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Emergência do Capitalismo Informacional Global
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Último quartel do século XX – emerge economia em escala mundial, informacional e global. Base material é dada pela Revolução da Tecnologia Informacional.
É informacional porque:
A produtividade e a competitividade de unidades ou agentes dependem basicamente de sua capacidade de gerar, processar e aplicar de forma eficiente a informação.
É global porque:
As principais atividades produtivas, o consumo e a circulação, assim como seus componentes (capital, trabalho, matéria-prima, tecnologia, mercados etc) estão organizados em escala global.
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Crescimento da Produtividade em Escala Mundial
Fim do séc. XIX até Segunda Guerra – crescimento moderado e constante, com algumas baixas (período de formação da economia industrial);
1950-1973 - aceleração substancial do crescimento da produtividade (período maduro do industrialismo);
1973-1993 – desaceleração do crescimento das taxas de produtividade. Coincide com o declínio do industrialismo.
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Relação do industrialismo com o informacionalismo
Embora distinta de economia industrial, a economia informacional-global não se opõe a ela. Pelo contrário, a abrange mediante o aprofundamento tecnológico, que leva à incorporação de conhecimentos e informação em todas as etapas do processo de produção e distribuição, com base em um avanço gigantesco em alcance e escopo da esfera de circulação.
Ou seja, ou a economia industrial tornava-se informacional e global ou teria sucumbido.
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O que mudou, portanto, não foi o tipo de atividades em que a humanidade está envolvida, mas a possibilidade de utilizar, como força produtiva direta, sua capacidade superior de processar símbolos (singularidade biológica humana).
A economia mundial existe no Ocidente, no mínimo, desde o século XVI. Mas uma economia global é diferente: baseia-se na capacidade de funcionar como uma unidade em tempo real, em escala planetária.
Nestes termos, é somente no final do século XX que a economia mundial conseguiu tornar-se verdadeiramente global com base na nova infra-estrutura propiciada pelas tecnologias de informação e comunicação.
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Como funciona a economia informacional global?
A partir dos anos 80, a lógica capitalista desloca sua ênfase do aumento de produtividade para o aumento da lucratividade e competitividade.
Para abrir novos mercados, conectando os segmentos de mercado de cada país a uma rede global, o capital necessitou de uma extrema mobilidade, e as empresas precisaram de uma capacidade de informação muitas vezes maior.
A extrema interação entre a desregulamentação dos mercados e as novas tecnologias da informação propiciou as condições para a reestruturação econômica.
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Os primeiros e mais diretos beneficiários dessa reestruturação foram os próprios atores da transformação econômica e tecnológica: empresas de alta tecnologia e conglomerados financeiros.
Possibilitada pelas novas tecnologias da informação, a integração global dos mercados financeiros desde o início da década de 80 teve um enorme impacto na dissociação crescente entre o fluxo de capital e as economias nacionais.
O melhor exemplo é o movimento dos mercados financeiros integrados globalmente, funcionando em tempo real pela primeira vez na história. O capital é gerenciado 24 horas por dia.
Houve um crescimento fenomenal dos fluxos financeiros internacionais nas principais economias de mercado: sua participação no PIB cresceu cerca de 10 vezes entre 1980-92.
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Percentual do PIB sobre operações internacionais
em ações e obrigaçõesEm 1980, não ultrapassava 10% em nenhum país importante;Em 1992, variava entre 72,2% do PIB (Japão), 109,3% (EUA) e 122,2% (França).
Ao atingir a escala global, as empresas capitalistas como um todo aumentaram substancialmente sua lucratividade na última década (anos 90), recuperando as precondições para investimento de que a economia capitalista depende;
Década de 80: maciços investimentos tecnológicos na infra-estrutura de comunicações/informação, que possibilitaram os movimentos de desregulamentação e de globalização do capital.
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As empresas diretamente envolvidas com a mudança do padrão tecnológico – microeletrônica, microcomputadores, telecomunicações e empresas financeiras – tiveram um enorme crescimento de produtividade e lucratividade.
“Somos cada vez mais moldados, mesmo sem o sentir ou saber, pelos arranjos capitalistas dos sistemas de informação. Estes nos parecem
naturais ou espontâneos e não o resultado de construções históricas sociais e concretas”
(Marcos Dantas in A lógica do capital informação).
Ao redor desse núcleo de novas empresas capitalistas dinâmicas globais e de redes auxiliares, sucessivas camadas de empresas e setores foram integrados ao novo sistema tecnológico ou gradualmente eliminados.
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A Rede Global da Economia
Com o advento da economia informacional global, o processo produtivo se altera radicalmente, e também o gerenciamento da produção e distribuição.
