FACULDADE DE PARÁ DE MINAS – FAPAM
Curso de Licenciatura em Letras
Mônica Gomes de Mello Goulart
COMO ENSINAR A GRAMÁTICA NORMATIVA DA LÍNGUA
PORTUGUESA NOS ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL II
Pará de Minas
2013
Mônica Gomes de Mello Goulart
Letras
COMO ENSINAR A GRAMÁTICA NORMATIVA DA LÍNGUA
PORTUGUESA NOS ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL II
Monografia apresentada ao Curso de Graduação em
Letras da Faculdade de Pará de Minas – FAPAM como
requisito parcial para a conclusão do curso de Letras.
Orientadora: Prof. Msc. Cristina Mara França Pinto
Fonseca
Pará de Minas
2013
Mônica Gomes de Mello Goulart
COMO ENSINAR A GRAMÁTICA NORMATIVA DA LÍNGUA
PORTUGUESA NOS ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL II
Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Letras
da Faculdade de Pará de Minas – FAPAM como requisito
parcial para a conclusão do curso de Letras.
Aprovada em ______/ ______/ ______
______________________________________________________________________
Orientadora: Prof. Msc. Cristina Mara França Pinto Fonseca
______________________________________________________________________
Examinadora: Prof. Msc. Vanessa Faria Viana
Dedico este trabalho a todos que promovem a
educação e nela acreditam; a todos aqueles que
de alguma forma me ajudaram a concretizar o
mesmo, especialmente ao meu esposo e filho,
pelo amor e apoio nesta etapa.
AGRADECIMENTO
Agradeço primeiramente a Deus, pois sem Ele nada seria possível, estando sempre
presente em minha vida me dando forças e coragem, tornando possível a realização desta
obra; ao meu esposo, Rogelim, e filho, Dário, pela paciência, carinho e esforço contínuo para
que tudo isso fosse possível; aos meus pais, Hélio Martins e Alice, por tudo que tens feito por
mim para eu ser essa pessoa que sou; à orientadora Cristina Mara que me auxiliou e se fez
presente em todos os momentos necessários; à professora Edilene e alunos dos 6º anos que me
acolheram e participaram desta pesquisa; e aos meus amigos e familiares que me apoiaram no
decorrer do curso. Também agradeço aos meus colegas de turma pela amizade e
companheirismo; pelos mestres pela cumplicidade e toda equipe atuante na FAPAM que
direta ou indiretamente contribuíram na realização do nosso curso.
“Aula de português
A linguagem
Na ponta da língua
Tão fácil de falar
E de entender
A linguagem na superfície estrelada das letras
Sabe lá o que ela quer dizer?
Professor Carlos Góis, ele é quem sabe
E vai desmatando
O amazonas da minha ignorância.
Figuras de gramática, esquipáticas
Atropelam-me, aturdem-me, sequestram-me.
Já esqueci a língua em que comia
Em que pedia para ir lá fora,
Em que levava e dava pontapé.
A língua, breve língua entrecortada
Do namoro com a prima.
O português são dois; o outro, mistério.”
(C. Drummond de Andrade, Esquecer para
lembrar. Rio de Janeiro: Record, 1979).
RESUMO
O Ensino da Gramática Normativa nas escolas tem enfrentado grandes desafios, por parte da
atuação do professor e despreparo do aluno entre as diferentes didáticas de ensino que nem
sempre são possíveis aplicá-las. Portanto, buscou-se nesta pesquisa analisar propostas e
práticas de ensino, verificando a capacitação dos docentes e discentes como também os
métodos utilizados para a execução do ensino-aprendizagem. Para isso, analisou-se
documentos científicos referentes ao tema proposto para adquirir um embasamento teórico e
suporte para prosseguir a uma pesquisa de campo, na qual será feita em um primeiro
momento uma observação da escola e das aulas ministradas no 6º ano do ensino fundamental
II, uma entrevista com uma professora regente do 6º ano e um questionário com os alunos. O
cotejo e a análise das respostas, ainda que não permitam uma generalização, demonstraram
que o profissional da área da Língua Portuguesa, encontra dificuldades, uma vez declarado,
não possuir curso de capacitação e também pelo despreparo do aluno. Os alunos
demonstraram imaturos ante o esperado pela docente e consequentemente apresentaram
dificuldades no procedimento do estudo, a saber, da Gramática Normativa. Mesmo diante
desse impasse, a professora colaboradora demonstrou ser capaz de conduzir uma boa aula
apoiada no material didático, que observado, traz consigo uma abordagem construtiva do
conhecimento contextualizando o conteúdo, o que ora atende as propostas de trabalho dos
linguistas e estudiosos estudados nesta pesquisa. Diante da relevância e complexidade do
tema tratado, acredita-se que ele mereça ainda ser explorado sob novas perspectivas.
Palavras-chave: Ensino. Gramática Normativa.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
GRÁFICO 1 - Preferência de estudos..................................................................... 23
GRÁFICO 2 - Comunicação textual....................................................................... 23
GRÁFICO 3 - Compreensão da Gramática Normativa …………………………. 24
GRÁFICO 4 - Uso diário da Gramátiva Normativa……………………………... 25
GRÁFICO 5 - Maneiras diferentes utilizadas para ensinar a Gramática
Normativa ………………………………………………………..
25
GRÁFICO 6 - Aplicação das regras nos textos………………………………….. 26
GRÁFICO 7 - Dificuldades quanto às normas da Gramática Normativa………... 27
GRÁFICO 8 - Correção dos textos próprios ……………………………………. 27
GRÁFICO 9 - Importância da Gramática Normativa............................................. 28
GRÁFICO 10 - Opiniões sobre as aulas de Gramática Normativa……………….. 28
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 9
1.1 Objetivos ..................................................................................................................................................... 11
1.1.1 Objetivo Geral: ................................................................................................................................ 11
1.1.2 Objetivos Específicos: ......................................................................................................................... 11
1.2 Estrutura do Trabalho .................................................................................................................................. 11
2 PERSPECTIVAS TEÓRICAS.................................................................................................. 12
2.1 Visões do Ensino da Gramática Normativa................................................................................................. 12
2.2 Definições da Gramática Normativa ........................................................................................................... 12
2.3 Visões Favoráveis para o Ensino da Gramática Normativa ........................................................................ 13
2.4 Visões Contestáveis para o Ensino da Gramática Normativa ..................................................................... 14
2.5 Visões Inovadoras para o Ensino da Gramática Normativa ........................................................................ 16
3 METODOLOGIA ........................................................................................................................ 18
3.1 Relatório da Observação ............................................................................................................................. 20
3.2 Análise e Interpretação dos Dados .............................................................................................................. 22
3.2.1 Aplicação do Questionário .................................................................................................................. 22
3.2.2 Aplicação da Entrevista ...................................................................................................................... 29
4 CONCLUSÃO ............................................................................................................................... 32
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................................... 35
APÊNDICE A ................................................................................................................................... 36
APÊNDICE B ................................................................................................................................... 37
ANEXO – MATERIAL DIDÁTICO UTILIZADO NAS AULAS OBSERVADAS. ....... 42
9
1 INTRODUÇÃO
Esta proposta de pesquisa surgiu a partir das observações feitas em salas de aulas no
período de estágio na Escola Estadual Nossa Senhora Auxiliadora, situada na zona urbana da
cidade de Pará de Minas. Diante das observações da prática do ensino da Gramática
Normativa nos anos finais do ensino fundamental II – 6º ano – chama-se atenção, a saber,
como transmitir o conhecimento gramatical normativo a um público ainda infantil iniciando
uma nova forma de estudo. Isso se faz pensar como será a atuação do professor em sala de
aula, visto que as aulas de Português podem ser desgastantes não apenas com o conteúdo a ser
transmitido, considerado nos dias de hoje como difícil como também com a maneira que o
professor atua em sua prática, ou seja, o professor precisa encontrar uma maneira dinâmica e
eficiente de trabalhar com os alunos para assimilarem os conhecimentos.
Antunes (2009, p.85) afirma: “não existe língua sem gramática”. Diante dessa
afirmação, vê-se que a gramática tem um papel importante de ampliar a capacidade do aluno a
usar a sua língua, desenvolvendo a sua competência comunicativa que se deparará ao longo de
suas atividades sociais ou profissionais com as mais diversas situações de comunicação.
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs):
O ensino de Língua Portuguesa deve preparar o aluno para a vida, qualificando-o
para o aprendizado permanente e para o exercício da cidadania. Se a linguagem é
atividade interativa em que nos constituímos como sujeitos sociais, preparar para a
vida significa formar locutores/autores e interlocutores capazes de usar a língua
materna para compreender o que ouvem e leem e para se expressar em variedades e
registros de linguagem pertinentes e adequados a diferentes situações comunicativas.
