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Câmeras fotográficas antigas (1840-1880)

Câmera-obscura - 1800

O texto foi transcrito do blog “Ajuste o foco”, e é maravilhoso para ser guardado por aqueles que se interessam pela história da fotografia. Faço esta publicação em respeito à memória da história da fotografia, a qual é cheia de lacunas. Segundo a autora o texto foi adaptado de um artigo da revista Obvious.... ...Construir um aparelho fotográfico já foi uma atividade artesanal que requeria grande paixão e entusiasmo. Mas hoje em dia, habituados a ver as pequenas câmeras compactas produzidas em larga escala, olhamos com um sorriso condescendente para as primeiras tentativas de construir a caixa mágica que capturava as imagens numa chapa de vidro. No início do século XIX, quando a fotografia dava os seus primeiros passos, vários construtores se lançaram nessa árdua tarefa. Com muitas dificuldades, muito engenho e também alguma ingenuidade, produziram máquinas absolutamente fascinantes que, longe de nos fazer sorrir, deviam, pelo contrário, suscitar a nossa admiração. Os primeiros modelos, antepassados dos modernos aparelhos, eram grandes e pesadas caixas de madeira polida com aplicações em metal. Representavam a essência da técnica fotográfica: uma abertura com uma lente que dirigia a luz para o fundo da câmara escura onde se encontrava uma chapa de vidro com a emulsão. As primeiras emulsões, daguerreótipos, calótipos ou colódio úmido, eram ainda pouco sensíveis à luz. Somente no início da década de 1870 começaram a aparecer as primeiras chapas utilizando gelatina. Foi também por essa altura que aumentou a sensibilidade das emulsões e, consequentemente, a sua rapidez.

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Essas chapas possuíam grandes formatos e alojavam-se dentro das caixas através de uma ranhura com encaixe. "Rebobinar" era então uma operação demorada e delicada, e até cansativa, devido ao peso do material. Para transportar a câmera, o conjunto dos acessórios e o número de chapas suficiente para fotografar, geralmente era necessária uma carroça puxada por um animal (não esqueçamos que a essa altura o automóvel ainda não tinha sido inventado). Mas os imaginativos fabricantes da época tinham noção da pouca funcionalidade destes pesados equipamentos, e não descansaram enquanto não encontraram soluções mais práticas e rápidas. Surgiram então câmeras portáteis com outros suportes de captação de imagem (discos, filmes em rolo, etc.) e de tamanho mais reduzido. Também a madeira foi sendo progressivamente substituída pelo metal, ganhando-se leveza e robustez. É possível vermos até em alguns destes modelos fortes semelhanças com as compactas atuais. Existem esforços de miniaturização verdadeiramente comoventes, como as câmeras com forma de relógio ou de revólver. Abaixo, algumas imagens de câmeras da época:

Câmera para "cartes de visite" de François Anzoux - 1876

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Tourograph nº 1 - 1878

Câmera-revólver de Thompson - 1862

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Aparelho Dubroni nº 1 - 1864

"Chambre Automatique" estéreo de Bertsch - 1864

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Photo-Binocular - 1867

Aparelho universal de Chavalier - 1856

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Câmera microfotográfica Dagron - 1860

"Chambre Automatique" de Bertsch - 1860

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Câmera de grande formato - 1840

Câmera Voigtländer para daguerreótipos - 1841

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Câmera Bourguin - 1845

Câmeras fotográficas antigas (1880-1900)

Câmera portátil Walker - 1881

Nas últimas duas décadas do século XIX as câmeras fotográficas evoluíram bastante. Um dos principais fatores nesse processo foi o aperfeiçoamento das chapas e das emulsões fotossensíveis. As emulsões em gelatina, o

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pancromatismo (sensibilidade igual a todas as cores) e sobretudo os novos suportes em celulóide caracterizavam os novos filmes, tornando obsoletos os daguerreótipos e os calótipos até então usados. Além disso, o Congresso de Paris de 1889 normalizou os formatos das chapas, as aberturas das objetivas e as velocidades de obturação. A Indústria chegava à Fotografia. A diminuição do tamanho e da velocidade dos filmes fez com que aparecessem pequenas câmeras muito engenhosas que, atendendo à tecnologia da época, eram verdadeiros prodígios da miniaturização. Câmeras com formatos de revólver, de relógio, de saco de mão ou de disco - que podiam ser guardadas no bolso - já não eram novidade na época e faziam as delícias de todo o amador extravagante de fotografia.

Photosphere 9X12 - 1885

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Câmera relógio Lancaster - 1886

Câmera de bolso Stirn - 1886

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Câmera Express Détective de Nadar (versão Tropical) - 1888

Houve então quem se apercebesse das potencialidades comerciais da fotografia e a transformasse num negócio. A essa altura, na França, o atelier da Blanquart-Évrard (uma grande empresa) executou muitos trabalhos sob encomenda. Porém, foi nos Estados Unidos que surgiu o homem que revolucionaria e industrializaria a fotografia: George Eastman. Seu objetivo era tornar a fotografia barata e acessível a todos e, para isso, concebeu uma pequena câmera que usava filme em papel com gelatina de brometo de prata. Foi comercializada a partir de 1888 com o nome de Kodak One. A começar pelo nome comercial que escolheu, Eastman teve intuição ao produzir este pequeno aparelho que fazia fotos redondas. Os filmes que eram adquiridos incluíam no preço a revelação e a substituição por um filme novo, uma ideia que vigorou até o aparecimento da fotografia digital. Mas Eastman não se acomodou ao sucesso e, pouco tempo depois, lançou a Brownie, uma câmera fotográfica para crianças.

