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Page 1: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE, UNICENTRO-PR

APLICAÇÃO DA COAGULAÇÃO, FLOCULAÇÃO E

SEDIMENTAÇÃO COMO PÓS-TRATAMENTO DE

EFLUENTE DE UMA INDÚSTRIA DE PAPEL E

CELULOSE

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

JÓICE CRISTINI KURITZA

IRATI-PR

2012

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JÓICE CRISTINI KURITZA

APLICAÇÃO DA COAGULAÇÃO, FLOCULAÇÃO E SEDIMENTAÇÃO

COMO PÓS-TRATAMENTO DE EFLUENTE DE UMA INDÚSTRIA DE

PAPEL E CELULOSE

Dissertação apresentada à Universidade

Estadual do Centro-Oeste, como parte das

exigências do Programa de Pós-Graduação em

Ciências Florestais, área de concentração em

Manejo Sustentável dos Recursos Florestais,

para obtenção do título de Mestre.

Prof. Dr. Jeanette Beber de Souza

Orientadora

Dr. Sérgio Martinelli

Co-Orientador

Prof. Dr. Carlos Magno Souza Vidal

Co-Orientador

IRATI-PR

2012

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Catalogação na Fonte

Biblioteca da UNICENTRO

KURITZA, Jóice Cristini.

K97a Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós-

tratamento de efluente de uma indústria de papel e celulose / Jóice

Cristini Kuritza. – Irati, PR : UNICENTRO, 2012.

109f.

ISBN

Dissertação (Mestrado) - Universidade Estadual do Centro-

Oeste, PR. Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais,

área de concentração em Manejo Sustentável dos Recursos

Florestais.

Orientadora: Prof.ª Drª. Jeanette Beber de Souza

Coorientador: Prof. Dr. Sérgio Martinelli

Coorientador: Prof. Dr. Carlos Magno Souza Vidal

1.Engenharia Florestal – dissertação. 2. Tecnologia – papel –

celulose. I. Souza, Jeanette Beber de. II. Martinelli, Sérgio.

III. Vidal, Carlos Magno Souza. IV. Título.

CDD 20ª ed. 676

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Dedico aos meus pais, Jairo e Eliane como pequena

retribuição pelo amor puro e incondicional que sempre

dedicaram a mim, em toda minha vida.

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AGRADECIMENTO

Agradeço a Deus, por ter me dado saúde, inteligência e discernimento. Por iluminar

meus caminhos e me dar força para percorrê-los.

Aos amados pais, Jairo e Eliane, por terem sido os primeiros a acreditar que eu era

capaz, por terem me ensinado tudo que é importante saber e por todo apoio e amor concedidos

sempre.

Aos meus irmãos Agair e Marilize e seus filhos, meus amados sobrinhos, Nicolas,

Nathan, Gabriely, Marina, Felipe e Sofia por alegrarem a minha vida e me encherem de

esperança naqueles momentos em que tudo parece ir de mal a pior.

Aos professores Jeanette Beber de Souza e Carlos Magno de Sousa Vidal pela

orientação no mestrado, por todas as ideias e contribuições para esse trabalho, pelo imenso

carinho, paciência e simpatia em todas as vezes que precisei de ajuda, além de terem me

inspirado, desde a graduação, para optar pela carreira acadêmica.

À minha família iratiense, todas as meninas que foram minhas irmãs na Casa Rosa, e

principalmente à Dona Elizabeth Beraldo. Por toda atenção, cuidado e carinho nesses 6 anos

morando em Irati.

Especialmente agradeço ao Diego Gasparetto, por ter ouvido minhas lamúrias com

amável atenção e “atrapalhado” de uma forma única e maravilhosa sempre que precisei de

distração.

Às minhas mestras preferidas, Larissa Quartaroli e Heloísa Rancatti, que deixaram

muitas “digitais” nesse trabalho. Agradeço por toda amizade e companheirismo e

principalmente por terem se tornado minhas irmãs do coração.

As minhas amigas Letícia, Dariana, Débora, Bárbara, Caciane, Ludmila, Laís e Nádia.

Por terem sido minha equipe de apoio, aquelas que nunca questionaram e estiveram sempre na

torcida.

Àqueles que tornaram os dias na sala de estudos mais leves e agradáveis, os colegas de

metrado: Ângelo, Aurélio, Gustavo, Maílson, Marilu e Rodrigo.

Aos colegas de trabalho do laboratório de saneamento da UNICENTRO,

principalmente à MSc. Grasiele Soares Cavallini por todo conhecimento compartilhado e

também ao aluno Frederico José Krüger, por toda ajuda.

Aos professores do programa de mestrado em ciências florestais, à secretaria em nome

da secretária Nilce Flávia Bühler dos Santos e à coordenação em nome do professor Eduardo

Silva Lopes.

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À CAPES pela concessão da bolsa de mestrado.

Esse trabalho só foi possível graças a vocês, aceitem meu sincero agradecimento.

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SUMÁRIO

Lista de figuras ........................................................................................................................ viii Lista de tabelas .......................................................................................................................... xi

Lista de símbolos e abreviaturas .............................................................................................. xiii Resumo ..................................................................................................................................... xv Abstract .................................................................................................................................... xvi

1. Introdução ............................................................................................................................... 1

2. Objetivos ................................................................................................................................. 4

3. Referencial Teórico ................................................................................................................. 5 3.1 A Indústria de papel e celulose ......................................................................................... 5 3.2 Impactos Ambientais associados à indústria de papel e celulose ..................................... 7 3.3 Tratamento do efluente da indústria de celulose e papel .................................................. 9

3.3.1 Coagulação, floculação e sedimentação ...................................................................... 11 3.3.2 Membranas filtrantes ................................................................................................... 16

4. Materiais e Métodos ............................................................................................................. 20

4.1 Caracterização do efluente.............................................................................................. 20

4.2 Etapas da pesquisa .......................................................................................................... 21 4.2.1 Primeira etapa: ensaios preliminares de coagulação ................................................... 24 4.2.1.1 Ensaio 01: ensaio preliminar de coagulação empregando PAC como coagulante,

sem adição de polímero e com variação do gradiente de velocidade de mistura lenta ........ 24 4.2.1.2 Ensaio 02: ensaio preliminar de coagulação empregando PAC como coagulante e

testando três polímeros como auxiliares de floculação ........................................................ 25 4.2.1.3 Ensaio 03: ensaio preliminar de coagulação empregando PAC como coagulante e

polímero aniônico como auxiliar de floculação ................................................................... 26

4.2.2 Segunda etapa: ensaios principais de coagulação ........................................................ 27 4.2.3 Terceira etapa: ensaio final de coagulação/floculação/sedimentação e ensaio de

microfiltração........................................................................................................................ 28 4.2.3.1 Caracterização da unidade de microfiltração tangencial .......................................... 31

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................................. 33 5.1 Resultados da primeira etapa: ensaios preliminares de

coagulação/floculação/sedimentação.................................................................................... 33 5.1.1 Caracterização do efluente da primeira etapa .............................................................. 33 5.1.2 Ensaio 01: ensaio preliminar de coagulação/floculação/sedimentação empregando

PAC como coagulante, sem adição de polímero e com variação do gradiente de velocidade

de mistura lenta ..................................................................................................................... 34

5.1.3 Ensaio 02: ensaio preliminar de coagulação/floculação/sedimentação empregando

PAC como coagulante e testando três polímeros como auxiliares de floculação ................. 37 5.1.3.1 Ensaio 02a: ensaio preliminar de coagulação/floculação/sedimentação empregando

PAC como coagulante e polímero aniônico PRAESTOL 2540 como auxiliar de floculação

.............................................................................................................................................. 38

5.1.3.2 Ensaio 02b: ensaio preliminar de coagulação/floculação/sedimentação empregando

PAC como coagulante e polímero aniônico PRAESTOL 2510 como auxiliar de floculação

.............................................................................................................................................. 40

5.1.3.3 Ensaio 02c: ensaio preliminar de coagulação/floculação/sedimentação empregando

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PAC como coagulante e polímero PRAESTOL 2510 como auxiliar de floculação ............. 42

5.1.3.4 Escolha do melhor polímero ..................................................................................... 43 5.1.4 Ensaio 03: ensaio preliminar de coagulação/floculação/sedimentação empregando

PAC como coagulante e polímero aniônico como auxiliar de floculação ............................ 44 5.2 Resultados da segunda etapa: ensaios principais de coagulação/floculação/sedimentação

.............................................................................................................................................. 48

5.2.1 Resultados da primeira fase: ensaios principais de

coagulação/floculação/sedimentação, utilizando ampla faixa de dosagens de PAC como

coagulante, utilizado individualmente e combinado com diferentes dosagens do polímero

aniônico como auxiliar de floculação ................................................................................... 48

5.2.1.1 Caracterização do efluente da primeira fase da segunda etapa ................................ 48 5.2.1.2 Ensaio 04: ensaio de coagulação/floculação/sedimentação utilizando ampla faixa de

dosagens de PAC como coagulante, utilizado individualmente e combinado com diferentes

dosagens do polímero aniônico como auxiliar de floculação ............................................... 49

5.2.1.3 Produção e características de sedimentabilidade do lodo ......................................... 56 5.2.1.4 Ensaio 05: ensaios de coagulação/floculação/sedimentação utilizando ampla faixa

de dosagens de PAC como coagulante, utilizado individualmente e combinado com

diferentes dosagens de polímero aniônico como auxiliar de floculação .............................. 58

5.2.1.5 Produção e características de sedimentabilidade do lodo ......................................... 66 5.2.1.6 Ensaio 06: ensaios de coagulação/floculação/sedimentação utilizando ampla faixa

de dosagens de PAC como coagulante, utilizado individualmente e combinado com

diferentes dosagens de polímero aniônico como auxiliar de floculação .............................. 67

5.2.1.7 Produção e características de sedimentabilidade do lodo ......................................... 74 5.2.2 Resultados da segunda fase: ensaios principais de

coagulação/floculação/sedimentação, utilizando as melhores dosagens de PAC e polímero

aniônico e variando os tempos de mistura lenta. .................................................................. 75 5.2.2.1 Caracterização do efluente utilizado na segunda fase na segunda etapa .................. 75

5.2.2.2 Ensaio 07: ensaios de coagulação/floculação/sedimentação utilizando PAC como

coagulante, polímero aniônico como auxiliar de floculação e menores tempos de floculação

.............................................................................................................................................. 76

5.2.2.3 Ensaio 08: ensaios de coagulação/floculação/sedimentação utilizando PAC como

coagulante, polímero aniônico como auxiliar de floculação e menores tempos de floculação

.............................................................................................................................................. 81

5.3 Resultados da terceira etapa: ensaio final de coagulação/floculação/sedimentação e

ensaio de microfiltração........................................................................................................ 87 5.3.1 Ensaio 09: ensaio final de coagulação/floculação/sedimentação para definir a melhor

dosagem de polímero e avaliar a remoção de AOX e lignina .............................................. 87 5.3.1.1 Caracterização do efluente usado no ensaio 09 ........................................................ 88

5.3.1.2 Resultados do ensaio 09: ensaio final de coagulação/floculação/sedimentação para

definir a melhor dosagem de polímero e avaliar a remoção de AOX e lignina .................... 89 5.3.2 Ensaio 10: ensaio de microfiltração............................................................................. 92 5.3.2.1 Caracterização do efluente usado no ensaio 10 ........................................................ 92 5.3.2.2 Resultados do ensaio 10: ensaio de microfiltração ................................................... 93

6. Conclusões e Recomendações ............................................................................................ 101

7. Referências Bibliográficas .................................................................................................. 104

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LISTA DE FIGURAS

Figura 3.1 – Poluentes dos vários estágios do processo de fabricação do papel..................... 09

Figura 3.2 – Aglomeração de partículas pelo polímero dando origem aos grandes flocos...... 15

Figura 3.3 – Esquema de definição do processo por membrana.............................................. 17

Figura 4.1 – Fluxograma da Estação de Tratamento de Efluentes da indústria de papel e

celulose cujo efluente foi estudado nesta pesquisa.................................................................. 21

Figura 4.2 – Fotografia do jar-test utilizado na pesquisa......................................................... 22

Figura 4.3 – Fluxograma dos ensaios da etapa 01....................................................................26

Figura 4.4 – Fluxograma dos ensaios da primeira e segunda fase da etapa 02........................28

Figura 4.5 – Fluxograma dos ensaios da etapa 03....................................................................31

Figura 4.6 – Desenho esquemático do equipamento piloto utilizado nos experimentos de

microfiltração........................................................................................................................... 31

Figura 4.7 – Fotografia do equipamento piloto utilizado nos experimentos de microfiltração:

(A) vista frontal e (B) vista lateral........................................................................................... 32

Figura 5.1: Resultados dos residuais de turbidez, cor aparente e DQO, obtidos nos jarros

numerados de 01 a 04............................................................................................................... 35

Figura 5.2: Resultados dos residuais de turbidez, cor aparente e DQO, obtidos nos jarros

numerados de 05 a 08............................................................................................................... 35

Figura 5.3: Resultados das eficiências de remoção de turbidez, cor aparente e DQO, obtidas

no ensaio 01............................................................................................................................. 36

Figura 5.4: Resultados das remoções de turbidez, cor aparente e DQO, obtidas no ensaio 01,

variando o gradiente de velocidade da mistura lenta............................................................... 37

Figura 5.5: Resultados dos residuais de turbidez, cor aparente e DQO, obtidos no ensaio

02a............................................................................................................................................ 39

Figura 5.6: Resultados das remoções de turbidez, cor aparente e DQO, obtidas no ensaio

02a............................................................................................................................................ 39

Figura 5.7: Resultados dos residuais de turbidez, cor aparente e DQO obtidos no ensaio

02b............................................................................................................................................ 40

Figura 5.8: Resultados das remoções de turbidez, cor aparente e DQO, obtidas no ensaio

02b............................................................................................................................................ 41

Figura 5.9: Resultados dos residuais de turbidez, cor aparente e DQO obtidos no ensaio

02c............................................................................................................................................ 42

Figura 5.10: Resultados das remoções de turbidez, cor aparente e DQO, obtidas no ensaio

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02c............................................................................................................................................ 43

Figura 5.11: Resultados das remoções de turbidez, cor aparente e DQO, utilizando 150mg/L

de PAC, variando os tipos e as dosagens de polímero empregado.......................................... 44

Figura 5.12: Resultados dos residuais de turbidez, cor aparente e DQO obtidos no ensaio

03.............................................................................................................................................. 45

Figura 5.13: Resultados das remoções de turbidez obtidas no ensaio 03................................ 45

Figura 5.14: Resultados das remoções de cor aparente obtidas no ensaio 03.......................... 46

Figura 5.15: Resultados das remoções de DQO obtidas no ensaio 03..................................... 47

Figura 5.16: Resultados das remoções de turbidez, cor aparente e DQO obtidas no jarro

número 08 do ensaio 03............................................................................................................47

Figura 5.17: Resultado do residual de turbidez obtido no ensaio 04....................................... 51

Figura 5.18: Resultado do residual de cor aparente obtido no ensaio 04................................. 51

Figura 5.19: Resultado do residual de cor verdadeira obtido no ensaio 04............................. 52

Figura 5.20: Resultado do residual de DQO obtido no ensaio 04............................................ 52

Figura 5.21: Resultados das remoções de turbidez obtidas no ensaio 04................................ 53

Figura 5.22: Resultados das remoções de cor aparente obtidas no ensaio 04.......................... 54

Figura 5.23: Resultados das remoções de cor verdadeira obtidas no ensaio 04...................... 54

Figura 5.24: Resultados das remoções de DQO obtidas no ensaio 04..................................... 55

Figura 5.25: Resultados do índice volumétrico de lodo, obtidos a partir das configurações

testadas no ensaio 04................................................................................................................ 57

Figura 5.26: Resultado do residual de turbidez obtido no ensaio 05....................................... 60

Figura 5.27: Resultado do residual de cor aparente obtido no ensaio 05................................. 60

Figura 5.28: Resultado do residual de cor verdadeira obtido no ensaio 05............................. 61

Figura 5.29: Resultado do residual de DQO obtido no ensaio 05............................................ 61

Figura 5.30: Resultados das remoções de turbidez obtidas no ensaio 05................................ 62

Figura 5.31: Resultados das remoções de cor aparente obtidas no ensaio 05.......................... 63

Figura 5.32: Resultados das remoções de cor verdadeira obtidas no ensaio 05...................... 63

Figura 5.33: Resultados das remoções de DQO obtidas no ensaio 05..................................... 65

Figura 5.34: Resultados do índice volumétrico de lodo, obtidos a partir das configurações

testadas no ensaio 05................................................................................................................ 66

Figura 5.35: Resultado do residual de turbidez obtido no ensaio 06....................................... 69

Figura 5.36: Resultado do residual de cor aparente obtido no ensaio 06................................. 69

Figura 5.37: Resultado do residual de cor verdadeira obtido no ensaio 06............................. 70

Figura 5.38: Resultado do residual de DQO obtido no ensaio 06............................................ 70

Page 12: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

x

Figura 5.39: Resultados das remoções de turbidez obtidas no ensaio 06................................ 71

Figura 5.40: Resultados das remoções de cor aparente obtidas no ensaio 06.......................... 72

Figura 5.41: Resultados das remoções de cor verdadeira obtidas no ensaio 06...................... 72

Figura 5.42: Resultados das remoções de DQO obtidas no ensaio 06..................................... 73

Figura 5.43: Resultados do índice volumétrico de lodo, obtidos a partir das configurações

testadas no ensaio 06................................................................................................................ 74

Figura 5.44: Resultado dos residuais de turbidez, cor aparente e verdadeira e DQO obtido no

ensaio 07a................................................................................................................................. 77

Figura 5.45: Resultado dos residuais de turbidez, cor aparente e verdadeira e DQO obtido no

ensaio 07b................................................................................................................................ 78

Figura 5.46: Resultados das remoções de turbidez obtidas nos ensaios 07a e 07b.................. 79

Figura 5.47: Resultados das remoções de cor aparente obtidas nos ensaios 07a e 07b........... 79

Figura 5.48: Resultados das remoções de cor verdadeira obtidas nos ensaios 07a e 07b........ 80

Figura 5.49: Resultados das remoções de DQO obtidas nos ensaio 07a e 07b........................ 80

Figura 5.50: Resultado dos residuais de turbidez, cor aparente e verdadeira e DQO obtido no

ensaio 08a................................................................................................................................. 82

Figura 5.51: Resultado dos residuais de turbidez, cor aparente e verdadeira e DQO obtido no

ensaio 08b................................................................................................................................ 83

Figura 5.52: Resultados das remoções de turbidez obtidas nos ensaio 08a e 08b................... 84

Figura 5.53: Resultados das remoções de cor aparente obtidas nos ensaio 08a e 08b............. 85

Figura 5.54: Resultados das remoções de cor verdadeira obtidas nos ensaio 08a e 08b......... 85

Figura 5.55: Resultados das remoções de DQO obtidas nos ensaio 08a e 08b........................ 86

Figura 5.56: Resultado dos residuais de turbidez, cor aparente e verdadeira, DQO, AOX e

lignina, obtido no ensaio 09..................................................................................................... 90

Figura 5.57: Resultados das remoções de turbidez, cor aparente, cor verdadeira, DQO, AOX e

lignina, obtidas no ensaio 09.................................................................................................... 90

Figura 5.58: Fluxo do permeado durante a operação na unidade piloto de microfiltração

tangencial................................................................................................................................. 96

Figura 5.59: Resultados das remoções de turbidez, cor aparente, cor verdadeira, DQO, ST,

DBO e lignina, obtidas na microfiltração do efluente bruto, no ensaio 10.............................. 97

Figura 5.60: Resultados das remoções de turbidez, cor aparente, cor verdadeira, DQO, ST,

DBO e lignina, obtidas pelo conjunto coagulação/floculação/sedimentação conjugado à

microfiltração, no ensaio 10................................................................................................... 100

Page 13: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

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LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1: Composição química aproximada dos diferentes constituintes da madeira de

coníferas e folhosas.................................................................................................................. 06

Tabela 4.1 Métodos utilizados para as análises físico-químicas.............................................. 22

Tabela 5.1: Caracterização do efluente nos ensaios da primeira etapa.................................... 34

Tabela 5.2: Configurações do ensaio 01 e residuais de turbidez, cor aparente e DQO após

tratamento por coagulação/floculação/sedimentação............................................................... 35

Tabela 5.3: Configurações do ensaio 02a e residuais de turbidez, cor aparente e DQO após

tratamento por coagulação/floculação/sedimentação............................................................... 38

Tabela 5.4: Configurações do ensaio 02b e residuais de turbidez, cor aparente e DQO após

tratamento por coagulação/floculação/sedimentação............................................................... 40

Tabela 5.5: Configurações do ensaio 02c e residuais de turbidez, cor aparente e DQO após

tratamento por coagulação/floculação/sedimentação............................................................... 42

Tabela 5.6: Configurações do ensaio 03 e residuais de turbidez, cor aparente e DQO após

tratamento por coagulação/floculação/sedimentação............................................................... 45

Tabela 5.7: Caracterização do efluente nos ensaios da segunda etapa..................................... 49

Tabela 5.8: Configurações do ensaio 04 e residuais de turbidez, cor aparente, cor verdadeira e

DQO após tratamento por coagulação/floculação/sedimentação............................................ 50

Tabela 5.9: Faixa e valores típicos de IVL para as cinco faixas de sedimentabilidade........... 57

Tabela 5.10: Configurações do ensaio 05 e residuais de turbidez, cor aparente, cor verdadeira

e DQO após tratamento por coagulação/floculação/sedimentação.......................................... 59

Tabela 5.11: Configurações do ensaio 06 e residuais de turbidez, cor aparente, cor verdadeira

e DQO após tratamento por coagulação/floculação/sedimentação.......................................... 68

Tabela 5.12: Caracterização do efluente nos ensaios da segunda fase da segunda etapa........ 76

Tabela 5.13: Configurações do ensaio 07a e residuais de turbidez, cor aparente, cor verdadeira

e DQO após tratamento por coagulação/floculação/sedimentação.......................................... 77

Tabela 5.14: Configurações do ensaio 07b e residuais de turbidez, cor aparente, cor verdadeira

e DQO após tratamento por coagulação/floculação/sedimentação.......................................... 78

Tabela 5.15: Configurações do ensaio 08a e residuais de turbidez, cor aparente, cor verdadeira

e DQO após tratamento por coagulação/floculação/sedimentação.......................................... 82

Tabela 5.16: Configurações do ensaio 07b e residuais de turbidez, cor aparente, cor verdadeira

e DQO após tratamento por coagulação/floculação/sedimentação.......................................... 83

Tabela 5.17: Caracterização dos efluentes utilizados no ensaio 09......................................... 89

Page 14: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

xii

Tabela 5.18: Configurações do ensaio 09 e residuais de turbidez, cor aparente, cor verdadeira,

DQO, AOX e lignina após tratamento por coagulação/floculação/sedimentação................... 90

Tabela 5.19: Caracterização dos efluentes utilizados no ensaio 10......................................... 92

Tabela 5.20: Resultados das análises realizadas no efluente coletado após tratamento por

coagulação/floculação/sedimentação....................................................................................... 93

Tabela 5.21: Características da operação com água destilada na unidade piloto de

microfiltração........................................................................................................................... 94

Tabela 5.22: Características da operação com efluente que recebeu pré-tratamento na unidade

piloto de microfiltração............................................................................................................ 95

Tabela 5.23: Características da operação com efluente sem pré-tratamento na unidade piloto

de microfiltração...................................................................................................................... 95

Tabela 5.24: Residuais de turbidez, cor aparente, cor verdadeira e DQO e resultados das

demais análises após tratamento por microfiltração do efluente sem pré-tratamento............. 97

Tabela 5.25: Resultados das análises realizadas na amostra composta após tratamento por

microfiltração do efluente sem pré-tratamento........................................................................ 97

Tabela 5.26: Residuais de turbidez, cor aparente, cor verdadeira e DQO e resultados das

demais análises após tratamento por microfiltração do efluente previamente tratado............ 98

Tabela 5.27: Resultados das análises realizadas na amostra composta após tratamento por

microfiltração do efluente previamente tratado...................................................................... 98

Tabela 5.28: Resultados das remoções de turbidez, cor aparente, cor verdadeira, DQO, ST,

DBO e lignina......................................................................................................................... 99

Page 15: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

xiii

LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS

°C – Graus Celsius, unidade de temperatura;

μm – Micrometro, unidade de medida de comprimento;

μS – MicroSiemens, medida de contundência elétrica;

ΔP - Perda de carga;

ABRAF – Associação Brasileira de Produtores de Florestas Plantadas;

Aln(OH)mCl3n-m – Fórmula química do policloreto de alumínio;

AOX – Composto orgânico halogenado;

APHA – American Public Heath Association;

BRACELPA – Associação Brasileira de Celulose e Papel;

cm – centímetro, unidade de comprimento;

COT – carbono orgânico total;

DBO – Demanda biológica de oxigênio;

DC – Dosagem de coagulante;

DP – Dosagem de polímero;

DQO – Demanda química de oxigênio;

ECF – Elementary chlorine free;

ETE – Estação de tratamento de esgoto;

g – Grama, unidade de medida de massa;

Gc–Gradiente de mistura rápida;

Gf – gradiente médio de mistura lenta;

h – altura da camada de lodo formada no fundo da proveta;

IVL – índice de volume de lodo;

m³ – Metro cúbico, unidade de medida de volume;

MBBR - Moving Bed Bio Reactor

mg – Miligrama, unidade de medida de massa;

mL – mililitro, unidade de medida de volume;

MPa – Megapascal, unidade de medida de pressão;

nm – Nanômetro, unidade de medida de comprimento;

NTK - Nitrogênio Kjeldahl Total;

OD – Oxigênio dissolvido;

PAC – Cloreto de polialumínio

Page 16: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

xiv

pH – Potencial hidrogeniônico;

PVC – Policloreto de vinila;

Tf – Tempo de floculação;

Tc – Tempo de mistura rápida;

Ts – tempo de sedimentação

tsa – tonelada de celulose seca ao ar (-5% de umidade);

ton – Toneladas, unidade de medida de massa;

s – segundos, unidade de medida de tempo;

SS – Sólidos suspensos;

SST – Sólidos suspensos totais;

ST – Sólidos Totais;

uC – Unidade de cor, unidade de medida de cor;

uT – Unidade de turbidez, unidade de medida de turbidez;

Vs–velocidade de sedimentação

Page 17: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

xv

RESUMO

Jóice Cristini Kuritza. Aplicação da coagulação/precipitação como pós-tratamento de efluente

de uma indústria de papel e celulose.

