UNIVERSIDADE MUNICIPAL DE SÃO CAETANO DO SUL – IMES PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA PROGRAMA DE MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO
ALEXANDRE SAMPAIO DE ALMEIDA
O TRATAMENTO DO TEMA REFERENTE À GESTÃO DAS CIDADES -REGIÃO NA UNIVERSIDADE BRASILEIRA: UM ESTUDO EXPLORATÓRIO NA ÁREA DAS
CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
São Caetano do Sul 2006
ALEXANDRE SAMPAIO DE ALMEIDA
O TRATAMENTO DO TEMA REFERENTE À GESTÃO DAS CIDADES -REGIÃO NA UNIVERSIDADE BRASILEIRA: UM ESTUDO EXPLORATÓRIO NA ÁREA DAS
CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Administração da Universidade Municipal de São Caetano do Sul como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Administração Orientador: Professor Doutor Luís Paulo Bresciani
São Caetano do Sul 2006
Para Renata
Para João Gabriel e Giovana
AGRADECIMENTOS
A realização da presente dissertação de Mestrado é fruto da contribuição
de pessoas que me incentivaram a atingir este objetivo.
Agradeço primeiramente ao Professor Doutor Jeroen Klink, primeira
pessoa a me estimular a cursar o Mestrado e meu Orientador ao longo de quase
todo o período, pelo apoio, paciência e amizade com que me mostrou os caminhos
para que este trabalho pudesse ser concluído.
Agradeço ao Professor Doutor Luís Paulo Bresciani, pela amizade e pela
gentileza de assumir a orientação do meu trabalho já na reta final, devido à licença
do Professor Jeroen.
Agradeço a todos os professores doutores do Mestrado, pela amizade e
pelo incentivo.
Aos meus colegas de Mestrado, agradeço pela honra de tê-los conhecido
e passado com eles, profissionais qualificados e dedicados, um importante e
instrutivo tempo de minha vida. Agradeço especialmente aos colegas Humberto
Fascini e Sirlei Pitteri, pela amizade e apoio nos momentos mais difíceis.
Agradeço ao meu amigo e Gerente Regional do Banco do Brasil, José
Elias Neto, por me apoiar durante todo o curso e pela compreensão nos momentos
em que tive que me dedicar à presença nas aulas, afastando-me de minhas
atribuições.
Agradeço aos meus colegas de trabalho do Banco do Brasil de Santo
André, pelo carinho, pela compreensão e pelo incentivo, principalmente à Tânia
Martinez, que me ajudou muito nas minhas dificuldades com a língua inglesa.
Agradeço aos meus pais, Messias e Ana, pelo exemplo e incentivo.
Agradeço à minha esposa Renata e aos meus filhos João Gabriel e
Giovana, pela paciência e compreensão com a minha ausência por dois anos.
Por fim, gostaria de registrar que as pessoas omitidas nestas linhas tem
seu lugares reservados em meu coração, e terão para sempre a minha gratidão.
Agradeço a Deus, por tudo.
Lista de tabelas
Tabela 1: Universo da pesquisa: total de cursos 46
Lista de quadros
Quadro 1: Hierarquia das cidades globais 19
Quadro 2: Quadro de referência teórico do conceito de cidade-região 38
Quadro 3: Temas e categorias de dados da pesquisa 43
Quadro 4: Programas de pós-graduação stricto sensu na área de
Administração 47
Quadro 5: Linhas de pesquisa relacionadas à temática de trabalho na área
de Administração 49
Quadro 6: Programas de pós-graduação stricto sensu na área de Economia 52
Quadro 7: Linhas de pesquisa relativas à temática do trabalho na área de
Economia 53
Quadro 8: Programas de pós-graduação stricto sensu na área de
Planejamento Urbano e Regional 56
Quadro 9: Linhas de pesquisa relacionadas à temática do trabalho na área
de Planejamento Urbano e Regional 57
Quadro 10: Programas de pós-graduação stricto sensu na área de Geografia 60
Lista de siglas
APL: Arranjo Produtivo Local
CAPES: Coordenação de Aperfeiçoamento do Pessoal de Nível Superior
CEDEPLAR: Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional
ENCE: Escola Nacional de Ciências Estatísticas
FBV: Faculdade Boa Viagem
FEAD: Faculdade de Estudos Administrativos de Minas Gerais
FESP/UPE: Fundação Universidade de Pernambuco
FGV/RJ: Fundação Getúlio Vargas – Rio de Janeiro
FGV/SP: Fundação Getúlio Vargas – São Paulo
FJP: Fundação João Pinheiro
FNH: Faculdade Novos Horizontes
FPL: Faculdades Integradas de Pedro Leopoldo
FUCAPE: Fundação Instituto Capixaba de Pesquisas em Economia,Contabilidade e
Finanças
FUFSE: Fundação Universidade Federal do Sergipe
FUNECE: Fundação Universidade do Estado do Ceará
FURB: Universidade Regional de Blumenau
IBMEC: Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais
IMES: Universidade Municipal de São Caetano do Sul
ONG: Organização Não Governamental
OSCIP: Organização da Sociedade Civil de Interesse Público
PUC/MG: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
PUC/PR: Pontifícia Universidade Católica do Paraná
PUC/RS: Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
PUC/SP: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
PUC-RIO: Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
SBI: Sociedade Brasileira de Instrução
UCGO: Universidade Católica de Goiás
UCS: Universidade de Caxias do Sul
UCSAL: Universidade Católica de Salvador
UDESC: Universidade do Estado de Santa Catarina
UEL: Universidade Estadual de Londrina
UEM: Universidade Estadual de Maringá
UERJ: Universidade Estadual do Rio de Janeiro
UFBA: Universidade Federal da Bahia
UFC: Universidade Federal do Ceará
UFES: Universidade Federal do Espírito Santo
UFF: Universidade Federal Fluminense
UFG: Universidade Federal de Goiás
UFJF: Universidade Federal de Juiz de Fora
UFLA: Universidade Federal de Lavras
UFMG: Universidade Federal de Minas Gerais
UFMS: Universidade Federal do Mato Grosso do Sul
UFMT: Universidade Federal de Mato Grosso
UFPA: Universidade Federal do Pará
UFPB/JP: Universidade Federal da Paraíba – Campus João Pessoa
UFPE: Universidade Federal de Pernambuco
UFPR: Universidade Federal do Paraná
UFRGS: Universidade Federal do Rio Grande do Sul
UFRJ: Universidade Federal do Rio de Janeiro
UFRN: Universidade Federal do Rio Grande do Norte
UFRPE: Universidade Federal Rural de Pernambuco
UFRRJ: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
UFSC: Universidade Federal de Santa Catarina
UFSM: Universidade Federal de Santa Maria
UFU: Universidade Federal de Uberlândia
UFV: Universidade Federal de Viçosa
UMESP: Universidade Metodista de São Paulo
UNAMA: Universidade da Amazônia
UNB: Universidade de Brasília
UNC: Universidade do Contestado
UNESA: Universidade Estácio de Sá
UNESP/PP: Universidade Estadual Paulista – Presidente Prudente
UNESP/RC: Universidade Estadual Paulista – Rio Claro
UNICAMP: Universidade Estadual de Campinas
UNICENP: Centro Universitário Positivo
UNIFACS: Universidade Salvador
UNIFAP: Fundação Universidade Federal do Amapá
UNIFecap: Centro Universitário Álvares Penteado
UNIFOR: Universidade de Fortaleza
UNIGRANRIO: Universidade do Grande Rio
UNIMEP: Universidade Metodista de Piracicaba
UNINOVE: Centro Universitário Nove de Julho
UNIP: Universidade Paulista
UNIR: Universidade Federal de Rondônia
UNISAL: Centro Universitário Salesiano de São Paulo
UNISANTOS: Universidade Católica de Santos
UNISC: Universidade de Santa Cruz do Sul
UNISINOS: Universidade do Vale do Rio dos Sinos
UNIVALI: Universidade do Vale do Itajaí
UNIVAP: Universidade do Vale do Paraíba
UNOESTE: Universidade Estadual do Oeste do Paraná
UPM: Universidade Presbiteriana Mackenzie
USP/ESALQ: Universidade de São Paulo – Escola Superior de Agricultura Luiz de
Queiroz
USP/RP: Universidade de São Paulo – Ribeirão Preto
USP: Universidade de São Paulo
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO 1
1.1 ORIGEM DO ESTUDO 1
1.2 PROBLEMATIZAÇÃO 3
1.3 OBJETIVOS 9
1.4 JUSTIFICATIVA DO ESTUDO 10
1.5 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO 11
1.6 VINCULAÇÃO À LINHA DE PESQUISA 12
1.7 ESTRUTURA DO TRABALHO 13
2. REFERENCIAL CONCEITUAL 14
2.1 A ASCENSÃO E O PROTAGONISMO DAS CIDADES 14
2.2 O CONCEITO DE CIDADE-REGIÃO 18
2.3 A ESTRUTURA ECONÔMICA DA CIDADE-REGIÃO 24
2.4 A CIDADE-REGIÃO COMO UMA UNIDADE DE ACUMULAÇÃO
ECONÔMICA 27
2.5 REGULAÇÃO E GOVERNANÇA NA CIDADE-REGIÃO 29
2.5.1 A ação coletiva 31
2.5.2 Governança nas cidades-região 34
2.6 UM QUADRO DE REFERÊNCIA TEÓRICO 35
3. METODOLOGIA 39
3.1 TIPO DA PESQUISA 39
3.2 AMOSTRA E SUJEITOS DA PESQUISA 41
3.3 PROCEDIMENTOS PARA COLETA DE DADOS 42
3.4 PROCEDIMENTO PARA ANÁLISE DE RESULTADOS 43
4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 46
4.1 RESULTADOS NA ÁREA DE ADMINISTRAÇÃO 46
4.2 RESULTADOS NA ÁREA DE ECONOMIA 52
4.3 RESULTADOS NA ÁREA DE PLANEJAMENTO URBANO
E REGIONAL 56
4.4 RESULTADOS NA ÁREA DE GEOGRAFIA 59
4.5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 61
5. CONCLUSÕES 69
5.1 LIMITAÇÕES DA PESQUISA 70
5.2 LEVANTAMENTO DE HIPÓTESES 71
5.3 SUGESTÃO PARA TRABALHOS FUTUROS 73
6. REFERÊNCIAS 74
APÊNDICE 1 78
APÊNDICE 2 81
APÊNDICE 3 85
APÊNDICE 4 86
RESUMO
O presente trabalho compreende uma análise do conteúdo programático dos cursos
de pós-graduação stricto sensu, no campo das ciências sociais aplicadas, com foco
nas áreas de Administração, Economia e Planejamento Urbano e Regional, e com a
contribuição da área de Geografia, no que se refere à gestão das cidades-região. A
definição de cidade-região é a de uma aglomeração urbana com população superior
a um milhão de habitantes, e incorporada aos processos econômicos globais.A
cidade-região pode ser vista como o resultado de um movimento de aglomeração de
população e de atividades produtivas, o que, em função da proximidade, contribui
para o surgimento de uma série de relacionamentos e interações entre os atores
econômicos e sociais. Como conseqüência dessas interações, existe um efeito não
controlado, resultante da atividade de um determinado ator, que pode ser apropriado
por outros atores e não pode ser incorporado por mecanismos de mercado, as
chamadas externalidades. A aglomeração de um grande contingente de população
também produz a necessidade de um compartilhamento do espaço e da infra-
estrutura, configurando um conjunto de bens comuns, denominados bens públicos.
O quadro referencial apresentado mostra a cidade-região como espaço de
aglomeração econômica e demográfica, cujo conjunto de inter-relações evidencia
uma série de questões novas, como as externalidades e os bens públicos, e
relativas aos processos de gestão. O objetivo da pesquisa foi verificar, no conteúdo
programático dos referidos cursos e ainda da Geografia, o tratamento dado ao tema
referente às cidades-região. A partir de uma proposta metodológica baseada na
análise de conteúdo, a investigação foi realizada, e como resultado obteve-se a
hipótese de que o tema não está recebendo, na Universidade brasileira, nas áreas
analisadas, um tratamento relativo à importância que o fenômeno da cidade-região
vem apresentando, no mundo todo e no Brasil.
Palavras-chave: cidade-região, externalidades, governança, Universidade brasileira.
ABSTRACT
The present work embraces an analysis of the content programmatic of the courses
of masters degree stricto sensu, in the field of the applied social sciences, with focus
in the areas of Administration, Economy and Urban and Regional Planning, and with
the contribution of the area of Geography, in what it refers to the administration of
city-region. The definition of city region is the one of an urban gathering with superior
population to a million inhabitants, and incorporate to the global economical
processes. The city region can be seen as the result of a movement of population
gathering and of productive activities, which, in function of the proximity, it contributes
to the appearance of a series of relationships and interactions among the economical
and social stakeholders. As a consequence of those interactions, an effect exists no
controlled, resulting from the activity of a certain stakeholder, that can be appropriate
for other stakeholders and it cannot be incorporate for market mechanisms, the calls
externalities. The gathering of a great population contingent also produces the need
of a sharing of the space and infrastructure, configuring a group of common goods,
denominated public goods. The picture presented referencial shows the city region
as space of economical and demographic gathering, whose group of interrelations
evidences a series of new subjects, as the externalities and the public goods, and
relative to the administration processes. The objective of the research was to verify,
in the content programmatic of the referred courses, and still of the Geography, the
treatment given to the theme regarding the city regions. Starting from a
methodological proposal based on the content analysis, the investigation was
accomplished, and as result was obtained the evidence that the theme is not
receiving, in the Brazilian University, in the analyzed areas, the treatment comparable
to the importance that the phenomenon of the city region is presenting, in the whole
world and in Brazil.
Key Words: city region, externalities, governance, Brazilian University
1
1. INTRODUÇÃO
1.1 ORIGEM DO ESTUDO
Este trabalho de pesquisa se originou da percepção da importância de
algumas grandes cidades no mundo de hoje, ou diria mesmo do fascínio que essas
metrópoles exercem sobre grande parte das pessoas, inclusive sobre este autor.
As cidades converteram-se em palcos de aço, vidro, concreto e asfalto,
monumentos arquitetônicos nos quais é encenada a vida do homem moderno, onde
em sucessivos atos se constroem a história e a cultura de uma civilização
eminentemente urbana.
Mais do que em qualquer outro momento da história, as cidades se
configuram como o habitat natural do homem, numa escala jamais vista, o que
também evidencia uma série de questionamentos e dúvidas antes inexistentes ou
irrelevantes, mas que nos dias atuais adquirem grande importância por terem
impacto direto na vida de milhões de pessoas.
Um olhar atento sobre as grandes cidades suscita numerosos
questionamentos: por que algumas cidades de desenvolvem como economias
dinâmicas, com indústrias modernas, centros de serviços e de inovação tecnológica,
e outras exibem uma economia estagnada e ineficiente? Por que em algumas
cidades se percebe um alto grau de organização em sua sociedade, produzindo um
ambiente social e culturalmente rico, enquanto em outras o tecido social é frágil e os
problemas sociais exacerbados? Por que alguns lugares parecem desenvolver uma
espécie de “vocação” para um determinado tipo de atividade econômica, tornando-
se referências até mesmo mundiais na atividade, enquanto outros lugares jamais
encontram uma identidade e enfrentam perdas econômicas, de investimentos e de
empregos. Que fatores influenciam o sucesso ou o declínio de uma grande cidade?
Que papéis desempenham as políticas públicas nesses processos, e elas são
suficientes para explicar tais fenômenos?
Nesse contexto, o movimento de aglomeração populacional decorrente de
uma acelerada urbanização amplia consideravelmente a complexidade das relações
humanas no ambiente urbano, criando demandas e expectativas particularmente
2
quanto à qualidade de vida, o que caracteriza as grandes cidades como verdadeiros
laboratórios nos quais se processam as transformações sociais, políticas e
econômicas que estão delineando o cenário mundial desde o final do século XX e
princípio de século XXI, e que constituem o principal desafio do planejamento e da
gestão urbana.
A ebulição do ambiente urbano, contudo, parece exercer uma força no
sentido de que as grandes cidades continuem a exercer uma poderosa atração
sobre os agentes econômicos, concentrando a atividade, e sobre consideráveis
contingentes qualificados e não qualificados de mão-de-obra. Elas incorporam os
processos produtivos nos limites de seus territórios, recriando-os a partir de impulsos
de transformação social e econômica e de inovação tecnológica, ligados a processos
locais ou sob a influência de uma lógica econômica global.
Um simples passeio por uma grande cidade pode ser ilustrativo do
processo de reestruturação sofrido pela economia nas últimas décadas e a partir do
aprofundamento da globalização. Parece haver uma superposição de estágios
econômicos e tecnológicos, com áreas inteiras de galpões obsoletos e decadentes,
próximas a outras, repletas de um dinamismo próprio dos centros de serviços e
finanças modernos, bem como de novas indústrias, operando sob a ótica de novos
paradigmas organizacionais, como a arquitetura de redes e cadeias produtivas, que
alcançam escala global, conduzindo as cidades ao epicentro de uma economia
contemporânea cada vez mais complexa.
Essa nova dimensão das cidades representa um desafio conceitual ao
conhecimento tradicional, particularmente no campo das ciências sociais. A
urbanização representa hoje um fenômeno econômico e social sem precedentes na
história humana, e mais do que apenas circunscrito ao âmbito local, encontra-se
inserido nas engrenagens da globalização, reproduzindo uma lógica cuja
compreensão escapa ao alcance das teorias tradicionais, sugerindo abordagens
teóricas alternativas.
A principal motivação para a realização deste trabalho está na
possibilidade de uma contribuição que se some a outros esforços intelectuais no
sentido de superar o desafio que se tornou a gestão das grandes cidades, por meio
de uma reflexão, tanto sobre a natureza quanto às propostas de soluções para os
seus problemas, sobre o que vem sendo discutido no meio acadêmico no Brasil.
3
1.2 PROBLEMATIZAÇÃO
O acelerado ritmo de urbanização que vem ocorrendo em todo o planeta
evidencia a importância das cidades na nova ordem mundial, conferindo-lhes a
condição de referências espaciais do fenômeno da globalização. Não se trata,
entretanto, de uma referência genérica a qualquer cidade, mas a um tipo específico
de cidade cujas características serão objeto deste estudo. De fato, Scott et al (2002)
identificam um grupamento entre três e quatro centenas de cidades ao redor do
mundo com população superior a um milhão de habitantes, e ainda cerca de 20
delas com populações superiores a 10 milhões. São regiões metropolitanas
dominadas por um núcleo central, como Londres ou Cidade do México, ou estruturas
policêntricas, como Randstad ou Emilia-Romagna1. Essas cidades foram
denominadas pelos autores e também por Klink (2001) como sendo cidades-região,
caracterizadas, além da população, pelo acúmulo de funções como nós espaciais da
economia global. Tornaram-se centros da vida moderna e base de muitas das
principais formas da atividade produtiva atual, emergindo como um novo e
criticamente importante tipo de fenômeno geográfico e institucional.
Outros autores também enfatizaram a importância das grandes cidades
na economia globalizada. Sassen (1998) concebe algumas dessas cidades como
lugares estratégicos onde se materializam os processos da globalização, pontos de
comando e controle da economia mundial, locais de produção pós-industrial e de
serviços especializados. As novas tecnologias de informação e de comunicações
permitiram dois movimentos distintos envolvendo as cidades: a dispersão das
atividades econômicas, com a produção industrial de disseminando por todo o
mundo; e simultaneamente uma concentração nas cidades das instituições de
serviços financeiros, o que aliado à desregulamentação dos mercados, em curso
desde a década de 1970, transformou algumas cidades em poderosos centros
financeiros com capacidade para determinar os rumos da economia mundial. Essas
grandes praças financeiras, Nova York, Londres e Tóquio, passaram a exercer
atração sobre as matrizes das grandes companhias globais, o que por sua vez gerou
1 Randstad é uma região da Holanda e Emiglia-Romagna uma região situada ao norte da Itália. Ambas constituem aglomerações populacionais formadas por um conjunto de várias cidades, sem que haja um núcleo fortemente dominante.
4
uma demanda por serviços especializados de alcance global, fazendo com que esse
segmento adquirisse relevância na economia dessas cidades. Dessa maneira
Sassen (1998) descreve como ocorre a integração dos processos globais com a
localidade, e o surgimento das cidades globais, fenômeno que também se reproduz
em outras partes do mundo em menor escala, constituindo uma espécie de cadeia
de comando e controle do processo econômico global, hierarquizada a partir dos
principais centros financeiros.
Borja (1996) considera as cidades locais privilegiados para a captação de
capitais voláteis provenientes do processo de globalização financeira, por meio de
políticas de promoção das cidades fundamentadas no planejamento estratégico e
em ações voltadas para o desenvolvimento local. As cidades apontadas pelo autor,
cujo principal exemplo é Barcelona, implementaram planos estratégicos
responsáveis pela reconfiguração dos poderes locais, articulando atores públicos e
privados em um processo participativo de gestão, resultando num processo de
renovação urbana.
Sanchez (2003) destaca as semelhanças entre a orientação das políticas
urbanas, particularmente na forma como muitas cidades articulam as ações de
renovação urbana com a promoção da cidade, o que se dá através de um modelo de
planejamento denominado city marketing, que visa fortalecer a imagem da cidade
nos aspectos relativos à qualidade de vida e atratividade dos investimentos.
Verifica-se então o grau de importância que as cidades estão adquirindo,
como palcos privilegiados das transformações econômicas, políticas e sociais que
irão moldar a sociedade no século XXI. Fischer (1997) vê a cidade como uma
megaorganização, real e virtual, concreta e simbólica, configurando-se como um
conjunto complexo de teias organizacionais que se articulam e interagem na forma
de redes.
Assim, evidenciada a importância do fenômeno urbano, e delimitado o
alcance do objeto de estudo, nas denominadas cidades-região, pode-se perguntar,
como Jacobs (2000), “que tipo de problema é a cidade” ? Na opinião da autora, a
cidade é um problema de complexidade organizada2, apresentando situações nas
2 Jacobs (2000) cita um ensaio sobre ciência e complexidade, de Warren Weaver em 1958, que relaciona três etapas de desenvolvimento na história do pensamento científico: a capacidade de lidar com problemas de simplicidade elementar, envolvendo duas variáveis; a capacidade de lidar com problemas de complexidade desorganizada, com milhões de variáveis e tratamento probabilístico; e a
5
quais um número finito de variáveis ocorrem simultaneamente e de maneira inter-
relacionada. Tomando o território da cidade como limite da observação, verifica-se
no seu interior a concorrência de fatores diversos, relacionados a questões políticas,
econômicas e sociais.
No âmbito da política, o território da cidade é objeto da ação de múltiplas
escalas de poder. Conforme observa Fischer (2002),
As questões de poder revelam-se concretamente no cotidiano das cidades e
regiões, onde formas tradicionais de planejamento, como os novos planos
diretores, convivem com inovações que admitem a convivência de projetos
diferentes ou de redundantes orientações sobre os mesmos espaços e
objetos de decisão.
Assim, numa cidade os mesmos espaços podem ser objeto de projetos
oriundos de diferentes níveis de poder político ou diferentes fontes de financiamento.
Fischer (2002) ainda identifica múltiplas escalas mesmo em projetos de pequeno
porte, e aponta o envolvimento dos atores sociais locais com governos de diversos
níveis, ou agentes de financiamento locais, nacionais ou internacionais. Acselrad
(2002) sustenta que, em razão da globalização, “a reestruturação das geografias da
circulação e da acumulação do capital altera as configurações espaciais e as
escalas de governo existentes, inaugurando novas e contraditórias formas de
produção do espaço”. No contexto apresentado pelo autor, a cidade aparece como
expressão do local, que ora representa a assimilação do discurso econômico
globalizante, ora a possibilidade de resistência ao discurso dominante através de
políticas alternativas de caráter endógeno.
No campo econômico, concorrem forças que inserem a cidade na lógica
da economia globalizada, e em contrapartida, iniciativas de desenvolvimento local
cuja lógica essencial está na regulação do sistema fundamentada nos princípios da
cooperação e da sustentabilidade. Embora com sentidos de orientação diferentes,
referidas forças se originam de uma base de organização produtiva que está se
sedimentando nas cidades-região, como resultado de economias de aglomeração. A
organização da produção econômica cada vez mais assume a forma de arranjos
capacidade de lidar com problemas de complexidade organizada, problemas que envolvem uma abordagem simultânea de um número mensurável de fatores inter-relacionados em um todo orgânico.
