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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA INSTITUTO DE EDUCAÇÃO CONTINUADA, PESQUISA E EXTENSÃO

MESTRADO EM GESTÃO SOCIAL, EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO LOCAL

GILMAR LUIZ DE BORBA

TIC, EDUCAÇÃO E PROJETO APLICADO:UMA EXPERIÊNCIA DE

INTERVENÇÃO NO TERCEIRO SETOR.

Belo Horizonte

2010

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Gilmar Luiz de Borba

TIC, educação e projeto aplicado:uma experiência de intervenção

no terceiro setor.

Dissertação apresentada ao Mestrado em Gestão

Social, Educação e Desenvolvimento Local do

Centro Universitário UNA como requisito parcial à

obtenção do título de Mestre.

Área de concentração:

Inovações Sociais, Educação e Desenvolvimento

Local.

Linha de pesquisa:

Processos Educacionais: Tecnologias Sociais e

Desenvolvimento Local.

Orientadora: Profa. Drª. Áurea Regina Guimarães

Thomazi.

Belo Horizonte

2010

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B726u Borba, Gilmar Luiz de TIC, educação e projeto aplicado:uma experiência de intervenção no

terceiro setor.. / Gilmar Luiz de Borba. – 2010.

158f.: il. Orientador: Profa. Drª. Áurea Regina Guimarães Thomazi. Dissertação (Mestrado) - Centro Universitário UNA 2010. Programa de Mestrado em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local. Bibliografia f. 130 – 132. 1. Tecnologia - informação – comunicação. 2. Educação. 3. Associações sem fins lucrativos. I. Thomazi, Áurea Regina Guimarães . II. Centro Universitário UNA. III. Título.

CDU: 658.114.8

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AGRADECIMENTOS

À minha orientadora, Profa. Áurea Thomazi, pela sabedoria, inteligência, esforço,

generosidade, trabalho, disciplina e olhar humano. Gostaria de destacar sua paciência

e dedicação durante todo o processo, as quais certamente ajudaram a superar meus

limites e abrir novas possibilidades na área acadêmica.

À professora Lucília Machado, que, diante de tanto conhecimento e capacidade, se

mostrou generosa em dar valiosas contribuições durante a qualificação e na

participação desta banca.

À professora Ana Elisa, por ter oferecido seu tempo aceitando participar desta banca e

também por ter dado valiosas contribuições na qualificação.

Ao professor Bernardo Furtado que auxiliou nos passos iniciais dessa dissertação. À minha esposa Márcia, amiga e companheira de tanto tempo, pela compreensão e

apoio constante.

Aos meus queridos filhos Aline e Jonas.

Aos amigos da Pós, principalmente àqueles mais próximos que, pela união e amizade,

tornaram mais fácil e alegre essa jornada.

Aos alunos do último período do Curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas,

turma 2008-1, da Unatec, que, solícitos, participaram com sinceridade da pesquisa.

À direção da Unatec, que gentilmente cedeu o espaço e o material necessário e

contribuiu para a elaboração deste trabalho.

A Deus, que, diante de toda minha compreensão, torna tudo possível.

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RESUMO

A presente dissertação aborda as relações entre as Tecnologias da

Informação e Comunicação (TIC) e a Educação, diante das novidades trazidas

pelos computadores e pelas Telecomunicações ocorridas principalmente nas

últimas três décadas do século passado. A questão central que motivou este

estudo se insere em uma problemática em torno da utilização das TIC nas

práticas educacionais, visando intervenções na prática profissional. O objeto do

presente trabalho se relaciona ao uso das Tecnologias da Informação e

Comunicação pelo aluno e professor no processo de ensino-aprendizagem e à

aplicação dessa tecnologia especialmente no Terceiro Setor, abordando os

saberes produzidos nessa experiência. Assim, este estudo tem por objetivo

compreender as relações existentes entre a tecnologia, o educador e o

educando, no processo de ensino-aprendizagem das disciplinas técnicas junto

a um grupo de alunos do Curso de Graduação Tecnológica em Análise e

Desenvolvimento de Sistemas. Uma vez que este trabalho tem como questão

central elementos que envolvem a tecnologia, o aprendizado e as práticas

educacionais nas quais o aluno aparece como um importante ator, optou-se

pelo paradigma da pesquisa qualitativa. Os resultados desta pesquisa

nortearam pistas indicadoras que podem contribuir para a redução da distância

entre a escola de ensino tecnológico, voltada para a programação de

computadores e análise de sistemas, e a Sociedade da Informação,

preparando profissionais para uma nova realidade. Baseadas nas reflexões

construídas ao longo do trabalho, foram sistematizadas dez recomendações

relacionadas ao aluno, ao professor, às TIC, ao ambiente escolar e à

comunidade. Essas recomendações foram construídas a partir das percepções

de um grupo de estudantes de Computação, coletadas na pesquisa de campo

e complementadas com os pressupostos teóricos de Dowbor (2001), Levy

(1996), Santos (2006), Silva (2006), entre outros com os quais se procurou

fundamentar a presente pesquisa.

Palavras-chave: Educação; Práticas educacionais; TIC; Computação; Terceiro Setor.

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ABSTRACT

This dissetation deals with the conections between the Technologies of

Information and Communication (TIC) and Education, based on the news

brought by computers and Telecommunications occurred mainly on the last

three decades of the last century. The central question that motivated this study

falls in a problematic around the use of TICs in educational practices , aiming

interventions in the professional practice . The object of this study relates to the

use of Technologies of Information and Communication by the student and the

teacher in the process of learning and to the application of this technology

especially on the third sector, addressing the knowledge produced in that

experience. Therefore, this study aims to understand the relations between the

technology, the educator and the student , in the process of teaching and

learning of the technical disciplines along a group of students of Technological

Graduation of Analysis and Systems Development. Since this study has

elements that involve technology as its central point, the learning and

educational practices where the student appears as an important actor, it was

chosen the paradigm of qualitative research. The results of this research guided

to indicating clues that can contribute to the reduction of the distance between

the school of technological education, focused in computer programming and

systems analysis, and the Information Society, preparing professionals to a new

reality. Based on the reflections built along the study, ten recommendations

related to the student, to the teacher, to the TICs, to the school environment

and to the community were systematized. Those recommendations were built

from the perceptions of a group of computing students, collected on a field

research and completed with the theoretical assumptions of Dowbor (2001),

Levy (1996), Santos (2006), Silva (2006), among others, with wich it was tried

to substantiate this research.

Key words: Education; Educational practices; TIC; Computing, Third Sector.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1 - Mudanças Sociais ....................................................................... 20

FIGURA 2 - Vale do Silício: do local para o global ......................................... 24

GRÁFICO 1 – Questionário: Informações pessoais e profissionais ............... 72

GRÁFICO 2 - Divisão adequada das aulas práticas e teóricas ...................... 75

GRÁFICO 3 - Atividades interdisciplinares usando as TIC ............................. 76

GRÁFICO 4 - Uso de programas específicos para auxílio no processo de

ensino-aprendizagem ...................................................................................... 77

GRÁFICO 5 - Qualidade do uso de programas específicos para auxílio no

processo de ensino-aprendizagem .................................................................. 77

GRÁFICO 6 - Uso do Data show ..................................................................... 78

GRÁFICO 7 - Qualidade do uso do Data show ............................................... 78

GRÁFICO 8 - Uso dos laboratórios por parte dos professores ....................... 79

GRÁFICO 9 - Qualidade do uso dos laboratórios por parte dos professores . 79

GRÁFICO 10 - Uso dos recursos de rede (intranet e Lanschool) ................... 80

GRÁFICO 11 - Qualidade dos recursos de rede (intranet e Lanschool) ......... 80

GRÁFICO 12 - Realização de palestras de terceiros ...................................... 81

GRÁFICO 13 - Realização de visitas técnicas ................................................ 82

GRÁFICO 14 - Pesquisas na internet .............................................................. 83

GRÁFICO 15 - Trabalhos em grupo envolvendo as TIC ................................. 84

GRÁFICO 16 - Uso do e-mail como ferramenta auxiliar no processo de ensino-

aprendizagem .................................................................................................. 84

GRÁFICO 17 - Participação de discussões síncronas usando recursos como

Orkut, MSN, Skype, Chats etc. ........................................................................ 85

GRÁFICO 18 - Conhecimento sobre a o papel e a função das empresas do

Terceiro Setor (especialmente as ONGs) ........................................................ 87

GRÁFICO 19 - Uso das tecnologias apreendidas no ambiente escolar em

benefício de trabalhos voluntários ................................................................... 91

GRÁFICO 20 - A favor do software livre .......................................................... 88

GRÁFICO 21 - Transferência de tecnologia .................................................... 89

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LISTA DE TABELAS TABELA 1 - Informações pessoais e profissionais – situação profissional ......73

TABELA 2 - A tecnologia: do ambiente escolar para o ambiente profissional..90

TABELA 3 - Distribuição das experiências e quantidades de alunos

participantes/entrevistados ...............................................................................95

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LISTA DE SIGLAS

ARPANet - Advanced Research Projects Agency Network

ASSMIG - Associação das Mães Chefe de Família do Estado de Minas Gerais

CAI - Computer Aided Instruction

DOU - Diário Oficial da União

HTTP - Hipertext Transfer Protocol

INPAR - Instituto Paraíso

LDB - Lei de Diretrizes e Bases da Educação

MEC - Ministério da Educação

MOODLE - Modular Object-Oriented Dynamic Learning Environment

OBC - Organização de Base Comunitária

ODC - Observatório da Diversidade Cultural

ONG - Organização Não Governamental

OSC - Organização da Sociedade Civil

TCP/IP - Transfer Control Protocol/ Internet Protocol

PET - Progressive Educational Technology Movement

TIC - Tecnologias da Informação e Comunicação

WYSIWYG - What you see is what you get

WWW - World Wide Web

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO............................................................................................................. 13 CAPÍTULO I – A REVOLUÇÃO DA INFORMAÇÃO........................................... 19

1.1 Considerações iniciais .......................................................................................... 19 1.2 Da revolução industrial à revolução da informação ............................................. 20 1.3 O local e o global .................................................................................................. 23 1.4 A internet e a WWW: um novo ambiente social .................................................. 28

CAPÍTULO II – INTERATIVIDADE E APRENDIZAGEM.................................. 33 2.1 Considerações iniciais .......................................................................................... 33 2.2 Interatividade ........................................................................................................ 33 2.3 O espaço escolar: o aluno e o professor................................................................ 36 2.4 O professor: adequação aos novos tempos ........................................................... 39 2.5 Considerações Finais ............................................................................................ 40

CAPÍTULO III - TECNOLOGIAS, ESCOLA E TERCEIRO SETOR ................. 42 3.1 Considerações iniciais .......................................................................................... 42 3.2 As TIC e a sala de aula ......................................................................................... 43 3.3 A internet .............................................................................................................. 46 3.4 A Metodologia de Projetos ................................................................................... 48 3.5 Tecnologias e Terceiro Setor ................................................................................ 49 3.6 Tecnologias Convencional, Apropriada e Social.................................................. 50 3.7 Considerações Finais ............................................................................................ 52

CAPÍTULO IV – A PESQUISA DE CAMPO E O CENÁRIO DA INVESTIGAÇÃO ......................................................................................................... 54

4.1 Considerações iniciais .......................................................................................... 54 4.2 O paradigma adotado ............................................................................................ 54 4.3 O cenário da investigação e os participantes da pesquisa..................................... 57 4.4 Uma experiência de intervenção........................................................................... 64 4.5 A amostra .............................................................................................................. 66 4.6 Escolha dos procedimentos de coleta de dados .................................................... 67 4.7 Considerações finais ............................................................................................. 69

CAPÍTULO V – REVELAÇÕES DE CAMPO: UMA ABORDAGEM INICIAL 71 5.1 Considerações iniciais .......................................................................................... 71 5.2 Informações pessoais e profissionais .................................................................... 72 5.3 Uso das TIC no ambiente escolar ......................................................................... 73 5.4 Tecnologias e Terceiro Setor ................................................................................ 86 5.5 A tecnologia: do ambiente escolar para o ambiente profissional ......................... 90

CAPÍTULO VI – REVELAÇÕES DE CAMPO: TERCEIRO SETOR, TIC E PRÁTICAS EDUCACIONAIS.................................................................................... 92

6.1 Considerações iniciais .......................................................................................... 92 6.2 Perfil dos alunos entrevistados ............................................................................. 95 6.3 Realização de trabalhos voluntários usando as TIC ............................................. 97 6.4 Articulação entre escola, tecnologias e Terceiro Setor......................................... 97 6.5 Tecnologias Convencional, Apropriada e Social.................................................. 99 6.6 Continuidade dos trabalhos................................................................................. 101 6.7 Software livre...................................................................................................... 102

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6.8 Deficiências no uso das TIC no ambiente escolar .............................................. 103 6.9 Aplicação das TIC apreendidas na escola para a experiência da ONG .............. 104 6.10 Sobre os projetos e as atividades em grupo ...................................................... 106 6.11 Considerações finais ......................................................................................... 108

CAPÍTULO VII – REVELAÇÕES DE CAMPO: AS TIC E A SALA DE AULA ...................................................................................................................................... 110

7.1 Considerações iniciais ........................................................................................ 110 7.2 Como as TIC são usadas pelos professores, alunos e a escola ........................... 110 7.3 O Powerpoint (ou o Data show) ......................................................................... 111 7.4 A internet ............................................................................................................ 112 7.5 Discussões síncronas e assíncronas .................................................................... 115 7.6 O Lanschool ........................................................................................................ 116 7.7 Contribuições das TIC durante o projeto ............................................................ 117 7.8 Alterações no Curso de Computação.................................................................. 118 7.9 Considerações finais ........................................................................................... 120

CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES................................................................. 122 Conclusões ................................................................................................................ 122 Recomendações ........................................................................................................ 125

REFERÊNCIAS.......................................................................................................... 130 APÊNDICE A – Modelo de Questionário aplicado aos alunos ............................... 133 APÊNDICE E – Atividades em sala de aula e laboratórios ..................................... 138 APÊNDICE F – Tecnologias e Terceiro Setor ......................................................... 139 APÊNDICE H – TIC e sala de aula .......................................................................... 142 APÊNDICE I – Cartilha de Recomendações............................................................ 143

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INTRODUÇÃO

As relações entre as Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) e

a Educação podem trazer desafios para os educadores e gestores escolares.

Diante das novidades tecnológicas trazidas principalmente pelos computadores

e pelas telecomunicações, em alguns casos, é necessário implementar

estratégias que possibilitem repensar as relações envolvidas no processo de

ensino-aprendizagem, uma vez que mudanças significativas nos papéis dos

atores (alunos e professores) desse processo foram reconstruídas a partir de

uma nova sociedade, a Sociedade da Informação. Essas mudanças, sentidas

principalmente nas últimas quatro décadas com o aparecimento dos

computadores e das redes de comunicação, produziram uma revolução nos

diversos setores da sociedade, “uma mutação de grande alcance”, segundo

Lévy (1998, p. 13).

Nesse sentido e nesse contexto, nota-se que a Educação ainda não está

adequada a esse novo cenário, há educadores e gestores escolares que

resistem em usar as TIC em favor do processo de ensino-aprendizagem, ou a

usam de maneira inadequada. Há escolas que ainda não se adequaram ao

novo cenário tecnológico, presente nos diversos setores da sociedade. Paulo

Freire, em sua importante obra Pedagogia do oprimido, afirma que “A

educação autêntica não se faz de A para B ou de A sobre B, mas de A com B

mediatizados pelo mundo” (FREIRE, 2008, p. 97). Acredita-se que é nessa

direção que os novos atores da educação deveriam seguir, remodelando os

processos envolvidos entre a escola 1, o aluno, o professor e a Tecnologia da

Informação e Comunicação. Não se trata, portanto, de simplesmente adquirir,

incorporar e se adequar às TIC, mas de se apropriar delas a serviço de uma

educação que aponte para o sentido da autonomia e da emancipação.

Percebe-se, portanto, que surge um novo tipo de ator, engendrado na

nova Sociedade da Informação, cercado pelas Tecnologias da Informação e

Comunicação, principalmente pelos computadores em rede e pelas facilidades

de acesso a softwares, programas de ensino, videoaulas, multimídia e redes de 1 Destacamos o termo “escola” tendo em vista que não se trata de um simples espaço físico, mas de um contexto social no qual estão implicados vários atores, além de professores e alunos: direção, especialistas, pais, editoras, fornecedores etc.

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relacionamento. Esse ator participa e interage com o mundo tecnológico e

espera da escola essa mesma configuração. A escola e o professor devem,

assim, estar atentos a esse novo cenário.

O cenário tecnológico construído principalmente a partir do final do

século passado possibilita a formação de novos formatos de redes sociais

informatizadas, que se imbricam nos diversos setores sociais, particularmente,

nas organizações comunitárias e ONGs que representam o Terceiro Setor da

economia, de especial importância no presente estudo. É nesse sentido que

serão discutidos também outros aspectos da tecnologia, a saber: a tecnologia

convencional, apropriada e social.

Os alunos dos Cursos de Computação (Análise e Desenvolvimento de

Sistemas, Engenharia de Software, Programação de Computadores, Redes de

Computadores e similares) são também participantes dessa nova sociedade e,

por lidarem diretamente com a tecnologia, necessitam de uma atenção ainda

maior para que o processo de ensino-aprendizagem tenha os resultados

esperados.

O objeto do presente trabalho se relaciona ao uso das Tecnologias da

Informação e Comunicação pelo aluno e professor no processo de ensino-

aprendizagem e à aplicação dessa tecnologia no Terceiro Setor, abordando os

saberes produzidos nessa experiência. O tema de estudo é o uso dessa

tecnologia nos Cursos de Computação. A questão central da presente pesquisa

é a seguinte: como são utilizadas as TIC , nas práticas educacionais que visam

intervenções incluindo o Terceiro Setor, para o aprendizado e ensino da

Computação?

Esse questionamento foi formulado a partir de alguns problemas

relacionados, principalmente, à inadequação entre Educação e as TIC,

detectados durante as reflexões do autor, no seu fazer pedagógico,

especialmente no que se refere ao olhar do aluno sobre essas questões. Eis

alguns exemplos: há disponíveis muitos recursos tecnológicos destinados ao

processo de ensino e aprendizagem; alguns professores usam esses recursos,

outros, não, e, entre os professores que usam esses recursos, há aqueles que

o fazem bem2 e outros que o fazem de maneira inadequada ou de forma a

2 Entende-se, na presente pesquisa, o uso adequado de um recurso tecnológico ou pedagógico que envolve as TICs aquele que ocorre em situações nas quais o recurso traz resultados positivos no processo ensino e

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trazer poucos resultados ao processo de ensino-aprendizagem. Muitas vezes

não há, por parte de alguns professores, a preocupação em usar práticas como

visitas, palestras e intervenções para articular a escola e a sociedade; por outro

lado, há professores que se apropriam desses elementos, fazendo-o de

maneira positiva e, algumas vezes, negativa.

Os alunos aos quais se refere este trabalho são estudantes dos Curso

de Graduação Tecnológica em Análise e Desenvolvimento de Sistemas que

usam as TIC para o aprendizado nessa área de estudo, dentro de um ambiente

escolar. Além da sala de aula, equipada com computadores e outros artefatos

tecnológicos destinados ao processo de ensino-aprendizagem, esses alunos

usam o Laboratório de Informática de modo a aplicar os conceitos específicos

da área da Tecnologia da Informação apreendidos na sala de aula.

Eventualmente, esse aprendizado é aplicado em uma comunidade ou em um

local onde o aluno pratica os conceitos apreendidos durante as atividades

escolares, em um local com características semelhantes àquelas encontradas

no mundo do trabalho.

A aplicação desses conteúdos é orientada pelos professores do curso de

tecnologia em questão, os quais, em sua maioria, possuem experiência

profissional e são especialistas em alguma área específica da Tecnologia da

Informação. Assim, este trabalho tem por objetivo compreender as relações

existentes entre a tecnologia, o educador e o educando, no processo de

ensino-aprendizagem das disciplinas técnicas em escolas destinadas ao ensino

da Computação, bem como a aplicação do aprendizado dessa tecnologia em

uma empresa do Terceiro Setor.

Uma vez que este trabalho tem como questão central elementos que

envolvem a tecnologia, o aprendizado e as práticas educacionais em que o

aluno aparece como um importante ator, optou-se pelo paradigma qualitativo,

pois este possibilita uma visão holística, uma abordagem indutiva e atribui uma

importância particular ao indivíduo, que é considerado como parte do processo

investigativo. Desta forma, no presente trabalho, o pesquisador procurou o

sentido nas relações do indivíduo como ser social que traz seus próprios traços

culturais. Nesta pesquisa, não houve a preocupação em criar leis gerais, mas

aprendizagem, de acordo com o olhar do próprio aluno. Esses resultados são percebidos ao aplicar o aprendizado em uma experiência prática, seja ela acadêmica ou do mundo do trabalho.

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sim em compreender em profundidade os fenômenos particulares referentes ao

indivíduo diante de um contexto específico.

A presente pesquisa justifica-se pela necessidade de sincronizar ou

aproximar o ambiente escolar ao novo cenário social, detentor de um novo tipo

de aluno, engendrado pelos novos meios de comunicação, pela Tecnologia da

Informação e pelos novos artefatos tecnológicos. Busca o uso adequado

desses recursos tecnológicos de forma a contextualizá-los às necessidades

sociais e a despertar nos alunos um diálogo entre essas tecnologias e a

realidade local e global.

É importante que, a partir desta pesquisa, possam ser indicadas pistas

que contribuam para a redução da distância entre a escola de ensino

tecnológico, voltada para a programação de computadores e análise de

sistemas, e a Sociedade da Informação, preparando cidadãos para essa nova

realidade.

A inquietação natural do pesquisador, pelo fato de atuar na área de

Tecnologia da Informação também como docente nessa modalidade de ensino,

aliada ao aprimoramento profissional, também se encontra como justificativa da

presente pesquisa, uma vez que essas inquietações profissionais levam a um

processo investigativo de base científica que contribuirá, inevitavelmente , para

uma melhor qualificação profissional.

Este trabalho justifica-se ainda pelo fato de que poderá ser a base para

a construção de um conjunto de recomendações, no sentido de orientar a

implementação de práticas mais adequadas no que se refere ao ensino da

tecnologia usando os recursos das TIC , de modo a disponibilizá-las a todos os

interessados, socializando-as para que possam ser adaptadas aos diferentes

contextos de cada professor, de diferentes realidades sociais e educacionais.

A presente dissertação está organizada em sete capítulos. Os primeiros

três capítulos tratam do referencial teórico. O primeiro capítulo descreve a

Revolução da Informação, trazendo também conceitos a respeito do local e do

global, da internet e da WWW como um novo ambiente social. No segundo

capítulo, A interatividade, a aprendizagem e os saberes, são abordados o

espaço escolar, o aluno, o professor e também as relações com o saber. O

terceiro capítulo, Tecnologias, escola e Terceiro Setor, trata as TIC, a sala de

aula e a internet como ferramentas no processo de ensino-aprendizagem, bem

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como a relação entre a metodologia de projetos, as tecnologias e o Terceiro

Setor; finalmente, são abordados os conceitos de Tecnologia Convencional,

Apropriada e Social. Essas discussões são relevantes na medida em que os

alunos do Curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas encontram-se

inseridos nesse cenário tecnológico, muitos deles sendo, inclusive, “nativos

digitais”, ou seja, nascidos dentro do período da chamada Revolução da

Informação. Uma vez fazendo parte dessa nova configuração social, eles

esperam da escola o mesmo comportamento no trato com essas tecnologias.

O quarto capítulo descreve os detalhes da pesquisa de campo. Nesse

capítulo são apresentados o cenário da investigação, os participantes da

pesquisa e a escolha dos procedimentos de coleta de dados. São feitos breves

comentários sobre o questionário, a entrevista e a realização do pré-teste. Em

um segundo momento desse mesmo capítulo, considerando-se o cenário da

pesquisa, são apresentadas as informações básicas, necessárias, sobre os

cursos de formação tecnológica, a instituição de ensino na qual foi realizada a

pesquisa, a metodologia de ensino e as práticas formativas dessa modalidade

de curso na instituição pesquisada, para que o leitor conheça um pouco do

contexto no qual se realizou a pesquisa.

Os capítulos cinco, seis e sete (revelações de campo) trazem as

discussões sobre os resultados da pesquisa, complementando ao mesmo

tempo as informações sobre as principais abordagens de investigação adotada

(questionário e entrevistas). O quinto capítulo, Revelações de campo:

abordagem inicial, fornece um primeiro enfoque exploratório da pesquisa,

elaborado a partir dos questionários. O sexto capítulo, Revelações de Campo:

Terceiro Setor, TIC e práticas educacionais, traz os resultados das entrevistas

quando abordados esses temas. Finalmente, o sétimo capítulo, Revelações de

campo – As TIC e a sala de aula, aborda as principais ferramentas usadas

durante o processo de ensino-aprendizagem no ambiente escolar.

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Nota-se que os capítulos seis e sete fornecem, de uma maneira

verticalizada, informações baseadas no olhar dos alunos entrevistados sobre

as Tecnologias da Informação e Comunicação, o Terceiro Setor e o papel do

aluno, do professor e da escola no que se refere ao uso das TIC no processo

de ensino-aprendizagem. Desta forma, reflexões importantes foram levantadas,

as quais consequentemente contribuíram para as conclusões e orientações da

presente pesquisa. Essas conclusões e orientações, por sua vez, concorreram

para a construção de um conjunto de recomendações objetivando orientar a

implementação de práticas mais adequadas envolvendo os alunos, o ambiente

escolar, a tecnologia, os professores e empresas do Terceiro Setor. Essas

recomendações poderão ser usadas por professores que desejam aplicar, de

forma mais adequada, as TIC durante suas atividades pedagógicas ou em seus

trabalhos práticos nesse importante setor da sociedade. Esse trabalho poderá,

ainda, contribuir para a realização de novas investigações acadêmicas que

articulam parcialmente ou em sua totalidade as áreas e os atores envolvidos na

presente pesquisa, verticalizando alguns dos aspectos e pistas aqui levantados

que não constituíram o escopo desse trabalho .

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CAPÍTULO I – A REVOLUÇÃO DA INFORMAÇÃO

1.1 Considerações iniciais

As três últimas décadas do século XX foram marcadas por mudanças de

ordem social, cultural, econômica, política e tecnológica oriundas

principalmente da expansão dos computadores pessoais e dos avanços das

Tecnologias da Informação e Comunicação nos diversos setores da sociedade.

Esses avanços se estenderam principalmente às áreas da microeletrônica,

software, hardware, telecomunicações. Sobre essas mudanças, Castells (1999,

p. 67) fornece as seguintes observações:

[...] Meu ponto de partida, e não estou sozinho nesta conjectura, é que no final do século XX vivemos um desses raros intervalos na história. Um intervalo cuja característica é a transformação de nossa "cultura material" pelos mecanismos de um novo paradigma tecnológico que se organiza em torno da tecnologia da informação. [...] Como tecnologia, entendo, em linha direta com Harvey Brooks e Daniel Bell, "o uso de conhecimentos científicos para especificar as vias de se fazerem as coisas de uma maneira reproduzível". Entre as tecnologias da informação, incluo, como todos, o conjunto convergente de tecnologias em microeletrônica, computação (software e hardware), telecomunicações/radiodifusão, e opteletrônica.

Tais mudanças, ocorridas em curto espaço de tempo, intensificaram o

processo de globalização, imbricando-se nas diversas áreas do conhecimento

humano. Com isso, alterações sociais, econômicas, culturais e antropológicas

trouxeram impactos também ao processo de ensino-aprendizagem e,

consequentemente, a seus principais atores: o aluno e o professor.

Neste ambiente, o aluno assume novos papéis no processo de ensino-

aprendizagem, uma vez que se encontra engendrado na Sociedade da

Informação, cercado pelas Tecnologias da Informação e Comunicação que

facilitam o acesso às redes sociais, ao software de ensino, às videoaulas e a

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outras mídias, de maneira geral. Entretanto, a escola e o professor nem

sempre estão atentos a esse novo ator.

Percebe-se que a sociedade e os alunos mudaram; portanto, novos

meios de aprender e educar deverão ser pensados. Baseado nesse contexto,

pergunta-se: como são utilizadas as TIC, nas práticas educacionais que visam

intervenções incluindo o Terceiro Setor, para o aprendizado e ensino da

Computação? O mapa conceitual abaixo (FIG. 1) procura resumir esse cenário:

FIGURA 1 - Mudanças sociais.

1.2 Da revolução industrial à revolução da informação

Com o objetivo de procurar respostas a essa pergunta, serão feitas

primeiramente algumas ponderações com relação a outra revolução ocorrida

na história da humanidade, a Revolução Industrial. Em seguida, será

contextualizada historicamente aquela que ficou conhecida como a Revolução

Tecnológica ou a Revolução da Informação3, que veio a caracterizar a pós-

3 Castells (1999, p. 68) afirma que “[...] o exagero profético e a manipulação ideológica que caracteriza a maior parte dos discursos sobre a revolução da tecnologia da informação, não deveria levar-nos a cometer o erro de subestimar sua importância verdadeiramente fundamental. [...] diferentemente de qualquer outra revolução, o cerne da transformação que estamos vivendo na revolução atual refere-se às tecnologias da informação, processamento e comunicação”.

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modernidade4, de modo a entender o seu surgimento e os impactos causados

na sociedade e, em especial, no processo educacional.

A Revolução Industrial foi dividida em dois períodos. O primeiro ocorreu

aproximadamente nos últimos trinta anos do século XVIII, envolvendo vários

países da Europa, e teve como motor principal a máquina a vapor, a fiação e o

processo de corte da metalurgia. Segundo Castells (1999), esse primeiro

período da Revolução Industrial teve a sua origem no espírito renascentista das

descobertas. Esse processo contínuo de mudanças se estendeu até

aproximadamente a segunda metade do século XIX , limitando-se

principalmente à Inglaterra e a alguns países da Europa ocidental. Inicia-se,

após esse processo, a segunda Revolução Industrial, essa, por sua vez,

protagonizada principalmente pela eletricidade, pelo motor à combustão, pelo

telégrafo e pelo telefone. Esse período, pelo seu caráter mais dependente de

conhecimentos científicos, atingiu não só os países da Europa, principalmente

a Alemanha, mas também os Estados Unidos. Castells (1999, p. 72) nos

fornece uma descrição apropriada sobre o foco geográfico e tecnológico dessa

segunda revolução:

Porém, a segunda Revolução Industrial, mais dependente de conhecimentos científicos, mudou seu centro de gravidade para os EUA e a Alemanha, onde ocorreu a maior parte dos desenvolvimentos em produtos químicos, eletricidade e telefonia.

Para efeitos de análise da Revolução da Informação, verifica-se que a

Revolução Industrial necessitou de um longo5 período de tempo até que outros

países (além da Alemanha, Inglaterra, França e Estados Unidos) assimilassem

as inovações. De um modo geral, a sociedade ocidental, ao longo desses

4 “A percepção atual de espaço e tempo, as mudanças nas fronteiras da área de comunicação, o acesso a informação em tempo real, o uso intenso de banco de dados, o desenvolvimento da inteligência artificial, entre outros, são exemplos da pós -modernidade, presente no cotidiano do ser humano. Isto evidencia como as tecnologias da informação e de comunicação (NTs) vêm revolucionando a vida do homem.”. (OLIVEIRA; COSTA; MOREIRA, 2004, p. 111-112). 5 “De sua origem na Europa ocidental, a Revolução Industrial estendeu-se para a maior parte do globo durante os dois séculos seguintes. Mas sua expansão foi muito seletiva e seu ritmo bastante lento pelos padrões atuais de difusão tecnológica. Na verdade, até na Inglaterra em meados do século XIX, os setores que representavam a maioria da força de trabalho e, pelo menos, metade do PNB não foram afetados pelas novas tecnologias industriais. [...] Ao contrário, as novas tecnologias da informação difundiram -se pelo globo com a velocidade da luz em menos de duas décadas, entre meados dos anos 70 e 90, por meio de uma lógica que a meu ver, é a característica dessa revolução tecnológica: a aplicação imediata no próprio desenvolvimento da tecnologia gerada, conectando o mundo através da tecnologia da informação. [...].” (CASTELLS, 1999, p. 70).

