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  • As 7 Cartas de Apocalipse Igreja Batista Cidade Universitária – Marcelo Berti – 2017

  • Teologia das 7 CartasImportantes Conceitos Teológicos

  • Alta CristologiaImportantes Conceitos Teológicos

  • Alta Cristologia

    I. Definição de Cristologia:

    “Muito rapidamente os seguidores de Jesus o reconheceram como Messias, ie., o ‘ungido’, em especial o esperado rei ungido da linhagem real de Davi. O termo grego para

    ‘Messias' é Christós, e por conseguinte, Cristo (…) No seu sentido mais literal, então, a ‘cristologia’ lida com o como

    Jesus veio a ser chamado de Messias ou Cristo, e qual era o significado dessa designação”

    Raymond Brown, Introduction to New Testament Christology, p.3

  • II. Definição de Alta Cristologia:

    “Os acadêmicos distinguem diferentes tipos de cristologia. ‘Cristologia baixa’ lida com a avaliação de Cristo nos termos

    quem não necessariamente incluem sua divindade, eg. Messias, Rabi, Profeta, Sumo Sacerdote, Salvador e Mestre. A ‘Alta Cristologia’ lida com a avaliação de Jesus em termos que incluem aspectos da divindade, eg., Senhor, Filho de

    Deus, Deus. ” Raymond Brown, Introduction to New Testament Christology, p.4

    Alta Cristologia

  • III. A Cristologia Alta de Apocalipse:

    1. Afirmações Diretas: Jesus é Senhor (κυριός):

    a. O termo Senhor é usado 21x em Apocalipse, e frequentemente descreve YHWH (cf. 1:8; 4:8, 11; 11:4; et al).

    b. Eventualmente esse termo é usado para distinguir o Senhor Deus de Cristo (cf. 11:15; 21:22);

    c. Em outras ocasiões o autor atribui esse título a Cristo (cf. 17:14; 19:16; 22:20, 21)

    Alta Cristologia

  • III. A Cristologia Alta de Apocalipse:

    2. Afirmações Indiretas: Adoração Universal de Jesus

    a. No AT a adoração exclusiva de YHWH (cf. Dt 6:13-14) é descrita com a proibição de se fazer imagens de qualquer coisa, seja do céu e da terra (Ex 20:3-4);

    b. Jesus reafirma esse conceito na cena da tentação (Mt 4:11);

    c. Jesus é digno de receber adoração e é adorado com YHWH (Ap 5:13-14) - Observe a dimensão universal da adoração;

    Alta Cristologia

  • III. A Cristologia Alta de Apocalipse:

    3. Alusões:

    a. Jesus é Aquele que Vive (ὁ ζῶν):

    i. No AT YHWH é descrito como Deus que Vive ( חיים אלהים; cf. Dt 5:26; 1Sm 17:26, 36; Jr 10:10; 23:36; Dn 6:27; אל חי cf. Os 1:10; Sl 42:3; 84:3; Js 3:10);

    ii. Essa expressão também é usada no NT para descrever YHWH (Mt 16:16; 26:63; Jo 6:57; At 14:15; Rm 9:26; 2Co 3:3; 1Ts 1:9; 1Tm 4:10; Hb 3:12; 9:14; 10:31; 12:22)

    iii. Jesus usa essa expressão em auto-descrição (1:18)

    Alta Cristologia

  • III. A Cristologia Alta de Apocalipse:

    3. Alusões:

    b. Uso da Expressão Τάδε λέγει

    i. No AT essa expressão é usada mais de 250x; 21x nos Profetas Menores; 65x em Ezequiel; 30x em Jeremias; 8x em Amós; Em todos esses casos, essa expressão introduz uma mensagem profética de YHWH;

    ii. “Consequentemente, o uso dessa fórmula aqui para introduzir os ditos de Cristo nas cartas enfatiza que Cristo assume o papel de YHWH” (G.K. Beale, Revelation, 228)

    Alta Cristologia

  • “ [Em Apocalipse] Cristo tem a dignidade de Deus. O reino pertence tanto a Deus como a Cristo (11:15; 12:10). Ambos Deus e Cristo são o ‘Alfa e o Ômega’ (1:8; 22:12-13). A Teofania de Cristo que abre o livro descreve a Cristo com linguagem emprestada das teofanias de Deus do

    AT (1:9-20). Cristo é a voz da profecia (2:7, 11), que dispensa julgamento futuro e recompensas

    (2:7, 10, 17, 22-28).

