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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA DIRETORIA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA, PESQUISA E EXTENSÃO

MESTRADO EM TURISMO E MEIO AMBIENTE

LUÍS CARLOS ARAÚJO DE MORAES

LICENCIAMENTO AMBIENTAL Uma visão conflitante na preservação da biodiversidade e dos recursos naturais

Belo Horizonte 2011

LUÍS CARLOS ARAÚJO DE MORAES

LICENCIAMENTO AMBIENTAL: Uma visão conflitante na preservação da biodiversidade e dos recursos naturais

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado do

Centro Universitário UNA, como requisito

parcial à obtenção do título de Mestre em

Turismo e Meio Ambiente.

Linha de pesquisa: Gestão Ambiental

Orientadora: Profa. Dra. Fernanda Carla Wasner Vasconcelos

Belo Horizonte 2011

Ficha catalográfica desenvolvida pela Biblioteca UNA campus Guajajaras

M827l Moraes, Luís Carlos Araújo de Licenciamento ambiental: uma visão conflitante na preservação da biodiversidade

e dos recursos naturais. / Luís Carlos Araújo de Moraes. – 2011.

94f.: il. Orientadora: Professora Doutora Fernanda Carla Wasner Vasconcelos. Dissertação (Mestrado) - Centro Universitário UNA, 2011. Programa de

Mestrado em Turismo e Meio Ambiente. Bibliografia f.69-78.

1. Licenciamento ambiental. 2. Biodiversidade. 3. Direito ambiental. I. Vasconcelos, Fernanda Carla Wasner. II. Centro Universitário UNA. III. Título.

CDU: 338.484

À minha esposa pela paciência e compreensão pelas

horas que me destinei na elaboração desta pesquisa

abdicando das nossas horas de lazer.

AGRADECIMENTOS Agradeço em primeiro lugar a Deus por me oportunizar a cada dia o aprendizado e, assim, a

chance de melhorar e evoluir na minha vida.

À Professora orientadora Dra. Fernanda Carla Wasner Vasconcelos, pela orientação, incentivo

e paciência ao longo do desenvolvimento deste trabalho.

À Equipe técnica do Departamento de Licenciamento Ambiental da AMAR, em especial aos

analistas João Carlos Ferreira e a Rosangela Azevedo Sardinha Duque, pelo auxílio e apoio a

pesquisa realizada.

Aos colegas do mestrado pela convivência e amizade ao longo do curso.

Enfim, obrigado a todos que de certa forma contribuíram para o meu mestrado, mesmo não

estando entre os nomes aqui citados.

RESUMO O trabalho apresenta uma breve discussão teórica sobre a Política Nacional do Meio Ambiente e seus mecanismos de controle, dando ênfase a Avaliação de Impactos Ambientais – AIA, aos Estudos Prévios de Impacto Ambiental, ao Licenciamento Ambiental, objeto deste estudo e ao Zoneamento Ecológico Econômico – ZEE. A seguir, foi discutida a importância da biodiversidade e dos recursos naturais juntamente com suas ferramentas de conservação e preservação. Logo, enfatiza-se o caráter conflituoso das legislações pertinentes ao uso e ocupação do solo. O estudo tem como objetivo analisar o licenciamento ambiental de empreendimentos imobiliários como instrumento de preservação da biodiversidade e dos recursos naturais no município de Resende (RJ) nos anos de 2009-2011. A metodologia utilizada foi a identificação e separação dos processos administrativos de licenciamento ambiental, que deram entrada na Agência do Meio Ambiente de Resende neste período, e a seleção de três empreendimentos imobiliários para estudo de caso. Estes empreendimentos foram escolhidos por estarem situados em áreas frágeis e escolhidos com base no SIG Resende-Geo. O resultado aponta para o contraditório processo de licenciamento, por parte do Município, como ferramenta de preservação dos recursos naturais. Palavras chave: empreendimentos imobiliários, licenciamento ambiental, recursos naturais.

ABSTRACT

The work provides a theoretical discussion about the National Environmental Policy and its control mechanisms, emphasizing the Environmental Impact Assessment – EIA, the Preliminary Studies of Environmental Impact, Environmental Licensing, object of this study and the Ecological and Economic Zoning- EEZ. Below, we discuss the importance of biodiversity and natural resources along with tools for conservation and preservation. Therefore, we emphasize the conflictual character of the laws regarding the use and occupation. The study aims at the environmental licensing of real estate as a means of preserving biodiversity and natural resources in the municipality of Resende, Rio de Janeiro during the years 2009-2010. The methodology used was the identification and separation of the administrative processes of environmental licensing, lodged at the Environment Agency of Resende in this period, and a case study of three real estate developments located in fragile areas and chosen based on GIS Resende-Geo. The result points to the contradictory licensing process by the municipality as a tool for preservation of natural resources.

Keywords: real estate development, environmental licensing, natural resources.

LISTA DE FIGURAS

Página

Figura 1- Estrutura Organizacional do MMA ...................................................... 18

Figura 2- Localização do Município de Resende (RJ) .......................................... 47

Figura 3- Rio Paraíba do Sul e PARNA do Itatiaia ao fundo ............................... 48

Figura 4- Cobertura vegetal remanescente ............................................................ 49

Figura 5- Áreas “insubstituíveis” para proteção de espécies na Mata Atlântica .. 50

Figura 6- Distribuição de remanescentes florestais na Mata Atlântica e limites dos corredores de biodiversidade .............................................................. 51

Figura 7- Vista aérea de Resende com seus cursos d’água ................................. 52

Figura 8- Percentagem por tipo de licenciamento ............................................... 53

Figura 9- Área de construção de uma clínica em APP ........................................ 55

Figura 10- Edificação da clínica em APP .......................................................... 55

Figura 11- Desmoronamento do muro de um condomínio de luxo ................... 56

Figura 12- Moradia classe média condenada pela Defesa Civil ......................... 56

Figura 13- Desabamento da cabeceira de uma ponte no centro da cidade ......... 57

Figura 14- Área do Empreendimento B .............................................................. 59

Figura 15- Empreendimento B ........................................................................... 60

Figura 16- Área do empreendimento C ............................................................. 61

Figura 17- Supressão de vegetação no começo da terraplanagem ..................... 62

Figura 18- Aterramento de curso d’água ......................................................... 63

Figura 19- Empreendimento A. Edificação em FMP ....................................... 64

Figura 20- Flagrante de canalização do córrego................................................. 65

Figura 21- Supressão de mata ripária e compactação de solo em APP ............. 67

LISTA DE TABELAS

Página

Tabela 1: Área do empreendimento ................................................................ 44

Tabela 2: Fatores condicionantes .................................................................... 45

Tabela 3: Determinação do potencial poluidor .............................................. 45

LISTA DE SIGLAS

AIA- Avaliação de Impacto Ambiental

ANA- Agência Nacional de Águas

AMAR- Agência do Meio Ambiente do Município de Resende

APA- Área de Proteção Ambiental

APP- Área de Preservação Permanente

CDB- Convenção sobre a Diversidade Biológica

CNPJ- Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica

CNUMAD- Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento

CONAMA- Conselho Nacional do Meio Ambiente

CPF- Cadastro de Pessoas Físicas

EIA- Estudo Prévio de Impacto Ambiental

FEEMA- Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente

FMP- Faixa Marginal de Proteção

IBAMA- Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IDEMA- Instituto de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente

IEF- Instituto Estadual de Florestas

INEA- Instituto Estadual do Ambiente

LP- Licença Prévia

LI- Licença de Instalação

LO- Licença de Operação

MMA- Ministério do Meio Ambiente

ONU- Organizações das Nações Unidas

PARNA- Parque Nacional

PCA- Plano de Controle Ambiental

PNMA- Política Nacional do Meio Ambiente

PRAD- Plano de Recuperação de Áreas Degradadas

RAP- Relatório Ambiental Preliminar

RCA- Relatório de Controle Ambiental

RIMA- Relatório de Impacto Ambiental

SERLA- Superintendência Estadual de Rios e Lagoas

SISNAMA- Sistema Nacional de Meio Ambiente

SLAP- Sistema de Licenciamento de Atividades Poluidoras

SNUC - Sistema Nacional de Unidades de Conservação

UC- Unidades de Conservação

UNESCO- Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e a Cultura

ZEE- Zoneamento Ecológico Econômico

SUMÁRIO

Página

1 INTRODUÇÃO .................................................................................... 13

2 OBJETIVO GERAL ............................................................................. 16

2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................. 16

3 REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................. 17

3.1 POLÍTICA NACIONAL DE MEIO AMBIENTE ..................................... 17

3.1.1 Instrumentos de Controle e Gestão Ambiental ..................................... 19

3.2 PERDA DA BIODIVERSIDADE E DEGRADAÇÃO DOS RECURSOS

NATURAIS ....................................................................................................... 27

3.3 FERRAMENTAS DE PRESERVAÇÃO E CONSERVAÇÃO DA

BIODIVERSIDADE E DOS RECURSOS NATURAIS ................................. 34

3.4 CONFLITO DE LEGISLAÇÕES ......................................................... 40

4 METODOLOGIA ................................................................................. 44

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................... 47

5.1 ÁREA DE ESTUDO .............................................................................. 47

5.1.2 Localização e Caracterização da Área de Estudo ............................ 47

5.2 ASPECTOS TÉCNICOS .......................................................................... 53

5.3 ASPECTOS LEGAIS ............................................................................... 54

6 CONCLUSÃO ...................................................................................... 69

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................... 71

ANEXO ................................................................................................. 81

ANEXOS

Página

ANEXO 1 - Documento de Licenciamento Ambiental do Estado do Rio de Janeiro para

empreendimentos imobiliários ......................................................................................... 82

ANEXO 2 - Cadastro Ambiental Simplificado Obras Diversas ...................................... 86

ANEXO 3 - Orientação para requerimento de Licença Ambiental em Resende ............ 91

ANEXO 4 - Requerimento para Licenciamento Ambiental de Resende ......................... 93

1. INTRODUÇÃO

De acordo com Primack & Rodrigues (2006), a biodiversidade ou diversidade ecológica inclui

toda interação entre os componentes biótico, formado pelos seres vivos, e os componentes

abióticos, como o ar, a água e o clima.

Segundo art. 2°, da Convenção sobre Diversidade Biológica – CDB, a diversidade biológica

significa "a variabilidade de organismos vivos de todas as origens, compreendendo, dentre

outros, os ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquáticos e os complexos

ecológicos de que fazem parte; compreendendo ainda a diversidade dentro de espécies, entre

espécies e de ecossistemas” (MMA, 1992).

A maior diversidade biológica da Terra é encontrada nas regiões Tropicais do mundo. A Mata

Atlântica é a segunda maior floresta tropical úmida do Brasil, só comparável à Floresta

Amazônica. Estendia-se do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul, ocupando cerca de

15% do território nacional. Atualmente, restam aproximadamente 7% de sua vegetação nativa

original (FERRAZ, 2010).

Somente o Estado do Rio de Janeiro preserva cerca de 20,33% de remanescentes florestais do

bioma Mata Atlântica no Brasil, perfazendo uma área de aproximadamente 900.000ha.

(INSTITUTO BIOMAS, 2009). Devido a sua elevada biodiversidade e endemismo esta é uma

área estratégica para conservação, mesmo porque a maioria das espécies, tanto da fauna como

da flora, ainda não foram identificadas nem descritas.

Devido a sua importância, o bioma Mata Atlântica está protegido pela Lei Federal

n°.11.428/06, que contempla a preservação da biodiversidade, o uso sustentável dos recursos

naturais e o restabelecimento, ou mesmo, a restauração das áreas degradadas (BRASIL, 2006

b).

Outro fator relevante para conservação da biodiversidade desse bioma é o estudado pela

economia ambiental, que constitui um ramo da economia que se preocupa com a relação entre

as espécies animais e vegetais e os produtos que deles derivam para alimentação, vestuário,

moradia e farmacologia, agregando à biodiversidade o valor econômico.

13

Para Primack & Rodrigues (2006), a economia ambiental que integra economia, ciência

ambiental, políticas públicas e valores da diversidade biológica na sua análise econômica,

deve conferir valores econômicos diretos e indiretos à biodiversidade e aos recursos naturais.

Neste sentido, a qualidade da água, a proteção do solo, as interações das espécies silvestres

com plantações comerciais, a prática do ecoturismo, novos medicamentos, agentes de controle

biológico são alguns dos serviços ambientais que estão entre os valores mencionados

anteriormente.

Entretanto, a fisionomia das cidades vem sofrendo alterações devido ao rápido

desenvolvimento urbano. A vegetação urbana está sendo eliminada, nas beiras dos córregos e

rios, juntamente com os topos de morros, as áreas de maior declividade estão sendo ocupadas,

cedendo lugar aos loteamentos. Essas práticas têm contribuído para o aumento da degradação

ambiental.

O processo de ocupação do Brasil foi caracterizado pela falta de planejamento e consequente

destruição dos recursos naturais. A exploração desordenada do território brasileiro é uma das

principais causas da extinção de espécies (IBAMA, 2007). O consumo de forma irresponsável

dos recursos hídricos, assoreamento e eutrofização dos rios e lagos são exemplos de que as

pessoas não estão conscientes de seu papel dentro do ciclo hidrológico. Água limpa e

saudável é essencial não só para os seres humanos, mas também para a vida na Terra, além de

ser um recurso limitante para o desenvolvimento sócio econômico.

Sendo assim, os empreendimentos imobiliários interferem na paisagem de maneira bastante

significativa, portanto, devem estar sujeitos ao licenciamento ambiental, para que se possa

garantir a conservação e preservação ambiental descrita na forma da lei.

A Constituição Federal no seu art. n°.225 estabelece que todos têm o direito a um ambiente

saudável, cabendo a todos, uma vez que é um bem comum, preservá-lo para a atual e

próximas gerações (BRASIL, 1988).

Segundo a legislação brasileira, o meio ambiente é classificado como patrimônio público,

portanto, deve ser protegido para o bem da coletividade, cabendo ao poder público legislar

sobre seu ordenamento, utilização e ocupação (MILARÉ, 2004).

14

Para tanto, a legislação prevê uma série de instrumentos de controle através dos quais possa

ser conferida a possibilidade e a regulamentação de toda e qualquer intervenção antrópica

realizada sobre o meio ambiente. Segundo Martins (2007), a expansão de áreas urbanas está

entre as principais causas de degradação de matas ciliares.

A implantação de loteamentos é uma atividade modificadora do meio ambiente, cujo

potencial de causar impactos ambientais é relevante, seja no meio natural seja no meio

construído, urbano.

Neste sentido, o licenciamento ambiental constitui um instrumento legítimo de gestão do

meio ambiente, visto que por meio dele, a administração pública exerce o controle sobre as

atividades humanas que interferem nas condições ambientais, de modo a encontrar um

equilíbrio entre o desenvolvimento social, o econômico e a preservação ambiental.

Existem diversas ferramentas utilizadas para se preservar e conservar a diversidade biológica

como o estabelecimento de áreas protegidas, conhecidas por Unidades de Conservação

instituídas pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação - SNUC, na Lei n°.9.985/00

(BRASIL, 2000) através do licenciamento ambiental de atividades com grande potencial

poluidor e das legislações vigentes diretamente relacionadas a estes processos, tais como:

Zoneamento Ecológico Econômico, Código Florestal, Lei de Crimes Ambientais, Resoluções

do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, entre outras.

A relevância deste estudo está na preocupação com o uso e a ocupação irregular do solo no

município de Resende, estado do Rio de Janeiro, que vem degradando os recursos naturais,

assim como contribuindo para a diminuição da diversidade biológica, visto sua importância

para a evolução e a manutenção dos sistemas necessários a vida na biosfera.

Neste sentido, questiona-se: se o processo de licenciamento ambiental dos empreendimentos

imobiliários apresenta na prática conflitos entre as legislações pertinentes e à proteção de

biodiversidade e dos recursos naturais e de que forma esse processo tem contribuído para a

conservação e preservação da diversidade biológica e dos recursos naturais.

15

2. OBJETIVO GERAL

Analisar o processo de licenciamento ambiental, como ferramenta de preservação da

biodiversidade e dos recursos naturais, para os empreendimentos imobiliários no

município de Resende, estado do Rio de Janeiro, no período entre janeiro de 2009 a

julho 2011.