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séculos de mudanças, foi se adaptando gradativamente ao novo cenário,

pautado por uma nova ordem capitalista e industrial. Nota-se também que os

dois períodos da Revolução Industrial tiveram o foco principal nas

macroinvenções, como o motor a vapor e a eletricidade. Com isso, Castells

(1999) afirma que as inovações tecnológicas não são ocorrências isoladas,

uma vez que, a partir dessa base de modificações (núcleo duro), outras

inovações e/ou mudanças são percebidas na sociedade.

As mudanças ocorridas nas três últimas décadas do século XX ficaram

conhecidas como Revolução da Informação e tiveram como motor a Tecnologia

da Informação. Como na Revolução Industrial, a Revolução da Informação foi

baseada inicialmente em macroinvenções construídas após o período da

Segunda Guerra Mundial e culminou com avanços em escala geométrica da

Microeletrônica e das Telecomunicações. As inovações implementadas nesse

período foram importantes para o processo de globalização; mas, por outro

lado, ao contrário do que ocorreu na Revolução Industrial, o curto período em

que ocorreram essas mudanças não permitiu que alguns setores da sociedade

pudessem se adequar a elas.

A Lei de Moore6, sobre a qual existe certo consenso, prescreve que o

desempenho dos microchips dobra a cada 18 meses (CASTELLS, 1999). Esse

é um dos exemplos da velocidade com que as mudanças tecnológicas

ocorreram. Da década de 1940 até a década de 1970 viram-se mudanças

tecnológicas radicais na forma como os computadores processavam as

informações; assim, em poucos anos as válvulas7 foram substituídas pelos

transistores, e esses, por sua vez, foram substituídos pelos circuitos

integrados, tornado os computadores menores e com maior capacidade de

processamento.

6 “A Lei de Moore é bastante conhecida na área da computação. Embora, seja conhecida como lei, foi apenas uma declaração, feita em 1965 pelo engenheiro Gordon Moore, co-fundador da Intel. A Lei de Moore estabelece que a ’densidade de um transistor dobra em um período entre 18 a 24 meses’. Isso significa que se um processador pode ser construído hoje com a capacidade de processamento P, em 24 meses, pode-se construir um processador com a capacidade 2P. Em 48 meses, pode-se construir um com a capacidade 4P, e assim por diante. Ou seja, a Lei de Moore implica uma taxa de crescimento exponencial na capacidade de processamento dos computadores.” (BEZERRA, 2007, p. 12-13). 7 As válvulas (1950-1960), os transistores (1960-1965) e os circuitos integrados (1965- ) são componentes dos circuitos eletrônicos usados para controlar o fluxo de corrente elétrica em aparelhos como rádio, televisão e computador.

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Associado aos avanços da Microeletrônica, no início da década de 1990,

a comunidade científica, juntamente com outros setores da sociedade, após

uma longa jornada desde o projeto de base militar e científica denominada

ARPANet (Advanced Research Projects Agency Network), entregou ao mundo

uma “estrada asfaltada” e pronta para uso. Trata-se da WWW8, uma interface

gráfica de modo a facilitar o acesso às informações em qualquer parte do

mundo, baseada na hipertextualidade.

Nesse momento, os avanços da Microeletrônica já consolidados,

juntamente com os avanços das Telecomunicações e a rede de alcance

mundial, mudaram de forma significativa a forma como as pessoas se

relacionariam, nos próximos anos e nos diversos setores da sociedade, e isso

permitiu a intensificação das trocas financeiras, relações profissionais e

pessoais que caracterizam a globalização, como aqui entendida.

1.3 O local e o global

Ao contrário da Revolução Industrial, sedimentada em um longo período

de tempo, guardadas as devidas proporções, a Revolução da Informação se

processou de forma mais rápida. Enquanto a segunda etapa da Revolução

Industrial teve como cenário principal a Europa (principalmente a Alemanha) e,

posteriormente, os Estados Unidos, a Revolução da Informação teve seu início

em um local muito específico, o Vale do Silício, no condado de Santa Clara, no

estado da Califórnia (EUA)9. Um forte pólo de desenvolvimento local foi criado

nesta região, inicialmente na década de 1950, envolvendo universidades, a

iniciativa privada e a comunidade. Essa região possuía facilidades para

fomentar o desenvolvimento local, o que se verifica a partir de fatores como:

pessoal com conhecimentos técnicos e científicos qualificados por empresas e

8 WWW significa World Wide Web (Rede de alcance mundial). Trata-se de um sistema comunicação de documentos em hipermídia baseados inicialmente uma linguagem de marcação denominada HTML (Hypertext Markup Language, Linguagem de Marcação de Hipertexto) e um protocolo de comunicação especializado em transferir hipertextos, o protocolo HTTP (Hipertext Transfer Protocol, Protocolo de Transferência de Hipertextos). 9 Especialmente em contraposição a regiões fordistas, de indústrias pesadas, tais como o Nordeste americano – cujo símbolo é Detroit – e a região a Norte de Londres, na Inglaterra.

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universidades locais, grande número de empresas de base tecnológica, apoio

estatal e a polarização de uma grande universidade. Nesse contexto, Castells

(1999, p. 100) ressalta:

O Vale do Silício (condado de Santa Clara, 48 km ao sul de São Francisco, entre Stanford e San Jose) foi transformado em meio de inovação pela convergência de vários fatores, atuando no mesmo local: novos conhecimentos tecnológicos; um grande grupo de engenheiros e cientistas talentosos das principais universidades da área; fundos generosos vindos de um mercado garantido e do departamento de defesa; a formação de uma rede eficiente de empresas de capital de risco; e nos primeiros estágios, liderança institucional da Universidade de Stanford.

FIGURA 2 - Vale do Silício: do local para o global.

A concentração espacial dos centros de pesquisa do Vale do Silício

reforça a proposta de Storper e Venables, (2005), de que “o poder de

aglomeração permanece forte ainda que os custos de transportes e

comunicação declinem”. O que cabe ressaltar nesta experiência é uma série de

fatores – tais como a presença de instituições de nível superior e técnico,

empresas de tecnologia avançada, facilidade de transportes e rede auxiliar de

fornecedores – que, juntos, fizeram do Vale do Silício local com dinâmica

própria. As empresas que florescem no Vale atraem investimentos de todas as

partes do mundo e, com as facilidades de comunicação, disseminam novas

tecnologias e inovações em escala planetária e em curto espaço de tempo.

Interessante observar, em outro contexto histórico, uma situação similar,

relatada por Storper e Venables (2005, p. 21-22):

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[...] Um dos fatos comprovados na geografia econômica é que o poder da aglomeração permanece forte, ainda que os custos de transporte e comunicação continuem declinantes. É bastante evidente, por exemplo, que a melhoria havida em transportes e comunicações nos Estados Unidos, entre o final do século XVII e meados de XIX, incluindo-se a construção do sistema ferroviário, foi acompanhada de crescente concentração urbana da atividade econômica e não sua redução. [...] Portanto a forte evidência de que as inovações nas estruturas físicas de transporte, tais como o sistema de canais, as ferrovias e o sistema Rodoviário Interestadual, e também as infra-estruturas informacionais, tais como os serviços postais, o telégrafo e o telefone, não acarretaram o fim das tendências urbanizantes do capitalismo moderno. Ao contrário, reforçam a localização industrial e o conseqüente crescimento das cidades.

A partir desses avanços, uma nova lógica mundial foi elaborada, e novas

maneiras de relacionamentos foram criadas. Aliada ao poder das

aglomerações, nota-se que a globalização possibilitou um modelo social no

qual as noções de espaço e tempo se modificam em um novo ambiente. O

conceito de simultaneidade foi discutido com mais intensidade a partir da

inserção dos novos meios de comunicação. Thompson (2001, p. 36-37), a esse

respeito, esclarece que A disjunção entre o espaço e o tempo preparou o caminho para uma outra formação, estreitamente relacionada com o desenvolvimento da telecomunicação: a descoberta da simultaneidade não espacial. Em períodos históricos mais antigos a experiência da simultaneidade – isto é, de eventos que ocorrem “ao mesmo tempo” – pressupunha uma localização específica onde os eventos simultâneos podiam ser experimentados. Simultaneidade pressupunha localidade: “o mesmo tempo” exigia ”o mesmo lugar”. Com o advento da disjunção entre espaço e tempo trazida pela telecomunicação, a experiência de simultaneidade separou-se de seu condicionamento espacial.

A mudança de percepção entre espaço e tempo nesse novo cenário

reforça a relação entre o local e global, e vice-versa. Devido à velocidade das

comunicações trazidas pelas TIC e às facilidades de transporte, mesmo que,

por questões principalmente de ordem geográfica e comercial, o poder das

aglomerações sejam percebidos a partir dos grandes centros, há agora uma

quebra de fronteiras, criando assim a idéia de complementaridade entre local e

global.

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O nível global e o nível local do acontecer são conjuntamente essenciais ao entendimento do Mundo e do Lugar. Mas o acontecer local é referido (em última instância) ao acontecer mundial. Desde o nascimento, o acontecimento se inclui num sistema para o qual atrai o objeto que ele acabou de habitar. O acontecimento é a cristalização de um momento da totalidade em processo de totalização. Isso quer dizer que outros acontecimentos, levados pelo mesmo movimento, se inserem em outros objetos no mesmo momento. Em conjunto, esses acontecimentos reproduzem a totalidade; por isso são complementares e se explicam entre si. Cada evento é um fruto do Mundo e do Lugar ao mesmo tempo (SANTOS, 2008, p. 108).

A disjunção espaço-tempo foi sentida com maior intensidade nesse

momento histórico, conhecido como globalização, a partir dos avanços trazidos

pela Revolução da Informação. Vale ressaltar que a globalização, também

conhecida como “mundialização”, é caracterizada não apenas pelos avanços

tecnológicos sentidos nas últimas três décadas do século passado, mas

também pela expansão das empresas transnacionais, internacionalização do

capital financeiro, descentralização da produção em escala mundial,

enfraquecimento dos estados nacionais e crescimento da cultura norte-

americana. Essas são algumas das muitas faces desse processo complexo e

abrangente, que produzem impactos não somente em nível global, como

explica Santos (2006):

Seja novo ou velho, os processos de globalização são um fenômeno multifacetado, com dimensões econômica, social, político, cultural, religioso e legal, todos interligados em complexidade. Curiosamente, a globalização parece combinar a universalidade e a eliminação de fronteiras nacionais, por um lado, com a particularidade crescente, a diversidade local, a identidade étnica e um retorno aos valores comunitários. Em outras palavras, a globalização parece ser o outro lado da localização, e vice-versa (SANTOS, B., 2006, p. 2, tradução do autor).

Nesse sentido, percebe-se que ações globais podem eventualmente

afetar determinadas comunidades em locais específicos, uma vez que as

modificações são de diversas características, como econômico, social, político

e religioso; porém, como percebido no exemplo do Vale do Silício, um pólo

tecnológico localizado, o conjunto de alterações ocorridas no final do século

passado consequentemente repercutiu em nível mundial. Os atores locais do

Vale do Silício, devido às facilidades de comunicação, interagem com outros

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atores em países distantes, estabelecendo parcerias para a solução de

problemas como aqueles relacionados a produtos, serviços ou ainda

desenvolvimento tecnológico e científico. Em uma escala menor, isso pode ser

observado em ações realizadas em comunidades locais que, a partir destas,

mudam o seu entorno e até mesmo provocam mudanças em uma abrangência

geográfica maior. As mudanças locais podem contribuir para a mudança do

todo.

Uma modificação em um quarteirão afeta outros e não só os vizinhos. Melhorar o trânsito em uma área repercute em outras positivamente ou negativamente caso não sejam alterados o traçado das vias ou a estrutura do movimento. Criar um sinal luminoso em um cruzamento repercute quilômetros mais longe (SANTOS, 2006, p. 106).

Deve ser observado nessa discussão que, nesse modelo configurado

pela globalização, em que uma sociedade em rede é construída por diferentes

atores – muitas vezes localizados em pontos geograficamente distantes –, há,

não raro, a possibilidade de algumas comunidades locais resistirem à

padronização trazida por esse novo cenário. Castells (1999) entende tal

resistência a partir da formação de determinadas identidades: a identidade

legitimadora, ligada às instituições; a identidade de resistência, representada

por pessoas ou comunidades que se opõem a uma lógica de dominação.

A partir dessas breves considerações sobre o local e o global, nota-se

que, mesmo diante dos efeitos da globalização, os quais trouxeram facilidades

de comunicação, padronização de produtos e serviços, os valores locais e seus

atores podem ser aproveitados, valorizados e respeitados, uma vez que fazem

parte do todo e, juntos, contribuem para a construção do conhecimento em

uma dimensão global.

Atores locais e globais, por meio dos avanços das comunicações,

interagem de forma rápida e dinâmica por meio da internet. A internet, esse

novo espaço, também dito heterogêneo e sem fronteiras, deu lugar a um novo

tipo de nomadismo que permeou saberes e conhecimentos virtualizados.

Novos signos foram incorporados ao vocabulário, novas maneiras de

relacionamentos surgiram nas diversas áreas do conhecimento humano e da

vida econômica e social.

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1.4 A internet e a WWW: um novo ambiente social

Antes de analisar o processo da aprendizagem e do ensino no contexto

atual trazido pela Revolução da Informação, faz-se necessário apresentar

algumas terminologias relevantes, objeto de estudo de muitos autores

preocupados com as mudanças de ordem social, cultural, econômica,

antropológica e tecnológica trazidas por essa revolução.

A internet10 e a WWW possibilitaram a formação de inúmeras

comunidades ao redor do mundo, uma vez que a informação11 passa a ser

rapidamente disseminada. Embora as facilidades trazidas pela internet

apresentem desvantagens, seu caráter altamente democrático implica o fato de

que ela está sujeita a informações de todo tipo. Entretanto, há consenso sobre

a importância desse recurso para a propagação e a obtenção da informação, a

socialização, a troca e o compartilhamento de programas e arquivos dos mais

diferentes tipos.

Nessa rede, há aplicativos que incentivam o armazenamento de grande

quantidade de informação e conhecimento. Os aplicativos do tipo WIKI

permitem a edição coletiva de documentos e a formação de conhecimento por

uma comunidade específica. O MOODLE12 é um software livre de apoio à

aprendizagem executado num ambiente virtual. Os motores de busca tais como

Google, Yahoo, Cadê, Lycos e Amazon.com, entre outros, permitem encontrar

informações armazenadas na WWW a partir de palavras-chave indicadas pelo

usuário, e em um curto espaço de tempo. O resultado é apresentado de forma

organizada e hierarquizada. As redes de relacionamentos, ou redes sociais

como o Orkut13, Twitter14 e Linkedin15, entre outros, permitem troca de

10A internet é um conjunto de redes de amplitude mundial em que milhões de computadores são interligados pelo protocolo TCP/IP (Transfer Control Protocol/Internet Protocol). 11 “Informação são dados que foram organizados e comunicados” (PORAT, 1977, p. 2 apud CASTELLS, 1999, p. 64). Por outro lado, “A informação é qualificada como um instrumento modificador da consciência do homem e de seu grupo social, deixando de ser unicamente uma medida de organização por redução de incerteza” (BARRETO, 1996, p. 405-414 apud COSTA, 2004, p. 25). 12MOODLE, acrônimo de Modular Object-Oriented Dynamic Learning Environment (Ambiente modular orientado a objetos de aprendizagem).

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informações e experiências a partir da manutenção e criação de novas

amizades baseadas em perfis e afinidades pré-definidas. Finalizando esses

exemplos, temos ainda as bibliotecas e livrarias virtuais, softwares de

entretenimento, jornais virtuais etc. que, de uma maneira geral, disseminam o

conhecimento humano promovendo uma nova inteligência coletiva.

Segundo Lévy (1998), a inteligência coletiva será construída por valores

que irão muito além da técnica. As “autoestradas da informação” (information

highway) estão em constante construção, caracterizando-se como canteiro de

obras virtual. Diante de tais modificações, segundo o autor, há um convite à

reflexão sobre a construção coletiva do saber, a integração entre os indivíduos

e entre comunidades dentro de um grande espaço virtual. Esse novo espaço

promove um nomadismo virtual. Lévy (1998, p. 138) preconiza ainda um

projeto de inteligência coletiva, uma “engenharia do laço social”, que implica o

uso da tecnologia associada de maneira equilibrada à economia das

qualidades humanas, à política e à ética. Assim, essa reflexão deve incorporar

os valores que deveriam ser os mais perenes da sociedade universal: a ética, a

hospitalidade, a democracia e o saber. Desta forma, o Ciberespaço16 oferece

diversos mecanismos que convidam o usuário – um cidadão,

independentemente de idade, gênero, etnia e classe social – a fazer parte

desse novo espaço antropológico, farto e dinâmico, e que, no sentido do

dinamismo e das facilidades de comunicação, algumas vezes se contrapõe ao

mundo conhecido anteriormente, ou seja, a um mundo linear que apresenta

uma cartografia pré-definida no espaço e no tempo, muitas vezes segregada

pelos diferentes grupos sociais.

Esse espaço virtual, heterogêneo e “desterritorializado”, foi edificado,

como vimos anteriormente, em uma tecnologia baseada em um protocolo de

13Orkut é uma rede social com o objetivo de possibilitar a criação e manutenção de novas amizades através da WEB (Rede de alcance mundial).

14Twitter é uma rede social que utiliza a WEB com o objetivo de permitir o envio e a leitura de atualizações pessoais (os tweets, textos de até 140 caracteres) de outros contatos, usando para isso programas específicos. Os usuários recebem as atualizações em tempo real. 15LinkedIn é uma rede de relacionamentos, porém é usada principalmente por profissionais. 16“Ciberespaço”: palavra empregada para representar as redes digitais ligadas ao redor do mundo, ou seja, a própria internet e a WWW. Segundo Lévy (1998, p. 104), “O ciberespaço significa ali o universo das redes digitais como lugar de encontros e de aventuras, terreno de conflitos mundiais, nova fronteira econômica e cultural”.

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comunicação denominado HTTP, ou seja, um protocolo de transferência de

hipertextos. Esse protocolo de comunicação baseado na hipertextualidade

confirma a necessidade de conhecermos as vantagens dessa tecnologia e de

as aplicarmos em nossas vidas, uma vez que vivemos em um mundo onde

novas possibilidades de relações/comunicações transversais e não lineares

foram abertas e já são amplamente usadas.

Lévy (1996) ressalta a importância do hipertexto nos diversos aspectos

da sociedade atual. Segundo ele, o hipertexto é a virtualização do texto e a

virtualização da leitura. O hipertexto se apresenta como uma oposição aos

textos lineares: são como próteses do processo mental de leitura, trazem

rapidez, são dinâmicos. O hipertexto é, então, uma virtualização que

estabelece múltiplas conexões e permite diversas interpretações. Assim, Lévy

(1996, p. 44) deixa claro que o hipertexto se apresenta em oposição aos textos

lineares:

A abordagem mais simples do hipertexto que, insisto, não exclui nem sons, nem imagens, é a de descrevê-lo, por oposição a um texto linear, como um texto estruturado em rede. O hipertexto seria constituído de nós (os elementos de informação, parágrafos, páginas, imagens, seqüências musicais etc.) e de ligações entre esses nós (referências notas, indicadores, “botões” que efetuam a passagem de um nó a outro).

Importante frisar a não linearidade como a característica principal do

hipertexto. Essa característica deve se apresentar tanto nos textos impressos

quanto nos textos eletrônicos. Não há, portanto, uma oposição da localização

física ou eletrônica do hipertexto, como Ribeiro A. E. (2007, p. 140) destaca ao

se referir às suas características:

[...] E a distinção que proponho é a de hipertexto impresso por oposição a de hipertexto eletrônico, evitando-se, então, oposições confusas, tais como texto (fora do meio eletrônico) e hipertexto (texto no meio eletrônico). Hipertextos são sempre textos (sejam eles verbais ou não). Mas nem todo texto é hipertexto. Para sê-lo, os textos devem ter certas características, sendo a principal a não-linearidade [...], em meio impresso ou eletrônico.

Assim, a importância desse conceito deve ser ressaltada, uma vez que

na WWW milhões de pessoas articulam relações sociais e de trabalho

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baseadas em estruturas hipertextuais, processo esse que pode ser

compreendido como interatividade.

1.5 Considerações finais

Nas últimas décadas do século passado, ocorreram mudanças

significativas nas diversas áreas do conhecimento humano, as quais trouxeram

impactos na forma como alunos e professores se relacionariam no processo de

ensino-aprendizagem. Esses impactos ocorreram devido ao rápido avanço da

Tecnologia da Informação e Comunicação, as chamadas TIC .

Os avanços tecnológicos foram iniciados a partir da Revolução da

Informação, que, colaboradora do processo de globalização, teve como motor

os progressos da Informática e das Comunicações. Por meio da internet, novas

formas de relacionamentos foram criadas, novos signos foram incorporados ao

vocabulário e a informação se tornou mais acessível para os diversos setores

da sociedade.

Com a internet, foi possível a socialização da informação em escala

planetária. Bibliotecas virtuais, softwares para diversos fins, muitos deles com

acesso gratuito , foram disponibilizados para a sociedade; as redes sociais

ganharam força nesse espaço democrático e sem fronteiras e, assim, o

conhecimento humano se tornou mais acessível, possibilitando a formação de

uma inteligência coletiva.

Essa socialização da informação, ao mesmo tempo em que ajudou o

processo de globalização, criando inicialmente uma percepção de

distanciamento entre o global e o local, permitiu a aproximação dos atores

inseridos nesses dois contextos. A característica multifacetada da globalização

definida por Santos (2006), representada pelas diversas dimensões como a

social, política, econômica, religiosa e cultural, é sentida não só no âmbito

global, mas também no âmbito local. Desta forma, local e global se

complementam, pois são atores de um mesmo cenário de dimensão mundial,

mesmo que muitas vezes haja contradição entre os interesses desses dois

polos.

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Com o passar do tempo, o acúmulo de informações se torna cada vez

maior, e a busca por essas informações se torna cada vez mais fácil e rápida

com a internet e as novas tecnologias. Assim, o conceito de hipertexto se torna

cada vez mais presente, a não linearidade da informação toma um novo

sentido, essas mudanças e esses novos conceitos passam a ser demandados

também para o processo de ensino-aprendizagem e para o convívio social e

profissional do indivíduo desse novo tempo.

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CAPÍTULO II – INTERATIVIDADE E APRENDIZAGEM

2.1 Considerações iniciais

O presente capítulo procura inicialmente levantar algumas

considerações sobre a interatividade, conceito importante uma vez que associa

ensino, aprendizagem e as tecnologias trazidas pela evolução dos

computadores e das Telecomunicações. A partir dos conceitos de

interatividade, são apontados alguns princípios, no sentido de adequar o

professor a esse novo cenário tecnológico trazido processo de globalização.

Finalmente, é feita uma breve discussão sobre a construção do conhecimento

na ótica das relações com o saber.

2.2 Interatividade

Há uma tendência a uma redução do sentido do termo “interatividade”,

pelo seu uso excessivo, por vezes quase banalizado, principalmente como

estratégia de marketing. Usam-se, por exemplo, termos como: “produto

interativo”, “marketing interativo”, “serviço interativo”, “brinquedo interativo” etc.

A interatividade, embora antiga, apresenta-se na Sociedade da Informação

como uma nova modalidade de comunicação com a inserção das tecnologias

da informação e a partir do ponto de vista mercadológico, no qual se destaca a

relação produtor-cliente-produto. Silva (2006, p. 11), trazendo o conceito da

interatividade para a esfera mercadológica, ressalta:

Convido então os críticos da interatividade, os comunicadores e os professores ao diálogo capaz de perceber que o que está em evidência é uma “recursão organizacional”, ou seja, “um processo recursivo em que os produtos e os efeitos são ao mesmo tempo causas e produtores daquilo que os produziu”. Pensar assim é pensar complexo!

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Desta forma, nota-se que a interatividade não está somente relacionada

à tecnicidade informática, mas é na verdade um processo antigo, ainda em

curso, da comunicação entre seres humanos, em toda a sua abrangência.

Neste sentido, diante da atual avalanche de artefatos tecnológicos, a aquisição

natural de novos hábitos como a manipulação de controles remotos, mouses e

joysticks alterou a maneira como a sociedade (o agente receptor) reage à

mídia. Silva (2006) relata que a televisão convencional, por exemplo, dentro de

seu processo “um–todos”17, já é vista como um artefato neobarroco, sua

programação não consegue segurar o receptor, pois não há intervenção e,

principalmente, não há bidirecionalidade nesse tipo de mídia.

O conceito de interação, que por sua vez leva ao conceito da

interatividade, não é novo, atravessou algumas áreas do conhecimento

humano antes de chegar à área da Informática, como podemos ver : “[...] o

conceito de ‘interação’ vem da física, foi incorporado pela sociologia, pela

psicologia social e finalmente, no campo da informática transmuta-se em

interatividade (MULTIGNER, 1994 apud SILVA, 2006, p. 93). A interatividade

se apropria de conceitos elementares, tais como: transformar o espectador em

ator, fazer o espectador intervir sobre o conteúdo, propor diálogos entre

espectador e ator e entre espectadores.

Um exemplo da interatividade fora do universo informático que traz em si

outros conceitos relacionados – como os de participação, intervenção e

coautoria – é o do Parangolé18, ou a antiarte, de Hélio Oiticica. Com relação ao

Parangolé, Silva (2006, p. 187) esclarece que o

17 Trata-se da principal característica da mensagem televisiva tradicional. É uma mensagem eminentemente unidirecional, ou seja, que é transmitida de um ponto fixo (o local de transmissão) para milhares de espectadores que recebem a mensagem, de forma fechada, linear, imutável e sequencial. Segundo Silva (2006), a rejeição deste tipo de recurso em sala de aula é sintomática, a televisão possui uma estética neobarroca incompatível com o conhecimento centrado na lógica convencional e na relação de causa-efeito. Por outro lado, esse mesmo recurso não está fadado ao esquecimento no contexto educacional: a WEBTV, que associa a televisão à internet, pretende oferecer recursos de bidirecionalidade e, consequentemente, interatividade. 18 O Parangolé é uma manifestação artística em que o espectador veste uma capa, empunha um estandarte ou entra em uma tenda. A arte só se completa quando há a participação do espectador. É considerada também uma arte móvel, a qual foi adotada pelo pintor, escultor e artista plástico Hélio Oiticica.

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artista convida a participar do tempo da criação de sua obra e nela oferece entradas múltiplas à imersão e à intervenção do “participador”, que nela inscreve sua emoção, sua intuição, seus anseios, seu gosto, sua imaginação, sua inteligência.

Assim, há uma interatividade entre os elementos principais do processo

– obra, autor e espectador –, que se fundem, se “hibridizam”, não ocupam mais

uma posição definida. A palavra de ordem é intervenção.

O computador, juntamente com a internet, ao expor os conceitos de

hipertexto19, multimídia20 e hipermídia21, é visto como um instrumento que

centraliza e, ao mesmo tempo, permite a conexão com outros conteúdos.

Desta forma, não há a centralização de poder, como no caso da televisão, no

sentido de que esta possui uma característica unidirecional; em se tratando do

computador, ao contrário, há uma democracia da informação em escala

planetária – embora essa democracia, em sua totalidade, esteja ainda distante.

Silva (2006) identifica, na Sociedade da Informação, o Ciberespaço, no qual o

conceito de interatividade pode ser mais facilmente percebido.

A interatividade imbrica-se nos diversos setores da sociedade. Nesse

novo cenário social e pós-moderno, é importante que esta seja mais bem

entendida para que, depois, sejam utilizadas suas bases no processo ensino-

aprendizagem. Com relação à interatividade e aos diversos setores nos quais

ela interfere, Silva (2006) verifica que sua emergência pode ser notada em três

esferas clássicas: a esfera tecnológica, a esfera mercadológica e a esfera

social.

Na esfera tecnológica, os games são os seus maiores representantes.

Neles, a interação é a verdadeira essência do próprio jogo. Nesse tipo de

aplicativo, há uma clara tendência a permitir que o próprio usuário altere o

conteúdo, vivenciando a experiência da interação, o que não seria o mesmo

que somente receber uma informação.

19 Hipertexto: um paradigma de acesso a múltiplos documentos, de maneira não linear, transversal, organizando ligações externas de textos em um processo de leitura convencional ou na WEB. Pode ser visto também como uma escritura não sequencial, uma montagem de conexões em rede que permite uma multiplicidade de recorrências. 20 Multimídia: uso dos recursos de texto, imagens, sons e animação por meio de um computador. 21 Hipermídia: a união dos recursos do hipertexto com a multimídia.

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Do ponto de vista mercadológico, a interatividade participa de maneira

estratégica para reduzir a distância entre o consumidor e produto. O

computador em rede permite a bidirecionalidade entre o consumidor e a oferta

do produto que está na rede. O ciberespaço, portanto, é um novo campo

antropológico que representa o território das mercadorias. Nesse território, é

possível intervir, personalizar o produto, adaptá-lo. Ao contrário da

padronização representada pelo Fordismo, no período posterior a ele houve a

tendência à flexibilização, o que pode ser visto no trabalho, na produção e na

sociedade.

Com relação à esfera social, percebe-se a identificação de uma

sociedade pós-moderna, menos piramidal, ou seja, menos linear e

hierarquizada. A sociedade em rede apresenta-se imbricada em um ambiente

interativo em que há a massificação; porém, em alguns casos, é favorecida a

individualização, a partir dos recursos das TIC : o computador, a internet e as

telecomunicações, as compras on-line, as redes sociais ou ainda os brinquedos

flexíveis são alguns dos muitos exemplos dessa nova configuração social.

A massificação pode ser percebida principalmente nas mídias

unidirecionais como a televisão, que atinge um público que pode passivamente

absorver a informação transmitida. Por outro lado, os brinquedos digitais

interativos, as compras on-line, entre outros, trazem o conceito “do it yourself”

ou “faça você mesmo”. Esses recursos procuram individualizar o conteúdo da

mensagem enviada para milhares de receptores.

2.3 O espaço escolar: o aluno e o professor

Segundo Silva (2006), não há uma sintonia entre a escola e o

ecossistema da comunicabilidade, no qual a interatividade é emergente.

Segundo esse autor, a escola “encontra-se alheia ao espírito do tempo,

mantém-se fechada em si mesma, em seus velhos rituais de transmissão”,

Silva (2006, p. 68). A escola, diante da nova experiência comunicacional que

vive a sociedade, após a Revolução da Informação, se mantém retraída. Os

alunos, participantes desta sociedade, não são meros espectadores, mas

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participantes dela. A hipertextualidade, a interatividade, a bidirecionalidade e a

intervenção devem ser apropriadas pela escola e fazer parte do processo de

ensino-aprendizagem.

É aconselhável que a escola se ajuste ao movimento contemporâneo

das novas Tecnologias da Informação e Comunicação, procurando trazer para

os bancos escolares um ambiente próximo ao cenário tecnológico do mercado

de trabalho. É adequado também que a escola se aproprie dos saberes locais

da comunidade e procure ajustá-los à “formalidade” acadêmica dos novos

tempos. Por outro lado, o professor possivelmente se sentirá melhor ao buscar

a sintonia com as novidades tecnológicas; desta forma, ele saberá como estas

são usadas pelos atores sociais nos diversos setores. O professor também

deve se apropriar do hipertexto, se adequar ao digital, formular problemas, criar

novas experiências, coordenar equipes de projetos, valorizar o diálogo entre

culturas e gerações, valorizar a interatividade e, finalmente, propor um modelo

bidirecional de educação. Dentro desta perspectiva, Silva (2006, p. 70) nos

fornece um bom relato:

De mero transmissor de saberes [o professor] deverá converter-se em formulador de problemas, provocador de interrogações, coordenador de equipes de trabalho, sistematizador de experiências, e memória viva de uma educação que, em lugar de aferrar-se ao passado [transmissão], valoriza e possibilita o diálogo entre cultura e gerações.

