UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ
CÂMPUS CORNÉLIO PROCÓPIO
DIRETORIA DE GRADUAÇÃO E EDUCAÇÃO PROFISSIONAL
LICENCIATURA EM MATEMÁTICA
LEZIANE CAMPOS
ATITUDES EM RELAÇÃO À MATEMÁTICA E ESTRATÉGIAS EM RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS: UMA POSSÍVEL ARTICULAÇÃO?
CORNÉLIO PROCÓPIO
2016
LEZIANE CAMPOS
ATITUDES EM RELAÇÃO À MATEMÁTICA E ESTRATÉGIAS EM RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS: UMA POSSÍVEL ARTICULAÇÃO?
Trabalho de Conclusão de Curso de graduação, apresentado à disciplina Trabalho de Conclusão de Curso, do curso de Licenciatura em Matemática da Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR, como requisito parcial para a obtenção do título de Licenciada em Matemática. Orientadora: Profª. Drª. Andresa Maria Justulin
CORNÉLIO PROCÓPIO
2016
FOLHA DE APROVAÇÃO
BANCA EXAMINADORA
_______________________________
Prof.ª Dr.ª Andresa Maria Justulin
(orientador)
_______________________________
Prof.ª Elizabeth Maria Giacobbo
_______________________________
Prof. Jader Otavio Dalto
“A Folha de Aprovação assinada encontra-se na Coordenação do Curso”
Ministério da Educação
Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Câmpus Cornélio Procópio
Diretoria de Graduação
Departamento de Matemática
Curso de Licenciatura em Matemática
Dedico este trabalho à minha família.
AGRADECIMENTOS
A Deus que tornou possível a minha existência e meu caminhar.
Agradeço a minha orientadora Prof.ª Dr.ª Andresa Maria Justulin, pela
sabedoria com que me guiou nesta trajetória.
A banca examinadora, por aceitar e por contribuir na elaboração e
aperfeiçoamento desta pesquisa.
Aos meus colegas de sala e demais professores que estiveram, de alguma
forma, envolvidos neste trabalho.
O projeto desta pesquisa não seria realizado sem a colaboração dos alunos
pesquisados e entrevistados, por esse motivo gostaria de deixar aqui meus sinceros
agradecimentos e desejos de sorte e sucesso a eles.
À Secretaria do Curso, pela cooperação.
Gostaria de deixar registrado também o reconhecimento à minha família,
pois acredito que sem o apoio deles seria muito difícil vencer esse desafio.
Enfim, a todos os que, por algum motivo, contribuíram para a realização
desta pesquisa.
O importante não é a maneira de se realizar os sonhos. O importante
é a maneira de se conduzir a vida. Se você conduz a vida de maneira
correta, os problemas se resolvem por si. Os sonhos virão até você.
RANDY PAUSCH
CAMPOS, Leziane. Atitudes em relação à matemática e estratégias em
resolução de problemas: uma possível articulação? 2016. 79 f. Trabalho de
Conclusão de Curso (Graduação) – Licenciatura em Matemática. Universidade
Tecnológica Federal do Paraná. Cornélio Procópio, 2016.
RESUMO
O presente trabalho teve por objetivo investigar como as atitudes em relação à
Matemática e as estratégias em resolução de problemas se articulam. Os
participantes desta pesquisa foram 25 estudantes do 2º Ano de uma escola estadual
de Ensino Normal, da cidade de Cornélio Procópio/ Paraná. Os instrumentos
utilizados para a coleta de dados foram: questionário informativo, escala de atitudes
em relação à Matemática e Prova de Matemática composta por problemas. Após a
aplicação deste último instrumento, alguns estudantes foram selecionados a partir
de sua pontuação na escala de atitudes para refazer a prova “pensando em voz
alta”. Com os dados, os registros de resolução de problemas dos participantes,
buscou-se encontrar evidências para verificar como (e se) as atitudes em relação à
Matemática interferem no modo como os alunos elaboram estratégias de resolução
de problemas. Os resultados indicaram que durante a resolução de problemas não
apenas o conhecimento cognitivo estava sendo requerido, mas também aspectos
afetivos, que influenciam o próprio “pensar” matemático. Além disso, conclui-se que
as atitudes em relação à matemática e as estratégias em resolução de problemas
articulam-se, sendo que estratégias que conduziram à resposta do problema sempre
foram utilizadas por alunos que apresentaram atitudes positivas. Assim, uma
consequência possível é que alunos com atitudes negativas em relação à
Matemática não sejam bons resolvedores de problemas. No entanto, essa realidade
não é definitiva e pode ser modificada. A valorização de aspectos afetivos no ensino
de Matemática e o uso da resolução de problemas como metodologia de ensino
pode ser um caminho para mudanças no cenário apresentado.
Palavras-chave: Resolução de Problemas. Atitudes. Estratégias. Ensino de
Matemática. Educação Matemática.
CAMPOS, Leziane. Atitudes em relação à matemática e estratégias em
resolução de problemas: uma possível articulação? 2016. 79 f. Trabalho de
Conclusão de Curso (Graduação) – Licenciatura em Matemática. Universidade
Tecnológica Federal do Paraná. Cornélio Procópio, 2016.
ABSTRACT
The purpose of the present study was to investigate how the attitudes towards
mathematics and problem solving strategies are articulated. The participants of this
study were 25 students of 2nd year of a state school of Ensino Normal, the city of
Cornélio Procópio/Paraná. The instruments used for data collection were: informative
questionnaire, scale of attitudes towards mathematics and mathematics test
composed by problems. After application of the latter instrument, some students
were selected from their score on the attitude scale to redo the test "thinking aloud".
With the data, the solving problems records of participants, we sought to find
evidence to see how (and if) the attitudes towards mathematics interfere with the way
students prepare solving problem strategies. The results indicated that while solving
problems not only cognitive knowledge was being required, but also emotional
aspects that influence the actual "thinking" mathematician. Moreover, it is concluded
that the attitudes toward math and problem solving strategies are articulated, and
strategies that led to the problem of response have always been used by students
who had positive attitudes. Thus, a possible consequence is that students with
negative attitudes towards mathematics are not good problem solvers. However, this
reality is not final and can be modified. The appreciation of affective aspects in the
teaching of mathematics and the use of problem solving as a teaching methodology
can be a way to change the scenario presented.
Keywords: Problem Solving. Attitudes. Strategies. Mathematics Teaching.
Mathematics Education.
Sumário
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 10
2 ATITUDES E A MATEMÁTICA .............................................................................. 14
2.1 Atributos ou características que definem as atitudes ................................................. 15
2.2 Componentes das atitudes e variáveis afetivas .......................................................... 17
2.3 Escalas de atitudes em relação à Matemática ............................................................ 19
3 RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS ............................................................................ 22
3.1 A resolução de problemas: breve histórico ................................................................. 22
3.2 A Resolução de Problemas nos Documentos Oficiais ................................................ 26
3.2.1 Tipos de Exercícios e de Problemas .................................................................... 28
3.4 Estratégias em Resolução de Problemas ................................................................... 33
4 METODOLOGIA ..................................................................................................... 37
4.1 Pesquisa Qualitativa ................................................................................................... 37
4.2 Estudo de Caso .......................................................................................................... 38
4.3 Procedimentos ........................................................................................................... 39
5 ANÁLISES DOS DADOS ....................................................................................... 42
5.1 Descrições dos participantes ...................................................................................... 42
5.2 As atitudes em Relação à Matemática dos participantes ............................................ 44
5.3 Análises das estratégias utilizadas na Prova de Matemática ..................................... 46
5.4 As Atitudes em Relação à Matemática e as Estratégias em Resolução de Problemas:
uma análise a partir dos dados......................................................................................... 64
6 Considerações Finais ............................................................................................. 68
7 REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 70
ANEXO A .................................................................................................................. 72
ANEXO B .................................................................................................................. 76
ANEXO C .................................................................................................................. 78
10
1 INTRODUÇÃO
As pesquisas em Educação Matemática, dentre outros aspectos, buscam
trazer contribuições consideráveis para os processos educativos dentro da sala de
aula. Parte dessas pesquisas trata também da formação do professor de
Matemática, investigando questões relacionadas à formação inicial ou continuada.
Antes de situar e tratar da presente pesquisa serão feitas as apresentações
da trajetória da pesquisadora e das razões pelas quais optou pela realização deste
trabalho.
A minha trajetória1 no curso de Licenciatura em Matemática, na
Universidade Tecnológica Federal do Paraná-UTFPR, Campus de Cornélio
Procópio, iniciou-se no ano de 2001, ingressando no Curso de Tecnologia em
Eletrotécnica (hoje extinto). No decorrer do curso, as disciplinas que envolviam os
conteúdos de Matemática eram as que mais me agradavam e identificava
alcançando nelas os melhores resultados, em contrapartida, nas disciplinas
referentes à área técnica e tecnológica, por vezes, tive muita dificuldade. A
conclusão desse curso não aconteceu devido ao estágio obrigatório, pois não me
identificava com a área e, sem esse, não existia a possibilidade de iniciar o Trabalho
de Conclusão de Curso. Em 2011, a Universidade Tecnológica Federal do Paraná-
UTFPR, Câmpus de Cornélio Procópio, passou a ofertar o curso de Licenciatura em
Matemática e, com isso, a oportunidade de voltar ao curso de graduação desejado
aconteceu. Nesta etapa, alguns obstáculos se apresentaram, mas as realizações e
os aprendizados superam os momentos difíceis.
Já no Curso de Licenciatura em Matemática, durante observações de aulas
do Ensino Fundamental, como parte da atividade dos Projetos do PIBID2, e nas
primeiras observações da disciplina de estágio, o comportamento de alunos e o
modo como os professores realizavam o desenvolvimento das aulas despertavam
minha atenção.
