Universidade Estadual de Campinas - Unicamp
Instituto de Filosofia e Ciências Humanas - IFCH
Especialização em História para Professores do
Ensino Fundamental II e do Ensino Médio
MARIANA DINIZ DE CARVALHO
COLÉGIO NOSSA SENHORA DO BOM CONSELHO:
EDUCANDO AS DONZELAS DE TAUBATÉ
Campinas, 2011
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Resumo
A história de uma sociedade que enriquece rapidamente por pertencer a uma
grande expansão econômica do ciclo do café não se restringe apenas a seus
aspectos econômicos e sociais, pois entender esta sociedade requer entender
o funcionamento de suas partes, de seus múltiplos sujeitos, incluindo aqueles
que não estão expostos mais claramente e têm relegado seu papel social a
segundo plano. Aqui se fala daquela que é uma das mais importantes
instituições desta sociedade, a família, mas que, por se tratar do universo
daqueles relegados ao espaço sagrado da mulher e dos filhos, acaba por ser
esquecida das grandes narrativas históricas sobre o ouro negro. Nesta
sociedade da segunda metade do século XIX, enriquecida e em
desenvolvimento, mas ainda escravocrata e dicotômica, começa a aparecer a
urgente necessidade de educar o futuro: meninos para o exercício do poder e
meninas para o reinado do lar. É sobre este último grupo que se debruça este
estudo. Compreender como era pensada a educação das jovens de elite para
seu projeto maior de vida, o de se casar e gerar filhos.
Palavras-chave: educação feminina do século XIX, educação religiosa,
representações, sexualidade, gênero.
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Sumário
Introdução 02 Desenvolvimento
Debate na História e métodos
Elaborando os discursos
Conclusão
05
09
19 Bibliografia 21
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Colégio Nossa Senhora do Bom Conselho: educando as donzelas de Taubaté
Mariana Diniz de Carvalho
Introdução
A ocupação do Vale do Paraíba remonta aos séculos XVII e XVIII, em que
esta região serviu como um dos caminhos para adentrar pelo sertão, nas expedições
de busca de cativos, e, posteriormente, como uma das rotas de escoamento da
produção da região aurífera das Gerais. Mas foi no século XIX que, segundo
Roberto G. S. Lima (2003), a região conheceu seu apogeu, com o Ciclo do Café, o
“ouro negro”. O período trouxe grande riqueza aos produtores, realocou grande
parcela de cativos vindos de outras regiões, cujas economias se encontravam em
declínio, e serviu para o surgimento de uma nova elite agrária em consonância com
os ideais do Império. Há quem diga que tais ideais eram até dependentes, mas
serviam comodamente como contraponto à influência dos senhores do Nordeste e
do Sul do País, que nem sempre simpatizavam com as decisões da corte.
Este novo ciclo econômico1 é geralmente compreendido pelo Vale do Paraíba
do Sul fluminense, mineiro e paulista, tendo sido Taubaté um dos importantes polos
de decisão e expansão do café na região paulista. Deu-se em três fases, como
1 O conceito de ciclos econômicos foi amplamente utilizado por Celso Furtado, que analisou a
dinâmica própria da economia brasileira desde a Colônia, num sistema produtivo que
mesclava a cultura de subsistência e de muito baixa produtividade com uma economia
altamente dinâmica voltada à exportação. A relação entre as duas caracterizou os diferentes
ciclos do País, incluindo o citado ciclo cafeeiro. Furtado, Celso. Formação Econômica do
Brasil, In: HTTP://cei1011.files.wordpress.com/2010/05/feb_celsofurtado.pdf.
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usualmente se refere na região. Seu início, compreendido pelo começo do século
até aproximadamente 1840, é conhecido como a fase dos “pais ricos”, seu apogeu.
Daí até aproximadamente 1875, foi a fase dos “filhos nobres”,e seu declínio ocorreu
por volta de 1875 até aproximadamente 1900, ou na fase dos “netos pobres”(Lima,
2003). Mesmo com aqueda da importância e da produção do Vale, o café não
deixou de ser produzido na região.
Porém, o interesse aqui não é analisar como se deu essa expansão cafeeira
na região, ou compreender seu ciclo econômico e produtivo, mas sim estudar como
foi a transformação de uma sociedade que se elitizou, e seus desdobramentos, no
que se refere à preocupação com a sua evolução e com a busca por um maior
refinamento dos gestos, aproximando-os daquilo que era referência maior de
civilização e refinamento, a educação com ares europeus. Domesticar os corpos
para ocuparem melhor seus espaços sociais. Para isso, era preciso educar os
jovens para serem os donos do poder e, as moças, boas progenitoras. A escola,
como vemos em Guacira L. Louro (1997, p. 85), “não apenas transmite
conhecimentos (...), mas que ela também fabrica sujeitos, produz identidades
étnicas, de gênero, de classe...”.
