b o l e t i m i n f o r m a t i v o d o C o n s e l h o b r a s i l e i r o d e C o n s t r u ç ã o s u s t e n t á v e l
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entrevista
editorial
projetos
simpósio
por dentro do CBCS
saiba mais sobre o CBCS
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outubro 2011
Marcelo Takaoka e Diana Csillag
editorial
A expansão da sustentabilidade na construção civil
3outubro 2011
Com o crescimento, cada vez mais acelerado,
do tema sustentabilidade no cotidiano de to-
dos os setores da sociedade, o CBCS - Conselho
Brasileiro de Construção Sustentável considera
importante este canal de comunicação direta
com os interlocutores do mercado da constru-
ção civil. O objetivo da revista digital CBCS Notí-
cias é fortalecer, cada vez mais, a discussão em
torno de iniciativas e soluções que realmente
contribuam para um futuro mais equilibrado,
sustentável e, acima de tudo, que garantam a
sobrevivência com qualidade de vida às futu-
ras gerações.
Fonte de informações e pesquisas criteriosas
sobre o tema, o CBCS promove a articulação
entre lideranças empresariais, pesquisadores,
consultores, profissionais atuantes e formado-
res de opinião para a disseminação de conhe-
cimento nos cenários nacional e internacional.
Entre as iniciativas recentes da organização, é
possível destacar a criação da chamada Ferra-
menta dos 6 Passos para a escolha de empresas
fornecedoras de produtos e soluções alinhadas
aos princípios da sustentabilidade.
Abordar o tema sustentabilidade com uma
visão global, que busca esclarecer o papel de
cada grupo atuante – profissionais engenheiros,
projetistas e arquitetos, empresas construtoras,
incorporadoras, fabricantes e fornecedores – é
fundamental. Um dos desafios do novo Conse-
lho Deliberativo do CBCS é exatamente ampliar
a rede de contatos nas diversas esferas envolvi-
das no processo das construções sustentáveis e,
assim, enriquecer a qualidade do debate.
Tema da entrevista com a especialista em
relações internacionais Cristina Montenegro
publicada nesta edição, o projeto SUSHI - Sus-
tainable Social Housing Iniciative, é coordenado
pela UNEP – United Nations Environment Pro-
gramme na França e representado no Brasil pelo
PNUMA - Programa das Nações Unidas para o
Meio Ambiente. Cristina nos contará sobre o
processo de escolha dos países atendidos pelo
SUSHI e da parceria com o CBCS.
E, no momento de aquecimento rumo à
Rio +20 - Conferência das Nações Unidas em
Desenvolvimento Sustentável, confira os prin-
cipais temas das palestras e debates realizados
durante o SBCS11 / 4º Simpósio Brasileiro de
Construção Sustentável - “Papel da Construção
Sustentável no Desenvolvimento das Cidades”.
A cobertura completa do evento que aconte-
ceu nos dias 4 e 5 de agosto, em São Paulo, já
está disponível online no site do CBCS. Confira
em www.cbcs.org.br.
Boa leitura!
4 WWW.CBCS.ORG.BR
outubro 2011
entrevista
Como funciona o SUSHI?O PNUMA tem várias áreas de atuação em diversos
temas. Mudanças climáticas, ecossistemas e biodiver-
sidade, eficiência na utilização de recursos para pro-
dução e construção sustentáveis são algumas delas.
Dentro dessa linha de trabalho, há inúmeros projetos
cuja missão é verificar a melhor maneira para incorpo-
rar critérios de sustentabilidade em diversos setores.
Então há projetos de turismo sustentável, de agricul-
tura sustentável, há vários assuntos sendo tratados
paralelamente. O SUSHI se encaixa na área de cons-
trução civil sustentável. Nossa equipe fica em Paris,
na divisão de Tecnologia, Indústria e Economia. Foi
essa equipe técnica que concebeu o projeto.
