INSTITUTO POLITÉCNICO DE COIMBRA
INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE COIMBRA
Avaliação do Ambiente
Térmico na Cantina do ISEC
Mestrado em Equipamentos e Sistemas Mecânicos
Especialização em Projecto, Instalação e Manutenção de Sistemas Térmicos
Marco Aurélio da Costa Coimbra Matos
Dissertação para Obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Mecânica
Júri
Presidente: Doutor Luís Filipe Pires Borrego
Vogais: Doutor Adélio Manuel Rodrigues Gaspar
Doutor Divo Augusto Alegria Quintela
Doutor Avelino Virgílio Fernandes Monteiro Oliveira
2011
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AGRADECIMENTOS
Gostaria de agradecer a todos quantos tornaram possível a realização deste trabalho de
mestrado, em especial aos meus orientadores, Doutor Avelino Virgílio Fernandes Monteiro de
Oliveira e Doutor Divo Augusto Alegria Quintela, e ao responsável da cantina do Instituto
Superior de Engenharia de Coimbra bem como a todos os seus funcionários.
Também aos meus colegas de escola, que sempre me apoiaram e não regatearam esforços
para facilitar a vida em termos de deslocações a Coimbra.
Também gostaria de agradecer aos meus pais, pela motivação e incentivo que sempre
deram para as actividades de aprendizagem, como foi o caso deste trabalho, bem como a todos
aqueles que de alguma forma contribuíram para a realização deste trabalho, em especial os meus
sogros.
Por último, um agradecimento muito especial à minha esposa, por todo o apoio, motivação
e paciência que teve ao longo do tempo de realização do trabalho de mestrado, pois sem isso, não
teria sido possível conseguir realizar o trabalho a que me tinha proposto.
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RESUMO
O estudo dos ambientes térmicos nos locais de trabalh com elevada exposição ao calor,
tem sido objecto de alguns estudos, dado que influenciam directamente a segurança e a saúde do
trabalhador. Além destes factores, o ambiente térmico também tem influência na produtividade,
daí a importância da caracterização dos ambientes com elevada exposição ao calor.
Ao nível da segurança e saúde dos trabalhadores, a aposta passa claramente pela prevenção
e após um anterior trabalho ter caracterizado três cantinas universitárias da cidade de Coimbra,
este trabalho concentra-se em exclusivo na caracterização, através de medições e inquéritos, do
ambiente térmico de trabalho da cantina do Instituto Superior de Engenharia de Coimbra, com o
objectivo de saber se os trabalhadores desenvolvem as suas actividades acima dos limites
preconizados pelas normas internacionais, prevenindo desse modo a ocorrência de acidentes ou
doenças associadas à exposição ao calor.
Este trabalho começa por abordar quais as tendências ao nível da União Europeia em
termos de prevenção dos riscos laborais, com ênfase nos associados aos ambientes térmicos,
tendências essas que acabam normalmente por ser adoptadas por cada país membro.
Seguidamente faz-se uma breve caracterização das cozinhas profissionais para depois para
depois abordar-se a temática da legislação no que concerne à segurança e saúde dos
trabalhadores, sobretudo no que toca a ambientes térmicos.
Tendo por base as normas internacionais e os trabalhos desenvolvidos na área faz-se de
seguida a descrição da troca de calor entre o corpo humano e o ambiente com todos os
mecanismos associados, terminado esta primeira parte do trabalho com a descrição das
patologias associadas ao calor e dos índices para avaliação do stresse térmico nos locais de
trabalho expostos ao calor.
Depois da revisão bibliográfica, apresenta-se o método utilizado para efectuar as
medições na cantina, com os instrumentos utilizados, selecção de dias, pontos de medição,
apresentação e análise dos resultados das referidas medições. Como complemento, foi ainda
elaborado um inquérito para os trabalhadores avaliarem de forma subjectiva o ambiente térmico
aos quais estão sujeitos durante o desenrolar das suas actividades.
Por último, efectuou-se um pequeno questionário aos utilizadores da cantina, com o
objectivo de saber qual a avaliação que os mesmos fazem do ambiente térmico da cantina,
particularmente o espaço destinado às refeições.
O trabalho encerra com as conclusões a retirar, após análise dos resultados das medições
e das respostas aos inquéritos, fazendo-se um balanço do trabalho e aquilo que deverá ser feito,
em trabalhos futuros do género.
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ABSTRACT
The study of thermal environments in working places with high exposure to heat has been
object of several studies, given that directly affect the safety and occupational health. Besides
these factors, the thermal environment also influences productivity, hence the importance of
characterization of the environments with high exposure to heat.
In terms of workers safety and health, the trend is clearly in prevention. Previous work has
characterized three university canteens of Coimbra. Therefore, this work focuses exclusively on
the characterization, by measurements and surveys, of the thermal environment of the canteen of
the Institute of Engineering of Coimbra.
The aim of this study is to analyse if the workers are operating above the limits
recommended by international standards, thereby preventing the occurrence of accidents or
illnesses associated with heat exposure.
Initially this work addresses what are the trends in the European Union in terms of
prevention of occupational risks, with emphasis on associated thermal environments. These
tendencies usually end up by being adopted by each member country. Then a brief description of
professional kitchens is made, followed by focuses in the issue of legislation regarding the safety
and health of workers, especially in regard to thermal environments.
Based on international standards and studies that have been done in the area, a brief
description of heat exchange between the human body and the environment with all the
associated mechanisms is also performed. This first part of the study ends with the description of
the pathologies associated with the heat and indexes for assessing the "stress" thermal
workplaces exposed to heat.
After the review, the method used to make measurements in the canteen, with the
instruments used, selection of days, measuring points, presenting and analyzing the results of
those measurements. As a complement, a survey was also prepared to employees subjectively
assess the thermal environment to which they are subjected during the course of their activities.
Finally, it took place a short questionnaire to users of the canteen in order to know what is
the assessment that they make over the thermal environment of the canteen, particularly
concerning the space devoted to meals.
The work ends with some conclusions that can be drawn after analyzing the results of
measurements and responses to inquiries, and also a balance of work and what can be done in
future works of this type.
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ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................... 1
1.1. Generalidades ........................................................................................................................ 1
1.2. Objectivos .............................................................................................................................. 2
1.3. Situação Actual na União Europeia (EU) .............................................................................. 4
1.3.1. Riscos Emergentes ......................................................................................................... 5
2. CARACTERIZAÇÃO DE UMA COZINHA PROFISSIONAL ............................................ 6
2.1. Áreas Técnicas Cozinha ........................................................................................................ 6
2.2. Exaustão, Ventilação e Renovação de Ar .............................................................................. 7
2.3. HACCP - O conceito e os seus requisitos ............................................................................. 8
2.4. Riscos Associados ao Desempenho das Actividades em Cozinhas .................................... 11
3. ENQUADRAMENTO LEGAL DA SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO ............. 13
3.1. Introdução ............................................................................................................................ 13
3.2. Legislação Portuguesa de Referência .................................................................................. 14
3.3. Contra-Ordenações .............................................................................................................. 16
4. TROCA DE CALOR ENTRE O CORPO HUMANO E O AMBIENTE INTERIOR ...... 18
4.1. Introdução ............................................................................................................................ 18
4.2. Balanço Térmico do Corpo Humano ................................................................................... 18
4.2.1. Metabolismo ................................................................................................................. 19
4.2.2. Convecção respiratória ................................................................................................. 21
4.2.3. Evaporação Respiratória .............................................................................................. 21
4.2.4. Troca de calor por condução ao nível da pele .............................................................. 21
4.2.5. Troca de calor por convecção ao nível da pele ............................................................ 22
4.2.6. Troca de calor por radiação ao nível da pele ................................................................ 22
4.2.7. Perdas por evaporação devido à transpiração (troca de calor por evaporação ao
nível da pele) ............................................................................................................................... 23
5. PATOLOGIAS ASSOCIADAS À EXPOSIÇÃO AO CALOR ............................................ 24
5.1. Introdução ............................................................................................................................ 24
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5.2. Doenças Profissionais .......................................................................................................... 25
5.3. Doenças Associadas à Exposição ao Calor ......................................................................... 26
5.3.1. Generalidades ............................................................................................................... 26
5.3.2. Cãibras de Calor ........................................................................................................... 26
5.3.3. Síncope de Calor .......................................................................................................... 27
5.3.4. Exaustão pelo calor ...................................................................................................... 27
5.3.5. Golpe de calor .............................................................................................................. 28
5.3.6. Sudamina ...................................................................................................................... 28
5.4. Tratamento das Doenças Devidas ao Calor ......................................................................... 29
5.5. Prevenção ............................................................................................................................. 29
6. CARACTERIZAÇÃO DA EXPOSIÇÃO AO CALOR - ÍNDICES DE STRESSE
TÉRMICO ........................................................................................................................................ 32
6.1. Introdução ............................................................................................................................ 32
6.2. Índice WBGT ...................................................................................................................... 33
7. AVALIAÇÃO DO AMBIENTE TÉRMICO DA CANTINA DO ISEC .............................. 36
7.1. Introdução ............................................................................................................................ 36
7.2. Medições .............................................................................................................................. 36
7.3. Especificações de medição relativamente à heterogeneidade do ambiente ......................... 37
7.4. Período e duração das medições .......................................................................................... 39
7.5. Limitações ........................................................................................................................... 39
7.6. Metodologia Geral ............................................................................................................... 41
7.7. Resultados ............................................................................................................................ 43
7.8. Análise Detalhada do Local e Período de Trabalho Mais Desfavorável ............................. 50
8. RESULTADOS INQUÉRITOS ............................................................................................... 55
8.1. Inquérito aos Funcionários da Cantina do Instituto Superior de Engenharia de
Coimbra .......................................................................................................................................... 55
8.1.1. Análise dos Resultados Funcionários ........................................................................... 56
8.1.2. Análise Global dos Resultados dos Funcionários ........................................................ 74
8.2. Inquérito aos Utilizadores da Cantina do Instituto Superior de Engenharia de
Coimbra .......................................................................................................................................... 75
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8.2.1. Análise dos Resultados Utilizadores ............................................................................ 75
8.2.2. Análise Global dos Resultados dos Utilizadores .......................................................... 83
9. CONCLUSÃO ........................................................................................................................... 84
10. BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................... 87
ANEXOS ........................................................................................................................................... 92
CAPÍTULO III - Condições especiais dos locais de trabalho .................................................... 92
CAPÍTULO V - Métodos e Ritmos ............................................................................................ 93
ANEXO 2 – LOCAIS DE MEDIÇÃO NA CANTINA ................................................................. 94
ANEXO 3 - INQUÉRITO AOS FUNCIONÁRIOS DA CANTINA DO INSTITUTO
SUPERIOR DE ENGENHARIA DE COIMBRA ......................................................................... 96
ANEXO 4 - INQUÉRITO AOS UTILIZADORES DA CANTINA DO INSTITUTO
SUPERIOR DE ENGENHARIA DE COIMBRA ....................................................................... 101
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1 - Vista geral da cantina do ISEC .......................................................................................... 40
Figura 2 - Valores (máximo, médio e mínimo) da tbhn ao longo dos dias de medição e nos quatro
postos de trabalho analisados ............................................................................................................. 43
Figura 3 - Valores (máximo, médio e mínimo) da tg ao longo dos dias de medição e nos quatro
postos de trabalho analisados ............................................................................................................. 44
Figura 4 - Valores (máximo, médio e mínimo) da ta ao longo dos dias de medição e nos quatro
postos de trabalho analisados ............................................................................................................. 44
Figura 5 - Valores (máximo, médio e mínimo) do índice WBGT ao longo dos dias de medição e
nos quatro postos de trabalho analisados ........................................................................................... 45
Figura 6 - Canais de medição da tbhn no dia e período mais desfavorável ......................................... 50
Figura 7 - Canais de medição da tg no dia e período mais desfavorável ............................................ 50
Figura 8 - Canais de medição da ta no dia e período mais desfavorável ............................................ 51
Figura 9 – Canais de medição do índice WBGT no dia e período mais desfavorável ....................... 51
Figura 10 – Comparação entre as temperaturas interior e exterior no período mais desfavorável .... 53
Figura 11 – Comparação entre as humidades relativa interior e exterior no período mais
desfavorável ....................................................................................................................................... 53
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Figura 12 – Resultados da questão 1, relativa ao grupo 1 .................................................................. 56
Figura 13 – Resultados da questão 2, relativa ao grupo 1 .................................................................. 56
Figura 14 – Resultados da questão 3, relativa ao grupo 1 .................................................................. 57
Figura 15 – Resultados da questão 1, relativa ao grupo 2 .................................................................. 58
Figura 16 – Resultados da questão 2, relativa ao grupo 2 .................................................................. 58
Figura 17 – Resultados da questão 3, relativa ao grupo 2 .................................................................. 59
Figura 18 – Resultados da questão 4, relativa ao grupo 2 .................................................................. 59
Figura 19 – Resultados da questão 1, relativa ao grupo 3 .................................................................. 60
Figura 20 – Resultados da questão 2, relativa ao grupo 3 .................................................................. 61
Figura 21 – Resultados da questão 3, relativa ao grupo 3 .................................................................. 62
Figura 22 – Resultados da questão 4, relativa ao grupo 3 .................................................................. 63
Figura 23 – Resultados da questão 5, relativa ao grupo 3 .................................................................. 63
Figura 24 – Resultados da questão 6, relativa ao grupo 3 .................................................................. 64
Figura 25 – Resultados da questão 7, relativa ao grupo 3 .................................................................. 64
Figura 26 – Resultados da questão 8, relativa ao grupo 3 .................................................................. 65
Figura 27 – Resultados da questão 9, relativa ao grupo 3 .................................................................. 66
Figura 28 – Resultados da questão 10, relativa ao grupo 3 ................................................................ 67
Figura 29 – Resultados da questão 11, relativa ao grupo 3 ................................................................ 67
Figura 30 – Resultados da questão 12, relativa ao grupo 3 ................................................................ 68
Figura 31 – Resultados da questão 13, relativa ao grupo 3 ................................................................ 68
Figura 32 – Resultados da questão 14, relativa ao grupo 3 ................................................................ 69
Figura 33 – Resultados da questão 15, relativa ao grupo 4 ................................................................ 69
Figura 34 – Resultados da questão 16, relativa ao grupo 4 ................................................................ 70
Figura 35 – Resultados da questão 17, relativa ao grupo 4 ................................................................ 70
Figura 36 – Resultados da questão 18, relativa ao grupo 4 ................................................................ 71
Figura 37 – Resultados da questão 19, relativa ao grupo 4 ................................................................ 71
Figura 38 – Resultados da questão 20, relativa ao grupo 4 ................................................................ 72
Figura 39 – Resultados da questão 21, relativa ao grupo 4 ................................................................ 72
Figura 40 – Resultados da questão 22, relativa ao grupo 4 ................................................................ 73
Figura 41 – Resultados da questão 23, relativa ao grupo 4 ................................................................ 73
Figura 42 – Resultados da questão 1.1 ............................................................................................... 76
Figura 43 – Resultados da questão 1.2 ............................................................................................... 76
Figura 44 – Resultados da questão 1.3 ............................................................................................... 77
Figura 45 – Resultados da questão 1.4 ............................................................................................... 77
Figura 46 – Resultados da questão 2 .................................................................................................. 78
Figura 47 – Resultados da questão 3 .................................................................................................. 78
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Figura 48 – Resultados da questão 4 .................................................................................................. 79
Figura 49 – Resultados da questão 5 .................................................................................................. 79
Figura 50 – Resultados da questão 6 .................................................................................................. 80
Figura 51 – Resultados da questão 7 .................................................................................................. 81
Figura 52 – Resultados da questão 8 .................................................................................................. 81
Figura 53 – Resultados da questão 9 .................................................................................................. 82
Figura 54 – Resultados da questão 10 ................................................................................................ 82
ÍNDICE DE QUADROS
QUADRO 1 - Dados HORECA em Portugal (INE, 2007) .................................................................. 3
QUADRO 2 - Áreas Técnicas Cozinha Social (adaptado de Monteiro 1999) ..................................... 6
QUADRO 3 – Classificação dos Níveis de Metabolismo (adaptado de ISO 7243, 1989) ................ 20
QUADRO 4 - Medidas de protecção contra o calor a adoptar em cozinhas profissionais ................ 31
QUADRO 5 - Valores de metabolismo e valores limites de WBGT (adaptado de ISO 7243,
1989) ................................................................................................................................................... 35
QUADRO 6- Instrumentos de medição da marca TESTO utilizados ................................................ 37
QUADRO 7 - Alturas de colocação dos sensores térmicos para trabalhadores que realizam as
actividades de pé ou sentados (adaptado de ISO 7726, 1998) ........................................................... 37
QUADRO 8 - Previsão Meteorológica (Dados Instituto de Meteorologia de Portugal) ................... 39
QUADRO 9 - Locais e horas de medição na cantina do ISEC .......................................................... 42
QUADRO 10 - Valores máximos e médios ponderados do índice WBGT nos dias e locais de
medição .............................................................................................................................................. 49
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NOMENCLATURA
Significado Símbolo Unidade
Análise de Perigos e Controlo de Pontos Críticos HACCP -
Área superficial de corpo nu de Dubois DuA (m2)
Calor acumulado no interior do corpo S (W/m2)
Calor de evaporação da água ec (J/kg)
Calor específico de ar seco a pressão constante pc (J/kg)
Centro Nacional de Protecção contra Riscos Profissionais CNPRP -
Classificação Portuguesa das Actividades Económicas CAE -
Código do Trabalho CT -
Coeficiente de transmissão de calor por convecção ch (W/m2.ºC)
Coeficiente de transmissão de calor por radiação rh
(W/m2.ºC)
Convecção respiratória resC (W/m2)
Débito evaporativo máximo maxE (W/m2)
Débito pulmonar V (kg/s)
Eficiência evaporativa da sudação reqr (adim.)
Equipamentos de protecção individual EPI -
Evaporação respiratória resE (W/m2)
Factor ou área do vestuário clf (adim.)
Humedecimento cutâneo w (adim.)
Humidade absoluta do ar inspirado aW
(kg-água/kg-ar
seco)
Índice (Temperatura de Bolbo Húmido e de Globo) WBGT (ºC)
Índice de Stresse Térmico de Belding e Hatch HSI (%)
Índice de Stresse Térmico de Givoni ITS (g/h)
Índice de Calor e Humidade HHI (ºC)
Índice de Sudação Requerida SR -
Índice de Temperatura de Globo Húmido WGT (ºC)
Instituto Nacional de Estatística INE -
Isolamento térmico do vestuário cloI (m2.K/W)
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Organização Mundial de Saúde OMS -
Perdas por evaporação devido à transpiração E (W/m2)
Pontos Críticos de Controlo PCC -
Pressão parcial de vapor de água ap (kPa)
Pressão parcial de vapor de água no ar ambiente ap (kPa)
Pressão saturada do vapor de água à temperatura média da
pele sskp , (kPa)
Produção interna de calor WM (W/m2)
Radiação ultra-violeta UV -
Resistência evaporativa total da camada limite do ar e do
vestuário TR (m2.kPa/W)
Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho SHST -
Taxa de humidade do ar expirado exW
(kg-água/kg-ar
seco)
Taxa de Sudação Prevista para 4 Horas P4SR (litros)
Taxa metabólica M (W/m2)
Temperatura do ar at (ºC)
Temperatura do ar expirado ext (ºC)
Temperatura média da superfície da pele skt
(ºC)
Temperatura média radiante rt (ºC)
Tempo Limite de Exposição Fisiológica PHEL (horas)
Trabalho mecânico externo W (W/m2)
Troca de calor por condução ao nível pele K (W/m2)
Troca de calor por convecção ao nível da pele C (W/m2)
Troca de calor por radiação ao nível da pele R (W/m2)
União Europeia EU -
Valor médio ao nível da cabeça cabeçait (ºC)
Valor médio ao nível do abdómen abdomenit (ºC)
Valor médio ao nível do tornozelo; tornozeloit (ºC)
Valor médio ponderado da temperatura i it (ºC)
Velocidade do ar av (m/s)
Avaliação do Ambiente Térmico na Cantina do ISEC
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1. INTRODUÇÃO
1.1. GENERALIDADES
As condições de segurança, higiene e saúde no trabalho (SHST) são hoje em dia motivo
de preocupação crescente, constituindo o tema principal de algumas conferências mundiais,
patrocinadas nomeadamente pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Em Portugal, nos
últimos anos, tem vindo a assistir-se ao aparecimento de normas aplicáveis aos diversos campos
de intervenção de SHST, visando reduzir os elevados índices de sinistralidade que ainda se
verificam.
Em termos de perigo imediato para a saúde dos trabalhadores, um ambiente térmico que
imponha uma exposição ao calor elevada contribui para o aumento das possibilidades de
ocorrência de acidentes, associados a uma reconhecida diminuição da destreza e aumento de
fadiga. Além disso, o trabalho em ambientes muito quentes tem um efeito prejudicial na saúde
em geral que, em função do nível de exposição, pode provocar cãibras de calor, esgotamento por
desidratação e depleção salina, síncope ou mesmo golpe de calor.
