8º Congresso Internacional de 8º Congresso Internacional de Educação Física e Ciências do Educação Física e Ciências do
DesportoDesporto
As Câmaras Municipais e as Actividades Físicas no
novo Milénio
Francisco BatistaFrancisco BatistaMestre em Gestão e Direcção do DesportoMestre em Gestão e Direcção do Desporto
Câmara Municipal de CondeixaCâmara Municipal de Condeixa
Hoje, o desporto não pode ser só visto através de uma das suas partes, o desporto formal, com expressão máxima na alta competição e no espectáculo desportivo.
Existem outras realidades às quais em múltiplas situações as autarquias não têm prestado a devida atenção.
Pensamos que uma política desportiva conduzida a nível local, passa pela criação de condições para que a generalidade da população, desde que o deseje, tenha acesso ao desporto.
Hoje é, de uma forma geral, reconhecido pela generalidade das pessoas que, na maioria das vezes, as Câmaras Municipais podem exercer no domínio do desporto, uma acção de grande utilidade para as populações.
A preocupação central de uma verdadeira política desportiva municipal, deverá assentar na fórmula onde se permita a cada munícipe o acesso ao maior número de práticas, dentro de um quadro humanizador, expressando-se em todos os seus níveis, de acordo com os interesses e potencialidades de cada um, colocando-se uma especial atenção nos grupos sociais com menor capital biológico, social, cultural e económico, cada vez com menos acesso aos espaços desportivos convencionais.
As Câmaras Municipais atendendo a características particulares da população, a características económicas e sobretudo a decisões e características de políticas existentes para benefício da população, vêm adoptando e estão adoptando estruturas de gestão que poderíamos chamar contemporâneas, com essa preocupação central de generalização da prática desportiva.
Hoje é também claro que dos traços que devem caracterizar uma organização para ter êxito no contexto em que nos situamos, no início do novo milénio, existem dois que gostaríamos de referenciar como fundamentais numa Câmara Municipal e numa área de trabalho que se deseja "perto" da população:
.A redução dos níveis hierárquicos;
.Organizar esta área em pequenas unidades.
Em gestão contemporânea torna-se necessário aproximar os gestores dos operacionais, reduzindo os níveis intermédios das estruturas, que no essencial são meros transmissores de informação ascendente e descendente.
É necessário na nossa opinião "partir" a organização da área em pequenas unidades com personalidade própria, orientadas para serviços e públicos bem definidos, procurando oferecer uma forte componente de serviços com qualidade e que respondam às necessidades da população.
A lógica de organização deve ser horizontal e não vertical, favorecendo o trabalho em equipa,interáreas (esta é, aliás, uma orientação central da reengenharia em gestão), numa Estrutura de Rede.
Hoje, apesar das disfunções burocráticas da administração pública, é sobretudo necessário ter uma visão, e agir com paixão e empenhamento, emoção, perfeccionismo, persistência e com "fanatismo" pelo serviço e pela qualidade.
A partir das diferentes formas de gestão que uma Autarquia pode utilizar para promover a actividade física e desportiva no seu concelho, apresentamos a título de exemplo o concelho de Condeixa onde neste caso, se tratou de uma evolução progressiva de um modelo de Gestão Directa por Estrutura Funcional, para um modelo de Gestão Directa por Unidades Estratégicas Horizontais e Programas de Desenvolvimento, o que nos pareceu mais adequado para um Município pequeno e com as características que descreveremos a seguir.
N umero d e p rat icant es d esp ort ivo s no co ncelho
98%
2%Hab./ C o ncelhoPrat .C o ncelho
Prat icant es d esp o rt ivo s co m id ad e esco lar
88%
12%
A luno s/ C o ncelhoPrat icant esd esp o rt ivo s
A FORMULAÇÃO DA ESTRATÉGIA INICIAL
“a) Dinamização da população (principalmente a infantil e juvenil) para a prática desportiva através de acções de animação desportiva, realizadas em conjunto com o movimento associativo e Juntas de Freguesia, rentabilizando ao mesmo tempo as instalações desportivas existentes.
