CAIS SR
CATÁLOGO DO ACERVO
GOVERNADORGERALDO ALCKMIN
SECRETÁRIODAVID EVERSON UIP
COORDENADORGERALDO REPLE SOBRINHO
DIRETORSONIA REGINA GOBI COMISSÃO DO MUSEUANGELA MORAIS PASCHOALINCARLOS FERNANDO ZORZICERES SCHWARZ SPERADEOMIRA ZANQUETA CARVALHODULCINÉA TAVARES DA SILVAMARIA AMÉLIA PEREIRAMARIA TEREZA GALAN JORDÃO
CATÁLOGO
COORDENAÇÃO TÉCNICACECÍLIA SOARES ESPARTA
CONSULTORIA MUSEOLÓGICAMARILÚCIA BOTTALLO
PRODUÇÃO EXECUTIVAMARÍLIA SILVEIRA
PESQUISA HISTÓRICADANIELA DOMINGUES LEÃO DO RÊGO
FOTOGRAFIAROGÉRIO LACANNAGERSON TUNG
DESIGN GRÁFICOGERSON TUNG
COORDENAÇÃO ADMINISTRATIVAAEP SERVIÇOS CULTURAIS
CAIS SRCATÁLOGO DO ACERVO
Apoio:
4
AGRADECIMENTOSA TODA A EQUIPE DO CAIS SR, EM ESPECIAL: ANGELA MORAIS PASCHOALIN,
CARLOS FERNANDO ZORZI E CERES S. SPERA, E A RAFAEL REATO SILVA E GLAUCO SCAGLIA
PELA IMPORTANTE CONTRIBUIÇÃO NO TRABALHO DE DIGITALIZAÇÃO DAS FOTOS HISTÓRICAS.
ÍNDICEO CAIS SR 7
OS SANATÓRIOS-COLÔNIA 9
O MUSEU DO CAIS SR 13
DEPOIMENTO DE CERES S. SPERA SOBRE O MUSEU DO CAIS SR 14
O CATÁLOGO 16
REFEITÓRIO 18
CORREDOR INTERNO 20
ESCRITÓRIO 26
CAFETERIA 30
ENFERMARIA DA TISIOLOGIA 31
SALA DA CAPELA 34
SALA MORTUÁRIA 46
SALA DE MEDICAÇÃO/ENFERMAGEM 50
SALA DE DESINFECÇÃO 62
CONSULTÓRIO MÉDICO 66
COPA 68
ENFERMARIA DA PSIQUIATRIA 70
SALA DE ARTES 74
SOM E CINEMA 76
CONSULTÓRIO ODONTOLÓGICO 82
COSTURA, TIPOGRAFIA E SAPATARIA 88
LABORATÓRIO E FARMÁCIA 96
MALEIRO 100
RADIOLOGIA 102
BARBEARIA 106
ISOLAMENTO 112
BANHEIRO 116
SALA DE ELETROCONVULSOTERAPIA (ELETROCHOQUE) 118
ÁREA EXTERNA 121
PUBLICAÇÕES 1 24
FOTOGRAFIAS HISTÓRICAS 128
REFERENCIAS/FONTES 143
6
7
O Centro de Atenção Integral à Saúde de Santa Rita do
Passa Quatro (CAIS SR) foi inaugurado sob a denominação de
Sanatório Colônia de Santa Rita com a finalidade de atender
pacientes portadores de patologia tuberculósica. Ao final de
1973 converte-se em hospital psiquiátrico e em meados de 1999
passa a ser denominado Centro de Atenção Integral à Saúde
de Santa Rita. Em 2007 passa a pertencer ao Departamento
Regional de Saúde de Ribeirão Preto (DRS XIII), tendo
atualmente as seguintes finalidades:
• ser referência na área de Saúde Mental, oferecendo
assistência especializada, em regime de internação,
atendimento ambulatorial e de residência terapêutica,
observadas as necessidades locais e regionais;
• qualificar e ampliar a assistência do seu Programa de
Álcool e Drogas, implementando projetos específicos
no Programa de Assistência Hospitalar;
• ser campo de ensino e pesquisa de graduação e pós-
graduação, promovendo a gestão participativa em
todos os níveis.
Há mais de 20 anos e até mesmo antes da criação do SUS
o modelo de atenção em saúde mental no Brasil vem sofrendo
mudanças. No final da década de 1970 os trabalhadores em
saúde mental iniciaram um movimento antimanicomial,
chamando a atenção da sociedade para a necessidade de
se buscar alternativas de tratamento para os portadores de
sofrimento mental. O questionamento do modelo asilar e a luta
pela desospitalização resultaram na articulação do projeto
do deputado Paulo Delgado, que seria transformado em lei
em 2001 (10216/2001) e que afirma a posição do Ministério da
Saúde e da sociedade brasileira a favor de uma nova forma,
mais humanizada, de cuidado aos portadores de doença
mental. Desde 1989 o Ministério da Saúde vem emitindo
portarias que definem a desinstitucionalização como meta
operacional no país. Essas portarias permitiram a instalação de
serviços secundários baseados na atenção comunitária.
A construção desses serviços substitutivos ao manicômio
é uma realidade que proporciona novas perspectivas aos
trabalhadores e usuários do sistema em todo o país. A política
do Ministério da Saúde para o setor confere aos centros de
atenção psicossocial (CAPS) a organização e a articulação da
rede de assistência no território nacional.
O CAIS SR
8
9
Desde as últimas décadas do século XX, o interesse
pela história das práticas médicas e do sanitarismo tem
crescido mundialmente, revelando um extenso universo de
possibilidades de leituras propiciadas por este terreno de
estudo. Ao mesmo tempo, essa curiosidade aguçada expõe
o quanto há que se pesquisar e debruçar sobre a história da
medicina e das suas ações, especialmente em nosso país.
Recuperar a memória do cotidiano e das práticas
médicas ocorridas no Estado de São Paulo com a construção
dos Sanatórios-Colônia, na primeira metade do século XX, e
resgatar seus desdobramentos possibilitam apreciar diferentes
aspectos que fazem da medicina e da saúde pública um campo
de conhecimento rico, relacionado com as transformações
geopolíticas em nosso país.
A política desenvolvimentista brasileira do pós-guerra
gerou um aumento significativo de oferta de trabalho
nos centros urbanos, o que atraiu expressivo contingente
populacional do campo para as cidades, além do fluxo
imigratório proveniente da Europa. O resultado foi a
aglomeração de populações em centros urbanos com parcas
estruturas, agravando a insalubridade de ambientes. As más
condições de higiene e moradia nesses locais favoreceram,
assim, o aparecimento de surtos epidêmicos, sendo o mais
comum o da tuberculose.
A tuberculose tinha uma representação social
singular. Apesar de a cura, naquele período, ser fundada no
clima, na alimentação e no repouso, a doença era marcada
culturalmente por uma imagem ambígua: carregava, ao
mesmo tempo, a aura poética da boemia e a repulsa que exigia
o isolamento imediato do infectado. O combate à tuberculose
já constava da pauta da saúde pública no Brasil muito antes
do período da instalação dos Sanatórios-Colônia, nas décadas
de 1940 e 1950. Como resultado da reforma sanitária proposta
por Carlos Chagas em 1920, surgiu a Inspetoria da Profilaxia da
Tuberculose, a partir de uma iniciativa pioneira de ordenar os
diversos equipamentos de saúde pública, especificando funções
e atribuições para as instalações.
No período do governo de Getúlio Vargas, entre 1930
e 1945, foram criados, no Ministério da Educação e Saúde,
programas em âmbito nacional, como o Plano Federal de
Construção e Instalação de Sanatório e o Serviço Nacional de
Tuberculose, cujos eixos norteadores visavam empreender
ações educacionais e construir sanatórios. Assim, na década
de 1940, muitos sanatórios foram construídos para atender
os enfermos que deviam sair do núcleo urbano para habitar
ambientes controlados. Nesse período, diversas cidades
paulistas receberam equipamentos desse tipo: Divinolândia,
Mandaqui, São Paulo, Lins, Catanduva, Santos, Rubião Júnior e
Santa Rita do Passa Quatro.
O Sanatório-Colônia de Santa Rita do Passa Quatro foi
inaugurado em 22 de maio de 1950, com a finalidade exclusiva
de atender pacientes portadores de tuberculose. O primeiro
OS SANATÓRIOS-COLÔNIA
“BUSCARAM SAÚDE COMO PERSPECTIVA DE CONTINUIDADE DOS SEUS SONHOS...”
10
diretor clínico do complexo chamava-se Benedito Correia; o
administrador, Emílio Sartori. O projeto original previa um
complexo com 10 unidades pavilhonares, comportando 1000
leitos. Sua construção, no entanto, foi concluída apenas em
1960. Segundo depoimento de dois dos funcionários mais
antigos do Sanatório-Colônia – o casal Milton Marques Mondim
e Ana Ventura Ferreira Mondim, que atuaram no sanatório
antes mesmo de sua inauguração, a convite do então diretor do
Hospital de Divinolândia, o Dr. Benedito Correia –, o Sanatório
foi inaugurado com apenas três seções concluídas: o refeitório,
a lavanderia e o laboratório.
