AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM – PRINCÍPIOS E APLICAÇÕES EM
UNIDADES ESCOLARES ESTADUAIS DE PICOS – PI
Alcenir de Sousa Luz; Antônio Aglairton do Nascimento Paiva Júnior; Beatriz Valéria
de Lima; Leila Maria Ramos Fontes e Priscila Maria da Conceição1
Prof.ª Ms. Isabel Cristina de Aguiar Orquiz 2
RESUMO
O presente artigo apresenta um estudo desenvolvido na disciplina Didática, ofertada pelo curso de Licenciatura Plena em Letras/Pedagogia no Campus Senador Helvídio Nunes de Barros – CSHNB – Picos/PI, enfocando o processo de avaliação, mais especificamente a avaliação da aprendizagem. Inicia-se com a abordagem de conceitos que proporcionam ao leitor situacionalidade na temática apresentada, e posteriormente, parte-se para a aplicação e análise dos dados fornecidos pelos corpos docente e discente de duas Unidades Estaduais de Ensino Médio na cidade acima citada.
Palavras-chave: Avaliação da aprendizagem. Conceitos. Aplicação.
ABSTRACT
The present article a study developed in the Didactic discipline, offered for the course of Full Degree in Letters/Pedagogy in Campus Senator Helvídio Nunes of Barros – CSHNB – Picos/PI, focusing in the evaluation process, more specifically the evaluation of the learning. Begins itself with the approach of concepts that provide to the reader situationality in the presented thematic, and later, routes itself to the application and analysis of the data supplied by the faculty and students of two State Units of Teaching in the city above mentioned.
Key-words: Evaluation of the learning. Concepts. Application
1 INTRODUÇÃO
1 Graduandos do Curso de Licenciatura Plena em Letras da Universidade Federal do Piauí – UFPI, Campus Senador Helvídio Nunes de Barros – CSHNB, Picos – PI.2 Professora Assistente I do Campus Senador Helvídio Nunes de Barros – CSHNB, em Picos – PI, ministrante da disciplina Didática e orientadora do trabalho acadêmico.
“A avaliação da aprendizagem na escola tem dois objetivos: auxiliar o educando
no seu desenvolvimento pessoal, a partir do processo de ensino-aprendizagem, e
responder à sociedade pela qualidade do trabalho educativo realizado” (LUCKESI,
1998, p. 81). Sabido da importância do processo de avaliação é que a realização deste
trabalho se torna relevante. Para esta produção, procedeu-se a aplicação de
questionários em duas Unidades Escolares Estaduais da cidade de Picos – PI
objetivando, por meio destes, constatar e analisar o posicionamento de educadores e
educandos diante do processo avaliativo.
Ao decorrer do estudo, pretende-se contribuir para instigar o leitor, na posição
de educador e educando, a pensar e, consequentemente, questionar a relação entre teoria
e prática quando o assunto é avaliação da aprendizagem. Quais as suas funções? Em que
incide tais funções? Como, enquanto professor, posso contribuir para a aprendizagem,
do meu aluno? Como trabalhar os conteúdos programáticos, diferentes técnicas e
instrumentos de avaliação em sala de aula de forma a verificar claramente se houve de
fato o aprendizado por parte dos meus alunos?
2 O QUE É AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM E SEUS PRINCÍPIOS
BÁSICOS
Atualmente no Brasil, entende-se por avaliação a medida utilizada para atribuir
notas como requisito total para a decisão do avanço/regresso do aluno em determinadas
disciplinas. Porém, faz-se necessário ressaltar que essa concepção é completamente
equivocada e errônea, pois avaliar é averiguar o grau de aprendizagem, de entendimento
de cada aluno. Muitas vezes os alunos nem apreendem o conteúdo desenvolvido, mas
obtém boas notas nas “provas”, o que implica dizer que os instrumentos avaliativos
carecem atenção especial para que possam suprir as necessidades básicas da realidade
do processo ensino aprendizagem.
Segundo Luckesi (1998, p. 166),
A avaliação no ensino assumiu a prática de ‘provas e exames’; o que gerou um desvio no uso da avaliação. Em vez de ser utilizada para a construção de resultados satisfatórios, tornou-se um meio para classificar os educandos e decidir sobre o seu destino no momento subseqüente de suas vidas escolares.
