Universidade Federal do Pará
Instituto de Geociências
Programa de Cursos Lato Sensu a Distância
Curso de Especialização em Rochagem e Remineralização de Solos
Apostila: Anotações e perguntas sobre solos
brasileiros (SiBCS)
Professor: Anderson Martins de Souza Braz
Universidade Federal Rural da Amazônia
Belém-PA
2020
CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS
1. Introdução
A ciência da classificação parece ter se
iniciado na antiga Grécia. Entretanto, o ato de
classificar, ou seja, de reconhecer similaridades e
grupar objetos e organismos nelas baseados, vem
desde o homem primitivo. Aliás, mesmo antes do
homem, a capacidade de classificar (selecionar ou
adaptar-se a determinados ambientes) foi um
importante fator na evolução biológica. Um
simples ser primitivo como uma ameba, por
exemplo, não reage à determinada partícula
alimentar do mesmo modo.
A busca constante de conhecer e tentar
entender o ambiente e os fatos que o rodeiam foi
uma constante ao longo da evolução humana. A
passagem da simples atividade de caça, pesca e
coleta, para a agricultura, certamente levou o
homem a se deparar com novas e diversas
situações, exigindo sempre novas ações de
convivência e, ou de redução dos problemas. Isto,
forçosamente, o estimulou a uma maior atenção
para com vários aspectos do ambiente, tais como:
tipo de vegetação, freqüência de chuvas e de
inundações; dureza do solo para a escavação;
aspereza (textura mais, ou menos, arenosa);
adaptação das plantas cultivadas em determinado
tipo de terreno, sucesso de safras, etc.
Classificar é conhecer, organizar,
estratificar e simplificar. É ordenar ou dispor os
objetos de interesse, de acordo com suas
características e semelhanças, em classes (grupos)
definidas, que deverão ser dispostas em um sistema
hierarquizado. É um contínuo processo de seleção
e ajustes cujos erros tendem a ser corrigidos pelos,
às vezes, dolorosos equívocos.
A classe é, portanto, um grupo de indivíduo,
ou um grupo de outras classes similares em
propriedades selecionadas e distintas de outras
classes de uma mesma população. É, assim, algo
concebido pela mente humana na tentativa de
organizar uma situação específica. A população,
por sua vez, é um conjunto de todos indivíduos.
Partindo-se da premissa de que a
classificação trabalha com a diversidade de fatos e
objetos, pode afirmar que seus principais objetivos
podem ser assim resumidos:
1- buscar a ordem existente (se houver
alguma) na diversidade;
2- procurar de alguma forma descrever essa
diversidade;
3- entender os processos responsáveis pela
geração da diversidade;
4- estabelecer um sistema geral de
ordenamento da diversidade em pauta.
Por estas e outras razões, a classificação
permite relembrar e transferir o conhecimento
adquirido com facilidade. Conseqüentemente,
possibilita a economia de tempo e de memória,
numa relação benefício/custo favorável.
O termo classificação inclui: o processo de
classificar, ou seja, o estabelecimento de seus
princípios e métodos, e o produto deste processo,
isto é, o sistema de classificação. O sistema de
classificação refere-se ao conjunto hierárquico de
todas as categorias de objetos ou organismos
classificáveis, em uma estrutura ou sistema
conceitual (Figura 1). A natureza, precisão e grau
de refinamento deste grupamento vai depender, do
nível de conhecimento a respeito de cada um.
POUCOS INDIVÍDUOS
COM MUITA COISA EM
COMUM
9 10 8
11
4 5
12 13
6
IV 14
7 III
IV
e
d f III
b c
2 3 II II
a
I I 1
MUITOS
INDIVÍDUOS
HETEROGÊNEOS
Figura 1. Esquema mostrando as classes (1 a 14), nos diferentes níveis categóricos (I a IV). A classe 1 está no
nível categórico I, classes 2 e 3 no nível II e assim por diante.
I
N
F
O
R
M
A
Ç
Ã
O
A
B
R
A
N
G
Ê
N
C
I
A
Classificar é uma tarefa relativamente fácil.
Trata-se apenas de enquadrar o objeto a ser
classificado nos níveis categóricos estabelecidos.
Estabelecer as características que possibilitarão a
diferenciação dos objetos nem sempre é simples.
Embora idealmente todas as propriedades
devessem ser consideradas na diferenciação entre
as classes, por exemplo, entre as classes 2 e 3
(bifurcação a na Figura 1), apenas poucas são
utilizadas. São as chamadas características
diferenciais.
As características diferenciais têm por
objetivo distinguir uma classe da outra. Sua
funcionalidade está relacionada com o grau de
covariação com outras características, chamadas
acessórias ou covariantes. Quanto maior o
número de covariantes que a característica
diferencial conseguir englobar, maior será seu
valor. Por exemplo, a CTC é uma característica
amplamente utilizada nos sistemas de classificação
de solos. Fornece boas indicações a respeito de
outras características como soma e saturação de
bases, adsorção de íons, retenção de umidade,
consistência, etc. Nem toda ou qualquer
característica, serve como diagnóstica aos
propósitos que se têm em mente.
Nos sistemas de classificações baseados na
morfologia e na gênese dos solos (sistemas morfo-
genéticos, como o SiBCS), as características
diferenciais devem ser propriedades observadas no
campo e estarem relacionadas com a gênese do
solo, pois assim terão maior número de covariantes.
É por isso que no nível categórico mais elevado
(ordem) o reconhecimento dos horizontes super e
subsuperficiais é utilizado.
A classificação é um processo que se
aperfeiçoa continuamente. Não é uma verdade que
se procura, mas sim um artifício criado pelo
homem para facilitar sua lida com a diferenciação
de objetos, organismos, ambientes etc. Para tanto,
há uma lista básica de características desejáveis na
elaboração de um sistema de classificação,
conforme cita Smith (1970), ao mencionar aqueles
que nortearam a estruturação do Sistema
Americano de Classificação de Solos (Soil
Taxonomy):
1- A definição de cada grupo, táxon, ou classe,
deve ter, quanto possível, o mesmo significado para
todo o mundo;
Dizer que um Luvissolo tem argila de
atividade alta, sem expressar o valor que define este
critério, não transmite a idéia que se quer
transmitir, de forma clara. Na quantificação, o
método utilizado deve ser indicado para que a
idéia de classe seja eficiente. Por exemplo, o valor
de CTC determinada a pH 7,0 com acetato de
cálcio é diferente daquele determinado com acetato
de amônio a este mesmo valor de pH;
2- O sistema deve ser multicategórico
Trata-se de um sistema hierárquico em que
grupos menores são agrupados dentro de grupos
maiores (série em família; família em subgrupo;
subgrupo em grande grupo; grande grupo em
subordem e subordem em ordem).
Ao referir-se aos solos de uma região como
simplesmente Latossolos, apenas se expressa um
determinado teor de informação: um grande
número de indivíduos com horizonte diagnóstico
Bw, subjascente a qualquer tipo de horizonte A (ou
seja, todos os Latossolos possíveis). Ao expressar-
se Latossolos Vermelhos, por outro lado, já permite
dizer muito mais a respeito de um número
substancialmente menor de Latossolos. Já
Latossolo Vermelho perférrico refere-se a uma
classe bem menos abrangente do que as duas
anteriores, exigindo maiores informações para sua
classificação. A ordenação hierárquica
(multicategórica), ajuda a mente relembrar
propriedades e entender as relações entre os solos,
ou aos objetos que se classificam.
3- As classes devem referir-se a solos que ocupem
áreas geográficas.
A classificação deve basear-se em
indivíduos reais. Isto é, deve-se evitar uma pré-
classificação de solos não conhecidos.
4- As características diferenciais devem ser
propriedades do solo, que podem ser observadas no
campo ou ser inferidas de outras propriedades
observadas no campo ou da combinação de dados
das várias áreas da ciência do solo e de outras
disciplinas.
Os valores de CTC corrigida que
caracterizem solos com argila de atividade alta
(Vertissolos, por exemplo) não podem ser
determinados diretamente no campo, mas que
podem ser inferidas, com relativa segurança, pela
constatação de fendilhamentos muito
pronunciados, presença de slikensidades, estrutura
paralepipédica, plasticidade e pegajosidade muito
acentuadas.
A estrutura muito pequena granular (“pó de
café”) em um Latossolo de textura argilosa ou
muito argilosa, numa superfície de aplainamento
antiga, como nos chapadões do Planalto Central,
sugere mineralogia da fração argila mais oxídica e
solos, em sua maioria, de estrutura granular e
ácricos.
5- A taxonomia deve ser modificável para
permitir a incorporação de novos conhecimentos
com um mínimo de perturbação.
A classificação é um processo contínuo e
que reflete o conhecimento atual que se tem de um
solo. Portanto, ela deve ser flexível o suficiente
para permitir a incorporação de novos
conhecimentos. Isto pode ser feito pela adição de
uma nova classe, pela combinação ou divisão de
outras, não descartando, inclusive, a própria
eliminação de alguma classe.
As modificações não devem ser, entretanto,
constantes e sem uma base sólida de conhecimento.
Isto acarreta muita confusão para o usuário e
descrença no sistema.
6- As características diferenciais, tanto quanto
possível, devem permanecer constantes, quer para
um solo virgem quer para este mesmo solo após ser
modificado pelo uso de forma a se enquadrarem em
um mesmo táxon.
É inconveniente que a cada modificação de
características de horizontes superficiais o solo seja
classificado em uma outra classe. Esta, talvez, seja
uma das mais fortes razões das classificações
utilizarem como horizontes diagnósticos,
preferencialmente os de subsuperfície.
7- O sistema deve prover classes para todos os
solos na paisagem
Os solos formam um “continuum” na
paisagem. Este “continuum” deve ser segmentado
em um razoável número de segmentos que tenham
variações limitadas e definidas de propriedades, de
maneira que interpretações quantitativas a respeito
do solo possam ser feitas. Ou seja, a falta de
capacidade, e, ou de conhecimento, de se avaliar e
compreender a ocorrência e distribuição de um solo
na paisagem, não deve ser fator que impeça a sua
classificação.
A necessidade de se ter um sistema de
classificação de solos é essencial para os trabalhos
de levantamentos pedológicos, os quais, por
natureza, são os verdadeiros indutores da
classificação de solos. Ter um sistema taxonômico
bem elaborado é decisivo na transferência de
conhecimento adquirido com a pesquisa, ou mesmo
com a prática, uma vez que facilita a
comunicação, entre outros fatores, pelo emprego de
linguagem padronizada.
Constitui objetivo principal destas notas,
divulgar o sistema de classificação de solos em uso
no país a partir de 1999. A idéia é sensibilizar o
estudante, e o público em geral, da importância de
se ter uma nomenclatura padronizada e baseada em
conceitos bem estabelecidos, ainda que propensos
a alterações com o evoluir do conhecimento.
Pretende-se com isto, preparar o aluno para lidar e
a interpretar os termos empregados em
classificação que, em geral, apresentam veiculação
a nível mundial, certamente que necessitando
alguns ajustes para uma ou outra situação.
Não é nosso propósito desfazer o mito de
que a linguagem da classificação é complexa. É
nosso esforço, entretanto, ensinar para evitar que
nomes criados com o intuito de simplificar, muitas
vezes são indesejados, inapropriados e vazios, por
não traduzirem em maiores e mais precisas
informações a respeito do recurso de solos de uma
região, estado ou país, o que dificulta a
transferência de conhecimento e o planejamento
agrícola como um todo.
É importante destacar que o material, apesar
de sintético, tenta ser o mais abrangente e
informativo possível. É fruto de pesquisa de várias
fontes bibliográficas e, ou do conhecimento pessoal
dos autores, sendo amplamente discutido, ilustrado
e complementado nas aulas teóricas e práticas.
Assim, para seu melhor aproveitamento,
recomenda-se o seu complemento com as
anotações próprias de cada estudante, em sala de
aula.
2. Sistema Brasileiro de Classificação de Solos
A classificação de solos é um trabalho
indutor de levantamentos de solos. A classificação
de solos empregada nos levantamentos de solos que
se verificaram no país, a partir dos anos cinqüenta,
foi baseada mais em uma ”legenda” relativamente
organizada, contendo classes de solos com as
devidas “fases” de relevo, vegetação,
pedregosidade e, ou rochosidade, do que em um
sistema taxonômico, propriamente dito.
Grande parte da nomenclatura das classes de
solos desta legenda, e mesmo do atual SiBCS
vigente, foi baseada no antigo sistema americano
de Baldwin et al.(1938), modificado por Thorp e
Smith (1949).
Apesar da dimensão do país e a diversidade
de solos, um fato positivo a se ressaltar é que
sempre houve uma preocupação em padronização
de conceitos e de nomenclatura, de certa forma
facilitada em razão do caráter mais generalizado
dos mapeamentos que se produziram até meados da
década de oitenta. Isto facilitou a estruturação do
atual sistema (Embrapa, 1999), que ainda se
encontra em fase de ajustes.
A estruturação do Sistema Brasileiro de
Classificação de Solos (SiBCS) (Embrapa, 1999)
baseia-se no Sistema Americano (Soil Taxonomy
– USDA), com as adequações pertinentes às
condições brasileiras, consonantes com aquilo que
vinha se realizando no Brasil em termos de esboço
de classificação de solos. Sua estruturação é
descendente seguindo os seguintes níveis
categóricos: ordem, subordem, grande grupo,
subgrupo, família e série (Figura 2).
O elemento de classificação é o perfil do
solo. A expressão dos fatores e processos de
formação, responsáveis pelo aparecimento de
características morfológicas identificáveis no
campo e, ou mais raramente por análises físico-
químicas são decisivas para a separação de classes
nos níveis taxonômicos mais elevados (ordem e
subordem). A medida que se busca enquadrar os
solos em níveis categóricos mais baixos, a
dependência de laboratório é cada vez maior.
Assim, a presença ou o arranjamento deste
ou daquele horizonte diagnóstico superficial e
subsuperficial, ou mesmo a ausência de arranjo
entre horizontes, juntamente com as características
(atributos) físico-químicas selecionadas para a
distinção de classes, é que constitui a base de
estruturação do sistema. Atualmente, são
reconhecidas 13 classes de solos em nível de
ordem; a dos Alissolos foi eliminada. Nenhuma
destas treze classes está completamente estruturada
em nível de família ou série. Há, ainda, muito
trabalho a ser feito.
O SiBCS está estruturado com base na
presença de horizontes e atributos diagnósticos,
conforme descritos a seguir:
1º NÍVEL
2º NÍVEL
3º NÍVEL
ORDEM: Atuação de processos/fatores de formação expressos pela
ausência ou presença de atributos, horizontes ou propriedades passíveis de
identificação.
SUBORDEM: Atuação de processos de formação que atuaram em conjunto
com aqueles definidores do 1º nível; ausência de diferenciação de horizontes
diagnósticos; propriedades importantes para o desenvolvimento de plantas
e usos não agrícolas; atributos diferenciais que apresentam informações
importantes dentro das classes do 1º nível.
GRANDE GRUPO: Tipo e arranjamento de horizontes; atividade da argila;
eutrofia, distrofia, alicidade, sodicidade e salinidade; presença de horizontes
ou propriedades que restringem o desenvolvimento das raízes e afetam o
movimento da água no solo.
SUBGRUPO: Conceito central da classe (típico); intermediários com o 1º,
2º e 3º níveis categóricos; solos extraordinários.
4º NÍVEL
FAMÍLIA: Ainda não definidos, mas que deverão contemplar
propriedades físicas, químicas e mineralógicas de caráter pragmático para
5º NÍVEL
6º NÍVEL
fins de utilização agrícola e não agrícola dos solos.
SÉRIE: Categoria mais homogênea do sistema; características diretamente
relacionadas com o desenvolvimento das plantas.
Figura 2- Representação esquemática dos níveis categóricos do Sistema Brasileiro de Classificação de Solos.
(observe que é menor a informação e maior o número de indivíduos nas classes de níveis superiores, por
exemplo: Ordem – todos os Latossolos; por outro lado, é maior o número de informações (afirmativas) para
as classes de nível inferior, por exemplo: Série – alguns Latossolos específicos.
3. Horizontes Diagnósticos
Uma das resultantes principais da atuação
bioclimática, sobre o material de origem, em
determinada condição de relevo, através do
tempo, é o aparecimento dos horizontes H, O, A,
E, B, C, chamados de genéticos, uma vez que são
resultantes da ação dos fatores de formação.
Embora seu reconhecimento já seja passo para a
identificação de solos, não é suficiente para a sua
classificação (enquadramento em um sistema
taxonômico hierarquizado). É preciso
estabelecer parâmetros para alguns horizontes,
particularmente aqueles de superfície (horizonte
A) e de subsuperfície (horizonte B e, mais
raramente o C). O horizonte H pode ocorrer tanto
na superfície como em subsuperfície. Ao se
estabelecerem parâmetros para estes horizontes,
criam-se os chamados horizontes diagnósticos,
que servirão de base para a classificação dos
solos.
3.1. Horizontes Diagnósticos Superficiais
3.1.1. De Constituição Mineral (Horizonte A)
3.1.1.1. Horizonte A Húmico
É um horizonte mineral superficial, com
valor e croma (cor do solo úmido) igual ou
inferior a 4 e saturação por bases (V %) inferior
a 65 %, apresentando espessura e conteúdo de
carbono orgânico (C-org) dentro de limites
específicos, conforme os seguintes critérios:
espessura mínima como a descrita para
o horizonte A chernozêmico;
teor de carbono orgânico inferior ao
limite mínimo para caracterizar o horizonte
hístico;
teor total de carbono igual ou maior ao
valor obtido pela seguinte equação:
(C-org, em g/kg, de subhorizontes A
x espessura do subhorizonte, em dm) 60 +
(0,1 x média ponderada de argila, em g/kg,
do horizonte superficial, incluindo AB ou
AC).
Assim, deve-se proceder aos seguintes
cálculos para avaliar se o horizonte pode ser
qualificado como húmico. Inicialmente,
multiplica-se o teor de carbono orgânico (g/kg)
de cada subhorizonte pela espessura do mesmo
subhorizonte, em dm (C-org (g/kg) de cada
subhorizonte A x espessura do mesmo
subhorizonte (dm)). O somatório dos produtos
dos teores de C-org pela espessura dos
subhorizontes, doravante será denominado de C-
org total do horizonte A (C-org total). A seguir,
calcula-se a média ponderada de argila do
horizonte A, a qual é obtida multiplicando-se o
teor de argila (g/kg) do subhorizonte pela
espessura do mesmo subhorizonte (dm) e
dividindo-se o resultado pela espessura total do
horizonte A, em dm (teor de argila dos
subhorizontes A em g/kg x espessura dos
mesmos subhorizontes em dm / espessura total
do horizonte A em dm).
O valor de C-org total requerido para um
horizonte qualificar-se como húmico deve ser
maior ou igual aos resultados obtidos pela
seguinte equação:
C-org total 60 + (0,1 x média
ponderada de argila do horizonte A)
Para facilitar a compreensão dos
procedimentos matemáticos é apresentado, a
seguir, um exemplo prático dos cálculos
realizados em um horizonte A, descrito e
coletado em campo (Tabela 1).
Substituindo a média ponderada de argila
na equação “C-org total 60 + (0,1 x média
ponderada de argila)”, tem-se:
C-org total 60 + (0,1 x 220,74 ) =
82,07.
O valor de C-org total existente no
horizonte A é de 99,78, portanto, maior que
82,07 (considerado como o mínimo requerido
para que o horizonte seja enquadrado como A
húmico) em função do teor médio ponderado de
argila de 220,74 g/kg. Assim, o horizonte usado
como exemplo é húmico.
Tabela 1. Cálculos de C org e C org total realizados em horizonte A.
Sub-
Hori-
zonte
Prof.
(cm)
C-org
Argila
Cálculo da média ponderada da
argila
Cálculo do C-org total
----------------------------------g.kg-1-----------------------------
A1 0 - 31 20,6 200 200 x 3,1dm/6,8 dm=91,18 20,6x3,1dm= 63,86
A2 - 53 10,6 230 230 x 2,2 dm/6,8 dm=74,41 10,6x2,2 dm = 23,32
AB - 68 8,4 250 250 x 1,5 dm/6,8 dm=55,15 8,4x1,5 dm = 12,60
Total = 220,74 Total = 99,78
3.1.1.2. Horizonte A proeminente
Apresenta as mesmas características do
horizonte A chernozêmico, no que se refere a cor,
teor de carbono orgânico, espessura, estrutura e
consistência, diferindo, essencialmente por
apresentar saturação por bases < 65 %. Portanto,
muitas das vezes a separação destes dois
horizontes só é possível após o resultado
analítico.
A exemplo dos horizontes anteriores,
também não é um horizonte de grande expressão
geográfica no país. Tende a ocorrer em áreas de
cotas altimétricas já mais elevadas, e mesmo em
baixadas, muitas vezes associado ao horizonte
húmico, do qual difere pela menor espessura e
conteúdo de carbono orgânico.
3.1.1.3. Horizonte A chernozêmico
É um horizonte mineral escuro e
relativamente espesso, com saturação de bases ≥
65 %, em que íons bivalentes como o cálcio e o
magnésio dominam o complexo de troca.
Sua estrutura é normalmente bem
desenvolvida (moderada ou forte),
dominantemente granular e mais raramente em
blocos subangulares.
Os teores de carbono orgânico são ≥ 6 g
kg-1, e a cor, nos casos mais usuais de solos livres
ou com teores de CaCO3 ≤ 40 g/kg, avaliada em
amostra úmida e úmida amassada, apresenta
croma e valor ≤ 3. Na amostra seca, o limite para
valor pode chegar a 5. Em solos com quantidades
de CaCO3 equivalente > 40 g/kg, os requisitos de
espessura, percentagem de CO e cor são
diferentes e respectivamente: ≥18 cm; ≥ 2,5; ≤ 5
g/kg, para amostra úmida. O clareamento da cor
se dá em razão do poder pigmentante do
carbonato de cálcio.
A espessura do horizonte A
chernozêmico, mesmo quando revolvido, deve
atender a um dos seguintes requisitos:
a) ≥ 10 cm quando diretamente sobre a
rocha;
b) ≥ 18 cm e mais que um terço da
espessura do solum ou da soma dos horizontes A
+ C quando este tiver menos que 75 cm de
espessura; ou
c) ≥ 25 cm se o solum tiver espessura ≥
75 cm.