De diversas maneiras, estruturas como esta evidenciaram
as relações de poder existentes na sociedade, “mascaradas, em
geral, sob a ideologia do desenvolvimento, do conhecimento, do
progresso” (VIANA; RIBEIRO, 2011, p. 260). Nessas relações, os
Sanatórios-Colônia cumpriram um papel singular, uma vez que,
na prática, eram construídos para que os enfermos vivessem
ali, no confinamento, a vida que lhes restasse. Por esta razão,
a presença da morte e a crença religiosa faziam parte do
cotidiano dos pacientes e funcionários do Sanatório, como é
revelado pelos objetos de culto do acervo e pelos depoimentos
colhidos durante a pesquisa.
Passada a fase crítica da epidemia de tuberculose, e
aproveitando a vocação confinatória do hospital, a finalidade
do Sanatório de Santa Rita começou a mudar, como pode ser
observado em legislações do final da década de 1960. O decreto
50.912, de 25 de novembro de 1968, e o artigo 89 da Lei 9717,
de 30 de janeiro de 1967 determinaram que o Sanatório
Colônia de Santa Rita do Passa Quatro também deveria
atender pacientes da tisiologia com transtornos psiquiátricos.
Finalmente, em 1972, o complexo sanatorial passou
a receber somente pacientes com transtornos mentais,
oriundos principalmente do Departamento Psiquiátrico II
do Juqueri, em Franco da Rocha (estado de São Paulo), cuja
lotação beirava níveis críticos. Consta no depoimento de
antigos profissionais daquela época que esses pacientes eram
transferidos sem que houvesse qualquer investimento na
preparação e formação dos servidores – situação que seria
observada ainda em meados da década de 1990. Em 30 de
maio de 1973 o Sanatório de Santa Rita teve sua denominação
alterada para Hospital Psiquiátrico de Santa Rita do Passa
Quatro, ficando subordinado ao Departamento Psiquiátrico I
da Coordenadoria da Saúde Mental.
A fase manicomial do Hospital, iniciada em plena
ditadura militar, acompanha a história da psiquiatria em
nosso país. O acervo nos revela como a política de controle
sanitário funcionava por meio de exclusão. O retrato é
semelhante ao relatado pela jornalista Daniela Arbex em
seu livro Holocausto Brasileiro – Genocídio: 60 mil mortos
no maior hospício do Brasil, que traz à tona o precário
critério médico que embasava as internações no Hospício
de Barbacena, em Minas Gerais, no começo do século XX. A
autora aponta que cerca de 70% dos atendidos na Colônia de
Barbacena não sofriam de doença mental. “Eram epiléticos,
11
alcoólatras, homossexuais, prostitutas, gente que se rebelava
ou que se tornara incômoda para alguém com mais poder”
(ARBEX, 2013). Assim, é concebível imaginar que o modelo
manicomial tivesse se prestado, também, a objetivos políticos,
calando vozes dissonantes. Segundo os relatos orais colhidos
durante a pesquisa histórica em Santa Rita, o trato com os
pacientes no período inicial do Hospital Psiquiátrico de Santa
Rita era bastante severo, sendo comum o emprego de métodos
condenados, como o uso descomedido de eletrochoque e até
castigos físicos.
De modo geral, o modelo manicomial passou a ser
contestado a partir da década de 1980, com a constituição
do Movimento de Luta Antimanicomial. Considerando a
inadequação do atendimento em Santa Rita do Passa Quatro,
propôs-se como solução uma transformação na assistência
prestada, e não o fechamento da unidade. A partir de 1996,
foi implantado no Hospital um projeto assistencial norteado
pelo acolhimento, vínculo, responsabilidade e resolutividade,
promovendo a individualização e a ressocialização dos
pacientes. Atualmente, o Hospital se denomina Centro
de Atenção Integral à Saude – CAIS. Grande parte de sua
demanda atual é de pacientes com dependência química,
relacionada ao uso de álcool e outras drogas.
É possível perceber que a trajetória do CAIS SR traz uma
contribuição valiosa para a memória da saúde em nosso país.
Como não poderia deixar de ser, a instituição é, e sempre será,
fruto de seu tempo. Em seis décadas, a atuação do Hospital
se pautou no combate a males também relacionados com
seus respectivos períodos históricos. Primeiro, o sanatório
respondeu ao surto epidêmico da tuberculose do início do
século XX; depois, serviu ao modelo manicomial observado
nas décadas de 1960 e 1970; atualmente, age em uma das
principais questões da saúde pública contemporânea, a
dependência química. Uma característica especial difere esta
instituição de muitas: o Hospital preservou sua memória,
possibilitando-nos hoje compreender e pesquisar um passado
pouco revisitado e contribuindo significativamente para o
estudo da história da saúde pública em nosso país.
12
13
Criado em 2000, o Museu do CAIS de Santa Rita do
Passa Quatro – município situado a oeste de São Paulo –
detém um significativo acervo de objetos e documentos
que retratam a trajetória da instituição à qual se vincula,
desde a sua fundação, na década de 1950. As cerca de duas
mil peças do acervo museológico incluem equipamentos e
utensílios diversos, mobiliário, materiais de uso comum e
instrumentos clínicos, além de discos, livros, fotografias e
acervo documental.
Trata-se de exemplar singular no estado de São Paulo por
reunir tal combinação de coleções, de grande relevância para o
registro, estudo e preservação da memória da saúde na região
Sudeste e no país. O acervo ilustra as épocas vivenciadas
pela instituição, abrangendo materiais relativos não apenas
ao tratamento clínico da tuberculose – doença endêmica
no país até os anos 1970 –, como ao dia-a-dia dos pacientes,
como itens relativos a lazer e cultura. Outro conjunto
importante de peças refere-se ao período em que a unidade
já se voltava ao trabalho com saúde mental, testemunhando
um período dramático em que o tratamento às doenças
mentais se baseava na contenção e na reclusão social, quadro
que foi sendo gradualmente transformado com a reforma
psiquiátrica. Além do acervo museológico e documental,
a própria edificação que abriga o Museu tem importância
arquitetônica, histórica e cultural.
A criação do museu se deu no âmbito de um programa
da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo de estímulo
a projetos culturais com função humanizadora dentro de
seus equipamentos e por iniciativa de alguns funcionários
do Hospital que, à época, enxergaram na constituição de
um espaço de memória uma oportunidade e um meio para
a inclusão e o exercício da cidadania, não apenas para os
pacientes, mas também para a comunidade. Entenderam
que tal espaço se configuraria como patrimônio social e
cultural tangível e intangível e poderia ser explorado de modo
a aproximar as pessoas de dentro e de fora da instituição,
através da compreensão e do compartilhamento de sua
história comum. A salvaguarda e a exposição do acervo ao
público contribuem para sensibilizar os visitantes para a
questão da saúde pública em nosso país, em especial a saúde
mental a qual, a despeito de avanços conquistados, ainda hoje
requer muita reflexão e debate por parte da sociedade.
O MUSEU DO CAIS SR
14
“A sensação experimentada diante das reações dos visitantes neste espaço
onde duas patologias estigmatizantes são mostradas e explicadas com detalhes é
algo palpitante, surpreendente.
O visitante se sente tocado pelo acervo e pela história da vida das pessoas
que trataram e foram tratadas neste lugar. As reações nunca são de indiferença,
ao contrário, há muitas manifestações de choque, piedade, empatia e tentativas de sentir o sofrimento do outro. Durante a visita guiada, temos o
cuidado de evitar qualquer apelo sentimentalista, então, o que o visitante expressa é sua mobilização interna que ocorre a partir do que ele vê, sente
e ouve.
Desenvolvemos no projeto de Educação Patrimonial várias atividades pedagógicas ao fim das visitas para avaliar a percepção das pessoas
e os perfis de visitantes. Interessa-nos saber o que experimentaram no contato com uma realidade tão fora do seu cotidiano. O que obtivemos até
agora como resultado foi uma série de variáveis que muitas vezes nos surpreenderam: desde uma admiração pelo trabalho efetuado com as pessoas
adoecidas, pela abnegação dos funcionários, seja no êxito das curas, ou nos momentos de perdas quando a “doença venceu”, e ainda admiração pela
capacidade dos funcionários de suportar as dificuldades sem desistir, reclamando, mas seguindo adiante.
Temos tido muitos depoimentos de visitantes que sentiram a necessidade de fazer uma avaliação de suas vidas, valorizando a saúde,
mudando alguns hábitos e comportamentos. Houve também críticas construtivas.
Também observamos que o acervo é realmente um disparador de conhecimento e aguça a curiosidade do observador, facilitando o
aprendizado nas questões de saúde, principalmente àquelas ligadas à prevenção.
Além disso, perceber o avanço tecnológico pela observação dos equipamentos no Museu – o que se tinha em 1950, época da inauguração do
Hospital, e os modernos recursos de hoje, é um eixo temático também explorado no nosso trabalho.
