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Page 1: Alvenaria Estrutural (escrito)

UNIVERSIDADE FUMECFACULDADE DE ENGENHARIA E ARQUITETURA

ALVENARIA ESTRUTURAL

Bárbara MartinsGabrielle Figueiredo

Luíza ParaísoMarcela Rizzotti

Nahele SilvaNatália Maluf

Nathália GarciaRenata Teles

Victoria Dominguez

Belo Horizonte2010

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Bárbara MartinsGabrielle Figueiredo

Luíza ParaísoMarcela Rizzotti

Nahele SilvaNatália Maluf

Nathália GarciaRenata Teles

Victoria Dominguez

ALVENARIA ESTRUTURAL

Projeto de trabalho acadêmico que se apresenta ao Curso Engenharia Civil, como requisito para aprovação na disciplina Supervisão de Estágio I.

Belo Horizonte2010

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1 INTRODUÇÃO 3

1.1 Utilização da alvenaria como estrutura 3

1.2 Conceito estrutural básico 4

2 ASPECTOS HISTÓRICOS E DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA 5

3 COMPONENTES DA ALVENARIA ESTRUTURAL 8

3.1 Unidade 9

3.3 Armaduras 10

3.3 Argamassa 10

3.4 Graute 11

4 ASPECTOS TÉCNICOS E ECONÔMICOS 12

a) Altura da edificação 13

b) Condição arquitetônica 13

c) Tipo de uso 13

4.1 Pontos positivos e negativos do sistema 14

5 BLOCOS USUALMENTE UTILIZADOS 15

6 ESCOLHA DA MODULAÇÃO A SER UTILIZADA 18

6.1 Princípios da modulação e amarração 18

6.2 Processo de elaboração de um projeto de modulação 19

a) Modulação vertical 20

b) Modulação horizontal 20

7 ALGUMAS QUESTÕES REFERENTES AO CÁLCULO ESTRUTURAL 22

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS 24

REFERÊCIAS 25

SUMÁRIO

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1 INTRODUÇÃO

1.1 Utilização da alvenaria como estrutura

A alvenaria estrutural é um sistema construtivo racionalizado, no qual os elementos

que desempenham a função estrutural são de alvenaria, ou seja, os próprios blocos

de concreto.

A alvenaria comum se difere em vários pontos da alvenaria estrutural. A função

básica de uma alvenaria comum é a vedação (ou fechamento), enquanto que a

Alvenaria Estrutural substitui dois principais sistemas de uma construção: a estrutura

de concreto armado e os fechamentos de alvenaria. Portanto, na Alvenaria

Estrutural as paredes da edificação são também a estrutura que suporta todas as

cargas: além do peso próprio, também das lajes, coberturas e carga, além de fatores

externos como o vento.

Na alvenaria estrutural de blocos de concreto elimina-se a estrutura convencional, o

que conduz a importante simplificação do processo construtivo, reduzindo etapas e

mão-de-obra, com conseqüente redução do tempo de execução e dos custos.

A utilização desse sistema permite diminuição significativa no custo total da obra.

Bem utilizado, o sistema pode baratear a construção em média 30%, em relação ao

sistema convencional de estrutura em concreto armado.

Hoje nos EUA, Inglaterra, Alemanha e muitos outros países, a Alvenaria Estrutural

atinge níveis de cálculo, execução e controle similares às aplicadas na estrutura de

aço e concreto, constituindo num econômico e competitivo sistema racionalizado,

versátil e de fácil industrialização. Economia, segurança, qualidade e rapidez de

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execução, permitem à Alvenaria Estrutural adequar-se tanto a obras populares como

de padrões mais elevados.

Enfim, é possível desenvolver um sistema racionalizado que resulta na melhoria da

qualidade do produto final e em significativa economia na obra.

1.2 Conceito estrutural básico

O sistema iniciou através do empilhamento simples de unidades, tijolos, ou blocos,

até chegar à forma desejada. Na fase inicial os vãos criados tinham que ser

auxiliados por peças como vigas de madeira, ou pedra, além disso, suas dimensões

tinham que ser pequenas. Após o desenvolvimento desse sistema, descobriram uma

alternativa viável para a construção dos vãos, que seriam os arcos.

