Transcript
  • CAPTULO I

    CONSERVAO DA SADE EM REA DE CAMPO

    Pg. 3

    PARA USO EXCLUSIVO EM TREINAMENTO DO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR

    1.1 APRESENTAO

    O Bombeiro Militar, ao se deslocar para misses em rea de campo precisa se atentar para alguns aspectos que no so comuns nas ocorrncias urbanas, posto que no ter acesso a alguns recursos normalmente disponveis. Para conseguir cumprir sua misso ter que prever, definir e selecionar, de maneira otimizada, uma relao de itens de materiais e equipamentos (KIT`S) necessrios para o atendimento da ocorrncia, pois, na falta de algum item, ter dificuldade para consegui-lo quando estiver no local. Por outro lado, uma quantidade muito grande de materiais e equipamentos dificulta o deslocamento, devido ao peso, resistncia, tamanho e espao da carga a ser transportada, portanto a seguinte regra dever ser observada para a montagem e aquisio de KIT`s: L I R P (Leve, Impermevel, Resistente e Pequeno). Devendo ser levado somente o estritamente necessrio.

    CONSERVAO DA SADE EM REA DE CAMPO

    OBJETIVOS

    Entender a importncia da higiene individual e coletiva para a proteo da integridade fsica do Bombeiro Militar, nos deslocamentos em rea de campo;

    Proteger-se contra possveis ferimentos decorrentes do deslocamento em rea de campo;

    Aprender procedimentos que aumentam o conforto individual, nos deslocamentos em rea de campo;

    Aprender a montar um Kit`s de materiais, para deslocamento em rea de campo.

  • CAPTULO I

    CONSERVAO DA SADE EM REA DE CAMPO

    Pg. 4

    PARA USO EXCLUSIVO EM TREINAMENTO DO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR

    Alm do material necessrio para o cumprimento da misso, outra preocupao dever ser com a segurana individual e sade do Bombeiro Militar durante a execuo dos trabalhos, que deve ser constante e prevista desde o planejamento, ou seja, antes do deslocamento, pois a no preocupao com este quesito, poder o Bombeiro Militar passar de socorrista para vtima, prejudicando os trabalhos de socorro. Logo, procedimentos como postura adequada de trabalho, utilizao de EPI`s, forma mais adequada de se utilizar o uniforme (coturno, meias, farda, acondicionamento da mochila, etc.), tipos de materiais e ainda, medidas de higiene individual e coletiva so indispensveis para previr doenas ocupacionais, acidentes no trabalho, a fim de garantir um servio com um RISCO CONTROLADO. Para tanto, neste captulo sero explicitadas noes bsicas sobre higiene individual e coletiva e as medidas preventivas contra doenas que podem se originar nos deslocamentos em uma rea de campo.

    Toda caminhada...

  • CAPTULO I

    CONSERVAO DA SADE EM REA DE CAMPO

    Pg. 5

    PARA USO EXCLUSIVO EM TREINAMENTO DO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR

    1.2 REGRAS BSICAS DE HIGIENE PESSOAL

    1.2.1 ASSEIO CORPORAL Os cuidados bsicos so os seguintes:

    A) BANHO DIRIO - Tomar banho diariamente, lavando-se bem com sabonete ou sabo, dando especial ateno limpeza das dobras do corpo. Se no houver meios para o banho, o corpo deve ser esfregado com um pano mido, de preferncia com um pouco de lcool;

    B) CABELOS Devem ser mantidos aparados e limpos, devendo ser lavados com gua, sabo (ou xampu) a cada trs ou quatro dias. A barba dever ser raspada diariamente;

    C) MOS Devem ser lavadas com gua e sabo aps trabalhos manuais, necessidades fisiolgicas e antes das refeies. Devem-se manter as unhas limpas e aparadas e nunca ro-las. O hbito de limpar o nariz com o dedo deve ser evitado.

    D) HIGIENE ORAL Sempre que for possvel, limpar a boca e os dentes, removendo os resduos de alimentos com palitos ou fio dental e escovando os dentes com escova dental e pasta de dente aps cada refeio ou pelo menos uma vez por dia, sendo recomendvel o uso de anti-sptico bucal. No dispondo de meios adequados, podem-se escovar os dentes somente com gua e utilizar palitos improvisados ou linha de costura para a retirada de detritos alimentares entre os dentes. Na falta de escova, friccionar vigorosamente as gengivas com o dedo limpo.