A temperatura interior do nosso corpo é de aproximadamente 37ºC. Pelo contrário, as
condições térmicas do meio que nos rodeia são muito variáveis. Para sobreviver, o homem, como
aliás todos os animais ditos de “sangue quente” (aves e mamíferos), desenvolveu mecanismos
que lhe permitem manter a temperatura interior do corpo constante, apesar das variações
térmicas exteriores: os arrepios devido ao “frio” e a transpiração quando está “calor” são dois
mecanismos de controlo da temperatura sobejamente conhecidos (Sá, 1999). Embora o “frio” ou
o “calor” sejam noções que não estão apenas relacionadas com o ambiente térmico – em
presença de um ambiente térmico semelhante, a mesma pessoa pode experimentar uma sensação
de frio se estiver com pouca roupa e/ou com um nível de actividade muito reduzido, ou uma
sensação de calor se estiver muito agasalhada e/ou com uma actividade física intensa – é óbvio
que quanto mais extremas forem as condições térmicas, maior será o esforço necessário para
manter o corpo a 37ºC. Dependendo do grau de esforço necessário à manutenção da nossa
temperatura interior podem ocorrer três situações:
Situação de conforto térmico: a manutenção da temperatura interior do nosso corpo
não implica qualquer esforço significativo;
Situação de desconforto térmico: apesar de o esforço necessário para manter a
temperatura interior do corpo constante ser reduzido, existem ainda assim condições
Avaliação do Ambiente Térmico na Cantina do ISEC
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locais – correntes de ar, contacto com superfícies quentes ou frias, etc. – que
impedem que se fale de uma situação de conforto térmico;
Situação de tensão térmica (“stresse térmico”): a manutenção da temperatura interior
do corpo exige um esforço significativo, que para além de interferir com a capacidade
de concentração e de realização de trabalho, pode ainda obrigar a limitar o tempo
máximo de exposição às condições térmicas que originam a situação de “stresse
térmico”;
Entre as causas que podem afectar a sensibilidade da pessoa ao calor, encontram-se a
idade, peso, condição física, grau de aclimatação, metabolismo, consumo de álcool e drogas e
condições médicas tais como a hipertensão. Contudo, também devemos considerar o tipo de
vestuário utilizado, como factor causal de intolerância ao calor.
1.2. OBJECTIVOS
O tema do presente trabalho enquadra-se no domínio da segurança, higiene e saúde no
trabalho e identifica-se com o estudo e a caracterização de locais de trabalho em ambientes
térmicos representativos de actividades normalmente associadas a elevadas exposições ao calor.
Neste âmbito, também ele vasto e objecto de alguns estudos pioneiros no nosso país (Oliveira,
1998) (Cardoso, 2008), destaca-se o caso particular das cozinhas profissionais, actividade que
emprega uma quantidade bastante significativa de trabalhadores.
Neste tipo de ambiente industrial (cozinhas industriais), a ocorrência de situações de
“stresse térmico” pode ocorrer, nomeadamente devido ao calor excessivo. Nestas situações a
concentração e a capacidade física dos trabalhadores é afectada, o que naturalmente irá
comprometer a produtividade da empresa e, não menos importante, irá criar condições
favoráveis à ocorrência de acidentes de trabalho.
De acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), os dados referentes a empresas
ligadas ao sector da confecção de alimentos, no ano de 2007, são os seguintes:
Avaliação do Ambiente Térmico na Cantina do ISEC
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QUADRO 1 - Dados HORECA em Portugal (INE, 2007)
Actividade Económica Total Empresas Total Pessoas Empregadas
Hotéis ou estabelecimentos similares com cantina 2327 42761
Restaurantes 30368 121797
Cantinas 267 14230
Catering 656 3442
TOTAL 33618 182230
Consultando a Classificação Portuguesa das Actividades Económicas, Revisão 3 (CAE),
com a classificação 56290, encontram-se as cantinas universitárias, a exploração de cantinas,
catering, fornecimento de refeições ao domicílio e messes militares.
Segundo o INE, a classificação 56290 compreende as actividades de fornecimento e,
eventualmente, de preparação de refeições e bebidas a grupos bem definidos de pessoas
(seleccionadas na base da ocupação profissional), geralmente a preços reduzidos. Inclui,
nomeadamente, cantinas (de empresas, de estabelecimentos públicos e escolares) e messes
militares. Compreende também o fornecimento de refeições com base num contrato por um
determinado período de tempo (para empresas de transportes e outras). Normalmente as
refeições são preparadas numa cozinha central (INE, 2007).
Face aos dados do Quadro 1, que mostra claramente o elevado número de
estabelecimentos com cozinha e o número de pessoas que desempenham a sua actividade neste
ambiente, e na continuação dos estudos já levados a cabo em ambientes similares, pretende-se
avaliar a exposição dos trabalhadores de uma cozinha profissional ao calor, no caso concreto a
cantina do Instituto Superior de Engenharia de Coimbra, utilizando para o efeito o índice WBGT
(Temperatura de Bolbo Húmido e de Globo).
Pretende-se ainda caracterizar o ambiente de trabalho com base num questionário a
realizar junto dos trabalhadores, de modo a conseguir caracterizar de forma geral os
trabalhadores, como avaliam o ambiente térmico do seu local de trabalho, quais os hábitos de
hidratação e medidas que adoptam quando expostos ao calor, complementando-se assim a
caracterização feita com o índice WBGT. Paralelamente, também irá ser feito um questionário
aos utilizadores da cantina, com o objectivo de fazer a caracterização do ambiente térmico da
área destinadas aos utilizadores e conhecer os hábitos dos mesmos em relação à exposição ao
calor.
Avaliação do Ambiente Térmico na Cantina do ISEC
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1.3. SITUAÇÃO ACTUAL NA UNIÃO EUROPEIA (EU)
Anualmente ocorrem 167000 fatalidades relacionadas com o trabalho (dados de 2002-
2003) (Jukka Takala, 2009), destes 74000 são causados por substâncias perigosas. O cancro
profissional é o responsável pelo maior número de mortes. Os métodos para reduzir tais
ocorrências incluem: a estratégia da Comunidade Europeia e as consequentes estratégias
nacionais, as medidas legislativas e a sua aplicação, o trabalho em rede das instituições e dos
intervenientes na área da Saúde e Segurança do Trabalho, a recolha, análise e disseminação da
utilização da informação impressa e electrónica, em particular, a Internet.
À medida que as economias europeias se deslocam da tradicional produção nos sectores
primário e secundário para o sector dos serviços, a prevenção de acidentes de trabalho em áreas
tradicionalmente perigosas, não é suficiente. Deverá ser dada uma maior importância aos efeitos
sobre a saúde a longo prazo e na eliminação das causas subjacentes a tais resultados negativos.
A grande maioria dos acidentes relacionados com o trabalho e de problemas de saúde
pode ser prevenida. A prevenção da segurança e saúde não pode ser um projecto único, deverá
ser, um trabalho contínuo e sistemático. O desafio passa então por criar e manter uma cultura de
prevenção da segurança e saúde, baseando-se na necessidade de termos direito a um local de
trabalho seguro e saudável.
A Organização Mundial de Saúde define saúde não somente como a ausência de doenças
físicas, mentais ou sociais, mas sim como sendo um estado de equilíbrio da pessoa. Um local de
trabalho saudável é antes de mais, um local, onde dentro do possível, não existem “perigos” que
possam afectar directamente a saúde do trabalhador. Por outras palavras, um ambiente de
trabalho saudável é aquele onde não ocorrem acidentes, não há doenças profissionais e nenhum
outro tipo de problemas de saúde, não há discriminação de sexo, permite um equilíbrio entre a
vida profissional e pessoal, tem períodos adequados de descanso, etc. Este ambiente saudável
deverá também permitir o desenvolvimento profissional do trabalhador e promover o bem-estar
do mesmo.
A segurança e saúde são dos maiores problemas dos nossos locais de trabalho: a cada três
minutos e meio alguém na União Europeia (EU) morre por causas relacionadas com o trabalho.
Na EU a 27, onde há 225 milhões de pessoas em idade de trabalho, das quais 205 milhões estão
empregadas, acontecem 167000 mortes por ano, resultado de acidentes de trabalho (7460) ou de
doenças profissionais (159000). Mais de um terço do número total de mortes (74000) podem ser
atribuídas ao trabalho com substâncias perigosas (Jukka Takala, 2009).
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Os desafios que se colocam são então bastante complexos para serem enfrentados por
uma só organização, ou um só país, pelo que em 1996 foi criada a Agência Europeia para a
Segurança e Saúde no Trabalho, tendo como finalidade tornar os locais de trabalho mais seguros
e saudáveis da população dos 27 estados membros da EU.
O programa de trabalho da agência está ligado à estratégia da comunidade europeia,
designada por “Melhoria da qualidade e produtividade no trabalho: estratégia comunitária de
saúde e segurança no trabalho”, cujo objectivo é reduzir em 25% a taxa total de incidência de
acidentes de trabalho por cada 100000 trabalhadores no espaço EU a 27.
De forma a assegurar que a nova estratégia é implementada, uma das prioridades da
agência é o enfoque em pequenas e médias empresas, que empregam a maioria da população
trabalhadora da EU e onde se verifica a maior taxa de acidentes (acima de sectores como a
agricultura, construção e transportes), e têm menos acesso a informação e aconselhamento. Uma
das acções mais importantes a desenvolver é trabalhar na antecipação do risco, encorajando as
entidades nacionais que trabalham na área da segurança e saúde a terem as prioridades alinhadas
com as da agência, trocando resultados e incluindo os requisitos de segurança e saúde nos
programas de pesquisa e desenvolvimento de novos trabalhos ligados à temática.
1.3.1. Riscos Emergentes
Um relatório da Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho identifica os
riscos emergentes, que são: falta de actividade física; exposição combinada a factores de risco
como distúrbios músculo-esqueléticos e riscos psicossociais; complexidade das novas
tecnologias e interfaces homem-máquina; riscos multi-factoriais; protecção insuficiente para
grupos de alto risco devido à contínua “exposição” a riscos ergonómicos; desconforto térmico;
aumento geral da exposição à radiação ultra-violeta (UV), combinada com a exposição a
vibrações, posturas incorrectas e trabalho físico pesado (adaptado de (EU-OSHA, 2005)).
Destaca-se a falta de medidas contra o desconforto térmico em locais de trabalho, onde
até agora somente o stresse térmico tem sido falado. Considera ainda que o impacto do conforto
térmico no stresse e bem-estar global dos trabalhadores não tem sido adequadamente avaliado. O
desconforto térmico influencia directamente a produtividade dos trabalhadores e o seu
comportamento em termos de segurança, aumentando a probabilidade de acidentes de trabalho.
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2. CARACTERIZAÇÃO DE UMA COZINHA PROFISSIONAL
2.1. ÁREAS TÉCNICAS COZINHA
Uma cozinha colectiva não é uma divisão específica, mas sim formada e constituída por
vários espaços fechados, ou não, e, tanto quanto possível, contíguos, com os seus equipamentos e
mobiliário próprio. Por sua vez, aqueles espaços encontram-se teoricamente subdivididos em
zonas de trabalho bem definidas, nas quais laboram profissionais especializados. A cada espaço
ou recinto que constitui a cozinha colectiva, dá-se o nome de “Área Técnica” (Monteiro, 1999).
QUADRO 2 - Áreas Técnicas Cozinha Social (adaptado de Monteiro 1999)
Tipo de Cozinha Área Técnica Área definida
Social
Armazém
Despensa de secos
Despensa fria
Sacaria
Cozinha
Preparações
Legumes
Carne
Peixe
Sobremesas
Saladas
Bloco de confecção
Distribuição
Estufa
Empratamento
Self-Service
Copa Lavagem
Copa suja
Lavagem trem
Armazenagem Copa Limpa
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2.2. EXAUSTÃO, VENTILAÇÃO E RENOVAÇÃO DE AR
A ventilação e climatização das zonas de confecção devem merecer particular atenção,
pela influência que têm no bem-estar das pessoas que ali trabalham. Não se trata tão só de
colocar aparelhos de ar condicionado ou de meras condutas de extracção de fumos, mas sim de
estudar profundamente cada caso em concreto. As compensações de ar e a regulação da
velocidade de extracção são fundamentais. Problemático é sempre o local de passagem e
dimensão das condutas. Imposições estéticas e limitações da dimensão do local de passagem são
impeditivas à sua adequada instalação, pelo que há necessidade de, por vezes, se recorrer a
mecanismos auxiliares.
A correcta implementação de processos de ventilação e renovação do ar na restauração
para além de obrigatória deve ser entendida pelos empresários como uma vantagem em termos
da Qualidade do serviço prestado e das condições de trabalho (CLIMANET, 2009). Em termos
de legislação, verifica-se o seguinte:
A ventilação do armazém de produtos alimentares deve ser assegurada através de um
sistema autónomo e permanente de renovação de ar para o exterior;
As cozinhas dos estabelecimentos de restauração e de bebidas deverá
obrigatoriamente possuir uma ventilação adequada às dimensões da mesma;
As copas, cozinhas e zonas de fabrico devem ter ventilação e iluminação naturais
suficientes ou, quando tal não seja possível, ventilação e iluminação artificiais
adequadas à sua capacidade e tipo de laboração/produção;
As copas, cozinhas e zonas de fabrico devem ser equipadas com dispositivos eficazes
de extracção de fumos e cheiros, e de renovação contínua de ar;
As condutas de evacuação de fumos e cheiros devem ser em material incombustível e
ser instaladas nos termos da legislação e normas em vigor;
O funcionamento das condutas e chaminés não pode causar inconvenientes ou
incómodos a terceiros, nem ser causa de insalubridade ou originar prejuízos para as
edificações vizinhas.
A Norma EN NP 1037-4:2001 homologada em 23/10/2001 e em vigor desde Junho de
2002 descreve, com rigor as normas e condições de funcionamento das Cozinhas Profissionais,
nomeadamente:
Estabelece os limites de temperaturas e higrometria locais;
Estabelece o limite máximo de ruído no interior e exterior daquele recinto;
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Estabelece as velocidades de ar no local de forma a evitar as correntes de ar
responsáveis pelo absentismo invernal;
Estabelece normas, métodos e processos de cálculo de caudais de ar a extrair e a
insuflar;
Impede a instalação de sistemas de ventilação unicamente baseados na exaustão;
Consagra, finalmente, o método de cálculo com base na norma alemã VDI 2052:
1995;
Obriga as entidades instaladoras/montadoras a preparar e a fornecer aos proprietários
das instalações um Manual de Instruções com todas as indicações necessárias à
correcta operação do sistema de Ventilação.
Existem diversos tipos de sistemas de exaustão, devendo cada um ser adaptado à situação
em estudo, sendo que independentemente da solução adoptada, e de uma forma genérica, todos
deverão ser capazes de conseguir extrair o ar viciado, insuflando ar novo, mantendo dessa forma
o ar das zonas de produção o mais estável possível, em termos de temperatura e humidade.
2.3. HACCP - O CONCEITO E OS SEUS REQUISITOS
O sistema de Análise de Perigos e Controlo de Pontos Críticos - HACCP (Hazard
Analysis Critical Control Points), é um sistema preventivo de controlo da segurança alimentar,
cujo objectivo é a prevenção e não a inspecção do produto terminado, garantindo dessa forma a
qualidade dos alimentos. Este sistema identifica os perigos específicos e as medidas preventivas
para o seu controlo em todas as etapas de produção, baseando-se numa abordagem sistemática,
documentada e verificável.
Foi desenvolvido durante os anos 60 nos Estados Unidos da América com o objectivo de
produzir alimentos seguros, e desde 1980 esta metodologia é recomendada para empresas do
sector alimentar.
Os princípios do HACCP são aplicáveis a todas as fases da produção de alimentos,
incluindo a agricultura básica, a pecuária, a industrialização e manipulação dos alimentos, os
serviços de alimentação colectiva, os sistemas de distribuição e manuseamento e a utilização do
alimento pelo consumidor.
Não é fácil implementar o conceito nas cozinhas porque cada unidade tem características
próprias e requisitos específicos. A identificação dos riscos e a definição dos procedimentos para
se produzirem alimentos seguros tem que ser feita caso a caso (PROGELCONE, 2009).
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Na prática o conceito HACCP para cozinhas profissionais tem que seguir os seguintes
passos:
1. Identificar os riscos que fazem perigar a segurança e qualidade alimentares e têm a
sua origem nos ingredientes utilizados, nos processos de confecção e no próprio
produto final. Estes riscos potenciais têm que ser cuidadosamente analisados e
avaliados. Os riscos possíveis podem ser divididos em três tipos:
1.1. Biológicos e microbiológicos: bolores, vírus, parasitas;
1.2. Químicos, como resíduos de produtos de limpeza ou pesticidas;
1.3. Físicos: objectos estranhos de qualquer espécie como cabelos, insectos, metais ou
outros.
2. Os gestores das unidades deste sector têm que ser capazes de determinar em que área
da sua cozinha e em que processo ou parte dele, podem ocorrer estes riscos e também
de avaliar o nível que representam. Não devem ser analisados apenas os processos e
os ingredientes relacionados com a preparação e confecção dos alimentos mas
também a higiene pessoal dos empregados e todas as operações na cozinha, uma vez
que existem rotas de contaminação potencial;
3. Quando se conhecem os riscos inerentes ao processo de preparação é necessário
definir os Pontos Críticos de Controlo (PCC). Um PCC é um procedimento ou
operação na qual o controlo deve ser aplicado, sendo essencial para prevenir e reduzir
a níveis aceitáveis ou eliminar um perigo relacionado com a inocuidade dos
alimentos. Para um Ponto Crítico pode haver vários aspectos a controlar devendo para
cada um individualmente ser definido um limite. Por exemplo, um processo de
confecção deve ser definido por uma temperatura mínima determinada para a
“receita” mas o controlo dos microrganismos a esta temperatura pré definida pode
exigir a sua manutenção por um período de tempo mínimo determinado e definido.
Neste caso o critério de verificação / controlo seria temperatura e tempo. Se um dos
parâmetros estabelecidos não for respeitado podemos ter uma situação de risco
inaceitável e terão que ser tomadas acções correctivas.
4. O controlo e os registos são importantes, porque depois da definição dos Pontos
Críticos tem que ser definida a forma de controlo de cada um bem como os
parâmetros limites para cada medida de controlo. Seguem-se alguns exemplos típicos
de controlo:
4.1. Controlo da temperatura
4.2. Controlo do tempo
4.3. Inspecção visual
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4.4. Práticas de gestão / operacionais
4.5. Segregação de alimentos de alto risco (crús-confeccionados/ limpo-sujo)
4.6. Controlo de contaminações cruzadas, de insectos, roedores e lixos
4.7. Controlo da higiene pessoal, limpezas e desinfecções
4.8. Controlo das concentrações e tempos de contacto de produtos de limpeza e
desinfecção
5. Estabelecer a acção correctiva a ser tomada quando a monitorização indica que
determinado PCC não está dentro do limite estabelecido.
5.1. Para cada área crítica devem ser pré-definidos procedimentos alternativos para a
eventualidade de os critérios de controlo não serem atingidos. Se for detectada
deficiência na recepção de produtos estes poderão ser rejeitados. No pior caso, se
um problema não puder ser corrigido e / ou disso resultarem alimentos pouco
seguros para o consumidor, eles devem ser deitados fora. Para além de serem
definidos limites de controlo e de serem estabelecidas medidas correctivas é
necessário definir os procedimentos para medição regular dos parâmetros dos
Pontos Críticos e nomear as pessoas responsáveis pelas tarefas.
6. Nenhum serviço ficará completo sem suporte documental: para confirmarmos a
eficácia dos procedimentos adoptados o controlo dos Pontos Críticos tem que ser
registado. O arquivo destes registos (no mínimo durante um ano) dá credibilidade aos
procedimentos de higiene alimentar, criando igualmente uma base de dados que
permite a melhoria e revisão regular de todo o processo.
7. Revisões periódicas: para assegurarmos a vitalidade dos princípios subjacentes ao
HACCP devem efectuar-se revisões periódicas dos procedimentos, actualizando-se os
que forem necessários em função das alterações por introdução de novos elementos
ou mudança das operações. Todos os colaboradores devem receber formação sobre os
princípios, práticas e responsabilidades pessoais relativamente a higiene pessoal,
alimentar e segurança, relevantes para as tarefas que desempenham a fim de que a
implementação do HACCP decorra sem perturbações. A responsabilidade final é, em
última instância, sempre do gestor das operações que deve definir e controlar quem
efectua os procedimentos. Todos têm que cooperar mas o gestor da unidade é o
responsável máximo.
Não é possível implementar um sistema HACCP eficaz numa empresa sem que tenham
sido assegurados alguns pré-requisitos tais como a formação de todos os colaboradores, o
controlo de pragas, procedimentos de higiene, plano de limpeza e desinfecção, controlo da
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potabilidade da água e saúde do manipulador (pessoas que trabalham com alimentos não podem
sofrer de qualquer doença infecto-contagiosa, como por exemplo, hepatite ou tuberculose). O
sucesso da implementação do sistema HACCP depende da formação e treino ministrados a todos
os intervenientes. Essa formação e treino devem ser contínua e adaptada às funções
desempenhadas na empresa. A formação em Higiene e Segurança Alimentar deve ser ministrada
a todos os colaboradores a um nível apropriado às operações que executam.
As vantagens do sistema HACCP são diversas, começando desde logo por se aplicar a
toda a cadeia alimentar, reforçando a imagem da empresa e a confiança dos consumidores.
Permite controlar os perigos com origem nos alimentos e promove uma filosofia de prevenção
em detrimento do controlo baseado no produto final e direcciona os recursos humanos e
materiais para os ponto-chave do processo. Ainda assim, há alguns obstáculos a ultrapassar na
implementação do Sistema, como sejam as preocupações sobre custos de produção e despesas, a
falta de informação, falta de formação dos colaboradores e escassez de informação disponível
em português.
2.4. RISCOS ASSOCIADOS AO DESEMPENHO DAS ACTIVIDADES
EM COZINHAS
Os trabalhadores de cozinhas profissionais encontram-se sujeitos a riscos de várias
ordens, tais como:
Stresse térmico: provocado pelo aquecimento excessivo da temperatura ambiente
quando são utilizados equipamentos produtores de calor: fogão, forno, grelhadores,
etc. Os trabalhadores expostos são os que se encontram perto destes equipamentos ou
em compartimentos onde estes se encontrem.
o Medidas de Prevenção:
Instalar sistemas de exaustão por cima de locais onde haja uma elevada
produção de calor (fogões, fritadeiras, grelhadores, etc.);
Instalar sistemas de ventilação / climatização nos locais propensos a
atingirem temperaturas elevadas; estes sistemas podem ser instalados
de forma a fazerem uma adequada renovação do ar ambiente;
Beber água regulamente ao longo da jornada de trabalho; não ingerir
álcool ou cafeína;
Organizar os períodos de trabalho / descanso; sempre que possível,
devem ser feitas pausas em locais mais frescos e arejados;
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Informar todo o pessoal de cozinha acerca dos sintomas provocados
pelo calor;
Utilizar roupa de trabalho de algodão;
Risco de Incêndio: Os incêndios podem ter diversas origens e ocorrer nos vários
equipamentos que são utilizados aquando da confecção dos alimentos.