Como foi a escolha dos lugares para implantação do projeto SUSHI?Quando estava desenhando a estratégia, a equipe
achou que seria interessante examinar a questão da
sustentabilidade na construção de habitações de in-
teresse social em mais de um país, para ter uma ex-
periência comparativa. Ficou decidido que os esco-
lhidos seriam o Brasil e a Tailândia, por se tratarem
de dois países em fase de desenvolvimento, cenário
que envolve a expansão do setor da construção civil.
O projeto foi submetido posteriormente a financia-
mento pela União Europeia, que ofereceu os fundos
para essa fase inicial do SUSHI.
A viabilidade de ações sustentáveis em habitações de interesse social
Ela é conselheira do CBCS, ex-representante do PNUMA no Brasil e esteve à frente da realização do SUSHI, projeto que aponta importantes avanços para inserção de soluções e sistemas construtivos sustentáveis em habitações de interesse social (HIS).
Cristina Montenegro
5outubro 2011
Quais foram os primeiros passos da experiência brasileira?Aqui no Brasil, como temos escritório nacional do
PNUMA em Brasília, a equipe internacional nos con-
sultou para definir qual seria o melhor desenho de
implantação do projeto. E ficamos muito satisfeitos
com isso porque já tínhamos trabalho de aproxima-
ção com várias das instituições que estão atuando
no setor da construção sustentável no País. O obje-
tivo era identificar parceiros para desenvolver a ideia
aqui. Escolhemos o CBCS para realizar o SUSHI por
conhecer sua atuação e por se tratar de uma institui-
ção multidisciplinar com membros especialistas em
água, energia, materiais, projetos, e que congrega
arquitetos, lideranças empresariais, pesquisadores,
além de atuar junto aos órgãos federais para viabili-
zação de políticas públicas. Entendemos então que
seria o parceiro ideal.
Como foi a implantação do projeto SUSHI no Brasil?Implantamos a primeira fase do projeto SUSHI com
o objetivo de mapear, organizar e definir tecnolo-
gias essenciais sustentáveis a serem incorporadas na
concepção, construção e operação de habitações de
interesse social, levando em consideração todos os
agentes envolvidos nesse processo, como consumi-
dores, fornecedores e, especialmente, os desenvol-
vedores desses projetos. Foram três anos de trabalho
muito intenso com resultados positivos que agora
contribuirão para a continuidade do projeto, que já
está em sua segunda etapa.
Quais os resultados da primeira fase e como funcionará a segunda etapa do SUSHI? A primeira fase do trabalho foi concluída com a rea-
lização de um evento na POLI - Escola Politécnica da
Universidade de São Paulo, onde estiveram presentes
importantes especialistas do setor da construção civil
sustentável, além de líderes nacionais e internacionais
tais como Tomoko Nishimoto – Diretora da divisão
regional de cooperação UNEP – Nairóbi, Elisa Tonda
– Coordenadora Regional do Programa de Eficiência
de Recursos no Panamá, Margarita Astrolaga – Di-
retora Regional para América Latina e Caribe UNEP
no Panamá, Eduardo Trani - Ministério das Cidades
e Raquel Lejtreger - Representante do Ministério de
Habitação do Uruguai. O projeto agora está em sua
segunda fase, cuja proposta é partir dos resultados
obtidos sobre métodos disponíveis para incorporar
critérios ambientais e de sustentabilidade em habi-
tações de interesse social e, assim, proporcionar ga-
nhos para toda a cadeia envolvida.
Implantamos a primeira fase do projeto SUSHI com o
objetivo de mapear, organizar e definir tecnologias essenciais
sustentáveis a serem incorporadas na concepção, construção
e operação de habitações de interesse social, levando em
consideração todos os agentes envolvidos nesse processo.