Com base nestas premissas, em 1879, é fundado em Taubaté o Colégio
Nossa Senhora do Bom Conselho, sob o comando da Congregação das Irmãs de
São José de Chambéry, oriundas da França, e constituindo uma cópia ao modelo
implantado pela mesma ordem em Itu, com o Colégio Nossa Senhora do Patrocínio.
Seu objetivo era formar as moças das famílias da cidade e região, mas compreendia
também o trabalho com órfãos, meninas e meninos, para o aprendizado das
primeiras letras, sendo posteriormente construído o Externato São José, na mesma
cidade, para este fim. Mas, vale lembrar que, neste último grupo, a importância
maior recaía sobre as meninas, pois era imprescindível afastar as desfavorecidas
dos perigos dos vícios, assim como qualquer menina de família, como se vê em
Guacira Louro(2010).
A atenção do presente estudo recai nesta instituição de ensino, em como ela
representa a sociedade na qual está inserida, com as novas exigências de um
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mundo em transformação, ao mesmo tempo em que ajudou a forjar o ideal de moça
e de progenitora, em que a representação simbólica da mulher aparece como a
esposa-mãe-dona-de-casa dentro dos pressupostos de uma nova sociedade, que se
moderniza e evolui, zelando agora pela saúde e bem-estar de todos os membros da
família, de acordo com Margareth Rago (1985).
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Desenvolvimento
Debate na História e métodos
Entender o momento histórico da expansão cafeeira no Vale do Paraíba do
Sul, durante o século XIX, não se restringe apenas a focar seus aspectos
econômicos, políticos e sociais conforme a historiografia normalmente trata, mas
também adentrar em aspectos fora do espectro usual dos recortes do mundo
público, que também compreende os signos identitários desta sociedade, o mundo
do privado, mais propriamente utilizando as ferramentas da História das Mulheres.
Neste âmbito, encontram-se elementos explicativos da sociedade, mas que
eram esquecidos pela historiografia das grandes histórias e grandes personagens.
Quando outras abordagens da História começam a ampliar seu repertório de
questionamento, incluindo em suas análises elementos interdisciplinares e
dialogando com a Antropologia e Ciências Humanas, caso dos estudos dos Annales,
ocorre o rompimento com a exclusividade dos grandes personagens e fatos.Tais
abordagens chegam, então, na História das Mentalidades, e, por outro lado, na
História Social, levantando a importância da experiência vivida culturalmente para a
construção de consciência de classe e mudando o enfoque econômico da identidade
de classe para uma abordagem cultural desta. É neste ponto que o Marxismo
começa a olhar para os diversos sujeitos históricos, criando espaço para aqueles
silenciados pela historiografia. Já a História Cultural amplia as práticas da História
para campos diversos, como identidades, discursos, política, representações,
subjetividades e poderes, usando de ferramentas analíticas que possibilitam a
compreensão destes campos, conforme se pode verificar nas abordagens
historiográficas vistas no primeiro módulo deste curso, na disciplina de Historiografia,
desenvolvida por Eliane Moura da Silva (RedeFor, 2010), assim como no módulo de
Contemporânea I, desenvolvido por Cristina Meneguello(RedeFor, 2010/2011).
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Com todas estas transformações historiográficas em curso, somadas à
efervescência do Feminismo, emerge, em meados dos anos 60, estudos centrados
na mulher, que passa, segundo Rachel Soihet (2003), a constituir objeto e sujeito da
História. Mas muitos foram os desdobramentos e discussões trazidos por esta nova
forma de pensar a história, conforme o debate abordado por Michelle Perrot (1984),
citada por Rago (1998), acerca desta realidade, pois muitos julgaram: “Não estaria
este sujeito sendo privilegiado em detrimento de outros?”
Mas, se a mulher traz uma experiência histórica e cultural diferente em
relação à do homem, é válida a construção de uma epistemologia feminista, ou de
um projeto feminista de ciência, que propõe, por meio deste grupo (as mulheres),
sempre classificado à margem da história, a busca de uma nova linguagem, ou,
mesmo na construção de um contradiscurso, ainda em Rago (1998), que exponha
de maneira mais contundente as relações de poder engendradas no discurso oficial.
Já Guacira Lopes Louro (1997) vê estes estudos como uma categoria
analítica instável, em constante construção, mas que se assume como uma
epistemologia feminista, pois reconhece que os posicionamentos, crenças e
representações dos pesquisadores interferem nos resultados (p. 154). Porém, este
reconhecimento não deve desqualificar a análise. Ao contrário, pois escancara a
pretensa ideia contida em muitos estudos historiográficos de que é possível fazer
uma história com distanciamento do objeto de estudo, garantindo um caráter
científico a este discurso. Aliás, é assim, com esta pretensão científica, que se
criaram discursos que se naturalizaram, incluindo os que colocaram a mulher como
um ser inferior ao homem, com apenas duas possibilidades de representação do
feminino: Eva ou Maria, como afirma Tânia Navarro Swain (sem data).
