Trabalho de Conclusão de Curso
CONDICIONALIDADE EM EDUCAÇÃO DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA: A
INCLUSÃO À ESCOLA É GARANTIA DE QUE JOVENS ROMPAM COM O
CICLO DE POBREZA NA FASE ADULTA?1
Laura Rosiane Monteiro de Assunção2
Resumo:
O Programa Bolsa Família (PBF) objetiva a transferência direta e condicionada de renda às
famílias brasileiras em situação de pobreza e de extrema pobreza, de modo que consigam
superar a situação de vulnerabilidade e pobreza. O presente artigo analisa os efeitos dessa
condicionalidade na vida dos ex-beneficiários do PBF e de que forma os jovens dão
continuidade à sua formação escolar e profissional após serem desligados do programa. A
preocupação principal está em apresentar os possíveis efeitos do programa na superação da
situação de vulnerabilidade social das pessoas beneficiadas. Ao final, são apresentadas as
principais dificuldades encontradas para a consolidação do objetivo proposto pelo programa
em longo prazo: combater o ciclo de pobreza através das condicionalidades na educação.
Palavras-chave: Programa de Transferência de Renda. Condicionalidade. Formação
Profissional.
Introdução
No Brasil, a pobreza3 e a desigualdade social4 são caracterizadas como fenômenos
estruturantes ligados à nova forma de organização da sociedade. A raiz dos problemas sociais
está na questão social (no desemprego, na fome, na miséria, etc) decorrente da relação entre
capital e trabalho.
Como uma alternativa de intervenção, as políticas de transferência de renda, como o
Programa Bolsa Família (PBF), são mecanismos garantidores da renda mínima, presente na
Constituição Federal, que propicia resultados a curto e longo prazo em relação à pobreza. Aos
pobres são privados os direitos sociais mais básicos, como uma alimentação adequada, uma
moradia digna, renda e trabalho, os quais são de responsabilidade do Estado garantir. O
1 Artigo apresentado como Trabalho de Conclusão de Curso do Curso de Especialização Educação, Pobreza e
Desigualdade Social da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, sob a orientação do Prof. Me. Divino
Marcos de Sena. 2 Graduada em Serviço Social pela Universidade Anhanguera Uniderp. E-mail: [email protected]. 3 Pobreza é definida pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) como “a ausência de
escolhas e oportunidades básicas para o desenvolvimento da vida humana, o fenômeno é constituído por três
eixos fundamentais: a pobreza material, a pobreza intelectual e a pobreza social” (ONUBR – Nações Unidas no
Brasil, 2016).
4 Desigualdade social ocorre quando não há um equilíbrio no padrão de vida na sociedade, seja no âmbito
econômico, escolar, profissional, gênero, dentre outros.
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reconhecimento dessas questões deve conduzir à estruturação das políticas públicas, através
de programas que de fato possam mudar essa realidade.
Para o acesso ao PBF tem-se como critérios o corte da renda mínima. O PBF,
programa de transferência de renda condicionada do governo federal, foi firmado com o
objetivo de enfrentar a pobreza, sendo as ações desenvolvidas em dois períodos de tempos.
Em curto prazo, o programa através da transferência de dinheiro às famílias beneficiárias,
oferece alívio aos problemas imediatos e urgentes da pobreza, propiciando assim a aquisição
de bens e serviços básicos de subsistência. Em longo prazo, as condicionalidades5 existentes
na área da educação teriam como propósito romper com o ciclo vicioso da pobreza,
influenciando no aprimoramento do status educacional, promovendo assim melhores
oportunidades de qualificação profissional e a inserção futura no mercado de trabalho.
A lei nº 10.836/2004 dispõe sobre as regras de implantação, valores dos benefícios,
famílias que serão contempladas e as condicionalidades do PBF. Com efeito, o PBF atende
famílias consideradas na extrema pobreza e o critério adotado, desde 2009, é a renda per
capita mensal igual ou inferior a R$ 70,00. O benefício a ser recebido varia de acordo com o
número de crianças e adolescentes com até 17 anos e a presença de gestantes e nutrizes,
variando de R$ 32,00 a R$ 306,00.
As famílias beneficiadas também devem cumprir certas condicionalidades,
especialmente nas áreas da saúde, da educação e da assistência social. As condicionalidades
ligadas à área da educação são: “todas as crianças e adolescentes de 6 e 15 anos devem estar
devidamente matriculados e com frequência escolar mensal mínima de 85% da carga horária.
Já os estudantes de 16 e 17 anos devem ter frequência de, no mínimo, 75%” (BRASIL, 2013).
Ainda informar sempre que ocorrer mudança de escola e de série dos dependentes de 6 a 15
anos.
O objetivo deste artigo é discutir se o PBF de fato está atingindo os seus objetivos
propostos, tais como a não transmissão intergeracional da pobreza e a garantia de
continuidade na qualificação profissional dos ex-beneficiários.
