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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO CONTINUADA E PESQUISA MESTRADO EM GESTÃO SOCIAL, EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO LOCAL

MARCELO TORRES DE PAULA

FORMAÇÃO DE JOVENS PARA A PARTICIPAÇÃO POLÍTICA E O EXERCÍCIO

DA CIDADANIA

BELO HORIZONTE 2015

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MARCELO TORRES DE PAULA

FORMAÇÃO DE JOVENS PARA A PARTICIPAÇÃO POLÍTICA E O EXERCÍCIO

DA CIDADANIA

Dissertação de mestrado apresentada à Banca de Exame de Defesa, constituída pelo Colegiado do Mestrado em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local do Centro Universitário UNA.

Área de Concentração: Inovações sociais e desenvolvimento local

Linha de Pesquisa: Educação e desenvolvimento local

Professora Orientadora: Profa. Drª. Maria Lúcia Miranda Afonso

BELO HORIZONTE 2015

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MARCELO TORRES DE PAULA

FORMAÇÃO DE JOVENS PARA A PARTICIPAÇÃO POLÍTICA E O EXERCÍCIO

DA CIDADANIA

Dissertação aprovada como requisito parcial para obtenção do título de mestre do

curso de Mestrado em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local, área de

concentração Inovações sociais e Desenvolvimento Local, do Centro Universitário

UNA.

Orientadora:

__________________________________________ Doutora Maria Lúcia Miranda Afonso Centro Universitário UNA Membro da Banca Examinadora ___________________________________________ Doutor Frederico de Carvalho Figueiredo Centro Universitário UNA Membro da Banca Examinadora ____________________________________________ Doutora Márcia Stengel PUC Minas

BELO HORIZONTE

2015

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À minha esposa Renata e ao meu filho João Victor.

À juventude brasileira, presente de Deus para esta

nação.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por me permitir alcançar mais esta conquista.

À minha esposa Renata e meu filho João Victor pelo amor e apoio incondicionais.

Aos meus pais, Emanuel e Zilca, por terem me ensinado aquilo que não se aprende

na escola.

À minha orientadora Dra. Maria Lúcia Miranda Afonso pela paciência, serenidade e

pelos preciosos ensinamentos.

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RESUMO

A necessidade de preparação da juventude para a participação política e o exercício

da cidadania possui forte amparo legislativo, seja no plano nacional ou internacional.

Todavia, para que haja uma participação de qualidade torna-se necessário um

conhecimento acerca dos direitos humanos/fundamentais, além de uma

compreensão básica sobre o funcionamento das instituições políticas do país.

Ademais, torna-se necessário considerar o jovem como um ser político, capaz de

discutir e contribuir com as discussões relevantes para a sociedade, e não como

alguém que precisa ser moldado para reproduzir as práticas existentes. Para

conseguir esse engajamento, deve-se ouvir o jovem sobre como ele encara as

formas de participação política tradicionais, bem como absorver as novas formas de

participação política que a juventude tem implementado no cotidiano. A rejeição dos

jovens pelos meios de participação política tradicionais deve ser considerada como

uma oportunidade de desenvolvimento de outras formas de participação, sem,

contudo, implicar em uma negação das instituições políticas já existentes. Diante

deste quadro, o presente trabalho propõe-se a pesquisar os conhecimentos que a

população jovem, escolarizada, tem sobre cidadania, direitos e garantias

fundamentais, organização do Estado e funcionamento do sistema político visando

ao desenvolvimento de ações de intervenção social, com caráter de inovação social

e capazes de fomentar o desenvolvimento local. A metodologia orientadora da

pesquisa incorporou a técnica quali-quantitativa, ficando o estudo focado na

população com faixa etária entre 16 e 18 anos inserida no sistema de ensino formal

público e privado. A pesquisa de campo foi desenvolvida por meio da aplicação de

um questionário contendo perguntas abertas e fechadas a 82 alunos, divididos em

uma escola privada e uma escola pública, ambas localizadas no município de

Contagem/MG. O produto técnico consistiu na elaboração de um jogo pedagógico

denominado “Dominó da Política”, voltado para o público jovem, que pretende, de

forma lúdica, contribuir para a construção de um conhecimento sobre o

funcionamento do sistema político-constitucional brasileiro.

Palavras Chave: Educação, Direitos e garantias fundamentais, Cidadania, Jovens,

Desenvolvimento Local

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ABSTRACT

The need for preparation of youth for political participation and the exercise of

citizenship has strong legislative support, whether at national or international level.

However, for there to be quality of participation it is necessary knowledge of the

human/ fundamental rights as well as a basic understanding of the functioning of the

country’s political institutions. Additionally, one must consider the young as a political

being able to discuss and contribute to the relevant discussions to society, not as

someone who needs to be molded to reproduce existing practices. For such

commitment, listening to the young people on how they faces the traditional forms of

political engagement, as well as hearing them on how they absorb the new forms of

political engagement implemented daily by this youth, becomes necessary. The

rejection of the youth by the traditional political engagement means should be

considered as an opportunity to develop other forms of participation, without,

however, involve a denial of existing political institutions. On this framework, this

paper sets out to search about the educated youth knowledge of citizenship,

fundamental rights and guarantees, the State organization and functioning of the

political system, aiming to develop social interventional actions, with the social nature

of innovation and capable of fostering local development. The guiding research

methodology incorporated the quali-quantitative technique by focusing on the

population with age range between 16 and 18 years within the formal educational

system both public and private. The field research was developed through the

application of a questionnaire with open and closed questions to 82 students, divided

into a private school and a public school, both located in the municipality of

Contagem - MG. The technical product consisted in the development of a

pedagogical game named "Dominó da Política", aimed at the younger crowd,

intended in a ludic manner to contribute to the construction of a knowledge about the

functioning of the Brazilian political and constitutional system.

Keywords: Education, Fundamental rights and guarantees, Citizenship, Youth, Local

Development

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Gráfico 1 – Idade dos participantes ........................................................................... 54

Gráfico 2 – Cor (de acordo com a autoafirmação dos participantes) ........................ 55

Gráfico 3 – Religião de criação ................................................................................. 55

Gráfico 4 – Religião atual .......................................................................................... 56

Gráfico 5 – Você gosta de conversar sobre política? ................................................ 59

Gráfico 6 – Você acha importante conversar sobre política? .................................... 59

Gráfico 7 - Grau de conhecimento sobre a Constituição X Instituição de ensino ...... 64

Gráfico 8 – Opinião a respeito da Constituição Federal ............................................ 65

Gráfico 9 – Obtenção do registro civil de nascimento gratuito: base legal ................ 67

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Correspondência entre a Magna Charta Libertatum e a Constituição da República Federativa do Brasil ......................................................................... 22 Quadro 2 – Correspondência entre a Bill of Rights e a Constituição da República Federativa do Brasil .............................................................................. 22

Quadro 3 – Correspondência entre a Declaração de Direitos de Virgínia e a Constituição da República Federativa do Brasil .................................................. 22

Quadro 4 – Correspondência entre a Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão e a Constituição da República Federativa do Brasil ............................. 22

Quadro 5 – Correspondência entre a Declaração dos Direitos Humanos (ONU) e a Constituição da República Federativa do Brasil ............................................... 23

Quadro 6 – Correspondência entre a Carta da Terra (ONU) e a Constituição da República Federativa do Brasil .............................................................................. 23

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Nível de escolaridade dos pais X Instituição de ensino................. 56 Tabela 2 – Renda familiar mensal X Instituição de ensino............................... 57 Tabela 3 – Concepção dos jovens sobre política ............................................. 60 Tabela 4 – Concepção dos jovens sobre Direitos Humanos ........................... 61 Tabela 5 – Principais fontes de obtenção de informações sobre política ...... 61 Tabela 6 – Participação em atividades de conotação política ......................... 62 Tabela 7 – Proibição da prisão civil por dívida ................................................. 66

Tabela 8 – Função de elaboração das leis......................................................... 68 Tabela 9 – Defesa judicial dos interesses coletivos, difusos e individuais indisponíveis ........................................................................................................ 68

Tabela 10 – Resolução de conflitos entre as pessoas, ou entre estas e o Estado ................................................................................................................... 69 Tabela 11 – Exercício da atividade administrativa e de governo .................... 69 Tabela 12 – Defesa judicial dos interesses de pessoas pobres ...................... 70

Tabela 13 – Função de fiscalização das ações do Poder Executivo nos Estados ................................................................................................................. 70

Tabela 14 – Função administrativa e de governo no âmbito nacional ............ 71 Tabela 15 – Função de representação dos Estados no âmbito do Congresso Nacional ................................................................................................................ 71 Tabela 16 – Função de administração e governo no âmbito dos Estados ..... 72 Tabela 17 – Função de elaboração de leis de interesse da população do município .............................................................................................................. 72 Tabela 18 – Função de administração e governo no âmbito do município .... 73

Tabela 19 – Função de representação da população dentro do Congresso Nacional ................................................................................................................ 73

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 13

CAPÍTULO 1: FORMAÇÃO DE JOVENS PARA A PARTICIPAÇÃO POLÍTICA E O EXERCÍCIO DA CIDADANIA: UMA ABORDAGEM LEGISLATIVA E EMPÍRICA .. 16

RESUMO ................................................................................................................................. 16 1.1 Introdução ....................................................................................................................... 16

1.2 O nascimento do paradigma de Estado Democrático de Direito e sua relação com a concepção moderna de gestão social ............................................... 18

1.3 O ensino dos direitos fundamentais constitucionalmente estabelecidos como instrumento facilitador da compreensão dos direitos humanos ............... 19

1.3.1 A diferença formal e a semelhança ontológica entre os direitos humanos e os direitos e garantias fundamentais................................................................... 1.3.2 Os direitos e garantias fundamentais como manifestação dos direitos humanos no plano estatal interno .................................................................................. 21

1.3.3 A sistematização dos direitos e garantias fundamentais como elemento facilitador do ensino e compreensão dos direitos humanos .................................. 24

1.4 O ensino de noções básicas sobre o funcionamento do sistema político e da organização do Estado brasileiro como um elemento importante para o desenvolvimento local ....................................................................................................... 25

1.5 Reflexões sobre a juventude contemporânea e sua participação no cenário político .................................................................................................................................... 26 1.5.1 A superação da ideia de socialização política dos jovens ............................. 26

1.5.2 A rejeição dos mecanismos de participação política tradicionais pelos jovens: a crise como elemento gerador de oportunidades ..................................... 28

1.6 Da necessidade do desenvolvimento de estratégias pedagógicas diferenciadas para possibilitar o ensino dos direitos fundamentais e das instituições e cargos políticos para jovens ................................................................. 32

1.7 Fundamentos legais para o ensino dos direitos fundamentais e noções de política na juventude: o Estatuto da Criança e do Adolescente, o Estatuto da Juventude e o Plano Decenal de Educação ................................................................. 35

1.8 Considerações Finais .................................................................................................. 38

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 40

CAPÍTULO 2: ABORDAGEM SOBRE ALGUNS IMPORTANTES ELEMENTOS PARA A PARTICIPAÇÃO POLÍTICA DA JUVENTUDE ............................................... 43

RESUMO.................................................................................................................................42

2.1 Introdução ....................................................................................................................... 43

2.2 Discussão teórica ......................................................................................................... 44

2.2.1 Formação do jovem para a participação política e o exercício da cidadania: fundamento jurídico-normativo nos planos nacional e internacional .................................................................................................................................................. 44

2.2.1.1 O Programa Mundial para Educação em Direitos Humanos e o Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos ................................................................... 45 2.2.1.2 A formação política de jovens na legislação infraconstitucional ....................... 46

2.3 Metodologia .................................................................................................................... 52

2.4 Dados da pesquisa ....................................................................................................... 54

2.5 Considerações finais ...................................................................................................72

CAPÍTULO 3: DOMINÓ DA POLÍTICA ............................................................................. 77

RESUMO.................................................................................................................................76

3.1 Introdução ....................................................................................................................... 77

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3.2 Conversa com os educadores ................................................................................... 78

3.3 Regras do jogo .............................................................................................................. 80

3.4 Conteúdo das cartas .................................................................................................... 81

3.5 Considerações finais ................................................................................................... 86

CONSIDERAÇÕES FINAIS. ................................................................................................ 87

APÊNDICE A.......................................................................................................... ............... 88

APÊNDICE B.......................................................................................................... ............... 94

APÊNDICE C.......................................................................................................... ............... 96

APÊNDICE D.......................................................................................................... ............... 98

APÊNDICE E.......................................................................................................... ................ 99

APÊNDICE F........................................................................................................ ................ 100

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INTRODUÇÃO

O paradigma de Estado Democrático de Direito ampliou as formas de

participação da sociedade na formação da vontade política do Estado. Tal afirmação

pode ser exemplificada pela possibilidade de inclusão dos jovens, a partir dos 16

anos de idade no processo político-eleitoral. Com a eficácia irradiante das normas

constitucionais, esta inovação veio acompanhada de intensa produção legislativa no

plano nacional. Paralelamente, verifica-se no plano internacional um esforço idêntico

no sentido de incluir a juventude na discussão de assuntos relevantes para a

sociedade.

Passados mais de 25 anos de promulgação da Constituição de 1988,

percebe-se que ainda existe muito a ser feito para que a participação política dos

jovens extrapole o plano meramente formal. Torna-se necessário fornecer subsídios

que possibilitem uma atuação política de qualidade por parte dos jovens,

considerando-se nesse processo as contribuições que os jovens têm para oferecer.

A preparação para a vida política não pode ser concebida como um processo

verticalizado, onde o jovem ocupa uma postura passiva de recepção e reprodução

dos mecanismos de participação existentes.

Neste contexto, é preciso estabelecer uma abertura de canais dialógicos com

a juventude para saber qual o nível de conhecimento que eles possuem sobre o

sistema político brasileiro, e sobre os direitos e garantias fundamentais. A partir daí,

torna-se importante despertar o interesse da juventude para uma compreensão

básica desses assuntos, através de estratégias pedagógicas diferenciadas. Tudo

isso sem negligenciar a contribuição que os jovens têm a oferecer no aprimoramento

das nossas instituições políticas.

O interesse pelo tema parte da compreensão de que a escola pode ser um

ambiente propício para essa troca de experiências e para a construção de novos

conhecimentos, visando a preparação da juventude para a participação política e

para o exercício da cidadania.

Objetiva-se com o presente trabalho analisar a formação política de jovens

brasileiros, sobretudo aqueles com faixa etária entre 16 e 18 anos, com ênfase em

seu conhecimento sobre organização do Estado, funcionamento do sistema político,

direitos e garantias fundamentais, tendo em vista o desenvolvimento de intervenção

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na área de educação com características de inovação social e potencializadora do

desenvolvimento local.

Constituem objetivos específicos desta pesquisa:

investigar os elementos necessários para a formação política de jovens

e sua preparação para o exercício da cidadania, com ênfase na faixa

etária entre 16 e 18 anos de idade;

compreender como se efetiva a participação política juvenil na

atualidade, verificando as modalidades de participação que encontram

maior acolhida entre os jovens;

identificar, junto a jovens de 16 a 18 anos, em escolas públicas e

privadas, seus conhecimentos sobre a organização do Estado, o

sistema político, os direitos e garantias fundamentais;

organizar uma proposta de intervenção, no plano educacional, que

contribua na construção de um conhecimento pela juventude das

instituições e cargos políticos mais importantes do país, visando ao

desenvolvimento local.

A pesquisa possui relevância para a prática social de educação na medida em

que poderá contribuir para a ampliação do conhecimento sobre a juventude

brasileira no que diz respeito à sua formação para a cidadania, e buscará

desenvolver mecanismos e instrumentos pedagógicos para a formação política de

jovens sobre matérias tipicamente constitucionais.

Nesse particular, a proposta de pesquisa vem contribuir para a efetivação de

importantes políticas públicas já existentes, como o Estatuto da Juventude, o Plano

Nacional de Educação em Direitos Humanos dentro daquilo que é proposto pelas

Diretrizes Nacionais de Ensino dos Direitos Humanos para o ensino fundamental e

médio e, por fim, o recém publicado Plano Decenal de Educação.

A dissertação está estruturada em três capítulos: o primeiro apresenta um

referencial teórico que promove uma abordagem legislativa, doutrinária e empírica

sobre a formação de jovens para a participação política e o exercício da cidadania.

O segundo capítulo trata da pesquisa de campo, cujos dados foram levantados em

duas escolas da região metropolitana de Belo Horizonte, através da aplicação de

questionários a 82 jovens com idade entre 16 e 18 anos. No terceiro capítulo, foi

desenvolvido um jogo pedagógico denominado “Dominó da Política”, o qual pretende

contribuir como uma ferramenta lúdica para despertar o interesse dos jovens pela

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política, possibilitando também uma compreensão básica sobre algumas atribuições

das principais instituições e cargos políticos do país. O trabalho é encerrado em

seguida com as considerações finais.

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CAPÍTULO 1: FORMAÇÃO DE JOVENS PARA A PARTICIPAÇÃO POLÍTICA E O EXERCÍCIO DA CIDADANIA: UMA ABORDAGEM LEGISLATIVA E EMPÍRICA

RESUMO

O presente artigo aponta para o surgimento do Estado Democrático de Direito como modelo de atuação estatal onde a participação da sociedade é preponderante na formulação das políticas públicas, o que apresenta uma convergência com o moderno conceito de gestão social. Delimitando o campo de investigação à participação da juventude, torna-se necessário promover uma formação dos jovens sobre o conteúdo e amplitude dos direitos humanos/fundamentais, bem como do sistema político brasileiro. Torna-se igualmente importante compreender como tem se efetivado a participação política da juventude na atualidade, de forma a compreender a visão dos jovens sobre o tema e ampliar o leque de possibilidades de participação, sem, contudo desconsiderar a importância dos mecanismos participativos tradicionais. Feito esse diagnóstico, deve-se buscar a implementação de estratégias pedagógicas diferenciadas na área educacional para estimular o interesse da juventude sobre a política e os direitos fundamentais considerando a vasta produção legislativa que fundamenta essa pretensão.

Palavras-chave: Juventude. Participação política. Gestão social

1.1 Introdução

Uma importante inovação trazida pela Constituição de 1988 consiste na

inclusão dos jovens com idade entre 16 e 18 anos no rol de legitimados a participar

do processo eleitoral.

Todavia, é preciso que essa inclusão não ocorra apenas num plano formal.

Percebe-se que a conjuntura política nos planos interno e internacional favorece a

construção de mecanismos de promoção de uma participação política esclarecida

por parte desses jovens eleitores, contemplando uma boa noção sobre o

funcionamento do sistema político e da organização básica do Estado brasileiro,

bem como um conhecimento sobre os direitos e garantias fundamentais previstos no

texto constitucional. Este artigo pretende fornecer um embasamento teórico que

mostre a importância da formação política de jovens brasileiros sobre esses

assuntos materialmente constitucionais.

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A discussão será iniciada por uma breve apresentação histórica, abordando o

surgimento do paradigma de Estado Democrático de Direito, promovendo a ligação

desse novo contexto político com o moderno conceito de gestão social, de forma a

compreender a participação popular na gestão pública como um elemento

indissociável da própria democracia.

A partir daí, será feita uma análise das políticas públicas que, hoje, oferecem

uma base normativa para a educação sobre direitos e garantias fundamentais.

Abordaremos, inicialmente, a proposta do Plano Nacional de Educação em Direitos

Humanos para construir uma educação que valorize os direitos humanos e uma

cultura de paz. Nesse ponto, será estabelecida uma argumentação para demonstrar

que o ensino dos direitos e garantias fundamentais é um elemento nodal da

apreensão e compreensão dos direitos humanos.

Faremos também uma abordagem sobre o contexto atual de participação da

juventude no cenário político brasileiro, tratando da superação da teoria da

socialização política dos jovens. Nesse aspecto, trataremos ainda da análise de

dados acerca da amplitude a das formas de participação política da juventude

brasileira, apontando para a importância da busca de novos mecanismos de

participação, sem, contudo, desconsiderar as formas de participação tradicionais.

Logo após, falar-se-á sobre as políticas públicas de proteção e inclusão do

público alvo, quais sejam, o Estatuto da Criança e do Adolescente e o Estatuto da

Juventude. Neste ponto, destacaremos a identidade que o Estatuto da Juventude

guarda com a temática que constitui o objeto deste capítulo.

Por fim, será feita a defesa da necessidade do ensino de noções básicas

sobre o funcionamento do sistema político e da organização do Estado brasileiro,

para que a almejada participação do público alvo no processo político-democrático

não ocorra apenas numa perspectiva formal.

A importância da educação para a cidadania é reconhecida como

fundamental para a construção de uma sociedade democrática e traz contribuições

para o desenvolvimento local. Este ponto é abordado de maneira transversal ao

longo deste capítulo.

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1.2 O nascimento do paradigma de Estado Democrático de Direito e sua relação com a concepção moderna de gestão social

Dentro do contexto político que sucedeu a Segunda Guerra Mundial, o papel

do Estado passa a ser questionado, o que faz surgir na Europa um paradigma de

Estado Democrático de Direito, no qual a população passa a atuar de forma mais

efetiva da formação das políticas públicas e no controle das atividades

administrativas do Estado (BONAVIDES, 2009).

