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AS GLRIAS DOS LOCAIS SAGRADOS

As Glrias Dos Locais Sagrados

INTRODUO

Os devotos devem visitar os locais sagrados de peregrinao. Esta a recomendao de todos os cryas vaiavas. rla Bhaktivinoda hkura diz que a visita aos locais sagrados a me da devoo (aranagati). rla Prabhupda se empenhou muito para construir templos em Vndvana, Mayapur e outros lugares da ndia, onde os devotos ocidentais pudessem se acomodar ao visitar os locais sagrados. Todos esto bem lembrados das visitas de Prabhupda a Prayga, Puri, Tirupati, e inmeros outros locais sagrados em companhia de seus discpulos. O Senhor Caitanya peregrinou por toda a ndia, dando Seu exemplo pessoal de como peregrinar, sempre cantando os santos nomes, da importncia da peregrinao e da associao com pessoas santas nos locais sagrados.Este pequeno trabalho est baseado no Uttara Kaha do Padma Pura (199-222), onde se glorifica o local sagrado de Indraprastha como local de peregrinao, como foi estabelecido, histrias que aconteceram neste local, sua importncia, mrito em visit-lo e inmeras outras informaes que este Pura d aos devotos. Os esforos de traduo para o portugus e publicao destes trabalhos so exclusivos de Srla Iswara Prabhu, o meu amado Gurudeva, que procura seguir os passos de rla Prabhupda publicando e distribuindo livros. Esta obra inteiramente dedicada a todos os devotos do Senhor e pedimos desculpas por nossas falhas ao apresent-las.Os comentrios devocionais esto baseados no Bhakti-tattva-viveka de rla Bhaktivinoda hkura e no Madhurya Kadambhini de rla Visvantha Cakravart hkura.

CAPTULO I

A Glria do Yamun

Na floresta de Naimisaranya, onde se reuniam grandes almas para ouvirem os diversos Puras, os sbios perguntaram a Sta, o venervel narrador destas histrias muito antigas e sagradas:- Sta fale-nos em detalhes sobre as glrias do Yamun. Quem foi que falou sobre elas? Conte-nos a histria toda.Sta ento comeou a narrativa:- Uma vez o filho de Pu, que desejava ouvir sobre o conhecimento auspicioso, foi at o eremitrio do sbio Saubhari, e depois de saud-lo, perguntou a ele:Yudhihira disse:- brmane, diga-me qual o melhor dos locais sagrados que ficam beira do Yamun e qual deles superior at mesmo terra onde nasceu Viu?Saubhari respondeu:- Uma vez, dois sbios eminentes, Nrada e Parvata, se deslocavam pelo cu, e ao contemplarem este mundo, viram a maravilhosa floresta de Khava. Eles desceram do cu e sentaram-se ali nas auspiciosas margens do Yamun. Depois de descansarem um pouco, entraram no rio para se banharem. O rei ibi, filho de Unara, que estava caando naquela floresta, viu os dois sbios e esperou que eles sassem do banho, sentado na margem do rio. Depois de se banharem e de se vestirem, eles foram cumprimentados pelo rei com as devidas reverncias e sentam-se. Ao ver que l estavam milhares de potes sacrificiais de ouro, ibi, humildemente, perguntou a Nrada e Parvata:- sbios eminentes, digam-me, o que so estes potes sacrificiais? Quem realizou um sacrifcio aqui, foram os semideuses ou os homens? Que homens fariam um sacrifcio aqui, em vez de faz-lo num local sagrado como K? Por acaso este local tem alguma particularidade que o torna mais sagrado do que os outros locais sagrados?Nrada disse:- Outrora o demnio Hirayakaipu, depois de conquistar Indra e os demais semideuses, assegurou o reinado dos trs mundos e vivia muito orgulhoso desta faanha. O filho dele era Prahlda, um grande devoto de Nryaa. Aquele demnio patife sentia muita animosidade pelo filho devoto, e o tratava muito mal. Devido a estes maltratos, Viu assumiu a forma de Nsiha, matou instantaneamente o demnio Hirayakaipu e devolveu o reino celestial para Indra, o rei do cu. Depois de recuperar o seu posto, o rei dos semideuses, lembrando-se das virtudes de Viu, e reverenciando os ps de seu guru, Bhaspati, disse a ele:- mestre! Viu, o suporte do mundo, assumindo a forma de Nsiha, me concedeu o reino dos semideuses. Eu desejo ador-lO com sacrifcios. querido Guru, fale-me sobre um local puro para este propsito e tambm sobre que brmanes devo contratar. Por favor, no demore muito para me dar esta informao, quero resolver logo este assunto.Bhaspati respondeu:- Para este seu propsito existe a encantadora e extremamente sagrada floresta de Khava, que rica em rvores como ketak, aoka, bakula e onde as abelhas vivem intoxicadas pelo mel. L est o auspicioso Yamun, muito sagrado e que purifica os trs mundos. S por se lembrar deste rio se alcana o cu e depois da morte a posio de Brahm. rei dos semideuses, se voc deseja a continuidade do bem estar dos seus parentes, adore Viu com inmeros sacrifcios s margens do Yamun.Nrada continuou:- Depois de ouvir as palavras de Bhaspati, Indra embarcou rapidamente em seu veculo. Logo chegou a esta floresta que causa a felicidade, acompanhado por Bhaspati e todo o material para o sacrifcio. Ao ver esta floresta ele ficou muito feliz. Assessorado pelo Guru, Indra, depois de escolher os sete sbios, os filhos de Brahm e os brmanes, adorou ao Senhor do mundo com sacrifcios. O Senhor ficou satisfeito com ele e ali chegou, acompanhado por Brahm e iva. Aquele sacrifcio de Indra foi um grande festival. Aquele Indra, que era muito malicioso, ao ver a trade de governantes universais, levantou-se do seu assento, e os reverenciou, juntamente com todos os sbios ali presentes. Assim que desceram dos seus veculos, os senhores universais sentara-se perto de Indra, e brilhavam como fogos num altar. Ao lado de iva e de Brahm, que tinham corpos branco e vermelho, respectivamente, o Senhor Viu Se destacava pela Sua compleio escura, vestes amarelas, e resplandecia como uma nuvem carregada sobre as montanhas. Indra ento lavou-lhes os ps e despejou a gua sobre a sua cabea. Muito contente, disse estas doces palavras:- deuses, este sacrifcio que acabo de realizar deu fruto instantaneamente, uma vez que vocs, que so difceis de serem vistos at pelos grandes santos em suas meditaes, apareceram aqui. Viu, na verdade Voc foi quem assumiu estas trs formas. Contudo, como num cristal, a aparncia da Sua multiplicidade, no que diz respeito s Suas qualidades, falsa. O fogo escondido num pedao de madeira no se manifesta antes da frico, da mesma maneira, Voc permanece oculto no corao de Seus devotos e se manifesta com o servio devocional. S a devoo por Voc que beneficia todas as entidades vivas. A devoo manifestada por Prahlda foi causa de grande felicidade para os semideuses. Deus, estamos sempre com o corao velado por Sua my e vivemos nos dedicando aos prazeres dos sentidos. Ns, os Seus servos, no conhecemos a Sua natureza corretamente. Brahm, iva, uma vez que vocs so os preceptores do mundo, devido sua grandeza vocs no so diferentes dEle. Tudo o que est ao alcance da mente e o que dito pelas palavras somente a Sua my e estamos muito distantes de Sua grandeza. Quem v este mundo inteiro como irreal no deve pensar nos prazeres dos sentidos. iva, aqueles que se refugiam nos ps de Viu atravessam a gua que voc possui sobre a sua cabea. Brahm, permita que eu tenha, existncia aps existncia, grande apego pelos ps de ltus de Viu. O mundo inteiro surge devido ao olhar de My. No h ningum to bondoso como o Senhor Viu, que concede a felicidade at para os Seus inimigos. Nhari, a Sua bondade remove as misrias de todas as pessoas e estas misrias so provocadas pela ignorncia.Nrada prosseguiu:- Depois de fazer todos estes louvores a Viu, Indra permaneceu ajoelhado diante dEle. Ele havia se concentrado muito para fazer este discurso todo, e claro, desejava alguma grande bno.Os sbios, depois de ouvirem os louvores que Indra fez ao Senhor de Ram, disseram:- Indra, at mesmo os que praticaram severas penitncia por centenas de anos, no possuem tanta devoo a Viu como esta voc est exibindo. O caminho da yoga, pelo qual se atinge a glria, no fcil. O refgio de um homem a renncia com a mente equilibrada e a devoo a Viu. A felicidade alcanada quando dedicamos os frutos de nossas atividades a Viu. Quem adora ao Senhor Viu no deve ofender os outros semideuses e tambm no deve ignorar o que est escrito nos Vedas. Um devoto assim muito querido por aqueles que todos os dias ouvem s virtudes de Viu, que cantam Suas glrias, se lembram dEle, se refugiam nEle, O adoram, O reverenciam numa atitude de servio, fazem amizade com Ele, Lhe oferecem todas as posses e que no desejam sequer a liberao. Indra, voc acabou de satisfazer o Senhor do mundo. No deseje nada dEle! Ento voc ser abenoado.Nrada disse:- Quando Indra foi assim aconselhado pelos sbios, O Senhor Viu, depois de ouvir sobre a devoo que todos tinham por Ele, desejou conceder alguma bno que favorece a todos, que os ajudassem a superar a existncia nestes trs mundos. E naquela assemblia, disse estas doces palavras a Indra:- rei dos semideuses, no de se surpreender que estes grandes sbios honrem o Meu servio devocional, que conduz Minha morada; pois aqueles que ensinam o conhecimento aos habitantes destes trs mundos, sempre propagam o caminho vdico, que anda meio obstruido. Voc, apesar de viver muito apegado aos prazeres celestiais, se aproximou de Mim com devoo. Isso no supreendente, pois Bhaspati o seu preceptor. Meu caro Indra, adore-Me com sacrifcios e muitos presentes, sem nenhum desejo. Muito em breve voc tambm alcanar a Minha morada. Em cada um destes sacrifcios, d de presente muitas prasthas (uma medida de peso) de jias. Este local ento ser chamado Indraprastha. Brahm, traga o Ganges e o Sarasvat, que purificam o mundo inteiro, e faa neste local o melhor dos lugares sagrados, que se chamar Prayga. iva, aqui voc deve estabelecer Ka, ivakc e Gokara. Viva sempre aqui com Gaur. Os filhos de Brahm, que so muito proficientes no conhecimento metafsico e mundano, devem edificar aqui sete locais sagrados atravs do poder de meditao abstrata que possuem. Bhaspati, voc deve estabelecer o local sagrado chamado Nigamodbodhaka. Este local conceder o conhecimento vdico sem mesmo a necessidade de estudar os Vedas e nele as almas elevadas tero a lembrana de suas vidas passadas. Aqui devo fundar a maravilhosa Dvrak, onde o Gomat se juntar ao mar. Indra, aqui tambm deverei edificar Koala e Madhuvaa, quando Eu descer nas formas de Rma e Krsna. Aqui tambm deverei fazer Badaryrama, a morada de Nara e Nryaa. Indra, Eu sempre viverei aqui. S para beneficiar voc, tambm fundarei aqui dois excelentes locais sagrados, Haridvra e Pukara. Deverei fundar aqui todos os locais sagrados que existem em Naimia, sobre a montanha de Klajana e nas margens do Sarasvat.Nrada disse:- ibi, depois de ouvir estas auspiciosas palavras de Viu, todos os ali presentes, incluindo iva e Brahm, tataram de cumprir as ordens dEle. Eles ento adoraram ao Senhor de Lakm aqui neste local, onde se reunem todos os locais sagrados. Diante de Ka, Indra deu muitas prasthas de jias aos brmanes, dizendo: "Que Nryaa, a alma de tudo, fique satisfeito comigo."Desde aquela poca este local sagrado chamado Indraprastha. Quem morrer neste local, onde se reunem todos os locais sagrados, no volta a nascer neste mundo. Os brmanes, depois de receberem de Indra aquelas prasthas de jias, lhe concederam naquela assemblia uma bno que no seria infrutfera; dizendo:- Indra, que Govinda fique satisfeito com o presente que voc nos deu. E que voc tambm tenha uma devoo inabalvel por Ele. Indra, outrora aqui voc realizou uma centena de sacrifcios, com desejo fruitivo. Devido ao mrito religioso acumulado por estes sacrifcios, voc alcanou a posio que desfruta entre os semideuses. Agora, voc no teve nenhum desejo fruitivo, e adorou o Senhor Viu com estes sacrifcios. Quando voc cair da sua posio como Indra, voc nascer como um excelente brmane. E nesta existncia voc tambm dever adorar o Senhor Viu de acordo com o dever da sua casta e dever se lembrar de como agir para alcanar a maior meta da vida. Ao se lembrar disso, voc ir abandonar a sua casa e partir para os locais sagrados, juntamente com o seu pai, e dever chegar a este akra-trtha. Recorrendo ao quarto estgio da vida, voc abandonar o seu corpo aqui. E ento, com um corpo espiritual puro, voc embarcar num aeroplano brilhante como o sol, comandado pelos servos de Viu e alcanar a morada de r Hari.

