INTRODUÇÃO
Apresentamos a edição de 2017 da pesquisa “Pessoas com deficiência – expectativas e percepções sobre o mercado de trabalho”, uma realização da
i.Social em parceria com a Catho, a ABRH Brasil e a ABRH-SP. Neste ano, a pesquisa contou com respostas de 1.091 pessoas com algum tipo de
deficiência ou mobilidade reduzida.
É de suma importância apresentar os avanços das práticas de inclusão sob o ponto de vista das pessoas com deficiência, pois somente assim será
possível ter uma visão mais ampla do processo de empregabilidade e orientar com mais qualidade todos os envolvidos neste trabalho: candidatos,
gestores e profissionais de RH.
E é com esse espírito de observação e orientação que a pesquisa “expectativas e percepções sobre o mercado de trabalho para pessoas com
deficiência” traz os mais relevantes resultados sob a realidade de quem deve ser o protagonista das ações de inclusão.
Vale destacar que, em conjunto com as legislações brasileiras que têm o foco na inclusão social (como a Lei de Cotas e a Lei Brasileira de Inclusão,
por exemplo), a empregabilidade PCDs cresceu consideravelmente nos últimos anos e, hoje em dia, “incluir” vai muito além de ser apenas um papel
social: também é uma forma de trazer mais autonomia, independência financeira e qualidade de vida para essas pessoas.
Entretanto, ainda temos um longo caminho pela frente; por isso, nosso objetivo aqui é conhecer a realidade enfrentada pelas pessoas com
deficiência e, assim, ter melhores condições de avaliar os resultados das ações pontuais e dos programas de inclusão desenvolvidos pelas empresas.
Desejamos uma ótima leitura deste relatório e esperamos que as informações aqui apresentadas possam inspirar e aprimorar a inclusão de
profissionais com deficiência no mercado de trabalho.
Sucesso e conte conosco nesta jornada!
Jaques Haber,
Sócio-diretor da i.Social.
PERFIL DEMOGRÁFICO DOS PESQUISADOS
Estado
A região sudeste tem, de longe, a maior quantidade de
resposta das pessoas com deficiência pesquisadas: mais de
50% estão no estado de São Paulo, seguido pelo Rio de
Janeiro e Minas Gerais. Fora do eixo sudeste, temos o
estado da Bahia, representando 5% dos respondentes, e o
Rio Grande do Sul com 4% do total de respostas.
53%
0%
1%
0%
1%
5%
2%
2%
2%
2%
0%
6%
1%
1%
1%
1%
3%
0%
2%
10%
1%
4%
0%
0%
2%
0%
0%
0.00% 10.00% 20.00% 30.00% 40.00% 50.00% 60.00%
São Paulo
Acre
Alagoas
Amapá
Amazonas
Bahia
Ceará
Distrito Federal
Espírito Santo
Goiás
Maranhão
Minas Gerais
Mato Grosso do Sul
Mato Grosso
Pará
Paraíba
Pernambuco
Piauí
Paraná
Rio de Janeiro
Rio Grande do Norte
Rio Grande do Sul
Rondônia
Roraima
Santa Catarina
Sergipe
Tocantins
Sexo
A maioria dos respondentes é do sexo masculino (60%). E,
assim como é mostrado nesta pesquisa, a empregabilidade
das pessoas com deficiência, de um modo geral, também
apresenta um maior número de homens no mercado de
trabalho em relação às mulheres.
60%
40%
Masculino
Feminino
Tipo de deficiência
Há predominância da deficiência física sobre as demais (assim como também é observado no Censo de 2010 do IBGE), considerando a existência de muitas variações sobre esse
tipo de deficiência. Além deste fato, as pessoas com deficiência física também ocupam a maioria das vagas destinadas a PCDs. Dos 356.342 profissionais com alguma deficiência
trabalhando formalmente no país, cerca de 56% são deficientes físicos. Os dados são da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) 2015.
61%
19% 15%
3% 2%
Física Auditiva Visual Intelectual Múltipla
0.00%
10.00%
20.00%
30.00%
40.00%
50.00%
60.00%
70.00%
Condição da deficiência
A maioria (58%) tem deficiência adquirida, o que corrobora para enfatizar a informação de que, no Brasil, as deficiências adquiridas têm, por principais causas,
acidentes de trânsito, violência urbana e acidentes de trabalho.