No Brasil, em virtude de um longo período de instabilidade institucional, com a

instauração de um extenso período de exceção, o surgimento desse paradigma

ocorreu tardiamente com a Constituição de 1988, que incorporou em seu texto

diversos mecanismos de participação popular, como o voto direto, secreto, universal

e periódico, a ação popular, o plebiscito, o referendo, o direito de petição junto aos

órgãos públicos, a publicidade e a eficiência como princípios da atividade

administrativa, dentre outras conquistas (STRECK; ADAMS, 2006).

Nesse novo contexto, não deveria haver espaço para a elaboração de

políticas públicas destoantes dos anseios da população, nem para uma atuação

política enclausurada nos gabinetes por parte dos administradores públicos. A

democracia deve passar a ser considerada como valor a ser implementado no dia a

dia, com a construção compartilhada de uma sociedade livre, justa e solidária

(GOHN, 2004).

A gestão social pode ocorrer neste viés político participativo, onde a

comunidade passa a ser chamada a exercer papel fundamental na construção das

políticas públicas, que neste caso passariam a ser revestidas de uma maior

legitimidade democrática. Nesse sentido, destaca-se a oportuna lição de Danilo

Romeu Streck:

Democracia, como entendida aqui, é antes de tudo uma forma de vida da qual a escolha dos governantes é uma consequência. Por isso, o cumprimento da formalidade jurídica jamais eximirá o povo no seu conjunto e cada cidadão e cidadã em particular da responsabilidade para com o conjunto da sociedade, e os ocupantes dos cargos públicos de conceber o seu trabalho a serviço da coletividade (STRECK; ADAMS, 2006).

Todavia, para que as pessoas assumam a responsabilidade no

desenvolvimento da sociedade, faz-se necessária uma preparação para o exercício

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da cidadania, com um conhecimento dos direitos e garantias fundamentais do

cidadão em face do Estado, bem como do sistema político nacional.

A necessidade de uma formação política da população, especialmente dos

jovens, poderá contribuir para o exercício de uma cidadania consciente e

participativa, com reflexos no aperfeiçoamento do nosso Estado Democrático de

Direito e no desenvolvimento local.

Nesse sentido, faz-se necessário esclarecer que um Estado Democrático de

Direito deve estabelecer, promover e assegurar direitos fundamentais coerentes com

a perspectiva dos direitos humanos.

Assim, nos próximos itens será feita uma explanação sobre aquilo que

entendemos ser importante na formação política dos jovens entre 16 e 18 anos,

passando pela relação de identidade entre os direitos humanos e os direitos

fundamentais, abordando os aspectos elementares da organização do Estado

brasileiro e o funcionamento dos poderes constitucionalmente estabelecidos.

1.3 O ensino dos direitos fundamentais constitucionalmente estabelecidos como instrumento facilitador da compreensão dos direitos humanos

Neste item far-se-á uma análise de utilização das políticas públicas que

podem oferecer bases para o ensino dos direitos fundamentais como instrumento

legitimador para o ensino dos direitos humanos, utilizando para tanto de argumentos

jurídicos e sociais.

1.3.1 A diferença formal e a semelhança ontológica entre os direitos humanos e os direitos e garantias fundamentais

Os direitos humanos são fruto de um lento processo de consolidação das

conquistas contra a tirania e o abuso no exercício do poder. Longe de ser um

processo natural, os movimentos sociais que possibilitaram a consagração dos

direitos humanos estão ligados invariavelmente a uma tensão política e social que,

em muitos casos, implicou no sacrifício de vidas humanas (CANDAU, 1995, p. 99 e

100).

Não existe um marco específico de surgimento dos direitos humanos, uma

vez que a luta contra as arbitrariedades daqueles que exercem o poder é tão antiga

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quanto a própria humanidade. Todavia, a partir das Revoluções Liberais ocorridas

no final do século XVIII, notadamente com o surgimento da Declaração dos Direitos

do Homem e do Cidadão, é possível estabelecer um marco na sistematização

desses direitos.

Através da leitura do documento supracitado é possível identificar o caráter

universalista da declaração francesa, que tinha a intenção de declarar direitos

pertencentes a todos os homens, em todos os contextos históricos, sociais e

culturais (DALLARI, 2010).

Paralelamente à Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão, vários

outros documentos surgiram com o mesmo propósito e versando sobre conteúdo

semelhante, todavia, sem o mesmo caráter universalista, uma vez que eram

direcionados a um povo específico, como ocorreu com a Declaração de Direitos de

Virgínia, de 1776, bem como com os demais textos constitucionais que lhe

sucederam.

Assim, percebe-se que, seja no caso da declaração francesa, de viés

universalista, seja nos documentos constitucionais que lhe são contemporâneos,

cuja abrangência é restrita a um Estado, existe uma preocupação comum de

proteger o povo dos ataques autoritários daqueles que exercem o poder em nome

do Estado. Eis o elo de ligação e o ponto de semelhança entre os direitos humanos

e o constitucionalismo.

A semelhança ontológica entre os direitos humanos e os direitos e garantias

fundamentais constitucionalmente estabelecidos leva alguns estudiosos a afirmar

que ambos constituem uma mesma realidade, com o que não concordamos. Em que

pese terem a mesma essência, identidade de propósitos e conteúdo semelhante, os

direitos e garantias constitucionais possuem aplicabilidade restrita no âmbito de um

Estado, enquanto os direitos humanos são mais amplos e abrangentes, posto que

almejam um reconhecimento e aceitação num plano internacional. Nesse sentido,

resgata-se precisa lição de Ingo Sarlet:

De acordo com o critério aqui adotado, o termo “direitos fundamentais” se aplica àqueles direitos (em geral atribuídos à pessoa humana) reconhecidos e positivados na esfera do direito constitucional positivo de determinado Estado, ao passo que a expressão “direitos humanos” guarda relação com os documentos de direito internacional, por referir-se àquelas posições jurídicas que se reconhecem ao ser humano como tal, independentemente de sua vinculação com determinada ordem constitucional, e que, portanto, aspiram à validade universal, para todos os povos e em todos os lugares,

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de tal sorte que revelam um caráter supranacional (internacional) e universal (SARLET; MARINONI; MITIDIERO, 2013, p.261).

Feitas as diferenciações, podemos concluir que os direitos e garantias

fundamentais consagrados nos textos constitucionais são um elemento revelador

dos direitos humanos numa perspectiva jurídica interna a um Estado, considerando-

se as peculiaridades sociais, econômicas e culturais de um povo.

Com o passar dos anos e com a consolidação do constitucionalismo como

instrumento eficiente de controle do poder, os direitos humanos foram sendo

agregados, paulatinamente, aos textos constitucionais, proporcionando um aumento

constante e gradativo da proteção desses direitos no plano jurídico interno.

Com a evolução das sociedades, os mecanismos de opressão e de abuso do

poder ganharam contornos e feições diferentes, gerando imediatamente um

movimento de resistência e de luta pela consolidação de novos direitos humanos,

que passavam a ser novamente apropriados pelas constituições dos diversos

países.

Através dessa evolução histórica dispomos atualmente de um amplo quadro

de direitos fundamentais consolidados não apenas nos documentos sobre direitos

humanos, mas também nos textos constitucionais de diversos países (MORAES,

2013).

1.3.2 Os direitos e garantias fundamentais como manifestação dos direitos humanos no plano estatal interno

O atual sistema constitucional de direitos e garantias fundamentais é fruto de

um lento processo de solidificação das conquistas da humanidade contra as mais

variadas formas de abuso e opressão, ocorridas em diferentes épocas e contextos

sociais. Vale dizer que o texto constitucional condensa o avanço dos direitos

humanos, de forma a retratar o estágio atual de evolução desses direitos ao nível

mundial.

Para exemplificar essa afirmação, faremos a seguir um quadro de

correspondência entre importantes direitos consagrados em documentos

internacionais sobre os direitos humanos e o nosso texto constitucional:

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Quadro 1 – Correspondência entre a Magna Charta Libertatum e a Constituição da República Federativa do Brasil

Magna Charta Libertatum – Inglaterra (Ano: 1215 d.C)

Constituição da República Federativa do Brasil (1988)

Nenhum homem livre será preso, aprisionado ou privado de uma propriedade, ou tornado fora-da-lei, ou exilado, ou de maneira alguma destruído, nem agiremos contra ele ou mandaremos alguém contra ele, a não ser por julgamento legal dos seus pares, ou pela lei da terra.

Art. 5º, LIV – “Ninguém será privado da sua liberdade ou dos seus bens sem o devido processo legal”.

Fonte: elaboração do autor

Quadro 2 – Correspondência entre a Bill of Rights e a Constituição da República Federativa do Brasil

Bill of Rights – Inglaterra (Ano: 1688) Constituição da República Federativa do Brasil (1988)

Artigo 4º - Que é ilegal toda cobrança de impostos para a Coroa sem o concurso do Parlamento.

Art. 150 – “Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I – Exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça”

Fonte: elaboração do autor

Quadro 3 – Correspondência entre a Declaração de Direitos de Virgínia e a Constituição da República Federativa do Brasil

Declaração de Direitos de Virgínia – Estados Unidos (Ano: 1776)

Constituição da República Federativa do Brasil (1988)

Artigo 2° - “Toda a autoridade pertence ao povo e por consequência dela se emana; os magistrados são os seus mandatários, seus servidores, responsáveis perante ele em qualquer tempo.”

Art. 1º, parágrafo único – “Todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos, ou diretamente nos termos dessa Constituição.”

Fonte: elaboração do autor

Quadro 4 – Correspondência entre a Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão e a Constituição da República Federativa do Brasil

Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão – França (Ano: 1789)

Constituição da República Federativa do Brasil (1988)

Art. 5.º A lei não proíbe senão as ações nocivas à sociedade. Tudo que não é vedado pela lei não pode ser obstado e ninguém pode ser constrangido a fazer o que ela não ordene.

Art. 5º, II – “Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei.”

Art. 11.º A livre comunicação das ideias e das Art. 5º, IV - “É livre a manifestação do

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opiniões é um dos mais preciosos direitos do homem; todo cidadão pode, portanto, falar, escrever, imprimir livremente, respondendo, todavia, pelos abusos desta liberdade nos termos previstos na lei.

pensamento, sendo vedado o anonimato.”

Fonte: elaboração do autor

Quadro 5 – Correspondência entre a Declaração dos Direitos Humanos (ONU) e a Constituição da República Federativa do Brasil

Declaração Universal dos Direitos Humanos - Organização das Nações Unidas (ONU) – Estados Unidos – (Ano: 1948)

Constituição da República Federativa do Brasil (1988)

Art. 5º Ninguém será submetido a torturas, penalidades ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes.

Art. 5º, III - Ninguém será submetido a tortura, nem a tratamento desumano ou degradante.

Fonte: elaboração do autor

Quadro 6 – Correspondência entre a Carta da Terra (ONU) e a Constituição da República Federativa do Brasil

Carta da Terra – Reunião da ONU – Brasil (Ano:1992)

Constituição da República Federativa do Brasil (1988)

Art. 17 A avaliação de impacto ambiental, como instrumento nacional, deve ser empreendida para atividades planejadas que possam gerar efeitos nocivos súbitos sobre o meio ambiente destes últimos. Todos os esforços devem ser empreendidos pela comunidade internacional para auxiliar os Estados afetados.

Art. 225 – [...] §1º - Para assegurar a efetividade desse direito [ao meio ambiente ecologicamente equilibrado], incumbe ao Poder Público: [...] IV – exigir, na forma da lei, para a instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade.

Fonte: elaboração do autor

Através dessa sucinta comparação é possível compreender que o texto

constitucional é um elemento aglutinador das conquistas historicamente auferidas no

que se refere aos direitos humanos. Percebe-se que importantes conquistas

retratadas em documentos internacionais receberam a devida atenção do legislador

constituinte, que em alguns casos, reproduziu, literalmente, o teor dos documentos

internacionais.

Na tarefa de estabelecer esse quadro comparativo, preocupamo-nos em

pinçar direitos consagrados em documentos diversos, elaborados em diferentes

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momentos históricos e contextos sociais, de forma a demonstrar que a nossa

Constituição abriga todos esses elementos em seu texto.

Visando dar completude à proteção dos direitos humanos pelo texto

constitucional, o legislador constituinte inseriu o §2º no artigo 5º, o qual prescreve

que “os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros

decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados

internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte”. Nesse diapasão,

a proteção constitucional aos direitos humanos definidos nos documentos

internacionais mostra-se completa.

Através da comparação feita no quadro acima, fica claro que os direitos e

garantias constitucionais são uma síntese dos direitos humanos revestidos de

sistematização e de uma legitimidade no plano jurídico interno de um país.

Estabelecido este marco, passaremos agora a discorrer sobre alguns

aspectos que contribuem para visualizar a educação sobre direitos e garantias

constitucionalmente assegurados, como uma oportunidade de contribuir na

construção de uma educação sobre direitos humanos na sociedade como um todo.

1.3.3 A sistematização dos direitos e garantias fundamentais como elemento facilitador do ensino e compreensão dos direitos humanos

Um argumento que reforça a necessidade de dar primazia ao ensino do texto

constitucional elemento facilitador à compreensão dos direitos humanos é de viés

prático e pedagógico.

No item anterior, colacionamos trechos de seis diferentes documentos

internacionais dos mais relevantes que versam sobre direitos humanos. Além dos

documentos citados no quadro comparativo, temos uma infinidade de outros

documentos normativos editados em locais diferentes e em diferentes momentos,

que conduzem a uma dificuldade prática de localização, sistematização e

interpretação capaz de deixar confuso até mesmo um operador do Direito.

Por outro lado, os direitos e garantias constitucionalmente estabelecidos

estão aglutinados em um único documento, de forma sistematizada e que contempla

os pontos mais essenciais contidos nos tratados internacionais sobre direitos

humanos, o que facilitaria em muito a compreensão daqueles que não possuem uma

afinidade com o tema.

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Com boa técnica legislativa, o legislador constituinte subdividiu o título que

trata dos direitos e garantias fundamentais em cinco capítulos, que tratam,

respectivamente, dos direitos e deveres individuais e coletivos, dos direitos sociais,

dos direitos de nacionalidade, dos direitos políticos e dos partidos políticos.

Outro fator que favorece a disseminação dos direitos e garantias

fundamentais é a facilidade de acesso do texto constitucional pela população. É

comum a distribuição gratuita de exemplares da Constituição pelas casas

legislativas de vários Estados e Municípios. Também é possível baixar o texto

constitucional, gratuitamente, de diversos endereços eletrônicos de órgãos públicos.

No endereço eletrônico da Câmara dos Deputados, é possível baixar a Constituição

em áudio, facilitando o acesso a pessoas portadoras de deficiência visual.

Assim, a Constituição se apresenta como uma síntese dos direitos humanos

numa perspectiva interna, dotada de legitimidade jurídica e com força cogente, apta

a ser aplicada nas mais variadas situações do nosso cotidiano.

Entretanto, não se pode olvidar que uma formação completa para a cidadania

não se resume apenas na compreensão dos direitos humanos/fundamentais. É

necessário um entendimento acerca das instituições que compõem o sistema

político e da estrutura organizatória do Estado brasileiro.

1.4 O ensino de noções básicas sobre o funcionamento do sistema político, e da organização do Estado brasileiro como um elemento importante para o desenvolvimento local

Para que a cidadania seja exercida de forma plena, entendemos que apenas

o conhecimento do catálogo de direitos assegurados pela Constituição e

documentos internacionais sobre direitos humanos é insuficiente, se o seu

destinatário não conhece os mecanismos políticos de efetivação das suas

pretensões. Nesse sentido passaremos a discorrer sobre alguns conhecimentos que

entendemos serem essenciais para que haja realmente um empoderamento político

da população.

Em primeiro lugar, é necessária uma compreensão da organização da

República Federativa do Brasil. Para tanto, torna-se fundamental um conhecimento

básico dos diversos entes federativos que compõem a República, quais sejam, a

União, os Estados, Municípios e o Distrito Federal, abordando aspectos de sua

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competência legislativa e administrativa. Também é importante revelar a relação

política existente entre esses entes, ressaltando sempre a sua autonomia e

interdependência.

Esclarecidas essas questões básicas sobre a organização do Estado, torna-

se necessário abordar como o poder é exercido. Neste particular é de suma

importância a compreensão de que o titular do poder é o povo, nos termos do

parágrafo único do artigo 1º da Constituição. Estabelecido este ponto de partida,

torna-se necessária uma abordagem sobre o regime democrático, estabelecendo o

conceito de democracia representativa. Superada essa questão, é necessário

compreender a atuação dos poderes executivo, legislativo e judiciário, esclarecendo

quais são as suas competências constitucionais, quais as formas de acesso aos

seus quadros, quais as funções e responsabilidades dos agentes públicos que

integram essas esferas de poder e a forma como os poderes se relacionam entre si.

Ainda neste ponto, é necessário ainda compreender sobre a atuação de

alguns órgãos essenciais à administração da justiça, como a Defensoria Pública e o

Ministério Público, esclarecendo sobre a atuação institucional de ambos e sobre as

prerrogativas dos seus membros.

Acreditamos que uma boa noção dos temas tratados neste tópico, aliados a

uma boa compreensão dos direitos e garantias fundamentais, constituem um forte

substrato de empoderamento e emancipação popular, de forma a possibilitar ao

público-alvo o pleno exercício da cidadania.

1.5 Reflexões sobre a juventude contemporânea e sua participação no cenário político

1.5.1 A superação da ideia de socialização política dos jovens

Durante muitos anos a participação da juventude no processo político recebeu

atenção secundária por parte dos estudiosos. A discussão de temas como a

sexualidade, afetividade, violência e o uso de drogas ganharam proeminência nos

estudos acadêmicos (CARVALHO; SALLES; GUIMARÃES, 2002).

É possível que o plano secundário destinado à discussão acadêmica sobre a

participação política da juventude partisse da concepção de que o jovem não

possuiria capacidades cognitivas para exercer essa participação. Por ser uma

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pessoa ainda em formação, precisaria receber dos adultos os elementos

necessários para o desenvolvimento de sua participação política, de forma a dar

continuidade aos processos sociais existentes, com a manutenção dos mecanismos

de participação política tradicionais. Nesses termos, as gerações antecedentes

seriam responsáveis por transmitir um legado cultural e experiencial aos mais jovens

(CASTRO, 2009, p.481).

Nesse contexto não haveria espaço para trocas. As gerações antecedentes

seriam as detentoras do “estado da arte”, tendo a sua disposição todos os avanços

construídos na complexa engenharia social, devendo as gerações seguintes

absorver esse conhecimento através de instituições fora do âmbito estritamente

político, que seriam a escola, a família e as instituições religiosas. A participação

política ocorreria apenas em um momento ulterior, na fase adulta, quando todos os

valores sociais e políticos já estivessem devidamente “introjetados” na pessoa.

Esta é a ideia principal da socialização política. Ela se concentra na

manutenção do status quo social, preocupando-se em garantir a estabilidade social

através da proteção dos valores e formas de participação hegemônicas, os quais

deveriam ser absorvidos pelas gerações subsequentes (CASTRO, 2009, p. 482).

Todavia esse processo é mais complexo do que deixa entrever essa

perspectiva teórica. A relação entre gerações, por vezes, é recheada de tensões e

crises, provocadas pela tentativa das novas gerações em questionar os valores que

lhes são transmitidos nesse processo vertical. Se por um lado esse “conflito” de

gerações é capaz de gerar muitos desgastes,

Por outro lado, a crise geracional hoje aponta para a necessidade de se questionar se a transmissão tem que ter uma direção unívoca de cima para baixo, ou seja, do adulto, como iniciador, para o jovem, como destinatário, e nesse sentido, qual a legitimidade de se posicionar as novas gerações apenas como destinatárias da herança cultural. Resta saber se a trans-missão cultural não pode ser pensada como um processo que se realiza de forma mais horizontal, privilegiando a demanda de cada indivíduo, e portanto, que desnaturaliza posições fixas, seja de destinatário ou remetente. Cabe às gerações mais velhas também ‘aprender’ com as gerações mais novas, e aí reside a importância de incluí-las efetivamente no campo interlocutório, tornando efetivas suas formas de participação política. Para tal, seria necessário respeitar a importância de sua voz, não apenas retórica e paternalisticamente, mas de forma radical (CASTRO, 2009, p. 484).

Nesses termos, a superação da ideia de socialização política conduz para a

instauração de um canal dialógico mais aberto, de forma a possibilitar a inclusão da

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juventude como pessoas capazes de discutir sobre as grandes questões sociais e

de contribuir com novas formas de participação na vida política do país. Se é

verdade, como muitos afirmam, que os jovens hoje não querem aprender nada com

ninguém, e parecem tudo saber, parece ser também verdade que eles não estejam

na posição de nada saber (CASTRO, 2009, p. 485).

Esse sistema de reprodução social através das gerações dá sinais de

incompatibilidade com o paradigma de Estado Democrático de Direito, que é

caracterizado por uma construção coletiva e participativa onde todos, inclusive as

minorias, tenham condições de contribuir com a construção da sociedade que

queremos. A juventude, por óbvio, não pode ser alijada desse processo.

1.5.2 A rejeição dos mecanismos de participação política tradicionais pelos jovens: a crise como elemento gerador de oportunidades

Existem várias leituras possíveis acerca do suposto distanciamento do jovem

das questões políticas. As afirmações de que a juventude atual é alienada e

descompromissada com as questões políticas muitas vezes formam um senso

comum e criam uma cortina de fumaça que impede uma leitura mais apurada desse

cenário de crise.