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A avaliação da aprendizagem, na maior parte do sistema educacional, encontra-
se centrada no professor e se caracteriza pelo autoritarismo, de forma que avaliar é
classificar, reprovar ou aprovar, e nem sempre esses métodos são eficazes, pois os
alunos “estudam” apenas para obter nota e não com o objetivo de absorver
conhecimentos. Assim, a prática da avaliação leva o processo avaliativo a uma
camuflagem do sistema, uma vez que uma nota não representa fidedignamente o real
potencial dos discentes.
Conforme Luckesi (1998, p. 166),
A avaliação da aprendizagem necessita, para cumprir o seu verdadeiro significado, assumir a função de subsidiar a construção da aprendizagem bem-sucedida. A condição necessária para que isso aconteça é de que a avaliação deixe de ser utilizada como um recurso de autoridade, que decide sobre os destinos do educando, e assuma o papel de auxiliar o crescimento.
De acordo com Claudinho Pilleti (2006) os princípios básicos que dão
sustentáculo ao processo ensino-aprendizagem são: 1) Estabelecer o que será avaliado,
pois educar tem em vista vários objetivos que permitem o desenvolvimento do
indivíduo como um todo, envolvendo aspectos de aproveitamento (domínio cognitivo,
afetivo, psicomotor), a inteligência, o desenvolvimento sócio-emocional do aluno,
enfim, avaliar o que os alunos sabem e como pensam a respeito de determinado assunto.
2) Selecionar as técnicas adequadas para avaliar, uma vez que a avaliação reflete tanto
sobre o nível do trabalho do professor quanto na aprendizagem do aluno, por isso a sua
realização não deve culminar apenas em atribuições de notas aos estudantes, mas deve
ser utilizada como um instrumento de coleta de dados sobre o aproveitamento dos
alunos, determinando assim o grau de assimilação dos conceitos, ajudando o professor a
melhorar a sua metodologia de trabalho. 3) Utilizar uma variedade de técnicas faz-se
necessário, pois a verificação e a quantificação dos resultados de aprendizagem no
início, durante e no final das unidades visam sempre diagnosticar e superar dificuldades,
corrigir falhas e estimular os alunos a se dedicarem aos estudos. Os critérios da escolha
das técnicas e instrumentos de avaliação dependem dos seus objetivos, dos meios, dos
conteúdos (complexidade da matéria), do tempo disponível, do número de alunos na
3
turma, do tipo de aluno, da idade deles e as condições da sala de aula. 4) Ver a avaliação
como uma parte do processo ensino-aprendizagem, isto é, como um meio de
diagnosticar o desempenho/a aprendizagem dos alunos.
A caráter de conclusão do exposto, Nelson Piletti (1986, p. 190) esclarece que:
A avaliação é um processo contínuo de pesquisas que visa a interpretar os conhecimentos, habilidades e atitudes dos alunos, tendo em vista mudanças esperadas no comportamento dos alunos, propostas nos objetivos, a fim de que haja condições de decidir sobre alternativas de planificação do trabalho e da escola como um todo.
Dada sua importância, o processo de avaliação da aprendizagem tem suas
funções, as quais serão abordadas no item seguinte.
3 FUNÇÕES DA AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM
As funções da avaliação da aprendizagem são: a diagnóstica, a formativa e a
somativa. Segundo Miras e Solé (1996) a abordagem da avaliação diagnóstica (ou
inicial) é a que proporciona informações acerca das capacidades do aluno antes de
iniciar o processo de ensino/aprendizagem. Luckesi (1998, p. 82) afirma que “assim
como é constitutivo do diagnóstico médico estar preocupado com a melhoria da saúde
do cliente, também é constitutivo da avaliação da aprendizagem estar atentamente
preocupada com o crescimento do educando. Caso contrário, nunca será diagnóstica”.
A função diagnóstica é desenvolvida na fase inicial do processo de
ensino/aprendizagem para que se possa identificar a posição do aluno diante das novas
experiências de ensino, de forma que se almeja constatar as capacidades, bem como as
dificuldades de aprendizagem dos discentes. A percepção de tais características se torna
possível com a realização de uma avaliação de caráter diagnóstico, sendo que a
freqüência de sua aplicação varia de acordo com a instituição de ensino. Efetivada tal
avaliação, faz-se um levantamento dos dados: aqueles alunos que têm um padrão de
conhecimento aceitável são encaminhados para as novas fases do processo; com relação
ao momento em que se constata algum tipo de deficiência, é tarefa do educador propor
atividades para amenizar tais déficits, para que o educando possa avançar. No que se
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refere a esse último caso, é importante mencionar que a avaliação da aprendizagem
incide sobre a identificação das causas.