Este tipo de horizonte é comum em áreas
de materiais de origem ricos em cálcio e
magnésio, com destaque para calcários e basalto,
dentre outros. Normalmente encontram- se sob
vegetação natural graminóide (pradarias, como
na Campanha Gaúcha), não sendo raros, também,
alguns exemplos sob vegetação florestal em
território brasileiro, e nas mais diversas situações
climáticas (sul, nordeste semi-árido e até
Amazônia), ainda que mais raramente. Tendem a
ocorrer em locais com déficit hídrico mais
acentuado.
3.1.1.4. Horizonte A antrópico
É um horizonte formado ou modificado
pelo uso contínuo do solo, pelo homem, como
lugar de residência ou cultivo, por períodos
prolongados, com adições de material orgânico
em mistura ou não com material mineral,
ocorrendo, às vezes, fragmentos de cerâmicas e
restos de ossos e conchas.
O horizonte A antrópico assemelha-se aos
horizontes A chernozêmico ou A húmico, já que
a saturação por bases é variável. Difere deles por
apresentar teor de P2O5 solúvel em
ácido cítrico mais elevado que na parte inferior
do solum.
No Brasil, o registro de solos com este tipo
de horizonte diagnóstico encontra-se na
Amamzônia e refere-se às chamadas Terras
Pretas de Ìndio.
3.1.1.5. Horizonte A fraco
É um horizonte mineral superficial
fracamente desenvolvido, seja pelo reduzido teor
de colóides minerais ou orgânicos ou por
condições externas de clima e vegetação, como
as que ocorrem na zona semi-árida com
vegetação de caatinga.
O horizonte A fraco é identificado pelas
seguintes características:
cor do material de solo com valor 4,
quando úmido, e 6, quando seco;
estrutura em grãos simples, maciça ou
com grau fraco de desenvolvimento;
teor de carbono orgânico inferior a 6
g/kg; e
espessura menor que 5 cm, quando não
satisfizer ao estabelecido nos itens anteriores.
3.1.1.6. Horizonte A moderado
São incluídos nesta categoria horizontes
superficiais que não se enquadram no conjunto
das definições dos demais horizontes
diagnósticos superficiais.
Em geral o horizonte A moderado difere
dos horizontes A chernozêmico, proeminente e
húmico pela espessura e/ou cor e do A fraco pelo
teor de carbono orgânico e estrutura, não
apresentando ainda os requisitos para
caracterizar o horizonte hístico ou o A antrópico.
É o horizonte superficial mineral de maior
ocorrência em solos do território brasileiro.
3.1.2. De Constituição Orgânica (Horizonte
Hístico)
É um horizonte muito escuro, constituído
de material predominantemente orgânico
depositado sob condições de saturação de água
(horizonte H), por longos períodos ou todo o ano,
ou mesmo em condições de drenagem mais livre,
portanto sem estagnação de água (horizonte O),
condicionado pelo clima úmido e frio de alguns
ambientes altimontanos.
Apresenta elevados teores de carbono
orgânico (CO ≥ 80 g/kg) e uma das seguintes
espessuras:
a) ≥ 20 cm; b) ≥ 40 cm, quando 50 % (volume) ou
mais do horizonte for constituído por material
orgânico na forma de restos de ramos e de raízes
finas, cascas e galhos de árvores, excluindo as
partes vivas, ou quando a densidade do solo
úmido for ≤ 0,1 g/cm3;
c) > 10 cm, quando sobrejacente à rocha
fresca (contato lítico), ou a material grosseiro
(cascalho, calhaus e matacões) constituído de
mais de 90 % de fragmentos de rocha.
O limite superior de carbono orgânico do
horizonte A chernozêmico corresponde ao limite
inferior excludente do horizonte hístico.
Este tipo de horizonte é mais comum em
solos de drenagem deficiente, com destaque para
a classe dos Organossolos e mesmo alguns
Gleissolos. Menos freqüentemente são
observados em Cambissolos de regiões
altimontanas, sob clima frio e úmido.
3.2. Horizontes Diagnósticos Subsuperficiais
3.2.1. Horizonte B textural (Bt)
O horizonte B textural (Bt) é um horizonte
mineral, subsuperficial, de coloração
avermelhada, amarelada, e mais raramente
acinzentada, com textura franco arenosa ou mais
fina, onde houve incremento de argila (fração <
0,002 mm) decorrente, principalmente, de sua
eluviação do horizonte A com o conseqüente
acúmulo no B, e, ou de sua perda do horizonte A
por erosão diferencial. No primeiro caso, a
natureza coloidal da argila possibilita sua
mobilidade em profundidade, se a percolação
com água for relevante. No segundo, a menor
densidade da argila em relação ao silte e a areia
facilita sua retirada do sistema, particularmente
pela erosão hídrica.
O conteúdo de argila do horizonte B
textural (Bt) é maior que o do horizonte A, de
maneira que a relação textural (RT) do horizonte
B em relação ao horizonte A satisfaça a uma das
alternativas abaixo:
nos solos com mais de 400 g de
argila/kg de solo no horizonte A, a RT tem que
ser maior que 1,5; ou
nos solos com 150 a 400 g de argila/kg
de solo no horizonte A, a RT tem que ser
maior que 1,7; ou
nos solos com menos de 150 g de
argila/kg de solo no horizonte A, a RT tem que
maior que 1,8.
Este cálculo é feito pela divisão da média
aritmética do teor de argila total do horizonte B
(excluído o BC) pela média de argila total de A,
de conformidade com os itens que se seguem:
se o horizonte A tem menos que 15 cm
de espessura, considerar uma espessura máxima
de 30 cm a partir do topo do horizonte B
(inclusive BA) para o cálculo da média de argila
no B;
se o horizonte A tem 15 cm ou mais,
considerar uma espessura, a partir do topo do
horizonte B (inclusive BA), que seja o dobro da
espessura de A para cálculo da média de argila
no B.
Se o horizonte B tiver uma espessura
menor que as espessuras especificadas nos itens
a e b, deverá ser tomada a espessura total de B
(excluído BC) para cálculo da média. Se a
espessura determinada de acordo com os itens
anteriores englobar somente parte do
subhorizonte B, considerar até o limite inferior
do subhorizonte. Para quantificar esta relação
será usado o critério de aproximação matemática.
Por exemplo: 1,54 será equivalente a 1,5 e 1,56 a
1,6.
Em alguns casos, o conteúdo de argila do
horizonte B em relação ao horizonte A é de tal
magnitude, que chega a caracterizar uma
mudança textural abrupta. É bastante freqüente,
também, a ocorrência de Bt sobrejacente ao
horizonte E, álbico ou não.
Transportadas pela água, as argilas podem
se depositar na superfície dos agregados,
formando películas com orientação paralela às
superfícies que revestem, originando brilho
graxo que caracteriza a chamada cerosidade.
Nos solos sem macroagregados, com
organização estrutural do tipo grãos simples ou
maciça, a argila iluvial apresenta-se sob a forma
de revestimento nos grãos individuais de areia,
orientada de acordo com a superfície dos mesmos
ou formando pontes ligando os grãos. Nestes
casos a cerosidade nem sempre é bem evidente à
vista desarmada.
Na identificação do horizonte Bt no
campo, tanto a avaliação da RT como da
presença de cerosidade são importantes. Se a RT
constada satisfizer aos limites anteriormente
definidos, o solo apresentará Bt, desde que
também não se enquadre nas definições de
horizonte plíntico, espódico e glei. Satisfeitos os
limites de RT, se o solo apresentar também
cerosidade, mais uma razão para ser considerado
como Bt.
A simples ocorrência de cerosidade pode
não ser adequada para caracterizar o horizonte
B textural, pois o escoamento turbulento da água
por fendas, mesmo de uma única chuva, pode
resultar no aparecimento do aspecto brilhoso
característico da cerosidade (brilho graxo, como
a parafina que escorre de uma vela). Por esta
razão, a cerosidade num horizonte B textural
deverá estar presente em diferentes faces das
unidades estruturais e não exclusivamente nas
faces verticais.
Ainda que bem mais raro nas condições
brasileiras, o horizonte B textural pode aparecer
sob a forma de lamelas. Neste caso, além da
textura franco arenosa ou mais fina, o conjunto
das lamelas devem apresentar espessura de 15 cm
ou mais, admitindo-se que entre as mesmas possa
ocorrer material de textura arenosa.
Quanto à espessura, o horizonte Bt deve
atender aos seguintes requisitos:
ter pelo menos 10 % da soma das
espessuras dos horizontes sobrejacentes e no
mínimo 7,5 cm; ou
ter 15 cm ou mais, se os horizontes A e
B somarem mais que 150 cm; ou
ter 15 cm ou mais, se a textura do
horizonte E ou A for areia franca ou areia.
Pelas características apresentadas não
existe um critério seguro para afirmar se o Bt
apresenta este ou aquele tipo de estrutura, já que
ela é muito variável nos solos com este tipo de
horizonte diagnóstico. Boa parte dos solos
identificados como Bt no Brasil, entretanto,
tendem a apresentar neste horizonte estrutura do
tipo blocos subangulares com variado grau
desenvolvimento, dependendo do tipo de argila
envolvida na agregação.
O horizonte Bt é diagnóstico da classe dos
Argissolos e Luvissolos, podendo ser encontrado
também em algumas outras classes como a dos
Chernossolos, Gleissolos e Plintossolos.
3.2.2. Horizonte B latossólico (Bw)
O horizonte B latossólico (Bw) é um
horizonte subsuperficial, espesso, de coloração
amarela, vermelha, ou mistura das duas,
normalmente quase que sem reserva de minerais
primários de mais fácil decomposição nas
frações areia e silte, predominando caulinita e
óxidos de ferro e de alumínio na fração argila, o
que reflete as altas taxas de intemperização e de
lixiviação que experimentaram os solos com este
tipo de horizonte ao longo de sua gênese.
A presença deste horizonte diagnóstico
permite o reconhecimento e a classificação da
mais importante classe de solos no território
brasileiro, a dos Latossolos, tanto pela sua
extensão como pela sua ampla e diversificada
possibilidade de utilização agrícola. Nesta classe,
a fração argila encontra-se tão floculada que
praticamente não se movimenta, ou movimenta
muito pouco, no perfil. Assim, a relação textural
dos Latossolos é baixa, (próxima ou ligeiramente
maior que a unidade) podendo, em casos menos
comuns, atingir até valores um pouco mais
elevados, porém sempre menores que 1,5,
diferindo assim dos solos com Bt.
O que se intenciona enquadrar como Bw
no SiBCS, não se encontra em locais mal
drenados, portanto não apresenta as
características diagnósticas de horizonte glei.
Quando apresentar alguma restrição de drenagem
em razão da flutuação do lençol freático, por
exemplo, pode coincidir com o horizonte plíntico
(Bwf).
O horizonte Bw pode encontrar-se
presente abaixo de qualquer horizonte
diagnóstico superficial, exceto o hístico, e tem as
seguintes características, apresentadas de forma
resumida:
espessura mínima de 50 cm;
textura franco arenosa ou mais fina,
teores baixos de silte, sendo a relação silte/argila,
até a profundidade de 200 cm (ou 300 cm se o
horizonte A exceder 150 cm de espessura) na
maioria dos subhorizontes do B, inferior a 0,7
nos solos de textura média e 0,6 nos solos de
textura argilosa ou muito argilosa;
relação molecular SiO2/Al2O3 (Ki),
determinada na ou correspondendo à fração
argila, igual ou inferior a 2,2;
menos de 5 % do volume que mostre
estrutura da rocha original, como estratificações
finas, ou saprólito, ou fragmentos de rocha semi
ou não intemperizada;
grande estabilidade dos agregados,
sendo o grau de floculação da argila igual ou
muito próximo de 100 % e o teor de argila
dispersa menor que 200 g/kg desde que o
horizonte tenha 4 g/kg ou menos de carbono
orgânico, e não apresente pH positivo ou nulo,
tendo comportamento atípico, horizontes com
maior teor de carbono orgânico (geralmente
horizonte BA), horizontes com cargas tendendo
para ou com saldo eletropositivo ou horizontes de
textura média, mormente próximos à classe
generalizada de textura arenosa;
menos de 4 % de minerais primários
alteráveis (menos resistentes ao intemperismo)
ou menos de 6 % de muscovita na fração areia,
porém referidos a 100 g de TFSA, podendo
conter, na fração menor que 0,05 mm (silte +
argila), não mais que traços de argilominerais do
grupo das esmectitas, e somente pequenas
quantidades de ilitas, ou de argilominerais
interestratificados.
capacidade de troca de cátions corrigida
para a fração argila (CTCr = CTC 7,0/
% argila) menor que 17 cmolc/kg de argila, sem
correção para carbono.
estrutura variável: 1) forte muito
pequena a pequena granular (estrutura “tipo pó
de café”), muitas vezes com aspecto maciço
poroso, para aqueles Latossolos mais argilosos e
oxidícos; 2) blocos subangulares fracos ou
moderados para aqueles mais cauliníticos; 3)
grãos simples para aqueles de textura tendendo
para arenosa;
cerosidade, se presente, é no máximo
pouca e fraca.
Embora se mencione com freqüência que
o horizonte Bw apresenta boas características
físicas para o desenvolvimento das plantas, pode
ocorrer situação em que ele se apresenta
naturalmente muito adensado, sobretudo na
transição do horizonte A com o horizonte B
daqueles de textura mais argilosa. Latossolos
com esta característica são chamados de coesos e
são muito comuns nas áreas dos tabuleiros
costeiros, onde são utilizados com pastagens,
cana-de-açúcar, eucalipto, café conilon, citrus,
mamão etc.
3.2.3. Horizonte B incipiente (Bi)
Trata-se de horizonte mineral
subsuperficial, em geral pouco espesso em razão
da alteração física e química em grau não muito
avançado, porém suficiente para o
desenvolvimento e manifestação de organização
de estrutura. Como se trata de horizonte pouco
desenvolvido, normalmente apresenta resquícios
de material de origem. A quantidade de material
entretanto, não deve ser mais da metade do
volume de todos subhorizontes.
O horizonte Bi é muito heterogêneo em
termos de características morfológicas e físico-
químicas, uma vez que os fatores e processos de
formação não se expressaram em sua plenitude.
Encontra-se subjacente a qualquer tipo de
horizonte A, e mesmo horizonte hístico; deve ter
no mínimo 10 cm de espessura, e apresentar as
seguintes características:
não satisfazer os requisitos
estabelecidos para caracterizar um horizonte B
textural, B nítico, B espódico, B plânico e B
latossólico, além de não apresentar também
cimentação, endurecimento ou consistência
quebradiça quando úmido, características de
fragipã, duripã e horizonte petrocálcico;
não apresentar quantidade de plintita
requerida para horizonte plíntico e nem
expressiva evidência de redução característica de
horizonte glei;
apresenta dominância de cores
brunadas, amareladas e avermelhadas, com ou
sem mosqueados ou cores acinzentadas com
mosqueados, resultantes da segregação de óxidos
de ferro;
textura franco-arenosa ou mais fina;
desenvolvimento de unidades
estruturais no solo (agregados ou peds) e
ausência da estrutura da rocha original, em 50
% ou mais do seu volume;
teor de argila mais elevado ou cromas
mais fortes ou matiz mais vermelho do que o
horizonte subjacente; conteúdo de argila menor,
igual ou pouco maior que o do horizonte A, neste
último caso, não satisfazendo os requisitos de um
horizonte B textural;
decréscimo regular do conteúdo de
carbono orgânico com a profundidade,
excetuando-se o caso de material de origem
constituído de sedimentos aluviais.
O horizonte Bi é diagnóstico da classe dos
Cambissolos, podendo ser encontrado também
em alguns Chernossolos.
A espessura, CTCr, relação silte/argila e
Ki do horizonte B incipiente são bastante
variáveis. Em alguns casos, pode apresentar,
inclusive, características morfológicas
semelhantes à de um horizonte B latossólico.
Quando isto ocorrer, o horizonte Bi vai diferir do
Bw por apresentar a maioria dos seguintes
requisitos:
CTCr ≥ 17 cmolc/kg de argila ou maior;
4 % ou mais de minerais primários
alteráveis (menos resistentes ao intemperismo),
ou 6% ou mais de muscovita, determinados na
fração areia, porém referidos à TFSA;
relação molecular Ki que 2,2;
relação silte/argila ≥ 0,7 ou ≥ 0,6
quando a textura for, respectivamente, média, ou
argilosa ou muito argilosa;
espessura menor que 50 cm; e
5 % ou mais do volume do horizonte
apresenta estrutura da rocha original, como
estratificações finas, ou saprólito, ou fragmentos
de rocha semi ou não intemperizada.
Quando um mesmo horizonte satisfizer,
coincidentemente, os requisitos para ser
identificado como B incipiente e vértico, será
conferida precedência diagnóstica ao horizonte
vértico para fins taxonômicos.
3.2.4. Horizonte B espódico (Bh, Bs, Bhs)
Refere-se a horizonte mineral
subsuperficial, com espessura mínima de 2,5 cm,
que apresenta acumulação iluvial de matéria
orgânica associada a óxidos de alumínio e, ou
ferro em proporções variadas. A translocação de
material desta natureza, ao longo do perfil, é
facilitada pela textura arenosa, normalmente
observada em solos com horizonte espódico.
A sua simbologia reflete a preponderância
do material acumulado conforme as
especificações: a) Bh – cores mais escuras
indicando maior acúmulo de material orgânico;
Bhs – cores amarronzadas indicando acúmulo de
material orgânico juntamente com óxidos de
alumínio e de ferro; Bs – cores mais
avermelhadas indicando maior acúmulo de
óxidos de ferro e alumínio.
Ocorre, normalmente, sob o horizonte A
moderado, proeminente e húmino, ou sob um
horizonte E (álbico ou não) que pode ser
precedido de horizonte A ou horizonte hístico,
sendo diagnóstico para a classe dos
Espodossolos.
De modo geral, o horizonte B espódico
não apresenta organização estrutural definida,
apresentando tipos de estrutura na forma de grãos
simples ou maciça, podendo, eventualmente,
ocorrer outros tipos de estrutura com fraco grau
de desenvolvimento.
O horizonte B espódico também pode se
apresentar sob a forma consolidada (endurecida),
em razão da cimentação por complexos
organometálicos e/ou
aluminossilicatos amorfos e/ou compostos
amorfos constituídos por diversas proporções de
Al, Si e Fe. Neste caso, é denominado “ortstein”
(Bsm, Bhsm ou Bhm).
Outro horizonte que pode ocorrer
associado ou como variação do B espódico é o
Plácico (do grego plax, pedra chata, significando
um fino pã cimentado). Constitui um horizonte
fino, de cor variando do vermelho ao preto, que
é cimentado por ferro (ou ferro e manganês), com
ou sem matéria orgânica. Este horizonte constitui
um impedimento a passagem da água e ao
desenvolvimento das raízes das plantas. O
horizonte plácico deve atender aos seguintes
requisitos:
o horizonte é cimentado ou endurecido
por ferro ou ferro e manganês, com ou sem
matéria orgânica, acompanhados ou não de
outros agentes cimentantes;
o horizonte é contínuo lateralmente,
exceto por fendas verticais espaçadas de, pelo
menos, 10 cm através das quais pode haver
penetração do sistema radicular; e
o horizonte tem uma espessura variável
entre 0,5 cm (mínimo) e 2,5 cm (máximo).
3.2.5. Horizonte plíntico (Bf ou Cf )
O horizonte plíntico, Bf e, ou, Cf,
caracteriza-se pela presença de plintita em
quantidade igual ou superior a 15 % (por volume)
e espessura de pelo menos 15 cm, cuja presença
é diagnóstica para a classe dos Plintossolos,
desde que atendidos os requisitos especificados a
diante.
É um horizonte mineral formado sob certa
restrição de drenagem, imposta pela flutuação do
lençol freático, que desencadeou ciclos de
reações de oxi-redução, com o conseqüente
aparecimento de formas reduzidas e oxidadas,
principalmente, de ferro e de manganês,
responsáveis pela manifestação de cores
heterogêneas, usualmente avermelhadas, bruno-
amareladas, amarelo-brunadas,
acinzentadas, esbranquiçadas e amarelo-claras,
num padrão reticulado, poligonal ou laminar.
As cores claras que podem representar a
matriz do horizonte possuem matiz e croma
conforme especificações que se seguem:
matizes 2,5 Y a 5 Y; ou
matizes 10 YR a 7,5 YR, com cromas
baixos, usualmente até 4, podendo atingir 6
quando se tratar de matiz 10 YR.
As cores avermelhadas, brunadas,
amareladas e esbranquiçadas, que normalmente
representam os mosqueados e os variegados do
horizonte, apresentam matiz e croma conforme
especificações que se seguem:
matizes 10 R a 7,5 YR com cromas
altos, usualmente acima de 4; ou
matiz 10 YR, com cromas muito altos,
normalmente maiores que 6; ou
matizes 2,5 Y a 5 Y.
Sua ocorrência é mais comum em regiões
de clima quente e úmido, com relevo plano a
suave ondulado, de áreas baixas como
depressões, baixadas, terços inferiores de
encostas etc. Como exemplo, podem ser citadas
algumas áreas da Planície Amazônica, Pantanal
Mato-grossense; Ilhas do Marajó e do Bananal,
baixada do Mearin no Maranhão, dentre outras.
Sua textura é franco arenosa ou mais fina
e, dominantemente de argila de atividade baixa.
Quando não é maciço, o horizonte apresenta
estrutura em blocos fraca ou moderadamente
desenvolvida, ocorrendo também estrutura
prismática composta de blocos, sobretudo nos
solos com argila de atividade alta.
Quando um mesmo horizonte satisfizer,
coincidentemente, os requisitos para ser
identificado como horizonte plíntico e, também,
outro qualquer de um dos seguintes horizontes: B
textural, B latossólico, B nítico, B incipiente, B
plânico (excetuando-se B plânico com caráter
sódico), ou horizonte glei, será identificado como
horizonte plíntico, sendo a ele conferida a
precedência taxonômica sobre os demais citados.
3.2.6. Horizonte concrecionário
Horizonte constituído de 50 % ou mais,
por volume, de material grosseiro com
predomínio de petroplintita (plintita endurecida
irreversivelmente; tapiocanga; canga laterítica;
concreções ferruginosas), presente em uma
matriz terrosa de textura variada ou matriz de
material mais grosseiro, identificado como
horizonte Ac, Ec, Bc ou Cc.