    E) VIRILHA uma parte do corpo que pode provocar assaduras, decorrentes do atrito entre as partes internas das coxas, em longos deslocamentos. Um dos cuidados bsicos para se evitar assaduras nesta regio passar pomada Hipogls ou vaselina em gel, a fim de evitar o atrito e/ou ainda utilizar uma bermuda trmica de lycra, por baixo da cala.

  • CAPTULO I

    CONSERVAO DA SADE EM REA DE CAMPO

    Pg. 6

    PARA USO EXCLUSIVO EM TREINAMENTO DO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR

    1.2.2 CUIDADO COM OS PS

    Os ps, devido a se encontrarem expostos umidade do solo, da lama, dos rios e banhados e mesmo da prpria transpirao, devem receber cuidados especiais, a fim de prevenir doenas comuns, que, no entanto podem vir a ter conseqncias graves.

    *

    A) LIMPEZA DOS PS Lavar e enxugar completamente os ps, principalmente entre os dedos, diariamente. Para diminuir os efeitos da transpirao, aconselhvel a utilizao de p anti-sptico. Na impossibilidade de lav-lo diariamente, os ps devem ser descalados e massageados para estimular a circulao. Se estiverem molhados devem ser secos, utilizando uma roupa, ou pano qualquer usada e em seguida devem-se trocar as meias por outras secas e limpas. Porm, caso os ps fiquem molhados constantemente, convm passar entre os dedos e em toda superfcie dos ps pomada Hipogls ou genrico, que possui vitaminas e protege contra frieira, ou na falta desta, ainda vaselina lquida, a fim de evitar o atrito entre os dedos, o que causa bolhas.

    B) CALADOS E MEIAS Os calados devem ser bem ajustados, nem muito

    justos nem muito folgados. A bota de couro, paga pelo CBM-MS para ser utilizado com o uniforme 5 B no o calado mais adequado quando se vai se deslocar em grandes distncias a p, sendo o ideal o uso de coturno, ou botas tticas, algumas com sistema DRY que impermeabilizam o p. Convm

  • CAPTULO I

    CONSERVAO DA SADE EM REA DE CAMPO

    Pg. 7

    PARA USO EXCLUSIVO EM TREINAMENTO DO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR

    manter sempre seco um par de calados para muda. As meias precisam ser trocadas e lavadas diariamente. Deve-se tambm ter sempre em mos um par de meias secas para muda. importante que as meias sejam de tamanho adequado, evitando-se assim que prendam a circulao no caso de serem muito justas, ou que fiquem com dobras, se forem muito folgadas.

    C) ALTERAES COMUNS NOS PS: 1. BOLHAS So causadas por calados ou meias inadequadas. O uso de

    pomada Hipogls ou vaselina em gel entre os dedos e na sola do p, ajuda a evitar bolhas, pois evita o atrito. As mesmas no podem ser estouradas, pois o ferimento estar exposto s infeces. Porm, caso a bolha venha a estourar, lave com gua de limpa at. Cubra com uma gaze ou com um pano limpo e enfaixe sem apertar muito. Existe um curativo padro para bolhas estouradas em farmcias, que voc deve inclu-lo em seu kit primeiros socorros. Quando o ferimento est muito sujo e voc vai demorar para encontrar um mdico, pode diluir um comprimido de 100 mg de permanganato de potssio em 01 (um) litro de gua e limpar a ferida lavando abundantemente com a soluo. Suas mos vo ficar roxas, e a parte "lavada" tambm, porm esta colorao normal. Outro procedimento para facilitar a cicatrizao do ferimento a aplicao de um spray anti-sptico (recomenda-se ANDOLBA aerossol).

    2. CALOS NO devem ser cortadas ou estouradas. Proteg-los para no estourar.

    * 3. UNHAS ENCRAVADAS Podem ser evitadas cortando-as retas, sem arredond-

    las nos cantos. 4. P-DE-ATLETA o nome vulgar de infeco provocada por um fungo muito

    comum. Pode ser evitado mantendo os ps limpos e secos. 5. P DE IMERSO causado pela permanncia dos ps imersos ou molhados

    por mais de 48 horas. A sola dos ps torna-se branca e enrugada, e sobrevm fortes dores que chegam a deixar a vtima fora de ao. Esta doena pode ser prevenida, evitando-se a prolongada imerso e secando-se os ps durante os perodos de repouso.