Por outro lado, o aluno que se encontra no meio da tecnologia,

circundado por ela, já assume o papel de autor, uma vez que, a partir dos

programas de relacionamentos, games em rede, e-mail, entre outros, não é

somente um receptor de informação, mas sim um emissor desta, e o faz muitas

vezes de forma colaborativa e participativa. Desta forma, há uma construção

coletiva do conhecimento, processo no qual a tecnologia é potencializadora das

habilidades destes atores sociais (os alunos), estimulando também a coautoria

e a criatividade. Nota-se, então, que a inserção das novas tecnologias na

sociedade é uma realidade que deve ser repassada para o ambiente escolar;

assim, reforça-se aqui a ideia de que as relações entre a escola, o professor e

o aluno devem ser repensadas.

Para que a escola, professor e aluno possam ter uma relação

sincronizada com a nova realidade social trazida pelas novidades tecnológicas,

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sugere-se que se aperfeiçoe o ambiente de aprendizagem, procurando dar

conta da interatividade, do hipertexto, da bidirecionalidade, da intervenção e da

coautoria, mudando assim o tom da comunicação em sala de aula, sem que,

por isso, o professor perca a sua autoria nem tampouco a criticidade no uso

desses recursos. Segundo Silva (2006), o professor deve formular problemas,

provocar interrogações, criar grupos interativos, coordenar e permitir a

coordenação de equipes, permitir as subjetividades, incentivar o do it yourself22,

facilitar diálogo entre culturas e gerações, incentivar o uso e convívio do texto e

hipertexto, respeitar as individualidades, favorecer a intervenção criativa e

crítica do aluno, simular a vida real dos alunos respeitando culturas, criar

meios para estimular a participação-intervenção, promover discussões

temáticas, experimentações e descobertas. Desta forma, Silva (2006, p. 158)

destaca algumas formulações da práxis educacional fundamentada na

interatividade:

? O emissor pressupõe a participação-intervenção do receptor: participar é muito mais que responder “sim” ou “não”, é muito mais que escolher uma opção dada; participar é modificar, é interferir na mensagem.

? Comunicar pressupõe recursão da emissão e recepção: a comunicação é produção conjunta da emissão e da recepção; o emissor é receptor em potencial e o receptor e emissor em potencial; os dois pólos codificam e decodificam.

? O emissor disponibiliza a possibilidade de múltiplas redes articulatórias: não propõe uma mensagem fechada, ao contrário, oferece informações em redes de conexões permitindo ao receptor ampla liberdade de associações e de significações.

É importante esclarecer que essa mudança na comunicação não significa

aparelhar a sala de aula, embora esta implementação seja importante quando

realizada de maneira coerente e responsável23. As duas funções principais da

escola, a aprendizagem e a socialização, devem ser ajustadas para

proporcionar educação para o sujeito do nosso tempo.

22 Vale lembrar que o “do it yourself” ou faça você mesmo, originado no movimento Punk , foi uma tendência dominante do ramo do entretenimento (relacionada aos brinquedos) dos anos 90. Um exemplo prático da interatividade proveniente de um período pós-fordista. 23 Não basta somente o equipamento, é necessário estudo e planejamento, ou seja, preparar os professores e os alunos em um ambiente informatizado de aprendizagem, explorando a hipertextualidade, interatividade e a intervenção.

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2.4 O professor: adequação aos novos tempos

A revolução da informação trouxe novos artefatos, novas ferramentas,

criou novos ambientes e novas formas de relacionamentos. Essa revolução

trouxe também novos atores, sendo um desses o designer24 de software. O

designer de software ou, como afirma Silva (2006), o informata produzido pelo

espírito desse novo tempo, na sua contemporaneidade, se vê perfeitamente

ajustado aos processos atuais.

Em uma tentativa de incorporar os mecanismos de planejamento e

criação de softwares usados pelo design de software ao processo de ensino-

aprendizagem, Silva (2006, p. 193-208) propõe alguns princípios norteadores

dos quais o professor pode se apropriar. São eles:

? Explorar as vantagens do hipertexto [...]; ? Incluir um mecanismo que ajude o usuário a não se perder,

mas que ao mesmo tempo não impeça de perder-se [...]; ? Lançar mão da retórica tradicional que considera a frase e o

parágrafo como unidades básicas da redação, porém não esquecer a gramática do hipertexto [...];

? Avaliar as necessidades de comunicação do usuário para encaixá-lo em um certo perfil [...];

? Escolher as interfaces adequadas a cada aplicação (como o designer de software o faz escolhendo mouse, joystick, teclado alfa-numérico etc.) [...].

? O professor deve estar atento à democracia que envolve o processo ensino aprendizagem, assim:

o Todo sujeito com competência para falar e atuar tem a permissão para tomar parte num discurso;

o Todo mundo tem a permissão para questionar qualquer assertiva que seja;

o Todos têm a permissão para incluir qualquer assertiva que seja;

o Nenhum falante deve ser privado, seja por coerção, interna ou externa, de exercer seus direitos.

24 O designer de software ou projetista de programas de computador é o profissional responsável por resolver problemas e planejar soluções de software. O planejamento é feito dentro de um processo de desenvolvimento que possui fases como a concepção, a elaboração, a construção e a transição e atividades como o levantamento de requisitos de software, a análise, o projeto, a implementação, os testes e a manutenção do programa ou sistema.

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Longe de proporem comparações entre professores e designer de

software, a ideia principal desses princípios norteadores das práticas docentes

é aproveitar justamente a lógica de comunicação que move esse novo

profissional, nascido dentro dessa revolução, e incorporá-la ao universo do

processo de ensino-aprendizagem. Silva (2006, p. 193) afirma que “não se

trata de comparar o profissional transtemporal, historicamente comprometido

com a educação do sujeito e da sociedade, com o jovem profissional informata

gerado pelo espírito do nosso tempo”.

Em um sentido mais amplo , ressalta-se que, mesmo diante da

dependência humana em relação à máquina e à tecnologia – o que possibilita a

construção de um sujeito coletivo –, e da colaboração, da participação e da

cooperação – importantes no processo de construção do conhecimento –, não

deve ser esquecida a importância das diferenças individuais, uma vez que o

indivíduo carrega em si saberes e habilidades tácitas capazes de contribuir

para a construção desse conhecimento. Assim ressalta Ribeiro O. J. (2007, p.

85):

A ideologia atual, enquanto expressão dos fatos sociais e econômicos, principalmente, cria a necessidade de um ser humano verticalizado, com visão holística, de totalidade, que possa operar e gerir um projeto de educação em que se veja o conhecimento como processo, como rede, que solicite “a existência de flexibilidade, plasticidade, interatividade, adaptação, cooperação, parcerias e apoio mútuo” (MORAES, 1997, p. 25) e que, acima de tudo, respeite as diferenças individuais.

2.5 Considerações Finais

A partir das discussões apresentadas neste capítulo, verifica-se a

necessidade de ajustar as relações e posturas entre o professor, a escola e o

aluno. Verifica-se também que tais mudanças não precisam necessariamente

passar pelo uso da tecnologia, mas o uso adequado desta é indicado, uma vez

que a escola está inserida em um contexto caracterizado pelo uso desses

recursos.

Foi observado também que o professor deve se manter como autor do

processo de ensino-aprendizagem e, juntamente com os alunos, deve explorar

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a interatividade, propor uma educação participativa e democrática, respeitar as

individualidades e mostrar uma educação mais próxima possível da nova

interface social e tecnológica. De modo a articularem tecnologia, escola e

sociedade, é importante que professores e alunos atuem conjuntamente em

uma experiência que transcenda os muros escolares e que possam efetivar o

uso da tecnologia de maneira interativa, consciente e participativa. E isso pode

ser realizado em comunidades específicas ou dentro dos limites de

abrangência da escola.

Como Silva (2006) apresenta, um Parangolé tecnológico deve ser

construído de modo a convidar escola, professores e alunos a intervirem no

processo de ensino-aprendizagem. Há a necessidade de criar uma sala de aula

mais participativa, o que acontecerá somente com a intervenção real dos seus

atores. Há que se entrar na tenda, empunhar o estandarte e vestir a capa para,

finalmente, visualizar, entender e criticar suas diferentes faces e cores como

um hipertexto carnavalesco.

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CAPÍTULO III - TECNOLOGIAS, ESCOLA E TERCEIRO SETOR

3.1 Considerações iniciais

Papert (2008) apresenta uma intrigante parábola em que o seguinte

cenário é apresentado: viajantes do tempo, oriundos de cem anos, ou mais, no

passado, representando dois grupos distintos, visitam ambientes de sua área

de atuação. O primeiro seria um grupo composto por médicos cirurgiões que

ficam perplexos ao se depararem com os equipamentos, sons, alarmes,

procedimentos desconhecidos de uma sala de cirurgia. Ao mesmo tempo,

sentem-se incapazes de atuar nesse novo ambiente, em que quase tudo é

estranho para eles. O segundo grupo seria formado por professores do ensino

fundamental que visitam uma sala de aula e, inicialmente, se sentem

incomodados com alguns objetos e com a forma como a aula era conduzida.

Mas, em pouco tempo, sentem-se à vontade, inclusive para assumirem essa

sala de aula, mesmo percebendo, depois, mudanças comportamentais

significativas por parte dos alunos – mudanças essas trazidas por uma

sociedade repleta de novidades.

O autor usa a parábola com o objetivo de chamar a atenção no sentido

de comparar alguns setores da sociedade, como as Telecomunicações, o

Transporte e a Medicina, os quais, a partir das revoluções tecnológicas dos

últimos anos, passaram por profundas modificações, enquanto que a escola,

de um modo geral, não sofreu esses impactos, embora algumas mudanças

possam ser percebidas.

O presente capítulo tem por objetivo apresentar alguns conceitos

relacionados às TIC, representadas por algumas das principais ferramentas

usadas nas salas de aula e nos laboratórios de informática com o objetivo de

proporcionar um melhor aproveitamento durante o processo de ensino-

aprendizagem, a saber: o PowerPoint, o Lanschool, a internet (a partir da

análise de discussões síncronas, realizadas em chats, de discussões

assíncronas, por meio de e-mails e fóruns, Webquest, blogs e sites).

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Este capítulo também abordará os conceitos das tecnologias

convencionais, apropriadas e sociais no contexto da Educação e do Terceiro

Setor, uma vez que a presente pesquisa aborda não só as TIC, mas também a

aplicação destas em empresas desse setor da sociedade.

3.2 As TIC e a sala de aula

As TIC, representadas principalmente pelo computador e pelos recursos

das Telecomunicações, trouxeram muitas discussões para o contexto

educacional. Inicialmente (na década de 1970), o computador pessoal

(personal computer) foi usado como um instrumento de assimilação e

replicação das velhas práticas educacionais, como o uso do quadro negro e a

aplicação de provas. Os programas conhecidos como CAI (Computer Aided

Instruction, Instrução Auxiliada por Computador), foram as primeiras tentativas

de justificar o uso dessa tecnologia na sala de aula.

As vantagens e desvantagens do uso de programas no estilo CAI em

sala de aula já eram discutidas mesmo no início da era dos computadores

pessoais. Papert afirma que: [...] CAI refere-se a programar o computador para ministrar os tipos de exercícios tradicionalmente aplicados por um professor em quadro-verde, em um livro didático ou em uma folha de exercícios. Tal procedimento está tão longe de desafiar as suposições da escola tradicional que os críticos com freqüência perguntam se isso realmente produz algo que justifique o custo dos computadores. Os céticos mais empedernidos descrevem o computador como uma “ficha de resumo para memorização que custa mil dólares”, e o que ele faz como sendo “pratique e acerte”. [...] Os defensores do CAI respondem listando vantagens de um computador pedir a um aluno, por exemplo, para calcular 35% de dois dólares. As vantagens mais citadas incluem feedback imediato [...], instrução individualizada [...], e neutralidade [...] (PAPERT, 2008, p. 52-53).

O relato acima mostra o uso das ferramentas CAI na Educação como

simples reprodução do ambiente escolar. A evolução desse tipo de programa

foi uma resposta da própria comunidade escolar oriunda de uma linha

denominada por Papert (2008) de PET (do original, Progressive Educational

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Technology Movement, Movimento de Tecnologia Educacional Progressista),

que teve como principal representante a linguagem LOGO25. Os programas no

estilo CAI e PET foram usados durante as décadas seguintes e sofreram uma

natural evolução à medida que a tecnologia dos computadores evoluiu. Mesmo

que discussões sobre as vantagens e desvantagens dessa abordagem ainda

existam, importante ressaltar que o computador hoje é parte integrante da

sociedade nos seus mais variados setores, e usar essa ferramenta na sala de

aula em diversas situações (as quais serão discutidas nos próximos

parágrafos) podem trazer benefícios, como podemos observar nas indagações

abaixo: Que espaço conceder às novas tecnologias quando não se visa ensiná-la como tal? São elas simplesmente recursos, instrumentos de trabalho como o quadro-negro? Espera-se de seu uso uma forma de familiarização, transferível a outros contextos? Ninguém pensa que, utilizando um quadro-negro em aula, preparam-se os alunos para usá-lo na vida. Com o computador é diferente. Não é um instrumento próprio da escola, bem ao contrário. Pode-se esperar que, ao utilizá-lo nesse âmbito, os alunos aprendam a fazê-lo em outros contextos (PERRENOUD, 2000, p. 127).

As TIC podem ser usadas a partir do computador e também da internet

em várias situações e para várias finalidades tanto na sala de aula quanto nos

laboratórios de informática. O ambiente que hospeda essa tecnologia no

contexto da Educação é denominado por Costa et al. (2004) de Ambiente

Informatizado de Aprendizagem (AIA). Porém, o que se percebe é que essa

tecnologia deve ser usada de maneira crítica, ou seja, a questão não é a

informática como fim, mas sim como um meio, conforme afirma Coscarelli

(2007): “[...] eles precisam usar a informática e não, ter aulas de informática”.

Ainda nessa perspectiva, há uma afirmação valiosa sobre o AIA, a qual

esclarece que um Ambiente Informatizado de Aprendizagem

[...] só se configura quando se integra criticamente a tecnologia de informática no processo educativo, onde o computador, como recurso pedagógico, não goza de autonomia para condução do processo ensino-aprendizagem. O que se pretende, então, é que o computador seja incorporado aos ambientes da escola como uma tecnologia

25 Trata-se de uma linguagem de programação baseada em um ambiente gráfico e lúdico, no qual as respostas aos comandos são imediatas. O programa é representado por uma tartaruga que se move a partir de comandos definidos pelo operador (aluno). Esses comandos trazem conceitos matemáticos básicos de deslocamentos e ângulos.

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intelectual de grande potencial, enriquecedora das atividades desenvolvidas pelos alunos (OLIVEIRA et al., 2004, 119-120).

Os editores de texto trouxeram facilidades de manuseio e operação, o

que tornou o processo de edição de trabalhos escolares e profissionais mais

rápido e permitiu que eles tivessem uma melhor apresentação. Os recursos

são muitos: os textos são facilmente escritos e corrigidos, o que gera economia

de papel e de tempo de edição; pode-se utilizar uma grande quantidade de

fontes e formatações diferentes, por exemplo, as palavras podem adquirir o

formato negrito, sublinhado, itálico ou até mesmo se pode fazer a combinação

dessas funções com um simples acionar do mouse; o texto pode ser corrigido

pelo acionamento de uma tecla de função que invocará o corretor ortográfico; a

impressão utiliza o recurso WYSIWYG (What you see is what you get, ou seja,

“o que você vê é o que será obtido”, no caso, impresso). Assim, com esses

recursos, o aluno terá mais tempo para criação e construção do conhecimento,

como pode ser observado no texto abaixo:

Por que não deixar a ortografia por conta do corretor ortográfico? Quanto menos tivermos de nos preocupar com isso no momento da criação, melhor, pois sobrará tempo e recursos cognitivos para as atividades de planejamento e organização das idéias no texto; para escolher melhor os recursos lingüísticos a serem usados e as estratégias textuais que melhor servirão o leitor (COSCARELLI; RIBEIRO, 2007, p. 35).

Os editores de textos possuem muitos outros recursos, como: pesquisa

e substituição de palavras, mala direta, formatação em colunas, inclusão de

imagens e vídeos etc. Tanto o professor quanto o aluno devem usar os editores

de textos com os seus diversos recursos, uma vez que as possibilidades de

documentação ficam infinitas quando os editores de textos são associados ao

hipertexto e à internet.

Existem vários programas destinados a apresentações. O mais popular

deles é o PowerPoint26. Esses programas têm por objetivo facilitar a

apresentação de trabalhos escolares e profissionais, aulas expositivas,

demonstração de resultados etc. O uso desse recurso no processo de ensino- 26 PowerPoint é um programa usado para a criação e exibição de apresentações gráficas. Esse programa, produzido pela empresa Microsoft, permite a inclusão de textos, sons, imagens, hiperlinks, vídeos e outros modelos de documentos, além de efeitos de animação e apresentação de slides .

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aprendizagem é de grande importância, uma vez que facilita a simulação de

conceitos, promove o aproveitamento do tempo durante o processo de

apresentação. Por outro lado, deve ser usado com cuidado e bom senso.

Nesse sentido, Oliveira et al. (2004, p. 122) relatam: "Muitos professores

percebem que trocar simplesmente o quadro e giz pelo PowerPoint não é

garantia de avanços no processo ensino-aprendizagem".

O uso de programas de gerenciamento de aulas em laboratórios de

informática é uma opção disponível no mercado para o professor conduzir

atividades escolares. Um exemplo desse tipo de programa é o LanSchool27,

que tem por objetivo evitar distrações dos alunos, muitas vezes envolvidos em

jogos, mensagens instantâneas, e-mails ou ainda navegações indevidas na

internet durante atividades em laboratório, além de gerenciar as atividades

escolares nesse ambiente e promover a participação colaborativa nessas

atividades.

3.3 A internet

Outra ferramenta relacionada às TIC que pode ser explorada de maneira

adequada pelos professores é a pesquisa na internet. Há vários sites de busca

que possibilitam o acesso rápido a um grande número de informações; porém,

na área educacional, é importante a participação do professor como orientador

das consultas, delineando os assuntos e indicando os sites de pesquisa.

Quando os trabalhos escolares não são orientados devidamente, normalmente

terminam em frustrações, principalmente para o professor, devido às

facilidades do “copiar-colar” que inibem os resultados positivos de um

verdadeiro trabalho de pesquisa. Cysneiros (2008) descreve esse cenário, tão

comum nas escolas atuais:

Os educadores que hoje lidam com novas tecnologias estão se dando conta que a massiva introdução na escola (e em casa) de computadores ligados à internet não significa melhoria da

27 LanSchool é um programa de gerenciamento de sala de aula. Informações sobre essa ferramenta estão disponíveis em: http://www.lanschool.com.

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aprendizagem. Aprender de modo significativo e duradouro exige esforço, persistência, muitas vezes tolerância à frustração, algo diferente da atitude de copiar “da internet”, colar, enfeitar e imprimir trabalhos escolares, prática que está se tornando uma lastimável cultura em nossas escolas e mesmo em universidades (CYSNEIROS, 2008, p. 10).

A WebQuest28 é uma importante ferramenta auxiliar usando o recurso da

internet através da disponibilização em sites ou em blogs29. A WebQuest é

estruturada basicamente nas seguintes partes: introdução, tarefa, processo,

recursos, avaliação, conclusão e créditos. Pode ser proposta como um

trabalho de algumas aulas ou de algumas semanas.

Assim, o acesso ao que há de mais atual em termos de conhecimento faz-se com a devida orientação, racionalizando-se o tempo de uso da internet. Essas novas ferramentas do ensino presencial ou do ensino à distância (sic) são colocadas em sites disponibilizados, em geral, para os alunos de determinado curso com o objetivo de complementar o conhecimento que se pretende que eles construam no seu fazer na escola. Trata-se do WebQuest cuja característica principal é, portanto, seu potencial no sentido de orientar a pesquisa na Internet sobre determinado conteúdo curricular, através de links que permitem aos estudantes a exploração de sites previamente escolhidos (OLIVEIRA et al., 2004, p. 131).

Como pode ser observado, o simples fato de “surfar na internet” à

procura de um assunto específico também é recomendado para os trabalhos

escolares, com ressalvas, face à dimensão e à característica democrática

dessa rede, na qual um número cada vez maior de pessoas publica

informações sobre os mais variados assuntos – informações estas que podem

apresentar veracidade, qualidade ou serem advindas de fontes duvidosas.

Dessa forma, como afirma Oliveira (2004), o professor deve orientar os

trabalhos no sentido de conhecer antecipadamente o conteúdo dos sites para,

assim, possibilitar a redução no tempo de pesquisa e garantir, na medida do

28 “Coube a Bernie Dodge (2003) a organização – sob denominação de WebQuest – desse recurso disponibilizado na Internt por inúmeros autores. O nome escolhido foi adequado, uma vez que WebQuest significa Pesquisa na Internet – seu objetivo primordial.” (OLIVEIRA et al., 2004, p. 132). 29 Blog,é um site disponibilizado na WEB em que são divulgadas informações pessoais em ordem cronológica inversa, semelhantemente a o que ocorre em um diário. Foi usado inicialmente para uso pessoal, porém, devido à sua facilidade de construção e publicação, é usado atualmente para os mais variados fins, como jornalísticos, profissionais e educacionais.

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possível, maior segurança das informações, no sentido de controlar os

conteúdos a serem visitados.

A partir dessas reflexões, observa-se que quando o professor elabora

suas pesquisas de maneira adequada ou usa ferramentas específicas da

internet, como é o caso da Webquest, pode ocorrer uma receptividade maior

por parte dos alunos, uma vez que intervenções como essa, feitas pelo

professor, denotam seu interesse em tornar o processo de ensino-

aprendizagem cada vez melhor.

3.4 A Metodologia de Projetos

As atividades educacionais baseadas em projetos conhecidas como

Métodos de Projetos, Metodologia de Projetos ou Pedagogia de Projetos foram

implementadas no início do século XX nos Estados Unidos por William

Kilpatrick e John Dewey, a partir de estudos anteriores realizados na Europa.

Barbosa et al. (2004, p. 3) enfatizam que

Um dos pressupostos do Método de Projetos é que a educação deve se dar mediante o aprendizado de estratégias de estudo, ou aprender a aprender, através do qual o aluno desenvolve uma capacidade de análise e mobilização de conhecimentos historicamente acumulados para resolver situações problemáticas reais.

O desenvolvimento de atividades com projetos é uma prática comum

nas diversas áreas do conhecimento humano, como na Engenharia, na

Medicina e na Administração. As atividades baseadas em projetos articulam e

mobilizam saberes diversos, além de possibilitarem a introdução de mudanças

e inovações nas organizações humanas. Nesse sentido, Moura e Barbosa

(2006, p. 19) destacam a importância dos trabalhos escolares baseados em

projetos:

[...] Através da execução de um projeto, todos os envolvidos enriquecem com as experiências vividas, obtendo novos conhecimentos e novas habilidades. Essa característica faz dos

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projetos uma alternativa importante a ser considerada em sistemas educacionais, seja como solução para vários problemas, seja como forma de introdução de inovações.

Por meio dos projetos usados pelo professor no processo de ensino-

aprendizagem podem ser alcançados objetivos tais como possibilitar a

integração entre a teoria e prática, a valorização do trabalho em grupo, o

estabelecimento de vínculos de solidariedade entre os participantes, o

entendimento das noções de hierarquia, colaboração e responsabilidades,

além de permitir a articulação dos saberes entre as várias disciplinas

envolvidas. Conforme esclarecem Moura e Barbosa (2006, p. 28):

São projetos elaborados dentro de uma (ou mais) disciplina(s), dirigidos à melhoria do processo ensino-aprendizagem e dos elementos de conteúdo relativos a essa disciplina (este tipo de projeto é próprio da área educacional e refere-se ao exercício da funções do professor [...].

Barbosa et al. (2004) enfatizam que a Metodologia de Projetos propõe

ainda um ambiente caracterizado pela investigação e problematização. Nesse

contexto, os professores assumem o papel de facilitadores e orientadores de

atividades. Trata-se de uma atividade que requer um planejamento criterioso e

o envolvimento de todos (professores, alunos e escola), o que possibilita o

enriquecimento das experiências, a obtenção de novos conhecimentos e a

aquisição de habilidades para o trabalho em equipe, característica esta

encontrada também no mundo do trabalho.

3.5 Tecnologias e Terceiro Setor

O Terceiro Setor é um espaço que vem crescendo ao longo dos anos, é

uma forma de articulação social, uma resposta da sociedade muitas vezes à

omissão do Estado no trato de assuntos significativos para as comunidades

locais. Esse setor da sociedade é composto principalmente pelas Organizações

Não Governamentais (ONGs), que, em sua maioria, são legalmente

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registradas, usam frequentemente mão de obra voluntária e não há finalidade

lucrativa – o excedente é normalmente reaproveitado dentro da própria

instituição. Trata-se de um espaço de mobilização social em que

conhecimentos tácitos e formais são articulados para o bem comum.

Outro espaço que está surgindo com força é o espaço do conhecimento comunitário. Trata-se de uma área até hoje fundamentalmente trabalhada pelas Organizações Não-Governamentais (as ONGs) de diversos tipos, Organizações de Base Comunitária (OBCs), Organizações da Sociedade Civil (OSC), organizações religiosas e tantas outras, que vão compondo este novo cenário chamado de Terceiro Setor (DOWBOR, 2001, p. 42-43).

Portanto, baseado no crescimento desse setor, e também diante dos

avanços das Tecnologias da Informação e Comunicação, é importante, sempre

que possível, promover uma parceria entre a escola e as comunidades locais,

possibilitando assim a troca de conhecimentos entre esses atores sociais.

A articulação com as ONGs e Organizações de base comunitária,hoje intensamente conectadas aos meios modernos de comunicação, pode ser a base de um excelente canal de articulação da escola e de cada ensino específico com problemas realmente sentidos na comunidade (DOWBOR, 2001, p. 43).

3.6 Tecnologias Convencional, Apropriada e Social

A escola, pertencente ao espaço social que a rodeia, deve procurar uma

integração com esse espaço, e essa integração pode ser facilitada por meio

das Tecnologias da Informação e Comunicação, as quais podem ser

associadas a outras modalidades de tecnologias, a saber: a Tecnologia Social

(TS), a Tecnologia Apropriada (TA) e a Tecnologia Convencional (TC).

Esses espaços facilitam o desenvolvimento de práticas que permitem o

exercício das tecnologias convencionais e, ao mesmo tempo, permitem a

busca de soluções criativas e inovadoras, muitas vezes, dificilmente

encontradas em outros setores da sociedade, como é o caso do Primeiro Setor

(o Estado) e o Segundo Setor (o mercado).

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Sobre a Tecnologia Convencional, Dagnino (2004) reforça a ideia de que

esta é segmentada e alienante, uma vez que não possibilita o controle e não

usa as possibilidades de quem a produziu, é hierarquizada, no sentido de

demandar a figura do proprietário, é orientada pelo mercado externo , é

monopolizada por grandes empresas e valoriza a produtividade em função da

mão de obra.

A valorização da produtividade em função da mão de obra significa dizer

que a TC, conforme expressa Dagnino (2004), "é mais poupadora de mão de

obra do que seria conveniente". Por ser uma tecnologia capitalista, é orientada

ao lucro das empresas e, à consequente redução de mão de obra incorporada

à produção.

A TC maximiza a produtividade em relação à mão-de-obra ocupada. Na realidade, o indicador de produtividade que correntemente se utiliza é enviesado, não é um indicador neutro. Ele implica que se esteja sempre considerando mais produtiva uma empresa que diminui o denominador da fração produção por mão-de-obra ocupada. Assim, por exemplo, se uma empresa consegue diminuir a mão-de-obra numa proporção maior do que diminuiu sua produção, ela se torna mais “produtiva”. Não importa se o que fez foi “enxugar” o pessoal mediante uma re-organização do processo de trabalho que possibilita que um mesmo trabalhador tenha de desempenhar uma tarefa antes realizada por dois. Quando o indicador de produtividade é estimado em termos monetários, revela-se ainda mais enviesado. Nesse caso, cada vez que uma empresa consegue diminuir o valor de sua folha de pagamento (por exemplo, despedindo trabalhadores com mais “tempo de casa” e contratando para a mesma função outros mais jovens), torna-se mais “produtiva” (DAGNINO, 2004, p. 3-4).

Por essas características, as Tecnologias Convencionais, muitas vezes

não se ajustam às comunidades locais, que esperam da tecnologia que ela

seja um agente de emancipação econômico, político, social e cultural. Nesse

sentido, surge o conceito de Tecnologia Apropriada, que, segundo o Instituto

de Tecnologia Social (2007, p. 29), possui as seguintes características:

[...] participação comunitária no processo decisório de escolha tecnológica, o baixo custo de produtos e serviços finais e do investimento necessário para produzi-los, a pequena ou média escala, a simplicidade, os efeitos positivos que sua utilização traria para a geração de renda, saúde e emprego, produção de alimentos, nutrição, habitação, relações sociais e para o meio ambiente (com a utilização de recursos renováveis).

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A evolução do conceito de TA proporcionou o surgimento da Tecnologia

Social (TS), que, segundo o Instituto de Tecnologia Social (2007), diferencia-se

da TA por superar a concepção de transferência de tecnologia e trazer um

papel participativo, democrático e pedagógico ao processo de construção e

desenvolvimento tecnológico.

[...] A TS se diferencia sobretudo por superar a concepção de “transferência de tecnologia” ainda presente na TA ao incluir, como elemento central das práticas que designa, a construção do processo democrático participativo e a ênfase na dimensão pedagógica. Assim, as populações, antes consideradas como “demandantes” de tecnologias, passam a ser atores diretos no processo de construção do desenvolvimento tecnológico, sem se limitar mais à “recepção” de tecnologias (INSTITUTO DE TECNOLOGIA SOCIAL, 2007, p. 29).

Dagnino (2004) afirma que as tecnologias sociais deveriam ter as

seguintes características: serem adaptáveis a reduzidos tamanhos físico e

financeiro, não serem discriminatórias no que se refere à relação patrão e

empregado, serem orientadas para o mercado interno de massa, possibilitarem

liberdade para quem as produziu e, finalmente, serem capazes de possibilitar

os empreendimentos autogestionários e as pequenas empresas.

Com os avanços das Tecnologias da Informação e Comunicação e o

consequente crescimento do Terceiro Setor da economia, é importante que a

escola e as comunidades locais se integrem para o desenvolvimento e

articulação de ações, visando, sempre que possível, o movimento das

tecnologias sociais, promovendo nessas comunidades a apropriação dos

saberes, a inclusão social e a melhoria da qualidade de vida.

3.7 Considerações Finais

Este capítulo abordou inicialmente o uso das TIC no ambiente escolar.

Foi discutido como essas tecnologias podem auxiliar o processo de ensino-

aprendizagem. Verificou-se, a partir de uma breve contextualização histórica,

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que o computador foi usado inicialmente como replicador das velhas práticas

pedagógicas, mas, desde então já eram discutidas as vantagens dessa

tecnologia, como o feedback imediato e a instrução individualizada, à época

considerados.

Foi constatado a partir das reflexões deste capítulo que, com relação às

TIC, estas podem ser usadas a partir do computador e da internet em muitas

situações no ambiente escolar, desde que se tenha um olhar crítico a respeito

de como se deve usar essa tecnologia. Perrenoud (2000) reforça a noção de

que, ao usarem os computadores, os alunos estarão se preparando para a

vida, entendendo-se aqui a vida como o convívio social e profissional.

