.05 aA
03 5,87± 0.1 aA 5,84±0.2 aA 6,05±0.1 aA 5,89±0.08 aA
06 6,49±0.1 aA 5,50±0.5 bA 5,40±0.6 bA 6,22±0.04 aA
09 6,05±0.03 aA 5,81±0.5 aA 6,01±0.01 aA 4,96±0.4 bB
12 6,21±0.04 aA - 6,28±0.2 aA 6,73±0.2 aA
C.V. (%) 7,86
Acidez total
(%ácido
cítrico)
0 0,92± 0.1 aA 0,96±0.2 aB 0,79±0.03 bB 0,87±0.2 abB
03 0,85±0.3 aA 0,70±0.1 aB 0,77±0.1 aB 0,86±0.08 aB
06 1,02±0.1 bA 3,13±0.2 aA 1,52±0.6 bA 1,44±0.08 bA
09 0,23±0.3 aB 0,23±0.9 aC 0,17±0.07 bC 0,39±0.2 aC 12 0,23±0.2 aB - 0,15±0.0 bC 0,20±0.06 aC C.V. (%) 32,20
27
6. ARTIGO 2: UTILIZAÇÃO DE PECTINA METIL ESTERASE E CLORETO
DE CÁLCIO NO CONTROLE DA PODRIDÃO-MOLE EM PIMENTÃO
Periódico a ser submetido: Pesquisa Agropecuária Brasileira
RESUMO
Resumo – O objetivo utilizar o cloreto de cálcio e pectina metil esterase exógena para
promover uma melhor firmeza do fruto e consequentemente controlar a podridão-mole
em pimentão. Os parâmetros estimados foram à severidade da doença (SD), a firmeza
do fruto (FF) e a atividade de pectina metil estarase (PME). Os resultados indicam que a
metodologia de infusão a vácuo não é a mais indicada para os frutos de pimentoeiro e
que o uso de solutos de cloreto de cálcio é eficiente para o controle da bactéria, pois
promove uma melhora na firmeza e reduz o efeito da PME endógena.
Termos de indexação: Capsicum annum L., pectobacterium caratovorum subsp.
caratovorum, infusão com cloreto de cálcio.
28
ABSTRACT:
Title: Calcium chloride use in control of rot-mole in pepper
The object of using calcium chloride and methyl exogenous pectin esterase to promote
better fruit firmness and consequently control the soft rot in Chile. The estimated
parameters were the severity of the disease (SD), the firmness of the fruit (FF) and
pectin methyl estarase activity (SMEs). The results indicate that the vacuum infusion
method is not the most suitable for fruit pimentoeiro and that the use of calcium
chloride solute is effective for controlling bacteria, it promotes an improvement in the
firmness and reduces the effect of SMEs endogenous.
Index terms: Capsicum annum L., Pectobacterium caratovorum subsp. caratovorum-
Pcc, infusion with calcium chloride.
6.1. Introdução
O pimentão Capsicum annuum L. (Solanaceae), por ser um alimento rico em
nutrientes, possui grande importância econômica. Seus frutos, no entanto, são
facilmente afetados por problemas fitossanitários, o que diminui a qualidade do produto,
levando as perdas na pós-colheita. Nesta fase podem ocorrer alterações das propriedades
químicas do fruto, principalmente na firmeza, devido a alterações na parede celular (na
lamela média), aumentando sua suscetibilidade a fitomoléstias, e assim limitando sua
vida útil para a comercialização (Chitarra e Chitarra, 2005).
A perda de firmeza no pimentão pode se tornar uma porta de entrada para
patógenos, como a bactéria Pectobacterium caratovorum subsp. caratovorum- Pcc,
(Jones) Hauben et al. (sin. Erwinia carotovora subsp. carotovora) (Jabuonski e Takatsu,
1986) agente causal da podridão-mole, uma das doenças que mais afeta a pós-colheita
da cultura do pimentão. Essa doença é ocasionada pela degradação da parede celular por
enzimas pectolíticas, como pectina metil esterase (PME) (EC 3.1.1.11) e
poligalacturonase (PG) (EC 3.2.1.15) (Pérombelon e Van Der Wolf, 2002).
No entanto a PME quando aplicada exogenamente e associado ao cálcio interage
sucessivamente formando os pectatos de cálcio que ocasiona redução na degradação da
parede celular do fruto (Martín-Diana et al., 2006; Degraeve et al., 2003) fazendo com
que tal associação (pectina metil estarase exógena com o cálcio) permita manter a
firmeza no fruto (Galleto et al., 2010).