O objetivo desse trabalho foi avaliar o emprego do conjunto

coagulação/floculação/sedimentação no pós-tratamento do efluente de uma estação de

tratamento de efluentes de uma indústria de papel e celulose. Foram realizados testes em

laboratório, em equipamento de bancada do tipo jar-test, para estabelecer as melhores

configurações operacionais do tratamento empregado. Os testes foram divididos em três

etapas: o objetivo da primeira etapa foi verificar a eficiência do tratamento com aplicação

individual de coagulante (PAC – cloreto de polialumínio), definir os parâmetros operacionais

de mistura lenta e de sedimentação, escolher o polímero a ser usado como auxiliar de

floculação além de obter uma primeira indicação das melhores dosagens de coagulante e

polímero. Na etapa 02 foram realizados mais testes de coagulação/floculação/sedimentação

testando ampla faixa de dosagens de coagulante combinada com diferentes dosagens de

polímero aniônico. Além disso, foram testados tempos menores de floculação. O êxito do

tratamento foi medido em função da remoção de turbidez, cor aparente e verdadeira e DQO,

além da análise de IVL – índice de volume de lodo. Na etapa 03 foram feitos dois ensaios, um

de coagulação/floculação/sedimentação para definir a melhor dosagem de polímero e verificar

principalmente se o tratamento era eficiente na remoção de lignina e AOX, e um ensaio de

microfiltração, em uma unidade piloto, para avaliar o desempenho do sistema quando

submetido a efluente tratado na melhor configuração de coagulação/floculação/sedimentação

encontrada. Os resultados indicaram que a coagulação/floculação/sedimentação melhorou as

características do efluente, com redução de até 98% de turbidez, 95% de cor aparente, 93% de

cor verdadeira e 75% de DQO, utilizando dosagem de PAC de 250mg/L e 1mg/L de polímero

aniônico. Em valores residuais, a turbidez foi reduzida a 1,86uT, a cor aparente a 92uC, a cor

verdadeira a 79uC e a DQO a 78mg/L. Além disso, houve remoção de 60% dos AOX e 70%

de lignina. O lodo gerado pelo tratamento com polímero apresentou melhores condições de

sedimentabilidade, ao contrário das configurações em que foi utilizado somente coagulante.

No emprego do efluente tratado por coagulação/floculação/sedimentação na unidade piloto de

microfiltração, houve melhoria significativa no fluxo de permeado em relação ao fluxo de

permeado da filtração do efluente sem pré-tratamento. Sendo assim, o tratamento empregado

apresentou grande potencialidade de aplicação como pós-tratamento de efluente de indústria

de papel e celulose e também como pré-tratamento de efluentes de membranas de

microfiltração.

Palavras chave: coagulação, polímero aniônico, indústria de papel e celulose.

Page 18: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

xvi

ABSTRACT

Jóice Cristini Kuritza. Application of coagulation / precipitation as a post-treatment of effluent

from a pulp and paper industry.

The purpose of this study was to evaluate the use of the coagulation / flocculation /

sedimentation set in the post-treatment of effluent from a treatment station from a pulp and

paper mill. Tests were performed in laboratory utilizing jar-test instruments to establish the

best operational settings for the treatment used. The tests were divided in three steps: the

purpose of the first step was to verify the treatment efficiency with individual application of

coagulant (PAC - aluminum polychloride), set the operational parameters of slow mixing and

sedimentation, choose the polymer to be used as an auxiliary of flocculation and to obtain a

first indication of the best dosages of coagulant and polymer. In stage 02 were performed

more tests of coagulation / flocculation / sedimentation testing a large range of doses of

coagulation combined with different dosages of anionic polymer. Moreover, were tested

shorter times of flocculation. The success of treatment was measured by removing turbidity,

color apparent and true and COD and true, besides analysis of SVI - sludge volume index. In

step 03 were made two tests, a coagulation / flocculation / sedimentation to define the best

dosage of polymer and especially verify whether the treatment was effective at removing

lignin and AOX, and an assay of microfiltration, on a pilot plant, to evaluate the system

performance when applied treated effluent in the best configuration found of coagulation /

flocculation / sedimentation. The results indicated that coagulation / flocculation /

sedimentation has improved characteristics of the effluent, reducing turbidity up to 98%, 95%

in apparent color, 93% of true color and 75% of COD using PAC dosage of 250 mg / L and

1mg / L of anionic polymer. In residual values, turbidity was reduced to 1.86 uT, the apparent

color to 92uC,the true color to 79uC and COD to 78mg / L. Furthermore, there was 60%

removal of AOX and 70% of lignin. The sludge generated by treatment with polymer had

better sedimentability compared to the configurations in which only coagulant was used. In

the use of the treated effluent by coagulation / flocculation / sedimentation in the pilot plant of

microfiltration, there was significant improvement in the permeate flux in relation to the

permeate flux filtration of the effluent without prior treatment. Therefore, the treatment used

presented great potential for application as post-treatment of effluent from pulp and paper mill

and as a pre-treating effluents from microfiltration membranes.

Key-words: coagulation, anionic polymer, pulp and paper mill

Page 19: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

1

1. INTRODUÇÃO

As indústrias de base florestal tem grande importância no cenário econômico e

comercial brasileiro. Segundo a ABRAF – Associação Brasileira de Produtores de Florestas

Plantadas (2010) o Brasil contava com mais de 6,5 milhões de hectares de florestas plantadas

com pinus e eucalipto em 2010, sendo o estado do Paraná o terceiro colocado em área

plantada, atrás apenas de Minas Gerais e São Paulo. Dentre todos os produtos advindos da

produção florestal, os produtos derivados da celulose possuem alto grau de agregação de valor

ao produto madeireiro, além de chegar muito próximo das necessidades específicas do

consumidor por meio da produção dos diversos tipos de papel para impressão, papéis cartão,

papelões ondulados para embalagens, entre outros. Esses produtos são destinados ao mercado

interno e externo, movimentando a economia nacional e gerando milhares de empregos.

Em contrapartida aos grandes ganhos econômicos provenientes das indústrias de papel

e celulose estão os grandes impactos gerados por essas indústrias em todas as etapas da

produção, desde a colheita da madeira e o seu processamento, a polpação e o branqueamento

da polpa até o transporte do produto final ao consumidor. As indústrias de papel e celulose

estão entre as que utilizam maior vazão de água durante seu processo produtivo. Segundo

Thompson (2001) o consumo de água pode chegar a 60m³/tsa – tonelada de celulose seca ao

ar, e esse volume de água consumido está diretamente ligado ao volume de efluentes que

serão gerados ao longo do processo e que deverão receber tratamento previamente ao seu

lançamento nos corpos receptores.

As características das águas residuárias resultantes dessa produção variam de acordo

com o processo utilizado na polpação, do tipo de papel que está sendo produzido, da madeira

utilizada, dos processos tecnológicos empregados, das práticas de gestão da empresa, da

recirculação interna de efluentes e do volume de água utilizado em toda a indústria (Pokhrel e

Viraraghavan, 2004). No entanto, algumas características, como o elevado teor de matéria

orgânica, que acarreta em elevados valores de DBO e DQO, estão sempre presentes. Isso

deve-se ao fato da madeira apresentar uma fração representativa de constituintes orgânicos em

sua composição. Esses compostos são processados durante a polpação e conferem essa

característica ao efluente. Além disso, durante toda a fabricação da polpa e do papel, são

utilizados diversos reagentes químicos, que vão dar características específicas ao efluente.

Nesse sentido, o tipo de tratamento empregado deve ser pensado de modo particular em cada

indústria, para que se alcance a eficiência exigida pela lei vigente, além de, em alguns casos,

permitir a reutilização dos reagentes e da água.

Page 20: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

2

A maioria das indústrias contempla tratamento somente até o nível secundário e nesses

casos existem as etapas de tratamento preliminar e primário, usualmente empregando

tecnologias de tratamento físico como grades e decantadores e o tratamento secundário,

usualmente representado por alguma tecnologia de tratamento biológico. Nesses casos é

comum o emprego de lagoas aeradas, lodos ativados ou reatores anaeróbios que são eficientes

na remoção de matéria orgânica biodegradável. Os tratamentos físicos como decantadores,

podem ser dispostos anterior ou posteriormente ao tratamento biológico, completando e

melhorando com isso a qualidade do efluente final. Algumas indústrias apresentam efluentes

com características químicas que podem prejudicar o tratamento biológico, sendo incluídas

então etapas complementares de tratamento químico como correção do pH ou adição de

oxigênio dissolvido, visando com isso favorecer e/ou estimular os microrganismos

responsáveis pela degradação do efluente na etapa biológica.

Com a associação de todas as etapas de tratamento, busca-se um efluente que esteja

adequado com a legislação vigente em termos de contaminação dos corpos receptores e do

solo. As indústrias que buscam um tratamento em nível terciário do efluente devem optar por

tecnologias complementares com intuito de melhorar ainda mais a qualidade final do efluente.

Nesses casos, são indicados processos físicos e químicos como a adsorção, a flotação, a

oxidação e a precipitação química, além dos processos de separação por membranas.

O conjunto coagulação/floculação/sedimentação é indicado como alternativa de

tratamento terciário para remoção complementar de matéria orgânica não biodegradável, de

compostos orgânicos halogenados (AOX), cor residual entre outros contaminantes

principalmente aqueles que se apresentam dissolvidos, na fração coloidal da água

(GANJIDOUST et al, 1997).

Em uma acepção abrangente, a coagulação é a alteração físico-química dessas

partículas coloidais, produzindo partículas que possam formar flocos e serem removidas em

seguida em um processo físico de separação, usualmente a sedimentação (RICHTER, 2009).

Essa desestabilização das partículas é normalmente alcançada pela adição de sais de alumínio

e ferro, denominados de coagulante, que podem ser utilizados individualmente ou combinados

com algum polieletrólito auxiliar de floculação, de origem sintética ou natural.

As plantas de tratamento que contemplam tecnologias de tratamento em nível terciário

apresentam, em geral, efluente final de ótima qualidade, sendo possível, em alguns casos, a

alternativa de recirculação ou reúso desse efluente.

O processo de separação por membranas se inclui nesse contexto como uma

alternativa tecnológica atrativa às indústrias de celulose e papel. As membranas são barreiras

Page 21: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

3

físicas capazes de remover matéria orgânica, material particulado, turbidez, cor, entre outros,

tornando essa tecnologia aplicável para os casos em que se deseja um efluente com alta

qualidade final.

Apesar dos benefícios supracitados da tecnologia, alguns problemas podem ocorrer

durante sua utilização. O principal deles é a colmatação (entupimento das membranas) que

diminui o fluxo de operação, gerando custos com a limpeza e substituição da membrana,

podendo ocasionar a paralisação da operação. Para diminuir esse problema é essencial que o

afluente à membrana tenha pouca quantidade de sólidos suspensos e dissolvidos que conferem

turbidez e cor, que causam o entupimento dos poros das membranas, nesse sentido, o conjunto

coagulação/floculação/sedimentação é indicado como alternativa de pré-tratamento do

efluente com vistas à minimização da colmatação das membranas.

O objetivo da presente pesquisa foi avaliar o emprego da

coagulação/floculação/sedimentação como pós-tratamento do efluente de uma indústria

integrada de celulose e papel e como pré-tratamento do efluente em membrana de

microfiltração.

Page 22: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

4

2. OBJETIVOS

Essa pesquisa teve como objetivo principal a avaliação do emprego da

coagulação/floculação/sedimentação no pós-tratamento do efluente de uma estação de

tratamento de efluentes de uma indústria de papel e celulose.

Especificamente, objetivou-se:

a) estudar os aspectos operacionais para emprego da coagulação/floculação/sedimentação no

pós-tratamento do efluente e estabelecer as melhores condições da tecnologia para o caso em

estudo;

b) avaliar o efeito do coagulante utilizado individualmente e combinado com polímero

aniônico no desempenho do conjunto coagulação/floculação/sedimentação;

c) avaliar a coagulação/floculação/sedimentação como alternativa de pré-tratamento de

sistemas de microfiltração;

d) avaliar o desempenho da microfiltração no tratamento do efluente final.

Page 23: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

5

3. REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 A Indústria de papel e celulose

Por dispor de vantagens climáticas, extensão territorial e tecnologia florestal evoluída,

o Brasil passou de uma posição insignificante no cenário mundial de papel e celulose no

início dos anos 70, para uma posição de relativo destaque no final da década de 80

(MATTOS, 1999).

Segundo dados da Associação Brasileira de Celulose e Papel (BRACELPA, 2011) o

Brasil produziu mais de 14 milhões de toneladas de celulose em 2010, apresentou crescimento

de 6,4% em relação ao produzido em 2009. Praticamente toda a produção nacional de

celulose, mais de 12 milhões de toneladas, é proveniente do processamento da madeira de

eucalipto, ou seja, madeira de fibra curta, sendo que 11 milhões de toneladas dessa produção

foi de pasta celulósica branqueada. O principal destino da celulose produzida no Brasil foi a

exportação, representando 59% do total produzido. Dos 41% restantes, 30% foram destinados

ao consumo próprio e 11% a vendas no mercado doméstico. No ano de 2009 o setor de

celulose e papel do Brasil movimentou 28 milhões de reais, 15,4% a mais do que tinha

movimentado no ano anterior.

Ainda com dados da Bracelpa (2011), a produção de papel em 2010 foi de quase 10

milhões de toneladas e houve crescimento de 4,4% em relação à produção de 2009. Destaca-

se que a maior parte desse total, quase 50%, foi destinado à produção de embalagens, seguido

da produção de papel para imprimir e escrever, além dos demais tipos. Em 2009, o Estado do

Paraná contava com 31 fábricas de papel, 4 unidades industriais produtoras de celulose e 16

fábricas de pastas de alto rendimento. A produção de celulose do estado, no ano de 2008,

atingiu 904.600 toneladas, com participação de 7,88% no total nacional, sendo 96% utilizados

para consumo próprio das empresas (produção de papel) e 4% comercializados no mercado

doméstico. Em 2009 a produção passou para 1,2 milhão de toneladas por ano. Essa produção

tornou o Estado do Paraná o 5º maior produtor de pasta celulósica do Brasil naquele ano,

sendo que, as frações mais representativas da produção do Estado são o papel cartão e o de

embalagem.

A produção de papel, papelão e outros artefatos afins podem ocorrer a partir da fibra

celulósica virgem, da reconstituição da polpa de papel reciclado (aparas) ou ambas

combinadas. Uma dada unidade industrial pode apenas processar a polpa produzida

externamente ou funcionar como uma unidade integrada (fábrica de papel e celulose)

Page 24: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

6

(CETESB, 2008).

A principal fonte de matéria prima para a indústria de celulose e papel é a madeira

proveniente de reflorestamento. Estima-se que somente de 1% a 2% do papel produzido no

mundo tem base em fibras que não são provenientes da madeira (PEPE e SARAIVA, 2004).

As principais espécies reflorestadas são o pinus e o eucalipto. A espécie pinus pertence

ao grupo das coníferas, sua madeira apresenta fibra longa e também é conhecida como

softwood ou madeira macia. Já o eucalipto pertence ao grupo das folhosas, sua madeira

contém fibra curta e pode ser chamada de hardwood ou madeira dura. O produto que se deseja

obter da madeira para produção de papel é a celulose, no entanto, a madeira também é

composta de lignina, hemicelulose e extrativos.

Na tabela 3.1 é demonstrada a distribuição dos diferentes constituintes da madeira de

coníferas e folhosas.

Tabela 3.1: Composição química aproximada dos diferentes constituintes da madeira de

coníferas e folhosas

Componentes

Químicos

Composição (%)

Folhosas Coníferas

Celulose 45 a 47 42 a 45

Hemicelulose 30 a 35 27 a 30

Lignina 20 a 24 28 a 30

Extrativos 3 a 5 3 a 5

Fonte: MORAIS et al (2005).

Como o constituinte da madeira que interessa para produção do papel é a celulose, esta

deve ser separada dos demais constituintes do organismo vegetal, em especial, da lignina, que

é uma macromolécula aromática tridimensional, de estrutura complexa, que atua como agente

cimentante entre as células e proporciona rigidez à madeira. Sua eliminação ocorre por meio

de oxidação (BERTAZZOLI E PELEGRINI, 2002).

No entanto, anteriormente à separação da celulose, é importante ressaltar que a

produção da pasta celulósica se inicia nas áreas florestais, onde as árvores são derrubadas,

desgalhadas, descascadas e cortadas. Esse material é armazenado para o posterior

processamento que pode ser mecânico, termomecânico, semiquímico ou químico. Piotto

(2003) descreveu os diferentes tipos de processamentos:

Processo Mecânico (MP): O rendimento da polpação que utiliza esse método varia

Page 25: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

7

entre 93 a 98%. A aplicação da pasta obtida por processamento mecânico é limitada

devido a oxidação da lignina residual, que faz com que o papel produzido escureça

rapidamente, mesmo que tenha passado pela etapa de branqueamento. As principais

aplicações da “pasta mecânica” são para produção de papel para jornal, revistas,

embrulhos, etc.

Processo Termomecânico (TMP): Com objetivo de provocar a transição do estado

rígido para o estado plástico na madeira, esta sofre aquecimento com vapor (em torno

de 140ºC), seguindo para o processo de desfibrilamento em refinador a disco. O

rendimento obtido por esse processo é levemente inferior ao obtido com o

processamento mecânico (92 a 95%), no entanto, o produto final é um papel de melhor

qualidade, com maior resistência mecânica e facilidade de impressão.

Processo Semiquímico: São acrescentados produtos químicos em baixas percentagens

para facilitar a desfibragem. Nesse caso, o rendimento fica em torno de 60 a 90%. Na

Europa o processo semiquímico mais comum é conhecido pela sigla NSSC (neutral

sulphite semi chemical).

Processo Químico (Kraft): Para o processo químico, a madeira é tratada em vasos de

pressão com soda cáutica e sulfeto de sódio. Esse processo permite obter uma pasta

forte (kraft significa forte em alemão) já que dissolve a lignina preservando a

resistência das fibras. O rendimento desse processo está entre 50 a 60%. A

empregabilidade dessa polpa está na produção de papéis cuja resistência é o fator

limitante, como as sacolas de supermercado, sacos de cimento, entre outros.

3.2 Impactos Ambientais associados à indústria de papel e celulose

Muitos são os impactos ambientais associados à indústria de papel e celulose, sendo

que esses se iniciam nas áreas de cultivo florestal e acompanham todo o processo de produção

da polpa e posteriormente do papel.

Os primeiros impactos ambientais associados a essa indústria, tiveram início com a

derrubada de extensas áreas de florestas nativas para utilização da madeira na produção. Com

a extinção das áreas florestadas, o reflorestamento surgiu como alternativa viável para

alimentar a demanda de matéria prima da indústria florestal, no entanto, alguns impactos estão

associados a eles como a redução da biodiversidade das áreas plantadas, compactação do solo

e geração de ruídos pelo uso de maquinário pesado para retirada da madeira e contaminação

dos recursos hídricos devido à ampla utilização de fertilizantes (CETESB, 2008).

Page 26: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

8

Outro aspecto fortemente associado à indústria de papel e celulose é o alto consumo de

água. Segundo Mounteer et al (2005) o consumo pode oscilar entre 30 a 60 m³ de água por

tonelada de celulose seca ao ar. Esse volume de água representa impacto ambiental não só

pela retirada dos corpos d’água, mas também por estar diretamente relacionado com a geração

de águas residuárias em todo processo. Para diminuir a geração de efluentes líquidos, algumas

plantas (ou estações de tratamento) mais modernas preconizam a recirculação da água

utilizada no processo.

Oliveira (2003) aponta as restrições na disponibilidade de água, os altos custos de

instalação e de operação das estações de tratamento de efluentes, a capacidade limitada dessas

estações, bem como as exigências da legislação como os principais agentes incentivadores

para que as fábricas de papel e celulose limitem o consumo de água fresca e adotem o

fechamento de circuitos de águas. O mesmo autor define fechamento de circuito de águas

como a reutilização dos efluentes e recuperação dos insumos químicos de forma a minimizar

os efeitos ambientais adversos, provocados pelo lançamento de poluentes no ambiente, sem,

no entanto, comprometer o custo e a qualidade do produto final.

Os efluentes líquidos da indústria de papel e celulose causam consideráveis danos se

dispostos diretamente nos corpos d’água sem tratamento, isso se deve, principalmente, à alta

demanda biólogica de oxigênio (DBO), demanda química de oxigênio (DQO), compostos

organoclorados, sólidos suspensos, resinas, lignina, entre outros (TAMBOSI, 2005).

Além disso, o consumo elevado de energia também é um aspecto ambiental associado

à indústria de celulose e papel. Assim, as caldeiras de recuperação que queimam o licor negro

gerado durante o processo produtivo são importantíssimas no sentido de diminuir o gasto

energético dessas indústrias. Outro importante aspecto que colabora na economia de energia

são as caldeiras de biomassa que queimam as cascas e pedaços de madeira rejeitados pelo

processo, ação essa que, além de gerar energia evita o acúmulo de resíduos sólidos (CETESB,

2008).

Na Figura 3.1 são apresentados os poluentes dos diversos estágios da produção de

papel.

Page 27: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

9

Figura 3.1 – Poluentes dos vários estágios do processo de fabricação do papel (POKHREL e

VIRARAGHAVAN, 2004)

3.3 Tratamento do efluente da indústria de celulose e papel

Para adequar as características do efluente ao padrão de qualidade vigente para o corpo

receptor ou a algum padrão de reúso, deve ser feito o tratamento das águas residuárias, que

consiste na remoção dos poluentes presentes.

A escolha do processo a ser empregado no tratamento de águas residuárias depende

das características físico-químicas da água a ser tratada, do grau de tratamento desejado e

também dos custos operacionais do sistema escolhido.

Segundo Thompson et al (2001) o tratamento do efluente da indústria de celulose e

papel deve abranger o tratamento preliminar que tem por objetivo a remoção de sólidos

grosseiros e com posterior sedimentação ou flotação. O tratamento secundário é realizado

Preparação da

madeira

Polpação

Lavagem

Branqueamento

Fabricação do

papel

Cascas de madeira. Pedaços rejeitados pelo controle

de qualidade. Água utilizada na lavagem das toras

gera efluente contendo sólidos suspensos, areia,

DBO etc.

O licor negro gerado na polpação contém os

produtos químicos utilizados na fase de digestão,

lignina e outros compostos da madeira. O efluente

contém resinas, cor, DBO, DQO, compostos

organoclorados e compostos orgânicos voláteis.

O efluente gerado na lavagem apresenta alta DBO,

DQO, pH e sólidos suspensos.

O efluente gerado no branqueamento contém lignina

dissolvida, cor, DQO, compostos inorgânicos

clorados, compostos orgânicos clorados, e

compostos orgânicos voláteis.

Esse efluente recebe o nome de água branca e

contém compostos orgânicos, corantes inorgânicos,

DQO etc.

Page 28: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

10

normalmente em reatores biológicos, e que se destina normalmente a remoção de matéria

orgânica, além do tratamento terciário, para polimento do efluente e melhoria ainda maior da

qualidade final do mesmo, nos casos em que a legislação ambiental seja mais restritiva ou que

sejam preconizados padrões de reúso desse efluente pela indústria.

As características do efluente dependem do processo empregado na produção da

celulose e do papel e das peculiaridades de cada unidade industrial. A DQO do efluente, por

exemplo, pode variar de 1000 até 13000mg/L, dependendo do tipo de polpação empregada na

produção de celulose. Os efluentes da indústria de celulose e papel podem conter materiais

não biodegradáveis, matéria orgânica halogenada adsorvível (AOX), compostos fenólicos,

entre outros. No entanto, a grande quantidade de material orgânico em suspensão e o alto teor

de sólidos suspensos são os principais poluentes desse efluente (Buyukkamaci e Koken,

2010).

Em decorrência dos elevados teores de DBO e DQO do efluente industrial da

produção de celulose e papel, o tratamento biológico é o processo mais empregado. Dentre

eles, Medeiros (2008) indica o sistema de lodos ativados e as lagoas aeradas como os mais

utilizados, todavia, há também uma forte tendência para os processos anaeróbios, devido,

principalmente, ao baixo custo e à menor geração de lodo se comparado aos processos

aeróbios.

Pohkrel e Viraraghavan (2004) discorrem sobre a empregabilidade dos processos

anaeróbios para o tratamento do efluente da indústria de celulose e papel e indicam esse tipo

de tratamento devido à alta carga orgânica apresentada pelo efluente, destacando o filtro

anaeróbio, as lagoas anaeróbias e os reatores anaeróbios de manta de lodo (UASB) como boas

opções tecnológicas. Apontam também a ampla utilização de processos de coagulação

química e floculação, seguidos de sedimentação, para remoção de sólidos suspensos e

polimento do efluente, sendo esses processos aplicados à etapa de tratamento terciário.

Além da coagulação química seguida de floculação e sedimentação alguns autores

apontam os processos oxidativos avançados (CATALKAYA E KARGI, 2007; MORAIS,

2006) e a separação por membranas (microfiltração, ultrafiltração, nanofiltração e osmose

reversa) como as principais alternativas disponíveis para tratamento terciário desse efluente

(KO e FAN, 2010; OLIVEIRA, 2003; ALMEIDA, 2002).

Mierzwa e Hespanhol (2005) expõem que a escolha de uma ou a combinação entre

duas ou mais tecnologias é função do potencial de cada uma, dos mecanismos envolvidos na

redução do contaminante de interesse e da qualidade final da água que se necessita.

Page 29: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

11

3.3.1 Coagulação, floculação e sedimentação

O termo coagular provém do latim coagulare e significa juntar (CAMPOS e

POVINELLI, 1979). A coagulação é considerada um processo já que envolve fenômenos

químicos e físicos e surgiu da necessidade do homem em melhorar o aspecto visual da água

previamente ao consumo. Existem registros do século XVIII descrevendo a adição de sais de

alumínio no tratamento de águas minerais na Inglaterra. A partir de 1827, em Londres, era

empregado sulfato férrico associado ao aquecimento da água coagulada para remoção de cor e

turbidez (LIBÂNIO, 2005).

A coagulação consiste na desestabilização das partículas coloidais e suspensas

presentes na água, por meio da ação do coagulante, usualmente um sal de ferro ou alumínio,

em contato com a água e suas impurezas. Essas ações físicas e químicas duram poucos

segundos, os íons metálicos de ferro e de alumínio, quando em solução aquosa, carregados

positivamente, formam ligações com os átomos de oxigênio liberando os átomos de

hidrogênio e reduzindo o pH da suspensão. Este processo denomina-se hidrólise e seu produto

são as espécies hidrolisadas. Durante a etapa de coagulação deve haver agitação da massa

líquida de forma a proporcionar o contato dessas espécies com as impurezas presentes

causando sua desestabilização. Essa agitação é chamada de mistura rápida (LIBÂNIO, 2005).

Os principais mecanismos de coagulação, descritos por Di Bernardo (1993), Di

Bernardo e Dantas (2005) e Libânio (2005) são: compressão de camada difusa, adsorção e

neutralização, varredura e adsorção e formação de pontes.

Para entender esses mecanismos é necessário compreender alguns conceitos abordados

por Campos e Povinelli (1979), Di Bernardo (1993), Di Bernardo e Dantas (2005) e Libânio

(2005). As partículas coloidais e suspensas apresentam carga predominantemente negativa

devido à dissociação de grupos funcionais como carboxilas ou hidroxilas presentes na

superfície das partículas ou às imperfeições na estrutura das argilas minerais ou por efeito das

substituições isomórficas ou ainda devido à adsorção de íons na superfície das partículas em

suspensão por meio da ação das forças de Van Der Walls e ligações de hidrogênio.

Quando essas partículas são dispersas na água, íons de carga oposta se aproximam da

sua superfície formando uma camada de íons positivos e negativos chamada camada

compacta. Quando íons negativos se aproximam da camada compacta, atraem consigo outros

íons positivos, formando a camada difusa. O conjunto dessas camadas, compacta e difusa, é

chamado de dupla camada elétrica.