No decorrer do referido curso, em diversos momentos, a apresentação de
uma aula era proposta com uma metodologia diferenciada, proporcionando aos
1Nesses primeiros parágrafos a escrita do texto será na primeira pessoa do singular, pois se refere à
experiência pessoal do graduando.
2 Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência.
11
futuros professores conhecer diferentes metodologias a serem empregadas em sala
de aula.
Dentre elas, a Metodologia de Resolução de Problemas, citada diversas
vezes nas disciplinas, foi apenas estudada, mais a fundo, no ingresso do Projeto
PIBID, e sempre me despertou um interesse em conhecer mais sobre ela.
O Curso de Licenciatura em Matemática também contribuiu para pensar
sobre o papel do professor dentro da sala no processo de construção e/ou
manutenção de suas atitudes em relação à Matemática e ao trabalhar Resolução de
Problemas. Destes, dois campos teóricos me chamaram atenção: as atitudes em
relação à Matemática e a Resolução de Problemas.
Uma das linhas de estudo da Psicologia da Educação Matemática investiga
os aspectos afetivos da aprendizagem matemática, sendo que um desses refere-se
às atitudes. Pode-se considerar que o desenvolvimento de atitudes positivas em
relação à Matemática deveria fazer parte dos objetivos dos professores.
Por outro lado, a Metodologia de Resolução de Problemas exige do
professor e dos alunos uma nova postura e atitudes em relação ao trabalho em sala
de aula. O professor precisa preparar ou escolher problemas apropriados ao
conteúdo ou ao conceito que pretende construir.
É sabido que sempre houve muita dificuldade para ensinar e aprender
Matemática. Apesar disso, todos reconhecem a importância e a necessidade da
Matemática para se entender o mundo e nele viver. De acordo com Brasil (1997, p.
26), o processo de formação dos indivíduos pode ser estimulado nas aulas de
Matemática ao se direcionar o trabalho para o desenvolvimento de atitudes no aluno,
buscando que o mesmo tenha confiança na sua própria capacidade, e na dos
outros, para construir conhecimentos matemáticos, o empenho em participar
ativamente das atividades em sala de aula e o respeito à forma de pensar dos
colegas.
Por outro lado, a resolução de problemas se mostra como peça central para
o ensino de Matemática, pois o pensar e o fazer se mobilizam e se desenvolvem
quando o indivíduo está engajado ativamente no enfrentamento de desafios.
Neste cenário, esta investigação buscará compreender as relações entre as
atitudes em relação à Matemática e as estratégias utilizadas pelos alunos ao
resolver problemas matemáticos. Para tanto, esta pesquisa pode ser qualificada
12
como sendo de cunho qualitativo e os referenciais teóricos serão, sobretudo, autores
que discutem a Resolução de Problemas e as Atitudes em relação à Matemática.
A pergunta diretriz pode ser descrita como: “Quais são as relações entre as
atitudes em relação à Matemática e as estratégias utilizadas pelos alunos ao
resolver problemas matemáticos?” Desse modo, investigou-se em que as atitudes
em relação à Matemática interferem no modo como os alunos elaboram estratégias
de resolução de problemas.
São identificados, a partir disso, os objetivos específicos desta pesquisa:
Identificar as atitudes em relação à Matemática dos sujeitos; Identificar as
estratégias utilizadas por eles ao participarem de uma prova envolvendo Resolução
de Problemas; Selecionar alunos com atitudes positivas, atitudes negativas e com
pontuação próxima à média dos sujeitos participantes da pesquisa, para resolverem
novamente a prova, “pensando em voz alta”, ou seja, descrevendo verbalmente
todos os processos e raciocínios utilizados; Investigar as relações entre as atitudes e
as estratégias de resolução de problemas apresentadas.
Os procedimentos utilizados para desenvolvimento da pesquisa foram:
questionário informativo sobre a vida escolar e opiniões dos estudantes sobre a
Matemática e as atividades desenvolvidas na disciplina; escala de Atitudes em
relação à Matemática (adaptada e validada por Brito, 1996) do tipo likert de 4
(quatro) pontos, composta por 21 questões e Prova de Matemática, composta por 7
(sete) problemas.
A matemática se desenvolveu e continua a se desenvolver, a partir de
problemas. Esta pesquisa pretende levar ao leitor uma investigação sobre como as
atitudes em relação à Matemática e as estratégias em resolução de problemas se
articulam.
Sendo apresentado o foco deste trabalho, a título de organização este texto
está estruturado em quatro momentos:
1º momento: Apresentação dos referenciais teóricos da investigação que
tratam das Atitudes em relação à Matemática e da Resolução de Problemas;
2º momento: Apresentação da Metodologia, com destaque para os
procedimentos metodológicos e a justificativa pela opção da pesquisa qualitativa e o
estudo de caso.
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3º momento: Aplicação dos instrumentos para coleta de dados, seleção dos
alunos com atitudes positivas, negativas e com pontuação próxima à média dos
sujeitos participantes da pesquisa, para o momento “pensar em voz alta”.
4º momento: Apresentação e análise dos dados coletados e articulação dos
resultados a proposta da pesquisa. Apresentação das referências do trabalho e das
conclusões encontradas e construídas a partir dos dados.
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2 ATITUDES E A MATEMÁTICA
O significado da palavra atitude, encontrada em dicionários, envolve
aspectos oriundos da psicologia, do social ou do próprio senso comum. Segundo o
dicionário Michaelis Moderno da Língua Portuguesa, a palavra atitude pode ser
entendida como: Norma de proceder ou ponto de vista, em certas
conjunturas. Propósito ou significação de um propósito. Psicológico - Tendência a
responder, de forma positiva ou negativa, a pessoas, objetos ou situações.
Sociológico - Tendência de agir de uma maneira coerente com referência a certo
objeto.
De modo mais específico e que convém a este trabalho, para a Psicologia
da Educação Matemática, atitude pode ser definida como:
[...] Uma disposição pessoal, idiossincrática, presente em todos os indivíduos, dirigida a objetos, eventos ou pessoas, que assume diferente direção e intensidade de acordo com as experiências do indivíduo. Além disto, apresenta componentes do domínio afetivo, cognitivo e motor. (BRITO, 1996, p. 11).
Ao compreender que uma atitude pode ser aprendida e que não é algo fixo,
ou seja, que existe a possibilidade de transformar uma atitude negativa em uma
atitude positiva, os profissionais de Educação Matemática podem trabalhar tais
aspectos afetivos em suas salas de aula.
Ainda sobre o conceito de atitude, Utsumi (2000, p. 30) destaca que “há
muita confusão com relação ao termo atitude, sendo que muitos confundem atitudes
com seus correlatos, como comportamento, gosto, valores e crenças” que vai ao
encontro das ideias apresentadas por Araújo (1999, p. 44), para quem “os
significados atribuídos às atitudes nem sempre são consensuais; geralmente a
atitude aparece ligada à aspectos afetivos”.
Klausmeier (1977) considera, ainda, que “atitudes e valores estão entre os
resultados mais vitais aprendidos na escola, pois são importantes para determinar
como os indivíduos reagem a situações e também o que buscam na vida”. (p. 446).
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Os Parâmetros Curriculares Nacionais de Matemática (PCNs) apresentam a
seguinte afirmação a respeito de atitudes:
A formação de indivíduos éticos pode ser estimulada nas aulas de Matemática ao direcionar- se o trabalho ao desenvolvimento de atitudes no aluno, como, por exemplo, a confiança na própria capacidade e na dos outros para construir conhecimentos matemáticos, o empenho em participar ativamente das atividades em sala de aula e o respeito à forma de pensar dos colegas. (BRASIL, 1997, p. 26).
Pode-se dizer que, em geral, a construção de atitudes é apenas deixada
como uma responsabilidade da família e da igreja, deixando de lado o papel da
escola na formação da atitude dos alunos.
Nas Orientações Curriculares para o Ensino Médio (OCNS) destaca-se que:
De acordo com as Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/96), o Ensino Médio tem como finalidades centrais não apenas a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos durante o nível fundamental, no intuito de garantir a comunidade de estudos, mas também a preparação para o trabalho e para o exercício da cidadania, a formação ética, o desenvolvimento de autonomia intelectual e a compreensão dos processos produtivos. (BRASIL, 2006, p. 68)
As orientações evidenciam a importância em considerar os aspectos afetivos
a serem desenvolvidos no conjunto das disciplinas e, em especial, na Matemática.
Além dos conhecimentos adquiridos ao longo da escolaridade, também deve ocorrer
a preparação para a cidadania, a formação ética e a formação da autonomia
intelectual, dentre outros.
2.1 Atributos ou características que definem as atitudes
Klausmeier (1977), em seus estudos sobre as atitudes, mostrou que o
conceito de atitude possui cinco características relevantes:
Aprendibilidade
Todas as atitudes são aprendidas. O indivíduo aprende a se comportar
intencionalmente ou não, de modo favorável ou desfavorável, em relação a um
objeto, ideia ou pessoa.
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Estabilidade
Essa característica é referente à duração ou permanência de uma atitude,
que pode permanecer, mudar ou desaparecer, de acordo com a situação. O gosto,
as atitudes e os valores são diferenciados a partir da estabilidade.
O gosto refere-se a algo específico, como gostar de um tipo de leitura. Os
valores são mais gerais, como o valor da leitura, ou o hábito de ler para o homem.
As atitudes encontram-se entre os valores e os hábitos.
As atitudes se tornam mais estáveis na vida adulta mas, mesmo assim,
podem ser modificadas.
Significado Pessoal – Societário
As atitudes interferem nas relações entre uma pessoa e outras, ou entre
uma pessoa e coisas. Esse interagir afeta a forma como um indivíduo tem a visão de
si mesmo.