O cloreto de cálcio promove uma melhor firmeza, aumentando a vida útil do
fruto, pois tem um importante papel nas funções celulares incluindo a redução no
amolecimento, evitando lesões e consequentemente a entrada de patógenos (Barker e
Pilbeam, 2007). Os íons presentes no cálcio se ligam às pectinas da parede celular,
dificultando a degradação da mesma por enzimas pectolitícas produzidas pelos
patógenos (Gomes et al., 2005). Alguns estudos confirmam a eficiência do uso de cálcio
para o controle da podridão mole em couve-chinesa, alface, tomate e batata (Gomes et
al., 2005; Felix, 2012; Ngadze et al., 2014).
29
Assim, este trabalho teve como objetivo utilizar a PME exógena e o cloreto de
cálcio para promover a melhoria da firmeza do fruto e o controle da podridão-mole em
pimentão.
6.2. Material e Métodos
O experimento foi realizado no laboratório de ecofisiologia e pós-colheita da
Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão/SE. Foram utilizados frutos de
pimentoeiro, cultivar Yolo Wander (Cv.) e um isolado de Pectobacterium carotovorum
subsp. carotovorum- Pcc. A Pcc foi isolada de pimentão com a doença em estágio
inicial, mantida em placas de petri em meio de cultura BDA (Batata dextrose Agar),
acondicionadas em B.O.D a 25°C ± 1°C e repicadas de acordo com a necessidade
(Mariano e Silveira 2005). O teste de patogenicidade e a confirmação da identidade do
isolado foram realizados segundo trabalhos descritos por (Takatsu et al., 1981). Os
frutos foram inoculados e mantidos em câmara úmida (umidade relativa de 92 ± 4%)
por 48 horas, até o aparecimento dos sintomas típicos da doença, procedendo-se o
reisolamento e a repicagem da bactéria em meio BDA.
Os pimentões foram submetidos à infusão a vácuo em um dessecador com
manômetro acoplado a uma bomba a vácuo (modelo 8300; Diagtech). O fruto inteiro foi
imerso em um Becker de vidro de 600 ml com 375 ml de solução aquosa. Foi utilizado
uma pressão de 200 mmHg por 5 minutos de modo que não houvesse mais saída de
bolhas de ar, tanto da solução quanto do fruto (Mcguire e Kelman 1984). Os
tratamentos foram os frutos em infusão com H2O destilada mais a Pcc (I+Pcc), frutos
em infusão com cloreto de cálcio 7% mais Pcc (I+Ca+Pcc) e infusão com PME mais
cloreto de cálcio 7% mais Pcc (PME+Ca+Pcc) e os controles frutos sem infusão e sem
PCC (SI), frutos sem infusão mais a Pcc (SI+Pcc). A concentração de 7% de cloreto de
cálcio foi determinada por pré-testes em pimentões.
Em seguida os frutos foram colocados em bancadas para secagem e inoculados
com 10 µL de uma suspensão bacteriana com concentração de 106
UFC/mL, sobre os
frutos sem ferimento, onde a parede de cada fruto foi demarcada com um pincel, para a
identificação do ponto de inoculação. Após a aplicação da Pcc, os frutos foram
acondicionados em B.O.D. com controle de temperatura (20ºC ± 1ºC) e umidade
relativa (75% ± 1%). Foram feitas avaliações a cada três dias nos frutos com o isolado
Pcc com um auxilio de uma régua. A severidade da doença foi estimada através de uma
escala descritiva de 1 a 6, sendo: 1 = Sem lesão no ponto de inoculação; 2 = Lesões
menores que 5 mm; 3 = Lesões entre 5 e 10 mm; 4 = Lesões maiores que 10 mm; 5 =
Fruto próximo da degradação e 6 = Fruto degradado (Ren et al., 2001).
