DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
UMA DISCUSSÃO A RESPEITO DOS BENEFÍCIOS
ECONÔMICOS DA GESTÃO AMBIENTAL
Helena Mendonça Faria
ORIENTADOR: Prof. Dr. Rogério José da Silva
CO-ORIENTADOR: Prof. Dr. Edson de Oliveira Pamplona
Programa de Pós graduação em Engenharia de Produção- Escola Federal de
Engenharia de Itajubá
Av. BPS, 1303- Bairro Pinheirinho- 37500-000 Itajubá MG
SUMÁRIO:
AGRADECIMENTOS
1- INTRODUÇÃO
2- OBJETIVOS
3- METODOLOGIA
4- A QUESTÃO AMBIENTAL
5- NORMAS E LEIS AMBIENTAIS BRASILEIRAS
6- GESTÃO AMBIENTAL
7- ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E MEIO AMBIENTE
8- ECONOMIA E MEIO AMBIENTE
9- VALORAÇÃO AMBIENTAL
10- CONTABILIDADE AMBIENTAL
11- MÉTODOS DE AVALIAÇÃO ECONÔMICA DO MEIO AMBIENTE
12- ALGUNS PEQUENOS ESTUDOS DE CASO
13- CONCLUSÃO
14- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.
1- INTRODUÇÃO:
Sabe-se que a gestão ambiental vem ganhando um espaço crescente no meio empresarial.
O desenvolvimento da consciência ecológica em diferentes camadas e setores da sociedade
mundial acaba por envolver também o setor empresarial. Naturalmente não se pode afirmar que
todos os setores empresariais já se encontram conscientizados da importância da gestão
responsável dos recursos naturais. Entretanto, segundo Wladmir Netto Ungaretti: existem
indicativos de que tem crescido o nível de preocupação com as questões ambientais no setor
empresarial brasileiro, porém a incorporação da variável ambiental por parte de alguns setores
industriais ainda se limita às exigências dos sistemas de fiscalização do poder público. A
introdução da variável ambiental na gestão empresarial tem estado sujeita ainda à muitos fatores
de ordem política e conjuntural. Segundo este mesmo autor as contradições geradas pelos
inúmeros desníveis da sociedade brasileira, bem como a imposta inserção no processo de
globalização, fazem da variável ambiental um fator determinante em alguns setores, mas em
outros não.”( UNGARETTI, W. N. 1.998, p. 34.). Isto significa que alguns setores empresariais
tem motivos mais determinantes para realizarem investimentos em gestão ambiental. Pode-se
afirmar que a maior parte das empresas instaladas no Brasil e ligadas ao mercado internacional
tem como demanda competitiva ou até mesmo de sobrevivência a adoção de algum tipo de gestão
ambiental. E por terem razões mercadológicas mais fortes para investirem em gestão ambiental
acabam sendo pioneiras. Esta afirmação pode ser mais uma vez confirmada pela afirmação de
UNGARETTI. Este autor afirmou que foi possível realizar uma constatação em seu trabalho: “os
setores empresariais com melhor desempenho ambiental são aqueles submetidos, por razões de
mercado, às exigências do processo de internacionalização da economia. Importadores
pressionados por consumidores pressionam as empresas nacionais.” ( UNGARETTI, W. N.
1.998, p. 34.).
Uma vez que existem fatores conjunturais, macroeconômicos e políticos que determinam
a adoção de Sistemas de Gestão Ambiental- seja de que espécie for- pelo segmento empresarial, a
mudança destes fatores interfere no número de empresas que investem em gestão ambiental. Mas,
ainda que alguns setores não estejam atentos às demandas do mercado a tendência de maiores
investimentos por parte do setor empresarial em gestão ambiental é dada pela própria
conscientização crescente por parte de consumidores, governos, empresas, organizações não
governamentais, ou seja por parte da sociedade a respeito da questão ambiental.
Muitas vezes os investimentos em gestão ambiental são direcionados por fatores
competitivos, mas existem fatores diversos que determinam a realização de investimento em
gestão ambiental por parte das empresas, dependendo de sua realidade. O setor empresarial
brasileiro despertou para importância e necessidade de produzir adequando-se a preservação
ambiental, quando: a) Houve a criação de normas internacionais para a mensuração da qualidade
ambiental, aliada à grande concorrência internacional exigindo a adequação ambiental das
empresas multinacionais e de empresas exportadoras; b) Ocorreu uma modificação na legislação
ambiental, tornando-se esta mais restritiva, ao mesmo tempo, em que iniciou-se uma
intensificação da fiscalização; c) Tornou-se visível o grande mercado vinculado à proteção
ambiental incluindo oportunidades de negócios como: produtos e equipamentos antipoluentes,
equipamentos ligados a energias renováveis, equipamentos de saneamento básico, produtos rurais
ligados à agricultura orgânica, setores que exportam para o primeiro mundo, reciclagem de
materiais industriais e resíduos sólidos, etc.(FARIA, H. M. 1.998)
Sabe-se que os investimentos em gestão ambiental são crescentes e que Sistemas de
Gestão Ambiental são cada vez mais adotados por empresas nacionais e multinacionais. O
número de empresas que já implantaram sistema de Gestão Ambiental no Brasil gira em torno de
140 empresas certificadas pela Norma ISO14000 até setembro de 1.999. Existe então na
realidade um macro investimento em gestão ambiental. Estes investimentos crescentes podem ser
explicados por vários fatores, entre os quais podemos citar: maior conscientização da sociedade
exigindo uma postura responsável do setor produtivo; legislação mais restritiva; competitividade;
novas oportunidades com a abertura de “mercados verdes”. Na verdade o desenvolvimento da
questão ambiental e da conscientização das pessoas a respeito da escassez de recursos naturais
leva a uma maior preocupação com as questões ambientais.
Assim, empresários e até mesmo investidores que antes viam a gestão ambiental como
mais um fator de aumento de custos do processo produtivo, se deparam com vantagens
competitivas e oportunidades econômicas de uma gestão responsável dos recursos naturais.
Neste trabalho pretende-se esclarecer como detectar as vantagens econômico -financeiras
oferecidas pelos investimentos em gestão ambiental. Esta tarefa não se constitui em um caminho
fácil a percorrer.
Modelos econômicos, métodos e princípios contábeis tem sido desenvolvidos para que se
possa realizar uma análise econômica do meio ambiente, porém são ainda pouco empregados,
mesmo quando se tem uma urgência em utilizá-los, quando existe a consciência de que o
desenvolvimento econômico deve ser ‘sustentável’. A contabilidade nacional, a economia, a
administração são campos de pesquisa que ainda caminham no sentido de incorporar a variável
ambiental em seus estudos.
Os argumentos apresentados a seguir por Henrique Rattner ilustram a crescente interpenetração da questão ambiental em diversos campos profissionais e científicos:
“ Os economistas defendem a análise de custo-benefício, taxa de desconto, preços reais (referentes aos custos de recuperação por danos ambientais), auditoria ambiental, eventualmente, uma nova metodologia para as contas nacionais. Os sociólogos insistem na necessidade de se consultar e pesquisar as opções sociais, questionando-se sobre a disposição da sociedade em pagar pela proteção e conservação de determinados recursos naturais ou pela instalação de depósitos de lixo que representam riscos à saúde. Cientistas e tecnólogos reivindicam maiores verbas para a pesquisa e desenvolvimento de ciências básicas e de tecnologias de ponta, tentando seguir os padrões e copiar ou repetir os projetos de cientistas dos países desenvolvido. Constituem juntamente com os homens de negócio, um lobby forte para a transferência de tecnologias ( equipamentos, investimentos, etc.)dos países desenvolvidos para os países em desenvolvimento. Um número crescente de companhias e executivos começa a ver as questões ambientais como um campo novo e interessante de investimentos, ao menos por razões de marketing e de imagem perante o público. Os banqueiros e os conglomerados financeiros percebem oportunidades para lucros imensos advindos das preocupações ambientais e das transações internacionais, através da transferência de dotações de conversão das dívidas externas de proteção ao meio ambiente. (RATTNER, H. 1.994.)
Alguns estudos a respeito do “desenvolvimento sustentável” esbarram nas concepções de
sociedade e de estado atuais e alguns autores ressaltam que os problemas ambientais enfrentados
por toda a sociedade tem como causa os modelos políticos e de estrutura de poder vigentes que
são excludentes, deixando grande parte da população em condições muito baixas, para não dizer
insustentáveis de vida. Rattner ressalta que as soluções para os problemas ambientais são simples
e não necessitam do desenvolvimento de novas tecnologias, as existentes dariam conta das
demandas atuais, ficando assim a responsabilidade de tomadas de decisões a respeito do
desenvolvimento sustentável mais determinantemente uma questão de decisões políticas e sociais
conjuntas ( RATTNER, H. 1.994). Assim a busca de um desenvolvimento sustentável passa por
reformulações maiores do que apenas mudanças de modelos de gestão, mudanças de sistemas
contábeis e métodos de avaliação econômica, ainda que estes sejam imprescindíveis para se
viabilizar um determinado projeto. Só será possível realizar tal mudança com uma mudança de
consciência social e política. Este fato não rouba a importância do desenvolvimento atual de tais
pesquisas uma vez que a sociedade não muda bruscamente, mas sim atravessando períodos de
transição. Portanto ainda que o investimento por parte do setor privado em ações ambientalmente
corretas não traga soluções para graves problemas sociais enfrentados principalmente em países
em desenvolvimento como o Brasil, estas ações geram aspectos positivos para a sociedade, pelo
menos no sentido da não continuidade de ações altamente destrutivas quanto ao aspecto
ambiental.
A maior preocupação ambiental visualizada em nosso presente é conseqüência de
problemas concretos enfrentados pela sociedade tanto no passado quanto no presente. Os níveis
de consumo atual não são considerados sustentáveis. No atual momento a natureza dá sinais
evidentes de exaustão como os chamados problemas globais: Efeito estufa que exerce influência
negativa no clima do planeta, escassez de água, extinção de espécies causando desequilíbrio,
escassez de alimentos e energia, etc. Mesmos sem as estatísticas pode-se detectar as mudanças
pelas quais a sociedade passa observando a vida cotidiana, as cidades, a escassez de espaços
naturais a população pobre crescente.
A situação atual do nível de conservação dos recursos naturais e previsões para o futuro
próximo não são positivas. Organizações como a ONU já afirmaram diversas vezes números a
este respeito. Pode-se citar por exemplo dados relacionados às reservas de água do Planeta:
“Dentro de 25 anos, aproximadamente, um terço da população mundial enfrentará graves
desabastecimentos de água informou a Organização das Nações Unidas “(HOULDER, V. março
de 1.999). Mudanças são necessárias para que estas previsões não se efetuem. Ainda que as
mudanças envolvam toda a sociedade o setor produtivo tem em suas mãos grandes
responsabilidades, que com a maior conscientização dos consumidores serão cada vez mais
exigidas deste setor seja através de leis ou de mecanismos do próprio mercado. Torna-se claro
que a mudança de consciência é necessária para que as sociedades atuais atinjam um
desenvolvimento sustentável e grande responsabilidade a respeito deste desenvolvimento se
encontra nas mãos do setor produtivo.
Para as empresas que estão iniciando a inclusão da variável ambiental em suas atividades,
através da Gestão Ambiental por motivos diversos persistem algumas dúvidas. Este trabalho
pretende responder à algumas indagações referentes à gestão ambiental. Entre as quais pode-se
citar: A gestão ambiental traz resultados econômicos positivos aos empresários que nela
investem? Como os resultados dos investimentos em gestão ambiental podem ser mensurados? A
partir de estudos relativos a valoração da variável ambiental e da realização de pequenos estudos
de caso pretende-se elucidar melhor esta questão ainda que não se tenha a pretensão de se esgotar
este assunto, uma vez que todas as áreas de conhecimento atuais tem como demanda incluir em
suas pesquisas preocupações com a manutenção dos estoques de recursos naturais devido as
previsões a respeito da escassez para o futuro.
2- OBJETIVOS:
Este trabalho tem como objetivo principal discutir a respeito dos benefícios econômicos
trazidos pela gestão ambiental. Faz-se necessário esclarecer que não é objetivo principal deste
trabalho discutir a relevância da opção das empresas por adotarem Sistemas de Gestão
Ambiental, uma vez que se considera que esta opção seja socialmente determinada- quando se
trata por exemplo da observância da legislação pertinente ao meio ambiente- ou mesmo
determinada pelo mercado- quando se trata por exemplo de se visar algum tipo de vantagem
competitiva. Entretanto esta discussão estará presente no desenvolvimento deste trabalho
pontuando todos os capítulos.
Podem ser citados também alguns objetivos secundários porém fundamentais no sentido de
trazer esclarecimentos essenciais ao objetivo principal. Entre estes podemos citar:
1- Dissertar a respeito dos conceitos referentes à economia e contabilidade ambiental;
2- Oferecer uma visão inicial dos métodos existentes de valoração ambiental;
3- Discutir os principais aspectos da gestão ambiental, tais como sua caracterização e formas de
implantação.
Torna-se necessário esclarecer que estes objetivos secundários apresentados acima fazem
parte de teorias e conceitos novos nestas áreas de estudo portanto não se pretende apresentar um
trabalho aprofundado destes mesmos conceitos e sim aspectos que sejam relevantes ao objetivo
principal deste trabalho.
3-METODOLOGIA:
4- A QUESTÃO AMBIENTAL
O estudo do tema ambiental tem como aspecto fundamental a interdisciplinaridade. Muito
ainda se caminha no sentido de se tratar a questão ambiental de forma adequada. Entretanto: “ as
evidências empíricas já acumuladas sobre os impactos ecológicos das ações humanas parecem
colocar em xeque as formas usuais de gestão das relações sociedade-natureza.” (VIEIRA, P. F. e
WEBER, J. –org, 1.997). Em outras palavras os impactos ecológicos na vida quotidiana das
sociedades têm sido grandes, afetando a qualidade de vida das pessoas e colocando uma
interrogação nos modelos de desenvolvimento social e econômico adotado pelas mesmas. Para
ilustrar estas afirmações é interessante observar uma citação da comissão mundial para o meio
ambiente e desenvolvimento: “ ... na década de 70, o número de pessoas atingidas por catástrofes
‘naturais’ a cada ano dobrou em relação à década de 60. As catástrofes mais diretamente ligadas
à má administração do meio ambiente e do desenvolvimento- secas e inundações- foram as que
afetaram o maior número de pessoas e as que se intensificaram mais drasticamente em termos de
vítimas. Cerca 18,5 milhões de pessoas sofreram anualmente os efeitos da seca nos anos 60; 24,4
milhões, nos anos 70. Houve 5,2 milhões de vítimas de inundações por ano na década de 60; 15,4
milhões nos anos 70. .... Ainda não há dados definitivos para os anos 80. Mas, só na África, 35
milhões de pessoas foram atingidas pela seca, na Índia dezenas de milhões sofreram os efeitos de
uma seca mais bem administrada portanto menos divulgada. Inundações assolaram os Andes e o
Himalaia desflorestados com um vigor sempre crescente. Ao que parece, essa tendência sinistra
dos anos 80 se transformará numa crise que deverá durar toda a década de 90” ( Nosso futuro
Comum, 2O ed. 1.991). Números não faltam para que se identifique crises ambientais, assim as
nações através de organismos internacionais como a ONU, além de organizações não
governamentais têm iniciado um movimento em direção a uma nova forma de desenvolvimento
que considere o aspecto ambiental, as reservas de recursos naturais.
Pesquisadores afirmam que “ a Terra entrou em um período de mudanças hidrográficas,
climáticas e biológicas que difere dos episódios anteriores de mudança global, no sentido de que
esta tem uma origem humana.... ´ (STERN, P. C. ; YOUNG, O. R. e DRUCKMAN – org.-
1.993). Existem outros períodos de mudanças climáticas na história do planeta Terra, entretanto
não tinham como causa a ação humana. Estes mesmos pesquisadores afirmam também que “ as
mudanças globais que se agigantam no horizonte são o caso em questão. A destruição da camada
de ozônio atribuída ao acúmulo de clorofluorcarbonos (CFCs) na estratosfera é um efeito
colateral não pretendido, proveniente das atividades industriais humanas. O aumento do dióxido
de carbono atmosférico, uma tendência que se tem acelerado desde o começo da revolução
industrial, é motivado pelo crescente uso de combustíveis fosseis e pela eliminação das florestas.
E a perda da diversidade biológica é um subproduto das várias atividades humanas inclusive da
derrubada de florestas tropicais úmidas para fins agrícolas “ (STERN, P. C. ; YOUNG, O. R. e
DRUCKMAN – org.- 1.993). Todos estas mudanças tem impactos negativos para a vida humana.
Não se pode ignorar as discussões e ações referentes a questão ambiental presentes no
momento atual da humanidade. Estas ações são atuais, uma vez que assumem um destaque maior
não observado na história recente da humanidade. Uma das característica mais importante dos
problemas ambientais enfrentados pela sociedade atual é o fato de estes problemas têm como
agente e sofredor da ação ou seja causa e efeito o próprio homem. Os pesquisadores STERN,
YONG e DRUCKMAN afirmam que: os sistemas humanos e os sistemas ambientais encontram-
se em dois pontos: onde as ações humanas proximamente causam mudança ambiental, ou seja,
onde elas alteram diretamente aspectos do meio ambiente, e onde as mudanças ambientais afetam
diretamente aquilo que os seres humanos valorizam (STERN, P. C. ; YOUNG, O. R. e
DRUCKMAN – org.- 1.993). Quando se percebe as influências das ações humanas nas
mudanças ambientais do planeta, por outro lado também pode-se observar contra-ações ou
reações no sentido de se controlar estas mudanças. ‘ Por exemplo, depois que as pessoas
aprenderam que os CFCs que se elevam para a estratosfera destruiriam a camada de ozônio lá
existente e ameaçariam a saúde humana, fizeram esforços para diminuir o uso industrial ou
comercial destes produtos químicos.” (STERN, P. C. ; YOUNG, O. R. e DRUCKMAN – org.-
1.993). Estas reações humanas que podem alterar o curso das mudanças ambientais globais são
instrumentos para se diminuir ou eliminar as conseqüências negativas que tais mudanças já
trouxeram ou podem trazer para a saúde e qualidade de vida das populações.
Desde a conferência de Estocolmo em 1972, onde, pela primeira vez foram discutidas
amplamente, em fórum internacional, as questões ambientais apresentam papel gradualmente
mais abrangente, perante as nações. A partir deste evento disseminaram-se: previsões de aumento
de consumo de energia e recursos naturais no mundo e o esgotamento destes mesmos recursos.
“Cerca de 25% da população mundial consome 75% da energia primária, 75% dos metais e 60%
dos alimentos, produzidos no mundo, com vantagem dos países industrializados sobre os não
industrializados, verificando-se ao mesmo tempo um crescimento da pobreza; escassez de
recursos naturais essenciais para atividades humanas, como a água; e a crise urbana.”
(SEBRAE/96)
Todas estas constatações e previsões levaram a uma nova abordagem da questão
ambiental, que se torna mais presente na vida dos cidadãos.
A necessidade de conciliar desenvolvimento econômico e preservação ambiental, duas
questões que antes eram tratadas separadamente, levam a formação do conceito de
desenvolvimento sustentável, que surge como alternativa para a comunidade internacional, e
ganha notoriedade a partir do relatório “Nosso Futuro Comum” da Comissão Mundial Sobre o
Meio Ambiente e Desenvolvimento, em 1987(SEBRAE, 1996).
A consciência de que é necessário tratar com racionalidade os recursos naturais, uma vez
que estes podem se esgotar, mobiliza a sociedade no sentido de se organizar para que o
desenvolvimento econômico não seja predatório, seja sim, sustentável.
Em 1987, foi convocada pela Comissão Mundial Sobre o Meio Ambiente e
Desenvolvimento, a Conferência das Nações Unidas para o meio Ambiente e Desenvolvimento
(CNUMAD), que aconteceu em 1992, no Rio de Janeiro. Esta conferência contou com a
participação de órgãos governamentais internacionais, e teve a participação paralela de setores
independentes da sociedade como Organizações não Governamentais ( ONGs) agregados no
chamado Fórum Global. Esta conferência produziu os documentos: “Carta da Terra”, com 27
princípios básicos e a “ Agenda 21”, um amplo programa com a finalidade de dar efeito prático
aos princípios aprovados durante a mesma.
