CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA Programa de Pós-Graduação Meio Ambiente e Sustentabilidade
Mestrado Profissionalizante
AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS DO MUNICÍPIO DE
CORONEL FABRICIANO – MINAS GERAIS
SOLANGE DE ANDRADE AVELAR
CARATINGA Minas Gerais - Brasil
Dezembro de 2006
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA Programa de Pós-Graduação Meio Ambiente e Sustentabilidade
Mestrado Profissionalizante
AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS DO MUNICÍPIO DE
CORONEL FABRICIANO – MINAS GERAIS
SOLANGE DE ANDRADE AVELAR
Dissertação apresentada ao Centro Universitário de Caratinga, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente e Sustentabilidade, para obtenção do título de Magister Scientiae
CARATINGA Minas Gerais - Brasil
Dezembro de 2006
SOLANGE DE ANDRADE AVELAR
AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS DO MUNICÍPIO DE
CORONEL FABRICIANO – MINAS GERAIS
Dissertação apresentada ao Centro Universitário de Caratinga, como parte das exigências do Programa de Pós Graduação em Meio Ambiente e Sustentabilidade, para obtenção do título de Magister Scientiae
APROVADA: 14 de dezembro de 2006 _____________________________ __________________________
Prof. Dr. Marcos Alves de Magalhães Prof Dr. Meubles Borges Júnior (Orientador) (Co-orientador)
__________________________ ___________________________ Prof. Dr. Antônio José Dias Oliveira Prof. Dr. Felipe Nogueira Bello Simas
ii
Se quisermos ter menos lixo, precisamos rever nosso paradigma de felicidade humana.
Ter menos lixo significa ter mais qualidade, menos quantidade
mais cultura, menos status mais tempo com as crianças, menos dinheiro trocado
mais animação, menos tecnologia de diversão mais carinho, menos presente...
(Gilnreiner, 1992)
iii
À minha filha Daura Ao meu esposo Crispim
À Tia Renata
iv
AGRADECIMENTO
A Prefeitura Municipal de Coronel Fabriciano - MG por permitir a realização desta
pesquisa juntamente com a Secretaria Municipal de Obras e Serviços Urbanos.
Ao Centro Universitário do Leste de Minas Gerais (UNILESTE MG) pela concessão
de bolsa para financiar parte desta pesquisa.
A Enfermeira Celina Vasconcelos pela disponibilidade em substituir-me nas
atividades profissionais todas as vezes que se fizeram necessárias para o desenvolvimento
desse trabalho.
A amiga Fernanda Gama pelo efetivo apoio junto à Secretaria de Saúde e por
interceder sempre a meu favor.
Ao Professor Doutor Marcos Alves de Magalhães pela sua dedicação, paciência e
conhecimento.
A todos aqueles que contribuíram diretamente ou indiretamente para a efetiva
conclusão desta tese.
v
BIOGRAFIA
SOLANGE DE ANDRADE AVELAR, filha de Hélio Chaves de Avelar e Daura
de Andrade Avelar, nasceu no dia 02 de fevereiro de 1966, em Petrópolis, Estado do Rio
de Janeiro.
Em março de 1988, ingressou-se no Curso de Graduação em Enfermagem e
Obstetrícia, na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), em Juiz de Fora - MG,
concluindo-o em dezembro de 1992. Especializou-se em Enfermagem do Trabalho pela
Universidade Integrada São Camilo, no Rio de Janeiro, concluindo-o em dezembro de
1996 e em Gestão de Serviços de Saúde, pelo Centro Universitário São Camilo, Belo
Horizonte - MG, término em dezembro de 2001.
Em agosto de 2005 iniciou-se o Programa de Mestrado em Meio Ambiente e
Sustentabilidade, do Centro Universitário de Caratinga (UNEC), em Caratinga – Minas
Gerais, finalizando-o em dezembro de 2006.
vi
LISTA DE TABELAS
TABELA 1: Proporção do destino final do RSU .................................................................... 14
TABELA 2: Evolução da avaliação ambiental ....................................................................... 31
TABELA 3: Distribuição percentual das frações que compõe os RSU de Coronel Fabriciano
.................................................................................................................................................. 37
TABELA 4: Levantamento quantitativo dos RSU coletados em Coronel Fabriciano,
no ano de 2005 ........................................................................................................................ 38
TABELA 5: Matriz comparativa quanto aos RSU e os impactos ambientais ocasionados .... 51
TABELA 6: PGIRSU e melhorias dos impactos ambientais ................................................. 62
TABELA 7: Distribuição percentual das frações que compõe os RSU de Coronel Fabriciano
.................................................................................................................................................. 72
TABELA 8: Levantamento quantitativo dos RSU coletados em Coronel Fabriciano ............ 73
TABELA 9: Matriz comparativa quanto aos RSU e os impactos ambientais ocasionados .... 79
TABELA 10: PGIRSU e melhorias dos impactos ambientais ............................................... 91
vii
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1: Aspectos visuais dos RSU descartado pela população ribeirinha às margens do Rio Piracicaba, localizado na área periférica da mancha urbana, maio 2006. .......................................................................................................................... 46
FIGURA 2: Aspecto visual do transbordamento de RSU descartado nos tambores coletores, maio 2006. ...................................................................................... 47
FIGURA 3: (A) Aspecto visual do transbordamento de RSU descartados nos coletores, maio de 2006; (B) cão transportando sacola para busca de restos de alimentos, maio de 2006. ................................................................................................. 48
FIGURA 4: Rede de Interação de ocupação Urbana Irregular e descarte de RSU em logradouros e lotes vagos. .............................................................................. 49
FIGURA 5: Vista parcial do vazadouro “Lixão da Ponte Mauá” de Coronel Fabriciano, setembro de 2004. ........................................................................................... 53
FIGURA 6: (A) Vista lateral do vazadouro, maio 2006; (B) Escorrimento dos resíduos no talude, maio 2006.............................................................................................54
FIGURA 7: Vista parcial do vazadouro localizado à margem do Rio Piracicaba, setembro de 2004. .......................................................................................................... 55
FIGURA 8: (A) Presença de catador na segregação dos resíduos, vazadouro Coronel Fabriciano, setembro de 2004; (B) Catadora na amarração dos resíduos segregados para venda, vazadouro Coronel Fabriciano, setembro de 2004. ...........................................................................................................................55
FIGURA 9: Aspecto visual das residências dos catadores no vazadouro, setembro de 2004.
....................................................................................................................... 56
viii
FIGURA 10: Mina d’água localizada na área do vazadouro utilizada pelos catadores, setembro de 2004. ........................................................................................... 57
FIGURA 11: Portão de acesso à área do vazadouro, maio 2006. ........................................ 57
FIGURA 12: Criação de animais área do vazadouro interditado, maio 2006. .....................58
FIGURA 13: Cobertura vegetal da área do vazadouro pela vegetação pioneira, maio de 2006 ......................... ............................................................................................... 58
FIGURA 14: Rede de Interação dos RSU. .......................................................................... 61
FIGURA 15: Projeto para recuperação da área do vazadouro. ............................................ 64
FIGURA 16: Vista parcial do aterro sanitário, maio 2006. ................................................. 67
FIGURA 17: Geomembrana utilizada para revestimento da base e das laterais do aterro sanitário, maio de 2006. .................................................................................. 68
FIGURA 18: Vista parcial da área destinada ao aterramento de RSSS, localizada na área interna do aterro sanitário, maiode2006. ......................................................... 68
FIGURA 19: Mapa da área urbana de Coronel Fabriciano com as freqüências de coleta dos RSU. ................................................................................................................ 74
FIGURA 20: Trajeto de coleta domiciliar e comercial setor Centro. ...................................76
FIGURA 21: Trajeto de coleta domiciliar e comercial setor Amaro Lanari. ....................... 77
ix
LISTA DE ABREVIATURAS
AA
AAE
ABNT
ABRELP
AIA
CEMPRE
CLT
CMMAD
CNEN
CODEMA
CONAMA
COPAM
COPASA
CREA
DN
EIA
ETE
FEAM
FUNASA
IBAMA
IBGE
ICMS
Avaliação Ambiental
Avaliação Ambiental Estratégica
Associação Brasileira de Normas Técnicas
Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública
Avaliação de Impactos ambientais
Compromisso Empresarial para Reciclagem
Consolidação das Leis Trabalhistas
Comissão Mundial Sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento
Comissão Nacional de Energia Nuclear
Conselho Municipal de Meio Ambiente
Conselho Nacional de Meio Ambiente
Conselho de Políticas Ambientais
Companhia de Abastecimento e Saneamento
Conselho Regional de Engenharia
Deliberação Normativa
Estudo de Impacto Ambiental
Estação de Tratamento Esgoto
Fundação Estadual do Meio Ambiente de Minas Gerais
Fundação Nacional da Saúde
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços
x
IDH-E
IDH-M
IPTU
MMA
NARC
NBR
PGIRSS
PGIRSU
PMCF
PNUMA
REFORSUS
RIMA
RSS
RSSS
RSU
SEMAD
SMOSU
SNIS
TGA
UFJF
UNEC
UNILESTE
UTC
Imposto Predial Territorial Urbano
Índice da Dimensão Educação
Índice de Desenvolvimento Humano Municipal
Ministério do Meio Ambiente
Núcleos de Apoio Regional Colegiado
Norma Brasileira Regulamentadora
Plano de Gerenciamento Integrado de Resíduos de Serviços de Saúde
Plano de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos Urbanos
Prefeitura Municipal de Coronel Fabriciano
Política Nacional do Meio Ambiente
Reforço à Reorganização do Sistema Único de Saúde
Relatório de Impacto sobre o Meio Ambiente
Resíduos de Serviços de Saúde
Resíduos Sólidos de Serviços de Saúde
Resíduos Sólidos Urbanos
Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
Secretaria Municipal de Obras e Serviços Urbanos
Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento
Taxa Geométrica de Crescimento Anual
Universidade Federal de Juiz de Fora
Centro Universitário de Caratinga
Centro Universitário do Leste de Minas Gerais
Usina de Triagem e Compostagem
xi
CONTEÚDO BIOGRAFIA .................................................................................................................. viLISTA DE TABELAS.................................................................................................... viiLISTA DE FIGURAS .................................................................................................... viiiLISTA DE ABREVIATURAS ...................................................................................... xRESUMO ...................................................................................................................... xivABSTRACT .................................................................................................................. xvi1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 12 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................... 3 2.1 O cenário dos RSU no Brasil .............................................................................. 12 2.2 Ocenário dos RSU em Minas Gerais ................................................................. 14 2.3 Gestão de RSU no âmbito do municípios ......................................................... 17 2.4 Instrumentos para o Planejamento Ambiental ................................................ 22 2.5 Aspectos socioeconômicos e políticas ambientais relacionadas ao RSU ........ 24 2.6 Avaliação de Impactos Ambientais ................................................................... 283 MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................................ 39 3.1 Área de estudo .................................................................................................... 39 3.2 Metodologia de Pesquisa .................................................................................... 414 RESULTADO E DISCUSSÃO .................................................................................. 45 4.1 Análise dos serviços públicos de Limpeza Urbana ......................................... 45 4.1.1 Descarte de RSU nas margens e/ou diretamente no leito do rio Piracicaba. 46 4.1.2 Descarte de RSU nos logradouros e/ou lotes .............................................. 47 4.1.3 Situação do vazadouro “Lixão da Ponte Mauá” ......................................... 52 4.1.4 Análise do aterro sanitário ........................................................................... 66 4.1.5 Descrição do órgão de Limpeza Urbana de Coronel Fabriciano ................. 69 4.1.6 Avaliação gravimétrica do RSU .................................................................. 71 4.1.7 Delimitação da área urbana ........................................................................ 74 4.1.8 Gestão municipal ......................................................................................... 81 4.1.9 Proposta do Plano de Gerenciamento Integrado dos RSU .......................... 85
xii
5 CONCLUSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................ 956 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 987 ANEXOS .................................................................................................................... 107 ANEXO 1: Relação de Normas Brasileiras Regulamentadoras (NBR) .................. 107 ANEXO 2: Relação de Legislação Federal relacionadas aos Resíduos Sólidos ..... 108 ANEXO 3: Relação de Decreto, Resoluções e Portarias relacionados aos
Resíduos Sólidos .................................................................................. 109
ANEXO 4: Diagnóstico Situacional de Gestão de RSU (Check list) ..................... 111
xiii
RESUMO
AVELAR, SOLANGE ANDRADE. M.Sc. Centro Universitário de Caratinga - UNEC, dezembro de 2006. Avaliação do sistema de gerenciamento de resíduos sólidos urbanos do município de Coronel Fabriciano, MG. Orientador: Professor Doutor Marcos Alves Magalhães. Co-orientador: Professor Doutor Meubles Borges Junior.
Um dos problemas ambientais das cidades contemporâneas é a geração excessiva de
resíduos sólidos urbanos (RSU), tais como os restos orgânicos, as embalagens que
envolvem os produtos, pneus, garrafas, latas de refrigerante, papel, entre outros resíduos. A
crescente quantidade de resíduos gerados nas diversas atividades humanas, residências,
comércio, serviços e na manutenção das cidades, tem sido causada pelo modelo atual de
desenvolvimento econômico, pelo crescimento acelerado da população, sua concentração
em cidades e na mudança de padrão de consumo ocorrida nas últimas décadas. A gestão
inadequada desses resíduos tem causado impactos negativos ao meio ambiente, porque
causa danos desastrosos ao solo, ao ar e às águas superficiais carreando agentes poluentes
presentes nesses resíduos, os quais infiltram no solo e podem atingir as águas subterrâneas.
Neste contexto, o presente trabalho teve por objetivo avaliar a gestão dos resíduos sólidos
urbanos gerados no Município de Coronel Fabriciano, localizado na Região do Vale do
Aço do Estado de Minas Gerais, através de análise da situação encontrada e a trajetória
municipal do inicio desta pesquisa em setembro de 2004 a dezembro de 2006. Para tal, foi
elaborado e utilizado como instrumento de trabalho, o Diagnóstico Situacional de RSU
para a coleta de dados da situação da Gestão Urbana Municipal, análise dos Serviços de
Limpeza Urbana prestado pela Secretaria Municipal de Obras e Serviços Urbanos e,
xiv
também, pelas empresas prestadoras de serviços, contratadas por essa Prefeitura e
avaliação gravimétrica destes RSU. Foi escolhido este instrumento por constituir-se em
uma avaliação e planejamento que objetiva direcionar as ações a serem realizadas pelo
poder público e assim definir a importância e posteriormente prevenir, ou mesmo reduzir,
os efeitos gerados ao meio ambiente em decorrência de falha na gestão municipal. Os
resultados ambientais foram mensurados tendo como princípio norteador a Gestão de RSU,
considerando alternativas de viabilidade política, econômico-financeira e institucional-
administrativa e por fim, apresentar uma proposta de Política de Gestão de RSU, tendo
como instrumento o Plano de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos Urbanos
(PGIRSU), que busca a preservação da saúde pública, proteção e melhoria da qualidade do
meio ambiente, recuperação de áreas degradada e assegurando a utilização adequada e
racional dos recursos naturais para a área de deposição final a ser construída. Foram
identificados avanços na gestão de RSU em Coronel Fabriciano, contudo ainda muito se
tem o que fazer nessa área, objetivando minimizar os impactos negativos causados, como
também atores sociais que têm cooperado com algumas das ações do poder público
municipal na gestão dos RSU e atuam junto à Secretaria Municipal de Obras e Serviços
Urbanos e à Secretaria Municipal de Assistência Social, a exemplo do Centro Universitário
do Leste de Minas Gerais (UNILESTE-MG), responsável pelo projeto extensionista de
Educação Ambiental.
Palavras-chaves: resíduos sólidos urbanos, gestão de resíduos, planejamento ambiental.
xv
ABSTRACT
AVELAR, SOLANGE ANDRADE. M.Sc. Centro Universitário de Caratinga – UNEC,
December, 2006. Solid Residue Evaluation Management in Coronel Fabriciano Town,
MG. Director: Professor Doctor Marcos Alves Magalhães. Co-director: Professor Doctor
Meubles Borges Junior.
One of the environment issues of contemporary residues is the over generation of solid
urban residues (SUR), like organic remains, the packing around the products, tires, bottle,
soft drink cans, paper and other residues. The increasing amount of residues produced in
many human activities, residences, commerce, services and in the maintenance of the
cities, has been caused by the current model of economical development, by the fast
population growth, its concentration inside the cities and in the consumption pattern
change occurred in the last decades. The inadequate management of these residues has
caused negative impact in the environment because it causes outrageous damage to the
soil, air and to the superficial water, carrying polluting agents present in these residues,
which permeate the soil and can reach the underground waters.
Therefore, the current study had as a goal, to evaluate the management of solid urban
residues produced in Coronel Fabriciano Town, located in the Region of Vale do Aço in
Minas Gerais State, through the analysis of the situation found and the municipal path from
the beginning of this research in September 2004 to December 2006. To have it done, a
Situational Diagnosis of SUR was elaborated and used as work tool for the data collecting
of the Urban Municipal Management, of the Urban Cleaning Services analysis done by the
Building and Urban Service Municipal General Office and also by the installment service
companies, contracted by the City Hall and gravimetric evaluation of these SUR. This tool
xvi
was chosen because for been in an evaluation and planning that aim to direct the actions to
be done by the public authority, then define the importance and after all prevent or even
reduce the effects to the environment due to the lack of municipal management. The
environmental results were measured having as a guidance principle the SUR management,
considering choices of political’s, economic-financial’s and institutional-administrative’s
viability and finally, to present a SUR Management Politics offer, having the Integrated
Management of Solid Urban Residue Plan (IMSURP) as a tool that looks up to the public
health preservation, protection and improvement of the environment’s quality, recuperation
of the degraded areas and guaranteeing the appropriated and rationalized using of the
natural resources to the area of final deposition to be built. Advances in the SUR
Management in Coronel Fabriciano were identified but there is a lot to be done in this area,
aiming to minimize the negative impacts caused and the social agents as well who have
cooperated with some of the actions of the municipal public authority in the SUR
management and acted together with the Building and Urban Service Municipal General
Office, like Centro Universitário do Leste de Minas Gerais (UNILESTE-MG), responsible
for the extension project of Environmental Education.
Key-words: Urban Solid Residue, Residue Management, Environmental Planning
xvii
1 INTRODUÇÃO
Um dos problemas ambientais das cidades contemporâneas é a geração excessiva de
Resíduos Sólidos Urbanos (RSU), as sobras da civilização, o desperdício. A crescente
quantidade de resíduos gerados nas diversas atividades humanas, a exemplo das
residências, do comércio, dos serviços e na manutenção das cidades, tem sido causada pelo
modelo atual de desenvolvimento econômico, pelo crescimento acelerado da população e
sua concentração em cidades e, também, pela mudança de padrão de consumo ocorrida nas
últimas décadas.
O manejo inadequado desses resíduos tem causado significativos impactos ao meio
ambiente, porque causa danos irreparáveis ao solo, ao ar e às águas superficiais ou ainda,
carreando agentes poluentes presentes nesses resíduos, infiltrando-se no solo, atingindo as
águas subterrâneas. Essa é, infelizmente, a realidade na maioria dos municípios brasileiros,
cujo descarte dos resíduos quando são coletados é feito em vazadouros a céu aberto,
denominados lixões, dando origem à proliferação de vetores a exemplo de moscas, ratos,
baratas, dentre tantos outros transmissores potenciais de doenças.
As áreas próximas aos centros urbanos adequadas para abrigar sistemas de
disposição final de resíduos estão cada vez mais escassas, devido à valoração da área
urbana, associada à forte rejeição da população em relação à implantação desses sistemas.
Esses aspectos são constituídos de complicadores que dificultam a gestão dos RSU.
Como a geração de RSU têm-se expandido, resultante do consumo desmedido dos
recursos naturais, uma das preocupações que se deve ser levado em conta é com a vida útil
das áreas para a disposição final desses resíduos, para que não ocorra rápida saturação
dessas áreas.
1
A presente pesquisa avaliou os principais impactos ambientais causados pelos RSU
gerados em Coronel Fabriciano, Município localizado no Vale do Aço em Minas Gerais,
distando aproximadamente 198 km de Belo Horizonte.
A minimização é aqui considerada como uma ferramenta essencial para a gestão dos
RSU porque proporciona a economia de matéria prima, a conservação dos recursos
naturais, redução de custos de manutenção, tratamento e disposição de resíduos.
Buscando diminuir o impacto ambiental, economizando os recursos naturais,
ampliando a vida útil dos sistemas de disposição de resíduo, e atuando de forma
preventiva, gerando menos RSU, é necessário que se busque eficientes formas de gestão.
Um dos aspectos de relevância refere-se à necessidade de que todos os Municípios
com mais de 100.000 habitantes devam ter um Plano de Gerenciamento Integrado de
Resíduos Sólidos. Nesse particular, o Município de Coronel Fabriciano já se enquadra
nesse contexto, considerando que a população residente é de 103.724 habitantes, conforme
senso do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2005).
Assim sendo, esta dissertação tem como objetivo geral avaliar a gestão dos RSU no,
município de Coronel Fabriciano, e os seus respectivos impactos ambientais causados.
Como objetivos específicos pretendem:
• Propor Plano de Gestão de RSU tendo como premissas norteadoras a saúde
pública, a proteção e melhoria da qualidade do meio ambiente, assegurando a
utilização adequada e racional dos recursos naturais e mitigação dos impactos
ambientais;
• Identificar instrumentos que permitam a regularidade, a continuidade e a
universalidade dos serviços de coleta, transporte, tratamento e disposição final
dos RSU;
• Identificar setores da sociedade civil que possam trabalhar em cooperação para a
gestão integrada dos resíduos sólidos, gerando benefícios sociais e econômicos.
2
2 REVISÃO DE LITERATURA
Os documentos clássicos, que remetem à percepção científica da problemática
ambiental, mostram desde “Nosso Futuro Comum” (CMMAD, 1988), “Cuidando do
Planeta Terra” (UICN/PNUMA/WWF, 1991), “Agenda 21” (Brasil, 1997 e Barbieri, 2000)
que há a necessidade de um posicionamento da sociedade sobre os destinos do Planeta
Terra, no sentido da sua proteção. Nesse sentido, há uma preocupação com os RSU citado
em “Limites do Crescimento” (Meadows et al., 1978).
No estado de equilíbrio, o avanço tecnológico seria tão necessário quanto apreciado. Alguns poucos exemplos óbvios dos tipos de descobertas práticas que intensificariam o funcionamento de uma sociedade em estado estável incluem: novos métodos de coleta de resíduos para diminuir a poluição, e tornar o material rejeitado disponível para reciclagem; técnicas mais eficientes de reciclagem, para reduzir as taxas de esgotamento dos recursos naturais [...].
Embora a maioria dos domicílios e demais geradores de RSU esteja ciente dos riscos
do descarte inadequados destes resíduos para o meio ambiente, bem como das alternativas
para mitigá-los, visando atenuar os impactos negativos decorrentes da degradação
ambiental, na sua grande maioria, aceita a convivência com os agravos observados,
assumindo freqüentemente uma atitude passiva em face da existência do problema.
A questão da sustentabilidade ambiental, segundo Jacobi (1999), implica a
necessidade da multiplicação de práticas sociais pautadas pela ampliação do direito à
informação e de educação ambiental numa perspectiva integradora. Trata-se de
potencializar iniciativas a partir do suposto de que maior acesso à informação e
transparência na gestão dos problemas ambientais urbanos pode implicar uma
3
reorganização de poder e autoridade. De forma enfática, afirma-se que os resíduos sólidos
representam o melhor exemplo e a propícia oportunidade para a formulação de políticas
públicas minimizadoras ou preventivas.
A história do homem sobre a Terra é iniciada com a ruptura progressiva entre a
sociedade e a natureza. Atualmente, as discussões sobre o antagonismo da natureza e a
cidade tornaram assunto diário.
Os RSU são resultantes do descarte proveniente de diferentes atividades humanas,
devido a sua origem e complexa massa heterogênea, mas também pela complexidade
relacionada ao seu destino e classificação. Como desafio para a gestão está o
equacionamento do modelo de desenvolvimento e cultura associado a padrões de conforto,
e desperdício associado ao excesso de consumo.
Nesse aspecto, encontra-se uma crescente concentração da população nos centros
urbanos, aliadas à deficiência do planejamento da expansão urbana, que acarreta
deterioração ambiental, com implicações na qualidade de vida humana.
Conforme Galvão (1993), o atual sistema socioeconômico tem resultado no aumento
da taxa de urbanização e industrialização realimentando-se num processo interativo e o
aumento na produção de RSU e cargas poluidoras.
De acordo com Eigenheer (1999), qualquer atividade que gera resíduos traz
conseqüência ao meio ambiente. A concepção de resíduos reflete variáveis econômicas,
sociais e culturais na medida em que se estabelece o que deve ser jogado fora, o que se
separa à racionalidade construída. Nesse, caso o resíduo tem sido descartado como algo
sem utilidade, gerando aí, raiz de uma série de agravos associados aos RSU.
Segundo Pereira (2000), os RSU possuem diversas conotações como forma de
percepção dos indivíduos, sendo destacada aquelas ligadas aos níveis psicológicos,
econômicos, ecológicos e sóciopolíticos. Na percepção psicológica, os RSU possuem
conotação negativa, como sinônimo de inútil, desprovido de valor e associado à sujeira,
mau odor, degradação, entre outros. Na visão econômica, o que é jogado fora pode variar o
valor de mercado de acordo com o ponto de vista do individuo. Na visão ecológica, os
RSU são caracterizados como agentes de poluição, elementos impactantes oferecendo
riscos para a sociedade e o meio ambiente como um todo. Na visão sóciopolítico, a
responsabilidade pela coleta, transporte, acondicionamento, tratamento e eliminação são
considerados como uma atribuição do poder público municipal.
As tentativas de solucionar a questão dos RSU se apresentam, na literatura utilizada,
direcionada para os aspectos técnicos de sua gestão, incluídas aí, a coleta e a destinação
4
final, voltadas para a administração dos sintomas, no lugar de associar a prevenção de
geração destes resíduos. A solução pretendida diz respeito às práticas de reduzir, reutilizar
e reciclar.
Associados à limpeza urbana, os resíduos têm gerado uma iniciativa a respeito de
aterros sanitários, centrais de incineração, plantas de triagem e compostagem e possíveis
alternativas para os usuais vazadouros a céu aberto, conhecido como lixões.
Os RSU podem ser classificados de acordo com a Norma Brasileira de Referência -
NBR 10004/87 - quanto à origem ou natureza em: domésticos; comercial; público; especial
(como pilhas e baterias, lâmpadas fluorescentes, pneus etc); radioativo; resíduos de portos,
aeroportos, terminais rodoviários e ferroviários; resíduos agrícolas; resíduos sólidos de
serviços de saúde (RSSS); resíduos de construção civil. (Associação Brasileira de Normas
Técnicas – ABNT,1987).
Os resíduos domésticos são considerados os produzidos nas atividades diárias, em
casas, apartamentos, condomínios e demais edificações residenciais.
Os resíduos comerciais são originados por estabelecimentos comerciais, cujas
características dependem da atividade desenvolvida. Na chamada limpeza urbana, os tipos
doméstico e comercial constituem o resíduo domiciliar que, junto com o resíduo público,
representam a maior parcela dos RSU. O grupo de resíduo comercial, assim como os
entulhos de obras, pode ser dividido em subgrupos chamados de pequenos geradores e
grandes geradores. Considerado pequeno gerador de resíduos comerciais produz até 120L
dia-1, e grande gerador é aquele que gera um volume de resíduos superior a esse limite.