De modo geral o visitante é bastante atento ao acervo exposto, o nosso sentimento é que a visitação está aquém numericamente da
importância do patrimônio apresentado e dos objetivos de difusão do mesmo. Sabemos, porém, que a falta de público é um dos fatores a serem
enfrentados e mudados em vários museus e espaços culturais brasileiros. Esperamos que políticas públicas sejam formuladas no sentido de
valorizar este segmento educativo, para que ele seja mais e melhor utilizado na formação cultural do nosso povo. Museu não é lugar de ‘coisas
velhas’ e sim de aprender e mudar, depois de comparar.”
* psicóloga, trabalhou no CAIS SR e foi uma das fundadoras do Museu, atuando ainda hoje, como voluntária, para mantê-lo vivo e ativo.
DEPOIMENTO DE CERES S. SPERA* SOBRE O MUSEU DO CAIS SR
15
16
O projeto deste catálogo pôde ser executado graças a
um prêmio concedido através do Edital 14/2012 para difusão
de acervos museológicos do Programa de Ação Cultural da
Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo. O objetivo do
projeto era catalogar uma parte do acervo museológico do
Museu do CAIS-SR e compor um registro fotográfico atual,
individualizado e a cores dos objetos mais importantes que o
constituem, acompanhado de ficha catalográfica contendo os
dados técnicos e descritivos das peças.
Ao pensar uma estrutura para o catálogo, consideramos
que ela deveria reproduzir virtualmente, ainda que de maneira
aproximada, o percurso provável de uma visita presencial ao
Museu, respeitando o projeto expográfico original pensado
pelos criadores do espaço. Mas a visita na verdade já se
inicia do lado de fora dele, uma vez que, por se tratar de
um equipamento integrado ao complexo de saúde, o Museu
e seu entorno, com os edifícios, as árvores, as áreas livres,
os passadiços e as pessoas que por lá circulam formam um
conjunto dotado de carga referencial, em que os elementos
externos compõem o introito que prepara o visitante para a
experiência que se seguirá dentro do Museu.
Adentra-se a unidade pelo refeitório, um grande salão
que liga as duas alas do pavilhão: respectivamente, a ala A,
dedicada à tisiologia ou tuberculose, e a ala B, dedicada à
memória da psiquiatria na sua fase manicomial. É importante
lembrar que as visitas presenciais são sempre guiadas (com
necessidade de agendamento prévio) e acompanhadas de
informações contextuais sobre a história da instituição e
de seu acervo. Sem essa mediação, torna-se difícil para o
visitante enxergar a relevância do patrimônio histórico-
-cultural representado pelos ambientes e peças em exposição e
compreender a importância de se preservar essa memória.
É também com este propósito que o catálogo agrega
referências sobre as peças e os espaços descritos, de acordo
com a sequência das salas em cada uma das alas. O usuário do
catálogo tem, é claro, toda a liberdade de estabelecer o trajeto
que quiser para sua pesquisa, mas terá sempre a referência
de outros objetos que se encontram nas salas que escolher
O CATÁLOGO
* Navegue pelo do acervo clicando sobre a planta baixa.
17
consultar. Ressaltamos, porém, que dado o escopo limitado do
projeto, não seria possível abranger e catalogar todas as peças
do acervo em questão. Assim, foram priorizadas aquelas mais
representativas, do ponto de vista histórico e museológico, não
tendo sido incluídos vários exemplares similares de um mesmo
tipo de peça. Os mesmos critérios foram também aplicados à
seleção dos ambientes retratados.
Foi desenvolvida uma ficha catalográfica sucinta para
as peças, com campos de identificação fundamentais que são
listados e explicados abaixo:
1. Imagem do objeto: é apresentada pelo menos uma
imagem de cada objeto, mas em alguns casos, há
vistas de detalhes ou outros ângulos dele;
2. Número de registro museológico: constituído
da identificação Tb quando se trata de objeto
representativo da fase da Tuberculose (tisiologia), Ps
para aqueles referentes à fase da Psiquiatria, e Tb-Ps
para objetos pertinentes a ambas as fases, seguido de
número sequencial de catalogação;
3. Topografia, isto é, a localização do objeto no Museu,
segundo a identificação de cada sala;
4. Denominação do objeto: nome pelo qual ele é
conhecido. Sempre que possível, foram acrescidos
dados físicos e culturais sobre o objeto, tais como
nome do autor ou do fabricante, data de produção ou
fabricação e indicação de sua funcionalidade;
5. Dimensões: são as medidas de altura, largura e
profundidade ou diâmetro do objeto, em centímetros;
6. Referências bio/bibliográficas: informações sobre a
história do objeto no CAIS-SR.
Os dados e informações de catalogação foram
coletados através de pesquisa documental nos registros da
administração do Hospital e de entrevistas com funcionários
e ex-funcionários do CAIS SR durante visitas técnicas, em
consultas bibliográficas e em diferentes sites na Internet, cujas
referências encontram-se ao final deste trabalho.
18
REFEITÓRIO É o primeiro espaço que se adentra no museu. Foi utilizado como sala de refeições em
ambos os períodos do Hospital. Durante o período da tuberculose, o refeitório possuía
cadeiras e mesas móveis de madeira. Com a vinda dos pacientes psiquiátricos, esse
mobiliário foi substituído por mesas e bancos de alvenaria, que são mais resistentes,
necessitando de pouca ou nenhuma manutenção e, por serem fixos, eles não poderiam
ser usados em eventuais agressões.
19
PS 01 REFEITÓRIO Aparelho de TV, marca Philco, embutido em uma caixa de madeira. 60X90X60 cm
O aparelho de TV foi utilizado no período da Psiquatria. Foi instalado no refeitório, fora do alcance dos pacientes, a uma altura de 1,95 m em relação ao chão. A intenção era evitar acidentes e preservar os pacientes e o próprio aparelho.
TB-PS 02 REFEITÓRIO Luminária do tipo pendente, com corrente de metal e cúpula de vidro leitoso. 25 diam. Toda a iluminação dos pavilhões, originalmente feita com lâmpadas incandescentes, foi substituída ou complementada ao longo do tempo por luminárias com lâmpadas fluorescentes.
20
CORREDOR INTERNO
A ligação entre as salas do museu é feita pelo corredor interno. Nele encontram-
se objetos que compunham o pavilhão original, tais como o relógio de ponto,
escarradeiras e lixeiras de parede e peças de mobiliário, mas também elementos
acrescentados posteriormente, como luminárias com lâmpadas fluorescentes e as
grades de metal que separavam a ala dos pacientes psiquiátricos da área onde ficavam
os funcionários do Hospital.
21
CORREDOR INTERNO Detalhe do rodapé com encontro arredondado no piso, acabamento indicado na arquitetura hospitalar, seguido na construção do edifício.
22
23
TB-03 CORREDOR INTERNO Escarradeira - recipiente onde se escarra ou cospe. Este é de porcelana, com tampa de metal e fixada na parede, da marca Hygéa. 29,5 x 25,5 x 24,5 cm diam.
Utensílio utilizado na época da Tuberculose, provido de um pedal que, ao ser acionado, abria a tampa de metal do recipiente, de modo a evitar o contato das mãos com o mesmo. A medida visava prevenir a contaminação da doença. Cada pavilhão contava com 22 escarradeiras, que também eram utilizadas em outros espaços do complexo.
24
PS 04 CORREDOR INTERNO Alambrado ou portão de ferro. 215x98 x3 cm.
Grade que separava a ala dos pacientes psiquiátricos da área onde ficavam os funcionários do Hospital, com a finalidade de vigilância e ação em caso de surto, agressões etc.
25
TB-PS 05 CORREDOR INTERNO Porta cartão de ponto. Dispositivo para guardar as fichas de registros de entrada, período de almoço e saída de funcionários. 89x48x5 cm.
TB-PS 06 CORREDOR INTERNO Relógio de ponto. Relógio provido de dispositivo que registra a hora de entrada ou saída de funcionários de uma firma num cartão. Marca Dimep. Década de 1930. 1930. 107x40 x30 cm.
O relógio de ponto foi instalado no período da Tuberculose, na década de 1950 e utilizado até o final dos anos 1990.
26
ESCRITÓRIO Nesta sala estão reunidas peças de mobiliário e outros objetos típicos de um escritório,
como escrivaninha, cadeiras, máquinas de escrever, telefone, armário de arquivo etc.,
ilustrando como seria o ambiente administrativo desta ala do Hospital quando ela ainda
estava em funcionamento.
27
TB-PS 07 ESCRITÓRIOcadeira com braços, de madeira 85x54x45 cm.
Confeccionada no próprio hospital à época de sua inauguração, assim como vários outros móveis utilizados no local.
28
TB-PS 08 ESCRITÓRIO Mesa de trabalho modelo escrivaninha, de madeira escura, com dois gaveteiros laterais com quatro gavetas cada e uma gaveta central. 82x170x78 cm. Confeccionada no próprio hospital à época de sua inauguração, assim como vários outros móveis utilizados no local.
29
TB-09 ESCRITÓRIO Telefone de parede com corpo de madeira, acoplamentos de metal e cordão de tecido. Patenteado em 1901 e fabricado em 1908.. 47x21x12 cm.
Instalado no Sanatório em 1950.