    ” Duane F. Watson, “Christology”, The Routhedge Encyclopedia of the Historical Jesus, 112Alta Cristologia

  • Cristologia PráticaImportantes Conceitos Teológicos

  • Cristologia PráticaI. A Origem da Cristologia de Apocalipse 2-3:

    1. A Cristologia das sete “Cartas” é derivada da visão de João em Apocalipse 1:

    a. Em 1:10 João afirma estar ἐγενόµην ἐν πνεύµατι (egenómen en pneumati) no dia do Senhor (ie. no domingo)

    i. “Eu fui arrebatado em espírito” (ARA);

    ii. “Achei-me no Espírito” (NVI)

    iii. “Me vi tomado pelo Espírito” (NVT)

    iv. “Um estado de exaltação espiritual melhor descrito como um transe” (Robert Mounce, The Book of Revelation, 75)

  • Cristologia PráticaI. A Origem da Cristologia de Apocalipse 2-3:

    1. A Cristologia das sete “Cartas” é derivada da visão de João em Apocalipse 1:

    b. Essa visão de João inclui uma série de experiências sensoriais:

    i. Audição: ἤκουσα ὀπίσω µου - ouvi atrás de mim (1:10);

    ii. Visão: (1) ὃ βλέπεις γράψον εἰς βιβλίον - o que vês, escreve-o em um livro (1:11); (2) ἐπέστρεψα βλέπειν τὴν φωνὴν - virei para ver a voz (1:12)

    iii. Tato: ἔθηκεν τὴν δεξιὰν αὐτοῦ ἐπ᾿ ἐµὲ - ele colocou sua mão direita sobre mim (1:17)

  • Cristologia PráticaI. A Origem da Cristologia de Apocalipse 2-3:

    2. A o conteúdo da Cristologia das sete “Cartas” é derivada da visão de João do Cristo Exaltado:

    a. A descrição que João faz de Jesus Cristo contém elementos altamente simbólicos derivados do AT (1:12-16);

    b. A descrição que Jesus faz de si mesmo faz alusões ao seu ministério terreno, celestial e sua posição exaltada (1:17-19)

    c. As informações a respeito de Cristo apresentadas aqui são utilizadas nas cartas de modo aplicativo e prático;

  • Cristologia PráticaII. A Aplicação da Cristologia de Ap. 1 na Carta de Éfeso:

    1. Aquele que tem na sua mão direita as sete estrelas (2:1; cf. 1:16):

    a. De acordo com o AT, a mão direita pode ser usado como um símbolo para descrever poder (Sl 89:13; 98:1) e favor (Sl 110:1);

    b. De acordo com Daniel, as estrelas poderiam indicar os sábios de Israel (Dn 12:3); Em Apocalipse as sete estrelas são as sete igrejas;

    c. Na Carta de Éfeso, o poder e o favor de Deus são vistos tanto na exortação para o bom comportamento como na promessa de recompensa para aqueles que agem de modo fiel;

  • Cristologia PráticaII. A Aplicação da Cristologia de Ap. 1 na Carta de Éfeso:

    2. Aquele que anda entre os sete candelabros de ouro (2:1; cf. 1:12-13):

    a. De acordo com o AT o candelabro representava a presença de Deus (Nm 8:1-4), o templo (Zc 4.2-6) e a nação de Israel (Zc 4.6-9);

    b. De acordo com Apocalipse, os candelabros de ouro representavam a igreja (1:13, 20);

    c. A presença autoritativa de Cristo entre os candelabros permite que Ele dispense sua disciplina sobre a igreja (2:5)

  • “Vencedores”Importantes Conceitos Teológicos

  • Quem são os Vencedores?I. A Descrição dos Vencedores:

    1. Comer da árvore da vida (2:7)

    2. Não sofrerá o dano da segunda morte (2:11)

    3. Maná escondido, e pedra branca (2:17)

    4. Autoridade sobre as nações (2:26)

    5. Vestes brancas, nome no livro da vida (3:5)

    6. Colunas no santuário (3:12)

    7. Trono (3:21)

  • Quem são os Vencedores?

