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ALFABETIZAÇÃO CARTOGRÁFICA NA FORMAÇÃO INICIAL DOS ALUNOS DO CURSO PROFISSIONALIZANTE DE MAGISTÉRIO

Kalina Fernanda Cavalcanti Ferreira - ID1

Josandra Araújo Barreto de Melo²Maria Madalena de Paiva Vieira³

RESUMO

A cartografia, embora seja considerada complexa, é de extrema importância no Ensino da Geografia, visto que está presente no cotidiano das pessoas. Logo, a observação, a percepção e a compreensão das representações cartográficas possibilitam ao indivíduo atribuir significado aos conceitos geográficos, assim como a leitura e compreensão do mundo. Constata-se que os primeiros conceitos da cartografia são trabalhados ainda nas séries iniciais do Ensino Fundamental, a partir do currículo da Geografia, constituindo a etapa da alfabetização cartográfica, ocasião em que o aluno constrói os primeiros conceitos cartográficos e geográficos. Entretanto, se tem percebido que essa aprendizagem vem se mostrando deficitária, visto que muitos alunos ainda chegam ao Ensino Médio sem compreender ou saber fazer uso de tais conceitos, e, por conseguinte, sem saber ler, interpretar ou produzir um mapa, ou seja, decodificar ou codificar seus símbolos e significados. Mediante esta compreensão, se faz necessário trabalhar estas questões na formação inicial e continuada dos professores que atuam nas séries iniciais. Neste contexto, bolsistas do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência PIBID/CAPES/UEPB, Subprojeto de Geografia, em atuação no 3° Ano do Ensino Médio Profissionalizante do Curso de Magistério na Escola Normal Pe. Emídio Viana, em Campina Grande-PB, perceberam que os discentes (futuros professores, ou professores já atuantes nas séries iniciais) tinham dificuldade em orientação e localização, mesmo no tratamento das questões mais elementares, como por exemplo, saber se orientar utilizando os pontos cardeais ou compreender um mapa. Em vista disto, o presente trabalho teve como objetivos proporcionar aos alunos do curso de Magistério, futuros professores, uma formação inicial em alfabetização cartográfica, subsidiando o desenvolvimento de competências e habilidades para que se tornem bons leitores de mapas e possam saber também como representar o espaço geográfico. Para alcançar os objetivos propostos, procurou-se desenvolver atividades participativas, aproximando as diferentes escalas geográficas, procurando atribuir significado aos conteúdos da Geografia e, desta forma, apesar de algumas dificuldades apresentadas, os resultados alcançados foram satisfatórios, haja vista que, no final de todas as atividades propostas, foi possível sanar as lacunas que existiam em relação à orientação e localização, sucessivamente os mesmos conseguiram fazer uma leitura consistente de mapas. Portanto, os discentes alcançaram um melhor aprimoramento dos conceitos cartográficos e geográficos desenvolvendo, assim, o processo de ensino-aprendizagem percebendo, desta forma, a importância da cartografia em suas vidas.

PALAVRAS-CHAVES: PIBID; Ensino Médio e Profissionalizante. Ensino de Geografia. Alfabetização Cartográfica;

1.0. INTRODUÇÃO

A Cartografia uma técnica considerada difícil, logo é perceptível no ensino de

geografia no Brasil, uma grande dificuldade de professores e alunos em relação de ensino-

aprendizagem da cartografia, porém esta é de suma importância no ensino da Geografia, para

1Graduanda em Licenciatura em Geografia, Universidade Estadual da Paraíba-UEPB. Bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência – PIBID/CAPES/UEPB. [email protected];2 Professora do Departamento de Geografia, Universidade Estadual da Paráiba-UEPB. Coordenadora da Área de Geografia no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência – PIBID/CAPES/UEPB. [email protected];³Professora de Geografia na Escola Normal Estadual Padre Emídio Viana Correia. Supervisora no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência – PIBID/CAPES/UEPB. [email protected];

leitura e compreensão do mundo, sendo útil para explicar e localizar os fenômenos na

superfície da Terra. Logo, é preciso que os professores percebam a importância de ensinar a

Cartografia e busquem metodologias que tornem as técnicas de representação cartográficas de

fácil compreensão e atrativas para seus alunos.