PRODUÇÃO FLEXÍVEL
Processo produtivo que incorpora componentes produzidos em vários locais diferentes, por diferentes empresas, e montados para atingir finalidades e mercados específicos. A produção é em grande volume, mas flexível e sob encomenda.
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Dependência das tecnologias informacionais
Para conseguir montar peças produzidas em fontes muito diferentes é necessário, antes de tudo, contar com uma qualidade de precisão no processo de fabricação que só a microeletrônica pode oferecer, de modo que as peças sejam compatíveis nos mínimos detalhes da especificação.
Com a flexibilidade possibilitada pelo computador, a fábrica pode programar o escoamento da produção de acordo com o volume e as características personalizadas de cada pedido.
O controle dos estoques também estará na dependência destas tecnologias, que permitem ajustar a procura e a oferta online.
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“ Uma nova economia surgiu em escala global nas últimas duas
décadas (...) É informacional porque a produtividade e a
competitividade de unidades ou agentes nesta economia (sejam
empresas, regiões ou nações) dependem basicamente de sua
capacidade de gerar, processar e aplicar de forma eficiente a
informação baseada em conhecimento (...) É informacional e global
porque, sob novas condições históricas, a produtividade é gerada e a
concorrência é feita em uma rede global de interação (...) A Revolução
da Tecnologia da Informação fornece a base material indispensável
para esta nova economia”
Manuel Castells – A Sociedade em Rede
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1ª Revolução das Comunicações (Primeira Metade do século XIX)
•Desde últimas décadas do século XVIII
•Transmissão elétrica, via cabo, de sinais codificados;
•Telégrafo elétrico – 1840;
•Primeira Revolução Industrial: desde últimas décadas do século XVIII, caracterizada por tecnologias como a máquina a vapor, a fiadeira e, de forma mais geral, a substituição das ferramentas manuais pelas máquinas;
• O aumento do consumo per capita e da qualidade de vida foram pequenos. Mas houve drásticas mudanças no cenário da produção, preparando o caminho para o desenvolvimento verificado na segunda metade do século XIX, quando o progresso tecnológico se expandiu e penetrou em indústrias não afetadas anteriormente.
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2ª Revolução das Comunicações (fim do século XIX- início do XX)
• Telefonia, radiotelegrafia, radiodifusão, fotografia, cinematografia;
• Surgem grandes conglomerados como General Eletric, AT&T, Westinghouse, Ericson, IBM, NBC (1926), difusão nacional de programas de rádio, CBS (2ª rede nacional americana);
• Em 1933 surge a FCC (Comissão Federal de Comunicações), órgão regulamentador da comunicação de massa americana;
• Cinema e rádio fomentam indústria tecnologicamente sofisticada de bens de capital e formam hábitos de consumo indispensáveis à expansão da produção capitalista;
• No cenário mais geral, até o pós-guerra, a imagem-símbolo do capitalismo era a fábrica esfumaçada e o operário chapliniano (Tempos Modernos).
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Segunda Revolução Industrial: destaca-se pelo desenvolvimento da eletricidade, do motor de combustão interna, de produtos químicos com base científica, da fundição eficiente do aço e pelo desenvolvimento das tecnologias da comunicação, com a difusão do telégrafo e a invenção do telefone;
Eletricidade: força central desta fase, pois permitiu aos outros campos – como o telégrafo e a telefonia – desenvolverem suas aplicações e se conectarem entre si. Ex: telégrafo elétrico, datado de 1840, só pôde desenvolver-se em uma rede de comunicação a partir da difusão da eletricidade;
Uso difundido da eletricidade a partir de 1870 mudou os transportes, telégrafo, iluminação e o trabalho nas fábricas mediante a difusão da energia na forma de motores elétricos.
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Há continuidades e também rupturas fundamentais entre as duas fases. A principal ruptura é a importância decisiva dos conhecimentos científicos para sustentar e guiar o desenvolvimento tecnológico após 1850;
Aspecto fundamental: ao mesmo tempo que revolucionaram a base material das sociedades humanas, as tecnologias não penetraram homogeneamente nos diversos países;
As duas revoluções possibilitaram a ascensão da hegemonia do Ocidente, limitando-se de fato à Inglaterra e alguns países da Europa Ocidental, bem como à América do Norte e Austrália, criando uma superioridade tecnológica destes países que mudou o cenário da História a partir daí.
A China, por exemplo, que detinha uma cultura muito superior durante a maior parte da história pré-renascentista, ficou para trás, assim como a civilização muçulmana e, em geral, a África e a Ásia, que se mantiveram organizadas em centros políticos e culturais autônomos.