As cargas das lajes descarregam nos topos das paredes e as paredes conduzem as

cargas para as fundações ou estruturas de transição. Transmissão de ações através

de tensões de compressão nas paredes estruturais.

Pode-se admitir a existência de tensões de tração em pontos localizados, mas não

podem apresentar valores muito elevados. Caso contrário, a estrutura pode até ser

viável tecnicamente, mas economicamente será inadequada.

A alvenaria estrutural pode se subdividida em duas classes estruturais: alvenaria

não armada e alvenaria armada:

Alvenaria não armada é composta apenas de blocos de alvenaria e

argamassa; Os reforços metálicos são colocados apenas em cintas, vergas,

contravergas, na amarração entre paredes e nas juntas horizontais com a

finalidade de evitar fissuras localizadas.

Alvenaria armada é reforçada por armadura passiva de fios, barras ou tela de

aço, dimensionadas racionalmente para suportar os esforços atuantes.

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2 ASPECTOS HISTORICOS E DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA

A alvenaria estrutural é um sistema construtivo tradicional, utilizado à milhões de

anos. Inicialmente eram utilizados blocos de rocha como elementos de alvenaria,

mas a partir do ano 4.000 a.C. a argila passou a ser trabalhada possibilitando a

produção de tijolos.

As primeiras alvenarias, em pedra ou em tijolo cerâmico seco ao sol, apresentavam

grandes espessuras em suas obras mais imponentes, face ao desconhecimento das

características resistentes dos materiais e de procedimentos racionais de cálculo.

Com a utilização de blocos de diversos materiais, foram produzidas obras que

desafiaram o tempo, atravessando séculos ou mesmo milênios e chegando até

nossos dias como verdadeiros monumentos de grande importância histórica.

Ao passar do tempo, foi descoberta uma alternativa para a execução dos vãos: os

arcos. Estes seriam obtidos através do arranjo entre as unidades. Assim foram

executadas pontes e outras obras de grande beleza, obtendo maior qualidade à

alvenaria estrutural.

Ao longo dos séculos obras importantes foram executadas em alvenaria estrutural.

Como exemplo, temos:

Coliseu com mais de 500 metros de diâmetro e 50 metros de altura, construído por

volta do ano 70 d.C.

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Catedral de Reims, construída entre 1211 e 1300 d.C., demonstra a aprimorada

técnica de se conseguir vãos relativamente grandes utilizando-se apenas estruturas

comprimidas.

Muralha da China, construída em no período de 1368 a 1644.

Edifício Monadnock, construído em Chicago de 1889 a 1891 com as paredes da

base com 1,80 metros de espessura que, se construídos pelos procedimentos

atuais, teria espessura inferior a 30 centímetros.

Hotel Excalibur de Las Vegas construído em 1988 é o mais alto edifício em alvenaria

estrutural.

Até o final do século XIX a alvenaria predominou como material estrutural, porém

devido à falta de estudos e de pesquisas na área, não se tinha conhecimento de

técnicas de racionalização.

Com o aprimoramento do cimento e o domínio do aço, as estruturas em concreto

armado são marcantes no início do nosso século e se tornam, junto com as

edificações metálicas, os sistemas estruturais predominantes até a metade do

século, não só pela menor área útil ocupada, mas igualmente pelo custo mais baixo

em relação às pesadas obras em alvenaria estrutural.

Por volta de 1950, entretanto, começam a surgir normas que permitem calcular a

espessura necessária das paredes e a resistência das alvenarias, em bases de

cálculo mais racionais e experimentações laboratoriais, principalmente na Suíça. Os

empreendimentos bem sucedidos naquele país parecem ser os responsáveis pelo

ressurgimento do sistema construtivo em alvenaria estrutural na Europa na década

de 50, quando foram construídos muitos prédios altos, com paredes bastante

esbeltas.

Os anos 60 e 70 foram marcados por intensas pesquisas experimentais e

aperfeiçoamento de modelos matemáticos de cálculo, objetivando projetos

resistentes não só a cargas estáticas e dinâmicas de vento e sismo, mas também a

ações de caráter excepcional, como explosões e retiradas de paredes estruturais.

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No Brasil em 1966 foram construídos os primeiros prédios em alvenaria estrutural,

com quatro pavimentos em alvenaria armada de blocos de concreto, no Conjunto

Habitacional “Central Parque da Lapa”. É estimado que no Brasil, entre 1964 e 1966,

tenham sido executados mais de dois milhões de unidades habitacionais em

alvenaria estrutural.