Os resíduos públicos estão presentes nos logradouros públicos, em geral resultantes
da natureza como folhas, galhadas, terra, areia, tais como aqueles descartados irregular e
indevidamente pela população, como entulho, bens considerados inservíveis, papéis, restos
de embalagens e alimentos.
Os resíduos sólidos especiais são: pilhas e baterias, lâmpadas fluorescentes, pneus.
Pilhas e baterias encontradas no comércio de várias formas (cilíndricas, retangulares
e botões) e podem conter mais de um metal. As substâncias que têm cádmio, chumbo,
mercúrio, prata e níquel causam impactos negativos sobre o meio ambiente e, em especial,
sobre o homem. Outras substâncias presentes nas pilhas e baterias, como o zinco, o
manganês e o lítio, embora não estejam limitadas pela NBR 10004/87, também prejudicam
o meio ambiente.
Lâmpadas fluorescentes: o pó que se torna luminoso, encontrado no interior das
lâmpadas fluorescentes contém mercúrio. Isso não se restringe apenas às comuns de forma
5
tubular, mas também às compactas. As lâmpadas fluorescentes liberam mercúrio quando
são quebradas, queimadas ou enterradas. Quando lançado no meio ambiente, o mercúrio
sofre uma bioacumulação, o que leva ao aumento de sua concentração.
Pneus: os problemas ambientais gerados pela destinação inadequada dos pneus são
muitos. Se deixados em ambiente aberto, sujeitos às chuvas, eles acumulam água, servindo
como local para a proliferação de mosquitos, entre eles como criadores do mosquito da
Dengue (Aedes Aegypti). Quando encaminhados para aterros convencionais, provocam
falhas no maciço de resíduos, causando a instabilidade do aterro. Se destinados para
unidades de incineração, a queima da borracha gera material particulado e gases tóxicos,
necessitando de um sistema de tratamento dos gases. Por todas essas razões, o descarte de
pneus, é hoje, um problema ambiental grave que não se tem uma destinação eficaz.
Os resíduos radioativos são considerados aqueles que emitem radiações acima dos
limites permitidos pelas normas ambientais. No Brasil, o manuseio, o acondicionamento e
a disposição final do lixo radioativo estão a cargo da Comissão Nacional de Energia
Nuclear (CNEN).
Os resíduos de portos, aeroportos, terminais rodoviários e ferroviários são gerados
tanto nos terminais, como dentro dos navios, aviões e veículos de transporte. Os resíduos
dos portos e aeroportos são decorrentes de passageiros em veículos e aeronaves e sua
periculosidade está no risco de transmissão de doenças já erradicadas. Essa transmissão
também pode se dar por meio de cargas eventualmente contaminadas, tais como: animais,
carnes e plantas.
Os resíduos agrícolas são formados, basicamente, pelos restos de embalagens
impregnadas com pesticidas e fertilizantes químicos, empregados na agricultura, e o
manuseio delas devem seguir as orientações dos fabricantes. A falta de fiscalização quanto
ao manuseio inadequado desses resíduos faz com que sejam misturados aos resíduos
comuns e dispostos nos vazadouros das municipalidades ou, o que é pior, sejam queimados
nas fazendas e sítios mais afastados, gerando gases tóxicos.
De acordo com a NBR 12808 (ABNT, 1993), os resíduos sólidos de serviços de
saúde (RSSS) compreendem todos os resíduos gerados nas instituições destinadas à
preservação da saúde da população. Devido à existência de patógenos, presença de
bactérias e vírus deve receber tratamento diferenciado de todos os demais resíduos.
Resíduos da Construção Civil: no Brasil, a tecnologia construtiva normalmente
aplicada favorece o desperdício na execução das novas edificações. Enquanto em países
desenvolvidos a média de resíduos provenientes de novas edificações encontra-se abaixo
6
de 100 kg m-1, no Brasil este índice gira em torno de 300 kg m-1 edificado. Em termos
quantitativos, esse material corresponde a algo em torno de 50% da quantidade em peso de
RSU coletados em cidades com mais de 500 mil habitantes de diferentes países, inclusive o
Brasil. Em termos de composição, os resíduos da construção civil são uma mistura de
materiais inertes, tais como: concreto, argamassa, madeira, plásticos, papelão, vidros,
metais, cerâmica e terra.
Resíduo industrial: resíduos variados gerados pelas indústrias, que apresentam
características diversificadas dependendo do tipo de produto manufaturado. Devem,
portanto, ser estudados caso a caso. Adota-se a NBR10004 (ABNT,1987) para se
classificar os resíduos industriais.
Ficam incluídos nessa definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de
água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como
determinados líquidos cujas particularidades tornam inviável o seu lançamento na rede
pública de esgotos ou corpos de água, ou exigem para isso soluções técnicas e
economicamente viáveis em face à melhor tecnologia disponível.
Ainda de acordo com a NBR-10004 (ABTN, 1987), esses resíduos são classificados
em três classes (I, II, III) quanto aos riscos potenciais de contaminação.
Os resíduos Classe I compreende os resíduos perigosos - resíduos sólidos ou mistura
de resíduos que, em função de suas características de inflamabilidade, corrosividade,
reatividade, toxicidade e patogenicidade podem apresentar riscos à saúde pública,
provocando ou contribuindo para aumento de mortalidade, incidência de doenças ou
apresentar efeitos adversos ao meio ambiente, quando manuseados ou dispostos de forma
inadequada. Esses resíduos apresentam riscos ao meio ambiente e exigem tratamento e
disposição especial, por apresentarem riscos à saúde pública.
Os resíduos Classe II compreende os resíduos não inertes - resíduos sólidos ou
mistura de resíduos sólidos que não se enquadram na Classe I ou na Classe III. Estes
resíduos podem ter propriedades tais como: combustibilidade, biodegradabilidade, ou
solubilidade em água.
Os resíduos Classe III compreende os resíduos inertes - resíduos sólidos ou mistura
de resíduos sólidos que, submetidos a testes de solubilização não tenham nenhum de seus
constituintes solubilizados, em concentrações superiores aos padrões de potabilidade de
águas, excetuando-se os padrões: aspecto, cor, turgidez e sabor. Nessa classe, enquadram-
se os resíduos que não degradam ou não se decompõem quando dispostos no solo. Em
7
decorrência dessa classificação estar relacionada ao efeito desses RSU no ambiente, é que
se denomina como impactos ambientais.
A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento
Sustentável de 1992 definiu o conceito de impacto ambiental incorporado ao controle e à
mitigação dos efeitos negativos da poluição incluindo, também, a aferição das alterações
ambientais significativas geradas por atividades associadas ao desenvolvimento tais como
perda de recursos naturais, efeitos sociais e econômicos sobre uma população
(Philippi Jr, 2005).
Impacto ambiental é definido, segundo a Resolução do Conselho Nacional de Meio
Ambiente (CONAMA) no 1, de 23 de janeiro de 1986, como “qualquer alteração das
propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente causada por qualquer forma
de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente,
afetam a saúde, segurança e o bem-estar da população; atividades sociais e econômicas;
biota; condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; qualidade dos recursos
ambientais”.
A poluição do solo é considerada, aqui, um impacto ambiental ocasionado pelo uso
de vazadouro, porém, não o único. Segundo Sisinno (2000), as áreas utilizadas para o
recebimento dos resíduos, mesmo depois de desativadas, terão o seu comprometimento
devido às conseqüências da disposição imprópria de RSU. De acordo com a mesma autora,
substâncias encontradas no chorume poderão contaminar os solos ou serem assimiladas
pelos vegetais. Por isso, não se aconselha o uso dessas áreas para o plantio de culturas
empregadas na alimentação, criação de animais para corte e consumo humano.
Segundo Fonseca (1999), ocorre a poluição das águas superficiais e subterrâneas
quando o resíduo entra em contato com estas águas, provocando a poluição assim definida:
poluição física, poluição química, poluição bioquímica, poluição biológica.
A poluição física corresponde aos lançamentos de resíduos sólidos residenciais e
industriais nos cursos de água ocasionando uma série de problemas, tais como: aumento da
temperatura da água, aumento da turgidez, formação de banco de sedimentos inertes, lodo
e alteração na cor.
A poluição química é causada pelos resíduos industriais e os tóxicos, como por
exemplo, detergentes não degradáveis, substâncias tóxicas, herbicidas, fungicidas.
Na poluição bioquímica acontece uma série de fenômenos naturais com o resíduo,
como a percolação dos líquidos existentes na função orgânica, a lixiviação, o arrastamento,
8
a dissolução podendo provocar a poluição bioquímica das águas tanto subterrânea, quanto
de superfície.
No caso da poluição biológica, a água está poluída quando a contagem de coliformes
presente é elevada, ou ainda, quando a qualidade de vida dos seres existentes na água é
alterada pela presença desses resíduos. Normalmente, esse tipo de poluição é provocado
por resíduos líquidos, como os esgotos lançados sem tratamento.
Segundo Lima (1995), o terceiro impacto ambiental ocasionado pelo descarte
inadequado dos RSU se determina pela poluição do ar, quando todos os efluentes gasosos
particulados emitidos para a atmosfera, oriundos das mais diversas atividades do homem
no meio urbano, podem ser considerados como resíduo. Em vista disso, a poluição do ar,
da mesma forma que a das águas, poderá atingir populações distantes do local de
disposição de resíduos.
Nos estudos de casos, as maiores queixas das populações vizinhas a essas áreas
referem-se a distúrbios respiratórios, não só pela poeira suspensa, mas também pelo cheiro
desagradável e efeito irritante de algumas substâncias voláteis, que causam cefaléia e
náuseas. A poluição do ar também poderá ser responsável por problemas de visão, como
irritação e inflamação da mucosa ocular (Oliveira, 1998).
Merece destaque a queima proposital dos resíduos sólidos que ocorre em alguns
vazadouros com o intuito de diminuir o volume do lixo depositado, constitui uma fonte de
poluição do ar, além do incômodo e dos problemas de visibilidade criados pela fumaça e
cinzas produzidas (Sisinno, 2000).
Fonseca (1999), destaca a poluição visual citando que “toda e qualquer disposição
final de RSU que foge dos padrões de técnicos, provoca um impacto de ordem visual”.
Ainda de acordo com o autor, todos os resíduos sólidos, dispostos inadequadamente, à
margem das rodovias, nos vazadouros, em terrenos baldios, provocam a poluição visual.
De acordo com Philippi Jr (2005), existem tratamentos distintos para RSU na qual se
procura minimizar o efeito desses resíduos ao meio ambiente, sendo assim classificados:
coleta seletiva, reciclagem, compostagem, incineração.
A coleta seletiva corresponde a operação que precede o tratamento de RSU. Objetiva
separar os materiais possíveis de recuperação e de acordo com o tipo de resíduos
descartados. A coleta seletiva pode ser feita usando métodos manuais ou executada por
métodos mecânicos como equipamentos magnéticos, peneiras e esteiras em usinas.
A reciclagem caracteriza-se pelo processamento de resíduos permitindo sua
reutilização, reintroduzindo-os no ciclo produtivo. Nesse processo é possível transformar o
9
que se considerava resíduo pelo gerador em matéria-prima secundária. A realização da
reciclagem exige instalações industriais quando transcender a realização artesanal para fins
educativos e artísticos. Cada tipo de resíduo necessita de processo tecnológico específico, e
esse aperfeiçoamento se justifica por sua economicidade. A reciclagem permite ganhos
ambientais, pois possibilita a economia de matéria prima, de energia elétrica e de água,
propiciando benefícios. As indústrias recicladoras dependem, diretamente, da viabilidade
econômica, tendo como peso a cultura de que produtos reciclados possuem qualidade
inferior e com isso não utilizam essa informação para manter vantagem competitiva no
mercado, omitindo-a. Em contrapartida, os produtos reciclados, quando associados às
indústrias voltadas para questões sociais, como reintegração de crianças, adolescentes e
portadores de condições especiais, alcançam maior valor econômico.
A compostagem é um processo biológico de decomposição de materiais orgânicos,
restos de origem animal ou vegetal, tendo como produto final um composto a ser
empregado no solo, objetivando melhorar suas características físicas, químicas e
microbiológicas. Se o composto orgânico for preparado adequadamente não ocasionará
riscos ao meio ambiente, pois promove a inativação de patógenos presentes nos resíduos,
devido à exposição a temperaturas que variam em cada etapa do processo de 65 a 70°C em
etapas específicas (Naumoff e Peres, 2000).
A incineração, apesar de ser considerado um recurso eficaz para reduzir o volume de
RSU a cerca de 15% do seu peso original, diminuindo a quantidade a ser depositado nos
aterros e assim prolongando sua vida útil, quando utilizada esta técnica tem sido
questionada devido à geração de externalidades ao meio ambiente sob a forma de
poluentes (Oliveira, 1992). O uso deste equipamento é amplamente empregado para
incinerar RSSS, uma vez que assegura a destruição de patógenos, entretanto, quando
operados a baixas temperaturas aumentam os riscos de gerar diferentes compostos tóxicos,
a exemplo de dioxinas e furanos, consideradas substâncias tóxicas e cancerígenas, além de
outros gases que também podem ser produzidos durante a incineração de resíduos. Além
disso, caracteriza desvantagem desse método o alto custo de operação e manutenção do
sistema, e o empecilho de decisão política relacionado à instalação de incineradores e
conseqüentemente a desativação de equipamentos antigos (Philippi Jr, 2005).
Ainda de acordo com Philippi Jr (2005), o estudo sobre alternativas para a gestão de
RSU, no Estado de São Paulo, mostra que a incineração de resíduos sólidos domésticos
pode se tornar economicamente viável em relação à coleta seletiva, triagem, ou reciclagem.
Entretanto, nesse mesmo estudo é ressaltado que do ponto de vista ambiental, tendo como
10
parâmetro o aumento da temperatura na superfície da terra (devido o aumento da presença
de gases atmosféricos) a reciclagem se torna o processo mais vantajoso.
Quanto a aterro sanitário, os RSU que não apresentarem potencial para reciclagem
podem ser dispostos no solo. Esse empreendimento consiste em uma obra de engenharia
para a acomodação dos RSU sobre o solo, ajustado a condições que minimizam os
impactos ambientais e riscos de ordem de saúde pública. Necessitam drenos para captação
e tratamento de líquidos percolados originados da decomposição natural da matéria
orgânica, denominado de chorume, e impermebilialização adequada do solo evitando,
assim, a contaminação dos aqüíferos. Esse material aterrado leva à geração de gases em
função da fermentação do composto orgânico, que por sua vez necessitam também de
canalização adequada para gasodutos (Oliveira, 1992). Segundo o autor, a disposição final
dos resíduos sólidos deve incluir ainda sua compactação, cobertura diária com terra,
objetivando redução de odores fétidos e proliferação de vetores. A área do aterro deverá
estar cercada e com controle de pessoas circulantes para que se evite atividades de
catadores. Considerando as soluções sanitárias e ambientais hoje utilizadas para a
disposição final dos resíduos, os aterros são considerados a forma mais barata em curto
prazo (Oliveira, 1992).
Com a deposição dos RSU, nessas áreas, elas tendem a se esgotar, desencadeando
aumento do custo devido à necessidade de novos terrenos ou o distanciamento da fonte
geradora uma vez que esse local deverá ser recuperado do ponto de vista paisagístico e ser
aproveitada pela sociedade, respeitando as limitações técnicas relacionadas às
características das áreas aterradas com resíduos. Desconsidera-se, aqui, a disposição na
qual não existe preocupação ambiental quanto aos impactos ambientais, nomeados como
vazadouros a céu aberto ou lixões como normalmente são chamados. Esses são
inadequados se avaliados quanto ao quesito sanitário e epidemiológico uma vez que
favorecem o aparecimento e proliferação de doenças, poluição do solo, água, ar. Do ponto
de vista social os vazadouros refletem a miséria do Município, visto que esses logradouros
servem de fonte de renda, alimento e moradia para catadores ou seres excluídos na
sociedade.
Os aterros controlados são empreendimentos construídos para a disposição de RSU
que se encontram em uma situação intermediária entre aterro sanitário e vazadouro a céu
aberto. Diferencia dos vazadouros por receberem cobertura diária de terra, porém não
preenchem os requisitos técnicos básicos. Substituído, hoje, pela denominação de aterro
incompleto em virtude da anterior refletir um entendimento inadequado, uma vez que os
11
RSU ali depositados não possuir controle do ponto de vista de saúde pública,
epidemiológico e ambiental (Lima, 2003).
2.1 O cenário dos RSU no Brasil
A Constituição Federal brasileira de 1988 estabelece, no artigo 225, como direito dos
cidadãos o “meio ambiente ecologicamente equilibrado”.
Anterior à promulgação da Constituição Federal de 1988 havia a Política Nacional
do Meio Ambiente, estabelecida pela Lei 6.938, de 31 de agosto de 1981 a partir da qual
todo o arcabouço jurídico-ambiental se desenvolveu e tomou sua forma atual pelas
alterações posteriores, efetuadas pela Lei 7.804, de 18 de julho de 1989 e pela Lei 8.028 de
12 de abril de 1990 (Machado, 1984).
O Conselho Nacional do Meio Ambiente em 1999 (CONAMA) estabeleceu as
condições de manejo para resíduos sólidos, oriundos de serviços de saúde, portos e
aeroportos. A Resolução n° 5, de 5 de agosto de 1993 estabelece que a elaboração do Plano
de Gerenciamento de Resíduos Sólidos Urbanos, deve considera princípios que conduzam
à reciclagem, bem como a soluções integradas ou consorciadas para os sistemas de
tratamento e disposição final, de acordo com as diretrizes estabelecidas pelos órgãos de
meio ambiente e de saúde competentes.
A ABNT apresenta uma série de documentos que estabelece os padrões necessários
para os serviços relacionados sobre os resíduos sólidos.
A não observância da legislação relacionada aos RSU (Anexos 1, 2, e 3) tem
representado um empecilho para a gestão desses resíduos, comprometendo o
direcionamento das ações das entidades governamentais ou privadas que lidam nessa área.
A legislação brasileira passa por uma evolução em seus conceitos. Na década de
setenta, as políticas de controle de RSU buscaram estabelecer normas referentes à
disposição adequada. São criadas legislações específicas e os aterros sanitários aos poucos
vão substituindo os vazadouros a céu aberto, evitando, assim, a ocorrência de danos
potenciais ao meio ambiente, incluindo problemas de saúde pública e econômica.
Na década de oitenta, a ênfase recaiu sobre formas de pré-tratamento e destinação
final dos RSU. A primeira iniciativa, nos centros urbanos, foi a instalação de incineradores,
usinas de compostagem e reciclagem (Moura, 2002).
No ano de 2002, foi discutido pelo governo federal, de forma enfática, um projeto de
lei objetivando a instituição da Política Nacional de Resíduos Sólidos, onde se busca
12
sintetizar os demais projetos em trâmite no Congresso Nacional, tendo como proposta ser
incorporado à Política Nacional de Saneamento (Philippi Jr, 2005).
O Brasil é um país com deficiências, do ponto de vista de saneamento básico, visto
que os resíduos sólidos não fogem a esta regra. A inexistência de uma política nacional
para este segmento limita a atuação dos Municípios em relação à responsabilização do
produtor e gerador pelo destino dos resíduos, colocando-o como único responsável pela
solução do problema. Apesar disso, alguns Municípios implementam bons programas de
gestão de RSU.
Relacionado à gestão administrativa para a limpeza urbana, a maioria dos Municípios
de pequeno e médio porte adotam a administração direta, sendo a Prefeitura, por meio de
uma secretaria ou departamento, responsável pelas ações pertinentes, no qual poucos
possuem autarquias ou empresas públicas específicas para a limpeza urbana, apesar de ser
perceptível o acréscimo no percentual executado pelas empresas privadas em relação aos
serviços executados pelo Poder Público Municipal (Lima, 2003).
Segundo a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública (ABRELP, 2005),
não é significativo o número de empresas que atuam nas grandes e médias cidades, uma
vez que das 45 empresas filiadas a este órgão são responsáveis pela coleta de cerca de 70%
dos resíduos nos Municípios que atuam.
Ainda segundo a ABRELP (2005), 50% dos Municípios não cobram dos munícipes
pela execução dos serviços e aqueles que o fazem cobram valores inferiores à despesa real.
Os Municípios de pequeno e médio porte não possuem técnicos qualificados para planejar,
monitorar e avaliar os serviços e assim implantar um sistema de custo e cobrança pelos
serviços.
O Gerenciamento de RSU constitui uma preocupação dos gestores municipais devido
ao crescimento populacional e conseqüentemente o consumo de materiais e descarte de
resíduos de não recicláveis ou retornáveis, fazendo necessário uma destinação e tratamento
destes resíduos.
Segundo o IBGE (2000), os dados dos Municípios, quanto à geração dos resíduos,
em quantidade e caracterização, assim como tipos de coleta e destino final indicam que
cerca de 230 mil toneladas de RSU são geradas por ano no Brasil, cerca de 22% são
destinados a vazadouros a céu aberto ou lixões e aproximadamente 3% a outros destinos. A
maioria, 75%, no entanto, são destinados aos aterros controlados ou sanitários, entretanto,
o volume destinado de forma inadequada a esses locais ou em vias públicas é visto de
13
forma expressiva e significativa quanto aos impactos ambientais e sociais presentes nessa
conduta.
De acordo com o IBGE (2000), dos municípios brasileiros que possuem serviços de
limpeza urbana, em 70%, os resíduos são descartados em lixões ou em aterros
inadequados, sem tratamento prévio. Há aproximadamente seis mil vazadouros a céu
aberto no Brasil. Esse quadro demonstra a precariedade de políticas públicas apesar da
existência da Portaria Ministerial n° 53 de 01de março de 1979 do Ministério do Interior,
que estabelece as normas de tratamento e disposição de resíduos sólidos, bem como, a
fiscalização de sua implantação, operação e manutenção.
A TABELA 1 apresenta a variação percentual dos RSU coletados e destinação final
no Brasil e no Estado de Minas Gerais, entre os anos de 1991 e 2000, de acordo com o
IBGE (2000).
TABELA 1: Proporção do destino final do RSU
Proporção do destino final do RSU (%)
Coletado Queimado Enterrado Vazadouro Outro destino
Ano
Unidade
1991 2000 1991 2000 1991 2000 1991 2000 1991 2000
Brasil 63,80 79,01 11,89 11,23 1,64 1,16 16,92 7,36 5,75 1,24 Minas Gerais 56,76 78,35 17,24 14,39 0,85 0,69 16,49 5,57 8,66 0,99
Fonte: IBGE, Censo Demográfico 1991/2000.
2.2 O cenário dos RSU em Minas Gerais
Analisando a TABELA 1, observa-se que os dados dos serviços de coleta e
destinação final dos RSU no Estado de Minas Gerais comparados com os da Unidade da
Federação, ocorreram proporcionalmente maiores taxas de crescimento, mas esses dados
não são conclusivos para os impactos ocasionados pelos resíduos (IBGE, 2000).
Essa melhoria verificada no Estado de Minas Gerais pode ser atribuída ao trabalho de
parceria que vem sendo realizada pelo Governo Estadual, através da Secretaria Estadual do
14
Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMAD), por intermédio da Fundação
Estadual do Meio Ambiente (FEAM), com os Municípios.
Segundo a Assembléia de Minas (2005), o Estado de Minas Gerais tem uma
população equivalente a 18 milhões de habitantes, distribuídos em 853 Municípios. Essa
população, que representa 15% do total de Municípios do Brasil, é responsável por cerca
de 10% dos esgotos sanitários e RSU gerados no país.
Considerando a gravidade que os resíduos sólidos ocasionam ao meio ambiente, em
1990, no âmbito estadual, através da Resolução Normativa do Conselho de Políticas
Ambientais (COPAM) nº 1/90, foram estabelecidos procedimentos para enquadramento e
estudos ambientais a serem solicitados aos Municípios, em decorrência do tipo de
empreendimento proposto, se enquadrando aqui o fechamento dos vazadouros a céu aberto
e a construção dos aterros sanitários, tal como recuperação das áreas degradadas.
A Lei 11.720 de 1994 trata da Política Estadual de Saneamento; Lei 12.040 refere-se
ao ICMS Ecológico, tendo duas versões, uma em 1995 e outra em 2000. A Deliberação
Normativa (DN) 7/94 reviu alguns critérios de enquadramento da DN 1/90 ao ser
constatado que Minas Gerais se encontrava em situação extremamente crítica em relação
aos RSU, sendo estabelecido assim por meio da DN 52/2001, diretrizes a serem seguidas
(Assembléia de Minas, 2005).
Ficou consensado, na época, que os Municípios com população próxima de 30 mil
habitantes, na área urbana, seriam passíveis do processo de licenciamento, uma vez que são
geradores de cerca de 15 t dia-1 de RSU. A DN 52/2001 trouxe outros mecanismos que
somaram à proposta inicial, lembrando que as deliberações são temporais e devem ser
administradas pelo COPAM.
A DN 52/2001 foi estabelecida a pedido do Ministério Público em decorrência da
quase totalidade dos Municípios mineiros disporem seus RSU em vazadouros. Em 2003
foram convocados pela FEAM, 53 Municípios, no primeiro momento, determinando a
necessidade de licenças definidas como prévia concepção e avaliação locacional do
empreendimento; instalação e por fim licença de operação (Assembléia de Minas, 2005).
A licença de concepção e avaliação contava com o prazo de vencimento para julho de
2003, a licença de instalação venceria em dezembro de 2004, sendo prorrogada para
outubro de 2005. Fez-se necessário rever a data para a licença de operação, sendo definido
como prazo final setembro de 2006 (Assembléia de Minas, 2005).
Os Municípios convocados se encontram da seguinte forma no cenário estadual: sete
não conseguiram a licença inicial, quarenta estão em andamento de obtenção da licença de
15
instalação e seis já possuem a licença de operação concedida. Está previsto para abril de
2007 a formalização das licenças de instalação e operação, tendo como expectativa a
redução de descarte inadequado dos RSU, em aproximadamente 60%, uma vez que esse
montante é gerado pelos Municípios convocados (Assembléia de Minas, 2005).
O Estado de Minas Gerais tem utilizado como Instrumento de Gestão Ambiental o
ICMS ecológico, no qual prevê repasse de recursos financeiros para os Municípios que
tiverem Unidades de Conservação licenciados e/ou empreendimentos na área de
saneamento (Usinas de Triagem e Compostagem - UTC’s, Aterros Sanitários e Estação de
Tratamento de Esgoto - ETE).
Os recursos financeiros arrecadados para pagamento do ICMS ecológico representam
1% dos 25% distribuídos pelo critério do ICMS. De acordo com a Assembléia de Minas
(2005), os recursos repassados para os Municípios mineiros que dispõem de sistemas
licenciados são beneficiados cerca de 4,5 milhões de habitantes.
Atualmente, são desenvolvidos pelo Governo mineiro, projetos estruturadores no
Estado, denominados como “Gestão Ambiental no Século XXI” e “Minas sem Lixão” que
priorizam, entre suas ações, educação ambiental, reintegração de catadores de lixo e
programas de erradicação do trabalho infantil junto aos vazadouros existentes.
Foram realizados em Municípios mineiros de porte entre 30 e 50 mil habitantes, no
ano de 2005, dezessete Seminários Legislativos “Lixo e Cidadania Políticas Públicas para
uma Sociedade Sustentável” organizados pela Assembléia Legislativa de Minas Gerais em
parceria com o Governo do Estado, objetivando a minimização dos impactos ocasionados
pelos vazadouros e distribuídas cartilhas educativas quanto à segregação de RSU.
