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Page 1: Capítulo 5   sistema tegumentar

SistemaTegumentar

Fotografia de microscopia electrónica de varrimentocolorida da haste de um pêlo que se exterioriza à

superfície da pele. Observe as células, achatadas eescamosas, da pele.

O sistema tegumentar é constituídopela pele e pelas estruturas anexas,

tais como o cabelo, as unhas e glân-dulas. Tegumento significa cobertura

e o sistema tegumentar é familiar àmaior parte das pessoas, uma vez que

cobre o exterior do corpo e é facilmente ob-servado. Além disso, os seres humanos preo-

cupam-se com o aspecto do sistema tegumentar.A pele sem defeitos é considerada atraente, enquanto a

acne é fonte de embaraço para muitos adolescentes. O aparecimento de rugase o embranquecimento ou a queda do cabelo são sinais de envelhecimento quemuitas pessoas consideram desagradáveis. Por causa destes sentimentos, gas-ta-se muito tempo, esforço e dinheiro para mudar a aparência do sistemategumentar. Por exemplo, as pessoas aplicam loções na pele, pintam o cabeloe arranjam as unhas. Tentam também evitar o suor com anti-transpirantes, e oodor corporal com a lavagem, desodorizantes e perfumes.

O aspecto deste sistema pode indicar desequilíbrios fisiológicos orgâni-cos. Algumas doenças, como a acne ou as verrugas, afectam apenas o sistemategumentar. Mas há perturbações de outras partes do corpo que se podem re-flectir neste sistema, razão por que o sistema tegumentar é útil para o seu diag-nóstico. Por exemplo, a redução do fluxo sanguíneo na pele durante um ataquecardíaco provoca palidez, enquanto que o aumento do fluxo sanguíneo em con-sequência da febre pode dar uma aparência ruborizada. Também as erupçõesde algumas doenças são muito características, como é o caso da papeira, vari-cela e reacções alérgicas.

Este capítulo proporciona uma visão de conjunto do sistema tegumentar(150) e uma explicação sobre a hipoderme (150), a pele (151) e os anexos dapele (156). Apresenta também um resumo das funções do sistema tegumentar(162) e dos efeitos do envelhecimento no sistema tegumentar (168).

5C A P Í T U L O

Part

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Parte 2 Suporte e Movimento150

Visão de Conjunto do SistemaTegumentar

Objectivo■ Descrever as funções do sistema tegumentar.

Apesar de nos preocuparmos frequentemente com o aspectodo sistema tegumentar, este possui muitas funções importantes paraalém da aparência. O sistema tegumentar constitui a fronteira en-tre o corpo e o meio exterior, do qual nos separa, permitindo emsimultâneo interagir com este. As principais funções do sistemategumentar incluem as seguintes:

1. Protecção. A pele protege contra a abrasão e a luzultravioleta. Impede também a entrada de microrganis-mos e previne a desidratação, ao reduzir a perda de águacorporal.

2. Sensação. O sistema tegumentar contém receptores senso-riais capazes de detectar o calor, o frio, o tacto, a pressão ea dor.

3. Regulação da temperatura. A temperatura corporal é re-gulada pelo controlo do fluxo de sangue através da pele epela actividade das glândulas sudoríparas.

4. Produção de vitamina D. Quando exposta à luzultravioleta, a pele produz uma molécula que pode sertransformada em vitamina D.

5. Excreção. Pequenas quantidades de produtos de excreçãosão eliminadas através da pele e da secreção das suasglândulas.

1. Dê um exemplo para cada função do sistemategumentar.

HipodermeObjectivo■ Descrever a estrutura e função da hipoderme.

Da mesma forma que uma casa assenta nos seus alicerces, apele assenta na hipoderme, que a une aos ossos e músculossubjacentes e lhe fornece vasos sanguíneos e nervos (figura 5.1).A hipoderme é composta por tecido conjuntivo laxo, com fibrasde colagénio e de elastina. Os principais tipos de células da hipo-derme são os fibroblastos, as células adiposas e os macrófagos. Ahipoderme, que não faz parte da pele, é por vezes designada portecido celular subcutâneo ou fascia superficial.

Cerca de metade da gordura armazenada no corpo encon-tra-se na hipoderme, embora a sua quantidade e localização va-riem com a idade, o sexo e a alimentação. Os recém-nascidos,por exemplo, possuem uma grande quantidade de gordura, quecontribui para o seu aspecto rechonchudo; as mulheres possuemmais gordura do que os homens, especialmente sobre as ancas,

Figura 5.1 Pele e HipodermeA figura representa um bloco de pele (derme e epiderme), hipoderme e estruturas anexas (pêlos e glândulas).

Pêlos

Glândulasebácea

Erector do pêlo(músculo liso)

Folículo piloso

Veia

Artéria

Gordura

Nervo

Glândula sudorípara

Epiderme

Pele

Derme

Hipoderme(tecido celularsubcutâneo)

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Capítulo 5 Sistema Tegumentar 151

nádegas e seios. A gordura na hipoderme funciona como umacolchoado e isolante, e é responsável por algumas diferenças naforma do corpo entre os homens e as mulheres.

2. Indique os tipos de tecido que constituem a hipoderme.3. Como é que a hipoderme se relaciona com a pele?4. Enumere as funções da gordura contida na hipoderme.

Utilizações da HipodermeA hipoderme pode ser usada para fazer uma estimativa da gordura totaldo corpo. Fazem-se pregas da pele, entre os dedos polegar e indicadordo observador, em locais seleccionados do corpo, e mede-se aespessura dessas pregas de pele e da hipoderme subjacente. Quantomais espessa for a prega, maior é a quantidade de gordura total.Clinicamente, a hipoderme é o local das injecções subcutâneas.

A derme encontra-se dividida em duas camadas (ver a fi-gura 5.1 e a figura 5.2): a camada reticular, mais profunda, e acamada papilar, mais superficial. A camada reticular, constituí-da por tecido conjuntivo denso e irregular, é a principal camadada derme e é contínua com a hipoderme. Forma um tapete defibras dispostas irregularmente que são resistentes à distensãoem muitas direcções. As fibras de colagénio e de elastina encon-tram-se orientadas predominantemente numa determinada di-recção e provocam linhas de clivagem, linhas de tensão na pele(também chamadas linhas de força) (figura 5.3). O conhecimentoda direcção das linhas de tensão é importante, pois uma incisãofeita paralelamente às linhas de tensão tem menos probabilida-des de se abrir do que uma incisão que as atravessa. Quanto maisaproximados estiverem os bordos de uma ferida menor é a pro-babilidade de infecção e da formação de grande quantidade teci-do de cicatrização.

Se a pele for excessivamente estirada, a derme pode rom-per, formando-se linhas que são visíveis através da epiderme. Estaslinhas, denominadas estrias ou marcas de estiramento, podemdesenvolver-se no abdómen e nas mamas da mulher durante agravidez.

A camada papilar deve o seu nome a prolongamentos de-nominadas papilas que se estendem em direcção à epiderme (vera figura 5.2). Comparativamente à derme reticular, a dermepapilar tem mais células e menos fibras e estas são mais finas edispostas de uma forma mais solta, sendo por isso por vezes de-signada por tecido conjuntivo laxo. A camada papilar contémtambém numerosos vasos sanguíneos que fornecem nutrientesà epiderme suprajacente, removem produtos de excreção e aju-dam a regular a temperatura do corpo.

5. Enumere e compare as duas camadas da derme. Qual é acamada responsável pela maior parte da resistênciaestrutural da pele?

6. O que são linhas de clivagem e estrias?

EpidermeA epiderme é constituída por epitélio pavimentoso estratificado,separado da camada papilar da derme por uma membrana basal.A epiderme não é tão espessa como a derme, não contém vasossanguíneos e é alimentada por difusão a partir dos capilares dacamada papilar (ver as figura 5.1 e 5.2). A maior parte das célu-las da epiderme são designadas por queratinócitos, pois produ-zem uma mistura proteica denominada queratina. Os quera-tinócitos são responsáveis pela resistência estrutural e pelas ca-racterísticas de permeabilidade da epiderme. As outras célulasda epiderme incluem os melanócitos, que contribuem para acor da pele, as células de Langerhans, que fazem parte do siste-ma imunitário (ver o capítulo 22) e as células de Merkel, quesão células epidérmicas especializadas associadas a terminaçõesnervosas, responsáveis por detectar o tacto superficial e a pres-são superficial (ver o capítulo 14).

As células são produzidas nas camadas mais profundasda epiderme por mitose. À medida que se formam novas cé-lulas, estas empurram as células mais velhas para a superfícieonde descamam (são perdidas para o exterior). As células maisexteriores deste conjunto estratificado protegem as células

Utilização da DermeA derme é a parte da pele de um animal a partir da qual se faz ocabedal. A epiderme é removida e a derme é tratada com substânciasquímicas, num processo designado como curtimento. Clinicamente, nosseres humanos, a derme é por vezes o local de injecções (intradérmicas),tais como o teste cutâneo da tuberculina.

PeleObjectivos■ Descrever os componentes da pele e suas funções.■ Explicar os factores que afectam a cor da pele.

A pele é composta por duas camadas principais de tecido.A derme é uma camada de tecido conjuntivo que está unida àhipoderme. A epiderme (sobre a pele) é uma camada de tecidoepitelial que assenta na derme (ver a figura 5.1). Se a hipodermeconstitui os alicerces sobre os quais a casa assenta, a derme for-ma a maior parte da casa e a epiderme é o seu telhado.

DermeA derme é responsável pela maior parte da resistência estru-tural da pele. É constituída por tecido conjuntivo com fibro-blastos, algumas células adiposas e macrófagos. O colagénioconstitui o principal tipo de fibra do seu tecido conjuntivo, masencontram-se também presentes fibras de elastina e fibrasreticulares. Na derme, em comparação com a hipoderme, as cé-lulas adiposas e os vasos sanguíneos são escassos. Na derme,encontram-se também terminações nervosas, folículos pilosos,músculos lisos, glândulas e vasos linfáticos (ver a figura 5.1). Asterminações nervosas variam em estrutura e função: as termi-nações nervosas livres, para as sensações de dor, prurido, cóce-gas e temperatura; os receptores do folículo piloso, para o tactosuperficial; os corpúsculos de Pacini, para o tacto profundo; oscorpúsculos de Meissner, para a capacidade de detectar esti-mulação simultânea em dois pontos da pele (sensibilidade dis-criminativa); e os órgãos terminais de Ruffini, para o tacto oupressão mantidos (ver a figura 14.1). As terminações nervosassão descritas no capítulo 14.

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Parte 2 Suporte e Movimento152

subjacentes e as células mais profundas em divisão vão subs-tituindo as células perdidas à superfície. À medida que se des-locam das camadas epidérmicas mais profundas para a su-perfície, as células mudam de forma e composição química.Este processo é denominado queratinização, uma vez queas células se vão enchendo de queratina. Durante a querati-nização estas células acabam por morrer e formar uma ca-mada exterior de células que resiste à abrasão e forma umabarreira de permeabilidade.

Epiderme

Papiladérmica

EpidermeCamada papilarda derme

Camada reticularda derme

Papila

Camada córnea

Camada translúcida

Camada granulosa

Camada espinhosa

Camada basal

Papila dérmica que se estende para a epiderme

LM 500xLM 40x(a) (b)

Figura 5.2 Derme e Epiderme(a) Fotografia de microscopia da derme coberta pela epiderme. A derme é constituída pelas camadas papilar e reticular. A camada papilar tem projecções chama-das papilas que se estendem para a epiderme. (b) Fotografia de microscopia, com maior ampliação, da epiderme repousando sobre a camada papilar da derme.Observar as camadas da epiderme.

Queratinização e DoençaO estudo da queratinização é importante, uma vez que muitas doençasde pele resultam do mau funcionamento deste processo. Por exemplo,na psoríase são largadas grandes escamas de tecido epidérmico (verPerspectiva Clínica: Doenças do sistema tegumentar, na p. 164).Comparando o processo normal de queratinização com o anormal, oscientistas poderão ser capazes de desenvolver tratamentos eficazes.

Apesar de a queratinização ser um processo contínuo, é pos-sível reconhecer fases de transição distintas à medida que as célulasse modificam. Com base nestas fases, as muitas camadas de célulasda epiderme são divididas em estratos ou camadas (ver a figura5.2 e a figura 5.4). Da camada mais profunda à mais superficial,distinguem-se as cinco camadas seguintes: camada basal, camadaespinhosa, camada granulosa, camada translúcida e camada córnea.O número de células em cada camada e o número de camadas napele variam, dependendo da sua localização no corpo.

Camada BasalA camada mais profunda da epiderme, a camada ou estrato basal,é constituída por uma única fiada de células cúbicas ou cilíndricas(ver as figuras 5.2 e 5.4). A força estrutural é-lhe conferida peloshemidesmossomas, que fixam a epiderme à membrana basal, e pe-los desmossomas, que mantêm os queratinócitos unidos (vercapítulo 4). Os queratinócitos são reforçados no seu interior pelasfibras de queratina (filamentos intermediários) que se inserem nosdesmossomas. Os queratinócitos sofrem divisão mitótica cada 19

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Capítulo 5 Sistema Tegumentar 153

dias, aproximadamente. Uma das células filhas torna-se uma célulanova da camada basal e dividir-se-á novamente, enquanto que aoutra é empurrada em direcção à superfície e será queratinizada.Dura cerca de 40 a 50 dias o tempo que uma célula leva a atingir asuperfície da epiderme e descamar.