No Brasil a evolução da “Questão Ambiental” iniciou-se com um caráter preservacionista,
na década de 60. Em Estocolmo, em 1972, o governo Brasileiro foi o principal organizador do
bloco de países em desenvolvimento que tinham uma posição de resistência ao reconhecimento
da problemática ambiental, considerando mais importante o crescimento econômico. É definido
então, que a problemática ambiental deve se ater ao controle de poluição e preservação de
algumas amostras de ecossistemas naturais. (VIOLA E LEIS,1.990)
Com a crescente preocupação interna- através de entidades ambientalistas - e externa, para
que o Brasil apagasse a imagem negativa de 1972, a problemática ambiental toma rumos mais
amplos na sociedade brasileira, formando um movimento que envolve o Estado, a comunidade e
finalmente, no final da década 80 e durante os anos 90, o setor empresarial.
O setor empresarial passou a exercer papel importante no sentido de orientar
investimentos e a gestão de processos produtivos, segundo critérios de proteção e uso adequado
do meio ambiente.
Diante deste contexto, é indiscutível que a questão ambiental exerce papel importante no
mercado, na sociedade, influencia governos, consumidores e o setor empresarial.
Ainda que se tenha um caminho longo a percorrer para que se chegue a uma forma
sustentável de desenvolvimento e os problemas alertados pelos pesquisadores sejam considerados
uma urgência dado o nível de destruição apresentados para os recursos naturais, os primeiros
passos vêm sendo dado e o setor empresarial é um importante segmento para que estas ações se
concretizem.
5- NORMAS E LEIS AMBIENTAIS BRASILEIRAS:
5.1- ASPECTOS IMPORTANTES DA LEGISLAÇÃO AMBIENTAL BRASILEIRA:
A legislação brasileira oferece normas e leis relativas à conservação e gerenciamento dos
recursos naturais. Estabelece responsabilidade civil, penal e administrativas para os responsáveis
por danos ao meio ambiente. Está também incluída nesta legislação a forma de organização dos
órgão gestores do meio ambiente sejam eles fiscalizadores ou consultivos e deliberativos.
A partir da constituição de 1988, passou a existir no Brasil instrumentos jurídicos para
qualquer cidadão inferir no processo de degradação ambiental, confirmando a tendência à maior
regulamentação ambiental para o funcionamento das empresas. A constituição dedica o capítulo
VI ao meio ambiente e no artigo 170, condiciona a ordem econômica, entre outros princípios, ao
da defesa do meio ambiente. ( SEBRAE/ 96). As constituições estaduais também dedicam
capítulos ao tema ambiental e remetem para a legislação ordinária que regulamenta essas
disposições constitucionais. ( VALLE, C. E., 1.995). Segue-se a seguinte hierarquia na legislação
brasileira, em ordem decrescente: Constituição; Lei; Lei Ordinária e Decreto. Sendo que este
último deve estar relacionado à uma lei determinada regulamentando-a.
Através da lei 6.938 de 1981, o poder público dispõe de instrumentos para assegurar o direito
ao meio ambiente equilibrado, tais como: avaliação do impacto ambiental, o licenciamento
ambiental e a revisão de atividades efetivas ou potencialmente poluidoras, o zoneamento
ambiental e a fiscalização. Esta lei dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins
e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. O decreto que a regulamenta
é o de n º 99.274 de 1.990.
A nova Lei de crimes ambientais, sancionada em 12 de fevereiro de 1998, pelo presidente
da República, responsabiliza pelos crimes contra o meio ambiente a pessoa jurídica e a pessoa
física responsável. Propõe penalidades mais severas; variando de penas restritivas de direitos para
a pessoa jurídica, tais como: I- Suspensão parcial ou total de atividades, II interdição temporária
de estabelecimento, obra ou atividade, III.- proibição de contratar com o poder público, bem
como dele obter subsídios, subvenções ou doações; à multas e detenção, para a pessoa física
responsável. Esta nova lei porém teve que esperar cerca de um ano para ser regulamentada pelo
Decreto n º 3.179, de 21 de setembro de 1.999. Este decreto dispõe sobre a especificação das
sanções aplicáveis às condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências.
Entre outras coisas define o valor de multas e sua correção monetária e tipo de multa a ser
imposto como sanção em cada infração. Como por exemplo em seu art. 2 º , define que as
infrações administrativas são punidas com: advertência; multa simples; multa diária.
Houve um desenvolvimento significativo de legislação ambiental brasileira. Na história desta
evolução cita-se como importantes marcos a constituição de 1.988, a Lei 6.938 de 31 de agosto
de 1.981. Considera-se também um importante marco no desenvolvimento da legislação
brasileira relativa ao meio ambiente a Lei n º 9.605 ou a Lei de crimes ambientais, sancionada
em 12 de fevereiro de 1998. Esta Lei sistematizou adequadamente, numa só ordenação, as
normas de direito penal ambiental, possibilitando o seu conhecimento e a sua execução pelos
entes estatais. ( SALES, M. 1.999). Ou seja, expondo a responsabilidade e penalidades para atos
em desfavor do meio ambiente, esta lei ainda estabeleceu penas e multas tanto para pessoa
jurídica quanto para pessoa física responsável pela degradação ambiental estabelecida em seu
escopo.
Esta Legislação vem evoluindo à medida em que a sociedade se torna mais complexa e exige
instrumento legais eficazes para regê-la em diferentes esferas. Ivan Lira de Carvalho afirma que
variadas e incertas são as razões da inserção na constituição federal de 1.988 de artigos
preocupados em compatibilizar a atividade privada produtiva com a preservação ambiental e
menciona como provável fatores pressões de Organizações Não Governamentais comprometidas
com as questões ambientais e a migração de indústrias mais poluentes para países do terceiro
mundo, uma vez que os países mais desenvolvidos tendem à não mais aceitar estas indústrias.
Afirma ainda que: “qualquer que tenham sido o motivo que deu razão à inserção, na Constituição
Federal, de normas atinentes ao meio ambiente- direta ou indiretamente-, o certo é que elas
existem, estão em pleno vigor e desafiam uma correta aplicação, para que atinjam os fins
perseguidos.” (CARVALHO, I. L de. 2000).
A legislação atual têm aspectos importantes a serem observados, entre eles o da
responsabilidade por danos ambientais. Um princípio importante presente nos domínios do
Direito Ambiental é o princípio do poluidor- pagador que impõe ao poluidor o dever de arcar
com as despesas de prevenção, reparação e repressão da poluição, estabelecendo que o causador
da poluição ou da degradação dos recursos naturais deve ser o responsável principal pelas
conseqüências de sua ação. Este princípio ocorre independente de ter o causador do dano culpa”
(CARVALHO, I. L de. 2000). “O Diploma legal básico para o tratamento do dano ambiental no
Brasil é a Lei da Política Nacional do Meio Ambiente, n º 6.938/81, cujo art. 14, § 1 º, reza que ‘o
poluidor é obrigado, independentemente de existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos
causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade .’” ( KRELL, A.. J.
2.000). É ainda importante observar que os danos ambientais podem estar acompanhados de
danos pessoais e patrimoniais. “No Brasil de hoje o dano ambiental, raramente é alegado perante
o Judiciário como prejuízo próprio, meramente individual de determinado cidadão, ressarcível
somente com os meios do processo civil clássico.(...) o objeto lesado é a face da propriedade
privada ou a saúde individual do bem comum meio ambiente. Nessas ações privadas a
responsabilidade do poluidor é objetiva, ou seja ele deve ser responsabilizado independentemente
da existência de culpa. Por exemplo, a propriedade rural do fazendeiro F foi invadida por seu
inimigo P que tocou fogo numa área remanescente de Mata Atlântica e despejou veneno no açude
matando a fauna aquática. F pode abrir uma ação civil comum contra P, exigindo indenização
pelo dano material que ele sofreu ( valor comercial da madeira e dos peixes , mais danos morais).
Além disso, é possível a propositura de uma Ação civil Pública para ressarcir o dano ambiental
causado à coletividade pelo comportamento de P ( queima da floresta, deterioração do recurso
hídrico). No caso em que o agente poluidor fosse o próprio F, para poder construir no seu terreno,
por capricho ou negligência, a Ação Civil Pública se dirigiria contra ele mesmo em virtude que F
não é dono do valor ambiental dos ecossistemas existentes no seu terreno sendo este bem
ambiental difuso, pertencendo à toda coletividade.” ( KRELL, A.. J. 2.000). Isto faz com que a
reparação seja inevitável, sendo que se identifica no sistema jurídico nacional uma bifurcação do
dano ambiental: de uma lado o dano público contra o meio ambiente, de natureza difusa,
atingindo um número indefinido de pessoas, sempre devendo ser cobrado por Ação Civil Pública
ou Ação Popular e sendo a indenização dirigida a um fundo; no outro lado, o dano ambiental
privado, que dá ensejo à indenização dirigida à recomposição do patrimônio individual das
vítimas. ( KRELL, A.. J. 2.000). Este princípio está expresso na Lei da Política Ambiental -Lei
6.938 de 1.981- onde considera em seu art. 14, § 1 º ‘ Sem obstar a aplicação das penalidades
previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a
indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua
atividade. (CARVALHO, I. L de. 2000). Este princípio permanece: Ainda que a ( KRELL, A.. J.
2.000). tenha sido revogada pela Lei 9.605/98, continua em vigor o art. 14 do diploma antigo.
Patente está, portanto que a responsabilidade objetiva para questões ambientais permanece
hígida. (CARVALHO, I. L de. 2000).
Outro aspecto importante e polêmico da atual legislação ambiental brasileira é o da
responsabilidade penal da pessoa jurídica por danos ambientais. Esta não estava presente na Lei
6.938 , Lei da Política Ambiental, de 1.981, que assim definia em seu art. 3 º inc. IV:
“ o poluidor , vale dizer toda pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável direta ou indiretamente por atividade causadora de degradação ambiental. Todavia, a pessoa jurídica não pode, ainda ser objeto de imputação penal, eis que a falta de lei que discipline a matéria, regulamentando a forma do processo e impondo sanções.
Portanto, o poluidor deve ser pessoa física que realize atividade causadora de degradação
ambiental”, segundo a lei anterior, citada acima. (CARVALHO, I. L de. 2000). Entretanto esta
responsabilidade esta presente na Lei 9.605/98.
Muitos juristas defendem a tese de que a culpabilidade seja inadequada para às pessoas
coletivas ou jurídica, ainda hoje, porém Ivan Lira Carvalho afirma que “por maior que seja a
nossa defesa da tese da inadequação da teoria da culpabilidade às pessoas coletivas, não nos é
dado negar que a ordem constitucional tutelar do meio ambiente, na norma de conteúdo penal
estampada no art. 225, § 3 º, da Carta Política, optou pela aplicação de sanções administrativas e
penais às pessoas jurídicas. Demais disso a Lei 9.605, de 12-02-98 espanca qualquer dúvida
quanto a essa opção do legislado em seu art. 3º. afirma que
“as pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente, conforme disposto nesta lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal e contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade. (...) Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, co-autoras ou partícipes do mesmo fato.” (CARVALHO, I. L de. 2000).
Assim se comprova que a responsabilidade penal da pessoa jurídica perante a crimes
ambientais está claramente observada na Lei 9.605/98 , lei de crimes ambientais, mesmo
havendo polêmicas a respeito da possibilidade de pessoa jurídica ser responsabilizada
criminalmente e responder a processo penal.
Outro aspecto que deve ser considerado a respeito da atual legislação ambiental brasileira diz
respeito a sua regulamentação. Observamos que a Lei anterior básica para a política nacional de
meio ambiente- Lei 6.938 de 31 de agosto de 1.981- teve uma demora considerável para ter sua
regulamentação efetivada pelo Decreto n º 99.274 de 1.990. Já a Lei de crimes ambientais - Lei
9.605, de 12 de fevereiro de 1.998- diminuiu este tempo sendo regulamentada em um período
menor, pelo Decreto 3.179, de 21 de Setembro de 1.999. Existem muitas críticas ainda com
respeito à demora pela regulamentação de leis, porém há que se considerar que houve um
progresso frente ao atraso que sofreu a regulamentação da Lei anterior. A regulamentação
estabelece detalhes da Lei como por exemplo o valor da multas a serem cobradas por
determinado dano ambiental e se constitui instrumento essencial para efetivação de uma Lei, no
atual sistema judiciário brasileiro.
A Lei de crimes ambientais - Lei 9.605/98- recebe ainda críticas, ainda que sejam
considerados seus aspectos positivos tais como: o reconhecimento de que o meio ambiente
precisa ser protegido juridicamente e não apenas por instrumentos administrativos e civis ( como
o licenciamento ambiental, a reparação de danos, presentes na lei anterior); sistematização e
modernização dos tipos penais referentes ao assunto e correção e imperfeições da Lei anterior,
como, por exemplo, considerar uma simples contravenção a derrubada de dez mil hectares de
florestas, por exemplo . Estes aspectos positivos constantes na reportagem “Lei ambiental nasce
torta segundo juristas” da Revista IFORMA, de jan./ 2000 revela que não são faces únicas desta
Lei. Neste artigo são citadas críticas tais como: o fato de que mesmo antes de sua promulgação
esta lei sofreu muitos vetos, especialmente advindos de grupos de interesses econômicos
representados no congresso nacional e ainda se refere a imprecisões técnicas da Lei, conceitos
vagos e violações a Constituição. Cita também a polêmica gerada pela responsabilidade penal da
pessoa jurídica . Ainda como aspecto positivos da Lei cita-se depoimentos de ambientalistas que
afirmam que a situação precária do ambiente pede uma legislação mais rigorosa e que a nova Lei
têm em muito ajudado.
É necessário ressaltar que imperfeições são visíveis tanto na forma da legislação quanto em
seu mecanismo de aplicação, que representa os interesses conflitantes de grupos que formam a
sociedade brasileira atual. Entretanto a motivação para criação e melhora da legislação é um fator
concreto que deve ser estimulado se houver interesse em se construir um futuro sustentável. Para
ilustrar esta conclusão foi tomada a liberdade de referenciar citação uma citação Maurice Strong
na obra de Carlos Gomes de Carvalho ( 1.991):
Não há possibilidade de o mundo se unir por meio de uma ideologia comum ou de um supergoverno. A única esperança prática é de que reagirá agora a um interesse comum por sua própria sobrevivência, ao conhecimento da interdependência essencial de seus povos e à consciência de que uma ação cooperativa pode ampliar seus horizontes e enriquecer a vida de todos os povos.
Maurice Strong
5.2- ESTRUTURA DO SISTEMA NACIONAL DE MEIO AMBIENTE:
É importante também esclarecer a estruturação e mecanismos estatais pelos quais as leis são
definidas fiscalizadas e difundidas. A Lei 6.938 de 1.981 define a estrutura do Sistema Nacional
do Meio Ambiente – SISNAMA - que reúne, na estrutura do Ministério do Meio Ambienta, o
Conselho Nacional do Meio Ambiente –CONAMA-, como órgão consultivo e normativo, e o
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA ), órgão
executor da política federal do meio ambiente. ( VALLE, C. E., 1.995).
Os estados possuem estruturas aproximadamente equivalentes ao nível federal. Estas são
“coordenadas por uma secretaria estadual que se ocupa do tema ambiental, e dispõe de seu
conselho estadual de meio ambiente e sua agência estadual de controle da poluição, algumas
delas constituídas como fundações, outras como empresas públicas. As atividades de
licenciamento e controle ambiental são de atribuição dos estados e são exercidas por seus
respectivos órgãos ambientais.” ( VALLE, C. E., 1.995). No estado de Minas Geraes, por
exemplo, a Fundação Estadual do Meio Ambiente – FEAM- é pessoa jurídica de direito público,
dotada de autonomia administrativa e financeira, vinculada à Secretaria de Estado de Meio
Ambiente e Desenvolvimento Sustentável- SEMAD, integra, no âmbito estadual, o Sistema
Nacional do Meio Ambiente- SISNAMA- como órgão executivo, ao lado do Instituto Estadual de
Florestas- IEF- e do Instituto Mineiro de Gestão das águas- IGAM. A FEAM atua em nome do
Conselho Estadual de Política Ambiental- COPAM. Entre suas competências mais importantes
podem ser citadas : a) pesquisa, monitoramento e diagnóstico da poluição ambiental;
b) desenvolvimento de estudo, pesquisas, normas, padrões, bem como prestação de serviços
técnicos destinados a prevenir, corrigir a poluição ou degradação ambiental;
c) desenvolvimento de atividades educativas, informativas junto à sociedade;
d) apoio aos municípios na implantação e no desenvolvimento de sistemas de gestão ambiental
destinados a prevenir e corrigir a degradação ambiental;
e) fiscalização do cumprimento da legislação de controle da poluição ou da degradação
ambiental, podendo aplicar penalidades.
Pode-se ilustrar melhor a estrutura do Sistema Nacional de Meio Ambiente – SISNAMA-
com seus órgãos deliberativos ( Conselhos) e Executivos ( Fundações ou empresas públicas) nos
níveis Federal e Estadual pela figura abaixo, utilizando como exemplo o estado de Minas Geraes:
SISNAMAÓRGÃOS NÍVEL FEDERAL NÍVEL ESTADUAL
GERENCIADORES OU COORDENADORES
Ministério do Meio Ambiente Secretaria Estadual de Meio
Ambiente
CONSULTIVOS E DELIBERATIVOS
CONAMA ( Conselho Nacional de
Meio Ambiente)
COPAM (Conselho Estadual de
Política Ambiental)
EXECUTIVOS IBAMA (Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis)
FEAM (Fundação Estadual do
Meio Ambiente)
Tabela 6.0: Esquema simplificado da representação organizacional do Sistema Nacional do Meio
Ambiente
É importante observar que esta figura é uma forma simplificada de se ilustrar a estrutura do
SISNAMA, regulamentada pelo Decreto n º 99.274, de 6 de junho de 1.990. Este decreto prevê
ainda em seu artigo 3 º a existência de órgãos Seccionais federais e estaduais que tenham
atividades associadas à proteção da qualidade ambiental ou aquelas de disciplinamento do uso de
recursos ambientais, ou execução de programas e projetos e controle e fiscalização de atividades
capazes de provocar degradação ambiental. Neste caso, para o exemplo de Minas Geraes pode-se
citar o Instituto Estadual de Florestas- IEF- e do Instituto Mineiro de Gestão das águas- IGAM.
Ainda é necessário esclarecer que existem diferenças entre estados e os órgão Seccionais podem
ser entidades da Administração Pública Federal Direta e Indireta e as fundações instituídas pelo
poder público.
Em nível municipal existem também órgãos que se incumbem pelo cumprimento das
Legislações de nível federal e estadual, exercendo suas funções de controle ambiental. ( VALLE,
C. E., 1.995) Os municípios também possuem leis relativas à conservação ambiental.
Normalmente os órgão municipais assim caracterizados são os CODEMAs ( Conselhos
Municipais de Meio Ambiente) que normalmente têm caráter deliberativo e consultivo.
5.3- EMPRESA E LEGISLAÇÃO AMBIENTALPara as empresas existem especificidades importantes a serem consideradas na legislação
ambiental brasileira, entre estas as já discutidas acima: o princípio do poluidor-pagador e a
responsabilidade penal da pessoa jurídica frente ao dano ambiental. De uma maneira mais
simplificada Cyro Yer do Valle resume assim o princípio do poluidor-pagador: ‘”Aquele que gera
um resíduo ou causa um impacto nocivo sobre o meio ambiente deve arcar com os custos de sua
correção- é o princípio de ‘quem polui paga’; a responsabilidade por danos causados ao meio
ambiente é objetiva e não subjetiva. (...) isto significa que uma empresa que cause um dano ao
meio ambiente é responsável pelo mesmo independentemente de comprovação da culpa ser sua
ou de terceiros ( um funcionário ou um fornecedor, por exemplo), pela simples existência de nexo
causal entre o prejuízo e sua atividade;” ( VALLE, C. E., 1.995). A responsabilidade penal da
pessoa jurídica frente ao dano ambiental, constante da Lei 9.605/98, alvo de polêmicas já
discutida acima também é um fator importante. Outros fatores podem ser citados também como
importantes na relação empresa/ legislação ambiental. Entre estes o fato de que o gerador de
resíduo responde pelo mesmo indefinidamente, mesmo que esse resíduo seja transferido de local,
mudado de mãos ou depositário, ou de forma, mantendo suas características nocivas; a
necessidade de obtenção de Licença para construção, e funcionamento de um estabelecimento
empresarial. ( VALLE, C. E., 1.995).