As partículas em suspensão se mantêm afastadas por conta da atuação da camada

Page 30: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

12

difusa. A presença de um coloide na água implica na formação de um potencial elétrico

(potencial de Nernst) que diminui com a distância a partir da superfície do mesmo. Na região

de fronteira das camadas compacta e difusa o potencial elétrico é chamado de potencial zeta,

que consiste, então, na diferença de potencial entre a superfície da camada compacta e o

limite da camada difusa. As principais metas para que ocorra a coagulação são reduzir o

potencial zeta a valores bastante baixos, de modo que não haja repulsão entre as partículas e o

fornecimento de energia ao meio de modo que haja agitação e choque entre as partículas

desestabilizadas.

Abaixo são discutidos os quatro mecanismos de coagulação

Compressão da camada difusa: esse mecanismo é causado por meio da adição

de íons de carga positiva que atravessam a camada compacta e reduzem o

potencial zeta e a espessura da dupla camada, causando desestabilização das

partículas coloidais e posterior aproximação das mesmas. Di Bernardo (1993)

afirma que há independência da dosagem de coagulante com a concentração de

partículas coloidais e não é possível causar a reversão de cargas dos coloides.

Adsorção e neutralização de cargas: ocorre a desestabilização das partículas a

partir da adsorção das espécies hidrolisadas, que tem carga positiva, à

superfície das mesmas. Nesse caso a desestabilização ocorre com dosagens

inferiores àquelas utilizadas no mecanismo de compressão da dupla camada.

Há uma relação diretamente proporcional entre a dosagem do coagulante e a

concentração dos coloides. Além disso, é possível a reversão de carga dos

coloides.

Varredura: nesse caso não há relação estequiométrica entre a dosagem de

coagulante e a concentração dos coloides. De acordo com a quantidade de

coagulante, do pH da mistura e da concentração de alguns íons pode haver a

formação de precipitados que adsorvem as partículas coloidais e envolvem as

dissolvidas. Os flocos formados por meio desse mecanismo costumam ser

maiores, sedimentando-se com maior facilidade.

Adsorção e formação de pontes: nesse caso a coagulação é obtida por meio da

ação de polímeros orgânicos naturais ou sintéticos, que podem atuar como

coagulante por apresentarem longas cadeias, com vários sítios ionizáveis ao

longo dessas. Segundo Mendes (1989), a atuação de polímeros ocorre por meio

Page 31: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

13

da adsorção das partículas aos sítios ionizáveis, causando redução de sua carga

ou então através da incorporação das partículas na cadeia dos polímeros.

Segundo Di Bernardo (2003) apesar de serem etapas distintas, a coagulação e a

floculação são interdependentes. A função da coagulação é desestabilizar as partículas com

auxílio de um coagulante, usualmente o sulfato de alumínio ou o cloreto férrico. O regime de

operação deve ser turbulento, promovendo o contato das partículas com o coagulante,

permitindo que haja aglomeração das mesmas, para o início da formação dos flocos. Na

floculação, etapa subsequente à coagulação, o gradiente de velocidade é inferior ao usado

durante a coagulação, já que, o objetivo da mesma, é dar condições para que os flocos se

unam, tornando-se maiores.

Participam da floculação apenas fenômenos físicos de aglutinação das partículas, nos

quais o principal objetivo é a redução de partículas coloidais e suspensas presentes na massa

líquida. Para tanto, fornecem-se condições em termos de agitação e tempo de detenção, para

que ocorram choques entre as partículas que foram previamente desestabilizadas na etapa de

coagulação, objetivando a formação dos flocos a serem removidos na etapa de sedimentação

(LIBÂNIO, 2005).

Campos e Povinelli (1979) ressaltam que nos estudos de coagulação e floculação, em

escala laboratorial, devem ser observados alguns aspectos como a natureza das partículas a

serem removidas, o tamanho dessas partículas, a concentração da solução do coagulante, o pH

de operação e os gradientes de velocidade que serão empregados, tanto na unidade de mistura

rápida (coagulação), quanto na de mistura lenta (floculação). A análise acurada desses

parâmetros tornará o sistema mais eficiente, além de proporcionar eventual economia com

reagentes e energia.

A importância dos estudos em escala laboratorial consiste também em o mesmo

permitir variar com facilidade os parâmetros operacionais, fornecendo a oportunidade de

realizar uma análise detalhada desses parâmetros em função dos resultados obtidos, para

garantir o sucesso do sistema quando operado em escala industrial.

O uso de processos de precipitação química, ou seja, coagulação química, seguida de

floculação e sedimentação é essencial em tratamento de água, entretanto, tem sido apontado

em diversos estudos como processo importante também no tratamento de águas residuárias.

Estudos visando a remoção de SST, turbidez, cor, DQO e outros contaminantes, no tratamento

complementar ou terciário de águas residuárias industriais e domésticas, especialmente com

respeito à otimização do desempenho de coagulante, determinação das condições

Page 32: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

14

experimentais, avaliação do pH e investigação a respeito da adição de floculantes são

abundantes na literatura nacional e internacional.

Marguti et al (2008) objetivaram a remoção de fósforo em esgoto doméstico

proveniente de reator UASB alcançando remoção de até 90% para dosagens iguais ou

superiores a 60mg/L de cloreto férrico, sendo que observaram também, remoção de até 70%

do carbono orgânico total (COT) nesse mesmo efluente e 40% para efluente tratado por lodo

ativado convencional.

Fabreti (2006) avaliou o uso de coagulação/floculação/sedimentação como pós-

tratamento do efluente sanitário de lagoa anaeróbia e facultativa obtendo boa remoção de

fósforo, DQO, SST e clorofila a para dosagem de 264mg/L de sulfato de alumínio.

Viveiros (2008) realizou testes de tratabilidade do efluente da usina de reciclagem de

plástico utilizando sulfato de alumínio e cloreto férrico como coagulante buscando por meio

de testes de jarro as melhores condições de aplicação de coagulantes e faixas de pH. Observou

a eficiência do tratamento por meio da remoção de turbidez e cor do sobrenadante. Escolheu-

se o sulfato de alumínio como melhor coagulante, sendo a faixa de concentração ótima foi

entre 311,58 a 324,08mg/L para pH 7,06 com remoção de mais de 90% de turbidez e cor

nessas condições de operação.

Dominguez et al (2007) utilizaram o teste de jarro para determinar a capacidade de

remoção de matéria orgânica em efluente de processamento de couro. Os autores variaram a

dosagem de coagulante, a carga poluidora afluente, representada pela DQO, o tempo de

floculação, o gradiente de velocidade da etapa de floculação e o pH durante a operação.

Obtiveram remoção entre 20 e 55% para DQO, 28 a 89% para polifenóis e 29 a 90% para

outros compostos aromáticos.

A utilização de coagulantes no tratamento de águas residuais, bem como de alguns

polímeros auxiliares de floculação, tem sido muito difundida, em virtude da potencialidade do

uso de processos físico-químicos, principalmente quando associados aos processos

biológicos. O processo de precipitação química pode ser utilizado em diversos pontos do

sistema de tratamento de efluentes, desde o afluente bruto até o pós-tratamento, precedendo

uma eventual etapa de desinfecção (SANTOS, 2001).

Muitos pesquisadores defendem o uso de polímeros como auxiliares de floculação,

afirmando que o uso dos mesmos, concomitante ao uso do coagulante, apresenta vantagens

como: melhoria na qualidade do efluente tratado, redução no consumo do coagulante primário

e redução do volume de lodo (WONG et al, 2006; SENA, 2005; OENNING JUNIOR, 2006;

AMOO e AMUDA, 2007; ZHONG et al, 2003; WALKER e KELLEY, 2003). Esses

Page 33: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

15

polímeros são denominados em muitos trabalhos como floculantes, pois atuam no processo de

floculação trazendo como vantagem a formação de flocos maiores e mais resistentes quando

comparados àqueles obtidos por coagulação (SENA, 2005).

Os polímeros usados no tratamento de água e efluentes são normalmente sintéticos e

solúveis em água. Quanto a sua natureza iônica, podem ser aniônicos ou catiônicos e a

densidade de carga também é variável. Quando em meio aquoso, os polímeros aniônicos

apresentam sítios negativos ao longo da cadeia, os catiônicos apresentam sítios positivos e os

não-iônicos não apresentam sítios ionizáveis (BOLTO E GREGORY, 2007). Na figura 3.2 é

apresentado um esquema de aglomeração de partículas pela ação de polímeros.

Figura 3.2 – Aglomeração de partículas pelo polímero dando origem aos grandes flocos

(SENA, 2005)

O uso de polímeros como auxiliares de floculação proporcionam menores dosagens de

coagulante, menor volume de lodo, redução de custos de até 25%, entre outras vantagens.

Além disso, o fato de utilizar menos coagulante reduz a presença de alumínio no lodo a ser

disposto posteriormente (ROUT et al. 1999).

Diante da grande variabilidade de polímeros disponíveis, são importantes os estudos

em escala laboratorial para guiar o processo de tomada de decisão sobre qual espécie de

polímero deve ser utilizada (AHMAD et al. 2008; WONG et al. 2006; AGUILAR et al. 2005;

AL-MALACK et al. 1999).

Ahmad et al (2008) avaliaram a eficiência do tratamento dos efluentes de uma

indústria de papel e celulose feita pelo conjunto coagulação-floculação-sedimentação com uso

isolado e combinado de coagulante e polímero. Como parâmetros de avaliação foram

observadas as remoções de: turbidez, sólidos totais, DQO, além do volume de lodo produzido

e do tempo de sedimentação para cada condição operacional testada. Os melhores resultados

obtidos foram 99,8% de redução de turbidez, 99,4% de redução de sólidos totais e 91,3% de

Page 34: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

16

redução de DQO. Para obtenção de tais resultados, foram variados os parâmetros

operacionais, como pH, dosagem e tipo de coagulante e adição de diferentes tipos e dosagens

de polímeros durante os experimentos. Os autores concluíram que o uso combinado de

coagulante com polímero melhorou a eficiência de todos os parâmetros observados além de

produzir menor volume de lodo num tempo de sedimentação inferior.

Wong et al (2006) testaram 9 tipos de polímeros catiônicos e aniônicos com diferentes

pesos moleculares e densidade de carga no tratamento do efluente de uma indústria de papel e

celulose por meio de coagulação/floculação/sedimentação. Os experimentos foram realizados

variando a dosagem de polímero de 0,5 a 15mg/L, com destaque para o fato de que o

polímero foi usado individualmente e não como auxiliar do coagulante primário. A eficácia do

tratamento foi medida em termos de remoção de turbidez, SST e DQO além da análise do

volume e das características de sedimentabilidade do lodo. Os autores obtiveram remoção

maior que 90% para todos os parâmetros analisados além de lodo com ótimas características

de sedimentabilidade, já que o índice de volume de lodo (IVL) foi menor que 70mL/g em

todas as configurações testadas, chegando a 14mL/g na configuração ótima, com dosagem

igual a 5mg/L de polímero catiônico.

3.3.2 Membranas filtrantes

Uma tecnologia que tem sido largamente utilizada nas grandes indústrias de papel e

celulose é o processo de separação por membranas de micro e ultrafiltração. Segundo Judd

(2006) as membranas são barreiras físicas seletivas capazes de conter partículas que sejam

maiores que os seus poros durante a passagem de uma solução. Não ocorrem alterações

químicas ou biológicas de componentes durante o processo de filtração. Os processos de

separação por membranas são divididos de acordo com a seletividade da membrana, definida

pelo tamanho dos poros. Nesse sentido, os quatro principais processos são a osmose reversa, a

microfiltração, a ultrafiltração e a nanofiltração.

No entanto, todos os processos têm os mesmos elementos comuns, sendo uma fonte de

alimentação com o efluente que se deseja filtrar, o material retido pela membrana, que recebe

o nome de concentrado, e o material filtrado, que também é conhecido como permeado.

A Figura 3.4 demonstra esquematicamente o processo de tratamento usando

membranas filtrantes.

Page 35: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

17

Figura 3.3 – Esquema de definição do processo por membranas - METCALF & EDDY

(2003) apud VIDAL (2006)

As membranas são elaboradas por diferentes tipos de materiais, sendo os mais comuns

o polímero e a cerâmica. A configuração do reator de membranas, ou seja, a sua geometria e a

posição em relação ao fluxo de água, é determinante para o desempenho global da operação.

Um projeto de aplicação de membranas deve prever, entre outras coisas, uma alta taxa de

filtração, grande turbulência do efluente, para garantir contato com os poros da membrana,

um baixo custo com energia por unidade de volume filtrado, um design que facilite a

operação e a limpeza (JUDD, 2006).

Durante o processo de filtração pode ocorrer a deposição de material sobre a superfície

da membrana e/ou na sua matriz. Essa deposição de material causa decréscimo no fluxo de

operação e é chamado de fouling ou colmatação da membrana. Koros et al (1996) definiram

fouling como resultado do processo de decréscimo no desempenho da membrana devido à

deposição de substâncias suspensas ou dissolvidas sobre sua superfície externa e em seus

poros.

Sendo assim, alguns fatores são determinantes para o êxito do tratamento por

membranas como a qualidade do afluente, o modo de operação, a característica da membrana

utilizada e o método de limpeza empregado. Todos esses fatores devem trabalhar em conjunto

para garantir um bom fluxo de massa (transferência de massa por unidade de área de

Page 36: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

18

membrana) durante a operação (LAUTENSCHLAGER, 2006). Para que isso seja possível, a

colmatação do leito filtrante, ou fouling, deve ser evitada. Conforme Field et al. (1995) a

deposição de material sobre a superfície do leito filtrante afeta diretamente a eficiência do

processo, pois, bloqueia parcial ou totalmente os poros oferecendo resistência adicional ao

fluxo do permeado.

Dentre as tecnologias de membranas filtrantes disponíveis, a microfiltração é

caracterizada por apresentar macroporos (>50nm). Seu mecanismo típico de separação é o

peneiramento e a faixa típica de operação está entre 0,08-2,0µm (METCALF & EDDY, 2003

apud VIDAL, 2006).

O pré-tratamento do processo de membranas, para garantir a qualidade do afluente e

minimizar a colmatação do leito filtrante, pode ser feito por meio de tratamento físico-

químico. Dentre eles destaca-se a coagulação química seguida de floculação e sedimentação

como alternativa viável e que vem sendo apontada por muitos autores em todo o mundo.

Decarolis et al (2001) avaliaram diferentes condições operacionais no desempenho de

membranas de ultrafiltração para tratamento terciário de efluente sanitário. Dentre as

alternativas testadas, os autores avaliaram o efeito da adição de cloreto férrico na água de

alimentação da membrana de ultrafiltração e concluíram que o tratamento com coagulação

desestabiliza as partículas coloidais, resultando em partículas maiores que são retidas

prontamente pela membrana.

Khayet et al (2011) indicam o processo de coagulação/floculação/sedimentação como

pré-tratamento à microfiltração para diminuir a colmatação do leito filtrante e aumentar a vida

útil da membrana.

Gabelich et al. (2002) afirmam que os processos de pré-tratamento representam uma

melhora significativa em relação aos custos totais e à operação das membranas filtrantes.

Choi e Dempsey (2004) utilizaram a coagulação in-line, ou seja, o uso de coagulantes

sem a etapa de sedimentação, como pré-tratamento de uma unidade de ultrafiltração. O estudo

procurou definir as melhores dosagens de coagulante em função do desempenho da unidade

de ultrafiltração. Os autores afirmam que a resistência à filtração pode aumentar ou diminuir

devido a adição do coagulante, ou seja, a etapa de pré-tratamento pode prejudicar a filtração

se não houver um estudo preliminar em escala piloto.

Nordin e Jönsson (2006) estudaram os aspectos operacionais de uma planta de

ultrafiltração usada para tratar o efluente do branqueamento de uma indústria de celulose e

papel. Os autores observaram valores de remoção de DQO e sólidos totais de 96 e 93%,

respectivamente.

Page 37: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

19

Em alguns casos, quando o objetivo principal do tratamento com membranas é

retornar a água ao processo produtivo, a tecnologia empregada é a osmose reversa,

caracterizada por poros densos com faixa típica de operação entre 0,0001-0,001µm

(METCALF & EDDY, 2003 apud VIDAL, 2006).

Zhang et al (2009) avaliaram a osmose reversa como forma de tratamento final para o

efluente de uma indústria de celulose e papel. O efluente da ETE era primeiramente tratado

numa unidade de microfiltração. Essa unidade recebia seu afluente com valores superiores a

600 mg/L de DQO e mais de 140 mg/L de sólidos suspensos. Após o tratamento com

microfiltração os sólidos eram reduzidos a valores inferiores a 2 mg/L e a remoção de DQO

foi de 92,1%, ou seja, a DQO no efluente era menor que 50 mg/L. Esses resultados, apesar de

serem satisfatórios para os padrões de lançamento desse efluente no ambiente, ainda não

atendem aos padrões de reúso, podendo causar problemas ao processo produtivo, em caso de

recirculação. Para melhorar a eficiência do tratamento foi empregada uma unidade de osmose

reversa logo após a microfiltração. A remoção média de DQO apresentada pela unidade de

osmose reversa foi de 91,7%, chegando a valores de concentração de DQO inferiores a 5

mg/L.

Page 38: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

20

4. MATERIAIS E MÉTODOS

Esse capítulo compreende a descrição dos materiais, equipamentos e métodos

experimentais utilizados para realização dessa pesquisa. São detalhados os sistemas de

coagulação/floculação/sedimentação em escala de bancada e da unidade de microfiltração

tangencial, bem como os ensaios para realização de cada etapa da pesquisa.

4.1 Caracterização do efluente

Os efluentes empregados nesta pesquisa foram coletados em uma estação de

tratamento de efluentes de uma indústria de papel e celulose de grande porte do Estado do

Paraná. A referida estação possui vazão de projeto de 4000 m3/dia e apresenta as seguintes

unidades de tratamento em sequência: calha parshall, grade, caixa de areia, decantador

primário, caixa de mistura de nutrientes, antiespumante e correção de pH, torre de

resfriamento, reator biológico aerado de crescimento aderido (MBBR), tanque de aeração,

decantador secundário e unidade de ultrafiltração. O fluxograma desta estação encontra-se

apresentado na Figura 4.1.

Page 39: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

21

Figura 4.1 – Fluxograma da Estação de Tratamento de Efluentes da indústria de papel e

celulose cujo efluente foi estudado nesta pesquisa

As coletas do efluente estudado nessa pesquisa foram conduzidas na saída do

decantador secundário 01, local destacado na figura 4.1.

4.2 Etapas da pesquisa

Esta pesquisa foi realizada em três etapas, sendo que em todas o primeiro passo foi a

caracterização do efluente. Os parâmetros analisados para caracterização do efluente do

decantador secundário, chamado de efluente bruto ao longo do trabalho, foram: turbidez, cor

aparente e verdadeira, DQO, DBO, temperatura, pH, sólidos totais e suspensos, alcalinidade,

nitrogênio amoniacal, NTK – nitrogênio total kjeldahl, fósforo total, OD - oxigênio

dissolvido, AOX – compostos organohalogenados adsorvíveis e lignina, sendo que o

parâmetro AOX foi analisado somente no ensaio 09, e o parâmetro lignina foi analisado

somente nos ensaios 09 e 10. Na tabela 4.1 são apresentados os métodos utilizados para

realização de cada análise.

Page 40: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

22

Tabela 4.1 Métodos utilizados para as análises físico-químicas

Parâmetro Métodos

Turbidez Standard Methods 2130B (APHA, 1999)

Cor Standard Methods 2120C (APHA, 1999)

DQO Standard Methods 5220D (APHA, 1999)

DBO Standard Methods 5210B (APHA, 1999)

pH Standard Methods 4500 - H+

B (APHA, 1999)

ST Standard Methods 2540B (APHA, 1999)

SST Standard Methods 2540D (APHA, 1999)

Alcalinidade Standard Methods 2320B (APHA, 1999)

Nitrogênio amoniacal Standard Methods 4500 - NH3 B e C (APHA, 1999)

NTK Standard Methods 4500 Norg B (APHA, 1999)

Fósforo total Standard Methods 4500 - P E (APHA, 1999)

OD Standard Methods 4500 - O G (APHA, 1999)

AOX Standard 9562 (ISO, 2004)

Lignina (fenol) Standard Methods 5550B (APHA, 1999)

Depois de caracterizado, o efluente era submetido ao tratamento por meio de

coagulação, floculação e sedimentação em aparelho do tipo jar-test da marca MILAN®,

modelo JT102, contendo 06 jarros de acrílico, com capacidade de 2 litros cada. Cada jarro

contém uma pá que sofre rotação e causa movimento da massa líquida. O equipamento

(Figura 4.3) apresenta também um controlador analógico do gradiente de velocidade das pás.

Segundo Azevedo Netto (1987) ensaios de bancada em jar-test permitem simular as condições

operacionais ideais de coagulação e floculação, variando a dosagem de coagulante, os

gradientes de velocidade de mistura rápida e lenta bem como os tempos de mistura rápida e

lenta, possibilitando uma análise precisa do processo.

Page 41: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

23

Figura 4.2 – Fotografia do jar-test utilizado na pesquisa

Para verificar o êxito do tratamento empregado no laboratório o efluente tratado,

denominado sobrenadante, era avaliado em termos de remoção de turbidez, cor aparente e

verdadeira e DQO, denominados de parâmetros de resposta. Nos ensaios 09 e 10 foram

analisados além desses parâmetros os AOX e a lignina do sobrenadante, para verificar se

havia remoção desses contaminantes.

A primeira etapa dessa pesquisa consistiu em conhecer as características do efluente e

avaliar o efeito da variação do gradiente de mistura lenta, da dosagem de coagulante, do uso

combinado de coagulante com polímero, dos tipos de polímero, da dosagem do mesmo e da

velocidade de sedimentação nos parâmetros de resposta. O coagulante usado nessa e nas

outras etapas da pesquisa foi o cloreto de polialumínio (PAC - Aln (OH)m(Cl3)n-m).

A segunda etapa foi dividida em duas fases. Na primeira fase foi testada uma faixa

mais ampla de dosagens do coagulante, por repetidas vezes, para consolidar a escolha das

melhores configurações e também para verificar se a tecnologia estudada seria capaz de

suportar as variações das características iniciais do efluente, causadas pelas diferenças no

processo produtivo além de possíveis problemas em alguma etapa da ETE a cada coleta. Foi

avaliada também a variação das características de sedimentabilidade do lodo, causada pelas

diferentes dosagens de coagulante e polímero empregadas. Na segunda fase foi estudado o

efeito da diminuição do tempo de floculação nos resultados de remoção dos parâmetros

analisados.

Na terceira etapa foram repetidas as melhores configurações operacionais obtidas até

então para averiguar se o tratamento era capaz de remover, além do que já estava sendo

Page 42: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

24

observado, também lignina e AOX. Além disso, o efluente coletado a partir da melhor

configuração foi filtrado numa unidade piloto de microfiltração tangencial para verificar a

viabilidade do emprego dessa tecnologia para o tratamento complementar de efluente gerado

na coagulação/precipitação e dessa forma poder avaliar essa alternativa de pré-tratamento de

sistemas de microfiltração.

4.2.1 Primeira etapa: ensaios preliminares de coagulação

Para realização da primeira etapa do trabalho foram feitas 03 coletas na ETE da

indústria estudada. As coletas foram realizadas em média a cada três semanas.

Em todos os ensaios dessa etapa o efluente foi caracterizado previamente e submetido

aos ensaios em jar-test a fim de avaliar a eficiência do processo variando os aspectos

operacionais.

4.2.1.1 Ensaio 01: ensaio preliminar de coagulação empregando PAC como

coagulante, sem adição de polímero e com variação do gradiente de velocidade de

mistura lenta

Apesar do prévio conhecimento que a adição de polímeros auxilia no tratamento de

efluentes e proporciona melhores resultados na qualidade final do efluente, além da redução

na formação de lodo, entre outros ganhos, esse ensaio foi feito sem adição de auxiliar de

floculação. Assim, o objetivo era averiguar se o coagulante empregado seria capaz de

proporcionar eficiências elevadas de remoção dos parâmetros analisados. Caso isso fosse

observado, não haveria necessidade de adicionar polímeros para auxiliar no tratamento, o que

representaria uma economia com produtos químicos em caso de tratamento em escala real. As

dosagens do coagulante PAC (DC) testadas foram 40, 60, 80 e 100mg/L.

A mistura rápida tem como função misturar o coagulante em toda massa líquida,

promovendo a desestabilização das partículas. Já a mistura lenta permite a colisão e posterior

agrupamento das partículas desestabilizadas promovendo a formação de flocos, que devem ter

massa suficiente para sedimentar na etapa subsequente. O gradiente de velocidade da mistura

rápida (Gc), bem como os tempos de mistura rápida (Tc) e lenta (Tf) foram definidos

previamente. O gradiente de velocidade da mistura rápida utilizado foi de 500s-1

, máximo

alcançado pelo aparelho utilizado, durante 60 segundos e foram testados dois gradientes de

velocidade para mistura lenta 40 e 80s-1

durante 10 minutos. O tempo de mistura rápida era

Page 43: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

25

contado a partir do contato do coagulante com a massa liquida. O início da rotação acontecia

simultaneamente à adição do coagulante. Logo que o gradiente de velocidade era diminuído,

passado o tempo de mistura rápida (60 segundos), iniciava-se a etapa de mistura lenta. Após o

tempo de mistura lenta (10 minutos) o aparelho era desligado e o sobrenadante coletado após

o término do tempo de sedimentação (Ts).

Por tratar-se do primeiro ensaio, ainda não eram conhecidas as características que o

efluente tratado iria apresentar, logo, não se podia afirmar qual a melhor velocidade de

sedimentação (Vs) a ser adotada. Nesse caso, foram investigados tempos de sedimentação

diferentes. O objetivo dessa análise era buscar o menor tempo de sedimentação possível que

resultasse em boa remoção dos contaminantes. Isso representa, na prática, decantadores

menores com tempos de detenção também mais baixos. Foram analisados três tempos de

sedimentação, 2, 4 e 6 minutos que implicaram nas seguintes velocidades de sedimentação: 4,

2 e 1,3cm/min. Esses tempos eram contados a partir do término da mistura lenta, quando o

equipamento jar-test era desligado e a massa líquida entrava em repouso, permitindo a

sedimentação dos flocos formados. Sendo assim, logo após o término dos tempos de

sedimentação eram retirados de cada jarro três amostras de sobrenadante de aproximadamente

20mL.

Os parâmetros analisados para comprovar o efeito das variações operacionais foram

turbidez, cor aparente e DQO.

4.2.1.2 Ensaio 02: ensaio preliminar de coagulação empregando PAC como

coagulante e testando três polímeros como auxiliares de floculação

A partir do ensaio 02 passou-se a utilizar o coagulante combinado com polímeros

auxiliares de floculação. Foram testados três polímeros sendo os três aniônicos, com faixas de

aplicação de pH diferentes. Polímero PRAESTOL 2540 (pH 06 a 10), polímero PRAESTOL

2510 (pH 01 a 08) e polímero PRAESTOL 2510 (pH 03 a 08). As dosagens de PAC utilizadas

foram de 100 e 150mg/L combinadas com 1, 2 e 3mg/L de polímero (DP).