6
produtivos locais, distritos industriais ou clusters, e se fundamenta no conhecimento
e na inovação como principais fontes de dinamismo econômico.
No campo social, as cidades-região, principalmente as regiões
metropolitanas, constituem espaços de segregação urbana, onde as diferentes
classes sociais convivem num ambiente de proximidade territorial e de distância
social. Ribeiro (2004) observa que o modelo de organização espacial das grandes
cidades brasileiras exibe um contraste entre a organização social da elite executiva e
uma dispersão dos grupos sociais restantes, aprofundando a segregação espacial.
Retomando o conceito apresentado por Jacobs (2000), e uma vez
exemplificado um conjunto de variáveis que concorrem simultaneamente na
formulação do problema que é a cidade, principalmente sob o aspecto da gestão, o
foco agora se concentra nas inter-relações entre as variáveis. A autora assinala que
essas inter-relações não ocorrem de maneira acidental ou irracional, mas que,
embora complexas, são organizadas. Como exemplo de seu raciocínio, cita a
questão de um parque urbano e seus possíveis usos:
Pense de novo, por exemplo, na questão de um parque urbano. Qualquer
fator desse parque, isoladamente, é tão fugidio quanto uma enguia; pode
significar várias coisas, dependendo da influência de outros fatores e de sua
reação a eles. A intensidade de uso do parque depende em parte do próprio
traçado do parque. Mas mesmo essa influência parcial do traçado do parque
sobre o uso que se faz dele depende, por sua vez, da presença de pessoas
para usá-lo e do momento que o usam, e isto, por sua vez, depende dos
usos da cidade à volta do próprio parque. Além disso, a influência desses
usos sobre o parque é apenas em parte a questão de como cada um deles
afeta o parque independentemente dos outros; é também em parte a
questão de como eles afetam o parque conjuntamente, já que certas
combinações estimulam o nível de influências deles sobre seus
componentes. Por sua vez, esses usos urbanos próximos do parque e suas
combinações dependem ainda de outros fatores, como a mistura de idades
dos edifícios, o tamanho das quadras nas redondezas, e assim por diante,
aí incluída a presença do próprio parque como uso comum e aglutinador
nesse contexto (JACOBS, 2000).
Ou seja, as diversas variáveis se relacionam, a ação de uma delas
determina um conjunto de efeitos sobre as outras, ou pode ela própria sofrer o efeito
7
da ação de uma outra variável. Tais conceitos são importantes na compreensão do
território da cidade como um espaço utilizado e modificado por uma multiplicidade de
atores econômicos, sociais e políticos. A ação de um determinado ator3 econômico,
por exemplo, uma empresa industrial que se instala em uma cidade, não é jamais
uma ação isolada, pois tem efeitos diretos sobre um conjunto de outros atores locais,
sejam políticos, como o governo municipal que arrecadará mais tributos, sejam
atores sociais, como um segmento da população contratado para operar a empresa.
Esses relacionamentos são diretos e esperados pelos atores envolvidos.
Entretanto, a ação de um determinado ator no espaço de uma cidade
provoca um outro tipo de inter-relação não necessariamente procurada ou esperada,
mas que também causa efeitos, que podem ser benéficos ou maléficos, a outros
conjuntos de atores. No caso da empresa industrial instalada na cidade, trata-se,
como visto, de uma variável cuja ação tem um impacto direto sobre um grupo de
atores. Porém, supondo-se que o processo industrial empregado nessa empresa
produza resíduos que são lançados no meio ambiente, aos impactos diretos
derivados de sua ação deve-se agregar um outro tipo de inter-relação, a
contaminação ambiental que afeta negativamente todo um conjunto de atores no
seu entorno. Essas espécies de efeitos colaterais de uma determinada ação são
comumente denominadas externalidades, que podem ter caráter positivo ou
negativo, ou ainda economias ou deseconomias externas.
Dowbor (2006) cita como exemplo de externalidade negativa ou de
deseconomia externa o fato de mais de um milhão de pessoas ocuparem áreas de
mananciais da Região Metropolitana de São Paulo, poluindo rios e represas da
região, enquanto ao mesmo tempo gastam-se grandes somas no bombeamento de
água de locais situados a muitos quilômetros de distância. Um conjunto de ações de
agentes públicos e privados provoca inter-relações que, no caso, afetam quase a
totalidade da população, resultando ainda num gasto público inadequado, o que
dará causa a um novo conjunto de externalidades. Segundo Dowbor (2006), “as
opções econômicas não são neutras nem inocentes”.
Portanto, as cidades, e no caso específico deste estudo até por sua
complexidade, as cidades-região, constituem espaços onde se acumulam
3 O emprego do termo “ator” neste texto pode ser considerado como uma tradução do termo stakeholder, empregado na literatura internacional para designar um participante ativo, com interesses no processo do qual faz parte.
8
externalidades produzidas pelos mais diversos grupos de atores, o que coloca em
questão um conjunto de problemas relativamente novos, relacionados à gestão
desses territórios.
Conforme visto, as cidades-região se caracterizam como grandes
aglomerações populacionais, convivendo num mesmo território segmentos
econômicos e sociais conectados ao sistema informacional globalizado, ao lado de
contingentes expressivos de uma população pobre e excluída da lógica dos
processos globais. Os resultados da geração de riquezas não se distribuem
uniformemente, contribuindo decisivamente para um desnível entre a pujança
econômica dessas cidades-região e a magnitude de seus problemas, evidenciando a
fragilidade dos instrumentos de gestão, incapazes de promover uma situação de
relativo equilíbrio.
Assim, sendo a cidade-região um espaço multifacetado econômica e
socialmente, sujeito a uma lógica que relaciona o nível local aos níveis nacional e
global, e objeto da ação de uma multiplicidade de escalas de poder, o que configura
um conjunto de inter-relações que incluem as externalidades, a problemática da
gestão desse espaço adquire relevância que a coloca como questão central de
pesquisa deste estudo.
As dificuldades de gestão, por sua vez, relacionam-se à pouca
compreensão do fenômeno em questão, a cidade-região. De fato, a nova realidade
que se apresenta nas grandes cidades e nas regiões metropolitanas sugere um
grande desafio teórico. Sob muitos aspectos, as cidades constituem um drama sem
embasamento teórico correspondente. Markusen (1996) destaca a existência, na
atualidade, de um intenso debate envolvendo governos e sociedade civil, acerca do
futuro das cidades e das regiões metropolitanas, mas que esse debate carece de
uma elaboração teórica adequada, dificultando a adoção de políticas públicas na
área de gestão.
Não se trata, no entanto, de ausência de produção científica, o que vem
ocorrendo nas diversas áreas do conhecimento no que se refere à gestão das
grandes cidades, mas sim da percepção desse espaço, que aqui se convencionou
chamar de cidade-região, como um fenômeno cuja compreensão transcende o
domínio das diversas áreas da ciência, convertendo-se num problema cujo
tratamento teórico requer uma abordagem multidisciplinar.
9
Essa necessidade de uma visão abrangente, multidisciplinar, em relação
aos problemas da cidade-região, aparece na produção acadêmica da Universidade
brasileira? Existe um diálogo entre as diversas disciplinas nas ciências sociais, que
contribua para a produção de um arcabouço teórico que dê sustentação a políticas
públicas orientadas para a gestão das cidades-região? Essas questões podem ser
colocadas na forma do problema de pesquisa do presente trabalho: como o tema da
gestão das cidades-região está sendo tratado na Universidade brasileira?
1.3 OBJETIVOS
O objetivo principal da pesquisa é verificar como o tema referente à
gestão das cidades-região é tratado no campo das ciências sociais aplicadas, na
Universidade brasileira, e pode contribuir para a gestão das cidades-região.
Conforme verificado, a complexidade dessas aglomerações está suscitando uma
série de novas questões, problemas cotidianos para a população dessas cidades e
desafios para os gestores, mas também questões teóricas relevantes cuja
compreensão requer pesquisa e esforço intelectual.
O objetivo principal pode ser dividido nos seguintes objetivos específicos:
a) descrever a visão emergente do pensamento no campo das ciências sociais,
especificamente nas disciplinas de Administração, Economia, Planejamento Urbano
e Regional e Geografia, acerca do papel das cidades e regiões;
b) descrever a evolução histórica e conceitual do fenômeno das cidades-região,
abordando suas dimensões econômica e social;
c) evidenciar as principais questões envolvendo as cidades-região que podem ser
caracterizadas como problemas para os quais há necessidade de novas formas de
gestão, nos aspectos econômicos, principalmente com relação à produção de bens
públicos e externalidades, e nos aspectos políticos e sociais, envolvendo as
questões relacionadas à governança e às relações entre os atores públicos e
privados;
d) comparar o quadro referencial construído com o conteúdo programático e a
produção da pós-graduação stricto sensu da Universidade brasileira, de forma a
verificar se e como o fenômeno da cidade-região encontra espaço no mainstream do
10
pensamento que prevalece hoje no meio acadêmico, e se a natureza de seus
problemas é tomada como referencial importante na formulação de estratégias para
a gestão de referidas cidades.
1.4 JUSTIFICATIVA DO ESTUDO
O presente estudo se justifica por verificar, no meio acadêmico brasileiro,
o alcance de uma discussão que pode representar uma possibilidade de
encaminhamento de soluções para os problemas das grandes cidades brasileiras e
para o desafio do crescimento econômico sustentado.
De fato, as regiões metropolitanas e demais cidades-região concentram
praticamente dois terços da população brasileira, o que indica que as estratégias
para o desenvolvimento do país devem passar necessariamente pela superação do
desafio da gestão desses espaços e da resolução dos problemas urbanos, que se
caracterizam principalmente por serem problemas sociais.
Neste cenário, a visão das cidades-região como espaços políticos e
econômicos dotados de dinamismo, capacidade empreendedora e mecanismos de
regulação econômica e social, permite supor a possibilidade de um equilíbrio entre
as questões relativas ao desenvolvimento econômico, às possibilidades de inserção
no mundo globalizado e aquelas que dizem respeito à qualidade de vida para toda a
sociedade.
A compreensão dos desafios impostos pela complexidade das cidades-
região aos instrumentos de gestão hoje existentes também permite ampliar o debate
sobre esse assunto e indicar rumos para a formulação de políticas públicas e para a
cooperação entre poderes públicos, agentes econômicos e sociedade na superação
de tais desafios.
O estudo também se revela importante para o IMES4 enquanto instituição
por excelência voltada para o desenvolvimento da Regionalidade. Um estudo que
compreenda como a questão da gestão das cidades-região vem ocorrendo no meio
acadêmico brasileiro pode indicar caminhos para a cooperação acadêmica em áreas
4 IMES é a sigla referente à Universidade Municipal de São Caetano do Sul.
11
como a formação, fomento e acompanhamento de APL, Arranjos Produtivos Locais
e de instituições para o desenvolvimento da Regionalidade, permitindo a produção
de estudos na área da gestão, que sejam úteis como instrumentos para o
desenvolvimento equilibrado e sustentável do país.
1.5 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO
Um dos elementos principais da argumentação de Jacobs (2000) acerca
dos problemas urbanos, conforme visto, é que a cidade constitui um problema de
complexidade organizada, sujeita à interveniência de um número finito porém
extenso de variáveis. Sob esse aspecto, a gestão de uma cidade-região exige o
tratamento de questões que fazem parte de um universo de inter-relações ainda
pouco compreendidas, o que supõe, por sua vez, um vasto campo para elaboração
teórica.
A preocupação da sociedade e dos poderes públicos com os problemas
que afligem as grandes cidades, principalmente no Brasil, enseja a produção de
estudos nas mais diversas áreas. Assim, instituições públicas e privadas de
pesquisa, governos, organizações não governamentais, e a Universidade, estão se
dedicando a investigar a natureza e as causas dos problemas das grandes cidades,
e a oferecer subsídios para o correto equacionamento e conseqüente
encaminhamento de soluções para a questão urbana.
Na impossibilidade de abranger um campo de pesquisa tão vasto, optou-
se, no presente trabalho, por um recorte que limita a pesquisa ao conhecimento
produzido no âmbito da Universidade brasileira. Primeiramente porque a
Universidade é um ator relevante na articulação entre os atores regionais em
inúmeros casos de sucesso na articulação de processos de desenvolvimento
regional.
Tendo como objeto de estudo a gestão das cidades-região, conforme
definido na problematização, o trabalho foi realizado a partir de um segundo recorte,
limitando a abordagem ao campo das ciências sociais, particularmente à ciências
sociais aplicadas. Tendo em vista a questão da gestão, o foco foi colocado nas
disciplinas de Administração, Economia, Planejamento Urbano e Regional e
12
Geografia. O trabalho também está limitado à produção acadêmica nas áreas de
pós-graduação stricto sensu.
O estudo também abrangeu áreas de concentração e linhas de pesquisa
que atualmente possuem produção relativa ao objeto do estudo, identificando as
instituições com atuação relevante no tema.
1.6 VINCULAÇÃO À LINHA DE PESQUISA
A problemática central do presente trabalho está relacionada à gestão das
cidades-região. Referidas cidades foram conceituadas como aglomerações
populacionais da ordem de um milhão de habitantes para mais, e conectadas aos
processos econômicos e sociais globais (KLINK, 2001). Uma vez sujeitas à lógica da
economia globalizada, essas cidades se tornaram espaços nos quais uma série de
fenômenos sociais, políticos e econômicos começaram a ser observados, dentro do
paradoxo apontado por autores como Borja e Castells (1996), de que o
aprofundamento do processo de globalização tem como contrapartida o
ressurgimento da importância do local, espaço e território das cidades incorporadas
às redes globais. Questões como o desenvolvimento local, competitividade da
atividade econômica regional em nível mundial, tratamento de segmentos
econômicos e sociais excluídos do processo, são temas que passaram a dominar o
discurso acadêmico e também de lideranças políticas e empresariais no âmbito
local.
Uma vez que referidos processos objetivam criar identidade e capacidade
de escolha pelos atores regionais, dos caminhos a serem trilhados rumo ao
desenvolvimento, sustentabilidade e competitividade global, o processo de gestão
de uma cidade-região será tanto mais bem sucedido quanto maior for a percepção
de Regionalidade por parte dos atores intervenientes no processo, definida como
“uma espécie de consciência coletiva que une os habitantes de uma determinada
região em torno de sua cultura, sentimentos e problemas, tornando possível um
esforço solidário pelo seu desenvolvimento” (GIL,GARCIA e KLINK, 2003).
As características do trabalho, portanto, permitem vinculá-lo à linha de
pesquisa de Gestão para o Desenvolvimento da Regionalidade.
13
1.7. ESTRUTURA DO TRABALHO
O trabalho se inicia com a presente Introdução, que expõe as origens e
motivações para a realização do estudo, bem como conduz uma discussão crítica
que leva à formulação do problema de pesquisa e ao estabelecimento dos objetivos
a serem alcançados. A pesquisa terá como objeto principal a cidade-região, um
fenômeno emergente no mundo globalizado, a partir da análise de como esse
fenômeno é tratado pela produção acadêmica na Universidade brasileira.
No segundo capítulo, procura-se constituir um marco teórico apropriado
aos objetivos deste trabalho. São apresentadas as contribuições teóricas
fundamentais para conduzir a reflexão, com interpretação própria. A contribuição
possível consiste na compreensão do fenômeno da emergência das cidades-região
numa perspectiva da relação entre o global e o local, com ênfase na questão da
apropriação do espaço como meio de fortalecimento das estratégias de inserção na
economia globalizada.
Também no capítulo 2 são analisados os processos econômicos e sociais
que diferenciam as cidades-região no palco competitivo da economia global. A
ênfase recai na visão da cidade como uma unidade de acumulação econômica, em
cujo processo a produção de externalidades e de bens públicos levanta uma série
de questões relacionadas à gestão dessas cidades. Desenvolvimento econômico,
sustentabilidade, qualidade de vida e participação democrática estão entre os
principais desafios na gestão das cidades-região.
O capítulo 3 apresenta a estratégia metodológica empregada para que a
pesquisa possa cumprir os seus objetivos.
No capítulo 4 é apresentada a análise e a discussão dos resultados da
pesquisa, comparando os dados obtidos com o quadro referencial teórico elaborado
no capítulo 2.
Finalmente, o capítulo 5 apresenta as considerações finais do estudo, o
levantamento de hipóteses e sugestões para a continuidade do processo de
pesquisa.
14
2. REFERENCIAL CONCEITUAL
A revisão da literatura tem como principal função proporcionar a
contextualização do problema de pesquisa, o que no presente trabalho compreende
uma análise crítica do atual estado do conhecimento no que se refere às cidades-
região, com o objetivo de elaborar um quadro de referência teórico que possa ser
comparado ao que se produz na área acadêmica, notadamente visando evidenciar
as questões envolvidas na gestão desses espaços urbanos.
O referencial conceitual está organizado de modo que se possa
compreender a cidade-região em seus aspectos econômicos, organizacionais,
políticos e sociais. Embora distintos por uma questão de forma de apresentação, os
conceitos se inter-relacionam, constituindo uma abordagem multidisciplinar.
2.1 A ASCENSÃO E O PROTAGONISMO DAS CIDADES
O fenômeno do protagonismo urbano verificado no final do século XX é
conseqüência da conjugação de uma série de fatores históricos e econômicos que,
principalmente a partir da década de 1970, promoveram uma ruptura no ambiente
macroeconômico em nível mundial. Dentre esses fatores destacam-se o processo de
desregulamentação financeira, a crise do petróleo e o acelerado ritmo da inovação
tecnológica nos campos da informática e das telecomunicações. (KLINK, 2001).
A matriz energética do modelo industrial então vigente foi abalada pela
crise no fornecimento de seu insumo chave, o petróleo; por outro lado, a tecnologia
possibilitou o surgimento de um novo modelo de organização industrial, baseado na
especialização e na produção flexível.
Essas mudanças causaram impactos nas grandes cidades, que estavam
crescendo em razão de um acelerado processo de urbanização em curso desde a
década de 1950. De fato, no modelo industrial baseado na produção fordista5, as
5 O modo de produção fordista se caracterizava pela grande escala, tanto em aportes de capital como em plantas e processos industriais de produção em massa, e consumo de energia. O modelo que
15
indústrias se caracterizavam pela produção em escala, grandes contingentes de
trabalhadores e grande consumo energético. O crescimento das cidades
proporcionava excelentes condições para a escalada, tanto da produção como dos
mercados consumidores. A crise do petróleo desencadeou um processo de
reestruturação produtiva (LLORENS, 2001), com uma reconfiguração da
organização industrial sobre novos e mais eficientes processos de produção, com
redução no consumo de energia e no volume de mão-de-obra, fato que, somado a
uma maior exposição das economias nacionais a um ambiente de concorrência,
fruto da nascente globalização, produziu nas grandes cidades industriais efeitos
devastadores em termos econômicos e sociais, como o fechamento de muitas
plantas industriais e conseqüente elevação no desemprego.
Um outro movimento que também influenciou essa situação de crise nas
cidades foi a desregulamentação financeira, com o fim da conversibilidade do dólar,
no início da década de 1970, o que possibilitou a ampliação dos mercados
financeiros internacionais e uma intensa movimentação de capitais pelo mundo, o
que culminaria no atual estágio da globalização financeira. A livre circulação de
capital, tecnologia e informação através das fronteiras nacionais levou a instituição
do Estado-nação, então executor das políticas macroeconômicas e de
desenvolvimento, a uma relativa perda de sua capacidade de gestão e regulação.
(LLORENS, 2001).
Um dos argumentos que compõem o arcabouço teórico que busca
explicar a ascensão das economias regionais e o protagonismo das cidades-região é
a questão do declínio do Estado-nação. Trata-se de uma discussão cuja
profundidade exige um tratamento que não será abordado no escopo deste trabalho.
Entretanto, a contribuição de alguns autores possibilita delinear um quadro que
forneça a dimensão adequada do problema.
Llorens (2001) argumenta que os Estados-nação já não podem ser
considerados o único sustentáculo dos sistemas econômicos. A mobilidade de
recursos financeiros, informações, produtos e tecnologias, bem como a
padronização de preferências de consumo, constituem forças econômicas que agem
no sentido de questionar a eficácia do Estado-nação para gerenciar uma realidade
cada vez mais complexa e sujeita à lógica da globalização. Já Ohmae (1996) expõe
surge na década de 1970, de especialização flexível, se mostrou mais adaptado a tempos de crise e incerteza que marcaram a economia mundial após aqueles anos.
16
um quadro no qual o Estado-nação se torna incapaz de realizar o gerenciamento
macroeconômico, de proteger sua moeda e controlar sua taxa de câmbio. Considera
que os Estados-nação perderam a capacidade de agir como participantes
fundamentais na economia global.
Ambos os autores concordam que a razão principal da perda de poder
pelos Estados-nação está no fato de que, diante da nova ordem econômica global,
eles se tornaram incapazes de realizar suas escolhas econômicas, deixando de ser
sujeitos, ao contrário, sujeitando-se a escolhas que são feitas, ou no nível
estratégico das empresas transnacionais ou no nível de entidades de integração
supranacionais. Assim, ao longo das últimas décadas, a ascensão das cidades e
regiões seria, segundo Llorens (2001), um impulso de caráter endógeno e uma
alternativa ao esvaziamento das funções do Estado-nação, pelo entendimento de
que o gerenciamento no nível regional teria uma capacidade de resposta mais
rápida e mais próxima das expectativas, tanto das empresas quanto da sociedade.
Ou ainda, segundo Ohmae (1996), porque o papel do Estado-nação estaria
esgotado no atual estágio da economia e da história, sendo superado por uma nova
forma de organização a partir das regiões.
Porém, o Estado-nação não pode ser desconsiderado como ator
relevante na economia mundial. Klink (2001) também aponta uma relativa perda de
capacidade de regulação, em detrimento dos níveis supra e subnacionais, como
conseqüência de um processo de ruptura, conforme já abordado. Essa perda de
capacidade de regulação, no entanto, não impede que o Estado-nação detenha
ainda grande parte do poder econômico, como demonstraram Hirst e Thompson
(1998) ao identificar no percentual de participação nos gastos públicos relativamente
ao PIB, nos países mais desenvolvidos, uma evidência da importância e do peso
econômico dos Estados-nação. Também é necessário verificar que o Estado-nação
possui políticas públicas voltadas para o desenvolvimento regional, e que em muitas
cidades-região, o Estado-nação é um dos atores envolvidos no processo de
governança e fomento regional por meio de instituições de pesquisa e apoio, ou
bancos de desenvolvimento.
O que ocorreu de novo no cenário internacional a partir da década de
1970 é que, diante da limitação imposta por uma nova ordem econômica mundial, a
instituição Estado-nação reduziu sua atuação na formulação de políticas
econômicas, pelos motivos já apresentados, mas também nas políticas sociais, por
17
meio da descentralização de atribuições para os níveis subnacionais, regional e
municipal. Esse movimento ocorreu paralelamente ao processo de reestruturação
produtiva, com elevado custo social medido pelo desemprego, ou seja, um momento
em que as demandas sociais encontravam-se acirradas. Acrescente-se a essa
questão o fato de que a urbanização se acelerou no mundo todo, mais
acentuadamente nos países em desenvolvimento, e o resultado é um grave déficit
nas políticas sociais.
Nessa perspectiva, o surgimento de uma postura empresarial na gestão
das cidades (HARVEY, 1989), e o protagonismo econômico e político podem ser
considerados, de outra forma, como um movimento de sobrevivência política e
preenchimento dos espaços de decisão deixados vagos por uma nova postura no
âmbito do Estado-nação, um movimento do pêndulo da política no sentido de obter o
reequilíbrio de uma ordem social e econômica perigosamente desestruturadas por
um movimento de ruptura histórica.
A transferência de responsabilidades na gestão das políticas públicas
como saúde, educação e geração de empregos e renda elevou os encargos das
administrações das cidades e regiões, exigindo uma nova postura em termos de
gestão, o que significou a busca de novas fontes de financiamento além da
representada apenas pelos orçamentos públicos.