Neste contexto, percebeu-se no decorrer das intervenções do Programa Institucional

de Bolsas de Iniciação à Docência PIBID/CAPES/UEPB, Subprojeto de Geografia, no 3° Ano

Médio do Curso Magistério da Escola Normal Estadual Pe. Emídio Viana, em Campina

Grande-PB, as dificuldades que tinham os alunos em relação à compreensão das técnicas da

cartografia, demonstrando a falta de domínio de localização e orientação cartográfica, visto

que não compreendiam todos os conceitos cartográficos. Mostrando, assim, um real problema

da falta de alfabetização cartográfica desde as séries iniciais.

Em virtude disto, o presente artigo tem como objetivo relatar e analisar as experiências

fruto do projeto de intervenção com a temática de alfabetização cartográfica implementado na

Escola Normal de Campina Grande, o mesmo teve como objetivos específicos, proporcionar

aos alunos do curso profissionalizante o domínio de algumas técnicas de representação, que

os subsidiarão no desenvolvimento de habilidades e competências para que se tornem bons

leitores de mapas e, consequentemente, para os mesmos terem subsídios metodológicos para

sua futura profissão.

3.0-A UTILIZAÇÃO DA CARTOGRAFIA NO ENSINO DA GEOGRAFIA E A

IMPORTÂNCIA DA ALFABETIZAÇÃO CARTOGRÁFICA

A Cartografia é de suma importância no ensino da Geografia,visto que todo cidadão

necessita saber ler o espaço geográfico, para poder entender os fenômenos que ocorrem no

mundo, nas diferentes escalas e configurações, sendo um instrumento eficaz para ocupar e

dominar o espaço geográfico. Conforme explicita Castrogiovanni:

[...] A cartografia é um conjunto de estudos e operações lógicas-matemáticas, técnicas e artísticas a partir de observações diretas e da investigação de documentos e dados, intervém na construção de mapas, cartas, plantas e outras formas de representação, bem como no seu emprego pelo o homem. Assim, a cartografia é uma ciência, uma arte e uma técnica. Oferece a compreensão espacial dos fenômenos. Ela serve como instrumento de conhecimento, domínio e controle de um território [...](p.38, 2010)

Logo, a Cartografia vem a ser um auxílio para o ensino da geografia para compreensão

do espaço, mediante aspectos de localização e orientação. Para isso, o professor tem que

propiciar meios para que o aluno possa fazer uma leitura crítica do espaço geográfico, e assim

o mesmo poderá tornar-se um verdadeiro cidadão. Como afirma o supracitado autor: “O

fundamental no ensino da geografia é que o aluno/cidadão aprenda a fazer uma leitura crítica

da representação cartográfica, isto é, decodificá-la, transpondo suas informações para o uso do

cotidiano.” (Ibidem.p. 39)

É a partir disso que é possível verificar que quem tem um bom embasamento

geográfico sabe dominar o espaço, as noções de direção, percepção do meio em que vive e

sabe relacionar-se na sociedade na qual está inserido. Em meio a tudo isso, é de fundamental

importância o conhecimento cartográfico para melhor compreender o espaço geográfico,

constituindo uma ferramenta eficaz para desenvolver estas habilidades.

Dessa forma, a Geografia, juntamente com a Cartografia, constitui um saber estratégico,

de extrema importância para qualquer pessoa, como bem enfatizou Yves Lacoste na sua obra

“A Geografia, isso serve em primeiro lugar para fazer a guerra”, mas não somente para isso,

mas como um saber que qualquer cidadão deve ter, pois ela não só serve para conduzir

operações militares, mas também para o Estado organizar o território, exercer o poder sobre

ele e para que todo cidadão possa organizar seu espaço e, consequentemente, habitar nele com

mais eficácia e conscientização, ou seja, ela tem uma função ideológica, conforme menciona

o próprio Yves Lacoste:

[...] Colocar como ponto de partida que a geografia serve primeiro, para fazer a guerra não, implica afirmar que ela só serve para conduzir operações militares; ela serve também para organizar territórios, são somente como previsão das batalhas que é preciso mover contra este ou aquele adversário, mas também para melhor controlar os homens sobre os quais o aparelho de Estado exerce sua autoridade. A geografia é de início, um saber estratégico estreitamente ligado a um conjunto de práticas políticas e militares e são tais práticas que exigem o conjunto articulado de informações extremamente variadas, heteróclitas à primeira vista, das quais não se pode compreender a razão de ser e a importância, se não se enquadra no bem fundamentado das abordagens do Saber pelo Saber [...] ( LACOSTE, 2011.p.22).