  • CAPTULO I

    CONSERVAO DA SADE EM REA DE CAMPO

    Pg. 8

    PARA USO EXCLUSIVO EM TREINAMENTO DO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR

    1.2.3 FARDAMENTO Os fardamentos (uniformes) precisam ser folgados e adequados ao clima, a fim de facilitarem os movimentos e no dificultarem a circulao. conveniente a utilizao de camiseta e cueca (ou suti e calcinha), com a finalidade de absorver o suor do corpo. Essas roupas de baixo devem ser trocadas, se possvel, diariamente. As externas devem ser lavadas, quando sujas, ou, se isso no for vivel, sacudidas e escovadas para retirar os excessos de sujeira e expostas ao sol e ao ar livre por 02 (duas) horas, a fim de eliminar os germes nelas encontrados; Recomenda-se a utilizao de uma bermuda trmica de lycra, em baixo da cala do uniforme 5 B (prontido), o que evita assaduras decorrentes do atrito entre as partes internas da coxa do Bombeiro Militar em grandes caminhadas, bem como, uma sobressalente de muda, para substituio conforme roupas de baixo.

    1.2.4 DETRITOS Os detritos e restos de alimento devero ser enterrados. No caso da guarnio permanecer por perodos prolongados em determinadas regies, devero ser abertas fossas onde sero lanados os detritos. Esta providencia evitar a proliferao de moscas, mosquitos, ratos e baratas, bem como animais peonhentos em busca destes animais. De todos os tipos de detritos, o excremento humano o maior transmissor de doenas intestinais. Portanto essencial enterrar sempre as fezes.

    1.3 ALIMENTAO E CONSUMO DE GUA

    1.3.1 HIGIENE DOS ALIMENTOS Os alimentos, fonte de energia para o homem, podem causar doenas, se estiverem contaminados. Essa contaminao pode resultar da inobservncia de prticas higinicas no manuseio e armazenamento ou pelo contato dos alimentos com insetos e outros animais nocivos. necessrio, portanto, que o pessoal que lida com alimentos mantenham um alto padro de higiene individual e de normas sanitrias.

    1.3.2 DISCIPLINA NO CONSUMO DA GUA Economizar a gua potvel A gua essencial para manter a eficincia do bombeiro militar, durante o atendimento de ocorrncias em rea de campo. Por isso

  • CAPTULO I

    CONSERVAO DA SADE EM REA DE CAMPO

    Pg. 9

    PARA USO EXCLUSIVO EM TREINAMENTO DO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR

    imprescindvel que se aprenda a usar somente a quantidade estritamente necessria para beber e cozinhar, ou seja, sem desperdcios. Consumir somente gua potvel; Proteger as fontes de gua

    1.3.3 CONSUMO DE GUA A gua prpria para o consumo dever ser, preferencialmente, disponibilizada e prevista no planejamento de qualquer misso em campo, posto que, dificilmente, encontraremos mananciais que no estejam contaminados, em local de campo. guas retiradas da viatura de combate a incndio, bombas costais e tanques reboques devero ser purificadas antes do consumo, posto que no se sabe a origem de abastecimentos anteriores; No Captulo IV aprenderemos a obter gua por outros meios, em uma rea de campo, bem como a filtragem e purificao da mesma, por meios de fortuna, para o consumo.

    *

  • CAPTULO I

    CONSERVAO DA SADE EM REA DE CAMPO

    Pg. 10

    PARA USO EXCLUSIVO EM TREINAMENTO DO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR

    1.3.4 TRATAMENTO DA GUA A gua contaminada uma das maiores ameaas para a sade do homem em rea de campo. Deve ser filtrada e em alguns casos purificada, antes de ser ingerida, usando-se pastilhas individuais de purificao de gua no cantil (CLORIN), seguindo corretamente as instrues da embalagem. Se no dispuser de compostos desinfetantes, deve-se ferver a gua durante pelo menos 15 minutos.