Conteúdo Afetivo – Cognitivo
O componente cognitivo de atitude refere-se ao conteúdo informacional, a
maneira que entende o fato, sua concepção a respeito dele, existindo uma
indissociação entre esses componentes. O componente afetivo refere-se às
emoções que um indivíduo tem em relação ao objeto da atitude, sendo essa relação
agradável ou desagradável.
Orientação Aproximação – Evitamento
Quando as atitudes são favoráveis em relação a um objeto, elas,
provavelmente, induzem o indivíduo a uma aproximação. Caso contrário, o sujeito
irá evitá-lo ou apresentar comportamentos negativos em relação ao objeto. Por
exemplo: Se existir uma atitude negativa em relação à religião, certamente a pessoa
não frequentará a igreja. Se tiverem uma forte atitude positiva em relação ao meio
ambiente, o sujeito defenderá campanhas de preservação e conservação da
natureza.
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As características das atitudes podem ser resumidas conforme o quadro a
seguir:
Quadro 1: Características que definem as atitudes
Atitudes sem consciência ← aprendibilidade → intencionalidade
temporário ← estabilidade → permanente
baixo ← significado pessoal societário
→ alto
afetivo alto ← conteúdo afetivo cognitivo → cognitivo alto
aproximação alta ← orientação aproximação evitamento
→ esquiva alta
Fonte: Klausmeier (1977, p. 414)
2.2 Componentes das atitudes e variáveis afetivas
O estudo das atitudes tem um grande destaque dentro da literatura
psicológica e educacional, e trabalhos nestas áreas mostram as preocupações com
o desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem.
Brito (1996, p.13) nos diz que “atitudes são componentes dos estados
internos dos indivíduos e o comportamento é a manifestação desse estado”. Em
muitos casos, comportamento e atitudes são confundidos e tomados como
sinônimos, mas comportamento é a reação de uma pessoa diante de um
determinado objeto.
Brito (1996) apresenta os três componentes de atitude:
Cognitivo: é o conhecimento que os indivíduos apresentam em relação
ao objeto da atitude. São influenciados e influenciam as crenças e
percepções de um sujeito sobre um determinado objeto ou pessoa.
Afetivo: sentimento ou resposta emocional que um indivíduo dá a um
objeto ou pessoa como, por exemplo, gostar ou não gostar;
Motor: comportamento evidenciado com relação à pessoa ou objetos.
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As atitudes de uma pessoa não são inatas nem estáveis, elas são
aprendidas e podem variar com o passar do tempo. Devido a isso é importante que
adultos, ao conviver com crianças, busquem desenvolver nelas atitudes positivas em
relação à Matemática e à escola em geral.
A forma como os alunos se desenvolvem está ligada diretamente ao “gostar”
da disciplina. Assim, é possível que alunos que apresentem atitudes positivas em
relação à Matemática tenham um desempenho melhor do que aqueles que
apresentam um sentimento de aversão à Matemática.
McLeod e Adams (1989 apud BRITO, 1996) tiveram como núcleo de suas
pesquisas o estudo das variáveis afetivas que mais influenciam no desempenho dos
alunos e destacaram as seguintes:
Confiança: é uma das variáveis afetivas mais importantes, pois o
educando que apresenta confiança nos estudos possui interesse em
estudar. Além disso, a confiança pode influenciar a escolha profissional
do sujeito.
Ansiedade: essa variável pode indicar falta de confiança. A ansiedade,
que não é dirigida a um determinado objeto mas a um conjunto de
fatores, pode interferir na aprendizagem. A Álgebra é um campo
matemático cujas pesquisas indicam um alto nível de ansiedade dos
alunos.
Atribuições de sucesso ou fracasso: o professor deve considerar as
diferenças individuais, tomando o erro do aluno como um indício do seu
nível conceitual e trabalhando a partir disso. Poderá, ainda, propor
situações diversas e valorizar conquistas, ao invés de classificar seus
alunos.
Utilidade: A percepção de que a Matemática é útil e presente na vida
cotidiana, aparentemente, provoca no aluno maior interesse e possibilita
a aprendizagem mais facilmente. Entretanto, nem todos os conteúdos
matemáticos podem ser relacionados com o cotidiano, mas essa relação
pode despertar o interesse do aluno e, no decorrer da escolaridade,
gerar confiança no educando, que desenvolverá atitudes positivas em
relação à Matemática.
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Junto aos aspectos cognitivos estão também as variáveis afetivas que
podem interferir no desempenho do aluno. Portanto, se o estudante não achar
necessário aprender, se considerar o conteúdo sem importância para sua vida ou,
ainda, apresentar um alto grau de ansiedade gerado por falta de confiança em
matemática, poderá ter um desempenho ruim e apresentar atitudes negativas em
relação a essa disciplina.
No Ensino de Matemática, os fatores emocionais podem ser classificados
como sendo de ordens primárias e secundárias. Os de ordem primária relacionam-
se com aspectos da personalidade do indivíduo e os de ordem secundária são
gerados a partir de causas externas ao sujeito.
As atitudes em relação à Matemática são geradas por fatores externos e,
portanto, são secundárias. O fato de a Matemática necessitar de abstração pode
causar o aparecimento da ansiedade e de atitudes negativas nos alunos. É o que
destaca Brito (1996):
As atitudes mais negativas são encontradas na sétima e oitava séries, que são as séries onde o ensino de Matemática, particularmente a álgebra, passa a exigir uma capacidade de abstração cada vez maior do estudante. (BRITO, 1996, p.295).
Klausmeier (1977, p. 414) afirmou que as atitudes aprendidas pelas
pessoas, por quaisquer meios, influenciam seus comportamentos de aproximação-
evitamento em direção às ideias, e também ao seu pensamento sobre o mundo
físico e social. A partir desta afirmação, fica claro que o papel do educador é
elementar no processo de formação de atitudes positivas em relação à Matemática e
que, além de desenvolver aspectos conceituais e procedimentais, deve ser
explorado o autoconceito positivo, a autonomia em seus esforços e o prazer da
resolução do problema.
2.3 Escalas de atitudes em relação à Matemática
Dentro da literatura são encontrados vários métodos para compreender e
estudar as atitudes. Neste campo, destacam-se os estudos (AIKEN (1970),
GARDNER (1977), KULM (1980); SHIBECI (1982), FINLEY et. al. (1992), citados em
20
Brito (1998)), a respeito das atitudes relacionadas ao ensino de Ciências e
Matemática. Segundo esses autores, as técnicas mais comuns para acessar as
atitudes são:
Escalas diferenciais (Thurstone);
Escala de postos ou classificações (Rating Scales);
Escalas de classificação somativa;
Escalas de diferencial Semântico;
Inventários de interesse;
Hierarquia de preferências ou ‘ranking’;
Técnicas projetivas;
Observação antropológica;
Entrevistas;
Dados observacionais controlados;
Análise de conteúdos de depoimentos.
Sobre as pesquisas que tratam do tema investigado, Aiken (1970 apud
BRITO, 1996) afirmou que, embora a maioria das investigações tenha tratado da
atitude em relação à Matemática, também podem ser encontrados trabalhos sobre
atitudes em relação a conteúdos específicos e, ainda, atitudes em relação a tipos de
problemas matemáticos.
A contribuição do referido autor no estudo das atitudes em relação à
Matemática é reconhecida por pesquisadores que tratam do tema. A existência de
uma ferramenta que “mede” as atitudes em relação à Matemática em muito
contribuiu para essa área de pesquisa.
As atitudes com relação à Matemática têm sido objeto de interesse dos pesquisadores por muitos anos. A quantidade de pesquisa conduzida nessa área tem aumentado, sobretudo durante os últimos 25 anos, especialmente depois do desenvolvimento da Escala de atitudes matemáticas por AIKEN e DREGER (1961) e revista dois anos mais tarde (1963). AIKEN (1970, 1976) apresentou uma revisão bastante completa dos estudos sobre atitudes com relação à Matemática e a relação entre as variáveis atitudinais da Matemática e os aspectos a elas relacionados. (AKSU, 1991, p.188 apud BRITO, 1998).
A escala de atitudes, utilizada nesta pesquisa (ANEXO B), trata das atitudes
em relação à Matemática em si, evitando conjecturas referentes aos sentimentos
21
dos alunos face à atuação do professor, aos tipos de atividades matemáticas
propostas, etc.
Qualquer atitude, enquanto fenômeno humano, um constructo psicológico próprio do sujeito humano, é composta por dimensões afetivas e cognitivas e se expressa através do comportamento. Entretanto é unidimensional no sentido de que o afeto caminha apenas em uma direção, sendo incompatível dois elementos ocuparem a mesma posição, no mesmo instante. Isso significa que as atitudes podem ser modificadas e alteradas durante a vida do indivíduo, mas elas não podem ser antagônicas em um dado momento. (BRITO, 1998, p. 115).
Portanto, esse tipo de escala de Aiken e Dreger (1961), Aiken (1963),
adaptada e validada por Brito (1996), propõe a medir apenas a direção do
sentimento dos indivíduos com relação à Matemática, deixando de lado outros
aspectos transitórios como, por exemplo, o professor, o método de ensino, entre
outros.
As escalas do tipo Likert fazem parte das chamadas “escalas somativas”, na
qual as respostas obtidas de cada indivíduo são somadas a partir de uma pontuação
atribuída. Essas escalas Likert são formadas, geralmente, por cinco alternativas:
Concordo Totalmente, Concordo, Indeciso, Discordo e Discordo Totalmente. Para
cada item é atribuído um valor que pode variar de 1 (um) até 5 (cinco) pontos. Esses
pontos são atribuídos a cada questão e, ao fim do questionário, cada indivíduo terá
um número de pontos relacionados às suas respostas e o total de pontos vem a
construir um escore. A escala adaptada, entretanto, exclui a alternativa Indeciso, o
que obriga o aluno assumir uma direção.
