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1Pós graduando em Acupuntura.

Auriculoterapia no tratamento do torcicolo

Jackson Pacheco dos Santos1

[email protected]

Pós-graduação em Acupuntura – Faculdade Ávila

Resumo

A Auriculoterapia é uma ramo da Acupuntura utilizado para o tratamento de diversas

enfermidades, tais como o torcicolo que é caracterizado por um enrijecimento muscular na

área do pescoço. Existem diversos fatores que ocasionam o torcicolo como postura

inadequada, traumatismos, movimento brusco, tensão e exposição ao frio. O tratamento

realizado através da Auriculoterapia consiste na inserção de pequenas agulhas em pontos

específicos localizados na região da orelha. O objetivo dessa pesquisa foi demonstrar que

existem alguns pontos no pavilhão auricular que podem ser utilizados para tratar essa

patologia. A metodologia utilizada foi de levantamento de referencial teórico, para fazer uma

revisão bibliográfica do tratamento do torcicolo através da Auriculoterapia. O presente

estudo demonstrou que a auriculoterapia é eficaz para tratar as dores musculares na região

do pescoço ocasionadas pela má posição da cabeça, pois promove a melhora no quadro de

dor.

Palavras-chave: Auriculopuntura; contratura muscular; inserção de agulhas.

1. Introdução

A acupuntura é uma técnica oriunda da China que tem a finalidade de diagnosticar doenças e

promover a cura pela estimulação da força de autocura do corpo, através da inserção de

agulhas.

A Acupuntura é um dos recursos terapêuticos da Medicina Oriental que consiste na inserção

indolor de agulhas de diversos tipos, geralmente muito finas, em pontos específicos da pele

com intenção de estimular pontos cutâneos onde emergem os nervos periféricos. Regulando o

equilíbrio do organismo e aumentando a resistência corpórea, a acupuntura reduz ao mínimo a

necessidade de medicamentos e é muito potente no combate a dor. A Acupuntura tem

inúmeras possibilidades de aplicações; é útil em qualquer patologia, não importando sua

localização, pode ser realizada em adultos e crianças e pode ainda ser facilmente associada a

outras modalidades terapêuticas. Em virtude de patologias como o torcicolo assolarem

inúmeras pessoas, causando desconforto, dificuldade de executar um trabalho, pelas dores

causadas, esta pesquisa tem o objetivo de demonstrar a eficácia da Auriculoterapia, uma das

modalidades da Acupuntura, no tratamento dessa patologia, bem como indicar os métodos de

aplicação existentes e os pontos auriculares utilizados. Daí a importância de estudar métodos

alternativos para o combate de patologias.

A Auriculoterapia é eficaz no tratamento de todos os tipos de torcicolo?

Auriculoterapia é um ramo da acupuntura destinado ao tratamento das enfermidades físicas e

mentais através de estímulos de pontos situados no pavilhão auricular.

Auriculoterapia é uma técnica de acupuntura em que se usa o pavilhão auricular para efetuar

estímulos aproveitando o reflexo que a aurícula exerce sobre o Sistema Nervoso Central.

Cada orelha tem pontos de reflexo que correspondem aos órgãos e funções do corpo. Todos

os órgãos e vísceras têm seu lugar próprio no pavilhão auricular. Ao se efetuar a estimulação

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desses pontos, o cérebro recebe um impulso que desencadeia uma série de fenômenos físicos,

relacionados com a área do corpo, produzindo equilíbrio.

A auriculoterapia é utilizada como tratamento para quase todas as patologias, pois tem o

corpo inteiro nela representado.

A aplicação de auriculoterapia no tratamento de torcicolo tem eficácia de 95%.

O torcicolo é um distúrbio do pescoço caracterizado pelo enrijecimento dos músculos dessa

região, fazendo com que os movimentos da cabeça se tornem muito dolorosos e limitados.

Existem três tipos de torcicolo o repentino, o congênito e o espasmódico.