5 As condicionalidades do Programa Bolsa Família são compromissos assumidos pelo poder público e pelas
famílias beneficiárias nas áreas da saúde e da educação (BRASIL. Programa Bolsa Família – Gestão de
condicionalidades).
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1. Política social: Os programas sociais de combate à pobreza
Os direitos sociais são fruto de reivindicações dos movimentos dos trabalhadores, mas
também representam a busca de legitimidade das classes dominantes, como mostra a
expansão das políticas sociais no Brasil nos períodos ditatoriais: 1937-1945 e 1964-1984
(BHERING; BOSCHETT, 2006).
Antes de 1988, a política social brasileira se caracterizou por oferecer cobertura aos
que se encontravam no mercado de trabalho. Aos não pertencentes a esse “grupo” só havia a
caridade privativa ou alguma esmola pública precária na forma de auxílios (OLIVEIRA,
2003).
Com a promulgação da Constituição Federal de 1988 as políticas sociais passaram a
ser responsabilidade do Estado. Nesse marco, a Constituição cidadã, retira a família do
espaço privado, colocando-a como alvo de políticas públicas e afirma direitos da população
infanto-juvenil, compreende-os como sujeitos portadores de direitos, em condição peculiar de
desenvolvimento e, por isso, possuindo absoluta prioridade. O Estatuto da Criança e do
Adolescente, aprovado em 1990, detalhou essa questão ao defender a concepção de proteção
integral às crianças e aos adolescentes.
As políticas de proteção social surgem como estratégia institucionalizada por parte do
Estado como alternativa de proteger o conjunto da população. O Estado passa a intervir
diretamente, gerindo e organizando a prestação dos serviços sociais, como um novo tipo de
enfrentamento da questão social.
Segundo Iamamoto e Carvalho (2013, p. 84),
a questão social não é senão as expressões do processo de formação e
desenvolvimento da classe operária e de seu ingresso no cenário político da
sociedade, exigindo seu reconhecimento como classe por parte do
empresariado e do Estado. É a manifestação, no cotidiano da vida social, da
contradição entre o proletariado e a burguesia, a qual passa a exigir outros
tipos de intervenção, mais além da caridade e da repressão.
Com a redemocratização do Estado brasileiro, o país pôde reescrever os seus
instrumentos legais. A aprovação da Constituição Federal em vigor afirmou em seu bojo os
direitos de cidadania da população e a defesa do Estado como gestor das políticas públicas.
Os programas que foram criados a partir dos anos de 1990 no Brasil foram influenciados pelo
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neoliberalismo, possuindo um caráter seletivo, focalizado com valores reduzidos e com
compensação que são as condicionalidades. Com o avanço do neoliberalismo, evidencia o
fracasso de um Estado responsável pelas políticas de proteção social. Sob o argumento da
crise fiscal o Estado utilizou como tendência a redução dos direitos, transformando as
políticas sociais em ações pontuais e compensatórias (Sales; Matos; Leal, 2010, p.13).
A política social tem por centralidade a transferência de recursos através do Estado,
podendo ocorrer sob a forma de segurança socioeconômica, sob a forma de trabalho, sob a
forma de bens ou de recurso monetário. Desse modo, os serviços sociais surgem para dar
respostas às dificuldades individuais e/ou coletivas, visando garantir a sobrevivência da
sociedade na luta contra a pobreza.
Entretanto, apesar dessas tendências, pode-se dizer que não há propriamente uma
política social no Brasil, se por política entender-se um conjunto de ações deliberadas,
coerentes e confiáveis, assumidas pelos poderes públicos como dever de cidadania, para
produzirem impactos positivos sobre os recursos e a estrutura da sociedade.
Com o reconhecimento da questão social como responsabilidade do Estado, iniciaram
discussões de alternativas e/ou programas que poderiam ser implementados para reduzir as
desigualdades sociais e a pobreza. Ações previstas em períodos curtos, médio e em longo
prazo, com o objetivo de romper com o ciclo da pobreza e assim parar de se reproduzir a cada
geração.
O Programa Bolsa Família surgiu em 2003 a partir da união dos programas nacionais:
de Acesso à Alimentação (PNAA), de renda mínima vinculada à Educação (Bolsa Escola), do
Auxílio-Gás e do programa de renda mínima vinculado à saúde (Bolsa Alimentação). É
importante evidenciar que os programas federais anteriores ao PBF constituíam em
transferência de rendas específicas para a aquisição de produtos essenciais (PNAA, Bolsa
Alimentação e Auxílio Gás), e para estimular a permanência de crianças e adolescentes em
instituições de ensino, evitando a evasão escolar e o trabalho infantil (Bolsa Escola).