Segundo Foucault (1988), o sistema capitalista normatizou ainda mais os
corpos, vinculando-os ainda mais às instituições do poder e garantindo a
manutenção deste poder sobre os corpos. Para tal finalidade, são inventadas o que
ele chamou de técnicas de poder, inseridas dentro de um corpo social para a
perpetuação das relações de poder. Dentro destas técnicas de poder, encontramos
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a escola, que opera repetindo e prolongando as relações de poder, as diferenças
sociais e hierárquicas dentro de uma sociedade.
Estes discursos estavam introjetados na sociedade taubateana do final do
século XIX, assim como o contexto da época, com sua busca por corpos
disciplinados que construíssem o futuro da Nação, a ponto de se fundar uma
instituição de ensino que corroborasse e difundisse estes conceitos. Uma sociedade
paradoxal, pois aliava a um só tempo toda a riqueza advinda de uma economia
agrária e escravocrata – com conceitos caros no meio urbano e industrializado,
como o contexto higienista, de progresso da nação –, com uma visão evolucionista
da história do País e a consequente “colonização” e normatização dos corpos, como
vemos em Rago (1985).
Sem esquecer isso, e compreendendo que a educação feminina é reflexo da
sociedade em que ela está inserida, servindo inclusive aos propósitos de
manutenção de suas relações de poder, é necessário se valer de instrumentos
metodológicos que permitam perceber como se construíram os discursos sobre a
importância da educação feminina neste contexto, como estes corroboram para a
difusão das desigualdades entre gêneros, analisando-os, assim como seus símbolos
e representações. As análises pós-estruturalistas de Michel Foucault (1988),
constituem uma fonte de compreensão de como o discurso sobre a sexualidade se
constrói e se naturaliza em uma sociedade, levando à construção de um discurso
biológico binário que necessita de normatização, que é justamente o que se
pretende mostrar aqui. Ao discutir a construção de identidades, Teresa de Lauretis
(1994) aponta para uma crítica necessária a esta oposição binária. Para isso,
compreender como a educação para meninas foi pensada e formatada ajuda a
perceber os mecanismos de poder que nela se opera.
Para pautar tais abordagens, buscou-se a análise de fontes documentais,
pesquisadas na Divisão de Museus, Patrimônio e Arquivo Histórico de Taubaté, do
período que vai de 1876, ano da decisão da fundação do Colégio, pois este
efetivamente foi fundado em 1879, até aqueles datados do final dos anos de 1920,
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pois, entendeu-se que, a partir de então, a educação passou a ser compreendida de
maneira diferente daquela que se pretende analisar.
Foi estabelecido o uso de diversos periódicos da época, pois entendeu-se que
estes eram, apesar de diferentes posicionamentos políticos e ideológicos, feitos por
e para homens. Neles, foi possível vislumbrar vários aspectos desta sociedade, seus
usos e costumes, e principalmente as ideias que tinham sobre a mulher e o espaço
que esta ocupava, tanto na sociedade, como mesmo no jornal, pois uma parte deste
era destinada a elas, geralmente com histórias românticas e açucaradas, pensadas
para ocupar as lindas cabecinhas com assuntos que elas fossem capazes de
entender, pois política não era um deles.
Outro documento de grande valia para as análises aqui feitas foi um livro
comemorativo dos 70 anos da chegada e atuação da Superiora da Congregação das
Irmãs de São José de Chambéry, Madre Maria TheodoraVoiron, datado de 1919.
Entre salvas, bênçãos e panegíricos das autoridades eclesiásticas e laicas, o
documento deixa entrever as bases morais e normativas pensadas para a educação
das jovens meninas dentro da mais conservadora doutrina cristã.
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Elaboraçãodos discursos
A seleção dos jornais foi realizada de duas formas: primeiro, temporalmente,
conforme já explicitado acima; em seguida, foi feito o recorte por temas. Nesta
etapa, foi selecionado tudo aquilo que se referia à mulher ou temas afins, e também
àqueles voltados diretamente ao Colégio Bom Conselho ou genericamente sobre
educação, incluindo aí menções sobre a educação de jovens meninos, para efeito
de comparação à das meninas.
Entre os primeiros jornais pesquisados, o de maior periodização encontrado
foi a publicação semanal Gazeta de Taubaté. Quando analisado em sua totalidade,
foi possível perceber que é um jornal voltado para um público específico, o
cafeicultor. Isso porque foi um dos que mais abordaram em suas páginas assuntos
relativos à cotação de sacas de café, constituindo inclusive parte constante das
seções, além de sempre tratar dos assuntos relativos às discussões sobre este
tema, que apareciam tanto na corte, quanto na capital provincial. Não por acaso,
também foi no jornal que mais apareceram assuntos relativos ao colégio em análise,
assim como sobre educação no geral. Isto, provavelmente, porque o Colégio foi
projetado para esta parcela da população.
