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Cada lugar reconhece-se por características que lhe são próprias e únicas. Nos lugares urbanos

essas características dependem de condicionantes e configurações geográficas e topográficas, das cul-

turas que produziram os seus espaços edificados e cada um dos edifícios que os determinam, da sua

idade, do seu valor como objectos culturais, da história que neles podemos ler, dos hábitos e costumes

dos seus habitantes. É que só há cidades quando há habitantes: de resto trata-se de lugares abando-

nados, há muito ou pouco tempo, que, prestigiosos embora, são ruínas ou fantasmas das cidades…

Porque a vida é feita de contrastes...

...e nada teria o seu valor se não conhecêssemos o seu contrário.

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Avenida de Roma3

C o n t r a s t e s

Avenida de Roma...

...Mais uma entre tantas existentes em Lisboa. Mais uma com anos de história, mais uma com passeios

de calçada branca, mais uma com largas faixas de rodagem, mais uma cheia de movimento, agitação

e stress humano, mais uma com comércio, restaurantes, cafés e pastelarias, mais uma que corre entre

edifícios e possui o nome de uma capital europeia. Apenas mais uma.

Se é mais uma avenida igual a tantas outras qual é o seu encanto?

É o facto de ser única. E o que a torna única?

As pessoas que lá trabalham. As pessoas que lá vivem. As pessoas que por lá passam. As lojas que ap-

enas existem nesta avenida. Os restaurantes, cafés e pastelarias que são únicos. As transformações

do tempo que acrescentam história, vida vivida e emoção. A sua luxúria. O cheiro e as texturas que

a distinguem de todas as outras avenidas. Os edifícios tipicos que ao longo dos anos vão estando em

constante desenvolvimento e mudança, tanto ao nivel estético como funcional. O facto de ser a única

avenida que se chama Roma. O facto de ser a Avenida de Roma.

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O “espírito do lugar” é um conceito algo difuso e indefinível que nos toca pela

sensibilidade e nos permite fazer as necessárias distinções entre lugares diversos.

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É pela aparência de um qualquer lugar, qualquer que seja a dimensão em

causa, que o entendemos e lhe podemos atribuir um interesse e significado

maior ou menor.

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O “espírito de um lugar” varia ao longo do tempo e apresen-

ta-se-nos como efémero, em mutação, perene ou eterno.

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… e assim surgem os volumes simples,

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as composições complexas,

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os ritmos,

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os valores dos materiais usados,

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as suas texturas,

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a cor,

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as proporções dos vários elementos componentes,

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o claro-escuro.

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O “aqui” e o “além” como comparsas do património edificado. Apropriação visível de

certa ambiguidade; variáveis do ponto de vista do espaço a que se referem.

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Praça: lugar claramente delimitado e facilmente imaginável;

representa uma meta, um marco para o movimento.

Espaço de vivências e referências,

ponto de chegada, ponto de partida.

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Por debaixo esgotos sobre o solo

Nada e por cima o fumo

Ali vivemos nós sem gozo nem consolo.

Depressa passámos nelas. E, devagar,

também elas seguem o nosso rumo.

Cidades

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Porque tudo é poesia...

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Cão de gravata pendente,Cão estouvado de alegria,

Cão de orelhas engomadas,Cão formal da poesia.

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Tenho quarenta janelas

nas paredes do meu quarto.

Sem vidros nem bambinelas

posso ver através delas

o mundo em que me reparto.

Pela maior entra o espanto,

pela menor a certeza,

pela da frente a beleza

que inunda de canto a canto.

Ó janelas do meu quarto,

quem vos pudesse rasgar

com tanta janela aberta

falta-me a luz e o ar.

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Estátua

Cansei-me de tentar o teu segredo:

No teu olhar sem cor, frio escalpelo,

O meu olhar quebrei, a debatê-lo,

Como a onda na crista dum rochedo.

Segredo dessa alma e meu degredo

E minha obsessão! Para bebê-lo

Fui teu lábio oscular, num pesadelo,

Por noites de pavor, cheio de medo.