No que se refere aos recursos tecnológicos abordados, verificou-se que

os editores de texto trouxeram facilidades e agilidade aos processos de

editoração de documentos para diversos fins, os programas de apresentação

facilitaram demonstração de trabalhos escolares e profissionais e os programas

de gerenciamento de aulas em laboratórios de informática deram novas

possibilidades para o professor conduzir atividades escolares. A internet

possibilitou rapidez de acesso à informação e pode ser usada para pesquisas

escolares, desde que explorada de maneira adequada pelos professores – que

podem, por exemplo, trabalhar com esse recurso a partir de blogs e websites

próprios, disponibilizando consultas orientadas como as Webquests.

Foi verificado nesse capítulo que outros recursos importantes para

auxiliar o processo de ensino-aprendizagem são os trabalhos baseados na

Metodologia de Projetos. Entre outras vantagens, buscam trazer o

enriquecimento das experiências vividas, possibilitam a integração entre a

teoria e prática, valorizam o trabalho em grupo e possibilitam o estabelecimento

de vínculos de solidariedade entre os participantes.

Finalmente, foram discutidas as Tecnologias Convencional, Apropriada e

Social, dentro do contexto do Terceiro Setor, esse espaço que vem crescendo

ao longo dos anos como forma de articulação social, principalmente a partir das

comunidades locais. A importância desse setor foi citada neste capítulo na

medida em que ela possibilita a promoção de parcerias com o setor

educacional, como poderá ser constatado na presente pesquisa.

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CAPÍTULO IV – A PESQUISA DE CAMPO E O CENÁRIO DA

INVESTIGAÇÃO

4.1 Considerações iniciais

Este capítulo busca esclarecer os aspectos relativos à pesquisa de

campo e ao cenário da investigação. Inicialmente são mostrados os detalhes

dos procedimentos de coleta de dados realizados na pesquisa, incluindo o pré-

teste.

Uma vez que a presente pesquisa foi baseada no acompanhamento de

experiências com os alunos durante a realização de atividades na disciplina de

Projeto Aplicado, este capítulo procura fornecer os detalhes dessa prática

formativa da instituição.

A instituição de ensino na qual foi realizada a pesquisa é outro foco

deste capítulo. Nesse sentido, é mostrada a contextualização histórica e as

características dos cursos de formação tecnológica e da Unatec30, a

constituição do currículo , a metodologia de ensino e as práticas formativas

dessa modalidade de ensino (cursos de formação tecnológica).

4.2 O paradigma adotado

Neste trabalho optou-se pelo paradigma qualitativo, pois se trata de um

modelo mais comprometido com as transformações sociais e que,

historicamente, foi considerado como uma alternativa ao positivismo.

[...] na década de 70, começa a ganhar força o chamado “paradigma qualitativo”, o qual se definia por oposição ao positivismo, identificado com o uso de técnicas quantitativas. Embora metodologias

30 Nas próximas seções o leitor encontrará um breve histórico e uma descrição da instituição na qual foi realizada a pesquisa.

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qualitativas fossem há muito tempo usadas na antropologia, na sociologia e mesmo na psicologia, é nesta época que seu uso se intensifica e se estende a áreas até então dominadas pelas abordagens quantitativas, justificando o uso do termo “paradigma” (ALVES-MAZOTTI; GEWANDSZNAJDER, 1998, p 119).

O paradigma qualitativo possui uma visão holística, uma abordagem

indutiva e dá uma importância particular ao indivíduo, que é considerado como

parte do processo investigativo. O pesquisador procura perceber um sentido

nas relações que o indivíduo – um ser social que traz seus próprios traços

culturais – estabelece. Nessa abordagem, não há a preocupação de criar leis

gerais, mas sim compreender, com certa profundidade, os fenômenos

particulares referentes ao indivíduo diante de um contexto específico. No caso

do presente trabalho, foram observados os alunos usando as tecnologias em

suas práticas educacionais. Com relação às características dessa abordagem,

Alves-Mazzotti e Gewandsznajder (2001 p. 131) relatam:

[...] A visão holística parte do princípio que a compreensão do significado de um comportamento ou evento só é possível em função da compreensão das inter-relações que emergem de um dado contexto. A abordagem indutiva pode ser definida como aquela em que o pesquisador parte de observações mais livres, deixando que dimensões e categorias de interesse emerjam progressivamente durante os processos de coleta de análise de dados.

O paradigma qualitativo apresenta características com relação ao sujeito

que veio ao encontro do presente estudo. Entre outras, destacam-se as

seguintes: empatia, confiança, contato intenso; com relação ao instrumento, o

pesquisador é o principal recurso da investigação; as análises de dados são

contínuas, indutivas; a abordagem é normalmente demorada e verticalizada; os

objetivos se baseiam em realidades múltiplas, em que há normalmente um

processo interpretativo e uma teoria fundamentada; as propostas de

investigação são breves, especulativas, e os dados são descritivos e podem

ser facilmente apresentados por meio de notas de campo. Essa escolha se

deve também ao fato de que a amostra é normalmente menor, é mais

específica e mais aprofundada em relação à abordagem quantitativa.

O campo da Educação Tecnológica, em especial da Computação, se

baseia nas questões relacionadas às competências e qualificações dos

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indivíduos e nas suas relações com o ambiente educacional no qual estão

inseridos; portanto, baseia-se em aspectos de origem particular, subjetiva, nos

quais, em alguns casos, não há pressupostos explícitos. Nesse sentido, a

pesquisa qualitativa se enquadra de maneira mais apropriada, pelo fato de

possibilitar um entrosamento ideal entre o campo de trabalho, a tecnologia, os

sujeitos e o investigador.

Assim, foram identificados ainda outros pontos fortes que levaram à

utilização desse tipo de pesquisa no trabalho em questão, já que a investigação

baseada na abordagem qualitativa trata, de forma descritiva, dos processos

investigados, dos significados desses processos e da sua consequente

interpretação, o que tem grande importância tanto no processo quanto nos

resultados.

Os investigadores dessa modalidade de pesquisa (qualitativa) procuram

compreender melhor o comportamento humano e os processos envolvidos

nesse comportamento. Neste trabalho, foi privilegiada a análise desse

processo na área da Tecnologia. Assim, Estrela, M.T. e Estrela, A. (1994 p. 70)

afirmam que:

[...] O objectivo dos investigadores qualitativos é o de melhor compreender o comportamento e experiência humanos. Tentam compreender o processo mediante o qual as pessoas constroem significados e descrever em que consistem estes mesmos significados.

O aspecto das relações humanas, conforme visto acima, é um item

relevante nesta pesquisa, tornando o processo de investigação mais delicado e

susceptível a intervenções do investigador, o que caracteriza o paradigma

adotado. Embora a presente pesquisa contemple em sua totalidade a

abordagem qualitativa, foi utilizado com o objetivo de selecionar os

entrevistados o questionário, um método mais superficial de coleta de dados

voltado para a abordagem quantitativa. A investigação, por meio dos

instrumentos de pesquisa escolhidos, foi planejada de acordo com algumas

etapas pré-definidas que são mostradas a seguir.

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4.3 O cenário da investigação e os participantes da pesquisa

As informações apresentadas nesta seção foram coletadas com base

nos seguintes documentos fornecidos pela direção da Unatec: currículo e

metodologia Unatec, Histórico da Instituição (Unatec) e documento parcial no

formato .ppt (Powerpoint) intitulado “Como está a Educação Tecnológica na

atualidade?”.

4.3.1 Os cursos de formação tecnológica

Até o momento foram discutidas questões relacionadas às novas

Tecnologias da Informação e Comunicação e às mudanças de paradigmas

trazidas por elas, principalmente no contexto social com vistas aos processos

educacionais. Essas mudanças, ocorridas principalmente no final do século XX,

período denominado também de Revolução da Informação, trouxeram novas

formas de relacionamento entre os atores do processo de ensino-

aprendizagem. Hipertexto, interatividade, virtualidade, intervenção e

Ciberespaço são algumas das novidades ou releituras de alguns conceitos

trazidos nesse final de século, juntamente com a nova infraestrutura

tecnológica. Essas mudanças, devido ao novo cenário tecnológico, ocorrem de

maneira muito rápida, criando um novo tipo de aluno e demandando novas

intervenções nos diversos setores da sociedade. Assim, conforme Parecer

CNE/CP nº 29/2002 do Ministério da Educação e Cultura,

os grandes desafios enfrentados pelos países estão, hoje, intimamente relacionados com as contínuas e profundas transformações sociais ocasionadas pela velocidade com que têm sido gerados novos conhecimentos científicos e tecnológicos, sua rápida difusão e uso pelo setor produtivo e pela sociedade em geral (BRASIL, 2010).

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Os avanços da Informática e das Comunicações caracterizam essas

mudanças, as quais demandam periodicamente o aperfeiçoamento ou a

aquisição de novas competências e habilidades por parte do profissional nos

diversos setores da sociedade. Tais mudanças, principalmente as ocorridas

nas áreas do setor produtivo relacionado à Tecnologia da Informação,

produziram um hiato entre o que é ensinado na escola e o que é praticado no

mundo do trabalho. Promoveu-se, então, para os gestores escolares,

professores, alunos e governo, o desafio de diminuir essa distância. Pensando

nisso, ações governamentais mais abrangentes, alcançando também a rede

particular de ensino, foram implementadas nos primeiros anos deste século no

sentido de sintonizar/equalizar a escola e o mundo do trabalho. Assim, foram

criados os Cursos Superiores de Graduação Tecnológica.

Os Cursos de Graduação Tecnológica têm duração aproximada de dois

anos e são focados essencialmente na formação tecnológica, em sintonia com

as mudanças do mercado de trabalho. São cursos oficialmente regulamentados

e equiparados aos Cursos Superiores de Bacharelado. Segundo o Catálogo

Nacional de cursos Superiores de Tecnologia do Ministério da Educação

(BRASIL, 2010)31, os cursos tecnólogos possuem a perspectiva de possibilitar

a formação de profissionais preparados para desenvolver atividades em uma

determinada linha do setor tecnológico produtivo, desenvolvendo, adaptando

tecnologias com senso crítico, estabelecendo relações entre o ser humano, o

ambiente e a sociedade em que vivem.

Os Cursos Superiores de Tecnologia estão regulamentados oficialmente

pelo Ministério da Educação (MEC). Há uma completa legislação disponível

sobre essa modalidade de curso, conforme pode ser constatado na Portaria nº

10, de 28 de julho de 2006, e também no Catálogo Nacional de Cursos. O

catálogo Nacional de Cursos cumpre o Decreto nº 5.773/0632. Trata-se de um

guia para gestores escolares, estudantes, educadores, empregadores, enfim, 31 http://catalogo.mec.gov.br/index.php?pagina=apresenta. 32 O Decreto nº 5.773, de 9 de maio de 2006, dispõe sobre o exercício das funções de regulação, supervisão e avaliação de instituições de educação superior e cursos superiores de graduação e sequenciais no sistema federal de ensino. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Decreto/D5773.htm. Acessado em: 03 mar. 2010.

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para a sociedade em geral, que organiza e apresenta orientações sobre os

Cursos Superiores de Tecnologia relativas ao perfil profissional do tecnólogo,

carga horária, trajetória formativa , infraestrutura recomendada, entre outras.

Essas informações são importantes na medida em que garantem o

acompanhamento da qualidade dos cursos.

Como pode ser observado no Catálogo Nacional de Cursos, ações

complementares com relação ao Ensino Superior, incluindo os Cursos

Tecnólogos, foram implementadas para garantir a melhoria da qualidade da

educação do país . Conforme o MEC (2010)33:

A determinação em intensificar os processos de melhoria da qualidade da educação no país, implantou, em 2004, o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior - SINAES ao qual, estão também inseridos os cursos superiores de tecnologia, estejam suas denominações constantes do catálogo ou não. Desse modo, tais cursos, assim como seus ofertantes, passam por processos avaliativos periódicos segundo os mesmos critérios de qualidade aplicados ao Sistema Federal de Ensino (BRASIL, 2010).

O presente trabalho teve como principal ponto de partida

acompanhar/analisar a utilização da tecnologia no aprendizado da tecnologia

em um curso específico de Graduação Tecnológica (Análise e

Desenvolvimento de Sistemas). Foram discutidos os papéis dos principais

atores envolvidos neste processo, o educador e o educando, além das

condições concretas e objetivas do espaço escolar.

Neste trabalho optou-se por realizar uma pesquisa de campo pautada

em experiências com os alunos do 5º período do Curso Superior de Tecnologia

em Análise e Desenvolvimento de Sistemas do Centro Universitário

UNA/Unatec. Esse curso se enquadra no modelo apresentado nos parágrafos

anteriores, segundo o Catálogo Nacional de Cursos Superiores de Tecnologia34

do Ministério da Educação e Cultura, pois o tecnólogo em

Análise e Desenvolvimento de Sistemas analisa, projeta, documenta, especifica, testa, implanta e mantém sistemas computacionais de informação. Esse profissional trabalha, também, com ferramentas computacionais, equipamentos de informática e metodologia de projetos na produção de sistemas. Raciocínio lógico, emprego de

33 http://catalogo.mec.gov.br/index.php?pagina=apresenta. 34 http://catalogo.mec.gov.br/index.php?pagina=apresenta.

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linguagens de programação e de metodologias de construção de projetos, preocupação com a qualidade, usabilidade, robustez, integridade e segurança de programas computacionais são fundamentais à atuação desse profissional (BRASIL, 2010).

A formação superior em Análise e Desenvolvimento de Sistemas

contempla um curso com carga horária mínima de duas mil horas, para alunos

egressos de cursos de 2º Grau. Esse curso tem como objetivo principal, a partir

de uma formação técnica específica e dos saberes tácitos e adquiridos, de

fazer com que os alunos melhorem suas habilidades e competências35.

Também tem como propósito facilitar o ingresso desses alunos no mercado de

trabalho, uma vez que a formação é integralmente voltada para o âmbito

técnico, normalmente acompanhando as mudanças do mundo de trabalho.

4.3.2 Centro Universitário UNA/ Unatec: breve histórico

A Faculdade de Ciências Gerenciais da UNA foi transformada, em 2 de

outubro de 2000, em Centro Universitário, conforme decreto publicado no

Diário Oficial da União (DOU). Mais tarde, em 2003, a partir de uma

reestruturação administrativa e financeira, o estatuto do Centro Universitário foi

alterado, a partir da aprovação da Portaria Ministerial nº 1865, publicada no

DOU em 3 de junho de 2005, alterando a sua denominação para Centro

Universitário UNA. Com isso, com o objetivo de que o novo centro universitário

alcançasse suas metas, no sentido de ampliar o processo de ensino-

aprendizagem, foram criados novos cursos de graduação em novas áreas do

conhecimento. O Centro Universitário UNA foi pioneiro na oferta dos Cursos

Superiores Sequenciais, de formação específica, cursos esses que não são

mais ofertados, mas tiveram um importante papel para o mercado de trabalho

tendo em vista a proposta de uma formação direcionada para esse mercado.

35 Segundo Dadoy (1990, apud TOMASI, 2004, p. 154), “[...] a competência é caracterizada por um tipo de saber (o saber-fazer e seus recortes específicos, ou seja, o SABER + um verbo que denote ação.” Assim, as competências do tecnólogo estão mais relacionadas aos aspectos do “saber-fazer” do que aos aspectos do “saber-ser”, embora estes últimos sejam intrínsecos aos traços sociais e culturais de cada indivíduo.

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Em fevereiro 2004, foi inaugurado o campus Afonso Pena, com o

objetivo de oferecer, de forma também pioneira, os Cursos de Graduação

Tecnológica. Esses cursos tiveram os seus projetos aprovados pelo Conselho

de Ensino e Pesquisa e foram iniciados no primeiro semestre de 2004. Nesse

período, foi lançada a marca própria para graduação tecnológica: Unatec.

Possui, entre outras, as seguintes características: projeto pedagógico com

ênfase no mundo do trabalho , corpo docente com titulação e experiência

profissional, coordenadores com formação acadêmica e experiência

profissional, infraestrutura exclusiva para Graduação Tecnológica; investimento

em laboratórios técnicos e otimização de infraestrutura.

O Centro Universitário UNA, atualmente (isto é, no segundo semestre de

2010), possui cerca de 15.000 alunos, com 650 professores e 600 funcionários

técnico-administrativos. Oferece aproximadamente 50 cursos de Graduação,

sendo 28 deles em nível de Bacharelado e Licenciatura e 18 em nível de

Graduação Tecnológica.

4.3.3 O currículo

O currículo dos Cursos de Graduação Tecnológica foi construído de

forma a articular um eixo temático de formação e também a partir do trabalho

interdisciplinar, com o objetivo de romper a segmentação das áreas do

conhecimento. Os trabalhos interdisciplinares são normalmente desenvolvidos

sob a forma de projetos organizados de forma coletiva, envolvendo discentes e

docentes. A estrutura curricular prevê, em um primeiro momento, possibilitar o

desenvolvimento de algumas competências básicas e, em um segundo

momento, promover as competências específicas de formação profissional.

O currículo do Curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas,

cenário da presente pesquisa, possibilita a formação de profissionais com as

seguintes habilidades e competências: construir algoritmos e implementá-los

em uma linguagens de programação, compreender os fundamentos da

programação de computadores, compreender e implementar banco de dados

para uso nos sistemas de informação, conhecer os fundamentos dos sistemas

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operacionais que hospedam os sistemas de informação, compreender as

estruturas organizacionais e processos de negócios, conhecer os benefícios e

impactos das TIC no contexto social, conhecer os processos de levantamentos

e análise dos requisitos de software para o desenvolvimento dos sistemas,

conhecer os padrões dos processos de desenvolvimento de software usados

no mercado, conhecer os conceitos básicos das redes de computadores e de

sistemas distribuídos, especificar a infraesturutra tecnológica para o

desenvolvimento de sistemas e, finalmente, conhecer os principais recursos

para desenho e implementação dos sistemas de informação.

O Curso de Graduação Tecnológica em Análise de Desenvolvimento de

Sistemas possibilita, ainda, a aproximação com o mercado de trabalho por

meio de suas práticas formativas, uma vez que pretende promover, ao longo do

processo formativo, minicursos, palestras com profissionais renomados de

mercado, seminários e visitas técnicas.

4.3.4 A metodologia de ensino

A metodologia de ensino do Curso de Graduação Tecnológica em

Análise e Desenvolvimento de Sistemas reflete a própria metodologia de

ensino adotada pela instituição, no sentido de promover o processo ensino e

aprendizagem em um ambiente acadêmico diverso, não se limitando apenas

ao espaço da sala de aula, mas usando também outros espaços como

empresas – dos diversos setores da sociedade –, comunidade civil,

laboratórios, bibliotecas e demais espaços de convivência. Essa metodologia

contempla ainda a interdisciplinaridade e a contextualização, associadas a

diversas atividades pedagógicas, tais como: debates, palestras, visitas

técnicas, pesquisas e construção de projetos aplicados.

Os alunos do Curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas

desenvolvem, em todos os períodos, projetos interdisciplinares, abrangendo

atividades de pesquisa e de intervenção de interesse tecnológico e

empresarial e estimulando parcerias com o setor produtivo, os órgãos

governamentais, o Terceiro Setor e com a comunidade em geral. Os projetos

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interdisciplinares, denominados nesse curso como “Projetos Aplicados”, são

conduzidos pelos professores e, ao final do processo, são apresentados pelos

alunos para avaliação por uma banca de professores e para a comunidade

acadêmica. O Projeto Aplicado é uma atividade de cunho ins titucional da

própria Unatec, sendo realizada não só no curso em questão (Análise e

Desenvolvimento de Sistemas), mas também em todos os demais.

O Projeto Aplicado é uma prática formativa de projetos adotada pelo

Instituto UNA de Tecnologia (Unatec) do Centro Universitário UNA. Esta prática

parte da concepção interdisciplinar do processo de ensino-aprendizagem e tem

como principais objetivos: (a) promover o trabalho sistematizado e solidário; (b)

possibilitar a utilização de diversos espaços de aprendizagem para realização

do projeto e (c) promover habilidades e competências voltadas para o mundo

do trabalho.

Segundo as diretrizes curriculares da instituição, há uma preocupação,

prevista pela metodologia de ensino utilizada, no sentido de promover uma

formação “universalizante” dos alunos, e não apenas uma formação tecnicista.

A interdisciplinaridade, no contexto do Projeto Aplicado, não se resume a uma

organização metódica de disciplinas e conteúdos; antes, intenciona provocar

uma tomada de posição diante de um problema apresentado, envolver os

diversos atores e, assim, promover a transformação dos sujeitos envolvidos.

4.3.5 Práticas formativas

As práticas formativas dos Cursos de Educação Tecnológica da

instituição em questão constituem um conjunto de atividades de formação

geral e profissional que exercem um papel fundamental, uma vez que

estimulam o aluno a desenvolver uma postura reflexiva , conduzindo-o à

caracterização, problematização, análise e intervenção na prática profissional

a ser vivenciada ou já vivenciada pelo aluno.

Assim, são previstas para a formação dos alunos dessa instituição três

frentes de trabalho que objetivam a constituição de sua identidade profissional:

a prática reflexiva, presente em todo o processo de formação; a prática

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observadora, que confronta a realidade com o conhecimento em construção e;

a prática interventiva, ou seja, a ação no próprio espaço de trabalho ou em

uma comunidade.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei nº 9.394/1996) propõe

justamente esse fortalecimento da articulação entre teoria e a prática,

associando as três frentes descritas acima. As práticas formativas, além de

contribuírem para a construção de competências, promovem a formação de

um cidadão com capacidade de refletir, problematizar e implementar soluções

baseadas na ética e nos valores sociais.

As práticas pedagógicas usadas na instituição consistem em aulas

expositivas, aplicações de exercícios práticos, discussões baseadas em

estudos de casos reais, visitas técnicas, participação em empresas simuladas,

experimentações, seminários, palestras, fóruns de debates e oficinas

envolvendo profissionais que atuam na sociedade e na vida acadêmica, com o

objetivo de promover o aprofundamento dos conhecimentos e,

consequentemente, o preparo para o mundo do trabalho .

4.4 Uma experiência de intervenção

Com o objetivo de verificar o uso e aplicação da tecnologia por meio de

uma intervenção prática em um ambiente externo à sala de aula, foi confirmada

a relevância dessa prática como agente formativo abrangendo os aspectos

educacionais, sociais e profissionais. Esta pesquisa debruçou-se, portanto,

sobre alunos que participaram dessa experiência de intervenção do Projeto

Aplicado. O pesquisador acompanhou as atividades de levantamento e projeto

com nove alunos, selecionados após a aplicação de questionários durante as

atividades de sua própria disciplina.

Os alunos do 5º período do Curso de Análise e Desenvolvimento de

Sistemas construíram uma aplicação (programa de computador) e/ou

sugeriram intervenções, durante as atividades da disciplina Projeto Aplicado,

que teve como cenário a sala de aula, o laboratório e um local externo (uma

ONG).

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Os trabalhos são desenvolvidos a partir de eixos temáticos previamente

definidos e são acompanhados por professores escolhidos como orientadores

dentre os demais do Módulo (período). O trabalho é processual e compreende:

a sua concepção, o estudo de viabilidade, a análise teórica e a sua

implementação. Na experiência que será analisada nesta investigação, o

projeto culminou com a sua implementação em uma Organização Não

Governamental (ONG).

Essa experiência foi acompanhada pelo pesquisador durante todo o

processo, da definição do sistema (software) à, finalmente, sua implementação

na ONG, passando por levantamentos de dados, desenvolvimento de projetos,

entre outros. As ONGs participantes foram as seguintes: Associação das Mães

Chefe de Família do Estado de Minas Gerais (ASSMIG)36, Observatório da

Diversidade Cultural (ODC)37 e Instituto Paraíso (INPAR)38.

A ASSMIG oferece diversas atividades para a comunidade, tais como:

forró para idosos, formação técnica qualificada (mecânica, informática), apoio

jurídico e assistência infantil, entre outras.

O ODC trata-se de um programa colaborativo entre gestores culturais e

sociedade que tem seus objetivos centrados nas diversidades culturais inatas

de uma dinâmica cotidiana, produzindo conhecimento, gerando competências

pedagógicas, incentivando pesquisas e práticas inovadoras. Essas ações

visam contribuir para o desenvolvimento humano e para a construção da

cidadania.

O Instituto INPAR doma e treina animais para pista e marcha batida e

picada, oferece aulas de equitação e preparação para peões, possui central de

embriões, aluga baias para animais de passeio e oferta cursos de Equoterapia.

Observa-se que, além das ONGs relatadas acima, um grupo de alunos

elaborou uma proposta de melhores práticas para realização de trabalhos

envolvendo redes sociais para ONGs e outro grupo elaborou o projeto de um

site (“Achados e perdidos”) para uso de empresas do Terceiro Setor. 36 Endereço eletrônico desenvolvido pelos alunos: http://www.assmig.brtur.com.br. 37 Endereço eletrônico: http://www.observatoriodadiversidade.org.br/ 38 Endereço eletrônico desenvolvido pelos alunos: http://www.inpar.brtur.com.br.

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Foram aplicadas atividades com a participação do pesquisador (uma vez

que este é também professor de uma disciplina técnica desses alunos), ou

seja, houve o envolvimento do observador com os observados, e assim foram

obtidos elementos importantes e ganhos no conhecimento da realidade

investigada. Salienta-se que a observação foi realizada por um único

pesquisador.

4.5 A amostra

Com o objetivo de delimitar a amostra a ser trabalhada e possibilitar

maior qualidade, verticalizando os assuntos abordados, já que as questões a

serem levantadas se enquadram no paradigma qualitativo, a investigação foi

realizada junto a turma do 5º período do Curso Superior Tecnológico de

Análise e Desenvolvimento de Sistemas da Unatec.

Optou-se por alunos do 5º período desta modalidade de curso pelos

seguintes motivos: (1) haver facilidade de comunicação com esses alunos, uma

vez que o pesquisador era também professor da turma; (2) eles terem

consolidado sua opção pelo curso (são alunos formandos) e, portanto,

trazerem experiências acadêmicas e profissionais significativas; (3) parte

desses alunos atuarem no mercado de trabalho usando a tecnologia e terem

recebido a formação acadêmica usando essencialmente a mesma tecnologia.

Inicialmente, foi feita uma investigação abrangente do processo: análise

do edital do Projeto Aplicado, conversas informais com os professores

orientadores, verificação das equipes envolvidas e respectivas ONGs. A

determinação da amostra final foi feita após a aplicação de questionários

envolvendo aspectos sobre Tecnologia e Educação. Posteriormente, foram

analisadas com maior profundidade as entrevistas realizadas com nove alunos

e uma representante de uma ONG.

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4.6 Escolha dos procedimentos de coleta de dados

Os recursos relativos à coleta de dados escolhidos neste trabalho foram

essencialmente associados a uma visão qualitativa dos dados. Para o alcance

dos objetivos deste trabalho, foram escolhidos dois instrumentos de pesquisa:

o questionário e a entrevista.

4.6.1 Questionário

O questionário compreendeu uma lista de perguntas que foram

respondidas por escrito. Inicialmente, foram explicados os motivos da pesquisa.

O questionário constou prioritariamente de questões fechadas de múltipla

escolha. Foi utilizado o questionário devido à sua importante característica de

permitir um ajuste da amostra, de forma a definir com maior precisão os futuros

entrevistados. Nesse caso, a seleção desses entrevistados foi feita mediante o

confronto entre as respostas dadas e os objetivos da pesquisa, relativos aos

sujeitos e objetos. Assim, para as entrevistas (na segunda etapa), foram

escolhidos estudantes que, embora dentro do mesmo contexto, apresentaram

respostas diversificadas, experiências diferentes e interesse em participar da

pesquisa.

Foi aplicado um questionário com quatro blocos básicos, tendo por

objetivo identificar o uso da tecnologia (principalmente recursos

computacionais) no ambiente educacional e profissional. Os temas dos blocos

desse questionário foram os seguintes: informações pessoais e informações

profissionais, atividades em sala de aula e laboratório que envolvem

tecnologias, relações entre tecnologias e Terceiro Setor; tecnologia no

ambiente escolar e profissional. O detalhamento sobre os blocos do

questionário são feitos no capítulo cinco.

O questionário foi aplicado para 27 (vinte e sete) alunos do Curso de

Análise e Desenvolvimento de Sistemas. O formulário do questionário

encontra-se disponível no APÊNDICE A (p. 133).

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4.6.2 Entrevista

As entrevistas foram realizadas com o objetivo de verticalizar a

pesquisa, possibilitando o seu aprofundamento após a aplicação e análise dos

questionários. A importância sobre esse método de pesquisa é discutida a

seguir:

A grande vantagem da entrevista sobre outras técnicas é que ela permite a captação imediata e corrente da informação desejada, praticamente com qualquer tipo de informante e sobre os mais variados tópicos. Uma entrevista bem-feita pode permitir o tratamento de assuntos de natureza estritamente pessoal e íntima, assim como temas de natureza complexa e de escolhas nitidamente individuais. Pode permitir o aprofundamento de pontos levantados por outras técnicas de coleta de alcance mais superficial, como o questionário (LÜDKE; MENGA, 1985, p. 34).

As entrevistas foram agendadas previamente com os alunos,

respeitando-se o local e o horário de acordo com a disponibilidade dos

entrevistados para que ela se realizasse da melhor forma possível. Para evitar

anotações excessivas e possibilitar melhor qualidade das informações

coletadas, as entrevistas foram gravadas em meio digital, com a devida

permissão dos alunos, para posteriormente serem digitadas em meio

eletrônico.

A definição do perfil dos candidatos à entrevista foi feita mediante

análise dos resultados dos questionários, como já dito. Foram entrevistados

nove alunos que tiveram participação em diferentes experiências aplicando a

Tecnologia da Informação em empresas do Terceiro Setor. Também foi

entrevistada a proprietária de uma das ONGs em que foi realizado o

acompanhamento dos trabalhos.

A entrevista foi elaborada a partir de um determinado roteiro básico de

perguntas; porém, ao longo do processo, de acordo com o perfil dos

entrevistados, foram realizadas perguntas diferentes que serviram para

esclarecer melhor os detalhes das informações prestadas por esses

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respondentes. Essa abordagem se enquadra no tipo de entrevista

semiestruturada, a qual, segundo Lüdke e Menga (1985, p. 34), "[...] se

desenrola a partir de um esquema básico, porém não aplicado rigidamente,

permitindo que o entrevistador faça as necessárias adaptações".

As informações mais detalhadas do processo e resultados das

entrevistas são apresentadas nos capítulos seis e sete. Os formulários das

entrevistas com as perguntas iniciais para os alunos e a proprietária da ONG

encontram-se nos APÊNDICES B (p. 135) e C (p.136), respectivamente.

4.6.3 Pré-teste

Na referida investigação, foram realizados pré-testes com elementos

similares aos da própria amostragem. As atividades de pré-teste foram

realizadas com integrantes de uma turma com o mesmo perfil da turma

investigada, de modo a permitir que pudessem atestar com maior fidelidade os

objetivos e a qualidade do instrumento de pesquisa utilizado (questionário). O

pré-teste foi realizado para um número de 12 (doze) alunos.

4.7 Considerações finais

O Curso de Graduação Tecnológica em Análise e Desenvolvimento de

Sistemas da Unatec procura, a partir de um currículo que articula teoria e

prática baseado em projetos interdisciplinares, romper com a segmentação

das áreas do conhecimento envolvidas, oferecendo aos futuros profissionais

importantes conhecimentos sobre a área de Programação e Análise de

Sistemas, fundamentais para o exercício da profissão. A metodologia de

ensino do curso tem por objetivo principal promover o processo de ensino-

aprendizagem em um ambiente acadêmico diverso que não se limita ao

espaço da sala de aula, mas prevê tantos outros, como empresas dos diversos

setores da sociedade e a própria sociedade civil. Os projetos desenvolvidos

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com essa finalidade são representados pelo Projeto Aplicado, que articula

professores, alunos e as várias disciplinas envolvidas.