42%
58%
Congênita Adquirida
0.00%
10.00%
20.00%
30.00%
40.00%
50.00%
60.00%
70.00%
Escolaridade
2%
3%
6%
32%
10%
13%
21%
4%
8%
1%
0%
0.00% 5.00% 10.00% 15.00% 20.00% 25.00% 30.00% 35.00%
Ensino fundamental incompleto
Ensino fundamental completo
Ensino médio incompleto
Ensino médio completo
Superior incompleto
Superior em andamento
Superior completo
Pós graduação em andamento
Pós graduação concluída
Mestrado
Doutorado
A escolaridade também demostra a quebra do mito de que as pessoas com deficiência têm baixa qualificação e escolaridade: 12% dos pesquisados estão cursando ou já
concluíram a pós-graduação, por exemplo. Considerando todos os níveis do terceiro grau, a pesquisa informa que 56% dos respondentes têm alguma formação superior, incluindo
o mestrado, contra 32% que têm apenas o ensino médio completo.
PERFIL PROFISSIONAL DOS ENTREVISTADOS
Você conhece a Lei de Cotas (nº 8.213/91) para pessoas com deficiência?
Apesar de ser uma legislação muito importante para a empregabilidade das pessoas com deficiência (e, também, o principal instrumento de inclusão de PCDs no mercado de
trabalho), somente 6% dos entrevistados afirmam conhecê-la profundamente. O pouco conhecimento, conhecimento parcial ou desconhecimento das pessoas com
deficiência sobre a Lei de Cotas pode impactar a empresa no cumprimento dessa legislação.
12%
21%
36%
25%
6%
Não conheço Sim, já ouvi falar Sim, conheço parcialmente Sim, conheço bem Sim, conheço profundamente
0.00%
5.00%
10.00%
15.00%
20.00%
25.00%
30.00%
35.00%
40.00%
Você conhece a Lei Brasileira de Inclusão (LBI)?
Considerada uma legislação relativamente nova para as pessoas com algum tipo de deficiência, a Lei Brasileira de Inclusão cumpre um importante papel em
diferentes áreas da sociedade, incluindo o mercado de trabalho. Neste ponto, vemos que somente 25% dos entrevistados afirmaram não conhecer a lei. Por outro
lado, apenas 3% a conhecem profundamente.
25%
29% 27%
15%
3%
Não conheço Sim, já ouvi falar Sim, conheçoparcialmente
Sim, conheço bem Sim, conheçoprofundamente
0.00%
5.00%
10.00%
15.00%
20.00%
25.00%
30.00%
35.00%
Trabalha ou já trabalhou pela Lei de Cotas?
Conforme apontado anteriormente, a Lei de Cotas é o principal instrumento utilizado pela fiscalização do trabalho para incluir pessoas com deficiências
em empresas com 100 ou mais funcionários. Entre os respondentes, 65% afirmaram que trabalham ou já trabalharam através dessa legislação.
65%
35%
Sim Não
0.00%
10.00%
20.00%
30.00%
40.00%
50.00%
60.00%
70.00%
Está trabalhando atualmente?
O número de pessoas com deficiência desempregadas é significativa, compondo a maioria dos respondentes (57%). Isso nos permite observar alguns dados que precisam ser
ponderados. Por exemplo, se as empresas precisam atender a cota exigida por lei e existe um grande número de candidatos dispostos a preenchê-las, onde está a falha neste
processo? A empresa está buscando o perfil certo de candidatos? Os candidatos estão fazendo seus currículos serem vistos pelos contratadores?
Tal fato mostra a importância de uma intermediação por parte de uma consultoria e/ou um banco de currículos de qualidade – mas, também, da consciência e disposição de
ambas as partes.
38%
1% 3%
1%
57%
Sim, no mercado formal detrabalho
Sim, no mercado informal detrabalho
Sim, de forma autônoma Sim, tenho minha própria empresa Não, estou desempregado
0.00%
10.00%
20.00%
30.00%
40.00%
50.00%
60.00%
Você necessita de acessibilidade no ambiente de trabalho?
Se sim, indique o tipo de acessibilidade. Assinale uma ou mais alternativas:
78% dos entrevistados não necessitam de acessibilidade no ambiente de trabalho, o que nos ajuda a considerar a informação de que incluir PCDs no quadro de colaboradores de
uma empresa não necessariamente envolve mudanças arquitetônicas nas áreas internas e externas da companhia.