    II. Possíveis Interpretações:

    1. Dois Grupos:

    “O pronome dativo enfatiza ‘o vencedor’ no sentido de ‘para ele apenas’, (…) O vencedor, apenas o vencedor, receberá uma recompensa. Podemos dizer que esta recompensa é

    conquistada por ele ainda não como o despojo da vitória do inimigo, mas como um presente do Senhor, um dom da

    abundante graça do Senhor.” R. C. H. Lenski, The Interpretation of St. John’s Revelation, 94

  • Quem são os Vencedores?

    II. Possíveis Interpretações:

    2. Duas Classes:

    “Como cristão nós recebemos a vida eterna; como guerreiros e vencedores, nós recebemos recompensas especiais - as

    recompensas da vitória do nosso poderoso capitão.” Horatius Bonar, Light and Truth The Revelation of St. John, 103

  • Quem são os Vencedores?II. Possíveis Interpretações:

    3. Um Grupo:

    “Essa linguagem é uma maneira bíblica de expressar a promessa da vida eterna no consumado Reino de Deus; não é uma bênção especial concedida a um

    grupo particular de cristãos; todos os cristãos encontrarão seus nomes escritos no livro de vida do Cordeiro (20:15; 21:27). Por que João parece fazer a promessa

    da vida eterna uma bênção particular apenas para os conquistadores? A resposta é que todo discípulo de Jesus deve ser, em princípio, um mártir e estar pronto

    para dar a vida por sua fé. O próprio Jesus ensinou mais de uma vez que aqueles que o seguiriam devem estar prontos para assumir a cruz (Marcos 8: 4,

    Mateus 10:38), e a cruz é nada menos do que um instrumento da morte..” George Eldon Ladd, A Commentary on Revelation of John, KL 416

  • Quem são os Vencedores?II. Possíveis Interpretações:

    3. Um Grupo:

    “O principal desafio que essas jovens igrejas enfrentam é a ameaça da perseguição pagã. Na verdade, essas sete cartas parecem ser escritas como parte da preparação do Senhor dessas igrejas para o pior que

    estava por vir. Eles devem "conquistar", não reagindo a perseguição, mas seguindo o próprio Jesus, que conquistou a vitória por meio de seu próprio sofrimento paciente. Algumas dessas igrejas sofrerão. Alguns morrerão. Todos devem oferecer o testemunho paciente de Jesus, conquistando assim as forças do mal que as cercam e ameaçam”

    N.T. Wright, Revelation for Everyone, 14

  • A Cidade de EsmirnaIntrodução

  • A Cidade de Esmirna

  • A Cidade de EsmirnaPerspectiva Geografia e Economia

    1. A cidade de Esmirna estava situada no fim da estrada que atravessava Lídia e a Frígia, e a partir dela, se poderia viajar até o rivo vale de Hermes; era uma cidade inevitavelmente comercial;

    2. A cidade ficava no fim de um longo braço marítimo e tinha um dos portos mais seguros do continente, pois em tempo de guerra o porto poderia ser fechado à distância;

    3. A riqueza e prosperidade era derivada tanto da localização estratégica (estradas), do porto (comércio) e da segurança da cidade; além disso Esrmina era um centro de ciência e medicina;

    4. A cidade era considerada a mais bonita das cidades da Ionia; o vinho dessa cidade era conhecido muito além de suas fronteiras;

  • A Cidade de EsmirnaPerspectiva Histórica

    1. A cidade de Esmirna teria sido fundada em 1000 aC, mas por volta de 600 aC a cidade foi destruída pelo pode de Lídia; por 400 anos a cidade não deixou de ser uma coleção de pequenas vilas;