Algumas vantagens em empregar as escalas de atitudes:
Podem ser aplicadas a grande número de sujeitos;
Não se detém em um único aspecto da Matemática;
Possibilita ao professor de Matemática verificar as atitudes de sua turma no
decorrer do ano letivo, direcionando os resultados obtidos.
Também pode ser usado como recurso auxiliar para verificar métodos novos
de ensino, se esses são ou não são eficazes.
22
Mostra uma informação vinculada a um grupo de estudantes e independente
de opinião particular de uma pequena parcela do grupo.
3 RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS
A resolução de problemas3, enquanto atividade humana, ocorre desde o
surgimento do próprio homem. Nos papiros, por exemplo, podem ser encontrados
diversos problemas envolvendo necessidades humanas, como as medições de terra
ou divisões de pães. Entretanto, a resolução de problemas não é exclusividade da
Matemática, ocorrendo também em outras ciências e as soluções obtidas
possibilitam o avanço e expansão da própria fronteira do conhecimento. Neste texto,
será tratada da resolução de problemas matemáticos e dos avanços e perspectivas
ao relacionar tal atividade no ensino de Matemática.
Ao definir o que se entende por problema, esta pesquisa se apoiará em
ONUCHIC (1999) que compreende problema como “tudo aquilo que não se sabe
fazer, mas que se está interessado em resolver”. A autora ainda esclarece que “o
problema não é um exercício no qual o aluno aplica de forma quase mecânica uma
fórmula ou uma determinada técnica operatória”. (ONUCHIC, 1999, p. 215).
3.1 A resolução de problemas: breve histórico
A atividade de resolver problemas, para muitos, é sinônimo de um processo
matemático a ser feito. Verdadeiros problemas matemáticos são aqueles que o
resolvedor não possui um método ou caminho para chegar ao resultado (POLYA,
1944). Alguns matemáticos que se depararam e trabalharam sobre problemas
foram:
Descartes (1596-1950) foi matemático e filósofo, e tinha a intenção de
publicar um método universal para resolver problemas, porém seu
3 Será utilizado “r” e “p” minúsculos, ao se referir à atividade de resolver problemas e “R” e “P” maiúsculos,
quando se tratar da Metodologia ou campo teórico.
23
manuscrito Regras para a Direção do Espírito foi encontrado após sua
morte ainda incompleto;
Leibnitz (1646-1716) também pensou em escrever algo como “A arte
da Invenção”, mas nunca chegou a concluir tal tarefa. Muitos fragmentos
dessa engenhosa tarefa foram encontrados e demonstram o quão
valiosas eram suas ideias. Uma das frases atribuídas à Leibnitz é: “Nada
é mais importante do que observar as origens da invenção, as quais são,
na minha opinião, mais interessantes que as próprias invenções”;
Bolzano (1781-1844), lógico e matemático, dedicou parte de sua vasta
obra sobre Lógica Wissenchaftslehre à questão da Heurística4. O autor,
sobre suas pretensões, destaca:
Não me julgo, de maneira alguma, capaz de apresentar aqui qualquer processo de investigação que não tenha sido já há muito tempo percebido por todos os homens de talento e de forma alguma prometo que o leitor encontrará aqui qualquer completa novidade nesse assunto. Farei, no entanto, todo possível para formular, em linguagens claras, as regras e os meios de investigação que são observados por todos os homens capazes, os quais na maioria das vezes, não tem sequer consciência de as estarem seguindo. Embora não mantenha a ilusão de conseguir plenamente nem mesmo isso, ainda tenho a esperança de que o pouco aqui apresentado possa agradar a alguém e encontrar mais tarde alguma aplicação. (BOLZANO, vol. 3, p. 293 apud POLYA, 1944)
Ao analisar a resolução de problemas, no contexto do ensino de Matemática,
cabe reportar à sua origem recente, o século XX. Antes, porém é preciso situar as
fases e teorias em que esteve apoiado o ensino de Matemática, a fim de uma melhor
compreensão do papel e destaque da Resolução de Problemas.
Segundo Lambdin e Walcott (2007), citado em Onuchic e Allevato (2011),
essas fases merecem um olhar detalhado, pois cada uma delas corresponde a um
período em que a educação, em geral, caminhava através de mudanças radicais e
fundamentais e contribuía com práticas novas e inovadoras para a Educação
Matemática.
4 Heurística era o nome de um certo ramo de estudo, não bem delimitado, pertencente à Lógica, à Filosofia
ou à Psicologia, delineado mais raramente apresentado com detalhes, hoje praticamente esquecido.
24
Quadro 2 - Fases da Educação Matemática e as Teorias Psicológicas de Aprendizagem.
Fases Principais Teorias e Teóricos
Foco Como atingir
Exercício e prática (aprox. década de 1920 - 1930)
Conecionismo e Associonismo (Thorndike)
Facilidade com Cálculo
Rotina, memorização de fatos e algoritmos.
Quebrar todo trabalho em séries de pequenos passos.
Aritmética significativa (aprox. décadas de 1930 – 1950)
Teoria de Gestalt (Brownell, Wentheimer, Van Engen, Fehr )
Compreensão de ideias e habilidades aritméticas. Aplicações da matemática em problemas do mundo real.
Ênfase nas relações matemáticas.
Aprendizagem incidental.
Abordagem de atividade orientada.
Matemática Moderna (aprox. década de 1960 – 1970)
Psicologia do desenvolvimento, teoria sociocultural (ex: Piaget Brunner, Dienes)
Compreensão da estrutura da disciplina.
Estudo das estruturas Matemáticas.
Currículo em espiral.
Aprendizagem por descoberta.
Volta às bases (aprox. década de1970)
Retorno ao coneccionismo.
(Retorno à) preocupação com o desenvolvimento do conhecimento e das habilidades.
(Retorno à) aprendizagem de fatos por exercício e prática.
Resolução de Problemas (aprox. década de 1980)
Construtivismo, Psicologia cognitiva e teoria sociocultural (Vygotsky)
Resolução de problemas e processos de pensamentos matemáticos.
Retorno à aprendizagem por descoberta.
Aprendizagem através da resolução de problemas.
Padrões, avaliação, responsabilidade (aprox. década de 1990 até o presente)
Psicologia cognitiva, teoria sociocultural vs renovada ênfase na psicologia experimental. (NCBL)
Guerras matemáticas: preocupação com a alfabetização matemática dos indivíduos vs preocupação com gestão dos sistemas educacionais.
NFS – desenvolvimento de currículos baseados em padrões e orientados ao estudante vs foco na preparação para os testes com expectativas específicas.
Fonte: Lambdin e Walcott (2007, p. 5).
Traduzido por Onuchic e Allevato (2011, p. 77)
25
O quadro 2 mostra que a Resolução de Problemas ganhou destaque a partir
da década de 1980. No entanto, na década de 1940, as ideias de Polya (1944),
considerado o “Pai da Resolução de Problemas”, ganham destaque. Polya ainda
não se preocupava com a resolução de problemas como metodologia de ensino,
mas destacava o papel das heurísticas. Seu livro conhecido como “A arte de
resolver problemas” apresenta uma sequência de quatro fases que o pesquisador
julgou serem aquelas que um resolvedor de problemas executa durante a resolução
de qualquer problema: 1) compreender o problema; 2) estabelecer um plano; 3)
executar o plano; e 4) examinar a solução obtida (POLYA, 1944).
Na década de 1980, nos Estados Unidos, a resolução de problemas passou
a orientar as pesquisas. No entanto, a maneira como era explorada, nas pesquisas
ou em sala de aula, apresentou variações. Schroeder e Lester (1989 apud
ONUCHIC, 1999) identificaram três usos para a resolução de problemas:
Ensinar sobre resolver problemas
Quando um professor trabalha desta forma, sempre vai procurar ressaltar o
modelo de resolução de Polya ou algum tipo de variação deste. Nele, são
apresentadas as quatro etapas:
1ª: compreender o problema;
2ª: criar um plano;
3ª: levar avante esse plano;
4ª: olhar de volta o problema original e verificar a resposta obtida.
Ensinar Matemática para resolver problemas
Ao ensinar a resolver problemas, o foco passa a ser a maneira como a
Matemática é ensinada e as formas de aplicá-la em problemas rotineiros e
problemas não rotineiros. Neste caso, a proposta de aprender Matemática é saber
usar. E, para isso, são apresentados aos alunos muitos exemplos de conceitos e
estruturas matemáticas e, é claro, a oportunidade de resolver muitos problemas com
os conceitos aprendidos.
26
Ensinar Matemática através da resolução de problemas
No final dos anos de 1980, algumas pesquisas passam a questionar o
ensino e as estratégias e modelos, e começam a discutir os aspectos didáticos e
pedagógicos da resolução de problemas. Para Andrade (1998, p.12 apud
ONUCHIC, 1999), a Resolução de Problemas ganha formas de uma metodologia de
ensino, sendo o ponto inicial para a construção do conhecimento matemático. A
partir desse pensamento, os problemas passam a ser formulados de maneira a
contribuir para a formação dos conceitos, mesmo sem uma apresentação formal da
Matemática. As ações são voltadas para os alunos, para que eles possam construir
a Matemática por meio da resolução de problemas.
No momento em que a resolução de problemas possibilita a criação dos
conceitos matemáticos, os problemas deixam de serem apenas exercícios de
fixação e passam a ser o instrumento utilizado para descoberta e construção do
conceito. O aprendizado, desse modo, passa a ser visto como uma extensão do que
é real, sendo considerados as especificidades do conteúdo de problemas, os tipos
de problemas e os métodos de solução.