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Câmera Kodak One - 1888

Câmera Demon detective - 1889

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Câmera Escopette 2 - 1890

Vários progressos ocorreram nesse período. A fotografia estereoscópica, por exemplo, teve muita aceitação entre o público e levou os fabricantes a comercializarem modelos com duas objetivas. Por vezes, o aspecto destes aparelhos também foi associado a imagens maliciosas...

Câmera Photosphere 2 - 1892

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Câmera Verascope - 1894

Câmera Kauffer Photo (saco de mão) - 1895

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Câmera escamoteável Kodak - 1897

A ótica também sofreu desenvolvimentos importantes. Um dos mais significativos foi o surgimento do visor (conhecido como viewfinder). Na verdade, em quase todas as câmeras dessa época o enquadramento era feita com o auxílio de uma moldura metálica (geralmente não removível) situada na parte superior da máquina. Não era muito rigoroso, como é evidente, mas com uma pequena lente incorporada o enquadramento passou a ser muito mais preciso. Apenas no século XX esse dispositivo se tornaria comum. Outra inovação importante foi a objetiva escamoteável, sistema que permitia alojar uma ótica de boa qualidade dentro de um corpo de tamanho reduzido. Esse sistema, onde a objetiva estava ligada a um fole de cartão ou tecido que se distendia quando a tampa era aberta, foi norma em muitos aparelhos durante bastante tempo. Eastman estava entre os pioneiros com a sua Kodak, claro.

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Câmera Sigriste - 1899

Câmera RB Cycle Graphic (4 x 5) - 1900

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Câmeras fotográficas antigas (1900-1923)

Câmera panorâmica Al Vista - 1900

Depois de 1900, a aventura da fotografia prosseguiu com a consolidação e o aperfeiçoamento das técnicas e equipamentos inventados durante o XIX. As máquinas já eram suficientemente pequenas, portáteis e relativamente acessíveis, mas ainda bastante diferentes das nossas modernas câmeras fotográficas. Durante as duas primeiras décadas do século XX, foram inventados e/ou adotados técnicas e formatos que predominaram até o surgimento da fotografia digital: os filmes em película de celulóide de 35 mm, as emulsões a cores, o sistema reflex e as câmeras fotográficas de corpo metálico. Ainda que, no Congresso de Paris de 1889, os formatos das chapas, as aberturas das objetivas e as velocidades de obturação tenham sido normatizados, ainda estavam à venda numerosos formatos de películas fotográficas. Alguns fabricantes faziam questão de usar formatos próprios, patenteados por si mesmos. As chapas de 6x6 cm ou 6x9 cm (por exemplo) eram muito comuns, mas era necessário que fossem colocadas na máquina uma a uma - o que tornava o processo de fotografar bastante lento, limitando o tamanho das câmeras.

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Câmera de repetição New Gem - 1901

Câmera Challenge Dayspool nº1 Tropical - 1903

O filme de 35 mm criado pelo fundador da Kodak, George Eastman, a princípio não foi bem aceito no meio fotográfico. Curiosamente, foi adotado antes pelo cinema e só em 1913 passou a ser empregado em fotografias, com a câmera Tourist Multiple. Contudo, o filme só se popularizou depois do lançamento da Leica (1925), e desde então se tornou um dos formatos mais utilizados; ainda hoje, seu uso é amplamente difundido. Com a difusão do filme de 35 mm, o tamanho das câmeras foi reduzido. Os fabricantes passaram a utilizar metais (aço, alumínio, latão, etc.) para construir o corpo dos equipamentos, abandonando progressivamente a madeira - mais frágil e sensível a variações de temperatura e umidade.

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Os modelos em madeira - conhecidos pela designação Tropical - continuaram a ser fabricados, mas a procura por esses artefatos diminuiu. O aço passou a ser o material empregado na maioria das máquinas, e as várias marcas existentes no mercado produziam câmeras cada vez mais semelhantes. Ainda assim, alguns fabricantes continuaram a apostar na diferença e na extravagância... Outra inovação desta época foi o sistema de visualização reflex, que mostra ao fotógrafo a imagem no visor como é captada através das lentes. A câmera Graflex (1907) foi uma das primeiras a surgir com esse sistema - que só seria popularizado pela fabulosa Ermanox. E foi a partir desse ponto que as câmeras começaram a se parecer com as que conhecemos atualmente.

Câmera Kodak Nº 4 "Screen Focus" Modelo A - 1904

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Câmera Quta Modelo B - 1906

Câmera Graflex - 1907

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Câmera Expo - 1911

Câmera Tourist Multiple - 1913

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Câmera UR Leica - 1913

Câmera-espingarda Eastman - 1915

Câmera-aeroplano Williamson - 1915

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Câmera Makina Modelo 1 - 1920

Câmera Cosmos 35 - 1922 e câmera Sico - 1923

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Fonte http://ajusteofoco.blogspot.com.br


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