Existe a preocupação do Governo mineiro em realizar parcerias com os Municípios
para implementar ações diferenciadas para a construção de aterros sanitários, sendo
prioridade a implantação de programas de coleta seletiva, uma vez que das 6.200 t de RSU
licenciadas, apenas 2.500 t necessitariam ser encaminhadas para aterramento, aumentando
assim a vida útil desses aterros (Assembléia de Minas, 2005).
Segundo a FEAM (2005), o Estado de Minas Gerais vem trabalhando no processo de
descentralização e interiorização, tendo como instrumento o licenciamento ambiental,
orientando aos municípios quanto à destinação final de RSU, o monitoramento e
fiscalização, com vistas à melhoria da qualidade ambiental. Para isso, está em curso a
otimização dos instrumentos de gestão articulados ao planejamento, desenvolvido pela
Divisão de Saneamento com os Núcleos de Apoio Regional Colegiado – NARC’s e a
16
informação da sociedade, sendo essas ferramentas consideradas como norteadores para a
obtenção de resultados quanto à diminuição dos impactos ambientais gerados pelos RSU.
Como há ausência de dados sobre RSU disponíveis no acervo da maioria das
Prefeituras Municipais, o Ministério das Cidades, através do Sistema Nacional de
Informações sobre Saneamento - SNIS (2003), realizou um Diagnóstico do Manejo de
RSU. Esse diagnóstico convidou 191 municípios a participarem, na qual 28 eram do
Estado de Minas Gerais representando 14,66% da amostra, desses, 24 responderam e 4 se
abstiveram. Vale ressaltar que um dos aspectos mais relevantes e peculiares é o fato de que
as informações enviadas pelos Municípios convidados se fazem de modo espontâneo
estando, aí, incluído o Município de Coronel Fabriciano.
2.3 Gestão de RSU no âmbito dos Municípios
Abrange atividades referentes à tomada de decisão de forma estratégica e se inter-
relacionando com aspectos institucionais, administrativos, financeiros, ambientais e
operacionais. A Gestão de RSU deve contemplar questões de aspecto tecnológico e
operacional, mas envolve fatores administrativos, gerenciais, econômicos, ambientais e de
desempenho. Sua abordagem deve estar relacionada à prevenção, à redução e segregação,
reutilização, acondicionamento, coleta transporte, recuperação e tratamento e destino final.
A Gestão de Resíduos Sólidos Municipais deve considerar um conjunto de medidas
de cunho político e estratégico, institucional, legal, financeiro e ambiental capaz de
organizar e orientar os serviços na prevenção de geração de resíduos.
A estruturação de modelo de gestão de resíduos deve adotar procedimentos que
contemplem o reconhecimento dos agentes sociais envolvidos, bem como o cumprimento
das leis vigentes, conforme apresentados nos ANEXOS 1, 2 e 3, necessitando de
mecanismos financeiros para alcançar a auto sustentabilidade das estruturas de gestão
propostas, sem a qual o trabalho se deteriorará.
De acordo com Lima (2003), os modelos de gestão em RSU devem envolver,
fundamentalmente, três articulações, sendo elas: arranjos institucionais, instrumentos
legais e mecanismos de sustentabilidade do sistema.
Avaliando a complexidade desse gerenciamento para os arranjos institucionais,
busca-se melhores técnicas que levem em consideração o envolvimento interdisciplinar
que abrangerá aspectos geográficos, planejamento municipal e regional, cujos obstáculos
17
vão desde a definição de prioridades administrativas que variam de acordo com interesses
políticos, até a dificuldade de encontrar profissionais qualificados tecnicamente.
Nesse particular, a gestão de resíduos deve contemplar a capacidade de articular
ações normativas, operacionais e financeiras de um Município, desenvolvida através de
critérios sanitários, ambientais e econômicos para gerenciar desde a geração deste RSU até
a disposição final, devendo esta escolher os procedimentos que causem o menor nível de
impacto ambiental (Lima, 2003).
De acordo com Lima (2003), o planejamento das atividades de gerenciamento deve
assegurar mecanismo de sustentabilidade do sistema tanto no presente como no futuro.
Assim, os gestores municipais devem estar preocupados com a realização de gestão de
RSU para além do mandato de quatro anos, desenvolvendo deste modo uma gestão
municipal responsável, buscando, por exemplo, participação da sociedade, projetos de
extensão e outras parcerias entre o governo e a sociedade, através dos seus conselhos de
classe.
Conforme os estudos de Jardim (1995), os Municípios desenvolvem, praticamente,
três modelos de Gestão de RSU, assim classificados: Convencional, Participativo e
Compartilhado.
Quanto ao Gerenciamento Convencional, em quase sua totalidade, os Municípios
brasileiros desenvolvem a gestão de RSU associado ao Serviço de Limpeza Urbana na qual
de insere as atividades de coleta, varrição, fiscalização, serviços congêneres e disposição
final. Tem sido realizado de forma rudimentar e experimental, cujas ações frequentemente
causam impactos ambientais, considerando que a organização desse serviço muitas vezes
tem sido feito de forma fracionada e simplificada. Nesse modelo de gestão de RSU, a
administração pública, normalmente, o setor que realiza a limpeza urbana, contrata os
servidores no regime da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) ou estatutários,
comprando ou alugando equipamentos, veículos e definindo local de destino final
(Lima, 2003).
Desse modo, faz-se necessário que a prestação de serviço de limpeza urbana seja
executada com qualidade e eficiência. Para isso, os serviços devem ser universalizados,
dispondo de rotas, dias e horários de coletas definidas e executadas de forma regular,
evitando assim os danos à saúde pública e ao meio ambiente.
Segundo Fernandes (2001), atualmente, se justifica o modelo de gestão convencional
de RSU somente se inexistir empresas interessadas em prestar esse serviço ou devido ao
poder público ter o seu papel indefinido.
18
No Gerenciamento Participativo, o desenvolvimento de gestão inicia na definição do
orçamento anual, tendo a participação dos residentes que indicam onde e como deve ser
realizado o investimento dos recursos financeiros (Lima, 2003).
Deverá ser realizada uma compilação dos dados e após essa etapa, o poder público
analisa as ações solicitadas para os serviços de limpeza urbana e inclui ao orçamento anual,
dentro de uma política de prioridade administrativo-financeiro, buscando o envolvimento
efetivo na comunidade, nas ações a serem implantadas para solucionar os problemas
ambientais gerados pelos RSU.
Segundo Lima (2003), o modelo proposto não difere do modelo convencional quanto
ao organograma e definição de Secretarias. Sua diferença básica e de fundamental
importância se define por realizar a participação da comunidade nas decisões definidas nas
Sub-delegacias regionais, que realizam o papel de educadores.
O Gerenciamento Compartilhado é caracterizado pela manutenção do organograma
convencional, ocorrendo o compartilhamento da gestão freqüentemente no destino final,
participando do mesmo aterro sanitário obtendo, assim, melhor qualidade e eficiência de
prestação dos serviços de limpeza e conseqüentemente melhores indicadores de saúde
(Fernandes, 2001).
Segundo Medeiros (2001), essa modalidade de gestão se justifica devido as ações do
Governo Federal que, no ano de 2000, elaborou normas para selecionar Municípios para
recebimento de recursos financeiros destinados a implementar o Programa de
Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos Urbanos (PGIRSU). Dentre as normas
estabelecidas para o Município se habilitar à obtenção de recursos financeiros para
implantar o PGIRSU é ter população igual ou superior a 20.000 habitantes, segundo dados
do IBGE (2000).
Nesse mesmo ano, o Ministério do Meio Ambiente investiu R$ 45 milhões nessa
modalidade de gestão, beneficiando, assim, noventa e nove municípios totalizando 10
milhões de brasileiros distribuídos no território nacional.
O Gerenciamento em Sistema de Execução Indireta deverá ser aplicado nos moldes
preconizados pela Lei n°8.987/95 que dispõe sobre o regime de concessão e permissão da
prestação de serviços públicos previstos no artigo 175 da Constituição Federal de 1988
(Motta, 1999). Poderá ocorrer de forma total ou parcial, caracterizada a execução total
como a terceirização dos serviços, e na forma parcial, a concessão de serviços,
Descentralizando esse serviço, a administração pública gera uma pessoa jurídica
objetivando a execução dos serviços por meio de autarquia ou sociedade de economia
19
mista. Esta última sendo possível somente quando desenvolva outras atividades, em
decorrência do gerenciamento de RSU não estarem devidamente associados a atividades
econômicas, sendo essa uma exigência para o desempenho dessa modalidade
(Brasil, 1967).
A terceirização dos serviços como o próprio nome sugere significa transferir
responsabilidades, mediante contratação, para a execução de serviços, que poderá estar
dentro de outro sistema ou constituir um próprio. Assim, quando uma Prefeitura contrata
uma empresa prestadora de serviços para realizar, por exemplo, a manutenção nos
equipamentos utilizados na limpeza urbana e/ou a manutenção de jardins, a empresa
contratada aloca caminhões coletadores, e essa modalidade se caracteriza como
terceirização.
Tal sistema se diferencia dos demais uma vez que caberá ao setor de limpeza urbana
o estabelecimento de uma estrutura técnico-administrativa para regulamentar e fiscalizar o
concessionário (Vasconcellos, 2000).
Por sua vez, a concessão de serviço nem sempre atende satisfatoriamente à
população, quanto às condições de regularidades, continuidade e eficiência, tal como
valores de tarifas. Contrapõe a percepção do usuário quando a administração pública
continua titular do serviço sendo seu principal executor e fiscal (Fernandes, 2001).
De acordo com Leite (1999), tramita no Congresso Nacional desde 2000 um projeto
de Lei sobre a terceirização do serviço de RSU para que seja cobrada do residente por este
serviço, diretamente pela empresa e não mais ao tesouro municipal, objetivando solucionar
a fragilidade descrita por Fernandes (2001).
Deste modo, entre o gerenciamento convencional até a modalidade de terceirização e
concessão há uma linha de tempo a ser percorrido no qual os gestores públicos deverão
realizar progressivamente até que se atinja a integralidade do gerenciamento dos RSU.
Para Ribeiro (2000), a gestão RSU surge com as inquietudes pela questão da
conservação ambiental dos recursos naturais. Porém, hoje ultrapassa esta barreira de apelo
em favor do uso racional destes recursos, tornando-se algo mais positivo e articulado.
Discutir Gestão Ambiental não deve prescindir somente de uma avaliação da eficácia
dos instrumentos considerada tradicional, tal como a definição da qualidade de gestão que
precede questões de cunho subjetivo, ético e político. A realização de Gestão Ambiental
emprega instrumentos que se apresentam em quatro formatos distintos: normativos que
incluem as legislações de uso e ocupação do solo, fiscalização e controle das atividades a
fim delas estarem de acordo com as legislações, preventivos, caracterizados pela
20
delimitação e proteção territorial, corretivos, que constituem nas intervenções diretas de
implantação e manutenção de infra-estrutura (Ribeiro, 2000).
É sabida as dificuldades dos gestores públicos definirem as regras e prioridades para
o atendimento das demandas socioeconômicas e ambientais, bem como o desenvolvimento
de pesquisas científicas que nem sempre asseguram eficácia dos instrumentos de gestão
ambiental. Muitos desses instrumentos quando utilizados, muitas vezes, não conseguem
deter o dano ambiental comprometendo a qualidade do meio. Desta forma, muitos
programas de despoluição têm como resultado apenas o deslocamento dos impactos
ambientais: ao despoluir a água polui-se a atmosfera ou ao despoluir a atmosfera provoca-
se o depósito de substância poluente no solo, que por sua vez, podem ser levadas para os
cursos de água (Bursztyn, 1994).
Nesse particular, a participação da população é de suma importância no processo de
avaliação dos impactos ambientais, devendo ser contempladas as propostas das políticas
ambientais. Acrescente-se, a isto, que o apoio da sociedade à questão das políticas
ambientais, sensibiliza e estimula os governos à implementação de programas de
despoluição e de proteção ambiental.
Segundo Viola (1998), a hipótese de que a urbanização descontrolada constitui a
mais importante transformação social da época contemporânea, estudos, neste sentido,
estão sendo realizados sob a ótica do controle de poluição, da recuperação de áreas
degradadas e no tocante ao ponto de vista de recursos potencialmente aproveitáveis de
forma econômica. Em referência à qualidade do meio, o enfoque orienta a definição de
modalidades de gestão integrada, o controle de poluição e tratamento de dejetos, através de
técnica de reciclagem permanente. A identificação dos possíveis processos de
reaproveitamento para fins mais interessantes à sociedade do que simplesmente enterrar ou
queimar, permite vislumbrar melhor a relação dos seres humanos na natureza, na direção
do estabelecido como desenvolvimento sustentável.
Dentro da perspectiva apresentada, o entendimento global a respeito da relação
inerente a recursos naturais e RSU, no sentido da integração entre Poder Público e
sociedade para a viabilização das práticas consideradas adequadas para a gestão dos RSU
se faz necessário. Quando essas ações acontecem nos Municípios, apresentam a condição
fundamental ao considerar o pensamento globalizado, à prática do possível para uma
contribuição consciente.
Para a efetivação da gestão municipal dos RSU, em amplo senso, é fundamental que
se estabeleçam condições favoráveis para que sejam proporcionadas ações de gestões
21
internas às organizações e externas na definição e constituição do sistema de
administração, que envolvem reconhecimento da participação e engajamento na solução
dos problemas (Viola, 1998).
Para a formulação dos princípios para a gestão ambiental ligada aos RSU é
indispensável os seguintes princípios: sustentabilidade ambiental, poluidor-pagador,
precaução, responsabilidade, princípio do menor custo de disposição, princípio da redução
na fonte, princípio do uso da melhor tecnologia disponível (Brollo & Silva, 2000).
2.4 Instrumentos para o Planejamento Ambiental
O planejamento ambiental e a disposição final dos RSU devem ser inseridos num
conjunto de ações que visem o bem-estar da população e a proteção do meio ambiente.
Segundo Jardim (1995), o conjunto de intervenções do poder público local deve
expressar algum grau de planejamento e de abrangência. O planejamento, nesse contexto,
deve ser concebido como um processo contínuo, em que os planos são meios que norteiam
e integram o trabalho de toda uma administração municipal, refletindo a capacidade da
administração em responder aos anseios imediatos e estratégicos da comunidade.
A Constituição Federal Brasileira (1988) estabelece a exigência de quatro leis que
compõem, no seu conjunto articulado, a base do sistema de planejamento municipal, como
exemplo: Plano Diretor, Plano Plurianual, Diretrizes Orçamentárias e Orçamentos Anuais,
podendo ser caracterizados pelo nível de tomada de decisão, assumindo as seguintes
funções: legais, gerenciamento e executivos (Jardim, 1995; Ribeiro, 2000).
As funções legais determinam as políticas públicas através das câmaras de vereadores
que legislam os Municípios às questões ambientais. Quanto ao gerenciamento, são
caracterizadas como as que abrangem os programas, projetos e orçamentos. Executivos
seriam a prestação dos serviços públicos, execução de obras, provisão de bens materiais.
Em matéria ambiental e planejamento, encontra-se o Plano Diretor que condiciona o
processo de desenvolvimento local através de diretrizes básicas para a formulação de
planos, programas, projetos e obras, apontam critérios para definição das áreas de destino
dos RSU prevendo o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) Relatório de Impacto sobre o
Meio Ambiente (RIMA) ou laudos técnicos para empreendimentos públicos e privados,
dentre outras finalidades. A Lei do parcelamento do solo urbano encontra-se respaldada
pela Lei Federal 6.766/79 que estabelece as suas normas gerais em nível municipal e dá
diretriz urbanística aos loteamentos, não permitindo o parcelamento do solo em terrenos
22
que possam ser nocivos à saúde pública, a exemplo de áreas de antigos vazadouros a céu
aberto. A Lei Orçamentária estima a receita estipulando as despesas anuais de um
Município, prevendo, dentre outras disposições, as despesas do Serviço de Limpeza
Pública, fixando os custos de obras e projetos de destinação dos RSU.
O planejamento é uma ferramenta utilizada para pensar e projetar o futuro,
contribuindo para decisões e não improvisações. Assim, o planejamento coloca-se como
tentativa de viabilização da intenção de governar o seu futuro.
O Planejamento Ambiental surge como conseqüência do conhecimento da
importância da questão ambiental, particularmente na década de 80, revigorando os
métodos e técnicas utilizadas no planejamento clássico por meio da inserção de parâmetros
ambientais.
Decorrente da necessidade de uma visão holística e integrada, o enfoque ambiental
tem sua origem na teoria dos sistemas e sua evolução nas ciências biológicas a principal
referência. O meio ambiente é tratado como um sistema, no qual um conjunto de partes se
integra direta ou indiretamente estabelecendo uma dependência direta entre elas.
Segundo Chiavenato (2000), existem dois sistemas específicos: o sistema aberto e o
sistema fechado. No sistema aberto há intercâmbio de energia, matéria e informação com o
ambiente, enquanto que no sistema fechado recirculam matéria e energia. Branco (1989)
define o meio ambiente como um sistema aberto integrado pelos demais organismos vivos
e elementos físicos presentes numa área nas quais as propriedades de funcionamento
derivam das relações entre si, uma vez que o planejamento ambiental se caracteriza como
um processo interdisciplinar de caráter multidisciplinar.
De acordo com Chiavenato (2000), o processo do planejamento ambiental envolve
diferentes etapas, processos e tarefas inter-relacionadas assemelhando-se a qualquer outro
tipo de planejamento. Caracteriza-se em cinco etapas especificas, porém não se dão de
formas distintas e fragmentadas, sendo assim definidas.
Na 1ª Etapa é realizado o reconhecimento de uma situação ou problema,
caracterizado quanto aos danos ambientais.
A 2ª Etapa compreende o inventário de dados e informações referentes ao processo e
componentes naturais, abrangendo os fatores ambientais físicos, bióticos e
socioeconômicos, incluindo ainda a legislação existente, denominado como Diagnóstico
Ambiental. Implicam na construção ou atualização de dados e informações existentes por
meio de pesquisas, inquéritos, medições, inspeção de campo e outras formas de coletas.
Soma-se, ainda, o prognóstico feito quanto ao estado futuro, caso se mantenha a tendência
23
de utilização dos recursos naturais, planos governamentais, crescimento demográfico entre
outras variáveis.
Na 3ª Etapa ocorre a fixação de objetivos e metas a alcançar. O objeto principal do
planejamento estará fixado na superação dos problemas encontrados para atingir o objetivo
principal de proteger, preservar e conservar uma área de estudo, estando esses, geralmente,
relacionados à política ambiental vigente.
Na 4ª Etapa se efetiva a formulação das ações e estruturação do Plano de Gestão. O
equacionamento entre problemas e soluções constitui a tarefa decisiva no processo de
planejamento ambiental, uma vez que desenhado as ações necessárias para enfrentar o
problema e o estudo de sua viabilidade constituem a base para a formulação do plano de
gestão. Caracterizam de forma corretiva, mitigatória ou preventiva, destinada a manter ou
melhorar a forma de conservação ou preservação dos recursos ambientais, devendo ser
identificadas as instituições responsáveis pela execução, instrumentos legais aplicáveis e os
recursos para viabilizar sua implementação.
A 5ª etapa caracteriza a implantação, melhoria e avaliação do Plano de Gestão.
Iniciada as ações previstas, estas devem ser acompanhadas, monitoradas e avaliadas em
função de metas, objetivos e indicadores de sua realização. Esse instrumento é utilizado
para reorientar as ações corrigindo e aperfeiçoando o processo de planejamento em
decorrência de alterações da realidade no percurso de levantamento das ações a serem
realizadas e a efetiva implantação das mesmas.
O Plano de Gestão é um conjunto de procedimentos importantes para a implantação e
operação de um sistema de gestão de RSU, complementando, assim, como uma política
ambiental e deve estar incluso a execução do planejamento do PGIRSU, para que possa
receber o licenciamento ambiental e posterior aprovação do conselho municipal do meio
ambiente.
2.5 Aspectos socioeconômicos e políticas ambientais relacionados ao RSU
Abordagem econômica representa a valoração da natureza, mostrando tentativas de
apropriação de valores monetários aos valores físicos naturais, através da disposição de
pagar dos usuários. Pretende-se, dessa forma, uma aproximação adaptável da economia à
ecologia, pela formulação de fundamentos que vão da economia de recursos naturais na
década de 60, economia ambiental na década de 70, chegando ao estágio atual da economia
ecológica em busca de uma economia natural (Merico, 1996; Souza, 2000).
24
A unificação dos pensamentos econômico e ecológico que permita associar valores,
foi preconizado no Desenvolvimento Sustentável cuja concepção iniciou-se a partir da
Conferência de Estocolmo, pelo relatório Brundtland, em que referencia satisfação de
necessidades atuais e das gerações futuras (CMMAD, 1988).
Apresenta como principais pontos a serem avaliados a economia clássica, economia
ambiental, valoração das contas ambientais e economia ecológica que foca os recursos
renováveis e não renováveis.
Essa abordagem busca ressaltar e valorizar os aspectos econômicos quanto à geração
de RSU presentes na economia da política econômica ambiental. A riqueza de recursos
naturais representa por si só a necessidade de estudar e referenciar economia a economia
ambiental. Os desejos humanos transcendem a capacidade do ambiente de se renovar,
gerando a insustentabilidade e para isso se faz necessário obter o máximo de satisfação,
utilizando o mínimo dos recursos, instalando aí, o dilema quanto ao equilíbrio econômico e
o ambiente.
Os economistas clássicos preocupavam-se com a disponibilidade desse recurso e com
o custo primário dos produtos gerados. Destacavam a disponibilidade limitada de terras
agricultáveis e que em última instância elevariam as taxas decrescentes de retorno de
capital e, conseqüentemente, perda salarial para os trabalhadores do nível operacional. A
economia era considerada como um circuito fechado, envolvendo produtores de
mercadorias e consumidores que se guiam pelo mercado formado por preços e estes
definem sua decisão (Calderoni, 1999).
A economia ambiental foca no risco eminente de escassez de recursos naturais,
decorrente da negligência, devido acreditar ser esta uma realidade distante da geração
atual. Os quatro elementos naturais, a fauna e a flora eram considerados pelos economistas
como bens livres, sendo estes abundantes e acessíveis a todos, sem custo. Após a metade
do século XX ficou eminente que esses recursos não eram abundantes como previsto e que
a falta de qualquer um deles poderia desequilibrar o planeta, surgindo a economia
ambiental (Calderoni, 1999).
Segundo o mesmo autor, a distribuição populacional e seu crescimento contribuíram
para que os impactos ambientais, nos diferentes elementos isolados e associados entre si,
aumentassem os agravos tanto no que se refere ao consumo dos recursos naturais como aos
resíduos eliminados no seu meio. Assim, a capacidade de renovação ficou deficitária e os
danos aumentaram de forma vertiginosa. Com essa percepção desenvolvida, passa a
população a preocupar-se com a sua própria sobrevivência, a economia com a perda de
25
capital tanto no que se diz da valoração do recurso natural quanto ao custo de corrigir os
danos causados por esta negligência (Alier, 2001).
A economia ecológica se considera como um sistema aberto por contabilizar os
fluxos de energia e o ciclo de matérias da economia clássica. Diferencia, basicamente,
devido realizar uma análise crítica quanto às diferenças entre o tempo econômico e o
tempo recuperação ambiental. Seu estudo busca o equilíbrio com a sustentabilidade da
economia e o meio ambiente, transcendendo a economia clássica por incluir uma avaliação
dos impactos devidos à economia humana. Conclui-se que a economia ambiental passou a
tratar dos efeitos da atividade econômica sobre o meio ambiente e da forma que devem ser
reguladas as atividades humanas visando o equilíbrio entre os objetivos ambientais,
econômicos e sociais sem negar aqui a importância destes no mesmo nível de
complexidade (Kolstad, 2000).
De forma geral, o questionamento quanto à relevância econômica do tema sobre
RSU, tanto no que se refere ao volume, quanto na potencialidade econômica deparamo-nos
com o desconhecimento do assunto de forma generalizada.
Apresentado no Seminário Internacional de Direito Ambiental (2001) observou-se
que em cidades de porte equivalente a São Paulo são transportadas 15 mil toneladas de
resíduos por dia, sendo deste total de 25% a 30% são compostos de papel ou papelão e que
somente 2% são direcionados para postos de compostagem e reciclagem.
Segundo o Boletim de Direito Municipal (2001), estima-se que o orçamento anual
para atendimento a projetos de gestão de resíduos sólidos municipais seja da ordem de
R$ 1.700.000.000,00 (um bilhão e setecentos milhões de reais) considerando os atuais
níveis de serviços em termos de abrangência e qualidade, podendo atingir
R$ 2.300.000.000,00 (dois bilhões e trezentos milhões de reais) (Filho, 2001).
Estudos realizados no Brasil, por Amorim (1996), revelam que o problema de
gerenciamento de RSU, devido ao acondicionamento no interior de residências, habitação
coletiva, supermercados e atividades hospitalares, consideradas atividades preliminares à
coleta, transporte e destino final adequados a esses RSU como sendo o maior dificultador
de gerenciamento de recursos econômicos devido poderem comprometer até 50% do
orçamento municipal.
No mesmo trabalho é definido como a etapa de transporte, que antecede o
acondicionamento final, adequado desse RSU o item mais importante, conseqüentemente o
mais oneroso, consumindo 70% dos recursos destinados para este fim.
26
As diretrizes para a efetivação de instrumentos capazes e eficazes, no trato com as
políticas ambientais, indicam os insucessos e sucessos de implantação de regras que os
gestores deveriam seguir quando as definem e programam, sejam elas: prevenção, realismo
quanto às leis, simplicidade e pragmatismo.
Os esforços devem ser dirigidos para as áreas e problemas onde os resultados podem
ser proveitosos e os riscos de fracasso baixos. As estratégias em políticas públicas devem
concentrar-se em ações mais fáceis de administrar e de mais simples implantação, sendo
considerado aqui o fazer local como importante. Os interessados locais devem utilizar os
instrumentos que se mostrarem mais adequados às condições locais.
Segundo Margulis (1996), a característica mais desejável de qualquer política ou
instrumento é sua viabilidade política, econômico-financeira e institucional-administrativa.
A viabilidade política passa pelo processo de gestão que envolve, de forma integrada, a
compatibilidade com políticas de outros setores e coordenação intersetorial. Os objetivos
ambientais devem ser realistas, consistentes e as iniciativas dos órgãos de controle
ambiental devem estar coordenadas com os de outros serviços governamentais. As
participações de vários segmentos sociais na definição das políticas ambientais têm chance
de se fazer bem-sucedida quando os governos, indústrias, populações afetadas,
profissionais qualificados realizarem sua elaboração. Os representantes sociais tendem a
cumprir os instrumentos quando compreendem como eles foram escolhidos ou
participaram do processo de tomada de decisão. A viabilidade econômico-financeira trilha
em algumas necessidades importantes, dentre as quais a eficiência em relação ao custo,
identificação e fixação de prioridades e que ocorra a disponibilidade de fundo e estas se
encontrem definidas.
A alocação dos recursos, de forma vinculada ou não aos serviços e tributos ou a
apropriação de valores para os investimentos e custeio das atividades, necessita de clareza
e objetividade, sendo possível a sua obtenção através do reconhecimento detalhado a
respeito dos procedimentos, o que deve ser característica essencial dos PGIRSU (Seroa et
al., 2000).
O controle ambiental muitas vezes pode ser caro e os Municípios não devem permitir
o mal uso de recursos que são escassos e para isto precisam escolher instrumentos que não
atinjam os objetivos determinados pelo menor custo possível. A implementação torna-se
inviável se os recursos não forem empregados com sensatez e eficiência e com o máximo
de apuro na sua aferição.