30
CAFETERIA A cafeteria, montada nos anos 1990, representou a transição do modelo manicomial para
o modelo de tratamento psiquiátrico humanizado. O ambiente converteu-se em ponto de
encontro entre pessoas de fora e de dentro da instituição, servindo também para abrigar
eventos diversos. Há no ambiente um quadro de autoria do artista naïf Ranchinho, que
esteve presente na inauguração do museu em 19/09/2000 e fez a doação da obra. Esta
representa a inserção nas artes de pessoas antes excluídas por terem dificuldades de
comunicação (o artista era surdo-mudo).
31
ENFERMARIA DA TISIOLOGIA
Na época da tuberculose as enfermarias possuiam menos leitos e havia a preocupação
com a privacidade do paciente. Um exemplo disso era o uso de biombo durante a
realização de atendimento aos acamados. Todas as enfermarias também eram dotadas
de janelas com venezianas e abertura no chão para promover a constante circulação e
renovação do ar, um dos pilares do tratamento da doença. As bandeiras basculantes no
alto dessas janelas e no topo da parede tinham a mesma finalidade. Quando convertido a
hospital psiquiátrico, o edifício sofreu adaptações para controlar a possibilidade de evasão
ou acidente com os novos pacientes, assim muitas janelas, por exemplo, foram reduzidas
ou gradeadas.
32
(ESQUERDA) TB-12 ENFERMARIA DA TISIOLOGIA Cilindro de oxigênio com capacidade de 5 litros. Marca White Marins. 165x24 cm. 65kg
Pacientes com tuberculose em estágio avançado, na fase crítica da doença, utilizavam o cilindo de oxigênio para auxiliar a respiração.
(AO CENTRO) TB-13 ENFERMARIA DA TISIOLOGIA Leito ou cama hospitalar de ferro com estrado de mola. 97x95x197 cm.
Cada leito recebia um número de identificação, pintado na parede, sobre a cabeceira. Na inscrição “720 A”, 7 é o número do pavilhão e 20, do leito. Há ainda marcas de um terceiro algarismo que está apagado e ilegivel.
(A ESQUERDA) TB-14 WENFERMARIA DA TISIOLOGIA Suporte para soro composto de uma haste de ferro com quatro ganchos. 182x47x26 cm.
A estrutura era utilizada para sustentar bolsas de soro próximas aos pacientes que recebiam medicação por via intravenosa.
33
TB-11 ENFERMARIA DA TISIOLOGIA Botoeira ou campainha. Dispositivo utilizado por pacientes acamados para chamar enfermeiros e médicos. 42 x 23,5 x 2 cm.
Estes dispositivos foram desativados e retirados no período da Psiquiatria.
TB-10 ENFERMARIA DA TISIOLOGIA Biombo articulado, com três divisórias, estrutura de madeira e painéis de algodão cru. 1665 x 2468 x 2,2 cm
O biombo era utilizado para separar os leitos, com o intuito de preservar a privacidade dos pacientes e permitir que procedimentos fossem realizados reservadamente.
34
SALA DA CAPELA
O ambiente expressa a religiosidade vivida intensamente pela maior parte dos pacientes
tuberculosos os quais também, majoritariamente, professavam a religião católica. A
segunda religião mais seguida por eles era o espiritismo. A presença muito próxima da
morte, dada a letalidade da tuberculose em sua fase epidêmica e até serem descobertos
medicamentos mais eficazes para combatê-la, tornava a religião e a participação nos ritos
religiosos um meio de aplacar a angústia cotidiana. Já para os pacientes psiquiátricos,
a participação religiosa se revelou importante como meio de inserção social, uma vez
que alguns deles eram levados para acompanhar as procissões católicas que ocorriam
ao longo do ano. Mas isso por iniciativa de alguns funcionários diligentes que usavam a
oportunidade para levar os pacientes para fora da instituição e para perto da comunidade.
35
TB-15 SALA DA CAPELA Andor: Serve para sustentar, sobre os ombros, imagens e ícones durante procissões religiosas. 25x180x50 cm.
Peça utilizada nas procissões católicas realizadas no Sanatório e na cidade. Cultos religiosos, principalmente católicos, eram bastante presentes no cotidiano da instituição. As limitações impostas pelo tratamento, a rotina da doença e a presença da morte como um evento corriqueiro levavam muitos pacientes a buscar na fé religiosa uma fonte de conforto e esperança. A segunda religião mais seguida era o espiritismo.
36
TB-22 SALA DA CAPELA Cruz de madeira, doada pela capela da Santa Casa da Misericórdia da cidade. 261 x 165 x 25 cm.
Utilizada em procissões e outras cerimônias católicas.
37
TB-21 SALA DA CAPELA Crucifixo de madeira, proveniente da capela do Hospital. 29x17 cm.
Utilizado na extrema-unção de pacientes terminais. Cultos religiosos, principalmente católicos, eram bastante presentes no cotidiano do Sanatório, no período da tuberculose. As limitações impostas pelo tratamento, a rotina da doença e a presença da morte como um evento corriqueiro levavam muitos pacientes a buscar na fé religiosa uma fonte de conforto e esperança.
38
TB-18 SALA DA CAPELA Casula roxa. A casula é uma veste litúrgica que pode ser confeccionada em cetim, damasco e brocado (tradicionalmente) e suas cores variam conforme o rito litúrgico. 101x62 cm
A roxa era utilizada em cerimônias de Páscoa em toda a Quaresma.
39
TB-19 SALA DA CAPELA Casula verde. A casula é uma veste litúrgica que pode ser confeccionada em cetim, damasco e brocado (tradicionalmente) e suas cores variam conforme o rito litúrgico. A causula verde era utilizada em missas cotidianas. 101x62 cm. A casula é uma veste litúrgica que pode ser confeccionada em cetim, damasco e brocado (tradicionalmente) e suas cores variam conforme o rito litúrgico. A cusula branca era utilizada em celebrações como natal, casamento, e outros. Cultos religiosos, principalmente católicos, eram bastantes presentes no cotidiano do Sanatório. As limitações impostas pelo tratamento, a rotina da doença e a presença da morte como um evento corriqueiro levavam muitos pacientes a buscar na fé uma fonte de conforto e esperança.
40
TB-20 SALA DA CAPELA Casula vermelha. A casula é uma veste litúrgica que pode ser confeccionada em cetim, damasco e brocado (tradicionalmente) e suas cores variam conforme o rito litúrgico. 101x62 cm.
A casula vermelha era utilizada na celebração de Santos Mártires e Festa do Divino Espírito Santo.
41
TB-16 SALA DA CAPELA Casula branca. A casula é uma veste litúrgica que pode ser confeccionada em cetim, damasco e brocado (tradicionalmente) e suas cores variam conforme o rito litúrgico. 101x62 cm.
A casula branca era utilizada em celebrações como Natal, casamentos, e outros.
42
TB-17 SALA DA CAPELA Casula preta. A casula é uma veste litúrgica que pode ser confeccionada em cetim, damasco e brocado (tradicionalmente) e suas cores variam conforme o rito litúrgico. 101x62 cm.
A cusula preta era utilizada na cerimônia de extrema-unção.
43
TB-23 SALA DA CAPELA Matraca: placa de madeira e ferro que, girada sobre o próprio eixo, produz sons repetidos e monótonos. Proveniente da capela do Hospital. 42 x 22 x 4,5 cm.
Utilizada nas cerimônias relacionadas à Semana Santa. No Sanatório, era também utilizada para avisar as pessoas da chegada do capelão e chamar para a celebração de missas.
TB-24 SALA DA CAPELA Porta-vela de procissão. 166x17x17 cm.
Peça utilizada nas procissões católicas realizadas no Sanatório.
44
TB-26 SALA DA CAPELA Sombrinha de procissão. 120x100 cm.
Peça utilizada nas procissões católicas realizadas no Sanatória e na cidade. Cultos religiosos, principalmente católicos, eram bastante presentes no cotidiano do Sanatório, no período da tuberculose. As limitações impostas pelo tratamento, a rotina da doença e a presença da morte como um evento corriqueiro levavam muitos pacientes a buscar na fé religiosa uma fonte de conforto e esperança.
45
TB-25 SALA DA CAPELA Senhor Morto sobre base atributiva, ambos de gesso. 27x91x30 cm.
As limitações impostas pelo tratamento, a rotina da doença e a presença da morte como um evento corriqueiro levavam muitos pacientes a buscar na fé religiosa uma fonte de conforto e esperança, por isso as unidades contavam com várias ícones religiosos, na maioria católicos.
46
SALA MORTUÁRIA
Com um grande número de óbitos diários nos anos 50, o sanatório recebia médicos
e estudiosos de fora que vinham para conhecer mais sobre a patologia. Dos ganchos
auriculares pendiam os cadáveres, cujas vísceras eram retiradas para pesquisa científica.