Riscos Químicos: a utilização e determinados equipamentos para confeccionar os
alimentos (fogões a gás, grelhadores a carvão, etc.) produzem gases nocivos (CO e
CO2) que podem atingir concentrações perigosas. Uma situação que também
comporta risco é as fugas de gás (a inalação do gás pode levar à morte por asfixia).
Risco de Explosão: uma explosão pode ocorrer nas seguintes situações: aumento
contínuo da pressão no interior de recipientes fechados, panelas de pressão, confecção
no microondas, que das garrafas de gás, fugas de gás, etc.
Risco de Queda de Objectos: o manuseamento de utensílios utilizados na confecção
dos alimentos (frigideiras, panelas com pegas compridas, facas, etc.) é a principal
situação que comporta este risco.
Riscos Biológicos: a exposição dos trabalhadores ocorre quando estes manipulam
alimentos crus ou contaminados com microrganismos patogénicos.
Risco Associado a Factores Psicossociais: o stresse é o principal factor que pode
conduzir a situações de risco e que os profissionais da restauração experimentam
quase diariamente.
Risco de Exposição a Radiações: as radiações a que os trabalhadores podem estar
expostos são as radiações infravermelhas e as que provêm dos equipamentos de
aquecimento, como o microondas.
Riscos Eléctricos: os riscos eléctricos podem ocorrer através do contacto directo ou
indirecto com partes activas de equipamentos eléctricos devido ao mau estado de
conservação de fios, tomadas, revestimento dos equipamentos, etc.
De forma a evitar-se acidentes ligados aos riscos anteriormente mencionados, deverão ser
tomadas medidas estruturais e comportamentais em todos as áreas técnicas da cozinha,
diminuindo dessa forma o risco de acidentes, através de uma correcta avaliação dos riscos e
medidas de prevenção adoptar, tornado o espaço além de seguro, funcional e confortável.
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3. ENQUADRAMENTO LEGAL DA SEGURANÇA E SAÚDE
DO TRABALHO
3.1. INTRODUÇÃO
A área da segurança e saúde do trabalho foi recentemente objecto de nova legislação,
sendo de destacar, o novo enquadramento conferido às políticas de prevenção, sejam as políticas
públicas, sejam as políticas da empresa, através do novo Código do Trabalho e da sua
regulamentação na área da segurança e saúde do trabalho, a lei nº102/2009 de 10 de Setembro
(Cabral, 2010).
A lei estabelece uma obrigação genérica ao empregador de assegurar aos seus
trabalhadores condições adequadas e suficientes de segurança e saúde do trabalho, devendo, para
o efeito, desenvolver uma dinâmica preventiva baseada na metodologia dos Princípios Gerais de
Prevenção. A Lei 102/2009 (artigo 15º) estabelece, a este propósito, os princípios seguintes:
1. Identificação dos riscos previsíveis em todas as actividades da empresa,
estabelecimento ou serviço, na concepção ou construção de instalações, de locais
e processos de trabalho, assim como na selecção de equipamentos, substâncias e
produtos, com vista à eliminação dos mesmos ou, quando esta seja inviável, à
redução dos seus efeitos;
2. Integração das avaliação dos riscos para a segurança e saúde do trabalhador no
conjunto das actividades da empresa, estabelecimento ou serviço, devendo
adoptar as medidas adequadas de protecção;
3. Combate aos riscos na origem, de forma a eliminar ou reduzir a exposição e
aumentar os níveis de protecção;
4. Assegurar nos locais de trabalho que, as exposições aos agentes químicos, físicos
e biológicos e aos factores de risco psicossociais não constituam risco para a
segurança e saúde do trabalhador;
5. Adaptação do trabalho ao Homem, especialmente no que se refere à concepção
dos postos de trabalho, à escolha de equipamentos de trabalho e aos métodos de
trabalho e produção, com vista a, nomeadamente, atenuar o trabalho monótono e
repetitivo e reduzir os riscos psicossociais;
6. Adaptação ao estado de evolução da técnica, bem como a novas formas de
organização do trabalho;
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7. Substituição do que é perigoso pelo que é isento de perigo ou menos perigoso;
8. Dar prioridade às medidas de protecção colectiva em relação às medidas de
protecção individual;
9. Elaboração e divulgação das instruções compreensíveis e adequadas à actividade
desenvolvida pelo trabalhador;
A prevenção é por todos estes factores, um assunto ético e moral, mas também de
produtividade e competitividade da organização. Deficientes condições de segurança e saúde no
local de trabalho contribuem para o desemprego, ausência por doença, deficiências e longo prazo
e reforma antecipada. Por isso, é vital o envolvimento dos empregados e empregadores, para
garantir o sucesso da prevenção dos riscos associados às doenças profissionais. Os trabalhadores
terão que ter consciência dos riscos que correm e devem ser treinados para se protegerem desses
mesmos riscos. É da responsabilidade dos empregadores, manter os seus empregados em
segurança, e é da responsabilidade dos governos adoptarem medidas relacionadas com a
segurança no trabalho, no que toca a métodos para a prevenção do risco, continuando a promover
a segurança e saúde no trabalho como essencial junto dos empregadores.
Os empregadores também terão que perceber que a promoção da segurança e saúde no
local de trabalho contribui para a apreciação dos clientes, essencial para o sucesso do negócio.
Beneficia também a reputação, a produtividade dos trabalhadores e o valor acrescentado aos
produtos. Percebendo que a segurança e saúde no trabalho não é um custo, mas sim um
investimento, as empresas passarão a olhar para esta área como uma das áreas-chave da
organização, tendo como exemplos os estados-membros da União Europeia que mais investiram
nesta área, apresentando o maior indicador ao nível da produtividade da sua força de trabalho. O
desafio passará por fazer com que as pequenas e médias empresas adoptem as boas-práticas das
maiores companhias, convencendo-as que a competitividade a longo prazo depende de umas
força de trabalho saudável e motivada.
3.2. LEGISLAÇÃO PORTUGUESA DE REFERÊNCIA
Em termos de legislação portuguesa referente a ambientes térmicos de trabalho, pode-se
dizer que ela é ainda bastante vaga, sendo que o decreto-lei que aborda de forma mais detalhada
este tema, data do ano de 1986, relativo ao Regulamento Geral de Higiene e Segurança do
Trabalho nos Estabelecimentos Comerciais, de Escritório e Serviços.
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As leis e decretos-lei que mencionam as obrigações legais em termos de ambientes
térmicos de trabalho são os seguintes:
Lei n.º 7/2009. DR n.º 30, Série I de 2009-02-12: Assembleia da República - Aprova
a revisão do Código do Trabalho
Decreto-Lei n.º 352/2007. DR 204 SÉRIE I, de 23 de Outubro: Ministério do
Trabalho e da Solidariedade Social - Aprova a nova Tabela Nacional de
Incapacidades por Acidentes de Trabalho e Doenças Profissionais, revogando o
Decreto-Lei n.º 341/93, de 30 de Setembro, e aprova a Tabela Indicativa para a
Avaliação da Incapacidade em Direito Civil
Decreto Regulamentar n.º 76/2007, de 17 de Julho: Ministério do Trabalho e da
Solidariedade Social - Altera o Decreto Regulamentar n.º 6/2001, de 5 de Maio, que
aprova a lista das doenças profissionais e o respectivo índice codificado. Não consta
nenhuma doença profissional associada à exposição ao calor no local de trabalho.
Lei n.º 99/2003. DR n.º 197, Série I-A de 2003-08-27: Assembleia da República -
Aprova o Código do Trabalho
Decreto-Lei n.º 503/99, de 20 de Novembro: Aprova o novo regime jurídico dos
acidentes em serviço e das doenças profissionais no âmbito da Administração
Pública.
Decreto-Lei n.º 243/86, de 20 de Agosto: Regulamento Geral de Higiene e Segurança
do Trabalho nos Estabelecimentos Comerciais, de Escritório e Serviços.
O Decreto-Lei Nº 243/86, de 20 de Agosto, que se apresenta de forma mais detalhada no
Anexo 1, menciona as obrigações legais em termos de atmosfera de trabalho, que devem garantir
a saúde e o bem-estar dos trabalhadores; as condições de temperatura e humidade, devendo os
locais de trabalho, bem como as instalações comuns oferecer boas condições termo
higrométricas, devendo a temperatura, na medida do possível, oscilar entre os 18ºC e os 22ºC;
alterações bruscas de temperatura, não podendo os trabalhadores ser sujeitos a variações bruscas
de temperatura, pois são consideradas nocivas à saúde; pausas no horário de trabalho, sempre
estas ocorrerem sempre que os trabalhadores estejam submetidos a temperaturas muito altas.
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3.3. CONTRA-ORDENAÇÕES
As entidades que não cumpram as disposições legalmente estabelecidas incorrem em
contra-ordenações. O regime geral das contra-ordenações1 em matéria de Segurança e Saúde no
Trabalho (SST), encontra-se previsto nos artigos 548 e 566 do Capítulo II do Livro II do Código
do Trabalho (CT), aprovado pela lei n.º7/2009, de 12 de Fevereiro (Moreira, 2010).
O legislador estabelece no artigo 553 do CT, escalões de gravidade das contra-ordenações
laborais tendo em conta a relevância dos interesses violados, classificando-as em leves, graves e
muito graves.
Para se compreender melhor, enumeram-se algumas das infracções muito graves em
matéria de segurança e saúde no trabalho, retiradas apenas da legislação relativa à organização
das actividades de segurança e saúde na empresa (lei n.º102/2009, regula organização dos
serviços de SHST) (Moreira, 2010):
O artigo 15.º relativo às obrigações gerais do empregador contém obrigações
distribuídas ao longo de 12 números (1 a 12) como sejam o de:
1. Assegurar ao trabalhador condições de segurança e de saúde em todos os
aspectos do seu trabalho;
2. Proceder à identificação de perigos e avaliação de riscos em todas as
actividades da empresa;
3. Adoptar as medidas adequadas de protecção;
4. Considerar os conhecimentos e aptidões dos trabalhadores em matéria de
segurança e saúde no trabalho para a função que desempenham;
5. Estabelecer medidas de confinamento e acesso condicionado a zonas de risco
elevado;
6. Assegurar a vigilância da saúde do trabalhador em função dos riscos a que
estiver potencialmente exposto no local de trabalho;
7. Suporta os encargos com a organização e o funcionamento do serviço de
segurança e de saúde no trabalho e demais medidas de prevenção;
O artigo 17.º relativo às obrigações em que se determina a obrigação do trabalhador
zelar pela sua segurança e pela sua saúde, bem como pela segurança e pela saúde das
1 A noção de contra-ordenação laboral consta do artigo 548 do CT como o “facto típico, ilícito e censurável que
consubstancie a violação de uma norma que consagre direitos ou imponha deveres a qualquer sujeito no âmbito de
relação laboral e que seja punível com coima”.
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outras pessoas que possam ser afectadas pelas suas acções ou omissões, no trabalho,
sobretudo quando exerça funções de chefia ou coordenação, em relação aos serviços
sob o seu enquadramento hierárquico e técnico;
O artigo 18.º relativo às obrigações do empregador consultar os trabalhadores sobre:
1. A avaliação dos riscos para a segurança e saúde no trabalho;
2. As medidas de segurança e saúde antes de serem postas em prática;
3. O programa e a organização da formação no domínio da segurança e saúde no
trabalho;
4. Equipamento de protecção que seja necessário utilizar;
O artigo 19.º relativo à obrigação do empregador informar os trabalhadores sobre:
1. Os riscos para a segurança e saúde, bem como as medidas de protecção e de
prevenção e a forma como se aplicam;
Os artigos 73.º e 74.º relativo à obrigação do empregador organizar o serviço de
segurança e saúde no trabalho de acordo com as modalidades previstas na lei;
O artigo 74.º relativo à obrigação do empregador garantir que os serviços organizados
detenham os meios suficientes que lhes permitam exercer as actividades principais de
segurança e de saúde no trabalho;
Através do exposto mais uma vez se verifica o enfoque na prevenção dos riscos laborais,
diminuindo-os para assegurar condições de segurança e saúde dos trabalhadores, assegurando
também a supervisão médicos dos mesmos.
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4. TROCA DE CALOR ENTRE O CORPO HUMANO E O
AMBIENTE INTERIOR
4.1. INTRODUÇÃO
O ser humano é um ser homeotérmico, isto é, possui a capacidade de manter a
temperatura corporal dentro de um intervalo pré-determinado apesar das variações térmicas do
meio ambiente (homeostasia térmica). No homem, a temperatura é regulada, em circunstâncias
normais, para cerca de 37 °C.
Quando se verifica um aumento de temperatura no exterior, o corpo humano, através de
mecanismos homeostáticos de termorregulação, diminui a temperatura corporal por processos
como a vasodilatação (os capilares aproximam-se da superfície cutânea, havendo uma
transferência de energia para o exterior) e a produção de suor, que evapora, diminuindo a
temperatura ao nível da pele.
A termorregulação dá-se através de mensagens nervosas. O hipotálamo, um centro
nervoso situado no interior da caixa craniana, actua como centro de regulação térmica,
detectando as variações de temperatura externas. O hipotálamo coordena as respostas orgânicas
que permitem a manutenção da temperatura corporal em intervalos reduzidos, sendo o
hipotálamo anterior responsável pelas respostas em situações de calor (aumento da taxa de
transpiração e promoção da vasodilatação periférica, por exemplo) e o posterior pelas respostas
em situações de frio, procurando manter a temperatura corporal através do aumento da produção
de calor e da redução das perdas (por exemplo, através da vasoconstrição e da erecção dos pêlos
da pele).
4.2. BALANÇO TÉRMICO DO CORPO HUMANO
O método de avaliação e interpretação estabelece que o balanço térmico do corpo
humano é feito a partir de (ISO 7933, 1989):
Parâmetros físicos do ambiente:
o Temperatura do ar, at (ºC);
o Temperatura média radiante, rt (ºC);
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o Pressão parcial de vapor de água, ap (kPa);
o Velocidade do ar, av (m/s);
Parâmetros individuais:
o Metabolismo, M (W/m2);
o Isolamento térmico do vestuário, cloI (m2.K/W)
O calor interno no corpo humano resulta da energia libertada no processo de degradação
oxidativa dos hidratos de carbono, lípidos e proteínas ingeridos. Isto processa-se a uma taxa, que
é equivalente à quantidade de energia necessária para manter a vida fisiológica e possibilitar a
realização de esforços musculares, destinados à execução de uma determinada actividade. A
produção interna de calor é a quantidade de energia produzida pelo ser humano que é
transformada em calor. Esta parcela da equação é dada pela diferença entre o metabolismo e o
trabalho mecânico externo.
A equação do balanço térmico do corpo humano pode escrever-se da seguinte forma:
SERCKECWM resres
(1)
Onde:
M Taxa metabólica, (W/m2);
WM - Produção interna de calor, (W/m2);
W – Trabalho mecânico externo, (W/m2);
resC - Convecção respiratória, (W/m2);
resE - Evaporação respiratória, (W/m2);
K - Troca de calor por condução ao nível pele, (W/m2);
C - Troca de calor por convecção ao nível da pele, (W/m2);
R - Troca de calor por radiação ao nível da pele, (W/m2);
E - Perdas por evaporação devido à transpiração, (W/m2);
S - Calor acumulado no interior do corpo, (W/m2);
DuA - Área superficial de corpo nu de Dubois, (m2);
4.2.1. Metabolismo
O metabolismo pode ser determinado através da medição do oxigénio consumido pelo
trabalhador, ou então por estimativa através do quadro que a seguir se apresenta.
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QUADRO 3 – Classificação dos Níveis de Metabolismo (adaptado de ISO 7243, 1989)
Classe
METABOLISMO (M) TAXA
METABÓLICA MÉDIA
EXEMPLOS
Relativo à
unidade de
superfície
de pele
(W/m2)
Total (para
um homem
com uma
área de
superfície de
pele de 1,8
m2) [W]
W/m2 W
0
Repouso
M ≤ 65 M ≤ 117 65 117 Descansar
1
Taxa
Metabólica
Baixa
65 <M ≤ 130 117 <M ≤ 234 100 180
Sentado: leve trabalho manual (escrever, escrever à
máquina, desenhar, costurar, guarda-livros); trabalho
de mãos e braços (operar com ferramentas de um
pequeno banco de carpinteiro, inspecção, montagem
ou classificação de materiais leves); trabalhos de
braços e pernas (conduzir um veículo em condições
normais, accionar botões ou pedais);
Em pé: operar com berbequim, fresadoras,
laminadoras, bobinadoras, deformação de pequenas
armações de madeira; operar com ferramentas de
baixa potência, caminhar normalmente (velocidade
até 3,5 km/h);
2
Taxa
Metabólica
Moderada
130 <M ≤
200 234 <M ≤ 360 165 297
Trabalho contínuo de mãos e braços (martelar,
movimentar objectos); trabalho de braços e pernas
(equipamento de construção, tractores, condução de
camiões), trabalho de braços e tronco (com um
martelo pneumático, trabalho manual intermitente
com material moderadamente pesado, colocação de
rebocos, apanhar fruta ou vegetais, cavar); trabalho
de forja; caminhar a uma velocidade entre 3,5 e 5,5
km/h;
3
Taxa
Metabólica
Alta
200 <M ≤
260 360 <M ≤ 468 230 414
Trabalho intenso de braços e tronco; carregar
material pesado; manusear uma pá, um martelo de
forja, serrar, desbastar ou trabalhar madeira dura;
ceifa manual, cavar, puxar ou carregar carros de mão
carregados; cinzelamento de peças de fundição,
colocação de blocos de betão; caminhar a
velocidades entre 5,5 e 7 km/h;
4
Taxa
Metabólica
Muito Alta
M> 260 M> 468 290 522
Actividade muito intensa com um ritmo rápido
próximo do máximo; trabalhar com um machado;
cavar ou manusear uma pá em ritmo acelerado; subir
escadas, rampas ou ladeiras; correr ou caminhar a
velocidades superiores a 7 km/h;
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Relativamente ao trabalho mecânico externo, na maior parte das situações industriais,
este factor é fraco e pode ser excluído.
4.2.2. Convecção respiratória
O débito de calor por convecção respiratória pode ser expresso pela relação:
Duaexpres AttVcC /)( (2)
onde:
pc - Calor específico de ar seco a pressão constante, (J/kg);
V - Débito pulmonar, (kg/s);
ext - Temperatura do ar expirado, (ºC);
at - Temperatura do ar, (ºC);
DuA - Área superficial de corpo nu de Dubois, (m2);
4.2.3. Evaporação Respiratória
O débito de calor por evaporação respiratória pode ser expresso pela relação de princípio:
Duaexeres AWWVcE /)(
(3)
onde:
ec - Calor de evaporação da água, (J/kg);
exW - Taxa de humidade do ar expirado, (kg-água/kg-ar seco);
aW - Humidade absoluta do ar inspirado, (kg-água/kg-ar seco);
4.2.4. Troca de calor por condução ao nível da pele
Na prática, o débito de calor por condução térmica através das superfícies do corpo em
contacto com elementos sólidos assemelha-se quantitativamente aos débitos de calor por
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convecção e radiação que se fariam se as superfícies do corpo não estivessem em contacto com
os sólidos. Por este facto, o débito de calor por condução não é directamente tido em conta.
4.2.5. Troca de calor por convecção ao nível da pele
O débito de calor por convecção pode ser expresso pela seguinte equação:
)( askclc ttfhC
(4)
onde:
ch - Coeficiente de transmissão de calor por convecção, (W/m2.ºC);
clf - Factor ou área do vestuário, (adim.);
skt - Temperatura média da superfície da pele, (ºC);
4.2.6. Troca de calor por radiação ao nível da pele
O débito de calor por radiação é função das características da pele, do vestuário, da
postura, da temperatura média da superfície da pele ( skt ) e da temperatura média de radiação do
ambiente.
A transferência pode ser expressa pela equação:
rskclr ttFhR
(5)
onde:
rh - Coeficiente de transmissão de calor por radiação, (W/m2.ºC);
rt - Temperatura média radiante do ambiente, (ºC);
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4.2.7. Perdas por evaporação devido à transpiração (troca de calor por evaporação
ao nível da pele)
O débito evaporativo máximo ( maxE ) é aquele que o homem consegue realizar partindo
da hipótese de a pele estar integralmente húmida. Nestas condições:
T
assk
R
ppE
,
max
(6)
onde:
maxE - Débito evaporativo máximo, (W/m2);
sskp , - Pressão saturada do vapor de água à temperatura média da pele, (kPa);
ap - Pressão parcial de vapor de água no ar ambiente, (kPa);
TR - Resistência evaporativa total da camada limite do ar e do vestuário,
(m2.kPa/W);
No caso de uma pele parcialmente húmida, o débito de calor por evaporação, é dado por:
maxEwE (7)
onde:
w - Humedecimento cutâneo (adim.) definido como sendo a fracção equivalente
da pele que pode ser considerada como totalmente húmida;
O débito de acumulação de calor no interior do corpo corresponde à soma algébrica dos
débitos de calor definidos anteriormente.
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5. PATOLOGIAS ASSOCIADAS À EXPOSIÇÃO AO CALOR
5.1. INTRODUÇÃO
As doenças causadas pelo ambiente de trabalho recebem normalmente menos atenção da
comunicação social e dos políticos, relativamente aos acidentes de trabalho, que são mais
visíveis e facilmente falados. As doenças são menos tangíveis que os acidentes, com os seus
efeitos a manifestarem-se após um longo período de tempo, sendo muitas vezes associados ao
estilo de vida do trabalhador, ao invés de se associar causas relacionadas com o trabalho. As
doenças profissionais são menos mediáticas do que os acidentes de trabalho, sobretudo quando
se trata de prevenção, sendo um tema raramente discutido. Contudo, a taxa de incidência das
doenças profissionais é superior à dos acidentes de trabalho (Jukka Takala, 2009).