Tal propósito implica o acesso à diversidade de usos da Língua, em especial às
variedades cultas e aos gêneros de discurso do domínio público, que as exigem,
condição necessária ao aprendizado permanente e à inserção social.
Portanto, é necessário, o ensino da norma culta nas escolas, visto que o aluno é um
sujeito social que precisa se comunicar e ser compreendido nas suas atividades diárias,
fazendo-se assim utilizar o meio que é a sua língua.
Sobretudo, o maior encalço na vida dos estudantes é entender a Gramática da Língua
Portuguesa. Muitos deles não conseguem compreender o porquê da existência de tantas regras
e exceções, que, em seus entendimentos, não possuem nenhum valor. Portanto, o objetivo
desta pesquisa é analisar as habilidades docentes na execução do ensino para proporcionar os
conhecimentos de forma satisfatória sem prejuízo na aprendizagem da norma culta
despertando o interesse e o gosto pela forma padrão de sua língua. Quanto mais cedo
10
despertar no aluno o interesse pela compreensão da norma culta da sua língua será melhor,
simpatizando-se com a matéria que terá ao longo da sua jornada estudantil.
Segundo Silva (2005):
Um primeiro ponto para essa mudança vagarosa é o professor começar a quebrar a
distância entre o aluno e o ensino da gramática dentro de sala de aula, tornando-se
assim prazeroso para o aluno e não somente obrigatório em estudá-la, bem como a
leitura de livros e textos. Pois ele, só será realmente um professor quando,
independente do arsenal de conhecimento que possua se puder transmitir tais
informações de forma interativa e criativa, aluno-professor e professor-aluno,
acreditando que o aluno é capaz de aprender e compreender tudo o que lhe é
transmitido em sala.
Partindo desse pressuposto, surgem as perguntas sobre este estudo: - Quais os meios
utilizados pelo professor para ensinar a Gramática Normativa? - Quais as habilidades que o
professor da Língua Portuguesa precisa ter para ensinar a Gramática Normativa? - Que
recursos estão disponíveis para o professor nessa escola? – O professor usa criatividade para
trabalhar os materiais nas suas aulas? – Os professores estão tendo cursos de capacitação para
o seu trabalho? – Os alunos chegam com o nível esperado pelo professor para aprender a
Gramática Normativa?
Assim, tentar-se-á ampliar os conhecimentos das formas pedagógicas que os
professores utilizam e os recursos utilizados por eles nas suas práticas de ensino da Gramática
Normativa. Logo, a intenção é apresentar contribuições relevantes e desenvolver critérios para
a execução do ensino da gramática para obtenção de bons resultados sem desprestigiar todas
as questões norteadas nas outras gramáticas na prática existente na sala de aula atualmente.
Acredita-se que é descobrindo as ações e práticas escolares, com a presença
sistemática do pesquisador durante as aulas e entendendo o processo escolar que se terão
avanços efetivos no ensino; nesse caso, no ensino da Gramática Normativa da Língua
Portuguesa para a vida fora da escola.
A justificativa desta pesquisa, portanto, é encontrar meios para esclarecer a atuação da
prática pedagógica do docente no ensino da Gramática Normativa no ensino fundamental II a
fim de esclarecer as maneiras que podem ser utilizadas para se obter resultados satisfatórios
na transmissão do saber escolar na hipótese de contribuir com o desenvolvimento
educacional.
11
1.1 Objetivos
1.1.1 Objetivo Geral:
Analisar as habilidades docentes para a execução de um ensino da Gramática
Normativa adequada dentro de uma sala de aula do 6º ano do ensino fundamental II numa
escola estadual da zona urbana.
1.1.2 Objetivos Específicos:
Investigar a didática dos professores dentro da sala de aula no Ensino da Gramática
Normativa da Língua Portuguesa nos anos finais do ensino fundamental II.
Examinar as limitações e possibilidades do trabalho profissional da área da Língua
Portuguesa na especialidade do Ensino da Gramática Normativa.
Observar os recursos disponíveis pela escola e utilizados pelo professor no ensino-
aprendizagem da Gramática Normativa da Língua Portuguesa.
Instigar a capacitação dos docentes como também às dos discentes.
1.2 Estrutura do Trabalho
Para melhor compreensão deste trabalho, o mesmo está estruturado em quatro
capítulos, sendo o primeiro destinado à introdução que introduz o tema abordado nesta
pesquisa, os objetivos e a própria estrutura.
O segundo capítulo trata das perspectivas teóricas que abordam breves definições da
Gramática Normativa e algumas visões do ensino da mesma - favoráveis, contestáveis,
inovadoras.
O terceiro capítulo refere-se à metodologia contendo o relatório da observação, a
análise e interpretação dos dados.
O quarto capítulo é constituído pela conclusão.
12
2 PERSPECTIVAS TEÓRICAS
2.1 Visões do Ensino da Gramática Normativa
Diante da grande preocupação com o ensino da Gramática Normativa da Língua
Portuguesa na prática educacional tratará, portanto, nesse primeiro capítulo, visões de alguns
linguistas e estudiosos. Há os que defendem a prática do ensino tradicional da Gramática
Normativa, como também existem outros que questionam o modelo gramatical regido pelo
ensino. Há também alguns que expõem ideias inovadoras para o exercício dessa matéria. Mas
antes de explorar as visões dos autores, serão expostas algumas definições da Gramática
Normativa.
2.2 Definições da Gramática Normativa
Segundo Travaglia (1996, p.30-33), a Gramática Normativa é aquela que estuda
apenas os fatos da língua padrão, da norma culta de uma língua, norma essa que se tornou
oficial, baseia-se, em geral, mais nos fatos da língua escrita e dá pouca importância à língua
oral que é tratada conscientemente ou não, como idêntica à escrita. Ao lado da descrição da
norma ou da variedade culta da língua (análise de estruturas, uma classificação de formas
morfológicas e léxicas), a Gramática Normativa apresenta e dita normas de bem falar e
escrever, normas para a correta utilização oral e escrita do idioma, prescreve o que se deve e o
que não se deve usar na língua. Essa gramática considera apenas uma variedade da língua
como válida, como sendo a língua verdadeira.
Para Luft (2001), a gramática é um conjunto de regras que devem ser seguidas. Essas
regras são aquelas presentes nos livros de gramática e representadas pela fala padrão,
apresentando concordância entre todos os elementos de uma frase, são explícitas e totalmente
coerentes. É a Gramática Normativa que funciona como modelo e representa assim a própria
língua, sendo essa a variante padrão. Existem algumas áreas de estudo dentro da Gramática
Normativa que se preocupam com a estrutura presente dentro de uma oração: a Sintaxe, a
Semântica e a fonologia.
Cabe à Sintaxe estudar as relações que existem entre uma palavra e a outra e sua
posição no discurso, fazendo assim com que estas tenham sentido dentro da oração,
analisando cada parte da frase. E a Semântica, os significados das palavras e de suas
mudanças com o tempo. Para ela é importante que cada item, ou seja, cada palavra dentro de
13
uma frase ganhe valor de significação. E a fonologia estuda os fonemas (sons da língua) e a
forma como esses fonemas dão origem às palavras.
Na visão de Perini (1999, p.91), a gramática é um conjunto de regras que determinam
como se podem exprimir as ideias em uma língua: são regras de pronúncia (e de ortografia),
de formação de palavras, de estruturas. Para ele, a gramática é aquela parte da língua que
todos os falantes dominam de maneira muito uniforme; assim, não é comum encontrar
construções sintáticas, nem sons da língua, que sejam conhecidos apenas de alguns falantes.
2.3 Visões Favoráveis para o Ensino da Gramática Normativa
Sendo a Língua Portuguesa a língua oficial no Brasil, é essencial para o cidadão
brasileiro aprender o seu uso padrão, ensinada nas escolas através da gramática, a saber, da
Gramática Normativa, uma vez que, é uma gramática baseada no estudo da norma oficial da
língua do país. Portanto, “o objetivo da escola é promover o acesso dos alunos aos usos da
norma prestigiada” isto é, o acesso à língua padrão (ANTUNES, 2007, p.124).
Segundo Cipro (1998. p.13, apud Costa, 2008, p.99):
As línguas que têm forma escrita, como é o caso do português, necessitam da
gramática normativa para que se garanta a existência de um padrão linguístico
uniforme no qual se registre a produção cultural. Conhecer a norma culta é, portanto,
uma forma de ter acesso a essa produção cultural e à linguagem oficial. Esta
gramática é dedicada ao ensino da norma culta da língua portuguesa em sua vertente
brasileira (CIPRO, 1998. p.13).