Apesar das concepções apresentadas, de acordo com Onuchic (1999), é
possível encontrá-las em diversas variações e combinações. Além da teoria, em
sala de aula, o professor pode adotar cada uma delas, em momentos variados, ou
ainda, combinações ou variações dessas concepções.
3.2 A Resolução de Problemas nos Documentos Oficiais
Os documentos oficiais trazem muitas indicações sobre a resolução de
problemas como uma atividade prática, mas também tratam a Resolução de
Problemas como Metodologia de Ensino. Os PCN+5, do Ensino Médio, destacam
que:
A resolução de problemas é peça central para o ensino de Matemática, pois o pensar e o fazer se mobilizam e se desenvolvem quando o indivíduo está engajado ativamente no enfrentamento de desafios. Essa competência não se desenvolve quando propomos apenas exercícios de aplicação dos conceitos e técnicas matemáticos, pois, neste caso, o que está em ação é uma simples transposição analógica: o aluno busca na memória um exercício
5 Parâmetros Curriculares Nacionais.
27
semelhante e desenvolve passos análogos aos daquela situação, o que não garante que seja capaz de utilizar seus conhecimentos em situações diferentes ou mais complexas. (BRASIL, 1999, p. 112).
Nas OCN6 para o Ensino Médio (BRASIL, 2006) existe uma ressalva quanto
ao uso de problemas “fechados”, a de que eles pouco incentivam o desenvolvimento
de habilidades. Em contrapartida os problemas do tipo “aberto” possibilitam que o
aluno adquira procedimentos para resolução de problemas. O documento destaca
também que, em sala de aula, o uso de problemas “abertos” pode transformar a
própria relação entre professor e os alunos e entre os alunos e o conhecimento
matemático. Uma grande vantagem dessa abordagem seria a de que o
conhecimento matemático passa a ser entendido como uma importante ferramenta
para resolver problemas, e não mais como algo a ser cobrado nas avaliações.
As Diretrizes Curriculares da Educação Básica, que norteiam o ensino da
disciplina de Matemática, no estado do Paraná (PARANÁ, 2008), apresentam a
Resolução de Problemas como uma tendência metodológica da Educação
Matemática. Desse modo, o referido documento orienta os profissionais para o uso
desta e de outras metodologias em Educação Matemática ao trabalhar os conteúdos
estruturantes. Sobre a Resolução de Problemas, com base em Schoenfeld (1997), o
documento recomenda que:
O professor deve fazer uso de práticas metodológicas para a resolução de problemas, como exposição oral e resolução de exercícios. Isso torna as aulas mais dinâmicas e não restringe o ensino de Matemática a modelos clássicos. A resolução de problemas possibilita compreender os argumentos matemáticos e ajuda a vê-los como um conhecimento passível de ser aprendido pelos sujeitos do processo de ensino e aprendizagem (PARANÁ, 2008, p.63).
Sobre o papel do professor dentro da Metodologia de Resolução de
Problemas, apoiando-se nos trabalhos de Smolee e Diniz (2001), o documento
destaca que:
Cabe ao professor assegurar um espaço de discussão no qual os alunos pensem sobre os problemas que irão resolver, elaborem uma estratégia, apresentem suas hipóteses e façam o registro da solução encontrada ou de recursos que utilizaram para chegarem ao resultado. Isso favorece a formação do pensamento matemático, livre
6 Orientações Curriculares Nacionais.
28
do apego às regras. O aluno pode lançar mão de recursos como a oralidade, o desenho e outros, até se sentir à vontade para utilizar sinais matemáticos (PARANÁ, 2008, p.63).
As Diretrizes trazem, ainda, as etapas de resolução de um problema
apresentadas por Polya (1944), já tratadas neste texto.
3.2.1 Tipos de Exercícios e de Problemas
Em sala de aula, a apresentação de um problema pode, ou não, motivar os
alunos a resolvê-lo. Muitas vezes, quando o problema, por mais difícil que seja, é
resolvido, uma sensação de alegria toma conta daquele que cumpriu sua tarefa.
Cabe ao professor a tarefa de incentivar os alunos e de selecionar um problema
adequado para a série que está trabalhando.
Ao trabalhar problemas é importante que o professor conheça os diversos
tipos de problemas matemáticos e suas potencialidades. Como já apresentado, na
resolução de problemas não se tem uma estratégia previamente conhecida, como
ocorre ao resolver exercícios. Tal distinção é fundamental ao tratar de exercícios e
problemas.
Dante (2011, p. 30) mostra que é preciso fazer uma clara distinção entre o
que é um exercício e o que é um problema. Exercício, como o próprio nome diz,
serve para exercitar, para praticar determinado algoritmo ou procedimento. O aluno
lê o exercício e extrai as informações necessárias para praticar uma ou mais
habilidades algorítmicas.
Exemplo 1:
Efetue 123 ÷ 3. Ou, na forma de problema-padrão: Divida 123 balas
igualmente entre 3 crianças.
Para ele uma situação-problema ou problema-processo, é a descrição de
uma situação em que se procura algo desconhecido e não se tem previamente
nenhum algoritmo que garanta sua solução. A resolução de um problema-processo
exige certa dose de iniciativa e criatividade aliada ao conhecimento de algumas
estratégias.
29
Exemplo 2:
Foram convidadas 38 crianças para o aniversário de Paulinho. O pai dele
precisa alugar mesas quadradas para fazer uma longa fila, colocando as mesas lado
a lado, uma encostada na outra. Ele quer que cada lado disponível da mesa seja
ocupado por uma única criança. Qual é o menor número possível de mesas que ele
deverá alugar?
Seria agradável um equilíbrio entre o número de exercícios e o de problemas
que são dados a uma classe.
Exercícios de Reconhecimento
Este tipo de exercício usualmente propõe que o resolvedor reconheça ou se
lembre de um fato específico, uma definição ou enunciado de um teorema. A função
principal dos chamados “exercícios de reconhecimento” é testar as definições, casos
básicos, teoremas e assim por diante. Geralmente, esses exercícios são propostos
na forma de verdadeiro ou falso, múltipla escolha, preencha os espaços ou de
comparação.
Exemplos:
1) Dados os números 2, 5, 10, 101, 156 e 213, quais são pares?
2) Qual é o sucessor de 54?
3) Um milhar é equivalente a quantas centena?
Exercícios Algorítmicos
A palavra algoritmo pode ser entendida como um modo de resolução do
problema que se dá parte por parte, sempre como um algoritmo numérico.
Geralmente, nos anos iniciais, são exercícios que pedem a execução dos algoritmos
da adição, subtração, multiplicação e divisão de números naturais. Seu objetivo é
treinar a habilidade em executar um algoritmo e reforçar conhecimentos anteriores.
Exemplos:
1) Calcule o valor de [(15 x 5) ÷ 3] ÷ 2.
2) Efetue:
a) 25 + 82 =
b) 32 x 7 =
30
Problemas – Padrão
A resolução desse tipo de problema apenas envolve a aplicação direta de
um ou mais algoritmos anteriormente. O problema tem sua resolução clara no
enunciado, e a tarefa básica do resolvedor é a de transformar a linguagem usual em
linguagem matemática, identificando as operações ou algoritmos necessários para
resolvê-lo. O objetivo desses problemas é recordar e fixar os fatos básicos, por meio
dos algoritmos das quatro operações fundamentais, e reforçar o vínculo existente
entre essas operações e seu emprego nas situações do dia a dia.
Problemas-padrão simples (resolvidos com uma única operação)
Exemplos:
1) Em uma praça há 17 meninos e 22 meninas brincando. Quantas crianças
estão na praça?
2) Divida igualmente 20 figurinhas entre 4 crianças.
Problemas-padrão compostos (resolvidos com duas ou mais operações)
Exemplos:
1) Gabriel, Heloisa e Renan possuem juntos 90 figurinhas. Sabendo que
Gabriel tem 32 figurinhas e os outros dois possuem quantidades iguais, determine o
número de figurinhas de cada um.
2) Marta tem 7 anos a mais que o triplo da idade de Marina. As duas juntas
têm 55 anos. Qual é a idade de cada uma?
Problemas – Processo ou Heurísticos
Neste tipo de problema cabe ao aluno elaborar um plano, encontrar uma
estratégia de acordo com sua intuição, testá-la e verificar se chegou à solução
correta. Os problemas-processo aguçam a curiosidade do aluno e permitem que ele
desenvolva a criatividade, a iniciativa e o espírito explorador. Esses problemas
possibilitam que o aluno desenvolva estratégias e procedimentos7 para resolver
situações-problema, o que, em muitos casos, é mais importante do que encontrar a
resposta correta. Para chegar a uma resposta válida, o resolvedor usa uma grande
variedade de processos de pensamento.
7 Para Van Del Walle (2009) Estratégias para resolver problemas são métodos identificáveis de abordar uma tarefa. Procedimentos está diretamente ligado a habilidades matemáticas básicas.
31
Exemplo:
Numa reunião de equipe há 7 alunos. Se cada um trocar um aperto de mão
com todos os outros, quantos apertos de mão teremos ao todo?
Problemas de Aplicação
Os problemas de aplicação envolvem situações reais, que acontecem no dia
a dia e necessitam da Matemática para serem resolvidos. Por meio de conceitos,
técnicas e procedimentos matemáticos procura-se matematizar a situação real,
organizando os dados em tabelas, traçando gráficos, fazendo operações, etc.
Geralmente, são problemas que exigem pesquisa e levantamento de dados. São
apresentados, principalmente, em forma de projetos a serem desenvolvidos usando
conhecimentos e princípios oriundos de outras áreas, e cuja resposta se relacione a
algo que desperte interesse.
Para Santos (1997) os problemas de aplicação fornecem ao aluno a
oportunidade de usar uma variedade de habilidades matemáticas, procedimentos,
conceitos e fatos para resolver problemas reais. Esse tipo de problema possibilita
que o aluno perceba a utilidade e a importância da Matemática no cotidiano.