    1.3.5 DOENAS TRANSMITIDAS PELA GUA Doena Causas Sintomas Leptospirose (a doena de Weil uma forma grave)

    Transmitida por animais infectados pela Leptospira (ratos, gado, camundongos, cachorros, porcos). Contgio por contato com urina ou fluidos fetais. A bactria penetra no organismo por uma abraso na pele ou pela mucosa de nariz, boca, garganta ou olhos.

    Sintomas parecidos com os da gripe (febre, calafrios, dor de cabea, dores musculares). Formas mais graves levam a meningite, ictercia, insuficincia renal, hemorragias e danos ao corao.

    Esquistossomose Causada por um verme presente em guas doces paradas ou em guas doces onde haja caramujos. Pode penetrar pela pele ntegra, alojando-se no intestino.

    Coceiras, urticria, crises asmticas, aumento do fgado (hepatomegalia) e irritao do trato urinrio.

    Disenteria por amebas

    Contrada bebendo-se gua contaminada por esgotos infectados

    Diarria com sangue e/ou pus e infeco do clon. Complicaes da infeco incluem hepatite, abscessos no fgado e nos pulmes e perfurao intestinal.

    Ancilostomose (amarelo)

    As larvas do parasita entram no organismo pela gua de beber ou diretamente pela pele.

    Vermes adultos se alojam no intestino, provocando anemia e letargia. Larvas na corrente sangunea podem causar pneumonia.

    Giardase Causada pelo parasita girdia, presente em gua contaminada por fezes ou urina infectados.

    Provoca diarria e clicas.

  • CAPTULO I

    CONSERVAO DA SADE EM REA DE CAMPO

    Pg. 11

    PARA USO EXCLUSIVO EM TREINAMENTO DO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR

    1.4 CUIDADOS COM A SADE EM CONDIES CLIMTICAS EXTREMAS

    1.4.1 CLIMA MUITO QUENTE

    A) UNIFORME E EQUIPAMENTO: O tipo e a quantidade de roupa e equipamento

    e a maneira como so usados, podem influenciar nos efeitos do calor sobre o organismo do bombeiro militar. A roupa protege o corpo contra a irradiao solar, irradiao e conveco do incndio florestal e/ou de objetos quentes; mas, em quantidade excessiva ou muito justa, junto com o equipamento e a mochila que o bombeiro militar transporta, reduzem a ventilao que dissipa o calor do corpo. O uniforme deve ser confeccionado de tecido leve e macio, a fim de reduzir o atrito com o corpo. Deve ser folgado para facilitar a ventilao. A mochila mais adequada a do tipo que dispes uma armao metlica sobre as costas alm de possibilitar a ventilao na regio dorsal.

    * B) NECESSIDADE DE GUA: Sob altas temperaturas e mais acentuadamente em

    condies de elevada umidade, muito grande a perda de gua pela transpirao. Uma pessoa em repouso perde aproximadamente meio litro de gua por hora e suas necessidades de gua aumentaro na proporo da intensidade do trabalho. Um homem empregado em trabalho pesado, sob

  • CAPTULO I

    CONSERVAO DA SADE EM REA DE CAMPO

    Pg. 12

    PARA USO EXCLUSIVO EM TREINAMENTO DO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR

    calor extremo, pode exigir cerca de 20 litros de gua por dia. conveniente que a gua seja consumida em pequenas quantidades, quando se sentir sede. Regular o consumo de gua apenas para poucas oportunidades pr-fixadas (hora das refeies por exemplo), resulta na ingesto, de uma s vez, de grande volume de liquido. Tal procedimento pode provocar indisposio e no apresenta vantagens em termos de economia de gua.

    C) REPOSIO DE SAL: Quando a transpirao normal, o sal perdido com o

    suor reposto pela prpria alimentao. No entanto, se o consumo dirio de gua exceder a 4,5 litros. A perda de sal deve ser compensada, acrescentando-o em quantidades extras nos alimentos e, nos casos mais srios, ingerindo-o adicionado gua ou sob a forma de comprimidos. Deve-se, nesses casos, dissolver 1 grama de sal (cerca de de colher de ch) em um cantil de gua ou tomar dois comprimidos de sal para cada cantil consumido.