Em suma, a “função da avaliação será possibilitar ao educador condições de
compreensão do estágio em que o aluno se encontra, tendo em vista poder trabalhar com
ele para que saia do estágio defasado [...] e possa avançar em termos de conhecimentos
necessários” (LUCKESI, 1998, p. 81).
A função formativa, conforme Haydt (1995) permite ao educador constatar se os
alunos estão, de fato, atingindo os objetivos pretendidos; verificar a compatibilidade
entre tais objetivos e os resultados efetivamente alcançados durante o desenvolvimento
das atividades propostas. Dito isto, percebe-se que a função do docente, nesse âmbito, é
realizar os mecanismos de feedback, isto é, o replanejamento da sua prática de ensino. O
sujeito, enquanto mediador do conhecimento, deve fazer uma auto-avaliação baseada
nas carências que foram constatadas na fase diagnóstica. Em relação ao corpo discente,
o professor pode mostrar ao aluno em que se fundam os seus erros e acertos; permitir
que este se auto-avalie e afira o seu próprio nível de aprendizagem, proporcionando
consequentemente, a automotivação pelos estudos.
De acordo com Miras e Solé (1996), a função somativa tem o propósito de
classificar os alunos ao final de um período de aprendizagem de acordo com os níveis
de aproveitamento.
A função somativa pode ser considerada a fase da apreciação dos resultados,
uma vez que este é o momento de fazer a classificação com base no aproveitamento da
aprendizagem obtida em uma determinada fase, por isso, pode também ser chamada de
função creditativa, pois se os resultados alcançados em um ambiente escolar X forem de
natureza positiva o processo de ensino-aprendizagem desenvolvido neste determinado
ambiente ganha a credibilidade do público.
Atente-se para o fato de que as três funções compõem um conjunto responsável
pelo desenvolvimento do processo de avaliação da aprendizagem. Observe: as
dificuldades foram constatadas, sobre estas foi feito um replanejamento por parte do
educador, logo chega o momento de ponderar o nível de aprendizagem absorvido pelos
alunos.
Ao tratar de aprendizagem, está-se tratando de aprendizagem de conteúdos. É
sobre este assunto que se desenvolve o tópico seguinte.
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4 APRENDIZAGEM DOS CONTEÚDOS
A diferenciação dos conteúdos de aprendizagem por tipos serve para identificar
com mais precisão as intenções educativas. Ao falar em diferenciação do conteúdo não
se refere aqui à distinção feita por disciplinas, onde em cada matéria há uma didática
que lhe é conveniente, mas à sua diferenciação tipológica em seus fatos, métodos,
conceitos, procedimentais, atitudes, etc.
Assim sendo, a aprendizagem dos conteúdos se dá de forma já preestabelecida
segundo os seus tipos. No entanto, há um risco se esta diferenciação vier a implicar em
uma ruptura completa dos conteúdos, pois é imprescindível que haja uma relação do
processo ensino-aprendizagem.
4.1 CONTEÚDOS FACTUAIS
Conforme o Dicionário Aurélio (2001, p. 311) o termo factual quer dizer “relativo
a, ou que se baseia nos fatos”, portanto, os conteúdos factuais se referem ao
conhecimento de fatos, dados, acontecimentos, situações e etc. Estes conteúdos são de
fácil memorização. Na aprendizagem pode-se citar muitos exemplos de conteúdos
factuais, tais como: nome de autores, códigos, símbolos, acontecimentos históricos, etc.
A aprendizagem deste tipo de conteúdo se dá de forma repetitiva, ou seja,
decorativa. Diz-se que o aluno aprendeu determinado conteúdo quando ele é capaz de
reproduzir o que lhe foi ensinado previamente, sem alterações ou questionamentos.
4.2 CONTEÚDOS CONCEITUAIS
4.2.1 Princípios
Os princípios estão diretamente ligados à regularidade do tipo causa e efeito, ou
seja, leis e regras que relacionam as mudanças de um acontecimento. Como exemplos
têm-se as estações do ano que seguem rigorosamente as leis/princípios da natureza.