As cidades foram então compelidas a assumir o desafio do
desenvolvimento econômico e social num momento de ruptura e de recessão,
pressionadas pelas demandas sociais reivindicadas por um contingente populacional
crescente, nos assuntos referentes à geração de oportunidades de empregos, às
políticas sociais e assistenciais, às questões relativas ao meio ambiente e à
qualidade de vida dos cidadãos.
Levadas pelas circunstâncias, as cidades se tornaram novos atores no
cenário econômico, e passaram a competir por recursos e investimentos, entre si e
com os próprios Estados-nação. Nesse contexto, e em face de um processo de
globalização cada vez mais acentuado, as cidades estão protagonizando
transformações sócio-econômicas que permitem o enfrentamento da problemática
social e a adoção de políticas com o objetivo de superação dos problemas
econômicos, segundo um novo padrão de desenvolvimento.
18
2.2 O CONCEITO DE CIDADE-REGIÃO
O conceito de cidade-região emerge de um contexto mais amplo no qual
se discute a função do espaço no processo de globalização. A intensidade dos
fluxos de comércio, de capitais e de informação sugere um mundo em que o sentido
de território e de lugar se perdem como referências espaciais. Entretanto, a
realidade tem demonstrado que o avanço da globalização, ao contrário, põe em
evidência a questão do espaço.
Castells (1999) defende a teoria segunda a qual a sociedade, no final do
século XX, se organiza na forma de uma rede, mais precisamente desde a década
de 1970, quando teve início a acelerada difusão das tecnologias de informática e de
telecomunicações. A revolução das tecnologias de informação proporciona ao
mundo capitalista a passagem de um modo de desenvolvimento baseado no
industrialismo para um novo modelo, baseado o que o autor denomina
informacionalismo. Entretanto, a informação como matéria prima do
desenvolvimento econômico não se distribui uniformemente pelo planeta, ao
contrário concentra-se nos segmentos detentores de poder econômico e tecnológico
localizados em várias partes do mundo, que se conectam e se comunicam,
propiciando uma arquitetura de rede na qual os “pontos brilhantes” se interligam,
deixando à margem vastas regiões de “sombra” pelo mundo afora6. Assim, a
sociedade em rede proposta por Castells (1999) assume uma nova forma espacial,
característica das práticas sociais que a dominam e moldam: o espaço de fluxos.
O espaço de fluxos é a organização material das práticas sociais de tempo compartilhado que funcionam por meio de fluxos. Por fluxos, entendo as seqüências intencionais, repetitivas e programáveis de intercâmbio e interação entre posições fisicamente desarticuladas, mantidas por atores sociais nas estruturas econômica, política e simbólica da sociedade. (CASTELLS, 1999)
Embora o espaço de fluxos esteja localizado em uma estrutura lógica
baseada em rede eletrônica, essa rede possui conexões em lugares específicos,
6 Castells (1999) afirma que os setores da sociedade não conectados às redes informacionais tendem a se tornar cada vez mais irrelevantes para a economia globalizada.
19
dotados de características funcionais bem definidas e infra-estrutura adequada. São
o que Castells (1999) denomina nós ou centros da rede, isto é, a localização de
funções estrategicamente importantes que constroem uma série de atividades e
organizações locais em torno de uma função chave na rede. Referidos nós estão
localizados em determinadas cidades, e as conectam a toda a rede, segundo uma
hierarquia que se forma em razão do peso relativo de cada cidade na rede. Dessa
forma, as cidades se materializam como os locais de produção da economia global.
Na mesma linha de pensamento, o conceito de cidades como pontos de
comando altamente concentrados na organização da economia mundial é a questão
central da argumentação de Sassen (1998) sobre a formação de uma rede de
cidades globais, que se caracterizam como localizações chave para as empresas
financeiras e de serviços especializados, como locais de produção e de inovações
nessas áreas, e como mercados para os produtos e inovações produzidas. No
quadro 1 estão hierarquizadas as principais cidades globais.
Cidades Globais
(por funções globais)
Primeira divisão Segunda divisão Terceira divisão Quarta divisão
New York Londres Tóquio Paris Frankfurt
Chicago Hong Kong Los Angeles Milão Cingapura
San Francisco Sidney Toronto Zurique Bruxelas Madri Cidade do México São Paulo Moscou Seul
Amsterdam Boston Caracas Dallas Dusseldorf Genebra Houston Jacarta Johannesburgo Melbourne Osaka Praga Santiago Taipei Washington Bangkok Pequim Roma Estocolmo Varsóvia Atlanta Barcelona Berlim Buenos Aires Budapeste Copenhague Hamburgo Istambul Kuala Lumpur Manila Miami Minneapolis Montreal Munique Shangai
QUADRO 1 – Hierarquia das cidades globais Fonte: Globalization and World Cities, Loughborough University, UK, 2002
20
Já Scott et al (2001) procuram compreender o significado da cidade-
região em termos econômicos, políticos e territoriais, mostrando como as cidades-
região estão acumulando funções como nós espaciais da economia global. Para
esses autores, a cidade-região constitui uma nova forma de organização econômica
e social capaz de oferecer respostas aos desafios impostos pela globalização, bem
como sujeita a novos problemas decorrentes da escala da aglomeração de
população e das atividades produtivas. Essa nova organização consiste de uma
hierarquia de interpenetração entre escalas territoriais da atividade econômica e
relações de governança, estendendo-se do global ao local, e na emergência de um
sistema de cidades-região globais. Também Scott et al (2001) conduzem sua
elaboração teórica à formação de uma rede, porém concentram-se na observação e
análise dos processos econômicos, políticos e sociais que ocorrem nos limites do
território da cidade-região, como diferenciais de competitividade de natureza
endógena, introduzindo novos componentes na relação entre global e local.
Retomando os conceitos de sociedade informacional e do espaço de fluxos, verifica-
se que os pontos nodais da rede proposta por Castells (1999) não se definem
aleatoriamente, mas obedecem a uma tendência segundo a qual determinadas
cidades-região são incorporadas à rede por reunirem condições de atratividade de
capitais e de informações e conhecimento, mas sobretudo por apresentarem uma
estrutura econômica e social que ofereça segurança a capitais com elevado grau de
volatilidade.
Uma outra visão das cidades-região como atores centrais do processo de
globalização é apresentada por Ohmae (1995). Para este autor, a globalização se
tornou um instrumento muito eficaz para a promoção do desenvolvimento e da
prosperidade sobre uma base regional, reformulando os mercados locais.
Também partindo da idéia de fluxos de informações e de capitais,
transcendendo as fronteiras nacionais em busca de melhores oportunidades, Ohmae
(1995) praticamente decreta o fim do Estado-nação como entidade reguladora da
sociedade e da economia mundial. Os novos atores relevantes para a economia
global, na sua proposição, são unidades geográficas mais focalizadas, como cidades
ou regiões, que podem estar dentro das fronteiras de um Estado-nação ou mesmo
ultrapassá-las. Referidas unidades são denominadas pelo autor como Estados-
regiões, e sobre sua escala, argumenta:
21
O que define essas unidades não é a localização de suas fronteiras políticas, mas o fato de terem o tamanho e a escala corretas para serem as verdadeiras unidades de negócio da economia global de hoje em dia. Essas são as fronteiras – e as conexões – que importam num mundo sem fronteiras. (OHMAE, 1995)
Embora se refira a uma escala correta para a definição de um Estado-
região, o autor não estabelece um parâmetro rígido. Assim, cita como exemplos de
Estados-região tanto as populosas cidades do litoral da China, alcançando
aglomerações de até 25 milhões de habitantes, quanto Cingapura, uma cidade-
estado com apenas 2,5 milhões de habitantes. De uma forma geral, situa os
Estados-região numa faixa de população entre 10 e 25 milhões de habitantes,
considerando como um elemento central para a sua caracterização o grau de
inserção na economia globalizada.
Em uma obra mais recente, entretanto, Ohmae (2005) é ainda mais
flexível na definição do tamanho de um Estado-região, chegando a uma escala que
vai de 500 mil a 1 milhão de habitantes, no mínimo, até o que ele próprio denomina
um teto que “parece ser em torno de 10 milhões, embora Shutoken, ao redor de
Tóquio, tenha 30 milhões – mas ainda é uma comunidade natural, graças às suas
excelentes linhas de trens”. (OHMAE, 2005)
Dessa forma, a definição de Estado-região se aproxima bastante do
conceito defendido por Scott et al (2001). Principalmente porque Ohmae (2005)
também analisa as regiões do ponto de vista de seus processos econômicos, como
a organização econômica em torno de clusters de produção incorporada às cadeias
globais, chegando a contabilizar um grande número do que denomina microrregiões,
por vezes uma única cidade, dentro dos processos e da lógica econômica global.
O tratamento teórico dispensado às cidades-região permite identificar
semelhanças e distinções nas análises empreendidas pelos autores citados. Há uma
concordância generalizada quanto à questão do mundo organizado na forma de uma
rede, onde as cidades atuam como pontos de conexão dos fluxos globais de
informações, capitais, mercadorias e até mesmo de pessoas. Entretanto, no que se
refere à questão específica das cidades, parece haver algumas diferenças de
enfoque.
O conceito de cidade global proposto por Sassen (1998) tem como
principal característica a concentração do poder financeiro e de decisão nas matrizes
22
das grandes corporações transnacionais, ensejando a formação de um poderoso
segmento de serviços especializados. As principais cidades globais, seriam então,
na visão de Sassen (1998), principalmente as grandes metrópoles tradicionais, como
Nova York, Londres e Tóquio, seguidas por uma hierarquia de cidades que, de uma
maneira geral, são as grandes metrópoles em seus respectivos países, respeitadas
algumas exceções. Ohmae (1995), porém, não inclui as metrópoles tradicionais
entre os Estados-região emergentes no mundo, alegando que essas cidades seriam
“reféns” do poder central representado pelo Estado-nação, não apresentando a
dinâmica necessária para uma inserção competitiva na economia globalizada. No
entanto, diante de um dos principais componentes que caracterizam a
competitividade das cidades-região, a produção de inovações, Castells (1999) afirma
que o modelo de desenvolvimento não necessita seguir o padrão de regiões
dinâmicas como o Vale do Silício, na Califórnia. A esse respeito, o autor afirma que:
Nossa descoberta mais surpreendente é que as maiores áreas metropolitanas antigas do mundo industrializado são os principais centros de inovação e produção de tecnologia da informação, fora dos EUA. Na Europa, Paris-Sud constitui a maior concentração de produção de alta tecnologia e pesquisa, e o corredor M4 de Londres ainda á a localidade mais preeminente em eletrônica da Grã-Bretanha, em continuidade histórica com as fábricas de materiais bélicos a serviço da Coroa desde o século XIX. É claro que a conquista da superioridade de Munique sobre Berlim deveu-se à derrota alemã na Segunda Guerra Mundial, com a Siemens mudando-se deliberadamente de Berlim para a Bavária, antecipando a ocupação americana daquela área. Tóquio-Yokohama continua a ser o centro do setor japonês de tecnologia da informação, apesar da descentralização de filiais operadas no programa Technopolis.(...) Pode-se dizer a mesma coisa da Cidade do México, no México, de São Paulo-Campinas, no Brasil, e de Buenos Aires, na Argentina. (CASTELLS, 1999)
Parece não ser conveniente definir padrões, pois cada caso é único e
suscetível a uma miríade de diferenças econômicas e culturais. A importância de
cada cidade-região dentro da rede global pode ser analisada a partir da observação
de um conjunto de tendências que, submetido à lógica interna dos processos
econômicos e culturais locais, produz um resultado que, surpreendentemente,
acentua as semelhanças entre as diversas cidades, com a globalização
estabelecendo uma certa homogeneidade ao conjunto.
23
Finalizando a análise, verifica-se que o tratamento teórico dado à cidade-
região permite conceituá-la como sendo um espaço que pode conter uma ou mais
cidades, contabilizando população de aproximadamente 1 milhão de habitantes para
mais, configurando áreas metropolitanas, inseridas na dinâmica da economia e da
sociedade globalizadas. O diferencial com relação ao conceito de cidade-região
está, segundo a literatura acadêmica pesquisada, na “forma” como os processos
econômicos, sociais e políticos se organizam no interior de seu território. De uma
maneira mais simples, existem nas condições inicialmente descritas cidades que são
apenas cidades, e cidades que se caracterizam como regiões.
Esta afirmação pode supor a necessidade de avançar teoricamente na
descrição de região, mas para a finalidade deste trabalho, em que a visualização
geográfica do conceito é um tanto evidente quando se pensa em uma cidade, um
atributo que caracteriza a região e é percebido por autores da Geografia moderna, é
a percepção de identificação. Uma região é identificada por uma série de atributos
que a caracterizam, ou por uma outra série de atributos que os habitantes daquele
espaço tomaram como importantes para defini-lo como tal, e que os torne
diferenciados em relação a outros espaços, ocupados por outras populações. Essas
características diferenciadoras podem ser relativas a aspectos econômicos, sociais
ou culturais presentes no interior da região.
Assim, a condição que define uma cidade-região está na percepção de
suas características diferenciadoras, que são potencializadas pela ação coletiva dos
atores regionais para a formação de vantagens competitivas exclusivas da região,
que permitam à sua produção ser identificada pela origem e diferenciada no
mercado global.
Ou seja, existe uma ação deliberada e coordenada no âmbito regional,
focada no desenvolvimento e na inserção da região na economia global, conforme
visto, ações de planejamento e revitalização urbana, a transformação dos espaços
urbanos em ativos comercializáveis nos mercados de investimentos globais, a
reorganização econômica em torno das aglomerações de empresas, tudo isso
tornado atraente ao mercado com ações de city marketing e da promoção da cidade
sob uma aura de simbolismo, unindo desenvolvimento e qualidade de vida e do meio
ambiente.
24
2.3 A ESTRUTURA ECONÔMICA DA CIDADE-REGIÃO
A descrição do desenho econômico de uma cidade-região requer
inicialmente alguma elaboração teórica. O fato de as cidades-região constituírem
grandes aglomerações de população e de produção econômica coloca em
discussão a forma como os relacionamentos ocorrem sob uma situação de
proximidade entre os atores econômicos e sociais.
Há muitas décadas, desde o trabalho de Marshall (1981), são conhecidos
os conceitos de vantagens decorrentes da localização e da aglomeração de certos
tipos de indústrias, como a existência de um pool de trabalhadores especializados, a
proximidade de fornecedores de insumos e de potenciais clientes, bem como uma
clima propício ao aprendizado coletivo e à difusão de inovações (KRUGMAN, 1995).
Essas vantagens, que ocorrem naturalmente em conseqüência da
aglomeração, correspondem ao que Nadvi e Schmitz (1996) denominaram
“vantagens passivas” de localização. Em contrapartida, uma “vantagem ativa” seria
aquela resultante da ação deliberada de um determinado ator econômico dentro da
aglomeração, que modifica um conjunto de relacionamentos e resulta em maior
competitividade para o todo. Meyer-Stamer (2001) exemplifica como vantagem ativa
decorrente da ação de um ator local a implementação de uma instituição de
pesquisa, ou de ensino técnico. Em conseqüência de uma iniciativa como essa se
obtém uma vantagem de localização, que oferece às empresas locais um atributo de
competitividade que dificilmente pode ser reproduzido em outro local.
No contexto atual, a proximidade adquire relevância ainda maior na
formação de vantagens ativas que tornem mais competitivas as aglomerações de
empresas em muitos segmentos da economia. Meyer-Stamer (2001) relaciona
algumas razões:
a) a proximidade contribui para uma diminuição nos custos de transação;
b) a globalização introduz elevado grau de incerteza nas operações, e a participação
em uma cadeia produtiva permite às empresas a diluição desse risco;
c) os relacionamentos decorrentes da proximidade produzem um ambiente favorável
à troca de informações e ao aprendizado;
25
d) a possibilidade de absorção de novas tecnologias é fator importante para a
inovação e a criação de novos produtos;
e) a possibilidade de que as empresas se estabeleçam em determinados nichos de
mercado, permitindo a especialização da produção.
Um outro ponto importante a ser considerado na análise das
aglomerações de empresas é o modo de produção. A operação em rede permite a
organização de um sistema de produção baseado na especialização flexível, que
segundo Gurisatti (2002) apresenta as seguintes vantagens:
a) é um modelo mais adequado aos tempos da globalização, em que predomina a
abertura e a imprevisibilidade dos mercados;
b) permite uma maior participação e decisão pelos empresários em diversos níveis,
promovendo um ritmo mais intenso de inovações, riscos menores, além de rapidez e
menores custos de reestruturação da cadeia em função de mudanças abruptas de
mercado;
c) as empresas não necessitam de grandes volumes de capital para participar da
cadeia, e obtêm lucros resultantes de sua participação no conjunto das atividades da
cadeia, aos quais provavelmente não teriam acesso em uma operação individual;
Há ainda um aspecto importante a ser considerado na experiência das
aglomerações de empresas, o fato de que, via de regra, não constituem sistemas
fechados em si mesmos, mas sistemas abertos, o que estabelece uma relação
produtiva que envolve o entorno territorial e a participação no processo econômico
de outros atores regionais, públicos ou privados.
As aglomerações, segundo Llorens (2001), tendem a atrair para o seu
entorno um conjunto de atividades relacionadas, principalmente as voltadas à
produção de conhecimento que reverta em produtividade e competitividade para a
aglomeração como um todo. Isso envolve a participação de Universidades, a
implementação de centros de pesquisa e de escolas técnicas, ou seja, a
manutenção das vantagens competitivas pela aglomeração depende muito da
qualidade dos relacionamentos que mantém com os seu entorno. E o entorno
inovador, nas palavras de Llorens (2001), é um fator crucial para a sustentabilidade
do processo de desenvolvimento local.
26
Portanto, em sua dimensão econômica, uma cidade-região típica exibe
um setor industrial com forte tendência à aglomeração e organizado em um sistema
de produção denominado pós-fordista, ou de especialização flexível. A aglomeração
como forma de organização econômica, no entanto, não se restringe ao setor
industrial. A forma como Sassen (1998) descreve o segmento de serviços em uma
cidade global, prevalecendo a concentração de atividades, um alto grau de
relacionamentos e a disseminação de conhecimento, se assemelha em muito à
formação das aglomerações industriais. Também no comércio é possível verificar,
nas grandes cidades, a formação de aglomerações de venda de determinadas
mercadorias, geralmente ruas que concentram um setor específico de comércio.
O fato de as cidades-região se organizarem na forma de economias de
aglomeração ocorre, além das vantagens já descritas, devido a uma outra
característica das aglomerações, a produção de externalidades positivas,
decorrentes do grau de relacionamento e das interações entre as empresas
componentes do aglomerado (SCOTT,1998).
Porém, assim como são produzidas externalidades no interior da
aglomeração, com impactos positivos para os seus componentes, a consideração do
aglomerado como um todo permite supor que, no conjunto de suas atividades,
também haja a produção de externalidades relativamente ao entorno, ou seja, à
cidade à sua volta.
Em termos econômicos, faria sentido pensar a cidade-região como um
sistema formado por diversas economias de aglomeração, produzindo
externalidades umas relativamente às outras, o que em termos de gestão significa
um desafio, a obtenção do melhor resultado possível para o sistema.
A realidade das últimas décadas demonstrou que as cidades que
conseguiram obter os melhores indicadores de desempenho nesse novo desenho
econômico, tornaram-se destinos preferenciais dos fluxos econômico-financeiros e
informacionais dentro do processo de globalização, reforçando suas posições como
pontos nodais da arquitetura em rede na forma proposta por Castells(1999). O
posicionamento de uma cidade-região dentro da economia de fluxos é proporcional
à influência que ela exerce sobre o entorno territorial, como um ponto de
convergência e atração de investimentos.
27
2.4 A CIDADE-REGIÃO COMO UMA UNIDADE DE ACUMULAÇÃO ECONÔMICA
A elaboração de um quadro teórico que possibilite a análise da cidade-
região como um espaço de acumulação econômica pressupõe a visão da cidade de
um ponto de vista organizacional. Uma empresa constitui uma unidade de
acumulação, na qual uma equipe de gestores dispõe de um conjunto de técnicas
que assegurem a plena utilização dos recursos disponíveis, objetivando a
maximização do retorno sobre o capital investido. A comparação entre a cidade-
região e uma empresa visa mostrar que, embora bastante distinta quanto a seus
objetivos, a cidade, tanto quanto a empresa, deve gerir seus recursos e atividades
com racionalidade.
Dowbor (2006) propõe pensar a cidade como um espaço de acumulação.
Do ponto de vista organizacional, a cidade pode ser vista como o espaço de
processos cuja articulação e integração determinarão um patamar de produtividade
sistêmica, ou produtividade social, que pode ser definida como sendo a utilização
combinada de seus fatores de produção. Não se trata, no entanto, de uma medida
de desempenho equivalente ao PIB, mas sim um resultado que deve considerar os
efeitos positivos e negativos correlatos à execução de cada atividade sobre o
conjunto da sociedade, e que neste trabalho denominou-se externalidade. A cidade-
região, por constituir uma economia de aglomeração, é um espaço propício à
produção de externalidades, dada a proximidade e interatividade dos atores
econômicos e sociais. O conceito de externalidades não é novo, pois já estava
presente no trabalho de Marshall (1981), em fins do século XIX, na análise de
algumas concentrações de empresas na Inglaterra. Segundo ele, o ambiente de
uma aglomeração de empresas de um mesmo setor propicia condições para que o
conhecimento, seja do mercado ou de novas técnicas de produção e comércio, seja
difundido pelo território, em decorrência da proximidade e dos relacionamentos,
caracterizando uma forma de externalidade, no caso, positiva, que pode ser captada
e utilizada em benefício de uma empresa que a tenha produzido.
Scott (1998) define a externalidade como o resultado não controlável da
atividade de uma empresa, mas que pode ser apropriado por outra empresa ou
conjunto de empresas em benefício próprio, mas que não tenham incorrido em
custos para obtê-la. Detalha as externalidades como positivas ou negativas,
28
dependendo do impacto causado, e que sendo o espaço econômico, por definição, o
domínio dos fluxos de interação e mudança, é propício ao surgimento das
externalidades.
No caso de uma cidade-região, como resultado de uma economia de
aglomeração, pode-se afirmar que as atividades produtivas estão constantemente
gerando novas externalidades, positivas ou negativas. Retomando o conceito de
produtividade sistêmica, seria possível dizer que é constituída pelos resultados
produzidos pelos atores, porém ponderados pelos efeitos causados pela
componente de externalidades. Ou seja, a produtividade sistêmica de uma cidade-
região está associada à combinação ótima dos fatores de produção e à qualidade de
sua gestão, no sentido de minimizar a ocorrência de externalidades negativas e de
potencializar o surgimento das positivas.
A ocorrência de externalidades negativas significa perda de produtividade
sistêmica, resultando em ineficiências que provocam custos suplementares para as
pessoas e para as atividades produtivas.
A cidade-região, vista como uma unidade de acumulação econômica,
reproduz a lógica capitalista da economia globalizada. Friedmann (1992) observa
que a ideologia do capital, no exercício da uma economia “livre”, acaba por transferir
para outros atores, principalmente o Estado, a gestão das conseqüências sociais do
investimento privado, tais como o esgotamento de recursos, desemprego, poluição,
desmatamento, pobreza, e outros problemas que afetam populações e recursos
considerados comuns. Referidas conseqüências sociais constituem externalidades
negativas para todo o conjunto da sociedade.
Isso leva à consideração de que a inserção na economia globalizada,
vendida como solução para os problemas das cidades-região, não é nenhuma
panacéia. Trata-se de um processo não necessariamente excludente, mas a
observação indica que assim tem ocorrido, na medida em que concentra o
conhecimento, a informação e o capital, em um segmento da população, e cria
grandes contingentes de população à margem desse movimento. Qualquer tentativa
de equilíbrio ou de uma opção de desenvolvimento local de caráter includente,
passa pela construção de mecanismos de regulação, econômica e social.
29
2.5 REGULAÇÃO E GOVERNANÇA NA CIDADE-REGIÃO
A visão da cidade-região como uma unidade de acumulação econômica
evidencia a ação, sobre o espaço urbano, do grande capital e do poder econômico
representado pelas corporações globais. Isso conduz o direcionamento das
discussões relativas ao espaço da cidade a um viés economicista, muito voltado
para a questão da financeirização dos mercados. Furtado (2002) aponta para um
processo de concentração do poder econômico e financeiro nas mãos das empresas
transnacionais, cujo objetivo primeiro em suas operações é o lucro, em detrimento
de estruturas como o Estado-nação, para o qual a questão social é mais importante.