Camada EspinhosaSuperficialmente em relação à camada basal encontra-se a cama-da espinhosa, que consiste em oito a dez camadas de célulaspoligonais ou multifacetadas (ver as figuras 5.2 e 5.4). À medidaque as células desta camada vão sendo empurradas para a super-fície, vão-se achatando; os seus desmossomas quebram-se e emseguida formam-se novos desmossomas. Durante a preparaçãopara observação microscópica, as células geralmente encolheme separam-se umas das outras, excepto nos locais onde estãounidas pelos desmossomas, o que lhes confere um aspectoespiculado – daí o nome de camada espinhosa. Dentro dos que-ratinócitos formam-se mais fibras de queratina, e novos orga-nelos contendo membranas e cheios de lípidos, que se chamamcorpos lamelares. Nesta camada efectua-se uma quantidade li-mitada de divisões celulares e, por esta razão, a camada basal e acamada espinhosa são por vezes consideradas uma camada úni-ca chamada camada germinativa. Não ocorrem mitoses nascamadas mais superficiais.

Camada GranulosaA camada granulosa é constituída por duas a cinco camadas decélulas aplanadas, em forma de losango, que apresentam os seuseixos maiores orientados paralelamente à superfície da pele (veras figuras 5.2 e 5.4). Esta camada deve o seu nome aos grânulosproteicos dispersos não associados a membrana de quera-tohialina, que se acumulam no citoplasma da célula. Os corposlamelares destas células deslocam-se para a membrana celular elibertam o seu conteúdo lipídico no espaço intercelular. Dentroda célula forma-se um invólucro proteico sob a membrana celu-lar. Nas camadas mais superficiais da camada granulosa, o nú-cleo e outros organelos degeneram e a célula morre. Pelo contrá-rio, as fibras de queratina e os grânulos de queratohialina nãodegeneram.

Camada TranslúcidaA camada translúcida aparece como uma zona fina e clara so-bre a camada granulosa (ver as figuras 5.2 e 5.4) e é constituídapor várias camadas de células mortas com limites pouco distin-tos. Encontram-se presentes fibras de queratina, mas a quera-tohialina, que era bem visível sob a forma de grânulos na cama-da granulosa, dispersou-se em torno das fibras de queratina, peloque as células aparecem algo transparentes. A camada translúcidaencontra-se apenas em algumas zonas do corpo (veja a discussãosobre pele espessa e pele fina).

Camada CórneaA última e mais superficial das camadas da epiderme é a cama-da córnea (ver as figuras 5.2 e 5.4). Esta é composta por 25 oumais fiadas de células escamosas mortas, unidas por desmos-somas. Os desmossomas fragmenta-se a determinada altura, peloque as células se descamam na superfície da pele. A caspa é umexemplo de descamação da camada córnea. De uma forma maisdiscreta, as células são eliminadas continuamente à medida queas roupas friccionam o corpo ou quando a pele é lavada.

A camada córnea é constituída por células querati-nizadas que são células mortas rodeadas por um invólucroproteico duro e preenchidas com a proteína queratina. A que-ratina é uma mistura de fibras de queratina e queratohialina. Oinvólucro proteico e a queratina são responsáveis pela resistên-cia estrutural da camada córnea. O tipo de queratina que se en-contra na pele é a queratina mole. Outro tipo de queratina, aqueratina dura, encontra-se nas unhas e nas porções exterioresdos pêlos. As células que contêm queratina dura duram maistempo do que as que contêm queratina mole e não descamam.

Em torno das células encontram-se lípidos libertados pe-los corpos lamelares. Os lípidos são responsáveis por muitas dascaracterísticas de permeabilidade da pele. O quadro 5.1 resumea estrutura e funções da pele e da hipoderme.

E X E R C Í C I O

Alguns fármacos são administrados aplicando-os na pele (p. ex. um

adesivo de aplicação cutânea de nicotina, para auxiliar uma pessoa

a deixar de fumar). O fármaco difunde-se através da epiderme para

os vasos sanguíneos na derme. Que tipo de substâncias pode passar

facilmente através da pele por difusão? Que tipo teria dificulda-

des?

Figura 5.3 Linhas de ClivagemA orientação das fibras de colagénio produz linhas de clivagem, ou de tensão,na pele.

A incisão feita cruzando aslinhas de clivagem podeabrir-se, aumentando otempo necessário para a cicatrização e produzindoum aumento da formaçãode tecido de cicatrização.

A incisão paralela às linhas de clivagemproduz um menor afastamento,cicatrização mais rápida e menostecido de cicatrização.

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Parte 2 Suporte e Movimento154

Lípidosintercelulares

Queratina

Os corpos lamelareslibertam lípidos

Invólucro proteico

Grânulos dequeratohialina

Fibra de queratina

Corpos lamelarespreenchidos porlípidos

Desmossoma

Núcleo

Membrana basal

Hemidesmossoma

5. Camada córnea Células mortas com um invólucro de proteína dura; as células contêm queratina e estão rodeadas por lípidos.

4. Camada translúcida Células mortas que contêm queratohialina dispersa.

3. Camada granulosa Forma-se a queratohialina e um invólucro de proteína dura; os corpos lamelares libertam lípidos; as células morrem.

2. Camada espinhosa Acumulam-se fibras de queratina e corpos lamelares.

1. Camada basal As células dividem-se por mitose e algumas das células recém-formadas incorporam-se nas camadas mais superficiais.

Superficial

Profundo

(Processo) Figura 5.4 Camadas da Epiderme e Queratinização

A totalidade da pele, incluindo a epiderme e a derme, varia deespessura entre 0,5 mm nas pálpebras e 5 mm na parte de trás dosombros. Os termos fina e espessa, que se referem apenas à epiderme,não devem ser usados quando se considera a espessura total da pele.A maioria das diferenças na espessura total da pele resulta da varia-ção da espessura da derme. Por exemplo, a pele das costas é pelefina, enquanto a das palmas das mãos é pele espessa; contudo aespessura total da pele das costas é superior à da palma das mãosvisto que há mais derme na pele das costas.

Na pele sujeita a fricção ou pressão, o número de camadas dacamada córnea aumenta consideravelmente, formando-se uma áreaespessada denominada calosidade. A pele que cobre proeminên-cias ósseas pode desenvolver uma estrutura de forma cónica deno-minada calo. A base do cone encontra-se à superfície, mas o vérticeestende-se até ao interior da epiderme e a pressão sobre o calo podeser extremamente dolorosa. As calosidades e os calos podem de-senvolver-se quer em pele fina quer em pele espessa.

7. Da mais profunda para a mais superficial, nomeie e descrevaas cinco camadas da epiderme. Em qual das camadas estãoas novas células formadas por mitose? Quais as camadasque contêm células vivas, e quais as que contêm célulasmortas?

8. Descreva as características estruturais, resultantes daqueratinização, que tornam a epiderme estruturalmenteforte e resistente à perda de água.

9. Compare a estrutura e localização da pele fina e da peleespessa. Os pêlos encontram-se na pele fina ou na peleespessa?

Impressões Digitais e Investigação CriminalAs impressões digitais foram, pela primeira vez, usadas em investigaçãocriminal em 1880 por Henry Faulds, um médico missionário escocês.Faulds utilizou uma impressão digital gordurosa numa garrafa paraidentificar um ladrão, que tinha estado a beber álcool puro do dispensário.

A pele fina cobre o resto do corpo e é mais flexível do quea pele espessa. Cada camada contém menos camadas de célulasdo que as encontradas na pele espessa; a camada granulosa énormalmente constituída por apenas uma ou duas camadas decélulas e a translúcida encontra-se geralmente ausente. A dermelocalizada sob pele fina projecta-se para cima como papilas se-paradas e não produz as rugosidades observadas na pele espessa.Os pêlos só se encontram em pele fina.

Pele Espessa e Pele FinaQuando dizemos que uma pessoa tem a pele espessa ou a pele fina,referimo-nos habitualmente, de forma metafórica, à sua capaci-dade de aceitar críticas. No entanto, todos nós possuímos, literal-mente, pele espessa e pele fina. A pele é classificada como espessaou fina com base na estrutura da epiderme. A pele espessa possuitodas as cinco camadas epiteliais, sendo a camada córnea consti-tuída por numerosas camadas de células. A pele espessa encon-tra-se em áreas sujeitas a pressão ou fricção, tais como as palmasdas mãos, as plantas dos pés e as pontas dos dedos. As papilasdérmicas localizadas sob pele espessa dispõem-se em cristasencurvadas e paralelas, que dão forma, na epiderme sobrejacente,às impressões digitais e plantares. Essas cristas rugosas aumentama fricção e melhoram a aderência das mãos e dos pés.

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Capítulo 5 Sistema Tegumentar 155

Cor da PeleA cor da pele é determinada, em conjunto, pelos pigmentos pre-sentes na pele, pelo sangue que circula através da pele e pela es-pessura da camada córnea. Melanina é o termo utilizado paradescrever um grupo de pigmentos responsáveis pela cor da pele,dos pêlos e dos olhos. Acredita-se que a melanina confere pro-tecção contra a luz solar ultravioleta. Encontram-se grandesquantidades de melanina em certas regiões da pele, tais comosardas, manchas, mamilos, aréolas mamárias, axilas e órgãosgenitais. Outras áreas do corpo como os lábios, as palmas dasmãos e as plantas dos pés possuem menos melanina.

No processo de produção de melanina, a enzima tirosinaseconverte o aminoácido tirosina em dopaquinona. A dopaquinonapode ser convertida numa variedade de moléculas da mesma fa-mília, a maior parte das quais são pigmentos castanhos a pretos,mas às vezes amarelados ou avermelhados.

A melanina é produzida pelos melanócitos, células de for-ma irregular com muitos prolongamentos longos, que se esten-dem entre os queratinócitos das camadas basal e espinhosa (fi-gura 5.5). Os aparelhos de Golgi dos melanócitos empacotam amelanina em vesículas denominadas melanossomas, que semovem para o interior dos prolongamentos celulares dos me-lanócitos. Os queratinócitos fagocitam (ver o capítulo 3) as ex-tremidades dos prolongamentos celulares dos melanócitos, ad-quirindo assim os seus melanossomas. Apesar de todos os quera-

tinócitos poderem conter melanina, apenas os melanócitos aproduzem.

A produção de melanina é determinada por factores gené-ticos, hormonas e exposição à luz. Os factores genéticos são osprincipais responsáveis pelas variações da cor da pele das dife-rentes etnias e das pessoas da mesma etnia. A quantidade e ostipos de melanina produzidos pelos melanócitos e o tamanho,número e distribuição dos melanossomas são determinados ge-neticamente. A cor da pele não é determinada pelo número demelanócitos, já que todas as etnias possuem praticamente o mes-mo número de melanócitos. Apesar de muitos genes serem res-ponsáveis pela cor da pele, existe apenas uma única mutação (vero capítulo 29) capaz de evitar a produção de melanina. O albi-nismo é geralmente uma característica genética recessiva queprovoca a incapacidade de produzir tirosinase. O resultado é umadeficiência ou ausência do pigmento na pele, cabelo e olhos.

Durante a gravidez, certas hormonas provocam um aumen-to da produção de melanina materna, o que por sua vez provocao escurecimento dos mamilos, aréolas e órgãos genitais exter-nos. As regiões malares, frontal e o tórax podem também escu-recer, produzindo a chamada “máscara gravídica”ou cloasma.Pode também surgir na linha média do abdómen uma linhapigmentada escura. Doenças como a doença de Addison, quecausam um aumento da secreção de certas hormonas, aumen-tam também a pigmentação.