A forma mais conhecida de torcicolo ocorre por contratura muscular. A contratura pode ser

ocasionada por má postura, má posição ao dormir, tensão ou por um movimento brusco.

Os pontos auriculares indicados para o tratamento de torcicolo são shenmem, fígado,

relaxamento muscular, baço, pescoço, região cervical, suprarenal ou adrenal.

2. Acupuntura

2.1. Conceito

Segundo Ma (2006, XXI), a acupuntura é uma terapia fisiológica vinculada ao cérebro, uma

vez que corresponde à estimulação dos nervos sensoriais periféricos pela inserção de agulhas

por via manual ou elétrica. A finalidade da acupuntura não é tratar a especificidade de um

sintoma patológico, mas normalizar a homeostase fisiológica e promover autocura.

A acupuntura é uma técnica, cuja finalidade é diagnosticar doenças e promover a cura pela

estimulação da força de autocura do corpo. Pela inserção de agulhas de acupuntura auxilia-se

o corpo na correção de si próprio, pelo realinhamento e redirecionamento da energia o que

contribui para a saúde do organismo (Figura 1). A acupuntura é um dos aspectos da Medicina

Tradicional Chinesa, que inclui ervas, dietas, massagem e exercícios. Todas essas técnicas são

desenvolvidas com base no princípio da indissociabilidade do corpo com o ambiente, das

relações intrínsecas entre o microcosmo e o universo, permeado com a mesma energia

(KUREBAYASHI; FREITAS; OGUISS).

Figura 1. Aplicação de acupuntura.

Para a incorporação da acupuntura como procedimento médico eficaz para controle da dor e

reabilitação de traumatismo, os profissionais da saúde precisam ter a conhecimento básico dos

mecanismos da inserção de agulhas (MA; 2006, p. 31).

A acupuntura é uma terapia singular porque usa agulhas muito finas para inocular

“traumatismos” intrusivos mínimos, ou lesões, nos tecidos, estimulando muitos mecanismos

de sobrevivência do corpo. A inserção da agulha de acupuntura e as lesões assim induzidas

ativam os mecanismos de autocura, os quais incluem restauração da homeostase, facilitação

dos mecanismos de reparo (como reação antiinflamatória e regeneração tecidual) e modulação

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da dor. Depois de se removerem as agulhas, as lesões induzidas continuam a estimular o

corpo até cicatrizarem. A cicatrização dessas lesões normalmente dura dois dias, embora

alguns pacientes sintam a estimulação da lesão por até uma semana (MA; 2006, p. 31).

Cada um de nós tem um potencial de autocura diferente que muda de acordo como tratamos

de nossa saúde. Entretanto, a eficácia da acupuntura vai depender (1) do estado do potencial

de autocura do corpo e (2) da capacidade potencial de cura dos sintomas, destarte esse é o

motivo por que diversos paciente respondem de maneiras diferentes ao mesmo tratamento

com acupuntura (MA; 2006, p. 32).

A acupuntura pode ser aplicada em condições de dor aguda ou crônica, afecções neurológicas,

ortopédicas, fisiátricas, reumatológicas, gineco-obstétricas e em áreas de clínica geral e

cirúrgica (KUREBAYASHI; FREITAS; OGUISS).

A seleção dos pontos de acupuntura (Figura 2) é um dos fatores decisivos da terapia e a

experiência acumulada pelos acupunturistas chineses em tempos remotos e atuais é

importante para o sucesso de sua prática (COSTA).

Figura 2. Pontos de acupuntura.

3. Auriculoterapia

3.1. Generalidades

A auriculoterapia também chamada de auriculopuntura ou terapia auricular é uma técnica de

acupuntura. Provavelmente é um dos métodos terapêuticos mais antigos já aplicados na

China, cerca de 3.000 anos a.C. É uma técnica integrante da Medicina Tradicional Chinesa,

mas também usada por outras culturas antigas, em particular pelos egípcios (PORTAL

EDUCAÇÃO).