27
A identificação de prioridades definidas pelo poder público municipal deve ser
baseada na construção de um consenso e na análise simples das informações disponíveis de
forma a fazer o melhor uso possível dos recursos, e apontar o foco para o trabalho dos
órgãos de controle ambiental.
A viabilidade institucional administrativa necessita de um arcabouço legislativo claro
e eficaz, políticas bem concebidas e outras iniciativas para enfrentar impactos ambientais
prioritários. Vislumbram-se, assim, as necessidades de responsabilidades, leis claras,
parcerias, tal como capacidade político-administrativa, visto que os problemas ambientais
atravessam fronteiras intersetoriais e envolvem serviços diferentes, um arranjo institucional
claro é crucial para uma implantação eficaz. É necessário minimizar os conflitos, definindo
claramente as funções dos órgãos responsáveis, assegurando condições efetivas para
coordenação eficaz entre os setores governamentais com uma estrutura organizacional
dotada de poder político local (Margulis, 1996).
2.6 Avaliação de Impactos Ambientais
Impacto ambiental é definido, segundo a Resolução do CONAMA, nº 1, de 23 de
janeiro de 1986, como “qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas
do meio ambiente causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das
atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: I. A saúde, a segurança e o bem-
estar da população; II. As atividades sociais e econômicas; III. A biota; IV. As condições
estéticas e sanitárias do meio ambiente; V. A qualidade dos recursos ambientais”.
O estudo de impacto ambiental (EIA) é um dos mais importantes instrumentos de
defesa do meio ambiente e se fundamenta na obrigatoriedade de se respeitar o meio
ambiente e no direito dos cidadãos à participação e à informação.
No Brasil, a obrigatoriedade do estudo prévio de impacto é uma imposição
constitucional. A legislação básica sobre os EIA e Relatórios de Impacto Ambiental
(RIMA) é regida por seis diplomas legais: 1) Constituição Federal, art. 225, inciso IV,
parágrafo 1º; 2) Lei no 6.803, de 2 de julho de 1980; 3) Lei no 6.938, de 31 de agosto de
1981 (art. 9º , III); 4) Resolução do CONAMA nº 1, de 23 de janeiro de 1986; 5)
Resolução CONAMA no 9, de 3 de dezembro de 1987; e 6) Resolução CONAMA nº 1, de
13 de junho de 1988.
A Política Nacional do Meio Ambiente (PNUMA), estabelecida pela Lei 6.938/81,
tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à
28
vida, visando assegurar condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da
segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana.
A avaliação de impacto ambiental (AIA) é um instrumento da Política Nacional do
Meio Ambiente (art. 225, parágrafo 1º, IV Constituição Federal, art. 9º, III da Lei
6.938/81). A AIA é um procedimento jurídico-administrativo que tem por objetivo a
identificação, previsão e interpretação dos impactos ambientais que um projeto ou
atividade produzirá no caso de ser executado, assim como prevenir (as conseqüências ou
efeitos ambientais que determinadas ações, planos, programas ou projetos podem causar à
saúde, ao bem-estar humano e ao entorno), fazer correção e valoração dos mesmos, tudo
isso com a finalidade de ser aceito, modificado ou rejeitado por parte das administrações
públicas competentes (Fdez -Vítora, 1997).
Desta maneira, a AIA é capaz de assegurar, desde o início do processo, um exame
sistemático dos impactos ambientais de uma ação proposta como projeto, programa, plano
ou política, suas alternativas, para que os resultados sejam apresentados de forma adequada
ao público e responsáveis pela tomada de decisão (Moreira, 1990).
De acordo com Shopley e Fuggle (1984), a AIA tem sido definida como o processo
de reconhecimento de causas e efeitos, sendo a causa qualquer ação do projeto que tenha
efeito sobre o meio ambiente, e os efeitos são os impactos ambientais desta ação.
As técnicas encontradas em literatura para AIA são calcadas em análises de custo-
benefício ou na utilização de pesos escalonados. Estes últimos são denominados métodos
quantitativos, onde se aplicam escalas de valor aos diferentes impactos. As várias
metodologias para avaliação quantitativa de impactos ambientais foram desenvolvidas com
o objetivo de satisfazer necessidades específicas.
A obrigação em promover a Gestão de RSU de forma a permitir o desenvolvimento
sustentável e agir quando uma mudança ambiental é "provável", envolve a antecipação, e
requer meios de predizer esses efeitos. Diferentes tipos de avaliação ambiental são feitos,
mas muitas vezes ainda ineficientes no que se referem aos princípios do desenvolvimento
sustentável.
Os métodos de AIA tiveram origem na Lei “National Environmental Protection Act”
(EUA), que começou a vigorar em 1970. Os métodos de AIA foram se diversificando de
acordo com os projetos propostos e com a diversidade de ambientes sujeitos a impactos.
Na medida em que profissionais buscavam a compreensão das relações de causa e efeito
das ações dos projetos e seus impactos, levando em conta a dinâmica dos sistemas
29
ambientais, os métodos evoluíam na tentativa de alcançar a integração dos fatores
ambientais e a abordagem holística do meio ambiente (Moreira, 1999).
Sadler (1996) define alguns termos chaves relacionados à avaliação ambiental que
são: Avaliação Ambiental (AA), EIA e Avaliação Ambiental Estratégica (AAE).
A TABELA 2 apresenta a evolução da avaliação ambiental no mundo com exemplos
de Inovação nos Processos de Avaliação Ambiental.
30
TABELA 2: Evolução da avaliação ambiental
Época Exemplos de Inovação nos Processos de Avaliação Ambiental Antes de 1970 • Revisão de projeto com base na técnica (engenharia) e na análise econômica.
• Consideração limitada dadas as conseqüências ambientais. Início e meio da década de 70
• Princípios básicos, diretrizes, procedimentos, incluindo participação pública. • Exigência de AA instituída. • Desenvolvimento de metodologias padrões para análise de impacto (matrizes,
listagens de controle, redes de interação). Final da década de 70 e início da década de 80
• Uso da Avaliação Ambiental por países em desenvolvimento (Brasil, Filipinas, China, Indonésia).
• Avaliação de Impactos Sociais e Análises de Risco incluídas no processo. • Maior ênfase em modelos ecológicos e em métodos de previsão e avaliação. • EIA para programas preparados nos Estados Unidos. • Investigação ambiental em diversos países abrange aspectos da revisão da
política. Década de 80 • Esforços crescentes para focalizar efeitos cumulativos.
• Desenvolvimento de mecanismos de continuação (monitoramento, auditoria, controle de impacto).
• Aplicação de abordagem ao nível de ecossistema (áreas úmidas). • O Banco Mundial e outras agências internacionais estabelecem exigências para
avaliação ambiental. Década de 90 • Exigência para considerar efeitos trans-fronteiriços de acordo com a Convenção
de Espoo, Finlândia (1991). • EIA identificado para implementar mecanismos nas Convenções das Nações
Unidas para mudanças climáticas e para a diversidade biológica. • Estabelecimento de Sistemas de AAE por um número maior de países. • Mediação incorporada nas exigências da AA (ainda limitada). • Os princípios da sustentabilidade e os assuntos globais recebem maior atenção
(alguma orientação de avaliação ambiental, mas ainda limitada). • Aumento do uso de SIG e de outras tecnologias de informação. • Aplicação da AA às atividades de desenvolvimento internacionais mais
difundidas. Década de 90 • Crescimento rápido em treinamento de AA, nos grupos de trabalho, e nas
atividades de cooperação. • Implementação de instrumentos legais de AA em muitos países em
desenvolvimento Fonte: Sadler (1996).
31
É um processo sistemático a AA por documentar a informação de sistemas e recursos
naturais de acordo com seus potenciais, capacidades e funções, de modo a facilitar o
planejamento do desenvolvimento sustentável e as tomadas de decisão em geral, além de
antecipar e controlar os efeitos adversos e as conseqüências dos empreendimentos
propostos.
O EIA é um processo de identificar, de prever, de avaliar, e de mitigar os efeitos
biofísicos, sociais e outros relevantes de projetos propostos, antes das decisões principais e
dos compromissos que estão sendo feitos. O EIA é um mecanismo insuficiente para
conservar e melhorar a qualidade ambiental na dimensão da demanda da sociedade
(Warner, 1996). O processo de AIA tem concentrado-se nos impactos potenciais diretos e
indiretos ao ambiente, no entanto, as questões relacionadas à avaliação dos efeitos
cumulativos são importantes.
A AAE é um processo sistemático para avaliar as conseqüências ambientais de
políticas, planos ou programas a fim de assegurar que elas sejam integralmente
consideradas e adequadamente abordadas, no estágio inicial e apropriado do processo de
tomada de decisão, juntamente com as considerações econômicas e sociais (Sadler, 1996).
Considerando, aqui, zoneamento ambiental, como sendo um processo de
determinação das vulnerabilidades e aptidões, além de proporcionar ao poder público
informações ambientais, traz a possibilidade de ser um subsídio de suporte à decisão na
concretização de bases sustentáveis, dos planos diretores e seus instrumentos jurídicos no
uso e ocupação do solo, auxiliando na implementação da AAE.
A ausência de AAE como instrumento legal para avaliação ambiental sobrecarrega o
EIA que, muitas vezes, para atingir os objetivos da avaliação de iniciativas propostas, tem
seus estudos feitos por partes para conseguir abranger o todo a ser considerado. Esse
procedimento parcial, forçando a análise ambiental ao nível de empreendimento, não traz a
avaliação integrada necessária à compreensão de toda a extensão e dimensão dos impactos;
portanto, não considera a sustentabilidade ambiental.
Segundo Devuyst (2003), torna-se cada vez mais evidente que ações como políticas,
planos e programas, que também provocam impactos ambientais adversos ao ambiente,
necessitem de uma avaliação ambiental dentro de uma abrangência mais ampla, o que deve
ser realizado através de uma AAE.
É de fundamental importância contemplar estudos mais detalhados sobre impactos
potenciais de projetos em seu entorno. No entanto, a qualidade e a eficiência destes estudos
32
vão depender das políticas e da legislação existente, de modo que assegure resultados
favoráveis ambientalmente (Pritchard, 1997).
Considerando a necessidade de se estabelecer definições, responsabilidades, critérios
básicos e diretrizes gerais para uso e implementação da AIA como um dos instrumentos da
Política Nacional do Meio Ambiente, a Resolução CONAMA 001/86, estabelece que: o
licenciamento de atividades modificadoras do meio ambiente dependerá de elaboração de
EIA e o respectivo Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) a serem submetidos à
aprovação do órgão estadual competente, e do Instituto Brasileiro Meio Ambiente
(IBAMA).
A ligação da AIA ao procedimento de licenciamento ambiental compromete a
eficácia da avaliação no Brasil, pois faz com que ela atue somente como um instrumento
de licenciamento e não como um instrumento para a análise de viabilidade ambiental de
empreendimento. Segundo Sánchez (1993), a análise do EIA/RIMA deveria abordar,
essencialmente, sobre a qualidade e a adequação, enquanto subsídio para uma tomada de
decisão pública sobre a aprovação ou não do projeto.
O EIA é um instrumento de caráter técnico-científico que subsidia uma das etapas do
processo de AIA (Andreoli e Fernandes, 1996) e, segundo a Resolução CONAMA 001/86,
deve obedecer às seguintes diretrizes:
I. Contemplar todas as alternativas tecnológicas e de localização do projeto,
confrontando-as com a hipótese de não execução do projeto;
II. Identificar e avaliar sistematicamente os impactos ambientais gerados nas fases de
implantação e operação da atividade;
III. Definir os limites da área geográfica a ser direta ou indiretamente afetada pelos
impactos, denominada área de influência do projeto, considerando, em todos os casos, a
bacia hidrográfica na qual se localiza;
IV. Considerar os planos e programas governamentais, propostos e em implantação
na área de influência do projeto, e sua compatibilidade.
Três funções do meio são determinantes numa análise de impacto ambiental: fonte de
recursos naturais, suporte das atividades e receptor de efluentes e resíduos. Não seria
sustentável o desenvolvimento que utilizasse os recursos naturais acima de suas taxas de
renovação, distribuísse as atividades no território sem considerar sua aptidão e emitisse
poluentes no ar, no solo e na água acima da sua capacidade de assimilação (Orea, 1994).
Fdez-Vítora (1997) sintetiza as fases que um EIA deve contemplar conforme
descritas a seguir:
33
• Definição do entorno do projeto e posterior descrição e estudo do mesmo. É a fase
da busca de informação e diagnóstico.
• Previsão dos efeitos que o projeto gerará sobre o meio. Nesta fase se desenvolve
uma primeira aproximação ao estudo de ações e efeitos, sem entrar em detalhes.
• Identificação das ações do projeto potencialmente impactantes.
• Identificação dos fatores do meio potencialmente impactados.
• Identificação de relações causa-efeito entre ações do projeto e fatores do meio.
Elaboração da matriz de importância e valoração qualitativa do impacto.
• Previsão da magnitude do impacto sobre cada fator.
• Valoração quantitativa do impacto ambiental, incluindo transformação de medidas
de impactos em unidades não-mensuráveis para valores mensuráveis de qualidade
ambiental e a soma ponderada deles para obter o impacto total.
• Definição das medidas corretoras, de mitigação. São medidas de precaução,
medidas compensatórias e medidas para o programa de monitoramento ambiental.
A caracterização de ações que causam impacto no meio deve atender aos requisitos
de: ter significância (capacidade de gerar alterações), ser independente (evitar duplicidade),
estar relacionada ao projeto e, na medida do possível, ser quantificada (Fdez.-Vítora,
1997).
Segundo a Resolução CONAMA 001/86, as análises dos impactos ambientais de um
projeto e suas alternativas devem ser realizadas através de identificação, previsão da
magnitude e interpretação da importância dos prováveis impactos relevantes,
discriminando: os impactos positivos e negativos, diretos e indiretos, imediatos, de médio e
longo prazos, temporários e permanentes; seu grau de reversibilidade; suas propriedades
cumulativas e sinérgicas; a distribuição do ônus e benefícios sociais.
No entanto, o EIA, no Brasil, como único instrumento implementado para AIA na
Política Nacional de Meio Ambiente (Lei no 6938/81), não garante a sustentabilidade
ambiental, além da adequação local de projetos e empreendimentos. Bitar et al. (1996)
citam que a maioria dos EIAs elaborados aqui no Brasil não aborda explicitamente a
dinâmica do meio físico a ser alterada pelo empreendimento proposto através de processos
como erosão, escorregamentos, assoreamento e inundações, os quais podem ser
potencializados em ambientes tropicais úmidos. O autor sugere que o meio físico, nos
EIAs, sejam representados por cartas de suscetibilidade a processos, cartas de risco ou
cartas geotécnicas e que, antes da previsão e avaliação dos impactos sejam realizadas
34
etapas para identificar os processos atuantes na área, analisar os processos mais
significativos e, definir indicadores desses.
Os métodos de análise de impacto são instrumentos de apoio à realização de EIA e
podem ser aplicados para: ordenar (listas de controle); agregar (matrizes, diagramas);
quantificar (modelos de simulação, análise multicritérios); representar graficamente
(matrizes, diagramas) informações geradas nos estudos (IBAMA, 1995).
Os métodos Ad hoc se baseiam na criação de um grupo de especialistas de diversas
disciplinas que discutem, com base na experiência profissional de cada um, os impactos
ambientais prováveis que o projeto causará ao meio ambiente, e assim, definir decisões a
serem tomadas quanto ao projeto analisado. A legislação vigente no Brasil não permite a
utilização dos métodos Ad hoc como metodologia de AIA (Moreira, 1999), apesar de ele
ser citado em referências especializadas no assunto.
Já os métodos de listagens de controle “checklists” permitem identificar as principais
conseqüências de uma ação e hierarquizar as avaliações de possíveis impactos (Tommasi
1994). Os impactos potenciais são listados e cada impacto identificado é associado a uma
lista de parâmetros ambientais (também chamados de características, variáveis, atributos,
ou componentes), sendo que dados do parâmetro são mensurados para refletir o grau de
impacto (Shopley e Fuggle, 1984).
As listagens de controle variam desde uma lista de fatores ambientais até aos
sistemas mais elaborados que incluem a ponderação de importâncias para cada fator
ambiental e a aplicação de escalas para assinalar as interações mais relevantes entre
impacto e fator (Canter, 1998; Fdez-Vítora, 1997).
As listagens de controle são utilizadas no diagnóstico ambiental da área de influência
do projeto e na comparação das alternativas (Moreira, 1999). Elas são simples de aplicar e
são menos exigentes quanto a dados e informações; no entanto, não permitem projeções e
previsões ou a identificação de impactos de segunda ordem (Braga et al. 2002). Existem
quatro classes de métodos de listagem de controle, relacionados ao nível de avaliação do
impacto: simples, descritivo, escalar e peso escalar (Shopley e Fuggle, 1984).
Os métodos de listagem de controle simples enumeram os fatores ambientais e,
algumas vezes, seus indicadores, isto é, parâmetros que fornecem as medidas para o
cálculo, quantitativo ou qualitativo da magnitude dos impactos (Moreira, 1999).
Algumas listas associam os fatores ambientais às ações de desenvolvimento do
projeto, outras a parâmetros ou características ambientais relevantes para a análise
(Canter, 1998; Moreira,1999). Podem ser elaboradas em forma de questionários de modo a
35
auxiliar no planejamento do EIA. No entanto, não fornecem informações sobre dados
específicos necessários nem os métodos para prever e avaliar os impactos (Canter, 1998).
Nesses métodos, nenhuma tentativa de avaliação quantitativa ou qualitativa dos impactos é
feita (Shopley e Fuggle, 1984).
Os métodos de listagem de controle descritiva são listas de parâmetros ambientais
relacionados a fontes de informações, com orientações sobre como realizar as estimativas,
previsão e análise dos impactos (Canter, 1998; Tommasi, 1994).
Os métodos de listagem de controle escalar associam fatores e impactos ambientais a
uma escala de valores (Santos, no prelo). Elas permitem ordenar impactos em termos de
magnitude ou severidade. Em alguns casos, podem ser agregadas pontuações. Isto é
possível quando os impactos são pontuados dentro de uma escala de intervalo ou de
proporção (Moreira, 1999; Canter, 1998). É difícil encontrar um critério de escala de
intervalo ou proporção quando se avaliam impactos diversos, principalmente quando estão
associados a parâmetros físicos. Esses métodos tendem a confiar na atribuição subjetiva de
valores numéricos. A agregação pela soma aritmética de pontuações de impacto fornece
um peso igual a cada impacto. Assim sendo, dois impactos igualmente severos podem não
ter a mesma importância para a manutenção do meio ambiente. Esta disparidade não é
considerada neste método (Shopley e Fuggle, 1984).
Os métodos de listagem de controle peso-escalar associam fatores e impactos
ambientais a escalas de valores, além do grau de importância dos impactos (Moreira,
1999). Eles permitem uma avaliação sistemática dos impactos ambientais de um projeto
mediante o emprego de indicadores homogêneos (Fdez-Vítora, 1997) e, com este
procedimento, pode-se conseguir um planejamento a médio e longo prazos de projetos com
o mínimo impacto ambiental possível.
Não se encontram na literatura métodos de AIA para projetos de resíduos sólidos
ou diretamente ligados à reciclagem ou à reutilização. Dessa forma, considerou-se a
técnica mais adequada a Matricial, método de identificação que relaciona ações a fatores
ambientais, podendo ser incorporados valores aos diferentes impactos observados com o
objetivo de avaliar a ação. A matriz é obtida a partir da soma ponderada (magnitude x
importância) dos impactos específicos. A desvantagem observada nesse método é que a
pontuação é subjetiva, havendo possibilidade de dupla contagem ou subestimação de um
impacto.
O EIA que engloba o RIMA foge ao intuito da presente pesquisa, uma vez que o
trabalho completo deve ser feito dentro de uma estrutura multidisciplinar. Pela
36
impossibilidade de se trabalhar com tal estrutura, somente será dada uma visão
tecnológica.
A metodologia de AIA pode ser dividida em quatro etapas dentro dos conceitos
estabelecidos pela Resolução CONAMA 001/86 compreendendo a definição dos objetivos
do estudo (esta fase engloba a descrição e a justificativa do projeto); a identificação dos
impactos potenciais; a soma e análise dos resultados (montagem da matriz e cálculo de
seus valores); e a sugestão de ações alternativas e mitigadoras.
A utilização de matriz bidimensional, que relaciona ações a serem implementadas
com os fatores ambientais, aos quais foram atribuídos valores de acordo com a magnitude
e importância do impacto no meio ambiente. Esses valores variaram em escala de 1 a 3.
Considerando o valor 1 de menor magnitude ou importância, valor 2 magnitude ou
importância intermediária, valor 3 maior magnitude ou importância . A opção por uma
escala de pequena extensão foi proposital, de modo a não se superavaliar um impacto
insignificante ou subestimar outro importante. Trabalhar com essa pequena faixa de
valores também diminui o problema da subjetividade do método escolhido.
A magnitude (M) se refere à extensão de alteração provocada pela ação sobre o
fator ambiental e ainda pode apresentar valores positivos ou negativos. Já a importância (I)
dimensiona a interferência que o fator causa no meio ambiente (TABELA 3).
TABELA 3: Valor da magnitude
Valor da magnitude Descrição
3 quando indica que houve descaracterização do fator ambiental considerado.
2 quando a variação dos indicadores for expressiva, porém sem alcance para descaracterizar o fator ambiental considerado
1 quando a variação dos indicadores for inexpressiva, inalterando o fator ambiental considerado
positivo quando o impacto é positivo ou benéfico, ou seja, quando uma ação resulta numa melhoria da qualidade de vida.
negativo ou adverso, quando a ação resulta em um dano à qualidade de um fator ou parâmetro ambiental
Fonte: Andreoli e Fernandes, (1996).
37
A magnitude e a importância também foram avaliadas considerando-se aspectos
como temporalidade, duração e abrangência dos impactos. A temporalidade é o parâmetro
que registra a relação entre a data da ação e dos impactos por ela gerados e se caracteriza
pela ação. A duração computa o tempo de permanência do impacto, depois de concluída a
ação que o gerou, caracterizando-se pelos efeitos provocados. Já a abrangência refere-se à
área envolvida pelo impacto.
A TABELA 4 apresenta os valores atribuídos impacto ambiental de acordo com o
seu respectivo nível de importância.
TABELA 4: Valor de importância do impacto ambiental
Valor de importância Descrição
3 quando a interferência do impacto ambiental, bem como dos demais impactos, é tão intensa que acarreta, como resposta social, perda da qualidade de vida.
2 quando a interferência assume dimensões recuperáveis para a queda da qualidade de vida.
1 quando a interferência não implica diminuição da qualidade de vida.
Fonte: Andreoli e Fernandes, (1996).
No processo de AIA é de extrema importância a seleção adequada do(s) método(s)
de avaliação, a depender da natureza da atividade impactante.
As Redes de Interação consistem em procedimentos de representação gráfica ou
diagramática da cadeia dos impactos ambientais provenientes das ações de um projeto,
estabelecendo as relações e inter-relações entre as ações-efeitos-impactos (Agra Filho,
1993). São construídas para identificar as conexões entre vários efeitos ambientais que
podem resultar das intervenções humanas (MMA, 1995).
Segundo Dias (1992), as redes de interação promovem uma abordagem integrada,
enquanto que matrizes e listagens de controle limitam o pensamento à apreciação dos
fatores ambientais isoladamente. A autora complementa afirmando que essa metodologia
induz os técnicos a trabalhar em conjunto, organizando as discussões e a troca de
informações acerca dos impactos.
38
3 MATERIAL E MÉTODOS
Para o desenvolvimento desta dissertação realizou-se o levantamento e a organização
das informações ambientais, socioeconômicas e jurídicas disponíveis, estruturadas em um
banco de dados com o objetivo de subsidiar tomada de decisão nas alternativas de Gestão
dos RSU de forma a atenuar seus impactos ambientais. As etapas de caracterização da área,
análise dos impactos e propostas de ações mitigadoras, previstas num EIA, foram aqui
contempladas buscando a efetividade das análises dos processos e problemas existentes na
área de estudo.
3.1 Área de estudo
O trabalho de pesquisa desenvolveu-se em Coronel Fabriciano, município situado na
bacia do Rio Doce, Zona Metalúrgica, Mesoregião do Vale do Aço, no Estado de Minas
Gerais, a 198 km de Belo Horizonte, limitando-se com os municípios de Mesquita,
Joanésia, Antonio Dias, Timóteo e Ipatinga.
A temperatura e índice pluviométrico médio anual são de 23,5º C e 1.374 mm,
respectivamente. Quanto a topografia predominam 80% as feições montanhosas, sendo
15% as onduladas e 5% planas.
Segundo dados do IBGE (2005), o município de Coronel Fabriciano com área
territorial de 221 km², vem tendo nos últimos anos um crescimento populacional na ordem
de 1,6% ao ano. O município totaliza 103.724 habitantes residentes, sendo destes 98,8%,
na área urbana.
39
A taxa de densidade demográfica é alta, estimada em 469,3 hab km-2, superior a
média estadual (IBGE, 2005). A composição da população, por sexo, é composta por 51,85
% de homens e 49,15 % de mulheres.
De acordo com o IBGE (2005), a taxa geométrica de crescimento anual (TGA) em
Coronel Fabriciano apresentou uma TGA de 5,50 no período de 1991/2005. Essa taxa está
entre as mais altas na região do Vale do Aço. A estrutura da população de Coronel
Fabriciano, segundo as faixas etárias, é assim distribuída: população jovem, com idade
entre 0-19 anos, representa 38,6 % da população, enquanto a população adulta, com idade
entre 20-59 anos, representa 53,6 % da população. Já a população idosa (≥60 anos)
representa apenas 7,8% da população.
Regiões onde a população jovem é mais numerosa que a de adultos, segundo
Garms et al. (1997), são consideradas subdesenvolvidas. Para uma região ser considerada
desenvolvida, a diferença entre população adulta e a população jovem deve ser ≤ 35%.
Devido a esse critério, o Município de Coronel Fabriciano é considerado em
desenvolvimento, visto que a população adulta é 15 % maior que a população joven.
Quanto ao Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M), de acordo
com PROGRAMA (1998), os Municípios ou Regiões que possuem um IDH maior ou igual
a 0,800 são classificados como de alto estágio de desenvolvimento humano; os que
possuem entre 0,500 e menor que 0,800 são classificados como de médio estágio de
desenvolvimento e aqueles que possuem um IDH menor que 0,500 são classificados como
de baixo desenvolvimento humano. Segundo essa classificação, o município de Coronel
Fabriciano tem o IDH de 0,774 em 2000 e classifica-se como um município de médio
desenvolvimento humano. Esse índice foi bastante influenciado pelo Índice da Dimensão
Educação (IDH-E), que apresentou um bom desempenho, sendo estimado em 0,867. A
renda per capita é de R$ 3.031,00 (IBGE, 2005).
As análises realizadas para se alcançar o objetivo proposto neste trabalho foram
realizadas dentro dos limites do Município de Coronel Fabriciano. Esse município foi
selecionado para o estudo de caso porque além de apresentar problemas de degradação
ambiental referente à RSU, a sociedade local tem feito pressão junto à comunidade
científica e ao governo municipal para que sejam encontradas soluções para mitigar os
problemas ambientais relacionados aos RSU.
40
3.2 Metodologia da Pesquisa
A presente pesquisa utilizou-se da associação de duas metodologias: abordagem
qualitativa e a pesquisa participante para avaliar os impactos ambientais causados pelos
RSU gerados no município de Coronel Fabriciano.