    D) EFEITOS DO CALOR 1. EXAUSTO Estado de prostrao e fraqueza decorrente da excessiva perda

    de gua e sal. mais freqente quando a temperatura ultrapassa os 35 C. Seus sintomas so dor de cabea, palidez, vertigens, transpirao excessiva e cibras musculares. A pele fica fria, mida e pegajosa. O tratamento indicado transportar o paciente para um lugar fresco, tirar-lhe a roupa externa (mantendo-se as roupas de baixo), elevando-lhe os membros inferiores, massageando-se os ps. A vtima dever recuperar as perdas de sal de acordo com as quantidades descritas no item anterior. Para um melhor tratamento, deve-se procurar assistncia mdica. O melhor meio de evitar a exausto trmica tomar medidas destinadas a facilitarem a transpirao e a evaporao do suor, usando roupas leves e arejadas, alm de manter a compensao das perdas de gua e sal.

    2. INSOLAO Caracteriza-se por uma grande elevao da temperatura do

    corpo e pelo desmaio. O primeiro sinal a parada da transpirao, tornando-se a pele quente e seca, para em seguida adquirir um colorao rosada e brilhante. A inconscincia pode sobrevir repentinamente ou ser precedida de dor de cabea, tontura, nusea, confuso mental e delrio. Para salvar a vida da vtima, deve-se imediatamente, fazer com que baixe sua temperatura corporal, colocando-a sombra, banhando-a com gua fria ou fresca e abanando-a com uma camisa ou uma manta. A vtima pode entrar em estado de choque. Deve-se procurar, rapidamente, assistncia mdica.

    3. CIBRAS So espasmos dolorosos dos msculos, geralmente os das pernas,

    braos e abdmen. So devidas perda excessiva de sal pelo suor e

  • CAPTULO I

    CONSERVAO DA SADE EM REA DE CAMPO

    Pg. 13

    PARA USO EXCLUSIVO EM TREINAMENTO DO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR

    melhoram quando as perdas so repostas. Os casos mais graves devem receber assistncia mdica.

    4. QUEIMADURAS So provocadas pela exposio excessiva da pele luz solar

    e/ou do fogo (combate a incndio florestal, fogueira, etc.). Uma exposio mais prolongada pode resultar em bolhas. O cu nublado no diminui os riscos de queimaduras de srias propores, devendo-se nesses dias tomar os mesmos cuidados que nos dias de cu claro. Para evitar as queimaduras do sol deve-se usar roupas que cubram o mximo da superfcie da pele, inclusive cobertura de abas largas e com tapa nuca (improvisado); deve-se ainda adaptar o combatente aos raios solares, por meio de exposies sucessivas e aumentar gradativamente;

    5. FUNGOS A transpirao excessiva causa macerao da pele, formando em

    certas reas mais sujeitas transpirao, tais como virilha, axilas, regio genital e ps, excelentes meios para o desenvolvimento dos fungos causadores das micoses. Podem ser evitados mantendo-se os cuidados normais de higiene.

    1.4.2 CLIMA MUITO FRIO

    A) UNIFORME Deve oferecer proteo, aquecimento e ventilao. Essa

    ventilao evita o superaquecimento e em conseqncia a transpirao excessiva. O uniforme e principalmente meias devem estar sempre secos. O vesturio deve ser bastante folgado, de modo a facilitar o exerccio das mos, ps e outras partes do corpo e, consequentemente, manter a circulao adequada.

    B) ALIMENTAO A temperatura baixa, por si s, no impe a necessidade de

    aumentar a ingesto de alimentos; pode entretanto, recomendar a substituio de alimentos habituais por outros que contenham mais calorias. A ingesto de bebidas alcolica ineficaz no combate ao frio. A sensao de aquecimento causada pela sua ingesto passageira e falsa, pois na verdade o lcool pode provocar a diminuio da temperatura corporal. aconselhvel ingesto de bebidas estimulantes quentes, tais como caf, ch e chocolate.

