Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto
Construção2 – 2010/2011
Docentes: Nuno Lacerda Lopes e Vanessa Tavares
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO
COBRE
G37 Ana Aroso
Carlos Guedes
Mariana Oliveira
Mariana Silva
Rita Gomes
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO
Cobre
ABSTRACT
É impossível dissociar a criação de uma obra de
arquitectura da riqueza e potencialidades dos materiais
construtivos que o arquitecto tem ao seu dispor. Na verdade,
construir não se trata apenas de materializar um desenho
usando este ou aquele material. É impensável um bom
arquitecto não conhecer a fundo os materiais com que pode
criar. Para dominar a sua arte ele terá que conhecer as
texturas, os cheiros, como reflectem a luz, como a deixam
passar; terá que saber como reagirá este material a estas
condições, como se comportará ao longo dos anos. Tão
importante como isso, terá que saber de onde vieram os
materiais com que imagina e desenha os seus espaços. Quais
as suas origens, o que significaram para outras pessoas antes
de si, o que fizeram com eles, em que medida esses materiais
fizeram parte das suas vidas, do seu imaginário. Em que
tempo, em que mundos, que gentes… Tudo isto terá que fazer
parte do acto criativo do arquitecto.
Como material de uso milenar o cobre pode ensinar muito
a quem sobre ele se debruça pela primeira vez. Conhecendo
a sua história, o modo como foi usado ao longo das eras, bem
como as diferentes empregabilidades e variedades que o
mundo moderno lhe deu, podemos compreender melhor as
motivações de quem o mostra hoje em lugar de destaque,
compreendendo também melhor as suas obras. Conhecendo
o modo imaginativo e engenhoso como outros se apropriaram
deste material poderemos talvez saber como o dominar
melhor. No fundo aqui não se trata de conhecer o cobre.
Trata-se de ganhar uma ferramenta.
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO
Cobre
01 Enquadramento Histórico, Origem e Cronologia
O cobre, como cobre nativo, é um dos poucos metais a
ocorrer naturalmente como um mineral não composto, tendo
sido um metal conhecido por algumas das mais antigas
civilizações de que há registo. De facto, há indícios de que o
cobre já era usado por humanos há mais de 10 000 anos. As
mais antigas menções ao uso deste metal podem ser
encontradas na Bíblia, mais concretamente no livro do Êxodo,
em que é referido o uso do cobre na construção do templo do
Rei Salomão. As referências ao cobre são numerosas nesse
texto.
O cobre pode ser encontrado em diversos minerais, assim
como na forma de cobre nativo (forma metálica), em alguns
locais específicos. Os principais depósitos de cobre da
Antiguidade estavam localizados no Sinai, na Síria, no
Afeganistão, no Chipre, na Macedónia, na Ibéria e na Europa
Central. Ao longo da história o cobre foi utilizado sobretudo na
produção de bronze, através da fusão desse metal com o
estanho. O uso do bronze predominou de tal forma durante
um período da história da humanidade que essa era acabou
por ser denominada por “Idade do Bronze” (2500 a. C. – 600
a. C.). O período de transição entre o neolítico (final da idade
da pedra) e a Idade do Bronze foi denominado por período
calcolítico (do grego Chalcos), limite que marca a passagem
da pré-história para a história.
É provável que o cobre tenha sido um dos primeiros metais
utilizados pelo homem, uma vez que se têm encontrado
objectos desse material datados de 8700 a. C. (um colar de
cobre dessa época foi encontrado no actual Iraque), sendo
que em 5000 a. C. já se realizava a fusão e refinação do cobre
a partir de óxidos como a malaquita e a azurite. Em 1936 foi
encontrado em Khujut Rabu, perto de Bagdad, um objecto de
cobre com mais de 4000 anos que os especialistas presumem
ter-se tratado de uma bateria eléctrica rudimentar. Foram
também descobertos moedas, armas e utensílios domésticos
sumérios de cobre de 3000 a. C., assim como artefactos
egípcios da mesma época. Os egípcios também descobriram
que a adição de pequenas quantidades de estanho facilitava a
fusão do metal e aperfeiçoaram os métodos de obtenção do
bronze. Ao observarem a durabilidade do material
representaram o cobre como Ankh, símbolo da vida eterna. A
colonização da África e do Mediterrâneo por parte do Egipto
permitiu que nessas regiões as pessoas aprendessem a
utilizar os metais que existiam em estado primitivo,
fundamentalmente o ouro e o cobre. Mais tarde aprendeu-se a
extracção desses metais de certos minerais. Posteriormente
foram descobertas as ligas metálicas, a primeira delas através
da combinação de cobre com estanho, originando bronze.
Este processo, como já foi referido, é de grande importância
histórica.
