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Anexos
Personalidades almadenses vinculadas à oposição
Albertino Ferreira de Oliveira
Nasceu em 1930 na Sobreda. Foi um dos primeiros aderentes do MUD Juvenil,
ascendendo à comissão central tendo actividade em Grândola, Montemor, Sines, Setúbal,
Barreiro, Seixal, Montijo, Olhão, Faro e Portimão.
Fez parte da Comissão de Juventude de apoio a Arlindo Vicente e foi integrante activo na
campanha presidencial de 1958. Na sequência desta foi preso, conjuntamente com Raul
Cordeiro, José Alves de Almeida e José Inácio da Cruz, sob a acusação de se membro do
PCP.
Fazia a distribuição do Avante na Cova da Piedade e recebia as respectivas cotas. Esteve
ligado sobretudo à Cooperativa Piedense na qual trabalhava quando foi preso.
Faz parte da estrutura local do PCP na Sobreda aonde reside actualmente.
Alberto Emílio de Araújo
Nasceu em Almada, filho de Júlio José Araújo, de ideais republicanos.
Entrou para o PCP em 1933, pela mão de Bento Gonçalves, ao qual se ligou
partidariamente. As suas primeiras tarefas contavam traduzir revistas francesas e escrever
no Avante.
Ascende ao Secretariado, com o encargo da imprensa e depois em 1936 passa a gerir o
dinheiro do Partido. Seria preso como membro do Secretariado do PCP e deportado para
o Tarrafal.
Depois estaria ligado à Incrível Almadense, onde dava aulas para poder subsistir já que,
dado o seu passado político, as portas das escolas estavam-lhe vedadas.
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Morre em 1955 na sequência de uma tuberculose renal, contraída no campo de
concentração.
Alberto Gonzaga Marques
Nascido em Lisboa em 1887, foi em 1919 “candidato a vogal substituto da lista
republicana à Câmara Municipal de Almada”.1
Em 1929 era nomeado vogal substituto da municipalidade no seguimento da demissão da
Comissão Administrativa da Câmara pelo Governador Civil de Setúbal.2 Em 1934 foi
empossado como escriturário da Santa Casa da Misericórdia de Almada, cujo provedor
era o seu correligionário Polónio Febrero Júnior.3
Em 1945 fazia parte da comissão central do MUD, falecendo em Almada a 8 de Agosto
de 1951.4
Alfredo da Conceição Guaparrão dos Santos
Nasceu em 1938 em Portalegre, vindo para Almada em 1958. Começou por frequentar a
Academia Almadense e a Incrível Almadense, acabando por se ligar mais a esta última.
É actualmente dirigente associativo desta colectividade.
Participou na manifestação em 1961 que resultou na morte de Cândido Capilé e nas
reuniões preparatórias do assalto ao quartel de Beja em 1961, no qual participou
activamente. Tinha como objectivo cortar as comunicações terrestres com a região,
através da explosão da ponte do Torrão, que não foi concretizado. Foi preso na sequência
disso e sentenciado a três anos e meio percorrendo as cadeias do Aljube, de Caxias e de
Peniche.
Reside actualmente em Almada.
1 FLORES Alexandre, POLICARPO António, Proclamação da República em Almada, Almada, Câmara
Municipal de Almada, 2011, p.99 2 Ibidem 3 Ibidem 4 Ibidem, pp.99; 186
177
Alexandre dos Santos Castanheira
Nascido em 1928 em Cacilhas. Despertou para a política aos 17 anos, no liceu Passos
Manuel onde, com alguns colegas, organizou um ciclo de conferências acerca dos
Vencidos da Vida, cuja obra considerava que podia ser apropriada como crítica ao regime.
Em 1946, gorada esta iniciativa pela direcção da escola, profere na Incrível Almadense
uma conferência intitulada “Eça de Queiroz Jornalista” que captou as atenções de
Henrique Barbeitos que o convidou para integrar o MUD Juvenil. Grande dinamizador
do movimento no concelho conseguiu junto de outros jovens formar o primeiro núcleo
no concelho. Faria parte da comissão distrital e já na campanha de Norton de Matos era
notado pela PIDE como secretário de propaganda de Pinto Gonçalves. Teve um papel
importante também na dinamização do MUD Juvenil no Algarve.
Participou na campanha de Ruy Luís Gomes em Almada como delegado da Juventude
em Almada, Sesimbra, Cova da Piedade, Grândola e Setúbal.
Aderiu ao PCP pela mão de Octávio Pato e chegou a ascender ao Secretariado Central.
Teve uma actividade política intensa como militante, chegando a estar uma temporada
clandestino no Porto.
Teve igualmente uma actividade intensa na Incrível Almadense como dinamizador da
biblioteca desta colectividade e dirigente associativo.
Esteve preso primeiro entre 6 de Fevereiro e 9 de Abril de 1952. Depois em Faro quando
ia realizar actividade como militante comunista no Alentejo e no Algarve entre 24 de
Abril e 23 de Julho do mesmo ano e, por último, entre 5 de Fevereiro e 13 de Junho de
1953 na consequência de uma denúncia enquanto era controleiro do MUD J em Grândola.
Faleceu em 2017 em Almada.
Alexandre Bento Simões
Nasceu em Soure em 1892, alistando-se voluntariamente na Armada em 1910 onde
ascendeu rapidamente, chegando a subtenente aos 32 anos.5 Foi radiotelegrafista durante
a Grande Guerra a bordo do cruzador Vasco da Gama, participou a bordo da canhoneira
5 Ibidem, pp.99-100
178
Bengo nas acções executadas na foz do Rovuma quando Moçambique foi invadido pelos
alemães e esteve igualmente no caça-minas Augusto de Castilho antes de ser afundado
pelos alemães em 1918.6
Participou no 14 de Maio contra Pimenta de Castro e foi enviado a bordo do cruzador
Vasco da Gama para combater a Monarquia do Norte.7
Participou nas eleições presidenciais de 1949 e de 1958 ao lado da Oposição
democrática.8
António Coelho
Nasceu no Pragal em 1930.
Aderiu ao PCP aos dezoito anos, vindo a ser participante activo na campanha presidencial
de 1958 primeiro na candidatura de Arlindo Vicente e depois na de Delgado, aquando da
junção das duas candidaturas. Na sua oficina de móveis realizaram-se algumas reuniões
de propaganda e foi um dos fiscais das urnas da oposição em Almada. Foge para o Norte
depois de ter sido avisado a partir da prisão por José Inácio da Cruz.