As práticas formativas do curso em questão exercem um papel

fundamental no processo de formação do aluno, uma vez que se propõem a

estimular a reflexão, a problematização em atividades como: aulas expositivas,

aplicações de exercícios práticos, discussões baseadas em estudos de casos

reais, visitas técnicas, participação em empresas simuladas, experimentações,

seminários, palestras, fóruns de debates e oficinas envolvendo profissionais

que atuam na sociedade e na vida acadêmica, com o objetivo de promover o

aprofundamento dos conhecimentos e, consequentemente, o preparo para o

mundo do trabalho.

Embora não seja o propósito deste trabalho investigar o curso

propriamente, esta breve apresentação tanto do curso quanto da UNATEC se

fez necessária, no sentido de clarear o contexto em que a pesquisa foi

realizada, em especial, no âmbito da disciplina “Projeto Aplicado”.

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CAPÍTULO V – REVELAÇÕES DE CAMPO: UMA ABORDAGEM INICIAL

5.1 Considerações iniciais

Este capítulo tem por objetivo apresentar os resultados iniciais de uma

primeira abordagem investigativa, realizada com os alunos do curso de Análise

e Desenvolvimento de Sistemas, sobre as novas Tecnologias da Informação e

Comunicação.

Os questionários foram aplicados nos dias 11 e 16 de junho de 2010,

para um total de 27 alunos, todos, estudantes do 5º período do Curso Superior

de Graduação Tecnológica em Análise e Desenvolvimento de Sistemas, da

Unatec (Centro Universitário UNA). Foi utilizado esse tipo de instrumento de

pesquisa devido ao fato de permitir um ajuste da amostra de forma a selecionar

os futuros entrevistados. Assim, de posse dessa primeira análise, a seleção

dos entrevistados foi realizada mediante o confronto entre as respostas dadas

e os objetivos da pesquisa, relativa aos seus sujeitos e objetos.

O questionário aplicado foi construído a partir de uma estrutura de

quatro blocos básicos, tendo por objetivo identificar o uso da tecnologia

(principalmente recursos computacionais) no ambiente profissional e

educacional. Os blocos desse questionário são os seguintes: (a) informações

pessoais e profissionais; (b) atividades em sala de aula e laboratório que

envolvem tecnologias; (c) tecnologias e Terceiro Setor; (d) a tecnologia nos

ambientes escolar e profissional. Todos esses blocos estão relacionados aos

objetivos da presente pesquisa.

Os dois primeiros blocos, itens (a) e (b), são direcionados à

compreensão do perfil dos entrevistados, do que é apreendido na escola e do

que é aplicado no mundo do trabalho. O terceiro bloco, item (c), se justifica na

medida em que busca uma maior aderência das áreas da Educação e

Tecnologia às áreas da Gestão Social e Desenvolvimento Local, articulando o

social ao tecnológico. Finalmente, o quarto e último bloco, item (d), aponta para

a questão profissional, uma vez que a articulação entre a escola e o mundo do

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trabalho foi verificada na experiência, embora não seja esse o foco principal do

presente trabalho. Nas próximas seções, são apresentados os resultados

desse levantamento para cada bloco.

5.2 Informações pessoais e profissionais

De acordo com os resultados numéricos obtidos nesse bloco, observou-

se que, dos 27 questionados, a maioria encontra-se na faixa etária entre 25 e

34 anos, correspondendo a 14 estudantes; oito participantes encontram-se na

faixa etária entre 15 e 24 anos de idade, e apenas três, na faixa etária entre 35

e 44 anos. O GRAF. 1 apresenta os resultados obtidos para esse

questionamento (para mais informações, ver também APÊNDICE D, p. 147).

GRÁFICO 1 – Questionário: Informações pessoais e profissionais

Como pode ser observado na TAB. 1, do total de entrevistados, 25

pessoas trabalham e, nessa faixa, 22 trabalham na área da Tecnologia da

Informação. Talvez, devido à faixa etária mais elevada, um número expressivo,

correspondendo a 11 entrevistados, trabalha há mais de quatro anos.

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TABELA 1 Informações pessoais e profissionais – situação profissional

Trabalham Na área de TI 22

Em outra Área 3

Subtotal 25

Não trabalham 2

Total

27

Esses resultados corroboram o discurso de que os cursos tecnólogos,

por serem de curta duração e permitirem uma inserção rápida no mercado de

trabalho, são procurados não apenas por jovens, mas também por um número

significativo de pessoas já inseridas no mercado de trabalho e, em alguns

casos, com a necessidade de formação acadêmica mais rápida.

5.3 Uso das TIC no ambiente escolar

Este bloco trata essencialmente o núcleo da presente pesquisa,

trazendo questões sobre o uso das Tecnologias da Informação e Comunicação

no ambiente escolar: sala de aula e laboratório. O assunto foi dividido em 12

questionamentos, discutidos brevemente nessa seção. O detalhamento das

questões encontra-se no APÊNDICE A, (p.133).

A primeira questão se refere à divisão adequada das aulas práticas e

teóricas, uma vez que, por ter o curso uma base tecnológica, é importante

perceber se há uma divisão adequada entre a teoria e a prática.

A segunda questão trata da interdisciplinaridade. Assim, o

questionamento envolve o uso de atividades interdisciplinares usando as

Tecnologias da Informação. Sabe-se que os alunos apresentam

semestralmente um projeto articulando as disciplinas do módulo, envolvendo

as Tecnologias da Informação e Comunicação; portanto, essa questão procura

identificar a efeti vidade da interdisciplinaridade nessas atividades.

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O uso, por parte dos professores, de programas específicos para auxilio

no processo de ensino-aprendizagem, como blogs, e-mails e sites, faz parte da

terceira questão. Pretende-se avaliar a percepção dos alunos da área da

Tecnologia da Informação e Comunicação sobre o uso desses recursos para

auxílio no processo de ensino-aprendizagem.

O uso adequado de apresentações com o recurso Data show/

PowerPoint na sala de aula ou ainda nos laboratórios de informática é o que foi

identificado na quarta questão.

O fato de apenas dividir o tempo entre aulas práticas e teóricas não é

suficiente para a apreensão correta dos conhecimentos, resta saber se, do

ponto de vista dos alunos, os professores usam de maneira adequada os

laboratórios para aplicar os conhecimentos teóricos expostos na sala de aula.

Esse foi o tema da questão de número cinco.

A sexta questão aborda o uso de dois recursos específicos e

importantes no processo de ensino-aprendizagem usando o laboratório de

informática: o Lanschool e a intranet.

As palestras de terceiros sobre assuntos relacionados à Tecnologia da

Informação e Comunicação são de grande importância, uma vez que trazem

novidades tecnológicas e novas práticas profissionais para o ambiente escolar.

Essa é a sétima questão do questionário. Da mesma forma, é importante a

prática das visitas técnicas (externas). Esse assunto foi abordado na questão

de número oito.

A nona questão se refere às pesquisas direcionadas/orientadas na

internet sobre algum conteúdo abordado. É importante saber, nesse momento,

se os professores fazem uso desse recurso.

A questão de número dez se refere a trabalhos em equipe que envolvam

tecnologias sobre algum conteúdo abordado. O uso do e-mail por parte dos

professores como ferramenta auxiliar no processo de ensino-aprendizagem foi

abordado na questão de número onze. Finalmente, a participação de

discussões síncronas usando Orkut, Google, Talk, Skype e Chats entre

professores e alunos foi o tema da questão de número doze.

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5.3.1 Aulas práticas e teóricas

Segundo os alunos, os professores dividem de maneira adequada as

aulas práticas e teóricas, conforme GRAF. 2. As aulas práticas da instituição

pesquisada se caracterizam principalmente pelo uso do computador nos

laboratórios. Nesse sentido, pode-se perceber uma preocupação voltada para a

prática no ensino da Tecnologia da Informação.

GRÁFICO 2 - Divisão adequada das aulas práticas e teóricas

5.3.2 Interdisciplinaridade

Com relação à interdisciplinaridade usando as Tecnologias da

Informação, conforme pode ser verificado no GRAF. 3 apresentado a seguir, os

alunos possuem a percepção de que os professores fazem uso significativo

desse recurso. A interdisciplinaridade é um fator importante para articular as

várias disciplinas, principalmente com o uso da Tecnologia da Informação,

própria do curso analisado. Mesmo com o resultado positivo, destaca-se o

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relato de um aluno demonstrando problemas na operacionalidade das

atividades envolvendo a interdisciplinaridade:

As matérias poderiam ser mais interligadas, desenvolvendo trabalhos em conjunto, como por exemplo, banco de dados e desenvolvimento. Temos o trabalho interdisciplinar, mas os professores das outras matérias não se preocupam muito com isso, não questionam os grupos sobre dificuldades ou dúvidas da turma (E11).

GRÁFICO 3 - Atividades interdisciplinares usando as TIC

5.3.3 Programas específicos

Conforme a opinião dos alunos, os professores usam recursos como

Lanschool, blog, e-mail, chat, Orkut e WebQuest para auxílio nas práticas

educacionais. Segundo os respondentes, quase a metade dos professores

usam esses recursos e praticamente a outra metade usa pouco; porém, um

número expressivo de respondentes, ou seja, 19 informantes responderam que

os professores fazem um bom uso desses recursos. Os GRAF. 4 e 5

demonstram as respostas quantitativas e qualitativas sobre esse tema.

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GRÁFICO 4 - Uso de programas específicos para auxílio no processo de ensino-aprendizagem

GRÁFICO 5 - Qualidade do uso de programas específicos para auxílio no processo de ensino-aprendizagem .

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5.3.4 Data show/ Powerpoint

Foi constatado, conforme aponta o GRAF. 6, que o uso do PowerPoint é

muito elevado, e, segundo os respondentes, os professores fazem um bom uso

desse recurso, como atesta o GRAF. 7. O equipamento Data show,

principalmente para uso do software Powerpoint, é muito usado na instituição,

uma vez que está disponível em praticamente todas as salas de aula e em

alguns laboratórios.

GRÁFICO 6 - Uso do Data show

GRÁFICO 7 - Qualidade do uso do Data show

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5.3.5 Laboratórios de informática

Com relação ao uso dos laboratórios de informática, os alunos

apontaram um uso intensivo, o que corresponde a 19 das 27 respostas (GRAF.

8). Nesse sentido, segundo os alunos questionados, 20 apontaram ser boa a

qualidade da utilização dos laboratórios por parte dos professores (GRAF. 9).

GRÁFICO 8 - Uso dos laboratórios por parte dos professores

GRÁFICO 9 - Qualidade do uso dos laboratórios por parte dos professores

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5.3.6 Recursos de rede

O uso da rede interna (intranet) para fins educacionais é principalmente

usada por meio do recurso LanSchool. Encontrou-se um total de 17 para a

opção “usam muito” esses recursos nos laboratórios (GRAF. 10). Além disso,

verificou-se que esse recurso é usado de maneira adequada, já que foram

constatadas 20 respostas para a opção “Fazem um bom uso” (GRAF. 11).

GRÁFICO 10 - Uso dos recursos de rede (Intranet e Lanschool)

GRÁFICO 11 - Qualidade dos recursos de rede (Intranet e Lanschool)

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5.3.7 Palestras de terceiros

As palestras de terceiros são pouco exploradas, 26 das 27 respostas

apontaram essa deficiência (GRAF. 12). As palestras são importantes na

medida em que alertam os alunos sobre as novidades tecnológicas em uma

área em que as mudanças se dão em grande velocidade, como revela o relato

de um aluno: “Acho interessante manter palestras relacionadas à área de

Tecnologia da Informação voltada à realidade do mercado, mostrando as

tendências de mercado” (E7).

GRÁFICO 12 - Realização de palestras de terceiros

5.3.8 Visitas técnicas

Há deficiências com relação às visitas técnicas externas, totalizando 20

respostas nesse sentido, e sete respostas mostraram que as visitas nunca

ocorreram durante os períodos frequentados pelos alunos (GRAF. 13). A

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importância das visitas é equivalente à das palestras, porém, aquelas ainda

possibilitam o contato direto com os ambientes computacionais externos à sala

de aula, embora, operacionalmente, seja mais difícil implementá-las.

A importância das visitas é expressa também no relato de outro aluno:

“Na questão oito, a pergunta é relevante, pois a instituição precisaria ter apoio

de empresas privadas para que se possa organizar com frequência visitas

externas” (E12).

GRÁFICO 13 - Realização de visitas técnicas

5.3.9 Pesquisas na internet

Os professores usam eventualmente o recurso de pesquisas na internet:

21 dos 27 alunos responderam “às vezes”, embora seja constatado, no dia a

dia das atividades escolares, que uma grande parte dos alunos fazem uso da

internet na busca de conteúdos para as atividades (GRAF. 14). Assim, o uso do

Webquest é bastante recomendáve l, uma vez que traz atividades planejadas e

orienta a busca dos conteúdos em locais recomendados.

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GRÁFICO 14 - Pesquisas na internet

5.3.10 Trabalhos em equipe

Os trabalhos em equipe envolvendo as Tecnologias da Informação e

Comunicação são intensamente realizados no curso, o que pode ser

constatado nas respostas obtidas na questão dez, em que 21 alunos

escolheram a opção “sempre” e seis optaram pela opção “às vezes” (GRAF.

15).

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GRÁFICO 15 - Trabalhos em grupo envolvendo as TIC

5.3.11 E-mail

O e-mail é um recurso bastante explorado pelos professores, com 17

respostas a favor da opção “sempre” e 9 respostas favorecendo a opção “às

vezes” (GRA. 16).

GRÁFICO 16 - Uso do e-mail como ferramenta auxiliar no processo de ensino-

aprendizagem.

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Observa-se que, mesmo sendo o e-mail uma forma de comunicação

institucional, há, segundo o ponto de vista de alguns alunos, no universo

pesquisado, a percepção de que alguns professores não o utilizam sempre. O

uso de discussões síncronas como Chat, Orkut, Google Talk e Skype são

recursos pouco explorados pelos professores. Assim, apenas seis dos 27

respondentes apontaram o uso eventual desses recursos por parte dos

professores (GRAF. 17). As atividades envolvendo esses recursos não são, do

ponto de vista institucional, obrigatórias, mas são relevantes uma vez que

abrem um espaço importante para atividades complementares da relação entre

educador e educando.

5.3.12 Discussões síncronas

Entende-se aqui por discussões síncronas o uso de softwares para bate-

papos on-line em tempo real e discussões assíncronas o uso de softwares

como fóruns e também o e-mail.

GRÁFICO 17 - Participação de discussões síncronas usando recursos como Orkut, Msn,

Skype, Chats etc.

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5.4 Tecnologias e Terceiro Setor

As questões de número treze até dezesseis trataram, de uma maneira

mais específica, da aplicação da tecnologia no Terceiro Setor, procurando

assim dar um maior enfoque à Gestão Social e ao Desenvolvimento Local. O

quadro detalhando cada questão e os respectivos resultados encontram-se no

item 8.6, TAB. 4, do APÊNDICE A (p. 133).

A décima terceira questão faz referência ao conhecimento sobre o papel

e a função das empresas do Terceiro Setor por parte dos alunos, uma vez que

a experiência relatada na presente pesquisa teve como cenário uma empresa

desse setor. O uso das tecnologias apreendidas no ambiente escolar em

benefício de trabalhos voluntários foi o tema da décima quarta questão. O

questionamento relativo ao uso do software livre foi levantado na questão de

número quinze. Finalmente, a transferência de tecnologia de um software para

uma empresa do Terceiro Setor que busca, com mais objetividade, focar as

tecnologias sociais foi o tema da questão dezesseis.

5.4.1 Conhecimento sobre o papel e função das ONGs

Conforme pode ser observado no GRAF. 18, os estudantes possuem

algum conhecimento sobre ONGs, totalizando 17 respostas nesse sentido.

Nove alunos responderam ter conhecimento mais aprofundado sobre o

assunto. Observa-se que os alunos dessa turma se envolveram em uma

atividade junto a empresas do Terceiro Setor (ONGs) e receberam informações

sobre ele, confirmando assim os resultados das respostas.

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GRÁFICO 18 - Conhecimento sobre a o papel e a função das empresas do Terceiro Setor (especialmente as ONGs).

5.4.2 Uso das TIC em trabalhos voluntários

No que se refere ao uso das tecnologias apreendidas no ambiente

escolar em benefício de trabalhos voluntários, conforme se verifica no GRAF.

20, um número significativo de alunos, 18, responderam que sim (à pergunta:

você é a favor de usar a as tecnologias apreendidas no ambiente escolar em

benefício de trabalhos voluntários?), e nove responderam que sim, porém, com

restrições,

GRÁFICO 19 - Uso das tecnologias aprendidas no ambiente escolar em benefício de trabalhos voluntários.

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5.4.3 Software livre

Quanto ao uso do software livre, 26 alunos responderam que são a favor

(GRAF. 20).

GRÁFICO 20 - A favor do software livre.

5.4.4 Transferência de tecnologia

Com relação à transferência de tecnologia, foi observada uma divisão

maior das respostas entre a opção “Sim”, totalizando 11 respostas, e “Sim, com

restrições”, totalizando 15 respostas (GRAF. 22).

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GRÁFICO 21 - Transferência de tecnologia.

Os alunos demonstraram sua preocupação com a transferência da

tecnologia no que diz respeito ao seu uso posterior, ou seja, em relação a uma

apropriação indevida por parte da ONG, como pode ser observado nos

depoimentos a seguir:

Em se tratando do terceiro setor eu deixaria o software se eu ou minha empresa tivesse feito o produto para a ONG, se esse produto fosse contratado por uma empresa que patrocina a ONG e comprar o produto para oferecer a ONG esta estaria sujeita as condições contratuais do produto (E8).

No item 16, transferência de tecnologia de um software para uma empresa do terceiro setor, a restrição é quanto à comercialização do software pela empresa, que não seria permitida. O uso da tecnologia seria livre (E6).

A transferência de tecnologia deve ser feita com algumas restrições, por ser propriedade intelectual de seu idealizador, portanto não pode ser utilizados para fins comerciais no que diz respeito à venda do software ou da tecnologia (E5).

Observa-se que essa questão procura fazer um ajuste mais fino, ou seja,

buscar um maior detalhamento em direção aos conceitos de Tecnologia

Convencional, Apropriada e Social, uma vez que, leva a reflexões sobre

conceitos de propriedade, apropriação e a autogestão de tecnologias.

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5.5 A tecnologia: do ambiente escolar para o ambiente profissional

Nesse bloco, relativo às duas últimas questões do questionário aplicado,

demonstra-se que, no que se refere à aplicação, no ambiente de trabalho, dos

softwares disponibilizados na sala de aula/laboratório, nem sempre há essa

utilização. Assim, segundo a percepção dos alunos, o que está sendo ensinado

na sala de aula muitas vezes não é o que é apresentado no ambiente de

trabalho desse grupo de alunos. As respostas ficaram divididas nos seguintes

resultados, conforme apresentado na TAB. 2: sete responderam “sempre”, 17

responderam “às vezes”, dois responderam “nunca”, havendo ainda uma

abstenção. A questão referente ao conteúdo mostrou uma divisão das

respostas em direção à opção “sempre”, totalizando 12 respostas, e “às vezes”,

totalizando 13 respostas.

TABELA 2 A tecnologia: do ambiente escolar para o ambiente profissional

Descrição Resposta

17 Aplicação, no ambiente profissional, dos softwares disponibilizados na escola.

Sempre: 7 Às vezes: 17 Nunca: 2 Nenhum dos itens relacionados: 1

18 Aplicação, no ambiente profissional, do conteúdo apresentado na sala de aula/laboratório.

Sempre: 12 Às vezes: 13 Nunca: 1 Nenhum dos itens relacionados: 1

5.6 Considerações finais

A partir das respostas dos questionários aplicados para esse grupo de

alunos, foi possível observar que , de um modo geral, há uma preocupação em

utilizar as Tecnologias da Informação e Comunicação, representadas nesse

estudo principalmente pelo computador e seus recursos, principalmente dentro

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do espaço escolar. Os programas mais específicos e de uso externo ao

ambiente da sala de aula e do laboratório são menos usados pelos

professores, como é o caso, por exemplo, dos programas de comunicação.

Porém, há recursos que são intensivamente usados e de maneira correta,

segundo os alunos pesquisados, como é o caso do Powerpoint.

Com relação ao uso das tecnologias apreendidas no ambiente escolar,

os alunos são a favor de utilizá-las em benefício de trabalhos voluntários e

também são a favor do software livre; contudo, há uma preocupação quanto à

transferência dessa tecnologia para empresas do Terceiro Setor, o que poderia

ser evitado mediante um contrato que impediria o repasse dessa tecnologia

com intenção de possibilitar a obtenção de lucros por parte dessas empresas.

Foi verificado também que nem sempre os conteúdos técnicos

mostrados em sala de aula são aplicados no ambiente de trabalho, existindo,

nesse sentido, um hiato entre aquilo que se aprende na sala e o que é

requisitado no mundo do trabalho. Essa questão foi ressaltada por um aluno: Na minha opinião os cursos de informática poderiam ser mais flexíveis, possibilitando que os alunos escolham um horário de cada semestre para discutir sobre assunto de senso comum. Com isso poderia aumentar a interação entre os alunos e possibilitar até uma melhor aprendizagem. (E4; grifo nosso).

Nesse sentido, destaca-se a importância das palestras e visitas técnicas,

atividades esperadas em uma área do conhecimento humano que está sempre

em constante mutação. O contexto tecnológico impulsiona esse novo cenário

social, econômico e cultural, essa sociedade que se encontra imbricada em

uma grande rede, de dimensão mundial.

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CAPÍTULO VI – REVELAÇÕES DE CAMPO: TERCEIRO SETOR, TIC E

PRÁTICAS EDUCACIONAIS

6.1 Considerações iniciais

A definição do perfil dos candidatos à entrevista foi feita mediante

análise dos resultados dos questionários. A análise foi feita a partir das

respostas, relativas não somente ao uso da tecnologia no ambiente escolar,

mas também com relação às atividades dos usuários dessas tecnologias e à

participação das atividades em uma empresa do Terceiro Setor.

As entrevistas foram realizadas com o objetivo de verticalizar a

pesquisa, possibilitando o seu aprofundamento após a aplicação e análise dos

questionários. A partir da análise das respostas dos questionários, foram

identificados alguns potenciais respondentes para participar das entrevistas,

tomando-se como base quesitos como: (a) participação dos projetos

acompanhados pelo pesquisador nas ONGs; (b) apresentação de

características diferenciadas dos demais com relação aos tópicos abordados,

contribuindo positivamente para o aprofundamento da pesquisa; (c) interesse

em colaborar com a pesquisa.

Em relação ao quesito (b), a partir das respostas e das características

dos respondentes, foram identificados os que já tinham conhecimento prévio a

respeito do Terceiro Setor, alguns que trabalharam apenas com tecnologias

convencionais, outros que usaram somente as tecnologias sociais, aqueles que

apresentavam críticas com relação ao uso da tecnologia no ambiente escolar,

os que eram a favor do uso dessa tecnologia. Enfim, a amostra escolhida para

a verticalização da pesquisa procurou mostrar um panorama diversificado do

contexto tecnológico, educacional e de aplicação prática do conhecimento..

Com o objetivo de flexibilizar a investigação durante o seu processo, foi

escolhida a entrevista do tipo semiestruturada, ou seja, que segue um roteiro

inicial; porém, de acordo com as necessidades e o andamento da pesquisa,

foram feitas alterações tanto do conteúdo como também na forma (ordem das

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questões). Com relação à importância e o aprofundamento desse recurso de

coleta de dados, Mazotti e Gewandsznajder (1998, p. 168) relatam:

Por sua natureza interativa, a entrevista permite tratar de temas complexos que dificilmente poderiam ser investigados adequadamente através de questionários, explorando-os em profundidade.

A natureza interativa das entrevistas se dá porque, na maioria das

vezes, são pouco estruturadas, assemelhando-se a uma conversa. O

investigador, valendo-se dessa característica, tem mais possibilidade de

compreender os significados envolvidos entre os sujeitos, desvelando os fatos

a partir das características de cada um dos participantes. Assim, valores,

crenças, percepções e trajetória pessoal ou profissional são associados aos

resultados obtidos. Essa característica da entrevista é dificilmente encontrada

nos questionários, face a distância natural que esse instrumento de pesquisa

impõe entre o sujeito investigado e o pesquisador.

Com o objetivo de evitar a transcrição excessiva durante o processo das

entrevistas, elas foram gravadas em meio eletrônico, com a autorização dos

alunos, o que possibilitou um tempo maior para a interação aluno entrevistado

e pesquisador, além de uma melhor qualidade e segurança nos dados

levantados.

Durante as entrevistas, foram consideradas as informações básicas do

entrevistado, tais como: nome, faixa etária, se trabalha com TI, há quanto

tempo trabalha. Essas informações foram coletadas durante a aplicação dos

questionários. Esses dados foram importantes na medida em que permitiram,

durante o processo da entrevista e também na análise dos resultados, rastrear

o perfil do entrevistado, suas características sociais, culturais, profissionais e

pessoais, promovendo assim um aprofundamento mais qualitativo da

entrevista.

O agendamento da entrevista foi realizado previamente em um horário e

local adequados; assim, foi possível dispor de tempo suficiente para o

entrevistado responder às perguntas e acrescentar itens adicionais ao

conteúdo, bem como para que o pesquisador esclarecesse algo quando

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necessário. Dos nove alunos entrevistados, oito foram recebidos na própria

instituição de ensino , e uma entrevista foi realizada na própria residência do

aluno.

Os alunos foram entrevistados sobre: a participação (antes desse

processo) em um processo de desenvolvimento de sistemas com a

implementação/implantação de um projeto de uma empresa ou ONG; a correta

aplicação das Tecnologias da Informação (processos de análise e

programação de computadores) no decorrer da experiência; a fatores positivos

e negativos verificados na experiência de desenvolvimento e implementação do

projeto junto à ONG; a sua percepção sobre as deficiências relativas ao uso

das tecnologias no ambiente escolar em comparação com o uso das

tecnologias durante o processo de desenvolvimento do projeto para a ONG.

Como já foi ressaltado, foram entrevistados nove alunos, que

participaram de diferentes experiências aplicando a Tecnologia da Informação

em empresas do Terceiro Setor. As experiências e a respectiva distribuição dos

alunos foram as seguintes: três alunos participaram do desenvolvimento do site

da ONG Associação das Mães Chefe de Família do Estado de Minas Gerais

(ASSMIG); dois alunos participaram do desenvolvimento do site do Instituto

Paraíso (INPAR); um aluno participou de uma proposta de melhoria do site

para a ONG Observatório da Diversidade Cultural (ODC); dois alunos

elaboraram uma proposta de melhores práticas para realização de trabalhos

envolvendo redes sociais para ONGs e; um aluno participou da construção de

um site relativo a achados e perdidos para ONGs. A TAB. 3, abaixo, permite

uma melhor visualização da distribuição dos alunos entrevistados.

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TABELA 3

Distribuição das experiências e quantidades de alunos participantes/entrevistados

Experiência / ONG

Alunos entrevistados

Desenvolvimento do site da ONG ASSMIG (Associação das mães chefe de família do estado de Minas Gerais)

3

Desenvolvimento do site do Instituo INPAR (Instituto Paraíso). 2

Proposta de melhoria do site para a ONG Observatório da Diversidade Cultural.

1

Elaboração de uma proposta de melhores práticas para realização de trabalhos envolvendo redes sociais para ONGs.

2

Desenvolvimento do site “Achados e perdidos” para ONGs. 1

TOTAL DE ALUNOS ENTREVISTADOS 9

Devido ao grande interesse tanto dos alunos quanto da proprietária da

ONG INPAR em concluir com êxito a parceria do trabalho de construção do

site, foi realizado um acompanhamento especial na instituição, no sentido de

observar com mais detalhes todo o processo, incluindo as principais etapas do

desenvolvimento do sistema (levantamento de requisitos, visitas, análise,

projeto e programação do site). Nesse caso, foi realizada também uma

entrevista com a proprietária da ONG.

A tabela completa, resumindo de uma maneira abrangente os resultados

das entrevistas, é apresentada no APÊNDICE B (p. 135). A seguir, serão

realizadas discussões e análises qualitativas baseadas nas perguntas

realizadas e nos seus desdobramentos. Para facilitar essa discussão, em

alguns casos são apresentados gráficos referentes aos levantamentos obtidos

durante as entrevistas.

6.2 Perfil dos alunos entrevistados

Como abordado anteriormente, a presente pesquisa teve como cenário

empresas do Terceiro Setor, nas quais alunos de equipes diferentes

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desenvolveram atividades específicas, sob demanda, envolvendo as TIC . Essa

seção tem por objetivo iniciar a discussão sobre os resultados das entrevistas

e, ao mesmo tempo, apresentar um panorama geral sobre o conhecimento

desses alunos no que se refere a empresas do Terceiro Setor.

A maioria dos alunos entrevistados trabalha com Tecnologia da

Informação, em empresas do Primeiro Setor (empresas particulares).

Observou-se que a participação em projetos envolvendo ONGs e Tecnologias

da Informação e Comunicação foi, para todos os alunos, a primeira

experiência. A maioria dos alunos entrevistados possuía pouco ou nenhum

conhecimento sobre empresas do Terceiro Setor.

Embora uma parcela significativa dos alunos entrevistados possuísse

pouco conhecimento sobre as empresas do Terceiro Setor, observou-se que a

sensação de pertencer, mesmo por um curto período de tempo, a uma equipe

de trabalho nesse contexto foi extremamente gratificante. Alguns alunos

relataram a importância de participar de uma experiência real, associando os

conhecimentos recebidos na escola a uma experiência prática; outros viram

nesse trabalho uma oportunidade de vivenciar os processos e o envolvimento

das pessoas comprometidas com as questões sociais de cunho filantrópico. É

possível perceber com mais detalhes essas questões nos relatos dos alunos:

Eu tinha uma noção do papel de uma ONG de uma instituição desse porte na sociedade, eu não tinha era participado, ou seja, de uma forma mais profunda no trabalho que é realizado por uma ONG, ou seja, discute-se muito o papel da instituição da sociedade, mas agora eu tive a oportunidade de ver, de presenciar, no caso, o envolvimento das pessoas daquela instituição com o trabalho que elas realizam, e isso assim foi bem interessante e eu achei muito legal, as pessoas são apaixonadas pelo que elas fazem, e tem assim [...] dedicam um tempo precioso da vida da carreira delas nesses projetos (E2).

Primeira coisa assim, de bem positivo nessa experiência, foi o contato com o cliente, mesmo o contato com a empresa, com a ONG seria [...] a gente teve que ir no cliente para levantar as necessidades dele, ver o que ele queria e como ele queria. É uma coisa que a gente vai ver ai no mercado então [...] uma grande vantagem (E6, grifo nosso).

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6.3 Realização de trabalhos voluntários usando as TIC

Alguns alunos expressaram a satisfação pessoal em participar da

experiência, relatando a vontade de realizar trabalhos voluntários. Ao serem

questionados sobre esse assunto e sobre qual seriam os benefícios dessa

atividade, todos os alunos demonstraram ser a favor de realizar trabalhos

voluntários, envolvendo os conhecimentos sobre a Tecnologia da Informação,

em empresas do Terceiro Setor. Dos entrevistados, mais da metade foi

totalmente a favor, sendo os demais a favor, porém, com algumas restrições.

Esse aspecto detectado na presente pesquisa reforça a tese defendida por

Dowbor (2001), de que é importante possibilitar parcerias entre essas

empresas e a escola, promovendo o intercâmbio de informações, a

oportunidade de uma primeira experiência profissional e a sensibilização para

um setor em crescimento, que consequentemente necessita cada vez mais dos

benefícios trazidos pelos avanços das Tecnologias da Informação e

Comunicação. O cenário apresentado acima pode ser resumido no seguinte

depoimento de um aluno:

Olha, primeiro eu ganharia uma satisfação pessoal, de ajudar as pessoas sem ter que receber nada em troca, só mesmo pela satisfação de ajudar, basicamente isso o que eu penso, entendeu? A partir do momento que não esteja me prejudicando, acho que tem que ser uma coisa assim ponderada, entendeu? Por exemplo, largar tudo para trabalhar como voluntário, não tem como viver, entendeu? Mas eu acho legal fazer algumas coisas assim, eu já pensei várias vezes em fazer, nunca realmente fiz na prática, mas tenho vontade, de ajudar, poder dar aula em uma escolinha aí [...] voluntário (E9).