Conforme a doença foi sendo controlada, essa prática diminuiu e os ganchos pouco foram
utilizados posteriormente. Hoje, de acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil está entre
os 22 países de alta carga de TB, responsáveis por 82% dos casos mundiais. No País,
foram notificados 70.047 casos novos em 2012 no Sistema de Informação de Agravos
de Notificação (Sinan), o que equivale ao coeficiente de incidência (CI) de 36,1/100.000
habitantes. Quando comparado aos outros países, de acordo com a OMS, o Brasil ocupa a
17ª posição em relação ao número de casos e a 111º quanto ao CI. (Fonte: http://portalsaude.
saude.gov.br/).
47
TB-27 SALA MORTUÁRIA Caixão com estrutura de madeira e revestimento de algodão cru.33x59x195 cm.
Os caixões eram fabricados no Hospital em escala suficiente para atender o número de óbitos, para o sepultamento definitivo, o mais rapidamente possível. O custo era mínimo, pois eram fabricados com materiais baratos e reaproveitados.
48
TB-28 SALA MORTUÁRIA Gancho auricular de ferro. 36 x 21,5 x 9,5 cm.
Ganchos auriculares eram utilizados na câmara frigorífica de cadáveres do necrotério, onde ficavam os corpos dos pacientes falecidos. Nos anos de 1950 não era raro ocorrerem até 6 óbitos por dia. O Hospital não tinha outro espaço para manter os corpos até o sepultamento. Os ganchos representavam, assim, uma economia de espaço, pois os corpos pendurados ocupavam menos área do que deitados.
49
TB-29 SALA MORTUÁRIA Motor refrigerador da câmara fria, constituído de aço e outros materiais. 74x102x75. cm.
Primeiro motor do Hospital, era utilizado para manter a sala dos cadáveres refrigerada.
50
SALA DE MEDICAÇÃO/ENFERMAGEM
Esta sala reúne itens típicos de um ambiente hospitalar: seringas, agulhas, tambores
para a armazenagem e transporte de gaze esterilizada, comadres, pagapagaios,
inaladores etc. Estes materiais foram utilizados no CAIS desde do período da Tisiologia
até parte do período da Psiquiatria.
51
TB-PS 32 SALA DE MEDICAÇÃO/ENFERMAGEMArmário de madeira para guardar remédios e instrumentos médicos. 194 x 105,5 x 35,5 cm.
Encontra-se no interior desse armário uma caixa do Instituto Butantã, o que indica que pacientes e funcionários do local corriam risco de ser picados por serpentes e outros animais peçonhentos.
52
TB-PS 31 SALA DE MEDICAÇÃO/ENFERMAGEM Armário cirúrgico, com estrutura de ferro e portas de vidro. 149x50x40 cm
Estrutura periférica utilzada para guardar e disponibilizar instrumentos durante procedimentos cirúrgicos.
53
TB-PS 35 SALA DE MEDICAÇÃO/ENFERMAGEM Cartela de grampos para grampeador de sutura. 0.2x11x1 cm
TB-PS 39 SALA DE MEDICAÇÃO/ENFERMAGEM Grampeador de sutura, usado para fechar ferimentos corte-contusos com grampos. Também conhecido como grape. De metal, fabricação alemã. 8x13x2 cm.
54
TB-PS 34 SALA DE MEDICAÇÃO/ENFERMAGEMCarrinho para transporte de remédios, de ferro e alumínio, com rodízios nos 4 pés. 13.5 x 32 x 22 cm.
Equipamento utilizado entre outros para levar medicações aos pacientes.
TB-PS 44 SALA DE MEDICAÇÃO/ENFERMAGEM Porcionador de medicamentos, com tampa, de madeira. 50x57x32 cm.
Transportado sobre um carrinho para levar as doses individuais de medicamento a cada paciente.
55
TB-PS 46 SALA DE MEDICAÇÃO/ENFERMAGEMTambor para armazenagem e transporte de gaze esterilizada; de aço inox 25 x 18,5 cm.
As gazes esterilizadas eram transportadas da esterilização central às unidades dentro dos tambores.
TB-PS 47 SALA DE MEDICAÇÃO/ENFERMAGEMTambor para armazenagem e transporte de gaze esterilizada; de aço inox, 36 x 34 cm.
As gazes esterilizadas eram transportadas da esterilização central às unidades dentro dos tambores.
56
TB-PS 40 SALA DE MEDICAÇÃO/ENFERMAGEM Inalador coletivo, com fio de algodão, marca Fame. 15x19 cm.
Utilizado na enfermaria de Tisiologia. A inalação é uma terapia importante no tratamento da tuberculose pulmonar por provocar uma ação anti-inflamatória nos pulmões. Este tipo de inalador era colocado no meio do recinto, de forma a vaporizar a medicação no ambiente.
TB-PS 41 SALA DE MEDICAÇÃO/ENFERMAGEM Cachimbo de inalação individual, de vidro, com acoplamento de mangueira de borracha. 2x2x10 cm.
Conectado ao inalador, foi um importante instrumento para o tratamento da tuberculose por sua ação anti-inflamatória nos pulmões.
57
TB-PS 42 SALA DE MEDICAÇÃO/ENFERMAGEMLâmpada foco. 30x11x11 cm.
Fonte de iluminação para atendimento individual aos pacientes, à noite.
58
TB-PS 37 SALA DE MEDICAÇÃO/ENFERMAGEM Esterilizador elétrico de agulhas e seringas, de aço. 15x37x22 cm.
Utilizado no Hospital até o surgimento de seringas e agulhas descartáveis.
TB-PS 45 SALA DE MEDICAÇÃO/ENFERMAGEMSeringa de vidro. 12x1,5 cm.
Instrumento ao qual se acopla uma agulha para injetar substâncias líquidas por via intravenosa, intramuscular, intracardíaca, subcutânea, intradérmica, intra-articular, para retirar sangue, ou, ainda, realizar uma punção aspirativa em um paciente. Utilizada no Hospital até o surgimento de seringas descartáveis.
59
TB-PS 30 SALA DE MEDICAÇÃO/ENFERMAGEM Afiador de agulha: dispositivo elétrico para afiar agulhas de injeção. Corpo de cerâmica e anel amolador de esmeril. 13x21x27 cm.
Até algumas décadas atrás, agulhas de injeção não eram descartáveis, sendo reutilizadas por longos períodos. O uso prolongado, porém, provocava desgaste nas agulhas, que eram destinadas ao afiador para reuso.
TB-PS 48 SALA DE MEDICAÇÃO/ENFERMAGEM Estojo de agulhas de ágata, branco. 8x22x10 cm.
TB-PS 38 SALA DE MEDICAÇÃO/ENFERMAGEMEstojo de agulhas de aço inoxidável. 5X25X7 cm
O estojo servia para a guarda e transporte das agulhas.
60
TB-PS 36 SALA DE MEDICAÇÃO/ENFERMAGEM Comadre de aço inox, com alça: urinol geralmente usado por pessoas que não podem levantar da cama, também utilizado para a coleta de fezes. 11 x 41 x 28 cm.
61
TB-PS 43 SALA DE MEDICAÇÃO/ENFERMAGEM Papagaio: urinol usado por pacientes do sexo masculino que não podem levantar da cama. Material: vidro. 14x10x30 cm.
Este exemplar é de vidro, mas há outros no museu, de aço inox.
62
SALA DE DESINFECÇÃO
Um dos princípios mais importantes no combate à tuberculose é a esterilização dos
ambientes e objetos, para não haver o risco de proliferação do bacilo que a provoca. O
destaque nesta sala é a autoclave de comadres e pagagaios.
63
TB-PS 49 SALA DE DESINFECÇÃO Autoclave para desinfecção de comadres e papagaios. 159 x 55 cm
Equipamento desenvolvido e patenteado pelo engenheiro Alberto Cury, que gerenciou a construção do Sanatório. É tido como o primeiro do gênero na América Latina.
64
TB-PS 50 SALA DE DESINFECÇÃO Lixeira de pedal, de metal, esmaltada. 45x27x32 cm.
Utilizada para descarte de resíduos de procedimentos de enfermagem. O acionamento da tampa pelo pedal evita o contato das mãos com o objeto, reduzindo o risco de contaminação.
65
TB-PS 51 SALA DE DESINFECÇÃO Cadeira de metal, esmaltada, branca. 90x36x36 cm.
Pacientes se sentavam nessas cadeiras para receber medicação e funcionários, para faz anotações sobre procedimentos realizados.
66
CONSULTÓRIO MÉDICO
Neste consultório simples destacam-se o negatoscópio, instrumento que permite a
visualização das chapas de raio x, e a placa em homenagem à médica Anita Ostronoff
a quem uma edição de 1961 do jornal O Farol, que era feito pelos próprios pacientes, se
referiu como “mamãe Anita”, dada a grande dedicação dela a eles.
67
TB-PS 52 CONSULTÓRIO MÉDICODivã revestido em couro sobre estrutura de metal e madeira. 88x68x183 cm.
Nele ficavam deitados os pacientes durantes exames clínicos.
TB-PS 53 CONSULTÓRIO MÉDICO Negatoscópio:aparelho que torna visíveis as sombras dos raios X que, após passarem através do corpo examinado, são projetadas em tela fluorescente. Também chamado de fluoroscópio ou radioscópio. Modelo elétrico de parede. Marca BRAVE. 49x95x13 cm.