Reside actualmente em Almada.
António Rogério Reizinho Falcão
Nasceu em Mora em 1935, vindo ainda criança para Almada.
Aderiu ao PCP por volta de 1965, tendo a tarefa de distribuir propaganda sobretudo
Avante, Militante, O Camponês e A Terra. Foi preso no Casal do Marco em 1967 quando
ia ter um encontro partidário. A sua casa também serviu de ponto de apoio a funcionários
do Partido.
Esteve sobretudo ligado às Escolas do Desportivo.
Reside actualmente na Cova da Piedade
6 Ibidem, p.100 7 Ibidem 8 Ibidem
179
António Lopes
Nasceu em 1909 em Lisboa.
Fez parte do grupo de apoio aos elementos que cortaram os cabos submarinos em Almada
a 18 de Janeiro. Esteve preso em Peniche e no Aljube
Pertenceu ao MUD em 1946 e em Novembro era preso na sequência de um incêndio
deflagrado numa fábrica no Caramujo, conjuntamente com José da Silva Gordinho.
António Rodrigues de Miranda
Em 1924 foi eleito duas vezes para vogal substituto da Comissão Administrativa da
Câmara presidida primeiro por Mário Baptista Cardoso Marques e depois da demissão
colectiva desta numa outra presidida por Carlos Mendes Egreja.9 Seria depois impugnado
para o mesmo cargo num executivo presidido por Alfredo Pimenta.10
Integrou a comissão central do MUD em 1945.11
António dos Santos Pereira
Nasceu em 1933 em Almada. A sua mãe, Isaura dos Santos Pereira, liderou os protestos
durante a Segunda Guerra Mundial contra a carestia da vida.
Aderiu ao PCP no ínicio dos anos cinquenta e foi baleado em 1961 na manifestação em
que Cândido Capilé foi assassinado. Esteve sob detenção no Hospital Santa Maria, aonde
esteve sob intervenção cirúrgica até ter alta.
Deslocou-se a Beja com vista a participar no assalto ao quartel, mas foi preso antes de
tomar parte nos acontecimentos. Esteve preso 3 anos e 4 meses percorrendo as cadeias do
Aljube, de Caxias e de Peniche.
9 Ibidem, p.112 10 Ibidem 11 Ibidem
180
Depois do 25 de Abril fez parte da Comissão Administrativa da Junta de Freguesia de
Almada.
Reside actualmente na Charneca da Caparica.
Carlos Alberto da Conceição Rosado
Nasceu em Almada em 1937.
Esteve, e mantém-se, ligado à Incrível Almadense. Em 1969 era Presidente da Direcção
e em 1972 recebe o colóquio da Seara Nova que trouxe a Almada Maria Helena Gorjão e
José Manuel Tengarrinha.
Reside actualmente em Almada.
Domingos Miguel
Nasceu em 1884 em Silves.
No 18 de Janeiro aderiu à Greve Revolucionária faltando ao emprego. Preso por
alegadamente ter coadjuvado Adriano Pimenta na sua fuga para Espanha, é libertado por
não se conseguir provar nada contra ele.
Em 1945 adere ao MUD.
Felizardo Sanches Artur
Republicano de segunda geração, nascido a 18 de Março de 1910 na Fonte Santa da
Caparica. Começou, segundo Romeu Correia a escrever para os jornais aos catorze anos
e aos dezoito, em 1928, já era colaborador do Notícias de Almada, ao mesmo tempo que
trabalhava como empregado de escritório na Artur e C.ª (Irmão), estabelecida em Cacilhas
e pertencente a familiares seus.12
Entre os periódicos de que foi director contam-se Margem Sul e O Almadense, neste
último ladeado por outros dois republicanos José Carlos Pinto Gonçalves e Sebastião
12 CORREIA Romeu, Homens e Mulheres vinculados às terras de Almada (Nas Artes, nas Letras e nas
Ciências), Almada, Câmara Municipal de Almada, 1978, p.264
181
Lopes. Neste último retomaria a combatividade que caracterizou a propaganda
republicana contra a monarquia, mas desta feita contra a ditadura. Acossado o regime,
após o 18 de Janeiro de 1934 prendeu-o e suspendeu O Almadense que nunca mais
voltaria às bancas. Ainda lançou um novo jornal intitulado 1935 – de Semana a Semana
que teria vida curta cessando a sua publicação com o eclodir da Guerra Civil de
Espanha.13
Posteriormente seguiria uma carreira como industrial em Almada e em 1945 integraria a
oposição democrática como membro da comissão concelhia do MUD. Segundo Jorge
Rodrigues, como representante da firma Luslite, Corporação Mercantil Portuguesa Ltd.
participou na urbanização da zona compreendida entre a Rua da Liberdade, Avenida D.
Nuno Alvares Pereira e Rua Nuno Álvares Botelho.14
Faleceu aos 47 anos em 31 de Maio de 1957.15
Filipe José da Costa
Nasceu em 1896 em Lisboa.
Foi preso em 8 de Junho de 1928 como Legionário Vermelho. Evadido da Guiné, era
novamente capturado e enviado para Moçambique a 21 de Agosto desse ano.
Participou posteriormente em Almada no corte dos cabos submarinos na madrugada de
17 para 18 de Janeiro de 1934. Ficou na retaguarda, integrado no grupo de apoio que
visava proteger os elementos que procederam ao corte.
Foi enviado para o Tarrafal de onde regressa em 1945, como parte dos amnistiados do
pós-guerra.
Firmino da Silva
Nasceu em Almada a 11 de Outubro de 1888. Fundador do Centro Republicano Capitão
Leitão em 1907, participaria activamente na implantação da República no concelho a 4
13Ibidem, pp.266-267 14 RODRIGUES Jorge Martins de Sousa, A Expansão programada de Lisboa para a Margem Sul: Almada
1938-1950, Lisboa, ISCTE, 1995, p.205 15 CORREIA Romeu, Homens e Mulheres vinculados às terras de Almada (Nas Artes, nas Letra e nas
Ciências), Almada, Câmara Municipal de Almada, 1978, p. 268
182
de Outubro de 1910.16 Participante no 14 de Maio contra Pimenta de Castro seria
reconhecido pela Lei nº534 de 18 de Maio de 1916 como revolucionário civil e em 1926
transitaria para a Esquerda Democrática.17
Durante o Estado Novo foi membro activo da oposição democrática integrando logo em
1945 a comissão concelhia do MUD e em 1956 estava à frente das celebrações da
implantação da República no concelho decorridas a 4 e 5 de Outubro desse ano.
