DEPRESSÃO
Diagnóstico e tratamento psiquiátrico
Diagnóstico Psiquiátrico
Em psiquiatria, mais do que em qualquer outro
ramo da medicina, é difícil delimitar o que é
mórbido e o que é saudável. Há muita diversidade
entre os critérios usados em psiquiatria referentes
às fronteiras da normalidade. Há uma diversidade
semelhante na determinação do que é necessário
para enquadrar uma doença a um dos tipos ideais
de reação, síndrome, padrão, entidade ou o que
mais venha a ser denominado.
A medicalização
“As tensões, as dificuldades e a violência da vida social tornam-se “estresses”, “traumatismos”, levando a “ansiedades” e “depressões”. O profissional de saúde mental passa a ser considerado nesse sistema como o único capaz de trazer o alívio esperado” (Jeammet, 1998)
Diagnóstico psiquiátrico
• Seu propósito é identificar grupos de pacientes que compartilham características clínicas similares, de maneira que um tratamento apropriado possa ser planejado e um provável prognóstico seja previsto.
Classificação Diagnóstica • Não há nenhum sinal ou sintoma em
psiquiatria que seja patognomônico de uma doença em particular, ou seja, não há nenhum dado ou característica que seja necessário ou suficiente para definir um transtorno psiquiátrico.
Transtornos Mentais
Orgânicos Funcionais
Transtornos Mentais orgânicos
Causa direta: Tumor, traumatismo,
Meningite, Sífilis terciária,
AIDS etc.
Causa indireta: Intoxicação endógena:
Insuficiência renal, hepática etc.
Intoxicação exógena: álcool, drogas ilícitas e lícitas, cafeína etc.
Transtornos Mentais Funcionais
Esquizofrenia Transtornos do humor
Transtornos de ansiedade
Psicoses Neuroses
Transtornos Mentais Funcionais
Esquizofrenia Transtornos do humor
Transtornos de ansiedade
Psicoses Neuroses
Transtornos de personalidade
Transtornos de personalidade
Adolescência /início de vida adulta
Personalidade normal
Transtorno mental
Transtorno de personalidade
Transtorno de personalidade
• O termo “personalidade” refere-se às características permanentes de um indivíduo demonstradas nas formas como ele se comporta em variadas circunstâncias. A personalidade pode ser definica como sendo feita de peculiaridades mais circunscritas, conhecidas como características , tais como sociabilidade, agressividade, e impulsividade.
Transtorno de personalidade
• Quando decrevemos uma personalidade anormal, é melhor listar as principais características, ao invés de tentar dar um rótulo diagnóstico.
Transtornos do humor
Transtorno bipolar Transtorno depressivo recorrente
Distimia
Depressão bipolar Mania
DEPRESSÃO
Primária Secundária
Episódio depressivo do Transtorno
Depressivo Recorrente
Episódio depressivo de Transtorno
Bipolar
“devido a” SUBSTÂNCIAS
“devido a” Condições médicas
Distimia
Sim
Exclui
Situação de stress:
resposta maior do que a
esperada para determinado
evento;
comprometimento funcional e/ou
social;
duração da reação por um
período limitado, não sendo
grave o suficiente para ser
diagnosticado como outro
transtorno psiquiátrico.
Transtorno de Ajustamento
Patológico Normal
Reação normal às mudanças
estressantes:por ex.
aparecimento de uma doença
grave
• breve período de ansiedade
e depressão;
• pode haver pequeno período
de negação, logo seguido da
resolução do problema.