68
COPAUma das imagens mostra as aberturas na parede que divide a copa do corredor por onde
circulavam os pacientes. As grades de madeira foram colocadas na fase manicomial do
hospital, para limitar o acesso dos internos.
69
TB-PS 54 COPA SUJA Esterilizadora de bandeja a vapor com manômetro. 167x147x105 cm.
Equipamento utilizado na higienização das bandejas e talheres usados pelos pacientes, para prevenção da propagação de infecções.
70
ENFERMARIA DA PSIQUIATRIA
Quando convertido a hospital psiquiátrico, o edifício sofreu adaptações para controlar
a possibilidade de evasão ou acidente com os novos pacientes, assim muitas janelas,
por exemplo, foram lacradas. Também aumentou o número de leitos por enfermaria,
sendo que o atendimento aos acamados era feito sem nenhuma privacidade, sem uso de
biombo, por exemplo. Hoje, o biombo que se encontra nesta sala serve de suporte para
os diversos instrumentos de contenção utilizados nos pacientes psquiátricos e também
para alguns poucos objetos de uso comum deles, como chinelos, pente e cachimbo.
71
PS- 55 ENFERMARIA DA PSIQUIATRIA Bornal ou bolsa de algodão. 80x26 cm.
Dentro dessa peça os pacientes guardavam e carregavam alguns poucos objetos de uso pessoal como papel higiênico, fumo e outros.
PS- 56 ENFERMARIA DA PSIQUIATRIA Cachimbo de madeira. 15x4x4 cm.
Esse objeto é um dos poucos remanescentes dentre os objetos de uso pessoal que alguns pacientes guardavam consigo, normalmente dentro de uma bolsa de tecido.
PS- 59 ENFERMARIA DA PSIQUIATRIA Pacote de papel de seda para fazer cigarros de tabaco. 0,5x10x2 cm
O papel de seda contido nesse pacote era utilizado pelos pacientes para a confecção manual de cigarros e representa um dos remanescentes dos poucos objetos de uso pessoal que alguns deles guardavam consigo, normalmente dentro de uma bolsa de tecido.
72
PS- 57 ENFERMARIA DA PSIQUIATRIA Camisa de força feita de algodão grosso. 70x180 cm.
Colocada no paciente para restringir seus movimentos. As mangas prolongadas são cruzadas ao redor do tronco da pesssoa, impedindo-a de movimentar os braços.
73
PS- 58 ENFERMARIA DA PSIQUIATRIACinta de contenção . 12x120 cm
A cinta de contenção assim como a camisa e a pulseira de contenção era colocada no paciente para restringir seus movimentos. Nos dias de hoje a contenção mecânica é aplicada apenas temporariamente durante procedimentos de urgência. A camisa de força, porém, é proibida.
PS- 60 ENFERMARIA DA PSIQUIATRIAPulseira de Contenção. 3x22 cm. Material: couro, tecido e metal. Colocada no pulso do paciente para prendê-lo no leito.
74
SALA DE ARTES
Em ambos os períodos do Hospital foram desenvolvidas atividades de cunho artístico com
os pacientes que, dando vazão à expressão de seus sentimentos e emoções, podiam se
beneficiar desse complemento terapêutico. Nesta sala encontram-se trabalhos de pacientes
feitos durante as oficinas de arte que a instituição promoveu ao longo de vários anos.
75
TB-PS 61 SALA DE ARTESBaú de madeira. 70x200x80 cm.
Este objeto havia sido utilizado para a descontaminar sapatos na época da tuberculose sendo, anos depois, usado em uma das oficinas de decoração e pintura de objetos oferecidas aos pacientes.
76
SOM E CINEMANo período da Tisiologia foi criada dentro do Sanatório a Rádio Educadora. Ela produzia
programas variados, inclusive ao vivo, e havia também um sistema de transmissão de
som para as unidades que permitia que os pacientes trocassem bilhetes e oferecessem
músicas uns aos outros. No mesmo período funcionou o cinema. O Cine Colônia, cujas
sessões de filmes eram frequentadas por pacientes e funcionários, possuía prédio próprio
com capacidade para até 1000 pessoas. Tanto a rádio como o cinema e também o teatro da
instituição (GATS) foram criados por pacientes e também eram operados por eles.
77
TB-62 SOM E CINEMA Alto-falante. 30x60 cm.
Pertenceu à Rádio Felpes Borges, inaugurada pelo radialista de São Paulo de mesmo nome, quando de sua chegada para tratamento no Hospital. A rádio oferecia música o dia todo com uma programação interativa.O “Sanatório de Santa Rita” recebeu muitos artistas vindos da capital e de outras cidades. Um deles foi Onésio Simões Silva, conhecido como “Canarinho”, que foi internado lá em 1952 e permaneceu 14 anos. Em 1967, a sala de cinema é então batizada em sua homenagem
78
TB-63 SOM E CINEMA Cadeira ou poltrona de madeira. 77x46x50 cm.
Conjunto de cadeiras ou poltronas que acomodavam pacientes e funcionários durante eventos de cultura e lazer.
79
TB-66 SOM E CINEMA Rádio com estrutura de madeira, revestido de cortiça, com botões sintonizadores 26x39,5x25,5 cm.
80
TB-64 SOM E CINEMA Projetor de filmes. Fabricação Strong Electric (Estados Unidos). 150x52x140 cm.
Projetor trazido para o Hospital pouco depois de sua inauguração. Filmes eram trazidos do cinema da cidade. Vários pacientes participavam das ações para o funcionamento do cinema.
81
TB-65 SOM E CINEMA Projetor de filmes. 184x50x146 cm.
Projetor trazido para o Hospital pouco depois de sua inauguração. Filmes eram trazidos do cinema da cidade. Vários pacientes participavam das ações para o funcionamento do cinema.
82
CONSULTÓRIO ODONTOLÓGICO
Data da inauguração do Hospital, em 1950, e foi utilizado para a prestação de atendimento
odontológico aos pacientes tuberculosos e psiquiátricos até meados de 1970, tendo
ganhado depois disso equipamentos mais mordernos.
83
TB-PS 70 CONSULTÓRIO ODONTOLÓGICO Equipo odontológico com quatro luminárias. O conjunto de luminárias serve para a visualização dos procedimentos odontológicos. Marca Suprema. 1948. 180x100x140 cm.
Data da inauguração do Hospital, em 1950, e foi utilizado para a prestação de atendimento odontológico aos pacientes tuberculosos e psiquiátricos até meados de 1970.
84
TB-PS 67 CONSULTÓRIO ODONTOLÓGICO ‘Aparelho de raio x odontológico: produz imagens que subsidiam o diagnóstico de problemas odontológicos. 180x35x67cm.
Aparelho utilizado no atendimento odontológico aos pacientes tuberculosos e psiquiátricos até meados de 1970.
85
TB-PS 69 CONSULTÓRIO ODONTOLÓGICO cadeira odontológica. 100x55x130 cm.
Cadeira utulizada no atendimento odontológico aos pacientes tuberculosos e psiquiátricos até meados de 1970.
86
TB-PS 68 CONSULTORIO ONDONTOLÓGICOArmário de madeira para guardar remédios e instrumentos odontológicos. 150x50x50 cm.
Para armazenagem de medicamentos usados no tratamento dentário.
87
TB-PS 71 CONSULTÓRIO ODONTOLÓGICO Estufa esterilizadora de instrumental odontológico. 86x63x63 cm.
Data da inauguração do Hospital, em 1950, e foi utilizada para a prestação de atendimento odontológico aos pacientes tuberculosos e psiquiátricos até meados de 1970.
TB-PS 72 CONSULTÓRIO ODONTOLÓGICO Lixeira com tampa e pedal, de metal. 80x25 cm.
88
COSTURA, TIPOGRAFIA E SAPATARIA
Durante alguns anos a confecção de parte dos uniformes dos funcionários do Hospital era
realizada internamente. Até sapatos também foram confeccionados artesanalmente. Já a
gráfica serviu para a impressão de documentos da instituição, como formulários de exame
físico e também para a produção do jornal O Farol, editado pelos próprios pacientes, na
época da tisiologia.
89
TB-PS 73 COSTURA, TIPOGRAFIA E SAPATARIAGuarda-roupa. 180x160x58 cm.
Durante alguns anos a confecção de parte dos uniformes dos funcionários e pacientes do Hospital era realizada internamente.
90
TB-75 COSTURA, TIPOGRAFIA E SAPATARIAMáquina de costura. 75x90x45 cm,
Durante o período da Psiquiatria, o setor de costura confeccionava uniformes dos funcionários e roupas para os pacientes. As roupas eram de uso coletivo, recebendo apenas a identificação do número do pavilhão. No período anterior, da tisiologia, havia maior diversidade e personalização nas vestimentas dos pacientes.
91
TB-76 COSTURA, TIPOGRAFIA E SAPATARIAMáquina de costurar sapatos. 115x85x50cm.
Além de roupas, sapatos também eram confeccionados artesanalmente no Sanatório.
92
TB-74 COSTURA, TIPOGRAFIA E SAPATARIAGrampeadora de jornal. 140x70x35cm.