Entretanto, isso não diminui a importância desse assunto, visto que 14% dos respondentes afirmaram precisar de vagas reservadas, sanitário acessível, rampas que facilitem sua
circulação etc.
14%
6%
4%
78%
Acessibilidade arquitetônica (rampas, sanitário acessível, vagas reservadas,circulação, entre outros)
Acessibilidade comunicacional (intérprete de Libras, recursos que facilitem acomunicação, acessibilidade web, entre outros)
Acessibilidade Tecnológica (softwares leitores de tela, lupas de aumento, impressorabraile, entre outros)
Não necessito de acessibilidade no ambiente de trabalho
Você precisa de ajudas técnicas para trabalhar? (Exemplos: softwares de leitura de
tela, impressora braile, intérprete de Libras etc.)
Em linhas gerais, 92% afirmam não precisar de nenhuma ajuda técnica para sua deficiência. Também chamado de “Tecnologia Assistiva” ou “Tecnologia de Apoio”, o
termo é utilizado para identificar todo o arsenal de recursos e serviços que contribuem para proporcionar ou ampliar habilidades funcionais de pessoas com algum tipo
de deficiência, incapacidade ou mobilidade reduzida.
8%
92%
Sim Não
0.00%
10.00%
20.00%
30.00%
40.00%
50.00%
60.00%
70.00%
80.00%
90.00%
100.00%
Em seu currículo, você identifica que possui uma deficiência?
A maioria (83%) informou que identifica no currículo possuir alguma deficiência. Apresentar o CID no currículo, embora não seja obrigatório, mostra ao empregador o
que será preciso providenciar para a integração do novo colaborador na empresa.
83%
17%
Sim Não
0.00%
10.00%
20.00%
30.00%
40.00%
50.00%
60.00%
70.00%
80.00%
90.00%
O PROFISSIONAL PCD & O MERCADO DE TRABALHO
No seu último (ou atual) emprego formal, como você classifica sua satisfação com
relação ao cargo e funções exercidas?
A maioria (61%) demonstra ter satisfação em relação às funções e cargos exercidos.
0%
0%
61%
26%
13%
0.00% 10.00% 20.00% 30.00% 40.00% 50.00% 60.00% 70.00%
Sim
Não
Satisfeito
Insatisfeito
Não se aplica ao meu caso
No seu último (ou atual) emprego formal, qual foi o tempo de permanência na empresa?
O tempo médio de permanência de um profissional com deficiência em uma empresa está bastante dividido entre as respostas apresentadas. Ainda assim, “mais de cinco anos”
obteve o maior número de respostas.
11%
5%
9%
17%
23%
26%
9%
1 a 3 meses 4 a 6 meses 7 a 12 meses 1 ano a 2 anos 2 anos a 4 anos mais de 5 anos Não se aplica ao meucaso
0.00%
5.00%
10.00%
15.00%
20.00%
25.00%
30.00%
No seu último (ou atual) emprego formal, você recebeu alguma promoção?
64% dos pesquisados não receberam promoção durante o período em que estavam empregados. Contudo, 25% afirmam ter recebido uma promoção na empresa – número
semelhante a quem passou de 2 a 4 anos na empresa (23% dos entrevistados) ou mais de 5 anos (26%). O tempo médio de permanência das demais pessoas foi entre um e
quatro anos, período curto para apresentar movimentações internas na maioria das empresas.
25%
64%
11%
Sim Não Não se aplica ao meu caso
0.00%
10.00%
20.00%
30.00%
40.00%
50.00%
60.00%
70.00%
Qual é sua média salarial pretendida?
A maioria (61%) tem interesse em salários que ficam entre mil e duzentos e três mil reais, que corresponde à média salarial do trabalhador brasileiro.
17%
61%
14%
5%
3%
até R$1.200,00
De R$ 1.201,00 a R$ 3.000,00
De R$ 3.001,00 a R$ 5.000,00
De R$ 5.001,00 a R$ 8.000,00
Acima de R$ 8.000,00
Em um período de um mês, quantas oportunidades de
emprego você chega a receber em média? A maioria (45%) não recebeu ofertas de
vagas no último mês e, possivelmente, faz
parte do grupo que informa estar
desempregado.
5%
4%
10%
37%
45%
Mais de 10 ofertas
De 7 a 10 ofertas
De 4 a 6 ofertas
De 1 a 3 ofertas
Nenhuma (menos de 1 por mês)
PERCEPÇÕES SOBRE O MERCADO DE TRABALHO
Quando você está procurando trabalho...