Quadro 5.1 Comparação da Pele (Epiderme e Derme) com a Hipoderme

Parte Estrutura Função

Epiderme

Camada córnea

Camada translúcida

Camada granulosa

Camada espinhosa

Camada basal

Derme

Derme papilar

Derme reticular

Hipoderme

Parte superficial da pele; epitélio pavimentoso estratificado;composto por quatro ou cinco camadas

Camada mais superficial da epiderme; 25 ou mais camadasde células pavimentosas mortas

Três a cinco camadas de células mortas; parece transparente;presente na pele espessa, ausente na maior parte da pelefina

Duas a cinco camadas de células aplanadas e losângicas

Oito a dez camadas de células polifacetadas

Camada mais profunda da epiderme; camada única decélulas cúbicas ou cilíndricas; a membrana basal daepiderme liga-se à derme

Parte profunda da pele; tecido conjuntivo composto por duascamadas

As papilas projectam-se para a epiderme; tecido conjuntivolaxo

Tapete de fibras de colagénio e de elastina; tecido conjuntivodenso irregular

Não faz parte da pele; tecido conjuntivo laxo com abundantesdepósitos de gordura

Barreira que evita a perda de água e a entrada de produtosquímicos e microrganismos; protege contra a abrasão e aradiação U.V.; produz vitamina D; dá origem aos pêlos,unhas e glândulas

Fornece resistência estrutural, devido à queratina presenteno interior das células; prevenção da perda de água,devido aos lípidos que rodeiam as células; a descamaçãodas células mais superficiais permite que a pele resista àabrasão

Dispersão de queratohialina em torno das fibras dequeratina

Produção de grânulos de queratohialina; os corposlamelares libertam lípidos das células; as células morrem

Produção de fibras de queratina; forma corpos lamelares

Produz as células das camadas mais superficiais; osmelanócitos produzem e fornecem melanina, queprotege contra a luz ultra-violeta

Responsável pela resistência estrutural e flexibilidade dapele; a epiderme troca gases, nutrientes e produtos deexcreção com os vasos sanguíneos da derme

Traz os vasos sanguíneos para perto da epiderme; aspapilas dão origem às impressões digitais e plantares

Principal camada fibrosa da derme; forte em muitasdirecções; forma linhas de tensão

Une a derme às estruturas subjacentes; o tecido nervosoprovidencia o armazenamento de energia, isolamento eacolchoamento; os vasos sanguíneos e nervos dahipoderme irrigam e inervam a derme

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Parte 2 Suporte e Movimento156

E X E R C Í C I O

Explique as diferenças na cor da pele entre: (a) palmas das mãos e

lábios; (b) palmas das mãos de uma pessoa que realiza trabalhos

manuais pesados e uma que não o faça; (c) faces anterior e

posterior do antebraço; e (d) órgãos genitais externos e plantas dos

pés.

Anexos da PeleObjectivos■ Descrever os tipos de pêlo e a estrutura de um pêlo com o

seu folículo. Analisar os estádios de crescimento do pêlo.■ Descrever as glândulas da pele e as suas secreções.■ Descrever as partes constituintes da unha e explicar a forma

como as unhas são produzidas.

PêloA presença de pêlos é uma das características comuns a todos osmamíferos; se o pêlo for denso e cobrir a maior parte da superfí-cie do corpo, denomina-se pelagem. Nos seres humanos, encon-tram-se pêlos em quase toda a pele excepto nas palmas das mãos,plantas dos pés, lábios, mamilos, parte dos órgãos genitais exter-nos, e segmentos distais dos dedos das mãos e dos pés.

Cerca do quinto ou sexto mês de desenvolvimento fetal, for-mam-se pêlos delicados e não pigmentados, denominados lanugo,que cobrem o feto. Perto do nascimento o lanugo do couro cabelu-do, pálpebras e sobrancelhas é substituído por pêlos definitivos,que são longos, espessos e pigmentados. O lanugo do resto do cor-po é substituído por penugem, constituída por pêlos curtos, finose normalmente sem pigmento. Na puberdade, a maior parte dapenugem é substituída por pêlos definitivos, especialmente na re-gião púbica e axilas. Cerca de 90% dos pêlos do tórax e membrossuperiores e inferiores nos homens são pêlos definitivos, em com-paração com cerca de 35% nas mulheres. Nos homens a penugemda face é substituída por pêlos definitivos para formar a barba. Ospêlos da barba, púbicos e das axilas são sinais de maturidade se-xual. Além disso, os pêlos púbicos e axilares podem funcionar comomechas para dispersar os odores produzidos pelas secreções de

Melanócito

Célula epitelial

Melanossomas

Núcleo

Aparelho de Golgi

1.

2.

3.

4.

Os melanossomas são produzidospelo aparelho de Golgi dos melanócitos.

Os melanossomas deslocam-separa os prolongamentos celularesdos melanócitos.

As células epiteliais fagocitam asextremidades dos prolongamentoscelulares dos melanócitos.

Estes melanossomas estão contidosnas células epiteliais.

1

2

3 4

(Processo) Figura 5.5 Transferência de Melanina dos Melanócitos para os QueratinócitosOs melanócitos fabricam a melanina, que é empacotada em melanossomas e transferida para muitos queratinócitos.

A exposição a raios ultravioletas escurece a melanina já pre-sente e estimula a produção de mais melanina originando a pelebronzeada.

A localização dos pigmentos e outras substâncias na peleafecta a cor resultante. Se um pigmento escuro se encontrar lo-calizado na derme ou na hipoderme, a luz reflectida pelo pig-mento escuro pode ser dispersada pelas fibras de colagénio daderme e produzir uma cor azul. O mesmo efeito origina a corazul do céu, pela reflexão da luz nas partículas de pó do ar. Quantomais profundamente se encontrar qualquer pigmento na dermeou na hipoderme, mais azul aparecerá devido ao efeito de dis-persão do tecido suprajacente. Este efeito é responsável pela corazul das tatuagens, nódoas negras e de alguns vasos sanguíneossuperficiais.

O caroteno é um pigmento amarelo que se encontra emvegetais como a cenoura e o milho. Os seres humanos ingeremnormalmente caroteno e usam-no como fonte de vitamina A. Ocaroteno é lipossolúvel e, quando são consumidas grandes quan-tidade de caroteno, o seu excesso acumula-se na camada córneae nas células adiposas da derme e da hipoderme, originando napele uma cor amarelada que desaparece lentamente assim que oconsumo de caroteno é reduzido.

O sangue que flui através da pele transmite-lhe um tomavermelhado; quando o fluxo de sangue aumenta (acto de corar,fúria e resposta inflamatória, por exemplo) a cor vermelha in-tensifica-se. Uma redução do fluxo sanguíneo como a que ocor-re no estado de choque pode dar à pele uma aparência pálida;uma diminuição no conteúdo de oxigénio no sangue produzcianose, ou cor azulada da pele.

10. Que células da epiderme produzem melanina? O queacontece à melanina, uma vez produzida?

11. Como é que os factores genéticos, hormonas e exposição àluz solar determinam a quantidade de melanina da pele?

12. Como é que a melanina, o caroteno e o sangue afectam acor da pele?

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Capítulo 5 Sistema Tegumentar 157

glândulas especializadas das regiões púbicas e axilares. Pensa-se tam-bém que os pêlos púbicos protegem contra a abrasão durante ocontacto sexual e que os pêlos axilares reduzem a fricção quando osbraços se movem.

Estrutura do PêloO pêlo divide-se em haste e raiz (figura 5.6a). A haste projecta-sefora da superfície da pele e a raiz encontra-se abaixo da superfí-cie. A base da raiz expande-se para formar o bulbo piloso (figu-ra 5.6b). A maior parte da raiz e a haste do pêlo são compostaspor colunas de células epiteliais queratinizadas mortas, dispos-tas em três camadas concêntricas: a medula, o córtex e a cutícula(figura 5.6c). A medula é o eixo central do pêlo, e consiste emduas ou três camadas de células contendo queratina mole. Ocórtex forma o corpo do pêlo e é composto por células que con-têm queratina dura. A cutícula é constituída por uma só camadade células, que forma a superfície do pêlo. As células da cutículacontêm queratina dura, e sobrepõem-se como telhas num telhado.

A queratina dura contém mais enxofre que a queratinamole. Quando se queimam pêlos, o enxofre combina-se com ohidrogénio para formar hidróxido de enxofre, que produz o odordesagradável a ovos podres. Em alguns animais, tal como as ove-lhas, as rugosidades da cutícula do pêlo encontram-se destaca-das e durante a produção têxtil entrelaçam-se para formar tra-mas de tecido.

O folículo piloso é formado por uma bainha radiculardérmica e uma bainha radicular epitelial (figura 5.5b). Abainha radicular dérmica é a porção da derme que envolve abainha radicular epitelial. A bainha radicular epitelial divi-de-se numa parte exterior e numa parte interior (ver a figura5.6b). Na abertura do folículo, a bainha radicular epitelial ex-terior possui todas as camadas encontradas na pele fina. Naprofundidade do folículo piloso, o número de células dimi-nui até ao bulbo piloso, onde se encontra presente apenas acamada germinativa. Isto tem consequências importantes paraa reparação da pele. Se a epiderme e a parte superficial da

Figura 5.6 Folículo Piloso(a) O folículo piloso contém o pêlo e é composto por uma bainha radicular dérmica e epitelial. (b) Ampliação da parede do folículo piloso e do bulbo piloso. (c)Secção transversal de um pêlo, no interior do folículo piloso.

Haste do pêlo(acima da superfícieda pele)

Raiz do pêlo(abaixo dasuperfície da pele)

Bulbo do pêlo(base daraiz do pêlo)

ArtériaVeia

Tecidoadiposo

Medula

Córtex

Cutícula

Erector do pêlo (músculo liso)

Glândulasebácea

Bainha radicular dérmica

Bainha radicularepitelial exteriorBainha radicularepitelial interior

Matriz

Papila dérmica

Folículopiloso

Pêlo

MedulaCórtexCutícula

Pêlo

Bainha radicular dérmicaBainha radicularepitelial exteriorBainha radicularepitelial interior

Melanócito

Camada basal

Membrana basal

Folículopiloso

Matriz (zonade crescimento)

Papiladérmica

PêloMedula

Córtex

Cutícula

Folículo piloso

Bainha radicularepitelial interior

Bainha radicularepitelial exterior

Bainha radicular dérmica

(a)

(b) (c)

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Parte 2 Suporte e Movimento158

Perspectiva Clínica Queimaduras

As queimaduras classificam-se de acordocom a extensão da área da superfície atingi-da à superfície do corpo e com a profundida-de da queimadura. Para um adulto, a áreada superfície queimada pode ser estimadaconvenientemente através da “regra dosnoves”, em que o corpo é dividido em áreasque constituem cerca de 9% ou múltiplos de9% da superfície total do corpo (figura A).Para os mais jovens, as relações entre asáreas superficiais são diferentes. Por exem-plo, num lactente a cabeça e o pescoço cons-tituem 21% da superfície total do corpo, en-quanto num adulto constituem 9%. Para víti-mas queimadas com menos de 15 anos deidade, devem ser consultadas tabelas espe-cíficas para este grupo etário.

Com base na profundidade, as quei-maduras atingem a espessura parcial ou to-tal da pele (figura B). As queimaduras deespessura parcial são divididas em quei-

maduras de primeiro e segundo grau. As quei-maduras de primeiro grau envolvem apenasa epiderme e são vermelhas e dolorosas, po-dendo ocorrer um ligeiro edema (inchaço).Podem ser originadas por queimadura solarou breve exposição a objectos quentes ou friose curam-se em cerca de uma semana sem dei-xar cicatrizes.

As queimaduras de segundo grau lesama epiderme e a derme. Se existem lesõesdérmicas mínimas, observa-se vermelhidão,dor, edema e bolhas. A cura leva cerca de 2semanas e não se verificam cicatrizes. Se aqueimadura vai profundamente ao interior daderme, contudo, o ferimento aparece verme-lho, castanho-amarelado ou branco, pode le-var vários meses a curar, e pode deixar cica-triz. Em todas as queimaduras de segundo grau,a epiderme regenera-se a partir do tecido epi-telial de folículos pilosos e glândulas sudo-ríparas, bem como dos bordos do ferimento.

As queimaduras de espessura total sãotambém designadas como queimaduras deterceiro grau. A epiderme e a derme são com-pletamente destruídas, podendo ser atingi-do tecido mais profundo. As queimaduras deterceiro grau encontram-se frequentementerodeadas por queimaduras de primeiro esegundo grau. Apesar das áreas de queima-dura de primeiro e segundo grau serem do-lorosas, a queimadura de terceiro grau é ge-ralmente indolor, devido à destruição dos re-ceptores sensoriais. As queimaduras de ter-ceiro grau apresentam cor branca, castanhoamarelada, castanha, negra ou cor de cerejaescura. Numa queimadura do terceiro grau, apele apenas se pode regenerar a partir daperiferia e os enxertos de pele são frequen-temente necessários.

As queimaduras profundas (que atin-gem a espessura parcial ou total da pele) le-vam muito tempo a curar e formam cicatrizes

Cabeça 9%

Membro superior 9%

Tronco 18%(anterior ouposterior)

Genitaisexternos 1%

Membro inferior 18%

Cabeça 15%

Membrosuperior 9%

Tronco 16%(anterior ouposterior)

Genitaisexternos 1%

Membroinferior 17%

Figura A A Regra dos Noves(a) Num adulto, as áreas de superfície podem ser estimadas por meio da regra dos noves: cada área importante do corpo corresponde a 9%, ou a um múltiplode 9%, da área corporal total. (b) Nos bebés e nas crianças, a cabeça representa uma proporção maior. A regra dos noves não é adequada, como se pode vernesta criança de 5 anos.

(a) (b)

derme forem lesadas, a parte intacta do folículo piloso quefica sob a derme pode constituir uma fonte de novo epitélio.A bainha radicular epitelial interior tem as suas extremida-des elevadas, que se entrelaçam intimamente com as extre-midades elevadas da cutícula do pêlo, mantendo-o no seu

lugar. Quando um pêlo é arrancado, a bainha radicular epi-telial interior é extraída também e é bem visível como tecidoesbranquiçado em torno da raiz do pêlo.