O “Sanatório de Santa Rita” recebeu muitos artistas vindos da capital e de outras cidades. Um deles foi Onésio Simões Silva, conhecido como “Canarinho”, que foi internado lá em 1952 e permaneceu 14 anos. Durante este período de tratamento dedicou-se a promover atividades artísticas, sociais e culturais no local. Uma de suas contribuições foi o jornal “O Farol”, que anunciava as atividades e estimulava a participação de seus colegas na sua produção. Assim, o acervo de equipamentos gráficos do museu retrata uma parte dessa história.
93
TB-PS 82 COSTURA, TIPOGRAFIA E SAPATARIAArmário tipográfico
Armário com gavetas, de madeira, para armazenamento e composição de tipos.
TB-PS 77 COSTURA, TIPOGRAFIA E SAPATARIAPlaca tipográfica. 25x20x3 cm.
O “Sanatório de Santa Rita” recebeu muitos artistas vindos da capital e de outras cidades. Um deles foi Onésio Simões Silva, conhecido como “Canarinho”, que foi internado lá em 1952 e permaneceu 14 anos. Durante este período de tratamento dedicou-se a promover atividades artísticas, sociais e culturais no local. Uma de suas contribuições foi o jornal “O Farol”, que anunciava as atividades e estimulava a participação de seus colegas na sua produção. Assim, o acervo de equipamentos gráficos do museu retrata uma parte dessa história.
94
TB-PS 78 COSTURA, TIPOGRAFIA E SAPATARIAVeículo de três rodas, movido por tração humana com caçamba para transporte de objetos e materiais. 220x85x70 cm.
Utilizado para transportar roupas da e para a lavanderia, entre outros objetos.
95
PS-79 COSTURA, TIPOGRAFIA E SAPATARIA Uniforme azul. 110x50cm.
Por algum tempo, uma parte dos uniformes de funcionários e das roupas dos pacientes foi confeccionada no próprio local, por esta razão o acervo co museu inclui máquinas de costura, croquis e outras peças referentes à produção de roupas. O uniforme azul era de uso dos assistentes de enfermagem.
PS-80 COSTURA, TIPOGRAFIA E SAPATARIA Uniforme branco. 100x40 cm.
O uniforme branco era de uso dos médicos e enfermeiros.
PS-81 COSTURA, TIPOGRAFIA E SAPATARIA Uniforme pardo. 100x50cm.
O uniforme pardo era de uso dos funcionários da manutenção.
96
LABORATÓRIO E FARMÁCIA
Os primeiros equipamentos do laboratório foram adquiridos a partir de 1950 e neles
se faziam basicamente exames para diagnóstico de tuberculose. Mais tarde foram
comprados equipamentos mais modernos e hoje o laboratório do Hospital atende à
demanda de todo o município de Santa Rita do Passa-Quatro para o encaminhamento de
uma diversa gama de análises, no posto de coleta. Também a farmácia, que no passado
manipulava medicamentos mais simples, como xaropes e pomadas, hoje atende, além
do Centro de Atenção Psicosocial do CAIS, o ambulatório de Porto Ferreira e Descalvado
(cidades próximas).
97
TB-PS 83 LABORATÓRIO E FARMÁCIABalança micrométrica ou de precisão, com estrutura de madeira, metal e vidro. 35x30x16 cm.
Também a farmácia, que no passado manipulava medicamentos mais simples, como xaropes e pomadas, hoje atende, além do Centro de Atenção Psicosocial do CAIS, o ambulatório de Porto Ferreira e Descalvado (cidades próximas).
98
TB-PS 85 LABORATÓRIO E FARMÁCIA Microscópio. 40x20x13 cm.
Instrumento ótico com um sistema de lentes próprio para observação, estudo e análise de microrganismos, objetos ou tecidos muito pequenas ou invisíveis a olho nu.
99
TB-PS 84 LABORATÓRIO E FARMÁCIAHemoglobinometro de Sahli. 4,5x11x17 cm.
Aparelhagem médica usada para determinação da taxa de hemoglobina. 1948.
100
MALEIRO A partir da internação o paciente psiquiátrico era despojado de seus pertences pessoais.
Estes eram recolhidos pela enfermagem e guardados no maleiro. O espaço também evoca
a lembrança dos primeiros hóspedes do Hospital que chegavam até ele vindos de trem e
aportando em uma estação próxima ao complexo.
101
TB-86 MALEIROMala de viagem. 55x18x32 cm.
O objeto evoca a lembrança dos primeiros hóspedes do Hospital que chegavam de trem e desembarcavam em uma estação próxima ao complexo hospitalar. Muitos nunca mais puderam voltar para casa.
102
RADIOLOGIA O serviço de radiologia foi importante tanto na época da Tisiologia quanto da Psquiatria,
fornecendo dados para diagnóstico. Entre as peças desta sala estão chassis e filmes
radiográficos, luvas e biombo de chumbo, leitor de abreugrafia, negatoscópio, entre outros.
103
104
TB-PS 88 RADIOLOGIAColete plumbífero de proteção radiológica. 95x50 cm,
Veste com camada de chumbo usada no serviço de radiologia para prevenir a contaminação por radiação do radiologista.
105
TB-PS 89 RADILOGIALuvas de proteção radiológica, guarnecidas de camada de chumbo. 34x13 cm.
Eram usadas no serviço de radiologia para prevenir a contaminação por radiação do radiologista.
TB-PS 87 RADIOLOGIA Alfabeto de chumbo. 2x1x0,5 cm.
O alfabeto de chumbo era utilizado para registrar informações essenciais sobre o paciente e o exame, ao se realizar a radiografia.
106
BARBEARIANos anos 1950 existiu uma barbearia central que atendia aos pacientes mediante
agendamento com sistema de distribuição de fichas. Com a mudança para a psiquiatria,
passou a haver uma barbearia em cada unidade, com um barbeiro designado para o setor.
O espelho da sala possuia proteção de madeira para evitar que pacientes o quebrassem e
ferissem a si mesmos ou a outros.
107
108
TB-PS 90 BARBEARIA Cadeira de barbeiro. 120x60x70 cm.
Quando o Sanatório passou a antender pacientes psiquiátricos, foram feitas adaptações e modificações em sua estrutura e organização. Por exemplo, passou a haver uma barbearia em cada unidade, com um barbeiro designado para o setor.
109
TB-PS 91 BARBEARIA Espelho. 120x65 cm.
No período da tisiologia, a permanência dos pacientes demandava do Sanatório Colônia de Santa a manutenção da rotina de uma série de serviços de moradia e lazer. A estrutura pavilhonar comportava equipamentos como barabearia, consultório odontológico, cinema, teatro e outros. Os objetos do acervo do museu provêm, em sua maioria, desta fase do Hospital. Quando o Sanatório passou a antender pacientes psiquiátricos, foram feitas adaptações e modificações. Por exemplo, passou a haver uma barbearia em cada unidade, com um barbeiro designado para o setor, e o espelho da barbearia precisava por vezes ser tampado por uma porta, já que alguns pacientes reagiam de forma violenta ao verem sua imagem refletida. Assim, a nova fase do hospital exigiu a implantação de procedimentos diferenciados, visando a segunça de pacientes e funcionários.
110
TB-PS 92 BARBEARIA Estojo de navalhas. 23x6x11 cm.
Por razões de segurança esse objeto foi lacrado - uma das várias medidas de precaução que tiveram que ser adotadas com a transformação para a fase psiquiátrica.
111
TB-PS 93 BARBEARIALavatório com cuba de metal91x40x50 cm.
Quando o Sanatório passou a antender pacientes psiquiátricos, foram feitas adaptações e modificações em sua estrutura e organização. Por exemplo, passou a haver uma barbearia em cada unidade, com um barbeiro designado para o setor.
112
ISOLAMENTO Este é certamente um dos ambientes que mais chamam atenção no Museu. O quarto de
isolamento ou cela forte, para onde era levado e deixado por tempo variável o paciente
psquiátrico em surto, é extremamente austero: possui apenas uma elevação no chão em
alvenaria, que funcionava como estrado para colchão mas que em alguns casos era usado
sem o complemento, para prevenir o risco de o paciente destruir o colchão e comer a
espuma, provocando a própria morte. A estreita janela ao fundo teve seu tamanho original
reduzido com cimento para não ser alcançada pelo paciente. A comunicação deste com o
lado de fora se fazia apenas através da pequena portinhola localizada no meio da porta
do quarto. Era por essa diminuta passagem que ele recebia medicação e alimentação e era
observado. O ambiente não possui vaso sanitário ou chuveiro, apenas uma área rebaixada,
de 1,0 x 1,0m, com um ralo central, usada como latrina.
113
PS 94 ISOLAMENTO Cama de alvenaria. 25x98x197 cm.