O horizonte concrecionário, para ser
diagnóstico, deve apresentar no mínimo 30 cm de
espessura.
Quando um mesmo horizonte satisfizer,
coincidentemente, os requisitos para horizonte
concrecionário e para qualquer um dos seguintes
horizontes: B textural, B latossólico, B nítico, B
incipiente, horizonte plânico (excetuando B
plânico de caráter sódico), horizonte glei ou
qualquer tipo de horizonte A, será a ele conferida
precedência taxonômica.
3.2.7. Horizonte litoplíntico
O horizonte litoplíntico é constituído por
petroplintita contínua ou praticamente contínua.
Este horizonte pode englobar uma seção do perfil
muito fraturada, mas em que existe predomínio
de blocos de petroplintita com tamanho mínimo
de 20 cm, ou as fendas que aparecem são poucas
e separadas umas das outras por 10 cm ou mais.
Para ser diagnóstico, o horizonte
litoplíntico deve ter uma espessura de 10 cm ou
mais.
Este horizonte constitui um sério
impedimento para penetração das raízes e da
água. Difere de um horizonte B espódico
cimentado (ortstein) por conter pouca ou
nenhuma matéria orgânica.
3.2.8. Horizonte glei
É um horizonte mineral subsuperficial ou
eventualmente superficial, com espessura
mínima de 15 cm, e com cores neutras ou
próximas de neutras resultantes da redução de
ferro e sua prevalência no estado reduzido, em
razão da saturação por água (lençol freático
superficial) durante todo o ano, ou pelo menos
por um longo período durante da formação do
solo.
O horizonte glei pode ser um horizonte C,
B, E ou hístico ou A, exceto o fraco. Pode, ou
não, ser coincidente com aumento de teor de
argila no solo, mas, em qualquer caso, deve
apresentar evidências de expressiva redução,
conforme especificações apresentadas a seguir:
cores neutras (N1/ a N8/) ou mais azul
que 10 Y; ou
para matizes mais vermelhos que 5 YR
e valores maiores ou iguais a 4, os cromas devem
ser iguais ou menores que 1; ou
para matizes 5 YR ou mais amarelos e
valores maiores ou iguais a 4, os cromas devem
ser menores ou iguais a 2, admitindo-se para
solos de matiz dominante 10 YR ou mais
amarelo, croma 3, no caso de diminuir no
horizonte subjacente; ou
para todos os matizes e quaisquer
valores, os cromas podem ser menores ou iguais
a 2, desde que ocorram mosqueados de redução.
coloração variegada com pelo menos
uma das cores de acordo com um dos itens
anteriores.
3.2.9. Horizonte E álbico
É um horizonte mineral comumente
subsuperficial, no qual a remoção ou segregação
de material coloidal e orgânico progrediu a tal
ponto que a cor do horizonte é esbranquiçada e
determinada principalmente pela cor das
partículas primárias de areia e silte e não por
revestimento nessas partículas.
O horizonte E álbico deve apresentar no
mínimo 1,0 cm de espessura e cores que atendam
a uma das seguintes exigências:
valor no solo úmido maior ou igual a 6
e croma menor ou igual a 3; ou
valor no solo seco maior ou igual a 7 e
croma no solo úmido menor ou igual a 3; ou
valor no solo úmido maior ou igual a 4,
valor no solo seco maior ou igual a 5, e croma no
solo úmido úmido menor ou igual a 3; ou
valor no solo úmido maior ou igual a 3,
valor no solo seco maior ou igual a 6, e croma no
solo úmido menor ou igual a 3.
Excluem-se de E álbico horizontes cuja
cor clara seja decorrente de calcário finamente
dividido, que age como pigmento branco, bem
como camadas arenosas (horizonte C), que
satisfazem os critérios de cor, mas nas quais não
se pode caracterizar a remoção de materiais do
solo.
O horizonte álbico, usualmente, precede
um horizonte B espódico, B textural, B plânico,
horizonte plíntico, horizonte glei, fragipã ou uma
camada impermeável que restrinja a percolação
da água. Mais raramente, pode estar na superfície
por truncamento do solo.
3.2.10. Fragipã
É um horizonte mineral subsuperficial,
endurecido quando seco, contínuo ou presente
em 50 % ou mais do volume de outro horizonte,
normalmente de textura média. Pode estar
subjacente a um horizonte B espódico, B textural
ou horizonte E álbico. Tem conteúdo de matéria
orgânica muito baixo, a densidade do solo maior
que a dos horizontes sobrejacentes e é
aparentemente cimentado quando seco, tendo
então consistência dura, muito dura ou
extremamente dura.
Quando úmido, o fragipã tem uma
quebradicidade fraca a moderada e seus
elementos estruturais ou fragmentos apresentam
tendências a romperem-se subitamente, quando
sob pressão, em vez de sofrerem uma
deformação lenta. Quando imerso em água, um
fragmento seco torna-se menos resistente,
podendo desenvolver fraturas com ou sem
desprendimento de pedaços, e se esboroa em
curto espaço de tempo (aproximadamente 2
horas).
O fragipã é usualmente mosqueado e
pouco ou muito pouco permeável à água.
Normalmente apresenta partes esbranquiçadas
(ambiente de redução) em torno de poliedros ou
prismas, os quais se distanciam de 10 cm, ou
mais, no sentido horizontal, formando um
arranjamento poligonal grosseiro.
O fragipã dificulta ou impede a penetração
das raízes e da água no horizonte em que ocorre.
Sua ocorrência em solos brasileiros é pequena e
mais freqüente em áreas do semi- árido
brasileiro. Em áreas úmidas, tem sido
constatadas, ainda que em pequena escala, em
áreas de “mussunungas” onde predominam
Espodossolos no norte do Espírito Santo e sul da
Bahia.
3.2.11. Duripã
É um horizonte mineral subsuperficial,
cimentado, contínuo ou presente em 50 % ou
mais do volume de outro horizonte com grau
friável de cimentação por sílica e podendo ainda
conter óxido de ferro e carbonato de cálcio.
Como resultado disto, os duripãs variam de
aparência, porém todos apresentam consistência,
quando úmidos, muito firme ou extremamente
firme e são sempre quebradiços, mesmo após
prolongado umedecimento.
É um horizonte no qual:
a cimentação é suficientemente forte, de
modo que fragmentos secos não se esboroam,
mesmo durante prolongado período de
umedecimento;
revestimentos de sílica, presentes em
alguns poros e em algumas faces estruturais, são
insolúveis em solução de HCl mol/L, mesmo
durante prolongado tempo de saturação, mas são
solúveis em solução concentrada e aquecida de
KOH ou diante da adição alternada de ácido e
álcali;
a cimentação não é destruída em mais da
metade de qualquer capeamento laminar que
possa estar presente, ou em algum outro
horizonte contínuo ou imbricado, quando o
material de solo é saturado com ácido, mas é
completamente destruída pela solução
concentrada e aquecida de KOH por tratamento
único ou alternado com ácido;
as raízes e a água não penetram na parte
cimentada, a não ser ao longo de fraturas
verticais que se distanciam de 10 cm ou mais.
Corresponde à parte de conceito de
“indurated pans”, segundo Estados Unidos
(1951; 1994). Apesar da pequena ocorrência no
país, têm sido constatados em solos da região
semi-árida brasileira
3.2.12. Horizonte cálcico
Horizonte cálcico é formado pela
acumulação de carbonato de cálcio. Esta
acumulação normalmente ocorre no horizonte C,
mas pode ocorrer no horizonte B ou A.
O horizonte cálcico apresenta espessura
de 15 cm ou mais. É enriquecido com carbonato
secundário e contém 150 g/kg ou mais de
carbonato de cálcio equivalente e tendo no
mínimo 50 g/kg a mais de carbonato que o
horizonte ou camada subjacente. Este último
requisito é expresso em volume, se o carbonato
secundário do horizonte cálcico ocorre como
pendentes em cascalhos, como concreções ou na
forma pulverulenta. Se tal horizonte cálcico está
sobre mármore, marga ou outros materiais
altamente calcíticos (400 g/kg ou mais de
carbonato de cálcio equivalente), a percentagem
de carbonatos não necessita decrescer em
profundidade.
3.2.13. Horizonte petrocálcico
Com o enriquecimento em carbonatos, o
horizonte cálcico tende progressivamente a se
tornar obturado com carbonatos e cimentado,
formando horizonte contínuo, endurecido,
maciço, que passa a ser reconhecido como
horizonte petrocálcico. Nos estágios iniciais do
horizonte cálcico, este tem carbonatos de
consistência macia, e disseminados na matriz do
solo, ou que se acumulam em concreções
endurecidas ou ambos. O horizonte petrocálcico
evidencia o avanço evolutivo do processo de
calcificação.
É um horizonte contínuo, resultante da
consolidação e cimentação de um horizonte
cálcico por carbonato de cálcio, ou, em alguns
locais, com carbonato de magnésio. Pode haver
presença acessória de sílica. O horizonte é
continuamente cimentado em todo o perfil, a tal
ponto que fragmentos secos imersos em água não
fraturam nem desprendem pedaços.
Quando seco, não permite a penetração da
pá ou do trado. É maciço ou de estrutura laminar,
muito duro ou extremamente duro quando seco e
muito firme a extremamente firme quando
úmido. Os poros não capilares estão obstruídos e
o horizonte não permite a penetração das raízes,
a não ser ao longo de fraturas verticais, que se
distanciam de 10 cm ou mais.
A espessura mínima é, superior a 10 cm,
exceto no caso de horizonte laminar sobre rocha
consolidada, que será considerado um horizonte
petrocálcico se tiver espessura igual ou superior
a 1,0 cm. É de pequena ocorrência no país.
3.2.14. Horizonte sulfúrico
O horizonte sulfúrico tem 15 cm ou mais
de espessura e é composto de material mineral ou
orgânico cujo valor de pH é de 3,5 ou menor
(1:2,5 por peso em água, ou com um mínimo de
água para permitir a medição) e mostra evidência
de que o baixo valor de pH é causado por ácido
sulfúrico, devido a uma ou mais das seguintes
características:
concentração de jarosita; ou de
materiais sulfídricos; ou
0,05 % ou mais de sulfato solúvel em
água.
Não é especificada a cor da jarosita,
normalmente amarelada, que pode ter croma 3 ou
maior, nem requer necessariamente a sua
presença. Horizontes sulfúricos sem jarosita são
encontrados em materiais com alto teor de
matéria orgânica, ou em materiais minerais de
um tempo geológico anterior, expostos na
superfície.
Um horizonte sulfúrico forma-se pela
oxidação de materiais minerais ou orgânicos ricos
em sulfetos, como resultado da drenagem, mais
comumente artificial. Tal horizonte é altamente
tóxico para a maioria das plantas. Também pode
formar-se em locais onde materiais sulfídricos
tenham sido expostos como resultado da
mineração de superfície, construção de estradas,
dragagem ou outras operações de movimento de
terra.
3.2.15. Horizonte vértico
É um horizonte mineral subsuperficial
que, devido à expansão e contração das argilas,
dominantemente 2:1, apresenta feições
pedológicas típicas, que são as superfícies de
fricção (“slickensides”) em quantidade no
mínimo comum e/ou a presença de unidades
estruturais cuneiformes e/ou paralelepipédicas,
cujo eixo longitudinal está inclinado de 10º ou
mais em relação à horizontal, e fendas em algum
período mais seco do ano com pelo menos 1 cm
de largura.
A sua textura mais freqüente varia de
argilosa a muito argilosa, admitindo-se na faixa
de textura média um mínimo de 300 g/kg de
argila. O horizonte vértico pode coincidir com
horizonte AC, B (Bi ou Bt) ou C, e apresentar
cores escuras, acinzentadas, amareladas ou
avermelhadas. Para ser diagnóstico, este
horizonte deve apresentar uma espessura mínima
de 20 cm.
O horizonte vértico tem precedência
diagnóstica sobre os horizontes B incipiente, B
nítico e glei.
3.2.16. Horizonte B plânico
É um tipo especial de horizonte B textural,
com ou sem caráter sódico, subjacente a
horizontes A ou E, precedido normalmente por
uma mudança textural abrupta. Apresenta
estrutura em blocos angulares e subangulares
grandes ou médios. Quando muito rico em sódio
(nátrico), a estrutura chega a colunar ou
prismática. Este horizonte apresenta teores
elevados de argila dispersa em água e pode ser
responsável pela formação de lençol de água
suspenso, de existência temporária.
As cores neutras ou acinzentadas do
horizonte plânico refletem a sua baixa
permeabilidade e devem atender a pelo menos
um dos seguintes requisitos:
a) cor da matriz (com ou sem
mosqueado)
matiz 10 YR ou mais amarelo, cromas
3, ou excepcionalmente 4; ou
matizes 7,5 YR ou 5 YR, cromas 2;
b) coloração variegada com pelo menos
uma cor apresentando matiz e croma conforme
especificado no item a (Embrapa, 1975, p.241,
perfil 45); ou
c) solos com matiz 10 YR ou mais
amarelo, cromas 4, combinado com um ou mais
mosqueados, tendo cromas conforme
especificado no item a (Embrapa, 1975a, p.312,
perfil 50).
Para fins taxonômicos, o horizonte B
plânico tem precedência diagnóstica sobre o
horizonte glei, e perde em precedência para o
horizonte plíntico, exceto para B plânico com
caráter sódico.
3.2.17. Horizonte B nítico
Horizonte mineral subsuperficial, não
hidromórfico, de textura argilosa ou muito
argilosa, sem incremento de argila do horizonte
superficial para o subsuperficial ou com pequeno
incremento, porém não suficiente para
caracterizar a relação textural B/A do horizonte
B textural. Pode apresentar argila de atividade
baixa ou alta e estrutura em blocos subangulares,
angulares ou prismática de grau forte, com
superfícies reluzentes dos agregados,
característica esta descrita a campo como
cerosidade no mínimo comum e moderada.
Admite, também, estrutura moderada desde que
em combinação com cerosidade em quantidade e
grau de desenvolvimento abundante e moderada,
ou comum e forte, ou abundante e forte.
Apresentam transição gradual ou difusa entre os
subhorizontes do horizonte B.
O horizonte para ser identificado como B
nítico deve atender aos seguintes requisitos:
espessura de 30 cm ou mais, a não ser
que o solo apresente contato lítico nos primeiros
50 cm de profundidade, quando deve apresentar
15 cm ou mais de espessura; e
textura argilosa ou muito argilosa (> 35
% de argila);
estrutura em blocos ou prismática de
grau forte associada a cerosidade no mínimo
comum e moderada; ou estrutura moderada
conjugada com cerosidade moderada e
abundante, ou comum e forte ou abundante
4. Atributos Diagnósticos
Destacou-se, anteriormente, que as
propriedades resultantes da gênese ou de fatores
que a afetam são amplamente utilizadas na
distinção de classes em nível categórico elevado,
pelo número de características acessórias a elas
associadas. Por outro lado, algumas outras
importantes propriedades dos solos são de
natureza química e física, normalmente obtidas
através de análises de laboratório. Várias destas
características são empregadas na subdivisão de
classes em níveis taxonômicos mais baixos, e são
selecionadas visando atender a práticas de
manejo e à previsão do comportamento dos solos
frente ao uso, sobretudo o uso agrícola.
As definições destas características são
operacionais e têm também por objetivo
padronizar linguagem. Ou seja, devem ter o
mesmo significado para todos e diferentes
usuários. Aquelas utilizadas no SiBCS e tidas
como as mais importantes na distinção de classes
em diferentes níveis categóricos são apresentadas
a seguir:
4.1. Materiais orgânico e mineral
São atributos utilizados para separar solos
de constituição predominante orgânica daqueles
de natureza mineral.
Material orgânico engloba materiais
originários de resíduos vegetais em diferentes
estágios de decomposição, substâncias húmicas,
biomassa meso e microbiana, fragmentos de
carvão finamente divididos, e outros compostos
orgânicos presentes associados ou não a material
mineral em proporções variáveis.
O conteúdo de constituintes orgânicos
impõe preponderância de suas propriedades
sobre os constituintes minerais e deve
apresentar teor de carbono orgânico maior que
80 g/kg, avaliado na TFSA, segundo o método
de Walkey & Black, conforme Embrapa (1997).
Ainda que necessite de análise para
confirmação de resultados, o material orgânico
é facilmente identificável no campo: pela cor
escura (preta ou castanha muito escura): leveza
(baixa densidade); grande quantidade de restos
vegetais, sobretudo raízes finas; locais
encharcados, não raramente constituindo-se
atoleiros (a menos que drenados artificialmente);
penetrável facilmente com o trado ou mesmo
com um pedaço de pau, vara de bambu, etc.
Popularmente, o material orgânico é
também conhecido como turfa.
Material mineral, por sua vez, é aquele
formado, predominantemente, por constituintes
inorgânicos em vários estágios de intemperismo.
O material do solo é considerado mineral quando
não satisfizer os requisitos exigidos para material
orgânico, conforme definido anteriormente.
4.2. Atividade da fração argila
Refere-se à CTC7.0 (Acetato de Cálcio)
corrigida pelo teor de argila, conforme a
expressão:
CTCr = (CTC7,0 / % arg.) 100
Quando a CTCr for igual ou maior que 27
cmolc/kg de argila, diz-se que o solo é de argila
de atividade alta (Ta). Quando menor que 27
cmolc/kg de argila, o solo é de argila de
atividade baixa (Tb).
Para a distinção de classes por este
critério, é considerada a atividade da fração
argila no horizonte B, ou no C, quando não existe
B. Este critério não se aplica para solos arenosos
enquadrados nas classes texturais areia e areia
franca.
No campo, as principais características
morfológicas que se utiliza para distinguir um
solo Ta de um Tb são:
Quadro 1. Características morfológicas
diferenciadoras de solos com argila de atividade
alta (Ta) e baixa (Tb).
Características Solos
Ta Tb
Fendilhamento reticulado com
estrutura em blocos, colunar ou
paralelepipédica.
Sim
Não
Presença de slikenside (alguns
casos).
Sim
Não
Solo profundo sem, ou com
apenas pequenas quantidades
de MPFI.
Não
Sim
Solo profundo com estrutura
forte muito pequena granular
(“pó de café”).
Não
Sim
4.3. Saturação por Bases
Refere-se à proporção de cátions básicos
trocáveis em relação a CTC7.0 (ou valor T),
expressa pela fórmula da saturação por bases: V
% = 100 S/T, em que T = CTC 7,0.
Quando o valor V é igual ou maior que 50
%, diz que o solo é eutrófico, quando menor é
denominado distrófico.
A distinção entre classes de solos pela
saturação por bases é feita pela observação do
resultado de V no horizonte superficial (B ou C).
Na ausência destes horizontes (Neossolos
Litólicos, por exemplo), a aplicação do critério é
definida para cada classe específica.
Este critério não é aplicado para solos com
elevados teores de sais solúveis (toxidez,
osmose) ou de sódio trocável (toxidez,
dispersão). Também não deve ser levado em
conta nos solos altamente intemperizado
(tendentes e/ou com saldo de cargas positivas).
Não existe um critério de campo seguro
para separar solos eutróficos de distróficos. Basta
lembrar que para um mesmo material de origem,
existem solos eutróficos e distróficos (Latossolos
férricos e, ou perférricos, de basalto, por
exemplo).
Existem, entretanto, alguns indícios. Solos
sob vegetação tipicamente de cerrado tendem a
ser distróficos ou álicos (definido em seguida).
Solos profundos, de boa drenagem em região de
clima quente e úmido, sob vegetação florestal,
também tendem a ser de baixa fertilidade natural.
Solos desenvolvidos de materiais ricos em
minerais ferromagnesianos
em região de clima quente e seco ou com déficit
hídrico pronunciado, tendem a ser eutróficos.
4.4. Caráter Alumínico
Empregado para distinção de algumas
classes de solos em nível categórico mais baixa,
que apresentam no horizonte B ou C, na ausência
de B, teor de Al3+ ≥ 4 cmolc/kg de solo conjugado
com o caráter álico (m = 100Al3+/ Al3+ + S ≥ 50
%).
Não existe critério de campo que indique
teores de Al3+ desta ordem juntamente com o
caráter álico. Em razão disto é que foi eliminada
a ordem dos Alissolos, e os solos com o atributo
alumínico foram distribuídos em outras ordens
(Nitossolos, Argissolos, Latossolos,
Plintossolos, etc) em níveis categóricos mais
baixos.
4.5. Caracteres Sódico e Solódico
Utilizados para distinguir classes de solos
que apresentam saturação por sódio (PST = 100
Na+/T) igual ou maior que 15 % e entre 6 e 15
%, respectivamente.
A ocorrência da estrutura colunar ou
prismática ainda é a melhor evidência de campo
indicativa destes dois caracteres. Ela tende a ser
tanto mais expressiva quando maior os valores de
saturação de sódio.
Vale registrar que em alguns solos de
drenagem restrita, tem-se constatado valores
elevados de saturação de sódio sem a
manifestação da estrutura colunar.
4.6. Caracteres Salino e Sálico
Referem-se à presença de sais mais
solúveis em água fria que sulfato de cálcio
(gesso) em quantidades prejudiciais à maioria
das plantas cultivadas.
Um solo é considerado salino quando a
condutividade elétrica (CE) do extrato de
saturação é igual ou maior que 4 ds/m e menor
que 7 ds/m, e sálico quando este valor for maior
do que 7 ds/m, a 25 °C, em alguma época do ano.
A presença de crostas salinas na superfície
do solo ou mesmo ao longo do perfil,
particularmente em áreas de acúmulo (baixadas)
de regiões com clima muito seco
(evapotranspiração >>> precipitação) do semi-
árido brasileiro, tem sido bom indicativo de
acúmulo de sais.
Em condições de climas mais úmidos,
solos afetados por sais, em geral, encontram-se
no litoral, especialmente nos manguezais em
4
razão da invasão pelas águas de acordo com as
marés.
4.7. Caracteres carbonático e calcárico
Referem-se à presença de um ou mais
tipos de carbonato no solo (CaCO3, CaSO4,
Ca(NO3)2 ) que após atacados com HCl 0,5
mol/L e o excesso de ácido titulado com NaOH
tem-se o resultado do Carbonato de Cálcio
Equivalente, parâmetro definidor destes atributos
e do horizonte cálcico.