Continuidades e rupturas
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3ª Revolução das Comunicações (segunda metade do século XX)
Televisão revoluciona o cenário das comunicações, oferecendo contornos mais precisos à sociedade e cultura de massas;
Pós-guerra: surgem o primeiro computador programável e o transistor, base da microeletrônica e o cerne da Revolução da Tecnologia da Informação. Mas somente a partir da década de 70 as tecnologias difundiram-se amplamente , acelerando seu desenvolvimento sinérgico e convergindo em um novo paradigma;
a) MICROELETRÔNICA 1947 – Invenção do transistor pelos físicos Bardeen, Brattais e
Shockley (ganhadores do Prêmio Nobel), na empresa americana Bell Laboratories – processamento de impulsos elétricos em velocidade rápida e em modo binário de interrupção e amplificação, permitindo comunicação entre máquinas. Resultam no CHIP (hoje constituído por milhões de transistores);
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1954 – Pela primeira vez são fabricados chips em silício (evento revolucionário).
1957 – Invenção do circuito integrado, passo decisivo da microeletrônica. Dá-se uma explosão tecnológica. Entre 1959 e 1962 os preços dos chips caíram 85% e nos dez anos seguintes a produção aumentou vinte vezes, sendo que 50% dela foram destinadas a fins militares;
1971 – invenção do microprocessador (computador em um único chip) pelo engenheiro da Intel, Ted Hoff (no Vale do Silício, norte da Califórnia). Provoca o avanço gigantesco na difusão da tecnologia em todas as máquinas.
Exemplo do avanço rápido: em 1971 cabiam 2.300 transistores em um chip do tamanho de uma unha; em 1993, cabiam 35 milhões. Em 1999, os microprocessadores eram 550 vezes mais rápidos que o primeiro chip da Intel, em 1972. A microeletrônica foi uma revolução dentro da revolução.
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1946 – Primeiro computador, o ENIAC. Pesava 30 toneladas, com 2,75 m de altura, ocupava um ginásio esportivo;
1975 – Criação de uma caixa de microprocessador que foi a base para o design do Apple I e Apple II, este último o primeiro de sucesso comercial. Lançada em 1976 com três sócios e um capital de U$ 91 mil, a Apple Computers alcançou em 1982 a marca de U$ 583 milhões em vendas, anunciando a difusão em massa do computador.Meados dos anos 70 - surge o software para PCs, através de dois jovens desistentes de Harvard, Bill Gates e Paul Allen, que fundaram a Microsoft;
1981: a IBM lança o PC (Computador Pessoal), que acabou se tornando o nome genérico dos microcomputadores.
b) COMPUTADORES
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c) TELECOMUNICAÇÕES 1969 – A Bell Laboratories produz industrialmente o primeiro
comutador eletrônico (tecnologia dos “nós”, roteadores e comutadores eletrônicos).
Meados dos anos 70 – Surgem os comutadores digitais, aumentando a velocidade, potência e flexibilidade com economia de espaço, energia e trabalho, em comparação com os dispositivos analógicos.
Avanços importantes da optoeletrônica (transmissão por fibra ótica e laser) e a tecnologia de transmissão por pacotes digitais promoveram um aumento surpreendente da capacidade das linhas de transmissão. Em 1956 os primeiros cabos telefônicos transatlânticos podiam transportar 50 circuitos de voz compactada; em 1995, os cabos de fibra ótica transportavam 85 mil destes circuitos.
ATM (modo de transmissão assíncrono) + TCP/IP (Protocolo de Controle de Transmissão/Protocolo de Interconexão): base das infovias dos anos 90. Formas diferentes de espectro de radiodifusão, somadas aos cabos coaxiais e fibras óticas, oferecem grande diversidade e versatilidade nas tecnologias de transmissão.
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O paradigma da tecnologia da informação
1 São tecnologias para agir sobre a informação, não apenas informação para agir sobre a tecnologia, como foi o caso das revoluções tecnológicas anteriores;
2 Penetrabilidade dos efeitos das novas tecnologias: todos os processos de nossa existência individual e coletiva são diretamente moldados (embora certamente não determinados) pelo novo meio tecnológico;
3 A lógica das redes passa a imperar em qualquer sistema
ou conjunto de relações, adaptando-se à crescente complexidade de interação e aos modelos imprevisíveis do desenvolvimento derivado do poder criativo dessa interação;
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4 O paradigma da informação é baseado na flexibilidade. Não apenas os processos são reversíveis, mas organizações e instituições podem ser modificadas pela reorganização de seus componentes. O novo paradigma distingue-se pela sua capacidade de reconfiguração, um aspecto decisivo em uma sociedade caracterizada pela constante mudança e fluidez organizacional;
5 Crescente convergência de tecnologias específicas para um sistema altamente integrado, no qual trajetórias tecnológicas antigas tornam-se impossíveis de se distinguir em separado. A microeletrônica, as telecomunicações, a optoeletrônica e os computadores são todos integrados nos sistemas de informação.