6 WWW.CBCS.ORG.BR
outubro 2011
Projeto SUSHI apresenta avanços no Brasil
A aplicação de métodos e materiais sustentáveis na
construção de Habitações de Interesse Social (HIS) e
as conseqüências positivas para toda a cadeia envolvi-
da nesse processo estiveram no centro das discussões
da realização da primeira etapa do SUSHI no Brasil.
Idealizado pelo PNUMA com foco no Brasil e na Tai-
lândia, o projeto tem sua versão brasileira realizada
pelo CBCS e ocorreu em junho deste ano.
O evento aconteceu na POLI - USP e trouxe na
programação uma mesa redonda com representantes
dos setores público e acadêmico, além de sociedade
civil, reunidos durante uma manhã inteira de deba-
tes. Entre os participantes, Caixa Econômica Federal,
Governo de São Paulo, USP e CDHU – Companhia
de Desenvolvimento Habitacional e Urbano. O mo-
derador foi o consultor ambiental e conselheiro do
CBCS Fábio Feldmann. No final, foram apresentados
os resultados dos estudos já realizados pelo SUSHI.
“O setor da construção civil tem um papel crucial
na emissão de gases efeito estufa, no uso de recur-
sos naturais e na geração de resíduos, de modo que
torná-lo ecoeficiente traria muitos benefícios”, diz
Fábio Feldmann. “Ao contrário do senso comum de
que bens e serviços sustentáveis são mais caros, o
SUSHI demonstrou que é possível construir habita-
ções de qualidade sem acréscimos significativos de
custos”, completa.
Entre os impactos positivos para a sociedade, é
possível destacar a geração de novos negócios e em-
pregos “verdes” na construção civil; a redução de
gastos governamentais com saúde, o que gera mais
produtividade dos trabalhadores e melhores condi-
ções de ensino para educação infantil; a redução da
poluição ambiental e a criação de novas oportuni-
dades de financiamentos com melhores garantias, o
que evita a obsolescência prematura da habitação.
Na página da internet dedicada ao SUSHI, é pos-
sível acessar os relatórios, conhecer a equipe e obter
mais informações sobre o projeto: www.cbcs.org.
br/sushi
CBCS reúne especialistas para mostrar oportunidades de novos modelos e ações sustentáveis em Habitações de Interesse Social (HIS)
projetos
por dentro do CBCS
Evento de apresentação dos resultados da 1ª etapa do projeto SUSHI no Brasil
7outubro 2011
Ferramenta dos 6 Passos é sinônimo de legalidade, formalidade e qualidade na construção civil sustentável
Com o objetivo de promover a legalidade, a forma-
lidade e a qualidade no setor da construção civil, o
CBCS instituiu a Ferramenta dos 6 Passos. Instru-
mento facilitador para orientar empresários e enti-
dades civis na tarefa de seguir a linha da sustenta-
bilidade, a ferramenta já está disponível online com
acesso gratuito. Trata-se de uma metodologia efi-
caz para a seleção consciente de empresas forne-
cedoras de soluções, materiais e produtos no setor.
A iniciativa é inédita e conta com a parceria da
ABRAMAT – Associação de Fabricantes de Mate-
riais, da CDHU, da Editora PINI e da Tesis – Tec-
nologia de Sistemas em Engenharia. Entre os cri-
térios, estão o respeito à legislação trabalhista,
questões sociais e ambientais e até o item de
propaganda e marketing dos produtos. Conheça
mais detalhes e acesse o teste: www.cbcs.org.br/
selecaoem6passos
projetos
por dentro do CBCS
8 WWW.CBCS.ORG.BR
outubro 2011
Os dois dias de debates do SBCS11, em São Paulo,
foram encerrados com um desafio lançado pela mi-
nistra do Meio Ambiente Izabella Teixeira. Ela con-
vocou os empresários presentes no evento a mudar
a concepção sobre investimentos imobiliários. “Co-
loquem na mesa um projeto de desenvolvimento de
economia sustentável para a construção civil. Nesse
processo de engajamento, o meio ambiente não deve
ser uma restrição como foi no passado. A economia
verde precisa levar em conta a erradicação da pobre-
za, os limites dos recursos naturais no planeta, o ris-
co e a vulnerabilidade de um crescimento populacio-
nal que deve atingir nove bilhões de habitantes até
2050”, afirmou. O encontro foi realizado pelo CBCS.