No setor industrial, segundo Cyro eyer do Valle “a legislação ambiental procura controlar os
problemas de contaminação do meio ambiente a partir de três abordagens: a) a regulamentação
dos locais de produção, visando controlar, na origem , a geração e disposição de resíduos) A
regulamentação dos produtos, estabelecendo limites para emissões, restringindo o uso de certos
materiais perigosos na fabricação etc. c) A regulamentação das condições ambientais de forma
abrangente, limitando, em casos extremos, certas atividades que possam atuar de forma crítica em
desfavor de uma área ou região. ( VALLE, C. E., 1.995). De forma mais simples as formas de
controle da poluição contidas em lei abrangem: controle das fontes geradoras; controle dos
produtos, controle das conseqüências. Complementam as leis básicas direcionadoras da política
ambiental - Lei 9.605/98 e Lei 6.938/81 - já apresentadas anteriormente, as resoluções do
CONAMA e normas técnicas da ABNT (Associação brasileira de normas técnicas). Entre outras
coisas, estas normas definem níveis limites de emissões de poluentes no ar ou na água; além de
estabelecerem classificação de resíduos, estabelecimento de métodos de análise e de amostragem
e padronização de símbolos de risco para identificar resíduos transportados ou armazenados.
O licenciamento ambiental definido pela Lei 6.938 de 1981 constitui-se importante requisito
legal para o setor industrial. Segundo esta lei aquelas atividades cujo potencial poluidor não é
considerado desprezível (segundo critérios estabelecidos pelos órgãos estaduais responsáveis) são
objeto de Licença Ambiental, fornecida pelos órgãos estaduais do meio ambiente ou pelo
IBAMA ( Instituto Brasileiro do Meio Ambiente). A resolução do CONAMA n º 237, de 19 de
dezembro de 1.997 estabelece em seu art. 2 º parágrafo 1º os empreendimentos e atividades
sujeitas ao licenciamento ambiental.
As Licenças são de três tipos:
1)Licença Prévia- autorização para desenvolver o projeto do empreendimento de acordo com as
exigências ambientais;
2)Licença de instalação - requerida após a aprovação do projeto, serve para construção do
empreendimento segundo este mesmo projeto;
3)Licença de Operação - autorização para iniciar as atividades.
Para alguns empreendimentos de maior impacto sobre o meio ambiente são exigidos: EIA
(Estudo de Impacto Ambiental) e RIMA ( Relatório de Impacto Ambiental). ‘Normalmente se
detecta a necessidade de se realizar o EIA e RIMA quando a empresa solicita sua licença de
instalação.” ( VALLE, C. E., 1.995).
O licenciamento de atividades industriais é previsto por lei, entretanto muitos
empreendimentos se encontram sem esta regulamentação, especialmente aqueles que são
estabelecimentos antigos e se situam em cidades ou regiões onde a fiscalização é pouco incisiva.
Normalmente estes empreendimentos despertam para a necessidade de estar em dia coma
legislação quando ocorre reclamações ou alguma demanda por parte de clientes, órgão
governamental, ou comunidade próxima.
Muitas vezes a postura do empreendedor por temor de multas e complicação para o
andamento de suas atividades o leva a não buscar uma aproximação junto aos órgãos ambientais.
É importante observar que se trata de obrigação do órgão responsável pelo fornecimento de
Licença Ambiental o auxílio ao empreendedor para sua adequação à legislação.
Quando se pensa sob a ótica empresarial não são apenas multas e penalidades que a lei
determina, mas também incentivos. As empresas podem obter vantagens e incentivos se
realizarem ações para a proteção ambiental. A Lei 6.938 de 1981 pontua que: “O Poder
Executivo incentivara atividades voltadas para a proteção ambiental” que incluem pesquisas de
processos tecnológicos destinados a reduzir a degradação ambiental, a instalação de
equipamentos antipoluidores e outras iniciativas que propiciem a racionalização do uso dos
recursos naturais. ( Sebrae, 96)
Todas estas exigências legais são indispensáveis ao funcionamento de uma empresa,
principalmente as Licenças, sem as quais suas atividades podem ser impedidas.
Os custos para adequação às normas existem e são inevitáveis. “Dentro de um sistema de
Gestão Ambiental é bom lembrar que o atendimento aos requisitos legais tem um custo ( custo de
conformidade). Que tende a aumentar a proporção que estes requisitos se tornam mais restritivos.
Além disso, se a empresa não tiver um sistema implementado os custos tendem a crescer por
diversos fatores como ênfase nas ações emergenciais, pouco aproveitamento dos recursos
humanos, etc.” (SEBRAE/GAZETA MERCANTIL, 1.996)
Fica claro o risco que correm as empresas se resistirem em dar atenção devida à questão
da Gestão Ambiental. Isto pode ser ilustrado com exemplo real de três empresas que trataram a
questão ambiental, especialmente os investimentos nesta questão, de forma bem diferente,
obtendo resultados também diversos. Este exemplos foram extraídos do artigo “ Fica barato
poluir: três estórias” de Maria Suely Moreira (1997). Dentre as três empresas a primeira nada
investiu, a segunda manteve-se em conformidade com a legislação e a terceira implantou um
sistema de gestão ambiental integrado, objetivando, entre outras coisas a certificação pela norma
ISO 14000. A terceira obteve reconhecimento público e redução de custos. A Segunda não
obteve vantagens visíveis, mas evitou gastos pela não conformidade legal, e a primeira está as
voltas com um processo judicial movido pela comunidade que pode implicar em um gasto
considerável em multas.
A maneira como adequar os investimentos em gestão ambiental na empresa faz parte de
sua estratégia, e tal estratégia, para ser eficiente deve estar atenta às mudanças de mercado e da
sociedade. As empresa que tomaram um maior cuidado em observar a legislação e além disso
estiveram atentas às mudanças, obtiveram melhores resultados.
6- GESTÃO AMBIENTAL:
Sabe-se que são crescentes as exigências sofridas pelas empresas especialmente as
indústrias em relação a uma postura responsável quanto a questão ambiental. Discutiu-se a
respeito destas exigências em todos os capítulos anteriores deste trabalho e também em sua
introdução. Empresas são pressionadas por organizações não governamentais, órgão reguladores
e fiscalisadores do governo através da legislação existente, e até mesmo pelo mercado que
incluem as entidades financiadoras como bancos e seguradoras e também pelos próprios
consumidores. CAJAZEIRA,J. M. ( 1.998) afirma que:
“ As preocupações globais em relação às questões ecológicas foram transferidas para as indústrias sob as mais diversas formas de pressão: Financeiras ( bancos e outras instituições financeiras evitam investimentos em negócios com perfil ambiental conturbado), Seguros ( diversas seguradoras só aceitam apólices contra danos ambientais em negócios de comprovada competência em gestão do meio ambiente), Legislação ( crescente aumento das restrições aos efluentes industriais pelas agências ambientais), todavia a pressão dos consumidores, notadamente em países mais desenvolvidos, reflete uma autêntica paranóia por produtos ambientalmente corretos e de certa forma estabeleceu uma suposta ‘consciência verde’ ao redor do mundo, se bem que, muitas vezes, esta consciência é galgada em fatos irreais e incorretos.” ( CAJAZEIRA, Jorge Emanuel R. 1.998)
Não se pode afirmar que a consciência ambiental é um fato galgado em fatos irreais como
afirma o autor acima citado, uma vez que existem dados confiáveis a este respeito, teorias como o
efeito estufa são diariamente comprovadas por meteorologistas e cientistas renomados, e outros
problemas globais também são insistentemente alertados por organismos de confiança
internacional como a ONU ( Organização das Nações Unidas ), além de que não se precisa sair
de casa para observar a qualidade do ar nas grandes cidades e outros problemas ambientais
urbanos. Talvez o autor tenha se referido a ações como a de entidades que lutam pela preservação
de espécies, considerada como um exagero para certos grupos, mas que tem respaldo em
pesquisas aprofundadas como a de Barbieri ( 1.998) a respeito da Biodiversidade. Ou talvez
também tenha se referido aos mecanismos de guerra por mercados incluindo as chamadas
barreiras não alfandegárias para que se reserve mercados para determinados produtos ou
empresas. Todos estes fatos não são aqui desconsiderados, no entanto trata-se de uma discussão
a respeito de políticas de desenvolvimento o que não é objetivo deste trabalho.
Realmente a posição pró-ativa de industriais em relação a questão ambiental é um fato
recente. Entretanto é recente também o impacto causado pela atividade industrial humana no
meio ambiente global. Paul de Baker afirma que: “ A empresa que até há um século era
insignificante em relação à natureza, portanto irresponsável, tornou-se força dominante”
( BAKER, P. de. 1.995). Este mesmo autor esclarece que a postura do empresário ou executivo
não se pode figurar entre defender ou se colocar em antagonismo àqueles que realizam
movimentos em defesa do meio ambiente. Afirma que não se trata de defender ou atacar os
recursos naturais e sim gerenciá-los. “A gestão empresarial do meio ambiente não é de jeito
nenhum a conseqüência de uma vontade de dominar, destruir ou antagonizar. (...) Trata-se da
conseqüência lógica da responsabilidade coletiva econômica que é atualmente a de todos os
atores e intervenientes no equilíbrio do planeta.” Ainda afirma também que um dos principais
problemas para resolução de impasses ambientais está no não diálogo entre estes atores.
Exemplifica com uma discussão a respeito de energia entre uma empresa energética e
ambientalistas ( BAKER, P de. 1.995), abaixo reproduzida:
“ Um exemplo: EDF ( Electricé de France): a energia nuclear é a menos poluidora de todas as energias de massa! Ecologista: Hiroshima! EDF: O controle pacífico do setor nuclear assegura à humanidade uma fonte de energia inesgotável.Ecologista: Three-Miles-Islandas!EDF: Os procedimentos de controle que utilizamos são tão bons que excluem a possibilidade de qualquer tipo de acidente.Ecologista: Chernobyl!EDF: A gestão responsável é a melhor garantia contra qualquer tipo de descontrole.Ecologista: Osirak!EDF: ( irritado) O que vocês querem finalmente? Voltar a idade da Pedra?Ecologista: Queremos uma energia limpa!EDF: a energia nuclear é a menos poluidora de todas as energias de massa!Ecologista: Hiroshima!” ( BAKER, P. de 1.995, p. 7).
Conclui-se que existe uma mudança na maneira de empresários e industrias enxergarem a
questão ambiental e que estes problemas ambientais globais, não se caracterizam como
responsabilidade isolada de algum setor, e sim de todos setores da sociedade. Autores como
Denis Donaire ( 1.995 ) e Ciro Eyer do Valle ( 1.995) concordam que a influência da questão
ambiental no mundo dos empreendimentos é inegável e que as empresas que se aterem a esta
realidade podem não só deixar de perder econômica e estrategicamente como aproveitar inúmeras
oportunidades. Não se ignora as dificuldades de se incluir em qualquer organização conceitos
novos como os envolvidos na gestão ambiental, porém também não se pode ignorar as pressões
impostas pela sociedade e mercado. Muitas são as interpretações para as mudanças nas
organizações com relação a inclusão da variável ambiental, entretanto a maior parte afirma que
existe uma influência determinante e crescente desta variável em todos os tipos de organizações.
A figura 6.0 abaixo ilustra a visão de VALLE, C. E. (1.995) a respeito ponto aqui discutido:
Figura 6.0: Mudanças na Empresa através da conscientização Ambiental. Fonte: Adaptação da Figura 4.0 de (VALLE, C E. 1.995, p.17)
CONSCIÊNCIA
AMBIENTAL
ABORDAGEM CONVENCIONAL
A- Assegurar lucro transferindo ineficiência para o preço do produto.
B- Descartar os resíduos da maneira mais fácil e econômica.
C- Protelar investimentos em proteção ambiental.
D- Cumprir a Lei no que seja essencial, evitando manchar a imagem já conquistada pela empresa.
E- “Meio ambiente é um Problema!”
ABORDAGEM CONSCIENTE
A- Assegurar lucro controlando custos e eliminando ou reduzindo perdas, fugas e ineficiências.
B- Valorizar os resíduos e maximizar a reciclagem; destinar corretamente os resíduos não recuperáveis.
C- Investir em melhoria do processo e qualidade total ( incluindo a Qualidade Ambiental).
D- Adiantar-se às Leis vigentes e antercipar-se às Leis vindouras projetamdo uma imagem avançada da empresa.
E- “Meio Ambiente é uma Oportunidade!
LUCRO
RESÍDUOS
INVESTIMENTOSSS
LEGISLACÃO
MEIO AMBIENTE
A nova visão a respeito das questões ambientais pelo setor empresarial ainda se inicia e algumas empresas são pioneiras nesta mudanças. A nova visão a respeito do meio ambiente leva a ver o Meio Ambiente como oportunidade e não como um problema, define na figura acima Cyro Eyer do Valle ( 1.995). Isso faz com que benefícios sejam observados onde só se via despesas, processos judiciais, etc. Denis Donaire ( 1.995) afirma que existem benefícios estratégicos e econômicos advindos da implantação de Gestão ambiental. Ainda que exista dificuldade para se estimá-los especialmente quanto a questão financeira estes podem ser detectados. A figura 6.1 abaixo mostra quais são estes benefícios na visão deste autor.
BENEFÍCIOS ECONÔMICOS
Economia de custos:- Economias devido à redução do consumo de água, energia e outros insumos.- Economias devidos à reciclagem, venda e aproveitamento de resíduos e diminuição de
efluentes.- Redução de multas e penalidades por poluição.
Incremento de receitas:- Aumento da contribuição marginal de ‘produtos verdes’ que podem ser vendidos a preços
mais altos.- Aumento da participação no mercado devido a inovação dos produtos e menos concorrência.- Linhas de novos produtos para novos mercados.- Aumento da demanda para produtos que contribuam para a diminuição da poluição.
BENEFÍCIOS ESTRATÉGICOS
- Melhoria da imagem institucional.- Renovação do ‘portifólio’ de produtos.- Aumento da produtividade.- Alto comprometimento do pessoal.- Melhoria nas relações de trabalho.- Melhoria e criatividade para novos desafios.- Melhoria das relações com órgãos governamentais, comunidade e grupos ambientalistas.- Acesso assegurado ao mercado externo.- Melhor adequação aos padrões ambientais.
figura 6.1: Benefícios da Gestão Ambiental. Fonte: ( DONAIRE, D. 1.995, p. 59)
Vê-se a adoção da variável ambiental em variados temas relacionados a administração de
empresas como por exemplo ao planejamento estratégico, ao gerenciamento da produção, ao
marketing e também à administração financeira. Pode-se aqui citar alguns autores que abordam
estes temas: TODESCAT, E. R. ( 1.998) ; FURTADO, J. S. ( 1.998); DONAIRE, D. BAKER, P.
de. ( 1.995); INMAN, R. A. ( 1.999) e outros. Eliane R. Todescat ( 1.998) concorda que, as
pressões para que as empresas se atentem as questões ambientais são inegáveis e ainda firma que
a variável ambiental deve fazer parte do planejamento estratégico das empresas, reconhecendo
suas interfaces com a competitividade. Assim empreendimentos dos mais variados tipos e
segmentos buscam formas de gerir os recursos ambientais que utilizam.
6.1-GESTÃO AMBIENTAL: FORMAS DE IMPLANTAÇÃO
Uma das maneiras mais usuais de se iniciar uma gestão voltada para o meio ambiente tem
sido a implantação de Sistema de Gestão Ambiental (SGA) com vistas a certificação segundo as
normas internacionais ISO 14000, especialmente a ISO 14001 que trata da Gestão Ambiental. No
Brasil já são __________________ empresas certificadas por esta norma. Entretanto existem
outras maneiras de uma empresa estabelecer um gerenciamento dos recursos naturais por ela
utilizados. Pode-se certificar por selos verdes ou outras normas os produtos fabricados; ou pode-
se também adotar outros modelos de gerenciamento ambiental que não visem especificamente a
certificação pelas normas internacionais ISO 14000 como o modelo de gerenciamento ambiental
denominado Produção limpa ou Produção ( Mais) Limpa proposto pela UNEP ( United Nations
Environmental Program) ( FURTADO, J. S. 1.998).; ou ainda estabelecer princípios gerenciais
adequados à realidade da organização como por exemplo apenas para se atender a legislação
existente no país. Qualquer uma das formas de gestão adotadas pela organização pode trazer-lhe
benefícios. Uma empresa cuja realidade não permite grandes investimentos em gestão ambiental
pode começar fazendo adaptações em seus sistemas produtivos no sentido de se tornar coerente
com a legislação mais exigente que se configura na atualidade ou por exemplo certificar seu
produto para garantir um mercado específico.
Existem críticas relativas à contribuição efetiva das certificações pelas Normas ISO14000
para a garantia de um desenvolvimento realmente sustentável. Há que se lembrar que os
problemas ambientais representam um déficit do homem com relação ao meio ambiente e suas
ações para se recuperar esta deficiência requerem urgência pois muitas vezes o que está destruído
não pode mais ser recuperado. Também há que se lembrar que as mudanças organizacionais no
sentido de se incluir a variável ambiental em práticas gerenciais também é recente. Portanto as
críticas são perfeitamente bem vindas em um sistema ainda em formação e em mudanças sociais
e econômicas correntes. Existem porém variadas formas de se iniciar uma gestão responsável do
meio ambiente, como considera o autor abaixo citado.
“Independentemente das Normas, as empresas poderão aprimorar as características ambientais de seus bens e serviços através da adoção dos princípios da ‘responsabilidade continuada do produtor’( responsabilidade objetiva) , dos acordos setoriais voluntários, dos sistemas de ‘Eco-management’ e mais recentemente, do modelo de gestão industrial, segundo os princípios da ‘Produção Limpa’.” ( FURTADO, J. S. 1.998)
As normas ISO14000 foram estabelecidas quando se colocou a necessidade de se
estabelecer um controle e acompanhamento das atividades industriais quanto a proteção
ambiental. A ISO ( International Organization for Standardization), organização internacional já
com grande prestígio relativo ao acompanhamento de assuntos relativos a qualidade, com o
sucesso das normas da série ISO 9000, se constitui como grande responsável pela realização e
desenvolvimento destas normas. Porém a história das certificações ambientais começa um pouco
anteriormente, com o desenvolvimento da norma britânica BS 7750 que tratava do gerenciamento
ambiental visando atender as exigências daquele país. Certamente as motivações para se
estabelecer a vigências de tais normas tiveram origem na maior preocupação ambiental das
nações evidenciadas nos grandes encontros promovidos pela cooperação internacional como a
Rio 92 ou ECO 92, e também pelo interesse de grupos econômicos que detectaram as mudanças
refletidas nas organizações. Assim define João S. Furtado essas motivações para divulgação e
desenvolvimento das normas ISO14000:
“O maior passo , nas relações entre indústria e ambiente, está representado pela criação da série ISO14000. Sua origem está ligada a discussões na Rodada do Uruguai no âmbito do GATT ( Acordo Geral de Transporte e Tarifas), patrocinado pela OIC ( Organização Internacional do Comércio) e das resoluções da Rio Cúpula da Terra, em 1.992. A série é composta de mais de 10 normas, das quais a ISO14001 foi a primeira a ser consolidada, para a criação do Sistema de Gestão Ambiental. ( FURTADO, J. S. 1.998)
A série de normas ISO14000 estabelece diretrizes para gestão ambiental e ainda que
existam as normas relativas aos produtos como a ISO14040, que trata da avaliação do ciclo de
vida do produto, sua grande divulgação e maior número de empresas certificadas especialmente
no Brasil ainda são relativos ao gerenciamento ambiental ou as normas ISO14001.
“ Com o intuito de uniformizar as ações que deveriam se encaixar em uma nova ótica de proteção ao meio ambiente, a ISO- International Organization for Standardization
(Organização Internacional para a Normalização)- decidiu criar um sistema de normas que convencionou designar pelo código ISO 14000. Esta nova série de normas trata basicamente da gestão ambiental e não deve ser confundida com um conjunto de normas técnicas” ( VALLE, C. E. 1.995)
A ultima frase do autor acima citado remete à necessidade de se esclarecer que as normas
estabelecem procedimentos a serem seguidos para se gerir melhor os recurso e resíduos
industriais, entretanto são os organismos reguladores nacionais que estabelecem as normas
técnicas a serem seguidas para produtos, emissões, etc.
As críticas relativas a implantação dos sistemas de gestão ambiental se referem ao fato de
que a gestão pode se comprometer a fazer determinadas modificações que já são consideradas
tardias em relação aos problemas ambientais enfrentados. Além disso “atuar nos limites da
sustentabilidade é mais difícil, pois dependerá da disponibilidade de tecnologias apropriadas,
consenso social e novo sistema de valores baseado em critérios de qualidade que sejam
ambientalmente sustentáveis, socialmente aceitáveis e culturalmente valorizados.” ( FURTADO,
J. S. 1.998). É certo que muito ainda se deve evoluir para que as indústrias atinjam um nível de
atividade totalmente compatível com o nível de exigências quanto a questão ambiental. E esta
evolução não é uma prerrogativa apenas das empresas mas também de governos, cidades, etc.