2.1 OBJETIVOS ESPECIFICOS

Verificar se o licenciamento ambiental contempla a avaliação de impacto ambiental

visando a preservação do bioma Mata Atlântica no município de Resende – RJ.

Propor diretrizes que propiciem a conservação dos recursos naturais no processo de

licenciamento ambiental para empreendimentos imobiliários.

16

3. REFERENCIAL TEÓRICO 3.1 POLÍTICA NACIONAL DE MEIO AMBIENTE

A relação "Leis e ecossistema" tem consequências na biodiversidade. Em termos mundiais, a

convenção de 1972 da UNESCO considera os bens naturais como bem comum da

humanidade e, por isso, devem ser preservados, pois são únicos e insubstituíveis para

qualquer que seja o povo a que pertençam (UNESCO, 1972).

Com a edição da Lei nº.6.938/81 (BRASIL, 1981), o país passou a ter formalmente uma

Política Nacional do Meio Ambiente, um marco legal para todas as políticas públicas de meio

ambiente a serem desenvolvidas pelos entes federativos, havendo a partir desta data uma

integração e uma harmonização dessas políticas tendo como norte os objetivos e as diretrizes

estabelecidas neste dispositivo legal.

A Lei n°.6.938/81 que estabeleceu a Política Nacional do Meio Ambiente - PNMA apresenta

definições importantes de meio ambiente, degradação da qualidade ambiental, poluição,

recursos ambientais e, que instituiu também um importante mecanismo de proteção ambiental

denominado avaliação de impacto ambiental (AIA), realizadas através do estudo prévio de

impacto ambiental (EIA) e seu respectivo relatório de impacto ambiental (RIMA),

instrumentos eficazes e modernos em termos ambientais mundiais, principalmente no que diz

respeito à proteção dos ecossistemas e ao uso racional do solo, do subsolo, da água e do ar

(BRASIL, 1981).

A PNMA instituiu o Sistema Nacional de Meio Ambiente – SISNAMA, o Conselho Nacional

de Meio Ambiente – CONAMA, os objetivos e os instrumentos de controle dessa política. O

SISNAMA foi instituído pelo art. 6º e tem como finalidade, estabelecer uma rede de agências

governamentais, nos diversos níveis da federação, visando assegurar mecanismos capazes de,

eficientemente, implementar a PNMA. Ele é integrado por um órgão superior - Conselho de

Governos; por um consultivo e deliberativo - CONAMA; por um central - Ministério de Meio

Ambiente; um executor - IBAMA e diversos setoriais, como os estaduais, seccionais e locais,

como as Secretarias Municipais de Meio Ambiente, sendo que cada um possui suas

competências dentro desse sistema (BRASIL, 1981), conforme organograma aprovado pelo

Decreto n°.6.101/07 (BRASIL, 2007) apresentado na figura 1.

17

FIGURA 1 – ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DO MMA

Fonte: Ministério do Meio Ambiente – MMA, 2007.

O seu art. 2º define por objetivo “a preservação, a melhoria e a recuperação da qualidade

ambiental propícia à vida, visando assegurar no país, condições ao desenvolvimento

socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida

humana” (BRASIL, 1981), onde preservar significa perenizar, deixar intocados os recursos

ambientais, melhorar é fazer com que a qualidade ambiental se torne continuamente melhor

através do manejo racional desses recursos e, recuperar é buscar o status quo a fim de fazer

com que áreas degradadas voltem a ter as características ambientais que apresentava antes da

ação antrópica (FARIAS, 2006).

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Portanto, entende-se que a lei supracitada visa entre outros a preservação e a utilização dos

recursos naturais de forma racional cujo instrumento para se alcançar tal objetivo está no

licenciamento de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras bem como na avaliação de

impactos decorrentes dessas atividades.

Como pode ser notado, este objetivo é de grande alcance, contudo esta política, em seu art. 4º

apresenta vários outros objetivos, tomando-a como um conjunto de instrumentos legais,

técnicos, científicos, políticos e econômicos destinados à promoção do desenvolvimento

sustentável (BESSA, 2005).

Em seu art. 8º, a PNMA determina as competências legais do CONAMA, sendo que a sua

finalidade é assessorar, estudar e propor ao órgão superior, diretrizes e políticas

governamentais para o meio ambiente e os recursos naturais e ainda deliberar, no âmbito de

sua competência, sobre normas e padrões compatíveis com o meio ambiente ecologicamente

equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida (BRASIL, 1981).

Segundo Villares (2008), a importância do CONAMA está na sua composição, no

envolvimento do Estado, do setor produtivo e das entidades ambientalistas para o

estabelecimento de padrões de qualidade ambiental, que se materializam por meio das

Resoluções, como por exemplo, a de n°.237/97 que dispõe sobre o licenciamento ambiental

(BRASIL, CONAMA, 1997).

A PNMA, em seu art. 9º relaciona treze Instrumentos de Controle, sendo que alguns foram

criados em 1981, com suas redações alteradas no decorrer dos anos e outros novos foram

criados, em face da jurisprudência da legislação ambiental. Dentre eles, citam-se a avaliação

de impactos ambientais, o licenciamento de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras e

o zoneamento ambiental (BRASIL, 1981).

3.1.1 Instrumentos de Controle para a Gestão Ambiental

Dentre os instrumentos de controle citados no art. 9° da Lei n°.6.938/81 dar-se-á ênfase a

Avaliação de Impactos Ambientais – AIA, aos Estudos Prévios de Impacto Ambiental, ao

Licenciamento Ambiental, objeto deste estudo e ao Zoneamento Ecológico Econômico –

ZEE, onde o primeiro é necessário na utilização do segundo instrumento.

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Em cumprimento de sua atribuição, o CONAMA estabeleceu a Resolução nº.001/86, que

estabeleceu os critérios e diretrizes para a elaboração do EIA/RIMA, que subsidiam o

processo de licenciamento ambiental das atividades consideradas de alto potencial poluidor e,

em seu art. 1°, definiu impacto ambiental como

qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: I - a saúde, a segurança e o bem-estar da população; II - as atividades sociais e econômicas; III - a biota; IV - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; V - a qualidade dos recursos ambientais (BRASIL, CONAMA, 1986).

Os impactos podem ser qualificados e, quando possível, quantificados de forma positiva ou

negativa para a condição humana e para o meio ambiente. Além disso, em condições extremas

precisam ser compensados.

Segundo Medeiros (1995), a AIA deve ser concebida inicialmente como um instrumento

preventivo de política pública e só se torna eficiente quando constitui um elemento de auxílio

à decisão, sendo uma ferramenta de planejamento e concepção de projetos para que se efetive

uma possibilidade de desenvolvimento sustentável.

De acordo com Sousa (2006), a AIA é uma ferramenta de análise, de caráter quantitativo e

qualitativo que tem por fim prognosticar os impactos causados pela ação antrópica, assim

como os métodos para mitigação dos impactos negativos. Sendo assim, a AIA se mostra uma

ferramenta de extrema importância no estudo da utilização de recursos naturais, visando seu

uso, de maneira responsável, para futuras gerações, entrando assim no quadro da

sustentabilidade.

A AIA está associada ao processo de licenciamento ambiental ao descrever os impactos

ambientais como a degradação do ecossistema e da paisagem, perda de cobertura vegetal,

alterações físicas, químicas e biológicas do corpo receptor de efluentes, sua magnitude, além

das medidas mitigadoras das atividades para que sirvam de base à concessão das devidas

licenças.

20

Nesse sentido, o art. 10 da Lei nº.6.938/81 prescreve que

a construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, considerados efetiva e potencialmente poluidores, bem como os capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental, dependerão de prévio licenciamento de órgão estadual competente, integrante do Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA, e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em caráter supletivo, sem prejuízo de outras licenças exigíveis (BRASIL, 1981).

O parcelamento do solo para fins urbanos, sob qualquer de suas formas é considerado

empreendimento potencialmente capaz de causar degradação ambiental e, como tal, está

condicionado ao prévio licenciamento ambiental, conforme anexo I, da Resolução CONAMA

nº.237/1997, portanto, os empreendimentos imobiliários ou loteamentos urbanos, constituem

atividades consideradas lesivas ao meio ambiente, uma vez que alteram as propriedades

biológicas, estéticas e sanitárias do meio ambiente. Por isso, estudos de impacto ambiental e

seu respectivo relatório obrigatoriamente precisam ser aprovados pelo órgão ambiental antes

de iniciarem as atividades de instalação e funcionamento. Atividades essas que serão

licenciadas em suas várias etapas (BRASIL, 1997).

Em alguns casos, como por exemplo, empreendimentos ou atividades que não tem grandes

capacidades de gerar impactos ambientais o Relatório de Controle Ambiental – RCA é o

documento exigido para o licenciamento do empreendimento, em dispensa ao EIA/Rima ou

durante a Licença de Instalação. É por meio do RCA que o empreendedor identifica as não

conformidades efetivas ou potenciais decorrentes da instalação e da operação desse

empreendimento para o qual está sendo requerida a licença.

O Plano de Controle Ambiental – PCA é o documento por meio do qual o empreendedor

apresenta os planos e projetos capazes de prevenir e/ou controlar os impactos ambientais

decorrentes da instalação e da operação do empreendimento imobiliário para o qual está sendo

requerida a licença, bem como para corrigir as não conformidades identificadas. No estado de

São Paulo, o PCA é sempre necessário, sendo solicitado durante a Licença de Instalação

(SÃO PAULO, 2010).

No estado do Rio de Janeiro, a legislação estadual se limita a dizer que projetos de

desenvolvimento urbano em áreas acima de 50ha, ou menores quando confrontantes com

Unidades de Conservação deve apresentar EIA/RIMA.

21

Quanto ao licenciamento de atividades antrópicas que utilizam recursos ambientais, a sua

regulamentação veio por meio da Resolução CONAMA nº.237/97. Trata-se de um

procedimento pautado no Princípio da Prevenção-Precaução, aquele que determina que não se

produzam intervenções no meio ambiente antes de se ter a certeza de que estas não serão

adversas ao ambiente.

Para Gusmão (2004), o Princípio da Prevenção visa acautelar danos em relação às

consequências da realização de determinado ato que são conhecidos e, o Princípio da

Precaução é utilizado quando não se conhece, ao certo, quais as conseqüências do ato

determinado, ou seja, ele é imperativo quando a falta de certeza científica absoluta persiste.

Esta falta de certeza não pode ser dispensada para a não adoção de medidas eficazes a fim de

impedir a degradação.

O princípio da precaução está diretamente ligado à busca da proteção do meio ambiente,

assim como da integridade da vida humana. Este princípio busca um ato antecipado à

ocorrência do dano ambiental. Nesse sentido, Milaré (2004, p.144) informa que "precaução é

substantivo do verbo precaver-se (do latim prae = antes e cavere = tomar cuidado), e sugere

cuidados antecipados, cautela para que uma atitude ou ação não venha resultar em efeitos

indesejáveis”.

O licenciamento ambiental tem por função minimizar e compensar o impacto causado pelas

atividades consideradas de alto potencial poluidor. É, pois um instrumento previsto em lei e

utilizado pelo poder público para o controle ambiental e, definida pela Resolução CONAMA

n°.237/97 como sendo um

procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso (BRASIL, 1997).

A licença ambiental constitui um ato administrativo, vinculado, unilateral, do poder

Executivo, com prazo de validade definido, em que o órgão ambiental estabelece regras,

condições, restrições e medidas de controle ambiental a serem seguidas por um

empreendimento quanto sua localização, instalação, ampliação e operação.

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As licenças decorrerem de um direito subjetivo do interessado e, como tal, não podem ser

negadas pela administração pública, desde que o interessado cumpra as exigências legais

estabelecidas pelo órgão ambiental.

O licenciamento ambiental é estruturado em três etapas obrigatórias: Licença Prévia (LP),

Licença de Instalação (LI) e Licença de Operação (LO) correspondente as diferentes fases de

implantação de um projeto. As licenças são sequenciais, independentes e estão vinculadas a

outras licenças de competência federal, estadual ou municipal.

A LP é concedida na fase de planejamento do empreendimento, aprovando sua localização e

estabelecendo os requisitos básicos e as condicionantes a serem atendidos nas próximas fases.

A LI autoriza a instalação do empreendimento ou da atividade pertinente de acordo com as

especificações constantes nos projetos aprovados anteriormente e a LO autoriza sua operação.

A licença ambiental é temporal, pois a questão ambiental é dinâmica, portanto sua renovação

não é automática. De forma geral, o prazo de validade da LP deverá ser no mínimo, o

estabelecido pelo cronograma de elaboração dos planos, programas e projetos relativos ao

empreendimento ou atividade, não podendo ser superior a cinco anos. O prazo de validade da

LI deverá ser no mínimo, o estabelecido pelo cronograma de instalação do empreendimento

ou atividade, não podendo ser superior a seis anos. O prazo de validade da LO deverá

considerar os planos de controle ambiental e será de, no mínimo, quatro anos e, no máximo,

dez anos (BRASIL, 1997).

Observa-se ainda que a licença se desfaz por cassação e/ou por revogação quando da omissão

ou falsa descrição de informações relevantes que subsidiaram a expedição da mesma, fato

ocorrido no início de 2010, em Cidreira, Rio Grande do Sul, onde foi instalado uma usina de

geração de energia eólica sobre as dunas do balneário Salinas. O motivo do pedido de

revogação da licença por parte do Instituto Curicaca é a importância ambiental da área em que

o empreendimento foi licenciado (CURICACA, 2010).

Ainda segundo o Instituto, trata-se de um enorme campo de dunas, com cerca de 3.000

hectares, onde está preservada toda a sequência de formação dos ambientes costeiros – praia,

dunas frontais, grandes dunas, banhados e lagoas – com animais e plantas associados. Um

deles é o tuco-tuco (Ctemomys brasilliensis), espécie endêmica e ameaçada de extinção e, por

isso, classificado como área de extrema prioridade à conservação da biodiversidade pelo

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Ministério do Meio Ambiente e indicada para a criação de uma Unidade de Conservação da

natureza na categoria Parque, pelo Departamento Estadual de Florestas e Áreas Protegidas da

Secretaria Estadual de Meio Ambiente.

Os estados da federação, na sua maioria, se espelham na Resolução CONAMA n°.237/97 em

seus processos de licenciamento, com incremento no Estado de Minas Gerais que faz uma

menção nos casos dos empreendimentos localizados em APA, áreas tombadas e de especial

interesse turístico. Observa-se também, em todos os estados, a necessidade de apresentação de

algum estudo ambiental anterior ao licenciamento, como: Plano e Projeto de Controle

Ambiental – PCA; o Relatório de Controle Ambiental – RCA; o Relatório Ambiental

Preliminar – RAP; o Diagnóstico Ambiental; o Plano de Manejo; o Plano de Recuperação de

Áreas Degradadas – PRAD ou a Análise Preliminar de Risco (MILARÉ, 2004).

A Constituição Federal estabelece que as responsabilidades sobre as questões ambientais

devam ser compartilhadas entre os entes da Federação. Neste sentido, o Instituto Estadual do

Ambiente – INEA, no Rio de Janeiro possui uma política de descentralização do

licenciamento ambiental, assim como nos estados de Minas Gerais e São Paulo e, por

intermédio de convênio, atribui aos Municípios à responsabilidade do licenciamento e da

fiscalização de atividades de impacto local conforme Decreto n°.42.050/09 (RIO DE

JANEIRO, 2009).

Cabe ressaltar que no Estado do Rio Grande do Sul, Porto Alegre foi a primeira cidade no

Brasil a possuir uma Secretaria Municipal de Meio Ambiente e que o Estado serve de

referência já que foi também foi o primeiro a descentralizar o processo de licenciamento

ambiental em 1996. (AGNES et al; 2009).

Entretanto, o Estado do Rio de Janeiro foi o pioneiro no estabelecimento de políticas

ambientais no país, mesmo antes da edição da Política Nacional de Meio Ambiente (Lei

nº.6.938/1981), tendo seu processo de licenciamento ambiental disciplinado por meio do

Decreto-Lei Estadual nº.134/75 e do Decreto Estadual nº. 1.633/77, servindo como modelo

para outros Estados (RIO DE JANEIRO, 1975; 1977).