b) Formação de animadores desportivos oriundos das associações e Juntas de Freguesia do concelho, como forma de não só dinamizar a prática desportiva, como também de todo o tecido associativo. - “Projecto Curso de Formação de Animadores Desportivos”;
c) Promoção de protocolos com federações desportivas, no sentido de se poderem realizar eventos nacionais no concelho, como factor motivacional dos jovens para a prática desportiva e da promoção da imagem do Município.Estes protocolos deverão ser alargados em áreas como, a formação de treinadores e árbitros; acções nas escolas e apoio à implantação de núcleos.
d) Conjugação de trabalho e acções com as Escolas de todos os Ciclos de Ensino, ao nível do cruzamento de actividades municipais com actividades de educação física e desporto escolar promovidas nos estabelecimentos de ensino do concelho.
e) Rentabilização desportiva dos equipamentos municipais”
2,362,53 2,64
3,32
4
2,37
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
1996
1997
1998
1999
Méd
iaEu
rope
ia
Méd
iaN
acio
nal
1996 1997 1998 1999 Média Europeia Média Nacional
2,38
4,18
16,7
5,93
7,6
0,00 5,00 10,00 15,00 20,00
Investimentos da CMC no desporto % OGC
1996 1997 1998 1999 2000
Orçamento de Actividade do Gab. Desporto
10.520
3.580
15.970
7.991
23.240
6.855
0 5.000 10.000 15.000 20.000 25.000
Despesas
Receitas
200019991998
Despesas do Gab. Desporto por áreas de actividade
2.040
4.880
3.600
4.190
9.580
2.200
4.750
10.540
7.950
0 2.000 4.000 6.000 8.000 10.000 12.000
Formação edocumentação
Activ. e Planos deDesenvolvimento
Eventosdesportivos
1998 1999 2000
24,5
7,911,1
3,5 5,31,8 1,7 3,5
0,8 0
8,3
2723
4
05
1015202530
CondeixaAnobra
Belide
Condeixa-a-VelhaEgaFuradouroSebalV ila Seca
ZambujalM . N
ac ional 15-60
M . Nac ional 15-74
P rocura Potenc ial
prat
ican
tes
Gráfico 11 – Percentagem de praticantes por freguesia
A ELABORAÇÃO DO PLANO ESTRATÉGICO E A ELABORAÇÃO DO PLANO ESTRATÉGICO E OPERACIONALOPERACIONAL
(As Unidades Estratégicas e Programas de Desenvolvimento)(As Unidades Estratégicas e Programas de Desenvolvimento)
No Domínio do Programa - Ensino Escolar (Área Escolar)
No Domínio do Programa - Desenvolvimento do Associativismo (Área do Assoc.Desportivo)
No Domínio do Programa - Desenvolvimento do Desporto de Recreação (Área da Recreação e Lazer)
No Domínio da Gestão e Direcção das Instalações (Área das Infra-estruturas Desportivas)
No Domínio da Racionalização da Orgânica Desportiva
Presidente da Câmara Municipal de Condeixa-a-Nova
Eng. Jorge Bento
Presidente da Câmara Municipal de Condeixa-a-Nova
Eng. Jorge Bento
Vereador do Desporto da Câmara Municipal de Condeixa-
a-Nova Daniel Costa
Vereador do Desporto da Câmara Municipal de Condeixa-
a-Nova Daniel Costa
Coordenador do Gabinete de Desporto
Prof. Francisco Batista
Coordenador do Gabinete de Desporto
Prof. Francisco BatistaGabinete de Desporto
Gabinete de Desporto
Área do Associativismo
Desportivo
Área do Associativismo
Desportivo
Área EscolarÁrea Escolar
Área da Racionalização da Orgânica Desportiva
Área da Racionalização da Orgânica Desportiva
Área da Recreação e do Lazer
Área da Recreação e do Lazer
Área das Infra-estruturas
Área das Infra-estruturas
Estas áreas correspondem a cinco níveis de intervenção diferentes, mas complementares, que têm, como objectivo último, a máxima rentabilização dos meios humanos, físicos e financeiros disponíveis e, como horizonte, a promoção de uma cultura física e desportiva mais generalizada e de melhor qualidade.
• Só a alteração dos hábitos e costumes da população – a sua cultura – possibilitará uma transformação significativa nos níveis de prática das actividades físicas e desportivas a médio e longo prazo;
• As aprendizagens culturais iniciam-se desde muito cedo e, desde logo, os progressos de socialização, aculturação e educação detêm um papel decisivo na sua definição. Por ser a base de suporte e de delimitação das acções do indivíduo, é largamente reconhecida a enorme influência da cultura no acto de consumo.