A maioria dos respondentes (64%) informa que busca qualquer tipo vaga, sem condicionar se é para pessoa com ou sem deficiência; a busca é focada no perfil profissional.
26%
64%
9%
Procura apenas por vagas exclusivas para pessoas com deficiência
Procura por qualquer tipo de vaga, para pessoas com ou sem deficiência, de acordo como seu perfil profissional
Prefiro vagas não exclusivas para pessoas com deficiência, mas que estejam de acordocom o meu perfil profissional
Onde você costuma procurar por oportunidades de emprego? Assinale uma ou mais opções:
As pessoas com deficiência informam que buscam oportunidades de emprego na internet (representando 87% das respostas), seguida do site das empresas (68%) e as redes
sociais (43%). Apesar de a opção “internet” aparecer separadamente, se considerarmos também os campos “site da empresa” e “redes sociais”, vemos que, de longe, a
busca por emprego através da web é a grande tendência atualmente.
25%
87%
23%
68%
42%
44%
2%
0%
Jornais
Internet
Consultorias
Site das empresas
Indicações de conhecidos
Redes Sociais
Não procuro de forma ativa, apenas aguardo entrarem em contato
Site das empresas
Você considera que o mercado formal de trabalho para pessoas com deficiência está...
Sobre a condição do mercado de trabalho para as pessoas com deficiência, 40% disseram que está retraído. No entanto, muito próximo a esse número, 36% dos
respondentes entendem que o mercado está aquecido. Mas, quando se observa a informação sobre a quantidade de vagas ofertadas para os profissionais com
deficiência, verifica-se que 45% não receberam nenhuma oferta de emprego em um mês.
6%
36%
40%
18%
Aquecido Estável Retraído Praticamente inexistente
0.00%
5.00%
10.00%
15.00%
20.00%
25.00%
30.00%
35.00%
40.00%
45.00%
Você considera, no geral, que as oportunidades de emprego que você recebe são...
A maioria dos respondentes (49%) informou que as ofertas de emprego que recebem são regulares e poderiam ser mais adequadas ao seu perfil profissional.
Se somarmos aos que responderam que são ruins e inadequadas ao perfil dos profissionais, totalizamos 69% das respostas.
5%
26%
49%
20%
0.00% 10.00% 20.00% 30.00% 40.00% 50.00% 60.00%
Ótimas, acima até do meu perfil profissional
Boas, adequadas ao meu perfil profissional
Regulares, poderiam ser mais adequadas ao meu perfil profissional
Ruins, totalmente inadequadas ao meu perfil profissional
PERCEPÇÕES SOBRE O PROCESSO SELETIVO
De acordo com sua percepção, as empresas contratam pessoas com deficiência:
Como possível consequência, os profissionais pesquisados têm como parâmetro que as empresas contratam PCDs apenas para o cumprimento da legislação de cotas,
conforme assinalado por 79% dos respondentes.
79%
6%
4%
11%
Para cumprir a Lei de Cotas
Porque acreditam no seu potencial
Porque valorizam a diversidade
De acordo com o perfil do profissional, independente de cota ou deficiência
Quais são os itens mais importantes que te atraem em uma oportunidade de
emprego? Assinale as três principais alternativas:
Os três principais itens que mais atraem as pessoas com deficiência ao escolher uma vaga são: em primeiro lugar, salário (com 48% das respostas), seguido
de plano de carreira (44%) e pacote de benefícios (36%).
5%
8%
10%
17%
20%
24%
26%
27%
34%
36%
44%
48%
0.00% 10.00% 20.00% 30.00% 40.00% 50.00% 60.00%
Remuneração variável
Nome/tamanho da empresa
Acessibilidade
A empresa possui um Programa de Inclusão estruturado
Área de atuação
Plano de saúde
Localização
Ambiente de trabalho (colaboradores sensibilizados/informados sobre pessoas com…
Equilíbrio entre vida pessoal e profissional
Pacote de benefícios
Plano de carreira
Salário
Quais são os principais fatores que te levam a desistir de um
processo seletivo? Assinale as três principais alternativas:
Entre os itens que fazem um candidato com
deficiência desistir do processo seletivo, os três mais
importantes são: falta de transparência no processo
seletivo (62%), demora no feedback (57%) e
localização da empresa (38%). Mais uma vez, a
questão sobre a falta de acessibilidade no ambiente
de trabalho não foi tão relevante para os pesquisados.