Auriculoterapia é um ramo da acupuntura destinado ao tratamento das enfermidades físicas e

mentais através de estímulos de pontos situados no pavilhão auricular (Figura 3). Cada orelha

tem pontos de reflexos que correspondem a todos os órgãos e funções do corpo. Ao se efetuar

a sensibilização desses pontos por agulhas de acupuntura, o cérebro recebe um impulso que

desencadeia uma série de fenômenos físicos, relacionados com a área do corpo, produzindo a

cura (SOUZA; 2007, p. 29).

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Figura 3. Pontos auriculares.

A terapia auricular quando associada com a técnica de acupuntura, obtém-se a dinamização

do processo de equilíbrio e a cura. O uso da auriculoterapia é compatível com todas as demais

formas de tratamento. Não apresenta efeitos colaterais, desde que o diagnóstico seja correto e

os programas de tratamento bem dimensionados (SOUZA; 2007, p. 29).

3.2. Indicações

A auriculoterapia pode ser usada em todos os tipos de problemas físicos e psíquicos,

abrangendo uma vasta relação de tratamentos. Tendo como fundamento o reflexo direto sobre

o cérebro e, através deste, sobre todo o organismo, ela é um método completo de terapia. Seu

uso associado a outras terapias, dinamiza os efeitos benéficos de qualquer tratamento

(SOUZA; 2007, p. 35).

A auriculoterapia é um ramo da acupuntura, no entanto é um sistema independente e a

aplicação atual da técnica não se restringe apenas ao tratamento das enfermidades através dos

pontos auriculares. Este microsistema também tem se desenvolvido em relação ao diagnóstico

em muitas patologias (PORTAL EDUCAÇÃO).

Cerca de 200 enfermidades podem ser tratadas pela auriculoterapia, enfermidades de caráter

funcional, de caráter neurótico e psicótico: cefaléias, neurastenia, insônia, depressão,

ansiedade, sintomas neurológicos etc. Pode-se tratar também enfermidades de caráter

estrutural como cervicalgias, dores lombares e das pernas, ciatalgias, dismenorréias,

dispepsias, úlceras gástricas e duodenais, enfermidades cardiovasculares, hipertensão arterial,

dependências como alcoolismo, drogas, tabagismo, tratamento para a beleza e anti-

envelhecimento. No tratamento e diagnóstico através do pavilhão auricular não só são

utilizados os pontos da face anterior, como vários novos pontos descobertos no dorso da

orelha (PORTAL EDUCAÇÃO).

A técnica de auriculoterapia é mais simples que a da acupuntura sistêmica. A concentração

dos pontos, no pavilhão auricular, obedece, entretanto, às leis seculares. A quase totalidade

dos pontos leva a denominação do órgão ou região do corpo sobre o qual tem efeitos reflexos

(Figura 4). Além dos efeitos curativos imediatos, tem efeitos preventivos, dando ao

organismo energia suficiente para impedir enfermidades (SOUZA; 2007, p. 35).

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Figura 4. Pontos de auriculoterapia no pavilhão auricular.

A auriculoterapia pode ser feita com agulhas comuns de acupuntura (Figura 5), não

importando o comprimento delas (SOUZA; 2007, p. 35).

Figura 5. Auriculoterapia com agulhas comuns de acunpuntura.

A auriculoterapia pode ser aplicada em pacientes de qualquer idade ou estado físico, a

qualquer hora do dia ou da noite. As sessões podem ter a mesma duração da acupuntura

sistêmica, ou seja, de 30 a 60 minutos. Não convém reduzir o tempo de aplicação para menos

de 20 minutos (SOUZA; 2007, p. 45).

A estimulação da auriculoterapia age nos órgãos correspondentes, auxiliando-os a encontrar o

seu normal funcionamento. Por sua vez, a orelha é composta por tecido cartilaginoso onde

circulam numerosos nervos importantes, os quais atuam como condutores, recebendo e

emitindo informação sensorial importante (PORTAL EDUCAÇÃO).