O engajamento sugerido pela ministra marcou o
fechamento de uma série de apresentações que bus-
cavam chamar a atenção do público - cerca de 500
pessoas nos dois dias do evento - para as vantagens
de empreendimentos que valorizam a preservação
do meio ambiente. Importantes nomes do setor da
construção civil sustentável realizaram palestras na-
cionais e internacionais.
Com o tema “Papel da Construção Sustentável no Desenvolvimento das Cidades”, o SBCS11 – 4º Simpósio Brasileiro de Construção Sustentável termina com desafio lançado por ministra do Meio Ambiente
Ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, convocou empresários a desenvolver projetos de economia sustentável
Mesa do SBCS11 com presença da ministra do Meio Ambiente
simpósio
por dentro do CBCS
9outubro 2011
A Secretaria de Estado da Habitação assinou Protoco-
lo de Cooperação com o presidente do CBCS, Mar-
celo Takaoka, em evento realizado no último dia 27
de setembro com a presença do governador Geraldo
Alckmin. Na ocasião a questão da sustentabilidade foi
incluída oficialmente na pauta das políticas públicas
com o objetivo de viabilizar estratégias e soluções
que assegurem a sustentabilidade em Habitação de
Interesse Social (HIS). Trata-se de um compromisso de
união de esforços na busca pela diminuição de impac-
tos, prevenção de desperdício de recursos naturais e
financeiros e busca de alternativas sustentáveis nos
empreendimentos habitacionais da CDHU - Compa-
nhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano. “A
assinatura do Protocolo sinaliza a continuidade de
parceria exitosa com o CBCS, que reúne os profissio-
nais, pesquisadores universitários e o setor público na
busca de melhores soluções de sustentabilidade para
a habitação social”, conclui Eduardo Trani, assessor de
planejamento da CDHU.
Presidente do CBCS, Marcelo Takaoka, assina Protocolo
notícias
Secretário de Estado da Habitação, Sr. Silvio Torres, assina Protocolo de Cooperação com o CBCS
O setor brasileiro da construção civil susten-
tável passa por um período muito especial.
Além da realização da Rio +20 - Conferên-
cia das Nações Unidas em Desenvolvimento
Sustentável, que acontecerá em junho de
2012, no Rio de Janeiro, o País irá sediar o
Encontro Internacional do SBCI na cidade
de São Paulo, nos dias 30 e 31 de maio
e 01 de junho de 2012. Os dois eventos
apontam para a liderança mundial do Bra-
sil no cenário global da sustentabilidade.
O CBCS será o anfitrião para o encon-
tro do SBCI, evento que irá reunir os mais
importantes nomes do setor e discutir so-
luções eficazes para a redução do impac-
to da construção civil no meio ambiente.
A preocupação não é à toa, uma vez que
o ambiente construído é responsável por
cerca de 40% das emissões globais de CO2.
O objetivo é somar esforços mundiais para
impulsionar a incorporação de diretrizes
ecoeficientes e a viabilidade de boas prá-
ticas para preservação ambiental e desen-
volvimento sustentável.
agenda
Encontro internacional do SBCI em 2012 será no Brasil
10 WWW.CBCS.ORG.BR
outubro 2011
por dentro do CBCS
Pesquisadora da Universidade de Athenas e do Conselho Europeu sobre Coberturas Frias, Afrodite Synnefa, apresenta panorama europeu durante SBCS11
A experiência europeia na tentativa de aplicar telha-
dos mais eficazes para garantir conforto térmico em
ambientes internos e equilíbrio da temperatura e clima
externos foi o foco principal da palestra da grega Afro-
dite Synnefa. A pesquisadora mostrou a importância
de soluções para construção de superfícies com mate-
riais capazes de refletir a luz solar, principalmente em
tempos de aquecimento global acentuado. Ela mos-
trou para a comunidade científica brasileira as políti-
cas de incentivo e os avanços técnicos no segmento.