Foram feitas análises físico-químicas: A Firmeza do fruto – FF: utilizou-se o
penetrômetro digital (Turoni), com ponteira de 8 mm de diâmetro. Realizou-se a
medição com duas leituras em cada fruto. Os resultados obtidos foram expressos em
Newton (N). Atividade da Pectina metil esterase – PME: foram homogeneizada 25 g da
polpa com 50 mL de NaCl 0,2 N o homogenato foi filtrado em gaze, o pH foi ajustado
para 6,0 com NaOH 0,1 N e o novo homogenato incubado a 4oC por uma hora em
agitação. O material foi centrifugado a 25.000 g, por quinze minutos, a 4oC. O
sobrenadante resultante constituiu-se o extrato enzimático. Para determinação da
atividade utilizou-se uma alíquota de 6 mL de extrato e a ela adicionou-se 30 mL de
pectina cítrica a 1% em NaCl 0,2 N pH 7,0. A taxa de desmetilação do extrato foi
medida por titulação com NaOH 0,01 N, mantendo-se o pH em 7,0 por dez minutos.
Uma unidade de atividade enzimática (UAE) de pectina metil esterase foi definida como
30
a quantidade de enzima capaz de catalisar a desmetilação de pectina correspondente ao
consumo de 1 nmol de NaOH por dez minutos. Os resultados foram expressos em UAE
por grama da massa fresca por minuto (Jen e Robinson, 1984).
O ensaio foi realizado em delineamento inteiramente casualizado no esquema
fatorial (5x5)x3, onde foram avaliados durante doze dias com avaliações a cada três
dias. Os valores foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas por
meio do teste de Tukey, ao nível de 5% de significância, utilizando o programa
estatístico SISVAR (Ferreira, 1998).
6.3. Resultados e Discussão
Dentre os tratamentos com menor severidade da Pcc pôde-se verificar (Tab.1)
que SI+Pcc e SI foram os menos afetados apresentando lesões menores do que 5mm no
9o e 12
o dia respectivamente. Enquanto que os demais frutos que foram submetidos à
infusão a vácuo apresentaram lesões já no terceiro dia com lesão de 5 a 10 mm para o
tratamento I + Pcc e PME+Ca+Pcc, sendo este último com lesões menores de 5 mm. No
caso dos frutos tratado com cálcio (I+Ca+Pcc) as lesões surgiram apenas no sexto dia e
menores de 5mm. Provavelmente a maior incidência de lesões nos frutos com infusão a
vácuo tenha ocorrido em função de o pimentão ser um fruto oco e de espessura fina, o
que promoveu alterações celulares indesejáveis, pois o mesmo tem capacidade limitada
de armazenar água (Maalekuu et al., 2003).
Mesmo o pimentão não sendo o mais indicado para esta técnica, o tratamento
I+Ca+Pcc chegou ao término do armazenamento (12o
dia) com o mesmo nível de lesões
dos frutos sem infusão e sem a inoculação da Pcc. Resultados similares também foram
obtidos por Silva et al. (2014) e Melo et al. (1995) com pimentão e Gomes et al. (2005)
com tomate onde o uso de cálcio foi eficiente para o controle da podridão-mole no fruto.
Confirmando assim que o cálcio auxilia na regularização do metabolismo dos frutos
pela ação dos íons presentes no cálcio se unirem às pectinas da parede celular,
dificultando a degradação, mantendo-se uma firmeza consistente e diminuindo assim a
incidência de patógenos.
A firmeza do tratamento I + Pcc (Fig. 1) foi drasticamente reduzida variando de
25,03 a 4,33N até o 6o dia, devido ao incremento da atividade da PME de 410000
unidades neste período sendo responsável pela degradação da parede celular. O
comportamento desses dois fatores foi devido à infusão a vácuo e sem a adição de
soluto (Ca++
) que pudesse atenuar o efeito. Como consequência dessa perda de firmeza
acentuada obteve-se a maior severidade das lesões no 3o dia (nota 3) e o
comprometimento total no 6o dia com fruto próximo a degradação (nota 5). Ao
adicionar PME exógena ao fruto (I + PME + Pcc) a perda de firmeza foi atenuada, onde
observou-se o decréscimo de 14,72N até o 6o dia e chegando ao termino do
armazenamento com 8N, fazendo com que a severidade da doença fosse menor no 3o e
6o dia, contudo não diferisse nos dois períodos finais (nota 6) quando comparado ao I +
Pcc.