O estímulo auricular por agulhas procura tonificar ou sedar os órgãos e regiões do corpo

(Figura 6). Usa-se a tonificação, quando houver manifestação de deficiências, fraquezas,

hipofunções, falta de energia, etc. A sedação diminui a atividade, reduz a função, seda dores,

febres, etc. Deve-se procurar estimular durante pouco tempo (1 a 3 minutos, no máximo),

repetindo-se a manipulação após pequeno intervalo (SOUZA; 2007, p. 45).

Figura 6. Aplicação de agulha de auriculoterapia.

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3.3. Aplicabilidade

A orelha é um microssistema, é uma pequena região do corpo que tem projetado todo o corpo

nela de maneira reflexa, ou seja, quando estimulado um ponto/região dentro do microssistema

acontece algo em outra região do corpo (NISHIDA).

Muitos profissionais atuam exclusivamente com a auriculoterapia e alcançam excelentes

resultados. A auriculoterapia também que pode ser aplicada como complemento para qualquer

profissional da área da saúde (NISHIDA).

Essa técnica é reconhecida, desde 1990, pela Organização Mundial de Saúde a auriculoterapia

sendo indicada para dores e problemas funcionais (NISHIDA).

Abaixo segue alguns tratamentos que a auriculoterapia é muito eficaz:

Quadro 1. Porcentagem de eficácia da auriculoterapia nas patologias.

Fonte: http://www.mapaauricular.com.br/tratamentos.html

4. Torcicolo

O torcicolo é um distúrbio muscular do pescoço caracterizado pelo enrijecimento dessa área,

ocasionando limitação e dores ao realizar os movimentos da cabeça (Figura 7).

O torcicolo é causa de dores intensas e é geralmente tratado com o repouso. No entanto, há

casos em que pode exigir intervenção cirúrgica.

Acne 95%

Rinite Alérgica 95%

Dores em geral (All Pains) 90%

Bronquite 85%

Síndrome do túnel do carpo 80%

Cervicalgia 85%

Constipação 85%

Diarréia 85%

Vício em Drogas 75%

Depressão 90%

Edema 80%

Esofagite 98%

Gastrite 92%

Hemorróida 90%

Dor de cabeça 90%

Hipertensão 75%

Periartride de ombro 90%

Nevralgia ciática 90%

Torcicolo 95%

Disfunção na ATM (articulação têmporo

mandibular 90%

Epicondilite lateral (cotovelo de tenista) 90%

Neuralgia do Trigêmeo 90%

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Figura 7. Áreas afetadas que causam torcicolo.

O torcicolo está associado à contratura do músculo esternocleidomastoideo - músculo que liga

o osso esterno e a clavícula (na parte anterior do pescoço) ao processo mastóide na região

lateral da nuca (Figura 8.) (VERRI).

Fig. 8. Contratura do músculo esternocleidomastoideo.

A forma mais conhecida de torcicolo ocorre por contratura muscular que pode ser ocasionada

por má postura, má posição ao dormir, tensão ou por um movimento brusco. Nesse caso,

outros músculos podem estar envolvidos como o trapézio (localizado, atrás do pescoço) ou os

escalenos (localizados na lateral do pescoço) (VERRI).

Em formas mais intensas de torcicolo, pode haver comprometimento dos nervos que saem da

coluna cervical e vão para os braços. Isso pode causar alterações de sensibilidade ou

distúrbios motores nos braços. Normalmente, essas alterações são reversíveis (VERRI).

Existe uma artéria que, em seu trajeto, atravessa a coluna cervical. Dependendo do grau de

tensão na região, pode haver diminuição do fluxo de sangue causando sintomas como dor de

cabeça, zumbido no ouvido ou tonturas (VERRI).