Outra crítica ao Sistema de Gestão ambiental, resultante da ISO14000 é que este:
“poderá tornar-se mais um sistema administrativo ( burocrático) do que tecnologicamente efetivo. Espera-se que outras normas da Série contribuam para inovações e iniciativas pró-ativas e desenvolvimento sustentável, em particular a ISO14020/24 ( Rotulagem Ambiental), ISO14031 (Avaliação de Desempenho Ambiental) e ISO14040/43 (Avaliação do ciclo de vida).”
O sistema produtivo baseado no chamada Produção limpa ou Produção ( Mais) Limpa
proposto pela UNEP ( United Nations Environmental Program) e também defendido por
organizações ambientalistas e vários centros de Pesquisa e Desenvolvimento se constitui como
um sistema cujas metas são mais audaciosas que aquelas propostas pelos Sistemas de Gestão
Ambiental para a certificação ISO14000. Entre estas metas pode-se citar prevenção de resíduos
na fonte, a economia de água e energia, a exploração sustentável de fontes de matéria prima e o
uso de outros indicadores ambientais para a indústria. Estabelece-se compromisso de precaução
visão holistica do produto e do processo ( avaliação do ciclo de vida) e controle democrático
(acesso público a infomações sobre riscos ambientais de processos e produtos). A diferença entre
Produção Limpa e Produção (mais) Limpa está no fato de se considerar as dificuldades de
conceber o sistema de produção absolutamente isento de riscos e resíduos, objetivo da Produção
Limpa. ( FURTADO, J. S. 1.998).
Como um princípio básico de gestão é realizar aquilo que mais se compatibiliza com a
realidade da organização, fica a critério da empresa a escolha do Sistema de Gestão Ambiental a
ser implantado. Seja qual for a forma de implantação escolhida pela empresa para realizar um
gestão ambiental seu objetivo maior é se colocar frente a clientes e sociedade como uma empresa
comprometida com os anseios do desenvolvimento sustentável. Sendo assim deve buscar
objetivos como redução de geração de resíduos e efluentes prejudiciais , produtos e processo
menos poluentes, etc. E ainda se comprometer com um processo de melhoria contínua deste
sistema de gestão. Nada impede também que a empresa se beneficie das vantagens oferecidas
pelo gerenciamento ambiental adequado a sua realidade financeira e estratégica, seja qual for sua
forma de implantação.
“O objetivo maior das Normas e demais instrumentos é melhorar as condições ambientais e promover o desenvolvimento sustentável, a fim de proteger e melhorar a geração atual e não comprometer as oportunidades de escolha das gerações futuras. Para isso, será necessário que a sociedade modifique a cultura atual de consumo e os setores de bens e serviços alterem os sistemas, modelos e padrões de produção. Entretanto, a reorientação dos processos produtivos dependerá da aceitação de paradigmas novos e alteração dos que modelaram o capitalismo atual, em seus diferentes subtipos e nuanças.” ( FURTADO, J. S. 1.998)
7- ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E MEIO
AMBIENTE:
Considera-se que a Gestão Ambiental em empresas brasileiras, especialmente dentro do
seguimento industrial seja uma questão estratégica. LOVINS at. Alli afirmam que algumas
mudanças simples na maneira de gerenciar os negócios incluindo a variável ambiental como fator
a ser considerado em todos projetos e tomadas de decisões, pode trazer benefícios para acionistas
de hoje e também para as gerações futuras. ( LOVINS, Amory B; LOVINS, L. Hunter e
HAWKEN, Paul., May- June 1.999) . A mudança principal para estes autores consiste em se
considerar uma nova categoria de capital- o Capital Natural. A consideração desta nova categoria
de capital consiste em uma tarefa inevitável para a análise de empreendimentos, devido a atual
situação de escassez dos recursos naturais necessários ao processo produtivo e ao
desenvolvimento econômico. Assim estes mesmos autores consideram que tal mudança nas
praticas empresarias incluiria alguns passos importantes tais como: a) o aumento acentuado da
produtividade dos recursos naturais, uma vez que atualmente apresentam baixa produtividade
com altos níveis de refugo; b) Mudanças nos modelos de produção incluindo as considerações a
respeito do meio ambiente mudando o conceito a respeito de refugos; c) mudanças na modo de
solução de problemas levando em consideração a satisfação dos clientes mas também a
manutenção de serviços e a qualidade ambiental; d) Reinvestir em Capital Natural. Ainda
afirmam que a redução de resíduos e a mudanças nos modos de produção que possam destruir as
reservas de recursos naturais se constituem numa das melhores oportunidade de negócios.
Textualmente: “ Reducing the wasteful and destructive flow of resources represents a major
business opportunity.” ( LOVINS, Amory B. et all., May- June 1.999). Isto significa que de
maneira geral a gestão de negócios passa por um novo paradigma: o da responsabilidade
ambiental. Entretanto estas mudanças determinadas pelos mercados ou pela sociedade trazem
consigo grandes oportunidades.
Relacionando mais diretamente a administração financeira a uma nova visão empresarial
que envolve a gestão ambiental se considera que as decisões de se realizar ações favoráveis ao
meio ambiente dentro de cada empresa esta relacionada a uma demanda da própria empresa. Esta
demanda pode estar ligada `a aspectos de mercado, de legislação e de produção (manejo de
recursos). `A cada um destes aspectos podem ser relacionados em uma avaliação econômica ou
monetária , um custo e/ou benefício. Se a demanda que leva a empresa a investir em meio
ambiente for a questão de exigências legais, esta empresa está visando um benefício ou está
evitando um custo. Por exemplo, o não sofrimento de multas por danos ambientais pode
significar um benefício. Enquanto que, não investir em gestão ambiental pode acarretar uma
multa, ou seja, um custo.
Se a demanda for por razões de produção ou manejo de recursos, da mesma forma a
empresa terá a ele associado um custo ou benefício. Por exemplo a adoção de um sistema de
gestão ambiental pode levar a maior economia de matéria prima e insumos para produção,
caracterizado como um benefício. Por outro lado a falta de cuidado com a produção em seus
aspectos ambientais pode esbarrar na questão do não atendimento à legislação e assim gerar um
custo, por multas ou despesas para adequação à especificações legais- investimentos tardios para
reparar erros. Cyro Eyer do Valle esclarece que a poluição industrial, por exemplo, é uma forma
de desperdício e um indício da ineficiência dos processos produtivos até agora utilizados.
Resíduos industriais representam, na maioria dos casos, perdas de matérias-primas e insumos.
(VALLE, C. E. do., 1.995)
Se a demanda for por razões de mercado teremos um leque considerável de exemplos de
benéficos e custos associados. Neste caso podemos citar como benefícios: obtenção de novos
mercados, mais exigentes; vantagens competitivas frente `a concorrentes; lançamento de novos
produtos; vantagens associadas à melhora da imagem da empresa no mercado; vantagens
associadas a qualidade dos produtos oferecidos ao cliente; vantagens associadas à confiabilidade
do cliente; etc. Podemos citar como custos do não investimento em práticas ambientalmente
corretas: a perda de mercados mais exigentes, especialmente o mercado externo; perdas em
concorrências; custos associados à uma depreciação da imagem junto ao cliente; perdas em
qualidade de produtos; etc.
De certa maneira as demandas que levam uma empresa privada a investir em meio
ambiente estão associadas ao mercado, uma vez que seu objetivo é a obtenção de maior
rentabilidade de aplicação de capital. Aqui realiza-se uma separação para tornar mais claro que
benefícios e custos associados à gestão ambiental podem estar ligados à exigências já bem
estabelecidas pela sociedade, como o caso de atendimento `a legislação ou também associados
especificamente à produção como, por exemplo a melhora no aproveitamento de insumos nos
processos ou aumento de custo de processos para atendimentos legais.
As mudanças apontadas por vários autores quanto a adoção da preocupação ambiental ou
da variável ambiental nas avaliações e estratégias de negócios levam a considerar que é crescente
a responsabilidade das empresas frente a esta questão. Forest L. Reinhardt afirma que
empresários podem e devem olhar os investimentos em meio ambiente – gestão ambiental,
produtos ambientalmente corretos, etc.- de uma maneira positiva, ou da mesma maneira que
analisam outros investimentos , esperando que lhe forneçam retornos positivos e baixos riscos.
“...The right police depends on the circumstances confronting the company and the strategy it has chosen. (...) That’s why managers should look at environmental problems as business issues. They should look at environmental investments for the same reasons they make other investments: because they expect them to deliver positive returns or to reduce risks” (REINHARDT, Forest L. July- August,1.999)
Fica claro então que é viável executar uma análise do tipo custo/benefício de questões que
envolvam a variável ambiental em projetos ou sistemas de gestão empresariais. Assim se conclui
que a variável ambiental ou mesmo a gestão ambiental pode ser analisada de maneira semelhante
a outros investimentos, ainda que considerações importantes referentes a forma de valoração de
recursos naturais e sua caracterização por outros campos do conhecimento tais como o Direito-
que classifica os recursos naturais como bens difusos e pertencente a coletividade- e da
Economia e Contabilidade, devam ser sempre evidenciados. A variável ambiental então se
configura como uma nova integrante dos métodos de avaliação econômica e da administração
financeira que demanda por algumas mudanças e considerações que permitam sua inclusão nestes
métodos. Esta questão será melhor discutidas nos capítulos posteriores e na conclusão deste
trabalho. De qualquer forma a Administração Financeira tem como demanda incluir em seus
estudos a variável ambiental e estudos recentes, entre os quais os de REINHARDT, F. L. (1.999)
e de LOVINS, A. B. et all. (1.999) mostram que esta inclusão é viável e necessária.
7.1- “OPORTUNIDADES VERDES” :Uma vez que se considera a possibilidade de analisar investimentos em gestão ambiental,
produtos ambientalmente corretos ou outros projetos nos quais estejam incluída a variável
ambiental, surge de antemão um fator importante a ser considerado neste tipo de análise: a
oportunidade. E associado a este fator o custo de oportunidade ou seja o custo de não se investir
em projetos rentáveis.
Quando se analisa economicamente um projeto o objetivo principal desta análise é
verificar qual é a rentabilidade resultante do investimento neste projeto, além do risco associado
ao mesmo, para que se possa ter um bom instrumento de tomada de decisão. A análise econômica
da gestão ambiental ou análises que considerem a variável ambiental podem ser realizadas da
mesma forma, desde que sejam consideradas suas particularidades, sem as quais reduzem se as
chances de êxito.
Quando se coloca uma discussão a respeito de gestão econômica ou financeira de uma
organização, existe um ponto importante a ser considerado, especialmente quando se trata de
novos investimentos: a questão do custo de oportunidade. Por definição Custo de oportunidade é
aquele que nos obriga a sacrificar um benefício, ao contrário do que normalmente se imagina
quando se pensa em custos, ou seja aquele que nos obriga a realizar um desembolso efetivo
(ROSS, S et alli., 1.998). Deixar de investir em práticas ambientalmente favoráveis pode levar a
um sacrifício de benefício futuro, ou presente. Se existe o custo de oportunidade é porque a
oportunidade existe.
Juntamente com as exigências e atribuições de responsabilidades que a sociedade
estabelece para as empresas, através de suas leis, são oferecidas oportunidades. A gestão eficiente
sabe detectar oportunidades para investimentos rentáveis, onde parece haver apenas exigências e
despesas. Observa-se que é crescente, no Brasil a preocupação com a questão ambiental. Existe
um número crescente de empresas que estão obtendo certificações internacionais para seus
produtos e/ou Sistemas de Gestão Ambiental. Esta preocupação atinge o seguimento empresarial
por vários motivos. Para cada um destes motivos existem exemplos de experiências reais. Pode
ser apresentado aqui alguns destes motivos e para cada um destes, um exemplo real de práticas
empresariais que os confirme.
1) A legislação brasileira tornou-se mais rigorosa nos últimos anos, culminando na lei de crimes
ambientais: Lei n. 9.605/98, sancionada em 12 de fevereiro de 1.998. Apenas como um exemplo
pode-se apresentar a polêmica gerada pela comercialização da soja transgênica: nos Estados
Unidos, país que aceita o consumo de transgênicos, quase 54% das lavouras de soja plantada já é
constituida de espécie transgênica (AP/ DOW JONES- 08 de março de 1.999). Por outro lado, no
Brasil, país cuja legislação federal e de alguns estados não permite o cultivo e comercialização de
transgênicos, agricultores da Região Sul do país beneficiam-se do mercado aberto para a soja
orgânica, como os da Europa e do Japão, cujos consumidores não aceitam transgênicos..
(MANCINI, C., 3 a 9 de maio de 1.999)
2) Existem seguimentos econômicos, especialmente aqueles ligados ao comércio exterior que
sofrem exigências crescentes de concorrentes e consumidores. Como um exemplo apresenta-se o
caso da empresa Baoba, do ramo de tecelagem, a qual obteve mercado garantido no exterior e
espera dobrar seu faturamento, após a obtenção do selo verde para seus produtos, atendendo
exigência de seus clientes. (GRACIANO, S., 1.999)
3) O aperfeiçoamento do processo produtivo incluindo as exigências legais e preocupações
ambientais pode tornar-se menos oneroso, obtendo-se redução de gastos com matéria prima e
desperdícios. Neste caso apresenta-se a experiência abaixo descrita:
A Companhia Cervejaria Brama que fatura US$ 15 milhões por ano com a venda de resíduos industriais. De 2,3 milhões de toneladas de subprodutos descartadas por suas 28 unidades todos os anos, 94% são vendidas a pesqueiros, pecuaristas, olarias e indústrias alimentícias.... Além de buscar um destino mais nobre para seus resíduos, a Brahma tem trabalhado para que a geração de descartes diminua. Seu programa de controle de desperdícios permitiu economizar 9 milhões de metros cúbicos anuais de água, 65 milhões de Quilowatt-hora de energia, 17 mil toneladas de óleo combustível e 46 mil toneladas de matérias-primas. Desde 1.996, quando a operação foi implantada, deixaram de ser quebradas 23 milhões de garrafas ( 10 mil toneladas/ano).” (SHARF, R., 1.999.)
4)A maior preocupação com o meio ambiente traz oportunidades de novos negócios ligados ao
turismo, empresas de despoluição, educação, marketing e reciclagem. Dentre todas estas
oportunidades pode se dar uma amostra do mercado real para estes novos negócios, através do
exemplo da reciclagem do alumínio no Brasil. O Brasil bateu o recorde nacional de reciclagem de
latas de alumínio em 1.998. O índice de reciclagem de latas de alumínio alcançou 65%, segundo
dados da Associação Brasileira de Alumínio ( Abal). O número alcançado é ainda mais
significativo porque superou a taxa de reciclagem dos Estados Unidos (da ordem de 63%), país
que tem mais de 30 anos de experiência neste negócio.( MADUREIRA, D. 1.999)
É importante esclarecer que um único motivo pode ser determinante na adoção de práticas
ambientais responsáveis, em algum caso isolado, para um setor empresarial ou uma empresa, mas
é a maior conscientização social do verdadeiro valor do meio ambiente que leva à um resultado
efetivo. As demandas das empresas divergem das demandas sociais, mas a atual precariedade de
recursos naturais e previsões ainda mais pessimistas para o futuro levam à uma junção destas
demandas. Um estudo da Fundação Getúlio Vargas mostra experiências bem sucedidas da
parceria entre empresas, organizações sociais e governo, na busca de uma gestão econômica que
leve a um desenvolvimento sustentado, cujos primeiros resultados parecem animadores.”
(LOPES, I. V. et alli (org.), 1.998)
Os motivos apresentados acima, como fatores isolados ou conjuntos, levam empresários a
investirem em gestão ambiental, adotando práticas favoráveis a preservação ambiental. Tem-se
que, muitas vezes estes investimento não são baixos, como no caso de adequação para
certificações pela ISO 14000 em empresas de grande porte ou em empresas que nunca se
preocuparam com esta questão.
7.1.1 ALGUMAS EXPERIÊNCIAS BEM SUCEDIDAS:
Gustav Berle realizou um estudo prático, nos Estados Unidos identificando
detalhadamente as oportunidades de negócios ligadas à preservação ambiental. Ele associou a
cada desequilíbrio ambiental boas oportunidades de negócios: “Como transformar riscos
ecológicos em oportunidade de negócios; oportunidades financeiras nas leis de proteção ao meio
ambiente; descobertas ecológicas que são lucro garantido; como criar riqueza a partir do lixo;
como explorar produtos verdes” ( BERLE, G., 1.992). No Brasil, ainda que tenhamos uma
realidade muito distinta dos países desenvolvidos, temos uma série de oportunidades ligadas à
Gestão Ambiental que nos mostram caminhos alternativos para um crescimento econômico sem
destruição dos recursos naturais.
As controvérsias relativas a possibilidade de se realizar crescimento econômico com
preservação ambiental existem em função de que até a pouco tempo não havia uma preocupação
com os recursos naturais. Gerir melhor o meio ambiente é hoje em dia, um desafio para empresas
brasileiras, mas chegará um momento em que se terá alcançado melhores níveis de
conscientização e esta prática será comum, e não um diferencial. Estas são previsões otimistas
para o futuro, mas se pensarmos no passado, imaginaríamos, a tempos atrás, que empresas
altamente poluidoras se preocupariam, algum dia, com a questão ambiental? Hoje isto está se
tornando uma realidade. Há poucos anos ninguém diria que a Mobil Oil Company, a AT&T, a
First Brands ( Glad), a Waste Managment ou mesmo a Associação de fabricantes de Produtos
Químicos dos EUA investiriam centenas de dólares na promoção de questões ambientais. No
Brasil, apenas agora as maiores companhias passam a dirigir investimentos para a área
ecológica.” (BERLE, G., 1.992)
Uma pesquisa realizada pela fundação Getúlio Vargas com apoio do Banco Mundial
expôs 11 estudos de caso a respeito de algumas abordagens inovadoras na gestão dos recursos
naturais desenvolvidas no Brasil, em nível estadual. Os casos analisados contaram com alguns
exemplos de iniciativa do setor privado; de Organizações Não Governamentais.(ONGs), além
daqueles incentivados pelo setor público e alguns que se caracterizaram pela parceria entre
setores. Os autores afirmam que esta adesão expontânea do setor privado vem de estímulos do
próprio mercado.( LOPES, I. V. et al., 1.998). Os casos analisados que se caracterizaram pela
responsabilidade da iniciativa privada, tiveram motivações de mercado e são exemplos de
aproveitamento de “oportunidades verdes”. Vale a pena falarmos sobre os resultados destes
estudos de caso:
1) Plantio Direto no Cerrado e no Sul do país: A degradação das áreas agrícolas faz com
que as áreas não degradadas aumentem o seu custo de oportunidade. Além disto os agricultores
buscam alternativas com menor risco, devido ao seu comportamento característico de aversão ao
risco. Estes dois fatores levaram à adesão do plantio direto por parte de alguns agricultores do
cerrado e do sul do país. No caso analisado observa-se que:
simulações feitas em duas fazendas do Cerrado brasileiro, uma adotando o Plantio Direto , a partir de dados financeiros de 20 anos sobre investimentos, preços locais, custos diretos e indiretos de produção, comprovam as vantagens econômicas, percebidas pelo produtor que utiliza o Plantio Direto sobre aqueles que utilizam o plantio convencional moderno(com uso intensivo de agrotóxios e máquinas). Taxa internas de retorno bem superiores, valores presentes líquidos positivos e bem mais elevados e folha de pagamento menos onerosa, devido ao maquinário especial exigido. Além das vantagens econômicas, outras não aquilatadas, como o aumento na qualidade gerencial da propriedade e o aumento na capacidade de retenção de água, comprovam a superioridade do Plantio Direto. (LOPES, I. V. 1.998, p. xiii)
2) Outro caso analisado pelos autores foi o da empresa produtora de Papel e celulose,
Klabin.: Para dar respostas `a pressão de produtos favoráveis ao ambiente esta empresa decidiu, a
partir da década de 70 ampliar suas áreas preservadas e cultivar uma imagem junto ao mercado
internacional. Através da adoção de práticas ambientalmente responsáveis tais como a reserva de
espaço em suas terras para áreas de preservação a empresa não observou perdas significativas de
receita, pelo contrário, garantiu espaço em um mercado mais exigente, com a obtenção de
certificados de sua produção de madeira com práticas ambientalmente corretas. ( LOPES, I. V.
