UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA
Avaliadores Convidados:
Alina Spinillo (UFPE)
Isabel Fernandes (UFRN)
Local: Auditório 411 do CCHLA
Coordenador da Pós-Graduação em Psicologia Social Prof. Dr. Valdiney Veloso Gouveia Vice-Coordenadora da Pós-graduação em Psicologia Social Profa.Dra. Ana Raquel Rosa Torres
2012
COMISSÃO:
FABÍOLA BRAZ AQUINO (PROFESSORA)
PATRÍCIA N. FONSECA (PROFESSORA)
SILVANA C. MACIEL (PROFESSORA)
FL ÁVIO LÚCIO ALMEIDA (ALUNO)
MANUELLA CASTELO BRANCO
(ALUNA)
PÓS-GRADUAÇÃO EM
PSICOLOGIA SOCIAL
14 A 15 DE JUNHO DE 2012
SEMINÁRIO MESTRADO EM PSICOLOGIA SOCIAL
Representantes da Reitoria
Magnífico Reitor: Rômulo Polari
Pro-reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Prof. Dr. Newton Costa
Representantes do Centro
Diretor do CCHL
Prof. Dr. Ariosvaldo da Silva Diniz
Vice- Diretora
Profa. Dra. Mônica Nóbrega
Representantes do Departamento
Chefe do Departamento de Psicologia
Profa. Dra. Silvana Carneiro Maciel
Vice-chefe do Departamento de Psicologia
Prof. Dr. Nelson Torro Alves
Coordenador da Pós-Graduação em Psicologia Social
Prof. Dr. Valdiney Veloso Gouveia
Vice-Coordenadora da Pós-graduação em Psicologia Social
Profa.Dra. Ana Raquel Rosa Torres
ORIENTAÇÕES PARA JORNADA
TEMPO DE APRESENTAÇÃO DO MESTRANDO: 15-20 minutos
TEMPO DE ARGUIÇÃO DO LEITOR INTERNO: 10 minutos
TEMPO DE ARGUIÇÃO DOS PROFESSORES CONVIDADOS: 10 minutos
PARTICIPAÇÃO OBRIGATÓRIA PARA TODOS OS MESTRANDOS, NÃO
SÓ NA SUA APRESENTAÇÃO, MAS TAMBÉM NAS DEMAIS.
APRESENTAÇÃO
O mestrado em Psicologia Social da UFPB foi credenciado em 1976,
considerado um dos mais antigos do Brasil, apontado como referência nacional na
década de 1970, ao trazer numerosos professores doutores do exterior e ao
desenvolver, de forma pioneira, a área de concentração em Psicologia Comunitária.
Desde o início de seu funcionamento, o Programa de Pós-graduação em Psicologia
da UFPB vem contribuindo para o desenvolvimento científico regional. A demanda
atual por profissionais com títulos de pós-graduação stricto sensu na área de
Psicologia ultrapassa as fronteiras da Paraíba, de sorte que a maioria dos
estudantes, após a obtenção do grau de mestre ou doutor, assume postos de
trabalho em universidades, empresas e instituições de pesquisa em todo Brasil.
O Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social da Universidade Federal
da Paraíba (Mestrado) tem desenvolvido, nos últimos anos, uma política muito
ativa de intercâmbio científico com centros de pesquisas de outros países. Esta
política tem promovido a atualização e o intercâmbio entre professores e
pesquisadores, publicando trabalhos inéditos e fomentando o desenvolvimento de
projetos de pesquisa em cooperação. Tal intercâmbio, além de fortalecer os
vínculos interinstitucionais, propicia uma melhor e maior divulgação dos trabalhos
realizados por docentes e discentes de nosso programa.
Tendo como meta o crescimento e desenvolvimento científico dos
mestrandos, as jornadas do mestrado em Psicologia Social são realizadas
anualmente com a apresentação dos mestrandos que ingressaram e que já estão na
fase de análise dos dados; tendo cada mestrando um leitor interno o qual terá
como meta a análise mais detalhada do andamento do trabalho. Contamos também
como a participação de professores externos (avaliadores) que trazem as suas
contribuições para a melhoria dos trabalhos de dissertação e da própria jornada. A
jornada também conta com a participação de professores, alunos da graduação e
pós-graduação e da comunidade em geral, propiciando o debate e a divulgação
científica do que vem sido produzido no nosso MESTRADO EM PSICOLOGIA
SOCIAL-UFPB.
CRONOGRAMA DO EVENTO
DIA 14 DE JUNHO DE 2012: MANHÃ
08:00h MESA DE ABERTURA
HORA ALUNO ORIENTADOR LEITOR
INTERNO
LEITOR
EXTERNO
9:00 Manuella
Pessoa
Profª. Mª de Fátima
Pereira
Prof. Paulo
Zambroni
Profª. Alina
Spinillo
9:40 Tâmara
Amorim
Profª. Mª de Fátima
Pereira
Prof. Paulo
Zambroni
Profª. Izabel
Fernandes
10:20 Paula Raquel
Leite
Prof. Paulo Zambroni Profª. Silvana
Maciel
Profª. Alina
Spinillo
11:00 Monalisa
Ernesto
Prof. Paulo Zambroni Prof. Anísio
Araújo
Profª. Izabel
Fernandes
11:40 Leilane
Pereira
Profª. Mª de Fátima
Pereira
Profª. Ana Alayde
Saldanha Profª. Alina
Spinillo
DIA 14 DE JUNHO DE 2012: TARDE
HORA ALUNO ORIENTADOR LEITOR
INTERNO
LEITOR
EXTERNO
14:00 Renata Pôrto Prof. Paulo
Zambroni
Prof. Anísio
Araújo
Profª. Izabel
Fernandes
14:40 Ana Karla
Soares
Prof. Valdiney
Gouveia
Profª. Patrícia
Fonseca
Profª. Alina
Spinillo
15:20 Rebecca
Athayde
Prof. Valdiney
Gouveia
Profª. Patrícia
Fonseca
Profª. Izabel
Fernandes
16:00 Rafaella Araújo Prof. Valdiney
Gouveia
Profª. Patrícia
Fonseca
Profª. Alina
Spinillo
16:40 Juliana Rízia
Félix de Melo
Profª. Silvana
Maciel
Profª. Ana
Alayde
Saldanha
Profª. Izabel
Fernandes
DIA 15 DE JUNHO DE 2012: MANHÃ
HORA ALUNO ORIENTADOR LEITOR LEITOR
EXTERNO
8:00 Franciane Silva
Profª. Silvana
Maciel
Prof.
Bernardino
Calvo
Profª. Alina
Spinillo
8:40 Leogildo Freires Prof. Valdiney
Gouveia
Profª Mª da
Penha
Coutinho
Profª. Izabel
Fernandes
9:20 Pollyana Moreira Prof. Julio Rique Profª Cleonice
Camino
Profª. Alina
Spinillo
10:00 Eloá de Abreu Prof. Julio Rique Profª Cleonice
Camino
Profª. Izabel
Fernandes
10:40 Cibele Agripino Profª. Nádia
Salomão
Profª. Fabíola
Braz Aquino
Profª. Alina
Spinillo
DIA 15 DE JUNHO DE 2012: TARDE
HORA ALUNO ORIENTADOR LEITOR
INTERNO
LEITOR
EXTERNO
14:00 Janaína
Camargo
Profª. Nádia
Salomão
Profª. Fabíola
Braz Aquino
Profª. Alina
Spinillo
14:40 Leilane Travassos Profª. Mª da Penha
Coutinho
Profª. Ana
Raquel Torres
Profª. Izabel
Fernandes
15:20 Fabrycianne Costa Profª. Mª da Penha
Coutinho
Profª. Ana
Raquel Torres
Profª. Alina
Spinillo
16:00 Maria José Nunes
Gadelha Prof. Natanael dos
Santos
Prof.
Bernardino
Calvo
Profª. Izabel
Fernandes
16:40 Clóvis Pereira da
Costa Júnior Profª. Ana Raquel
Torres
Prof. Julio
Rique
Profª. Izabel
Fernandes
RESUMOS:
DIA 14 DE JUNHO DE 2012: MANHÃ
JUVENTUDES E AS VIVÊNCIAS DA FORMAÇÃO PROFISSIONAL
Aluna: Manuella Castelo Branco Pessoa
Orientadora: Maria de Fátima Pereira Alberto
Leitor: Paulo Cesar Zambroni de Souza
Núcleo de Pesquisa: Desenvolvimento da Infância e Adolescência em Situação de risco
As concepções de juventude variam desde as dimensões relacionadas ao ciclo
de vida até as que abordam como categoria social. Assim, entende-se juventude
enquanto uma categoria construída socialmente, que está atrelada a geração, classe
social, condições de vida, comportamentos, atitudes, referências, linguagem e
sociabilidade. Esta última dimensão tem no trabalho uma ferramenta central de
inserção. Quando se trata de juventude pobre o trabalho é visto vem como forma de
ocupação, prevenção à marginalidade ou inclusão social. De modo que a entrada do
jovem no mercado de trabalho vem sendo encorajada pela sociedade e pelo Estado,
através das políticas públicas (Gonzáles & Guareschi, 2009; Kafrouni, 2009),
particularmente dos programas de formação profissional. Dentre os quais o Projeto
Integrado de Profissionalização para Adolescentes do PETI.
O referido Projeto é fruto de articulação e convênio envolvendo a Prefeitura
Municipal de João Pessoa (PMJP), Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
(SENAI), Fórum de Erradicação do Trabalho Infantil e Defesa do Adolescente
Trabalhador (FEPETI), Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE) e
Universidade Federal da Paraíba (UFPB) criado com o intuito implantar educação e
qualificação profissional através de conhecimentos técnicos e formativos para os jovens
egressos do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI).
Assim, a presente dissertação tem como objetivo geral analisar as vivências e
as perspectivas de futuro oportunizadas pela experiência na formação de jovens
egressos do Projeto Integrado de Profissionalização para Adolescentes do PETI. E
como objetivos específicos: caracterizar o jovem inserido no Projeto Integrado, analisar
a formação oferecida pela experiência do Projeto Integrado desde o curso preparatório
até o profissionalizante, caracterizar as vivências proporcionadas pela experiência em
tal Projeto, identificar o sentido dessa experiência para os jovens egressos desta
iniciativa, e identificar os projetos de vida construídos a partir da inserção nestes
espaços.
A fim de dar conta dos objetivos citados, a perspectiva teórica adotada é a da
psicologia sócio histórica de Vigotski através das categorias vivência, consciência,
mediação, sentido e significado (Vigotski, 1933-1934/ 2009) e projeto de vida. Quanto
ao Método, após os procedimentos pertinentes aos aspectos éticos determinados pela
Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde que versa sobre as diretrizes e
normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos tem início a pesquisa
em duas etapas: na primeira, com os jovens participantes do referido projeto, através da
história de vida tópica, feita individualmente baseando-se no critério de saturação; na
segunda, será realizada uma entrevista coletiva (Freitas, Souza & Kramer, 2007)
composta pelos jovens que participaram do Programa Integrado e que participaram da
primeira parte. A entrevista individual possibilita conhecer as experiências e as
interpretações dos participantes a respeito de suas vivencias. A entrevista coletiva
possibilita validar as entrevistas individuais, garantir o diálogo, atentando para a ligação
entre as histórias de vida, subjetividade e narrativas. A análise do material se dará
também em algumas etapas: primeiramente será realizada uma leitura das histórias de
vida, e identificação dos temas que emergem a partir destas, levando em conta os
conteúdos repetidos, contraditórios e singulares, e assim construir o conteúdo que será
abordado no grupo. As histórias de vida e as entrevistas coletivas serão analisadas a
partir das Práticas Discursivas de Spink (2004) com a utilização dos mapas de
associação de ideias e as linhas narrativas.
A pesquisa está em andamento, a primeira parte com entrevistas individuais, no
formato de história de vida tópica foi concluída sendo atingido o critério de saturação
com 10 participantes. Assim temos participantes com idades entre 16 e 19 anos, sendo 5
do sexo masculino e 5 do sexo feminino. Quanto à escolaridade, 6 deles encontram-se
cursando o Ensino Médio, e os outros 4 já concluíram. O material encontra-se em
análise, mas já revela que as vivências no projeto construíram perspectivas de futuro.
Palavras-chaves: Juventude, vivência, formação profissional.
Referências:
Freitas, M. T.; Souza, S.J.; Kramer, S.(2007) Ciências humanas e pesquisa: Leituras de
Mikhail Bakhtin. São Paulo: Cortez
Gonzáles, Z. K. & Guareschi, N. M. F (2009) Concepções sobre a categoria Juventude-
Paradoxos e as produções nos modos de ser jovem In: Políticas Públicas e
assistência social: diálogo com as práticas psicológicas, Cruz, L. R. & Guareschi,
N. M. F. (2009) Petropolis: RJ Ed Vozes
Kafrouni, R (2009) A dimensão subjetiva da vivência de jovens em um programa
social- contribuições à analise das políticas para a juventude Tese de Doutorado em
Psicologia Social apresentada a Pontífica Universidade católica de São Paulo
Spink, M. P. J. (Org.).(2004). Práticas discursivas e produção de sentidos no cotidiano:
aproximações teóricas e metodológicas. 3a ed. São Paulo: Cortez
Vigotski, L. S. (1933-1934/ 2009). A crise dos sete anos. (Trad. Achilles Delari Jr.).
Traduzido de: Vigotski, L. S. (2006). La crisis de los siete años. Obras Escogidas.
Tomo IV. Madrid: Visor y A. Machado Libros.
A CRIMINALIZAÇÃO DA JUVENTUDE (POBRE) NA PARAÍBA:
REFLEXÕES ACERCA DAS MUDANÇAS E PERMANÊNCIAS
Mestranda: Tâmara Ramalho de Sousa Amorim
Orientadora: Profa. Dra. Maria de Fátima Pereira Alberto
Leitor: Prof. Dr. Paulo César Zambroni de Souza
Núcleo de Pesquisa: Desenvolvimento da Infância e da Adolescência em Situação de
Risco Social
A categoria juventude pode ser vista como uma construção histórica, que
responde a condições sociais específicas que se deram com a emergência do
capitalismo. Nos dias atuais, a definição de juventude pode ser desenvolvida por
diferentes pontos de partida: uma faixa etária, um período da vida, uma categoria social.
As representações sobre a juventude ora investem nos atributos positivos dos jovens ora
acentuam as dimensões negativas dos “problemas sociais”. Entre estas pode ser citada a
caracterização do jovem pobre como perigoso e criminoso.
