ÍNDICE
INTRODUÇÃO...............................................................................................................................3
1.OBJECTIVOS..............................................................................................................................4
1.1. Objectivo geral......................................................................................................................4
1.2. Objectivos específicos...........................................................................................................4
2. Metodologia.................................................................................................................................4
3. Relevância do Tema....................................................................................................................4
4.REVISÃO DE LITERATURA.....................................................................................................5
4.1. Comunidade..........................................................................................................................5
4.2. Desenvolvimento Comunitário.............................................................................................5
4.3. Áreas de actuação..................................................................................................................6
4.4. Conceito de Desenvolvimento Sustentável...........................................................................6
5. DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO................................................................................7
5.1. Práticas e percepções............................................................................................................7
5.2. A Educação...........................................................................................................................8
5.3. Factores de Sustentabilidade de uma Parceria......................................................................9
5.4. Factores de Insucesso de uma Parceria...............................................................................10
5.5. Considerações sobre o Desenvolvimento e Desenvolvimento Comunitário......................10
5.6. Educação e saúde................................................................................................................11
5.7. Exclusão social nas comunidades.......................................................................................14
5.8. O contexto da exclusão social.............................................................................................15
Conclusão......................................................................................................................................16
Bibliografia....................................................................................................................................17
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INTRODUÇÃO
O presente trabalho, visa a abordagem sobre as Áreas de actuação do Desenvolvimento
Comunitário, a influência da educação e cultura no direito das sociedades e o papel da Educação
no desenvolvimento comunitário. É um tema relevante na medida em que o desenvolvimento
comunitário tem em vista fundamentalmente tornar as localidades zonas economicamente
sustentáveis e que conduzam ao bem-estar das comunidades, bem-estar económico, social,
ambiental e cultural. É um processo em que diferentes elementos da comunidade se aproximam,
e levam a cabo acções colectivas e geram soluções para problemas comuns.
Os benefícios primários do Desenvolvimento Comunitário residem na melhoria substancial da
qualidade de vida dos membros da comunidade. Antes de modernizar, é preciso convencer, visto
que a transformação social resulta principalmente do que as pessoas fazem e daquilo em que
acreditam. É pois um erro ignorar sistematicamente a realidade social que condiciona o querer da
pessoa, dai resulta que em qualquer programa de desenvolvimento autêntico, o homem tem de
ser o seu fundamento, o seu agente e o seu objectivo.
Para realizar o trabalho, recorremos a análise dos escritos de Hermano Carmo, sobre
desenvolvimento comunitário, bem como da pesquisa na internet. O trabalho irá seguir a
seguinte estrutura básica: na primeira parte falaremos dos objectivos do trabalho e da relevância
do tema, na segunda parte apresentaremos alguns conceitos, na terceira parte o desenvolvimento
na quarta e última parte a conclusão.
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1.OBJECTIVOS
1.1. Objectivo geral
Falar do desenvolvimento comunitário tendo em conta os seus desafios, a influência da
educação, cultura e saúde.
1.2. Objectivos específicos
Definir o conceito de desenvolvimento comunitário.
Indicar os desafios actuais de desenvolvimento comunitário.
2. Metodologia
Para a realização do trabalho, recorremos a análise bibliográfica, cujas referências indicamos na
parte final deste. Por tratar-se de um tema de conteúdo idêntico, visitamos a própria internet, pois
só ela mesma para nos fornecer dados relacionados com a sua própria história e concepção.
3. Relevância do Tema
O tema escolhido revela-se de extrema importância na medida em que o tema é actual, sobretudo
no nosso país em que o governo elegeu o distrito como sendo o pólo de desenvolvimento,
chamando os jovens recém graduados a aceitarem trabalhar nas localidades numa perspectiva
clara de desenvolvimento das mesmas e nós como futuros planificadores não fugiremos à regra.
Por outro lado, esta é uma forma de contribuir com mais um escrito para enriquecer os conteúdos
que merecem análise académica e que os interessados puderam encontrar neste alguns conceitos
avançados por vários autores.