Para Cipro, a finalidade da gramática é, portanto preservar a língua original da
comunidade brasileira e proporcionar o conhecimento das suas normas viabilizando o ato
comunicativo para o cidadão brasileiro.
A gramática é a base referencial para o brasileiro para a correta utilização do idioma,
contudo que, quando se encontra num empasse de dúvidas, é nos manuais de Gramática
Normativa que se recorrem.
Segundo Antunes (2007, p. 112):
Proponho-me a refletir sobre o seguinte ponto: onde buscar apoio para decidir sobre
questões de uso da língua, principalmente aqueles usos tidos como problemáticos,
por revelarem discrepâncias e, dessa forma, suscitarem dúvidas quanto à sua
legitimidade formal, semântica ou pragmática. (...) a maioria das pessoas
simplesmente resolve consultar um manual de gramática normativa.
14
Desse modo, o manual da Gramática Normativa é um meio que norteia o indivíduo
diante de dúvidas apresentadas pelo uso da sua língua no cotidiano.
Para Lopes (2011), no exercício da comunicação textual, o aluno necessita do
conhecimento gramatical para haver compreensão do mesmo.
Como é possível adquirir habilidade e competência para se interpretar um texto sem
conhecimento gramatical, principalmente se considerarmos que a gramática é que
vai oferecer os dados da língua, a ferramenta necessária para o trabalho de
interpretação textual, sem a qual se torna inviável a compreensão integral do texto
lido? (LOPES, p.2312)
Seguindo a mesma linha de pensamento os PCNs dizem, “o cidadão deve possuir
habilidades de entender e compreender os diversos tipos de texto que circula na sociedade,
como as variedades cultas e os gêneros de discurso do domínio público”. Sobretudo, o
cidadão tem a necessidade de se sentir bem, sem sofrer constrangimentos oriundos da falta de
conhecimento da maneira correta de se comunicar.
Travaglia (2003, p.15) afirma que, o ensino da gramática tem grande influência na
qualidade de vida das pessoas, pois ela seria um dos meios pelas quais o falante pode
desenvolver a sua competência comunicativa, isto é, a capacidade de se usar cada vez mais os
recursos que a língua oferece, em todos os seus planos.
Portanto, segundo os autores acima citados, a aquisição do conhecimento da sua língua
materna – a padrão, o aluno terá condições de se identificar, de se defender, desfrutar melhor
no ato comunicativo interagindo em determinadas situações sociais.
Diante das posições dos autores acima, vê-se que o Ensino de Gramática Normativa na
aula de português orienta o aluno para que se sinta mais seguro quanto ao funcionamento da
sua língua possibilitando a sua interação mais clara e objetiva nas práticas sociais.
Dessa forma, fica clara, através dos autores estudados neste capítulo, a visão favorável
sobre o Ensino da Gramática Normativa nas aulas de português.
2.4 Visões Contestáveis para o Ensino da Gramática Normativa
Nesta seção, ver-se-ão algumas visões contrárias ao Ensino da Gramática Normativa
como padrão único de língua. Para esses autores, diante de tantas mudanças que a língua sofre
na sociedade, ainda perdura o uso das gramáticas tradicionais nas escolas o que acaba
causando um estranhamento no aprendizado por parte do aluno.
15
Perini (1993, apud Oliveira, 2010, p.52) critica o ensino da gramática tradicional,
questionando a falta de coerência interna e a inconsistência teórica do modelo normativo de
gramática: “A única preocupação consistente que encontramos na Gramática Tradicional é a
de classificar as palavras, de modo que nenhuma fique isolada”. O autor ressalta a
necessidade de se observar a função que cada frase pode ter e ao erro que se pode ter ao
atribuir significados literais às palavras, sem considerar o contexto. Portanto, o Ensino da
Gramática Normativa tornou-se um ensino tradicional como repetidas velhas práticas,
baseadas em regras para análise e catalogação das frases ou palavras soltas retiradas dos
textos, sem nenhum lucro educativo.
Para os PCNs, a Gramática Normativa não pode ser referência para o ensino, pois a
metodologia não deve reproduzir o clássico percurso de definição, classificação e exercitação,
centrado na análise de unidades menores como fonemas, palavras e frases. Logo as aulas de
gramática devem ser focadas em uma visão que se apoie nas contribuições de estudos
linguísticos e que amplie a visão sobre a língua e a linguagem através de uma atitude
reflexiva, pois permite uma visão funcional da língua e representa a aquisição de uma boa
competência comunicativa.
Os PCNs fazem uma crítica sobre ao tradicional ensino de gramática, uma vez que,
este desconsidera a realidade e os interesses dos alunos, pois se acredita que a língua se
realiza no uso das práticas sociais, tais como estão postos no mundo em situações de uso.
Para Antunes (2007, p.41), o estudo da gramática é necessário, mas não é suficiente.
Portanto, não se deve ater somente à Gramática Normativa, mas expor-se às diferentes visões
das gramáticas. Pois, ela é composta de componentes (léxico e gramática), em que, deve-se
considerar o todo para entender a língua.
Antunes (2007, p.114) prossegue, “a consulta aos manuais de gramática não deve ser o
único respaldo que procuramos para decidir sobre usos alternativos da língua”, uma vez que
se deve observar os dados e fazer levantamentos de hipóteses e não somente ser passivos a
consultar os manuais de gramáticas, praticando um normativismo exacerbado. Ainda segundo
a autora, “nenhum manual de gramática pode ser exato”.
Segundo Perini (1999, p.48), os alunos estudam 15 (quinze) anos concluindo seus
estudos dizendo que não sabem Português. Isso provém do ensino, em que a Gramática
Normativa é priorizada impondo regras incontestáveis limitando o ensino à análise de frases
como pacíficas e tranquilas. Mas não é sempre assim. A língua sofre variações e, portanto, o
ensino precisa acompanhar a evolução da sociedade e propor novos caminhos para a aquisição
do saber comunicativo.
16
Assim, foram vistas neste capítulo, as opiniões de autores que não apoiam o ensino da
Língua Portuguesa respaldada em único uso de língua, o padrão culto, uma vez que esses
autores consideram a língua como uma prática social exercida pelos falantes do idioma
Português.
2.5 Visões Inovadoras para o Ensino da Gramática Normativa
Travaglia (1996, p.30-33) diz que o objetivo da Gramática Normativa é proporcionar
aos alunos o conhecimento para o bem falar e o bem escrever, mas Perini diz (1999, p.54),
precisam-se redefinir os objetivos dessa disciplina, “a gramática não é um dos meios de se
chegar a ler e escrever melhor. A gente aprende a escrever escrevendo, lendo, relendo e
reescrevendo”.
O aprendizado da gramática dá a oportunidade “de saber mais sobre o mundo”, isto é,
abre mais a visão de mundo do aluno. E para que isso aconteça, é necessário que a gramática
deixe de ser a receita de como as pessoas deveriam falar e escrever. Ainda segundo Perini, a
gramática deve trazer conteúdo que faz mais sentido e que explica qual é a forma
efetivamente usada de acordo com a linguagem atual. O linguista diz (1999, p.56) “que as
definições sejam compreensíveis e que sejam respeitadas em todo o trabalho”. Portanto, a
proposta é que o ensino não fique preso somente às regras ditas pela gramática, mas que
associe esse conhecimento ao exercício de leitura e escrita.
Segundo Possenti (1996, p.49), ler e escrever são trabalhos não só com o objetivo de
obter redações para avaliações, mas propor aos alunos um trabalho de escrita com pesquisas
em que eles podem ir à rua, ouvir os outros, ler arquivos, ler livros, etc. Ainda segundo esse
linguista (1996, p.89), “a escola deveria aumentar o repertório do aluno, suas possibilidades
de contato com mundos linguísticos que ele ainda não conhece através dos livros”. Após essas
pesquisas, eles podem escrever, ler, reler, reescrever, mostrar para alguém para ouvir
opiniões, e depois reescreverem novamente. Conforme diz Antunes (2007, p.122), “só se
aprende a escrever, escrevendo, revisando, escrevendo de novo, cortando palavras,
substituindo ou acrescentando outras; fazendo e refazendo, enfim”. Essa técnica de ensino
poderia ser uma estratégia de ensino para estimular a escrita dos alunos aplicando os
conhecimentos gramaticais adquiridos na intermediação do professor em salas de aulas.