1. humor deprimido
2. diminuição do prazer e do interesse
3. alterações do apetite
4. alterações do sono
5. agitação ou retardo motor
6. fadiga
7. sentimento de inutilidade e culpa
8. dificuldade de concentração
9. ideação suicida
DSM IV - Episódio Depressivo Maior
Sintomas devem estar presentes por pelo menos duas semanas, representando um
comprometimento da capacidade funcional anterior
1. humor deprimido*
2. diminuição do prazer e do interesse
3. alterações do apetite *
4. alterações do sono *
5. agitação ou retardo motor *
6. fadiga *
7. sentimento de inutilidade e culpa
8. dificuldade de concentração *
9. ideação suicida
DSM IV - Episódio Depressivo Maior
Sintomas devem estar presentes por pelo menos duas semanas, representando um
comprometimento da capacidade funcional anterior
Anedonia Tríade de Beck
Desesperança Culpa Ideação suicida
(visão negativa de si mesmo,
do mundo e do futuro)
Sintomas Cognitivos da Depressão
Transtornos Depressivos em Pacientes com Doença Clínica
Obstáculos para seu reconhecimento:
Atribuir os sintomas depressivos à doença clínica;
Negação da experiência da depressão;
Semelhança entre os sintomas depressivos e os sintomas de outras doenças;
A idéia de que: “seria normal ter depressão”;
Atitudes negativas em relação ao diagnóstico de depressão;
Impropriedade de ambiente clínico para discutir assuntos pessoais ou emocionais;
Dificuldade do paciente em relatar sintomas de depressão.
Sintomas
No contexto da doença clínica, o
médico tem de diferenciar
sintomas de depressão maior e
transtornos de ajustamento
(reação patológica à doença),
daqueles que são manifestações
diretas da própria doença clínica.
Sintomas físicos que podem ser depressão
Náusea,
vômito e
constipação
Dor no peito
Dor de cabeça
Insônia
Perda de memória Mal-estar
Fadiga e
cansaço
Dores
articulares e
nas costas
Perda de peso
Distúrbios
menstruais
Doença- Clínica Sintomas
Câncer
Fadiga
Anorexia
Perda de peso
Diabetes (com descontrole metabólico)
Perda de energia
Dificuldade de concentração
Doença renal em estágio final
Fadiga
Insônia
Perda de interesse sexual
Artrite reumatóide Fadiga
Insônia
Esclerose múltipla Fadiga
Doença de Parkinson
Retardo psicomotor
Sintomas Considerados Não Específicos para
Depressão na Presença da Doença Clínica
Doenças Clínicas que Podem Apresentar Sintomas Depressivos
Doença
Doenças Endócrinas
Pulmonar obstrutiva
crônica
Doença renal em estágio terminal
Câncer - cabeça de pâncreas
AIDS
Doença de Cushing; Doença de Addison;
Hipertireoidismo; Hipotireoidismo; Hipoparatireoidismo;
Acromegalia; Hipopituitarismo; Hiperprolactinemia;
Diabetes mellitus Hipertireoidismo; Hiperparatireoidismo;
Doenças Clínicas que Podem Apresentar Sintomas Depressivos
Doença
Doenças Virais
Doenças Auto-imunes
Doenças Neurológicas
Mononucleose; Hepatite; Herpes zoster
Artrite reumatóide; Lupus eritematoso
sistêmico; Polimialgia Reumática
Doença de Parkinson; Esclerose múltipla;
Coréia de Huntington; Sífilis terciária;
Epilepsia e Demência.
Doenças Clínicas que Podem Apresentar Sintomas Depressivos
Independente da etiologia, podem
desenvolver um quadro depressivo.
Doença
Doenças Endócrinas
Pulmonar obstrutiva crônica
Doença renal em estágio terminal
Câncer - cabeça de pâncreas
AIDS
Doenças Virais
Doenças Auto-imune
Doenças Neurológica
Dor crônica
Doenças Clínicas
TRATAMENTO
«Da incapacidade de deixar em paz; de muito zelo para com o novo e o desprezo para o que é velho; de colocar o conhecimento antes de sabedoria, ciência antes de arte e esperteza antes de senso comum, do tratamento de pacientes como casos e de fazer a cura da doença mais grave do que a resistência do mesmo, bom senhor, livrai-nos.»
Fundamentos da boa prática clínica:
Boa relação médico-paciente
Diagnóstico correto
Uso racional e criterioso de recursos terapêuticos
• Conceitos essenciais: – Tratamento psiquiátrico NÃO se restringe à prescrição
de medicamentos – O uso de MEDICAMENTO é PARTE do tratamento
– Outros ingredientes: • Relação médico-paciente baseada em confiança
• Psico-educação
• Psicoterapia – individual, grupo e família
• Terapia ocupacional, exercício físico, atividades lúdicas (esporte, dança etc)
"O amor que move o sol, como as estrelas." O verso de Dante é uma verdade resplandescente, e curvo-me ante a sua magnitude. Ouso insinuar, sem pretensão a contribuir para que se desvende o mistério amoroso: Amar se aprende amando Sem omitir o real cotidiano, também matéria de poesia Carlos Drummond de Andrade
Assim como amar se aprende amando ...