Outros periódicos foram abordados, tais como um jornal autoproclamado
democrata, chamado “A Semana”, mas que mudou de nome várias vezes; e dois
periódicos operários, já que não podemos esquecer que o fim do século vê surgir em
Taubaté algumas indústrias. Um deles é O Operário, publicação dos operários da
Companhya Taubaté Industrial,e o outro jornal analisado foi o Organ Mensal da
Juventude Operária Cathólica, intitulado JOC.
Na Gazeta de Taubaté, de 28 de agosto de 1879, de imediato, apareceu um
texto muito esclarecedor sobre a mulher, intitulado “A Mulher”, falando sobre a
emancipação feminina. Suas considerações evidenciam o discurso sexista vigente,
por creditar à emancipação feminina o fim da família, pois, de acordo com o
texto,“emancipar a mulher é atacar de frente a base da família e alimentar as mais
desordenadas e tumultuadas paixões no lar doméstico”. Mais à frente, o artigo
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dizque emancipar a mulher “oblitera” uma das bases da instituição familiar, ferindo
com “synismo, do systema social, a sua séde, representada pela mulher – mãi.” Aqui
a mãe é representada como a base fortificada de todo o sistema social; sem ela,
todo o sistema ruiria. Mas não para por aí:
“Por meio da intelligência a mulher pódeellevar-se ao homem sem prejuízo de sua ascendência primitiva. Ascendência primitiva!...se encararmos a mulher em suas prerrogativas pelo lado physico de sua instituição, si assim nos é permitido exprimir, com franqueza, a mulher será sempre a guarda avançada da dispensa e a sentinellaactiva da porta da cosinha.” grifos meus.(Gazeta de Taubaté, 28/08/1879)
Os termos empregados já dizem muito. Mesmo assim, uma análise mais
aprofundada se faz necessária. Antes de introduzir a ideia de que uma mulher,
apesar de sua inteligência primitiva, conseguiria alcançar o homem, o artigo
mencionava quais as qualidades da mulher – bondade, inteligência –, mas, aqui,
apenas aquilo referente aos assuntos morais, posto que apenas isso elas seriam
capazes de absorver e seria necessário à boa educação da família e às boas
práticas. Neste último item, o autor não explica o que seria, mas podemos divisar
que sejam as boas maneiras daquelas “que ainda conserva(m) illesa(s) as suas
prerrogativas”.
Além daquilo que já está explícito no texto, o discurso da inferioridade
intelectual e física da mulher, percebe-se claramente o objetivo de desqualificar a
discussão sobre emancipação feminina, colocando a mulher em seu devido locus: a
despensa e a cozinha. Isso tudo para impedir que estas inteligências primitivas
deixassem de ser aquilo para o que foram “projetadas”: ser esposa e mãe! (Gazeta
de Taubaté, 28/08/1879)
No mesmo exemplar deste jornal, vemos aparecer uma notícia sobre o
Colégio Bom Conselho, assinada pelo Monsenhor Barros, um dos idealizadores da
vinda desta instituição de ensino ao País, assim como da escolha das irmãs da
Ordem de S. José para isso, em que algumas prerrogativas da iniciativa são
apresentadas. Primeiramente, o Colégio foi pensado para o grande número de
meninas órfãs que se encontravam na cidade, e estas deveriam ser amparadas pela
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caridade a fim de evitar sua perdição. Para elas foi projetada uma escola onde o
luxo foi substituído pelo asseio, e, ali, “as filhas de ricos fazendeiros daqellemunicipio
e circunvizinhos, que pagam pensão, e pobres orphans que viviam ao desamparo
acham-se todas em pé de egualdade, sob a mesma disciplina, como se fossem
irmãs.” Ali, o temor a Deus, o amor pelo estudo e pelo trabalho eram as
prerrogativas do ensino. Vale notar que o termo disciplina aparece para reforçar a
igualdade entre todas. Mas podemos fazer ilações de que também se trata de uma
disciplina do corpo e da mente, já que o que se preza é o amor ao estudo e ao
trabalho, mas sem perder os ideais religiosos católicos.
Outro exemplo de como este mesmo jornal se preocupava com esta disciplina
do corpo feminino aparece em um artigo sobre a educação das crianças, trazendo o
que tinha de mais moderno no campo da psicologia, no ano de 3 de abril de 1881,
em uma seção intitulada Educação, com o artigo, atribuído a um Jornal do Agricultor,
“As crianças”. O artigo se divide em tópicos sobre: os castigos, sobre como os pais
que incorriam em severos castigos físicos a seus filhos estavam em desacordo com
os ensinamentos de Deus; em seguida aparece o tópico sobre os brinquedos e
como eles são úteis à atenção dos filhos; e, por último e o mais prolongado, o tópico
sobre exercício e sono, constando inclusive uma tabela com dados científicos sobre
a quantidade de sono e exercício que cada fase da infância requeria.