As tensões resultantes desse processo são particularmente visíveis nas
cidades-região, conforme se pode verificar:
1. a segregação social, em que uma parcela da população tem acesso a bens,
serviços e informação em escala globalizada, enquanto outros segmentos,
constituindo contingentes expressivos de população, permanecem excluídos do
processo (RIBEIRO, 2004). Também Castells (1999) assinala a profunda dicotomia
na sociedade informacional, na qual alguns segmentos se incluem, enquanto outros
grupos permanecem à margem. Considera que as grandes cidades “também são
depositárias de todos esse segmentos da população que lutam para sobreviver, bem
como daqueles grupos que querem mostrar sua situação de abandono, para que
não morram ignorados em áreas negligenciadas pelas redes de comunicação”
(CASTELLS,1999).
2. as demandas sociais por investimentos em educação, saúde, saneamento,
geração de empregos e de renda, são intensificadas pela aglomeração de
população. Existe uma competição pelos recursos escassos oriundos dos
orçamentos públicos, entre o investimento social e o investimento nas infra-
estruturas adequadas à atratividade do capital global e à produção do espaço
segundo uma lógica globalizada. Por outro lado, a insuficiência das políticas sociais
que estão sendo aplicadas acentua os problemas, principalmente quanto à questão
da violência urbana, o que reproduz um ambiente de insegurança, o que por sua vez
é fator de redução da atratividade da cidade no cenário global.
30
3. o enfraquecimento do Estado-nação como provedor desses serviços de
assistência e seguridade social, e como agente de desenvolvimento, ao lado das
demandas crescentes, impõe à estruturas políticas no nível das cidades-região o
desafio de atuarem na gestão dessas áreas. Entretanto, conforme observam Klink
(2004) e Ribeiro (2004), faltam às cidades-região, e principalmente às regiões
metropolitanas, legitimidade política e instrumentos institucionais adequados à
gestão de referidos problemas. Há ainda a questão da distribuição dos recursos
públicos na estrutura federalista, como o caso do Brasil, em que ainda uma parcela
substancial da arrecadação permanece na esfera federal, sendo os repasses
insuficientes, o que resulta na escassez de recursos, principalmente nas cidades-
região, para fazer frente à problemática social e econômica.
A cidade-região, nesse contexto, configura um espaço com tendência ao
desequilíbrio, nas esferas econômica e social, mas também relativamente às
questões ambientais, uma vez que a aglomeração de população de forma
relativamente desordenada e os efeitos negativos da atividade econômica sobre o
ambiente contribuem para exaurir os recursos naturais disponíveis na região.
A gestão de uma cidade-região, portanto, compreende o desafio de
produzir desenvolvimento econômico, com qualidade de vida, e sobretudo,
sustentabilidade, ou seja, sem comprometer os recursos necessários à
sobrevivência das gerações futuras.
Dessa forma, a idéia de regulação, no plano local, significa recolocar no
centro da discussão as pessoas e o ambiente em que vivem, como objetivos do
processo de desenvolvimento econômico. A regulação local, segundo Dowbor
(2006), compreende o envolvimento direto dos atores locais nos assuntos relativos à
gestão racional dos recursos disponíveis. Acrescenta que a participação da
comunidade constitui um mecanismo regulador complementar, ao lado do mercado
como mecanismo regulador do segmento empresarial e do direito público regendo a
ação do Estado.
Entretanto, é possível verificar que os mecanismos de regulação local
podem ser conceituados não apenas de forma complementar aos outros sistemas de
regulação, mas como componente fundamental na formulação dos mesmos.
A idéia da cidade-região como ponto nodal de uma rede de cidades
inserida na economia de fluxos, conforme já visto, pressupõe a circulação da
31
informação e do conhecimento. Assim, a articulação com vistas a um processo de
regulação no nível local tem a mesma capacidade de se difundir via rede para toda a
economia global, o que contribui, pela interatividade, para uma nova moldagem na
relação global e local e nos sistemas de regulação. Assim, os processos locais de
regulação podem ter influências sobre os mecanismos globais de regulação, tanto
empresariais quanto governamentais. Ações focalizadas em determinados locais,
como por exemplo relativas a hábitos de consumo responsáveis e escolha de
produtos com base na responsabilidade social das empresas que os produzem,
representam ações que, além do potencial de mudança localizada, podem se
disseminar pela rede global como conhecimento produzido na relação entre
empresas e consumidores, constituindo uma tecnologia social.
A forma como se pode consolidar um sistema de regulação no nível local,
dentro das cidades-região, está relacionada aos processos de participação dos
atores locais nos processos de ações coletivas, e em conseqüência, de governança.
2.5.1 A ação coletiva
Uma cidade-região, além de constituir um espaço de produção de
externalidades, o que implica em um conjunto de interações existentes entre os
atores que exercem suas atividades naquele território, também pode ser
caracterizada, como observam Klink e Santos (2005), pela existência de um
expressivo conjunto de bens públicos. Assim, redes urbanas de infra-estrutura,
bacias hidrográficas, áreas como praças e parques, reservas de mananciais,
constituem bens públicos, cujas principais características são a indivisibilidade e a
não exclusividade.
Tome-se como exemplo o caso de um parque urbano. Trata-se de um
bem público, pois seu uso é comum e acessível a todas as pessoas, que no entanto,
podem usá-lo sem se apropriar exclusivamente dele, ou seja, o uso por um indivíduo
não inibe a possibilidade de uso por outro. Na qualidade de espaço público, a
responsabilidade pela manutenção desse parque compete à administração pública
da cidade. Entretanto, o senso comum autoriza dizer que, cada usuário individual do
parque, para que o tenha em condições de uso no futuro, é também responsável por
32
mantê-lo, principalmente nos aspectos de conservação e limpeza. O somatório de
cada ação individual no sentido de manter o parque produz uma ação coletiva cujo
resultado é a cooperação com a administração pública na manutenção do parque.
Porém, a simples necessidade de manutenção do parque é condição suficiente para
que um indivíduo racionalmente decida fazê-lo? Ou a incerteza em relação ao
comportamento dos outros indivíduos poderá levá-lo a se abster de tomar uma
atitude, muito embora seja de interesse comum que a atitude de manter o parque
seja adotada?
Olson (1973) argumenta que o postulado da racionalidade individual não
autoriza a conclusão de que indivíduos com interesses comuns produzirão ações
coletivas, mas ao contrário, a tendência é que se abstenham de referidas ações.
Isso configura um conflito, denominado na literatura como dilema da ação coletiva.
Putnam (2005) mostra que o dilema da ação coletiva pode ser identificado em uma
situação na qual a cooperação seria a solução benéfica para todas as partes
envolvidas. Entretanto, a falta de um compromisso mútuo de confiança leva as
partes a serem tomadas por um dilema relativo à atitude a ser adotada, e no caso,
tendem a expressar o comportamento previsto por Olson (1973), de caráter
oportunista. As decisões individuais, embora tomadas racionalmente, produzem um
resultado não racional do ponto de vista da coletividade. Pela lógica da ação
coletiva, se as partes cooperassem, o resultado seria superior. Olson (1973) observa
que, na ausência de arranjos institucionais capazes de incentivar os membros
individuais a produzirem o bem público ou a ação coletiva, quanto maior for o grupo
mais distante ficará de fornecer uma quantidade ótima do referido bem ou ação
coletiva.
Putnam (2005) avança na construção teórica de referido arranjo
institucional, ao estudar formas de governança e organização social na Itália e nos
Estados Unidos7, fundamentando-o na existência de confiança e cooperação. A
intensidade do conhecimento e das relações desenvolvidas entre os atores de uma
determinada região leva ao desenvolvimento da confiança e ao estabelecimento de
limites e regras de reciprocidade, e sistemas de participação nos quais essa
confiança possa ser exercida, o que resulta em incentivos à participação voluntária.
7 Na obra Bowling Alone: the colapse and revival of American community – Simon e Schuster, New York, 2000, Putnam analisa como o capital social aparece como um fator importante da qualidade da governance de um território determinado, focando o caso dos Estados Unidos.
33
Trata-se de um processo que se realimenta positivamente, com o acúmulo do que
Putnam (2005) denomina capital social, uma dimensão participativa que confere
racionalidade ao processo de desenvolvimento local, e proporciona a regulação
econômica, social e política da sociedade.
No âmbito da cidade-região, a construção de capital social via cooperação
permite a formação de arranjos institucionais que canalizam as ações coletivas no
sentido de exercer a regulação econômica e social. Dowbor (2006) destaca o papel
da sociedade civil e do “chamado ‘terceiro setor’, área que engloba um conjunto de
comportamentos que não se definem pelos paradigmas tradicionais da busca do
lucro ou da autoridade estatal”.
São essas entidades, normalmente ONGs e OSCIPs8, que tem
desempenhado nas cidades-região a função de congregar os interesses da
sociedade com os dos atores econômicos e o governo. Desempenham a função
destacada por Olson (1973) como arranjos institucionais capazes de conduzir os
indivíduos a produzirem ações coletivas e bens públicos na quantidade necessária
ao adequado funcionamento da sociedade.
Schmitz (1997), ao tratar das vantagens de localização e da aglomeração
das empresas, formulou o conceito de “eficiência coletiva”, um processo de
cooperação entre as empresas da aglomeração, nos níveis horizontal e vertical, para
o melhor aproveitamento possível das externalidades produzidas no ambiente da
aglomeração. Transpondo o conceito para a cidade-região, a eficiência coletiva
poderia ser descrita como um processo de cooperação, no qual a sociedade, como
um todo, por meio da ação coletiva, também busca o melhor aproveitamento
possível na utilização dos bens públicos e na combinação ótima das externalidades
produzidas. A eficiência coletiva da sociedade representaria um mecanismo de
regulação, efetivado por meio de relações de governança.
8 ONGs são Organizações Não Governamentais, e OSCIPs, Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público.
34
2.5.2 Governança nas cidades-região
Dowbor (2006) argumenta que as organizações da sociedade civil, o
conhecido Terceiro Setor, surgem do movimento de grupos engajados em ações
coletivas que buscam soluções para problemas sociais e se organizam para oferecer
respostas que não estão sendo dadas pelas empresas ou pelo Estado. Segundo ele,
a sociedade civil é bastante dispersa em torno de interesses, que são diversificados,
e difusos. Muitas vezes um interesse empresarial pontual, mas organizado,
consegue se impor sobre o interesse contrário, porém desorganizado, da sociedade.
A atuação da sociedade civil organizada é um fator crítico de sucesso de
uma cidade-região no desenvolvimento econômico local, integrado e sustentável, e
ocorre por meio de instrumentos de governança.
O conceito de governança, de uma maneira simples, pode ser enunciado
como a forma como se exerce o governo, ou os processos através dos quais são
executadas as ações de governo. Entretanto, não se trata de um conceito
relacionado somente ao Estado, mas envolve, como observa Santos (1997),
“padrões de articulação e cooperação entre atores sociais e políticos e arranjos
institucionais, que coordenam e regulam transações dentro e através das fronteiras
do sistema econômico”. A governança é um processo que não envolve apenas os
instrumentos políticos mais tradicionais, como partidos e grupos políticos, mas
também todo um conjunto de redes sociais e associações, englobando a sociedade
como um todo.
No caso das cidades-região, a governança é uma questão bastante
complexa. Klink e Santos (2004) observam que, nas cidades-região e regiões
metropolitanas, e conforme já verificado, ocorre uma grande densidade de
externalidades e de bens públicos. De forma proporcional a essa densidade,
aumenta a necessidade de uma ação coordenada nos limites de seu território,
objetivando a gestão desses fatores, uma vez que não podem ser equacionados por
meio de mecanismos de mercado.
É nas cidades-região, e mais particularmente nas grandes regiões
metropolitanas, que também se encontram atores e grupos de atores, econômicos,
públicos e privados, organizados em função de suas atividades e de seus objetivos.
Conforme observa Daniel (2003), há, no caso dos espaços públicos urbanos,
35
diferentes interesses que podem ser traduzidos em direitos, ou na pretensão de se
tornarem direitos. Dessa forma, os interesses entram em conflito, pois envolvem
uma competição pela apropriação de um mesmo espaço público. Para o autor, a
solução dos conflitos passa pela criação de outras esferas públicas não puramente
estatais, mas com a participação do governo e envolvendo os demais grupos de
interesses, para a realização de uma gestão democrática.
A questão da governança nesse caso assume a forma de um dilema da
ação coletiva, a necessidade de superar a idéia de que, ações que se revertam em
benefício de determinados grupos necessariamente resultem em prejuízo de outros.
Entretanto, a percepção da fragilidade do Estado na condução das
políticas públicas, o agravamento dos problemas sociais, que afligem sobremaneira
as cidades-região, e a ausência de soluções no nível local, provindas do mercado,
tem levado a sociedade civil a se organizar em torno de seus interesses, conforme
relatado por Dowbor (2006) no início deste tópico, com relação ao surgimento do
Terceiro Setor.
A organização da sociedade civil em torno do Estado e do mercado com a
intenção de participar do processo de governo é a característica principal dos
mecanismos de governança.
Não é propósito deste trabalho um aprofundamento quanto a modelos e
formas de governança. A contribuição esperada desta análise é demonstrar que, a
cidade-região organizada em torno de um sistema de governança que inclua de
forma democrática todos os setores da sociedade local, possui um sistema de
regulação local que contribui para a elevação de sua “rentabilidade social”
(FURTADO, 2002), ou de sua produtividade sistêmica.
2.6 UM QUADRO DE REFERÊNCIA TEÓRICO
O propósito do presente referencial conceitual foi a contextualização da
cidade-região como um fenômeno recente, porém de grande importância no atual
cenário global. Seu território e sua organização econômica e social estão sujeitos à
ação de forças de caráter exógeno, oriundas de um processo de globalização que
impõe uma determinada lógica de ocupação e apropriação do espaço e dos meios
36
econômicos destinados à inserção da cidade na economia globalizada, bem como
sujeitos a forças de caráter endógeno, a partir de uma proposta de desenvolvimento
local que possa gerar competitividade no mercado global, sem no entanto prescindir
das características econômicas e sociais exclusivas do território. Na relação entre o
global e o local, a cidade-região desempenha papel fundamental, como ponto nodal
da rede por onde circulam os fluxos financeiros e informacionais, mas também pela
percepção de seu território como um espaço de acumulação econômica. A cidade-
região passa a ser vista como um ator econômico relevante na economia mundial.
Em seguida, a cidade-região foi analisada sob aspectos econômicos e
sociais, principalmente no que se refere aos resultados de um processo de intensa
aglomeração de população e das atividades produtivas. A partir da contribuição de
diversos autores, como Storper (1997), Scott (1998) e Dowbor (2006), a cidade-
região foi contextualizada como um espaço de produção de externalidades. Embora
possam ter um caráter negativo quando se referem a efeitos das atividades
produtivas sobre os recursos naturais, como poluição e destruição do meio
ambiente, ou sobre populações, as externalidades, quando positivas, referem-se a
uma espécie de “capital cognitivo” produzido também como resultado não controlado
das atividades dos atores, mas que podem ser apropriadas sem custos e em
benefício de atores individualmente ou de toda a coletividade.
Pensar a cidade-região como um espaço de produção de externalidades
é um desafio de caráter multidisciplinar. Uma externalidade surge de uma atividade
produtiva, material ou intelectual, mas tem relação com o processo de produção da
referida atividade. Conforme observa Amaral Filho (2001),
é muito difícil, ou mesmo impossível, contabilizar a influência das economias externas sobre a função de produção e sobre a estrutura de custos de uma firma, mas diante da nova paisagem industrial achamos que fica cada vez mais constrangedor não admitir essa influência.
A presença das externalidades também coloca a questão segundo a qual
os fatores componentes da escala de produção de uma empresa podem ser
encontrados não apenas internamente, mas no ambiente externo a ela, em outras
empresas, ou mesmo disseminados no território.
37
No campo econômico, constituem um novo instrumento de análise
econômica e na conceituação das economias de aglomeração como sendo de
rendimentos crescentes (KRUGMAN, 1995).
Há ainda que se considerar a externalidade como um fator
geograficamente delimitado, pois exerce sua influência em um determinado território,
e contribui para criar fatores locacionais dinamicamente competitivos.
Portanto, a idéia da cidade-região como um espaço de produção de
externalidades implica no reconhecimento da necessidade de uma abordagem
multidisciplinar, contemplando as várias dimensões do problema sob ângulos
diversos de análise, pois as externalidades constituem uma questão econômica, ao
mesmo tempo em que representam um problema de gestão e podem envolver
relações sociais e mesmo conflitos.
Da mesma forma, a identificação da cidade-região como um espaço de
existência de um grande número de bens públicos conduz a uma nova abordagem
dos aspectos referentes à gestão, como a necessidade de reconhecimento de novos
instrumentos derivados da ação coletiva, como os mecanismos de governança.
O conjunto de contribuições teóricas relativas ao tema da cidade-região
constitui um quadro de referência teórico, que se insere no campo científico como
uma nova fronteira do conhecimento, pois não apenas aprofunda a discussão sobre
o fenômeno como revela que determinadas formas de pensamento não se adaptam
ou precisam ser redefinidas no referido contexto.
Entretanto, o fenômeno da cidade-região, concreto, materializado no
contexto econômico e social, pode, conforme visto neste capítulo, ser estudado sob
uma ótica diversa daquela preconizada pelo padrão tradicional de pensamento, em
que as relações econômicas e sociais são analisadas de uma forma que prescinde a
espacialidade, para uma visão na qual a percepção de importância e de identidade
da região ganham significado, em uma concepção teórica de Regionalidade.
De fato, as idéias desenvolvidas ao longo deste capítulo, como os
aspectos históricos relacionados ao processo de ruptura econômica e social
verificados a partir da década de 1970, induziram o surgimento de novos
fenômenos, como a reorganização dos modos de produção e acumulação
capitalista, a crise e busca de alternativas à matriz energética, a evolução para uma
economia baseada no conhecimento, a tecnologia, o questionamento do papel dos
Estados nacionais e a ascensão das cidades no cenário global.
38
O que se pretende é delimitar um quadro de referência teórico no qual
uma nova forma de cidade surge a partir da conjunção desses acontecimentos, e
que uma corrente do pensamento científico elabora um conjunto de contribuições
teóricas que ofereça suporte à idéia dessa cidade-região, conforme se pode verificar
no quadro 2.
Conceito de Cidade-região dimensões características
territorial Aglomerações com mais de um milhão de habitantes, englobando uma ou mais cidades.
econômica Economias de aglomeração, formas de organização produtiva baseadas em clusters e arranjos produtivos locais, inseridos nas cadeias e nos fluxos econômicos globais.
social Superação de dilemas de ação coletiva e evolução da gestão de um conceito de apenas governo para um conceito de governança, com participação da sociedade civil organizada e dos atores econômicos e institucionais.
espacial A aglomeração espacial proporciona um conjunto de inter-relações entre todos os atores, baseadas na produção de externalidades no espaço da cidade-região.
QUADRO 2 – Quadro de referência teórico do conceito de cidade-região.
Fonte: do autor.
39
3. METODOLOGIA
A metodologia utilizada em uma pesquisa é determinada, essencialmente,
pela natureza da ciência em estudo, e pelas questões básicas da pesquisa, aquilo
que se quer responder. No caso específico da presente pesquisa, pretende-se uma
investigação sobre como o tema relativo à gestão das cidades-região é tratado no
universo acadêmico do Brasil, especificamente na área das ciências sociais
aplicadas, com uma contribuição também da área de ciências humanas, no caso da
Geografia. Não há uma hipótese a comprovar. Trata-se de descrever a situação
encontrada, suas presumíveis causas, e fundamentalmente, suas conseqüências
percebidas, com a maior exatidão possível.
Para definir o processo a ser utilizado na pesquisa, pode-se conceituar a
metodologia como sendo o caminho do pensamento, e a prática com que se aborda
a realidade. Um método é uma série de regras, técnicas ou ferramentas, utilizadas
para tentar resolver um problema.
3.1 TIPO DA PESQUISA
As pesquisas podem ser classificadas com base em seus objetivos gerais.
Gil (2002) define três grandes grupos de pesquisas: as exploratórias, as descritivas e
as explicativas. Para os fins deste estudo, a opção pelo tipo a ser utilizado será a
pesquisa exploratória, porque permite ao pesquisador aumentar a sua experiência
em torno de um determinado problema, ou para levantar eventuais possíveis novos
problemas de pesquisa. Para Gil (2002), esse tipo de pesquisa tem como objetivo
tornar explícito um problema, aprimorar idéias ou descobrir intuições. Vergara (2005)
considera útil a realização de pesquisa exploratória em áreas nas quais ainda não
existe conhecimento acumulado ou sistematizado, e propõe dois critérios básicos
para a identificação do tipo da pesquisa:
a) quanto aos fins;
b) quanto aos meios de investigação.
Quanto aos fins, uma pesquisa pode ser classificada como:
40
a) exploratória;
b) descritiva;
c) explicativa;
d) metodológica;
e) aplicada;
f) intervencionista.
Já quanto aos meios de investigação, as pesquisas podem ser classificadas em:
a) pesquisa de campo;
b) pesquisa de laboratório;
c) documental;
d) bibliográfica;
e) experimental;
f) ex post facto;
g) participante;
h) pesquisa-ação;
i) estudo de caso.
Embora a literatura sobre as questões regionais tenha crescido nas
últimas décadas, as análises sobre a cidade-região e as dificuldades de
conceituação resultantes de seu aspecto multidisciplinar, indicaram a pesquisa
exploratória como sendo adequada para o tratamento do tema. Essa convicção se
reforçou quando se verificou que os conceitos teóricos são ainda bastante recentes.
O estudo exploratório também se revelou adequado para a pesquisa em questão
pelo fato de ser uma investigação não baseada no estabelecimento prévio de
hipóteses, mas que estas pudessem ser elaboradas como um resultado possível do
estudo.
Quanto aos meios de investigação, a pesquisa utilizou o método
documental. Todo o quadro referencial teórico foi elaborado a partir de uma
investigação bibliográfica, a partir da análise dos aspectos econômicos e sociais
envolvidos na formação das cidades-região e como estão sendo debatidos por
economistas, administradores, planejadores urbanos, geógrafos e outros cientistas
sociais, caracterizando um conjunto de indicadores dos processos que podem
resultar numa contribuição ao entendimento do processo de gestão de uma cidade-
região. As fontes bibliográficas foram livros, teses e dissertações, além de artigos
41
publicados em revistas especializadas ou em bases eletrônicas de dados. Como se
tratou de uma pesquisa documental, pois a investigação abordou documentos
relativos aos programas de pós-graduação na área das ciências sociais aplicadas e
da Geografia, como o conteúdo dos cursos ou trabalhos de núcleos de pesquisas,
ou outros documentos que porventura puderam contribuir para a compreensão e
elucidação do problema.
Quanto à natureza, a pesquisa teve um caráter qualitativo. De acordo com
Vieira (2004), a pesquisa qualitativa “pode ser definida como a que se fundamenta
principalmente em análises qualitativas, caracterizando-se, em princípio, pela não
utilização de instrumental estatístico na análise dos dados”. Entretanto, convém
esclarecer que a não utilização de técnicas estatísticas não significa que as análises
qualitativas permaneçam apenas no campo das especulações subjetivas. Esse tipo
de análise se baseia em conhecimentos teóricos e empíricos que permitem atribuir-
lhe cientificidade, contendo uma lógica e uma coerência de argumentação, ainda
que não baseadas em relações estatísticas entre variáveis.
No presente estudo, o que se pretendeu foi comparar a informação
coletada com um quadro de referência teórico, obtendo uma indicação do alcance
do debate sobre a questão da gestão das cidades-região no meio acadêmico
brasileiro.
3.2 AMOSTRA E SUJEITOS DA PESQUISA
De acordo com os objetivos do trabalho, o universo da pesquisa
compreendeu o conjunto dos programas de pós-graduação “stricto sensu”, no âmbito
da Universidade brasileira. Isto significou um total de 176 programas, envolvendo as
áreas de Administração, Economia e Planejamento Urbano e Regional, nas ciências
sociais aplicadas, e a Geografia, nas ciências humanas.