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4.REVISÃO DE LITERATURA
4.1. Comunidade
Na literatura do desenvolvimento comunitário o conceito de comunidade é ambíguo, muito pela
quantidade de definições utilizadas para a definir. É frequente ouvirmos ou lermos o termo
aplicado para designar pequenos agregados rurais (aldeias, freguesias) ou urbanos (quarteirões,
bairros), mas também a grupos profissionais (comunidade médica, comunidade cientifica), a
organizações (comunidade escolar), ou a sistemas mais complexos como países (comunidade
nacional), ou mesmo o mundo visto como um todo (comunidade internacional ou mundial).
Nas ciências sociais estão identificados alguns tipos de comunidades. Gusfield (1975), fez uma
distinção entre duas formas de usar o termo comunidade. A primeira, prende-se com a noção
territorial ou geográfica. Neste sentido, comunidade pode ser entendida como uma cidade, uma
região, um pais, um bairro, o prédio, ou a vizinhança.
O Sentimento de Comunidade implica um sentimento de pertença com uma área particular, ou
com uma estrutura social dentro dessa área. A segunda, tem um carácter relacional, que diz
respeito à rede social e à qualidade das relações humanas dentro da localização de referência
(Gusfield, 1975; Heller, 1989; Hunter & Ringer, 1986; McMillan e Chavis, 1986; Dalton, Elias
& Wandersman, 2001).
4.2. Desenvolvimento Comunitário
Definição 1: Um movimento dirigido à promoção de melhores níveis de vida para a
comunidade, com a participação activa e, se for possível, com a iniciativa da dita comunidade;
mas esta iniciativa deve ser espontânea, promovida pelo uso de técnicas, para aumentá-la, com a
finalidade de assegurar a resposta activa e entusiasta ao movimento. Inclui todas as formas de
melhoramento. Envolve também o conceito de actividades de desenvolvimento no distrito,
levadas a cabo pelo governo ou por entidades não – oficiais.
Definição 2: O desenvolvimento da comunidade abarca todos os aspectos da actividade do
governo neste campo, o melhoramento da agricultura, a eliminação da erosão social, a promoção
de cooperação e melhor sistema de mercados, desenvolvimento da florestação, educação, centros
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de saúde e actividades comunais… Na realidade não é mais que uma concepção moderna de
administração”.
4.3. Áreas de actuação
Elaboração e Implantação de Projectos Sociais nas áreas de educação, cultura, desportos
e desenvolvimento comunitário, para empresas e ONGs.
Avaliação de Resultados e Impactos utilizando estratégias metodológicas que combinam
procedimentos quantitativos e qualitativos: análises documentais, aplicação de
questionários e provas para verificação de conteúdos, realização de entrevistas e grupos
focais.
Desenvolvimento de Estudos e Pesquisas voltados para o acompanhamento e avaliação
de políticas públicas, programas e projectos de intervenção social, visando contribuir para
seu aprimoramento.
Capacitação de Recursos Humanos por meio da realização de cursos específicos,
seminários, palestra e workshops voltados a dirigentes, profissionais de nível técnico e
operacional.
Divulgação de Informações que actualizem as instituições em suas áreas específicas de
actuação, referentes às questões técnicas, legais e político administrativas, possibilitando
o aperfeiçoamento de suas funções.
Elaboração de Materiais Didácticos que apoiem os profissionais no desenvolvimento das
actividades educacionais de forma criativa e adequada às suas condições de trabalho.
4.4. Conceito de Desenvolvimento Sustentável
A expressão desenvolvimento sustentável designa uma forma de desenvolvimento capaz de
responder às necessidades do presente sem prejuízo das gerações vindouras. Nesse sentido, o
desenvolvimento sustentável tem como objectivo a melhoria das condições de vida dos
indivíduos mas preservando, simultaneamente, o meio envolvente a curto, médio e sobretudo
longo prazo. Tal pode ser conseguido através de um tipo de desenvolvimento economicamente
eficaz, socialmente equitativo e ecologicamente sustentável.
A questão do desenvolvimento sustentável tem merecido forte atenção, destacando-se a adopção
de uma estratégia de desenvolvimento sustentável em 2001 e a sua posterior revisão em 2005.