O bulbo piloso é uma protuberância que se expande nabase da raiz do pêlo (ver a figura 5.6a e b). No interior do bulbo

Page 11: Capítulo 5   sistema tegumentar

Capítulo 5 Sistema Tegumentar 159

com desfiguração e contracturas debilitantes.Realizam-se enxertos de pele para evitar estascomplicações e para acelerar o processo decura. Num enxerto de pele, a epiderme e parteda derme são removidas de outra parte do cor-po e colocadas sobre a queimadura. O líquidointersticial da área queimada alimenta o en-xerto até que este se torne vascularizado. En-tretanto, o tecido dador produz nova epidermea partir do tecido epitelial presente nos folí-

culos pilosos e glândulas sudoríparas, tal comoocorre nas queimaduras superficiais de segun-do grau.

São possíveis outros tipos de enxerto(*) e,em casos em que não exista um local convenien-te de colheita, são usados enxertos artificiais ouenxertos provenientes de cadáveres humanosou de porcos. Estas últimas técnicas são fre-quentemente insatisfatórias, uma vez que o sis-tema imunitário reconhece o enxerto como uma

substância estranha e rejeita-o. Uma soluçãopara este problema é a pele cultivada em la-boratório. Um pedaço de pele saudável da ví-tima queimada é removido e colocada numrecipiente com nutrientes e hormonas que es-timulam o crescimento rápido. A pele produ-zida é constituída apenas por epiderme e nãopossui glândulas ou pêlos.

(*) O ideal é o uso de enxertos pediculados (mantendo-se os vasos e nervos do local da colheita, com técnicas de microcirurgia) (N.R.).

Epiderme

Derme

Hipoderme

Folículopiloso

Glândulasudorípara

Espessuraparcial

Espessuratotal

Primeirograu

Terceirograu

Segundograu

Figura B QueimadurasPartes da pele lesadas nos diferentes graus de queimadura.

piloso encontra-se uma massa de células epiteliais indiferen-ciadas, a matriz, que produz o pêlo e a bainha radicular epitelialinterior. A derme cutânea projecta-se para o interior do bulbopiloso, como papila, e contém vasos sanguíneos que alimentamas células da matriz.

Crescimento do PêloO pêlo é produzido em ciclos que envolvem uma fase de cres-cimento e uma fase de repouso. Durante a fase de crescimento,o pêlo forma-se a partir de células da matriz que se vão diferen-ciando, se tornam queratinizadas, e morrem. O pêlo cresce à

Page 12: Capítulo 5   sistema tegumentar

Parte 2 Suporte e Movimento160

medida que se formam novas células na base da sua raiz. Emdeterminados momentos, o crescimento pára; o folículo pilosoretrai-se e mantém o pêlo no seu lugar. Segue-se um período derepouso, após o qual se inicia um novo ciclo, em que um pêlonovo substitui o pêlo velho, que cai do folículo piloso. Desta for-ma a perda de cabelo significa habitualmente que o pêlo está aser substituído. A duração de cada fase depende do pêlo em cau-sa – as pestanas crescem durante cerca de 30 dias e descansam105, enquanto que os pêlos do couro cabeludo (cabelos) cres-cem durante três anos e descansam durante 1-2. Num determi-nado momento, cerca de 90% do cabelo encontra-se no estádiode crescimento e existe uma perda normal de 100 cabelos pordia.

O tipo mais comum de perda permanente de cabelo é a“calvície padrão”. Perdem-se folículos pilosos, enquanto os res-tantes se convertem para produzir penugem, que é muito curta,transparente e, para efeitos práticos, invisível. Apesar de ser maiscomum e mais pronunciada em certos homens, a calvície podetambém ocorrer em mulheres. Estão envolvidos na causa da cal-vície padrão factores genéticos e a hormona testosterona.

A velocidade média do crescimento do pêlo é de cerca de0,3 mm por dia, apesar de os pêlos crescerem com rapidez dife-rente mesmo quando localizados na proximidade uns dos ou-tros. Cortar, barbear ou escovar não altera a velocidade de cres-cimento ou as características do pêlo, mas este pode ficar gros-seiro e quebradiço logo depois do barbear, uma vez que os pêloscurtos não são tão flexíveis. O comprimento máximo do pêlo édeterminado pela velocidade de crescimento e pela duração dafase de crescimento. Por exemplo, o cabelo pode ficar muito com-prido mas as pestanas são curtas.

Cor do CabeloA melanina é produzida por melanócitos na matriz da raiz dopêlo e passa para os queratinócitos do córtex e da medula dopêlo. Como no caso da pele, quantidades e tipos variáveis demelanina produzem tonalidades diferentes na cor do cabelo. Ocabelo loiro tem pouca melanina castanha escura, enquanto queo cabelo preto de azeviche tem o máximo. Quantidades inter-mediárias de melanina determinam diferentes tonalidades decastanho. O cabelo ruivo é provocado por quantidades variáveisde um tipo de melanina vermelha. Por vezes, o cabelo contémsimultaneamente melanina castanha escura e vermelha. Com aidade, a quantidade de melanina no cabelo diminui, levando acor do cabelo a esbater-se ou a embranquecer (ausência demelanina). O cabelo cinzento é normalmente uma mistura decabelos normais, esbatidos e brancos. A cor do cabelo é contro-lada por diversos genes e o cabelo preto não é necessariamentedominante sobre o cabelo claro.

E X E R C Í C I O

Diz-se que o cabelo de Maria Antonieta ficou branco da noite para o

dia assim que esta soube que seria enviada para a guilhotina.

Explique porque acredita, ou não, nesta história.

MúsculosAssociadas a cada folículo sebáceo existem células de tecido mus-cular liso, o músculo erector do pêlo, que se estende desde a bainha

Poros sudoríparos

Glândulasebácea

Erector do pêlo(músculo liso)

Glândulasudoríparamerócrina

CanalexcretorFolículopiloso

Bulbopiloso

Glândulasudoríparaapócrina

Canal excretor

Figura 5.7 Glândulas da PeleAs glândulas sudoríparas merócrinas abrem-se na superfície da pele. Asglândulas sudoríparas apócrinas e as glândulas sebáceas abrem-se para osfolículos pilosos.

radicular dérmica do pêlo até à camada papilar da derme (ver afigura 5.6a). Normalmente, o folículo piloso e o pêlo no seu inte-rior formam um ângulo oblíquo com a superfície da pele. No en-tanto, quando os músculos erectores do pêlo se contraem, puxamos folículos para uma posição mais perpendicular à superfície dapele, ficando os pêlos “em pé”. O movimento dos folículos pilososproduz áreas salientes denominadas “pele de galinha”.

A contracção do músculo erector dá-se em resposta ao frioou a situações de ameaça e, nos animais com pelagem, a respostaaumenta a espessura da pelagem. Quando a resposta resulta detemperaturas baixas, é benéfica porque a pelagem armazena maisar e por isso funciona melhor como isolante. Numa situação deameaça o animal parece maior e mais feroz, o que pode deter umatacante. É improvável que os seres humanos, com a sua escassaquantidade de pêlo, obtenham qualquer benefício importantede qualquer uma das respostas e, provavelmente, conservarameste traço como atavismo da evolução.

13. Quando e onde se encontram na pele o lanugo, a penugeme os pêlos terminais?

14. Defina raiz, haste e bulbo piloso de um pêlo. Descreva as trêspartes do pêlo que se observam numa secção transversal.

15. Descreva as partes do folículo piloso. De que forma é que abainha epitelial da raiz é importante para a reparação da pele?

16. Em que parte do pêlo se verifica o crescimento? Quais sãoos estádios de crescimento do pêlo?

17. Explique a localização e a acção dos músculos erectores do pêlo.

GlândulasAs principais glândulas da pele são as glândulas sebáceas e asglândulas sudoríparas (ver a figura 5.7).

Page 13: Capítulo 5   sistema tegumentar

Capítulo 5 Sistema Tegumentar 161

Glândulas SebáceasAs glândulas sebáceas, localizadas na derme, são glândulasalveolares (ou acinosas) simples ou compostas que produzemsebo, uma substância oleosa, branca, rica em lípidos. Uma vezque o sebo é libertado por lise e morte das células secretoras, asglândulas sebáceas são classificadas como glândulas holócrinas(ver o capítulo 4). A maior parte das glândulas sebáceas está uni-da através de um canal à parte superior dos folículos pilosos, apartir da qual o sebo engordura o pêlo e a superfície da pele. Istoevita a desidratação e protege contra algumas bactérias. Algu-mas glândulas sebáceas, localizadas nos lábios, nas pálpebras(glândulas de Meibomius) e nos órgãos genitais externos, não seencontram associadas a pêlos mas abrem-se directamente na su-perfície da pele.

Glândulas SudoríparasExistem dois tipos de glândulas sudoríparas e acreditou-se queumas libertavam as suas secreções de forma merócrina e outrasde forma apócrina (ver o capítulo 4). De acordo com esse facto,eram denominadas glândulas sudoríparas merócrinas e apó-crinas. Hoje sabe-se que as glândulas sudoríparas apócrinas li-bertam também parte das suas secreções de forma merócrina e,possivelmente, parte sob forma holócrina. Tradicionalmente sãoainda referidas como glândulas sudoríparas apócrinas.

As glândulas sudoríparas merócrinas, ou écrinas, o tipomais comum, são glândulas glomerulares tubulares simples que seabrem directamente na superfície da pele, através dos poros sudo-ríparos (ver a figura 5.7). As glândulas sudoríparas merócrinaspodem dividir-se em duas partes: a porção profunda glomerular,que se encontra, na sua maior parte, na derme, e o canal excretor,que se estende até à superfície da pele. A porção glomerular da glân-dula produz um líquido isotónico, constituído na sua maior partepor água, mas que também contém alguns sais (principalmentecloreto de sódio) e pequenas quantidades de amoníaco, ureia, áci-do úrico e ácido láctico. À medida que este líquido se desloca atra-vés do canal excretor, o cloreto de sódio é removido por transporteactivo do canal excretor de volta para o corpo, conservando-se as-sim os sais. O líquido hiposmótico resultante, que sai pelo canalexcretor, denomina-se suor. Quando a temperatura do corpo co-meça a elevar-se acima dos níveis normais, as glândulas sudoríparasproduzem suor, que se evapora e arrefece o corpo. O suor podetambém ser libertado nas palmas das mãos, plantas dos pés e axilas,como resultado de stresse emocional.

As glândulas sudoríparas merócrinas são mais numerosasnas palmas das mãos e nas plantas dos pés, mas estão ausentesdas margens dos lábios, dos pequenos lábios da vulva e das ex-tremidades do pénis e clítoris. Apenas alguns mamíferos, comoos seres humanos e os cavalos, possuem glândulas sudoríparas

merócrinas na pele coberta de pêlo. Os cães, por outro lado,mantêm-se frescos com a perda de água através da respiraçãoofegante, em vez de suarem.

As glândulas sudoríparas apócrinas são glândulas glome-rulares tubulares compostas que normalmente se abrem nosfolículos pilosos acima da abertura das glândulas sebáceas (ver afigura 5.7). Em outros mamíferos, estas glândulas distribuem-seprofusamente por toda a pele e ajudam a regular a temperatura.Nos seres humanos, as glândulas sudoríparas apócrinas locali-zam-se nas axilas e nos órgãos genitais externos (escroto e gran-des lábios) e em torno do ânus e não ajudam a regular a tempe-ratura. Nos seres humanos, as glândulas sudoríparas apócrinastornam-se activas na puberdade, como resultado da influênciadas hormonas sexuais. As suas secreções contêm substâncias or-gânicas como o ácido 3-metil-2-hexanóico, essencialmente ino-doras quando libertadas inicialmente, mas rapidamente meta-bolizadas por bactérias, originando o que é vulgarmente conhe-cido como odor corporal. Muitos mamíferos usam o odor comomeio de comunicação e tem sido sugerido que a actividade dasglândulas sudoríparas apócrinas pode ser um sinal de maturi-dade sexual.

Outras GlândulasOutras glândulas da pele são as glândulas ceruminosas e as glân-dulas mamárias. As glândulas ceruminosas são glândulas su-doríparas merócrinas modificadas que se localizam no canal au-ditivo externo (meato auditivo externo). O cerúmen, ou cera dosouvidos, é constituído por uma combinação das secreções dasglândulas ceruminosas e das glândulas sebáceas. O cerúmen e ospêlos do canal auditivo externo protegem a membrana do tím-pano, porque impedem a penetração de sujidade e de pequenosinsectos. No entanto, a acumulação de cerúmen pode bloquearo canal auditivo externo e dificultar a audição.

As glândulas mamárias são glândulas sudoríparas apó-crinas modificadas localizadas nas mamas. Produzem o leite. Aestrutura e regulação das glândulas mamárias são estudadas nocapítulo 29.

18. Qual é a secreção produzida pelas glândulas sebáceas?Qual a função dessa secreção?

19. Quais são as glândulas da pele responsáveis peloarrefecimento do corpo? Quais as glândulas envolvidas naprodução do odor corporal?