Um solo é considerado carbonático
quando o teor de CaCO3 equivalente for igual ou
maior que 150 g/kg de solo, sob qualquer forma
de segregação, inclusive concreções (“pipocas”
carbonáticas), desde que não satisfaça os
requisitos estabelecidos para horizonte cálcico
(definido posteriormente). Quando os valores de
CaCO3 equivalente encontrarem-se entre 5 e 15
g/kg, o solo é tido como calcárico.
No campo, além da presença local de
rochas calcárias ou com lentes de carbonato, a
efervescência do material com a aplicação de
gotas de HCl 10 % é um bom indicativo da
presença de carbonatos.
4.8. Caráter ácrico
O termo ácrico tem sua origem de akros,
do grego, que significa perto ou próximo do fim,
conotando solos extremamente evoluídos,
reflexo das intensas taxas de intemperização e de
lixiviação que solos com esta característica
experimentaram durante a sua formação.
O atributo ácrico é normalmente
empregado na distinção de Latossolos, (aqueles
mais intemperizados ou mais oxidícos), cuja
CTC efetiva (CTCe), corrigida pela percentagem
de argila é igual ou inferior a 1,5 cmolc/kg de
argila, e que contemple ainda um dos seguintes
requisitos:
a) pH em KCl (mol L-1) ≥ 5,0
b) ∆pH = pH KCl – pH H20 ≥ zero
Além da intensa lixiviação de bases, a
formação de solos com característica ácrica está
relacionada com a dessilicificação (lixiviação de
sílica do sistema) com o conseqüente acúmulo de
óxidos mais insolúveis, sobretudo os de ferro e
de alumínio. Solos com esta característica
ocorrem principalmente em paisagens mais
antigas, como nas chapadas do Brasil Central,
ainda que não exclusivamente.
Um dos aspectos mais importantes
relacionado ao reconhecimento de componentes
ácricos nos solos refere-se à sua capacidade de
alterar o sinal da carga de superfície em razão do
pH do meio (cargas dependentes de pH). Isto tem
importância marcante na adsorção, retenção e
lixiviação de cátions e ânions relacionados à
nutrição de plantas e poluição ambiental. Como
exemplo clássico, cita-se a adsorção específica
de íons como HPO42- e HPO4
-, na superfície de
óxidos de ferro e de alumínio da fração argila de
alguns Latossolos brasileiros.
4.9. Materiais sulfídricos
Refere-se a materiais ricos em enxofre
acumulado, sob a influência marinha, em solos
de ambientes pantanosos da costa litorânea. Em
condições naturais, estes solos apresentam pH
acima de 4,0. Quando artificialmente drenados,
tornam-se muito ácidos, com valores de pH
menores que 3,5, não raramente atingindo
valores de 2,0 ou mesmo ligeiramente inferiores.
Para que expresse as características típicas
de materiais sulfídricos (acúmulo de sulfetos e
redução do pH, do meio) o solo tem que ser
drenado. Em razão dos teores de enxofre e da
acidez muita elevada que se verifica quando a
área é drenada, os solos desenvolvidos nestas
condições são genericamente denominados de
solos ácidos sulfatados ou solos tiomórficos.
A principal fonte de enxofre, no caso em
questão, são os íons SO 2-, da água do mar. Pelo
efeito das marés estes íons entram em contato
com sedimentos alagados, já no contato com o
continente, e são reduzidos anaerobicamente por
bactérias do gênero Desulfovibrio (D.
desulfuricans), que utilizam matéria orgânica
como fonte de elétrons e de energia. A reação
envolvida pode ser assim exemplificada:
CH3–CHOH–COOH + SO42- → 2CH3COOH
+ HCO3- + CO2 + HS- + H2O
Neste ambiente redutor, a flutuação da
maré favorece a retirada do HCO3- do sistema,
tornando o meio menos ácido, e o HS- combina
com o ferro reduzido, formando FeS
(macknawita), conforma reação:
Fe2+ + HS- + OH- → FeS + H2O
O FeS experimenta outras reações que
levam à formação de Fe3S4 (griegita) e FeS2
(pirita), que é a forma mais comum de compostos
sulfatados e que vai nos interessar de imediato.
A pirita pode, também, ser formada
diretamente sem passar pelos estádios de
macknawita e griegita, de acordo com a reação:
4
Fe2O3 + SO 2-+ 8CH2O + 1/2O2 → 2FS2 +
8HCO - + 4H O
períodos. Nos solos é facilmente reconhecida
pelos mosqueados amarelados que apresenta, quando a área é drenada.
3 2
O processo de oxidação da pirita até a Observe que a presença de matéria
orgânica (CH2O) é determinante no
desencadeamento da reação, havendo uma
correlação positiva entre os teores de matéria
orgânica e os de sulfetos formados (quanto maior
os teores de matéria orgânica, maior a quantidade
de sulfeto formado).
O processo de acúmulo de sulfetos a partir
da oxidação de sulfatos até a formação de pirita
recebe o nome de sulfidização ou piritização.
Além da quantidade, a pirita é o principal
mineral contendo enxofre capaz de experimentar
reação muito ácida. Para tanto, ela passa por
várias etapas de oxidação, algumas das quais
catalizadas por microorganismos (Thiobacillus
ferrooxidans), conforme exemplificação
simplificada apresentada a seguir:
FeS2 + 31/2 O2 + H20 → FeSO4 + H2SO4
Ambos os produtos são solúveis e quase
que totalmente dissociados em água. Quando se
drena ou seca (oxida) o terreno, têm-se as
reações:
FeSO4 + 1/2H2SO4 +1/4 O2 → 1/2Fe2(SO4)3 +
1/2 H2O
1/2Fe2(SO4)3 + 2HOH → 1/3 HFe3(SO4)2
(OH)6
Havendo potássio no meio, forma-se a
jarosita: KFe(SO4)2 (OH)6.
Havendo sódio, tem-se a natrojarosita:
NaFe(SO4)2 (OH)6.
A jarosita é mais comum que a
natrojarosita, e apresenta maior estabilidade em
valores de pH entre 2,0 e 4,0. Uma vez formada
tende a permanecer no meio por longos
forma da jarosita, com a conseqüente
acidificação severa do meio, recebe o nome
sulforização.
Ainda que de pouca expressividade, solos
com característica sulfídrica ocorrem em
algumas áreas pantanosas da região costeira
brasileira. Seu reconhecimento é importante por
várias razões:
efeito direto da acidez (a maioria das
plantas cultivadas não se adaptam a situação de
acidez drástica como nos solos com materiais
sulfídricos - tiomórficos). A atividade
microbiana é, também, muito prejudicada. Como
exemplo citam-se: a decomposição de matéria
orgânica; a fixação de nitrogênio por Rhizobium
e mesmo a ação de microrrizas pela elevada
acidez;
em condições de pH menores do que
3,5, aumenta a solubilidade do alumínio, ferro,
manganês e hidrogênio, com conseqüente
toxidez para as plantas;
o Fe2+ normalmente também se encontra
em concentrações tóxicas;
redução da disponibilidade de fósforo,
pela interação com o ferro e o alumínio;
baixo status de saturação de bases com
conseqüente deficiência de nutrientes;
salinidade elevada, tanto por sais
solúveis da água do mar, como aqueles
provenientes da oxidação da pirita;
dificuldade de sistematização da área;
inviabilidade econômica da correção da
acidez com calcário;
corrosão de implementos de drenagem e
materiais de construção diversos, inclusive
concreto.
CLASSES DE SOLOS DO BRASIL
A seguir são definidas as 13 classes de solos reconhecidas no Brasil em nível de
ordem e apresentadas suas subdivisões em subordem, grande grupos e subgrupos. Para
cada ordem ou subordem é apresentada uma descrição de perfil com a devida
caracterização físico-química do material coletado e analisado, sobre as quais são feitas
várias perguntas com objetivo do leitor recordar conceitos e familiarizar-se com a
linguagem pedológica.
LATOSSOLOS
São solos constituídos por material mineral, apresentando horizonte B latossólico imediatamente
abaixo de qualquer tipo de horizonte A, dentro de 200 cm da superfície do solo ou dentro de 300 cm, se o
horizonte A apresenta mais que 150 cm de espessura. O incremento de argila do horizonte A para o B é
pouco acentuado, de maneira que a relação textural B/A é, na grande maioria dos casos próximo à unidade,
não podendo ultrapassar a 1,5.
Trata-se da classe de solos de maior expressão geográfica do país e com ampla distribuição ao longo
do território nacional (Figura 3). Em geral, ocupam área de topografia aplainada dos chapadões do Brasil
Central, de Planaltos do Sul do país, além de áreas da região Amazônica (terra firme), sob diferentes
coberturas vegetais. Ocorrem também em áreas acidentadas ao longo da costa brasileira, no domínio dos
Mares de Morros Florestados.
Figura 3. Distribuição da classe dos Latossolos no Brasil (Embrapa, 1986).
São solos profundos, bem drenados com colorações que variam do amarelo ao vermelho-escuro. É
bom frisar que embora a intemperização e lixiviação tenham sido intensas durante a formação dos
Latossolos (processo de latolização, ou laterização, ou ferralitização), nem todos os Latossolos são
distróficos ou álicos. Têm sido constatados no Brasil alguns Latossolos eutróficos em regiões onde a
precipitação é menor que a evapotranspiração, normalmente relacionados a rochas mais ricas em nutrientes,
sobretudo basalto e calcário.
A mineralogia da fração argila dos Latossolos apresenta proporções variadas de caulinita, gibbsita e
óxidos de ferro como hematita (responsável pela cor vermelha) e goethita (cor amarela). Quanto mais
intemperizado o Latossolo (mais oxidíco) maior é a tendência de apresentar estrutura granular fortemente
desenvolvida (estrutura “tipo pó de café”). Aqueles com mineralogia mais caulinítica tendem apresentar
estrutura em blocos subangulares fraca ou quando muito, moderadamente desenvolvida. Parte da subordem
dos Latossolos Brunos, mais especificamente áqueles desenvolvidos de basalto em regiões planálticas no
Sul do país, apresentam mineralogia peculiar, onde a vermiculita com hidroxi entre camadas ocupa
proporção considerável da fração argila, juntamente com a caulinita e goethita.
Grande parte dos Latossolos Vermelhos férricos e perférricos do país (desenvolvidos de basalto e
tufito principalmente) apresentam quantidades consideráveis de magnetita (fração areia) e maghemita
(argila), óxidos de ferro responsáveis pela grande atração ao magneto destes solos.
É, sem dúvida, a classe de solos de maior importância agrícola (agro-silvo-pastoril) do país, e por
uma série de razões: 1) topografia e condições físicas do solo favoráveis à mecanização (agricultura
tecnificada); 2) praticamente sem risco de salinização quando irrigados em razão de sua boa drenagem; 3)
solo profundo e sem pedregosidade; 4) boa rede viária para escoamento da produção; áreas próximas, ou
relativamente próximas a centros consumidores e exportadores, dentre outros fatores. Como fatores
negativos ao seu aproveitamento agrícola destacam-se: baixa fertilidade natural sendo, em sua maioria
ácida; grande capacidade de adsorção de fosfato, sobretudo aqueles mais argilosos e oxidícos; alta
velocidade de infiltração de água, mormente nos Latossolos de textura média e mesmo aqueles argilosos
mais oxidícos (baixo Ki).
A seguir são definidas as 4 subordens de Latossolos do Brasil, e apresentado um quadro de suas
subdivisões em nível de grande grupo e subgrupo. Observe que a nomenclatura constante nos grandes
grupos nada mais é do que a aplicação de termos definidos nos atributos diagnósticos. Assim, ao dizer que
um solo foi classificado como Latossolo Amarelo acriférrico indica que ele apresenta os atributos
diagnósticos ácrico (pHKCl ≥ pHH2O; CTCe ≤ 1,5 cmolc/kg de argila) e férrico (Fe2O3 do ataque sulfúrico
> 18 e < 36 dag/kg).
LATOSSOLOS BRUNOS
São solos com matriz 4 YR ou mais amarelado no horizonte BA ou em todo horizonte B em
concomitância com valor úmido ≤ 4, com horizonte A húmico, proeminente, ou com teores de Corg > 1
dag/kg até 70 cm ou mais de profundidade. Além da cor, uma das características responsáveis pelo
reconhecimento destes Latossolos em nível de subordem é sua alta capacidade de contração com a perda
de umidade, resultando em fendilhamento pronunciado observados em barrancos expostos ao sol ainda que
por poucos dias. É bom destacar que em Latossolos Brunos descritos em Poços de Caldas, esta característica
não é muito evidente, talvez em razão das mesmas quantidades de vermiculita com hidroxi entre camadas
que aqueles do Sul do Brasil.
LATOSSOLOS AMARELOS
São Latossolos de coloração amarela, com matiz 7,5 YR ou mais amarelo (10 YR ou 2,5 Y) na maior
parte dos primeiros 100 cm do horizonte Bw, inclusive BA.
Com esta nova especiação em termos de cor, a classe dos Latossolos Amarelos ficou mais abrangente
e passou a englobar solos anteriormente classificados como Latossolos Vermelho-Amarelos, de outros
ambientes que não aqueles do domínio das áreas do grupo Barreiras nos platôs litorâneos, ou sedimentos
correlatados na Amazônia. Incluem, atualmente, solos com caráter coeso (aqueles de tabuleiro) ou não.
LATOSSOLOS VERMELHOS
São Latossolos de coloração vermelha, com matiz 2,5 YR ou mais vermelho na maior parte dos
primeiros 100 cm do horizonte Bw, inclusive BA.
Observe que Latossolos anteriormente classificados como Vermelho-Escuros, Roxos e Ferríferos
foram agora englobados como Latossolos Vermelhos em nível de subordem. Assim um antigo Latossolo
Roxo com teor de Fe2O3 > 18 e < 36 dag/kg é reconhecido a nível de grande grupo como latossolo
Vermelho distroférrico ou eutroférrico, conforme apresente Bw com V < 50 % ou V ≥ 50 %,
respectivamente.
É pertinente registrar que Latossolos Roxos e Ferríferos com mais de 36 dag/kg de Fe2O3
(desenvolvidos de tufitos e itabiritos na região de Patos de Minas – MG e Quadrilátero Ferrífero,
respectivamente) não estão sendo diferenciados taxonomicamente, mesmo em nível de subgrupo.
LATOSSOLOS VERMELHO-AMARELOS
São Latossolos de cores vermelho-amareladas e amarelo avermelhadas que não se enquadram em
nenhuma das outras subordens de latossolos referidas.
Trata-se de classe que ficou mais restrita, englobando solos apenas dentro do intervalo de matizes
entre 2,5 YR e 7,5 YR.
É apresentado a seguir a subdivisão taxonômica dos Latossolos até o quarto nível categórico, além
de exemplos de perfis da classe descritos e coletados em diferentes regiões do apis, sob diferentes materiais
de origem.
Quadro 2. Subdivisão da classe dos Latossolos ao nível de ordem, subordem, grande grupo e subgrupo pelo
atual SiBCS (1999).
Ordem/Subordem Grande Grupo Subgrupo
Latossolos Brunos
Acriférricos rúbricos e típicos
Ácricos rúbricos e típicos
Aluminoférricos rúbricos e típicos
Alumínicos rúbricos; câmbicos e típicos
Distroférricos rúbricos e típicos
Distróficos rúbricos; câmbicos e típicos
Latossolos Amarelos
Alumínicos argissólicos; típicos
Distrocoesos antrópicos; húmicos; argissólicos; petroplínticos; plínticos; típicos
Ácriférricos húmicos; típicos
Ácricos húmicos; petroplínticos; plínticos; típicos
Distroférricos húmicos; típicos
Distróficos antrópicos; húmicos; câmbicos; argissólicos;
petroplínticos; típicos Eutróficos câmbicos; argissólicos; típicos
Latossolos Vermelhos
Perférricos húmicos; câmbicos; típicos
Aluminoférricos húmicos; câmbicos; típicos
Acriférricos húmicos; petroplínticos; típicos
Distroférricos húmicos; câmbicos; nitossólicos; plínticos; típicos
Eutroférricos câmbicos; chernossólicos; típicos
Ácricos húmicos; típicos
Distróficos húmicos; câmbicos; argissólicos; típicos
Eutróficos câmbicos; argissólicos; chernossólicos; típicos
Latossolos Vermelho-
Amarelos
Alumínicos argissólicos; típicos
Acriférricos húmicos; típicos
Ácricos húmicos; típicos
Distroférricos câmbicos; argissólicos; típicos
Distróficos húmicos; câmbicos; plínticos; nitossólicos; argissólicos; típicos
Eutróficos câmbicos; argissólicos; típicos
PERFIL – II RCC- 4 RJ (29.07.82)
CLASSIFICAÇÃO: LATOSSOLO AMARELO ÁLICO A moderado textura argilosa fase
floresta tropical subcaducifólia relevo suave ondulado.
LOCALIZAÇÃO: Rodovia Presidente Dutra (BR-116), em direção a São Paulo, 500 metros
após o posto da Patrulha Rodoviária de Penedo. Resende, RJ. 22°28’ S
e 44°31’ W Gr.
SITUAÇÃO, DECLIVE E COBERTURA VEGETAL SOBRE O PERFIL: Corte aproximadamente
5 % de declividade e sob cobertura de pastagem.
ALTITUDE: 480 metros.
LITOLOGIA E FORMAÇÃO GEOLÓGICA: Sedimentos argilo-arenosos da Bacia de Resende.
Terciário.
MATERIAL ORIGINÁRIO: Cobertura detrítica argilo-arenosa revestindo os sedimentos supracitados.
PEDREGOSIDADE: Não pedregosa.
ROCHOSIDADE: Não rochosa.
RELEVO LOCAL: Suave ondulado.
RELEVO REGIONAL: Suave ondulado, com vertentes retas de dezenas de metros, vales em “V”
aberto e topos aplainados.
EROSÃO: Laminar moderada.
DRENAGEM: Bem drenado.
VEGETAÇÃO PRIMÁRIA: Floresta tropical subcaducifólia.
USO ATUAL: Pastagem de grama-batatais com invasoras.
CLIMA: Cwa, da classificação de Köppen.
DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA
PERFIL – II RCC- 4 RJ (29.07.82)
Ap 0-15 cm; bruno-escuro (10 YR 4/3, úmido) e bruno (10 YR 5/3, seco); argila arenosa; moderada
pequena e muito pequena granular; friável, plástico e pegajoso; transição plana e gradual.
A3 15-30 cm; bruno-amarelado-escuro (10 YR 4,5/4, úmido) e bruno-amarelado (10 YR 5/4, seco);
argila arenosa; fraca pequena e média blocos subangulares e pequena e muito pequena granular;
friável, plástico e pegajoso; transição plana e gradual.
Bw1 30-45 cm; bruno-amarelado (10 YR 5/5); argila arenosa; fraca pequena e média blocos
subangulares; cerosidade descontínua, pouca e fraca; friável, plástico e pegajoso; transição plana
e difusa.
Bw2 45-145 cm; bruno-amarelado (10 YR 5/6); argila; fraca pequena e média blocos subangulares
e fraca muito pequena granular com aspecto de maciça porosa; cerosidade descontínua, pouca
e fraca; friável e ligeiramente pegajoso; transição plana e difusa.
Bw3 145-325 cm; bruno-amarelado (10 YR 5/8); argila; fraca pequena e média blocos subangulares
e fraca muito pequena granular com aspecto de maciça porosa; friável, ligeiramente plástico e
pegajoso; transição plana e gradual.
Bw3 325-355 cm; bruno-forte (7,5 YR 5/7); argila; friável, ligeiramente plástico e ligeiramente
pegajoso; transição plana e gradual.
2C1 355-405 cm; amarelo-avermelhado (5 YR 6/8); argila; ligeiramente plástico e ligeiramente
pegajoso; transição plana e gradual.
3C2 405-430 cm; vermelho-claro (3 YR 6/6); franco argilo-arenoso; não plástico e não pegajoso.
RAÍZES Raízes finas comuns no Ap, poucas no A3, raras no Bw1 e praticamente ausentes nos
horizontes inferiores.
OBS.: Ocorrência de alguns cascalhos esparsos ao longo do perfil e raras concreções ferruginosas.
Pouca atividade biológica no horizonte Ap, diminuindo até o Bw1.
Os horizontes Bw4, 2C1 e 3C2 foram coletados com trado. Perfil descrito úmido. Muitos poros muito
pequenos e pequenos e poucos médios e grandes no Ap e A3; muitos poros muito pequenos nos demais
horizontes.
PERGUNTAS
1) O que é um horizonte Ap?
2) O que é um clima Cwa?
3) Trata-se de solo coeso? (Verifique resultado de densidade aparente com aquele
constatado no perfil anterior).
4) O que significa 2C1 e 3C2?
5) Calcule relação textural deste solo? Ela é condizente com a classe dos Latossolos?
6) Verifique se o solo é álico. Qual a importância disso?
7) Qual o tipo de óxido de ferro mais condizente com a cor 10 YR 5/8?
8) Em solos desta natureza seria recomendado subsolagem para plantio de cana-de-
açúcar, por exemplo? Justifique.
9) Atualize a classificação do solo (SiBCS, 1999) até o nível de subgrupo.
ANÁLISES FÍSICAS
PERFIL – II RCC - 4 RJ (29.07.82)
Horizonte Granulometria
(g/kg)
ADA1/
(g/kg)
GF2/
(%)
S/R3/
Densidade
(g/cm3)
Porosidade
(m3/m3) Símbolo Prof.