De acordo com Godoy (1995), a abordagem qualitativa oferece três diferentes
possibilidades de se realizar pesquisa: a pesquisa documental, o estudo de caso e a
etnografia que corresponde à fase de elaboração dos dados obtidos em pesquisa de campo
de um estudo descritivo. A abordagem qualitativa, enquanto exercício de pesquisa, não se
apresenta como uma proposta rigidamente estruturada, permitindo os investigadores a
proporem trabalhos que explorem novos enfoques.
A pesquisa participante ou pesquisa-ação se apresenta como linha de preocupação
metodológica mais do que uma técnica particular, voltando-se para a exploração das
possibilidades de investigação associada a diversas formas de ação social, podendo ser
aplicada em diversos campos. É um procedimento destinado para a resolução dos
problemas no âmbito organizacional, concebida em função de suas origens, sendo
empregada de forma coletiva e adaptativa (Thiollent, 1994). Pelo fato da pesquisa
participante ser um procedimento voltado para a resolução dos problemas no âmbito
organizacional serviu-se para avaliar os métodos de gestão utilizados pelo município e os
impactos ambientais causados pelos RSU gerados no município de Coronel Fabriciano,
associado à pesquisa qualitativa.
As informações sobre as características do meio físico, meio biótico e meio
socioeconômico foram selecionadas a partir do levantamento dos dados existentes (mapas,
relatórios e bibliografias) Em seguida, procedeu-se à organização desses dados em forma
de quadros, tabelas, figuras, estendendo-se até o início da formação do banco de dados, de
forma a permitir a identificação das relações existentes entre a atividade de limpeza
pública e os impactos ambientais causados pelos RSU na área definida para o estudo de
caso.
Considerando que a Gestão Ambiental pode ser entendida como o conjunto de
procedimentos que visam conciliar o desenvolvimento e a qualidade ambiental, de acordo
com a capacidade de suporte do meio ambiente e as necessidades identificadas pela
sociedade e pelo governo (Souza, 2000), foi levantado informações sobre a estrutura que a
Prefeitura Municipal de Coronel Fabriciano dispõe, inclusive no aspecto relativo às
normas, procedimentos e instrumentos técnicos e político-administrativos, como
41
instrumentos de ações para a efetivação da gestão ambiental, sendo assim, esta tese foi
desenvolvida em três etapas para que se pudesse atingir aos objetivos propostos.
Na primeira etapa foi realizado o levantamento de dados secundários nas empresas
prestadoras de serviço de limpeza pública, ligadas à Secretaria Municipal de Obras e
Serviços Urbanos (SMOSU) do Município de Coronel Fabriciano. Para isso foi feito
contato com a Construtora Ápia Ltda., Construtora Queiroz Galvão Ltda., PRCZ
Consultores e Associados Ltda., levantado-se informações relacionadas à coleta, transporte
e disposição final dos RSU.
Na segunda etapa foi utilizou-se o levantamento de dados sobre aspectos
quantitativos e qualitativos dos RSU descartados. Para isso foi feito contato previamente
com a SMOSU, para obter autorização para que se pudesse realizar este levantamento, que
foi dividido em sete etapas assim realizadas: Definir a tara de cada veículo coletador, antes
e após o transporte dos resíduos coletados, utilizando balança rodoviária para pesar o
veículo carregado para se aferir a quantidade de resíduos gerados diariamente;
1. Coletar e avaliar as amostras de RSU na própria área da Empresa contratada,
Queiroz Galvão Ltda., responsável pelo aterramento dos RSU deste do Município de
Coronel Fabriciano;
2. Realizar freqüência com duas amostras por caminhão/setor/dia, totalizando oito
amostras no período de setembro a outubro de 2005;
3. Descarregar o caminhão do setor representativo em local determinado, onde do
monte de resíduos, foi feita uma leira quadrada, com volume relativo à capacidade do
caminhão, sendo dividida em 16 quadrantes com volume de 1m3; escolhendo-se,
aleatoriamente, dois quadrantes representativos para amostra;
4. Retirado os RSU da leira e colocar sobre uma lona plástica (dimensão 4x4), e
posteriormente, romper as amostras e caracterizar de acordo com a classificação de
RSU, determinada pela NBR 10.004 (ABNT, 1987);
5. Separar o material e acondicionar em caixas de plástico duro com tara conhecida
com, realizando pesagem, em uma balança com capacidade máxima de 15 kg e somar
os valores para um resultado final de cada material;
6. Avaliar os impactos ambientais causados por estes resíduos;
7. Construir matriz de interação com seus respectivos agravos ambientais.
Durante o diagnóstico da estrutura do órgão responsável pelo gerenciamento dos
RSU foi usado um questionário (Anexo 5) como roteiro para levantamento das
42
informações para compor o “Diagnóstico Situacional para Gerenciamento Ambiental dos
RSU”.
De posse dos arquivos existentes, dos relatórios, contato direto com os funcionários
do serviço de limpeza urbana e dos técnicos, obteve-se noção do nível de planejamento do
sistema de gestão existente. Foi avaliado o nível de abrangência dos serviços de coleta dos
RSU, do percentual da população atendida, mediante o acompanhamento dessas rotas no
próprio veículo coletor. Para isso empregou-se a representação cartográfica das rotas
existentes e através de acompanhamento dos veículos coletores através de pesquisa de
campo, por um período de quinze dias úteis, a fim de levantar informações quanto:
racionalidade das rotas definidas pela SMOSU; freqüência da coleta nessas áreas;
disposição dos RSU nas vias públicas; composição gravimétrica e quantidade de resíduos
coletados.
O fato de não se verificar nenhuma sazonalidade significativa no aspecto
populacional no Município de Coronel Fabriciano, a quantidade de resíduos gerados foram
mensurados por um período de sete meses para cálculo da produção mensal e diária. Esse
período foi estabelecido pelo fato de já se dispor de dados durante todo o período, quanto a
pesagem e disposição final dos RSU.
Terceira etapa: dentro da pesquisa participante foi discutida, com funcionários e
técnicos responsáveis pelo serviço de limpeza pública, as alternativas para elaboração de
propostas para solução dos problemas detectados na pesquisa, para atuar junto à sociedade
e serviço público para buscar a minimização dos impactos ambientais dentro da gestão
urbana.
A partir do levantamento de dados e da elaboração do diagnóstico situacional dos
RSU em Coronel Fabriciano, foi construída a matriz de interação relacionando os RSU e
seus respectivos impactos ambientais utilizando como instrumento a listagem de controle
simples como método de análise de gestão e impacto ambiental.
A maioria dos dados socioeconômicos compilados para o presente trabalho teve por
base os Censos Demográficos realizados pelo IBGE, sendo complementados com
informações disponibilizadas pela SMOSU.
Na ausência de dados sobre RSU disponíveis no acervo da Prefeitura Municipal,
referentes aos anos anteriores, foram utilizadas informações do Diagnóstico do Manejo de
RSU elaborado pelo SNIS (2003), quanto à cobertura e eficiência do serviço municipal de
manejo de RSU, na perspectiva da universalização e da sustentabilidade, tendo como foco
43
preponderante a inclusão social e econômica dos catadores e o encerramento dos
vazadouros a céu aberto.
Parte da infra-estrutura e da aquisição do material necessária para o desenvolvimento
do trabalho foram viabilizadas a partir do contato com a SMOSU, que ainda disponibilizou
para consultas os documentos existentes sobre sua responsabilidade, relativos aos EIA-
RIMA elaborados por empreendedor ou por ele contratado.
Desses documentos foram obtidas informações sobre tipo do empreendimento,
localização do empreendimento, método utilizado para a AIA, dados empregados para o
inventário das informações, forma de caracterização ou valoração do impacto e propostas
de medidas mitigadoras. Uma tabela foi elaborada para organizar as informações sobre
ações e impactos que, posteriormente, deram suporte às análises dos impactos ambientais
decorrentes da gestão de RSU vigente.
Foram realizadas, também, viagens de campo durante o ano de 2006 para
levantamento dos dados das atividades de caracterização da coleta, transporte e destino dos
RSU antrópicas com verificações “in loco” da ocorrência de impacto ambiental.
Durante as visitas foram feitos registros fotográficos da área e de seus respectivos
impactos. Todos os pontos observados foram relacionados às características de relevo,
cobertura vegetal ou tipo de uso e do impacto observado quando este se fazia presente. As
informações obtidas em trabalhos de campo realizados, em 2005/2006, através de outros
projetos realizados na área de estudo, foram também compiladas.
Na etapa de caracterização dos impactos ambientais causados pelos RSU encontram-
se acompanhadas de tabelas a partir de composição de setores censitários. Essas
informações foram complementadas por dados conseguidos em visitas realizadas a órgãos
ambientais e por viagens de campo.
As inter-relações entre os RSU e os impactos, decorrentes da gestão urbana, foram
obtidas a partir da organização de matriz e rede de interação para a qual esses resíduos
constituem-se no principal agente causador de danos ao meio ambiente.
Segundo Longo et al. (1997), a infra-estrutura de saneamento básico pode servir
como um indicador da qualidade de vida da população, uma vez que sua melhoria tem uma
relação direta com a evolução dos indicadores socioeconômicos.
44
4 RESULTADO E DISCUSSÃO
4.1 Análise dos serviços públicos de Limpeza Urbana
A coleta pública dos RSU atinge 94,1% dos domicílios. Desses, onde há coleta de
lixo, 98,9% são atendidos diretamente por caminhões basculantes ou de compactação do
serviço de limpeza e 1,1% armazenam o lixo em caçamba do serviço de limpeza para
posterior coleta.
No município de Coronel Fabriciano, a estrutura de gestão ambiental é composta pelo
Conselho Municipal de Meio Ambiente - CODEMA, pela Secretaria Municipal de Meio
Ambiente e complementando esta estrutura, o Município conta com a Secretaria Municipal
de Obras e Serviços Urbanos.
Em 2005/2006 foram realizados trabalhos de campo, com o objetivo de identificar,
localizar e registrar pontos que fossem representativos das principais origens e processos
de degradação do meio ambiente como água, ar e solo ocasionados pela disposição
inadequada dos RSU. Nem sempre é tarefa fácil a identificação das origens dos impactos,
pois, na maioria das vezes os processos impactantes são intensificados pelas atividades
humanas. No presente trabalho, os impactos foram identificados e avaliados a partir dos
RSU descartados pela comunidade, considerando que as intervenções na área têm sido
intensificadas pela gestão municipal.
Entre os fatores determinantes para a realidade local pode ser considerada como fator
desencadeante a deficiência em educação ambiental da população objetivando esclarecer o
risco do ato de descarte de resíduos em locais inadequados, associado à falhas na gestão
municipal em determinadas área urbanas, quer seja pela freqüência, horário, ou desrespeito
aos dias e horários de coleta, levando a uma parcela da população, por exemplo, a procurar
45
maneira de se livrar desses resíduos, descartando-os em diferentes locais, a exemplo dos
cursos d’água (FIGURA 1), terrenos baldios, logradouros, margens de rodovia, entre
outros, formando os focos os quais tendem a atrair vetores.
A
B
FIGURA 1: Aspectos visuais dos RSU descartado pela população ribeirinha às margens do Rio Piracicaba, localizado na área periférica da mancha urbana, maio 2006.
4.1.1 Descarte de RSU nas margens e/ou diretamente no leito Rio Piracicaba
Os descartes de RSU as margens dos rios aumentam os riscos de ocorrerem
assoreamento, causando a redução da secção do canal de drenagem, com o aumento de
possibilidade de enchentes. No que se diz respeito à qualidade da água, ocorre a
depreciação tanto do meio físico, quanto biótico e antrópico.
Quanto ao meio físico, ocasiona a depreciação em função de líquidos contaminados
por substâncias tóxicas presentes nos RSU, aumenta a turbidez, decomposição da fração
orgânica, alterações do potencial hidrogeniônico (pH) e diminuição da capacidade
diluidora de substâncias químicas.
No que está relacionado ao meio biótico, em função dos danos causados a ictiofauna,
como mortandade de peixes, extinção de espécies.
O meio antrópico afeta as características cênicas, aspecto visual, com depreciação do
aspecto paisagístico, da saúde e qualidade de vida da população do entorno, em
decorrência de tornar-se imprópria para uso doméstico nas condições naturais, atividades
46
recreativas, propiciando a ocorrência de doenças de veiculação hídrica, associada à maior
incidência de agentes patogênicos, comprometendo a saúde da população.
4.1.2 Descarte de RSU nos logradouros e/ou lotes
Em alguns locais da área urbana onde foram colocados tambores para descarte de
RSU, freqüentemente, ocorrem transbordamentos, conforme registros fotográficos
apresentados na FIGURA 2.
A
B
FIGURA 2: Aspecto visual do transbordamento de RSU descartado nos tambores coletores, maio 2006.
Além de impactos visuais, são significativos os transtornos, principalmente para as
residências localizadas no entorno, em virtude do foco de vetores, bem como, dificulta o
serviço de coleta desses resíduos. Observa-se que os resíduos espalhados na rua são de
sacolas plásticas utilizadas no envase, que foram rompidas por catadores para segregarem
os materiais com potencial para reciclagem ou por cães à procura de alimentos
(FIGURA 3).
47
A B
FIGURA 3: (A) Aspecto visual do transbordamento de RSU descartados nos coletores, maio de 2006; (B) cão transportando sacola para busca de restos de alimentos, maio de 2006.
Como a expansão dos serviços de limpeza não acompanhou na mesma ordem de
grandeza a taxa de crescimento populacional e a expansão da área urbana e apesar da
Prefeitura disponibilizar esses serviços em toda a cidade, impactos ambientais são
observados devido o descarte de RSU em lotes vagos, nas ruas e cursos d’água.
Uma parcela da população descarta resíduos domiciliares para a coleta em dias e
horários conflitantes com os dias e horários e roteiros prestados pelo serviço público com o
agravo de estar em envase em desconformidade para ser coletado como sacolas plásticas,
baldes plásticos e/ou metálicos, bacias, caixas de papelão, estando muitos desses
recipientes sem tampa, gerando odores e atraindo vetores.
Presença de cães soltos nas ruas comprometem a qualidade da limpeza pública,
pois além de rasgarem as sacolas de “lixo” à procura de comida, espalhando os resíduos
em vias públicas, como também são descartados excrementos fecais. Similar situação é a
presença de catadores que prejudicam a qualidade da limpeza pública, porque rasgam as
sacolas de “lixo” para “garimpar” materiais com valor econômico para reciclar, deixando
os demais resíduos espalhados pelas ruas.
Associado a essa situação o descarte dos resíduos apresenta o valor 3 de magnitude
(TABELA 3) e valor 3 para importância (TABELA 4), indicando que houve variação dos
indicadores de forma expressiva, porém, sem alcance para descaracterizar o fator
ambiental considerado. Esse procedimento tem sido negativo ou adverso à qualidade
48
ambiental, considerando que a ação individual ou coletiva resulta em dano tanto a uma
resposta social quanto à perda da qualidade de vida.
Nesse particular, é fator relevante o desenvolvimento de projetos educativos com
enfoque na gestão participativa dos RSU, envolvendo os múltiplos atores sociais, como
forma de mitigar os impactos causados pela disposição inadequada dos RSU.
Foi elaborada a Rede de Interação dos impactos ambientais (Agra Filho, 1993),
causados pelos RSU descartados nos logradouros e lotes vagos, cuja representação gráfica
ou diagramática da cadeia dos impactos ambientais provenientes das inter-relações entre a
ação-efeitos-impactos (FIGURA 4), construída para identificar as conexões entre vários
efeitos ambientais resultantes das intervenções humanas (MMA, 1995).
Ocupação Urbana Irregular em áreas com declividade acentuada
em Coronel Fabriciano FIGURA 4: Rede de Interação de ocupação Urbana Irregular e descarte de RSU em
logradouros e lotes vagos. Fonte: Agra Filho, 1993.
g h i
n ml j
Desmatamento
Acúmulo de lixo
nas encostas
Ausência de saneamento
básico
Processos erosivos
Desestabilização do solo
Esgoto a céu aberto
Assoreamento decursos d’água
Desmoronamento
Contaminação local e nas baixadas
Inundações nas baixadas
Risco de vida
Danos materiais
c b a
d e f
Doenças
49
Segundo Dias (1992), as redes de interação promovem uma abordagem integrada,
enquanto que matrizes e listagens de controle limitam o pensamento à apreciação dos
fatores ambientais isoladamente. Essa metodologia deve ser trabalhada em conjunto pelos
técnicos, organizando as discussões e a troca de informações acerca dos impactos.
O delineamento das medidas ambientais, Mitigadoras ou Potencializadoras, na rede
de interação de ocupação urbana irregular está apresentado na TABELA 5.
50
TABELA 5: Delineamento das Medidas Ambientais, Mitigadoras e/ou Potencializadoras, na rede de interação de ocupação
urbana irregular.
Impacto Medida Grau de Importância Natureza Fator Ambiental Responsabilidade
a Revegetação dos taludes 2 Corretiva Biótico Prefeitura
b Programa de coleta de RSU 1 Preventiva Físico Prefeitura com a participação dos moradores
c Implantação de rede de esgotos 2 Corretiva Antrópico Prefeitura
d Revegetação dos taludes 1 corretiva Biótico Prefeitura com a participação dos moradores.
e Reflorestamento / coleta de RSU 1 Corretiva/Preventiva Biótico/Antrópico Prefeitura Municipal
f Implantação de rede de esgoto 2 Corretiva Antrópico Prefeitura Municipal
g Retirada mecânica periódica dos resíduos acumulados no leito do curso d’água
1 Corretiva Físico Prefeitura Municipal
h Reflorestamento / coleta de RSU 1 Corretiva/Preventiva Biótico/Antrópico Prefeitura Municipal
i Implantação de rede de esgoto 2 Corretiva Antrópico Prefeitura Municipal
51
51
O processo de ocupação irregular das áreas de encostas se deve à desigualdade social,
entretanto, esse fato tem como desdobramento, dentre outras coisas, o comprometimento
na qualidade dos serviços de limpeza pública, tanto pela carência de informações por parte
dos moradores desses locais, bem como pela limitação do órgão responsável pelos serviços
de ter acesso a essas áreas.
4.1.3 Situação do vazadouro “Lixão da Ponte Mauá”
A área destinada para a implantação do vazadouro equivale a 5,2 hectares e
corresponde a parte de uma propriedade privada, alugada ao Município.
Na data de trinta de junho de 2005, oficialmente foi encerrado o descarte dos RSU no
vazadouro denominado como “Lixão da Ponte Mauá” utilizado por aproximadamente 30
anos. O fechamento do vazadouro foi determinado pelo Ministério Público, sendo assim
vetado o descarte inadequado na área até então usada como vazadouro, porém até a data de
dezembro de 2005 ainda ocorria o descarte de entulhos e restos de construção civil,
objetivando realizar o aterramento dos RSU ali depositados. Embora o vazadouro esteja
desativado, ainda vem sendo adotado como alternativa para a destinação final dos RSU de
forma clandestina pela sociedade, apesar da condenação pelos órgãos de controle
ambiental, razão pela qual o trabalho de recuperação da área degradada deva fazer parte
das discussões técnicas-administrativas.
O Município de Coronel Fabriciano encontra-se em uma fase transitória, isto é, de
um lado desativou o vazadouro e está com projeto para a sua recuperação, por outro lado
está com um projeto de implantação de aterro sanitário. Para isso, a Prefeitura Municipal
contratou serviços terceirizados para que a empresa contratada efetue a disposição final de
RSU em outra área.
Considerando o aspecto legal, a gestão municipal do RSU é realizada pela SMOSU,
sendo regulamentada pelo código de postura, Lei Municipal nº 2510/95 e pela Lei
Orgânica do Município na mesma data. As tarifas para a gestão de RSU são cobradas
através de guias do Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU) equivalente a 1% do valor
do imóvel.
Juntamente com os resíduos urbanos que eram descartados no vazadouro, distante
aproximadamente 15 km do centro urbano, também eram depositados os resíduos
industriais da Companhia Acesita, acarretando danos ao solo e ao ar, além do
comprometimento do recurso hídrico, decorrente da sua proximidade ao Rio Piracicaba.
52
De acordo com informações obtidas na SMOSU, através do arquivo documental com
data de 1995 a 2004, durante o período em que o vazadouro foi operado, não foi realizado
qualquer aferição ou controle quantitativo dos resíduos descartados nessa área.
Considerando a geração de RSU per capita estimada em 0,60 kg dia-1 hab-1, calcula-se que
diariamente tenha sido descartado na área aproximadamente 60 t dia-1 de RSU e que
durante o período em que o vazadouro foi operado tenha recebido cerca de 657.000 t de
resíduos.
Segundo o SNIS (2003), no vazadouro era descartado em média de 65,8 t dia-1 de
RSU, sem discriminação quanto à classificação de natureza e classe. Além dos resíduos
coletados em Coronel Fabriciano, nesse local também eram depositados os resíduos
gerados nos Municípios de Timóteo e Marliéria. O Município de Coronel Fabriciano é o
responsável pelo gerenciamento do mesmo, não havendo registro e informações do nível
de contrapartida dos demais Municípios. Esse vazadouro funcionava sem licença de
operação, não ocorrendo por parte da administração pública nenhum tipo de planejamento
que contemplasse procedimentos de controle ambiental e uso de equipamentos para
processamento e disposição no solo estes resíduos.
Em decorrência da dificuldade de estar registrando notificações epidemiológicas de
comprometimento da saúde à população, prevista pelo Ministério da Saúde, como dados de
epidemiologia ambiental, não foi possível quantificar os danos à saúde humana e animal,
apesar de ser nítido os impactos causados no solo, água e ar (FIGURA 5).
FIGURA 5: Vista parcial do vazadouro “Lixão da Ponte Mauá” de Coronel Fabriciano,
setembro de 2004.
53
A maioria dos problemas e impactos ambientais observados na área do vazadouro
decorrente da disposição dos RSU tem sua origem nas partes altas da área, local onde se
concentrou a maior quantidade de resíduos descartados. Portanto, para a compreensão dos
impactos foi analisado integralmente toda a área, garantindo deste modo, o gerenciamento
e a qualidade ambiental tanto da área onde está inserido o vazadouro como do seu entorno.
Os impactos ambientais são decorrentes da disposição inadequada desses resíduos,
sendo detectados na área do vazadouro que afetam o ar, como, a atração e proliferação de
vetores, emanação de odores, poluição atmosférica provocado pela queima de resíduos.
A FIGURA 6 apresenta o vazadouro visto por outro ângulo, no detalhe o talude,
onde os resíduos eram despejados (A) e considerando o seu grau de inclinação observa-se
o escorrimento dos resíduos (B).
A
B
FIGURA 6: (A) Vista lateral do vazadouro, maio 2006; (B) Escorrimento dos resíduos no talude, maio 2006.
Considerando que o vazadouro situa-se numa área localizada a aproximadamente
150 m do Rio Piracicaba, verificou-se que o arraste de sedimentos do solo e de RSU foram
carreados para esse curso d’água. A erosão hídrica é, portanto, o processo que mais
contribui com fornecimento de material sedimentado no trecho que percorre a área do
vazadouro. Durante o período de pesquisa, que foi feito o registro fotográfico, estava
ocorrendo a queima de resíduos com liberação de fumaça em diferentes pontos do
vazadouro, FIGURA 7.
54
FIGURA 7: Vista parcial do vazadouro localizado à margem do Rio Piracicaba, setembro de 2004.
Durante o período em que os resíduos foram descartados no vazadouro havia a
presença de catadores (FIGURA 8).
A
B
FIGURA 8: (A) Presença de catador na segregação dos resíduos, vazadouro Coronel Fabriciano, setembro de 2004; (B) Catadora na amarração dos resíduos segregados para venda, vazadouro Coronel Fabriciano, setembro de 2004.
No início desta pesquisa, em setembro de 2004, residiam no vazadouro vinte
famílias, totalizando 126 pessoas entre adultos e crianças, cujos aspectos de algumas
residências estão apresentados na FIGURA 9.
55
A B C
FIGURA 9: Aspecto visual das residências dos catadores no vazadouro, setembro de 2004.
Os catadores dependiam diretamente da segregação dos materiais potencialmente
recicláveis como fonte de renda, cuja venda era feita para intermediários das indústrias
recicladoras localizadas na região do Vale do Aço e Belo Horizonte.
A única fonte de suprimento de água para fins de dessedentação e abastecimento para
finalidades diversas, a exemplo de cozinhar, lavar pratos e outros utensílios, higiene
pessoal etc, era uma mina d’água, estando o seu entorno com significativa quantidade de
resíduos espalhados. Devido sua localização e de sua nascente estar situada na área de
disposição dos RSU, a população usuária dessa fonte de água está predisposta à aquisição
de patologias hídricas como, giardíase, amebíase, entre outras, ocasionando o adoecimento
e perda da saúde (FIGURA 10).
56
FIGURA 10: Mina d’água localizada na área do vazadouro utilizada pelos catadores, setembro de 2004.
Com a interdição do vazadouro pela Justiça em setembro de 2005, a área foi
cercada e na entrada colocou-se um portão e nele fixou-se uma placa com os seguintes
dizeres: “Por ordem da Justiça é proibida a entrada ou permanência de pessoas ou veículos
para depósito ou catação de lixo” (FIGURA 11).
FIGURA 11: Portão de acesso à área do vazadouro, maio 2006.
57
Mesmo após o fechamento do vazadouro e da sua interdição pela Justiça foram
feitos registros fotográficos flagrando presença de criação de animais pastando na área do
vazadouro (FIGURA 12).
FIGURA 12: Criação de animais área do vazadouro interditado, maio 2006.
Após a desativação do vazadouro nenhuma medida de recuperação da área foi
implementada e apesar de não ser recomendado, freqüentemente, essa área vem sendo
invadida por bovinos e muares para pastar.
Atualmente, os resíduos descartados na área encontram-se parcialmente cobertos
pela vegetação pioneira, formada principalmente por mamonas (Ricinus communis L.) e
gramíneas, conforme pode ser observada na FIGURA 13.
A
B
FIGURA 13: Cobertura vegetal da área do vazadouro pela vegetação pioneira, maio de 2006.
58
O manejo do vazadouro apresentou o valor de magnitude 3, indicando que houve
descaracterização do fator ambiental de forma expressiva. Esse procedimento foi negativo
ou adverso à qualidade ambiental, considerando que a ação resultou em dano significativo
ao ambiente. A importância dos impactos foi avaliada tendo em vista os aspectos como
temporalidade, duração e abrangência dos impactos. Um dos aspectos pertinentes, por
exemplo, foi a proximidade do vazadouro ao Rio Piracicaba, contaminação de nascente,
além da característica topográfica da área, fator facilitador para o carreamento de
sedimentos e substâncias tóxicas para esse curso d’água. Esse fato implica que o impacto
apesar de ter ocorrido nesse local, não fica restrito somente nele, isto é, os malefícios
também têm implicação regional, visto que o Rio Piracicaba é um afluente da bacia
hidrográfica do Rio Doce.
Ainda que o vazadouro tenha sido desativado e apesar de não ocorrer, até então,
monitoramento da área por parte da Prefeitura Municipal de Coronel Fabriciano, pode se
afirmar com base na quantidade e na heterogeneidade dos resíduos depositados que os
efeitos da poluição causados pelos RSU deverão permanecer por muito tempo numa área
de abrangência local e regional.
O valor de importância e magnitude do impacto ambiental causado pelo vazadouro
alcançou o nível 3, uma vez que o nível de interferência no impacto ambiental, bem como
dos demais impactos é intensa, o que acarreta, como resposta social, perda da qualidade de
vida, decorrente do sistema de gestão municipal vigente.