O gradiente de velocidade da mistura rápida, bem como os tempos de mistura rápida e

lenta foram mantidos os mesmos do ensaio anterior. O gradiente de velocidade da mistura

lenta foi definido em 80s-1

, durante 10 minutos. O polímero era adicionado no início dessa

etapa. As velocidades de sedimentação empregadas foram 2, 1,3 e 0,80cm/min o que implicou

em tempos de sedimentação iguais a 4, 6 e 10 minutos contados após a estabilização do

movimento rotacional no líquido proveniente da fase de floculação. Após o término da

Page 44: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

26

sedimentação era feita a coleta de aproximadamente 20mL de sobrenadante para cada tempo

de sedimentação. As amostras foram submetidas às análises de turbidez, cor aparente e DQO.

4.2.1.3 Ensaio 03: ensaio preliminar de coagulação empregando PAC como

coagulante e polímero aniônico como auxiliar de floculação

Esse ensaio foi realizado empregando o polímero PRAESTOL 2540 (pH 06 a 10),

como auxiliar de floculação, com objetivo de verificar as eficiências obtidas no ensaio

anterior, além de variar a dosagem de PAC numa faixa mais ampla do que a testada até então.

Sendo assim, além das dosagens testadas anteriormente (100 e 150mg/L) foi utilizada nesse

ensaio a dosagem de 200mg/L de PAC, todas combinadas com 1, 2 e 3mg/L de polímero.

Mantiveram-se as mesmas configurações do ensaio anterior, gradiente de velocidade de 500s-1

na mistura rápida durante 60 segundos, gradiente de velocidade de 80s-1

na mistura lenta

durante 10 minutos e velocidades de sedimentação de 2, 1,3 e 0,80cm/min o que implicava

em tempos de sedimentação iguais a 4, 6 e 10 minutos.

O fluxograma dos ensaios da primeira etapa é apresentado na figura 4.3.

Figura 4.3: Fluxograma dos ensaios da etapa 01

Page 45: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

27

4.2.2 Segunda etapa: ensaios principais de coagulação

A segunda etapa foi dividida em duas fases. Para realização da primeira fase da

segunda etapa da pesquisa foram feitas 03 coletas na ETE da indústria estudada, em média a

cada três semanas.

A partir da análise da etapa 01, fixaram-se os valores de dosagem de coagulante a

serem testados, bem como o polímero utilizado e suas dosagens. O polímero escolhido foi o

PRAESTOL 2540 (pH 06 a 10). As dosagens de coagulante testadas foram 50, 100, 125, 150,

175, 200 e 250mg/L. Foram feitos ensaios só com o coagulante, que serviram como

testemunha dessa pesquisa, e ensaios combinando coagulante e polímero. As dosagens de

polímero estudadas foram 1, 2 e 3 mg/L.

Os gradientes de velocidade e os tempos de mistura rápida e lenta foram mantidos os

mesmos da etapa 01. A coleta de sobrenadante foi feita após 6 minutos de sedimentação,

sendo assim a velocidade de sedimentação adotada foi de 1,3cm/min, valor atribuído a partir

da análise dos resultados da primeira etapa. O sobrenadante foi submetido à análise dos

parâmetros: turbidez, cor aparente e verdadeira. Nos casos em fosse observado remoção

desses parâmetros era feita também a análise de DQO no sobrenadante para que fosse

possível calcular sua remoção.

Foi feita também a análise das características de sedimentabilidade do lodo de cada

configuração de tratamento. Para realização dessa análise foi estabelecido o índice IVL –

índice de volume de lodo - que representa a estimativa da produção de lodo do tratamento

empregado e permite avaliar sua sedimentabilidade.

A determinação do IVL foi realizada vertendo-se o conteúdo dos jarros do jar-test em

provetas de 1 litro e permitindo a total sedimentação dos flocos formados durante 30 minutos.

Após esse tempo, era feita a medição da camada de lodo formada. Logo após a medição da

camada de lodo todo o conteúdo da proveta era agitado e submetido à análise de sólidos

suspensos. A partir desses resultados o índice IVL foi estimado pela equação 1:

IVL = h x 1000 Equação 01

SST

Em que:

IVL: índice de volume de lodo (mL/g);

h: altura da camada de lodo formada no fundo da proveta (mL);

SST: sólidos suspensos da amostra (mg/L);

Page 46: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

28

Para realização da segunda fase da segunda etapa foram feitas 02 coletas na ETE da

indústria estudada. Foi diminuído o tempo de mistura rápida de 10 minutos para 07 e 05

minutos uma vez que se notou em ensaios anteriores, a rápida formação dos flocos. Foram

avaliados os efeitos dessa diminuição nas remoções dos parâmetros resposta. Foram testadas

as melhores dosagens de coagulante obtidas nos ensaios anteriores, 175, 200 e 250mg/L,

combinadas com 1, 2 e 3mg/L de polímero. O polímero utilizado foi o PRESTOL 2540 (pH

06 a 10). Os ensaios sem adição de polímero foram mantidos como testemunha do tratamento.

O êxito do tratamento era avaliado em função das remoções de turbidez, cor aparente e

verdadeira e DQO.

O fluxograma dos ensaios da primeira e segunda fase da etapa 02 está apresentado na

figura 4.4.

Figura 4.4: Fluxograma dos ensaios da primeira e segunda fase da etapa 02

4.2.3 Terceira etapa: ensaio final de coagulação/floculação/sedimentação e ensaio

de microfiltração

Para realização da terceira etapa foram feitas 02 coletas na ETE da indústria estudada,

em média a cada três semanas.

O objetivo do primeiro ensaio foi verificar se o tratamento empregado seria capaz de

remover lignina e AOX, além dos parâmetros que já estavam sendo observados nos ensaios

Page 47: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

29

anteriores.

Foi realizado um ensaio aplicando a melhor configuração em termos de dosagem de

coagulante adotada por meio da análise dos ensaios anteriores. A dosagem de coagulante

testada nessa fase foi de 250mg/L combinada com 1, 2 e 3mg/L de polímero. A partir da

análise da segunda fase da etapa 02 foi mantido 07 minutos como tempo de mistura lenta.

O sobrenadante, coletado após 06 minutos de sedimentação, foi analisado para que

fossem observadas as remoções de turbidez, cor aparente, cor verdadeira, DQO, lignina e

AOX.

Para análise desse ensaio, foi caracterizado não só o efluente coletado do decantador

secundário da ETE, mas também o efluente bruto da ETE, sem qualquer tratamento. Isso

permitiu vislumbrar as remoções proporcionadas pelas tecnologias empregadas na ETE além

das remoções obtidas pelo pós-tratamento aplicado no laboratório.

A segunda fase foi feita numa unidade piloto de microfiltração tangencial. Foram

realizadas três bateladas de ensaio de microfiltração sendo uma com água destilada, uma com

efluente previamente tratado por coagulação/floculação/sedimentação e outra com o efluente

sem pré-tratamento, ou seja, aquele coletado na saída do decantador secundário da ETE da

indústria estudada.

Antes de cada ensaio de filtração a membrana era submetida à limpeza química

durante período de uma hora, recirculando no sistema uma solução de hidróxido de sódio 5%

aquecida a 600C.

Aplicando-se a melhor configuração de coagulação/floculação/sedimentação indicada

pelas fases anteriores foi obtido o efluente para ser filtrado. Foi utilizado então 500s-1

como

gradiente de velocidade de mistura rápida durante 60 segundos, 80s-1

como gradiente de

velocidade de mistura lenta durante 10 minutos, 6 minutos de sedimentação, ou velocidade de

sedimentação de 1,33cm/min e dosagem de coagulante de 250mg/L associada a 1mg/L de

polímero. Foram realizados ensaios no jar-test até que fossem coletados aproximadamente 12

litros de efluente tratado para ser filtrado na unidade de microfiltração. Foi coletado

aproximadamente um litro de sobrenadante de cada jarro. Antes de passar pela unidade piloto

de microfiltração esse efluente foi analisado em termos de temperatura, pH, turbidez, cor

aparente, cor verdadeira, DQO, oxigênio dissolvido, condutividade, alcalinidade, sólidos

totais, sólidos suspensos totais, DBO e lignina. Isso permitiu avaliar as remoções desses

parâmetros pelo pós-tratamento empregado.

Esse efluente foi filtrado por três horas na unidade piloto de microfiltração. O

permeado foi coletado a cada meia hora e seu volume medido para estimar o fluxo do

Page 48: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

30

permeado. As amostras de permeado coletadas a cada meia hora foram analisadas em termos

de temperatura, pH, turbidez, cor aparente, cor verdadeira, DQO, oxigênio dissolvido,

condutividade e alcalinidade. Após as duas horas, as amostras de permeado foram misturadas

em um recipiente único. Essa amostra composta foi avaliada em termos de sólidos totais,

DBO e lignina. Isso permitiu avaliar as remoções desses parâmetros pela microfiltração. Esses

parâmetros não puderam ser analisados em cada amostra de permeado porque o volume

coletado a cada meia hora de operação não era suficiente para todas as análises.

Para avaliar se o pré-tratamento empregado melhorou efetivamente o desempenho da

unidade de microfiltração foi filtrado o efluente do decantador secundário coletado na ETE da

indústria estudada sem tratamento prévio. Esse efluente também foi filtrado por três horas e o

permeado coletado a cada meia hora. Foi medido o volume coletado de permeado para avaliar

o fluxo da filtração. Esse fluxo foi comparado com o fluxo obtido durante a filtração do

efluente que recebeu o pré-tratamento. O roteiro de operação foi o mesmo da batelada anterior

e as amostras de permeado sofreram as mesmas análises e depois foram misturados em um

recipiente único, formando a amostra composta.

Além de filtrar o efluente com e sem tratamento prévio, foi filtrado na unidade piloto

água destilada por três horas e o permeado coletado a cada meia hora teve seu volume

medido. A filtração da água destilada ocorreu anteriormente às demais. O fluxo calculado para

filtração da água destilada representa o máximo fluxo possível para a unidade piloto utilizada,

já que não há nenhuma obstrução dos poros da membrana quando somente água é filtrada.

A comparação desses resultados serviu para mostrar se o pré-tratamento empregado

causava melhoria significativa na taxa de filtração e, por conseguinte, na diminuição da

colmatação da membrana. Além disso, permitiu-se avaliar a remoção dos contaminantes,

proporcionada pela microfiltração.

Oliveira (2003) utilizou membrana de ultrafiltração para tratar a água branca de uma

indústria de papel e celulose e também avaliou o fluxo de permeado da unidade durante a

filtração de água limpa e comparou com o fluxo de permeado durante a filtração do efluente

para verificar se ocorria colmatação do leito filtrante da membrana.

O fluxograma dos ensaios da terceira etapa está apresentado na figura 4.5.

Page 49: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

31

Figura 4.5: Fluxograma dos ensaios da etapa 03

4.2.3.1 Caracterização da unidade de microfiltração tangencial

A unidade piloto de microfiltração (representação esquemática e foto apresentadas nas

Figuras 4.6 e 4.7, respectivamente) possui um módulo de membrana de microfiltração de

cerâmica com diâmetro médio de poro de 0,2 µm e área efetiva de filtração de 0,00475m².

Figura 4.6 – Desenho esquemático do equipamento piloto utilizado nos experimentos de

microfiltração

Page 50: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

32

Figura 4.7 – Fotografia do equipamento piloto utilizado nos experimentos de microfiltração:

(A) vista frontal e (B) vista lateral

A pressão aplicada (P) na membrana foi gerada por uma bomba centrífuga instalada

no sistema. O tanque de alimentação do sistema era de PVC com volume de 60 L .

A unidade de microfiltração foi operada em batelada, o concentrado era recirculado ao

tanque de alimentação continuamente e o filtrado (permeado) era coletado na parte inferior da

unidade.

A unidade piloto era munida de mecanismo de retrolavagem com ar comprimido vindo

de um compressor. Este mecanismo era regulado pela abertura e fechamento de válvulas

solenóides. No momento da retrolavagem uma das válvulas solenóides abre e permite a

entrada de ar que impulsionava parcela do permeado em sentido inverso da filtração,

removendo continuamente parte das partículas que se acumulam na superfície da membrana.

Durante o pulso de retrolavagem não há interrupção de entrada de água no sistema.

As condições operacionais empregadas foram: pressão aplicada na membrana de 0,25

MPa; pressão de retrolavagem de 0,3 MPa; intervalo de retrolavagem de 10 minutos,

velocidade tangencial de 3,9 m/s, vazão da bomba de alimentação de 6,6L/min, temperatura

média de operação de 30°C, volume de efluente de cada ensaio de 12 litros, período de

operação de 03 horas e coleta de permeado a cada 30 minutos.

Page 51: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

33

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nesse capítulo serão apresentados e discutidos os resultados obtidos no trabalho

experimental em escala de bancada que contemplou as etapas de ensaios preliminares, ensaios

principais e ensaio final de coagulação/floculação/sedimentação além de ensaio de

microfiltração tangencial em unidade piloto com efluente coletado da ETE de indústria de

papel e celulose.

5.1 Resultados da primeira etapa: ensaios preliminares de

coagulação/floculação/sedimentação

O objetivo dessa etapa foi avaliar a eficiência do coagulante utilizado individualmente

e combinado com diferentes tipos de polímero, além de combinar diferentes dosagens de

coagulante com diferentes dosagens de polímero. Fazem parte dessa etapa os três primeiros

ensaios.

5.1.1 Caracterização do efluente da primeira etapa

Todos os efluentes industriais apresentam diferentes graus de complexidade nas suas

características por serem resultantes, em geral, da mistura de diversos compostos advindos

muitas vezes de todo o pátio fabril, como das partes produtiva, cozinha, refeitórios, banheiros,

etc. Sendo assim, podem apresentar características que variam muito a cada coleta,

justificando, portanto, no caso da presente pesquisa, a caracterização prévia do efluente

sempre que o mesmo chegava ao laboratório antes da realização dos ensaios de

coagulação/floculação/sedimentação.

Durante todas as etapas da pesquisa o efluente era caracterizado antes de passar pelos

tratamentos.

Na tabela 5.1 são apresentados os parâmetros monitorados nas coletas (numeradas de

01 a 03) realizadas durante a primeira etapa. As variações observadas a cada coleta são

resultado não só da complexa mistura de efluentes de toda indústria, mas também dos

diferentes tipos de papel que são produzidos a cada período, utilizando todas as máquinas ou

só parte delas, mais ou menos produtos químicos, entre outros aspectos que podem mudar

temporalmente e que refletem nas características do efluente no final da estação.

Page 52: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

34

Tabela 5.1: Caracterização do efluente nos ensaios da primeira etapa

Parâmetro Ensaio 01 Ensaio 02 Ensaio 03

Turbidez (uT) 25,1 6,18 18,3

Cor aparente (uC) 606 364 548

Cor verdadeira (uC) NR 294 398

DQO (mg/L) 261 150 186

DBO (mg/L) NR 3,0 5,0

ST (mg/L) 1083 1165 1275

SST (mg/L) 34 8 37

pH 7,3 7,9 7,4

Temperatura (°C) 25,8 26,8 24,2

Nitrogênio amoniacal (mg/L) 3,5 <0,1 <0,1

Fósforo (mg/L) 0,45 <0,1 <0,1

Oxigênio Dissolvido (mg/L) NR 5,5 4,18

Alcalinidade (mgCaCO3/L) 44 74 52

*NR: não realizado

5.1.2 Ensaio 01: ensaio preliminar de coagulação/floculação/sedimentação

empregando PAC como coagulante, sem adição de polímero e com variação do gradiente

de velocidade de mistura lenta

O principal objetivo do ensaio 01 era verificar se o coagulante usado individualmente

seria eficiente no tratamento do efluente, verificar as dosagens mais eficientes e testar dois

gradientes de velocidade para a mistura lenta (Gf). As configurações do ensaio 01 e os

resultados de turbidez, cor aparente e DQO residual após o tratamento são demonstrados na

tabela 5.2 a partir da qual foram construídas as figuras 5.1 e 5.2.

Page 53: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

35

Tabela 5.2: Configurações do ensaio 01 e residuais de turbidez, cor aparente e DQO após

tratamento por coagulação/floculação/sedimentação

Jarro DC

(mg/L)

Gf

(s-1

) pH

Turbidez (uT) Cor Aparente (uC) DQO (mg/L)

2 min 4 min 6 min 2 min 4 min 6 min 2 min 4 min 6 min

1 40

40

7,1 34,2 30,1 30,8 576 428 554 256 254 245

2 60 7,1 34,1 27,8 25,6 580 464 449 248 234 251

3 80 7 39 27,3 29,2 556 430 431 342 244 226

4 100 6,8 30,4 23,3 24,5 454 382 385 213 221 217

5 40

80

7,2 38,1 36,3 36,3 590 556 404 275 228 273

6 60 7,2 35,7 28,9 25,9 568 506 406 245 228 258

7 80 6,9 43,9 23,3 19,1 638 363 297 252 196 161

8 100 6,8 40,7 19,5 14,9 590 289 243 233 192 185

0

100

200

300

400

500

600

700

2 4 6

Co

r ap

aren

te (

uC)

Tempo de sedimentação (minutos)

Cor aparente

0

50

100

150

200

250

300

350

400

2 4 6

DQ

O (

mg/

L)

Tempo de sedimentação (minutos)

DQO

DC 0

DC 40mg/L

DC 60mg/L

DC 80mg/L

DC 100mg/L

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

2 4 6

Tu

rbid

ez (

uT

)

Tempo de sedimentação (minutos)

Turbidez

Figura 5.1: Resultados dos residuais de turbidez, cor aparente e DQO, obtidos nos jarros

numerados de 01 a 04

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

2 4 6

Tu

rbid

ez (

uT

)

Tempo de sedimentação (minutos)

Turbidez

0

100

200

300

400

500

600

700

2 4 6

Co

r ap

are

nte

(uC

)

Tempo de sedimentação (minutos)

Cor aparente

0

50

100

150

200

250

300

2 4 6

DQ

O (

mg/L

)

Tempo de sedimentação (minutos)

DQO

DC 0

DC 40mg/L

DC 60mg/L

DC 80mg/L

DC 100mg/L

Figura 5.2: Resultados dos residuais de turbidez, cor aparente e DQO, obtidos nos jarros

numerados de 05 a 08

Para avaliar o êxito do tratamento empregado foram analisadas as eficiências de

Page 54: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

36

remoção de turbidez, cor e DQO. Na figura 5.3 são apresentadas as eficiências de remoção

dos parâmetros analisados.

-10

0

10

20

30

40

50

60

70

1 2 3 4 5 6 7 8

Jarros

Cor aparente

-40

-30

-20

-10

0

10

20

30

40

50

1 2 3 4 5 6 7 8

Jarros

DQO

2 min

4 min

6 min

-100

-80

-60

-40

-20

0

20

40

60

1 2 3 4 5 6 7 8

Efic

ien

cia

rem

oçã

o (%

)

Jarros

Turbidez

Figura 5.3: Resultados das eficiências de remoção de turbidez, cor aparente e DQO, obtidas

no ensaio 01

Nota-se que para os três parâmetros analisados o tempo de sedimentação de 2 minutos

não se mostrou eficiente. Logo, a partir desse ensaio descartou-se esse tempo de

sedimentação. Em termos de remoção de turbidez, a máxima eficiência alcançada foi de

40,6% no jarro 08, sendo que nesse mesmo jarro foi observada a maior remoção de cor

aparente, 59,9%, ambos para a coleta após 6 minutos de sedimentação. Em relação à DQO a

melhor eficiência foi obtida no jarro 7, sendo esta de 38,7%. Também nesse caso o tempo de

sedimentação foi de 6 minutos.

Como o tempo de sedimentação mais efetivo na remoção dos três parâmetros

analisados foi o de 6 minutos, esse tempo foi escolhido para se analisar qual o gradiente de

rotação de mistura lenta era o mais efetivo. Azevedo Netto (1987) indica algumas etapas que

podem ser adotadas para otimização dos aspectos operacionais em ensaios de bancada com

jar-test. Em suma, os autores indicam uma sequência de ensaios em que algumas condições

sejam fixadas e outras variadas, permitindo com isso a conclusão sobre qual a melhor

condição operacional.

A figura 5.4 mostra a diferença de eficiência de cada rotação para o tempo de

sedimentação de 6 minutos variando a dosagem de coagulante.

Page 55: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

37

-50

-40

-30

-20

-10

0

10

20

30

40

50

40 60 80 100

Efi

ciê

ncia

de r

em

oçã

o (

%)

Dosagem PAC (mg/L)

Turbidez

0

10

20

30

40

50

60

70

40 60 80 100

Dosagem PAC (mg/L)

Cor aparente

-10

0

10

20

30

40

50

40 60 80 100

Dosagem PAC (mg/L)

DQO

55s-1

80s-1

Figura 5.4: Resultados das remoções de turbidez, cor aparente e DQO, obtidas no ensaio 01,

variando o gradiente de velocidade da mistura lenta

O maior gradiente de velocidade (80s-1

) foi o que apresentou maior eficiência nos três

parâmetros analisados. Sendo assim, o mesmo foi fixado como condição de operação em

todos os ensaios subsequentes. Azevedo Netto (1987) aponta que a escolha da melhor

configuração operacional deve ser baseada de acordo com o aspecto do floco formado e da

remoção de cor e turbidez na amostra de sobrenadante.

5.1.3 Ensaio 02: ensaio preliminar de coagulação/floculação/sedimentação

empregando PAC como coagulante e testando três polímeros como auxiliares de

floculação

A partir da análise do primeiro ensaio foi possível observar que o coagulante utilizado

individualmente não foi efetivo na remoção dos parâmetros analisados. Além disso, muitos

autores indicam que o uso de polímeros como floculantes proporciona aumento significativo

na remoção de turbidez, cor e DQO (WONG et al, 2006; SENA, 2005; OENNING JUNIOR,

2006; AMOO e AMUDA, 2007; ZHONG et al, 2003; WALKER e KELLEY, 2003). Sendo

assim, foram testados no ensaio 02 três polímeros auxiliares de floculação com objetivo de

escolher o melhor polímero a ser usado durante os próximos ensaios em função da eficiência

apresentada pelos mesmos. Os resultados estão organizados nos itens subsequentes e foram

denominados ensaio 02a, ensaio 02b e ensaio 02c.

Outra alternativa para melhorar a eficiência do tratamento por

coagulação/floculação/sedimentação é a variação do pH de coagulação para valores ácidos e

alcalinos, de modo que o coagulante apresente melhor desempenho na clarificação do

efluente. No entanto, concomitantemente aos experimentos realizados nessa etapa preliminar,

Page 56: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

38

Quartaroli (2012) testou a variação do pH natural do mesmo efluente utilizado nessa pesquisa

para valores ácidos (5,0, 5,5 e 6,0) e alcalinos (7,5, 8,0 e 8,5), não encontrando grandes

variações nos resultados de remoção de turbidez, cor e DQO por flotação, quando dessas

mudanças, em relação ao uso do efluente com pH natural. O autor concluiu, portanto, que é

melhor utilizar o pH natural do efluente, já que houve pouca variação nos resultados,

reduzindo assim os gastos com reagente para correção de pH. Destaca-se que, previamente a

flotação, há uma etapa de coagulação e floculação, nas quais foi possível observar, que os

flocos formados pela ação do coagulante, nos ensaios com variação de pH, não tinham boas

características para sedimentação, ou seja, eram fracos e muito pequenos.

5.1.3.1 Ensaio 02a: ensaio preliminar de coagulação/floculação/sedimentação

empregando PAC como coagulante e polímero aniônico PRAESTOL 2540 como auxiliar

de floculação

No ensaio 02a utilizou-se o polímero aniônico de alto peso molecular PRAESTOL

2540 como auxiliar de floculação. A faixa de operação de pH desse polímero, indicada pelo

fabricante é entre 06 e 10. As configurações do ensaio e os resultados de turbidez, cor

aparente e DQO residual estão apresentados na tabela 5.3 por meio da qual foi elaborada a

figura 5.5.

Tabela 5.3: Configurações do ensaio 02a e residuais de turbidez, cor aparente e DQO após

tratamento por coagulação/floculação/sedimentação

Jarro DC

(mg/L)

DP

(mg/L) pH

Turbidez (uT) Cor Aparente (uC) DQO (mg/L)

4 min 6 min 10 min 4 min 6 min 10 min 4 min 6 min 10 min

1 100 1 7,1 27,9 25,9 22,3 407 365 364 134 138 119

2 100 2 7,1 9,4 9,2 9,9 217 225 229 90 87 102

3 100 3 7,13 7,8 6,4 7,7 205 205 220 95 89 90

4 150 1 7,04 3,5 3,4 3,8 144 136 137 77 75 71

5 150 2 6,98 3,2 3,8 3,8 125 122 131 59 62 61

6 150 3 6,97 4,9 1,5 1,7 137 103 106 65 67 63

Page 57: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

39

0

5

10

15

20

25

30

4 6 10

Tu

rbid

ez

(uT

)

Tempo de sedimentação (minutos)

Turbidez

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

4 6 10

Co

r ap

aren

te (

uC

)

Tempo de sedimentação (minutos)

Cor aparente

0

20

40

60

80

100

120

140

160

4 6 10

DQ

O (

mg/L

)

Tempo de sedimentação (minutos)

DQO

DC 0

DC 100 DP 1

DC 100 DP 2

DC 100 DP 3

DC 150 DP 1

DC 150 DP 2

DC 150 DP 3

Figura 5.5: Resultados dos residuais de turbidez, cor aparente e DQO, obtidos no ensaio 02a

Para compreender melhor o efeito do tratamento empregado devem ser observadas as

eficiências de remoção dos parâmetros, ou seja, quanto foi removido de turbidez, cor aparente

e DQO em termos percentuais no sobrenadante em relação ao efluente bruto. Os resultados

estão organizados em três séries, demonstradas na figura 5.6, sendo cada uma delas relativa ao

tempo de sedimentação a partir do qual foi coletado o sobrenadante.

-400

-350

-300

-250

-200

-150

-100

-50

0

50

100

1 2 3 4 5 6

Efi

ciê

ncia

de r

em

oçã

o (

%)

Jarros

Turbidez

-20

-10

0

10

20

30

40

50

60

70

80

1 2 3 4 5 6

Jarros

Cor aparente

0

10

20

30

40

50

60

70

1 2 3 4 5 6

Jarros

DQO

4 min

6 min

10 min

Figura 5.6: Resultados das remoções de turbidez, cor aparente e DQO, obtidas no ensaio 02a

Observou-se que as eficiências de remoção dos três parâmetros foram semelhantes nos

três tempos de coleta e variaram bastante para as diferentes dosagens de coagulante ou

polímero aplicadas (linhas próximas, com inclinação acentuada). Isso levou a intuir que o

fator que mais influenciou na eficiência do tratamento foi a dosagem de coagulante e de

polímero e não o tempo de sedimentação. A melhor eficiência obtida em termos de remoção

de turbidez foi de 75,24% no jarro 06, para 06 minutos de sedimentação sendo que para 10

minutos de sedimentação foi obtida eficiência de 73,14%, muito próxima àquela obtida no

tempo de sedimentação inferior. A configuração adotada no jarro 06 foi também a mais

Page 58: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

40

eficiente em termos de remoção de cor aparente, alcançando-se 71,7% de eficiência para 06

minutos de sedimentação. Já a remoção de DQO foi mais eficiente no jarro 05, obtendo-se

60,63% de eficiência com 04 minutos de sedimentação.