Morre a 31 de Dezembro de 1965 legando a um amigo fiel o estandarte do Centro
Republicano Capitão Leitão que seria descerrado na manifestação depois do 25 de Abril.
Francisco Fritzgerald Correia dos Santos
Nasceu em 1903 em Lisboa.
Preso em Janeiro de 1931 pela Polícia de Informações do Ministério do Interior por ter
ido a Elvas falar com o coronel Passos e Sousa para o convencer a vir a Lisboa para,
segundo as suas declarações, “obstar a uma desinteligência que tendia a desenvolver-se
dentro da Situação.”18 Homem próximo de Mendes Cabeçadas, apenas prestou
declarações autorizado por ele e por Brito Pais tendo o seu processo sido arquivado pelo
director capitão José do Passo a 27 de Janeiro por não poder interrogar as altas patentes
que intervieram nesta acção.19
Em 1946 seria novamente preso pela sua participação no golpe da Mealhada,
provavelmente aduzido por Cabeçadas.20
Em 1949 era presidente dos Bombeiros de Almada e participou activamente na campanha
de Norton de Matos.
16 FLORES Alexandre, POLICARPO António, Proclamação da República em Almada, Almada, Cãmara
Municipal de Almada, 2011, p.127 17 Ibidem, p.128 18 PIDE/DGS, SC, SPS 4778, NT 4629 Francisco Fritzgerald Correia dos Santos, f.13 19 Ibidem, ff.12;14 20 PIDE/DGS, Del P, PI 124, NT 3449 Francisco Fritzgerald Correia dos Santos, f.1
183
Gilberto Henrique Rita da Silva
Nasceu em Burgau em 1940. Veio para Almada em 1964 ficando ligado às Escolas do
Desportivo.
Adere ao Partido, convidado por Gomercindo de Carvalho. Exerceu actividade partidária
enquanto ainda fazia parte da Marinha dentro da Armada.
Participou activamente nas campanhas da CDE em 1969 e em 1973, tendo ligações
políticas a nível distrital.
Reside actualmente no Seixal.
Hélio Vieira Quartim
Nasceu a 1 de Novembro de 1916, filho do intelectual anarquista Pinto Quartim de
ascendência brasileira.21
Em 1943 foi preso pela PVDE entre 16 e 20 de Dezembro para “averiguações”, integraria
em 1945 a comissão central do MUD.22 Foi um dos seus elementos mais activos
participando nos protestos contra a prisão do seu correligionário José António Damas,
contra a demissão de Mário de Azevedo Gomes e Bento de Jesus Caraça, contra os
sucessivos atropelos ao funcionamento da comissão pelo governo civil de Lisboa e a
ilegalização do MUD.23 Foi também propugnador de uma celebração do 31 de Janeiro e
membro da Associação Feminina para a Paz.24
Como resultado da sua actividade foi novamente, a 31 de Janeiro de 1948, chamado à
PIDE sob a acusação de ter redigido um manifesto sobre o 31 de Janeiro que foi refutada
por Quartim, embora admitisse que estava em sintonia com o que estava lá exposto.25
Em Almada esteve à frente da comissão comemorativa da implantação da República em
1956 e foi elemento activo nas eleições de deputados de 1957 e sobretudo nas
presidenciais de 1958 primeiro como membro da comissão concelhia de apoio à
21 PIDE/DGS, SC, SR, 50/46, NT 2513 Hélio Vieira Quartim, Nuno Fidelino Lobo da Costa Figueiredo,
f.15 22 Ibidem, f.18 23 O governo civil constantemente advogava a ilegalização do movimento para não reconhecer a
legitimidade dos membros comissão central. (Ibidem, ff.20-21;25-30; 32-39) 24 Ibidem, f.31; 41 25 Ibidem, f.18
184
candidatura de Arlindo Vicente e, depois da junção das candidaturas, da de Humberto
Delgado.26 Foi, nesse sentido, um dos fiscalizadores pela oposição das urnas durante o
acto eleitoral.27
Nos anos 1960, já no período marcelista, colaborou no República em assuntos
concernentes à cultura e ao movimento associativo.28
Depois do 25 de Abril exerceu cargos na CMA.
Henrique Barbeitos Pinto
Nascido em Barcelos numa família republicana. O seu avô liderou o comité local do 31
de Janeiro.
Em 1930, ainda estudante de medicina em Coimbra, participou em acções contra a
ditadura que consistiram no cumprimento de redacções de jornais oposicionistas e gritar
numa manifestação palavras de ordem contra a situação política. Foi provavelmente aí
que aderiu ao comunismo, embora, não consiga precisar.
Veio para Almada em 1937, estabelecendo aí consultório, ficando logo conhecido pela
sua generosidade ao tratar gratuitamente quem não podia pagar as consultas. Foi feito de
imediato sócio de mérito da Incrível Almadense ao tratar os músicos da sua banda,
maioritariamente operários e, por conseguinte, de baixos recursos financeiros, sem cobrar
nada.
Em 1945 faria parte da comissão concelhia do MUD e durante a campanha de Norton de
Matos da Distrital. Durante esta campanha transportou no seu automóvel os oradores para
o comício.
Posteriormente, transitou para o MND integrando também a comissão distrital. Foi um
dos organizadores das celebrações do 5 de Outubro de 1956. Participante activo nas
eleições de deputados de 1957 e na escolha do candidato para as presidenciais de 1958,
tomou parte em várias reuniões políticas, nesse sentido, no distrito.
26 Ibidem, ff.7-9; 12-17 27 Ibidem, f.8 28 Ibidem, ff.2-5
185
Apoiante primeiro de Arlindo Vicente e depois de Humberto Delgado em 1958, seria
preso antes das eleições para alegadamente não fiscalizar os cadernos eleitorais.