Mas, para que todos estes modernos ensinamentos sobre a infância fossem
bem desenvolvidos e resultassem em crianças sadias e felizes, era necessária, por
trás de tudo, a vigilância zelosa da mãe. Esta não poderia esmorecer, pois isso
representava uma volta aos princípios bárbaros de uma educação ultrapassada,
projeto este que não cabia mais em uma sociedade rica e modernizante. Mesmo que
paradoxalmente escravocrata!
Para que esta mãe pudesse gozar da plenitude da maternidade e da vida
doméstica, ela agora precisava de uma educação que a preparasse para estes
novos desafios. Esta preocupação aparece em vários artigos, inclusivedaqueles
sobre o Colégio Bom Conselho, enfatizando seu programa educacional voltado para
um ensino refinado de língua materna e francesa, noções de cálculo e álgebra,
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assim como as indefectíveis prendas, principalmente no manejo de agulhas e
costura. Sem nunca esquecer o mais sólido ensinamento cristão, que perpassa todo
o currículo.
Esta necessidade criou um paradoxo interessante, pois a mulher, para melhor
conduzir sua vocação de mãe e de dona do lar, agora precisava sair do seu espaço
de confinamento, para aí retornar com estes novos conhecimentos. Como processar
este paradoxo e manter esta menina, que agora passa a ocupar outros espaços
sociais, a voltar para o confinamento?
A própria instituição escolar vai colaborar para reforçar a representação do
feminino como a mãe zelosa, que carrega os sinais da discrição e sabe se calar
diante da superioridade e sabedoria dos homens. Em seu programa educacional, a
menina era formada“segundo os moldes dos princípios sãos da moral do evangelho,
que foi pouco a pouco preparando uma grande parte da futura mãe de familiachristã,
que é o sólido fundamento da sociedade e da família paulista”.
Conforme atesta o Cardeal Arcebispo do Rio de Janeiro, no Livro
Homenagem à Madre Maria TheodoraVoiron, Priora Provincial das Irmãs de S. José
de Chambéry, 1859-1919, publicado em 1919, ali também podemos encontrar a
divisa do colégio: “Cultivar a Ciência e a Virtude pela Glória de Deus e do Brazil”,
cujo principal objetivo era“formar e, de modo especial, na esfera do devotamento, da
abnegação e do sacrifício, em prol da felicidade da Família e do engrandecimento da
Pátria e da extensão da nossa religião”. Ou seja, o conhecimento não era para a
mulher, mas sim em prol da unidade familiar e integridade religiosa. Até aí, a mulher
tinha de se doar ao outro, sabendo abdicar de seus desejos e vontades. Aliás,
desejo não era, definitivamente, coisa de menina donzela, ou de moça casadoura!
Neste ponto, as publicações também contribuíam muito,tanto para difundir a
representação de abnegação de uma boa moça, como para revelar as
características daquelas pouco sérias. Um exemplo disso é encontrado no exemplar
de 18 de maio de 1881, do já citado jornal Gazeta de Taubaté, o qual faz uma
definição jocosa de mulher, com base no vestido que ela usa: “Se usa vestidos
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justos, são avaras; se largos, fanfarronas; se comprido e asseadíssimo, elegância e
riqueza; se curto, amor aos bailes”.E por aí vai... Mas, talvez, o mais revelador é
sobre o vestido decotado, que é usado por quem tem “pouco pudor (não servem
para ninguém)”. Ou seja, mulher despudorada não serve para nada... Talvez aí se
insira um dado não colocado: aquela que não serve para ninguém é aquela que
serve para todos. Novamente incutem-se discursos de como a mulher deve conduzir
sua sexualidade através da premissa masculina. Ela não deve ter sexualidade, e, se
tiver, deixará de ter serventia neste mundo.
Contudo, logo após este jocoso comentário, encontrava-se logo abaixo, em
letras miúdas, é fato, uma curiosa notícia de uma cidadã taubateana que acabava de
se graduar médica em uma universidade americana. A notícia é retratada de
maneira direta, simples, bem longe do que era bastante comum encontrar em tal
publicação, quando os moços da cidade conseguiam ser admitidos nos cursos da
capital da província, apesar de se tratar de um fato muito mais extraordinário do que
aqueles.
Novamente, com base em Foucault (1988), o discurso implícito dizia: mulher,
não se meta onde não é chamada! Mantenha-se na hierarquização do sexo, seu
sistema binário, seu silêncio discursivo, e preencha apenas o seu espaço social. Não
queira mais do que lhe é entregue, não deseje. A você é dado o direito de se educar,
mas não de se instruir. Precisa ter formação moral de seu caráter, como pode ser
visto em Louro, (2010).