A junção desses programas sociais ocorreu devido a coincidências que existiam entre
as famílias beneficiárias. As que eram beneficiadas em um programa, também tinham perfil
para os demais, e assim não fazia sentido serem realizado cadastros diferentes para cada
programa. Essa incorporação em um modelo único e advindo do governo federal parece-nos
que tinha o objetivo de facilitar o acesso das famílias na condição de extrema pobreza, uma
vez que precisariam efetuar um único cadastro para serem beneficiadas pelo programa. Outra
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justificativa para essa reunião de programas sociais seria a melhoria nos mecanismos de
fiscalização e transparência.
O Bolsa Família possui três eixos principais: a transferência de renda que promove o
alívio imediato da pobreza; as condicionalidades que reforçam o acesso a direitos sociais
básicos nas áreas de educação, saúde e assistência social; e as ações e programas
complementares que objetivam o desenvolvimento das famílias, de modo que os beneficiários
consigam superar a situação de vulnerabilidade. (GUIMARÃES; COSTANZI; ANSILIERO,
2013, p. 87).
O Programa Bolsa Família objetiva a transferência direta e condicionada de renda às
famílias brasileiras em situação de pobreza e de extrema pobreza, de modo que consigam
superar a situação de vulnerabilidade e pobreza. Após a conclusão do ensino básico ou
passando a faixa etária exigida, os jovens são desligados e o benefício de transferência de
renda recebido pela família sofre alterações como, por exemplo, a diminuição do valor ou o
cancelamento do benefício. Iniciando, assim, uma nova fase para esses jovens, a busca pelo
primeiro emprego. As condicionalidades na educação foram criadas no intuito de propiciar
aos beneficiários o desenvolvimento de suas habilidades/competências e, assim aumentar as
possibilidades de ingressar no mercado de trabalho, gerar renda e sair da condição de pobreza
na fase adulta.
A problemática investigada neste estudo foi identificar a trajetória dos ex-
beneficiários do PBF, depois que eles saem da escola, analisar se as condicionalidades foram
efetivas e de que forma esses jovens prosseguem na sua formação profissional e na busca do
tão sonhado primeiro emprego. Nesse sentido, partiremos de alguns pressupostos como: as
capabilidades, as oportunidades/concorrência no mercado de trabalho e a qualificação
profissional. Buscamos respostas que indiquem ter o PBF contribuído ou não para a formação
profissional.
Trata-se de um estudo descritivo e de abordagem qualitativa, com entrevistas
realizadas no período de outubro a novembro de 2016. O sigilo e o anonimato dos
entrevistados foram garantidos através de um “Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido”, fornecido e assinado pelos participantes no dia da entrevista.
As etapas desenvolvidas iniciaram-se pelo levantamento sobre a realidade dos
possíveis entrevistados. A partir do resultado desse procedimento, elegemos os participantes.
As pessoas escolhidas possuem história de vidas similares, mas situação atual diversificada.
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Os sujeitos entrevistados foram os ex-beneficiários do Programa Bolsa Família (PBF). Os
participantes foram selecionados com base em sua situação social e econômica atual. Foram
entrevistados 5 sujeitos, sendo todas as entrevistas realizadas no domicílio dos pesquisados.
Quanto ao instrumento de pesquisa, optamos pela entrevista semiestruturada, por
permitir flexibilidade diante dos imprevistos. O discurso foi livre orientado por algumas
perguntas-chaves. Para Manzini (1990/1991, p. 154), a entrevista semi-estruturada está
focalizada em um assunto sobre o qual confeccionamos um roteiro com perguntas principais,
complementadas por outras questões inerentes às circunstâncias momentâneas à entrevista.
Para o autor, esse tipo de entrevista pode fazer emergir informações de forma mais livre e as
respostas não estão condicionadas a uma padronização de alternativas. A construção do
instrumento orientou-se pelos objetivos da pesquisa e pelas questões mais gerais propostas
para a mesma, como: “O que o Programa Bolsa Família mudou em sua vida, após o
cancelamento do benefício?”.
Ao coletar os dados, houve a preocupação em seguir um padrão rigoroso em relação
às opiniões dos integrantes da pesquisa. As entrevistas foram gravadas com auxílio de
telefone celular (que tem a função de gravador digital) e transcritas na íntegra para
possibilitar uma análise adequada e aprofundada. A etapa seguinte foi composta pela
ordenação e classificação das informações de acordo com os objetivos do tema proposto.
Confrontamos o material obtido nas entrevistas com o referencial teórico da pesquisa,
na intenção de analisar a visão que possuem os ex-beneficiários sobre a maneira que o
Programa Bolsa Família tem contribuído para a formação profissional da classe menos
favorecida.