4.1. Tipos Repentino: decorrente de uma contratura muscular, que pode ser resultado de uma má

postura do pescoço, um movimento brusco, tensão, exposição ao frio ou má posição ao

dormir (TORCICOLO).

É a forma mais comum de torcicolo caracterizada por espasmos musculares constantes no

pescoço (Figura 9). Ela aparece em um amplo espectro da população de crianças para

adultos. Torcicolo adquirida é causada por manter os músculos em posições encurtada por

um período prolongado. A forma aguda pode manifestar-se como resultado de uma cabeça ou

lesão no pescoço, como chicote ou concussão, em que os sintomas podem aparecer

imediatamente ou ser adiada. Pontos-gatilho miofasciais são outro fator que quer levar à

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condição ou perpetuá-la. A condição aparentemente parece "overnight", quando, por

exemplo, uma pessoa tenha dormido com seu pescoço em uma posição desconfortável ou um

projecto de frio em seus músculos do pescoço. Outras atividades susceptíveis de produzir

adquiridos torcicolo incluem a realização de telefone entre a cabeça e o ombro, ou tocar um

instrumento, como o violino, por longos períodos (AMATO).

Figura 9. Torcicolo.

Torcicolo adquirida não é grave e sintomas geralmente desaparecem dentro de algumas

semanas. Esta condição também responde bem a massagem, entretanto, o cuidado deve ser

usado no tratamento, pois os músculos são frequentemente dolorosas do espasmo e

desencadear atividade ponto. A fim de afastar mais graves distúrbios neurológicos ou

estrutural, é uma idéia sensata para que o cliente avaliado por outro profissional de saúde

antes do tratamento (AMATO).

Congênito: existem bebês que nascem com o problema, É uma síndrome caracterizada pela

posição viciosa da cabeça, ou seja, desvio contralateral da cabeça, e aparecimento progressivo

de assimetrias facial e craniana (Figura 10). É decorrente da ruptura e fibrose do músculo

esternocleidomastóideo (Figura 11) ocorridas intra-útero ou durante o parto (ABREU).

Caso não ocorra um tratamento adequado (fisioterapia), a criança pode crescer com inclinação

homolateral e rotação contralateral da cabeça. Algumas causas de torcicolo em crianças

podem ser o desequilíbrio dos músculos oculares e as deformidades musculares ou ósseas da

porção superior da coluna vertebral (TORCICOLO).

Figura 10. Torcicolo congênito. (A) A contratura do músculo esternocleidomastóideu aproxima a nuca do ombro

homolateral e aponta o queixo para o lado contralateral. (B) Exercício de estiramento passivo a ser repetido

várias vezes ao dia. Nota-se o nódulo cicatricial no músculo.

Sua incidência é de 0,4% na população mundial. É mais freqüente nos partos de apresentação

pélvica (20%) (ABREU).

O tratamento pode ser clínico através de estimulação luminosa, de fisioterapia e decúbito

lateral; e, cirúrgico, indicado após o diagnóstico da falência do tratamento clínico.

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Figura 11. Músculos envolvidos no torcicolo.

Espasmódico: espasmos neurológicos irreversíveis, de causa desconhecida, desviam

frequentemente a cabeça para um lado (TORCICOLO).

O torcicolo espasmódico é o espasmo doloroso, intermitente ou contínuo, dos músculos do

pescoço, o qual força a cabeça a girar e a inclinar para frente, para trás ou lateralmente. O

torcicolo ocorre em 1:10.000 indivíduos, sendo cerca de uma vez e meia mais comum em

mulheres que em homens. O distúrbio ocorre em qualquer idade, mas mais freqüentemente

entre os 30 e os 60 anos (MANUAL MERCK).

O espasmo pode ser temporariamente aliviado através da fisioterapia e da massagem

(MANUAL MERCK).

4.2. Causas

As causas desta situação não são exatamente conhecidas, mas sabe-se que é frequente após

um traumatismo, nem sempre valorizado, ou após um parto difícil (torcicolo congênito do

recém-nascido), e pode associar-se a algumas doenças, como as disquinésias tardias, os

tumores do pescoço, as infecções do sistema nervoso e o hipertiroidismo (Figura 12)

(TORCICOLO).