A alvenaria estrutural atingiu o auge no Brasil na década de 80, disseminada com a

construção dos conjuntos habitacionais, onde ficou tida como um sistema para baixa

renda. Devido ao seu grande potencial de redução de custos diversas construtoras e

produtoras de blocos investiram nessa tecnologia para torná-la mais vantajosa.

Depois disso, os processos em alvenaria estrutural, empregando também blocos

sílicocalcários e blocos cerâmicos, começam a ser utilizados em escala crescente,

principalmente no estado de São Paulo, com base em normas da Inglaterra e

Alemanha, entre outras.

Hoje, nosso país já conta com diversas normas da ABNT para cálculo, execução e

controle de obras em alvenaria estrutural e o sistema começa a difundir-se em

diversos outros estados da federação.

Entre os diversos sistemas construtivos alternativos introduzidos no país nas últimas

décadas, a alvenaria estrutural é o mais compatível com as condições de nossa

cultura construtiva, tanto do ponto de vista de absorção e adequação de mão-de-

obra, quanto das possibilidades de racionalização e diminuição de custos, mesmo

sem garantia de demanda, pela ausência de uma política habitacional duradoura.

O surgimento de grupos de pesquisa e de fabricantes de blocos estruturais, com

modernas tecnologias, são suportes importantes para assegurar a permanência e o

desenvolvimento deste sistema no Brasil. No entanto, estamos carentes de um

maior número de profissionais, com conhecimentos de cálculo, execução e controle

de obras em alvenaria estrutural.

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3 COMPONENTES DA ALVENARIA ESTRUTURAL

Neste tipo de estrutura, a alvenaria tem a finalidade de resistir ao carregamento da

edificação, tendo as paredes função resistente. A remoção de qualquer parede fica

sujeita a análise e execução de reforços, pois ela exerce função de resistência e

vedação.

As lajes da edificação normalmente são em concreto armado ou protendido,

podendo ser moldadas no local ou pré fabricadas.

Para se ter um bom projeto, a Alvenaria Estrutural não pode ser vista meramente

como um conjunto de paredes superpostas, resistindo o seu peso próprio e outras

cargas adicionais. Deve ser compreendida como um processo construtivo

racionalizado, projetado, calculado e construído em conformidade com as normas

pertinentes, visando funcionalidade com segurança e economia.

No processo criativo de uma edificação em alvenaria estrutural é fundamental a

perfeita integração entre Arquiteto e Engenheiro Estruturista, objetivando a obtenção

de uma estrutura economicamente competente para suportar todos os esforços

previstos sem prejuízo das demais funções: compartimentação, vedação, isolamento

termo-acústico, instalações hidráulicas, elétricas, telefônicas e ter função estética.

A concepção estrutural pode ser facilitada se alguns aspectos forem observados:

forma; distribuição das paredes resistentes; lajes.

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Um projeto arquitetônico em alvenaria portante será mais econômico na medida em

que for mais repetitivo e tiver paredes coincidentes nos diversos pavimentos,

dispensando elementos auxiliares ou estrutura de transição.

3.1 Unidade

A alvenaria é um sistema construtivo que utiliza peças industrializadas de dimensões

e peso que as fazem manuseáveis, ligadas por argamassa, tornando o conjunto

monolítico.

Estas peças industrializadas podem ser moldadas em:

Cerâmica

Concreto

Sílico-calcáreo

Quanto à forma as unidades podem ser maciças ou vazadas, sendo denominados

tijolos ou blocos, respectivamente. São considerados maciços aqueles que possuem

um índice de vazios de no máximo 25% de área total. Se os vazios excederem esse

limite, a unidades é classificada como vazada. A tensão que se refere a área total

da unidade, desconsiderando-se os vazios, é chamada tensão em relação a área

bruta. Já a tensão calculada descontando-se a área de vazios é chamada de tensão

em relação à área liquida.

Já quanto à aplicação, as unidades podem ser classificadas de vedação e

estruturais.