No caso específico desta pesquisa, não houve a necessidade de seleção
de uma amostra, sendo considerado para efeito da coleta de dados todo o universo.
Tal procedimento se justificou pela possibilidade de realizar a investigação do
conteúdo dos 176 programas nas áreas citadas.
42
3.3 PROCEDIMENTOS PARA A COLETA DE DADOS
O objetivo da coleta de dados é proceder à sua categorização, o que
consiste na sua organização de forma que seja possível tomar decisões e interpretá-
los. No presente estudo, o meio escolhido para obtenção de dados foi o
procedimento documental, a leitura e interpretação de documentos.
A principal fonte para obtenção dos documentos foi a Internet. A pesquisa
no endereço eletrônico da CAPES conferiu confiabilidade aos dados obtidos, por se
tratarem de informações oficiais, dados referentes a 2004.
O procedimento adotado foi o acesso ao endereço eletrônico da CAPES
na Internet, obtendo-se a relação dos cursos das áreas objeto da pesquisa no link
“relação de cursos”. Com essa relação, foi possível acessar, em cada um, o conjunto
de documentos que compõem as informações para a CAPES. Um desses
documentos corresponde à descrição das linhas de pesquisa, que foram os
primeiros documentos pesquisados. A partir das informações obtidas nas linhas de
pesquisa, o passo seguinte foi o aprofundamento da pesquisa nos documentos
relativos a teses, dissertações e projetos de pesquisa nos quais foram identificados
os temas pesquisados. Identificadas essas teses, dissertações e projetos contendo
dados úteis à pesquisa, o procedimento seguinte foi buscar, também via Internet,
nos endereços eletrônicos de cada Universidade, referidos documentos para a
leitura e análise.
Com relação ao tipo de dados a serem coletados nos diversos
documentos, foram escolhidos mediante um processo de identificação de categorias
a serem pesquisadas. Considerando que o trabalho se refere à problemática da
gestão das cidades-região, optou-se pela escolha de temas que, identificados nas
linhas e projetos de pesquisa, levassem a uma investigação mais detalhada
daqueles documentos contendo as referências, para a finalidade da interpretação
mediante a análise de conteúdo.
Dessa forma, foram estabelecidas as categorias de dados a serem
investigados nos documentos conforme o quadro 3. Como a utilização de
determinados termos nas diversas áreas é variada, mesmo tratando-se de
fenômenos semelhantes, alguns outros termos com significado próximo também
foram colocados como categorias de dados, a fim de evitar que conteúdos
43
relevantes para o entendimento do problema de pesquisa deixassem de ser
pesquisados.
Tema Categorias de dados
Cidades-região
Cidades-região
Regiões Metropolitanas
Grandes cidades
Economias de aglomeração
Arranjos Produtivos Locais
Clusters
Sistemas de Inovação Local
Externalidades
Desenvolvimento Econômico
Local
Desenv. Econômico Local
Desenv. local sustentável
Desenv. local integrado
Bens públicos Bens Públicos
Bens de uso comum
Governança Governança
Arranjos institucionais
Quadro 3 -Temas e categorias de dados da pesquisa
Fonte: do autor
3.4 PROCEDIMENTO PARA ANÁLISE DE RESULTADOS
A análise dos resultados supõe a interpretação dos dados obtidos na
pesquisa. No caso deste trabalho, de delineamento documental, a técnica a ser
empregada será a análise de conteúdo. Godoy (1995) ressalta a diversificação da
utilização desse método na Administração, em pesquisas de caráter documental.
Também Gil (2002) assinala que essa técnica possibilita a descrição do conteúdo
manifesto e latente de uma determinada comunicação. Vergara (2005) considera a
análise de conteúdo “uma técnica de tratamento de dados que visa identificar o que
está sendo dito a respeito de um determinado tema”. Bardin (2004), compreende a
análise de conteúdo como um conjunto metodológico de análise do discurso.
44
Gil (2002) descreve o desenvolvimento da técnica em três fases:
1. a pré-análise, onde se procede à escolha dos documentos, o que no caso em
questão está definido como sendo os documentos relativos aos programas de pós-
graduação constantes do endereço eletrônico da CAPES, bem como outros
documentos dos cursos que possam oferecer contribuição relevante, nos seus
respectivos endereços eletrônicos;
2. exploração do material, que envolve a escolha das unidades, a enumeração e a
classificação;
3. o tratamento, inferência e interpretação dos dados. Franco (2003) define a
inferência como “um procedimento intermediário que permite a passagem explícita e
controlada, da descrição à interpretação”.
Bardin (2004) afirma que “enquanto esforço de interpretação, a análise de
conteúdo oscila entre dois pólos, do rigor da objetividade à fecundidade da
subjetividade”. Trata-se de um instrumental de análise que pode ser bastante
adequado a este estudo, em razão da necessidade de extrair a informação latente
existente na gama multidisciplinar de conhecimentos que envolvem o conceito de
Regionalidade. No caso, a análise foi amparada em procedimentos qualitativos. O
interesse da pesquisa está em focalizar o que é significativo e relevante para a
compreensão da relação entre a comunicação e o referencial teórico, o que significa
extrair do texto peculiaridades e relações que não necessariamente sejam
freqüentes no texto. Os resultados obtidos foram confrontados com a teoria que dá
suporte à investigação, o que permitiu formular as conclusões da pesquisa.
No caso do presente trabalho, o processo de análise de conteúdo foi
elaborado da seguinte forma:
1. primeiramente foram verificadas todas as linhas de pesquisa referentes aos
programas delimitados como universo da pesquisa. Uma vez identificados os termos
elencados para a pesquisa, as referidas linhas foram selecionadas para a segunda
etapa da análise;
2. na segunda etapa, cada linha de pesquisa que continha em seu título algum dos
termos relativos aos temas investigados foi verificada quanto à descrição de seu
objeto de pesquisa. Nessa etapa houve o trabalho de interpretação dos dados, uma
vez que a identificação de um tema, por exemplo, arranjos produtivos, tornaram
necessária uma análise sobre se a forma como o conceito estava sendo aplicado era
condizente com o que foi definido acerca do tema no referencial conceitual;
45
3. Muitas vezes a simples descrição das linhas de pesquisa não foi suficiente para
permitir a interpretação dos termos encontrados. Dessa maneira, foi necessário
verificar o conjunto dos projetos de pesquisa dentro daquela linha, e ainda em
determinados casos observar também a utilização dos temas e a aplicação dos
termos nos trabalhos produzidos, para que os termos encontrados pudessem ter a
sua interpretação segundo o referencial conceitual, para a sua correta utilização no
trabalho.
Assim, o método de análise de conteúdo pode ser aplicado a uma
pesquisa de caráter documental, uma vez que a natureza dos documentos,
descrições oficiais dos conteúdos dos programas de pós-graduação, podem ser
considerados uma forma de comunicação escrita.
46
4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
O presente capítulo tem por finalidade apresentar os resultados obtidos
da investigação, bem como proporcionar a discussão desses resultados diante do
quadro referencial apresentado no capítulo 2. A investigação se concentrou na
grande área de ciências sociais aplicadas, nas áreas de Administração, Economia e
Planejamento Urbano e Regional. Da grande área das ciências humanas, a
Geografia foi também pesquisada, principalmente porque a Geografia Econômica
vem discutindo a questão do espaço e da localização das atividades econômicas. A
tabela 1 apresenta o total dos programas de pós-graduação stricto sensu
pesquisados, por área:
Tabela 1 – Universo da pesquisa: total dos cursos
Área Qtde. de cursos
Administração 77
Economia 48
Planejamento
Urbano e Regional 18
Geografia 33
Total 176
FONTE: www.capes.gov.br
Os dados estão apresentados por área, de forma que se tenha uma visão
particular de cada caso, e em seguida uma discussão de todos os aspectos
relacionados aos resultados gerais da investigação.
4.1 RESULTADOS NA ÁREA DE ADMINISTRAÇÃO
O quadro 4 apresenta os cursos que foram objeto de pesquisa na área de
Administração. Nessa área a pesquisa demonstrou que o tema referente à gestão
47
das cidades-região, com a busca em todas as categorias de dados selecionadas, é
praticamente inexistente.
GRANDE ÁREA: CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
ÁREA: ADMINISTRAÇÃO
PROGRAMA PROGRAMA IES UF
M D F
ADMINISTRAÇÃO UFBA BA 5 5 -
ADMINISTRAÇÃO UFBA BA - - 5
ADMINISTRAÇÃO FUNECE CE 3 - -
ADMINISTRAÇÃO UNB DF 4 4 -
ADMINISTRAÇÃO UFES ES 3 - -
ADMINISTRAÇÃO UFMG MG 5 5 -
ADMINISTRAÇÃO UFV MG 3 - -
ADMINISTRAÇÃO UFLA MG 4 4 -
ADMINISTRAÇÃO UFU MG 3 - -
ADMINISTRAÇÃO PUC/MG MG - - 4
ADMINISTRAÇÃO FEAD MG - - 3
ADMINISTRAÇÃO FPL MG - - 3
ADMINISTRAÇÃO FNH MG 3 - -
ADMINISTRAÇÃO UFPB/J.P. PB 3 - -
ADMINISTRAÇÃO UFPE PE 5 5 -
ADMINISTRAÇÃO UFPR PR 5 4 -
ADMINISTRAÇÃO PUC/PR PR 5 4 -
ADMINISTRAÇÃO UNICENP PR 3 - -
ADMINISTRAÇÃO UFRJ RJ 5 5 -
ADMINISTRAÇÃO FGV/RJ RJ 5 5 -
ADMINISTRAÇÃO FGV/RJ RJ - - 5
ADMINISTRAÇÃO IBMEC RJ - - 4
ADMINISTRAÇÃO UFRN RN 4 4 -
ADMINISTRAÇÃO UFRGS RS 6 6 -
ADMINISTRAÇÃO UFRGS RS - - 5
ADMINISTRAÇÃO UFSM RS 3 - -
ADMINISTRAÇÃO UNISINOS RS 4 - -
ADMINISTRAÇÃO UCS RS 3 - -
ADMINISTRAÇÃO UFSC SC 3 - -
ADMINISTRAÇÃO UDESC SC - - 3
ADMINISTRAÇÃO UNIVALI SC 3 - -
ADMINISTRAÇÃO FURB SC 3 - -
ADMINISTRAÇÃO USP SP 6 6 -
ADMINISTRAÇÃO PUC/SP SP 4 - -
ADMINISTRAÇÃO UNIMEP SP - - 3
ADMINISTRAÇÃO UMESP SP 3 - -
ADMINISTRAÇÃO UNIP SP 3 - -
ADMINISTRAÇÃO UNINOVE SP - - 3
ADMINISTRAÇÃO IMES SP 3 - -
ADMINISTRAÇÃO UNISAL SP 3 - -
ADMINISTRAÇÃO - UEM/UEL UEM PR 3 - -
ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS UFC CE - - 3
ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS UNIFOR CE 3 - -
ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS PUC-RIO RJ 5 5 -
ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS PUC-RIO RJ - - 5
ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS FGV/SP SP 6 6 -
ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS FGV/SP SP - - 5
ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS UPM SP 5 4 -
ADMINISTRAÇÃO DE ORGANIZAÇÕES USP/RP SP 3 - -
ADMINISTRAÇÃO E DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL UNESA RJ - - 3
48
ADMINISTRAÇÃO E DESENVOLVIMENTO RURAL UFRPE PE 3 - -
ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PUC/RS RS - - 4
ADMINISTRAÇÃO E NEGÓCIOS PUC/RS RS 4 - -
ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA UNIFACS BA 3 - -
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FJP MG 3 - -
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E GOVERNO FGV/SP SP 4 4 -
ATUÁRIA PUC-RIO RJ 3 - -
CIÊNCIAS CONTÁBEIS UNB DF 4 4 -
CIÊNCIAS CONTÁBEIS FUCAPE ES - - 3
CIÊNCIAS CONTÁBEIS UFRJ RJ 3 - -
CIÊNCIAS CONTÁBEIS UNISINOS RS 3 - -
CIÊNCIAS CONTÁBEIS FURB SC 3 - -
CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ATUARIAIS PUC/SP SP 4 - -
CONTABILIDADE UFPR PR 3 - -
CONTABILIDADE UFSC SC 3 - -
CONTROLADORIA UFC CE - - 3
CONTROLADORIA E CONTABILIDADE USP SP 5 5 -
CONTROLADORIA E CONTABILIDADE USP/RP SP 3 - -
CONTROLADORIA E CONTABILIDADE ESTRATÉGICA UniFECAP SP 3 - -
GESTÃO DE NEGÓCIOS UNISANTOS SP 3 - -
GESTÃO DO DESENVOLVIMENTO LOCAL SUSTENTÁVEL FESP/UPE PE - - 3
GESTÃO E ESTRATÉGIA EM NEGÓCIOS UFRRJ RJ - - 3
GESTÃO SOCIAL E TRABALHO UNB DF - - 4
Quadro 4 – Progamas de pós-graduação stricto sensu na área de Administração M - Mestrado Acadêmico, D - Doutorado, F - Mestrado Profissional Fonte: www.capes.gov.br
Não há uma única linha de pesquisa entre os 77 programas de pós-
graduação stricto sensu que apresente como objeto de pesquisa a cidade-região ou
a região metropolitana, e mesmo qualquer referência às cidades. Dentre as linhas de
pesquisa nessa área, que totalizam 174, o tema referente ao desenvolvimento
regional foi encontrado em apenas três, e referente a governança, num sentido mais
amplo que a governança corporativa, em apenas uma linha, além de outras quatro
linhas relacionadas a gestão pública e regiões metropolitanas. A partir da pesquisa,
foram selecionados para análise aquelas linhas que se relacionavam, de alguma
forma, com os temas elencados como categorias de dados. O resultado encontra-se
no quadro 5.
A linha de pesquisa intitulada “Poderes Locais, Organizações e Gestão”,
da Universidade Federal da Bahia, UFBA, tem como objetivo o estudo das
organizações e interorganizações de diferentes escalas, como espaços políticos e
simbólicos, como espaços de ação e produção individual e coletiva, e como espaços
de gestão9. Seu principal foco está na análise dos poderes locais como ponto de
partida para estratégias de desenvolvimento fundamentadas em práticas solidárias e
9 Os dados referentes à linha de pesquisa foram retirados de www.ufba.br
49
cooperação. Embora seja um processo que se verificou necessário na formulação de
estruturas de governança, não foram identificados trabalhos relacionados a cidades
do porte das cidades-região, nas quais as cidades apareçam como atores relevantes
na consolidação das estruturas de poder local. Os estudos abrangem principalmente
a gestão do desenvolvimento social, como foco na capacidade de articulação no
nível local. Embora não haja um foco específico na questão da cidade, a
contribuição teórica dessa linha de pesquisa assume um caráter relevante, uma vez
que pode contribuir para a compreensão de questões como a ação coletiva.
Instituição Linha de pesquisa
UFBA Poderes Locais, Organizações e Gestão
UFLA Gestão Social, Ambiente e Desenvolvimento
FPL Gestão de Políticas Públicas e Desenv.Regional
UFRN Políticas Públicas e Governança
UDESC Gestão Pública, Terceiro Setor e
Responsabilidade Social
Gestão Social
IMES Gestão para o Desenvolvimento da
Regionalidade
UNIFACS Gestão Estratégica e Desenvolvimento Regional
FGV-SP Centro de Estudos da Metrópole
Quadro 5 – Linhas de Pesquisa relacionadas à temática do trabalho na área
de Administração.
Fonte: www.capes.gov.br
A linha de pesquisa intitulada “Gestão Social, Ambiente e
Desenvolvimento”, da Universidade Federal de Lavras, UFLA, parte de uma
concepção ampliada de gestão com foco nas coletividades organizadas, rurais ou
urbanas, sob o efeito de um processo de transformações sociais e econômicas.
Entretanto, em pesquisa à produção acadêmica do programa, verificou-se um foco
em cadeias produtivas e arranjos produtivos locais, em seus aspectos
organizacionais e sem relação com as cidades.
Já a linha das Faculdades Pedro Leopoldo, FPL, de Minas Gerais,
intitulada “Gestão de Políticas Públicas e Desenvolvimento Regional”, analisa a
50
administração pública tendo em vista um melhor desempenho nas atividades
governamentais e melhor prestação de serviços públicos. Uma pesquisa na
produção acadêmica não encontrou trabalhos relacionados a cidades. Na produção
acadêmica da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, também não foram
encontrados trabalhos relacionados às cidades. Já nas linhas de pesquisa da
Universidade do Estado de Santa Catarina, UDESC, foram encontrados trabalhos
relativos a diagnósticos de capital social e de organizações sociais em cidades do
estado, como São Joaquim e Concórdia, com o intuito de criar condições para a
promoção do desenvolvimento local.
No caso da Universidade Municipal de São Caetano do Sul, IMES , o
desenvolvimento do conceito de Regionalidade está amparado na experiência da
região do Grande ABC Paulista em processos de articulação regional, sendo todo o
ABC considerado uma cidade-região, nos moldes do referencial conceitual
elaborado.
Já o programa de pós-graduação da Universidade de Salvador,
UNIFACS, está voltado para a questão da inovação e da competitividade de arranjos
produtivos. Entretanto, a linha de pós-graduação em desenvolvimento regional e
urbano tem como foco a gestão de cidades numa perspectiva de desenvolvimento
de políticas regionais.
O programa do Centro de Estudos da Metrópole, da Fundação Getúlio
Vargas, FGV/SP, em parceria com outras entidades, pretende compreender, em
suas várias dimensões, os processos de transformação por que passam cidades
como São Paulo. O projeto tem por base a perspectiva de uma abordagem
multidisciplinar da questão metropolitana, porém bastante voltada para a análise de
questões relativas aos problemas sociais que afligem a cidade de São Paulo.
Verifica-se, na área da Administração, embora não haja menção explícita
ao tema em nenhuma das linhas de pesquisa, que o foco nas questões regionais se
concentra na análise de clusters e arranjos produtivos locais. Entretanto, as análises
se concentram nos aspectos organizacionais, nas relações e na busca de
competitividade a partir de fatores internos à aglomeração. As questões relativas ao
espaço relacionam-se à localização ou à inserção em cadeias produtivas. Ainda que
inseridos num contexto regional, verifica-se a falta de uma visão sistêmica, que
relacione as aglomerações ao ambiente urbano no qual as interações entre referidas
aglomerações e os demais atores locais possam resultar, como se viu no referencial
51
conceitual, na cidade-região como um sistema econômico aberto, que se relaciona
com as escalas regional, nacional e global, num espaço de produção de
externalidades e bens públicos.
A questão principal é que, no caso do enfoque nos arranjos produtivos
locais, bem como de modo geral na área de Administração, a pesquisa e a geração
de conhecimento ocorrem sob a ótica de um padrão mais tradicional de análise
organizacional. No contexto do arcabouço teórico da cidade-região, os arranjos
produtivos aparecem como atores importantes no processo de desenvolvimento
local, principalmente, como observa Llorens (2001), pela qualidade das interações e
do que ele denomina entorno inovador. Ou seja, os arranjos produtivos também são
produtores de externalidades. Storper (1997) vai ainda mais além na visão sistêmica,
considerando as aglomerações, ou arranjos produtivos locais, como elementos de
um sistema regional, ou mundo regional de produção, que mantém um estoque de
ativos relacionais, ou o que ele denomina capital relacional, principal fonte de
competitividade e de identificação da região.
Portanto, os resultados da pesquisa na área de Administração
demonstram a inexistência da cidade-região como um fenômeno observável, e
mesmo tomando-se de forma isolada componentes do que se consolidou como um
quadro referencial teórico, percebe-se que a visão proposta não encontra
identificação nas linhas de pesquisa existentes, que são construídas no contexto de
uma visão mais tradicional do conhecimento na área de Administração.
52
4.2 RESULTADOS NA ÁREA DE ECONOMIA
Na área de Economia, foram analisados 48 programas de pós-graduação
stricto sensu, e foram encontradas duas linhas fazendo referência às cidades,
Crescimento de Cidades e Planejamento de Cidades, da UCB, Universidade
Católica de Brasília, entretanto com uma abordagem fora do arcabouço teórico
referente à cidade-região. O quadro 6 apresenta a relação dos cursos autorizados
pela CAPES na área de Economia.
GRANDE ÁREA: CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
ÁREA: ECONOMIA
PROGRAMA PROGRAMA IES UF
M D F
AGRONEGÓCIOS E DESENVOLVIMENTO REGIONAL UFMT MT 3 - - CIÊNCIA ECONÔMICA UNICAMP SP 5 5 - CIÊNCIAS (ECONOMIA APLICADA) USP/ESALQ SP 5 5 - CIÊNCIAS ECONÔMICAS UERJ RJ 3 - - DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO UFPR PR 4 4 - DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO UFPR PR - - 4 DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO UNICAMP SP 5 4 - DESENVOLVIMENTO REGIONAL E GESTÃO DE EMPREENDIMENTOS LOCAIS
FUFSE SE - - 3
ECONOMIA UFBA BA 3 - - ECONOMIA UFC CE 5 5 - ECONOMIA UFC CE - - 5 ECONOMIA UNB DF 5 5 - ECONOMIA UNB DF - - 5 ECONOMIA UCB DF 4 4 - ECONOMIA UFES ES 3 - - ECONOMIA UFMG MG 6 6 - ECONOMIA UFV MG 3 - - ECONOMIA UFU MG 4 - - ECONOMIA UFPA PA 3 - - ECONOMIA UNAMA PA 3 - - ECONOMIA UFPB/J.P. PB 3 - - ECONOMIA UFPE PE 5 5 - ECONOMIA UFPE PE - - 5 ECONOMIA UEM PR 4 - - ECONOMIA UFF RJ 5 5 - ECONOMIA PUC-RIO RJ 6 6 - ECONOMIA FGV/RJ RJ 7 7 - ECONOMIA FGV/RJ RJ - - 5 ECONOMIA IBMEC RJ - - 5 ECONOMIA UFRN RN 3 - - ECONOMIA UFRGS RS 5 5 - ECONOMIA UFRGS RS - - 5 ECONOMIA PUC/RS RS 4 - - ECONOMIA UNISINOS RS 3 - - ECONOMIA UFSC SC 3 - - ECONOMIA USP SP 6 6 - ECONOMIA USP/RP SP 3 - -
53
ECONOMIA UNESP/ARAR SP 4 - - ECONOMIA PUC/SP SP 4 - - ECONOMIA - SP IBMEC-SP SP - - 3 ECONOMIA APLICADA UFV MG 4 4 - ECONOMIA APLICADA UFJF MG 3 - - ECONOMIA DA INDÚSTRIA E DA TECNOLOGIA UFRJ RJ 5 5 - ECONOMIA DE EMPRESAS FEAD MG - - 3 ECONOMIA DE EMPRESAS FGV/SP SP 4 4 - ECONOMIA DE EMPRESAS FGV/SP SP - - 4 ECONOMIA E GESTÃO EMPRESARIAL SBI RJ - - 4 ECONOMIA RURAL UFC CE 3 - -
Quadro 6 – Programas de pós-graduação stricto sensu na área de Economia M - Mestrado Acadêmico, D - Doutorado, F - Mestrado Profissional Fonte: www.capes.gov.br
Na área econômica, a análise dos trabalhos permite identificar a seguinte
situação: verifica-se a incidência de questões relacionadas ao desenvolvimento
econômico regional. O quadro 7 apresenta as linhas de pesquisa identificadas com o
tema:
Instituição Linha de Pesquisa
PUC/RS Desenvolvimento Regional
PUC/SP Economia Regional, Agricultura e Meio Ambiente
UCB Planejamento de Cidades
UEM Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente
UFBA Integração e Desenvolvimento Regional e Urbano
UFC Crescimento e Desenvolvimento Econômico e
Regional
UFMG Economia Regional e Urbana
UFPE Economia Regional e Urbana
UFPR Economia Regional e Urbana
UFU Economia e Diversidades Regionais
UNAMA Políticas e Estratégias de Desenvolvimento Regional
UNICAMP Economia Regional
Gestão e Planejamento Urbano
USP Economia Regional e Urbana
USP/ESALQ Economia Urbana, Rural e Regional
Quadro 7 – Linhas de pesquisa relativas à temática do trabalho na área de Economia Fonte: www.capes.gov.br
54
Novamente se verifica, como na área de Administração, um grande
número de programas voltados para a análise de arranjos produtivos locais, clusters,
ou demais formas de aglomerações produtivas. Entretanto, a grande maioria das
abordagens a esses temas está focalizada em municípios do interior ou em áreas
rurais, em cadeias agroindustriais.