6.4 Articulação entre escola, tecnologias e Terceiro Setor

Por se tratar de um espaço de mobilização social e devido à sua

importância na sociedade, as ONGs podem ser importantes quando articuladas

à escola. Essa articulação se justifica devido aos avanços das TIC –

representadas, principalmente, pela internet –, às próprias demandas dessas

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instituições – devido, muitas vezes, a dificuldades financeiras – e também à

oportunidade que essas instituições oferecem aos alunos de terem uma

primeira experiência profissional.

Na presente pesquisa, foi observada a importância da articulação entre a

escola e uma empresa do Terceiro Setor da economia. Quando perguntados se

a experiência na ONG foi positiva e quais foram os fatores positivos, os alunos,

principalmente aqueles que trabalharam junto às ONGs INPAR e ASSMIG,

foram unânimes em responder afirmativamente, destacando pontos positivos

da experiência como o trabalho em equipe, a oportunidade de ajudar outras

pessoas, experimentar efetivamente a união dos conceitos teóricos com a

prática e, finalmente, a oportunidade de entrar em contato com uma nova

tecnologia. Destaca-se ainda a importância de experiências envolvendo escola

e empresas do Terceiro Setor, à medida que estas abrem possíveis

oportunidades de ingresso no mundo do trabalho, como revela o relato dos

alunos:

Vamos dizer, assim, o que a gente ganha com isso? A questão de dinheiro de patrocínio a gente não quer nesse primeiro momento, a gente ganha uma coisa que vai para a vida toda, que é o nome, em algum lugar vai estar divulgado o nosso nome, o nosso projeto, a nossa idéia, e isso pode reverter em contratações futuras (E1).

Olha, eu achei bacana, porque foi uma experiência nova, nunca tinha acontecido isso de a gente colocar em prática junto com a empresa porque a gente sempre via na teoria, né? A gente desenvolvia um software, vai funcionar assim, de tal maneira, mas nunca chega a ter um contato direto com a pessoa, como se fosse a construção do software desde o início, você faz o levantamento, conversa com a pessoa sobre as necessidades dela, desenvolve [...] achei que foi uma experiência bacana, deu para acrescentar bastante o conhecimento aí (E4).

Por outro lado, essa articulação entre a escola e as ONGs foi percebida

também, nessa pesquisa, com base do relato da representante da ONG do

Instituto Paraíso (INPAR). Ao ser questionada sobre os pontos positivos com

relação aos trabalhos realizados pelos alunos e professores da instituição de

ensino em sua ONG, ela disse:

Foi essa rapidez, foi essa seriedade, foi essa credibilidade que passou para o meu trabalho, entendeu? Hoje a Universidade está nas

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revistas mesmo, o meu trabalho hoje está amparado pela Universidade, entendeu? Então, isso dá uma credibilidade muito grande, a Universidade [...] os professores ombrearam comigo, eles não foram só professores, foram amigos, foram parceiros, entendeu? Interagiram comigo, eu senti a minha instituição bem amparada depois disso aí, depois de tudo isso (ONG).

6.5 Tecnologias Convencional, Apropriada e Social

Devido à característica globalizante das TIC , que agora permeiam os

diversos setores da sociedade, e por serem essas tecnologias associadas

direta ou indiretamente a outros tipos de tecnologias, como a Tecnologia

Social, a Tecnologia Apropriada e a Tecnologia Convencional, vê-se a

importância de discutir aqui como essas tecnologias podem ser eventualmente

associadas às experiências articulando a escola e sociedade.

Segundo Dagnino (2004), a Tecnologia Convencional tem como uma de

suas características o fato de ser proprietária e orientada pelo mercado, não se

ajustando em determinados casos às comunidades locais. Uma tecnologia que

se aproxima um pouco mais dessas comunidades é a Tecnologia Apropriada,

que, segundo o Instituto de Tecnologia Social (2007), já prevê, entre outras

características, a participação comunitária e o baixo custo dos produtos e

serviços. Contudo, a evolução dessa tecnologia possibilitou o surgimento da

Tecnologia Social, que, de acordo com o esse mesmo instituto, supera a

concepção de transferência de tecnologia e traz um papel participativo e

democrático no processo de construção e desenvolvimento tecnológico.

Assim, em relação a essas tecnologias e às TIC, constatou-se que as

empresas do Terceiro Setor, por sua própria natureza de articularem e

mobilizarem recursos, na maioria das vezes face as dificuldades financeiras

que as caracterizam, são pouco receptivas a investimentos em tecnologias

proprietárias. O relato de um aluno que utilizou um software proprietário para o

desenvolvimento dos trabalhos em uma ONG dá conta dessa realidade, ou

seja, a equipe usou software proprietário por questões de facilidade, mas a

ONG não se dispôs a comprá-lo para que fosse possível manter o projeto feito

pelos alunos no futuro.

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[...] Eles têm muita resistência de colocar, entendeu? Eles falam tipo de investimento futuro que vai ter que ter, no caso, vamos supor, se eles quiserem melhorar o produto e tiverem que contratar outra pessoa, mas a gente fez o manual, fizemos tudo direitinho (E4).

[...] desenvolvemos ele (o software) com o C#, Visual Studio, é com uma ferramenta proprietária, é a gente utilizou isso, é porque a gente tinha a licença da escola, a escola permite aos alunos utilizar os produtos da Microsoft (E4).

Isso, exatamente, no caso, assim, a gente quis o Microsoft SQL [...] o C# .NET porque era o que a gente tinha mais conhecimento, então deu para a gente fazer um produto bacana, bem aprimorado, a gente não quis arriscar mexendo assim com JAVA, que é uma ferramenta livre (E4).

Conforme discutido anteriormente, a Tecnologia Social supera o

conceito de transferência de tecnologia usado na Tecnologia Apropriada, já que

propõe novas características, como a participação democrática, a autogestão

em pequenas empresas e a adaptabilidade. Nesse sentido, na presente

pesquisa foi questionada a transferência de tecnologia, dos conhecimentos

adquiridos na escola para a ONG na qual foi realizado o trabalho, o que

proporcionaria a possibilidade de uma gestão própria dessa tecnologia pelos

atores dessas instituições. A respeito dessa questão, a maior parte dos alunos

respondeu ser totalmente a favor, e a outra parte respondeu também ser a

favor, porém, com restrições.

A seguir, são apresentados dois relatos de um aluno a favor da

transferência de tecnologia e, consequentemente, da apropriação desta pelos

componentes da ONG:

É o caso que nós estamos tendo com o instituto Paraíso, nós vamos transferir tudo que foi desenvolvido por nós para eles, a idéia é, não é, claro, faltar, mas a idéia é que eles sejam independentes e possam dar continuidade ao trabalho que nós iniciamos e que estamos entregando agora (E2). Eles têm essa opção, eles podem também contratar o nosso serviço, e até o serviço de outros para fazer isso, que talvez o foco dado para o instituto não seja esse, mas eles têm essa possibilidade, de continuar com o trabalho, de entrar lá de modificar tudo, inclusive voltar ao status zero e criar algo novo usando a tecnologia que nós estamos disponibilizando (E2).

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Por outro lado, vale destacar o relato de um aluno que permitiria essa

transferência, porém, se a empresa ou ONG envolvida não se beneficiasse

financeiramente desse processo: “permitiria daquela forma que eu te falei,

desde que não tivesse um terceiro, uma empresa terceirizada envolvida nesse

processo. (E8)”. Ou seja, a partir desse relato observa-se que a preocupação

desse aluno é a de que a ONG não tenha ganhos financeiros em decorrência

desse conhecimento que foi proporcionado gratuitamente a ela.

O desenvolvimento do site a partir de um software livre e a

disponibilização do serviço sem ônus para a instituição foram reconhecidos

pelo “cliente”, a ONG. Isso pode ser observado a partir dos relatos da

proprietária da ONG pesquisada (Instituto INPAR), mostrando a satisfação em

constatar a eficiência dos trabalhos desenvolvidos e a solução apresentada por

parte dos alunos:

Isso foi um presente, porque a instituição na verdade ela não está com dinheiro assim disponível [...] poderia ter mais para frente, então assim, não só para mim, mas eu acho que para o pessoal da Equoterapia, os praticantes, foi um presente, entendeu, foi um presente que a ONG ganhou que não tem valor, não tem ninguém que pague isso ai, entendeu, pelo carinho que foi feito, pelo entusiasmo, foi uma coisa exclusiva, foi feito exclusivo para gente, entendeu? Então, assim, de um certo modo, as coisas vieram bem de Deus mesmo (ONG).

6.6 Continuidade dos trabalhos

Os trabalhos envolvendo a escola e empresas do Terceiro Setor,

conforme apresentado nessa pesquisa, são importantes na medida em que

proporcionam para ambas as partes ganhos significativos no que se refere à

troca de experiências envolvendo as relações de saber e o aproveitamento de

recursos humanos especializados que atendem sob demanda às necessidades

de empresas com poucos recursos. Um dos pontos importantes dessa

experiência, além daqueles já relatados, é também uma preocupação: a

continuidade do trabalho.

Os trabalhos escolares baseados em projetos, articulando a escola e o

mundo do trabalho, são realizados normalmente em um determinado período

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escolar, por uma determinada equipe. A partir das experiências

acompanhadas, percebe-se que a preocupação em continuar esse trabalho

ainda é um desafio não só para os professores orientadores dos trabalhos, mas

também para os beneficiados com esse serviço. Nesse sentido, a proprietária

da ONG pesquisada (Instituto INPAR) foi questionada sobre a sua expectativa

da continuidade dos trabalhos desenvolvidos pelos alunos:

Eu acredito que, pela Fernanda vai continuar, entendeu? E nossa vontade também que nem é só pelo lado financeiro que a gente precisa não, na verdade era para a gente ter o amparo dos professores, ter o conhecimento que, para nós, hoje é talvez o que está faltando, eu acho que o dinheiro, ele vem, nós temos bastante patrocínio, muita gente importante que quer ajudar, mas esse conhecimento, esse amparo dos professores, dos alunos, para nós seria muito importante, continuar mesmo que não fosse para trabalhar, mas que eles não tirassem os olhos da gente porque, se a gente precisar, a gente sabe que eles estão por perto, entendeu? É isso que eu tenho vontade [...] da gente não perder o contato (ONG).

6.7 Software livre

No que concerne ao software livre, quando perguntados se os alunos

são a favor ou não dessa categoria de software, pouco mais da metade

respondeu ser totalmente a favor, e a parte restante respondeu ser a favor,

porém, com restrições. Aqueles que são a favor, com restrições, alegaram que

há pouco conhecimento por parte dos técnicos em Informática para trabalhar

com esse tipo de software, e isso se reflete em deficiências, por exemplo, no

caso se treinamentos e consultorias. Um aluno relata: "sou a favor, desde que

tenha, que seja melhor trabalhada essa idéia, esse conceito com os

desenvolvedores (E2)". Por outro lado, podemos perceber que os alunos que

trabalharam com software proprietário (tecnologia convencional) e depois

tiveram a oportunidade de trabalhar com software livre, que leva ao conceito da

Tecnologia Social, sentiram uma grande diferença, principalmente em relação à

colaboração, ou seja, na criação dos fóruns e dos grupos de estudo que são

construídos a partir dessa tecnologia para promover o seu amadurecimento e a

consequente absorção de conhecimento dos envolvidos.

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Primeiro porque democratiza a informação é e, por exemplo, no meu caso eu trabalho com PHP (software livre de desenvolvimento), já trabalhei com ASP (software proprietário de desenvolvimento), também, a partir do momento que o software é livre, que a tecnologia é livre, você dá muito mais acesso às pessoas e desperta muito mais o interesse das pessoas em colaborar com aquilo ali. Então, por exemplo, a comunidade do PHP ela é infinitamente maior que a comunidade do ASP, por exemplo, pelo fato de ser uma coisa gratuita, as pessoas podem lá, contribuir, fazer, ajudar (E9).

6.8 Deficiências no uso das TIC no ambiente escolar

O que pode ser observado na experiência acompanhada neste trabalho

com o uso das TIC em uma escola de Tecnologia da Informação e

Comunicação é que os alunos esperam e exigem mais dos professores e

também da própria escola. Ao serem questionados sobre as deficiências

encontradas, relativas ao uso das Tecnologias da Informação e Comunicação

no ambiente escolar durante a experiência com a ONG, foi verificado que,

mesmo em um curso com características específicas, voltadas para um

mercado em que as tecnologias mudam rapidamente, é relativamente difícil

acompanhar essas mudanças; muitas vezes, para algumas disciplinas, a

escola fornece o conteúdo básico, fornecendo a teoria e prática necessárias

para a continuidade do aprendizado no mundo do trabalho.

Um terço dos alunos relatou que o que foi visto no curso não foi

suficiente, assim, parte do conhecimento usado na experiência com as ONGs

foi buscado em outras fontes (fora do espaço escolar), ou seja, os alunos

tiveram que aprender por conta própria, articulando os saberes usados no

mundo do trabalho a partir do embasamento fornecido pela escola.

Como já foi citado anteriormente e retomado nessa pergunta 39, um aluno

usou uma tecnologia proprietária e encontrou resistência por parte da ONG em

absorver essa tecnologia. Essa dificuldade se justifica principalmente pelo fator

39 Você percebeu deficiências relativas ao uso das tecnologias no ambiente escolar em comparação com o uso das tecnologias durante o processo de desenvolvimento do projeto para a ONG? Justifique.

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financeiro, uma vez que empresas do Terceiro Setor não possuem recursos

para investir em software proprietário. Percebe-se, portanto, uma tendência

quanto ao uso do software livre por parte dessas empresas.

Outro terço dos alunos relatou que a escola não ofereceu condições, no

que se refere ao conteúdo abordado em sala de aula sobre as Tecnologias da

Informação e Comunicação, para aplicação na experiência. Observou-se que

os alunos com essa opinião foram aqueles que usaram software do tipo open

source, que possibilita o desenvolvimento rápido de aplicações, e esse tipo de

software normalmente não é abordado no curso.

O restante dos respondentes relatou que o que foi visto na escola foi

básico, mas já possuíam experiência própria para executar o projeto. Mesmo

assim, foi verificado que o conteúdo mostrado na sala de aula e nos

laboratórios foi suficiente para a execução dos projetos. Nesse sentido, um

aluno ressalta: “nosso grupo sempre foi um grupo muito ativo , a gente não

dependia só do meio acadêmico, mas eu imagino que se dependesse do que

tinha lá, dava para fazer (E9)”.

6.9 Aplicação das TIC apreendidas na escola para a experiência da ONG

Dando continuidade às questões referentes à aplicação das TIC na

experiência da ONG, quando questionados sobre a aplicação dos recursos da

Tecnologia da Informação e Comunicação, quase a metade dos respondentes

relatou que o embasamento técnico absorvido na escola ajudou. Foi possível

perceber que o conhecimento adquirido durante o período escolar facilitou a

busca de novos conhecimentos relativos às TIC, como nesse relato: “[...] igual

eu falei, a gente já tinha um conhecimento que facilitou no entendimento do

funcionamento do CMS40, que nós usamos para poder fazer o desenvolvimento

do portal lá” (E3).

Um terço dos respondentes relatou que usaram uma ferramenta

tecnológica que não foi abordada no curso, caso das ferramentas open source

para desenvolvimento rápido de sistemas, como já discutido no tópico anterior. 40 CMS (Content Management System), programa de Gerenciamento de conteúdo para WEB.

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Os demais alunos entrevistados, ao responderem a essa pergunta,

relataram que não conseguiram usar todo o conhecimento de que dispunham

na experiência, segundo as justificativas apresentadas, pela própria limitação

tecnológica do que foi desenvolvido para a ONG e também pelo pouco tempo

para realizar o projeto, não obstante a escola tenha oferecido o conhecimento

básico necessário para isso.

[...] a gente não conseguiu utilizar todo o aprendizado da faculdade no projeto, a gente deixou alguns processos de lado para a gente ganhar um pouco de tempo de desenvolvimento. [...] teoricamente a parte de desenvolvimento do site foi toda com o aprendizado aqui na faculdade (E1).

O que pode ser observado, a partir dos relatos referentes ao uso das

TIC na experiência da ONG, é que o embasamento técnico absorvido na

escola ajudou, na medida em que facilitou a busca de novos conhecimentos

relativos às TIC. Contudo, a escola não apresentou algumas ferramentas

importantes para o desenvolvimento dos trabalhos, principalmente as

ferramentas open-source, que foram buscadas e apreendidas pelos próprios

alunos durante o desenvolvimento dos trabalhos. Outro ponto relevante que

merece destaque foi o pouco tempo para realização dos projetos. Esse último

item é relativo, uma vez que alguns grupos conseguiram levantar os requisitos,

analisar, projetar e implementar as aplicações.

As atividades desenvolvidas nas/para as ONGs foram realizadas por

grupos de alunos dos Cursos de Análise e Desenvolvimento de Sistemas e

Marketing, articulando os diversos saberes. As atividades foram elaboradas de

forma a possibilitar o desenvolvimento de projetos. Essa abordagem durante o

desenvolvimento dos trabalhos na ONG é o que será visto na próxima seção.

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6.10 Sobre os projetos e as atividades em grupo

Os trabalhos escolares baseados em projetos, prática conhecida como

Metodologia de Projetos, são atividades que articulam e mobilizam os saberes

envolvendo alunos, professores e comunidade. Essa prática faz parte da

proposta da metodologia de ensino do curso pesquisado, conforme pode ser

verificado no capítulo quatro, (item 4.3.4). Conforme Barbosa (2006), a partir de

um projeto há o enriquecimento das experiências vividas e tem-se a

oportunidade de introduzir inovações articuladas entre a escola e a sociedade.

É interessante constatar que, na Metodologia de Projetos, as relações de

saberes são articuladas normalmente entre várias disciplinas, proporcionando a

construção transversal do conhecimento. Essa realidade foi constatada na

presente pesquisa por meio do relato de alguns atores envolvidos, como é o

caso da proprietária da ONG (Instituto INPAR):

Teve o Meio Ambiente, teve o pessoal da Logomarca, teve assim vários cursos, o Design, que contribuiu, então, hoje eu já tenho o projeto, está nas minhas mãos, entendeu? Eu já não estou mais sozinha, a verdade é esta, hoje alguém de importância já sabe do meu trabalho (ONG).

Além de terem a característica interdisciplinar, como foi abordado no

capítulo três, (item 3.4), os projetos possibilitam a integração entre a teoria e

prática, o trabalho em grupo, a solidariedade, o entendimento das noções de

hierarquia, colaboração e responsabilidade.

Ao serem questionados sobre a experiência na ONG ter sido positiva ou

não, alguns alunos destacaram, além do fato de terem realizado um trabalho

mais próximo à realidade, que puderam ajudar as pessoas e, ao mesmo tempo,

unir a teoria à prática. Também foi ressaltado o trabalho em equipe, reforçando

a importância da Metodologia de Projetos:

Olha, foi positivo porque foi mais uma oportunidade para trabalho em grupo, trabalhar com pessoas, foi interessante também porque nós temos um cliente aqui dentro da Faculdade, um cliente real, com

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necessidades reais, com a pressão que realmente um cliente exerce sobre nós desenvolvedores e analistas, é... foi interessante também porque agora nós estamos sentindo o prazer de entregar algo que foi muito bem feito, muito bem... Ou seja, o resultado foi muito interessante, realmente foi bem legal (E2). [...] assim, eu acho que toda a experiência é válida, no caso da ONG acrescentou bastante para mim, igual essa questão da gente poder trabalhar direto com a pessoa como se fosse a construção, a venda de um software mesmo, né? Só que, ali, no caso, a gente estava só prestando serviço ou ajudando, né? e então, trabalho como se fosse a mesma forma, no caso a gente não vai vender, então deu bastante para gente... conseguimos levantar os dados necessários, desenvolvimento, é, trocamos informações, organizamos o grupo, cada um desempenhou um papel dentro do projeto, um trabalho em equipe (E4).

Em relação à questão referente ao trabalho em equipe, percebeu-se a

partir das respostas que há uma necessidade de integrar, de maneira prática,

os conteúdos apreendidos em sala de aula (e laboratório) a uma experiência

real. Assim, o trabalho em equipe é um dos pontos fortes dessa experiência,

uma vez que essa situação foi percebida pelos alunos como uma simulação da

realidade, além de possibilitar, como já exp licitado, a ajuda as pessoas

beneficiadas pela ONG, a união entre a teoria e a prática e a oportunidade de

aprendizado de uma nova tecnologia. Como pode ser observado no capítulo

três, (item 3.5), com relação à articulação entre a escola e a ONG, Dowbor

(2001) enfatiza que ela é positiva, já que permite experiências práticas de um

ensino específico com os problemas realmente sentidos na comunidade.

Entretanto, os alunos destacaram também alguns pontos negativos. Dos

entrevistados, um número significativo de alunos destacou os problemas de

comunicação entre as equipes envolvidas no projeto (alunos dos cursos de

Marketing e Análise de Desenvolvimento de Sistemas); um terço desses alunos

destacou a insatisfação de não terem feito mais41. Os respondentes, durante

esse questionamento, fizeram também algumas observações sobre resistência

por parte da ONG em participar da experiência. Com relação a essa questão e

a outros pontos negativos da experiência, os alunos enfatizam:

[...] talvez uma falta de percepção de valor por parte da ONG no serviço que a gente estava prestando, não sei se pelo fato de eles

41 Os alunos destacaram que, devido ao tempo reduzido, e à própria característica do projeto (solução mais simples), poderiam realizar aplicações e soluções mais sofisticadas ou com mais detalhes.

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pensarem que era alguma coisa acadêmica, não poderia ser tão efetivamente bem aproveitada, é, eles acabaram não aproveitando, [...] exatamente!, não dando valor para aquilo ali. Agora eu não sei também se eles pensaram que a gente não ia fazer nada especificamente, que era só um trabalho mesmo, não ia por nada na prática, que eles não tinham tempo para passar isso para a gente (E9). Olha, de ponto negativo que eu vi , por exemplo, foi a falta de integração entre Marketing e ADS (Análise e Desenvolvimento de Sistemas), por causa de tempo, acho que pela falta de experiência, que houve, eu não diria pela parte do Marketing, não que eu ache que a gente não pode colocar a culpa só num ponto, mas eu acho que demorou demais o pessoal que levantaria os requisitos passar para gente o que deveria ser feito, mas isso não serve como desculpa para o serviço não sair (E8).

6.11 Considerações finais

A amostra escolhida para a entrevista procurou buscar os resultados

para um grupo diversificado de alunos. Dessa forma, foram entrevistados

alunos que efetivamente desenvolveram um produto para a ONG e vivenciaram

o ambiente do Terceiro Setor, outros elaboraram uma proposta como resultado

de uma consultoria, enfim, eles tiveram a oportunidade de aplicar a tecnologia

em uma experiência real.

De um modo geral, percebeu-se que todos os alunos demonstraram ser

a favor de realizar trabalhos voluntários, envolvendo os conhecimentos sobre a

Tecnologia da Informação, em empresas do Terceiro Setor. O trabalho em

equipe, a oportunidade de ajudar outras pessoas, experimentar efetivamente a

união dos conceitos teóricos e práticos e, finalmente, a oportunidade de entrar

em contato com uma nova tecnologia foram itens que pontuaram positivamente

a experiência, segundo o ponto de vista dos alunos.

Foi identificado também que as empresas do Terceiro Setor envolvidas

nessa pesquisa, na maioria das vezes, se mostraram pouco receptivas a

investimentos em tecnologias proprietárias. O uso de tecnologias baseadas em

softwares open source, relativos ao conceito de Tecnologia Social, é o melhor

caminho para aplicar os conhecimentos tecnológicos no que se refere às TIC

nesse setor. Nesse sentido, verificou-se ainda que os alunos são a favor de

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transferirem a tecnologia desde que essa não seja apropriada de maneira

indevida por terceiros.

A continuidade dos trabalhos realizados nesse setor foi uma

preocupação por parte da ONG e deve ser um ponto a ser verificado quando

implementado esse tipo de atividade entre a escola e a empresa. Com relação

ao software livre, os alunos são a favor dessa categoria de software, porém,

segundo alguns alunos, não há ainda uma maturidade por parte das empresas

no sentido de assessorar aqueles que fazem uso dessa tecnologia.

É relativamente difícil acompanhar as mudanças tecnológicas,

principalmente no setor da Informática, um mercado em constantes mudanças.

Alguns alunos apontaram uma insuficiência de conhecimentos que seriam

necessários à experiência com as ONGs, o que os forçou a buscarem tais

conhecimentos em outras fontes, fora do espaço escolar. Com relação ao

conteúdo sobre as TIC visto na escola, segundo alguns alunos, embora seja

relativamente básico, esse conteúdo foi suficiente para a execução dos

projetos.

No que se refere às atividades educacionais baseadas em projetos, foi

observado que os alunos sentem a necessidade de integrar de maneira prática

os conteúdos apreendidos na escola . Dessa forma, o trabalho em equipe foi

um dos pontos fortes dessa experiência. Por outro lado, ainda com relação aos

trabalhos em grupo, os problemas de comunicação entre as equipes envolvidas

no projeto, a insatisfação de não terem feito mais, provavelmente pela falta de

tempo, e a resistência por parte de algumas ONGs em participar da experiência

foram pontos negativos observados na experiência.

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CAPÍTULO VII – REVELAÇÕES DE CAMPO: AS TIC E A SALA DE AULA

7.1 Considerações iniciais

Este capítulo tem por objetivo continuar o aprofundamento dos

resultados das entrevistas, dessa vez com o foco maior nas TIC e na sala de

aula. A parábola dos viajantes do tempo narrada por Papert (2008),

apresentada no capítulo três (p.42), nos remete à reflexão sobre os impactos

provocados pelo aparecimento das TIC no setor educacional. Neste capítulo,

será verificado o uso das ferramentas de apoio à aprendizagem, um dos

objetos da presente pesquisa, também discutido no capítulo três.

Nesse sentido, este capítulo discute o uso das TIC na sala de aula

diante da experiência acompanhada com os alunos no desenvolvimento de um

projeto usando essas tecnologias em uma empresa do Terceiro Setor. Serão

discutidas três questões relativas ao uso das TIC no ambiente escolar

baseadas nos resultados das entrevistas, a saber: como as TIC são usadas

pelos alunos, professores e a escola; contribuições relativas ao uso das TIC no

ambiente escolar durante o projeto; o que deveria ser alterado no Curso de

Computação no que se refere ao uso das TIC. A TAB. 6, que mostra

detalhadamente os resultados dessas questões, encontra-se no APÊNDICE E,

(p. 138).

7.2 Como as TIC são usadas pelos professores, alunos e a escola

Ao serem perguntados como as Tecnologias da Informação e

Comunicação são usadas pelos professores, alunos e a escola, foi constatado

que as tecnologias são bem usadas pelos professores no processo de ensino-

aprendizagem, essa foi a resposta de mais da metade dos alunos

entrevistados. Em seguida, nesse contexto, um aluno destacou que, algumas

vezes, houve o uso de pouca teoria e muita prática e, outras vezes, o uso de

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pouca prática e muita teoria. Eis o relato: “[...] o conteúdo que foi passado, as

práticas que a gente fez, a teoria com a prática, às vezes foi muita teoria com

pouca prática, às vezes foi muita prática, pouca teoria, não houve um balanço

dessa” (E1). Outro aluno destacou o ensino superficial das disciplinas, e o

restante dos entrevistados, ao responder a essa questão, ressaltou que a

escola é deficiente em disponibilizar a tecnologia.

O que pôde ser observado ao longo das entrevistas, com relação a essa

questão, é que essa deficiência está mais associada a um recurso institucional,

o sistema on-line de controle de faltas e lançamento de notas:

o único ponto negativo que eu considero que não sou só eu, mas a grande maioria da turma, pelo menos as pessoas que eu converso, é o sistema on-line para o lançamento de notas e faltas, que é assim uma ferramenta super importante para o aluno saber como estão as faltas e tudo mais, mas é um sistema muito falho, um sistema que, assim, tem que melhorar muito. Agora, quanto às tecnologias utilizadas para aprendizado, o Lanschool e o Data show, acho que é mais que suficiente (E9).

É interessante ressaltar que a instituição, a partir das avaliações

institucionais realizadas com os alunos, substituiu esse sistema a partir do

segundo semestre de 2010. No momento em que foi realizada esta pesquisa,

os alunos ainda utilizavam o antigo sistema.

As TIC discutidas neste capítulo foram aquelas já apresentadas no

capítulo três (p.43): o Powerpoint, o Lanschool, a internet (representada pelas

discussões síncronas e assíncronas realizadas em Webquest, blogs e sites). A

seguir, é discutida a percepção dos alunos com relação a cada um desses

recursos.

7.3 O Powerpoint (ou o Data show)

A maioria dos alunos respondeu ser a favor do uso do Powerpoint.

Segundo os respondentes, os professores fazem um bom uso desse recurso,

porém, há um consenso de que esse tipo de tecnologia poderia ser

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disponibilizado em maior número, diante da procura desse recurso por parte

dos professores:

[...] Algumas situações também, já complementando, é o Data show, por exemplo, o número até hoje é insuficiente, então, em alguns casos, o laboratório foi usado apenas com a função que o Data Show exerceria aí, algumas turmas ficam sem o laboratório por conta disso [...] vai usar o Lanschool aí usa [...] apresenta material no PowerPoint usando o LanSchool, enquanto outra turma poderia estar usando o laboratório para desenvolvimento (E2). Eu acho que vai muito do aluno, tem aluno que gosta muito do Data show, aula com slides, tem aluno que gosta do quadro, né, eu particularmente gosto mais do Data show e do Lanschool, os professores usam, usam bem [...] (E3).

Mesmo que, segundo os alunos, os professores façam um bom uso

desse recurso, cabe aqui enfatizar que há algumas regras básicas para a

construção de apresentações, no sentido de evitar que elas tomem tempo

desnecessário e venham a prejudicar o processo de apresentação dos

conteúdos. Há regras que definem, por exemplo, um número máximo de slides

e o tempo máximo da apresentação, definindo inclusive o tamanho mínimo das

fontes dos caracteres. Outras regras definem simplesmente a quantidade de

linhas de um slide (tela) e a quantidade de palavras para cada linha, como é o

exemplo da regra dos sete, difundida entre os usuários: as apresentações

devem possuir não mais que sete linhas por slide (tela) e não mais que sete

palavras por linha.

7.4 A internet

Outra ferramenta relacionada às TIC que pode ser explorada de maneira

adequada pelos professores é a pesquisa na internet. Há vários sites de busca

que possibilitam o acesso rápido a um grande número de informações; porém,

na área educacional, é importante a participação do professor como orientador

das consultas, delineando os assuntos e indicando os sites de pesquisa.

Quando os trabalhos escolares não são orientados devidamente, normalmente

terminam em frustrações, principalmente para o professor, devido às

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facilidades do “copiar-colar” que inibem os resultados positivos de um

verdadeiro trabalho de pesquisa. A descrição a seguir mostra esse cenário, tão

comum nas escolas atuais:

Os educadores que hoje lidam com novas tecnologias estão se dando conta que a massiva introdução na escola (e em casa) de computadores ligados à internet não significa melhoria da aprendizagem. Aprender de modo significativo e duradouro exige esforço, persistência, muitas vezes tolerância à frustração, algo diferente da atitude de copiar “da internet”, colar, enfeitar e imprimir trabalhos escolares, prática que está se tornando uma lastimável cultura em nossas escolas e mesmo em universidades (CYSNEIROS, 2008, p. 10).

O uso inadequado de atividades na internet por parte de professores e

alunos foi percebido nesta pesquisa. Devido à facilidade de acesso à

informação, independentemente da sua qualidade, segundo alguns alunos,

muitos professores não se preocupam em preparar essas pesquisas, o que se

reverte na produção de um conhecimento superficial.