4.2.2 Conceitos
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De acordo com Zabala (1998) os conceitos fazem referência ao conjunto de
fatos, objetos. São exemplos os símbolos, etc., que têm características comuns; ainda
pode-se mencionar os conceitos de mamífero e do realismo.
A aprendizagem deste tipo de conteúdo se dá através de uma compreensão mais
elaborada, ou seja, necessita de atividade que promovam uma forte atividade mental,
porém que exista um entendimento possível em que o aluno conseguirá formular uma
idéia coerente, permitindo que o mesmo vivencie o conhecimento.
4.3 CONTEÚDOS PROCEDIMENTAIS
Os conteúdos procedimentais são aqueles que se utilizam meios/ações para se
alcançar um determinado resultado. Um professor ao levar seus alunos a um laboratório
para que eles observem uma célula no microscópio, é um exemplo dos conteúdos de
tipo procedimental.
Zabala (1998) afirma que a aprendizagem destes conteúdos requer alguns
requisitos, como:
- Realização das ações, ou seja, o educando deve fazer as ações que lhe forem
ensinadas;
- Exercitação das ações, pois para se aprender deve-se fazer a atividade desejada
inúmeras vezes até que a técnica se aperfeiçoe;
- Reflexão sobre a própria atividade, ao refletir sobre o que se está fazendo haverá
uma concepção do que realmente se deseja.
- A aplicação em contextos diferenciados. Por exemplo, um aluno de auto escola.
4.4 CONTEÚDOS ATITUDINAIS
O termo “Conteúdos Atitudinais” engloba uma série de conteúdos, que podem ser
agrupados em valores, atitudes e normas” (ZABALA, 1998, p.46). Será visto que estes
termos estão diretamente interrelacionados com a conduta do indivíduo.
4.4.1 Valores
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Por valores entende-se que sejam os princípios morais e éticos de cada
indivíduo, sua conduta perante a sociedade e perante a si próprio. Tem-se como
exemplo a cooperação e o respeito para com sua vida ou com a vida do próximo (Idem,
1998).
4.4.2 Atitudes
A atitude se refere à postura ou a maneira de se comportar perante alguém/algo
em conformidade com seus valores e as normas. Um motorista ao parar no sinal
vermelho respeitando os pedestres e seguindo as normas de trânsito está tendo uma
conduta correta perante a si e os outros. Na educação, atitudes são verificadas quando o
educando consegue ter um comportamento proveniente do resultado das discussões e
reflexões propostas no decorrer das aulas.
4.4.3 Normas
Referem-se às regras ou leis estabelecidas para serem cumpridas por um
indivíduo dentro de um determinado contexto, como por exemplo, não fumar em
ambientes fechados. Em relação à escola, normas implicam o não descumprimento das
regras de comportamento apresentadas aos alunos para serem seguidas, como bom
comportamento, ou seja, não transigir ao que está posto como normal e aceitável.
A aprendizagem destes conteúdos está relacionada com os componentes
cognitivos e afetivos de cada ser. A escola é apenas algo a acrescentar e reforçar essas
atitudes.
É importante distinguir os conceitos testar, medir e avaliar. Por isso, atente-se ao
item que se segue.
5 DIFERENÇAS ENTRE TESTAR, MEDIR E AVALIAR
Durante algum tempo, a palavra “avaliar” foi usada como se tivesse a mesma
significação de “medir”. Isso ocorreu com mais frequência na década de 40, em função
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do aperfeiçoamento dos instrumentos de medida em educação devido o grande impulso
dado à elaboração e aplicação de testes. Porém, essa abordagem que classifica a
avaliação como medida, logo demonstrou sua limitação, uma vez que os aspectos da
educação nem sempre podem ser mensurados.
Em 1960, o termo “avaliação” tornou a aparecer com ênfase na literatura
pedagógica, representando novas dimensões, principalmente nos grupos de estudos que
se organizaram nos Estados Unidos, no ano citado, para planejar e avaliar programas
inovadores. Nesse contexto, avaliar voltou a destacar-se na esfera da avaliação de
currículos e depois para outras áreas, como na avaliação do processo ensino-
aprendizagem.