Um pequeno comentrio devocional:

Esta narrativa purnica reala maravilhosamente o aspecto da necessidade de uddha-bhakti para se alcanar o servio devocional puro a r Hari. Infelizmente em nome de uddha-bhakti, ou servio devocional puro, vrios tipos de devoo misturada tais como karma-mira-bhakti (devoo misturada com atividades fruitivas), jna-mira-bhakti (devoo misturada com conhecimento especulativo sobre o Brahman impessoal) e yoga-mira-bhakti (servio devocional misturado com vrios tipos de processos de yoga) bem como vrias outras concepes devocionais poludas e imaginrias sempre foram comuns neste mundo material. As pessoas em geral consideram estas concepes misturadas e poludas como sendo servio devocional, as respeitam como tal, e acabam ficando privadas de uddha-bhakti. Indra e sua legio de seguidores, muito agradecidos pela reaquisio de seus bens e posies materiais, no fogem desta situao comum a todos os devotos nefitos. Estes conceitos mistos e poludos so os nossos grandes inimigos. Portanto, os nossos cryas anteriores sempre se esforaram em definir a natureza intrnseca de bhakti (svarpa) e repetidamente nos acautelam para nos livrarmos destes conceitos devocionais poludos e misturados. rla Rpa Gosvm, salienta no verso 1.1.11 do Bhakti-rasmta-sindhu:O cultivo de atividades que visam exclusivamente o prazer de Ka, ou em outras palavras, o fluxo ininterrupto de servio a rKa, realizado com todos os esforos do corpo, mente e fala e atravs da expresso dos vrios sentimentos espirituais (bhvas), que no est encoberto por jna e karma, e que desprovido de todos os desejos a no ser o de desejar a felicidade de r Ka, chamado uttam-bhakti, ou servio devocional puro. (Verso citado no Bhakti-tattva-viveka, cap. I de rla Bahktivinoda hkura)A narrativa deixa clara a posio deste Indra como um devoto nefito, que como ns, possui o corao encoberto pela poeira acumulada pelo repetido contato com este mundo material. Ali bhakti pura no se manifesta. Enquanto no corao do devoto residirem as bruxas dos desejos de mukti (liberao impessoal) e bhukti (gozo dos sentidos), ali no se manifesta uddha-bhakti. Tanto o desfrute mental quanto corpreo so considerados bhukti. Os desejos de riqueza, fama e vitria, seguidores, esposa e filhos, poder e posio destacada, etc. so todos considerados bhukti. Assim como os desejos de nascer numa famlia real ou numa famlia de brmanes, de residir em planetas celestiais, de ocupar o posto de Indra ou mesmo o de Brahm, tambm so considerados bhukti. Esta tendncia s comea a se inverter com o canto dos santos nomes, com o despertar do gosto por ka-bhajana, ou em ouvir e cantar sobre as trancendentais atividades, passatempos, associados, parafernlia e morada r Hari.Um grande sacrifcio como Indra resolveu fazer para louvar r Hari sem dvida uma atividade fruitiva. Apesar de serem aparentemente semelhantes a bhakti, atividades como as oraes recitadas diariamente nas junes do dia (sandhya-vandana), sacrifcios, penitncias, austeridades, expiaes e inmeras outras atividades mencionadas nos stras fazem parte da seo karma-kaha da literatura vdica. Os smrtas, ou religionrios, consideram estas atividades como sendo bhakti. No entanto uma avaliao mais profunda destas atividades revelar que elas so apenas externas.Indra exibiu sintomas de uma grande devoo, ao fazer louvores (vandana) a Viu de forma aparentemente to cheia de sentimentos, mas logo os sbios logo detetaram os sinais de pratibimba-bhakti-bhsa, e no de verdadeira bhakti. Isso porque ele desejava os frutos desta atividade: prazeres sensoriais celestiais. Isso simplesmente karma. As pessoas inclinadas a atividades karmicas s vezes danam, tremem e derramam lgrimas ao cantarem harinma, mas tudo isso apenas pratibimba-bhakti, ou um reflexo pervertido de bhakti. Este tremor, lacrimejar e outros sintomas so apenas sintomas produzidos pelo prazer sensorial: nestas ocasies, ns os nefitos, estamos imersos em pensamentos de prazeres celestiais ou mundanos ou absortos num oceano imaginrio de prazer derivado da liberao. Isso pratibimba-bhakti-bhsa. E isso extremamente prejudial para se alcanar o servio devocional puro. r Caitanya menciona este tipo de bhakti como sendo um dos ramos que se desenvolvem na trepadeira do servio devocional e que impedem o crescimento da planta, devendo ser podados pelo jardineiro.Os sbios, grandes bhaktas, orientam que Indra no deveria pedir nada a Viu desta vez:- Fique controlado. No pessa nada.E esta a posio do guru vaiava, ele s pede que o devoto permanea frio, perseverante, que aguarde a evoluo do servio devocional atravs da realizao do saddhna, que sempre requer uma certa dose de auto-controle e submisso.Mesmo nesta fase to contaminada do servio devocional, Indra obteve frutos que jamais poderia esperar. Recebeu as bnos materiais que desejava de Viu e a promessa que os vaiavas ali presentes lhe fizeram de alcanar o sucesso na vida devocional.