1.998. p. xvi)
3) O terceiro caso de iniciativa privada analisado no estudo foram os Sistemas
Agrossilviculturais: o cacau-cabruca, na Bahia e a bracatinga, no Paraná. Estes sistemas
consistem na rotação de culturas agrícolas e silvestres garantindo preservação ambiental e
retornos econômicos.
No caso da cabruca, em momentos de recuperação das cotações do cacau , a mata contendo esta planta é desbastada e o cacaueiro floresce, retomanto a sua produção; em momentos de queda, a exploração se retrai, e a mata volta a crescer. Quanto a Bracatinga sua presença está associadas `as terras marginais das propriedades agrícolas situadas ao redor da Região metropolitana de Curitiba no Paraná. Os terrenos declivosos e de baixa fertilidade apresentam um custo de oportunidade muito baixo, o que favorece o plantio de um sistema consorciado com uma árvore nativa da região, adaptada e rústica. Os bracatingais são utilizados como poupança verde, cortados durante a entresafra agrícola, servindo como um complemento de renda para a família. (LOPES, I. V. 1.998. p. xv)
Nestes três casos apresentados acima observa-se oportunidades de negócios aliadas à
preservação ambiental. As motivações para tal aliança estão no próprio mercado. Ainda são
poucas estas experiências, mas empresas inovadoras já vem adotando práticas conscientes
pensando no avanço futuro do valor que o meio ambiente assume para a sociedade. Assim pode-
se citar alguns exemplos de empresas que descobriram oportunidades de negócios em um trato
mais consciente dos recursos naturais. Apresenta-se a seguir alguns exemplos selecionados para
diferentes campos do gerenciamento de recursos naturais.
As oportunidades relacionadas a gestão ambiental e produtos ecologicamente corretos são
muitas, pode-se formar uma uma grande lista de exemplos. Apresenta-se nas figuras que seguem,
figuras 7.0, 7.1, 7.2, 7.3 e 7.4, oportunidades de negócios separadas por atividades, uma pequena
amostra destas possibilidades, algumas já colocadas em prática.
RECICLAGEM:
A reciclagem constitui-se em um mercado que oferece inúmeras oportunidades, algumas empresas mais antigas já souberam aproveitar este negócio rentável, crescendo junto com a consciência ambiental. Este é o caso da empresa valki plásticos e máquinas , com sede em Louveira no estado de São Paulo , que fatura R$ 2,4 milhões anuais reciclando sucatas. Há 30 anos no segmento de reciclagem negocia sobras de carpetes, cintos de segurança, isopor e outros plásticos, que vão para a sede da empresa, com 25 funcionários onde são reciclados em média 150 toneladas de plástico por mês. ( RIBEIRO, S. março de 1.999)
Entre os reciclados o maior sucesso nacional até agora é o alumínio batendo recordes de reciclagem como o recorde nacional de 63 % de aproveitamento para reciclagem em 1.998. Mas a partir desta experiência positiva outros materiais vão sendo introduzidos por empresas que tem como principal atividade reciclar, obtendo um bom desempenho econômico. Um exemplo é a empresa Reciclar Indústria e Comércio que acaba de inaugurar sua primeira unidade de reciclagem de latas de alumínio na capital mineira com capacidade para reciclar 150 toneladas O diretor técnico e sócio-proprietário da Reciclar , revela que o lucro líquido da empresa gira em torno de 10% do valor por tonelada de alumínio reciclado no mercado interno. A unidade de reciclagem de latas de alumínio é apenas a primeira parte de um projeto muito mais ousado da Reciclar . O objetivo é instalar uma indústria de reciclagem mais ampla capaz de aproveitar os diversos tipos de rejeitos industrias. ( ALMEIDA, R. R. de, 14 de abril de 1.999)
A reciclagem aparece como uma boa oportunidade de se ganhar novos mercados além de contribuir para a melhora da imagem das empresas. Os sistemas de gestão ambiental, que buscam melhorar o aproveitamento de recursos- energia, matéria-prima, diminuição de resíduos, etc.- têm conseguido resultados internos satisfatórios. No sentido de valorizar e aproveitar melhor os recursos naturais disponíveis, surgem novas oportunidades de mercado para as empresas que apostam na reciclagem como è o caso da Tetra Pak . A empresa que é a única fabricante de embalagens longa vida no Brasil e produz anualmente 3,2 bilhões de unidades, organizou com apoio da comunidade e de prefeituras juntamente com quatro empresas do setor de papel reciclado, o reaproveitamento de cerca de quinhentas (500) toneladas de embalagens de longa vida transformadas em papel higiênico, papelão ondulado e até solas de sapato. A iniciativa melhorou a imagem da empresa, forneceu matéria-prima abundante e barata para as empresas de reciclagem e trouxe benefícios para a comunidade local. (Scharf, 1998).
As previsão futuras de oportunidades de novos negócios relacionados a reciclagem crescem e o poder público promete incentivá-los, reduzindo a carga tributária dos reciclados, criando linhas de crédito específicas e fomentando cooperativas de catadores de lixo. Um programa neste sentido esta sendo desenvolvido com a coordenação do Ministério do Desenvolvimento, da Indústria e do Comércio. A proposta se centraliza na criação do Plano Brasileiro de Reciclagem, que dará apoio através de incentivo na criação de cooperativas setoriais e bolsas de resíduos além da revisão da questão dos tributos sobre os reciclados . Através da criação deste programa oportunidades de negócios se ampliarão e também será favorecida a criação de emprego estimados pelo ministério em 300 mil novos empregos atingindo uma média de 1 milhão de profissionais envolvidos. (SHARF, R. 31 de março de 1.999) São encontrados inúmeros exemplos diversificados de aproveitamento de papel , papelão, plástico, vidro, etc. As opções dependem de criatividade e do envolvimento da comunidade. Existe uma grande gama de oportunidades de negócios relacionados à reciclagem, sendo estas aqui apresentadas apenas um amostra.
Figura 7.0- “Oportunidades verdes” : Reciclagem.
ÁGUA: As previsões de duração da água, este recurso essencial a vida humana, não são nada otimistas: Dentro de
25 anos, aproximadamente, um terço da população mundial enfrentará graves desabastecimentos de água informou a
Organização das Nações Unidas (HOULDER, V. março de 1.999).] Não se trata mais de uma questão de opção, se
hoje estamos falando de meio ambiente e gestão ambiental é por que isto realmente é necessário. As empresas
situadas no Brasil enfrentam este compromisso, uma vez que em nosso país as previsões são menos desanimadoras.
Quando se discute a questão da valoração do meio ambiente em outro tópico deste trabalho, verifica-se que os
recursos naturais não são facilmente valorados por pesquisadores e comunidades. Alguns recursos por definição legal
pertencem `as comunidades, são públicos, como é o caso dos recursos hídricos e do subsolo no Brasil. Empresas
privadas podem ter concessões para explorar os serviços de abastecimento destes recursos e também podem utilizá-lo
em seus processos produtivos.
Mesmo assim as oportunidades de exploração deste recurso são evidentes proporcionando mercados
rentáveis que podem ser exterminados no futuro se não tiverem um gestão consciente. Estes mercados geram brigas
judiciais como o exemplo das engarrafadoras de água mineral que estão abrindo várias frentes na justiça contra a
produção da chamada água adicionada de sais, alegando que deve se especificar que não se trata de água mineral. O
esforço é para manter um mercado estimado em mais de R$ 600 milhões anuais. (LARANJEIRA, F. e ALVES, U.,
janeiro de 1.999). Neste caso observamos o valor comercial assumido pelo recurso natural água e observamos
também que não serão poucas as polêmicas a respeito de sua exploração.
As oportunidades de negócios relacionadas a exploração dos recursos hídricos quando se pensa não em sua
exploração, mas em sua recuperação são também evidentes e alguns exemplos podem ser citados cujas experiências
comprovam esta afirmação: a oito anos atrás a Cetesb divulgou uma lista das empresas que mais poluíam o Rio
Tietê em São Paulo. Observa-se que neste caso as empresas tiveram que realizar investimentos em gestão adequada
do meio ambiente por pressões legais, e muitas tiveram perdas por causa da imagem negativa da apresentação de um
ranking de empresas mais poluidoras, muitas delas autuadas pela Cetesb. Para se adequarem a legislação estas
empresas tiveram de investir alto . Foram gastos US$ 3,5 milhões, sendo US$ 1,5 milhão financiado pelo Banco
Mundial. Hoje tem sistemas de tratamento adequado de seus efluentes. Quem lucrou com estes investimentos
forçados foram os fabricantes e consultores de sistemas de tratamento de efluentes industriais. (SHARF, R. e
CHADE, J. maio de 1.999)
A utilização correta de recursos hídricos passa a ser imprescindível dado os perigos de sua escassez futura.
Empresas que se conscientizarem desta afirmação terão oportunidades de se protegerem de multas, protegerem suas
imagens no mercado, e além disso realizarem bons negócios.
Figura 7.1- “Oportunidades Verdes”: Água
NOVAS TECNOLOGIAS:
As oportunidade comerciais ligadas ao desenvolvimento de novas tecnologias denominadas limpas são
intensificadas com a crescente conscientização ambiental. Podemos citar setores como o de energia que contam com
grande número de tecnologias mais limpas como energia eólica e solar e mesmo a hidrelétrica realizada de forma
consciente, além do gaz natural que assume grande proporção de negócios atualmente no Brasil com a construção e
ampliações previstas para o gazoduto Brasil- Bolívia. Por ser um tipo de energia de custos relativamente menores em
comparação à energia elétrica, o gás natural representa um importante diferencial em competitividade ( OTONI, L.
maio de 1.999).
As mais diversas áreas tem desenvolvido tecnologias que garantem impactos positivos para o meio
ambiente. Destas podemos exemplificar:
- O caminhão FH12 Globetrotter, desenvolvido pela Volvo e lançado no mercado europeu em 1.994, acumulando 10
prêmios e sendo considerado o caminhão com maior índice de tecnologia embarcada do mundo. Entre suas
vantagens estão: redução da emissão de poluentes, economia de combustível, menor custo de manutenção e maior
segurança na estrada ( FANTIN, E. março de 1.999).
- O carro solar desenvolvido pela Universidade de São Paulo, um veículo que serve de laboratório tecnológico, uma
pesquisa básica segundo os pesquisadores (KNAPP, L. ,abril de 1.999)..
Poder-se-ia realizar um estudo somente a respeito de novas tecnologias que contribuem para o
desenvolvimento e seriam verificadas inúmeras oportunidades de negócios, sendo alguns somente possíveis no
futuro e outros já possíveis de serem implantados no presente. É necessário esclarecer que a confiança somente na
tecnologia para resolver os problemas ambientais é perigosa, pois nosso nível de incerteza em relação à capacidade
que temos de desenvolvê-las e o tempo que levaríamos para fazê-lo, talvez não seja o suficiente uma vez que já
estamos em déficit com o meio ambiente e temo previsões de escassez de recursos naturais em um prazo muito
reduzido. “Do nosso alto nível de incerteza sobre esta questão é irracional apostar na capacidade da tecnologia para
remover as limitações de recursos naturais”( CONSTANZA, R. 1.994). Mas este fato não exclui a possibilidade de
se obter sucesso comercial com tecnologias ambientalmente corretas, exatamente por ainda existir uma demanda
futura que tende a se ampliar neste sentido.
Figura 7.2- “Oportunidades Verdes”: Novas Tecnologias
VANTAGENS COMPETITIVAS A PARTIR DA IMPLANTAÇÃO DE SISTEMAS DE GESTÃO AMBIENTAL:
As exigências do mercado consumidor crescem, impulsionando as empresas a se adequarem a um novo padrão de qualidade para seus produtos e serviços. Especialistas apontam para o gerenciamento ambiental uma trajetória semelhante ao do gerenciamento da qualidade. As normas para obtenção de certificado de Qualidade reconhecidas internacionalmente na área ambiental, comprovam esta tendência, como as da série ISO 14.000 da Organização internacional de Padronização ( International Standard Organization- ISO) e as normas e “selos verdes” que a antecederam nos mercados internacionais como“ Blue Angel” na Alemanha, o “Green Seal” nos Estados Unidos, o “Enviroment Choice” no Canadá, os “ Eco Mark” na Coréia do Sul e Índia, e a norma britânica “ BS-7750” de 1.994.
Muitas empresas que antes viam o investimento na questão ambiental como medidas que aumentavam o custo da produção, descobriram que a chamada Gestão Ambiental reduz custos e pode tornar a fábrica mais eficiente. Em média um bom programa de Gestão Ambiental paga-se sozinho em um prazo de dez à quinze meses. Com o programa a empresa economiza água, energia e matéria-prima (LEON, 1998). Tem-se alguns exemplos de retorno de investimento e redução de custos a partir da implantação de SGAs (Sistemas de Gestão Ambiental) as empresas:- Bahia Sul- Produtora de Papel em Mucuri- BA, foi a primeira a obter certificação ISO 14.000 no Brasil. Atuando em setor altamente poluente, investiu um milhão de dólares no projeto de implantação do SGA, levando três anos para implantá-lo. A economia anual após a Certificação chega a novecentos e vinte mil dólares.- OPP- Química, produtora de resinas poliolefínicas, certificou quatro unidades em 1996 e em todas obteve ganhos suficientes para compensar o investimento de cerca de dois milhões de dólares, economizando água, energia, vapor e perda de matéria-prima (LEON, 1998).- COPESUL( Companhia Petroquímica do Sul), em processo de certificação em 1.998, considera que o Sistema de Gestão Ambiental proporciona: capacidade de operação a baixos custos e com altos rendimentos operacionais, avaliado principalmente pelo menor consumo energético e de matéria-prima, com reciclagem e produção maximizada de seus principais produtos- o eteno e o propeno. (BACH, 1998)
As vantagens competitivas são o fator principal que leva as empresas a investirem em Sistemas de Gestão Ambiental. Entre estas vantagens podem ser citadas: redução de custos ; possibilidade de conquistar mercados restritos, economia de recursos pertinentes a indenizações por responsabilidade civil, mais facilidade para obtenção de financiamentos junto a organismos internacionais de crédito como o Banco Mundial, BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e o BNDES (Banco Internacional de Desenvolvimento Social) e atendimento a legislação inerentes ao meio ambiente.( HOJDA, 1998)- A Alpargatas- Santista Têxtil- unidade de Americana- SP, obteve a certificação pela implantação de Sistema de Gestão Ambiental segundo os requisitos da norma ISO 14001, em dezembro de 1.997. Os trabalhos para a certificação demoraram cerca de dois anos. Foram investidos um milhão de dólares (US$ 1.000.000) durante este processo e estima-se investimentos em torno de seiscentos mil para as melhorias constantes exigidas pelo sistema. Os dirigentes da empresa afirmam que os investimentos retornam gerando vantagens competitivas, além de preparar as empresas para as exigências cada vez maiores das Leis ambientais.- A CESG (Centro de Excelência para Sistemas de Gestão), é a primeira empresa do ramo de prestação de serviços a obter a norma de conformidade com a ISO 14001. A empresa acredita que os investimentos para se obter este tipo de certificação é considerável, mas de retorno garantido- A CENIBRA (Celulose Nipo- Brasileira), localizada em Minas Gerais, foi recomendada para receber a certificação pela norma ISO 14001, em outubro de 1.997. Durante o processo de implantação investiu cerca de seiscentos e cinqüenta mil dólares (US$ 650.000) . A empresa afirma que a adoção de práticas ambientalmente corretas levará a uma contínua redução de custos no processo produtivo.- A WOLKSWAGEM do Brasil- unidade de São Carlos recebeu a certificação de conformidade com a norma ISO 14001, em março de 1.998. Foi planejada desde sua concepção para atender todos os requisitos da legislação ambiental brasileira. Os responsáveis afirmam que o Sistema de Gestão Integrado tem retorno garantido não só no aspecto financeiro como no de qualidade de vida. A fábrica de São Carlos reduziu custos em consumo de água, energia e combustível. (MEIO AMBIENTE INDUSTRIAL, 1.998)
O número de empresas certificadas por normas internacionais no Brasil ainda é pequeno. Os resultados positivos no sentido de atingir redução de custos através de Sistemas de Gestão ambiental são consideráveis e as vantagens competitivas adquiridas por este restrito grupo não podem ser desprezadas, pois estas representam estratégias pioneiras em um setor que, tudo indica tende a crescer no Brasil.
Figura 7.3- “Oportunidades Verdes”: Vantagens competitivas na implantação de SGA
NOVOS MERCADOS:
Além dos setores apresentados até agora neste trabalhos tem-se inúmeras perspectivas de crescimentos em
setores relacionados á atividades que têm como finalidade uma gestão mais correta dos recursos ambientais. Assim
acrescenta-se aqui algumas destas atividades. No Brasil, a visão dos dirigentes de empresas tende a mudar na medida
em que ocorrem mudanças das normas nacionais, competitividade internacional e a valorização do meio ambiente
difundidas por grande parte da sociedade incluindo os consumidores. Em conseqüência os negócios relacionados à
atividades e produtos que visam preservar o meio ambiente, está em expansão. As melhores perspectivas estão no
setor de equipamentos para tratamento de água e esgoto ( cerca de 5,4 bilhões financiados pelo BID, entre 95 e 99,
estão destinados a despoluição de corpos d’água como os rios Tietê e Guaíba, a Bahia de Guanabara e outros).
O mercado de equipamentos e serviços de despoluição também expandem-se juntamente com o ajuste
ambiental empreendido por indústrias exportadoras e em função da disponibilidade de um financiamento do BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Social) destinado a proteção ambiental. Cresce também a demanda por
equipamentos e serviços de consultoria ambiental.
Indústrias de cosméticos e Ecoturismo são setores que despontam no Brasil, além do setor imobiliário (com
crescente exigência de qualidade ambiental), e até o setor de meios de comunicação com uma atuação inédita no
Brasil. ( SEBRAE, 1996)
No mercado financeiro, Seguradoras e Bancos começam a perceber que o componente
ambiental pode lhes render altos dividendos. No Brasil em 1.995 foi criado o Protocolo Verde. Assinado pelos
bancos criando-se a obrigação de se avaliar o impacto ambiental dos negócios antes de financiá-los ou patrociná-los.
(Santos, 1.998)
Figura 7.4: “Oportunidades Verdes”: Novos Mercados
8- ECONOMIA E MEIO AMBIENTE:Pesquisadores, especialmente economistas, tem se esforçado em oferecer conceitos que
subsidiem métodos e técnicas que garantam uma avaliação econômica do meio ambiente. Desde
que cientistas, pesquisadores, lideranças governamentais, ambientalistas, enfim a sociedade
introduziu em suas discussões sobre desenvolvimento o tema ambiental, economistas e
estudiosos têm desenvolvido estudos no sentido de esclarecer como os recursos naturais devem
ser contabilizados, que valores devemos atribuir a esses recursos. Para May e Motta existe uma
consciência de que nosso sistema global-ecológico encontra-se ameaçado e também uma
consciência crescente de que os conceitos econômicos e ecológicos tradicionais não são
satisfatórios para lidarem com estes problemas.” (MAY, P. H. e MOTTA, R. S. (org.), 1994).
Forma-se então uma agenda de trabalho e pesquisa onde estes temas são abordados. Como esta
agenda está ainda em formação existem polêmicas e diferenciadas abordagens deste tema. Estas
abordagens podem ser sintetizadas pela visão de Marques e Comune, na qual:
“algumas correntes de economistas têm procurado desenvolver conceitos, métodos e técnicas que objetivam calcular os valores econômicos detidos pelo meio ambiente. Destacam-se : a economia do meio ambiente e dos recursos naturais, que repousa nos fundamentos da teoria neoclássica; a economia ecológica que se apoia nas leis da termodinâmica e procura valorar os recursos ecológicos com base nos fluxos de energia líquida dos ecossistemas e finalmente, a economia institucionalista que procura abordar a questão em termos dos custos de transação incorridos pelos elementos ( instituições, comunidades, agências, públicos em geral) do ecossistema na busca de uma determinada qualidade ambiental. . Os conceitos de valoração ambiental orientados pela teoria neoclássica são até o momento, o de maior amplitude de aplicação e uso.” (MARQUES, J. F. e COMUNE, A. E., )
É possível valorar e quantificar os recursos ambientais? Técnicas e conceitos são
disseminados para se chegar a um aperfeiçoamento deste questionamento. Ao longo da história
alguns pesquisadores vem desenvolvendo estes estudos e em nossos dias a ligação entre
economia e meio ambiente se torna uma premissa básica para as pesquisas, uma vez que para dar
conta dos níveis cada vez mais baixos de recursos naturais e preocupações levantadas para o
futuro próximo esta ligação se formou com um paradigma a ser ultrapassado por variados campos
do conhecimento, entre os quais a economia se configura como um dos mais importantes.