A distinção entre os três termos (Testar, Medir e Avaliar) dá-se da seguinte
forma: Testar significa submeter algo a um teste ou experiência, sendo assim, consiste
em uma verificação da competência de alguém ou de algum objeto através de uma
situação previamente organizada, nomeada de testes. Contemporaneamente, os testes
são aplicados com grande freqüência na educação, mas os facilitadores do ensino devem
ter a consciência das fragilidades da utilização desses instrumentos, pois os resultados
do ensino nem sempre podem ser medidos ou averiguados através de testes. Atente-se
para o seguinte trecho:
De acordo com Tyler (1976, p. 100),
Há varias espécies de comportamento desejado que representam objetivos educacionais e que não são facilmente avaliadas mediantes testes, como lápis e papel. Por exemplo, um objetivo como o ajustamento pessoal-social é avaliado com mais facilidade e de maneira mais válida pela observação de crianças em situações que envolvem relações sociais.
O termo medir é empregado para determinar a quantidade, a extensão/tamanho
de algo. Uma medida é expressa em números, portanto sua objetividade e exatidão são
evidentes. Os aspectos quantitativos sempre são referentes à medida e não ao fenômeno
avaliativo.
A prova é um dentre os vários meios de medida que há pela sua objetividade e é
um dos recursos de mensuração mais usados.
Segundo Esteves (1973, p. 15),
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Tal como os testes foram considerados insuficientes, assim também as medidas de um modo geral passaram a não satisfazer como instrumentos de verificação de aprendizagem, e por uma razão muito simples: nem todas as consequências educacionais são quantitativamente mensuráveis.
A avaliação consiste em determinar o valor de alguém ou algo, fazer a
quantificação, aferição baseada sempre em uma escala de valores determinada (na
maioria da vez de zero a dez). A avaliação tem como embasamento a junção de dados
quantitativos, qualitativos e o esclarecimento desses resultados com base nos critérios já
definidos. Tendo em vista os argumentos citados, não é adequado apenas testar e medir,
devido os resultados adquiridos por esses instrumentos serem interpretados em termos
avaliativos.
Conclui-se que os termos (testar, medir e avaliar) não têm o mesmo significado,
porém, se completam. Medir é um termo que engloba testar, pois os testes são uma
forma de medir. O conceito “avaliar” inclui os dois termos, pois se vale dos
instrumentos quantitativos e dos dados qualitativos. No tópico seguinte tratar-se-á das
técnicas de instrumentos de avaliação.
6 TÉCNICAS E INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO
Técnicas e instrumentos são necessários para uma avaliação da aprendizagem.
Faz-se necessário esclarecer que a “avaliação da aprendizagem ganhou um espaço tão
amplo nos processos de ensino que nossa prática educativa escolar passou a ser
direcionada por uma ‘pedagogia do exame” (LUCKESI, 1998, p. 17). Assim, a
avaliação da aprendizagem é tomada erroneamente ao ponto em que é confundida com
os exames escolares, salienta-se que esse processo avaliativo é tomado como qualitativo
diferentemente dos exames os quais são quantitativos.
As técnicas condizem às seguintes fases: observação, inquirição e testagem, ou
melhor, “coleta de dados, a qualificação e a tomada de decisões” (Idem, 2005, p. 88). A
observação representa um levantamento do nível do alunado para posteriormente
averiguar as possíveis causas dos desvios e dos possíveis desafios de ensino e, por
conseguinte testar as proposições afins de um processo de ensino sistemático. Ao passo
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em que se observa deve-se ter um planejamento e um cronograma que será aplicado
para investigar as dificuldades e pressupor soluções.
Nas escolas utilizam como instrumentos para averiguação do ensino seminários,
exames, trabalhos individuais e/ou em grupo, seja por relatórios e questões elaboradas
por eles, além do mais o acompanhamento da realização de atividades do cotidiano dos
discentes por diários. Abordar-se-á acerca do instrumento mais empregado, os exames.