5.1.3.2 Ensaio 02b: ensaio preliminar de coagulação/floculação/sedimentação

empregando PAC como coagulante e polímero aniônico PRAESTOL 2510 como auxiliar

de floculação

No ensaio 02b usou-se o polímero aniônico de alto peso molecular PRAESTOL 2510

como auxiliar de floculação. A faixa de operação de pH desse polímero, indicada pelo

fabricante é entre 01 e 08. As configurações do ensaio 02b e os resultados de turbidez, cor

aparente e DQO residual são apresentados na tabela 5.4 por meio da qual foi elaborada a

figura 5.7.

Tabela 5.4: Configurações do ensaio 02b e residuais de turbidez, cor aparente e DQO após

tratamento por coagulação/floculação/sedimentação

Jarro DC

(mg/L)

DP

(mg/L) pH

Turbidez (uT) Cor Aparente (uC) DQO (mg/L)

4 min 6 min 10 min 4 min 6 min 10 min 4 min 6 min 10 min

1 100 1 7,04 23,4 24,3 26,1 370 375 399 123 123 130

2 100 2 7,09 23,7 24,1 27,1 376 377 424 133 131 139

3 100 3 7,12 29,7 45 39,7 434 622 582 164 200 187

4 150 1 7 14,6 8,45 15,4 254 178 250 114 82 108

5 150 2 6,96 8,0 11,6 10,6 179 227 204 91 104 94

6 150 3 6,95 21,1 15,4 11,2 212 220 195 204 127 130

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

4 6 10

Tu

rbid

ez

(uT

)

Tempo de sedimentação (minutos)

Turbidez

0

100

200

300

400

500

600

700

4 6 10

Co

r ap

are

nte

(uC

)

Tempo de sedimentação (minutos)

Cor aparente

0

50

100

150

200

250

4 6 10

DQ

O (

mg/L

)

Tempo de sedimentação (minutos)

DQO

DC 0

DC 100 DP 1

DC 100 DP 2

DC 100 DP 3

DC 150 DP 1

DC 150 DP 2

DC 150 DP 3

Figura 5.7: Resultados dos residuais de turbidez, cor aparente e DQO obtidos no ensaio 02b

Page 59: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

41

O tratamento não proporcionou remoção turbidez, já que houve aumento do valor

residual nas amostras de sobrenadante em relação ao efluente bruto. Houve remoção de cor

aparente e de DQO. Os resultados percentuais são apresentados na figura 5.8.

-700

-600

-500

-400

-300

-200

-100

0

1 2 3 4 5 6

Efi

ciê

ncia

de r

em

oçã

o (

%)

Jarros

Turbidez

-80

-60

-40

-20

0

20

40

60

1 2 3 4 5 6

Jarros

Cor aparente

-50

-40

-30

-20

-10

0

10

20

30

40

50

1 2 3 4 5 6

Jarros

DQO

4 min

6 min

10 min

Figura 5.8: Resultado do aumento e turbidez e das remoções de cor aparente e DQO, obtidas

no ensaio 02b

Considerando a parte da figura que descreve a “remoção” de turbidez é possível

perceber que foram resultados negativos para todas as configurações testadas, significando

que, em relação ao bruto, houve aumento da turbidez no sobrenadante, ou seja, com a adição

do coagulante e do polímero formavam-se os flocos, mas os mesmos não tinham massa

suficiente para sedimentar e acabavam sendo coletados junto ao sobrenadante, de modo a

conferir aumento de turbidez ao efluente.

Piveli e Kato (2006) destacam a dificuldade em tratar, por meio de coagulação e

floculação, águas que apresentam baixa turbidez e cor elevada, que resultam na formação de

flocos muito pequenos, de baixa velocidade de sedimentação.

Já a remoção de cor aparente ocorreu de fato a partir do jarro 04, quando a dosagem

de coagulante passou de 100 para 150mg/L. A maior eficiência foi alcançada no jarro 04

sendo esta de 51,1% para 06 minutos de sedimentação. Observando somente a remoção de

cor, nota-se que as dosagens de coagulante e polímero tiveram maior influência que a

velocidade de sedimentação no êxito do tratamento. A maior remoção de DQO obtida foi

45,19%, também no jarro 04, com 06 minutos de coleta.

Page 60: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

42

5.1.3.3 Ensaio 02c: ensaio preliminar de coagulação/floculação/sedimentação

empregando PAC como coagulante e polímero PRAESTOL 2510 como auxiliar de

floculação

No ensaio 02c utilizou-se o polímero aniônico de alto peso molecular PRAESTOL

2510 como auxiliar de floculação. A faixa de operação de pH desse polímero, indicada pelo

fabricante é entre 03 e 08. As configurações do ensaio 02c e os resultados de turbidez, cor

aparente e DQO residual são apresentados na tabela 5.5 por meio da qual foi elaborada a

figura 5.9.

Tabela 5.5: Configurações do ensaio 02c e residuais de turbidez, cor aparente e DQO após

tratamento por coagulação/floculação/sedimentação

Jarro DC

(mg/L)

DP

(mg/L) pH

Turbidez (uT) Cor Aparente (uC) DQO (mg/L)

4 min 6 min 10 min 4 min 6 min 10 min 4 min 6 min 10 min

1 100 1 7,07 21,4 25,4 24,8 359 376 374 121 137 120

2 100 2 7,05 18,4 19,4 20,2 326 319 330 106 112 100

3 100 3 7,07 23,0 19,1 21,7 382 336 358 140 111 116

4 150 1 7,02 9,52 7,53 8,13 230 197 201 96 94 87

5 150 2 6,95 4,72 2,75 3,77 165 137 142 70 66 59

6 150 3 6,95 13,3 4,81 5,16 188 153 142 81 62 63

0

5

10

15

20

25

30

4 6 10

Tu

rbid

ez (

uT

)

Tempo de sedimentação (minutos)

Turbidez

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

4 6 10

Co

r ap

aren

te (

uC)

Tempo de sedimentação (minutos)

Cor aparente

0

20

40

60

80

100

120

140

160

4 6 10

DQ

O (

mg/

L)

Tempo de sedimentação (minutos)

DQO

DC 0

DC 100 DP 1

DC 100 DP 2

DC 100 DP 3

DC 150 DP 1

DC 150 DP 2

DC 150 DP 3

Figura 5.9: Resultados dos residuais de turbidez, cor aparente e DQO obtidos no ensaio 02c

Considera-se as eficiências de remoção dos três parâmetros, apresentados na figura

5.10, para discutir sobre o tratamento empregado no ensaio 02c.

Page 61: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

43

-350

-300

-250

-200

-150

-100

-50

0

50

100

1 2 3 4 5 6

Efi

ciê

ncia

de r

em

oçã

o (

%)

Jarros

Turbidez

-10

0

10

20

30

40

50

60

70

1 2 3 4 5 6

Jarros

Cor aparente

0

10

20

30

40

50

60

70

1 2 3 4 5 6

Jarros

DQO

4 min

6 min

10 min

Figura 5.10: Resultados das remoções de turbidez, cor aparente e DQO, obtidas no ensaio 02c

Apesar de no ensaio 02c, em alguns jarros terem sido obtidas remoções de turbidez,

para a maioria das configurações, similarmente ao que aconteceu no ensaio 02b, foi verificado

aumento da turbidez no sobrenadante em relação ao efluente bruto. A máxima eficiência

obtida foi de 55,5% no jarro 05, na amostra de sobrenadante coletada após 06 minutos de

sedimentação. Quanto à remoção de cor, a máxima eficiência obtida foi de 60,9% nos jarros

05 e 06, ambos com 10 minutos de sedimentação. A remoção de DQO foi mais eficiente no

jarro 05, apresentando 60,57% de remoção na amostra que foi mantida por 10 minutos em

sedimentação. Para os três parâmetros analisados a variação das dosagens de coagulante e

polímero foi mais significativa do que a variação da velocidade de sedimentação para o êxito

do tratamento.

5.1.3.4 Escolha do melhor polímero

Comparando os ensaios 01 e 02 notou-se que quando houve emprego de polímero

auxiliar de floculação houve também efetiva melhora na remoção de turbidez, cor aparente e

DQO. O desempenho dos floculantes na floculação é função do tipo de floculante, seu peso

molecular, conteúdo e natureza iônica (QIAN et al, 2004). Para decidir a respeito de qual o

melhor polímero entre os três testados no ensaio 02 foi feita a análise das eficiências de

remoção alcançadas pelos mesmos em relação aos três parâmetros analisados.

As eficiências de remoção de turbidez, cor aparente e DQO dos três polímeros foram

comparadas para auxiliar na decisão a respeito de qual o melhor polímero. Como a velocidade

de sedimentação não influenciou no tratamento tanto quanto as dosagens de coagulante e

polímero, para facilitar a análise e compreensão dos resultados obtidos pelos três polímeros

Page 62: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

44

em conjunto, consideraram-se somente os resultados para o tempo de 06 minutos de

sedimentação. Outra simplificação adotada nessa análise foi considerar apenas os jarros em

que foi utilizado 150mg/L de PAC, excluindo a dosagem inferior de 100mg/L já que esta foi

menos eficiente. Os polímeros foram numerados em 01, 02 e 03 conforme a ordem

apresentada nos itens anteriores. Na figura 5.11 estão apresentados os resultados de remoção

de turbidez, cor aparente e DQO dos três polímeros estudados, variando as dosagens do

mesmo, aplicados juntamente com a dosagem de 150mg/L de PAC.

-200

-150

-100

-50

0

50

100

1 2 3

Efi

ciên

cia

de

rem

oçã

o (%

)

Dosagem de polímero (mg/L)

Turbidez

0

10

20

30

40

50

60

70

80

1 2 3

Dosagem de polímero (mg/L)

Cor aparente

0

10

20

30

40

50

60

70

1 2 3

Dosagem de polímero (mg/L)

DQO

pol 01

pol 02

pol 03

Figura 5.11: Resultados das remoções de turbidez, cor aparente e DQO, utilizando 150mg/L

de PAC, variando os tipos e as dosagens de polímero empregado

A figura 5.11 permite concluir que o polímero 01 (PRAESTOL 2540, pH 06 a 10) foi

mais eficiente que os demais analisados na remoção de cor aparente em todas as dosagens

empregadas e contribuiu também para a maior eficiência de remoção de turbidez e DQO, na

menor dosagem testada, 1mg/L, em relação aos demais. A partir dessa análise, adotou-se o

polímero 01 como auxiliar de floculação em todos os ensaios posteriores.

5.1.4 Ensaio 03: ensaio preliminar de coagulação/floculação/sedimentação

empregando PAC como coagulante e polímero aniônico como auxiliar de floculação

O ensaio 03 foi feito com o polímero PRAESTOL 2540 (pH 06 a 10) como auxiliar de

floculação. As configurações do ensaio 03 e os resultados dos residuais de turbidez, cor

aparente e DQO são apresentados na tabela 5.6 por meio da qual foi elaborada a figura 5.12.

Page 63: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

45

Tabela 5.6: Configurações do ensaio 03 e residuais de turbidez, cor aparente e DQO após

tratamento por coagulação/floculação/sedimentação

Jarro DC

(mg/L)

DP

(mg/L)

Turbidez (uT) Cor Aparente (uC) DQO (mg/L)

4 min 6 min 10 min 4 min 6 min 10 min 4 min 6 min 10 min

1 100 1 35,8 22,4 22,9 576 396 390 128 152 136

2 100 2 3,7 3,3 4,5 148 146 147 84 87 81

3 100 3 10,2 10,4 10,2 228 249 223 86 108 96

4 150 1 2,7 3,2 1,0 134 129 126 83 72 81

5 150 2 4,7 3,2 3,2 159 149 121 81 73 66

6 150 3 4,3 3,7 3,8 206 220 267 115 113 80

7 200 1 24,5 11,3 8,5 188 157 159 63 52 59

8 200 2 1,2 0,8 0,9 72 68 65 62 52 55

9 200 3 4,0 11,2 6,6 110 91 121 49 56 103

0

5

10

15

20

25

30

35

40

4 6 10

Tu

rbid

ez (

uT

)

Tempo de sedimentação (minutos)

Turbidez

0

100

200

300

400

500

600

700

4 6 10

Co

r ap

aren

te (

uC)

Tempo de sedimentação (minutos)

Cor aparente

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

200

4 6 10

DQ

O (

mg/

L)

Tempo de sedimentação (minutos)

DQO

DC 0 DP 0

DC 100 DP 1

DC 100 DP 2

DC 100 DP 3

DC 150 DP 1

DC 150 DP 2

DC 150 DP 3

DC 200 DP 1

DC 200 DP 2

DC 200 DP 3

Figura 5.12: Resultados dos residuais de turbidez, cor aparente e DQO obtidos no ensaio 03

Em termos percentuais, ou seja, as eficiências de remoção de turbidez, cor aparente e

DQO, são demonstradas nas figuras 5.13, 5.14 e 5.15, respectivamente.

-150

-100

-50

0

50

100

4 6 10

Efi

ciên

cia

de

rem

oçã

o (

%)

Tempo de sedimentação (minutos)

Turbidez

DC 100 DP 1 DC 100 DP 2

DC 100 DP 3

0

20

40

60

80

100

4 6 10

Tempo de sedimentação (minutos)

Turbidez

DC 150 DP 1 DC 150 DP 2

DC 150 DP 3

-50

0

50

100

150

4 6 10

Tempo de sedimentação (minutos)

Turbidez

DC 200 DP 1 DC 200 DP 2

DC 200 DP 3

Figura 5.13: Resultados das remoções de turbidez obtidas no ensaio 03

Page 64: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

46

Os melhores resultados para remoção de turbidez foram obtidos para a dosagem de

PAC igual a 200mg/L e 2 mg/L de polímero, sendo que nessa configuração os três tempos de

sedimentação empregados apresentaram eficiências parecidas ou seja: 93,28% de remoção na

amostra coletada após 4 minutos de sedimentação, 95,46% de remoção na amostra coletada

após 6 minutos e 95,19% de remoção na amostra coletada após 10 minutos. Algumas outras

configurações também tiveram essa característica, é o caso dos jarros em que se empregaram

100mg/L de PAC com 2 e 3mg/L de polímero. Nesses dois casos não foram observadas

variações significativas entre os diferentes tempos de sedimentação. O mesmo ocorreu

quando foram empregadas três diferentes dosagens de polímero combinadas com 150mg/L de

PAC. Isso reafirma o que já tinha sido observado nos ensaios anteriores, em que as dosagens

de coagulante e polímero influenciaram muito mais na eficiência do tratamento do que as

velocidades de sedimentação.

-20

0

20

40

60

80

4 6 10

Efi

ciên

cia

de

rem

oçã

o (

%)

Tempo de sedimentação (minutos)

Cor aparente

DC 100 DP 1 DC 100 DP 2

DC 100 DP 3

0

20

40

60

80

100

4 6 10

Tempo de sedimentação (minutos)

Cor aparente

DC 150 DP 1 DC 150 DP 2

DC 150 DP 3

0

20

40

60

80

100

4 6 10

Tempo de sedimentação (minutos)

Cor aparente

DC 200 DP 1 DC 200 DP 2

DC 200 DP 3

Figura 5.14: Resultados das remoções de cor aparente obtidas no ensaio 03

A remoção de cor também foi mais eficiente na configuração do jarro em que foi

dosado 200mg/L de PAC e 2mg/L de polímero, sendo obtidos 86,86% de remoção de cor na

amostra coletada após 4 minutos, 87,59% após 6 minutos e 88,14% após 10 minutos de

sedimentação, mantendo a tese de que o tempo de sedimentação não teve influência

significativa na eficiência do tratamento. Ao longo dos ensaios observou-se que os flocos

formados eram grandes e sedimentavam com facilidade. Havia sedimentação desses flocos

em breve espaço de tempo, indicando que não haveria necessidade de emprego do maior

tempo de sedimentação.

Page 65: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

47

0

10

20

30

40

50

60

4 6 10

Efi

ciên

cia

de r

em

oçã

o (

%)

Tempo de sedimentação (minutos)

DQO

DC 100 DP 1 DC 100 DP 2

DC 100 DP 3

0

10

20

30

40

50

60

70

4 6 10

Tempo de sedimentação (minutos)

DQO

DC 150 DP 1 DC 150 DP 2

DC 150 DP 3

0

20

40

60

80

4 6 10

Tempo de sedimentação (minutos)

DQO

DC 200 DP 1 DC 200 DP 2

DC 200 DP 3

Figura 5.15: Resultados das remoções de DQO obtidas no ensaio 03

Em termos de remoção de DQO, nos jarros em que foi dosado 200mg/L de PAC houve

remoção parecida desse parâmetro em todas as dosagens de polímero e tempos de

sedimentação testados, com exceção da amostra coletada após 10 minutos do jarro com

3mg/L de polímero em que foi obtida queda da eficiência de remoção 73,53% para 44,79%

entre a coleta com 4 minutos e com 10 minutos e que não foi possível de se explicar.

Observando-se as três figuras em conjunto, percebeu-se que quando uma configuração

foi eficiente na remoção de um determinado parâmetro, turbidez, por exemplo, essa eficiência

repetiu-se nos outros dois. Isso mostra que o tratamento capaz de remover sólidos em

suspensão, responsáveis por conferir turbidez, também é capaz de remover sólidos

dissolvidos, responsáveis por conferir cor e isso causa consequente remoção de DQO. Uma

representação disso é demostrada na figura 5.16, onde foram agrupados os resultados de

remoção do jarro 08, no qual foi dosado 200mg/L de PAC com 2mg/L de polímero.

0

20

40

60

80

100

120

4 6 10

Efi

ciên

cia

de

rem

oçã

o

Tempo de sedimentação (minutos)

Eficiências de remoção do jarro 08

turbidez

cor aparente

DQO

Figura 5.16: Resultados das remoções de turbidez, cor aparente e DQO obtidas no jarro

número 08 do ensaio 03

Page 66: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

48

5.2 Resultados da segunda etapa: ensaios principais de

coagulação/floculação/sedimentação

A segunda etapa foi dividida em duas fases. O objetivo da primeira fase foi avaliar a

eficiência do coagulante utilizado individualmente e combinado com polímero, além de testar

diversas dosagens de coagulante combinadas com diferentes dosagens de polímero. Foram

mantidos os ensaios sem polímero de modo que servissem como testemunha do tratamento,

ou seja, comprovando se a inserção do polímero era de fato efetiva para o tratamento. Além

disso, foi possível confirmar se o tratamento era eficaz mesmo com as variações do efluente

bruto, provocadas, por exemplo, por alterações no processo produtivo industrial, ou seja, se o

tratamento é capaz de suportar tais variações.

Já o objetivo da segunda fase foi tentar diminuir o tempo de mistura lenta de 10 para

07 e 05 minutos e avaliar o efeito dessa mudança nas respostas do tratamento empregado.

5.2.1 Resultados da primeira fase: ensaios principais de

coagulação/floculação/sedimentação, utilizando ampla faixa de dosagens de PAC como

coagulante, utilizado individualmente e combinado com diferentes dosagens do polímero

aniônico como auxiliar de floculação

5.2.1.1 Caracterização do efluente da primeira fase da segunda etapa

Da mesma forma que na etapa 01 o efluente foi caracterizado antes de passar pelo

tratamento. Na tabela 5.7 são apresentados os parâmetros monitorados nas coletas (numeradas

de 04 a 06) realizadas durante a segunda etapa. As variações observadas a cada coleta são

resultado não só da complexa mistura de efluentes de toda indústria, mas também dos

diferentes tipos de papel que são produzidos a cada período, utilizando todas as máquinas ou

só parte delas, mais ou menos produtos químicos, entre outros aspectos que podem mudar

temporalmente e que refletem nas características do efluente no final da estação.

Page 67: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

49

Tabela 5.7: Caracterização do efluente nos ensaios da primeira fase da segunda etapa

Parâmetro Ensaio 04 Ensaio 05 Ensaio 06

Turbidez (uT) 611 69,4 52,6

Cor aparente (uC) 2320 1870 1770

Cor verdadeira (uC) 1260 1160 1615

DQO (mg/L) 484 373 518

DBO (mg/L) 28 12 17

ST (mg/L) 1520 1519 1856

SST (mg/L) 122 95 35

pH 7,4 7,5 7,4

Temperatura (°C) 23,1 21,8 20,8

Nitrogênio amoniacal (mg/L) <0,1 <0,1 <0,1

Fósforo (mg/L) 0,4 0,18 0,26

Oxigênio Dissolvido (mg/L) 3,71 4,2 3,83

Alcalinidade (mg/L) 89 92 103

De acordo com os dados apresentados na tabela 5.7 foi possível observar grande

variação em termos de turbidez e cor aparente entre o ensaio 04 e os ensaios 05 e 06. Esse

fato pode ser decorrente de alguma falha na operação da estação ou então de alguma alteração

na produção da indústria nesse período. Esse fato reforça a importância da caracterização

prévia do efluente a cada coleta e também o fato de serem feitas várias coletas no decorrer de

um longo período, sempre testando diversas configurações do tratamento de modo a se

verificar a eficácia do mesmo frente às variações observadas.

5.2.1.2 Ensaio 04: ensaio de coagulação/floculação/sedimentação utilizando ampla

faixa de dosagens de PAC como coagulante, utilizado individualmente e combinado com

diferentes dosagens do polímero aniônico como auxiliar de floculação

O principal objetivo do ensaio 04 foi testar a eficiência de remoção de turbidez, cor

aparente e verdadeira e DQO aplicando PAC como coagulante associado a um polímero

aniônico auxiliar de floculação. As configurações do ensaio 04 e os resultados dos residuais

de turbidez, cor aparente, cor verdadeira e DQO são apresentados na tabela 5.8 por meio da

qual foram elaboradas as figuras 5.17, 5.18, 5.19 e 5.20, respectivamente.

Page 68: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

50

Tabela 5.8: Configurações do ensaio 04 e residuais de turbidez, cor aparente, cor verdadeira e

DQO após tratamento por coagulação/floculação/sedimentação

Jarro DC (mg/L) DP (mg/L) Turbidez

(uT)

Cor

Aparente

(uC)

Cor

verdadeira

(uC)

DQO

(mg/L)

1 50 0 509,0 2390 1440 NR

2 50 1 214,0 2190 1270 NR

3 50 2 89,1 1700 1290 NR

4 50 3 84,0 1870 1270 NR

5 100 0 733,0 2940 2490 NR

6 100 1 85,0 1920 1710 NR

7 100 2 96,0 1870 1170 NR

8 100 3 37,9 1090 850 293

9 125 0 522,0 2680 1570 NR

10 125 1 42,2 1180 960 338

11 125 2 56,7 1410 920 NR

12 125 3 30,8 850 730 265

13 150 0 199,0 1930 1240 NR

14 150 1 43,4 960 700 NR

15 150 2 39,6 880 770 260

16 150 3 17,5 440 410 209

17 175 0 82,4 1430 990 NR

18 175 1 38,8 740 630 172

19 175 2 10,2 270 260 177

20 175 3 4,5 225 220 175

21 200 0 72,7 1250 236 NR

22 200 1 3,1 191 189 166

23 200 2 2,3 194 192 152

24 200 3 2,7 196 192 173

25 250 0 88,9 1600 190 NR

26 250 1 3,1 174 173 146

27 250 2 2,1 154 153 138

28 250 3 4,5 185 174 148

*NR: não realizado

Page 69: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

51

0

100

200

300

400

500

600

700

800T

urb

idez

(uT

)

Turbidez

DC 0 DP 0 DC 50 DP 0 DC 50 DP 1 DC 50 DP 2 DC 50 DP 3 DC 100 DP 0 DC 100 DP 1 DC 100 DP 2 DC 100 DP 3 DC 125 DP 0

DC 125 DP 1 DC 125 DP 2 DC 125 DP 3 DC 150 DP 0 DC 150 DP 1 DC 150 DP 2 DC 150 DP 3 DC 175 DP 0 DC 175 DP 1 DC 175 DP 2

DC 175 DP 3 DC 200 DP 0 DC 200 DP 1 DC 200 DP 2 DC 200 DP 3 DC 250 DP 0 DC 250 DP 1 DC 250 DP 2 DC 250 DP 3

Figura 5.17: Resultado do residual de turbidez obtido no ensaio 04

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

Co

r v

erd

ad

eira

(uC

)

Cor aparente

DC 0 DP 0 DC 50 DP 0 DC 50 DP 1 DC 50 DP 2 DC 50 DP 3 DC 100 DP 0 DC 100 DP 1 DC 100 DP 2 DC 100 DP 3 DC 125 DP 0

DC 125 DP 1 DC 125 DP 2 DC 125 DP 3 DC 150 DP 0 DC 150 DP 1 DC 150 DP 2 DC 150 DP 3 DC 175 DP 0 DC 175 DP 1 DC 175 DP 2

DC 175 DP 3 DC 200 DP 0 DC 200 DP 1 DC 200 DP 2 DC 200 DP 3 DC 250 DP 0 DC 250 DP 1 DC 250 DP 2 DC 250 DP 3

Figura 5.18: Resultado do residual de cor aparente obtido no ensaio 04

Page 70: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

52

0

500

1000

1500

2000

2500

3000C

or

verd

ad

eira

(uC

)

Cor verdadeira

DC 0 DP 0 DC 50 DP 0 DC 50 DP 1 DC 50 DP 2 DC 50 DP 3 DC 100 DP 0 DC 100 DP 1 DC 100 DP 2 DC 100 DP 3 DC 125 DP 0

DC 125 DP 1 DC 125 DP 2 DC 125 DP 3 DC 150 DP 0 DC 150 DP 1 DC 150 DP 2 DC 150 DP 3 DC 175 DP 0 DC 175 DP 1 DC 175 DP 2

DC 175 DP 3 DC 200 DP 0 DC 200 DP 1 DC 200 DP 2 DC 200 DP 3 DC 250 DP 0 DC 250 DP 1 DC 250 DP 2 DC 250 DP 3

Figura 5.19: Resultado do residual de cor verdadeira obtido no ensaio 04

0

100

200

300

400

500

600

DQ

O (

mg/L

)

DQO

DC 0 DP 0 DC 100 DP 3 DC 125 DP 1 DC 125 DP 3 DC 150 DP 2 DC 150 DP 3 DC 175 DP 1 DC 175 DP 2

DC 175 DP 3 DC 200 DP 1 DC 200 DP 2 DC 200 DP 3 DC 250 DP 1 DC 250 DP 2 DC 250 DP 3

Figura 5.20: Resultado do residual de DQO obtido no ensaio 04

Para facilitar a compreensão sobre o efeito do tratamento empregado devem ser

observados os resultados das remoções dos parâmetros de interesse. Nas figuras 5.21, 5.22 e

5.23, respectivamente, são apresentados os resultados de remoção de turbidez, cor aparente e

Page 71: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

53

verdadeira, organizados em séries em função das dosagens de coagulante.

-40

-20

0

20

40

60

80

100

120

0 1 2 3

Efi

ciên

cia

de

rem

oçã

o (%

)

Dosagem polímero (mg/L)

Turbidez

DC 50

DC 100

DC 125

DC 150

DC 175

DC 200

DC 250

Figura 5.21: Resultados das remoções de turbidez obtidas no ensaio 04

O tratamento empregado proporcionou efetiva remoção de turbidez chegando a

valores próximos de 100% de remoção. Todas as dosagens de polímero combinadas com 200

e 250mg/L de PAC obtiveram mais de 99% de eficiência. Em todas as dosagens de coagulante

testadas houve significativa melhora da remoção entre a configuração sem e com polímero.