Aquilo que é visto por muitos como sendo uma apatia da juventude atual,

pode também ser interpretado como uma opção deliberada, pois na visão

weberiana, uma não-ação é também considerada uma ação social, na medida em

que lhe é atribuído um sentido, uma razão para a sua ocorrência (FLORENTINO,

2008, p. 210).

Esse distanciamento das formas de participação política tradicional, como

grêmios estudantis, sindicatos, conselhos comunitários e partidos políticos, pode ser

explicado pelo caráter excludente e determinista que esses ambientes têm

apresentado (DAYRELL; GOMES; LEÃO, 2010).

Quanto às agremiações estudantis e organizações sindicais, o que se

percebe na prática é uma dominação desses espaços por parte de partidos políticos

que arregimentam as novas lideranças e transformam esse espaço em um ambiente

de reprodução de uma ideologia partidária, servindo aos seus interesses.

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Os partidos políticos, por sua vez, possuem caráter eminentemente

oligárquico. Nesse aspecto, Renata Florentino, baseando-se no pensamento de

Robert Michels, tece as seguintes considerações:

Na visão de Michels, a participação na vida partidária adquire um aspecto de escala. A grande massa de eleitores constitui a base; sobre esta se sobrepõe a massa menor de militantes esporádicos de partidos, que representa talvez um décimo dos eleitores ou talvez até menos; em cima destes, por sua vez, vem o número muito menor dos membros que assistem regularmente às reuniões; depois vem o grupo de funcionários do partido; e, acima de tudo, o grupo de meia dúzia dos membros que constituem o comitê executivo, formado em parte pelas mesmas pessoas do grupo anterior. O poder efetivo aqui está na proporção inversa do número dos que acreditam que o exercem (FLORENTINO, 2008, p. 228).

Esse determinismo vicioso do sistema político-partidário é sentido na prática

pela população, que percebe a existência de uma barreira velada que dificulta a

ascensão nessas estruturas. Embora haja uma possibilidade de participação formal,

os novos ingressantes ficam à mercê das determinações e dos interesses dos

comitês executivos e “caciques” dos partidos.

Como discute Florentino (2008, p. 228), os Conselhos também vêm

mostrando um caráter determinista dos mecanismos de participação política

tradicional, considerando que os atores envolvidos possuem um poder limitado,

sendo que as deliberações são, em muitos casos, fruto de uma cooptação política

prévia por parte dos órgãos governamentais que pautam as discussões dentro de

um formato que lhes seja conveniente.

Diante desde quadro, é justificável pensar que o distanciamento da população

jovem dessas formas tradicionais de participação política constitui uma não-ação

deliberada, não podendo essa conduta ser confundida com apatia ou alienação.

Essa rejeição decorre do sentimento de que essas instituições políticas são

incapazes de atender aos anseios da juventude e de ecoar as suas pretensões.

Foi elaborada uma pesquisa buscando compreender a visão da juventude

sobre política, entre julho de 2004 e novembro de 2005, com o título “Juventude

brasileira e democracia: participação, esferas e políticas públicas”. Trata-se de uma

pesquisa ampla que contou com a participação de 8.000 jovens, distribuídos nas

regiões metropolitanas de Belém, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Rio de

Janeiro, Salvador, São Paulo e no Distrito Federal. Esta pesquisa envolveu a

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utilização de métodos quantitativos e qualitativos em suas fases de execução

(IBASE, 2006, p. 5).

Quanto às possibilidades de participação política, os jovens foram indagados

sobre três possíveis caminhos para a participação política, mostrando suas

afinidades e críticas sobre cada um deles. As opções seguem discriminadas abaixo:

CAMINHO 1: Eu me engajo e tenho uma bandeira de luta - A participação política da juventude ocorre por meios que vão além do voto. Esse engajamento também se dá na atuação firme e direta em partidos políticos, organizações estudantis, conselhos, ONGs e movimentos sociais, ou seja, em instituições que organizam a sociedade e controlam a atuação dos governos. CAMINHO 2: Eu sou voluntário e faço a diferença - Jovens voluntários(as) ajudam a diminuir os problemas sociais. Realizam diferentes atividades, tais como manutenção de escolas, recreação com crianças pobres e hospitalizadas, campanhas de doação de alimentos e diversas outras ações desse tipo. CAMINHO 3: Eu e meu grupo: nós damos o recado - Os(as) jovens praticam e fortalecem o direito à livre organização. Eles(as) formam grupos culturais (esportivos, artísticos, musicais etc.), religiosos, de comunicação (jornal, página na internet, fanzine etc.), entre outros, compartilhando idéias com outros(as) jovens. (IBASE, 2006, p.5)

Dentre essas várias formas de participação, o Caminho 1 foi apontado pelos

jovens como sendo o da política tradicional. De acordo com o relatório final, o

Caminho 1 foi o que obteve o menor percentual de notas 7 (a pontuação máxima na

escala apresentada pela pesquisa). Os jovens reconheceram que esse caminho é

que leva diretamente ao governo e é nele que a juventude possui a maior força de

atuação. Todavia, a descrença na classe política, a corrupção e a dificuldade de

conciliação das atividades de participação dos ambientes políticos tradicionais com a

rotina de trabalho e estudo, foram apontados como elementos dificultadores dessa

modalidade de participação (IBASE, 2006, p. 49).

Já o Caminho 2 foi apontado como sendo aquele que gozava de mais

aceitação no meio da juventude, conforme se afere do trecho extraído do relatório

final da pesquisa, abaixo transcrito:

Na avaliação individual feita pelos(as) participantes dos GDs através das Fichas Pré e Pós, o Caminho 2 foi o que obteve melhor avaliação individual dos(as) participantes na agregação das oito regiões investigadas. Recebeu inicialmente 68% das notas 7 (totalmente a favor) e se manteve com as melhores notas no questionário Pós-Diálogo, no qual cerca de 62% dos(as)

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participantes atribuíram nota 7, 19% nota 6 e 10% nota 5, que são notas de aprovação da idéia (IBASE, 2006, p. 55).

O apego da juventude pelo caminho do voluntariado, de acordo com a

pesquisa, decorre da percepção imediata do resultado do trabalho, com a

contribuição efetiva na solução dos problemas sociais, além de ser uma alternativa

que poderia conferir maior flexibilidade em termos de tempo de dedicação,

possibilitando a adequação desses compromissos à rotina de trabalho e estudo dos

jovens.

As ressalvas a essa modalidade de participação decorrem do reconhecimento

de que esta alternativa, por si só, não é capaz de resolver problemas, principalmente

os de natureza estrutural, caso não haja envolvimento governamental (IBASE, 2006,

p. 53).

Por fim, o Caminho 3 ocupou uma preferência intermediária entre os

participantes, conforme observa o relatório:

A partir da análise das Fichas Pré e Pós-Diálogo, que apontam o valor atribuído aos Caminhos por cada participante dos GDs, o Caminho 3 foi o segundo melhor pontuado com 62% de nota 7 na Ficha Pré e 60%, 19% e 11% de notas 7, 6 e 5, respectivamente, na Ficha Pós-Diálogo. E considerando a manutenção, o aumento e a diminuição das notas, o Caminho 3 foi o que se manteve, no agregado das oito regiões, em posição intermediária entre o Caminho 1 e 2 (56,4% mantiveram, 21,2% aumentaram e 22,4% diminuíram as notas do Caminho 3 nas Fichas Pós) (IBASE, 2006, p. 59).

Como pontos positivos dessa forma de participação, os jovens apontaram que

se tratava de uma oportunidade de expressar ideias democraticamente, permitindo

atuar com mais organização e força, além de possibilitar um maior impacto que o

trabalho voluntário individual, uma vez que neste cenário os jovens atuam

coletivamente. A falta de força política, a dificuldade de apoio financeiro e o

descrédito dado pelo governo a essas ações são apontados, dentre outros, como

pontos negativos dessa forma de participação (IBASE, 2006, p. 59).

Através da reflexão teórica inicial e pelos dados apresentados, a pesquisa

mostrou que o afastamento da juventude dos meios de participação política

tradicionais não poderia ser interpretado, a priori, como alienação ou apatia. Os

dados da pesquisa mostraram que esse afastamento deliberado possuía motivação

e abria caminho a outras formas de participação igualmente válidas.

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Todavia, essas novas formas de participação política não podem implicar em

uma negação total dos meios tradicionais. Através das opiniões colhidas entre os

próprios jovens é inegável a importância que as formas de participação tradicional

possuem. Torna-se necessário, neste momento, buscar formas de remoção dos

obstáculos que embaraçam o exercício dessa modalidade participativa, de forma a

atrair novamente o interesse da população jovem.

Nesse sentido, defende-se que a melhor maneira de se corrigir as vicissitudes

de um sistema é conhecendo-o melhor. Através de uma compreensão básica das

instituições políticas do Estado, das principais funções que são desempenhadas no

seio dessas instituições e dos direitos e garantias fundamentais da população em

face do Estado, cria-se um ambiente de maior controle e fiscalização das ações

daqueles que exercem o poder em nome do povo. A capacidade questionadora e a

força transformadora que caracteriza a juventude podem ser importantes aliados

nessa tarefa.

Tal reflexão se coaduna perfeitamente com o cerne dessa pesquisa que

pretende, a partir desse momento, mostrar a importância do desenvolvimento de

estratégias pedagógicas que auxiliem na construção do conhecimento sobre os

elementos acima citados.

1.6. Da necessidade do desenvolvimento de estratégias pedagógicas diferenciadas para possibilitar o ensino dos direitos fundamentais e das instituições e cargos políticos para jovens

Apesar da conjugação de esforços no sentido de se construir um

empoderamento da sociedade através do conhecimento dos seus direitos, bem

como do funcionamento das instituições políticas do país o que se percebe é que a

construção de uma cultura de valorização dos direitos humanos ainda se apresenta

como um desafio a ser concretizado, o que demanda a discussão de alternativas

para implementar os objetivos traçados pelas políticas públicas existentes.

Em que pese a importância da construção desse conhecimento, existem

alguns entraves que podem embaraçar o seu alcance. O primeiro desafio consiste

em decodificar o denso linguajar jurídico, tipicamente utilizado na elaboração das

leis, para possibilitar a compreensão do seu conteúdo por pessoas leigas, que, em

alguns casos, ainda não completaram o ensino médio.

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Visando discutir as estratégias corretas para a superação desse obstáculo,

faremos a seguir uma explanação sobre a efetivação dessa proposta no plano

educacional, considerando as especificidades que envolvem a temática. Para tanto,

invocaremos alguns autores que se destacam como referência na temática

educacional, bem como o marco legislativo sobre o assunto.

A educação consiste num processo muito mais complexo do que a mera

transmissão de conhecimentos dentro dos ambientes formais (BRANDÃO, 2007).

Essa ideia é endossada tanto do ponto de vista acadêmico, como do ponto de vista

legislativo. De forma elucidativa, o artigo 1º da Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional (Lei 9.394/96), prescreve:

a educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizacionais da sociedade civil e nas manifestações culturais (BRASIL, 2006).

Percebe-se, portanto, que a educação é um processo que envolve múltiplos

ambientes, não se limitando às instituições de ensino públicas e particulares. Pelo

contrário, é um processo amplo, que envolve todas as situações e fases da vida

humana, englobando o ambiente de trabalho, familiar, afetivo, acadêmico, nas ruas,

enfim, enquanto houver uma vida consciente e ativa, o processo educacional estará

presente.

Ainda no plano legislativo, o artigo 205 da Constituição não fornece um

conceito de educação, limitando-se a prescrever a forma como será implementada,

bem como a sua finalidade:

A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (BRASIL, 1988).

Em que pese a ausência de um conceito direto, o texto constitucional tem a

virtude de explicitar a finalidade da educação, qual seja, o pleno desenvolvimento da

pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e para o trabalho. E o exercício

da cidadania implica na assunção de responsabilidades na construção do espaço

coletivo. Nesse diapasão, Eduardo Bittar, discorrendo sobre o pensamento de

Hannah Arendt, ensina:

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Para Hannah Arendt liberdade não equivale a livre arbítrio, mas está identificada à esfera de ação equivalendo a soberania; os homens e mulheres tornam-se livres, ao exercitarem a ação e decidirem, em conjunto, seu futuro comum (BITTAR, 2005, p. 383).

Este embasamento teórico converge com o objeto desta pesquisa, uma vez

que a educação é o instrumento capaz de preparar as pessoas para o exercício da

cidadania, tornando-as conscientes dos seus direitos e aptas para exercê-los.

Neste diapasão, nosso saudoso Mateus Afonso Medeiros, também se

apoiando no pensamento de Arendt, discorre com propriedade impar sobre o real

significado do termo cidadania, asseverando que

Ser cidadão é pertencer a uma comunidade política. Cidadania se mede pelos direitos e deveres que a constituem e pelas instituições que lhe dão eficácia social e política. A cidadania não tem caráter monolítico. É um produto de histórias sociais protagonizadas por diferentes grupos sociais (MEDEIROS, 2006, p. 51).

Através da educação, é possível incentivar o público jovem a se conscientizar

da importância da construção de um conhecimento sobre os mecanismos de sua

atuação política, de forma a possibilitar uma postura crítica e reflexiva ante a

elaboração e execução das políticas públicas. A educação pode fomentar esse

senso de pertencimento à vida política de uma comunidade e proporcionar,

consequentemente, um maior engajamento do jovem nas questões sociais e,

portanto, uma maior participação no desenvolvimento social1, desde as suas

comunidades até a sociedade mais ampla.

Reconhecendo o papel da escola na formulação de estratégias para o ensino

dos direitos humanos na educação básica, o PNEDH prescreve:

A educação em direitos humanos vai além de uma aprendizagem cognitiva, incluindo o desenvolvimento social e emocional de quem se envolve no

1 A esse respeito, convém esclarecer que abordamos desenvolvimento social a partir de uma

visão de maior distribuiçao de riquezas, desenvolvimento da cidadania, promoção de direitos e fortalecimento da participação e da autonomia dos cidadãos (INOJOSA, 2001). Assim, a compreensão de desenvolvimento local está ligada ao desenvolvimento social, pois o “local” deve ser pensado sempre como “lócus” de um conjunto de relações socioculturais, um território onde interesses sociais diversos articulam ou desarticulam a organização da vida social. Nem o desenvolvimento social nem o desenvolvimento local pode ser pensado apenas no referencial do acúmulo de riquezas e recursos, mas precisa implicar em distribuição social desses recursos, implicando também no desenvolvimento da participação e da cidadania.

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processo de ensino-aprendizagem (Programa Mundial de Educação em Direitos Humanos – PMEDH/2005). A educação, nesse entendimento, deve ocorrer na comunidade escolar em interação com a comunidade local. Assim, a educação em direitos humanos deve abarcar questões concernentes aos campos da educação formal, à escola, aos procedimentos pedagógicos, às agendas e instrumentos que possibilitem uma ação pedagógica conscientizadora e libertadora, voltada para o respeito e valorização da diversidade, aos conceitos de sustentabilidade e de formação da cidadania ativa (PNEDH, 2006, p. 31).

Essa sinergia entre o ambiente educacional e a comunidade local é capaz de

produzir bons frutos para a coletividade. A participação esclarecida na vida

comunitária constitui um elemento catalisador do desenvolvimento local. Nesse

sentido, Lucília e Góes ensinam:

Para tanto, acredita-se que a articulação das estratégias educacionais desenvolvidas pela escola e pelos programas governamentais seja capaz de estimular a conversão dos conhecimentos produzidos pelas comunidades, inclusive escolar, em processos e produtos (bens e serviços), que representem inovações e impulsionem as dinâmicas de desenvolvimento local (MACHADO; GÓES, 2012, p.12).

Considerando a importância da escola na formação de uma consciência

cidadã, com reflexos no desenvolvimento local, a pesquisa buscará desenvolver

ferramentas lúdicas com o objetivo de despertar na população jovem o interesse

pela educação em direitos humanos e sobre o funcionamento do sistema político.

Para que essas ferramentas pedagógicas sejam eficientes, é necessário que

elas se apresentem com um linguajar acessível, com recursos visuais atrativos e

com uma abordagem compatível com a realidade social desses jovens.

Igualmente importante é estabelecer um recorte dos direitos e garantias

fundamentais cuja compreensão é indispensável para uma participação política

esclarecida. Assim, o foco da nossa pesquisa estará nos direitos descritos no artigo

5º da Constituição Federal.

1.7 Fundamentos legais para o ensino dos direitos fundamentais e noções de política na juventude: o Estatuto da Criança e do Adolescente, o Estatuto da Juventude e o Plano Decenal de Educação

A Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988 apresenta um viés

inclusivo e participativo. A forte preocupação com a inclusão e proteção de grupos

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sociais historicamente vulneráveis acabou conferindo-lhe o apelido de “Constituição

Cidadã”.

Chama atenção o Título VIII que trata da Ordem Social, denotando a

necessidade de uma participação ativa do Estado no oferecimento de políticas

públicas de inclusão e de serviços públicos essenciais com tendência

universalizante, ou seja, acessíveis a todas as pessoas, principalmente aquelas

menos favorecidas.

Dentro do título citado, encontra-se o Capítulo VII, que em sua redação

original era intitulado “Da família, da criança do adolescente e do idoso”. Este

capítulo trazia a determinação da criação de políticas públicas de inclusão e

proteção dessas categorias jurídicas e sociais, seja pela importância do papel que

elas exercem na sociedade (no caso da família), seja pela vulnerabilidade que

caracteriza os integrantes desses grupos (no caso das crianças, adolescentes e

idosos).

Em obediência ao comando constitucional, menos de dois anos depois foi

publicada a Lei 8.069/90, conhecida como Estatuto da Criança e do Adolescente

(ECA). Esta, norteada pelo princípio da proteção integral, dispõe sobre diversos

direitos a serem assegurados às pessoas com idade entre zero e dezoito anos de

idade, sendo que para os efeitos da lei, considera-se criança a pessoa com até doze

anos de idade incompletos e adolescente aquela entre doze e dezoito anos.

Dentre as inúmeras disposições da lei, destaca-se o Título II, que trata dos

direitos fundamentais. Dentro desse título encontram-se vários capítulos que tratam

do direito à vida e à saúde; do direito à liberdade, respeito e dignidade; do direito à

convivência familiar e comunitária; do direito à educação, à cultura, ao esporte e ao

lazer e do direito à profissionalização e à proteção no trabalho. Em que pesem as

inúmeras virtudes do Estatuto, seu conteúdo nada dispõe sobre uma preparação

para o exercício dos direitos políticos, que começam a ser exercidos de forma

facultativa a partir dos 16 anos e de forma obrigatória a partir dos 18 anos de idade,

nos termos do artigo 14, §1º da Constituição.

Passados mais de vinte anos de vigência do referido estatuto, ficaram

evidentes os avanços conquistados na garantia de direitos a esta parcela da

população, todavia, os mecanismos de proteção estabelecidos pela lei não

contemplavam um tratamento diferenciado para aqueles que, embora já tendo

alcançado a idade de 18 anos, permaneciam ainda em condição de vulnerabilidade,

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com dificuldades de inserção no mercado de trabalho e com uma preparação

insuficiente para exercer a participação no processo político-eleitoral.

Diante dessa realidade e após intenso debate no Congresso Nacional, foi

promulgada a Emenda Constitucional nº 65 no ano de 2010, que alterou a

denominação do Capítulo VII do Título VIII da Constituição Federal e modificou o

artigo 227, para cuidar dos interesses da juventude, demonstrando a necessidade

de se estabelecerem políticas públicas de inclusão do jovem nos diversos cenários

sociais.

Foi este o espírito que norteou a elaboração da Lei 12.852, publicada em 5 de

agosto de 2013, conhecida como Estatuto da Juventude. Para os efeitos dessa lei,

consideram-se jovens as pessoas com idade entre 15 e 29 anos, todavia o §2º do

artigo 1º dispõe que “aos adolescentes com idade entre 15 (quinze) e 18 (dezoito)

anos aplica-se a Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do

Adolescente, e, excepcionalmente, este Estatuto, quando não conflitar com as

normas de proteção integral do adolescente”. (Destaque nosso)

Diferentemente do ECA, que possui um viés eminentemente protetivo, o

Estatuto da Juventude possui um viés mais inclusivo e de promoção da participação

do jovem no contexto político e social. Essa característica já fica evidenciada no

artigo 2º da lei, que trata dos princípios regentes das políticas públicas de juventude.

Dentre os inúmeros princípios elencados, destacamos aquele que trata da

“promoção da autonomia e emancipação dos jovens” sendo que o termo

“emancipação” refere-se à trajetória de inclusão, liberdade e participação do jovem

na vida em sociedade, e aquele que trata da “valorização e promoção da

participação social e política, de forma direta e por meio de suas representações”.

No artigo 3º, a lei trata das diretrizes que deverão nortear a elaboração e

execução das políticas públicas relativas à juventude. Nesse particular, o inciso III

aponta como diretriz a ampliação das alternativas de inserção social do jovem,

promovendo programas que priorizem o seu desenvolvimento integral e participação

ativa nos espaços decisórios.

Já no Capítulo II, o estatuto traz os direitos dos jovens, que se encontram

sistematizados em onze seções tratando do direito à cidadania, à participação social

e política e à representação juvenil; do direito à educação; do direito à

profissionalização, ao trabalho e à renda; do direito à diversidade e à igualdade; do

direito à saúde; do direito à cultura; direito à comunicação e à liberdade de

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expressão; direito ao desporto e ao lazer; direito ao território e à mobilidade; direito à

sustentabilidade e ao meio ambiente e, por fim, o direito à segurança pública e ao

acesso à justiça.