CAPTULO II

O Episdio de um Bhilla e de um Leo

Nrada continuou:- Depois de ouvir estas bnos dos brmanes e a previso de seu futuro, o rei dos semideuses ficou extremamente deleitado. Depois de honrar com presentes os filhos de Brahm, os sacerdotes do sacrifcio, Indra honrou Bhaspati e voltou para os planetas celestiais. ibi, Indra, cheio de devoo por r Viu, e depois de governar os planetas celestiais por muito tempo, esgotou o seu mrito religioso, e nasceu em Hastinpura. L havia um brmane chamado ivaarman, muito erudito nos Vedas e nos Vedgas. Sua esposa era chamada Guavat, um nome muito significativo. Aquele Indra que serviu Viu, nasceu daquele casal, num momento auspicioso. Os astrlogos foram chamados e ao verem um momento to auspicioso, disseram:- ivaarman, este seu filho vai ser muito querido por Viu. Ele vai emancipar toda a sua famlia. Pode acreditar no que lhe dizemos. Quando tiver treze anos de idade ele vai se casar e dever estar enriquecido com o conhecimento a ele concedido. Depois de ter um bom filho, ele dever se tornar um eremita. Muito sbio, ele dever peregrinar aos locais sagrados como um renunciado. H um rio excelente na Khavavana de Indra. Em suas margens est Hastinpura. Ele morrer ali.Nrada prosseguiu:- Depois de ouvirem estas palavras auspiciosas dos astrlogos, eles deram ao seu filho o nome de Viuarman. Depois de se despedirem dos astrlogos dando-lhes a devida doao, o inteligente brmane pensou: "Sou muito abenoado, pois o meu filho ser um devoto de Viu. Este filho me far realizar os quatro objetivos da vida humana. Ele dever morrer num local sagrado. Quem pode ser mais afortunado do que eu?" Com estes pensamentos, ivaarman realizou a cerimnia prescrita para o nascimento de um filho, com o auxlio dos brmanes, num dia auspicioso. Ao completar oito anos de idade, ele conferiu ao filho o cordo sagrado, numa cerimnia realizada no auspicioso ms de caitra. rei, depois de educ-lo at os doze anos, ele fez com que o filho se casasse. O inteligente Viuarman depois de gerar um filho na sua esposa, e estando livre de desejos carnais, partiu para visitar os locais sagrados. Ele se aproximou do seu pai, reverenciou os seus ps, e lembrando-se das palavras dos sbios, disse:- Pai, vamos juntos. Eu j atingi o terceiro estgio da vida (vanaprasta), necessito de boa associao e devo adorar a Viu. Um homem sbio no deve ficar apegado vida familiar. Por meio de meus estudos vdicos e da gerao de um filho eu j quitei dois dbitos: com os sbios e com os ancestrais. Estou livre de desejos de gratificao dos sentidos e desejo oferecer um sacrifcio a Viu. Eu abandonei o apego pelas coisas materiais e desejo permanecer num excelente local sagrado, por quanto tempo meu destino permitir.Ao ouvir isso do seu filho, o pai que era um brmane muito inteligente, lembrou-se das palavras dos astrlogos, e estando desgostoso da existncia mundana, disse para o seu filho:- Bem, j chegou a hora de me estabelecer no quarto estgio da vida e j estou livre do egotismo. Abandonei os objetos dos sentidos como se eles fossem veneno, agora devo me refugiar na nectrea forma de Viu. Meu filho, na velhice j no sinto nenhum deleite por esta casa. O seu irmo mais novo, Suarman, dever cuidar dos familiares que ns dois deixamos, assim como o conhecimento mantm um homem que perdeu a famlia e a riqueza. Sua me, uma mulher leal, dever me acompanhar, renunciando ao mundo, assim como a luz acompanha o sol no final do dia. Portanto, vamos juntos, meu filho.Nrada continuou:- Pensando desta maneira e desejosos de obter a liberao, aqueles dois brmanes partiram logo ao raiar o dia, deixando os membros da famlia dormindo. ibi, livres de egotismo, eles caminharam at chegarem a um local sagrado muito auspicioso, precisamente, Indraprastha. Ao chegar ali e observar os potes sacrificiais que foram deixados por ele na sua vida pregressa, Viuarman lembrou-se imediatamente do seu contato com o Senhor Viu e disse para o seu pai:- Outrora, em meu nascimento anterior, eu era Indra. Com o desejo de satisfazer o Senhor Viu, aqui eu realizei um grande sacrifcio. Eu gratifiquei os brmanes e os sbios com muitas prastas de jias. Eles me abenoaram com a devoo por Viu, a liberao e este meu atual nascimento. Aqui o Senhor Viu, os sbios e semideuses que estiveram presentes no sacrifcio, estabeleceram todos os locais sagrados. Este o sagrado Indraprastha, que rene todos os locais sagrados. Os sbios me disseram que eu deveria morrer aqui, e que depois disso, alcanaria os ps de ltus de Viu. Eu me recordo de tudo isso. O Senhor Brahm trouxe do seu mundo o Gnges e o Sarasvat para se reunirem aqui com o Yamun, e por isso este local chamado Prayga. Ao leste da regio de Prayaga est K, a cidade de iva. A uma pequena distncia daqui h uma ilha. A pessoa que morrer nela no volta a nascer neste mundo. A oeste de K, a umas oitenta e quatro hastas, est ivakc, fundada por iva e que confere a liberao aos mortos. Este local sagrado chamado Gokara, e muito querido pelo Senhor iva. Ele est estabelecido numa poro de terra que mede oito hastas. A oeste deste grande local sagrado est a auspiciosssima Dvrvat. Uma pessoa que abandone o corpo a uma distncia de duzentas e oitenta hastas daqui obtm quatro braos. E na regio a este daqui est Koala, amada por todas as pessoas. Ela tem uma rea de setenta e duas hastas, e a viso dela muito meritria. Aqui est Madhuvana, que foi fundada pelo prprio Senhor Viu, a oeste daqui, e ela tem uma rea de quarenta hastas. Ao norte est a morada de Nara e Nryaa, que tem uma rea de quarenta e quatro hastas. Ao sul, numa rea de cento e vinte hastas, est Haridvra. Aqui est o local sagrado de Pukara, a jia entre os locais sagrados. Sua rea de quarenta e oito hastas. distncia de uma kroa de Prayga, na direo leste, esto os setes locais sacrados dos sete sbios. Perto do grupo dos sete locais sagrados existem inmeros outros locais sagrados, e a cada passo que neles dado alcana-se a liberao. A uma distncia de uma kroa de Prayga, ao oeste, h um local sagrado denominado Nigamodbadhaka, que foi fundado por Bhaspati. Meu querido pai, este o local sagrado de Indraprastha, que foi outrora fundado por todas as divindades e por ordem de Viu. Ele se extende um pouco mais de uma yojana para o leste e para o oeste. Os grandes sbios dizem que o limite de Indraprastha de quatro yojanas ao sul do Yamun. Quem abandona o corpo nesta rea no volta a nascer.Nrada disse:- ibi, ao ouvir estas palavras do seu filho ivarman ficou em dvida e perguntou-lhe:- Como posso acreditar que na sua vida passada voc foi o rei dos semideuses, que fez sacrifcios aqui, que deu jias de presente aos brmanes e tudo mais? Meu filho, faa alguma coisa para que eu possa acreditar em tudo isso. Onde voc ficou sabendo os limites de Indraprastha, se desde que o conheo voc nunca saiu de casa? Tudo o que voc sabe apendeu comigo, fui somente eu que lhe ensinei os Vedas e os Vedagas. Como voc pode saber as atividades que fez na vida passada?Viuarman respondeu:- Naquele sacrifcio os sbios me concederam a bno de me lembrar da vida passada. E agora esta lembrana est ocorrendo ao ver este local sagrado. meu pai, tome um banho aqui, em Nigamodbodhaka. Voc ter instantaneamente um conhecimento muito raro de ser obtido, a lembrana da sua vida pregressa. Ao tocar a gua, voc se lembrar at do meu comportamento na vida anterior. Pai, o que estou lhe dizendo verdade.Nrada disse:- Ao ouvir estas palavras ivaarman estava se preparando para entrar na gua, e de repente, surgiu um bhilla (selvagem) sendo perseguido por um leo. Ele estava apavorado, ofegante, completamente fadigado. Ele tinha uma natureza malfica; matava os viajantes que encontrava e sempre roubava os mercadores. Seu corpo era escuro. Os seus cabelos eram avermelhados. Ele era baixo. Seus olhos pareciam os de um gato. Ele era a prpria encarnao do pecado. Ao verem o leo se aproximar, os dois brmanes logo subiram numa rvore, e ali ficaram orando: " Ka salve-nos desta morte pavorosa." Meu caro rei, o bhilla ao ver o leo prestes a agarr-lo, apavorado, tentou subir na mesma rvore. O impetuoso leo o agarrou primeiro, agarrando-o pelo p de derrubando-o ao solo, montando sobre ele. O bhilla, que se achava debaixo do leo, rasgou-lhe a barriga com sua lana, fazendo as entranhas e o sangue da fera se espalharem por todo redor. O leo com um urro assustador, mordeu a cabea do bhilla, que morreu instantaneamente. Assim que os dois morreram surgiram dois aeroplanos, feitos de cristal, adornados com figuras encantadoras, decorados por jias maravilhosas, com janelas decoradas por rubis, sinos tilintando, com assentos maravilhosos, bandeiras tremulando, estofados, amuradas brancas como a neve, com centenas de portas em arco, transparentes como espelhos, assoalhos de coral, e dentro deles estavam dois serviais que tinham a compleio escura como nuvens carregadas e que em suas mos portavam bzios, discos, maas e ltus, com brincos maravilhosos, usando vestes amarelas, com os olhos semelhantes as ptalas de ltus, com as tornozeleiras de sininhos tilintando, com inmeros braceletes, colares decorando os seus peitos, cabelos encaracolados, sobrancelhas que invejariam o arco de Cupido e faces maravilhosas.O bhilla e o leo, antes mesmo que o ar vital sasse completamente de seus corpos, abandonaram aqueles corpos e alcanaram o seu estado natural, ainda sem forma bem definida e sem nenhum traje, devido ao poder daquele local sagrado. Os serviais de Viu, aproximaram-se deles com os aeroplanos e lhes disseram:- bhilla, melhor dos homens! leo, rei dos animais! Fiquem sabendo que somos os serviais de Viu e que viemos de Vaikuha. Viemos lev-los para l. De verdade! L no existe nenhum tipo de aflio. Subam logo nos seus respectivos aeroplanos, vamos, depressa!O bhilla e o leo subiram em seus aeroplanos, e muito surpresos, disseram aos servos do Senhor de Lakm:- divindades! Foi devido ao seu olhar que acabamos de alcanar o conhecimento da verdade mais elevada. Nesta existncia no fizemos a menor boa ao. Agora, devido ao seu favor, estamos nos lembrando de nossas atividades passadas. Ns comamos carne, nos dedicvamos a matar os outros animais, nossas mentes e sentidos eram cruis, nascemos em famlias de grandes pecadores e causvamos medo a quem nos visse. Neste mundo fomos grandes pecadores. Qual foi o mrito religioso que alcanamos e que agora nos permite ver vocs? Por que mrito religioso estamos sendos conduzidos para a morada de r Hari?Os dois Viudhuttas disseram:- Na verdade foi devido a vocs terem morrido neste local sagrado, que foi outrora estabelecido por Bhaspati, o preceptor dos semideuses. por isso que vocs esto nos vendo, e agora iro ser transportados morada de Viu. Logo vocs estaro ao lado do Senhor de Lakm. Um pecado como o de matar um brmane dura at que se aviste este local sagrado de Bhaspati. Assim como a escurido desaparece ao raiar o sol, os pecados desaparecem ao ver Nigamodbodhaka. Este local sagrado chamado Indraprastha e foi purificado por Indra. Foi aqui que ele adorou r Hari com sacrifcios e inmeros presentes. Viu ficou satisfeito com ele e lhe disse:- Indra, todas as pessoas, mesmo que tenham sido assassinas, ao abandonarem seus corpos neste local sagrado feito por voc, e onde se renem todos os locais sagrados, so iguais a Mim.Nrada disse:- Ao dizerem isso, os dois servos de Viu levaram aqueles dois para Vaikuha, de onde ningum jamais volta para se afogar no oceano da existncia mundana.

Um pequeno comentrio devocional:

Esta histria ilustra bem os resultados que bhakti confere at mesmo em suas formas pervertidas. No comentrio do captulo anterior falamos algo sobre pratibimba-bhakti-bhsa.Agora muito importante que o devoto compreenda chy-bhakti-bhsa. Diferentemente de pratibimba-bhakti-bhsa, chy-bhakti-bhsa no algo pervertido e nocivo; ela tem simplicidade e virtude.Chy-bhakti-bhsa de dois tipos: (1) svarpa-jnbhva-janita-bhakti-bhsa, ou a bhakti-bhsa que aparece na ausncia do conhecimento da identidade inerente, e (2) bhakti-uddpaka-vastu-akti-janita-bhakti-bhsa, ou a bhakti-bhsa em que o estmulo para bhakti causado pela influncia de ter entrado em contato com objetos como ocasio, locais e circunstncias que esto relacionadas com Bhagavn. (Bhakti-tattva-viveka, cap. 2)O caso do pai e filho que desejavam alcanar a liberao um exemplo de svarpa-ja-janita-bhakti-bhsa. A svarpa-jna, ou conhecimento intrseco do que se refere ao sdhaka (praticante), sdhana (a prtica) e sdhya (a meta a ser alcanada) no-diferente da svarpa, ou uddha-bhakti. Quando esta svarpa-jna ainda no despertou no sdhaka, mas existe nele o desejo de atravessar o oceano da existncia material, ento quaisquer sintomas de bhakti que possam estar visveis nele so meramente bhakti-bhsa. Este bhakti-bhsa se transforma em uddha-bhakti quando o devoto alcana a svarpa-jna, ou o conhecimento da sua forma espiritual eterna, que lhe revelada pelo guru.O caso do bhilla e do leo um exemplo de bhakti-uddpaka vastu janita bhakti-bhsa. Ao entrar em contato com um dhma sagrado e vrios outros objetos, como tulas, mah-prasda, Deidades, etc. que atuam como bhakti-uddpaka, ou estmulo para bhakti, a jva recebe um imenso benefcio, mesmo que entre em contato com estes objetos sem o saber. Bhakti-dev completamente independente; a despeito de quaisquer motivos pelos quais algum se abrigue nela, ela satisfaz os desejos mais ntimos. Seja consciente, seja inconsientementeBhakti no est relacionada com o resultado de atividades piedosas ou meritrias. Ela atua de forma completamente independente. O resultado to surprendente, que nem sequer os beneficiados podem comprender como alcanaram algo to extraordinrio.Os religionrios, ou smrtas, seguidores da seo karma-kaha das escrituras vdicas, ficam assombrados ao observarem estes milagres. Por pensarem apenas em termos lgicos, dualistas, em termos de pecado-punio e atividade meritria-recompensa, no podem compreender o poder extraordinrio, supra-lgico, transcendental de Bhakti-dev. Numa situao como esta eles levantam inmeras suposies embasadas nas injunes das escrituras imaginando como algum pde alcanar Vaikuha sem ter mrito ou tendo pecados. Mas esta uma atividade realizada pela fora de bhakti, realizada s vezes imperceptivelmente. Os Puras esto repletos de casos como este, evidenciando que as atividades relacionadas com bhakti, como o usar de um colar de tulas, proferir ou ouvir um santo nome, estar com um pouco de mah-prasda no corpo ou na boca, estar num local sagrado, com uma escritura ou mesmo diante de um devoto, so atividades que levam a Vaikuha no momento em que se abandona o corpo, independente da situao karmica da pessoa; isto se ela extremamente pecadora ou se piedosa. Nada disso importa, pois Bhakti-dev completamente independente e mesmo na forma de bhsa ela confere resultados que jamais so concedidos por karma e jna.