Qualquer actividade que possa ter algum risco para o trabalhador deverá ser avaliada
através de uma avaliação do risco, cuja finalidade será identificar as formas como a exposição
aos riscos associados à actividade desenvolvida, podem ser evitados ou reduzidos. Este princípio
aplica-se a todo o tipo de perigos que podem ser identificados na actividade ocupacional e não
somente aqueles associados ao ambiente térmico. Sempre que possível, todas as actividades
laborais devem ser planeadas para que sejam evitadas exposições severas a ambientes quentes ou
frios (ISO 12894, 2001).
A supervisão médica dos trabalhadores que possam estar expostos a condições de
trabalho muito frias ou quentes, deve fazer parte do seu normal programa de saúde ocupacional,
e deverá também ser tido em conta ao nível da saúde nacional e legislação de segurança (ISO
12894, 2001).
Sempre que se consiga manter a temperatura central do corpo humano entre os 36ºC e os
38ºC, então os efeitos graves na saúde, resultantes de mudanças na capacidade de
armazenamento de calor, são improváveis de acontecer (ISO 12894, 2001).
O objectivo desejável para exposições ao calor é que a temperatura central do corpo
humano não exceda o valor de 38ºC, o nível superior considerado aceitável na monitorização
fisiológica na norma ISO 9866 (1991). Nessas circunstâncias nas quais o uso da norma ISO 7243
(1989) é apropriado, o seu uso correcto permitirá alcançar esse objectivo.
Todas as exposições deverão ser devidamente planeadas, tendo também em consideração
os outros perigos aos quais os trabalhadores estarão expostos, como por exemplo, o contacto
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com superfícies quentes. Deverão aplicar-se medidas apropriadas para controlar a exposição,
normalmente limitando a duração da exposição (ISO 12894, 2001).
5.2. DOENÇAS PROFISSIONAIS
A actividade profissional pode ser responsável por alterações da saúde se não for
executada em condições adequadas. Considera-se doença profissional aquela que resulta
directamente das condições de trabalho, que consta da Lista de Doenças Profissionais (Decreto
Regulamentar n.º 76/2007, de 17 de Julho) e causa incapacidade para o exercício da profissão ou
morte.
A Lei também considera que a lesão corporal, a perturbação funcional ou a doença não
incluídas na lista serão indemnizáveis, desde que se provem serem consequência, necessária e
directa, da actividade exercida e não representem normal desgaste do organismo (Código do
Trabalho, n.º 2 do art. 310). Qualquer médico, perante uma suspeita fundamentada de doença
profissional – diagnóstico de presunção –, tem obrigação de notificar o Centro Nacional de
Protecção contra Riscos Profissionais (CNPRP), mediante o envio da Participação Obrigatória
devidamente preenchida.
Em Portugal existe o Centro Nacional de Protecção contra Riscos Profissionais (CNPRP),
que é uma instituição pertencente ao Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social e que tem
por missão assegurar a prevenção, tratamento, recuperação e reparação de doenças ou
incapacidades resultantes de riscos profissionais. Tem um corpo de médicos especialistas que se
encarregam de certificar as doenças profissionais, isto é, estudam as doenças que são
comunicadas através das participações e a as condições de trabalho em que se desenvolveram
para compreenderem se existem, ou não, relações entre ambas.
Em caso de doença confirmada, o trabalhador tem direito à reparação do dano, tanto em
espécie (prestações de natureza médica, cirúrgica, farmacêutica, hospitalar, etc.), como em
dinheiro (indemnização pecuniária por incapacidade temporária para o trabalho ou redução da
capacidade de trabalho ou ganho em caso de incapacidade permanente, etc.), entre outras.
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5.3. DOENÇAS ASSOCIADAS À EXPOSIÇÃO AO CALOR
5.3.1. Generalidades
Um ambiente exterior adverso provoca desconforto no ser humano, na medida em que o
sistema de regulação da temperatura interna do corpo humana desencadeia reacções no sentido
de manter a temperatura dentro dos limites vitais. Todas as doenças associadas ao trabalhador
tendem a agravar, aumentando dessa forma a probabilidade de um acidente, não só devido ao
agravamento do estado de saúde do indivíduo, mas também porque diminui os níveis de
concentração e aumenta a fadiga, alterando a percepção dos perigos por parte do trabalhador.
A causa de morte mais frequente e directamente atribuível ao calor é o golpe de calor.
Dentro de certos limites, o conforto térmico é alcançado através de respostas termoreguladoras
apropriadas. Os mecanismos de dissipação de calor são despoletados pelo aumento da
temperatura do sangue e incluem a vasodilatação periférica e a sudação, que aumentam a perda
de calor por convecção, radiação e evaporação. A vasodilatação periférica provoca um aumento
do fluxo sanguíneo cutâneo, dependente de um aumento do débito cardíaco, e permite a
distribuição do sangue aquecido da circulação central para a circulação periférica. A
incapacidade para aumentar o débito cardíaco por depleção hidrossalina, doença cardiovascular
ou medicação que interfere com a função cardíaca, diminuem a tolerância ao calor e aumentam a
susceptibilidade a golpe de calor.
O ritmo cardíaco é outra das alterações fisiológicas importantes, devendo contudo ter-se
alguma cautela na análise deste indicador fisiológico, pois o ritmo cardíaco responde a diferentes
estímulos
A secreção e evaporação do suor constituem o principal mecanismo de perda de calor. As
doenças relacionadas com o calor incluem, por ordem de gravidade crescente, cãibras, síncope,
exaustão pelo calor e golpe de calor. Apresenta-se de seguida um breve resumo restas doenças.
5.3.2. Cãibras de Calor
As cãibras correspondem a contracções dolorosas dos músculos (espasmos musculares
graves), que ocorrem depois de se suar excessivamente ao desenvolver uma actividade física
intensa em condições de calor extremo. Afectam principalmente os trabalhadores não
aclimatados, que transpiram fortemente e ao mesmo tempo ingerem grandes quantidades de água
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sem sal. Como já foi dito, as cãibras de calor resultam da depleção de água e electrólitos (sais),
como o potássio, sódio e o magnésio quando há perda de uma grande quantidade de suor e a
reposição é feita com fluidos hipotónicos (água).
O tratamento consiste em repouso num local fresco e na ingestão de água com cloreto de
sódio (sal) em quantidades adequadas. Em casos excepcionais a pessoa afectada deve receber
líquidos e sais por via endovenosa.
5.3.3. Síncope de Calor
A síncope relacionada com o calor resulta da diminuição do fluxo sanguíneo cerebral
causada por vasodilatação periférica e diminuição do débito cardíaco. Num esforço para
aumentar a perda de calor, os vasos sanguíneos periféricos dilatam de tal maneira que o fluxo de
sangue para o cérebro diminui, resultando em sintomas de desmaio, tonturas, dor de cabeça,
taquicardia, inquietude, náusea e vómito, podendo levar à inconsciência.
A reposição inadequada de fluidos (que leva a uma desidratação) contribui de forma
significativa para este problema.
O tratamento passa por colocar o indivíduo num ambiente frio a repousar, de preferência
sentado de cabeça para baixo ou deitado, e começando a hidratá-lo de forma gradual.
5.3.4. Exaustão pelo calor
A exaustão pelo calor surge após vários dias de exposição contínua ao calor e resulta da
depleção prolongada de água e electrólitos. Manifesta-se por sede intensa, sudação excessiva,
perda de apetite, ansiedade, náuseas, vómitos e fadiga extrema. A sudação persiste e pode ser
profusa. A pele está húmida e pode existir hipertermia (superior a 37 ºC mas inferior a 40 ºC).
Frequentemente, o doente está hipotenso e com taquicardia. Existem dois tipos de
exaustão pelo calor: com hipernatrémia e com hiponatrémia. A forma hipernatrémica resulta da
reposição inadequada de líquidos e surge sobretudo no pessoal militar, operários ou indivíduos
sem acesso a água por incapacidade física ou psíquica. A forma hiponatrémica resulta da perda
preferencial de sódio por sudação intensa e reposição com água.
Sem tratamento, a exaustão pelo calor evolui para golpe de calor, uma vez que os
sintomas são semelhantes. O tratamento passa por colocar o indivíduo num local fresco,
começando a hidratá-lo com fluidos que contenham sais, bebendo lentamente. O indivíduo deve
ter muito cuidado quando reiniciar a actividade física, sendo aconselhável não o fazer sem
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previamente consultar um médico, pois o organismo precisa de algum tempo para se
restabelecer.
5.3.5. Golpe de calor
O golpe de calor é a forma mais grave de doença relacionada com o calor, uma
emergência médica caracterizada pela instalação súbita de hipertermia (temperatura corporal
superior a 40 ºC) e disfunção neurológica central. Associa-se a um sindroma de resposta
inflamatória sistémica e evolui para disfunção multiorgânica (sistema respiratório, sistema
nervoso central, coração e rins).
O golpe de calor pode resultar da exposição a temperaturas ambientes elevadas (golpe de
calor clássico) ou de exercício físico intenso e prolongado (golpe de calor exercional). O exame
do doente com golpe de calor revela uma temperatura rectal superior a 40 ºC e alteração do
estado de consciência. As manifestações neuropsiquiátricas são precoces e universais e incluem
delírio, coma, euforia e alucinações. O doente apresenta pele quente e seca, taquicardia,
hiperventilação e hipotensão arterial ou mesmo choque. A ausência de sudação é uma
manifestação tardia do golpe de calor.
O golpe de calor é considerado como uma urgência, devendo por isso ser tomadas
medidas imediatas de modo a garantir a sobrevivência da vítima, sendo aconselhável a
transferência para um hospital. Caso não seja possível, dever-se-á envolvê-la em lençóis ou
panos molhados, ou imergi-la em água fria, enquanto se espera a transferência. Uma vez no
hospital, é constantemente controlada a temperatura corporal para se evitar um arrefecimento
excessivo. É possível que o doente precise de receber medicamentos por via endovenosa para
controlar as convulsões.
5.3.6. Sudamina
A sudamina (dermite pelo calor) é uma erupção cutânea que surge quando o suor fica
retido. Quando os estreitos canais que transportam o suor até à superfície da pele ficam
obstruídos, ou quando o calor e a humidade excedem a capacidade as glândulas sudoríparas têm
de arrefecer o corpo, o suor retido causa inflamação, o que provoca irritação (fogagem) e
prurido. A sudamina consiste normalmente numa erupção caracterizada por bolhas minúsculas
cheias de suor, mas também pode apresentar-se como grandes zonas de pele avermelhada.
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A sudamina é mais frequente nos climas quentes e húmidos, mas as pessoas que se
resguardam demasiado num clima frio também podem desenvolvê-la. As zonas mais
frequentemente afectadas pela erupção são o tronco e as coxas.
Reduzindo a sudação, o problema costuma ficar controlado. É importante manter a pele
fresca e seca, bem como evitar as condições que possam aumentar a sudação: o ar condicionado
é ideal, devendo sempre actuar-se ao nível da alteração do meio ambiente e o uso de vestuário
adequado.
5.4. TRATAMENTO DAS DOENÇAS DEVIDAS AO CALOR
O tratamento das formas menos graves de doenças relacionadas com o calor, baseia- se
na reposição hidroelectrolítica, oral ou endovenosa, de acordo com a gravidade da situação. O
doente deve ser levado para um local fresco e, na exaustão pelo calor, pode ser mesmo
necessário o arrefecimento activo. Os indivíduos mais jovens podem receber tratamento no
Serviço de Urgência e ter alta rapidamente, com a indicação para beber líquidos em abundância e
evitar o calor nas 24 a 48 horas seguintes.
A medida terapêutica mais importante e prioritária é a redução da temperatura corporal.
O doente deve ser rapidamente despido e colocado num ambiente fresco. O método de
arrefecimento mais eficaz baseia-se na perda de calor por evaporação e convecção: mantém-se a
pele do doente molhada com água fria/ tépida sob um fluxo de ar acelerado com um ventilador.
A circulação extracorporal, embora pouco prática, permite baixar rapidamente a
temperatura central e pode ser utilizada nos casos mais graves. Outras alternativas são a imersão
em água fria, a aplicação de gelo nas axilas e região inguinal e a lavagem gástrica com soro
gelado. No entanto, estes métodos são desconfortáveis e podem provocar vasoconstricção
cutânea e tremor, diminuindo a dissipação de calor (Ondas de Calor: Impacto sobre a saúde,
2005).
5.5. PREVENÇÃO
É importante reconhecer os sintomas das doenças associadas ao calor e perceber como
podemos preveni-las, controlá-las e responder aos seus efeitos.
A temperatura do ar, humidade e tipo de vestuário, são factores que aumentam o risco de
desenvolver-se uma doença associada ao calor.
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Podemos prevenir ou controlar este tipo de doenças das seguintes formas:
Beber água: beber frequentemente pequenas quantidades de água, como por
exemplo, um copo a cada 15-20 minutos (o álcool aumenta a perda de fluidos do
corpo);
Quando possível, deverão reservar-se os trabalhos em ambientes mais quentes
para os últimos dias da semana, pois provocam desadaptação que poderá ser
reparada com o repouso do fim-de-semana. O limite da perda por sudação é de 4
litros nas 8 horas de trabalho, ou seja, meio litro por hora, devendo a reposição ser
feita regularmente ao longo do dia de trabalho, com bebidas frescas (12 a 13 ºC)
ou mornas (chá ou café muito fracos), não sendo permitidas as bebidas alcoólicas
e limitando a ingestão de sumos de frutos e leite a 1 litro (www.prof2000.pt).
Aclimatação: adaptação progressiva ao calor, diminuindo a gravidade do stresse
térmico;
Vestir roupa fresca, leve e arejada: influencia directamente a produção de calor;
Controlos de Engenharia: mecanizar trabalhos pesados ou aumentar a circulação
do com ventiladores;
Aplicar as medidas e dispositivos de prevenção de acidentes que lhe são
facultados, designadamente o uso de vestuário de protecção adequado, protecções
auriculares, entre outros equipamentos de protecção individual (EPI);
Não recear sugerir à empresa onde trabalha a realização de palestras, seminários e
acções de formação sobre prevenção de acidentes;
As refeições dos trabalhadores devem ser ligeiras e pobres em lípidos. Devem-se
afastar dos postos de trabalho em que existe exposição excessiva ao calor, os
indivíduos com afecções cardiovasculares, respiratórias, renais e os obesos.
Deverão ainda respeitar-se as medidas de protecção descritas no Quadro 4.
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QUADRO 4 - Medidas de protecção contra o calor a adoptar em cozinhas profissionais
Medidas Descrição
Construtivas
Uso de ventilação geral e climatização;
Uso de exaustores em postos de elevada libertação de calor, com
renovação de 30 m3/hora por pessoa;
A instalação de refrigeradores para o ar renovado;
A utilização de ventoinhas (estas devem ser colocadas de forma a não
interferir com a eficiência de qualquer sistema de controlo de qualquer
contaminante existente);
A utilização de ecrãs protectores contra energia radiante (ex: diante dos
fornos);
O isolamento, recolocação ou substituição de equipamento produtor de
calor;
A utilização de equipamento (tais como ferramentas) que permita reduzir
a carga de calor metabólico;
Uso de chaminés (hottes) aspiradoras, evacuando o ar quente por
convecção natural;
Protecção de paredes opacas (tectos em particular);
Protecção das superfícies envidraçadas;
Colocação de telas metálicas.
Organizacionais
A introdução de períodos de aclimatação;
A introdução de períodos de descanso;
A distribuição do trabalho ao longo do tempo;
A realização do trabalho mais quente nos períodos mais frescos do dia
O fornecimento de água em quantidades apropriadas aos trabalhadores.
Protecção
individual
Vestuário de protecção;
Deve apresentar determinadas características, tais como: boa ventilação,
flexibilidade e elevada grau de reflexão;
Óculos e viseiras de protecção com vidro reflector.
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6. CARACTERIZAÇÃO DA EXPOSIÇÃO AO CALOR -
ÍNDICES DE STRESSE TÉRMICO
6.1. INTRODUÇÃO
O método mais rigoroso para a avaliação do nível de “stresse térmico” seria,
evidentemente a medição dos indicadores fisiológicos de stresse (taxa de sudação, nível de
desidratação, temperatura corporal, etc.). Atendendo a que existem estudos que quantificam os
valores máximos admissíveis para estes indicadores (Sá, 1999), seria fácil, em cada caso,
identificar se se estava numa situação de perigo ou não. Contudo, como facilmente se
compreende, a medição destes indicadores, não é, salvo raras excepções, implementável. Assim
sendo, foi necessário criar indicadores que permitissem avaliar o nível de “stresse térmico” a que
um trabalhador está sujeito em função da sua actividade física e das condições térmicas do meio
que o odeia – temperatura do ar e das superfícies, velocidade do ar e humidade relativa.
O índice de stresse térmico é um método muito conveniente quando se procede ao estudo
de medidas de controlo, pois facilita a visualização da contribuição dos diversos factores do
ambiente térmico, permitindo também a determinação teórica da eficácia das medidas
eventualmente adoptadas. A procura de um índice de stresse térmico que traduza
satisfatoriamente a sobrecarga fisiológica para um conjunto amplo de condições ambientais, tem
vindo a representar um esforço constante no campo da higiene industrial. Entretanto os
higienistas continuam a utilizar diversos índices de stresse térmico que, embora úteis e
razoavelmente adequados, não são indicadores de sobrecarga fisiológica.
A pesquisa e desenvolvimento de índices de “stresse térmico”, data do princípio do
século XX, tendo sofrido um grande desenvolvimento na sequência da II Guerra Mundial.
Existem actualmente mais de 30 índices de “stresse térmico” diferentes, embora grande parte
deles já tenha caído em desuso (Sá, 1999).
De entre estes índices, destacam-se os seguintes:
Taxa de Sudação Prevista para 4 Horas (P4SR), (litros);
Índice de stresse Térmico de Belding e Hatch (HSI), (%);
Índice de stresse Térmico de Givoni (ITS), (g/h);
Índice de Temperatura de Globo Húmido (WGT), (ºC);
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Índice de Oxford
Tempo Limite de Exposição Fisiológica (PHEL), (horas);
Índice de Calor e Humidade (HHI), (ºC);
Índice de Sudação Requerida (SR);
6.2. ÍNDICE WBGT
O índice WBGT é um dos índices empíricos que representa o stresse térmico a que um
indivíduo está exposto. Este índice é fácil de determinar num ambiente industrial. O método para
avaliar o stresse térmico baseado neste índice é baseado num compromisso entre o uso de um
índice preciso e a necessidade de efectuar medições de forma fácil num ambiente industrial,
devendo ser visto com um método exploratório (ISO 7243, 1989).
O método de estimativa do stresse térmico baseado na análise da troca de calor entre o
homem e o ambiente permite uma estimativa mais precisa do stresse e a análise de métodos
protecção. Mas, com a tecnologia actual de medição, o método foi ultrapassado por ser mais
longo e mais difícil de aplicar. Tal método poderá ser usado quando se pretender uma análise
exaustiva das condições de trabalho com exposição ao calor, ou como complemento ao método
baseado no índice WBGT quando os valores obtidos excederem os valores de referência (ISO
7243, 1989).
Em 1982, a ISO (International Standard Organisation), acordou pela primeira vez na
utilização do índice WBGT como meio de avaliar as condições de trabalho em ambientes
térmicos quentes (Oliveira, 1998). Este índice baseia-se na medição da temperatura natural de
bolbo húmido e da temperatura de globo, aplicando-se à avaliação do “stresse térmico” a que a
pessoa está sujeita durante um período de tempo representativo da actividade que desenvolve,
não se aplicando a situações de “stresse térmico” sofridas durante períodos curtos.
O índice WBGT combina a medição de dois parâmetros, temperatura de bolbo húmido
natural ( bhnt ) e a temperatura de globo negro )( gt , e em algumas situações, a medição da
temperatura do ar )( at .
As equações seguintes mostram a relação entre estes diferentes parâmetros. No interior de
edifícios e no exterior dos mesmos mas sem influência directa do sol, os parâmetros combinam-
se do seguinte modo (ISO 7243, 1989):
gbhn ttWBGT 3,07,0 (8)
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No exterior de edifícios, com influência directa do sol, utiliza-se a temperatura do ar, que
combinada com os outros parâmetros permite obter a seguinte equação (ISO 7243, 1989):
agbhn tttWBGT 1,02,07,0 (9)
A temperatura de bolbo húmido natural é o valor indicado por um sensor de temperatura
envolto numa mecha molhada, ventilada naturalmente, como por exemplo, colocada num
determinado ambiente sem ventilação forçada. A temperatura de globo negro é a temperatura
indicada por um sensor de temperatura colocado no centro de um globo com um diâmetro de 150
mm. Para a medição da temperatura do ar, o sensor de temperatura deverá estar protegido da
radiação por um dispositivo que impeça a circulação do ar em torno do sensor.
Uma vez determinado o índice WBGT, o seu valor pode ser comparado com os valores
limite apresentados no Quadro 5, de modo a que quando necessário, se tomem as medidas
adequadas, quer reduzindo directamente o “stresse térmico” no local de trabalho por métodos
apropriados, quer levando a cabo uma análise mais detalhada usando métodos não só mais
elaborados, mas também mais longos e difíceis de aplicar.
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QUADRO 5 - Valores de metabolismo e valores limites de WBGT (adaptado de ISO 7243, 1989)
METABOLISMO (M) VALOR LIMITE DE WBGT
Classe de
Metabolismo
Relativo à
unidade de
superfície de pele
(W/m2)
Total (para um
homem com uma
área de superfície
de pele de 1,8 m2)
[W]
Pessoal
aclimatada ao
calor (ºC)
Pessoa não
aclimatada ao
calor (ºC)
0
Repouso
M < 65 M < 117 33 32
1 65 < M < 130 117 < M < 234 30 29
2 130 < M < 200 234 < M < 360 28 26
3 200 < M < 260 360 < M < 468
Sem movimento de ar sensível
25
Com movimento
de ar sensível
26
Sem movimento de ar sensível
22
Com movimento
de ar sensível
23
4 M > 260 M > 468
Sem movimento de ar sensível
23
Com movimento
de ar sensível
25
Sem movimento de ar sensível
18
Com movimento
de ar sensível
20
Nota – os valores apresentados na quadro, correspondem a situações em que o indivíduo está vestido normalmente
(isolamento térmico do vestuário cloI =0,6 clo), fisicamente apto para a actividade que desenvolve e de boa saúde.