No Brasil, o maior desafio tem sido elaborar normas
técnicas que possam mensurar o desempenho de cada
material empregado em telhados. A ação pode facilitar
o entendimento por parte do consumidor e, assim, es-
timular o consumo desses produtos, que vão de tintas
a diversos materiais para revestimentos. O CBCS tem
estudado as possibilidades de aplicações de tetos frios
adequados à realidade do País. Publicado recentemen-
te, o Posicionamento sobre Tetos Frios, elaborado pelo
Comitê Técnico de Materiais, traz informações úteis
para quem quer diminuir os efeitos da radiação e do
calor dos telhados nos ambientes internos e externos.
Confira a seguir o documento na íntegra.
Afrodite Sinnefa realiza palestra no SBCS11
Brasileiro é eleito o novo presidente do conselho do SBCI - Sustainable Buildings and Climate Iniciative
Atento ao importante papel do Brasil
na implantação de políticas públicas e
ações conjuntas efetivas de combate ao
aquecimento global, somado à dimensão
e ao impacto da economia do País no
cenário internacional, o SBCI acaba de
nomear Marcelo Takaoka para presidência
do Conselho da organização.
Fundado em 2006 pela UNEP, o SBCI tem
como missão unificar o discurso do setor
da construção civil mundial, oferecendo
uma plataforma global de ação coletiva
com o objetivo de encorajar os tomadores
de decisão da indústria e do governo
a promover e implementar estratégias
de desenvolvimento sustentável e uso
ecoeficiente de recursos naturais. Saiba
mais sobre o SBCI no site www.unep.org/
sbci (em inglês).
notícias
11outubro 2011
Considerações sobre o temaA radiação solar tem papel importante na elevação da temperatura de casas e edifícios. Em uma casa térrea, a maior parte da carga térmica vem do telhado.
A literatura mostra que o uso de materiais “frios”, capazes de refletir parte significativa da radiação incidente em telhados, fachadas e pavi-mentos em climas quentes, é uma alternativa para melhorar o conforto térmico nas edificações e diminuir o consumo de energia para condicio-namento de ambientes. Adotá-lo em escala urbana, pode minimizar a ilha de calor das cidades, aumentando o conforto no ambiente externo e reduzindo conjuntamente a demanda de energia para condicionamento térmico. O uso de vegetação em telhados, fachadas e ruas, pelo efeito de sombreamento e evapotranspiração tem o mesmo potencial de reduzir a carga térmica dos edifícios e as ilhas de calor, além de reter a água de chuva, colaborando para a redução de enchentes, e para aumentar a biodiversidade. Outros produtos como telhas metálicas não pintadas (alumínio ou galvanizadas) apresentam boa refletância. Películas com barreiras de radiação colocadas sob telhados convencionais, bem como isolantes térmicos e dispositivos de sombreamento, também reduzem o ganho térmico dos edifícios, embora não tragam benefícios urbanos.
Como o olho humano enxerga uma pequena faixa do espectro da radiação, é possível alterar significativamente a refletância sem modifi-car a cor, alterando apenas a capacidade de refletir radiação na faixa infravermelho. Estas tecnologias, disponíveis comercialmente, inclusive no Brasil, tornaram possível a fabricação de materiais “frios” em cores médias que refletem radiação na faixa do infravermelho.