Outro fator que não se pode esquecer é o papel de boa esposa. Dentro do
cristianismo católico, exaltava-se muito a figura da mãe, mas antes de ser mãe, a
jovem deveria ser educada para ser uma boa companhia a seu esposo. Novamente,
ela aprende o valor de silenciar para poder cumprir o papel que se esperava dela.
Falar o que pensa não era característica de uma boa moça, mas sim daquelas que
não “serviam” para ninguém. Podem ser consideradas como exemplo as palavras da
página 44, dedicada à homenagem proferida pelo padre José M.Natuzzi, no já citado
Livro Homenagem: “Nada poderá preservar de cahir no despreso e no
aniquilamento, quando, abusando da sua palavra, (a mulher) falsea e destroe o seu
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único instrumento de persuasão: não se pode ouvir uma mulher, em que não se
acredita” (grifos meus). A donzela correta deveria se pautar por sua consciência, sua
retidão, mas nunca por suas ideias próprias.
Outro ponto que confirma esta visão de silenciamento da mulher pode ser
observado em um artigo sobre as novas pedagogias criadas por estudiosas
americanas, sem, contudo, nominá-las, intitulado O belo sexo, que faz parte de uma
seção chamada “secção amena”. O artigo descreve muitas virtudes de uma boa
moça e como deve ser pautada sua educação. Primeiro, é exposto que uma jovem
deve saber confiar em si mesma, para, a seguir, completar que também deve saber
pregar botões, coser, fazer camisas, não usar cabelo postiço, não se pintar e fazer
uso do pó de arroz, calcular que uma libra são 10 “mirreis”, arrumar meias, dizer sim
ou não, como Cristo ensinou, com o coração, assim como com os lábios.
É possível reparar que é negado à mulher tudo aquilo que pode salientar
aspectos de sua feminilidade, mas que lhe é garantido todo o tipo de ensinamento
que serve ao outro. Tudo o que ela aprende é para servir ao outro, e nunca a si
mesma, que deve sublimar de sua vida qualquer traço de vaidade e desejo. É como
uma freira, mas do lar e da família. O que nos deixa a seguinte questão: “O que
significaria saber dizer não para uma mulher preparada para as vontades e
necessidades do outro?” Seria a total sublimação de seus desejos e sexualidade, já
que sexo para esta mulher deveria ser restrito à procriação. Portanto, teria de
aprender a negar sua sexualidade quando não fosse para esse fim, operando uma
lógica da censura, conforme explica Foucault (1988).
Aliás, o sexo é sempre negado a esta mulher, existindo apenas dentro de um
sistema binário de relações, no qual sua função era a de mera reprodutora, nunca
de uma amante. Isso nunca caiu bem para uma mulher de classe e sob os auspícios
da sociedade católica do fim do século XIX, que, ainda por cima, centrava-se num
estado de higienização e adestramento dos corpos desta mesma sociedade, como
em Rago (1985). A negação da sexualidade era mais sentida nas classes mais
abastadas, que representavam um ideal social a que se aspirava, além de também
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servirem de modelo explicativo de esposa e mãe de toda a sociedade, pois nas
mãos delas é que estavam os futuros donos do poder.
É possível ver este modelo sendo celebrado inclusive nos periódicos feitos e
dirigidos à classe operária. No jornal mensal JOC, supracitado, logo em sua capa da
edição da segunda década do século XX, sem, contudo,possibilitar a visualização da
data, pode-se ler que uma das lutas do operariado católico deve ser garantir que o
rendimento masculino seja suficiente para toda a família, pois o lugar da mulher é
em casa, cuidando do marido e dos filhos, nunca dela mesma. Imaginem o perigo
que poderia representar uma mulher com seus próprios vencimentos e capacidade
de se autogerir...
Sobre este perigo, há um interessante colóquio sobre o divórcio, na folha
democrata A Semana, de 28 de agosto de 1898, alertando que, no estrangeiro (sem
especificar local), estava em discussão o perigo contra “a dissolução do sagrado
vínculo do matrimônio” e que atentava contra os costumes deste povo civilizado e
católico. Criticava o Sr. Erico Coelho por importar tais discussões para o País, pois
aqui as mulheres não querem saber de desonras, e cujos redatores eram totalmente
contra a visão desse senhor sobre o divórcio e esta nossa mania de sermos
imitadores de absurdos vindos de fora! Dentre estes absurdos, não caberia o maior
deles, a emancipação das mulheres em relação aos homens a todo um sistema que
as aprisiona dentro das prerrogativas de boa esposa e mãe. Como destaca Joelma
Rodrigues (2006) sobre a representação do feminino: elas precisam ser
encarceradas dentro de seus lares, pois não são seres capazes de se autogerir,
mas, se pensarem assim, os discursos são construídos para que aquelas que não
alcançarem tais prerrogativas sintam-se fracassadas como mulher.
