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Aventuras de ummenino passarinho

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São Paulo – 2015

Aventuras de ummenino passarinho

Carlos Soares de OliveiraIlustração: Virginia Caldas

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Copyright © 2015 by Editora Baraúna SE Ltda.

Projeto gráfico Camila C. Morais

Ilustração Virginia Caldas

Revisão Ingrid Cristina de Oliveira

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTESINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ

________________________________________________________________O51a

Oliveira, Carlos Soares de Aventuras de um menino passarinho/Carlos Soares de Oliveira; ilustração Virginia Caldas. - 1. ed. - São Paulo: Baraúna, 2015.

ISBN 978-85-437-0334-3

1. Conto brasileiro. I. Caldas, Virgínia. II. Título.

15-22145 CDD: 869.93 CDU: 821.134.3(81)-3________________________________________________________________27/04/2015 04/05/2015

Impresso no BrasilPrinted in Brazil

DIREITOS CEDIDOS PARA ESTAEDIÇÃO À EDITORA BARAÚNA www.EditoraBarauna.com.br

Rua da Quitanda, 139 – 3º andarCEP 01012-010 – Centro – São Paulo – SPTel.: 11 3167.4261www.EditoraBarauna.com.br

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Bons tempos em que a gente podia voar.Era muito bom ser passarinho.

Carlos Soares de Oliveira

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Sumário

Introdução .........................................................................9Pérolas de minha infância ................................................13Como se faz um país? .......................................................17Pérolas de minha infância .................................................22Pérolas de minha infância .................................................25Minha primeira calça comprida ........................................29Meninos são passarinhos ..................................................32O juiz era nosso ................................................................35Fé .....................................................................................38Meu pai ............................................................................41Goleiro por um dia ...........................................................45Hoje não tem merenda .....................................................47Lições a um pai ................................................................51Rápido no gatilho .............................................................55Tardes de Peter Pan .........................................................59A solidão assusta ...............................................................62Mais uma traquinagem .....................................................65Meu primeiro emprego .....................................................68Na retina e no coração ......................................................72Não há vagas ....................................................................74O jogo da vida ..................................................................77Pérolas de minha infância ................................................83Por que o Cravo brigou com a Rosa? ................................89

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Um menino e suas artes ....................................................92Um “Romeu e Julieta” diferente .......................................96A verdade sobre a fé ........................................................100Bonitinhos... mas ordinários ...........................................105Curvas perigosas .............................................................108Desfazendo carrancas ......................................................112Eu amo Catherine Deneuve............................................115Quem é o mais bonito? ..................................................119Quando um não quer, dois não brigam ..........................122Uma noite de Elvis .........................................................125Pedras e palavras .............................................................130Certos pseudônimos .......................................................133Fusca envenenado ...........................................................138Poesilândia .....................................................................143Minha primeira festa de aniversário ................................147Eu tinha uma radiola ......................................................150Eu nunca digo adeus ......................................................153Quase beijei Grace Kelly .................................................157Amigos fiéis ....................................................................161Carlos x Astolfo ..............................................................164Gatão loiro .....................................................................167Grávido... Eu? ................................................................169Saindo do divã ................................................................173Um sapato em cada pé ....................................................176O dia em que quase fiquei rico .......................................179A fonte da poesia ............................................................183Eu adorava fofocas ..........................................................187Eu sou um quadro na parede ..........................................193Nas trilhas do sol ............................................................199O dia em que a poesia falou comigo ...............................205O dia em que fui condenado ..........................................210O último voo da Fênix ...................................................215Quando Drummond morreu .........................................221

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IIntrodução

Melhor do que contar uma história, é estar dentro dela. Mas ter o dom de contar escrevendo é ainda mais fantástico. E assim eu abro este livro, em que eu conto grande parte de minha infância, adolescência e juventu-de, que tem todo tipo de passagens, algumas engraçadas, umas tristes, outras estranhas, às vezes um menino ul-trapassando os limites da criancice, às vezes um adulto brincando de ser menino, às vezes esse menino pensando sério, às vezes um adulto fazendo traquinagens, oscilan-do entre as duas pontas sem perder a essência. Essência para mim é tudo. Mas tudo isso com a consciência lim-pa, com o coração livre de qualquer pesar, pois tudo foi vivido respeitando os espaços, as pessoas, só não havia limites para os sonhos. Ah, como eu sonhei! Sonhei e realizei sendo feliz sem as coisas materiais, aprendi a ver a

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beleza nas coisas simples da vida, a amizade em primeiro lugar, a fé no coração, a molecagem inofensiva e a poesia como guia. Fui Elvis e fui Peter Pan, dancei ciranda e rock, fui conselheiro e aconselhado, jogador de futebol e cowboy, fui Fênix, Ícaro e Narciso. Ah, eu viajei em todas as possibilidades! E nessas possibilidades estava este livro, vislumbrado num horizonte distante, hoje esse horizonte chegou para este livro que eu escrevia sem caneta, mas vi-venciava em carne e osso, o livro estava acontecendo e eu não sabia. Um livro de contos autobiográficos, mas que não obedece uma ordem cronológica, de propósito não segui essa sequência, mas quis apenas retratar a delícia que é viver, a beleza de ser. Graças a Deus, finalmente ele sai do plano sonhador e se torna real, e posso mais uma vez recordar as Aventuras de um menino passarinho, antes vivido pessoalmente, hoje vivido em letras. Emoção duas vezes é bom demais.