As normas brasileiras quanto a resistência mínimas de blocos vazados de concreto

simples para alvenaria estrutural especifica que a resistência característica do bloco

a compressão, medida em relação à área bruta, deve obedecer aos seguintes

limites:

Fbk ≥ 6Mpa : Blocos em paredes externas sem revestimento

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Fbk ≤ 4,5Mpa: Blocos em paredes internas ou externas com revestimento.

3.2 – Armaduras

As barras de aço utilizadas em alvenaria são as mesmas utilizadas nas estruturas de

concreto armado, mas, nesse caso, serão sempre envolvidas por graute, para

garantir o trabalho conjunto com o restante dos componentes da alvenaria. Uma

exceção é feita para as armaduras colocadas nas juntas das argamassas de

assentamento. Nesse caso, é importante ressaltar que o diâmetro deve ser de no

mínimo 3,8mm, não ultrapassando a metade da espessura da junta.

3.3 – Argamassa

A argamassa é o elemento de ligação das unidades de alvenaria em uma estrutura

única, sendo normalmente constituída de cimento, areia e cal. É importante ressaltar

que − embora as argamassas de assentamento sejam compostas pelos mesmos

elementos constituintes do concreto − esta tem função e emprego bastante distintos.

Isso torna incorreto utilizar procedimentos iguais aos de produção de concreto para

produzir argamassas de qualidade. O processo de produção do concreto objetiva a

maior resistência à compressão com menor custo.

No caso das argamassas, o importante é gerar produto apto a transferir as tensões

de maneira uniforme entre os blocos para compensar irregularidades ou variações

dimensionais dos mesmos, além de ligar solidariamente as unidades de alvenaria e

ajudá−las a resistir aos esforços laterais.

As principais propriedades da argamassa são:

Trabalhabilidade;

Retentividade de água;

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Tempo de endurecimento;

Aderência;

Durabilidade

Resistência à compressão.

3.4 – Graute

O graute preenche os vazios dos blocos para aumentar a resistência à compressão

da alvenaria sem elevar a resistênci

a do bloco. É composto dos mesmos materiais usados para produzir concreto

convencional e pode ser usinado no canteiro de obras. Mas difere do concreto no

tamanho do agregado graúdo − 100% mais fino e passado na peneira de 12,5 mm −

e na relação água/cimento. Para preencher todos os vazios − e considerando que o

bloco normalmente tem grande absorção de água − o graute deve ter elevada

trabalhabilidade.

O ensaio de slump precisa mostrar abatimento de 20 a 28 cm e a relação

água/cimento, entre 0,8 e 1,1, dependendo do módulo de finura da areia. A fixação

do slump nesta faixa dependerá da taxa de absorção inicial das unidades e da

dimensão dos furos dos blocos.

O graute é constituído de cimento do tipo CP ou MRS. Em certos casos pode ser

adicionada cal na mistura para diminuir a sua rigidez − de 0 a 1/10 do volume de

cimento. São recomendadas areias com módulo de finura entre 2,3 e 3,1. Estas

requerem menos cimentos, permitindo que o graute alcance maior resistência à

compressão e menor retração no endurecimento.

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4 ASPECTOS TÉCNICOS E ECONÔMICOS

Quando se fala na aplicação de um novo sistema construtivo, é de extrema

importância que antes de sua adoção se discutam aspectos técnicos e econômicos

relacionados.

A especificação e utilização da alvenaria estrutural para edifícios residenciais partem

da concepção de transformar a alvenaria na condição de ser a própria estrutura da

edificação. Nesta condição, evita-se a necessidade de se ter vigas e pilares que dão

suporte a estrutura convencional.

Adotado o sistema de alvenaria estrutural, a mesma passa a ter dupla função, servir

como vedação e suporte para a edificação, o que num primeiro momento entende-se

como economia do empreendimento. Contudo é importante ressaltar que neste

caso, a alvenaria, precisa ter sua resistência controlada, de forma a garantir sua

estabilidade e segurança da construção. Para tal, tem-se a demanda de utilização

de materiais e mão-de-obra de melhor qualidade, conseqüentemente de custo mais

elevado o que eleva o seu custo de produção se comparado à alvenaria de vedação.

O acréscimo de custo para a produção da alvenaria estrutural compensa com folga a

economia que se obtém com a retirada dos pilares e vigas. Entretanto, deve-se

atentar para aspectos relevantes de forma que este cenário não se inverta.