O conceito de criminalização da pobreza se refere às práticas sociais e estatais
que visam dar conta do excedente da miséria não administrável pelas políticas públicas
(Wacquant, 2003). Na Paraíba, dentre as instituições criadas para intervir com esses
jovens registram-se a Escola Correcional de Pindobal, instituição criada na década de
1930, e o Centro Educacional do Adolescente (CEA), entidade para adolescentes que
cumprem medida privativa de liberdade, criada na década de 1970.
Essa problemática e as ações institucionais motivam esse projeto, que tem como
objetivo geral analisar a criminalização da juventude (pobre) e os processos de
subjetivação através da história da institucionalização das práticas punitivas na Paraíba,
de Pindobal ao CEA. E tem como objetivos específicos: resgatar a história da instituição
Pindobal; resgatar a história da instituição CEA; caracterizar as formas de práticas
punitivas aplicadas aos jovens pobres, de Pindobal ao CEA; identificar o discurso da
Psicologia na institucionalização das práticas punitivas no contexto de Pindobal; e
identificar o discurso da Psicologia na institucionalização das práticas punitivas no
contexto do CEA.
Utiliza-se como referencial teórico os estudos de Michel Foucault (1973/2003;
1975/2010), a partir das seguintes categorias teóricas: Criminalização,
Institucionalização e Práticas Punitivas. Foucault aborda a institucionalização ao
discutir sobre algumas instituições específicas, como prisão e hospital psiquiátrico.
Segundo ele, há nas instituições uma relação de poder sobre os sujeitos enclausurados
que incide sobre seus corpos e utiliza uma tecnologia própria de controle, algo que foi
denominado por Foucault de poder disciplinar.
Quanto à metodologia, estão sendo utilizados: pesquisa documental, história oral
e entrevistas semi-estruturadas. As duas primeiras contribuem no sentido de resgatar a
historia das duas instituições. Já as entrevistas semiestruturadas trarão contribuições na
caracterização das práticas punitivas e na identificação do discurso da Psicologia e dos
aspectos subjetivos.
A pesquisa documental está sendo desenvolvida nos arquivos oficiais de Fóruns,
Institutos históricos e nos arquivos das próprias instituições. Buscam-se registros a
respeito da criação e funcionamento da Escola Correcional de Pindobal desde o período
de sua criação até o ano de 1989, escolhido por ter sido o último ano de vigência do
Código de Menores. Em relação ao CEA, estão sendo colhidos registros a partir da
década de 1990, escolhido por ter sido o ano de promulgação do Estatuto da Criança e
do Adolescente, até os dias atuais.
A história oral está sendo utilizada com participantes que conheceram as
instituições, mas não foram profissionais e nem internos/educandos. Definida como
uma reconstituição de fatos e acontecimentos a partir da lembrança daqueles que deles
participaram, a história oral pode conseguir algo mais penetrante para a história,
transformando “objetos” de estudo em “sujeitos” (Thompson, 1992). Neste contexto,
inclui-se referenciais teóricos para tratar do tema da memória (Bosi, 1994 e Thompson,
1992).
As entrevistas semi-estruturadas estão sendo realizadas com ex-internos de
Pindobal e educandos do CEA, e com ex-profissionais de Pindobal e profissionais do
CEA, indicados através do método “bola de neve” – no qual os participantes iniciais
indicam novos participantes – e obedecendo ao critério de saturação dos dados proposto
por Minayo. Os dados coletados serão submetidos à análise do discurso de Foucault
(1969/2008).
Até o presente momento foram realizadas pesquisas nos arquivos do Jornal A
União, Arquivo Geral do Estado e arquivo da Assembléia Legislativa. Garantidos os
procedimentos éticos, conforme determina a Resolução 196 do Conselho Nacional de
Saúde, as entrevistas com ex-profissionais e com ex-internos da Escola Correcional de
Pindobal foram iniciadas, as quais estão passando pela fase da transcrição.
Palavras-chave: criminalização, juventude, práticas punitivas
Referências:
Bosi, E. (1994). Memória e sociedade: lembranças de velhos. São Paulo: Companhia
das Letras.
Thompson, P. (1992). A Voz do Passado: História Oral. Rio de Janeiro: Paz e Terra.
Foucault, M. (1975/2010). Vigiar e Punir. Petrópolis: Vozes.
Foucault, M. (1969/2008). A arqueologia do Saber. Rio de Janeiro: Forense
Universitária.
Wacquant, L (2003). Punir os Pobres: a nova gestão da miséria nos Estados Unidos.
Rio de Janeiro: Revan.
GÊNEROS E ESTILOS PROFISSIONAIS DOS PSICÓLOGOS CLÍNICOS
Mestranda: Paula Rachel Louro Leite
Orientador: Paulo César Zambroni de Souza
Leitor: Silvana Carneiro Maciel
Núcleo de Pesquisa: Psicologia Social: Trabalho e Subjetividade
Com o objetivo de apreender características do gênero e do estilo da atividade do
psicólogo clínico de modo a compreender de que maneira esta atividade é conduzida,
este trabalho utiliza os conhecimentos da clínica da atividade, proposta por Yves Clot
(2010). Para contextualizar o objeto de estudo deste trabalho, primeiro é traçado um
panorama histórico do surgimento e desenvolvimento da profissão do psicólogo no
Brasil, que, enquanto profissão, tem uma história recente. A lei que regulamenta a
profissão e formação do psicólogo brasileiro é de 1962, mas a história da psicologia no
Brasil começa muito antes disso. Pode-se considerar a origem da psicologia no Brasil a
partir da produção do saber psicológico no interior de outras áreas do conhecimento,
fundamentalmente na medicina e na educação. No campo da medicina, a contribuição
para a autonomia da produção psicológica no Brasil se dá a partir da produção de teses
abordando saberes psicológicos. Já no campo da educação a contribuição se dá em nível
da institucionalização da psicologia, com a criação de laboratórios experimentais como
o Pedagogium, criado a partir da reforma Benjamin Constant, configurando importante
alicerce para a psicologia se estabelecer na condição de ciência e definir-se como campo
profissional específico. Continuando a caracterização do objeto de estudo deste
trabalho, também é feito um breve resgate histórico da psicologia clínica cuja origem
está necessariamente ligada à constituição da medicina moderna e possui a psicanálise
de Sigmund Freud como grande influenciadora de sua constituição. A psicologia clínica
se configura dominante não só no âmbito da atuação profissional, mas também nas
representações sociais do psicólogo (Figueiredo, 2009) e nas preferências dos
estudantes de psicologia (Malvezzi, Souza & Zanelli, 2010). Sendo a área clínica
bastante abrangente em todos os sentidos ao se referir à psicologia, os psicólogos
clínicos foram escolhidos para compor a amostra deste estudo que busca aprofundar os
conhecimentos sobre a atividade destes profissionais. A clínica da atividade, proposta
por Yves Clot, busca entender o trabalho além do prescrito e observável e daí surgem os
conceitos de gênero e estilo da atividade que são investigados neste trabalho. Para além
do trabalho prescrito e real, há o trabalho de reorganização da tarefa pelos coletivos
profissionais denominado de gênero profissional. “É um sistema aberto de regras
impessoais não escritas, que definem, num meio dado, o uso dos objetos e o intercâmbio
entre as pessoas” (Clot, 2006, p 50). Indubitavelmente importantes para a mobilização
psicológica do sujeito em situação de trabalho, os gêneros são uma forma de saber
reencontrar-se no mundo e saber agir. Este gênero rege as relações interprofissionais e
orienta o coletivo de trabalho para se situar dentro da situação e saber como agir. Este
trabalho de ajustamento do gênero para fazê-lo um instrumento da ação é chamado de
estilo profissional. Esta noção de estilo profissional pressupõe que para um sujeito
passar a agir não basta que ele siga unicamente o coletivo, mas também ele deve se
orientar por si mesmo. A escolha dos participantes se dará por amostragem por
conveniência e decidiu-se usar como critério que o psicólogo atue em clínica particular
e tenha um mínimo de cinco anos de formação, pois acredita-se que com este tempo o
participante possua a experiência necessária para responder as questões pertinentes a
esta pesquisa. A entrevista semi-estruturada foi escolhida como instrumento de coleta de
dados, além de um questionário sócio-demográfio. O número de participantes será
estabelecido seguindo o critério de saturação das informações. Já foram realizadas, até o
momento, quatro entrevistas. Os resultados serão analisados segundo a ANÁLISE DE
CONTEÚDO qualitativa, proposta por Laville e DIONNE (1999).
Palavras-chave: Gênero profissional, estilo profissional, psicólogos clínicos.
Referências:
Clot, Y. (2006). A função psicológica do trabalho. Petrópolis: Vozes.
______. (2010). Trabalho e poder de agir. Belo Horizonte: Fabrefactum.
Figueiredo, L. C. (2009). Revisitando as psicologias. Da epistemologia à ética das
práticas e discursos psicológicos. São Paulo: Vozes.
Laville, C., & Dionne, J. (1999). A construção do saber: manual de metodologia da
pesquisa em ciências humanas. Porto Alegre: Artes Médicas.
Malvezzi, S., Souza, J. A. J. & Zanelli, J. C. (2010). Inserção no mercado de trabalho:
os psicólogos recém-formados. In A. V. B. Bastos & S. M. G. Godim (Eds.), O
trabalho do psicólogo no Brasil (pp 85-106). Porto Alegre: Artmed.
ANÁLISE DA ATIVIDADE DE TRABALHO DO MÉDICO RESIDENTE
Mestranda: Monalisa Vasconcelos Ernesto
Orientador: Paulo César Zambroni de Souza
Leitor: Anísio José da Silva Araújo
Núcleo de Pesquisa: Psicologia Social, Subjetividade e Trabalho
O trabalho é fundamental na vida humana, por socializar os indivíduos,
tornando-os ativos na sociedade, que traz ao homem dignidade, respeito (Dejours,
1986). Entretanto, o processo de trabalho, apesar de ser central na constituição da
identidade das pessoas e fonte de realização e autonomia, pode possuir também o lado
negativo, tendo em vista que é possível que seja fonte de sofrimento e adoecimento.
Enquanto atividade mediadora, o trabalho é gerador de significações psíquicas
para os sujeitos, e sob a ótica da Psicodinâmica do Trabalho busca-se compreender
como os trabalhadores alcançam certo equilíbrio psíquico, mesmo estando submetidos a
condições de trabalho desestruturantes (Dejours, 1993).
Tais considerações motivaram o presente estudo, que tem como objetivo geral
analisar a relação entre trabalho e saúde dos médicos residentes, de um hospital
universitário situado na região nordeste. Tem como objetivos específicos: caracterizar
as diferenças entre trabalho prescrito e trabalho real; analisar as vivências de satisfação
e sofrimento no desempenho da atividade; evidenciar as possíveis estratégias de
enfrentamento utilizadas nas situações de trabalho.
A Residência Médica (RM) é uma modalidade de formação pós-graduada
baseada fundamentalmente no treinamento em serviço. Ela é, simultaneamente,
portanto, parte do mundo da formação e do mundo do trabalho. Assim, sob supervisão,
a RM é, ao mesmo tempo, um local de aprendizado e de prática profissional e o
residente é, ao mesmo tempo, um aprendiz e um profissional médico. Compreender essa
dualidade e concomitância faz-se imprescindível para a apreensão do que será discutido
na presente dissertação.
Diante disso, Schwartz (2010) considera a experiência como sendo o movimento
da gênese do saber, consequentemente, experiência e saber são complementares.
Portanto, apreende-se a relevância da experiência da prática, constituindo-se a
aprendizagem enquanto um processo de transmissão de saber-fazer, com o intuito de
favorecer o aperfeiçoamento através da especialização. Constituindo-se,
concomitantemente, a aprendizagem em aprendizagem social e moral (Cornu, 2003).
Participaram desta pesquisa apenas os residentes no segundo ano de RM,
conhecidos como R2, por caracterizarem uma vivência significativa em termos de
prática e suas peculiaridades. Sendo assim, dos 35 profissionais, até o momento foram
entrevistados 27 médicos residentes das áreas clínicas do hospital universitário, a saber,
clínica médica, cirurgia geral, pediatria, obstetrícia e ginecologia, anestesiologia,
psiquiatria, oftalmologia, infectologia e gastroenterologia, através do critério de
acessibilidade aos sujeitos e a disponibilidade dos mesmos em colaborar com o estudo.
Privilegiou-se a entrevista semi-estruturada, cujo roteiro foi construído a partir das
bases conceituais e de estudos anteriores. O roteiro discorreu sobre condições de
trabalho, cargas de trabalho, riscos, variabilidades, imprevistos, prazer-sofrimento,
coletivos. Além da utilização do registro em diário de bordo.
Os dados serão trabalhados a posteriori pelo método da análise compreensiva de
Minayo (2012), entendendo o compreender enquanto exercício da capacidade de
colocar-se no lugar do outro, ressalvando que a busca por compreender torna necessário
exercitar também o entendimento das contradições, tendo em vista que o ser que
compreende, compreende na ação e na linguagem e ambas têm como características
serem conflituosas e contraditórias pelos efeitos do poder, das relações sociais de
produção, das desigualdades sociais e dos interesses.
Palavras-chave: Residência Médica; Formação profissional; Saúde.
Referências
Cornu, R. (2003). A aprendizagem-produção. In: Educação, saber e produção. Lisboa:
Instituto Piaget.
Dejours, C. (1986). Por um novo conceito de saúde. Revista Brasileira de Saúde
Ocupacional. São Paulo, nº 54, vol 14, p. 7-11, abr/mai/jun.
Dejours, C. (1993). Uma nova visão do sofrimento humano nas organizações. O
indivíduo na organização: dimensões esquecidas. 2º ed. São Paulo: Atlas, v. 1, p.149-
173.
Minayo, M.C.S. (2012). Análise qualitativa: teoria, passos e fidedignidade. Ciência &
Saúde Coletiva, 17(3), 621-626.
Schwartz, Y. (2010). A experiência é formadora? Educação & Realidade, 35(1), 35-48.
DE VOLTA PARA CASA? SIGNIFICADO DE REINTEGRAÇÃO FAMILIAR
PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES ACOLHIDOS
INSTITUCIONALMENTE
Mestranda: Leilane Cristina Oliveira Pereira
Orientador: Profª. Dra. Maria de Fátima Pereira Alberto
Leitora: Profª. Dra Ana Alayde Werba Saldanha
Núcleo de Pesquisa: Desenvolvimento da Infância e da Adolescência em Situação de
Risco Social
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA, 1990) no artigo 19 garante que
toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado no seio da sua família.
