Belm Ribeirinha
Marco Contextual
15 de dezembro de 2014
Elaborado por Joo Meirelles Filho
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ndice
1. A Metrpole Ribeirinha 3
a. Situao geogrfica 3
b. Situao Ambiental 5
c. Situao Social 7
d. Organizao social 9
e. Situao Econmica 10
f. Insegurana fundiria nas ilhas 12
2. A abordagem do Instituto Peabiru para a Belm Ribeirinha 14
3. A experincia do Instituto Peabiru na Belm Ribeirinha 17
4. Referncias 19
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1. A Metrpole Ribeirinha
a. Situao geogrfica
Uma parte substantiva dos municpios de Belm e Ananindeua constituem-se sistemas
insulares. Em Belm so 39 ilhas que, exceo de Mosqueiro, Caratateua (Outeiro) e Cotijuba,
que possuem reas urbanizadas e maior populao, so ilhas consideradas densamente
florestadas e de baixa densidade populacional [SILVA, 2010, p.36]. Nestas ilhas habitavam em
2000 cerca de 8.260 pessoas segundo o IBGE [SILVA, 2010, p.35].
Esta ocupao caracterizada por comunidades ribeirinhas de diferentes dimenses, seja
por casas isoladas ou em pequenas aglomeraes. Geralmente, as habitaes esto junto gua
de canais e rios permanentes. A partir de levantamento da SECON/Belm, Srgio Brazo e Silva,
comenta a existncia de cerca de 942 famlias em dezenas de comunidades [SILVA, 2010, p. 68-
69]. O Instituto Peabiru constatou em suas diferentes visitas s ilhas de Jutuba e Cotijuba a
existncia de diversas comunidades numa mesma ilha.
exceo de Mosqueiro e Ilhas do Norte, que so parte do Distrito Administrativo de
Mosqueiro (DAMOS), as Ilhas de Belm esto sob a Administrao do Distrito Administrativo de
Outeiro (DAOUT). Na verdade, a Regio Metropolitana de Belm (RMB), dos 7 municpios
Ananindeua, Belm, Benevides, Castanhal, Marituba, Santa Brbara e Santa Isabel do Par ,
somente Benevides, Santa Isabel e Castanhal no possuem expressivas comunidades ribeirinhas.
Pode-se afirmar ainda, que municpios fora da Regio Metropolitana, apresentam igual
ocupao, como sucede com Acar e Barcarena. Na primeira, esto as ilhas de Sacaia, Arapixi,
Ilha Maarico, Ilha dos Patos, Ilha do Mata Fome, Ilha Arapari, Ilha Jussara, Ilha dos Papagaios,
Ilha do Maracuj, Trambioca, Ilha Tanquzinho, Santa Maria, Ilha (Ilhas Sul Rio Guam).
Em Barcarena, por sua vez, destaca-se a Ilha das Onas, imediatamente defronte a Belm,
possui importantes dimenses e h um Projeto de Assentamento Agroextrativista, com 500
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famlias, sem contar as ilhas de Urubuoca, Arapiranga, Longa, Mucura, Arapari e So Mateus,
todas, igualmente, assentamentos agroextrativistas.
Se os ribeirinhos das margens continentais praticamente desapareceram de municpios
como Belm ou Ananindeua, o mesmo no sucede em Barcarena, Acar ou mesmo Santa
Brbara.
No Municpio de Belm as ilhas so distribudas em quatro blocos, com destaque a algumas das
ilhas acima de 10 hectares: a) ao Norte, entre as quais, Mosqueiro, Papagaio, Cunuari, So Pedro
e Conceio, a, b) ao Centro-Leste, Caratateua (Outeiro); c) no Extremo Oeste, entre as quais,
Cotijuba, Ilha Nova (Coroinha), Jutuba, Tatuoca, Urubuoca, Patos/Mirim, Paquet-a; e, d) ao
Sul, Cintra (Maracuj), Murutuc, Ilhinha, Combu (Marineira) e Grande. Em Ananindeua (junto s
Ilhas Norte de Belm) esto as ilhas de Joo Pilatos, Viosa, Sassunema, Mut, Guajarina, So
Jos da Sororoca, Sororoca, Arauari e Santa Rosa.
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b. Situao Ambiental
A formao geolgica recente, a topografia plana e baixa e a influncia da mar resultam
num ambiente natural caracterstico de vrzea, no caso, de vrzea de mar. Segundo o INPE se
trata de regio de formao geolgica recente, com formaes Ps-Barreiras, e diversas reas se
formaram ou se separaram do continente nos ltimos cinco a oito mil anos [ROSSETI, INPE,
2008].
Alm disto, Silva aponta que, embora possuam diferenas, os ambientes naturais das ilhas
apresentam em comum: a preservao de significativa massa verde, aes antrpicas
localizadas, presena de moradores ribeirinhos e predominncia de aes extrativistas como
fonte de renda populao em sua atividade rural [SILVA, 2010, p.26].