UnhasOs segmentos distais dos dedos dos primatas possuem unhas,enquanto a maior parte dos outros mamíferos possuem garrasou cascos. As unhas protegem as extremidades dos dedos, auxi-liam a manipulação e a preensão dos objectos pequenos e sãousadas para coçar.

A unha consiste na raiz da unha, proximal, e no corpo daunha, distal (figura 5.8a). A raiz da unha é coberta pela pele e ocorpo é a parte visível da unha. Os bordos proximal e laterais daunha encontram-se cobertos por pele denominada pregaungueal e os bordos são mantidos no seu lugar pelo sulcoungueal (figura 5.8, b). A camada córnea da prega ungueal cres-ce sobre o corpo da unha, formando o eponíquio ou cutícula.

Detector de MentirasA sudação emocional é usada em testes de detecção de mentiras(polígrafo), uma vez que a actividade das glândulas sudoríparas podeaumentar quando uma pessoa diz uma mentira. O suor produzido,mesmo em pequenas quantidades, pode ser detectado, já que asolução salina conduz electricidade e reduz a resistência eléctrica dapele.

Page 14: Capítulo 5   sistema tegumentar

Parte 2 Suporte e Movimento162

Por debaixo da extremidade livre do corpo da unha encontra-seo hiponíquio, uma região espessada da camada córnea (figura5.8, c).

A raiz da unha e o corpo da unha unem-se ao leito ungueal,cuja porção proximal é a matriz ungueal. No leito ungueal e namatriz ungueal encontra-se presente apenas a camada germi-nativa. A matriz ungueal é mais espessa do que o leito ungueal eproduz a maior parte da unha, apesar de o leito ungueal dar tam-bém o seu contributo. O leito ungueal é visível através da unhatransparente e surge rosado, dada a presença na derme dos vasossanguíneos. Uma pequena parte da matriz ungueal, a lúnula, évisível través do corpo da unha como uma zona esbranquiçadaem forma de crescente na base da unha. A lúnula, mais visível nopolegar, tem uma aparência branca uma vez que os vasos san-guíneos não podem ser observados através da espessa matrizungueal.

A unha é camada córnea. Contém queratina dura que lheconfere dureza. As células ungueais são produzidas na matrizungueal e empurradas em direcção distal sobre o leito ungueal.As unhas crescem a uma velocidade média de 0,5 a 1,2 mm pordia, e as unhas dos dedos das mãos crescem mais rapidamentedo que as dos pés. As unhas, tal como os pêlos, crescem a partirda base. Ao contrário dos pêlos, crescem continuamente ao lon-go da vida e não têm uma fase de repouso.

20. Enumere as partes constituintes da unha. Qual é a queproduz a maior parte da unha? O que é a lúnula?

21. O que é que endurece a unha? As unhas têm fases decrescimento?

Resumo das Funções do SistemaTegumentar

Objectivo■ Estudar as funções da pele, do pêlo, das unhas e das

glândulas.

ProtecçãoO sistema tegumentar é a fortaleza do corpo, defendendo-o dasagressões. Desempenha múltiplas funções de protecção.

1. O epitélio pavimentoso estratificado da pele protege as es-truturas subjacentes contra a abrasão. À medida que as cé-lulas exteriores da camada córnea descamam, são substituí-das por células da camada basal. As calosidades desenvol-vem-se em áreas sujeitas a grande fricção ou pressão.

2. A pele impede a entrada de microrganismos e de outrassubstâncias estranhas no interior do corpo. As secreçõesdas glândulas cutâneas produzem um ambiente inade-quado para alguns microrganismos. A pele contém com-ponentes do sistema imunitário que também actuamcontra os microrganismos (ver o capítulo 22).

3. A melanina absorve a luz ultravioleta e protege as estru-turas subjacentes contra os seus efeitos nocivos.

4. O pêlo confere protecção de várias maneiras. O cabeloactua como isolador térmico e protege a cabeça da luzultravioleta e da abrasão. As sobrancelhas afastam o suordos olhos e as pestanas protegem os olhos de corpos es-tranhos; os pêlos do nariz e dos canais auditivos externosimpedem a entrada de pó e de outros materiais. Os pêlosaxilares e púbicos são sinal de maturidade sexual e prote-gem contra a abrasão.

Extremidade livre

Corpo da unha

Sulco unguealPrega unguealLúnula

Eponíquio(cutícula)

Raiz da unha

Osso

Prega ungueal Corpo da unhaSulco ungueal

Epiderme

Matrizda unha

Osso

Raiz da unha(sob a pele)

Eponíquio

Corpo da unha

Leito ungueal

Bordo livre

Epiderme

Hiponíquio

Figura 5.8 Unha(a) Face dorsal. (b) Corte transversal. (c) Corte longitudinal.

(a) (b)

(c)

Page 15: Capítulo 5   sistema tegumentar

Capítulo 5 Sistema Tegumentar 163

5. As unhas protegem da lesão as pontas dos dedos, epodem servir para a defesa.

6. A pele intacta desempenha um importante papel na pre-venção da perda de água, pois os seus lípidos actuamcomo barreira à difusão da água.

Para contrariar o ganho de calor do meio ou para libertar o ex-cesso de calor produzido pelo corpo, é produzido suor. O suorespalha-se pela superfície do corpo e, à medida que se evapora, ocorpo perde calor.

Se a temperatura do corpo começa a descer abaixo do nor-mal, o calor pode ser conservado por uma diminuição do diâ-metro dos vasos sanguíneos, reduzindo assim o fluxo do sanguena pele (figura 5.9b). Contudo, com menos sangue quente a cir-cular através da pele, a temperatura da pele diminui. Se a tempe-ratura da pele diminuir abaixo dos 15°C, os vasos sanguíneosdilatam-se, o que ajuda a evitar danos nos tecidos resultantes dofrio.

A contracção dos músculos erectores dos pêlos provoca aelevação destes mas, com a escassa quantidade de pêlos que co-brem o corpo, este mecanismo não reduz significativamente aperda de calor nos seres humanos. Na cabeça, no entanto, o ca-belo é um isolador eficiente. A regulação geral da temperatura éabordada no capítulo 25.

E X E R C Í C I O

Deve ter reparado que, em dias de Inverno muito frios, as orelhas e

nariz das pessoas ficam vermelhos. Pode explicar porque se dá

este fenómeno?

Produção de Vitamina DA vitamina D actua como uma hormona para estimular a capta-ção de cálcio e fosfatos no intestino, para promover a sua liber-tação a partir dos ossos e para reduzir a perda de cálcio nos rins,levando assim ao aumento dos níveis de cálcio e fosfatos no san-gue. São necessários níveis adequados destes minerais para o me-tabolismo ósseo normal (ver o capítulo 6) e o cálcio é indispen-sável para o normal funcionamento nervoso e muscular (ver ocapítulo 9).

Os vasos sanguíneosdilatam-se (vasodilatação)

Epiderme

Perda decalor atravésda epiderme

Aumento da perda de calor

Constrição dos vasossanguíneos (vasoconstrição)

Conservação do calor

Epiderme

Figura 5.9 Trocas de Calor na Pele(a) Os vasos sanguíneos da derme dilatam-se (vasodilatação), permitindo assim a circulação de uma maior quantidade de sangue nos vasos mais próximos dasuperfície, onde é perdido o calor do corpo. (b) Os vasos sanguíneos da derme contraem-se (vasoconstrição) reduzindo assim a quantidade de sangue circulante ea perda de calor.

(a) (b)

Administração de Medicamentos Através da PeleAlgumas substâncias lipossolúveis atravessam facilmente a epiderme.Medicamentos lipossolúveis podem ser administrados aplicando-os napele, depois do que o medicamento se difunde lentamente através dapele para o sangue. Por exemplo, adesivos contendo nicotina podemser usados para auxiliar a redução dos sintomas de privação daspessoas que tentam deixar de fumar.

SensaçãoO corpo sente a dor, o calor e o frio porque o sistema tegumentartem receptores sensoriais em todas as suas camadas. Por exem-plo, a derme e as papilas dérmicas estão bem abastecidas comreceptores do tacto. A derme e os tecidos mais profundos con-têm receptores para a dor, o calor, o frio, o tacto, e receptores depressão. Os folículos pilosos (mas não o pêlo) são bem inervadose o movimento do pêlo pode ser detectado pelos receptores sen-soriais em redor da base do folículo piloso. Os receptores senso-riais são discutidos com mais detalhe no capítulo 14.

Regulação da TemperaturaA temperatura do corpo tende a aumentar como resultado deexercício físico, da febre, ou de um aumento da temperatura am-biente. A homeostasia é mantida pela perda do excesso de calor.Os vasos sanguíneos (arteríolas) da derme dilatam-se e permitemo aumento do fluxo de sangue através da pele, transferindo as-sim o calor dos tecidos mais profundos para a pele (figura 5.9a).

Page 16: Capítulo 5   sistema tegumentar

Parte 2 Suporte e Movimento164

Perspectiva Clínica Doenças do Sistema Tegumentar

O Sistema Tegumentar comoAuxiliar de DiagnósticoO sistema tegumentar é útil no diagnósticoporque é facilmente observado e reflectefrequentemente os acontecimentos que sedesenrolam noutras partes do corpo. Porexemplo, a cianose, uma cor azulada dapele que resulta da diminuição do conteú-do em oxigénio do sangue, é uma indica-ção de função circulatória ou respiratóriadeficiente. Quando os glóbulos vermelhosenvelhecem, são degradados e parte do seuconteúdo é excretados pelo fígado comopigmentos biliares para o intestino. A icte-rícia é uma cor amarelada da pele, que ocor-re quando se verifica um excesso de pig-mentos biliares no sangue. Se o fígado seencontra lesado por uma doença como ahepatite viral, os pigmentos biliares não sãoexcretados e acumulam-se no sangue.

Erupções cutâneas e lesões da pelepodem ser sintomáticas de problemas emqualquer outra região do corpo. Por exem-plo, a escarlatina resulta de uma infecçãobacteriana na garganta. As bactérias liber-tam para o sangue uma toxina que originauma erupção cutânea vermelho-escarlateque determina o nome da doença. Nas reac-ções alérgicas (ver o capítulo 22), a liber-tação de histamina nos tecidos produz tu-mefacção e rubor. O desenvolvimento deuma erupção cutânea na pele pode indicaruma alergia a alimentos ingeridos ou a me-dicamentos como a penicilina.

As características da pele, cabelos eunhas são afectadas pelo estado nutricio-nal. Havendo deficiência de vitamina A, apele produz queratina em excesso e adqui-re uma textura rugosa característica (seme-lhante à da lixa), enquanto que na anemiapor falta de ferro as unhas perdem o seucontorno normal e tornam-se planas ou côn-cavas (forma de colher).

O pêlo concentra muitas substânciasque podem ser detectadas através de análi-se laboratorial e a comparação do cabelo deum doente com um cabelo “normal” pode serútil para o diagnóstico. Por exemplo, o enve-nenamento por chumbo origina níveis eleva-dos deste no cabelo. No entanto, a análisedo pêlo como teste de despiste para deter-minar a saúde ou o estado nutricional de umindivíduo continua pouco fiável.

Infecções BacterianasA estirpe bacteriana Staphylococcus aureusencontra-se vulgarmente em borbulhas,pústulas e furúnculos e pode provocar im-

petigo, uma doença da pele que afecta geral-mente as crianças e que é caracterizada por pe-quenas bolhas contendo pus que se rompemfacilmente formando uma crosta espessa ama-relada. A estirpe Streptococcus pyogenes pro-voca a erisipela, caracterizada por manchastumefactas vermelhas na pele. As queimadurassão infectadas com frequência por Pseudomonasaeruginosa, que produz pus azul esverdeadocausado pelos pigmentos bacterianos.

A acne é uma doença dos folículos pilosose glândulas sebáceas que afecta quase toda agente nalgum momento da sua vida. Apesar de acausa exacta da acne ser desconhecida, crê-seque quatro factores estão envolvidos: hormo-nas, sebo, queratinização anormal no folículopiloso e a bactéria Propionibacterium acnes.As lesões começam aparentemente com umahiperproliferação da epiderme do folículo pilo-so e descamam-se muitas células. Estas célu-las são anormalmente aderentes umas às ou-tras e formam uma massa de células mistura-da com sebo que bloqueia o folículo piloso. Du-rante a puberdade, as hormonas, particular-mente a testosterona, estimulam as glândulassebáceas a aumentar a produção de sebo. Umavez que tanto a glândula supra-renal como ostestículos produzem testosterona, o efeito éobservado em homens e mulheres. Uma acu-mulação de sebo abaixo do ponto onde se si-tua o bloqueio produz um “ponto branco” quepode transformar-se num “ponto negro” ounuma borbulha. O “ponto negro” surgirá se oorifício do folículo piloso for aberto devido àpressão exercida pelas células córneas e pelosebo que se vão acumulando. Apesar do acor-do generalizado de que não são poeiras as res-ponsáveis pela cor negra dos pontos negros,discute-se ainda a causa exacta desta cor. De-senvolve-se uma borbulha caso a parede dofolículo piloso se rompa. Uma vez que a pare-de do folículo se rompa, o P. acnes e outrosmicrorganismos estimulam uma resposta infla-matória que resulta na formação de uma bor-bulha vermelha cheia de pus. Se a lesão dotecido for extensa formam-se cicatrizes.