Assim, é possível garantir ganhos de conforto térmico e redução do consumo de energia sem a necessidade de utilizar cor branca ou clara, inclusive através de uso de arborização urbana e cobertura verde. Além de desnecessária, a especificação de qualquer cor ignora necessidades estéticas, culturais e de funcionalidade, podendo descaracterizar conjun-tos históricos. A utilização da cor branca ou clara de forma generalizada pode trazer problemas funcionais para o ambiente construído, pois a excessiva reflexão de luz pode causar ofuscamento e desconforto visual para ocupantes de edifícios vizinhos.
O principal problema desses materiais é a sua durabilidade. A ex-posição do material, particularmente em superfícies quase horizontais, provoca degradação do desempenho, tanto pela deposição de sujeira quanto pela colonização superficial por micro-organismos. A velocidade de degradação varia significativamente de acordo com as propriedades da película e do material de substrato. Tintas convencionais empregadas em telhados perderão rapidamente suas capacidades reflexivas quando expostas ao clima brasileiro, posto que o fazem em curto espaço de tem-po em fachadas. Neste processo, os biocidas necessários à formulação da tinta são lixiviados pela chuva. A reposição freqüente aumenta os
impactos ambientais, reduzindo os benefícios. Por esta razão organis-mos certificadores como “Cool Roof Council” norte-americano somente certifica produtos cujo desempenho tenha sido avaliado por três anos de envelhecimento natural, em condições climáticas da região de interesse. Soluções com durabilidade provada em outros climas não necessariamente apresentarão durabilidade adequada no Brasil, pois o clima é o principal fator na colonização por fungos e outros microrganismos com pigmentos escuros. No País não dispomos de referenciais similares.
Além disso, telhados apenas se mantêm reflexivos se periodicamente submetidos à limpeza com água e escovação. Para isto, é necessário garantir acesso fácil e seguro aos telhados, além de pontos de abastecimento de água, bem como soluções de baixo consumo de água. Diferentemente de outros países, no Brasil a quase totalidade dos telhados é inclinada, com risco de escorregamento, e não dispõe de acesso adequado. A maioria das telhas, como de cerâmica e fibrocimento, podem quebrar sob o peso de uma pessoa caminhado, exigindo estruturas adicionais para o caminha-mento seguro no telhado. Esses aspectos tornam operações de limpeza e manutenção mais difíceis e arriscadas, reduzindo assim a efetividade da solução. Em situações onde o acesso e a limpeza do teto são difíceis, o emprego de isolamento térmico e barreira de radiação, ou até mesmo a adoção de solução como ventilação natural ou mecânica, sombreamento por vegetação ou dispositivos físicos, podem ser as mais adequadas.
Finalmente, o tema ainda é objeto de muitas pesquisas, inclusive sobre a metodologia de avaliação de desempenho do material.
Conclusão Recomendamos que o uso de toda e qualquer solução que possa reduzir a carga térmica e combater as ilhas de calor – telhados frios, tetos verdes e isolamento térmico de telhado, arborização urbana, pavimentos frios, etc.
- seja promovido no mercado brasileiro por seus reais benefícios. Simulta-neamente, é necessária a realização de pesquisas sistemáticas, inclusive sobre a durabilidade nos diferentes climas. Estes estudos devem ser capa-zes de gerar normalização técnica que proteja a sociedade com soluções adequadas, seja pelo desempenho inicial, pela durabilidade, pela redução do impacto ambiental durante o seu ciclo de vida, entre outros aspectos.
No atual estágio do conhecimento, e considerando a experiência internacional e brasileira, o CBCS - Conselho Brasileiro da Construção Sustentável recomenda que antes de qualquer política pública que vise tornar obrigatória, tanto para edifícios novos como existentes, seja feita uma análise das alternativas técnicas disponíveis para telhados que possam reduzir os efeitos de ilhas de calor. Soluções precipitadas podem causar prejuízos ambientais e econômicos para a cidade e sua população.
Por outro lado, políticas públicas visando à promoção da arborização urbana podem trazer enormes benefícios no curto e longo prazo.
Clique aqui para acessar o documento completo.