    2. O general macedônio Lisímaco a reergueu das cinzas, reconstruindo a cidade toda; as ruas da cidade de Esmirna foram construídas com “paralelepípedos”, acrescendo ao cenário beleza ímpar;

    3. A mais importante dessas ruas era conhecida como a Rua de Ouro, que começava no Templo de Zeus e terminava no Templo de Cibele;

  • A Cidade de EsmirnaPerspectiva Política

    1. A cidade de Esmirna também era uma cidade livre; muito antes de Roma ter exercido seu domínio pelo mundo antigo, a cidade já tinha suas alianças com o seu governo e demonstrava sua fidelidade ao império;

    2. Conta-se a história que em um dos conflitos armados de Roma contra Mitriades, quando os soldados romanos sofriam de fome e frio em uma campanha perto do fracasso, os moradores de Esmirna enviaram suas próprias vestes para apoiar os soldados;

    3. Em lealdade a Roma, em 195 aC se construiu o primeiro templo para a deusa Roma; quando outras cidades da Ásia Menor disputavam uma “vaga” para ser palco da construção de um Templo a Tibério (c.26 aC), Esmira recebeu tal honra por sua lealdade ao império (superando a grande Éfeso)

  • A Cidade de EsmirnaPerspectiva Religiosa

    1. Como outras cidades da Ásia Menor, Esmirna era cercada por templos romanos e macedônios; a manifestação religiosa era livre e encorajada;

    2. Entretanto, a presença de judeus nessa cidade era grande e influente; historiadores contam de grandes investimentos feitos pela comunidade judaica para a cidade;

    3. E como a igreja cristã era particularmente influente entre os judeus, a comunidade judaica era hostil à sua presença na cidade; em anos subsequentes, muitos cristãos foram martirizados nessa cidade (cf. Policarpo, c. 155 dC)

  • A Igreja de Esmirna

    1. A comunidade cristã foi estabelecida na cidade em algum momento entre 55-85 dC; tem-se pouca evidência histórica da fundação de igrejas na Ásia Menor antes de 50 dC, mas em algum momento antes dessa carta ter sido escrita c.90 dC, uma comunidade cristã já existia na cidade;

    2. Alguns comentaristas conectam o esforço missionário de Paulo em Éfeso (At 19:10) com a fundação dessa comunidade, mas isso é também incerto;

    3. Os livros apócrifos Atos de Paulo e Atos de João contam histórias de Paulo e João na cidade, mas ambos os livros parecem mais lendas e estórias do que histórias;

    4. Entretanto, anos mais tarde, a carta de Policarpo deixa evidente a influência literária tanto de Paulo quanto de João;

  • A Igreja de Esmirna5. A igreja de Esmirna era formada basicamente por cristãos

    de pano de fundo judaico (Ap 2.9); ao que tudo indica, existia entre eles um debate sobre quem era verdadeiramente judeu;

    6. Historicamente, essa comunidade tornou-se etnicamente mista, de modo que a própria liderança da igreja passou a ser reconhecida por homens de nome grego (eg. Policarpo)

    7. Ignácio em sua carta a Esmirna nada fala sobre o conflito com judeus, mas enfatiza o conflito com o docetismo (Ign.Smyrn 4)

  • A Carta a Igreja de EsmirnaApocalipse 2:8-11

  • Estrutura da CartaCarta para a Igreja em Esmirna

    1. Adscripto: “ao anjo da igreja em Esmirna” (v.8a) a. Ordem para escrever (v.8b) b. Fórmula τάδε λέγει (essas coisas) (v.8c)

    2. Praescriptio: Títulos Cristológicos (v.8d)

    3. Narratio: “Eu conheço” (v.9) a. Suas tribulações (9a) b. Sua pobreza (9b) c. A blasfêmia que você enfrentam (9c)

  • Estrutura da CartaCarta para a Igreja em Esmirna

    4. Dispositio: a. Alerta: Não tema o sofrimento por vir (v.10a)

    a. Prisão (v.10b) b. Tribulação (v.10c)

    b. Exortação: Fidelidade até a morte (v.10d) c. Promessa: Cora da vida (v.10d)