Segundo os PCNs (1998, p.80), um método útil para a sala de aula é a refacção dos
textos produzidos pelos alunos tomados como ponto de partida para trabalhar os aspectos
gramaticais que possam instrumentalizar o aluno no domínio da modalidade da escrita da sua
17
língua. Através dos próprios textos, o professor trabalhará as dificuldades apresentadas pelo
aluno e o estimulará à revisão quantas vezes necessárias para ajustar o seu texto aos padrões
normativos; apagando, acrescentando, excluindo, redigindo outra vez determinadas passagens
de seu texto original, para ajustá-lo à sua finalidade.
Uma abordagem feita por Possenti (1996, p.50):
O princípio é o mais elementar possível. O que já é sabido não precisa ser ensinado.
Seguindo esse princípio, os programas anuais poderiam basear-se num levantamento
bem feito do conhecimento prático de leitura e escrita que os alunos já atingiram e,
por comparação com o projeto da escola, uma avaliação do que ainda lhes falta
aprender. Nada de consultar manuais e guias para saber o que se deve ensinar, por
exemplo, numa sexta série.
Diante dessa abordagem segundo o autor, o professor passa a refletir sobre os recursos
expressivos que seus alunos já estão dominando e onde se localizam os problemas buscando
soluções para o ensino e aprendizagem. Através desse método são detectadas as verdadeiras
necessidades reais do aluno, o que se torna mais fácil propor soluções plausíveis que possam
adequar-se às salas de aulas.
Uma coisa que assusta o aluno são as terminologias metalinguísticas que se usa para
fazer as atividades de análise da língua. Mas, deve-se explicar que estes servem apenas para
denominar as unidades da gramática. Como diz Antunes (2007, p.82) “a escola precisa
atribuir à nomenclatura gramatical uma função apenas suplementar, embora de alguma
relevância como parte de um saber metalinguístico, que, por sua vez, também é parte do
patrimônio cultural da comunidade”.
Segundo Antunes (2007, p.102) “o texto é a base para o estudo onde se vê coisas bem
escritas, bem ditas e de tanto analisá-las, discutir sobre elas, acabamos por incorporar”. Vale
ainda ressaltar, segundo essa autora, que é necessário fomentar os atuantes do conhecimento
gramatical português (professores e alunos) a inserção em diferentes gêneros textuais para
analisarem e reconhecer os recursos expressivos, as criações, as inovações e até as
transgressões que ocorrem para ver o real daquilo que se usa. A proposta é não colocar as
definições prontas para o aluno, mas, sistematizar os conceitos através da análise dos textos
expostos, em que os alunos possam refletir sobre as possibilidades de uso de determinadas
palavras e realizarem diferentes atividades para construir o conhecimento. Visto dessa forma,
os docentes podem fazer das aulas de gramática um momento oportuno e prazeroso para os
alunos adquirirem aspectos linguísticos que os façam participar e interagir linguisticamente
em seu meio.
18
Segundo os PCNs, o estudo da gramática deve ser contextualizado, tendo o texto como
forma básica de ensino, visto que ele é, de fato, a manifestação viva da linguagem. O
professor deve levar o aluno a refletir sobre os recursos da língua que lhe oferece, uma
reflexão sobre as escolhas que o falante faz ao construir um texto e sobre os resultados de
sentido que cada escolha causa nesse texto. A língua não deve ser abordada como algo
fechado em si, impondo regras sobre o aluno, mas, prepará-lo para situações reais de uso da
linguagem.
Antunes (2007, p.130) aborda que, “a gramática é constitutiva do texto, e o texto é
constitutivo da atividade da linguagem”. É através do texto que se incorpora à gramática, uma
vez que, estas prescrevem como fazer uso da língua em determinados contextos. Dessa forma,
terá a ampliação da capacidade discursiva por meio de atividades práticas que levem o aluno a
compreender outras exigências de adequação à linguagem.
Dessa forma, segundo os autores, vê-se a necessidade de inserir no Ensino da
Gramática Normativa formas diferentes e de bom aproveitamento do conhecimento com
objetivo de atingir o público alvo – o aluno.
19
3 METODOLOGIA
A partir do problema em estudo desta pesquisa - Como Ensinar a Gramática
Normativa da Língua Portuguesa nos anos finais do ensino fundamental II, para o estudo e
análise do problema, foi utilizado como 1ª parte desta pesquisa, um procedimento técnico na
qual foram feitas pesquisas bibliográficas fazendo-se um apanhado de alguns estudiosos sobre
o tema escolhido. Segundo Gil (2010, p.29) “a pesquisa bibliográfica é elaborada com base
em material já publicado”, na qual foram pesquisados livros e materiais disponibilizados na
Internet. Os tais deram embasamento de um conhecimento científico e suporte para a
discussão teórica desta pesquisa. Como 2ª parte, fez-se o procedimento de pesquisa de campo
utilizando os métodos e os instrumentos descritos abaixo.
A presente pesquisa de campo é de natureza básica, pois não foi feita nenhuma
aplicação, que conforme Casarin (2011, p.30) uma pesquisa de natureza básica “é uma
investigação que procura desenvolver o conhecimento científico, sem o compromisso com
uma aplicação prática imediata”.
Quanto à abordagem da pesquisa de campo utilizou-se a qualitativa, na qual se buscou
analisar os dados indutivamente, não priorizando a quantificação dos objetos estudados, mas
as qualidades.
O objetivo da presente pesquisa de campo possui um carácter descritivo que, segundo
Gil (1991, p. 62) “visa descrever as características de determinada população”, na qual se
objetivou descrever as características do ensino no 6º ano do ensino fundamental II.
Quanto ao método científico foi utilizado o método etnográfico, no qual foi feito um
levantamento dos dados obtidos sobre a realidade da escola escolhida. De acordo com Eisman
(Eismanet al. 1997:258-261, apud Marconi & Lakatos, 2010, p.94), o método etnográfico “é
um modo de investigar naturalista, baseado na observação, descritivo, contextual, aberto e
profundo”. Uma vez que a observação está dentro dos objetivos da etnografia, foi utilizada a
observação assistemática, que segundo Gil (1991, p. 73) “não tem planejamento e controle
previamente elaborados”.
Em função da natureza qualitativa desta pesquisa foi utilizada uma entrevista
padronizada aplicada a uma professora e um questionário aos alunos. Referente à entrevista
padronizada, Marconi e Lakatos (2010) explicam:
Segue um roteiro previamente estabelecido; as perguntas feitas ao indivíduo são
predeterminadas. Ela se realiza de acordo com um formulário elaborado e é efetuada
de preferência com pessoas selecionadas de acordo com um plano.
20
A opção por entrevista para a professora assegurou-se pelo seu “caráter de interação, a
fim de que uma delas obtenha informações a respeito de determinado assunto, mediante uma
conversação de natureza profissional” (MARCONI & LAKATOS, 2010), e o questionário
pela facilidade do trabalho para o pesquisador e por adquirir as respostas mais objetivas. Na
aplicação dos questionários utilizaram-se questões fechadas com três opções de escolha.
A pesquisa de campo ocorreu numa escola urbana da rede estadual do munícipio de
Pará de Minas, denominada Escola Estadual Nossa Senhora Auxiliadora situada na Rua
Antônio Carlos, Nº: 545, Bairro São Cristóvão, onde é ministrada a Educação Básica, em sua
etapa de Ensino Fundamental Anos Finais (6º ao 9º anos) e o Ensino Médio. A escola atende,
cerca de 460 alunos no Ensino fundamental e 300 no Ensino Médio, funcionando em 03
turnos: Matutino: 11 turmas – 05 do ensino fundamental (8º, 9º anos e 1 PAV) e 06 do ensino
médio (1º, 2º e 3º anos); Vespertino: 09 turmas (6º, 7º, 8º anos e 1 PAV); Noturno: 03 turmas
– todas do ensino médio. Seus alunos moram no próprio bairro e bairros vizinhos e o corpo
docente é formado por professores, especialistas e diretora.
A escola possui 11 salas de aula que estão em uso, um laboratório de informática e
uma biblioteca. Como recursos a escola também possui retroprojetor, TVs, aparelhos de
DVD, telão, data show, aparelho de som, máquinas copiadoras.
A escolha dessa escola se deu pelo fato de ser o local onde foi feito o estágio
curricular exigida pelo curso de Letras.
As observações assistemáticas foram feitas nas três turmas do 6º ano do turno
vespertino no período entre os dias 01 de setembro a 20 do mesmo mês do ano de 2013. O
questionário e a entrevista foram aplicados nos dias 02 e 03 de novembro de 2013. A
entrevista foi feita com a única professora regente dos 6º anos – Edilene das Graças Maia, a
qual se prontificou em colaborar com a pesquisadora. O questionário foi aplicado em 19
alunos - 6 de 2 salas e 7 da outra, selecionados aleatoriamente pela professora regente.