(cm)
Areia Grossa
2-0,20
mm
Areia Fina
0,20-0,05
mm
Silte
0,05-0,002
mm
Argila
<0,002
mm
Aparente
Real
Ap 0-15 250 220 140 390 300 23 0,36 1,27 2,63 52
A3 15-30 220 250 100 430 140 67 0,23
Bw1 30-45 230 250 70 450 300 33 0,16
Bw2 45-145 220 220 90 470 0 100 0,19
Bw3 145-325 200 220 90 490 0 100 0,18 1,57 2,50 37
Bw4 325-355 180 210 100 510 0 100 0,20
2C1 355-405 210 190 180 420 0 100 0,43
3C2 405-430 490 150 130 230* 0 100 0,57
1/ADA – Argila dispersa em água; 2/GF – Grau de floculação; 3/S/R – Silte/argila-
ANÁLISES QUÍMICAS
PERFIL – II RCC-4 RJ (29.07.82)
Horizonte
pH Complexo Sortivo (cmolc/kg) Valor V
(%)
P
(mg/kg) Água KCl 1N Ca2+ Mg2+ K+ Na+ Valor S Al3+ H+
Valor T
Ap 4,2 3,4 0,4 0,03 0,01 0,4 2,8 4,5 7,7 5 <1
A3 4,0 3,4 0,4 0,01 0,01 0,4 3,0 3,3 6,7 6 <0.5
Bw1 4,2 3,4 0,2 0,01 0,01 0,2 2,8 3,0 6,0 3 <0.5
Bw2 4,5 3,5 0,3 0,01 0,01 0,3 2,8 2,3 5,4 6 <0.5
Bw3 5,0 3,8 0,1 0,01 0,01 0,1 1,3 2,8 4,2 2 <0.5
Bw4 5,1 3,9 0,2 0,01 0,01 0,2 0,8 2,9 3,9 5 <0.5
2C1 5,1 3,9 0,2 0,01 0,01 0,2 0,9 2,7 3,8 5 <0.5
3C2 5,0 3,8 0,1 0,01 0,01 0,1 1,1 1,4 2,6 4 <0.5
Horizonte
C
(orgânico)
(g/kg)
N
(g/kg) C
N
Ataque H2SO4 (dag/kg)
Ki
Kr
SiO2 Al2O3 Fe2O3 TiO2 P2O5
Ap 1,48 0,14 11 14,7 14,5 4,1 0,87 1,72 1,46
A3 0,82 0,10 8 15,4 15,5 4,5 0,93 1,69 1,43
Bw1 0,63 0,10 6 16,3 17,0 4,8 1,03 1,63 1,38
Bw2 0,38 0,07 5 16,6 17,0 5,3 0,97 1,66 1,38
Bw3 0,21 0,06 17,3 18,0 5,2 0,99 1,63 1,38
Bw4 0,14 0,05 18,4 19,9 5,7 1,01 1,57 1,33
2C1 0,04 0,02 17,1 20,1 7,7 0,89 1,45 1,16
3C2 0,04 0,02 14,3 13,9 2,6 0,63 1,75 1,56
ARGISSOLOS
São solos constituídos por material mineral caracterizados pela presença do horizonte diagnóstico B
textural de argila de atividade baixa (Tb), distrófico ou eutrófico. Eventualmente, o horizonte Bt pode ser
atividade alta (Ta), neste caso, porém, necessariamente deve apresentar baixa saturação de bases (V < 50
%) ou caráter alítico (Al3+ ≥ 4 cmolc/kg de solo associada a CTCr ≥ 20 cmolc/kg de argila e valor m ≥ 50
%).
O horizonte Bt encontra-se imediatamente a baixo de qualquer tipo de horizonte superficial, exceto
o hístico, sem apresentar, contudo, os requisitos estabelecidos para serem enquadrados como Luvissolos,
Plintossolos, Planossolos e Gleissolos.
Os Argissolos foram anteriormente reconhecidos como Podzólicos e apresentam característica mais
peculiar, o aumento substancial do teor de argila do horizonte A para o horizonte B, em quantidade
suficiente para caracterizar uma mudança abrupta, ou resultar em relações texturais (RT) mais elevadas,
conforme as especificações a seguir (Quadro 3).
Quadro 3 – Valores de relações texturais B/A requeridas para caracterizar o horizonte Bt.
Quantidade de argila no horizonte A (g/kg)
RT
> 400
> 1,5
150 – 400 > 1,7
< 150 > 1,8
Esta relação textural mais elevada dos Argissolos normalmente relaciona-se com uma
descontinuidade marcante do sistema poroso com a profundidade. Assim, são mais porosos no horizonte A
(mais macroporos) que no B (Poros maiores “ocupados” por argila, com redução de macroporos) o que os
tornam muito susceptíveis à erosão mesmo em situação de pequenos declives.
Os Argissolos ocupam uma grande área do Brasil (Figura 4) nas mais diversas condições de relevo
e cobertura vegetal. Ainda que se encontrem Argissolos eutróficos (aqueles mais vermelhos tendem a ser
mais eutróficos, particularmente nas regiões de clima mais seco), a grande maioria dos solos desta classe
tendem a ser distróficos.
Figura 4. Distribuição da classe dos Argissolos no Brasil (Embrapa, 1981).
No atual SiBCS são reconhecidas cinco subordens de Argissolos: Bruno Acinzentados,
Acinzentados, Amarelos, Vermelhos, Vermelho-Amarelos, sucintamente definidos a seguir:
ARGISSOLOS BRUNO-ACINZENTADOS
São solos que apresentam horizonte Bt de textura argilosa (pelo menos a maioria dos perfis até aqui
descritos no Sul do Brasil) com a parte superior perceptivelmente mais escurecida em relação aos
subhorizontes inferiores, conferindo-lhe um aspecto bicrômico peculiar. Diferem de alguns Planossolos
com topo do B também escurecido pela matéria orgânica, pela melhor drenagem e pelo menor grau de
desenvolvimento da estrutura e tamanho dos peds.
ARGISSOLOS ACINZENTADOS
Dos Argissolos, são aqueles de drenagem mais restrita e apresentam cores acinzentadas na maior
parte dos primeiros 100 cm do horizonte Bt. Diferem dos Planossolos por nem sempre apresentarem
mudança textural abrupta e pelo menor grau de desenvolvimento de estrutura e tamanho de peds que
aqueles.
ARGISSOLOS AMARELOS
São solos cujo horizonte Bt apresenta matiz 7,5 YR ou mais amarelo nos primeiros 100 cm do
horizonte Bt, incluindo BA, quando presente.
A exemplo dos Latossolos Amarelos, a subordem dos Argissolos Amarelos, pelos novos critérios de
cor, ficou mais abrangente e, também inclui solos coesos e não coesos.
ARGISSOLOS VERMELHOS
São solos cujo horizonte Bt apresenta matiz 2,5 YR ou mais vermelho. O matiz pode chegar também
a te 5 YR desde que associado à valores e cromas ≤ 4.
É pertinente frisar que os solos com acentuado gradiente textural e coloração vermelha só foram
definidos na década de 80 como Podzólicos Vermelho-Escuros. Assim, muitos solos reconhecidos no
passado como Podzólicos Vermelho-Amarelos são, no atual SiBCS, classificados como Argissolos
Vermelhos. Ou seja, é também uma classe que parece ter ampliada sua extensão geográfica.
ARGISSOLOS VERMELHOS-AMARELOS
Outros Argissolos de cores vermelho-amareladas e amarelo-avermelhadas que não se enquadram nas
classes anteriores.
Quadro 4. Subdivisão da classe dos Argissolos ao nível de ordem, subordem, grande grupo e subgrupo
pelo atual SiBCS (1999).
Ordem/Subordem Grande Grupo Subgrupo
Argissolos Bruno- Acinzentados
Alíticos abrúpticos; úmbricos; típicos
Argissolos
Acinzentados
Distrocoesos arênicos; abrúpticos fragipânicos; abrúpticos dúricos; dúricos; abrúpticos; fragipânicos; plínticos; latossólicos; típicos
Distróficos arênicos; abrúpticos fragipânicos; abrúpticos dúricos; dúricos; abrúpticos; fragipânicos; plínticos; latossólicos; típicos
Eutróficos abrúpticos; plínticos; típicos
Argissolos Amarelos
Alíticos abrúpticos; plínticos; epiáquicos; típicos
Alumínicos abrúpticos; plínticos; epiáquicos; típicos
Distrocoesos
arênicos fragipânicos; arênicos; planossólicos fragipânicos;
planossólicos; abrúpticos fragipânicos espódicos; abrúpticos
fragipânicos; abrúpticos espódicos; abrúpticos petroplínticos;
abrúpticos plínticos; abrúpticos solódicos; abrúpticos;
fragipânicos espódicos; fragipânicos plínticos; fragipânicos
plácicos; fragipânicos; epiáquicos; espódicos; plínticos; latossólicos; úmbricos; arênicos fragipânicos; típicos
Distróficos abrúpticos; plínticos; úmbricos; típicos
Eutrocoesos abrúpticos plínticos; abrúpticos; plínticos planossólicos
solódicos; fragipâncios; plínticos; lépticos; típicos Eutróficos plínticos; planossólicos; solódicos; abrúpticos; típicos
Argissolos Vermelhos Alíticos abrúpticos; plínticos; epiáquicos; típicos
Alumínicos abrúpticos; plínticos; epiáquicos; úmbricos; típicos
Ta Distróficos abrúpticos; epiáquicos; úmbricos; típicos
Distróficos arênicos; planossólicos; abrúpticos plínticos; abrúpticos; latossólicos; plínticos; úmbricos; típicos
Eutroférricos abrúpticos saprolíticos; abrúpticos; chernossólicos;
latossólicos; típicos
Eutróficos
espessarênicos; arênicos; planossólicos; abrúpticos
chernossólicos; abrúpticos plínticos solódicos; abrúpticos
plínticos; abrúpticos solódicos; abrúpticos; lépticos; latossólicos; chernossólicos; saprolíticos; típicos
Argissolos Vermelho-
Amarelos
Alíticos abrúpticos; plínticos; epiáquicos; típicos
Alumínicos abrúpticos; plínticos; epiáquicos; úmbricos; típicos
Ta Distróficos abrúpticos; epiáquicos; úmbricos; típicos
Distróficos espessarênicos abrúpticos; espessarênicos; arênicos
abrúpticos; arênicos; planossólicos; abrúpticos; plínticos;
latossólicos; úmbricos; típicos
Eutróficos abrúpticos planossólicos; abrúpticos lépticos; abrúpticos
plínticos; abrúpticos; planossólicos; latossólicos; típicos
A seguir são apresentados dados morfológicos e analíticos de Argissolos de diferentes regiões do
país.
PERFIL Nº PRJ 14
CLASSIFICAÇÃO: PODZÓLICO VERMELHO-AMARELO ÁLICO argila de atividade
baixa abrupto A moderado textura arenosa/argilosa fase floresta tropical
subperenifólia relevo suave ondulado.
MUNICÍPIO E ESTADO: Campos, RJ.
LOCALIZAÇÃO: Estrada Campos-Macaé, distando 16 km de Campos, entrando-se 200
metros à direita (em frente ao Posto da Polícia Rodoviária).
SITUAÇÃO E DECLIVE: Trincheira situada em topo de tabuleiro, com cerca de 3 a 5 % de declive e
sob cobertura de gramíneas.
ALTITUDE: 20 metros
LITOLOGIA E FORMAÇÃO GEOLÓGICA: Sedimentos da Formação Barreiras. Terciário.
MATERIAL ORIGINÁRIO: Cobertura detrítica argilo-arenosa revestindo os sedimentos supracitados.
RELEVO LOCAL: Suave ondulado.
RELEVO REGIONAL: Plano a suave e plano.
EROSÃO: Laminar ligeira
DRENAGEM: Bem drenado.
VEGETAÇÃO PRIMÁRIA: Floresta tropical subperenifólia.
USO ATUAL: Cultura de cana-de-açúcar e pastagem.
DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA
PERFIL Nº PRJ 14
Ap 0-20 cm; bruno-acinzentado muito escuro (10 YR 3/2, úmido), bruno-escuro (10 YR 3/3, úmido
amassado), cinzento (10 YR 4,5/1, seco) e bruno-acinzentado (10 YR 4,5/2, seco triturado); areia
franca;moderada a forte muito pequena a pequena granular; ligeiramente duro, muito friável,
não plástico e não pegajoso; transição plana e clara.
A2 20-35 cm; bruno-escuro (10 YR 4/3, úmido), bruno-amarelado-escuro (10 YR 4/4, úmido
amassado), cinzento-brunado-claro (10 YR 5,5/2, seco) e bruno-claro-acinzentado (10 YR 6/3,
seco triturado); franco arenoso; maciça moderadamente coesa; duro, muito friável, ligeiramente
plástico e não pegajoso; transição plana e clara.
Bt1 35-70 cm; bruno-amarelado (10 YR 4,5/4); argila arenosa; fraca muito pequena a pequena blocos
subangulares e angulares; muito duro, firme, muito plástico e pegajoso; transição plana e
gradual.
Bt2 70-100 cm; bruno-amarelado (10 YR 5/6); argila arenosa; fraca muito pequena a pequena blocos
subangulares e angulares; muito duro, firme, muito plástico e pegajoso; transição plana e difusa.
Bt3 100-135 cm; bruno-amarelado (10 YR 5/7); argila; fraca muito pequena a pequena blocos
subangulares e angulares; duro, firme, muito plástico e pegajoso; transição plana e difusa.
Bt4 135-285+ cm; bruno-amarelado (10 YR 5/8); argila arenosa; muito fraca muito pequena blocos
subangulares e angulares; duro, friável, muito plástico e pegajoso.
OBS.: Trincheira com 170 cm de profundidade.
Raízes abundantes no Ap, comuns no A2, poucas no Bt1, raras no Bt2 e Bt3.
Muitos poros pequenos e médios ao longo de todo o perfil.
PERGUNTAS
1) Verifique se o solo é realmente de argila de atividade baixa?
2) Qual p critério de cor (matriz) para separar um solo Amarelo de um Vermelho-
Amarelo?
3) Calcule a relação textural (RT) deste solo?
4) O que é e qual a importância de se reconhecer um solo com mudança textural
abrupta? A informação sobre a erosão descrita no campo pode lhe ajudar na resposta.
5) Cite duas razões para este grande contraste de argila do horizonte A para o horizonte
B.
6) Diferencie mudança textural abrupta de transição abrupta.
7) Solos desta natureza são muito utilizados com cana-de-açúcar na região de Campos -
RJ (vide uso atual) e eucalipto no norte do ES e sul da Bahia, onde a subsolagem no
mínimo a 40 cm tem sido recomendada. Qual a razão disso?
8) Os valores de densidade aparente do horizonte B deste solo são muito elevados? Isto é
benéfico ou prejudicial à exploração agrícola? Comente.
9) Veja os resultados de porosidade e verifique agora o efeito de translocação da argila
do horizonte A para o horizonte B deste solo.
10) Atualize a classificação do solo (SiBCS, 1999) até o nível de subgrupo.
ANÁLISES FÍSICAS
PERFIL Nº PRJ 14
Horizonte Granulometria
(g/kg)
ADA1/
(g/kg)
GF2/
(%)
S/R3/
Densidade
(g/cm3)
Porosidade
(m3/m3)
Símbolo
Prof.
(cm)
Areia Grossa
2-0,20
mm
Areia Fina
0,20-0,05
mm
Silte
0,05-0,002
mm
Argila
<0,002
mm
Aparente
Real
Ap 0-20 680 160 70 90 80 11 0,78 1,66 2,66 38
A3 20-35 640 180 50 130 100 23 0,38 1,73 2,56 32
Bt1 35-70 390 140 50 420 310 26 0,12 1,59 2,56 38
Bt2 70-100 350 120 60 470 350 26 0,13 1,65 2,66 38
Bt3 100-135 340 100 50 510 450 12 0,10 1,49 2,66 44
Bt4 135-285+ 350 130 40 480 0 100 0,08 1,44 2,59 44
1/ADA – Argila dispersa em água; 2/GF – Grau de floculação; 3/S/R – Silte/argila
ANÁLISES QUÍMICAS
PERFIL Nº PRJ 14
Horizonte
pH Complexo Sortivo (cmolc/kg) Valor V
(%)
P
(mg/kg) Água KCl 1N Ca2+ Mg2+ K+ Na+ Valor S Al3+ H+
Valor T
Ap 5,7 4,7 1,1 0,7 0,05 0,04 1,9 0, 1,0 2,9 66 3
A3 5,4 4,2 0,8 0,3 0,02 0,04 1,2 0,2 0,9 2,3 52 < 1
Bt1 4,9 3,7 0,9 0,5 0,01 0,05 1,5 0,7 1,1 3,3 45 < 1
Bt2 4,5 3,7 0,7 0,01 0,04 0,8 1,9 1,1 3,8 21 1
Bt3 4,6 3,7 0,6 0,01 0,03 0,6 2,0 1,0 3,6 17 1
Bt4 4,4 3,7 0,4 0,01 0,03 0,4 1,6 0,6 2,6 15 1
Horizonte
C
(orgânico)
(g/kg)
N
(g/kg) C
N
Ataque H2SO4 (cmolc/kg)
Ki
Kr
SiO2 Al2O3 Fe2O3 TiO2 P2O5
Ap 0,51 0,09 6 3,6 1,9 2,5 0,44 3,23 1,19
A3 0,27 0,08 3 5,1 3,9 1,9 0,61 2,23 3,21
Bt1 0,32 0,09 4 15,3 13,5 3,5 1,03 1,93 6,05
Bt2 0,25 0,07 4 18,6 16,0 4,4 1,05 1,98 5,71
Bt3 0,21 0,06 4 20,5 19,1 3,3 1,18 1,82 9,09
Bt4 0,16 0,04 4 17,8 16,7 3,3 1,04 1,81 7,95
LUVISSOLOS
São solos que também apresentam horizonte Bt porém, necessariamente, com argila de atividade alta
e V ≥ 50 %, imediatamente abaixo de horizontes A fraco ou moderado, ou proeminente (mais raro), ou
horizonte E.
Se estiverem presentes os horizontes plíntico, glei e plânico, não devem satisfazer os critérios para
serem classificados como Plintossolos, Gleissolos e Planossolos, respectivamente. Ou seja, a presença
destes horizontes não devem coincidir com a parte superficial do horizonte Bt.
A ordem dos Plintossolos engloba grande parte dos solos anteriormente reconhecidos como Brunos
não Cálcicos, no semi-árido brasileiro e, ainda, Podzólicos eutróficos com argila de atividade alta. Assim,
pode-se encontrar os atuais Luvissolos fora de regiões secas, como é o caso de áreas representativas do
Estado do Acre.
Quadro 5. Subdivisão da classe dos Luvissolos ao nível de ordem, subordem, grande grupo, subgrupo
pelo atual SiBCS (1999).
Ordem/Subordem Grande Grupo Subgrupo
Luvissolos Crômicos
Carbonáticos vérticos; planossólicos; típicos
Pálicos planossólicos; arênicos; abrúpticos plínticos; petroplínticos; abrúpticos; câmbicos; saprolíticos; típicos
Órticos líticos; vérticos; solódicos; planossólicos; vérticos solódicos; vérticos; salinos; solódicos; típicos
Luvissolos Háplicos Órticos planossólicos; típicos
PLANOSSOLOS
São solos minerais imperfeitamente ou mal drenados (cores acinzentadas ou neutras indicadoras de
redução) com seqüência de horizontes do tipo A ou A, E, mais arenosos, que contrastam abruptamente para
o horizonte plânico (mais arenoso) via de regra caracterizando uma mudança textural abrupta,
anteriormente definida.
É comum alguma parte do horizonte B, quando não todo ele, apresentar-se adensada, constituindo
um verdadeiro horizonte e pã (endurecido), e com altos teores de argila, sobretudo naqueles Planossolos
com teores mais elevados de sódio (nátricos). Esta feição é responsável pela restrição à percolação de água,
propiciando seu acúmulo acima do horizonte B, por algum tempo. Isto pode ser um fato positivo na
inundação de áreas para exploração com arroz, como é comum em áreas de Planossolos no Rio Grande do
Sul.
Além da maior quantidade de argila do horizonte B em relação ao A, ele apresenta estrutura com
feição cúbica de tamanho grande (forte, grande em blocos angulares), ou mesmo prismática ou colunar,
pelo menos na parte superior deste horizonte. Isto às vezes é decisivo para sua distinção de Argissolos
Cinzentos quando de mudança textural abrupta.
Os solos desta classe ocorrem dominantemente em áreas de relevo plano ou suave ondulado. No
primeiro caso, principalmente em climas mais úmidos, são solos verdadeiramente hidromórficos. No
segundo, em regiões semi-áridas e, mesmo naquelas onde o solo está sujeito apenas a um excesso de água
por período relativamente curto, não chegam a ser propriamente solos hidromórficos.
São solos muito comuns no semi-árido brasileiro, onde às vezes acumulam muito sódio, a ponto de
serem caracterizados como Planossolos Nátricos (antigos Solonetz Solodizados). Nestes casos, a restrição
ao uso agrícola é grande pelos efeitos deste íon tanto no solo (dispersão, concentração salina) como na
própria planta (toxidez).
Quadro 6. Subdivisão da classe dos Planossolos ao nível de ordem, subordem, grande grupo, subgrupo
pelo atual SiBCS (1999).
Ordem/Subordem Grande Grupo Subgrupo
Planossolos Nátricos
Carbonáticos vérticos; gleicos; típicos
Sálicos arênicos; duripânicos; flúvicos; típicos
Órticos espessarênicos; arênicos; vérticos; gleicos; plínticos;
duripânicos; salinos; flúvicos; típicos
Planossolos Háplicos
Carbonáticos solódicos; vérticos; típicos
Sálicos arênicos; solódicos; vérticos; plínticos; flúvicos; típicos
Alumínicos arênicos; típicos
Distróficos espessarênicos; arênicos, plínticos; salinos; solódicos; lépticos; flúvicos; típicos
Eutróficos espessarênicos; arênicos; solódicos; salinos; chernossólicos vérticos; vérticos; plínticos; flúvicos; lépticos; típicos
PERFIL 07 XXII - CBCS
CLASSIFICAÇÃO: SOLONETZ-SOLODIZADO Ta EUTRÓFICO A moderado textura
arenosa/média com cascalho fase caatinga hiperxerófila relevo suave
ondulado.
LOCALIZAÇÃO, MUNICÍPIO E ESTADO: Rodovia Ibimirim-Floresta (PE 360) km 50, ou seja,
distando 50 km de Ibimirim. Município de Ibimirim – PE.
SITUAÇÃO, DECLIVE E COBERTURA VEGETAL SOBRE O PERFIL: Superfície de
pediplanação com 2 – 3 % de declividade.
LITOLOGIA E CRONOLOGIA: Granodiorito médio. Pré-Cambriano Indiviso.
MATERIAL ORIGINÁRIO: Produto de alteração do granodiorito com influência de cobertura
pedimentar.
PEDREGOSIDADE: Poucas pedras na superfície.
ROCHOSIDADE: Alguns afloramentos esparsos na área.
RELEVO LOCAL: Plano.
RELEVO REGIONAL: Plano e suave ondulado.
EROSÃO: Laminar ligeira/moderada.
DRENAGEM: Imperfeitamente drenado.