    5. Sanctio: a. Proclamação: “aquele que tem ouvidos” (v.11a) b. Promessa: “aquele que vencer” (v.11b)

  • Adscripto: IntroduçãoA mensagem de Cristo para a Igreja de Esmirna

  • Adscripto: Introdução

    Ao anjo da igreja em Esmirna escreva: Estas são as palavras dAquele que é o

    Primeiro e o Último, que morreu e tornou a viver

    Apocalipse 2:8

  • Adscripto: Introdução

    Ao anjo da igreja em Esmirna escreva: Estas são as palavras dAquele que é o Primeiro e

    o Último, que morreu e tornou a viver Apocalipse 2:8

  • “ Esta fórmula (tade legei) poderia introduzir citações comuns (Dionisius of Halicarnassus, Ant. Rom. 7.72; 9.9; Plutarco, Mor. 1052B), mas sua qualidade formal a torna adequado para discurso profético e decretos reais. Tais conotações se encaixam no Cristo exaltado, que compartilha os traços de Deus e governa os reis da terra.

    ” Craig R. Koester, Revelation, 261

    Adscripto: Introdução

  • Praescriptio: Quem Escreve?A mensagem de Cristo para a Igreja de Esmirna

  • Praescriptio: Quem Escreve?

    Ao anjo da igreja em Esmirna escreva: Estas são as palavras dAquele que é o Primeiro e

    o Último, que morreu e tornou a viver Apocalipse 2:8

  • I. Aquele que é o Primeiro e o Último (ὁ πρῶτος καὶ ὁ ἔσχατος):

    1. Importância Teológica:

    a. Essa expressão é usada por Isaías para descrever a singularidade divina de YHWH no AT (Is 44:6; 48:12);

    b. Jesus assume essa expressão em descrição a si mesmo em Apocalipse (1:17; 2:8; 22:13), e com ela expressa sua eternidade (cf. início e fim);

    c. Com essa alusão, João defende uma Cristologia Alta, afirmando que Cristo tem características de YHWH;

    Praescriptio: Quem Escreve?

  • I. Aquele que é o Primeiro e o Último (ὁ πρῶτος καὶ ὁ ἔσχατος):

    2. Importância Histórica:

    a. A cidade de Esrmina era conhecida como a primeira da Ásia (προτή Ἄσιας);

    b. O conceito de primazia da cidade é aqui contrastado com Aquele é, não apenas o primeiro, mas também o último;

    c. Não importa quão imponente e importante a cidade possa ser, ela não pode ser comparada ao Senhor;

    Praescriptio: Quem Escreve?

  • I. Aquele que é o Primeiro e o Último (ὁ πρῶτος καὶ ὁ ἔσχατος):

    3. Importância Literária:

    a. Existe um arranjo literário que apresenta em diferentes dualismos a realidade da igreja:

    i. Primeiro e último

    ii. Estava morte e voltou a viver

    iii. Pobre mas és rico

    iv. Se dizem Judeus mas não são

    v. Morte e vida

    Praescriptio: Quem Escreve?

  • II. Aquele que morreu e tornou a viver (ὃς ἐγένετο νεκρὸς καὶ ἔζησεν):

    1. Importância Teológica: expressa a centralidade da morte e ressurreição da mensagem da igreja (At. 1:8; 22)

    2. Importância Histórica: talvez uma alusão comparativa da cidade de Esmirna que embora teria sido destruída e reconstruída não poderia permanecer nesse estado para sempre;

    3. Importância Literária: o dualismo conceitual apresentado aqui manifesta claras intenções artísticas;

    Praescriptio: Quem Escreve?

  • “ Cristo é Soberano Deus sobre a história, Aquele que sozinho possui o atributo da eternidade ("o primeiro e o último"). Cristo revelou esses traços divinos através da sua ressurreição dentre os mortos (…). Seu domínio sobre a história fornece a base de conforto para a igreja.