CAPTULO III

A Histria de arabha

Nrada disse:- Os dois, o pai e o filho, desceram da rvore, e ao verem que at mesmo aqueles dois grandes pecadores alcanaram a morada de Viu, ficaram muito surpresos. ivaarman, depois de ouvir os elogios que os dois servos de Viu fizeram quele local sagrado, disse para seu filho Viuarman:- O bhilla e o leo alcanaram facilmente uma posio que no alcanada facilmente nem pelos brmanes que praticam as maiores penitncias. Observe a grandeza de um local sagrado. No possvel elogiar condignamente a grandeza deste local sagrado. Pelo poder deste local sagrado at mesmo dois pecadores inveterados alcanaram a morada de Viu. Que grande disparidade que existe entre nascer como Brahm, com uma forma divina, de pura sattva, e que difcil de ser alcanada at mesmo pelos semideuses, e nascer numa condio de tamas como um leo e um bhilla! Mas este local sagrado mostrou a sua maravilhosa eficcia. Meu querido filho, uma entidade viva depois de desfrutar o resultado de suas atividades meritrias, cai da posio de Brahm. Mas ao se encontrar com a morte neste local sagrado feito por Bhaspati, o Guru dos semideuses, ela atinge uma posio de onde no h mais queda, o mundo de Viu.Nrada prosseguiu:- O brmane tendo observado a grandeza do local sagrado de Bhaspati, correu para se banhar ali. Ele lavou o rosto, escovou os dentes, lavou os ps, purificou a mente, ps uma roupa para o banho cerimonial, amarrou o tufo de cabelo, lembrou-se de Viu e recitou o verso Avakrnt... Ele tocou a argila da margem do Yamun, com ela fez uma marca sagrada na resta e entrou n'gua. Ele mergulhou olhando para a correnteza e imergiu. Lembrou-se de Viu e do Gnges, purificando as pessoas, e mergulhou de novo. Ao imergir lembrou-se de saptapuri (As sete cidades sagradas. Por se abandonar o corpo em qualquer uma delas alcana-se a liberao - Ayodhy, Mathur, My, K, Kac, Avanti e Dvrka); e mais uma vez dedicou seus pensamentos a Govinda e mergulhou n'gua. Depois do banho ele colocou vestes limpas, colocou as marcas de argila no corpo e darbhas nas mos, nos ps e no tufo de cabelos. Ele fez sandhya (oraes) e ofereceu oblaes de trs tipos. Ofereceu flores ao sol e o saudou com as mos postas sobre a sua cabea. Ofereceu adorao a Viu, cujos ps de ltus so reverenciados pelo mundo, comeando com uma invocao e finalizando com o oferecimento de comida. Depois de realizar estes rituais e de sentar-se confortavelmente, ele se lembrou de todas as atividades de sua vida pregressa, e disse para o seu filho:- Viuarman, meu querido filho, suas palavras no eram falsas, depois do banho pude me lembrar nitidamente da minha vida passada. Oua ao que vou lhe dizer. Outrora nasci numa famlia de mercadores ricos e religiosos. Meu pai chamava-se arabha e vivia na cidade de Knyakubja. Como era piedoso, ficou muito rico com o comrcio. Ele j estava ficando velho, e tinha na mente uma grande ansiedade: O tempo ia passando e ele no conseguia ter um filho. Ele vivia pensando assim: "Minha riqueza apesar de muito grande, de nada vale sem um filho. Sem um filho ningum pode saldar o dbito com os ancestrais e toda a riqueza como uma nuvem carregada que no faz chover para os ctakas. Uma pessoa conquista os trs mundos atravs da prognie, assim como a piedade a maior virtude e assim como rei conquista os seus inimigos com as trs foras (akti, o poder real tem trs componentes: prabhu-akti a majestade ou proeminncia do rei; mantra-akti ou o poder de um bom conselho; e utsha-akti ou a energia real dada pelo seu poder militar, econmico, etc.). Um bom filho satisfaz a mente dos pais tanto quanto as palavras verazes satisfazem os amigos e inimigos. A glria dos pais alcanada pela prosperidade dos filhos, assim como a gua do oceano glorificada pela lua. Portanto, um homem deve dedicar o seu corpo e riqueza para obter um filho. Sem um filho de nada vale o corpo e suas posses, assim como intil a claridade momentnea de um raio.Enquanto pensava desta maneira, o grande sbio Devala, que tem todo conhecimento transcendental, se aproximou dele para conceder-lhe uma bno. Ao v-lo se aproximando, meu pai levantou-se do seu assento e ofereceu-lhe respeitosamente gua para lavar-lhe os ps e prestou suas reverncias aos grande sbio. Depois de recepcion-lo e faz-lo sentar, meu pai disse ao divino sbio Devala:- grande sbio, seja bem vindo! Espero que a sua famlia esteja feliz e que no esteja havendo qualquer obstculo em suas observncias religiosas, como o estudo dos Vedas e penitncias. Espero que os hspedes estejam visitando o seu eremitrio nos momentos auspiciosos e que l as rvores concedam os frutos que voc desejar. Espero que em seu eremitrio os tigres venham visit-lo sem animosidade contra os gamos e que todos se comportem como irmos. O seu deslocamento sobre a superfcie da Terra causa de muita felicidade para os chefes de famlia. grande sbio, sabemos que voc vive com a mente fixa nas partculas da poeira dos ps de ltus do Senhor Viu e que no tem absolutamente nenhum desejo material; mas fale-me sobre o propsito de sua visita.ivaarman continuou:- Depois de recepcionado desta maneira, o grande sbio que honrado at pelos semideuses, desejando saber o que se passava na mente daquele mercador, indagou:- melhor dos mercadores, voc amealhou esta grande fortuna honestamente. Voc sabe o que meritrio, realiza os deveres prescritos pela sua casta e todos os rituais obrigatrios e opcionais. Um vaiya respeitado at pelo rei devido sua riqueza, assim como um bom guerreiro deve ser respeitado conforme o seu valor num combate. Um chefe de famlia rico faz um grande avano, assim como um touro fica nutrido ao obter gros no outono. Os parentes e amigos no abandonam as pessoas ricas, assim como as abelhas no abandonam uma rvore que possua flores. Por falta de bens os chefes de famlia acabam numa situao deplorvel, assim como os lagos que secam no vero. grande vaiya, vejo uma grande riqueza aqui na sua casa. Por que voc anda to ansioso? Se isso no for um segredo, por favor me conte o que est havendo.arabha ento disse:- Voc como um pai ao instruir os filhos para o seu bem estar. O que um homem como eu pode esconder do voc, que como meu pai? sbio bondoso, por seu favor estou muito bem de vida, mas a causa da minha infelicidade que j estou velho e ainda no tive um filho. Toda a minha ansiedade se resume nisso. Tenho o receio de no conseguir saldar o dbito que tenho para com os meus ancestrais e que isso seja a causa de minha queda no caminho da auto-realizao. Meu querido Devala, por favor, sugira alguma maneira de eu ter um filho. Pessoas como voc podem realizar at o que impossvel neste mundo.ivaarman continuou:- Depois de ouvir estas palavras do rico mercador, Devala meditou um pouco, de olhos fechados. Devala tem poderes sobrenaturais e viu o obstculo a que o meu pai tivesse filhos. Ao se recompor, o sbio disse:- vaiya vou lhe contar uma idia maravilhosa que a sua casta esposa teve no passado, ela orou para Gaur dizendo: " Gaur, querida esposa do Senhor iva, devo satisfaz-la com alimentos que tenham os seis sabores (sa-rasa - pungente, azedo, doce, salgado, amargo e adstringente) e tambm com incenso, lamparinas, tmblas, danas, canes acompanhadas com alade e vrios tipos de perfumes." Sua esposa fez esta promessa diante das amigas e permaneceu devotamente aguardando a gravidez. Naquele mesmo ms ela engravidou. Ento, as suas afetuosas amigas lhe disseram:- mulher afortunada, a gravidez que voc tanto esperava, foi-lhe concedida. Portanto, cumpra o voto que voc fez deusa Prvat. Caso contrrio, podero surgir obstculos durante esta sua gravidez. Dev d bnos ou maldies, quando ela est satisfeita ou irada.Ao ser assim aconselhada pelas amigas, a sua casta esposa veio muito alegre e humilde falar com voc:- Meu senhor, desejo satisfazer Dev, que quando adorada satisfaz todos os desejos e por cuja graa alcancei o mais desejava.Meu querido comerciante, ao ouvir estas suas palavras, voc imaginou que ela estivesse grvida. Naquele mesmo instante voc mandou os seus servos trazerem o material de adorao necessrio. Voc lhe deu todas as coisas que eles compraram, e tambm mel, comida, uvas, perfumes, etc. Ento ela mandou chamar as amigas e lhes disse:- Amigas, peguem o material de adorao a Ambk e vo para o templo dela, satisfaam-na adorando conforme o preceito das escrituras. Em nossa famlia uma mulher grvida no sai rua. Portanto, eu no devo ir. Por favor, faam a devida adorao.Depois de receberem esta ordem, as amigas pegaram o material de adorao e foram para o templo de Dev. Ele estava repleto de abelhas intoxicadas de mel, inmeras mangueiras em que brincavam bandos de cucos, lagos adornados de cisnes, grous e gansos e haviam neles ltus impecveis, bandos de papagaios e outros pssaros que louvavam as virtudes de Mahdeva. As amigas de Um faziam guirlandas e regavam o jardim. O cho estava purificado com as lamparinas que estavam dispostas nos degraus do templo. Haviam rvores celestiais beira do lago, que era margeado por pedras de cristal. L os gandharvas cantavam, acompanhando a dana do senhor de Prvat. As rvores do jardim estavam sendo agitadas por uma brisa suave. O bosque ecoava com os gritos da dana dos paves. As amigas, cujos esposos eram todos vivos, ali chegaram saudando a filha de Himalaia; e circum-ambulando a imagem, mantendo-a pela direita, disseram com devoo:- Jagadamb, saudaes a voc! Nos conceda a felicidade, amada de iva. Aceite estas oferendas que trazemos para a sua adorao. H um comerciante chamado arabha. Ele tem uma esposa encantadora. Ela desejava engravidar. Esta sua adorao est sendo feita por este motivo. Por sua graa, amada de iva, ela est gestante. Ns viemos lhe apresentar o material de adorao que ela lhe prometeu. Na famlia dela as mulheres grvidas no saem rua. Portanto, deusa, ela no veio. Por favor, fique satisfeita com a nossa adorao.Depois de dizerem isso, as amigas de sua esposa ofereceram os devidos respeitos deusa e deram incio adorao com sndalo e toda a parafernlia. Elas no receberam nenhuma resposta de Gaur e voltaram para as suas casas. Mais tarde, disseram sua amiga que a esposa de iva no ficara muito satisfeita. Ao ouvir estas palavras a sua esposa imaginou: "Por que Gaur no ficou satisfeita? Ela sabe a minha devoo por ela. Ela sabe que fui eu quem ofereceu a adorao. Como semideuses como ela podem no saber o que se passa no pensamento e quais as atitudes de seus devotos? Ela tambm sabe o motivo pelo qual eu no fui at l. Por que ela no ficou satisfeita com o que eu lhe ofereci? No vejo qualquer outro motivo para ela estar insatisfeita, exceto pelo fato de eu no ter ido at o templo. O que foi feito no pode ser mudado. Depois do parto, vou at o templo para ador-la. Saudaes esposa de Mahdeva. Que ela me conceda a felicidade." vaiya, depois de dizer isso sua esposa continuou a gestao.ivaarman disse:- Viuarman, meu pai depois de ficar sabendo disso, indagou ao grande sbio Devala:- sbio, minha esposa ofereceu a adorao que ofereceu. Diga-me, por que motivo Prvat a rejeitou? Ela sabia o motivo de minha esposa no ter ido ao templo e ele foi explicado por suas amigas. Por que ela no aceitou?Devala disse:- Oua, bom vaiya, vou lhe dizer o motivo do desapontamento de Prvat e porque ela destruiu o feto. Quando as amigas retornaram da sua adorao me de Skanda, Vijay, cheia de curiosidade, perguntou para Prvat:- Girij, estas senhoras vieram lhe fazer adorao com muita devoo. Por que voc no est satisfeita? Voc parece desapontada, mesmo com uma adorao to pomposa.Devala continuou:- comerciante, ao ouvir estas palavras de sua amiga, Prvat disse para Vijay o motivo de sua rejeio.Prvat disse:- Sei que a esposa do comerciante no podia sair de casa. As amigas dela vieram me adorar a seu pedido. Deidades como eu no aceitam adorao por encomenda. Se o seu esposo viesse at que estaria tudo bem. O feto dela vai ser abortado imediatamente. Minha amiga, se uma mulher faz um voto que no pode cumprir, a responsabilidade passa a ser do esposo. Caso ele no possa cumpri-lo, ela deve solicitar que algum brmane eminente o cumpra. Uma vez que ela no fez nada disso, eu interrompi imediatamente a sua gravidez. Se o casal me adorar novamente, e com devoo, eu lhes concederei um filho.Devala disse:- arabha, voc no sabia desta maldio, nem a sua esposa e nem as amigas dela. E no sabiam do favor que ela garantiu em seguida. Voc no sabia de nada disso e no pde executar o ritual que lhe garantisse a felicidade neste mundo e no prximo e assim sendo no teve um filho. Uma vez o imperador Dilpa teve o mesmo problema e Vasiha recomendou que ele adorasse Nandin e que a sua esposa adorasse Gaur, e o seu desejo seria satisfeito. E assim Dilpa obteve um filho.O mercador disse:- sbio, quem este imperador Dilpa, e quem esta Nandin que favoreceu o imperador depois de ter sido adorada? Por que o imperador no adorou deuses poderosos como iva e foi adorar esta semideusa desconhecida para obter um filho? Fale-me sobre este assunto.ivaarman disse:- Meu filho, depois de ouvir estas palavras do meu pai, o sbio comeou a narrar a histria de Dilpa, que muito sagrada neste mundo.