2. Um retrato do resultado do Programa Bolsa Família
O aumento da pauperização e a progressiva entrada da chamada classe média na
disputa pelo uso dos serviços públicos, em que a educação é um caso patente, mostram a
importância e sobretudo, a necessidade da defesa de políticas públicas como responsabilidade
do Estado. A política de transferência de renda implantado no Brasil caracteriza como
principal estratégia do eixo da política de Assistência Social do sistema brasileiro de Proteção
Social nos tempos atuais. Fundamentado em critérios de acesso dos mais pobres entre os em
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extrema pobreza e de cumprimento de condicionalidades, colocando em cheque o princípio
constitucional da universalidade, quando se exige elegibilidade na forma de acesso.
A fim de traçar um retrato das principais características dos ex-beneficiários do
Programa Bolsa Família, apresentamos aqui aspectos relevantes encontrados na pesquisa
realizada. Atualmente 2 (dois) dos pesquisados relatam ter um companheiro, sendo que 3
(três) se declararam sem parceiro. A entrevistada B tem uma filha (3 anos) e o companheiro
trabalha como garçom, já o entrevistado D tem uma filha (2 anos) e sua companheira não
exerce atividade remunerada.
Dos 5 (cinco) sujeitos entrevistados verificou-se que a totalidade deixou de ser
beneficiado pelo PBF após completarem 17(dezessete) anos de idade. Esta situação atende ao
Art. 2, inciso II da Lei No 10.836 que diz: O benefício variável, vinculado ao adolescente,
destinado a unidades familiares que se encontrem em situação de pobreza ou extrema pobreza
e que tenham em sua composição adolescentes com idade entre 16 (dezesseis) e 17
(dezessete) anos, sendo pago até o limite de 2 (dois) benefícios por família.
Acredita-se que após completar a idade máxima e ser desligado do programa, o
beneficiário já teria atingido o objetivo proposto, que é promover a emancipação dos
participantes. Segundo SOUZA (2009, p.11),
A crença fundamental do economicismo é a percepção da sociedade como
sendo composta por um conjunto de homo economicus, ou seja, agentes
racionais que calculam suas chances relativas na luta social por recursos
escassos, com as mesmas disposições de comportamento e as mesmas
capacidades de disciplina, autocontrole e auto responsabilidade. Nessa visão
distorcida do mundo, o marginalizado social é percebido como se fosse
alguém com as mesmas capacidades e disposições de comportamento do
indivíduo da classe média. Por conta disso, o miserável e sua miséria são
sempre percebidos como contingentes e fortuitos, um mero acaso do
destino, sendo a sua situação de absoluta privação facilmente reversível,
bastando para isso uma ajuda passageira e tópica do Estado para que ele
possa “andar com as próprias pernas”. Essa é a lógica, por exemplo, de
todas as políticas assistenciais entre nós.
O desligamento dos indivíduos ocorreu sem os mesmos terem concluído o ensino
básico e/ou sem estarem exercendo atividade remunerada, reforçando assim que o objetivo
proposto em longo prazo não está sendo atingido através das condicionalidades presentes no
PBF, uma vez que a maioria dos entrevistados encontra-se em semelhança situação
socioeconômica dos seus pais.
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A baixa escolaridade é a causa principal para a diferença entre ricos e pobres, a maior
preocupação é que esta pobreza é passada de pai para filhos, ocorrendo uma reprodução de
geração em geração. Isso quer dizer que os filhos de pais pobres têm mais possibilidades de
se tornarem adultos pobres e quando tiverem seus filhos, terão grandes chances de serem
pobres também.
A faixa etária dos entrevistados varia de 20 (vinte) a 26 (vinte e seis) anos. Quanto ao
grau de escolaridade, 4 (quatro) concluíram o ensino médio (em escolas públicas) e apenas 1
(um) destes ingressou no ensino superior. Entre os ex-beneficiários apenas 1 (um) concluiu a
etapa final da Educação Básica na idade considerada adequada, conforme o Art. 4 inciso I da
Lei no 9.394: Educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de
idade [...]. No que diz respeito à educação, o Estatuto da Criança e do Adolescente afirma
que, para o pleno desenvolvimento da criança e do adolescente, é preciso uma educação que
garanta o exercício da cidadania e da qualificação para o trabalho.
O sociólogo e cientista político Jessé Souza salienta que, em sociedades com alto
nível de desigualdade, o processo de transmissão de saber e de conhecimento superiores
permanece restrito às elites. Enquanto as crianças de famílias pobres recebem, na escola, uma
educação limitada ao tipo de conhecimento básico exigido para sua futura vida profissional –
são alfabetizadas, aprendem habilidades técnicas rudimentares suficientes para desempenhar
trabalhos não especializados ou com baixo nível de especialização –, as crianças de classe
média e alta recebem na própria família (não na escola) o tipo de educação que as distinguirá
de seus (suas) colegas mais pobres: é na família que são estimuladas a ler os livros
pertencentes ao “cânone” – isto é, à lista de textos que se espera que sejam conhecidos pelas
pessoas “bem-educadas” –, que se confrontam com obras de arte, que aprendem a apreciar
arte e cultura, e a saber como comportar-se nas diferentes circunstâncias, mostrando que
pertencem ao tipo “certo” de pessoas (SOUZA, 2009).