Acho que um dos fatores é melhorar a postura do professor, em grande maioria, não sei se é o fato de ser tecnologia e a qualquer momento você digita no Google e acha [...] o professor acaba deixando muito superficial o que ensina, acha que é só procurar na internet e tá resolvido, umas aulas aí nós tivemos esse tipo de experiência [...] (E1).

É possível que os alunos do curso pesquisado (Análise e

Desenvolvimento de Sistemas), pelo fato de terem um contato maior com as

Tecnologias da Informação e Comunicação, percebam o poder e ao mesmo

tempo as fragilidades desse recurso, como descreve o aluno: “hoje em dia eu

diria para você, professor, você consegue desenvolver um software

tranquilamente, pesquisando código na internet (E8)". Convém então ressaltar

que esses alunos procuram nos cursos tecnólogos um aprofundamento maior

do conhecimento.

Eu acho que, em termos de conhecimento, eu acho que deveria ter mais aulas de programação, acho que o professor deveria aprofundar mais e mostrar o que se cobra no mercado, não ficar ensinando o aluno a fazer coisas triviais que você vai na internet e vê como faz. Eu acho que deveria cobrar mais do aluno (E3).

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Como pode ser observado, o simples fato de “surfar na internet” à

procura de um assunto específico também não é recomendado para os

trabalhos escolares, em face a característica democrática e a dimensão dessa

rede de alcance mundial. Dessa forma, como afirma Oliveira (2004), o

professor deve orientar os trabalhos no sentido de conhecer antecipadamente

o conteúdo dos sites, o que possibilita redução no tempo de pesquisa e maior

segurança das informações, no sentido de controlar os conteúdos a serem

visitados.

Observa-se, assim, que quando o professor elabora suas pesquisas de

maneira adequada, ou ainda, usa ferramentas específicas da internet para

auxiliar no processo de ensino-aprendizagem, como é o caso da construção de

um Site ou Blog, ou usa outros recursos de comunicação específicos para

apoio em sua disciplina, com é o caso da Webquest, mostrada no capítulo três

(p.47), percebe-se uma receptividade positiva por parte dos alunos. Um dos

entrevistados ressalta: "a maioria dos professores tem [...] coloca material na

sala virtual42, alguns, por exemplo, não colocam, não usam bem a sala virtual,

mas tem um site dele, por exemplo, que a gente baixa o material no site dele

(E6)". Outros entrevistados também expressaram a importância do uso desses

recursos:

Eu acho que é uma posição que deveria ter sido adotada por todo o profissional de ensino e acho que todo profissional tem que fazer a diferença, acho que esses professores fazem a diferença, e eu acho que eu recomendo a qualquer outro educador que seja da mesma forma, ele tem o Blog dele, ele tem o Gtalk dele ele tem o Twiter dele [...] (E8).

Eu vi que tem alguns professores, acho que quase todos tem o mesmo comportamento, né? Ou disponibiliza na sala virtual, ou apresenta o PowerPoint, o que eu achei interessante, o que é bom também é quando eles têm o site pessoal ou alguma coisa que disponibiliza isso, né? Primeiro que não sei como é que vai ser quando sair da faculdade, se vai ter acesso à sala virtual, mas aí você já sabe que tem a referência para entrar, por outro lado, também a gente vê que o professor, quando ele coloca assim, eu acho que ele tá, é porque ele gosta mesmo, ele quer ensinar mesmo [...], ele está disponibilizando aquele conhecimento para quem quiser (E7).

42 Esse conceito será tratado no item 7.5 (Discussões síncronas e assíncronas).

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7.5 Discussões síncronas e assíncronas

Outras ferramentas informatizadas associadas à internet podem ser

usadas por professores e alunos para auxiliar no processo de ensino-

aprendizagem, como é o caso dos grupos de discussão e até mesmo o próprio

e-mail, usado para envio e recebimento de atividades escolares, entrevistas on-

line e discussões assíncronas de conteúdos educacionais. Um dos alunos, ao

ser questionado sobre essas tecnologias, concorda que, ao usar essas

tecnologias, o professor agiliza o processo de ensino-aprendizagem e,

consequentemente, se aproxima mais do aluno.

[..] tanto o envolvimento dos alunos com o professor fica maior, o desempenho dos alunos fica maior, até porque o material é, já está disponível antes, pelo menos o material já está disponível antes da aula acontecer, então a aula fica mais produtiva, porque a maioria dos alunos já tem esse conhecimento... é no caso a comunicação Gtalk e o e-mail mesmo, isso facilita também porque o professor fica mais livre, tem um acesso maior ao aluno, também como foi o seu caso, por exemplo, durante todas as dúvidas que nós tivemos, mandando e-mail, “olha, tem isso aqui pessoal, tem um trabalho”, já passava o trabalho e corrigia (E2).

Uma ferramenta muito usada na instituição é um recurso de postagem

de material didático denominado “Sala Virtual”. Trata-se de um recurso

colaborativo a partir do qual os professores depositam os documentos que

produzem e, de outro lado, os alunos os consomem, o que permite uma troca

de informações bastante usada no processo de ensino-aprendizagem na

instituição pesquisada. E, embora seja um dos recursos mais usados na

instituição, por ser o curso pesquisado (Análise e Desenvolvimento de

Sistemas) voltado para a área de tecnologia, alguns alunos gostariam que

outros recursos tecnológicos da área da Informática, como o Twiter, também

fossem explorados, no sentido de tornar o processo de ensino-aprendizagem

mais dinâmico e participativo.

[...] uma ferramenta que eu acho que utilizam bastante interessante é a sala virtual, para disponibilizar os materiais, né? Disponibilizam lá um conteúdo, a gente pode buscar a qualquer momento, a gente

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pode estar estudando aquilo, mas assim eu acho que muita coisa podia, sei lá, ser melhorado, vamos supor, ter um [...] vamos supor, como se fosse um Twiter e dentro daquele Twiter ele ia disponibilizar lá o que ele estava prevendo para a aula, alguma coisa mais dinâmica, tipo assim “Ah! Vamos estudar tal coisa, todo mundo concorda?”. Uma coisa mais democrática, porque às vezes tem muita coisa na Faculdade que a gente vê e a gente não vai utilizar, ou então a gente não está interessado naquela matéria, está interessado em outras (E4).

7.6 O Lanschool

O recurso Lanschool, também discutido no capítulo três (p.46), foi um

destaques positivos do uso das TIC para o apoio ao processo de ensino-

aprendizagem, uma vez que auxilia no gerenciamento das atividades escolares

em um laboratório de informática. Sobre a importância desse recurso, temos o

relato de dois alunos:

Eu acho que tem usado bacana, inclusive tem até melhorado, de quando eu entrei para agora, é o Lanschool, por exemplo para laboratório, tem usado, a maioria dos professores tem usado mais, ele te faz, te mostra uma coisa que está fazendo, aí você está vendo na sua tela o que ele está fazendo, bem bacana isso (E6). Ah! Eu não tenho nada a reclamar quanto a isso não, eles usam a tecnologia que é fornecida pela faculdade bem, eles conseguem usar toda essa tecnologia para passar o conhecimento para a gente tranquilamente, às vezes falta alguma estrutura da Faculdade mesmo, fornecer um Data show para alguma matéria que é prática, e no nosso curso aqui a gente tem de ver muita coisa que é prática e com o Data show facilita muito, o Lanschool também é utilizado de forma correta, eles conseguem passar para gente (E5).

Foi observado, portanto, que de um modo geral os alunos entrevistados

apoiam o uso desse recurso (Lanschool) nos laboratórios.

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7.7 Contribuições das TIC durante o projeto

Com relação aos demais recursos tecnológicos, como equipamentos

tecnológicos (hardware43) e programas específicos oferecidos pela escola e

que eventualmente podem ser usados durante o planejamento e execução dos

trabalhos escolares – como no projeto em questão, planejado na escola a partir

dos levantamentos realizados em campo e finalmente executado nas ONGs –,

quase a metade dos alunos relatou que o que foi visto no curso foi básico, mas

foi o necessário, e mais da metade dos alunos relatou que a escola ofereceu

condições para o desenvolvimento do projeto.

A percepção dos alunos de que o que foi visto na escola, embora tenha

sido básico, supriu as suas necessidades, fornece pistas a uma possível

constatação de que o conhecimento tecnológico transferido para os alunos foi

suficiente para que pudessem desenvolver os trabalhos e tivessem condições

de buscar em outras fontes o conhecimento adicional necessário. Por outro

lado, ficou registrado por meio das opiniões desses alunos que a escola

oferece, mesmo com algumas exceções, o suporte tecnológico necessário para

o êxito do processo de ensino-aprendizado.

Há, portanto , uma preocupação por parte da escola em oferecer o

suporte tecnológico necessário para a execução dos trabalhos acadêmicos,

como o que foi executado nas ONGs, tanto no que se refere ao ambiente

(salas de aula, laboratórios e outros) como também com relação aos recursos

tecnológicos destinados ao uso pedagógico (computadores, data show,

lanschool etc.) e à formação profissional (softwares e disciplinas voltadas para

o mercado de trabalho).

43 O mesmo que “equipamento”. Na área de Informática, refere-se àquilo que é tangível: computador, impressora, leitor ótico, aparelho de biometria , etc.

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7.8 Alterações no Curso de Computação

Ao serem questionados sobre o que deveria ser alterado no Curso de

Computação para melhorar o processo de aprendizagem e,

consequentemente, a aplicação da tecnologia usada na sala de aula a uma

experiência real, foram identificados cinco considerações que merecem ser

destacadas e discutidas nessa seção: (a) ajustar as disciplinas ao mercado de

trabalho; (b) melhorar as práticas em laboratório; (c) melhorar a postura

profissional dos professores; (d) usar a tecnologia aplicada às provas e

avaliações e; (e) abordar mais as redes sociais.

O que pôde ser notado com maior incidência ao se fazer essa pergunta,

foi que quase a metade dos respondentes indicaram que há uma possível

defasagem entre o mercado de trabalho e o que é visto na sala de aula. Essa

afirmação dos alunos reforça a ideia de que os cursos de Tecnologia da

Informação e Comunicação devem procurar, de alguma forma, ter uma

sincronização cada vez maior com o mercado de trabalho. Eis dois relatos a

esse respeito:

Acho que é ver mais o que o mercado pede em termos de desenvolvimento, principalmente na parte de desenvolvimento, na área de programação, que é um curso de dois anos e meio, o foco dele é formar rápido para entrar no mercado de trabalho. Mas, na verdade, alguma coisa na parte de programação eu acho que peca (E3). [...] e eu acho que o pessoal devia focar também mais em cima das tecnologias mais novas, porque não adianta a gente trabalhar com uma tecnologia aqui, de dois, três, quatro anos atrás, sendo que tem outras tecnologias entrando no mercado (E8).

A partir dos relatos acima e do cenário apresentado, pode-se chegar a

uma possível conclusão de que, uma vez sendo impraticável mostrar em um

curso de curta duração as tecnologias emergentes que constantemente são

lançadas e consumidas pelo mercado de trabalho, uma possível opção para

reduzir essa distância seria oferecer um ensino na área tecnológica, sólido e

consistente, principalmente nos primeiros semestres do curso, nas disciplinas

básicas, de modo a oferecerem ao aluno condições de ampliar os seus

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conhecimentos a partir de estudos autônomos ou buscando outras formas de

aprendizagem, como cursos de curta duração, certificações profissionais, entre

outras.

Outro item que merece destaque é o fato de alguns alunos afirmarem

que há deficiência nas aulas práticas, principalmente nas disciplinas básicas de

programação de computadores. A postura profissional dos professores foi um

item pontuado por um dos respondentes, o qual apontou que alguns

professores se limitam a ensinar somente o trivial e que não há preocupação

didática durante o processo de ensino-aprendizagem. Outro aluno respondeu

que a tecnologia poderia ser usada para a automatização do processo de

avaliação escolar. Finalmente , um terceiro aluno respondeu que a escola

deveria abordar mais as redes sociais, e enfatizou: “a instituição pode tentar

trabalhar mais essa questão de redes sociais mesmo, criar uma interação

maior com o aluno através dessas interfaces” (E9).

Em vista destas posições a respeito do uso das Tecnologias da

Informação e Comunicação no ambiente escolar, é possível perceber que há

um consenso de que o professor deve se apropriar dessas tecnologias de

modo a criar um canal de comunicação mais eficaz com os alunos. O

comentário de um aluno resume essa constatação:

Eu acho que o professor, principalmente por ele estar dando um curso para um pessoal de tecnologia, eu acho que ele tem que explorar isso aí ao máximo. Acho que ele tem de usar tudo o que for de benefício, tudo o que for de meio de comunicação rápida com seus alunos ele tem de usar, Orkut, Msn, site próprio, Blog, tudo que for da parte de tecnologia ele tem de usar para facilitar a sua comunicação com os alunos, é uma maneira de trazer os alunos. O que eu acho bacana no professor é que, por exemplo, às vezes o aluno tem uma dificuldade, está no serviço, ele tem uma dificuldade, tem um professor no Msn, no Gtalk , ele dá uma perguntada, no caso, o professor responde, já dá uma ajuda, dá uma luz para ele. O professor posta os artigos dele lá no Blog dele, num site pessoal dele lá, o aluno entra... Eu acho que o professor não tem de ficar somente focado na estrutura que a Universidade oferece para ele não, eu acho que ele tem que se apresentar mais para os alunos, mostrar outros caminhos. Porque, se a Universidade parar, o professor não precisa de parar (E3).

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7.9 Considerações finais

Este capítulo discutiu o uso das Tecnologias da Informação e

Comunicação (TIC) na sala de aula, diante da experiência acompanhada com

os alunos no desenvolvimento de um projeto em uma empresa do Terceiro

Setor. Foram discutidas as seguintes questões relativas ao uso das TIC no

ambiente escolar: (a) como as Tecnologias da Informação e Comunicação são

usadas pelos alunos, professores e a escola; (b) quais foram as contribuições

relativas ao uso das Tecnologias da Informação e Comunicação no ambiente

escolar durante o projeto e; (c) o que deveria ser alterado no Curso de

Computação no que se refere ao uso das tecnologias.

No que se refere às contribuições relativas ao uso das Tecnologias da

Informação e Comunicação no ambiente escolar durante o projeto, foram

trazidos à discussão os seguintes recursos tecnológicos para auxiliar no

processo de ensino-aprendizagem: o Powerpoint, a internet, o Lanschool, as

discussões síncronas e assíncronas.

Com relação ao uso do Powerpoint, a maioria dos alunos respondeu que

os professores fazem um bom uso desse recurso e, portanto, é a favor do uso

desse recurso na sala de aula.

Os alunos possuem a percepção de que os professores usam bem a

internet, disponibilizando regularmente material de consulta no portal da

instituição. De um modo especial, foram destacados pelos respondentes

aqueles professores que possuem um blog ou site pessoal, contribuindo para o

aprimoramento dos conhecimentos de seus alunos. Por outro lado, no que

concerne à internet, alguns alunos destacaram o uso superficial desse recurso

por alguns professores.

Segundo o relato da maioria dos alunos, os professores têm usado de

maneira adequada o recurso Lanschool. Foi observado que grande parte dos

alunos apoia o uso desse recurso tecnológico nos laboratórios de informática.

Os alunos esperam do professor essa postura, principalmente pela própria

característica tecnológica do Curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas.

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Os alunos também concordam que o uso do e-mail é de grande

importância para auxiliar a comunicação entre professores e alunos. De um

modo geral, segundo os entrevistados, os professores usam esse recurso

adequadamente.

Com relação às contribuições das TIC durante o projeto junto às ONGs,

grande parte dos alunos relatou que o que foi visto no curso foi básico, mas foi

o necessário para que tivessem condições de buscar em outras fontes o

conhecimento adicional necessário.

A partir dos relatos e das discussões deste capítulo, é possível perceber,

em vista destas posições a respeito do uso das Tecnologias da Informação e

Comunicação no ambiente escolar, que há um consenso de que o professor

deve se apropriar dessas tecnologias de modo a criar um canal mais eficaz e

eficiente de comunicação com os alunos e, consequentemente, promover

melhores resultados no processo de ensino-aprendizagem.

Conforme discutido no capítulo quatro (p.61), o currículo do Curso de

Graduação Tecnológica em Análise de Desenvolvimento de Sistemas deve

possibilitar a aproximação com o mercado de trabalho por meio de suas

práticas formativas, que incluem visitas técnicas, discussões de estudos de

casos reais e experimentações. Além disso, a metodologia desse curso está

pautada em promover o processo de ensino-aprendizagem em um ambiente

acadêmico que não se limita apenas ao espaço da sala de aula, mas usa

também outros espaços como empresas, dos diversos setores da sociedade.

Assim, como foi percebido a partir dos relatos, apesar das TIC serem usadas

de forma satisfatória na instituição durante o processo de ensino-

aprendizagem, é necessário implementar mais experiências como esta, e o

Terceiro Setor da sociedade, como foi percebido pelos respondentes, é um

excelente canal de articulação dos saberes que devem ser mobilizados entre a

escola e a sociedade.

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CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Conclusões

Como pôde ser observado nos capítulos iniciais desta pesquisa, os

avanços das TIC trouxeram novas possibilidades que, em alguns casos, foram

incorporadas ao processo de ensino-aprendizagem. Nesse sentido, a

abordagem desta pesquisa demonstrou que, de um modo geral, os professores

da instituição estudada se preocupam em usar as TIC, representadas

principalmente pelo computador. Embora alguns programas mais específicos e

de uso externo ao ambiente da sala de aula e do laboratório sejam menos

usados, há recursos que são intensivamente explorados de maneira correta,

segundo os alunos pesquisados, como é o caso do Powerpoint.

Nem sempre os conteúdos técnicos apresentados em sala de aula são

aplicados ao ambiente de trabalho, existindo, algumas vezes, um hiato entre

aquilo que se aprende na sala e o que é requisitado no mundo do trabalho.

Porém, com relação àquelas tecnologias que são apreendidas em sala e são

efetivamente usadas no ambiente de trabalho, os alunos demonstraram que

são a favor de usá-las em benefício de trabalhos voluntários, embora haja uma

preocupação, por parte desses alunos, em transferir essa tecnologia,

principalmente quando essas podem ser usadas com intenção de possibilitar a

obtenção de lucros por parte de terceiros.

Como discutido no terceiro capítulo (p.50) da presente pesquisa, as

ONGs, por serem um espaço de mobilização social em que conhecimentos

tácitos e formais são mobilizados para o bem comum, deveriam ser articuladas

à escola (em especial, no caso da área de Tecnologia da Informação), tendo

em vista que as TIC afetaram, de alguma forma, os vários setores da

sociedade – na qual local e global se complementam, pois são atores de um

mesmo cenário de dimensão mundial. Além de essa realidade ter sido

constatada na presente pesquisa, foi também verificada uma motivação dos

alunos para a realização de trabalhos voluntários envolvendo os

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conhecimentos sobre a Tecnologia da Informação em empresas do Terceiro

Setor. Isso talvez se explique por ser esse setor um espaço mais generoso no

sentido de oferecer, com mais facilidade, oportunidades profissionais para

alunos e egressos de cursos superiores. Foi verificado que as ONGs

analisadas não se mostraram receptivas a investimentos em tecnologias

proprietárias, preferindo as tecnologias baseadas em softwares open source, o

que pode levar, com menores dificuldades, ao conceito da Tecnologias

Apropriadas e Sociais.

Uma preocupação identificada foi a continuidade dos trabalhos

articulando a escola e o Terceiro Setor (ONGs). A princípio, não foi verificada

essa preocupação por parte da escola, mas foi sentida de maneira contundente

por parte de uma das ONGs acompanhadas. Outro aspecto identificado foi a

percepção que os alunos têm em relação ao software livre, sendo a maioria

deles a favor dessa categoria de software.

A partir dos relatos de alguns alunos, observou-se que, devido à

dificuldade em acompanhar as mudanças tecnológicas, principalmente no setor

da Tecnologia da Informação, houve uma insuficiência técnica para solucionar

os problemas junto às ONGs. Assim, esses alunos tiveram de buscar esse

conhecimento em outras fontes, fora do espaço escolar.

Ainda que, conforme verificado nas experiências acompanhadas, alguns

problemas de comunicação entre os grupos de trabalho (formados por alunos

do Curso de Marketing e do Curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas)

tenham ocorrido, o trabalho em equipe foi um dos pontos fortes do projeto

desenvolvido. O terceiro capítulo, (p. 48) desta pesquisa tratou exatamente das

atividades em equipe, conhecidas como Metodologia de Projetos, que articulam

e mobilizam saberes diversos, além de possibilitarem a introdução de

mudanças e inovações nas organizações humanas.

Conforme apontado pelos alunos, os professores usam adequadamente

a internet, disponibilizando regularmente material de consulta no portal da

instituição. Particularmente, foram destacados pelos respondentes aqueles

professores que possuem um blog ou site pessoal, recursos que contribuem

para o aprimoramento e a complementação dos conhecimentos. Outro

destaque feito pelos alunos foi com relação ao uso do e-mail, tido como

importante recurso para auxiliar a comunicação entre professores e alunos.

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Conforme a maioria dos alunos relatou, os professores utilizam

adequadamente o recurso Lanschool. Grande parte dos alunos, como

observado, apoia o uso desse recurso tecnológico nos laboratórios de

informática e espera dos professores que o utilizem, principalmente pelo fato

de estarem inseridos no Curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas.

Tendo em vista os relatos e as discussões realizadas na presente

pesquisa a respeito do uso das Tecnologias da Informação e Comunicação no

ambiente escolar, percebe-se um consenso, por parte dos alunos, de que o

professor deve se apropriar dessas tecnologias de modo a criar um canal mais

eficaz e eficiente de comunicação com os alunos e a promover melhores

resultados no processo de ensino-aprendizagem. Em outras palavras, segundo

a maioria dos respondentes, o professor deve usar recursos como Powerpoint,

E-mail, Blogs, Sites, Lanschool, participar de redes sociais e usar, quando

possível, os recursos tecnológicos que são comuns a esses alunos no seu

convívio social e profissional. No quarto capítulo (p.61) deste trabalho, é

discutido o fato de que o currículo do Curso de Graduação Tecnológica em

Análise de Desenvo lvimento procura aproximar o aluno e o mercado de

trabalho por meio de suas práticas formativas, que incluem visitas técnicas,

discussões e estudos de casos reais e experimentações. Além disso, a

metodologia desse curso está engajada em promover o processo de ensino-

aprendizagem num ambiente acadêmico que não se limita apenas ao espaço

da sala de aula, mas utiliza outros espaços sociais.

Com relação ao Terceiro Setor, a partir dos relatos foi observado que,

apesar de as TIC serem usadas de forma satisfatória na instituição universitária

durante o processo de ensino-aprendizagem, é necessário implementar mais

experiências como esta. O Terceiro Setor da sociedade, como foi percebido

pelos respondentes, é um excelente canal de articulação dos saberes que

devem ser mobilizados entre a escola e a sociedade.

Conforme mostrado no segundo capítulo (p. 37) deste trabalho, como

ressalta Silva (2006), é necessário que a escola se ajuste ao movimento

contemporâneo das novas Tecnologias da Informação e Comunicação,

procurando trazer para os bancos escolares um ambiente próximo ao cenário

tecnológico do mercado de trabalho. Vale lembrar que o fato de usar as TIC

não implica simplesmente aceitá-las e incorporá-las ao ambiente acadêmico e

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ao seu entorno, como resposta a uma possível imposição do processo de

globalização e da pós-modernidade, mas abrir possibilidades de acompanhar

essas inovações até mesmo para não se deixar dominar por elas,

especialmente em um Curso de Computação. Assim, abrindo espaços de

reflexão sobre essas tecnologias, os alunos desse curso, os quais serão

futuros produtores de softwares, poderão usá-las de forma crítica e

implementar soluções sustentáveis, como as voltadas para as Tecnologias

Sociais. É adequado também que a escola se aproprie dos saberes locais da

comunidade e procure ajustá-los à “formalidade” acadêmica dos novos tempos.

O professor deve manter uma relação sincronizada com a nova realidade social

trazida pelas novas tecnologias.

Recomendações

Baseadas nas reflexões construídas ao longo deste trabalho, as quais

culminaram nas conclusões apresentadas na seção anterior, seguem algumas

recomendações relacionadas ao aluno, ao professor, às TIC, ao ambiente

escolar e à comunidade. Essas recomendações foram construídas a partir das

percepções dos alunos e complementadas com os pressupostos teóricos que

procuraram fundamentar a presente pesquisa.

. Promover oficinas, seminários e palestras técnicas internas sobre as

TIC: promover palestras internas para professores de modo a incentivar o uso

de softwares específicos como o Lanschool, construção de Blogs, Sites e

outros recursos que podem ser usados como ferramentas de uso colaborativo

no processo de ensino-aprendizagem. Preferencialmente, esses recursos

tecnológicos usados no campo educaciona l podem ser discutidos a partir de

oficinas ou plenárias, em que professores que fazem um uso mais efetivo

desses recursos podem transferir sua experiência e promover reflexões sobre o

seu uso correto (como e quando usar) dessas, identificando seus benefícios no

processo de ensino-aprendizagem.

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. Promover palestras e visitas técnicas para os alunos: essa abordagem

possibilitará uma maior aproximação do aluno com o mundo do trabalho e

sociedade, essas palestras e visitas podem ser usadas como uma orientação

sobre as novas tecnologias da área do desenvolvimento de sistemas, uma vez

que é relativamente difícil acompanhar as mudanças tecnológicas,

principalmente no setor da Informática, em um mercado em constantes

mudanças. É importante que a escola aponte o caminho, quando não for

possível produzir o conhecimento, sobre as possibilidades de programas

proprietários e, principalmente, open source e free disponíveis para prover

soluções na área da programação de computadores, análise de sistemas e

gerenciamento de bancos de dados. Um caminho interessante, nesse sentido,

é identificar os professores com domínio em determinados assuntos

emergentes, do ponto de vista tecnológico, propondo a eles a realização de

palestras ou convidar outros profissionais para realizá -las, dentro ou fora do

ambiente escolar. Nessa mesma direção, quando necessário, é interessante a

realização de visitas técnicas nas empresas que dominem essas tecnologias

emergentes. Ressalta-se que, conforme mostrado no capítulo quatro (p.62), a

realização de palestras e visitas fazem parte das práticas formativas do curso

em estudo. A realização de parcerias entre a escola e empresas de tecnologias

ou que representem tecnologias emergentes é também uma opção

interessante, uma vez que o estabelecimento de vínculos entre escola e o

mundo do trabalho promove o acompanhamento dessas tecnologias e

possíveis parcerias profissionais.

. Manter a parceria escola e ONG: uma vez que há uma identificação e

interesse por parte dos alunos na realização de trabalhos voluntários

envolvendo os conhecimentos sobre a Tecnologia da Informação em empresas

do Terceiro Setor, é importante fomentar essa parceria, buscar novos espaços,

para que haja a articulação entre a escola e esse setor da sociedade civil. A

inclusão de empresas do Terceiro Setor como cenário de pesquisa e

intervenção pode ser uma boa opção para trabalhos baseados em projetos.

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. Sensibilizar as ONGs para o trabalho com alunos de TI: recomenda-se a

realização de um trabalho de aproximação consciente com o Terceiro Setor, de

forma a mostrar as potencialidades oferecidas por alunos de Tecnologia da

Informação e Comunicação, tais como consultoria de infraestrutura, consultoria

de aquisição de sistemas, planejamento, análise e implementação de sistemas

(sites e sistemas corporativos), deixando claras as potencialidades do uso do

software livre para esses casos.

. Promover a continuidade dos trabalhos junto as ONGs: realizar um

melhor planejamento no sentido de promover a continuidade dos trabalhos

implementados junto às empresas do Terceiro Setor. Sugere-se o início das

atividades com alunos de semestres intermediários, que já tenham

conhecimento de programação de computadores e análise de sistemas.

. Inserir de maneira mais acentuada o software livre no currículo escolar:

principalmente no caso daqueles destinados à solução dos problemas básicos

da área da Tecnologia da Informação, como a programação de computadores,

a construção de sites e o gerenciados de bancos de dados.

. Reforçar a parte técnica do ciclo básico do curso: reforçar os módulos

básicos do Curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas de forma que, já

nos primeiros semestres, os alunos adquiram determinadas habilidades e

competências basilares. São elas: a programação de computadores, a análise

de sistemas e o gerenciamento de bancos de dados. Essa recomendação se

justifica uma vez que, apreendidos os conceitos básicos da Computação, será

mais fácil a absorção de novidades tecnológicas, pois muitas delas se baseiam

nesses princípios básicos.

. Incentivar o uso da Metodologia de Projetos: incentivar as atividades

baseadas em equipes, principalmente aquelas envolvendo diferentes áreas, e

construir mecanismos de comunicação eficiente entre essas áreas de forma a

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minimizar conflitos, maximizar os resultados e agilizar os processos de

intervenção.

. Usar os espaços virtuais: incentivar os professores a criarem e usarem

espaços virtuais, recursos como blogs e sites, para apresentação de conteúdos

didáticos, de modo a complementar os conteúdos apresentados no ambiente

escolar e evitar o uso superficial desses recursos.

. Incentivar o uso de comunicações síncronas e assíncronas: incentivar os

professores a utilizarem de maneira mais efetiva o e-mail, se apropriando

também dos demais recursos de comunicação síncrona e assíncrona.

. Incentivar o desenvolvimento de Tecnologias Sociais: incentivar o

desenvolvimento dessas tecnologias em experiências voltadas para o Terceiro

Setor usando os recursos das TIC. Essa ação tem por objetivo proporcionar

aos envolvidos (escola e ONGs) maior liberdade e adaptabilidade nas

soluções, redução de custos e esforços para ambas as partes e a autogestão

dessa tecnologia por parte de quem a adquire.

. Abrir espaços de reflexão sobre o uso das tic

É aconselhável que a escola se ajuste ao movimento contemporâneo das

novas tecnologias da informação e comunicação. Usar as TIC não implica

simplesmente em aceitá-las e incorporá-las no ambiente acadêmico e no seu

entorno, como resposta a uma possível imposição do processo de globalização

e da pós-modernidade, mas abrir possibilidades de acompanhar essas

inovações até mesmo para não se deixar dominar por elas, especialmente em

um curso de computação. Assim abrindo espaços de reflexão sobre essas

tecnologias, os alunos desse curso (computação), que serão futuros produtores

de software, poderão usá-las de forma crítica e implementar soluções

sustentáveis, como por exemplo, aquelas voltadas para as tecnologias sociais

e a inserção social.

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Além das colocações acima, é importante que o professor e a escola

aperfeiçoem o ambiente de aprendizagem e utilizem os seguintes princípios, os

quais norteiam a interatividade: o hipertexto, a bidirecionalidade, a intervenção,

a coautoria e as relações de/com os saberes. As TIC podem ser um excelente

canal para articular e mobilizar os saberes envolvidos nesse imenso espaço,

heterogêneo e sem fronteiras, seja ele global ou global.