VEGETAÇÃO PRIMÁRIA: Caatinga hiperxelófila arbustiva-arbórea aberta (pouco densa) com
favela, catingueira, pereiro, jurema-de-imbira, malva branca, pinhão
roxo, mandacaru, xique-xique e macambira.
USO ATUAL: Pecuária extensiva na caatinga.
CLIMA: BSw’h’ de Köppen.
DESCRITO E COLETADO POR: Antônio C. Cavalcanti e Antônio R. de Souza (IPA).
DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA
PERFIL 07 XXII - CBCS
A 0-15 cm; bruno acinzentado muito escuro (10 YR 3/2, úmido) e bruno-acinzentado-escuro (10
YR 4/2, seco); areia franca; fraca pequena e média blocos subangulares; macio, muito friável,
não plástico e não pegajoso; transição clara e plana.
E1 15-38 cm; bruno-escuro (10 YR 4/3, úmido) e bruno (10 YR 5,5/3, seco); areia; fraca pequena e
média blocos subangulares; macio, muito friável, não plástico e não pegajoso; transição clara e
plana.
E2 38-43 cm; bruno-claro-acinzentado (10 YR 5,5/3, úmido) e bruno-muito claro-acinzentado (10
YR 7/3, seco); areia; com cascalho; grão simples; solto, muito friável; não plástico e não
pegajoso; transição abrupta e plana.
Btn1 43-60 cm; bruno-acinzentado-escuro (10 YR 4/2, úmido) franco-argilo-arenoso com cascalho;
colunar média e grande blocos subangulares e angulares; extremamente duro, muito firme, muito
plástico e muito pegajoso; transição gradual e plana.
Btn2 60-90 cm; bruno-acinzentado (1,5 Y 4,5/2, úmido) franco-argilo-arenoso com cascalho;
moderada média e grande blocos angulares; extremamente duro, firme, plástico e pegajoso;
transição gradual e plana.
BCn 90-110 cm; bruno-acinzentado (1,5 Y 4,5/2, úmido) mosqueado abundante, pequeno e distinto,
bruno-muito claro-acinzentado (10 YR 7/3); franco-argilo-arenoso cascalhento; fraca média e
grande blocos subangulares e angulares; extremamente duro, firme, plástico e pegajoso;
transição clara e ondulada..
Crn 110-130+ cm; Não descrito.
RAÍZES Comuns finas e médias no A, comuns poucas e médias no E1 e E2 e poucas finas no Btn1 e Btn2.
OBS.: O mosqueado do horizonte BCn corresponde ao material primário (feldspato).
A cor escura do A, deve-se possivelmente a queimadas de macambira durante algum período do ano.
Slickenside pouco e fraco no Btn2.
PERGUNTAS
1) O solo encontra-se em região de clima mais seco ou mais úmido? Justifique.
2) Como explicar a presença de afloramentos de rocha de origem em área de relevo
plano e suave ondulado?
3) Justifique de forma abrangente a erosão laminar ligeira/moderada em área de
topografia suavizada e que ainda chove pouco.
4) Qual o significado de n em Btn1, Btn2, BCn e Crn?
5) Calcule a PST e verifique se o solo é sódico ou solódico?
6) Cite uma provável fonte de Na neste solo?
7) O Na+ é um íon muito ou pouco solúvel?
8) Por que o Na+ se acumulou neste solo?
9) Por que os teores de argila natural (ou argila dispersa em água) são próximos
daqueles obtidos para argila total, nos horizontes Btn1 e Btn2?
10) A argila é mais facilmente movimentada no estado disperso ou floculado?
11) O que é grau de floculação (GF)? Verifique se seus valores estão em coadunância
com suas respostas anteriores.
12) É um solo Ta ou Tb? Justifique.
13) O valor do Ki no Btn1 ou Btn2 pode dar alguma informação a respeito do tipo de
argila? Justifique.
14) Por que mesmo sendo eutrófico este solo não é aproveitado com agricultura?
15) A ponte as principais limitações ao uso agrícola deste solo.
16) Todo Planossolo é sódico? Comente sua resposta.
17) Atualize a classificação do solo (SiBCS, 1999) até o nível de subgrupo.
ANÁLISES FÍSICAS
PERFIL 07 XXII – CBCS
Horizonte Granulometria
(g/kg)
ADA1/
(g/kg)
GF2/
(%)
S/R3/ Símbolo Prof.
(cm)
Areia Grossa
2-0,20
mm
Areia Fina
0,20-0,05
mm
Silte
0,05-0,002
mm
Argila
<0,002
mm
A 0-15 560 240 130 70 30 57 1,86
E1 15-38 690 180 90 40 20 50 2,25
E2 38-43 650 240 90 20 10 50 4,50
Btn1 43-60 430 140 160 270 250 7 0,59
Btn2 60-90 370 130 220 280 220 21 0,79
BCn 90-110 420 70 170 340 260 24 0,50
1/ADA – Argila dispersa em água; 2/GF – Grau de floculação; 3/SR – Silte/argila
ANÁLISES QUÍMICAS
PERFIL 07 XXII – CBCS
Horizonte
pH Complexo Sortivo (cmolc/kg) Valor V
(%)
P
mg/kg Água KCl 1N Ca2+ Mg2+ K+ Na+ Valor S Al3+ H+
Valor T
A 6,6 5,8 2,3 1,5 0,26 0,06 4,1 0,0 0,8 4,9 84 10,0
E1 6,8 5,3 0,8 0,7 0,17 0,07 1,7 0,0 0,8 2,5 68 5,0
E2 7,0 5,2 0, 7 0,04 1,14 0,9 0,0 0,0 0,9 100 2,0
Btn1 6,0 4,0 3,9 3,8 0,04 1,58 9,3 0,2 0,7 10,2 91 1,0
Btn2 7,9 5,6 6,2 5,9 0,08 2,83 15,0 0,0 0,0 15,0 100 6,0
BCn 8,5 6,3 6,3 6,4 0,11 3,48 16,3 0,0 0,0 16,3 100 4,0
Horizonte
C
N
Ataque H2SO4 (dag/kg)
Ki
Kr
Al2O3
Fe2O3 (orgânico) (g/kg) C (g/kg)
N SiO2 Al2O3 Fe2O3 TiO2
A 0,76 0,08 10,0
E1 0,37 0,04 9,0
E2 0,16 0,03 5,0
Btn1 0,24 0,05 5,0 12,6 7,5 2,0 0,30 2,86 2,44 5,88
Btn2 0,21 0,04 5,0 19,2 10,5 3,5 0,48 3,11 2,56 4,70
BCn 0,11 0,02 6,0 18,4 10,3 4,1 0,55 3,03 2,42 3,95
NITOSSOLOS
São solos minerais de atividade argilosa ou muito argilosa (mais que 35 g/kg de argila) que apresenta
horizonte B nítico imediatamente abaixo de qualquer tipo de horizonte A. Apresentam pequena relação
textural B/A, porém sempre com estrutura em blocos subangulares e angulares moderada a fortemente
desenvolvidos, em cujas faces observam-se filmes de argila brilhosos que caracterizam o que se denomina
cerosidade. É bom frisar que este brilho característico é mais nítido nos solos vermelhos que nos amarelos.
Englobam solos anteriormente classificados como Terras Roxas e Brunas Estruturadas e mesmo
alguns Podzólicos Vermelho-Escuros argilosos, Tb e com baixo gradiente textural (antigas Terras Roxas
Estrutura Similares).
Quadro 7. Subdivisão da classe dos Nitossolos ao nível de ordem, subordem, grande grupo, subgrupo pelo
atual SiBCS (1999).
Ordem/Subordem Grande Grupo Subgrupo
Nitossolos Brunos
Distroférricos húmicos rúbricos; húmicos; rúbricos; típicos
Distróficos húmicos rúbricos; húmicos; rúbricos; típicos
Aluminoférricos húmicos rúbricos; húmicos; rúbricos; típicos
Alumínicos húmicos rúbricos; húmicos; rúbricos; típicos
Nitossolos Vermelhos
Distroférricos latossólicos; típicos
Distróficos argissólicos; latossólicos; câmbicos; líticos; saprolíticos; típicos
Eutroférricos chernossólicos; plínticos; latossólicos; típicos
Eutróficos lépticos; latossólicos; câmbicos; líticos; saprolíticos; típicos
Nitossolos Háplicos
Ácricos latossólicos; típicos
Alumínicos latossólicos; típicos
Distróficos húmicos; latossólicos; câmbicos; líticos; saprolíticos; típicos
Eutroférricos chernossólicos; lépticos; câmbicos; líticos; saprolíticos; típicos
Eutróficos chernossólicos; câmbicos; líticos; lépticos; saprolíticos; típicos
CHERNOSSOLOS
Trata-se de nova ordem estabelecida no SiBCS de 1999, e abrange solos minerais com alta saturação
de bases e com horizonte A chenozêmico sobrejacente a horizonte b textural ou B incipiente ambos com
argila de atividade alta. O A chernozêmico pode-se encontrar, também, sobre horizonte c carbonático ou
horizonte cálcico, ou ainda sobre a rocha calcária.
São solos normalmente escuros, ou com tonalidades pouco cormadas, podendo ser avermelhadas,
formados sob condições climáticas e materiais de origem diversos, sua formação, entretanto, depende da
conjunção de fatores, que favoreçam a persistência de um horizonte A rico em matéria orgânica e com altos
teores de cálcio e magnésio, e de argilominerais 2:1 expansivos.
Esta nova ordem inclui os solos anteriormente classificados como brunizém Evermelhado, brunizém,
Rendzinas e cambissolos eutróficos Ta com A chernozêmico, todos de eleveda fertilidade natural.
Quadro 8. Subdivisão da classe dos Chernossolos ao nível de ordem, subordem, grande grupo, subgrupo
pelo atual SiBCS (1999).
Ordem/Subordem Grande Grupo Subgrupo
Chernossolos Rêndzicos Líticos Típicos
Saprolíticos Típicos
Chernossolos Ebânicos Carbonáticos vérticos; típicos
Órticos vérticos; típicos
Chernossolos Argilúvicos
Férricos saprolíticos; típicos
Carbonáticos vérticos; abruptos; saprolíticos; típicos
Órticos lépticos; abruptos saprolíticos; saprolíticos; vérticos;
abruptos; solódicos; epiáquicos; típicos
Chernossolos Háplicos
Férricos típicos
Carbonáticos vérticos; lépticos; nitossólicos; saprolíticos; típicos
Órticos vérticos; lépticos; nitossólicos; típicos
A seguir são apresentados dados morfológicos e analíticos de um perfil da classe dos Chernossolos.
PERFIL 65 – Mato Grosso, MT (13.03.69)
CLASSIFICAÇÃO: BRUNIZÉM AVERMELHADO textura argilosa fase floreta
subcaducifólia relevo plano e suave ondulado.
LOCALIZAÇÃO: Fazenda Figueira, a 6 km da sede, próximo ao poço.
SITUAÇÃO, DECLIVE E COBERTURA VEGETAL SOBRE O PERFIL: Perfil descrito e coletado
em trincheira aberta em vale intermontano e sob cobertura
vegetal de floresta subcaducifólia.
ALTITUDE: 390 metros.
LITOLOGIA E FORMAÇÃO GEOLÓGICA: Dolomito da Formação Bocaina – Grupo Corumbá.
Cambro-Ordoviciano.
MATERIAL ORIGINÁRIO: Produtos pseudo-autóctenes da decomposição dos dolomitos
afetados por materias provenientes de outras fontes.
RELEVO: Suave ondulado (localmente plano).
EROSÃO: Laminar ligeira.
DRENAGEM: Bem drenado.
VEGETAÇÃO: Floresta subcaducifólia (área desmatada).
USO ATUAL: Pastagem de capim-colonião.
DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA
PERFIL 65 – Mato Grosso, MT (13.03.69).
A1 0-8 cm; vermelho escuro acinzentado (2,5 YR 3/2); argila; forte pequena a média blocos
angulares e subangulares e moderada muito pequena a pequena granular; muito duro, friável,
muito plástico e muito pegajoso; transição plana e gradual.
A3 8-25 cm; vermelho escuro acinzentado (2,5 YR 3/2); argila pesada; forte pequena a grande
blocos angulares e subangulares; muito duro, friável, muito plástico e muito pegajoso; transição
plana e clara.
Bt1 25-55 cm; vermelho escuro acinzentado (2,5 YR 3/2); argila pesada; forte pequena a média
blocos angulares e subangulares; cerosidade forte e abundante; friável, muito plástico e muito
pegajoso; transição plana e difusa.
Bt2 55-80 cm; bruno avermelhado escuro (2,5 YR 3/4); argila pesada; moderada muito pequena a
pequena blocos angulares e subangulares; cerosidade forte e abundante; friável, muito plástico
e muito pegajoso; transição plana e difusa.
Bt3 80-115 cm; bruno avermelhado escuro (2,5 YR 3.5/4); argila pesada; friável, muito plástico e
muito pegajoso, transição plana e abrupta.
R 115+ cm
OBS.: Trincheira com 115 cm de profundidade.
Coletada amostra superficial composta para fertilidade F 525.
Raízes abundantes no A1 e comuns no A3, Bt1 e Bt2, com diâmetro variando de 1 mm a 3 mm.
O horizonte A apresenta muitos grumos, os quais precisam ser muitos trabalhos para se desfazerem.
Todos os horizontes apresentam relativa dificuldade para serem trabalhados na avaliação da textura.
O horizonte Bt3 apresenta muitas concreções do tipo “chumbo de caça”.
PERGUNTAS
1) Verifique se o solo preenche os requisitos necessários para ser enquadrado como A chernozêmico.
2) A chernozêmico pode ser muito duro e friável?
3) A definição do horizonte B esta mais condizente com textural ou nítico?
ANÁLISES FÍSICAS
PERFIL 65 – Mato Grosso, MT (13.03.69)
Horizonte Granulometria
(g/kg)
ADA1/
(g/kg)
GF2/
(%)
S/R3/
Densidade
(g/cm)
Porosidade
(m3/m3) Símbolo Prof.
(cm)
Areia Grossa
2-0,20
mm
Areia Fina
0,20-0,05
mm
Silte
0,05-0,002
mm
Argila
<0,002
mm
Aparente
Real
A1 0-8 60 70 320 550 380 31 0,58
A3 8-25 50 50 240 660 530 20 0,36
Bt1 25-55 50 40 210 700 590 16 0,30
Bt2 55-80 40 40 190 730 280 62 0,26
Bt3 80-115 40 40 220 700 20 9 0,31
1/ADA – Argila dispersa em água; 2/GF – Grau de floculação; 3/S/R – Silte/argila
ANÁLISES QUÍMICAS
PERFIL 65 – Mato Grosso, MT (13.03.69)
Horizonte
pH Complexo Sortivo (meq/100g)) Valor V (%) P
mg/kg Água KCl 1N Ca2+ Mg2+ K+ Na+ Valor S Al3+ H+
Valor T
A1 6,6 5,8 36,8 1,9 1,08 0,1 39,9 0 4,1 44,0 91 9
A3 7,0 5,5 33,5 0,9 0,19 0,11 34,7 0 0 34,7 100 <1
Bt1 7,1 5,3 27,3 0,4 0,09 0,08 27,9 0 0 27,9 100 <1
Bt2 6,5 4,9 24,8 0,1 0,07 0,07 25,0 0 5,8 30,8 81 <1
Bt3 6,1 4,5 23,4 0,9 0,07 0,07 24,4 0,02 5,5 31,1 78 2
Horizonte
C
(orgânico)
(g/kg)
N
(g/kg)
C
N
Ataque H2SO4 (dag/kg)
Ki
Kr
Al2O3
Fe2O3 SiO2 Al2O3 Fe2O3 TiO2 P2O5
A1 4,69 0,52 9 24,8 16,7 7,5 0,64 0,2 2,52 1,92 3,49
A3 1,94 0,23 8 27,9 19,6 8,3 0,72 0,1 2,42 1,91 3,69
Bt1 1,22 0,15 8 30,5 22,8 8,3 0,73 0,06 2,27 1,82 4,07
Bt2 0,81 0,11 7 32,7 23,5 9,1 0,74 0,05 2,37 1,90 4,04
Bt3 0,51 0,08 6 30,4 22,9 8,9 0,77 0,03 2,26 1,80 4,01
CAMBISSOLOS
São solos minerais pouco evoluídos, com seqüência de horizonte A, Bi, C, em que o horizonte Bi tenha no mínimo 10 cm de espessura e textura seja mais fina que
franco-arenosa.
O horizonte Bi encontra-se subjacente a praticamente todos os tipos de horizontes superficiais exceto o horizonte hístico com 40 cm ou mais de espessura, ou
horizonte A chernozêmico, quando o Bi apresentar saturação de bases e argila de atividade alta. Neste último caso, são enquadrados como Cernossolos.
Pela própria incipiência de desenvolvimento pedogenético os Cambissolos são muito variáveis quanto à cor, espessura, testura e estrutura, atividade de argila,
relação silte/argila e Ki. Os teores de silte tendem a ser mais elevados e os de argila tendem a variar pouco em profundidade, de maneira que não se observa cerosidade,
ou se ocorrer é em geral fraca e pouca, e a relação textural B/A é próxima à unidade. Não é incomum, também, certos Cambissolos apresentarem discreto, mas perceptível
descréscimo de argila em profundidade.
Quando derivados de rochas como gnaisse, granitos, magmatitos, xistos, filitos eé comum apresentarem quantidades consideráveis de minerais primários facilmente
intemperizáveis (biotita, hornblenda, augita, algum feldspato calco-sódicos), ou de intemperização menos intensa (muscovita, feldspato potássico) na fração areia. Além
disso, são comuns a presença de fragamentos da rocha de origem (mais de 5 %) na massa do horizonte Bi.
Quando derivados de rochas que se decompõem mais facilemente (básicas e ultrbásicas) nem sempre são perceptíveis remanescentes da rocha ou quantidade
apreciáveis de minerais primários de fácil decompisição. nestes casos, o Bi deve apresentar outras características que indiquem seu estádio de evolução menos avançado,
tais como: relação silte/argila mais elevada; CTCr ≥ 17 cmolc/kg para distinhui-lo de Latossolos, dentre outros atributos conforme especificados na definição de B incipiente.
Quadro 9. Subdivisão da classe dos Cambissolos ao nível de ordem, subordem, grande grupo, subgrupo pelo atual SiBCS (1999).
Ordem/Subordem Grande Grupo Subgrupo
Cambissolos Húmicos
Aluminoférricos líticos; lépticos; latossólicos; espódicos; organossólicos;
argissólicos; saprolíticos; típicos
Alumínicos líticos; lépticos; gleicos; sômbricos; latossólicos; argissólicos; organossólicos; espódicos; saprolíticos; típicos
Distroférricos líticos; lépticos; latossólicos; argissólicos; hísticos; saprolíticos; típicos
Distróficos organossólicos; lépticos; gleicos; argissólicos; latossólicos;
líticos; saprolíticos; típicos
Cambissolos Flúvicos Alumínicos gleicos; solódicos; típicos
Carbonáticos vérticos; solódicos; típicos
Sódicos salinos; típicos
Sálicos gleicos; solódicos; típicos
Ta Distróficos gleicos; planossólicos; vérticos; salinos; solódicos; típicos
Ta Eutróficos gleicos; vérticos; planossólicos vérticos; salinos; solódicos; típicos
Tb Distróficos gleicos; salinos; solódicos; típicos
Tb Eutróficos gleicos; vérticos; planossólicos vérticos; salinos; solódicos; típicos
Cambissolos Háplicos
Alumínicos organossólicos; gleicos; argissólicos; líticos; lépticos;
saprolíticos; típicos Carbonáticos saprolíticos; vérticos; líticos; lépticos; típicos
Sálicos gleicos solódicos; gleicos; solódicos; vérticos; líticos; lépticos; saprolíticos; típicos
Sódicos gleicos salinos; gleicos; salinos; vérticos; líticos; lépticos; saprolíticos; típicos
Distroférricos líticos; lépticos; saprolíticos; típicos
Eutroférricos lépticos; gleicos; solódicos; latossólicos; saprolíticos; típicos
Perférricos líticos; lépticos; latossólicos; saprolíticos; típicos
Ta Distróficos líticos; lépticos; gleicos; argissólicos; solódicos; saprolíticos;
típicos
Ta Eutróficos líticos, lépticos carbonáticos; lépticos; vérticos; argissólicos; gleicos; solódicos; saprolíticos; típicos
NEOSSOLOS
São solos poucos evoluídos, onde os fatores de formação não atuaram de forma plena, de maneira
que não aparece nestes solos qualquer tipo de horizonte B diagnóstico. Assim, as seqüências de horizontes
constatados são: A, R; A, C, R; A, Cr, R; A, C e, mais raramente O-R ou H-R, desde que os horizontes O
e H tenham espessura menor que 20 cm.
Em razão da abrangência desta ordem no SiBCS, é difícil estabelecer generalizações quanto a
espessura do solum, fertilidade, atividade de argila, dentre outros fatores. Por este motivo, as generalizações
pertinentes serão feitas nas subordens, conforme definições a seguir.
NEOSSOLOS LITÓLICOS
São solos rasos com bastante A e mesmo horizonte hístico, ainda que, mais raramente, assente
diretamente sobre a rocha (contato litólico ou fragmentário) ou sobre um horizonte C, ou Cr, ou mesmo
sobre material com 90 % (por volume) ou mais de sua massa constituída por fragmentos de rocha com
diâmetro maior que 2mm (cascalho, calhaus e matações). Às vezes, observa-se a presença de um horizonte
B em início de formação, cuja espessura não preenche os requisitos necessários para ser enquadrado em
qualquer tipo de horizonte B diagnóstico.
Suas ocorrências mais comuns são em áreas de relevo mais movimentado, onde a erosão hídrica foi
normalmente mais ativa durante a gênese destes solos, como ainda é. Isso não significa que não ocorram
em locais de topografia plana, como é o caso de algumas áreas do semi-árido brasileiro.
São solos de fertilidade natural variada e, por serem rasos e pouco intemperizados, sempre guardam
alguma afinidade maior com o material de origem. Assim, se o material de origem for quimicamente rico
em elementos essenciais às plantas (maior conteúdo de minerais primários facilmente intemperizáveis –
MPFI) a tendência é do Neossolo Litólico ser eutrófico, particularmente em regiões com déficits hídricos.