Na antiga China conhece-se o uso do cobre desde pelo
menos 2000 anos antes da nossa era, sendo que em 1200 a.
C. já se fabricavam bronzes de excelente qualidade,
estabelecendo um manifesto domínio da metalurgia pelos
chineses, sem comparação com a do Ocidente à época. Na
Europa, o homem do gelo encontrado em Tirol (actual Itália)
em 1991, cujos restos têm uma idade de 5300 anos, estava
acompanhado de um machado de cobre com uma pureza de
99,7 %, e os elevados índices de arsénico encontrados no seu
cabelo levam a supor que fundiu o metal para o fabrico da
ferramenta.
Os Fenícios importaram o cobre da Grécia, não tardando a
explorar as minas do seu próprio território, como atestam os
nomes das cidades Calce, Calcis e Calcitis (palavras
derivadas da então designação corrente do bronze, que, como
se sabe continha cobre), ainda que tenha sido o Chipre, a
meio caminho entre a Grécia e o Egipto, por muito tempo o
país do cobre por excelência, ao ponto de os romanos
chamarem o metal de aes cyprum ou simplesmente cyprium e
cuprum, donde provém o seu nome actual.
Com os Romanos iniciou-se uma era de uso mais intensivo
do cobre, material que o império extraía em grande parte no
Chipre. O emprego desse metal espalhou-se por todas as
regiões onde as suas legiões chegaram, conquistaram e
civilizaram.
A propriedade do cobre, e também do bronze, em resistir à
corrosão fez com que estes metais permanecessem não só
como matéria-prima para artigos decorativos, mas também
como um elemento funcional durante a Idade Média e nos
séculos seguintes, até à Revolução Industrial e
posteriormente.
O cobre alcançou a sua real dimensão como metal
imprescindível para o desenvolvimento industrial em 1831
quando Faraday descobriu o gerador eléctrico, tendo a partir
daí crescido a procura desse metal de forma considerável.
Durante grande parte do século XIX a Grã-Bretanha foi a
maior produtora de cobre do mundo, mas a importância que o
metal vermelho foi adquirindo a cada dia motivou a abertura
de novas minas noutros países, como os Estados Unidos,
Chile, e posteriormente a África, superando-se em 1911 a cifra
de um milhão de toneladas de cobre fino. Já desde a
Revolução Industrial tinham sido descobertos novos e
importantes usos para o cobre, e os progressos obtidos na
metalurgia permitiram produzir várias outras ligas desse metal,
incrementando-se os seus campos de aplicação.
Em todos os momentos da história do mundo antigo, o
cobre contribuiu imenso para o desenvolvimento da civilização
e da cultura, como podemos ver em portas de templos e
muitos outros elementos arquitectónicos dos egípcios; agulhas
de cobre nas ruínas da segunda cidade de Tróia; sinos e
caldeirões na China; estátuas clássicas do mundo helénico; a
cabeça de touro fundida em cobre no cemitério real de Ur,
Mesopotâmia; tubos de cobre para a água no Egipto; eixos,
espadas e facas; ornamentos e artigos variados. Os museus
em todo o mundo estão cheios de usos que o homem primitivo
deu a uma das suas maiores descobertas.
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO
Cobre
02 Cultura e Contexto
Qualquer mitologia é um fenómeno de apropriação e
domesticação do carácter aparentemente caótico e aleatório
da natureza. Mais do que isso, ao inserir na sua mitologia um
elemento do seu mundo envolvente o homem primitivo
legitimava-o, tornava-o parte integrante da sua vida. Desde os
alvores conhecidos da actividade humana que a domesticação
técnica dos elementos materiais envolventes ao homem é
acompanhada também por uma apropriação espiritual. Só
assim a cultura sedimenta, ganha corpo. Na passagem de
conhecimento através do ritual. O homem primitivo tinha
talvez em si todos os impulsos que o de hoje tem, mas
certamente que a crueza da vida e do meio tornavam esses
impulsos em energias fundamentais, sempre latentes,
condutoras. O homem primitivo tinha medo, não compreendia
o mundo, mas não podendo fugir à desordem dos fenómenos
que o rodeavam, uma vez que ela o afectava directamente,
criou uma mitologia, domesticou a realidade. Este aspecto
religioso é central no progresso técnico, e de importância
fulcral no desenvolvimento da ciência. Esta luta é um dos
maiores legados do homem primitivo, e um dos factores de
maior interesse quando olhamos para trás nos séculos. O mar
leva os nossos, não o compreendemos, não o prevemos. Há
um Deus do mar. Dotamos essa divindade de um carácter
humano. Passamos a conhecer o mar; há Deuses no vento;
as florestas são perigosas e estranhas, logo pejadas de
Deuses. O impulso sexual é irracional, difícil de controlar.