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Um dos pontos fulcrais desta estratégia é a integração das questões ambientais na definição e na
aplicação de outras políticas económicas e sociais. Para isso, as autoridades públicas são
obrigadas a adoptar medidas adequadas que procurem limitar os efeitos negativos sobre o
ambiente, melhorar a gestão dos recursos naturais (e nomeadamente o seu consumo), combater a
exclusão social e a pobreza na Europa e no Mundo e ainda combater as alterações climáticas e
limitar as suas consequências.
Neste conceito foram embutidos pelo menos dois importantes princípios: o de necessidades e o
da noção de limitação. O primeiro trata da equidade (necessidades essenciais dos pobres) e o
outro se refere às limitações que o estágio da tecnologia e da organização social determinam ao
meio ambiente (WCED, 1991, p.46). Já que as necessidades humanas são determinadas social e
culturalmente, isto requer a promoção de valores que mantenham os padrões de consumo dentro
dos limites das possibilidades ecológicas.
O desenvolvimento sustentável significa compatibilidade do crescimento económico, com
desenvolvimento humano e qualidade ambiental. Portanto, o desenvolvimento sustentável
preconiza que as sociedades atendam às necessidades humanas em dois sentidos: aumentando o
potencial de produção e assegurando a todos as mesmas oportunidades (gerações presentes e
futuras).
Nesta visão, o desenvolvimento sustentável não é um estado permanente de equilíbrio, mas sim
de mudanças quanto ao acesso aos recursos e quanto à distribuição de custos e benefícios. Na sua
essência.
5. DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO
5.1. Práticas e percepções
Moçambique é um país da África subsaariano onde estão concentrados os países que alcançaram
a sua independência (económica, política, tecnológica, etc.) mais tardiamente e até hoje ainda se
discute esta independência. Moçambique continua a viver sob uma forte dependência externa e
tal facto contribui para a fragilidade dos processos de desenvolvimento. As Nações Unidas têm
estado a actualizar os dados sobre o índice de desenvolvimento humano (IDH) e Moçambique
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contínua se apresentando com índices muito baixos nos seus indicadores (educação, saúde e
renda).
5.2. A Educação
A Esperança de Vida e PIB per Capta, que são os indicadores usualmente utilizados pelo sistema
das Nações Unidas apresentam a questão de deficiência na quantificação por um lado, e a de
qualificação por outro; isto é, Moçambique tem vindo a registar um crescimento do ponto de
vista percentual nestes indicadores mas há que discutir no entanto a questão da Distribuição e
Redistribuição de tais cenários no quotidiano das comunidades. Ao nos referirmos ao
desenvolvimento comunitário é fundamental analisar a questão de População e Pobreza;
provavelmente esta forma de olhar para a comunidade nos crie maior sensibilidade para
percebermos a necessidade de melhorarmos a qualidade de vida das comunidades.
Encarrar a pobreza que se vive nas comunidades deve ser uma questão de sensibilidade, ou seja,
os actores de desenvolvimento comunitário devem ser pessoas (singulares ou colectivas) que ao
identificarem a comunidade por actuar nela se envolvam com a questão em causa e que seja um
envolvimento que inclua o sentimento de mudança da situação por forma a evitarmos ou mesmo
abandonar, muitas das práticas que pelos resultados obtidos por várias organizações; parecem
estar a ser levadas a cabo nas comunidades e que tais práticas parecem estar a ser tão repetitivas
pois existem comunidades que beneficiam de tantos programas de desenvolvimento e com várias
organizações mas no entanto os indicadores de pobreza se mostram inalterados (pelo menos no
que se refere a qualidade).
Alguns autores como Singer (2004:3), consideram o Desenvolvimento Comunitário como sendo
“o desenvolvimento de todos os seus membros conjuntamente unidos pela posse colectiva de
certos meios essenciais de produção ou distribuição”. Esta definição leva a uma reflexão sobre a
essência do desenvolvimento comunitário, e, em particular no meio rural (onde vive cerca de
69% da população total de Moçambique).
Tomando como exemplo os problemas ligados a posse de terra (um dos recursos, e em algum
momento o recurso mais importante no desenvolvimento comunitário) fica evidente a
necessidade que os actores de desenvolvimento comunitário devem ter em conta em muitos
processos. Os Programas de desenvolvimento comunitário em Moçambique e que de facto tem a
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percepção da necessidade de se promover o desenvolvimento deviam tomar em conta que uma
das alternativas para aliviar a carência de muitas famílias seja a também a posse segura da terra.
