CONCEPÇÕES DE POLÍTICA
Prof. Ítalo Colares
1. CONCEPÇÃO GREGA DE CIDADANIA
Na Grécia Antiga, dos séculos XII a.C. a VIII a.C. nos tempos homéricos. Os seres humanos viviam segundo a perspectiva do mito, as ações humanas dependiam da interferência dos deuses e atribuía-se origem divina às leis que regiam a ordem social.
No período arcaico, séc. VIII a.C. e VI. A.C, surge a pólis, a cidade-estado da Grécia. Desenvolvendo assim:O comércio;
A invenção da escrita e da moeda;
As primeiras leis escritas;
E surge a reflexão filosófica. Mudando assim radicalmente a sociedade grega, indicando uma nova racionalidade, mais distanciada do mito, e portanto, da tutela divina.
A maneira de fazer política sofreu variações conforme o lugar, mas foi em ATENAS que surgiram as primeiras ideias de cidadania e democracia.
Todos são iguais, com o mesmo direito à palavra e à participação no exercício do poder.
A igualdade que resulta desse novo processo político se configura na DEMOCRACIA DIRETA, caracterizada pela igualdade perante a lei e pelo direito à palavra na assembleia permitindo que os cidadãos participem dos destinos da pólis.
Os filósofos sofistas, procederam à elaboração teórica que legitima o ideal democrático da nova classe dos comerciantes. Mestres da retórica, os sofistas ensinavam a usar os instrumentos da virtude política, ou seja, a arte de falar bem e de persuadir, tão necessária para o cidadão expor suas ideias nas assembleias e na ágora, a praça pública.
2. A POLÍTICA NORMATIVAPara Platão as decisões políticas não deveriam ser da alçada de qualquer um, mas apenas as pessoas preparadas deveriam se ocupar delas.Na obra A REPÚBLICA, Platão imagina uma cidadeideal, em que os futuros governantes são escolhidos entre os FILÓSOFOS, representantes do mais alto grau da formação humana.
Aristóteles, criticou a utopia de Platão e definiu os tipos possíveis de formas de governo, estabelecendo uma clássica divisão:
Segundo o pensamento aristotélico: os laços que unem os cidadãos são identificados pelos sentimentos de amizade (philia).Platão e Aristóteles envolveram-se nas questões políticas de seu tempo e criticaram os maus governos.Platão tentou efetivamente implantar um governo justo na Sicília e idealizou em A República um modelo a ser alcançado.Aristóteles, mesmo recusando a utopia de seu mestre, aspirava igualmente a uma cidade justa e feliz.
Tanto Platão como Aristóteles elaboram uma teoria política de natureza descritiva, porque é uma reflexão que parte da descrição dos fatos, mas também de natureza normativa e prescritiva, porque pretende indicar quais as boas formas de governo. E essas normas estão estreitamente ligadas à ideia do bom governante.
3. IDADE MÉDIA: POLÍTICA E RELIGIÃO.
Na idade média, a força da Igreja, no mundo teocêntrico, foi à grande chave para a sobrevivência política dos povos.
A natureza do Estado é secular, temporal, voltada para as necessidades mundanas, e sua atuação é exercida pela força física.
A Igreja é de natureza espiritual, voltada para os interesses da salvação da alma, e deve encaminhar o rebanho para a religião por meio da educação e da persuasão.
Para ilustrar o caráter divino do poder no pensamento medieval, veja-se Jean Bodin (1530 – 1596): francês, que defendeu em sua obra A República, o conceito do soberano perpétuo e absoluto, cuja autoridade representava a vontade de Deus.
4. MAQUIAVEL: A AUTONOMIA DA POLÍTICA.
O conceito moderno de Estado foi utilizado pela primeira vez por NICOLAU MAQUIAVEL, na sua obra “O príncipe”. Etimologicamente o termo Estado sugere uma instituição organizada politicamente, socialmente e juridicamente, ocupando um território definido, normalmente onde a lei máxima é uma Constituição escrita, e dirigida por um governo que possui soberania reconhecida tanto interna como externamente.
Maquiavel não concebe a política como atividade originariamente direcionada ao bem comum, assim como a separa da moralidade cristã.
Recusa do idealismo: reflexão orientada pelo realismo político.
Política concebida a partir do exercício do poder.
Separação entre política e moralidade vigente na sociedade
O príncipe deve ser suficientemente cruel para manter o temor dos súditos.