A Universidade Federal de Minas Gerais, UFMG, possui uma linha de
pesquisa denominada Economia Regional e Urbana. Nessa linha foi identificado um
projeto de pesquisa que busca trabalhar a dinâmica urbana nas regiões
metropolitanas brasileiras. Dentre os projetos de pesquisa desenvolvidos por essa
Universidade pode-se destacar o CEDEPLAR, Centro de Desenvolvimento e
Planejamento Regional, voltado para estudos em Economia Regional e Urbana e
Demografia. Esse Centro de Estudos desempenha suas atividades de pesquisa
com o objetivo de efetuar uma análise locacional do desenvolvimento regional e da
organização do espaço urbano, particularmente relacionada às economias de
aglomeração. Desenvolve projetos de pesquisa com vistas à formulação de políticas
de desenvolvimento regional e de organização do território, e a análise dos fatores
aglomerativos e desaglomerativos das regiões metropolitanas brasileiras, com
inferências sobre suas vantagens e competitividade.
Um dos projetos desenvolvidos pelo CEDEPLAR refere-se às
perspectivas de desenvolvimento urbano para Belo Horizonte no século XXI. Visa
preparar a região metropolitana para os desafios econômicos e sociais que se
apresentarão no decorrer dos próximos anos. A base teórica sobre a qual se
fundamenta o trabalho é bastante aderente ao referencial conceitual apresentado no
capítulo 2. A região metropolitana é vista sob a perspectiva de uma economia de
aglomeração cuja inserção na economia global se dará pela transformação em uma
economia de conhecimento e aprendizado coletivo, na linha de pensamento
defendida por Storper (1997). A produção e o acúmulo de conhecimento e inovação
depende, no entanto, da capacidade de articulação entre os atores locais, e a
competitividade da região é o resultado de um complexo arranjo de inter-relações e
pordução de capital cognitivo e social, num conceito próximo ao de
interdependências não comercializáveis, de Storper (1997), que também se
aproxima da questão das externalidades positivas abordadas no referencial. Trata-se
de um trabalho cuja base teórica se situa muito próxima do arcabouço utilizado para
conceituar a cidade-região.
55
Também a linha de pesquisa da UEM, Universidade Estadual de Maringá,
intitulada Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente, se propõe a discutir as
teorias sobre o desenvolvimento regional diante de um contexto nacional e
internacional, dando suporte à implementação para políticas locais de
desenvolvimento econômico. Faz uma avaliação das novas abordagens sobre o
desenvolvimento regional frente à possibilidade de um novo paradigma. Dessa
forma, aborda a conceituação de região, as teorias clássicas do desenvolvimento
regional, e estabelece um foco no que denomina o novo debate regional. Trabalha
as questões referentes a distritos industriais, arranjos e sistemas produtivos locais,
redes, relações e dicotomia entre global e local, e sistemas de inovação, na
perspectiva da possibilidade de um novo paradigma, do desenvolvimento endógeno.
As demais linhas de pesquisa, embora se dediquem aos temas da
economia e desenvolvimento regional, o fazem focando aspectos particulares ou
ainda tratando a questão regional a partir das teorias tradicionais acerca do
desenvolvimento econômico.
Portanto, também na área de Economia os resultados da pesquisa
indicam uma escassez de estudos acerca das cidades-região, e a análise sobre os
fatores que podem explicar essa ausência do tema será melhor delineada no tópico
sobre a discussão dos resultados.
56
4.3 RESULTADOS NA ÁREA DE PLANEJAMENTO URBANO E REGIONAL
Na área de Planejamento Urbano e Regional, foram analisados 18
programas de pós-graduação stricto sensu, conforme o Quadro 8. Um único
programa faz referência explícita às cidades, o programa intitulado “Planejamento
Regional e Gestão de Cidades”, da Sociedade Brasileira de Instrução, SBI, de
Campos dos Goytacazes (RJ).
GRANDE ÁREA: CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS ÁREA: PLANEJAMENTO URBANO E REGIONAL
PROGRAMA PROGRAMA IES UF
M D F
DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE URBANO UNAMA PA 3 - - DESENVOLVIMENTO E PLANEJAMENTO TERRITORIAL UCGO GO 3 - - DESENVOLVIMENTO REGIONAL UNISC RS 4 4 - DESENVOLVIMENTO REGIONAL FURB SC 3 - - DESENVOLVIMENTO REGIONAL UNC SC 3 - - DESENVOLVIMENTO REGIONAL E AGRONEGÓCIO UNIOESTE PR 3 - - DESENVOLVIMENTO REGIONAL E URBANO UNIFACS BA 4 4 - DESENVOLVIMENTO URBANO UFPE PE 5 5 - ESTUDOS POPULACIONAIS E PESQUISAS SOCIAIS ENCE RJ 4 - - GESTÃO URBANA PUC/PR PR 3 - - MESTRADO INTEGRADO EM DESENVOLVIMENTO REGIONAL
UNIFAP AP 3 - -
PLANEJAMENTO AMBIENTAL UCSAL BA - - 3 PLANEJAMENTO REGIONAL E GESTÃO DE CIDADES SBI RJ - - 3 PLANEJAMENTO TERRITORIAL E DESENVOLVIMENTO SOCIAL
UCSAL BA 4 - -
PLANEJAMENTO TERRITORIAL E DESENVOLVIMENTO SÓCIO-AMBIENTAL
UDESC SC - - 3
PLANEJAMENTO URBANO E REGIONAL UFRJ RJ 6 6 - PLANEJAMENTO URBANO E REGIONAL UFRGS RS 5 4 - PLANEJAMENTO URBANO E REGIONAL UNIVAP SP 3 - -
Quadro 8 – Programas de Pós-graduação stricto sensu na área de Planejamento Urbano e Regional M - Mestrado Acadêmico, D - Doutorado, F - Mestrado Profissional Fonte: www.capes.gov.br
Assim como nas outras áreas verificadas, o tema referente à gestão das
cidades-região permanece à margem do conhecimento produzido na área, pois os
aspectos relativos à gestão, quando abordados, não tratam a cidade numa
dimensão global, atendo-se a aspectos relacionados muito mais à gestão pública e à
administração municipal. Entretanto, alguns programas tratam a questão do
desenvolvimento regional e urbano. O quadro 9 apresenta uma relação de
57
programas que, após a análise do conteúdo, resultaram como contribuições para o
desenvolvimento da pesquisa.
Instituição Linhas de pesquisa
SBI Desenvolvimento Regional
Gestão de Cidades
UNIFACS Processo de Desenvolvimento Regional
Planejamento e Gestão Urbana
Processos Urbanos Regionais
UFPE Planejamento e Gestão Urbana
UFPR Planejamento e Gestão Urbana
Governança e Redes Urbanas
Planejamento Urbano e Regional
Sustentabilidade Urbana
UFRJ Planejamento e Estruturação Urbana e
Regional
Planejamento, Meio Ambiente e
Tecnologia
QUADRO 9 – Linhas de pesquisa relacionadas à temática do trabalho,
na área de Planejamento Urbano e Regional.
Fonte: www.capes.gov.br
O programa de Desenvolvimento Regional e Urbano, da Universidade da
Cidade de Salvador, UNIFACS, possui uma área de concentração intitulada
Desenvolvimento Regional, na qual as linhas de pesquisa buscam analisar aspectos
relativos à formação de novas regiões e à economia regional. Uma outra área de
concentração, Desenvolvimento Urbano e Redes de Cidades, analisa os processos
de produção e transformação de cidades de grande e médio porte e o seu
significado na estruturação de novas regiões. Uma outra linha de pesquisa, intitulada
Planejamento e Gestão Urbana, abrange questões referentes à cidade, ao
planejamento e à gestão urbana, sob a ótica das transformações que ocorreram nas
cidades, vistas tanto sob um contexto global quanto sob um contexto local, em
58
decorrência da globalização e da reestruturação produtiva. Também aborda a
questão das cidades mundiais e redes globais de cidades. Embora não adote o
termo cidade-região, o processo de aglomeração em torno de um núcleo urbano,
fomentando o desenvolvimento do entorno territorial, constitui um conceito próximo
ao da cidade-região, principalmente consideradas a questão da inserção nas redes
globais. Com relação ao processo de gestão das cidades, o programa trata de
descentralização político-administrativa, gestão compartilhada e empreendedorismo
no planejamento e gestão das cidades, aproximando-se muito dos conceitos de
governança e regulação local. Embora não haja referência a uma abordagem
sistêmica da cidade, trata-se de um programa com conteúdo que se aproxima do
referencial apresentado.
O programa de Gestão Urbana, da Universidade Federal do Paraná,
UFPR, trata em suas linhas de pesquisa das questões relativas à governança e
redes urbanas, e ao planejamento urbano e regional. O foco se concentra nas
relações entre redes urbanas de tecnologia e infra-estruturas e as redes sociais,
num processo que leva ao surgimento de governança. Também há uma linha de
pesquisa destinada ao estudo da sustentabilidade urbana, a partir de uma gestão e
um planejamento que consideram a possibilidade de exaustão dos recursos naturais
disponíveis no território.
O programa Planejamento Regional e Gestão de Cidades, da instituição
SBI, apresenta uma linha de pesquisa voltada para a gestão das cidades.
Entretanto, a linha é voltada para práticas gerenciais acerca do controle de uso do
solo, à gestão de serviços públicos e à cooperação entre os setores público e
privado. Trata-se de um foco em questões específicas, e também não contempla a
cidade como um sistema, nem aborda questões relativas a cidades-região.
Já na Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ, o programa
Planejamento Urbano e Regional contempla duas linhas de pesquisa, Planejamento
e Estruturação Urbana e Regional e Planejamento, Meio Ambiente e Tecnologia.
São linhas que situam o espaço urbano no contexto de um processo de redefinição
de lugares e das relações inter-escalares, envolvendo os níveis local, regional,
nacional, e mundial ou global.
Um dos projetos de pesquisa desse programa é o Observatório das
Metrópoles, um grupo de pesquisa que reúne instituições e pesquisadores dos
campos universitário, governamental e não governamental, e que tem como objetivo
59
avaliar as mudanças no processo de metropolização do país, e pelo estudo das
aglomerações urbanas, buscando o fortalecimento institucional dos atores sociais e
gestores de políticas públicas no enfrentamento de questões que afligem as regiões
metropolitanas, como a dinâmica de reprodução das desigualdades sociais e da
pobreza.
A área de Planejamento Urbano e Regional também apresenta uma
abordagem escassa do tema referente às cidades-região. Os problemas de gestão
urbana e regional são estudados dentro das teorias tradicionais vigentes, não
incorporando as linhas de pensamento mais recentes e que introduzem novos
conceitos para as cidades e uma nova abordagem econômica do desenvolvimento
local e regional.
4.4 RESULTADOS NA ÁREA DE GEOGRAFIA
Na análise do Referencial teórico, percebeu-se uma importância da
Geografia, mais especificamente da área da Geografia Econômica, na conceituação
da cidade-região, na análise da reprodução das atividades econômicas no espaço e
nos fatores locacionais envolvidos no processo de aglomeração. Em vista da
contribuição de autores, como Storper (1997), Scott (1998) e Krugman (1995)
verificou-se que a Geografia poderia ter contribuição relevante na formação do
arcabouço multidisciplinar que busca explicar o fenômeno da cidade-região. Por
essa razão, também essa área do conhecimento foi incluída na pesquisa. Foram
verificados os 33 programas de Geografia da relação de cursos autorizados pela
CAPES.
Entretanto, a análise dos programas da área de Geografia demonstrou
também uma ausência de trabalhos voltados para a área econômica e com foco em
cidades-região ou em regiões metropolitanas. Algumas poucas instituições possuem
linhas de pesquisa que guardam alguma relação com o tema.
A FUNECE, Fundação Universidade do Estado do Ceará, apresenta uma
linha de pesquisa denominada Território, Sociedade e Cultura, cuja descrição
propõe a análise dos processos de urbanização, regionalização e metropolização
60
com enfoques também sobre cidades médias e sobre as novas territorialidades
urbanas. Há um projeto de pesquisa voltado para as cidades médias.
GRANDE ÁREA: CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
ÁREA: ECONOMIA
PROGRAMA PROGRAMA IES UF
M D F
AMAZÔNIA E POLÍTICAS DE GESTÃO TERRITORIAL UNIR RO 3 - -
GEOGRAFIA UFBA BA 3 - -
GEOGRAFIA UFC CE 3 - -
GEOGRAFIA FUNECE CE 4 - -
GEOGRAFIA UNB DF 3 - -
GEOGRAFIA UFG GO 4 4 -
GEOGRAFIA UFMG MG 5 5 -
GEOGRAFIA UFU MG 4 4 -
GEOGRAFIA UFMS MS 3 - -
GEOGRAFIA UFMT MT 3 - -
GEOGRAFIA UFPA PA 3 - -
GEOGRAFIA UFPB/JP RN 3 - -
GEOGRAFIA UFPE PE 4 4 -
GEOGRAFIA UFPR PR 4 4 -
GEOGRAFIA UEM PR 4 - -
GEOGRAFIA UEPG PR 3 - -
GEOGRAFIA UFRJ RJ 6 6 -
GEOGRAFIA UFF RJ 5 5 -
GEOGRAFIA UERJ RJ 3 - -
GEOGRAFIA UFRN RN 3 - -
GEOGRAFIA UFRGS RS 5 4 -
GEOGRAFIA UFSM RS 3 - -
GEOGRAFIA FURG RS 3 - -
GEOGRAFIA UFSC SC 5 5 -
GEOGRAFIA FUFSE SE 3 3 -
GEOGRAFIA UNICAMP SP 4 4 -
GEOGRAFIA UNESP/PP SP 6 6 -
GEOGRAFIA UNESP/RC SP 4 4 -
GEOGRAFIA PUC/SP SP 3 - -
GEOGRAFIA (GEOGRAFIA FÍSICA) USP RS 5 5 -
GEOGRAFIA (GEOGRAFIA HUMANA) USP RS 6 6 -
GEOGRAFIA, MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO UEL PR 3 - -
TRATAMENTO DA INFORMAÇÃO ESPACIAL PUC/MG MG 4 4 -
Quadro 10 – Programas de pós-graduação stricto sensu na área de Geografia M - Mestrado Acadêmico, D - Doutorado, F - Mestrado Profissional Fonte: www.capes.gov.br
A Universidade Federal de Minas Gerais, UFMG, também apresenta uma
linha de pesquisa relativa à produção, organização e gestão do espaço. A linha
objetiva analisar as formas de organização e os processos de planejamento e
gestão das cidades e regiões, especialmente as metropolitanas. Dentre os projetos
de pesquisa, um deles se destaca por fazer uma análise da própria produção da
UFMG nas áreas de Urbanização e Metropolização.
61
A Universidade Federal do Pará, UFPA, apresenta uma linha de pesquisa
denominada Gestão Urbana e Regional, na qual se estuda a formação e a dinâmica
de redes urbanas regionais e as estratégias de desenvolvimento regional, mas
apresenta um foco mais voltado para a repercussão dessas estratégias na
organização e a gestão do espaço intra-urbano. Dentre os projetos de pesquisa da
Universidade, também há uma participação no projeto Observatório das Metrópoles,
coordenado pela UFRJ.
A mesma UFRJ possui linhas de pesquisa voltadas para a organização e
gestão do território, espaço e dinâmicas urbanas e regionais, e desenvolvimento,
ambiente e território. Também apresenta um projeto de pesquisa denominado: A
Cidade, Território Produtivo: redes, cooperações e governanças. Trata-se de uma
análise das novas funcionalidades produtivas da cidade na globalização, com foco
na comparação sobre cidades portuárias do Brasil e da França.
Já a Universidade de São Paulo, no programa de Geografia Humana,
apresenta linhas de pesquisa voltadas para a questão urbana: Sociedade Urbana:
Metrópole e Território, Reprodução do espaço urbano, Questões territoriais
metropolitanas e Território, Economia e Desenvolvimento Regional, onde se
desenvolvem pesquisas voltadas às questões urbanas no Brasil e nas metrópoles
latino-americanas.
Nos trabalhos analisados pode se verificar a ausência de abordagem da
cidade-região, ou mesmo da percepção das regiões metropolitanas de uma forma
sistêmica.
4.5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
A análise dos resultados da pesquisa indica o pouco interesse
demonstrado, no âmbito da Universidade brasileira, no campo das ciências sociais
aplicadas e da Geografia, pelo tema da gestão das cidades-região.
No capítulo 3, referente à metodologia, foi definido um conjunto de temas
que deveriam orientar a investigação nas linhas de pesquisa dos programas de pós-
graduação stricto sensu, como categorias de dados a serem identificados:
62
1. o primeiro tema se referia à cidade-região. A pesquisa demonstrou que o termo
cidade-região, na forma conceituada por Klink (2001) e Scott et al (2002),
praticamente inexiste na produção da área acadêmica nas ciências sociais
aplicadas. Existe uma abordagem com referência às regiões metropolitanas, embora
também com um alcance limitado. Boa parte das referências às regiões
metropolitanas se dá através de estudos dos processos econômicos e sociais que
ocorrem nas regiões. Entretanto, a região metropolitana em si, tomada como um
fenômeno econômico e social passível de ser estudado, recebe uma abordagem
muito limitada na produção acadêmica.
Na área da Administração se verificou a situação de ausência de
referências ao tema de forma mais acentuada. De uma forma geral, os programas
dessa área estão muito voltados para aspectos como processos organizacionais,
estratégias competitivas, tecnologia e inovação, dentro de uma lógica muito mais
interna às empresas ou ao cluster em que estão inseridas, numa perspectiva que
leva pouco em conta a questão da localização dentro de um ambiente mais amplo
que é a cidade.
Na área de Economia, as referências também são muito escassas.
Existem apenas 15 linhas de pesquisa que abordam temas relacionados a questões
urbanas, não propriamente as cidades, e principalmente as cidades-região. Percebe-
se na área de Economia uma grande preocupação acadêmica com o
desenvolvimento regional, mas muito mais sob uma perspectiva de alternativas para
promover o desenvolvimento de pequenas cidades e regiões do que propriamente
um processo que analise o desempenho das grandes cidades como unidades
econômicas relevantes na economia.
Na área de Planejamento Urbano e Regional, que possui apenas 18
programas de pós-graduação stricto sensu, embora também não tenha sido
encontrado o tema específico referente à cidade-região, existem programas, como o
da UNIFACS de Salvador, cuja abordagem da questão das cidades se aproxima do
conceito na forma como elaborado no referencial teórico. De uma forma geral, os
programas dessa área situam as cidades em uma abordagem de redes, e também
fazem referências a redes globais de cidades. Também se verificam preocupações
com relação à sustentabilidade e à gestão e planejamento urbano integrados, além
de questões relacionadas a processos de governança. Trata-se de área que
apresentou uma abordagem mais multidisciplinar da questão das cidades.
63
A área da Geografia, no campo das ciências humanas, conta com um
pequeno número de programas com uma abordagem da questão das cidades e das
regiões metropolitanas. Foram encontrados 5 programas, de um total de 33, com
uma análise mais específica das regiões metropolitanas. Não foram encontradas na
investigação dos programas da área de Geografia referências à questão das
cidades-região, na forma como definida no referencial conceitual.
2. O segundo tema dado como objeto de investigação foi o tema das economias de
aglomeração, particularmente os Arranjos produtivos locais, clusters ou sistemas
locais de inovação. Trata-se de um tema presente na maior parte dos programas,
principalmente nas áreas de Administração e Economia. Entretanto, a sua inclusão
como um tema relevante para a pesquisa se deveu à visão da cidade-região como
um todo, como uma unidade de produção econômica na qual os processos
produtivos se organizam na forma de aglomerações de empresas e atividades. A
profusão de estudos envolvendo os arranjos produtivos, no entanto, é deslocada
dessa referência espacial de localização na cidade ou na região metropolitana.
Evidentemente que o aspecto locacional é fator primordial na análise de
arranjos produtivos, como observa Meyer-Stamer (2001), porém o processo de
vantagens de localização dentro de uma aglomeração é referente à competitividade
que pode ser alcançada pela empresa, tanto individualmente como sendo parte da
aglomeração.
Assim, os estudos desenvolvidos nas áreas de Administração e Economia
privilegiam a questão da competitividade, das vantagens de localização dentro do
arranjo e da participação nas cadeias produtivas. A visão global acerca dos estudos
nessas áreas é de que as aglomerações e arranjos produtivos estão se configurando
numa nova panacéia para a questão do desenvolvimento regional, o que
evidentemente é uma questão importante, mas o desenvolvimento requer um
processo de integração entre as atividades produtivas e a sociedade, conforme se
verificou no referencial conceitual na questão da produção de externalidades.
Dowbor (2006) alerta para a necessidade de que o desenvolvimento
incorpore todo o conjunto da sociedade, e que a cidade, no seu processo produtivo,
se preocupe com a questão da sua sustentabilidade. Uma visão voltada apenas para
os aspectos empresariais dos arranjos produtivos não contribui para a compreensão
da região ou da cidade como um sistema econômico sustentável.
64
3. O terceiro tema para investigação foi o conceito de desenvolvimento econômico
local. Também se trata de um assunto presente em todas as áreas pesquisadas. A
preocupação com o desenvolvimento econômico é um assunto urgente e necessário
em um país com as carências que o Brasil apresenta. A forma como o assunto é
abordado é variada, dentro principalmente da perspectiva do desenvolvimento
econômico local como alternativa de inclusão. Muitos programas adotam linha
programática por meio de estudos acerca da economia solidária, de construção de
alternativas de desenvolvimento regional sustentável, na qual o tema é muitas vezes
vinculado à opção econômica pelos Arranjos Produtivos Locais.
Também se pode destacar a questão da sustentabilidade ambiental
vinculada ao processo de desenvolvimento econômico, assunto bastante abordado
nas áreas de Planejamento Urbano e Regional e Geografia.
Na área de Economia, no entanto, a abordagem da questão do
desenvolvimento passa por uma linha de pensamento mais tradicional, e com um
foco voltado para alternativas de desenvolvimento que contribuam sobretudo para a
superação de desigualdades regionais. Trata-se de uma visão mais focada na
superação da pobreza. Nesse aspecto, as cidades-região são de certa forma
negligenciadas, pois são regiões “desenvolvidas”, e de fato o são, porém, as
disparidades econômicas e sociais no âmbito do território de uma cidade-região são
flagrantes e resultam na crise social pela qual estão passando.
4. Quanto aos temas relacionados a bens públicos e governança, o fato é que a
visão de bens públicos, principalmente na forma de infra-estruturas compartilhadas,
não encontra amparo no conteúdo programático da pós-graduação nas áreas
pesquisadas. Já a governança é um assunto muito abordado na área de
Administração, sob a forma corporativa. Existem trabalhos, nas demais áreas,
focando aspectos relativos à governança e à formação de capital social, que
constituem formas de ação coletiva e social cuja aplicação se dá desde o pequeno
município da zona rural até uma metrópole como São Paulo. A governança é um dos
ingredientes que compõe a “receita” de uma cidade-região, mas os estudos
localizados também focalizam aspectos particulares ou casos específicos, e não se
encontrou uma abordagem ampla que compreendesse toda a complexidade de uma
cidade-região ou de uma região metropolitana.
65
5. Uma das idéias centrais na fundamentação da cidade-região foi a percepção de
um espaço de produção de externalidades. Dowbor (2006) sugere a idéia da cidade
como um espaço de produção de externalidades e acumulação econômica, porém
Storper (1997) apresenta uma argumentação que pode ser interpretada da mesma
forma, quando formula a idéia de “mundos regionais de produção”, fundamentados
num conceito que o autor considera que está além da externalidade, e que ele
denomina “undertraded interdependencies”, ou interdependências não
comercializáveis, dentro de um processo regional de aprendizado. Neste trabalho
busca-se uma visão mais simples, apenas verificando se o conceito de externalidade
está incorporado no conhecimento acadêmico no que se refere ao espaço urbano
ocupado por uma infinidade de atores sociais e econômicos exercendo suas
atividades com motivações próprias.