Não se pode afirmar que um sistema construtivo seja considerado adequado a

qualquer edifício, tem-se que estudar a melhor alternativa a cada caso. Apresentam-

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se a seguir três características importantes que devem ser consideradas para se

decidir pelo sistema construtivo adequado.

a) Altura da Edificação

No caso da altura, atualmente no Brasil, afirma-se que a utilização da alvenaria

estrutural é adequada a edifícios de no máximo 16 pavimentos. Para edifício com

número maior de pavimentos a resistência a compressão dos blocos encontrados no

mercado não permite que a obra seja executada sem uma utilização de graute de

forma generalizada, o que prejudicaria o aspecto econômico. Ainda assim, mesmo

que atendida a condição de resistência a compressão dos blocos, as ações

horizontais começariam a produzir tensões significativas o que exigiria a utilização

de armaduras e graute. Sob esta condição o aspecto econômico estaria prejudicado.

b) Condição Arquitetônica

É importante considerar que a densidade de paredes estruturais por m² de

pavimento. Um valor indicativo é que haja de 0,5 a 0,7m de paredes estruturais por

m² de pavimento. Dentro desses limites, a densidade de paredes pode ser

considerada usual e as condições para seu dimensionamento também refletirão esta

condição.

c) Tipo de uso

Para edifícios comerciais e residenciais de alto padrão, onde seja necessária a

utilização de vão grandes, esse sistema construtivo não é adequado, considerando o

aspecto descrito no item anterior. A alvenaria estrutural é mais indicada e adequada

a edifícios residenciais de padrão médio a baixo, pois nestes casos os ambientes e

vão são pequenos.

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A utilização de alvenaria estrutural em edifícios comerciais é desaconselhável.

Nesse tipo de construção é comum a necessidade de modificação das paredes

internas para melhor acomodar empresas de diferentes portes. Com a utilização da

alvenaria estrutural não existe tal flexibilidade.

4.1 Pontos positivos e negativos do sistema

Vantagens

As vantagens mais imediatas da Alvenaria Estrutural são a redução de custo e o

menor prazo de execução. Estes fatores são muito bem-vindos num mercado

imobiliário que está cada vez mais competitivo. Atualmente o preço de venda de um

imóvel não é mais determinado por seus custos, mas sim pela capacidade financeira

dos compradores, portanto a construção precisa ser o mais econômica possível.

As maiores vantagens da alvenaria estrutural em relação aos processos tradicionais

são:

• Economia no uso de madeira para formas;

• Redução no uso de concreto e ferragens;

• Redução na mão-de-obra em carpintaria e ferraria;

• Facilidade de treinar mão-de-obra qualificada;

• Projetos são mais fáceis de detalhar;

• Maior rapidez e facilidade de construção;

• Menor número de equipes ou sub-contratados de trabalho;

• Ótima resistência ao fogo;

• Ótimas características de isolamento termo-acústico;

• Flexibilidade arquitetônica pelas pequenas dimensões do bloco;

Desvantagens

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• As paredes portantes não podem ser removidas sem substituição por outro

elemento de equivalente função;

• Impossibilidade de efetuar modificações na disposição arquitetônica original;

• O projeto arquitetônico fica mais restrito;

• Vãos livres são limitados;

• Juntas de controle e dilatação a cada 15m.

5 - BLOCOS USUALMENTE UTILIZADOS

Muitos blocos diferentes podem ser utilizados em uma edificação em alvenaria

estrutural. Dependendo do tipo de bloco a ser utilizado, maciço ou vazado, cerâmico

ou de concreto, existem dimensões usualmente encontradas.

A NBR6136, que trata de blocos vazados de concreto para alvenaria estrutural,

especifica duas larguras padronizadas: largura nominal de 15 cm, denominados

blocos M-15, e largura nominal de 20 cm, denominados blocos M-20. Entretanto,

segundo a norma, os comprimentos padronizados serão sempre de 20 e 40 cm e as

alturas de 10 e 20 cm.

No Brasil são mais facilmente encontrados blocos de modulação longitudinal de 15

cm e 20 cm, ou seja, comprimentos múltiplos de 15 e 20 cm.

Na modulação longitudinal de 15 cm, normalmente são encontrados os blocos com

15 e 30 cm de comprimento, ambos com 15 cm de largura. Com freqüência

encontra-se, também, o bloco de 45 cm de comprimento.