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APÊNDICES

APÊNDICE A – Modelo de Questionário aplicado aos alunos Caro aluno: Este questionário tem por objetivo identificar os usos e desafios das novas tecnologias nas práticas educacionais. É parte do trabalho do Curso de Mestrado em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local do Centro Universitário UNA. Contamos com a sua valiosa contribuição e afirmamos que todas as informações prestadas serão guardadas em total sigilo. Data da realização: 14 de junho de 2010. Antecipamos nossos agradecimentos . ___________________________________________________________________________ >> INFORMAÇÕES PESSOAIS: No. ________ Nome:_____________________________________________________________________________ Faixa etária: ( ) entre 15 e 24; ( ) entre 25 e 34; ( ) entre 35 e 44; ( ) acima de 44 >> INFORMAÇÕES PROFISSIONAIS: Trabalha? ( ) Sim; ( ) Não; – Trabalha na área de TI? ( ) Sim; ( ) Não; Há quantos anos (tempo de trabalho): ( ) 1 a 2 anos; ( ) 2 a 4 anos; ( ) mais de 4 anos. >> ATIVIDADES EM SALA DE AULA E LABORATÓRIO QUE ENVOLVEM TECNOLOGIAS: (01) De acordo com o seu ponto de vista, há uma divisão adequada das aulas práticas e teóricas? ( ) Sempre; ( ) Às vezes; ( ) Nunca; ( ) Nenhum dos itens relacionados. (02) Há atividades interdisciplinares usando as Tecnologias da Informação? ( ) Sempre; ( ) Às vezes; ( ) Nunca; ( ) Nenhum dos itens relacionados. (03) De um modo geral, os professores utilizam programas específicos para auxílio no processo de ensino-aprendizagem? (por exemplo: Blogs, E-mail , Sites e WebQuest) (a) ( ) Não usam; ( ) Usam muito; ( ) Usam pouco; ( ) Nenhum dos itens relacionados. (b) ( ) Fazem um bom uso; ( ) Fazem um mau uso; (04) De um modo geral, os professores usam apresentações do PowerPoint? (a) ( ) Não usam; ( ) Usam muito; ( ) Usam pouco; ( ) Nenhum dos itens relacionados. (b) ( ) Fazem um bom uso; ( ) Fazem um mau uso; (05) De um modo geral, os professores das disciplinas técnicas fazem uso de práticas em laboratórios? (a) ( ) Não usam; ( ) Usam muito; ( ) Usam pouco; ( ) Nenhum dos itens relacionados. (b) ( ) Fazem um bom uso; ( ) Fazem um mau uso; (06) De um modo geral, os professores fazem uso de Recursos de rede (como Intranet e LanSchool) no laboratório? (a) ( ) Não usam; ( ) Usam muito; ( ) Usam pouco; ( ) Nenhum dos itens relacionados. (b) ( ) Fazem um bom uso; ( ) Fazem um mau uso; (07) Há palestras de terceiros sobre as novas Tecnologias da Informação e Comunicação? ( ) Com muita frequência; ( ) Com pouca frequência; ( ) Nunca; ( ) Nenhum dos itens relacionados. (08) Há visitas técnicas (externas)?

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( ) Com muita frequência; ( ) Com pouca frequência; ( ) Nunca; ( ) Nenhum dos itens relacionados. (09) Há pesquisas direcionadas/orientadas na internet sobre algum conteúdo abordado? ( ) Sempre; ( ) Às vezes; ( ) Nunca; ( ) Nenhum dos itens relacionados. (10) Há realização de trabalhos em equipe que envolvam tecnologias sobre algum conteúdo abordado? ( ) Sempre; ( ) Às vezes; ( ) Nunca; ( ) Nenhum dos itens relacionados. (11) De um modo geral, os professores usam o e-mail como ferramenta auxiliar no processo de ensino-aprendizagem (entrega de atividades, esclarecimento de dúvidas etc.)? ( ) Sempre; ( ) Às vezes; ( ) Nunca; ( ) Nenhum dos itens relacionados. (12) De um modo geral, os professores participam de discussões síncronas (usando, por exemplo, Orkut, Google Talk , Skype e Chats) para esclarecimento de dúvidas? ( ) Sempre; ( ) Às vezes; ( ) Nunca; ( ) Nenhum dos itens relacionados. >> TECNOLOGIAS E O TERCEIRO SETOR (13) Você tem algum conhecimento sobre o papel e a função das empresas do Terceiro Setor (associações comunitárias, associações sem fins lucrativos, ONGs) na sociedade? ( ) Sim; ( ) Não; ( ) Algum; ( ) Nenhum dos itens relacionados. (14) Você é a favor de usar a tecnologia aprendida no ambiente escolar em benefício de trabalhos voluntários? ( ) Sim; ( ) Sim, com restrições; ( ) Não; ( ) Nenhum dos itens relacionados. (15) Você é a favor do software livre (software que pode ser copiado, usado, estudado e redistribuído sem restrições)? ( ) Sim; ( ) Não; ( ) Nenhum dos itens relacionados. (16) Você permitiria a transferência de tecnologia de um software desenvolvido por você para uma empresa do Terceiro Setor? ( ) Sim; ( ) Não; ( ) Sim, com restrições; ( ) Nenhum dos itens relacionados. >> A TECNOLOGIA: DO AMBIENTE ESCOLAR PARA O AMBIENTE PROFISSIONAL (17) Há aplicação, no seu ambiente de trabalho, dos softwares disponibilizados na sala de aula/laboratório? ( ) Sempre; ( ) Às vezes; ( ) Nunca; ( ) Nenhum dos itens relacionados. (18) Há aplicação, no seu ambiente de trabalho, do conteúdo apresentado na sala de aula/laboratório? ( ) Sempre; ( ) Às vezes; ( ) Nunca; ( ) Nenhum dos itens relacionados. No caso de alguma observação ou sugestão que possa contribuir para avaliar e melhorar a atual estrutura dos cursos de informática no que se refere ao uso das tecnologias nas práticas educacionais, utilize o espaço acima ou o verso deste questionário. ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________

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APÊNDICE B – Modelo de Entrevista aplicada aos alunos (1) DADOS CADASTRAIS: No. _________ (1.01) Nome: _____________________________________________________________________ (1.02) Questionário No. ___________ (1.3) Data: ____/____/_____ (1.04) ONG (trabalhada no projeto): ____________________________________________________ (2) QUESTÕES: (2.01) Você já participou antes (desconsiderando este) de um processo de desenvolvimento de sistemas com a implementação/implantação de fato de um projeto em uma empresa ou ONG? Informar quando, onde e qual foi a duração da experiência (projeto). COM RELAÇÃO À EXPERIÊNCIA DO PROJETO APLICADO, RESPONDA ÀS QUESTÕES SEGUINTES: (2.02) O uso das Tecnologias da Informação (processos de análise e programação de computadores) foi corretamente realizado no decorrer da experiência? Justifique sua resposta. (2.03) A experiência de desenvolvimento e implementação do projeto junto à ONG foi positiva? Justifique, em linhas gerais , sua resposta. (2.04) Relate os fatores positivos da experiência. (2.05) Relate os fatores negativos da experiência. (2.06) Você percebeu deficiências relativas ao uso das tecnologias no ambiente escolar em comparação ao uso das tecnologias durante o processo de desenvolvimento do projeto para a ONG? Justifique. (2.07) Você percebeu contribuições relevantes relativas ao uso das tecnologias no ambiente escolar em comparação ao uso das tecnologias durante o processo de desenvolvimento do projeto para a ONG? Justifique. (2.08) A partir dos dados apresentados acima, relate como deveria ser a postura do aluno, da escola e do professor para melhor compreensão do uso das tecnologias no ambiente escolar visando à sua aplicação no mundo do trabalho. (2.09) Em sua opinião, o que deveria ser alterado, no que se refere ao uso das tecnologias , no seu Curso de Computação? (2.10) Você tem algum conhecimento sobre a o papel e a função das empresas do Terceiro Setor (associações comunitárias, associações sem fins lucrativos, ONGs) na sociedade? (2.11) Você é a favor de usar a tecnologia aprendida no ambiente escolar em benefício de trabalhos voluntários? (2.12) Você é a favor do software livre (software que pode ser copiado, usado, estudado e redistribuído sem restrições)? (2.13) Você permitiria a transferência de tecnologia de um software desenvolvido por você para uma empresa do Terceiro Setor? Página: 1

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APÊNDICE C – Modelo de Entrevista aplicada à ONG (01) DADOS CADASTRAIS: (1.01) Nome: _______________________________________________________________________ (1.02) ONG: _______________________________________________________________________ (1.03) Data: _______________________________________________________________________ (02) QUESTÕES: (2.01) Quantos computadores a ONG possui? (2.02) Desde quando? (2.03) Com relação ao trabalho na ONG (dos alunos), qual foi o motivo dessa demanda? (2.04) Antes da implementação / implantação dos trabalhos realizados pelos alunos, como a ONG usava a Tecnologia da Informação e Comunicação com os computadores? (2.05) Antes da implementação/implantação dos trabalhos realizados pelos alunos, a ONG possuía um site ou blog para exposição de suas atividades? Se a resposta for afirmativa, essa aplicação era satisfatória? (2.06) Há pessoas especializadas na área de TI (Tecnologia da Informação) na ONG? (2.07) Qual é a expectativa do uso da tecnologia implantada em relação ao modo como será dada continuidade a esse processo por parte dos integrantes da ONG? Haverá apropriação dos conhecimentos disponibilizados pelos alunos por parte dos integrantes da ONG? (2.08) A ONG já participou antes (desconsiderando este) de um processo de desenvolvimento envolvendo alunos de uma instituição de ensino na área de Tecnologia da Informação? Se a resposta for positiva, responda como esse processo foi realizado. Há diferenças significativas entre o processo anterior e o atual? (2.09) Aponte os pontos positivos com relação aos trabalhos realizados pelos alunos e professores da instituição de ensino em sua ONG. (2.10) Aponte os pontos negativos com relação aos trabalhos realizados pelos alunos e professores da instituição de ensino em sua ONG. (2.11) Quais são as sugestões para melhorar o projeto desenvolvido na ONG pelos alunos?

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APÊNDICE D – Informações pessoais e profissionais dos alunos

TABELA Informações pessoais e profissionais dos alunos – Faixa etária

Faixa Etária

Quantidade (alunos)

Entre 15 e 24 8

Entre 25 e 34 14

Entre 35 e 44 3

Acima de 44 0

Não informaram 2

Total 27

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APÊNDICE E – Atividades em sala de aula e laboratórios

TABELA Atividades em sala de aula e laboratórios que envolvem Tecnologias da Informação

Questão Descrição Resposta

1 Divisão adequada das aulas práticas e teóricas

Sempre: 14 Às vezes: 13 Nunca: 0 Nenhum dos itens relacionados: 0

2 Atividades interdisciplinares usando as Tecnologias da Informação

Sempre: 15 Às vezes: 12 Nunca: 0 Nenhum dos itens relacionados : 0

3 Programas específicos para aux ílio no processo de ensino-aprendizagem

Não usam: 0 Usam muito: 13 Usam pouco: 12 Nenhum dos itens relacionados: 2 Fazem um bom uso: 19 Fazem um mau uso: 3

4 Uso de apresentações no PowerPoint

Não usam: 0 Usam muito: 25 Usam pouco 1 Nenhum dos itens relacionados: 1 Fazem um bom uso: 17 Fazem um mau uso: 2

5 Uso dos laboratórios

Não usam: 0 Usam muito: 19 Usam pouco: 4 Nenhum dos itens relacionados: 4 Fazem um bom uso: 20 Fazem um mau uso: 2

6 Uso dos recursos de rede (como LanSchool ) no laboratório

Não usam: 0 Usam muito: 17 Usam pouco: 7 Nenhum dos itens relacionados: 3 Fazem um bom uso: 20 Fazem um mau uso: 2

7 Palestras de terceiros sobre as novas Tecnologias da Informação e Comunicação

Com muita frequência: 0 Com pouca frequência: 26 Nunca: 1 Nenhum dos itens relacionados: 0

8 Visitas técnicas (externas)

Com muita frequência: 0 Com pouca frequênca: 20 Nunca: 7 Nenhum dos itens relacionados: 0

9 Pesquisas direcionadas/orientadas na internet sobre algum conteúdo abordado

Sempre: 4 Às vezes: 21 Nunca: 1 Nenhum dos itens relacionados: 1

10 Trabalhos em equipe que envolvam tecnologias sobre algum conteúdo abordado

Sempre: 21 Às vezes: 6 Nunca: 6 Nenhum dos itens relacionados : 0

11 Uso do e-mail Sempre: 17 Às vezes: 9 Nunca: 1 Nenhum dos itens relacionados : 0

12 Participação de discussões síncronas (Chat, Orkut, Google Talk, Skype etc.)

Sempre: 0 Às vezes : 6 Nunca: 21 Nenhum dos itens relacionados : 0

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APÊNDICE F – Tecnologias e Terceiro Setor

TABELA Tecnologias e Terceiro Setor

Descrição Resposta

13 Conhecimento sobre a o papel e a função das empresas do Terceiro Setor

Sim: 9 Não: 1 Algum: 17 Nenhum dos itens relacionados: 0

14 Usar a tecnologia aprendida no ambiente escolar em benefício de trabalhos voluntários

Sim: 18 Sim, com restrições: 9 Não: 0 Nenhum dos itens relacionados: 0

15

É a favor do software livre?

Sim: 26 Não: 1 Nenhum dos itens relacionados: 0

16 Permitir a transferência de tecnologia de um software para uma empresa do Terceiro Setor

Sim: 11 Não: 1 Sim, com restrições: 15 Nenhum dos itens relacionados: 1

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APÊNDICE G – Tecnologia, educação e Terceiro Setor

TABELA Entrevistas – Tecnologia, educação e Terceiro Setor

Questões

Categorias (alunos)

Participação em projetos em ONGs envolvendo as TIC

- 6 trabalham em empresas da iniciativa privada, mas nunca trabalharam em ONG. - 1 já trabalhou em ONG, mas não utilizou a Tecnologia da Informação. - 1 nunca trabalhou em ONG, mas conhece o assunto. - 1 nunca trabalhou em ONG e também não trabalha na área de Tecnologia da Informação.

Aplicação dos recursos da Tecnologia da Informação e Comunicação usados em sala de aula na experiência da ONG

- 2 relataram que não conseguiram usar todo o conhecimento na experiência. - 4 relataram que o embasamento técnico ajudou. - 3 relataram que usaram uma ferramenta tecnológica que não foi abordada no curso.

A experiência na ONG foi positiva? Quais foram os fatores Positivos?

Todos os alunos responderam que sim, sendo os principais destaques positivos (fatores): - Trabalho em equipe (4 destaques). - Ajudar as pessoas (4 destaques). - Unir teoria à prática (2 destaques). - Aprender nova tecnologia (2 destaques).

Quais foram os fatores negativos?

- 6 destacaram os problemas de comunicação entre as equipes de Marketing e Análise e Desenvolvimento de Sistemas. - 3 destacaram a insatisfação de não ter feito mais. Os alunos acima fizeram duas observações sobre resistência, por parte da ONG, em participar da experiência.

Deficiências relativas ao uso das Tecnologias da Informação e Comunicação no ambiente escolar durante a experiência na ONG

- 3 relataram que o que foi visto no curso não foi suficiente, tiveram que aprender por conta própria. - 1 usou tecnologia proprietária e encontrou resistência por parte da ONG. - 3 relataram que a escola não ofereceu condições. - 2 relataram que o que foi visto na escola foi básico, mas já possuíam experiência própria para executar o projeto.

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(continuação)

Questões

Categorias (alunos)

Conhecimento dos alunos sobre as ONGs

- 5 disseram ter um conhecimento superficial. - 4 disseram ter nenhum conhecimento.

Sobre realizar trabalhos voluntários usando as TIC

- 5 são a favor. - 4 são a favor, porém, com restrições.

Sobre o software livre - 5 são a favor. - 4 são a favor, porém, com restrições.

Sobre a transferência de tecnologia - 6 são a favor. - 3 são a favor, porém, com restrições.

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APÊNDICE H – TIC e sala de aula

TABELA

Entrevistas – TIC e sala de aula

Questões

Categorias (alunos)

Contribuições relativas ao uso das Tecnologias da Informação e Comunicação no ambiente escolar durante o projeto

- 4 relataram que o que foi visto no curso foi básico, mas foi o necessário. - 5 relataram que a escola ofereceu condições para o desenvolvimento do projeto.

Como as Tecnologias da Informação e Comunicação são usadas pelos alunos, professores e a escola

- 1 destacou o uso de muita teoria e pouca prática. - 1 destacou o ensino superficial das disciplinas. - 5 destacaram que as tecnologias são bem usadas pelos professores no processo de ensino-aprendizagem. - 2 responderam que a escola é deficiente em disponibilizar a tecnologia.

O que deveria ser alterado no Curso de Computação no que se refere ao uso das tecnologias

- 1 respondeu que a postura profissional dos professores deve melhorar. - 1 respondeu que os professores deveriam usar a tecnologia aplicada às provas e avaliações. - 4 responderam que as disciplinas estão geralmente defasadas com relação ao mercado de trabalho. - 2 responderam que há deficiências na parte prática. - 1 respondeu que a escola deveria abordar mais as redes sociais.

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APÊNDICE I – Cartilha de Recomendações

USOS DAS TIC NAS PRÁTICAS EDUCACIONAIS QUE VISAM INTERVENÇÕES INCLUINDO O TERCEIRO SETOR: O CASO DA

COMPUTAÇÃO.

Recomendações

Belo Horizonte Dezembro / 2010

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Este trabalho é o resultado do projeto de Pesquisa e Intervenção

apresentado ao Mestrado em Gestão Social, Educação e

Desenvolvimento Local do Centro Universitário UNA, sob a

orientação da Professora Drª. Áurea Regina Guimarães Thomazi.

Projeto Gráfico: Gilmar Luiz de Borba

Revisão de Texto: Ana Carolina de Andrade Aderaldo

Diagramação e Finalização: Gilmar Luiz de Borba.

Imagens: Gilmar Luiz de Borba.

Estão autorizadas a reprodução e a divulgação total ou parcial deste trabalho por qualquer meio

convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que devidamente citada a fonte.

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Apresentação

As recomendações constantes neste volume têm por objetivo contribuir

com os gestores escolares, professores e escolas, relacionados aos cursos de

Graduação Tecnológica na área da Computação, no sentido de revelarem

algumas pistas indicativas para aperfeiçoar o processo de ensino-

aprendizagem incluindo as práticas educacionais em empresas do Terceiro

Setor.

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Considerações gerais

As recomendações constantes no presente trabalho tiveram como

principal ponto de partida o acompanhamento, a análise e a utilização da

tecnologia no processo de ensino-aprendizagem em um curso específico de

Graduação Tecnológica – Análise e Desenvolvimento de Sistemas. Foram

discutidos os papéis dos principais atores envolvidos nesse processo, a saber:

o do educador e o do educando.

Os avanços das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC)

trouxeram novas possibilidades, a quais, em alguns casos, foram incorporadas

ao processo de ensino-aprendizagem. De um modo geral, os professores, dos

Cursos de Graduação Tecnológica da área da Computação se preocupam em

usar as TIC, representadas principalmente pelo computador e pela internet,

para auxílio no processo de ensino-aprendizagem.

As Organizações Não Governamentais (ONGs), por serem um espaço

de mobilização social em que conhecimentos tácitos e formais são mobilizados

para o bem comum, devem ser articuladas à escola, em especial, à área da

Tecnologia da Informação, uma vez que as TIC afetaram, de alguma forma, os

vários setores da sociedades, na qual local e global, muitas vezes, se

complementam, pois são atores de um mesmo cenário de dimensão mundial.

O Terceiro Setor pode ser um opção para a aplicação dos conceitos

apreendidos no ambiente escolar. Sendo um espaço generoso, oferece com

mais facilidade oportunidades profissionais para alunos e egressos de cursos

superiores, e possibilita a aplicação das tecnologias baseadas em softwares

open source – o que leva aos conceitos de Tecnologia Apropriada e Tecnologia

Social.

É necessário que a escola se ajuste ao movimento contemporâneo das

TIC, procurando trazer para os bancos escolares um ambiente próximo ao

cenário tecnológico apresentado no mundo do trabalho. Vale lembrar que o fato

de usar as TIC não implica simplesmente aceitá-las e incorporá-las ao

ambiente acadêmico e ao seu entorno, como resposta a uma possível

imposição do processo de globalização e da pós-modernidade, mas abrir

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possibilidades de acompanhar essas inovações até mesmo para não se deixar

dominar por elas, especialmente em um Curso de Computação.

A imagem acima mostra os principais atores envolvidos direta ou

indiretamente no processo de ensino-aprendizagem envolvendo as TIC , a

escola e o Terceiro Setor. É importante que o professor e a escola aperfeiçoem

o ambiente de aprendizagem, usem os princípios que norteiam a interatividade

e as relações de/com os saberes. As TIC podem ser um excelente canal para

articular e mobilizar os saberes envolvidos nesse imenso espaço heterogêneo

e sem fronteiras, seja ele global ou local. Observa-se, contudo, que adquirir,

incorporar e se adequar às TIC não é o bastante; é preciso ainda se apropriar

das TIC e utilizá-las a serviço de uma educação que privilegie a autonomia e a

emancipação.

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Recomendações

Baseadas nas reflexões construídas ao longo do trabalho, as quais

culminaram em algumas conclusões, seguem as recomendações relacionadas

ao aluno, ao professor, às TIC, ao ambiente escolar e à comunidade. Essas

recomendações foram construídas a partir das percepções dos alunos e

complementadas com os pressupostos teóricos que procuraram fundamentar a

pesquisa desenvolvida.

Sugere-se incentivar os professores a criarem e usarem espaços

virtuais, recursos como blogs e sites, para apresentação de conteúdos

didáticos, de modo a complementar os conteúdos apresentados no ambiente

escolar e a evitar o uso superficial desse recurso.

Deve-se incentivar os professores a utilizarem de maneira mais efetiva o

e-mail, se apropriando também dos recursos de comunicação síncrona dessa

tecnologia e de outras tecnologias relacionadas à comunicação síncrona e

assíncrona.

Usar os espaços virtuais

Incentivar o uso de comunicações síncronas e assíncronas

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Recomenda-se promover palestras internas para professores de modo a

incentivar o uso de softwares específicos como o Lanschool, a construção de

Blogs, Sites e outros recursos que podem ser usados como ferramentas de uso

colaborativo no processo de ensino-aprendizagem. Preferencialmente , esses

recursos tecnológicos usados no campo educacional podem ser discutidos a

partir de oficinas ou plenárias, nas quais professores que fazem um uso mais

efetivo desses recursos podem transferir sua experiência, promover reflexões

sobre o seu uso adequado (como e quando usar tais recursos) e identificar

seus benefícios no processo de ensino-aprendizagem.

Deve-se promover palestras e visitas técnicas para os alunos, uma vez

que essa abordagem possibilitará uma maior aproximação do aluno com o

mundo do trabalho e sociedade. Essas palestras e visitas podem ser usadas

como uma orientação sobre as novas tecnologias da área do desenvolvimento

de sistemas, já que é relativamente difícil acompanhar as mudanças

tecnológicas, principalmente no setor da Informática, em um mercado em que

se verificam constantes mudanças. É importante que a escola aponte, quando

não for possível transferir o conhecimento, os programas proprietários e,

principalmente, open source e free disponíveis para prover soluções na área da

programação de computadores, análise de sistemas e gerenciamento de

bancos de dados. Um caminho interessante, nesse sentido, é identificar os

professores com domínio em determinados assuntos emergentes, do ponto de

vista tecnológico, e propor a eles a realização de palestras, ou convidar outros

profissionais para realizá-las, dentro ou fora do ambiente escolar. Nessa

mesma direção, quando necessário, é interessante a realização de visitas

técnicas nas empresas que dominem essas tecnologias emergentes. A

realização de parcerias entre a escola e empresas de tecnologias ou que

Promover oficinas, seminários e palestras

técnicas internas sobre as TICs

Promover palestras e visitas técnicas sobre as TIC para os alunos

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representem tecnologias emergentes é também uma opção interessante, pois o

estabelecimento de vínculos entre escola e o mundo do trabalho promove o

acompanhamento dessas tecnologias e possíveis parcerias profissionais.

Deve-se incentivar as atividades baseadas em equipes, principalmente

aquelas envolvendo diferentes áreas, construindo mecanismos de

comunicação eficiente entre elas de forma a minimizar conflitos, maximizar os

resultados e agilizar os processos de intervenção.

Recomenda-se inserir, de maneira mais acentuada, o uso de software

livre no currículo escolar, principalmente daqueles destinados à solução dos

problemas básicos da área da Tecnologia da Informação, como a programação

de computadores, a construção de sites e o gerenciados de bancos de dados.

Reforçar os módulos básicos dos cursos de Análise e Desenvolvimento

de Sistemas de forma que, já nos primeiros semestres, os alunos adquiram

habilidades e competências nas áreas básicas do curso, tais como: a

programação de computadores, a análise de sistemas e o gerenciamento de

bancos de dados. Essa recomendação se justifica pelo fato de que, uma vez

apreendidos os conceitos básicos da computação, será mais fácil a absorção

Incentivar o uso da Metodologia de Projetos usando

as TIC

Inserir de maneira mais acentuada o software livre

no currículo escolar

Reforçar a parte técnica do ciclo básico do curso

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de novidades tecnológicas, pois muitas delas se baseiam nesses princípios

basilares.

Uma vez que há uma identificação e interesse por parte dos alunos na

realização de trabalhos voluntários, envolvendo os conhecimentos sobre a

tecnologia da informação, em empresas do terceiro setor, é importante

fomentar essa parceria, buscar novos espaços para que haja a articulação

entre a escola e esse setor da sociedade civil. A inclusão de empresas do

terceiro setor como cenário de pesquisa e intervenção pode ser uma boa opção

para trabalhos baseados em projetos.

Deve-se realizar um melhor planejamento no sentido de promover a

continuidade dos trabalhos implementados junto às empresas do Terceiro

Setor. Sugere-se o início das atividades com alunos de semestres

intermediários, que já tenham conhecimento de programação de computadores

e análise de sistemas.

Manter a parceria escola e ONG

Promover a continuidade dos trabalhos junto às ONGs

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É necessário realizar um trabalho de aproximação consciente com o

Terceiro Setor, de forma a mostrar as potencialidades oferecidas por alunos de

Tecnologia da Informação e Comunicação, tais como consultoria de

infraestrutura, consultoria de aquisição de sistemas, planejamento, análise e

implementação de sistemas (sites e sistemas corporativos). É importante deixar

claro as potencialidades do uso do software livre para esses casos.

É necessário incentivar o desenvolvimento de Tecnologias Sociais em

experiências voltadas para o Terceiro Setor usando os recursos das TIC. Essa

ação tem por objetivo proporcionar aos envolvidos (escola e ONGs) maior

liberdade e adaptabilidade nas soluções, redução de custos e esforços para

ambas as partes e, finalmente, a autogestão dessa tecnologia por parte de

quem a adquire.

É aconselhável que a escola se ajuste ao movimento contemporâneo das

novas tecnologias da informação e comunicação. Usar as TIC não implica

simplesmente em aceitá-las e incorporá-las no ambiente acadêmico e no seu

entorno, como resposta à uma possível imposição do processo de globalização

Sensibilizar as ONGs para o trabalho com alunos

de TI

Incentivar o desenvolvimento de Tecnologias Sociais

Abrir espaços de reflexão sobre o uso das TIC

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e da pós-modernidade, mas abrir possibilidades de acompanhar essas

inovações até mesmo para não se deixar dominar por elas, especialmente em

um curso de computação. Assim abrindo espaços de reflexão sobre essas

tecnologias, os alunos desse curso (computação), que serão futuros produtores

de software, poderão usá-las de forma crítica e implementar soluções

sustentáveis, como por exemplo, aquelas voltadas para as tecnologias sociais

e a inserção social.

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O mapa das recomendações

O mapa conceitual a seguir procura ilustrar as diretrizes apontadas como

recomendações para o uso das TIC no ambiente escolar visando intervenções

no Terceiro Setor.

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Dicas

Nesta seção, são apresentadas algumas dicas de software, sites, blogs e

artigos sobre a Educação, as TIC e o Terceiro Setor, principalmente

relacionadas a presente pesquisa.

Softwares de apoio à Educação (professor/aluno)

CAMSTUDIO 2.0. Software gratuito e de código aberto. Usado para a criação

de vídeoaulas e gravação de atividades no desktop.

Disponível em: http://camstudio.org/

Acessado em: 12 nov. 2010.

EXPERT SINTA. Um aplicativo implementado na linguagem de programação

orientada a objetos Borland Delphi. Trata-se de uma ferramenta visual para a

construção de sistemas especialistas. Disponível para download em vários

sites. Sugestões: http://www.lia.ufc.br/;

http://www.dct.ufms.br/~mzanusso/IA.htm.

Acessado em: 12 nov. 2010.

LANSCHOOL. Software proprietário destinado à administração e

monitoramento de computadores ligados em uma rede. Permite bloqueio de

impressões, controle de acesso à internet e programas de bate-papo, bloqueio

de programas e aplicativos, entre outros. Há uma versão gratuita para teste,

disponível em sites de downloads, e uma versão de avaliação no próprio site

da empresa. Disponível em: http://www.lanschool.com/. Acessado em: 12 nov.

2010.

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Tutoriais para construção de Sites e Blogs

BLOGGER. Permite a criação gratuita de blog. Disponível em:

http://www.google.com.br/. Acessado em: 12 nov. 2010.

JOOMLA. Software, Sistema Gerenciador de Conteúdo (CMS) livre e gratuito.

Usado para criação de sites e portais. Disponível em:

http://www.joomla.com.br/. Acessado em: 12 nov. 2010.

WORDPRESS. Plataforma (livre e gratuita) para publicação pessoal, com foco

na estética, nos Padrões Web e na usabilidade. Disponível em:

br.wordpress.org ou http://wordpress.org/. Acessado em: 12 nov. 2010.

Informações relacionadas à WebQuest

PORTAL EDUCACIONAL DAS WEBQUESTS EM LÍNGUA PORTUGUESA.

Disponível em: http://www.portalwebquest.net/ . Acessado em: 19 out. 2010.

RECURSOS DA INTERNET PARA EDUCAÇÃO. Disponível em:

http://webeduc.mec.gov.br/webquest/. Acessado em: 19.out. 2010.

SENAC, SP. Disponível em: http://webquest.sp.senac.br/textos/oque .

Acessado em: 19. out. 2010.

WEBQUEST - Wiki. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/WebQuest.

Acessado em: 19. out. 2010.

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Artigos relacionados à Educação, às TIC e ao Terceiro Setor

BOAVENTURA DE SOUZA SANTOS (HOMEPAGE). Site que aborda assuntos

sobre a globalização, sociologia do direito, epistemologia, democracia e direitos

humanos. Disponível em:

http://www.boaventuradesousasantos.pt/pages/pt/homepage.php. Acessado

em: 12 nov. 2010.

FUNDAÇÃO BANCO DO BRASIL . Banco de Tecnologias Sociais.

Disponível em: http://www.tecnologiasocial.org.br/. Acessado em: 12 nov. 2010.

INSTITUTO PÓLIS. Organização Não Governamental com atuação no campo

das políticas públicas e do desenvolvimento local. Disponível em:

http://www.polis.org.br/. Acessado em: 12 nov. 2010.

DOWBOR, Ladislau. Artigos, vídeos, livros nas seguintes linhas de pesquisa:

desenvolvimento institucional no nível municipal, sistemas locais de

planejamento e informação; educação e conhecimento, em função das novas

tecnologias e das novas tendências do mercado de trabalho; políticas

municipais aplicadas em diversos setores; impactos sociais da globalização,

em particular nas áreas institucional e de políticas de emprego (informações

extraídas do próprio site). Disponível em: http://dowbor.org/ ou

http://www.dowbor.org/. Acessado em: 19 out. 2010.

ORA BLOGS. Blog voltado para assuntos relacionados à Gestão Social, Esfera

Pública, Sociedade Civil e Desenvolvimento Sustentável.

Disponível em: http://www.armindoteodosio.blogspot.com/. Acessado em: 12

nov. 2010.

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SILVA, Marco. Sala de aula interativa. Site que convida ao debate sobre os

assuntos “aula presencial”, “inforrica” ou “infopobre”, como afirma o autor, e “a

distância” (via web), de modo a romper com a prática da transmissão

tradicional. Apresenta um convite à intervenção, à bidirecionalidade, à

interatividade e à coautoria. Disponível em:

http://www.saladeaulainterativa.pro.br/. Acessado em: 12 nov. 2010.

BORBA, Gilmar Luiz de. Tecnologias da Informação, Engenharia de Software e

Educação. Site do autor. Disponível em: http://gilmarborba.com.br/. Acessado

em: 12 nov. 2010.

Gilmar Luiz de Borba

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