Actualmente as práticas dos interventores de desenvolvimento apontam para uma aparente
reorganização institucional e de procedimento; estando na sua maioria a trocar as ferramentas de
intervenção comunitária e mudando a lógica de monitoria e avaliação dos programas/projectos,
porém, embora muito cedo para adiantar sobre o possível resultado destas
organizações/instituições é possível prever que a construção de capacidades comunitárias para
que a comunidade seja auto-sustentável e saber se adaptar aos cenários de desenvolvimento
(resiliência) está ainda distante de se alcançar.
Há muito privilégio de formação dos Comités Locais de Gestão e de Co-gestão e como já é
habitual sempre nos sectores de educação e saúde, aliando ao facto de todos ou na sua maioria os
tais comités são constituídos pelas mesmas pessoas ou quando menos da mesma família (se no
comité da educação está o homem, então no da saúde está a mulher) pois, hoje em dia estes
comités são interpretados como fonte de rendimento, uma vez que para além das refeições dadas
nos treinamentos e capacitações existe também um subsídio de participação e ou em alguns casos
subsídio para a refeição do jantar que geralmente cada um janta em lugar à sua escolha.
5.3. Factores de Sustentabilidade de uma Parceria
Ter uma abordagem que permite o entendimento de todos, incluindo os membros da
comunidade;
Certificar-se de que o projecto oferece outros benefícios para além do benefício principal
que definiu os acordos de parceria (o ideal seria a combinação de dinheiro, bens,
emprego, conhecimento, experiência, inovação e um novo sistema de trabalho na
comunidade), neste aspecto os modelos integrados apresentam-se mais vantajosos em
termos de benefícios;
Garantir o envolvimento das comunidades a todos os níveis;
Garantir que haja actividades de suporte ao projecto para evitar a exclusão das pessoas
que não estão directamente envolvidas.
9
5.4. Factores de Insucesso de uma Parceria
A todos os níveis (Governo, ONG e Comunidade Local):
Diferenças na cultura de trabalho (entre a comunidade, o sector público e as ONGs): é
preciso aceitar as diferenças de opiniões e percepções para posterior identificação do
ideal. A gestão do conhecimento é um factor essencial para o sucesso.
Longo período de espera dos resultados almejados: os programas/projectos não esperam
resultados a curto ou médio prazo, geralmente.
O desenvolvimento comunitário requer a intervenção de todos e sobretudo que se tenha
sensibilidade com a pobreza e admitir que é possível melhorar as condições de vida na
comunidade a curto/médio prazos e sobretudo estancar a longo prazo a vida de miséria desde que
se cultive a cultura de trabalho.
É igualmente fundamental que o treinamento a capacitação da comunidade em matérias de
planificação, gestão, monitoria e avaliação dos programas/projectos seja feita com intuito de
realmente construir capacidades nessa comunidade e garantir que a população tenha também
uma visão sólida e holística sobre os processos de desenvolvimento.
As comunidades estão cada vez mais informadas (embora ainda em muito menor escala) sobre os
acontecimentos do mundo no que diz respeito a desenvolvimento e é necessário que os
interventores sociais optem por uma mudança de comportamento e privilegiando as práticas que
podem aproximar/envolver a comunidade nos processos de planificação, gestão e tomada de
decisão nos projectos/programas; admitindo que só assim se poderá viabilizar as actividades das
organizações não-governamentais e dos governos locais. A comunidade carece de ter o
sentimento de pertença e só é possível com o envolvimento de todos.
5.5. Considerações sobre o Desenvolvimento e Desenvolvimento Comunitário
O desenvolvimento constitui um dos eixos de acção da Organização das Nações Unidas, junto a
assuntos como a manutenção da paz e dos direitos humanos. Este é medido a partir do Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH), o qual considera as dimensões do bem-estar humano como
centro desse processo, analisando três indicadores: renda, educação e longevidade. O objectivo
da criação do IDH foi o de oferecer um contraponto a outro indicador muito utilizado, o Produto
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Interno Bruto (PIB), que considera apenas a dimensão económica do desenvolvimento. O
conceito de desenvolvimento tem passado ao longo dos últimos cinquenta anos, por algumas
reformulações. Isto porque, durante muito tempo, havia um direccionamento deste apenas ao
crescimento económico. O crescimento económico é uma das dimensões necessárias para se
chegar ao desenvolvimento, mas não a única.