3.1 Relatório da Observação
O Ensino da Gramática Normativa nos 6º anos do ensino fundamental II é um desafio
para a professora regente, pois os alunos iniciam nessa etapa uma nova forma de estudo
referente à Língua Portuguesa. Dessa maneira, observou-se que os alunos apresentam pouca
maturidade requerendo da professora atenção e consequentemente ficam agitados dificultando
o procedimento da aplicação do conteúdo pela professora regente. Contudo, a professora
possui um domínio excelente sobre a disciplina dos alunos.
21
No período de observação, as aulas dadas foram somente do tipo expositiva, não
foram utilizados nenhum recurso diferente para transmitir o conteúdo, ainda que a escola
disponibilize vários recursos.
A professora utilizou o livro didático para apoio de sua explicação fazendo com que os
alunos acompanhassem-na a leitura do conteúdo, fazia pequenas pausas interrogando e
instigando-os a participarem e concluírem seus pontos de vistas. Logo em seguida requeria
dos alunos a cópia dos boxes, onde se encontram o conteúdo da gramática, para seus
respectivos cadernos seguindo a fazerem as atividades propostas. A professora escrevia no
quadro todos os detalhes que queria sobre a escrita dos alunos - a anotação no caderno, como:
letras legíveis, capricho e organização. Os alunos faziam as cópias e os exercícios
silenciosamente. Após o tempo dado, a professora abordava os alunos sobre as respostas que
haviam feitos fazendo pequenas observações referentes o certo e/ou errado, relembrando as
regras que foram explicadas anteriormente. Viu-se, portanto que primeiramente são corrigidas
todas as respostas oralmente e em seguida são escritas no quadro.
O livro didático que estava sendo utilizado é Português Linguagens de William
Roberto Cereja & Thereza Cochar Magalhães – 6º ano. Ele é dividido em 4 unidades
subdivididos em 3 capítulos, os quais são constituídos da seguinte forma: Estudo do texto,
Produção de texto e a Língua em foco (Gramática Normativa). Quanto às atividades propostas
e o conteúdo a estudar, interagem com textos de vários gêneros abordando a língua em vários
tipos de linguagem, como fábulas, músicas, cantigas de roda, tiras, cartuns, linguagem verbal
e linguagem não verbal, contos, poemas, anedota, anúncio publicitário, artigo científico,
receita culinária, bula, e-mail, carta pessoal, histórias em quadrinhos, capa de revista,
comentário de revista.
Observou-se que o ensino da Gramática Normativa está inserido no texto, construindo
o conceito a ser estudado, fazendo-se uma análise contextualizada estimulando o aluno a
compreender o sentido do tema analisado, prosseguindo assim a conceituar as regras e
definições abordadas naquele texto. Logo após, segue-se com um exercício esclarecendo
melhor o conteúdo seguindo-se para a conclusão do estudo, as quais são expostas (normas e
regras) dentro de um Box.
Na presente observação, o tema abordado foi o Pronome e o tipo de texto em que
estava inserido o tema era uma fábula. Estudando e compreendendo o texto iam construindo o
conceito e fixando-os nos exercícios propostos a seguir. Os exercícios sempre traziam um
novo texto, nas quais eram piada, tira, anúncio, poema e pequenos textos trabalhando o
entendimento do conteúdo dentro dele. Uma das propostas era substituição das palavras
22
destacadas por pronomes, procurando manter o sentido das frases, como também de
identificar e classificar os pronomes dentro do texto. Havia exercícios na construção do texto
como também exercícios de frases soltas para empregarem adequadamente os pronomes.
Também foi observado que a professora, no dia seguinte, estimula os alunos a ganhar
um ponto falando oralmente de alguns pontos importantes da matéria dada no dia anterior,
relembrando-se assim as regras estudadas. Ela explica que um conteúdo está intimamente
ligado ao outro e que precisam compreendê-los para prosseguirem o estudo.
Durante o período de observação, não se presenciou nenhuma atividade a respeito de
produção de textos embora o livro traga bastante tema para tal prática. Também não foi
contemplada nenhuma abordagem sobre leitura de livros literários.
Quanto à participação dos alunos, muitos deles sentem-se inibidos a colaborar em dar
respostas ou mesmo questionar sobre suas dúvidas, eles somente respondam quando são
apontados pela professora, percebendo que são inseguros das suas capacidades. Percebe-se
assim, que alguns deles ainda não dominam o conhecimento da Gramatica Normativa fazendo
das suas respostas um tanto desconexas quanto às regras e normas da Língua Culta.
3.2 Análise e Interpretação dos Dados
3.2.1 Aplicação do Questionário
A primeira questão do questionário abordou os alunos sobre a preferência dos meios
em estudar a Gramática Normativa oferecendo a eles quatro opções: através de exercícios
variados, análise de textos, através da explicação do professor ou através de pesquisa;
observando o que Possenti (1996) diz, “propor aos alunos um trabalho de escrita com
pesquisas [...]”, portanto somente 5% dos respondentes têm preferência pela pesquisa, 16%
têm preferência por exercícios variados e 79% gostam de aprender com a explicação do
professor.
23
GRÁFICO 1 – Preferência de estudos
Fonte: Dados da pesquisa, 2013, elaborada pela autora.
Portanto, vê-se que a maioria dos alunos optou-se pela explicação do professor
conquanto a minoria por pesquisa e, menos de 20% por exercícios variados.
Para aplicar o que Lopes (2011) diz, “no exercício da comunicação textual, o aluno
necessita do conhecimento gramatical para haver compreensão do mesmo”, abordou-se os
alunos sobre a importância que eles dão a Gramática Normativa quanto à compreensão de
texto, à produção de texto e à comunicação, tendo como respostas: 84 % disseram ser
importante para compreender um texto e 16 % não acham ser importante. Para uma produção
de texto, 95% disseram ser importante e apenas 5% disseram não. Para a comunicação 84%
disseram ser importante ao lado dos 16% dizendo não.
GRÁFICO 2 - Comunicação textual
Fonte: Dados da pesquisa, 2013, elaborada pela autora.
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
compreensão produção comunicação
sim
não
0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%
pesquisa exercícios explicação
24
Portanto, a maior parte dos alunos considera importante a Gramática Normativa tanto
para a comunicação, como para a produção e compreensão de um texto.
Segundo a exposição de Perini (1999), “que as definições sejam compreensíveis e que
sejam respeitadas em todo o trabalho”, questionou-se, se eles compreendem ou não os
conhecimentos da Gramática Normativa, na qual 58% disseram que às vezes conseguem
compreender, enquanto 42% disseram que compreendem.
GRÁFICO 3 - Compreensão da Gramática Normativa
Fonte: Dados da pesquisa, 2013, elaborada pela autora.
Portanto, vê-se que a maioria dos alunos às vezes não consegue compreender os
conhecimentos da Gramática Normativa enquanto uma parte relativa declarou que conseguem
compreender.
Referente ao uso da Gramática Normativa diariamente, como diz Travaglia (2003), “o
ensino da gramática tem grande influência na qualidade de vida das pessoas, pois ela seria um
dos meios pelas quais o falante pode desenvolver a sua competência comunicativa”,
questionou-se, se eles usam ou não a Gramática Normativa diariamente, respondendo eles,
26% sim, 16% não e outros 58% que às vezes as usam.
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
às vezes sim
25
GRÁFICO 4 – Uso diário da Gramática Normativa
Fonte: Dados da pesquisa, 2013, elaborada pela autora.
Verificou-se que a maioria dos alunos não usa a Gramática Normativa com frequência
nos seus cotidianos tendo, portanto, uma pequena parcela que se preocupam com tais usos.
Para verificar o que os PCNs falam sobre o tradicional ensino de gramática, foi
questionado se o professor trabalha de maneiras diferentes para ensinar a Gramática Normativa
(sim, não ou às vezes) e os resultados foram: 53% às vezes, 21% sim e 26% não.
GRÁFICO 5 – Maneiras diferentes utilizadas para ensinar a Gramática Normativa
Fonte: Dados da pesquisa, 2013, elaborada pela autora.
Observa-se que a grande maioria diz que às vezes há uma didática diferente nas aulas
da Gramática Normativa, enquanto a resposta negativa prevalece à positiva.