Avaliação do Ambiente Térmico na Cantina do ISEC
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7. AVALIAÇÃO DO AMBIENTE TÉRMICO DA CANTINA DO
ISEC
7.1. INTRODUÇÃO
O índice utilizado para a caracterização do ambiente térmico de locais de trabalho, e que
serve de base à norma ISO 7243 (1989), é o índice WBGT. De acordo com esta norma, o critério
de avaliação assenta em médias horárias, conduzindo portanto a uma avaliação média do stresse
térmico a que o operário está sujeito durante um período de tempo representativo da (s)
actividade (s) que desenvolve e dos ambientes a que se expõe. Este critério não permite assim
uma avaliação de situações intensas de stresse a que um operário pode ser submetido durante
períodos de tempo curtos, resultante tanto da passagem por um ambiente muito quente ou devido
a uma actividade esporadicamente intensa (Oliveira, 1998).
7.2. MEDIÇÕES
Como equipamentos para a medição dos parâmetros necessários à determinação do índice
de stresse térmico WBGT, foram utilizados diversos equipamentos, a saber:
Transdutor MM0030 da Brüel & Kjaer, composto pelos sensores de at , gt , bhnt e
monitor de stresse térmico 1219;
Instrumento TESTO 445, que consegue efectuar medições simultâneas até 6
parâmetros, tendo ligado a ele duas sondas:
o Sonda resistente de esfera quente com 3 mm de diâmetro, referência
06351049, para medições nos intervalos de velocidade mais baixos, com
punho telescópico. Ao nível da velocidade do ar, tem uma gama de
medição desde os 0,1 até aos 10 m/s, e no que respeita à temperatura do ar,
tem a gama de medição desde os -20 até aos +70ºC;
o Sonda de temperatura e humidade de referência exacta, referência
06369741;
Logger de humidade e temperatura TESTO 175-H2, com 2 canais e sensores
internos
Avaliação do Ambiente Térmico na Cantina do ISEC
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QUADRO 6- Instrumentos de medição da marca TESTO utilizados
TESTO 445 TESTO 175-H2
7.3. ESPECIFICAÇÕES DE MEDIÇÃO RELATIVAMENTE À
HETEROGENEIDADE DO AMBIENTE
Quando os parâmetros ambientais não se podem considerar uniformes no espaço que
circunda o operário, é necessário determinar o índice WBGT em três posições distintas,
correspondentes à altura da cabeça, abdómen e tornozelo. No Quadro 7, são apresentadas as
alturas de colocação dos sensores, relativamente ao pavimento, no caso do indivíduo desenvolver
a sua actividade de pé ou sentado.
QUADRO 7 - Alturas de colocação dos sensores térmicos para trabalhadores que realizam as actividades de pé ou
sentados (adaptado de ISO 7726, 1998)
Trabalhador em pé Trabalhador sentado
Altura da cabeça 1.7 m 1.1 m
Altura do abdómen 1.1 m 0.6 m
Altura do tornozelo 0.1 m 0.1 m
As medições usadas para determinar os índices devem, preferencialmente, ser levadas a
cabo simultaneamente. Quando se considerar que o ambiente é uniforme (heterogeneidade
inferior a 5%), a medição pode ser efectuada apenas ao nível do abdómen. No entanto, sempre
que existam dúvidas relativamente à heterogeneidade do ambiente, o valor resultante do
procedimento normal (medições aos três níveis) deverá ser considerado como referência.
Quando são efectuadas as medições aos três níveis, o valor médio da temperatura de
bolbo seco, bolbo húmido natural ou globo negro é obtido a partir da seguinte expressão (ISO
7726, 1998):
Avaliação do Ambiente Térmico na Cantina do ISEC
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4
2tornozeloabdomencabeça iii
i
tttt
(10)
onde:
it - Valor médio ponderado da temperatura i;
cabeçait - Valor médio ao nível da cabeça;
abdomenit - Valor médio ao nível do abdómen;
tornozeloit - Valor médio ao nível do tornozelo;
Para a determinação do valor médio ponderado do índice WBGT, recorre-se a uma
expressão idêntica à anterior:
4
2 tornozeloabdomencabeça WBGTWBGTWBGTWBGT
(11)
onde:
cabeçaWBGT - Valor médio do índice WBGT ao nível da cabeça;
abdomenWBGT - Valor médio do índice WBGT ao nível do abdómen;
tornozeloWBGT - Valor médio do índice WBGT ao nível do tornozelo;
Das anteriores expressões, constata-se que o valor médio ponderado de qualquer
parâmetro dá especial ênfase ao valor ao nível do abdómen.
Para uma rápida determinação do índice WBGT, é suficiente efectuar uma medição no
nível onde o stresse térmico é máximo. O uso deste procedimento conduz a uma sobreavaliação
do stresse térmico, que deve ser referenciado no relatório de avaliação.
Sempre que seja impossível colocar os sensores no local de trabalho normal, eles devem
ser colocados de maneira a que fiquem expostos aproximadamente à mesma influência do
ambiente.
Avaliação do Ambiente Térmico na Cantina do ISEC
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7.4. PERÍODO E DURAÇÃO DAS MEDIÇÕES
A determinação do índice WBGT de acordo com a Norma Internacional ISO 7243 (1989),
permite somente a estimativa do stresse térmico a que o trabalhador está sujeito no momento em
que estão a decorrer as medições. Por esse facto, é recomendado que as medições sejam
efectuadas no período correspondente ao do stresse térmico máximo, ou seja, durante o período
mais quente do Verão e a meio do dia ou quando os equipamento geradores de calor estão em
funcionamento (ISO 7243, 1989).
A duração de cada medição depende do tempo de resposta do sensor, o que em certos casos
pode ser considerável (em especial o da temperatura de globo). O tempo para o cálculo de
valores médios é um período de trabalho de 1 hora, que representa o máximo stresse térmico
(ISO 7243, 1989).
7.5. LIMITAÇÕES
Tentou-se agendar os dias de medição os dias referentes ao final do mês de Junho e
primeira quinzena do mês de Julho, tendo em conta as previsões do Instituto Português de
Meteorologia, escolhendo os dias mais quentes dentro desse período de tempo. O quadro 8
indica quais os dias seleccionados e respectiva previsão de temperatura por parte do Instituto de
Meteorologia de Portugal.
QUADRO 8 - Previsão Meteorológica (Dados Instituto de Meteorologia de Portugal)
Temperatura
Previsão Tempo
Quinta-Feira
24/06/2010
Quarta-Feira
30/06/2010
Quinta-Feira
1/07/2010
Terça-Feira
6/07/2010
Quarta-Feira
7/07/2010
Máxima 30ºC 34ºC 33ºC 37ºC 34ºC
Mínima 15ºC 22ºC 23ºC 21ºC 21ºC
Foi definido que tentar-se-ia fazer o maior número de dias possíveis de medições, para
ficar com uma amostra a mais significativa possível. Outro dos entraves foi a informação dada
pelo responsável da cantina sobre o encerramento da mesma a partir da terceira semana de Julho,
tendo que se efectuar as medições até essa data limite. O responsável também informou que à
sexta-feira, a cantina só servia almoços, pelo que após esse período, das 12:00 às 15:00,
Avaliação do Ambiente Térmico na Cantina do ISEC
Página | 40
deixavam de confeccionar refeições, ficando por esse motivo excluída a sexta-feira como dia de
medições.
Houve dias bastante quentes, sobretudo na 2ª e 3ª semana de Julho, mas onde não foram
efectuadas medições devido à indisponibilidade para a realização das mesmas.
Após a autorização dado pelos Serviços de Acção Social da Universidade Coimbra, fez-
se uma primeira visita ao local, falando com o responsável que desde logo informou que seria
impossível realizar medições durante o período das doze até às quinze horas, pelo facto de a
cozinha ser muito movimentada para almoço, e as normas de higiene também não o permitirem.
Apresentou também a cozinha e desde logo se verificou tratar-se de um espaço exíguo, com
praticamente todos os espaços livres a serem zonas de circulação, dificultando o posicionamento
dos equipamentos, sendo que estes, em determinadas situações não puderam ser colocados
exactamente nos locais de trabalho mais expostos ao calor. Houve necessidade de colocar em
sítios afastados e de certa forma seguros, para não impedir a normal laboração, não reproduzindo
por esse facto as condições a que os trabalhadores estavam expostos.
Figura 1 - Vista geral da cantina do ISEC
Avaliação do Ambiente Térmico na Cantina do ISEC
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7.6. METODOLOGIA GERAL
De forma a preparar as medições, escolhendo os sítios onde colocar os equipamentos, as
soluções a adoptar e cuidados a ter, foram feitas visitas juntamente com o responsável da cantina,
servindo também para esclarecimento dos objectivos pretendidos.
Efectuar-se-iam medições aos três níveis, sendo que devido ao reduzido espaço
disponível no interior da cozinha, e para não ocupar zonas de circulação, ficou decidido que no
período entre as 12 e as 15 horas, as medições teriam que ser feitas no exterior da cozinha,
optando-se por colocar junto às caixas registadoras, pois seria o sítio mais seguro e próximo dos
postos de trabalho a analisar. No período das 11 às 12 os equipamentos foram colocados numa
zona próxima dos fogões e fornos eléctricos, visto verificar-se actividade de preparação dos
almoços e ser um dos sítios mais quentes da cozinha. Houve porém, necessidade de alterar no
primeiro dia este horário, passando a ser das 10:45 às 11:45, dado que os funcionários paravam
quinze minutos para almoçar antes das 12:00. Por fim, far-se-ia nova medição no período da
tarde entre as 15:30 e as 16:30 junto ao grelhador, dado que os funcionários começavam a
preparar o jantar e grelharem carne neste equipamento, sendo também o sítio referido pelos
funcionários como sendo o mais quente da cantina.
No total, e por cada dia, foram efectuadas quatro medições, cada uma correspondendo a
um local diferente, durante um período de uma hora.
Em cada ponto de medição foram colocados o monitor de stresse térmico MM0030 e
respectivos sensores, bem como o Testo 445. Foi decidido no segundo dia de medições, colocar
o logger 175-H2 da TESTO no exterior da cantina, medindo-se a temperatura e humidade
exteriores, para posteriormente tentar-se estabelecer uma relação entre estas e as restantes
variáveis interiores. O sítio escolhido foi a entrada dos funcionários na cantina, na fachada sul,
pelo facto de durante o dia não estar exposto de forma directa à radiação solar e estar colocado
num sítio onde o equipamento estaria a coberto de qualquer tentativa de furto.
Avaliação do Ambiente Térmico na Cantina do ISEC
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QUADRO 9 - Locais e horas de medição na cantina do ISEC
Local Hora Foto
1 10:45 – 11:45
2 12:30 – 13:30
3 14:00 – 15:00
4 15:30 – 16:30
Avaliação do Ambiente Térmico na Cantina do ISEC
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No anexo 1 encontra-se descrito de forma gráfica os diversos pontos de medição da
cantina, enquadrados no respectivo layout.
7.7. RESULTADOS
Nas figuras seguintes, apresentam-se os valores medidos ao longo dos cinco dias de
medição e nos quatro locais mencionados anteriormente. Os valores apresentados referem-se aos
valores máximos, médios e mínimos ponderados para a tbhn (temperatura de bolbo húmido
natural), tg (temperatura de globo), ta (temperatura do ar) e o índice WBGT.
Figura 2 - Valores (máximo, médio e mínimo) da tbhn ao longo dos dias de medição e nos quatro postos de trabalho
analisados
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t bh
n[º
C]
Máximo Médio Mínimo
Avaliação do Ambiente Térmico na Cantina do ISEC
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Figura 3 - Valores (máximo, médio e mínimo) da tg ao longo dos dias de medição e nos quatro postos de trabalho
analisados
Figura 4 - Valores (máximo, médio e mínimo) da ta ao longo dos dias de medição e nos quatro postos de trabalho
analisados
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29
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24-06-2010 30-06-2010 01-07-2010 06-07-2010 07-07-2010
t g[º
C]
Máximo Médio Mínimo
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24-06-2010 30-06-2010 01-07-2010 06-07-2010 07-07-2010
t a[º
C]
Máximo Médio Mínimo
Avaliação do Ambiente Térmico na Cantina do ISEC
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Figura 5 - Valores (máximo, médio e mínimo) do índice WBGT ao longo dos dias de medição e nos quatro postos
de trabalho analisados
Da análise do gráfico da Figura 2 (tbhn), destacam-se os valores máximos obtidos no
primeiro local de medição, correspondendo ao período compreendido entre as 10:45 e as 11:45,
nos dias 24 de Junho (24,5ºC) e 6 de Julho (26,9ºC). Também no dia 24 de Junho, mas no
período das 15:30 às 16:30, verificou-se um valor máximo de 25,7ºC. Comparativamente com os
restantes valores (médios e mínimos), nos dias e períodos referidos, estes valores apresentam
uma grande diferença, podendo estar relacionados com a estabilização do sensor, que
apresentava sempre valores elevados nos primeiros minutos. Se desprezarmos estes valores,
destacar-se-ia o dia 7 de Julho, no período entre as 14:00 e as 15:00, com um valor máximo de
25ºC, que apresenta pouca diferença comparativamente ao valor médio e mínimo verificado
nesse período, indiciando que o sensor estabilizou rapidamente, podendo considerar-se como um
valor fiável, considerando-se esta como a situação mais desfavorável.
O valor mínimo verificou-se no dia 24 de Junho, no primeiro local de medição,
correspondendo ao intervalo entre as 10:45 e as 11:45, com um valor de 19,3ºC.
Excepção feita ao dia 6 de Julho, onde se verificou uma subida de todos os valores ao
longo dos períodos de medição, nos restantes dias, estes valores subiram até ao período entre as
14:00 e as 15:00, descendo no último período de cada dia, correspondente ao quarto ponto de
medição. Somente no dia 1 de Julho, é que os valores inverteram a lógica de subida antes do
20
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WB
GT
[ºC
]
Máximo Médio Mínimo WBGT Máx.
Avaliação do Ambiente Térmico na Cantina do ISEC
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período mencionado anteriormente, começando a descer logo após o segundo local,
correspondente ao período entre as 14:00 e as 15:00.
De uma forma geral, podemos então dizer que os valores da temperatura de bolbo húmido
natural (tbhn) sobem até ao último período de medição em cada dia, pois nos primeiros três locais
e correspondentes períodos, verifica-se a confecção de alimentos na cozinha a um ritmo elevado
com todos os equipamentos ligados, bem como a abertura da cantina aos seus utilizadores às
12:00, encerrando a mesma às 15:00, ficando a cozinha após essa hora a trabalhar a um ritmo
bastante inferior, explicando o porquê dos valores da tbhn terem uma queda no período de
medição entre as 15:30 e as 16:30.
Analisando o gráfico da Figura 3 (tg), os valores máximo (35,7ºC), médio (33,8) e
mínimo (32,7ºC) ponderados foram registados no dia 6 de Julho, no 4º ponto de medição, junto
ao grelhador, correspondente ao período entre as 15:30 e as 16:30, sendo este o período mais
desfavorável nas medições desta variável, enquanto que os menores valores ponderados
verificaram-se no dia 24 de Junho, no período entre as 12:30 e as 13:30, correspondente ao 2º
local de medição. Tal como com a tbhn, a tendência desta variável é de subida ao longo do dia,
excepção feita ao dia 24 de Junho (2º local de medição) e 7 de Julho (3º local de medição).
Numa outra análise, os valores do 2º e 3º locais de medição estão sempre bastante próximos em
todos os dias, explicando-se este facto com a relativa proximidade dos dois pontos de medição,
junto às caixas registadores, no exterior do espaço da cozinha. Verifica-se também que, apesar
do aumento, comparativamente com o 1º local de medição, este não é muito significativo, pelo
facto anteriormente descrito, ao ter que se deslocar os aparelhos de medição para o exterior da
área de trabalho de cantina, durante o período das refeições.
O valor mais alto em cada um dos dias, e sempre com uma grande diferença para os
restantes valores do mesmo dia, verifica-se no 4º local de medição, no período entre as 15:30 e
as 16:30, pois o local de medição voltava a ser no interior da área de trabalho da cozinha, junto
aos grelhadores, e logo após o final do período das refeições, ou seja, após as 15:00, este
equipamento começava a ser utilizado para preparar o jantar. No dia 1 de Julho, a diferença não
foi tão grande, sendo praticamente os mesmos valores que se verificaram ao longo do dia, pois
os grelhadores não estiveram em funcionamento.
A Figura 4 mostra o gráfico relativo à temperatura do ar (ta), e numa primeira análise para
cada um dos dias, e em cada local e correspondente período de medição, verifica-se haver pouca
discrepância entre os valores máximos, médios e mínimos, significando que o sensor estabilizou
de forma rápida. Os valores mais elevados registaram-se no dia 6 de Julho, no 4º local de
medição, entre as 15:30 e as 16:30 com o valor máximo ponderado de 34,3ºC, o valor médio
ponderado de 33,7ºC e o valor mínimo ponderado de 32,9ºC. Os valores mínimos verificaram-se
Avaliação do Ambiente Térmico na Cantina do ISEC
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no dia 24 de Junho, visto que durante a manhã esteve bastante nevoeiro, com a consequente
temperatura baixa, mas mais uma vez, e seguindo a tendência das anteriores duas variáveis, a
temperatura do ar também sobe ao longo do dia, tal como seria expectável.
Há, no entanto, um aumento significativo em todos os dias, do 1º local de medição para o
2º local, sendo que o 1º local era no interior da cozinha, junto aos fogões e onde há bastante
exaustão, e o 2º local ser no exterior da cozinha, na zona dos utilizadores, denunciando que os
utilizadores estão expostos a uma temperatura superior à dos trabalhadores, dados os
equipamentos de controlo da temperatura não conseguirem baixar a temperatura da cantina, tal
como acontece no interior da cozinha. Esta situação confirma-se em todos os dias de medição,
sobretudo nos dias mais quentes, ou seja, 1, 6 e 7 de Julho, com as temperaturas dos últimos 3
locais de medição, a partir das 12:30, a manterem-se estáveis, mesmo com a deslocação dos
aparelhos de medição para o interior da cantina no último local, havendo aqui uma ligeira subida,
excepção feita ao dia 1 de Junho, das 15:30 às 16:30 pelos motivos já explicados anteriormente,
devido à temperatura de funcionamento dos grelhadores, atenuada pelo funcionamento da
exaustão.
No gráfico da Figura 5 (índice WBGT), destaca-se o dia 6 de Julho no 1º local de
medição, com o valor máximo ponderado do índice a atingir os 28,3ºC, mas olhando para o
mesmo período no que toca à temperatura de bolbo húmido natural, verifica-se que o valor
máximo ponderado está muito afastado dos valores médio e mínimo ponderado, significando que
o sensor ainda estaria em estabilização. O mesmo se passa no dia 24 de Junho no 1º e 4º períodos
de medição, onde há uma grande diferença entre os valores máximos ponderados e os restantes,
influenciados pela estabilização do sensor de medição da temperatura de bolbo húmido natural.
O valor máximo ponderado seguinte, verificou-se no dia 7 de Julho, no período entre as 15:30 e
as 16:30, registando-se 27,8ºC, com o valor médio ponderado neste dia e período a ser de 26,8ºC
e o valor mínimo ponderado com 26,1ºC, considerando-se este como o período mais
desfavorável de todos os dias de medições, dado ter apresentado os valores mais elevados do
índice WBGT. No dia 6 de Julho, no período entre as 15:30 e as 16:30 verificaram-se valores
muito próximos dos mencionados anteriormente, confirmando este período como uma dos mais
desfavoráveis ao longo de todas as medições efectuadas.
Mais uma vez se verifica a tendência para o aumento desta variável ao longo do dia,
excepção ao dia 1 de Julho, no último período, pelas razões já anteriormente explicadas.
Estes valores do índice WBGT só farão sentido e terão utilidade, se comparados com os
valores de referência, conhecendo-se a classe metabólica e grau de aclimatação dos
trabalhadores. A aclimatação resulta de um processo de adaptação fisiológico, que aumenta a
tolerância da pessoa ao ambiente quente.
Avaliação do Ambiente Térmico na Cantina do ISEC
Página | 48
Os valores do índice WBGT dados no quadro 10 são valores de referência, baseados nos
dados disponíveis na literatura científica. Se estes valores forem excedidos, será necessário:
Reduzir directamente o stresse térmico no local de trabalho, tendo em conta os
métodos apropriados (controlo do ambiente, nível de actividade, período de tempo
passado no ambiente e usar protecção individual);
Efectuar uma análise detalhada do stresse térmico de acordo com métodos mais
elaborados;
Estes valores de referência representam o efeito médio do calor no indivíduo durante um
longo período de trabalho. Eles não têm em conta os picos dos valores de stresse térmico aos
quais os indivíduos estão sujeitos em períodos curtos de tempo (alguns minutos) como resultado
de um ambiente quente particular, ou uma actividade física momentaneamente intensa. De facto,
nestes casos, o stresse térmico pode exceder os valores admissíveis sem que os valores
representativos da actividade média ou ambiente médio sejam excedidos.
Sempre que subsistam dúvidas em relação ao valor a adoptar da taxa metabólica, o valor
de referência a ser usado será aquele que corresponda à taxa metabólica mais elevada, e caso
necessário, a classe 4 se todas as medições ou estimativas sejam impossíveis.
De acordo com a norma ISO 7243 e ISO 8996, levando em conta as actividades
desenvolvidas nos locais de medição, considerou-se a classe de metabolismo 2, referente a uma
actividade moderada, com o valor de WBGT de referência a ser de 28ºC para indivíduos
aclimatados.