Percebemos o quão complexo é o conceito de desenvolvimento, aliando uma série de dimensões
na sua efectivação. Reflectindo sobre a situação actual do Planeta, é possível assegurar que ainda
falta muito, para que atinjamos o desenvolvimento pretendido. É nítido um rápido crescimento
económico, mas que não assegura a prosperidade humana. Ao contrário, esta tem-se tornado
geradora de problemas sociais e ambientais. Relatórios de Desenvolvimento humano produzidos
pelo Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas (PNUD) deixam claro que, nem todos os
países têm conseguido avanços a nível de desenvolvimento.
Ao contrário, em muitas nações a pobreza e a desigualdade na distribuição de renda aumentam,
mesmo em locais onde houve crescimento económico. Isto comprova que, este último não
proporciona, muitas vezes, a melhora das condições humanas. Acaba beneficiando apenas os
mais abastados.
Reconhecemos, desta forma, a necessidade de incorporar os saberes locais e do senso comum na
construção de conhecimentos e práticas da comunidade no seu desenvolvimento, mais
especificamente no desenvolvimento da Educação Ambiental. Cabe a nós, captarmos e
interagirmos com os fenómenos, numa relação recíproca e contínua.
5.6. Educação e saúde
A educação em saúde pode ser considerada um campo de conhecimento interdisciplinar, que
necessita de diferentes embasamentos das áreas da educação e da saúde. Deve ser capaz de
integrar conhecimentos sobre o homem e a sociedade, contemplando a dimensão biológica, para
explicar a complexidade do processo saúde / doença e orientar as práticas dos processos
educativos. A abordagem metodológica dessa pesquisa foi qualitativa, a partir das representações
sociais de 20 sujeitos das comunidades.
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Para a colecta de dados foi utilizada a entrevista não directiva na unidade de saúde ou em visita
domiciliar. Para a análise dos dados foram criadas categorias, sendo:
Dimensões do processo saúde-doença;
Significados e valores da educação em saúde
Barreiras e dificuldades para adopção de hábitos saudáveis. Percebe-se um bom
entrosamento e boa aceitação dos usuários com a equipe de saúde, porém esse
entrosamento não foi capaz de superar a passividade frente ao conhecimento científico.
O enfoque individual quase exclusivo na representação do processo saúde-doença é revelado
pela crença no assistencialismo como cura das doenças e responsabilização individual. A
preocupação, revelada de forma enfática, pelos diferentes sujeitos com o ambiente que em sua
essência traz a possibilidade do colectivo, pode ser uma estratégia para o desenvolvimento de
acções colectivas na comunidade.
O trabalho teve como meta atingir os estudantes que iriam repassar os conhecimentos adquiridos
aos seus familiares e à comunidade, com intuito de incentivar práticas de higiene pessoal e
alimentar, aumentar os cuidados para diminuir acidentes domésticos, melhorar o saneamento
básico, desenvolver novas formas de prevenção de zoonoses, melhorando a qualidade de vida da
população que participou das actividades. Um ponto positivo verificado foi a troca de
experiências entre os académicos que participaram do trabalho e os estudantes e professores das
escolas, tendo como resultado o crescimento científico, social e cultural de todos os segmentos
envolvidos.
Os académicos tiveram a oportunidade de conhecer a cultura e as condições sociais de camadas
desalistadas da população. Quanto à avaliação das actividades, ao final de cada semestre foram
realizadas gincanas em cada série, em que os alunos respondiam a questões, consistindo em uma
estratégia menos formal, mas obtendo enorme aceitação por parte dos estudantes. A maior
dificuldade encontrada foi avaliar uma mudança significativa de conduta dos alunos com relação
à saúde, na certeza de que eles estivessem realmente assimilando os assuntos abordados nos
encontros. Entretanto, os professores relataram a ocorrência de modificações no comportamento
das crianças em relação à saúde, especialmente vinculadas aos conteúdos trabalhados durante a
execução do projecto.