Ainda no ECA (1990), é regulamentado a existência de entidades de acolhimento
institucionais como uma estratégia provisória e excepcional, utilizável apenas como
forma de transição. Porém, constata-se que crianças vivem durante anos nessas
instituições . Segundo pesquisa realizada em 2005 em João Pessoa/PB verificou-se que,
aproximadamente, 70% da população infanto-juvenil acolhidas vivem a mais de dois
anos nesta condição. Com vista a garantir o Direito a Convivência Familiar e
Comunitária entra em vigor a lei 12.010/09 que preconiza a Reintegração Familiar
como forma de assegurar este, tendo esta lei modificado os procedimentos referentes ao
acolhimento provocando a reintegração de dezenas de crianças e adolescentes.
Reintegração Familiar se refere ao retorno da criança uma vez acolhida
institucionalmente em uma família seja ela natural, substituta ou adotiva. Apesar do
avanço das leis e do crescimento do número de reintegrações familiares algumas
crianças e adolescentes retornam ao acolhimento institucional. Neste projeto temos
como foco a reintegração familiar à família de origem. Família de origem são os
membros da família biológica ou não que mantinham vínculos com a criança e/ou
adolescente antes do acolhimento. O presente projeto tem como objetivo analisar o
significado de reintegração familiar para crianças e adolescentes que após terem sido
reintegradas a família de origem retornaram ao Acolhimento Institucional. Desta forma,
têm-se como objetivos específicos identificar: crianças e adolescentes que após terem
sido reintegradas a família de origem retornaram ao Acolhimento Institucional, junto a
1ª Vara da Infância e da Juventude de João Pessoa/PB; os motivos que levaram ao
acolhimento institucional no primeiro momento; os motivos pelos quais crianças e
adolescentes que após terem sido reintegradas a família de origem retornaram ao
acolhimento institucional; o significado de família; o significado de acolhimento
institucional e o significado de reintegração familiar para essas crianças e adolescentes.
Para tal, faz-se uso do referencial teórico expresso nas seguintes categorias: família,
tomada a partir da teoria crítica (Bruschini, 1993) sendo compreendida como instituição
historicamente construída, espaço de socialização e formação psíquica; instituições
totais segundo Goffman (1974) são estabelecimentos fechados que possuem também
uma tendência ao fechamento do psiquismo do sujeito; sentido para Foucault (1987)
compreendido como uma construção histórica efeito de relações de poder que formam
os discursos. Método: Os encontros com os participantes estão sendo realizados na
instituição de acolhimento onde estes se encontram acolhido. São participantes desta
pesquisa crianças e adolescentes que foram acolhidas institucionalmente e após terem
sido reintegradas a família de origem retornaram ao acolhimento institucional. Foi
solicitada a 1ª Vara da Infância que indicasse crianças e adolescentes que possuam os
requisitos dessa pesquisa para participarem desta. Como técnicas de coleta de dados
estão sendo utilizados o desenho, O Jogo das Sentenças Incompletas (Raffaelli et al,
2001) e entrevista semi-estruturada. Estão sendo conduzidos quatro encontros com cada
participante: No primeiro são explicados os objetivos da pesquisa e solicitada a
assinatura do termo de consentimento; No segundo é solicitado o desenho e é conduzida
a entrevista semi estruturada sobre a historia da criança; No terceiro é utilizado o Jogo
das Sentenças incompletas sobre família, acolhimento institucional e reintegração
familiar; O objetivo do quarto encontro é o fechamento do processo de coleta de dados
para o participante. Será utilizada a técnica de analise crítica do discurso (Foucault,
1996) para a análise das entrevistas e analise quantitativa-interpretativa para o Jogos das
Sentenças Incompletas. Estagio atual da pesquisa: A partir da solicitação da
pesquisadora a equipe técnica do setor de acolhimento da 1ª Vara da Infância
identificou sete crianças e adolescentes com idade entre nove e 16 anos que se encaixam
nos critérios de participação desta pesquisa. Já estão sendo procedidos os encontros com
as crianças e adolescentes.
Palavras-chave: Reintegração Familiar, Acolhimento Institucional, Família e Sentido.
Referências:
Bruschini, C.(2009). Teoria crítica da família. Em: Azevedo,M.A.; Guerra, V.N. de A.
(orgs) Infância e violência doméstica: fronteiras do conhecimento. São Paulo:
Cortez. 55-86.
Foucault, M. (1987). Arqueologia do Saber. Rio de Janeiro: Editora Forense-
Universitária. 21-78.
Foucault, M. (1996). A ORDEM DO DISCURSO. São Paulo: Edições Loyola.
Goffman, E. (1974) Manicômios, Conventos e Prisões. São Paulo: Editora Perspectiva.
15-108.
Raffaelli, M., Koller, S. H, Reppold, C. T. Kuschick, M. B., Krum, F. M. & Bandeira,
D. R. (2001). How Do Brazilian Street Youth Experience ‘The Street’? Analysis Of
A sentence completion task. Childhood: A global Jornal of Child Research, 8 930,
369-415.
DIA 14 DE JUNHO DE 2012: TARDE
TRABALHO E SAÚDE DE POLICIAIS RODOVIÁRIOS FEDERAIS
Mestranda: Renata Maia Pimenta Pôrto
Orientador: Paulo César Zambroni de Souza
Leitor: Anísio José da Silva Araújo
Núcleo de Pesquisa: Psicologia Social: Trabalho e Subjetividade
A cada dia que passa, percebem-se os apelos da população para que ocorram
melhorias no Sistema de Segurança Pública e nos serviços oferecidos pelas polícias.
Diariamente, os meios de comunicação divulgam cenas e histórias de violência com as
quais os policiais estão em contato frequente. Nesse estudo, destaca-se a atuação da
Polícia Rodoviária Federal que é a instituição responsável por zelar pela segurança
pública em todas as rodovias e estradas federais do país. Nesse contexto, os policiais
rodoviários federais (PRF's) assumem numerosas atribuições e estão expostos a diversos
riscos. Levando em conta que o trabalho ocupa um lugar central na vida das pessoas e é
tão importante na formação da identidade, na inserção social e, portanto, na saúde dos
trabalhadores (Dejours, 2003), o objetivo principal desta pesquisa é analisar a relação
entre trabalho e saúde dos PRF's. Seus objetivos específicos são: compreender possíveis
formas de sofrimento e de adoecimento que se apresentam naquele meio de trabalho;
mapear as atribuições dos PRF’s; compreender o funcionamento da organização do
trabalho desses policiais; evidenciar as doenças e as fontes de satisfação decorrentes das
situações de trabalho desses profissionais. Como principais aportes teóricos para
analisar as complexas relações entre trabalho e saúde (mental) destes profissionais,
utilizam-se a Psicodinâmica do Trabalho (Dejours, 2004), campo de estudos voltado à
análise da relação entre trabalho e sofrimento/adoecimento/prazer e a Ergonomia da
Atividade (Guérin & cols, 2001) que, ao descobrir a diferença entre trabalho prescrito e
real, destaca a mobilização dos trabalhadores para gerir essa defasagem, com
implicações sobre a saúde. A forma como se entende a saúde é inspirada na obra de
Canguilhem (1990), que permite pensar o homem como um ser ativo, que está
constantemente em atividade e que não apenas está submetido ao meio, mas que age
sobre ele. Compreende-se que é natural do homem adoecer, pois a saúde não é
constantemente perfeita e que a normalidade se baseia na busca do organismo para
encontrar sua normatividade. Partindo de um delineamento não-experimental, o
presente estudo tem caráter descritivo e utiliza a técnica de: análise documental;
questionário estruturado – INSAT (Barros-Duarte, Cunha & Lacomblez, 2007); diário
de bordo. A pesquisa de campo está sendo realizada junto aos 73 policiais rodoviários
federais (PRF’s) lotados na 1ª Delegacia da 14ªSRPRF/PB que exercem a atividade fim
(função de policial) e são do sexo masculino. Até o momento, o questionário foi
aplicado a 55 PRF’s. O instrumento está sendo aplicado durante os plantões dos
policiais, em momentos que estão nos postos de fiscalização, individualmente ou em
grupo, conforme conveniência de suas demandas do trabalho. Além da aplicação dos
questionários, a pesquisadora está realizando um diário de bordo, o qual auxiliará na
compreensão da organização do trabalho destes profissionais e a relação com sua saúde.
O INSAT será analisado a partir do pacote estatístico SPSS versão 15.0 for Windows,
por meio do qual serão realizadas estatísticas descritivas e inferenciais. As informações
ali produzidas serão confrontadas com os dados já tratados fornecidos pelo SIASS
(Subsistema Integrado de Atenção à Saúde do Servidor) a respeito dos afastamentos
médicos. Quanto à análise documental, a pesquisadora está utilizando manuais de
rotinas operacionais, legislação pertinente ao trabalho dos PRF's e outros documentos
internos com o objetivo de definir quais atribuições previstas para estes profissionais e
auxiliar na contextualização do estudo. Posteriormente, será realizada a validação desta
pesquisa, a partir de um grupo de discussão com os PRF’s.
Palavras-chave: trabalho, saúde, policiais
Referências:
Barros-Duarte, C., Cunha, L., & Lacomblez, M. (2007). INSAT – Uma proposta
metodológica para análise dos efeitos das condições de trabalho sobre a saúde. Revista
Laboreal, 3, 54-62.
Canguilhem, G. (1990). O normal e o patológico. Rio de Janeiro: Forense Universitária.
Dejours, C. (2003). A loucura do trabalho: Estudo de Psicopatologia do trabalho. São
Paulo: Cortez.
Dejours, C. (2004). Addendum: Da psicopatologia à psicodinâmica do trabalho. In S.
Lancman & L. Sznelwar (Eds.). Christophe Dejours: Da psicopatologia à
psicodinâmica do trabalho (pp.47-104). Rio de Janeiro: Editora Fiocruz; Brasília:
Paralelo.
Guérin, F., & cols. (2001). Compreender o trabalho para transformá-lo: A prática da
ergonomia. São Paulo: Edgard Blucher.
VALORES HUMANOS E BULLYING: UM ESTUDO PAUTADO NA
CONGRUÊNCIA ENTRE PAIS E FILHOS
Mestranda: Ana Karla Silva Soares
Orientador: Prof. Dr. Valdiney Veloso Gouveia
Leitora: Profª. Drª. Patrícia Nunes da Fonseca
Núcleo de Pesquisa: Bases Normativas do Comportamento Social
Em se tratando de situações que envolvem crianças, é comum ouvir ou ler
relatos de pais ou responsáveis que tentam aplicar o ditado popular “faça o que eu digo,
não o que eu faço”. No entanto, esta “tática” parece ser algo ineficaz, visto que os
comportamentos, as atitudes e os valores dos filhos assemelham-se, em sua maioria, ao
que eles observam e captam de seus pais e não ao que lhes são impostos (Dohmen, Falk,
Huffman & Sunde, 2011; Schneider, 2001). Uma maneira de identificar a relação entre
as concepções de pais e filhos é por meio da congruência, que expressa em que medida
os pais e as crianças atribuem a mesma importância para um determinando valor (Knafo
& Schwartz, 2003) ou comportamento. Diante disto, justifica-se a atenção dispensada
pelos pesquisadores para os estudos sobre transmissão e congruência de valores entre
pais e filhos e sua influência no processo de socialização, que se reflete nos diversos
comportamentos das crianças, a exemplo do bullying. Este é definido como um
conjunto de atitudes agressivas, intencionais e repetitivas, que ocorrem sem motivação
evidente dentro de uma relação desigual de poder, adotada por um ou mais alunos
contra outro com o intuito de intimidá-la, causando dor, angústia, sofrimento e
deixando-as com sensação de vulnerabilidade, vergonha ou baixa autoestima
(Middelton-Moz & Zawadski, 2007). Nas últimas décadas, o bullying vem sendo
discutido de forma mais intensa devido ao aumento da violência praticada no ambiente
escolar. Não obstante, apesar do aumento no número de pesquisas relacionadas à
temática, ainda existem questões a serem estudadas com respeito às variáveis
envolvidas. Um fator importante que carece discussão diz respeito ao papel de alguns
aspectos psicossociais relacionados ao bullying em crianças e adolescentes, como
destaque para a transmissão e a congruência de valores entre pais e filhos. Na literatura,
tem sido desenvolvidos instrumentos para mensurar o bullying, no entanto, no contexto
brasileiro faz-se necessário a elaboração e/ou adaptação de medidas que apresentem
evidências de validade e precisão e que avaliem o construto não apenas na percepção
das crianças, mas também que atente para a compreensão que pais ou responsáveis
possuem sobre o tema. Neste sentido, e partindo da Teoria funcionalista dos valores
(Fischer, Milfont & Gouveia, 2011), a presente dissertação tem como objetivo geral
analisar a congruência entre os valores humanos e o bullying em pais e filhos.
Concretamente, pretende-se reunir: (a) evidências de validade e precisão das medidas de
bullying empregadas no estudo, assim como (b) conhecer a congruência dos valores e da
percepção de bullying entre pais e filhos. Para tal, pretende-se contar com duas amostras
específicas. A primeira será formada por 400 estudantes do ensino fundamental e
médio, com idades entre 10 e 16 anos de instituições públicas e privadas da cidade de
João Pessoa (PB), distribuídos em função do sexo e da idade. Para segunda amostra,
pretende-se contar com a colaboração de todos os pais ou responsáveis destes
estudantes. Todos os filhos responderão a Escala de Estereótipos dos Potenciais Alvos
de Bullying (EEPAB), Escala Califórnia de Vitimização do Bullying (ECVB),
Questionário de Percepção dos Pais (QPP) e o Questionário de Valores Básicos (QVB)
e Questões sociodemográficas, enquanto os pais ou responsáveis serão inqueridos a
responder a EEPAB, Cenários de Bullying no Contexto Escolar e o QVB.
Primeiramente, será testada a estrutura fatorial observada nas medidas EEPAB, ECVB e
dos cenários de bullying, procurando evidências de validade e precisão das medidas. Em
seguida, será analisada a congruência entre os valores e o bullying de pais e filhos por
meio da profile correlation. Confia-se oferecer indícios da adequação das escalas e da
congruência de valores e o bullying em pais e filhos, discutindo os achados a partir do
modelo teórico funcionalista dos valores humanos.
Palavras-chave: Valores; bullying; socialização; congruência.
Referências:
Dohmen, T., Falk, A., Huffman, D., & Sunde, U. (2011). The Intergenerational
Transmission of Risk and Trust Attitudes. The Review of Economic Studies,
1, 1 – 33.
Fischer, R., Milfont, T. L., & Gouveia, V. V. (2011). Does Social Context Affect
Value Structures? Testing the Within-Country Stability of Value Structures
With a Functional Theory of Values. Journal of Cross-Cultural Psychology,
42, 253-270.
