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  • CARTA ABERTA

    AS ARMADILHAS DOS CIGARROS ELETRNICOS

    Os cigarros eletrnicos so uma nova forma de apresentao de um conhecido

    produto que faz mal sade o tabaco. Como representantes de Entidades Mdica, de

    pesquisa e da Sociedade Civil, abaixo mencionadas, nos sentimos no dever de passar aos

    leitores as informaes que seguem.

    fato que o cigarro eletrnico no promove a combusto como o cigarro tradicional,

    portanto no contm os famigerados alcatro e monxido de carbono. fato tambm que

    embora os nveis dos compostos potencialmente txicos do vapor de alguns cigarros

    eletrnicos sejam menos txicos quando comparado com os cigarros convencionais, ainda

    assim so perigosos para a sade humana.

    O Cigarro eletrnico produz um vapor que no inofensivo, tem sabores adicionados

    (aditivos e flavorizantes), e no composto somente por gua, tendo em sua composio o

    gelo seco, podendo conter ou no a nicotina. No mercado, j h mais de 8 mil sabores o que

    favorece e atrai a iniciao de jovens curiosos e vidos por novas experincias.

    A anlise da composio do vapor tem evidenciado a presena de Propilenoglicol

    (gelo seco), a qual durante o aquecimento forma uma substncia cancergena xido de

    propileno. Alm disso, contm Glicerol, substncia no aprovada para inalao humana,

    pois quando inalada em grandes quantidades causa leso do tecido respiratrio, congesto

    pulmonar, podendo levar morte. O Glicerol quando aquecido em baixas temperaturas

    forma a Acrolena (vulgarmente conhecida como Creolina), responsvel por danos ao

    pulmo e ao corao, e, em altas temperaturas d origem ao Acetaldedo (um dos

    principais carcinognicos do tabaco). A temperatura de vaporizao da resistncia do

    cigarro eletrnico pode atingir at 350C. Nessa temperatura so formados a Acrolena e o

    Formaldedo (popularmente conhecido como formol, conservante de cadveres),

    ambos em quantidades maiores que na fumaa do cigarro tradicional. A absoro em longo

    prazo do Hemiacetato de formaldedo aumenta de 5 a 15 vezes o risco de cncer.

    Alm dessas existem outras substncias como o Etilenoglicol que causa desde

    irritao na pele, olhos, nariz, garganta at a perda da coordenao motora, convulso,

    leso renal e cerebral, podendo chegar ao coma. Essa substncia pode causar m

    formao no feto.

    Nos cigarros eletrnicos foram encontradas as Nitrosaminas que so, sem sombra

    de dvida, substncias classificadas como cancergenas. Nos cigarros eletrnicos foram

    encontrados tambm metais pesados como sdio, ferro, alumnio e nquel, todos

    causadores de alteraes respiratrias. Os trs ltimos desencadeiam fibrose pulmonar, e o

    nquel causa cncer de pulmo e dos seios da face.

    Alguns fabricantes de cigarros eletrnicos j veiculam advertncias de que esses

    produtos no so indicados como tratamento para parar de fumar, e que no devem ser

    usados por crianas, por grvidas ou em fase de amamentao, nem por indivduos com

  • risco de doenas cardacas, diabetes, asma, usurios de antidepressivos, e que a ingesto

    da nicotina lquida pode causar intoxicao.

    A maioria dos estudos cientficos publicados at o momento no permite recomendar

    esses produtos para ajudar o fumante a largar o cigarro. Pelo contrrio, no raro acontece o

    uso de ambos, ou seja, na tentativa de conseguir parar de fumar no consegue ficar sem o

    cigarro tradicional, nem sem o cigarro eletrnico.

    Estudo evidenciou a presena de cotinina, um subproduto da nicotina, em nveis

    semelhantes aos da fumaa do cigarro tradicional em pessoas que estavam expostas ao

    vapor dos cigarros eletrnicos. A exposio a esse vapor no inofensiva para os fumantes

    e nem para os fumantes passivos. As restries da lei antifumo brasileira se aplicam

    tambm ao cigarro eletrnico, pois o vapor desse cigarro prejudicial s pessoas expostas

    em ambientes fechados.

    Este mercado de cigarro eletrnico tem sido muito explorado pela Indstria do

    Tabaco. Atualmente existem mais de 400 marcas que em 2013 geraram um lucro de US$ 3

    bilhes, sendo previsto que fature at 2030 em torno de US$ 51 bilhes, anualmente.

    A ANVISA baseada nos consagrados princpios da precauo e preveno, por no

    existir segurana em relao ao uso de cigarros e cachimbos eletrnicos, nem comprovao

    cientfica de que ajudem a parar de fumar proibiu a sua comercializao no Brasil, pois os

    efeitos em seres humanos s podero ser medidos em dcadas de acompanhamento dos

    fumantes.

    O Estado que protege a sade pblica, defende os direitos de seus cidados no

    um estado bab, ao contrrio um estado responsvel e que regula de forma legal e

    estabelece os limites para as boas prticas de produo, comercializao e consumo de

    produtos.

    No caso do tabaco, todas as formas e disfarces criados pela indstria do tabaco ao

    longo da histria j demonstraram os danos, incapacidades e mortes causadas que

    superam em muito todas as duas grandes guerras mundiais. Se o cenrio no mudar, o

    pesadelo continuar principalmente para a sade pblica e, consequentemente, para os

    cofres pblicos.

    Sem dvida, os cigarros eletrnicos so mais uma estratgia da Indstria do Tabaco

    para desconstruir as medidas educativas e protetoras de sade pblica no Controle do

    Tabagismo da Organizao Mundial da Sade em vigor no Brasil e em mais de 178 pases.

    Alm disso, tambm uma estratgia de sobrevivncia visando reverter reduo de lucros

    decorrentes da reduo do consumo dos cigarros convencionais.

    Braslia, So Paulo, Rio de Janeiro e demais capitais, Maio de 2015.

    Associao Brasileira de Defesa do Consumidor PROTESTE

    Associao Mdica Brasileira (AMB)

    Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT)

    Aliana para Controle do Tabagismo e Sade (ACT+)

  • Centro de Estudos sobre Tabaco e Sade (CETAB) Escola Nacional de Sade Pblica Srgio Arouca

    (ENSP) Fundao Oswaldo Cruz (Fiocruz)

    Ncleo de Estudos e Tratamento do Tabagismo do IDT-UFRJ

    Centro de Apoio ao Tabagista (CAT)


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