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Page 1: Acidente de consumo: só a Justiça salva o consumidor

Asemanavaiserdemuitasdiscussõesemobili-zaçãodos850milservidorespúblicosfederaisrepresentadospelaConfederaçãodosServidoresPúblicosFederais(Condsef),emtornodasreivindi-caçõesquefazemaogovernoparaacabarcomagreve.Atéamanhã,ogovernoteránovasrodadasdenegociaçõescomrepresentantesdosservido-resemgreve.EmentrevistaàAgênciaBrasil,opre-sidentedaCondsef,JosemiltonCosta,disseque“ogovernonãodeverárever,pelomenosdeimedia-to",oporcentualdereajustede15,8%,par-celadoaté2015.Segun-doele,acategoriacon-tinuarápressionandoogoverno.

JOSÉ[email protected]

Quemtemproblemasaoabrirem-balagens e decide se queixar en-contrapoucosuportenasinstitui-ções públicas e descaso por partedas empresas. Pior ainda no casodequemseacidentacomgravida-de, nos chamados acidentes deconsumo: resta a Justiça para oconsumidorbuscar algumtipodereparação. Em relação aos órgãodo governo que deveriam ajudaro cliente, sobra omissão.

Samuel, que pediu para não tero nome verdadeiro revelado, per-deu quase toda a visão do olho di-reito ao tentar abrir uma garrafade dois litros de Coca-Cola em2007.“Aoromperolacredatampi-nha, ela voou com violência con-tra meu olho”. Ele, que mora naregião metropolitana de São Pau-lo, precisou fazer um tratamentodeR$10mil,queaCoca-Colaaca-bou financiando após realizaçãode perícia.

“Tenho uma faixa preta na vi-são desse olho e enxergo apenasda metade para baixo, e a metadeque vejo é toda embaçada, não dápra distinguir nada” conta a víti-ma,hojecom34anos.Eleestámo-vendoumprocessocontraaCoca-

Cola e se diz esperanço-so após ter sido anuncia-do, na semana passada,ganho de causa a umcliente de Bauru que so-freu dano semelhante(leia texto nesta página).

Ao ser contatado pelareportagemdoJTparasepronunciar sobre o te-ma, o Instituto Nacionalde Metrologia, Qualida-de e Tecnologia (Inme-tro) recomendou que seprocurasse a SecretariaNacional do Consumi-dor (Senacon) do Minis-tério da Justiça. A Sena-conorientaqueseprocu-

re o Inmetro.O Instituto de Pesos e Medidas

doEstadodeSãoPaulo(Ipem-SP)afirmaqueapenaschecaosdadostécnicosqueasempresassãoobri-gadas a estampar no revestimen-to de cada item. “Nossa parte serefere às informações que devemconstarnaembalagem”, explicaodiretor da organização, Paulo Ro-berto Lopes.

Já o Procon-SP afirma que estáaberto a registrar tanto as queixasde vícios (defeitos) nas embala-gens quanto as de acidentes deconsumo,quandooclientesema-chuca ao manusear o recipientedo produto. No entanto, a entida-de diz não ter nenhuma reclama-ção desse tipo. “A sociedade nãosabe identificar um problema naembalagem que possa causar da-no como um problema no ato deconsumo, então não encaminhaa demanda ao Procon”, diz a dire-toradeprogramasespeciaisdoór-gão, Andrea Sanchez.

“A gente dá palestras regular-mentesobreváriostemas,incluin-do esse das embalagens, e tam-bém estamos levando a questãoaos Procons municipais para queesseproblemasejalevadoemcon-ta nos atendimentos pelo interiordo Estado. Olhamos para a quali-dade do conteúdo sem entenderque falhas na embalagem podemgerar lesões que exigem medidascomo recalls”, diz Andrea.

DificuldadescomasempresasO professor de inglês Eurico Jun-queira,de37anos,afirmaironica-mente que é “premiado” por cau-sa da quantidade de problemasque vem tendo com embalagens.Forampelomenosquatronosúlti-mos doze meses, segundo ele. “Eos serviços de atendimento aoconsumidor (SACs) geralmentenão recebem ligações de celula-res,então,comonãotenhotelefo-ne fixo, não consigo obter satisfa-ção das empresas.”

O que dificulta a melhoria dasembalagens no Brasil é a mentali-dade do empresariado, que vê norevestimento dos produtos umafonte de gastos, não um fator dequalidade.Essaéaopiniãodopro-fessordo Núcleo de Estudos e Ne-gócios de Embalagem da EscolaSuperiorde Propagandae Marke-ting (ESPM) Bruno Pereira.

“Amaioriadas empresas enxer-ga embalagem como custo, e amaioria dos clientes não diferen-cia conteúdo de revestimento aoopinar sobre a qualidade do pro-duto”,dizBruno.“Maséinteresseda indústria resolver problemas,então os clientes devem mesmose queixar, mostrar que preferemamarcacomembalagemmaisse-gura e fácil de abrir”, afirma. ::

Arelaçãoentreopreçodoetanoledagasolinacaiu

de66,53%para66,33%entreaprimeiraeasegundasemanadeagostonacapitalpaulista.SegundoaFundaçãoInstitutodePesquisasEconômicas,opreçodobiocombustívelseguecompetitivonamaioriadospostosdacidade.Paraespecialistas,oderivadodacana-de-açúcaréconsideradovantajosoquandoseupreçorepresentamenosde70%dovalordagasolina.Desdeaprimeirasemanademaio,aproporçãoestáabaixodessepatamar.