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
às vezes sim não
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
sim não às vezes
26
Foi questionado também se o que eles aprendem nas regras gramaticais eles aplicam
nos seus textos verificando o que diz Travaglia (1996), que “o objetivo da Gramática
Normativa é proporcionar aos alunos o conhecimento para o bem falar e o bem escrever”, e
também o que Perini diz, “a proposta é que o ensino não fique preso somente às regras ditas
pela gramática, mas que associe esse conhecimento ao exercício de leitura e escrita”. Os
resultados foram: 68% disseram que sim, 11% disseram que não e 21% disseram que às
vezes.
GRÁFICO 6 - Aplicação das regras nos textos
Fonte: Dados da pesquisa, 2013, elaborada pela autora.
Vê-se que a grande maioria utiliza as regras da Gramática Normativa nas suas
produções de textos, em contrapartida a minoria não a utiliza e pouca parcela considera que às
vezes as usam.
Perguntou-se, se eles têm dificuldades ao produzir um texto e se os corrigem quanto às
normas da Gramática Normativa, objetivando verificar o que diz Antunes (2007), “só se
aprende a escrever, escrevendo, revisando, escrevendo de novo, cortando palavras,
substituindo ou acrescentando outras; fazendo e refazendo, enfim”. Obteve-se as seguintes
respostas: quanto à dificuldade, 58% mais ou menos e 42% pouco; quanto à correção, 47%
sim, 26% não e 26% às vezes.
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
sim não às vezes
27
GRÁFICO 7 – Dificuldades quanto às normas da Gramática Normativa
Fonte: Dados da pesquisa, 2013, elaborada pela autora.
GRÁFICO 8 - Correção dos textos próprios
Fonte: Dados da pesquisa, 2013, elaborada pela autora.
Observa-se quanto à dificuldade de produzir um texto está relativamente equilibrado
entre o mais ou menos e o pouco, contudo que o mais ou menos prevalece com 16% de
diferença. Não teve nenhum aluno que declarasse ter muita dificuldade. Em relação à correção
dos seus textos é notável que menos de 50% dos alunos possuem o hábito de autocorreção
observando as normas da Gramática Normativa, conquanto que o restante se divide em às
vezes faz e outros não fazem a autocorreção.
Segundo Possenti (1996), “ler e escrever são trabalhos não só com o objetivo de obter
redações para avaliações”. Assim, perguntou-se, se eles estudam a Gramática Normativa para
a vida, para aprender a redigir um texto ou apenas para tirar nota na escola, na qual se obteve
as seguintes respostas registradas no gráfico abaixo.
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
mais ou menos pouco muito
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
50%
sim não às vezes
28
GRÁFICO 9 – Importância da Gramática Normativa
Fonte: Dados da pesquisa, 2013, elaborada pela autora.
Portanto, o gráfico mostra que 68% disseram que é para a vida, 16% para aprender a
redigir um texto e outros 16% disseram que estudam somente para tirar nota, confirmando que
os alunos têm ciência da importância da Gramática Normativa para a vida fora da escola.
Para se obter uma opinião do aluno quanto à avaliação das aulas da Gramática
Normativa, perguntou-se, se elas são interessantes ou chatas, obteve-se as seguintes
respostas:79% dizem ser interessante e 21% dizem ser desinteressantes.
GRÁFICO 10 – Opiniões sobre as aulas de Gramática Normativa
Fonte: Dados da pesquisa, 2013, elaborada pela autora.
Assim, percebe-se que a grande maioria acha interessantes as aulas da Gramática
Normativa em oposição à minoria que não se interessa pelas aulas considerando-as
desinteressantes.
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
chata interessante
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
vida redigir textos tirar nota
29
3.2.2 Aplicação da Entrevista
Na entrevista feita à professora Edilene, foram abordadas várias questões a respeito do
Ensino da Gramática Normativa. Questionou-se, quais materiais ela usa para expor a matéria
dando a ela três opções de resposta como: livro didático, cópia do quadro e folha xerografada.
A professora assinalou as três opções declarando serem úteis para todo o trabalho pedagógico.
A professora declarou que não usa nenhuma dinâmica para transmitir o conteúdo da
Gramática Normativa. Ela utiliza exercícios repetitivos para os alunos gravarem como
também usa manuais de gramáticas dizendo que “eles precisam deste tipo de atividade para
ampliar a aprendizagem do conteúdo em questão”. Essas questões se baseiam na crítica que
Perini faz sobre o ensino da gramática tradicional, “o ensino da gramática normativa tornou-se
um ensino tradicional como repetidas velhas práticas”.
Ainda sobre a visão desse autor, foi questionado sobre onde ela apoia o ensino da
Gramática Normativa, se em frases soltas, textos prontos ou em textos dos próprios alunos.
Ela disse que ora utiliza um e outro dependendo da situação no momento. Segundo Perini
(1990), “A única preocupação consistente que encontramos na Gramática Tradicional é a de
classificar as palavras, de modo que nenhuma fique isolada”. O autor ressalta a necessidade de
se observar a função que cada frase pode ter e ao erro que se pode ter ao atribuir significados
literais às palavras, sem considerar o contexto. Para os PCNs, a gramática normativa não pode
ser referência para o ensino, pois a metodologia não deve reproduzir o clássico percurso de
definição, classificação e exercitação, centrado na análise de unidades menores como
fonemas, palavras e frases.
Fez-se um questionamento sobre a preferência pelos alunos dos textos reais ou irreais
e ela disse tanto faz por reais como por irreais, comparando o que os PCNs criticam sobre o
tradicional ensino de gramática, uma vez que este desconsidera a realidade e os interesses dos
alunos, pois se acredita que a língua se realiza no uso das práticas sociais, tais como estão
postos no mundo em situações de uso.
Houve também um questionamento se ela trabalha a reflexão da Gramática Normativa
sobre a língua e a linguagem e como; ela respondeu que sim, através das atividades no livro
didático, nas avaliações diagnósticas e nos exercícios propostos em sala de aula, visando
provar o que os PCN dizem, o estudo da gramática deve ser contextualizado, tendo o texto
como forma básica de ensino, visto que ele é, de fato, a manifestação viva da linguagem. O
professor deve levar o aluno a refletir sobre os recursos da língua que lhe oferece, uma
30
reflexão sobre as escolhas que o falante faz ao construir um texto e sobre os resultados de
sentido que cada escolha causa nesse texto. A língua não deve ser abordada como algo
fechado em si, impondo regras sobre o aluno, mas, prepará-lo para situações reais de uso da
linguagem. Ainda seguindo essa linhagem, Antunes (2007) aborda que, “a gramática é
constitutiva do texto, e o texto é constitutivo da atividade da linguagem”. É através do texto
que se incorpora à gramática, uma vez que, estas prescrevem como fazer uso da língua em
determinados contextos tendo a ampliação da capacidade discursiva por meio de atividades
práticas que levem o aluno a compreender outras exigências de adequação à linguagem.
Também foi questionado se ela instiga os alunos a uma reflexão sobre as normas
impostas pela Gramática Normativa e como; dizendo ela que sim, através das aulas teóricas e
práticas, investigando o que Antunes (2007) propõe que, “a consulta aos manuais de
gramática não deve ser o único respaldo que procuramos para decidir sobre usos alternativos
da língua”, uma vez que se deve observar os dados e fazer levantamentos de hipóteses e não
somente ser passivos a consultar os manuais de gramáticas, praticando um normativismo
exacerbado.
Para constatar o que Antunes (2007) expõe “o texto é a base para o estudo onde se vê
coisas bem escritas, bem ditas e de tanto analisá-las, discutir sobre elas, acabamos por
incorporar”, foi abordada uma questão se há necessidade de aprofundar o estudo da Gramática
Normativa na sala de aula. Foi declarado que sim porque somente o que vem nos livros
didáticos não satisfazem as necessidades dos alunos e, na maioria das vezes, as questões
propostas são abstratas, tendo o professor que intercalar novas metodologias. Vale ainda
ressaltar, segundo essa autora, que é necessário fomentar os atuantes do conhecimento
gramatical português (professores e alunos) a inserção em diferentes gêneros textuais para a
análise e reconhecimento dos recursos expressivos, as criações, as inovações e até as
transgressões que ocorrem para ver o real daquilo que se usa. A proposta é não colocar as
definições prontas para o aluno, mas, sistematizar os conceitos através da análise dos textos
expostos, em que os alunos possam refletir sobre as possibilidades de uso de determinadas
palavras e realizarem diferentes atividades para construir o conhecimento.