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QUADRO 10 - Valores máximos e médios ponderados do índice WBGT nos dias e locais de medição
Dia Início Fim WBGT Máximo
[ºC]
WBGT Referência
[ºC]
stresse Térmico
WBGT Médio [ºC]
WBGT Referência
[ºC]
stresse Térmico
24-0
6-20
10
10:45 - 11:45 25,2 28 Não 21,9 28 Não
12:30 – 13:30 22,5 28 Não 22 28 Não
14:00 – 15:00 22,6 28 Não 22,4 28 Não
15:30 – 16:30 26,8 28 Não 24,1 28 Não
30-0
6-20
10
10:45 - 11:45 22,9 28 Não 22,5 28 Não
12:30 – 13:30 24,9 28 Não 24,4 28 Não
14:00 – 15:00 25,4 28 Não 25 28 Não
15:30 – 16:30 25,8 28 Não 25,4 28 Não
01-0
7-20
10
10:45 - 11:45 22,7 28 Não 22,5 28 Não
12:30 – 13:30 23,9 28 Não 23,2 28 Não
14:00 – 15:00 23,4 28 Não 22,9 28 Não
15:30 – 16:30 23 28 Não 22,6 28 Não
06-0
7-20
10
10:45 - 11:45 28,3 28 Sim 24,3 28 Não
12:30 – 13:30 25,8 28 Não 25,3 28 Não
14:00 – 15:00 26,2 28 Não 26 28 Não
15:30 – 16:30 27,7 28 Não 26,6 28 Não
07-0
7-20
10
10:45 - 11:45 25,6 28 Não 25,2 28 Não
12:30 – 13:30 26,8 28 Não 26,4 28 Não
14:00 – 15:00 27 28 Não 26,7 28 Não
15:30 – 16:30 27,8 28 Não 26,8 28 Não
Analisando-se o quadro 10, verifica-se que se tomarmos só em linha de conta os valores
médios ponderados do índice WBGT, em nenhum dos dias e períodos o valor limite foi
ultrapassado ou sequer igualado, ou seja, os trabalhadores desenvolvem a sua actividade sem
estarem sujeitos a situações de stresse térmico, se bem que os valores medidos nos dias 6 e 7 de
Julho estejam próximos da temperatura limite de referência. Se forem analisados os valores
máximos, somente num dos períodos, o correspondente ao período entre as 10:45 e as 11:45 no
dia 6 de Julho, é que se verifica uma situação de stresse térmico.
Fazendo uma análise global, pode-se afirmar que mesmo em dias com condições
exteriores de temperatura elevada, e com as actuais condições de funcionamento da cantina, os
quatro locais objecto de medições apresentaram valores de WBGT inferiores aos valores
recomendados.
Avaliação do Ambiente Térmico na Cantina do ISEC
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7.8. ANÁLISE DETALHADA DO LOCAL E PERÍODO DE
TRABALHO MAIS DESFAVORÁVEL
Tal como foi referido na análise anterior, considerou-se como o dia, local e período mais
desfavorável, o dia 7 de Julho, no 4º local de medição, correspondendo ao período entre as 15:30
e as 16:30, dado ter apresentado o valor máximo (27,8ºC), médio (26,8ºC) e mínimo (26,1)
ponderado mais elevados, comparativamente com os restantes dias e locais.
Apresentam-se de seguida, e de forma detalhada, os valores da temperatura de bolbo
húmido natural (tbhn), temperatura de globo (tg), temperatura do ar (ta) e índice WBGT, nos 3
canais de medição com os respectivos valores ponderados.
Figura 6 - Canais de medição da tbhn no dia e período mais desfavorável
Figura 7 - Canais de medição da tg no dia e período mais desfavorável
21
23
25
27
29
31
33
35
37
1 6 11 16 21 26 31 36 41 46 51 56
t bh
n[º
C]
Tempo [min]
Canal A Canal B Canal C
21
23
25
27
29
31
33
35
37
1 6 11 16 21 26 31 36 41 46 51 56
t g[º
C]
Tempo [min]
Canal A Canal B Canal C
Avaliação do Ambiente Térmico na Cantina do ISEC
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Figura 8 - Canais de medição da ta no dia e período mais desfavorável
Figura 9 – Canais de medição do índice WBGT no dia e período mais desfavorável
Numa primeira análise, verifica-se que em todos os parâmetros existe uma grande
estabilidade, salvo o canal C relativo à temperatura do ar (ta) onde se verifica em todo o período
de medição uma grande instabilidade. Dado que este parâmetro não é contabilizado para a
determinação do índice WBGT, pois as medições são todas realizadas em espaços interiores, não
é importante esta variação na medição da temperatura.
Na medição da tbhn e no índice WBGT, os valores mais elevados foram registados no
canal A, ao nível da cabeça, enquanto que na tg e ta, os valores mais elevados verificaram-se ao
nível do abdómen, correspondente ao canal B.
21
23
25
27
29
31
33
35
37
1 6 11 16 21 26 31 36 41 46 51 56
t a[º
C]
Tempo [min]
Canal A Canal B Canal C
24
25
26
27
28
29
30
1 6 11 16 21 26 31 36 41 46 51 56
WB
GT
[ºC
]
Tempo [min]
Canal A Canal B Canal C Ponderado
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Fazendo uma análise mais pormenorizada, relativamente à figura 6, o valor mais elevado
da temperatura de bolbo húmido natural foi registado aos 33 minutos no canal A, com um valor
de 26,2ºC. Os canais A e B têm uma evolução quase simétrica, ao passo que o canal C revela
uma grande estabilidade em torno dos 23ºC, não sofrendo grandes oscilações.
No que toca à temperatura de globo, através da figura 7 verifica-se que os valores mais
elevados registam-se no canal B, pois o grelhador está à altura do abdómen, com a temperatura
máxima a atingir os 36,4ºC. Este valor deveu-se a um aumento da intensidade de funcionamento
do grelhador. Mais uma vez os canais A e B têm um comportamento semelhante, contrariamente
ao canal C que tem um padrão de evolução diferente dos anteriores canais, pois próximo do
sensor estava uma porta que o funcionário abria pontualmente.
Relativamente à figura 8 referente à temperatura do ar, os valores mais altos registam-se
ao nível do canal B, na zona do abdómen, dado que essa era praticamente a altura de trabalho do
funcionário e onde a temperatura do grelhador era mais elevada, atingindo-se o valor de 34,1ºC.
O canal A, na zona da cabeça, situava-se à mesma altura do exaustor, daí a temperatura ser
inferior à do canal B, não sofrendo grandes oscilações ao longo do período de medição. O canal
C tem um perfil de evolução irregular, sendo afectado pela abertura e fecho da porta, já
mencionado na análise da temperatura de globo.
Por último, a figura 9 descreve o comportamento dos três canais de medição do índice
WBGT, destacando-se o canal A, onde num determinado intervalo de tempo o valor esteve
sempre acima do limite de 28ºC, sendo a temperatura máxima de 29,04ºC. Apesar de com
valores inferiores, o canal B tem uma evolução semelhante à do canal A. Devido às
irregularidades já mencionadas anteriormente, a evolução do canal C é diferente dos outros 2
canais. De destacar também a evolução do índice WBGT ponderado, sendo uma evolução muito
próxima da evolução do canal B, havendo inclusivamente uma sobreposição nos primeiros
minutos de medição.
Como complemento às medições efectuadas no interior, e de forma a avaliar-se a
evolução dos parâmetros interiores e exteriores, apresentam-se de seguida as medições das
temperaturas e humidades através dos aparelhos de medição da Testo.
Avaliação do Ambiente Térmico na Cantina do ISEC
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Figura 10 – Comparação entre as temperaturas interior e exterior no período mais desfavorável
Figura 11 – Comparação entre as humidades relativa interior e exterior no período mais desfavorável
Analisando a figura 10, não há uma evolução semelhante entre as temperaturas interior e
exterior, registando-se o máximo em termos de temperatura interior de 33,5ºC, ao passo que para
a temperatura exterior, foi registado um máximo de 36,8ºC.
30
31
32
33
34
35
36
37
38
1 6 11 16 21 26 31 36 41 46 51 56
Tem
per
atu
ra [
ºC]
Tempo [min]
°C Interior °C Exterior
44
46
48
50
52
54
56
1 6 11 16 21 26 31 36 41 46 51 56
Hu
mid
ade
Rel
ativ
a [%
]
Tempo [min]
%HR Interior %HR Exterior
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A temperatura exterior é aquela que apresenta um perfil de evolução mais instável,
atingindo um máximo de 36,8ºC, havendo na parte final do período de medição uma diminuição
dos valores.
Já no que toca à humidade relativa, pode ver-se através da figura 11 que evoluem ambas
(exterior e interior) de forma bastante irregular, sendo que os valores no final do período de
medição são inferiores aos que se registaram no início. O valor máximo da humidade relativa
interior foi de 55,1%, enquanto que o valor máximo da humidade relativa exterior foi de 53%.
Ainda assim, e exceptuando-se o valor máximo da humidade relativa interior, verifica-se
uma tendência semelhante de aumento e diminuição do valor de ambos os parâmetros.
Avaliação do Ambiente Térmico na Cantina do ISEC
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8. RESULTADOS INQUÉRITOS
8.1. INQUÉRITO AOS FUNCIONÁRIOS DA CANTINA DO
INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE COIMBRA
As bases para a realização deste inquérito foram trabalhos anteriores nesta área,
sobretudo os de Oliveira (1998) e Cardoso (2008) e a Norma ISO 10551 (1995).
Esta norma propõe um conjunto de especificações para avaliação directa do conforto ou
desconforto térmico de pessoas expostas a diversos graus de stresse térmico durante os períodos
em que desenvolvem as actividades em diferentes ambientes térmicos. Os dados recolhidos por
esta avaliação são usados como complemento aos dados das medições a efectuar nos diversos
locais de trabalho. Ainda de acordo com a norma ISO 10551 (1995), esta avaliação deve ser feita
com base em escalas, sendo que as escalas de avaliação devem ser aplicadas por ordem, ou seja,
em primeiro lugar as relativas à percepção, em segundo as relativas à avaliação e por último, as
escalas das preferências.
O questionário apresenta um total de 30 questões (Anexo 3), divididas em 4 grupos. No
primeiro grupo, com três questões, pretende-se efectuar uma caracterização geral dos
trabalhadores, enquanto que no segundo grupo, com 4 questões o objectivo é enquadrar os
trabalhadores em termos de Higiene e Segurança no Trabalho, nomeadamente em termos dos
conhecimentos nesta área e problemas de absentismo. Já no terceiro grupo, com um total de 14
questões, pretende-se de uma forma abrangente caracterizar os trabalhadores em termos de posto
de trabalho, tipo de actividade, vestuário de trabalho, hábitos de hidratação, períodos e estações
do ano onde sente mais calor e medidas de prevenção que o trabalhador adopta. Por último, no
quarto grupo, com um conjunto de 9 questões, procede-se a uma avaliação subjectiva do local de
trabalho, adoptando para o efeito uma escala de 1 a 9.
Este questionário só foi possível realizar estes no mês de Outubro, tendo respondido aos
mesmos um total de 14 trabalhadores, todos funcionários da cantina Universitária do Instituto
Superior de Engenharia de Coimbra. Os questionários foram entregues ao responsável da
cantina, que se encarregou da sua distribuição e recolha.
Avaliação do Ambiente Térmico na Cantina do ISEC
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8.1.1. Análise dos Resultados Funcionários
O questionário inicia-se com as questões relacionadas com a faixa etária e sexo dos funcionários
da cantina, e através da figura 12 verifica-se que a maior percentagem corresponde aos
funcionários com idade compreendida entre os 46 e os 55 anos de idade, seguindo-se com 29%
os funcionários com idades compreendidas entre os 36 e 45 anos. De salientar que nenhum dos
funcionários tem mais de 55 anos ou menos de 25 anos. No que toca ao sexo dos trabalhadores
(vd. figura 13), 64% dos funcionários que responderam ao questionário são do sexo feminino
Figura 12 – Resultados da questão 1, relativa ao grupo 1
Figura 13 – Resultados da questão 2, relativa ao grupo 1
Na figura 14, relativa à pergunta sobre sintomas que já tenham apresentado durante a
actividade, 47% dos inquiridos não responderam, e de entre aqueles que responderam, 79%
escolheram só uma das respostas possíveis, sendo que 21% assinalaram duas respostas. De entre
18-250%
26-3528%
36-4529%
46-5543%
>550%
Idade
Feminino 64%
Masculino36%
Género / Sexo
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as respostas dadas, 35% referem-se a dores de cabeça enquanto que 18% estão ligadas à fadiga
ou exaustão. Nenhum dos inquiridos escolheu as opções relacionadas com erupções cutâneas,
perdas de consciência, vómitos e convulsões, espasmos musculares, desmaio, problemas
respiratórios ou cardíacos.
Figura 14 – Resultados da questão 3, relativa ao grupo 1
A questão seguinte integra o grupo relacionado com a Higiene e Saúde no Trabalho,
questionando-se os trabalhadores, atendendo às condições do local trabalho, se a sua segurança e
saúde estão em risco. Houve uma divisão nas respostas, tal como se mostra na figura 15, com
50% a escolherem não, e os restantes a escolherem sim, sendo que todos os trabalhadores
responderam a esta questão.
Fadiga ou exaustão18%
Desmaio0%
Espasmos Musculares
0%
Perdas de consciência,
vómitos, convulsões0%
Problemas cardíacos
0%
Problemas respiratórios
0%
Erupções cutâneas (problemas de pele)
0%
Dores de cabeça35%
NS/NR47%
Sintomas apresentados durante a actividade
1 Opção79% 2 Opções
21%
Tipo Resposta - Sintomas
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Figura 15 – Resultados da questão 1, relativa ao grupo 2
Igual divisão de respostas foi obtida na pergunta onde se questiona se o trabalho
normalmente desenvolvido afecta a saúde. Analisando a figura 16, mostra-se que todos
responderam à questão, com 50% a responderem não e os restantes a responderem que sim.
Figura 16 – Resultados da questão 2, relativa ao grupo 2
Da análise da figura 17, sobre problemas de absentismo, observa-se que 50% dos
inquiridos responde negativamente, sendo que 29% reportam problemas de absentismo devido a
acidentes de trabalho. Verifica-se que 14% ou não sabem ou não responderam à pergunta, sendo
que os 7% indicaram que já tiveram problemas de saúde.
Sim50%Não
50%
NS/NR0%
Avaliação segurança e saúde
Sim50%
Não50%
NS/NR0%
Trabalho afecta a saúde?
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Figura 17 – Resultados da questão 3, relativa ao grupo 2
A pergunta sobre se conseguiria desenvolver a mesma actividade que tem actualmente
quando tiver sessenta ou mais anos, teve resposta positiva por parte de 67% dos inquiridos, tal
como ilustra a figura 18, sendo que com 13% das escolhas estão os que pensam que não irão
conseguir desenvolver a actividade, ou então que não gostariam de a desenvolver. Não
responderam a esta questão 7% dos trabalhadores.
Figura 18 – Resultados da questão 4, relativa ao grupo 2
Problemas de saúde7%
Acidente de trabalho
29%
Sem problema de absentismo
50%
Problemas de saúde com origem
no local de trabalho
0%
NS/NR14%
Tipos de problemas ligados ao absentismo
Sim67%
Não13%
Não gostaria de desenvolvê-la com
essa idade13%
NS/NR7%
Conseguirá desenvolver a actividade com 60 ou mais anos?
Avaliação do Ambiente Térmico na Cantina do ISEC
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Nas respostas à pergunta de qual o posto de trabalho a que está afecto cada trabalhador da
cantina, verifica-se que vários trabalhadores estão afectos a mais do que um posto, pois 25%
escolheram 7 das opções possíveis, com 6 opções mais 25 % e somente 8% dos inquiridos
assinalaram uma só opção. Analisando a figura 19, a maior percentagem de respostas
corresponde à cozinha, nomeadamente preparação de legumes, carne, peixe, sobremesas e
saladas, seguindo-se com 16% das respostas, várias opções com os trabalhadores afectos aos
diversos armazéns e cozinha (bloco de confecção e distribuição). Somente 3% dos inquiridos não
responderam a esta questão.
Figura 19 – Resultados da questão 1, relativa ao grupo 3
0%
5%
10%
15%
20%16% 16%
17%16% 16%
11%
5%3%
Posto de trabalho dos funcionários
1 Opção8%
2 Opções8%
5 Opções34%
6 Opções25%
7 Opções25%
Tipo Resposta - Questão 1
Avaliação do Ambiente Térmico na Cantina do ISEC
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Na figura 20, relativa à pergunta sobre o tempo que desempenha a actividade, verifica-se
que todos a desempenham há mais de 5 anos, dado que nenhum dos trabalhadores optou por uma
das 3 primeiras opções, com 43% das respostas a pertencerem aos que trabalham entre os 5 e os
10 anos, e com a igual percentagem, aqueles que desempenham a actividade entre 10 a 20 anos.
Figura 20 – Resultados da questão 2, relativa ao grupo 3
Relativamente à estação do ano em que os trabalhadores sentem maiores dificuldades no
desempenho da sua actividade (vd. figura 21), constata-te que metade das respostas (50%)
corresponde ao Verão e as restantes ao Inverno. Verifica-se também que 43% dos inquiridos
escolheram duas opções, Verão e Inverno, sentindo por isso mais dificuldades nestas estações
para o desenvolvimento da sua actividade.
0%
10%
20%
30%
40%
50%
Até 1 Ano 1 a 3 Anos 3 a 5 Anos 5 a 10Anos
10 a 20Anos
Mais de 20Anos
NS/NR
0% 0% 0%
43% 43%
14%
0%
Há quanto tempo desempenha a actividade
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Figura 21 – Resultados da questão 3, relativa ao grupo 3
No que concerne à figura 22, e na resposta à pergunta sobre qual o tipo de vestuário que
normalmente utiliza no seu local de trabalho, 46% dos inquiridos assinalou 7 das opções de
resposta, seguindo-se com 23% os que assinalaram 5 opções. Com 16% das respostas estão os
que escolheram 6 opções, com igual percentagem (8%) os que escolheram ou 2 ou 4 opções.
Nenhum dos inquiridos escolheu só uma opção, o que significa que todos os trabalhadores usam
mais do que uma peça de vestuário de trabalho. De entre as opções escolhidas, destacam-se a
touca e barrete com 16%, avental com 16% e calças com 15%. Nenhum dos trabalhadores
escolheu as opções relativas a casaco de manga comprida, máscara e sandálias. Todos os
trabalhadores responderam a esta questão.
Primavera0%
Verão50%Outono
0%
Inverno50%
NS/NR0%
Estação do ano mais difícil para o desempenho da actividade
1 Opção57%
2 Opções43%
Tipo Resposta - Questão 3
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Figura 22 – Resultados da questão 4, relativa ao grupo 3
Figura 23 – Resultados da questão 5, relativa ao grupo 3
0%
10%
20%
13%10% 10%
16% 16% 15%
0% 0%
11%
5% 4%0% 0%
Tipo de vestuário utilizado
2 Opções8%
4 Opções8%
5 Opções23%
6 Opções15%
7 Opções46%
Tipo Resposta - Questão 4
Menos de 1 hora43%
Entre 1 a 3 horas7%
Entre 3 a 5 horas29%
Entre 5 a 8 horas21%
NS/NR0%
Tempo dispendido no local mais quente
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Na questão seguinte, sobre se a actividade exige a permanência em mais do que um local,
quanto tempo passa no mais quente (vd. figura 23), verifica-se que 43% dos inquiridos
escolheram a opção menos de 1 hora, seguindo-se com 29% os que indicam 3 a 5 horas. Com
21% estão os trabalhadores que passam entre 5 a 8 horas no local mais quente, enquanto que
somente 7% escolheram a opção entre 1 a 3 horas. Todos os inquiridos responderam a esta
questão.
Figura 24 – Resultados da questão 6, relativa ao grupo 3
A questão relativa aos períodos dedicados ao repouso durante o dia de trabalho para além
dos períodos das refeições (vd. figura 24), mostra que 50% responderam que não fazem nenhum
período para além das refeições e 43% responderam que fazem entre 1 a 2 períodos. Não
responderam a esta questão 7% dos inquiridos, enquanto que ninguém escolheu as opções mais
de 6 períodos, de 3 a 4 períodos e 5 a 6 períodos.
Figura 25 – Resultados da questão 7, relativa ao grupo 3
Nenhum50%
1 a 2 períodos43%
3 a 4 períodos0%
5 a 6 períodos0%
Mais de 6 períodos
0%
NS/NR7%
Períodos de repouso ao longo do dia
Menos de 15 minutos
50%
Entre 15 a 30 minutos
0%
Entre 30 a 45 minutos
0%
Entre 45 a 60 minutos
0%
Mais de 60 minutos
0%
NS/NR50%
Duração período repouso
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De entre os trabalhadores que responderam que fazem períodos de repouso ao longo do
dia, a figura 25 mostra que 50% dos trabalhadores fazem períodos de repouso de menos de 15
minutos, com os restantes (50%) a não responderam, dado que não fazem períodos de repouso.
As restantes opções não foram escolhidas por nenhum dos inquiridos.
Figura 26 – Resultados da questão 8, relativa ao grupo 3
No que toca à pergunta sobre qual ou quais os períodos do dia em que desenvolve
actividade mais intensa, a figura 26 mostra que 40% indicaram que o período é aquele entre as
12:00 e as 14:00, seguindo-se com 37% os que referem que desenvolvem actividades mais
intensas entre as 8:00 e as 10:00. As restantes opções têm percentagens reduzidas, sendo que o
período entre as 16:00 e as 18:00 foi aquele com menos respostas. Todos os inquiridos
responderam a esta questão, e entre eles 79% optaram por indicar 2 períodos, 14% indicaram que
desenvolvem actividades mais intensas em 4 dos períodos indicados com somente 7% a
escolherem uma só opção.