Infecções ViraisAlgumas das infecções virais da pele bem co-nhecidas são a varicela, sarampo, rubéola eherpes simples (herpes simplex). As verrugas,que têm origem numa infecção viral da epi-derme, são geralmente inofensivas e desapa-recem sem tratamento.

Infecções FúngicasA tinha é uma infecção fúngica que afecta aporção queratinizada da pele, cabelo e unhas

e produz alopécia (perda de cabelo) e apa-recimento de escamas, em manchas disper-sas, com resposta inflamatória. As lesõessão frequentemente circulares, com os bor-dos elevados, e antigamente pensava-seserem causadas por vermes. Existem váriasespécies de fungos que originam a tinha emseres humanos e são usualmente descritospela sua localização: tinha do couro cabe-ludo, tinha das virilhas e, nos pés, pé deatleta.

Úlceras de DecúbitoAs úlceras de decúbito, também conhecidaspor úlceras de pressão, desenvolvem-se emdoentes que se encontram imobilizados(acamados por exemplo, ou confinados a umacadeira de rodas). O peso do corpo, especial-mente em áreas que se apoiam sobre saliên-cias ósseas como nas ancas e calcanhares,comprime os tecidos e causa isquemia (dimi-nuição da circulação arterial). A consequênciaé a destruição, ou necrose, da hipoderme ede tecidos mais profundos, seguida pela mor-te da pele. Uma vez a pele morta, os microrga-nismos introduzem-se, infectando a úlcera.

VesículasAs vesículas (“bolhas”) são áreas da pelepreenchidas com líquido que se desenvol-vem quando os tecidos são lesados e a res-posta inflamatória produz edema. As infec-ções e os traumatismos causados por agen-tes físicos podem causar vesículas ou outraslesões em diferentes camadas da pele.

PsoríaseA psoríase é caracterizada por apresentar umacamada córnea mais espessa do que o nor-mal, que descama para originar escamas gran-des e prateadas. Se as escamas forem raspa-das, observa-se hemorragia dos vasos san-guíneos localizados no topo das papilas dér-micas. Estas alterações resultam do aumentoda divisão celular na camada basal, da pro-dução anómala de queratina e do alonga-mento das papilas dérmicas em direcção à su-perfície da pele. Existem dados que sugeremque a doença tem um componente genéticoe que o sistema imunitário estimula o aumen-to da divisão celular. A psoríase é uma doen-ça crónica que pode ser controlada com me-dicamentos e fototerapia (radiação ultravio-leta) mas ainda não tem cura.

Eczema e DermatiteEczema e dermatite são estados inflama-tórios da pele. As causas da inflamação

Page 17: Capítulo 5   sistema tegumentar

Capítulo 5 Sistema Tegumentar 165

podem ser alergia, infecção, circulação defi-ciente ou exposição a agentes físicos comosubstâncias químicas, calor, frio ou radiaçãosolar.

Hemangiomas (angiomas)Os hemangiomas são alterações congénitas(presentes no nascimento) nos capilares daderme cutânea. Normalmente apenas susci-tam preocupação por razões cosméticas. Umrubi é um angioma formado por uma massamole de tecido saliente que surge com coresque variam entre o vermelho vivo e o roxo es-curo (cor de rubi). Em 70% dos doentes, osrubis desaparecem espontaneamente por vol-ta dos 7 anos de idade. As manchas cor devinho do Porto, aparecem como manchas pla-nas de cor vermelha escura ou azulada (corde vinho do porto), e persistem durante todaa vida.

VitiligoO vitiligo é o desenvolvimento de manchas depele branca causadas pela destruição dosmelanócitos na área afectada, devido, aparen-temente, a uma resposta auto-imune (ver ocapítulo 22).

NevosOs nevos (vulgarmente chamados “sinais”) sãoelevações da pele variáveis em tamanho, fre-

quentemente pigmentadas e com pêlos. His-tologicamente, um nevo consiste num agrega-do ou “ninho” de melanócitos na epiderme ouna derme. Constituem uma ocorrência normale a maior parte das pessoas possuem 10 a 20nevos, que surgem na infância e crescem até àpuberdade.

CancroO cancro da pele é o tipo mais comum de can-cro(*) (figura C). Apesar de serem conhecidosprodutos químicos e radiação (raios-X) que in-duzem o cancro, o desenvolvimento do cancroda pele encontra-se mais frequentemente as-sociado à exposição à radiação ultravioleta(UV) do sol e, consequentemente, os cancrosda pele desenvolvem-se predominantementena cara ou no pescoço. As pessoas com maiorprobabilidade de ter cancro da pele são as quetêm pele clara (ou seja, possuem menos pro-tecção contra o sol) ou idade acima dos 50anos (que sofreram já uma longa exposição aosol).

O basalioma ou carcinoma de célulasbasais, o cancro da pele mais comum, inicia-sena camada basal e estende-se até à derme paraproduzir uma úlcera aberta. A remoção cirúr-gica ou o tratamento com radiação cura estetipo de cancro; quando tratado a tempo, exis-te felizmente pouco perigo de este cancro seespalhar ou desenvolver metástases noutrasregiões do corpo.

O carcinoma espinocelular desenvol-ve-se a partir dos queratinócitos da cama-da espinhosa que continuam a dividir-se àmedida que produzem queratina. Tipica-mente, o resultado é um tumor nodular que-ratinizado confinado à epiderme, mas podeinvadir a derme, desenvolver metástases ecausar a morte. O melanoma maligno é umaforma menos comum de cancro da pele comorigem nos melanócitos, normalmente numnevo pré-existente. O melanoma pode sur-gir como uma lesão grande, plana, em cres-cimento, ou como um nódulo extremamentepigmentado. A metastização é comum e, amenos que seja diagnosticado e tratado noinício do seu desenvolvimento, este cancroé frequentemente fatal. São possíveis ou-tros tipos de cancro da pele (por ex., metás-tases na pele de cancro localizado noutraspartes do corpo).

A limitação da exposição ao sol e o usode cremes protectores solares podem redu-zir a probabilidade de desenvolver cancro dapele. No entanto, surgiram recentementepreocupações com o uso de cremes protec-tores solares, devido aos diferentes tipos deradiação UV que conseguem bloquear. Aexposição à UVB pode causar queimadurasolar e associa-se ao desenvolvimento docarcinoma de células basais e ao carcinomaespinocelular. O desenvolvimento do mela-noma maligno está associado à exposiçãoà UVA. Um protector solar que bloqueie fun-damentalmente a UVB permite aumentar aexposição ao sol sem surgir queimadurasolar, mas por esse motivo aumenta a expo-sição à UVA, com o possível desenvolvimen-to do melanoma maligno. Recomendam-seprotectores solares que bloqueiem com efi-cácia a UVB e a UVA.

(a) (b)

(*) Apesar de as estatísticas conhecidas serem incompletas, em Portugal também será o cancro mais comum (N.T.).

Figura C Cancro da Pele(a) Carcinoma de células basais.(b) Carcinoma espinocelular.(c) Melanoma maligno.

(c)

Page 18: Capítulo 5   sistema tegumentar

Patologia do Sistema TegumentarRepercussões SistémicasQueimaduras

O Sr. S é um homem de 23 anos de idade que tem dificuldade em ador-mecer, à noite. Ficava muitas vezes a pé até tarde, a ver televisão ou a ler,até adormecer. Além disso, acende os cigarros uns nos outros. Uma noi-te, tomou vários comprimidos para dormir. Infelizmente, adormeceu an-tes de apagar o cigarro, provocando um incêndio. Como consequência,ficou gravemente queimado, com queimaduras de espessura total e deespessura parcial (figura Da). Levaram-no para o serviço de urgência eacabou sendo transferido para uma unidade de queimados.

Durante o primeiro dia após o acidente, o seu estado era crítico,por ter entrado em choque, situação que foi estabilizada com a admi-nistração de grandes quantidades de líquidos intravenosos. O trata-mento consistia ainda numa dieta rica em proteínas e em calorias.

Uma semana mais tarde, o tecido morto foi removido das quei-maduras mais graves (figura Db) e foi feito um enxerto de pele. Apesardo uso de antibióticos tópicos e dos pensos esterilizados, algumas dasqueimaduras infectaram. Outra complicação foi o desenvolvimento deuma trombose venosa numa perna.

Embora as queimaduras fossem dolorosas e o tratamento pro-longado, o Sr. S teve uma recuperação total. Nunca mais fumou.

FundamentaçãoQuando grandes áreas da pele ficam gravemente queimadas, produ-zem-se efeitos sistémicos que podem ameaçar a vida. Um desses efei-tos verifica-se nos capilares, que são pequenos vasos sanguíneos emque os líquidos, gases, nutrientes e produtos de eliminação são nor-malmente trocados entre o sangue e os tecidos. No espaço de minutosapós uma queimadura grave, os capilares ficam mais permeáveis nolocal da queimadura e em todo o corpo. Por isso se perdem líquidos eelectrólitos (ver o capítulo 2) na região queimada e para os espaçostecidulares. A perda de líquidos diminui o volume de sangue, o quediminui a capacidade do coração para o bombear. A consequente di-minuição do aporte de oxigénio aos tecidos pode provocar lesãotecidular, choque ou mesmo a morte. O tratamento consiste na admi-nistração intravenosa de líquidos, a um ritmo mais rápido do que o dasua saída dos capilares. Embora isto possa reverter o choque e evitar amorte, os líquidos continuam a escorrer para os espaços tecidularescausando um edema (inchaço dos tecidos) acentuado.

Caracteristicamente, 24 horas depois a permeabilidade capilar re-gressa ao normal e a quantidade de líquidos intravenosos administra-dos pode ser muito reduzida. A razão pela qual uma queimadura desen-cadeia as alterações da permeabilidade capilar não está bem esclarecida.

Está claro que, após uma queimadura, ocorrem alterações imunológicase metabólicas que não afectam apenas os capilares, mas também o res-to do organismo. Por exemplo, os mediadores da inflamação (ver ocapítulo 4), libertados em resposta à lesão dos tecidos, contribuem paraproduzir alterações da permeabilidade capilar em todo o corpo.

Substâncias libertadas pela queimadura também podem ter umpapel no funcionamento anormal das células. A queimadura leva a umestado hipermetabólico quase imediato, que persiste até ao seu en-cerramento. A reprogramação do centro cerebral de regulação térmica

Queimadurade espessuraparcial

Queimadurade espessuratotal

Figura D Vítima de Queimadura(a) Queimaduras de espessura parcial e de espessura total. (b) Vítima numaunidade de queimados.

(a)

(b)

166 Parte 2 Suporte e Movimento

Page 19: Capítulo 5   sistema tegumentar

para uma temperatura mais elevada e o aumento da libertação hormo-nal pelo sistema endócrino contribuem também para aumentar o me-tabolismo. Por exemplo, a adrenalina e a noradrenalina das glândulassupra-renais aumentam o metabolismo celular. Em comparação com atemperatura corporal normal de cerca de 37ºC, a temperatura normaldos doentes queimados é de 38,5ºC, apesar da maior perda de águapor evaporação a partir da queimadura.

Nas queimaduras graves, o aumento da taxa metabólica podelevar a uma perda de peso que atinge os 30-40% do peso prévio doindivíduo. Para compensar, a absorção calórica deve duplicar ou mes-mo triplicar. Além disso, a necessidade de proteínas, necessárias paraa reparação dos tecidos, está aumentada.

A pele mantém normalmente a homeostase, evitando a entrada demicrorganismos. Como as queimaduras lesam ou mesmo destroem com-pletamente a pele, os microrganismos podem desencadear infecção. Porisso, as pessoas queimadas são mantidas num ambiente asséptico, natentativa de prevenir a entrada de microrganismos na ferida. Tambémlhes são administrados antibióticos, que matam os microrganismos ouimpedem o seu crescimento. O desbridamento, ou remoção do tecidomorto da queimadura, ajuda a prevenir infecções, pela limpeza da feridae pela remoção dos tecidos em que a infecção se poderia desenvolver.Os enxertos de pele, executados passada uma semana da produção daqueimadura, também previnem a infecção, pelo encerramento da ferida,que impede a entrada de microrganismos.

Apesar destes esforços, no entanto, as infecções são ainda a prin-cipal causa de morte das vítimas de queimadura. A depressão do sis-tema imunitário durante a primeira ou segunda semana após o aciden-te contribui para a uma elevada taxa de infecções. O tecido alteradopela temperatura é reconhecido como uma substância estranha queestimula o sistema imunitário, que fica sobrecarregado à medida queas suas células ficam menos eficazes e diminui a produção das subs-tâncias químicas que, normalmente, proporcionam resistência à infec-ção (ver o capítulo 22). Quanto mais extensa for a queimadura, maior adepressão do sistema imunitário e maior o risco de infecção.