    ” G.K. Beale, The Book of Revelation, 239

    Adscripto: Introdução

  • Narratio: O que Escreve?A mensagem de Cristo para a Igreja de Esmirna

  • Narratio: O que Escreve?

    1. Conhecimento das Tribulações Conheço as suas aflições e a sua pobreza – mas você é rico! Conheço a blasfêmia dos que se dizem judeus mas não são, sendo

    antes sinagoga de Satanás Apocalipse 2:9

  • Narratio: O que Escreve?1. Conhecimento das Tribulações

    a. οἶδά σου τὴν θλῖψιν(oida sou tën thlipsin): apesar de traduzido de modo plural, o termo é aqui singular;

    b. θλῖψις (thlipsis) é usado em alguns contextos como indicação de tormento resultante de punição (eg. Rm 2:9; 2Ts 1:6)

    c. Na LXX é usado para descrever opressão e quando aplicado a Israel assume significância teológica da injusta opressão ao fiel (cf. Ex 4:31; 3:9; Dt 4:29; 28:47)

    d. Em outros contextos, entretanto, o termo descreve a perseguição escatológica (eg.1Ts 3:7; 2Co 1:8; 4:8; 8:2; Rm 8:35; Fp 4:14);

  • Narratio: O que Escreve?

    2. Paradoxo Escatológico Conheço as suas aflições e a sua pobreza – mas você é rico! Conheço a blasfêmia dos que se dizem judeus mas não são, sendo

    antes sinagoga de Satanás Apocalipse 2:9

  • Narratio: O que Escreve?2. Paradoxo Escatológico:

    a. A pobreza dos cristãos de Esmirna era uma pobreza real resultante:

    i. Ou do fato que os cristãos pertenciam a classes sociais menos abastadas;

    ii. Ou pertenciam ao grupo de judeus refugiados da Palestina após a revolta contra Roma;

    iii. Considerando a mensagem do texto, parece que as autoridades civis teriam confiscado as propriedades dos cristãos;

    iv. A recusa dos cristãos em participar da adoração do imperador os teria deixado sem possibilidade de realizar negócios na cidade;

  • Narratio: O que Escreve?

    2. Paradoxo Escatológico: b. A pobreza material é contrastada com a riqueza espiritual:

    i. Fazia parte da reflexão judaica a percepção desse paradoxo (cf. 4QpPsa; Philo, Prob. 8; Philo, Fug. 17);

    ii. Fazia parte da reflexão cristã o fato de que eles pertenciam a esse grupo paradoxal (cf. Tg 2:5);

    iii. A opressão que sofriam causava sua pobreza, e isso é entendido com uma bênção escatológica (cf. Lc 6:20//Mt 5:3; Matt 6:19–21//Lc 12:33–34; Lc 12:21; 2Co 6:10)

  • “ A conexão da aflição e da pobreza sugere uma estreita ligação entre os dois. Em um ambiente antagônico, seria difícil para o cristão ganhar a vida e, portanto, muitos eram economicamente destituídos. Eles também podem ter sido vítimas da violência da população e do saque (cf. Hb 10:34). Sua pobreza, no entanto, era uma pobreza material: espiritualmente eram ricos (…) Tiago

    escreveu a um grupo semelhante, indicando que "Deus escolheu os que são pobres aos olhos do

    mundo para serem ricos em fé" (Tg 2: 5, cf. Mt 6:20; 2Co 6:10). ” Robert H. Mounce, The Book of Revelation, 74-5

    Adscripto: Introdução

  • Narratio: O que Escreve?