E isso também significava castrar-se de seus desejos, pois uma mulher digna
não os exporia. O jornal O Operário, de 22 de março de 1919, faz um alerta sério
aos pais que estão deixando suas filhas expostas,andando em companhia
masculina, em lugares ermos e até pouco iluminados. Este fato era considerado
sério, pois esta atitude inapropriada por parte da menina lhe impossibilitaria um
futuro casamento. O Jornal lembra ainda que um rapaz que se presta a tais
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“cavações” não édo tipo interessado em casamento, mas sim daqueles que se
gabam da sua masculinidade perante os outros.
Vale ressaltar aqui alguns fatos. Primeiro, que estamos falando das filhas dos
operários e não das filhas da elite, mas, conforme analisado pouco acima, estas
servem de paradigmas sociais; portanto, o que se espera delas também é o modelo
que se espera para outras esferas sociais.
O segundo dado interessante a se pensar é que o alerta é conduzido aos
pais, pois eles são capazes de saber o que é importante. E, aqui, disciplinar o corpo
de uma jovem, que estaria cedendo aos encantos de rapazes mal-intencionados, ou
seja, estaria cedendo à sua sexualidade e desejos, o que não era permitido, era um
fato que não deveria ser dito, e, de preferência, deveria ter sua existência negada,
como assinala Foucault (1988). Por isso,o pai é o responsável por cuidar desta
menina, já que ela deveria desconhecer aquilo que não lhe é dito, mas que aos
rapazes não é negado saber.
O terceiro ponto importante para análise é que os meninos são forjados para
exercerem sua sexualidade, e isso também se manifesta na necessidade de regozijo
com a exposição desta sexualidade. Se forem mal-intencionados, podem tentar
desvirtuar as boas moças, que servirão como troféus de sua masculinidade. Outro
recurso, mais geral e difundido, é exercerem sua sexualidade nas casas de
tolerância, com aquelas que não servem a ninguém, e, portanto, podem servir a
todos. Outro paradoxo de uma sociedade que usa a sexualidade para o exercício do
poder.
Se era preciso disciplinar os corpos, então a Educação Física entra nos
programas educacionais para garantir este controle. Claro que dentro de modelos
diferenciados para meninos e meninas, pois a condição física entre eles nunca
poderia ser comparável. Desde a reforma do ensino proposta por Rui Barbosa, em
1883, é dedicada especial atenção a esta disciplina, concebida com a finalidade
precípua de educar os corpos. Mas que ginástica o corpo feminino era capaz de
suportar? Rui Barbosa, citado por Rosa Fátima de Souza (2000), era a favor da
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calistenia, desenvolvida por Adolfo Spiess, com o intuito de produzir um
desenvolvimento muscular simétrico, “sem prejuízo da doçura das maneiras, da
graça e elegância do talhe, da bela harmonia das formas femininas” (p. 91). Já, aos
meninos, o mais apropriado era complementar sua educação do corpo com
exercícios militares.
As irmãs da Ordem de São José eram incansáveis doutrinadoras destas
concepções de mundo e do ordenamento necessário para a manutenção dele, mas
também representavam, por maior estranhamento que isso possa gerar, outro
paradoxo a tais doutrinas. Elas tinham um caráter abnegado do mundo em que
estavam inseridas, eram austeras e assexuadas, conforme mandam os ditames da
função, mas, por outro lado, exerciam funções de outro universo, do mundo
masculino. É sabido que elas nunca exerceram papéis de governo, como assinala
Nunes (2010), ou mesmo no desenvolvimento de estudo ou regras doutrinárias no
seio da Igreja Católica, mas dentro de suas escolas e instituições de caridade eram
quem de fato administrava.
Para poder exercer melhor seus trabalhos de caridade, as irmãs tiveram de
sair dos claustros para entrar em contato direto com os desvalidos que necessitavam
de seus serviços. Depois, para cumprir seu papel educacional, tiveram de gerir suas
instituições, administrá-las e organizá-las. Papel de homens. Por isso, talvez, a
estranheza mostrada por Pedro de Alcântara ao se referir às irmãs da Ordem de S.
José, em que profere: “Qual o enigma mysterioso, essa força latente e poderosa,
que faz transformar tímidas donzellas nessas heroínas?” (p. 85). Até no livro
Homenagem, feito para as irmãs, pode-se entrever os discursos que apregoam a
inferioridade da mulher. Pois só mesmo a fé, conclui o autor, faz das mulheres seres
capazes de desempenhar bem a função do homem. Afinal, sua inteligência possui
uma “ascendência primitiva”.