Exemplos:
1) Aumentando-se a base e a altura de um retângulo em 25%, em que
porcentagem aumentará a área?
Problemas de Pesquisa Aberta
Esses problemas não trazem em seu enunciado a estratégia para resolvê-lo,
e isso requer que o aluno encontre um possível caminho. O objetivo mais importante
desse tipo de problema é incentivar a conjecturar, isto é, considerar (algo) como
provável e, com base em indícios, supor, presumir e deduzir. Esses problemas
podem e devem ser utilizados em todos os níveis de ensino.
Seguindo KRULIK (1997, p. 44) um problema extravagante pode atrair os
alunos porque eles não consideram extravagante despertar sua curiosidade
intelectual, e isso pode ocorrer também com jogos matemáticos e quebra-cabeças
que são ricas fontes de problemas de pesquisa aberta.
Exemplo:
32
Dois piratas estavam enterrando seu butim em uma ilha, com a guarda-costeira em perseguição inclemente. Perto da praia havia duas rochas grandes e uma palmeira solitária. Barba-azul A saiu de uma rocha e, caminhando ao longo da reta perpendicular à reta da rocha e a palmeira contou em passos uma distância igual àquela entre a rocha e a palmeira. Barba-azul B fez uma coisa semelhante com relação à outra rocha e à palmeira. Eles então caminharam um em direção ao outro e enterraram o tesouro no meio do caminho. Dois anos mais tarde, os piratas voltaram à ilha para desenterrar o tesouro, mas descobriram que a palmeira não estava mais lá. Como eles poderiam proceder para encontrá-lo? (KRULIK,1997, p.44)
Situações – Problema, Problema Desafio e Problema Quebra-Cabeça
O autor Henry Pollak, professor de Educação Matemática, Ph. D., da
Universidade de Harvard (1951) diz que o melhor a fazer é ao invés de chegar ao
aluno e dizer-lhes: “‘Eis um problema; resolvam-no’, diga-lhes ‘Eis uma situação
pensem nela’”.
Os problemas desafios e problema quebra-cabeça são aqueles que
envolvem e desafiam os alunos. Eles aparecem na chamada “Matemática
recreativa” e solucioná-los depende, quase sempre, de um golpe de sorte ou da
facilidade em perceber algum truque, alguma regularidade, que é a chave da
solução.
Exemplo:
1) (DANTE, 2011, p.31) Felipe e Josué estão colecionando o mesmo tipo de
figurinhas. Felipe já tem 190 figurinhas coladas no álbum e Josué tem
178. Se Felipe conseguir 28 figurinhas fazendo trocas com seus colegas
de escola e Josué conseguir 37:
a) qual dos dois ficará com mais figurinhas no álbum?
b) quantas ele terá a mais que o outro?
c) quantas faltarão ainda para Felipe e Josué se o total de figurinhas do
álbum for 300?
d) quantos pacotes Felipe ainda precisará comprar, se em cada um vêm 2
figurinhas, mas uma é sempre repetida?
e) quanto Felipe gastará se cada pacote custa R$ 0,20?
33
2) (POLYA, 2006, p. 186). Roberto tem 10 bolsos e 44 moedas. Ele quer
colocar as moedas nos bolsos, mas de tal maneira distribuídas que em
cada bolso fique um número diferente de moedas. Será possível
consegui-lo?
Sobre os propósitos de cada um dos tipos de problemas empregados nas
aulas de Matemática, a partir de (CHARLES; LESTER, 1982, p.10 apud SANTOS,
1997), evidencia que:
Exercícios de fixação/reconhecimento: fornecem aos alunos práticas em
usar algoritmos;
Problemas simples/padrão: fornecem aos alunos experiências em traduzir
problemas reais simples e que envolvem só um tipo de cálculo;
Problemas complexos: fornecem aos alunos experiência em resolver
situações-problemas, que traduzem problemas reais e envolvem dois ou mais
cálculos;
Problemas de processo/abertos: exibem aos alunos os processos que são
inerentes em resolução de problemas e no pensamento envolvido na
compreensão dos problemas. Estes problemas servem para desenvolver, nos
alunos, estratégias gerais de entendimento, planejamento e resolução de
problemas assim como avaliação de tentativa para encontrar a solução;
Problemas de aplicação: fornecem aos alunos a oportunidade de usar uma
variedade de habilidades matemáticas, procedimentos, conceitos e fatos para
resolver problemas reais. Levam o aluno a perceber a utilidade e a
importância da Matemática no cotidiano;
Problemas desafio: fornecem ao aluno a oportunidade de engajar-se
potencialmente em atividades de recreação matemática. Estes problemas
chamam a atenção para a importância de utilizar abordagens flexíveis e de
perceber o problema através de várias perspectivas. Ou seja, a importância
de ter um pensamento flexível e olhar o problema por vários ângulos.
3.4 Estratégias em Resolução de Problemas
34
Para Van de Walle (2009), as estratégias para resolver problemas podem
ser descritas como “métodos identificáveis de abordar uma tarefa que é
completamente independente do tópico específico ou assunto temático” (p. 77). As
estratégias estão presentes em todas as fases da resolução de problemas:
compreender o problema, resolver o problema e refletir sobre a resposta e solução.
Os objetivos de se trabalhar e explorar as estratégias na resolução de
problemas, de acordo com Van de Walle (2009) são:
Desenvolver habilidades de análises de problema – desenvolver a habilidade
dos alunos em analisar/compreender um problema desconhecido, encontrar
informações necessárias, descartar as dispensáveis e mostrar com clareza o
objetivo ou meta do problema ou tarefa.
Desenvolver e selecionar estratégias – com o propósito de auxiliar os
estudantes a desenvolver sua própria estratégia de resolução de problemas
estas servindo como ferramenta para uma variedade de contextos de
resolução de problemas.
Justificar as soluções – para auxiliar os alunos em avaliar a validade de suas
respostas.
Estender ou generalizar problemas - incitar nos alunos o desejo de ir além
da solução para os problemas, testar os resultados encontrados em outras
situações ou utilizando para formar regras ou procedimentos gerais.
Ao tratar dos métodos ou estratégias para resolver problemas, Santos
(1997) identificou as seguintes:
Estratégias gerais
Procurar um padrão, regularidade; generalizar
Usar dedução (ou indução)
Trabalhar de trás pra frente
Adivinhar (dar palpites) e testar
Resolver um problema semelhante mais simples
Escrever uma equação (fórmula)
Estratégias de apoio
Reler o problema
35
Procurar palavras e frases-chave
Escrever informações relevantes
Fazer uma lista, tabela ou quadro organizado
Experimentar dados ou dramatizar a situação
Usar números simples
E conclui, dizendo que nas atividades de resolução de problemas é
importante que se apresente um desafio aos alunos para que eles tenham
curiosidade e vontade de resolver a questão.
No momento em que estratégias importantes e úteis são desenvolvidas, elas
devem ser identificadas, destacadas e discutidas. Indicar pelo nome uma estratégia
pode fornecer um meio útil para os estudantes falarem sobre seus métodos e para
fornecer dicas ou sugestões. Elas são importantes antes dos alunos
compreenderem o problema ou durante a fase em que o aluno trabalha, sozinho ou
com companheiros, no problema.
Van de Walle (2009, p. 77) elenca algumas estratégias consideradas por ele
como prováveis de acontecer em problemas matemáticos:
Desenhar uma figura, simular algo, usar um modelo. Esta é a estratégia
de utilizar modelos para ajudar a pensar. Ao “simular algo” pode-se ter
uma real interpretação da situação-problema.
Procurar um padrão. A procura de padrões está no centro de muitas
tarefas de resolução de problemas, especialmente na área do raciocínio
algébrico.
Construir uma tabela ou um quadro. O uso de quadros é normalmente
combinado com a busca de padrões como uma maneira de resolver
problemas ou construir novas ideias.
Encontrar uma forma mais simples do problema. Uma modificação do
problema para uma forma mais simples, buscando maneiras mais fáceis
de compreender e analisar o que se pretende no original.
Experimentar e verificar. O propósito aqui é verificar o que acontece.
Uma maneira de iniciar a investigação para uma tarefa muito difícil. A
reflexão, mesmo sobre uma tentativa falha, pode conduzir a melhores
ideias.
36
Organizar uma lista. Nesta ocasião cabe considerar sistematicamente
todos os possíveis resultados em uma situação, ou mesmo descobrir
quantas possibilidades existe ou verificar se todos os possíveis
resultados foram verificados.
A resolução de problemas, em muitos casos, é deixada em um papel
secundário nos currículos de Matemática, antecedida pelo conteúdo. Por outro lado,
mesmo quando a ênfase da aula é para os problemas, as estratégias de como
resolvê-los são deixadas de lado:
Musser e Shaughnessy sugerem que o currículo deveria se basear mais em estratégias do que em conteúdo, pois os alunos poderiam aprender primeiro muitas estratégias de resolução de problemas envolvendo o conteúdo de uma área em particular – exemplo, matemática –, para só mais tarde então, tomar conhecimento de como essas estratégias se generalizam quando cruzam com as outras áreas de conhecimento, como física, biologia, política e economia. (KRULIK,1997, p.188)
Por fim, tratar da resolução de problemas e de suas estratégias inclui as
formas como os problemas são representados, os significados da linguagem
matemática, as formas como se conjectura, elabora e se raciocina. A partir dessa
compreensão pode se considerar a resolução de problemas como atividade principal
da Matemática.
37
4 METODOLOGIA
Esta seção apresenta a abordagem metodológica utilizada e a justificativa
para sua escolha. Será realizada uma introdução sobre pesquisa qualitativa,
passando para a descrição das etapas, atividades e desenvolvimento do trabalho
proposto.