AJohnson&JohnsondoBrasilestácom34vagas

abertasparaoprogramadetrainee2013voltadoparaestudantesgraduadosemcursossuperiores,entredezembrode2010edezembrode2012.Inscriçõesnositewww.jnjbrasil.com.br/carreira.

parceladoaté2015éoreajustepropostopelogovernoaosservidores

ANNACAROLINARODRIGUESCADUCALDASEspecialparaoJornaldaTarde

AempresaSpaipaIndústriadeBe-bidas, uma fabricante e distribui-dora de Coca-Cola no Brasil, foicondenadapeloTribunaldeJusti-ça de São Paulo (TJ-SP) a pagaruma indenização de R$ 60 mil aocomerciante Francisco GeraldoGiacominni, de Bauru (SP). Em2001, a tampa de uma garrafa derefrigerante explodiu e o atingiuno olho, causando a perda da vi-sãodoolhodireito.Aindacabere-cursoeaempresanãosemanifes-tou sobre a decisão.

Por conta do acidente, Giaco-minni teve deixar seu negócio efoi trabalhar no almoxarifado deuma escola na região. Ao saber da

decisão,mostrou-seinconforma-docom o valor. “É ridículo. No ex-terior, uma indenização para essetipo de acidente é muito maior eserve como punição à empresa”,comenta Giacominni.

Paraseuadvogado,CaioAugus-to dos Santos, a indenização esta-belecida deveria ter um valormais alto, e por isso o seu clientepensa em recorrer.

“É necessário um valor que sejarealmente significativo para queaçõescomoessasejamdesestimu-ladas. Fica barato para a empresacontinuar pagando indenizaçõesirrisórias”, reclama o advogado.

ReparaçãointegralDe acordo com o Procon, quandoo risco não é inerente ao produto,qualquerdanoaoconsumidorde-veserreparadointegralmente.Éocasoda garrafade refrigerante, docarroqueapresentaalgumproble-ma no freio ou no para-brisa, porexemplo.

“O fornecedor não pode colo-car produtos com alto grau de pe-riculosidade no mercado paraque o consumidor não seja sur-preendido. É obrigação do forne-cedor se cercar de todos os cuida-dos”, explica Andrea Sanchez, di-retora de programas especiais doProcon-SP.

Para Cláudio Furukawa, físicodo Instituto de Física da Universi-dadedeSãoPaulo(USP),oaciden-tepodetersidocausadopormoti-vos diferentes.

Segundo o físico, o fechamentode rosca acaba sendo mais seguro

pois evita que a tampa escape deuma vez só. Ao girá-la, o gás saiparcialmente, o que diminui apressão.

Já a tampa de metal sai mais fa-cilmente pois não tem nada parasegurá-la. É o que acontece comas garrafas de champanhe, porexemplo. Nesse caso específico, oacidentedevetersidocausadope-lo mau armazenamento.

“Deixar a garrafa em um lugarquente eleva a temperatura do lí-quido, o que aumenta a pressãodentrodorecipiente.Issoéperigo-so porque ela pode estourar maisfacilmente. Outro erro comum éguardá-las empilhadas, pois aque fica embaixo recebe o pesodas que estão em cima, o que po-de enfraquecer o vidro e danificara tampa”, diz o físico.

A maneira mais apropriada dearmazenaretransportaressasgar-rafas, explica Furukawa, é em pé,em lugares frescos, na sombra esem empilhar.::

Impostos‘invisíveis’aumentamematé93% preços de produtos e serviços,apontaestudo.www.jt.com.br/seu-bolso/

15,8%

Comercianteganhaindenização

60MILfoiovalordaindenizaçãoaserpagapelaCoca-Cola

REPARAÇÃO

Garrafas derefrigerantenão podemrepresentarriscos àsaúde dosfregueses,segundo oProcon

REUTERS-09/03/2011

PAULO LIEBERT/AE

TRIBUTOS

Jornal da Tardewww.jt.com.br

Seu Bolso

RelaçãoentreetanolegasolinacaiemSP

Johnson&Johnsonbuscatrainees

Oclientedevesequeixar,mostrarqueprefereamarcacomembalagemmaisseguraefácildeabrir“

BRUNOPEREIRAPROFESSORDONÚCLEODEESTUDOSENEGÓCIOSDEEMBALAGEMDAESPM

Instituiçõesquedefendemocliente,nãoseentendem,asempresasnãorespondemaqueixasdemodosatisfatórioemuitosfreguesesdesconhecemseusdireitos

JT.COM.BR

O professorBruno Pereirano Retail Lab,laboratório de200 metrosquadrados daESPM quesimula umespaço decompras, comoo de umsupermercado

Acidentedeconsumo:sóaJustiçasalvaoconsumidor

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SãoPaulo,Segunda-feira,20deagostode2012