• Blocos de concreto - podem ser estruturais, de vedação ou canaletas, nos

formatos inteiro ou meio bloco. Apresentam texturas das mais finas, que podem

ficar aparentes, até as rústicas, ranhuradas ou com relevos. Os blocos estruturais

medem, no máximo, 39 cm de comprimento x 19 cm de largura x 19 cm de altura,

enquanto os de vedação têm 39 x 9 x 19cm;

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• Blocos cerâmicos - resistentes, proporcionam bom isolamento termoacústico.

Disponíveis em acabamento de textura fina (permitindo uso à vista) ou ranhurada

(para revestimento). Podem ser de vedação ou estruturais (ou autoportantes). Há

também as canaletas para cintamento (sistema que prende e dá sustentação aos

blocos na alvenaria). Suas dimensões mínimas são de 19 cm de comprimento x 19

cm de altura x 9 cm de largura, e as máximas de 39 x 19 x 19 cm;

 

• Blocos de concreto celular - produzidos em autoclave, estes blocos formados por

cimento, cal, areia, materiais silicosos e alumínio em pó são leves, porosos e têm

boas qualidades termoacústicas. São recomendados para paredes internas,

podendo receber acabamento com massa fina, gesso ou azulejos. De acordo com a

ABNT, deveriam ter as mesmas dimensões dos

blocos de concreto, porém, são encontrados em

diferentes medidas. Podem ser facilmente cortados;

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Figura 1 - Bloco de concreto

Figura 2 – Bloco cerâmico

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• Blocos sílico-calcáreos - resultado de uma mistura de cal virgem e areia silicosa,

são encontrados nas linhas estrutural e de vedação. Sua textura uniforme permite o

uso aparente. Oferecem isolamento térmico, acústico e integral. O material ainda

gera economia de tempo e mão-de-obra. Podem ser encontrados nas dimensões

mínimas de 24 cm de comprimento x 5,2 cm de altura x 11,5 cm de largura, e

máximas de 39 x 19 x 19 cm;

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Figura 3 – Blocos de concreto celular

Figura 4 - Bloco sílico-calcáreos

Page 19: Alvenaria Estrutural (escrito)

6 ESCOLHA DA MODULAÇÃO A SER UTILIZADA

A Alvenaria Estrutural é um processo construtivo racionalizado, no qual os

elementos que desempenham a função estrutural são de alvenaria. Este processo

necessita de um criterioso detalhamento e da compatibilização entre os diversos

projetos, para obter um aumento de produtividade e redução de desperdícios.

Desta forma, a coordenação modular é um procedimento absolutamente

fundamental para que uma edificação em alvenaria estrutural possa resultar

econômica e racional.

6.1 Princípios da modulação e amarração

A modulação consiste em um sistema de medidas das quais os elementos da

edificação são múltiplos ou submúltiplos. Para se obter uma perfeita modulação é

necessário trabalhar com as medidas dos blocos desde a concepção dos espaços.

É importante ressaltar a necessidade do trabalho conjunto do arquiteto com o

projetista estrutural, para que não haja interferência entre os projetos.

A adoção de coordenação dimensional tem diversas vantagens, como:

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Simplificação da atividade de elaboração do projeto;

Padronização dos materiais e componentes;

Facilidade na utilização de técnicas pré-definidas, facilitando inclusive o

controle da produção;

Redução de desperdícios com adaptações;

Maior precisão dimensional;

Diminuição de erros de mão-de-obra, com conseqüente aumento da

qualidade e da produtividade.

Para iniciar o processo de modulação, parte-se da escolha das dimensões do bloco.

É recomendável que o comprimento do bloco seja múltiplo de sua largura. Este fato

evita o uso de blocos especiais, que podem elevar o custo final da obra. Porém,

quando isto não é viável, é possível empregar blocos especiais que garantam a

amarração eficiente da alvenaria.

A modulação de paredes significa acertar suas dimensões em planta e também o pé

direito da edificação, em função das dimensões das unidades, de modo a evitar

cortes ou ajustes necessários à execução das paredes.

Para que haja uma melhor distribuição de cargas entre as paredes, produzindo

uniformização de tensões, é necessária a amarração adequada entre as mesmas. A

amarração direta consiste no entrosamento alternado entre as fiadas, evitando as

juntas a prumo durante a modulação de uma planta.