Na segunda metade da década 1960, o Sanatório Colônia de Santa Rita passou a tratar os distúrbios psiquiátricos apresentados pelos pacientes tuberculosos. O isolamento do Sanatório e sua vocação confinatória levaram à transformação do complexo, a partir de 1973, em uma estrutura manicomial subordinada ao Departamento de Psiquiatria I da Coordenadoria de Saúde Mental do Estado. A partir de então, o Sanatório passou a receber pacientes psiquiátricos, com ou sem tuberculose, oriundos do Deparatamento Psiquiátrico II do Juqueri em Franco da Rocha. Neste período, o tratamento manicomial era severo, com a utilização de camisas-de-força, quartos de isolamento com camas de alvenaria, choques elétricos pouco criteriosos etc. Havia também casos em que o paciente colocado em isolamento era acometido de surtos psicóticos tão violentos, que chegava a tentar se suicidar sufocando-se com pedaços de espuma arrancados do colchão. Para evitar isso, o Hospital simplesmente retirava o colchão desse quarto e deixava o paciente dormir diretamente sobre a elevação sobre o chão, que passava a fazer então as vezes de cama.
114
PS -95 ISOLAMENTO Visor da porta de madeira 25x25x4. cm.
Os quartos de isolamento, também chamados de celas-fortes eram ambientes escuros, com camas de alvenaria, uma fossa turca no chão e um pequeno visor na porta por onde passavam alimentos e medicamentos.
115
116
BANHEIROO banheiro dos pacientes que o Museu apresenta possui 5 boxes para banho com chuveiro,
sendo que um deles também possui uma banheira. Na passagem para a psquiatria, as
portas dos boxes de banho e das privadas foram retiradas para permitir maior vigilância
dos pacientes que, assim, eram destituídos de privacidade.
117
PS- 97 BANHEIROQuadro de escovas de dentes. 85x70 cm.
Um rústico e impessoal quadro de madeira servia como suporte para as escovas de dentes do pacientes psiquiátricos. Sem identificar individualmente os donos das escovas, ele traz apenas a fria inscrição dos números dos respectivos leitos.
TB-PS- 96 BANHEIRO Cadeira de rodas de metal. 110x50x76 cm.
Usada para transportar pacientes.
118
119
SALA DE ELETROCONVULSOTERAPIA (ELETROCHOQUE)
Este método terapêutico é um dos mais controversos usados em psiquiatria, tendo
em conta a sua natureza, a história de abusos e a falta de informação. A aplicação de
choques de pequena voltagem nas têmporas é polêmica, mas o método é utilizado
ainda hoje para o tratamento de depressão intensa e continuada, desordem bipolar,
alguns casos de mal de Parkinson, de catatonia e de esquizofrenia. No Brasil, em
junho de 2002, o Conselho Federal de Medicina baixou uma resolução normatizando
o uso dessa técnica que, no entanto, “só deve ser aplicado em ambiente hospitalar”.
Também exige “obter o consentimento por escrito do paciente, e, em caso de seu
impedimento, a responsabilidade recai sobre os seus familiares”, determina que é
“obrigatória a avaliação das condições cardiovasculares, respiratórias, neurológicas
e odontológicas do paciente” e que “o eletrochoque só poderá ser aplicado sob
anestesia”. Em Santa Rita, como na maioria dos hospitais psiquiátricos brasileiros,
há relatos de uso inadequado do eletrochoque no passado, resultando em sofrimento
para os pacientes submetidos a ele.
120
PS- 98 SALA DE ELETROCONVULSOTERAPIA (ELETROCHOQUE) Aparelho de eletrochoque. Estrutura de madeira com revestimento de fórmica. Voltagem: 220 volts. Fabricação Lutz Ferrando. 12x38x22 cm.
O tratamento com eletrochoque consiste em induzir a passagem de corrente elétrica no cérebro dos pacientes, com o objetivo de provocar alterações na atividade cerebral. Porém, o histórico de abusos e as graves seqüelas causadas em pacientes condenaram a utilização rotineira do procedimento. Atualmente, esse tratamento só pode ser realizado em grandes hospitais, sob condição de anestesia, e em casos específicos, como depressão grave, quando o paciente não responde às medicações, correndo risco de vida. A literatura médica atual estabelece parâmetros para que o procedimento seja conduzido de maneira segura e indolor.
121
Nas varandas, que são voltadas para o sol nascente (Leste),ocorria o banho
de sol matutino dos pacientes na fase da tisiologia. Cadeiras reclináveis
(espreguiçadeiras) eram dispostas nesses espaços, então chamados de galerias,
para essa finalidade terapêutica.
ÁREA EXTERNA
122
TB -PS 99 ÁREA EXTERNALuminária do tipo pendente, com corrente de metal e cúpula de vidro leitoso.
Toda a iluminação dos pavilhões, originalmente feita com lâmpadas incandescentes, foi substituída ou complementada ao longo do tempo por luminárias com lâmpadas fluorescentes.
123
VISTA DA ÁREA EXTERNA PRÓXIMA À ENTRADA DO MUSEU.
A Primeira República corresponde ao período histórico marcado pela “política do café com leite” e pela hegemonia de São Paulo sobre o conjunto da nação. Seu sustentáculo era o setor agrário exportador e a região onde se localiza atualmente a cidade de Santa Rita do Passa-Quatro era um polo importante da cafeicultura paulista desenvolvida pelos imigrantes italianos. Santa Rita originou-se pela construção de uma pequena capela, dedicada à Santa Rita de Cássia, no lugar denominado Passa-Quatro. O nome Santa Rita foi dado em homenagem à Dona Rita Ribeiro Vilela, que doou recursos para a construção da capela, e Passa Quatro “foi acrescida, em virtude de a estrada primitiva que demandava à cidade de Piraçununga, cortar em quatro pontos o córrego de igual nome” (IBGE, 2013).
124
PUBLICAÇÕESAs edições do jornal O Farol, idealizado por um dos pacientes (Canarinho) da primeira
fase do hospital são bastante significativas, não apenas por se tratar de um veículo
desenvolvido e produzido pelos próprios pacientes do hospital, entre os anos de 1952 a
1969, mas também pela relevância de seu conteúdo, que abrangia o dia-a-dia dos internos.
Os assuntos abordados no jornal eram cultura, história, programação de lazer, esporte, a
cidade, datas importantes, homenagens etc. e ainda narrativas e comentários a respeito dos
acontecimentos dentro do complexo e fora dele, a partir da realidade de confinamento e
marginalização social de seus realizadores. Trata-se de um testemunho documental de uma
minoria que pôde expressar sua voz em uma época em que o debate sobre saúde pública era
ainda circunscrito aos meios especializados, quase sem a participação da sociedade, o que
contribuía para a estigmatização dos doentes tuberculosos que eram apartados do convívio
social, não raro deslocando-se centenas de quilômetros de suas cidades de origem para obter
tratamento e, em muitos casos, para nunca mais voltar. A letalidade da doença em sua fase
epidêmica no país gerava nesses pacientes uma angústia permanente pela proximidade da
morte, o que também se depreende das pequenas crônicas e observações que O Farol traz.
125
126
127
128
FOTOGRAFIAS HISTÓRICAS
A coleção de fotografias históricas do museu do CAIS SR abrange mais de 1000 imagens
que retratam desde a preparação do terreno aonde viria a ser construído o Sanatório
de Santa Rita (assim denominado, originalmente), com registros da própria cidade,
da paisagem natural e urbana da época, até algum tempo após a inauguração do
mesmo, em 1950, já com os equipamentos e mobiliário instalados, e com a presença de
enfermeiras e outros profissionais no local.
129
130
131
132
133
134
135
136
137
138
139
140
141
142
143
REFERÊNCIAS / FONTES
ARBEX, D. Holocausto Brasileiro, genocídio: 60 mil mortos no maior hospício do Brasil. São Paulo: Geração Editorial, 2013.
Centro Cultural do Ministério da Saúde http://www.ccms.saude.gov.br/tuberculose_dengue/mostra/tuberculose/
exposicao.htm
CURY, Alberto Bitar. Sanatório Santa Rita: fatos e comentários. Acervo CAIS SR.
DIEGUEZ, C. Eletrochoque. piauí_21, junho de 2008 – disponível em: http://revistapiaui.estadao.com.br/edicao-21/
questoes-mentais/eletrochoque
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE: http://www.ibge.gov.br/home/
MONTEL, M.O.S.S. Museu de Psiquiatria do CAIS SR: um edifício-acervo. Trabalho de conclusão de curso (Especialização em
Gestão Cultural) – Centro Universitário Senac - São Paulo, 2012.
BELLUZ, C.A.D. Santa Rita do Passa Quatro, imagens da época do café. Campinas: Cartigraf, 1991
SOARES, M.C.B. O Museu da Psiquiatria do Centro de Atenção Integral à Saúde de Santa Rita do Passa-Quatro, sua história, seu
acervo e sua (des)articulação com a comunidade. Trabalho de conclusão de curso (Especialização em Gestão Cultural) –
Centro Universitário Senac - São Paulo, 2012.
VIANNA, P.V.C.; RIBEIRO, F.A. Sanatórios, tecnologia médica e cultura urbana: uma visita à cidade sanatorial de São José dos
Campos na primeira metade do século XX. In Práticas médicas e de saúde nos municípios paulistas: a história e suas
interfaces (MOTA, A.; MARINHO, M.G. - org.). São Paulo: CD.G Casa de Soluções e Editora, 2011.
144