A pequena espessura destes solos é, talvez, um dos maiores obstáculos ao seu aproveitamento
agrícola. Isto, associado ao relevo mais movimentado em que ocorrem mais freqüentemente, agrava mais
ainda a situação. O que não significa que não sejam utilizados agricolamente, como é o caso das pequenas
propriedades agrícolas de Neossolos Litólicos eutróficos, desenvolvidos de basalto em áreas montanhosa
do Sul do Brasil, ainda muito utilizadas com milho e feijão ainda que sua maior indicação seja para
preservação da flora e fauna; reflorestamento e, quando muito pastagens.
NEOSSOLOS FLÚVICOS
São solos minerais originados a partir de sedimentos aluviais (transportados pelos rios), com
horizonte A assente sobre horizonte C constituído de camadas estratificadas sem relação pedológica entre
si.
Assim, naturalmente são solos muito heterogêneos química, física, mineralógica e morfologicamente
e, conseqüentemente, de difícil sistematização taxonômica. Em razão da diferenciação das camadas que se
depositam é, comum apresentarem perfil irregular do conteúdo de carbono em profundidade, ao contrário
dos outros solos minerais onde este conteúdo é decrescente.
Apesar de serem solos pouco evoluídos e ocuparem áreas de acúmulo de material (várzeas), nem
sempre são eutróficos. Em alguns casos podem apresentar acúmulo de sais e sódio, sendo caracterizados,
respectivamente como sálicos e sódicos (região semi-árida).
NEOSSOLOS QUARTZARÊNICOS
São solos minerais som seqüência de horizontes A, C, de textura areia ou areia franca, no mínimo
até a profundidade de 150 cm a partir da superfície do solo ou até a rocha de origem (contato lítico). A
fração areia (grossa e fina) é composta quase que exclusivamente por quartzo (95 % ou mais), portanto com
baixa, ou praticamente ausente, proporção de minerais primários facilmente intemperizáveis.
Os Neossolos Quartzarênicos eram reconhecidos como Areias Quartzosas. São, na sua quase
totalidade, profundos, distróficos, com capacidade de retenção de água e CTC muito baixas e com grande
proporção à lixiviação (textura arenosa) e erosão (grãos simples, ou seja, sem estrutura ou agregação). Estes
são, suas principais limitações ao uso agrícola.
As características físico-químicas destes solos limitam sobremaneira sua possibilidade de
aproveitamento agrícola de forma mais intensa, mesmo em condição de relevo plano ou suave ondulado,
onde ocorrem com mais freqüência. Quando não se encontram sob vegetação natural (cerrado, floresta,
caatinga) são utilizados com pastagem e reflorestamento. Em áreas de maior precipitação pluviométrica,
têm também sido utilizados na produção de soja, principalmente no Estado do Mato Grasso do Sul.
Quadro 10. Subdivisão da classe dos Neossolos ao nível de ordem, subordem, grande grupo, subgrupo pelo
atual SiBCS (1999).
Ordem/Subordem Grande
Grupo
Subgrupo
Neossolos Litólicos
Hísticos típicos
Húmicos espódicos; típicos
Carbonáticos típicos
Psamíticos típicos
Alumínico típicos
Distróficos típicos
Eutróficos chernossólicos; típicos
Neossolos Flúvicos
Sálicos gleicos; solódicos; típicos
Sódicos vérticos; gleicos; salinos; típicos
Carbonáticos gleicos; típicos
Psamíticos gleicos; típicos
Ta Distróficos gleicos; vérticos; solódicos; salinos; calcáricos; típicos
Ta Eutróficos gleicos; solódicos; vérticos; salinos; calcáricos; típicos
Tb Distróficos gleicos; salinos; solódicos; típicos
Tb Eutróficos gleicos; salinos; solódicos; calcáricos; típicos
Neossolos Regolíticos
Psamíticos fragipânicos; lépticos; gleicos; solódicos; típicos
Alumínicos léptico; típico
Distróficos fragipânicos; húmicos; lépticos; típicos
Eutróficos fragipânicos; lépticos; solódicos; típicos
Neossolos
Quartzarênicos
Hidromóficos espódicos; hísticos; plínticos; típicos
Órticos
fragipânicos; húmicos; solódicos; êutricos; lépticos;
espódicos; plínticos; gleicos; latossólicos; argissólicos; típicos
A seguir são apresentados dados morfológicos e analíticos de Neossolos de diferentes regiões do
país.
PERFIL Nº 129 – Radam Manaus
CLASSIFICAÇÃO: SOLO ALUVIAL EUTRÓFICO argila de atividade alta A
fraco textura média.
LOCALIZAÇÃO: Margem direita do Paraná de Supiara, 6.250 m à esuqerda
do rio Solimões, município de Manacapuru, Estado do
Amazonas. Lat. 3º27’S e long. 6046’WGr. Folha AS. 20 –
Z – D.
SITUAÇÃO DECLIVE E EOSÃO: Local palno com 0 a 1 % de declive e erosão laminar
ligeira.
MATERIAL ORIGINÁRIO: Sedimentos recentes do Quaternário.
DRENAGEM: Moderadamente drenado.
RELEVO: Plano
COBERTURA VEGETAL: Contato Formações Pioneiras/Floresta Densa.
DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA
A 0-10 cm; bruno escuro (10 YR 3/3), mosqueado comum médio difudo bruno-amarelado (10 YR
5/8); franco-siltoso; fraca muito pequena, pequena laminar; muito friável, plástico e pegajoso,
transição clara.
C1 10-45 cm; bruno escuro a bruno (10 YR 3,5/3), mosqueado comum médio difudo bruno-
amarelado (10 YR 5/8) e comum médio difuso cinzento (10 YR 5/1); franco; maciça; muito
friável, ligeiramente plástico e não pegajoso, transição clara.
C2 45-80 cm; bruno-escuro a bruno (10 YR 4/3), mosqueado comum médio difudo bruno-
amarelado (10 YR 5/8) e comum médio difuso cinzento (10 YR 5/1); franco; maciça; muito
friável, ligeiramente plástico e não pegajoso, transição clara.
2C3 80-110 cm; bruno-escuro (10 YR 3/3), mosqueado comum médio difudo bruno-amarelado (10
YR 5/8) e comum médio difuso cinzento (10 YR 5/1); franco; maciça; friável, ligeiramente
plástico e ligeiramente pegajoso, transição clara.
3C4 110-125 cm; bruno-acinzentado-escuro (10 YR 4/2), franco arenoso; maciça; muito friável,
não plástico e não pegajoso.
RAÍZES Abundantes, no A1.
Poucas na camada C1.
Raras nas demais camadas.
OBS.: O perfil foi coletado só até 125 cm devido ao lençol freátiço alto. Culturas de juta e malva na área.
PERGUNTAS
1) Todo solo de várzea é mal drenado? Justifique.
2) O que significa “sedimentos recentes do Quaternário”?
3) Qual o significado de 2C3 e 3C4 na seqüência de horizontes deste solo?
4) Os solos aluviais são mais homogêneos ou mais heterogêneso quanto às características físico-químicas
em profundidade?
5) Mostre duas evidências desta heterogeneidade físico-química deste perfil.
6) Por que o horizonte A, mesmo com apenas 12,3 % de argila foi descrito como plástico e pegajoso?
7) Nass várzeas é mais fácil ocorrer argilomineral 2:1 expansivos? Justifique.
8) Trata-se de um solo muito ou pouco evoluído. Justifique exemplificando sua resposta.
9) Quais as principais limitações ao uso agrícola deste solo?
10) Atualize a classifcação do solo (SiBCS, 1999) até o nível de subgrupo.
ANÁLISES FÍSICAS
PERFIL Nº 129 – Radam Manaus
Horizonte Granulometria
(g/kg)
ADA1/
(g/kg)
GF2/
(%)
S/R3/
Densidade
(g/cm3)
Porosidade
(m3/m3) Símbolo Prof.
(cm)
Areia Grossa
2-0,20
mm
Areia Fina
0,20-0,05
mm
Silte
0,05-0,002
mm
Argila
<0,002
mm
Aparente
Real
A 0-10 1 29 598 123 64 48 4,86
C1 10-45 2 79 410 97 57 41 4,23
C2 45-80 1 71 428 99 47 53 4,32
2C3 80-110 1 39 488 182 68 63 2,68
3C4 110-125 1 106 381 61 39 36 6,24
1/ADA – Argila dispersa em água; 2/G1F – Grau de floculação; 3/S/R – Silte/argila
ANÁLISES QUÍMICAS
PERFIL Nº 129 – Radam Manaus
Horizonte
pH Complexo Sortivo (cmolc/kg) Valor V
(%)
P
mg/kg Água KCl 1N Ca2+ Mg2+ K+ Na+ Valor S Al3+ H+
Valor T
A 5,4 4,9 0,15 2,78 0,29 0,34 3,56 0,06 0,33 5,98 59 7,7
C1 5,2 4,6 8,02 2,73 0,18 0,36 11,29 0,06 0,28 13,85 81 8,5
C2 5,1 4,4 8,22 2,68 0,25 0,32 11,47 0,05 0,22 14,15 81 8,9
2C3 4,9 4,3 8,42 3,09 0,58 0,46 12,55 0,06 0,28 15,73 80 6,5
3C4 4,4 3,8 4,41 2,06 0,62 0,30 7,39 0,28 0,50 10,09 73 11,8
Horizonte
C
(orgânico)
(g/kg)
N
(g/kg)
C
N
Ataque H2SO4 (dag/kg)
Ki
Kr
Al2O3
Fe2O3 SiO2 Al2O3 Fe2O3 TiO2 P2O5
A 7,0 1,6
C1 5,0 1,4
C2 5,0 1,4
2C3 6,0 1,6
3C4 2,0 1,1
PERFIL 29 – 10/09/68
CLASSIFICAÇÃO: AREIAS QUARTOSAS DISTRÓFICAS A fraco fase floresta
subperenifólia relevo suave ondulado.
LOCALIZAÇÃO: Estrada Vila Guassulândia – Barreirinho, 3,2 km após Vila
Guassulândia, lado direito, a 30 metros da estrada.
SITUAÇÃO E DECLIVE: Perfil descrito e coletado em trincheira aberta em topo de
elevação, com declives da ordem de 2 a 4 % e sob vegetação
florestal.
ALTITUDE: 480 metros.
LITOLOGIA E FORMAÇÃO GEOLÓGICA: Arenito Caiuá. Jurássico.
MATERIAL ORIGINÁRIO: Produto da decomposição do arenito.
RELEVO: Suave ondulado.
EROSÃO: Laminar
DRENAGEM: Excessivamente drenado.
VEGETAÇÃO: Floresta subperenifólia, com espécies de cedro, marfim e
peroba.
USO ATUAL: Reserva florestal.
DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA
A1 0-25 cm; vermelho escuro (2,5 YR 3/6, úmido), bruno avermelhado escuro (2,5 YR 3/4, úmido
amassado), vermelho amarelado (5 YR 4/6, seco) e bruno avermelhado (2,5 YR 4/4, seco
triturado); areia franca; moderada a fraca muito pequena e grande granular e grãos simples;
macio, friável, não plástico e não pegajoso; transição plana e clara.
A2 25-45 cm; vermelho escuro acinzentado (10 R 3/4, úmido), bruno avermelhado (2,5 YR 4/4,
úmido amassado), vermelho amarelado (5 YR 4/8, seco) e bruno avermelhado (2,5 YR 4/5, seco
triturado); areia franca; fraca pequena a média granular e grãos simples; macio, friável, não
plástico e não pegajoso; transição plana e gradual.
AC 45-75 cm; vermelho escuro acinzentado (10 R 3/3, úmido), bruno avermelhado (2,5 YR 4/4,
úmido amassado), vermelho escuro (2,5 YR 3/6, seco e seco triturado); franco arenoso; fraca
pequena a média granular e grãos simples; solto, muito friável, não plástico e não pegajoso;
transição plana e gradual.
C1 75-120 cm; bruno avermelhado escuro (2,5 YR 3/4); franco arenoso; macia porosa não coerente
constituída por grãos simples; solto, muito friável, não plástico e não pegajoso; transição plana
e difusa.
C2 120-175 cm; vermelhado escuro (2,5 YR 3/6); franco arenoso; macia porosa não coerente
constituída por grãos simples; solto, muito friável, não plástico e não pegajoso; transição plana
e difusa.
C3 175-300+ cm; vermelhado escuro (2,5 YR 3/6); franco arenoso; macia porosa não coerente
constituída por grãos simples; solto, muito friável, ligeiramente plástico e ligeiramente
pegajoso.
OBS.: Trincheira com 195 cm de profundidade, daí em diante usou-se trato de caneco.
Coletada amostra superficial composta para fertilidade F 471.
Coletada amostra superficial composta para experimento em pote.
Coletadas amostras dos horizontes A e C para DNER.
Coletadas amostras com anel volumétrico dos horizontes A1, A2, AC, C1 e C2.
Poros ao longo de todo perfil.
Raízes abundantes no A1, A2, muitas no AC e C1, comuns no C2, com diâmetros variando de 1mm a 2 cm.
Perfil coletado em topo aplainado.
PERGUNTAS
1) Quais as classes texturais que definem o grupamento textural “arenoso”?
2) Qual quantidade máxima de argila para um solo ser considerado “arenoso”.
3) Trata-se de solo raso ou profundo?
4) Por que a seqüência de horizonte é do tipo A, C e não A, B?
5) Qual o tipo de estrutura descrita para o horizonte A1 e explique a ocorrência de estrutura granular.
7) O que significa solto; muito friável; não plástico e não pegajoso.
8) Verifique se o solo é distrófico ou álico.
9) Por que os Neossolos Quartzarênicos tendem a ser álicos ou distróficos?
10) Expique a razão da cor 2,5 YR 3/4 no C1.
11) Por que os solos arenosos tendem a ter valores de densidade do solo mais elevados?
12) Tem sentido em ta ou Tb para um solo desta natureza? Comente.
13) O que você acha da sustentabilidade agrícola de um solo como este?
14) Quais suas principais limitações ao uso agrícola.
15) Você recomendaria a desapropriação de uma fazenda na área em que este solo é dominate, para fins
de reforma agrária? Comente.
16) Atualize a classifcação do solo (SiBCS, 1999) até o nível de subgrupo.
ANÁLISES FÍSICAS
PERFIL 29 – 10/09/68
Horizonte Granulometria
(g/kg)
ADA1/
(g/kg)
GF2/
(%)
S/R3/
Densidade
(g/cm3)
Porosidade
(m3/m3) Símbolo Prof.
(cm)
Areia Grossa
2-0,20
mm
Areia Fina
0,20-0,05
mm
Silte
0,05-0,002
mm
Argila
<0,002
mm
Aparente
Real
A1 0-25 500 350 50 100 60 40 0,50 1,26 2,61 52
A2 25-45 450 390 60 100 90 10 0,60 1,57 2,64 41
AC 45-75 440 390 40 130 80 39 0,31 1,55 2,62 41
C1 75-120 460 360 60 120 100 17 0,50 1,64 2,63 38
C2 120-175 480 340 60 120 110 8 0,50 1,56 2,63 41
C3 175-300+ 490 330 60 120 80 33 0,50
1/ADA – Argila dispersa em água; 2/GF – Grau de floculação; 3/S/R – Silte/argila
ANÁLISES QUÍMICAS
PERFIL 29 – 10/09/68
Horizonte
pH Complexo Sortivo (cmolc/kg) Valor V (%) P
mg/kg Água KCl 1N Ca2+ Mg2+ K+ Na+ Valor S Al3+ H+
Valor T
A1 3,8 3,7 0,3 0,06 0,02 0,4 1,2 2,3 3,9 10 3
A2 3,7 3,6 0,2 0,02 0,02 0,2 1,0 1,5 2,7 7 1
AC 3,8 3,8 0,2 0,02 0,02 0,2 0,9 1,6 2,7 7 1
C1 3,9 3,8 0,2 0,01 0,02 0,2 0,9 1,1 2,2 9 1
C2 4,2 3,7 0,2 0,01 0,01 0,2 1,1 1,6 2,9 7 1
C3 4,2 3,7 0,2 0,06 0,02 0,3 1,0 1,1 2,4 13 1
Horizonte
C
(orgânico)
(g/kg)
N
(g/kg)
C
N
Ataque H2SO4 (dag/kg)
Ki
Kr
Al2O3
Fe2O3 SiO2 Al2O3 Fe2O3 TiO2 P2O5
A1 6,5 0,7 9 3,1 3,4 2,0 0,33 0,01 1,55 1,13 2,54
A2 3,8 0,3 13 3,7 3,6 2,4 0,40 0,01 1,75 1,24 2,33
AC 36 0,3 12 4,1 3,9 2,7 0,44 0,01 1,79 1,24 2,24
C1 2,7 0,2 14 4,6 4,3 2,7 0,45 0,01 1,82 1,31 2,47
C2 2,8 0,2 14 4,8 4,5 2,9 0,52 0,01 1,81 1,29 2,44
C3 2,7 0,2 14 5,3 4,9 3,2 0,53 0,01 1,84 1,29 2,40
ANÁLISE MINERALÓGICA
A1 – Areias – 100 % de quartzo vítreo incolor (alguns hialinos), desarestados (rolados); traços de
magnetita, concreções ferruginosas, fragmentos de raiz, carvão e sementes.
A2 – Areias – 100 % de quartzo vítreo incolor (alguns hialinos), desarestados (rolados); traços de
magnetita, concreções ferruginosas e fragmentos de carvão.
AC – Areias – 99 % de quartzo vítreo incolor (alguns hialinos), desarestados (rolados); 1 % de magnetita,
concreções ferruginosas; traços de fragmentos de carvão.
C1 – Areias – 100 % de quartzo vítreo incolor (alguns hialinos), desarestados (rolados); traços de
magnetita, concreções ferruginosas e fragmentos de carvão.
C2 – Areias – 100 % de quartzo vítreo incolor (alguns hialinos), desarestados (rolados); traços de
magnetita, concreções ferruginosas e fragmentos de carvão.
C3 – Areias – 100 % de quartzo vítreo incolor (alguns hialinos), desarestados (rolados); traços de
magnetita, concreções ferruginosas e fragmentos de carvão.
PLINTOSSOLOS
São solos minerais formados sob condições de restrição à percolação de água, sujeitoa a efeito
temporário de excesso de umidade, oque favorece à plintização expressiva responsável pelo aparaecimento
do horizonte plíntico dentro dos primeiro 40 cm superficiais, ou dentro de 200 cm da superfície, quando
imediatamente abaixo do horizonte A, ou E, ou de outro horizonte com cores pálidas ou variegadas ou com
mosqueado em quantidade abundante.
Apersentam coloração heterogênea, tipicamente mosqueada variegada onde parte avermelhadas
(plintita) se destacam de um fundo de cores amareladas, acinzentadas ou pálidas. A consistência do material
úmido é firme ou muito firme, com partes e extremamente firmes e extremamente duras quando o solo se
encontra seco, particularmente nas manchas de cores avermelhadas. A plintita é, em geral, facilmente
individualizada da massa mosqueada e não se esboroa qundo submersa em água por um espaço de tempo
de duas horas, mesmo quando submetida a suaves agitações periódicas. Após este tempo, entretanto, pode
ser quebrada ou amassada.
A maior parte dos Plintossolos ocorrem em áreas de baixada, com relevo plano ou suave ondulado.
predominantemente são solos ácidos e com baixas saturação de bases e atividade de argila. Verificam-se
também solo eutróficos, Ta, e mesmo solódicos ou sódicos.
Durante a gênese dos Plintossolo, observa-se que em alguns locais, condições climáticas mais secas
promoveram o endurecimento irreversível da plintita em petroplintita, também chamada tapiocanga, canga
laterítica, canga, concreções ferruginosas e, ainda, piçarras. Quando as quantidades de petroplintita forem
expressivas, serão caracterizados os Plintossolos Pétricos Litoplíticos (petroplintinta contínua) ou
plintossolos Pétricos Concrecionários (mais de 50 % de petroplintita no meio de massa terrosa solta).
Os plintossolos são típicos de áreas quentes e úmidas, na sua maior parte naquelas com estação seca
bem definida. Tem sido constatados com maior abubdância nos Estados do Pará, Amazonas, maranhão,
Piauí, mato Grosso e Tocantins.
Quadro 11. Subdivisão da classe dos Plintossolos ao nível de ordem, subordem, grande grupo, subgrupo
pelo atual SiBCS (1999).
Ordem/Subordem Grande Grupo Subgrupo
Plintossolos Pétricos Litoplínticos êndicos; psamíticos; típicos
Concrecionários êndicos; líticos; lépticos; gleicos; câmbicos; argissólicos;
latossólicos; típicos
Plintossolos Argilúvicos
Alumínicos arênicos; espessarênicos; abruptos; petroplínticos; gleicos; típicos
Distróficos arênicos; espessarênicos; abruptos; solódicos; gleicos; petroplínticos; típicos
Eutróficos arênicos; espessarênicos; abruptos solódicos; abruptos;
solódicos; gleicos; petroplínticos; típicos
Plintossolos Háplicos
Alumínicos gleicos; petroplínticos; típicos
Distróficos líticos; lépticos; arênicos; espessarênicos; solódicos; gleicos; petroplínticos; típicos
Eutróficos líticos; lépticos; arênicos; espessarênicos; solódicos; gleicos; petroplínticos; típicos
VERTISSOLOS
Compreende solos minerais apresentando horizonte vértico com mais de 30 % de argila e com
pequena variação textural ao longo do perfil.
São normalmente pouco evoluídos não hidromórficos, mas com série restrita temporária à percolação
de água. Apresentam pronunciadas mudanças de volume com a variação do teor de umidade, com a
manifestação de fendas de retração largas e profundas, na época da seca ou movimentações da massa do
solo sob a forma de superfícies de fricção (slikensides) comumente observadas nas faces das unidades
estruturais inclinadas em relação ao prumo do perfil.
Apesra de serem quase que exclusivamente eutróficos, são pouco permeáveis, duros a extremente
duros quando secos e muito plásticos e muito pegajosos quando molhados, em razão do predomínio de
argilominerais 2:1 expansivos, o que traz sérias limitações ao seu aproveitamento agrícola, ou mesmo com
sérios problemas na construção civil (moradias, estradas etc).
A cor é bastante variável variando desde o cinza-claro ao preto (alguns “solos negros” da campanha
Gaúcha), passando por tonalidades brunadas, oliváceas e bruno-avermelhadas (“achocolatada” com alguns
Vertissolos no município de Serra na Paraíba).