O príncipe deve cumprir ou não a palavra empenhada, examinando qual dessas condutas é circunstancialmente a mais adequada para sua permanência no poder.
Noção de sociedade política como institucionalização de conflitos sociais.
A política não é condicionada por parâmetros éticos exteriores.
5. O FORTALECIMENTO DO ESTADO.
Foi o jurista francês Jean Bodin (1530-1596) quem desenvolveu a ideia de soberania.Na linha do pensamento político de fortalecimento do poder central, para Bodin é a soberania que mantém a unidade de todos os membros e partes que formam o corpo da República.
6. AS TEORIAS CONTRATUALISTASNos séculos XVII e XVIII, tomaram força as teorias contratualistas, cujo principal questionamento é o fundamento racional do poder soberano. Ou seja, o que se procura não é justificar o poder pela intervenção divina nem resolver a questão da justiça, mas discutir a legitimidade do poder.
Os filósofos contratualistas partiam da hipótese do estado de natureza, em que o indivíduo viveria como dono exclusivo de si e dos seus poder.
Os contratualistas buscavam a origem do Estado. Não se trata de uma abordagem histórica, de modo que seria ingenuidade concluir que a "origem" do Estado referia-se ao seu "começo". O termo deve ser entendido no sentido lógico, e não cronológico, como princípio do Estado, ou seja, como sua "razão de ser".
7. O CAPITALISMO
Predomínio da propriedade privada: os meios de produção possuem um ou mais donos;
Economia de mercado: as empresas são livres para decidir como e quanto produzir e para estabelecer preços e as condições de circulação de mercadorias, de acordo com a lei da oferta e da procura;
Busca pelo lucro: é o principal objetivo da organização da produção;
Concorrência: As empresas competem entre si e, para isso, buscam oferecer produtos de melhor qualidade;
Trabalho assalariado: o trabalhador recebe um salário por seu trabalho;
Divisão de classes: no capitalismo, a concentração de renda deixa uma clara divisão de classes (ricos e pobres), com amplas desigualdades sociais.
As fases do capitalismo:
Pré-capitalismo: economia mercantil, em que a produção se destina a trocas.
Não se generalizou o trabalho assalariado.
Os artesãos eram donos de suas oficinas, ferramentas e matéria-prima.
Capitalismo comercial: Apesar de predominar o produtor independente (artesão), generaliza-se o trabalho assalariado.
A maior parte do lucro concentrava-se na mão dos comerciantes.
Lucrava mais quem comprava e vendia a mercadoria, não quem produzia.
Capitalismo Industrial:
O trabalho assalariado se instala, separando claramente os possuidores de meios de produção e o exército de trabalhadores.
Capitalismo financeiro:
Fase atual. O sistema bancário e grandes corporações financeiras tornam-se dominantes e passam a controlar as demais atividades.
8. O SOCIALISMO Estatização: os meios de produção e as
empresas devem pertencer ao Estado;
Economia planificada: o Estado decide o que, o quanto e como produzir, visando atender as necessidades da sociedade;
Trabalho assalariado: o Estado controla e define o salário dos trabalhadores;
9. O ANARQUISMO
O anarquismo foi um movimento que surgiu na mesma época em que emergiu o socialismo de Marx e Engels, tendo em Pierre-Joseph Proudhon um de seus primeiros teóricos. As bases do anarquismo são:
Fim da propriedade privada;
Fim do Estado;
Liberdade e ordem de forma espontânea.
10 . LIBERALISMO
É a forma ao mesmo tempo racional e intuitiva de organização social em que prevalece a vontade da maioria quanto à coisa pública, e que está livre de qualquer fundamento filosófico ou religioso capaz de limitar ou impedir a liberdade individual e a igualdade de direitos, e no qual o desenvolvimento e o bem estar social dependem da divisão do trabalho, do direito de propriedade, da livre concorrência e do sentimento de fraternidade e responsabilidade filantrópica frente à diversidade de aptidões e de recursos dos indivíduos.
11 . O TOTALITARISMO
Com a crise do capitalismo provocou efeitos mais ou menos desastrosos. Preocupadas, as elites dominantes mostraram-se, então favoráveis a formação de governos fortes e autoritários, capaz de impor disciplina social para recompor a ordem capitalista, este tipo de governo se da o nome de Regime Totalitário. Entre os exemplos mais significativos de regimes totalitários estão o fascismo na Itália e o nazismo na Alemanha.