Frequentar a escola é uma condição necessária, mas não suficiente para garantir a
formação educacional. Sem escola de qualidade, sem boas condições de estudo em casa, sem
apoio de pais e professores, as crianças de famílias pobres muito dificilmente conseguem
obter bons resultados e alcançar um nível de instrução suficiente para ter mais chances
profissionais na vida (PINZANI; REGO, 2014, p. 25).
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Como dito anteriormente, as famílias que possuem renda entre R$ 85,01 e R$ 170,00
podem ser contempladas pelo programa desde que tenham em sua composição familiar
crianças e/ou adolescentes até 17 anos que frequentem a escola regularmente.
Quando fui beneficiária na minha casa moravam 12 (doze) pessoas na casa,
sendo 4 (quatro) beneficiados, hoje moram 14 (quatorze) pessoas, sendo 6
(seis) beneficiados (Entrevistado-A).
No período que recebia o dinheiro do programa, moravam na minha
residência 5 (cinco) pessoas, sendo que o meu pai que administrava o
benefício (Entrevistado-D).
O Brasil é um país onde as carências sociais são alarmantes, e o Estado não possui
condições adequadas para atender a todos que possuem direitos. Segundo Grassi (2001), no
acesso da saúde e da educação “a renda das famílias aparece como uma variável de seleção
fazendo com que os mais pobres nem mesmo procurem fazer valer os seus direitos”. Diante
do pressuposto podemos verificar que após o neoliberalismo as diversas políticas sociais
existentes se caracterizaram como focalizadoras, de seleção e de elegibilidade, como é o caso
do PBF.
Silva (2007) reconhece que, a partir da insuficiência dos serviços em atender toda à
população com qualidade, as condicionalidades não deveriam ser impostas às famílias, mas,
sim, ao Estado, visto que implicam e demandam a expansão e a democratização de serviços
sociais básicos de boa qualidade, que, uma vez disponíveis, seriam utilizados por todos, sem
necessidade de imposição e obrigatoriedade.
É possível verificar que as políticas sociais são voltadas para as pessoas em situação
de pobreza e/ou em extrema pobreza, em que a ideia de focalização envolve os direitos
sociais e assume que os recursos não são suficientes para atender a todos. A política de
transferência de renda tem um elevado custo para o Estado, pois como já diz transfere
recursos. No caso do Brasil este custo é ainda maior, pois a maior parcela da população pobre
é a que recebe assistência desses programas (SILVA, 2007).
Para Cohn (1995), deve-se entender que as políticas sociais que são voltadas para o
alívio da pobreza, são aquelas que têm ação e resultado de imediato, voltadas para as pessoas
em situações mais críticas, buscando a superação da pobreza, e possibilitando um
crescimento sustentável destes indivíduos. Cohn sugere que as políticas sociais devem
buscar:
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A articulação entre aquelas (ações) de curto prazo, de caráter mais
imediatista, focalizada naqueles grupos identificados como os mais
despossuídos, e aquelas de longo prazo, de caráter permanente,
universalizastes, voltadas para a equidade do acesso dos cidadãos aos
direitos sociais, independentemente do nível de renda e da inserção no
mercado de trabalho (COHN, 1995, p. 6).
Para que se tenha acesso aos programas assistenciais existentes atualmente, é
necessária para os indivíduos a comprovação da pobreza. Vale salientar que o Art. 5 da
Constituição Federal de 1988 garante que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”.
Exigir critérios para a participação das políticas sociais é inconstitucional, pois deixam de
cumprir com o princípio da universalidade de acesso.
Entretanto, escolher ou eleger apenas um grupo beneficiário não é tarefa fácil, diante
do contingente populacional em situação de pobreza existente no Brasil e devido os direitos
sociais estarem garantidos constitucionalmente a todos os indivíduos. Por esse motivo o
Estado através das políticas sociais tem a responsabilidade de proporcionar atendimento sem
discriminação, deve ainda, garantir – além de uma porta de entrada- chances de saída com
possibilidades reais de autonomia e igualdade de possibilidades de oportunidades.
O PBF é pago mensalmente às famílias beneficiárias desde que estejam cumprindo as
condicionalidades exigidas pelo programa. O PBF através da transferência de dinheiro às
famílias beneficiárias representa uma importante fonte de renda para aquisição de alimentos,
porém, outras necessidades são supridas com este recurso, resgatando a cidadania destes
sujeitos. Esta questão emerge de forma evidente nas falas dos ex-beneficiários ao serem
questionados de que forma o benefício era utilizado pela família:
Podia comprar roupas e sapatos de forma parcelada que era pago assim que
a minha tia recebia o benefício (Entrevistado-A).