A ausência de referências às cidades, e mais particularmente às cidades-
região, como objeto de estudo acadêmico nas áreas pesquisadas obviamente
implica também na ausência de referências ao termo externalidade na forma como
definido neste trabalho. Entretanto, não se trata de um conceito deixado à margem
do conhecimento, uma vez que, de forma mais ou menos explícita, é considerado
um elemento importante na configuração de arranjos produtivos locais,
especificamente na difusão de conhecimentos e aprendizagem.
O principal objetivo do trabalho consistiu em verificar o conteúdo
programático da pós-graduação brasileira no campo das ciências sociais aplicadas,
no que se refere à possível contribuição para a compreensão do problema que se
configura na gestão das cidades-região.
Produziu-se um quadro referencial no qual a cidade-região aparece como
resultado de um movimento de aglomeração de população e de atividades
produtivas, o que, em função da proximidade, introduz uma série de relacionamentos
e interações entre os atores econômicos e sociais. As atividades de um determinado
ator produzem efeitos não controlados, que podem ser apropriados em benefício de
outros atores locais, mas que não podem ser incorporados por mecanismos de
mercado, as denominadas externalidades.
A proximidade de um grande contingente humano em um território
limitado também produz a necessidade de um compartilhamento de infra-estrutura e
do espaço, produzindo o que se denominam bens públicos. Dessa maneira se
66
configurou um quadro referencial tendo a cidade-região como espaço de
aglomeração econômica e demográfica, um espaço de acumulação econômica, cujo
conjunto de inter-relações coloca uma série de questões relativas à gestão.
Esse quadro referencial configura um arcabouço teórico que busca
fornecer explicações para a ocorrência de determinados fenômenos, explicações
essas que por vezes estão exigindo uma nova interpretação para muitas das teorias
vigentes.
Tome-se o caso das aglomerações de empresas, mais conhecidas como
arranjos ou sistemas produtivos locais. Embora observadas há mais de um século
por Marshall (1981), as aglomerações surgiram com força no cenário mundial a partir
da década de 1970, particularmente na Itália (PIKE e SENGENBERGER, 2002), e
nos Estados Unidos, Vale do Silício (PORTER, 1999), como uma espécie de
contrapartida à falência do modelo fordista de produção, e incorporaram uma série
de inovações tecnológicas, organizacionais, locacionais e mesmo relacionais, que
seguramente constituíram novidades relativamente aos padrões vigentes. As
inovações trazidas por esse novo modo de produção despertaram a atenção de
muitos cientistas, que passaram a estudar o fenômeno e introduzir no debate
acadêmico uma série de conceitos inovadores. Da mesma forma, outros grupos de
estudiosos apenas incorporaram os arranjos produtivos na ótica dos padrões
esperados pelos modos de produção e acumulação tradicionais na economia
capitalista.
Assim, as aglomerações de empresas tem sido empregadas,
principalmente no Brasil, como estratégia de desenvolvimento local ou regional,
muitas vezes descaracterizadas em razão da maneira como são implementadas,
desconectadas do entorno e do ambiente local. Por isso a afirmação anterior de que
os arranjos produtivos estão sendo vistos como uma panacéia para o
desenvolvimento local e regional, uma suposição cuja comprovação exigiria uma
investigação empírica.
Entretanto, o modo como o conceito é estudado ou aplicado está
relacionado à idéia que se tem do próprio conceito de desenvolvimento econômico.
Ainda é muito arraigada, tanto na academia como nos círculos políticos e
governamentais, a idéia do nacional-desenvolvimentismo e seus conceitos de
desenvolvimento autônomo e distributivista. Tal fato impede que tomem forma idéias
67
de um desenvolvimento baseado em regiões dinâmicas e integradas à economia
mundial, e sobretudo que esse processo se dê de maneira endógena e localizada.
A noção de desenvolvimento econômico, e isto pode ser verificado na
grande maioria das linhas de pesquisa investigadas, tem um caráter de superação
de desequilíbrios regionais, de impulso ao desenvolvimento de regiões atrasadas. É
um modelo que negligencia as cidades-região e as regiões metropolitanas, e há que
se perguntar se não há relação entre a pequena percepção de um novo conjunto
teórico de idéias acerca da cidade nos meios acadêmicos e a situação de caos
econômico e social que aflige a maior parte das grandes cidades brasileiras.
Quanto aos objetivos específicos, procurou-se descrever o papel das
cidades e regiões no mundo contemporâneo, dentro do campo das ciências sociais
aplicadas, destacando a emergência do fenômeno, não apenas como alternativa de
políticas públicas, mas dentro do próprio processo de adaptação histórica dos
Estados-Nação aos novos tempos da economia globalizada.
Também foi descrita a evolução histórica e conceitual do fenômeno, a
partir da acentuada urbanização aliada à configuração espacial própria do modo de
produção e acumulação capitalista em evidência na segunda metade do século XX,
denominado fordista ou de produção em massa. Posteriormente, a partir da década
de 1970, a reestruturação produtiva e a globalização provocaram uma crise nas
grandes cidades industriais, e a análise das alternativas para superar essa crise
resultaram na concepção de um arcabouço teórico que dá suporte ao conceito de
cidade-região.
Quanto à principais questões envolvendo as cidades-região, a
contribuição de alguns autores proporcionou a idéia da cidade-região como um
espaço de produção de extrernalidades e de bens públicos, e de um espaço de
acumulação econômica cuja gestão requer um esforço para superação dos conflitos
de ação coletiva, ensejando a organização de mecanismos de governança.
Finalmente, a partir do referencial conceitual elaborado, foi possível
delinear um quadro teórico com uma visão ampla do fenômeno da cidade-região.
Uma vez verificado o conteúdo programático dos programas da pós-graduação
stricto sensu nas disciplinas de Administração, Economia, Planejamento Urbano e
Regional e Geografia, na área das ciências sociais aplicadas, obteve-se um
resultado a partir do qual se pode afirmar que o tema referente às cidades-região é
tratado por um número restrito de instituições. De um total de 176 programas nas
68
referidas áreas, foram encontradas linhas de pesquisa que se aproximaram do
quadro teórico apresentado em apenas 4 programas das Universidades UFMG,
UEM, UNIFACS e UFRJ. Dessa forma , evidencia-se que o tema é pouco explorado
e pouco estudado no país, frente à situação em que se apresentam as grandes
cidades brasileiras.
69
5. CONCLUSÕES
Neste capítulo serão apresentadas as conclusões acerca da pesquisa,
suas limitações, considerações e levantamento de hipóteses, e sugestões para
novas pesquisas. A grande questão levantada pelo problema de pesquisa se
relacionava ao alcance do tema referente à gestão das cidades-região, no contexto
da Universidade brasileira, notadamente nos programas de pós-graduação stricto
sensu, fontes de produção acadêmica de excelência.
Sendo assim, procedeu-se uma sistemática análise teórica e conceitual
do fenômeno conhecido como cidade-região, evidenciando suas principais
características e indicando os pontos passíveis de uma investigação na produção
científica brasileira. A cidade-região foi caracterizada sobretudo como um fenômeno
cuja compreensão transcende o alcance de apenas uma área do conhecimento,
como a Administração ou a Economia. Sua compreensão requer a concorrência da
contribuição de diversas áreas do conhecimento, pois como resultado da
aglomeração de população e de atividades produtivas, os conceitos clássicos da
Economia e da Administração são dados como insuficientes para o entendimento
das interações resultantes da proximidade de um grande conjunto de atores
econômicos e sociais. A cidade-região, na visão de Storper (1997) configura um
estoque de ativos relacionais. Esse capital relacional será tanto mais forte quanto
mais intensas forem as interações no interior da região. Assim como a cidade-região
se baseia nas relações entre os atores locais, a própria explicação do fenômeno
exige uma relação entre múltiplas áreas do conhecimento, o que resulta na visão de
Markusen (2002), de que a cidade-região é um problema de caráter multidisciplinar.
Os resultados da pesquisa evidenciaram duas questões importantes.
Primeiramente, e com relação ao objetivo principal da pesquisa, constatou-se a
ausência de uma abordagem multidisciplinar para a questão das cidades-região.
Uma outra questão, no entanto, que certamente também explica a
primeira mas surge como um resultado não esperado da própria pesquisa, é a quase
inexistência de referência às cidades no conjunto dos programas de pós-graduação
referentes às áreas pesquisadas. De certa forma, embora a questão da abordagem
multidisciplinar fosse considerada um tema cuja ocorrência no universo da pesquisa
fosse pouco expressiva, o que foi evidenciado pela investigação, esperava-se no
70
entanto, encontrar um volume expressivo de produção relacionada ao tema das
cidades.
Existe uma abordagem de questões econômicas e sociais relativas ao
ambiente urbano, mas falta claramente uma visão sistêmica acerca da cidade. E é
precisamente a falta de uma visão da cidade como um sistema o fator principal que
impede a observação das inter-relações que envolvem uma ampla gama de
variáveis econômicas e sociais presentes, dificultando a percepção da necessidade
de uma abordagem multidisciplinar do problema.
5.1 LIMITAÇÕES DA PESQUISA
A pesquisa limitou-se a uma investigação documental, buscando
evidenciar o alcance do tema referente à gestão das cidades-região na produção
acadêmica da área de ciências sociais aplicadas, mais a Geografia, na Universidade
brasileira. Tratou-se de uma investigação exploratória, que longe da pretensão de
esgotar o problema, buscou uma primeira abordagem do assunto, o que, mediante
os resultados obtidos abre um amplo campo para a formulação de hipóteses e para
o encaminhamento de novas possibilidades de pesquisa.
A investigação limitou-se ao universo dos programas de pós-graduação
stricto sensu, na área das ciências sociais aplicadas, contando no entanto com a
contribuição oriunda da Geografia, principalmente pelas contribuições possíveis da
área da Geografia Econômica. A opção por essa limitação se justificou pelo fato de
que a produção acadêmica resultante de referidos programas constitui conhecimento
científico de excelência. É evidente que existem instituições de pesquisa no país
que se dedicam à questão urbana com grande ênfase, principalmente nas regiões
metropolitanas, como por exemplo O Instituto POLIS, o IBAM, Instituto Brasileiro de
Administração Municipal, o IPEA, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, entre
outras instituições nacionais e internacionais e organismos de fomento. A opção por
um recorte abordando apenas a Universidade se deveu mais às limitações do
próprio pesquisador quanto à disponibilidade para dedicação à pesquisa.
71
Numa escala de tempo, a investigação também se limitou a verificar os
dados constantes da última avaliação da CAPES, datada de 2004, a fim de que os
resultados pudessem se apresentar o mais contemporâneos possíveis.
5.2 LEVANTAMENTO DE HIPÓTESES
A cidade-região constitui um fenômeno recente no cenário mundial. A sua
observação começa a ocorrer a partir da década de 1970, quando a crise resultante
do aumento dos preços do petróleo, novas tecnologias de produção com
reestruturação produtiva e desemprego, e a incerteza como conseqüência da
liberalização dos mercados financeiros, lançou um grande número de cidades ao
redor do mundo em um processo de decadência econômica e social, de onde
algumas cidades conseguiram emergir pela aplicação de uma receita de
desenvolvimento econômico muito diferente das abordagens tradicionais.
Essas novas formas de desenvolvimento começaram a ser estudadas em
todo o mundo, com maior ênfase principalmente a partir da década de 1990, com o
estudo dos distritos industriais italianos, do Vale do Silício e de outras regiões do
mundo, além do fato de a ONU também passar a considerar a importância das
cidades no tratamento da problemática social, com a convocação da Conferência
sobre o Habitat, em 1996, na cidade de Istambul. Portanto, mesmo em nível
mundial, a construção de um arcabouço teórico relativo às cidades-região ainda é
muito recente.
Mas a presença dessas cidades no cenário mundial, e sua força
econômica, provocam uma discussão sobre muitas novas questões, para as quais
as teorias tradicionais nos campos econômico e social tem encontrado dificuldades
em oferecer respostas, o que supõe um campo fértil para a formulação de hipóteses.
Diante de referida argumentação e tendo-se em conta os resultados da pesquisa, há
que se questionar porque o tema ainda recebe um tratamento restrito no âmbito da
Universidade brasileira.
O principal resultado da pesquisa indica que não há análise do objeto de
pesquisa que é a cidade-região. Uma primeira hipótese a ser considerada para
explicar essa ausência seria a falta de interdisciplinaridade nos programas de pós-
72
graduação stricto sensu da Universidade brasileira. A cidade-região foi definida
como um fenômeno cuja explicação requer um conhecimento compartilhado que
englobe a Economia, a Administração, o Planejamento Urbano e Regional, a
Geografia, e também a Sociologia e a Ciência Política. Talvez o tema referente à
cidade devesse compreender uma área própria de pesquisa, requisitando a
contribuição multidisciplinar envolvendo as demais disciplinas.
Uma segunda hipótese pode estar relacionada ao tamanho e à
importância atribuída ao Estado-Nação. Embora as regiões metropolitanas e as
grandes cidades brasileiras concentrem quase 80% da população, e também os
problemas, a principal referência em termos políticos e de gestão pública ainda é o
Estado-Nação. Ribeiro (2004) considera as regiões metropolitanas brasileiras “orfãs”
de interesse político, num momento em que os problemas acumulados assumem
crescente relevância social e econômica, e dessa forma se evidencia o fato de que
as estruturas de gestão não estão adequadas a essa nova realidade. Isto
configuraria uma espécie de “inércia” da adequação do arcabouço teórico diante do
peso e da importância atribuídos ao Estado-Nação relativamente às cidades.
Uma última hipótese para a ausência do objeto de pesquisa refere-se às
dificuldades para o surgimento, de forma consistente no meio acadêmico brasileiro,
do paradigma envolvendo a cidade-região e a Regionalidade. A Universidade
brasileira está alheia a essa discussão ou encontra-se envolta num universo de
conceitos que cria obstáculos ao surgimento de novas idéias. Mesmo o tema do
desenvolvimento econômico carece de uma formulação teórica adequada, que
sustente um projeto de país. Um olhar para o passado revela um projeto nacional-
desenvolvimentista, que ainda move um parcela da intelectualidade brasileira, tanto
de pensamento mais à esquerda como da direita, se é que esses conceitos ainda
possuem algum significado. O presente mostra o desmonte do projeto nacional-
desenvolvimentista diante da necessidade de adequação à economia mundial, sem
que isso tenha resultado no entanto na idealização de um novo projeto de
desenvolvimento. A Universidade se prende a essa questão em um momento no
qual o mundo está mudando rapidamente e demanda novas respostas, enquanto o
Brasil patina na falta de uma visão acerca de seu próprio destino por falta de um
debate consistente sobre como deve ser o desenvolvimento econômico. Assim,
idéias que ganham força e cuja aplicação produz resultados ao redor do mundo,
73
como os conceitos relacionados à cidade-região e à Regionalidade, permanecem à
margem do debate acadêmico no Brasil.
5.3 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
Uma vez constatada a situação referente à abordagem do tema da gestão
das cidades-região, conforme os objetivos da pesquisa, novas propostas de trabalho
podem ser elaboradas. Primeiramente, a possibilidade de uma pesquisa que
buscasse as causas de tão pouco envolvimento acadêmico na questão das cidades-
região, entrando na questão de maneira mais profunda em uma pesquisa de campo.
Outra possibilidade de pesquisa seria identificar que tipo de instituições
trata desse tema no país, estudar a sua produção e suas interações com o universo
acadêmico.
A cidade-região também poderia ser abordada sob a ótica dos poderes
públicos, na visão das empresas acerca da cidade como um sistema de acumulação
econômica, enfim, existe um amplo leque de possibilidades que justifiquem a
investigação do fenômeno das cidades-região. Até mesmo a evolução teórica do
conceito abre um campo interessante e desafiador para a pesquisa.
Neste trabalho, em face das limitações já expostas, a abordagem do tema
relativo à gestão das cidades-região correspondem apenas a um primeiro olhar
sobre a questão, que entretanto revela uma riqueza de possibilidades teóricas que
dizem respeito ao ambiente em que vivem hoje a grande maioria das pessoas.
Compreender esse fenômeno e explorar todas as suas possibilidades teóricas e
aplicações práticas representa uma grande contribuição, pois é algo que diz respeito
à vida e ao cotidiano de cada um, cidadãos convivendo no habitat urbano por
excelência neste século XXI, as cidades.
74
6. REFERÊNCIAS
ACSELRAD, Henri. Território e Poder – a política das escalas. In: FISCHER, Tânia (org). Gestão do Desenvolvimento Poderes Locais: marcos teóricos e avaliação. Salvador, Casa da Qualidade, 2002. 344p. AMARAL FILHO, Jair do. A Endogeneização no Desenvolvimento Econômico Regional e Local. Planejamento e Políticas Públicas, IPEA, nº 23, junho de 2001. Disponível em <http://www.ipea.gov.br>. Acesso em 07.04.2005. BARDIN, Laurence. Análise de Conteúdo. 3.a edição. Lisboa, Edições 70, 2004. 223p. BORJA, Jordi. As cidades e o planejamento estratégico: uma reflexão européia e latino-americana. In: FISCHER, Tânia (org). Gestão Contemporânea: Cidades Estratégicas e Organizações Locais. Rio de Janeiro, Editora da Fundação Getúlio Vargas, 1996. p79-100. BORJA, Jordi. CASTELLS, Manuel. Local y Global, LA Gestión delas ciudades em la era de la información. United Nations for Human Settlements. Madri, Santillana de Ediciones, 1997. CASTELLS, Manuel. A Sociedade em Rede. 6.a edição. São Paulo, Editora Paz e Terra, 1999. 698p. DANIEL, Celso Augusto. Ação política e diversidade de atores no universo social urbano. In: GONÇALVES, Flora; BRANDÃO, Carlos Antonio; GALVÃO, Antonio Carlos. Regiões e cidades, cidades nas regiões: o desafio urbano-regional. São Paulo, Editora UNESP: ANPUR, 2003. DOWBOR, Ladislau. Democracia Econômica: no horizonte das teorias. Disponível em http://www.dowbor.org.br. FISCHER, Tânia (org). Gestão Contemporânea: Cidades Estratégicas e Organizações Locais. Rio de Janeiro, Editora da Fundação Getúlio Vargas, 1996. 208p. _____. Gestão do Desenvolvimento e Poderes Locais. Salvador, Casa da Qualidade, 2002. 344p.
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FRANCO, Maria Laura Puglisi Barbosa. Análise de Conteúdo. Brasília, Plano Editora, 2003. 72p. FRIEDMANN, John. Empowerment: the politics of alternative development. Blackwell, Cambridge, 1992. FURTADO, Celso. Em busca de novo modelo: reflexões sobre a crise contemporânea. São Paulo, Editora Paz e Terra, 2002. 101p. GIL, Antonio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 4.a edição. São Paulo, Editora Atlas, 2002. 175p. GIL, Antonio Carlos; GARCIA, Carla Cristina; KLINK, Jeroen. Região, Regionalismo e Regionalidade. Cadernos de Pesquisa Pós-Graduação/IMES. São Caetano do Sul, nº 9, 2º semestre 2003. GODOY, Arilda Schmidt. Introdução à pesquisa qualitativa e suas possibilidades. Revista de Administração de Empresas, v. 35, nº 2, p.57-63. São Paulo, Mar/Abr 1995. _____. Pesquisa Qualitativa: tipos fundamentais. Revista de Administração de Empresas, v.35, nº 3, p. 20-29, Mai/Jun 1995. GURISATTI, Paolo. O Nordeste italiano: nascimento de um novo modelo de organização industrial. In: URANI, André; COCCO, Giuseppe; GALVÃO, Alexander Patez. (orgs). Empresários e empregos nos novos territórios produtivos: o caso da Terceira Itália. 2.a edição. Rio de Janeiro, Editora DP&A, 2002. 269p. HIRST, Paul e THOMPSON, Graham. Globalização em Questão. A Economia Internacional e as Possibilidades de Governabilidade. Petrópolis, Editora Vozes, 1998. JACOBS, Jane. Morte e Vida de Grandes Cidades. São Paulo, Editora Martins Fontes, 2000. 489p. KLINK, Jeroen Johannes. A Cidade-Região: Regionalismo e Reestruturação no Grande ABC Paulista. Rio de Janeiro, Editora DP&A, 2001. 225p. KLINK, Jeroen. SANTOS, Roberto Elísio. Regionalismo e Reestruturação no Grande ABC Paulista: uma perspectiva brasileira de governança metropolitana. Cadernos de Pesquisa Pós-Graduação/IMES. São Caetano do Sul, nº 11, 2º semestre 2004.
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KRUGMAN, Paul. Desarollo, Geografia y Teoría Econômica. Barcelona, Antoni Bosch editor S.A. 1995. 113p. LLORENS, Francisco Albuquerque. Desenvolvimento Econômico Local: caminhos e desafios para a construção de uma nova agenda política. Rio de Janeiro, BNDES, 2001. 232p. MARKUSEN, Ann. Two Frontiers for Regional Science: Regional Policy and interdisciplinary reach. Regional Science, vol 81, p.279-290, 2002. MEYER-STAMER, Jörg. Estratégias de desenvolvimento local e regional: clusters, política de localização e competitividade sistêmica. Friedrich Ebert Stiftung, Policy Paper, nº 28, Setembro de 2001. NADVI, K; SCHMITZ, Hubert. Industrial clusters in less developed countries: review of experiences and research agenda. Discussion Paper nº 339, Brighton, Institute of Development Studies, University of Sussex, 1996. OHMAE, Kenichi. O Fim do Estado Nação: a ascensão das economias regionais. 3.a edição. Rio de Janeiro, Editora Campus, 1996. 214p. _____. O Novo Palco da Economia Global: desafios e oportunidades em um mundo sem fronteiras. Porto Alegre, Bookman, 2005. 308p. PIKE, Frank; SENGENBERGER, Werner. Distritos Industriais e recuperação econômica local: questões de pesquisa e política. In: URANI, André; COCCO, Giuseppe; GALVÃO, Alexander Patez. (orgs). Empresários e empregos nos novos territórios produtivos: o caso da Terceira Itália. 2.a edição. Rio de Janeiro, Editora DP&A, 2002. 269p. PORTER, Michael. Competição: Estratégias Competitivas Essenciais. Rio de Janeiro, Elsevier Editora, 1999. RIBEIRO, Luiz César de Queiroz. Metrópoles: Entre a coesão e a fragmentação, a cooperação e o conflito. São Paulo, Editora Fundação Perseu Abramo, 2004. SANCHEZ, Fernanda. A reinvenção das cidades para um mercado mundial. Chapecó, Argos, 2003. 588p.
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SANTOS, Maria Helena de Castro. Governabilidade, Governança e Democracia: criação da capacidade governativa e relações Executivo-Legislativo no Brasil Pós Constituinte. In: Dados – Revista de Ciências Sociais. Rio de Janeiro, volume 40, nº3, 1997, p.335-376. SASSEN, Saskia. As cidades na economia mundial. São Paulo, Livros Studio Nobel, 1998, 190p. SCHMITZ, Hubert (org). Local Enterprises in the Global Economy. Northampton, Edward Elgar Publishing, Inc, 2004. 392p. SCOTT, Allen J. Regions and the World Economy: the coming shape of global production, competition and political order. New York, Oxford University Press, 1998, 175p. SCOTT, Allen J (org). Global City Regions: Trends, Theory, Policy. New York, Oxford University Press, 2002. 458p. STORPER, Michael. The Regional World. Territorial Development in a Global Economy. New York, Guilford Press, 1997. 338p. VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e relatórios de Pesquisa em Administração. 6.a edição. São Paulo, Editora Atlas, 2005. 96p.