Surge Eros, Vénus, Afrodite, assim como divindades muito
mais antigas. O nosso Deus é de ouro; aquele Deus forja o
ferro da terra; Lúcifer povoa as desconhecidas profundezas da
terra com o seu enxofre, a pedra do demónio. Também o
cobre terá lugar nesta história milenar. Esta apropriação e
legitimação através da criação de mitologias, ao contrário do
que se possa pensar, ocorre ainda hoje, ainda que de formas
mais difíceis de definir. É importante estabelecer esta relação,
pois ela é importante nas civilizações antigas. E é por essas
que começaremos.
Desta forma, as referências ao cobre que podemos
encontrar em textos antigos mesclam quase sempre o
sagrado e o profano, descrevendo o manuseamento, os
processos de fabrico do metal, mas também dotando-o de
profundidade espiritual. Como em tantos outros aspectos das
civilizações antigas é difícil destrinçar o aspecto secular do
religioso. A Bíblia é um dos textos em que este metal é
referido, quer do ponto de vista material e uso arquitectónico,
quer dotando-o de simbolismo. (“Na frente do próprio templo
há um grande pórtico que se eleva a 120 côvados de altura.
Há, diante do pórtico, duas imensas colunas de cobre, uma
chamada Jachim, que significa „que Deus estabeleça
firmemente‟, e a outra chamada Boaz, que significa „em
força‟.” – livro do Êxodo)
Na Grécia, o cobre era conhecido por chalkos, sendo um
importante recurso também para os romanos, assim como
para muitos outros povos da Antiguidade. Na era romana era
conhecido por aes cyprium, devido à sua proveniência ser
quase exclusivamente a ilha de Chipre. O cobre era então
associado com a deusa Vénus (Afrodite para os Gregos),
tanto na mitologia como na alquimia, devendo-se isso à
beleza avermelhada do metal, ao seu uso no fabrico de
espelhos, e à sua associação com a ilha de Chipre, que era
sagrada para a Deusa. Na astrologia e na alquimia os sete
corpos celestes conhecidos dos antigos estavam associados
com sete metais também conhecidos na antiguidade. Vénus
estava associada com o cobre.
Com um papel crucial no plano metalúrgico e tecnológico,
o cobre também desempenhou um importante papel cultural,
particularmente no uso da moeda. Os romanos do século VI
até ao século III a. C. usavam rodelas de cobre como dinheiro.
De início apenas o próprio cobre tinha valor, mas a forma e o
aspecto foram gradualmente ganhando importância. Júlio
César tinha as suas próprias moedas, feitas de uma liga de
cobre e zinco. A extracção e fabrico do cobre atingiram
durante o Império Romano uma envergadura e escala só
ultrapassadas na Revolução Industrial.
Muitos outros papéis culturais foram dados ao cobre
durante os tempos, e em geografias muito diversas. O bronze
coríntio era muito prevalente na Alexandria, onde se pensa ter
surgido a alquimia. Na Índia antiga (antes do ano 1000 a. C.),
o cobre era usado na ciência médica holística Ayurveda para
o fabrico de instrumentos cirúrgicos e outro equipamento
médico. Os egípcios usavam o cobre para esterilizar feridas e
água potável e, com o decorrer dos séculos, para tratar dores
de cabeça, queimaduras e irritações da pele. O grego
Hipócrates, por volta de 400 a. C., usava o cobre para tratar
úlceras associadas com veias varicosas. Os aztecas
combatiam as dores de garganta gorgolejando soluções de
cobre.
O cobre tomou também parte em muitas histórias e lendas,
tal como a da bateria de Baghdad. Aí foram encontrados
cilindros de cobre que se presumem ter sido baterias
rudimentares, embora esta teoria não possa ser comprovada.
Ao longo da história o uso do cobre na arte não se tem
cingido à cunhagem de moedas. Foi usado por escultores da
Renascença, na técnica pré-fotográfica conhecida como
daguerreótipo, foi também usado, por exemplo, na construção
da Estátua da Liberdade. O seu uso estendeu-se à
impermeabilização de navios, e as naus de Cristóvão
Colombo estiveram entre os primeiros a ter esta protecção.
Mais recentemente o cobre tem conhecido muitas outras
aplicações, tais como equipamento eléctrico (fios eléctricos,
pára-raios,…), na construção de coberturas à prova de água,
dando a muitos edifícios a característica tonalidade resultante
da oxidação do metal. Esse elemento é já uma marca cultural
característica de algumas cidades, tais como Nova Iorque,
sendo o seu expoente máximo a Estátua da Liberdade com a
sua tonalidade esverdeada.