5%
6%
9%
20%
29%
36%
37%
38%
57%
62%
Avaliação psicológica
Avaliação médica
Avaliação prática (testes em geral)
Falta de acessibilidade no ambiente de trabalho
Quantidade de fases (processo muito longo)
Características do cargo (tipo de função, quantidade de dias ehoras trabalhados por semana)
Oportunidades melhores
Localização da empresa
Demora do feedback (retorno da aprovação)
Falta de transparência no processo seletivo
Quais são os principais fatores que te levam a desistir de um trabalho (ou
querer mudar de emprego)? Assinale as três principais alternativas:
Entre as pessoas com deficiências pesquisadas, o principal fator que leva um profissional a desistir de um trabalho é a falta de perspectiva de carreira – representando
58% das respostas. Esse item é seguido pela sensação de que os profissionais são vistos apenas uma composição da cota exigida por lei e pelo fato de que outros
empregos possam vir a oferecer uma proposta de trabalho com melhores atividades.
7%
10%
13%
27%
40%
46%
47%
52%
58%
Problemas de relacionamento com meus colegas de trabalho
Problemas de relacionamento com o gestor
Falta de acessibilidade
Preconceito com relação a minha deficiência
Falta de incentivos para aprimorar minha qualificação
Propostas de trabalho com salário melhor
Propostas de trabalho com melhores funções (desafios, cargo)
Me sentir apenas como um funcionário de cota
Falta de perspectiva de carreira
PERCEPÇÕES SOBRE A GESTÃO
Você considera que os profissionais de RH e gestores necessitam se informar/conscientizar
sobre o tema da inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho?
Essa é uma percepção que os próprios profissionais de RH e gestores têm. Informação de qualidade é o primeiro passo para melhorar a empregabilidade das pessoas com
deficiência e trazer mais valor e importância para o processo de inclusão como um todo.
93%
7%
Sim Não
0.00%
10.00%
20.00%
30.00%
40.00%
50.00%
60.00%
70.00%
80.00%
90.00%
100.00%
Sobre profissionais de RH e gestores, no que se refere ao tema “inclusão de pessoas com deficiência no
mercado de trabalho” (entrevista, informação, gestão etc.), você considera que, na média, eles estão:
Dos profissionais que responderam a pesquisa, 58% entendem que tanto os profissionais de recursos humanos quanto os gestores poderiam
estar mais preparados para avaliar e gerenciar colaboradores com deficiência.
18%
58%
15%
9%
Bem preparados para me avaliar egerenciar
Poderiam estar mais preparadospara me avaliar e gerenciar
Despreparados para me avaliar egerenciar
Muito despreparados para meavaliar e gerenciar
0.00%
10.00%
20.00%
30.00%
40.00%
50.00%
60.00%
70.00%
O que você acha interessante para a ampliação e/ou melhoria da qualidade das vagas oferecidas pela Lei de Cotas? Assinale as três principais alternativas:
Na opinião dos pesquisados, o que poderia ser mais interessante para melhorar ou ampliar a Lei de Cotas seria uma maior fiscalização ao cumprimento da legislação.
Além disso, mesmo sendo um tema muito mais pertinente para a empresa, 67% das pessoas com deficiência consideram que o incentivo fiscal para as empresas que
contratam pela cota é uma boa tática para melhorar o processo de inclusão.
36%
60%
67%
67%
70%
inclusão de novos tipos de deficiências na legislação (surdos de umouvido, por exemplo)
aumento no valor das multas para as empresas que não cumprem acota
aumento da porcentagem de funcionários com deficiência por empresa
incentivo fiscal para a empresa que contrata
maior fiscalização dos órgãos públicos competentes
Você já sofreu algum tipo de preconceito no ambiente de trabalho? Assinale uma ou mais alternativas:
Entre os pesquisados, 50% afirmaram ter sofrido algum tipo de preconceito no ambiente de trabalho, seja pelo chefe, colegas ou até mesmo por clientes.
Infelizmente, os dados permanecem praticamente inalterados em relação aos anos anteriores.