De forma inovadora, o Decreto-Lei Estadual nº.134/75 propõe a obrigação de autorização

prévia para a operação ou funcionamento de suas instalações ou atividades que, real ou

24

potencialmente, se relacionassem com a poluição ambiental. Além disso, o decreto estabelece

ainda penalidades para o caso de poluição ou descumprimento das regras estabelecidas.

Este Decreto foi em parte regulamentado pelo Decreto Estadual nº. 1.633/77, que estabelece o

Sistema de Licenciamento de Atividades Poluidoras – SLAP (RIO DE JANEIRO, 1977), que

já em 1977 previa a expedição das licenças prévia, de instalação e operação. Mais de uma

década depois, por meio da Lei Estadual nº.1.356/88 foi detalhado os empreendimentos

sujeitos à elaboração do Estudo Prévio de Impacto Ambiental (EIA) e seu relatório (Rima)

(RIO DE JANEIRO, 1988).

Para empreendimentos imobiliários, têm-se basicamente as seguintes etapas para o

procedimento de obtenção das licenças: O procedimento deve iniciar com o levantamento

topográfico da área, que deverá ser encaminhado para avaliação da sua viabilidade urbanística

e fixação das diretrizes de uso do solo, que têm a função de ordenação do território. Após a

manifestação da Secretaria de Obras sobre estas questões, deve-se suceder a avaliação da

viabilidade ambiental do empreendimento pelo órgão ambiental competente, que, concluindo

positivamente, concederá a Licença Prévia. Obtidas as diretrizes urbanísticas e ambientais,

segue-se a elaboração dos projetos urbanístico e técnicos (abastecimento de água, energia

elétrica, esgoto, etc.), que deverão ser aprovados pelo Município. Após a aceitação dos

projetos e a obtenção da licença ambiental de instalação, definem-se as medidas de controle

ambiental e demais condicionantes. Por último, tem cabimento a licença urbanística para

construção da obra.

Segundo a Constituição Federal, compete aos municípios, através dos Planos Diretores,

promoverem o adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso,

do parcelamento e da ocupação do solo urbano (BRASIL, 1988).

O Plano Diretor, obrigatório para as cidades com mais de 20.000 habitantes, tem como

objetivo, dentre outros, prevenir a poluição e a degradação ambiental (BRASIL, 2001a).

Assim, os três níveis de governo estão habilitados a licenciar empreendimentos com impactos

ambientais, ratificando a proposta do Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA, que

fomenta a descentralização administrativa de forma cooperativa e harmoniosa, cabendo

apenas determinar, de acordo com o tipo e características do empreendimento a quem cabe

esse processo, se ao órgão federal, ao estadual ou ao municipal.

25

O Decreto n°.99.274/90, que regulamenta a PNMA, apresenta em seu art. 19, inciso I, a

obrigação de observação dos planos municipais, estaduais e federais de uso do solo para a

obtenção da Licença Prévia (LP). Além disso, associa-se a obrigatoriedade de constar no

processo de licenciamento ambiental a certidão da Prefeitura declarando que o local e o tipo

de empreendimento estão em conformidade com a legislação aplicável ao uso e ocupação do

solo, de acordo com a Resolução CONAMA n°.237/97 e a atual Instrução Normativa do

IBAMA n°.184/08. Logo, conclui-se que o Plano Diretor auxilia no processo de

licenciamento de empreendimentos imobiliários (BRASIL, 1990a).

E, por fim, porém não menos importante, tem-se o ZEE, que segundo o Ministério do Meio

Ambiente é um instrumento utilizado para o planejamento e ordenamento do território

brasileiro para que as relações econômicas, sociais e ambientais aconteçam de forma

sustentáveis (BRASIL, 2002c).

No estado de Minas Gerais, o ZEE é usado na elaboração de um diagnóstico dos meios geo-

biofísicos, social, econômico, jurídico e institucional gerando um mapa de vulnerabilidade

ambiental e um de potencialidade social que irá subsidiar ações prioritárias para proteção e

conservação da biodiversidade e para o desenvolvimento calcado na sustentabilidade

econômica, social e ecológica (MINAS GERAIS, 2002).

Para Steinberger (1997), embora se utilize de mapas, este não é seu objetivo final. Os mapas

são usados para auxiliar nas tomadas de decisões sobre quais atividades podem ser

implantadas nos territórios, minimizando assim seus efeitos negativos.

Para Santos (2004), os mapas estabelecem áreas de planejamento segundo avaliação sistêmica

dos elementos naturais e socioeconômicos, cujo resultado é a elaboração de normas de uso e

ocupação do solo e do manejo de recursos naturais sob um aspecto conservacionista e de

desenvolvimento econômico e social.

Assim, no estado do Rio de Janeiro, o ZEE, regulamentado pela Lei Estadual n°.5.067/07,

levou em consideração as dez regiões hidrográficas do estado. As grandes bacias

hidrográficas têm nascentes localizadas nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Espírito

Santo, cujas atividades socioeconômicas interferem na qualidade socioambiental do Estado do

Rio de Janeiro (RIO DE JANEIRO, 2007).

26

Mesma preocupação teve o Estado de São Paulo com seu litoral, ao considerar em seu ZEE os

diversos ecossistemas encontrados na sua região costeira devido aos impactos indesejáveis do

aumento da densidade demográfica, da atividade turística e da especulação imobiliária nesta

área (SÃO PAULO, 2004).

Por fim, conclui-se que os instrumentos de controle aqui apresentados são de fundamental

importância para a preservação da biodiversidade, visto que num futuro próximo a

diversidade biológica desempenhará função primordial como fonte de matéria prima na

síntese de novos produtos químicos, especialmente para a indústria farmacêutica. Basta

lembrar que aproximadamente 70% dos medicamentos são feitos a partir das plantas

(HARAGUCHI & CARVALHO, 2010).

3.2 PERDA DA BIODIVERSIDADE E DEGRADAÇÃO DOS RECURSOS NATURAIS

A Conferência da ONU realizada no Rio de Janeiro, em 1992, sobre o Meio Ambiente e

Desenvolvimento, Rio-92, sacramentou em termos mundiais, a preocupação da sociedade

com os problemas ambientais, reforçando princípios e regras para o combate à degradação

ambiental.

Como produtos desta Conferência foram aprovados cinco documentos entre eles, a Agenda

21, considerado como um plano de ação a ser implementado pelos governos ou por qualquer

instituição cujas ações afetem o meio ambiente (ONU, CNUMAD, 1992).

Outro documento assinado pela Conferência e promulgado no Brasil através do Decreto

Federal n°.2.519/98, foi a Convenção sobre a Diversidade Biológica - CDB. A preocupação

maior desta Convenção foi à conservação da biodiversidade, seu uso sustentável e a divisão

equitativa dos benefícios gerados com a utilização de recursos genéticos (BRASIL, 1998).

De acordo com Santos & Góes (2006), considerar o valor intrínseco da biodiversidade,

reafirmar o direito soberano dos Estados; sobre seus próprios recursos, bem como reafirmar

suas responsabilidades pela sua conservação são os três princípios básicos da CDB.

27

A Convenção afirma que os Estados têm direitos soberanos sobre os seus próprios recursos

biológicos, assim como são responsáveis pela conservação de sua diversidade biológica e pela

utilização sustentável de seus recursos biológicos (BRASIL, 1998). Seguindo essa orientação,

cada país participante é livre para determinar os instrumentos jurídicos, econômicos e

políticos que permitam cumprir com as determinações descritas no art. 8° da CDB. A

orientação sobre esses direitos parte da Constituição Federal, no seu art. 23, da competência

comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios nos incisos III, VI e VII

(BRASIL, 1988).

De acordo com a CDB (1992), biodiversidade significa a variabilidade de organismos vivos

de todas as origens, envolvendo todos os ecossistemas da Terra e suas interações,

compreendendo ainda a diversidade dentro de espécies, entre espécies e de ecossistemas

(BRASIL, 1992).

A diversidade biológica aumenta em direção aos Trópicos favorecida por fatores abióticos de

temperatura e umidade. Segundo Ricklefs (2010), os organismos se especializam em seus

habitats. A existência de uma infinidade de habitats resulta em uma grandeza de espécies que

neles vivem o que inviabiliza a quantificação das mesmas.

Acredita-se existirem entre 10 e 50 milhões de espécies vegetais e animais no mundo. No

entanto, apenas 1,5 milhões foram classificados até hoje pelos cientistas. Cerca de 20% das

espécies conhecidas no mundo estão no Brasil, considerado um país de “megadiversidade”

(SÃO PAULO, 2010).

O bioma mais rico em biodiversidade do planeta, a Mata Atlântica tem ao todo 1.300.000km²

isto é, cerca de 15% do território nacional, englobando 17 estados brasileiros, e atingindo

áreas como o Paraguai e a Argentina. Vale destacar ainda a existência de sete das nove

maiores bacias hidrográficas brasileiras sustentarem este bioma (SOS MATA ATLANTICA,

2010).

O Estado da Bahia, com a criação de quatro novas Unidades de Conservação – UC, em junho

de 2010, apresenta atualmente 61% de sua área protegida. No total, essas novas unidades de

conservação passarão a proteger 65.070ha de área de Mata Atlântica. As novas áreas

decretadas estão inseridas no Corredor de Biodiversidade Central da Mata Atlântica (CI –

BRASIL, 2010).

28

A CDB no seu art.11 reconhece que a biodiversidade possui valores econômicos, sociais e

ambientais, destacando a necessidade de utilizar instrumentos econômicos na gestão da

conservação da biodiversidade.

Compartilhando desta visão, em setembro de 2010, um movimento empresarial formado por

empresas como a Alcoa, a Natura e a Vale, além de outras instituições lançaram uma Carta

Empresarial pela Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade, que qualquer empresa

pode aderir e, enviaram uma proposta ao governo brasileiro sugerindo em âmbito nacional o

estabelecimento de mecanismos para a valoração econômica da biodiversidade e dos serviços

ecossistêmicos e sua inclusão na legislação contábil brasileira (INSTITUTO ETHOS, 2010).

A economia ambiental – ramo da economia, atualmente confere valores econômicos diretos;

aqueles produtos que são colhidos e usados pelas pessoas e indiretos; aqueles que não

envolvem o consumo ou destruição dos recursos aos componentes da diversidade biológica

(PRIMACK & RODRIGUES, 2006). Além disso, Fenker (2007) acrescenta que o valor

econômico de um bem está diretamente relacionado com a sua escassez, procura ou

necessidade, portanto, quanto mais útil e escasso for o bem maior será seu valor econômico.

Para o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA,

o valor econômico da biodiversidade consiste nos seus valores de uso e de não-uso. Os

primeiros são compostos pelos valores de uso direto (recreação, lazer, colheita de recursos

naturais, caça, pesca e educação), de uso indireto (proteção de bacias hidrográficas,

preservação de habitat para espécies migratórias, estabilização climática, seqüestro de

carbono) e de opção (derivam da opção de usar o recurso no futuro); e os de não-uso, incluem

os valores de herança e de existência (IBAMA, 2010).

Para Ricklefs (1996), a gestão dos recursos bióticos deve ser feita de forma sustentável, sendo

assim, depende de conhecimentos ecológicos tanto para minimizar impactos ambientais como

para doutrinar o pensamento e práticas econômicas, políticas e sociais.

A partir do momento em que a biodiversidade e os recursos naturais forem avaliados pelo seu

justo valor econômico, proporcional à utilidade, haverá um aumento e incentivo à

conservação. Ninguém investirá recursos econômicos sem a equilibrada contrapartida, pois as

decisões econômicas são tomadas levando em conta o custo-benefício (FENKER, 2007).

29

O aspecto econômico da água, por exemplo, reconhecido em 1992, pela Declaração de Dublin

e adotado na Conferência Internacional sobre a Água e Meio Ambiente, no seu quarto

princípio, afirma que a água tem valor econômico em todos os seus usos competitivos e deve

ser reconhecida como bem econômico (IETC, 2001), fato este, ratificado pela Política

Nacional de Recursos Hídricos (BRASIL, 1997).

Neste sentido, a Agência Nacional de Águas - ANA instituiu através da lei n°.9.433/97 a

Outorga de Direito de Uso de Recursos Hídricos que assegura o controle quantitativo e

qualitativo dos usos da água e o efetivo exercício dos direitos de acesso a mesma. A cobrança

pelo uso da água é um instrumento de gestão que entrou em funcionamento nas bacias

federais no ano de 2001 (BRASIL, 1997).

Para a Secretaria de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente, ações

antrópicas como a derrubada ou queima de florestas, a remoção de mangues e a pesca

excessiva são fatores que ajudam na destruição e perda da biodiversidade (BRASIL, 2010).

Já na década de noventa, Sousa (1999) adverte que diversos autores como Wilson, Ehrlick,

Norgaard & Spears, corroboram da visão de que uma das principais causas da destruição das

florestas tropicais é o crescimento populacional e as consequentes expansões de suas

atividades necessárias à sobrevivência.

Verdade, Dixo & Curcio (2010) acrescentam que o desmatamento para agropecuária, a

poluição do ar, da água e do solo associadas à exploração do meio ambiente de forma

desordenada, ao uso irracional dos recursos naturais e às mudanças climáticas têm causado a

destruição dos habitats e é apontada como sendo a principal causa de extinção das espécies.

O desenvolvimento urbano é outro fator que ao longo dos anos vem comprometendo de forma

irreversível a biodiversidade e os recursos hídricos. A história aponta que muitas cidades se

desenvolveram em função dos cursos d’água, seja para a navegação, para o lançamento de

efluentes nos seus corpos seja para o abastecimento humano, cita-se o exemplo do Rio

Danúbio descrito por Ferraz (2010).

O aumento da industrialização, associada aos assentamentos urbanos em áreas marginais são

fatores que afetam a qualidade hídrica e causam a eutrofização de lagos e rios,

comprometendo de maneira significativa não só a biodiversidade aquática, mas também os

30

usos múltiplos dos recursos hídricos, águas superficiais e subterrâneas, afetando diretamente a

economia local.

Além disso, a ocupação irregular de encostas, áreas ribeirinhas e de mananciais, estimuladas

pela especulação imobiliária é o grande problema de escassez de água na região Sudeste do

país, segundo a Agência Nacional de Águas – ANA (BRASIL, 2010).

Tal importância dos recursos hídricos que a Organização das Nações Unidas – ONU criou o

Dia Mundial da Água (22 março) cujo tema para o ano de 2011 foi “A água para as cidades:

respondendo ao desafio urbano” (BRASIL, 2011).

No Brasil, a relação com os recursos hídricos aconteceu de uma maneira diferente da Europa

que usava o rio para navegação, viabilizando o comércio entre os países, no decorrer do séc.

XVIII, apertado entre a montanha e o mar, a cidade do Rio de Janeiro cresceu e se

desenvolveu através de sucessivos aterros e obras de drenagens, acompanhando as linhas do

relevo e com pouco ou nenhum planejamento (ABREU, 1992).

Para o historiador Sérgio Buarque de Holanda, esse traçado urbanístico sinuoso é reflexo do

tipo de colonização empreendida pelos portugueses e pela sua própria visão de mundo. Para o

autor, o interesse dos portugueses no Brasil era o de enriquecer rapidamente e com pouco

esforço. Em seu livro Raízes do Brasil, cita-se o trecho de uma carta do padre Manuel de

Nóbrega, de 1552: "de quantos lá vieram, nenhum tem amor a esta terra [...] todos querem

fazer em seu proveito, ainda que seja a custa da terra, porque esperam de se ir" (HOLANDA,

1995, p.151).

Prosseguindo com o crescimento desordenado e a qualquer custo, Minayo (1998) acrescenta

que por volta de 1565, o crescimento demográfico se deu na forma de loteamento em

sesmarias na região da Baia de Guanabara se espalhando por várias direções, eliminando

diversos ecossistemas.

Segundo Bueno (2004), a ocupação irregular geralmente é feita em áreas frágeis como na

beira dos rios ou em encostas de morros. Para a autora, a urbanização no seu entorno sempre

foi objeto de valorização – construção de condomínios de luxo na beira de rios ou de

degradação da paisagem urbana – despejo e depósito de lixo como ocorre na cidade de Recife

(PE).

31

Outro exemplo de ocupação irregular aconteceu em Belo Horizonte cujo processo de

urbanização também se deu de forma desordenada, em encosta de morros, motivada pela

especulação imobiliária e sem preocupação urbanística e social (SOUZA et al; 2010).