Knafo, A., & Schwartz, S. H. (2003). Parenting and adolescents’ accuracy in
perceiving parental values. Child Development, 73, 595–611.
Middelton-Moz, J., & Zawadski, M. L. (2007). Bullying: estratégias de sobrevivências
para crianças e adultos. Porto Alegre: Artmed.
Schneider, J. O. (2001). Transmissão de valores de pais para filhos: dimensões do
desejável e do perceptível. Dissertação de mestrado. Departamento de
Psicologia, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, PB.
VALORES HUMANOS E ASSOCIAÇÕES IMPLÍCITAS: UM ESTUDO
PAUTADO NA CONSTRUÇÃO E CORRELAÇÃO DE MEDIDAS
Mestranda: Rebecca Alves Aguiar Athayde
Orientador: Valdiney Veloso Gouveia
Leitora: Patrícia Nunes da Fonseca
Núcleo de Pesquisa: Bases Normativas do Comportamento Social
Os valores humanos têm sido considerados os objetos de análise da constituição das
Ciências Sociais desde meados do século XIX, sendo referendados em diversas áreas,
como a filosofia, a antropologia, a sociologia e a psicologia. Conceitualmente, eles são
considerados como um conjunto de princípios fundamentais que transcendem situações
específicas, e que são aprendidos por determinada cultura, sociedade, instituições e
experiências pessoais, influenciando nas atitudes, julgamentos, escolhas, atribuições e
ações. Para fins didáticos, duas perspectivas acerca dos estudos nesta área podem ser
tidas em conta: uma de cunho sociológico ou grupal e outra de cunho psicológico ou
pessoal. Esta última perspectiva será o foco da presente dissertação, tratando os valores
como próprios do indivíduo, e considerando sua capacidade explicativa de atitudes,
crenças e comportamentos. Dentre as teorias derivadas deste princípio, adotou-se para
este trabalho a Teoria Funcionalista dos Valores Humanos (Gouveia, 1998, 2003;
Gouveia et al., 2011), a qual considera os valores como “categorias de orientação,
consideradas como desejáveis, baseadas nas necessidades humanas e nas pré-condições
para satisfazê-las, adotadas por atores sociais, podendo variar em suas magnitudes e nos
elementos que as definem”. Para mensuração dos valores, Gouveia propôs a utilização
de uma medida explícita (Questionário de Valores Básicos), instrumento de avaliação
do tipo autorrelato, o qual é referendado teoricamente e apresenta padrões psicométricos
adequados. Não obstante, apesar dos bons resultados propiciados pela medida
supracitada, há um viés inerente ao método de mensuração explícita: a desejabilidade
social; esta se refere a tendência de distorção de autorrelatos para uma direção
favorável, como estratégia pessoal de autoafirmação e aceitação grupal. Uma das
formas que vêm sendo utilizada para controlar esta tendência é por meio de
mensurações implícitas, as quais pressupõem uma diminuição da reatividade da medida.
Dentre as formas de mensuração implícita, destaque considerável tem sido dado ao
Teste de Associação Implícita (TAI), proposto por Greenwald et al. (1998). Este teste
parte do princípio de que objetos atitudinais podem espontaneamente ativar avaliações,
as quais afetam respostas subseqüentes, bem como a velocidade destas. Tendo em vista
os problemas inerentes as formas explícitas de mensuração e a carência de instrumentos
na área de medidas implícitas, em especial no que concerne aos valores, esta dissertação
foi pensada. Assim, tem-se como objetivos do presente trabalho: construir duas medidas
de valores humanos, com base em uma adaptação do TAI (SC-IAT), nas versões lápis e
papel (estudo 1) e computadorizada (estudo 2). Como objetivos específicos, buscar-se-á
testar a estrutura da Teoria Funcionalista dos Valores Humanos por meio das medidas
implícitas, bem como correlacioná-las com instrumentos de mensuração explícita. Neste
momento, apenas o estudo 1 será descrito. Participaram deste estudo, 154 estudantes
universitários. Destes, 75 sujeitos responderam ao questionário do tipo I (valores do
QVB) e 79 responderam ao questionário do tipo II (novos valores propostos para
representar as subfunções correspondentes). A amostra foi predominantemente de
mulheres (70%), com idade média de 38 anos (dp = 6,75), solteira (72,7%) e católica
(50,6%). Para o cálculo da associação implícita, duas fórmulas foram utilizadas: (1)
diferença das pontuações e (2) produto: raiz quadrada da diferença (Lemm et al.,
2008). A Análise Multivariada de Variância (MANOVA) para medidas repetidas
revelou diferenças entre as pontuações do lado A (tarefa congruente) e do lado B (tarefa
incongruente) no banco do tipo 1 [Lambda de Wilks =0,63, F (6, 54) = 5,25, p < 0,001]
e no banco do tipo 2 [Lambda de Wilks =0,56, F (6, 63) = 8,12, p < 0,001]. Análises de
Escalonamento Multidimensional (MDS) Confirmatório (Proxscal) para os dois
instrumentos do SC-IAT (Tipo 1 e Tipo 2) e para os modelos com os dois cálculos
propostos (Cálculo da Diferença e Cálculo da Raiz Quadrada) revelaram coerência
entre o modelo teórico e a estrutura observada (Phi de Tucker > 0,90), identificando os
valores pertencentes a cada uma das seis subfunções, as quais se estruturam em razão
das dimensões tipo de orientação e tipo de motivador. As matrizes de correlações entre
as medidas implícitas e o QVB demonstraram alguns resultados confusos (por exemplo,
o SC-IAT-Normativo se correlacionou negativamente com sua respectiva subfunção), e
a medida explícita teve um maior poder de explicação da variável comportamental do
que a medida implícita. Por outro lado, tal como esperado, o QVB apresentou maiores
correlações com a medida de desejabilidade social do que as medidas implícitas. Deste
modo, o estudo 1 cumpriu com os seus objetivos, construindo a medida implícita de
valores humanos na versão lápis e papel, testando a Teoria Funcionalista por meio
desta, bem como relacionando-a com as medidas explícitas.
Palavras-chave: Valores humanos; medidas implícitas; teste de associação implícita.
Referências
Gouveia, V. V. (1998). La naturaleza de los valores descriptores del individualismo e
del colectivismo: Una comparación intra e intercultural. Tese de Doutorado não
publicada. Departamento de Psicologia Social, Universidade Complutense de
Madri, Espanha.
Gouveia, V. V. (2003). A natureza motivacional dos valores humanos: Evidências
acerca de uma nova tipologia. Estudos de Psicologia, 8, 431-443.
Gouveia, V. V., Fonsêca, P. N., Milfont, T. L. & Fischer, R. (2011). Valores humanos:
Contribuições e perspectivas teóricas. Em C. V. Torres & E. R. Neiva (Eds.), A
psicologia social: Principais temas e vertentes. Porto Alegre, RS: ArtMed.
Greenwald, A. G., Mcghee, D. E., & Schwartz, J. K. L. (1998). Measuring individual
differences in implicit cognition: The Implicit Association Test. Journal of
Personality and Social Psychology, 74, 1464-1480.
Lemm, K. M., Lane, K. A., Sattler, D. N., Khan, S., & Nosek, B. A. (2008). Assessing
implicit attitudes with a paper-format Implicit Association Test. Em T. G. Morrison
& M. A. Morrison (Eds.). The psychology of modern prejudice. Hauppauge, NY:
Nova Science Publishers.
VERIFICAÇÃO DAS BASES GENÉTICAS DOS VALORES HUMANOS,
UTILIZANDO A PERSONALIDADE E O CONCEITO DE HONRA COMO
PARÂMETROS COMPARATIVOS
Mestranda: Rafaella de Carvalho Rodrigues Araújo
Orientador: Prof. Dr. Valdiney Veloso Gouveia
Leitora: Profa. Dr
a. Patrícia Nunes da Fonseca
Núcleo de Pesquisa: Bases Normativas do Comportamento Social
Resumo. Quando estimamos os efeitos da influência dos fatores ambientais e genéticos
nos seres humanos, buscamos compreender em até que ponto a diferença de cada
pessoa, em relação a seus comportamentos, atitudes, traços de personalidade, entre
outros construtos, pode ser atribuída a cada um destes fatores, isolada e conjuntamente.
Os estudiosos não só da psicologia social já estão atentos a como a genética pode vir a
influenciar o comportamento humano. Isso pode ser verificado por meio da literatura,
onde a sua maior parte já atribui às bases biológicas uma porcentagem significativa das
causas e predisposições do comportamento, sendo muito pequena a quantidade de
pesquisadores que ainda fecha os olhos para essa realidade. Deste modo, partindo de
uma pesquisa ex post facto, a presente dissertação tem como principal objetivo verificar
as bases genéticas da preocupação com a honra, dos valores humanos e da
personalidade, comparando em até que ponto a hereditariedade genética exerce
influência sobre cada um destes construtos. Acredita-se que a honra, por ter aspectos
culturais mais enraizados, apresente menor influência advinda da genética, sendo a
personalidade o construto que apresentará maior influência da mesma, por esta ser
constituída inerentemente por fatores mais biológicos do que sociais. Os valores
humanos, por sua vez, se situariam em um intermédio, sendo identificados com
influência mediana, por se tratar de um construto que já apresenta traços genéticos, mas
que também é bastante direcionado pela cultura. Neste âmbito, no que diz respeito a
estes, pouco tem sido encontrado acerca de sua base genética e apenas três estudos
foram desenvolvidos nos últimos cinco anos, onde nenhum foi realizado no Brasil e
todos utilizaram apenas o modelo teórico valorativo de Shalom H. Schwartz. Nesta
dissertação, porém, é utilizado o modelo proposto por Gouveia (1998), por meio da
aplicação do Questionário de valores básicos como instrumento de mensuração dos
valores humanos, bem como da Escala de preocupação com a honra (Rodriguez-
Mosquera, Manstead, & Fischer, 2000) e do Inventário dos cinco grandes fatores da
personalidade (Big Five; John, Donahue & Kentle, 1991) para mensurar os construtos
de honra e personalidade, respectivamente, além de um questionário sócio-demográfico.
Para a realização de tal pesquisa, a amostra foi composta por pares de irmãos gêmeos,
tanto monozigóticos como dizigóticos, e, a cada par, foi solicitada a indicação de um
familiar ou amigo próximo de idade igual ou semelhante, que não compartilhasse,
assim, da mesma carga genética que eles, para responder igualmente a pesquisa. No
caso de gêmeos monozigóticos, também foi pedido que esta terceira pessoa fosse do
mesmo sexo. Esta solicitação foi feita com o objetivo de comparar com maior clareza o
nível de influência da carga genética nas respostas adquiridas. Pretende-se contar com a
colaboração de 100 pares de irmãos gêmeos e suas respectivas indicações de amigos ou
familiares, totalizando uma amostra de 300 pessoas. Entretanto, até o presente
momento, conta-se com a participação de 271 pessoas já respondentes, onde estas
compõem uma amostra de 83 pares de gêmeos, sendo que, destes, 72 pares já contam
com as respostas das terceiras pessoas correspondentes. Os outros 11 pares de gêmeos
restantes ainda carecem destas participações externas, porém já se encontram
encaminhadas. Dentre os participantes em geral, a maioria é do sexo feminino (76,3%),
com idade variando de 14 a 55 anos (m = 23,7; dp = 6,43), declara ser de classe média
(63,8%), solteira (78,9%) e com a média de 3 irmãos (dp = 2,1). Dentre os 83 pares de
gêmeos, 61 são monozigóticos (73,5%) e 22 são dizigóticos (26,5%). Além disso, vale
ressaltar que, com o intuito de facilitar a aplicação dos questionários, foram elaboradas
duas versões diferentes do mesmo, sendo uma versão em papel e uma versão online,
onde a maioria dos participantes (57,2%) colaborou com a pesquisa por meio da versão
online. Para calcular as estatísticas descritivas, como cálculo de frequências, médias e
desvios padrões, utilizou-se o software PASW18, que também será utilizado para a
realização futura de análises estatísticas inferenciais, como testes de correlação e testes
de diferenças de médias, como o teste t e Manova. Para a verificação da importância da
carga genética e comparações desta influência nos construtos estudados, entre irmãos
gêmeos monozigóticos e dizigóticos e seus respectivos colaboradores, será utilizado o
software MX na realização de modelagens por equações estruturais. Espera-se que,
depois de realizadas tais análises, sejam encontradas as devidas diferenças da
importância genética entre a honra, valores humanos e personalidade.
Palavras-chave: honra, valores humanos, personalidade, genética.
Referências:
Gouveia, V. V. (1998). La naturaleza de los valores descriptores del individualismo e
del colectivismo: Una comparación intra e intercultural. Tese de Doutorado.
Departamento de Psicologia Social, Universidade Complutense de Madri,
Espanha.
John, O. P., Donahue, E. M. & Kentle, R. L. (1991). The big five inventory: Versions 4a
and 54. Berkeley, CA: University of California,Berkeley, Institute of Personality
and Social Research.
Rodriguez Mosquera, P., Manstead, A., & Fischer, A. (2002b). Honor in the
Mediterranean and Northern Europe. Journal of Cross-Cultural Psychology, 33,
16-36.
CRACK: REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE USUÁRIOS EM TRATAMENTO
Mestranda: Juliana Rízia Félix de Melo
Orientadora: Silvana Carneiro Maciel
Leitora interna: Ana Alayde Werba Saldanha Pichelli
Núcleo de Pesquisa: Aspectos Psicossociais de Prevenção e Saúde Coletiva
O uso abusivo de drogas é alvo de debates e questionamentos inquietando vários
segmentos da sociedade. Atualmente, o crack tem sido considerado uma das drogas que
mais tem suscitado preocupação, transformando-se num problema de saúde pública
extremamente relevante, tendo em vista o perfil dos jovens usuários, os efeitos agudos
desta droga e a violência associada ao seu mercado ilegal. Diante disso, o presente
estudo tem como objetivo geral conhecer as representações sociais do crack elaboradas
entre seus usuários que estão em tratamento, oportunizando uma ocasião de se fazer
conhecer, do ponto de vista dos usuários, a vivência e as experiências do uso de crack.
