Download pdf - Cartas Sinopticas

Transcript
  • 1FLG 0355 Climatologia IIDisciplina Ministrada pelo Prof. Dr. Ricardo

    Cartas Sinpticas

    1 Introduo

    O presente texto de estudo uma compilao das diversas tabelasapresentadas e discutidas em aula, que visam facilitar o entendimento da codificaoutilizada nas cartas sinpticas. A idia foi demonstrar um pouco de uma arte toimportante para o entendimento dos estudos de Meteorologia e ClimatologiaGeogrfica. Tal arte, nascida na prpria disciplina de Geografia, distante no tempo,torna-se cada vez mais deslocada, quando observamos os tempos atuais.

    2 O Sinptico

    O Sinptico a representao grfica dos dados coletados em uma EstaoMeteorolgica de Superfcie EMS. As informaes podem se apresentar de trsmaneiras:

    Simples (Vento, Temperaturas do ar, Presso atmosfrica.); Mdia (Visibilidade horizontal, Teto, Nuvens, Tempo Presente); Completa (todos os dados possveis).

    Dependendo da finalidade, no h necessidade de se plotar todos os dados,porm, quanto mais informao, melhor sero as condies de visualizao daatmosfera, desde que no gere uma poluio visual, acarretando problemas nahora da anlise. importante ressaltar que a plotagem uma arte que cada umdesenvolve a sua maneira, sempre respeitando as regras bsicas. Existem plotadoresque fazem verdadeiras obras de arte nas cartas, outros, nem tanto, mas tal perciavem com o trabalho cotidiano.

    Quando colecionamos um conjunto significativo de sinpticos, poderemosvislumbrar as condies da atmosfera na Carta Sinptica. Isto permitir executar asanlises que servem para o prognstico do tempo. Abaixo (Fig.1) vemos umexemplo com dados de uma EMS, plotados ao redor do crculo sobre a carta desuperfcie

  • 2Fig.1: Um Sinptico com representao completa da situao do tempo sobre a sua SEM, tantono presente, quanto no passado prximo (Fonte: FELICIO, 1998).

    3 Carta Sinptica

    Definio: SINPTICO significa VISO SIMULTNEA1. Neste contexto, dentrode um mesmo horrio padro, a hora no meridiano de Greenwich, ou o meridianoZULU, ou Z, todas as estaes meteorolgicas do mundo fazem suas observaes,tanto as de superfcie, quanto as especiais (observaes de altitude, por exemplo). Oimportante disto que se retratou a atmosfera ao mesmo tempo e com isto, pode-serealizar um perfil das informaes. Este perfil, no caso das informaes desuperfcie, conhecido como Carta Sinptica.

    Fonte de Dados: A carta sinptica realiza um retrato da atmosfera sobre umadeterminada rea de abrangncia. Como observou-se, necessita de informaes dasEMSs ligadas a uma rede central, cuja transmisso de dados padronizada pelocdigo SYNOP (Fig.2). Estas codificaes so elaboradas dentro das horassinpticas (00; 03; 06; 09Z etc.) por todas EMSs civis ou militares, em aerdromos,portos ou no, que faam parte da rede OMM. O cdigo SYNOP tem a vantagemoperacional de registrar as tendncias das ltimas horas, como a variabilidade dapresso atmosfrica. 1 Portanto, no pode ser sintico, j que pelo latim, isto significaria audio simultnea.

  • 3Fig.2: Formato bsico do SYNOP com todos os campos, sub-campos, condies e alternativas(Fonte: FELICIO, 2004).

    Os dados utilizados na plotagem de uma Carta Sinptica podem ser obtidostambm pelo cdigo METAR, mas apenas o SYNOP retrata melhor a atmosfera,pois o METAR foi desenvolvido para relatar as condies de tempo presente em umaerdromo, pecando muito em diversas informaes. No caso do METAR, deve-setomar o cuidado com a presso expressa em sua codificao. Trata-se da pressoQNH (utilizada para ajuste de altmetro) portanto, para a plotagem com este cdigo,deve-se utilizar uma tabela de converso para o nvel de referncia bsica de todasas estaes. Este nvel de referncia o Nvel Mdio do Mar NMM. A presso reallida no barmetro, ao nvel de uma estao meteorolgica, chama-se presso QNE.A presso reduzida ao nvel do mar pela atmosfera real, considerando efeitos detemperatura e densidade o QFF (que aparece no SYNOP). A presso de ajuste dealtmetro ou presso de altitude do aerdromo, em relao ao NMM o QNH. Apresso de ajuste de altmetro que informa a altura em relao ao solo o QFE.Nota: o QNH e o QNE podem ser maiores, iguais ou menores que o QFF.Resumindo: alguns valores do METAR sero reduzidos de uma certa quantia eoutros acrescidos.