O processo de urbanização quando feito de forma desordenada causa uma série de problemas

sociais e ambientais, dentre eles o desemprego, a criminalidade, a favelização, os gastos

exorbitantes em segurança pública e a poluição do ar e da água. Segundo o Instituto Brasileiro

de Geografia e Estatística - IBGE, no Brasil existem 16.433 favelas, a maioria no Rio de

Janeiro e em São Paulo. Relatório do Programa Habitat, órgão ligado a Organizações das

Nações Unidas – ONU, revela ainda que 52,3 milhões de brasileiros (cerca de 28% da

população) vivem nas favelas cadastradas no país, atingindo 55 milhões de pessoas até 2020

(VIVA FAVELA, 2010). Ainda segundo IBGE (2008), aproximadamente 16.267.197 de

pessoas vivem em condições de extrema pobreza (sendo 53% desses em área urbana), 56%

dos domicílios não são atendidos por rede geral de esgoto, sendo que 71,5% dos municípios

não possuem tratamento de esgoto e 21,4% dos domicílios não são abastecidos de água por

rede geral.

Para Pinto (2003), os “loteamentos clandestinos”, como são conhecidos os empreendimentos

realizados às margens das legislações pertinentes, em que se abrem ruas e demarcam lotes

sem qualquer controle do Poder Público, tem sido uma constante no País.

Na maioria das vezes, esses loteamentos acabam em tragédia como o deslizamento ocorrido

no Morro do Bumba, em Niterói em 07 de abril de 2010, onde cerca de 50 casas construídas

em local em que funcionava um lixão desabaram soterrando centenas de pessoas ou o

deslizamento no Vale do Itajaí, em Santa Catarina, em novembro de 2008, que segundo

professores das Universidades Catarinenses houve ocupação desordenada das APP, sendo

esse um dos motivos do desabamento (FRANK, 2008). Em janeiro de 2011, na Região

Serrana do Estado do Rio de Janeiro aconteceu o pior desastre ambiental do país com mais de

800 mortes, devido à ocupação irregular de áreas frágeis associado ao volume das chuvas.

Compans & Vinas (2005) advertem que a população desse tipo de loteamento fica exposta a

riscos ambientais, em particular, inundação, deslizamento ou desabamento, ou ainda, de

contaminação por despejo de esgoto sem tratamento em corpos hídricos.

32

Para Serra (2003), devido à velocidade como é feito o processo de urbanização o Poder

Público não tem condições de controlá-lo, ocasionando um déficit de moradias e

infraestrutura, implicando em um nível de qualidade de vida cada vez mais baixo.

Segundo Walcacer (1981), a falta de recursos e o despreparo na função de disciplinar o uso e

ocupação do solo, faz com que as Prefeituras só tomem conhecimento de um loteamento

quando algumas casas já se encontram construídas, não contemplando assim qualquer relação

com a realidade local, fato este que só aumentam os impactos socioambientais.

Para o Instituto de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte –

IDEMA, a falta de órgão de gestão ambiental atuante, na maioria das prefeituras municipais,

aliadas às carências verificadas na estrutura técnico-administrativa do Estado para dar conta

das tarefas, a ausência de um planejamento integrado e a existência de mecanismos de

controle do uso e ocupação do solo, foram os motivos que levaram o Governo do Estado a

implantar o ZEE dos Estuários no Rio Grande do Norte (RIO GRANDE DO NORTE, 2005).

Neste contexto, a rápida urbanização associada à inexistência de planejamentos e a crise

econômica provocam total desorganização no uso e ocupação do solo, o que dá origem a

bairros sem nenhuma infraestrutura, cujas características marcantes são as favelas, a ocupação

em morros e encostas e nas planícies fluviais.

Algumas dessas ações antrópicas, ou a soma delas, contribuíram para quase devastação total

da Mata Atlântica. Estima-se que cerca de 93% da formação original deste bioma já foi

devastado (SOS MATA ATLANTICA, 2010). O Cerrado, segundo maior bioma brasileiro,

ocupa aproximadamente 23,92% da área total do país e possui entre 45 e 61% da área

preservada (IBGE, 2004).

No bioma Mata Atlântica, estima-se que 55% do total das espécies arbóreas, 40% das não

arbóreas, 39% dos mamíferos, inclusive mais de 15% dos primatas e 160 espécies de aves

existentes também são endêmicos desta região, ou seja, pertencem somente a esta área

geográfica (CI-BRASIL, 2010).

Dentre as espécies mais vulneráveis a extinção estão às consideradas endêmicas e as que

estão nas pequenas populações. Quanto menor for à população, menor a variabilidade

genética e quanto menor for esta, maior a possibilidade de extinção.

33

Para finalizar, conclui-se que a biodiversidade é a base para as atividades agropecuárias,

pesqueiras, florestal e estratégica para indústria da biotecnologia, ou seja, possui valor

ecológico, social, econômico, científico, educacional, cultural, recreativo, genético, além de

valorizar a paisagem local. No entanto, é imperativo um maior comprometimento por parte

dos responsáveis pelos órgãos ambientais e pelos órgãos fiscalizadores municipais quanto ao

cumprimento do Código Florestal, evidentemente, levando em consideração a área urbana, já

consolidada, pois a realidade dos fatos está em dissonância com as políticas públicas

empregadas pelos entes da federação. Tal situação colabora para a perda, ainda maior, da

biodiversidade bem como a degradação dos recursos naturais.

3.3 FERRAMENTAS DE PRESERVAÇÃO E CONSERVAÇÃO DA

BIODIVERSIDADE E DOS RECURSOS NATURAIS

Muito embora utilizados amplamente como sinônimos, preservação e conservação são

conceitos distintos. O Dicionário Brasileiro de Ciências Ambientais define preservação como

"ação de proteger, contra a modificação e qualquer forma de dano ou modificação, um

ecossistema, área geográfica, etc." e conservação como “a utilização racional de um recurso

natural qualquer, garantindo-se, entretanto, sua renovação ou sua auto-sustentação”, portanto,

difere da preservação por permitir o uso e o manejo da área (LIMA-e-SILVA et al; 2002).

Para a legislação brasileira, conservação significa conciliação da utilização, de forma racional,

dos recursos naturais com sua proteção, ao passo que preservação é o conjunto de

metodologias que visam a proteção a longo prazo de espécies, habitats e ecossistemas

(BRASIL, 2000).

A legislação ainda prevê várias formas de preservação e conservação da biodiversidade,

encontradas no Código Florestal, nas Resoluções do CONAMA n°.237/90, n°.01/86,

n°.302/02, n°.303/02 e na Lei de Crimes Ambientais (MEDAUAR, 2011).

Desta forma, o SNUC (BRASIL, 2000) além da CDB (CNUMAD, 1992) prevêem a criação

de Áreas Protegidas ou Unidades de Conservação – UC, como são conhecidas, como a melhor

maneira de proteger a biodiversidade, uma vez que se preservam os habitats naturais bem

como se consegue obter a manutenção de populações viáveis de espécies em seu meio natural.

34

As UC’s representam a condição básica para a conservação e perpetuação da biodiversidade

(SÃO PAULO, 2010).

Para Faria (1997), as Unidades de Conservação constituem a mais importante forma de

conservação da biodiversidade, pois mantém intactos os processos evolutivos da Terra sem

interferência humana, deixando assim um legado para as gerações futuras.

Bruner (2001) reconhece que a estratégia comprovadamente mais eficaz para promover a

manutenção dos ecossistemas naturais é a implantação de sistemas eficientes de áreas

protegidas.

Desta forma, de acordo com Morin (2000), como o todo tem características que não são

encontradas isoladamente, se estas estiverem isoladas umas das outras, serão inibidas pelas

restrições oriundas do todo. Portanto, necessário se faz a conservação e a preservação da

biodiversidade em seu ambiente natural.

Santos Filho (1995) afirma ainda que a conservação in situ, aquela feita no ambiente natural, é

reconhecidamente o método mais eficaz para se manter a complexa estrutura dos ecossistemas

com suas interações entre as espécies dando continuidade aos processos evolutivos que

determinam a variedade de diversidade.

Neste sentido, o licenciamento ambiental de empreendimentos imobiliários deve contemplar

no seu planejamento, a redução do isolamento dos fragmentos de vegetação com programas

de recuperação da vegetação nativa e estimulando práticas amigáveis à conservação,

conforme apregoa a Lei Federal n°.11.428/2006 (BRASIL, 2006).

Sobre a importância das áreas vizinhas às Unidades de Conservação, Primack & Rodrigues

(2001) colocam que se áreas ao entorno das UC forem degradadas, a biodiversidade dentro

das mesmas diminuirá, principalmente se tiverem seu tamanho reduzido, pois, muitas das

espécies ultrapassam as fronteiras das áreas em que vivem normalmente, em busca de

recursos como alimentação e abrigo.

Sendo assim, o Estado de São Paulo preocupado com o crescimento da população humana,

com a ocupação de áreas anteriormente florestadas, destruindo e degradando os habitats, com

a queima de petróleo e derivados para energia e transporte, e seus efeitos para com a

biodiversidade, lançou em 2010, o Caderno de Educação Ambiental sobre a Biodiversidade,

35

série de cadernos que ainda conta com mais três títulos publicados: As águas subterrâneas do

Estado de São Paulo, Ecocidadão e Unidades de Conservação da Natureza (SÃO PAULO,

SMA, 2010).

Sem dúvida essa iniciativa se deve ao fato do Estado de São Paulo possuir grandes

remanescentes da Mata Atlântica e áreas intactas de Cerrado, dois hotspots de biodiversidade

que estão ameaçados (SÃO PAULO, SMA, 2010). É considerada hotspot uma área com pelo

menos 1.500 espécies endêmicas de plantas e que tenha perdido mais de 3/4 de sua vegetação

original, constituindo área prioritária para conservação (CI-BRASIL, 2005).

A conservação dos ecossistemas naturais está prevista entre os objetivos apontados no SNUC,

no seu art. 4o, juntamente com a manutenção da biodiversidade e dos recursos genéticos

(BRASIL, 2000). Entende-se que somente assim, as espécies são capazes de continuar seu

processo evolutivo, visto que as interações entre as mesmas e seu habitat desencadeiam as

técnicas naturais de evolução.

Assim, a maneira mais viável para se alcançar tais objetivos de acordo com Santos Filho

(1995), Morin (2000), Bruner (2001), e Primack & Rodrigues (2006) é a preservação de

comunidades em seu ambiente natural, ou seja, criando áreas legalmente protegidas (muito

embora a criação por si só não garanta a proteção à biodiversidade) conforme prevê a lei

federal n° 9.985/2000 que instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC

e define Unidade de Conservação como

espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituídos pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção (BRASIL, 2000).

Desta forma, assumi-se um dos compromissos contidos na CDB que prevê, no seu art. 8° que

os países integrantes devem estabelecer um sistema de áreas protegidas ou áreas em que

medidas especiais precisam ser tomadas para conservar a diversidade biológica.

O SNUC define e regulamenta as categorias de UCs nas instâncias federal, estadual e

municipal, separando-as em dois grupos: de proteção integral, com a conservação da

biodiversidade como principal objetivo, e áreas de uso sustentável, que permitem várias

36

formas de utilização dos recursos naturais, com a proteção da biodiversidade como um

objetivo secundário (BRASIL, 2000).

Enquadra-se nas características de uso sustentáveis as seguintes unidades: Área de Proteção

Ambiental, Área de Relevante Interesse Ecológico, Floresta Nacional, Reserva Extrativista,

Reserva de Fauna, Reserva de Desenvolvimento Sustentável e Reserva Particular do

Patrimônio Natural.

Dentro das unidades de proteção integral estão as Estações Ecológicas, as Reservas

Biológicas, os Parques Nacionais, os Monumentos Naturais e os Refúgios de Vida Silvestre.

Todas elas possuem planos de manejos específicos, ou seja, todo e qualquer procedimento que

vise assegurar a conservação da diversidade biológica e dos ecossistemas. O plano de manejo

deve abranger a área da Unidade de Conservação, sua zona de amortecimento e os corredores

ecológicos, incluindo medidas com o fim de promover sua integração à vida econômica e

social das comunidades vizinhas (BRASIL, 2000).

Um Parque Nacional - PARNA, por exemplo, tem como objetivo básico

a preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico (BRASIL, 2000).

Obstáculos quanto à preservação da biodiversidade são identificados em algumas UCs como,

por exemplo, no PARNA do Itatiaia, no Estado do Rio de Janeiro, que muito embora Parques

Nacionais estejam inseridos na categoria de proteção integral esse convive com hoteleiros e

moradores no seu interior desde sua criação. Neste sentido, Arruda (1997) aponta que em

39% do conjunto das UCs dos Estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo e Paraná existem

moradores. No Rio de Janeiro, 73% delas têm moradores em sua área interna, enquanto no

Paraná, esta ocupação ocorre em 20% das UCs e no Espírito Santo, 25% destas UCs são

utilizadas com fins de moradia. Por sua vez, as UCs bi-estaduais apresentam 39% de

moradores no seu interior.

Por sua vez, uma Área de Proteção Ambiental (APA) tem como objetivo básico assegurar a

sustentabilidade de uso de seus recursos naturais através de disciplina do processo de

37

ocupação do solo, uma vez que é permitido certo grau de ocupação em suas áreas (BRASIL,

2000).

Sem incluir reservas privadas e municipais, 52% do sistema brasileiro de Unidades de

Conservação são federais, e 48% estão sob jurisdição estadual. No Brasil, existem 310

Unidades de Conservação federais e 367 estaduais, sendo que os Parques Estaduais aparecem

em sua maioria nas regiões Sul e Sudeste (RYLANDS & BRANDON, 2005).

No entanto, dados do Ministério do Meio Ambiente apontam que entre os estados formadores

da Mata Atlântica, São Paulo foi o que mais investiu em UC de proteção integral - 23 Parques

Estaduais, seguido do Paraná com 19 e, do Rio de Janeiro com 08. O estado da Bahia foi o

que mais investiu em UC de uso sustentável - 28, seguido do Paraná com 09. São Paulo e

Santa Catarina não criaram nenhuma APA e o Espírito Santo possui 05 APAs e 05 Parques

Estaduais (BRASIL, MMA, 2010).

Outra importante ferramenta de conservação e preservação da diversidade biológica e dos

recursos naturais no Brasil teve seu início em 1965, com a Legislação Federal n°.4.771,

conhecido como Código Florestal e que definiu as Áreas de Preservação Permanente (APPs),

como sendo

área protegida nos termos dos arts. 2o e 3o desta Lei, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas (BRASIL, 1965).

Dentre as APPs encontram-se as nascentes, topos de morros e encostas, áreas brejosas e

margens de corpos hídricos, todas consideradas como áreas frágeis. Estas áreas são

consideradas como de relevante valor ambiental devido às funções que desempenham e, por

isso, estão sujeitos a um regime jurídico que deve atentar ao interesse público.

A ocupação indiscriminada e sem critérios das áreas mais frágeis causam impactos negativos

ao meio ambiente, como erosão, alagamentos, assoreamento de cursos d’água e eliminação de

nascentes, afetando na quantidade e qualidade dos recursos hídricos.

Entretanto, a ocupação de APP não é exclusiva das classes mais pobres. Observa-se, em todo

o país, a prática irregular de edificações por parte de classes com maior poder econômico

38

sobre essas áreas consideradas ambientalmente vulneráveis, não só para atender suas

necessidades de moradias, mas também para suprir a demanda da atividade turística.

Neste contexto, o impacto da valorização do espaço pela atividade turística traz consequências

sociais, econômicas e ambientais. São os casos, por exemplo, da impermeabilização das

margens dos rios em Bonito (MS) para facilitar o acesso de turistas e a instalação de

iluminação artificial em cavernas, para facilitar sua visão, dos mega resorts instalados na

costa da Bahia e dos hotéis instalados no litoral Paulista (CRUZ, 2001).

O complexo turístico hoteleiro da Costa do Sauípe foi construído dentro de uma Área de

Proteção Ambiental e cercado por populações tradicionais e, é considerado o maior pólo de

turismo da América do Sul, ocupando uma área de 1.755ha da fazenda Sauípe, entre os quais

seis quilômetros são de faixa litorânea. A fazenda Sauípe caracterizava-se por sua abundância

de recursos hídricos além de possuir áreas representativas da Mata Atlântica (RODRIGUES

JUNIOR, 2006).