Logo, o mapa é uma representação codificada de um espaço real, posto ser importante

na Geografia para conhecimento do espaço e, consequentemente, de sua organização. Este é

usado por pessoas diversas, desde leigos até pessoas com um maior grau de instrução e

entendimento cartográfico, como o geógrafo, de forma específica. O mapa não é algo novo,

existindo desde a Pré-História quando “já era utilizado pelos homens das cavernas para

expressar seus deslocamentos, registrar as informações quanto às possibilidades de caça,

problemas de terreno, matas, rios, etc.” (ALMEIDA; PASSINI, 2006, p.16). Tendo por

objetivo auxiliar na sobrevivência, não eram feitos com a precisão dos atuais. Sendo que não

basta apenas ter os mapas é preciso saber interpretá-los, para poder usá-los como auxílio para

compreender o espaço e nele habitar. Almeida e Passini ainda afirmam que:

O mapa, portanto, é de suma importância para que todos que se interessem por deslocamentos mais racionais, pela compreensão da distribuição e organização dos espaços, possam se informar e se utilizar deste modelo e tenham uma visão de conjunto.[...] A leitura de uma mapa começa pela decodificação,iniciando uma leitura pela observação do título. Temos que saber qual o espaço representado, seus limites, suas informações. Depois, é preciso observar a legenda ou a decodificação propriamente dita, relacionando os significantes e o significado dos signos relacionados na legenda. É preciso também se fazer uma leitura dos significantes/significados espalhados no mapa e procurar refletir sobre aquela distribuição/organização. Observar também a escala gráfica ou numérica acusada no mapa pra posterior cálculo das distâncias a fim de se estabelecer comparações ou interpretações [...] (2006.p.17)

Nesta conjuntura é imprescindível para um aluno que tenha uma boa alfabetização

cartográfica, ou seja, não apenas saber localizar um elemento cartográfico ou um fenômeno, e

sim ter o domínio dos conceitos cartográficos, ou seja, saber interpretar as informações

contidas nos mapas, decodificando-as, logo esta alfabetização deve ser trabalhada já na

educação infantil e nas séries iniciais. Todavia, é algo que nem sempre acontece na prática,

pois muitos alunos chegam ao final do ensino básico sem saber nem ao menos saber ler um

mapa.

Dessa forma é nas séries iniciais, que a criança deve estudar o espaço concreto, o mais

próximo possível, começando pelo seu próprio corpo e, em seguida, o espaço da aula, da

escola, do bairro, para depois chegar em espaços maiores: Município, estado, país e

planisfério. E, assim, relacionando as escalas geográficas, possa desenvolver a capacidade de

leitura e comunicação dos conceitos cartográficos. Como explicita Simielle (2007):

O que importa é desenvolver a capacidade de leitura e de comunicação oral e escrita de fotos, desenhos, plantas, maquetes e mapas a assim permitir ao aluno a percepção e o domínio do espaço. Nesta etapa, o objetivo básico deve ser a alfabetização cartográfica. Essa alfabetização supõe o desenvolvimento de noção de: visão oblíqua e vertical; imagem tridimensional, imagem bidimensional; alfabeto cartográfico da noção de legenda; proporção e escala; lateralidade/referencias, orientação;(ibidem, p.98).

Portanto, é importante que o professor procure tornar a cartografia no Ensino de

Geografia algo mais prático e significativo para os seus alunos, para que vejam a importância

de se apropriar dos conceitos básicos da cartografia.

4.0-METODOLOGIA

3.1-Localização e caracterização da escola participante da pesquisa

A Escola Normal Estadual Pe. Emídio Viana Correia localiza-se na Av. Severino

Bezerra Cabral, bairro do Catolé, Campina Grande, PB, oferecendo o Ensino Médio nas

modalidades Normal e Técnico em Eventos, nos turnos manhã, tarde e noite.