• Só a alteração do factor cultural será capaz de criar, em permanência, hábitos de consumo de práticas desportivas, assente em pressupostos que rejeitem o monolitismo de qualquer modalidade desportiva.
Fidelizar
Quem são?
Como praticam?
Porque praticam?
Quando praticam?
ACTUAIS
Criar e estimularnovos serviços
Quem são?
Porque não praticam?
O que desejam?
POTENCIAIS
Actividade física edesportiva
Famílias Factores Culturais epromoção da saúde
Elementos do SistemaDesportivo:Praticantes – Actividades- Equipamentos - Responsáveis
ProjectoEd. Física no Pré-Primárioe 1º CEB – profes. Ed.física eEspaços lúdicos
ProjectoCentros de FormaçãoDesportiva – modalidades,animadores e profes. Ed. Físicaem todo o concelho
ProjectoCentros de Lazer eTempos Livres – classes de desporto paraTodos para adultos e seniores e JogosConcelhios
ProjectoGestão e Construção de Equipamentos DesportivosGestão directa ou Empresa Municipal
ProjectoApoio ao AssociativismoFinanciamento da actividade associativa
INTERVENÇÃO INTEGRADA DA CM CONDEIXA NA ÁREA DESPORTIVAAO NÍVEL DA POPULAÇÃO INFANTIL E JUVENIL DO CONCELHO
Parcerias de Desenvolvimento Desportivo e Ligação ao Movimento Associativo e Escolar( DREC/CAE/Associações/Escolas Locais )
Exp. Ed. Fís.Motorano 1º CEB
(curricular)
Centro de FormaçãoDesportiva
(extra-curricular)1º,2º e 3º ciclo
CMCTécnicos do GD eProf.es de EF das
Escolas do Concelho(2+3 e C+S)
Apetrechamentopela DREC e
CMC
Espaços eInstalaçõesDesportivasMunicipais
Escolas do1º CEB
Formação deprofessoresdo 1º CEB(FOCO)
Grupos deDesportoEscolar
ZONA DEINTERVENÇÃO
ESCOLAR
ZONA DEINTERVENÇÃOASSOCIATIVA
Clubes eAssociaçõesdo concelho
AssociaçõesDistritais deModalidade
+Federações
Formação deTreinadores
eAnimadores
Actividadesde Formaçãodos clubes eassociaçõesdo concelho
InstalaçõesDesportivas
Municipais oucom apoiomunicipal
Publicação deDocumentação e
Manuais deapoio
JOGOS DESPORTIVOS CONCELHIOS
ACTIVIDADES INTRA EINTER-ESCOLARES ACTIVIDADES FEDERADAS E
QUADROS COMPETITIVOSPOPULARES MUNICIPAIS
Animadorese
Treinadoresnas
Freguesias
OS PRATICANTES ; OS EQUIPAMENTOS; OS RESPONSÁVEIS;AS ACTIVIDADES
Publicação deDocumentaçãoe Manuais de
apoio
FESTA DACRIANÇA JOGOS INTER-
ASSOCIAÇÕES
Ensinogratuito danatação ao
1º CEB
Objectivos:•Aumento nº praticantes•Reforço do associativismo desportivo•Aumento da oferta de actividades ede instalações desportivas nas freguesiasrurais•Desenvolvimento de estilos de vida combase na actividade física
Para os seguintes segmentos-alvo:
6 aos 9 anos
10 aos 24 anos
25 aos 44 anos45 anos e mais
O desporto como recreação apresenta-se-nos como uma via capaz de:
.Possibilitar a ocupação do tempo livre;
.Estruturar o lazer como uma actividade formativa;
.Uma forma real de satisfazer a procura da maioria da população;
.Como uma possibilidade real de aceder às exigências da sociedade futura que está a configurar-se;
.Uma alternativa ao desporto tradicional, pleno de hierarquias omnipotentes e burocracias periclitadas, instrumentalizando um tipo de prática desportiva mais popular, acessível e económica.