Os tratamentos sem infusão (SI), sem infusão mais Pcc (SI + Pcc) e infusão com
cálcio e Pcc (I+Ca+Pcc) apresentaram as menores atividades da PME e
consequentemente as menores perdas de firmeza. Da mesma forma que Chardonnet et
al. (2000) relataram a menor atividade de PME e PG, sendo um efeito positivo no
controle da podridão com uso de cálcio em maças. Com a menor perda de firmeza
(I+Ca+Pcc) os frutos chegaram ao termino do armazenamento com lesões inferiores a
31
5mm (nota 2), Indicando que mesmo que a metodologia de infusão a vácuo não seja a
mais indicada para o pimentão quando adicionou-se o CaCl2 fez com que o problema da
infusão fosse atenuado fazendo com que os resultados igualassem aos frutos sem
infusão, pois à atuação do cloreto de cálcio na regulação do amolecimento do fruto
formando pontes entre os ácidos pécticos e polissacarídeos, ou seja, sua complexação a
parede celular e lamela média de resíduos de ácidos galacturônicos atribuiram uma
melhora na integridade estrutural do fruto (Mota et al., 2002).
6.4. Conclusões
Os resultados indicam que a metodologia de infusão a vácuo não é a mais
indicada para os frutos de pimentoeiro e que o uso de solutos de cloreto de cálcio é
eficiente para o controle da bactéria, pois promove um aumento da firmeza e reduz o
efeito da PME endógena.
6.5. Referências Bibliográficas
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34
Armazenamento (Dias)
Tratamentos 0 03 06 09 12
SI 1 1 1 1 2
SI+Pcc 1 1 1 2 2
I+Pcc 1 3 5 6 6
I+Ca+Pcc 1 1 2 3 2
PME+Ca+Pcc 1 2 4 6 6
Figura 6.1 – Firmeza (a) e PME (b) em pimentões submetidos aos tratamentos ■ - SI (sem infusão, sem Pcc),
- - SI+Pcc (sem infusão e com Pcc) ♦ - I+PCC (infusão com água e a Pcc), ● – I+Ca+Pcc (infusão com cloreto
de cálcio e com Pcc) e ▲ - PME+Ca+Pcc (infusão com pectina metil esterase + cloreto de cálcio e com Pcc)
armazenados ao longo de doze dias a 20°C ± 1°C em B.O.D. As médias seguidas pela mesma letra minúscula
no tratamento e maiúscula no período de armazenamento não diferem significativamente entre si pelo teste de
tukey p ≤ 0,05.
Tabela 6.1. Avaliação da severidade da Pcc, de acordo com a escala, 1 = Sem lesão no ponto de inoculação;
2 = Lesões menores que 5 mm; 3 = Lesões entre 5 e 10 mm; 4 = Lesões maiores que 10 mm; 5 = Fruto
próximo da degradação e 6 = Fruto degradado. Tratamentos sem infusão sem a Pcc (SI), sem infusão com a
Pcc (SI+Pcc), infusão em água mais a Pcc (I+Pcc), infusão em cloreto de cálcio e a Pcc (I+Ca+Pcc) e
infusão em PME + cálcio e a Pcc (PME+Ca+Pcc).
35
ANEXOS
QUADRO 1 – Resumo da análise de variância de Acidez total (AT), Firmeza do fruto (FF), pH, perda de massa fresca (PMF) e Atividade de PME
(ATPME) e cor. Experimento: Efeito da PME+CC na firmeza do pimentão.
QUADRADOS MÉDIOS
F.V. G.L. AT FF pH PMF SS ATPME COR
Tratamento 3 0,953327* 100.84893* 0.369613ns
58.571619* 1.329316* 6.48830409* 6.560637ns
Tempo 4 4.703605* 343.33788* 0.557714ns
9375.3820* 0.245206ns
4.47733918ns
12.260198ns
TratxTempo 12 0.525387* 50.401214* 0.418602ns
250.27680* 3.241986* 1.22961190* 15.775388*
Resíduo 40 0.074286 8.386381 0.219414 16.930257 0.092237 5.96491228 5.020530
Total 59
CV%
32,20 14,38 7,86 15,68 7,16 25,45 25,10
* F significativo a 5% de probabilidade ns
F não significativo a 5% de probabilidade
36
QUADRO 2 – Resumo da análise de variância Firmeza do fruto (FF) e Atividade de PME (ATPME). Experimento: Efeito do CC no controle da Pcc
no pimentão.
F.V. G.L. FF ATPME
Tratamento 4 257.60976* 1.9966183*
Tempo 4 413.58842* 1.9907155*
Trat xTempo 16 131.30330* 1.0470971*
Resíduo 50 7.318951 4.42028986
Total 74
CV%
14,02 22,38
* F significativo a 5% de probabilidade ns
F não significativo a 5% de probabilidade