    C) EFEITOS DO FRIO 1. P DE TRINCHEIRA uma afeco que resulta da exposio muito

    prolongada dos ps umidade e temperatura abaixo de 10 C. Ocorre mais frequentemente, nas regies de frio intenso, mas so tambm comuns em climas temperados durante a primavera, outono e inverno. O p de trincheira causa alteraes circulao sangunea dos ps, podendo transformar-se em

  • CAPTULO I

    CONSERVAO DA SADE EM REA DE CAMPO

    Pg. 14

    PARA USO EXCLUSIVO EM TREINAMENTO DO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR

    gangrena e, em conseqncia, determinar a amputao de dedos ou mesmo do p. Para evit-lo deve-se: manter os ps secos e aquecidos; manter uma boa circulao mediante exerccios dos ps e das pernas; usar sempre meias secas; ao trocar as meias, massagear os ps at ficarem rubros e quentes, a fim de ativar a circulao. O nome P de Trincheira se deu em decorrncia de militares das foras armadas, quando parados em trincheiras em tempo de guerra, seus ps ficavam submersos em gua acumulada dentro da trincheira, neste caso, os ps podero ser mantidos secos, durante a permanncia na trincheira, esgotando-se a gua a existente e colocando-se pedras, troncos e galhos no seu fundo, de maneira que os ps fiquem acima da gua e da lama.

    2. CONGELAMENTO o congelamento de parte do corpo por exposio ao frio

    intenso e, consequentemente, causado pela dificuldade de circulao local. O rosto, as orelhas, as mos e os ps so partes do corpo que mais frequentemente podero congelar-se. A pele atingida fica esbranquiada, rija e insensvel. Para realizar o descongelamento deve-se colocar a parte congelada junto de uma parte quente do corpo ou em gua morna (no quente). O descongelamento costuma ser doloroso e deve ser feito lentamente. A geladura pode ser evitada mediante o uso de vesturio adequado e seco e a realizao, repetida, de exerccios fsicos e massagens da face, mos e ps. Quando a guarnio se desloca em viatura de transporte de tropa, em frio intenso e em longa durao, devem-se realizar altos para a prtica de exerccios fsicos com a finalidade de reativar a circulao.

    1.5 - MEDIDAS PREVENTIVAS

    1.5.1 ORGANIZAO DA REA DE ACAMPAMENTO Muitos acidentes acontecem noite. Pessoas saem de seus abrigos para ir latrina, muitas vezes descalas e tropeam nos restos da fogueira ou em um recipiente com gua fervente, ou ento se perdem ou se machucam no escuro. O bom planejamento pode evitar muitos acidentes comuns em acampamentos. Quando armar acampamento, visualize como ele pareceria noite:

    Arrume a desordem e demarque qualquer rea insegura com cordas ou folhas de fcil visualizao no escuro;

    Posicione a latrina contra o vento de seu abrigo. Polvilhe terra nela aps cada uso. Marque um ponto separado para urinar;

    1.5.2 EVITE APROXIMAO DE ANIMAIS

    O acampamento pode ser invadido por qualquer animal, de catetos (caititu) a macacos curiosos, onas, jaguatirica, ou mosquitos, escorpies e formigas. Muitas espcies so atradas pelo cheiro de comida, ento evite itens que podem

  • CAPTULO I

    CONSERVAO DA SADE EM REA DE CAMPO

    Pg. 15

    PARA USO EXCLUSIVO EM TREINAMENTO DO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR

    funcionar como iscas para esses animais. Nunca encoraje animais a voltar dando-lhes comida.

    BORRACHUDOS - Afugente borrachudos, pois suas poderosas mandbulas podem atravessar o 5 B;

    FORMIGAS Procure por formigueiros e trilhas de animais antes de armar acampamento, pois voc pode ser surpreendido;

    MOSQUITOS Use repelente ou plantas como a citronela e outras que veremos nos captulo seguintes. A queima de esterco de gado seco, camalote, cupinzeiro produz bastante fumaa e afasta esse insetos;

    CARRAPATOS Presentes normalmente onde tem circulao de gado, capivara e outros animais. No perodo de estiagem ficam mais concentrados em moitas de bambus e o ideal usar repelente ou sabonete especfico.

    ESCORPIO Chacoalhe saco de dormir, coturno para verificar se existe algum escorpio escondido;

    COBRA Vistorie o calado, barraca ou saco de dormir para ter certeza de que no haja cobras;

    CAMUNDONGO No deixe comida solta: ele vai encontr-la e procurar mais; GAMB O spray dele irritante. Se um gamb aparecer, no fique perto; MACACOS Evite brincar com eles porque suas mordidas podem ser danosas.