No litoral paulista, uma série de hotéis de luxo, condomínios horizontais e loteamentos para

fins de segunda residência foram implantados em remanescentes de Mata Atlântica no litoral

Sul do estado. Da mesma forma, no estado do Paraná, a ocupação urbana contínua a partir de

Paranaguá em direção aos municípios de Pontal do Paraná, Matinhos e Guaratuba tem como

principais condicionantes as promoções turística e imobiliária, destacando-se a implantação

de marinas, condomínios horizontais em áreas de mangues e de restingas, nas margens dos

rios Boguaçu Mirim e Itiberê (BRASIL, 2008).

No contexto urbano, as APPs têm importante papel no aumento da qualidade de vida dos

moradores uma vez que influência no microclima local, na diminuição do ruído, da poeira e

captura do gás carbônico, e contribui para o ciclo hidrológico, além da melhoria da estética da

paisagem.

Essas funções evitam o processo de assoreamento dos corpos hídricos, evitando assim as

inundações. Além disso, a cobertura vegetal diminui a quantidade de materiais em suspensão

que carregam nutrientes e substâncias tóxicas que atingem a água, afetando sua qualidade

tendo reflexos tanto para o ser humano como para o ecossistema aquático.

39

Martins (2007) corrobora com esta afirmação citando que as matas ciliares funcionam como

filtros que retém restos de agrotóxicos, poluentes e sedimentos que afetariam diretamente a

qualidade da água, além disso, ligam os fragmentos florestais, formando corredores

ecológicos, facilitando assim o deslocamento da fauna, o que contribui para o fluxo gênico

entre as espécies.

Para Magalhães & Ferreira (2000), é evidente e fundamental o papel das APPs dentro de uma

sub-bacia, pois preservam os diversos ecossistemas com suas biodiversidades, responsáveis

pelo fornecimento regular e permanente de água potável dos mananciais bem como pela

proteção dos recursos naturais necessários a vida na Terra.

Assim, conclui-se que mesmo sendo as UCs uma ferramenta para conservação e preservação

da biodiversidade, nota-se o conflito existente entre suas categorias, atendendo a objetivos

preservacionistas e socioambientalistas. Quanto ao uso das APPs, o conflito é ainda maior,

sendo necessário encontrar uma forma de se preservar uma área, integrando as diferentes

categorias de UCs e suas respectivas zonas de amortecimentos e corredores ecológicos

juntamente com as APPs, visando dessa forma à preservação da biodiversidade.

3.4 CONFLITO DE LEGISLAÇÕES

Não obstante as vantagens socioambientais da manutenção das APPs, o Código Florestal

carrega consigo alguns conflitos. Inicialmente, ele era usado apenas em áreas rurais e passou a

ser utilizado em áreas urbanas a partir da Medida Provisória n°.2.166-67/01 (BRASIL, 2001),

fato este que está gerando grande polêmica na atualidade do direito ambiental, face sua

disposição legal: Lei Federal n°.6.766/79 (BRASIL, 1979) que dispõe sobre o Parcelamento

do Solo Urbano, além da Resolução CONAMA n°.369/06 (BRASIL, 2006).

A lei sobre o Parcelamento do Solo Urbano, no seu Capítulo II, art. 4°, III traz nestes termos:

“ao longo das águas correntes e dormentes e das faixas de domínio público das rodovias e

ferrovias, será obrigatória a reserva de uma faixa não-edificável de 15 (quinze) metros de cada

lado, salvo maiores exigências da legislação específica” (BRASIL, 1979). O Código Florestal

entende que esta área de preservação deve ser de 30 metros para cursos d’água de menos de

10 metros de largura (BRASIL, 1965).

40

Segundo Servilha et al. (2005), os distanciamentos citados no art. 2° do Código Florestal para

as áreas de APPs, não tiveram base científica, além de excluírem a existência do homem e sua

influência na dinâmica da paisagem na qual estão inseridas as mesmas.

Em consonância com esta informação, o estado do Rio de Janeiro assinou o Decreto Lei

n°.42.356/10 que prevê a redução das medidas adotadas no Código Florestal em zonas

urbanas consolidadas, ficando a critério do INEA, a delimitação da faixa marginal de

proteção, em consonância à legislação federal (RIO DE JANEIRO, 2010).

Para Lima (1996), não existe ainda nenhum método definitivo para o estabelecimento da

largura mínima da mata ciliar que possibilite uma proteção satisfatória do curso d’água.

No âmbito jurídico, existem várias controvérsias no que diz respeito às APPs, uma vez que o

art. 30, da Constituição Federal diz que compete aos Municípios legislar sobre assuntos de

interesse local e suplementar a legislação federal e estadual, no que couber (BRASIL, 1988).

Cabe aqui ressaltar que está em andamento no Congresso Nacional, a reformulação do Código

Florestal. O novo projeto tende a alterar pontos conflitantes como o distanciamento de

córregos e nascentes, em área rural e urbana, metragem e forma de regularização da reserva

legal e, regularização de imóveis rurais, anistiando ou não quem causou desmatamento para

construção.

Atualmente, cada estado possui um entendimento diferenciado sobre o tema. Neste sentido, o

Plano Diretor de Porto Alegre, já no ano de 1999, no seu parágrafo 3°, do art. 88, permite que

só sejam consideradas Áreas de Preservação Permanentes, as zonas que mantenham seus

atributos originais (PORTO ALEGRE, 1999).

No Rio de Janeiro, o Decreto Estadual n°.42.356/10 no seu art. 4° diz que os limites mínimos

fixados abstratamente pelo art. 2º, “a”, do Código Florestal (Lei Federal nº.4.771/65 e suas

alterações) poderão ser reduzidos, em cada caso concreto (RIO DE JANEIRO, 2010).

O Código Florestal, no seu art. 2° destaca a relação das APPs e seu uso, dentro das diversas

categorias em áreas urbanas. Assim, tem-se como área não edificante ao longo de rios ou

qualquer curso d’água desde seu nível mais alto em faixa marginal cuja largura mínima varia

de 30m a 500m dependendo da largura do curso d’água, áreas ao redor de lagoas, nascentes,

topos de morro e encostas com declividade superior a 45° (BRASIL, 1965).

41

A Resolução CONAMA n°.303/02 que regulamenta o art. 2°, da Lei n°.4.771/65 corrobora

suas medidas com o Código Florestal no que diz respeito ao distanciamento dos corpos

hídricos além de complementá-lo, no seu art. 3°, fornecendo medidas de outras APPs como,

por exemplo, distanciamento em vereda e em faixa marginal, em projeção horizontal, com

largura mínima de 50m, a partir do limite do espaço brejoso e encharcado (BRASIL, 2002b).

Entretanto, no ano de 2006, a Resolução CONAMA n°.369, considerando o direito a

propriedade bem como sua função socioambiental, além do dever legal de recuperação das

APPs, irregularmente suprimidas ou ocupadas pelo proprietário, regulamentou sobre os casos

excepcionais, de utilidade pública, interesse social ou baixo impacto ambiental, que

possibilitavam a intervenção ou a supressão de vegetação em APP (BRASIL, 2006). Esta

Resolução traz no seu art. 9°, os requisitos e as condições para que se possa fazer a

intervenção ou a supressão de vegetação em APP no processo de regularização fundiária em

áreas urbanas, assim definidas:

I - ocupações de baixa renda predominantemente residenciais; II - ocupações localizadas em área urbana declarada como Zona Especial de Interesse Social- ZEIS no Plano Diretor ou outra legislação municipal; III - ocupação inserida em área urbana que atenda aos seguintes critérios: a) possuir no mínimo três dos seguintes itens de infra-estrutura urbana implantada: malha viária, captação de águas pluviais, esgotamento sanitário, coleta de resíduos sólidos, rede de abastecimento de água, rede de distribuição de energia; b) apresentar densidade demográfica superior a cinqüenta habitantes por hectare (BRASIL, CONAMA, 2006).

No que diz respeito aos impactos dos empreendimentos imobiliários, Costa & Peixoto (2007)

citando o caso do Alphaville, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, questionam em sua

fase de licenciamento o tratamento de esgoto, da coleta e destino final dos resíduos, efeito

sobre a vazão da lagoa com o aumento da impermeabilização do solo, impacto sobre a fauna

local e outros.

Segundo Jurisway Sistema Educacional (2009), o loteamento seria uma forma de

parcelamento do solo urbano, fracionando-o em porções menores, com o objetivo de alienar

ao público as partes, em prestações sucessivas e periódicas. Esse fato é regido pela Lei

nº.6.766/79, Lei de Parcelamento do Solo Urbano, que define loteamento como “a subdivisão

de gleba em lotes destinados a edificação, com abertura de novas vias de circulação, de

42

logradouros públicos ou prolongamento, modificação ou ampliação das vias existentes”

(BRASIL, 1979).

O art. 6° da Resolução CONAMA n°.01/86 prevê, em uma das etapas, que o estudo de

impacto ambiental considere dentre as atividades técnicas o diagnóstico do meio físico (água,

ar, clima, topografia, dentre outros), biológico (fauna, flora e suas relações ecológicas) e

socioeconômico (uso e ocupação do solo) (BRASIL, CONAMA, 1986).

Por fim, conclui-se que apesar das divergências legais que rege a matéria, existe um consenso

na aplicação do Código Florestal, inclusive, em área urbana, cita-se como exemplo -

conforme recomendação do Ministério Público Federal ao Município de Resende (RJ), a

utilização da Lei n°.4.771/65, uma vez que o município estava usando o Decreto Estadual

n°.42.356/10 na aprovação de licenciamento ambiental de empreendimentos imobiliários, em

detrimento ao Código Florestal.

43

4. METODOLOGIA

A região inventariada refere-se ao município de Resende (RJ), no período compreendido entre

janeiro de 2009 a julho de 2011 e, utilizou-se o seguinte procedimento:

Primeiramente, foram feitas identificação e análise dos processos de licenciamento ambiental

de empreendimentos imobiliários, na Agência do Meio Ambiente do Município de Resende –

AMAR, no período entre janeiro 2009 a julho de 2011. Neste período, 350 processos de

Consulta Prévia de Impedimento Ambiental de empreendimentos imobiliários foram

protocolados para análise. Com base no Convênio assinado entre o município e o INEA, que

determina quais atividades o município de Resende pode licenciar, foram separados para

análise os processos considerados de mínimo impacto ambiental e pequeno porte e os de

médio impacto ambiental e de mínimo, pequeno e médio porte, conforme Tabelas 1, 2 e 3, ou

seja, o Município pode licenciar empreendimentos até 500.000m2 cujo somatório dos fatores

condicionantes não ultrapassem o valor de 35 no somatório de parcelas (Tabela 3).

Tabela 1 - Área do Empreendimento

Porte Área de Intervenção (m2)

Mínimo até 2.000

Pequeno acima de 2.000 até 20.000

Médio acima de 20.000 até 100.000

Grande acima de 100.000 até 500.000

Fonte: INEA, 2010.

44

Tabela 2 - Fatores Condicionantes

Peso Fator Condicionante Situação Valor

10 Situa-se em área frágil ou em seu entorno (Anexo 1) não

sim

0

1

10 Prevê cortes e aterros não

sim

0

1

10 Prevê alterações em corpos d’água ou modifica drenagem natural não

sim

0

1

8 Prevê remoção de vegetação não

sim

0

1

Fonte: INEA, 2010.

Tabela 3 - Determinação do Potencial Poluidor

Potencial Poluidor Somatório de Parcelas de peso x valor

Baixo 0 a 18

Médio 19 a 35

Fonte: INEA, 2010.

Os processos administrativos considerados de mínimo impacto ambiental e pequeno porte,

passam por um procedimento simplificado de licenciamento em que o analista realiza uma

visita a campo para verificação se o terreno encontra-se com algum impedimento ambiental

legal para edificação ou não, tais como: proximidade de córregos, nascentes, áreas brejosas,

topo de morro e encosta de acordo com o art. 2° do Código Florestal (BRASIL, 1965). Neste

caso, o terreno pode estar totalmente ou parcialmente em APP ou, totalmente livre, para se

edificar no local. Cita-se, como exemplo, o Empreendimento A objeto deste estudo, onde há

incidência de lotes totalmente, parcialmente ou livre de impedimento ambiental.

Os processos para empreendimentos considerados de médio impacto ambiental e de mínimo,

pequeno e médio porte, determinados assim pelas Tabelas 1, 2 e 3 são submetidos a um

procedimento completo de licenciamento, para obtenção das licenças LP, LI e LO.

45

Após análise e emissão do parecer técnico, os analistas ambientais arquivam os documentos

em meio eletrônico, separados por bairros, para facilitar posteriores consultas. O mesmo

acontece com os processos administrativos que sofreram análises completas de licenciamento

ambiental.

No Resende-Geo, verificou-se dentre esses processos, aqueles que contemplavam os seguintes

critérios: estar localizado em topo de morro nas proximidades de um corpo hídrico, nascente e

área brejosa, áreas consideradas de preservação permanente. Assim, obedecendo a esses

critérios e, para que se possa dar ênfase ao objeto de estudo, foram escolhidos, para este

estudo de caso, três empreendimentos considerados mais críticos no tocante aos aspectos

ambientais citados, aqui intitulados, empreendimentos A, B e C.

O Resende-Geo é uma ferramenta de avaliação de impacto ambiental, um Sistema de

Informação Georeferenciado - SIG, desenvolvido para gestão territorial que permite trabalhar

com dados espaciais alfanuméricos e que disponibiliza ferramentas funcionais para análise,

consulta, edição e reestruturação de dados, geração de relatórios e associação de dados

externos.

Esse SIG faz parte de um Convênio denominado Programa de Gestão Ambiental e Físico

Territorial para Municípios assinado entre o Núcleo de Assistência Técnica aos Municípios –

NAT da Pontifícia Universidade Católica - PUC Rio, Petróleo Brasileiro S/A – Petrobrás e a

Prefeitura do Município de Resende. Este sistema possui imagens aéreas no período de 2005 a

2010 e tem como base o mapeamento da área urbana recobrindo uma área total de 85km2. O

levantamento aerofotogramétrico é de alta resolução espacial (pixel= 25x25cm).

Segundo Uezu (2006), a importância do SIG em conservação provém da necessidade de

entender como essa localização no espaço dos diferentes elementos que compõem o ambiente

e suas interações interferem sobre a biodiversidade.

Por fim, para concluir as análises, fez-se uma comparação dos três loteamentos determinados

anteriormente, entre os períodos de 2009 a 2011, usando imagens do Resende-Geo e fotos

digitalizadas atualizadas, de maio de 2011, tiradas in loco nas áreas de estudo, utilizando-se

uma máquina digital, para verificar se o empreendedor cumpriu as determinações do art.2° do

Código Florestal respeitando as APPs, bem como a CDB, o que permitiu verificar se o

46

processo de licenciamento está contemplando a preservação da biodiversidade e dos recursos

naturais previstos nas legislações ambientais.

5. RESULTADO E DISCUSSÃO

5.1 ÁREA DE ESTUDO

5.1.2 Localização e Caracterização da Área de Estudo

Resende é um município brasileiro localizado no Sul do estado do Rio de Janeiro, na região

do Vale do Médio Paraíba, Sul Fluminense, a 395m de altitude, com população de

aproximadamente 119.769 habitantes (IBGE, 2010), sendo 94% urbana. Possui clima

Tropical de Altitude com temperatura média de 25°C, com média pluviométrica anual de

1.500mm. As maiores precipitações são observadas no período compreendido entre os meses

de dezembro a março. O município de Resende (Figura 2) possui grande extensão territorial,

1.095,254km² (IBGE, 2010), a maior do eixo Rio-São Paulo, dentre os municípios percorridos

pela rodovia que liga as duas metrópoles.

FIGURA 2 - LOCALIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE RESENDE, RJ

Fonte: Prefeitura Municipal de Resende, 2010.

47

Seu relevo é típico de vale estando o município localizado em uma grande planície às margens do Rio Paraíba do Sul. À medida que se distancia desta área, encontra-se um planalto com leves colinas achatadas e, mais ao longe, o Maciço do Itatiaia, que compreende uma escarpa da Serra da Mantiqueira, com o Pico das Agulhas Negras (2.787m) ao fundo, conforme apresentado na figura 3. No outro extremo do município, junto à divisa paulista, encontra o início das formações da Serra do Mar, com a presença de elevações que geralmente ultrapassam os 600m de altitude.