Jaime Ferreira Dias
Nasceu na Charneca da Caparica em 26 de Maio de 1903 no seio de uma família de
operários corticeiros. Acompanhou desde os treze anos o seu pai para a Bucknall & Sons
na Cova da Piedade, na qual entrou em Outubro de 1915, realizando, dado a inexistência
de transportes, este percurso a pé.29 Aos 14 anos, em Novembro de 1916, a colocar uma
correia o fato prendeu-se-lhe ao tambor da máquina e, como resultado, ficou sem o braço
direito, tendo sido auxiliado pelo encarregado, David Fergusson, a prosseguir os seus
estudos.30
Homem profundamente inteligente, que dominava o inglês e o francês, ascendeu a
empregado de escritório dessa fábrica e também nas fileiras do PSP, onde era muito
estimado pela cúpula dirigente, em especial Bourbon e Meneses de quem era amigo
intímo. Desconhece-se a data da sua entrada para o Partido, mas aos 21 anos já era editor
do jornal A Mocidade, possivelmente com afinidades a esse partido. Foi nos jornais que
deixou a maior parte da sua obra dispersa em centenas de artigos na imprensa nacional,
onde era correspondente de O Século, da República Social, de O Protesto, de O
Vegetariano, A Nova Arcádia, O Libertador, O Eco – Telegrafo Postal, O Constructor
Civil, A Voz do Operário e O Trabalho local, como colaborador de A Voz de Almada, A
Mocidade e O Almadense, e, segundo Romeu Correia, também na socialista espanhola.31
Escreveu também dois opúsculos editados pela Biblioteca de Estudos Sociais: Escravos
da Gleba (1928) e A Mulher: escrava do lar e das convenções sociais (1929)
concernentes respectivamente com a redistribuição igualitária de terras por quem as
produz e a igualdade de género. A sua peça Duas Uniões Victoriosas versa igualmente a
igualdade entre homens e mulheres e advoga a união da classe trabalhadora para fazer
face às injustiças do patronato.
29 FLORES Alexandre, Almada Antiga e Moderna Roteiro Iconográfico III Cova da Piedade, Almada,
Câmara Municipal de Almada, 1990, p.98 30 Ibidem, pp.98-99 31 CORREIA Romeu, Homens e Mulheres vinculados às terras de Almada (Nas Artes, nas Letras e nas
Ciências), Almada, Câmara Municipal de Almada, 1978, pp.229-234
186
Faleceu precocemente com 29 anos em 14 de Novembro de 1932 no Hospital de Santa
Marta sendo homenageado postumamente nas páginas de O Almadense e de O Protesto,
que relata detalhadamente o seu funeral. Bourbon e Meneses, em Outubro de 1933,
dedicar-lhe-ia o seu livro Páginas de Combate relativo a doutrina socialista.
João Costa
Nasceu no Barreiro, vindo residir posteriormente para Almada.
Em 1934 era o presidente da Associação dos Corticeiros e o elemento de ligação local da
CGT.
Em 1937 participou no atentado a Salazar indo buscar a Alcântara componentes
importantes da bomba que guardou na Cooperativa Piedense.
Foi dirigente associativo, especialmente na Cooperativa Piedense.
Joaquim do Carmo
Nasceu em 1937 em Silves, vindo para Almada durante os anos da Segunda Guerra
Mundial. Começou a trabalhar como operário corticeiro ainda criança, sofrendo dois
acidentes de trabalho um dos quais lhe decepou um dedo.
Em 1956 adere ao MUD Juvenil, participando nas reuniões para a escolha do candidato
presidencial em 1958. Começa como membro da comissão de Arlindo Vicente e depois
transita para a de Humberto Delgado após a junção das candidaturas.
É preso em 1963 no Arsenal do Alfeite, emigrando para a Suécia após a sua libertação
onde permaneceu até ao 25 de Abril.
Reside actualmente na Cova da Piedade.
Joaquim Judas
Nasceu em 1951 em Évora.
187
Adere ao PCP ainda em Évora e tem actividade partidária ligado à UEC, dentro da
Universidade e também no transporte de propaganda de Évora para a Margem Sul.
Liga-se às Escolas do Desportivo e participa na campanha de 1973. Foi preso duas vezes:
a primeira no rescaldo do assassinato de Ribeiro dos Santos, acusado como membro do
PCP e a segunda no rescaldo das eleições de 1973. Libertado em Janeiro de 1974 passa
para a clandestinidade onde se encontra já passado o 25 de Abril no Porto.
Foi Presidente da CMA até às últimas autárquicas, quando perdeu para a candidata
socialista.
Joaquim Montes
Nasceu em 1912 em Almada.
Fazia parte da Comissão de Acção do Comité da CGT. Despachava as bombas produzidas
no concelho para vários pontos do País. Neste sentido, entregou a Arnaldo Januário
material explosivo para levar para Coimbra. Entregava também os ingredientes para as
bombas a Romão dos Santos Duarte que, por sua vez, as entregava já manufacturadas.
Foi ainda responsável pela paralisação da Parry & Sons e dos transportes rodoviários em
Cacilhas.
Faleceu no Tarrafal a 14 de Fevereiro de 1943, vítima de uma biliosa.
José Alaíz
Nascido a 4 de Fevereiro de 1894 foi com dezasseis anos para Lisboa para tomar parte na
implantação da República alinhando posteriormente com o anarco-sindicalismo.32
Durante a Ditadura Militar dirige a partir de 1927 o Voz de Almada e colabora activamente
em O Almadense. Depois da Segunda Guerra Mundial em 1945 integra a comissão
concelhia do MUD e ajuda a criar a do MUD J. Participa já como militante comunista33
32 FLORES Alexandre, POLICARPO António, Proclamação da República em Almada, Almada, Câmara
Municipal de Almada, 2011, p.156 33 É incerto quando Alaís aderiu ao comunismo. (Ibidem, p.157)
188
activamente em todas as campanhas eleitorais durante o regime e assiste já octogenário
ao 25 de Abril tomando parte na manifestação que se seguirá à Revolução.
Morre em 25 de Novembro de 1974.
José de Sousa Cavaco
Nasceu em 1941 no Algarve, vindo residir logo a seguir para o Laranjeiro.
Esteve ligado à Comissão Cultural da Cooperativa Piedense e desde 1963, data da sua
fundação às Escolas do Desportivo com Gomercindo de Carvalho.
Adere ao PCP nos anos sessenta e em 1967 foge para França para escapar à prisão, aonde
permanece até ao 25 de Abril.
Mantém desde o 25 de Abril actividade partidária.