Historicamente, esses estudos vêm ganhando espaço e o texto abaixo mostra de maneira
sintética a evolução de conceitos que unem o campo da Economia ao da Ecologia:
“ A economia ambiental surgiu na década de 50 e 60 como um ramo da ciência econômica, nos Estados Unidos. A teoria econômica para economia do desenvolvimento e o meio ambiente foi desenvolvida nos últimos 20 anos por vários economistas, como Baumol e Oates, ...que atualizaram as contribuições históricas que foram realizadas desde o início do século, como o conceito de economias externas , por Marshall, o conceito de poluição como externalidade desenvolvido por Arthur Pigou, na década de 20; os estudos analíticos sobre a depreciação das reservas de carvão e metal como recursos exauríveis, por Gray ( 1994) e Hotteling (1931) e também a análise acerca dos limites do crescimento e a consciência de que o crescimento econômico não traz somente bem-estar, mas que a industrialização afetou a qualidade de vida das pessoas, preocupações levantados por John Stuart Mill em 1900.” (BORGER, F. G. In VEIGA, J E. da (org.) , 1.998).
A agenda de estudo para a economia ambiental apenas se inicia na medida em que o tema
ambiental envolve conceitos amplos que ainda não dispõem de um arcabouço institucionalizado
para fomentar de forma organizada estas discussões. Apesar destas dificuldades existirem, torna-
se premente a necessidade de serem superadas, de alguma forma, ainda que não seja a forma a
ideal imaginada. Comune e Motta destacam o atual estágio das pesquisas que envolvem conceitos
econômicos e ecológicos :
“ A utilização do conceito de meio ambiente num sentido amplo somente pode ser feita através de uma análise interdisciplinar e multidisciplinar. No entanto, a teoria (ou modelo) global, que possibilite analisar todas as interações dos fenômenos do meio ambiente, ainda não se encontra plenamente desenvolvida. ... Na falta de uma teoria global são empregadas abordagens dualistas do tipo econômico ecológicas que, mesmo não sendo totalmente adequadas permite a realização de aplicações práticas bastante úteis no assunto. ( COMUNE, A. E. In MAY, P. H. e MOTTA, R. S. (org.), 1994)
BENAKOUCHE e CRUZ apresentam uma abordagem sintética do relacionamento entre
economia e meio ambiente para mostrar que é difícil, para não dizer impossível, proteger o meio
ambiente sem o uso de instrumentos econômicos. Afirmam ainda que o meio ambiente sempre
foi considerados nos estudo econômicos, porém de uma maneira subordinada, considerando os
recursos naturais como fornecedores do campo econômico. ( BENAKOUCHE, R. CRUZ, R. S.
1.994). A atual mudança de paradigma frente a importância crescente dos recursos naturais pela
conscientização social a este respeito, leva a uma nova abordagem dos conceitos ambientais pela
economia. Segundo os autores acima citados a economia apresentava uma ligação conflitiva com
o campo do meio ambiente, o que não impede que se dê uma integração entre estes campos. Estes
autores observam que: “ o meio ambiente sempre foi considerado no pensamento econômico
desde os primórdios da Economia, podendo-se afirmar que a relação entre a Economia e o Meio
Ambiente é conflitiva, mas que é perfeitamente factível conceber sua
integração.”(BENAKOUCHE, R. CRUZ, R. S. 1.994).
Esclarecem que houve um desenvolvimento da inserção dos conceitos ambientais no pensamento
econômico que em sua inicial consolidação como ciência a Economia era considera autônoma em
relação aos campos do meio ambiente e do social. Afirmam também que esta idéia se difundiu e
chegou a considerar o campo econômico como determinante em relação aos demais. Com os
problemas ambientais globais enfrentados pelas sociedades esta idéia é reavaliada e inicia uma
nova forma de se relacionar Meio Ambiente e Economia. Textualmente assim consideram os
autores:
a análise econômica focaliza-se fundamentalmente nos mecanismos de mercado e que isso faz com que somente os fenômenos de produção e de consumo de bens e serviços sejam considerados partes do campo econômico. A ciência econômica é considerada autônoma em relação aos campos do Meio Ambiente e do Social, desde a elevação da Economia á categoria de ciência - obras dos economistas clássicos, notadamente as de A. Smith e D. Ricardo. Estabeleceu-se uma distinção entre o campo econômico e os demais, mas continuou-se considerando que a natureza fornece seus elementos ao campo econômico. Com o advento da escola de pensamento econômico marginalista, dita também neoclássica, passou-se a privilegiar, ou até mesmo a considerar determinante, o campo econômico em relação aos demais. Com as ameaças globais (efeito estufa, buraco na camada de ozônio, desmatamento das florestas, chuvas ácidas, etc.) e os problemas ambientais urbanos (poluição, barulho, etc.) tornou-se urgente analisar os problemas ambientais do ponto de vista econômico. Com efeito, a economia Ambiental da última década preocupou-se em propor conceitos no sentido de lhes fornecer apoio para proteger o Meio Ambiente. Essa interpretação constitui hoje uma das maiores preocupações dos economistas. ( BENAKOUCHE, R. CRUZ, R. S. 1.994, ps. 91, 92, 93)
John Gowdy e Sabine O’Hara no capítulo 7 de ‘Economic theory for environmentalists’
descrevem a evolução das teorias econômicas até os dias atuais, relatando a determinação destas
teorias aos processos políticos, sociais e históricos, informa de que maneira a economia
neoclássica adquiriu relevância e supremacia originando os métodos de avaliação
microeconômica hoje conhecidos e largamente utilizados. Mostra também as tragetórias das
teorias econômicas desde a teoria clássica de Adam Smith e David Ricardo passando pelo
surgimento da economia marginalista ou neoclássica até a teoria Keynesiana surgida depois da
grande depressão na década de 30, nos Estados Unidos, chegando às concepções atuais. A partir
desta análise estes autores afirmam que a partir de alguns acontecimentos mais expressivos, tais
como a crise do petróleo nos anos 70 e acidentes ecológicos marcantes, as teorias econômicas
foram influenciadas pelos acontecimentos evidentes relativos ao novo paradigma de escassez de
recursos naturais, o que influencia diretamente conceitos econômicos especialmente o de
crescimento. Concluem que em nossos dias todas estas teorias já existentes desde as mais
ortodóxicas até as mais alternativas como a pós-keyniana e a markcista coexistem e são
influenciadas por este novo conceito, surgindo os conceitos da Economia ambiental que vê os
processos econômicos embutidos nos processos biofísicos do planeta. A economia ambiental,
ainda em formação apresenta elementos de outras teorias que a precederam bem como de
elementos de outras áreas de conhecimento como a biologia e a ecologia.( GOWDY, J. e
O’HARA, S. 1.995). Estes autores enfatizam que as respostas dadas pela economia neoclássica
dominante nos dias atuais no mundo ocidental não é suficiente para se resolver os problemas de
escassez de recursos, mudanças globais do clima, efeito estufa, etc. É necessário
interdisciplinaridade e soluções conjuntas que envolvem demandas políticas, gerenciais, etc. A
figura (figura 8.0) abaixo, extraída do livro acima citado, mostra a visão destes autores na qual os
sistemas ( Econômico, Social, político , biofísico) não só devem estar interligados como
embutido dentro das questões referentes ao mundo biofísico ou ao meio ambiente.
Figura 8.0: “Valoração Contextual”: Fonte ( GOWDY, J. e O’HARA, S. 1.995, p.175)
Outros autores vêem a inter-relação entre os sistemas ambientais e humanos de outra
forma, estabelecendo-se entre estes sistemas uma relação de trocas com “imputes” e “outputs”. A
Environment
Human Activity
Economic Activity
Market
visão de Gowdy e O’Hara apresentada acima e na figura 8.0 critica a visão da economia
neoclássica que em seu desenvolvimento apresenta o conceito de otimização e de concorrência
perfeita, o que não reflete a realidade, desconsiderando os elementos sociais e ambientais
(GOWDY, J. e O’HARA, S. 1.995). Uma vez que coexistem teorias econômicas diferentes,
desenvolvidas ao longo da história dos países capitalistas ocidentais, e ao mesmo tempo a questão
ambiental não pode mais ser ignorada, cria-se modelos de inclusão da variável ambiental nestas
varias teorias como já afirmado acima.
Neste trabalho será utilizado como subsídio o modelo econômico proposto por W.
Leontieff, prêmio nobel de economia , explicitado no trabalho de Benakouche, R. e Cruz, R. S.
(1.995). A figura 8.1 abaixo ilustra os princípios básicos deste modelo. Este modelo possibilita a
chamada análise sócio-técnica. A utilização deste modelo se justifica pelo fato de que os métodos
a serem utilizados nesta trabalho tem como subsídio elementos da Economia Neoclássica, que em
grande parte forneceu elementos para a análise micro-econômica, entre os quais os estudos de
engenharia econcômica, objeto final deste trabalho. Ainda que existam críticas como as de
Gowdy e O’Hara (1.995) a respeito destes métodos por estarem subordinados a elementos da
Economia Marginalista ou Neoclássica, alguns autores como Benakoche e Cruz ( 1.995) afirmam
que em nível microeconômico estes métodos podem ser eficazes na integração Economia e Meio
Ambiente e que a economia neoclássica pode oferecer elementos que facilitem decisões dos
campos político-gerenciais.
Figura 8.1-Análise Sócio-técnica do Meio Ambiente. Fonte: (Benakouche, R e Cruz, R.S.
1.995,p.93).
Econômico
Ambiental
Social
Não se desconsidera aqui o fato de que o desenvolvimento econômico e o equilíbrio
ambiental do planeta se constituem em uma questão maior, estabelecendo-se que as discussões a
respeito de sistemas e políticas de desenvolvimentos sejam sempre repensadas. Dado os níveis
alarmantes das condições ambientais do planeta a forma de desenvolvimento econômico e
político social deve ser repensada como defende Gowdy e O’Hara (1.995). Entretanto esta
discussão não se configura como objeto deste trabalho.
Observando-se todas estas novas proposições para o relacionamento entre Economia e
Meio Ambiente constata-se que existe uma convergência no sentido de se valorizar as intenções e
tentativas de valoração dos recursos naturais, uma vez que as preocupações ecológicas são
fundamentadas em fatos inegáveis, já disseminados e comprovados pela ciência e adotados como
exigências crescentes pela sociedade. É necessário esclarecer que se estes níveis de exigências
ainda não são tão grandes no Brasil, por ainda possuir questões sociais e econômicas sérias a
serem resolvidas, estas ligações podem se configurar em uma nova forma de visualização do
desenvolvimento econômico e social que inclui a variável ambiental. Vale ainda esclarecer que
em um país em desenvolvimento uma questão não exclui outra, uma vez que o tratamento
adequado do Meio Ambiente reflete diretamente na qualidade de vida das pessoas para não dizer
na própria sustentação da vida humana. Aprende-se pelos alertas de ecologistas e cientistas que
esta questão devem ser tratadas com atenção, se não se intenciona enfrentar problemas futuros
muito mais graves. Além disto, se o desenvolvimento for orientado por um caminho sustentado
pode-se estabelecer um forma pioneira de crescimento econômico não seguindo os mesmos erros
cometidos pelos países desenvolvidos, que adiaram a preocupação com o meio ambiente até o
limite onde este não pode ser mais desconsiderado. No Brasil pode-se adotar desde já uma
consciência de crescimento ambientalmente saudável. Para as empresas que aqui estão, isto não
significa apenas exigências e encargos, ainda que estes possam existir, mas também,
oportunidades.
9- VALORAÇÃO AMBIENTAL:
Uma discussão importante surge quando é colocada a intenção de se realizar uma
avaliação econômica de ações que envolvem o meio ambiente. Esta discussão passa pelas
seguintes indagações: que valor assume o Meio ambiente para a sociedade atual? É possível
valorar ou cifrar os recursos naturais? Como podemos fazê-lo ? A necessidade de se realizar esta
tarefa: valoração do meio ambiente, já ficou clara. Barde e Pearce afirmam que como as políticas
ambientais estão ganhando mais importância e sofisticação, dia a dia, há uma necessidade de
maior desenvolvimento das bases econômicas para estas políticas. Em particular, para a
valoração monetária do meio ambiente. Afirmam também que progressos tem sido feito no
desenvolvimento de metodologias para valoração econômica de custos e benefícios ambientais.
(BARDE, J. P. and PEARCE, D. W., 1.995).
A questão da valoração do meio ambiente e sua contabilização é um desafio que passa
pela polêmica de responder à três perguntas iniciais: a) Que valor assume o Meio ambiente para a
sociedade atual? b) É possível valorar ou cifrar os recursos naturais? c) Como podemos fazê-lo?
A primeira pergunta é respondida na medida em que a sociedade exige maior responsabilidade de
empresas, governantes, enfim, de si mesma. em favor da proteção ambiental. Ou seja, o valor que
o Meio Ambiente assume para a sociedade atual é crescente, exigindo cuidados e
responsabilidades. A resposta para as duas últimas perguntas não estão prontas e pesquisas são
realizadas no sentido de se avançar neste campo de conhecimento. Apresenta-se aqui alguns
pontos polêmicos que demandam por respostas, que são respondidas por propostas. Mas, para
que se respondam a estas perguntas na realidade e na prática das organizações, existe o desafio de
aplicação destas propostas.
Em primeiro lugar, em períodos anteriores de nossa história de sociedades capitalistas,
não se precisava preocupar com os recursos naturais, pois acreditava-se que estes eram
abundantes e não se sofreria escassez nenhuma. Portanto também não havia a necessidade de se
atribuir um valor aos recursos naturais. Para Benakouche e Cruz, pode-se sintetizar essa
discussão da Economia ambiental assim:
“ recentemente, o Meio Ambiente assumia apenas dois valores: zero ou infinito. Só que atribuir um valor zero aos recursos naturais consiste, em última instância, em afirmar que não têm preço. Se assim for, eles são duplamente gratuitos. De um lado, eles são usados na produção de bens e serviços, mas não entram na contabilidade econômica porque são considerados bens gratuitos, por serem dom da natureza; de outro, não são
mensurados por serem bens protegidos ou patrimoniais. Consequentemente, passa-se a custear o Meio Ambiente, atribuindo-lhe um preço ( BENAKOUCHE e CRUZ, 1.995, p. 88).
Quando se sabe que os recursos naturais podem ficar escassos ou mesmo se acabar para
gerações futuras não muito distantes, não se pode afirmar que o crescimento econômico se dá
sem a necessidade de se avaliar os danos e benefícios ambientais. Ou seja, não se pode mais
atribuir um valor zero ou infinito aos recursos naturais.
Então, que valor atribuir aos recursos naturais? O meio ambiente ao desempenhar
funções imprescindíveis à vida humana apresenta, valor econômico positivo mesmo que não
refletido diretamente pelo funcionamento do mercado, não sendo, portanto correto tratá-lo como
se tivesse valor zero. Assumindo um valor zero para o meio ambiente corre-se o risco de uso
excessivo ou até mesmo de sua completa degradação. ( MARQUES, J. F. e COMUNE, A. E. ).
Para dar início ao esclarecimento destas questões, deve-se observar um dos pontos mais
polêmicos que envolvem conceitos contábeis e metodológicos. Pode-se começar pela questão da
natureza dos bens ou recursos naturais. Os recursos naturais são bens pertencentes a toda
comunidade, mas são também utilizados por organizações privadas, e assim passam a fazer parte
do processo produtivo e contribuir para seu funcionamento. Por exemplo, a água utilizada para a
produção de uma determinada indústria é um recurso natural, portanto um bem público, porém
também é um insumo de produção portanto um bem privado, enquanto passa pelo processo
produtivo e quando se transforma em um produto comercial. A utilização da água enquanto
produto não é cobrada, paga-se apenas pelo serviço de abastecimento para que este recurso
natural esteja disponível de forma mais confortável possível. Esta afirmação é verdadeira
legalmente como discutido no capítulo referente a normas e leis ambientais, na página 16, os
recursos naturais são considerados bens difusos pertencentes à coletividade, entretanto estes bens
também podem fazer parte de uma propriedade particular. Na definição de Benakouceh e Cruz:
“ bens ou mercadorias são objetos suscetíveis de serem produzidos, reproduzidos e comercializados. Esses bens são ordenados em três classes: a dos bens mercantis, a dos bens não mercantis e a dos bens coletivos. ... A natureza dos bens naturais impede que sejam colocados em uma destas classes. Isto porque alguns bens (lagos, florestas, rios) podem ser considerados mercantis por serem utilizados e utilizáveis como tais, embora eles tenham características próprias. Outros ( água, ar...) não podem ser classificados desse modo. Além disso, eles não tem preço, fora de seu custo de transformação em bens destinados a satisfazer necessidades humanas; são em geral, abundantes e apropriados de modo destrutivo.( BENAKOUCHE E CRUZ, 1.995, p. 183).
Conceitos, métodos e técnicas de contabilização existem e são propostos para se
solucionar esta questão da natureza dos recursos naturais, que se caracteriza como central:
“ O problema central para a avaliação de bens e serviços ambientais é de que estes não tem preço porque não fazem parte do processo de compra e venda dos indivíduos. Não se compra ar puro, biodiversidade, qualidade da água, mas a sociedade extrai, processa e consome os recursos naturais , ou seja, a economia e o meio ambiente estão interligados.” ... “ A economia ambiental estabelece uma ponte entre a economia e a ecologia internalizando os custos e os benefícios proporcionados pelo meio ambiente, para uma melhor alocação dos recursos disponíveis e para mostrar que o meio ambiente é importante tanto na análise econômica de investimentos (nível microeconômico) e planejamento das políticas públicas (nível macroeconômico) quanto no processo de tomada de decisões econômicas ( BORGER, F. G. In VEIGA, J E. da (org.) , 1.998).
A valoração ambiental não é uma questão fechada, e também não pode ser considerada a
única maneira de se fazer a sociedade se responsabilizar pelos danos ambientais. Existes
responsabilidades que já nos são impostas por leis. A valoração ambiental é um subsídio para
uma proposta de se repassar para as organizações responsabilidades pelo futuro do meio ambiente
global, introduzindo esta responsabilidade em mecanismos políticos e de mercado. Os métodos
de avaliação econômica do meio ambiente são ainda pouco aplicados, mas isto não significa que
sua aplicação não seja necessária, pelo contrário, ela responde por uma emergência social, em se
tratar com responsabilidade os recursos naturais.
Existem diferentes correntes de pensamento e conceitos que procuram esclarecer a
questão de estabelecer critérios para se valorar os recursos naturais e ainda que existam pontos
polêmicos e algumas questões onde mais estudos são necessários algumas teorias já se foram
fomuladas a este respeito. Também é necessário lembrar que a maior parte destas teorias
convergem no sentido de achar importante a valoração dos bens e funções ou serviços
ambientais. No item posterior essas formas e conceitos de valoração serão melhor esclarecidos.
9.1- CONCEITOS E FORMAS DE VALORAÇÃO:
Obaserva-se que variadas são as formas de se atribuir valor aos recursos naturais ou aos
ecossistemas ( bens ou funções ambientais. Na figura 9.0 abaixo verifica-se uma abordagem de
três grandes formas de se realizar esta tarefa na concepção de PEARCE & TURNER (1.991),
explicitada no trabalho de MATTOS, K. M da C. (1.998). “ Existem três relações dos valores
ambientais adotados pela política e ética nas sociedades industrializadas: valores expressos via
preferências individuais; valores de preferência pública; e valores do ecossistema físico
funcional” MATTOS, K. M da C. (1.998).
ValoresAmbientais
Preferências particularesdos indivíduos
Preferênciaspúblicas
Sistemas e processosfísicos
Valores fixados e medidosem termos de boa vontade
para pagar e ser compensado
Normas forçadaspela pressão
coletiva, através deleis e regulamentações
Valores não preferenciais medidos em ciências naturais
Relações dos Valores AmbientaisFonte: PEARCE & TURNER (1991)
Figura 9.0- Relações de Valores Ambientais. Fonte: (MATTOS, K. M. da C., 1.998)
Esta figura 9.0 apresentada acima mostra a visão do autor das formas como a sociedade
atribui valor aos bens ou funções ambientais. Outras abordagens também são possíveis e
geralmente estão ligadas à correntes de pensamento econômico ou a grupos de estudiosos desta
questão. Estas abordagens, como estão ainda em formação apresentam alguns conceitos
semelhantes outros não e métodos diversos para cumprir a tarefa de se atribuir valor aos bens
ambientais. Estas abordagens relacionadas à teorias econômicas serão aqui discutidas e os
conceitos e métodos de valoração ambiental serão discutidos nos itens subsequentes deste
capítulo.