É nesta escola que bolsistas do PIBID/CAPES/UEPB, Subprojeto de Geografia,

atuaram como colaboradores subsidiando com recursos e metodologias. O trabalho com o

projeto de intervenção sobre alfabetização cartográfica foi realizado com turmas do 3° Ano

médio pedagógico.

3.2-Atividades implementadas

Para realização deste trabalho foram efetuadas algumas atividades, no decorrer de 12

h/aulas: em um primeiro momento, uma aplicação de um questionário para analisar os

conhecimentos prévios dos alunos em relação à cartografia. Em seguida, uma abordagem do

que seria a alfabetização cartográfica. Logo após foi feita uma explanação do conteúdo

“Espaço Geográfico e suas Representações”, dando ênfase as categorias lugar e paisagem. A

partir disto, pediu-se um mapa mental para os alunos confeccionarem.

Em seguida, mostraram-se os principais conceitos que se deve compreender para se

obter uma alfabetização cartográfica significativa. Logo mais, se pediu para os alunos que

trouxessem fotos ou desenhos de qualquer cômodo da casa nas visões oblíqua, vertical e

lateral.

Em outro momento, introduziu-se o conteúdo de orientação e localização cartográfica,

mostrando os movimentos da Terra e, logo após, os pontos cardeais, mediante discussões em

sala, com a presença de recursos como vídeo, globo terrestre, lanterna.

Em sequência, foi realizada uma aula prática, onde foram todos os alunos juntamente

com os bolsistas e a professora titular para o pátio da escola, para que os alunos aprendessem

a se orientar mediante a presença do sol. Depois, houve aplicação de um exercício

complementar para fixação do conteúdo e, assim, poder-se perceber se os mesmos

conseguiram se apropriar dos conteúdos.

Em outra atividade foi utilizado o livro didático: Geografia o mundo em Transição, de

autoria de José William Vessentini, propiciando discussões e leituras do capitulo 3: O que são

mapas, discutindo os elementos presentes em um mapa, a partir de imagens presentes no livro.

Também procedeu-se a utilização do mapa da Paraíba, para analisar os elementos presentes

nos mapas.

Em seguida, foi introduzido o conceito de escala, e mostrado como se calculava a

distância real. E também o que viria a ser Escala grande e escala pequena. Para fixação do

conteúdo, foi pedido que fizessem em casa, um exercício que se encontrava no final do

capítulo do livro citado anteriormente.

Em um último momento, foi utilizado como recurso o Atlas da Paraíba para que os

mesmos, mediante os conhecimentos já adquiridos, pudessem fazer a leitura de um mapa.

Para isto, foi entregue um roteiro dos principais pontos que deveriam analisar para fazer uma

leitura eficiente de um mapa.

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

O projeto alfabetização cartográfica foi feito de forma mais aprofundada, pelo fato de

ser uma turma de 3° Ano médio profissionalizante, logo dando condições para que o discente,

futuro professor, tenha conhecimento da relevância do tema para a formação integral do

cidadão, e que possam também ter subsídios metodológicos para sua futura profissão.

Para executar o projeto, primeiramente, foi aplicado um questionário para diagnóstico

dos conhecimentos prévios dos alunos e as possíveis dificuldades. O questionário continha

perguntas sucintas: O que é espaço geográfico e como ele pode ser representado? O que é

cartografia? O que é linguagem de mapas? O que é escala? O que são coordenadas

geográficas? Após a aplicação observou-se que a maioria das alunas tiveram grande

dificuldade em respondê-las, mostrando em suas respostas as dificuldades que se tinham em

relação ao conhecimento cartográfico.

Para sanar as primeiras dificuldades dos alunos foram mostrados alguns slides com o

conteúdo sobre espaço geográfico e suas representações, ocasião em que foi explanado para

os alunos que é necessário saber que é no espaço geográfico que ocorrem as relações sociais

econômicas, políticas, em escala local, regional, nacional e global, sendo o espaço dinâmico.