José Carlos Pinto Gonçalves
Nasceu em Cacilhas em 1913, filho do comerciante José Pinto Gonçalves que apoiaria o
Sindicato Nacional de Trabalhadores de Armazéns do Distrito de Setúbal.34
Republicano de segunda geração dirigiu a partir de 1933 O Almadense com Sebastião
Lopes e Felizardo Artur. Com o encerramento deste dedicou-se à advocacia e em 1945
integra a comissão concelhia do MUD.
Responsável distrital pela candidatura de Norton de Matos seria preso no rescaldo da
campanha. Continuou a sua actividade ligada à comissão distrital do MUD participando
activamente nas comemorações da República em 1956 e nas eleições de deputados de
1957 e presidenciais de 1958.
Foi também advogado de defesa de vários presos políticos e após o 25 de Abril integra a
Comissão Administrativa de Loures como vogal.35
34 FLORES Alexandre, Almada Antiga e Moderna Roteiro Iconográfico II Freguesia de Cacilhas, Almada,
Câmara Municipal de Almada, 1987, p.70 35 Ibidem
189
José da Silva Gordinho
Nascido em 1899, era redactor-delegado do jornal A Batalha e presidente das Juventudes
Sindicalistas do Núcleo de Almada tendo sido preso em 1919 em Lisboa por lutar contra
as más condições de vida e o desemprego.36
Pertenceu à Legião Vermelha tendo sido ferido no abdómen a 3 de Março de 1922, na
sequência de uma acção contra os “fura-greves” que estavam a desestabilizar a
paralisação da Companhia Carris em Lisboa.37
Foi deportado para Timor em Abril de 1926 no seguimento da repressão desencadeada
pelo alvejamento do coronel Ferreira do Amaral, comandante da PSP célebre pelo
refreamento dos anarquistas em Lisboa.38 Durante a Segunda Guerra Mundial participa
na resistência contra os japoneses ao lado das forças australianas, emigrando para esse
país em 1943 onde trabalhou nos caminhos-de-ferro em Nawabi-West.39
Em 1946 regressa à Cova da Piedade tendo sido recebido em apoteose na SFUAP, onde
se distinguira como executante da banda.40 Em Novembro desse ano as principais fábricas
da região eram pasto de chamas, em especial a Rankin & Sons e a Bucknall & Sons, tendo
sido acusado do crime e preso conjuntamente com os seus correligionários anarco-
sindicalistas Mário Moreira, Liberto da Silva Costa, Francisco Jara, José Matias Rocha,
Júlio Monteiro Martins, Cândido Miguéis da Silva, António Pereira, António Lopes e
Manuel Francisco da Silva.41 Preso pela PIDE no dia 15 desse mês foi enviado para o
Aljube, negou, quando interrogado a 2 de Dezembro de 1946, a sua participação no
incêndio.42 Foi libertado no dia 23 de Janeiro de 1947, tendo-lhe sido fixada residência
no Pragal onde morreu pouco tempo depois de doença incurável.43
36 POLICARPO António Neves, José da Silva Gordinho 1899-1948 Memorial de um anarquista
almadense, Cova da PIEDADE, Junta de Freguesia da Cova da Piedade, 2003, p.28 37 Ibidem, p.29 38 Ibidem, pp.31-32 39 Ibidem, pp.50; 53 40 Ibidem, p.65 41 Ibidem, pp.65-66; 70 42 Ibidem, pp.71; 78 43 Ibidem, pp.89-90, 98
190
José de Matos da Silva
Nasceu a 28 de Dezembro de 1928 na Cova da Piedade. Era sobrinho pela parte da mãe
de Pedro de Matos Filipe, falecido no Tarrafal para onde foi deportado devido à sua
actividade em Almada no 18 de Janeiro de 1934.
Aderiu ao MUD Juvenil e participou activamente na campanha de Norton de Matos em
1949. Em 1951 era demitido do Arsenal por ter usado uma gravata às riscas verde-rubra,
tida como uma quebra no luto nacional decretado pela morte do chefe de Estado, marechal
Carmona.
Afastado da política com o nascimento do filho, retoma nas campanhas da CDE em 1969
e em 1973. Tem uma breve carreira como autarca durante o 25 de Abril.
Reside actualmente na Cova da Piedade.
Manuel Augusto da Costa
Nasceu a 21 de Maio de 1887 no Seixal.
Foi um dos produtores das bombas distribuídas no 18 de Janeiro de 1934 a partir de uma
casa no Feijó.
Morre no Tarrafal para onde é deportado de insuficiência cardíaca a 3 de Junho de 1945.
Manuel Maria dos Santos Parada
Nasceu a 3 de Outubro de 1889 em Almada. A ele deve-se o relato ao periódico O Mundo
do qual era o era correspondente, da jornada do 4 de Outubro de 1910 em Almada na qual
foi um activo participante.44 Posteriormente, a 12 de Outubro, seria nomeado vogal da
Junta de Paróquia da Freguesia de Almada e esteve ligado ao movimento associativo na
Academia Almadense, no Ginásio Clube do Sul, na Associação de Socorros Mútuos 1º
de Dezembro, no Clube Recreativo José Avelino.45
44 FLORES Alexandre, POLICARPO António, Proclamação da República em Almada, Almada, Câmara
Municipal de Almada, 2011, pp.185-186 45 Ibidem, p.186
191
Republicano evolucionista fundaria em 1916 o Jornal de Almada, além de colaborador
noutros jornais nacionais como o Diário de Notícias, O Século, O Mundo, A Capital, O
Diário de Lisboa e o Diário Popular46.
Em 1919 era vogal efectivo da Comissão Executiva da Câmara e em 1945 integraria a
comissão central do MUD.47
Morre a 18 de Setembro de 1962.
Mário José Araújo
Nasceu em 24 de Fevereiro de 1935 na Cova da Piedade.
Esteve, e mantém-se, ligado como dirigente associativo às Escolas do Desportivo e à
SFUAP.
Aderiu ao PCP nos anos sessenta e em 1967 é preso até 17 de Novembro de 1968. Esteve
em Caxias e em Peniche.
Reside actualmente em Almada.
Pedro de Matos Filipe
Nasceu em 1905 em Almada.
Fez parte do grupo de apoio que protegeu os elementos que cortaram os cabos submarinos
em Almada durante o 18 de Janeiro. Tomou parte, com Montes, na paralisação da Parry
& Sons e dos transportes rodoviários.