A trombose venosa, ou desenvolvimento de um coágulo numaveia, é também complicação das queimaduras. O sangue normalmen-te forma coágulo quando exposto a tecido lesado, como o do local dequeimadura, mas um coágulo pode obstruir a corrente sanguínea, oque provoca destruição de tecidos. Além disso, a concentração no san-gue das substâncias químicas que provocam a coagulação aumentapor dois motivos: perda de líquidos pela queimadura e aumento dalibertação de factores de coagulação pelo fígado.

E X E R C Í C I O

Quando o Sr. S foi admitido pela primeira vez na unidade de

queimados, a enfermeira monitorizou cuidadosamente o débito

urinário. Porque é que isto faz sentido, tendo em conta as lesões

que sofreu?

Capítulo 5 Sistema Tegumentar 167

Sistema Interacções

Interacções Sistémicas

Esquelético A medula óssea vermelha substitui os eritrócitos destruídos na pele queimada.

Muscular Perda de massa muscular em consequência do estado hipermetabólico causado pela queimadura.

Nervoso A dor é sentida nas queimaduras de espessura parcial. O centro cerebral de regulação térmica está regulado para umatemperatura corporal mais alta. Concentrações anormais de K+ perturbam a actividade normal do sistema nervoso: osníveis elevados resultam da libertação de K+ nos tecidos lesados; os níveis baixos podem ser causados pela perda rápidade K+ nos líquidos perdidos na queimadura.

Endócrino O aumento da secreção de adrenalina e noradrenalina pela glândula supra-renal em resposta à lesão contribui para a subidada temperatura corporal, na medida em que aumenta o metabolismo celular.

Cardiovascular O aumento da permeabilidade capilar provoca diminuição do volume sanguíneo, o que leva a diminuição do sangue distribuí-do aos tecidos, edema e choque. A eficácia da bombagem cardíaca fica comprometida pelo desequilíbrio electrolítico epelas substâncias libertadas a partir da queimadura. O aumento da coagulação sanguínea provoca trombose venosa. Oaporte preferencial de sangue ao local da queimadura promove a cicatrização.

Linfático e imunitário A inflamação aumenta em resposta à lesão dos tecidos. Mais tarde, a depressão do sistema imunitário pode resultar eminfecção.

Respiratório Obstrução das vias aéreas provocada por edema. Aumento da frequência respiratória pelo aumento do metabolismo eprodução de ácido láctico.

Digestivo A diminuição do aporte sanguíneo em consequência da queimadura provoca degenerescência da mucosa intestinal e dofígado. As bactérias intestinais podem provocar infecções sistémicas. O fígado liberta factores de coagulação do sangue,em resposta à lesão. Absorção aumentada dos nutrientes necessários para responder ao aumento do metabolismo e paraa cicatrização do sistema tegumentar.

Urinário Os rins compensam o aumento da perda de líquidos causado pela queimadura reduzindo drasticamente ou mesmo suspen-dendo a produção de urina. A diminuição do volume sanguíneo provoca diminuição do fluxo sanguíneo para os rins, o quereduz o débito urinário mas pode também provocar lesão dos tecidos renais. A hemoglobina, libertada pelas célulassanguíneas lesadas na pele queimada, pode obstruir o fluxo urinário nos rins.

Page 20: Capítulo 5   sistema tegumentar

Parte 2 Suporte e Movimento168

A síntese de vitamina D inicia-se na pele exposta à radia-ção ultravioleta e os seres humanos podem produzir toda a vita-mina D de que necessitam através deste processo, se encontra-rem disponível radiação ultravioleta suficiente. Contudo, umavez que os seres humanos vivem entre paredes e usam roupa, asua exposição à radiação ultravioleta pode não ser adequada paraa produção de vitamina D suficiente. Isto é particularmente pro-vável nas pessoas que vivem em climas frios, já que se mantêmentre paredes ou andam cobertas de roupas quentes quando aoar livre. Felizmente, a vitamina D pode também ser ingerida eabsorvida no tubo digestivo. Constituem fontes naturais de vi-tamina D o fígado (particularmente o de peixe), a gema do ovo eos produtos lácteos (manteiga, queijo e leite, por exemplo). Alémdisso, a dieta pode ser complementada com vitamina D de leiteenriquecido ou comprimidos de vitaminas.

A síntese de vitamina D inicia-se quando a molécula per-cursora, 7-dehidrocolesterol, é exposta à radiação ultravioleta econvertida em colecalciferol. O colecalciferol é libertado no san-gue e modificado por hidroxilação (adição de iões hidroxilo) nofígado e nos rins para formar vitamina D activa (calciferol).

ExcreçãoExcreção é a remoção de detritos do corpo. Além de água e sais,o suor contém uma pequena quantidade de produtos de excreçãocomo ureia, ácido úrico e amoníaco. Contudo, em comparaçãocom os rins, a quantidade de produtos de excreção eliminadosno suor é insignificante, mesmo quando se perdem grandes quan-tidades de suor.

22. De que formas é que a pele confere protecção?23. Que espécie de receptores sensoriais se encontram na

pele, e porque é que são importantes?24. De que forma é que a pele colabora na regulação da

temperatura corporal?25. Enumere as localizações em que o colecalciferol é produzido

e depois transformado em vitamina D. Quais são asfunções da vitamina D?

26. Que substâncias são excretadas no suor? A pele é umlugar de excreção importante?

Efeitos do Envelhecimentono Sistema Tegumentar

Objectivo■ Descrever as alterações que ocorrem no sistema tegumentar

com o avançar da idade.

À medida que o corpo envelhece, a pele é lesada mais facilmente,porque a epiderme se torna mais fina e a quantidade de colagénio

na derme diminui. As infecções tornam-se mais frequentes e areparação da pele é mais lenta. A diminuição das fibras elásticasda derme e a perda de gordura da hipoderme originam a flacideze o aspecto enrugado da pele.

Com a idade, a pele torna-se mais seca, à medida que dimi-nui a actividade das glândulas sebáceas. A diminuição da activi-dade das glândulas sudoríparas e da irrigação sanguínea da dermeorigina uma deficiente capacidade de termorregulação. Em in-divíduos idosos que não tomam as precauções adequadas é maisfácil ocorrer a morte por exposição ao calor.

O número de melanócitos funcionais diminui mas, em al-gumas áreas localizadas, particularmente nas mãos e na cara, osmelanócitos aumentam em número, produzindo manchas senis(diferentes das efélides, vulgarmente chamadas “sardas”, que re-sultam do aumento de produção de melanina e não do númerode melanócitos). Os cabelos grisalhos ou brancos surgem igual-mente devido a uma diminuição ou falta de produção de mela-nina.

A pele que é exposta à luz solar parece envelhecer mais ra-pidamente do que a pele não exposta. Este efeito observa-se emregiões do corpo como a face e as mãos, expostas à radiação solar(figura 5.10). Os efeitos de exposição crónica da pele ao sol são,contudo, diferentes dos efeitos do envelhecimento normal. Napele exposta à luz solar, as fibras elásticas normais são substituí-das por um tapete entrançado de material elástico espesso, o nú-mero de fibras de colagénio diminui e a capacidade dos quera-tinócitos se dividirem está alterada.

27. Comparada com a pele jovem, porque é que a peleenvelhecida tem mais probabilidade de ser lesada,enrugada e seca?

28. Porque é que o calor é um perigo potencial para osidosos?

29. Explique as manchas senis e os cabelos brancos.30. Qual é o efeito da exposição solar sobre a pele?

Tratamento das Rugas CutâneasO ácido retinóico (tretinoína) é um derivado da vitamina A que está a serusado para tratar as rugas cutâneas. Parece ser eficaz no tratamento derugas finas da face, como as que são causadas por longa exposição aosol, mas não é eficaz no tratamento de rugas profundas. Ironicamente,um efeito colateral do ácido retinóico é o aumento da sensibilidade aosraios ultravioletas do sol. Os médicos que receitam este creme alertampara o uso constante de um ecrã solar quando fora de casa.

Page 21: Capítulo 5   sistema tegumentar

Capítulo 5 Sistema Tegumentar 169

R E S U M O

O sistema tegumentar é constituído pela pele, pêlos, unhas e umavariedade de glândulas.

Visão de Conjunto do Sistema Tegumentar (p. 150)

O sistema tegumentar isola-nos e protege-nos do meio exterior. As suasoutras funções incluem a sensibilidade, a regulação da temperatura, aprodução de vitamina D e a excreção de pequenas quantidades deprodutos de eliminação.

Hipoderme (p. 150)

1. Localizada sob a derme, a hipoderme é um tecido conjuntivo laxoque contém fibras de colagénio e de elastina.

2. A hipoderme fixa a pele às estruturas subjacentes e constitui umlocal de armazenamento de gordura.

Pele (p. 151)

Derme1. A derme, constituída por tecido conjuntivo, divide-se em duas

camadas.2. A camada reticular é a principal e é formada por tecido conjuntivo

denso irregular, que consiste principalmente em colagénio.3. A camada papilar tem projecções designadas por papilas e é

constituída por tecido conjuntivo laxo, bem irrigado por capilares.

Epiderme1. A epiderme é constituída por epitélio pavimentoso estratificado

dividido em cinco camadas.2. A camada basal é composta por queratinócitos, que produzem as

células das camadas mais superficiais.3. A camada espinhosa é composta por várias fiadas de células unidas

por numerosos desmossomas. A camada basal e a camada espinhosasão por vezes denominadas camada germinativa.

4. A camada granulosa é constituída por células repletas de grânulos dequeratohialina. A morte das células ocorre nesta camada.

5. A camada translúcida é composta por uma camada de célulasmortas transparentes.

6. A camada córnea é constituída por muitas camadas de célulaspavimentosas mortas. As células mais superficiais descamam.

7. A queratinização é a transformação de células vivas da camada basalem células pavimentosas mortas da camada córnea.• As células queratinizadas estão repletas de queratina e possuem um

invólucro proteico, ambos contribuindo para a sua resistênciaestrutural. As células estão também unidas por muitos desmossomas.

• Os espaços intercelulares estão repletos com lípidos das lamelas quecontribuem para a impermeabilidade da epiderme em relação à água.

8. A queratina mole encontra-se na pele e no interior dos pêlos,enquanto que a queratina dura se encontra nas unhas e no exteriordos pêlos. A queratina dura torna as células mais duradouras e estascélulas não descamam.

Pele Espessa e Pele Fina1. A pele espessa possui todas as cinco camadas epiteliais. A derme sob

a pele espessa origina as impressões digitais e plantares.2. A pele fina contém menos fiadas de células por camada, e a camada

translúcida encontra-se geralmente ausente. Os pêlos encontram-seapenas na pele fina.

Cor da Pele1. Os melanócitos produzem melanina dentro dos melanossomas e

transferem depois a melanina para os queratinócitos. O tamanho e adistribuição dos melanossomas determinam a cor da pele. Aprodução de melanina é determinada geneticamente mas pode serinfluenciada por hormonas e pela radiação ultravioleta (bronzeado).

2. O caroteno, um pigmento vegetal que é ingerido, pode causar umaaparência amarelada da pele.

3. O aumento do fluxo sanguíneo produz uma cor vermelha na pele,enquanto que uma diminuição no fluxo sanguíneo torna a pelepálida. A diminuição do conteúdo de oxigénio no sangue produzuma cor azulada que se denomina cianose.

Anexos da Pele (p. 156)

Pêlo1. O lanugo (pêlo fetal) é substituído perto do momento do nascimen-

to por pêlos definitivos (pestanas, sobrancelhas e couro cabeludo) epor penugem. Durante a puberdade, a penugem pode ser substituídapor pêlos terminais.

Figura 5.10 Efeitos da Luz Solar Sobre a Pele(a) Monge japonês de 91 anos de idade que passou a maior parte da sua vidaentre paredes. (b) Índia americana de 62 anos de idade que passou a maiorparte da sua vida ao ar livre.

(a)

(b)

Page 22: Capítulo 5   sistema tegumentar

Parte 2 Suporte e Movimento170

2. O pêlo é constituído por células epiteliais mortas queratinizadas,sendo composto por um eixo central de células com queratina mole,chamado medula, que é rodeada por um córtex de células comqueratina dura. Este córtex é recoberto pela cutícula, camada únicade células preenchidas com queratina dura.

3. Um pêlo possui três partes: a haste, a raiz e o bulbo piloso.4. O bulbo piloso produz o pêlo, em ciclos que envolvem uma fase de

crescimento e uma fase de repouso.5. A cor do pêlo é determinada pela quantidade e tipo de melanina

presente.6. A contracção dos músculos erectores do pêlo, que são músculos

lisos, “arrepia o pêlo”, e produz “pele de galinha”.

Glândulas1. As glândulas sebáceas produzem sebo, que engordura o pêlo e a

superfície da pele.2. As glândulas sudoríparas merócrinas produzem suor que arrefece o

corpo. As glândulas sudoríparas apócrinas produzem uma secreçãoorgânica que pode ser degradada por bactérias e originar o odorcorporal.

3. Outras glândulas da pele são as glândulas ceruminosas que contri-buem para a produção do cerúmen (cera dos ouvidos) e as glândulasmamárias, que produzem o leite.