Em comparação com os ensaios anteriores, esse foi o que se obteve os melhores resultados de

remoção de turbidez, no entanto, o residual de turbidez foi semelhante ao encontrado nos

demais ensaios. Isso se deve ao fato de que nesse ensaio, a turbidez do efluente bruto era

muito mais elevada do que a encontrada nos demais ensaios. Logo, em termos percentuais a

remoção mostra-se maior. Analisando somente os valores do residual, há similaridade entre os

resultados dos ensaios 03 e 04 para dosagem de 200mg/L de PAC com adição de polímero.

Page 72: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

54

-40

-20

0

20

40

60

80

100

0 1 2 3

Efi

ciê

ncia

de r

em

oçã

o (

%)

Dosagem polímero (mg/L)

Cor aparente

DC 50

DC 100

DC 125

DC 150

DC 175

DC 200

DC 250

Figura 5.22: Resultados das remoções de cor aparente obtidas no ensaio 04

Observando a remoção de cor aparente fica ainda mais clara a influência do uso do

polímero na melhora do tratamento. Os melhores resultados de remoção, semelhantemente ao

encontrado para remoção de turbidez, estão nas configurações em que foram dosados 200 e

250mg/L de PAC com adição de polímero, sendo 93,36% a maior remoção para o jarro que

foi dosado 250mg/L de PAC com 2mg/L de polímero.

-150

-100

-50

0

50

100

0 1 2 3

Efi

ciên

cia

de

rem

oçã

o (

%)

Dosagem polímero (mg/L)

Cor verdadeira

DC 50

DC 100

DC 125

DC 150

DC 175

DC 200

DC 250

Figura 5.23: Resultados das remoções de cor verdadeira obtidas no ensaio 04

Em relação à remoção de cor verdadeira, para as dosagens de 200 e 250mg/L de PAC,

Page 73: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

55

tanto com como sem polímero houve mais de 80% de eficiência remoção. É curioso o fato de

que, comparando as remoções de cor aparente e verdadeira, para essas dosagens de

coagulante, nos jarros em que não houve adição de polímero, houve um acréscimo de 46,12%

de remoção de cor aparente para 81,27% de remoção de cor verdadeira para 200mg/L de PAC

e de 31,03% de remoção de cor aparente para 84,12% de remoção de cor verdadeira para

250mg/L de PAC. A explicação para esse fato encontra-se na remoção de turbidez, que foi

bem menor nos jarros sem polímero em relação aos jarros com polímero. Sendo assim, a

turbidez remanescente desses jarros acabou por conferir cor aparente à amostra. No entanto,

quando a mesma é submetida à centrifugação, para posterior leitura de cor verdadeira, há

remoção dos sólidos suspensos, logo a remoção de cor verdadeira mostra-se muito maior que

a remoção de cor aparente.

A DQO residual foi calculada somente nas amostras coletadas dos jarros em que

houve boa remoção de turbidez, cor aparente e verdadeira. Nesse sentido, os resultados de

remoção de DQO estão apresentados na figura 5.24 onde se observa a remoção por jarro,

conforme numeração apresentada na tabela 5.8.

0 10 20 30 40 50 60 70 80

Eficiência de Remoção (%)

Remoção DQO

jarro 28

jarro 27

jarro 26

jarro 24

jarro 23

jarro 22

jarro 20

jarro 19

jarro 18

jarro 16

jarro 15

jarro 12

jarro 10

jarro 08

Figura 5.24: Resultados das remoções de DQO obtidas no ensaio 04

A maior remoção de DQO foi observada no jarro 27, em que foi dosado 250mg/L de

PAC com 2mg/L de polímero, sendo 71,49% de eficiência. Nos demais jarros da série de

250mg/L de PAC foram obtidas eficiências de remoção parecidas: 69,84% para 1mg/L de

polímero (jarro 26) e 69,42% para 3mg/L de polímero (jarro 28).

Page 74: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

56

Observando os resultados de remoção de turbidez, cor aparente e verdadeira e DQO

observou-se maior dificuldade em remover DQO do que os demais parâmetros. Enquanto a

remoção de turbidez apresentou valores superiores a 99% e a remoção de cor aparente e

verdadeira apresentaram valores superiores a 90%, a remoção de DQO foi levemente superior

a 70% somente em uma configuração. Essa mesma dificuldade foi observada por Santos

(2001) nos ensaios preliminares de coagulação/floculação/sedimentação da sua pesquisa. O

autor verificou nesses ensaios, utilizando cloreto férrico como coagulante e efluente sanitário,

remoção de mais de 99% de turbidez, sendo que essa eficiência de remoção aumentava

proporcionalmente ao aumento da dosagem de coagulante e à diminuição da velocidade de

sedimentação, enquanto as remoções de DQO pareciam ter um limite de 85%, ou seja, mesmo

com aumento da dosagem de coagulante e diminuição da velocidade de sedimentação, a

remoção não ultrapassava esse valor.

5.2.1.3 Produção e características de sedimentabilidade do lodo

O tratamento físico-químico produz lodo que deve ser tratado e disposto

posteriormente. Esse lodo é devido aos sólidos em suspensão e dissolvidos retirados por meio

do tratamento empregado. De acordo com Ahmad et al. (2008) e FERREIRA FILHO e

WAELKENS (2009), em geral, a quantidade e as características do lodo produzido durante o

processo de coagulação/floculação depende do coagulante utilizado e das condições

operacionais e uma boa forma de estudar o volume e a sedimentabilidade do lodo é por meio

da estimativa do IVL.

Jordão et al (1997) apresentam que, por definição e conceito, o IVL é o volume em

mililitros ocupado por 01 grama de lodo, após sedimentação de 30 minutos. Nessa pesquisa

foi estimado o IVL para cada configuração de ensaio estudada (tabela 5.8). Os resultados

desse índice estão apresentados na figura 5.25.

Page 75: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

57

0

20

40

60

80

100

120

01

23

IVL

(m

l/g)

Dosagem polímero (mg/L)

Índice de Volume de Lodo

DC 50

DC 100

DC 125

DC 150

DC 175

DC 200

DC 250

Figura 5.25: Resultados do índice volumétrico de lodo, obtidos a partir das configurações

testadas no ensaio 04

Von Sperling (2001) apresenta cinco faixas de sedimentabilidade e organiza os valores

de IVL em intervalos que representam essas faixas. Sendo assim, os lodos são classificados de

acordo com sua sedimentabilidade em ótima, boa, média, ruim ou péssima. Esses dados estão

sintetizados na tabela 5.9.

Tabela 5.9: Faixa e valores típicos de IVL para as cinco faixas de sedimentabilidade

Sedimentabilidade Faixa de valores do índice volumétrico de lodo – IVL

Faixa Típico

Ótima 0 – 50 45

Boa 50 – 100 75

Média 100 – 200 150

Ruim 200 – 300 250

Péssima 300 – 400 350

Fonte: VON SPERLING (2001)

Para discussão dos valores de IVL foi necessário retomar os resultados de eficiência de

remoção dos parâmetros analisados para as diversas dosagens testadas, já que há relevância

das características de sedimentabilidade do lodo somente quando o tratamento é eficiente na

remoção de turbidez, cor e DQO. Nas configurações em que não houve efetiva remoção de

turbidez, cor e DQO também não houve formação de lodo. Nesses casos o índice IVL

Page 76: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

58

apresenta valores baixos, mas isso não indica lodo de boa qualidade e sim ausência de lodo.

Sendo assim, consideraram-se os valores de IVL para as dosagens de 200 e 250mg/L de PAC

para discussão, já que foram os que apresentaram melhores resultados. Fica evidente a

influência da adição de polímero na sedimentabilidade do lodo já que o IVL passa de 90,9

para 32,27mL/g e de 105,3 para 45,6mL/g entre as amostras sem polímero e com 1mg/L de

polímero para as doses de 200 e 250mg/L de PAC respectivamente.

5.2.1.4 Ensaio 05: ensaios de coagulação/floculação/sedimentação utilizando

ampla faixa de dosagens de PAC como coagulante, utilizado individualmente e

combinado com diferentes dosagens de polímero aniônico como auxiliar de floculação

O objetivo do ensaio 05 foi o mesmo do ensaio 04, ou seja, testar a eficiência de

remoção de turbidez, cor aparente e verdadeira e DQO aplicando PAC como coagulante e um

polímero auxiliar de floculação. As configurações do ensaio 05 e os resultados dos residuais

de turbidez, cor aparente, cor verdadeira e DQO são apresentados na tabela 5.10 por meio da

qual foram elaboradas as figuras 5.26, 5.27, 5.28 e 5.29, respectivamente.

Page 77: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

59

Tabela 5.10: Configurações do ensaio 05 e residuais de turbidez, cor aparente, cor verdadeira

e DQO após tratamento por coagulação/floculação/sedimentação

Jarro DC (mg/L) DP (mg/L) Turbidez

(uT)

Cor

Aparente

(uC)

Cor

verdadeira

(uC)

DQO

(mg/L)

1 50 0 89,7 1735 1075 NR

2 50 1 52,8 1230 1170 NR

3 50 2 36,7 1050 1040 305

4 50 3 77,6 1300 1050 NR

5 100 0 83,9 1535 1205 NR

6 100 1 55,4 1040 940 NR

7 100 2 36,8 795 790 293

8 100 3 29,8 785 780 268

9 125 0 83,0 1475 1225 NR

10 125 1 53,6 910 802 NR

11 125 2 61,6 770 676 NR

12 125 3 26,1 515 514 268

13 150 0 74,3 1315 945 NR

14 150 1 41,6 715 520 NR

15 150 2 15,1 515 462 197

16 150 3 14,6 305 300 188

17 175 0 70,5 1210 590 NR

18 175 1 20,0 330 320 201

19 175 2 4,7 311 310 163

20 175 3 3,7 310 308 158

21 200 0 82,5 1470 388 NR

22 200 1 11,0 330 304 170

23 200 2 9,9 355 284 167

24 200 3 12,8 371 266 170

25 250 0 79,8 1230 295 NR

26 250 1 6,2 280 276 164

27 250 2 3,2 297 203 160

28 250 3 4,1 301 214 168

*NR: não realizado

Page 78: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

60

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100T

urb

idez

(uT

)

Turbidez

DC 0 DP 0 DC 50 DP 0 DC 50 DP 1 DC 50 DP 2 DC 50 DP 3 DC 100 DP 0 DC 100 DP 1 DC 100 DP 2

DC 100 DP 3 DC 125 DP 0 DC 125 DP 1 DC 125 DP 2 DC 125 DP 3 DC 150 DP 0 DC 150 DP 1 DC 150 DP 2

DC 150 DP 3 DC 175 DP 0 DC 175 DP 1 DC 175 DP 2 DC 175 DP 3 DC 200 DP 0 DC 200 DP 1 DC 200 DP 2

DC 200 DP 3 DC 250 DP 0 DC 250 DP 1 DC 250 DP 2 DC 250 DP 3

Figura 5.26: Resultado do residual de turbidez obtido no ensaio 05

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

2000

Co

r ap

aren

te (

uC

)

Cor aparente

DC 0 DP 0 DC 50 DP 0 DC 50 DP 1 DC 50 DP 2 DC 50 DP 3 DC 100 DP 0 DC 100 DP 1 DC 100 DP 2

DC 100 DP 3 DC 125 DP 0 DC 125 DP 1 DC 125 DP 2 DC 125 DP 3 DC 150 DP 0 DC 150 DP 1 DC 150 DP 2

DC 150 DP 3 DC 175 DP 0 DC 175 DP 1 DC 175 DP 2 DC 175 DP 3 DC 200 DP 0 DC 200 DP 1 DC 200 DP 2

DC 200 DP 3 DC 250 DP 0 DC 250 DP 1 DC 250 DP 2 DC 250 DP 3

Figura 5.27: Resultado do residual de cor aparente obtido no ensaio 05

Page 79: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

61

0

200

400

600

800

1000

1200

1400C

or

verd

ad

eira

(uC

)

Cor verdadeira

DC 0 DP 0 DC 50 DP 0 DC 50 DP 1 DC 50 DP 2 DC 50 DP 3 DC 100 DP 0 DC 100 DP 1 DC 100 DP 2

DC 100 DP 3 DC 125 DP 0 DC 125 DP 1 DC 125 DP 2 DC 125 DP 3 DC 150 DP 0 DC 150 DP 1 DC 150 DP 2

DC 150 DP 3 DC 175 DP 0 DC 175 DP 1 DC 175 DP 2 DC 175 DP 3 DC 200 DP 0 DC 200 DP 1 DC 200 DP 2

DC 200 DP 3 DC 250 DP 0 DC 250 DP 1 DC 250 DP 2 DC 250 DP 3

Figura 5.28: Resultado do residual de cor verdadeira obtido no ensaio 05

0

50

100

150

200

250

300

350

400

DQ

O (

mg/L

)

DQO

DC 0 DP 0 DC 50 DP 2 DC 100 DP 2 DC 100 DP 3 DC 125 DP 3 DC 150 DP 2 DC 150 DP 3 DC 175 DP 1

DC 175 DP 2 DC 175 DP 3 DC 200 DP 1 DC 200 DP 2 DC 200 DP 3 DC 250 DP 1 DC 250 DP 2 DC 250 DP 3

Figura 5.29: Resultado do residual de DQO obtido no ensaio 05

Além dos valores residuais de turbidez, cor aparente e verdadeira e DQO, outra forma

de analisar os dados é por meio do cálculo da eficiência de remoção desses parâmetros, em

valores percentuais, em relação ao efluente bruto. Os resultados de remoção de turbidez, cor

aparente e verdadeira e DQO, obtidos no ensaio 05, são apresentados nas figuras 5.30, 5.31,

Page 80: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

62

5.32 e 5.33, respectivamente.

-40

-20

0

20

40

60

80

100

120

0 1 2 3

Efi

ciên

cia

de

rem

oçã

o (%

)

Dosagem polímero (mg/L)

Turbidez

DC 50

DC 100

DC 125

DC 150

DC 175

DC 200

DC 250

Figura 5.30: Resultados das remoções de turbidez obtidas no ensaio 05

Os melhores resultados de remoção de turbidez foram encontrados para as dosagens de

175, 200 e 250mg/L de PAC com adição de polímero. O melhor resultado de remoção de

turbidez foi 95,39%, obtido para o jarro em que foi dosado 250mg/L de PAC com 2mg/L de

polímero. No entanto, as demais dosagens de polímero para combinadas com essa dosagem de

PAC proporcionaram resultados similares, 91,07% para 1mg/L de polímero e 94,09% para

3mg/L de polímero. Foram encontrados 93,21% e 94,65% como resultado de remoção nos

jarros em que foram dosados 175mg/L de PAC com 2 e 3 mg/L de polímero, respectivamente.

Page 81: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

63

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

0 1 2 3

Efi

ciên

cia

de

rem

oçã

o (

%)

Dosagem polímero (mg/L)

Cor aparente

DC 50

DC 100

DC 125

DC 150

DC 175

DC 200

DC 250

Figura 5.31: Resultados das remoções de cor aparente obtidas no ensaio 05

Similarmente à remoção de turbidez, a remoção de cor foi maior para as dosagens de

175, 200 e 250mg/L de PAC com adição de polímero. Houve remoções parecidas entre essas

dosagens de PAC para as três dosagens de polímero empregadas. O melhor resultado foi

85,03% de remoção, obtida na amostra coletada do jarro em que foi dosado 250mg/L de PAC

com 1mg/L de polímero.

-20

-10

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

0 1 2 3

Efi

ciên

cia

de

rem

oçã

o (

%)

dosagem polímero

Cor verdadeira

DC 50

DC 100

DC 125

DC 150

DC 175

DC 200

DC 250

Figura 5.32: Resultados das remoções de cor verdadeira obtidas no ensaio 05

Seguindo o observado nos dois parâmetros anteriores, a remoção de cor verdadeira foi

Page 82: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

64

mais eficiente para as dosagens de 175, 200 e 250mg/L de PAC. O melhor resultado foi 82,5%

de remoção na amostra coletada do jarro em que foi dosado 250mg/L de PAC com 2mg/L de

polímero. Comparando-se as remoções de cor aparente e verdadeira nas configurações sem

adição de polímero notou-se significativa diferença entre os resultados. Por exemplo, para a

dosagem de 250mg/L houve um acréscimo de 34,22% de remoção de cor aparente para

74,57% de remoção de cor verdadeira. O mesmo também foi observado no ensaio 04, e a

explicação é a mesma para esse ensaio. Baseia-se no fato de que a cor aparente tem origem na

presença de sólidos dissolvidos na amostra, mas sofre influência dos sólidos em suspensão, ou

seja, da turbidez da amostra, que nas configurações sem adição de polímero segue elevada. Já

a cor verdadeira é medida após a centrifugação da amostra, esse processo remove os sólidos

em suspensão, diminuindo o valor da cor verdadeira em relação à cor aparente.

A análise das figuras 5.30, 5.31 e 5.32 confirmou a hipótese de que a adição de

polímero como auxiliar de floculação melhora a qualidade do sobrenadante em todos os

aspectos analisados. Observando-se a inclinação das linhas de cada série, que representam as

dosagens de coagulante, notou-se que para as dosagens menores há efeito evidente do

aumento da dosagem de polímero na remoção dos parâmetros analisados. Isso ocorre para 50,

100, 125 e 150mg/L de PAC. Nessas dosagens, há melhoria da qualidade do sobrenadante

diretamente proporcional ao aumento nas dosagens de polímero. Já nas dosagens maiores de

coagulante, o aumento na dosagem de polímero não causa influência significativa. Isso pode

ser observado nos resultados de remoção de turbidez, cor aparente e verdadeira para 175, 200

e 250mg/L de PAC. Nessas três dosagens de coagulante as três dosagens de polímero

acarretaram em remoções similares.

Page 83: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

65

0 10 20 30 40 50 60 70

Eficiência de remoção (%)

Remoção DQO

jarro 28

jarro 27

jarro 26

jarro 24

jarro 23

jarro 22

jarro 20

jarro 19

jarro 18

jarro 16

jarro 15

jarro 08

jarro 07

jarro 03

Figura 5.33: Resultados das remoções de DQO obtidas no ensaio 05

A remoção de DQO foi calculada somente nas amostras em que houve boa remoção de

turbidez, cor aparente e verdadeira. O melhor resultado foi obtido na amostra coletada do

jarro 20, em que foi dosado 175mg/L de PAC com 3mg/L de polímero, 57,51% de remoção,

seguido por 57,1% de remoção no jarro 27, em que foi dosado 250mg/L de PAC com 2mg/L

de polímero.

Page 84: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

66

5.2.1.5 Produção e características de sedimentabilidade do lodo

A produção de lodo e sua sedimentabilidade foram avaliadas por meio do IVL. O valor

de IVL de cada jarro é apresentado na figura 5.34.

0

20

40

60

80

100

120

0 1 2 3

IVL

(m

L/g

)

Dosagem polímero (mg/L)

Índice de Volume de Lodo

DC 50

DC 100

DC 125

DC 150

DC 175

DC 200

DC 250

Figura 5.34: Resultados do índice volumétrico de lodo, obtidos a partir das configurações

testadas no ensaio 05

Observou-se que a adição de polímero melhorou a sedimentabilidade do lodo a partir

da dosagem de 150mg/L de PAC. Nas dosagens inferiores, somente com o uso de PAC, o

valor do IVL é praticamente nulo, mostrando que não houve formação de lodo, pois não

houve remoção de turbidez e cor. O menor valor de IVL obtido, que representa o melhor lodo

em termos de sedimentabilidade, foi 27,2mL/g para o jarro em que foi dosado 175mg/L de

PAC com 3mg/L de polímero, no entanto, nas dosagens de 175, 200 e 250mg/L de PAC todos

os jarros com adição de polímero tiveram IVL similares, indicando boa sedimentabilidade do

lodo produzido nessas configurações.

Ribeiro (2007) aponta que, dependendo do tipo e disposição do lodo, os custos com

transporte e disposição final podem compor parcela significativa nos custos totais da ETE.

Januário e Ferreira Filho (2007) trazem ainda que os custos com transporte e disposição final

do lodo em regiões metropolitanas estavam à epoca entre R$100 a R$150 por tonelada, o que

tem justificado pesquisas que permitam a menor geração de lodo, acarretando na diminuição

desses custos.

Page 85: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

67

5.2.1.6 Ensaio 06: ensaios de coagulação/floculação/sedimentação utilizando

ampla faixa de dosagens de PAC como coagulante, utilizado individualmente e

combinado com diferentes dosagens de polímero aniônico como auxiliar de floculação

O objetivo do ensaio 06 foi o mesmo do ensaio 04 e 05, ou seja, testar a eficiência de

remoção de turbidez, cor aparente e verdadeira e DQO, aplicando PAC como coagulante e um

polímero auxiliar de floculação. As configurações do ensaio 06 e os resultados dos residuais

de turbidez, cor aparente, cor verdadeira e DQO são apresentados na tabela 5.11 por meio da

qual foram elaboradas as figuras 5.35, 5.36, 5.37 e 5.38, respectivamente.

Page 86: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

68

Tabela 5.11: Configurações do ensaio 06 e residuais de turbidez, cor aparente, cor verdadeira

e DQO após tratamento por coagulação/floculação/sedimentação

Jarro DC (mg/L) DP (mg/L) Turbidez

(uT)

Cor

Aparente

(uC)

Cor

verdadeira

(uC)

DQO

(mg/L)

1 50 0 285,0 2180 1810 NR

2 50 1 61,5 2716 1545 NR

3 50 2 42,0 1716 1450 NR

4 50 3 54,8 1450 1515 NR

5 100 0 308,0 2360 1995 NR

6 100 1 55,5 1412 1410 NR

7 100 2 42,7 1108 1100 NR

8 100 3 42,8 1136 1125 NR

9 125 0 252,0 2295 1810 NR

10 125 1 82,6 1632 1560 NR

11 125 2 52,3 1184 1276 NR

12 125 3 70,1 1424 1370 NR

13 150 0 312,0 2295 2055 NR

14 150 1 78,3 1424 1320 NR

15 150 2 48,9 976 965 NR

16 150 3 50,9 988 900 NR

17 175 0 374,0 2430 2030 NR

18 175 1 50,4 976 965 337

19 175 2 40,7 814 730 276

20 175 3 28,0 638 620 282

21 200 0 328,0 2345 1825 NR

22 200 1 49,1 880 780 210

23 200 2 18,6 468 435 216

24 200 3 19,6 493 392 221

25 250 0 329,0 2410 508 NR

26 250 1 13,4 347 291 196

27 250 2 4,6 241 258 183

28 250 3 8,7 267 247 179

*NR: Não realizado

Page 87: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

69

0

50

100

150

200

250

300

350

400

Tu

rbid

ez

(uT

)

Turbidez

DC 0 DP 0 DC 50 DP 0 DC 50 DP 1 DC 50 DP 2 DC 50 DP 3 DC 100 DP 0 DC 100 DP 1 DC 100 DP 2

DC 100 DP 3 DC 125 DP 0 DC 125 DP 1 DC 125 DP 2 DC 125 DP 3 DC 150 DP 0 DC 150 DP 1 DC 150 DP 2

DC 150 DP 3 DC 175 DP 0 DC 175 DP 1 DC 175 DP 2 DC 175 DP 3 DC 200 DP 0 DC 200 DP 1 DC 200 DP 2

DC 200 DP 3 DC 250 DP 0 DC 250 DP 1 DC 250 DP 2 DC 250 DP 3

Figura 5.35: Resultado do residual de turbidez obtido no ensaio 06

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

Co

r ap

are

nte

(uC

)

Cor aparente

DC 0 DP 0 DC 50 DP 0 DC 50 DP 1 DC 50 DP 2 DC 50 DP 3 DC 100 DP 0 DC 100 DP 1 DC 100 DP 2

DC 100 DP 3 DC 125 DP 0 DC 125 DP 1 DC 125 DP 2 DC 125 DP 3 DC 150 DP 0 DC 150 DP 1 DC 150 DP 2

DC 150 DP 3 DC 175 DP 0 DC 175 DP 1 DC 175 DP 2 DC 175 DP 3 DC 200 DP 0 DC 200 DP 1 DC 200 DP 2

DC 200 DP 3 DC 250 DP 0 DC 250 DP 1 DC 250 DP 2 DC 250 DP 3

Figura 5.36: Resultado do residual de cor aparente obtido no ensaio 06

Page 88: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

70

0

500

1000

1500

2000

2500

Co

r v

erd

ad

eira

(uC

)

Cor verdadeira

DC 0 DP 0 DC 50 DP 0 DC 50 DP 1 DC 50 DP 2 DC 50 DP 3 DC 100 DP 0 DC 100 DP 1 DC 100 DP 2

DC 100 DP 3 DC 125 DP 0 DC 125 DP 1 DC 125 DP 2 DC 125 DP 3 DC 150 DP 0 DC 150 DP 1 DC 150 DP 2

DC 150 DP 3 DC 175 DP 0 DC 175 DP 1 DC 175 DP 2 DC 175 DP 3 DC 200 DP 0 DC 200 DP 1 DC 200 DP 2

DC 200 DP 3 DC 250 DP 0 DC 250 DP 1 DC 250 DP 2 DC 250 DP 3

Figura 5.37: Resultado do residual de cor verdadeira obtido no ensaio 06

0

100

200

300

400

500

600

DQ

O (

mg/

L)

DQO

DC 0 DP 0 DC 175 DP 1 DC 175 DP 2 DC 175 DP 3 DC 200 DP 1

DC 200 DP 2 DC 200 DP 3 DC 250 DP 1 DC 250 DP 2 DC 250 DP 3

Figura 5.38: Resultado do residual de DQO obtido no ensaio 06

Os resultados de eficiência de remoção de turbidez, cor aparente e verdadeira e DQO

são apresentados nas figuras 5.39, 5.40, 5.41 e 5.42 respectivamente.

Page 89: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

71

-700

-600

-500

-400

-300

-200

-100

0

100

200

0 1 2 3

Efi

ciên

cia

de

rem

oçã

o (%

)

Dosagem polímero (mg/L)

Turbidez

DC 50

DC 100

DC 125

DC 150

DC 175

DC 200

DC 250

Figura 5.39: Resultados das remoções de turbidez obtidas no ensaio 06

O ensaio 06 tornou ainda mais evidente o efeito da adição do polímero para o êxito do

tratamento empregado. Todas as configurações sem polímero apresentaram “eficiência

negativa” de remoção o que significa que a turbidez do sobrenadante foi maior que a turbidez

da amostra bruta, ou seja, o tratamento não foi capaz de remover os sólidos e ainda fez com

que a quantidade desses sólidos aumentasse, conferindo turbidez à amostra. Observando-se,

por exemplo, a série que representa a dosagem de 250mg/L de PAC houve aumento de

turbidez de 525,48% no jarro sem polímero e remoção de 74,52% no jarro com 1mg/L de

polímero. A eficiência aumenta ainda mais no jarro em que foi dosado 250mg/L de PAC e

2mg/L de polímero sendo 91,29% a eficiência de remoção, sendo que esse resultado foi o

melhor do ensaio 06.