Morre no Tarrafal para onde foi deportado a 20 de Setembro de 1937.
Raul Antunes Cordeiro
Nasceu em Idanha-a-Nova em 1930. Veio para a Cova da Piedade aos 3, 4 anos de idade
e ficou aos cuidados de uma avó.
46 Ibidem 47 Ibidem
192
Aderiu ao MUD Juvenil na sua fase inicial, destacando-se como dinamizador cultural nas
colectividades, ligado às bibliotecas especialmente da SFUAP e da Cooperativa. Em 1958
seria como Presidente da Assembleia Geral desta última que foi preso. Percorreu as
principais cadeias do regime durante os perto de seis anos que esteve encarcerado sob a
acusação de ser membro do PCP. Foi submetido à tortura do sono e alvo de múltiplas
sanções disciplinares por protestar contra as condições do regime prisional.
Reside actualmente na Cova da Piedade.
Raul Fernandes Costa
Nasceu em 1937, filho de João Costa, participante anarco-sindicalista no 18 de Janeiro de
1934 e no atentado contra Salazar.
Começou com 12 anos a distribuir propaganda com o irmão, Vitor Costa, para a
campanha de Norton de Matos. Depois de um hiato no Barreiro, regressa a Almada e
adere ao MUD Juvenil. Foi participante activo nas campanhas de Humberto Delgado e
da CDE em 1969 e em 1973. Em 1958 planeia a greve a seguir às eleições que ocorre
precipitadamente e sem o seu aval, conseguindo apenas a paralisação da Mecânica
Piedense onde o seu irmão trabalhava. Esteve na sequência disso fugido em Alfarim,
regressando ao concelho com a promessa de que ao apresentar-se no posto da GNR, a
PIDE libertaria o seu irmão
Foi dirigente associativo ligado especialmente à Cooperativa Piedense. Depois do 25 de
Abril abasteceu as forças revolucionárias que estavam no Cristo Rei.
Reside actualmente na Cova da Piedade.
Raimundo José Moreira
Participante no 4 de Outubro de 1910 em Almada e no 14 de Maio contra Pimenta de
Castro seria reconhecido como revolucionário civil pela lei nº733 de 10 de Julho de
1917.48
48 Ibidem, p.193
193
Pertenceu como republicano à Comissão de Freguesia de Almada do MUD em 1946 e em
1956 fez parte da comissão comemorativa da Implantação da República. Desconhece-se
o seu percurso político posterior a esta data.
Romão dos Santos Duarte
Nasceu em Estremoz em 1887.
Foi no 18 de Janeiro de 1934 o principal produtor de bombas no concelho de Almada que
depois eram enviadas por Joaquim Montes para vários pontos do País.
É-lhe fixada residência em 1938 na Quinta da Alegria na Cova da Piedade.
Posteriormente fixa-se em Sousel par ficar ao cuidado de familiares já que tinha a perna
esquerda imobilizada o que lhe dificultava a obtenção de emprego.
Sofia do Nascimento Pinto
Nasceu em 1924 em Silves numa família de operários corticeiros. O seu irmão esteve
preso e incomunicável na sequência do 18 de Janeiro.
Veio ainda jovem para Almada onde laborou como escolhedora de rolhas na Gandra &
Pires. Aderiu ao MUD Juvenil e foi oradora num comício no Clube Recreativo Piedense
durante a campanha de Norton de Matos em 1949.
Aderente ao Movimento da Paz foi presa em 1953 por entregar listas do movimento nas
fábricas do concelho.
Nos anos sessenta fez parte da comissão da Cooperativa Piedense que recebeu Maria
Lamas e que a trouxe para o concelho.
Faleceu em Almada.
194
Vitor Fernandes Costa
Nascido em 1929 na Cova da Piedade, filho de João Costa, importante elemento da CGT
em Almada e participante activo no 18 de Janeiro e no atentado contra Salazar.
Aderiu ao MUD Juvenil e foi participante activo na campanha de Norton de Matos. Foi
preso pouco tempo depois por protestar contra a NATO. Seria preso novamente em 1958,
na sequência da greve falhada depois das eleições tendo sido acusado de ter sido o
principal responsável pelo seu desencadear.
Dirigente associativo, esteve ligado sobretudo à Cooperativa Piedense e à SFUAP.
Reside actualmente na Cova da Piedade.
Figura 1: Aspecto do trabalho feminino no fabrico de rolhas Caramujo (Cova da
Piedade), Fábrica de cortiça Rankin & Sons, década de 1940. Imagem cedida pelo Museu
de Cidade de Almada, espólio de Leslie Howard
195
Figura 2: Trabalho infantil, Caramujo (Cova da Piedade), Fábrica de cortiça Rankin &
Sons, década de 1940. Imagem cedida pelo Museu da Cidade de Almada, espólio de
Leslie Howard
Figura 3: Trabalho para obter carvão para a Fábrica de cortiça Rankin & Sons, Caramujo
(Cova da Piedade), década de 1940. Imagem cedida pelo Museu da Cidade de Almada,
espólio de Leslie Howard
196
Figura 4: Prefácio à obra de Jaime Ferreira Dias, Os Escravos da Gleba, da autoria de
José Augusto Machado (Fonte: DIAS Jaime Ferreira, Os Escravos da Gleba, Lisboa,
Biblioteca de Educação Social, 1928)
197
Figura 5: Soneto de Jaime Ferreira Dias, em honra dos camponeses. Editado no seu livro
Os Escravos da Gleba (Fonte: DIAS Jaime Ferreira, Os Escravos da Gleba, Lisboa,
Biblioteca de Educação Social, 1928)
198
Figura 6: Mapa com os resultados eleitorais do plebiscito à constituição de 1933 no
concelho de Almada. Por baixo está uma nota, provavelmente do governador civil de
Setúbal, onde se lê: “Tendo-nos sido submetido à apreciação os documentos respeitantes
às assembleias eleitorais do concelho de Almada, somos de parecer que o respectivo
apuramento deves ser feito em conformidade com o presente mapa.” (Fonte: AHP, Actas
do Plebiscito Nacional para Aprovação do Projecto de Constituição Política da
República Portuguêsa Assembleias de voto de Almada, Caparica, Charneca, Costa da
Caparica, Cova da Piedade e Trafaria, 16 de Março de 1933 (Secção XXV-D, cx. 42))
199
Figura 7: Comemorações do 46º aniversário da Implantação da República na Incrível
Almadense, 4 de Outubro de 1956. À frente e da esquerda para a direita: Firmino da Silva,
não identificado, dr. Henrique Barbeitos. Atrás de Firmino da Silva encontra-se José
Alaíz. (Imagem cedida pelo Museu da Cidade, cedência de Virgínia Silva Neto, neta de
Firmino da Silva)
200
Figura 8: Comemorações do 46º aniversário da Implantação da República. Jantar de
confraternização republicana no Restaurante Pancão, Almada, 4 de Outubro de 1958. Da
esquerda para a direita: não identificado, dr. Henrique Barbeitos, Firmino da Silva, não
identificado, José Correia Pires e Hélio Quartim (Imagem cedida pelo Museu da Cidade
de Almada, cedência de Virgínia Silva Neto, neta de Firmino da Silva)
201
Figura 9: Cais do Caramujo, 1957 (Cedência de Raul Costa)
202
Figura 10: Passagem pelas ruas de Almada da caravana eleitoral de Humberto Delgado.