Portanto, os principais impactos negativos verificados no meio físico em decorrência
dessa atividade são as depreciações da qualidade do solo quanto ao aspecto visual,
contaminação por substâncias tóxicas (produtos químicos) e metais pesados presentes nos
RSU descartados, indisponibilidade da área para uso para fins agrícolas, residenciais e
industriais, mesmo após ter o encerramento de descarte dos resíduos, desnudamento e
exposição do solo aos ventos, aumento da concentração de particulados advindos do
revolvimento do solo, depreciação do valor das áreas do entorno do vazadouro.
Quanto à depreciação da qualidade da água superficial é caracterizado em função da
exposição do solo e seu conseqüente carreamento, aumentando os riscos de assoreamento
do curso d’água localizado no entorno do empreendimento, causando a redução da secção
do canal de drenagem, com aumento de possibilidade de enchentes, visual em função do
aumento de turbidez decorrente do carreamento de particulados advindos do desnudamento
e conseqüentemente exposição do solo e, também, pela impossibilidade para uso
59
doméstico nas condições naturais, para atividades recreativas devido à possibilidade de
ocorrência de doenças de veiculação hídrica, associada à maior incidência de agentes
patogênicos.
Em função da infiltração de líquidos contaminados por substâncias tóxicos presentes
nos RSU alcançar o lençol freático fica caracterizado a depreciação da qualidade da água
subterrânea em decorrência de aumentar a possibilidade de proliferação de doenças,
afetando a saúde pública e, devido a esses fatores, há uma depreciação da qualidade de
vida.
A depreciação da qualidade do ar se caracteriza em função do aumento da
concentração de particulados, decorrentes do trânsito de caminhões e revolvimento do
solo, desnudamento e conseqüentemente exposição do solo aos ventos, concentração de
gases resultantes do processo fermentativo da fração orgânica presente nos RSU e em
função dos odores liberados no modo de disposição final.
Quanto ao meio biótico, os principais impactos negativos são verificados em virtude
do comprometimento da flora pela erradicação de vegetais na área, pela disposição dos
resíduos e, também, pelo comprometimento da qualidade ambiental criando, assim,
condições adversas para a micro e macro fauna, uma vez que há proliferação de vetores de
doenças, ocasionando maior possibilidade de acidentes com animais peçonhentos.
Em relação ao meio antrópico, os principais impactos negativos gerados são a
degradação humana em função da presença de catadores, impacto visual, catadores serem
vetores humanos de microrganismos para seus familiares e a comunidade de um modo
geral.
Assim sendo, pode ser delimitado como característica desses impactos ocorridos no
vazadouro quanto à depreciação da qualidade do solo, da água superficial e subterrânea e
do ar, como negativo, de ação minimizadora sendo de natureza corretiva tendo como fator
ambiental afetando o meio físico.
A representação gráfica ou diagramática da cadeia dos impactos ambientais,
provenientes das ações de um projeto, estabelecendo as Redes de Interação das ações-
efeitos-impactos causados pelos RSU descartados no vazadouro pode ser observado na
FIGURA 14, onde se identifica as conexões entre os vários efeitos ambientais que podem
resultar das intervenções humanas.
60
Geração de RSU
FIGURA 14: Rede de Interação dos RSU. Fonte: Agra Filho, 1993.
O delineamento das medidas ambientais (mitigadoras e/ou potencializadoras)
na rede de interação dos RSU está apresentado na TABELA 6.
q
o n ml
p
j
i hg f
e
d
cba
Aumento de insetos vetores de
doenças
Produção de chorume Atração de
catadores de lixo
Poluição dos recursos hídricos
Poluição do solo
Diminuição na diversidade biológica
Diminuição da fauna e flora
aquáticas
Mortalidade de peixes e outros organismos
aquáticos
Aumento no teor de matéria orgânica do
solo
Crescimento de espécies vegetais bioindicadoras
Aumento na quantidade de metais pesados
Contaminação de vegetais
comestíveisProliferação de
doenças
Aumento do nº de internações hospitalares
Condições sub-humanas de
sobrevivência
Acidentes de trabalho
d
61
TABELA 6: Delineamento das Medidas Ambientais (Mitigadoras e/ou Potencializadoras) na rede de interação dos RSU
Impacto Medida Grau de Importância Natureza Fator Ambiental Responsabilidade
a Coleta seletiva; Canalização para lagoas de tratamento; Biorremediação
1 Preventiva Corretiva Corretiva
Físico Prefeitura
b Armazenagem adequada dos resíduos 1 Preventiva Biótico Prefeitura
c Capacitação dos catadores; Organização dos catadores em associações 1 Preventiva Antrópico Prefeitura
d Educação Sanitária e Ambiental; Tratamento e monitoramento dos recursos hídricos
1 Preventiva Corretiva Físico Prefeitura
e Educação Ambiental e Monitoramento do solo 1 Preventiva Preventiva Físico Prefeitura
f Tratamento e monitoramento dos recursos hídricos 1 Preventiva
Corretiva Físico Prefeitura
g Monitoramento do solo 1 Preventiva Físico Prefeitura h Monitoramento do solo 2 Preventiva Físico Prefeitura
i Capacitação dos catadores; Organização dos catadores em associações 1 Preventiva Antrópico Prefeitura
j Tratamento e monitoramento dos recursos hídricos 1 Preventiva
Corretiva Biótico Prefeitura
l Utilizar plantas bioindicadoras para o monitoramento da poluição 1 Preventiva
Corretiva Biótico Prefeitura
m Tratamento e monitoramento dos recursos hídricos 2 Preventiva Biótico Prefeitura
n Educação Sanitária e Ambiental Tratamento dos recursos hídricos 1 Preventiva
Corretiva Biótico Prefeitura
o Capacitação dos catadores; Organização dos catadores em associações 1 Preventiva Antrópico Prefeitura
p Tratamento e monitoramento dos recursos hídricos 1 Preventiva
Corretiva Biótico Prefeitura
q Educação Sanitária e Ambiental 1 Preventiva Antrópico Prefeitura
62
62
Especificamente, o vazadouro está, simultaneamente, degradado sob o ponto de vista
paisagístico, de solo, do ar e da contaminação de águas subterrâneas e superficiais.
A PRCZ Consultores Associados Ltda. foi a empresa contratada pela SMOSU, no
período de agosto a dezembro de 2005, para elaboração do projeto de recuperação do
vazadouro.
A PRCZ Consultores Associados Ltda. apresentou quatro alternativas para o
envelopamento do maciço e recuperação do vazadouro, sendo selecionada a alternativa que
sugere a expansão da área do vazadouro equivalente a 5,2 hectares, ocupando espaços
laterais que se encontram degradados a 50 metros à margem direita e esquerda
respectivamente, em vez de avançar em direção ao Rio Piracicaba, que margeia o
vazadouro.
A PRCZ Consultores Associados Ltda. adotou a solução de envelopamento do novo
maciço, capa selante de argila compactada e a introdução de elementos coletores e
encaminhadores das águas pluviais, adicionados à implantação de drenos verticais para
escoamento e queima de gases, objetivando solucionar o problema de efluentes líquidos e
gasosos.
Serão realizadas sondagens do solo pela Projesol Engenharia Ltda., no sentido de se
criar bermas de equilíbrio, mudança de inclinação de taludes e modificação de altura,
considerando, hoje, equivalente a 37m de altitude de maciço sobreposto ao solo.
A área ocupada pelo vazadouro apresenta uma geometria desordenada, e foi
estabelecida como meta a correção da topografia em busca de uma configuração adequada
e ordenada para a superfície final do vazadouro ser plana, objetivando a estabilidade do
maciço, considerando que a deposição de resíduos na área foi disposta de forma aleatória e
sem compactação mecânica do solo.
Encontra-se em etapa final o projeto paisagístico que visa amenizar o aspecto visual
do vazadouro desativado e a recuperação da área degradada, e a sua posterior utilização
para desenvolver ações de educação ambiental.
De acordo com a Prefeitura Municipal de Coronel Fabriciano, através da SMOSU, no
primeiro momento, está previsto a expansão da área do vazadouro para disposição de
resíduos no maciço da área de significativa altura, tornando a nova configuração
geométrica do vazadouro que compreende a remoção dos 12 metros de resíduos
descartados por um conjunto de operações descritas a seguir:
A margem esquerda e direita do atual vazadouro, onde se encontram duas lagoas de
chorume, constituídas naturalmente devido à drenagem natural em decorrência da
63
gravidade, esse líquido será encaminhado para a Estação de Tratamento Esgoto (ETE)
operado pela COPASA e depois, a área receberá o maciço deslocado da parte superior do
vazadouro.
A preparação para a recuperação da área do vazadouro consiste em terraplanagem da
superfície do terreno para remoção da cobertura vegetal existente, sendo esse material,
posteriormente, incorporado de forma indiscriminada ao maciço durante as operações de
espalhamento e compactação. Em seguida será feito a escarificação, gradeamento e
compactação do solo remanescente. O projeto contempla, também, a execução do sistema
de drenagem das nascentes, a escavação e a instalação de tubos para canalização dos gases
presentes nesse maciço.
De acordo com o projeto das empresas PRCZ Consultores Associados e Projesol
Engenharia Ltda. será feito distribuição e compactação dos resíduos na área do maciço
em camadas de 0,6 m, formando plataformas. Ao final, resultará um terreno mais baixo e
mais estável, embora com maior área de projeção, reduzindo custos de drenagem e
cobertura vegetal, além de uma melhor proteção das margens do Rio Piracicaba, pelo fato
de ser evitado o avanço do vazadouro em sua direção (FIGURA 15).
Vazadouro
Rebaixar 12m
Área de Expansão
FIGURA 15: Projeto para recuperação da área do vazadouro.
Fonte: PRCZ Consultores Associados Ltda. (2005).
Segundo avaliação técnica realizada pela PRCZ Consultores Associados Ltda. e
Projesol Engenharia Ltda., grande parte do trabalho de construção de plataformas para a
disposição do maciço será processado do mesmo modo com se realiza a construção de um
64
aterro sanitário convencional, sendo construída de baixo para cima, utilizando as áreas de
expansão.
Segundo o projeto da PRCZ Consultores Associados Ltda. esse procedimento tem
como vantagem uma geometria final mais estável ao terreno, decorrente da altitude final
estar projetada em 25m, sendo esse um fator significativo quando avaliado a não
compactação do maciço inicial devido ao manejo utilizado, ocasionando diferentes pontos
de instabilidade do solo.
A vantagem operacional consiste em oferecer uma maior segurança, uma vez que o
resíduo descartado no vazadouro deverá ser removido de cima para baixo, por um trator de
esteira, direcionando o maciço para as áreas de expansão e outro, simultaneamente, na
operação de espalhamento e compactação do local removido.
Esse procedimento permitirá maior produtividade dos equipamentos decorrente da
movimentação e transporte de massas de resíduos e, conseqüentemente, redução do
cronograma executivo e custos operacionais.
Segundo os relatórios apresentados pelas empresas contratadas, PRCZ Consultores
Associados Ltda. e Projesol Engenharia Ltda., essa proposta possui como desvantagem o
aumento da superfície da área de disposição do maciço e maior número de drenos de gases
provenientes desse maciço.
Para a execução dessa obra foi celebrado convênio entre a Prefeitura Municipal de
Coronel Fabriciano e a FUNASA, no valor de R$ 400.000,00. De acordo com o orçamento
apresentado pelas empresas contratadas para a execução de recuperação da área degradada
do vazadouro será de R$ 476.000,00, cuja complementação no valor de R$ 76.000,00
ficará a cargo da Prefeitura (FUNASA 2005).
O cronograma executivo compreende um período de quatro meses, incluindo,
locação topográfica, cortes de terra, canalização e compactação do fundo, movimentação
dos RSU antigos, construção de drenos verticais e horizontais, tal como sistema de
drenagem dos gases e implantação do projeto paisagístico.
A data prevista de início não foi determinada pela SMOSU, pendente, assim uma
avaliação do cronograma apresentado pela PRCZ Consultores Associados Ltda.
Nesta fase transitória em que o vazadouro foi desativado e está sendo projetado o
aterro sanitário e, sendo feito a reestruturação dos serviços de limpeza, em setembro de
2005, foi firmado um contrato entre a Prefeitura e a empresa Construtora Queiroz Galvão
Ltda., que é proprietária de um aterro controlado, localizado a 50 km do centro municipal,
65
para receber os RSU de Coronel Fabriciano por 12 meses, tendo sido esse contrato
renovado por período igual, depois de expirado a data do contrato.
4.1.4 Análise do aterro sanitário
Em 1998, os municípios de Coronel Fabriciano e Timóteo iniciaram um trabalho na
busca de solução comum para implantar o Consórcio Intermunicipal de Gestão de RSU e
devido a uma série de fatores de cunho político-administrativa não foi concluído. Em 2004,
foi oficializado esse consórcio, regulamentando as ações conjuntas para construção,
gerenciamento, operação do aterro sanitário e encerramento posterior da área utilizada
como vazadouro a céu aberto. Após avaliação técnica da área para construção do aterro
sanitário foi definida a implantação do empreendimento no Município de Coronel
Fabriciano, bem como definido a recuperação da área do vazadouro. Ao Município de
Timóteo ficou a incumbência da construção da estrutura física do novo aterro.
Para isso, foi firmado convênio com a FUNASA (2005) no valor equivalente a R$
400.000,00, cujo recurso financeiro registrado com nº 2302/05, publicado no Diário Oficial
da União em 30/12/2006, seção 3, deverá para ser debitado dentro do prazo do contrato,
compreendido entre 15/12/2005 até 15/12/2006 (PMCF, 2005).
O recurso financeiro destinado à execução dessa obra não é suficiente para a sua
conclusão, sendo o restante complementado pelos Municípios consorciados. Foi elaborada
uma planilha de estimativa de custos da obra pela empresa PRCZ Consultores Associados
e Projesol Engenharia Ltda. cujo valor estimado foi de R$ 942.000,00 (PMCF, 2005).
Em setembro de 2005, objetivando uma solução mais imediata, foi firmado contrato
entre a Prefeitura Municipal de Coronel Fabriciano com a empresa Construtora Queiroz
Galvão Ltda., proprietária de um aterro controlado, localizado a 50 km do centro municipal
por um período equivalente a 12 meses, no valor anual de repasse de R$ 776.520,00 para
manejo e destino final dos resíduos de acordo com a classificação NBR1004/2004.
A coleta domiciliar é de responsabilidade da empresa privada Construtora Ápia Ltda.,
mantenedora do corpo de funcionários e gestora dos veículos municipais para a coleta.
Na implantação do aterro (FIGURA 16), envolveu, inicialmente, a etapa de
derrubada da vegetação nativa. A essa etapa estão relacionados os impactos principais que
o meio biológico irá sofrer, como por exemplo, a diminuição de habitat natural, e a perda
da biodiversidade na flora e na fauna, decorrente do método de gestão municipal em vigor
quanto aos RSU.
66
FIGURA 16: Vista parcial do aterro sanitário, maio 2006.
Esse empreendimento é um sistema terceirizado, operado pela Empresa Queiroz
Galvão Ltda., que cobra por tonelada aterrada. Além de receber os RSU gerados em
Coronel Fabriciano, também recebe os resíduos gerados na cidade de Timóteo, Ipatinga,
Santana do Paraíso e Belo Oriente.
O empreendedor solicitou à Fundação Estadual de Meio Ambiente (FEAM) a
Licença de Operação (LO) do aterro sanitário, que analisou o processo e emitiu parecer
técnico e jurídico favorável, e o encaminhou para a deliberação do Conselho de Política
Ambiental (COPAM) que deferiu parecer favorável pela concessão da LO. Entretanto, esse
licenciamento ambiental está atrelado ao projeto de recuperação do vazadouro.
A concepção do aterro atende à legislação em vigor, pois além das instalações dos
equipamentos previstos no projeto, toda a base do aterro foi impermeabilizada com
geomembrana (FIGURA 17).
67
FIGURA 17: Geomembrana utilizada para revestimento da base e das laterais do aterro sanitário, maio de 2006.
Dentro da área do aterro sanitário foi preparada uma área destinada exclusivamente
para aterramento de resíduos sólidos de serviços de saúde - RSSS (FIGURA 18).
FIGURA 18: Vista parcial da área destinada ao aterramento de RSSS, localizada na área interna do aterro sanitário, maio de 2006.
68
Os RSSS são coletados em Coronel Fabriciano pela SMOSU. Essa coleta é realizada
em separado dos RSU. Para isso, a Prefeitura dispõe de veículo adaptado (Pick-up Fiat
Fiorino), não sendo cobrada nenhuma taxa aos geradores, compreendidos por dois
hospitais de atendimento de atenção primária e doze unidades básicas de saúde para
atendimento de promoção à saúde, na qual não é realizado nenhum gerenciamento destes
resíduos nas instituições de saúde.
Na pesquisa de campo foi confrontada a situação real com a atividade inerente ao
funcionamento de um aterro sanitário. Observou-se que apesar do empreendimento ser
considerado como um aterro sanitário e ser administrado pela empresa contratada com
experiência no ramo, sendo inclusive reconhecida pelo órgão público (FUNASA), foram
detectados alguns problemas operacionais de acordo com parecer do órgão fiscalizador,
FEAM, em visita técnica realizada em outubro de 2006, conforme notícia vinculada na
mídia local por realizar processos de compostagem e reciclagem de forma pouco
representativa e, por não ocorrer canalização e reutilização dos gases produzidos em
decorrência do aterramento, estando assim suas atividades inconclusivas.
O modo como o aterro vem sendo operado verifica-se que alguns impactos negativos
estão sendo mitigados no sentido de tornar a sua abrangência apenas local, isto é, apenas
na área ocupada pelo empreendimento e alguns impactos positivos ou benéficos estão
sendo potencializados, possibilitando que as ações resultem numa melhoria da qualidade
de vida ainda que não contemple sua plenitude.
4.1.5 Descrição do órgão de Limpeza Urbana de Coronel Fabriciano
Anterior à administração pública, iniciada no ano de 2004, os procedimentos de
registro municipal eram de forma desordenada e pouco técnica. O conjunto de dados
apresentados possui como características predominantes a indefinição das atribuições pela
competência institucional para a gestão de RSU, escassez e falta de sistematização de
dados, pouca confiabilidade nos dados de base, variação e desarticulação dos órgãos e
entidades ligadas ao serviço. Isso pode ser atribuído à deficiência de capacitação dos
encarregados pelo serviço de limpeza urbana, muitas vezes contratados para ocupar cargos
apenas por indicação política, não tendo autonomia administrativa.
Essas constatações demonstram que apesar das iniciativas de melhorar a gestão de
RSU no Município se fazerem necessários, antes de tudo, é preciso configurar uma
estrutura sistematizada de coleta, processamento e verificação da consistência de
69
informações alcançadas. Deve ser ainda avaliado os valores de repasse anual à Construtora
Queiroz Galvão pelo período fixado em doze meses, a ser pago pelo município, uma vez
que esses valores se aproximam do estimado pela PRCZ para a construção do aterro
municipal e assim se possa resolver a questão de destinação final, de forma racional e
definitiva, até que se expire a vida útil desse aterro.
A natureza jurídica do órgão de Limpeza Urbana é ligada à SMOSU. As cobranças
pelos serviços são realizadas como taxa de Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU) e
classificados como forma regular e não há diferenciação para RSU especiais.
De acordo com o SNIS (2003), as receitas foram orçadas em R$ 1.682.492,00 para o
setor de limpeza pública. Não há registro quanto ao valor arrecadado. Segundo o agente
executor, as despesas com limpeza urbana deparam com as cifras de R$ 1.556.662,00.
Descrita ainda uma despesa corrente do município de R$ 27.406.488,00. Esse montante
equivale a 6% da arrecadação municipal destinada à SMOSU. A Prefeitura não declara o
valor quanto ao recebimento de recursos federais para manejo adequado dos RSU. O setor
de limpeza urbana é constituído de um de corpo de funcionários estatutários num total de
12, e privado, estando distribuídos da seguinte forma: 30 para coleta de RSU, 57 para
varrição e 8 com função gerencial, perfazendo um total de 95 trabalhadores, permanecendo
estes no quadro fixo, não sendo considerados, aqui, trabalhadores de frente temporária,
como capina, pintura de meio fio, podas.
Quanto às despesas, segundo o tipo de serviço prestado, a coleta de RSU domiciliares
e públicos soma o equivalente a R$ 524.076,00. Não foi computado o valor de coleta de
RSSS. Quanto à varrição e logradouros são gastos R$ 1.001.347,00 e demais serviços,
inclusive com administração que soma R$ 31.239,00 (SNIS, 2003).
Quanto ao orçamento municipal, esse é definido de forma participativa,
contemplando satisfatoriamente a execução dos serviços de limpeza urbana, de forma a
universalizar o atendimento que seja socialmente justo e ambientalmente sustentável,
reduzindo os riscos de ocorrerem doenças associadas aos RSU, principalmente da
população exposta a estes.
De acordo com os dados expedidos pela Prefeitura para elaboração do Diagnóstico
do Manejo de RSU, elaborado pelo SNIS (2003), a população atendida pelos serviços de
coleta de RSU alcançou, em 2004, a 96.500 habitantes na zona urbana, representando 96 %
da população atendida. Desse total, 10% da população é servida todos os dias pelos
serviços de coleta, 83% duas ou três vezes por semana, 3% uma vez por semana e 4% não
70
possuem coleta sistemática. Em Coronel Fabriciano não há coleta noturna de resíduos.
Esses serviços são executados durante o dia, com término previsto para as 15horas.
O serviço de limpeza urbana executa de forma esporádica, não sistematizada, a
limpeza de bueiros, poda de árvores, remoção de animais mortos e entulhos. A Prefeitura
não realiza atividades como limpeza de lotes vagos, coleta de pneus velhos, baterias e
resíduos volumosos. Assim, frequentemente são encontrados esses resíduos dispostos em
vias públicas, ocasionando, no período chuvoso, enchentes devido o entupimento de
bueiros, acidentes ocasionados por quedas de árvores, elevando assim os indicadores de
saúde como, mortalidade por acidente e patologias transmitidas por vetores como ratos,
carrapatos e outros.
De acordo com o SNIS (2003), em Coronel Fabriciano, a proporção entre a
população residente e o número de servidores públicos ou de prestadores de serviços para a
coleta e destinação final, equivale a 1,1% de coletadores e a 0,3% motoristas para cada
1.000 habitantes e as despesas per capita correspondem a R$ 15,68 ao ano, com uma folha
de vencimentos equivalentes a R$ 14.584.250,00 ao ano, comprometendo 5,7% das
despesas municipais.
A incidência de despesas com empresas contratadas é de 94,3% do valor descrito,
sendo 83,3% de incidência sobre o manejo dos RSU e 11% com despesas em folha de
pagamentos e despesas administrativas como, telefone, água e luz de escritório no qual se
encontra instalado o serviço de limpeza urbana.
4.1.6 Avaliação gravimétrica dos RSU
Foi realizada a avaliação da composição gravimétrica dos RSU determinada
mediante análise de amostra de RSU coletados pelos caminhões coletores e transportada,
para área anexa ao vazadouro onde o trabalho desenvolveu-se no período em que
antecedeu ao seu fechamento. Como também, a segregação aleatória de dois terços do
conteúdo transportado e realizado sua avaliação.
A distribuição percentual da composição gravimétrica das frações que compõe os
RSU de Coronel Fabriciano está apresentada na TABELA 7.
71
TABELA 7: Distribuição percentual das frações que compõe os RSU de Coronel Fabriciano
Fração componente RSU % %
Papel 5,59
Papelão 4,49
Plástico rígido 2,78
Plástico filme 3,33
Metais ferrosos 3,61
Vidros 1,19
Metais não ferrosos 0,82
Materiais potencialmente
recicláveis 21,81%
Couro 0,06
Louças 0,43
Madeira 0,46
Terras e similares 5,23
Trapos 1,50
Poda e varrição 2,62
Resíduos sépticos 1,50
Rejeitos 11,74%
Matéria orgânica 67,45 Materiais compostáveis 67,45%
Total 100% 100%
Fonte: Pesquisa de campo, outubro 2005.
Aproximadamente, 22% dos RSU possuem potencial de reciclagem, sendo 67,45 %
para compostagem e 11,74% representam a fração de rejeitos e que devem ter como
destino o aterramento.
Os resíduos sépticos (considerados como resíduos especiais) são originados nos
serviços de saúde e correspondem a 1,5%, equivalente a média de 150 kg dia-1, quantidade
considerada inferior a média preconizada pelo Ministério da Saúde para cidades desse
porte.
O levantamento quantitativo dos RSU, coletados em Coronel Fabriciano, no ano de
2005, está apresentado na TABELA 8 e foi obtido mediante pesagens realizadas em
balança rodoviária fornecido pela empresa contratada para a destinação final dos RSU e
processada a mensuração por um período de doze meses por compreender o período da
pesquisa.
72
TABELA 8: Levantamento quantitativo dos RSU coletados em Coronel Fabriciano
Mês Quantidade de RSU coletados (t mês-1)
Janeiro 1.563,39
Fevereiro 1.333,94
Março 1.097,07
Abril 1.151,65
Maio 1.140,56
Junho 1.155,48
Julho 1.163,09
Agosto 1.243,84
Setembro 1.203,58
Outubro 1.259,95
Novembro 1.319,48
dezembro 1.521,48
Σ Total anual 15.153,51
Média mensal 1.262,79
Média diária 42,09
Fonte: Construtora Queiroz Galvão Ltda., 2005 e 2006.
Com base nos dados apresentados na TABELA 8 observa-se que a quantidade média
de RSU corresponde a 42,09 t dia-1. Estima-se que a quantidade recolhida represente
aproximadamente 75% dos resíduos gerados, considerando que a população urbana
residente e a população flutuante que diariamente visitam a cidade são em torno de
100.000 habitantes e o per capita estimado é de 0,6 kg dia-1 hab-1 de RSU.
Com base nessa análise, a diferença entre os RSU gerados e os coletados representa o
percentual de resíduos que não foram recolhidos pelo Serviço Público de Limpeza Urbana.
O percentual que deixou de ser coletado, quer seja pela não disponibilização do serviço por
parte da Prefeitura, quer seja pela indiferença e/ou insensibilidade por parte da
comunidade, são descartados em diferentes locais, tais como em lotes vagos, nas ruas, em
cursos d’água, margens de rodovias, queimados, enterrados no quintal da própria casa do
gerador etc.
73
Esse descarte clandestino gera um grande impacto ambiental no solo, na água e no ar,
tendo como desdobramento redução dos indicadores de qualidade de vida, afetando a
saúde do homem e de outros seres vivos.
4.1.7 Delimitação da área urbana
A realização de um mapeamento municipal quanto às áreas a serem coletadas se fez
necessário em decorrência da otimização dos recursos econômicos disponíveis e
operacionalização de mão de obra.
Os arquivos do setor de SMOSU constavam documentação com data de 1995,
estando-os defasados quanto à delimitação e demarcação municipal de coletas de RSU.
Ao ser realizado o trabalho de campo com o acompanhamento no caminhão
coletador, executada a avaliação do mapeamento municipal quanto às vias de acesso,
itinerários traçados para coleta dos RSU, demonstraram uma deficiência no planejamento o
que ocasionava o descarte inadequado dos RSU, tal como desrespeito ao dia, hora e local.
A FIGURA 19 está apresentando o mapa de freqüência de coleta dos RSU.