Como já antes mencionado, os exames são tomados como a mais efetiva técnica
avaliativa do aprendizado, contudo os mesmos são apenas instrumentos aplicados
erroneamente, isto é, “o professor utiliza-se das provas como um fator negativo de
motivação” (Idem, 1998, p. 19). Atente-se ao que os exames são caracterizados de
acordo com Luckesi (2000) por aprovar ou reprovar, ou seja, a importância dada aos
exames é a nota, isto é se a nota obtida corresponde aos requisitos de média para passar
de série; por ser pontual exigindo do aluno “o aqui e o agora”, sem levar em
consideração o estado do aluno: se ele está nervoso ou inseguro, sua evolução perante a
sala; classificatórias, uma vez que a média definirá a qualidade do aluno; seletivas, logo
dependo das notas há distinção dos melhores e dos piores da sala; estáticas, é uma
maneira de ensino em que o professor ensina os alunos entendem e tem uma prova
como comprovação da assimilação desses conceitos, sendo que é usado apenas o livro
didático como recurso além de não contextualizar o conteúdo afim de que ganhem uma
significação na sua realidade; antidemocráticas, pois os alunos que são classificados
como piores se sentirão minorizados e excluídos; prática pedagógica autoritária, o
professor utiliza o exame como forma de controle do comportamento ameaçando o
aluno por questões de difícil resolução.
O exame elaborado pelos professores contém itens objetivos e/ou subjetivos. Os
itens objetivos são artifícios variados desde respostas curtas a respostas de múltiplas
escolhas através de associação, falso-verdadeiro, completamentos, afirmação e
interpretação. Os itens subjetivos é um meio de averiguação da forma de apreensão do
conteúdo; ambos os itens devem ser elaborados de forma que seu enunciado não
contenha informações desnecessárias e para não ocorrerem equívocos, os enunciados
devem ser claros. Comparado os itens subjetivos aos objetivos elencou-se que são de
mais fácil elaboração, dificultam a cola, apresentam reduzida possibilidade de acerto
por sorte, já os pontos negativos dos itens discursivos é devido a sua difícil correção e o
desfavorecimento do aluno que não sabe redigir bem. Os exames quando comparados
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seus itens apresentam pontos positivos e negativos cabe ao professor empregá-los de
forma adequada.
Percebe-se então, que os exames possuem caracteres diferenciadores da
avaliação da aprendizagem, sendo esta última qualificada como diagnóstica, processual,
dinâmica, inclusiva, democrática e prática pedagógica dialógica, ou seja, deve ser um
método análise da capacidade do aluno, avaliando o processo de desenvolvimento,
requer nas aulas a participação dos discentes na aula com a inserção e compreensão do
contexto de cada um, além de dinamizar os recursos, bem como expansão da sala de
aula a outros ambientes, proporcionar àqueles com dificuldade, meios que subsidiem
seu melhoramento, considerando que tanto o aluno quanto o professor são responsáveis
pelo processo educativo.
Portanto, a avaliação da aprendizagem é um processo global em que todos são
atores para que forme cidadãos conscientes e críticos da sociedade. O item que se segue
faz uma amostragem da relação entre a teoria estudada e a prática nas escolas
pesquisadas.
7 COMPARAÇÃO ENTRE A PRÁTICA ESCOLAR E AS TEORIAS
ABORDADAS
Tomado conhecimento de alguns princípios teóricos a respeito da avaliação da
aprendizagem, procede-se com a aplicação dos questionários aplicados às escolas da
rede Estadual de Ensino Médio na cidade de Picos – PI.
Ressalta-se que, enquanto metodologia de pesquisa, optou-se pela pesquisa
qualitativa, pois essa viabiliza maior aproximação com o público alvo. Foram aplicados
dez questionários para os educadores e dez para os alunos, porém, somente nove de
cada categoria retornaram aos pesquisadores. A aplicação foi realizada em duas Escolas
Estaduais; sendo uma localizada no bairro Junco e outra no bairro Bomba, ambas na
cidade de Picos – PI.
Por meio do questionário destinado aos professores almeja-se aferir a concepção
destes a respeito do que é avaliação, da sua importância no contexto da sala de aula e da
utilização dos métodos e instrumentos avaliativos. Pretende-se, sobretudo, conhecer a
consciência dos docentes em relação ao exercício do processo de avaliação.
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Analisando as respostas dadas pelos professores, percebe-se que a maioria deles
tem uma concepção aprofundada do que se trata a avaliação da aprendizagem e em que
consiste o seu valor.