Percebemos pelo conteúdo do novel diploma legal que a par da preocupação

de garantir direitos a um grupo social vulnerável, existe uma grande preocupação na

preparação e inserção do jovem na atuação política. Esta característica promove

grande aproximação entre o Estatuto da Juventude e o objeto de discussão deste

projeto de pesquisa.

Portanto, considerando que o Estatuto da Juventude é aplicável ao público

alvo deste projeto e considerando também que as disposições dessa lei revelam

uma maior identidade com o objeto da pesquisa, utilizaremos suas diretrizes como

referencial legislativo e de política pública para embasar nossas discussões. Pelas

mesmas razões acima explicitadas, chamaremos o nosso público alvo de jovens e

não de adolescentes, como sugere a terminologia do ECA.

De forma uníssona, a Lei nº 13.005/14 que aprovou o Plano Nacional de

Educação com validade de 10 anos, aponta como uma de suas diretrizes básicas a

“formação para o trabalho e para a cidadania, com ênfase nos valores morais e

éticos em que se fundamenta a sociedade”.

Diante dos inúmeros diplomas normativos, conclui-se que a formação cidadã

dos jovens é uma prioridade das políticas públicas no plano nacional, o que acaba

por refletir na atuação de governo e na produção legislativa a nível estadual e

municipal.

1.8 Considerações Finais

Através deste artigo, buscou-se discorrer sobre a educação sobre direitos e

garantias fundamentais como elemento essencial para a apreensão e compreensão

dos direitos humanos.

Para tanto, procura-se resgatar importantes documentos internacionais que

envolvem a temática, mormente os Planos Mundial e Nacional sobre Educação em

Direitos Humanos, onde percebe-se uma especial preocupação com a

implementação desses valores no ambiente educacional, com público alvo na

população jovem.

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Paralelamente, verificamos que o incremento das possibilidades de

participação da juventude nas decisões políticas, sobretudo pós Constituição de

1988, criou um ambiente propício à consecução dos objetivos pretendidos pelos

planos já citados, havendo uma convergência entre as bases normativas.

A partir daí, passa-se a desenvolver uma argumentação no sentido de afirmar

que a educação sobre direitos fundamentais constitui um elemento essencial na

implementação de uma cultura valorizadora dos direitos humanos. Para tanto,

destaca-se a semelhança ontológica existente entre os direitos humanos e os

direitos fundamentais, fazendo um cotejo entre documentos internacionais sobre

direitos humanos e a sua influência na elaboração do texto constitucional, de forma

a demonstrar que os direitos e garantias fundamentais consistem numa projeção dos

direitos humanos no plano jurídico interno dos diversos países.

Afirma-se também que a organização sistemática dos direitos fundamentais

dentro da Constituição e facilidade de acesso ao texto constitucional pela população

são fatores que contribuem para disseminar seu conteúdo pela sociedade.

Paralelamente, torna-se igualmente importante uma compreensão básica do

sistema político nacional, de forma a conhecer as instituições políticas e as funções

desempenhadas no âmbito dos Poderes da República.

A discussão sobre a participação política da população jovem na

contemporaneidade abordou a superação do conceito de socialização política, onde

os jovens são considerados seres apolíticos que dependem da transmissão do

conhecimento das gerações anteriores, para que possam reproduzir os mecanismos

de atuação política já existentes.

A crise de participação política da juventude na modernidade pode não estar

vinculada a apatia ou alienação, como se observa em comentários do senso comum.

Antes, revela uma rejeição da juventude aos métodos de participação política

tradicionais, como a atuação político-partidária, as agremiações estudantis, os

sindicatos, dentre outros. Observa-se neste caso uma oportunidade para o

desenvolvimento de novas formas de participação, dentre as quais se destacam o

voluntariado e o envolvimento em atividades culturais, esportivas e religiosas. Essas

conclusões podem ser tomadas a partir da análise de pesquisas realizadas sobre o

tema.

Em que pese a rejeição dos métodos de participação tradicionais pela

juventude, estes não podem ser totalmente desconsiderados, uma vez que a

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juventude reconhece serem estes o caminho que exerce a maior capacidade de

influência sobre a vida das pessoas. Diante desse quadro, a construção de um

conhecimento das instituições políticas e dos agentes que nelas atuam torna-se

fundamental para se falar em uma cidadania ativa por parte dos jovens.

Por fim, verifica-se que a densidade jurídica e a linguagem técnica utilizada na

elaboração das leis constituem um elemento dificultador para a compreensão dos

direitos fundamentais, bem como do funcionamento do sistema político. Daí,

defendemos a utilização de recursos pedagógicos diferenciados para consecução

dessas finalidades, a fim de possibilitar não somente uma apreensão do conteúdo

dos direitos, mas sobretudo a sua efetivação, através de um empoderamento que

possibilitará aos jovens o exercício de uma cidadania ativa.

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CAPÍTULO 2: ABORDAGEM SOBRE ALGUNS IMPORTANTES ELEMENTOS PARA A PARTICIPAÇÃO POLÍTICA DA JUVENTUDE

RESUMO

Este artigo apresenta uma investigação quali-quantitativa de caráter exploratório, que se efetivou através de uma pesquisa bibliográfica e uma pesquisa de campo realizadas em duas escolas localizadas no município de Contagem/MG, sendo uma da rede pública e a outra da rede privada. O objetivo da pesquisa é perscrutar o nível de conhecimento dos jovens entre 16 e 18 anos de idade sobre o sistema político brasileiro e sobre os direitos e garantias fundamentais constitucionalmente previstos, dentro de uma perspectiva democrática. A metodologia adotada consistiu na aplicação de questionários contendo perguntas abertas e fechadas, cujos resultados foram analisados através do programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) e também através da análise de conteúdo. O trabalho concluiu que existe uma rejeição das formas de participação política tradicionais pela juventude, notabilizada pelo baixíssimo nível de engajamento em atividades de conotação política. Esta rejeição pode estar relacionada a associação da política a elementos negativos, como a corrupção. Nota-se, também, um grande desconhecimento dos participantes sobre as principais instituições políticas do país, bem como das atribuições dos cargos políticos mais relevantes, o que revela a falta de condições de fiscalização e controle das atividades dessas instituições e agentes públicos. Por fim, salienta-se a importância do desenvolvimento de estratégias e recursos pedagógicos diferenciados para despertar o interesse da juventude sobre a política, bem como possibilitar a apreensão de um conhecimento básico para uma participação política de qualidade.

Palavras-chave: Participação política. Juventude. Democracia

2.1 Introdução

O paradigma de Estado Democrático de Direito consagrado pela Constituição

da República Federativa do Brasil de 1988 trouxe um viés participativo, onde os

cidadãos devem exercer um papel central na formação da vontade política do

Estado. Todavia, a falta de noções básicas acerca do funcionamento do sistema

político, bem como a insuficiência de um conhecimento sobre os direitos e garantias

constitucionalmente estabelecidos, prejudica o desenvolvimento da democracia

participativa, na medida em que pode colocar no imaginário popular a ideia de que

os direitos fundamentais são um ideal utópico.

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No tocante a participação política de jovens, intensa produção legislativa se

firmou com o advento da Constituição de 1988. A começar da Carta Magna que

introduziu no processo político eleitoral os jovens a partir dos 16 anos de idade, as

legislações infraconstitucionais se desenvolveram com a preocupação de inserir o

jovem na cena política do país.

Entretanto o cenário atual aponta para uma baixa participação política da

juventude, sobretudo nos meios tradicionais, o que acarreta no prestígio de canais

de engajamento alternativos.

Nesse contexto, insta salientar que a busca por novas formas de participação

não pode conduzir a uma desconsideração das formas de participação tradicionais.

Pelo contrário, devemos contribuir com os elementos necessários para a formação

de uma juventude com conhecimento suficiente para realizar uma fiscalização e

controle efetivo sobre toda e qualquer atuação política. Essa tarefa será facilitada

com uma formação da juventude sobre as instituições públicas que influenciam no

campo político e os cargos políticos que lhes dão vida.

2.2 Discussão teórica

2.2.1 Formação do jovem para a participação política e o exercício da cidadania: fundamento jurídico-normativo nos planos nacional e internacional

No início do Século XX, notadamente a partir das revoluções de cunho

socialista o Estado é chamado a intervir de forma mais ostensiva na sociedade,

através da provisão de bens e garantia de direitos, com vistas e diminuir a gritante

desigualdade desencadeada pelo liberalismo e pelo capitalismo desenfreado. Essa

visão do “Estado provedor” passa a ser questionada ao final da Segunda Guerra

Mundial, a partir da crítica de que essa atuação paternalista acabava por gerar

intervenções destoantes com os anseios da sociedade. Nesse contexto surge na

Europa um paradigma de Estado Democrático de Direito, no qual a população passa

a atuar de forma mais efetiva da formação das políticas públicas e no controle das

atividades administrativas do Estado (BONAVIDES, 2009).

Essa nova forma de pensar a atuação estatal tem um reflexo mais imediato

na Europa, notadamente com a Lei Fundamental de Bonn (Constituição alemã), de

1949 e com a Constituição da Itália, de 1947. Posteriormente, as Constituições de

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Portugal (1976) e Espanha (1978), passaram a incorporar em seus textos essa nova

maneira de pensar a atuação do Estado. No Brasil, essa concepção de Estado

Democrático de Direito veio a ser incorporada na nossa lei maior apenas com o

processo de redemocratização, materializando-se nas disposições da Constituição

de 1988, conhecida como Constituição Cidadã (BARROSO, 2005).

2.2.1.1 O Programa Mundial para Educação em Direitos Humanos e o Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos

No ano de 2003 foi elaborado o Plano Nacional de Educação em Direitos

Humanos (PNEDH), através de uma ação articulada por uma comissão

interinstitucional, da qual participaram várias secretarias vinculadas ao Ministério da

Educação. Este plano antecipou uma tendência mundial, uma vez que no ano

seguinte a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas editou a

Resolução nº 59/113 que instituiu, no dia 10 de dezembro de 2004, o Programa

Mundial para a Educação em Direitos Humanos (PMEDH).

A primeira versão do PNEDH foi objeto de intensos debates que contaram

com a participação da sociedade civil, num esforço coletivo de divulgação e

aprimoramento das suas disposições. Como fruto desses debates, o plano original

foi aprimorado e adequado ao Plano Mundial, resultando daí a segunda e atual

versão do PNEDH, publicado em dezembro de 2006.

Este plano tem como objetivo fomentar a conscientização política e cidadã na

educação básica, superior e não formal, visando a implantação de uma cultura de

valorização dos direitos humanos e, consequentemente, dos direitos e garantias

fundamentais no seio da sociedade, o que fomentaria inclusão social de uma parcela

substancial da população. Este escopo é reconhecido no parecer CNE/CP Nº 8/2012

que institui as Diretrizes Nacionais para a Educação em Direitos Humanos, do qual

se transcreve:

As profundas contradições que marcam a sociedade brasileira indicam a existência de graves violações destes direitos em consequência da exclusão social, econômica, política e cultural que promovem a pobreza, as desigualdades, as discriminações, os autoritarismos, enfim, as múltiplas formas de violências contra a pessoa humana. Estas contradições também se fazem presentes no ambiente educacional (escolas, instituições de educação superior e outros espaços educativos). Cabe aos sistemas de ensino, gestores/as, professores/as e demais profissionais da educação, em todos os níveis e modalidades, envidar esforços para reverter essa situação

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construída historicamente. Em suma, estas contradições precisam ser reconhecidas, exigindo o compromisso dos vários agentes públicos e da sociedade com a realização dos Direitos Humanos (BRASIL, 2012).

No mesmo período histórico, a ampliação das possibilidades de participação

política da população introduzida pela Constituição de 1988, criou um ambiente

político propício à efetivação dos objetivos pretendidos pelo PNEDH.

Nesse particular, uma importante inovação trazida pela Constituição de 1988

consiste na inclusão dos jovens com idade entre 16 e 18 anos no rol de legitimados

a participar do processo eleitoral.

Todavia, é preciso que essa inclusão não ocorra apenas num plano formal.

Toda essa conjuntura política no plano interno e internacional favorece a construção

de mecanismos de promoção de uma participação política esclarecida por parte

desses jovens eleitores, contemplando uma boa noção sobre o funcionamento do

sistema político e da organização básica do Estado brasileiro, bem como um

conhecimento sobre os direitos e garantias fundamentais previstos no texto

constitucional.

A partir deste momento faremos uma abordagem dessas leis originadas pós

Constituição de 1988, abordando a contribuição que trouxeram com a formação de

jovens para a participação política e o exercício da cidadania.

2.2.1.2 A formação política de jovens na legislação infraconstitucional

O Capítulo VII do Título VIII da Constituição originalmente confere um

tratamento especial à família, à criança, ao adolescente e ao idoso (BRASIL, 1988).

Em obediência ao comando constitucional, várias leis foram criadas para

estabelecer um viés protetivo e inclusivo a esses grupos. Apenas para exemplificar,

podemos citar o advento da Lei 8.009/90, que traz uma proteção ao bem de família,

a Lei 8069/90, que institui o ECA e a Lei 10.741/03, que institui o Estatuto do Idoso.

Neste ponto faremos um recorte para tratar da produção legislativa

infraconstitucional referente ao público-alvo do presente trabalho, ou seja, jovens

entre 16 e 18 anos de idade, principalmente naquilo que diz respeito à sua formação

para a participação política e para o exercício da cidadania.

O primeiro marco legislativo a se destacar é o Estatuto da Criança e do

Adolescente. Norteado pelo princípio da proteção integral, ele dispõe sobre diversos

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direitos a serem assegurados às pessoas com idade entre zero e dezoito anos de

idade, sendo que, para os efeitos da lei, considera-se criança a pessoa com até

doze anos de idade incompletos e adolescente aquela entre doze e dezoito anos

(BRASIL, 1990).

Em que pesem as inúmeras virtudes do Estatuto, seu conteúdo nada dispõe

sobre uma preparação para o exercício dos direitos políticos, que começam a ser

exercidos de forma facultativa a partir dos 16 anos e de forma obrigatória a partir dos

18 anos de idade, nos termos do artigo 14, §1º da Constituição.

Passados mais de vinte anos de vigência do referido estatuto, ficaram

evidentes os avanços conquistados na garantia de direitos a esta parcela da

população. Por outro lado, os mecanismos de proteção estabelecidos pela lei não

contemplavam um tratamento diferenciado para aqueles que, embora já tendo

alcançado a idade de 18 anos, permaneciam ainda em condição de vulnerabilidade,

com dificuldades de inserção no mercado de trabalho e com uma preparação

insuficiente para exercer a participação no processo político-eleitoral.

Diante dessa realidade e após intenso debate no Congresso Nacional, foi

promulgada a Emenda Constitucional nº 65 no ano de 2010, que alterou a

denominação do Capítulo VII do Título VIII da Constituição Federal e modificou o

artigo 227, para cuidar dos interesses da juventude, demonstrando a necessidade

de se estabelecerem políticas públicas de inclusão do jovem nos diversos cenários

sociais (BRASIL, 1988).

A modificação do texto constitucional abriu caminho para a elaboração da Lei

12.852, publicada em 5 de agosto de 2013, conhecida como Estatuto da Juventude.

Para os efeitos dessa lei, consideram-se jovens as pessoas com idade entre 15 e 29

anos, todavia o §2º do artigo 1º dispõe que “aos adolescentes com idade entre 15

(quinze) e 18 (dezoito) anos aplica-se a Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 -

Estatuto da Criança e do Adolescente, e, excepcionalmente, este Estatuto,

quando não conflitar com as normas de proteção integral do adolescente”.

(sem destaque no original)

Diferentemente do ECA, que possui um caráter eminentemente protetivo, o

Estatuto da Juventude possui um viés mais inclusivo e de promoção da participação

do jovem no contexto político e social. Essa característica já fica evidenciada no

artigo 2º da lei, que trata dos princípios regentes das políticas públicas de juventude.

Dentre os inúmeros princípios elencados, destacamos aquele que trata da

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“promoção da autonomia e emancipação dos jovens” sendo que o termo

“emancipação” refere-se à trajetória de inclusão, liberdade e participação do jovem

na vida em sociedade. Também é possível identificar o princípio que trata da

“valorização e promoção da participação social e política, de forma direta e por meio

de suas representações” (BRASIL, 2013).

No artigo 3º, a lei trata das diretrizes que deverão nortear a elaboração e

execução das políticas públicas relativas à juventude. Nesse particular, o inciso III

aponta como diretriz a ampliação das alternativas de inserção social do jovem,

promovendo programas que priorizem o seu desenvolvimento integral e participação

ativa nos espaços decisórios (BRASIL, 2013).

Já no Capítulo II, o estatuto traz os direitos dos jovens, que se encontram

sistematizados em onze seções tratando do direito à cidadania, à participação social

e política e à representação juvenil; do direito à educação; do direito à

profissionalização, ao trabalho e à renda; do direito à diversidade e à igualdade; do

direito à saúde; do direito à cultura; direito à comunicação e à liberdade de

expressão; direito ao desporto e ao lazer; direito ao território e à mobilidade; direito à

sustentabilidade e ao meio ambiente e, por fim, o direito à segurança pública e ao

acesso à justiça (BRASIL, 2013).

Percebemos pelo conteúdo do novel diploma legal que a par da preocupação

de garantir direitos a um grupo social vulnerável, existe uma grande preocupação na

preparação e inserção do jovem na atuação política. Esta característica promove

grande aproximação entre o Estatuto da Juventude e o objeto de discussão deste

projeto de pesquisa.

Portanto, considerando que o Estatuto da Juventude é aplicável ao público

alvo deste projeto e considerando também que as disposições dessa lei revelam

uma maior identidade com o objeto da pesquisa, utilizaremos suas diretrizes como

referencial legislativo e de política pública para embasar nossas discussões. Pelas

mesmas razões acima explicitadas, chamaremos o nosso público alvo de jovens e

não de adolescentes, como sugere a terminologia do ECA.

Semelhantemente, a Lei nº 13.005/14 que aprovou o Plano Nacional de

Educação com validade de 10 anos, aponta como uma de suas diretrizes básicas a

“formação para o trabalho e para a cidadania, com ênfase nos valores morais e

éticos em que se fundamenta a sociedade” (BRASIL, 2014).

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Diante dos inúmeros diplomas normativos, conclui-se que a formação cidadã

dos jovens é uma prioridade no plano nacional, o que acaba por refletir na criação e

implementação das políticas públicas de governo e na produção legislativa a nível

estadual, distrital e municipal.

Sendo a possibilidade da participação política juvenil uma realidade no plano

normativo, resta promover algumas indagações: que caminhos participativos têm

sido colocados à disposição dos jovens na atualidade? Essas formas de participação

têm sido utilizadas pela juventude? Elas atendem aos seus anseios? É possível

estabelecer novas possibilidades de participação juvenil? O estabelecimento dessas

novas formas de participação implica, necessariamente, em uma negação das

formas de participação tradicionais?

Sem ter a pretensão de trazer uma resposta definitiva a todos esses

questionamentos, este trabalho avança em torno dessas inquietações, buscando

ouvir o sentimento dos jovens em relação à participação política e identificar os

elementos essenciais a uma participação de qualidade. Para tanto, trouxemos o

embasamento de pesquisas anteriores sobre o assunto e procuramos, na parte de

apresentação dos dados, trazer novas contribuições ao debate, através da

identificação do nível de conhecimento da juventude atual.

2.2.3 Uma abordagem sobre participação política dos jovens brasileiros na atualidade

Em que pese a abertura legal para a criação de mecanismos viabilizadores da

participação política de jovens, é preciso ter em mente que a produção legislativa

não possui o condão de, por si só, modificar a natureza das coisas.

Nessa perspectiva, cumpre indagar qual é o conhecimento atual dos jovens

sobre o funcionamento do sistema político brasileiro, bem como dos direitos e

garantias fundamentais. Tais questionamentos são de suma importância pois o

conhecimento desses assuntos impactaria positivamente sobre qualquer forma de

participação política. É com o objetivo de obter essas informações que se

desenvolveu essa pesquisa, todavia antes de apresentarmos os resultados, faremos

uma pequena reflexão sobre o quadro da participação política da juventude

brasileira na atualidade.

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Em primeiro lugar, entende-se superada a ideia de socialização política da

juventude. Esse conceito partia da premissa de que os jovens seriam incapazes de

agir politicamente, por não possuir capacidades cognitivas para tanto. Assim,

caberia aos jovens receber o legado cognitivo e experiencial das gerações

anteriores, a fim de reproduzir os mecanismos políticos tradicionais (CASTRO,

2009).

Entende-se atualmente que o jovem pode atuar como protagonista nas

discussões e nas decisões políticas. Resta saber quais as formas de participação

têm chamado a atenção dos jovens.

As afirmações no sentido de que a juventude atual é apática, alienada e

pouco participativa, na verdade pode camuflar uma rejeição deliberada dos métodos

de participação política tradicionais, como a atuação político-partidária, a atuação

em grêmios estudantis, sindicatos, entre outros (FLORENTINO, 2008).

Esta hipótese é confirmada pela pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de

Análises Sociais e Econômicas (IBASE), em parceria com o Instituto de Estudos,

Formação e Assessoria em Políticas Sociais (POLIS). Esta pesquisa foi realizada

entre os anos de 2004 e 2005 e teve por finalidade subsidiar políticas públicas

voltadas para jovens, buscando captar suas percepções sobre a política e suas

formas de participação (IBASE, 2006).