Um pequeno comentrio devocional

ivaarman inciou o processo de vaidhi-bhakti, o pocesso de sdhana dirigido pelas regras e regulaes das escrituras. Este processo j bastante avanado. Ele s se inicia depois de se alcanar raddha, ou f em Bhakti-dev. Quem o inicia tem a grande possibilidade de alcanar uddha-bhakti.Com a realizao deste processo e devido a associao com o dhma sagrado, ivaarman obteve a recordao da vida pregressa. Ka garante no Bhagavad-gt que iniciamos o processo de yoga na prxima vida apartir do estgio em que o interompemos na vida anterior. Para isso Ele d a lembrana e o esquecimento. O processo de bhakti-yoga o que visa a aproximao mxima de Ka, e por isso ocorrem as lembranas das atividades pregressas com a maior nitidez. Os devotos acabam tendo a realizao que suas inmeras vidas foram dedicadas a servir os sentidos materiais, numa atividade contnua e frentica, que no leva a qualquer resultado alm o de repetidos nascimentos e mortes neste mundo material. Em qualquer forma de vida, como inseto ou como semideus, como ser humano ou como vegetal, a perspectiva sempre a mesma: satisfazer os sentidos do paladar, tato, olfato, viso e audio. Este processo nos ajuda a esquecer de Ka cada vez mais. O resultado disso so as atividades fruitivas incessantes. Ao se esquecer de Ka, ao dar margem a sentimentos contrrios satifao de Ka, camos na armadilha de my, que uma das inmeras energias de Ka. My age de duas maneiras sobre a natureza intrnseca da jva condicionada: atravs da potncia avidy e atravs da potncia vidy. Atravs do aspecto avidy, my encobre o ego puro constitucional da jva e desta maneira cria um ego falso ou distorcido, e ento a jva passa a se indentificar com a matria grosseira. Esta algema de avidy provova o estado condicionado da jva. Assim, esta avidy nada mais do que uma potncia de my que provoca o esquecimento da posio constitucional da jva. Avidy provoca o karma-vsan, ou o desejo de realizar atividades fruitivas. E deste desejo se inicia o processo de pecado e piedade. Alm de bhakti nenhum outro processo pode eliminar esta avidy. Bhakti elimina de uma s vez a causa de todos os desejos, avidy.Sendo assim, comum que muitos devotos recebam a iluminao que em suas vidas pregressas sempre correram atrs das mesmas coisas, por bilhes de vidas. E a sensao que isso provoca a de ter que mastigar novamente o que j foi mastigado inmeras vezes, e que j est sem gosto. S d trabalho em mastigar novamente. Por isso ele se volta com grande entusiasmo a um prazer superior, a um gosto superior, que s bhakti pode proporcionar.ivaarman comea a contar a histria das atividades fruitivas realizadas na sua vida pregressa. Vejamos o que vai acontecer.

CAPTULO IV

A Histria de Mahrja Dilpa

Devala disse:- inteligente vaiya, oua a este relato divino sobre Mahrja Dilpa, que remove os pecados de quem o ouvir. O grande rei Dilpa nasceu na famlia de Vaivasvata Manu, assim como Prcnabarhis nasceu na famlia de Svyambhuva Manu. Este rei, muito religioso, protegeu a Terra com justia, satisfazendo todos os cidados com as suas grandes virtudes. A esposa daquele rei era a rainha Sudakin, filha do rei de Magadha, e era to virtuosa quanto ac, a esposa de Indra. Mesmo depois de passar muito tempo juntos eles no tiveram um filho. O soberano, o senhor de Koala, vivia pensando: "Eu tenho sob meu controle a Terra que decorada com jias como o oceano, o grande monte Meru e outras maravilhas. No fiz nada que pudesse mais tarde me provocar a desgraa. No devido tempo eu tenho praticado as atividades conducentes realizao dos quatro objetivos da vida humana. No criei qualquer obstculo. No entanto a minha mente no pode encontrar a felicidade, pois no tenho um filho. Tenho adorado a Viu com sacrifcios e tambm aos principais semideuses como Indra. Em todos os lugares da Terra tenho construdo tanques, bosques e poos. Com a maior devoo eu tenho servido aos brmanes e convidados, doando-lhes vacas, terras, ouro, vesturio e com suntuosas preparaes de alimentos com os seis tipos de sabores. Para a manuteno da religio eu tenho derrotado inmeros reis em combates leais e enriquecido o meu tesouro com grande fortuna. Os desencaminhados, os arrogantes, aqueles que deturpam os seus deveres, os que so avessos aos ancestrais e aos semideuses; enfim, todos aqueles que merecem ser punidos, foram punidos por mim. Tenho observado os dias de parvan, os dias sagrados a Viu, ao sol, os dias de realizar os rituais para os ancestrais e no dcimo e dcimo primeiro dias da lua observo o celibato. Nunca ignorei a minha esposa depois dela ter se banhado aps o perodo menstrual e sempre me aproximei dela ao ser por ela solicitado. Portanto, tenho observado todas as prticas religiosas, os propsitos mundanos e os prazeres carnais na poca adequada. Por que motivo a minha rainha ainda no concebeu uma criana? Somente Vasiha, o meu Guru, que conhece o passado e o futuro quem pode me dizer o motivo de eu ainda no ter um filho.Devala continuou:- Pensando desta maneira, o rei decidiu ir at o eremitrio do seu preceptor e deixou Koala e os seus tesouros aos cuidados dos seus ministros. Depois de ter adorado a Deus, o criador dos seres vivos, o casal partiu para o arama do Guru Vasiha, desejando saber uma maneira de conceber um filho. Eles pegaram uma carruagem e depois de alguns dias chegaram ao eremitrio do Guru numa data auspiciosa. Depois de realizar a adorao das Deidades, o sbio recebeu os hspedes que haviam chegado. A fumaa das oblaes oferecidas ao fogo de sacrifcio purificava todo o ambiente. Os gamos passeavam por ali depois de estarem com suas barrigas cheias de grama drv e suas fmeas circulavam pelos recantos do eremitrio. O local era frequentado por inmeros pssaros que alegravam o ambiente com a sua canoridade. Haviam tigres convivendo pacificamente com inmeros outros animais. Por um momento, com a chegada do rei e da rainha, interrompeu-se o som auspicioso do recitar dos hinos e mantras vdicos cantados pelos sbios que ali residiam. Os meninos que estudavam no arama comearam a brincar assim que surgiu o intervalo. Vasiha estava sentado em seu asana e a sua esposa Arundhat estava ao seu lado. Dilpa reverenciou os ps de ltus de seu Guru e rainha reverenciou as senhoras da famlia dele. Vasiha e Arundhat concederam-lhes as bnos e honraram devidamente os hspedes. Depois da devida recepo, o Guru indagou:- grande rei, espero que tudo esteja bem em seu reino, com a sua famlia e que todos os seus sditos estejam cumprindo os seus deveres prescritos. heri, espero que voc esteja protegendo a Terra com vigor. Espero que em funo do seu mrito religioso o seu tesouro esteja sempre prosperando. Espero que devido afeio, atividades conjuntas e associao, todos os casais do seu reino estejam to satisfeitos quanto Lakim e Viu. Espero que os votos que seus sditos fazem e cumprem voluntariamente estejam dando frutos como as rvores do paraso (h cinco tipos de rvore do paraso: mandra, prijta, santna, kalpa e haricandana).Devala disse:- Depois de fazer estas perguntas, o grande sbio Vasiha alimentou o rei com vegetais que ele materializou atravs da meditao. Arundhat, que tem uma mente muito generosa e a personificao da castidade, alimentou a rainha com preparaes que ela mesma cozinhou. Depois de se alimentar, o rei sentou-se ao lado do sbio, e este depois de verificar se seu discpulo estava confortvel, indagou:- rei, o rei cujo reinado possui os sete constituintes de um reino (rei, ministros, amigos, sditos, tesouro, fortificaes e exrcito), onde os sditos esto dedicados aos seus deveres estabelecidos pelo vararama, onde os parentes e amigos vivem satisfeitos, onde os soldados conhecem a cincia das armas e dos msseis (Dhanurveda), onde os amigos so leais e obedientes, onde os inimigos esto subjulgados e onde a mente de todos est voltada para a adorao de Ka to feliz que no tem a necessidade sequer de um reino celestial. Meu caro rei, os reis religiosos da famlia de Ikavku, depois de gerarem filhos e de confiarem o reinado a eles, seguem para a floresta para praticar austeridades e penitncias a fim de realizarem a meta mais elevada da vida. Voc ainda jovem e no viu a face de seu filho. Por que voc abandonou o seu reino e veio para c?O rei respondeu:- brmane, tenho o desejo de ir para o cu e abandonei o meu reino por causa disso. Vim para o seu eremitrio para praticar austeridades e penitncias. Meu querido Guru, voc me disse a verdade em relao aos reis da minha dinastia, que confiam o reino aos seus filhos ao partirem para a floresta. Assim como a infncia passou, a juventude tambm acabar um dia e chegar a velhice. No tenho dvidas de que depois da velhice o homem morre. Eu no tenho filhos, e depois da minha morte, quem ser o herdeiro deste reino? Como no tenho descendentes, j no tenho o sentimento de posse deste reino, pois um dia, de qualquer forma irei perd-lo. Meu querido Guru, voc conhece os trs objetivos da vida humana (desenvolvimento econmico, desfrute sensorial e religiosidade), por favor, medite um pouco e diga-me qual o motivo de eu ainda no ter um filho. E se for possvel, aconselhe-me qual o remdio para esta situao.Devala disse:- Depois de ouvir estas palavras do rei, Vasiha comeou a meditar e procurar saber o motivo do impedimento do rei ter um filho. Ao chegar a uma concluso, respondeu:- rei, outrora em Indraloka, depois de voc ter aguardado o rei dos cus, voc se lembrou da sua esposa, que havia se banhado depois do perodo menstrual e foi para seu palcio. Voc saiu apressado, ansioso por ter um filho, e nem reparou uma vaca que estava sob uma rvore dos desejos. Como voc no a reverenciou e nem praticou qualquer ato meritrio para ela (como aliment-la), ela ficou irada com voc e lhe lanou uma maldio: "Voc no dever ter um filho at que sirva condignamente a minha prole." Voc estava to ansioso em ter um filho que nem sequer ouviu a maldio. Voc agora deve, juntamente com a sua esposa, satisfazer a neta desta vaca celestial, Nandin, juntamente com o seu bezerro. Ela lhe conceder um filho.Devala disse:- Enquanto Vasiha falava isso, Nandin, com o seu bere cheio de leite, chegou at ali. Ao v-la o sbio ficou com o corao deleitado, e disse para o rei:- Esta a vaca auspiciosa, ela chegou at aqui s por ter sido lembrada. Portanto, a realizao do seu objetivo est prxima. No resta dvida que voc ao satisfaz-la conceber um filho. Para isso permanea aqui neste eremitrio juntamente com a sua esposa e cuide desta vaca. Leve-a pastar e cuide para que ela no seja atacada por nenhum animal selvagem.Ento Vaiha deu ao casal real uma boa cabana para eles passarem a noite, e l o rei descansou com a sua rainha, dormindo no cho sobre uma cama de grama.