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A educação em saúde constitui-se tanto como um espaço importante de construção e veiculação
de conhecimentos e práticas relacionados aos modos como cada cultura concebe o viver de
forma saudável, quanto como uma instância de produção de sujeitos e identidades sociais. No
campo das práticas de saúde, existe uma diversidade de modelos de educação em saúde e,
considerando o que estas abordagens têm em comum, é possível agrupá-las em duas vertentes
principais: o modelo tradicional ou preventivo e o modelo radical.
O modelo tradicional de educação nem saúde apoia-se num entendimento de saúde como
ausência de doença e na proposição de estratégias educativas orientadas por pressupostos
biomédicos. Nesse contexto, as acções de educação em saúde têm carácter persuasivo, pois
buscam prescrever determinados comportamentos considerados ideais para a prevenção ou
minimização de agravos à saúde. A abordagem tradicional de educação em saúde caracteriza-se,
ainda, pela identificação dos profissionais da saúde como legítimos executores ou agentes de
acções educativas em saúde.
A compreensão de educação em saúde a partir de um conceito ampliado de saúde sugere o
reconhecimento da insuficiência do modelo biológico, da tecnologia médica e do foco exclusivo
no risco individual para responder aos processos de saúde e não-saúde. Diferente da
compreensão de educação em saúde tradicional, indicada anteriormente, esta concepção orienta-
se pela ideia de que as acções educativas em saúde desenvolvidas na perspectiva radical
objectivam promover a autonomia dos sujeitos a partir de suas próprias escolhas, de forma
desvinculada da regulação e supervisão dos profissionais da saúde.
Nessa perspectiva, por mais que ambos modelos de educação em saúde apresentem pontos
problemáticos, acredita-se que a abordagem radical seja a mais coerente com os pressupostos da
promoção da saúde, pois estimula os indivíduos a assumir um maior controlo sobre suas vidas
por meio de atitudes críticas relacionadas não somente ao individual, mas também à
colectividade.
Embora não exista legislação que indique como um imperativo o desenvolvimento de acções
educativas em saúde por enfermeiros, estes têm sido alguns dos seus principais agentes. Em
função do conhecimento adquirido no meio académico, que os instrumentaliza no conhecimento
dos processos de adoecimento humano e, consequentemente, nas diversas e abrangentes formas
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de preveni-los, os enfermeiros são aqueles que frequentemente assumem o desafio de educar
para a saúde.
5.7. Exclusão social nas comunidades
A exclusão social é um processo caracterizado pelo afastamento de pessoas de todas as instâncias
da vida social. Por ser, no entanto, um processo polissémico e bastante subjectivo, dificilmente
há um consenso sobre o que realmente seria a exclusão social. No contexto histórico, muitas
vezes está intrinsecamente ligado ao capitalismo, sendo uma condição tardia ou falha de
organização social que poderia ser evitada com políticas de inclusão social. Porém, outros
autores e estudiosos defendem que não se trata de um produto capitalista, mas sim de uma
condição da vida em comunidade.
As sociedades modernas baseiam-se em Estados-Nação que promovem a cidadania pressupondo
um sistema democrático que salvaguarda o princípio básico da igualdade de todos perante os
direitos fundamentais e no acesso a eles. Supõe-se a difusão de um capital de saber universal que
fomentado por uma escolarização prolongada é condição fundamental de acesso ao mercado de
trabalho e, por consequência, a todas as condições de vida estruturantes, tais como a habitação, o
acesso à saúde, ao mercado de trabalho, etc. (Giddens 1990, 1997; Pinto 1995) Partindo do
princípio que todos os indivíduos estão em igual posição perante as condições de acesso, a
sociedade dominante normalmente propõe modelos únicos no sentido de promover a
“normalização”.
No entanto, apesar de legalmente salvaguardados os direitos de todos, de facto, no “país real” o
acesso aos direitos cívicos, sociais e políticos não é proporcionado de igual forma para todos os
cidadãos (Pinto, 1995; Benavente et al.1997). É nesta posição que se encontram frequentemente
os grupos étnicos minoritários desfavorecidos e entre eles a etnia cigana. Os ciganos, cidadãos de
pleno direito na lei, vêem dificultado o seu exercício de cidadania perpetuando-se uma posição
marginal relativamente ao poder.