O levantamento contou com a participação de 8.000 jovens, distribuídos em

oito regiões metropolitanas do país e seus resultados corroboram com a hipótese

levantada.

Quanto às possibilidades de participação política, os jovens foram indagados

sobre três possíveis caminhos para a participação, mostrando suas afinidades e

expondo suas críticas sobre cada um deles. As opções seguem discriminadas

abaixo:

CAMINHO 1: Eu me engajo e tenho uma bandeira de luta - A participação política da juventude ocorre por meios que vão além do voto. Esse engajamento também se dá na atuação firme e direta em partidos políticos, organizações estudantis, conselhos, ONGs e movimentos sociais, ou seja, em instituições que organizam a sociedade e controlam a atuação dos governos. CAMINHO 2: Eu sou voluntário e faço a diferença - Jovens voluntários(as) ajudam a diminuir os problemas sociais. Realizam diferentes atividades, tais como manutenção de escolas, recreação com crianças pobres e hospitalizadas, campanhas de doação de alimentos e diversas outras ações desse tipo.

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CAMINHO 3: Eu e meu grupo: nós damos o recado - Os(as) jovens praticam e fortalecem o direito à livre organização. Eles(as) formam grupos culturais (esportivos, artísticos, musicais etc.), religiosos, de comunicação (jornal, página na internet, fanzine etc.), entre outros, compartilhando idéias com outros(as) jovens. (IBASE, 2006, p.5)

Dentre essas várias formas de participação, o Caminho 1 foi apontado pelos

jovens como sendo o da política tradicional, sendo reconhecido como aquele que

possui maior capacidade de operar transformações estruturais. Todavia a corrupção,

o clientelismo e o nepotismo são apontados, dentre outros fatores como elementos

que causam óbice a uma maior interação da juventude com este caminho, razão

pela qual foi a modalidade de participação que teve a menor adesão entre os

participantes (IBASE, 2006).

Já o Caminho 2 foi apontado como sendo aquele que goza de mais aceitação

no meio da juventude. O apego da juventude pelo caminho do voluntariado, de

acordo com a pesquisa, decorre da percepção imediata do resultado do trabalho,

com a contribuição efetiva na solução dos problemas sociais, além de ser uma

alternativa que confere uma maior flexibilidade em termos do tempo de dedicação,

possibilitando a adequação desses compromissos à rotina de trabalho e estudo dos

jovens (IBASE, 2006).

As ressalvas a essa modalidade de participação decorrem do reconhecimento

de que esta alternativa, por si só, não é capaz de resolver problemas, principalmente

os de natureza estrutural, caso não haja envolvimento governamental (IBASE, 2006,

p. 53).

Por fim, o Caminho 3 ocupou uma preferência intermediária entre os

participantes. Como pontos positivos dessa forma de participação, os jovens

apontaram que se trata de uma oportunidade de expressar ideias

democraticamente, permitindo atuar com mais organização e força, além de

possibilitar um maior impacto que o trabalho voluntário individual, uma vez que neste

cenário os jovens atuam coletivamente. A falta de força política, a dificuldade de

apoio financeiro e o descrédito dado pelo governo a essas ações são apontados,

dentre outros, como pontos negativos dessa forma de participação (IBASE, 2006).

Através desses dados, percebe-se que a desvinculação da juventude das

formas de participação política tradicional não pode ser confundida com descaso ou

apatia, mas sim com uma opção por novas formas de participação, onde o

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voluntariado e o envolvimento em atividades culturais, artísticas e esportivas que

sirvam como canal de disseminação de ideias ganham cada vez mais espaço.

Todavia, essa busca por novos caminhos não pode ser extremada ao ponto

de desconsiderar totalmente as instituições políticas que comandam a nação. Para

romper com os vícios das práticas políticas tradicionais, a força questionadora da

juventude pode ser um elemento catalisador das mudanças necessárias. Mas para

que isso aconteça, é necessário que os jovens possuam um conhecimento básico

sobre como funcionam as estruturas do poder, as funções dos entes federativos, e

dos cargos públicos que determinam os rumos da nação.

Em que pese a amplitude da pesquisa mencionada, ela abriu espaços para

outros questionamentos. Qual o conhecimento da juventude sobre os direitos e

garantias fundamentais estabelecidos no texto constitucional? Os jovens conhecem

as funções exercidas pelos ocupantes dos cargos políticos mais importantes do

país? Há um entendimento da juventude sobre as atribuições das principais

instituições políticas da nação?

A resposta a esses questionamentos é fundamental para compreender a

participação juvenil no processo político-eleitoral, obrigatória a partir dos 18 anos de

idade e para a fiscalização e controle daqueles que são nossos mandatários.

Foi com a intenção de compreender melhor qual o nível de conhecimento da

juventude sobre esses temas que se desenvolveu esta pesquisa, cujos resultados

serão demonstrados a seguir.

2.3 Metodologia

Quanto à abordagem, a metodologia orientadora da pesquisa incorporou a

técnica quali-quantitativa, ficando o estudo focado na população com faixa etária

entre 16 e 18 anos inserida no sistema de ensino formal público e privado.

A pesquisa de campo foi desenvolvida por meio da aplicação de um

questionário contendo perguntas abertas e fechadas aos alunos presentes em três

salas de aula, sendo duas no Colégio Santa Maria e uma na Escola Estadual Mario

Elias de Carvalho, ambas localizadas no município de Contagem/MG, contando com

uma participação total de 82 alunos, de ambos os sexos e advindos de diferentes

níveis socioeconômicos.

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A Escola Estadual Mario Elias de Carvalho possui uma estrutura de

funcionamento típica das escolas da rede pública de ensino, funcionando nos

períodos da manhã, tarde e noite. Percebe-se um funcionamento regular das

estruturas escolares, com profissionais atuantes no corpo docente, administrativo e

a direção se mostrou interessada em contribuir com a realização da pesquisa.

A pesquisa se desenvolveu em uma turma do segundo ano do ensino médio,

sendo que os participantes foram cordiais e demonstraram interesse em contribuir

com a pesquisa, mesmo após serem comunicados de que a participação era

facultativa.

Já o Colégio Santa Maria é uma instituição privada que atua no ensino

fundamental e médio. A unidade de Contagem, onde foi realizada a pesquisa,

funciona nos períodos da manhã e da tarde. A instituição de ensino possui como

mantenedora a Sociedade Mineira de Cultura, criada em 1948 pela Arquidiocese de

Belo Horizonte e possui como característica ser uma entidade confessional e

católica.

Assim como ocorreu na escola pública, o pesquisador se sentiu acolhido e

recebeu todo o suporte da direção, do corpo docente e dos funcionários

administrativos para a realização dos trabalhos. Semelhantemente, os alunos foram

cordiais e se mostraram interessados em participar da pesquisa. Mesmo após serem

comunicados que a participação era facultativa, não foi identificada nenhuma

abstenção. A pesquisa foi realizada em duas turmas do segundo ano do ensino

médio.

Visando evitar constrangimentos entre os alunos, foi permitido a todos os

estudantes preencherem os questionários, todavia alguns não foram considerados

por terem sido preenchidos por alunos com 15, 19 e 20 anos de idade, portanto, fora

do recorte estabelecido para a pesquisa. Assim, o número de questionários válidos

que foram considerados nesta pesquisa foi de 82.

Os questionários foram aplicados pelo próprio mestrando, o que possibilitou

um contato direto com a realidade pesquisada e o pronto esclarecimento de

eventuais dúvidas dos participantes. Visando preservar o anonimato destes, os

questionários foram identificados apenas por números.

Os dados levantados nos questionários foram analisados de acordo com

análise estatística, envolvendo frequência e cruzamentos, por meio do programa

Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), sendo a interpretação

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desenvolvida à luz da nossa discussão teórica. As perguntas abertas foram

analisadas de acordo com a análise de conteúdo do tipo análise temática, tal como

apresentado em Bardin (2011). Nesse caso, as perguntas abertas do questionário já

se apresentam como os temas que foram analisados.

2.4 Dados da pesquisa

2.4.1. Informações socioeconômicas dos participantes

Participaram da pesquisa 82 jovens, sendo 32 do sexo masculino e 50 do

sexo feminino. Do total de participantes, 65 são alunos do Colégio Santa Maria e 17

são alunos da Escola Estadual Mario Elias de Carvalho, ambas localizadas no

município de Contagem.

Num primeiro momento, procuramos coletar algumas informações pessoais

dos participantes, como idade, cor, religião, nível de escolaridade dos pais e renda

familiar. Quanto à idade, 72% dos participantes têm 16 anos, 19,5% possuem 17

anos e apenas 8,5% têm a idade de 18 anos.

Gráfico 1 – Idade dos participantes

Fonte: Elaboração do autor

Já em relação à cor, 47,6% dos participantes afirmaram ser da cor

branca, 43,9% afirmaram ser pardos e 8,5% se autoafirmaram negros.

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Gráfico 2 – Cor (de acordo com a autoafirmação dos participantes)

Fonte: Elaboração do autor

Em relação à religião dos participantes, procuramos estabelecer um paralelo

entre a religião em que os mesmos foram criados e a religião que eles professam

atualmente, de forma a possibilitar a comparação das informações, ficando os

resultados representados nos gráficos abaixo.

Gráfico 3 – Religião de criação

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Gráfico 4 – Religião atual

Fonte: Elaboração do autor

Analisando-se os gráficos, percebe-se a maior variedade de combinações de

práticas religiosas no primeiro gráfico, referente à religião de criação, mostrando

uma multiplicidade de influências religiosas. Na variável religião atual, observa-se a

tendência da prática de apenas uma religião.

A religião católica teve uma diminuição dos seus praticantes, uma vez que

58,5% dos participantes afirmaram terem sido criados nesta religião, todavia apenas

53,7% dos jovens afirmaram professar essa religião atualmente. Embora

significativa, esta mudança não mudou o panorama geral, uma vez que a religião

católica continua sendo aquela com o maior número de seguidores. Percebe-se

também um grande aumento daqueles que declaram não praticar qualquer religião.

Este percentual subiu de 2,4% para 12,2%. Também é possível perceber um

aumento no número de praticantes do protestantismo (de 15,9% para 18,3%) e do

espiritismo (de 6,1% para 7,3%).

Em relação ao nível de escolaridade dos pais dos participantes, percebe-se

uma diferença significativa do grau de escolaridade conforme a instituição de ensino

frequentada, havendo um maior grau de escolarização dos pais dos participantes

que estudam na instituição privada, o que é demonstrado na tabela que se segue:

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Tabela 1 – Nível de escolaridade dos pais X Instituição de ensino

Escolaridade da mãe Escolaridade do pai

Instituição de ensino Instituição de ensino

Privada Pública Privada Pública

Não sabe informar 3,1% 17,6% 4,6% 23,5%

Ensino fundamental incompleto 1,5% 17,6% 10,8% 17,6%

Ensino fundamental completo 3,1% 0,0% 6,2% 17,6%

Ensino médio incompleto 6,2% 11,8% 4,6% 11,8%

Ensino médio completo 26,2% 47,1% 23,1% 29,4%

Ensino superior incompleto 7,7% 0,0% 6,2% 0,0%

Ensino superior completo 32,3% 5,9% 33,8% 0,0%

Pós-graduação ou mais 20,0% 0,0% 10,8% 0,0%

Analisando a escolaridade das mães dos participantes da escola pública,

94,1% estudou, no máximo, até o ensino médio e apenas 5,9% concluiu o ensino

superior. Quanto a escolaridade das mães dos participantes da escola privada,

40,1% estudou, no máximo, até o ensino médio. Já o restante (59,9%) possui

escolarização que vai do ensino superior incompleto até pós-graduação ou mais.

Já em relação aos pais dos participantes da escola pública, ficou constatado

que nenhum deles chegou a frequentar o ensino superior. Por outro lado, 50,8% dos

pais de alunos que frequentam a instituição de ensino particular possuem grau de

escolarização que vão do ensino superior incompleto até pós-graduação ou mais.

Quando é analisada a renda familiar dos participantes, nota-se grande

diferença entre a renda familiar dos participantes pertencentes à escola pública e

daqueles que frequentam a escola privada. Senão vejamos:

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Tabela 2 – Renda familiar mensal X Instituição de ensino

RENDA FAMILIAR MENSAL Instituição de ensino

Privada Pública

Atualmente, juntando tudo o

que você e seus pais ganham,

qual é, aproximadamente, a

renda mensal da sua família?

Não sei 12,3% 11,8%

Menos do que um salário mínimo 5,9%

Mais de um até dois salários mínimos 7,7% 41,2%

Mais de dois até três salários mínimos 6,2% 29,4%

Mais de três até cinco salários mínimos 16,9% 11,8%

Mais de cinco até dez salários mínimos 44,6%

Mais de dez salários mínimos 12,3%

Excluídos aqueles que não souberam informar a renda familiar, verifica-se

que 88,3% das famílias dos estudantes da escola pública possuem renda de, no

máximo, 5 salários mínimos. Já nas famílias de alunos da escola privada esse

número cai para 30,8%, ao mesmo tempo em que as famílias com mais de 5 salários

mínimos alcança o percentual de 56,9%.

2.4.2 Relação dos participantes com o tema da pesquisa

Obtidas as informações socioeconômicas, este trabalho procurou identificar a

profundidade da relação dos participantes com o tema da pesquisa, buscando

entender qual a compreensão inicial que estes possuem sobre política e direitos

humanos, qual o nível de interesse quanto ao aprendizado desses assuntos e, por

fim, qual o grau de participação desses jovens em entidades de conotação política.

Ao serem questionados se gostavam de conversar sobre política, 53,66% dos

participantes demonstraram uma boa abertura à proposição, afirmando que

“gostavam mais ou menos”. Quando questionados se achavam importante conversar

sobre política, a grande maioria (96,34%) afirmou que achava muito importante

conversar sobre política, sendo possível extrair tais conclusões dos gráficos abaixo:

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Gráfico 5 – Você gosta de conversar sobre política?

Fonte: Elaboração do autor

Gráfico 6 – Você acha importante conversar sobre política?

Fonte: Elaboração do autor

A análise dos gráficos em conjunto revela algumas contradições que precisam

ser melhor exploradas: a importância do tema, reconhecida pelos jovens não é

acompanhada de um entusiasmo pelo mesmo. Uma hipótese possível é a de que os

jovens associam a participação política apenas em suas formas tradicionais, como a

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atuação político partidária. O desalento quanto aos vícios impregnados nessa forma

de participação justificariam a perda do entusiasmo com o assunto, embora haja o

reconhecimento da sua importância. A análise de outros elementos da pesquisa, a

seguir, confirmam essa hipótese. Novamente, quanto a esses temas não

observamos uma diferença significativa entre os participantes da escola privada e

pública, razão pela qual optamos por fazer uma abordagem geral do assunto.

Indagamos os participantes, através de duas questões abertas, sobre a noção

preliminar que tinham sobre política e direitos humanos. Em que pese a

multiplicidade de respostas, agrupamos aquelas com conteúdo similar, a fim de

facilitar a apresentação dos resultados.

Tabela 3 – Concepção dos jovens sobre política

Qual a primeira palavra ou expressão que lhe vem à mente

quando você ouve falar a palavra “política”?

Frequência Percentual

V

a

l

i

d

Corrupção 36 43,9

Outros termos ou expressões pejorativas (Ex: bagunça, roubalheira) 15 18,3

Governo 5 6,1

Cidadania 3 3,7

Democracia 4 4,9

Outros termos ou expressões positivas (Ex: igualdade, justiça) 10 12,2

Outros termos ou expressões neutras (Ex: nomes de parlamentares

ou partidos políticos) 9 11,0

Total 82 100,0

Percebe-se que 62,2% dos participantes possuem uma visão negativa da

política, associando-a a corrupção ou outros termos ou expressões pejorativas.

Acreditamos que essa visão pode ter a influência dos numerosos escândalos de

corrupção envolvendo todas as esferas de governo.

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Tabela 4 – Concepção dos jovens sobre Direitos Humanos

Qual a primeira palavra ou expressão que lhe vem à mente quando

você ouve falar o termo "direitos humanos"?

Frequência Percentual

Liberdade 11 13,4

Igualdade 17 20,7

Respeito 12 14,6

Cidadania 6 7,3

Necessário 4 4,9

Violação / Desrespeito 6 7,3

Outros termos ou expressões positivas (Ex: conquista,

essencial) 8 9,8

Direitos de bandidos 1 1,2

Outros termos ou expressões pejorativas (Ex: frágil,

incompreensível, conivência) 6 7,3

Termos ou expressões neutras (Ex: nomes de políticos) 10 12,2

Total 81 98,8

Não respondeu 1 1,2

Total 82 100,0

Já em relação aos direitos humanos, percebe-se uma tendência oposta,

sendo que 70,7% dos participantes possuem uma visão positiva desses direitos,

associando-os a valores como igualdade, respeito e cidadania. Mais uma vez, os

resultados foram trabalhados sem distinção da instituição de ensino, uma vez que os

resultados verificados na escola pública e privada foram muito próximos.

Quando questionados sobre os meios de comunicação preferidos para buscar

informações sobre política, os jovens deram respostas que podem ser vistas na

tabela abaixo.

Tabela 5 – Principais fontes de obtenção de informações sobre política

Fonte

Nunca (%) Raramente (%)

Muitas vezes (%)

Sempre (%)

Televisão 2,4 23,2 45,1 29,3

Pessoas da sua Escola 4,9 31,7 35,4 28

Pessoas da sua Família 7,3 29,3 35,4 28

Redes sociais 12,2 30,5 36,6 20,7

Sites da Internet 9,8 36,6 31,7 22

Rádio 31,7 42,7 20,7 4,9

Revistas 52,4 40,2 7,3 0,0

Jornais 24,4 51,2 19,5 4,9

Pessoas da sua Igreja 70,7 22 2,4 2,4

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Na avaliação das fontes de informação sobre política, apontaremos a

preferência dos jovens seguindo critério de somar os valores encontrados nas

colunas “muitas vezes” e “sempre”.

Nesse particular, constata-se que o meio preferido para a busca de

informações sobre política é a televisão (74,4%). A família e a escola vêm

empatadas logo a seguir, (63,4%). As redes sociais ocupam a quarta posição na

preferência dos jovens (57,3%), seguidas pelos sites da internet (53,7%). Depois

temos o rádio (25,6%). Por fim, aparecem os jornais (24,4%), as revistas (7,3%) e a

igreja (4,8%). Essas informações são preciosas, pois os próprios jovens dão sinais

sobre os melhores canais dialógicos para tratar com eles sobre política.

Curiosamente, com todo o apego da juventude com os ambientes virtuais,

verifica-se que algumas instituições tradicionais, como a família e a escola são

apontadas como grandes fontes de informação sobre política. Essa confiança que os

jovens depositam na escola não pode ser negligenciada. Assim, a proposta de se

estabelecer estratégias pedagógicas diferenciadas para o ensino da política na

escola (como será proposto no capítulo 3 deste trabalho), constitui uma alternativa

viável.

A última questão da parte que trata da afinidade dos participantes com o

tema, teve como objeto de questionamento o grau de participação dos jovens em

entidades, instituições e movimentos de conotação política. Os resultados estão

dispostos na planilha que se segue:

Tabela 6 – Participação em atividades de conotação política

Tipo de participação

Nunca (%) Raramente (%)

Muitas vezes (%)

Sempre (%)

Manifestações populares 62,2 24,4 13,4 0 Associação de bairro ou comunitária 75,6 14,6 9,8 0 Grupos religiosos que têm uma atuação na comunidade

52,4 32,9 7,3 7,3

Partidos políticos Grêmio ou associação estudantil

96,3 84,1

2,4 14,6

1,2 1,2

0 0

Sindicatos 97,6 2,4 0 0 Conselhos municipais 0 0 0 0

Chama atenção o baixíssimo grau de envolvimento dos participantes com

movimentos e instituições de cunho político. É grande a quantidade de jovens que

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não possuem qualquer tipo de participação em partidos políticos ou sindicatos, que

poderiam ser tidos como canais mais tradicionais da participação política. A nosso

ver, esse fato pode ser explicado pela associação da política com valores negativos,

como corrupção, roubalheira, bagunça e outros termos igualmente pejorativos. Seria

difícil existir participação da juventude em uma atividade na qual ela não acredita e

não confia.

Dentre as formas de participação que mostraram algum engajamento dos

jovens, o envolvimento em grupos religiosos alcançou 7,3% das respostas. Outra

forma de participação que merece destaque são as manifestações populares. Dentre

os participantes, 13,4% afirmaram que participam desses movimentos “muitas

vezes”.

Fica clara a rejeição dos meios de participação política tradicionais.

Considerando apenas aqueles que disseram participar “muitas vezes” das entidades

ou movimentos, as associações de bairro ou comunitárias contaram com a

participação de 9,8% dos jovens. Já os grupos religiosos com atuação na

comunidade, tiveram o engajamento de 7,3% dos participantes. A seguir vêm os

grêmios ou associações estudantis e os partidos políticos (1,2% cada). Por fim, os

sindicatos em conselhos municipais não registraram uma participação relevante

entre os jovens pesquisados.

Mais uma vez, percebe-se que os jovens têm buscado formas de participação

política diferentes dos meios políticos tradicionais, como os partidos políticos e os

sindicatos.