O torcicolo atinge qualquer idade, mas é mais frequente entre os 30 e 60 anos, particularmente

nas mulheres. Não é raro o espasmo aparecer subitamente, sem causa aparente, ou mesmo

durante o sono (TORCICOLO).

Figura 12. (A) Posição da cabeça provocada pelo espasmo do esternocleidomastóideu no torcicolo traumático.

(B) Por vezes, para diminuir a tensão local, a criança segura o braço desse lado para fazer subir a clavícula.

A

B

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O torcicolo pode ser causado pela Síndrome de obstrução Dolorosa por Vento-Umidade, pela

Estagnação do Qi do Fígado, pela Ascensão do Yang do Fígado, Deficiência do Rim, Invasão

de Vento-Frio e Vento do Fígado (MACIOCIA, 2005, p. 256).

A causa mais comum de torcicolo é a retenção de Vento e Umidade nos músculos do pescoço,

e um tipo de Síndrome de obstrução Dolorosa (Figura 13). E muito comum nos climas frios e

úmidos e varia com o tempo (MACIOCIA, 2005, p. 256).

Figura 13. Torcicolo em imagens de TTG.

A “Síndrome da Obstrução Dolorosa” indica dor, sensibilidade ou formigamento dos

músculos, tendões e juntas, devido à invasão externa de Vento, Frio ou Umidade

(MACIOCIA, 1996, p. 569).

A invasão dos fatores climáticos externos ocorre devido a uma deficiência preexistente e

temporária do Qi e do sangue do corpo, que permite com que o vento, o Frio e a umidade

penetrem (MACIOCIA, 1996, p. 569).

É uma aflição dos Meridianos, em lugar dos órgãos internos. A dor e a sensibilidade são

causadas por obstrução na circulação de Qi e sangue nos Meridianos, por ação exterior do

Vento, Frio ou Umidade (MACIOCIA, 1996, p. 569).

A Síndrome de Obstrução Dolorosa tipo vento é causada pelo Vento, sendo caracterizada por

sensibilidade e dor dos músculos e juntas, limitação do movimento e dor que se move de uma

junta para outra. Nos casos agudos, o pulso é Flutuante e levemente Rápido (MACIOCIA,

1996, p. 572).

Síndrome de Obstrução Dolorosa tipo Umidade e causada por Umidade, sendo caracterizada

por dor, sensibilidade e inchaço dos músculos e juntas, com uma sensação de peso e

formigamento dos membros, a dor é fixa e agravada por clima úmido. Nos casos agudos, o

pulso é lento e levemente escorregadio (MACIOCIA, 1996, p. 572).

Outra causa comum de torcicolo é a estagnação do Qi do Fígado, normalmente decorrente de

estresse, frustração e ressentimento guardado. A condição surge e desaparece de acordo com o

humor e não é afetada pelo tempo. A ascensão do Yang do Fígado ou do Vento do Fígado

também pode causar dor ou rigidez no pescoço e essa situação é mais comum nos idosos, está

com freqüência, mas não necessariamente, associada com hipertensão (MACIOCIA, 2005, p.

256).

A invasão de Vento-Frio externo provoca rigidez aguda no pescoço como todos os outros

sintomas característicos de invasões externas como início súbito, aversão ao frio e espirros

(MACIOCIA, 2005, p. 256).

4.3. Sinais de alerta

Alguns sinais podem indicar o surgimento de um torcicolo, sendo assim devem ser

identificados imediatamente (AMATO):

traumatismo (acidentes);

dor aguda não relacionada a trauma;

dor intensa;

dor noturna;

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fraqueza nos braços ou nas pernas;

formigamento ou diminuição da sensibilidade nos braços ou nas pernas;

associação com outros sintomas: febre, perda de peso, cansaço.