0%
10%
20%
30%
40%
8:00 -10:00
10:00 -12:00
12:00 -14:00
14:00 -16:00
16:00 -18:00
18:00 -20:00
NS/NR
37%
3%
40%
9%
3%
9%
0%
Períodos com actividades mais intensas
1 Opção7%
2 Opções79%
4 Opções14%
Tipo Resposta - Questão 8
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Figura 27 – Resultados da questão 9, relativa ao grupo 3
Em resposta à pergunta sobre qual ou quais os períodos do dia em que os trabalhadores
sentem mais calor no seu local de trabalho, a figura 27 mostra que 78% indicaram 2 períodos
enquanto que 22% das respostas referem-se somente a 1 opção. Acrescente-se que 43%
responderam que o período mais desfavorável é aquele entre as 12:00 e as 14:00, seguindo-se
com 19% o período entre as 18:00 e as 20:00. Por último 14% dos que responderam indicaram o
período entre as 8:00 e as 10:00 sendo ainda de salientar que 24% dos inquiridos não
responderam.
0%
10%
20%
30%
40%
50%
8:00 -10:00
10:00 -12:00
12:00 -14:00
14:00 -16:00
16:00 -18:00
18:00 -20:00
NS/NR
14%
0%
43%
0% 0%
19%24%
Períodos onde sentem mais calor
1 Opção22%
2 Opções78%
Tipo Resposta - Questão 9
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Figura 28 – Resultados da questão 10, relativa ao grupo 3
A figura 28 refere-se às medidas de prevenção contra contra o calor, com as opções
disponíveis a estarem ligadas às acções que os trabalhadores podem adoptar sem recurso a
equipamentos de controlo do ambiente térmico. Todos os trabalhadores responderam a esta
pergunta, escolhendo todos só uma das opções disponíveis, com 50% a indicarem que continuam
a sua actividade de forma normal, seguindo-se com 43% os que abrem uma porta ou janela e,
finalmente, com 7%, os que vão para outro local. Ninguém escolheu as opções sobre redução ou
paragem da sua actividade.
Figura 29 – Resultados da questão 11, relativa ao grupo 3
A pergunta seguinte, sobre se os trabalhadores têm disponível e em local facilmente
acessível e próximo do posto de trabalho um bebedouro de água potável (vd. figura 29), 71%
0%
25%
50%
0% 0%7%
43%50%
0%
Medidas de prevenção contra o calor
Sim29%
Não71%
NS/NR0%
Bebedouro disponível
Avaliação do Ambiente Térmico na Cantina do ISEC
Página | 68
responderam que não têm bebedouro disponível, enquanto que os restantes 29% responderam
afirmativamente à questão, tendo disponível e em local acessível um bebedouro.
Figura 30 – Resultados da questão 12, relativa ao grupo 3
Colocou-se ainda a questão se os trabalhadores recorrem frequentemente ao bebedouro.
A figura 30 mostra que, de entre os que responderam afirmativamente à questão anterior, 29%
afirmam que recorrem ao bebedouro enquanto que 21% indicam que não.
Figura 31 – Resultados da questão 13, relativa ao grupo 3
Na figura 31 apresentam-se os resultados da questão relativa à quantidade de líquidos que
em média os trabalhadores ingerem ao longo de um dia de trabalho, mostrando-se que 43%
ingerem mais de 3 litros, 36% ingerem entre 1 a 3 litros de líquidos por dia e por fim, 21% dos
inquiridos indicaram que bebem menos de 1 litro. Todos os trabalhadores responderam a esta
questão.
Sim29%
Não21%
NS/NR50%
Recorre ao bebedouro
Menos de 1 litro21%
De 1 a 3 litros36%
Mais de 3 litros43%
NS/NR0%
Ingestão diária de líquidos
Avaliação do Ambiente Térmico na Cantina do ISEC
Página | 69
Figura 32 – Resultados da questão 14, relativa ao grupo 3
Em resposta à questão sobre o grau de satisfação global com as condições que se
verificam no seu local de trabalho (figura 32), 72% das respostas indicam satisfação com as
condições, enquanto que 7% dos inquiridos a mostrarem insatisfação perante as condições do
seu local. Uma percentagem significativa (21%) optou por não responder.
Nas questões que se seguem, os trabalhadores tinham como opção uma escala de 1 a 9,
adoptando a metodologia da norma ISO 10551 (1995), usando escalas de avaliação subjectivas
para análise da influência do ambiente térmico.
Figura 33 – Resultados da questão 15, relativa ao grupo 4
Muito satisfeito0%
Satisfeito72%
Insatisfeito7%
NS/NR21%
Satisfação com condições de trabalho
0%
10%
20%
30%
40%
50%
0%
7%
0% 0%
29%
0%
43%
7%
14%
Ambiente térmico é quente
Avaliação do Ambiente Térmico na Cantina do ISEC
Página | 70
Na resposta à questão sobre se o ambiente térmico do seu local de trabalho é quente, a
figura 33 mostra que 47% assinalaram o nível 7, com 29% a indicarem que é indiferente.
Analisando a tendência das respostas, verifica-se que um total de 64% das respostas está entre os
níveis 7 e 9, indicando que a maioria dos trabalhadores considera o seu local de trabalho quente.
Figura 34 – Resultados da questão 16, relativa ao grupo 4
Na figura 34 estão indicadas as respostas à questão sobre transpiração no exercício da
actividade. Verifica-se que todos os trabalhadores transpiram, dado que as respostas se
encontram entre os níveis 6 e 9, com o nível 7 a merecer a escolha de 57% dos inquiridos.
Saliente-se que 21% dizem que transpiram muito no exercício da sua actividade, correspondendo
à opção 9. De referir que nenhum dos inquiridos escolheram as opções entre os níveis 1 e 5.
Figura 35 – Resultados da questão 17, relativa ao grupo 4
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
0% 0% 0% 0% 0%
14%
57%
8%
21%
Transpira no exercício da actividade
0%
10%
20%
30%
40%
50%
0% 0% 0% 0% 0%
21%
43%
7%
29%
Exigência física da actividade
Avaliação do Ambiente Térmico na Cantina do ISEC
Página | 71
Quanto à classificação da actividade em termos de exigência física, numa primeira
análise da figura 35 verifica-se claramente a tendência para as respostas nos últimos 4 níveis,
significando que os trabalhadores têm exigência física na sua actividade, variando a mesma entre
os níveis 6 e 9, destacando-se o nível 7 com 43% das respostas e o último nível com 29% das
respostas.
Figura 36 – Resultados da questão 18, relativa ao grupo 4
Na questão seguinte inquiria-se os trabalhadores relativamente ao nível correspondente à
sua sensação de calor no local de trabalho. A figura 36 mostra mais uma vez todos os
trabalhadores escolheram níveis superiores ao nível 5, concluindo-se que todos eles sentem calor
no seu local de trabalho, com a maior percentagem a corresponder ao nível máximo (43%),
seguindo-se o nível 6 com 36% das respostas.
Figura 37 – Resultados da questão 19, relativa ao grupo 4
0%
10%
20%
30%
40%
50%
0% 0% 0% 0% 0%
36%
21%
0%
43%
Sente calor no local de trabalho
0%
10%
20%
30%
0% 0%
14% 14% 14% 14%
9%
21%
14%
Tolera bem o calor no local de trabalho
Avaliação do Ambiente Térmico na Cantina do ISEC
Página | 72
A figura 37 mostra as respostas à questão relacionada com a tolerância dos funcionários
ao calor no local de trabalho, havendo uma distribuição de respostas pelos diversos níveis.
Contudo o nível 8 foi objecto da escolha de 21% dos trabalhadores, sendo que os níveis 3, 4, 5, 6
e 9 tiveram cada um 14% das respostas dos trabalhadores. Pode-se dizer que a maioria dos
funcionários tolera bem o calor, pois um total de 58% das respostas está entre os níveis 6 e 9.
Figura 38 – Resultados da questão 20, relativa ao grupo 4
Relativamente às respostas à questão sobre se é frequente haver correntes de ar no seu
local de trabalho, verifica-se através da figura 38, que na cantina do ISEC é frequente haver
correntes de ar, pois entre os níveis 6 e 9 encontram-se 93% das respostas, destacando-se com
36% o nível 6. Também se evidencia o nível 2 com 7%, significando que há postos de trabalho
onde as correntes de ar são praticamente inexistentes, daí a resposta dada por esta percentagem
de funcionários.
Figura 39 – Resultados da questão 21, relativa ao grupo 4
0%
10%
20%
30%
40%
0%
7%
0% 0% 0%
36%
29%
21%
7%
É frequente haver correntes de ar
0%
10%
20%
30%
40%
0%
21%
14%
7%
36%
8%
14%
0% 0%
Baixaria a temperatura no local de trabalho
Avaliação do Ambiente Térmico na Cantina do ISEC
Página | 73
Já no que toca à questão acerca da redução de temperatura no local de trabalho, caso
pudesse, a figura 39 mostra que 36% optaram pelo nível 5, o que significa que para estes
trabalhadores a temperatura é adequada. Já um total de 42% das respostas encontra-se no lado
esquerdo do gráfico, entre os níveis 2 e 4, indiciando que estes trabalhadores não baixariam a
temperatura, contrariamente ao total de 22% das respostas dadas, correspondentes aos níveis 6 e
7, cujos trabalhadores pretendem uma diminuição da temperatura.
Figura 40 – Resultados da questão 22, relativa ao grupo 4
A figura 40 mostra o resultado da questão relativaao grau de satisfação com o ambiente
térmico do local de trabalho, havendo uma distribuição das respostas pelos níveis. Contudo, o
nível 5 foi o escolhido por 29% dos inquiridos, o que traduz indiferença pelas condições. Já 49%
dos trabalhadores escolheram respostas entre os níveis 1 e 3, significando que há uma grande
percentagem de trabalhadores insatisfeitos com as condições térmicos do local de trabalho,
enquanto que somente 21% dos trabalhadores (níveis 6 e 7) demonstraram alguma satisfação
com as mesmas.
Figura 41 – Resultados da questão 23, relativa ao grupo 4
0%
10%
20%
30%
14%
21%
14%
0%
29%
7%
14%
0% 0%
Grau de satisfação com ambiente térmico
Sim79%
Não14%
NS/NR7%
Sugestões de prevenção e melhoria
Avaliação do Ambiente Térmico na Cantina do ISEC
Página | 74
Por último, os trabalhadores foram questionados sobre se já tinham alguma vez sugerido
à entidade patronal medidas de prevenção e melhoria do ambiente térmico de trabalho, tendo a
maioria, tal como mostra a figura 41, respondido afirmativamente (79%), valor que demonstra
que os trabalhadores estão cientes da influência do ambiente térmico no seu desempenho e que
conseguem efectuar sugestões nesse sentido. Somente 14% dos trabalhadores é que não tomaram
nenhuma iniciativa deste género, enquanto que 7% não responderam à pergunta.
8.1.2. Análise Global dos Resultados dos Funcionários
Após análise detalhada dos resultados, verifica-se que a principal faixa etária dos
trabalhadores da cantina do ISEC situa-se entre os 46 e 55 anos, sendo o sexo feminino
maioritário. De entre todos os que responderam ao questionário, 50% acham que a sua segurança
e saúde estão em risco no seu local de trabalho, sendo que esse mesmo trabalho afecta a sua
saúde. Ainda com 50% de respostas, estão os funcionários que até ao momento não tiveram
problemas de absentismo. Verifica-se também que todos os funcionários desempenham a
actividade há mais de 5 anos, sendo este um factor muito importante em termos da aclimatação
que todos têm relativamente às condições térmicas do seu local de trabalho.
Sobre qual a estação do ano onde sentem mais dificuldade no desempenho da actividade,
foi curioso verificar que nas respostas dadas houve uma divisão entre o Verão e o Inverno. Por
outro lado, 50% dos trabalhadores não fazem períodos de repouso fora das pausas para refeições,
sendo este um dado preocupante, pois aqueles que fazem é por períodos inferiores a 15 minutos.
O período de trabalho mais desfavorável é o compreendido entre as 12:00 e as 14:00, sendo
também este o período onde os trabalhadores sentem mais calor. No que concerne a medidas de
prevenção contra o calor, 50% dos trabalhadores continuam a sua actividade normalmente, sendo
também este um dado de alerta, aliado à ausência de períodos de repouso, colocando em risco a
saúde e segurança dos trabalhadores.
Quanto à ingestão de líquidos, 71% dos trabalhadores responderam que não têm
bebedouro disponível e daqueles que têm, somente 29% recorrem a ele, com 43% dos
trabalhadores a escolherem a opção relativa à ingestão de mais de 3 litros de líquidos por dia.
Relativamente à satisfação com as condições de trabalho, a maioria dos trabalhadores
(72%), está satisfeita com as condições em que desenvolve o seu trabalho. Por último e
analisando as respostas do grupo 4, verifica-se que a maioria dos trabalhadores acha que o
ambiente térmico da cantina é quente, transpira no exercício da actividade, têm actividades com
exigência física média a elevada e sentem calor no local de trabalho. Também se verifica que há
correntes de ar na maioria dos locais de trabalho, e por fim, conclui-se após análise dos
Avaliação do Ambiente Térmico na Cantina do ISEC
Página | 75
resultados que a maioria do trabalhadores está insatisfeita com o ambiente térmico da cantina,
sendo que 79% dos trabalhadores já deram sugestões de melhoria do ambiente térmico de
trabalho à entidade patronal.
8.2. INQUÉRITO AOS UTILIZADORES DA CANTINA DO
INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE COIMBRA
Em conjunto com o inquérito aos funcionários da cantina, efectuou-se um outro destinado
ao utilizadores da cantina, no sentido de proceder a uma avaliação do ambiente térmico da
mesma e qual o seu grau de conhecimento relativamente à temática do stresse térmico.
Foi adaptado o questionário dos funcionários, com as questões consideradas mais
importantes, tendo a preocupação de não elaborar um questionário muito longo, pois iria ser
preenchido à medida que os utilizadores iam almoçando.
O questionário apresenta um total de 13 questões (Anexo 4), com as primeiras 4
destinadas a caracterizar os utilizadores da cantina. As questões seguintes incidiram sobre a
avaliação pessoal do ambiente térmico, qual a sensação térmica actual e desejada, medidas de
prevenção e hábitos de hidratação.
Idealmente, este inquérito deveria ter sido efectuado nos dias mais quentes dos meses de
Verão, mas só foi possível efectuar os mesmos no dia 28 de Setembro, entre o período das 12:00
e as 14:00. Foram distribuídos um total de 100 questionários, dos quais 75 foram devolvidos
correctamente preenchidos, 6 em branco e os restantes 19 questionários não foram devolvidos.
8.2.1. Análise dos Resultados Utilizadores
O questionário distribuído aos utilizadores da cantina começa com questões referentes à
idade, ao sexo, naturalidade e conhecimento da temática do stresse térmico.
Avaliação do Ambiente Térmico na Cantina do ISEC
Página | 76
Figura 42 – Resultados da questão 1.1
Relativamente à idade, e de acordo com a figura 42, verifica-se que à faixa etária entre os
17 e 22 anos, correspondem 62% das respostas dos inquiridos, sendo a percentagem seguinte de
16% correspondente à faixa entre os 23 e 28 anos. Em igualdade, com 8% das respostas, estão as
faixas dos 29 aos 34 e dos 35 aos 40 anos. Por último, a menor percentagem corresponde aos
indivíduos com mais de 40 anos.
Figura 43 – Resultados da questão 1.2
Em termos do sexo dos utilizadores, figura 43, 77% dos inquiridos são do sexo
masculino, com 23% a pertencerem ao sexo feminino.
17-22 62%
23-2816%
29-348%
35-408%
>406%
Idade
Feminino23%
Masculino77%
Sexo
Avaliação do Ambiente Térmico na Cantina do ISEC
Página | 77
Figura 44 – Resultados da questão 1.3
Na figura 44 vêem-se as respostas relativamente à naturalidade dos inquiridos, sendo que
57% não são naturais da região de Coimbra, enquanto os restantes 43% são naturais da região de
Coimbra.
Figura 45 – Resultados da questão 1.4
Em relação à questão “Comparativamente com a cidade de Coimbra, o seu local de
origem é”, figura 45, a maior percentagem dos inquiridos, correspondente a 49% das respostas,
respondeu que o seu local de origem é mais frio, seguindo-se com 22% das respostas a opção de
ser natural e residente em Coimbra. Destaque para 5% dos inquiridos que responderam que o seu
local de origem é muito mais frio, enquanto que 4% não sabe ou não respondeu.
Sim43%
Não57%
NS/NR0%
Natural da região de Coimbra
Muito mais frio5%
Mais frio49%
Muito mais quente
0%
Mais quente20%
Sou natural e residente em
Coimbra22%
NS/NR4%
Comparação com Coimbra
Avaliação do Ambiente Térmico na Cantina do ISEC
Página | 78
Figura 46 – Resultados da questão 2
Através da figura 46, verifica-se que 46% dos inquiridos não está familiarizado com a
temática do stresse térmico e das doenças associadas à exposição ao calor, ao passo que 36% está
familiarizado. Já 18% dos inquiridos, não sabem ou não responderam a esta questão.
Figura 47 – Resultados da questão 3
Em relação à questão, sobre “como se sente, neste preciso momento”, 48% dos
inquiridos optaram por responder ao nível 5, sentindo-se neutros, sendo que, e analisando a
Sim36%
Não46%
NS/NR18%
Conhecimento de stresse térmico
0%
10%
20%
30%
40%
50%
Frio -1 2 3 4 Neutro -5
6 7 8 Quente -9
0% 0% 0%
7%
48%
27%
11%
4% 3%
Como se sente neste preciso momento
Avaliação do Ambiente Térmico na Cantina do ISEC
Página | 79
figura 47, 45% das respostas estão distribuídas entre os níveis 6 e 9, indicando que os inquiridos
sentem-se quentes, ao passo que somente 7% dos inquiridos escolheram o nível 4. Os níveis 1, 2
e 3 não foram escolhidos por ninguém.
Figura 48 – Resultados da questão 4
Analisando a Figura 48, 36% dos inquiridos optaram pelo nível 2, considerando que o
ambiente térmico da cantina está mais próximo de ser confortável do que desconfortável. 34%
optou pelo nível 3, sendo dos restantes, 18% optou pelo nível 4, avaliando o ambiente térmico da
cantina como mais próximo de ser desconfortável do que confortável. Nenhuma dos inquiridos
optou pelo nível 5, não considerando o ambiente como extremamente desconfortável.
Figura 49 – Resultados da questão 5
0%
10%
20%
30%
40%
Confortável - 1 2 3 4 ExtremamenteDesconfortável
- 5
12%
36%34%
18%
0%
Ambiente térmico da cantina
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
Mais Frio -1
2 3 Igual - 4 5 6 MaisQuente - 7
1%5%
22%
55%
14%
3%0%
Como gostaria de se sentir neste preciso momento
Avaliação do Ambiente Térmico na Cantina do ISEC
Página | 80
Quanto à resposta à pergunta “…como gostaria de se sentir neste preciso momento?”,
figura 49, 55% escolheram o nível 5, gostando das condições térmicas que se verificam no
momento de responder ao inquérito. Distribuídos pelos níveis 1 a 3, 28% optaram por estes
níveis, preferindo que o ambiente estivesse mais frio, enquanto os restantes 17%, distribuídos
pelos níveis 5 a 6, preferiam que estivesse mais quente.
Figura 50 – Resultados da questão 6
Quanto à avaliação do ambiente térmico da cantina, e tal como mostra a figura 50, 84%
dos inquiridos avaliaram o ambiente térmico da cantina como aceitável, seguindo-se com 12% os
que consideraram o ambiente inaceitável. Somente 1% considerou o ambiente térmico como
claramente aceitável. De salientar que todos os inquiridos responderam a esta questão.
Claramente Aceitável
1%
Aceitável84%
Inaceitável12%
Muito Inaceitável3%
Não Sabe / Não Responde
0%
Avaliação ambiente térmico
Avaliação do Ambiente Térmico na Cantina do ISEC
Página | 81
Figura 51 – Resultados da questão 7
De acordo com 42% dos inquiridos, o ambiente térmico que se verificava no momento do
questionário situa-se no meio da escala, ou seja, no nível 3 tal como consta na figura 51. Já um
total de 51% de respostas encontra-se do lado esquerdo do gráfico, distribuídas entre o nível 1 e
2, com os inquiridos a considerarem que o ambiente está mais próximo do tolerável. Somente
4% aproximou a sua resposta do intolerável, sendo que ninguém avaliou o ambiente com o nível
5, correspondente a um ambiente térmico intolerável.
Figura 52 – Resultados da questão 8
0%
10%
20%
30%
40%
50%
Tolerável - 1 2 3 4 Intolerável - 5
23%
28%
42%
7%
0%
Ambiente térmico no momento
Reduz a sua actividade
10%
Pára a sua actividade
2%
Vai para outro local26%
Abre uma porta ou janela54%
Continua a sua actividade
normalmente7%
NS/NR1%
Medidas de Prevenção
Avaliação do Ambiente Térmico na Cantina do ISEC
Página | 82
A questão relativa às “…medidas de prevenção contra o calor normalmente utiliza?”,
figura 52, e de entre as opções disponíveis, 54% optam por abrir uma porta ou janela, seguido de
26% das respostas dos que vão para outro local. 10% optam por reduzir a sua actividade,
enquanto que 7% continuam a sua actividade normalmente. Por fim, 2% param a sua actividade
e 1% dos inquiridos ou não sabe ou não respondeu.
Figura 53 – Resultados da questão 9
No que toca a hábitos de hidratação e analisando a figura 53, verifica-se que a maior
percentagem, 72%, corresponde aos que bebem de 1 a 3 litros de água ao longo do dia. Seguem-
se os que bebem menos de 1 litro, com 20% das respostas. 7% dos inquiridos bebem mais de 3
litros de água por dia e 1% não sabe ou não respondeu à questão.