Logo, todo cidadão precisa saber ler o espaço geográfico, para poder compreender os

fenômenos que ocorrem no mundo e suas diferentes configurações e escalas, para isto a

cartografia é de extrema importância. Os PCNs (2006, p.50) explicitam que “para aluno

adquirir competências e habilidades para ler os fenômenos geográficos requer saber utilizar a

cartografia para elaborar mapas mentais, para leitura e uso de plantas cartográficas e mapas

temáticos.”

Como forma de tornar a cartografia mais atrativa, tentou-se trazer a mesma para o

cotidiano dos alunos para isto foi discutido os conceitos de lugar e paisagem, sendo estes

importantes para analisar o espaço vivido. Mediante isto, eles perceberam que a cartografia

está em toda parte. Para confirmar isto na prática foi pedido que fizessem um mapa mental do

percurso de casa/escola, haja vista ser o mapa mental uma ferramenta de grande valia para

conhecimento do lugar, como também para a alfabetização cartográfica, sendo uma forma de

representar o espaço. Como afirma Pontuschka, Paganelli e Caceti (2007):

As cartas mentais são instrumentos eficazes para compreender os valores que os indivíduos atribuem aos diferentes lugares. O espaço vivido é o conjunto dos lugares de vida de um indivíduo. A casa, o lugar de trabalho, o itinerário de um a outro local formam os componentes principais do espaço vivido (ibidem, p.314).

Os discentes/ futuros docentes, perceberam com esta atividade que a cartografia está

em toda parte e assim foi mencionado para eles que esta seria umas das ferramentas que os

auxiliariam na sua futura profissão, para conhecer o lugar de cada aluno e começar a

alfabetização cartográfica dos mesmos. Nesta conjuntura, Almeida e Passini afirmam que:

(2006. p.21) “Iniciando o aluno em sua tarefa de mapear, estamos, portanto mostrando os

caminhos para que se torne um leitor consciente da linguagem cartográfica.”

No decorrer de outra aula, os alunos se mostraram, mais uma vez, interativos e

entenderam que realmente a alfabetização cartográfica era necessária para que eles

entendessem melhor o espaço geográfico. Em seguida, mostraram-se para eles os conceitos

importantes que os mesmos necessitavam saber para ter uma alfabetização cartográfica eficaz,

os quais são: a visão oblíqua, lateral e vertical; imagem tridimensional, imagem

bidimensional; alfabeto cartográfico: ponto, linha e área; construção da noção de legenda;

proporção e escala; lateralidade/referências, orientação.

Destes conceitos, alguns já eram conhecidos e trabalhados no cotidiano escolar, esses

eram; a imagem tridimensional, representada pela maquete, que vem sendo muito explorada

em amostras pedagógicas; a imagem bidimensional, através do mapa, este era visto em

algumas aulas, todavia os alunos não sabiam ler e interpretar tão bem os mapas. Portanto, foi

discutido com maior ênfase aos conceitos cartográficos que os mesmos apresentavam maior

dificuldade.

Foi neste contexto que se começou uma exposição e discussões dos conceitos de

visões oblíqua, vertical e lateral. Nesta feita, foram utilizadas algumas imagens de paisagens

por meio de slides para mostrar a diferença entre estas visões, e também mostrou-se exemplos

práticos na própria escola e, com isso, foi possível eles notarem o que seria cada uma delas,

compreendendo que a forma de se fazer uma mapa seria por meio da visão vertical. Como

explicita Pontuschka, Paganelli e Caceti, (p.311.2007): “A leitura das paisagens in lócus, das

fotografias frontais, oblíquas, verticais e das imagens de satélites permitem aproximar os

documentos geográficos da realidade dos alunos”.

Dessa forma, os alunos se mostraram ativos nas discussões e os mesmos citaram

exemplos do cotidiano, demonstrando aprendizagem destes conceitos. Para fixação do

conteúdo, foi pedido para os discentes que trouxessem uma foto ou desenho do seu quarto ou

qualquer outro cômodo da casa, nas visões oblíqua, vertical e lateral. A maior parte dos alunos

conseguiu absorver cada conceito de forma correta, todavia outros não. Para corrigir as falhas

foi feito uma revisão para que não restassem mais dúvidas.