    1.5.3 IMPROVISANDO UM CAJADO Um procedimento de segurana que o bombeiro militar pode lanar mo ao se deslocar em uma rea de campo, a utilizao de um galho como cajado ou bengala, que pode ser usado como apoio do corpo em algumas situaes (aclive, declive, transposio de charco) ou mesmo na captura de uma serpente. Antes de se sentar em um tronco de madeira, ou passando em uma trilha, voc poder utilizar o cajado para verificar se o locar seguro, batendo com o mesmo no objeto, procedimento que pode afugentar animais peonhentos, bem como voc poder visualizar se h a presena de marimbondos, formigas, vespas ou abelhas no local, antes de sentar-se ou passar por ali.

    1.5.4 DESLOCAMENTO EM GRUPO Por medidas de segurana, um Bombeiro Militar nunca anda sozinho em uma rea de campo. No mnimo com uma canga (em dupla). Durante o deslocamento em coluna indiana, o BM que visualizar a sua frente um obstculo como: buraco, cerca, animal peonhento, etc. dever avisar a quem desloque logo a trs, sinalizando ao levantar o punho direito e bradando: Hop, Buraco (etc.)! e assim sucessivamente at o cerra-fila o transpor.

    *

  • CAPTULO I

    CONSERVAO DA SADE EM REA DE CAMPO

    Pg. 16

    PARA USO EXCLUSIVO EM TREINAMENTO DO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR

    1.5.5 CONTROLE DE VACINAO recomendado o controle individual de vacinao (carto de vacinao), de responsabilidade e interesse de cada Bombeiro Militar, que constantemente poder ser exposto a agente contaminantes em deslocamentos em rea de campo, podendo estar exposto aos riscos ambientais por agentes biolgicos: bactrias, fungos, bacilos, parasitas, protozorios, vrus, entre outros, bem como por doenas infecciosas e parasitrias presentes no ambiente em que precisa trabalhar.

    CALENDRIO DE VACINAO OCUPACIONAL

    Recomendaes da Associao Brasileira de Imunizaes (Sbim) 2008 VACINAS ESPECIALMENTE INDICADAS

    ESQUEMAS

    MILITARES.

    POLICIAIS

    E BOMBEIROS

    Trplice viral (sarampo, caxumba e rubola)

    Dose nica. SIM

    Hepatite A Duas doses, com intervalo de seis meses aps a primeira.

    SIM

    Hepatite B Trs doses, com intervalos de um ms entre a primeira e a segunda e de cinco meses entre a segunda e a terceira.

    SIM

    Hepatites A, B ou A e B

    Hepatite A e B Trs doses, com intervalos de um ms entre a primeira e a segunda e de cinco meses entre a segunda e a terceira.

    SIM

    HPV Para mulheres com at 26 anos de idade: Trs doses, com intervalos de dois meses entre a primeira e a segunda e de quatro meses entre a segunda e a terceira.

    -

    Com esquema de vacinao bsica completo: Reforo com dTpa (trplice bacteriana acelular do tipo adulto) e aps, uma dose de dT (vacina dupla bacteriana do tipo adulto) a cada dez anos.

    Vacinas contra DIFTERIA, TTANO e COQUELUCHE Com esquema de vacinao bsica incompleto: Uma dose de

    dTpa (trplice bacteriana acelular do tipo adulto) e uma ou duas doses de dT (vacina dupla bacteriana do tipo adulto).

    dT

    Varicela (catapora) A partir de 13 anos de idade: duas doses com intervalo de dois meses.

    SIM

    Influenza (gripe) Dose nica anual. SIM Antimeningoccica C conjugada

    Dose nica. SIM

    Febre amarela Uma dose de dez em dez anos. SIM Raiva (vacina obtida em cultura de clulas)

    Trs doses: a segunda sete dias depois da primeira e a terceira 14 a 21 dias depois da segunda.

    -

  • CAPTULO I

    CONSERVAO DA SADE EM REA DE CAMPO

    Pg. 17

    PARA USO EXCLUSIVO EM TREINAMENTO DO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR

    MISSO

    Com base nas informaes do Captulo 01, monte um: Kit Primeiros Socorros, Kit Frio, Kit Roupa de Muda e um Kit EPI:

    KIT 1 SOS

    KIT FRIO

    KIT ROUPA DE MUDA

    KIT EPI


Recommended