Freqüência de Coleta
-- Diária ira
adoFonte: PMCF, 2006. -- 2ª, 3 ª e 4 ª, fe
-- 3 ª, 5 ª e sáb
Freqüência de Coleta Diária
2ª, 3 ª e 4 ª, feira
3 ª, 5 ª e sábado
FIGURA 19: Mapa da área urbana de Coronel Fabriciano com as freqüências de coleta dos RSU.
Fonte: PMCF, 2006.
74
A área urbana destacada nas cores amarela e verde são atendidas pelo serviço público
de coleta dos RSU apenas 3 vezes por semana, em dias alternados. A área destacada em
vermelho é atendida, diariamente, pelo serviço público de coleta dos RSU.
Realizada observação atenta quanto ao tráfego, atividades predominantes da área,
produção e apresentação dos RSU, adequando o serviço à peculiaridades do município, a
distribuição dos serviços de coleta foi dividida em sete regionais, em decorrência de fatores
administrativos e operacionais.
Para esse mapeamento se fez necessário um pré-dimensionamento em função da
produção diária de resíduo estimada, capacidade dos veículos a serem utilizados e o tempo
de percurso durante a operação de coleta e disposição final.
Visando um aprimoramento dos dados cadastrais e uma pré-operação dos trajetos foi
feito levantamento de dados em campo e registros cartográficos do município, levando-se
em consideração a existência de dados irregulares e equivocados quanto a distância, o
tempo gasto na coleta, análise do relevo local, sistema viário existente quanto larguras das
avenidas, tráfego e mão única.
Consideraram-se, ainda, as condições de pavimentação das vias, local designado para
guarda de veículos após o término dos serviços, diferentes zonas de ocupação, tais como
residências e comércio. Foram realizadas análise e proposta de rotas de coleta, tal como
redefinido o trajeto de coleta dos RSU, em cada uma regional, em parceria com a empresa
contratada para este fim, assegurando uma melhoria na eficiência dos serviços prestados.
A FIGURA 20 e FIGURA 21 representam a rota a ser realizada após este estudo.
75
76
Trajeto de Coleta Domiciliar e Comercial Setor: Centro
FIGURA 20: Trajeto de coleta domiciliar e comercial setor Centro. Fonte: PMCF,2006.
76
Trajeto de Coleta Domiciliar e ComercialSetor: Amaro Lanari
Fonte: PMCF, 2006.
77
Trajeto de Coleta Domiciliar e Comercial Setor: Amaro Lanari
FIGURA 21: Trajeto de coleta domiciliar e comercial setor Amaro Lanari.
Fonte: PMCF, 2006.
77
Verificou-se, também, que o sistema encontra-se deficitário porque algumas áreas
apresentadas nos registros cartográficos como sendo realizada a coleta de RSU não atende
conforme descrição, tendo como principal justificativa o difícil acesso, gerando assim uma
disposição inadequada de resíduos nas vias públicas.
Observou-se que o sistema de coleta do Município encontra-se carente de
reestruturação e apresenta urgência de um redimensionamento, buscando entre as
necessidades apresentadas, uma cobertura mais efetiva.
Cabe salientar que para um bom andamento dos serviços de limpeza pública, a
estrutura organizacional do órgão responsável por esses serviços deverá ser replanejado,
porque em decorrência de limitações de ordem econômica e técnica ocorrem deficiências
operacionais que podem causar danos ambientais. Notou-se, também, que não tem sido
contemplada, de forma satisfatória, a gestão diferenciada de cada tipo de resíduo gerado,
razão pela quais os impactos ambientais negativos têm sido potencializados, quando
deveriam ser minimizados, mediante a adoção de medidas mitigadoras que contemple a
segregação na fonte e tratamento diferenciado. Nesse contexto, foram avaliadas questões
mais perceptíveis na relação RSU e impactos ambientais, buscando relacionar causa e
efeito, mediante a identificação de impactos ambientais, conforme apresentados na
TABELA 9 - Matriz comparativa dos RSU, fatores e os impactos ambientais.
78
Resíduo Etapas Fatores Impactos Acondicionamento Depositados nas vias públicas, misturados,
presença de animais e catadores, entupimento de bueiros.
Proliferação de vetores e epidemias
Coleta e transporte Indiferenciado Acidente e patologias de trabalho dos coletadores, perda materiais potencialmente recicláveis. Domiciliares
Destinação final Baixa compactação, presença de chorume e gases.
Contaminação do lençol freático, desvalorização imobiliária do entorno, poluição visual, degradação da área urbana.
Interno Segregação e acondicionamento inadequado.
Proliferação de vetores, infecção hospitalar, contaminação do ambiente.
Coleta interna Indiferenciada, carros coletadores inadequados. Contaminação no manuseio.
Coleta externa Veiculo adaptado, coletadores em contato com os resíduos.
Contaminação no manuseio, patologia do trabalho, disseminação de material biológico.
Serviços de saúde
Destinação final Vazadouro a céu aberto seguido de queima, presença de chorume e gases.
Contaminação do lençol freático, ar, coletadores, mudança microbiológica do solo.
Acondicionamento Vias públicas, caçambas sem monitoramento pelo órgão municipal, perdas no deslocamento.
Facilitador para inundações, proliferação de vetores, poluição visual
Coleta e transporte Indiferenciado, caminhão carroceria aberto.
Não utilização racional nas obras ocasionando novas retiradas de materiais dos recursos naturais.
Construção Civil
Destinação final Vazadouro a céu aberto. Aceleração do esgotamento da área, degradação ambiental, instabilidade do maciço.
TABELA 9: Matriz comparativa quanto aos RSU e os impactos ambientais ocasionados
79
79
Resíduo Etapas Fatores Impactos
Acondicionamento Vias públicas até coleta, alagamento. Proliferação de vetores.
Coleta e transporte Indiferenciada Aceleração do esgotamento da área, degradação ambiental, instabilidade do maciço.
Limpeza urbana, podas e feiras livres. Destinação final Vazadouro a céu aberto
Material em decomposição, odor fétido, contaminação dos elementos naturais, proliferação de vetores.
Industrial Especial Sucatas e inservíveis Meio Rural
Inexistência de serviço. Vias públicas e Rio Piracicaba. Contaminação dos elementos naturais sem monitoramento ocasionando modificação do ecossistema.
Perda material, poluição visual e contaminação do ambiente por metais, perdas da fauna e flora.
80
“TABELA 9, Cont.”
80
4.1.8 Gestão municipal
A coleta de resíduos sólidos domiciliares é realizada pela Construtora Ápia Ltda.,
vencedora do Edital de Concorrência Pública nº 01/98, com vigência nesta atual
administração.
Essa atividade é entendida pelas contratantes como o conjunto que envolve o
recolhimento, transporte e pesagem dos RSU, exclusivamente domiciliar, incluindo aqui os
referentes ao comércio local. É executada nas vias e logradouros públicos, com freqüência
diária distribuída dentro de uma escala de dias e horários a serem cumpridos, exceto
domingos e feriados, utilizando equipamentos coletores compactadores.
São utilizados, para esse fim, os seguintes recursos pela empresa terceirizada: 5
caminhões compactadores de resíduos - modelo M. Benz 1718 K, ano 1998; 2 dispositivos
de basculamento de contêineres. A Construtora Ápia Ltda. dispõe para realizar esse serviço
de: 5 motoristas, 20 coletores, dois engenheiros com formação ambiental, estrutura
administrativa e uma secretária. A empresa ocupa um loteamento, de aproximadamente
600m², para guarda e manutenção dos caminhões coletadores.
Devido o contrato de prestação de serviço ser parcial, o Município, no papel
representado pela SMOSU, mantém um grupo de trabalho para realização das demais
coletas de resíduos, assim constituídos: 3 caminhões basculantes; 1 caminhão
poliguindaste; 3 caçambas; 2 caminhões basculantes; 3 carrinhos de mão para coleta
especial, com capacidade de 170 L; 1 Pick-up; 2 veículos leves.
A estrutura usada para abrigar os veículos coletores e demais equipamentos do Setor
de Limpeza Urbana localiza-se na área central da cidade, tendo sido feita uma adaptação
para os fins a que se destina. Essa estrutura é antiga e inadequada, tanto sob o ponto de
vista operacional, quanto o de saúde pública. Além do odor expelido pelos dos caminhões
coletores, ocorre a atração de muitos vetores, a exemplo de moscas, causando transtornos
em toda a vizinhança, visto que parte desses vetores são atraídos e/ou mesmo transportados
pelos próprios veículos da área do aterro para o perímetro urbano.
Os trabalhadores do Serviço de Limpeza Urbana não dispõem de um ponto de apoio.
No horário do almoço, por exemplo, estacionam o veículo nas vias públicas para fazerem
suas refeições e muitos deles o fazem dentro do próprio veículo.
Consideram-se as atividades administrativas, que são desempenhadas no centro da
cidade, local também destinado à manutenção dos veículos coletores de RSU. Entretanto, a
responsabilidade maior com o ambiente se dá ao longo da via pública, durante os roteiros
81
de coleta no local de disposição dos resíduos, incluindo aqui aquelas terceirizadas, haja
vista que a responsabilidade pela gestão dos RSU é de gestor público.
Nesse sentido, relacionou-se o tipo de resíduo, o acondicionamento em vias públicas,
coleta, transporte, destinação final, aspecto e observação sobre a forma como é encontrado
em todo o processo, conseqüência no meio em função das suas características e do local
em que está disponível.
Faz-se necessário priorizar a diminuição dos impactos ambientais causados pela
gestão e destinação inadequada dos resíduos, pela não percepção da importância que cada
um dos materiais possui, fazendo com que grandes áreas sejam destinadas para o depósito
final dos materiais, resultando que, a um só tempo, que se destinem gastos significativos
em relação ao uso inadequado do solo.
Algumas sugestões de ações, serão relacionados de forma integrada, a fim de permitir
a valorização dos recursos naturais, a sua utilização na satisfação de necessidades humanas
e proporcionar a economia de áreas para a disposição de materiais, além de dispor a
comunidade de serviços públicos ligados à questão dos resíduos sólidos, de modo racional,
protegendo o meio ambiente como um todo.
Dessa maneira, é visto a deficiência na gestão dos RSU, como principal impacto
ambiental a destinação inadequada dos resíduos sólidos gerados, em função das
conseqüências que acarretam tais como vetores e poluição visual. Para este estudo,
consideramos o vazadouro a céu aberto como o impacto ambiental prioritário, com toda a
significação ambiental que está associada.
A diminuição do volume de material, além do encaminhamento à produção,
proporcionaria menor possibilidade de contaminação, permitindo a criação de atividades
associadas, agregadoras de valor aos resíduos, a geração de empregos, a preservação de
recursos naturais, maior facilidade de monitoramento e gerenciamento do serviço.
Os custos ambientais associados à utilização de áreas para aterros sanitários,
manutenção, administração e sua operação ficariam, proporcionalmente, diminuídos, assim
como o aumento da capacidade de armazenamento, por tempo de utilização. Em relação
aos resíduos de serviços de saúde, a separação adequada dos diversos tipos de resíduos de
acordo com as Normas da ABNT, NBR 12807, NBR 12808, NBR 12809 e NBR 12810,
consentiria aos estabelecimentos prestadores de serviços de saúde entrarem no roteiro de
coleta seletiva urbano, a caracterização efetiva dos resíduos considerados contaminados,
para a efetiva otimização do processo.
82
Essa separação possibilitaria o encaminhamento dos resíduos de sobras de preparo de
alimentos a pátios de compostagem e os remédios vencidos seriam remetidos de volta aos
fabricantes, na conformidade legal.
Os resíduos oriundos de podas e feiras devem ser coletados diferenciadamente. E em
função de sua composição terem destinos mais adequados, sendo direcionados para o
mesmo espaço físico da disposição final dos resíduos do município, por isso sofreriam um
trabalho agregado de valor, transformando os troncos em lenha, assim como os galhos
menores e as folhas iriam para o pátio de compostagem.
Quanto aos resíduos de processos industriais, a eficácia pode ser dada através do
oferecimento de serviços de coleta e destinação final dos resíduos, visto que os geradores
desses produtos serem responsáveis por toda a cadeia, desde a geração até o descarte, o que
faz com que as Prefeituras não interfiram. Os órgãos ambientais estaduais e federais
precisam se adequar em sua estruturação contribuindo, assim, para uma fiscalização
eficiente não acarretando impactos ambientais, que certamente ocorrerão sem a percepção
da comunidade, o que provocaria a impossibilidade de providências mitigadoras.
A minimização dos impactos ambientais gerados pelos entulhos dar-se através do
serviço de coleta e destinação convenientes desses materiais, oferecido pelo poder público
ou delegado a empresas prestadoras de serviços de limpeza urbana. Como proposta, seria
desenvolvido um sistema de cadastro de pessoas que solicitassem um aterro, junto à
Secretaria Municipal de Obras e Limpeza Urbana, para que o material seja destinado após
a sua retirada do local de geração, através de contêineres específicos para esse fim. Não
havendo necessidade de estações de transbordo, denominado como bota-fora, nem o
encaminhamento inadequado ao destino final do município. A melhoria poderia ser sentida
na diminuição das possibilidades de alagamentos em vias públicas, em função da
permanência dos materiais por longos períodos de tempo, e sem muito cuidado junto aos
meio-fios e bueiros.
Procedimentos conforme descritos reduziriam os descartes inconvenientes
relacionados à gestão dos RSU, tal como os impactos ambientais.
A caracterização dos RSU associados aos investimentos e valores agregados, do
Município de Coronel Fabriciano ainda não está bem definida, apesar dos RSU
apresentarem elevados percentuais de reintegração ambiental, que em termos de
quantificação em peso equivalente, a composição apresentou 21,81% de materiais
potencialmente recicláveis e 67,45 % de potencial para compostagem. Assim, pode-se
projetar uma agregação de valor significativa, que hoje é considerado não só zero valor,
83
mas valor negativo, porquanto significa o uso de energia, insumos diversos, trabalho,
desperdício de materiais e espaço físico com utilização depreciada. A utilização de um
aterro sanitário em que fossem lançados somente aqueles rejeitos, realmente sem
capacidade atual de uso, resultaria em otimização dos serviços e materiais.
Deve-se considerar as necessidades relativas aos tipos de transporte indispensáveis
para a coleta dos materiais de uma forma diferenciada, como também, a estrutura
administrativa, aquisição de área para a instalação do aterro sanitário, a estimativa de
custeio relativo à operação, administração e manutenção do empreendimento;
equipamentos para os serviços de compactação e pesagem; tratamento de materiais
perigosos, tratamento de chorume, e outros associados a essas funções fundamentais.
Importante notificar que coletas realizadas, como projetadas anteriormente, o volume
a ser destinado, finalmente, será reduzido a somente aquele percentual mínimo ainda
indesejável, o que permite inferir sobre a economia com o espaço físico.
Associe-se a isso a característica de adequação dos recursos, porquanto, ao mesmo
tempo em que se utiliza o aterro sanitário para a proteção real contra a poluição por
resíduos, o custo de implantação fica reduzido, em função da diminuição do volume,
promovendo uma minimização proporcional nos aspectos relativos a tratamento,
equipamentos, mão-de-obra, custo de desapropriação e infra-estrutura.
Serão sintetizadas as providências exigidas para tornar efetiva a melhoria nos
impactos ambientais:
Utilização de um aterro sanitário tecnicamente definido. Para esse procedimento,
existe a necessidade de destinação de recursos orçamentários e a busca de financiamento
para conclusão do projeto.
Implantação e concomitante atenção para os respectivos reaproveitamentos dos
materiais de coleta seletiva dos resíduos recicláveis, coleta especial para RSSS, coletas
diferenciadas para resíduos compostáveis de feiras, coleta de entulhos e coleta de sucatas.
Para a implantação desse serviço é necessário que se estabeleça política municipal,
acompanhada por trabalho de educação ambiental com os atores sociais, por tipo de coleta,
campanha educativa para a população, busca de financiamento para compra de veículos,
treinamento de mão-de-obra, administração e manejo na coleta quanto à definição dos dias
e dos trajetos a serem percorridos, considerando aqui o distanciamento do centro
municipal, o que acarreta diretamente aumento dos custos a longo prazo.
84
4.1.9 Proposta do Plano de Gerenciamento Integrado dos RSU em Coronel
Fabriciano
O referido serviço não apresenta os quesitos considerados importantes dentro da
literatura consultada como a inexistência de oferta de serviços de forma representativa de:
coleta seletiva, compostagem e reciclagem dos resíduos ali destinados. Porém, contempla
quanto à cobertura dos RSU ali depositados de forma regular.
O assunto é apresentado também por Jardim (1995), e detalhado na norma NBR 8419
(ABNT, 1992), em função de sua implantação por legislação. Ainda pode ser encontrada
citação sobre resíduos sólidos da OMS (Organização Mundial da Saúde, 1980) a respeito
da definição de aterro sanitário como sendo um método de engenharia para disposição de
resíduos sólidos sobre o solo de uma maneira que proteja o ambiente, através do
espalhamento dos resíduos em camadas finas, compactando-os ao menor volume prático
possível e cobrindo-os com terra ao fim de cada dia de trabalho.
Segundo Eigenheer (1999), essa forma de entender a função dos aterros sanitários
como sendo depósito de todo e qualquer tipo de resíduo sólido está previsto para ser
revista, uma vez que eles não são somente uma obra de engenharia, mas devem apresentar
uma função social preponderante, se forem operados dentro de algumas especificações
mais restritivas, proporcionando aproveitamentos de recursos ao invés de destiná-los ao
solo.
Os aterros sanitários estão associados aos altos custos de todas as suas etapas, desde o
projeto até a operação. Devem ser fechados ao atingirem sua vida útil e manter um custo
não retornável com o processo de monitoramento dos mesmos, quanto a gases liberados,
compactação do solo entre outros (Eigenheer, 1999).
Para ser avaliado o custo real à manutenção de um sistema de administração de RSU
deve ser estabelecido uma sistemática que discrimina os resíduos em relação à natureza de
sua composição, suas possibilidades de reaproveitamento e as formas de gerenciar, sob
uma ótica sistêmica.
A disposição final dos resíduos sólidos deverá passar por critérios econômicos, por
uma triagem qualitativa que encaminhe ao destino final somente aquilo que ainda não se
tenha encontrado soluções tecnológicas e, sociais, mais apropriadas.
Dentro dessa perspectiva, investiga-se a respeito dos RSU, suas possibilidades
sociais, seus custos crescentes, as viabilidades de utilização de novas idéias para velhos
85
problemas, um viés alternativo de entendimento que possa sensibilizar o poder público e as
comunidades a respeito do tema.
A sistemática adotada é o que se denomina como Plano de Gerenciamento Integrado
de Resíduos Sólidos (PGIRSU), se referindo ao reconhecimento de possibilidades de
práticas a associar aos materiais destinados aos vazadouros ou aterros sanitários.
Mediante o exposto, será apresentado a seguir como proposta ao Aterro Sanitário
Municipal, conforme previsto construção, uma vez que o Município, em estudo possui
limitações de ação dentro da empresa contratada tal como falta de opção de descarte de
seus RSU gerados em outro aterro sendo esta a única prestadora desse serviço na Região
do Vale do Aço.
O PGIRSU é caracteriza pela preocupação quanto à vida útil de um aterro sanitário,
devido estar associado ao volume disposto após a compactação, levando em consideração a
altura máxima das células de resíduos e do peso específico que for conseguido pelo nível
de compactação, além da área disponível para a disposição final como um indicador
referencial ser o peso por unidade de área (t m2).
A partir dessa consideração, verifica-se que as densidades dos materiais que são
conduzidos ao aterro sanitário passam a contribuir, com intensidade diferente, na direção
da saturação do local. A avaliação da relação custo/benefício do uso no sistema de
gerenciamento dos resíduos, deve levar em conta essas diferenças, devendo ser avaliados
para o gerenciamento integrado dos RSU, sob o ponto de vista econômico.
Todos os resíduos são encaminhados para o aterro sanitário, indiscriminadamente,
sem cuidados de separação e de reaproveitamento dos materiais, uma vez que a evolução
do crescimento populacional e a taxa de produção de resíduos por habitante não sejam
caracterizados como importantes em função da área e vida útil do aterro.
Sendo assim, não ocorre reaproveitamento significativo de materiais, elevando a
incidência de custo do aterro sanitário devido à disposição do material no solo, na
consideração de descarte dos resíduos, sem preocupação ambiental significativa,
considerando apenas o confinamento em local preparado para esse fim, objetivando deter
os impactos ambientais decorrente da exposição dos RSU como em vazadouros.
Na situação encontrada o custo para o uso desse aterro sanitário, ficaria calculado
através da apropriação dos valores pagos pela operacionalização. Cabe salientar que foi
apropriado custo de utilização do aterro sanitário, através da relação R$ t -1, sob a ótica da
tipologia dos resíduos e sua capacidade de ser compactado (Construtora Queiroz Galvão
Ltda., 2005).
86
Considerando que a vida útil de um aterro sanitário, pela sua própria essência de
depósito volumétrico, depende fundamentalmente das características do material que ali
será depositado se faz necessário um planejamento individualizado quanto às Classes de
RSU assim propostas:
Resíduos domiciliares urbanos: a implantação de coleta seletiva melhoraria as
condições de aproveitamento de materiais recicláveis, possibilitando uma coleta
diferenciada apropriada de restos orgânicos, que seriam encaminhados a pátios de
compostagem para transformação em adubo orgânico, diminuindo, consideravelmente, o
volume de resíduos a terem destinação final permanente. A diminuição do volume de
material, o encaminhamento à produção proporcionaria menor possibilidade de
contaminação, permitiria a criação de atividades associadas, agregadoras de valor aos
resíduos, geração de empregos, preservação de recursos naturais, maior facilidade de
monitoramento e gerenciamento do serviço. Os custos ambientais associados à utilização e
operação de áreas seriam diminuídos, assim como o aumento da capacidade de
armazenamento por tempo de utilização.
Resíduos dos serviços de saúde: para a efetivação do PGIRSU deve ser preconizada a
participação dos serviços geradores desses resíduos a partir da orientação e capacitação das
instituições prestadoras de serviços de saúde.
Deverá contemplar o mapeamento, a estimativa de produção, a forma de coletar, o
tratamento adequado, a disposição final, respondendo pela formulação técnica do processo.
A viabilização política deverá ocorrer pela gestão através de legislação específica,
assim como a participação junto ao órgão ambiental do Estado (FEAM), no sentido de
prover o processo de licenciamento ambiental em todas as suas etapas.
Intensificar a ação fiscalizadora dos serviços de saúde e prestadores de serviços
autônomos como consultórios médicos, odontológicos, fisioterapias, estéticas, entre outros,
quanto à implantação dos programas de gerenciamento dos resíduos sólidos dos serviços
de saúde conforme estabelecido pelo Projeto Reforço à Reorganização do Sistema Único
de Saúde (REFORSUS, 2001).
Resíduos sólidos industriais: devido à diversificação desse resíduo e a potencialidade
dos impactos ambientais negativos gerados, quando isolados ou associados ao meio
ambiente, se faz necessário realizar o mapeamento das indústrias existentes no Município e
sua caracterização, no sentido de construir objetivo e atividades politicamente adequados
para o encaminhamento e destino final.
87
Resíduos da Construção Civil: a SMOSU deve convocar os empresários da
construção civil e entidades representativas, como o Conselho Regional de Engenharia
(CREA), além de empresas prestadoras de serviços na coleta e descarte desse resíduo para
que possam discutir alternativas e elaborar um plano de gestão junto às obras, objetivando
promover a atividade necessária ao gerenciamento dos resíduos. A capacitação deve estar
incluída e dar-se de forma internamente às obras, fornecendo suporte aos construtores para
que sejam orientados a prover um sistema de segregação de resíduos na fonte, durante as
operações pertinentes a reforma, construção ou demolição, acelerando o processo de
recolhimento e destinação através de caçambas adequadas.
Alternativas possíveis poderão ser previstas internamente nas obras, em que as
atividades de reciclagem local dos materiais, como por exemplo, utilizar entulhos de
demolições para aterramento e nivelamento do solo no mesmo campo de obra, ou
disposição dos materiais em depósitos intermediários na espera da coleta externa. Essa
prática objetiva a disciplina dos geradores inibindo a colocação em qualquer lugar, ao
mesmo tempo em que permite de forma adequada que as equipes da Prefeitura realizem a
coleta em lugares específicos e fiscalizados pelo órgão público. Essa medida substituirá a
colocação de placas em áreas urbanas vagas, coibindo essa conduta, e promoverá a
viabilidade de coleta seletiva nas estações, de resíduos diferenciados, ao mesmo tempo em
que é realizado o saneamento adequado dessas áreas.
Essa etapa do PGIRSU visa contemplar a criação de cursos de capacitação e
aperfeiçoamento em todos os níveis, desde para os profissionais como engenheiros,
arquitetos e administradores, mestres de obra, pedreiros, pintores, ajudantes e todos os que
de alguma forma estejam envolvidos com o canteiro de obras, sendo importante a
integração dos profissionais.
A melhoria dos impactos provocados por esse resíduo pode dar-se através do serviço
de coleta e destinação convenientes desses materiais, havendo um sistema de cadastro de
pessoas necessitando aterro, na SMOSU e Ação Social, para o qual o material seria
encaminhado após a sua retirada do local de geração, através de contêineres específicos
para esse fim. Diminuindo, assim, a necessidade de estações de transbordo e o
encaminhamento inadequado ao aterro sanitário do município. A melhoria poderia ser
sentida, além disso, na diminuição das possibilidades de alagamentos nas vias públicas, em
função da permanência dos materiais ao longo das vias públicas.
Podas e Resíduos de Feiras Livres: constará da definição quanto à geração desse
resíduo considerando aqui o proveniente de podas de árvores claro em logradouros, praças
88
e jardins. Deverão ser determinados valores para limpeza de áreas particulares objetivando
o controle de vetores nocivos à saúde pública tal como o descarte clandestino pelos
proprietários. Necessitará de uma rota pré-definida através de rodízio setorial o qual levará
a um atendimento racional e ordenado de toda a comunidade contemplando, assim, uma
frota de caminhões e equipe de trabalho dimensionado adequadamente. Incorporará ainda
valores agregados aos troncos servindo como lenha para uso definido pelo município.
Relacionados às feiras livres se faz necessária capacitação dos feirantes quanto à
possibilidade de modificação das embalagens utilizadas para armazenamento e depósito de
seus produtos por material durável, objetivando a minimização desse resíduo. Deverão ser
elaboradas formas de encaminhamento de sobras de alimentos possíveis de aproveitamento
para produção de alimentos para animais, tal como estabelecimento de valores quanto ao
volume de resíduos deixados pelos feirantes ao término das atividades, evitando assim o
desperdício existente. Os valores recolhidos com a utilização adequada desses produtos
poderão ser encaminhados para instituições de assistência social mantida pelo Município
como asilamentos e creches.
Resíduos de sucatas: se faz necessário a tomada de iniciativa da administração
pública municipal tornar claro quais os materiais considerados sucatas, ou inservível, para
uma parcela da população, enquanto ainda de utilidade para outras pessoas. Conforme
apresentado pela organização, Compromisso Empresarial para Reciclagem (CEMPRE,
2001), será considerado aqui como sucatas, alumínio, vidro, papel, plástico, aço, tal como
materiais associados com esta s matérias primas como os recipientes de Tetra Pak.