Posicionamento Sobre Tetos Frios
por dentro do CBCS
12 WWW.CBCS.ORG.BR
outubro 2011
saiba mais sobre o CBCS
O CBCS é uma OSCIP, Organização da Socieda-
de Civil de Interesse Público, de âmbito nacional,
constituída em agosto de 2007. Seu quadro social
é composto por pessoas físicas e jurídicas interes-
sadas em contribuir para a geração e dissemina-
ção de conhecimentos e boas práticas de susten-
tabilidade na construção civil. Este que é um dos
setores que mais consomem recursos naturais e
geram grandes quantidades de resíduos na natu-
reza, desde a produção dos insumos utilizados até
a execução da obra e a sua utilização.
Resultado da articulação entre lideranças em-
presariais, pesquisadores, consultores, profissionais
atuantes e formadores de opinião, o CBCS se re-
laciona com importantes organizações nacionais
e internacionais que se dedicam ao tema, sob di-
ferentes perspectivas, a partir da ótica ambiental,
de responsabilidade social e econômica dos negó-
cios. Divididos em comitês temáticos, os membros
do CBCS debatem e indicam boas práticas para as
áreas mais prementes da edificação, tais como a de
Água, Avaliação de Sustentabilidade, Econômico e
Financeiro, Energia, Materiais, Projetos e Urbano.
Além de todas as atividades internas de produção
de conteúdo científico relevante, o CBCS também
está engajado em ações conjuntas com outras
organizações, comitês e entidades. Mantém
parceria com a Agência Nacional de Águas
(ANA), com o PNUMA / UNEP, com a Caixa
Econômica Federal, Escola Politécnica da USP,
Unicamp e com a CDHU. É ainda signatário
do Programa Madeira é Legal e membro da
Câmara da Construção da CETESB, do Conselho
Estratégico da Câmara Brasileira da Indústria
da Construção - CBIC, do Conselho Estadual
de Mudanças Climáticas e do Comitê Nacional
de Desenvolvimento Tecnológico da Habitação
(CTECH) da Secretaria Nacional de Habitação do
Ministério das Cidades.
O CBCS participa de vários comitês e entidades e ainda alimenta parcerias importantes. Confira!
você sabia?
13outubro 2011
Gestão 2011-2012 Presidente do Conselho DeliberativoMarcelo Vespoli Takaoka
ConselheirosAdriana LeviskyCarlos Eduardo Garrocho de AlmeidaCristina MontenegroFabio FeldmannLeôncio PedrosaMarcelo Vespoli TakaokaOlavo Kucker ArantesOrestes Marracini GonçalvesPaulo ItacarambiPaulo Machado LisboaRachel BidermanRoberto de SouzaRoberto LambertsUbirajara FreitasVahan AgopyanVanderley Moacyr JohnVera Fernandes Hachich
Diretoria Diana CsillagPaola Torneri PortoWilson Saburo Honda
Conselho Fiscal
Titulares Mário Sérgio PiniRoberto AflaloMárcia Mikai Junqueira de Oliveira
SuplentesRubens de AlmeidaFrancisco Ferreira CardosoValério Gomes Neto
Jornalista responsávelClarissa Turra - Mtb 52086/SP
Coordenação TécnicaÉrica Ferraz de Campos
SecretariaGiselly Souza
Direção de ArteAngulodesign
FotografiaAcervo CBCS e sxc.hu
Coordenação Comitês Temáticos CBCS
CT ÁguaOrestes Marraccini GonçalvesLucia Helena OliveiraMarina Ilha
CT AvaliaçãoFrancisco Cardoso
CT EnergiaRoberto Lamberts
CT Economico FinanceiroMarcelo V. Takaoka
CT MateriaisVanderley M. JohnVera Hachich
CT ProjetoPaulo LisboaAdriana LeviskyEloise Amado
CT UrbanoAlex Abiko
expediente CBCS Notícias
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