Page 90: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

72

-80

-60

-40

-20

0

20

40

60

80

100

0 1 2 3

Efi

ciên

cia

de

rem

oçã

o (%

)

Dosagem polímero (mg/L)

Cor aparente

DC 50

DC 100

DC 125

DC 150

DC 175

DC 200

DC 250

Figura 5.40: Resultados das remoções de cor aparente obtidas no ensaio 06

Os melhores resultados de remoção de cor aparente foram obtidos nos jarros em que

foi dosado 250mg/L de PAC com adição de polímero sendo que o melhor resultado de

remoção foi 85,08% para o jarro em que foi dosado 2mg/L de polímero, no entanto, as demais

dosagens de polímero testadas para essa dosagem de PAC proporcionaram remoções

próximas, 78,51% e 83,47% para 1 e 3mg/L de polímero, respectivamente. Conforme já havia

sido observado na remoção de turbidez, a remoção de cor melhorou com adição de polímero.

-40

-20

0

20

40

60

80

100

0 1 2 3

Efi

ciên

cia

de

rem

oçã

o (%

)

Dosagem polímero (mg/L)

Cor verdadeira

DC 50

DC 100

DC 125

DC 150

DC 175

DC 200

DC 250

Figura 5.41: Resultados das remoções de cor verdadeira obtidas no ensaio 06

Page 91: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

73

A remoção de cor verdadeira seguiu a tendência da remoção de cor aparente com

exceção da amostra retirada do jarro em que foi dosado somente 250mg/L de PAC, sem

adição de polímero. Nesse caso não foi verificado remoção de cor aparente, devido à turbidez

da amostra ser alta. Como previamente à análise de cor verdadeira a amostra passa por

centrifugação, houve remoção de cor verdadeira, proporcionada por esse processo. O melhor

resultado obtido foi de 84,71% de remoção para 250mg/L de PAC com 3mg/L de polímero.

0 10 20 30 40 50 60 70

Eficiência de remoção (%)

Remoção DQO

jarro 28

jarro 27

jarro 26

jarro 24

jarro 23

jarro 22

jarro 20

jarro 19

jarro 18

Figura 5.42: Resultados das remoções de DQO obtidas no ensaio 06

O melhor resultado de remoção de DQO foi de 65,44%, obtido no jarro 28, seguido

por 64,67% no jarro 27. Ambos referem-se à dosagem de 250mg/L de PAC com adição de 3 e

2mg/L de polímero, respectivamente.

Page 92: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

74

5.2.1.7 Produção e características de sedimentabilidade do lodo

O índice volumétrico de lodo foi estimado para todas as configurações empregadas

nesse ensaio. Os resultados do IVL do ensaio 06 são apresentados na figura 5.43.

0,000

20,000

40,000

60,000

80,000

100,000

0 1 2 3

IVL

(m

L/g

)

Dosagem polímero (mg/L)

Índice de Volume de Lodo

DC 50

DC 100

DC 125

DC 150

DC 175

DC 200

DC 250

Figura 5.43: Resultados do índice volumétrico de lodo, obtidos a partir das configurações

testadas no ensaio 06

Conforme já havia sido observado nos ensaios 04 e 05, no ensaio 06 o IVL melhorou

com adição de polímero. O melhor resultado de IVL foi de 12,51mL/g, encontrado no jarro

em que foi dosado 250mg/L de PAC com 1mg/L de polímero.

Vieira (2009) também avaliou o IVL a partir de ensaios de

coagulação/floculação/sedimentação em jar-test. O autor testou dois coagulantes, sulfato de

alumínio e cloreto férrico, combinados com um auxiliar de floculação aniônico. Obteve

100mL/g como melhor resultado de IVL para 200mg/L de coagulante com 1,3mg/L de

polímero.

A partir da análise dos três ensaios que compõe a primeira fase da segunda etapa

observou-se dificuldade em se obter uma única dosagem ótima de coagulante e auxiliar de

floculação já que as características do efluente bruto, coletado na ETE da indústria, variam a

cada coleta. Todavia, o tratamento empregado com PAC como coagulante e polímero aniônico

como auxiliar de floculação mostrou-se eficiente em todos os ensaios realizados, mesmo com

essas variações. O mesmo foi observado por Santos (2001), que também encontrou essa

Page 93: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

75

dificuldade, mas concluiu que o cloreto férrico como coagulante foi capaz de remover os

parâmetros observados em todos os ensaios, mesmo com as variações de pH e de

contaminantes nas amostras brutas.

5.2.2 Resultados da segunda fase: ensaios principais de

coagulação/floculação/sedimentação, utilizando as melhores dosagens de PAC e polímero

aniônico e variando os tempos de mistura lenta.

O objetivo da segunda fase foi diminuir o tempo de mistura lenta de 10 minutos, que

estava sendo utilizado nos ensaios anteriores, para 07 e 05 minutos e avaliar as respostas do

tratamento empregado a partir dessas novas condições operacionais.

5.2.2.1 Caracterização do efluente utilizado na segunda fase da segunda etapa

O efluente foi caracterizado antes de passar pelo tratamento. Na tabela 5.12 são

apresentados os parâmetros monitorados nas coletas (numeradas em ensaio 07 e 08)

realizadas durante a segunda fase da segunda etapa. Observaram-se variações nas

características do efluente entre um ensaio e outro, justificando a importância da

caracterização prévia do efluente.

Page 94: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

76

Tabela 5.12: Caracterização do efluente nos ensaios da segunda fase da segunda etapa

Parâmetro Ensaio 07 Ensaio 08

Turbidez (uT) 61,5 24,1

Cor aparente (uC) 1884 842

Cor verdadeira (uC) 1784 558

DQO (mg/L) 583 261

DBO (mg/L) 23 8

ST (mg/L) 1678 1399

SST (mg/L) 86 38

pH 7,6 7,4

Temperatura (°C) 21,2 23,4

Nitrogênio amoniacal (mg/L) <0,1 <0,1

Fósforo (mg/L) 0,2 <0,1

Oxigênio Dissolvido (mg/L) 4,25 3,98

Alcalinidade (mg/L) 88 80

5.2.2.2 Ensaio 07: ensaios de coagulação/floculação/sedimentação utilizando PAC

como coagulante, polímero aniônico como auxiliar de floculação e menores tempos de

floculação

O ensaio 07 foi dividido em duas séries, a e b, sendo que na primeira (07a) o tempo de

floculação empregado foi de 07 minutos e na segunda (07b) de 05 minutos.

As configurações do ensaio 07a e os residuais de turbidez, cor aparente, cor verdadeira

e DQO encontram-se na tabela 5.13, por meio da qual foi elaborada a figura 5.44.

Page 95: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

77

Tabela 5.13: Configurações do ensaio 07a e residuais de turbidez, cor aparente, cor verdadeira

e DQO após tratamento por coagulação/floculação/sedimentação

Jarro DC (mg/L) DP (mg/L) Turbidez

(uT)

Cor

Aparente

(uC)

Cor

verdadeira

(uC)

DQO

(mg/L)

1 175 0 302,0 2567 1767 507

2 175 1 50,6 790 602 288

3 175 2 49,8 791 598 276

4 175 3 47,1 785 591 274

5 200 0 277,0 2340 1755 476

6 200 1 26,2 556 544 263

7 200 2 27,4 596 586 271

8 200 3 14,4 453 436 240

9 250 0 337 2730 810 509

10 250 1 9,12 339 303 235

11 250 2 7,1 293 258 239

12 250 3 9,5 309 232 205

0

50

100

150

200

250

300

350

400

Tu

rbid

ez (

uT

)

Turbidez

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

Co

r ap

aren

te (

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)

Cor aparente

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)

Cor verdadeira

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mg/

L)

DQO

DC 0 DP 0

DC 175 DP 0

DC 175 DP 1

DC 175 DP 2

DC 175 DP 3

DC 200 DP 0

DC 200 DP 1

DC 200 DP 2

DC 200 DP 3

DC 250 DP 0

DC 250 DP 1

DC 250 DP 2

DC 250 DP 3

Figura 5.44: Resultado dos residuais de turbidez, cor aparente e verdadeira e DQO obtido no

ensaio 07a

As configurações do ensaio 07b e os residuais de turbidez, cor aparente, cor verdadeira

e DQO encontram-se na tabela 5.14, por meio da qual foi elaborada a figura 5.45.

Page 96: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

78

Tabela 5.14: Configurações do ensaio 07b e residuais de turbidez, cor aparente, cor verdadeira

e DQO após tratamento por coagulação/floculação/sedimentação

Jarro DC (mg/L) DP (mg/L) Turbidez

(uT)

Cor

Aparente

(uC)

Cor

verdadeira

(uC)

DQO

(mg/L)

1 175 0 492,0 3851 2474 710

2 175 1 102,7 1106 883 403

3 175 2 99,9 1028 818 386

4 175 3 98,6 1021 809 384

5 200 0 591,0 2905 2190 565

6 200 1 84,0 900 780 378

7 200 2 80,2 894 844 387

8 200 3 85,6 845 772 351

9 250 0 432,0 2901 950 546

10 250 1 44,6 747 454 359

11 250 2 42,9 778 474 346

12 250 3 45,3 767 445 311

0

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Tu

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ez (

mg/

L)

Turbidez

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Co

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mg/

L)

Cor aparente

0

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1000

1500

2000

2500

3000

Co

r v

erd

adei

ra (

mg/

L)

Cor verdadeira

0

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300

400

500

600

700

800

DQ

O (

mg/

L)

DQO

DC 0 DP 0

DC 175 DP 0

DC 175 DP 1

DC 175 DP 2

DC 175 DP 3

DC 200 DP 0

DC 200 DP 1

DC 200 DP 2

DC 200 DP 3

DC 250 DP 0

DC 250 DP 1

DC 250 DP 2

DC 250 DP 3

Figura 5.45: Resultado dos residuais de turbidez, cor aparente e verdadeira e DQO obtido no

ensaio 07b

Observando-se os residuais de turbidez, cor aparente, cor verdadeira e DQO

apresentados nas tabelas 5.13 e 5.14 e nas figuras 5.44 e 5.45, nota-se que a configuração sem

adição polímero aumentou esses residuais no sobrenadante em relação ao efluente bruto. Para

facilitar a análise e compreensão dos ensaios 07a e 07b foram analisadas somente as

eficiências de remoção de turbidez, cor aparente e verdadeira e DQO dos jarros com adição de

polímero. Essas eficiências são apresentadas nas figuras 5.46, 5.47, 5.48 e 5.49,

respectivamente.

Page 97: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

79

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)

Dosagem polímero (mg/L)

Turbidez

DC 175 a DC 175 b DC 200 a

DC 200 b DC 250 a DC 250 b

Figura 5.46: Resultados das remoções de turbidez obtidas nos ensaios 07a e 07b para os

ensaios com adição de polímero

Foi possível observar que, comparando as séries de dosagens estudadas em cada

ensaio, no ensaio 07a foram obtidos os valores mais elevados de remoção de turbidez em

relação ao ensaio 07b. A série com dosagem de PAC igual a 250mg/L do ensaio 07b foi mais

eficiente que a série com dosagem de PAC 175mg/L do ensaio 07a, sendo esse o único caso

em que o ensaio 07b superou o ensaio 07a, mostrando que para tempos de floculação menores

devem ser aumentadas as dosagens de coagulante. Os melhores resultados foram obtidos no

ensaio 07a, para dosagem de PAC igual a 250mg/L, sendo maior que 80% de remoção para

todas as dosagens de polímero.

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1 2 3

Efi

ciên

cia

de

rem

oçã

o (%

)

Dosagem polímero (mg/L)

Cor aparente

DC 175 a DC 175 b DC 200 a

DC 200 b DC 250 a DC 250 b

Figura 5.47: Resultados das remoções de cor aparente obtidas nos ensaios 07a e 07b para os

ensaios com adição de polímero

Page 98: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

80

Em relação à remoção de cor aparente, há menor influência do tempo de floculação já

que as eficiências dos ensaios a e b, apesar de não serem tão próximas entre si, são menos

distantes que aquelas observadas na remoção de turbidez já quase todas as configurações de

dosagem resultaram em remoções entre 40% e 80%. Os únicos casos com remoção maior que

80% foram no ensaio 07a, para dosagem de PAC de 250mg/L, em todas as dosagens de

polímero.

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%)

Dosagem polímero (mg/L)

Cor verdadeira

DC 175 a DC 175 b DC 200 a

DC 200 b DC 250 a DC 250 b

Figura 5.48: Resultados das remoções de cor verdadeira obtidas nos ensaios 07a e 07b para os

ensaios com adição de polímero

A remoção de cor verdadeira seguiu a tendência da remoção de cor aparente e nesse

caso o tempo de floculação teve influência ainda menor no resultado do que aquela observada

no caso da cor aparente. Observou-se que a maior dosagem de coagulante, 250mg/L de PAC,

foi a mais eficiente nos dois ensaios, a e b, mostrando que a dosagem, mais que o tempo de

floculação, influenciou o tratamento. Os melhores resultados foram encontrados no ensaio 07a

para dosagem de 250mg/L de PAC, em todas as dosagens de polímero, obtendo-se valores

superiores a 80% de remoção.

Page 99: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

81

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%)

Dosagem polímero (mg/L)

DQO

DC 175 a DC 175 b DC 200 a

DC 200 b DC 250 a DC 250 b

Figura 5.49: Resultados das remoções de DQO obtidas nos ensaio 07a e 07b para os ensaios

com adição de polímero

A remoção de DQO, mostrada na figura 5.48, deixou clara a superioridade do ensaio

07a em relação ao 07b já que no primeiro obteve-se mais que 50% de remoção de DQO em

todas as dosagens testadas e no segundo não se obteve 50% de remoção em nenhuma

dosagem. Similarmente aos demais parâmetros, a configuração que teve melhor eficiência foi

no ensaio 07a, com 250mg/L de PAC, em todas as dosagens de polímero.

5.2.2.3 Ensaio 08: ensaios de coagulação/floculação/sedimentação utilizando PAC

como coagulante, polímero aniônico como auxiliar de floculação e menores tempos de

floculação

O ensaio 08 foi dividido em duas séries, a e b, sendo que na primeira (08a) o tempo de

floculação empregado foi de 07 minutos e na segunda (08b) 05 minutos.

As configurações do ensaio 08a e os residuais de turbidez, cor aparente, cor verdadeira

e DQO encontram-se na tabela 5.15, por meio da qual foi elaborada a figura 5.50.

Page 100: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

82

Tabela 5.15: Configurações do ensaio 08a e residuais de turbidez, cor aparente, cor verdadeira

e DQO após tratamento por coagulação/floculação/sedimentação

Jarro DC (mg/L) DP (mg/L) Turbidez

(uT)

Cor

Aparente

(uC)

Cor

verdadeira

(uC)

DQO

(mg/L)

1 175 0 57,6 1113 181 250

2 175 1 17,3 237 239 122

3 175 2 6,5 202 121 120

4 175 3 6,3 198 106 110

5 200 0 58,1 1170 170 247

6 200 1 4,7 212 116 103

7 200 2 5,2 211 111 118

8 200 3 9,4 271 107 116

9 250 0 62,4 960 123 249

10 250 1 4,2 140 121 100

11 250 2 4,2 127 111 124

12 250 3 6,2 120 92 105

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)

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Cor aparente

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300

400

500

600

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)

Cor verdadeira

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100

150

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250

300

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mg/L

)

DQO

DC 0 DP 0

DC 175 DP 0

DC 175 DP 1

DC 175 DP 2

DC 175 DP 3

DC 200 DP 0

DC 200 DP 1

DC 200 DP 2

DC 200 DP 3

DC 250 DP 0

Figura 5.50: Resultado dos residuais de turbidez, cor aparente e verdadeira e DQO obtido no

ensaio 08a

As configurações do ensaio 08b e os residuais de turbidez, cor aparente, cor verdadeira

e DQO encontram-se na tabela 5.16, por meio da qual foi elaborada a figura 5.51.

Page 101: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

83

Tabela 5.16: Configurações do ensaio 08b e residuais de turbidez, cor aparente, cor verdadeira

e DQO após tratamento por coagulação/floculação/sedimentação

Jarro DC (mg/L) DP (mg/L) Turbidez

(uT)

Cor

Aparente

(uC)

Cor

verdadeira

(uC)

DQO

(mg/L)

1 175 0 97,9 1876 709 375

2 175 1 28,5 567 382 185

3 175 2 12,7 356 191 183

4 175 3 11,3 387 171 175

5 200 0 99,5 1732 467 391

6 200 1 13,8 314 190 165

7 200 2 14,1 314 189 177

8 200 3 9,8 392 215 176

9 250 0 108,7 1315 388 384

10 250 1 10,2 172 147 144

11 250 2 10,8 176 155 167

12 250 3 10,7 181 139 147

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Tu

rbid

ez

(uT

)

Turbidez

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Co

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are

nte

(uC

)

Cor aparente

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500

600

700

800

Co

r v

erd

ad

eira

(uC

)

Cor verdadeira

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O (

mg/L

)

DQO

DC 0 DP 0

DC 175 DP 0

DC 175 DP 1

DC 175 DP 2

DC 175 DP 3

DC 200 DP 0

DC 200 DP 1

DC 200 DP 2

DC 200 DP 3

DC 250 DP 0

Figura 5.51: Resultado dos residuais de turbidez, cor aparente e verdadeira e DQO obtido no

ensaio 08b

Similarmente ao que foi feito na análise do ensaio 07, no ensaio 08 foram analisadas

somente as eficiências de remoção dos parâmetros para os jarros com adição de polímero, já

que quando não há adição de polímero o tratamento não apresenta eficiência de remoção de

nenhum parâmetro, em nenhuma dosagem estudada.

Ahmad et al (2008) também concluíram que a adição de polímeros teve um efeito

significativo sobre o tempo de sedimentação dos flocos em comparação com o tratamento

somente com coagulante. Os autores indicam que o uso de polímeros na floculação faz com

que os flocos formados sejam maiores e mais fortes, e com isso tenham maior facilidade em

Page 102: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

84

sedimentar.

As eficiências de remoção de turbidez, cor aparente e verdadeira e DQO

proporcionadas pelo tratamento empregado estão apresentadas nas figuras 5.52, 5.53, 5.54 e

5.55, respectivamente.

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)

Dosagem polímero (mg/L)

Turbidez

DC 175 a DC 175 b DC 200 a

DC 200 b DC 250 a DC 250 b

Figura 5.52: Resultados das remoções de turbidez obtidas nos ensaio 08a e 08b para os

ensaios com adição de polímero

Observando-se os resultados apresentados na figura 5.52 percebeu-se que para a

menor dosagem de polímero empregada (1mg/L) o aumento na dosagem de coagulante

proporcionou maior remoção de turbidez, representada na figura 5.52 pelos pontos mais

afastados entre si. Já para maior dosagem de polímero (3mg/L), a dosagem de coagulante teve

menor efeito sobre o tratamento, sendo assim os pontos ficaram mais próximos.

Os melhores resultados de remoção de turbidez encontraram-se no ensaio 08a, nas

dosagens de PAC igual a 200 e 250mg/L para todas as dosagens de polímero testadas.

No ensaio 08b não se obteve remoção maior que 60% em nenhuma combinação de

dosagem. Concluiu-se então que o tempo de floculação, além da dosagem de coagulante, teve

influência sobre a remoção de turbidez.

Page 103: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

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de

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o (%

)

Dosagem polímero (mg/L)

Cor aparente

DC 175 a DC 175 b DC 200 a

DC 200 b DC 250 a DC 250 b

Figura 5.53: Resultados das remoções de cor aparente obtidas nos ensaio 08a e 08b para os

ensaios com adição de polímero

Com exceção da menor dosagem de PAC e polímero no ensaio b, em que se obteve

remoção inferior a 40%, em todas as demais combinações de dosagem foram obtidos mais de

40% de remoção de cor aparente, com destaque para a dosagem de 250mg/L de PAC no

ensaio 08a, em que se obteve mais de 80% de remoção para todas as dosagens de polímero

testadas. No ensaio 08b, para a maior dosagem de PAC empregada também foi obtida boa

resposta, com remoções próximas a 80% para todas as dosagens de polímero. Isso mostra que

o tempo de floculação não teve tanta influência na remoção de cor aparente como teve na

remoção de turbidez.

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o (%

)

Dosagem polímero (mg/L)

Cor verdadeira

DC 175 a DC 175 b DC 200 a

DC 200 b DC 250 a DC 250 b

Figura 5.54: Resultados das remoções de cor verdadeira obtidas nos ensaio 08a e 08b para os

ensaios com adição de polímero

Page 104: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

86

A remoção de cor verdadeira foi similar a de cor aparente. Houve remoção maior que

50% para quase todos os casos, ficando abaixo disso somente a configuração com menor

dosagem de coagulante combinada com a menor dosagem de polímeros nos ensaios 08a e

08b.

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Efi

ciên

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de

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o (%

)

Dosagem polímero (mg/L)

DQO

DC 175 a DC 175 b DC 200 a

DC 200 b DC 250 a DC 250 b

Figura 5.55: Resultados das remoções de DQO obtidas nos ensaio 08a e 08b para os ensaios

com adição de polímero

Conforme o que havia sido observado na análise dos resultados de remoção de DQO

no ensaio 07, no ensaio 08 há evidente superioridade do ensaio que contou com maior tempo

de floculação (08a) em relação ao outro, com menor tempo. Para todas as combinações de

dosagem do ensaio 08a foram obtidos mais de 50% de remoção de DQO, enquanto que no

ensaio 08b, nenhuma combinação proporcionou mais de 50% de remoção.

Para todos os parâmetros analisados observou-se que o ensaio 08a proporcionou

maiores eficiências de remoção que o ensaio 08b, similarmente ao que já havia sido

observado na análise dos ensaios 07a e 07b. Sendo assim, conclui-se que o tempo de mistura

lenta menor, 05 minutos, não foi viável ao tratamento empregado. Já o tempo de 07 minutos

proporcionou boa resposta de remoção de turbidez, cor aparente e verdadeira e DQO nos dois

ensaios, 07 e 08, semelhante ao que estava sendo obtido com 10 minutos de floculação. Desse

modo, o tratamento é otimizado sem que hajam prejuízos em termos de remoção dos

contaminantes. A partir disso, para os próximos ensaios foi adotado 07 minutos como tempo

de floculação.

Outra observação importante, a partir da avaliação da segunda fase da etapa 02, foi

que a dosagem de PAC igual a 250mg/L foi a que proporcionou melhor eficiência de remoção

Page 105: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

87

de todos os parâmetros analisados.

5.3 Resultados da terceira etapa: ensaio final de

coagulação/floculação/sedimentação e ensaio de microfiltração

A terceira etapa foi dividida em dois ensaios. O objetivo do primeiro ensaio (ensaio

09) foi avaliar as diferenças de remoção proporcionadas pelas diferentes dosagens de

polímero utilizadas e se o pós-tratamento empregado no laboratório removeria AOX e lignina

além de turbidez, cor aparente e verdadeira e DQO. Para realização desse ensaio foi utilizada

a melhor dosagem de coagulante encontrada por meio da análise dos resultados dos ensaios

anteriores.

Já o objetivo do segundo ensaio (ensaio 10) foi verificar a viabilidade do emprego da

microfiltração tangencial para o efluente estudado e, conjugado às membranas, estudar a

alternativa de pré-tratamento feito com coagulação/floculação/sedimentação como melhoria

da tratabilidade do efluente.

Khayet et al (2011) indicam o processo de coagulação/floculação/sedimentação como

pré-tratamento a microfiltração para diminuir a colmatação do leito filtrante e aumentar a vida

útil da membrana.

Wang et al (2011) assinalam forte tendência ao uso de microfiltração no tratamento de

água de abastecimento e águas residuárias domésticas e industriais em todo o mundo. Os

autores apontam a colmatação da membrana como principal problema associado a essa

tecnologia e estudaram o efeito do pré-tratamento por coagulação/floculação/sedimentação

como alternativa para minimizar esse problema.

5.3.1 Ensaio 09: ensaio final de coagulação/floculação/sedimentação para definir a

melhor dosagem de polímero e avaliar a remoção de AOX e lignina

Para observar o efeito da dosagem de polímero sobre o tratamento foi escolhida a

melhor dosagem de coagulante obtida até o momento (250mg/L) para ser mantida fixa

enquanto a dosagem de polímero era variada. Sendo assim, foi possível verificar a influência

somente da dosagem do polímero no tratamento. Além disso, foi analisado o teor de AOX e

lignina no efluente bruto e tratado para verificar se o tratamento era capaz de remover esses

contaminantes.

Durante o processo de produção de polpa celulósica para posterior produção de papel

Page 106: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

88

deve haver a separação da celulose dos demais compostos da madeira, entre eles a lignina. Os

processos de polpação levam à despolimerização e dissolução das moléculas de lignina

fazendo com que o branqueamento da polpa tenha maior eficiência, já que a lignina é uma das

responsáveis pela coloração marrom das polpas celulósicas. Sendo assim, nos processos de

lavagem as moléculas de lignina, juntamente com os extrativos da madeira e os demais

produtos químicos utilizados no processo de fabricação são levados até a estação de

tratamento de efluentes (MORAIS, 2006).

Catalkaya e Kargi (2007) apontam que os principais poluentes presentes no efluente

da indústria de celulose e papel são sólidos em suspensão e dissolvidos, que conferem

turbidez, cor e demanda química de oxigênio elevada ao efluente além de compostos

orgânicos halogenados adsorvíveis (AOX), originados da etapa de branqueamento, devido aos

compostos clorados utilizados nesse processo.

Torrades et al (2003) afirmam que mesmo em plantas que utilizam processos de

branqueamento livre de cloro elementar (ECF - elementary chlorine free), liberam

quantidades significativas de AOX no efluente industrial.

Almeida (2002) aponta ainda que os compostos organohalogenados presentes no

efluente do branqueamento da polpa celulósica, são substâncias ligadas quimicamente ao

cloro, que são responsáveis por grande parte da toxidez e mutagenicidade do efluente além de

serem prejudiciais às comunidades aquáticas, caso venham a ser lançados nos corpos d’água.

5.3.1.1 Caracterização do efluente usado no ensaio 09

Na primeira fase da terceira etapa houve a caracterização de dois efluentes, sendo o

primeiro o efluente bruto da indústria, antes de passar pela estação de tratamento de efluentes,

e o segundo o efluente coletado na saída do decantador secundário da ETE, chamado de

efluente tratado na tabela 5.17, onde estão demonstrados os resultados da caracterização.

Page 107: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

89

Tabela 5.17: Caracterização dos efluentes utilizados no ensaio 09

Parâmetro Efluente

Bruto

Efluente

Tratado

Turbidez (uT) 396 11,7

Cor aparente (uC) 3790 520

Cor verdadeira (uC) 1412 451

DQO (mg/L) 1010 208

DBO (mg/L) 592 6

ST (mg/L) 3047 1087

SST (mg/L) 1690 62

pH 7,1 7,4

Temperatura (°C) 25 26,8

NTK (mg/L) 4 2,52

Fósforo (mg/L) 1 <0,1

Oxigênio Dissolvido (mg/L) 2,1 3,98

Alcalinidade (mgCaCO3/L) 91,2 85,5

AOX 5,37 1,25

Lignina 74,8 46,5

Observou-se que nessa coleta, a ETE estava operando com eficiência de 97% de

remoção de turbidez, 86,3% de remoção de cor aparente, 85,3% de remoção de cor

verdadeira, 79,4% de remoção de DQO, 64,3% de remoção dos sólidos totais, 96% de

remoção dos sólidos suspensos totais, além de 76% de remoção de AOX e 37,8% de remoção

de lignina. Mesmo com essas eficiências elevadas, os residuais desses contaminantes ainda

apresentam valores elevados, principalmente para o caso de o efluente passar numa unidade

de micro ou ultrafiltração. Assim o pós-tratamento por coagulação/floculação/sedimentação

foi avaliado em função da remoção desses parâmetros.