Após a definição desse resíduo, o plano constará das seguintes etapas: realizar o
levantamento dos pontos tradicionais de descarte dos resíduos inservíveis, no sentido de
promover uma ação de recuperação das áreas atingidas pelo descarte irregular;
Formular propostas educativas e informativas sobre uma melhor forma de dispor esse
tipo de resíduo, após identificação dos locais caracterizados como pontos de descarte
temporário;
Propor campanhas informativas e formativas municipais divulgando sobre os
procedimentos adequados quanto aos tipos de resíduos passíveis de reutilização;
Promover campanhas de esclarecimento à população através de associações de
moradores, escolas próximas aos locais de descarte, com a finalidade de proporcionar a
conscientização sobre o problema e as alternativas de viabilização de solução;
Criar um sistema de comunicação entre a população e a SMOSU que vise ao
conhecimento da necessidade de coleta.
89
Estabelecer junto à Secretaria de Assistência Social e a SMOSU cadastros de
indivíduos interessados em adquirir esses resíduos, por chamada ou por de um programa
institucional ou através de convênio com entidades filantrópicas. Permitiriam, assim,
serviços de coleta e entrega em local próprio para distribuição.
Resíduos no Meio Rural: deverá contemplar três etapas: mapear os pontos de
comercialização de agrotóxicos objetivando a estimativa da quantidade de agrotóxicos
empregados no Município, caracterizando os tipos, princípios ativos e usos em relação as
suas finalidades.
Localizar os pontos de utilização dos agrotóxicos no Município, e levantar a prática
dos usuários de agrotóxicos em relação aos procedimentos de descarte dos resíduos, com
amostragens locais, identificando os riscos em função das formas atuais de disposição.
Desenvolver trabalho educativo junto à comunidade geradora desses resíduos, através
de atividades extensionistas, em que se vejam envolvidos os revendedores, consumidores e
órgão de fiscalização da venda desse produto focando o descarte responsável e, assim,
minimizar o impacto ambiental do mesmo.
Formular roteiros de possível coleta especial para os tipos de resíduos detectados e
informar aos usuários sobre que tipo de material pode ter descarte no meio rural.
Sendo assim, esse modelo se propõe estabelecendo uma relação entre o PGIRSU e
melhorias dos impactos ambientais, decorrente de uma gestão mais racional, conforme
TABELA 10.
90
TABELA 10: PGIRSU e melhorias dos impactos ambientais
Melhoria Plano de Ação Objetivos Metas PGIRSU Coleta seletiva de recicláveis
Coleta diferenciada de compostáveis Núcleos de separação de recicláveis Pátio de compostagem Educação ambiental Legislação municipal Campanha na mídia local
Otimização do aterro sanitário Reindustrialização dos recicláveis Utilização do composto orgânico na agricultura, praças e jardins Geração de empregos Melhoria da imagem da prefeitura
Comprometimento do Gestor Público e Secretarias municipais Não haver descarte inadequado Implantação do plano no município Prazo p/implantação: 4 anos Obtenção de financiamento e parcerias com órgãos públicos e privados.
Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde
Mapeamento dos geradores de RSSS Coleta especial de resíduos biológicos Educação ambiental Tratamento dos resíduos contaminados Coleta seletiva de recicláveis Coleta diferenciada de compostáveis Legislação municipal Campanha na mídia local
Otimização do aterro sanitário Melhoria dos indicadores de saúde Melhoria das coletas internas quanto as Classes I e Classe II Comprometimento dos atores sociais com o plano Melhoria da imagem dos serviços
Comprometimento das fontes geradoras Obtenção de financiamento e parcerias com órgãos públicos e privados Lançamento e disposição inadequada de resíduos contaminados nas vias públicas Prazo p/implantação: 3 anos para todos os serviços de saúde.
Gerenciamento de resíduos industriais
Estabelecimento de banco de dados de resíduos Identificação da periculosidade dos resíduos e viabilização de coleta especial. Aterro especial para resíduos perigosos
Monitoramento ambiental Otimização do aterro sanitário Melhoria de imagem dos empresários e poder público Possibilidade de reaproveitamento de materiais
Comprometimento do Centro de Indústrias Não haver lançamentos sem controle Prazo p/implantação: 3 anos.
Gerenciamento de resíduos no meio rural
Mapeamento dos pontos de venda de produtos agrícolas para o município Mapeamento dos locais de utilização dos usuários destes produtos Educação ambiental Compilação de normas técnicas Viabilização de coleta de embalagens de produtos agrícolas Legislação municipal
Identificação e quantificação dos tipos de produtos utilizados Conscientização sobre os perigos das embalagens Serviço de depósito e envio das embalagens ao destino adequado
Comprometimento das fontes geradoras Controle de descarte, com lançamento nas propriedades próximo de zero Estabelecimento de serviço em todo o meio rural Prazo p/implantação: 3 anos Obtenção de financiamento e parcerias.
91
91
“TABELA 10, cont.”: PGIRSU e melhorias dos impactos ambientais
Melhoria Plano de Ação Objetivos Metas Gerenciamento de resíduos de podas e feiras
Mapeamento da produção Educação ambiental Coletas específicas desses materiais Encaminhamento a pátio de compostagem Utilização da lenha Encaminhamento de alimentos para produção de ração animal
Otimização do aterro sanitário Agregação de valor aos resíduos Aproveitamento de materiais Solidariedade Integração de secretarias municipais Recursos para instituições municipais como asilos e creches Melhoria de imagem do poder público
Comprometimento da SMOSU e Assistência Social Lançamento com controle ambiental Serviço para todo o município Prazo p/implantação: 2 anos Verba orçamentária.
Gerenciamento de resíduos de obras
Cadastro dos construtores, via representações de classe Cadastro de pessoas interessadas nesse resíduo Educação ambiental Viabilização de coleta de entulhos Convênio com empresas prestadoras de serviços Serviço de entrega dos materiais
Otimização do aterro sanitário Diminuição dos alagamentos na cidade Solidariedade Reaproveitamento de materiais Otimizar o recurso financeiro municipal Melhoria de imagem do poder público
Controle do descarte próximo de zero Comprometimento de Prefeitura e construtores; Implantação em toda a área urbana; Prazo/para implantação: 2 anos; Serviço terceirizado Financiamento pelas empresas.
Gerenciamento de sucatas
Implementação de coleta específica Cadastro de pessoas interessadas neste resíduo Cronogramas de entrega Convênio com entidades filantrópicas
Otimização do aterro sanitário Diminuição da poluição visual Solidariedade Diminuição de alagamentos na cidade Reutilização e reaproveitamento de materiais Melhoria de imagem do poder público
Comprometimento da SMOSU e Assistência Social Convênios com entidades filantrópicas Implantação em todo município Descarte com controle próximo de zero Financiamento via orçamento Prazo p/ implantação: 2 anos.
92
92
Não há registro no Município em estudo, nem avaliações orçamentárias quanto ao
custo do serviço prestado, exceto o valor quantitativo pago às empresas prestadoras de
serviços e pagamento ao servidor público.
Assim, serão descrito os pontos que precisam de um orçamento pré-determinado,
objetivando o conhecimento dos valores necessários a serem investidos para que o
PGIRSU seja eficaz e suas atividades não sejam interrompidas:
Implantação de um aterro sanitário: Custos financeiros estabelecidos por instalações
e manutenção de área para o transbordo, veículos para o transporte de pessoal e resíduo,
combustível, mão-de-obra, material de consumo, depreciação do imobilizado,
terceirizações. Custos de operação e manutenção de um aterro sanitário: veículos para a
distribuição e compactação dos resíduos, impermeabilização de fundo por argila e
geomembrana, material de cobertura diária das células, cobertura final das células por
argila e plantação de gramíneas, drenagem pluvial das células, drenagem de percolados,
drenagem de gases, controle, tratamento e análise de emissões e efluentes líquidos,
combustível, mão-de-obra administrativa, manutenção de prédios, manutenção de
equipamentos e veículos, depreciação do imobilizado, material de consumo, atividades
complementares como paisagismo, outros custos de serviços complementares e
terceirizações.
Implantação de coleta seletiva: Construção de núcleos de separação de RSU limpo,
contendo infra-estrutura para o acondicionamento como prensas e balanças, aquisição de
veículos adequados para a coleta, combustível, mão-de-obra, material de consumo como de
escritório, manutenção de prédios e veículos, depreciação do imobilizado.
Implantação de coleta RSSS: Infra-estrutura para as instalações de tratamento de
RSSS, aquisição de veículos adequados, combustível, mão-de-obra, material de consumo,
manutenção de prédios e veículos, depreciação do imobilizado.
Implantação de coleta de resíduos da construção civil: Preparação de área para
transbordo, aquisição de contêineres para coleta, aquisição de veículos adequados,
combustível, mão-de-obra, material de consumo, manutenção de veículos, depreciação do
imobilizado.
Implantação de coleta de inservíveis e sucatas: Construção de depósito de materiais,
aquisição de veículos adequados, combustível, mão-de-obra, material de consumo,
manutenção de prédios e veículos, depreciação do imobilizado.
Implantação de coleta de resíduos orgânicos: Preparação de pátios de compostagem,
infra-estrutura para a compostagem, aquisição de veículos adequados, aquisição de
93
implementos para a compostagem, combustível, mão-de-obra, material de consumo,
manutenção de prédios e veículos, depreciação do imobilizado.
Implantação de coleta de resíduos rurais: Construção de depósitos provisórios até a
coleta final, aquisição de veículos adequados, combustível, mão-de-obra, material de
consumo, manutenção de prédios e veículos, depreciação do imobilizado.
94
5 CONCLUSÃO E CONSIDERAÇÕES FINAIS
Analisando a realidade do Município de Coronel Fabriciano quanto aos serviços de
coleta, transporte e disposição final dos RSU e comparando com informações obtidas e
apresentadas no referencial teórico desta tese, a estrutura do Setor de Limpeza Pública
apresenta um modelo de gestão de RSU descentralizada em sistema de execução indireta.
Da forma como os serviços de limpeza pública vêm sendo geridos atualmente e
apesar dos esforços do poder público para solucionar os problemas causados pelos RSU,
muitos e significativos impactos ambientais são causados ao homem e a natureza.
Constatou-se que o baixo nível de motivação dos servidores do Setor de Limpeza
Pública estão associados aos baixos salários, inexistência de cursos de capacitação,
ingerências políticas, descontinuidade dos projetos e os cargos administrativos são
efetuados por indicação política, aspectos que em muito contribui para ocorrer
descontinuidade administrativa, principalmente pelo fato dos ocupantes não apresentarem
formação/capacitação na área. Para tanto, faz-se necessário que seja realizada capacitação
do funcionalismo público para atuar junto à sociedade como multiplicadores de informação
e assim desenvolver elos de fiscalização entre órgão público e sociedade.
Em todos os compartimentos ambientais (físico, biótico e antrópico) são observados
impactos negativos de diferentes níveis de magnitude, decorrente do modelo de gestão
utilizada aos RSU.
O modelo de planejamento municipal voltado para o gerenciamento integrado de
RSU proposto deve contemplar aspectos sociais, políticos e econômicos de acordo com os
impactos ambientais causados no compartimento físico (solo, água e ar), no compartimento
biótico (flora e fauna) e no compartimento antrópico, em face da disposição inadequada
dos RSU e deve ser priorizado pela gestão pública. Para tanto o Poder Público deve
95
estimular a segregação dos RSU na origem, coletas diferenciadas, tratamento e disposição
final que atenda a legislação, utilização de forma racional do espaço de destino final e
proteção ambiental com responsabilidade social como parte da gestão de RSU.
Considerando os antecedentes administrativos do município, a formulação do modelo
para a gestão dos RSU, o Poder Público deve contemplar duas etapas, com o objetivo de
adequar a gestão dos RSU e, assim, minimizar os impactos ambientais ocasionados por ele.
A primeira etapa, consiste na recuperação da área utilizada como vazadouro e a outra etapa
deverá contemplar a reestruturação dos Serviços de Limpeza Urbana, na qual esta inserida
a SMOSU.
Recomenda-se que o poder público integre as Secretarias municipais na Gestão de
RSU, definindo atribuições, estabelecendo metas e cobrando resultados, como forma de
complementar as ações desenvolvidas pela SMOSU. Particularmente, as ações a serem
desenvolvidas pelas Secretarias Municipais de Educação, Saúde e de Bem Estar Social são
de importância imensurável, considerando a capilaridade e o alcance dos serviços.
As avaliações foram efetuadas com ênfase nos aspectos qualitativos dos impactos
ambientais decorrentes da gestão dos RSU, bem como, no delineamento de medidas
ambientais minimizadoras dos impactos negativos e potencializadoras dos impactos
positivos. Dessa forma, com base nesse suporte qualitativo, recomenda-se a realização de
estudos voltados à quantificação de impactos para a realidade específica de cada
interferência, correlacionado quanto à gestão dos RSU.
O processo de avaliação de impactos ambientais, com base no conhecimento quali-
quantitativo cria condições favoráveis para definição das diretrizes e com base nessa,
permite estabelecer o plano de ação no setor de RSU para que sejam adotadas medidas
preventivas ou atenuado os impactos negativos e potencializados os impactos positivos.
Recomenda-se a utilização de outros métodos de avaliação de impactos, atrelado a
gestão dos RSU, elencados no presente trabalho.
Em paralelo à adoção de medidas internas para melhor adequação das atividades a
serem desenvolvidas pela administração pública, aconselha-se que a SMOSU, responsável
pelo Setor de Limpeza Pública, estabeleça com a comunidade um canal aberto e de
contínuo diálogo e relacionamento, a partir do qual possa esclarecer e informar as pessoas
sobre os reais efeitos ambientais decorrentes da má gestão dos resíduos. É sabido que a
proteção ambiental depende, sobretudo, de processos de conscientização e educação da
sociedade, para isso os atores sociais podem e devem estar envolvidos na discussão do
modelo de Gestão de RSU, item de fundamental importância para a minimização dos
96
impactos ao meio ambiente, bem como discutir sobre os instrumentos normativos e de
políticas públicas eficazes poderão constituir a alavanca desse processo educativo
ambiental.
Na proporção que os resultados concretos interfiram no meio ambiente de forma
expressa, através de benefícios estéticos imediatos, e de modo direto, por ganhos de saúde
pública, por intermédio da diminuição dos impactos ambientais ocorridos devido a
deficiência existente nesse segmento da administração municipal, só assim, se conseguirá a
adesão de qualquer sociedade.
Apesar das deficiências do sistema, de gestão de RSU no Município, é notório o
empenho do Poder Público em reverter e repensar esta realidade e dentre as medidas
aprovadas, a proposta extensionista de Educação Ambiental relacionada aos RSU a ser
desenvolvida junto ao UNILESTE-MG, é um ganho expressivo para toda a comunidade do
Município e, porque não, do Vale do Aço.
97
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106
7 ANEXOS
ANEXO 1: Relação de Normas Brasileiras Regulamentadoras (NBR) relacionadas aos
Resíduos Sólidos
NBR Descrição 8419/84 Apresentação de Projetos para aterros sanitários de resíduos
sólidos urbanos Procedimento.
8849/85 Apresentação de Projetos para aterros controlados de resíduos sólidos urbanos.
9195/85 Sacos plásticos para acondicionamento de lixo. Determinação de resistência à queda livre.
9196/85 Sacos plásticos para acondicionamento de lixo.- Determinação da resistência à pressão de ar.
9197/85 Sacos plásticos para acondicionamento de lixo - Determinação da resistência ao impacto de esfera.
7500/87 Símbolos de risco de manuseio para o transporte e armazenamento de materiais.
8286/87 Emprego da Simbologia para o transporte rodoviário de produtos perigosos.
10004/87 Resíduos sólidos – Classificação.
10005/87 Lixiviação de resíduos - Procedimentos.
10006/87 Solubilização de resíduos – Procedimentos.
10007/87 Amostragem de resíduos - Procedimentos.
9191/93 Sacos plásticos para o acondicionamento de lixo – Especificações -Resíduos de Serviço de Saúde - Classificação.
107
ANEXO 2: Relação de Legislação Federal relacionada aos Resíduos Sólidos
Leis Descrição Constituição Federal Artigos 20, 23, 24,30.
São bens da união os que atualmente lhe pertence e os que lhe vierem pertencer.
Constituição Federal Artigos 129, 200.
São funções institucionais do Ministério Público, e do Sistema Único de Saúde colaborar na proteção do Meio Ambiente.
Constituição Federal Artigos 225.
O direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado.
Lei n° 5.318 26/09/1967.
Institui a Política Nacional de Saneamento e cria o Conselho Nacional de Saneamento.
Lei n°6.398 31/08/1981.
Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação.
Lei n° 7.347 24/07/1985.
Disciplina a ação civil pública de responsabilidade por danos causados ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, histórico e paisagístico.
Lei n° 8.028 12/04/1990.
Dispõe sobre a organização da Presidência da República e dos Ministérios, modifica artigos de Lei n°6.398, 31/08/1981.
Lei n°8.078 11/09/1990.
Dispõe sobre a proteção ao consumidor, modifica a Lei n° 7.347, 24/07/1985, e dá outras providências.
Lei n° 9.605 12/02/1998.
Dispõe sobre Crimes Ambientais.
108
ANEXO 3: Relação de Decretos, Resoluções e Portarias, relacionados aos Resíduos Sólidos
Decreto Descrição Decreto n° 50.877
29/06/1961 Dispõe sobe o lançamento de resíduos tóxicos ou oleosos nas águas interiores ou litorâneas do País e dá outras providências.
Decreto n° 76.389 03/10/1975
Dispõe sobre as medidas de prevenção e controle da poluição industrial.
Decreto n° 78.171 02/09/1976
Dispõe sobre o controle e fiscalização sanitária das águas minerais destinadas ao consumo humano.
Decreto n° 79.437 28/03/1977
Promulga a Convenção Internacional sobre Responsabilidade Civil em danos causados por poluição por Óleo – 1969.
Decreto n° 83.540 04/06/1979
Regulamenta a aplicação da Convenção Internacional sobre Responsabilidade Civil em danos causados por poluição por Óleo de 1969 e dá outras providências.
Decreto n° 85.206 25/09/1980
Altera o artigo 8° do Decreto n° 76.389 de 03/10/1975.
Decreto n° 87.079 02/04/1982
Aprova as Diretrizes para o Programa de Mobilização Energética.
Decreto n° 87.566 16/09/1982
Promulga o texto da convenção sobre Prevenção Marinha por Alijamento de resíduos e outras matérias, concluída em Londres em 29/12/1972.
Decreto n° 88.821 06/10/1983
Aprova o regulamento para a execução do serviço de transporte rodoviário de cargas ou produtos e dá outras providências.
Decreto n° 96.044 18/05/1988
Aprova o regulamento para o Transporte Rodoviário de Produtos Perigosos, e dá outras providências.
Decreto n° 97.507 13/02/1989
Dispõe sobre o licenciamento de atividade mineral, o uso do mercúrio metálico e do cianeto em áreas de extração de ouro e dá outras providências.
Decreto n° 97.634 10/04/1989
Dispõe sobre o controle da produção e da comercialização de substâncias que comporta risco para a vida e ao meio ambiente, e dá outras providências.
Decreto n° 98.816 11/01/1990
Regulamenta a Lei n° 7.802 de 11/07/1989, que dispõe sobre a pesquisa, a experimentação, a produção, a embalagem e a rotulagem, o transporte, o armazenamento, a comercialização, a propaganda comercial, a utilização, a importação e exportação, o destino final dos resíduos e embalagens, o registro, a classificação e controle, e dá outras providências.
Decreto n° 98.973 21/02/1990
Aprova o Regulamento do Transporte Ferroviário de Produtos Perigosos e dá outras providências.
Decreto n° 99.274 06/06/1990
Regulamenta a Lei n° 6.902 de 27/04/1981 que dispõe sobre a orientação de Reservas Ecológicas e Áreas de Proteção Ambiental.
Decreto n° 99.657 26/10/1990
Acrescenta artigo e parágrafo único ao Decreto n° 98.816 de 11/01/1990, que dispõe sobre agrotóxicos.
Decreto n° 806 24/04/1993
Reorganiza o Fundo Nacional de Saúde, de acordo com as diretrizes e os objetivos do Sistema Único de Saúde, de que tratam a Lei 8.080 de 19/09/1990.
109
Decreto n° 875 04/07/1993
Promulga o texto da Convenção sobre o Controle de Movimentos Transfronteiriços de Resíduos Sólidos e seu Depósito.
Decreto-Lei n° 1.473 14/08/1975
Dispõe sobre o controle da poluição do Meio Ambiente provocada por atividades industriais.
Resoluções Descrição CONAMA n° 1
23/01/1983 Estabelece Normas para a definição de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental e demais disposições gerais.
CONAMA n° 1- A 23/01/1986
Estabelece normas ao transporte de produtos perigosos que circulam próximo a áreas densamente povoadas de proteção de mananciais e do ambiente natural.
CONAMA n° 5 15/06/1988
Estabelece normas sobre licenciamento de obras de sistemas de abastecimento de água, sistemas de esgotos sanitários e sistemas de limpeza.
CONAMA n° 6 15/06/1988
No processo de licenciamento ambiental de atividades industriais os resíduos gerados deverão ser objetos de controle específico.
CONAMA n° 2 22/08/1991
Dispõe sobre cargas deterioradas.
CONAMA n° 6 19/09/1991
Estabelece critérios de desobrigação de incineração ou qualquer outro tratamento de que resíduos sólidos, proveniente dos estabelecimentos de saúde, portos e aeroportos.
CONAMA n° 8 19/09/1991
Venda e entrada de materiais residuais destinados à disposição final e incineração no Brasil.
CONAMA n° 5 05/03/1993
Define normas mínimas para tratamento de resíduos sólidos oriundos de saúde, portos, aeroportos, bem como a necessidade de estender as exigências aos terminais ferroviários e rodoviários.
CONAMA n° 6 31/08/1993
Resíduos Sólidos incluindo os óleos lubrificantes.
CONAMA n° 9 31/08/1993
Define os diversos óleos lubrificantes, sua reciclagem, combustão e refino, prescreve para sua produção e comercialização e proíbe seu descarte onde possam prejudicar o meio ambiente.
CONAMA n° 24 07/18/1994
Dispõe sobre a importação e exportação de rejeitos radioativos.
CONAMA n° 37 30/12/1994
Definem resíduos sólidos perigosos e estabelece os critérios para importação e exportação de resíduos.
Portaria Descrição Ministerial n° 53
01/03/1979 Estabelecem as normas aos projetos específicos de tratamento e disposição de resíduos sólidos, bem como a fiscalização de sua implantação, operação e manutenção.
Interministerial n° 19 29/01/1981
Dispõe sobre a contaminação do meio ambiente por PBSC (ascarel.)
Interministerial n° 3 31/09/1995
Dispõe sobre a proibição de importação de bens de consumo usados.
110
ANEXO 4: Diagnóstico Situacional de Gestão de RSU (Check list)
COLETA SELETIVA 1. Cobertura da população atendida pelo programa de coleta seletiva (%).
2. IRMR - Índice de Recuperação de Materiais Recicláveis (%).
3. Despesa com programa de marketing e educação (R$ hab-1 ano-1).
4. Investimento per capita anual em infra-estrutura e pessoal (R$ hab-1 ano-1).
5. Relação entre receita da comercialização dos recicláveis e despesas do programa (%).
6. Número de catadores de materiais recicláveis existentes no município (autônomos e os
organizados em associação e/ou cooperativa) (no de catadores).
7. Rotatividade dos trabalhadores envolvidos na atividade de catação de materiais
recicláveis (%).
8. Quantidade de materiais recicláveis segregados e comercializados mensalmente, preço
médio do “mix” e receita apurada com a vendas de materiais recicláveis (Qtde mês-1 e
R$ t-1).
9. Freqüência média de coletas na semana (n° de coletas semana-1).
10. Levantamento dos Pontos de Entrega Voluntária (PEV) e quantidade média de
Recicláveis coletados por PEV (t PEV-1).
11. N° de PEV´s danificados em relação ao total de PEV’s instalados (%).
12. Percentual de resíduos recicláveis descartados no “lixo” da coleta regular (%).
13. Custo mensal de Operação da Coleta e Transporte (R$ t-1).
14. Percentual de reclamação da população atendida pelo programa devido ao não
cumprimento da freqüência e horário da coleta seletiva (%).
15. Percentual de resíduos orgânicos descartados nos materiais recicláveis (%).
16. Renda média mensal por catador (R$ catador-1 mês-1).
17. Eficiência média dos catadores em segregar materiais recicláveis por jornada de
trabalho (t dia-1 catador-1).
18. Eficiência média de materiais recicláveis coletados por km rodado por hora (t km-1 h-1).
COLETA DOMICILIAR
1. Cobertura da população atendida pelo programa de coleta domiciliar (%).
2. Investimento per capita anual para realização desse serviço (R$ hab-1 ano-1).
3. Relação Receita/Despesa para realização desse serviço (%).
111
4. Despesa com programa de marketing e educação (R$ hab-1 ano-1).
5. Freqüência média de coletas na semana (n° de coletas semana-1).
6. Quantidade de resíduos coletados por hora de operação (t h-1).
7. Custo mensal de Operação da Coleta e Transporte (R$ t-1).
8. Percentual de reclamação da população atendida pelo programa devido ao não
cumprimento da freqüência e horário da coleta seletiva (%).
9. Percentual de resíduos orgânicos descartados nos RSU (%).
10. Quantidade mensal de RSU coletada (t mês-1).
11. Eficiência média da mão-de-obra dos trabalhadores por tonelada recolhida de RSU
domiciliares (t trabalhador -1 jornada de trabalho-1).
COMERCIAL
1. Percentual de atendimento da coleta comercial (%).
2. Investimento no setor para realização desse serviço (R$ estabelecimento-1 ano-1).
3. Despesa com programa de marketing e educação (R$ estabelecimento-1 ano-1).
4. Freqüência média de coletas na semana (n° de coletas semana-1).
5. Quantidade de resíduos coletados por hora de operação (t h-1).
6. Custo mensal de Operação da Coleta e Transporte (R$ t-1).
7. Percentual de reclamação da população atendida pelo programa devido ao não
cumprimento da freqüência e horário da coleta comercial (%).
8. Quantidade mensal de resíduos coletados (t mês-1).
9. Eficiência média da mão-de-obra dos trabalhadores por tonelada recolhida de resíduos
comerciais (t trabalhador -1 jornada de trabalho-1).
LIMPEZA PÚBLICA
1. Percentual de população atendida pelos serviços de limpeza pública (%).
2. Investimento no setor para realização desse serviço (R$ ano-1).
3. Despesa com programa de marketing e educação (R$ hab-1 ano-1).
4. Freqüência de varrição dos logradouros públicos (n° de varrições semana-1).
5. Percentual de reclamação da população atendida pelo programa devido ao não
cumprimento da freqüência e horário d e varrição e outros serviços de limpeza pública,
a exemplo de capina, podas, remoção de animais mortos etc (%).
112
6. Densidade de Coleta (t h-1), quantidade coletados por hora de operação.
7. Custo mensal de Operação da limpeza pública (R$ t-1).
8. Eficiência média da mão-de-obra dos trabalhadores por m2 de ruas varridas (m2 de ruas
varridas trabalhador -1 jornada de trabalho-1).
SERVIÇOS DE SAÚDE
1. Percentual dos estabelecimentos de saúde quanto ao cumprimento da Resolução do
CONAMA nº 5/93 - Classificação e acondicionamento dos RSSS por grupos distintos
(%).
2. Percentual dos estabelecimentos de saúde quanto à existência de planejamento do
gerenciamento dos RSSS (%).
3. Avaliar se a quantidade de RSSS, gerados nos estabelecimentos de saúde de Coronel
Fabriciano, está compatível com a proporção entre a quantidade de RSSS e os RSU,
estimada em 1% do total dos RSU, de acordo com o Ministério da Saúde.
4. Avaliar o destino final dos RSSS e as técnicas utilizadas.
113