A GNR tenta impedir o contacto dos manifestantes com o candidato, frustrando a sua
aproximação ao general. Nota-se o apoio popular gozado pelo candidato oposicionista
pela efusividade dos manifestantes. Almada, 29 de Maio de 1958 (Imagem cedida pelo
Museu da Cidade de Almada, espólio de Júlio Diniz)
203
Figura 11: Humberto Delgado discursando na Academia Almadense, 29 de Maio de
1958. Na parede ao lado lê-se em cima «PÃO e DEMOCRACIA» e em baixo da esquerda
para a direita: ilegível; «O MEDO ACABOU!»; ilegível; ilegível; «ABAIXO AS
ALGEMAS!»; os restantes são ilegíveis. Almada, 29 de Maio de 1958 (Imagem cedida
pelo Museu da Cidade de Almada, espólio de Júlio Diniz)
Prédios Fogos
9807 13021
Quadro 1: Número de Prédios e fogos no concelho de Almada em 1950 (Fonte: INE,
Censos de 1950, Anexo Inquérito às condições de habitação da família)
Total de Famílias Sem Habitação Com Habitação
10664 17 10617
Quadro nº2: Número de famílias no concelho de Almada com e sem habitação em 1950
(Fonte: INE, Censos de 1950, Anexo Inquérito às condições de habitação da família)
204
Tipologia da habitação
Própria Alugada Cedida
1445 8277 834
Quadro nº3: Tipologia da habitação no concelho de Almada em 1950 (Fonte: INE,
Censos de 1950, Anexo Inquérito às condições de habitação da família)
Características da habitação
Em
construção
provisória
Um prédio
ou parte de
um prédio
destinado à
habitação
Parte de
fogo num
prédio
Um fogo
num prédio
Dentro de
um fogo,
ocupando
todo o
prédio
Total dos
que
habitavam
num prédio
91 44 1811 8701 2140 10556
Quadro nº4: Características da habitação no concelho de Almada em 1950 (Fonte: INE,
Censos de 1950, Anexo Inquérito às condições de habitação da família)
Alunos matriculados no Ensino Primário Elementar
Total Varões Fêmeas
2431 1469 962
Quadro nº5: Alunos Matriculados no Ensino Primário Elementar no concelho de Almada
no ano lectivo de 1940-1941 (Fonte: INE, Estatísticas da Educação, Ano Lectivo de 1940-
1941)
Número de professores e de escolas
Nº de professores Escolas e postos escolares que
funcionavam
45 29
Quadro nº6: Número de professores, escolas e postos escolares do Ensino Primário
Elementar no concelho de Almada no ano lectivo de 1940-1941 (Fonte: INE, Estatísticas
da Educação, Ano Lectivo de 1940-1941)
205
Tipologia do ensino
Ensino oficial Ensino Particular e doméstico
2242 239
Quadro nº7: Tipo de ensino frequentado no concelho de Almada relativo ao grau de
Ensino Primário Elementar no ano lectivo de 1940-1941 (Fonte: INE, Estatísticas da
Educação, Ano Lectivo de 1940-1941)
Alunos nas diferentes classes
Na primeira classe Repetentes da primeira e nas restantes
classes
1049 1382
Quadro nº8: Alunos matriculados nas diferentes classes do Ensino Primário Elementar
no concelho de Almada no ano lectivo de 1940-1941(Fonte: INE, Estatísticas da
Educação, Ano Lectivo de 1940-1941)
Transcrição do Abaixo-assinado dos corticeiros de Almada em apoio à
candidatura de Cunha Leal
Exmo. Sr.
Engenheiro Cunha Leal
nós, corticeiros de Almada vimos por este meio exprimir-lhes (sic) os nossos votos de
pronto restabelecimento. Sabedores da aceitação de V. Ex a Candidato da oposição às
próximas eleições queremos transmitir-lhe através desta mensagem que essa aceitação foi
motivo de regozijo para todos os operários corticeiros, pois é bem conhecida (sic) o
patriotismo com que V. EX sem (sic) tem dedicado à causa da democracia. Pela vida
dificil (sic) que nos é imposta pela actual situação nós operários não podíamos ficar
independentes a um momento tão decisivo na luta do nosso Povo pela conquista das
liberdades democráticas e por uma vida melhor. Por isso trabalharemos para que à volta
da candidatura de V. Ex se unam todas as forças antisituacionistas (sic).