Na Arquitectura o cobre tem sido utilizado desde a
antiguidade como elemento na linguagem arquitectónica,
sendo usado em coberturas, cúpulas, acabamentos, fachadas
e objectos decorativos. Posteriormente, movimentos artísticos
como a Art Deco ou o High-Tech assumiram uma forte
expressividade material, utilizando livremente vários materiais,
incluindo o cobre, levando mais recentemente arquitectos de
diversas proveniências e estilos, como Frank Ghery, Alvar
Aalto ou Herzog & de Meuron ao seu uso como material de
destaque.
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO
Cobre
03 Modos de Aplicação
Sendo um material metálico, o Cobre, surge aplicado nos
cabos condutores de energia eléctrica, tubagem para águas,
assim como, nas coberturas (onde delimita e protege o
espaço construído) e no revestimento de fachadas, actuando
como um material nobre dando-lhe um carácter próprio,
dignificando o edifício e respondendo aos desafios da forma,
da textura e da cor.
COBERTURAS
▪ 1. Cobrejunta / cumeeira
▪ 2. Sarrafo de madeira /cumeeira
▪ 3. Suporte base da cobertura (compensado e / ou
aglomerado de madeira com resina fenólica)
▪ 4. Prego de cobre para a fixação de cobrejunta
▪ 5. Cobrejunta de cobre sobre o sarrafo
▪ 6. Lâmina / bandeja de cobre
▪ 7. Estrutura portante da cobertura (laje de concreto)
▪ 8. Sarrafo embutido de madeira
▪ 9. Feltro asfalto (manta)
▪ 10. Rufo de cobre sobre a calha
▪ 11. Tirante de cobre para fixação da calha
▪ 12. Presilha de cobre 1
▪ 13. Calha corrida de cobre 1
▪ 14. Sarrafos de madeira / juntas elevadas
Nas coberturas de edifícios, como por exemplo, nas cúpulas,
o Cobre, apresenta-se como a mais leve das coberturas
metálicas, uma vez que se pode usar chapas muito delgadas
com menos de 1mm. Em contrapartida, o seu alto preço faz
com que se prefira o zinco, que embora não seja tão
duradouro é incomparavelmente mais barato.
Para coberturas e revestimentos de fachadas a espessura
mais utilizada é de 0,6mm tendo em conta o engatilhado no
sistema de junta agrafada, 1m2 de cobertura de cobre pesa
aproximadamente 6Kg. Devido ao seu baixo peso, as lâminas
de cobre são desta forma de fácil instalação, não
necessitando de um sistema de estrutura que resista a
grandes esforços. (as espessuras das lâminas variam entre
0,4 e 0,6mm dependendo de cada aplicação, formato e tipo de
encaixe. Sendo que, existindo maior solicitação nos apoios,
maior será a sua dimensão e espessura).
Pode-se aplicar debaixo de qualquer temperatura ambiente,
no entanto, é aconselhável proceder à agrafagem das chapas
quando estas se encontram a temperaturas superiores a 5º.
O Cobre, tanto em chapa como em rolo, apresenta várias
durezas, conforme o tratamento térmico a que tenha sido
submetido. Para recuperar a maleabilidade que tinha antes de
ser laminado há a necessidade de o recozer em fornos
apropriados. (imagem) Pode ser fornecido nas qualidades de
duro e semi-duro, conforme a aplicação a que se destina.
Existem referências de aplicações de Cobre em coberturas
com mais de um século de existência, mantendo-se ainda
hoje em boas condições, sendo que, normalmente são os
suportes (por exemplo, em madeira ou contraplacado
marítimo) e não o cobre que se deterioram em primeiro lugar.
Já que, este metal, exposto ao exterior auto protege-se
criando com o tempo uma patina que se auto regenera
quando danificada, assegurando assim uma longa
durabilidade e resistência a corrosão em particamente
qualquer tipo de atmosfera.
Com o sistema de montagem adequado e com fixações que
permitam a dilatação, este metal é adequado para pendentes
desde os 3 graus aos 90 graus.
Por se tratar de um metal fino e muito maleável com grande
aptidão de se obter juntas muito finas, permite que as
coberturas e revestimentos de grandes dimensões e de
diferentes formas geométricas sejam executadas com grande
qualidade e pareçam superfícies contínuas.
É, assim, possível criar diversos desenhos e encaixes
variados, desde planos a curvas, remates ou elementos
decorativos, desenho de interiores, fachadas, calhas,
condutores de águas pluviais, objectos, esculturas e muitos
outros.
COMO SE APLICA?
As coberturas de que temos estado a falar requerem uma
base que as suporte por baixo de toda a sua superfície. O
melhor material será a madeira, ainda que qualquer base que
permita a correcta fixação das presilhas de sustentação do
cobre, seja admissível. É recomendável colocar uma lâmina
de separação entre a base e o cobre como forma de facilitar
os movimentos térmicos e para proteger a base durante o
período de montagem, bem como para compensar alguma
irregularidade da base de apoio.