    2. Blasfêmia dos Supostos Judeus Conheço as suas aflições e a sua pobreza – mas você é rico! Conheço a blasfêmia dos que se dizem judeus mas não são, sendo

    antes sinagoga de Satanás Apocalipse 2:9

  • Narratio: O que Escreve?3. Blasfêmia dos Supostos Judeus:

    a. A palavras βλασφηµία (blasfemía) pode significar:

    i. Um tipo de fala contra entidades transcendentes, divindade (Mt 26:65; Mc 2:7; 14:64; Jo 10:33; et al)

    ii. Um tipo de fala que difama e denigre com linguagem abusiva (Mc 7:22; Ef. 4:31; Cl 3:8)

    iii. Um tipo de ataque contra pessoas em forma de acusação e perseguição (Jos.Ant 3, 307; Vita 260; Ig.Ef 10:2); observe que a blasfêmia dos supostos judeus os levará a prisão (cf. denuncia ao Império);

  • “ O que mais afligiu a igreja em Esmirna foram as veemente hostilidades por parte da população judaica (…) A conduta da população judaica é caracterizada em termos muito gerais como "calúnia", o que significa a contradição aberta em relação ao centro da proclamação cristã, a confissão de Cristo. Os judeus discordam que, na morte e ressurreição de Jesus de Nazaré, o próprio Deus agiu para a salvação dos seres

    humanos (Atos 13: 45 ).

    ” Jürgen Roloff, The Revelation of John, 48Narratio: O que Escreve?

  • Narratio: O que Escreve?

    3. Blasfêmia dos Supostos Judeus:

    b. Eles são impostores:

    i. Porque são judeus apenas por nascimento natural e não espiritual (Rm 2:28; Mt 3:9; Jo 8:31ss)

    ii. Porque rejeitaram o Messias e atacaram seus seguidores;

    iii. Porque tem um comportamento não marcado pela piedade típica do judaísmo;

  • Narratio: O que Escreve?3. Blasfêmia dos Supostos Judeus:

    c. Sinagoga de Satanás: i. A expressão descreve o mais alto grau de oposição a

    “congregação do Senhor” (ְקַהל יְהָוה; cf.Nm 20:4) [cf. assembléia de Deus (4Q427 7 I, 14) ou a sinagoga dos fiéis (Pss.Sol 17:16)]

    ii. O termo hebraico para Satanás (ָׂשָטן) significa adversário, acusador, e pode descrever inimigos humanos (1Sm 29:4; 1Re 5:18), ou o próprio Satanás (Jó 1:6, 7, 9);

    iii. Descreve judeus que acusavam caluniosamente e perseguiam a comunidade da fé em Esmirna;

  • “ Os membros da sinagoga em Esmirna presumivelmente consideraram a oposição à igreja como consistente com a tradição de Israel, já que eles pensavam que os seguidores de Jesus se afastavam da tradição ao fazer afirmações elevadas sobre Jesus. Do ponto de vista de João, no entanto, sua tentativa de denunciar os

    seguidores de Jesus - especialmente quando isso poderia levar à prisão e à morte - era

    incompatível com a lealdade ao Deus de Israel

    ” Craig R. Koester, Revelation, 275Narratio: O que Escreve?

  • Dispositio: O que Aconselha?A mensagem de Cristo para a Igreja de Esmirna

  • Dispositio: O que Aconselha?

    1. Alerta: Sofrimento Porvir Não tenha medo do que você está prestes a

    sofrer. Eu lhe digo: o Diabo lançará alguns de vocês na prisão para prová-los, e vocês

    sofrerão perseguição durante dez dias. Seja fiel até a morte, e eu lhe darei a coroa da vida

    Apocalipse 2:10

  • Dispositio: O que Aconselha?

    1. Alerta: Sofrimento Porvir Não tenha medo do que você está prestes a sofrer. Eu lhe digo: o Diabo lançará alguns de vocês na prisão para prová-los, e vocês

    sofrerão perseguição durante dez dias. Seja fiel até a morte, e eu lhe darei a coroa da vida

    Apocalipse 2:10

  • “ A igreja de Esmirna é exortada a "não temer" essa perseguição, mesmo que tome as formas mais duras de prisão e pena de morte, como às vezes fazia. Na verdade, Cristo lhes diz que se preparem para uma punição mais severa. Eles "não temem" o julgamento iminente porque suas vidas e seu destino estão nas mãos do eterno

    Pantokrator da história

    ” G K. Beale, The Book of Revelation, 241-42

    Dispositio: O que Aconselha?