Unhas1. A unha é constituída por uma raiz ungueal e pelo corpo ungueal,

que assenta no leito ungueal.2. Parte da raiz ungueal, a matriz ungueal, produz o corpo da unha,

composto por várias camadas de células contendo queratina dura.

Resumo das Funções do Sistema Tegumentar (p. 162)

Protecção1. A pele protege contra a abrasão e a luz ultravioleta, evita a entrada

de microrganismos, ajuda a regular a temperatura corporal e previnea perda de água.

2. Os pêlos protegem da abrasão e da luz ultravioleta e constituem umisolante térmico.

3. As unhas protegem as pontas dos dedos.

SensaçãoA pele contém receptores sensoriais para a dor, tacto, calor, frio e pressão,que permitem respostas adequada ao meio ambiente.

Regulação da Temperatura1. Através da dilatação e contracção dos vasos sanguíneos, a pele

controla a perda de calor do corpo.2. As glândulas sudoríparas produzem suor que se evapora e faz baixar

a temperatura do corpo.

Produção de Vitamina D1. A pele exposta à luz ultravioleta produz colecalciferol que é modifi-

cado no fígado e depois nos rins para formar vitamina D activa.2. A vitamina D aumenta os níveis de cálcio no sangue, promovendo a

absorção de cálcio a partir do tubo digestivo, a remoção de cálciodos ossos e a redução da perda de cálcio pelos rins.

ExcreçãoAs glândulas cutâneas removem pequenas quantidades de produtos deexcreção (ureia, ácido úrico e amoníaco, por exemplo) mas não sãoimportantes na excreção.

Efeitos do Envelhecimento no Sistema Tegumentar (p. 168)

1. À medida que o corpo envelhece, o fluxo sanguíneo para a pelediminui e a pele torna-se mais fina e perde elasticidade.

2. As glândulas sudoríparas e sebáceas tornam-se menos activas e onúmero de melanócitos diminui.

1. A hipodermea. é a camada da pele onde são produzidos os pêlos.b. é a camada da pele onde as unhas são produzidas.c. une a derme à epidermed. é formada por tecido conjuntivo denso irregular.e. contém cerca de metade da gordura armazenada do corpo.

Para as perguntas 2-5, fazer corresponder a camada da derme com adescrição ou função correcta:

a. camada papilarb. camada reticular

2. Camada da derme mais próxima da epiderme.3. Camada da derme responsável pela maior parte da resistência

estrutural da pele.4. Camada da derme responsável pelas impressões digitais e palmares.5. Camada da derme responsável pelas linhas de clivagem e pelas estrias.6. A camada da pele (onde se dá a mitose) que substitui as células

perdidas da camada mais exterior da epiderme é aa. camada córnea.b. camada basal.c. camada translúcida.d. camada reticular.e. hipoderme.

7. Se uma lasca de madeira penetrar na pele da palma da mão até àsegunda camada da epiderme a partir da superfície, a última camadalesada é aa. camada granulosab. camada basalc. camada córnea

R E V I S Ã O D E C O N T E Ú D O S

d. camada translúcida

e. camada espinhosaPara as perguntas 8-12, fazer corresponder a camada da epiderme com adescrição ou função correcta:

a. camada basalb. camada córneac. camada granulosad. camada translúcidae. camada espinhosa

8. Produção de fibras de queratina; formação de corpos lamelares;divisão celular limitada

9. Ocorre descamação; 25 ou mais camadas de células pavimentosasmortas

10. Produção de células; os melanócitos produzem e contribuem para amelanina; presença de hemidesmossomas

11. Produção de grânulos de queratohialina; os corpos lamelareslibertam lípidos; as células morrem

12. Dispersão de queratohialina em torno das fibras de queratina; acamada apresenta-se transparente; células mortas

13. Em quais destas áreas do corpo se encontra pele espessa?a. dorso da mãob. abdómenc. queixod. dorso do narize. calcanhar

14. A função da melanina na pele éa. lubrificar a pele.b. prevenir a infecção da pele.

Page 23: Capítulo 5   sistema tegumentar

Capítulo 5 Sistema Tegumentar 171

c. proteger da luz ultravioleta.d. reduzir a perda de água.e. ajudar a regular a temperatura corporal.

15. Quanto à cor da pele, qual destas afirmações não corresponde‘verdade?a. a pele está amarela – presença de carotenob. ausência de pigmentação da pele (albinismo) – perturbação

genéticac. pele bronzeada – aumento da produção de melaninad. pele azulada (cianose) – sangue oxigenadoe. afro-americanos mais escuros do que os caucasianos – mais

melanina na pele dos afro-americanos16. Após o nascimento, o tipo de pêlo do escalpe, sobrancelhas e

pestanas éa. lanugob. pêlo terminalc. velo

17. O pêloa. é produzido na bainha dérmica da raiz.b. consiste em células vivas epiteliais queratinizadas.c. é colorido pela melanina.d. contém principalmente queratina molee. cresce a partir da extremidade.

18. Dadas as seguintes partes do pêlo e do folículo piloso1. córtex2. cutícula3. bainha dérmica da raiz4. bainha epitelial da raiz5. medula

Dispor as estruturas pela ordem correcta, a partir do exterior do folículopiloso até ao centro do pêlo.

a. 1,4,3,5,2b. 2,1,5,3,4c. 3,4,2,1,5d. 4,3,1,2,5e. 5,4,3,2,1

19. Quanto ao crescimento do pêlo:a. O cabelo cai do folículo piloso no fim do estádio de crescimento.b. A maior parte do pêlo corporal está em crescimento contínuo.c. Cortar ou esticar o cabelo aumenta a sua taxa de crescimento e

espessura.d. Os factores genéticos e a testosterona estão envolvidos no “padrão

de calvície”e. As sobrancelhas têm um estádio de crescimento e de repouso

mais longos do que os cabelos.20. Os músculos lisos que produzem a “pele de galinha” quando se

contraem e que estão presos aos folículos pilosos chamam-sea. bainhas externas da raizb. erectores do pêloc. papilas dérmicasd. bainhas internas da raize. bulbos pilosos

Para as perguntas 21 – 23, fazer corresponder o tipo de glândula com adescrição ou função correcta.

a. glândula sudorípara apócrinab. glândula sudorípara merócrinac. glândula sebácea

21. Glândulas alveolares (ou acinosas) que produzem uma substânciabranca e oleosa; abrem-se habitualmente no folículo piloso

22. Glândulas tubulares glomerulares que segregam um líquidohiposmótico que arrefece o corpo; são mais numerosas na palma dasmãos e na planta dos pés.

23. As secreções destas glândulas tubulares glomerulares são desdobra-das pelas bactérias, produzindo o odor corporal; encontram-se nasaxilas, órgãos genitais externos e em torno do ânus.

24. A lúnula da unha tem um aspecto branco porquea. não tem melanina.b. os vasos sanguíneos não são visíveis através da espessa matriz da

unha.c. o eponíquio diminui o fluxo sanguíneo dessa a área.d. a raiz da unha é muito mais espessa do que o corpo da unha.e. o hiponíquio é mais espesso do que o eponíquio.

25. A camada córnea da prega ungueal cresce para dentro do corpo daunha comoa. eponíquio.b. hiponíquio.c. lúnula.d. leito da unha.e. matriz da unha.

26. A maior parte da unha é produzidaa. pelo eponíquio.b. pelo hiponíquio.c. pelo corpo da unha.d. pela matriz da unha.e. pela derme.

27. A pele ajuda a manter níveis corporais óptimos de cálcio e defosfatos por participar na produção dea. vitamina A.b. vitamina B.c. vitamina D.d. melanina.e. queratina.

28. Qual(is) deste(s) processo(s) aumenta(m) a perda de calor docorpo?a. dilatação das arteríolas dérmicasb. constrição das arteríolas dérmicasc. aumento da sudaçãod. a e ce. b e c

29. Nas queimaduras do terceiro grau (de espessura total), tanto aepiderme como a derme são destruídas. Qual destas situações nãoocorre em consequência de uma queimadura do terceiro grau?a. desidratação (aumento da perda de água)b. aumento da probabilidade de infecçãoc. aumento do suord. perda de sensação na área queimadae. deficiente regulação da temperatura na área queimada

30. Quais dos seguintes factores aumenta com a idade?a. fluxo sanguíneo para a peleb. número e diâmetro das fibras elásticas da pelec. número de melanócitos em algumas áreas localizadas da peled. produção de melanina no cabeloe. actividade das glândulas sebáceas e sudoríparas da pele

Respostas no Apêndice F

Page 24: Capítulo 5   sistema tegumentar

Parte 2 Suporte e Movimento172

1. Uma mulher possui estrias no abdómen, e no entanto afirma quenunca esteve grávida. É possível?

2. A pele das crianças é penetrada e ferida mais facilmente por abrasãodo que a dos adultos. Com base neste facto, que camada da epidermeé provavelmente muito mais fina em crianças do que em adultos?

3. Os melanócitos encontram-se principalmente na camada basal daepiderme. Relativamente à sua função, porque faz sentido estalocalização?

4. O “Pepe Rápido”, um caucasiano, pratica corrida num dia frio. Quecor espera que a pele dele tenha (a) antes de começar a correr, (b)durante a corrida e (c) cinco minutos após ter corrido?

Q U E S T Õ E S C O N C E P T U A I S

5. Porque é que as suas sobrancelhas não têm 20 cm de comprimento?E as unhas dos pés?

6. A partir do que sabe sobre a causa da acne, proponha algumasformas para evitar ou tratar esta doença.

7. Um doente possui uma unha do pé encravada, estado em que a unhacresce para dentro da prega ungueal. Excisar (cortar) apenas a unha,mantendo-se a prega ungueal, corrigiria permanentemente esteestado? Porquê?

Respostas no Apêndice G

1. Uma vez que a barreira de permeabilidade é principalmente compos-ta por lípidos rodeando as células epidérmicas, as substâncias que sãolipossolúveis atravessam-na facilmente, enquanto as substânciashidrossolúveis têm dificuldade em fazê-lo.

2. a. Os lábios são mais rosados ou vermelhos do que as palmas dasmãos. Há várias explicações possíveis: existindo mais vasossanguíneos nos lábios, pode haver maior fluxo sanguíneo noslábios, ou os vasos sanguíneos podem ser mais facilmenteobservados através da epiderme dos lábios. A última possibilida-de explica a maior parte da diferença de cor entre os lábios e aspalmas das mãos. A epiderme dos lábios é mais fina e menosqueratinizada que a das palmas das mãos. Além disso, as papilasque contêm os vasos sanguíneos dos lábios encontram-se mais“elevadas” e mais perto da superfície.

b. Uma pessoa que realiza trabalhos manuais possui uma camadacórnea mais espessa (e possivelmente calosidades) nas palmas dasmãos do que uma pessoa que não realiza trabalho manual. Aepiderme mais espessa mascara os vasos sanguíneos subjacentes,e as palmas não parecem tão rosadas. Além disso, a acumulaçãode caroteno nos lípidos da camada córnea pode transmitir umacoloração amarelada às palmas das mãos.

c. A face posterior do antebraço surge mais escura devido ao efeitobronzeador provocado pela radiação solar ultravioleta.

d. Os órgãos genitais externos possuem normalmente maismelanina e são mais escuros do que as plantas dos pés.

3. A história não é verdadeira. A cor do cabelo deve-se à transferênciade melanina dos melanócitos para os queratinócitos da matriz docabelo, à medida que o cabelo cresce. O cabelo em si encontra-semorto. Para tornar-se branco, o cabelo deve crescer sem adição demelanina, processo este que demora semanas.

R E S P O S T A S A O S E X E R C Í C I O S

4. Nos dias frios, os vasos sanguíneos da pele das orelhas e do narizpodem dilatar-se, transportando sangue quente até às orelhas e aonariz evitando assim a lesão dos tecidos pelo frio. O aumento defluxo sanguíneo torna as orelhas e o nariz vermelhos.

5. Reduzir a perda de água é uma das funções normais da pele. A perdade pele, ou a sua lesão, podem aumentar muito a perda de água.Além disso, a queimadura de uma grande extensão de pele leva a umaumento da permeabilidade capilar e a uma perda adicional delíquidos da queimadura para os espaços tecidulares. A perda delíquidos reduz o volume sanguíneo, o que leva a uma redução dofluxo sanguíneo para os rins. Consequentemente, o débito urinárionos rins diminui, reduzindo assim a perda de líquidos, o que ajuda acompensar a perda de líquidos pela queimadura. A redução do fluxosanguíneo para os rins pode, no entanto, causar lesão dos tecidos.Para contrariar este efeito, e durante as primeiras 24 horas após oacidente, parte do tratamento da vítima consiste na administraçãode grandes volumes de líquido. Mas qual será a quantidade delíquidos a ser administrada? Ela deve ser suficiente para compensar aperda, adicionando o suficiente para prevenir a lesão renal e permitiro funcionamento dos rins. Por isso o débito urinário émonitorizado. Se for muito baixo, administram-se mais líquidos e, sefor muito elevado, administram-se menos líquidos. Um adultosubmetido a reposição intravenosa de líquidos deve produzir 30-50ml de urina/hora e as crianças devem produzir 1 ml/kg de peso e porhora.


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