4.4. Recomendações

A cabeça e a região do pescoço estão vulneráveis a muitos tipos diferentes de stress: postura

inadequada, traumatismos, doenças da idade como desgaste ou artrite, disfunções da mordida

e muitas outras causas. Atividades aparentemente inócuas como ler na cama ou mascar

chiclete podem causar dor se realizadas incorretamente ou na presença de alguma disfunção

(AMATO).

Uma das causas mais comuns de dor cervical e algumas vezes cefaléia é postura inadequada e

que chamamos de cervicalgia postural. É fácil adquirir hábitos posturais ruins sem ao menos

se conscientizar disso (AMATO).

A regra básica é simples: mantenha o pescoço em posição neutra sempre que possível. Em

outras palavras, não curve o pescoço para frente e nem para trás por períodos muito longos.

Também tente não ficar sentado em uma mesma posição por muito tempo, se for necessário,

certifique-se de que a postura está adequada: cabeça em posição neutra, costas com apoio,

joelhos ligeiramente abaixo do quadril e com os braços apoiados (AMATO).

Tente fazer exercícios de alongamento antes de dormir e logo ao acordar.

A regra da posição neutra também vale para pessoas que passam muito tempo trabalhando em

computadores (Figura 14.).

Figura 14. Postura correta ao usar o computador.

É importante lembrar que é essencial que o monitor esteja na mesma altura os olhos para

evitar a deflexão da coluna e o sofrimento das estruturas cervicais. Para isso existem

dispositivos, suportes que elevam o laptop deixando-o em uma posição aceitável (Figura 15)

(AMATO).

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Figura 15. Postura incorreta ao usar o computador.

Ler na cama pode causar tensão cervical, principalmente se estiver sem apoio, flexionando a

cabeça e tentando manter os braços pra frente para segurar o livro (Figura 16). Se você lê na

cama, considere adquirir um produto específico para este propósito como um travesseiro

triangular ou uma mini-mesa portátil (AMATO).

Figura 16. Postura ao ler na cama.

A posição de dormir é outra fonte possível de problemas cervicais (Figura 17). Deve-se

certificar que o espaço entre a parte de trás do pescoço e a cama esteja preenchido por um

travesseiro de maneira que o pescoço fique relaxado em posição neutra (AMATO).

Figura 17. Posição correta ao dormir.

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Uma cama que não ofereça suporte suficiente para as costas também pode ser uma fonte de

desconforto cervical (Figura 18).

Figura 18. Posição incorreta ao dormir.

5. Pontos Auriculares para torcicolo

Figura 19. Pontos auriculares do torcicolo.

a. Shenmem

local: ápice da fossa triangular.

função: antiinflamatória, analgésica, tranqüiliza o espírito, sedante e hipotensora. É um ponto

inicial em quase todos os protocolos de tratamento. Neste ponto a aplicação da agulha é bem

profunda, estimulando efetivamente o SNC.

b. Fígado

local: na margem póstero-inferior da concha cimba.

função: intensifica a circulação do sangue e avigora a energia, beneficia a atividade funcional

do fígado e da drenagem da vesícula biliar, favorece os olhos, ameniza a dor, estimula a

produção de sais flegmas, fortalece a atividade do baço e do estômago, controla a região

intercostal, regula o vento interno, controla tendões e ligamentos, controla a drenagem e a

dispersão, regula a drenagem e a dispersão do fígado e regula sua energia, desobstrui os

canais e ameniza a dor.

c. Relaxamento Muscular

local: na interseção da concha simga com a concha cava.

Baço

Shenmen

Fígado

Relaxamento muscular

Região Cervical

Pescoço Supra-renal

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função: provoca descontração das fibras musculares e equilibra o tônus muscular quando se

encontra hipertônico.

d. Baço

local: na margem súpero-posterior da concha cava, na metade da distância do tracejado, desde

o ponto estômago até a fossa intertrago.

função: elimina o calor. Favorece a boca e os lábios. Endireita as perturbações do sistema

digestório. Controla a ação dos quatro membros e a qualidade dos músculos. Permite um bom

metabolismo hibrido, dando a função de drenagem da umidade. Regula a ascensão do Qi.