FIGURA 3 - RIO PARAÍBA DO SUL E AO FUNDO PARNA DO ITATIAIA

Fonte: Luis Araújo, 2011.

O Instituto de Pesquisa Jardim Botânico do Rio de Janeiro (2010) aponta 35 espécies endêmicas, 90 espécies vulneráveis e 4 ameaçadas de extinção entre os municípios de Itatiaia e Resende, ambas no estado do Rio de Janeiro.

Sendo assim, a SOS Mata Atlântica (2008) aponta Resende como área de prioridade extremamente alta para conservação do bioma Mata Atlântica, uma vez que existem somente 22% de área remanescente de cobertura original, conforme figura 4.

48

FIGURA 4- COBERTURA VEGETAL REMANESCENTE NO MUNICÍPIO DE RESENDE (RJ)

Fonte: SOS MATA ATLANTICA, 2008.

Neste sentido, é importante uma conexão com a área do PARNA do Itatiaia e o PARNA Serra da Bocaina (SP), pois um dos maiores riscos para os remanescentes de mata é a falta de ligação entre um fragmento e outro, reduzindo o chamado “efeito de borda”1.

De acordo com Pinheiro & Viana (1998), quando se interligam os fragmentos através de corredores de biodiversidade, aumenta-se o fluxo de animais e sementes e, portanto, a colonização das áreas degradadas pelas espécies de plantas e animais presentes nos fragmentos florestais.

Esse “efeito de borda” costuma afetar negativamente a biota, reduzindo quantitativa e qualitativamente a biodiversidade presente nas UCs, representando riscos à gestão dessas áreas. A figura 5 apresenta áreas insubstituíveis para proteção de espécies da Mata Atlântica com corredores de biodiversidade. ___________________ 1Entende-se por “efeito de borda”, as alterações nos parâmetros físicos, químicos e biológicos, causadas por ações antropogênicas, ou não, observadas na área de contato do fragmento de vegetação com a matriz circundante.

Rios Vegetação

LEGENDAS

49

FIGURA 5 - ÁREAS “INSUBSTITUÍVEIS” PARA PROTEÇÃO DE ESPÉCIES NA MATA ATLÂNTICA

Fonte: Pinto, 2005

Resende

50

A figura 6 mostra a distribuição de remanescentes florestais de Mata Atlântica na sua área de

cobertura com seus limites de corredores de biodiversidade.

FIGURA 6 - DISTRIBUIÇÃO DE REMANESCENTES FLORESTAIS NA MATA ATLÂNTICA E LIMITES

DOS CORREDORES DE BIODIVERSIDADE

Fonte: Pinto, 2005

Resende

51

Os rios e lagos da Mata Atlântica abrigam ainda ricos ecossistemas aquáticos, grande parte

deles ameaçados pela retirada de suas matas ciliares, cedendo lugar principalmente a grandes

empreendimentos imobiliários, sem os devidos cuidados ambientais. Esse emaranhado de

rede de bacias é formado por rios de importância nacional e regional como, por exemplo, o

São Francisco, Paraná, Tietê e Paraíba do Sul.

O rio Paraíba do Sul tem como seus principais afluentes dentro do município os rios

Alambari, Sesmaria, Lavapés e o córrego Preto. Desses, o Rio Sesmaria juntamente com o

Rio Paraíba do Sul são de jurisdição federal. Na figura 7, observa-se a quantidade de

nascentes e corpos hídricos que banham o município de Resende (RJ) bem como a localidade

dos empreendimentos A, B e C.

FIGURA 7 – VISTA ÁREA DE RESENDE COM SEUS CURSOS D’ÁGUA

Fonte: Prefeitura Municipal de Resende, 2009a.

52

5.2 ASPECTOS TÉCNICOS

Dos 350 processos de Consulta Prévia de Impedimento Ambiental de empreendimentos

imobiliários, 4% necessitaram de um processo mais específico de licenciamento ambiental

por se tratar de atividade de médio e grande impacto ambiental e médio porte e a maioria das

solicitações sofreram um processo simplificado de licenciamento, uma vez que são de

pequeno impacto ambiental.

FIGURA 8 - PERCENTAGEM POR TIPO DE LICENCIAMENTO

Fonte: AMAR, 2011.

O empreendimento A, conforme descrito anteriormente sofreu um processo simplificado de

licenciamento, em que se observa apenas se os terrenos estão ou não em APP, de acordo com

art. 2° do Código Florestal (BRASIL, 1965) e do art. 3° da Resolução CONAMA n°.303/02

(BRASIL, 2002b).

Para os empreendimentos com alto impacto ambiental, empreendimentos B e C, faz-se

necessário que sejam cumpridas algumas exigências legais como planta de drenagem pluvial,

de esgotamento sanitário, paisagístico e demarcação da faixa marginal de proteção, entre

outras de acordo com as características físicas do terreno, para posterior liberação das

licenças: LP, LI e LO, devido a seu grau de impacto, previsto nas tabelas 1, 2 e 3 e no Anexo

1.

licenciamento simples licenciamento completo

N° total de processos no período de jan. 2009 a jul. 2011.

96%

4%

53

Os critérios utilizados para a delimitação da APP, nos casos de córregos, nascentes e topo de

morros foram obtidos através do art. 2° da Lei Federal n°.4771/65 (BRASIL, 1965) que

determina a metragem a ser respeitada nestes casos bem como no art. 3° da Resolução

CONAMA n°.303/02 que determina distanciamento de áreas brejosas (BRASIL, 2002b).

5.3 ASPECTOS LEGAIS

Primeiramente, ressalta-se que o Órgão Ambiental Municipal – AMAR tem convênio com o

Órgão Estadual – INEA para efetuar o processo de licenciamento de empreendimentos

imobiliários, com impacto local, de potencial poluidor pequeno e médio até médio porte

(Anexo 1) e, a partir de julho de 2011, a definição de quem será responsável pelo processo de

licenciamento de atividades geradoras de impactos, AMAR ou INEA, passou a ser feito por

meio eletrônico do portal do licenciamento do INEA pelo link

http://200.20.53.7/Ineaportal/Enquadramento/Passo1a.aspx.

Para proceder ao licenciamento de qualquer empreendimento imobiliário é necessário

apresentar uma declaração da Prefeitura Municipal de Resende (RJ) comprovando a

conformidade da localização do empreendimento, à legislação de uso e ocupação do solo do

Município, ou seja, o loteamento licenciado deve estar em conformidade com as posturas do

município, tais como Plano Diretor, legislação de uso do solo e outras normas.

Entretanto, observa-se que a prática não está em consonância com as normas municipais

vigentes como se observa nas figuras 9 e 10, evidenciando o conflito existente não só entre o

Código Florestal, pois a edificação se encontra em APP (menos de 30m do leito do rio) e a

Resolução CONAMA n°.369/02, que dispõe sobre os casos excepcionais, de utilidade

pública, interesse social ou baixo impacto ambiental, que possibilitam a intervenção ou

supressão de vegetação em APP, já que o empreendimento é particular, mas também do

conflito de competência no processo de licenciamento entre o Estado e o Município, já que foi

de responsabilidade do Estado (INEA), o processo de licenciamento deste empreendimento.

54

FIGURA 9 – ÁREA DE CONSTRUÇÃO DE UMA CLÍNICA EM APP

Fonte: Prefeitura Municipal de Resende, 2009b.

FIGURA 10– EDIFICAÇÃO DA CLÍNICA EM APP

Fonte: Prefeitura Municipal de Resende, 2009c.

Observa-se certa semelhança entre os processos de licenciamento ambiental nos estados de

Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro, em relação à documentação que deve ser

apresentada pelo requerente da licença ao órgão ambiental. Entretanto, nenhum deles faz

referência na sua legislação quanto ao estudo de impactos causados à fauna e à flora na

implantação dos loteamentos imobiliários. A questão da estabilidade geológica também é

ignorada na maioria dos casos, fato este que acarreta transtornos e perdas materiais para

população e para o município como se evidencia nas figuras 11, 12 e 13, quando da enchente

do Rio Sesmaria em dezembro de 2010.

área de APP

55

FIGURA 11 - DESMORONAMENTO DO MURO DE UM CONDOMINIO DE LUXO

Fonte: Luís Araújo, 2010.

FIGURA 12- MORADIA CLASSE MÉDIA CONDENADA PELA DEFESA CIVIL

Fonte: Luís Araújo, 2010.

56

FIGURA 13 - DESABAMENTO DA CABECEIRA DE UMA PONTE NO CENTRO DA CIDADE

Fonte: Luís Araújo, 2010

Em relação à documentação, a AMAR solicita como documentos básicos os mesmos para

obtenção da Licença Prévia, de Instalação e de Operação, a saber: formulário de requerimento

preenchido (ANEXO 4), cópia da carteira de identidade, CPF, CNPJ, Declaração do

Zoneamento Urbano, documento de propriedade do imóvel e planta baixa do

empreendimento, suprimindo, a princípio, informações importantes como o memorial

descritivo, planta de localização e planta da área de implantação do projeto nas condições

atuais e anteprojeto paisagístico, processo de terraplanagem, dentre outros.

É na fase da terraplanagem que o dano ao meio ambiente é causado de modo irreversível para

os recursos naturais. Entre os impactos ambientais existentes nesta fase, além dos

mencionados por Freitas et al. (2001), citam-se a alteração do sistema de drenagem superficial

natural, do surgimento e a intensificação de processos erosivos e assoreamentos, a

contaminação do solo e das águas, superficiais e subterrâneas, além da redução da flora e de

habitat de indivíduos da fauna. Foi nesta fase que se constatou nos empreendimentos

imobiliários estudados B e C, os principais impactos ambientais mencionados.

57

Analisando o processo de licenciamento ambiental de empreendimentos imobiliários da

AMAR, nota-se que já no preenchimento do requerimento existe uma falha, pois o mesmo foi

elaborado pensando em uma indústria, devido seu alto potencial poluidor, não existindo pois,

um formulário específico para cada atividade a ser desenvolvida, dentre elas o

empreendimento imobiliário, conforme evidenciado no Anexo 4.

Muito embora o processo oculte o item 3 (Intervenções Previstas), item 4 (Unidades de

Conservação), item 5 (Área Frágeis) e item 6 (Corpos Hídricos) previstos no processo

estadual e, de grande importância para a preservação da biodiversidade e dos recursos

naturais, esses itens foram contemplados pela AMAR, quando no pedido das LPs dos

empreendimentos B e C.

Outro item também esquecido pela maioria dos órgãos ambientais, quando no pedido da LP é

o inventário de fauna e flora do ecossistema da região a sofrer intervenção antrópica. Para

Santos (2006), inventariar a fauna e flora de uma determinada porção de um ecossistema é o

primeiro passo para sua conservação e uso racional.

A figura 14 mostra terreno aprovado para o empreendimento B. Este empreendimento, que

teve seu início em 2008, deveria ter sido licenciado pelo órgão estadual - INEA, em função de

suas características como tamanho do empreendimento (52ha) e áreas frágeis existentes na

extensão a ser utilizada por este empreendimento: área brejosa, nascente e topo de morro,

porém foi licenciado pelo Município, de acordo com Decreto Municipal n°.1.960/2007

(RESENDE, 2007) que dispõe sobre o Licenciamento Ambiental Municipal. Além disso, está

situado a um raio inferior, cerca de 8,5km, de uma Unidade de Conservação - PARNA do

Itatiaia, conforme Resolução CONAMA n°.13/90, vigente na época (BRASIL, 1990b).

58

FIGURA 14 – ÁREA DO EMPREENDIMENTO B

Fonte: Prefeitura Municipal de Resende, 2009d.

Para a Licença Prévia Municipal foram exigidas as seguintes documentações: Certidão de

Zoneamento, que indica se o local proposto para a instalação do empreendimento é

compatível com a legislação aplicável ao uso e ocupação do solo municipal, ou seja,

basicamente uma certidão de zoneamento de acordo com o Plano Diretor ou as diretrizes

gerais de ocupação do território e o Memorial Descritivo, documento fornecido pelo

empreendedor contendo levantamento topográfico com marcação dos corpos d’água

existentes, estudo da vegetação da área, taxa de ocupação, área total edificada, localização e

uso e ocupação do solo, projeto de infraestrutura, anteprojeto paisagístico e demarcação da

faixa marginal de proteção – FMP, pelo INEA.

Em relação à documentação pedida ao empreendedor, observa-se a preocupação, por parte da

AMAR, com a preservação dos recursos naturais, uma vez que inclui o respeito ao Código

Florestal, já que foi mencionada no pedido a demarcação da faixa marginal de proteção, ou

APP, além do levantamento topográfico com marcação dos corpos hídricos e estudo da

vegetação existente na área do empreendimento.

Topo de morro

Área brejosa

córrego

nascente

59

O empreendimento B, que ocupa topo de morro e encosta, possui uma área brejosa e uma

nascente que forma um córrego. Apesar da preocupação da AMAR com a preservação dos

recursos naturais e biodiversidade, verifica-se já na fase de terraplanagem em 2010, que o

responsável pelas obras desrespeitou o Código Florestal e Resolução CONAMA n°.303/02

alterando o regime hídrico do local uma vez que modificou o divisor da bacia (topo de morro)

com a terraplanagem e com a impermeabilização do solo, que acentuou o impacto ambiental,

prejudicando a possível flora e fauna que habitava o local, uma vez que corpos de água doce

recebem influencia direta dos processos que ocorrem na área de drenagem da bacia onde estão

localizados. Nota-se também a supressão da nascente existente no local influenciando na

quantidade de água formadora do corpo hídrico (FIGURA 15).

FIGURA 15 – EMPREENDIMENTO B

Fonte: Prefeitura Municipal de Resende, 2009e.

Portanto, para o empreendimento B, fica claro que no processo de licenciamento ambiental,

muito embora haja preocupação em preservação dos recursos naturais devido às exigências da

documentação pedida pela AMAR, essa preocupação não se efetivou por parte do

empreendedor devido aos danos mostrados na figura 15, entre eles: decapeamento da área de

topo de morro, soterramento de nascentes e áreas brejosas.

córrego

60

Situação semelhante foi observada na Ilha de Santa Catarina (SC) por Reis (2010) em que a

legislação ambiental também não impediu a ocupação de encostas, evidenciando a impotência

e omissão por parte da administração pública e dos órgãos fiscalizadores na sua ocupação. Em

consequência, observou-se a separação da Mata Atlântica dos manguezais, impedindo o fluxo

de energia e da matéria entre esses ecossistemas, fundamental para o equilíbrio entre eles.

Caso análogo, porém com desfecho diferente foi observado, também em Campos do Jordão,

(SP), na Serra da Mantiqueira, com a construção de um hotel de luxo em topo de morro e

próximo a nascente. Neste caso, apesar de ainda caber recurso por parte da decisão judicial, o

hotel foi condenado pela justiça à demolição total com retirada imediata do entulho e

recuperação florestal da área degradada (MAZZITELLI, 2011).

O empreendimento C, figura 16, teve seu processo de licenciamento iniciado em 2010 e está

sendo realizado pela AMAR, em conformidade com o Convênio firmado com Estado. Com

área de 42ha, está atualmente em fase de Licença Prévia, em que foram exigidos os seguintes

documentos: planta do empreendimento contemplando os recursos hídricos, declividade do

terreno, vegetação, influência direta e indireta do empreendimento, levantamento topográfico,

localização e uso e ocupação do solo, demarcação da Faixa Marginal de Proteção – FMP,

pelo INEA e da Reserva Legal, esses dois últimos para estudo e liberação da LI.

FIGURA 16- ÁREA DO EMPREENDIMENTO C

Fonte: Prefeitura Municipal de Resende, 2009f.

61

Muito embora a equipe técnica da AMAR tenha pedido, na LP, a demarcação da FMP, o que

demonstra a preocupação em manter preservada a biodiversidade bem como a quantidade e a

qualidade dos recursos hídricos abundantes no local, o fato foi ignorado pela Agência do

Meio Ambiente de Resende e a LI foi liberada sem a apresentação deste documento, o que

fica evidenciado a falta de comprometimento com a preservação e conservação dos recursos

naturais, incluindo, a proteção a biodiversidade. Constatado pelo INEA, através de denúncias,

de degradações ambientais na etapa de terraplanagem, o Estado pediu por ofício, em julho de

2011, que o Município comunicasse ao responsável pelo empreendimento a suspensão da LI

e, que esta seria fornecida pelo INEA.