4.1 Pesquisa Qualitativa
O adjetivo “qualitativo”, para Garnica (2004, p.86), se encaixa
adequadamente às pesquisas que reconhecem:
A transitoriedade de seus resultados; A impossibilidade de uma hipótese a priori, cujo objetivo da pesquisa é
comprovar ou refutar; A não neutralidade do pesquisador que, no processo interpretativo, se
vale de suas perspectivas e filtros vivenciais prévios dos quais não consegue se desvencilhar;
Que a constituição de suas compreensões dá-se não como resultado, mas numa trajetória em que essas mesmas compreensões e também os meios de obtê-la podem ser (re)configurados;
A impossibilidade de estabelecer regulamentações, em procedimentos sistemáticos, prévios, estáticos e generalistas.
Goldenberg (2004, p. 13) afirma que nenhuma pesquisa é controlada em sua
totalidade, com previsões definitivas para começo, meio e fim. Ressalta também que
a pesquisa é um processo em que é impossível prever todas as etapas. Assim, o
pesquisador vivencia um estado de tensão, pois o seu conhecimento é parcial e
limitado.
Os pesquisadores que adotam a abordagem qualitativa em pesquisa se opõem ao pressuposto que defende um modelo único de pesquisa para todas as ciências, baseado no modelo de estudo das ciências da natureza. Estes pesquisadores se recusam a legitimar seus conhecimentos por processos quantificáveis que venham a se transformar em leis e explicações gerais. Afirmam que as ciências sociais têm sua especificidade, que pressupõe uma metodologia própria. (GOLDENBERG, 2004, p. 16).
No caso da presente pesquisa, investigaram-se as possíveis relações entre
as atitudes e as estratégias em resolução de problemas, e a abordagem qualitativa
mostrou-se mais adequada por possibilitar compreensões sobre como tais objetos
se relacionam. A pesquisa e os instrumentos aplicados aos alunos buscaram
38
encontrar possíveis relações entre as atitudes e as estratégias. Seria interessante se
apenas as atitudes dos alunos em relação à matemática fossem captadas nessa
pesquisa, mas a presença do professor em sala de aula pode de alguma forma
influenciar nessa atitude.
Sobre os tipos de dados trabalhados pela pesquisa qualitativa, podem ser
encontrados, essencialmente, os dados verbais e os dados visuais. No primeiro
caso, os dados são coletados através de entrevistas ou como narrativas. E no
segundo, os dados resultam de aplicações de diversos métodos observacionais que
vão da observação participante à etnografia8 e à análise de fotografias e filmes,
dentre outros.
4.2 Estudo de Caso
O estudo de caso como modalidade de pesquisa pode ser entendido como
sendo:
(...) uma investigação que se assume como particularística, isto é, que se debruça deliberadamente sobre uma situação específica que se supõe ser única ou especial, pelo menos em certos aspectos, procurando descobrir a que há nela de mais essencial e característico e, desse modo, contribuir para a compreensão global de um certo fenômeno de interesse. (PONTE, 2006, p.2)
Desse modo, buscando-se conhecer melhor o fenômeno estudado, o estudo
de caso possibilita uma análise particular adentrando na realidade investigada. A
opção por essa modalidade de pesquisa também se deu por compreender que:
O estudo de caso reúne o maior número de informações detalhadas, por meio de diferentes técnicas de pesquisa, com o objetivo de apreender a totalidade de uma situação e descrever a complexidade de um caso concreto, através de um mergulho profundo em um objeto delimitado, o estudo de caso possibilita a penetração na realidade social, não conseguida pela análise estatística. (GOLDENBERG, 2004, p. 33).
As etapas ou fases, a serem percorridas ao longo da pesquisa, podem ser
entendidas e apoiadas em Gil (1995). Para o referido autor “o estudo de caso não
aceita um roteiro rígido, mas é possível definir quatro fases que mostra seu
8 Etnografia é inerente a qualquer aspecto da Antropologia Cultural, que estuda os processos da interação
social: os conhecimentos, as ideias, técnicas, habilidades, normas de comportamento e hábitos adquiridos na vida social de um povo.
39
delineamento: delimitação da unidade-caso; coleta de dados; seleção, análise e
interpretação dos dados e elaboração do relatório” (GIL, 1995, p. 58).
Nesse sentido, a presente pesquisa foi realizada em uma turma do Ensino
Normal, na Cidade de Cornélio Procópio. As atividades desenvolvidas buscaram
melhor compreender as relações entre as atitudes e as estratégias em resolução de
problemas. Para isso, o estudo de caso mostrou-se como uma possibilidade no
levantamento das estratégias utilizadas por sujeitos que serão selecionados a partir
de suas atitudes em relação à Matemática.
A presente pesquisa tratou-se de um estudo de caso, pois considerou uma
sala de aula e sua realidade como investigação. Assim, verificou-se como (e se) as
atitudes dos alunos em relação à Matemática influenciam suas estratégias em
resolução de problemas.
4.3 Procedimentos
A pesquisa teve como participantes alunos de um Colégio que oferece
Ensino Normal, situado na Cidade de Cornélio Procópio. A turma era composta por
25 alunos, e participaram desta pesquisa 19 alunos.
Na presente pesquisa, os seguintes instrumentos foram utilizados:
1. Questionário informativo sobre a vida escolar e opiniões dos
estudantes sobre a Matemática e as atividades desenvolvidas na
disciplina. Este instrumento, composto por 13 (treze) questões foi
adaptado do questionário proposto por Brito (1996). (ANEXO A).
2. Escala de Atitudes em relação à Matemática (adaptada e validada
por Brito, 1996) do tipo likert de 4 pontos, composta por 21 questões.
A última afirmação não faz parte da escala original proposta por
AIKEN e DREGER (1961) e AIKEN (1963), mas foi acrescentada por
Brito (1996) com o objetivo de analisar a auto percepção do aluno a
respeito de seu desempenho em matemática. (ANEXO B). Dez
proposições referem-se às atitudes negativas e dez às atitudes
positivas. A pontuação máxima da escala é 80 pontos, atribuídos
conforme o seguinte critério:
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Para as proposições que se referem às atitudes positivas
(3, 4, 5, 9, 11, 14, 15, 18, 19, 20):
Concordo totalmente - 4 pontos
Concordo - 3 pontos
Discordo - 2 pontos
Discordo totalmente - 1 ponto
Para as proposições que se referem às atitudes negativas (1,2,6,7, 8,
10, 12, 13, 16, 17, 21):
Discordo totalmente - 4 pontos
Discordo - 3 pontos
Concordo - 2 pontos
Concordo totalmente - 1 ponto
A pontuação na escala de atitudes foi feita por meio dos procedimentos
descritos por Brito (1998). De acordo com a autora, os resultados variam de 20 a 80
pontos. Ao ser calculada a média dos sujeitos, as pontuações abaixo desse valor
são consideradas atitudes negativas e as pontuações acima, são atitudes positivas
em relação à matemática.
3. Prova de Matemática, composta por 7 (sete) problemas. O objetivo
para a aplicação deste instrumento é o de levantar as diferentes
estratégias utilizadas pelos participantes ao resolver problemas. Esta
prova foi elaborada a partir dos conteúdos estruturantes das Diretrizes
Curriculares do Paraná (PARANÁ, 2008). (ANEXO C).
Após a aplicação desses instrumentos foi realizada uma análise dos
questionários e das provas. Em seguida, foram selecionados seis alunos: 2 (dois)
com atitudes positivas, 2 (dois) com atitudes negativas e 2 (dois) com pontuação
próxima à média dos sujeitos participantes da pesquisa, para uma etapa em que as
estratégias utilizadas na prova foram discutidas em um “Pensar em voz alta”. Neste
momento, o aluno foi convidado a resolver sua prova novamente, explicando em voz
alta como pensou. O pesquisador inferiu, quando necessário, fazendo questões para
melhor compreender o que estava sendo feito pelo aluno.
41
A partir desses resultados investigou-se como (e se) as atitudes em relação
à Matemática dos alunos influenciam nas estratégias utilizadas para a resolução dos
problemas propostos.
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5 ANÁLISES DOS DADOS
5.1 Descrições dos participantes
No dia programado para aplicação dos questionários e das provas, apenas
19 alunos estavam presentes em sala de aula. Algumas características como idade,
se o participante já foi reprovado ou não, disciplina que mais gosta, a que menos
aprecia e atitudes em relação à matemática serão apresentadas a seguir.
Em relação à idade dos alunos, a figura 1 indica que a maioria dos
participantes tem entre 16 e 17 anos:
Figura 1 – Distribuição dos alunos quanto as suas idades
De acordo com informações do questionário individual respondido pelos
alunos, verificou-se que apenas um sujeito do sexo masculino estuda nesta sala.
Em relação às questões referentes à vida escolar de cada aluno, sobre se
ele já havia ou não sido reprovado, identificou-se que a maioria dos alunos já foram
reprovados, conforme figura 2:
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Figura 2 – Reprovação ao longo da vida escolar
Em relação às disciplinas preferidas pelos alunos, Química foi a mais citada,
(seis alunos), seguida pela disciplina Concepções Norteadoras da Educação
Especial, que faz parte do currículo de formação de docentes, (citada por três
alunos). Quando solicitado que os participantes assinalassem a matéria que menos
gostavam, a mais citada foi Matemática, por nove alunos.
Em outra questão foi proposto para que o aluno, caso ele tivesse
possibilidade, retirasse uma disciplina. Foram citadas três vezes Matemática e
Biologia, e três alunos afirmaram que não retirariam nenhuma disciplina. Pode-se
notar que, mesmo os alunos não apreciando algumas matérias como, Matemática,
eles possuem a consciência de que esta é uma disciplina importante no currículo
escolar.