  • Dispositio: O que Aconselha?

    2. Exortação: Fidelidade

    Não tenha medo do que você está prestes a sofrer. Eu lhe digo: o Diabo lançará alguns de

    vocês na prisão para prová-los, e vocês sofrerão perseguição durante dez dias. Seja

    fiel até a morte, e eu lhe darei a coroa da vida Apocalipse 2:10

  • “ O testemunho fiel a ponto de derramar o sangue de alguém será um tema recorrente nas visões que se seguem. Isso não significa que Apocalipse espera que todos os cristãos se tornem mártires. Mas o seu chamado intransigente é que todos os cristãos reconsidere seu compromisso em relação à sua cultura circundante e se coloquem numa situação em que possam encontrar-se contrariados e até mesmo perseguidos. Os cristãos de Esmirna, como

    aqueles em Filadélfia (3: 7-13), pontuam alto na escala de testemunha fiel: os anjos dessas cidades são os dois

    únicos dos que não são avisados nem "se lembram" quanto se arrependem '. Muitos irmãos cristãos nas outras cidades encontrarão severamente carente.” Ian Boxall, The Revelation of Saint John, 56

    Dispositio: O que Aconselha?

  • Dispositio: O que Aconselha?

    3. Promessa: Coroa da Vida

    Não tenha medo do que você está prestes a sofrer. Eu lhe digo: o Diabo lançará alguns de

    vocês na prisão para prová-los, e vocês sofrerão perseguição durante dez dias. Seja fiel

    até a morte, e eu lhe darei a coroa da vida Apocalipse 2:10

  • Dispositio: O que Aconselha?3. Promessa: Coroa da Vida

    a. Atlética: Uma coroa de folhagem era entregue aos vencedores em competições (Pausanias, Descr. 5:15.3);

    b. Militar: Coroas eram entregues a soldados que haviam triunfado em batalha (Aulus Gelius, Noct. Att. 5.6.1–27); tanto a deus Nikë como Roma eram representadas como dando coroa a imperadores em vestimentas militares;

  • Dispositio: O que Aconselha?

    “ O próprio Cristo exaltado promete conferir a coroa da vida aos cristãos fiéis (…) O contexto deixa claro que a coroa de flores é uma metáfora para uma recompensa póstuma. Embora tais grinaldas nunca tenham sido premiadas póstumas, seja para atletas vitoriosos ou para realizações militares, parece que isso

    deve, de fato, ser uma grinalda de vitória expressando o [dramático conflito entre supostos

    judeus e cristãos]

    ” David Aune, Revelation, 167

  • Sanctio: O que Promete?A mensagem de Cristo para a Igreja de Esmirna

  • Sanctio: O que Promete?

    1. Alerta a severidade da mensagem Aquele que tem ouvidos, ouça o que o

    Espírito diz às igrejas. O vencedor de modo algum sofrerá a segunda morte

    Apocalipse 2:11

  • Sanctio: O que Promete?

    1. Alerta a severidade da mensagem Aquele que tem ouvidos, ouça o que o

    Espírito diz às igrejas. O vencedor de modo algum sofrerá a segunda morte

    Apocalipse 2:11

  • N.T. Wright, Revelation for Everyone, 18

    Sanctio: O que Promete?

    “ Há, ao que parece, duas formas de morte. A primeira é a morte corporal a que todos sofrerão, exceto a geração ainda viva quando o Senhor retornar. Jesus já passou por esse caminho, e aqueles que pertencem a ele podem saber que ele primeiro os receberá do outro lado e depois, ao final, levá-los a uma nova vida em seu novo mundo final. Mas a "segunda morte" é o destino final daqueles que se

    recusam a seguir seguindo Jesus, adorando o único Deus revelado nele. Esta "segunda morte", ao que

    parece, fará por toda a personalidade o que a "primeira morte" fará pelo corpo físico ”

  • ConclusãoA mensagem de Cristo para a Igreja de Esmirna


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