Homenagem à minha mãe SebastianaIn memorian

No sábio Livro de Eclesiastes, diz que tudo tem seu tempo de acontecer, porque as coisas da vida obedecem ao tempo de Deus, que é diferente do nosso, quase sem-pre tomado pela ansiedade. Eu estava impaciente comigo mesmo para a publicação deste livro, considerando que os textos já estavam prontos havia alguns anos, porém não conseguia dar sequência, por coisas do dia a dia. Evi-dentemente, eu gostaria que minha mãe estivesse viva (fisicamente, porque espiritualmente ela está), para con-

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templar esse momento especial, afinal ela foi personagem preponderante, crucial, foi ponto de partida, haja vista que meu primeiro texto literário a teve como musa, e foi ponto de apoio, pois é muito bom olhar para o lado e ver sua mãe ali no tanque, no varal, na cozinha, cantarolando uma canção gostosa, isso dá segurança a qualquer meni-no, principalmente a um que brincou de tudo, sonhou com tudo, foi feliz ao seu modo, reinventou um jeito de ser feliz, mas que respeitou a sua mãe. Agora eu sei por que o livro demorou tanto para acontecer, estava esperan-do o falecimento dela, para que eu pudesse homenageá-la perpetuamente nas páginas deste livro. Que minha mãe receba esse livro no céu e me abençoe nessa estrada, que ficou vazia sem ela, é verdade, mas não tenho mais temo-res, pois ela me ensinou como andar.

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PPérolas de minha infância Iniciação poética

Quando escrevi meu primeiro texto realmente po-ético, eu tinha uns 8 ou 9 anos. Cursava a terceira série, ano que me rendeu a minha primeira nota dez na escola. Se não me engano, talvez a única, pois eu era um aluno mediano, meio largado. Só estudava mesmo na reta final, aí sim, queimava as pestanas para passar de ano. Foi no dia que a professora, dona Jandira, colocou nas carteiras uma “historinha”, iniciada por ela, e o dever de casa era, cada qual, terminar com sua própria imaginação.

A “historinha” falava de um veadinho perdido na floresta, sem sua mamãe. Terminada a aula, cheguei em casa e vi a minha mãe no tanque, concentrada nas roupas e nos problemas. Ela não notou a minha presença. Fi-quei ali por vários minutos olhando para ela e, naqueles

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momentos, lembrei-me do veadinho e fiquei pensando. Nunca me imaginei sem a minha mãe. Como eu me sen-tiria de repente sem ela? Ela que cuidava de mim quan-do eu ficava doente, que colocava comida no meu prato, que penteava meus cabelos para eu ir à escola e que me ensinou o Pai Nosso e a Ave Maria. Logo me imaginei chorando, perdido, igual ao veadinho da história, porque o mundo, afinal, era uma selva perigosa.

De repente, ela se virou e disse: “Você está aí, meu filho? E por que está me olhando assim?”, então, apro-ximei-me e abracei as suas pernas, dizendo: “Porque eu gosto muito da senhora!”, no que ela agachou, abraçou-me, com o avental molhado, e deu umas alisadinhas no meu rosto: “Ah... Meu filho! Só você mesmo para animar o meu dia. Para que vou ficar triste se tenho um filho tão bonito e tão doce? Venha, vou colocar comida para você.”

E foi puxando minha mãozinha esquerda, que mais tarde escreveria meu primeiro texto poético. Claro que não me lembro dele todo, mas me lembro de como o terminei.

A mamãe do veadinho, quase tão frágil quanto ele, mas abnegada, voltou, enfrentou perigos, fugiu das feras, passou fome e sede, mas encontrou o filhinho e, assim, viveram felizes para sempre. Ainda pus uma nota no final que dizia que nenhum filho merece ficar sem a mãe, que nenhuma mãe merece ficar sem o filho e que o amor de mãe é o que mais se aproxima do amor de Deus.

A professora não corrigiu os trabalhos no mesmo dia em que entregamos. Passaram-se alguns dias, até que ela me chamou: “Carlinhos, venha aqui na frente, por favor”. Ai, ai, ai, professora chamando na frente não deve

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ser boa coisa. Menino sempre está com a impressão de que aprontou alguma coisa, mesmo não tendo apronta-do. Só não fui com muito medo, porque dona Jandira era uma professora muito carinhosa. Poderia, no máximo, repreender, sem muita briga. Então, ela disse: “Adorei sua “historinha”. Parabéns, ganhou dez! Muito linda! Onde você buscou inspiração, menino?”, “Na minha mãe, por-que nunca havia me imaginado sem ela. Acho que eu ficaria igual ao veadinho da ‘historinha’.”

Pois bem, ela fez mais alguns elogios, leu para a clas-se toda e disse que levaria para as outras professoras lerem nas outras salas. Eu não tinha a dimensão exata do que aquilo representava, só queria curtir meu dez e contar para a minha mãe, afinal ela tinha sido a minha musa.

E assim tudo começou. E assim a poesia trouxe-me até aqui. Uso a poesia como um escudo. É minha espada do bem, ainda que eu seja super-herói de mim mesmo. Mas jamais vou me trair. Com ela, superei obstáculos, problemas difíceis, dificuldades financeiras, amor fracas-sado, insônia, quartos de pensão, saudades dos irmãos, amigos que morreram. Com ela, derrubei arrogâncias. Com ela, aprendi mais sobre humildade. Por meio dela, eu evoluí como homem, como gente. Aprendi a ser man-so. Aprendi a ver a felicidade nas coisas simples da vida. Com ela, fui forte. Fiz gente sorrir e chorar. Jamais me deixei abalar, pelo contrário, foi nos momentos difíceis que escrevi algumas de minhas poesias preferidas, como: Aqui jaz uma flor, O Sonho das estrelas, Fênix, Ícaro Mo-derno etc. Digo numa poesia uma frase assim: “Cada po-esia é uma flor que sai de mim, que eu rego e entrego. E