24%
32%
9%
50%
Sim, pelo meu chefe Sim, por colegas Sim, por clientes Nunca sofri nenhum tipo depreconceito
0.00%
10.00%
20.00%
30.00%
40.00%
50.00%
60.00%
Quais são as principais barreiras que você considera impeditivas para a inclusão das pessoas
com deficiência no mercado formal de trabalho? Assinale as três principais alternativas:
Há inúmeras barreiras a serem ultrapassada no processo de atração, seleção, contratação e gestão de profissionais com deficiência, mas as três principais são: poucas
oportunidades (52%), foco exclusivo no cumprimento da cota (41%) e oportunidades ruins (41%). Ano após ano, vemos que a oferta de vagas para PCDs ainda se limita a
oportunidades de trabalho pouco atrativas, geralmente na base da pirâmide organizacional, independentemente da qualificação profissional do candidato.
8%
17%
20%
24%
25%
27%
31%
41%
41%
[VALOR]
0.00% 10.00% 20.00% 30.00% 40.00% 50.00% 60.00%
Benefícios da previdência (LOAS, BPC, aposentadoria por invalidez)
Acessibilidade (barreiras físicas, tecnológicas e de comunicação)
Falta de preparo dos gestores
Procedimentos para contratação (tempo do processo seletivo, laudo médico, documentos…
Falta de preparo dos profissionais de RH
Barreiras culturais (preconceito, falta de informação)
Falta de fiscalização dos órgãos públicos
Oportunidades ruins
Foco exclusivo no cumprimento de cota
Poucas oportunidades
CONCLUSÃO
O desenho de uma boa condição para contratar e manter pessoas com deficiência na empresa, segundo a percepção das próprias PCDs, começa pelos gestores e
profissionais de RH. Além de requerer maior informação e conscientização sobre o tema “inclusão de pessoas com deficiência”, as empresas devem e precisam se atualizar
sobre questões referentes aos processos seletivos e gestão.
Processos seletivos precisam ter como foco a escolaridade, a qualificação e a experiência profissional dos candidatos – e não simplesmente o pretexto de uma contratação
pelo tipo de deficiência do profissional ou apenas para o cumprimento da cota. Também é importante considerar a oferta de melhores oportunidades de emprego, visto que
há profissionais com deficiência de nível sênior que poderiam tranquilamente ser selecionados para vagas de especialistas.
Os mitos sobre os profissionais com deficiência, principalmente os que se referem à dificuldade em equacionar a relação de capacidade, produtividade e deficiência,
advindos da falta de informação e de conhecimento, são, possivelmente, os principais itens que impedem a realização de um processo seletivo mais transparente e
adequado aos perfis dos candidatos.
Sobre esse ponto, a pesquisa mostra que mais da metade dos respondentes são profissionais que estão desempregados, têm alta escolaridade, idade economicamente ativa
e deficiência adquirida. A grande maioria declara não necessitar de acessibilidade e nem de ajudas técnicas.
Esses dados permitem inferir que, antes da deficiência, havia uma possível condição de vida com experiência profissional e, nesse sentido, as principais preocupações das
empresas no que diz respeito à acessibilidade, se desfaz. Isso porque, na opinião das pessoas com deficiência, dos dez itens mais importantes sobre barreiras para a
empregabilidade, a acessibilidade está em penúltimo lugar.
Em primeiro lugar, está justamente o item que a i.Social vem diariamente trabalhando para sensibilizar gestores e donos de empresas: a baixa qualidade na oferta de vagas.
A pouca oferta de vagas ou a oferta de oportunidades ruins podem ser os vetores do curto tempo de permanência das PCDs nas empresas – que, por outro lado, é a
consequência de uma falta de perspectiva de carreira e uma sensação de que o profissional somente está lá por causa da cota. Esses foram alguns dos fatores apontados
que levam um profissional com deficiência a desistir de um trabalho.
Eles também destacam o que os manteriam à disposição da empresa: salário, plano de carreira e pacote de benefícios, nessa ordem. Como qualquer outro profissional,
eles querem ter o direito a produzir seu trabalho, receber um salário justo e pacotes de benefícios em igualdade de condições aos demais profissionais.
Com percepções quase que conflitantes, a pesquisa “Pessoas com deficiência – expectativas e percepções sobre o mercado de trabalho”, junto com os relatórios sobre as
respostas dos profissionais de RH e líderes de empresas, cumpre um importante papel para entender os principais desafios enfrentados na construção de um cenário de
emprego cada vez mais justo e inclusivo.
“Nada sobre nós sem nós” passou a ser o lema mundial para compreender e dar autonomia às pessoas com deficiência. E é com esse espírito que nós procuramos, a cada
dia, promover um mercado de trabalho digno para todos.