Conforme Jodelet (2001), as representações sociais são uma forma de conhecimento,
socialmente elaborada e partilhada, com um objetivo prático, e que contribui para a
construção de uma realidade comum a um conjunto social. Nesse sentido,
compreendem-se as representações sociais do crack elaboradas pelos seus usuários em
tratamento como uma interpretação coletiva da realidade vivida e falada por esse grupo
social, direcionando comportamentos e comunicações. Serão contempladas as
abordagens dimensional e estrutural da Teoria das Representações Sociais, sendo uma
pesquisa básica, exploratória e de cunho qualitativo. A amostra compreendeu 30
usuários de crack em tratamento, consistindo numa amostra não probabilística, de tipo
acidental. Em relação ao número de participantes, considerou-se o critério de saturação
de Sá (1998). Os critérios para a inclusão na amostra foram: ser usuário de crack em
tratamento, diagnosticado pelo psiquiatra da instituição na categoria F19/CID10; ter
mais que 18 anos; e, aceitar participar da pesquisa, assinando o TCLE. O critério de
exclusão foi a presença de comorbidades psiquiátricas vinculadas a outros fatores do
CID10. O presente estudo foi realizado em uma instituição psiquiátrica, que atende pelo
SUS, na ala de tratamento de dependentes químicos, na cidade de João Pessoa – PB. Os
instrumentos de coleta de dados foram: questionário sócio demográfico, analisado
através de frequências e porcentagens; entrevista semi estruturada, analisada através de
uma análise lexical realizada pelo software ALCESTE; e, o Teste de Associação Livre
de Palavras, com os estímulos indutores: crack, usuário de drogas e tratamento, que foi
analisado através do programa computacional EVOC. A coleta de dados foi realizada
individualmente em sala reservada com o uso de gravador, respeitando-se todos os
cuidados éticos da Resolução 196/96 do CNS. Os resultados do questionário sócio
demográfico mostram uma faixa etária jovem, estando 50% com idade entre 19 a 29
anos. A faixa de idade do início do uso de drogas foi 57% entre 13 a 16 anos, sendo o
álcool a primeira droga utilizada; os resultados também mostram uma baixa
escolaridade. A análise das entrevistas através do ALCESTE mostrou a formação de
três classes: a classe 3, denominada Significado do dependente químico e do crack;
mostra que a representação do dependente químico está ancorada nas substâncias por
eles utilizadas, havendo uma fusão entre a pessoa usuária de drogas e a própria droga.
Esta representação também está ligada à degradação física e moral do usuário,
enfocando o desleixo com a saúde e higiene, e à falta de caráter e credibilidade a ele
atribuída. O crack é representado como algo devastador, tendo como consequências
últimas a morte e a prisão. A classe 2, que trata das Vivências do uso do crack, mostra
as principais consequências psicobiológicas do uso do crack, como: a compulsão, o uso
contínuo, a dependência, a fissura, a paranoia, a falta de alimentação adequada e as
alucinações. A classe 1, Expectativas para o futuro, mostra que as representações
sociais do crack destes usuários estão pautadas nos desejos, esperanças e planos para o
futuro, pautadas no desejo de deixar definitivamente a droga, sair da clínica, retomar
suas vidas e ter uma vida considerada normal. Os resultados obtidos através do EVOC
mostraram que destruição e tristeza estão no núcleo central da representação do crack;
enquanto que morte, compulsão, droga e perda, estão em seu sistema periférico. Os
termos crack e maconha estão no núcleo central da representação do usuário de drogas;
e, força de vontade está no núcleo central da representação do tratamento. Constatou-se,
portanto, que o crack é representado como algo negativo, ancorado no sofrimento
psíquico que acompanha a vivência subjetiva e social desses usuários. Esta
representação está ancorada a uma dimensão biomédica e moralizante, dimensões que
regem o fenômeno da dependência química em toda a sociedade. Diante disso, este
estudo pretende contribuir para a geração de dados científicos que colaborem no
desenvolvimento de estratégias mais eficientes no combate ao uso abusivo de drogas,
capazes de abarcar os aspectos psicossociais que envolvem este consumo.
Palavras-chaves: crack, representação social, usuários, dependência química.
Referências:
Jodelet, D. (2001). Representações Sociais: um domínio em expansão. Em D. Jodelet.
As Representações Sociais (pp.17-41). Rio de Janeiro: UERJ.
Sá, C. P. (1998). A construção do objeto de pesquisa em representações sociais. Rio de
Janeiro: UERJ.
DIA 15 DE JUNHO DE 2012: MANHÃ
SOBRECARGA EM FAMILIARES DE DEPENDENTES QUÍMICOS: UM
ESTUDO À LUZ DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
Mestranda: Franciane Fonseca Teixeira Silva
Orientadora: Prof. Dra. Silvana Carneiro Maciel
Leitor interno: Prof. Dr. Bernardino Fernández Calvo
Núcleo de Pesquisa: Aspectos Psicossociais da Prevenção e da Saúde Coletiva
O uso abusivo de drogas lícitas e ilícitas vem sendo foco de grande preocupação
mundial e, embora seja um fenômeno antigo na história da humanidade, constitui
atualmente um grave problema de saúde pública. Seja a droga uma substância lícita ou
ilícita, o que importa é que o abuso desta provoca alterações que podem prejudicar a
saúde, causar dependência e destruição, tanto no terreno físico, quanto nos aspectos
psicológicos e sociais da vida do indivíduo e de seus familiares. Os familiares,
especificamente, sofrem por terem um laço afetivo muito forte e por serem vistos como
corresponsáveis pela formação dos filhos, estando diretamente atrelados ao seu
desenvolvimento saudável ou doentio. Diante destas questões, esta pesquisa se propõe a
estudar o fenômeno da dependência química e os impactos que ela causa na dinâmica
familiar, a partir de um enfoque psicossocial, ancorado na Teoria das Representações
Sociais. A suposição básica é a de que as representações que aparecem nos discursos
dos familiares permitem entender como eles percebem a questão das drogas e da
dependência química e como lidam com o dependente químico no seu cotidiano e no
contexto social mais amplo; analisando questões atreladas a sobrecarga dos cuidadores.
De acordo com Soares e Munari (2007), a sobrecarga familiar pode ser definida como o
estresse emocional e econômico aos quais as famílias se submetem, quando estão
imersas em situações extremas, como é o caso do adoecimento dos filhos. Tendo em
vista que os estudos sobre sobrecarga são encontrados em sua maioria com cuidadores
de idosos ou de indivíduos portadores de transtornos psiquiátricos, este estudo faz-se
importante na medida em que visa contribuir com a exploração desta questão com
cuidadores de dependentes químicos. Trata-se de um estudo de campo, exploratório e
qualitativo. A amostra foi não probabilística e de conveniência e compreendeu 50
participantes. Os critérios para a inclusão na amostra foram: ser do sexo feminino e ser a
cuidadora principal do usuário. Como critério de exclusão, utilizou-se a questão da
comorbidade psiquiátrica, sendo excluídos da amostra os familiares cujos dependentes
tinham algum transtorno psiquiátrico associado à dependência química. O presente
estudo realizou-se em CAPS-ad e instituições psiquiátricas no estado da Paraíba. Os
instrumentos utilizados foram: uma entrevista semi estruturada, contendo perguntas
previamente elaboradas de acordo com os propósitos da pesquisa; e um questionário de
dados sócio demográficos, sendo utilizados gravadores. Esta pesquisa obedeceu à
Resolução 196/96, do Conselho Nacional de Saúde, que estabelece as normas e
diretrizes para a realização de pesquisas com seres humanos. Os dados sócio
demográficos foram analisados através de freqüências e porcentagens e as entrevistas
foram analisadas através do software ALCESTE. Os resultados dos dados sócio
demográficos mostraram em relação à idade que 42% está acima de 51 anos. No que se
refere ao nível de escolaridade, são de baixa escolaridade sendo 62% está entre
analfabeto e ensino fundamental. Em relação ao tipo de parentesco, 38% são esposas e
34% são mães. A amostra é constituída basicamente por familiares de baixa renda,
sendo que 54% dos familiares recebem até 1 salário mínimo. Em relação ao tempo de
convivência 72% tem mais de 6 anos. Os resultados obtidos através do ALCESTE
mostraram a formação de 6 classes: classe 1 denominada drogas e vivências familiares;
classe 2 drogas e conseqüências; classe 3 Início do uso e culpabilização da família;
classe 4 Início do uso e culpabilização dos amigos; classe 5 Drogas e sociedade e a
classe 6 Drogas e qualidade de vida. Os resultados indicaram que esses familiares
representaram as drogas como algo nocivo, que prejudica as relações familiares, sendo
responsáveis por conflitos e desarmonia na família. Segundo essas representações, as
drogas acarretam sobrecarga emocional e estados de tensão, evidenciados por mudanças
comportamentais e questões de ordem financeira, devido ao agravamento da
dependência e às frequentes hospitalizações. A ausência das drogas foi apontada como
uma das formas de se alcançar a qualidade de vida para os familiares. A adoção de um
referencial teórico calcado nas representações sociais possibilitou o entendimento sobre
os impactos que a dependência química pode causar na vida dos familiares de
dependentes químicos, devido à sobrecarga advinda do papel do cuidador. Com base
nisso, espera-se contribuir para ampliar os conhecimentos existentes na área, de modo a
incentivar a realização de novas pesquisas e a abertura de novas possibilidades de
tratamento para os familiares/cuidadores, visando a minimização da culpa e a melhoria
da qualidade de vida.
Palavras-chave: dependência química, família, representação social e sobrecarga
Referências:
Aragão, A. T. M., Milagres, E., & Figlie, N. B. (2009). Qualidade de vida e
desesperança em familiares de dependentes químicos. Psico-USF, 14(1), 117-123.
Filizola, C. L. A., Perón, C. J., Nascimento, M. M. A., Pavarini, S. C. I., & Filho, J. F.
P. (2006). Compreendendo o alcoolismo na família. Esc. Anna Nery Rev. Enferm.,
10(4), 660-670.
Soares, C. B., & Munari, D. B. (2007). Considerações Acerca da Sobrecarga em
Familiares de Pessoas com Transtornos Mentais. Cienc. Cuid. Saude, 6 (3), 357-362.
Vala, J. (2000). Representações sociais e psicologia social do conhecimento cotidiano.
In J. Vala & M. B. Monteiro (Orgs.), Psicologia Social (pp. 457-502), Lisboa:
Fundação Calouste Gulbenkian.
Moscovici, S. (1978). A Representação Social da Psicanálise. Rio de Janeiro: Zahar.
BASES VALORATIVAS DA PREOCUPAÇÃO MASCULINA COM A
APARÊNCIA
Orientando: Leogildo Alves Freires
Orientador: Prof. Dr, Valdiney Veloso Gouveia
Leitora: Profª. Drª. Maria da Penha de Lima Coutinho
Linha de Pesquisa: Processos Psicossociais
RESUMO. Adentrar no terreno da preocupação dos homens com aparência pressupõe
explorar uma área de preocupação que se acreditava ser exclusivamente do público
feminino, no entanto percebe-se que atualmente essa mesma preocupação expandiu-se
também para o masculino, segundo Paul e Brownell (2001), a busca excessiva por um
“corpo ideal” está relacionada com a associação entre a beleza e atributos positivos,
como, por exemplo, competência, sucesso e autocontrole. O que tem levado milhares de
homens a sacrificar aspectos importantes das suas vidas para se dedicarem
compulsivamente a melhorar a aparência do seu corpo (Pope, Phillips & Olivardia,
2000). Estas muitas obsessões corporais masculinas formam o que tem sido
denominado de Complexo de Adônis, apontado pelos autores como a crise secreta da
obsessão corporal masculina ao comtemplar preocupações que vão desde pequenos
descontentamentos até obsessões devastadores, quer seja uma insatisfação possível de
administrar até distúrbios psiquiátricos graves com a imagem corporal. Destaca-se que
este trabalho se insere no âmbito da psicologia social, onde busca-se conhecer os
aspectos psicossociais envolvidos na dedicação dos homens aos cuidados estéticos e
corporais com a aparência bem como as implicações deste no relacionamento social
destes indivíduos. E no universo de variáveis potenciais para descrever e explicar os
padrões comportamentais destes grupos destaca-se os valores humanos, justificando-se
em razão de serem importantes no processo seletivo das ações humanas, constituindo-se
um construto preponderante para o entendimento de muitos fenômenos sócio-
psicológicos (Bardi & Schwartz, 2001). Frente ao que vem sendo apresentado,
pretende-se, como objetivo geral, conhecer as bases valorativas da preocupação dos
homens com a aparência. Neste sentido, pensou-se na realização de dois estudos
detalhados a seguir. Estudo 1: Parâmetros Psicométricos das Medidas Utilizadas. O
objetivo principal deste primeiro estudo foi elaborar e adaptar as medidas utilizadas para
o contexto brasileiro, realizando uma tradução/re-tradução, checando sua validade
semântica, estrutura fatorial e consistência interna. Contou-se com a participação de 211
estudantes universitários do sexo masculino com idade média de 22 anos (dp = 5,58)
sendo a maioria solteiros (84,8%), tratou-se de amostra de conveniência e não-
probabilística. Estes responderam a um caderno com as seguintes medidas:
Questionário do Complexo de Adônis – QCA (Pope et al), Questionário de Vaidade –
QV (Durvasula, Lysonski & Watson, 2001), Escala de Ansiedade Física Social - EAFS
(Souza & Fernandes, 2009) e perguntas sócio-demográficas. Com relação ao QCA após
ter sido checado sua validade semântica, constatou-se a sua fatorabilidade por meio do
KMO = 0,82 e do Teste de Esfericidade de Bartlett, χ² (300) = 1458,20; p < 0,001,
optou-se pelo método PAF (Principal Axis Factoring), sem fixar número de fatores ou
rotação, emergiram 7 fatores que explicam 59, 20% da variância. Neste caso procedeu-
se uma análise paralela (critério de Horn) da qual emergiram uma solução fatorial de 3
fatores, sendo assim realizou-se novamente a análise fatorial fixando em três fatores
com rotação varimax, os quais pela leitura do conteúdo dos seus itens permitiu defini-
los como: preocupações estéticas (α = 0,74), preocupações fisicosexuais (α = 0,58) e
dedicação a exercícios/alimentação (α = 0,72) estes três fatores explicam
conjuntamente 40,47% da variância. No que diz respeito ao QV, comprovou-se a
fatorabilidade da matriz [KMO = 0,84; Teste de Esfericidade de Bartlett, χ² (210) =
1968,44; p < 0,001] e procedeu-se uma análise fatorial fixando a estrutura fatorial em 4
fatores como propõe os autores originais, tais fatores são: Exibição física(α = 0,86),
Autovisão física (α = 0,81), Autorealização(α = 0,79) e Exibição da Realização (α =
0,68) estes 4 fatores explicam 57,3% da variância. Por fim testou-se a comprovação da
estrutura fatorial da EAFS testando dois modelos desta estrutura (uni e bifatorial) os
indicadores de ajuste foram considerados satisfatórios para o modelo bifatorial [o ²
(53) = 96,6, p < 0,001; ²/gl = 1,86; GFI = 0,93, AGFI = 0,90, CFI = 0,95, RMSEA =
0,06 (IC 90% 0,04 – 0,08), PCLOSE (p = 0,14)]. Portanto, concluiu-se que tais
resultados permitiram reunir evidências de validade fatorial e consistência interna das
medidas empregadas. Estudo 2 (em andamento): Correlatos Valorativos da
Preocupação Masculina com a Aparência. O objetivo principal deste estudo será
conhecer quais valores se correlacionam com a preocupação masculina com aparência
masculina. Buscar-se também nesta oportunidade comprovar as estruturas fatoriais das
escalas utilizadas no estudo 1 e por fim testar o modelo preditivo Vaidade Valores de
Realização e Experimentação Preocupação Masculina com a Aparência.