Os levantamentos a partir de visitas que o Instituto Peabiru realiza s ilhas h mais de 8
anos, por conta de diferentes projetos, indicam que a regio enfrenta: a) crescente
desmatamento (em nome da expanso urbana nas reas de terra firme e, de forma generalizada,
para a obteno de madeira e carvo); b) eroso (frente ao crescimento da monocultura do aa,
que ocupa todos os terrenos, de vrzea ou no, inclusive at as margens, o aumento do fluxo
embarcaes e as mudanas climticas, observa-se maior suscetibilidade eroso); c) poluio
das guas (por esgoto residencial e industrial no tratado, lixo e derramamento de leo por
embarcaes, considerando-se que a metrpole tem tratamento de esgotos para menos de 10%
de seus estabelecimentos); d) ameaa de expanso de novos empreendimentos (como os porto
de Outeiro (Sotave) e os portos de Icoaraci e os inmeros lanamentos imobilirios em Outeiro,
entre outros); e e) falta de Unidades de Conservao e definio fundiria das terras,
especialmente de ilhas menores. Em particular, observa-se a invaso recente das reas de
ninhais da Ilha dos Papagaios; a fragilidade de gesto da APA estadual da Ilha do Combu; dentre
outros exemplos flagrantes de ambientes frgeis e patrimnios arqueolgicos desprotegidos.
Em se tratando de provncias da biodiversidade, a Belm Ribeirinha se localiza no Centro
de Endemismo de Belm, que apresenta mais de 70% de sua cobertura florestal alterada, o
mais avanado grau de degradao na Amaznia. Esta classificao do Museu Paraense Emlio
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Goeldi e a Conservao Internacional apresenta o maior nmero de espcies vegetais e animais
ameaadas da Amaznia, e que demanda o monitoramento a partir da legislao federal e
estadual de proteo a espcies ameaadas [GARDA et al., 2010; SILVA, 2005; SILVA & GARDA,
2011; VIEIRA et al., 2005].
Acresa-se que as reas midas, especialmente aquelas sujeitas mar, apresentam, ainda,
baixa capacidade de resilincia pela dificuldade de reposio dos ciclos naturais diante de forte
processo de ocupao.
Importante comentar que pela regio passam 25% das guas de todos os rios do Planeta,
se considerarmos o delta do Amazonas e do Tocantins e demais rios da regio (Acar, Moj,
Guam e outros) e, que esta sofre forte influncia das guas interiores, assim como do regime de
mar, e uma das regies midas mais importantes.
Diante deste cenrio inexistem unidades de conservao de proteo integral, ainda que
hajam sido sugeridas em diferentes ocasies [SILVA, 2010, p. 116]. A nica rea de uso
sustentvel a rea de Proteo Ambiental do Combu, criada pelo Estado do Par e que possui
baixa capacidade de gesto nesta Ilha.
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c. Situao Social
Em primeiro lugar, no se sabe quantos so os habitantes da Belm Ribeirinha. Se
considerarmos apenas as ilhas de Belm exceo de Mosqueiro, Caratateua (Outeiro) e
Cotijuba, pode-se estimar uma populao superior a duas mil famlias. Os dados relacionados a
Cotijuba demonstram a precariedade da informao, seja pelo dinamismo que ocorre, seja pelo
isolamento e consequente sub-notificao ou outras causas (como a de informar residncia fora
das ilhas, mas efetivamente ali habitar). Segundo o Censo do IBGE, em 2010 haveria 3.750
habitantes em Cotijuba. Porm, nas reiteradas visitas as lideranas comunitrias e
representantes pblicos sempre falam em 5.000 habitantes permanentes [IBGE, 2010].
Se considerarmos os municpios de Ananindeua, Barcarena, Belm, h 16 assentamentos
agroextrativistas (PAE) do INCRA, com um total de 1.852 famlias cadastradas, das quais, 738
famlias entre Belm e Ananindeua [INCRA, 2013]. A experincia do Instituto Peabiru nos
Assentamentos Agroextrativistas em condies similares em 2014, como os das ilhas de
Cachoeira do Arari e Ponta de Pedras, indicam que estes nmeros precisam ser atualizados e,
geralmente, so maiores que os levantados preliminarmente. Sabe-se, ainda, que muitas ilhas e
respectivas comunidades ficaram de fora desta poltica pblica de assentamento agroextrativista
e so habitadas. Assim, para se chegar a um total de famlias ribeirinhas nestes dois municpios
haveria que se avanar num estudo sobre sua condio, inclusive contemplando as ribeiras de
ilhas maiores como Mosqueiro, Cotijuba e Caratateua.
De qualquer manei