Em outro momento, introduziu-se o conteúdo de orientação e localização cartográfica,

mostrando os movimentos da Terra e, logo após, os pontos cardeais, isto mediante discussões

em sala, com a presença de recursos como vídeo, globo terrestre, lanterna. Mediante este, foi

explicado para os alunos os principais movimentos que a Terra executa, os movimentos de

rotação e translação.

É necessário que se entenda os principais movimentos da Terra, para compreender a

localização e orientação. Mediante isso, foi perguntado para os alunos se eles sabiam a

diferença entre localização e orientação. Os mesmos se mostraram confusos, chegando crer

que era a mesma coisa. A partir disso, foi explanado para eles a diferença entre ambos. Foi

explicado para os alunos que orientação é diferente de localização, visto que a orientação é

dada pelos pontos cardeais, estes são determinados pelo movimento de rotação, ou seja,

mediante o movimento aparente do sol que é de Leste/ Oeste. Para mostrar isso foi usado o

globo terrestre e a Lanterna. (Figura 1)

FIGURA 1: MOVIMENTO DE ROTAÇÃO E TRANSLAÇÃO

FONTE: VIEIRA, Maria Madalena de Paiva 10/05/2013.

Já a localização, tem que ter referenciais como ruas, construções, estradas, rios, fatos,

estes cotidianos ou por meio de conhecimentos geográficos: as coordenadas geográficas:

latitude e longitude, manuseio e leitura de equipamentos, como GPS, bússolas, mapas, cartas,

etc. Neste contexto, o trabalho de localização, orientação e representação deve-se partir do

espaço próximo para o longínquo.

Quando os alunos tomaram conhecimentos dos movimentos da Terra, foi perguntado a

eles onde era a parede da sala que o sol refletia pela manhã, sendo esta o lado Leste,

consequentemente onde o sol nasce. (Figura 2).

A partir disso, foi mostrado para os alunos a orientação pelo sol. Os alunos não

conseguiram abstrair tão rápido estes conceitos tendo em vista acharem complicados. Logo,

teve-se que revisar várias vezes para poder ser abstraído pelos os mesmos.

FIGURA 2: ORIENTAÇÃO PELO SOL

FONTE: VIEIRA, Maria Madalena de Paiva 10/05/2013.

Para que os mesmos pudessem compreender a orientação pelo sol foi feito uma aula

prática, onde os alunos justamente com os bolsistas e a professora titular para o pátio da

escola, para que os alunos aprendessem a se orientar mediante a presença do sol (Figura 3).

FIGURA 3: ORIENTAÇÃO PELO SOL: AULA PRÁTICA NO PÁTIO DA ESCOLA

FONTE: FERREIRA, Kalina Fernanda Cavalcanti. 25/05/2013.

Para a realização da atividade explicou-se que a pessoa será o referencial, colocando a

mão direita para onde o sol nasce, sendo este o Leste, a mão esquerda será o Oeste, a sua

frente será o Norte e as suas costas o Sul. Apesar de dificuldades no decorrer das atividades,

no final das discussões, percebeu-se que os discentes compreenderam o conteúdo.

Em outra atividade, foi utilizado o livro didático: Geografia o mundo em Transição, de

autoria de José William Vessentini, houve uma discussão e leitura do capítulo 3, denominado

“O que são mapas”. Foram discutidos os elementos presentes em um mapa, a partir de

imagens presentes no livro. E também a utilização do mapa da Paraíba, para analisar alguns

elementos de mapas em ambos.

Foi explicado para os alunos que existem diversos tipos de mapas, cada qual com uma

função diferente, onde cada um vai ser elaborado levando em consideração as necessidades e

interesses de seus usuários, são eles: plantas, cartas, planisfério, mapas de base, mapas

temáticos, políticos, físicos, históricos, entre outros. Desta forma, o mapa vai ser um

transmissor de informações, por meio de símbolos cartográficos, onde é preciso conhecimento

para poder retirar estas informações. Como afirma ALMEIDA e SIMIELLI:

Ao pensar no mapa como transmissor de informações, deve-se ter em mente os princípios da comunicação em cartografia. Se os mapas são veículos no processo de comunicação, mediante símbolos cartográficos, é preciso apresentar a informação adequadamente e, para tanto, conhecer as regras da comunicação e assim expressar como dizer o quê?, como?, e para quem?.(p.78.2007)

No decorrer do estudo sobre mapas, apresentaram-se seus elementos, os quais são:

título e símbolos, escala, indicador de direção, linhas (Paralelos e meridianos), estes eram

conhecidos dos alunos, todavia o que mais mostraram ter dificuldade de compreender foi a

Escala cartográfica.