Participarão deste estudo 200 homens de academias de musculação da cidade de João
Pessoa esta será uma amostra de conveniência e não-probabilística. Estes resultados
serão discutidos a luz da literatura existente no âmbito da psicologia social e espera-se
que estes objetivos sejam alcançados.
Palavras-chave: Valores humanos; preocupação masculina; aparência.
Referências
Bardi, A. & Schwartz, S. H. (2001). Values and behavior: Strength and structure of
relations. Personality and Social Psychology Bulletin, 29, 1207 – 1220.
Durvasula,S., Lysonski, S. & Watson, J. (2001) Does Vanity Describe Other Cultures?
A Cross-Cultural Examination of the Vanity Scale, The Journal of Consumer
Affairs, 35, 180-199.
Paul, R. & Brownell, K. D. (2001). Bias, discrimination and obesity. Obesity Research,
9, 788-805.
Pope, H.G.; Phillips, K.A., Olivardia, R. (2000) O complexo de Adônis: a obsessão
masculina pelo corpo. Rio de Janeiro: Campus
Souza, V. & Fernandes, S.(2009). Adaptação da Social Physique Anxiety Scale (SPAS)
ao contexto brasileiro, Ciências & Cognição, 14,16-23.
UMA ANÁLISE DO JULGAMENTO MORAL EM ADOLESCENTES E
JOVENS ADULTOS EM TRÊS MOMENTOS HISTÓRICOS
Mestranda: Pollyana de Lucena Moreira
Orientador: Júlio Rique Neto
Leitor: Cleonice Pereira dos S. Camino
Núcleo de Pesquisa em Desenvolvimento Sócio-Moral
O objetivo do presente estudo é verificar a qualidade do julgamento moral de
adolescentes e jovens adultos em três momentos históricos no Brasil: 1988/89, 1996 e
2011. Para as análises dos anos de 1988/89 e 1996, foram utilizados os bancos de dados
do Núcleo de Pesquisa em Desenvolvimento Sócio-Moral da UFPB. Foi coletada uma
nova amostra para o ano de 2011. De acordo com Leitão (2011), os anos de 1988/89 e
1996 foram anos em que o Brasil buscou uma estabilização política e econômica. O país
sofria a pressão de uma população atuante e atenta ao futuro da nação. Em 2011, de
acordo com a mesma autora, o cenário mudou e o país vivenciou, com o governo Lula,
um período de estabilização, tanto da política como da economia. Diante dessas
conjunturas sociais, perguntou-se: como adolescentes e jovens adultos, de épocas
distintas, pensam a respeito de questões morais semelhantes? Para responder a essa
pergunta, utilizou-se como base a Teoria do Desenvolvimento Moral de Kohlberg
(1984). Essa teoria explica o desenvolvimento moral a partir de três níveis (pré-
convencional, convencional e pós-convencional) que se dividem em seis estágios de
pensamento moral (1º: orientação para obediência e punição, 2º: hedonismo
instrumental, 3º: moralidade do bom garoto, 4º: orientação para as leis e para a ordem,
5º: orientação para o contrato social e 6º: orientação para princípios éticos universais).
No total, participaram desse estudo 430 adolescentes e jovens adultos (210
universitários de uma universidade pública e 220 alunos do ensino médio de escolas da
rede privada), da cidade de João Pessoa. Como instrumento foi utilizado o Defining
Issues Test (DIT, Rest, 1974), adaptado por Camino, Luna, Alves, Silva e Rique (1988).
Esse instrumento consiste numa medida objetiva de raciocínios de justiça relacionados
aos estágios de desenvolvimento moral de Kohlberg (1984). O instrumento foi
administrado em ambiente coletivo, mas respondido individualmente. Para comparação
das médias entres níveis e entre estágios do pensamento moral, foram realizados testes-
t, para verificar os estágios dominantes e o padrão de consistência (40% ou mais de uso
do estágio dominante) e inconsistência (39% ou menos de uso do estágio dominante)
foram levantadas frequências simples. Considerando a amostra de universitários, os
resultados mostraram que em 1988/89 os jovens apresentaram pensamento pós-
convencional predominante (M = 17,21; DP = 6,82), e que se diferenciou
significativamente (p < 0,01) do pensamento convencional (M = 12,78; DP = 6,65), com
o estágio 5 como dominante. Os universitários de 2011 apresentaram pensamento
convencional predominante (M = 17,99; DP = 6,13), e que se diferenciou
significativamente (p < 0,01) do pensamento pós-convencional (M = 15,12; DP = 6,21),
com estágio 4 como dominante. As diferenças encontradas com relação à qualidade do
julgamento moral dos universitários podem estar relacionadas com os diferentes
contextos políticos, econômicos e educacionais nos quais esses jovens estavam
inseridos. É preciso entender quais aspectos desses contextos podem ter motivado um
pensamento pautado no contrato social, para os universitários de 1988/89, e um
pensamento moral pautado na manutenção das leis e da ordem para os universitários de
2011. Os dados referentes aos alunos de ensino médio ainda estão sendo analisados.
Palavras-chave: julgamento moral; universitários; DIT.
Referências:
Camino, C., Luna, V., Alves, A., Silva, M., & Rique, J. (1988). Primeiros resultados da
reformulação e adaptação do Defining Issues Test. In Anais do XVIII Reunião Anual
de Psicologia (p. 236). Ribeirão preto, São Paulo.
Kohlberg, L. (1984). Essays on Moral Development. The Psychology of Moral
Development: The Nature and Validity of Moral Stages (Vol. II). San Francisco:
Harper & Row.
Leitão, M. (2011). A Saga Brasileira. A longa luta de um povo por sua moeda. Rio de
Janeiro: Record.
Rest, J., Cooper, D., Coder, R., Masanz, J., & Anderson, D. (1974). Judging the
important issues in moral dilemmas – an objective measure of development.
Developmental Psychology, 10, 491-501.
A RELAÇÃO ENTRE O PENSAMENTO MORAL DA JUSTIÇA E O
PENSAMENTO MORAL DO PERDÃO
Mestranda: Eloá Losano de Abreu
Orientador: Júlio Rique Neto
Leitor: Cleonice P. S. Camino
Núcleo de Pesquisa em Desenvolvimento Sócio-Moral (NPDSM)
O presente estudo teve como objetivo verificar o desenvolvimento do pensamento moral
do perdão, através de uma comparação transversal por idade, e sua relação com o
pensamento de justiça. A teoria do julgamento moral de Kohlberg (1984) define uma
sequência de três níveis (pré-convencional, convencional e pós-convencional) seis
estágios de raciocínios: 1º: orientação para obediência e punição, 2º: hedonismo
instrumental, 3º: moralidade do bom garoto, 4º: orientação para manutenção das leis e
da ordem social, 5º: orientação pelo contrato social e 6º: orientação por princípios éticos
universais. Seguindo essa tradição sociomoral, Enright, Santos e Al-Mabuk (1989)
verificaram o avanço na qualidade do pensamento do perdão. Os autores perguntaram a
adolescentes e jovens adultos: Quais as condições que facilitariam o perdão? Os
resultados mostraram raciocínios semelhantes às estruturas de estágios de pensamento
da justiça que podem ser assim hierarquizados: 1º: perdão como vingança, 2º: perdão
como restituição ou compensação, 3º: perdão como expectativa social, 4º: perdão como
expectativa institucional, 5º: perdão para a harmonia social e 6º: perdão como
compaixão. O estudo indicou ainda um avanço nos estágios por idade e uma relação
positiva entre o pensamento de justiça e o pensamento de perdão. Considerando esses
resultados, este estudo buscou verificar: se existiam diferenças no pensamento de justiça
e de perdão em diferentes faixas etárias; qual o estágio de raciocínio de justiça e de
perdão era predominante no julgamento das pessoas e se os pensamentos de justiça e
perdão se desenvolviam paralelamente ou se a relação entre os dois é de necessidade.
Supondo que o sentimento de justiça é necessário para o perdão, esperou-se que o
pensamento de perdão se revelasse sempre em estágio anterior ou igual ao pensamento
de justiça numa mesma pessoa. Participaram do estudo 155 estudantes, divididos em
três grupos de idade: 10 a 14 anos (M= 12,57; DP= 1,189), 15 a 19 anos (M= 17,48; DP
= 1,214) e 20 a 24 anos (M= 21,28; DP = 1,426). Como instrumentos, foram utilizadas
adaptações do Dilema de Heinz, nas versões para a justiça e para o perdão. Foi
solicitado, ainda, que os participantes apresentassem uma definição sobre o que
consideram ser justiça e perdão. As respostas aos dilemas foram categorizadas por cinco
juízes com um mínimo de 80% de concordância. Não foram encontradas diferenças
significativas em relação às duas variáveis dependentes justiça e perdão em função da
idade. Verificou-se, a partir de uma análise das frequências, que a maioria dos
participantes apresentaram como dominantes o estágio 4 na justiça (69,7%) e o 2 no
perdão(58,1%), indicando, portanto, uma ênfase na legalidade referente a justiça e nas
compensações materiais em relação ao perdão. Foi calculado um coeficiente de
contingência de Crámer para verificar a associação entre os estágios dominantes de
justiça e perdão. O resultado revelou um contingente de 0,33 que, conforme o resultado
do Qui-quadrado referente a essas duas variáveis, é significativo a p<0,01. Para verificar
a relação entre o pensamento da justiça e pensamento do perdão, os resultados de um
teste de Wilcoxon mostraram uma relação significativa (z= -9,988; p<0,001). Os
resultados confirmam a hipótese levantada no estudo. No entanto, outros estudos
precisam ser realizados para que se possa afirmar com maior segurança a relação
encontrada. No momento estão sendo realizadas análises de conteúdo segundo Bardin
(1977) das definições de justiça e perdão apresentadas pelos participantes.
Palavras-chave: perdão, justiça, moral.
Referências:
Bardin, L. (1977). Análise de Conteúdo. Lisboa, Portugal: Edições 70.
Enright, R. D., Santos, M. J. D. & Al-Mabuk, R. (1989). The adolescent as forgiver.
Journal of Adolescence, 12, 95-110.
Kohlberg, L. (1984). Essays on Moral Development. The Psychology of Moral
Development: The Nature and Validity of Moral Stages. Vol. 2. San Francisco:
Harper & Row.
AUTISMO E SÍNDROME DE DOWN: CONCEPÇÕES DE
PROFISSIONAIS DE DIFERENTES ÁREAS
Mestranda: Cibele Shírley Agripino Ramos
Orientadora: Profª. Drª. Nádia Maria Ribeiro Salomão
Leitora: Profª. Drª. Fabíola de Sousa Braz Aquino
Núcleo de Pesquisa: Interação Social e Desenvolvimento Infantil
O autismo é um transtorno do desenvolvimento que vem sendo bastante estudado em
diversos campos do saber. Apesar de se caracterizar por uma tríade de prejuízos – na
interação social, na comunicação/linguagem e no comportamento –, esse transtorno se
apresenta de forma bastante heterogênea, isto é, há grande variabilidade nos quadros
clínicos encontrados, o que contribui para que possa haver dificuldades em relação ao
seu diagnóstico, dificultando, consequentemente, a realização da intervenção. Observa-
se que muitos estudos acerca do autismo procuram comparar algum aspecto relacionado
a esse transtorno com a síndrome de Down ou com o desenvolvimento típico. Os estudos
comparativos do autismo e da síndrome de Down, especificamente, têm sido realizados
com o intuito de conhecer a dinâmica familiar presente nos dois grupos, bem como o
sistema de crenças dos genitores desses indivíduos. Com relação aos estudos sobre o
conhecimento de profissionais acerca desses dois transtornos, verifica-se que têm sido
realizados mais no âmbito educacional (Goldberg, 2002; York, Fraunhofer, Turk &
Sedgwick, 1999). Nesse sentido, este estudo tem como objetivo investigar as concepções
de profissionais de diversas áreas do conhecimento acerca do autismo e da síndrome de
Down, ressaltando a influência das concepções nas interações sociais e no
comportamento, como destacam Harkness e Super (1996) e Seidl-de-Moura e
colaboradores. Parte-se da hipótese de que a forma como os profissionais concebem
essas síndromes influencia nas estratégias de intervenção que serão adotadas e determina
o tipo de informações que serão transmitidas aos pais desses indivíduos, além de trazer
implicações importantes para as discussões acerca da inclusão de crianças e jovens com
necessidades educativas especiais. Ao falar em concepções, estamos nos referindo ao
conjunto de crenças e posicionamentos que o indivíduo possui, a partir da análise das
suas opiniões. Decidiu-se investigar concepções sobre o autismo em comparação com a
síndrome de Down devido ao fato de a incidência dessas duas síndromes ser considerada
relativamente alta nos dias de hoje, como também pela consideração de particularidades
relativas a cada um dos transtornos, tais como: período em que é feita a identificação –
a síndrome de Down pode ser identificada logo após o nascimento da criança, enquanto
o autismo costuma ser diagnosticado somente por volta dos três anos de vida;
funcionamento cognitivo – os indivíduos com síndrome de Down apresentam deficiência
mental em graus variados, enquanto o autismo pode estar associado ou não à deficiência
mental; e sociabilidade – o autismo é caracterizado por um prejuízo social e pela
presença de comportamentos repetitivos e incomuns, ao passo que os indivíduos com
síndrome de Down frequentemente são descritos como sociáveis e afetuosos, além de
apresentarem poucos comportamentos repetitivos. O presente estudo teve início a partir
do contato com responsáveis por instituições públicas e privadas que atendem indivíduos
com necessidades educativas especiais e com profissionais que atuam em consultórios
particulares na cidade de João Pessoa - PB. Nesse primeiro momento, foi entregue uma
carta de apresentação visando obter uma autorização para realizar a pesquisa e foi
agendada a aplicação de um questionário sociodemográfico e de uma entrevista
semiestruturada com os profissionais. Foi solicitado que estes assinassem um termo de
consentimento para a realização do estudo, sendo também solicitada a sua permissão
para a gravação da entrevista, que aborda questões referentes à definição do autismo e da
síndrome de Down, às propostas de intervenção, à inserção dos indivíduos com essas
síndromes em escolas regulares e aos principais desafios relacionados ao trabalho com
esses indivíduos. Este estudo terá como participantes oito profissionais de cada uma das
seguintes áreas: psiquiatria, neurologia, pediatria, psicologia, fonoaudiologia, pedagogia,
educação física, terapia ocupacional, além de professores, totalizando 72 profissionais.