Contribuía na aquisição de material escolar e roupas, e ainda ajudava nas
despesas da casa (Entrevistado-B).
Os Programas de Transferência de Renda são capazes de estabelecer resultados e
impactos positivos na política social brasileira devido à sua transferência monetária direto às
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famílias beneficiárias, permitindo maior liberdade para a aquisição de bens e serviços que
melhor atendam as necessidades da família (SILVA, 2007).
A transferência condicionada de renda do PBF com a disponibilidade de um cartão
para acesso direto ao benefício é um ponto positivo do Programa que favorece a autonomia
das famílias no uso desses recursos, na escolha dos alimentos e, portanto, na adequação a sua
realidade e cultura (BURLANDY, 2007).
A renda mensal garantida pelo PBF garante com que as famílias beneficiadas honrem
com os seus compromissos financeiros. Conforme os relatos, o dinheiro recebido
possibilitava compras parceladas, pois poderiam aderir ao crediário, pagavam suas contas e
conseguiam planejar investimentos futuros, além de garantir a alimentação da família,
independente de exercerem ou não atividades remuneradas. A leitura e análise das entrevistas
revelam que a aquisição de alguns produtos seria impossível sem o recurso financeiro
fornecido pelo PBF. É importante destacar que um dos objetivos do PBF é proporcionar a
autonomia familiar, ou seja, garantir uma atividade remunerada à família beneficiária com o
intuito de que a mesma possa sair da condição de pobreza ou de pobreza extrema (BRASIL,
2016).
Os objetivos do Programa Bolsa Família, explicitados anteriormente, são
desconhecidos pelos entrevistados. Os depoimentos demonstraram a restrição de
conhecimento sobre a proposta do benefício de transferência de renda:
Ajudar na renda da família naquilo que ela precisa, na compra de alimentos
e roupas, suprir a falta de alguma coisa, mesmo que tenham pessoas da
família trabalhando, e assim não passar fome (Entrevistado-E).
Auxiliar os pais que não possuem renda e tem muitos filhos, mas o dinheiro
não é suficiente para comprar muitas coisas (Entrevistado-A).
Senna (2007) relata que segundo os idealizadores do Programa é necessário criar
mecanismos que estimulem a participação das famílias pobres e extremamente pobres nos
serviços de educação e saúde com o intuito de quebrar o ciclo reprodutivo da pobreza.
Verifica-se que não se trata de uma política universal, posto que os critérios principais de
acesso é a faixa etária e a renda para conseguir ser participante.
Diante das limitações e potencialidades, observa-se a importância da criação de
espaços e/ou momentos que propiciem as informações referentes ao PBF, em especial em
relação às condicionalidades. Também se faz necessário a capacitação dos profissionais
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envolvidos para que eles tenham mais segurança no repasse das informações às famílias
atendidas, que por sua vez, ficariam cientes quanto aos seus direitos e deveres em relação ao
Programa. Magalhães avalia “a necessidade de investimento em educação e acesso à
informação sobre o PBF, tanto por parte das famílias como dos profissionais envolvidos com
o programa” (2008, p.43).
As condicionalidades existentes na área da educação teriam como propósito romper
com o ciclo vicioso da pobreza, influenciando no aprimoramento do status educacional,
promovendo assim melhores oportunidades de qualificação profissional e a inserção futura no
mercado de trabalho. Diante das falas foi perceptível a discordância em relação às
condicionalidades propostas pelo programa:
O aluno está na escola só de corpo, mas o espírito está em outro lugar
(Entrevistado-A).
Minha tia sempre me falava que não podia faltar, pois iria perder o dinheiro.
Não avaliam se o aluno está aprendendo e sim se está frequentando a escola
(Entrevistado-B).
Minha mãe falava para não faltar à escola, pois podia perder a bolsa. Acho
certo ter essas cobranças, pois temos que nos esforçar para termos direitos
(Entrevistado-C).
Tem que ir à escola mesmo, porque se não quer estudar tem que passar o
benefício para outra pessoa (Entrevistado-E).
Deve-se salientar a disparidade existente entre direitos garantidos constitucionalmente
e as reais possibilidades de acesso às políticas públicas, uma vez que para o acesso à
educação, à saúde e à assistência social são estabelecidas condicionalidades que são
mascaradas em forma de “compromisso” a serem cumpridas pelos beneficiados.
Zimmermann salienta que:
O Bolsa Família impõe determinadas condicionalidades para o provimento
do benefício, [...]. O Programa deve reconsiderar suas concepções acerca da
imposição de condicionalidades e de obrigações aos beneficiários, pois a
titularidade de um direito jamais deve ser condicionada. O Estado não deve
punir e, em hipótese alguma, excluir os beneficiários do Programa, quando
do não cumprimento das condicionalidades estabelecidas e/ou impostas.