A figura 17 mostra supressão de vegetação ripária e a figura 18 foi evidenciado aterramento

de curso d’água e área brejosa, ambas realizadas no começo da terraplanagem em março de

2011, pelo empreendedor. No início deste estudo, o empreendimento foi alvo de várias

denúncias na AMAR, em relação à degradação ambiental fato este comprovado pelas figuras

18 e 19. Após constatação do dano ambiental, a empresa teve auto de infração anulado pela

própria Agência. Vale ressaltar que sequer foi pedida medida compensatória pelo dano

ambiental causado, seja pela operação das obras seja pelo dano evidenciado.

FIGURA 17 - SUPRESSÃO DE VEGETAÇÃO NO COMEÇO DA TERRAPLANAGEM

Fonte: Luís Araújo, 2010.

62

FIGURA 18 - ATERRAMENTO DE CURSO D’ÁGUA

Fonte: Luís Araújo, 2010.

A supressão de vegetação ou impedimento de sua regeneração afeta diretamente a qualidade

do recurso hídrico, uma vez que o solo é removido e fica exposto aos processos erosivos que

podem acarretar assoreamento dos corpos d'água à jusante do empreendimento bem como a

quantidade das águas dos rios e dos reservatórios assim como as águas subterrâneas, já que

ocorre a diminuição da infiltração da água no solo, devido à impermeabilização do solo e a

retirada da vegetação, o que contribui para o rebaixamento do nível do lençol freático

afetando não só a bacia como um todo, mas também a fauna do local.

Para Harris et al. (2005), a supressão da vegetação original faz com que os solos fiquem mais

suscetíveis a lixiviação de nutrientes alterando suas características físicas. Além disso, os

processos erosivos que constantemente ocorrem às margens dos rios quando se retira a

cobertura vegetal, põem em risco locais de abrigo e reprodução de espécies que frequentam

esse habitat, além de aves aquáticas que dependem diretamente das matas e dos recursos

alimentares oferecidos pelos rios, como peixes e invertebrados aquáticos.

Ainda segundo o autor, os rios assoreados pela erosão não suportam mais populações

suficientes de presas para dar continuidade às cadeias alimentares que envolvem a fauna da

região. Os processos hidrológicos comprometidos devido à retirada da cobertura vegetal, que

é responsável em grande parte pela biodiversidade da região, terão os ciclos de cheia e seca

alterados. Os corpos d’água anualmente alimentados pelas cheias são essenciais para a

sobrevivência de espécies cujo habitat preferido são os brejos.

63

Pigosso et al. (2009) acrescentam que a supressão da vegetação nativa diminui a

biodiversidade com a redução de indivíduos de espécies que poderão perder, naquele meio, o

potencial de reprodução de sementes.

Na figura 19, o empreendimento A evidencia o uso de APP (lado esquerdo do córrego), para

construção de residências, tanto nas margens do córrego como ao redor da lagoa. A

estabilidade do solo também foi ignorada, desrespeitando o Código Florestal (BRASIL,

1965). Os terrenos estão sendo questionados no Ministério Público Estadual e estão sob

julgamento aguardando manifestação do juízo a respeito.

FIGURA 19 – EMPREENDIMENTO A. EDIFICAÇÃO EM FMP

Fonte: Prefeitura Municipal de Resende, 2009g.

O art. 2° da Lei Federal n°.4.771/65 determina afastamento de no mínimo 30m para os corpos

d’água com até 10m de largura, fato esse ignorado pela administração pública que permitiu a

construção de residências sem o devido distanciamento previsto na lei supracitada.

Muito embora haja o embargo, por parte do Ministério Público Estadual, dos lotes que

margeiam o córrego, a canalização do mesmo (Figura 20) pelo município não contradiz a

legislação pertinente, ou seja, o Código Florestal não define metragem diferente para córregos

canalizados, valendo, pois, os 30m definidos pela legislação.

córrego FMP=30m

64

Situação análoga foi comprovada por Vitte et al. (2010), no processo de urbanização e a

incorporação das várzeas fluviais ao espaço urbano em Campinas SP, que teve seu início na

década de 30 e que atualmente são responsáveis pelos inúmeros problemas ambientais.

Com a área central adensada restou ao município apenas a exploração de loteamentos

periféricos. Nesse sentido, a expansão da malha urbana é dada pela incorporação de áreas de

vegetação nativa e de preservação permanente, APP, gerando práticas ambientais predatórias

na ocupação do espaço.

Dentre essas práticas, tem-se a impermeabilização total do solo, canalização de córregos e a

supressão de vegetação. Segundo Mendonça (1994), a impermeabilização do solo e a

canalização de córregos estão entre os fatores mais evidentes da modificação do clima local

das cidades, além disso, fere o Código de Águas (BRASIL, 1934), que é a restrição mais

antiga de uso do solo urbano por construção civil e, que trata da proibição de qualquer

edificação que possa impedir ou atrapalhar o livre curso das águas.

A Figura 20 mostra canalização do córrego, em maio de 2011, como uma “solução” para os

constantes alagamentos das áreas residenciais, construídas ao longo da margem esquerda do

córrego, destacado na Figura 19.

FIGURA 20 - FLAGRANTE DE CANALIZAÇÃO DO CÓRREGO

Fonte: Luís Araújo, 2011.

manilha

65

É importante frisar que tanto a canalização do córrego, como a interferência sobre a APP

(Figura 21) foi realizada pelo Departamento de Obras Municipal sem qualquer manifestação

do Órgão Ambiental e que não teve nenhuma medida mitigadora ou compensatória pelo dano

ambiental causado. Cabe ressaltar que de acordo com art. 4°, § 4o do Código Florestal

(BRASIL, 1965) “o órgão ambiental competente indicará, previamente à emissão da

autorização para a supressão de vegetação em área de preservação permanente, as medidas

mitigadoras e compensatórias que deverão ser adotadas pelo empreendedor”. No caso, a

própria Prefeitura deveria adotar as medidas compensatórias e não as fez.

Segundo Bechara (2007), o termo compensação é utilizado, no Direito Ambiental, para

conduzir diferentes formas de se contrabalançar uma perda ambiental. O manifesto quanto à

compensação ambiental está previsto no art. 3° da Lei Federal n°.7.347/85 em que se

preceitua que a ação civil pública poderá ter por objeto o cumprimento de obrigação de fazer

ou não fazer (BRASIL, 1985).

A Lei do SNUC prevê a compensação ambiental antecipada, para fins de implantação de

empreendimentos causadores de significativa degradação ambiental, ficando o empreendedor

obrigado a apoiar a implantação e manutenção de uma unidade de conservação do Grupo de

Proteção Integral, sendo que o montante de recursos a ser destinado pelo empreendedor para

esta finalidade não pode ser inferior a meio por cento dos custos totais previstos para a

implantação do empreendimento, de acordo com o grau de impacto ambiental causado pelo

empreendimento e determinado pelo órgão licenciador (BRASIL, 2000).

Pela Lei da Mata Atlântica, a supressão de vegetação, deste bioma, fica condicionada à

compensação ambiental na forma da destinação de área equivalente à extensão da área

desmatada, com as mesmas características ecológicas, na mesma bacia hidrográfica.

Entretanto, a lei proíbe a supressão de mata atlântica para fins de loteamento e edificação nas

regiões metropolitanas e áreas urbanas (BRASIL, 2006).

Para o Código Florestal (BRASIL, 1965), a supressão de vegetação em APP somente poderá

ser autorizada em caso de utilidade pública ou de interesse social devidamente caracterizado e

motivado em procedimento administrativo próprio, quando inexistir alternativa técnica e

locacional ao empreendimento proposto.

66

Pode-se observar na figura 21, a supressão de vegetação ripária ao longo do córrego

(evidenciado na Figura 19) e a compactação do solo em APP.

FIGURA 21 – SUPRESSÃO DE MATA RIPÁRIA E COMPACTAÇÃO DE SOLO EM APP

Fonte: Luís Araújo, 2011.

Na prática, o crescimento urbano de Resende não tem respeitado a legislação federal de

proteção à vegetação nativa do bioma Mata Atlântica conforme a Lei n°.11.428/2006

(BRASIL, 2006), o Código Florestal (BRASIL, 1965) nem sua própria Lei Orgânica

Municipal que traz dentre suas incumbências a de preservar e de restaurar os processos

ecológicos essenciais, proteção de fauna e flora, vedada as práticas que coloquem em risco

sua função ecológica e que provoquem extinção de espécies e reparação dos danos causados

ao meio ambiente, por parte dos infratores (RESENDE, 1997).

Com isso, nota-se que o município desconsidera o valor essencial dos recursos naturais,

eximindo-se do direito soberano dos entes da Federação sobre seus próprios recursos, bem

como negando suas responsabilidades pela conservação dos mesmos, indo de encontro aos

princípios básicos da CDB.

Revitalizar os riachos, ao invés de canalizarem, é fundamental para que haja possibilidade de

outros usos que não sejam meramente restritos à drenagem de águas de enchentes. Sobre esse

uso, Borsagli & Medeiros (2011) argumenta que com a canalização, as águas passam a correr

com mais velocidade aumentando a sua vazão e levando os problemas das enchentes para as

áreas mais próximas da sua foz. A impermeabilização do solo, a retirada da cobertura vegetal

e a ocupação das várzeas também contribuem para o agravamento desse problema.

67

Por outro lado, segundo Melo (2006), riachos possuem uma fauna muito diversificada,

composta principalmente por vários grupos de insetos aquáticos, peixes, crustáceos e

oligoquetas, que possuem grande potencial como bioindicadores, apresentando desde espécies

muito sensíveis até fortemente tolerantes à poluição, portanto devem ser preservados já que

são indicadores do estado de conservação da área de drenagem da bacia a que pertencem.

Sendo assim, a conservação e revitalização de cursos d’água e seu entorno (APP) em áreas

urbanas e a proteção de águas subterrâneas se constitui, também, um instrumento integral da

Gestão de Recursos Hídricos que o município deve promover.

68

6. CONCLUSÃO

O processo de licenciamento ambiental, tanto o realizado pelo INEA quanto pela AMAR, no

município de Resende (RJ) para empreendimentos imobiliários, no período de 2009 a 2011,

não contemplam as exigências técnicas e legais para a avaliação de impactos ambientais,

desconsiderando, pois, a preservação da biodiversidade. No entanto, observou-se que a

ferramenta de geoprocessamento, denominada Resende-Geo, foi fundamental para a

realização desta análise e para verificação e monitoramento do estado de conservação e

preservação destas áreas. Fato este agravado pela ação antrópica com a fragmentação dos

habitats naturais.

Entende-se que devem ser feitas algumas restrições em relação ao uso e ocupação do solo, por

parte do órgão público, em especial pelo órgão ambiental, responsável pelo processo de

licenciamento ambiental, através, entre outros, dos seguintes meios: mapeamento e

zoneamento com delimitação clara das áreas de APPs, definindo o uso e ocupação do solo

dessas áreas; mapeamento das áreas de risco do município, restringindo a ocupação em áreas

cuja ocupação é desaconselhável para edificações; oposição, por parte do órgão público, a

liberação de novos empreendimentos em áreas consideradas frágeis como baixadas, topo de

morros e encostas e fixação de incentivos fiscais para que os proprietários de terrenos em APP

permaneçam ociosos ou, dependendo do caso, que os mesmos sejam indenizados e que se

façam o replantio de vegetação da área, para que se possam garantir os objetivos propostos

para conservação dos recursos naturais estabelecidos nas legislações e convenções

internacionais.

Em relação ao processo de licenciamento ambiental e com base no instrumento legal utilizado

pelo município de Resende (RJ) e pelas constatações in loco, para a conservação real dos

recursos naturais e da qualidade de vida dos indivíduos que buscam tais empreendimentos,

sugere-se também:

Aplicação da legislação em toda a sua complexidade para o ambiente a ser licenciado.

O cumprimento efetivo dos projetos apresentados no que diz respeito às medidas

mitigadoras e compensatórias, neles apresentadas.

69

Conforme a legislação vigente, a apresentação de planos de recuperação de áreas

degradadas baseadas no inventário faunístico e florístico, constituem ferramentas

essenciais para preservação dos recursos bióticos e abióticos.

Espera-se que estas medidas fortaleçam os sistemas de licenciamento, fiscalização e

monitoramento de atividades relacionadas com a biodiversidade; crie capacidade no órgão

responsável pelo licenciamento ambiental para avaliação de impacto sobre esta; apóie estudos

de impacto da fragmentação de habitats sobre a manutenção da fauna e flora e identifique e

avalie as políticas públicas que afetam negativamente a diversidade biológica, ratificando

desta forma os objetivos previstos no Decreto Federal n°.4.339/2002, que institui princípios e

diretrizes para implementação da Política Nacional da Biodiversidade.

70

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80

ANEXOS

81

Anexo 1 - Licenciamento ambiental no Estado do Rio de Janeiro para empreendimentos

imobiliários:

Entre os empreendimentos sujeitos ao licenciamento ambiental encontram-se edificações, loteamentos

e projetos de parcelamento do solo, obras de drenagem urbana e pavimentação de vias, cortes e aterros

para nivelamento de greide.

6.38 EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS, TURÍSTICOS E DE LAZER E ÁREAS PARA USO

EXCLUSIVAMENTE INDUSTRIAL

Inclui edificações residenciais e comerciais, loteamentos residenciais ou industriais, conjuntos

habitacionais, complexos turísticos, parques temáticos, zonas estritamente industriais e distritos

industriais.

Porte Área de intervenção (m2)

Mínimo Até 2.000

Pequeno Acima de 2.000 até 20.000

Médio Acima de 20.000 até 100.000

Grande Acima de 100.000 até 500.000

excepcional Acima de 500.000

Peso Fator condicionante Situação valor

10 Situa-se em área frágil ou em

seu entorno (anexo 1)

não

sim

0

1

10 Prevê cortes e aterros não

sim

0

1

10 Prevê alterações em corpos

d’água ou modifica drenagem

natural

não

sim

0

1

8 Prevê remoção de vegetação não

sim

0

1

Potencial poluidor Somatório de parcelas de peso x valor

Baixo 0 a 18

Médio 19 a 35

Alto 36 a 43

82

Anexo 1

ÁREAS FRÁGEIS

- Encostas ou partes destas, com declividade igual ou superior a 24% (vinte e cinco por

cento).

- Encostas com declividade igual ou superior a 10% (dez por cento), nas áreas costeiras.

- Matas ou Florestas – ecossistemas complexos nos quais as árvores são a forma vegetal

predominante que protegem o solo sobre o impacto direto do sol, vento e precipitações.

- Restingas – acumulações arenosas litorâneas, paralelas à linha da costa, de forma geralmente

alongada, produzida por sedimentos transportados pelo mar, onde se encontram associações

vegetais mistas características, comumente conhecidas como "vegetação de restinga".

- Dunas – acumulações arenosas litorâneas produzidas pela ação do vento no todo, ou em

parte, estabilizadas ou fixadas pela vegetação.

- Áreas brejosas – terreno molhado ou saturado de água, algumas vezes alagável de tempos

em tempos, coberto com vegetação natural própria na qual predominam arbustos integrados

com gramíneas rasteiras e algumas espécies arbóreas.

- Manguezais – "ecossistemas litorâneos" que ocorrem em terrenos baixos sujeitos à ação das

marés, localizados em áreas relativamente abrigadas como baías, estuários e lagunas e são

normalmente constituídos de vazas lodosas recentes, as quais se associam tipo particular de

flora e fauna.

- Áreas de endemismo – isolamento de uma ou muitas espécies em um espaço terrestre, após

uma evolução genética diferente daquelas ocorridas em outras regiões.

- Áreas que abriguem espécies ameaçadas de extinção.

- Sítios arqueológicos – áreas destinadas a proteger vestígios de ocupação pré-histórica

humana contra quaisquer alterações e onde as atividades são disciplinadas e controladas de

modo a não prejudicar os valores a serem preservados.

- Áreas de influência de nascentes ou olho d’água, reservatórios, cursos de rios, lagoas,

lagunas e praias.