Outra questão solicitava que o aluno indicasse o conteúdo matemático que
ele mais gostou de estudar e o que menos havia gostado. Entre os preferidos foram
indicados fração, por cinco alunos, seguido pelo conteúdo de equação do primeiro
grau e equação do segundo grau, citados por quatro alunos cada. Entre os
conteúdos matemáticos que os alunos menos gostam, destacam-se duas respostas:
um dos participantes afirmou “todos, não gosto de Matemática.” e, outro, “todos, pois
não entendo nada do que o professor passa pra gente.”
44
5.2 As atitudes em Relação à Matemática dos participantes
Nessa seção, realizar-se-á uma análise dos resultados obtidos na Escala de
Atitudes em Relação à Matemática. O quadro 3 apresenta um panorama das
atitudes em relação à Matemática dos sujeitos que participaram da pesquisa:
Quadro 3 – Resultados apresentados pelos alunos na escala de Atitudes em Relação à Matemática
Fonte: dados da pesquisa
*Alunos que participaram da entrevista “Pensar em voz alta”
A pontuação da escala de atitudes variou de 27 a 71 pontos, com uma
média de 45,58 pontos e desvio padrão de 12,64 pontos, numa escala de 20 a 80
pontos, conforme figura 3:
Alunos Pontuação na Escala Classificação
A 1* 55 Positiva
A 2 65 Positiva
A 3* 70 Positiva
A 4 52 Positiva
A 5 37 Negativa
A 6 41 Negativa
A 7* 48 Positiva
A 8 36 Negativa
A 9 36 Negativa
A 10* 71 Positiva
A 11 38 Negativa
A 12 40 Negativa
A 13* 29 Negativa
A 14 50 Positiva
A 15 38 Negativa
A 16 45 Negativa
A 17 49 Positiva
A 18* 27 Negativa
A 19 39 Negativa
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Figura 3 – Distribuição da pontuação das atitudes dos participantes.
A distribuição da pontuação das atitudes é um modo mais compacto de
apresentar os dados divididos em intervalos de classe. Esse tipo de gráfico é
geralmente utilizado na apresentação de dados qualitativos. O diagrama de caixa
(ou box plot) apresenta três quartis, o mínimo e o máximo dos dados em uma caixa
retangular e o segundo quartil indica a mediana.
Segundo Montgomery (2000, p. 20) os diagramas de caixas são muito úteis
em comparações gráficas entre conjuntos de dados, uma vez que têm alto impacto
visual e são fáceis de entender.
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Figura 4 - Box Plot com a distribuição da pontuação das atitudes dos participantes.
A partir da análise das atitudes em relação à matemática deste grupo de
participantes, pode-se afirmar que as atitudes dos sujeitos pesquisados tendem a
ser negativas. Essas atitudes foram construídas ao longo da escolaridade desses
alunos, mas a influência do professor é um fator que aparece nas respostas dos
participantes quando, por exemplo, um deles diz que “não entende nada do que o
professor da sala de aula diz”.
5.3 Análises das estratégias utilizadas na Prova de Matemática 9
Nesta seção será realizada uma análise dos resultados obtidos nas provas
aplicadas aos alunos, buscando identificar as principais estratégias encontradas nas
provas e no momento do pensar em voz alta. As estratégias para resolução de
problemas serão analisadas à luz dos autores Van de Walle (2009) e Santos (1997).
9 Para esta análise de dados, o problema 6 não será considerado devido a um erro de impressão da prova.
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Cada uma das estratégias utilizadas será considerada dentro do seguinte
contexto: como o aluno compreendeu o problema, se resolveu o problema e se
parou para refletir sobre a resposta e solução.
A pesquisadora indicou algumas respostas esperadas previamente e
possíveis estratégias que poderiam ser utilizadas pelos alunos. A prova de
matemática foi composta por problemas abertos e o aluno poderia utilizar de
diferentes estratégias para chegar à resposta.
PROBLEMA 1 (Problema das cédulas):
No meu bolso tenho cédulas de R$ 10, R$ 20 e R$ 50. Que quantia poderei obter,
ao retirar:
a) duas cédulas? b) três cédulas?
Para resolver o problema e obter as respostas esperadas, o aluno deveria
considerar que tem 3 (três) cédulas no bolso:
a) Caso retire duas cédulas do bolso, teria os possíveis valores:
Retirando uma nota de R$ 10,00 e uma nota de R$ 20,00, a soma seria de
R$ 30,00.
Retirando uma nota de R$ 10,00 e uma nota de R$ 50,00, obteria R$ 60,00.
Retirando uma nota de R$ 20,00 e uma nota de R$ 50,00, teria a soma de
R$ 70,00.
As estratégias utilizadas poderiam ser variadas: esquemas, escrita do
raciocínio utilizado, dedução ou indicação das contas de adição realizadas.
b) Para este caso, as três cédulas são retiradas do bolso e se teria apenas uma
possibilidade, obtida pela adição dos valores das três notas, que seria R$
80,00.
Antes de apresentar as estratégias encontradas neste problema, é
necessário relatar a forma com que os alunos interpretaram e responderam o
problema. Quando questionados sobre “que quantia poderei obter ao retirar: a) duas
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cédulas? e b) três cédulas?”, os alunos pesquisados consideraram que, ao retirar
uma determinada cédula, ela deveria ser excluída, sobrando as demais notas que
estavam dentro do bolso e, assim, o valor que sobrava dentro do bolso seria a
resposta desejada. Ao analisar os registros, pode-se ver que esse equívoco na
interpretação do problema interferiu diretamente em sua resposta final.
Possivelmente esse equívoco esteja relacionado à palavra “retirar” como
sinônimo de “tirar”, e que reporta a uma subtração. Nesse caso, a interpretação do
problema não foi satisfatória e, com isso, os alunos executaram planos que não
conduziram à resposta esperada. A ação desejada seria semelhante a realizada em
uma urna quando se retira determinadas bolas e se verifica os valores obtidos.
Dessa forma, apenas quando questionados sobre o sentido da palavra
“retirar”, os alunos deram uma nova interpretação ao problema. Isso aconteceu,
quase todas as vezes, no pensar em voz alta, em que os alunos passaram a pensar
nos valores das cédulas que estariam na mão quando retiradas duas ou três cédulas
do bolso.
O quadro 4 apresenta um panorama dos tipos de estratégias utilizadas e dos
resultados obtidos:
Quadro 4 – Resultados gerais apresentados pelos alunos pesquisados no problema 1
Problema 1 Número de alunos
A – Problema com estratégia que leva ao resultado correto 6
B – Problema sem resposta 0
C – Problema com estratégia equivocada 10
D – Problema em branco 1
E – Não entendi 2
Fonte: dados da pesquisa
O problema 1, foi abordado pelos alunos que preferiram em sua maioria
utilizar da dedução, utilizando os dados fornecidos no problema e, a partir de suas
interpretações, busca-se a resolução do problema dado.
A resolução do aluno identificado como A8 com atitude negativa, seguiu o
modelo de resolução muito próximo ao que foi apresentado como um possível
caminho:
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Figura 5 - Estratégia utilizada pelo Aluno A8 no problema 1.
Fonte: dados da pesquisa
O aluno A1 apresentou atitudes positivas, pensou nas cédulas que restaram
dentro do bolso, conforme apresentado anteriormente:
Figura 6 - Estratégia utilizada pelo Aluno A1 no problema 1
Fonte: dados da pesquisa
Durante o “pensar em voz alta”, o aluno A1 resolveu novamente o problema
1. A primeira resolução se deu da forma apresentada acima, e ao ser questionado
pela pesquisadora, ele altera sua resposta a partir do modo de interpretar o
problema:
P: Ó, eu tenho no meu bolso três notas é esse mesmo problema uma nota de 10 uma nota de 20 e uma nota de 50, e aí eu tô tirando do bolso pra saber qual que é a possibilidade de eu ter na mão muda o jeito de pensar? A1: Muda... porque vai sair nota diferente eu olhado vou querer tirar a de 50! P: Quando eu tenho três notas, eu vou tirar 3 notas, eu só tenho 3 notas tirei as 3 quanto que eu fico na mão? A1: Na mão, eu fico com 80. P: Beleza! Então, eu só tenho uma possibilidade, né? A1: É! P: Porque eu já tirei tudo. E se eu tirar duas notas quantas possibilidades eu tenho? A1: É... tem possibilidade de ficar com 30 e tem 3 possibilidades... daí é 30, 60 e 70, né?
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PROBLEMA 2 (Problema de Álgebra):
Como parte de seu programa de ginástica, Beto decidiu fazer abdominais toda
manhã. Em 1º de abril ele fez apenas uma; no dia 2 de abril fez três abdominais; no
dia 3 de abril ele fez cinco e no dia 4 de abril fez sete. Suponha que Beto tenha
continuado a aumentar o número de abdominais a cada dia, seguindo esse padrão
durante todo o mês de abril.
Responda:
a) Quantas abdominais ele fez no dia 15 de abril?
b) Quantas abdominais ele fez até o dia 15 de abril?
c) Quantos abdominais ele fez no dia 30 de abril?
Fonte: Krulik e Rudnick (2005), Tradução de Problem-Driven Math – Applying the
Mathematics Beyond Solutions.
Para chegar à resposta esperada, o aluno poderia buscar estratégias
diversas. Ele poderia montar uma tabela, ir somando os valores ou usando outros
recursos desejados. Ele deveria responder no item (a) que Beto fez, no dia 15, 29
abdominais. No item (b) a resposta é que Beto fez até o dia 15, 225 abdominais.
Poderia utilizar conhecimentos de Progressão Aritmética, caso lembrasse, fazendo a
soma dos termos, iniciando-se com o primeiro elemento com valor 1(um) e razão 2
(dois). No item (c), a resposta é que