Através desta compreensão procurou discutir com mais ênfase a Escala. “Onde

definimos como escala (E) a representação proporcional existente entre a distância medida em

um mapa (d) e a distância real sobre a superfície terrestre (D).” (PORTO. p.21.2004). Haja

vista ser esta um dos atributos mais importantes do mapa, pois é através dela que se consegue

saber a área real do terreno representado. Explicou para eles que no mapa existe a escala

numérica e gráfica, para melhor compreensão deles, realizou-se uma atividade, mostrando

como se fazia para encontrar a distância real em um mapa, esta seria feita através de uma

fórmula matemática (D= d/E). De início, os alunos não conseguiram compreender como se

fazia, porém depois de várias tentativas e explicações, conseguiram um melhor entendimento

do conteúdo.

Em sequencia mostrou-se que a escolha da escala pela usuário vai depender da

finalidade de seu uso, podendo ser uma escala grande ou pequena, mostrando que o tamanho

da escala é inversamente proporcional ao tamanho do denominador, ou seja, um mapa com

escala pequena não terá detalhes minuciosos em sua representação, como é o caso do mapa-

múndi, haja vista que não teria condições de representar todo o planeta Terra em uma escala

grande. Já a Escala grande terá uma riqueza de detalhes maior, como é o caso de um mapa,

planta ou carta de uma cidade ou de um bairro. Os alunos conseguiram compreender esta

relação entre escala pequena e grande.

Por fim, para término do Projeto Alfabetização Cartográfica, não poderia deixar de se

trabalhar como é que se faz a Leitura e interpretação de mapas. Para isso, foi utilizado como

recurso o Atlas da Paraíba (Figura 4) para que os alunos mediante os conhecimentos já

adquiridos, pudessem fazer a leitura consciente de um mapa. Para isto, foi entregue um roteiro

dos principais pontos que deveriam analisar para fazer uma leitura eficiente de um mapa, os

quais são de acordo com ALMEIDA e PASSINI apud STEFANELO :

O entendimento do título (qual o espaço que é representado, os limites, as informações); Compreensão da legenda, que é decodificação mediante a qual pode relacionar os significado (símbolos) dos signos constantes na legenda; Leitura e reflexão da distribuição e da organização dos símbolos da mensagem sobre o mapa; Observação da escala para o cálculo de distância e como elemento de comparação e interpretação.(p.94,2009)

FIGURA 4: ALUNAS FAZENDO A LEITURA DE UM MAPA (ATLAS DA PARAÍBA)

FONTE: FERREIRA, Kalina Fernanda Cavalcanti. 11/07/2013

Foi explicado para os discentes que para se fazer a leitura eficaz de um mapa, vai além

do que uma simples codificação, sendo necessário ir além de sua leitura, é preciso interpretar

suas informações, ou seja, decodificar seus símbolos e significados, segue as mesmas etapas

de decodificação da leitura de um livro, identifica-se o título, qual é o espaço que ocorrer

determinado fato. Que escala foi utilizada, o que diz a legenda. Como explicita Porto (2004):

Ler um mapa não é apenas localizar seus elementos, cidade, rios, florestas, etc. O mapa é um modelo de comunicação codificada para representação de um espaço real, que é decodificado através de uma linguagem cartográfica que se utiliza de três elementos básicos: Simbologia, projeção, razão de redução (ibidem, p.149).

Entretanto, a interpretação de um mapa é algo mais complexo, não basta dizer do que

se trata determinado mapa, é preciso um conhecimento mais aprofundado, consultar outras

fontes e, até mesmo, fazer comparações com outros mapas. “É importante explicar a

organização do espaço, correlacionando elementos e fatos” (PORTO, 2004,p.151)

Neste contexto, foram escolhidos os seguintes mapas para que os alunos fizessem a

leitura e interpretação: Organização do espaço paraibano, início do século XX; A população

urbana e rural por município, ano 2000, do Estado da Paraíba; Clima, vegetação e solo

paraibano. Foram formadas equipes e, a partir daí, os alunos por meio do roteiro e auxílio da

professora e titular e os bolsistas extraíram as informações referentes a cada mapa.