Os instrumentos de avaliação são organismos imprescindíveis para a formação
do processo, porém, o ensino tradicional desvia-se dos objetivos da avaliação da
aprendizagem ao utilizar instrumentos apenas por um viés quantitativo. Luckesi (1998),
em concordância com Norman Grounlund, afirma que os instrumentos adequados
deveriam:
Medir resultados de aprendizagem claramente definidos, que estivessem em harmonia com os objetivos instrucionais;
Medir uma amostra adequada dos resultados de aprendizagem e o conteúdo da matéria incluída na instrução;
Conter os tipos de itens que são mais adequados para medir os resultados de aprendizagens desejados;
Ser planejados para se ajustar aos usos particulares a serem feitos dos resultados;
Ser construídos tão fidedignos quanto possível e, em conseqüência, ser interpretados com cautela;
Ser utilizados para melhorar a aprendizagem do estudante e do sistema de ensino. (GROUNLUND apud LUCKESI, 1998, p. 83)
Se assim fossem aplicados, os instrumentos estariam contribuindo para que a
avaliação da aprendizagem alcançasse as suas metas e consequentemente, cumprisse
com a sua função primordial, de contribuir para o crescimento intelectual do educando.
Segundo os professores questionados, os métodos e instrumentos utilizados no
processo são tradicionais, pois se trata de provas, seminários, trabalhos em grupo e
individual. É importante mencionar que os professores declaram-se livres quanto à
escolha dos métodos e instrumentos de ensino, mas também evidenciam que nem
sempre são eficazes para o processo de aprendizagem.
Os educadores afirmam que os métodos avaliativos são, às vezes, determinados
pelo comportamento dos alunos, isto é, falta de atenção e conversar paralelas, por
exemplo, resultam em “punições” na hora da avaliação. Os critérios considerados para a
atribuição da nota quantitativa são: cumprimento de tarefas; assiduidade; participação;
comportamento; desempenho; provas; trabalhos e seminários. “Podemos dizer que a
atual prática da avaliação escolar não viabiliza um processo de democratização do
ensino. Ao contrário, possibilita um processo cada vez menos democrático no que se
refere tanto à expansão do ensino quanto à sua qualidade” (Ibidem, p. 81).
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É perceptível que atualmente a escola tem uma visão conservadora do que é
avaliação, tratando-a como um instrumento responsável pela aprovação ou reprovação
do aluno. Porém, seguindo a concepção de Luckesi (1998, p. 81) a avaliação atua como
“um instrumento de diagnóstico de sua situação”, ou seja, o educador deve ser flexível
ao ponto de considerar a mudividência do aluno enquanto fator capaz de “desviá-lo” de
uma nota dez; a avaliação deve ser um meio de aprendizagem e não um instrumento de
caráter quantitativo.
O questionário aplicado aos educandos se refere a uma averiguação do nível de
conhecimento que os alunos possuem sobre do que se trata a avaliação. Almeja-se
conhecer o posicionamento dos mesmos a respeito dos instrumentos que seus
professores utilizam em sala de aula e da relevância destes para a aprendizagem; bem
como ter noção de como esses estudantes encaram a formação escolar.
No tocante às respostas fornecidas pelos alunos, conclui-se que os mesmos
sabem, superficialmente, o que é avaliação. Entram em concordância com seus
professores quando afirmam que os instrumentos utilizados são tradicionais, mas,
acreditam que estes sejam eficazes e corretos, com exceção de um aluno que optou por
um método inovador, extra-classe.
Percebe-se que os discentes não se sentem punidos pelos instrumentos de
avaliação (mais especificamente a prova), ao contrário, a considera indispensável para a
realização do processo. E acrescentam ainda que as ameaças de punição, por parte dos
professores, não são cumpridas.
Cerca de 60% dos alunos confessam só estudar na semana da avaliação, porque
nesse momento se auto-pressionam; declaram que não sentem nenhuma reação
inesperada no momento das provas/exames, sendo que 40% afirmam ficar
nervosos/ansiosos. Este fator influencia e atrapalha o desempenho na hora da avaliação,
isso remete ao fato da não democratização do ensino e de que, segundo Luckesi (1998,
p. 34), “a atual prática da avaliação escolar estipulou como função do ato de avaliar a
classificação e não o diagnóstico, como deveria ser constitutivamente”.
Um fator importante para o bom funcionamento da avaliação é a realização desta
como uma ação participativa, isto é, professor e aluno trabalhando reciprocamente para
a construção e o desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem.