5.3.1.2 Resultados do ensaio 09: ensaio final de

coagulação/floculação/sedimentação para definir a melhor dosagem de polímero e

avaliar a remoção de AOX e lignina

As configurações do ensaio 09, bem como os residuais de turbidez, cor aparente, cor

verdadeira, DQO, AOX e lignina estão apresentados na tabela 5.18, por meio da qual foi

Page 108: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

90

elaborada a figura 5.56.

Tabela 5.18: Configurações do ensaio 09 e residuais de turbidez, cor aparente, cor verdadeira,

DQO, AOX e lignina após tratamento por coagulação/floculação/sedimentação

Jarro DC

(mg/L)

DP

(mg/L) Turbidez (uT)

Cor Aparente

(uC)

Cor verdadeira

(uC) DQO (mg/L) AOX (mg/L)

Lignina

(mgFenol/L)

1 250 1 2,1 75 71 77 0,51 14,7 2 250 2 1,4 61 61 76 0,46 11,7 3 250 3 3,2 67 65 73 0,34 16,5

0

2

4

6

8

10

12

14

Tu

rbid

ez (

uT

)

Turbidez

0

100

200

300

400

500

600

Co

r ap

aren

te (

uC

)

Cor aparente

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

500

Co

r v

erd

adei

ra (

uC

)

Cor verdadeira

0

50

100

150

200

250

DQ

O (

mg/

L)

DQO

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

1,4

AO

X (

mg/

L)

AOX

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

Lig

nin

a (m

gFen

ol/

L)

Lignina

DC 0 DP 0

DC 250 DP 1

DC 250 DP 2

DC 250 DP 3

Figura 5.56: Resultado dos residuais de turbidez, cor aparente e verdadeira, DQO, AOX e

lignina, obtido no ensaio 09

Outra forma de apresentar os resultados do ensaio é por meio das eficiências

percentuais de remoção dos contaminantes. Esses resultados são apresentados na figura 5.57.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

1 2 3

Efi

ciên

cia

de

rem

oçã

o (

%)

Dosagem de polímero (mg/L)

Eficiência de Remoção

turbidez cor aparante cor verdadeira

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

1 2 3

Efi

ciên

cia

de r

em

oçã

o (

%)

Dosagem de polímero (mg/L)

Eficiência de Remoção

DQO AOX lignina

Figura 5.57: Resultados das remoções de turbidez, cor aparente, cor verdadeira, DQO, AOX e

lignina, obtidas no ensaio 09

Page 109: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

91

A remoção de cor aparente e cor verdadeira foram similares entre si, mais de 80% de

remoção em todas as dosagens de polímero testada. A remoção de turbidez seguiu a mesma

tendência e só apresentou resultado inferior a 80% de remoção para dosagem de 3mg/L de

polímero. A remoção de cor aparente, cor verdadeira e DQO foram praticamente constantes

para todas as dosagens de polímero testadas, mostrando que para a dosagem de coagulante

empregada nesse ensaio, o aumento na dosagem de polímero não causou aumento na

eficiência de remoção desses parâmetros.

O mesmo foi observado por Ahmad et AL (2008) que concluíram que apesar da adição

de polímero ter grande relevância no tratamento, aumentando muito a remoção dos

contaminantes, melhorando as características de sedimentabilidade dos flocos, além de

reduzir a formação de lodo, o aumento na dosagem de polímero não é significativo ao

tratamento, já que os resultados de remoção não aumentam proporcionalmente ao aumento da

dosagem.

A remoção de AOX e lignina teve tendência similar até a dosagem de 2mg/L,

aumentando a remoção com o aumento da dosagem. Para o novo aumento de dosagem, de 2

para 3mg/L, a remoção de AOX seguiu aumentando enquanto que a remoção de lignina

decaiu. O melhor resultado para remoção de AOX e lignina foi 72,8% para 3mg/L de

polímero e 74,83% para 2mg/L, respectivamente.

Catalkaya e Kargi (2007) estudaram o pós-tratamento do efluente de uma indústria de

celulose e papel por meio de processos oxidativos avançados com vistas à remoção de cor,

DQO e AOX. Dentre todos os processos testados pelos autores, a remoção de AOX variou de

17 a 95%, sendo a maior remoção obtida para a combinação de ozônio com peróxido de

hidrogênio.

Almeida (2002) obteve 34% de remoção de AOX no pós-tratamento por ultrafiltração

do efluente do processo de branqueamento da polpa, livre de cloro elementar, proveniente do

estágio de extração alcalina de uma indústria de papel e celulose.

Chen et al (2003) obtiveram 52% de remoção de AOX em efluente do branqueamento

de uma indústria de papel e celulose utilizando coagulação com 100mg/L de PAC e 5mg/L de

polímero sintético.

Morais (2006) obteve remoção de até 92% de lignina utilizando processos oxidativos

avançados com ozônio no pós-tratamento do efluente industrial alcalino de branqueamento de

polpa Kraft de eucalipto e Ugurlu et al (2008) utilizaram a eletrocoagulação como tratamento

desse tipo de efluente e alcançaram remoção de até 80% de lignina utilizando eletrodos de

alumínio e ferro.

Page 110: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

92

5.3.2 Ensaio 10: ensaio de microfiltração

Para realização da etapa de microfiltração foi feita uma coleta na ETE da indústria

estudada e o efluente foi previamente tratado no laboratório por

coagulação/floculação/sedimentação. A configuração utilizada para esse tratamento foi

escolhida por meio da análise dos ensaios preliminares, principais e final, apresentados nos

itens anteriores.

5.3.2.1 Caracterização do efluente usado no ensaio 10

Da mesma forma que no ensaio 09, no ensaio 10 houve a caracterização de dois

efluentes, sendo o primeiro o efluente bruto da indústria, antes de passar pela estação de

tratamento de efluentes, e o segundo o efluente coletado na saída do decantador secundário da

ETE, chamado de efluente tratado. Na tabela 5.19, estão apresentados os resultados da

caracterização.

Tabela 5.19: Caracterização dos efluentes utilizados no ensaio 10

Parâmetro Efluente

Bruto

Efluente

Tratado

Turbidez (uT) 555 94,5

Cor aparente (uC) 4110 1865

Cor verdadeira (uC) 1210 1190

DQO (mg/L) 1346 320

DBO (mg/L) 32 6

ST (mg/L) 2021 1354

SST (mg/L) 370 52

pH 7,8 7,5

Temperatura (°C) 20 20

NTK (mg/L) NR NR

Fósforo (mg/L) NR NR

Oxigênio Dissolvido (mg/L) 2,28 6,67

Alcalinidade (mgCaCO3/L) 99 90

Lignina (mgFenol/L) 89,5 58,8

*NR: não realizado

Page 111: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

93

Na ocasião da coleta para realização do ensaio 10, a ETE da indústria estava operando

com aproximadamente 83% de remoção de turbidez, 55% de remoção de cor aparente, 76%

de remoção de DQO, 33% de remoção de sólidos totais e 34% de remoção de lignina. Para

verificar se esse efluente tinha qualidade suficiente para ser filtrado na unidade de

microfiltração, parte dele recebeu pré-tratamento e parte foi filtrada sem tratamento prévio.

Os resultados desse ensaio são apresentados no próximo item.

5.3.2.2 Resultados do ensaio 10: ensaio de microfiltração

Foram realizadas três bateladas de ensaio na unidade piloto de microfiltração

tangencial sendo a primeira com água destilada, a segunda com efluente que recebeu pré-

tratamento por coagulação/floculação/precipitação e a terceira com o efluente sem pré-

tratamento, ou seja, aquele coletado do decantador secundário da ETE da indústria estudada.

Os residuais de turbidez, cor aparente, cor verdadeira, DQO e lignina, obtidos após o

tratamento são apresentados na tabela 5.20. São apresentados também os demais resultados

das análises realizadas nessa amostra. Ressalta-se que os resultados apresentados foram

medidos na amostra composta formada pela coleta de aproximadamente um litro de

sobrenadante de cada jarro e união dessas amostras em um único recipiente, sendo que as

configurações operacionais empregadas foram iguais em todos os jarros.

Tabela 5.20: Resultados das análises realizadas no efluente coletado após tratamento por

coagulação/floculação/sedimentação

Turbidez (uT) Cor Aparente

(uC)

Cor verdadeira

(uC) DQO (mg/L)

Lignina

(mgFenol/L) pH

1,9 92 79 78 21,9 6,8

DBO (mg/L) ST (mg/L) SST (mg/L) Condutividade

(µS/cm²)

Alcalinidade

(mgCaCO3/L) OD

4,2 1242 1 1917 55,2 9,79

Comparando os valores iniciais apresentados na tabela 5.19 com os residuais

apresentados na tabela 5.20 observa-se que o tratamento por

coagulação/floculação/sedimentação proporcionou remoção de 98% de turbidez, 95% de cor

aparente, 93% de cor verdadeira, 75% de DQO e 63% de lignina. Esses resultados mostram

que, conforme já havia sido observado nos ensaios anteriores, o tratamento empregado

apresentou bons resultados de remoção de todos os parâmetros analisados.

Page 112: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

94

Stephenson e Duff (1996) pesquisaram a aplicação dos processos de coagulação e

precipitação empregando sulfato de alumínio, cloreto de alumínio, sulfato de ferro e cloreto

de ferro como coagulantes, em efluente combinado do branqueamento quimiotermomecânico

e termomecânico. Os autores objetivaram encontrar a faixa de operação de pH de cada

coagulante e comparar as eficiências de remoção dos contaminantes obtidas por cada um

desses. Similarmente ao que foi obtido nessa pesquisa, os autores concluíram que os sais de

ferro e alumínio foram capazes de remover entre 90-98% da cor e da turbidez, e que esse

resultado foi fortemente influenciado pelo pH.

Apesar disso, o principal objetivo do ensaio 10 não foi verificar as remoções

proporcionadas pelo tratamento, já que isso foi explorado nos ensaios anteriores, e sim

verificar se a aplicação desse tratamento melhoraria o fluxo de permeado durante a operação

na unidade piloto de microfiltração.

Nesse sentido, para cada batelada de ensaio na unidade piloro, foi medido o volume de

permeado coletado no intervalo de 30 minutos. A partir desse volume e conhecida a área da

membrana (0,00465m²), foi possível calcular o fluxo de permeado em litros por hora para

cada metro quadrado de membrana. Na tabela 5.21 estão apresentados os resultados para o

ensaio feito com água destilada, na tabela 5.22 os resultados para o ensaio feito com o

efluente que recebeu pré-tratamento e na tabela 5.23 os resultados para o ensaio feito com o

efluente sem pré-tratamento.

Almeida (2002) avaliou o fluxo durante a operação de uma unidade de ultrafiltração

com o efluente de indústria de papel e celulose e também com água limpa e comparou os

resultados, observando queda do fluxo ao longo da operação com o efluente.

Tabela 5.21: Características da operação com água destilada na unidade piloto de

microfiltração

Tempo

(min)

Volume de

permeado

(mL)

Volume de

permeado

(L)

Vazão de

permeado

(L/h)

Fluxo de

permeado

(L/h.m²)

T

(°C)

0 0 - - - 19

30 760 0,76 1,52 320,00 21

60 870 0,87 1,74 366,32 23

90 1024 1,024 2,048 431,16 24,5

120 1095 1,095 2,19 461,05 25,5

150 1175 1,175 2,35 494,74 26

180 1220 1,22 2,44 513,68 26,5

Page 113: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

95

Tabela 5.22: Características da operação com efluente que recebeu pré-tratamento na unidade

piloto de microfiltração

Tempo

(min)

Volume de

permeado

(mL)

Volume de

permeado

(L)

Vazão de

permeado

(L/h)

Fluxo de

permeado

(L/h.m²)

T

(°C)

0 0 - - -

30 245 0,245 0,49 103,16 25

60 180 0,18 0,36 75,79 28

90 150 0,15 0,3 63,16 29

120 150 0,15 0,3 63,16 29

150 140 0,14 0,28 58,95 29

180 120 0,12 0,24 50,53 29

Tabela 5.23: Características da operação com efluente sem pré-tratamento na unidade piloto

de microfiltração

Tempo

(min)

Volume de

permeado

(mL)

Volume de

permeado

(L)

Vazão de

permeado

(L/h)

Fluxo de

permeado

(L/h.m²)

T

(°C)

0 0 - - - 23

30 780 0,78 1,56 328,42 29

60 710 0,71 1,42 298,95 28

90 710 0,71 1,42 298,95 30

120 720 0,72 1,44 303,16 31

150 650 0,65 1,3 273,68 32

180 650 0,65 1,3 273,68 32

A partir do cálculo do fluxo de permeado de cada batelada foi possível comparar se

houve diminuição desse fluxo durante a filtração do efluente com e sem pré-tratamento. Essa

comparação entre os fluxos está demonstrada na figura 5.58.

Page 114: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

96

0,00

100,00

200,00

300,00

400,00

500,00

600,00

30 60 90 120 150 180

Tempo de operação (min)

Fluxo permeado (L/h.m²)

água destilada

efluente bruto

efluente tratado

Figura 5.58: Fluxo do permeado durante a operação na unidade piloto de microfiltração

tangencial

Observou-se que ao longo dos 180 minutos o fluxo da água destilada aumentou. Isso

ocorre devido ao aumento da temperatura ao longo da operação, que diminui a viscosidade da

água e facilita a passagem da mesma através dos poros da membrana. Para as demais

operações, para os dois efluentes filtrados, com e sem pré-tratamento, esse fluxo diminuiu ao

longo do tempo devido ao entupimento de parte dos poros, causado pela deposição de

material sobre e entre os poros do leito filtrante. Nota-se, no entanto, que o fluxo do efluente

que foi previamente tratado foi maior que o fluxo do efluente sem pré-tratamento. Ao final da

operação, o fluxo do efluente que passou pelo pré-tratamento foi igual a 275,78L/h.m²

enquanto que o fluxo do efluente bruto foi igual a 50,53L/h.m².

Durante toda a operação, além de medir o volume de permeado para calcular o fluxo,

eram feitas análises de turbidez, cor aparente, cor verdadeira e DQO, para verificar se haveria

remoção desses parâmetros pela microfiltração, além das demais análises propostas na

metodologia. Os resultados das análises realizadas nas amostras de permeado coletadas a cada

30 minutos de operação com efluente sem pré-tratamento são apresentados na tabela 5.24. Já

na tabela 5.25 são apresentados os resultados das análises que foram feitas somente na

amostra composta, formada pela união de todas as amostras de permeado coletadas.

Page 115: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

97

Tabela 5.24: Residuais de turbidez, cor aparente, cor verdadeira e DQO e resultados das

demais análises após tratamento por microfiltração do efluente sem pré-tratamento

Tempo

(min)

Turbidez

(uT)

Cor

aparente

(uC)

Cor

verdadeira

(uC)

DQO

(mg/L) pH

Condutividade

(µS/cm²)

Alcalinidade

(mgCaCO3/L)

0 - - - - - - -

30 11,4 383 302 128 8,2 1264 68,25

60 10,3 370 311 116 8,42 1302 74,25

90 12 356 318 112 8,48 1338 72

120 11,1 355 316 108 8,48 1252 60,75

150 11,4 357 288 111 8,6 1325 67,13

180 7,54 324 255 102 8,53 1294 55,88

Tabela 5.25: Resultados das análises realizadas na amostra composta após tratamento por

microfiltração do efluente sem pré-tratamento

Tempo

(min) ST (mg/L)

DBO

(mg/L)

Lignina

(mgFenol/L)

180 818 5 23,5

A passagem do efluente do decantador secundário pela membrana proporcionou

melhoria na qualidade deste, já que removeu turbidez, cor aparente e verdadeira e DQO. Na

figura 5.59 estão apresentados os resultados de remoção desses parâmetros no permeado

coletado durante a operação com o efluente bruto.

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

70,00

80,00

90,00

100,00

30 60 90 120 150 180

Efi

ciên

cia

de

rem

oçã

o (

%)

tempo de operação (min)

Eficiências de remoção da microfiltração do efluente do

decantador secundário

turbidez

cor aparente

cor verdadeira

DQO

Sólidos totais

lignina

Figura 5.59: Resultados das remoções de turbidez, cor aparente, cor verdadeira, DQO, ST,

DBO e lignina, obtidas na microfiltração do efluente bruto, no ensaio 10

Page 116: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

98

A microfiltração levou a bons resultados de remoção dos parâmetros analisados.

Houve remoção de praticamente 90% de turbidez, 80% de cor aparente, 75% de cor

verdadeira, 65% de DQO, 60% de lignina e 40% de sólidos totais. No entanto, o fluxo dessa

operação foi baixo quando comparado ao fluxo da operação com efluente pré-tratado por

coagulação/floculação/sedimentação. Isso significa que houve entupimento dos poros durante

e filtração desse efluente.

Todo esse roteiro de análises foi realizado para as amostras de permeado e para a

amostra composta, coletadas durante a operação da microfiltração do efluente tratado

previamente por coagulação/floculação/sedimentação. Os resultados dos residuais de turbidez,

cor aparente e verdadeira e DQO e das demais análises realizadas nas amostras de permeado

coletadas a cada 30 minutos de operação e na amostra composta, são apresentados nas tabelas

5.26 e 5.27, respectivamente.

Tabela 5.26: Residuais de turbidez, cor aparente, cor verdadeira e DQO e resultados das

demais análises após tratamento por microfiltração do efluente previamente tratado

Tempo

(min)

Turbidez

(uT)

Cor

aparente

(uC)

Cor

verdadeira

(uC)

DQO

(mg/L) pH

Condutividade

(µS/cm²)

Alcalinidade

(mgCaCO3/L)

0 - - - - - - -

30 1,6 87 81 74 7,7 1529 39,6

60 1,1 92 92 70 7,7 1728 56,7

90 1,1 103 97 85 8 1773 48

120 1,1 110 104 103 8,2 1787 48,6

150 1,5 123 106 88 8,4 1792 48,6

180 1,6 128 118 106 8,5 1783 41,7

Tabela 5.27: Resultados das análises realizadas na amostra composta após tratamento por

microfiltração do efluente previamente tratado

Tempo

(min) ST (mg/L)

DBO

(mg/L)

Lignina

(mgFenol/L)

180 1105 3 15,9

As remoções obtidas pela microfiltração do efluente tratado previamente por

coagulação/floculação/sedimentação está apresentada na tabela 5.28.

Page 117: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

99

Tabela 5.28: Resultados das remoções de turbidez, cor aparente, cor verdadeira, DQO, ST,

DBO e lignina

Eficiências de remoção (%)

Tempo

(min) Turbidez

Cor

aparente

Cor

verdadeira DQO ST DBO Lignina

30 16,13 5,43 -2,53 5,13 NR NR NR

60 40,86 0,00 -16,46 10,26 NR NR NR

90 42,47 -11,96 -22,78 -8,97 NR NR NR

120 39,25 -19,57 -31,65 -32,05 NR NR NR

150 18,82 -33,70 -34,18 -12,82 NR NR NR

180 11,83 -39,13 -49,37 -35,90 NR NR NR

Composta NR NR NR NR 11,03 28,10 27,40

*NR: Não realizado

A microfiltração do efluente tratado previamente por

coagulação/floculação/sedimentação permitiu reduzir ainda mais a turbidez, já que houve

remoção de até 42% desse parâmetro além dos 98% que já havia sido obtido somente com o

pré-tratamento.

Já a remoção de cor e DQO não foram tão eficientes quanto a remoção de turbidez,

mostrando que a membrana de microfiltração apresentou maior facilidade em remover

material particulado, de maior dimensão, do que material dissolvido, responsável por conferir

cor. A remoção de cor poderia ser melhorada com aplicação de processos oxidativos

avançados. Destaca-se que o fluxo da operação desse efluente tratado previamente foi muito

maior que o fluxo do efluente sem pré-tratamento. Isso mostrou que, nesse caso, o

entupimento dos poros foi menor, ou seja, houve menor colmatação do leito filtrante.

Contudo, mesmo com esse leve aumento de cor e DQO no efluente filtrado, o conjunto

coagulação/floculação/sedimentação ainda apresentou remoções elevadas dos parâmetros

analisados e os resultados dessas remoções são apresentados na figura 5.60.

Page 118: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

100

0

20

40

60

80

100

120

30 60 90 120 150 180

Efi

ciên

cia

de

rem

oçã

o (

%)

tempo de operação (min)

Eficiências de remoção proporcionadas pelo conjunto

coagulação/floculação/sedimentação + microfiltração

turbidez

cor aparente

cor verdadeira

DQO

Sólidos totais

DBO

lignina

Figura 5.60: Resultados das remoções de turbidez, cor aparente, cor verdadeira, DQO, ST,

DBO e lignina, obtidas pelo conjunto coagulação/floculação/sedimentação conjugado à

microfiltração, no ensaio 10

Page 119: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

101

6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

A partir dos resultados apresentados no capítulo anterior obtidos nas diversas etapas

desta pesquisa, chegaram-se às seguintes conclusões:

O efluente industrial, ao contrário do efluente sanitário, apresentou particularidades,

sendo difícil a definição prévia de quais seriam as respostas para cada condição

operacional empregada. Além disso, o efluente apresentou pouca homogeneidade ao

longo do tempo de observação dessa pesquisa, o que dificultou o estabelecimento de

condições ótimas de operação do tratamento empregado no laboratório.

Os ensaios preliminares de coagulação/floculação/sedimentação mostraram que o

coagulante utilizado individualmente não apresentou bons resultados de remoção dos

contaminantes, sendo necessária a adição de um polímero como auxiliar de floculação.

Ao longo dos ensaios preliminares foi possível concluir também que as velocidades de

sedimentação tiveram menos influência na eficiência do tratamento do que as

dosagens de coagulante e polímero.

Dentre os três polímeros aniônicos testados o que proporcionou melhores resultados

de remoção de turbidez, cor aparente e DQO foi o PRAESTOL 2540, cuja faixa de

operação de pH indicada pelo fabricante é entre 06 e 10 e o pH de coagulação obtido

nos ensaios com esse polímero estiveram dentro dessa faixa.

Houve significativa melhora nas características de sedimentabilidade do lodo nas

configurações em que foi utilizado coagulante combinado com polímero. Isso foi

observado por meio da redução do valor do IVL dessas amostras, sendo que, naquelas

em que só havia aplicação de coagulante o IVL atingiu valores superiores a 100mL/g,

sendo classificado como lodo de sedimentabilidade média e naquelas onde havia

adição de polímero juntamente com o coagulante o IVL baixou para até 12,51mL/g,

sendo classificado como lodo de ótima sedimentabilidade.

De acordo com os resultados obtidos na segunda fase da etapa 02 foi possível concluir

que não havia necessidade do emprego de 10 minutos de floculação uma vez que o

tempo de 07 minutos levou a bons resultados de remoções de turbidez, cor e DQO. No

entanto, na tentativa de aperfeiçoar ainda mais o tratamento, o tempo de floculação foi

diminuído para 05 minutos e, nesse caso, não ocorreram bons resultados de remoção

dos parâmetros analisados. Concluiu-se então que o melhor tempo de floculação para

o caso estudado foi de 07 minutos.

Page 120: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

102

Concluiu-se também que a dosagem de 250mg/L de PAC, combinado com polímero é

a mais eficiente em termos de remoção de turbidez, cor aparente e verdadeira e DQO.

Quando não houve aplicação de polímero como auxiliar de coagulação o tratamento

não foi eficiente, os flocos não foram formados na fase de floculação e, por

conseguinte, não houve boa clarificação do sobrenadante na etapa de sedimentação.

Quando da aplicação da melhor dosagem de coagulante obtida com variação somente

da dosagem de polímero, condição que foi testada no último ensaio de

coagulação/floculação/sedimentação, foi possível concluir que a menor dosagem de

polímero empregada foi efetiva na remoção de todos os parâmetros analisados, sendo

que o aumento dessa dosagem não causa aumento proporcional nessas eficiências de

remoção.

A melhor condição operacional, definida pelos ensaios de

coagulação/floculação/sedimentação foi a combinação de 250mg/L de polímero com

1mg/L de polímero aniônico. Essa configuração proporcionou remoção de 98% de

turbidez, 95% de cor aparente, 93% de cor verdadeira e 75% de DQO.

Além desses parâmetros, que foram monitorados ao longo de todas as etapas da

pesquisa, houve remoção de 60% de AOX e 70% de lignina, demonstrando que o

tratamento empregado foi eficiente também na remoção desses compostos.

A unidade piloto de microfiltração tangencial melhorou a qualidade final do efluente

da indústria de papel e celulose empregada. Houve remoção de 90% de turbidez, 80%

de cor aparente, 75% de cor verdadeira, 65% de DQO, 60% de lignina e 40% de

sólidos totais. No entanto, o fluxo de filtração dessa operação foi baixo.

A aplicação de pré-tratamento por coagulação/floculação/sedimentação aumentou o

fluxo de filtração na unidade piloto de microfiltração. O fluxo da filtração do efluente

previamente tratado foi 275,78L/h.m² enquanto o fluxo da filtração do efluente que

não recebeu pré-tratamento foi de 50,53L/h.m². Isso mostrou que o pré-tratamento por

coagulação/floculação/sedimentação é eficiente na diminuição da colmatação da

membrana ao longo da operação, permitindo um bom fluxo de operação.

A microfiltração do efluente previamente tratado proporcionou ainda remoção de até

40% da turbidez remanescente, que já apresentava um valor bastante reduzido devido

ao pré-tratamento empregado.

O conjunto coagulação/floculação/sedimentação conjugado à microfiltração

proporcionou ótimos resultados para remoção de turbidez, cor, DQO, sólidos totais,

Page 121: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

103

DBO e lignina. Ao longo da operação, o residual de turbidez chegou a valores

próximos de 1uT, a cor aparente remanescente foi próxima de 100uC e o residual de

DQO chegou a 70mg/L, sendo que isso representou remoção de 78% em relação a

amostra bruta, coletada na ETE da indústria.

Por acreditar-se que o tratamento físico-químico de efluentes industriais tende a se

difundir, mas que ainda necessita de investigações, ficam as seguintes sugestões para

pesquisas posteriores:

O polímero aniônico apresentou bons resultados na remoção dos parâmetros

observados, no entanto, por existir uma grande variedade de polímeros disponíveis no

mercado, sugerem-se novos trabalhos com aplicação de polímeros diferentes.

Pesquisar além dos polímeros sintéticos, polímeros naturais, que podem ter bons

resultados com menores custos, além de possíveis melhorias nos aspectos ambientais.

Avaliar os custos da implantação do pós-tratamento estudado nessa pesquisa para

discutir a respeito da viabilidade do emprego deste em escala real.

Estudar possíveis formas de reúso do efluente gerado a partir das tecnologias

empregadas e avaliar o impacto econômico e ambiental dessa alternativa.

Testar a microfiltração do efluente previamente tratado com outras configurações

operacionais de coagulação/floculação/sedimentação, para avaliar o desempenho da

operação.

Page 122: Aplicação da coagulação, floculação e sedimentação como pós

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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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