Um pequeno comentrio devocional

Neste captulo o autor do Padma Pura, r Ka-dvapayaa Vysa, o filho de Parara, resume de maneira maravilhosa os deveres prescritos para um rei segundo o Manu-sahit. Este captulo um nctar para os ouvidos e um abrigo paradisaco para nossa mente que vive de debatendo em busca dos prazeres sensoriais.No que o bhakta deva se isolar num templo, num rama ou numa caverna dos Himalayas para poder praticar sdhana-bhakti. Esta no a opinio de nossos cryas anteriores. O bhakta deve continuar executando as suas atividades normais dentro da sociedade em que vive. Pelo poder de Bhakti-dev, ele automaticamente vai amealhando ubha e eliminando klea. Ou seja, vai conquistando toda a auspiciosidade material e vai eliminando as misrias da vida condicionada. Estes so os dois fatores que distinguem a fase de sdhana-bhakti. Na fase de bhva so visveis alm destes dois aspectos, os aspectos de moka-laghutkritva e de sudurlabhatva. Isto : ele comea a perceber a insignificncia da liberao impessoal e alcanar esta fase j algo extremamente raro. Segundo as autoridades do servio dovocional, como rla Vivantha Cakrarvart hkura, na fase seguinte, a fase de prema, o bhakta tambm alcana alm destes quatro aspectos de bhakti, os dois mais importantes: sndrnanda-vieatm, ou o prazer transcendental extremamente intenso e r-kkari, ou a capacidade de atrair r Ka.Mas sem precisar viajar para to longe, mesmo no seu estgio inicial, em que bhakti apenas bhakti-bhsa, ou uma sombra dobhakti puro, o devoto j alcana a satisfao das trs metas que os karms buscam a todo custo kma, artha e dharma: gozo dos sentidos, desenvolvimento econmico e sucesso nas atividades religiosas que visam alcanar estas duas metas por isso que Bhakti-dev conhecida como kleaghnatva e ubhadatva. Ela concede a diminuio das trs classes de misrias materiais (klea) e incrementa a auspiciosidade material (ubha).O devoto no deve se envergonhar de ganhar dinheiro, desfrutar de uma boa famlia, boa esposa, uma boa casa, carro e empregados. Ele no deve rejeitar proibitivamente estas coisas no processo conhecido como phalguna-vayraga, ou a renncia proibicionista. Ele deve aceitar estas coisas e coloc-las a servio do sdhana, a servio de Bhakti-dev. Isso acaba sendo automtico no processo de sdhana. Os devotos experientes dizem que a queda durante o processo de sdhana quase sempre devida renncia proibicionista e ao medo de desfrutar dos sentidos materiais, ao invs de ir purificando estes sentidos gradativamente por empreg-los em tomar prasda, visitar locais sagrados de peregrinao, ter sexo com uma esposa casta para aumentar a famlia de Ka, recepcionar os amigos com um belo festival em comerao ao aparecimento ou desaparecimento de um grande vaiava, aos aparecimentos de r Hari, em ter uma boa casa oferecida a Ka, e todas as demais situaes aparentemente mundanas.Em suma, o aparecimento de auspiciosidade material e a diminuio das misrias materiais um bom instrumento para o bhakta avaliar o progresso em seu sdhana. um sinal que indica que ele est superando a fase de nma-apardha e entrando na fase de nma-bhsa, que j muito aupiciosa. O devoto no deve se arrepender de ainda ter desejos materiais e estar melhorando a vida material. No. Ele deve ver isso como um estmulo para continuar avanando para fases de bhakti muito mais gratificantes, sem a perigosa renncia proibicionista que acaba sendo ofensiva a Bhakti-dev. Estes so os primeiros presentes de Bhakti-dev, um sinal que ela est satisfeita conosco.

CAPTULO V

Dilpa Obtm um Filho

Devala disse:- Pela manh o rei pegou a vaca Nandin, e depois de ador-la com flores juntamente com a rainha, partiu para floresta levando a vaca para pastar. O rei seguia esta vaca sagrada como uma sombra. Ele s comia razes e vegetais que encontrava na floresta depois de ver se a vaca j havia pastado. Quando a vaca sentava sob a sombra de uma rvore ele tambm aproveitava para sentar e descansar. Ele s bebia gua depois que a vaca bebia. O rei servia a vaca sagrada do seu Guru oferecendo-lhe grama macia, espantando as moscas e coando o corpo dela. A tarde, ela voltava para o eremitrio, purificando o rei com a poeira levantada pelos seus ps. Nandin caminhava lentamente, como se carregada com uma grande carga. Ao se aproximar do eremitrio a vaca era cortejada pela rainha, que a aguardava para ador-la com incenso, arroz sagrado, alimentos, sndalo, flores, etc. A rainha depois de ador-la devidamente e de reverenci-la inmeras vezes, dava voltas em volta da vaca, mantendo-a pela sua direita e depois ficava diante dela de mos postas. A vaca aceitava a adorao oferecida pela rainha e voltava para o eremitrio acompanhada pelos dois. Dilpa cuidou dela desta maneira por vinte e um dias. Ento, ela desejando testar a devoo do rei, destemidamente entrou numa caverna ao p dos Himalaias, onde havia grama bem fresca e tenra. O rei ia contemplando a beleza dos Himalaias e nem notou um leo que espreitava a vaca. Ao ouvir a agitao, viu que a vaca havia sido agarrada pelo leo, e aflita mugia desesperada, produzindo piedade no corao do rei. A vaca estava apavorada e lgrimas caiam de seus olhos. O rei, o senhor da Terra, um hbil arqueiro, imediatamente colocou uma flecha em seu arco, e fez pontaria, para disparar a flecha para matar o leo. Quando o leo olhou para ele, todo o seu corpo ficou paralisado, e o rei no pde disparar a flecha. Ao ver o rei parado estupefato, o leo fez com que ele ficasse ainda mais surpreso, falando com uma voz humana.O leo disse:- rei, sei que voc conhecido como Dilpa, um descendente da dinastia solar. Saiba que sou um servial de iva, conhecido como Kumbhodara. heri, esta devadru (rvore celestial) que est ao alcance da sua viso protegida por Prvat, que a estima como a um filho. Uma vez a casca dela foi muito lesada por um elefante, que vinha se coar nela. Percebendo isso, Prvat ficou cheia de compaixo e me mandou vir aqui tomar conta da rvore na forma de um leo. E ela me disse: "Oua Kumbhodara, v viver l e coma qualquer animal que se aproximar da rvore." Depois disso eu venho obedecendo ordem dela e fico na espreita aqui nesta caverna. Voc no deve se surpreender que o seu corpo ficou paralisado. Nestas montanhas dos Himalaias prevalece a my de ambhu. Voc no pode me atingir com suas flechas como a um leo normal, porque o Senhor iva monta sobre o seu touro depois de subir nas minhas costas. V embora, heri, proteja este seu corpo que o veculo para a sua auto-realizao. O destino fez com que esta vaca se tornasse a minha presa.Devala disse:- Ao ouvir estas palavras do leo, chamando-o de " heri", o rei ainda com o corpo paralisado, respondeu:- rei dos animais, eu presto as minhas reverncias a iva, a causa da criao, manuteno e destruio do mundo, e a Prvat a me do Universo. Meu caro leo, como servo deles voc objeto de todo meu respeito. Depois de ouvir o que tenho a lhe dizer, diga-me o que devo fazer. Voc conhece Vasiha, o filho de Brahm, e sabe que ele nosso Guru. Esta vaca dele, seu nome Nandin, e ela satisfaz todos os desejos. Eu fui encarregado de cuidar dela para que ela me propiciasse o nascimento de um filho. Venho tomando conta dela h alguns dias. Ela me de um pequeno bezerro e agora voc pretende devor-la na caverna. No posso resgat-la de voc a fora, porque voc um servial de iva. Como poderei voltar ao eremitrio de meu guru sem ela? Ela a neta de uma vaca celestial, digna de ser adorada pelo Universo. No h outra vaca como esta. Portanto, liberte a vaca e tome-me como a sua refeio. Vou lhe dar este meu corpo maculado pela infmia de no poder defender esta vaca. Procedendo desta maneira, voc no privar um sbio de oferecer oblaes com o ghee feito do leite desta vaca e ao mesmo tempo ter a sua refeio com a minha carne. Caso eu troque a minha vida pela desta vaca me estar assegurada uma excelente posio.Devala disse:- querido vaiya, ao ouvir isso o leo permaneceu em silncio. O rei, que era versado nas prticas religiosas, ficou ali diante dele, aguardando. Ele estava aguardando o golpe do leo, mas ao invs disso, sentiu em seu corpo a suavidade das ptalas de flores que foram lanadas pelos semideuses. Nisso ele ouviu as palavras: "Filho levante-se". E ao se levantar, ele ficou muito surpreso ao ver a vaca como a sua me, e o leo no estava mais l. Nandin lhe disse:- Eu testei voc criando a iluso na forma deste leo. rei, nem mesmo Yama pode me fazer mal, devido ao poder de Vasiha; o que dizer de um simples animal? Por ter oferecido o seu corpo voc estava realmente pronto para me proteger. Portanto, estou satisfeita com voc. Pea a bno que desejar.O rei disse:- Para divindades como voc no h nada que o corao de um homem possa ocultar. Portanto, me, voc sabe de tudo. Conceda o que mais desejo. Me d um filho, para que eu possa continuar a minha dinastia. Que ele nasa como o filho de minha esposa, a princesa de Magadha. Para divindades como voc nada impossvel.Ao dizer isso o rei ficou parado diante dela, de mos postas, em splica, aguardando a resposta.Devala disse:- Ao ouvir estas palavras do rei, Nandin, compreendendo o objetivo dos semideuses, sbios, ancestrais, dos homens e de outras criaturas, disse estas palavras:- Meu filho, beba o meu leite numa taa feita de folhas at ficar satisfeito. Guarde um pouco para tomar depois que seu guru der a ordem. Voc dever ter um filho para dar continuidade sua dinastia e que ser um exmio conhecedor das armas e msseis.Devala disse:- Depois ouvir estas palavras daquela neta de Surabhi, Dilpa disse:- me, s beberei o leite que sobrar depois de completar todos os rituais que meu Guru determinar. Agora depois de saborear o nctar das suas palavras, estou completamente saciado. Nada mais desejo, por sua graa estou plenamente satisfeito. At mesmo a maldio da sua av acabou se transformando numa bno para mim. Quem mais alm de voc pode conceder um filho? Como pude obter a ddiva de ver voc? S isso j foi uma grande bno. me, divindades como voc so sempre objeto de adorao. Devala disse:- Depois de ouvir estas palavras a vaca ficou muito satisfeita e disse:- Muito bem, voc se expressou muito bem! E estando muito orgulhosa deste seu filho, partiu para o eremitrio. Como nos outros dias, a rainha a adorou ao notar a sua chegada. A vaca, que era a corporificao da realizao do objetivo do rei, ficou muito satisfeita. A rainha ao ver a expresso de jbilo do rei, soube que os esforos haviam sido recompensados, o seu desejo seria realizado. Ento o casal, juntamente com a vaca, foi receber as bnos do Guru. O grande sbio, um tesouro de conhecimento transcendental, ao v-los radiantes, disse deleitado:- rei, sei que a vaca ficou satisfeita com voc, pois o brilho de sua face hoje incomparvel. A Surabhi e a rvore dos desejos satisfazem todas as aspiraes dos seres vivos. Por ter adorado a sua neta, o seu objetivo foi alcanado. O que h de surpreendente nisso? As rvores concedem tudo o que desejamos. A Surabhi, a personificao da inocncia, s por ser lembrada concede tudo o que desejamos. Quem a serve devotadamente, o que no pode alcanar? Atravs de meus poderes msticos soube do teste que hoje ela fez com voc. Como voc manteve a sua honradez estou muito disposto a favorec-lo. Passe a noite aqui com a sua esposa, voc j completou todo ritual necessrio. Amanh pode voltar para a sua capital.Devala disse:- Sarabha, depois de adorarem a vaca e de terem alcanado o objetivo desejado, o rei e a rainha, obedecendo a ordem do Guru, voltaram para casa. Depois de algum tempo nasceu Raghu, o filho de Dilpa. At hoje em dia a dinastia solar conhecida pelo nome de Raghu. Meu querido vaiya, quem ouvir este relato sobre Dilpa neste mundo obter riqueza, gros e filhos. Sarabha, voc tambm deve, juntamente com a sua esposa, satisfazer Gaur. Ela tambm dever lhe dar um filho, o chefe da sua famlia, dotado de virtudes e impecvel. ivaarman disse:- sbio, depois de narrar esta histria encantadora e auspiciosa de Dilpa a Sarabha, Devala i instruiu-o sobre a maneira de adorar Ambik e partiu.