2.4.3 Conhecimentos sobre direitos e garantias fundamentais

A terceira parte do questionário buscou perquirir o grau de conhecimento dos

jovens sobre direitos e garantias fundamentais previstos no texto constitucional e

nos tratados internacionais sobre direitos humanos, além de algumas leis

infraconstitucionais de grande relevância para a juventude.

O primeiro questionamento versou sobre o conhecimento dos participantes

acerca da Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988 (CRFB), Estatuto

da Criança e do Adolescente (ECA), Declaração universal dos Direitos Humanos

(DUDH), Estatuto da Igualdade Racial (EIR) e Estatuto da Juventude (EJ). Além de

serem questionados sobre o conhecimento desses diplomas legais, os participantes

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também foram indagados sobre o grau de importância dessas leis, de acordo com a

sua visão.

Chama atenção o fato de que 84,1% dos participantes nunca ouviram falar,

ou, apesar de saber que existe, nunca leram qualquer parte do Estatuto da

Juventude. Em relação ao Estatuto da Igualdade Racial esse número sobe para

90,2% dos participantes. Tal desconhecimento pode ter relação com o fato de que

as referidas leis entraram em vigor nos últimos 3 anos, sendo relativamente

recentes. Reforça essa tese, o fato de que, quando questionados sobre leis mais

antigas, como o Estatuto de Criança e do Adolescente (1990) e a Declaração

Universal dos Direitos Humanos (1948), o número de jovens que nunca ouviram

falar, ou que nunca leram pelo menos uma parte delas, apesar de estarem

informados sobre a sua existência, cai para 30,5% e 14,6%, respectivamente.

De qualquer forma, os números desse desconhecimento são significativos e

impressionam pela importância que os referidos documentos possuem na sociedade

brasileira, especialmente para o público pesquisado.

Resolvemos dedicar um tópico a parte para falarmos da Constituição de 1988.

Por ser a lei mais importante do nosso país, promoveremos uma análise mais

detalhada. As conclusões podem ser melhor explicitadas com a análise do gráfico

abaixo:

Gráfico 7 - Grau de conhecimento sobre a Constituição X Instituição de ensino

Fonte: Elaboração do autor

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É de se notar o fato de que em ambos os grupos de participantes há um

considerável número de jovens que, embora estejam aptos a participar do processo

político-eleitoral, jamais tiveram contato com a lei que estabelece a organização

básica da estrutura política do país. A soma daqueles que nunca ouviram falar na

Constituição e daqueles que sabem que ela existe, mas nunca leram nenhuma

parte, chega a 27,7% na escola privada e 58,9% na escola pública.

Quando indagados sobre a importância da Constituição, percebe-se que a

maior parte dos participantes não conhece a real importância desta lei. Senão

vejamos:

Gráfico 8 – Opinião a respeito da Constituição Federal

Fonte: Elaboração do autor

Veremos que essa constatação gera um reflexo quando da análise do

conhecimento dos participantes sobre as atribuições das instituições e cargos

políticos e quando os participantes são questionados sobre alguns direitos e

garantias fundamentais constitucionalmente previstos, como será visto a seguir.

Foram colocadas algumas proposições aos participantes envolvendo a

aplicação prática de direitos fundamentais. A partir daí, questionou-se aos

participantes se aquela proposição possuía respaldo legal e qual a sua opinião a

respeito. De forma geral, percebe-se que os jovens pesquisados têm uma

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compreensão básica dos direitos e garantias fundamentais, mas em alguns casos

verificou-se um grande desconhecimento acerca da existência de alguns direitos,

como demonstraremos a seguir:

PROPOSIÇÃO 1: “Uma pessoa deveria poder ser presa por não pagar suas dívidas

no comércio”

TABELA 7 – Proibição da prisão civil por dívida

As pessoas deveriam ser presas por não pagarem suas dívidas

no comércio

Frequência Percentual

Isso tem base na lei e na minha opinião isso é certo 13 15,9

Isso tem base na lei e na minha opinião isto é errado 2 2,4

Isso não tem base na lei e na minha opinião isto é

certo 7 8,5

Isso não tem base na lei e na minha opinião isto é

errado 16 19,5

Isso não tem base na lei e não tenho opinião se isto é

certo ou errado 3 3,7

Não sei se isso tem base na lei e na minha opinião

isso é certo 11 13,4

Não sei se isto tem base na lei e na minha opinião

isto é errado 14 17,1

Não sei se isto tem base na lei e não tenho opinião

se isto é certo ou errado 14 17,1

Total 80 97,6

Não respondeu 2 2,4

Total 82 100,0

Diante dessa proposição, 37,8% dos participantes acham que isso é certo, e

20,8% não tem opinião se isso é certo ou errado. Somando-se esses números,

concluímos que 58,6% dos participantes não possuem uma visão clara do comando

constitucional que proíbe a prisão civil por dívidas.

Ressalta-se ainda que 65,9% dos participantes acham que a afirmativa possui

base na lei ou, então, não sabem se a proposição possui ou não base legal,

revelando que a maior parte dos jovens não conhece esse direito fundamental.

PROPOSIÇÃO 2: “As pessoas pobres deveriam ter o direito de obter o registro de

nascimento gratuito”

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Gráfico 9 – Obtenção do registro civil de nascimento gratuito: base legal

19,50%

11%68,30%

As pessoas pobres deveriam ter o direito de obter o registro de nascimento gratuito

Isso tem base na lei

Isso não tem base nalei

não sei se isso tembase na lei

Percebe-se que a maioria dos participantes (68,3%) não conhecem o direito

previsto no artigo 5º, LXXVI da CRFB, que garante aos reconhecidamente pobres a

gratuidade do registro civil de nascimento. Outros 11% afirmam equivocadamente

que a afirmativa não possui base legal.

Dadas as limitações do questionário, e a grande variação de possibilidades de

perguntas sobre os direitos fundamentais, a presente pesquisa selecionou as

perguntas acima como bastante significativas para indicar o baixo conhecimento dos

jovens sobre os direitos fundamentais, especialmente quando aplicados a situações

de vida, exigindo uma compreensão mais apurada do exercício desses direitos.

2.4.4 Conhecimentos sobre as atribuições das instituições públicas

Finalizando a pesquisa, procuramos compreender qual a noção dos

participantes sobre algumas das mais importantes instituições da República, além

das atribuições dos cargos políticos de maior relevância. Os resultados podem ser

melhor visualizados nas tabelas abaixo:

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Tabela 8 – Função de elaboração das leis

Sua função principal é a elaboração das leis. Total

Poder

Legislativo

Poder

Executivo

Poder

Judiciário

Ministério

Público

Instituição de ensino Privada 90,8% 4,6% 4,6% 100,0%

Pública 88,2% 5,9% 5,9% 100,0%

Percebe-se que os jovens, tanto da escola privada quanto da escola pública

possuem uma boa noção da função desempenhada pelo Poder Legislativo, qual

seja, a elaboração das leis. Verifica-se que, embora pequena a diferença, os alunos

da escola privada tiveram um resultado ligeiramente melhor.

Tabela 9 – Defesa judicial dos interesses coletivos, difusos e individuais indisponíveis

Uma de suas principais funções é a defesa judicial dos

interesses coletivos, difusos e individuais indisponíveis.

Total

Poder

Legislativo

Poder

Executivo

Poder

Judiciário

Ministério

Público

Defensoria

Pública

Instituição de ensino Privada 1,5% 3,1% 61,5% 20,0% 13,8% 100,0%

Pública 11,8% 5,9% 58,8% 11,8% 11,8% 100,0%

Em relação às atribuições institucionais do Ministério Público verifica-se um

grande desconhecimento por parte dos jovens, sendo que apenas 20% dos alunos

da escola privada e 11,8% dos alunos da escola pública associaram corretamente

esta instituição à defesa judicial dos interesses coletivos, difusos e individuais

indisponíveis.

Embora os participantes das duas instituições tenham demonstrado pouco

conhecimento sobre as atribuições do Ministério Público, houve um considerável

desnível entre os alunos da escola pública e da escola privada, com os primeiros

demonstrando ter uma melhor compreensão sobre as atribuições dessa importante

instituição.

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Tabela 10 – Resolução de conflitos entre as pessoas, ou entre estas e o Estado

Sua função principal é a resolução de conflitos entre os

particulares, ou entre estes e o Estado.

Total

Poder

Legislativo

Poder

Executivo

Poder

Judiciário

Ministério

Público

Defensoria

Pública

Instituição de

ensino

Privada 3,1% 15,4% 32,3% 43,1% 6,2% 100,0%

Pública 17,6% 23,5% 47,1% 11,8% 100,0%

Relativamente ao Poder Judiciário, mais uma vez os participantes mostraram

um equívoco acerca das suas atribuições. Apenas 32% dos participantes da escola

privada e 23,5% dos alunos da escola pública afirmaram ser atribuição deste poder

a resolução de conflitos entre as pessoas (físicas ou jurídicas) e entre estas e o

Estado. Verifica-se ainda uma tendência de associação errônea dessa função ao

Ministério Público. Novamente os alunos da escola privada revelam um melhor

conhecimento sobre as funções deste poder.

Tabela 11 – Exercício da atividade administrativa e de governo

Sua função principal é o exercício da atividade administrativa e de

governo.

Total

Poder

Legislativo

Poder

Executivo

Poder

Judiciário

Ministério

Público

Defensoria

Pública

Instituição de

ensino

Privada 4,6% 76,9% 18,5% 100,0%

Pública 70,6% 5,9% 17,6% 5,9% 100,0%

Total 3,7% 75,6% 1,2% 18,3% 1,2% 100,0%

O exercício da atividade administrativa e de governo foi ligado corretamente

ao Poder Executivo por 76,9% dos participantes oriundos da instituição de ensino

privada e por 70,6% dos integrantes da instituição de ensino público. Em que pese a

maior parte dos respondentes terem feito a correlação pertinente, observa-se um

número significativo de jovens que não foram capazes de promover essa

associação. Novamente os alunos da instituição de ensino particular se saíram

melhor nesse aspecto.

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Tabela 12 – Defesa judicial dos interesses de pessoas pobres

Uma de suas principais funções é a defesa judicial dos

interesses de pessoas pobres.

Total

Poder Judiciário Ministério Público Defensoria

Pública

Instituição de ensino Privada 1,5% 18,5% 80,0% 100,0%

Pública 11,8% 17,6% 70,6% 100,0%

Finalizando, a defesa judicial dos interesses das pessoas pobres foi ligada

corretamente à Defensoria Pública por 80% dos alunos da escola privada e por

70,6% dos alunos da escola pública. Em que pese o grande número de participantes

que fizeram a associação correta, chama atenção novamente o melhor

aproveitamento por parte dos alunos da escola privada e a associação equivocada

dessas funções ao Ministério Público por um número significativo de participantes,

ou seja, 18,5% na escola privada e 17,6% na escola pública.

2.4.5 Conhecimentos sobre as funções exercidas pelos ocupantes dos cargos políticos

Já em relação às atribuições dos cargos políticos foi encontrada a maior

quantidade de equívocos, conforme demonstram as tabelas abaixo:

Na tabela acima, verifica-se que os participantes da instituição de ensino

pública estão melhor informados do que os alunos da escola particular no que diz

Tabela 13 – Função de fiscalização das ações do Poder Executivo nos Estados

Possui atribuição de fiscalizar as ações do Poder Executivo no âmbito dos

Estados.

Total

Governador Presidente

da

República

Deputado

Federal

Prefeito Senador Deputado

Estadual

Vereador

Instituição

de ensino

Privada 12,3% 3,1% 10,8% 1,5% 36,9% 27,7% 7,7% 100,0%

Pública 5,9% 29,4% 17,6% 41,2% 5,9% 100,0%

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respeito às funções desempenhadas pelos Deputados Estaduais. De acordo com os

resultados, 41,2% dos alunos da escola pública afirmaram ser função do Deputado

Estadual a fiscalização das ações do Poder Executivo no âmbito dos Estados. Já na

escola privada, este índice foi de apenas 27,7%. Todavia, em ambas as instituições,

a maior parte dos respondentes não fez a correta associação do cargo público com

as suas atribuições.

Tabela 14 – Função administrativa e de governo no âmbito nacional

Possui atribuição administrativa e de governo no âmbito nacional Total

Governador Presidente

da República

Deputado

Federal

Prefeito Senador Deputado

Estadual

Vereador

Instituição

de ensino

Privada 6,2% 73,8% 12,3% 1,5% 3,1% 3,1% 100,0%

Pública 5,9% 52,9% 11,8% 5,9% 5,9% 11,8% 5,9% 100,0%

O cargo de Presidente da República foi relacionado à função de

administração e governo no âmbito federal por 73,8% dos alunos da instituição de

ensino privada e por 52,9% dos alunos da escola pública, revelando novamente um

grande descompasso entre as duas instituições. Ainda assim, vemos que um

número significativo de participantes (26,2% na escola privada e 47,1% na escola

pública) não conseguiram correlacionar o cargo de Presidente da República com a

função de governo do país.

Tabela 15 – Função de representação dos Estados no âmbito do Congresso Nacional

Cumpre o papel de representar os Estados no âmbito do Congresso Nacional Total

Governador Presidente

da República

Deputado

Federal

Prefeito Senador Deputado

Estadual

Vereador

Instituição

de ensino

Privada 12,3% 4,6% 15,4%

24,6% 38,5% 4,6% 100,0%

Pública 5,9% 11,8% 23,5% 11,8% 35,3% 11,8% 100,0%

Quanto a função de representação dos Estados no Congresso Nacional,

24,6% dos participantes atribuíram corretamente o encargo à figura do Senador,

enquanto na escola pública esse número subiu para 35,3%, mostrando novamente

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um grande descompasso entre as duas instituições, todavia agora com um melhor

resultado sendo alcançado pelos alunos da escola pública. De qualquer forma,

chama atenção o reduzido número de participantes que estabeleceu a correlação

correta entre a função e o cargo correspondente.

Em relação à atividade administrativa e de governo dos Estados, 52,3% dos

alunos da escola privada responderam corretamente que esta é uma função do

Governador, ficando este número reduzido a 35,3% na escola pública. Observa-se

que uma boa parte dos participantes oriundos da escola pública (29,4%) associou

equivocadamente esta função ao cargo de Deputado Estadual. Já na instituição

privada, um número também significativo (18,5%) afirmou erroneamente tratar-se de

função inerente ao cargo de Deputado Federal.

Tabela 17 – Função de elaboração de leis de interesse da população do município

Possui atribuição de criar leis de interesse da população do município Total

Governador Presidente da

República

Deputado

Federal

Prefeito Senador Deputado

Estadual

Vereador

Instituição

de ensino

Privada 3,1% 4,6% 9,2% 10,8% 4,6% 67,7% 100,0%

Pública 5,9% 5,9% 11,8% 23,5% 52,9% 100,0%

Analisando a função de criar as leis no âmbito dos municípios, 67,7% dos

alunos da instituição particular afirmaram corretamente tratar-se de atribuição dos

vereadores. Já na escola pública esse número cai para 52,9% dos alunos. Mais uma

vez observa-se um melhor desempenho nos estudantes da escola privada. É de se

destacar que um número considerável de jovens da escola privada (10,8%) e da

Tabela 16 – Função de administração e governo no âmbito dos Estados

Sua função principal é o exercício da atividade administrativa e de governo

no âmbito dos Estados

Total

Governador Presidente da

República

Deputado

Federal

Prefeito Senador Deputado

Estadual

Vereador

Instituição

de ensino

Privada 52,3% 3,1% 18,5% 4,6% 6,2% 9,2% 6,2% 100,0%

Pública 35,3% 5,9% 5,9% 5,9% 11,8% 29,4% 5,9% 100,0%

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73

escola pública (23,5%) associaram essa função equivocadamente ao cargo de

Senador.

O melhor resultado entre os alunos da escola particular foi obtido na

correlação entre a função administrativa e de governo ao cargo de prefeito, onde

80% dos respondentes promoveram essa associação. Todavia na escola pública

esse percentual caiu para 47,1%, representando o maior disparate entre todos

pontos que foram objeto da pesquisa.

Um dos piores resultados da pesquisa diz respeito ao conhecimento sobre as

funções do Deputado Federal. Apenas 33,8% dos participantes da escola privada e

17,6% dos alunos da escola pública associaram corretamente este cargo à função

de representação da população no Congresso Nacional. Destaca-se que na escola

pública, 23,5% dos participantes ligaram esta função ao cargo de Senador e outros

23,5% ao cargo de Presidente da República.

Tabela 18 – Função de administração e governo no âmbito do município

Possui atribuição administrativa e de governo no âmbito de um

município.

Total

Governador Deputado

Federal

Prefeito Senador Deputado

Estadual

Vereador

Instituição

de ensino

Privada 3,1% 4,6% 80,0% 1,5% 4,6% 6,2% 100,0%

Pública 29,4% 5,9% 47,1% 5,9% 11,8% 100,0%

Tabela 19 – Função de representação da população dentro do Congresso Nacional

Possui atribuição de representar a população dentro do Congresso Nacional Total

Governador Presidente da

República

Deputado

Federal

Prefeito Senador Deputado

Estadual

Vereador

Instituição

de ensino

Privada 10,8% 15,4% 33,8% 3,1% 16,9% 12,3% 7,7% 100,0%

Pública 17,6% 23,5% 17,6% 23,5% 17,6% 100,0%

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2.5 Considerações finais

Iniciou-se este relato de pesquisa em sua fundamentação teórica resgatando

o ideal participativo trazido pelo paradigma de Estado Democrático de Direito, de

forma a compreender o impacto dessa nova forma de pensar a atuação do Estado

no texto constitucional e, consequentemente, sobre as demais leis.

Verificamos que a Constituição de 1988 ampliou as possibilidades de

participação da juventude no processo político, através da inclusão das pessoas no

processo político-eleitoral, de forma facultativa, a partir dos 16 anos. A partir daí

outras leis como o Estatuto da Juventude e o Plano Decenal de Educação seguiram

na mesma toada, estabelecendo o dever de implementação de políticas públicas de

inclusão da juventude nas questões políticas.

No plano internacional, verificamos que o Programa Mundial para Educação

em Direitos Humanos também trabalha no sentido de firmar canais de participação

da juventude focando na necessidade de uma preparação para o exercício da

cidadania, o que é corroborado pelo Plano Nacional de Educação em Direitos

Humanos.

Estabelecido esse embasamento normativo, estabeleceu-se uma reflexão

sobre a participação política da juventude atual, apoiando-se em pesquisas já

realizadas sobre o tema e que trouxeram um quadro de rejeição das formas de

participação política tradicionais, abrindo caminho para outras formas de

participação. Todavia deve-se ter o cuidado de incentivar novas formas de

participação, contudo sem desconsiderar as formas tradicionais.

Quanto aos dados apresentados pela pesquisa, procuramos conhecer um

pouco melhor o contexto socioeconômico dos participantes, e pudemos observar

uma diferença considerável de escolaridade e renda familiar quando confrontamos

os dados dos alunos pertencentes à instituição privada, em detrimento dos alunos

provenientes da instituição pública.

Em relação à afinidade dos participantes com o tema da pesquisa,

descobrimos que estes possuem uma visão clara da importância da política para as

suas vidas, embora os constantes escândalos de corrupção que eclodem a cada dia,

promova nos jovens uma aversão à participação em instituições e atividades

políticas.

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Isso acaba gerando um distanciamento em relação à busca de uma formação

política por parte dos jovens. O reflexo pode ser sentido na ignorância acerca de

direitos básicos, o que fomenta a violação e a falta de implementação destes pelo

Estado.

Por outro lado, o desconhecimento do sistema político, e das atribuições dos

cargos mais importantes da república, conduz a um baixo poder de fiscalização do

exercício dessas funções. Como fiscalizar e cobrar um bom desempenho de

pessoas que exercem funções desconhecidas? Nesse sentido, torna-se importante

atuar no sentido de buscar alternativas pedagógicas que auxiliem na construção de

um conhecimento básico do sistema político e de direitos fundamentais, a fim de

oferecer sustentação à participação política e ao exercício da cidadania dos jovens.

REFERÊNCIAS

BARDIN, L. Análise de conteúdo. Tradução de Luis Antero Reto e Augusto Pinheiro. São Paulo: Edições 70, 2011. BARROSO, Luís Roberto. Neoconstitucionalismo e constitucionalização do direito (o triunfo tardio do direito constitucional no Brasil). Revista de Direito Administrativo, vol. 240, 2005. BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. 24ª ed. São Paulo: Malheiros, 2009. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil. Acesso em 15/05/2014. BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente - Lei 8.069/90. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm Acesso em 27/11/2014. BRASIL. Estatuto do Jovem – Lei 12.852/13. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12852.htm Acesso em 27/11/2014. BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação – Lei 9.434/96. Disponível em http://planalto.gov.br/ccivil_lei9434.htm Acesso em 15/05/2014. BRASIL. Plano Nacional de Educação – Lei 13.005/14. Disponível em http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L13005.htm Acesso em 09/12/2014. BRASIL. Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos. – Brasília: Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Ministério da Educação, Ministério da Justiça, UNESCO, 2007.

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76

BRASIL. Parecer CNE/CP Nº: 8/2012 que institui as Diretrizes Nacionais para a Educação em Direitos Humanos. CASTRO, Lucia Rabello de. Juventude e socialização política: atualizando o debate. Psic.: Teor. e Pesq., Brasília , v. 25, n. 4, p. 479-487, Dec. 2009 . Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-37722009000400003&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 15 Nov. 2015. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-37722009000400003. FLORENTINO, Renata. Democracia Liberal: uma novidade já desbotada entre jovens. Opin. Publica, Campinas , v. 14, n. 1, p. 205-235, June 2008 . Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-62762008000100008&lng=en&nrm=iso>. acesso em 15 Nov. 2015. http://dx.doi.org/10.1590/S0104-62762008000100008. STRECK, D. R.; ADAMS T. Lugares da participação e formação da cidadania. Civitas – Revista de Ciências Sociais, v. 6, n. 1, jan.-jun. 2006. UNESCO. Plano de ação: programa mundial para a educação em direitos humanos; primeira fase. 2006.