Existem variadas maneiras de se chegar a uma valoração dos recursos naturais, entretanto
estas maneiras não estão livres de críticas e evoluções em seus conceitos. Os métodos de
avaliação dos recursos naturais enfrentam algumas dificuldades, uma vez que a natureza dos bens
ambientais tem diferentes interpretações. Essas interpretações são resultantes de correntes
econômicas ou de diferentes escolas de pensamento econômico que apresentam visões e métodos
diferenciados que conferem também abordagens diversificadas da valoração ambiental.
Entretanto, é necessário esclarecer que existem pontos comuns entre alguns métodos já mais
consolidados e além disso como a união da economia e da ecologia como campo de estudo
também é recente pode-se considerar que novos métodos vem sendo sugeridos e também que
aqueles já consolidados vem sendo aperfeiçoados. As formas já consolidadas de valoração
ambiental que se ligam a correntes de pensamento econômico diferenciadas, são apresentados na
figura 9.1 abaixo baseada no texto de MARQUES, J. F e COMUNE, A.C. e com alguns
elementos do texto de PEARCE, J.P. E BARDE (1.995).
VISÕES ECONÔMICAS E MODOS DE VALORAÇÃO DO MEIO AMBIENTE
Corrente de Pensamento Econômico
Formas e interpretações do conceito de valor econômico do meio ambiente
Economia Ecológica - defende a incorporação dos bens e serviços ambientais à contabilidade nacional e para se chegar a esta incorporação a elaboração de um completo sistema de valoração econômica dos recursos ambientais;
- considera que é possível atribuir valor econômico a estética ambiental, à vida humana e aos benefícios ecológicos, ainda que de forma indireta e que inconscientemente diariamente lhes é dado este valor;
- Ainda que considere necessária a valoração econômica do meio ambiente tece críticas aos princípios em que esta se assenta, apoiada nos conceitos da teoria neoclássica;
- Utiliza como método o que se convencionou chamar de método de base biofísica ou de análise de energia;
- Abandona as hipóteses do princípio da soberania do consumidor e das preferências e apoia-se em esquemas que privilegiam os insumos de energia direta ou indireta, necessários a produção e manutenção, ao longo do tempo dos serviços ambientais.
Economia do Meio Ambiente ( baseada
em conceitos da economia
Neoclássica)
- desenvolveu e aprofundou não só conceitos e métodos para a valoração do meio ambiente, como derivou importantes instrumentos de política ( Imposto pigouviano, licenças para poluir, subsídios, taxas, regulamentos e padrões fixados para o gerenciamento ambiental;- mais atualmente desenvolve a operacionalização dos conceitos de produção
máxima sustentável e padrões mínimos de segurança para se atingir determinada qualidade ambiental e sustentabilidade dos recursos naturais;
- através do trabalho conjunto com ecólogos os conceitos de valor de existência e de valor de opção foram incorporados pela Economia do Meio Ambiente.
Discussões entre Economistas
(predominantemente de tendência
neoclássica) e Ecológos
- Os economistas de tendência neoclássica, linha predominante na investigação do tema valoração ambiental, fazem referência ao mercado visando estabelecer valores para os recursos ambientais, mesmo na situação em que não exista mercado para os referidos bens;
- Os ecólogos , embora aceitando os valores desta forma estimados, fazem referência explícita a valores intangíveis, tais como os valores globais que um ecossistema presta ao planeta;
- Existe uma proposta derivada do entendimento entre economistas e ecólogos que contempla, basicamente valores referentes aos ecossistemas e seu papel como provedor de bens e serviços, através de três conceitos: valor I- abrange todos os bens e serviços ambientais transacionados diretamente pelo mercado(valor = preço de mercado do bem); valor II- bens que não são transacionados no mercado, não têm preço, seua valores são determinados através de um mecanismo político de negociações e acordo; e valor III- intangíveis e de difícil valoração (florestas tropicais, equilíblio atmosférico, valor inerente aos sistemas naturais, etc.).
Economia Institucionalista
- afirmam que os recursos naturais (ar, água, fauna, flora, etc.) não podem ser mensurados em termos monetários
- Critica conceitos da Economia do Meio Ambiente (de tendência neoclássica) como: a dimensão de conceito de preferência individual, o princípio de maximização da utilidade. Acredita que estes conceitos não são adequados e os considera reducionistas como base para tomada de decisão em questões irreversíveis como o equilíbrio e a manutenção dos recursos naturais para as gerações futuras. (BARDE. J. P. e PEARCE, D. W., 1.995)
Figura 9.1- Correntes de Pensamento econômico e formas de interpretação da valoração ambiental. Fonte: figura adaptada do texto de MARQUES, J. F e COMUNE, A.C.
9.1.1 CONCEITOS DE VALOR:
Observa-se pela figura 9.1 mostrada acima que existem variadas abordagens para a
questão da valoração ambiental associadas à correntes de pensamento econômico. Estas
abordagens trazem conceitos importantes e que considera-se indispensável que sejam
esclarecidos neste trabalho. Assim apresenta-se a seguir alguns destes conceitos, que ainda que
tenham origem em teorias diferenciadas como acima explicitado são extremamente relevantes
para a proposta final deste trabalho.
Abaixo são apresentados estes conceitos de acordo com algumas correntes de estudo da
economia que investigam a questão ambiental:
A economia ambiental, baseada predominantemente nos estudos de economistas de
tendência neoclássica contribuiu no sentido de fornecer consistência às concepções sobre o valor
econômico do meio ambiente, permitindo sua operacionalização. “A atual literatura econômica
ambiental distingue três valores que compõem o valor econômico total do ambiente, obtido a
partir da seguinte expressão” ( MARQUES, J. F e COMUNE, A.E).:
Valor Econômico do Ambiente = Valor de Uso + Valor de Opção + Valor de Existência
Onde se tem as seguintes definições para cada um destes valores:
Valor de Uso: refere-se ao benefício obtido a partir da utilização efetiva do ambiente de forma
direta ou indireta. Os valores de uso referem-se ao uso efetivo ou potencial que o recurso pode
prover. Os valores de uso direto ou indireto estão associados com as possibilidades presentes do
uso dos recursos e são de mais fácil compreensão e entendimento.
Citando como exemplo uma floresta tropical seu valor de uso direto poderia ser expresso ou calculado em função da exploração da madeira, de produtos não-lenhosos, caça pesca, produtos genéticos, medicinais, hábitat humano, etc. Os valores de uso indireto poderiam incluir a proteção das bacias hidrográficas, a regularização do clima e todas as demais funções ecológicas exercidas pelas florestas tropicais (MARQUES, J. F e COMUNE, A.E, p. 29).
Valor de Opção é definido como a obtenção de um benefício ambiental potencial- expressão das
preferências e da disposição de pagar pela preservação ou manutenção daquele recurso ambiental
contra possibilidade de uso presente. O valor de opção refere-se ao valor da disponibilidade do
recurso para uso direto ou indireto no futuro. No exemplo da floresta tropical o valor de opção
seria o preço ou o custo com o qual as pessoas estariam dispostas a pagar pela sua preservação,
para que ela não fosse usada intencionando um uso futuro.
Valor de Existência pode ser entendido como valor que os indivíduos conferem a certos serviços
ambientais, como espécies em extinção ou raras, santuários ecológicos ou algum ecossistema raro
ou único mesmo quando não há intenção de apreciá-los ou usá-los de alguma forma. Nesse
sentido a biodiversidade, por exemplo é entendida como um objeto de valor intrínseco, como
uma herança deixada para outros ou como fruto de uma responsabilidade moral. Os valores
intrínsecos não estão associados nem ao uso presente do recurso e nem com as possibilidades de
uso futuro. No exemplo da floresta tropical o valor a que a sociedade estaria disposta a pagar para
preservá-la independentemente de Ter intenção de utilizar seus recursos no futuro, pelo simples
fato que considera sua existência importante.
Estes conceitos foram sendo desenvolvidos ao longo do tempo de estudo da Economia
Ambiental que tiveram algumas fases distintas. “ O desenvolvimento do conceito sobre valoração
ambiental iniciou-se por distinguir entre os valores de uso e valores de não-uso. Posteriormente
os valores de não uso se dividiram em valor de opção e valor de existência.” (MARQUES, J. F e
COMUNE, A.E, p. 29). Os conceitos de Valor de existência e de Valor de Opção geram ainda
algumas discussões sendo que alguns autores afiirmam que possam existir motivos que
justifiquem o Valor de existência como os motivos de herança de doação de simpatia de
responsabilidade ambiental e de inter-relação ambiental. Ao contrário de outros como Pearce &
Turner ( 1.990) que “assumem enfaticamente que o valor de existência é um valor colocado nos
bens e serviços ambientais que não está associado, de forma alguma com qualquer uso do
mesmo, seja no presente, seja no futuro. Esta polêmica gera algumas dificuldades de delimitação
dos conceitos de Valor de existência e de Valor de Opção.
O valor econômico total do meio ambiente é revelado pelas preferências individuais das
pessoas. Não se considera que esta seja uma tarefa fácil de se realizar, na maior parte das vezes
tendo de ser feita através da consulta direta às populações envolvidas através de pesquisas como a
realizada por HOPKIINSON, P. G NASH, C. A. e SHEEHY, N ( 1.992) a respeito de como as
pessoas dariam valor a aspectos ambientais e sociais no planejamento de construção de uma
rodovia. Existem críticas a respeito destes métodos relativas ao fato de que existe uma
dificuldade, uma perda na veracidade de fatos quando se levanta as preferências individuais
transformando sua soma em preferências sociais, que podem ser conflitantes. Esta é uma das
críticas apresentadas por GOWDY, J. e O’HARA, S. ( 1.995) aos métodos e conceitos baseados
na Economia Ambiental que tem como predominantes economistas de tendência neoclássica.
Entretanto como afirmados anteriormente por MARQUES, J. F e COMUNE, A.E, estes são os
métodos e conceitos que tiveram e ainda tem apresentado grande desenvolvimento no sentido de
serem operacionalizados e oferecerem conceitos consistentes quanto à valoração de bens ou
funções ambientais.
Para a Economia Ecológica, que tem como base métodos biofísicos ou baseados nas
trocas de energia, a valoração de bens ou funções ambientais tem de contemplar três aspectos:
- Valor de Uso imediatos e suas formas comerciais ou potenciais cujos valores financeiros possam ser apurados.
- Valor de Opção de uso imediato ou a possibilidade contrária de economizar o bem para uso futuro ou mesmo o não-uso.
- Valor que o bem ou função tem como capital do próprio ecossistema cuja extração ou manejo determina perda de qualidade ou redução do ecossistema.” ( MELLO, R. de., 1.997)
Renato MELLO ( 1.997) afirma que as medidas do ambiente comuns podem tomar formas diversas sendo “expressas em unidades financeiras, podem assumir formas de fluxos energéticos, podem ser expressas em quantidade do próprio bem medido, e ainda assumir formas vagas e pouco definidas em descrições de sentimentos.” Afirma também que como forma econômica devem ser considerados como valor pela sua escassez, pela sua utilidade para uso ou posse, ou como tendo alguma importância social por cuja manutenção deva existir um pagamento.
Observa-se que conceitos como o de valor de uso e de opção e de existência são praticamente
os mesmos dos apresentados com base na Economia Ambiental. Observa-se também que existem
semelhanças de conceitos por que as teorias formuladas para se entender as relações economia e
meio ambiente ainda não estão totalmente definidas, como observado no início deste capítulo.
Assim algumas definições podem ser realmente iguais como conseqüência de estudos realizados
por diversas correntes de economistas juntamente com ecólogos. Existem porém outros conceitos
que integram a visão da Economia Ecológica e algumas outras abordagens que podem ser citados
como medidas de valoração econômica dos ecossistemas. Segundo Renato MELLO ( 1.997) estes
conceitos podem ser classificados em cinco grupos ( 5 ):
1- Preços que compreende:1.1-Preços de Mercado ou os valores monetários dos bens e funções ambientais. Estes bens já se encontram valorados no mercado e contemplam a questão da escassez e do domínio tecnológico do uso do bem ou serviço assim como a demanda de um mercado já estruturado. Podem ser exemplo destes os minerais comercializáveis. Para que se realize um determinação do preço dos bens ambientais são usadas as medidas, que podem ser
tomadas em valores correntes monetários que a sociedade determinou como valor aceitável, pelos mecanismos de mercado e de representações políticas ou de grupos. 1.2- Disposição de Pagar e Disposição de Aceitar: São preços ou medidas obtidos em pesquisa direta com o público, quando são questionados os interesses em termos financeiros despertados pelo meio Ambiente. São assim definidasDisposições a pagar: é o valor econômico que o indivíduo aceita pagar por melhoria ou preservação do bem ou serviço ambiental;Disposição de aceitar: É o valor econômico de compensação financeira para um indivíduo pela diminuição ou perda de qualidade ou valor ambiental; 1.3 Intensidade Energética: preço definido em termos entrópicos, que mede a intensidade energética que flui pelo ecossistema. Baseadas nos princípios da termodinâmica. Sendo que o primeiro é a Lei da conservação da energia em um sistema fechado e o segundo é a entropia do sistema ou a passagem ou mudança de forma de energia dentro de um sistema. 2- A produtividade: As medidas que relacionam níveis de produtividade nos ecossistemas procuram diferenciais e relações entre capitais empregados e rendimentos de produção. Os diferencias se caracterizam por se formar duas situações no ecossistemas e compará-las em termos de produtividade, capital investido ou economizado e produtividade.3- Ecossistema como capital Os ecossistemas são considerados como bens de capital. Esta abordagem gera muitas críticas, principalmente no que se refere ao fato de que as sociedades tendem a atribuir um valor ao ecossistema ou bem ambiental mais baixo do que o necessário para sua conservação ou manutenção, gerando perdas de capital para a sociedade e ganhos privados Dentro desta categoria que considera os bens ambientais como capital tem-se:3.1- Capital Natural que é definido quando um bem ou função ambiental que tenha valores de uso ou consumo e possa participar do mercado com preço definido. Tem se como exemplo de bens evidentes solo, plantas e com evidência mais difusa paisagens, esgotamento de reservas minerais.3.2- Valor Líquido ambiental. A capacidade do Capital Natural de gerar função econômica pode ser medida pelo valor líquido ambiental, que é a quantidade deste capital por unidade da função gerada. 3.3- Valor de contribuição ambiental é o valor de cada subsistema que seja parte do Capital Natural, se este componente ou função gera benefícios de ordem econômica à sociedade. A quantificação do valor é feita de acordo com a importância do subsistema em termos de preços de mercado acrescido de seu papel na manutenção e existência do ecossistema.3.4- Valor intrínseco ambiental para a manutenção e existência do ecossistema ocorrem processos e são exercidas funções em componentes de subsistemas, que quando alterados provocam efeitos sinergéticos cujos resultados podem ser o aumento ou diminuição do capital natural, ou ainda nova ordem constitutiva do ecossistema que a sociedade considere como alteração de valor. Este é o valor intrínseco do bem ou função ambiental.3.5- Valor Cultural Ambiental- Entre os bens culturais modernos está a nova relação entre homens e natureza, considerando-se como bens ambientais não apenas as reservas e parques , mas ampliando-se os valores do mundo físico e orgânico a condição de participantes dos universos epirituais individuais e coletivos. Estes valores têm dinâmica semelhantes àquelas das artes e patrimônios históricos.
4- Valores Incertos: À medida que vai se afastando do comércio e do mercado vai se tornando imprecisa a valoração econômica de qualquer bem. Em se tratando do meio ambiente esta valoração fica por vezes assim incerta. Existem porém alguns mecanismos que possibilitam a mensuração destes Valores Incertos. Estes mecanismos são abaixo apresentados:4.1- Preços Hedônicos: representam um valor associado ao hedonismo ou à cultura do prazer que envolve funções como o turismo e o lazer. Pode-se citar como um exemplo o valor do morro do Pão de Açúcar para a Cidade do Rio de Janeiro. Observa-se que o preço de imóveis, por exemplo situados próximos a este tipo de recurso natural belo é maior do que o de e outros situados em locais existem uma situação ambiental depreciativa. A mensuração desse tipo de valor é feita pela chamada valoração contigente em que se estabelecem ‘disposição a pagar ou ‘disposição a aceitar’. Além disso esta valoração de bens sem valor definido de mercado se mistura com a opção de uso futuro preservando o bem, com a opção altruista ou filantrópica de legar o bem a outros ( valor de Opção) e com o valor da satisfação pessoal de manter a existência do ecossistema ou espécie ( Valor de Existência) . Tudo isto implicando em custos financeiros.4.2- Custo de Viagem: Caso o ecossistema seja atração de turismo, lazer ou associado a uso lúdico, podem ser medidas as despesas que o indivíduo se dispõe a realizar para deslocamento até o local no usufruto do lazer. Podem também ser avaliadas todas as receitas oriundas da atividade ligada ao ecossistema e ter uma medida de valor do mesmo pelas quantias despendidas.5- Valores dos ecossistemas no tempo: Os valores que os ecossistemas e recursos naturais assumem variam muito fortemente no tempo. A escassez de elementos ou restrição na utilização de funções encarece o recurso e em alguns casos determina posse e preço quando o recurso era de domínio público. Ocorre também a melhoria do bem ou função pelo manejo, quando há investimento visando incrementos ou restrições em funções, ou mesmo na determinação de reserva do ecossistema. A própria terra já foi devoluta no Brasil, chegando mesmo a existir incentivos à posse na região amazônica. As medidas abaixo relacionam a variável tempo com as demais medidas descritas anteriormente.5.1-Despesas preventivas. São os gastos que o usuário de recurso natural ou ecossitema tem de realizar em virtude de utilização anterior que retirou valor ou qualidade das propriedades do capital natural.5.2- Custos atualizados. Os valores que o recurso natural vai assumindo no tempo e os valores monetizados que os investimentos, custos e retornos obtidos assumem podem ser atualizados a valores presentes ou distribuídos ao longo do tempo com mecanismos da matemática financeira.5.3 Taxas de desconto no tempo: Para executar atualizações é necessários definir as taxas que corrigem os valores. Uma taxa positiva indica ser mais vantagem usar o recurso natural hoje, sendo que as taxas negativas indicam valor maior do bem no futuro. (obs. na maior parte das vezes as taxas exigidas pelo mercado não são compatíveis com o manejo sustentado de ecossistemas. O Banco Mundial exigia taxas de retorno mínimas de 10% ao ano para seus investimentos, mas atualmente as taxas são mais moderadas quando envolvem ecossistemas produtivos.)5.4 Valor de opção de não-uso. Para que as taxas de desconto de recursos naturais sejam negativas há que se pagar valores com o fim da reserva deste recurso. O não-uso
do Capital natural implica em custos que seriam então considerados como investimentos. ( MELLO, R. 1.997)
9.2 MÉTODOS DE VALORAÇÃO AMBIENTAL
Foram apresentados até agora conceitos e teorias econômicas a respeito da questão da
valoração dos recursos naturais- bens ou funções ambientais. A seguir apresenta-se os métodos
para se realizar uma avaliação monetária ou econômica do meio ambiente. Não se pretende aqui
dissertar e analisar todos estes métodos existentes, mas sim dar uma idéia geral dos tipos de
métodos mais usados e tecer alguma consideração sobre estes.
De maneira geral os métodos assim como os conceitos de valoração ambiental estão
subordinados à teorias econômicas como visto anteriormente. Assim pode-se dizer que estes
métodos foram criados no sentido de se dar conta de valores que não estão representados no
mercado.
“ O valor econômico total do meio ambiente não pode ser revelados pelas relações de mercado e na ausência deste, algumas técnicas foram desenvolvidas no sentido de se encontrar valores apropriados aos bens e serviços oferecidos pelo ambiente natural, objetivando subsidiar a adoção de medidas e a formulação de políticas.”
Procura-se então através dos métodos de valoração estimar valores econômicos para o
meio ambiente. Para BENAKOUCHE, R. e CRUZ. R. S. (1.995) existem certamente uma
multiplicidade e variedade de enfoques que visam oferecer conceitos e instrumentos que possam
esclarecer como incorporar a variável ambiental nas análises econômicas, uma vez que estas
estão tradicionalmente centradas em mecanismos de mercado, que consideram os bens apenas em
seus momentos de produção e consumo, deixando de considerar resíduos e suas consequencias
ambientais. Assim tem-se como destaques dentre estes enfoques os modelos input-output, a
avaliação energética, a contabilidade ambiental, etc.