A política desportiva deverá situar-se no modo como se articula perante o novo panorama social. O repto de garantir a igualdade de oportunidades, de criar estruturas desportivas que ajudem a consolidar tecidos sociais desarticulados, de adaptar o desporto às necessidades de cada grupo específico... parece um dos principais objectivos a alcançar pelo Estado e em particular pelas Autarquias Locais, principalmente através de uma actuação privilegiada nos subsistemas dos praticantes informais e não formais e no desporto educativo (em particular no que ao 1º CEB diz respeito).
• Qualquer administração pública em relação a esta área deve ter um objectivo pelo qual lutar, pelo qual deve trabalhar para conseguir um equilíbrio nas prestações sociais que os cidadãos recebem dos agentes locais.
• Devemos assim considerar algumas frentes como prioritárias o que passaremos a enumerar:
A existência de Serviços Desportivos de Titularidade Pública: como garante da universalidade e acesso, quer seja através de convénios ou contratos entre agentes sociais (sector público) ou agentes privados (sector privado). Todos eles em função da realização ou execução mais eficiente.
A existência de um nível organizativo óptimo para a gestão nos serviços desportivos municipais, onde o público e o privado se complementem;
A existência de uma concentração e organização de actividades e programas entre a sociedade desportiva e a administração para definir a este nível relações eficazes;
Ser impulsor do desporto para todos, de forma directa ou através do associativismo independente, com tendências de auto-suficiência económica;
A preocupação da existência de uma Revisão e Desenho de Infra-estruturas com objectivos claros:
– Correcção de desequilíbrios territoriais;– Plano de viabilidade das infra-estruturas;– Sistema eficaz e eficiente de gestão;– Qualidade de serviço;– Manutenção adequada;– Dar maior protagonismo aos espaços naturais e às
construções com estudos de impactos ambientais.
Conhecimento real do custo dos serviços desportivospara poder estabelecer:
– Financiamentos necessários;– Comparticipações dos utentes;– Preços públicos ou políticos;
• Não obstante, é difícil para não dizer inviável, a realização de um projecto de futuro nas políticas desportivas locais que não considere:
– A descentralização da gestão;– O apoio a entidades locais;– O esforço das associações;– A conservação e o respeito pelo meio ambiente;– A adequada formação de técnicos;– A intervenção do Estado, especialmente no
desporto para todos;– A procura de espaços comuns entre o sector
público e privado.
• O desporto significa sistema aberto, dinâmico e cambiante, em constante transformação.
• Estará então constituído por determinado número de subsistemas, cada um com uma lógica própria e com relações distintas - e de distinta intensidade - com outros âmbitos da vida social e nos quais defendemos uma intervenção municipal.
– O desporto por prazer;– O desporto de alto nível;– O desporto espectáculo;– O desporto educativo.
Uma proposta de modelo estratégico que assente:
1) A criação de hábitos de prática de actividades físicas e desportivas.
2) A clarificação do posicionamento e das competências a nível local face ao Desporto.
3) A centralização do principal pólo de dinamização e de transformação do processo desportivo na JUVENTUDE mas onde os outros estratos etários não fiquem ao abandono.
4) Um grande esforço de INTEGRAÇÃO RACIONAL de todo o processo.
• É nossa convicção de que o papel a desempenhar pelas Autarquias Locais, não pode deixar de ser o de se assumir como entidade propiciadora e estimuladora do aumento da oferta de condições que permitam à generalidade dos cidadãos o acesso a formas qualificadas de prática do desporto, aumentando os respectivos níveis de participação e frequência nas actividades desportivas.
• As Autarquias Locais têm de reconhecer que existe uma nova centralidade das “questões desportivas” que passa pelo reconhecimento do direito de todo o cidadão à prática do desporto. Importa estar atento às tendências deste fenómeno, particularmente ao que se traduz em novos processos desportivos e aos equilíbrios indispensáveis entre o modelo associativo tradicional e as novas formas de organização e práticas desportivas. É indispensável reconhecer que o aumento da presença do desporto na vida social, tem actualmente circunstâncias e motivos diferentes das do passado.
O OBJECTIVO ELEMENTAR DE TODA A POLÍTICA DESPORTIVA LOCAL TEM DE SER A MELHORIA DO
NÍVEL DESPORTIVO COM UM FIM SUPERIOR:
ELEVAR A QUALIDADE DE VIDA DOS CIDADÃOS