Dever-se-ia responsabilizar os municípios, estados e outros organismos
governamentais pelo não cumprimento de sua obrigação em garantir o
acesso aos direitos atualmente impostos com condicionalidades
(ZIMMERMANN, 2006, p. 53).
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Considerando a proposta principal do Programa Bolsa Família e as condições de
desigualdades educacionais existentes no Brasil, as crianças e adolescentes procedentes de
famílias pobres, na grande maioria, não possuem circunstâncias favoráveis para dar
continuidade à sua formação profissional.
Através do dinheiro recebido a minha tia comprava materiais e até hoje eu
de dependo de programa do governo (Vale Universidade)6 e devido a casa
ter muitas pessoas auxiliava para comprar materiais e assim dar
continuidade ao meus estudos, mas não auxiliou totalmente para a minha
formação, pois no momento do cancelamento ainda estava cursando o
ensino médio e se não fosse a minha força de vontade não iria conseguir
terminar meus estudos e assim dar continuidade a minha formação
(Entrevistado- A).
[O dinheiro recebido] apenas no sustento da casa, o restante foi meu esforço
(Entrevistado- C).
Se [o benefício] não fosse o cancelado pela idade, poderia ajudar nas
despesas de cursos e assim eu poderia dar continuidade na minha formação
profissional (Entrevistado-D).
Os indivíduos deixam de ser beneficiados assim que atingem a idade limite prevista
no programa e não há uma avaliação se o aluno concluiu ou não o ensino básico, além de não
oportunizar a permanência no PBF como forma de garantir a participação com igualdade de
oportunidades, sem que precisem ser obrigados a deixar a escola para contribuir com a renda
familiar. Portanto, verificamos que o acesso das crianças e adolescentes na escola não é
suficiente para que sua formação educacional propicie o romper do ciclo vicioso da pobreza.
Ao responder a pergunta central sobre as mudanças que ocorreram em suas vidas (e de
suas famílias) foi possível verificar uma divergência de opiniões, conforme demonstrado nas
seguintes falas:
A mudança é a reserva de dinheiro para aquisição de materiais. Houve uma
mudança em minha vida por minha força de vontade e não por pertencer ao
programa. Penso na possibilidade de se criar cotas para ex-beneficiários do
PBF (Entrevistado-A).
Mudou no sentido que consegui finalizar o ensino básico e meus pais não
(Entrevistado-B).
6 O Programa Vale Universidade (PVU) é um programa do Governo do Estado de Mato Grosso do Sul que
oferta bolsas para que alunos de baixa renda e indígenas possam realizar estágios em instituições e órgãos
conveniados (MATO GROSSO DO SUL. Programa Vale Universidade).
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Não percebo tantas mudanças, pois o benefício não me acompanhou até o
encerramento do ensino médio, não completando o meu ciclo de formação,
foi a minha força de vontade em querer continuar (Entrevistado-C).
Me auxiliou na compra de matérias, meus pais não tiveram a mesma sorte
(Entrevistado-E).
A política de transferência de renda é insuficiente para alterar o quadro de
desigualdade social no país. Mas, através da criação de estratégias e a articulação dos
programas de transferência de renda ao acesso a serviços sociais básicos, a programas sociais
e, principalmente, a junção de uma política econômica que garanta o emprego e renda
mínima, poderia sim proporcionar autonomia às famílias que se encontram na pobreza.
Silva (2007) apontou o descrédito na capacidade do programa em ir além da
manutenção de certo nível de pobreza, podendo servir, inclusive, para controlar e regular os
níveis de indigência e pobreza determinados pelos critérios de acesso ao PBF. Segundo o
autor, uma estratégia plausível para a redução do quadro de pobreza seria a redistribuição da
renda entre a população brasileira, de modo a modificar a concentração de riqueza
socialmente produzida. Rios e colaboradores (2011) reforçaram o pressuposto de que o PBF
prioriza a transferência de renda, não possibilitando a saída da pobreza e da exclusão social,
que só podem ser enfrentadas mediante medidas articuladas de geração de renda, capacitação
e formação profissional.
A inclusão à escola não é garantia de que jovens consigam romper com o ciclo da
pobreza na fase adulta. Para se superar a pobreza é necessário a defesa de políticas públicas
sérias, contínuas e de qualidade.
Se o aluno é beneficiário, mesmo reprovando ele continua recebendo o
benefício até completarem 17 (dezessete) ano, não avalia a aprendizagem do
aluno, não se importam com isso, preocupam com a frequência. Muitos pais
não acompanham os filhos na escola, em minha opinião deveria ser cobrado
as notas e não frequência, pois seria uma forma dos alunos estudarem e
assim dar continuidade a sua formação profissional (Entrevistado-A).
Se o aluno está com notas baixas, não se procura saber o motivo, acho muito
falho o monitoramento de como as famílias utilizam o dinheiro recebido,
deveria incentivar o estudo, só assim deixam de ser pobres através do estudo
(Entrevistado-C).