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5.8. O contexto da exclusão social
A origem mais contemporânea do termo exclusão social é atribuída ao título do livro de René
Lenoir, Les exclus: un français sur dix (‘Os excluídos: um em cada dez franceses’), publicado
em 1974, ainda que o trabalho não contivesse qualquer elaboração teórica do conceito de
exclusão social. A preocupação do então Secretário de Acção Social do governo gaullista de
Jacques Chirac concentrava-se nos ‘inadaptados sociais’, nos pobres que precisavam ser
amparados por ações governamentais, representando gastos sociais crescentes. O título foi
conferido pelo editor baseado no sucesso dos trabalhos de Foucault, principalmente em sua
história sobre a loucura (Didier, 1996). No momento da publicação do livro de Lenoir, quando a
situação de pobreza na França parecia ser residual e superável, a noção de exclusão estava
relacionada à sua dimensão subjectiva e não à sua dimensão objectiva, econômico-ocupacional.
Exclusão social passou a ser usada para denominar o fenómeno integrante de uma “nova questão
social” (Rosanvallon, 1995; Castel, 1991, 1998), problemática específica do final de século XX,
cujo núcleo duro foi identificado na crise do assalariamento como mecanismo de inserção social.
Essa crise, por sua vez, era oriunda de mudanças no processo produtivo e na dinâmica de
acumulação capitalista gerando a diminuição de empregos, inviabilizando essa via de
constituição de solidariedades e de inserção social, constituindo os ’inválidos pela conjuntura’ e
provocando fracturas na coesão social.
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Conclusão
Nas últimas décadas a população mundial tem-se preocupado cada vez mais com o modelo
actual de desenvolvimento económico, principalmente a partir dos impactos negativos que este
tem causado na qualidade de vida. A Educação Ambiental, neste processo, tem de modo activo
buscado estimular a sensibilização da sociedade quanto aos problemas ambientais, estimulando a
cooperação e a participação popular na detecção, prevenção e superação destes fatos.
Destacamos, no entanto, a importância de uma ampla compreensão tanto de meio ambiente como
de Educação Ambiental, de modo que não caiamos no reducionismo e na fragmentação de
saberes. Muitas vezes a Educação Ambiental é tratada exclusivamente no âmbito natural,
excluindo outras dimensões relevantes e impedindo uma visão holística da realidade.
A interacção entre diferentes áreas do conhecimento pode ser uma aliada à promoção do
desenvolvimento comunitário, principalmente quando este está atrelado a práticas de Educação
Ambiental.
Consideramos que a participação comunitária e práticas de Educação Ambiental, dentro de uma
metodologia interdisciplinar, possam contribuir na construção de uma práxis que promova um
repensar da interacção sociedade/ meio, para o desenvolvimento de relações mais harmoniosas
entre esses atores, favorecendo o desenvolvimento comunitário, com uma sociedade justa e
ambientalmente saudável. Consideramos, finalmente, que a resolução de conflitos ambientais
emerge de maneira participativa, integrando a população, valorizando os saberes locais e
culturais e aproveitando os recursos naturais disponíveis para base do desenvolvimento
comunitário
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Bibliografia
CARMO, Hermano. Desenvolvimento Comunitário. Porto Editora: Lisboa, 2003.
FERRÉ, Albert. Dinâmica da Pobreza e Padrões de Acumulação Económica em Moçambique.
Instituto de Estudos Sociais e Económicos, Maputo, 2009.
SINGER, P. É Possível Levar o Desenvolvimento a Comunidades Pobres? s/l,2004.
FRANCISCO, A. Desenvolvimento Comunitário em Moçambique: contribuição para a sua
compreensão critica, CIEDIMA SARL, Maputo, 2007.
Nome: Sérgio Alfredo Macore / 22.02.1992
Naturalidade: Cabo Delgado – Pemba – Moçambique
Contactos: +258 826677547 ou +258 846458829
Formado em: Gestão de Empresas / Gestão Financeira
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Instituição de ensino: Universidade Pedagogica Nampula – Faculdade = ESCOG.
Boa sorte para você…….
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