A formação dos Vertissolos está mais relacionada a áreas de clima com estação seca pronunciada,
como em áreas do nordeste brasileiro, Pantanal matogrossense, campanha Gaúcha. Em áreas mais úmidas
como no Recôncavo Baiano e no Acre também tem sido observados. Nestes casos estão relacionados a
materiais de origem ricos, porém muito finos, onde a drenagem mais deficiente restringe a lixiviação.
Quadro 12. Subdivisão da classe dos Vertissolo ao nível de ordem, subordem, grande grupo, subgrupo
pelo atual SiBCS (1999).
Ordem/Subordem Grande Grupo Subgrupo
Vertissolos Hidromórficos
Sódicos salinos; carbonáticos; típicos
Sálicos solódicos; típicos
Carbonáticos solódicos; típicos
Órticos chernossólicos; salinos; solódicos; típicos
Vertissolos Ebânicos
Sódicos salinos; líticos; lépticos; saprolíticos; gleicos; típicos
Carbonáticos chernossólicos; gleicos; líticos; lépticos; saprolíticos; solódicos; típicos
Órticos chernossólicos; gleicos; salinos; solódicos; líticos; lépticos;
saprolíticos; típicos
Vertissolos Cromados
Sálicos líticos; gleicos solódicos; gleicos; solódicos; lépticos; saprolíticos; típicos
Sódicos líticos; gleicos; salinos; solódicos; lépticos; saprolíticos; típicos
Carbonáticos líticos; chernossólicos; gleicos solódicos; gleicos; solódicos;
lépticos; saprolíticos; típicos
Órticos líticos; solódicos; gleicos; chernossólicos; salinos; solódicos; lépticos; saprolíticos; típicos
A seguir são apresentados dados morfológicos e analíticos de um perfil da classe dos Vertissolos.
ESPODOSSOLOS
Quadro 13. Subdivisão da classe dos Espodossolo ao nível de ordem, subordem, grande grupo, subgrupo
pelo atual SiBCS (1999).
Ordem/Subordem Grande Grupo Subgrupo
Espodossolos
Humilúvicos
Hidromórficos hísticos; dúricos; arênicos; típicos
Hiperespessos típicos
Órticos dúricos; duripânicos; fragipânicos; solódicos; espessarênicos;
arênicos; típicos
Espodossolos
Ferrilúvicos
Hidromórficos hísticos; dúricos; arênicos; típicos
Hiperespessos típicos
Órticos dúricos; duripânicos; fragipânicos; carbonáticos; solódicos; êutricos; espessarênicos; arênicos; típicos
Espodossolos
Ferrihumilúvicos
Hidromórficos hísticos; dúricos; arênicos; típicos
Hiperespessos típicos
Órticos dúricos; duripânicos; fragipânicos; carbonáticos; êutricos;
espessarênicos; arênicos-êutricos; arênicos; argissólicos;
típicos
A seguir são apresentados dados morfológicos e analíticos de um perfil da classe dos
Espodossolos.
PERFIL: ARACRUZ 8 (01/09/88)
CLASSIFICAÇÃO: ESPODOSSOLO A moderado textura arenosa fase campo de
restinga e floresta perenifólia de restinga relevo plano.
LOCALIZAÇÃO, MUNICÍPIO E ESTADO: Estrada Guaraná-Cachoeirinha, no lado direito da estrada
e ao lado da área 284, talhão 02 – Aracruz (ES).
SITUAÇÃO, DECLIVE E COBERTURA VEGETAL SOBRE O PERFIL: Trincheira situada no
terço médio de elevação com 1% de declive e sob pastagem.
LITOLOGIA E FORMAÇÃO GEOLÓGICA: Sedimentos. Terciário (Série Barreiras).
MATERIAL ORIGINÁRIO: Sedimentos areno-argilosos
PEDREGOSIDADE: Não pedregoso.
ROCHOSIDADE: Não rochoso.
RELEVO LOCAL: Plano.
RELEVO REGIONAL: Plano.
EROSÃO: Não aparente.
DRENAGEM: Fortemente drenado.
USO ATUAL: Pastagem degradada
DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA
PERFIL: ARACRUZ 8 (01/09/88)
A1p 0-6 cm; cinzento muito escuro (10 YR 3/1, úmido); areia; fraca granular e grãos simples; solta,
solta, não plástica e não pegajosa; transição abrupta e ondulada
A2p 6-13 cm; bruno-acinzentado muito escuro (10 YR 3/2, úmido); areia; fraca granular e grãos
simples; solta, solta, não plástica e não pegajosa; transição clara e ondulada.
A3p 13-27 cm; bruno-acinzentado-escuro (10 YR 4/2, úmido); areia; fraca granular e grãos simples;
solta, solta, não plástica e não pegajosa; transição clara e ondulada.
E1 27-62 cm; bruno ( 10 YR 5/3, úmido); areia; fraca granular e grãos simples; solta, solta, não
plástica e não pegajosa; transição gradual e plana.
E2 62-90 cm; bruno-amarelado-claro (10 YR 6/4, úmido); areia; fraca granular e grãos simples;
solta, solta, não plástica e não pegajosa; transição gradual e plana.
E3 90-120 cm; bruno-claro-acinzentado (10 YR 6/3, úmido); areia; solta, solta, não plástica e não
pegajosa.
E4 120-135 cm; cinzento-brunado-claro (10 YR 6/2, úmido); areia; solta, solta, não plástica e não
pegajosa.
Bs 135-147 cm; bruno-escuro (10 YR 4/3, úmido); franco arenosa; solta, solta, não plástica e não
pegajosa.
RAÍZES: Poucas finas e muito finas no A1p; comuns finas e muito finas no A2p; finas e médias comuns no
E1 e E2. Raízes grossas, até 2 cm de diâmetro, comuns nos horizontes A1p, A2p, A3p, E1 e E2.
É boa a distribuição das raízes nestes horizontes.
OBS: Porosidade: Poros muito pequenos, muitos no A1p, A2p e A3p; muito pequenos, pequenos e médios,
muitos no E1 e E2.
PERGUNTAS
1) O que caracteriza os processo de eluviação/iluviação?
2) O que é horizonte E?
3) Por que em solos arenosos o E tende a ser claro, às vezes muito branco (albino)? 4) Por que mesmo o horizonte B tendo muito mais argila que os horizontes A e E, não é chamado de
textural?
5) Por que a matéria orgânica, juntamente com Al e Fe, translocam-se mais facilmente em profundidade?
6) Como se chama o processo de translocação de matéria orgânica mais óxidos de Al e Fe em um perfil
de solo?
7) O que você pensa sobre o aproveitamento agrícola intensivo deste solo? Seria agricolamente
sustentável? Discuta.
8) Por que é comum a extração de areia para construção civil nas áreas litorâneas de Espodossolo. 9) Atualize a classifcação do solo (SiBCS, 1999) até o nível de subgrupo.
ANÁLISES FÍSICAS
PERFIL: ARACRUZ 8 (01/09/88)
Horizonte Granulometria
(g/kg)
ADA
(%)
GF
(%)
S/R
Símbolo Prof.
(cm)
Areia Grossa
2-0,20
mm
Areia Fina
0,20-0,05
mm
Silte
0,05-0,002
mm
Argila
<0,002
mm
A1p 0-6 810 130 30 30 10 67 1,00
A2p 6-13 740 160 60 40 10 75 1,50
A3p 13-27 810 130 30 30 10 67 1,00
E1 27-62 750 190 40 20 10 50 2,00
E2 62-90 850 120 20 10 0 1000 2,00
E3 90-120 740 190 50 20 10 50 2,50
E4 120-135 630 220 110 40 30 25 2,75
Bs 135-147 610 180 80 130 90 31 0,62
1/ADA – Argila dispersa em água; 2/GF – Grau de floculação; 3/S/R – Silte/argila
Horizonte
C
(orgânico)
N
(g/kg)
Ataque H2SO4 (dag/kg)
C SiO2 Al2O3 Fe2O3 TiO2 Ki Kr Al2O3
Fe2O3
ANÁLISES QUÍMICAS
PERFIL: ARACRUZ 8 (01/09/88)
Horizonte
pH Complexo Sortivo (cmolc/kg) Valor V (%) P
(mg/kg) Água KCl 1N Ca2+ Mg2+ K+ Na+ Valor S Al3+ H+
Valor T
A1p 4,5 3,8 2,0 0,3 0,04 0,08 2,4 0,2 3,3 5,9 41
A2p 4,7 4,2 3,8 0,6 0,05 0,09 4,5 0,2 5,7 10,4 43
A3p 4,6 4,1 2,0 0,2 0,03 0,09 2,6 0,2 3,1 5,9 44
E1 4,3 3,7 0,1 0,02 0,03 0,2 0 0,4 0,6 33
E2 4,5 4,1 0,1 0,02 0,02 0,1 0 0,4 0,5 20
E3 4,8 4,2 0,1 0,02 0,02 0,1 0 0,2 0,3 33
E4 4,4 4,0 0,1 0,08 0,17 0,4 0 0,7 1,1 36
Bs 4,2 3,8 0,1 0,02 0,05 0,1 1,8 6,7 8,7 2
(g/kg) N
A1p 8,1 0,7 12 1,0 0,1 0,33
A2p 17,2 1,6 11 1,0 0,1 0,25
A3p 8,0 0,7 10 0,6 0,1 0,31
E1 1,4 0,3 5 0,4 0,1 0,28
E2 1,4 0,3 5 0,3 0,1 0,25
E3 1,1 0,2 6 0,5 0,1 0,36
E4 1,4 0,3 5 0,5 0,3 1,19
Bs 7,3 0,6 12 3,8 2,6 0,4 1,42
ORGANOSSOLOS
São solos pouco evoluídos constituídos dominantemente de material orgânico, de coloração preta ou
cinzenta muito escura, resultantes da acumulação de restos vegetais em graus variados de decomposição
em condições de drenagens muito restritas, como na maioria dos Organossolos brasileiros, ou em ambinetes
úmidos de altitude elevadas, onde se mostram saturadas com água por apenas dias durante o período
chuvoso.
A difereciação de horizontes nos Organossolos (H e O) nem sempre é de fácil estabelecimento e
refere-se essencialmente ao estádio de decomposição do material orgânico ao longo do perfil. A cor nem
sempre é um bom critério de diferenciação, já que normalmente é muito escura.
Em condições naturais os Organossolos possuem sérias restrições em razão do lençol freático
encontrar-se muito na superfície do solo na maior parte do tempo. portanto, para seu aproveitamento
agrícola, tem que ser drenados. Uma vez drenados e devidamente corrigidos e adubados podem ser
utilizados, como o são no país, sobretudo na produção de hortaliças.
São solos de elvado poder tampão. Assim, nos Organossolos álicos (a maioria deles) a necessidade
de calagem para neutralizar a toxidez por Al3+ é, em geral, muito grande. recomenda-se, entretanto, não
ultrapassar o pH além de 5,5, para evitar a aceleração da mineralização da matéria orgânica, em razão do
aumento da atividade da microbiota.
Quando drenados, podem sofrer acentuada redução de espessura em razão da redução do volume do
solo com a perda de água e, ainda, pela oxidação de matéria orgânica. Este fenômeno é desenvolvido
subsisdência, que é acelerado pelo uso do solo. Portanto, o dimensionamento do sistema de drenagem tem
que ser criterioso pois, além da subsidência pode ocorrer a seca ireversível do material, passando a ser
hidrofóbico, portanto, repelindo a água e não mais se umidecendo.
Quando Tiomórficos, (regiões costeiras), além dos problemas anteriores, experimentam forte
acidificação quando drenados. Neste casos também podem apresentar concentração salina expressiva, com
valores de condutividade elétrica superiore a 7 ds/m.
O material orgânico pode apresentar estádios de decomposição variável, sendo reconhecidos os
seguintes no SiBCS:
(a) Fíbrico – material orgânico constituído de fibras (restos de partes de plantas, excluídas as partes
vivas, facilmente, identificáveis como de origem vegetal, portanto matrial pouco alterado).
(b) Hêmico – material orgânico já parcialmente alterado em estadio de decomposição entre o fíbrico
e o sáprico.
(c) Sáprico - material orgânico em estado avançado de decomposição, já com significativamente
menores quantidades de fibras, densidade mais elevada e menor capacidade de retenção de água no estado
de saturação, do que os dois materiais anteriores.
Quadro 14. Subdivisão da classe dos Organossolo ao nível de ordem, subordem, grande grupo, subgrupo
pelo atual SiBCS (1999).
Ordem/Subordem Grande Grupo Subgrupo
Organossolos Tiomórfico
Fíbricos salinos; solódicos; térricos; típicos
Hêmicos salinos; solódicos; térricos; típicos
Sápricos salinos; solódicos; térricos; típicos
Organossolos Fólicos Fíbricos líticos; típicos
Organossolos Mésicos Hêmicos
sálicos; salinos; sódicos; solódicos; carbonáticos; térricos; típicos.
Sápricos sálicos; salinos; sódicos; solódicos; carbonáticos; térricos;
típicos.
Organossolos Háplicos
Fíbricos solódicos; térricos; típicos
Hêmicos sálicos; salinos; solódicos; carbonáticos; térricos; típicos.
Sápricos sálicos; salinos; solódicos; térricos; típicos.
A seguir são apresentados dados morfológicos e analíticos de um perfil da classe dos
Organossolos.
PERFIL 40 – Mato Grosso, MT (12.10.68)
CLASSIFICAÇÃO: SOLOS ORGÂNICOS DISTRÓFICOS textura indiscriminada fase
campo de várzea relevo plano.
LOCALIZAÇÃO: Estrada Naviraí – Porto Ciuá, na várzea dos rios Paraná e Laranjaí.
SITUAÇÃO, DECLIVE E COBERTURA VEGETAL SOBRE O PERFIL: Perfil descrito e coletado
em trincheira situada na várzea, sob cobertura vegeção de
gramíneas com cerca de 80 cm de altura.
LITOLOGIA E FORMAÇÃO GEOLÓGICA: Sedimentos. Holoceno.
MATERIAL ORIGINÁRIO: Acumulação orgânica sob depósito de natureza arenosa.
RELEVO: Plano.
EROSÃO: Nula.
DRENAGEM: Muito mal drenado.
VEGETAÇÃO: Campo de várzea.
USO ATUAL: Nenhum.
DESCRIÇÃO MORFOLÓGICA
PERFIL 40 – Mato Grosso, MT (12.10.68)
A1 0-11 cm; preto (N 2/); franco (orgânico); maciça com evidência de estrutura granular fraca
média; friável, ligeiramente plástico e ligeiramente pegajoso; transição plana e clara.
2ª camada
orgânica
11-20 cm; preto (10 YR 2/1); franco (orgânico); maciça; friável, ligeiramente plástico e
ligeiramente pegajoso; transição plana e clara.
3ª camada
orgânica
20-32 cm; preto (N 2/); franco siltoso (orgânico); maciça; friável, ligeiramente plástico e
ligeiramente pegajoso; transição plana e clara.
2C1 32-50 cm; preto (N 2/); franco; maciça; friável, plástico e pegajoso; transição plana e abrupta.
2C2 50-120+ cm; cinzento escuro (10 YR 4/1); areia; grãos simples; solto, não plástico e não
pegajoso.
OBS: Lençol freático a 50 cm de profundidade.
Raízes abundantes no A1 e 2ª camada orgânica e comuns na 3ª camada orgânica, apresentando diâmetro
variável entre 1 mm e 1 cm.
As camadas orgânicas são do tipo “peat” e se acham intensamente entrelaçadas por raízes vivas, mortas e
parcialmente decompostas, principalmente nas camadas superiores.
PERGUNTAS
1) O que significa a cor N2/?
2) Por que, na época, chamaram de A1 um horizonte com cerca de 28 % de C orgânico?
3) No lugar de 2a e 3a camadas, e mesmo no A1, qual seria a nomenclatura de horizontes mais apropriada?
4) O que é uma textura franca, ougânica? 5) Como um solo com tanta matéria orgânica tem estrutura maciça?
6) Qual a razão de não se apresentar os resultados de análise granulométrica dos três primeiros
horizontes?
7) Os horizontes 2C1 e 2C2 são minerais ou orgânicos? Justifique.
8) Tem sentido fazer a digestão da amostra com ataque sulfúrico para solos como este?
9) Verifique se o solo é eutrpofico ou álico.
10) Então, altos teores de matéria orgânica não significa que o solo seja de boa fertilidade natural. Certo
ou errado? Justique.
11) O que é subsidência?
12) Quais são as principais limitações ao aproveitamento agrícola deste solo (o nome da classe so solo já
diz muito mas observe também o item observação).
13) Atualize a classifcação do solo (SiBCS, 1999) até o nível de subgrupo.
ANÁLISES FÍSICAS
PERFIL 40 – Mato Grosso, MT (12.10.68)
Horizonte Granulometria
(g/kg)
ADA1/
(g/kg)
GF2/
(%)
S/R3/
Densidade
(g/cm3)
Porosidade
(m3/m3) Símbolo Prof.
(cm)
Areia Grossa
2-0,20
mm
Areia Fina
0,20-0,05
mm
Silte
0,05-0,002
mm
Argila
<0,002
mm
Aparente
Real
A1 0-11
2ª camada
orgânica
11-20
3ª camada
orgânica 20-32
2C1 32-50 180 330 300 190 140 26 1,58
2C2 50-120+ 400 500 90 10 10 0 9,0
1/ADA – Argila dispersa em água; 2/GF – Grau de floculação; 3/S/R – Silte/argila
ANÁLISES QUÍMICAS
PERFIL 40 – Mato Grosso, MT (12.10.68)
Horizonte
pH Complexo Sortivo (cmolc/kg) Valor V
(%)
P
mg/kg Água KCl 1N Ca2+ Mg2+ K+ Na+ Valor S Al3+ H+
Valor T
A1 4,6 3,8 2,1 1,0 0,63 0,56 4,3 5,7 56,8 66.8 6 19
2ª camada
orgânica 4,5 3,8 1,1
0,4 0,23 1,7 6,2 59,7 67.6 3 3
3ª camada
orgânica 4,7 3,9 0,8
0,17 0,13 1,1 5,8 49,7 56.6 2 4
2C1 4,9 4,0 0,3 0,04 0,04 0,4 2,7 16,1 19.2 2 7
2C2 5,2 4,1 0,2 0,01 0,02 0,2 0,2 0,6 1.0 20 2
Horizonte
C
(orgânico)
(g/kg)
N
(g/kg)
C
N
Ataque H2SO4 (dag/kg)
Ki
Kr
Al2O3
Fe2O3 SiO2 Al2O3 Fe2O3 TiO2 P2O5
A1 28,62 2,85 10
2ª camada
orgânica 27,81 3,02 9
3ª camada
orgânica 25,28 2,37 11
2C1 5,18 0,41 13 12,4 6,9 0,9 0,48 0,12 3,06 2,80 11,33
2C2 0,17 0,02 9 1,2 0,6 0,4 0,45 3,4 2,22 2,0
ANÁLISE MINERALÓGICA
PERFIL 40 – Mato Grosso, MT (12.10.68)
A1 – Areias – 100 % de concreções argilo-humosas e detritos orgânico; traços de quartzo hialino, grãos
levemente desarestados.
2ª camada orgânica – Areias – 100 % de concreções argilo-humosas em maior percentagem e detritos
orgânicos; traços de quartzo hialino, grãos levemente desarestados.
3ª camada orgânica – Areias – 100 % de concreções humosas em maior percentagem e detritos orgânicos;
traços de quartzo hialino, grãos levemente desarestados.
2C1 – Areias – 94 % de quartzo hialino, grãos levemente desarestados e bem desarestados, com leve
aderância ferruginosa; 4 % de concreções argilo-humosas e detritos orgânicos; 2 % de ilmenita; traços de
turmalina idiomorfa.
Observação: Os grãos de quartzo são brilhantes.
2C2 – Areias – 100 % de quartzo hialino, levemente desarestados e bem desarestados; traços de ilmenita,
turmalina e detritos.
Observação: Os grãos de quartzo são brilhantes e sem aderência ferruginosa.
GLEISSOLOS
São solos minerais hidromórficos que apresentam horizonte glei dentro de 150 cm da superfície do
solo imediatamente abaixo do horizonte A, ou mais raramente do E, ou mesmo de um horizonte hístico de
espessura menor que 40 cm.
Os Gleissolos encontram-se permanente ou periodicamente saturados por água, sendo naturalmente
mal ou muito mal drenados. água, sendo naturalmente mal ou muito mal drenados. Nestas condições, a
redução é intensa, sobretudo a do Fe3+ para Fe2+, o que leva à manifestação de cores naeutras (cinzentas,
azuladas, esverdeadas), características destes solos, e indicativas de severa restrição de drenagem (excesso
de água e, conseqüentemente, baixa oxigenação ou aeração).
Em condiçõpes de saturação de água freqüente, o desenvolvimento do horizonte não é muito
favorecida. Por isso a maioria dos Gleissolos descritos no país qparesentam seqüência de horizontes do tipo
A, Cg. Isso não significa que não se encontrem Gleissolos com horizontes Bg.
Quadro 15. Subdivisão da classe dos Organossolo ao nível de ordem, subordem, grande grupo, subgrupo
pelo atual SiBCS (1999).
Ordem/Subordem Grande Grupo Subgrupo
Gleissolos Tiomórficos
Hísticos sódicos; solódicos; típicos
Húmicos sódicos; solódicos; típicos
Órticos sódicos; solódicos; antropogênicos; típicos
Gleissolos Sálicos Sódicos tiônicos; argissólicos; típicos
Órticos vérticos; solódicos; típicos
Gleissolos Melânicos
Ta Alumínicos hísticos; câmbicos; típicos
Tb Alumínicos hísticos; câmbicos; típicos
Distróficos hísticos; câmbicos; plínticos; salinos; solódicos; típicos
Carbonáticos vérticos; câmbicos; salinos; solódicos; típicos
Eutróficos lépticos; vérticos; câmbicos; calcáricos; salinos; solódicos; típicos
Gleissolos Háplicos
Aliticos
alumínicos
Tb Distróficos
Tb Eutróficos
Ta Distróficos
Carbonáticos
Ta Eutróficos
O perfil representativo de cada classe de solo está na forma de apresentação no POWER
POINT com o título: Perfis respresentativos das principais classes de Solos do Brasil