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77

CAPÍTULO 3: DOMINÓ DA POLÍTICA

RESUMO

O presente artigo apresenta um produto técnico consubstanciado em um jogo, de caráter pedagógico, denominado “Dominó da Política”. Este jogo pretende contribuir na construção de um conhecimento sobre as atribuições dos principais cargos políticos da República Federativa do Brasil, promovendo a correta associação aos poderes aos quais esses cargos estão vinculados. O jogo procura também incentivar uma postura reflexiva por parte dos jovens, na medida em que estimula o questionamento sobre as práticas que os titulares desses cargos podem desenvolver para melhorar a vida das pessoas. Além de trazer as regras do jogo e o conteúdo das cartas, o capítulo apresenta um conteúdo destinado aos educadores que funcionarão como mediadores neste processo, promovendo reflexões anteriores e posteriores à atividade lúdica.

3.1 Introdução

O presente artigo busca trazer uma alternativa para a construção de um

conhecimento sobre as principais instituições e cargos políticos da República

Federativa do Brasil.

Conforme dados levantados no capítulo anterior, percebe-se que os jovens

possuem um conhecimento muito limitado sobre as funções que devem ser

desempenhadas pelos titulares desses cargos, o que pode gerar uma dificuldade na

fiscalização e controle da atuação desses agentes.

Tais conhecimentos poderiam ser obtidos através de uma leitura apurada do

texto constitucional, todavia, como a pesquisa trata do público entre 16 e 18 anos de

idade, entende-se que o denso linguajar jurídico utilizado na elaboração das leis

poderia gerar dificuldades dessa compreensão, culminando no desinteresse sobre o

assunto.

Diante desse quadro, este produto técnico consiste em um jogo de caráter

pedagógico, onde os jovens podem, de forma lúdica e descontraída, conhecer um

pouco mais sobre as funções atribuídas aos cargos políticos, saber a qual poder

esses cargos estão vinculados e despertar uma consciência crítica e reflexiva sobre

como esses agentes poderiam atuar para melhorar a vida das pessoas dentro do

contexto social em que o jovem está inserido.

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A concepção do jogo se assemelha a um jogo muito conhecido entre os

jovens, que é o dominó, razão pela qual atribuiu-se ao mesmo o nome “Dominó da

Política”.

Espera-se que através desse jogo, os jovens despertem o seu interesse pela

política, passando a concebê-la não como um instrumento de opressão e corrupção,

mas como um campo de discussão e debate de ideias, onde o jovem tem vez e voz,

podendo atuar de forma efetiva para o rompimento das práticas políticas viciadas e

contribuir com as reformas que a nossa sociedade precisa.

3.2 Conversa com os educadores

Este jogo busca estimular a construção de um conhecimento básico, por parte

da população jovem, sobre as atribuições dos cargos políticos de maior relevância

na República Federativa do Brasil.

Através do conhecimento das atribuições dos detentores desses cargos, será

possível uma melhor avaliação das propostas divulgadas pelos candidatos aos

mandatos eletivos, bem como das competências pessoais daqueles que almejam

ocupar esses cargos. Pretende-se, ainda, estimular uma participação da juventude

no momento posterior ao processo político eleitoral, através da fiscalização das

atividades desenvolvidas pelos ocupantes desses cargos.

Os cargos políticos a serem abordados pelo jogo são os seguintes:

1. Prefeito

2. Vereador

3. Juiz de Direito

4. Governador

5. Deputado Estadual

6. Deputado Federal

7. Senador da República

8. Presidente da República

Cada um desses cargos está ligado a um dos poderes da República

(Legislativo, Executivo e Judiciário). A atividade permitirá uma compreensão básica

da atribuição de cada um desses cargos, bem como uma ligação ao poder a que

estão vinculados.

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Embora não seja um cargo eletivo, a função do Juiz de Direito foi inserida no

jogo por ser uma carreira pertencente a um dos Poderes da República, contribuindo

ativamente na tomada de importantes decisões que direcionam os rumos da nação.

Um maior detalhamento sobre as atividades desenvolvidas por esses agentes

pode ser obtido no endereço eletrônico da Presidência da República

(http://www2.planalto.gov.br/), do Senado Federal

(http://www12.senado.leg.br/hpsenado), da Câmara dos Deputados

(http://www2.camara.leg.br/), além dos diversos governos dos Estados (Ex:

https://www.mg.gov.br – site do Governo do Estado de Minas Gerais), das

Assembleias Legislativas das unidades da federação (Ex:

http://www.almg.gov.br/home/index.html - Assembleia Legislativa do Estado de

Minas Gerais), dos Tribunais de Justiça dos Estados (Ex:

http://www.tjmg.jus.br/portal/ - site do Tribunal de Justiça de Minas Gerais), das

prefeituras dos municípios (Ex: http://portalpbh.pbh.gov.br/pbh/ - Prefeitura de Belo

Horizonte) e das Câmaras Municipais (Ex: http://www.cmbh.mg.gov.br/ - site da

Câmara de Vereadores de Belo Horizonte).

O jogo colocará os participantes diante de perguntas reflexivas que os farão

pensar sobre como os ocupantes desses cargos poderiam atuar para resolver os

problemas do dia a dia da população, de forma a contextualizar a política com a

realidade econômica e social na qual o participante está inserido.

Após a atividade, o educador poderá fazer um ou mais encontros temáticos

falando especificamente sobre cada uma dessas funções, comentando notícias

colhidas nos endereços eletrônicos fornecidos de maneira a inteirar os alunos sobre

a atuação dos titulares desses cargos.

Também poderá ser feita a divisão da sala em grupos que ficarão

responsáveis por realizar uma pesquisa nesses endereços eletrônicos sobre alguma

notícia atual envolvendo as atividades desses cargos, que será objeto de discussão

em sala de aula.

Será possível, ainda, organizar visitas aos prédios onde os titulares desses

cargos exercem suas funções (Prefeitura, Câmara de Vereadores, fórum, etc.),

possibilitando aos alunos ver de perto a atuação desses agentes públicos.

Além dessas sugestões, os educadores poderão promover várias outras

atividades, como concursos de redações, painéis, rodas de conversa, dentre outras

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estratégias pedagógicas diferenciadas para desenvolver nos alunos o gosto pela

política.

3.3 Regras do jogo

1) A turma é dividida em grupos de 2 a 6 participantes e cada grupo recebe um

baralho com as 33 cartas;

2) Em cada grupo, os participantes separam a carta com a qual o jogo deve começar

(CARTA INICIAL) e a colocam, com a face impressa para cima, sobre a mesa. Em

seguida, embaralham o restante das cartas e as dividem, igualmente, entre si.

Passam a jogar no sentido horário;

3) Ao exemplo de um dominó, em sua vez de jogar, cada participante examina se

possui uma carta com pelo menos uma das metades que combina com uma das

metades da carta que está sobre a mesa. Em caso positivo, coloca-a junto à carta

da mesa e passa a vez ao próximo jogador. Em caso negativo, passa a sua vez sem

jogar e o próximo participante continua. Como no dominó, o participante pode utilizar

qualquer uma das extremidades da sequência de cartas colocadas na mesa. Isso

facilita a dinâmica do jogo;

4) O emparelhamento das cartas no jogo é feito em sequências que incluem: o nome

do cargo político; o Poder ao qual esse cargo está vinculado; uma breve descrição

das funções desempenhadas pelo ocupante desse cargo; uma pergunta reflexiva

envolvendo a função exercida pelo titular da função. Ao final de cada sequência

outra é iniciada, enfocando-se em outro cargo político. Entretanto, a ordem de

discussão da importância dos cargos depende da jogada de cada participante,

trazendo uma variação que reforça o caráter lúdico do jogo. A inserção da opinião de

cada pessoa promove a atenção ao conteúdo das funções referentes aos diversos

cargos;

5) Ganha o jogo o participante que primeiro acabar com as suas cartas. O grupo

pode jogar quantas vezes desejar. De cada vez, haverá uma sequência diferente,

estimulando a aprendizagem e a reflexão. Ao educador, cabe o importante papel de

estimular a reflexão através das informações, do diálogo e das atividades

complementares.

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3.4 Conteúdo das cartas

CARTA COR CONTEÚDO

CARTA 1:

CARTA INICIAL Branca

Será dividida em três partes: na parte central haverá a

inscrição “Carta Inicial”. Logo abaixo haverá a transcrição

do artigo 2º da Constituição da República Federativa do

Brasil (CRFB): “São Poderes da União, independentes e

harmônicos entre si, o Legislativo o Executivo e o

Judiciário”.

Nas duas extremidades haverá o seguinte comando:

“Coloque aqui uma carta com o nome de um cargo

político.”

CARTA 2:

PREFEITO Amarela

Será bipartida. No lado esquerdo haverá a inscrição da

palavra “PREFEITO”. No lado direito haverá o seguinte

comando: “Coloque aqui a carta contendo o Poder ao

qual o Prefeito está vinculado.”

CARTA 3:

PODER Amarela

Será bipartida. No lado esquerdo haverá a seguinte

inscrição: “O cargo de Prefeito do Município está

vinculado ao Poder Executivo”. No lado direito haverá o

seguinte comando: “Coloque aqui a carta contendo as

principais funções desempenhadas pelo Prefeito.”

CARTA 4:

FUNÇÕES DO

PREFEITO

Amarela

Será bipartida. No lado esquerdo haverá a seguinte

inscrição: “O Prefeito exerce as funções de

administração e governo no âmbito do Município.” No

lado direito haverá o seguinte comando: “Em sua

opinião, o que o Prefeito da sua cidade poderia fazer

para melhorar a vida da população?”

CARTA 5:

MINHA OPINIÃO

É...

Amarela

Será bipartida. No lado esquerdo haverá a inscrição:

“Minha opinião é...”. Do lado direito haverá o seguinte

comando: “Coloque aqui uma carta com o nome de um

cargo político”.

CARTA 6:

VEREADOR

Verde

Claro

Será bipartida. No lado esquerdo haverá a inscrição da

palavra “VEREADOR. No lado direito haverá o seguinte

comando: “Coloque aqui a carta contendo o Poder ao

qual o Vereador está vinculado.”

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CARTA 7:

PODER

Verde

Claro

Será bipartida. No lado esquerdo haverá a seguinte

inscrição: “O cargo de Vereador do Município está

vinculado ao Poder Legislativo”. No lado direito haverá o

seguinte comando: “Coloque aqui a carta contendo as

principais funções desempenhadas pelo Vereador.”

CARTA 8:

FUNÇÕES DO

VEREADOR

Verde

Claro

Será bipartida. No lado esquerdo haverá a seguinte

inscrição: “Os Vereadores possuem a função de elaborar

as leis no âmbito do Município, além de fiscalizar a

atuação do Prefeito.” No lado direito haverá o seguinte

comando: “Em sua opinião, o que os Vereadores da sua

cidade poderiam fazer para melhorar a vida da

população?”

CARTA 9:

MINHA OPINIÃO

É...

Verde

Claro

Será bipartida. No lado esquerdo haverá a inscrição:

“Minha opinião é...”. Do lado direito haverá o seguinte

comando: “Coloque aqui uma carta com o nome de um

cargo político”.

CARTA 10: JUIZ

DE DIREITO Vermelha

Será bipartida. No lado esquerdo haverá a inscrição da

palavra “JUIZ DE DIREITO. No lado direito haverá o

seguinte comando: “Coloque aqui a carta contendo o

Poder ao qual o Juiz de Direito está vinculado.”

CARTA 11:

PODER Vermelha

Será bipartida. No lado esquerdo haverá a seguinte

inscrição: “O cargo de Juiz de Direito está vinculado ao

Poder Judiciário”. No lado direito haverá o seguinte

comando: “Coloque aqui a carta contendo as principais

funções desempenhadas pelo Juiz de Direito.”

CARTA 12:

FUNÇÕES DO

JUIZ DE

DIREITO

Vermelha

Será bipartida. No lado esquerdo haverá uma imagem

ilustrativa acompanhada da seguinte inscrição: “Os

Juízes de Direito possuem a função de promover a

pacificação social, através da resolução de conflitos

entre as pessoas, ou entre estas e o Estado.” No lado

direito haverá o seguinte comando: “Em sua opinião, o

que os Juízes de Direito da poderiam fazer para

melhorar a vida da população?”

CARTA 13:

MINHA OPINIÃO

É...

Vermelha

Será bipartida. No lado esquerdo haverá uma imagem

ilustrativa acompanhada da inscrição: “Minha opinião

é...”. Do lado direito haverá o seguinte comando:

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“Coloque aqui uma carta com o nome de um cargo

político”.

CARTA 14:

GOVERNADOR Azul Claro

Será bipartida. No lado esquerdo haverá a inscrição da

palavra “GOVERNADOR. No lado direito haverá o

seguinte comando: “Coloque aqui a carta contendo o

Poder ao qual o Governador está vinculado.”

CARTA 15:

PODER Azul Claro

Será bipartida. No lado esquerdo haverá uma imagem

ilustrativa acompanhada da seguinte inscrição: “O cargo

de Governador está vinculado ao Poder Executivo”. No

lado direito haverá o seguinte comando: “Coloque aqui a

carta contendo as principais funções desempenhadas

pelo Governador.”

CARTA 16:

FUNÇÕES DO

GOVERNADOR

Azul Claro

Será bipartida. No lado esquerdo haverá a seguinte

inscrição: “O Governador possui a função de administrar

e governar o Estado.” No lado direito haverá o seguinte

comando: “Em sua opinião, o que o Governador do seu

Estado poderia fazer para melhorar a vida da

população?”

CARTA 17:

MINHA OPINIÃO

É...

Azul Claro

Será bipartida. No lado esquerdo haverá a inscrição:

“Minha opinião é...”. Do lado direito haverá o seguinte

comando: “Coloque aqui uma carta com o nome de um

cargo político”.

CARTA 18:

DEPUTADO

ESTADUAL

Rosa

Será bipartida. No lado esquerdo haverá a inscrição das

palavras “DEPUTADO ESTADUAL. No lado direito

haverá o seguinte comando: “Coloque aqui a carta

contendo o Poder ao qual o Deputado Estadual está

vinculado.”

CARTA 19:

PODER Rosa

Será bipartida. No lado esquerdo haverá a seguinte

inscrição: “O cargo de Deputado Estadual está vinculado

ao Poder Legislativo”. No lado direito haverá o seguinte

comando: “Coloque aqui a carta contendo as principais

funções desempenhadas pelo Deputado Estadual.”

CARTA 20:

FUNÇÕES DO

DEPUTADO

ESTADUAL

Rosa

Será bipartida. No lado esquerdo haverá a seguinte

inscrição: “Os Deputados Estaduais possuem a função

de elaborar as leis no âmbito dos Estados, além de

fiscalizar a atuação do Governador.” No lado direito

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haverá o seguinte comando: “Em sua opinião, o que os

Deputados Estaduais poderiam fazer para melhorar a

vida da população?”

CARTA 21:

MINHA OPINIÃO

É...

Rosa

Será bipartida. No lado esquerdo haverá a inscrição:

“Minha opinião é...”. Do lado direito haverá o seguinte

comando: “Coloque aqui uma carta com o nome de um

cargo político”.

CARTA 22:

DEPUTADO

FEDERAL

Verde

Escuro

Será bipartida. No lado esquerdo haverá a inscrição das

palavras “DEPUTADO FEDERAL”. No lado direito haverá

o seguinte comando: “Coloque aqui a carta contendo o

Poder ao qual o Deputado Federal está vinculado.”

CARTA 23:

PODER

Verde

Escuro

Será bipartida. No lado esquerdo haverá a seguinte

inscrição: “O cargo de Deputado Federal está vinculado

ao Poder Legislativo”. No lado direito haverá o seguinte

comando: “Coloque aqui a carta contendo as principais

funções desempenhadas pelo Deputado Federal.”

CARTA 24:

FUNÇÕES DO

DEPUTADO

FEDERAL

Verde

Escuro

Será bipartida. No lado esquerdo haverá a seguinte

inscrição: “Os Deputados Federais são representantes

do povo no Congresso Nacional e possuem a função de

elaborar as leis no âmbito da União, além de fiscalizar a

atuação do Presidente da República.” No lado direito

haverá o seguinte comando: “Em sua opinião, o que os

Deputados Federais poderiam fazer para melhorar a vida

da população?”

CARTA 25:

MINHA OPINIÃO

É...

Verde

Escuro

Será bipartida. No lado esquerdo haverá a inscrição:

“Minha opinião é...”. Do lado direito haverá o seguinte

comando: “Coloque aqui uma carta com o nome de um

cargo político”.

CARTA 26:

SENADOR DA

REPÚBLICA

Azul

escuro

Será bipartida. No lado esquerdo haverá a inscrição das

palavras “SENADOR DA REPÚBLICA”. No lado direito

haverá o seguinte comando: “Coloque aqui a carta

contendo o Poder ao qual o Senador está vinculado.”

CARTA 27:

PODER

Azul

escuro

Será bipartida. No lado esquerdo haverá a seguinte

inscrição: “O cargo de Senador da República está

vinculado ao Poder Legislativo”. No lado direito haverá o

seguinte comando: “Coloque aqui a carta contendo as

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principais funções desempenhadas pelo Senador.”

CARTA 28:

FUNÇÕES DO

SENADOR DA

REPÚBLICA

Azul

escuro

Será bipartida. No lado esquerdo haverá a seguinte

inscrição: “Os Senadores da República são

representantes dos Estados no Congresso Nacional e

possuem a função de elaborar as leis no âmbito da

União, além de fiscalizar a atuação do Presidente da

República.” No lado direito haverá o seguinte comando:

“Em sua opinião, o que os Senadores poderiam fazer

para melhorar a vida da população?”

CARTA 29:

MINHA OPINIÃO

É...

Azul

escuro

Será bipartida. No lado esquerdo haverá uma imagem

ilustrativa acompanhada da inscrição: “Minha opinião

é...”. Do lado direito haverá o seguinte comando:

“Coloque aqui uma carta com o nome de um cargo

político”.

CARTA 30:

PRESIDENTE

DA REPÚBLICA

Roxo

Será bipartida. No lado esquerdo haverá a inscrição das

palavras “PRESIDENTE DA REPÚBLICA”. No lado

direito haverá o seguinte comando: “Coloque aqui a carta

contendo o Poder ao qual o Presidente está vinculado.”

CARTA 31:

PODER Roxo

Será bipartida. No lado esquerdo haverá a seguinte

inscrição: “O cargo de Presidente da República está

vinculado ao Poder Executivo”. No lado direito haverá o

seguinte comando: “Coloque aqui a carta contendo as

principais funções desempenhadas pelo Presidente.”

CARTA 32:

FUNÇÕES DO

PRESIDENTE

DA REPÚBLICA

Roxo

Será bipartida. No lado esquerdo haverá a seguinte

inscrição: “O Presidente da República possui a função de

administrar e governar o país.” No lado direito haverá o

seguinte comando: “Em sua opinião, o que o Presidente

da República poderia fazer para melhorar a vida da

população?”

CARTA 33:

MINHA OPINIÃO

É...

Roxo

Será bipartida. No lado esquerdo haverá a inscrição:

“Minha opinião é...”. Do lado direito haverá o seguinte

comando: “Coloque aqui uma carta com o nome de um

cargo político”.

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3.5 Considerações finais

O presente artigo trouxe um jogo de caráter pedagógico denominado “Dominó

da Política”. Trata-se de uma ferramenta que pode contribuir para despertar o

interesse dos jovens sobre política, além de possibilitar uma compreensão básica

das funções desempenhadas pelos titulares dos principais cargos políticos do país.

Durante o jogo o jovem é estimulado a refletir sobre a atuação desses

agentes públicos, pensando em boas práticas que poderiam ser adotadas pelos

titulares dos cargos políticos a fim de beneficiar a vida da população no contexto

social e econômico em que os jovens estão incluídos. Neste particular, espera-se

que o jogo fomente também o desenvolvimento local.

A atividade lúdica deverá ser desenvolvida no ambiente escolar, com a

supervisão do educador que poderá ampliar as discussões originadas durante o

jogo, através de atividades complementares a serem executadas antes ou depois da

atividade lúdica, como visitas, pesquisas, rodas de conversa, dentre outras

metodologias.

Espera-se que o jogo sirva como um elemento de reflexão entre os jovens

sobre as atribuições

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O atual contexto político nacional e internacional é favorável à inclusão da

juventude nos ambientes de discussão dos temas mais relevantes para a sociedade.

O modelo de Estado Democrático de Direito, em harmonia com o moderno conceito

de gestão social, sugerem um engajamento de toda a sociedade para uma

construção coletiva do país que queremos. A juventude, por óbvio, não pode ficar

alheia a esta realidade.

Todavia a participação política e o exercício da cidadania pela juventude

carecem de uma preparação, que deve incluir um conhecimento básico do sistema

político brasileiro e do catálogo de direitos e garantias fundamentais colocados à

disposição da população no texto constitucional.