Para provar o que os PCNs (1998) dizem a respeito da refacção, houve também uma
questão sobre se é possível explorar os textos dos próprios alunos e utilizar o método da
reescrita dessas produções, para estudar a Gramática Normativa, ela respondeu que sim, é
possível explorar e que a reescrita é um caminho bastante útil. É através das produções dos
alunos que ela percebe se os alunos conseguem assimilar as noções da Gramática Normativa
31
como concordância, coesão e coerência, na qual aproveita as observações feitas para planejar
as aulas. Como esclarecem os PCNs (1998),
Um método útil para a sala de aula é a refacção dos textos produzidos pelos alunos
tomados como ponto de partida para trabalhar os aspectos gramaticais que possam
instrumentalizar o aluno no domínio da modalidade da escrita da sua língua.
Através dos próprios textos, o professor trabalhará as dificuldades apresentadas pelo
aluno e estimulá-lo à revisão quantas vezes necessárias para ajustar o seu texto aos padrões
normativos; apagando, acrescentando, excluindo, redigindo outra vez determinadas passagens
de seu texto original, para ajustá-lo à sua finalidade.
Para Antunes (2007), o estudo da gramática é necessário, mas não é suficiente. Assim,
questionou-se como ela classificaria a Gramática Normativa das outras Gramáticas (descritiva
e a internalizada) e como ela as relacionava na prática do ensino. A professora respondeu que
a Gramática Normativa é uma grande gramática, pois descreve a palavra dentro e fora do
contexto, favorecendo a produção de textos coerentes e, que as relaciona com o vocabulário
dos alunos envolvendo o processo de comunicação (locutor e locatário) identificando na
mensagem o uso do mesmo abrangendo a variedade padrão que é essencial usá-la na
sociedade, por isso a necessidade do estudo da mesma.
Perguntou-se a ela, qual delas os alunos associam melhor, dizendo ela que é a
descritiva, por ser mais sucinta e prática. Ainda segundo Antunes, “não se deve ater somente à
Gramática Normativa, mas expor-se às diferentes visões das gramáticas”, pois, ela é composta
de componentes (léxico e gramática), em que, deve-se considerar o todo para entender a
língua.
Para conhecer um pouco mais sobre a prática pedagógica da professora, questionou-se
sobre a dificuldade que ela tem ao lecionar a Gramática Normativa. A professora declarou ter
falta de capacitação, sendo que nunca fez nenhum curso de capacitação e ao despreparo do
aluno, dizendo que estes chegam com apenas uma breve introdução da Gramática Normativa
e que muitas das vezes eles não têm maturidade suficiente para a compreensão do conteúdo.
Portanto, eles apresentam muita dificuldade no aprendizado da Gramática Normativa tanto na
escrita, na compreensão de textos como também na comunicação.
Também foi questionado sobre os recursos que a escola disponibiliza para o trabalho
do ensino, declarando ela que possui internet e biblioteca sendo usado por ela nas suas aulas
porque acha necessário ampliar os horizontes dos alunos com outras metodologias e
tecnologias.
32
4 CONCLUSÃO
Através desse estudo, foi possível concluir que a didática mais utilizada pela
professora regente é a técnica da aula expositiva tendo como recurso o livro didático, não
utilizando outros recursos, ainda que a escola disponibilize, embora a professora e os alunos
declarassem que às vezes são utilizados meios diferentes para transmitir o conteúdo, mas não
foi possível comprová-la nesta pesquisa.
Percebe-se que a professora não usa nenhuma criatividade para abordar o conteúdo da
Gramática Normativa seguindo um método regular de ensino, expõe a matéria explicando-a
oralmente, solicitando a transcrição das regras do livro didático para o caderno e feitio das
atividades. Através da entrevista, a professora declarou utilizar folhas xerografadas com
exercícios para reforçar o aprendizado, pois somente o livro não satisfaz as necessidades do
aluno. Também a professora declarou não possuir nenhum tipo de capacitação, limitando-a
muitas das vezes, atuar com diferentes possibilidades de transmissão do conteúdo.
Através desta pesquisa detectou-se que os alunos estão apoiados inteiramente na
explicação do professor, necessitando da sua intermediação, uma vez que não possuem
maturidade para avançarem seus estudos. Pela declaração da professora eles chegam
despreparados apresentando muita dificuldade no aprendizado da Gramática Normativa tanto
na escrita, na compreensão de textos como também na comunicação. A pesquisa seria um
bom caminho para a construção do conhecimento a frente do que dizem alguns estudiosos
analisados nesta pesquisa, mas eles ainda não conseguiriam dominar tal proposta.
Foi possível observar que o material didático usado pela professora aborda de forma a
satisfazer o que os estudiosos e os PCNs dizem a respeito de contextualizar o conteúdo a
maneira de construir o conhecimento, percebendo que a professora atua de maneira habilidosa
estimulando nos alunos uma construção das definições das normas e regras ditas pela
Gramática Normativa e não somente ditar definições aplicadas pelo ensino tradicional,
deixando claro que o ensino observado satisfaz ao que se espera pelas visões inovadoras
tratadas nesta pesquisa.
Quanto ao procedimento de conduzir o estudo, observou-se que a professora induz o
aluno a praticar bons hábitos para prosseguir o estudo exigindo uma organização e clareza das
suas anotações fazendo-se parte da compreensão do conteúdo.
Muitos dos alunos declararam que às vezes conseguem compreender os conhecimentos
da Gramática Normativa, mas que a maioria deles não as usa diariamente. Isso nos comprova
33
o que os PCNs criticam sobre o tradicional ensino de gramática, uma vez que, este
desconsidera a realidade e os interesses dos alunos.
Durante a realização da pesquisa, não foi possível ver um trabalho sobre produção de
texto, em especial a refaçção. A professora declarou que trabalha esse método com seus
alunos e confirmados por eles quando se perguntou sobre a correção dos seus textos.
Sobretudo, a maioria dos alunos declarou possuir dificuldades na produção de texto, portanto,
poderá ser aplicado com mais frequência esse método, pois que é um dos meios aconselhados
pelos teóricos analisados nesta pesquisa em que se podem obter resultados mais objetivos
sobre as dificuldades do aluno, verificando sua real necessidade.
Também não foi possível observar nenhuma abordagem sobre leitura, que segundo
Antunes (2007, p.102) “o texto é onde se vê as coisas bem escritas e de tanto ler acabamos por
incorporar”. Assim, poderá também ser uma técnica a ser mais utilizada pelo professor que
ensina a Gramática Normativa visando a sua importância para o desenvolvimento da
aprendizagem da mesma.
Quanto à opinião dos alunos sobre as aulas da Gramática Normativa a maioria as acha
interessantes visto que têm ciência da sua importância para suas vidas e precisam dela tanto
dentro da escola como fora dela.
Quanto à opinião da professora aos métodos dos PCNs declarou que é importante, mas
está defasado, não deixando claro a sua opinião.
E quanto à visão da Gramática Normativa, a professora esclarece a importância do seu
estudo dizendo que esta favorece a produção de textos coerentes, mas que está ligado a outras
gramáticas fazendo-se assim um conjunto de estudos, o que comprova o dizer da linguista
Antunes estudado nesta pesquisa, “o estudo da gramática é necessário, mas não é suficiente”.
Portanto, não se deve ater somente à gramática normativa, mas expor-se às diferentes visões
das gramáticas, pois, ela é composta de componentes (léxico e gramática), em que, deve-se
considerar o todo para entender a língua. (ANTUNES, 2007, p.41)
Portanto, como o objetivo geral desta pesquisa é analisar as habilidades docentes,
chega-se a concluir que o profissional da área da Língua Portuguesa, tendo um bom material,
é capaz de propor para seus alunos uma boa transmissão do conteúdo, a saber, como nosso
foco, a Gramática Normativa. Não existe um programa-modelo de ensino, modelo para
orientar o educador com sucesso excelente. É necessário, o profissional refletir sobre a prática
do ensino e revolucioná-lo, uma vez que, tenha detectado algum problema.
34
Dos alunos espera-se mais comprometimento, uma vez que chegam a esse nível de
aprendizagem com pouca maturidade, deixando um pouco a desejar, por parte dos docentes,
um relacionamento afim com os estudos da sua própria Língua.
A respeito dos objetivos desta pesquisa, a didática dos professores no ensino da
Gramática Normativa da Língua Portuguesa, observou-se que a professora regente utiliza um
método regular, podendo ser utilizados meios diferentes para a transmissão do conteúdo, uma
vez que a escola disponibiliza vários recursos.
As limitações e as possibilidades do profissional da área da Língua Portuguesa, a
saber, da Gramática Normativa, observa-se que há necessidade de ampliar as técnicas de
trabalho através de cursos de capacitação, para o professor atualizar-se e acompanhar o
desenvolvimento das tecnologias em que está inserido o público alvo - alunos da geração
tecnológica.