Os participantes do programa vão na escola por obrigação, não recebem
orientações nem em casa nem na escola sobre a importância de concluir os
estudos (Entrevistado-E).
Trabalho de Conclusão de Curso
Fica evidenciado através das entrevistas que os ex-beneficiários não percebem
mudança e/ou não associam essa mudança ao fato de terem sido contemplados com a política
de transferência de renda. A maioria dos participantes não deu continuidade à sua formação
educacional e/ou profissional, e uma pequena parcela que prosseguiu os estudos não assimila
tal questão ter ocorrido pela circunstância de serem ex-participantes do PBF.
Aguiar diz ser possível afirmar que programas de garantia de renda mínima, aplicados
de maneira independente, não são capazes de atuar efetivamente no rompimento dos ciclos
geracionais de pobreza e de desigualdade social. Essas variáveis não representam somente
uma questão de renda. “Nenhuma renda distribuída aos pobres poderia garantir o mínimo de
bens e acesso a serviços básicos de qualidade necessários, nos padrões modernos, para sair da
condição de pobreza e mesmo da exclusão social” (AGUIAR, 2002, p. 32). A renda mínima
para se tornar um meio de combate à pobreza e à desigualdade, precisaria estar vinculada a
outras políticas sociais.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A educação pensada isoladamente é um abstrato. Ao analisar a pobreza, devem-se
levar em consideração os conflitos sociais mais profundos e fundamentais como as condições
sociais, emocionais, morais e culturais, que não constituem em fatores econômicos e sim em
fatores não econômicos que também refletem nas desigualdades sociais.
De acordo com o Ministério de Desenvolvimento Social e Agrário, as
condicionalidades são acordos que devem ser efetivados pela família, na área da assistência
social, educação e saúde para que possa permanecer recebendo o benefício. Assim, essas
condicionalidades aparecem como um retrocesso em relação aos direitos sociais, quando
transfere as responsabilidades do Estado para o indivíduo, ocasionando suspensão, bloqueio e
até exclusão para os mesmos em caso de não cumprirem com as condicionalidades impostas.
As políticas sociais separadas não são autossuficientes e sozinhas não conseguem a
superação da pobreza. A política de transferência de renda deve estar ligada às demais
políticas existentes, de forma que estrategicamente sejam pensadas para romper com o ciclo
da pobreza e que não apenas tenham a função de suavizar as condições de vida dos pobres.
Os fatores que criam e reproduzem a pobreza continuam inalterados e, possivelmente, a
população de que venham a precisar ser atendidas pelo PBF pode aumentar. Em virtude do
Trabalho de Conclusão de Curso
que foi apresentado, não há como defender que o programa isolado possa ser considerado um
instrumento para a superação da pobreza, visto que todos os ex-beneficiários não
conseguiram entrar em uma universidade pública e/ou não conseguiram empregos com
melhores salários.
Não basta que as crianças e adolescentes estejam frequentando as escolas, é preciso
garantir uma educação de qualidade até que os alunos possam concluir os seus estudos, com
reais possibilidades de subsidiar o seu sucesso na “escola” e na “vida”, com igualdade de
oportunidades.
Acreditamos que o Programa Bolsa Família atua de forma significativa no sustento de
muitas famílias brasileiras, através da transferência de dinheiro aos beneficiários, oferecendo
alívio aos problemas imediatos e urgentes da pobreza, mas ainda não conseguiu promover a
emancipação de seus beneficiários.
Concluímos que o PBF apenas melhora a situação dos seus ex-beneficiários,
entretanto não os retira da situação de pobreza em que se encontram. As melhorias são de
necessidades imediatas, a política não é contínua e os resultados não são os esperados. Muitas
já foram as conquista em relação às políticas públicas, mas muito ainda precisa ser feito para
que de fato os indivíduos tenham os seus direitos efetivados.
Com este trabalho não tivemos a pretensão de finalizar os estudos sobre o tema, mas
evidenciar algumas pistas que devem ser perseguidas para que o Programa Bolsa Família
garanta a autonomia das famílias que vivem em situação de pobreza e extrema pobreza, assim
como proporcione o combate à pobreza por meio da formação educacional.
Ao concluir este estudo, percebemos a carência de trabalhos referentes ao tema
apresentado. Pouco se sabe sobre as condições atuais dos ex-beneficiários. Acreditamos que
uma análise nesse sentido permite analisar se o PBF está atingindo o objetivo principal que é
romper com a chamada transmissão intergeracional da pobreza. Acreditamos que para mudar
essa realidade é necessária a criação de políticas públicas contínuas, eficazes, de qualidade e
que sejam monitoradas com uma fiscalização eficiente e que busque de fato a emancipação
social dos indivíduos em situação de pobreza.
4. REFERÊNCIAS
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Trabalho de Conclusão de Curso
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