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Tendo em vista o processo ensino-aprendizagem, seus princípios e aplicações,
conclui-se que a avaliação é consagrada de forma errônea, uma vez que assumiu caráter
quantitativo e classificativo, perdendo assim, o seu papel primordial: o de diagnóstico,
previsto no projeto pedagógico.
A coleta dos dados dos questionários nos possibilita intuir que professores e
alunos, dispensando exceções, são orientados pelo tradicionalismo que “move” o
ambiente escolar. Essa afirmação pode ser comprovada pelo fato de que, se tratando de
instrumento avaliativo, mestres e estudantes se referem, na maioria das vezes, a
“provas”.
Em suma, os alunos adquiriram, com o passar dos anos, o entendimento de que
“prova” faz parte do processo de ensino e por isso é indispensável. E os professores,
apesar de afirmarem que tem liberdade para escolher o que e como trabalhar, não fogem
ao conservadorismo.
À finalização desse estudo, percebe-se que a avaliação da aprendizagem não é
encarada como estabelece a teoria, porque os educadores se vêem muito vinculados aos
métodos tradicionais e ao que determina o sistema educacional em vigor. Dessa forma,
o que deveria ser processo, no sentido de construção contínua, está sendo tratado como
produto, isto é, algo já cristalizado e acabado.
10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Miniaurélio Século XXI Escolar: o minidicionário da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.
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15
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PILETTI, Claudino. Didática geral. 23ª ed. São Paulo: Ática, 2006.
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TYLER, Ralph W. Princípios básicos de currículo e ensino. 3ª ed. São Paulo: Editora Globo, 1976.
16
ANEXOS
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QUESTIONÁRIO APLICADO AOS ALUNOS
Série: ____________ Idade: ____________ Sexo: M ( ) F ( )
1. Você sabe o que é avaliação? Se sim, explique.__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
2. Que instrumentos de avaliação são utilizados por seus professores?( ) Provas ( ) Seminários ( ) Trabalhos em grupo( ) Debates ( ) Trabalhos individuais( ) Outros. Especifique-os: ________________________________________________________________
3. Os instrumentos utilizados pelos professores contribuem para que você aprenda os conteúdos trabalhados em sala de aula? Justifique. __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
4. Na sua visão, quais instrumentos seriam mais eficientes para avaliar o seu grau de aprendizagem? Justifique.
( ) Provas ( ) Seminários ( ) Trabalhos em grupo( ) Debates ( ) Trabalhos individuais( ) Outros. Especifique-os: ________________________________________________________________
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5. Você acha que quando o professor aplica uma prova ou teste está usando esse recurso como “vingança” devido ao comportamento apresentado pela turma? Por quê?____________________________________________________________________________________________________________________________________________
6. Você estuda todos os dias ou somente na semana das avaliações? Por quê?__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
7. Você sente algo diferente na hora de fazer avaliação? O quê? Por quê?____________________________________________________________________________________________________________________________________________
8. Você se sente pressionado em apresentar um bom resultado nas avaliações? Por quem?( ) Por mim mesmo ( ) Por meus pais ( ) Por parentes( ) Pela escola ( ) Não me sinto pressionado
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QUESTIONÁRIO APLICADO AOS PROFESSORES
Nome: ____________________________________________________ (opcional) Disciplina que leciona: _____________________________________ (obrigatório) Formação: _______________________________________________ (obrigatório)
1. Há quanto tempo leciona no Ensino Médio?______________________________________________________________________
2. O que é avaliação e qual a sua importância?____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
3. Quais os métodos e instrumentos utilizados para avaliar os alunos (provas, seminários, trabalhos em grupo, etc.)? Por quê?______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
4. Os métodos e instrumentos utilizados são da sua preferência ou você se sente “obrigado” a cumprir o sistema preestabelecido pela escola? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________
5. Se o que está sendo avaliado é o grau de aprendizagem dos alunos, os métodos e instrumentos utilizados são eficazes?__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
6. De alguma forma, direta ou indiretamente, os métodos avaliativos são influenciados pelo comportamento adotado pela turma? (ex. falta de atenção, conversas paralelas, etc.). __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
7. O que você considera como critério de avaliação, isto é, o que é pré-requisito para a atribuição da nota quantitativa? (somente provas, participação do aluno, seminários, comportamento individual do aluno, etc.) ____________________________________________________________________________________________________________________________________________
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