Os participantes serão divididos em dois grupos, em virtude de já terem trabalhado ou
não com indivíduos autistas ou com síndrome de Down. O estudo encontra-se na fase de
coleta de dados e de transcrição das entrevistas já realizadas. Após a transcrição das
entrevistas, serão estabelecidas categorias e subcategorias, sendo os dados analisados
com base na Análise de Conteúdo proposta por Bardin. Espera-se que os resultados deste
estudo possam contribuir para a formulação de políticas públicas que visem a uma maior
capacitação dos profissionais de áreas comumente envolvidas no trabalho com
indivíduos autistas e com síndrome de Down, subsidiando, assim, propostas de
intervenção que contribuam para a melhoria da qualidade de vida desses indivíduos e de
suas famílias.
Palavras-chave: Autismo; síndrome de Down; concepções
Referências:
Goldberg, K. (2002). A percepção do professor acerca do seu trabalho com crianças
portadoras de autismo e síndrome de Down: um estudo comparativo. Dissertação
de Mestrado, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Brasil.
Harkness, S., & Super, C. M. (1996). Introduction. In S. Harkness & C. M Super
(Eds.), Parents' cultural belief systems: Their origins, expressions, and
consequences (pp. 1-23). New York: The Guilford Press.
Seidl-de-Moura, M. L., Ribas Jr., R. C., Piccinini, C. A., Bastos, A. C. S., Magalhães,
C. M. C., Vieira, M. L., Salomão, N. M. R., Silva, A. M. P. M., & Silva, A. K.
(2004). Conhecimento sobre desenvolvimento infantil em mães primíparas de
diferentes centros urbanos do Brasil. Estudos de Psicologia, 9, 421-429.
York, A., Fraunhofer, N. von, Turk, J. & Sedgwick, P. (1999). Fragile-X syndrome,
Down’s syndrome and autism: awareness and knowledge amongst special
educators. Journal of Intellectual Disability Research, 43(3), 314-324.
DIA 15 DE JUNHO DE 2012: TARDE
OS GESTOS NA COMUNICAÇÃO MÃE-BEBÊ: UMA ABORDAGEM
LONGITUDINAL
Mestranda: Janaina Franciele Camargo
Orientadora: Profa. Dra. Nádia Maria Ribeiro Salomão
Leitor: Profa. Dra. Fabíola de Sousa Braz Aquino
Núcleo de Estudos: Interação Social e Desenvolvimento Infantil
A partir de uma concepção sociocultural do desenvolvimento, autores como Vygotsky
(1999), Bruner (1975) e Tomasello (2003), destacam a importância das relações sociais,
das atividades conjuntas e das relações de interação para o desenvolvimento e o
aprendizado infantil. Admite-se que os bebês já possuem um aparato para a interação
desde o seu nascimento, fato percebido pelas mães, que interpretam as ações da criança
de acordo com os seus conhecimentos, concepções e expectativas acerca de seu bebê e
do desenvolvimento em geral. Segundo a perspectiva da interação social do
desenvolvimento da linguagem, esta é adquirida pela criança por meio tanto dos
aspectos biológicos quanto dos socioculturais, sendo a interação social um fator
fundamental para o desenvolvimento linguístico. Tal interação tende a ser bidirecional e
recíproca, de forma que ambos, adulto e criança, contribuem para sua construção de
maneira dinâmica (Salomão, 2010). Os gestos são uma forma de comunicação de
grande importância durante as primeiras interações entre a mãe e seu bebê, em especial
na fase em que este ainda não desenvolveu totalmente as habilidades necessárias para se
expressar verbalmente. Partindo-se do pressuposto de que o desenvolvimento da
linguagem pode ser caracterizado como um continuum que se inicia na comunicação
pré-linguística e chega à comunicação verbal em um processo que ocorre por meio de
interações sociais, o objetivo do presente trabalho consiste em analisar a comunicação
entre mãe e bebê na fase pré-verbal da criança. Para tanto, será verificada a frequência
com que o bebê utiliza diferentes categorias de gestos em cada período evolutivo
observado, serão observados os gestos da mãe e do bebê a fim de verificar como cada
membro da díade responde aos gestos apresentados pelo outro e, finalmente, será
analisado como a mãe atribui significados e intencionalidade aos gestos do bebê, assim
como ao seu sorriso, choro e direção do olhar. O estudo está sendo realizado a partir de
observações gravadas em vídeo de seis díades mãe-bebê que foram acompanhadas
longitudinalmente aos 6, 9 e 12 meses de idade da criança, filmadas durante 20 minutos
em contexto de brincadeira livre e disponíveis no banco de dados do Núcleo de Estudos
em Interação Social e Desenvolvimento Infantil (NEISDI). Foi realizada a transcrição
literal das falas e vocalizações da mãe e do bebê, bem como a descrição tanto dos gestos
quanto da situação e do ambiente em que a díade interagia. As categorias de análise
foram estabelecidas após a etapa de transcrição dos dados. Para o estabelecimento das
categorias de análise, os gestos comunicativos dos bebês e das mães foram subdivididos
em gestos dêiticos e representativos. Os gestos dêiticos expressam uma intenção da
criança e se referem diretamente a um objeto ou evento por meio de indicação ou toque,
não guardando semelhanças com o referente, de modo que seu significado só pode ser
apreendido se relacionado ao contexto em que é produzido. São exemplos de gestos
dêiticos: mostrar, oferecer espontâneo, oferecer após solicitação, solicitar, apontar
canônico e apontar com toda a mão. Os gestos representativos representam um
referente específico e seu significado se mantém estável independente do contexto em
que é apresentado, embora dependam do contexto para serem interpretados. Estes
podem ser: gestos de objeto, os quais reproduzem ações relacionadas a objetos, ou
gestos convencionais, os quais não guardam relação com um objeto. Outros
comportamentos do bebê como chorar, sorrir, vocalizar, olhar em direção à mãe,
dirigir a atenção da mãe por meio do olhar, seguir o olhar da mãe e seguir o apontar
da mãe também serão categorizados, por consistirem em um tipo de comunicação não-
verbal que a criança utiliza na interação com a mãe desde os primeiros meses de vida.
As categorias relativas aos comportamentos maternos após o gesto do bebê são:
presença de resposta, olhar em direção ao bebê, olhar em direção a um objeto ou
evento, uso de vocalização e uso de palavras. As categorias relativas às atribuições
maternas de significado e intencionalidade são: atribuição de percepção, atribuição de
cognição, atribuição de volição e atribuição de disposição.
Palavras-chave: desenvolvimento linguístico; comunicação mãe-bebê; gestos
Referências:
Bruner, J. S. (1975). The ontogenesis of speech acts. Journal of child language, 2, 1-19.
Salomão, N. M. R. (2010). Interação Social e desenvolvimento linguístico. Em V. L. R.
Luna & Z. A. Nascimento (Orgs.), Desafios da Psicologia Contemporânea (pp.
91-104). João Pessoa: Editora Universitária/UFPB.
Tomasello, M. (2003). Origens culturais da aquisição do conhecimento humano. (C.
Berliner, Trad.). São Paulo: Martins Fontes.
Vygotsky, L. S. (1999). A formação social da mente: O desenvolvimento dos processos
psicológicos superiores. (6ª ed., J. C. Neto, L. S. M. Barreto & S. C. Afeche,
Trad.). São Paulo: Martins Fontes. (texto original publicado no Brasil em 1984).
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE PROFISSIONAIS DE CREAS ACERCA DA
VIOLÊNCIA SEXUAL INFANTO-JUVENIL
Mestranda: Leilane Menezes Maciel Travassos
Orientador: Maria da Penha de Lima Coutinho
Leitor: Ana Raquel Torres
Linha de Pesquisa: Aspectos Psicossociais da Prevenção e Saúde Coletiva
A violência é um fenômeno social global e histórico, e vem se afirmando como um dos
mais graves problemas sociais e de saúde pública (Organização Mundial de Saúde,
2002). Dentre os diversos tipos de violência, este estudo focalizará a violência sexual
contra crianças e adolescentes, caracterizada pela sua alta incidência e suas
conseqüências psicológicas e sociais à pessoa vitimizada. De grande preocupação da
sociedade, a violência sexual não atinge apenas a pessoa vitimizada, mas seus familiares
e o seu meio social; bem como os profissionais que lidam com tal situação no seu
cotidiano de trabalho. Compreender o complexo fenômeno da violência sexual envolve
uma gama de conceitos e problemáticas, exigindo ações articuladas, intersetoriais e
interdisciplinares para seu enfrentamento. Consolidando-se como um fenômeno
multifacetado, caracterizado pela relação de poder étnica, cultural e intergeracional; sua
compreensão deve englobar abuso sexual intra e extra-familiar e exploração sexual
comercial, prostituição, pornografia, turismo sexual e tráfico de pessoas para fins sexuais
(Faleiros & Faleiros, 2008). Atualmente as pesquisas acerca da violência sexual
encontram-se em ascensão, contudo, são ainda incipientes estudos no Brasil no que
tange à abordagem pelas recentes equipes da Proteção Social, deste modo, acredita-se
poder contribuir para seu conhecimento através da presente pesquisa. A partir desta
problemática, desenvolve-se um estudo com profissionais de Centros de Referência
Especializados de Assistência Social (CREAS), tendo-se como pressuposto de que os
caminhos para prevenção às violências começam a partir da compreensão das
representações sociais destes atores sociais, de seus conhecimentos, suas práxis, e suas
competências para lidar com vítimas de violência sexual. Objetivos: Este estudo tem
como objetivo geral apreender as representações sociais de profissionais que atuam em
CREAS acerca da violência sexual infanto-juvenil. Especificamente objetiva-se traçar o
perfil biosociodemográfico dos profissionais que lidam com essa problemática;
identificar os campos semânticos elaborados por estes acerca da violência sexual
infanto-juvenil; identificar as práticas dos profissionais diante a violência sexual contra
crianças e adolescente; verificar os processos de objetivação e ancoragem evidenciados
pelos profissionais; e descrever dados epidemiológicos de casos de violência sexual
infanto-juvenil notificados nas instituições pesquisadas. Será utilizado como aporte
teórico a Teoria das Representações Sociais de Serge Moscovici, que funciona como um
sistema de interpretação da realidade e de regulamento do universo de opiniões, crenças
e sentimentos dos atores sociais determinando seus comportamentos ou práticas
(Moscovici, 2010). Nesta perspectiva, a Teoria das Representações Sociais se apresenta
como apropriada à compreensão do fenômeno da violência sexual contra crianças e
adolescentes, visto que possibilita a apreensão de processos construtivos do objeto de
estudo pelos atores sociais envolvidos a partir de suas experiências cotidianas com o
contexto social. Método: Trata-se de um estudo campo exploratório e descritivo, com
enfoque quali-quantitativo. A amostra é do tipo não probabilística, constituída por
profissionais de nível superior (psicólogo, assistente social, pedagogo e advogado) de
Centros de Referência Especializados de Assistência Social existentes nas cidades das
micro-regiões de Cajazeiras/PB (Cajazeiras, Cachoeira dos Índios, Poço Dantas, Poço
José de Moura, São João do Rio do Peixe e Uiraúna) e João Pessoa/PB (Bayeux,
Cabedelo, Conde, João Pessoa e Santa Rita). Para o presente estudo serão utilizados os
seguintes instrumentos: Questionário biosóciodemográfico; Teste de Associação Livre
de Palavras (TALP), entrevista semi-estruturada e análise documental. Para análise dos
dados serão utilizados os softwares SPSS, Tri-Deux-Mots e Alceste. Realizou-se até o
presente, coleta em seis municípios da (Cajazeiras, Cachoeira dos Índios, Uiraúna, São
João do Rio do Peixe, João Pessoa e Cabedelo), totalizando 20 sujeitos. Deste modo, a
presente pesquisa encontra-se em desenvolvimento de coleta.
Palavras-chave: violência sexual, infato-juvenil, profissionais, representações sociais
Referencias:
Faleiros, V.P. & Faleiros, E.S. (2008) Escola que protege: enfrentando a violência
contra crianças e adolescentes. 2ª ed. Brasília, DF: Ministério da Educação.
Moscovici, S. (2010) Representações Sociais: Investigação em Psicologia Social.
Petrópolis: Vozes.
Organização Mundial de Saúde. (2002) Relatório mundial sobre violência e saúde.
Brasília, DF.
A DEPRESSÃO NO CONTEXTO DA INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA:
UM ESTUDO DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
Mestranda: Fabrycianne Gonçalves Costa
Orientadora: Profª. Drª. Maria da Penha de Lima Coutinho
Leitor (a) interno: Profª. Drª Ana Raquel Rosas Torres
Núcleo de Pesquisa: Aspectos Psicossociais de Prevenção e Saúde Coletiva
A partir das últimas três décadas do século IX a literatura vem enfatizando a associação
entre distúrbios psicoafetivos, entre eles, a depressão e as doenças crônicas a exemplo,
da insuficiência renal. Alguns autores alegam que a prevalência da depressão em
pacientes renais pode variar até 100% (Cohen, Norris, Acquaviva, Peterson & Kimmel,
2007). Outros têm sugerido que aproximadamente 20 a 50% dessa população podem ser
atingidos por esta síndrome (Finger et al., 2011). A depressão é considerada uma
doença que abarca o organismo como um todo, que compromete a qualidade de vida, a
produtividade, interfere na incapacitação social e laboral e nas relações familiares.