Geralmente as coberturas e revestimentos verticais são
tratados com chapas de cobre encaixadas por meio de juntas
elevadas (encaixadas e ou dobradas) sobre os caibros de
madeira.
A superfície sobre a qual de coloca o cobre deve ser
perfeitamente plana sem ressaltos evitando retractação das
imperfeições.
Na sua execução empregam-se lâminas lisas ou nervuradas
de cobre dispostas vertical e horizontalmente ( paralela ou
perpendicular a cumeeira).
Por outro lado, também se empregam telhas estampadas
dando-lhes relevos semelhantes as telhas cerâmicas.
Nas paredes verticais, normalmente pode-se utilizar placas de
cobre puro ou ligas com comprimento em torno de 3 metros,
dependendo da dobradeira existente.
CALHAS E CONDUTAS
As calhas podem ser executadas utilizando-se lâminas largas,
com o que se minimiza em muito o número de uniões.
As espessuras mais comuns para as placas de cobre estão
em torno de 0,5 a 0,8 milímetros e a têmpera recomendada e
de “¼ duro”.
As calhas suspensas também se inserem nesse processo
sendo as mais utilizadas as de perfil semi circular, cujo
diâmetro esta em torno de 150 milímetros ou mais,
dependendo da área de incidência da cobertura no
escoamento das águas pluviais.
JUNTAS DE DILATAÇÃO DE EDIFICIOS
Os efeitos de dilatação e contracção das estruturas dos
edifícios pela variação das temperaturas ambientais podem
originar nos mesmos, patologias construtivas.
Para resolve-las divide-se as estruturas em tramos, na ordem
de 30m de comprimento cada, por meio de juntas de
dilatação.
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO
Cobre
04 Um Autor
Jacques Herzog e
Pierre de Meuron Basileia, Suíça
(1950 – ); (1950 – )
Jacques Herzog e Pierre de Meuron, nasceram ambos em
1950 em Basileia (Suíça) e estudaram na Swiss Federal
Institute of Technology (ETH) em Zurique (Suíça). Licenciaram-se em 1975. Passados 3 anos, em 1978,
formaram a parceria Herzog & de Meuron, um atelier fundado
e sediado em Basileia.
Após a fundação do atelier, Herzog & de Meuron
projectaram para vários países como Inglaterra, França,
Alemanha, Itália, Espanha, Japão, Estados Unidos e, claro, na
sua Suíça.
As suas primeiras obras tinham como ponto de partida os
materiais comuns e a simplicidade elementar, ao transformar
esses materiais e superfícies através da exploração de novos
tratamentos e técnicas.
Herzog & de Meuron receberam atenção internacional
desde muito cedo com a Casa Azul em Oberwil, Suíça (1980),
onde a construção responde e adequa-se às tipologias
tradicionais, e com a Casa de Pedra em Tavole, Itália (1988),
completamente integrada na paisagem e inspirada nas
construções rurais.
Em 2002, desenvolveram o projecto para o estádio Alianz
Arena em Munique (Alemanha), terminando-o em 2005.
Em 2004, desenvolvem o Edifício Fórum em Barcelona
(2004), um centro de congressos, uma imagem de marca para
a cidade.
Em Abril desse mesmo ano foram seleccionados para
projectar o estádio Olímpico para os jogos de 2008 em
Pequim, China.
Um dos projectos mais ambiciosos foi a Tate Modern
(Londres, 1994/2000), projecto que fez com que Jacques
Herzog e Pierre de Meuron conseguissem arrecadar o prédio
Pritzker em 2001. Este projecto consistiu na transformação de
uma antiga central eléctrica numa galeria de arte.
Os seus projectos evoluíram desde a simplicidade purista
de formas rectangulares para geometrias mais complexas e
dinâmicas. Um dos aspectos mais interessantes da obra de
Herzog e de Meuron, é a sua capacidade de surpreender.
Em Fevereiro de 2007, Jacques Herzog e Pierre de Meuron
foram homenageados com a Medalha de Ouro Real RIBA
2007.
A obra de Herzog & De Meuron caracteriza-se
fundamentalmente pela precisão conceitual, economia de
meios, construção inovadora, utilizando novos materiais e
técnicas, sendo que, a par desta inovação conseguem criar
soluções imaginativas.