Almada 23/3/58
206
a) Carlos Martins Joia
a) José dos Santos
a) José Gonçalves Baía
a) Maria Vitorina Pereira Antunes
a) José Henriques Correia
a) Manuel Joaquim Peralta
a) Argentina Martins
a) Crisantodo da Silva
a) João Gonçalves Santos
a) Armanamlito Cunha
a) Manuel Alves
a) João Coelho
a) Rita Reis
a) Antonio Pereira
a) Manuel da Silva Antunes
a) Marieta Monteiro
a) Maria Tereza
a) Laura Costa
a) Maria Luisa
a) Joaquim Cartilho
a) Nuimitor Couto
a) Gracinda Simões
a) Ventura Simas de Pinho
a) Antero Quaresma
a) Americo Rita
a) José Cabrita
a) Manuel Braz
a) João Alves Junior
a) Francisco Plínio
a) Mario Antunes
207
a) Anibal dos Santos
a) João dos Santos
a) José Bibi
a) António Marques
a) António Nunes
a) Afonso Dias
a) Armando Infante Ribeiro
a) Jaime Nascimento Canana
a) Sofia do Nascimento Pinto
a) Maria do Carmo Fernandes
a) Guilhermina M. Pais
a) Silvia Pais
a) Paulla (sic)
a) Alexandrina
a) Laurentina Fernandes
a) Rogeria de Carvalho Anacleto
a) Maria Emilia Lucas dos Santos
a) Jorge Vieira Neto
a) António Pereira Franco
a) Silvina Peres Cruz
a) José Paulino (apelido ilegível)
a) Romão Oliveira
a) Domingos Feliciano Ramos
a) Joaquim do Carmo
208
Transcrição do abaixo-assinado dos trabalhadores da Cova da Piedade
em apoio à candidatura de Cunha Leal
Ex Sr
Engenheiro Francisco Pinto da Cunha Leal
Os trabalhadores da Cova da Piedade apoiam a sua candidatura como causa justa para o
povo Portugues (sic), os trabalhadores felicitãm (sic) para que em breve nos venha dar
alegria e coragem.
a) Domingos Alfaiate Preguiça
a) Romão Coelho Rosalina
a) Antonio Joaquim Guerreiro
a) Romão Rosa Oliveira
a) Antonio Cipriano Anabaço
a) Domingos Rosa Soares
a) Fernando Antonio Vieira
a) João Raimundo
a) Francisco Plínio
a) Domingos Coelho Preguiça
a) Antonio Henrique Rodrigues Ramiro
a) Raul Fernandes Costa
a) Carlos Veiga Martins
a) Antonio Eduardo Augusto
a) Francisco Páscoa Papinha
a) António Páscoa Papinha a rogo
a) Ernesto Silva
a) Eduardo de Almeida Henriques
a) Manuel Henriques
a) Manuel das Neves
a) João Gamos Ramos
a) Armando Figueiredo Simões
209
a) Imperceptível
a) Arrôgo Bento Manso
a) Imperceptível
a) Francisco da Conseisão (sic) Antonio a rogo
a) Joaquim Antonio Pinto
a) Joaquim Trindade Pedrosa
a) Jorge Manuel Martins Rodrigues
a) João Lourenço Rodrigues
a) Francisco Perpetuo Braga
a) Manuel Correia
a) João Gonçalves
a) Carlos Viegas Correia
a) Jorge Assunção Santos
a) Augusto dos Santos
a) Fernando Ramos Almeida
a) José Martins Rodrigues
a) António José Xavier (apelido ilegível)
a) Joaquim do Carmo
a) João José do S. Rodrigues
a) Diamantino Felipe Raimundo
a) Jorge Vieira Neto
a) João G Santos
a) Elisio José Pereira
a) João Rodrigues Cereas
a) José António dos Reis
a) Augusto Guerreiro Rebelo
a) Adelino do Nascimento Soares
a) Maria José da Silva Jr Azevedo
a) Vicente José Valente
a) Manuel Bento
210
a) Francisco Mira Ramos
a) Manuel Paulino Valente
a) Florival de Encarnação Bento
a) João Bento
a) Carlos Santos Teixeira
a) António dos Santos Marques
a) Armando Infante Ribeiro
a) Jaime Nascimento Canana
a) Manuel Parafonso
a) João Alves Júnior
a) José Justino de Jesus
a) Gabriel Pedro
a) Francisco da Silva
a) Manuel Guerreiro Rebelo
a) Arnaldo Silva
a) Francisco Soares
a) Zeferino Alves
a) Manuel Joaquim Gonçalves
a) José Rodrigues (apelido ilegível)
a) Carlos Martins Joia
a) Francisco Romão Silva
211
Transcrição do abaixo-assinado dos tanoeiros e trabalhadores do
Armazém de Exportação de Vinhos de Almada em apoio à candidatura
de Cunha Leal
Um grupo de tanoeiros e trabalhadores do armazém de exportação de vinhos do Concelho
de Almada saúdam o senhor Eng. Francisco Pinto da Cunha Leal desejando-lhe um rápido
restabelecimento e ao mesmo tempo apoiando a sua candidatura, e agradecendo pelo
pacto em que se dispôs defendendo assim as liberdades e os anseios do Povo Português.
a) Jorge Vieira Neto
a) Salvador Soares
a) Manuel Monteiro Soares
a) José Vicente Madeira
a) Fernando Carvalho Cardoso
a) Fortunato de Paiva Pinto
a) João Freitas da Costa
a) Rui Pinto Araujo
a) João José Raposo Pinto
a) Adriano José de Almeida
a) José Antonio Ferreira
a) Tiburcio Luiz Ferreira
a) Diamantino da Purificação Borges
a) José Marques da Costa
a) Joaquim Pinto
a) Carlos Pinto de Oliveira
a) Victor Gregório de Almeida
a) Manuel Antonio Simões
a) Francelino Tavares
a) João Domingues Palma
a) Antonio da Costa Ulaio
a) Leopoldo de Almeida
a) João Marques
212
a) David Lopes
a) João das Dores
a) José Ferreira da Cruz
a) João Gonçalves
a) Manuel Serafim
a) Francisco Araujo
a) João Gonçalves dos Santos
a) Joaquim Vieira
a) Gregório Vieira Neto
Transcrição do Conto da Meia-Noite de Orlando Marciano Augusto
(Fonte: Jornal de Parede Juventude (Desporto, Cultura e Arte), exposto
na parede da Incrível Almadense, Espólio de Alexandre Castanheira no
Centro de Documentação do Museu da Cidade de Almada)
«Conto da Meia Noite»
por Orlando Marciano Augusto
Batem as doze horas na Torre, junto à cadeia – qual estábulo ensanguentado – onde numa
cela, um ser humano está prostrado de bôrco (sic), junto da parede enegrecida pelas
diferentes estações do ano.
Esse homem, que antes tinha sido um dos muitos que lutam pela sua causa, pelo bem estar
colectivo, era agora um farrapo humano, gosando (sic) a imundície daquele antro de
terror. Seus olhos, seu rosto cadavérico, só encontravam no vácuo a negridão da morte.
Sofrera, mas conformara-se com aquele sofrimento para o bem estar dos outros.
De corpo e alma se entregou… e nem as mais insofríveis torturas o abanaram ou
demoveram.
É assim a fé dos homens…
Orlando Augusto
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