Reserva o sangue dentro dos vasos sanguíneos.

e. Pescoço

local: parte cervical, mas pela margem esquerda do anti-hélix.

função: age na área concernente.

f. Região Cervical

local: vai até o primeiro quinto da área inferior anti-hélix.

função: age na área concernente. Corresponde a localização das sete vértebras cervicais. A

inserção das agulhas corresponderá às vértebras específicas. O primeiro milímetro

corresponde à atlas, axis e C3, o segundo milímetro à C4 e C5 e o terceiro milímetro à C6 e

C7.

g. Supra-renal ou Adrenal

local: em cima da metade inferior da parte externa do trago, por baixo da sua saliência central.

função: suprime o estado de rigidez das fibras musculares lisas bronquiais, fortifica e ativa

funções das glândulas supra-renais, controla o tônus vasomotor do sistema muscular, que tem

função de vaso constrição, por isso está contra-indicado em pacientes com hipertensão arterial

de base, uma vez que seu emprego se limita a elevar a tensão arterial. Outras funções são

antialérgicas, antiinfecciosas, antiinflamatória e antipirética.

6. Outros métodos de auriculoterapia no tratamento de torcicolo

6.1. Ponto - Pontos Ashi

Método - Dar batidas com agulha cutânea, a princípio na área rígida e dolorida da nuca até

que a pele se torne ruborizada, e depois nos pontos sensíveis do ombro e costas (COSTA).

6.2. Pontos - Pescoço, Vértebra Cervical e pontos sensíveis

Método - Produzir estimulação forte com agulhas filiformes. Enquanto rotacionar a agulha,

pedir ao paciente para virar sua cabeça lentamente por alguns minutos. Manter as agulhas por

30 min. Tratar diariamente (COSTA).

7. Conclusão

Este trabalho teve como finalidade, demonstrar o tratamento do torcicolo através da

auriculoterapia, bem como mostrar a importância de buscar técnicas alternativas como

tratamento. O presente estudo demonstrou que a auriculoterapia é eficaz para tratar as dores

musculares na região do pescoço ocasionadas pela má posição da cabeça, pois promove a

melhora no quadro de dor. Em estudo realizado foi comprovada a eficácia de 95% do

tratamento de auriculoterapia em torcicolo. A eficácia desse tratamento deve-se não somente

da associação desse com a Fisiologia energética, mas porque a área auricular possuir diversos

nervos que tem associação com o sistema nervoso central.

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O torcicolo precisa ser tratado, para que não seja responsável por alterar a qualidade de vida,

tanto pessoal, quanto profissional das pessoas afetadas, bem como ocasionando distúrbios

energéticos e a auriculoterapia é um tratamento alternativo que pode ser facilmente aplicado

nesses casos.

O Acupunturista como profissional da área da saúde deve buscar contribuir para o tratamento

do torcicolo e outras disfunções relacionadas aos músculos e, para isso, deve aperfeiçoar seus

estudos sobre o assunto, buscando cada vez mais meios para tratar esse tipo de patologia de

forma mais rápida e eficiente.

Com a aplicação desse tratamento não se deve dispensar o tratamento convencional, podem

ser aplicados associadamente.

8. Referências

ABREU, R. Torcicolo congênito. Disponível em: http://www.funcesi.br/.../Artigo%20-

%20Ronaldo%20-%20Torcicolo%20Congênito-Ok.doc -. Acesso no dia 10 de outubro de

2010.

AMATO, M. Cervicalgia, torcicolo, dor cervical ou nucalgia. Publicado em 19 de fevereiro

de 2010. Disponível em: http://www.amato.com.br/consultorio-medico/torcicolo-dor-no-

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