1- EDIFICAÇÕES

Licença Prévia – LP

Cadastro Ambiental Simplificado - Obras diversas

83

Memorial descritivo contendo: - critérios que orientaram o partido adotado com justificativa para o remanejamento das curvas de nível; - taxa de ocupação (T.O.); - área total edificada (A.T.E.) - população de projeto e densidades populacionais estimadas (líquidas e bruta); - dimensionamento preliminar das áreas destinadas aos diferentes usos previstos (habitação, recreação e lazer, estacionamento, comércio e serviços, atividades sociais e esportivas, segurança e outros). Este item não se aplica aos empreendimentos de edificações residenciais multifamiliares; - indicação das etapas previstas no caso de implantação modular.

Esquema viário projetado Planta de situação do empreendimento, em escala compatível com o quadro de escalas mínimas a seguir, indicando os seguintes elementos: - orientação magnética; - topografia projetada; - corpos d'água existentes e projetados e respectivas faixas de proteção; - cobertura vegetal, inclusive aquela considerada de preservação permanente pelo Código Florestal; - sistema viário e acessos projetados; - projeção das edificações e das áreas destinadas aos diferentes usos previstos

área do empreendimento

escala mínima

até 2.000 m2 1:250 entre 2.000 e 10.000 m2 1:500 entre 10.000 e 50.000 m2 1:1.000 acima de 50.000 m2 1:2.000

Plantas das edificações em escala de 1:500, no mínimo, com a indicação gráfica da distribuição espacial dos equipamentos e das áreas cobertas e descobertas destinadas aos diferentes usos previstos.

Cortes transversais e longitudinais, representando a implantação do empreendimento no terreno.

Informações sobre a infra-estrutura de saneamento, incluindo: - sistema de abastecimento de água; - sistema de esgotamento; - sistema de drenagem pluvial; - coleta e disposição de resíduos sólidos.

Se houver necessidade de supressão de vegetação nativa ou intervenção em área de preservação permanente assim classificada pela Lei Federal nº 4.771/65 de 15/09/65 e Resolução CONAMA nº 303, de 20/03/02, clique aqui para visualizar a relação de documentos a serem apresentados.

84

Licença de Instalação – LI

Cadastro Ambiental Simplificado - Obras diversas

Declaração da concessionária de esgoto sobre a possibilidade de ligação à rede.

Projeto do sistema viário.

Projetos de infra-estrutura de saneamento: - sistema de abastecimento de água; - sistema de esgotamento; - sistema de drenagem pluvial; - coleta e disposição de resíduos sólidos.

Declaração do órgão competente sobre a possibilidade da coleta de resíduos sólidos. Projeto paisagístico.

Documentos relacionados na LP para apresentação junto com o requerimento de LI.

No caso de uso de recursos hídricos de domínio estadual, apresentar o comprovante do requerimento ou o documento de Outorga para o direito de uso de recursos hídricos, ou declaração de uso insignificante. Se não houver requerimento ou outorga, clique aqui para visualizar os procedimentos a serem seguidos para a obtenção da outorga.

Se não houve LP: Memorial descritivo e plantas exigidas para a concessão de LP.

Normas Relacionadas

- IT-1814.R-5 – Instrução Técnica para Apresentação de Anteprojetos de Edificações

Residenciais Multifamiliares (permanentes ou transitórias), Grupamentos de Edificações e

clubes.

- IT-1815.R-5 – Instrução Técnica para Apresentação de Projetos de Edificações Residenciais

Multifamiliares (Permanentes e Transitórias), Grupamentos de Edificações e Clubes,

aprovada pela Deliberação CECA nº 868 de 08.05.86 e publicada no D.O.R.J. de 19.05.86.

Essas normas são encontradas neste site, em Legislação e Normas Ambientais.

85

Anexo 2 – Cadastro Ambiental Simplificado e documentação

Sistema de Licenciamento Ambiental – SLAM

CADASTRO AMBIENTAL SIMPLIFICADO

OBRAS DIVERSAS

PROCESSO: FL.: RUBRICA

1- Identificação do Empreendimento/Atividade Nome/Nome empresarial CNPJ Local da atividade Bairro Município CEP: 2- Características do Local da Atividade ou Empreendimento Área total: m2

Área de Intervenção: m2

Coordenadas Geográficas - Longitude: Latitude: UTM - X Y Zoneamento:

3- Intervenções previstas ( ) Supressão de Vegetação

( ) Corte de Árvores Isoladas

( ) Intervenção em APP

( ) Cortes e aterros ( ) Outros: Especificar 4- Unidades de Conservação A Atividade ou Empreendimento está localizado no interior ou num raio de 10 km de Unidades de Conservação? ( ) Não ( ) Sim Nome e distância da Unidade:

86

5- Áreas Frágeis A Atividade ou Empreendimento está localizado em áreas frágeis (definidas no Anexo do MN0050) ( ) Não ( ) Sim Tipo: 6- Corpos Hídricos Existem corpos hídricos no interior ou no entorno da área de intervenção? ( ) Não ( ) Sim Nome do Curso Hídrico 7- Consumo de Água Quantidade: m3/dia ( ) Rede Pública ( ) Poço Freático ( ) Poço Profundo ( ) Manancial de Superfície ( ) Outros, especificar 8- Tratamento de Esgoto Sanitário Número de pessoas atendidas: Tipo de tratamento ( ) Fossa ( ) Fossa e Filtro Biológico ( ) Tratamento Secundário ( ) Tratamento em sistemas de terceiros ( ) Outros, especificar 9- Declaração

Declaro, sob as penas da lei, que as informações aqui contidas são a expressão da verdade.

Rio de Janeiro, de de ___________________________________________ Assinatura do representante legal ___________________________________________ Nome do representante legal

Documentação exigida para licenciar loteamentos:

Licença Prévia – LP

Cadastro Ambiental Simplificado - Obras diversas

1- Memorial descritivo contendo:

- critérios que orientam o partido adotado, com justificativa para o remanejamento das curvas

de nível;

- taxa de ocupação (T.O.);

- área total edificada (A.T.E.);

- população de projeto e densidades populacionais estimadas (líquida e bruta);

- dimensionamento preliminar das áreas destinadas aos diferentes usos previstos (habitação,

recreação e lazer, estacionamento, comércio e serviços, atividades sociais e esportivas,

segurança e outros);

- indicação das etapas previstas no caso de implantação modular;

- esquema viário projetado.

2- Planta de localização da área a ser parcelada, em escala compatível com o porte do

empreendimento, no mínimo de 1:10.000, indicando graficamente num entorno de 500 metros

os seguintes elementos:

- orientação magnética;

- topografia;

- corpos d’água;

- cobertura vegetal;

- áreas especialmente protegidas pela legislação;

- usos implantados;

- acessos.

3- Planta da área de implantação do projeto nas condições atuais, em escala compatível com o

porte do empreendimento, no mínimo de 1:2.000, indicando graficamente os seguintes

elementos:

- orientação magnética;

- topografia, destacando curvas de nível de 5 em 5 metros;

- corpos d'água existentes e projetados e respectivas faixas de proteção;

88

- cobertura vegetal, inclusive aquela considerada de preservação permanente pelo Código

Florestal;

- vias existentes;

- construções existentes;

- indicação das áreas para os diversos usos previstos.

4- Planta do anteprojeto de parcelamento em escala compatível com o porte do

empreendimento, no mínimo de 1:1.000, indicando graficamente os seguintes elementos:

- orientação magnética;

- topografia projetada com as curvas de nível remanejadas;

- localização das áreas verdes, áreas de preservação, áreas de recreação, sítios arqueológicos,

monumentos históricos e outros; - faixa de proteção dos corpos d’água;

- localização de quadras e lotes esclarecendo quanto a: tipos e taxa de ocupação, densidade,

construções de uso comum e unidades residenciais previstas como parte integrante do

empreendimento;

- sistema viário.

5- Informações sobre a infra-estrutura de saneamento, incluindo:

- sistema de abastecimento de água;

- sistema de esgotamento;

- sistema de drenagem pluvial;

- coleta e disposição de resíduos sólidos.

6- Anteprojeto paisagístico.

Se houver necessidade de supressão de vegetação nativa ou intervenção em área de

preservação permanente assim classificada pela Lei Federal nº 4.771/65 de 15/09/65 e

Resolução CONAMA nº 303, de 20/03/02. clique aqui para visualizar a relação de

documentos a serem apresentados.

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Licença de Instalação – LI

Cadastro Ambiental Simplificado - Obras diversas

Declaração da concessionária de esgoto sobre a possibilidade de ligação à rede.

Projeto do sistema viário.

Projetos de infra-estrutura de saneamento:

- sistema de abastecimento de água;

- sistema de esgotamento;

- sistema de drenagem pluvial;

- coleta e disposição de resíduos sólidos.

Medidas de proteção ambiental:

- quanto à erosão das encostas;

- em obras realizadas em rios e canais;

- na abertura de canais;

- quanto ao assoreamento e solapamento de praias.

Projeto paisagístico.Documentos relacionados na LP para apresentação junto com o

requerimento de LI.

No caso de uso de recursos hídricos de domínio estadual, apresentar o comprovante do

requerimento ou o documento de Outorga para o direito de uso de recursos hídricos, ou

declaração de uso insignificante. Se não houver requerimento ou outorga, clique aqui para

visualizar os procedimentos a serem seguidos para a obtenção da outorga.

Se não houve LP:

Memorial descritivo e plantas exigidas para a concessão de LP.

Normas Relacionadas:

- IT-1818.R-4 – Instrução Técnica para Apresentação de Anteprojetos de Parcelamento do

Solo.

- IT-1819.R-4 – Instrução Técnica para Apresentação de Projetos de Parcelamento do Solo.

90

Anexo 3 – Orientação para requerimento de Licença Ambiental em Resende, RJ

Orientações para requerimento de Licença Ambiental O Licenciamento Ambiental é o procedimento administrativo pelo qual a Agência de Meio Ambiente de Resende – AMAR autoriza a localização, instalação, ampliação e operação de empreendimentos e atividades utilizadores de recursos ambientais considerados efetiva ou potencialmente poluidores e aqueles capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental.

Na análise do processo de licenciamento ambiental, são avaliados os impactos causados pelo empreendimento, tais como seu potencial ou capacidade de gerar efluentes líquidos, resíduos sólidos, emissões para a atmosfera e ruído, bem como seu potencial de risco, como por exemplo, a possibilidade de causar explosões e incêndios.

Há três fases no licenciamento ambiental, e cada uma delas corresponde a um tipo de licença:

LICENÇA PRÉVIA - LP Concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento, autoriza sua localização, com base nos planos federais, estaduais e municipais de uso do solo, e estabelece os requisitos básicos a serem obedecidos nas fases de implantação e operação.

LICENÇA DE INSTALAÇÃO – LI Autoriza o início da implantação do empreendimento, de acordo com as especificações do projeto de engenharia e especifica os requisitos ambientais a serem seguidos nessa fase. Autoriza o início da implantação do empreendimento

LICENÇA DE OPERAÇÃO – LO Expedida após a verificação do cumprimento das condições da Licença de Instalação (LMI), autoriza a operação da atividade, desde que respeitadas as condições especificadas.

Nas três fases do licenciamento, a renovação da licença concedida pela AMAR deve ser requerida 120 dias antes da expiração do seu prazo de validade (Renovação de Licença). Documentos necessários para requerer Licença Ambiental

1. Preencher formulário de requerimento e anexar os documentos gerais; Requerimento de Licença Ambiental - clique aqui

DOCUMENTOS GERAIS • Formulário de Requerimento preenchido e assinado pelo representante legal; • Cópias do documento de identidade e CPF do representante legal que assina o requerimento. Se o requerente for pessoa física, deverá apresentar também comprovante de residência. • Se houver procurador, apresentar cópia da procuração, pública ou particular, com firma reconhecida, e cópia do documento de identidade e do CPF. • Cópia das atas de constituição e eleição da última diretoria, quando se tratar de S/A, ou contrato social quando se tratar de sociedade por cotas de responsabilidade limitada. Se o requerente for órgão público, deverá ser apresentado o Ato de nomeação do representante que assinar o requerimento.

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• Cópia de inscrição no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ). • Cópia do resultado da consulta técnica prévia de alvará de localização de índices urbanísticos, onde será informando que o local e o tipo de empreendimento ou atividade estão em conformidade com a legislação aplicável ao uso e ocupação do solo. • Planta de localização, em cópia de plantas do IBGE, foto aérea, imagem de satélite ou croquis, indicando: - Coordenadas geográficas - Localização do terreno em relação ao logradouro principal e a pelo menos mais dois outros, indicando a denominação dos acessos; caso esteja situado às margens de estrada ou rodovia, indicar o quilômetro e o lado onde se localiza; - Localização dos corpos d água (rios, nascentes, lagoas, lagos, etc) mais próximos ao empreendimento, com seus respectivos nomes, quando houver; - Usos dos imóveis e áreas vizinhas, num raio de no mínimo 100 metros.

2. Agendar reunião com a responsável pelo setor de licenciamento ambiental da AMAR através do telefone (024) 3354 7792/8663; 3. No horário marcado, comparecer visando esclarecer dúvidas a respeito da documentação geral entregue, e de acordo com as características do empreendimento ou atividade, receber a relação da documentação específica exigida; 4. Após a análise da documentação geral, será agendada vistoria técnica no local, no prazo máximo de 30 dias. 5. Outras informações e documentos específicos poderão vir a ser exigidos, conforme análise caso a caso.

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Anexo 4 – Requerimento para Licenciamento ambiental

REQUERIMENTO PARA LICENCIAMENTO AMBIENTAL

PEQUENO E MÉDIO PORTE

1- IDENTIFICAÇÃO

RAZÃO SOCIAL: NOME DO RESPONSÁVEL LEGAL:

CNPJ: CPF:

ENDEREÇO: N°: CEP:

COMPLEMENTO: BAIRRO:

MUNICÍPIO: TELEFONE: ( ) -

E-MAIL:

FAX: ( ) -

2- SOLICITAÇÃO

( ) LICENÇA PRÉVIA – LP ( ) LICENÇA DE INSTALAÇÃO – LI ( ) LICENÇA DE OPERAÇÃO – LO ( ) OUTRA: __________________________________ ( ) RENOVAÇÃO: Nº LICENÇA ANTERIOR: _________________________

3- DESCRIÇÃO DA ATIVIDADE

4- ÁREA DESTINADA À ATIVIDADE (m²)

TERRENO:

CONSTRUÍDA:

ATIVIDADE AO AR LIVRE:

EQUIPAMENTOS:

ENDEREÇO:

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5- COORDENADAS GEOGRÁFICAS

6- PERÍODO DE PRODUÇÃO E NÚMERO DE FUNCIONÁRIOS

HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO: INÍCIO FIM .

NO TOTAL DE FUNCIONÁRIOS

SETOR ADMINISTRATIVO: SETOR PRODUTIVO:

7- UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS AMBIENTAIS

USO DA ÁGUA

(X) ABASTECIMENTO PÚBLICO

(X) OUTROS:

USO E OCUPAÇÃO DO SOLO – ZONEAMENTO

(X) ZONA INDUSTRIAL – ZI

(X) ZONA ESPECIAL – ZE

(X) OUTRA:

8- RELAÇÃO DE MATÉRIAS-PRIMAS

DESCRIÇÃO QUANTIDADE MÉDIA ANUAL

(UNIDADE DE MEDIDA)

9- RELAÇÃO DE PRODUTOS

DESCRIÇÃO QUANTIDADE MÉDIA ANUAL(UNIDADE DE MEDIDA)

10- INVENTÁRIO DE RESÍDUOS GERADOS (Poluentes Líquidos, Sólidos e Atmosféricos)

DESCRIÇÃO DO RESÍDUO LOCAL DE DISPOSIÇÃO

QUANTIDADE MÉDIA MENSAL

11- DECLARO QUE O DESENVOLVIMENTO DAS ATIVIDADES RELACIONADAS NESTE REQUERIMENTO REALIZAR-SE-Á DE ACORDO COM OS DADOS INFORMADOS, PELO QUE VENHO A AMAR REQUERER A EXPEDIÇÃO DA LICENÇA AMBIENTAL MUNICIPAL.

RESENDE, _______ DE ____________________________ DE _________. .

ASSINATURA DO REPRESENTANTE LEGAL

LATITUDE: LONGITUDE: ALTITUDE:

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