05 Uma Obra de Young Museum – San Francisco Herzog & de Meuron
Conclusão: Outubro de 2005
Fundado em 1895 no Golden Gate Park de São Francisco,
o de Young Museum foi durante décadas um dos espaços de
exposições mais privilegiados da cidade californiana. O museu
foi gravemente danificado em 1989 pelo terramoto Loma
Prieta, tendo sido recuperado para uso público. No ano 2000 a
cidade decidiu construir novas instalações para a instituição, e
o „velho‟ de Young foi encerrado no dia 31 de Dezembro
desse mesmo ano. O novo de Young Museum ocupa o
mesmo local que o antigo, devolvendo algum espaço ao
Golden Gate Park, uma vez que a sua área de implantação foi
reduzida em 37%. Sendo a Califórnia uma zona de forte
actividade sísmica os arquitectos Jaqcues Herzog e Pierre de
Meuron tiveram preocupações especiais com esse fenómeno
natural, tendo para o efeito elaborado um sistema construtivo
flexível.
Alguns dos elementos do velho museu foram mantidos, tais
como as esfinges, as palmeiras originais e a „Piscina do
Encantamento‟. Os arquitectos foram sensíveis à aparência do
edifício na sua envolvente natural. O exterior do edifício é
revestido com 15 152 metros quadrados de painéis de cobre
perfurado, que eventualmente oxidará assumindo a
característica tonalidade esverdeada deste material, e assim
„dialogando‟ com os eucaliptos envolventes. Para acentuar
este „diálogo‟ com o meio envolvente o corpo do edifício é
„rasgado‟ por cortes, revelando pátios e jardins com diversos
tipos de árvores. Elevando-se do volume principal do museu
os arquitectos desenharam uma torre retorcida de 44 metros
de altura, pontuando o conjunto com um elemento distintivo,
que pode ser visto elevando-se do Golden Gate Park em
muitos pontos da cidade de São Francisco. O desenho da
fachada através dos painéis perfurados de cobre cria unidade
no conjunto, contribuindo no entanto para a diferenciação dos
volumes. Assim, o volume baixo, horizontal tem uma
aparência mais opaca, ganhando dinamismo com os rasgos
na cobertura e também com a elevação do solo de partes do
edifício em consola. O volume vertical – a torre retorcida –,
embora seja revestida no mesmo material, oferece uma
imagem mais translúcida, conferindo, juntamente com as
torções do volume, leveza e dinamismo a esse corpo. A
fachada de cobre é perfurada e texturada também para
replicar a impressão criada pela luz do sol penetrando pela
ramagem das árvores.
Como já foi referido, o edifício é rasgado por uma série de
pátios que conduzem os visitantes e „convidam‟ o cenário
natural envolvente para o interior do museu.
A entrada principal conduz o visitante através de um pátio
pavimentado em calcário de Yorkshire. Escadarias amplas
conduzem do interior da recepção de pé-direito duplo até às
salas de exposição e galerias, pavimentadas com madeira
cor-de-mel. O exterior é limitado por faixas de janelas que
reflectem a paisagem permitindo simultaneamente vislumbres
da arte exposta no interior do museu; ao invés, quem se
encontra no interior pode disfrutar da vista sobre o parque
enquanto aprecia a arte do museu. Uma área de observação
aberta ao público oferece uma panorâmica de toda a baía de
São Francisco.
Herzog & de Meuron procuraram uma solução para o
projecto que emoldurasse todo o parque sem interferir muito
com a paisagem local. O museu foi pensado como um
organismo com partes conectadas, algo semelhante aos
dedos de uma mão, convergindo e divergindo circulações e
espaços a todo o momento. Esta disposição elimina uma
hierarquia entre os três sistemas de galeria, permitindo a
passagem de umas para as outras em vários momentos,
assim como um contraste de espaços pensados
especificamente para cada colecção, usando também o
elemento da paisagem dentro do edifício.
O museu de Young tem relevância como a primeira grande
obra da parceria Herzog & de Meuron na América do Norte, e
o primeiro museu desenhado de raiz pelos dois arquitectos
belgas.
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO
Cobre
06 Um Corte Construtivo
Um corte construtivo é um elemento importante em qualquer
projecto, pois tem a capacidade de mostrar o processo
construtivo e respectivos materiais utilizados, e perceber como
estes se articulam, mostrando como foi pensado ao pormenor.
O corte construtivo que se segue é da obra falada
anteriormente, De Young Museum de Herzog & de Meuron.
O corte escolhido passa pela fachada sul do edifício e mostra
o pormenor de um sistema “brise-soleil” na fachada bem como
da cobertura.
A escolha deste corte deve-se ao facto de este representar no
sistema construtivo o material que se está a estudar, o cobre.
Este é utilizado na cobertura em forma de chapas de cobre e
na fachada em forma de cobre perfurado.
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO
Cobre
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO
Cobre
07 Aspectos Técnicos do Cobre
O cobre é um metal de cor avermelhada, muito dúctil e
maleável, embora duro e tenaz. Pode ser reduzido a lâminas e
fios extremamente finos. Os seus maiores produtores são:
E.U.A, Canadá, Chile e Brasil.