Atinge desde crianças a pessoas idosas, rompendo fronteiras de idade, classe sócio
econômica, cultura, etnia e espaço geográfico (Coutinho, 2005). Por sua vez, a
insuficiência renal crônica (IRC) caracteriza-se pela perda progressiva, irreversível e
multifatorial da função renal. Devido a esta ser considerada uma doença crônica, requer
um tratamento prolongado que envolve desde o uso de medicamento, dietas até a
hemodiálise, o que acarreta mudanças biopsicossociais. O que exige por parte dos
pacientes e familiares um processo de adaptação a um novo estilo de vida em um curto
espaço de tempo, podendo ocasionar um intenso sofrimento psíquico (Zimmermann,
Carvalho, Mari, 2004). Este estudo possui como objetivo geral: apreender as
representações sociais acerca da depressão elaboradas por pacientes com IRC e de seus
cuidadores no contexto da hemodiálise e especificamente: traçar o perfil
biosóciodemográfico dos participantes da pesquisa; identificar o índice da depressão
nos pacientes em tratamento de hemodiálise e em seus cuidadores; descrever os campos
semânticos representacionais acerca da depressão e IRC, identificar os elementos da
objetivação e da ancoragem, e, por último, comparar os consensos e dissensos das
representações sociais elaboradas pelos participantes da pesquisa, acerca da IRC e da
depressão. Esta pesquisa utilizar-se-á da abordagem teórica metodológica das
Representações Sociais, uma vez que esta permite apreender um conhecimento prático,
tendo acesso às ideias, saberes e sentimentos dos atores sociais acerca da depressão e da
IRC (Moscovici, 2010). Método: Trata-se de um estudo exploratório e descritivo, de
cunho quantitativo-qualitativo. A coleta dos dados está sendo realizada em três
instituições hospitalares que disponibilizam o tratamento da hemodiálise e mantêm
convênio com o Sistema Único de Saúde (SUS), localizadas no município de João
Pessoa – PB. A amostra é do tipo não- probabilística de conveniência, composto por
pacientes com IRC, e por seus cuidadores. Os instrumentos utilizados: Questionário
Biosóciodemográfico, Técnica da Associação Livre de Palavras, Escala Hospitalar de
Ansiedade e Depressão (neste estudo está sendo utilizada a sub escala de depressão) e
Entrevista semi- estruturada. A análise dos dados será realizada com os programas
computacionais: SPSS, ALCESTE e TRIDEUX-MOTS. Esta pesquisa encontra-se em
fase de desenvolvimento.
Palavras-chave: Representação social, depressão, insuficiência renal crônica,
hemodiálise.
Referências:
Cohen, S. D., Norris, L. Acquaviva, K. Peterson, R. A. & Kimmel, P. L. (2007).
Screening, Diagnosis, and Treatment of Depression in Patients with End-Stage
Renal Disease. Clin J Am Soc Nephrol, 2, 1332–1342.
Coutinho, M. P. L. (2005). Depressão infantil e representações sociais. 2ª ed. Joao
Pessoa: Editora Universitária/ UFPB.
Finger, G., Pasqualotto, F. F., Marcon, G., Medeiros, G. S., Abruzzi Junior, J., May, W.
S. (2011). Sintomas depressivos e suas características em pacientes submetidos à
hemodiálise. Revista da AMRIGS, Porto Alegre, 55, 333-338.
Moscovici.S. (2010).Representações sociais: Investigações em psicologia social (7ª ed.,
Traduzido por P. A. Guareschi). Petrópolis, RJ: Vozes.
Zimmermann, P.R., Carvalho, J.O. & Mari, J.J. (2004). Impacto da depressão e outros
fatores psicossociais no prognóstico de pacientes renais crônicos. Revista de
Psiquiatria do Rio Grande do Sul, 26, 34-39.
TAXAS DE ESQUECIMENTO EM IDOSOS: UM ESTUDO ATRAVÉS
DA MEMÓRIA HÁPTICA
Mestranda: Maria José Nunes Gadelha
Orientador: Natanael Antonio dos Santos
Leitor: Bernardino Fernandes-Calvo
Núcleo de Pesquisa: Percepção Humana: Processos Sensoriais, Cognitivos e
Psicossociais
A memória é definida como um sistema de codificação, armazenamento e
recuperação de informações disponíveis no ambiente. As informações são acessadas a
partir de estímulos sensoriais, como por exemplo, os visuais, auditivos ou táteis. A
percepção tátil é realizada por meio de receptores cutâneos, através da postura estática
que se mantém ao longo do tempo em que dura o processamento da estimulação. Já a
percepção cinestésica é realizada a partir da informação proporcionada por músculos e
tendões. Por último, a percepção háptica ocorre através da combinação das modalidades
tátil e cinestésica para proporcionar informações válidas acerca dos objetos do mundo
real de forma ativa e voluntária (Klatzky, 1985).
Assim como a maioria dos processos cognitivos, a memória é um processo que
apresenta declínio significativo com o envelhecimento humano, com efeitos
diferenciados em seus componentes, como a memória de trabalho, a memória semântica
e a episódica (Luo, & Craik, 2008). O estudo do esquecimento em idosos saudáveis ou
acometidos por doenças degenerativas têm se centrado na avaliação da memória para
estímulos visuais e auditivos em diferentes intervalos de tempo. Poucos estudos
relacionando o esquecimento a longo prazo para a memória háptica em idosos saudáveis
foram encontrados.
Neste sentido, esta pesquisa tem por objetivo comparar as taxas de esquecimento
da informação processada na modalidade háptica, para os intervalos de 1, 10 ou 20
minutos para memórias de recordação e reconhecimento em uma amostra de 36 idosos a
partir de 60 anos, de ambos os sexos, que não apresentem demência (com pontuação ≥
27 no Mini Exame do Estado Mental), nem sintomatologia depressiva (com pontuação
≤ 7 na Escala de Depressão Geriátrica - Yesavage et al., 1983) e com capacidade de
leitura e escrita.
Portanto foi utilizado um delineamento de grupos independentes do tipo 2
(recuperação das informações: reconhecimento e recordação) x 3 (intervalos de tempo:
1, 10 ou 20 minutos). Assim, foram formados 6 grupos, cada um com 6 idosos, sendo
que metade dos grupos passou por testes de recordação e a outra metade passou por
testes de reconhecimento ao longo dos 3 intervalos de tempo.
Tanto para a realização dos testes de recordação quanto para os de
reconhecimento foi utilizada uma caixa de madeira específica para avaliação de
estímulos hápticos, possuindo duas aberturas para as mãos com seguimentos de luva até
o interior da caixa, e com abertura do lado oposto ao participante. Foram utilizados
também 90 objetos divididos em 6 conjuntos de 15 objetos, distribuídos aleatoriamente
e contrabalanceados ao longo dos 3 intervalos de tempo, de forma que cada participante
teve acesso a conjuntos de estímulos diferentes ao longo das condições experimentais.
Tanto a distribuição das condições como a ordem da apresentação dos estímulos foram
contrabalanceados para evitar efeitos de ordem.
O procedimento consistiu em duas fases. Durante a primeira fase, a de estudo, a
pessoa era solicitada a colocar as duas mãos no interior da caixa e fazer a exploração
háptica dos 15 objetos por 5 segundos. O intervalo entre a apresentação de um estímulo
e outro foi de 1 segundo. A segunda fase tratava-se de uma tarefa que podia ser de
recordação livre ou de reconhecimento, sendo que qualquer uma delas ocorria após os
intervalos de 1, 10 ou 20 minutos.
No teste de recordação livre, o participante tinha que dizer a nome dos objetos
que lembrava ter explorado. Já no teste de reconhecimento, eram apresentados os 15
estímulos anteriormente explorados mais 15 estímulos que não haviam sido estudados, e
cada pessoa tinha que identificar quais dos objetos haviam sido apresentados
anteriormente e se esses objetos eram familiares ou não, através do procedimento
chamado remember/know.
Além da avaliação da memória háptica, foram utilizados um questionário sócio-
demográfico para a caracterização da amostra e uma avaliação neuropsicológica.
Alguns dos testes utilizados na avaliação neuropsicológica foram: Teste de Procura de
Símbolos (WAIS III - Nascimento & Figueiredo, 2002); Teste de Dígitos (WAIS III -
Nascimento & Figueiredo, 2002); Teste das Trilhas (A e B - Army Individual Test
Battery, 1944); Teste de Fluência Verbal (FAS - Benton & Hamsher, 1989).
No momento foi realizada coleta de dados com 15 idosos para a condição de
recordação. Os dados referentes a presente coleta estão em processo de análise
estatística, onde pretende-se agrupar as médias dos diferentes intervalos de tempo e
fazer comparações entre outras variáveis através de testes bivariados para grupos
independentes.
Palavras-chave: esquecimento; memória háptica; envelhecimento; avaliação
neuropsicológica
Referências
Army Individual Test Battery. (1944). Manual of Directions and Scoring. Washington,
DC: War Department, Adjutant General's Office.
Benton, A. L., & Hamsher, K. (1989). Multilingual aphasia examination manual. Iowa
City, IA: AJA Associates.
Klatzky, R. L. (1985). Identifying objects by touch: An expert system. Perception &
Psychophysics, 37, 299-302.
Luo, L., & Craik, F. I. M. (2008). Aging and memory: A cognitive approach. La Revue
canadienne de psychiatrie, 53.
Nascimento, E., & Figueiredo, V. L. M. (2002). WISC-III e WAIS-III: alterações nas
versões originais americanas decorrentes das adaptações para uso no Brasil.
Psicologia Reflexão e Crítica, 15, 603-612.
Yesavage, J. A., Brink, T. L., Rose, T. L., Lum, O., Huang, V., Adey, M. et al. (1983).
Development and validation of a geriatric depression screening scale: a preliminary
report. Journal of Psychiatry, 17, 37-49.
DAS POLÍTICAS DE BRANQUEAMENTO ÀS POLÍTICAS AFIRMATIVAS: O
PAPEL DA MEMÓRIA E DO CONHECIMENTO HISTÓRICO NAS
TOMADAS DE POSIÇÃO
Mestrando: Clóvis Pereira da Costa Júnior
Orientadora: Ana Raquel Rosas Torres
Leitor: Júlio Rique Neto
Grupo de Pesquisa: Análise Psicossocial do Comportamento Político
Inegavelmente, o preconceito racial representa um problema de extrema importância
social. Seu alcance permeia as relações estabelecidas pelos indivíduos e grupos e os
modos de constituição das interações sociais. Tais construções moldam-se por meio da
transmissão de costumes, ideologias e cultura. Do mesmo modo são construídas as
relações de exclusão e segregação nas quais se inserem os grupos minoritários como as
mulheres, os negros etc. Com efeito, a discriminação sofrida pelo negro ocorre desde
sua chegada ao Brasil na condição de mercadoria africana. Entretanto, passados 512
anos da colonização portuguesa, a situação deles permanece caracterizada por estigmas
e segregação social. Segundo Carvalho (2003), naquele ano, os percentuais de alunos e
docentes negros nas universidades públicas brasileiras oscilaram em torno de 0,5%. O
pesquisador ainda salienta que, se mantidas as condições, a projeção para os próximos
170 anos indica que o índice não ultrapassará 1% do total. Nesse contexto, discute-se a
implantação de políticas públicas promotoras de igualdade de condições para a
população negra. Trata-se das políticas de cotas raciais que, para Guarnieri e Silva
(2007) são medidas sociais que objetivam a democratização do acesso às universidades
através da reserva de vagas exclusivas para negros. Assim, o objetivo geral deste
trabalho é analisar as relações entre o conhecimento histórico sobre o lugar do negro na
sociedade brasileira e o posicionamento dos participantes no tocante às políticas de
ações afirmativas. Tratou-se de um delineamento quase experimental 2 x 2 (tipo de
contexto e tipo de escola) com pós-teste apenas, envolvendo manipulação de variáveis e
formação de grupo controle (GC) e grupo experimental (GE). Para a obtenção dos
dados, foram utilizadas duas situações experimentais diferentes. Ao grupo controle
(GC) o contexto fornecido enfocava a situação atual dos negros no Brasil, trazendo
dados sobre a desigualdade na distribuição de renda entre os brancos e negros. Ao grupo
experimental (GE) o contexto trazia informações sobre o passado dos negros no Brasil,
perpassando aspectos como a escravidão, a política de branqueamento e o pedido de
desculpas dirigido aos negros brasileiros. Participaram voluntariamente deste estudo
200 estudantes do ensino médio de João Pessoa, sendo que 47,5% eram de escolas
públicas e 52,5% de particulares. Do total, 62,3% eram mulheres, com média de idade
de 15 anos (dp=0,8). Os resultados obtidos mostraram índices bastante elevados de
rejeição às políticas de cotas raciais, tanto no grupo controle (63,3%) quanto no grupo
experimental (69,4%), ou seja, a manipulação da variável independente (conhecimento
histórico) não foi suficientemente forte para provocar uma maior adesão e aceitação das
cotas raciais. Em contrapartida, a grande maioria dos estudantes do GE mostrou-se
favorável ao pedido de desculpas. Não obstante, em relação à análise realizada a partir
do cruzamento das variáveis “posicionamento dos estudantes” e “tipo de escola”,
verificou-se efeito estatisticamente significativo [χ²(1)=30,950; p<0,001] sendo assim,
observou-se uma maior adesão às cotas raciais entre os estudantes oriundos de escola
pública (74,2%). Com efeito, constatou-se que as pertenças sociais, os níveis
socioeconômicos e a distribuição de renda obtiveram efeitos estatisticamente
significativos [χ²(3)=46,398; p<0,001]. Desta forma, é possível afirmar que,
majoritariamente, os estudantes pertencentes à classe alta encontraram-se matriculados
em instituição de ensino privada (7,7%). Já em relação à classe média baixa, os
estudantes de escola pública obtiveram maiores frequências (45,7%). Por fim, sobre a
análise realizada a partir do cruzamento das variáveis “grau de identificação racial” em
função do “tipo de escola”, utilizou-se o procedimento de redução das escalas raciais em
escalas dicotômicas a partir da mediana de cada distribuição. Como resultado, verificou-
se efeito estatisticamente significativo em relação aos “morenos” [χ²(1)=9,491; p<0,05]
e “negros” [χ²(1)=9,775; p<0,05]. Tomados em conjunto, os resultados indicam que,
embora os participantes que se auto identificaram com brancos estejam distribuídos
igualmente nos dois tipos de escola, os participantes que se auto identificaram com
negros ou morenos se concentram nas escolas públicas. De modo geral, observou-se a
manutenção do sistema que nega possibilidade de acesso e ascensão profissional aos
negros brasileiros. Ademais, é possível afirmar que o posicionamento da amostra
pesquisada organizou-se baseado em critérios de pertenças sociais, sendo aqueles que
possuem melhores condições financeiras encontram-se vinculados a instituições
particulares e mostram elevados índices de rejeição às cotas raciais. Os resultados serão
discutidos à luz das formas de expressão do preconceito racial no Brasil.
Palavras chave: Ações Afirmativas; Preconceito Racial; Negros Brasileiros.
Referências:
Carvalho, J. J. (2003). Ações Afirmativas para Negros e Índios no Ensino Superior: a
Proposta dos NEADs. Universidade e Sociedade, 29, 61 – 67.
Guarnieri, F. V., & Silva, L. L. M. (2007). Ações afirmativas na educação superior:
rumos da discussão nos últimos cinco anos. Psicol. Soc.,19, 70 - 78.
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