78
APÊNDICE 1
Linhas de pesquisa, por instituição, dos programas stricto sensu em Administração
INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR LINHAS DE PESQUISA
FEAD Estratégias, Competitividade e Inovações Organizações, Gestão e Mudanças
FGV/RJ Organização e Gerência Políticas e Estratégias Tecnologias de Gestão
FGV/SP
Administração e Planejamento em Saúde Administração, Análise e Tecnologia da Informação Estratégia Empresarial Estratégias de Marketing Estudos de Ética nas Organizações Estudos Organizacionais Finanças Públicas Gestão da Cadeia de Suprimentos, Logística e Operações Gestão do Lazer e do Turismo Gestão do Meio Ambiente Governo e Sociedade Civil no Contexto Subnacional Mercados Financeiros e Finanças Corporativas Transformações do Estado e Políticas Públicas
FJP
Gestão Econômica, Financeira e Tributária Processos de Gestão e Implementação de Políticas Públicas Processos Socioeconômicos, Planejamento e Gestão Pública Produção do Conhecimento, Avaliação e Gestão da Informação
FPL Gestão Empresarial e Competitividade Gestão de Políticas Públicas, Organizações Não-Governamentais e Desenvolvimento Regional
FUCAPE Administração Estratégica Contabilidade Gerencial Finanças e Mercado Financeiro
FURB Empreendedorismo e Novos Negócios Estratégias e Competitividade de Organizações
IBMEC
Competências Gerenciais Estratégia Estratégia e Decisão Finanças e Controladoria Marketing Sistemas de Informação e Apoio à Decisão
IMES Gestão e Inovação Organizacional Gestão para o Desenvolvimento da Regionalidade
PUC/MG Estratégia e Competitividade das Organizações
PUC/PR Gestão Estratégica da Informação e do Conhecimento Processos Estratégicos
PUC/RIO Comportamento e Estratégia Organizacional em Ambiente de Mudança Impacto de Mudanças nas Estratégias de Marketing Mercados Financeiros Brasileiros em Ambiente de Mudança
PUC/RS Administração de Tecnologia da Informação Gestão de Marketing Gestão Estratégica
PUC/SP
Administração Social e Terceiro Setor Contabilidade e Auditoria Controladoria e Finanças Corporativas Estratégia e Administração de Finanças Estratégia Empresarial e Administração de Marketing Gestão de Pessoas, do Conhecimento e Transformação no Trabalho
UDESC Gestão de Inovações e Tecnologias Organizacionais Gestão Pública, Terceiro Setor e Responsabilidade Social
UEM Empreendedorismo Gestão de Organizações
UFBA Gestão da Tecnologia, Qualidade e Competitividade Instituições, Finanças e Políticas Públicas Poderes Locais, Organizações e Gestão
UFC
Contabilidade Gerencial e Estratégia de Custos Gestão Econômica e Competitividade Gestão Estratégica e Instrumental de Marketing Gestão Estratégica e Instrumental de Recursos Humanos
UFES Tecnologia de Gestão e Subjetividades
UFLA Dinâmica e Gestão de Cadeias Produtivas Gestão Social, Ambiente e Desenvolvimento
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Organizações, Estratégia e Gestão
UFMG
Comportamento Humano nas Organizações Comunicação Mercadológica e Comportamento do Consumidor Desempenho e Estratégias Financeiras de Empresas Empreendedorismo em Finanças Estratégias Competitivas, Cultura Gerencial Nacional e Internacional Finanças Públicas Mercados de Capitais e Derivativos Mudança e Desenvolvimento Organizacional Novas Tecnologias Gerenciais Operações, Produção e Logística Empresarial Política e Gestão em Ciência e Tecnologia Relações de Poder e de Trabalho
UFPB/JP Organizações e Recursos Humanos Tecnologia de Informação e Marketing nas Organizações
UFPE Mercados, Competitividade, Desempenho e Informação Organizações e Trabalho
UFPR
Administração de Tecnologia, Qualidade e Competitividade Comportamento do Consumidor e Estratégia de Empresas Cultura, Comportamento e Formas de Gestão Estratégia e Mudança Organizacional Estratégias Financeiras e Organizações
UFRGS
Contabilidade e Finanças Estratégia de Produção e Competitividade Estratégia, Liderança e Organizações Gestão da Inovação Tecnológica Marketing e Estratégia Competitiva Organização do Trabalho e Recursos Humanos Sistemas de Informação e de Decisão
UFRJ
Contabilidade e Sociedade Contabilidade Internacional Controle Gerencial Gerência de Serviços, Varejo e E-Business Inovação, Tecnologia e Empreendedorismo Internacionalização de Empresas Marketing e Consumo Mercado de Capitais, Instituições Financeiras e Controle Gerencial Operações, Logística e Compras Organizações, Estratégias, Estruturas, Processos e Sistemas
UFRN Estratégia, Gestão e Tecnologia da Informação Organizações e Comportamento Organizacional Políticas Públicas e Governança
UFRPE Gestão, Mercados e Agronegócio Políticas Públicas e Desenvolvimento Rural Sustentável
UFRRJ Estratégia Empresarial Gestão de Agronegócios
UFSC
Comportamento e Organização Contabilidade Financeira Contabilidade Gerencial Gestão da Informação, da Inovação e da Produção Gestão e Custos e Finanças Política e Gestão Universitária
UFSM Estratégia e Competitividade nas Organizações Gestão Estratégica de Custos
UFU Estratégia e Mudança Organizacional Gestão Financeira e Controladoria Mercado e Cadeia de Abastecimento
UNB
Contabilidade Financeira Contabilidade Gerencial e Custos Gestão Social Inovações em Estratégias e Processos Organizacionais Modelos de Gestão na Nova Administração Pública Relações de Trabalho e Comportamento Organizacional
UNESA Estratégias Empresariais e Marketing Gestão Organizacional e Inovação Investimentos e Economia de Empresas e Competitividade
UNIFACS Gestão Estratégica e Desenvolvimento Regional Inovação em Gestão e Competitividade Empresarial
UniFECAP Contabilidade Gerencial, Controladoria e Contabilidade Estratégica Didática, Gestão e Técnicas de Ensino para Contabilidade
UNIFOR Estratégia Empresarial Gestão Organizacional
UNIMEP Estudos Organizacionais e de Negócios Marketing e Estratégia
80
UNISANTOS Estratégia e Competitividade Porto e Meio Ambiente
UNISINOS
Estratégias Organizacionais Finanças Corporativas e Controle de Gestão Gestão da Competitividade Teoria da Contabilidade
UNIVALI Estratégia e Tecnologias de Gestão Gestão Social
UPM Comportamento Organizacional Gestão e Desenvolvimento de Mercados Valoração Empresarial
USP
Administração do Terceiro Setor Agronegócios Contabilidade Aplicada para Usuários Externos Controladoria e Contabilidade Gerencial Economia das Organizações e Estratégias Educação e Pesquisa em Contabilidade Ensino e Didática Finanças Gestão da Inovação Gestão de Pessoas Marketing Mercados Financeiro, de Crédito e de Capitais Pequenas e Médias Empresas Socioambiental Tecnologia da Informação Varejo e Logística
USP/RP
Análise Organizacional e Relações com o Ambiente Comportamento Organizacional e Gestão de Pessoas Estratégias e Operacionalização do Marketing Finanças Corporativas e Mercado de Capitais Processos Produtivos e Operações
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APÊNDICE 2
Linhas de pesquisa por instituição, dos programas strito sensu em Economia
INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR LINHAS DE PESQUISA
FGV/RJ
Crescimento Econômico e Desenvolvimento Economia Internacional Economia Política Finanças Macroeconomia Métodos Quantitativos de Estatística e Econometria Organização Industrial Teoria Econômica
FGV/SP
Economia Social Macroeconomia, Desenvolvimento e Governo Mercados e Regulação Metodologia
IBMEC Finanças Corporativas e Mercado de Capitais Finanças Empíricas Modelagem Macroeconômica
IBMEC/SP
Aplicação do cálculo de Value at Risk a carteiras de ações, com ajuste por liquidez As Relações ente indicadores subjetivos e objetivos de bem-estar e suas implicações normativas Avaliação de Projetos Avaliação dos Investimentos do BNDES de 1990 a 2000 Barriers to Technology Adoption and Convergence Across Locations Clubes de futebol: relação entre performance no campo e lucratividade Contágio e Interdependência: um e outro Contratação formal e informal Determinantes do risco país Economic Factors Affecting the Performance in the Olympic Games Efeito Envelhecimento e Mortalidade Marginal Eficiência do Mercado de Ações no Brasil Eficiência Operacional do Mercado de Ações no Brasil Finanças Empíricas Identificação e Quantificação do Risco Operacional para Empresas Não Financeiras Indústria do Cinema: proteção e tamanho do mercado Interdependência entre Mercados Financeiros Brasileiros e Internacionais Legislação de Mercado de Capitais e Direitos de Acionistas Minoritários Mensurando Confiança Modelagem de Risco de Crédito em Empresas Não Financeiras Modelos de Volatilidade Estocástica com mudança de regime Markovionana O diferencial de salários para as mulheres a partira de seu estado civil O efeito de aumento da fertilidade no salário das mulheres O efeito de casamento no salário das mulheres O funcionamento do mercado de títulos de dívida externa e a formação do Prêmio por Risco Soberano Pesquisa com moradores de rua Previsão com modelos não lineares Propriedades de pequenas amostras dos estimadores do GARCH e Persistência da Volatilidade Regimes na Transmissão de Choques dos EUA para a Europa Relevância do lucro contábil:event study mostrando como preço de ações reagem à divulgação de lucro contábil Risco de Crédito Technology Adoption and the Effects of Transfers across Locations Testando a Hipótese de Convergência para os Municípios Brasileiros utilizando Regressão Quantílica
PUC/RIO
Econometria Aplicada Economia do Setor Público Economia Internacional Economia Monetária Estudos do Trabalho e Políticas Sociais Finanças Finanças Corporativas História Econômica do Brasil Teoria Econômica
PUC/RS
Crescimento e Distribuição Desenvolvimento Regional Economia do Agronegócio Modelos Multisetoriais
PUC/SP Economia Industrial, Trabalho e Tecnologia Economia Mundial Economia Regional, Agricultura e Meio Ambiente
82
Economia Social Estado e Políticas Públicas Moeda e Crédito
SBI Análises Qualitativas em Gestão Empresarial Análises Quantitativas aplicadas à modelagem econômica Finanças Corporativas e Internacionais
UCB
Abertura Econômica, Emprego e Salários Agricultura Familiar Arranjos Produtivos Ataques Especulativos Consumo e Investimento Ótimos Crescimento de Cidades Econofísica Aplicada a Finanças Economia da Discriminação Economia do Crime Equilíbrio Gerla com Mercados Financeiros Incompletos e Inadimplência Estudo de Eficiência de Mercado Federalismo Fiscal Finanças Empíricas no Brasil Finanças Internacionais e Crises Cambiais Impactos de Políticas Públicas: Saneamento e Educação Impactos do Seguro Desemprego no mercado de trabalho Otimização Estocástica em Finanças utilizando métodos da Programação Dinâmica Planejamento de Cidades
UEM
Crescimento Econômico e Ciclos Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente Economia Brasileira Economia do Agronegócio Economia do Trabalho Economia Internacional Economia Monetária Organização Industrial e Estudos Setoriais
UERJ
Análise Setorial e Políticas Sociais Economia Internacional: Sistemas de comércio, esquemas monetários e movimentos de capitais Políticas de Estabilização, Reformas Estruturais e Desenvolvimento Econômico: experiência internacional e o caso brasileiro
UFBA
Economia Agrária, Recursos Naturais e do Meio Ambiente Estudos Setoriais e Tecnológicos Integração e Desenvolvimento Regional e Urbano Trabalho, Distribuição de Renda e Problemas Sociais
UFC
Crescimento e Desenvolvimento Econômico e Regional Desenvolvimento Econômico Economia de Empresas Macroeconomia Métodos Quantitativos Organização Industrial e Economia do Trabalho
UFC Economia Aplicada ao Agronegócio Economia dos Recursos Naturais e Política Ambiental Políticas Públicas e Desenvolvimento Rural Sustentável
UFES
Análise Macroeconômica Análise Microeconômica Economia da Informação e da Comunicação Economia da Inovação Economia do Trabalho Políticas Públicas e Capitalismo Contemporâneo Teoria Econômica
UFF
Análise de Conjuntura: Brasileira e Fluminense Economia Agrícola e Agrária Economia dos Serviços Economia e Política das Instituições Economia Industrial e Internacional Economia Mundial, Integração Regional e Desenvolvimento Econômico e Social Economia Social História do Pensamento Econômico e Filosofia Econômica História Econômica, Trabalho e Gênero Teoria e Política Macroeconômica Teoria Econômica e Economia Matemática
UFMG
Crescimento e Desenvolvimento Econômico Economia do Bem-Estar Social Economia dos Recursos Humanos Economia Industrial Economia Regional e Urbana Teoria Econômica
UFPB/JP Emprego, Salário e Condições de vida do trabalhador Organização Produtiva e Financeira da Empresa
83
Políticas Públicas e Espaço Globalizado
UFPE
Análise de Investimentos Análise de Políticas Ambientais Avaliação de Projetos e Programas Sociais Comercialização Agrícola Desenvolvimento Econômico e Planejamento Desenvolvimento Rural Distribuição de Renda e Pobreza Econ-Net-Economia de Redes/Internet Economia Agrícola Economia da Energia e da Tecnologia Economia do Setor Público Economia do Trabalho Economia dos Recursos Naturais Economia Industrial Economia Internacional Economia Regional e Urbana Globalização e Desenvolvimento Regional Modelos Matemáticos, Econométricos e Estatísticos Política Ambiental e Teoria dos Jogos Teoria Econômica
UFPR
Arranjos Produtivos e Sistemas Agroalimentares Crescimento Econômico, Instituições e Tecnologia Crescimento, Tecnologia e Integração Desenvolvimento Econômico e Políticas Públicas Economia Agrícola e Complexos Agroindustriais Economia do Trabalho Economia Política Economia Regional e Urbana Metodologia da Economia Organização Industrial e Economia da Tecnologia
UFRGS
Crescimento e Desenvolvimento Desenvolvimento, Instituições, Estratégias Privadas e Políticas Públicas Econometria Aplicada e Economia Matemática Economia Brasileira Economia de Empresas e Controladoria Economia do Trabalho Economia Internacional Economia Internacional e Integração Economia Política e Setor Público
UFRJ
Complexos Industriais Conjuntura Econômica Econometria Aplicada Economia da Energia Economia da Infraestrutura Economia da Tecnologia Economia do Meio Ambiente Economia do Trabalho Economia Internacional Economia Monetária e Financeira Estado e Desenvolvimento Econômico Estrutura Industrial e Competitividade Macroeconomia Aplicada e Política Econômica
UFSC
Agricultura, Emprego, Renda e Cadeias Produtivas Ensaios em Econofísica Estado, Trabalho e Capitalismo Histórico Estudos de Microeconomia Aplicada Finanças e Mercado de Capitais Finanças Internacionais Globalização e Desenvolvimento Sistemas de Inovação e Competitividade
UFU
Agricultura, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável Economia do Trabalho Economia e Diversidades Regionais Indicadores Sócio Econômicos e Economia Aplicada Políticas Públicas e Desenvolvimento
UFV
Competitividade e Cenários Macroeconômicos Internacionais Gestão de Recursos Naturais e Ambientais Gestão do Agronegócio Integração Econômica, Globalização e Interdependência de Mercados Mercados Agroindustriais Mudança Tecnológica Política Governamental
UNAMA Gestão dos Recursos Naturais e Meio Ambiente Políticas e Estratégias de Desenvolvimento Regional
84
UNB
Aspectos Econômicos da Escravidão no Brasil Controvérsias em Economia Monetária e Macroeconomia Aberta Crescimento e Distribuição Direito e Economia Economia da Regulação Economia do Setor Público Economia Internacional Economia Política Economia, Agricultura e Meio Ambiente Impactos Distributivos do Gasto Social Mercado de Trabalho e Economia do Trabalho Modelos de Equilíbrio Geral Computável Modelos Econômicos de Processos Políticos Política Econômica no Brasil: Raízes Hstóricas e Aspectos Contemporâneos Sistema Público de Emprego e Políticas de Emprego Teoria Econômica Teoria Econômica das Finanças Teoria Política Positiva
UNESP/ARAR História Econômica Teoria Econômica
UNICAMP
A crise atual do Capitalismo em perspectiva histórica A Economia mercantil escravista no mundo moderno A Proteção Social numa perspectiva internacional comparada Condições e Relações de Trabalho no Período recente nas Economias Desenvolvidas Desenvolvimento Econômico e Social, Planejamento Distribuição da Renda Economia Industrial e da Tecnologia Economia Internacional Economia Regional Estudos de Conjuntura Econômica Formação Histórica da Economia Capitalista no Brasil Gestão e Planejamento Urbano Mercado de Trabalho e Políticas Públicas Métodos Quantitativos aplicados à Economia Moeda e Estruturas de Financiamento Públicas e Privadas Perspectiva Histórica do Desenvolvimento Econômico Pesquisas em Economia Agrícola, Agrária e Ambiental Política Econômica e Economia Brasileira Políticas Sociais Setoriais Recursos e Políticas Tecnológicas Temáticas e Polêmicas Estratégicas do Pensamento Brasileiro nos séculos XIX e XX
USP
Desenvolvimento Capitalista Desenvolvimento Econômico Economia Agrícola Economia Brasileira Economia da Educação Economia da Informação Economia da Nutrição Economia da Saúde Economia da Tecnologia Economia do Meio Ambiente e Energia Economia do Trabalho e dos Recursos Humanos Economia e Organização Industrial Economia Internacional e Comércio Exterior Economia Monetária e Financeira Economia Regional e Urbana Finanças Públicas História das Idéias Econômicas História Econômica Índices Conjunturais Sistema de Informações Estatísticas Teoria Econômica
USP/ESALQ
Agricultura, Energia e Recursos Naturais Economia do Bem Estar Economia Internacional Economia Urbana, Rural e Regional Extensão Universitária e Formação de Recursos Humanos em Economia Aplicada Organização Industrial, Tecnologia e Economia do Setor Agroindustrial Política, Finanças e Desenvolvimento Econômico
USP/RP Desenvolvimento Econômico Economia Social Organizações e Mercado
85
APÊNDICE 3
Linhas de pesquisa, por instituição, dos programas stricto sensu em Planejamento Urbano e Regional
INSTITUIÇÃO DE
ENSINO SUPERIOR LINHAS DE PESQUISA
ENCE
Dinâmica Populacional, Condições de Vida e Políticas Publicas Estatística Social Métodos e Técnicas de Análise Demográfica População, Sociedade, Economia e Território no Brasil Contemporâneo Sistemas de Informação em Sociedade, Economia e Território no Brasil
FURB Dinâmicas Socioeconômicas no Território Estado, Sociedade e Desenvolvimento Regional
PUC/PR Governança e redes urbanas Planejamento Urbano e Regional Sustentabilidade Urbana
SBI Desenvolvimento Regional Gestão de Cidades
UFPE Conservação Integrada Estudo do Ambiente Construído Planejamento e Gestão Urbana
UFRGS
A Distribuição Espacial das Atividades e os Âmbitos de suas determinações Cidade, Cultura e Política Infraestrutura Urbana e o Planejamento Ambiental Percepção e Análise do Espaço Urbano Sistemas Configuracionais Urbanos
UFRJ Planejamento e Estruturação Urbana e Regional Planejamento, História e Cultura Planejamento, Meio Ambiente e Tecnologia
UNIFACS
Ambiente Social e Desenvolvimento Sustentável Formação e Reestruturação de Regiões no Nordeste Processo de Desenvolvimento Regional Processos Urbanos Regionais
UNIOESTE Cadeias Produtivas Economia Agrária Economia Regional
UNISC Desenvolvimento e Integração Regional Desenvolvimento, Ordenamento Territorial e Meio Ambiente Sociedade, Políticas Públicas e Desenvolvimento Regional
UNIVAP
Alterações Espaciais e Impactos Ambientais Dinâmicas Sócio-econômicas no Vale do Paraíba Geotecnologias aplicadas ao Planejamento Urbano Processos Sócio-espaciais Contemporâneos
86
APÊNDICE 4
Linhas de pesquisa, por instituição, dos programas stricto sensu em Geografia
INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR LINHAS DE PESQUISA
FUFSE Análise Regional Dinâmica Ambiental Produção e Organização no Espaço Agrário
FUNECE Análise geoambiental integrada no semi-árido e litoral Território, Sociedade e Cultura
PUC/MG Estudos Urbanos e Regionais Meio Ambiente Sistemas de Informações Geográficas
UEL
Dinâmica e Gestão de Bacias Hidrográficas Modernização Tecnológica e Organização Espacial Paranaense População e Desenvolvimento Uso do Solo e Análise Ambiental
UEM Análise Ambiental Organização do Espaço Habitado
UERJ Dimensões Culturais na Dinâmica Sócio-Espacial Globalização, Políticas Públicas e Reestruturação Territorial Mudanças Ambientais e Qualidade de Vida
UFBA Análise Urbana e Regional
UFC Estudo socioambiental da Zona costeira Natureza, campo e cidade no semi-árido
UFF Ordenamento Territorial Ambiental Ordenamento Territorial Urbano-Regional
UFG Estudos Geoambientais Formação Regional: Política, Economia e Cultura Geografia e Práticas Educativas
UFMG
Geomorfologia e Meio Ambiente Meio Ambiente, Paisagem e Desenvolvimento Sustentável Produção, Organização e Gestão do Espaço Teoria, Métodos e Linguagens em Geografia
UFMS Desenvolvimento Regional Planejamento e Gestão Ambiental
UFMT Dinâmica da Natureza e Ações Antrópicas Produção do Espaço Regional
UFPA Gestão dos Recursos Naturais e Meio Ambiente Gestão Urbana e Regional
UFPB/JP Cidade e Campo: Espaço e Trabalho Gestão do Território e Análise Geo-ambiental
UFPE
Ecossistemas e Impactos Ambientais Estudo de Áreas de Fronteira Estudo de Regiões Agrárias História e Rumos do Pensamento Geográfico Organização e Dinâmica Espaciais: teorias e aplicações regionais Pequena Produção rural e Produção alimentar Sistemas Urbanos, Urbanização e Planejamento Urbano e Regional
UFPR
Análise e Gestão de Bacias Hidrográficas Dinâmica da Paisagem Produção e Transformação do Espaço Urbano e Regional Território, Cultura e Representação
UFRGS Análise Ambiental Análise Territorial
UFRJ
Cultura, Informação e Cidadania Desenvolvimento, Ambiente e Território Dinâmica Hidro-Climática Espaço e Dinâmicas Urbano-Regionais Geopolítica e Territorialidade Geoprocessamento Interações Geo-Ecológicas e Biodiversidade Processos Geomorfológicos e Evolução da Paisagem
UFRN
Estudo do Ambiente Urbano e Rural Geografia e Ensino Globalização, Estado-Nação e Território Identidade e Representações Culturais
UFSC
Análise Ambiental Formação Sócio-espacial: Região Sul, Brasil e Mundo Oceanografia Costeira e Geologia Marinha Organização e Dinâmica do Espaço Rural
87
Processos Geológicos, Geomorfológicos e Evolução de Vertentes Recursos Hídricos Redes, Organização Territorial e Políticas Públicas Urbanismo, Cultura e História da Cidade
UFSM Geoinformação e Análise Ambiental Meio Ambiente e Sociedade Sensoriamento Remoto em Geografia
UFU Análise, Planejamento e Gestão Ambiental Análise, Planejamento e Gestão dos Espaços Urbano e Rural Ensino, Métodos e Técnicas em Geografia
UNB Geoprocessamento para a Gestão Territorial e Ambiental Urbanização, Ambiente e Território
UNESP/PP
Desenvolvimento Regional Dinâmica e Gestão Ambiental Eixos Transversais – Ensino da Geografia/Teoria e Método em Geografia Estudos Rurais e Movimentos Sociais Produção do Espaço Urbano
UNESP/RC
Análise Ambiental Análise Sócio-Espacial e Planejamento Territorial Desenvolvimento Territorial Epistemologia e História da Geografia Geografia e Ensino Métodos e Técnicas de Análise da Informação Espacial
UNICAMP Dinâmica Territorial: Sistemas Técnicos atuais e novas práticas sócio-espaciais Sistemas de Informação Geográfica, Análise dos componentes naturais da paisagem e das transformações decorrentes do uso e ocupação
USP
Espaço: Imagens e Representações Gráficas Espaço:Ensino, Imagens e Representações Gráficas Estudos Teóricos e Aplicados em Climatologia Tropical Evidências de Mudanças Globais Cenozóicas nos trópicos úmidos: estudos básicos e aplicados Formas, Materiais e Processos na Zona Tropical Úmida Geopolítica, Planejamento e Gestão do Território Metodologia em Geografia O Ensino da Geografia no Brasil Paisagem e Ambiente Sociedade Urbana: Metrópole e Território Território, Economia e Desenvolvimento Regional