Alguns autores classificam as formas ou métodos de incorporação da variável ambiental
às análises econômicas. MARQUES, J. F e COMUNE, A.E afirmam que os métodos de
valoração ambiental são classificados de diversas formas, tendo como critério básico a relação
entre o ativo ambiental e o mercado, porém, em termos gerais, a divisão não foge às seguintes
características:
a) métodos que se utilizam de informações de mercado, obtidas direta ou indiretamente, e os mais empregados nas questões ambientais, são: apreçamento hedônico ou valor de propriedade, salários e despesas com produtos semelhantes ou substitutos;
b) métodos que se baseiam no estado das preferências, que na ausência de mercado, é averiguado através de questionários ou das contribuições financeiras individuais ou institucionais feitas aos órgãos responsáveis pela preservação ambiental;
c) métodos que procuram identificar as alterações na qualidade ambiental, devido aos danos observados no ambiente natural ou construído pelo homem e na própria saúde humana; são chamados de dose-resposta. MARQUES, J. F e COMUNE, A.E
Segundo MARQUES, J. F e COMUNE, A.E e também segundo MATTOS, K. M da C.
(1.998) que expôs a classificação de MERICO (1.996) os métodos de valoração ambiental
também podem ser classificados em diretos e indiretos. Sendo que para MERICO (1996) estes
assumem a seguinte definição:
métodos diretos: podem estar diretamente relacionados aos preços de mercado ou produtividade, e são baseados nas relações físicas que descrevem causa e efeito;métodos indiretos: são aplicados quando um impacto ambiental, um determinado elemento do ecossistema, ou mesmo todo um ecossistema não pode ser valorado, mesmo que indiretamente, pelo comportamento do mercado. (MATTOS, K. M da C. 1.998)
Para MARQUES, J. F e COMUNE, A.E os métodos diretos são usados com maior
freqüência para estimar valores de bens e serviços ambientais pertencentes aos grupo a) e b) de
sua classificação citada acima. Estes métodos baseiam-se em informações de mercados já
existentes ou hipoteticamente criados e dentre estes pode-se citar os métodos: valoração
contingencial, custo de viagem e mercado substituto ou preço hedônico. Já os métodos indiretos
se referem ao grupo c) de sua classificação. Estes métodos são chamados de indiretos porque
seus procedimentos diferem no sentido de não procurarem medir o estado das preferências
diretamente. Estes métodos procuram relacionar primeiramente a alteração ambiental e algum
efeito na saúde do homem ou nos ecossistemas naturais ou construídos pelo homem.
Posteriormente aplica-se algum outro método que pode ser o do custo de reposição, da produção
sacrificada, da redução da produtividade, dentre outros. Através destes métodos obtêm-se os
valores econômicos dos efeitos observados. (MARQUES, J. F e COMUNE, A.E) Estes métodos
indiretos são aqueles embasados em estudos de impacto ambiental ou de danos ambientais.
Como exemplos dos métodos citados até agora pode-se mencionar os seguintes
estudos:
1) a avaliação de agroecossistemas de cana-de açúcar, considerando as implicações ambientais e
o uso de recursos naturais como fatores de produção, realizada por Renato Mello (MELLO,
R. 1.997). Este estudo utiliza como modelo o método de input-output para internalizar custos
e benefícios ambientais como fatores de produção. Utiliza também o método biofísico ou de
análise da Energia, transformando as entradas e saídas em medidas energéticas.
2) avaliação de sistemas de abastecimento de água utilizando métodos de engenharia
econômica, como o realizado por Benakouche e Cruz( BENAKOUCHE e CRUZ, 1.995).
Este estudo se caracteriza por utilizar o modelo input-output ou modelo insumo-produto, para
internalizar os custos e benefícios ambientais, que caracteriza como análise sócio técnica
estudada primeiramente por economista como W. Leiontieff, prêmio nobel de Economia.
Entretanto diferentemente do estudo apresentado por Renato Mello, transforma os valores
ambientais em valores monetários e posteriormente analisa os resultados de um investimento
utilizando instrumento da Engenharia Econômica de análise de investimento como Taxas de
Desconto ou TIR, Valor Presente, etc.
3) análise para estimar os benefícios do Programa de Saneamento Ambiental da Bacia do
Guarapiranga em São Paulo, realizado por Fernanda Gabriela Borger (1.998) aplicando a
Técnica de Avaliação Contingente- TAC- que consiste em medir os benefícios por meio de
um processo de entrevistas com os beneficiários, deduzindo, através de um questionário, sua
máxima disposição a pagar.
4) A propostas de um método para avaliação de danos ambientais, com objetivo de auxiliar na
mensuração da indenização por danos ambientais realizado por Luiz César Ribas. (RIBAS,
1.996). Este método se caracteriza como um método indiretos de mensuração.
Como foi visto até agora existem muitos métodos para se valorar os recursos naturais ou bens
e funções ambientais. Estes métodos também podem receber algumas classificações como por
exemplo, métodos diretos e indiretos. A seguir serão mostrado alguns destes métodos e suas
peculiaridades. Seria impossível aqui apresentá-los todos com riquesa de detalhes e este também
não se constitui objetivo principal deste trabalho. Entretanto, serão apresentados alguns destes
métodos e seus princípios gerais. É necessário esclarecer que estes métodos podem se misturar
originando outros ou então podem ser usados em conjunto, como o exemplo dos estudos
realizados por RIBAS, L. C. (1.996), BENAKOUCHE, R. e CRUZ, R. S. (1.995) e MELLO, R.
1.997, acima.
9.2.1- METODOS BIOFÍSICOS, OU BASEADOS NO VALOR
ENERGÉTICO:
Estes método é baseado nas leis da termodinâmica e considera que se possa estabelecer
um sistema fechado que inclui a relação do meio ambiente – Sistema Ambiental- com o Sistema
Econômico. Existem estudos que aprofundaram a aplicação deste método como o exemplo já
citado ‘Custos Ambientais de Agroecossistemas da cana-de-açúcar’ de Renato MELLO (1.997).
Considera-se que existem também críticas referentes à sua aplicação: “Estes métodos embora
detenham certo grau de importância, não são de uso geral em uma sociedade que toma decisões
em valores monetários, derivados de decisões individuais” ( MARQUES, J. F. e COMUNE,
A.E.). Esta afirmação referência o fato de que este métodos pode estar mais adaptado a certos
tipos de análise como por exemplo a análise de processos produtivos. Primeiramente se realiza a
transformação de todos os fatores do Sistema Fechado em Energia- no exemplo citado os fatores
de produção incluindo até mesmo o trabalho humano- , para posteriormente analisar
economicamente este processo. Ë importante lembrar que certamente métodos tem seu
desempenho relacionado a boa adaptação à realidade que se pretende analisar. Assim este método
apresenta aspectos positivos se bem adaptado ao projeto ou sistema produtivo que pretenda
analisar. De maneira geral os princípios deste método pode ser bem representado pela figura 9.2
abaixo que tem como base as observações de MATTOS, K. M. da C. (1.998)
TIETENBERG (1994) acredita que se o meio ambiente puder ser definido de uma maneira geral, a sua relação com o sistema econômico pode ser considerada como um sistema fechado (Figura 1), ou seja, nenhum insumo é recebido de fora do sistema e nenhuma produção é transferida para fora do sistema. Embora se receba a energia proveniente do Sol, o sistema pode ser tratado como um sistema fechado, pois a quantia de trocas com a atmosfera em torno do planeta é desprezível. Esse tratamento como um sistema fechado tem uma implicação importante, que é resumida pela primeira lei da termodinâmica - uma lei que declara que a energia e a matéria não podem ser criadas nem destruídas. A lei implica que o material do meio ambiente usado no sistema econômico é acumulado neste ou volta à natureza como refugo.
A relação do ser humano com o meio ambiente é condicionada através da segunda lei da termodinâmica - conhecida como entropia. De acordo com MERICO (1996), “a energia total do universo permanece constante e a entropia do universo continuamente tende ao máximo”, sendo que a entropia é a quantidade de energia que não é mais capaz de realizar trabalho. A entropia é a medida do grau de desordem do Universo. Esta desordem pode ser revertida por um processo chamado sintropia, que é o processo de criação da vida, particularmente a fotossíntese. (MATTOS, K. M. da C., 1.998)
O Sistema Econômico e o Meio AmbienteFonte: TIETENBERG (1994)
Figura 9.2 ‘O sistema Econômico e o Meio Ambiente’ Fonte: TIETENBERG (1994) (MATTOS, K. M da C. , 1.998)
Como não é proposta deste trabalho apresentar um detalhamento maior dos métodos de
valoração ambiental existentes, apenas se apresenta a base teórica de suporte do métodos
Biofísicos ou baseados nas trocas de energia, segundo as leis da termodinâmica. Espera-se que a
idéia original deste modelo tenha sido suficientemente esclarecida pela figura acima
9.2.2- TÉCNICA DE AVALIAÇÃO CONTINGENTE
A metodologia da Técnica de Avaliação Contigente utiliza-se de pesquisa de campo para
estimar os benefícios e custos dos bens ou funções ambientais. Esta é uma grande diferenciação
em relação a outros métodos que geralmente utilizam preços relacionados ao comportamento dos
consumidores em mercados recorrentes. A citação apresentada abaixo esclarece a definição de
Técnica de Avaliação Contingente:
“A Técnica de Avaliação Contingente- TAC- consiste em medir os benefícios por meio de um processo de entrevistas com os beneficiários, deduzindo, através de um questionário, sua máxima disposição a pagar pelo projeto, e vem sendo utilizada por mais
de 20 anos, sendo adotada por agentes financeiros internacionais como o BIRD e o BID em diversos estudos de viabilidade econômica de projetos” (BORGER, F. G. 1.998).
Este método tem como base o questionário a ser aplicado objetivando estabelecer valores
a serem custeados como disponibilidade de pagar, pela preservação de um determinado bem ou
função ambiental. Aqui verifica-se o conceito de valor de não uso, traduzido pela disposição de
pagar por um projeto de preservação ambiental. Segundo BORGER, F. G. (1.998) para que o
questionário a ser aplicado no processo de entrevistas tenha sucesso, uma vez que é a base desta
metodologia, devem existir algumas condições, tais como: a familiaridade do entrevistado com os
benefícios que geram o projeto, a explicitação de um instrumento de pagamento conhecido ou
aceitável pelo entrevistado e a fixação do montante a pagar.
Como todos os métodos de valoração ambiental a Técnica de Avaliação Contingente deve
estar adaptada ao objeto ou projeto a ser analisado. Ë apontado como vantagem desta Técnica de
Avaliação Contingente projetos onde existe maior complexidade como àqueles destinados a
fomentar políticas públicas, de ordem macroeconômica. No estudo de BORGER, F. G. (1.998)
aplica-se esta técnica para se estimar os benefícios de um programa de saneamento ambiental
para região da Bacia do Guarapiranga, na grande São Paulo, região que é de extrema importância
para o abastecimento da metrópole e que atualmente apresenta problemas sérios de poluição e
degradação ambiental. A autora afirma que mesmo este tipo de técnica não elimina as
características da avaliação econômica que trabalha em um cenário onde existem incertezas, uma
vez que até mesmo as preferências podem mudar ao longo do tempo. Outro aspecto importante se
refere a existência de preferências conflitantes e a necessidade de se dimensionar adequadamente
a distribuição de custos e benefícios entre os atores da comunidade analisada.
9.2.3- MODELO INPUT-OUTPUT OU INSUMO-PRODUTO:
Um do modelos mais utilizados para valoração ambiental e internalização de valores
ambientais nos processos produtivos é o modelos IMPUT- OUTPUT, ou modelo INSUMO-
PRODUTO interpretação denominada por BENADOUCHE, R. e CRUZ. R. S. (1.995) de
análise sócio-técnica, tendo como base estudos de W. Leontieff. Este enfoque consiste em
integrar os campos econômico e social com o meio ambiente. Define-se um projeto de
investimento como sendo “um conjunto sistemático de informações que servem de base para a
tomada de decisão relativa à alocação de recursos. Quando a variável ambiental faz parte deste
conjuntos de informações o referido projeto é definido como sendo um projeto ambiental”
(BENADOUCHE, R. e CRUZ. R. S. , 1.995).
No modelo insumo-produto, a variável ambiental pode ser integrada ao sistema
econômico como insumo ou seja, como fator de produção. Normalmente se considera o processo
produtivo com entradas de insumos e saídas de produtos, entretanto não se considera fatores
ambientais, tais como os resíduos gerados neste processo. Pode-se considerar então um
comportamento linear da economia – que não é real- formando um fluxo de correlação entre os
elementos Capital (K) que permite obter uma produção (P), via um Recurso (R), em que uma
parte é destinada aos bens de consumo (C), que geram utilidade e portanto bem estar.
Entretanto, esta relação exposta acima não considera que no processo de produção são
gerados resíduos (W) que podem voltar ao meio ambiente ou serem inseridos novamente ao
processo produtivo através da reciclagem. A relação mais correta então seria considerar o
comportamento não linear da economia representado pela figura 9.3 abaixo:
Figura 9.3: “ Relações de Produção considerando um comportamento não linear da Economia. Fonte: adaptação de (BENADOUCHE, R. e CRUZ. R. S. , 1.995, p.103).
Dos recursos naturais ( RN0, da Produção (P) e do Consumo (C), gera-se resíduos (W) sendo que, apenas uma pequena quantidade é reciclada no sistema natural ( r) e retorna ao sistema econômico na forma de recurso. A outra parte, que não pode ser reciclada, é despejada no meio ambiente, como elemento poluidor (BENADOUCHE, R. e CRUZ. R. S. , 1.995).
Observa-se que mesmo considerando a variável ambiental como insumo corre-se o risco de não se
fazer uma análise correta uma vez que se desconsidera os resíduos gerados no processo. Isso acontece
RN
P C
W
Meio Ambiente
r
porque normalmente se analisa no processo produtivo os bens apenas em seus momentos de produção e
consumo. Ignorando-se o resíduo, entende-se que este não faz parte do campo econômico, o que não é
verdade hoje “não somente por que o ‘lixo’ é um bom negócio, mas também que ele é um problema
econômico e deve ser tratado como tal” (BENADOUCHE, R. e CRUZ. R. S. , 1.995).
Apresentou-se aqui de forma bem simplificada a maneira pela qual o modelo insumo-
produto integra a variável ambiental. É necessário acrescentar que esta análise é feita através de
uma matriz de insumo-produto, estabelecendo relações entre setores produtivos e o meio
ambiente. Ainda que se apresente limitações o modelo insumo-produto permite a integração da
variável ambiental no sistema econômico, podendo ser utilizado posteriormente, métodos de
avaliação econômica como Valor Presente Líquido ou Taxa Interna de Retorno.
Foram apresentados alguns métodos de valoração ambiental e suas características gerais. Ainda
que cada um possua limitaçãoes e demande por maior número de aplicações, sua importância é
reconhecida.
Como os bens e serviços proporcionados pela natureza e as funções gerais dos ecossistemas não podem ser comprados ou vendidos em nenhum mercado, se for deixado que a alocação seja feita pelo livre mercado, a tendência será de exaurir, estressar ou romper o equilíbrio do ambiente natural. Sendo que as principais conseqüências da inexistência de mercados para os recursos naturais são sua alocação ineficiente e as exterioridades negativas. (MATTOS, K. M. da C. 1.998)
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10- CONTABILIDADE AMBIENTAL
A valoração ambiental e sua insersão em mecanismos de contabilização passa pelo desafio de ser
internalizada através da contabilização tanto em nível macroeconômico quanto em nível microeconômico. Motta
esclarece que uma vez que a falta de recursos naturais ameaça o padrão de crescimento observado pela sociedade,
torna-se imprescindível incentivar o estabelecimento de novos preços relativos aos recursos naturais e serviços
ambientais. (MOTTA, R. S. “Contabilidade Ambiental, Teoria, metodologia e estudos de Caso no Brasil”, IPEA, Rio
de Janeiro, 1.995). Este é o desafio a ser perseguido.
Em nível macro econômico isto ainda não ocorre, pois não existe uma contabilização em nível nacional do
chamado ‘Capital Natural’. Motta aponta como um importante índice de sustentabilidade, em nível macroeconômico,
o nível de consumo de capital natural. Se não são atribuídos valores ao uso do meio ambiente pelo mercado, estes
não se revelam nos custos de produção e consumo, e não são imputados nas Contas Nacionais. Ou seja, as medidas
de renda não refletem os custos ambientais associados a produção e consumo. Como a preocupação fundamental está
centrada na produção, a degradação/exaustão dos recursos naturais só é considerada como ganho à economia;
nenhuma perda é imputada. Quanto mais utilizamos os recursos naturais maior é a produção, não se considera a
escassez futura. Este mesmo autor afirma ainda que: é possível definir uma medida de renda sustentável como aquela
em que o consumo (ou depreciação) do capital natural é considerado. Afirma também que esta tarefa não é fácil, mas
um desafio a ser enfrentado, pois sua mensurabilidade se constitui uma etapa controvertida. Entretanto este desafio
deve ser ultrapassado para que a Contabilidade Ambiental seja um bom instrumento para políticas públicas
ambientais.” (MOTTA, R. S., 1.995). Pode-se então entender que quando obtem-se algum dado macroeconômico,
como por exemplo o PIB ( Produto Interno Bruto) não estão aí considerados as perdas e impactos ambientais, ou
seja, não está explicita uma consideração a respeito da possibilidade de estarem um estado de escassez para se
continuar um processo de crescimento econômico. Existe então um desafio a ser perseguido por pesquisadores e
instituições governamentais no sentido de se sanar esta demanda, cujo a empreitada se inicia pelos pesquisadores.
Da mesma forma, em nível microeconômico, o desafio da valoração e contabilização ambiental está
proposto. Existem alguns métodos propostos para se internalizar os custos ambientais em nível microeconômico. A
contabilização destes valores ainda não é efetuada. Ainda têm-se poucos exemplos a esse respeito, dentre estes
podemos citar avaliação de agroecossistemas de cana-de açúcar, considerando as implicações ambientais e o uso de
recursos naturais como fatores de produção, realizada por Renato Mello (MELLO, R. 1.997). Existem ainda
avaliações realizadas por pesquisadores utilizando métodos diferenciados, mas que se prestam `a uma avaliação
microeconômica, entre os quais podemos citar os mais diversos, tais como: a avaliação de sistemas de abastecimento
de água utilizando métodos de engenharia econômica, como o realizado por Benakouche e Cruz ( BENAKOUCHE e
CRUZ, 1.995); análise para estimar os benefícios do Programa de Saneamento Ambiental da Bacia do Guarapiranga
em São Paulo, realizado por Fernanda Gabriela Borger (BORGER, 1.998), aplicando a técnica de avaliação
contingente; A propostas de um método para avaliação de danos ambientais, com objetivo de auxiliar na mensuração
da indenização por danos ambientais realizado por Luiz César Ribas. (RIBAS, 1.996). Da mesma forma que em nível
macroeconômico, em nível microeconômico a introdução da valoração ambiental está em sua fase inicial e se
caracteriza como um desafio para empresas públicas e privadas.
Observamos que as demanda por pesquisas que esclarecerão a maneira de se contabilizar os recursos
naturais é grande, e que só pesquisas não bastam, uma vez que se estas não forem aplicáveis, perderam seus
objetivos. Se assumirmos a postura de um crescimento sustentável, a aplicação de contabilização e métodos de
avaliação econômica dos recursos naturais é uma demanda imprescindível, que aos poucos pode sair de meios
acadêmicos e tomar seu lugar em mecanismos em organizações públicas e privadas.
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1- CONCEITOS IMPORTANTES:
Para tratar a gestão ambiental dentro de empresas e relacionar esta com a gestão financeira da mesma, torna-
se necessário obter informações importantes que se relacionam com estes dois tipos de gestão. Assim, pretende-se
abordar, neste trabalho conceitos considerados importantes, sem os quais poder-se-ia estar executando uma análise
superficial e consequentemente estar-se-ia mais sujeito a cometer equívocos. Ainda que a intenção não seja esgotar
estes conceitos, mesmo porque estes são recentes em nosso campo de pesquisa, torna-se importante elucidá-los, uma
vez que o intento deste trabalho é questionar a respeito de resultados econômicos da Gestão Ambiental em empresas
brasileiras. Assim são destacados conceitos da Administração financeira, da Contabilidade e da Economia, bem
como esclarecimentos a respeito do aparecimento da questão ambiental como um fator importante a ser discutido
pela sociedade e os aspectos legais da gestão ambiental atual, a fim de que este estudo possa ser melhor elucidado.
Figura 1: O Sistema Econômico e o Meio AmbienteFonte: TIETENBERG (1994)