Um pequeno comentrio devocional:

Este captulo reala como as atividades fruitivas s concedem o resultado desejado quando Bhakti-dev intervm. Ao prestar servio devocional ao guru, a Vasiha, filho de Brahm e que mais tarde foi o guru do Senhor Rma, Dilpa alcanou todas as bnos que desejava. Mesmo que este servio devocional esteja misturado com o desejo de resultados materiais e muito contaminado com as atividades religiosas meritrias ou no, assim mesmo Bhakti-dev dispensa os resultados ao devoto. No devemos acreditar que o resultado das atividades karmikas auspiciosas venha por si s, por conta dos modos da natureza material. No caso do servio devocional, do servio prestado a um devoto, mesmo que de forma no consciente, Bhakti-dev sempre a mediadora dos resultados desejados. E o resultado costuma ser acima do esperado.

CAPTULO VI

A Histria do Mercador arabha e do Demnio Vikaa

ivaarman disse:- Viuarman, ento arabha pegou o material de adorao e foi com a sua esposa para o templo de r Caik. Depois de se banhar ali e cheio de devoo, ele adorou Caik com flores, incenso e lamparinas com o desejo de ter um filho. Ambik, foi devotadamente adorada por ele por sete dias, e ento lhe dirigiu estas palavras de uma maneira muito clara e audvel:- mercador, estou muito satisfeita com a sua devoo sincera. Devo lhe conceder o filho que tanto voc anseia. V para Khavana, a floresta de Indra. No demore. L existe um local sagrado excelente, chamado Indraprastha. Este local sagrado foi erigido por Bhaspati e satisfaz todos os desejos. Voc deve se banhar ali com o desejo de ter um filho. Por se banhar ali voc ter este filho. Meu filho, foi por me banhar ali que obtive o meu filho Skanda, o valente general dos semideuses.ivaarman disse:- O meu pai, logo que ouviu estas palavras de Prvat, foi para l com a sua esposa e l se banhou com o desejo de ter um filho. Como ele era muito religioso e inteligente, presenteou os brmanes com cem vacas e muita parafernlia de uso domstico e gratificou aos semideuses e aos ancestrais da maneira adequada. Depois de permanecerem por ali por uma semana com a mente controlada, o casal, certo de que o desejo estava assegurado, partiu para casa. Naquele mesmo ms a minha me concebeu, e os nove meses se passaram, at que eu nasci num dia auspicioso. meu filho, quando eu tinha vinte e um anos o meu pai me contou tudo isso que acabo de lhe revelar. Um dia, o meu pai notou que eu era capaz de cuidar da casa e vivia desapegado de tudo. Ele ento me transferiu a incumbncia de cuidar da casa. Ele tinha a mente apegada em Govinda e uma natureza muito religiosa, ele condenava excessivo apego pelos objetos dos sentidos e sempre louvava a devoo por Viu. Um dia ele me disse:- Meu filho, a velhice est se aproximando de mim. Meus cabelos esto ficando brancos. Vou me refugiar nos ps de ltus de Viu, que so o abrigo das pessoas boas. O homem que neles se refugia, com a mente determinada satisfaz todos os seus desejos e no precisa de mais nada. Ele perde o desejo de gratificao dos sentidos e a averso pelo indesejvel e experimenta o resultado natural das suas atividades boas e ruins, e depois de abandonar o corpo no volta a nascer novamente. A riqueza material s d prazer at que a pessoa alcance a bem-aventurana da auto-realizao. Quando ela alcanada os prazeres mundanos passam a ser insignificantes. Esta my de Viu muito poderosa. Ela ilude as pessoas, que passam agir como se estivessem embriagadas, sem saber o que benfico para elas e o que no . O Senhor quem provoca, conforme Ele deseje, a atividade na vida mundana ou a ausncia dela, atravs da ignorncia ou do conhecimento verdadeiro. Ele brinca com isso como uma criana. Quando uma atividade recomendada pelos Vedas feita desejando-se os frutos que ela origina, esta atividade denominada mundana, ou material. Todas as atividades devem ser dedicadas ao Senhor. Assim com as sementes queimadas no germinam, apesar de todos os esforos para que isso ocorra, da mesma maneira as atividades dedicadas ao Senhor que no so acompanhadas de desejos materiais tambm no frutificam. A liberao a destruio dos frutos das atividades que geram prazer ou sofrimento. Estas atividades matrias provocam a priso no mundo material. Este o veredicto dos textos sagrados. Portanto, vou realizar as atividades preconizadas pelos Vedas, e sem desejar os frutos destas atividades e com a devoo a Viu em meu corao, estou indo visitar os locais sagrados. Vou experimentar os frutos das atividades que j comeam a frutificar, no vou mais criticar os outros e deverei destruir a doena do apego ao mundo material tomando o remdio na forma da companhia de pessoas santas. ivaarman disse:- Viuarman, oua atentamente o que foi que eu disse para o meu pai depois de ouvir dele estas palavras:- As pessoas so difceis de se satisfazer; elas no devero dar nenhum crdito a voc. Elas iro dizer: Ele est deixando a famlia porque est insatisfeito com ela. Os ps de ltus de Viu purificam o mundo inteiro, a qualquer distncia. No preciso sair de casa para que os pecados sejam removidos. Por que voc abandonou a sua famlia? meu pai, at mesmo uma pessoa que morra num local amaldioado como Magadha tem os seus pecados lavados pelo Gnges e vai para o cu. No saia de perto do auspicioso Gnges. At mesmo os sessenta mil filhos de Sagara, que foram incinerados pela ira de Kapila, foram salvos pela gua sagrada do Ganges. meu pai, no saia de perto do Gnges, que uma escadaria que leva ao cu, que leva liberao e que sempre procurado pelas pessoas que desejam se salvar. O sagrado Gnges nosso vizinho, no o abandone por um local incerto. O Gnges capaz de satisfazer todos os nossos desejos. At mesmo os animais inferiores, que vivem na mais completa ignorncia, so salvos quando morrem em suas guas e alcanam o Brahman. Como abandonar me Gag?ivaarman disse:- Depois de ouvir a estas minhas palavras, o meu pai, que estimava os preceitos sagrados e era averso gratificao dos sentidos, continuou a viver em casa. Ele se banhava no Gnges trs vezes ao dia e sempre freqentava as casas onde houvesse a leitura dos Puras. Meu filho, uma vez ele ouviu sobre a grandeza do Yamun-trtha. Ele ficou sabendo que o mrito deste local sagrado era centenas de vezes maior do que locais sagrados como Harivra, Prayga, Pukara, Ayodhy, Dvrak, Kaci, Mathur e outros. Meu pai ento partiu, sem que ningum soubesse, e foi para este local sagrado, abandonando o lar. Com desejo de servir aos ps de ltus de Viu, ele veio at aqui desejando obter a liberao. Ele se banhava trs vezes ao dia em Nigamodbodhaka Trtha, realizando todos os rituais e sem desejos materiais. Ele viveu neste local sagrado, a morada daqueles que no nascem novamente, por alguns meses. Uma certa ocasio ele foi acometido de uma grave febre, perdeu a sua conscincia e entrou em coma. Ele permaneceu naquele estado por algum tempo, e quando voltou a si pensou o seguinte: Oh! Que desgraa! O meu querido filho, muito inteligente e religioso, est muito distante, e agora meu corpo est nesta condio doentia e ou ainda no consegui a expiao do pavoroso pecado de desejar o sexo ilcito. Qual ser o meu destino? E tambm deixei algum dinheiro escondido em casa e precisava inform-lo do esconderijo. ivaarmancontinuou:- Enquanto pensava desta maneira, um viajante assolado pelo frio e pela chuva, entrou na cabana. Ao ver o meu pai dormindo, ele se aproximou dele e ao notar que se tratava de um eremita, prestou-lhe reverncias e disse: sbio, por que voc est dormindo? J de tarde. O sol j est para se por. No hora de um eremita dormir. Ao ouvir isso, meu pai com o corpo ardendo de febre, respondeu de alguma maneira:- viajante, escute o que vou lhe dizer. Tenha compaixo de mim , oua o que vou lhe dizer e aja conforme a maneira que julgar mais conveniente. Sou um comerciante chamado arabha, moro em Knyakubja. Apesar de ter sido prevenido pela minha esposa, pelo meu filho e pelos meus amigos, ouvi sobre a grandeza deste local sagrado e vim para c. J se passaram alguns meses desde que cheguei e agora, h alguns dias, venho sofrendo de uma febre terrvel. Minha vida estava indo embora. Hoje estou um pouco melhor. Acho que cheguei at perto da morada de Yama e por sorte estou de volta. Meu amigo, leve-me de volta para a minha casa. Ao chegar l devo lhe dar a merecida recompensa. Tenha a bondade de levar-me de volta. Cave um buraco aqui perto, onde vou lhe mostrar, e leve todas as minhas posses.ivaarman continuou:- O viajante era um simplrio e um patife, viciado nos prazeres sensoriais e cobiava riquezas. Ele ento respondeu:- Vou fazer tudo pelo senhor!Ele comeou a escavar onde o pai lhe indicou. Ao encontrar o dinheiro, ele disse:- meu bondoso comerciante! Me d um pouco deste dinheiro e eu irei buscar um palanquim para lev-lo de volta sua casa.Ao ouvir isso o meu pai deu-lhe trs moedas de ouro. O viajante pegou aquele dinheiro e foi para a cidade de Lavaa. Depois de passar um noite ali ele contratou uns carregadores de palanquim por uma bagatela e guardou o resto do dinheiro para si. O viajante conduziu os carregadores at onde o meu pai se encontrava e partiu para Knyakubja, acompanhando meu pai. Ele coletou gua daquele local sagrado e ia dando de beber ao meu pai, que estava sedento devido febre. Pelo caminho eles pararam s margens de um lago para comer. Eles tomaram banho, comeram e partiram dali. Depois de andar mais um pouco, o viajante sentiu sede e depois de beber a gua do local sagrado que trouxera num pote, deu um pouco ao meu pai. Naquele momento surgiu um demnio terrvel, chamado Vikaa, que vivia naquelas florestas isoladas. Ao v-los, o demnio faminto veio correndo com a boca escancarada, fazendo a terra tremer com os seus passos. Ele agarrou o viajante e os carregadores pelos testculos e os fez rodopiar no ar, arremessando-os d'gua ao solo com violncia, matando-os. Ele bebeu o sangue dos testculos que ficaram nas suas mos e comeou a comer a carne daqueles corpos. Depois de comer, ele viu o pote dgua e resolveu dar um gole, antes de matar o meu pai. Assim que a gua entrou em sua boca, o demnio teve a lembrana de sua vida passada. Ele no mesmo instante desistiu de matar arabha. Ele se lembrou do pecado que cometeu na vida pregressa que lhe conferiu a condio de um demnio, apesar dele ter sido um brmane. Ao se lembrar disso, ele se voltou para o meu pai e disse:- meu bom homem, quem voc? E quem so estes coitados que acabei de devorar? De que local sagrado esta gua excelente, que fez a proeza de fazer com que um pecador como eu se lembrasse da vida passada?arabha disse:- Meu caro demnio, sou um mercador. Minha casa em Knyakubja. Depois de viajar para muitos locais sagrados fui para Indraprastha. L fui acometido de uma febre terrvel, e tive a idia de voltar para a minha casa. Um viajante estava sendo perturbado pela chuva e entrou na minha cabana. Eu lhe pedi que trouxesse um palanquim para me levar para casa. Agora voc acabou de comer o viajante e os carregadores. Esta gua do rio Yamun, da Khav Vana de Indra. L existe um local sagrado que foi instalado por Bhaspati, o Guru dos semideuses, e se chama Nigamdbodhaka. A lembrana da sua vida passada foi provocada por esta gua. Bem, j lhe falei tudo o que voc queria saber. Posso lhe perguntar uma coisa? J que voc se lembrou da sua vida anterior, qual foi o pecado que fez voc assumir a condio de demnio nesta vida?O demnio respondeu:- Bem, vou lhe contar tudo. Antigamente eu era um brmane, numa famlia de grandes vedantistas. Eu era um patife pecaminoso. Jogava dados com gente de m ndole e perdi muito dinheiro; meu e do meu pai. Meu pai contou para o rei sobre as minhas atividades e me mandou embora de casa. Fui para uma vila prxima, onde tinha um amigo, um bom brmane chamado Devaka. Ele me respeitava, e permitiu que eu vivesse confortavelmente em sua casa por um bom tempo. Um dia o meu amigo saiu e eu forcei a esposa dele a ter relaes sexuais comigo. A mulher ficou muito abalada, tomou veneno e morreu. Ao v-la morta, fugi de l, bem tarde da noite. Eu estava correndo quando fui agarrado pelos soldados do rei, que acharam que eu era um ladro e cortaram a minha cabea. Tive que assumir um corpo desditoso e os servos de Yama me arrojaram no terrvel inferno de Raurava. Por sessenta mil anos passei por torturas severas e depois obtive esta condio de demnio devido quele pecado. Agora vivi cem anos como demnio. Como voc tem um bom mrito religioso, agora vou lhe dizer o motivo da minha salvao. Oua como esta gua sagrada veio parar na minha boca. mercador, naquela minha existncia eu observei o voto de um ekda. Nem foi por desejo meu, mas sim devido boa companhia. Fiquei acordado a noite toda em jejum. No dia seguinte, dvda, quebrei o jejum logo depois do banho. Naquela ocasio um devoto de Viu, que tinha a forma de Viu, chegou na minha casa. Ao v-lo fiquei irado e disse alguns improprios.Aquela pessoa sbia, que respeitava a todos e que no exigia nenhum respeito para si prprio, saiu da minha casa em silncio. Minha esposa, muito casta, foi atrs dele caiu aos seus ps e trouxe o bom homem de volta nossa casa. Apesar de ter sido insultado por mim, o bom homem no estava irado. Ele ficou muito contente de ter sido honrado por minha esposa. Ela pediu que ele sentasse e me mandou oferecer-lhe comida. Ela disse que quem alimentasse um devoto de Viu conquistava os trs mundos. Apesar de estar de mau humor, eu dei um prato de comida quele devoto, que estava faminto. Por solicitao da minha esposa eu lavei os ps dele. Minha esposa o tratou muito bem e ele partiu murmurando: Hare Rma, Hare Ka. Meu caro mercador, foi por este mrito religioso que agora pude beber esta gua. ivaarman disse:- Meu filho, assim que o demnio acabou de dizer aquelas palavras, o viajante e os carregadores, que haviam assumido um forma divina, falaram do cu:- grande mercador! gente boa! Apesar de termos alcanado uma morte prematura, obtivemos a volta ao Supremo depois de termos bebido esta gua devido ao seu favor. Meu caro mercador, ns estvamos acompanhando voc s devido ao desejo de dinheiro e este desejo no nos abandonou nem na hora da morte. Devido ao poder desta gua sagrada, na hora da morte ns conquistamos a amizade do Senhor das riquezas. Senhor, ns o reverenciamos; estamos indo para a Sua morada em maravilhosos aeroplanos comandados pelos Seus serviais, que esto decorados com jias magnficas. V para o local sagrado de Nigamodbodhaka. No demore. leve o demnio com voc; libere ele tambm!ivaarman continuou:- Meu caro filho, ao dizer isso eles partiram. Todas as direes se iluminaram e os aeroplanos partiram para o norte, soando seus sinos. Ento o meu pai falou para o demnio:- Levante-se. Vamos, depressa! Vamos para Nigamodbodhaka, estou com febre e no consigo ir a p. Como no h ningum para ajudar, me leve para aquele local sagrado.O demnio confortou o mercador dizendo: Est bem, e o colocou sobre os ombros, partindo depressa para o local to purificante. L os dois se banharam e ficaram por ali. Minha me insistiu para que eu fosse procurar o meu pai, pois de alguma maneira soubemos que ele estava doente. Ao chegar l vi que ele ainda estava com febre. Eu me prostrei diante dele e ele me abenoou dizendo:- Meu querido filho, por que voc veio de to longe at aqui? Este meu amigo demnio, Vikaa, est cuidando de mim e fazendo os rituais dele. Levante-se e prostre-se como uma vara diante dele. Voc no precisa ter medo dele, ele um demnio regenerado. Aqui neste local sagrado ele o meu companheiro.Eu ento me prostrei diante de Vikaa como uma vara. Ele me levantou pelos braos, me abraou calorosamente e me abenoou dizendo:- Bem vindo, filho do meu amigo! Meu caro, voc teve muita boa fortuna em ter vindo at aqui ao saber que seu pai estava doente. Agora, realize o ritual de oferecer gua misturada com sementes de gergelim para se liberar do dbito que voc tem com os seus ancestrais. Depois de tomar banho e de fazer os seus rituais, voc ir se lembrar de sua existncia passada.ivaarman continuou:- Meu querido filho, depois que ele me disse isso, entrei na gua e me lembrei das atividades auspiciosas e inauspiciosas da minha vida passada. Depois do banho, me aproximei do meu pai e pedi que ele me dissesse como aquele demnio tinha adquirido uma mentalidade to piedosa. Depois de ouvir a histria toda, dos carregadores, do viajante e do demnio, eu louvei aquele local sagrado e pensei: S vou poder sair daqui quando o meu pai melhorar, e l permaneci por dez dias. L eu pude testemunhar a morte do meu pai, ocorrida naquelas guas. Foi ento que Viu, acompanhado por Lakm veio montado sobre Garua. Ele tinha uma compleio escura como uma nuvem carregada, estava vestindo vestes amarelas, tinha quaro braos, Seus olhos de ltus eram avermelhados. Ele estava sendo servido por Brahm, pelos kinnaras que cantavam as Suas virtudes e por uma legio de semideuses. Ele concedeu ao meu pai uma forma igual Sua e o colocou sobre Garua, partindo para o cu acompanhado por Brahm e pelos demais semideuses. Ao presenciar aquela cena, a verdade surgiu em meu corao: Foi devido potncia deste local sagrado que meu pai alcanou a morada de Viu. Devo permanecer na cabana de meu pai at que me libere do fruto das atividades que realizei na Terra. Depois de realizar os rituais necessrios para a partida do meu pai, fiquei ali com o demnio, pois desejava a liberao.