PROPRIEDADES FÍSICAS E MECÂNICAS
Versátil
Estético
Económico
Resistente
Maleável
Ecológico
Reciclável
Versatilidade: adapta-se facilmente às diversas variações do
desenho e encaixes variados, desde planos a curvas, devido à
versatilidade das lâminas de cobre; Pode ser trabalhado sobe
as mais variadas formas
Apresenta boa estanqueidade ditada pelas suas juntas e
encaixes
(Bom condutor de calor e de electricidade)
Estético: produz imagem distinta pela ampla gama de cores
da sua patina. Combina e harmoniza-se bem com outros
materiais de construção. Possibilidade da coloração
diferenciada da sua patina, desde o dourado/avermelhado
(natural) ao verde pálido (maturado), passando por vários tons
de café; As tonalidades formam-se por meio natural com o
passar do tempo e com a qualidade atmosférica de cada
localidade. No entanto, em ambientes agressivos,
contaminados e sem a protecção devida resultarão numa cor
negra em pouco tempo;
Económico: custo / benefício compatível; não necessita de
manutenção ou limpeza;
Resistente: resistência mecânica à corrosão e agentes
biológicos e até mesmo face às atmosferas agressivas das
grandes concentrações urbanas; as lâminas de cobre com o
passar do tempo adquirem na sua superfície uma película que
as protege da corrosão, evitando a manutenção e
apresentando assim uma importante vantagem económica.
Maleável: excelente maleabilidade – a rapidez do seu manejo,
colocação e união das suas chapas, permite obter uma
grande diversidade de formas associada a uma significativa
redução dos custos na mão-de-obra.
Ecológico: por ser um material natural, pelas suas
propriedades e eficiência energética, contribui para o
desenvolvimento sustentável.
Reciclável: 100% reciclável, sem perder qualquer das suas
propriedades físicas, químicas e mecânicas;
DILATAÇÃO TÉRMICA
Devido às variações da temperatura, o cobre dilata ou contrai
ligeiramente.
Tendo em conta este aspecto, a colocação das chapas é feita
de maneira a que se possam movimentar livremente em todos
os sentidos. Portanto, não se recomenda fixa-las directamente
à estrutura da cobertura ou suporte base por meio de pregos
ou parafusos ou outros sistemas, sob pena de provocar
empenamento.
Temperatura máxima: 60°C
Temperatura mínima: -20°C a -30°C
No Verão regista-se a maior variação da temperatura do
metal, daí a necessidade de aplicar um papel especial tipo
Kraft alcatroado, ou feltro asfalto, para evitar danos ao
material e criar uma barreira de vapor. Sobre esse papel
também se utiliza a colocação de papel alumínio para evitar
aderência destas barreiras de vapor com as chapas de cobre
face a possíveis derretimentos destas pelo excesso do
aumento da temperatura.
CONTACTO COM METAIS DIFERENTES
Quando dois metais estão em contacto na presença de uma
solução salina ou ar húmido, o metal com índice mais baixo é
corroído.
Deve-se evitar o contacto directo entre cobre e ferro, cobre e
zinco ou cobre e alumínio, pois podem ser corroídos pelo
cobre. Assim sendo, quando se executar uma cobertura em
cobre, deve-se eliminar principalmente todo o contacto com o
ferro que se oxidará rapidamente.
Solução:
É necessário colocar entre ambos um elemento isolante, pode
ser uma chapa de chumbo, uma camada de feltro asfalto ou
uma pintura betuminosa. No entanto, estes isolantes perdem a
sua função na presença da água da chuva fazendo com que
haja corrosão do outro metal.
DESVANTAGEM
Oxida-se, formando na sua superfície uma camada de óxido
cúprico/carbonato (muito venenoso), designada por “verdete”.
Tem um activo e desagradável cheiro quando esfregado com
os dedos; é bastante venenoso pela camada de óxido e
carbonato que se instala à superfície, o que limita a sua
aplicação a certas indústrias.
Glossário:
Cobreagem – a cobreagem de metais como o ferro, o aço, o zinco, o estanho, etc.
é um processo de protecção anticorrosiva susceptível de ser obtida por cobreagem
galvânica ou cobreagem química.
Símbolo (químico): Cu
Número atómico: 29
Densidade: 8.91 (20°C, 27.78°F)
Ponto de fusão: 1083°C
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO
Cobre
08 Alguns pormenores de construção 3D
09 Referências de Catálogo e Marcas KME Germany AG
KME Germany AG & Co. KG TECU® Technical Consulting Center Klosterstrasse 29 49074 Osnabrück GERMANY Phone +49 (0) 541 / 321 2000 Fax +49 (0) 541 / 321 2111 [email protected] www.tecu.com
KME Germany AG, maior fabricante de cobre e de produtos de liga de cobre. Desempenha um papel de liderança no desenvolvimento de soluções inovadoras no campo da aplicação. KM Europa Metal é um parceiro fundamental para uma ampla variedade de indústrias.