    A Plotagem: Dependendo da utilidade da carta e do que se quer analisar, pode-seplotar os cdigos de vrias maneiras, no que tange ao nmero de informaes que sedeseja. Normalmente, divide-se em trs grandes grupos de plotagens:

    Simples: Plota-se os dados mais significativos como sentido e velocidade dovento, presso atmosfrica QFF, temperatura do ar e temperatura doponto de orvalho e oitavos de cobertura;

    Mdia: Plota-se os dados de sentido e velocidade do vento, presso atmosfricaQFF, temperatura do ar e temperatura do ponto de orvalho, oitavos decobertura e qualifica-se a cobertura de nuvens; e

    Completa: Plota-se tudo, inclusive tendncias baromtricas e todos os tipos denuvens.

    Validade da Carta Sinptica: Como esta carta representa um retrato da atmosferaem superfcie, ela no tem longa validade, pois a informao representada nestacarta refere-se ao agora. Contudo, um dos melhores instrumentos para se

  • 4analisar a atmosfera no presente, ajudando a elaborar um prognstico, j que se temum conhecimento razovel de como se comportam as variveis meteorolgicas e oselementos dinmicos. Pode-se considerar uma validade de no mximo 6 horas parauma Carta Sinptica de determinado horrio, pois alguns fenmenos levam maistempo para se definirem (Cuidado especial deve ser dado aos CBs isolados quepossuem uma vida madura de 1 ou no mximo 2 horas).

    4 Anlise das Informaes da Carta Sinptica

    a parte mais importante da Carta Sinptica. Nesta etapa, pode-se analisar astendncias do tempo, permitindo que o prognstico comece a nascer. Alm disto, asinteraes humanas de diversas reas podem surgir, como adotar contramedidas deDefesa Civil, por exemplo, dependendo do tipo de fenmeno avaliado.

    O que se deve analisar? Se a plotagem for simples ou mdia, ser possvelanalisar muita informao importante, entre estas, esto as isbaras (linhas demesma presso, representadas por 2 algarismos, em passos de 4mb ou hPa) ou asisotermas (linhas de mesma temperatura, representadas por 2 algarismos, em passosde 2C). Mapeando o campo de presso atmosfrica, possvel realizar diversasavaliaes, como localizao e deslocamento dos centros bricos. Os campos detemperatura permitem localizar os bolses quentes sobre uma determinada rea. possvel encontrar gradientes trmicos acentuados e verificar a localizao e traadode frentes, por exemplo.

    Truques de Anlise: claro que analisar Cartas Sinpticas requer algum tempo deexerccio e que cada pessoa analisa de uma forma um pouco diferente(caractersticas particulares de anlise) mas algumas coisas so consideradas comometodologia padro. Valem algumas dicas na hora de analisar. Aqui vo algumas:

    Isbaras: Ateno aos ventos (sentido e velocidades); Ateno s presses atmosfricas QFF; Ateno aos gradientes de presso; Localize os centros de Altas (H) e Baixas (L); Ausncia de ncleos fechados em altas latitudes; Presena do chamado Pntano Baromtrico em baixas latitudes; Fotos de satlite ajudam achar os centros de Alta e Baixa presses; Memorize estaes em topografias importantes.

    Isotermas: Traado praticamente latitudinal; Poucos ncleos fechados em altas latitudes (exceto com a presena

    de ciclones extratropicais); Grande gradiente com o aumento da latitude (principalmente 55).

  • 5Traado dasFrentes:

    Ncleo de Baixa sempre puxa a Frente Fria; Isbaras cruzam praticamente perpendiculares Frente Fria; Veja as mudanas da temperatura do ar que so significativas; Veja a temperatura do ponto de orvalho igual ou muito prxima a

    temperatura do ar na regio da Frente Fria; Localize um bolso quente ou combinaes Baixa Baixa - Alta Alta

    em X na carta; Localize uma diferena de 6 a 7C entre um ponto e outro, pois

    representam a parte de vante e de trs da Frente Fria.

    5 Tabelas Diversas de Smbolos Sinpticos e Outros Elementos

    Colecionou-se, nesta seo, as publicaes oficiais e extra-oficiais sobre ossmbolos utilizados nos Sinpticos e outras representaes de elementos que sografados nas cartas sinpticas. Notem que alguns deles so exclusivos para cartassinpticas de nveis elevados, algo que surgiu com o passar dos tempos, utilizandoas radiossondagens, mas no to prtica quando a carta de superfcie.