E o meu ósculo ardente, alucinado,

Esfriou sobre o mármore correcto

Desse entreaberto lábio gelado...

Desse lábio de mármore, discreto,

Severo como um túmulo fechado,

Sereno como um pélago quieto.

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Uma montra é muito mais que uma vitrine

onde encontramos pordutos. É uma antevisão

do que vamos encontrar dentro de uma loja; é

uma oportunidade para captar a atenção das

pessoas e de promover aquilo que de melhor

um estabelecimento tem.

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Esperei durante algum tempo. Passado uns minutos que me pareceram eternidades apareceu

uma luz. Uma luz intensa, com um brilho que me ofuscava os olhos, com uma cor tão clara tão clara

que parecia o Sol num dia de Verão. Uma luz branca transparente como eu nunca vi. Foi a luz mais

bonita que vi na minha vida.

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C o n t r a s t e s

Lá vem o carteiro com seu ar prazenteiro, distribuir o correio. De mala ao ombro, mil segredos esconde. Na mão

transporta cartas de amor, de penhor, de desamor, de alegria, de tristeza, igualmente a boa nova de um nasci-

mento, ou de uma triste notícia.

A paixão de um grande amor ou a decadência de uma relação, já sem solução. Também se juntam na mesma mala

os amigos e os inimigos. Ai se a mala falasse! De certo contaria e talvez fizesse do carteiro o seu confidente.

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Entre o Passado e o Futuro...

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Era um velho solitário, esquisito,

arredio. Meio misantropo e meio ana-

coreta. Era na verdade, esse velho,

um tipo terrivelmente esfíngico, enig-

mático. Misterioso como um habitante

não-humano da era espacial.

Que mistério guardava aquela criatura

macróbia pouca gente sabia. Ninguém

sabia ao certo de onde viera, qual seu

ofício, a que família pertencia, do

que vivia. Para muitos, era um mis-

tério irritante, mas ao mesmo tempo

assustador. O velho parecia ter vindo

do passado longínquo, de um tempo

remoto, tamanha era sua longevi-

dade. Os seus olhos estranhos, apesar

de quase sem brilho, denotavam uma

sabedoria oculta há muito esquecida

pela atual civilização humana.

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A paciência e a fidelidade do bom amigo que é um banco de jardim...

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C o n t r a s t e s

São ponto de passagem e de encontros...

Guardam as compras dos que não querem subir a

rua carregados de sacos, transmitem recados de

vizinhos, partilham coscuvilhices, sabem quem

ficou doente e quem deixou o bairro. Conhecem

bem os que por ali andam. De dia ou de noite.

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C o n t r a s t e s

E lá estavam eles mais uma vez. Pela

milésima vez naquele dia apanhei-os

mais uma vez todos em fila a olhar para

o que se passava na rua. Se passava

um autocarro era porque passava um

autocarro, se passava uma mota era

porque passava uma mota, se estava o

carteiro era porque estava o carteiro,

se estava gente a conversar na rua era

porque estavam a conversar, mas so-

bretudo se passava uma rapariga nova

na rua era porque a mesma passava e

eles eram homens demasiado típicos

para não comentarem ou sequer para

não olharem.

Anda uma pessoa a pagar para fazerem

obras em casa, para eles passarem o

dia todo a ver o que se passa na rua?

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C o n t r a s t e s

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C o n t r a s t e s

Pode dizer-se que a Avenida de Roma é uma rua principal a nível

hierárquico, de forma rectilínea e muito larga, com uma função

predominantemente residencial (terciário a nível térreo) e de

espaço comunicante.

Eis-nos, pois, regressados ao campo do cultural, no seu sentido

mais rico porque mais vasto...

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Avenida de Roma47

C o n t r a s t e s

Alexandre O’Neill

Bertolt Brecht

António Gedeão

Camilo Pessanha

Rogério Silvério

Kátia Katulo

Carlos Barros

Arquitecto Duarte Nuno Simões

Bibliografia