Neste trabalho procurou-se desenvolver um embasamento teórico que

demonstrou a importância desses conhecimentos para a participação política, com a

devida fundamentação no pano legislativo.

A pesquisa deixa claro que os jovens possuem plena consciência da

importância da política para toda a sociedade, mas algumas vicissitudes das práticas

políticas tradicionais têm levado ao distanciamento e desinteresse da juventude por

essas formas de participação.

Consequentemente, notou-se um baixo nível de conhecimento sobre as

principais instituições e cargos políticos da nação, o que repercute no baixo poder de

fiscalização e controle da atuação desses agentes e dessas instituições.

Considerando a importância da escola nos processos de formação humana e

social dos jovens, sugere-se a busca por metodologias pedagógicas diferenciadas

que busquem despertar o interesse da juventude sobre a política, contribuindo para

a apreensão de conceitos básicos sobre política, de forma a possibilitar uma

participação consciente e de qualidade.

Por fim, apresentou-se um produto técnico constituído por um jogo

pedagógico que pretende transmitir, de forma lúdica e descontraída, alguns

conhecimentos básicos sobre as funções desempenhadas pelos integrantes dos

cargos políticos mais importantes do país.

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APÊNDICE A – Questionário aplicado aos participantes

INTRODUÇÃO

Estamos realizando a pesquisa “Formação de jovens para a participação política e o exercício da cidadania”. Nossa intenção é conhecer o que os jovens, na faixa etária de 16 a 18 anos, conhecem sobre os direitos e garantias fundamentais, a organização do Estado, o funcionamento do sistema político no Brasil. Para isto, estamos pedindo aos jovens que respondam a um questionário que contém perguntas sobre esses assuntos. Se você concordou em participar, nós lhe entregaremos um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) para que você assine e entregue ao aplicador do questionário. Como você verá, o TCLE é um documento que protege os seus direitos, junto ao Comitê de Ética, como participante da nossa pesquisa. Você terá uma cópia desse TCLE para você. Se você tiver qualquer pergunta, pode fazê-la diretamente à nossa equipe de pesquisa, durante a aplicação do questionário e/ou enviar um e-mail para [email protected] 1ª PARTE – DADOS DO PARTICIPANTE Para cada pergunta numerada, escreva sua resposta ou assinale com um X a alternativa que você escolher. Se achar que a pergunta tem mais de uma resposta, assinale todas as alternativas que desejar.

1) Quantos anos você tem? ____________ anos.

2) Qual o seu sexo?

(1) Masculino (2) Feminino (3) Outros (Especificar) ___________________

3) Quanto à sua cor, em que opção abaixo você melhor se enquadra?

(1)Branco (2)Negro (3)Pardo (4) Índio (5) Oriental (6) Outra.

Qual?_______

4) No quadro abaixo, marque a(s) religião(ões) dentro da(s) qual(is) você foi criado. Marque todas as alternativas que se aplicam ao seu caso

Nenhuma (0)

Catolicismo (1)

Protestantismo (Evangélica) (2)

Espiritismo (3)

Religiões afro-brasileiras (4)

Religiões indígenas brasileiras (5)

Judaísmo (6)

Budismo (7)

Islamismo (8)

Outras (especificar):_________________________________ (9)

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5) No quadro abaixo, marque a(s) religião(ões) que, atualmente, você pratica. Marque todas as alternativas que se aplicam ao seu caso

Nenhuma (0)

Catolicismo (1)

Protestantismo (Evangélica) (2)

Espiritismo (3)

Religiões afro-brasileiras (4)

Religiões indígenas brasileiras (5)

Judaísmo (6)

Budismo (7)

Islamismo (8)

Outras (especificar):_________________________________ (9)

6) Qual a profissão atual do seu pai? (se seu pai é falecido, qual era a profissão dele?)

(0) Não sabe informar Profissão: _______________________________

7) Até que nível de escolaridade o seu pai estudou?

(0) Não sabe informar (1) Não frequentou a escola e é (era) analfabeto (2) Não frequentou a escola, mas é (era) alfabetizado (3) Ensino fundamental incompleto (4) Ensino fundamental completo (5) Ensino médio incompleto (6) Ensino médio completo (7) Ensino superior incompleto (8) Ensino superior completo (9) Pós-graduação ou mais

8) Qual a profissão atual da sua mãe? (se sua mãe é falecida, qual era a profissão dela?)

(1) Não sabe informar Profissão: ___________________________

9) Até que nível de escolaridade a sua mãe estudou?

(0) Não sabe informar (1) Não frequentou a escola e é (era) analfabeta (2) Não frequentou a escola, mas é (era) alfabetizada (3) Ensino fundamental incompleto (4) Ensino fundamental completo (5) Ensino médio incompleto (6) Ensino médio completo (7) Ensino superior incompleto (8) Ensino superior completo (9) Pós-graduação ou mais

10) Atualmente, juntando tudo o que você e seus pais ganham, qual é, aproximadamente, a renda mensal da sua família?

(0) Não sei (1) Menos do que um salário mínimo (equivale a menos de 724,00 reais) (2) Um salário mínimo (equivale a 724,00 reais) (3) Mais de um até dois salários mínimos (mais de 724,00 até 1448,00 reais) (4) Mais de dois até três salários mínimos (mais de 1448,00 até 2172,00 reais)

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(5) Mais de 3 até 5 salários mínimos (mais de 2172,00 até 3620,00 reais) (6) Mais de 5 até 10 salários mínimos (mais de 3620,00 até 7240,00 reais) (7) Mais de 10 salários mínimos (mais de 7240,00 reais)

2ª PARTE: RELAÇÃO DO PARTICIPANTE COM O TEMA DA PESQUISA

11) Você gosta de conversar sobre política? 1) Não gosto 2) Gosto só um pouco 3) Gosto mais ou menos 4) Gosto muito

12) Você acha importante conversar sobre política? 1) Não acho importante 2) Acho que é só um pouco importante 3) Acho que é mais ou menos importante 4) Acho que é muito importante

13) Por favor, escreva abaixo, sem qualquer censura, a primeira palavra ou expressão que lhe vem à mente quando você ouve falar a palavra “política”: _________________________________________________________

14) Por favor, escreva abaixo, sem qualquer censura, a primeira palavra ou expressão que lhe vem à mente quando você ouve falar o termo “direitos humanos”: _________________________________________________________

15) No quadro abaixo, marque com um X para indicar com que frequência você busca se informar sobre política através de cada uma das fontes listadas.

Fonte

Nunca Raramente Muitas vezes Sempre

Jornais

Revistas

Rádio

Televisão

Sites da Internet

Redes sociais

Pessoas da sua Escola

Pessoas da sua Família

Pessoas da sua Igreja

Outros. Escreva qual:

16) Assinale, no quadro abaixo, com que frequência você participa de:

Tipo de participação

Nunca Raramente Muitas vezes Sempre

Grêmio ou associação estudantil

Associação de bairro ou comunitária

Manifestações populares

Partidos políticos

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Sindicatos

Conselhos municipais

Grupos religiosos que têm uma atuação na comunidade

Outros. Escreva qual:

3ª PARTE: DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS 17) Abaixo, estão listados alguns documentos legislativos. Para cada um, assinale com um X conforme as opções dadas. Por favor, responda com muita sinceridade.

Lei ou documento Nunca ouvi falar

Sei que existe, mas nunca li nem uma parte.

Já li uma parte ou todo

Estatuto da Criança e do Adolescente

Constituição Brasileira de 1988

Declaração Universal dos Direitos Humanos

Estatuto da Igualdade Racial

Estatuto da Juventude

18) Caso você tenha conhecimento sobre algum dos documentos citados acima, onde você adquiriu esse conhecimento?

Entidade / Meio de comunicação

SIM NÃO

Jornais

Livros

Rádio

Televisão

Sites da Internet

Redes Sociais (Ex: Facebook, Instagram, Orkut, Etc.)

Família

Trabalho

Igreja

Escola

Outros (Especificar):

19) No quadro abaixo, assinale a importância que você acha que cada um desses documentos tem na sociedade brasileira

Lei ou documento Não sei dizer

Pouco importante

Mais ou menos importante

Muito importante

Estatuto da Criança e do Adolescente

Constituição Brasileira de 1988

Declaração Universal dos Direitos Humanos

Estatuto da Igualdade Racial

Estatuto da Juventude

20) Dentre as alternativas abaixo, marque aquela que melhor expressa a sua opinião a respeito da Constituição Federal?

1) Não tenho opinião a respeito; 2) Ela é menos importante do que as outras leis; 3) Ela é tão importante quanto as outras leis; 4) Ela é a lei mais importante do que todas as outras leis.

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21) No quadro abaixo, marque com um X de acordo com as opções dadas:

Leia as frases abaixo e marque ao lado conforme está sendo pedido

Marque abaixo se essa frase está de acordo com a lei

Agora, marque a sua opinião a respeito do que diz a frase

Isto tem base na lei

Isto não tem base na lei

Não sei se isto tem base na lei

Na minha opinião, isto é CERTO

Na minha opinião, isto é ERRADO

Não tenho opinião a respeito

Todas as pessoas deveriam poder manifestar o seu pensamento em público, de maneira pacífica, independentemente de sua ideologia

As pessoas deveriam ter o direito de escolher e praticar a sua religião, qualquer que seja

A prática de algumas religiões deveria ser proibida no Brasil

Os meios de comunicação deveriam poder usar a fotografia de qualquer pessoa, independentemente de sua autorização

Para formar associações ou grupos políticos, as pessoas deveriam ter que ser alfabetizadas

As pessoas analfabetas não deveriam poder se candidatar a cargos políticos

A polícia deveria poder torturar um criminoso para obter informações sobre o crime

Uma pessoa deveria poder ser presa por não pagar as suas dívidas no comércio

As pessoas pobres deveriam ter o direito de obter o registro de nascimento gratuito

A polícia deveria poder entrar na casa de uma pessoa sem autorização judicial, se suspeitar que ela cometeu um crime

Uma pessoa deveria ser presa se não pagasse pensão alimentícia dos filhos

As presidiárias deveriam poder ficar com os seus filhos durante o período da amamentação

A prisão de uma pessoa só deveria acontecer sob flagrante delito ou com ordem judicial

Os pais deveriam ter o direito de abrir a correspondência de seus filhos adultos

A tortura deveria ser proibida em qualquer circunstância

A polícia só deveria entrar na casa de alguém com ordem judicial, ou em caso de flagrante delito ou para prestar socorro

Todas pessoas, independentemente de sua ideologia, deveriam ter o direito de criar movimentos sociais pacíficos

A idade de responsabilidade penal deveria ser abaixo de 18 anos

A idade para começar a ter direito a votar deveria ser abaixo de 18 anos

A idade para ter direito a começar a dirigir deveria ser abaixo de 18 anos

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4ª PARTE – ATRIBUIÇÕES DAS INSTITUIÇÕES E CARGOS POLÍTICOS

22) Enumere a segunda coluna de acordo com a primeira, de forma a associar as instituições políticas com suas respectivas funções:

(1) – Poder Legislativo

(2) – Poder Executivo

(3) – Poder Judiciário

(4) – Ministério Público

(5) – Defensoria Pública

( ) Sua função principal é a elaboração das leis.

( ) Uma de suas principais funções é a defesa judicial dos interesses coletivos, difusos e individuais indisponíveis.

( ) Sua função principal é a resolução de conflitos entre os particulares, ou entre estes e o Estado.

( ) Uma de suas principais funções é a defesa judicial dos interesses de pessoas pobres.

( ) Sua função principal é o exercício da atividade administrativa e de governo.

23) Enumere a segunda coluna de acordo com a primeira, de forma a associar os cargos políticos com suas respectivas funções:

(1) – Governador (2) – Presidente da República (3) – Deputado Federal (4) – Prefeito (5) – Senador (6) – Deputado Estadual (7) – Vereador

( ) Possui atribuição administrativa e de governo no âmbito de um município.

( ) Possui atribuição de fiscalizar as ações do Poder Executivo no âmbito dos Estados.

( ) Possui atribuição administrativa e de governo no âmbito nacional.

( ) Cumpre o papel de representar os Estados no âmbito do Congresso Nacional.

( ) Sua função principal é o exercício da atividade administrativa e de governo no âmbito dos Estados.

( ) Possui atribuição de criar leis de interesse da população do município.

( ) Possui atribuição de representar a população dentro do Congresso Nacional

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APÊNDICE B - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (para os adolescentes)

Título da pesquisa: “Formação de jovens para a participação política e o exercício da cidadania”

Nós, Marcelo Torres de Paula e Maria Lúcia Miranda Afonso, aluno e professora do Centro Universitário UNA, convidamos você para participar de um trabalho que estamos realizando e que tem como objetivo analisar a formação política de jovens entre 16 e 18 anos de idade sobre direitos, garantias fundamentais e exercício da cidadania. Ao participar deste estudo você nos ajudará a desenvolvermos mecanismos que possibilitem a construção de um conhecimento sobre a organização do Estado brasileiro, o funcionamento do seu sistema político e do rol dos direitos e garantias fundamentais estabelecidos em nossa Constituição.

Pedimos para que você responda um questionário que nos possibilitará conhecermos um pouco mais sobre a sua formação política. Seu nome não vai aparecer em momento algum. A participação neste trabalho não lhe traz problemas legais e se você sentir desconforto ou não quiser continuar respondendo às perguntas, poderá interromper a resolução do questionário ou cancelar a participação neste trabalho.

Você tem liberdade de desistir de participar e ainda deixar de continuar participando em qualquer momento do trabalho, sem qualquer prejuízo. Sempre que quiser, você poderá pedir mais informações sobre este trabalho pelo telefone do aluno e da professora e, se necessário por meio do e-mail do Comitê de Ética em Pesquisa da UNA.

Os passos adotados nesta pesquisa obedecem aos Critérios da Ética em Pesquisa com Seres Humanos conforme Resolução nº. 466 do Conselho Nacional de Saúde. Nenhum dos procedimentos usados oferece riscos à sua dignidade.

Você não terá qualquer tipo de despesa ao participar deste trabalho, bem como nada será pago por sua participação.

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Após estas informações, pedimos o seu consentimento de forma livre para participar deste estudo. Portanto, complete, por favor, os itens que se seguem.

Obs: não assine este termo se ainda tiver dúvida a respeito.

Consentimento Livre e Esclarecido

Tendo em vista os itens aqui apresentados, eu, de forma livre e esclarecida, deixo claro que aceito participar deste trabalho. Declaro que recebi cópia deste termo de consentimento e autorizo a minha participação no encontro e a divulgação dos dados obtidos neste estudo.

Nome do (a) adolescente ___________________________________________

Assinatura do (a) adolescente:

Assinatura do aluno:

Assinatura da professora:

Aluno: Marcelo (31) 8840-6749

Professora: Drª. Maria Lúcia (31) 9613-8057

Comitê de Ética em Pesquisa: Rua Guajajaras, 175, 4o andar – Belo Horizonte/MG Contato: e-mail: [email protected]

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APÊNDICE C - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (pais autorizando os filhos adolescentes)

Título da pesquisa: “Formação de jovens para a participação política e o exercício da cidadania”

Nós, Marcelo Torres de Paula e Maria Lúcia Miranda Afonso, aluno e professora do Centro Universitário UNA, pedimos ao(à) Sr.(a) permissão para que seu(sua) filho(a) possa participar de um trabalho que estamos realizando e que tem como finalidade analisar a formação política de jovens entre 16 e 18 anos de idade sobre direitos, garantias fundamentais e exercício da cidadania. Ao participar deste estudo você nos ajudará a desenvolvermos mecanismos que possibilitem a construção de um conhecimento sobre a organização do Estado brasileiro, o funcionamento do seu sistema político e do rol dos direitos e garantias fundamentais estabelecidos em nossa Constituição.

Seu(sua) filho(a) tem liberdade para desistir de participar e ainda deixar de continuar participando em qualquer momento do trabalho, sem qualquer prejuízo para ele(ela). Sempre que quiser, o(a) sr.(a) poderá pedir mais informações sobre este trabalho pelo telefone do aluno e da professora e, se necessário, por meio do e-mail do Comitê de Ética em Pesquisa da UNA.

Pedimos permissão ao(à) sr.(a) para que seu(sua) filho(a) responda um questionário que nos possibilitará conhecermos um pouco mais sobre a sua formação política. O nome de seu(sua) filho(a) não vai aparecer em momento algum. A participação neste trabalho não traz problemas legais para seu(sua) filho(a) e se ele(ela) sentir desconforto ou não quiser continuar respondendo às perguntas, poderá interromper a resolução do questionário ou cancelar a participação neste trabalho.

Os passos adotados neste trabalho obedecem aos Critérios da Ética em Pesquisa com Seres Humanos conforme Resolução nº. 466 do Conselho Nacional de Saúde. Nenhum dos procedimentos usados oferece riscos à dignidade do(a) seu(sua) filho(a).

Os nomes dos adolescentes não aparecerão na divulgação dos dados obtidos com a pesquisa e somente a aluna e a professora terão conhecimento dos dados.

O(a) sr.(a) não terá qualquer tipo de despesa ao deixar seu(sua) filho(a) participar deste trabalho, bem como nada será pago por sua participação.

Após estas informações, pedimos o seu consentimento de forma livre para seu(sua) filho(a) participar deste trabalho. Portanto, complete, por favor, os itens que se seguem.

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Obs: não assine este termo se ainda tiver dúvida a respeito.

Consentimento Livre e Esclarecido

Tendo em vista os itens aqui apresentados, eu, de forma livre e esclarecida, deixo claro que aceito que meu(minha) filho(a) participe deste trabalho. Declaro que recebi cópia deste termo de consentimento e autorizo a participação do(a) meu(minha) filho(a) no encontro e a divulgação dos dados obtidos neste estudo.

Nome completo do pai, mãe ou responsável: ________________________________________

Assinatura do pai, mãe ou responsável:

Assinatura do aluno:

Assinatura da professora:

Aluno: Marcelo (31) 8840-6749

Professora: Drª. Maria Lúcia (31) 9613-8057

Comitê de Ética em Pesquisa: Rua Guajajaras, 175, 4o andar – Belo Horizonte/MG Contato: e-mail: [email protected]

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APÊNDICE D – Termo de autorização para coleta de dados (Escola Estadual Mário Elias de Carvalho)

AUTORIZAÇÃO PARA COLETA DE DADOS

Eu, _________________________________, ocupante do cargo de diretor(a) da Escola Estadual Mário Elias de Carvalho, AUTORIZO a coleta de dados do projeto “Formação de jovens para a participação política e o exercício da cidadania” dos pesquisadores (Marcelo Torres de Paula e Maria Lúcia Miranda Afonso) nas instalações físicas situada na Rua D’ouro, nº 108, Bairro Novo Riacho, Contagem/MG, CEP 32.280-450 após a aprovação do referido projeto pelo CEP do Centro Universitário UNA.

Contagem, ___ de ______________ de 20__.

ASSINATURA:____________________________________________

CARIMBO:

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APÊNDICE E – Termo de autorização para coleta de dados (Colégio Santa Maria – Contagem)

AUTORIZAÇÃO PARA COLETA DE DADOS

Eu, _________________________________, ocupante do cargo de diretor do Colégio Santa Maria - Contagem, AUTORIZO a coleta de dados do projeto “Formação de jovens para a participação política e o exercício da cidadania” dos pesquisadores (Marcelo Torres de Paula e Maria Lúcia Miranda Afonso) nas instalações físicas situada na Rua Rio Comprido 4.580, bairro CINCO, Contagem/MG CEP 32.285-040 após a aprovação do referido projeto pelo CEP do Centro Universitário UNA.

Contagem, ___ de ______________ de 20__.

ASSINATURA:____________________________________________

CARIMBO:

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APÊNDICE F - Termo de compromisso de cumprimento da resolução 466/2012

Nós, Marcelo Torres de Paula, RG MG-5.895.506 e Maria Lúcia Miranda Afonso,

RG MG886935, responsáveis pela pesquisa intitulada “FORMAÇÃO DE

JOVENS PARA A PARTICIPAÇÃO POLÍTICA E O EXERCÍCIO DA

CIDADANIA”, declaramos que:

Assumimos o compromisso de zelar pela privacidade e pelo sigilo das

informações que serão obtidas e utilizadas para o desenvolvimento da pesquisa;

Os materiais e as informações obtidas no desenvolvimento deste trabalho serão

utilizados para se atingir o(s) objetivo(s) previsto(s) na pesquisa;

O material e os dados obtidos ao final da pesquisa serão arquivados sob a

nossa responsabilidade;

Os resultados da pesquisa serão tornados públicos em periódicos científicos

e/ou em encontros, quer sejam favoráveis ou não, respeitando-se sempre a

privacidade e os direitos individuais dos sujeitos da pesquisa, não havendo

qualquer acordo restritivo à divulgação;

Assumimos o compromisso de suspender a pesquisa imediatamente ao

perceber algum risco ou dano, consequente à mesma, a qualquer um dos

sujeitos participantes, que não tenha sido previsto no termo de consentimento.

O CEP do Centro Universitário UNA será comunicado da suspensão ou do

encerramento da pesquisa, por meio de relatório apresentado anualmente ou na

ocasião da interrupção da pesquisa;

As normas da Resolução 466/2012 serão obedecidas em todas as fases da

pesquisa.

Belo Horizonte, 10 de dezembro de 2014.

____________________________________

Marcelo Torres de Paula - CPF 034.919.396-74

___________________________________

Maria Lúcia Miranda Afonso - CPF 392.889.196-00