  • 6

  • 7Derivado da Publicao OMM n 306-A

  • 8Derivado da Publicao OMM n 306-A

  • 9

  • 10

  • 11

    6 Consideraes Finais

    Como foi observado em aulas e nos dois textos sobre dados meteorolgicos, ouso de cdigos destina-se a diversas finalidades de emprego. Dentre entes, temos aelaborao das Cartas Sinpticas. Estas, permitem elaborar interpretaes dasrelaes da atmosfera com a superfcie da Terra e derivam diversas interaeshumanas de emprego imediato. Neste texto, tentou-se resgatar um dos frutos quenasceu na Geografia, h mais de 120 anos e que ficou um tanto esquecida com oadvento de diversas novas aparelhagens. Contudo, vale ressaltar que as novastecnologias ainda so calibradas pelas coisas mais simples. Um RADARMeteorolgico calibrado por um simples pluvimetro.

    No que tange s cartas Sinpticas, deve-se ressaltar a importncia de umarede de aquisio de dados robusta e confivel, alm de uma codificao universal euma rede de transmisso eficiente de informaes. Lembramos que a plotagem dacarta uma representao humana das condies da atmosfera. Surge como umretrato e, atravs desta percepo do meio fluido, gera-se as diversas aplicaes, poispermite formar um pensamento analtico e aplicar as teorias meteorolgicas parafinalidades do emprego humano.

    Anexo I : Cdigo SYNOP

    Estrutura:

    AAXX YYGGiwIIiii irixhVV Nddff 1snTTT 2snTdTdTd 3PoPoPoPo 4PPPP 5appp 7wwW1W28NhClCmCh 333 1snTxTxTx 2snTnTnTn [58/59]P24P24P24P24 6RRRtr

    onde:AAXX Indicativo do cdigo SYNOP;YY Data;GG Hora GMT;iw Mtodo em que o vento foi [estimado/observado]:

    [1/4] anemmetro ou anemgrafo [KT / m/s]; e[0/3] escala Beaufort [KT / m/s].

    II Bloco, onde:82 Brasil, ao Norte de 10S;83 Brasil, ao Sul de 10S;87 Argentina;85 Chile e Bolvia; e86 Uruguai e Paraguai etc.

  • 12

    iii Nmero da Estao, onde:781 So Paulo;782 Santos;842 Curitiba;229 Salvador;722 Bauru;897 Florianpolis etc.

    ir Indicativo se o grupo da chuva est ou no presente, ou seja:2 grupo de chuva presente (usado para horas pares);3 grupo de chuva ausente (usado para horas pares); e4 pluvimetro inoperante.

    ix Se houver ou no presena de fenmeno significativo, ou seja:1 quando h fenmeno importante;2 no houve fenmeno significativo (ausncia do Grupo 7); e3 Se no foi observado.

    h Altura das nuvens baixas (metros);VV Visibilidade (Km);N Nebulosidade em oitavos do cu (octas);dd Direo do vento em dezenas de graus;ff Fora do vento conforme iw [KT / m/s];sn Sinal da temperatura, onde:

    0 se T0; e1 se T

  • 13

    RRR Chuva em milmetros inteiros; etr Perodo da chuva em intervalos de 6 horas:

    24 GMT06 GMT 118 GMTPerodo de 24 horas:12 GMT 4

    Exemplo:

    SYNOP de Campinas SBKP de 20/04/98:

    20064 83721 32970 01404 10140 20115 39409 40145 55003=

    20064 Dia 20, 06 hora Z, 4, pois o vento est em KT;83721 Brasil, latitude acima de 20S (83), SBKP - Campinas (721);32970 Hora par sem precipitao (3), ausncia do Grupo 7 de tempo presente (2),sem nuvens, ou nuvens acima de 2.400 metros (9) e visibilidade maior que 20 Km;01404 Nebulosidade zero oitavos ou cu claro (0), direo do vento 140 (14) a 4Ns (04);10140 Dados de temperatura do ar (1), temperatura maior que 0C (0), 14,0C(140);20115 Dados de temperatura do ponto de orvalho (2), temperatura maior que0C, 11,5C (115);39409 Presso QNE (3) em 940,9 hPa (9409);40145 Presso QFF (4) em 1014,5 hPa (0145);55003 A tendncia das ltimas 3 horas (5) descendo e depois subindo (5), comuma variao da presso de 0,3 hPa (003).

  • 14

    Anexo II : Exemplos de Cartas

  • 15

    Ricardo Augusto FelicioProf. Dr. ClimatologiaDepto. Geografia FFLCH USP