Outra característica perturbadora para muitos homens, clérigos ou não, que
se dedicaram aos panegíricos comemorativos de Madre Maria Theodora, são seus
elementos constitutivos que a afastam do universo feminino. Primeiro, sua
capacidade de administrar um gigante complexo educacional e assistencialista, do
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qual ela era responsável e que englobava várias cidades de diferentes
províncias/estados do País. Segundo, sua inteligência, reverenciada em muitos dos
discursos e bênçãos a ela destinados. Uma inteligência não só moral, ou seja, como
se imagina ser a mulher capaz, mas também de compreensão do mundo e de suas
necessidades. Inteligência identificada dentro do mundo dos homens. Por fim, sua
força e longevidade, que a mantiveram ativa por tão longos anos à frente dos
trabalhos beneméritos da Congregação que ela liderava. Muitos lembravam que sua
constituição física aliava as formas delicadas de mulher, devido à sua baixa estatura,
com uma força que remete à sua fé, por ser tão forte e duradoura.
Mas também pode-se perceber que, apesar dela e das irmãs por ela lideradas
serem as porta-vozes dos discursos de hierarquização dos gêneros, estas irmãs são
exemplo daquilo do que a mulher é capaz, preparando, inconscientemente ou não,
outras mulheres para contestar um novo papel social, como pode ser visto em
Nunes (2010).
Muito irá contribuir a transformação destas instituições, pensadas para o
desenvolvimento de boas esposas e mães, com as escolas normais, nas quais se
preparavam as moças, agora, para o exercício de uma função profissional. Elas
saíam mesmo do universo doméstico. Mas o mundo doméstico não foi abstraído
delas. Pelo contrário, adentrou em sua nova profissão, processo que se deu com a
feminização do Magistério. Nesta perspectiva, a mulher é vista com heranças deste
mundo religioso e feminino: ela é abnegação e sacerdócio. De novo, a mulher é
formatada para servir ao próximo e não a si mesma.
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Conclusão
Pensar uma sociedade que se elitiza por meio da dominação e subjugação
dos corpos femininos pode parecer, para muitos, um contrassenso, ou até um
exagero. Mais simples seria imaginar que esta sociedade viu, com a abundância da
riqueza do café, a possibilidade de ampliar seu repertório cultural, se aproximando
dos ideais de civilidade do modelo europeu, mais precisamente o francês. Com isso,
procurou-se a etiqueta e os bons costumes, para engendrar o refinamento
necessário a esta sociedade em seu apogeu.
Isto, porém, representou maior controle social à mulher, desde sua infância
até sua maturidade. Tudo passou a ser limitado dentro de um espectro normativo em
que se enquadrou este corpo social dentro do papel de boa filha, boa esposa, e,
depois, de boa mãe, engessando-a dentro destes modelos. Garantindo a
perpetuação dos bons costumes às outras gerações, alicerçados em sólidos valores
morais e religiosos. Quando alguns destes papéis lhe faltavam, o desapego da vida
religiosa era a única saída respeitosa a esta mulher. Sempre cumprindo seu papel
de cuidar do bem-estar do outro.
Para esta sociedade, a Congregação de Irmãs de São José de Chambéry
representou tudo aquilo que se desejava criar neste seu novo modelo de
refinamento. Proporcionou a uma elite, ciosa por se polir socialmente, os
instrumentos necessários para forjar a mãe ideal para a propagação deste novo
modelo, pois ela ficaria versada em língua pátria e francês, teria noções científicas
que melhor a equipassem para o exercício da maternidade, além de desenvolver-se
nas prendas domésticas, como costura, bordado, sem esquecer-se da música. Isso
tudo para a grata satisfação de seu esposo. Desempenhar bem estas funções era
um sinal inequívoco de status para seu marido, pois comprovava a alta qualidade de
seu matrimônio. Mas as relações de domínio muitas vezes são contraditórias, pois
esta mulher silenciada e controlada era justamente a mesma que perpetuava este
modelo educando seus filhos dentro destes mesmos paradigmas sociais.
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Porém, este mesmo modelo perpetuado foi sendo ao poucos transformado,
pois cada vez mais a mulher foi rompendo barreiras e limites, e o fato é que elas não
ficaram mais presas dentro do circuito lar-igreja que a elas era permitido. O mundo,
de certa forma e aos poucos, foi se abrindo para elas, que não quiseram mais voltar
totalmente ao lar. E a porta que abriu o mundoà mulher foi a educação. Por mais
quetenha seguido modelos das relações de poder vigentes, a escolarização de
meninas criou pequenas frestas dentro do aparato repressivo do mundo masculino.
Muitas continuaram refratárias aos movimentos feministas, que já existiam e
cresciam em todo o mundo ocidental, incluindo o Brasil, com experiências como a de
Nísia Floresta, neste mesmo século XIX, que propôs e levou adiante um projeto
diferenciado de educação feminina, como se vê em Louro (2010).
Mas não só de dentro dos modelos revolucionários saíram mulheres capazes
de conduzir um processo de luta por uma identidade de gênero que ultrapasse o
binarismoesposa-mãe. Esta revolução começou quando, paradoxalmente,
resolveram educar as jovens para um melhor exercício da maternidade, mas que
acabou descortinando um mundo novo de perspectivas, sem esquecer, de lutas.
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