De posse destes mapas, os discentes começaram a fazer a leitura e extrair o máximo de

informações que conseguissem dos mapas. Todavia, houve momentos durante esta atividade,

que eles ficaram confusos com algumas informações encontradas nos mapas, porém foram

explicadas e sanadas suas dúvidas. Portanto, no final, conseguiu-se atingir o proposto. Desse

modo, “a leitura de mapas deve ser exercício constante para desenvolver o sentido de

observação, descrição e correlação dos elementos. Uma boa leitura proporciona um bom nível

de interpretação”. (PORTO, 2004,p.150)

Desse modo, no término de todo o estudo, os alunos perceberem que a cartografia é

de suma importância na vida de todos os indivíduos, e, por conseguinte, no ensino da

geografia e, assim, os mesmos puderam adquirir subsídios para sua vida escolar, cotidiana e

sua futura profissão.

6.0-CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pôde-se verificar com o presente estudo que a cartografia é essencial no ensino da

Geografia para que o indivíduo possa localizar-se no espaço e possa nele aturar eficazmente.

Dessa forma é preciso que o professor esteja cada vez mais repensando sua prática, tornando

as aulas prazerosas e atrativas para o aluno, e, por conseguinte, venha apropriar-se dos

conteúdos cartográficos e, assim, torná-los significativos para os alunos não só este como

qualquer conteúdo geográfico.

Portanto, este projeto foi de grande valia para os discentes do curso do Magistério,

pois os mesmos aprimoraram seus conhecimentos e, assim, as dificuldades referentes a

localização e orientação e a leitura de mapas, como os outros conceitos cartográficos, foram

adquiridos. Não só isto, mas também subsídios metodológicos para sua futura profissão

docente. Nesta feita, o estudo foi significativo também para os bolsistas do PIBID, onde

também foram aprimorados os seus conhecimentos sobre a cartografia e sua prática docente.

6. AGRADECIMENTOS

As autoras agradecem o apoio concedido, mediante bolsas, efetuado pela Coordenação

de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior -CAPES, através do Programa Institucional

de Bolsas de Iniciação à Docência – PIBID.

7. REFERÊNCIAS

ALMEIDA, R. D. de.; PASSINI, E. Y. O espaço geográfico: ensino e representação. São

Paulo: Editora Contexto, 2006.

BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ciências humanas e suas tecnologias;

Orientações Curriculares para o Ensino Médio; Secretaria de Educação Básica: Ministério da

Educação; Volume 3, 2006.

CASTROGIOVANNI, A. C.; CALLAI, H. C.; KAERCHER, N. A. Estudar o Lugar para

compreender o mundo. In: CASTROGIOVANNI, A. C.; CALLAI, H. C. Ensino de

Geografia: práticas e textualizações no cotidiano. 9ª Ed. Porto Alegre: Editora Mediana,

2010.

LACOSTE, I. A geografia: isso serve, em primeiro lugar pra fazer a guerra. 19º edição.

Campinas: Papirus Editora, 2011.

PONTUSCHKA, Nídia Nacib; PAGANELL, Tomoko Iyda; CACETI, Núria Hanglei. Para

Ensinar e Aprender Geografia; Representações gráficas na geografia. São Paulo. Cortez

Editora. 2007.p.290-318.

PORTO, Francisco Evangelista. Fundamentos de Cartografia aplicados à geografia.

Campina grande-PB. Edições boa impressão. 2004.

SIMIELLI, Maria Elena. Org: ALMEIDA, Rosângela Doin. Cartografia escolar; O mapa

como meio de comunicação e alfabetização cartográfica. São Paulo: Editora Contexto,

2007. p.71-93.

STEFANELO, Ana Clarissa. Didática e avaliação da aprendizagem no ensino de geografia. O

livro didático e o uso da cartografia. São Paulo: Editora Saraiva, 2009.p.81-102.


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