6.2 Processo de elaboração de um projeto de modulação

Etapas do projeto:

Estudo preliminar

Anteprojeto

Projeto legal

Projeto executivo

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Elementos para projeto:

Blocos – família de blocos e outros elementos complementares

Grout e juntas verticais/horizontais

Armação, vãos e esquadrias

Projetos estruturais e de instalação

a) Modulação vertical

Figura 5 – Modulação Vertical

b) Modulação Horizontal

20Figura 6 - Modulação Horizontal

Page 22: Alvenaria Estrutural (escrito)

7 ALGUMAS QUESTÕES REFERENTES AO CÁLCULO ESTRUTURAL

Em blocos de concreto existe uma regra muito simples e eficiente para uma primeira

estimativa da resistência de bloco necessária em um edifício. Consiste em

considerar 1 MPa de resistência de bloco de 14 cm de espessura para cada

pavimento. Cabe lembrar que a resistência mínima exigida pelas normas brasileiras

é de 4,5 MPa. Assim, para um prédio de 16 pavimentos seria necessário um bloco

de concreto de resistência à compressão de 16 MPa. O problema é que não são

todos os fabricantes que conseguem produzir blocos com essa especificação,

devido às limitações dos equipamentos empregados quanto à energia de

compactação e vibração necessária para gerar esse tipo de bloco. Antes de

especificar, é aconselhável uma minuciosa consulta na região próxima à da obra,

para verificar a disponibilidade do bloco necessário.

A resistência adequada par as argamassas pela NBR 10837, que regulamenta o

cálculo de alvenaria com blocos de concreto, a resistência mínima é de 5 MPa,

embora nós saibamos que valores um pouco menores possam ser empregados em

edificações de pequeno porte, como em países com forte tradição em alvenaria

como a Inglaterra e a Austrália. De qualquer forma, a rigor, não se poderia utilizar

nenhuma argamassa com resistência à compressão inferior a 5 MPa. Outro ponto a

ser destacado quanto às argamassas é a aderência, uma característica também

muito importante.

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O tamanho dos vãos que podem ser vencidos depende de cada caso e a limitação,

a rigor, não está relacionada à alvenaria. Outro ponto importante refere-se à altura

que as paredes podem ter. A norma brasileira de cálculo de alvenaria de blocos de

concreto diz que não se pode ter uma razão entre a altura efetiva da parede e sua

espessura superior a 20, no caso da alvenaria não-armada. Então, com blocos

tradicionais de 14 cm, o pé-direito fica limitado a 2,80 m, o que para edifícios

residenciais não é um problema. Já no caso dos edifícios comerciais e industriais,

onde se pode ter a necessidade de utilizar maiores pés-direitos, outras providências

devem ser adotadas, como, por exemplo, utilizar paredes de maior espessura,

aumentar a espessura efetiva com enrijecedores, adotar a alvenaria armada, em que

a razão altura por espessura pode atingir o valor 30, ou, até mesmo, utilizar paredes

duplas em seções compostas do tipo H.

A limitação é basicamente da laje, não da alvenaria em si. Com uma laje

suficientemente rígida seria possível chegar a 9 m, por exemplo, sem grandes

problemas.

Principalmente para edifícios com um número de pavimentos não muito elevado isso

é verdadeiro.

Quando a edificação tiver muitos pavimentos podem começar a ocorrer problemas

de resistência para as paredes, já que as tensões de compressão atuantes podem

ser bastante significativas. Mas, se o edifício não for muito alto, o limitador é a laje,

ou seja, é uma limitação que existe na alvenaria, no concreto armado e em qualquer

solução.

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8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com esse trabalho, foi apresentado o conceito da alvenaria estrutural como estrutura, mostrando suas vantagens e desvantagens, seu aspecto histórico e suas características mais marcantes. Foi mostrado também as características geométricas, sendo discutido as modulações horizontais e verticais. Destacou-se a importância da modulação para obtenção de economia e racionalidade nesse tipo de construção.

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REFERÊNCIAS

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IBDA. Disponível em <http://www.forumdaconstrucao.com.br/conteudo.php?a=7&Cod=40> Acesso em: 18 mai. 2010.

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