Com aproximadamente 8.000 Funcionários em 18 locais na Europa e Ásia, a KME processa mais de 700.000 toneladas de cobre primário e secundário por ano.
(Esta foi a empresa que aplicou o revestimento em Cobre na obra De Young Museum, San Francisco USA, referida nesta revista.)
Produtos e serviços
KME tem quatro variantes de produtos:
▪ "Brass Rods" (varas de latão);
▪ Sistemas de Tubos;
▪ Produtos Especiais e
▪ Laminados.
Catálogo
Consultar o sítio: http://www.tecu.com/products/pr_index.php.en
FUNINORTE Funinorte oficina de funilaria Trav. de Vila Nova, Nº 356 - Perelhal 4750-626 Barcelos tel. 96 256 0335 | 253 862 152 [email protected]
Somos uma empresa que trabalha em vedações de telhados com todos os tipos de materiais, tais como, Cobre, Aço inox, todo tipo de Zinco, telhados em Camarinha e caleiras em Alumínio lacado sem emendas. Temos todos os tipos de caleiras pingantes e descidas, mas apostamos cada vez mais na vedação de telhados em camarinha.
Produtos e serviços
▪ Revestimentos de Zinco e Cobre
Camarinha; Junta Agrafada;
▪ Caleiros em Alumínio Lacado;
▪ Caleiros em Cobre, Aço Inox e Zinco Puro;
▪ Rufos de Chaminés.
Catálogo
Consultar o sítio: http://www.funinorte.com.pt/produtos.php
AJM
Arminda & Joaquim Mendes Lda Rua da padaria, 50 – Paço 3105 – 015 Almagreira PBL Tel/fax. +351 236 219 633 [email protected]
O objectivo: complementar o talento e a criatividade dos nossos clientes e arquitectos. O compromisso: satisfazer os seus interesses e honrar a confiança que depositam em nós. Exigência, rigor, planeamento, organização são os nossos argumentos. Qualidade, inovação e experiência são os nossos maiores trunfos.
A Arminda & Joaquim Mendes, Lda., é uma empresa especializada no fornecimento e aplicação de cobre e zinco laminados na arquitectura desde 1995.
Produtos e serviços
Revestimentos de Zinco e Cobre
▪ Revestimentos com sistemas de junta agrafada;
▪ Revestimentos com sistemas de losangos;
▪ Revestimentos com sistemas de empenas AJM;
▪ Capeamentos;
▪ Rufos – Pingadeiras;
▪ Remates e vedações de todos os tipos;
▪ Revestimentos com sistema camarinha;
▪ Revestimentos com sistema de pingadeiras;
▪ Revestimento de mansardas;
▪ Algerozes e caleiras;
▪ Tubos de queda.
Catálogo
Consultar o sítio: http://www.ajmendes.com/
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO
Cobre
10
Bibliografia e outras Referências
▪ BAUER, L.A. Falcão, “Materiais de Construção”,
Volume 2, 5ª edição
▪ CALEB, Horn bostel “Constructing materials: types,
uses and aplications”, 1991
▪ DEPLAZES, Andrea “Constructing architecture:
materials processes structures”, 2008
▪ Faculdade de Arquitectura de Lisboa (U.T.L),
departamento de tecnologias da arquitectura,
Materiais de Construção, 2007, 5ª Edição
▪ MASCARENHAS, Jorge “Sistemas de construção:
descrição ilustrada e detalhada de processos
construtivos utilizados recentemente em Portugal –
VII: Coberturas inclinadas 2ª parte, 2006
▪ WATSON, Don A. “Construction material and
processes”, 3ª Edição
▪ ZIMMERMAN, Astrid “Constructing landscape:
materials, techniques, structural component”, 2009
▪ SANTOS, Vítor Lopes, Colecção “Monografias de
Materiais e de Elementos de Construção”, 4. Metais,
secção de tecnologia da faculdade de arquitectura
da U.T.L., Janeiro de 1998
▪ El Croquis – Herzog Meuron 2002/06 nr.129/130
INTERNET
http://www.ajmendes.com/
http://www.asa.com.pt/historial.htm
http://www.construlink.com/
http://www.funinorte.com.pt/index.php
http://www.lasg.pt/index.php/welcome/inicio
http://www.tecu.com/index.php.en
http://www.zn-revestimentos.pt/
www.cooperinfo.co.uk
www.pro-cobre.org
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO
Cobre
2010/2011
FAUP