Um pequeno comentrio devocional:

Quando o desejo de atravessar o oceano da existncia material surge no corao do devoto, os sintomas de bhakti que ele evidencia nesta condio inicial so apenas bhakti-bhsa, ou uma bhakti ainda encoberta pelos inmeros desejos materiais. Mas esta bhakti-bhsa acabar evoluindo para uddha-bhakti, ou bhakti pura.A concluso das escrituras que os aktas, ou adoradores da deusa Durg, so gradualmente elevados para bhakti, quer em seu aspecto pessoal quer em seu aspecto impessoal, ao primeiro se tornarem adoradores do deus do sol, depois adoradores de Gaea, depois adoradores de iva, depois vaiavas pacopsakas (impersonalistas) e finalmente vaiavas smpradyik (filiados a uma sucesso discipular personalista fidedigna). A influncia da associao com devotos puros, com tulas, mah-prasda, dias de observncia devocional como ekda, locais sagrados, o Gag e vrios outros objetos que atuam como estmulo para bhakti (bhakti-uddpaka), fazem com que chy-bhakti-bhsa se transforme em uddha-bhakti. Os cryas anteriores definem esta chy-bhakti-bhsa como uma sombra de bhakti menos ofensiva do que a pratibimba-bhakti-bhsa, onde h uma falsidade explcita na prtica do servio devocional. Em chy-bhakti-bhsa no h o desejo de prestar servio devocional sem sinceridade: h um estmulo para bhakti por misericrdia imotivada de Bhakti-dev, que se utiliza de suas energias para estimular a entidade viva a alcanar bhakti. Este tipo de bhakti-bhsa pode conferir a liberao impessoal e as demais formas de liberao, que incluem viver na morada de Viu em Vaikuha, com a forma da Deidade e com as opulncias da Deidade. O resultado desta forma contaminada de bhakti muitas vezes confundido com o mrito religioso, mas na verdade este resultado conferido exclusivamente por Bhakti-dev. E um resultado s vezes transcendental, como o obtido nesta narrativa.

CAPTULO VII

A Eficcia de Nigamabodha

ivaarman disse:- Uma vez aquele demnio bondoso viu uma vaca atolada na lama, e entrou no rio para ajud-la a sair. H um grande mrito religioso em se proteger uma vaca. Quem protege uma vaca pode ir para o cu. Ele entrou no rio pensando desta maneira e foi agarrado por um crocodilo enorme, sendo levado para baixo dgua. Ele teve o corpo dilacerado e morreu instantaneamente. Ao recuperar a sua forma divina, um aeroplano celestial, enviado por Indra e outros semideuses, se aproximou dele. Eu fiquei surpreso, pois sempre imaginei que ao morrer num local sagrado obtm-se a liberao; ento indaguei a ele: ser celestial (ex-demnio), como foi que voc alcanou os planetas celestiais? E ele respondeu: mercador inocente, no momento da morte eu desejei ir para l. Quando aquele ser meritrio foi levado para os planetas celestiais, o lugar das entidades vivas meritrias, eu fiquei s. Eu me refugiei em Viu, sem dvida o melhor abrigo. Com a mente sempre concentrada, ao andar, dormir, ficar desperto, comer, tomar banho, em todos os momentos eu meditava no Senhor de olhos de ltus: Viu, estou buscando abrigo em Seus ps de ltus. No desejo a posio de Brahm, iva ou Indra. Meu querido filho, desta maneira, sem ter nenhum desejo, com a mente determinada, eu s implorava a Puruottama, Viu, que me concedesse Sua misericrdia.Viuarman disse:- Bem, voc permaneceu naquele local sagrado o tempo todo e morreu l. Como foi que voc nasceu neste mundo novamente? Esta a minha dvida. O viajante e os carregadores, mesmosem observarem todos os preceitos religiosos, vieram para este local sagrado apenas devido a cobia de ganhar dinheiro e alcanaram a liberao ao morrerem nas mos do demnio. E foi apenas por beberem a gua do local sagrado. E o demnio ao morrer nas mandbulas do crocodilo realizou o seu desejo de ir para os planetas celestiais. Voc pde observar tudo isso. No h um outro nascimento neste mundo para quem morre num local sagrado.Nrada disse:- ibi, depois ouvir estas palavras auspiciosas do seu filho, ivaarman comeou a narrar o motivo do seu nascimento neste mundo:- Viuarman, oua o motivo do meu nascimento. Depois de ouvir sobre isso, libere-se da dvida. Uma vez eu estava absorto em meditao ao adorar Viu, e o sbio Durvsa, que irascvel por natureza, chegou ao meu eremitrio. Eu nem notei a sua chegada e permaneci meditando por um longo tempo. O sbio esperou um pouco, mas logo ficou irado, com os olhos flamejantes, e disse estas palavras em voz alta:- Oh! Sou o filho de Atri, gerado no ventre de Anasy, uma poro plenria de iva, e estou sendo negligenciado por este ser humano. Este patife na certa desconhece que eu fui a causa da queda de Indra, o senhor dos trs mundos! Quem voc, que no tem medo de mim? Sou to destrutivo quanto o fogo do final da criao! Como que a divindade em que ele est meditando no o avisa que chegou aqui Yama numa forma corporificada? Na certa ele deve estar meditando em Viu, o Senhor universal; deve estar to satisfeito com o nctar da meditao que nem percebe o qu