...tratar se aprende tratando
......................................................
Não se aprende, Senhor, na fantasia, Sonhando, imaginando ou estudando, Senão vendo, tratando e pelejando.
..............................................................
Luiz Vaz de Camões “Os Luziadas”
Canto Décimo estrofe 153
Nós, médicos — inclusive todos os senhores — , portanto, praticamos constantemente a psicoterapia, mesmo que não o saibamos nem tenhamos essa intenção; só que constitui uma desvantagem deixar tão completamente entregue aos enfermos o fator psíquico da influência que os senhores exercem sobre eles. Dessa maneira, ele se torna incontrolável, impossível de dosar ou de intensificar. Assim, não será um esforço legítimo o do médico dominar esse fator, servir-se dele intencionalmente, norteá-lo e reforçá-lo? É isso, e nada mais, o que a psicoterapia científica lhes propõe.
Tipos de Tratamento
Depressão Maior
Farmacológico
ou ECT
Transtorno de Ajustamento
Depressão leve
Intervenção psicoterápica
+
Na depressão secundária a uma doença clínica ou a seu
tratamento é fundamental o tratamento desses fatores
causais
Como
tratar?
PSICOTERAPIA MODALIDADES PRINCIPAIS
• COGNITIVA-COMPORTAMENTAL
• INTERPESSOAL
• PSICOTERAPIA DINÂMICA BREVE
Psicoterapia
• Estudos clínicos randomizados demonstraram a eficácia dos antidepressivos tricíclicos, ISRS, terapia cognitiva-comportamental e interpessoal.
Medicamento mais psicoterapia
• Um dos maiores estudos-controle randomizados sobre depressão mostrou vantagens significativas do tratamento combinado sobre a monoterapia.
• 681 pacientes com depressão crônica, foi comparado tratamento conjunto de nefadozona mais TCC e os dois tratamentos isolados – Tratamento combinado 85% de resposta – Com nefazodona 55% – Com TCC 52%
Medicamento mais psicoterapia
• Uma metanálise de tratamento de 600 pacientes de 6 protocolos padronizados mostrou que pacientes com depressão grave respondem em melhor e em menos tempo ao tratamento combinado do que a monoterapia (antidepressivo ou terapia interpessoal). No entanto, para aqueles com depressão leve ou moderada, a psicoterapia isolada foi tão efetiva quanto ao tratamento combinado
Qual antidepressivo utilizar?
• É preferível utilizar um medicamento "velho" do que um
novo com o qual ainda não se esteja bem familiarizado. A experiência clínica que vai sendo obtida com o uso de um medicamento, de seus efeitos colaterais, interações e índice de melhora obtido com pacientes, é muito mais importante do que prescrever o último lançamento.
• Quando há história de boa resposta à determinado antidepressivo, ele automaticamente se torna o de primeira escolha. Daí a importância de anamnese bem feita, incluindo resposta a tratamentos anteriores.
Psicofarmacoterapia
• Os antidepressivos – atuam de forma semelhante
• Eficácia x efetividade
• Aumentar, potencializar, associar, trocar
• Quando usar ECT
• Outros recursos – não estão autorizados
ECT
A eletroconvulsoterapia continua sendo um tratamento atual e
seguro,sendo o recurso mais eficaz no tratamento da depressão
grave tipo melancólica*.
ECT: antigo aparelho
ECT: Aplicação da ECT
Aparelho de onda sinusoidal
ECT: Aplicação da ECT
Aparelho de pulso breve / onda quadrada
ECT: Aplicação da ECT
Equipamento de pulso breve / onda quadrada
Sala de ECT
Condições Clínicas nas quais a ECT deve ser
Considerada como Primeira Escolha
Depressão:
– com sintomas psicóticos;
– com sintomas de estupor;
Pacientes:
– com risco grave de suicídio;
– que recusam alimentação na qual o estado nutricional esteja seriamente debilitado;
– grávidas que necessitam de resposta terapêutica rápida;
– com boa resposta prévia à ECT;