Conclui-se que, ainda diante de todo esforço do profissional para promover uma boa
aula, há muita coisas a serem conquistados, uma vez que, encontra-se muita dificuldade, por
parte do despreparo do discente e da falta de capacitação do docente.
35
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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caminho. 4ª ed. São Paulo: Parábola Editorial, 2007.
__________. Língua, texto & ensino – outra escola possível. São Paulo: Parábola Editorial,
2009.
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2011.
CEREJA, William Roberto; MAGALHÃES, Thereza Cochar. Português: linguagens, 6ºano.
5ª ed. São Paulo: Atual, 2009.
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Fundamental II. São Paulo, 2008. Dissertação (Especialização em Linguagem e Educação) –
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GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 1991.
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LUFT, Celso Pedro. Gramática Resumida; Explicação da Nomenclatura Gramatical
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MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de metodologia
científica. 7ª ed. São Paulo: Atlas, 2010.
OLIVEIRA, Audrey Regina Carvalho. O Professor de Língua Portuguesa da Escola
Básica: Formação, Desafios e Limites. Belo Horizonte, 2010. Dissertação (Mestrado) –
Departamento de Educação, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.
PERINI, Mário A. Sofrendo a gramática. São Paulo: Editora Ática, 1999.
_________.Sofrendo a gramática. São Paulo: Editora Ática, 2002.
POSSENTI, Sírio. Por que (não) ensinar gramática na escola? Campinas, SP: Mercado de
letras, 1996.
SILVA, Leonardo Vivaldo da. 2005. Disponível em:
<http://www.partes.com.br/educação/novas_linguagens.asp.>Acesso em: 04 de julho de 2013.
TRAVAGLIA, L. C. Gramática: ensino plural. São Paulo: Cortez, 2003.
_________. Gramática e interação: uma proposta para o ensino de gramática no 1º e 2º
graus. São Paulo: Cortez, 1996.
36
APÊNDICE A
Questionário
Prezado (a) Aluno (a)
Como formanda do Curso de Letras, na FAPAM, venho solicitar-lhe o preenchimento deste
questionário,como uma etapa metodológica, para obter dados para a monografia intitulada
“Como ensinar a Gramática Normativa da Língua Portuguesa nos anos finais do ensino
fundamental II”.
Pela atenção, antecipo agradecimentos.
1) Você prefere estudar a Gramática Normativa através de:
( ) exercícios variados
( ) análise de textos
( ) através da explicação do professor
( ) através de pesquisa
2) Você acha importante a Gramática Normativa para:
Compreender texto: ( )sim ( ) não
Produzir um texto: ( )sim ( ) não
Comunicar: ( )sim ( ) não
3) Você consegue compreender os conhecimentos da Gramática Normativa?
( ) sim ( ) não ( ) às vezes
4) Você utiliza a Gramática Normativa diariamente?
( ) sim ( ) não ( ) às vezes
5) Como você avalia as aulas da Gramática Normativa:
( ) chata ( ) divertida ( ) interessante
6) O professor trabalha de maneiras diferentes para ensinar a Gramática Normativa?
( ) sim ( ) não ( ) às vezes
37
7) O que você aprende nas regras gramaticais você aplica nos seus textos?
( ) sim ( ) não ( ) às vezes
8) Você tem dificuldades quanto às normas da Gramática Normativa?
( ) muito ( ) pouco ( ) mais ou menos
9) Você corrigi seus textos observando as normas da Gramática Normativa?
( ) sim ( ) não ( ) às vezes
10) Você estuda a Gramática Normativa para:
( ) tirar nota
( ) para a sua vida
( ) para aprender a redigir um texto
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APÊNDICE B
Entrevista
Prezada Professora
Como formanda do Curso de Letras, na FAPAM, venho solicitar o preenchimento desta
entrevista, como uma etapa metodológica, para obter dados para minha monografia, que tem
como objeto de estudo, “Como ensinar a Gramática Normativa da Língua Portuguesa nos
anos finais do ensino fundamental II”.
Pela atenção, antecipo agradecimentos.
Professora: Edilene das Graças Maia Data: 02 / 10/2013
1) Quais os materiais que você utiliza para expor o conteúdo da Gramática Normativa?
(x) livro didático
(x) cópia do quadro
(x) folha xerografada
2) Você utiliza alguma dinâmica para transmitir o conteúdo da Gramática Normativa?
Quais?
( ) sim (x) não
R: Somente os recursos que possuo na escola, tais como biblioteca, internet e a videoteca.
3) Você utiliza exercícios repetitivos para os alunos gravarem o conteúdo da Gramática
Normativa?
(x) sim ( ) não
4) Você leciona a Gramática Normativa apoiada em:
(x) frases soltas
(x) textos prontos
(x) textos dospróprios alunos
5) Você utiliza textos de gêneros diversos para abordar a Gramática Normativa?
(x) sim ( ) não
39
6) Como são os textos que os alunos preferem trabalhar na abordagem da Gramática
Normativa?
(x) reais
(x) irreais
( ) nenhuma preferência
7) Você trabalha a reflexão da Gramática Normativa sobre a língua e a linguagem?
Como?
(x) sim ( ) não
R: Através das atividades no livro didático, nas avaliações diagnósticas e nos exercícios
propostos em sala de aula.
8) Você instiga seus alunos a uma reflexão sobre as normas impostas pela Gramática
Normativa?
Como?
(x) sim ( ) não
R: Através das aulas teóricas e práticas.
9) Você ensina seus alunos a utilizarem manuais de gramática? Por
quê?
(x) sim ( ) não
R: Porque os mesmos necessitam deste tipo de atividade para ampliarem a aprendizagem do
conteúdo em questão.
10) Há necessidade de aprofundar o estudo da Gramática Normativa na sala de aula?
Porquê?
(x) sim ( ) não
R: Somente o que vem nos livros didáticos não satisfazem as necessidades dos alunos e na
maioria das vezes as questões propostas são abstratas, tendo o professor que intercalar novas
metodologias.
11) É possível explorar os textos dos próprios alunos para estudar a Gramática Normativa?
(x) sim ( ) não
40
12) Você utiliza o método da reescrita das produções dos textos dos próprios alunos?
(x) sim ( ) não
13) Como você detecta as necessidades do aluno quanto à Gramática Normativa?
R: Quando os mesmos não conseguem assimilar noções como concordância, coesão e
coerência.
14)Você as utiliza para planejar o conteúdo do ensino da Gramática Normativa?
(x) sim
( ) não
( ) às vezes
15) Qual a sua dificuldade ao lecionar a Gramática Normativa:
( ) recurso
(x) capacitação
( ) disciplina
(x) despreparo do aluno
16) Você fez ou faz algum curso de capacitação para lecionar a Gramática Normativa?
( ) sim (x) não
17) Você utiliza o método tradicional para lecionar a Gramática Normativa?
(x) sim ( ) não
18) Como você vê os métodos do PCNs para lecionar a Gramática Normativa?
R: Importante, mas defasado.
19) Como os alunos veem a Gramática Normativa?
R: Com muita dificuldade.
20) Como eles chegam quanto ao conhecimento da Gramática Normativa?
R: Os alunos que vem do Ensino Fundamental I possuem apenas uma breve introdução da
Gramática Normativa, mas aprofundar o aprendizado ocorre a partir do 6º ano.
21) Eles têm maturidade suficiente para assimilar o conteúdo da Gramática Normativa?
( ) sim ( ) não
41
(x) às vezes
22) Quais as dificuldades mais frequentes dos alunos quanto a Gramática Normativa?
(x) escrita
(x) compreensão de textos
(x) comunicação
23) A escola disponibiliza algum recurso para você trabalhar?
Quais?
(x) sim ( ) não
R: Internet e biblioteca.
24) Você as utiliza com frequência? Por quê?
(x) sim ( ) não
R: Porque é necessário ampliar os horizontes dos nossos alunos com outras metodologias e
tecnologias.
25) Como você classifica a Gramática Normativa das outras Gramáticas (descritiva,
internalizada)?
R: É uma grande gramática, pois descreve a palavra dentro e fora do contexto, favorecendo a
produção de textos coerentes.
26) Como você as relaciona na prática do ensino?
R: Eu costumo relacionar com o vocabulário dos alunos envolvendo o processo de
comunicação (locutor e locatário), identificando na mensagem o uso do mesmo abrangendo a
variedade padrão que é essencial usá-la na sociedade, por isso a necessidade do estudo da
mesma.
27) Quais delas os alunos associam melhor?
R: Com certeza a descritiva, por ser mais sucinta e prática.