Figura 54 – Resultados da questão 10
Menos de 1 litro20%
De 1 a 3 litros72%
Mais de 3 litros7%
NS/NR1%
Quantidade de líquidos ingeridos por dia
Até 1 Ano28%
Há 2 Anos18%
Há 3 Anos24%
Há 4 Anos7%
Há mais de 4 Anos16%
NS/NR7%
Tempo que frequenta a cantina
Avaliação do Ambiente Térmico na Cantina do ISEC
Página | 83
A última questão colocada aos utilizadores da cantina, tinha como objectivo caracterizar
os utilizadores em termos há quanto tempo frequentam a cantina, com a maior percentagem,
28%, tal como ilustrado na figura 54, a pertencer aos frequentam a cantina até 1 ano, seguindo-se
com uma percentagem próxima, 24%, os que a frequentam há já 3 anos. Os que frequentam a
cantina há 2 anos correspondem ao total de 18% das respostas, sendo a 3ª maior percentagem de
respostas, seguida com 16% dos que frequentam a cantina há já mais de 4 anos. Os que ou não
sabem, ou não responderam, correspondem a um total de 7% dos utilizadores que responderam a
esta questão.
8.2.2. Análise Global dos Resultados dos Utilizadores
Numa análise global aos resultados dos utilizadores da cantina do ISEC, verifica-se que
62% dos mesmos têm idades compreendidas entre os 17 e os 22 anos, sendo que 77% dos que
responderam são do sexo masculino e 57% não são naturais da região de Coimbra e desses, 49%
vêm de locais mais frios comparativamente com a cidade de Coimbra.
Das respostas dadas pelos utilizadores, verifica-se que 46% não conhecem a temática do
stresse térmico. Relativamente ao ambiente térmico da cantina, 48% sentem-se neutros em
relação ao mesmo e 55% não alterariam as condições que se verificavam no momento de
responder ao questionário.
De um modo geral, os utilizadores consideram que o ambiente é aceitável, pois 84%
optaram por esta resposta. Relativamente às medidas de prevenção contra o calor, 54% abrem
uma porta ou janela como medida de prevenção e 72% dos utilizadores ingerem diariamente 1 a
3 de líquidos. Por fim, verifica-se que 28% dos utilizadores frequenta a cantina até um ano.
Avaliação do Ambiente Térmico na Cantina do ISEC
Página | 84
9. CONCLUSÃO
Pretendeu-se com este trabalho caracterizar de forma detalhada a avaliação do ambiente
térmico de uma cozinha industrial, no caso em estudo, a cozinha da cantina do Instituto Superior
de Engenharia de Coimbra. Sendo que já houve outros estudos prévios em cantinas universitárias
na cidade de Coimbra, este servia de forma específica para a caracterização da cantina em causa,
não se podendo retirar conclusões generalistas, uma vez que cada cantina tem as suas
particularidades, sobretudo no que se refere às características construtivas do imóvel e à sua
influência nos parâmetros físicos do ambiente térmico interior.
Dando sequência ao que está preconizado na nova legislação referente às condições de
higiene e segurança no trabalho, este trabalho também serve para aferir das actuais condições de
funcionamento, analisando e tratando os dados referentes às medições efectuadas, para trabalhar
na prevenção dos acidentes de trabalho, nos casos em que se verifiquem condições perigosas
para a realização das tarefas.
Além da parte de medição, efectuou-se um questionário aos trabalhadores, tentando
perceber como se sentem em relação ao ambiente térmico, qual o seu conhecimento em termos
de ambientes térmicos no contexto da higiene e segurança no trabalho, bem como a
sensibilização para a entidade patronal para os riscos que os trabalhadores estão sujeitos no
desenvolvimento das suas tarefas num ambiente quente. Conhecendo-se estes “hábitos”, pode-se
trabalhar em conjunto com a entidade patronal na alteração dos mesmos, sobretudo nos períodos
de repouso, dado que nenhum dos trabalhadores repousa fora das pausas obrigatórias, mesmo
que desenvolva uma actividade intensa num ambiente quente. Concluiu-se que todos os
trabalhadores avaliam o seu local de trabalho como quente, trabalhando em condições de
temperatura superiores as que os próprios desejariam de forma a sentirem-se confortáveis
termicamente.
A época onde manifestam maiores dificuldades, tal como seria expectável, é no Verão,
sendo o período compreendido entre as 12 e 14 horas o que é mais problemático para os
trabalhadores, não só pelas condições térmicas, como pela actividade desenvolvida.
Verificou-se um conhecimento diminuto, sobretudo no que toca à ocorrência de situações
de stresse térmico, e quais os factores que lhe estão associados e consequências para os
trabalhadores, bem como as medidas de protecção que deverão ser tomadas para evitar estas
situações.
Avaliação do Ambiente Térmico na Cantina do ISEC
Página | 85
No que toca às medições levadas a cabo para a determinação do índice WBGT, somente
numa situação foi ultrapassado o valor limite dos 28ºC, o que de certa forma foi surpreendente,
pois dado o conhecimento das condições térmicas da cantina e sobretudo da opinião dos
funcionários, que durante as medições repetiram várias vezes que nos dias quentes do Verão,
como foi o caso, era quase insuportável trabalhar na cozinha e que tinham dificuldades em
realizar as actividades com o calor que se verificava.
A própria construção do edifício, ainda que relativamente recentemente, não garante um
bom isolamento, sobretudo ao nível do telhado, sendo que a avaliação que o responsável e
trabalhadores fazem do espaço, é que no Verão se transforma numa estufa, e no Inverno tem que
se fazer as refeições de casaco, pois fica um ambiente muito frio, corroborada por algumas
opiniões dos utilizadores, que se queixaram do mesmo.
Apesar de nos dias 6 e 7 de Julho os valores ponderados, sobretudo os máximos, do
índice WBGT estarem próximos dos 28ºC, com uma temperatura exterior ao edifício da cantina
a rondar os 40ºC, verificando-se as “melhores” condições possíveis para levar a cabo as
medições, em nenhum momento estes valores ponderados ultrapassaram o limite estabelecido na
norma ISO 7243 (1989). Um dos factores poderá estar relacionado com os diversos locais de
medição, dado que o primeiro local estava afastado cerca de um metro do local de trabalho junto
aos fogões e fornos, o segundo e terceiro local encontravam-se, por questões de segurança e
legislação, no exterior, enquanto que somente o quarto local estava a menos de um metro da
zona de trabalho do grelhador.
O último dia de medições foi no dia 7 de Julho, sendo que nas duas semanas seguintes,
continuaram a verificar-se condições óptimas para as medições, dado que as temperaturas
exteriores rondavam os 38ºC, devendo por isso ter-se efectuado mais alguns dias de medição.
Um aspecto inovador deste trabalho prendeu-se com a realização de questionário junto
dos utilizadores da cantina, onde estes poderiam avaliar o ambiente térmico, dar a conhecer o
conhecimento que têm sobre a temática do stresse térmico, medidas de prevenção que adoptam e
hábitos de hidratação. Das respostas dadas, destaca-se que 84% dos inquiridos consideraram o
ambiente térmico da cantina aceitável, dos que responderam somente 7% não adoptam medidas
de prevenção contra o calor e 72% responderam que bebem durante o dia, em média, 1 a 3 litros
de água.
Estes questionários deveriam ter sido efectuados em paralelo com as medições, nos dias
mais quentes do Verão, dado que ao terem sido efectuados no dia 28 de Setembro, o ambiente
térmico no interior do espaço reservado aos utilizadores, não era tão desfavorável como o que se
iria verificar em pleno Verão. Também deveria ter-se efectuado mais dias de distribuição e
recolha de questionários, correndo no entanto o risco de as mesmas pessoas responderem várias
Avaliação do Ambiente Térmico na Cantina do ISEC
Página | 86
vezes ao inquérito. Fica feita a primeira avaliação do ambiente térmico por parte dos
utilizadores, servindo como ponto de partida para trabalhos futuros.
Por tudo o que foi aqui exposto, reforça-se a conclusão que as condições térmicas
influenciam de forma directa as condições de trabalho, a destreza e produtividade dos
trabalhadores. Ainda que não tomem as medidas necessárias, os trabalhadores conseguem
desenvolver as suas actividades sobretudo porque já estão aclimatados.
No âmbito do estudo de ambientes térmicos de locais de trabalho em cozinhas industriais,
futuros trabalhos podem ser realizados em cozinhas de restaurantes, normalmente mais exíguas e
com menos exaustão e ventilação, cozinhas de escolas secundárias, menos apetrechadas e com
mais “idade”, e serviços de catering, quando estes trabalham em cozinhas improvisadas nos
meses quentes de Verão, em serviços de casamentos. Os questionários deverão continuar a
realizar-se, pois permitem completar os dados das medições, aperfeiçoando-se o questionário e
adaptando-o sempre que necessário.
De modo a garantir uma amostra fiável, dever-se-á fazer medições no maior número de
dias possível, apontando sempre para aqueles em que a previsão da temperatura é elevada.
Numa perspectiva complementar, constatando-se que começam a aparecer trabalhos de
investigação direccionados para a caracterização de cantinas, é importante proceder a uma
avaliação das condições actuais no sentido de propor e implementar melhorias ao nível do
controlo do ambiente térmico, implementação de períodos de repouso e outras medidas de
prevenção, e à posteriori, fazer nova avaliação para se verificar das melhorias obtidas. É lógico
que se trata de um trabalho que implica colaboração com a entidade patronal, devendo realizar-se
sempre que esta manifeste disponibilidade, mas poderá, em função dos dados actuais, apresentar-
se um estudo prévio das melhorias e ganhos a obter-se com a implementação destas medidas.
Avaliação do Ambiente Térmico na Cantina do ISEC
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10. BIBLIOGRAFIA
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ANEXOS
ANEXO 1 – DECRETO-LEI Nº243/86, DE 20 DE AGOSTO
CAPÍTULO III - Condições especiais dos locais de trabalho
SECÇÃO I
Condições atmosféricas - Artigo 10.º
Atmosfera de trabalho:
1. A atmosfera de trabalho bem como a das instalações comuns devem garantir a saúde e o
bem-estar dos trabalhadores;
2. Os diversos locais de trabalho bem como as instalações comuns devem conter meios que
permitam a renovação natural e permanente do ar sem provocar correntes incómodas ou
prejudiciais aos trabalhadores.
3. Nos compartimentos cegos ou interiores, ou quando a ventilação pelo processo previsto
no n.º 2 não for suficiente, devem ser instalados meios que assegurem a renovação
forçada do ar, não provocando correntes ou arrefecimentos bruscos prejudiciais;
4. Os meios destinados à renovação natural ou forçada da atmosfera de trabalho e das
instalações comuns devem obedecer aos seguintes requisitos:
a. Não produzir nem admitir na atmosfera de trabalho e das instalações comuns
substâncias incómodas, tóxicas, perigosas ou infectantes;
b. O caudal médio de ar fresco e puro a ser admitido na atmosfera de trabalho deve
tender a, pelo menos, 30 m3 por hora e por trabalhador. O caudal poderá ser
aumentado até 50 m3 sempre que as condições ambientais o exijam;
c. Os dispositivos artificiais de renovação do ar devem ser silenciosos;
SECÇÃO II
Condições de temperatura e humidade - Artigo 11.º
Temperatura e humidade:
1. Os locais de trabalho, bem como as instalações comuns, devem oferecer boas
condições de temperatura e humidade, de modo a proporcionar bem-estar e defender
a saúde dos trabalhadores:
a. A temperatura dos locais de trabalho deve, na medida do possível, oscilar
entre 18ºC e 22ºC, salvo em determinadas condições climatéricas, em que
poderá atingir os 25ºC;
b. A humidade da atmosfera de trabalho deve oscilar entre 50% e 70%;
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c. Sempre que da ventilação natural não resulte uma atmosfera de trabalho
conforme as alíneas anteriores, deve-se procurar adoptar sistemas artificiais
de ventilação e de aquecimento ou arrefecimento, conforme os casos;
d. Os dispositivos artificiais de correcção da atmosfera trabalho não devem ser
poluentes, sendo de recomendar os sistemas de ar condicionado, locais ou
gerais.
2. Os trabalhadores não devem ser obrigados a trabalhar na vizinhança imediata de
instalações que produzam radiações térmicas elevadas ou um arrefecimento intenso,
a menos que se tomem medidas apropriadas de protecção.
Artigo 12.º
Alterações bruscas de temperatura:
1. Os trabalhadores não devem ser sujeitos, em consequência das condições do
ambiente de trabalho, a variações bruscas de temperatura consideradas nocivas à
saúde, pelo que devem ser protegidos com equipamento individual.
Artigo 13.º
Pausas no horário de trabalho;
1. Sempre que os trabalhadores estejam submetidos a temperaturas muito altas ou
muito baixas em consequência das condições do ambiente de trabalho, devem ser
adoptadas medidas correctivas adequadas ou, em situações excepcionais, ser-lhes
facultadas pausas no horário de trabalho ou reduzida a duração deste.
CAPÍTULO V - Métodos e Ritmos
Artigo 22.º
Ritmos de trabalho:
1. Os ritmos de trabalho não devem ocasionar efeitos nocivos aos trabalhadores,
particularmente nos domínios da fadiga física ou nervosa;
2. Com o objectivo de prevenir ou limitar os efeitos indicados, devem prever-se pausas
no decurso do trabalho ou, caso seja possível, criar-se sistemas de rotatividade no
desempenho das tarefas.
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ANEXO 3 - INQUÉRITO AOS FUNCIONÁRIOS DA CANTINA DO
INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE COIMBRA
O presente questionário realiza-se no âmbito de um estudo sobre a exposição de trabalhadores de
cozinhas profissionais a ambiente térmicos quentes. Para além de uma breve caracterização dos
trabalhadores, serão efectuadas perguntas sobre os postos de trabalho, o ambiente térmico desses locais
e o vestuário utilizado.
Todas as respostas ao inquérito são estritamente confidenciais e anónimas
Instruções: na resposta a cada pergunta, deve colocar um X na opção que melhor caracteriza a sua situação
CARACTERÍSTICAS DO ENTREVISTADO
1. Idade 2. Sexo
18- 25 Anos Feminino
26 -35 Anos Masculino
36 - 45 Anos
46 - 55 Anos
Mais de 55 Anos
3. Durante a sua actividade, já apresentou alguns destes sintomas
Fadiga ou exaustão Problemas respiratórios
Desmaio Erupções cutâneas (problemas de pele)
Espasmos Musculares Dores de cabeça
Perdas de consciência, vómitos, convulsões Não Sabe / Não Responde
Problemas cardíacos
ENQUADRAMENTO HST
1. Na sua opinião e atendendo às condições do seu local de trabalho, acha que a sua segurança e saúde estão em risco?
Sim Não Sabe / Não Responde
Não
2. Pensa que o trabalho que normalmente desenvolve afecta a sua saúde?
Sim Não Sabe / Não Responde
Não
3. Se já teve problemas de absentismo, por favor, indique qual ou quais os motivos que levaram a essa situação?
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Problemas de saúde Problemas de saúde com origem no local de trabalho Acidente de trabalho
Sem problema de absentismo Não Sabe / Não Responde
4. Acha que vai conseguir desenvolver a mesma actividade que tem actualmente, quando tiver 60 ou mais anos?
Sim Não gostaria de desenvolvê-la com essa idade
Não Não Sabe / Não Responde
QUESTÕES
1. Qual o posto de trabalho a que está afecto (assinalar a (s) área (s) a que está afecto ou desenvolve a actividade)
Armazém (despensa fria e de secos)
Armazém (produtos de limpeza)
Cozinha (preparação de legumes, carne, peixe, sobremesas e saladas)
Cozinha (bloco de confecção)
Cozinha (distribuição (estufa, empratamento, self-service))
Copa (lavagem (copa suja, lavagem trem)
Copa (armazenagem (copa limpa)
Não Sabe / Não Responde
2. Há quanto tempo desempenha este tipo de actividade ou similar
Até 1 Ano 10 a 20 Anos
1 a 3 Anos Mais de 20 Anos
3 a 5 Anos Não Sabe / Não Responde
5 a 10 Anos
3. Qual a estação do ano em que sente maiores dificuldades no desempenho da sua actividade
Primavera Outono
Verão Inverno
Não Sabe / Não Responde
4. Indique qual o tipo de vestuário que normalmente utiliza no seu local de trabalho
Bata Sapatos
T-shirt Chinelos
Casaco de manga curta Socas
Touca / Barrete Sandálias
Avental Não Sabe / Não Responde
Calças
Casaco de manga comprida
Máscara
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5. Se a actividade exige a permanência em mais do que um local, quanto tempo passa no mais quente
Menos de 1 hora Entre 3 a 5 horas
Entre 1 a 3 horas Entre 5 a 8 horas
Não Sabe / Não Responde
6. Durante o dia de trabalho, quantos períodos dedica ao repouso, para além dos períodos das refeições
Nenhum 5 a 6 períodos
1 a 2 períodos Mais de 6 períodos
3 a 4 períodos Não Sabe / Não Responde
7. Em caso afirmativo, qual a duração desse (s) período (s) de repouso
Menos de 15 minutos Entre 45 a 60 minutos
Entre 15 a 30 minutos Mais de 60 minutos
Entre 30 a 45 minutos Não Sabe / Não Responde
8. Qual ou quais os períodos do dia em que desenvolve actividades mais intensas
8:00 - 10:00 14:00 - 16:00
10:00 - 12:00 16:00 - 18:00
12:00 - 14:00 18:00 - 20:00
Não Sabe / Não Responde
9. Qual ou quais os períodos do dia em que sente mais calor no seu local de trabalho
8:00 - 10:00 14:00 - 16:00
10:00 - 12:00 16:00 - 18:00
12:00 - 14:00 18:00 - 20:00
Não Sabe / Não Responde
10. Que medidas de prevenção contra o calor normalmente utiliza
Reduz a sua actividade Abre uma porta ou janela
Pára a sua actividade Continua a sua actividade normalmente
Vai para outro local Não Sabe / Não Responde
11. Tem disponível, em local facilmente acessível e próximo do posto de trabalho, um bebedouro de água potável?
Sim Não Sabe / Não Responde
Não
12. Em caso afirmativo, recorre a ele frequentemente?
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Sim Não Sabe / Não Responde
Não
13. Em média, qual a quantidade de líquidos que ingere ao longo de um dia de trabalho?
Menos de 1 litro Mais de 3 litros
De 1 a 3 litros Não Sabe / Não Responde
14. Qual o seu grau de satisfação global, com as condições de trabalho que se verificam no seu local de trabalho?
Muito satisfeito Insatisfeito
Satisfeito Não Sabe / Não Responde
Nas questões que se seguem, considere a seguinte escala:
Pouco 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Muito Indiferente
Assinale a ponderação que mais se adequa ao seu caso. Exemplo: 7 7
14. O ambiente térmico do seu local de trabalho é quente?
Pouco 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Muito
15. Transpira no exercício da sua actividade?
Pouco 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Muito
16. Classifique a sua actividade quanto à exigência física
Pouco 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Muito
17. Sente calor no seu local de trabalho?
Pouco 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Muito
18. Tolera bem o calor no seu local de trabalho?
Pouco 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Muito
19. É frequente haver correntes de ar no seu local de trabalho?
Pouco 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Muito
20. Se pudesse, baixaria a temperatura do seu local de trabalho?
Pouco 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Muito
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21. Qual o seu grau de satisfação com o ambiente térmico do local de trabalho?
Pouco 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Muito
22. Já alguma vez sugeriu à entidade patronal medidas de prevenção e melhoria do ambiente térmico de trabalho?
Sim Não Não Sabe / Não Responde
Chegou ao fim do questionário. Muito obrigado pela sua colaboração!
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ANEXO 4 - INQUÉRITO AOS UTILIZADORES DA CANTINA DO
INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE COIMBRA
O presente questionário realiza-se no âmbito de um estudo sobre a exposição a ambiente térmicos quentes.
Pretende-se efectuar uma caracterização dos utilizadores da cantina do ISEC e uma avaliação subjectiva do
ambiente térmico deste restaurante universitário.
Todas as respostas ao inquérito são confidenciais e anónimas
Instruções: na resposta a cada pergunta, deve colocar um X na opção que melhor caracteriza a sua situação
CARACTERÍSTICAS DO ENTREVISTADO
1.1 Idade 1.2 Sexo
17- 22 Anos Feminino
23 - 28 Anos Masculino
29 - 34 Anos
35 - 40 Anos
Mais de 40 Anos
1.3 É natural da região de Coimbra?
Sim Não Sabe / Não Responde
Não
1.4 Comparativamente com a cidade de Coimbra, o seu local de origem é:
Muito mais frio Mais quente
Mais frio Sou natural e residente em Coimbra
Muito mais quente Não Sabe / Não Responde
2. Está familiarizado com a temática do stresse térmico e das doenças associadas à exposição ao calor?
Sim Não Sabe / Não Responde
Não
Assinale a ponderação que mais se adequa ao seu caso. Exemplo: 1 1
3. Como se sente, neste preciso momento?
Frio 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Quente
Neutro
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4. Considera o ambiente térmico da cantina, neste momento:
Confortável 1 2 3 4 5 Extremamente Desconfortável
5. Atendendo às condições térmicas que se verificam, como gostaria de se sentir neste preciso momento?
Mais Frio 1 2 3 4 5 6 7 Mais Quente
Igual
6. Como avalia o ambiente térmico da cantina?
Claramente Aceitável
Aceitável
Inaceitável
Muito Inaceitável
Não Sabe / Não Responde
7. O ambiente térmico que se verifica neste momento é:
Tolerável 1 2 3 4 5 Intolerável
8. Que medidas de prevenção contra o calor normalmente utiliza?
Reduz a sua actividade Abre uma porta ou janela
Pára a sua actividade Continua a sua actividade normalmente
Vai para outro local Não Sabe / Não Responde
9. Em média, qual a quantidade de líquidos que ingere ao longo de um dia?
Menos de 1 litro Mais de 3 litros
De 1 a 3 litros Não Sabe / Não Responde
10. Há quanto tempo frequenta a cantina?
Até 1 Ano Há 4 Anos
Há 2 Anos Há mais de 4 Anos
Há 3 Anos Não Sabe / Não Responde
Chegou ao fim do questionário. Muito obrigado pela sua colaboração!